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Filosofia Da Linguagem - 02
Filosofia Da Linguagem - 02
A linguagem, nesse primeiro momento da filosofia (até Agostinho) será analisada como
instrumento para o conhecimento da realidade, da natureza das coisas (physis).
Temos, no diálogo Crátilo, uma tentativa de analisar se os nomes são realmente capazes de
indicar a natureza das coisas.
Naturalista: propunha que a linguagem é capaz de dizer com correteza a natureza das coisas
(pensamento de Crátilo, no diálogo).
Convencionalista: propunha que o nome não é capaz de dizer a natureza do objeto, pois é fruto
de uma convenção entre um determinado grupo de falantes. Os homens chegaram a um
acordo e, a partir desse acordo, foi dado o nome ao objeto (pensamento de Hermógenes, no
diálogo).
Ser natural significa ter origem em princípios eternos e imutáveis fora do próprio homem, e por
isso invioláveis.
No diálogo, há uma discussão se há uma relação entre nome e objeto, porque os sofistas se
utilizavam do discurso para manipular os objetos com os fins desejados. Hermógenes era um
sofista.
Além de Crátilo e de Hermógenes, Sócrates também se faz presente no diálogo, surgindo como
um mediador entre as posições naturalista e convencionalista.
P/ Hermógenes:
1. Os nomes são pacto-consenso, i. e., não há pertença do nome à natureza, pois é uma
convenção.
2. O nome é posto a alguém. Ele é algo que vem de um acordo. Alguém impõe o nome.
3. Pode haver mudança. Isso ocorre porque não diz respeito à essência e, por isso, mudar
o nome não muda a essência. Se o nome fosse uma questão de natureza, mudar o
nome significaria mudar a natureza da coisa, e isso é algo que não se observa.
A linguagem não pode dar algum tipo de conhecimento, pois não nos dá a natureza das coisas.
Ela nos favorece uma opinião a respeito das coisas (uma Doxa). Ela nos favorece aquilo que um
grupo de falantes pensava a respeito da coisa. O grupo de falantes é uma parte de um todo e,
portanto, não é algo universal. É um particular “x” dentro de um grupo maior.
Pela linguagem nos temos acesso ao que um particular pensa a respeito de uma determinada
coisa, e o que um particular pensa a respeito de determinada coisa não pode ser ciência, ou
seja, não pode ser conhecimento. Conhecimento é saber o que é, é ter o domínio da coisa, e
tudo aquilo que não é conhecimento é doxa (opinião).
Isso denota uma visão muito pejorativa da linguagem por parte dos convencionalistas.
Convencionalismo:
Platão formula a sua teoria das ideias motivado justamente pelo problema do uno e do
múltiplo: ele queria mostrar que, apesar da diferença das coisas, há algo que permanece.
Apesar da diferença dos nomes, há algo que permanece. A linguagem não pode implicar em
relativismo.
Ao mesmo tempo, Platão ainda não dará uma solução satisfatória para essa relação entre
conhecimento e linguagem.