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Ficha de apoio - Fuga

A fuga é um estilo contrapontístico imitativo, com origens noutras tradições polifónicas


da idade média e renascimento. Este estilo de escrita foi bastante popularizado por J. S.
Bach, durante o período barroco. Especialmente por sua influência, a fuga foi tem sido
utilizada por variados compositores ao longo da história, tais como Mozart, Beethoven,
Schumann, Lizt ou Shostakovich.

Este género é centrado num tema: uma ideia que é imitada e reforçada ao longo da peça,
e serve como um material genético que prolifera no desenrolar da peça.

Eis os conceitos básicos que deves conhecer a definição, assim como conseguir
encontrar nas fugas que analisares.

Elementos formais
 Exposição

Secção inicial, que acaba no momento em que todas as vozes já apresentaram o


tema. Dentro da exposição deves também identificar:

o Tema
O tema é necessariamente a primeira ideia a ser apresentada. Este acaba
sensivelmente quando entra a próxima voz. Nalguns casos o seu fim pode ser
dúbio. Para isso deves recorrer ao sentido musical da frase, e atentar noutras
vezes que é repetido o tema, comparando, para saber onde se considera o seu
fim.
o Resposta

A resposta é a entrada do tema na 2ª voz que o apresenta, que estará na


tonalidade uma 5ª acima da inicial. Esta pode ser real, se for exactamente
igual ao tema embora transposto, ou tonal, se o início for ligeiramente
adulterado de forma a não criar dissonâncias, e mantendo a primeira nota
pertencendo ao acorde da tónica.
o Contratema

O contratema, tal como o nome indica, é o que é tocado simultaneamente à


resposta, pela voz que ao início apresentou o tema. Este pode muitas vezes
ser utilizado como um material temático recorrente, que acompanha o tema
ao longo da peça.

o Ponte

A ponte constitui uma secção sem apresentação do tema, após a 2ª entrada


do tema (a resposta) e que tem a função de nos levar do V grau de volta à
tónica na 3ª apresentação do tema

 Episódios

Os episódios são as secções nas quais não há apresentação do tema. Geralmente


logo após a exposição temos o 1º episódio. Deves notar cada um destes com Ep. 1,
Ep. 2, etc.

Nota que, apesar de não existir o tema nos episódios, há muitas vezes uma forte
influência do tema na sua construção. Nesse caso, deves explicá-lo textualmente.

 Entradas intermédias

Cada vez que aparece o tema entre episódios, designamos como entrada intermédia.
Deve ser sempre identificada a tonalidade da entrada intermédia do tema.

 Reexposição

Este conceito pode por vezes ser algo vago, e que muitas vezes não é possível
identificar. A reexposição designa-se pela retomada do tema à tonalidade inicial, e
que já não segue para um episódio.
 Coda

Tal como o nome indica, a coda é a secção que finaliza a obra. Normalmente ocorre
após a música já ter resolvido na tonalidade inicial, como que um post scriptum da
obra. Geralmente há uma mudança algo drástica na textura, tal como o uso de
homofonia e/ou notas pedais. Pode também nesta secção haver divisi (várias notas
na mesma voz), o que acontece no resto da fuga.

Recursos estilísticos
 Transformações do tema
o Inversão (i) – inverter verticalmente os intervalos, por exemplo, o que era
uma 3ª para baixo, passa a ser uma 3ª para cima.
o Retrogradação (r) – trocar lateralmente a ordem, como que lido da direita
para a esquerda
o Aumentação (a) – as notas passam ao dobro do seu valor rítmico
o Diminuição (d) – as notas passam a metade do seu valor rítmico
 Stretto

Este recurso define-se por entradas sucessivas do tema, sem que as vozes o tenham
acabado de apresentar. Por exemplo, o alto toca o tema, e o soprano entra com o tema
sem que o contralto tenha acabado de o apresentar, como que as vozes se atropelassem
umas às outras. O stretto ocorre normalmente mais para o final da fuga para criar mais
tensão.

 Recortes do tema

O tema pode ser cortado em partes que ocorrem ao longo da fuga, sem que estas
representem propriamente uma entrada do tema. Porém, isto representa material
temático relevante e por isso deve ser identificado. Não há uma forma unificada de
identificar estes elementos, pelo qual deves criar a tua própria forma o mais
explicitamente possível.
 Outros materiais temáticos relevantes

Podem haver, além do tema e contratema, outros materiais temáticos relevantes para
obra. Por relevante entende-se algum motivo que seja aproveitado e reutilizado na obra,
podendo ser um 2º contratema, algum motivo recorrente nos episódios, etc. Este factor
depende bastante de fuga para fuga. No caso de ser relevante, deve obviamente ser
identificado e explicado textualmente.

 Fugas duplas, triplas, etc

Uma fuga pode conjugar mais que um tema. No caso da fuga em Dó# menor do I livro
do Cravo Bem Temperado, temos três temas ao longo da fuga, que são apresentados à
vez, como uma secção da peça, e depois misturam-se e conjugam-se uns com os outros.
No caso por exemplo do Kyrie Eleison, do Requiem de Mozart, há dois temas
simultâneos e inseparáveis que ocorrem ao longo do andamento.

• Fugas duplas, triplas, etc

Não te esqueças que cada fuga é uma obra de arte individual, com características que
variam de fuga para fuga, e não há na verdade nenhuma que respeite um modelo
específico e standard. Deves, além de identificar os elementos típicos, falar sobre
características individuais da obra. A parte textual serve precisamente para, além de
complementar a parte gráfica, comentar características da obra, de acordo com a tua
apreciação e critério.

Boas análises 
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