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Anais do IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Book · August 2018

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2 authors:

Junior Oliveira Mendes César Augusto Guimarães Finger


Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal de Santa Maria
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

ENCONTRO BRASILEIRO DE MENSURAÇÃO FLORESTAL

4a Edição

ANAIS

16 e 17 de agosto de 2018

Santa Maria – RS – Brasil

2018

1
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

2
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

PROMOTORES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL


Centro de Ciências Rurais
Campus Universitário
97105-900 – Santa Maria – RS
 (0xx55) 3220-8336  ppgef@ufsm.br

APOIO

CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL


Centro de Ciências Rurais
Campus Universitário
97105-900 – Santa Maria – RS
 (0xx55) 3220-8358  cengenhariaflorestal@ufsm.br

CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL


Campus de Frederico Westphalen
98400-000 – Frederico Westphalen – RS
 (0xx55) 3744-0617  florestal.cesnors@ufsm.br

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS


Centro de Ciências Rurais
Campus Universitário
97105-900 – Santa Maria – RS
 (0xx55) 3220-8444 departamentodecienciasflorestais@ufsm.br

PATROCÍNIO

AFUBRA
Associação dos Fumicultores do Brasil
 (0xx51) 3719-6100  cdagropecuaria@afubra.com.br
 (0xx51) 3713-7762  florestal@afubra.com.br

3
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. César Augusto Guimarães Finger - UFSM
Prof. Dr. Paulo Renato Schneider - UFSM
Prof. Dr. Frederico Dimas Fleig - UFSM
Prof. Dr. Jorge Antônio Farias - UFSM
Prof. Dr. Carlos Roberto Sanquetta - UFPR
Prof. Dr.ª Ana Paula Dalla Corte - UFPR
Prof. Dr. José Antônio Aleixo da Silva - UFRPE
Prof. Dr. Gilciano Nogueira - UFVJM
Prof. Dr. João Luiz Ferreira Batista - USP
Prof. Dr. Natalino Calegari - UFLA

COMISSÃO PRÊMIO WALTER BITTERLICH


Prof. Dr. Sebastião do Amaral Machado - UFPR - Presidente
Prof. Dr. Gilciano Nogueira - UFVJM
Prof. Dr. José Antônio Aleixo da Silva - UFRPE
Prof. Dr. Paulo Renato Schneider – UFSM
Prof. Dr. Sylvio Péllico Neto – UFPR

COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Dr. César Augusto Guimarães Finger
Eng. Ftal., MSc. Junior Oliveira Mendes
Eng. Ftal., MSc. Karina Lanzarin
Eng. Ftal., MSc. Táscilla Magalhães Loiola
Eng. Ftal., MSc. Luciana Maria de Barros Francez
Eng. Ftal., MSc. Noé dos Santos Ananias Hofiço
Eng. Ftal., MSc. Carline Andrea Welter
Eng. Ftal., MSc. Cyro Matheus Cometti Favalessa
Eng. Ftal., MSc. Karen Janones da Rocha
Eng. Ftal., MSc. Anelisa Pedroso Finger
Eng. Ftal., MSc. Débora da Silva Teixeira
Eng. Ftal. Janderson de Oliveira Silva
Eng. Ftal. Ane Caroline da Silva Pereira
Eng. Ftal. Pabulo Diogo de Souza

COMISSÃO TÉCNICA/APOIO
Junior Oliveira Mendes
Karina Lanzarin
Táscilla Magalhães Loiola
Luciana Maria de Barros Francez
Noé dos Santos Ananias Hofiço
Carline Andrea Welter
Cyro Matheus Cometti Favalessa
Karen Janones da Rocha
Janderson de Oliveira Silva
Ane Caroline da Silva Pereira
Pabulo Diogo de Souza
Mariani Carrion Ximendes
Rafael da Silva Rech
Iyanassô Andrade Haag dos Santos

DIAGRAMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS


Eng. Ftal., MSc. Junior Oliveira Mendes
Prof. Dr. César Augusto Guimarães Finger

“Os conceitos emitidos nos trabalhos deste evento são da inteira responsabilidade dos seus autores”.

4
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

PREFÁCIO

O MENSUFLOR - Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal foi idealizado para reunir


professores e pesquisadores da área de Manejo, Inventário, Dendrometria, Estatística Florestal, bem
como profissionais de empresas vinculados a estes temas. Esta iniciativa pioneira teve como objetivo
estabelecer um fórum de atualização científica e técnica inerente a área de Mensuração Florestal, como
forma de contribuição ao setor florestal e a sociedade em geral.
O evento ocorre a cada dois anos em sistema de rodízio entre as universidades. O primeiro
MENSUFLOR ocorreu, em 2012, na Universidade Federal dos Vales do Jequetinhonha e Mucuri, em
Diamantina; o segundo, em 2014, na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, e o terceiro na
Universidade de São Paulo, ESALQ, em Piracicaba, em 2016. Atendendo a periodicidade o quarto
ocorreu na Universidade Federal de Santa Maria, em 16 e 17 de agosto de 2018.
No programa palestras, painéis, e a apresentação de pôster enriqueceram debates, alargaram
horizontes e fortaleceram parcerias entre os participantes.
A qualidade dos debates e trabalhos mais uma vez consagrou o MENSUFLOR como
importante ator na apresentação e discussão de métodos e técnicas ligados a Mensuração Florestal, um
dos pilares do desenvolvimento integrado da produção, aqui entendida como todo e qualquer produto
material ou imaterial de origem na floresta, natural ou implantada pelo homem.

Prof. Tit. Eng. Florestal Dr. César A. G. Finger


Coordenador do IV MENSUFLOR
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria -RS

5
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

A INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO SOCIOLÓGICA NA MORFOMETRIA DE Tectona grandis L.f. ____________ 14


Gabriel Valadares Caldeira Maristela Volpato Ítalo Luiz Correa Lenzi Martha Aguiar dos Santos Rômulo Môra
Ronaldo Drescher _________________________________________________________________________________ 14

ADIÇÃO DE EFEITOS ESPACIAIS NO MODELO HIPSOMETRICO GENÉRICO PARA REMANESCENTES


FLORESTAIS NATIVOS _________________________________________________________________________ 18
Evandro Nunes Miranda Luciano Cavalcante de Jesus França Isaíra Leite e Lopes Talles Hudson Souza Lacerda Laís
Almeida Araújo Lucas Rezende Gomide ______________________________________________________________ 18

AJUSTE DE MODELOS DE AFILAMENTO PARA DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS _______ 24


Maycon Thuan Saturnino da Silva Mirella Basileu de Oliveira Lisandra Maria Alves Matos Gabriel Mendes Santana
Franciele Alba da Silva Renan Augusto Miranda Matias __________________________________________________ 24

AJUSTE DE MODELOS HIPSOMÉTRICOS E REDES NEURAIS ARTIFICIAIS PARA ESTIMAR A ALTURA


TOTAL DE ÁRVORES DE Eucalyptus spp. __________________________________________________________ 29
Isáira Leite e Lopes Luciano Cavalcante de Jesus França Talles Hudson Souza Lacerda Laís Almeida Araújo Evandro
Nunes Miranda Lucas Rezende Gomide _______________________________________________________________ 29

AJUSTE DE MODELOS HIPSOMÉTRICOS E TESTE DE IDENTIDADE PARA UM POVOAMENTO DE Pinus


taeda L. NA REGIÃO CENTRO SUL DO PARANÁ ___________________________________________________ 35
Aline Beatriz do Vale Fabiane Aparecida Guimarães Retslaff Érica Garbachevski Milayne Lopes Rickli ___________ 35

AJUSTE DE MODELOS PARA A PREDIÇÃO DE DIÂMETRO DE COPA PARA ÁRVORES DE Tectona


grandis LINN F. _________________________________________________________________________________ 40
Tupiara Mergen de Oliveira João Paulo Sardo Madi Flávio Teixeira Damascena Júnior Thiago Duarte Mariana Peres
Lima Chaves e Carvalho Samuel de Pádua Chaves e Carvalho _____________________________________________ 40

AJUSTE E SELEÇÃO DE MODELOS VOLUMÉTRICOS PARICÁ EM ESTRATÉGIA DE RECOMPOSIÇÃO


DE RESERVA LEGAL ___________________________________________________________________________ 45
Marcos Gabriel Braz de Lima Marcos Vinícius Ferreira Martins Rafaella Tavares Pereira Luiz Otávio Rodrigues Pinto
Juliano de Paulo dos Santos _________________________________________________________________________ 45

AMOSTRAGEM ADAPTATIVA MULTIVARIADA NA QUANTIFICAÇÃO DE PRODUTO FLORESTAL NÃO


MADEIREIRO __________________________________________________________________________________ 51
Josiane Silva Bruzinga Alba Valéria Rezende Marcio Leles Romarco de Oliveira Sollano Rabelo Braga____________ 51

ANÁLISE DA SIMULAÇÃO DE CENÁRIOS EM FLORESTAS SECAS – PERNAMBUCO, BRASIL ________ 56


José Jorge Monteiro Junior Emanuel Araújo Silva Anderson Silva de Almeida Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira Rute
Berger __________________________________________________________________________________________ 56

ANÁLISE DESCRITIVA DE Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger PARA LICENCIAMENTO
AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA, Campus SÃO GABRIEL ____________________ 61
Maiquel Ivo Pfeifer Matheus Teixeira Martins Paula Campos Bruna Denardin da Silveira Cibele Rosa Gracioli5 ____ 61

ANÁLISE DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CIPÓ TITICA (Heteropsis spp. Kunth) NA


FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS ____________________________________________________________ 64
Lizandra Elizeário dos Santos Andrea Araújo da Silva Talita Godinho Bezerra Brenda Letícia Rodrigues João Ricardo
Vasconcellos Gama Marcela Gomes da Silva ___________________________________________________________ 64

ANÁLISE FINANCEIRA DO MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO E FAMILIAR EM FLORESTA DE


VÁRZEA NO AMAPÁ – BRASIL __________________________________________________________________ 70
Anderson Silva de Almeida Diego Armando Silva da Silva Evandro Ferreira da Silva Carla Samara Campelo de Sousa
Jeferson Pereira Martins Silva Jeangelis Silva Santos _____________________________________________________ 70

APRENDIZAGEM DE MÁQUINA APLICADA À ESTIMATIVA DE VOLUME EM PLANTIOS CLONAIS DE


EUCALIPTO POR MEIO DE MÉTRICAS LiDAR ____________________________________________________ 76
Pedro Henrique Karantino Millikan Flávio Teixeira Damascena Junior Mariana Peres de Lima Chaves e Carvalho Carlos
Alberto Silva Luiz Carlos Estraviz Rodriguez Samuel de Pádua Chaves e Carvalho ____________________________ 76

6
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

AVALIAÇÃO DA AMOSTRAGEM COM REPETIÇÃO PARCIAL EM COMPARAÇÃO À AMOSTRAGEM


CASUAL SIMPLES EM INVENTÁRIOS FLORESTAIS DE Eucalyptus sp._______________________________ 82
William Oswaldo Bertoloto Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch Alessandro Araujo
Amaral de Almeida Lucas Kröhling Bernardi Carlos Juliano Santos _________________________________________ 82

AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE UNIFORMIDADE E RUGOSIDADE PARA POVOAMENTOS


CLONAIS DE Tectona grandis NO MATO GROSSO __________________________________________________ 88
Lucas Henderson de Oliveira Santos Samuel de Pádua Chaves e Carvalho Gláucia Miranda Ramirez João Paulo Sardo
Madi Márcio Willian Roque Mariana Peres de Lima Chaves e Carvalho _____________________________________ 88

AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DIAMÉTRICA DE Bertholletia excelsa Bonpl EM CASTANHAIS NATIVOS NO


SUL DO AMAPÁ ________________________________________________________________________________ 94
Vitória Nádia Andrade da Fonseca Rafael Lucas Figueiredo de SouzaCarlos Roberto de Nazaré Carvalho Júnior Anderson
Pedro Bernardina Batista Marcelino Carneiro Guedes ____________________________________________________ 94

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INTENSIDADES AMOSTRAIS NA ESTIMATIVA DO VOLUME EM


POVOAMENTOS DE Eucalyptus sp. _______________________________________________________________ 98
Lorena Oliveira Barbosa Natielle Gomes Cordeiro Adriana Leandra de Assis Christian Dias Cabacinha ____________ 98

AVALIAÇÃO DE EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DO CRESCIMENTO DIAMETRICO DE Ilex


paraquariensis EM FUNÇÃO DA IDADE, SANTA MARIA - RS _______________________________________ 104
Janderson de Oliveira Silva Ane Caroline da Silva Pereira Pábulo Diogo de Souza Luciana Grendene Maculan Thiago de
Oliveira Santos __________________________________________________________________________________ 104

AVALIAÇÃO DE MODELOS DE AFILAMENTO DO TRONCO PARA UM PLANTIO DE Eucalyptus sp. NO


SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO _______________________________________________________________ 110
Lucas Kröhling Bernardi Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch Alessandro Araujo Amaral
de Almeida Carlos Juliano Santos Franciane Andrade de Pádua ___________________________________________ 110

AVALIAÇÃO DO USO DE ÍNDICES DE UNIFORMIDADE EM MODELOS DE CRESCIMENTO E


PRODUÇÃO DE PLANTIOS CLONAIS DE Eucalyptus spp. __________________________________________ 116
Bruno Rodrigues de Lima Barreto Claudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch Lucas Kröhling
Bernardi Alessandro Araújo Amaral de Almeida Carlos Juliano Santos _____________________________________ 116

BIOMASA Y CARBONO ACUMULADO EN UN BOSQUE PRIMARIO DEL BOSQUE ATLÁNTICO DE ALTO


PARANÁ, PARAGUAY__________________________________________________________________________ 122
Lila Mabel Gamarra Ruiz Díaz Lucas Henderson de Oliveira Santos João Paulo Sardo Madi Lidia Florencia Pérez de
Molas Lucio Ramón Cantero González Samuel de Pádua Chaves e Carvalho_________________________________ 122

CARACTERIZAÇÃO DENDROMÉTRICA DE UM SISTEMA MULTIESTRATO DE PRODUÇÃO


FLORESTAL COM Pinus taeda E Cupressus lusitanica _______________________________________________ 127
Larissa Regina Topanotti Douglas Rufino Vaz Mário Dobner Júnior Marcos Felipe Nicoletti ___________________ 127

CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA DE ESPÉCIES ALTERNATIVAS À SILVICULTURA


REGIONAL DO PLANALTO SERRANO DE SANTA CATARINA _____________________________________ 133
Vinicius Chaussard Venturini Thiago Floriani Stepka Daniela Hoffmann Érica Barbosa Pereira de Souza André Felipe
Hess Geedre Adriano Borsoi _______________________________________________________________________ 133

CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA UTILIZANDO REGRESSÃO QUANTÍLICA EM


POVOAMENTOS DE Pinus elliottii________________________________________________________________ 138
Ximena Mendes de Oliveira Lorena Oliveira Barbosa Anny Francielly Ataide Gonçalves Luciane Naimeke Schmidt
Antônio Carlos Ferraz Filho José Roberto Soares Scolforo _______________________________________________ 138

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS PARA ESTIMAR ALTURA DE EUCALIPTO ____________ 144


Bruno Hericlles Lopes Silva Thais Cesar Ribeiro Tamires Mousslech Andrade Penido Eric Bastos Gorgens ________ 144

COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS GEOMÉTRICO E FRANKON PARA A OBTENÇÃO DO VOLUME DE


MADEIRA EM TORA EM ÁREA DE MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO ________________________ 148
Natally Celestino Gama Suzana Ligoski Zeferino Lívia Thais Moreira de Figueiredo Maeli Lima Araújo Jeferson Dias
Mota Yuri Rafael da Silva Rodrigues ________________________________________________________________ 148

7
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

COMPARAÇÃO ENTRE AMOSTRAGEM SISTEMÁTICA E AMOSTRAGEM EM CONGLOMERADO EM


UM FRAGMENTO DE CAMPO CERRADO EM MINAS GERAIS _____________________________________ 153
Anny Francielly Ataíde Gonçalves Natielle Gomes Cordeiro Luiz Otávio Rodrigues Pinto José Márcio de Mello José
Roberto Soares Scolforo ___________________________________________________________________________ 153

COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE VOLUME DE CLONES DE EUCALIPTO EM


HERNANDARIA, PARAGUAI. ___________________________________________________________________ 158
Hugo Armando Barua Acosta Carla Fernanda Mussio Milayne Lopes Rickli Emílio Carlos Zilli Ruiz Afonso Figueiredo
Filho Andrea Nogueira Dias _______________________________________________________________________ 158

COMPARAÇÃO ENTRE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS E UM MODELO HIPSOMÉTRICO GENÉRICO NA


ESTIMATIVA DA ALTURA TOTAL DE Eucalyptus sp. ______________________________________________ 163
Aline Roja Holmos Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch Alessandro Araujo Amaral de
Almeida Lucas Kröhling Bernardi Carlos Juliano Santos ________________________________________________ 163

CONSIDERAÇÕES SOBRE MODELOS DE BIOMASSA DE ESPÉCIES DA FLORESTA DO MIOMBO EM


MOÇAMBIQUE ________________________________________________________________________________ 169
Noé dos Santos Ananias Hofiço Emanuel Arnoni Costa Frederico Dimas Fleig _______________________________ 169

CORRELAÇÃO DE PEARSON PARA AS VARIÁVEIS DENDRO-MORFOMÉTRICAS PARA Araucaria


angustifolia (Bertol.) Kuntze EM LAGES, SC ________________________________________________________ 174
Kemely Alves Atanazio Sandra Mara Krefta Luis Paulo Baldissera Gabriela Oliveira Silva Danieli Regina Klein André
Felipe Hess _____________________________________________________________________________________ 174

CRESCIMENTO DIAMÉTRICO DE ÁRVORES DE ACORDO COM FORMATO DE COPA EM UMA ÁREA


MANEJADA NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS ____________________________________________ 179
Giselli Castilho Moraes Lia de Oliveira Melo Luis Paulo Baldiserra Schorr Tarik Cuchi Jéssica Thaíse Rocha de Araújo179

CRESCIMENTO DIAMÉTRICO E TEMPO DE PASSAGEM DE Cedrela fissilis EM UM FRAGMENTO DE


FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ________________________________________________________________ 183
Cristine Tagliapietra Schons Afonso Figueiredo Filho Tomaz Longhi Santos Franciele Alba da Silva Luciano Rodrigo
Lanssanova _____________________________________________________________________________________ 183

DESEMPENHO DE FUNÇÕES PROBABILÍSTICAS PARA DESCREVER A DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA


PARA O CERRADO ____________________________________________________________________________ 188
Caroline Cardoso Gama Bruno Aurélio Campos Aguiar Paulo Ricardo de Sena Fernandes Eziele Nathane Lima André
Ferreira dos Santos Maria Cristina Bueno Coelho_______________________________________________________ 188

DETERMINAÇÃO DE MODELO HIPSOMÉTRICO PARA EXPERIMENTO DE Parapiptadenia rigida NA


REGIÃO DA CAMPANHA NO RIO GRANDE DO SUL-BRASIL ______________________________________ 192
Matheus Teixeira Martins Hamilton Luiz Munari Vogel Gabriel Paes Marangon Maiquel Ivo Pfeifer Jeferson de Castro
do Nascimento __________________________________________________________________________________ 192

DETERMINAÇÃO DO GRAU DE DEPENDÊNCIA ESPACIAL DE MODELOS GEOESTATÍSTICOS EM DUAS


PERSPECTIVAS _______________________________________________________________________________ 198
Luiz Otávio Rodrigues Pinto José Márcio de Mello ______________________________________________________ 198

DINÂMICA DA COMUNIDADE ÁRBOREA DE DOIS FRAGMENTOS DE CERRADÃO EM MINAS GERAIS,


BRASIL _______________________________________________________________________________________ 203
Luciane Naimeke Schmidt Henrique Faria de Oliveira Ximena Mendes de Oliveira Lorena Oliveira Barbosa Anny
Francielly Ataide Gonçalves José Roberto Soares Scolforo _______________________________________________ 203

DINÂMICA DA COMUNIDADE ÁRBOREA DE DOIS FRAGMENTOS DE FLORESTA OMBROFILA DENSA


NO SUL DE MINAS GERAIS ____________________________________________________________________ 209
Henrique Faria de Oliveira Lorena Oliveira Barbosa Ximena Mendes de Oliveira Anny Francielly Ataide Gonçalves
Luciane Naimeke Schmidt José Roberto Soares Scolforo _________________________________________________ 209

DINÂMICA DA PRODUÇÃO MADEIREIRA EM ÁREA DE CONCESSÃO FLORESTAL NA AMAZÔNIA


OCIDENTAL __________________________________________________________________________________ 215
Scheila Cristina Biazatti Rômulo Mora Marta Silvana Volpato Sccoti João Fideles de Brito Júnior Lindomar Alves de
Souza _________________________________________________________________________________________ 215

8
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

DINÂMICA DE CRESCIMENTO DE Eucalyptus spp. EM PLANTIO COMERCIAL NO ESTADO DO


TOCANTINS __________________________________________________________________________________ 220
Thiêssa Tamilla de Carvalho Santana Bruno Aurélio Campos Aguiar Yandro Santa Brigida Ataíde Jade Ferreira
Figueiredo André Ferreira dos Santos Maria Cristina Bueno Coelho _______________________________________ 220

EFEITO DA CONTINUIDADE ESPACIAL SOBRE A MODELAGEM HIPSOMÉTRICA EM Eucalyptus sp. 226


Bruna Zanzini Pupin Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch Lucas Kröhling Bernardi
Carlos Juliano Santos Alessandro Araujo Amaral de Almeida _____________________________________________ 226

EFEITO DE BORDA NA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR PARA PLANEJAMENTO DE


INVENTÁRIO FLORESTAL _____________________________________________________________________ 232
Talles Scudeiro Santana Rute Berger Pabrício Lopes Emanuel Araújo Silva _________________________________ 232

EQUAÇÃO VOLUMÉTRICA DE APLIABILIDADE GERAL PARA Eucalyptus benthamii, NA REGIÃO OESTE


DE SANTA CATARINA _________________________________________________________________________ 238
Tainá Carnera da Silva Saulo Jorge Téo ______________________________________________________________ 238

EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DE ALTURA DE Balfourodendron riedelianum Engl (Engl.) EM FLORESTA


ESTACIONAL DECIDUAL ______________________________________________________________________ 244
Karina Lanzarin Ivo Junior Michelon Janderson de Oliveira Silva Junior Oliveira Mendes Francieli de Fatima Missio244

EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA VOLUMÉTRICA DE NECROMASSA EM FLORESTA MANEJADA NA


AMAZÔNIA CENTRAL _________________________________________________________________________ 249
Filipe Campos de Freitas Celso Paulo de Azevedo Cintia Rodrigues de Souza Isáira Leite e Lopes Natalino Calegário249

ESTABILIDADE MULTITEMPORAL DA MÉTRICA LIDAR PERCENTIL 90 PARA ESTIMAÇÃO DA


ALTURA MÉDIA DE ÁRVORES DOMINANTES EM PLANTIOS DE EUCALIPTO _____________________ 255
Alessandra Morais Melo Cristiano Rodrigues Reis Tiago de Conto Eric Bastos Gorgens Luiz Carlos Estraviz Rodriguez255

ESTIMAÇÃO DA DENSIDADE DO ESTANDE EM TRÊS CLASSES DE TAMANHO ATRAVÉS DA


AMOSTRAGEM POR CONGLOMERADO ________________________________________________________ 260
Mauricio Romero Gorenstein Elisabete Vuaden Veridiana Padoin Weber Solon Jonas Longhi João Luís Ferreira Batista260

ESTIMATIVA DA ALTURA DA Acacia mearnsii De Wild EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS __________ 266


Junior Oliveira Mendes Rafael da Silva Rech Mariani Carrion Ximendes Karina Lanzarin Jorge Antonio de Farias
Paulo Renato Schneider ___________________________________________________________________________ 266

ESTIMATIVA DA ALTURA TOTAL DE ÁRVORES UTILIZANDO DIFERENTES TÉCNICAS DE


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ___________________________________________________________________ 271
Thais Sales Gonçalves Gabriela Letícia Ramos Carvalho Paulo Ricardo Santos Miranda Emanuelly Canabrava
Magalhães Sthefany Mendes Zuba Carlos Alberto Araújo Junior __________________________________________ 271

ESTIMATIVA DA PERDA POTENCIAL DE SOLO NA BACIA CACHOEIRA CINCO VEADOS, RS _______ 277
Fernanda Dias dos Santos Elenice Broetto Weiler Roberta Aparecida Fantinel Jussara Cabral Cruz _______________ 277

ESTIMATIVA DE ALTURA EM PLANTIOS HETEROGÊNEOS DE EUCALIPTOS, EM PROPRIEDADES DE


AGRICULTORES FAMILIARES, COM REDES NEURAIS ARTIFICIAS ______________________________ 282
Pábulo Diogo de Souza Janderson de Oliveira Silva Débora Luana Pasa Rafael da Silva Rech Jorge Antonio de Farias282

ESTIMATIVA DE DIÂMETRO A 1,30 M DO SOLO UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS ______ 287
Emanuelly Canabrava Magalhães Sthefany Mendes Zuba Thais Sales Gonçalves Paulo Ricardo Santos Miranda Adriana
Leandra de Assis Carlos Alberto Araújo Júnior ________________________________________________________ 287

ESTIMATIVA DIAMÉTRICA A PARTIR DA ALTURA UTILIZANDO ALGORITMO RANDOM FOREST _ 292


Paulo Ricardo Santos Miranda Sthefany Mendes Zuba Thais Sales Gonçalves Gabriela Letícia Ramos de Carvalho
Christian Dias Cabacinha Carlos Alberto Araújo Júnior __________________________________________________ 292

ESTIMATIVA DO NÚMERO DE FOLHAS DE Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke)


Barneby POR MEIO DA MENSURAÇÃO DO TAMANHO DE COPA __________________________________ 296
Luciana Grendene Maculan Janderson de Oliveira Silva Luciana Maria de Barros Francez Fábio de Jesus Batista
Frederico Dimas Fleig ____________________________________________________________________________ 296

9
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

ESTIMATIVA DO VOLUME INDIVIDUAL DE ÁRVORES DE EUCALIPTO UTILIZANDO DADOS DE


DIÁMETRO DE TOCO__________________________________________________________________________ 302
Mirella Basileu de Oliveira Lima Renan Augusto Miranda Matias Lisandra Maria Alves Matos Maycon Thuan Saturnino
da Silva Renato Vinicius Oliveira Castro Mauro Eloi Nappo _____________________________________________ 302

ESTIMATIVA VOLUMÉTRICA PARA Alsophila setosa Kaulf EM FRAGMENTO DE FLORESTA


OMBRÓFILA MISTA ___________________________________________________________________________ 307
Jocasta Lerner Karina Henkel Proceke De Deus Isabel Homczinski Keyla Karine Michalichen Andrea Nogueira Dias
Afonso Figueiredo Filho ___________________________________________________________________________ 307

ESTIMATIVA VOLUMÉTRICA PARA Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook EM FRAGMENTO DE FLORESTA


OMBRÓFILA MISTA ___________________________________________________________________________ 312
Jocasta Lerner Isabel Homczinski Karina Henkel Proceke De Deus Keyla Karine Michalichen Andrea Nogueira Dias
Afonso Figueiredo Filho ___________________________________________________________________________ 312

ESTIMATIVAS DE ALTURA PARA Khaya ivorensis A. CHEV PLANTADO NO NORTE DE MINAS GERAIS317
Gabriel Augusto Eça Maria Fernanda Fonseca Loic Aymard M’foumbyt M’foumbyt Poliana Camila Alves de Oliveira
Carlos Alberto Araújo Junior Adriana Leandra de Assis Christian Dias Cabacinha ____________________________ 317

ESTRATIFICAÇÃO DE DADOS PARA AJUSTE DE MODELO VOLUMÉTRICO EM PINUS _____________ 323


Renan Gustavo Pereira Sintia Valerio Kohler Rodrigo Otávio Veiga de Miranda ______________________________ 323

ESTRUTURA DIAMÉTRICA DAS CATEGORIAS SUCESSIONAIS EM FRAGMENTOS DE FLORESTA


ESTACIONAL DECIDUAL, RS___________________________________________________________________ 329
Camila Andrzejewski Solon Jonas Longhi Rafael Marian Callegaro Ana Claudia Bentancor Araujo Fernanda Dias dos
Santos Francieli de Fátima Missio ___________________________________________________________________ 329

ESTRUTURA DIAMÉTRICA DE ESPÉCIES CLÍMAX EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA ESTACIONAL


SUBTROPICAL NA REGIÃO CENTRAL DO RS ___________________________________________________ 333
Paula Cândida Campos Maiquel Ivo Pfeifer Bruna Denardin da Silveira Cibele Rosa Gracioli Silviana Rosso _____ 333

ESTUDO PRIMÁRIO DO CRESCIMENTO DE ANGICO VERMELHO Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan


EM UM ECÓTONO ENTRE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA E ESTACIONAL SEMIDECIDUAL, DOIS
VIZINHOS, PR. ________________________________________________________________________________ 337
Douglas Anry Porrua Graciane Biolchi Veridiana Padoin Weber __________________________________________ 337

FITOSSOCIOLOGIA E DINÂMICA EM REMANESCENTE DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ALTO-


MONTANA NO MUNICIPIO DE URUPEMA-SC ___________________________________________________ 342
Maria Eduarda Nalepa Souza Thiago Floriani Stepka Érica Barbosa Pereira de Souza Daniela Hoffmann Vinicius
Chaussard Venturini Gerson dos Santos Lisboa ________________________________________________________ 342

FUNÇÃO WEIBULL APLICADA NAS DISTRIBUIÇÕES DIAMÉTRICAS DE FLORESTAS ADENSADAS DE


Eucalyptus EM DIFERENTES DOSES DE ADUBAÇÃO ______________________________________________ 348
Humberto de Jesus Eufrade-Junior Adriano Wagner Ballarin Saulo Philipe Sebastião Guerra ____________________ 348

FUNÇÕES DE AFILAMENTO E SORTIMENTO DE MADEIRA DE Pinus elliottii Engelm NA REGIÃO


LITORÂNEA DO RS ____________________________________________________________________________ 353
João Filipe Monschau de Oliveira Fabiano de Oliveira Fortes Ricardo Neirmaier Bilheri Francieli de Fátima Missio
Junior Oliveira Mendes Camila Andrejeski ____________________________________________________________ 353

FUNÇÕES DE DENSIDADE DE PROBABILIDADE PARA A ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO


DIAMÉTRICA PARA Pinus spp. E Cupressus sp. ____________________________________________________ 359
Daniela Hoffmann Thiago Floriani Stepka Erica Barbosa Pereira de Souza Vinicius Chaussard Venturini André Felipe
Hess Geedre Adriano Borsoi _______________________________________________________________________ 359

INFLUÊNCIA DA TAXA DE JUROS EM UM PROBLEMA DE PLANEJAMENTO FLORESTAL


SOLUCIONADO POR METAHEURÍSTICA________________________________________________________ 364
Lisandra Maria Alves Matos Julio Eduardo Arce Carlos Alberto Araújo Júnior Mirella Basileu de Oliveira Lima
Maycon Thuan Saturnino da Silva Luan Demarco Fiorentin ______________________________________________ 364

10
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

INFLUÊNCIA DA TAXA DE JUROS NA DETERMINAÇÃO DA IDADE DE CORTE EM UM MODELO DE


REGULAÇÃO FLORESTAL _____________________________________________________________________ 369
Lisandra Maria Alves Matos Julio Eduardo Arce Carlos Alberto Araújo Júnior Mirella Basileu de Oliveira Lima Luan
Demarco Fiorentin Maycon Thuan Saturnino da Silva ___________________________________________________ 369

MAPEAMENTO DA RELAÇÃO ALTURA-DIÂMETRO UTILIZANDO SUPPORT VECTOR MACHINE ___ 373


Sthefany Mendes Zuba Emanuelly Canabrava Magalhães Gabriela Leticia Ramos Carvalho Thais Sales Gonçalves
Adriana Leandra de Assis Carlos Alberto Araújo Júnior__________________________________________________ 373

MEDIÇÃO DE PARCELAS AMOSTRAIS DE INVENTÁRIO FLORESTAL COM TLS MÓVEL – UM ESTUDO


PRELIMINAR DE PRECISÃO DO FORLIDAR BACKPACK _________________________________________ 377
Tiago de Conto Eimi Arikawa Thais Hudari Abib Cristiano Rodrigues Reis Luiz Carlos Estraviz Rodriguez _______ 377

MODELAGEM APLICADA AO CRESCIMENTO INICIAL DE Cordia Trichotoma (VELL.) ARRÁB. EX


STEUD. EM DOIS VIZINHOS, PARANÁ __________________________________________________________ 382
Bernardo Augusto Sandi Marcos Felipe Nicoletti Larissa Regina Topanotti Fernando Campanhã Bechara Maria Elize
Rodrigues Branco Matheus de Liz Salamon ___________________________________________________________ 382

MODELAGEM DA COPA DE ÁRVORES DE EUCALIPTO __________________________________________ 388


Laís Almeida Araújo Luciano Cavalcante de Jesus França Isáira Leite e Lopes Talles Hudson Souza Lacerda Evandro
Nunes Miranda Lucas Rezende Gomide ______________________________________________________________ 388

MODELAGEM DA DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA SECUNDÁRIA NO


MUNICÍPIO DE LARANJAL DO JARÍ, AMAPÁ ___________________________________________________ 394
Evandro Ferreira da Silva Samuel Nahon da Costa Diego Armando da Silva da Silva Carla Samara Campelo de Sousa
Jeangelis Silva Santos Jeferson Pereira Martins Silva ____________________________________________________ 394

MODELAGEM DO CRESCIMENTO E DA PRODUÇÃO DE ESPÉCIES ALTERNATIVAS NA


SILVICULTURA REGIONAL DO PLANALTO SERRANO DE SANTA CATARINA _____________________ 401
Érica Barbosa Pereira de Souza Thiago Floriani Stepka André Felipe Hess Geedre Adriano Borsoi Daniela Hoffmann
Vinicius Chaussard Venturini _______________________________________________________________________ 401

MODELAGEM VOLUMÉTRICA DE QUATRO ESPÉCIES NATIVAS EM ESTRATÉGIA DE


RECOMPOSIÇÃO DE RESERVA LEGAL NA AMAZÔNIA __________________________________________ 407
Luiz Otávio Rodrigues Pinto Juliano de Paulo dos Santos Marcos Gabriel Braz de Lima Marcos Vinícius Ferreira
Martins Rafaella Tavares Pereira ____________________________________________________________________ 407

MODELOS GENERALIZADOS COM INCLUSÃO DE COVARIÁVEIS PARA ESTIMATIVA DE ALTURA EM


POVOAMENTO DE Tectona grandis ______________________________________________________________ 413
Luciano Rodrigo Lanssanova Franciele Alba da Silva Allan Libânio Pelissari Sebastião do Amaral Machado Rodrigo
Lemos Gil Cristine Tagliapietra Schons Hugo Armando Barua ____________________________________________ 413

MODELOS HIPSOMÉTRICOS PARA ÁRVORES DE Apuleia leiocarpa NA ILHA DE GERMOPLASMA,


TUCURUÍ, PARÁ. ______________________________________________________________________________ 418
Raiana Arnaud Nava Thays Thayla Santos de Almeida Matheus da Costa Gondim Julyane Stephanie Pires dos Santos
Lívia Thais Moreira de Figueiredo Jamerson Rodrigo dos Prazeres Campos __________________________________ 418

MODELOS HIPSOMÉTRICOS PARA POVOAMENTO CLONAL DE Eucalyptus spp. ___________________ 423


Hugo Armando Barua Acosta Carla Fernanda Mussio Milayne Lopes Rickli Emílio Carlos Zilli Ruiz Afonso Figueiredo
Filho Andrea Nogueira Dias _______________________________________________________________________ 423

MODELOS PARA ESTIMATIVA DA BIOMASSA DE Pinus taeda L. EM LAGES/SC ____________________ 428


Maria Elize Rodrigues Branco Marcos Felipe Nicoletti Matheus de Liz Salamon Bernardo Augusto Sandi Thiago
Floriani Stepka __________________________________________________________________________________ 428

MORTALIDADE DE INDIVÍDUOS ARBUSTIVO-ARBÓREOS EM FLORESTAS TROPICAIS SECAS _____ 433


Anderson Francisco da Silva Gabriela Salami Régis Villanova Longhi Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira José Antônio
Aleixo da Silva __________________________________________________________________________________ 433

11
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

NÚMERO DE ALTURAS MEDIDAS E SEUS EFEITOS SOBRE OS CUSTOS OPERACIONAIS DO


INVENTÁRIO FLORESTAL _____________________________________________________________________ 439
Sâmara Magdalene Vieira Nunes Paulo Henrique Batista Ferreira Adriana Leandra de Assis Christian Dias Cabacinha
Carlos Alberto Araújo Junior _______________________________________________________________________ 439

NÚMERO DE INDIVÍDUOS DO ALGORITMO NEAT PARA ESTIMATIVA DO VOLUME COMERCIAL DA


CAATINGA ARBÓREA _________________________________________________________________________ 443
Loic Aymard M’foumbyt-M’foumbyt Poliana Camila Alves de Oliveira Adriana Leandra de Assis Carlos Alberto
Araújo Júnior Christian Dias Cabacinha ______________________________________________________________ 443

O CRESCIMENTO DE Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. EM FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL


EM REGNERAÇÃO ATRAVÉS DE ANÁLISE DE TRONCO COMPLETA _____________________________ 448
Isadora Tozzo Bueno de Lima Ivã Andreas L. Arancibia Raquel Castiani ___________________________________ 448

PADRÃO MORFOMETRICO DAS COPAS DE ÁRVORES DE CRESCIMENTO LIVRE DETERMINADO POR


TÉCNICAS DE DESENHO DIGITAL _____________________________________________________________ 453
Jean Pierre Cavali Rafael Cubas Gabriel Paes Marangon ________________________________________________ 453

PARÂMETROS POPULACIONAIS DE Casearia Sylvestris SW. EM UM TRECHO DE FLORESTA


SECUNDÁRIA ESTACIONAL DECIDUAL, RS _____________________________________________________ 459
Francieli de Fatima Missio Solon Jonas Longhi Camila Andrejeski Karina Lazarin Junior Oliveira Mendes João Filipe
Monschau de Oliveira _____________________________________________________________________________ 459

PREDIÇÃO DA ALTURA DE ÁRVORES DE Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze EM FLORESTA NATIVA


UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS ____________________________________________________ 464
Luís Paulo Baldissera Schorr André Felipe Hess Ana Cláudia da Silveira Kemely Alves Atanazio Tarik Cuchi Giselli
Castilho Moraes _________________________________________________________________________________ 464

PROGNOSE DA ALTURA TOTAL DE PARICÁ POR MEIO DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS_________ 469
Ernandes Macedo da Cunha Neto Juliane dos Santos Andrade Jade Cristynne Franco Bezerra Jorge Luiz Freitas Cruz
Marcio Roberto da Silva Melo ______________________________________________________________________ 469

PROGNOSE DO CRESCIMENTO DE Pinus elliottii VISANDO PRODUÇÃO DE RESINA PARA DIFERENTES


DENSIDADES POPULACIONAIS ________________________________________________________________ 475
Maycon Thuan Saturnino da Silva Philipe Ricardo Casemiro Soares Marcos Felipe Nicoletti Thiago Floriani Stepka
Lisandra Maria Alves Matos Mirella Basileu de Oliveira Lima ____________________________________________ 475

QUANTIFICAÇÃO DA CASCA DE Drimys brasiliensis Miers NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA NO


PARQUE NACIONAL DE SÃO JOAQUIM/SC. _____________________________________________________ 481
Matheus de Liz Salamon Giovana Reali Stuani Marcos Felipe Nicoletti Maria Elize Rodrigues Branco Bernardo Augusto
Sandi __________________________________________________________________________________________ 481

REDES NEURAIS ARTIFICIAIS E SENSORIAMENTO REMOTO PARA PREDIÇÃO VOLUMÉTRICA EM


UM POVOAMENTO DE Eucalyptus sp. ____________________________________________________________ 486
Alessandro Araujo Amaral de Almeida Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch Lucas
Kröhling Bernardi Carlos Juliano Santos Franciane Andrade de Pádua ______________________________________ 486

REGRESSÃO NÃO LINEAR QUANTÍLICA PARA A ESTIMATIVA DE MÚLTIPLOS PRODUTOS DE


EUCALYPTUS SP. _____________________________________________________________________________ 493
Yoshie Tomazini Motoshima Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch Lucas Kröhling
Bernardi Alessandro Araujo Amaral de Almeida Carlos Juliano Santos _____________________________________ 493

RELAÇÃO DIAMÉTRICA UTILIZANDO SISTEMA DE INFERÊNCIA NEURO-FUZZY_________________ 500


Gabriela Letícia Ramos de Carvalho Emanuelly Canabrava Magalhães2 Paulo Ricardo Santos Miranda3 Sthefany Mendes
Zuba4 Christian Dias Cabacinha5 Carlos Alberto Araújo Junior6 ____________________________________________ 500

RELAÇÃO HIPSOMÉTRICA DE QUATRO ESPÉCIES ARBÓREAS EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA 504


Rafael Cubas Emanuel Arnoni Costa Jean Pierre Cavali__________________________________________________ 504

12
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

RELAÇÕES DE MÁXIMO TAMANHO-DENSIDADE PARA POVOAMENTOS DE Mimosa scabrella ______ 509


Saulo Jorge Téo Welinton Michel de Vicentin Nunes ____________________________________________________ 509

RELAÇÕES DENDRO-MORFOMÉTRICAS PARA ARAUCÁRIA UTILIZANDO INTELIGÊNCIA


ARTIFICIAL __________________________________________________________________________________ 516
Luís Paulo Baldissera Schorr André Felipe Hess Ana Cláudia da Silveira Kemely Alves Atanazio Tarik Cuchi Giselli
Castilho Moraes _________________________________________________________________________________ 516

SELEÇÃO DE ÁRVORES COMPETIDORAS NO ÍNDICE DE JOHANN PARA A DESCRIÇÃO DO


INCREMENTO EM ÁREA TRANSVERSAL DE ARAUCÁRIA _______________________________________ 522
Lorena Oliveira Barbosa César Augusto Guimarães Finger Emanuel Arnoni Costa José Roberto Soares Scolforo ___ 522

SENSORIAMENTO REMOTO: UMA FERRAMENTA PARA REDUÇÃO DA INTENSIDADE AMOSTRAL EM


INVENTÁRIOS DE FLORESTAS DE EUCALIPTO _________________________________________________ 528
Jeangelis Silva Santos Adriano Ribeiro de Mendonça Jeferson Pereira Martins Silva Daniel Henrique Breda Binoti
Evandro Ferreira da Silva __________________________________________________________________________ 528

SIMILARIDADE FLORÍSTICA DO CERRADO DO NORTE DE MINAS GERAIS _______________________ 534


Mayra Souza Costa Rayssa Stéfany Ramos Machado Adriana Leandra de Assis Carlos Alberto Araújo Júnior Christian
Dias Cabacinha __________________________________________________________________________________ 534

SIMULAÇÃO DE DIFERENTES INTENSIDADES AMOSTRAIS PARA A ESTIMATIVA DO ESTOQUE DE


MADEIRA NA AMAZÔNIA CENTRAL ___________________________________________________________ 541
Ana Caroline Miron Pereira Talita Godinho Bezerra Thamires Mendes Coelho Ferreira Reginaldo Sérgio Pereira
Rodrigo Geroni Mendes Nascimento Fabiano Emmert ___________________________________________________ 541

TESTE DE IDENTIDADE DE MODELOS APLICADOS NA ESTIMATIVA DE BIOMASSA TOTAL DE


ACÁCIA-NEGRA (Acacia mearnsii De Wild.) _______________________________________________________ 548
Kauana Engel Alexandre Behling Henrique Soares Koehler ______________________________________________ 548

USO DE DADOS DO SENSOR ETM+ NA ESTIMAÇÃO DA ÁREA BASAL DE MADEIRA EM FRAGMENTOS


DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL ________________________________________________________ 554
Anny Francielly Ataíde Gonçalves Lorena Oliveira Barbosa Ximena Mendes de Oliveira Henrique Faria de Oliveira
Luciane Naimeke Schmidt José Roberto Soares Scolforo _________________________________________________ 554

13
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO SOCIOLÓGICA NA MORFOMETRIA DE Tectona grandis L.f.

THE INFLUENCE ON SOCIOLOGICAL POSITION AT MORPHOMETRY OF Tectona grandis L.f.

Gabriel Valadares Caldeira1 Maristela Volpato Ítalo Luiz Correa Lenzi Martha Aguiar dos Santos
Rômulo Môra Ronaldo Drescher

RESUMO

Com o objetivo de avaliar a influência da posição sociológica na modificação da morfometria das árvores, foi
realizado a mensuração do Diâmetro à Altura do Peito (DAP), Diâmetro de Copa (DC) e Altura total (Ht), de
um povoamento de Teca aos 19 anos, plantado no município de Rosário Oeste-MT. As árvores foram
classificadas em classes sociológicas (Dominantes, Codominantes, Médias ou Dominadas) conforme a altura
total, e os índices morfométricos conforme a literatura estabelecida. Foi verificado que diâmetro de copa e
proporção de copa não foram influenciados pela posição sociológica. Quanto à forma, as dominantes,
codominantes e médias apresentaram fustes e copas mais esbeltos. A classe dominada, apresentou maior relação
entre DC e o DAP (IS), maior crescimento em DC que em altura (IA) e copas mais arredondadas.
Palavras-chave: diâmetro de copa; índices morfométricos; Teca no Estado de Mato Grosso.

ABSTRACT

In order to evaluate the influence of sociological position on amendment of the Morphometry of the trees, the
measurement of the diameter at breast height (DAP), Crown diameter (DC) and total height (Ht), a settlement of
Teak to 19 years old, deployed in Rosário Oeste City, Mato Grosso State. The trees were classified in
sociological classes (dominant, Codominant, medium or Dominated) as the total height, and morphometric
indexes as the mainstream. It was verified that diameter of Crown and Crown ratio were not influenced by
sociological position. As the form, the dominant, codominants and medium stems more slender and cups
presented. The class dominated, showed the highest relationship between DC and the DAP, greater growth in
DC which in time (IA) and more rounded cups.
Keywords: crown diameter; morphometric variables; Teak in Mato Grosso State.

INTRODUÇÃO

A Tectona grandis L.f. (Teca) é natural das florestas do sul e sudeste da Ásia (BERMEJO et al., 2004).
Segundo Lamprecht (1990), a Teca pode atingir 35 m de altura em povoamentos nativos e com Diâmetro à
Altura do Peito (DAP) que frequentemente ultrapassam 100 cm. O plantio de florestas de Teca é amplamente
empregado pelo mundo, principalmente na África, na América Central e América do Sul (BERMEJO et al.,
2004). Os plantios comerciais de Teca em Mato Grosso foram inicialmente realizados na década de 1970. Por
causa da sua adaptabilidade às condições edafoclimáticas de Mato Grosso, seu rápido crescimento, e alto valor
comercial, a Teca foi largamente difundida no Estado (SHIMIZU; KLEIN, OLIVEIRA, 2007).
Atualmente, há uma grande discussão no meio científico sobre a real influência do desenvolvimento da
copa, sobre o crescimento do fuste das árvores. A copa possui importância direta para o desenvolvimento e
crescimento da árvore, interceptando diretamente o CO2 e os raios solares da atmosfera, empregando-os
diretamente na fotossíntese, na produção de hidrocarbonetos. Indiretamente, a árvore utiliza a copa na
competição por espaço físico aéreo, captação de água e nutrientes depositados na atmosfera.
O estudo da morfometria e relações morfométricas de espécies florestais é importante para determinar o
grau de concorrência e estabilidade de um povoamento, produção de cada indivíduo no sítio e até o período
considerado adequado ecologicamente para a realização dos desbastes (DURLO; DENARDI, 1998; DURLO;
SUTILI; DERNANI, 2004; SANTOS et al., 2015, DIONÍSIO et al., 2018).
Nesse estudo objetivou-se avaliar a significância dos índices morfométricos para a posição sociológica
de árvores de Teca, com densidade final do ciclo de produção de madeira nobre.

1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais – PPGCFA – UFMT. E-mail:
gabriel.valadarescaldeira@gmail.com

14
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização do local
A coleta de dados foi realizada em um povoamento de Tectona grandis L.f. (Teca) no município de
Rosário Oeste, região centro-sul de Mato Grosso. O clima local como do tipo Aw da classificação de Köppen,
quente e úmido, com estação chuvosa de outubro a abril e estiagem de maio a setembro. A precipitação média
anual gira em torno de 1.330 mm. Os solos são da classe Concrecionários distróficos (SCd) e o bioma regional
é a Savana Arbórea Aberta com floresta de galeria (Saf).
O povoamento é de origem seminal, implantado no espaçamento inicial de 3 x 3 m, com densidade
inicial de 1100 árv.ha-1. Os tratos silviculturais consistiram em controle de formigas cortadeiras, desrama até a
altura de 8 m, quatro desbastes seletivos e um fitossanitário. No momento da coleta de dados, o plantio
apresentava 19 anos de idade.

Coleta de dados
Consistiu na mensuração do Diâmetro à Altura do Peito (DAP), Altura total das árvores (Ht), Altura
comercial do fuste (Hc), Diâmetro de Copa (DC), em 388 árvores. O DAP das árvores foi tomado a partir da
Circunferência à Altura do Peito (CAP), utilizando fita métrica. A Ht e Hc foram mensuradas com o auxílio do
Hipsômetro de Haglof, já o DC, através da média da projeção horizontal da base da copa das árvores em 4 raios,
segundo os pontos cardeais.

Processamento e avaliação estatística


Para ciência das relações entre o DAP, alturas e DC das árvores foram utilizadas variáveis
morfométricas (BURGER, 1939 citado por DURLO; DERNANI, 1998; TONINI; ARCO-VERDE, 2005),
sendo, Proporção de Copa (PC), o Grau de Esbeltez (GE), o Índice de Saliência (IS), o Índice de Abrangência
(IA), e Formal de Copa (FC).
As árvores foram classificadas em classes sociológicas (Dominantes, Codominantes, Médias ou
Dominadas) conforme aos quartis das estatísticas descritivas da Ht. Com intuito de comparar se as variáveis
coletadas em campo e os índices morfométricos possuem comportamento semelhante entre a posição
sociológica, empregou-se a análise de variância, em Delineamento Inteiramente Casualizado. A hipótese
alternativa implica que tais variáveis apresentam diferenças significativas entre as classes. O teste de
comparação de médias adotado foi Tukey, ao nível de significância de 5%. O software utilizado nas análises foi
o R-Project (R CORE TEAM, 2015), utilizando o pacote ExpDes.pt.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aos 19 anos de idade o povoamento constava com densidade de 134 árv.ha-1, estando em consonância
com a afirmativa de Yared et al. (1993), na qual quando se objetiva a produção de madeira nobre a densidade se
aproxima de 100 árv.ha-1 em rotação final.
Na Tabela 1 encontram-se os resultados das estatísticas descritivas. Por se tratar de povoamento que
teve sua densidade regulada e estar em final de rotação, é observado baixo coeficiente de variação para DAP e
Ht. Já DC e Hc possuem maior variação pelo comportamento dos indivíduos na estratificação formada pela
competição anterior aos desbastes. As variáveis relacionadas com a copa refletem o efeito da competição
ocorrida no passado. Isso ocasiona alterações em diâmetro e altura e, consequentemente, geram modificações na
captação de recursos para o desenvolvimento (CLARK; CLARK, 2001).
Em povoamentos não desbastados de Teca, Vendruscolo et al. (2017) avaliou os espaçamentos 4x2 m e
5x2 m implantados em Cáceres - MT, onde determinou médias para o DAP de 17,4 e 18,8 cm, respectivamente
e Ht, 14,9 e 15,2 m.
Chaves et al. (2016) avaliando florestas de Teca aos 33 e 34 anos em Cáceres, plantadas no
espaçamento 2x2 m, em densidade final de 167 árv.ha-1 determinou DC médio de 8,0 m para as árvores
estudadas. Para a altura dominante, o autor apresentou valores de 24,3 m e para o diâmetro médio quadrático de
42,63 cm, de IMA próximos de 1,27 cm.ano-1. Comparando as curvas de índice de sítio propostas pelo autor em
seu trabalho com a Ht média deste povoamento, o sítio em questão estaria classificado na classe 1.
Em relação à análise de variância (Tabela 2), foi observado, a não significância da posição sociológica
sobre o DC e PC. Além disso, como esperado, houve redução significativa em DAP e Hc conforme o
decréscimo da posição sociológica, uma vez que devido à capacidade de sobressair da competição em período
anterior, os maiores valores de DAP e Hc foram das árvores dominantes.

15
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Estatísticas descritivas para os parâmetros dendrométricos de Teca.
TABLE 1: Description statistics for the dendrometric parameters of Teak.
Variáveis Mínimo 1º quartil Mediana Média 3º quartil Máximo CV (%) IMA
DAP (cm) 24,85 34 37 37,31 40,4 52,65 12,77 1,96
Ht (m) 18 24 25,6 25,34 27 29,8 8,66 1,33
Hc (m) 8 12,8 14,1 13,95 15,2 18,7 13,43 0,73
DC (m) 4,85 7 7,8 7,9 8,73 11,65 15,56 0,42
Onde: CV: Coeficiente de variação; IMA: Incremento Médio Anual.

TABELA 2: Teste de significância para as variáveis do estudo, seguidas do teste de Tukey para a comparação
dos tratamentos.
TABLE 2: Significance test for the study variables, followed by the Tukey test for the comparison of the
treatments.
Anova Posição sociológica
Variáveis
p-valor Dominante Codominante Média Dominada
-15
DAP (cm) 3,89*10E * 40,28a 37,61b 35,87c 35,21c
-23
Hc (m) 3,17*10 * 15,11a 14,39b 13,57c 12,57d
DC (m) 0,45n.s. 7,95a 8,03a 7,76a 7,85a
n.s.
PC (%) 0,07 45,10a 45,73a 45,15a 43,43a
-8
GE (%) 1,01*10 * 69,80a 70,51a 69,94a 64,10b
-7
IS (%) 7,32*10 * 20,03c 21,25b 21,76ab 22,36a
IA (%) 1,68*10-17* 28,84c 30,35bc 31,40b 35,38a
-18
FC (%) 6,50*10 * 64,12c 68,06bc 70,76b 82,89a
Onde: * p-valor<0,05, significância estatística, de acordo com o teste F, com 95% de confiança; n.s. médias
estatisticamente iguais, de acordo com o teste F, com 95% de confiança; as médias foram comparadas na
horizontal entre as classes de posição sociológica.
Observou-se, com a relação entre comprimento de copa e altura total, que em média 44,8%, do eixo
vertical das árvores são ocupados pela copa. Essa variável é um indicador de vitalidade, quanto maior a
porcentagem mais produtiva pode ser a árvore (ROMAN, BRESSAN; DURLO, 2009.
O GE das classes dominante, codominante e média indicam que essas possuem forma mais alongada em
relação às dominadas, indicando que para a menor classe o DAP cresce em maior proporção que a Ht. Quanto
mais alto o grau de esbeltez, mais instável é a árvore (ROMAN, BRESSAN; DURLO, 2009).
Com IS próximo de 0,2 para árvores dominantes atribui-se como sendo o DC 20 vezes maior que o
DAP. Semelhante, Dionisio et al. (2018), encontraram média de 0,27 para Teca próxima aos 17 anos no
município de Iracema-RR. Um menor valor do índice de saliência, como o encontrado para as dominantes,
significa que a árvore possui mais área de superfície de copa, ou área de assimilação, ocupando mais
eficientemente o espaço (STERBA, 1992 citado por WINK et al., 2012).
O IA de 0,3 indica que o DC representa, praticamente, 1/3 da altura total da árvore. O índice de
abrangência tende a diminuir com a altura, porque o aumento na altura não é acompanhado, proporcionalmente,
pelo aumento do DC, ou seja, o crescimento em altura ainda é maior que o crescimento do DC (TONINI;
ARCO-VERDE, 2005). Corroborando a informação, observou-se a tendência de redução desse índice com o
aumento da classe sociológica, todavia, a ocupação das copas no dossel é semelhante pelas 3 classes superiores,
verificado também pelo formal de copa.
Para FC observado para as árvores dominantes, codominantes e médias indica serem copas mais
esbeltaz. Conforme Minatti (2015) e Cunha; Finger (2013), a menor relação indica copas esbeltas e maior
influência das árvores vizinhas na expansão lateral da copa da árvore considerada, já quando mais próximo de
100 mais arredondadas são as mesmas.
Costa; Finger; Fleig (2016), também observaram que a relação formal de copa não diferiu entre árvores
dominantes e codominantes, indicando existir uma mesma razão entre o diâmetro de copa e o seu comprimento
para árvores dominante e codominante, entretanto, com dimensões da copa diferentes. Segundo Durlo; Denardi
(1998), quando se considera a mesma espécie em um mesmo sítio, o indivíduo que apresentar o menor formal
de copa também apresentará uma melhor produtividade.
Contudo, as estatísticas apresentadas nos levam ao fato de as variáveis morfométricas refletem do
comportamento provocado pelo sistema de manejo da floresta.

16
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

O DC e PC não foram influenciados pela posição sociológica das árvores. Quanto a forma, as
dominantes, codominantes e médias apresentam-se com fustes e copas mais esbeltos, sendo semelhante a forma
de ocupação do dossel pelas mesmas. Já a classe dominada, no geral, contou com maior proporção de DC em
relação ao DAP (IS), além de maior crescimento em DC que em altura (IA), refletindo em copas mais
arredondadas.

AGRADECIMENTOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COSTA, E. A.; FINGER, C. A. G.; FLEIG, F. D. Influência da posição social nas relações morfométricas de
Araucária angustifólia. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 26, n. 1, p. 225.234, 2016.
DIONÍSIO, L. F. S. et al. Influência do primeiro desbaste na morfometria de Tectona grandis L.f. em Roraima.
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DURLO, M. A.; DERNANI, L. Morfometria de Cabralea canjerana, em mata secundária nativa do Rio Grande
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DURLO, M. A.; SUTILI, F. J.; DENARDI, L. Modelagem da copa de Cedrela fissilis Vellozo. Ciência
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LAMPRECHT, H. Silvicultura nos trópicos: ecossistemas florestais e respectivas espécies arbóreas-
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MINATTI, M. Dendrocronologia aplicada na geração de modelos de crescimento biométricos e ambientais
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Florestal), Universidade do Estado de Santa Catarina, 129 p., 2015.
R CORE TEAM (2015). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical
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Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. Ex Steud. Ciência Florestal, v. 19, n. 4, p. 473-480, 2009.
SANTOS, A. T. et al. Determinação da época de desbaste pela análise dendrocronológica e morfométrica de
Ocotea porosa (nees & mart.) Barroso em povoamento não manejado. Ciência Florestal, v. 25, n. 3, p. 699-
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SHIMIZU, J.Y.; KLEIN, H.; OLIVEIRA, J.R.V. Diagnóstico das plantações florestais em mato grosso.
Cuiabá, MT: Central de texto, 63 p., 2007.
TONINI, H.; ARCO-VERDE, M. F. Morfologia da copa para avaliar o espaço vital de quatro espécies nativas
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castanheira (Berthollethia excelsa H. & K.) em diversos locais na Amazônia. In: 1° Congresso Florestal
Panamericano; 7° Congresso florestal brasileiro, Anais, Curitiba, p. 416-418, 1993.

17
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ADIÇÃO DE EFEITOS ESPACIAIS NO MODELO HIPSOMETRICO GENÉRICO PARA
REMANESCENTES FLORESTAIS NATIVOS

ADDING SPATIAL EFFECT IN HYPSOMETRIC GENERIC MODEL FOR NATIVE FOREST REMNANTS

Evandro Nunes Miranda1 Luciano Cavalcante de Jesus França Isaíra Leite e Lopes
Talles Hudson Souza Lacerda Laís Almeida Araújo Lucas Rezende Gomide

RESUMO

A altura é uma variável que resulta em grandes erros de medição no inventário florestal. Usualmente, deixam de
ser incorporadas em modelos volumétricos para espécies nativas, trabalhando apenas com o diâmetro. Contudo,
a relação hipsométrica, pode auxiliar na obtenção dessa variável a um baixo esforço. Nesse ambiente
matemático existem modelos tradicionais e genéricos, apresentando vantagens e desvantagens e seu uso. Assim,
objetivo do estudo foi avaliar o efeito de variáveis espaciais, como latitude e longitude, em modelos
hipsométricos genéricos em remanescentes de floresta nativa. Os dados constituem de 24 fragmentos de Floresta
Estacional Semidecidual localizados na bacia do rio Grande - MG. Um número de 8.494 árvores e 852 parcelas
foram utilizadas com base de dados. Esta foi dividia para os ajustes considerando: a) hipsométrico clássico: 48
parcelas; b) modelo genérico espacial: e c) validação: 48 parcelas. Os modelos foram ajustados para cada base,
sendo o modelo hipsométrico clássico ajustado por fragmento. A validação foi realizada e quantificada as
métricas: a) erro médio quadrático (MSE), b) raiz da média quadrática do erro, c) erro médio absoluto e d) erro
percentual médio absoluto. Os resultados mostram que o modelo genérico apresentou estatísticas de precisão
menores em relação ao modelo tradicional, com reduções percentuais de 72,68% (MSE), 47,7% (RMSE),
0,95% (MAE) e 16,2% (MAPE). Ao considerar-se a distribuição gráfica da altura estimada versus altura
observada e as diferenças entre as estatísticas de precisão, constatou-se eficiente a inserção de variáveis
espaciais no modelo genérico proposto. Conclui-se que os usos das variáveis espaciais, como longitude e
latitude, contribuem significativamente na melhoria dos modelos hipsométricos, considerando uma
macrorregião, como a bacia do rio Grande em Minas Gerais.
Palavras-Chave: Manejo Florestal; Hipsometria; Espécies Nativas.

ABSTRACT

Height is a variable that results in large measurement errors in the forest inventory. Usually, they are no longer
incorporated into volumetric models for native species, working only with diameter. However, the hypsometric
relation can help to obtain this variable at a low effort. In this mathematical environment there are traditional
and generic models, presenting advantages and disadvantages and their use. Thus, the objective of the study was
to evaluate the effect of spatial variables, such as latitude and longitude, on generic hypsometric models in
remnants of native forest. The data consisted of 24 fragments of Semidecidual Seasonal Forest located in the. A
total of 8,494 trees and 852 plots were used with database. This was divided for the adjustments considering: a)
classic hypsometric: 48 plots; b) generic spatial model: and c) validation: 48 plots. The models were adjusted
for each base, with the classic hypsometric model adjusted by fragment. The validation was performed and
quantified the metrics: a) mean square error (MSE), b) root mean square error, c) absolute mean error and d)
absolute average error percentage. The results show that the generic model presented smaller precision statistics
than the traditional model, with percentage reductions of 72.68% (MSE), 47.7% (RMSE), 0.95% (MAE) and
16.2% (MAPE). When considering the graphical distribution of the estimated height versus observed height and
the differences between the precision statistics, the insertion of spatial variables in the proposed generic model
was efficient. It is concluded that the uses of spatial variables, such as longitude and latitude, contribute
significantly to the improvement of hypsometric models, considering a macro-region, such as the Rio Grande
basin in Minas Gerais.
Key-Words: Forest management; Hypsometry; Native Species.

1
Engenheiro Florestal, Mestrando em Engenharia Florestal, DCF–UFLA, 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail:
evandromiranda.florestal@gmail.com

18
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INTRODUÇÃO

Na realização de inventários florestais, o emprego de equações hipsométricas constitui-se uma


ferramenta fundamental, para otimizar a coleta dos dados e assegurar sua precisão. A relação funcional entre
essas variáveis
é seguramente uma das mais estudas na área de manejo florestal e inventário nos últimos anos. O ponto
marcante
dessa área do conhecimento é a possibilidade de se trabalhar com modelos específicos e pontuais, como os
modelos tradicionais, bem como genéricos, que trabalham de forma mais ampla os dados em diversas regiões. O
dilema formado, entre genéricos e tradicionais, é uma fonte rica de discussões no setor florestal. A comparação
do desempenho de diversos modelos é recorrente na pesquisa e na prática de inventário florestal (BATISTA,
COUTO e MARQUESINI, 2001). Mas voltando a descrição dessa temática, a hipsometria estuda a relação
direta entre o diâmetro das árvores e a sua altura, e por isso são tão úteis ao inventário florestal.
No desenvolvimento de modelos de regressão aplicados ao manejo florestal, diversos pesquisadores
empenham-se no sentido de incorporar novas variáveis e tipos de modelos, para a redução do erro da estimação
(SANQUETTA et al., 2015). Atualmente, devido a ampliação de projeto florestais que englobam grandes
escalas, há a necessidade de redução dos esforços em ajustes pontuais e repetitivos. Modelos genéricos, neste
caso, tornam-se interessantes, pois além de reduzirem a repetição e avaliação de um elevado número de ajustes,
permitem bom desempenho em média. O segundo ponto a observar nesses modelos é a escolha apropriada das
variáveis, que poderão auxiliar na acurácia das estimativas.
A incorporação de variáveis ambientais na modelagem é uma tendência atual, como o caso da
precipitação, temperatura, radiação solar, dentre outras, sendo possível observar nos trabalhos de Sanquetta et
al. (2014), Mendonça, Chaves e Calegário (2015), Scolforo et al. (2016), Scolforo et al. (2017) e Neto et al.
(2018). Por outro lado, a latitude e longitude, são variáveis que geralmente sumarizam um conjunto enorme de
variáveis, para grandes áreas. Podem com isso carregar informações de temperatura, precipitação e até mesmo, a
depender da área, relações de altitude local. Assim, objetivo do estudo foi avaliar o efeito de variáveis espaciais,
como latitude e longitude, em modelos hipsométricos genéricos em remanescentes de floresta nativa.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo
Os dados utilizados foram obtidos em uma área de estudo referente à Bacia Hidrográfica do rio Grande
na porção do estado de Minas Gerais (Figura 1), com área de 86.050,29 km², ocupando aproximadamente 15%
da área total do Estado de Minas Gerais. A Bacia do rio Grande apresenta classificação climática de Köppen do
tipo Cwa (verão quente), Cwb (verão temperado) e Aw (verão quente e chuvoso) (ALVAREZ et al., 201). O
tipo do solo de solo predominante são os Latossolos, com mosaicos de neossolo litólico, argissolo e cambissolo
(CURI t al., 2008).

FIGURA 1: Mapa de localização da bacia hidrográfica do rio Grande, com informação da fisiografia local e
cobertura da terra.
FIGURE 1: Localization map of the river basin of Rio Grande, with local physiography and land cover.

19
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
De acordo com a disponibilidade das áreas em relação à composição da vegetação remanescente, o
domínio Mata Atlântica recebe destaque, sendo este selecionado para estudo a fitofisionomia Floresta
Estacional Semidecidual. Essa cobertura vegetal nativa da bacia hidrográfica representa aproximadamente 16%
do seu território (SCOLFORO, OLIVEIRA e ACERBI JÚNIOR, 2008).
Um estudo envolvendo esta macrorregião foi realizado, adotando uma amostragem em conglomerado,
com cada parcela de 750 m2 (subunidades de 250 m2). Vinte e quatro fragmentos de fitofisionomia
Semidecidual foram inventariados, variando a intensidade amostral conforme área e local. As variáveis
coletadas foram o diâmetro a altura do peito e a altura total, bem como a identificação botânica. A Tabela 1
demonstra a caracterização dos fragmentos amostrados.

TABELA 1: Caracterização dos 24 fragmentos amostrados dentro da Bacia do Rio Grande para a fitofisionomia
Semidecidual.
TABLE 1: Characterization of the 24 fragments sampled within the Rio Grande Basin for Semidecidual
Phytophysiognomy.
N Município Área (ha) Altitude (m) Nº Parc. Fisionomia Clima Solo
1 Nepomuceno 7,77 810 57 Semidecídua Cwa Argissolo
2 Formiga 11,6 810 50 Semidecídua Cwa Argissolo
3 Lagoa Dourada 57,82 1.1 47 Semidecídua Cwb Cambissolo
4 São Francisco de Paula 118,51 880 48 Semidecídua Cwa Latossolo
5 Ibertioga 5,22 1.12 8 Semidecídua Cwa Latossolo
6 Aiuruoca 12,14 1.05 42 Semidecídua Cwb Neossolo Lit.
7 Varginha 65,7 860 45 Semidecídua Cwa Latossolo
8 Campanha 9,4 940 41 Semidecídua Cwa Latossolo
9 Pouso Alto 5,07 915 9 Semidecídua Cwa Latossolo
10 Passa Quatro 7,19 1.15 27 Semidecídua Cwb Latossolo
11 Machado 40,1 880 29 Semidecídua Cwb Latossolo
12 Congonhal 26,74 890 29 Semidecídua Cwa Latossolo
1 Conceição dos Ouros 44, 880 0 Semidecídua Cwa Latossolo
14 Pedralva 48,22 1.08 29 Semidecídua Cwa Latossolo
15 Senador Amaral ,6 1.44 42 Semidecídua Cwb Latossolo
16 Ouro Fino 15,9 920 0 Semidecídua Cwb Latossolo
17 Poços de Caldas 21,49 1.02 29 Semidecídua Cwb Latossolo
18 Areado 17,97 820 28 Semidecídua Aw Latossolo
19 Nova Resende 2,89 1.11 0 Semidecídua Cwa Latossolo
20 Monte Santo de Minas 107, 690 29 Semidecídua Cwb Latossolo
21 Fortaleza de Minas 86,56 1.09 0 Semidecídua Cwa Argissolo
22 Delfinópolis 27,89 700 0 Semidecídua Cwa Latossolo
2 Uberaba 67,60 680 0 Semidecídua Aw Latossolo
24 São Vicente de Minas 80,06 998 29 Semidecídua Cwb Latossolo
TOTAL 1685,18

Preparo dos dados


Um número de 8.494 árvores e 852 parcelas foram utilizadas como base de dados. Esta foi dividida para
os ajustes considerando: a) hipsométrico clássico (parábola): 48 parcelas selecionadas aleatoriamente por
fragmento, ou seja, duas parcelas por fragmento; b) modelo genérico espacial: 804 parcelas e c) validação: 48
parcelas selecionadas aleatoriamente por fragmento, ou seja, duas parcelas por fragmento não contida na base
(a) e (b).

Modelos hipsométricos
Existem na literatura uma série de modelos hipsométricos tradicionais, ou seja, que apresentam apenas a
relação diâmetro (DAP) e altura. Contudo, a qualidade do ajuste depende de uma série de fatores, como idade,
qualidade do sítio, espécie, dentre outros. Assim, previamente realizou-se uma série de testes para a seleção do
modelo tradicional a ser adotado, chegando-se ao modelo parabólico. O modelo genérico, por sua vez,
considerou o uso de variáveis clássicas como DAP da árvore, área basal da parcela, que indica ocupação do solo
pelas árvores (m2/ha), como ainda a latitude e longitude. Estas últimas variáveis são capazes de carregar consigo
efeitos ambientais, tais como temperatura, precipitação e em alguns casos, altitude. Na Tabela 2 encontra-se o
modelo matemático tradicional (Parabólico) e o modelo genérico com isenção de variáveis espaciais.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 2: Modelos matemáticos testados para a relação hipsométrica em remanescentes nativos de floresta
estacional semidecidual.
TABLE 2: Mathematical models tested for a hypsometric relationship in natural remnants of the semideciduous
seasonal forest.
Tipo Modelos
Parabólico 𝐻𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃2 + 𝜀𝑖
Genérico 𝐻𝑖 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐺 + 𝛽3 𝑋 + 𝛽4 𝑌 + 𝜀𝑖
Em que: H i = altura total em metros; DAP = Diâmetro a altura do peito em centímetros; βi = Parâmetros do modelo a ser
estimado; G = área basal em metros quadrado por hectare; X = latitude; Y = longitude; 𝜀𝑖 = erro.

Critérios para Seleção dos Modelos


Utilizou-se as estatísticas clássicas como coeficiente de determinação ajustado, erro padrão residual e
gráfico de resíduo para os modelos, envolvendo as bases de dados a e b. Contudo, para realizar uma validação
da capacidade preditiva dos modelos na base de dados c, adotou-se estatísticas relacionadas ao erro, sendo: (i)
erro quadrático médio (MSE), (ii) raiz quadrada do erro médio (RMSE), (iii) erro médio absoluto (MAE) e (iv)
erro médio absoluto em porcentagem (MAPE), conforme disposto na Tabela 3. Todos os modelos foram
ajustados no software R (Version .4.2 – © 2017 RStudio, Inc.), considerando o método dos mínimos quadrados.

TABELA 3: Critérios de seleção do melhor modelo hipsométrico no processo de validação.


TABLE 3: Criteria for selecting the best hypsometric model in validation process.
Critérios de Seleção Equação Matemática
𝑛
1
MSE ∑ 𝑒𝑡2
𝑛
𝑡=1
𝑛
1
RMSE √ ∑ 𝑒𝑡2
𝑛
𝑡=1
𝑛
1
MAE ∑|𝑒𝑡2 |
𝑛
𝑡=1
𝑛
100% 𝑒𝑡
MAPE ∑| |
𝑛 𝑦𝑡
𝑡=1
Em que: n = número de observações; t = sub-índice das observações; e = erro; y = valor observado da variável dependente.

RESULTADOS

Uma análise exploratória da base de dados, mostra valores de mínimo e de máximo de altura total, de
1,2 e 5 m, respectivamente, já para o diâmetro à altura do peito, obtêm-se valores de mínimo de 2,04 cm e de
máximo de 272 cm. Observa-se uma elevada variação para a característica dendrométrica HT e DAP para a
fitofisionomia Semidecidual, indicando que o estudo apresenta uma elevada heterogeneidade.
Na Tabela 4 são encontradas as medidas de precisão para o modelo tradicional ajustado por fragmento e
o modelo genérico.

TABELA 4: Medidas de precisão para os modelos hipsométricos testados.


TABLE 4: Precision metrics of hypsometric models tested.
Modelos MSE RMSE MAE MAPE
Tradicional 22,17 4,71 2,76 5,07
Genérico 6,06 2,46 1,91 29,8

A adição de variáveis espaciais demonstrou-se significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste


t. Na Tabela 5, são apresentados os coeficientes ajustados para o modelo genérico proposto.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 5: Coeficientes estimados para o modelo hipsométrico genérico em remanescentes nativos de floresta
estacional semidecidual.
TABLE 5: Estimated coefficients for the generic hypsometric model in native remnants of semideciduous
seasonal forest.
Coeficientes
Modelo
B0 B1 B2 B3 B4
Genérico 0,726* 0,149* 0,00964* 0,000000819* 0,0000001259*
Em que: βi = parâmetros da equação. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t (p<0,05).

O modelo genérico apresentou estatísticas de precisão menores em relação ao modelo tradicional, com
reduções percentuais de 72,68% (MSE), 47,7% (RMSE), 0,95% (MAE) e 16,2% (MAPE). Ao considerar-se a
distribuição gráfica da altura estimada versus altura observada (Figura 2), e as diferenças entre as estatísticas de
precisão, constatou-se eficiente a inserção de variáveis espaciais no modelo genérico proposto.

FIGURA 2: Distribuição gráfica da altura observada versus a altura estimada. Onde: a) Modelo Genérico; b)
Modelo Tradicional.
FIGURE 2: Graphical distribution of the height occurred versus an estimated height. Where: a) Generic Model;
b) Traditional Model.

Os coeficientes do modelo genérico empregado para descrever a altura total são influenciados pela área
basal por parcela e pelas variáveis espaciais, os quais são capazes de carregar consigo efeitos ambientais, tais
como temperatura, precipitação e em alguns casos, altitude, o que salienta na melhoria dos ajustes de modelos
hipsométricos para florestas inequiâneas.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os usos das variáveis espaciais, como longitude e latitude, contribuem
significativamente na melhoria dos modelos hipsométricos, considerando uma macrorregião, como a bacia do
rio Grande em Minas Gerais.

REFERÊNCIAS

ALVARES, C. A. et al. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, [s.l], v.
22, n. 6, p. 711-728, 201.
BATISTA, J. L. F.; COUTO, H. T. Z.; MARQUESINI, M. Desempenho de modelos de relações hipsométricas:
estudo em três tipos de floresta. Scientia Forestalis, Piracicaba, n.60, p. 149-16, 2001.
CURI, N. et al. Zoneamento ecológico-econômico do Estado de Minas Gerais: zoneamento e cenário
exploratórios. Lavras: UFLA/FAEPE, 2008, p. 7-88.
MENDONÇA, A. R.; CHAVES, S. P.; CALEGARIO, N. Modelos hipsométricos generalizados mistos na
predição da altura de Eucalyptus sp. Cerne, Lavras, v. 21, n. 1, p. 107-115, 2015.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
NETO, F. V. C. et al. Atributos químicos e físicos do solo em áreas sob diferentes coberturas florestais e
pastagem em Além Paraíba-MG. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 28, n. 1, 2018.
R Core Team (2017). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical
Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/.
SANQUETTA, C. R. et al. Equações para estimativa do diâmetro de copa para Acácia-negra. Floresta e
Ambiente, Seropédica, v. 21, n. 2, p. 192-205, 2014.
SANQUETTA, M. N. I. et al. Ajuste de equações hipsométricas para a estimação da altura total de indivíduos
jovens de teca. Científica, Jaboticabal, v.4, n.4, p. 400-406, 2015.
SCOLFORO, H. F. et al. Incorporating rainfall data to better plan eucalyptus clones deployment in eastern
Brazil. Forest ecology and management, [s.l], v. 91, p. 145-15, 2017.
SCOLFORO, H. F. et al. Modeling dominant height growth of eucalyptus plantations with parameters
conditioned to climatic variations. Forest Ecology and Management, [s.l], v. 80, p. 182-195, 2016.
SCOLFORO, J.R.; OLIVEIRA, A.D.; ACERBI JÚNIOR, F.W. Equações de Volume, Peso de Matéria Seca e
Carbono para Diferentes Fitofisionomias da Flora Nativa. Lavras: UFLA/FAEPE, 2008, 216p.

23
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AJUSTE DE MODELOS DE AFILAMENTO PARA DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS

ADJUSTMENT OF SHARPENING MODELS FOR DIFFERENT POPULATION DENSITIES

Maycon Thuan Saturnino da Silva1 Mirella Basileu de Oliveira Lisandra Maria Alves Matos
Gabriel Mendes Santana Franciele Alba da Silva Renan Augusto Miranda Matias

RESUMO

Modelos de afilamento constituem importante ferramenta estatística de uso corrente na determinação dos perfis
de troncos, pois permitem ao usuário estimar três características básicas das árvores: diâmetro em qualquer
ponto do fuste; altura total ou a que se encontra em um diâmetro-limite especificado no fuste; e o volume entre
pontos quaisquer do fuste Desta maneira, este estudo teve como objetivo ajustar as funções de afilamento de
Kozak et al. (1969) e Schöepfer e indicar o mais adequado para estimar os diâmetros e os volumes com casca ao
longo do tronco em um povoamento de Pinus elliottii, para duas densidades populacionais, no estado do Rio
Grande do Sul. Os dados básicos para este trabalho foram coletados em um povoamento de Pinus elliottii Eng.
var elliottii com área total de 4 hectares, situado no município de Balneário Pinhal, RS. Os 4 hectares foram
divididos em duas áreas igualitárias, de acordo com a densidade populacional e as intervenções silviculturais.
Foi realizado a cubagem rigorosa de 30 árvores representativas de cada área pelo método de Smalian, onde
foram mesurados os diâmetros a altura de 0,1m, 0,5 m, 0,9 m, 1,30 m, 2,30 e assim sucessivamente de 1 em 1 m
até o diâmetro mínimo de 8 cm (valor comercial estipulado pela empresa). Os resultados demonstraram que de
modo geral, as equações apresentaram um alto coeficiente de determinação ajustado e também um baixo erro
padrão das estimativas e, por isso, de acordo com essas estatísticas, apresentam precisão satisfatória. Porém, o
melhor desempenho para as variáveis (DAP e volume) para ambas as áreas foi o modelo de Schöepfer que
apresentou maior precisão de estimativas para os dados deste estudo, com R² ajustado mais próximo de 1, menor
erro padrão da estimativa e uma melhor distribuição gráfica dos resíduos.
Palavras-chave: manejo florestal; forma do tronco; pinus

ABSTRACT

Tapering models are an important statistical tool commonly used in determining tree profiles, since they allow
the user to estimate three basic characteristics of the trees: diameter at any point on the shaft; total height or at a
specified limit diameter on the shaft; and the volume between any points of the shaft. Thus, this study aimed to
adjust the tapering functions of Kozak et al. (1969) and Schöepfer and to indicate the most adequate to estimate
the diameters and the volumes with bark along the trunk in a settlement of Pinus elliottii, for two population
densities, in the state of Rio Grande do Sul. The basic data for this work were collected in a settlement of Pinus
elliottii Eng. var elliottii with a total area of 4 hectares, located in the municipality of Balneário Pinhal, RS. The
4 hectares were divided into two equal areas, according to population density and silvicultural interventions. It
was carried out the rigorous counting of 30 representative trees of each area by the Smalian method, where the
diameters were measured at a height of 0,1m, 0,5m, 0,9m, 1,30m, 2,30 and so on from 1 in 1 m to the minimum
diameter of 8 cm (commercial value stipulated by the company). The results showed that, in general, the
equations presented a high adjusted coefficient of determination and also a low standard error of the estimates
and, therefore, according to these statistics, present satisfactory accuracy. However, the best performance for the
variables (DAP and volume) for both areas was the Schöepfer model that presented higher precision of
estimates for the data of this study, with adjusted R² closer to 1, smaller standard error of the estimate and a
better graphical distribution of waste.
Keywords: forest management; stem form; pinus

INTRODUÇÃO

Modelos de afilamento constituem importante ferramenta estatística de uso corrente na determinação


dos perfis de troncos, pois permitem ao usuário estimar três características básicas das árvores: diâmetro em
qualquer ponto do fuste; altura total ou a que se encontra em um diâmetro-limite especificado no fuste; e o
volume entre pontos quaisquer do fuste (PRODAN,1968).

1
Engenheiro Florestal, Mestre em engenharia florestal, acadêmico de doutorado em engenharia florestal pela Universidade
Federal do Paraná, Curitiba (PR), Brasil. E-mail: mayconthuan@hotmail.com

24
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
De acordo com Husch et al. (1982), os fustes podem diferenciar-se nas formas, com a base se
aproximando de um neilóide, a porção central a um parabolóide e o topo similar a um parabolóide ou um cone.
Segundo Guimarães e Leite (1992), a técnica de afilamento é bastante difundida nos países com maior
tradição florestal, onde constitui fator importante nas decisões de manejo e planejamentos florestais e, portanto,
na maximização do aproveitamento da madeira produzida.
Portanto, diante disso, o presente trabalho teve por objetivo ajustar as funções de afilamento de Kozak et
al. (1969) e Schöepfer e indicar o mais adequado para estimar os diâmetros e os volumes com casca ao longo do
tronco em um povoamento de Pinus elliottii, para duas densidades populacionais, no estado do Rio Grande do
Sul.

MATERIAIS E MÉTODOS

Instalação do experimento
Os dados utilizados para o presente estudo foram coletados em um povoamento de Pinus elliottii Eng.
var elliottii com área total de 4 hectares, que se encontra em regeneração natural desde 2001, possuindo
aproximadamente 16 anos de idade.
Os 4 hectares do povoamento foram divididos igualitariamente, com dois hectares cada, sendo
atribuídos os nomes “Área 1” e “Área 2”, de acordo com a densidade populacional e os tratos silviculturais
aplicados (Tabela 1).

TABELA 1: Características das áreas amostradas, Área 1 e Área 2.


TABLE 1: Characteristics of the areas sampled, Area 1 and Area 2.
Características Área 1 Área 2
Roçada Ano 4-5 Ano 4
Desbaste Ano 10 Ano 4
N° de árvores/ ha 800 1180

Coletada de dados
A caracterização do povoamento foi realizada por meio do censo florestal, para ambas situações. Em
função dos objetivos propostos nesta pesquisa, a distribuição diamétrica foi realizada, para que árvores
representativas de todas classes de diâmetro fossem coletadas.
De acordo com as classes de diâmetro encontradas para cada situação, foi possível identificar os
indivíduos que seriam amostrados. Conforme o Teorema do Limite Central (PÓ, 2012), decidiu-se selecionar 30
árvores para cada área, para que se obtivesse um menor erro amostral e a distribuição pudesse chegar mais
próximo da normalidade. As árvores foram coletadas de forma a atender uma homogeneidade nas classes
diamétricas encontradas.
Após a seleção, as árvores foram derrubadas para a realização da cubagem rigorosa de cada indivíduo
pelo método de Smalian (FINGER, 1992), sendo mesurados os diâmetros a altura de 0,1m, 0,5 m, 0,9 m, 1,30
m, 2,30 e assim sucessivamente de 1 em 1 m até o diâmetro mínimo de 8 cm (valor comercial estipulado pela
empresa).

Processamento dos dados


A partir do banco de dados advindo da cubagem rigorosa de cada indivíduo pelo método de Smalian,
contendo diâmetro a altura do peito (DAP), altura total (ht), diâmetro em diferentes alturas (di) e altura ao longo
do fuste (hi), os modelos de afilamento foram ajustados para o grupo de árvores das diferentes áreas e para o
agrupamento das duas áreas com a finalidade de obter as estimativas de diâmetro e volume em qualquer seção
do tronco. Os modelos descritos para os ajustes são apresentados na Tabela 2.

TABELA 2: Modelos ajustados para função de afilamento.


TABLE 2: Models adjusted for grinding function.
N° Modelos Autor
𝑑𝑖 ℎ𝑖 ℎ𝑖
1 = √𝛽0 + 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( ) ² +𝜀𝑖 Kozak et al. (1969)
𝐷𝐴𝑃 ℎ ℎ
4
2 𝑑𝑖 ℎ𝑖 ℎ𝑖 2 ℎ𝑖 3 ℎ𝑖 ℎ𝑖 5 Schöpfer (1966)
= 𝛽0 + 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( ) + 𝛽3 ( ) + 𝛽4 ( ) + 𝛽5 ( ) + 𝜀𝑖
𝐷𝐴𝑃 ℎ ℎ ℎ ℎ ℎ

25
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em que: DAP = Diâmetro à altura do peito (cm); di = diâmetro em diferentes alturas (cm); h = altura do fuste (m); hi =
altura ao longo do fuste (m); β0, β1, β2, β3, β4 e β5 = parâmetros a serem estimados; 𝜀i = erro aleatório.

Após o ajuste das equações, os coeficientes obtidos foram empregados para obter os valores estimados
de diâmetro e volume. Para a determinação dos diâmetros ao longo do fuste das árvores, os modelos ajustados
foram utilizados na sua forma original. Já para obtenção do volume, foi aplicada a técnica de integração, na qual
a expressão propicia obter os volumes correspondentes a qualquer porção da árvore.
Para obtenção do volume por meio do modelo de Kozak et al. (1969), utilizou-se a seguinte formula
(MORÂ, et al. 2015):
𝜋 𝛽1 𝛽2
V = 𝑑 2 [𝛽0 (ℎ2 − ℎ1) + (ℎ22 − ℎ13 ) + (ℎ23 − ℎ13 )] (2)
40000 2ℎ 3ℎ

Em que: V = volume total ou parcial estimado (m³); h1 = limite inferior (m); h2 = limite superior (m);
𝛽0, 𝛽1 𝑒 𝛽2 = Coeficientes.

Já por meio do modelo de Schöpfer (1966), fez-se a integração da área seccional da base da árvore entre
o limite inferior (h1) e o limite superior (h2) que se deseja estabelecer, conforme a equação 3 (NICOLETTI,
2017).
ℎ1 𝜋
𝑉 = ∫ℎ2
40000
𝑤²𝑑𝑤 (3)
Em que: V = volume total ou parcial estimado (m³); h1 = limite inferior utilizado no processo de integração (m);
h2 = limite superior usado no processo de integração (m); w = modelo de afilamento em função da variável
dependente di (cm).

Após o ajuste dos modelos de afilamento, as análises estatísticas para escolha do melhor modelo foram
realizadas. Assim como na modelagem do crescimento das variavéis dendrométricas, as equações de afilamento
tiveram sua precisão avaliada por meio do coeficiente de determinação ajustado (R² ajust), erro padrão da
estimativa em percentagem (Syx%) e na distribuição gráfica dos resíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Afilamento e sortimento da madeira


Os parâmetros estimados para os modelos avaliados foram reunidos na Tabela 3, juntamente com as
estatísticas de ajustes e precisão. De modo geral, as equações apresentaram um alto coeficiente de determinação
ajustado e também um baixo erro padrão das estimativas e, por isso, de acordo com essas estatísticas,
apresentam precisão satisfatória.
Entre os modelos testados, o de Schöepfer apresentou maior precisão de estimativas para os dados deste
estudo, com R² ajustado mais próximo de 1, menor erro padrão da estimativa e uma melhor distribuição gráfica
dos resíduos (Figura 1).
Tal resultado justifica-se em função do cálculo matemático, visto que o modelo de Schöepfer utiliza o
maior número de coeficientes, se ajustando melhor ao longo do tronco.

TABELA 3: Coeficientes e estatísticas dos modelos de afilamento ajustados para diâmetro (cm) e volume (m³)
para as diferentes áreas.
TABLE 3: Coefficients and statistics of the fine-tuning models adjusted for diameter (cm) and volume
(m³) for different areas.
Kozak (DAP) Schöepfer (DAP)
Estatísticas Coeficientes Estatísticas Coeficientes
Local Syx% R² ajus β0 β1 β2 Syx% R² ajus β0 β1 β2 β3 β4 β5
Área 1 8,3 0,9370 1,1904 -1,5453 0,3723 4,4 0,9821 1,1725 -3,1962 14,0166 -29,8085 26,8641 -8,9222
Área 2 9,1 0,9388 1,1806 -1,8013 0,6487 4,4 0,9857 1,1626 -3,2656 15,0185 -35,7864 37,4163 -14,6459
Área 1 e 2 9,2 0,9312 1,1856 -1,6731 0,5108 7,6 0,9531 1,1668 -3,1903 14,1143 -31,3701 30,0854 -10,7549
Kozak (Volume) Schöepfer (Volume)
Estatísticas Coeficientes Estatísticas Coeficientes
Local Syx% R² ajus β0 β1 β2 Syx% R² ajus β0 β1 β2 β3 β4 β5

26
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
-
Área 1 10,5 0,8993 1,1904 -1,545 0,3723 9,7 0,9141 1,1725 3,1962 14,0166 -29,809 26,8641 -8,92216
Área 2 13,7 0,8915 1,1806 -1,801 0,6487 12,6 0,9083 1,1626 -3,2656 15,0185 -35,786 37,4163 -14,6459
Área 1 e 2 13,7 0,8682 1,1856 -1,673 0,5108 12,5 0,8903 1,1668 -3,1903 14,1143 -31,37 30,0854 -10,7549
Em que: Syx = Erro padrão da estimativa (%); R² ajus. = Coeficiente de determinação ajustado; β0, β1, β2, β3,
β4 e β5 = Coeficientes.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Estudos realizados nesse sentido demostram que o polinômio de 5° grau, é normalmente empregado
para descrever o afilamento de espécies florestais no Brasil devido à precisão e facilidade de aplicação em
relação aos demais modelos (SOUZA et al., 2012).
Observa-se que as estatísticas para os dados das áreas agrupadas, obtiveram pequenas diferenças com as
demais áreas individuais, podendo ser utilizado.

FIGURA 1: Distribuição do resíduo para o diâmetro e volume estimados das árvores da Área 1, Área 2 e
agrupamento da Área 1 e 2 para os modelos de afilamento de Kozak e Schöepfer.
FIGURE 1: Distribution of the residue to the estimated diameter and volume of the trees of Area 1, Area 2 and
grouping of Area 1 and 2 for the Kozak and Schöepfer grading models.
Em que: DAP = Diâmetro a altura do peito.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Para analisar a performance mais detalhada do desempenho das estimativas ao longo do fuste foi
confeccionado o gráfico de perfil do fuste médio para os modelos. Os modelos de Kozak e Shöepfer
apresentaram estimativas de diâmetro ao longo do fuste semelhantes e demonstraram valores próximos aos
observados.

27
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Gráficos dos perfis médios do fuste para os modelos de afilamento de Kozak e Schöepfer.
FIGURE 2: Graphs of average shaft profiles for the Kozak and Schöepfer tapering models.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2018.

CONCLUSÕES

De acordo com os resultados apresentados no trabalho pode-se concluir que a função de afilamento de
Schöepfer teve o melhor desempenho entre os modelos testados para estimar os diâmetros e volume ao longo do
fuste.

REFERÊNCIAS

FIGUEIREDO FILHO, A.; SCHAAF, L. B. Comparison between predicted volumes estimated by taper
equations and true volumes obtained by the water displacement technique (xylometer). Canadian Journal of
Forest Research, Ottawa, v.29, n.4, p.451-461, Apr. 1999.
FINGER, C.A.G. Fundamentos de biometria florestal. Santa Maria: UFSM/CEPEF/FATEC, 1992. 269p.
GUIMARÃES, D. P.; LEITE, H. G. Um novo modelo para descrever o perfil do tronco. Revista Árvore, v.16,
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Forestry Chronicle, v. 45, n. 4, p. 278- 283, 1969.
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PRODAN, M., PETERS, R., COX, F. Mensura forestal. San José, Costa Rica: IICA, 1997. 586p.
SCHÖEPFER,W. 1966. Automatisierung des Massen, Sorten und Wertberechnung stenender Waldbestande
Schriftenreihe Bad. [S.l.]: Wurtt-Forstl. Não paginado.
SOUZA, Carlos Alberto Martinelli de et al. Eficiência de um modelo de afilamento ajustado sem e com
estratificação por classe de quociente de forma para formação dos sortimentos de Pinus taeda L. Ciênc.
Florest. [online]. 2012, vol.22, n.1, pp.125-135. ISSN 0103-9954.

28
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AJUSTE DE MODELOS HIPSOMÉTRICOS E REDES NEURAIS ARTIFICIAIS PARA ESTIMAR A
ALTURA TOTAL DE ÁRVORES DE Eucalyptus spp.

ADJUSTMENT OF HYPMOMETRIC MODELS AND ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS TO


ESTIMATE A TOTAL TREE HEIGHT OF Eucalyptus spp.

Isáira Leite e Lopes1 Luciano Cavalcante de Jesus França Talles Hudson Souza Lacerda Laís Almeida Araújo
Evandro Nunes Miranda Lucas Rezende Gomide

RESUMO

O objetivo do trabalho foi ajustar modelos hipsométricos e Redes Neurais Artificiais (RNA) para estimativa da
altura total das árvores de Eucalyptus spp. Os dados utilizados foram provenientes de uma área experimental
localizada no município de Lavras - MG, Brasil. A partir dos dados de uma cubagem não destrutiva foram
amostradas 142 árvores nas idades de 2 e 7 anos. Para o processamento dos modelos hipsométricos e das RNA,
utilizou-se o software estatístico R. Os critérios de avaliação da qualidade das estimativas dos modelos
estatísticos foram o coeficiente de determinação (R²), erro padrão residual em percentagem (Syx%), a análise
gráfica entre as alturas observadas e estimadas e a dispersão dos erros percentuais. O modelo com melhor
desempenho foi comparado a melhor rede neural artificial, em que a validação dos mesmos fundamentou-se em
estatísticas como, correlação (r) entre as alturas estimadas e observadas, a raiz do erro quadrado médio
percentual (RMSE%) e também as análises gráficas. Todos os modelos hipsométricos apresentaram coeficientes
de correlação (r) similares. Quanto ao RMSE (%), faz-se destaque ao modelo parabólico para ambas idades,
visto que resultou em um menor valor, comparado aos outros modelos ajustados. Em contraponto aos modelos
de Curtis e Stofel, que apresentaram desempenho inferior para estimação da altura total de árvores de
Eucalyptus spp., respectivamente, nas idades de 2 e 7 anos. A rede neural artificial e o modelo parabólico
proporcionaram resultados satisfatórios nas estimativas da altura total em função do diâmetro a altura do peito
(DAP) de árvores de Eucalyptus spp., ressaltando um desempenho superior das redes neurais artificiais na idade
de 2 anos e do modelo parabólico aos 7 anos.
Palavras-chave: modelos de regressão; Eucalipto; inteligência artificial; manejo florestal.

ABSTRACT

The objective of the work was to adjust hypsometric models and Artificial Neural Networks (ANNs) to estimate
the total height of Eucalyptus spp. The data used came from an experimental area located in the city of Lavras -
MG, Brazil. From the data of a non-destructive method, 142 trees were sampled at the ages of 2 and 7 years.
The statistical software R was used to process hypsometric models and ANNs. The statistical evaluation criteria
were the coefficient of determination (R²), residual standard error in percentage (Syx%), graphical analysis
between the observed and estimated heights and the dispersion of the percentage errors. The best-performing
model was compared to the best artificial neural network, in which the validation of these models was based on
statistics such as, correlation (r) between the estimated and observed heights, root mean square error (RMSE%)
and also graphical analysis. All hypsometric models presented similar (r) correlation coefficients. As for the
RMSE (%), the parabolic model for both ages is highlighted, since it resulted in a lower value, compared to the
other adjusted models. In contrast to the Curtis and Stofel models, which presented inferior performance for
estimation of the total height of Eucalyptus spp. trees, respectively, at the ages of 2 and 7 years. The artificial
neural network and the parabolic model provided satisfactory results in the estimates of the total height as a
function of the diameter of the chest (DAP) of Eucalyptus spp. trees, emphasizing a superior performance of
artificial neural networks at the age of 2 years and the model parabolic age at 7 years.
Keywords: regression models; Eucalyptus; artificial intelligence; forest management.

1
Engenheira Florestal, Msc, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia florestal, Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Aquenta Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail:
isairalopes_moc@hotmail.com

29
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INTRODUÇÃO

As florestas plantadas ocupam atualmente 7,84 milhões de hectares e representam menos de 1% do


território nacional, mas são responsáveis por mais de 90% de toda a madeira utilizada para fins produtivos, com
a maior parte dos plantios voltados para pinus e eucalipto (IBÁ, 2017).
No inventário florestal, a mensuração das alturas das árvores é essencial para a estimativa do volume de
madeira dos povoamentos e para a classificação de produtividade dos mesmos (THIERSCH et al., 2013). A
estimativa indireta da altura da árvore é uma prática bastante comum, uma vez que, a mensuração dessa variável
é uma operação onerosa, sujeita a erros (MOREIRA et al., 2015) e de difícil obtenção (SOUSA et al., 2013)
quando comparada ao diâmetro à altura de 1,30 m (DAP). De modo geral, adota-se a prática de mensurar o DAP
de todos os indivíduos das parcelas e medir as alturas de apenas alguns deles. Posteriormente, nos inventários
florestais, são realizadas as estimativas de altura por meio de modelos de regressão (VIANNA et al., 2016) que
auxiliam na economia de tempo e capital (MENDONÇA et al., 2015).
Os modelos tradicionais para ajuste da relação hipsométrica apresentam muitas vezes, estatísticas com
valores não significativos e outliers, gerando dúvidas e pouca confiabilidade no seu emprego, ocasionando
assim, incertezas na geração de parâmetros dendrométricos (ex.volume), podendo-se estar subestimando ou
superestimando os valores (HESS et al., 2014).
Nesse contexto, as Redes Neurais Artificiais (RNA) têm sido uma alternativa promissora para a
modelagem da relação hipsométrica. Conceitualmente, as RNA são modelos computacionais inspirados no
sistema nervoso dos seres vivos (REIS et al., 2018). O modelo de rede neural artificial é um método de
aprendizagem supervisionado por dados de treinamento, a fim de produzir modelos, que geram previsões para
variáveis de resposta (MUGNAI et al., 2008), constituindo-se uma teoria para o estudo de diversos fenômenos,
sobretudo no manejo e mensuração florestal, embora recente na ciência florestal brasileira, mas tem sido cada
vez mais frequente um uso da técnica para estimação de diversos parâmetros florestais, muitas vezes com
resultados melhores do que aqueles obtidos pelo emprego de regressão (VENDRUSCOLO et al., 2015), tanto
para povoamentos florestais plantados (BHERING et al., 2015), quanto para florestas nativas (LACERDA et al.,
2017; REIS et al., 2018).
Assim, o presente trabalho teve como objetivo ajustar e avaliar o desempenho de modelos de regressão
para estimar altura total (Ht) a partir do diâmetro à altura de 1,30 m (DAP), em um povoamento de Eucalyptus
spp., localizado no município de Lavras, Minas Gerais, Brasil.

MATERIAL MÉTODOS

Área de estudo
Foram amostradas 142 árvores provenientes de povoamentos de Eucalyptus spp. para as idades de 2 e 7
anos. Os povoamentos estão localizados na região Sul de Minas Gerais (Figura 1) em espaçamento 3x2 m.
Coletaram-se os dados do diâmetro na altura de 1,30 m do solo (DAP) e altura total (Ht) para o processamento
com uso de modelos hipsométricos e RNA no software estatístico R (Version 3.4.2 – © 2017 RStudio, Inc.)

FIGURA 1: Mapa de localização do município de Lavras, Minas Gerais, Brasil.


FIGURE 1: Location map of the municipality of Lavras, Minas Gerais, Brazil.

30
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Processamento com uso de modelos hipsométricos
Para descrever a relação hipsométrica foram testados os modelos dispostos na Tabela 1.

TABELA 1: Modelos hipsométricos utilizados para estimar a altura total de árvores de Eucalyptus spp.
TABLE 1: Hypsometric models used to estimate the total height of Eucalyptus spp.
Autor Modelo
Parabólico ou Näslund (1929) Hti = β0 + β1DAPi + β2 DAPi 2 + εi
Stofel (1950) Log Hti = β0 + β1LogDAPi + εi
1
Curtis Ln Hti = β0 + β1 + εi
DAPi
1 1
Petterson = β0 + β1 + εi
3 Hti − 1,3 DAPi
DAPi 2
Prodan (1951) Hti − 1,3 = + εi
β0 + β1DAPi + β2 DAPi 2
Em que: Hti = altura total (m); DAPi = diâmetro a 1,30 metros do solo; βi = Parâmetros da equação e εi = erro
de estimativa.

Processamento com uso de redes neurais artificiais (RNA)


Os dados foram divididos para o treinamento (65%) e validação (35%). A modelagem da altura total foi
feita por meio de RNA de arquitetura MLP (Multilayer Perceptron) com uma camada de entrada e duas
camadas de processamento, sendo estas, uma camada oculta e uma de saída. O número de neurônios nas
camadas de entrada e oculta foram, respectivamente, um e dois. A camada de saída contemplou um único
neurônio, que forneceu os valores estimados de altura total. Foi utilizado o algoritmo de treinamento Resilient
propagation e a função de ativação tangente hiperbólica na camada oculta e linear na camada de saída. O
critério de parada adotado foi o número de ciclos igual a 1.000.

Critérios de avaliação das estimativas por meio de regressão e redes neurais artificiais (RNA)
Os critérios de avaliação das estimativas resultantes dos modelos estatísticos foram o coeficiente de
determinação (R²), erro padrão residual em percentagem (Syx%), a análise gráfica entre as alturas observadas e
estimadas e a dispersão dos erros percentuais. O modelo que demonstrou melhor desempenho foi comparado a
melhor rede neural artificial, em que a validação dos mesmos fundamentou-se em estatísticas como, correlação
(r) entre as alturas estimadas e observadas, a raiz do erro quadrado médio percentual (RMSE%) e também as
análises gráficas. Para verificar a significância dos parâmetros estimados dos modelos de regressão, utilizou-se
o teste t a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise exploratória dos dados de DAP (cm) e Ht (m) resultou na obtenção das estatísticas básicas
para cada idade de medição, encontradas na Tabela 2. Nota-se que o DAP tende a apresentar maior variabilidade
dos dados (CV%) em ambas as idades, comparada a Ht. Também pode-se ressaltar a menor variação (CV%) da
Ht na idade de 7 anos.

TABELA 2: Estatísticas descritivas, em cada idade de medição, para as características diâmetro a 1,30 m do
solo e altura total.
TABLE 2: Descriptive statistics, at each age of measurement, for the characteristics diameter at 1,30 m from the
soil and total height.
Estatísticas
Idade Característica dendrométrica
mínimo média máximo desvio padrão CV (%)
DAP (cm) 3,69 8,66 12,25 1,98 22,87
2
Ht (m) 4,30 7,98 11.64 1,78 22,34
7 DAP (cm) 6,02 14,59 20,63 3,57 24,46

31
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Ht (m) 12,30 24,20 31,10 4,33 17,89

A Tabela 3 apresenta os coeficientes estimados dos modelos hipsométricos, em que a maioria foi
significativo (p < 0,05) pelo teste t.

TABELA 3: Coeficientes estimados e estatísticas utilizadas para avaliar o desempenho do ajuste dos modelos
hipsométricos na estimação da altura total de árvores de Eucalyptus spp. nas idades de 2 e 7 anos.
TABLE 3: Estimated coefficients and statistics used to evaluate the adjustment performance of the hypsometric
models in the estimation of the total height of Eucalyptus spp. at ages 2 and 7 years.
2 anos 7 anos
Coeficientes Estatísticas Coeficientes Estatísticas
Modelo
β0 β1 β2 R² Syx (%) β0 β1 β2 R² Syx (%)

Parabólico
5,755* -0,334 0,065* 78,47 5,96 -3,888* 3,186* -0,082* 76,39 5,00
(1929)
Stofel
0,397* 0,776* - 74,51 6,48 1,52* 0,623* - 71,94 5,45
(1950)
Curtis 2,718* -5,445* - 66,65 7,41 3,693* -7,053* - 75,49 5,09
Petterson 0,358* 1,212* - 71,87 6,04 0,286* 0,835* - 75,27 5,05

Prodan
-4,237* 1,987* -0,045* 77,88 6,81 2,128* -0,039* 0,033* 75,86 5,11
(1951)

Em que: βi = parâmetros da equação, R² = coeficiente de determinação, Syx (%) = erro padrão residual em
percentagem, * significativo a 5% de probabilidade pelo teste t (p < 0,05).

Quanto as estatísticas, os modelos apresentaram coeficientes de determinação (R²) similares, com


exceção do Curtis para a idade de 2 anos. Em relação ao erro padrão residual (%), destaca-se o modelo
parabólico para ambas as idades, visto que resultou em um menor valor, comparado aos outros modelos
ajustados. Diferente dos modelos de Curtis e Stofel, que apresentaram desempenho inferior para estimação da
altura total de árvores de Eucalyptus spp., respectivamente, nas idades de 2 e 7 anos.
O modelo parabólico também sobressaiu diante de outros modelos nos estudos de Sousa et al. (2013) ao
avaliarem modelos matemáticos para estimar a altura total de árvores de Eucalyptus urophylla no sudoeste da
Bahia para povoamentos conduzidos sob regime de alto fuste e de Rufino et al. (2010) em povoamentos
conduzidos sob o sistema de rebrota na região norte do estado de Goiás.
As análises gráficas da correlação entre as alturas observadas e estimadas pelos modelos e distribuição
dos erros percentuais na idade de 2 anos, são apresentadas na Figura 2. É possível constatar que o modelo
parabólico apresentou dispersão dos erros com resíduos positivos e negativos balanceados.
Ao comparar o modelo parabólico e a RNA para os dados de validação, ambos apresentaram resultados
satisfatórios, com uma pequena vantagem das redes neurais artificiais na obtenção de estimativas de altura total
na idade de 2 anos e do modelo parabólico aos 7 anos de idade (Tabela 4), o que corrobora com as análises
gráficas dispostas na Figura 2. O uso de redes neurais é uma alternativa aos modelos de regressão que tem
alcançado êxito na modelagem da relação hipsométrica (BINOTI et al., 2013).

TABELA 4: Estatísticas utilizadas para avaliar o desempenho do ajuste dos modelos hipsométricos e das Redes
neurais artificiais na estimação da altura total de árvores de Eucalyptus spp. nas idades de 2 e 7 anos.
TABLE 4: Statistics used to evaluate the adjustment performance of hypsometric models and artificial neural
networks in the estimation of total height of Eucalyptus spp.
2 anos 7 anos
Estatísticas
RNA Parabólico RNA Parabólico
coeficiente de correlação (r) 0,92 0,92 0,91 0,91
RMSE (%) 8,91 9,12 8,03 7,64
Em que: r = coeficiente de correlação, RMSE% = raiz do erro quadrado médio percentual.

32
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Para a idade de 7 anos, as análises gráficas da correlação entre as alturas observadas e estimadas pelos
modelos e distribuição dos erros percentuais (Figura 2) evidenciam o bom desempenho do modelo parabólico
com maior concentração dos erros em um intervalo entre -10 e 10.

2 anos
12 80
Melhor modelo de regressão

60
Altura estimada (m)

10
40
8

Erro (%)
20
6 0
4 -20
-40
2 -60
(Parabólico)

0 -80
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12
Altura real (m) Altura estimada (m)

12 80
60
Altura estimada (m)

10 40

Erro (%)
8 20
0
Rede neural artificial

6 -20
4 -40
2 -60
-80
0 0 2 4 6 8 10 12
0 2 4 6 8 10 12
Altura real (m)
Altura real (m)

7 anos

35 80
Altura estimada (m)

60
Melhor modelo de regressão

30
25 40
Erro (%)

20 20
0
15 -20
10 -40
5 -60
(Parabólico)

0 -80
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35
Altura real (m) Altura estimada (m)

35 80
Altura estimada (m)

30 60
25 40
Erro (%)

20 20
Rede neural artificial

15 0
-20
10 -40
5 -60
0 -80
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35
Altura real (m) Altura estimada (m)

FIGURA 2: Análise gráfica da altura total estimada versus altura total real e dos resíduos para a variável altura
total estimada das árvores nas idades de 2 e 7 anos, pelos métodos testados.
FIGURE 2: Graphical analysis of the estimated total height versus actual total height and of the residuals for the
variable estimated total height of the trees at the ages of 2 and 7 years, by the methods tested.

33
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

CONCLUSÃO

A rede neural artificial e o modelo parabólico proporcionaram resultados satisfatórios na estimação da


altura total em função do diâmetro a altura do peito (DAP) de árvores de Eucalyptus ssp., ressaltando um
desempenho superior das redes neurais artificiais na idade de 2 anos e do modelo parabólico aos 7 anos.

REFERÊNCIAS

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34
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AJUSTE DE MODELOS HIPSOMÉTRICOS E TESTE DE IDENTIDADE PARA UM POVOAMENTO
DE Pinus taeda L. NA REGIÃO CENTRO SUL DO PARANÁ

FITTING HYPSOMETRIC MODELS AND IDENTITY TEST FOR Pinus taeda L. STAND IN THE SOUTH
CENTRAL REGION OF PARANA STATE

Aline Beatriz do Vale1 Fabiane Aparecida Guimarães Retslaff Érica Garbachevski Milayne Lopes Rickli

RESUMO

O objetivo deste estudo foi ajustar modelos hipsométricos para dados de um povoamento de Pinus taeda com
três diferentes densidades iniciais de plantio, a fim de testar a possibilidade de usar um único modelo para
estimar a altura nos três espaçamentos. A seleção do modelo mais adequado para estimar a altura, levou em
consideração a análise do coeficiente de determinação ajustado, o erro padrão de estimativa relativo e a
distribuição gráfica dos resíduos. A partir dessa seleção, foi aplicado o teste de identidade proposto por Graybill.
Por meio das estatísticas de ajuste e precisão, o modelo de Trorey foi o mais adequado para estimar a altura das
árvores e, de acordo com o teste de identidade, para o espaçamento 2,0 x 2,0 m, os dados devem ser avaliados
separadamente, pois somente o espaçamento 3,0 x 2,0 m pode se agrupar com os dados de 2,0 x 2,0 m e 4,0 x
2,0 m.
Palavras-chave: espaçamento; Teste de Graybill; altura; Trorey.

ABSTRACT

The objective of this study was to adjust hypsometric models for data of a Pinus taeda stand with three different
initial planting densities in order to test the possibility of using a single model to estimate height in the three
spacings. The selection of the most suitable model to estimate the height took into account the analysis of the
adjusted coefficient of determination, the standard error of relative estimation and the graphical distribution of
the residues. From this selection, the identity test proposed by Graybill was applied. By means of the fit and
precision statistics, the Trorey model was the most adequate to estimate the height of the trees and, according to
the identity test, for the spacing 2,0 x 2,0 m, the data should be evaluated separately, since only the 3,0 x 2,0 m
spacing can cluster with the data of 2,0 x 2,0 m and 4,0 x 2,0 m.
Keywords: spacing; Graybill test; height; Trorey.

INTRODUÇÃO

O uso desenfreado dos recursos florestais naturais gerou uma redução drástica de espécies nativas.
Assim, no Brasil, o plantio de espécies florestais exóticas de rápido crescimento foi iniciado na década de 1960,
por meio da Lei dos Incentivos Fiscais para suprir a demanda das empresas de base florestal (RETSLAFF,
2014). Atualmente, a maior parte dos produtos advindos de florestas é oriunda de plantios com espécies dos
gêneros Pinus e Eucalyptus. O Pinus foi sendo introduzido, principalmente no sul do país, há mais de um século
para várias finalidades, contribuindo com o desenvolvimento da economia brasileira, atendendo as necessidades
do mercado e favorecendo a conservação e a preservação dos recursos naturais (SCHUCHOVSKI, 2014).
No inventário florestal, a quantificação das alturas das árvores é fundamental, principalmente, para a
estimativa do volume de madeira dos povoamentos e classificação da capacidade produtiva do local.
Normalmente, em medições de campo, apenas algumas alturas são mensuradas e o restante é estimado por meio
de modelos que usam variáveis de fácil medição, como por exemplo, o diâmetro à altura do peito (DAP). Dessa
maneira, é essencial a utilização de relações hipsométricas, que auxiliam no inventário florestal, por diminuir o
tempo de medição das alturas das árvores, o custo, a dificuldade na hora da operação e os erros de medição,
deixando o trabalho mais econômico e preciso (SOARES et al., 2006).
Segundo Machado et al. (1994), a relação hipsométrica é uma ferramenta utilizada em inventários
florestais para determinar a altura de árvores. Baseia-se na medição de diâmetros a 1,30 m de altura (DAP), e a
altura total (h) de algumas árvores presentes nas unidades amostrais. Com esse conjunto de dados é possível
estabelecer uma relação de regressão, utilizada para estimar as alturas das demais árvores das parcelas em
função dos diâmetros.

Mestranda pelo programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste,


1

UNICENTRO, PR 153, Km 7, Bairro Riozinho, CEP: 84500-000, Irati (PR), Brasil. E-mail: biaah.valle@gmail.com

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A relação hipsométrica é influenciada pela idade, capacidade produtiva, densidade, posição sociológica,
tamanho da copa, e pela espécie (THIERSCH et al., 2006). Em inventários anuais, sugere-se também, que a
relação hipsométrica seja realizada a cada remedição, principalmente em povoamentos jovens, onde ocorre o
maior incremento corrente anual em altura. Quanto mais homogêneo o povoamento, maior será a correlação
diâmetro-altura, consequentemente, maior o sucesso de utilização da relação hipsométrica (MELLO, 2013).
Nesse contexto, o objetivo do estudo foi ajustar modelos hipsométricos para dados de um povoamento
de Pinus taeda com três diferentes densidades iniciais de plantio, a fim de testar a possibilidade de usar um
único modelo para estimar a altura nos três espaçamentos.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


O estudo foi desenvolvido em um povoamento de Pinus taeda com 13 anos de idade, localizado na
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Campus de Irati, na região Centro-Sul do estado do
Paraná. Essa região possui uma topografia fortemente ondulada e montanhosa, com uma altitude de 812 m
acima do nível do mar. O clima é marcado por uma zona temperada sempre úmida, com ocorrência de geadas. A
temperatura média anual é de 16ºC, sendo o mês de julho marcado pelas temperaturas mais baixas (MAACK,
1981; PREFEITURA MUNICIPAL DE IRATI, 2000).
O plantio de Pinus taeda foi implantado em 2003, em três talhões com espaçamentos: 2,0 x 2,0 m; 3,0 x
2,0 m e 4,0 x 2,0 m, sendo a área de cada talhão: 1,27 ha; 0,76 ha e 1,12 ha, respectivamente. As mudas foram
produzidas a partir de sementes originadas de pomar clonal.

Coleta de dados
Os dados das alturas e diâmetros de cada espaçamento são oriundos de 30 árvores cubadas em cada
talhão, totalizando 90 árvores. Com base na distribuição diamétrica, foram selecionadas três árvores por classe
de DAP em cada talhão.

Relação hipsométrica
Modelos hipsométricos
Foram ajustados cinco modelos encontrados na literatura (Tabela 1), a fim de escolher o melhor modelo
para estimar a altura.

TABELA 1: Modelos hipsométricos ajustados para um povoamento de Pinus taeda.


TABLE 1: Hypsometric models adjusted for Pinus taeda stand.
Autor/Fonte Modelo Equação
Linear simples ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 𝑑 1
1
Schneider (1986) ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 2
𝑑
Trorey ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 𝑑 + 𝛽2 𝑑 2 3
𝑑
Azevedo et al. (1999) = 𝛽0 + 𝛽1 𝑑 4
√ℎ
𝑑2
Prodan = 𝛽0 + 𝛽1 𝑑 + 𝛽2 𝑑 2 5

Em que: h = altura total (m); d = diâmetro à altura do peito (DAP, em cm); β’s = coeficientes de regressão.

Critério de seleção dos modelos


Para a seleção do melhor modelo foram usadas as seguintes estatísticas: coeficiente de determinação
ajustado (R²adj), erro padrão de estimativa (Syx%) e a análise gráfica de resíduos.

∑(𝑦 −𝑦̂)² 𝑛−1


𝑅²𝑎𝑑𝑗 = 1 − {[1 − (1 − ∑(𝑦𝑖 ̅)²
)] ( )} (6)
𝑖 −𝑦 𝑛−𝑝
∑(𝑦𝑖 −𝑦
̂ )²

𝑛−𝑝
𝑆𝑦𝑥% = 100 (7)
𝑦̅
𝑦𝑖 −𝑦̅
𝑅𝑒𝑠(%) = 100 (8)
𝑦𝑖

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em que: R² adj = coeficiente de determinação ajustado; 𝑦𝑖 = altura observada (m); 𝑦̂ = altura estimada (m); 𝑦̅ = média dos
valores observados (m); n = número de árvores observadas; p = número de coeficientes de cada modelo; Syx% = erro
padrão de estimativa relativo; Res(%) = resíduos em porcentagem.

Teste de identidade
Após a realização do ajuste de cada modelo, englobando todos os dados, foi escolhido o modelo que
melhor estimou a altura de acordo com as estatísticas de ajuste e precisão citadas anteriormente. Em seguida, o
modelo selecionado foi ajustado com os dados de cada espaçamento. Para verificar a possibilidade de uso de
equações comuns a diferentes grupos de estratos, representado nesse trabalho, em diferentes espaçamentos, foi
realizado o teste de identidade F de Graybill (1976) apud Regazzi (1996), que permite aceitar ou rejeitar certa
hipótese por meio da redução da soma de quadrados da regressão, além de avaliar o comportamento de uma ou
mais variáveis em condições diferentes (QUEIROZ et al., 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Relação hipsométrica
Na Tabela 2 estão apresentadas as estatísticas de ajuste e precisão e os coeficientes dos modelos
testados para estimar a variável altura. O modelo 5, que corresponde ao modelo de Prodan, precisou ser
reajustado, pois o coeficiente β1, ligado à variável DAP apresentou p-valor > 0,05, sendo excluído do modelo e
este ajustado novamente.

TABELA 2: Coeficientes estimados e estatísticas de ajuste e precisão dos modelos testados para estimar a
variável altura.
TABLE 2: Estimated coefficients and fit and precision statistics of the models tested to estimate the height
variable.
Coeficientes Estatísticas
Modelos
𝛽0 𝛽1 𝛽2 R²adj Syx%
Linear simples 13,99105 0,19182 - 0,44999 8,73
Schneider (1986) 21,82130 -69,37470 - 0,48475 8,45
Trorey 9,07282 0,68508 -0,01099 0,53014 8,07
Azevedo et al. (1999) 0,49934 0,20957 - 0,50554 8,28
Prodan 2,14440 - 0,049016 0,47646 8,52
Em que: βis = coeficientes estimados; R²adj = coeficiente de determinação ajustado; Syx% = erro padrão de
estimativa relativo.

Por meio das estatísticas pode-se observar que a relação entre as variáveis do modelo para estimar
altura, foram baixas, sendo que a variação da altura, explicada pela variável DAP foi um pouco mais de 50%.
Porém, o erro padrão de estimativa para os modelos foi relativamente baixo, sendo menores que 10%.
Muitos autores trabalhando com relações hipsométricas, para a espécie Pinus taeda, encontraram
diferentes estatísticas, podendo ser explicada pelos modelos utilizados e até mesmo a área de estudo. Figueiredo
et al. (2009), trabalhando com oito modelos, incluindo variáveis como o DAP e a idade, conseguiram explicar
quase 90% da relação entre as variáveis e a altura, porém com erros maiores que 10%, alegando que quando é
adicionado alguma variável, além do DAP, como o sítio e a altura dominante, por exemplo, o modelo pode
estimar a altura com maior precisão. Diferente do que Nicoletti et al. (2016) encontraram em seu estudo, com o
ajuste de seis modelos hipsométricos nas diferentes fases da rotação para Pinus taeda, relações que variaram de
26 a 87% de acordo com o tratamento avaliado, porém todos com erros relativamente baixos, que variaram de 6
a 12%.
Na Figura 1 são apresentados os gráficos de resíduos para cada modelo ajustado. Nota-se que todos os
modelos tiveram uma leve tendência em superestimar as alturas nos menores diâmetros. Com base nas
estatísticas de ajuste e precisão (Tabela 2) e na análise gráfica dos resíduos, o modelo de Trorey foi escolhido
para estimar as alturas.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Análise gráfica de resíduos para cada modelo hipsométrico ajustado.


FIGURE 1: Graphical analysis of residues for each hypsometric model adjusted.

Teste de identidade
O teste de identidade foi aplicado ao modelo escolhido anteriormente, ou seja, no modelo de Trorey. Na
Tabela 3, estão explícitos os resultados para o teste de identidade de Graybill para os ajustes individuais, bem
como para os dados agrupados. Analisando os resultados obtidos, nota-se que não foi possível agrupar os dados
para ajustar uma única equação para estimar a altura dos três talhões (Fcal > Ftab). De acordo com os resultados
da Tabela 3, os dados das alturas dos talhões com espaçamento 2,0 x 2,0 m e 4,0 x 2,0 m não devem ser
utilizados para ajustar uma única equação. No entanto, para o espaçamento 3,0 x 2,0 m não houve diferença
estatística significativa para o agrupamento dos dados com os dois outros espaçamentos. Ficando, assim, a
critério do usuário, usar o modelo ajustado separadamente, ou escolher o modelo ajustado com os dados
agrupados, sendo indicado que as estatísticas de ajuste e precisão de cada ajuste sejam utilizadas como critério
para seleção de qual modelo usar para estimar as alturas do espaçamento desejado.

TABELA 3: Resultado do teste de identidade para o modelo de Trorey.


TABLE 3: Result of the identity test for the Trorey model.
Espaçamentos R² R²adj Syx (m) Syx (%) F de Graybill F tab
2,0 x 2,0 m 0,5976 0,5678 1,2741 6,91 - -
3,0 x 2,0 m 0,5212 0,4857 1,5747 8,73 - -
4,0 x 2,0 m 0,6697 0,6452 1,3875 7,66 - -
2,0 x 2,0 e 3,0 x 2,0 m 0,4978 0,4802 1,4872 8,16 1,86321ns 2,7132
2,0 x 2,0 e 4,0 x 2,0 m 0,5630 0,5477 1,4328 7,84 6,19880* 2,7132
3,0 x 2,0 e 4,0 x 2,0 m 0,5930 0,5787 1,4569 8,06 0,48634ns 2,7132
2,0 x 2,0; 3,0 x 2,0 e 4,0 x 2,0 m 0,5354 0,5247 1,4773 8,07 2,24852* 2,2127

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em que: R² = coeficiente de determinação; R²adj = coeficiente de determinação ajustado; Syx = erro padrão da estimativa
absoluto; Syx% = erro padrão de estimativa relativo; F de Graybill = F de identidade de Graybill, F tab = F tabelado; *
significativo a 5% de probabilidade de erro.

CONCLUSÃO

De acordo com as estatísticas de ajuste e precisão calculadas para cada modelo, conclui-se que o modelo
de Trorey foi o mais adequado para estimar a altura em um povoamento de Pinus taeda. Com isso, por meio do
ajuste desse modelo para cada espaçamento e, pelo teste de identidade proposto por Graybill, é possível afirmar
que o espaçamento 2,0 x 2,0 m deve ser analisado separadamente, pois somente o espaçamento 3,0 x 2,0 m pode
se agrupar com os dados de 2,0 x 2,0 m e 4,0 x 2,0 m.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIGUEIREDO, R. et al. Comparação de modelos para expressar a relação hipsométrica em plantios de Pinus
taeda L. In: SIEPE – SEMANA DE INTEGRAÇÃO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 2009, Universidade
Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Anais... Irati – PR.
MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba: José Olympio, 1981.
MACHADO, S. D. A. et al. Análise do comportamento da relação hipsométrica com respeito à idade para
plantações de Pinus elliottii no estado do Paraná. Cerne, Lavras, v. 1, n. 1, p. 5-12, 1994.
MELLO, E. A. Desenvolvimento de modelos para crescimento florestal e afilamento de fuste. 2013. 122 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2013.
NICOLETTI, M. F. et al. Relação hipsométrica para Pinus taeda L. em diferentes fases do ciclo de corte.
Floresta e Ambiente, [s.1], 2016; 23(1): 80-89.
PREFEITURA MUNICIPAL DE IRATI. Irati cidade amada: dados gerais sobre o município de Irati-PR.
37 p. Irati, PR: Prefeitura Municipal, 2000.
QUEIROZ, D. et al. Identidade de modelos em funções de afilamento para Mimosa scabrella Bentham em
povoamentos nativos da região metropolitana de Curitiba/PR. Floresta, Curitiba, PR, v. 38, n. 2, abr./jun. 2008.
REGAZZI, A. J. Teste para verificar a identidade de modelos de regressão. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.31, n.1, p. 1-17, jan. 1996.
RETSLAFF, F. A. S. Simulador para prognose da produção de Pinus taeda com Diagrama de Manejo da
Densidade associado à modelagem em classes de diâmetro. 2014. 166f. Tese (Doutorado em Engenharia
Florestal) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014.
SCHUCHOVSKI, M. S. Modelos alométricos e de produção para plantações de Pinus taeda nos estados do
Paraná e Santa Catarina, Brasil. 2014. 182 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) – UFPR, Curitiba,
2014.
SOARES, C. P. B.; PAULA NETO, F.; SOUZA, A. L. Dendrometria e inventário florestal. Viçosa: Editora
UFV; 2006. 276 p.
THIERSCH, C. R. et al. Acurácia dos Métodos para Estimativa do Volume Comercial de Clones de Eucalyptus
sp. Cerne, Lavras, v.12, n.2, p.167-181, abr/jun. 2006.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AJUSTE DE MODELOS PARA A PREDIÇÃO DE DIÂMETRO DE COPA PARA ÁRVORES DE
Tectona grandis LINN F.

FIT MODELS TO PREDICT CROWN DIAMETER FOR Tectona grandis LINN F. TREES

Tupiara Mergen de Oliveira1 João Paulo Sardo Madi Flávio Teixeira Damascena Júnior Thiago Duarte
Mariana Peres Lima Chaves e Carvalho Samuel de Pádua Chaves e Carvalho

RESUMO

A Tectona grandis é uma espécie de alto valor econômico, predominantemente plantada no estado de Mato
Grosso. É uma espécie que necessita de várias intervenções silviculturais a fim de melhorar as características do
manejo da espécie. Portanto, o presente estudo tem como objetivo avaliar estatisticamente o ajuste de modelos
para a predição de diâmetro de copa para teca. Os dados que compuseram o estudo foram obtidos em
povoamentos clonais de teca, implantados em 2005 e 2008, na região sudoeste de Mato Grosso. De cada árvore
foram mensurados o diâmetro a 1,0 m do solo (DAP) e os quatro raios (norte, sul, leste e oeste) de projeção da
copa, sendo que o diâmetro de copa (DC) fora determinado pela fórmula da elipse, a qual mais se aproxima às
características de copa da espécie. Ao todo foram avaliados quatro modelos, utilizando como variável
dependente o DC e como variável independente o DAP. Estatisticamente, os modelos tiveram sua precisão
avaliada por meio do erro padrão da estimativa (Syx), o coeficiente de determinação ajustado (R² aj.), análise
gráfica dos resíduos e o critério de informação de Akaike (AIC). O modelo da reta obteve os melhores
resultados, com valores de Syx de 55,12 % e o R² aj. de 0,048, sendo, portanto, o melhor modelo mais indicado
para predizer o diâmetro de copa para a espécie teca.
Palavras-chave: Teca; modelo de copa; mensuração florestal; relações alométricas

ABSTRACT

Tectona grandis is a species of high economic value, predominantly planted in the state of Mato Grosso. It is a
species that can be varied silvicultural program in order to improve as characteristics of the species
management. The present study aims to evaluate statistically adjust models for a prediction of crown diameter
for a Teak. The data that composed the study were without the clonal stands of Teak, implanted in 2005 and
2008, in the southwest region of Mato Grosso. From each tree were measured the diameter of 1.0 m of the soil
(DAP) and the four rays (north, south, east and west), being that, the crown diameter (DC) was determined by
the formula of the ellipse, which resembles the crown characteristics of the species. Altogether, four models
were evaluated, using as a dependent variable the DC and as a variable independent from the DAP. Statistically,
the models had their accuracy evaluated by means of the standard error of the percentage estimation (Syx),
adjusted determination coefficient (R² aj.), The graphical analysis of the residues and the Akaike information
criterion (AIC). The model of the line, therefore results obtained with Syx of 55.12% and R² aj of 0.048,
therefore, the best model best suited to predict crown diameter for a species Teak.
Keywords: Teak; crown of models; forest measurement; allometric relationships.

INTRODUÇÃO

A Tectona grandis Linn f., é uma espécie arbórea natural das florestas tropicais de monção no Sudoeste
Asiático, atualmente plantada em escala comercial no Brasil, no qual o estado de Mato Grosso se destaca com
87,5 mil hectares (IBÁ, 2017).
A espécie é popularmente conhecida como Teca e pertence à família Lamiaceae (RODRIGUES et al.,
2018). Morfologicamente possui tronco retilíneo e uniforme, com presença de sapopemas na base do tronco e
copa vigorosa, o que resulta em uma madeira com alta resistência as pragas, além de possuir alta durabilidade,
estabilidade e beleza, o que eleva a procura pelo mercado internacional (SILVA, 2012).
Além de vigorosa, sua copa é caracterizada como esbelta, o que lhe atribui a função de absorção da
radiação solar, que pelo processo de fotossíntese é transformada em energia química, o que por consequência
influencia na interceptação da energia fotossintética (SANQUETTA et al., 2014). Portanto, o crescimento e a
produção de povoamentos florestais estão diretamente relacionados com as características da copa das árvores,

Graduanda do curso de Engenharia Florestal – FENF/UFMT. Av. Fernando Correa da Costa, 2367, 78060-900. Cuiabá-
1

MT, Brasil. E-mail: tupiaramergen@gmail.com

40
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
como o seu comprimento e diâmetro, sendo diretamente influenciados pelo espaçamento de plantio e qualidade
de sítio (TONINI E ARCO-VERDE, 2005).
O diâmetro de copa corresponde à distância entre as linhas de projeção dos pontos mais externos da
copa, sendo considerada uma variável básica para a dedução de outras características das árvores por geralmente
possuir alta correlação com o diâmetro e área de copa (DURLO E DENARDI, 1998). O que segundo Schneider
(2008), o espaço ocupado pela copa das árvores é definido como densidade de copa, sendo utilizado para
comparar a densidade dos povoamentos e questões de regeneração natural que são diretamente relacionadas com
a luminosidade que penetra no povoamento entre as copas.
Essa relação entre o diâmetro de copa (DC) e o diâmetro a 1,0 m do solo (DAP), possibilita o cálculo do
número máximo de árvores por hectare, quando um certo diâmetro ou classe diamétrica é desejada (TONINI E
ARCO-VERDE, 2005). Desta forma, é possível definir o espaço vital que cada árvore ocupará até atingir a sua
maturidade, sendo possível a condução do povoamento até o final da rotação (DURLO E DENARDI, 1998).
Considerando a importância das características de copa para a tomada de decisões acerca do manejo da
espécie, o trabalho teve por objetivo avaliar estatisticamente, o ajuste de modelos para a predição de copa para a
espécie Tectona grandis Linn.F em povoamentos localizados no sudoeste do estado de Mato Grosso.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do estudo foram coletados dados de duas fazendas com plantações comerciais de Teca,
localizadas no município de Barra do Bugres, estado do Mato Grosso. A região apresenta altitudes variando
entre 100 m e 200 m, temperatura média de 25,4 ºC, pluviosidade total anual entre 100 mm 1400 mm e segundo
a classificação de Köppen o clima da região é do tipo Aw, com verão chuvoso e período de seca no inverno
(ALVARES et al., 201).

FIGURA 1: Localização da área de estudo (MADI, 2017).


FIGURE 1: Location of the study area (MADI, 2017).

Ao todo, foram utilizados dados provenientes de 8 unidades amostrais, sendo que 4 delas o plantio foi
implantado em 2005 e nas outras 4 em 2008, em que mensurou-se o diâmetro a 1,0 metros do solo (DAP) e os
raios das projeções de copa, norte, sul, leste e oeste de 10 árvores centrais de cada parcela, perfazendo um total
de 80 árvores. O diâmetro de copa (DC), foi calculado através da fórmula da elipse, por se tratar de uma figura
geométrica que mais se aproxima da copa da espécie, conforme Equação 1.

𝐷𝐶 = √(𝑟1 + 𝑟2) ∗ (𝑟 + 𝑟4) (1)

em que: DC=diâmetro de copa (m); r1, r2, r e r4= raios de projeção da copa (m).

Foram testadas quatro equações de predição de diâmetro de copa, sendo utilizado como variável
dependente o DC e como variável independente o DAP (Tabela 1).
Todos os procedimentos foram implementados em linguagem R de programação, e adotou-se o nível de
95% de confiança para avaliar a significância dos parâmetros das equações ajustadas.

41
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Equações para a predição de diâmetro de copa.
TABLE 1: Equations for the crown diameter prediction.
Modelo Autor (es)
(1) 𝐷𝐶 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝜀 (Nutto et al., 2001)
(2) 𝐷𝐶 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃2 + 𝜀 (Weber, 2007)
() 1/𝐷𝐶 = 𝛽0 + 𝛽1 (1⁄𝐷𝐴𝑃) + 𝜀 (Sanquetta et al., 2014)
(4) 𝐷𝐶 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃2 + 𝛽 𝐷𝐴𝑃³ + 𝜀 (Buochuama e Oyebade, 2018)
em que: 𝐷𝐶 = diâmetro de copa (m); 𝐷𝐴𝑃 = diâmetro a 1,0m do solo (cm); 𝛽𝑖 = coeficientes do modelo; 𝜀 =
erro.

As equações foram avaliadas segundo o erro padrão da estimativa (Syx), coeficiente de determinação
ajustado (R² aj.) e análise gráfica dos resíduos. Também foi testado o Critério de Informação de Akaike (AIC),
que penaliza os modelos com número excessivo de parâmetros, sendo preferíveis os de menores valores
(CALEGARIO et al., 2005), conforme a Equação 2.

𝐴𝐼𝐶𝑝 = −2 log(𝐿𝑝 ) + 2[(𝑝 + 1) + 1] (2)

em que: 𝐴𝐼𝐶𝑝 = Critério de informação de Akaike; 𝐿𝑝 = função de máxima verossimilhança do modelo; p = nº


de variáveis explicativas do modelo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As análises estatísticas dos modelos ajustados são apresentadas na Tabela 2, onde o modelo (1)
apresentou o menor erro padrão da estimativa (Syx) de 55,12 % e o maior coeficiente de determinação ajustado
(R² aj.) de 0,048, mostrando ser o mais adequado pra a predição de diâmetro de copa. Este resultado ainda é
confirmado pelo valor de AIC de 15,71, que indica a utilização quando menor for o seu valor.

TABELA 2: Resultados do ajuste dos modelos.


TABLE 2: Results of the adjustment of the models.
Modelo 𝜷𝟎 𝜷𝟏 𝜷𝟐 𝜷𝟑 Syx (%) R²aj. AIC
(1) 1,927 0,119 55,12 0,048 15,71
(2) 2,641 0,1041 0,0004 55,48 0,2958 17,70
() 10,1472 -126,9852 55,5 0,2990 16,7
(4) -1,904e+01 2,10e+00 -6,111e-0,2 6,249e-04 55,72 0,2895 19,6
em que: 𝛽𝑖 = coeficientes do modelo; Syx = erro padrão da estimativa; R²aj.= coeficiente de determinação
ajustado; AIC = Critério de informação de Akaike.

Segundo Sanquetta et al., (2014), os valores estatísticos do ajuste sofrem influência da grande
variabilidade do DC em função do DAP, além disso sofrendo influência externa como a competição por espaço
pelas copas das árvores vizinhas. Valores próximos foram encontrados por Buochuama e Oyebade (2018) de 0,
48 a 0,65 de R² aj. e 28,0 a ,4 % para o Syx para a Teca em plantio misto com outras espécies na Nigeria,
utilizando o modelo (4).
O ajuste de modelos de predição de diâmetro de copa para outras espécies segue valores próximos aos
encontrados neste estudo. Nutto et al., (2001), encontrou R²aj. de 0,48 para Pinus elliottii Engelm,, utilizando o
modelo (1). Para Leonardo et al., (2017), o melhor modelo para a espécie Caryocar brasiliense Camb. foi o
modelo (2), com 0,81 de R²aj. e 24,21 % de Syx, já Sanquetta et al., (2014) obteve em 0,64 de R²aj. e 1,61% de
Syx para Acacia mearsnii De Wild. aos 7 anos de idade, utilizando o modelo ().
Na figura 2, pode-se observar a análise gráfica dos resíduos e as curvas do modelo preditos em relação
aos dados observados em campo. Observa-se um comportamento semelhante entre os modelos, principalmente
quando se refere ao gráfico de dispersão dos resíduos, ou seja, uma tendência em superestimar em o DC em
árvores com DAP entre 0 cm e 5 cm, assim não o possibilita como um dos critérios para a seleção do melhor
modelo, utilizando-se então das estatísticas da tabela 2 como critério de seleção.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Gráfico de resíduos e curva dos modelos ajustados.


FIGURE 2: Waste graphic and curve of the adjusted models.

CONCLUSÕES

É possível estimar o diâmetro de copa através de modelagem utilizando a variável DAP, porém é
preciso uma maior investigação quanto a relação durante o crescimento das árvores entre as características de
copa e o DAP. Assim o modelo 1, obteve os melhores resultados, podendo ser utilizado para a predição de
diâmetro de copa para a espécie.

AGRADECIMENTOS

À empresa TRC- Teak Resources Company pelos recursos destinados ao projeto de pesquisa e por
disponibilizar os plantios de Teca para a coleta de dados, sem os quais não seria possível a realização deste
estudo.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AJUSTE E SELEÇÃO DE MODELOS VOLUMÉTRICOS PARICÁ EM ESTRATÉGIA DE
RECOMPOSIÇÃO DE RESERVA LEGAL

ADJUSTMENT AND SELECTION OF VOLUMETRIC MODELS PARICÁ IN LEGAL RESERVE


RECOMPOSITION STRATEGY

Marcos Gabriel Braz de Lima1 Marcos Vinícius Ferreira Martins Rafaella Tavares Pereira
Luiz Otávio Rodrigues Pinto Juliano de Paulo dos Santos

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo a modelagem e seleção de modelos volumétricos para estimativas de
volume para a espécie nativa amazônica, o Paricá, como medida de avaliação da implantação desta espécie em
Reserva Legal. A pesquisa foi conduzida no noroeste de Mato Grosso na Fazenda São Nicolau, no município de
Cotriguaçu. Foi realizado o inventário florestal, na área, lançadas 1 parcelas retangulares (20x50 m). Foram
mensurados Diâmetro a Altura do Peito (CAP) à 1, m de toda parcela, e a altura total (HT) dos dez primeiros
indivíduos. Após tratamento dos dados do inventário foram definidas cinco classes diamétricas e
posteriormente, utilizando-se da cubagem não destrutiva foram mensuradas dez árvores por classe diamétrica. O
diâmetro foi obtido nas diferentes alturas (0,0 m, 0, m, 1, m, em seguida a cada 1 m) e o volume determinado
por Smalian. Foram ajustados 1 modelos volumétricos e como medidas de precisão para seleção do modelo
utilizou-se: Erro padrão da estimativa (Syx), Coeficiente de Determinação (R²), critério de informação Akaike
(AIC) e a dispersão gráfica dos resíduos. A melhor estimativa volumétrica foi dada por Schumacher-Hall, que
apresentou R²=98,2, Syx= 0,15 e boa distribuição gráfica dos resíduos sem tendências.
Palavras-chave: restauração florestal; espécie nativa; modelagem.

ABSTRACT

The present study had as objective the modeling and selection of volumetric models for volume estimates for
the native Amazonian species, Paricá, as a measure of the evaluation of the implantation of this species in Legal
Reserve. The research was conducted in northwest of Mato Grosso on Fazenda São Nicolau, in the municipality
of Cotriguaçu. A forest inventory was carried out in the area, with 1 rectangular plots (20x50m) being released.
The diameter at breast height (DBH) was measured at 1. m of all plot, and the total height (HT) of the first ten
individuals. After treatment of the inventory data, five diametric classes were defined, and afterwards, ten trees
were measured by diameter class using non-destructive sampling. The diameter was obtained at different
heights (0.0 m, 0. m, 1. m, then every 1 m) and the volume determined by Smalian. 1 volumetric models were
adjusted and as precision measures for selection of the model were used: Standard error of estimation (Sxy),
Determination Coefficient (R²), Akaike information criterion (AIC) and graphical dispersion of residues. The
best volumetric estimation was given by Shumacher-Hall, who presented R² = 98.2, Sxy = 0.15 and good
graphical distribution of the residues without tendencies.
Keywords: forest restoration; native species; modeling.

INTRODUÇÃO

A exploração de produtos florestais em Reservas legais manejadas e com o seu devido aproveitamento
econômico pode trazer maior estabilidade econômica a pequenos produtores rurais. Dos produtos provenientes
de florestas, a produção de madeira é o mais valorizado comercialmente. A utilização de consórcios entre
espécies nativas e exóticas em estratégias de recomposição de Reservas legais é permitida em até 50% dos
indivíduos segundo a Lei de Proteção da Vegetação Nativa, Lei n° 12.651 de 2012. Ainda assim, mesmo sendo
a silvicultura de exóticas mais desenvolvidas, as espécies nativas têm se tornado foco de estudos, devido,
principalmente, a oportunidade, preço e qualidade da madeira.
Existe grande diversidade de espécies florestais da floresta amazônica com alto potencial comercial e
passíveis de exploração. O Paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke)) é uma Fabaceae
endêmica do Brasil e natural do domínio fitogeográfico da Amazônia. Ocorre nas regiões norte e centro-oeste,
nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, e Mato Grosso (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018).

1
Estudante de Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Minas Gerais, Brasil.
E-mail: mbrazdelima@gmail.com

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Sua distribuição está relacionada a áreas bem drenadas e formações florestais de terra firme e várzea alta.
Também ocorre em formações secundárias e pode, em algumas capoeiras resultar em formações
monoespecíficas (SOUZA et al., 200). É a segunda espécie nativa mais plantada no Brasil (IBÁ, 2017), com
destaque para o estado do Pará. Possui características interessantes como crescimento rápido e formação de
fuste retilíneo com ausência de galhos. Sua madeira é utilizada principalmente para laminação. Entretanto,
segundo Colpine et al. (2009) poucos são os estudos que ajustaram equações volumétrica para a espécie.
Lanssanova et al. (2018) destaca que é fundamental avaliar a produtividade volumétrica de madeiras de
espécies florestais que possuem alto potencial comercial. A boa estimativa de volume de espécies comerciais é
essencial para avaliação de estoque de madeira e análise do potencial produtivo das florestas, bem como para o
planejamento da colheita e manejo florestal. Para a Lei de Proteção da Vegetação Nativa, essa ferramenta se
tornou obrigatória para a estimativa do estoque de madeira dos planos de manejo (RIBEIRO et al.,2014). Assim,
as equações hipsométrica e volumétricas são essenciais para o inventário florestal dando o suporte e aparato
para a obtenção do valor total de volume por unidade de área.
Visto o potencial das espécies nativas, os estudos têm aumentado visando desenvolver aspectos
silviculturais dessas espécies. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo modelar o volume de árvore
individual de Paricá (Schizolobium pahyba var amazonicum) oriundas de um consórcio de espécies, baseada nas
variáveis dendrométricas diâmetro a altura do peito (DAP), medido à 1,0 metros de altura do solo, e altura total
das árvores (HT), fornecendo informações que poderão subsidiar futuros planos de manejo bem como a
viabilidade de uso da espécie.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da Área de Estudos


A área de estudo situa-se na Fazenda São Nicolau (FSN), localizada no município de Cotriguaçu, região
noroeste do Estado do Mato Grosso (Figura 1). O bioma Amazônia predomina em toda a região, destacando-se
as Florestas Estacionais e Florestas Ombrófilas. A propriedade é a sede do Poço de Carbono Florestal
Peugeot/ONF (PCFPO), uma iniciativa única realizada no arco do desmatamento que reflorestou mais de 2.000
hectares de pastagem.
O talhão estudado é uma das áreas implantadas pelo projeto em 1999. A área possui aproximadamente
10,6 hectares e está localizado sob as coordenadas 9°51’22,0” de Latitude Sul e 58°14’27,21” de Longitude
Oeste. A Figura 1 apresenta a localização da área de estudo. Anteriormente ao plantio foi realizada gradagem,
não foi realizada adubação de base. Foram realizadas práticas de manutenção com enxada (coroamento),
herbicidas e roçadeiras (costal e mecanizada). O espaçamento de plantio utilizado foi o 3x2 m. O arranjo
utilizado foi de linhas puras de Teca intercalada com linha de mix de espécies. No total foram implantadas 10
espécies, das quais a Teca apresenta a maior proporção de indivíduos vivos, com 54,0 e 42,2% de indivíduos em
200 e 2017 respectivamente. Dentre as espécies utilizadas no consórcio a espécie Paricá chama atenção devido
ao crescimento na área, atingindo aos 17 anos mais de 40 metros de altura e 1,0m de diâmetro. Periodicamente
desde 2008 são realizadas desramas nos indivíduos de Teca, e em 2010 foi realizado desbaste nas linhas de Teca
em aproximadamente 5% dos piores indivíduos da espécie no povoamento.

FIGURA 1: Localização da área de estudo.


FIGURE 1: Location of the study area.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Coleta de Dados
Entre setembro e outubro de 2017 foi realizado inventário florestal da área em 1 parcelas retangulares,
de 20 metros de largura por 50 metros de comprimento, totalizando 1.000 m² por unidade amostral. No total
foram amostrados 1.000 m². Todas as unidades amostrais foram marcadas em campo com balizas e foram
coletadas coordenadas geográficas. Com auxílio de fita métrica, foi medido a Circunferência a Altura do Peito
(CAP) e a altura total (HT) dos dez primeiros indivíduos de cada espécie com o auxílio de um hipsômetro
óptico.
Os dados do inventário de 2017 foram processados, feito a estatística descritiva do povoamento e
calculada a distribuição diamétrica em cinco classes. A cubagem foi feita a cada 10 árvores por classe de
diâmetro, totalizando 50 árvores conforme recomendações de Picard, Saint-André e Henry (2012). Os diâmetros
com casca foram obtidos em campo com o dendrômetro óptico digital CriterionⓇ. As alturas de medição ao
longo do fuste previamente definidas foram: 0,0 m; 0, m; 1, m e a seguir a cada 1,0 m. Foram realizadas
modificações nas alturas de medição, especialmente na base do fuste devido a observação de sapopemas bem
desenvolvidas e observadas preferencialmente nos maiores indivíduos. O cálculo do volume de cada árvore foi
feito segundo o método de Smalian conforme apresentado por Soares et al. (2006). O processamento da
cubagem foi realizado no software R Core Team (R CORE TEAM, 2017).

Ajuste e seleção dos modelos volumétricos


Foram estudados modelos comumente utilizados em trabalhos de mensuração e modelagem de espécies
arbóreas selecionados a partir dos trabalhos de Azevedo et al., 2011; Pelissari et al., 2011; Gama et al., 2017;
Soares et al.,2011. No total, foram avaliados 1 modelos volumétricos conforme mostra a Tabela 1. Em seguida
foram elencados os melhores modelos com base na performance no coeficiente de determinação (R²),
significância dos parâmetros, no erro padrão das estimativas e no critério de informação Akaike (AIC) que
avalia a diferença entre o volume observado e o volume estimado pelo modelo. Também foi analisada a
dispersão de resíduos para avaliar o comportamento da variância (MIGUEL et al.,2010), sendo o erro calculado
pela diferença do volume observado pelo volume estimado. Os ajustes foram realizados utilizando o software R
Core Team (R CORE TEAM, 2017).

TABELA 1: Modelos volumétricos ajustados.


TABLE 1: Ajusted volumetric models.
Autor Modelo
Kopezky-Gehrhardt 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃² + 𝜀
Dissescu-Meyer 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝜀
Husch 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃 + 𝜀
Spurr 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃²𝐻𝑇 + 𝜀
Spurr(log) 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛(𝐷𝐴𝑃²) + 𝜀

Schumacher-Hall(log) 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐿𝑛𝐻𝑇 + 𝜀

Stoate 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽3 𝐻𝑇 + 𝜀

Naslund 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽1 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃²𝐻𝑇 + 𝛽3 𝐷𝐴𝑃𝐻𝑇² + 𝛽4 𝐻𝑇² + 𝜀

Rezende 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽1 𝐷𝐴𝑃2 ∗ 𝐻𝑇 + 𝜀

Hohenadl-Krenm 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝜀

Meyer 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽3 𝐷𝐴𝑃𝐻𝑇 + 𝛽4 𝐷𝐴𝑃²𝐻𝑇 + 𝛽′𝑠 + 𝜀


1
Brenac 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2
𝐷𝐴𝑃
+𝜀
Schumacher-Hall 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 𝐷𝐴𝑃𝛽1 𝐻𝑇𝛽2 + 𝜀
Em que: DAP = diâmetro a 1, metros de altura do solo; HT = altura total; 𝜀= erro.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 2 apresenta as estatísticas descritivas das árvores cubadas de Paricá. A variável volume
apresentou o maior coeficiente de variação. Essa variabilidade dos dados se dá pelo fato de ser uma espécie
nativa, sem nenhuma prática de manejo, carente de estudos de silvicultura e programas avançados de
melhoramento genético como constatado para as principais espécies exóticas altamente exploradas.

TABELA 2: Estatísticas descritivas das árvores cubadas de Paricá.


TABLE 2: Descriptive statistics of Paricá cubed trees.
DAP (cm) HT (m) VOL (m³)
Menor 6,4 4,0 0,0125
Média 5,2 28,1 1,4200
Maior 65,0 42,9 4,498
Desvio Padrão 16,7 9,6 1,2424
CV (%) 47,49 4,20 87,49
Em que: DAP= diâmetro a 1, metros do solo; HT= altura total; VOL= volume de árvore individual.

No ajuste dos modelos volumétricos, as equações foram selecionadas baseadas nos critérios descritos
anteriormente. Quando avaliado a significância dos parâmetros, todos os modelos apresentaram pelo menos um
parâmetro significativo, exceto o modelo de Meyer que não apresentou nenhum parâmetro significativo sendo
desconsiderado.
De forma geral, todos os modelos apresentaram bons resultados, destacando-se o modelo de
Schumacher-Hall que proporcionou as melhores estimativas e apresentou pequena tendência em superestimar o
volume dos menores indivíduos de acordo com a dispersão dos resíduos. A Tabela 3 apresenta os parâmetros
ajustados para os 1 modelos avaliados juntamente com as estatísticas. Hoffmann et al. (2011) avaliou
características dendrométricas e ajustou modelos para estimativa do volume total de árvores de Paricá em
plantios comerciais com idades de cinco, seis e sete anos, em espaçamento 4 x 4 m, na região de Paragominas,
PA. Os autores concluíram que de modo geral o modelo de Schumacher & Hall apresentou estimativas mais
precisas.

TABELA 3: Modelos ajustados e os respectivos valores dos parâmetros (βi), coeficiente de determinação (R²),
erro padrão da estimativa (Syx) e critério de informação Akaike (AIC).
TABLE 3: Adjusted models and respective values of the parameters (βi), coefficient of determination (R²),
standard error of estimation (Syx) and Akaike information criterion (AIC).
Parâmetros Ajustados Syx
Modelos R² AIC
β0 β1 β2 β3 β4 β5 (m³)
Kopezky-
-0,1650 0,0010 - - - - 97,1 0,20 -160,29
Gehrhardt
Dissescu-
-0,0127 0,001 - - - - 97,60 0,19 -166,19
Meyer
Husch -8,9792 2,525 - - - - 97,21 0,21 -158,8
Spurr 0,0864 0,0000 - - - - 97,41 0,20 -162,1
Spurr (log) -9,8786 0,946 - - - - 97,62 0,19 -166,46
Schumacher-
-9,556 2,156 0,564 - - - 97,69 0,19 -167,20
Hall (log)
Stoate -0,064 0,0005 0,0000 -0,0004 - - 97,89 0,18 -170,92
Naslund -0,0406 0,0005 0,0000 0,0000 0,0000 - 97,85 0,18 -168,92
Rezende 0,0001 - - - - - 97,19 0,21 -160,00
Hohenadl-
0,0947 -0,018 0,001 - - - 97,59 0,19 -164,98
Krenm
Meyer 0,118 -0,0195 0,0008 0,0005 0,0000 -0,005 97,8 0,18 -167,62
Brenac -8,977 2,516 -0,1828 - - - 97,19 0,21 -157,04
Schumacher-
0,0001 2,0527 0,4855 - - - 97,94 0,18 -17,06
Hall

Observa-se bons resultados de R², sendo considerados satisfatórios para todos os modelos ajustados
diante das relações entre a variável dependente (volume) e as variáveis independentes (DAP e HT). Os erros

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
padrão residual observados foram de médio a elevados. Pode estar relacionado às condições de crescimento da
área de estudo, da inexistência de práticas de manejo voltados à espécie. Um fator importante é a origem
seminal dos propágulos utilizados, sem melhoramento genético e de elevada variabilidade genética.
Oliveira et al. (2018) estimando a produção de tanino de barbatimão e Scolforo et al. (2012) modelando
o volume de óleo em Candeias, encontraram erros elevados, porém com boas estimativas, corroborando os
resultados desse trabalho.
A avaliação gráfica da dispersão dos resíduos, alguns modelos apresentaram tendência de superestimar
o volume das árvores com menores valores de DAP. Quando observado os dados, percebe uma grande
variabilidade entre os indivíduos. A Figura 2 apresenta os gráficos de dispersão de resíduos dos melhores
modelos.

FIGURA 2: Dispersão de resíduos dos melhores modelos ajustados.


FIGURE 2: Dispersion of waste from the best fitted models.

Com a dispersão de resíduos, observou-se que o modelo Schumacher-Hall apresentou tendência a


superestimar o volume das árvores com menores DAP e o modelo de Naslund apresentou tendência em
subestimar o volume das árvores com maiores DAP. Comparativamente, os modelos Brenac e Husc
apresentaram distribuição mais equilibrada dos resíduos para as estimativas de volume das árvores de menor
diâmetro, no entanto, foram inferiores nas demais métricas para avaliação da qualidade dos ajustes.

CONCLUSÕES

A modelagem do volume total de Paricá em função de DAP e HT possibilitou bons ajustes e estimativas
volumétricas. O modelo de Schumacher-Hall foi o que proporcionou os melhores resultados e foi o modelo
indicado para a espécie.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Poço de Carbono Peugeot ONF (PCFPO) pelo apoio na coleta de dados, a
Universidade Federal de Lavras (UFLA) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES).

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50
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AMOSTRAGEM ADAPTATIVA MULTIVARIADA NA QUANTIFICAÇÃO DE PRODUTO
FLORESTAL NÃO MADEIREIRO

MULTIVARIATE ADAPTATIVE SAMPLING ON THE QUANTIFICATION OF NON WOOD PRODUCTS

Josiane Silva Bruzinga1 Alba Valéria Rezende Marcio Leles Romarco de Oliveira Sollano Rabelo Braga

RESUMO

O objetivo desse trabalho é testar a Amostragem Adaptativa Cluster com aspectos Multivariados (AACM) para
quantificação de frutos do pequizeiro, sob a hipótese de que este método é preciso para quantificar esse Produto
Florestal Não Madeireiro (PFNM). A base de dados foi coletada em 36,5 ha de Cerrado sensu stricto, em Minas
Gerais, onde foi realizado o censo de indivíduos adultos de pequizeiro. Em cada pequizeiro foram mensurados o
diâmetro a 30 cm do solo (DAS) e a área da copa (GC). Em 10% dos pequizeiros foi contabilizado os frutos em
2 anos subsequentes, para modelagem da produção. A área foi dividida em parcelas de 20 × 20 m para
simulação da amostragem adaptativa cluster com aspectos multivariados (AACM), utilizando DAS e GC em
cinco condições C multivariada avaliadas. As estatísticas de precisão e exatidão foram obtidas em função do
número de frutos em 30 simulações para cada uma das cinco condições C. Os valores de média e variância para
cada uma das simulações foram obtidos pelo estimador de Hansen-Hurwitz modificado. Quanto mais restritivo
o valor da condição C, ou seja, quanto maior a área da copa, menor foi o tamanho das redes formadas. Por outro
lado, nas condições C’s com restrições muito altas, o número de clusters e o tamanho das redes formadas foram
baixos. A AACM, utilizando a condição de inclusão de 2 indivíduos com GC ≥ 10 m², na média, é eficiente,
precisa e exata na estimativa da produção de frutos de pequi.
Palavras-chave: Mensuração; Pequi; Frutos; Produção.

ABSTRACT

The objective of this work is to test the Multivariate Cluster Adaptive Sampling (AACM) for quantification of
fruits of the pequi tree, under the hypothesis that this method is necessary to quantify this Non - Wood Forest
Product (NTFP). The database was collected in 36.5 ha of Cerrado sensu stricto in Minas Gerais, where the
census of the adult individuals of pequizeiro was carried out. Diameter (DAS) and crown area (GC) were
measured from each pequizeiro and 10% of the fruits were counted in 2 years for production modeling. The area
was divided into 20 × 20 m plots for AACM simulation, using the DAS and Gc in the 5 multivariate C
conditions evaluated. The precision and accuracy statistics were obtained as a function of the number of fruits in
30 simulations for each of the 5 conditions C. The mean and the variance for each of the simulations were
obtained by the modified Hansen-Hurwitz estimator. The more restrictive the value of condition C, that is, the
larger the canopy area, the smaller the size of the networks formed. On the other hand, in C conditions with very
high constraints, the number of clusters and the size of the networks formed were low. AACM, using the
condition of inclusion of 2 individuals with crowns ≥ 10 m², on average, is efficient, accurate and accurate in
estimation of pequi fruit production.
Keywords: Measurement; Pequi, Fruits; Production.

INTRODUÇÃO

Os produtos florestais não madeireiros (PFNMs) representam um dos maiores desafios do mercado
florestal tropical, considerando não apenas a riqueza e diversidade desses produtos na floresta, mas, também, do
seu uso final (SANTOS et al., 2003). O interesse pelo manejo sustentável dos PFNMs tem aumentado nas
últimas décadas, na expectativa de atender demandas dos mercados nacional e internacional, e,
consequentemente, contribuir com a conservação dos ecossistemas e com o desenvolvimento rural de uma
região (PULIDO; CABALLERO, 2006).
Sabe-se que a quantificação dos recursos florestais é a base para as prescrições de manejo, no entanto,
no caso dos PFNM’s, ainda são raras as pesquisas voltadas para definição de métodos de amostragem (TONINI,
2013). Segundo Wong et al. (2001), isto se deve a algumas características de espécies que produzem PFNMs,

1
Engenheira Florestal, Dra., Pós-doutoranda no Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal dos Vales
do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); JK, Rodovia MGT 367 - Km 583, nº 5000, Alto da Jacuba, CEP 39100-000,
Diamantina (MG), Brasil. E-mail: bruzinganet@yahoo.com.br

51
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
que dificultam a aplicação de métodos de amostragem tradicionais. Dentre estas características destacam-se:
raridade, distribuição agregada, produção sazonal, variabilidade na forma e estrutura dos produtos.
No Cerrado, uma das espécies com maior potencial não madeireiro é o pequizeiro (Caryocar brasiliense
Cambess) (MELO Jr. et al., 2012). Seu fruto, o pequi, muito apreciado na culinária por suas peculiaridades de
cor, aroma e sabor (ALVES et al., 2010), é, do ponto de vista econômico, o principal PFNM do Cerrado
(AFONSO; ÂNGELO, 2009). Embora o principal uso do pequi seja na culinária, sendo atualmente até produto
de exportação (RODRIGUES et al., 2015), outros usos também têm sido revelados em função de importantes
propriedades químicas de vários componentes do fruto.
Grande parte das espécies florestais com potencial não madeireiro apresenta padrão de distribuição
espacial agregado (FREITAS, 2001; RESENDE et al., 2003), como é o caso do pequi (BRUZINGA et al.,
2013). Para esse padrão de distribuição, os métodos tradicionais de amostragem, os quais distribuem as
unidades amostrais de forma aleatória ou uniforme, não são capazes de detectar os aglomerados da população
amostrada.
Para essas populações, a amostragem adaptativa cluster (AAC) seria uma opção viável, visto que
considera o padrão de distribuição agregado em seu processo de busca das unidades. O esquema AAC
(THOMPSON, 1990), parte do pressuposto que, se elementos da população agregada são encontrados em uma
unidade amostral, as unidades vizinhas também devem ser investigadas, pois, terão maior probabilidade de
possuírem elementos dessa mesma população. Uma adaptação desse método é a amostragem adaptativa cluster
com aspectos multivariados (AACM), na qual além da presença do indivíduo, é exigida a observação de outras
variáveis como condição para a investigação das unidades amostrais vizinhas (THOMPSON, 1990). Assim,
conhecendo a relação entre a produção não madeireira e as variáveis dendrométricas, pode-se incluir tais
variáveis na condição de inclusão da AACM para estimativa indireta da produção não madeireira.
Para o pequizeiro foi detectado que área da copa e diâmetro de fuste são altamente correlacionados com
a produção de frutos (BRUZINGA, 2017). Assim, diante do grande interesse em obter a produção de frutos de
pequizeiros, o objetivo desse estudo foi testar a AACM para quantificar a produção de frutos de pequi, sob a
hipótese de que tal método é eficiente e preciso para quantificar esse PFNM.

MATERIAIS E MÉTODOS

Descrição da área de estudo


A base de dados para o presente estudo foi coletada em 36,5 ha de cerrado sensu stricto, no Parque
Estadual do Rio Preto (PERP), que é uma Unidade de Conservação integral, localizada Município de São
Gonçalo do Rio Preto, em Minas Gerais.
Na área de estudo foi realizado o censo dos pequizeiros adultos (BRUZINGA et al., 2013), sendo
registrados 2.201 pequizeiros com diâmetro a 30 cm do solo (DAS) igual ou superior a 5 cm. Cada pequizeiro
teve as suas coordenadas UTM registradas e foram mensurados o DAS e a área da copa (GC), que foi obtida a
partir da fórmula da elipse. Os pequizeiros foram agrupados em classes de DAS de 5 cm e 10% dos indivíduos
de cada classe foram selecionados e tiveram seus frutos contabilizados em 2014 e 2015 para a modelagem da
produção (BRUZINGA, 2017).
Para estimativa da produção de frutos de todos os 2.201 pequizeiros, foi utilizada a seguinte equação
(BRUZINGA, 2017):
136,8507
̂𝑖 =
𝑃𝐹 (−0,1069∗𝐺𝐶𝑖 ) Equação (1)
1+(94,4456 )
̂ 𝑖 = produção de frutos do pequizeiro i; GCi = área da copa do pequizeiro i.
Em que: 𝑃𝐹

Análise dos dados


A área de estudo foi dividida em parcelas de 20 × 20 m no Arcgis 9.3. Informações do pequizeiro e
parcela a qual pertence foram exportadas para uma planilha de dados. Para simulação da AACM, foram
realizadas as buscas dos clusters, conforme descrito em Thompson (1990), ou seja, uma amostra aleatória inicial
é selecionada e uma condição de inclusão “C” é definida. Sempre que essa condição “C” for observada na
parcela i, as parcelas contíguas a ela (um lado em comum) também são amostradas, até que não seja mais
atendida a condição C nas unidades vizinhas, formando então um cluster para cada unidade aleatória inicial que
atendeu a condição de inclusão C.
Considerando que DAS e GC são as medidas dendrométricas mais correlacionadas com a produção de
frutos de pequi (BRUZINGA et al., 2017), essas variáveis foram usadas na condição C multivariada da AACM.
Quanto ao número de pequizeiros, será necessário ter no mínimo 2 indivíduos da espécie (a i) na parcela que
atendam cada condição C multivariada avaliada e a intensidade amostral inicial será de 2%.

52
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A variável contabilizada em cada parcela foi o total de frutos estimado pela Equação 1.
Considerando que a produção de pequi ocorre em árvores com GC > 0,4 m² (BRUZINGA, 2017) e que
99% dos indivíduos registrados no censo possuem GC < 40 m² (BRUZINGA et al., 2013), foram definidas 5
condições C de inclusão a serem testadas: C1 (ai = 2 e Gc ≥ 0,5 m²); C2 (ai = 2 e Gc ≥ 5,0 m²); C3 (ai = 2 e Gc ≥ 10
m²); C4 (ai = 2 e Gc ≥ 20 m²) e; C5 (ai = 2 e Gc ≥ 40 m²).
As estatísticas de precisão foram então obtidas em função da variável número de frutos. Para maior
confiabilidade da média e da variância, foram realizadas 30 simulações para cada uma das 5 condições C. A
média e a variância para cada uma das simulações foram obtidas pelo estimador de Hansen-Hurwitz modificado
(THOMPSON, 1990), ou seja:
̅𝑌𝐻𝐻 ′ = 1 ∑𝑛𝑖
𝑖=1 𝑤𝑖 (2)
𝑛𝑖

𝑁−𝑛𝑖
𝑆𝑌2̅ 𝐻𝐻′ = ∑𝑛𝑖 ̅
𝑖=1(𝑤𝑖 − 𝑌𝐻𝐻′ )
2
(3)
𝑁𝑛𝑖(𝑛𝑖−1)
Em que: 𝑌̅𝐻𝐻′ = estimador de Hansen-Hurwitz modificado para a média do número de frutos por
unidade de amostra; 𝑁 = número total de unidades de amostra na população; 𝑛𝑖 = número de unidades na
amostra inicial; 𝑦𝑖 = número de frutos de pequi na i-ésima unidade de amostra (i = 1, 2, 3, ... n); 𝑚1 = número
de unidades de amostra na rede em que a i-ésima unidade faz parte; 𝑆𝑌2̅𝐻𝐻′ = variância da média e wi = peso da
∑𝑚
𝑖=1 𝑦𝑖
rede formada em cada cluster, dado por 𝑤𝑖 = .
𝑚𝑖
Cada procedimento testado foi avaliado em função da precisão e da exatidão da média das 30
simulações realizadas. A precisão foi dada pelo erro amostral ao nível de 5% de significância e a exatidão pela
diferença relativa entre a produção total estimada pelo procedimento e a produção obtida no censo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
No ano de 2011, foi estimado uma produção total de 18.370 frutos de pequi na área, com base na
Equação 1, sendo essa produção usada como parâmetro populacional para os processos de amostragem
avaliados. Quanto mais restritivo o valor da condição C, ou seja, quanto maior a área da copa, menor foi o
tamanho das redes formadas (Tabela 1).

TABELA 1: Relação dos clusters formados para cada condição de inclusão (C1, C2, C3, C4 e C5).
TABLE 1: Relationship of clusters formed for each inclusion condition (C1, C2, C3, C4 and C5).
C1 C2 C3 C4 C5
Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi
1 219 1187 5 1 178 987 6 1 82 543 7 1 35 267 8 1 13 67 5
2 75 312 4 2 65 178 3 2 38 87 2 2 18 41 2 2 5 18 4
3 29 135 5 3 21 156 7 3 12 76 6 3 10 36 4 3 3 11 4
4 17 87 5 4 13 76 6 4 6 38 6 4 5 18 4 4 2 5 3
5 9 39 4 5 7 29 4 5 3 15 5 5 1 7 7 5 2 2 1
6 5 19 4 6 4 13 3 6 2 8 4 6 1 4 4 6 2 1 1
7 5 17 3 7 4 13 3 7 2 7 4 7 1 4 4 7 2 1 1
8 5 16 3 8 4 12 3 8 2 6 3 8 1 4 4 8 2 1 1
9 4 11 3 9 3 9 3 9 1 5 5 9 1 3 3 9 2 1 1
10 4 10 3 10 3 8 3 10 1 4 4 10 1 3 3 10 2 1 1
11 3 12 4 11 2 9 5 11 1 4 4 11 1 2 2 11 2 1 1
12 3 8 3 12 2 5 3 12 1 3 3 12 1 2 2
13 3 7 2 13 2 5 3 13 1 3 3 13 1 2 2
14 3 8 3 14 2 4 2 14 1 3 3 14 1 2 2
15 3 6 2 15 1 6 6 15 1 3 3 15 1 2 2
16 2 9 5 16 1 6 6 16 1 3 3 16 1 2 2
17 2 5 3 17 1 3 3 17 1 2 2 17 1 2 2
18 2 4 2 18 1 2 2 18 1 2 2 18 1 2 2
19 2 5 3 19 1 2 2 19 1 2 2 19 1 2 2
20 1 3 3 20 1 2 2 20 1 2 2
21 1 2 2 21 1 2 2 21 1 2 2
22 1 2 2 22 1 2 2 22 1 2 2
23 1 2 2 23 1 2 2 23 1 2 2
24 1 2 2 24 1 2 2
25 1 2 2 25 1 2 2
26 1 2 2 26 1 2 2

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
C1 C2 C3 C4 C5
Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi Cluster R. Σyi wi
27 1 2 2 27 1 2 2
28 1 2 2
29 1 2 2
30 1 2 2
31 1 2 2
32 1 2 2
33 1 2 2
34 1 2 2
Em que: R = Rede (número de parcelas presente na rede); Σyi = número de indivíduos na rede; e wi = peso da rede.

Dentro de cada cluster encontramos um conjunto de unidades amostrais, que chamamos de rede. Tais
unidades amostrais atenderam a condição de inclusão C, com a propriedade de que a seleção de uma unidade
dentro da rede levará à inclusão de todas as unidades dessa rede e das unidades de fronteira (REIS;
ASSUNÇÃO, 1998). Já a seleção de uma unidade de fronteira não resulta na inclusão de outras unidades. Desta
forma, o maior tamanho das redes formadas para as condições C’s menores pode gerar o inconveniente do
elevado esforço amostral, pois, a probabilidade de uma unidade inicial “cair” na rede do cluster 1 da condição
C1 a qual possui 219 parcelas, é alta.
Por outro lado, nas condições C’s com restrições muito altas, o C5 por exemplo, o número de clusters e
o tamanho das redes formadas foram baixos. Nessa situação a probabilidade das unidades iniciais não
interceptarem nenhuma rede, também é alta. Uma alternativa para contornar esse inconveniente seria o uso de
várias amostras iniciais na tentativa de alguma delas interceptar pelo menos uma rede, visto que a detecção dos
clusters implica em maior exatidão do procedimento (REIS; ASSUNÇÃO, 1998).
Nota-se que apesar da grande variação no tamanho das redes entre os diferentes valores de C, o peso das
mesmas não varia muito entre os procedimentos. O peso da rede do 1° cluster da condição C1, por exemplo, que
possui 219 parcelas, é igual ao peso da rede do 1° cluster da condição C5 que possui 13 parcelas (Tabela 1).
Como o peso da rede é usado no cálculo da média e da variância do estimador de Hansen-Hurwitz modificado, é
desejável que esse fenômeno ocorra.
A ocorrência desse fenômeno é importante porque na média calculada pelo estimador de Hansen-
Hurwitz modificado, o peso é usado uma vez para cada unidade da amostra inicial presente na rede, de modo
que, a probabilidade da rede do 1° cluster da condição C1 ter várias de suas parcelas selecionadas na amostra
inicial é maior que a do 1° cluster da condição C5. Isto significa dizer que, mesmo sendo semelhantes os pesos
das redes, seus tamanhos proporcionam probabilidades distintas das redes fazerem parte da amostra.
Procedemos então às 30 simulações de amostragem para cada procedimento (C1, C2, C3, C4 e C5).
Para cada simulação geramos um conjunto de 20 números aleatórios, que corresponde aos 2% de intensidade
amostral inicial, sendo os mesmos números para os 5 procedimentos.
A média das estimativas das 30 simulações (Tabela 2) para cada condição C, mostra que a relação
clássica entre precisão e intensidade amostral, ou seja, quanto maior a intensidade menor o erro (AVERY;
BURKHART, 1983), não se aplica na amostragem multivariada para quantificação de frutos. Quando se
trabalha com amostragem adaptativa tem-se como propósito “tirar vantagem” de características inerentes da
população, que estejam mais relacionadas com as variáveis de interesse (THOMPSON, 1996). Nesse sentido, ao
tentar encontrar uma relação que descreva de forma ótima para a variável de interesse da população (SMITH et
al., 2003), as relações de abundância de indivíduos nas unidades de amostras nem sempre refletem a abundância
da variável de interesse. Assim, destacamos o procedimento C3 como eficiente e preciso na estimativa da
produção de frutos de pequi.

TABELA 2. Média de 30 simulações de cada procedimento da AACM (C1, C2, C3, C4 e C5).
TABLE 2. Average of 30 simulations of each AACM procedure (C1, C2, C3, C4 and C5).
Condição C nf% ȲHHm S²ȲHHm SȲHHm ±E% PF est Li Ls PF obs Exa. %
C1 28,2 11,230 9,579 0,598 10,6 11050 9818 12282 18370 -39,85
C2 21,0 13,658 2,899 0,358 5,5 13439 12701 14177 18370 -26,84
C3 9,4 19,577 20,234 0,916 9,4 19264 17377 21150 18370 4,86
C4 7,3 23,714 28,834 1,099 9,3 23335 21072 25598 18370 27,03
C5 3,1 31,401 5,238 0,412 2,6 30899 30051 31747 18370 68,20
Em que: nf% = número final de unidades distintas na amostra, em porcentagem, em relação a área total; ȲHHm = estimativa
da produção média por parcela da rede; S²ȲHHm = variância; SȲHHm = variância da média; E% = erro em porcentagem; PF

54
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
est = produção total de frutos estimada; Li = limite de confiança inferior; Ls = limite de confiança superior; PF obs =
produção total de frutos observada; Exa. = exatidão da estimativa.

A condição de inclusão C3, apresentou erro de amostragem menor que 10% e exatidão menor que 5%.
Esses valores são extremamente baixos em se tratando de ambientes naturais (HUSCH et al., 1982). Como a
precisão apresentou valores baixos para as 30 simulações, o que se deve à natureza do estimador que utiliza o
peso das redes, acreditamos no potencial das amostragens adaptativas para quantificação de outros produtos da
floresta, desde que detectada a variável correlacionada com o produto de interesse. Indicamos então a AACM
com a condição C3 como um método promissor para a estimativa de frutos de pequi.

CONCLUSÕES

A amostragem adaptativa cluster multivariada, utilizando a condição de inclusão de 2 indivíduos com


copas ≥ 10 m², na média, é eficiente, precisa e exata na estimativa da produção de frutos de pequi.

AGRADECIMENTOS

À CAPES, ao Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais e à Secretaria de Estado de Ciência,


Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, pelo apoio no desenvolvimento do trabalho. À equipe e coleta
dos dados: Marcos Paulo, Petrônio Henrique, Herick, Pedro Henrique, Christiano, Geordani, Thiago e Sollano.

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55
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ANÁLISE DA SIMULAÇÃO DE CENÁRIOS EM FLORESTAS SECAS – PERNAMBUCO, BRASIL

SIMULATION ANALYSIS IN DRY FORESTS SCENERY PERNAMBUCO, BRAZIL

José Jorge Monteiro Junior1 Emanuel Araújo Silva Anderson Silva de Almeida
Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira Rute Berger

RESUMO

A caatinga é o domínio fitogeográfico no qual está inserida a zona de carvoejamento, área que é conhecida pela
extração madeireira sem nenhum trato de manejo florestal sustentável. Sob este ponto de vista, é escopo deste
trabalho, quantificar e simular a cobertura florestal na área de estudo, por meio de mapas temáticos, apontar
possíveis causas e sugerir soluções que minimizem a exploração irracional da região. Para isso foram utilizadas
imagens do satélite LANDSAT 8 adquiridas gratuitamente via serviço geológico americano e manipuladas em
softwares de mapeamento e análises, após, foram inseridas em algoritmos de modelagem dinâmica espacial no
aplicativo DINAMICA EGO. A classe temática florestal no comparativo dos anos 201 - 2016 diminuiu 27,96%
ao contrário dos mapas simulados para 2017 - 2020 onde a classe florestal obteve uma recuperação de 7,%.
Visando subsidiar políticas públicas de monitoramento e fiscalização na área, esta pesquisa pode auxiliar a
preservar as áreas de regeneração do bioma caatinga.
Palavras-chave: modelagem dinâmica; semiárido; nordeste brasileiro; mensuração florestal

ABSTRACT

The caatinga is the phytogeographic domain in which the zone of carbonization is inserted, an area that is
known for the logging without any treatment of sustainable forest management. From this point of view, it is the
scope of this writing, to quantify the resourcefulness of the forest cover in the study area, through thematic
maps; identify possible causes and suggest solutions that minimize the irrational exploitation of the region. For
this purpose, images from the LANDSAT 8 satellite were acquired free of charge via the United States
Geological Service - USGS. and manipulated in mapping and analysis software thereafter, were inserted into
spatial dynamical modeling algorithms in the DINAMICA EGO application. The forest-related class for the
years 201 to 2016 decreased by 27.96% as opposed to the simulated maps for 2017-2020 where the forest class
achieved a recovery of 7.%. aiming to subsidize public policies of monitoring and control in the area, this
research can help to preserve the regeneration areas of the caatinga biome.
Keywords: dynamic modeling; semiarid environment; brazilian northeast; forest measurement

INTRODUÇÃO

A caatinga é uma região ecológica bem reconhecida que se encontra no interior semiárido do nordeste
do Brasil e que cobre 912.529 km². O semiárido é conhecido por sua significativa degradação ambiental
resultando em baixos níveis de produção pecuária, alto risco de desertificação e desaparecimento da fauna e
flora (FIGUEIREDO; ARAÚJO; LÚCIO, 2017). O termo caatinga refere-se principalmente a uma floresta
tropical sazonalmente seca (FTSS) que apresenta um mosaico de diferentes fisionomias. É uma região
heterogênea que pode ser dividida em nove ecorregiões. Em 2010, abrigava 28,6 milhões de pessoas. A região
tem uma economia baseada principalmente em serviços públicos e seus indicadores de desenvolvimento
humano são os mais baixos no Brasil (SILVA; BARBOSA; LEAL, 2018).
A lenha e carvão são os principais produtos oriundos da Caatinga, mas a obtenção dessas fontes
energéticas está longe de ser sustentável. O desmatamento origina em torno de 80% desses produtos florestais
no Nordeste (GARIGLIO, 2010).
Sob este ponto de vista, Sá et al. (200) delimitaram como uma das áreas prioritárias de conservação da
Caatinga, a área de carvoejamento, visando o seu uso sustentável devido à existência de uma exploração
irracional da vegetação nativa para a produção de carvão vegetal, e também, indica o manejo visando impedir a
retirada predatória.
O Manejo Florestal Sustentável (MFS), é a ideia que tem por objetivo desenvolver uma melhor relação
homem-natureza apoiando-se em técnicas onde possam ser associadas à conservação ambiental e o uso

1
Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail:
josejorgemonteirojunior@gmail.com

56
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
sustentável dos recursos naturais, que conforme Lima (2008), representa o agrupamento de ações e intervenções
planejadas, adequada às conjunturas das florestas e aos propósitos econômicos e sociais de sua aplicação,
proporcionando o uso em regime de produtividade sustentável, mantendo a capacidade produtiva (lucros) e a
heterogeneidade biológica, caracterizando-se por conduzir um núcleo florestal para um objetivo acordado
previamente, aproveitando em absoluto os recursos básicos disponíveis no solo (ANDRADE, 2017).
Uma das técnicas de mensuração florestal é o sensoriamento remoto, que ao longo do tempo tem se
destacado em diversas atividades na Engenharia Florestal, pois é uma ferramenta que, com o uso da modelagem
e do geoprocessamento, potencializa os resultados de maneira rápida, econômica e em larga escala.
Sob este ponto de vista, é escopo deste trabalho, quantificar e simular a cobertura florestal na área de
estudo, onde por meio de mapas temáticos, sejam apontados possíveis causas e sugeridas soluções que
minimizem a exploração irracional da região.

MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo está localizada entre as mesorregiões do Agreste, São Francisco e Sertão
pernambucano (9º 09' 6.24" N; 5º 1' 54.84'' W; 7º25'9.84'' E; 9º0'10.08''S), onde estão inseridas as cidades de
Arcoverde, Buíque, Tupanatinga, Calumbi, Flores, Betânia, Serra Talhada, Ibimirim, Floresta, Sertânia e
Custódia. Apresenta vegetação composta por Caatinga Hiperxerófila com trechos de floresta caducifólia. O
clima tem sua tipologia dada como Tropical Semiárido, É classificado segundo Köppen como Bsh’ com chuvas
entre os meses de novembro a abril, precipitação média anual de 41,8 mm e temperatura média anual de 24,7
ºC, o mês mais quente apresenta ,9 ºC e o mês mais frio 18, ºC (CPRM, 2005).
Antes de formar o banco de dados geográficos referente ao estudo foram definidos os períodos da
pesquisa de acordo com sua disponibilidade e qualidade das imagens. Para a execução deste trabalho, foram
utilizadas imagens de diferentes datas do satélite LANDSAT 8 sensor OLI (Operational Land Imager) obtidas
de forma gratuita no portal do United States Geological Survey, disponível em <www.earthexplorer.usgs.gov>.
Foram utilizadas quatro cenas (Órbitas – 215 e 216; Ponto – 65 e 66) que recobrem toda a extensão da área de
estudo nos anos de 201, 2016 e 2017.
As imagens foram adquiridas em formato geotiff previamente georreferenciadas e os metadados das
imagens foram importados para o software de manipulação de imagens. Foi realizado o mosaico das imagens e
posteriormente recortado dentro do limite da área de estudo. Foi efetuado o contraste linear nas imagens, para
melhoria da sua qualidade. A partir deste momento, foi executada a aquisição de amostras do uso e cobertura da
terra, e definida a “classe florestal”, correspondente ao remanescente de vegetação nativa.
Realizou-se o procedimento de tabulação cruzada entre os mapeamentos temáticos derivados das
classificações das imagens de 201, 2016 e 2017 a fim de identificar as transições de uso e cobertura da classe
florestal, sendo que o mapa mais recente (2017) foi ajustado considerando apenas as permanências e transições
de degradação.
Além da metodologia (técnicas de modelagem dinâmica espacial realizadas no software DINAMICA
EGO .0.17 – UFMG) proposta por Kawashima et al. (2015), Silva (2015) e Tramontina (2016).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na classificação de imagens do LANDSAT 8, foi possível quantificar o uso e cobertura
florestal da Zona de Carvoejamento, de modo que nos anos de 201 e 2016 (figura 1) é possível observar o
decréscimo da classe florestal.
A classe florestal obteve, em relação ponto pixel por hectare/mapa, no decorrer de três anos, um
decréscimo de 27,96%. Isso é dado devido aos potenciais forrageiro, medicinal, faunístico e madeireiro,
tornando-se uma região atrativa aos extrativistas (DRUMOND et al, 2000).
Além destes, Drumond et al (2000), apontam que existem problemas associados a desertificação e
exploração irracional dos produtos florestais madeireiros e não madeireiros, sem plano de manejo florestal
sustentável na área, dentre eles são destacados: A falta do desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais
responsáveis, na região semiárida do nordeste, que apresentem lapso de práticas no segmento florestal, o que
leva à falta de saber sobre benefícios dos mesmos; O ensino e as técnicas estão focados no monocultivo; A
insuficiência de pesquisas que estimem e instruam as melhores alternativas agroflorestais, por zona
agroecológica; Questões ligadas a moldagem da oferta de matéria-prima florestal e a compensação obrigatória,
acarretando uma superexploração da vegetação local (manejo impróprio); Não cumprimento da legislação
nacional sobre o assunto de consumo de lenha/reposição; Não supervisionamento fiscal junto às indústrias de
transformação, por parte do governo.

57
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURE 1 - Mapas de uso e cobertura florestal na área de estudo; anos (201 e 2016).
FIGURE 1 - Forest cover and use maps to the studied area; (201 and 2016).

Tais pontos expostos pelo autor, ocasionam a diminuição da variedade biológica, erosão genética de
espécies vegetais, erosão do solo e até êxodo rural.
A figura 2 representa prospecções feitas para o período de 2017 até 2020 com mapas simulados através
do aplicativo DINAMICA EGO .0.17. A classe florestal nos anos apresentados, mostra uma tendência de
crescimento e também pode ser observado na tabela 1.

TABELA 1 - Demonstrativo simulado de crescimento da classe floresta na área de estudo em 4 anos.


TABLE 1 - Simulated forest class growth in the study area in 4 years.
Classe 2017 2018 2019 2020
Florestal (Ponto
Pixel por hectare/ 284.592 294.810 02.109 07.1
mapa

Há um acréscimo na cobertura florestal de 7,%. Isso é possível pois, outras classes como agropecuária e
solo exposto, tenham se mantido estáticas dado a crise hídrica (SILVA et al, 2017) e econômica (GOMES,
2017), possibilitando assim, o desenvolvimento crescente da camada florestal da localidade.
Soluções propostas como alternativas para minimizar o uso inconsciente e não sustentável podem ser:
delimitar regiões com prioridade de reposição florestal, em função das indústrias presentes, de ascensão, de
desmatamento, ou de áreas em processo de desertificação (LIMA et al., 2018).
Podem ainda ser, de organizar as normas de reflorestamento, permitindo ao reflorestador, padrões que
indiquem um melhor manejo das espécies. Além, de execução das exigências de encontros, reuniões e relatórios
de avaliações de impactos ambientais (EIA/RIMA), para todas as concepções de desenvolvimento agrícola
(ALMEIDA; MONTAÑO, 2017).

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2 - Mapas de uso e cobertura florestal simulados para os anos de 2017, 2018, 2019 e 2020
FIGURE 2 - Simulated forest cover and use maps for the years of 2017, 2018, 2019 and 2020

CONCLUSÃO

O uso do Sensoriamento Remoto e técnicas de modelagem são ferramentas eficientes para mensurar e
simular os cenários da floresta seca na zona de carvoejamento em Pernambuco, Brasil.
A cobertura florestal da zona de carvoejamento foi reduzida nos anos de 201 a 2016, em contrapartida,
devido a fatores econômicos que estancam a busca por madeira para carvão, há uma tendência que até 2020
haja o aumento das áreas de floresta.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq, CAPES e à UFRPE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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assentamentos rurais no estado do Piauí. 2017. 154 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doutorado em
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ALMEIDA, M. R. R.; MONTAÑO, M. THE EFFECTIVENESS OF ENVIRONMENTAL IMPACT
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59
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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60
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ANÁLISE DESCRITIVA DE Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger PARA LICENCIAMENTO
AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA, Campus SÃO GABRIEL

DESCRIPTIVE ANALYSIS OF Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger FOR ENVIRONMENTAL
LICENSING AT THE FEDERAL UNIVERSITY OF PAMPA, CAMPUS SÃO GABRIEL

Maiquel Ivo Pfeifer1 Matheus Teixeira Martins Paula Campos Bruna Denardin da Silveira
Cibele Rosa Gracioli5

RESUMO

Este trabalho consiste em uma análise descritiva objetivando a caracterização e avaliação da distribuição de
indivíduos de Vachellia caven presentes na Unipampa (Universidade Federal do Pampa), campus São Gabriel, a
fim de realizar o licenciamento para manejo e supressão dos indivíduos para instalação de experimentos
florestais mais homogêneos para estudos científicos dos discentes e docentes de todos os cursos presentes no
recinto, onde encontra-se deficiência na área para aplicação e aprimoramento dos conteúdos trabalhados
teoricamente em sala.
Palavras-chave: licenciamento ambiental; espécie nativa; supressão vegetal; manejo florestal.

ABSTRACT

This work consists of a descriptive analysis aiming at the characterization and evaluation of the distribution of
Vachellia caven individuals present at Unipampa (Federal University of Pampa), São Gabriel campus, in order
to carry out the licensing for handling and suppression of individuals for the installation of forest experiments
more homogeneous for scientific studies of the students and teachers of all the courses present in the room,
where there is a deficiency in the area for application and improvement of the contents theoretically worked in
the room.
Keywords: environmental licensing; native species; vegetal supression; forest management.

INTRODUÇÃO

O licenciamento é uma ferramenta de gestão da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 698/81) que
objetiva preservar, melhorar e recuperar as condições ambientais favoráveis à vida, buscando garantir condições
de desenvolvimento socioeconômico (BRASIL, 1981). Assim, pode-se afirmar que o licenciamento ambiental é
uma ação administrativa na qual o órgão ambiental responsável (federal, estadual ou municipal) licencia locais,
instalações, ampliações e operações de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos naturais e
ambientais consideradas com capacidade poluente ou que possam proporcionar degradação ambiental (FEPAM,
2016).
Segundo o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(2018), através do licenciamento o governo exerce o controle necessário sobre as atividades que causam
interferência no ambiente, visando gerenciar e garantir a sustentabilidade dos ecossistemas, conciliando as
atividades de desenvolvimento econômico e o uso dos recursos naturais e ambientais, apoiando-se em
instrumentos gestores como zoneamentos e planos de manejo, visando uma maior efetividade na sua proteção.
As instituições de ensino, em especial as universidades, possuem a missão de disseminar conhecimento,
promovendo a educação. Assim, é fundamental que essas organizações cumpram a legislação e fomentem as
comunidades onde estão inseridas para fazerem o mesmo. Nesse contexto, um grupo de acadêmicos, professores
e técnicos da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus São Gabriel, com o intuito de instalar
experimentos em uma área desta instituição, busca seguir a legislação ambiental vigente.
O local destinado a pesquisa e atividades didáticas no campus da Universidade possui indivíduos de
Vachellia caven, conhecido popularmente como espinilho. Conforme o DECRETO Nº 52.41, Art.10, inciso III
para supressão dessa espécie, com altura inferior a três metros, dispensa-se o licenciamento, já acima desse
valor é essencial o projeto técnico para manejo de vegetação nativa. Sendo assim, todos os indivíduos presentes
na área necessitam ser mensurados para verificação de seu porte e obtenção da licença do órgão ambiental
responsável, para, desta forma, tornar possível a implantação dos experimentos.

Graduando em Engenharia Florestal na Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel, Av. Antônio Trilha, 1847,
1

CEP 97300-000, São Gabriel (RS), Brasil. E-mail: maiquelpffr@gmail.com

61
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Portanto, objetivo do presente trabalho foi caracterizar e avaliar a distribuição de indivíduos de
Vachellia caven presentes na Universidade Federal do Pampa, campus São Gabriel, para obtenção de licença
ambiental.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado no campus da Universidade Federal do Pampa, no município de São Gabriel,
localizado na Campanha Gaúcha do estado do Rio Grande do Sul, com as coordenadas geográficas 0° 20’ 09” S
e 54° 19' 12"O e altitude de 114m. O local do estudo se encontra sob o domínio do Bioma Pampa (IBGE, 2004).
O município apresenta clima do tipo Cfa, de acordo com a classificação de Köppen, com uma precipitação total
média anual de 1424 mm e temperatura média anual de 19,5 ºC (MATZENAUER et al., 2011).
A coleta dos dados consistiu em um censo dos indivíduos presentes em uma área de 1,5 hectares, que
está em processo de licença para implantação de um talhão de Eucalyptus spp. para fins didáticos. Foram
medidos 21 indivíduos de Vachellia caven com altura superior a metros. As variáveis circunferência a altura do
peito (CAP) e altura foram mensuradas, respectivamente, com o auxílio de uma fita diamétrica e clinômetro
Haglöf e uma mira-falante (usada na topografia em levantamentos altimétricos para maior rapidez e agilidade no
procedimento de coleta). Em um primeiro momento, as alturas das árvores eram comparadas com a mira-
falante, fixada em três metros, caso essa altura fosse maior utilizava-se então o clinômetro, na qual eram feitas
três medidas e uma média entre elas, definindo a altura total do indivíduo. Posteriormente, as circunferências
foram transformadas em diâmetro.
Para a análise descritiva foram calculados área basal média, altura média, diâmetro médio aritmético e
diâmetro médio quadrático, realizados no software Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados das médias de altura, área basal, diâmetro médio aritmético e quadrático e número de
indivíduos de Vachellia caven presentes na área do estudo estão descritos na Tabela 1.

TABELA 1: Dados médios de indivíduos de Vachellia caven presentes na Universidade Federal do Pampa,
campus São Gabriel, RS.
TABLE 1: Mean data of individuals present in the area of the Federal University of Pampa, Campus São
Gabriel, RS.
Número de indivíduos 21
Área basal média (m²) 0,008
Altura média (m) ,8
Diâmetro médio aritmético (cm) 6,40
Diâmetro médio quadrático (cm) 6,98

Conforme Tabela 1, a área é composta por 21 indivíduos de Vachellia caven, na qual foi encontrada
uma área basal média de 0,008 m², que apresentou o maior valor de 0,020 m² e o menor de 0,0015 m². Além
disso, analisou-se os diâmetros médios, onde a média aritmética obteve um resultado de 0,58 cm menor que o
quadrático. Dos dados mensurados o menor diâmetro foi de 2,74 cm e o maior de 17,1 cm, sendo 20 indivíduos
bifurcados. Já, a altura média das árvores foi de ,8 metros, possuindo a mais alta 6,40 m, com fuste único, e a
menor ,05 m, valores que são coerentes com os descritos por Lorenzi (1998), o qual caracteriza a espécie com
altura variando entre quatro e sete metros. A amplitude dos dados coletados deve-se, possivelmente, a diferença
de idade e localização dispersados indivíduos, os quais concentram-se um pouco mais na região próxima a área
mais úmida do campus, demonstrando que seu crescimento varia com as diferentes condições do sítio onde se
encontram.
Com base nos resultados obtidos e na afirmação de Marchiori (1992), que define o espinilho como uma
das espécies mais características da campanha sul-riograndense, sendo muito conhecido pela facilidade na sua
propagação, acredita-se que a legislação será cumprida facilmente através da elaboração do projeto técnico para
manejo de vegetação nativa.

CONCLUSÃO

Os indivíduos de Vachellia caven possuem distribuição aleatória na área estudada, com porte que varia
entre três e sete metros de altura e fustes bifucardos.

62
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 6.98, de 1 de Agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
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FEPAM, Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler. Guia Básico para o
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http://www.fepam.rs.gov.br/licenciamento/documentos/Guia_Basico_Lic.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Mapa da vegetação do Brasil e
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em: 07 jul. 2018.
IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Licenciamento
ambiental. Disponível em: < http://www.ibama.gov.br/perguntas-frequentes/licenciamento-ambiental>. Acesso
em: 08 jul. 2018.
LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas do Brasil. 2ª
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MARCHIORI, J. N. C. Anatomia da madeira e casca do Espinilho - Acacia caven (Mol.) Mol. Ciência
Florestal, Santa Maria, v. 2, n. 1, p.27-47, 1992.
MATZENAUER, R. et al. Atlas Climático: Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura
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RIO GRANDE DO SUL. ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. DECRETO Nº 52.41, DE 2 DE JUNHO DE 2015.
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Acesso em: 10 jul. 2018.

63
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ANÁLISE DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CIPÓ TITICA (Heteropsis spp. Kunth)
NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS

ANALYSIS OF THE SPACE DISTRIBUTION PATTERN OF TITICA VINE (Heteropsis spp. Kunth) IN
THE NATIONAL FOREST OF TAPAJÓS

Lizandra Elizeário dos Santos1 Andrea Araújo da Silva Talita Godinho Bezerra Brenda Letícia Rodrigues
João Ricardo Vasconcellos Gama Marcela Gomes da Silva

RESUMO

A demanda por produtos feitos a partir do Heteropsis spp. Kunth, cipó titica, vem aumentando nos últimos anos.
Porém, é necessário cuidados para não comprometer o desenvolvimento da espécie, para isso informações
referente a ecologia da população, como a distribuição espacial, são importantes para subsidiar a criação de
instrumentos legais para o manejo da espécie. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi avaliar o padrão de
distribuição espacial do cipó titica, utilizando a função K de Ripley na Floresta Nacional do Tapajós (FLONA
do Tapajós). Para avaliação estrutural espacial, foram selecionadas duas Unidades de Trabalho (UTs 3 e 15), da
Unidade de Produção Anual (UPA 11). A UT 3 tem dimensão de 1.000 m x 1.000 m e a UT 15 com 1.000 m x
1.250 m. Cada UT é dividida em quadras de 250 m x 250 m. Foram registradas as coordenadas geográficas das
árvores hospedeiras de cipó titica, indivíduos com DAP ≥ 10 cm. Em cada UT foi testada a Completa
Aleatoriedade Espacial, por meio da função K de Ripley. Foram identificadas 337 árvores como hospedeiras de
cipó titica, com densidade média de 1,65 árv.ha-1, distribuídas em 88 espécies, pertencentes a 35 famílias. Na
UT 3 a população de cipó titica apresentou distribuição espacial agregada, apesar de nos pontos de distância de
150 m e 450 m ter uma pequena tendência para aleatoriedade. E, na UT 15, a distribuição espacial manteve-se
agregada até 350 m de distância, a partir desse ponto mudou para aleatória. Portanto, nota-se que o padrão de
distribuição espacial do cipó titica tende a ser agregado.
Palavras-chave: produto florestal não madeireiro; extrativismo; unidade de conservação; Amazônia.

ABSTRACT

The demand for products made from Heteropsis spp. Kunth, titica vine, has been increasing in recent years.
However, it is necessary to care not to compromise the development of the species, for this information
regarding population ecology, such as spatial distribution, are important to subsidize the creation of legal
instruments for the management of the species. Thus, the objective of the present study was to evaluate the
spatial distribution pattern of the titica vine, using the Ripley K function in the Tapajós National Forest
(FLONA do Tapajós). For the spatial structural evaluation, two Work Units (UTs 3 and 15) of the Annual
Production Unit (UPA 11) were selected. The UT 3 has a dimension of 1,000 m x 1,000 m and the UT 15 with
1,000 m x 1,250 m. Each UT is divided into blocks of 250 m x 250 m. Geographic coordinates of host trees of
titica vine were recorded, individuals with DAP ≥ 10 cm. In each UT, the Complete Spatial Randomness was
tested, using Ripley's K function. A total of 337 trees were identified as titica vine. with a mean density of 1.65
tree.ha-1, distributed in 88 species belonging to 35 families. In the UT 3, the population of titica vine showed
aggregate spatial distribution, although in the distance points of 150 m and 450 m have a small tendency to
randomness. And in UT 15, the spatial distribution remained aggregated up to 350 m away, from that point
changed to random. Therefore, it is noted that the spatial distribution pattern of the titica vine tends to be
aggregated.
Keywords: non-timber forest product; extractivism; conservation unit; Amazon.

INTRODUÇÃO

Heteropsis spp. Kunth, popularmente conhecido como cipó titica, é um produto florestal não
madeireiro, considerada uma hemiepífita secundária, visto que não cresce distante do solo, além de não
apresentar adaptações para economizar água ou captar nutrientes, como as verdadeiras epífitas (SCIPIONI et al.,
2012).

1
Engenheira Florestal, Mestranda em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural da Amazônia, Av. Presidente
Tancredo Neves, 2501, Terra Firme, CEP 66.077-830, Belém (PA), Brasil. E-mail: lizandraeliziari@hotmail.com

64
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O cipó titica germina no solo e quando atinge o estágio juvenil emite raízes grampiformes, que aderem
sobre as árvores hospedeiras ou forófitos, até alcançarem um ponto do fuste ou da copa com uma incidência de
luz que seja suficiente para o seu desenvolvimento. Ao chegar na fase adulta emitem raízes absorvedoras ou
alimentadoras até o solo, livres ou aderias ao fuste, que serão responsáveis por fazer o transporte de água e
nutrientes para a “planta mãe” (PLOWDEN et al., 2003, GONÇALVES e LORENZI, 2007).
É através das raízes alimentadoras do cipó titica que são confeccionados utensílios domésticos e
artesanatos, os quais são bem aceitos para a comercialização em feiras e indústrias de móveis rústicos dos
grandes centros de artesanatos (WALLACE et al., 2005).
A demanda por produtos de cipó titica veem aumentando. Nos mercados do Distrito Florestal
Sustentável da BR-163, localizados no oeste do Pará, o cipó titica foi a única espécie, dentre as fibrosas, que
esteve presente em todos os municípios, apresentando-se na forma de utensílios domésticos, como bandejas,
cestas e vassouras (SANTOS et al., 2016).
Porém, essa evolução do comércio de produtos feitos a partir do cipó titica ocorre de maneira
desordenada, o que pode comprometer a perpetuação da espécie. De acordo com a lista vermelha de espécies
ameaçadas de extinção, elaborada pelo Centro Nacional de Conservação da Flora, o cipó titica está classificado
como vulnerável, pois houve uma redução populacional devido ao extrativismo, principalmente porque o difícil
acesso as áreas de coleta, leva a extração de raízes de indivíduos jovens (CNCFlora, 2012).
Portanto, algumas unidades de conservação classificaram a espécie como protegida (CNCFlora, 2012).
Entretanto, na Floresta Nacional do Tapajós (FLONA do Tapajós), estudos referentes a essa espécie ainda são
incipientes, sendo necessário informações referentes à ecologia e estabelecimento do cipó em árvores
hospedeiras para definição de parâmetros de manejo e conservação em ambientes naturais (BENTES-GAMA et
al., 2007).
A distribuição espacial é uma ferramenta importante para determinar como os indivíduos encontram-se
na floresta, que pode auxiliar em tomadas de decisões, à exemplo de instrumentos legais para o manejo da
espécie. De acordo com Odum (1986), a distribuição espacial de uma população na floresta pode ser
representada de três maneiras: aleatória – quando a posição do indivíduo não é influenciada por outros
indivíduos, sendo possível encontrar em qualquer ponto da área; agregada – os indivíduos tendem a ocorrer em
grupos, portanto, sua presença é influenciada pelos demais indivíduos da área e regular – a distância é
equivalente entre os indivíduos e, a presença exime a presença do outro.
Existem vários métodos de determinar a distribuição espacial da população na floresta, contudo, é
indicado a utilização da função K de Ripley, por ser uma ferramenta estatística que leva em consideração o
número médio de árvore ao redor de cada uma das diferentes árvores em função da distância, permitindo
caracterizar o padrão espacial em diferentes escalas, principalmente quando os dados forem expressos em mapas
de vegetação (VIEIRA, 2015).
Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o padrão de distribuição espacial do cipó titica,
utilizando a função K de Ripley na FLONA do Tapajós.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


O estudo foi realizado na Área de Manejo Florestal (AMF) que está sob administração da Cooperativa
Mista da FLONA do Tapajós (COOMFLONA), na FLONA do Tapajós, km 117 (03º 20’ 57,54” S e 55º 01’
50,62’’ W) da Rodovia BR 163 (Santarém-Cuiabá). A FLONA do Tapajós é uma Unidade de Conservação
(UC) federal de uso sustentável, localizada na região oeste do Pará, que abrange os municípios de Belterra,
Rurópolis e Placas, com uma área de aproximadamente 527.000 hectares, constituída por 25 comunidades
(ICMBio, 2016).
O clima na FLONA do Tapajós é classificado como Am no sistema Köppen Geiger, ou seja, tropical
úmido com variação térmica anual inferior a 5ºC, apresentando temperatura média anual de 25,5ºC, umidade
relativa média do ar de 88% e precipitação pluviométrica anual média de 1.820 mm (IBAMA, 2004). O solo
predominante é o Latossolo Amarelo Distrófico, com diferentes texturas, geralmente profundo, ácido, friável,
além de algumas manchas de solo arenoso (ESPÍRITO SANTO et al., 2005). A vegetação é classificada como
Floresta Ombrófila Densa, com predominância de árvores de grande porte e abundância de cipós lenhosos,
palmeiras e epífitas (IBGE, 2012).

Coleta de dados
Para avaliação estrutural espacial, foram selecionadas duas Unidades de Trabalho (UTs 3 e 15), da
Unidade de Produção Anual (UPA 11), manejada em 2016. A UT 3 tem dimensão de 1.000 m x 1.000 m,

65
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
apresenta solo argiloso, teve 2.204,37 m³ de madeira colhida. A UT 15 com 1.000 m x 1.250 m, apresenta solo
arenoso, teve 1.578,50 m³ de madeira extraída. Cada UT é dividida em quadras de 250 m x 250 m, sendo estas
as unidades amostrais.
Foram percorridas 14 quadras na UT 3 (87,5 ha) e 19 quadras na UT 15 (118,75 ha), totalizando 33
quadras que abrangeram 206,25 ha de amostra, a fim de inventariar as árvores hospedeiras de cipó titica,
indivíduos com DAP ≥ 10 cm, em que registrou-se as coordenadas geográficas, as quais foram consideradas
como um evento dentro de cada UT.

Análise de dados
As árvores hospedeiras de cipó titica foram identificadas em campo pelo nome regional por um
parabotânico experiente e que participa do inventário anual realizado pela COOMFLONA. O sistema de
classificação taxonômica adotado foi Angiosperm Phylogeny Group - APG III (APG, 2009). Os autores das
espécies foram confirmados no banco de dados do Missouri Botanical Garden (MOBOT, 2017). Foram
contabilizadas todas as árvores hospedeiras e agrupadas de acordo com as suas famílias botânicas.
A determinação do padrão espacial de cipó titica foi feito a partir da aplicação da função K de Ripley,
pois é uma ferramenta estatística eficiente em estudos de ecologia de população, que considera diferentes
escalas de distâncias simultaneamente, além do princípio isotrópico de bordadura (RIPLEY, 1981; SILVA,
2015).
n n
̂ (h) = n
K −2 |R|
∑ ∑ Ws −1 Ih (X i − X j );
i=1 j=1
Para i ≠ J e h > 0
Em que: Ih (Xi - Xj) = função indicadora definida como sendo 1 se (Xi - Xj) ≤ h e 0 caso contrário; Ws (Xi - Xj) =
função peso para a correção de borda; n é o número de eventos dentro da parcela; R é a área da parcela; h é o
raio de avaliação do padrão de distribuição espacial, de 498 m para a UT 3 e 630m para a UT 15, por ser a
metade aproximada do maior eixo longitudinal das áreas de estudo.
Através de 99 simulações Monte Carlo foram definidos os envelopes de confiança, com probabilidade
de 99%, que indica a aceitação da hipótese do padrão espacialmente aleatório. Os extremos dos envelopes são
representados pela amplitude dos valores de K, oriundos das simulações para cada distância S. Para simplificar
a análise, os valores da função K foram transformados para L̂ (S), em que os eixos das abscissas corresponde as
distâncias e as ordenadas os valores transformados da função K (RIPLEY, 1979).
𝐾̂𝑠
̂L (S) = √ −𝑠
𝜋
A hipótese nula na função K de Ripley é a de Completa Aleatoriedade Espacial (CAE), caso a hipótese
seja refutada existe duas opções: agregação ou uniformidade, quando os valores estiverem fora dos envelopes.
Os limites do envelope de confiança são identificados pelas linhas pontilhadas, sendo uma positiva e outra
negativa. O valor de K é identificado pela linha contínua, quando ela estiver acima da linha superior do
envelope de confiança, determina a distribuição agregada, no interior do envelope, significa padrão aleatório e
abaixo da linha inferior corresponde a distribuição uniforme (VIEIRA, 2015).
A análise estatística foi realizada no R versão 3.1.2 (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2014), sendo a
função K univariada estimada através do pacote Splancs (ROWLINGSON e DIGGLE, 2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificadas 337 árvores como hospedeiras de cipó titica, com densidade de 0,2 a 3,8 árv.ha -1
(média de 1,65 árv.ha-1), distribuídas em 88 espécies, pertencentes a 35 famílias.
Nota-se que na área de estudo do presente trabalho houve uma baixa ocorrência de cipó titica, quando
compara-se a outros locais onde já foram feitos inventários semelhantes (PLOWDEN et al., 2003; BENTES-
GAMA et al., 2013; KLAUBERG et al., 2016). Para áreas maiores, semelhante a do presente trabalho, percebe-
se a redução na densidade de hospedeiras de cipó titica, como observado no Parque Nacional do Jaú-AM, em
que foram encontrados de 1 a 5 árv.ha-1 com cipó titica (DURIGAN, 1998).
Com relação a distribuição espacial do cipó titica, observa-se na Figura 1 a distribuição e a análise
espacial da planta. No primeiro gráfico, UT 3, a população de cipó titica apresentou uma distribuição espacial
agregada, apesar de nos pontos de distância de 150 m e 450 m ter uma pequena tendência para aleatoriedade. Na
UT 15, a distribuição espacial manteve-se agregada até 350 m de distância, a partir desse ponto mudou para
aleatória.

66
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Padrão de distribuição espacial do cipó titica nas Unidades de Trabalho (UT 3 e 15) da UPA 11,
Floresta Nacional do Tapajós, Pará.
FIGURE 1: Spatial distribution pattern of the titica vine in the Work Units (UT 3 and 15) of UPA 11, Tapajós
National Forest, Pará.

A diferença de distribuição espacial nas duas áreas possivelmente ocorre, devido ao maior número de
árvores hospedeiras na UT 15 (n = 225), e por apresentar uma maior extensão que a UT3. Outro fator que pode
ter levado o cipó titica expor os dois tipos de distribuição espacial, é não ter preferência por uma determinada
espécie hospedeira, sendo uma gama de espécie com distintas formas de distribuição na área (KNAB-VISPO,
2003).
Silva (2015) afirma que o padrão de distribuição espacial de uma população pode ser afetado por fatores
intrínsecos à espécie (reprodutivo, social, coativo) e extrínsecos (forças ambientais externas: vento, intensidade
luminosa, condições edáficas). Foi observado em campo, que a UT 3 apresenta solo argiloso e a UT 15 arenoso,
entretanto, necessita de maiores estudos, como análise do solo, para saber se essa variável ambiental está
influenciando a distribuição espacial do cipó titica.
Predominou o tipo de distribuição espacial agregado para a espécie em questão, o modo de dispersão
das sementes é um indicativo para esse comportamento. Conforme Antonini e Nunes-Freitas (2004), espécies
que tem sua dispersão feita por animais geralmente apresenta-se de forma agregada na floresta e, nesse caso, o
cipó titica tem sua dispersão realizada por aves e macacos (MORAIS, 2008).
Coletores que fazem a extração do cipó titica no Amapá relatam que não existe um padrão de
distribuição espacial, em algumas áreas os indivíduos estão dispersos e em outras apresentam alta concentração
(FERREIRA e BENTES-GAMA, 2005). Essa informação provém do conhecimento empírico de populações
tradicionais, o qual tem grande valia para auxiliar o conhecimento científico, contudo, é necessário mais estudos
ecológicos que apresentem a distribuição espacial dessa espécie, como forma de subsidiar o manejo.

CONCLUSÃO

O padrão de distribuição espacial do cipó titica tende a ser agregado.

67
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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69
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ANÁLISE FINANCEIRA DO MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO E FAMILIAR EM
FLORESTA DE VÁRZEA NO AMAPÁ – BRASIL

FINANCIAL ANALYSIS OF COMMUNITY AND FAMILY FOREST MANAGEMENT IN VÁRZEA


FOREST IN AMAPÁ – BRASIL

Anderson Silva de Almeida1 Diego Armando Silva da Silva Evandro Ferreira da Silva
Carla Samara Campelo de Sousa Jeferson Pereira Martins Silva Jeangelis Silva Santos

RESUMO

No Amapá, dentre as diversas tipologias encontradas na floresta Amazônica, destacam-se a floresta de várzea,
sendo o segundo maior ambiente florestado da região. Uma das formas de utilização dos recursos florestais,
consiste no manejo florestal comunitário e familiar (MFCF), sendo um conceito desenvolvido para explicar uma
modalidade de uso sustentável dos recursos florestais a partir de comunidades e famílias agroextrativistas.
Todavia, a gestão e análise de dados financeiros geralmente é difícil para as comunidades rurais nos países em
desenvolvimento. Assim, ferramentas que contribuam com a gestão destes dados são importantes para auxílio
no desenvolvimento das comunidades. Com isso, foi proposto o sistema informatizado Green Value que
consiste de um grupo de ferramentas do Excel, que tem como objetivo permitir que comunidades florestais e
suas organizações parceiras possam analisar e gerenciar os custos de produção e renda da comunidade, como
também fazer um planejamento futuro de suas ações. Diante disto, o objetivo desta pesquisa é realizar a análise
financeira do manejo florestal comunitário e familiar na localidade de Maracá – Mazagão – Amapá – Brasil,
fornecendo informações de suporte à gestão financeira das atividades. O estudo foi desenvolvido na comunidade
do Projeto de Assentamento Agroextrativista do Rio Maracá (PAE Maracá). Foram observados 2.461 indivíduos
arbóreos nas 6 Unidades de Trabalho (UT), totalizando um volume de 5.915,10 m³, distribuídos em 19 espécies,
sendo a Mora paraensis Ducke a mais expressiva na região, com 85,98% dos indivíduos. O sistema Green
Value divide a análise em categorias, sendo elas: planejamento; mão de obra; materiais e serviços; máquinas e
equipamentos; administração; e vendas. O volume total disponível de 5.698,985 m³ de madeira comercial gerou
uma receita total estimada em R$ 265.71,00, com os custos totais de R$ 88.0,00, sendo a atividade de derrubada
a mais onerosa, totalizando R$ 1.952,00 (6%), seguida pelo inventário florestal com R$ 21.885,00 (25%),
processamento com R$ 14.680,00 (17%), administração com R$ 5.600,00 (6%) e elaboração do POA e PMFS
com R$ 1.662,00 (2%). O lucro gerado pela venda da madeira em pé na comunidade foi de R$ 177.068,00,
correspondendo a uma taxa de retorno de 201%. Estudos de análise financeira em iniciativas de manejo florestal
comunitário contribuem com o desenvolvimento da região, tanto economicamente, quanto social e
ambientalmente.
Palavras-chave: desenvolvimento local, recursos florestais, custos e receitas.

ABSTRACT

In Amapá, among the various typologies found in the Amazon rainforest, the várzea forest stands out, being the
second largest forested environment in the region. One of the uses of forest resources is community and family
forest management (MFCF), being a concept developed to explain a modality of sustainable use of forest
resources from agroextractivist communities and families. However, managing and analyzing financial data is
often difficult for rural communities in developing countries. Thus, tools that contribute to the management of
these data are important for aiding community development. With this, the Green Value computer system was
proposed, consisting of an Excel tool group, which aims to allow forest communities and their partner
organizations to analyze and manage the production and income costs of the community, as well as planning
future of their actions. Therefore, the objective of this research is to carry out the financial analysis of
community and family forest management in Maracá - Mazagão - Amapá - Brazil, providing information to
support the financial management of the activities. The study was developed in the community of the
Agroextractivist Settlement Project of the Maracá River (PAE Maracá). There were 2,461 arboreal individuals
in the 6 Units of Work (UT), totaling a volume of 5,915.10 m³, distributed in 19 species, with Mora Paraensis
Ducke being the most expressive in the region, with 85.98% of the individuals. The Green Value system divides
the analysis into categories, which are: planning; labor; materials and services; machines and equipment;

1
Engenheiro Florestal. Mestrando em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel
de Medeiros, CEP 52171-900, Recife (PE), Brasil. E-mail: andersonalmeida.asda@gmail.com

70
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
administration; and sales. The total available volume of 5,698.985 m³ of commercial wood generated a total
revenue was estimated at R$ 265,71.00, with the total costs of R$ 88,0.00, and the takedown activity was the
most costly, totaling R$ 1,952, 00 (6%), followed by forest inventory with R$ 21,885.00 (25%), processing with
R$ 14,680.00 (17%), administration with R$ 5,600.00 (6%) and preparation of POA and PMFS with R$
1,662.00 (2%). The profit generated by the sale of standing wood community was 177,068.00 reais,
corresponding to a rate of return of 201%. Financial analysis studies on community forest management
initiatives contribute to the development of the region, both economically, socially and environmentally.
Keywords: local development, forest resources, costs and revenues.

INTRODUÇÃO

No Amapá, norte do Brasil, dentre as diversas tipologias encontradas na floresta Amazônica, destaca-se
a floresta de várzea, onde segundo Pinto (2008), constitui o segundo maior ambiente florestado da região,
considerando estrutura, diversidade e representatividade espacial. Sua área de abrangência e maior concentração
ocorrem principalmente em margens de rios de água barrenta onde, de certo modo, passa a ser regulada pelos
regimes de marés.
Uma das formas de utilização dos recursos naturais consiste no manejo florestal comunitário e familiar
(MFCF), sendo um conceito desenvolvido para explicar uma modalidade de uso sustentável dos recursos
florestais a partir de comunidades e famílias agroextrativistas. Sua essência está na racionalidade de uso da
floresta, no intuito de melhorar a socioeconômica dos habitantes que nela residem, gerando, além de matérias-
primas, serviços para a comunidade envolvida (RAMOS et. al., 2007).
As discussões sobre a possibilidade de o manejo da floresta ocorrer por parte de comunidades rurais
tiveram seu início no Brasil em 1998, onde segundo Pinto et al. (2010), foi realizado em Plácido de Castro no
Acre, a primeira oficina de manejo florestal comunitário na Amazônia Brasileira. Este evento foi promovido por
Organizações Não Governamentais de caráter ambiental e contou com a participação de diversos segmentos do
setor florestal como representantes técnicos e membros das comunidades dos quais os projetos de MFCF
estavam sendo discutidos e representantes do governo como diretores do Departamento de Recursos Florestais
do IBAMA, responsável pela elaboração e revisão de normas para o manejo florestal.
Ainda segundo o autor, este evento teve como principal desdobramento o processo de articulação
interinstitucional que acarretou na edição pelo IBAMA das Instruções Normativas 4, 5 e 6 de dezembro de
1998. Estas medidas promoveram inovação na legislação florestal, permitindo que comunidades pudessem se
reunir e realizar exploração florestal a partir de mecanismos específicos de manejo. Na prática, essas medidas
flexibilizaram a legislação florestal, limitando área das unidades de manejo para exploração anual e permitindo
com que associações ou legítimos possuidores de glebas rurais passassem a submeter planos de manejo.
Com o manejo da floresta sendo praticado por comunidades rurais, houve o crescimento nos últimos
anos no interesse para que estas comunidades possam compatibilizar desenvolvimento local com conservação
ambiental. Portanto, é de extrema importância que os produtores rurais busquem sua capacitação, podendo esta
ser junto à cooperativas e associações, para desenvolverem as melhores estratégias no mercado, para que haja o
melhor planejamento das ações do manejo florestal comunitário possibilitando assim, uma maior viabilidade
financeira no desenvolvimento das atividades, causando a expansão do conjunto de oportunidades econômicas
para os membros da comunidade (ESPADA et al., 2018; GUARIGUATA et al., 2012).
Contudo, Humphries e Holmes (2015) afirmam que a gestão e análise de dados financeiros geralmente é
mais difícil para as comunidades rurais nos países em desenvolvimento. Especificamente, poucos têm a
capacidade ou ferramentas para monitorar e gerenciar os custos associados à produção e renda das vendas, e
muito menos para calcular os custos totais por atividade, o valor de depreciação de máquinas, o lucro líquido, ou
taxa de retorno. Da mesma forma, raramente as organizações governamentais ou não governamentais que
prestam assistência a empresas florestais comunitárias têm essa capacidade ou ferramentas pertinentes.
Levando em consideração o crescente número de iniciativas de Manejo Florestal Comunitário e
Familiar que vem surgindo na atualidade, faz-se necessário a aplicação de técnicas padronizadas que analisem
os custos e receitas dessas atividades, visando a implantação de políticas públicas que possam dar suporte a
manutenção dessas ações por parte de produtores rurais, possibilitando seu desenvolvimento local.
Diante do exposto, este estudo objetiva realizar a análise financeira do manejo florestal comunitário e
familiar na comunidade do Projeto de Assentamento Extrativista do Rio Maracá (PAE Maracá), Município de
Mazagão, Estado do Amapá – Brasil, fornecendo informações de suporte à gestão financeira das atividades.

71
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
O estudo foi desenvolvido na comunidade do Projeto de Assentamento Extrativista do Rio Maracá
(PAE Maracá), criada sob tutela do INCRA em 1988, situada no município de Mazagão, região Sul do estado do
Amapá.
No PAE Maracá está sendo desenvolvido o Plano de Manejo Florestal Comunitário e Familiar
(PMFCF), de responsabilidade da AAFLOMARA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Amapá
(EMBRAPA – AP) e Instituto Estadual de Florestas do Amapá (IEF – AP), que cederam os dados de campo,
conforme convênio firmado entre as instituições e a Universidade do Estado do Amapá (UEAP). A área do
PMFCF possui 19,69 hectares, sendo dividida em 6 unidades de trabalho (UT), distribuídas de forma
descontínuas na região do PAE Maracá, conforme ilustrado na figura 1.

FIGURA 1: Localização da área e disposição das UT no PAE Maracá. Fonte: o autor.


FIGURE 1: Location of the area and layout of UTs in PAE Maracá. Source: the author.

Solo, clima e vegetação


O clima na região é da categoria Amw, segundo a classificação de Koppen, tropical chuvoso. O período
chuvoso vai de janeiro a julho com precipitação média anual de 200 mm, temperatura máxima é de 8ºC e a
mínima de 22ºC. A área apresenta uma topografia plana com solos tipo glei húmico pouco úmico eutrófico
(IEF, 2008).
O relevo da região compreende a Planície Fluviomarinha Macapá-Oiapoque, cuja gênese está ligada ao
movimento estuástico no final do Pleistoceno (FERREIRA, 2012). A vegetação, devido ao clima, apresenta-se
na comunidade, predominantemente sob forma de floresta de várzea, inundada diariamente pela variação das
marés. Mazagão possui uma área de 1.18.960 ha, sendo que cerca de 8.160 ha compreendem o ecossistema de
várzea (RABELO et al., 2005; FERREIRA, 2012).

Sistema de análise financeira


A análise financeira será realizada considerando o sistema informatizado Green Value que consiste de
um grupo de ferramentas do Microsoft Excel desenvolvidas por Humphries e Holmes do Earth Innovation
Institute (EEI) e Serviço Florestal Americano (USDA Forest) no ano de 2015, que tem como objetivo permitir
que comunidades florestais e suas organizações parceiras possam analisar e gerenciar os custos de produção e

72
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
renda da comunidade, como também fazer um planejamento futuro de suas ações (HUMPHRIES; HOLMES,
2015).
Ainda segundo os autores, o que separa a ferramenta Green Value de outras ferramentas é que ela se
concentra na análise financeira para um período de produção, incentiva fortemente a inclusão de todos os custos
(mesmo os normalmente subsidiados), inclui um guia do facilitador e vem com instruções passo a passo
ilustradas com exemplos de como usar uma série de planilhas pré-formatadas para monitorar e analisar dados
financeiros. Também é propositalmente não completamente automatizado, para que os usuários possam verificar
os dados, entender melhor e verificar os resultados.
Os valores de produção, receitas e despesas operacionais do manejo florestal comunitário e familiar no
PAE Maracá, foram obtidos a partir da estimativa dos dados do inventário florestal, sendo considerada a
intensidade de exploração de 10 m³ ha-1 com um ciclo de corte de 10 anos, para a produção de madeira em tora.
Para realizar a análise financeira do Manejo Florestal Comunitário no PAE Maracá, prosseguiu-se com
o preenchimento do Sistema Informatizado Green Value. O sistema divide a análise em categorias, sendo elas:
planejamento; mão de obra; materiais e serviços; máquinas e equipamentos; administração; e vendas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observados 2461 indivíduos arbóreos nas 6 Unidades de Trabalho (UT), totalizando um volume
de 5.915,10 m³, distribuídos em 19 espécies, sendo a Mora Paraensis Ducke a mais expressiva na região, com
85,98% dos indivíduos.
Analisando as árvores passíveis de exploração, obtêm-se o volume de 5.698,98 m³, correspondendo a
2.278 indivíduos arbóreos, com Diâmetro a Altura do Peito (DAP) a 1, m do solo, maior que 50 cm.

Estimativa de custos
Mão de obra
Esta categoria foi avaliada de acordo com cada atividade desenvolvida. Inicialmente estimou-se os
custos relacionados a atividade de inventário florestal, nesta atividade, por critério de organização e pelas UT
possuírem uma área média de 4 ha, foi definido que cada área seria inventariada em um dia, totalizando 6 dias
de atividade.
Relacionado aos valores pagos de diárias, definiu-se os seguintes valores de diárias: Técnico Florestal
receberia R$ 150,00; o Auxiliar de Campo (C1) R$ 70,00; Auxiliar de Campo (C2) R$ 80,00; Cozinheiro R$
50,00. Considerando os valores de diárias, nota-se o custo de 18.00,00 reais em mão de obra para realizar todo o
censo das 6 UT, sendo o maior custo o relacionado ao Técnico Florestal responsável pela atividade, somando
5.400 reais.
A segunda atividade está relacionada a elaboração do Plano Operacional Anual e Plano de Manejo
Florestal Sustentável, com isto, para a área do PAE Maracá, estimou-se a necessidade de (três) dias para a
digitação dos dados e 5 (cinco) dias para a elaboração dos planos, equivalendo ao valor pago de R$ 90,00 ao
digitador e R$ 1.250,00 ao profissional responsável pelos planos, resultando no custo de 1.40,00 reais.
Para a atividade de derruba e processamento, Moraes (2012), avaliando o custo e rendimento da
exploração madeireira na região, afirma que esta etapa consome cerca de 0,48 hora/arvore -1, correspondendo a
derruba de 16,67 árvores por dia e seu processamento em toras. Com base nestas informações, estima-se a
necessidade média de 4,2 dias para a exploração em cada UT.
Analisando proporcionalmente o tempo gasto em cada atividade, percebe-se que a etapa de derruba
consome 70% do tempo, enquanto o processamento em toras consome 0%, representando um custo de R$
1.82,00 e R$ 5.928,00, respectivamente, totalizando 19.760,00 reais, considerando o valor da diária de R$ 70,00
ao operador de motosserra e R$ 60,00 ao seu auxiliar.
Relacionado ao transporte estima-se o transporte de 20 toras por dia, obtendo uma média de 8,1 dias
para a retiradas das toras das UT do PAE Maracá, onde por critério de organização, estimou-se o valor de 0 reais
para um responsável técnico acompanhar o processo de transporte das toras, totalizando um custo de 9.00 reais
para a etapa.

Materiais e serviços
Para a categoria de materiais e serviços, estimou-se com base em levantamentos de campo os itens mais
utilizados em cada categoria e foram inseridos na ferramenta green value. Para a atividade inventário florestal
os itens totalizaram o valor de R$ 2.7600,40.

73
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Na elaboração do plano operacional anual e do plano de manejo florestal, os itens necessários estão
relacionados aos materiais de escritório como cartucho de impressora, resmas de papel, encadernação,
impressão de mapas A, totalizando o custo estimado de R$ 22,00.
Para a derruba e o processamento, o maior custo destas atividades estão relacionados à aquisição de
combustíveis para o manuseio do motosserra, correspondendo a cerca de 70% do total de R$ 21.079,00. O
combustível faz-se necessário para a atividade de transporte, totalizando R$ 2.290,00. Em termos gerais, esta
etapa de materiais e serviços teve um total de gastos no valor de R$ 26.452,00.

Máquinas e equipamentos
Foram levantados os equipamentos necessários para todas as atividades. O custo total foi de R$
20.55,00. Por se tratar de equipamentos, calculam-se os custos de depreciação de acordo com a vida útil dos
mesmos, ficando o somatório no valor de R$ 7.550,8.

Administração
O custo total desta categoria foi de R$ 5.600,00. Sendo os custos de materiais e serviços de R$ 1.50,00 e
máquinas e equipamentos de R$ 4.250,00.

Vendas
Considerando os preços metro cúbico de madeira na região, para o volume disponível das espécies
encontradas na área, estimou-se as receitas provenientes da venda da madeira disponível em tora em R$
265.71,00.

CONCLUSÕES

É claro o potencial de geração de renda por meio do manejo florestal por meio do manejo florestal
comunitário. A receita do manejo supera seus custos viabilizando a retirada de madeira da floresta e que análise
financeira de empreendimentos florestais é ferramenta fundamental para a gestão e planejamento das atividades
a serem desenvolvidas.
A categoria que obteve o maior custo estimado foi a de mão de obra, totalizando o valor de 48.700,00
reais (55% do total), seguida pela aquisição de materiais e serviços com R$ 27.802,00 (1%) e máquinas e
equipamentos com R$ 11.801,00 (1%). Sendo que, parte da mão de obra poderá ser dos próprios integrantes da
comunidade fixando ainda mais os recursos gerados pela atividade.
Estudos de análise financeira em iniciativas de manejo florestal comunitário contribuem com o
desenvolvimento da região, tanto economicamente, quanto social e ambientalmente. Contudo, para o caso do
PAE Maracá, há a necessidade de haver o planejamento dividido por anos e por unidades de produção, como
preconiza a legislação vigente, podendo ocorrer o agrupamento por unidades de trabalho de acordo com o seu
rendimento, para regular a produção da área, além de incentivos financeiros e organizacionais para estruturação
da cadeia produtiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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MELO, P.; COSTA, S.; MOTA, C.; PINÃ-RODRIGUES, F. Manejo Florestal Comunitário: Experiências em
Gurupá-PA. Revista Trimestral da FASE Proposta, n. 114, Out-Dez 2007.

75
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
APRENDIZAGEM DE MÁQUINA APLICADA À ESTIMATIVA DE VOLUME EM PLANTIOS
CLONAIS DE EUCALIPTO POR MEIO DE MÉTRICAS LiDAR

MACHINE LEARNING APPLIED TO VOLUME ESTIMATION IN CLONAL STANDS OF EUCALYPTUS


THROUGH LIDAR METRICS

Pedro Henrique Karantino Millikan1 Flávio Teixeira Damascena Junior Mariana Peres de Lima Chaves e
Carvalho Carlos Alberto Silva Luiz Carlos Estraviz Rodriguez Samuel de Pádua Chaves e Carvalho

RESUMO

A tecnologia laser aeroembarcado (LiDAR) é uma tecnologia de sensoriamento remoto ativo capaz de extrair
informações em três dimensões. A regressão linear múltipla (RLM) tem sido a principal técnica estatística para
relacionar parâmetros florestais aos dados LiDAR. Estes parâmetros são estabelecidos por meio da associação
dos dados de campo com as diversas métricas computadas da nuvem LiDAR. Entretanto, o uso aprendizagem
computacional vem emergindo como uma alternativa para melhorar as predições em comparação à metodologia
clássica utilizando RLM. Este estudo apresenta uma comparação entre RLM e três algoritmos de aprendizagem
computacional para a estimativa de volume de eucalipto utilizando métricas LiDAR. Os resultados mostram que
a aprendizagem computacional foi capaz de obter melhores estimativas, especificamente o procedimento
Support Vector Machine, entretanto a metodologia clássica ainda se mostra como robusta e simples para esta
aplicação.
Palavras-chave: Aprendizagem computacional, Regressão clássica, Escaneamento a laser aeroembarcado.

ABSTRACT

Airborne laser scanning technology (LiDAR) is an active remote sensing technology capable of extracting
three-dimensional information. Multiple linear regression (MLR) has been the main statistical technic used for
relating forest parameters to LiDAR data. These parameters are defined through the association between field
information and LiDAR-computed metrics. However, the use of machine learning has emerged as an alternative
for improving volume predictions comparing to classic MLR methodology. This study presents a comparison
between MLR and three machine learning algorithms for volume estimation in eucalyptus stands using LiDAR
metrics. The results show that machine learning, specifically Support Vector Machine, outperformed the classic
methodology, although MLR has proven to be a robust and simple technic for LiDAR applications.
Keywords: Computing learning, Classical regression, airborne laser scanning.

INTRODUÇÃO

Light Detection and Ranging (LiDAR) é uma tecnologia ativa de sensoriamento remoto que fornece
informações detalhadas, em três dimensões, da estrutura florestal (DUBAYAH e DRAKE, 2000). Sensores
LiDAR medem a distância entre objetos, determinado pelo tempo de emissão e o retorno de pulsos de luz. Com
esta tecnologia a bordo de uma aeronave (Escaneamento Laser Aerotransportado) é possível fazer estimativas
precisas de altura de copa e estrutura do Dossel (LEFSKY, 2002), como também produzir estimativas
satisfatórias de biomassa e volume florestal (KWAK et al., 2010, CARVALHO et al., 2015).
Modelos lineares múltiplos são a principal técnica de estimativa de parâmetros florestais, como
biomassa e volume, utilizando nuvem de pontos LiDAR. A sua principal vantagem é a simplicidade e clareza
dos modelos, entretanto apresenta como desvantagens a utilização de métricas altamente correlatas, e por ser
uma técnica paramétrica só pode ser utilizada quando a normalidade, homocedasticidade, independência e
linearidade dos dados é atendida (GARCIA-GUTIERREZ et al., 2015). Contudo, mais recentemente a
quantificação de biomassa utilizando este tipo de dados vem cada vez mais incluindo métodos de simulações
estocástica e aprendizagem computacional (GLEASON e IM, 2012).
A aprendizagem computacional é uma técnica não-paramétrica da inteligência artificial (AI) que aborda
o desenvolvimento e aplicação de algoritmos que melhoram com o processo de aprendizado, e que ajuda
computadores a se programarem baseados em dados de entrada (LIBBRECHT e NOBLE, 2015). Um dos
avanços na área de aprendizagem de máquina veio do uso das Redes Neurais Artificiais (RNAs) que, inspirada

1
Graduando em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Mato Grosso. Av. Fernando Correa da Costa, 2367, 78060-
900. Cuiabá-MT. E-mail: millikanp@gmail.com

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
nos mecanismos que regulam o funcionamento dos neurônios biológicos, simula a forma que o cérebro humano
trabalha para resolver problemas (CIABURRO e VENKATESWARAN, 2017).
As RNAs são compostas de redes de neurônios artificiais que realizam operações matemáticas através
inputs, outputs e pesos, e realizam a aprendizagem através de um processo chamado backpropagation. O
Support Vector Machine (SVM), outra técnica de aprendizagem computacional, inicialmente introduzida para
resolver problemas de reconhecimento de padrões, e vem sendo reportada como muito eficiente na sua
aplicação em sensoriamento remoto (DURBHA et al., 2007, ZHAO et al., 2011). Já algoritmos baseados em
árvores de decisão, como o Random Forest (RF), também tem se mostrado promissor em aplicações com dados
LiDAR, inclusive em plantios de eucalipto no Brasil (SILVA et al., 2017). Random Forest é uma combinação
de árvores preditoras dependentes de valores de um vetor aleatório, amostrado independentemente e com a
mesma distribuição na floresta. Esta característica faz com que o RF seja robusto ao sobreajuste (BREIMAN,
2001).
Verificada as potencialidades das ferramentas de aprendizagem de máquinas, o presente trabalho teve
como objetivo comparar a metodologia clássica de regressão linear com técnicas não-paramétricas de
aprendizagem computacional aplicando-se os algoritmos RNA, SVM e RF; afim de obter resultados mais
precisos nas estimativas de volume de eucalipto com dados de escaneamento laser aerotransportado.

MATERIAIS E MÉTODOS

Descrição da área de estudo e inventário florestal


O estudo foi realizado em plantios clonais da empresa FIBRIA no município de São Luiz do Paratinga,
Estado de São Paulo. O relevo é caracterizado como fortemente ondulado. O material genético plantado na área
de estudo é originado do cruzamento das espécies Eucalyptus urophylla e Eucalyptus grandis, popularmente
conhecido como “Urograndis”.
Ao todo foram mensuradas 1.745 árvores em 26 parcelas circulares distribuídas em três talhões que
totalizam 19 hectares. Nas parcelas de campo foram coletadas informações da Circunferência à Altura do Peito
(CAP), Altura Total (HT), de todas as árvores que pertenciam à parcela, além da classificação qualitativa das
árvores. Foram também coletadas as coordenadas geográficas X e Y do centro das parcelas com receptores
geodésicos, garantindo precisão de 10 cm. Utilizou-se o sistema de projeção de Mercator (UTM) e sistema
geodésico de referência SIRGAS 2000. O volume individual das árvores foi calculado através da função de
afilamento descrita por Carvalho et al. (2015).

Caracterização do sobrevoo e processamento da nuvem


O sobrevoo LiDAR foi realizado em 2012 utilizando-se uma aeronave bimotor Piper Seneca II acoplada
a uma câmera HARRIER 68i, IMU/GPS Applanix 510 e sensor LiDAR Riegl LMS Q680I. A densidade de
pulso laser foi de 5 pontos/m2, resolução espacial de 0.5 metros, altura média de voo de 629,24 metros e
velocidade de 55 m/s.
O processamento da nuvem foi realizada utilizando o software LAStools. Os retornos referentes ao solo
e vegetação foram classificados através da função lasground. Em seguida, com o comando lasnoise foi feita a
retirada de ruídos, excluindo-se pontos isolados da nuvem dentro de uma janela móvel de um grid de 5 x 5 x 5
m de tamanho. Utilizando comando lasheight a nuvem foi normalizada utilizando os retornos classificados
como solo a posteriori, que foram utilizados para a construção de um TIN para o cálculo da elevação de cada
ponto. Em seguida, utilizando o comando lasclip, os retornos dentro dos limites da parcela foram recortados
utilizando um arquivo shapefile para obter as métricas da nuvem para a calibração com o inventário de campo,
com a função lasconopy. Métricas LiDAR, como substitutos de variáveis de estrutura de copa, são estatísticas
descritivas para os dados de escaneamento laser (ZHAO et al., 2011). Na Tabela 1 são apresentadas as métricas
de altura extraídas da nuvem de pontos.

TABELA 1: Métricas de altura extraídas da nuvem de pontos LiDAR.


TABLE 1: LiDAR-derived point cloud height metrics.
Descrição Variável
Altura máxima MAX
Altura média AVG
Desvio padrão da Altura STD
25º, 40º, ... 99º Percentil da Altura P25, P40, ..., P99
25º, 50º, 75º Bicentil da Altura B25, B50, B75
No de pontos entre 0,5 e ,5 m C00

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
No de pontos entre ,5 e 15 m C01
No de pontos entre 15 e 5 m C02
% de pontos entre 0,5 e ,5 m D00
% de pontos entre ,5 e 15 m D01
% de pontos entre 15 e 5 m D02
Cobertura de copa COV
Densidade de pontos DNS

Seleção de variáveis e modelos


Para a seleção das variáveis dos modelos foi utilizada a técnica de eliminação passo a passo, pelo
método de substituição sequencial, utilizando a função regsubsets do pacote leaps. O critério de informação de
Akaike (AIC), critério de informação Bayesiano (BIC), e o coeficiente de determinação R2 ajustado foram
utilizados como parâmetro para a escolha do modelo mais parcimonioso. As mesmas métricas selecionadas
neste passo foram utilizadas para o treinamento dos algoritmos aprendizagem computacional. Todas as análises,
incluindo o treinamento e validação dos algoritmos foram realizadas em linguagem R (R CORE TEAM, 2018).
A escolha da arquitetura das redes neurais (RNA) foi realizada empiricamente observando os resultados
do erro. A RNA escolhida apresenta três camadas ocultas (hidden layers), nas quais apresentam 9 nódulos na
primeira camada, 5 na segunda, na terceira. Os dados foram normalizados a posteriori para o treinamento das
RNAs. Foi utilizado o pacote neuralnet para o treinamento e aplicação das redes neurais.
Nos parâmetros do algoritmo random forest (RF) foram definidas número padrão de 500 árvores de
classificação (ntree), e para o número de variáveis amostradas aleatoriamente a cada split, foi utilizado o valor
padrão p/, onde p é igual ao número de covariáveis. O RF apresenta como vantagem o seu bom comportamento
ao sobreajuste e à colinearidade entre as variáveis independentes. A utilização do algoritmo foi realizada no
pacote randomForest.
A implementação do SVM foi realizada por meio do pacote e1071 em R. Foi utilizado o kernel de
função de base radial em razão ter se mostrado eficiente para a estimação de parâmetros florestais (GLEASON e
IM, 2012).
O processo de validação cruzada foi utilizado de forma a avaliar e comparar a performance das técnicas
de regressão. Este passo é recomendado para aprendizagem de máquina, pois, há o teste do algoritmo treinado
com uma situação inédita ou que não foi dada ao algoritmo no processo de treinamento, a fim de testar a
qualidade da aprendizagem e detectar problemas de sobreajuste (overfitting). A técnica validação cruzada
escolhida foi a conhecida como Leave-one-out cross validation (LOOCV), que consiste primeiramente na
retirada de uma observação do banco de dados de um total de “n” observações, que será definido como o teste, e
as observações restantes igual a n-1, serão utilizadas para a fase de treinamento do algoritmo. Posteriormente, o
algoritmo treinado é aplicado sobre os dados de teste. Este procedimento é repetido de acordo com o número de
observações do banco de dados, sendo que cada repetição apresenta dados de treino e teste distintos. A técnica
de LOOCV foi escolhida dentre outras formas de validação cruzada em razão do número limitado de
observações, neste estudo 26 parcelas de campo. Este passo foi realizado repetidamente por 100 vezes, indicado
por García-Gutiérrez et al. (2015) para a obtenção de resultados robustos. Ao final, os modelos propostos foram
avaliados por meio do coeficiente de correlação de valores preditos vs. observados (R) e a raiz quadrada do erro
médio (RMSE), pela Equação (1), como já sugerido por Zhao et al. (2011) e García-Gutiérrez et al. (2015).

∑𝑛
𝑖=1(𝑦𝑖 − ŷ𝑖 )
2
𝑅𝑀𝑆𝐸 = √ (1)
𝑛

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das métricas LiDAR apresentadas na Tabela 1, 9 foram selecionadas a partir da técnica de seleção de
variáveis pelos critérios de menores valores de AIC e BIC, ao mesmo passo que resultaram em maior R 2
ajustado entre os modelos utilizando as diferentes variáveis. Os resultados estão graficamente expressos na
FIGURA1.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Representação dos melhores modelos utilizando a técnica de Best Subset Selection para métricas
LiDAR, gerado pelo pacote leaps.
FIGURE 1: Representation of best models selected by Best Subsect Selection for LiDAR metrics, generated by
leaps package.

Os resultados em termos de RMSE, R e gráfico de resíduos estão retratados na FIGURA 2. Pelos


resultados obtidos na validação cruzada, o SVM (Support Vector Machine) obteve os melhores resultados entre
os métodos propostos neste estudo, apresentando tanto o menor RMSE quanto o maior valor de R², em
comparação à regressão linear múltipla e às outras técnicas de aprendizagem computacional.

FIGURA 2: Volumes preditos vs. os observados para cada uma das 26 parcelas, de acordo com o resultado da
validação cruzada LOOCV.
FIGURE 2: Predected vs observed volume for each of the 26 field plots from LOOCV results.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Melhores resultados com SVM também foram reportados por Gleason e Im (2012), na predição da
biomassa utilizando métricas LiDAR em florestas nos Estados Unidos, que em comparação ao RF e outros
algoritmos resultou em predições mais acuradas. Em um estudo comparativo envolvendo 18 técnicas diferentes
de aprendizagem computacional, inclusive as RNAs, RF e regressão linear, para predição da biomassa com
LiDAR, o SVM apresentou melhores resultados baseado nas estatísticas descritas neste estudo (GARCÍA-
GUTIÉRREZ et al., 2015). Neste mesmo estudo comparativo, entretanto, as RNAs apresentaram um dos
melhores desempenhos entre os outros algoritmos, com resultados superiores à regressão linear múltipla. Os
resultados com redes neurais podem variar em razão de suas diversas arquiteturas possíveis, e que geralmente
são definidas de forma empírica e otimizadas para cada aplicação.
Apesar de não ter obtido os resultados esperados neste estudo, Silva et al. (2017) encontraram menores
valores de erro utilizando o algoritmo RF em plantios comerciais de Pinus taeda L. no Brasil, em comparação
aos resultados deste estudo, entretanto os autores utilizaram uma maior intensidade amostral de parcelas de
campo para as análises. De forma semelhante, o RF também apresentou bons resultados na estimativa de
carbono acima do solo de plantios clonais de Eucalyptus sp., porém também utilizando um maior número de
parcelas de campo (SILVA et al., 2017).
Os resultados sugerem que em alguns casos os modelos de regressão podem ter performance
equivalente ou até melhor que métodos não-paramétricos, sendo nem sempre necessários. Entretanto uma
vantagem importante de uma técnica não-paramétrica, como o RF, é que são capazes de modelar relações mais
complexas entre variáveis dependente e independente de forma mais eficiente que análises paramétricas
(MASCARO et al., 2014, SILVA et al., 2017). Vale ressaltar que a seleção de variáveis foi feita levando como
parâmetro de escolha os melhores resultados para os modelos lineares, e não os considerados ótimos para cada
algoritmo. García-Gutiérrez et al. (2015) recomendaram que estudos futuros devem focar na seleção de
variáveis, principalmente nas técnicas em que não há este procedimento dentro da sua própria estrutura, como
no caso das RNAs.

CONCLUSÕES

Os resultados do estudo permitiram concluir que é possível obter estimativas de biomassa mais precisas
por meio da aprendizagem computacional em comparação às técnicas clássicas de regressão linear múltipla, o
que concorda com a bibliografia recente.
Dentre as técnicas testadas o algoritmo SVM se mostrou como a melhor para predições de volume de
eucalipto utilizando dados LiDAR.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da UFMT pelo Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI).
A empresa Fibria Celulose S/A por fornecer os dados LiDAR e de inventário de campo.
Ao Grupo de Estudos em Tecnologia LiDAR (GET-LiDAR ) da ESALQ/USP.

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81
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AVALIAÇÃO DA AMOSTRAGEM COM REPETIÇÃO PARCIAL EM COMPARAÇÃO À
AMOSTRAGEM CASUAL SIMPLES EM INVENTÁRIOS FLORESTAIS DE Eucalyptus sp.

COMPARISON OF PARTIAL REPLACEMENT SAMPLING AND SIMPLE RANDOM SAMPLING IN


Eucalyptus sp. FOREST INVENTORIES

William Oswaldo Bertoloto1 Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch
Alessandro Araujo Amaral de Almeida Lucas Kröhling Bernardi Carlos Juliano Santos

RESUMO

O inventário florestal consiste na medição de parte da população de uma floresta (parcela), extrapolando os
resultados para área total. Dentre os diversos planos amostrais utilizados no inventário florestal, a amostragem
com repetição parcial (ARP) faz uso de parcelas permanentes e temporárias na primeira ocasião e, permanentes
e novas parcelas temporárias (independente da primeira ocasião) em ocasiões subsequentes. Neste contexto, o
presente trabalho teve como objetivo avaliar a ARP, com diferentes proporções de parcelas fixas e temporárias
em duas idades sucessivas, em comparação à Amostragem Casual Simples (ACS). A partir das análises
realizadas, concluiu-se que a amostragem com repetição parcial (ARP) apresentou melhores precisões que a
amostragem casual simples (ACS) para diferentes percentuais de parcelas fixas e temporárias, devendo-se
utilizar no mínimo 35% de parcelas fixas na ARP para obter precisão semelhante à da ACS com intensidade
amostral próxima à soma do número de parcelas fixas e temporárias. Ainda, em função dos resultados obtidos,
espera-se que em povoamentos já monitorados via inventário florestal contínuo, a ARP possa melhorar a
precisão da estimativa do estoque presente, sem, contudo, aumentar o esforço amostral.
Palavras-chave: planos amostrais; parcelas permanentes; parcelas temporárias.

ABSTRACT

The forest inventory is the measurement of the population of a forest (plot), extrapolating the results to the total
area. Among the various sampling plans used in forest inventory sampling with partial repetition (ARP) makes
use of temporary and permanent plots on the first occasion, and new permanent and temporary plots
(independent of the first time) on subsequent occasions. In this context, the present study aimed to evaluate the
ARP, with different proportions of fixed and temporary plots in two successive ages, compared to simple
random sampling (ACS). From the analyzes, it was concluded that sampling with partial repetition (ARP)
showed better precision than simple random sampling (ACS) for different percentages of fixed payments and
temporary and should be used at least 35% of the fixed payments ARP to obtain accuracy similar to the ACS
with sampling intensity close to the sum of the number of temporary and fixed installments. Still, depending on
the results obtained, it is expected that in stands already monitored via continuous forest inventory, the ARP can
improve the accuracy of estimated stock this without, however, increasing the sampling effort.
Keywords: sampling plans; permanent plots; temporary plots.

INTRODUÇÃO

A quantificação do volume sólido em povoamentos florestais é imprescindível para a implementação de


planos de manejo. Para quantificar esse volume, executa-se um inventário florestal, que consiste na medição de
características dendrométricas de parte da população, isto é, de unidades amostrais ou parcelas, para,
posteriormente, extrapolar os resultados para a área total. Assim, visando planejar as operações florestais, têm-
se estimativas da quantidade e da distribuição da madeira disponível (LEITE e ANDRADE, 2002).
Dentre as diferentes modalidades de inventários florestais, os inventários sucessivos são de grande
importância, tendo em vista que, permitem a construção de modelos de predição e projeção da produção, a
avaliação do crescimento e do manejo adotado na condução dos povoamentos florestais e a definição de planos
de suprimento baseados na otimização de produção florestal (SCOLFORO e MELLO, 2006).
Existem três procedimentos básicos de inventários sucessivos: inventário sucessivo independente (ISI),
que faz uso somente de parcelas temporárias; inventário florestal contínuo (IFC) que faz uso exclusivo de

1
Engenheiro Florestal, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rodovia João Leme dos Santos, km 110, CEP18052-
780, Sorocaba, SP, Brasil. w.bertoloto2@florestal.eng.br

82
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
parcelas permanentes; dupla amostragem (DA), no qual se utilizam parcelas permanentes e temporárias,
enquadrando-se nesta categoria a amostragem com repetição parcial (ARP).
Segundo Shiver e Borders (1996), as parcelas permanentes são adequadas para estimar o crescimento,
mas a intensidade de amostragem é tipicamente baixa para a estimativa do volume atual de forma eficiente, por
causa do custo de parcelas permanentes; por outro lado, as parcelas temporárias são excelentes para estimar o
volume corrente, mas a estimativa do crescimento apresenta alto valor de variância. Desta forma, segundo os
mesmos autores, considerando que o Inventário Florestal Contínuo (IFC) fornece a melhor estimativa de
crescimento e as parcelas temporárias oferecem a melhor estimativa do volume atual, a ARP permite boas
estimativas de crescimento e volume atual, uma vez que prevê a alocação de parcelas permanente e temporárias.
Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a ARP, com diferentes proporções de parcelas fixas e
temporárias, em comparação à Amostragem Casual Simples (ACS), na quantificação do volume sólido de
madeira de um povoamento clonal de Eucalyptus sp.

MATERIAL E MÉTODOS

Localização
O plantio em que se realizou o inventário é do híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla,
localizado no município de Votorantim, estado de São Paulo, Brasil. O município encontra-se na região de
Sorocaba (sudoeste do Estado) e faz divisa com os municípios de Sorocaba, Alumínio, Ibiúna, Piedade e Salto
de Pirapora.

Amostragem
Foram utilizadas 49 parcelas circulares de 500 m² distribuídas ao acaso na área de estudo, sendo que, as
mensurações foram realizadas quando os plantios completaram 4 e 5 anos de idade. Em cada unidade amostral
e em cada idade de medição foram mensurados os diâmetros à altura do peito de todas as árvores e as alturas
totais de 10 árvores centrais e de 5 dominantes.

Formulação da ARP
Conforme o conceito da ARP e, utilizando a formulação apresentada por Ware e Cunia (1962), foi
considerada uma amostra de “m” unidades permanentes, as quais foram remedidas em uma segunda ocasião,
estabelecendo uma relação entre os valores de Xi e Yi, já que são referentes às mesmas parcelas. Ainda na
primeira ocasião, foram lançadas e medidas parcelas temporárias (Xui), as quais não foram remedidas na
segunda ocasião. Na segunda ocasião, foram obtidas as observações Ynh, de amostras lançadas somente na
segunda ocasião.
Considerando as amostras provenientes das parcelas permanentes e temporárias da 1ª e 2ª ocasião,
inicialmente foram calculadas quatro médias aritméticas dos volumes, bem como, as respectivas variâncias,
sendo
u u

X
j =1
uj  (x
j =1
uj − xu ) 2
xu = (01) S x2 u = (02)
u u −1
m m

Xj =1
mj  (x
j =1
mj − xm ) 2
xm = (03) S x2 m = (04)
m m −1
para a primeira ocasião, e
m m

 Ymj
j =1
(y
j =1
mj − ym ) 2
ym = (05) S y2 m = (06)
m m −1
n n

Y nh (y nh − yn ) 2
yn = h =1
(07) S y2 n = h=1
(08)
n n −1
Em que: xu = é média simples dos volumes das xui unidades amostrais e S x u sua variância; u = são as unidades de
2

amostras temporárias, lançadas independentemente na primeira ocasião; xui = é o volume na primeira ocasião na i-ésima

83
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

unidade amostral temporária; xm = é a média simples dos volumes das xmi unidades amostrais e S x2 m sua variância; xmj = é
o volume na primeira ocasião na j-ésima unidade amostral; m = são as unidades de amostras permanentes, lançadas na
primeira ocasião e remedidas nas ocasiões subsequentes; y m = é a média simples dos volumes das ymj unidades amostrais,
2
sendo S y sua variância; ymj = o volume na segunda ocasião na j-ésima unidade amostral;
m
yn = é a média simples dos
2
volumes das ynh unidades amostrais e S y sua variância; ynh = é o volume na segunda ocasião nas h-ésimas novas unidades
n
amostrais; e n = são as unidades de amostra temporárias novas e independentes, lançadas na segunda ocasião.

Foram obtidas, também, as médias para as parcelas temporárias e permanentes da primeira, e também da
segunda ocasião, assim como suas variâncias:
u m n

 X ui +  X mj  (x i − x )2
x= i =1 j =1
= Pu xu + Pm xm = xm + Pu ( xu − xm ) (09) S x2 = i =1
(10)
u+m n −1
para a primeira ocasião, e
m n n

 X mj +  X nh (y i − y)2
y= i =1 j =1
= Qm ym + Qn ym (11) S y2 = i =1
(12)
u+m n −1
para a segunda ocasião.

Em que: Pu = é a proporção de unidades amostrais temporárias (u) tomadas nas N1 unidades da primeira ocasião; Pm = a
proporção de unidades amostrais permanentes (u) tomadas nas N1 unidades da primeira ocasião; Qm = a proporção de
unidades amostrais permanentes (m) tomadas nas N2 unidades da segunda ocasião; e Q n = a proporção de unidades
amostrais novas (n) tomadas nas N2 unidades da segunda ocasião.

De posse da covariância de x em y ( S xy ), foi calculado o coeficiente angular de regressão linear simples


de y em x ( YX ) e o primeiro componente do estimador de volume corrente na ARP (y 1), assim como sua
2
variância ( S y1 ), sendo:
n

S xy  ( x − x )( y
i i − y)
YX = , onde S xy = i =1
(13)
S x2m n −1
 1 ( x − xm ) 2  S y2m − S y2. x
y1 = ym +  yx ( x − xm ) (14) S y21 = S y2. x  + + (15)
 m SS xm  n1

Em que: S y2.x = é a variância de y em x; e SS xm = a soma corrigida dos quadrados de x, utilizando apenas parcelas
permanentes.

O volume foi então calculado a partir da expressão:


WI yI + WII yII
ySPR = (16)
W
Em que:
1 1
W = WI + WII , WI = e WII = .
S y2I S y2II
O erro padrão da média foi assim calculado:
 1 1 
 + 
 (m − 1) (n − 1) 
1 + 4WIWII
S ySPR  S y2SPR , onde s y2 SPR  W2 (20)
W

84
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Formulação da ACS
Considerando o plano amostral como sendo uma amostragem casual simples (ACS), a média amostral
foi obtida de acordo com a equação (22),
n

 yi
y= i =1
(22)
n

Em que: n = é o número de parcelas (unidades amostrais); e yi = o volume da iésima unidade amostral.

2
O desvio padrão ( S y ) foi obtido por meio da extração da raiz quadrada da variância ( S y ), calculada
pela equação:
n
( yi − y ) 2
S y2 =  (23)
i =1 n −1
O erro do inventário, na unidade de mensuração (m³) e em porcentagem, foi obtido por meio das
expressões (26) e (27),
E = t  Sy (26)
t  Sy
E% = (27)
y  100
Em que: t = é o quantil da distribuição t de Student com (n-1) graus de liberdade; e 𝑆𝑦̅ = é o erro padrão da
média.
O nível de significância tanto para ARP, como para ACS foi de 5%.

Avaliação dos planos amostrais


O processamento dos dados foi realizado utilizando-se o software R 2.11.1 (R Core Team, 2013).
Visando selecionar a proporção de parcelas fixas e temporárias que resulta na melhor precisão da ARP,
foram testadas as seguintes proporções de parcelas fixas: 15%, 20%, 25%, 30%, 35%, 40%, 45%, 50%, 55%,
60%, 65%, 70%, 75% e 80%. Descontadas as parcelas fixas, as demais parcelas foram consideradas
temporárias, sendo que, em 50% delas foram utilizadas apenas as medições da 1ª ocasião e na outra metade das
parcelas foram utilizadas apenas as medições da 2ª ocasião.
Posteriormente, utilizou-se destas proporções, apenas a última medição das parcelas fixas e as
temporárias da segunda ocasião (volume corrente) para aplicação da Amostragem Casual Simples.
Visando comparar os erros de estimativa da ARP, com diferentes proporções de parcelas fixas e
temporárias, com a ACS com diferentes intensidades amostrais, foram realizados, para cada uma destas
combinações, 10000 sorteios dentre as 49 parcelas disponíveis. Desta forma, para cada sorteio foi calculado o
erro do inventário e, por conseguinte, a média do erro do inventário das 10000 possíveis amostras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os erros percentuais médios dos inventários considerando a ACS e a ARP com diferentes proporções de
parcelas fixas e temporárias podem ser observados na Tabela 1 e Figura 1.

TABELA 1: Erros percentuais médios dos inventários considerando a ACS e a ARP com diferentes proporções
de parcelas fixas e temporárias
TABLE 1: Average percentage error of inventories considering the ACS and the ARP with different proportions
of fixed and temporary plots
PF PT2 PFT2 EARP EACS
15 44,90 59,90 6,06 7,15
20 42,86 62,86 5,91 7,02
25 38,78 63,78 5,80 6,90
30 36,73 66,73 5,76 6,77
35 34,69 69,69 5,70 6,57
40 32,65 72,65 5,67 6,46
45 28,57 73,57 5,65 6,36

85
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
PF PT2 PFT2 EARP EACS
50 26,53 76,53 5,64 6,28
55 24,49 79,49 5,62 6,19
60 22,45 82,45 5,61 6,02
65 20,41 85,41 5,60 5,94
70 16,33 86,33 5,60 5,87
75 14,29 89,29 5,59 5,80
80 12,24 92,24 5,59 5,66

Em que: PF = percentual de parcelas fixas; PT2 = percentual de parcelas temporárias mensuradas na segunda
ocasião; PFT2 = Soma do PF; e PT2 = utilizadas na ACS; EARP = Erro percentual médio da ARP; e EACS =
Erro percentual médio da ACS.

FIGURA 1: Erros percentuais médios dos inventários considerando a ACS e a ARP com diferentes proporções
de parcelas fixas e temporárias
FIGURE 1: Average percentage error of inventories considering the ACS and the ARP with different
proportions of fixed and temporary plots

Como se pode observar na Tabela 1 e na Figura 1, independente das proporções de parcelas fixas e
temporárias testadas a ARP apresentou melhores precisões que a ACS, tendendo, como esperado, para
igualdade entre os planos amostrais quando a porcentagem de parcelas fixas tende para 100%.
As melhores precisões da ARP foram obtidas quando os percentuais de parcelas fixas foram iguais ou
superiores a 35%, obtendo erros do inventário semelhantes à ACS com 92,24% das parcelas disponíveis (45
parcelas). Sabendo-se que quanto menor a porcentagem de parcelas fixas, menor será o esforço amostral, então,
a porcentagem ideal de parcelas fixas foi de 35%.
Em função destes resultados pode-se inferir que para áreas monitoradas a partir de inventários florestais
contínuos (IFC), quando houver a necessidade da estimativa do estoque presente com maior precisão, como é o
caso do inventário pré-corte (IPC), a ARP é mais indicada do que a ACS. Por exemplo, considerando um IFC
cuja intensidade amostral é de 1 parcela a cada 6 ha, caso no IPC consideremos que 3 parcelas são fixas e novas
3 parcelas serão lançadas, a nova intensidade amostral considerando as duas medições subsequentes será de 1
parcela a cada 4 ha sem, contudo, aumentar o esforço de campo.

86
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÃO

A amostragem com repetição parcial (ARP) apresentou melhores precisões que a amostragem casual
simples (ACS) para diferentes percentuais de parcelas fixas e temporárias.
Deve-se utilizar no mínimo 35% de parcelas fixas na ARP para obter precisão semelhante à da ACS
com intensidade amostral próxima à soma do número de parcelas fixas e temporárias.
Em povoamento já monitorados via inventário florestal contínuo, a ARP tem potencial para melhorar a
precisão da estimativa do estoque presente, sem, contudo, aumentar o esforço amostral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEITE, H. G.; ANDRADE, V. C. L. Um método para condução de inventários florestais sem o uso de equações
volumétricas. Revista Árvore, Viçosa, v. 28, n.3, p.321-328, 2002.
R Core Team (2013). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for
Statistical Computing, Vienna, Austria. URL http://www.R-project.org/.
SCOLFORO, J. R. S; MELLO, J. M. Inventário Florestal. Lavras: Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e
Extensão – FAEPE, 2006.
SHIVER, B. D.; BORDERS, B. E. Sampling techniques for forest resource inventory. New Jersey, 1996.
356p.
WARE, K. D., CUNIA, T. Continuous forest inventory with partial replacement of samples. Forest. Science.
Monograph 3, 1962. 50 p.

87
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE UNIFORMIDADE E RUGOSIDADE PARA
POVOAMENTOS CLONAIS DE Tectona grandis NO MATO GROSSO

EVALUATION OF THE CORRELATION BETWEEN UNIFORMITY AND ROUGHNESS FOR


CLONAL STANDS OF Tectona grandis IN MATO GROSSO

Lucas Henderson de Oliveira Santos1 Samuel de Pádua Chaves e Carvalho Gláucia Miranda Ramirez
João Paulo Sardo Madi Márcio Willian Roque Mariana Peres de Lima Chaves e Carvalho

RESUMO

A busca por produtos provindos de Teca é crescente em função de suas características físico-mecânicas bem
como ao seu elevado valor de comercialização da madeira. Para minimizar o ciclo de obtenção da madeira se
faz necessário métodos que permitam acompanhar e identificar a qualidade dos plantios. O índice de
uniformidade juntamente ao índice de rugosidade são indicativos da qualidade silvicultural dos plantios
florestais. Este trabalho busca correlações entre índices de qualidade silvicultural para investigar o
desenvolvimento da teca no Mato Grosso, Brasil. O experimento foi implantado em 2005 e os dados de campo
foram provenientes de inventários florestais realizados a cada dois anos a partir do segundo ano de plantio.
Foram utilizados dados de altura dos inventários realizados em maio de 2014 e 2016, com idades de 9 e 11 anos
respectivamente. Após obtidos os índices de uniformidade e rugosidade, foram realizadas análises de
correlações a fim de identificar os padrões de desenvolvimento da floresta. Os resultados permitiram inferir que
quanto mais rugoso for o estrato florestal, menor será a uniformidade do povoamento, ou seja, a correlação é
inversamente proporcional para as métricas propostas neste estudo, em que maiores valores de desvio padrão da
altura geram plantios menos homogêneos.
Palavras-chave: Índice de Rugosidade; Manejo Florestal; índice de Uniformidade.

ABSTRACT

The search for products from Teca is increasing due to its physical-mechanical characteristics as well as to its
high value of commercialization of the wood. To minimize the timber harvesting cycle, methods are necessary
to monitor and identify the quality of the plantations. The uniformity index together with the roughness index
are indicative of the silvicultural quality of the forest plantations. This work seeks correlations between
silvicultural quality indexes to investigate the development of teak in Mato Grosso, Brazil. The experiment was
implemented in 2005 and the field data came from forest inventories carried out every two years from the
second year of planting. Height data from the inventories conducted in May 2014 and 2016, with ages of 9 and
11 years, respectively, were used. After obtaining the uniformity and roughness indices, correlation analyzes
were carried out to identify patterns of forest development. The results allowed to infer that the more rugged the
forest stratum, the lower the uniformity of the stands, that is, the correlation is inversely proportional to the
metrics proposed in this study, in which higher values of standard height deviation generate less homogeneous
plantations.
Keywords: Roughness index; Forest management; Uniformity index.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a Teca é a terceira espécie florestal de folhosas tropicais com maior área plantada no
mundo, ficando somente atrás dos plantios de eucalipto e acácias. Mundialmente, a área plantada com Teca
excede os 6,8 milhões de hectares. Sua madeira é de alto valor no mercado internacional, no qual são registrados
preços mais elevados que o do Mogno. Isso favorece o mercado produtor brasileiro, pois no país é possível
cultivar a espécie em menor tempo e com alta qualidade (FIGUEIREDO et al., 2005, p.351).
O manejo florestal em plantios da espécie é de fundamental importância, pois proporciona por exemplo,
o aumento da produtividade da floresta. A maneira mais utilizada de se estimar a produtividade madeireira é por
meio de inventário florestal (CAMPOS E LEITE, 2006, p.470). Através do inventário são coletados dados como
o diâmetro à altura do peito (DAP), altura dos indivíduos, espessura da casca, mortes, ataque de pragas ou

1
Engenheiro Florestal, Bacharel, Mestrando no programa de Pós Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, UFMT –
Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT -
78060-900, Cuiabá (MT), Brasil, E-mail: lucashenderson@ufmt.br

88
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
doenças no povoamento e o que mais for necessário para o contribuir com o estudo e aumento de qualidade
silvicultural.
Informações sobre a uniformidade de plantações florestais tem sido recentemente utilizada como
ferramentas de qualidade silvicultural (HAKAMADA et al., 2015, p.28). Os dados de uniformidade são grande
valia uma vez que torna possível o monitoramento da qualidade dos povoamentos florestais. Informações sobre
uniformidade das árvores permitem decisões mais assertivas, visto que estudos mostraram a melhoria das
funções de produção quando considerada esta informação (HAKAMADA et al., 2015, p.33). A uniformidade
ajuda a selecionar os indivíduos que melhor se desenvolveram, cooperando para a melhoria qualitativa dos
plantios, pois, quanto mais uniforme o crescimento, maior a homogeneidade da floresta e, consequentemente,
maior sua produtividade.
Uma vez verificada a importância da espécie e o efetivo potencial de índices de qualidade silvicultural,
este trabalho teve como objetivo avaliar a correlação entre os índices de uniformidade e rugosidade em
plantações comerciais de teca no Estado do Mato Grosso.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo
Os dados deste estudo foram obtidos em plantações clonais de teca localizadas no sudoeste do estado de
Mato Grosso implantados no ano de 2005 (Figura 1).

FIGURA 1: Localização da área de estudo.


FIGURE 1: Location of the study area.

A região apresenta altitudes variando entre 100 m a 200 m, temperatura média, máxima e mínima com
valores 25,4°C; 32,9°C; 20,9°C, respectivamente, pluviosidade total anual com variação entre 1300 mm -1400
mm (SEPLAN, 2011, p.102). Segundo Pandey e Brown (2000, p.4) as condições ideias para o cultivo de teca
são de precipitação variando entre 1250 mm à 3750 mm, com temperaturas mínimas variando entre 13°C à
17°C e máximas entre 39° à 43°C, em locais de solo profundo, permeável, com razoável capacidade de retenção
hídrica e fertilidade mediana à fértil.
Segundo a classificação de Köppen o clima da região é classificado como Aw, verão chuvoso com
período de seca no inverno (ALVARES et al., 2013, p.717).

Dados de campo
Em campo foram instaladas e medidas unidades amostrais de 1551 m². Os dados de campo foram
provenientes de inventários florestais realizados a cada dois anos a partir do segundo ano de plantio. Foram
utilizados dados de altura dos inventários realizados em maio de 2014 e 2016, com idades de 9 e 11 anos
respectivamente. Destas unidades amostrais foram mensuradas as alturas e os diâmetros das árvores, bem como
a qualificação de seus fustes.
A partir dos dados de altura foi calculado o índice de uniformidade, onde foi adaptada a metodologia
utilizada por Hakamada et al. (2015, p.30) para plantios clonais de Eucalyptus sp. O autor sugere a métrica
PV50, percentil 50 do variável volume, conforme Stape et al. (2006, p.12). O percentil 50 é a porcentagem
acumulada da variável de interesse das 50% menores árvores do povoamento.
O cálculo consiste na porcentagem de altura acumulada por 50% das árvores com a menor altura
individual que contemplam a unidade amostral (Figura 2). No eixo x são ranqueadas as árvores de maneira
crescente para altura e no eixo y são inseridos os valores da altura individual. A linha cinza representa um

89
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
exemplo hipotético onde 50% das árvores seriam responsáveis por 50% da altura da parcela. A linha preta
representa um exemplo hipotético, onde 50% das árvores correspondem a apenas 30% da parcela.

FIGURA 2: Representação esquemática do PH50.


FIGURE 2: Schematic representation of PH50.

O índice de uniformidade é obtido conforme Equação 1.


n
∑2i=1 HTi
𝐼𝑈 = ∑ni=1 HTi
(1)
Em que: IU = porcentagem acumulada das alturas das 50% menores árvores plantadas; HT = altura da árvore i;
n = número de árvores plantadas ordenadas (da menor para a maior).

Os cálculos foram realizados para cada parcela em um total de 40, posteriormente foram calculadas as
médias por talhão.
Para validação do índice de uniformidade faz-se a determinação do intervalo ótimo de uniformidade
(IOU), onde foi investigado qual foi o comportamento da uniformidade de acordo com o potencial produtivo do
sítio. E para avaliação da uniformidade em escala espacial e temporal, utilizou-se da rede de inventário florestal
para capturar a evolução da uniformidade e a sua relação com as práticas silviculturais e a produtividade
madeireira.
O intervalo ótimo de uniformidade é o parâmetro para indicação de máxima uniformidade e mínimo
necessário para ser considerado uniforme. O limite superior do IOU é de 50% e o limite inferior é representado
pela média do PH50 subtraída do desvio padrão (Eq. 2). Quando o IU está dentro deste intervalo, ele representa
mais de 95% dos materiais genéticos contidos nos testes clonais.
IOU = 50% > IOUij > X ̅ ij − 1 x Sij (2)
Em que: IOUij = Intervalo Ótimo de Uniformidade da parcela i na idade j; ̅ X ij = média do PH50 da parcela i na
idade j; Sij = desvio padrão da média do PH50 da parcela i na idade j.

A rugosidade foi obtida por meio do desvio padrão da altura de cada unidade amostral mensurada em
campo.
Os índices propostos neste estudo foram avaliados por meio da correlação de Pearson, obtida para
quantificar a intensidade da associação linear existente entre as variáveis obtendo-se um índice sem dimensão,
que varia de -1,0 a 1.0 a um nível de significância de 95%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Valores médios das variáveis


Nas Tabelas 1 e 2, referentes aos anos de 2014 e 2016 respectivamente, são apresentados os valores
médios de índice de uniformidade e rugosidade utilizados como entrada na análise de correlação de Pearson.
TABELA1: Valores médios de Índice de Uniformidade e rugosidade do ano de 2014.
TABLE 1: Average values of Uniformity and roughness index for the year 2014.
Talhões IU Rugosidade
88 0,48 1,96
89 0,47 1,47
9 0,47 1,12
91 0,47 1,78
92 0,43 3,04
93 0,47 1,02

90
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em que: IU = índice de uniformidade.

TABELA 2: Valores médios de Índice de Uniformidade e rugosidade do ano de 2016.


TABLE 2: Average values of Uniformity and Roughness Index of the Year of 2016.
Talhões IU Rugosidade
88 0,47 2,18
89 0,44 2,43
9 0,44 2,50
91 0,45 2,45
92 0,46 3,81
93 0,46 1,77
Em que: IU = índice de uniformidade.

Para o ano de 2014 foram obtidos valores médios de 1,7337 para rugosidade; 0,46 para uniformidade. Já
em 2016 os valores obtidos foram 2,5238 em rugosidade, 0,45 em uniformidade. Logo, houve redução de
aproximadamente 2,2% em uniformidade e aumento de 0,79 em rugosidade.
Hakamada et al. (2012, p.64), estudando a redução média do índice de uniformidade com a utilização a
variável volume, observou redução de 15,1% em uniformidade e redução de IMA (Incremento médio anual) de
9,6 m3 há-1 ano-1, então concluiu que para cada 1% de redução do PV50 houve uma perda de 0,63 m3 há-1 ano-1 no
IMA. Não foram encontrados estudos com associação entre uniformidade em teca e índices de vegetação,
porém, comparando com as outras variáveis pode-se dizer que quando há redução de uniformidade, há
diminuição de produção florestal, o estrato ficando desuniforme faz com que o desvio padrão das alturas
(rugosidade) aumente.

Determinação do intervalo ótimo de uniformidade e índice de uniformidade


As variações temporais do índice de uniformidade estão representadas na Figura 3.

0,50
0,48
0,46
0,44
0,42
0,40
2014 2016 IOU Linear (IOU)

FIGURA 3: Representação das variações temporais da uniformidade e seu intervalo ótimo de uniformidade.
FIGURE 3: Representation of temporal variations of uniformity and its optimal range of uniformity

A partir dos cálculos, o intervalo ótimo estabelecido para os dois anos foi de 0,44 que é equivalente a
88% de uniformidade. Apenas em um talhão com medição em 2014 não esteve dentro do intervalo ótimo de
uniformidade.
Considerando uma média dos talhões dos valores de uniformidade em porcentagem, houve um
decréscimo de 2,22% de uniformidade de um ano para o outro. Isso pode ser explicado pelo aumento da
variação da altura nas respectivas medições. Bendel et al., (1989, p.399) ressalva pela não indicação do índice
de uniformidade quando há concentração de indivíduos próximos aos extremos, e que mudem
significativamente o valor do desvio padrão.
Hakamada (2015, p.34) em estudos utilizando redes de inventário florestal para monitoramento da
qualidade de plantios de Eucalipto, observou que a ausência de diferença de uniformidade entre os testes
clonais, mostrou que quando as recomendações técnicas e a qualidade da execução das operações são realizadas
dentro de um padrão ótimo, a uniformidade possui um comportamento padrão independentemente da
capacidade produtiva do sítio.
Aspinwall et al. (2011, p.616) em estudos sobre influência do nível de melhoramento genético na
uniformidade e produtividade de povoamentos de Pinus taeda no sudeste dos Estados Unidos, concluíram que a

91
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
uniformidade em povoamentos clonais são dependentes da qualidade silvicultural. A partir disso, foi possível
inferir que mesmo as árvores sendo geneticamente idênticas, não se pode garantir a elevada uniformidade.
Boyden, Binkley e Stape (2000, p.2857) em seus estudos de comparação de produtividade de clones de
Eucalyptus spp utilizando-se de plantios seminais, sugeriram que a maior produtividade dos povoamentos
clonais se deu em sua maior parte a maior uniformidade do povoamento, que permite com que a eficiência do
uso de recursos seja elevada árvore a árvore.

Índice de rugosidade
A Figura 4 representa o índice de rugosidade, obtido através do desvio padrão das alturas.
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
88 89 90 91 92 93
Rugosidade 2014 Rugosidade 2016

FIGURA 4: valores de rugosidade dos anos de 2014 e 2016 respectivamente.


FIGURE 4: Roughness values for the years 2014 and 2016 respectively.

Foi utilizado o desvio padrão dos valores de altura em cada parcela para representar a rugosidade do
dossel, que influencia a reflectância nas regiões espectrais do visível e do infravermelho (PONZONI, 2004,
p.539).
Os valores médios de todos os talhões obtidos para os anos de 2014 e 2016 foram 1,73 e 2,52
respectivamente.
A rugosidade do dossel é crescente a medida que se avança nos estágios de desenvolvimento da
cobertura vegetal em florestas nativas, no entanto, em florestas plantadas, espera-se que a rugosidade seja a
menor possível, em conformidade com a maior uniformidade possível, isso deve-se ao aumento da rugosidade
ser mais sutil e dependente da estratificação vertical do dossel. A dinâmica dos demais parâmetros segue a
mesma tendência, o que corresponde a algo perfeitamente esperado, ou seja, quanto mais avançado é um estágio
de desenvolvimento de um dossel florestal, são esperados valores maiores de diâmetro altura do peito, área
basal e altura (PONZONI E DISPERATI, 1994, p.66).
Quando comparado ao índice de uniformidade, nota-se que conforme a uniformidade do plantio
diminui, aumenta o desvio padrão entre as alturas, logo aumenta a rugosidade, condizente com o esperado.

Correlação de Pearson
Como base para interpretação dos resultados da análise de correlação, utilizou-se a classificação
proposta por SANTOS (2007, p.145).
Na Tabela 3 estão presentes os valores de correlação de Pearson dos anos de 2014 e 2016
respectivamente, em conjunto com a interpretação da correlação a qual o mesmo está inserido. São apresentadas
as correlações entre o índice de uniformidade (IU) e índice de rugosidade (Rugosidade).
TABELA 3: Correlação entre valores médios de Rugosidade e índice de Uniformidade.
TABLE 3: Correlation between mean values of Roughness and Uniformity index.
Correlações 2014 Resultado 2016 Resultado
IU-Rugosidade -0,8669 Fortemente negativa 0,1040 Fraca Negativa
Em que: IU = índice de Uniformidade

Em trabalhos com florestas nativas, verificou-se que as estimativas da altura do dossel e da rugosidade
do dossel foram as que obtiveram os maiores valores de correlação. Também foi observado que valores mais
elevados de qualquer parâmetro biofísico proporcionaram estimativas mais próximas da realidade, logo, valores
de reflectância de superfície não são sensíveis a detecção de pequenos valores biofísicos (PONZONI e
REZENDE, 2004, p.541).

92
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

Houve correlação entre a rugosidade e a uniformidade no ano de 2014, porém, não houve correlação
para o ano de 2016. Logo, são necessários estudos com maior espaço temporal para comprovar se a correlação
se mante ao longo do ciclo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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93
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DIAMÉTRICA DE Bertholletia excelsa Bonpl EM CASTANHAIS
NATIVOS NO SUL DO AMAPÁ

EVALUATION OF THE DIAMETRIC STRUCTURE OF Bertholletia excelsa Bonpl IN INDIGENOUS


POPULATIONS IN SOUTH OF AMAPÁ

Vitória Nádia Andrade da Fonseca1 Rafael Lucas Figueiredo de SouzaCarlos Roberto de Nazaré Carvalho
Júnior Anderson Pedro Bernardina Batista Marcelino Carneiro Guedes

RESUMO

A floresta amazônica é um ecossistema detentor de grande diversidade na fauna e flora. A Bertholletia excelsa
Bonpl., é uma espécie recorrente de terra firme, pertencente à família Lecythidaceae, tronco não ramificado com
diâmetros expressivos. Para o manejo florestal, os estudos sobre a distribuição diamétrica estão sendo cada vez
mais disseminados, por se tratar de um mecanismo simples e prático que pode mudar para cada tipo de floresta.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo é caracterizar a distribuição dos diâmetros das árvores de Bertholletia
excelsa Bonpl na Reserva Extrativista Rio Cajari (Resex Cajari). Foram implantadas três parcelas
permanentes de 300 m x 300 m, na floresta madura de terra firme onde foram mensurados, marcados
com placas de alumínio e enumerados de forma progressiva, todos os indivíduos de B. excelsa com
diâmetro a 1,30 m do solo (DAP) > 10 cm. Para análise da variável, foi utilizada estatística descritiva.
No levantamento foram amostrados 169 indivíduos de castanha-da-amazônia distribuídos nas três
parcelas permanentes, sendo na P1 = 29, P2 = 85 e P3 = 55 Indivíduos da espécie estudada. Os
diâmetros foram distribuídos em 6 classes na P1, 7 classes na P2 e P3. As parcelas P1 e P2
apresentaram irregularidades na distribuição, no entanto, na P3 a distribuição foi na forma de J
invertido, demostrando autossustentação da população de Bertholletia excelsa no local.
Palavras-chave: castanheiras; Resex Cajari; J invertido.

ABSTRACT

The Amazon rainforest is a very complex ecosystem and holds great diversity in fauna and flora. The
Bertholletia excelsa Bonpl., Is a recurrent mainland species, belonging to the family Lecythidaceae, unbroken
trunk with expressive diameters. The diametric distribution are being more and more widespread in forest
management studies, because it is a simple and practical mechanism, is a factor that can change for each type of
forest. The objective of this study is to characterize the distribution of tree diameters of Bertholletia excelsa
Bonpl. in the Rio Cajari Extractive Reserve (Resex Cajari). Three permanent plots of 300 m x 300 m were
implanted in the mature terra firme forest where they were measured, marked with aluminum plates and
progressively enumerated, all individuals of B. excelsa with diameter at 1.30 m of soil (DBH)> 10 cm. For the
analysis of the variable, descriptive statistics were used. In the survey, 169 individuals of Brazil nuts distributed
in the three permanent plots were sampled, being P1 = 29, P2 = 85 and P3 = 55 trees of the species studied. The
diameters were distributed in 6 classes in P1, 7 classes in P2 and P3. The P1 and P2 plots presented
irregularities in the distribution, however, in P3 the distribution was J reverse, demonstrating self-sustainability
of the Bertholletia excelsa population at the site.
Keywords: Brazil nut, Resex Cajari, J reverse.

INTRODUÇÃO

A floresta amazônica é um ecossistema muito complexo e detentor de grande diversidade na fauna e


flora, possuindo extensão em vários países, principalmente no Brasil, abrangendo Estados como: Pará, Amapá,
Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima (FISCH, 1998).
A Bertholletia excelsa Bonpl. é uma espécie recorrente de terra firme, sendo mais encontrada em países
da América do Sul, onde no Brasil a sua maior concentração se encontra na Amazônia (TONINI, 2008).
Popularmente conhecida como castanha-da-amazônia, é pertencente à família Lecythidaceae com altura acima
de 45 metros, (PEDROZO, 2017). A castanheira possui grande relevância devido a sua utilidade, tais como:
renda aos extrativistas, alimentação, óleo da castanha, artesanato. Assim como as espécies samaúma (Ceiba

Graduando em Engenharia Florestal, Universidade do Estado do Amapá/UEAP. E-mail: fonseca.vna@gmail.com


1

94
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
pentandra (L.) Gaertn.) e o piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), a castanheira é uma árvore de grande porte
e com tronco não ramificado podendo chegar expressivos diâmetros (SALOMÃO, 2009).
A estrutura populacional de Bertholletia excelsa ou de qualquer outra espécie prevê conhecimentos
sobre a capacidade produtiva, principalmente através da densidade de indivíduos maduros para produção de
frutos. Sendo cada vez mais disseminado nos estudos de manejo florestal por se tratar de um mecanismo
simples e prático, a distribuição diamétrica é um fator que pode mudar para cada tipo de floresta (ALVES
JUNIOR, 2007). A medida do diâmetro possibilita conhecer a distribuição diamétrica da floresta aplicados a
povoamentos inequiâneos e para definir o grau de ocupação de um local por meio da estimativa de densidade e
área basal. As estruturas diamétricas das populações de Bertholletia excelsa apresentam um declínio no número
de árvores nas maiores classes diamétricas e as maiores densidades ocorreram nas classes intermediárias, com
ausência de indivíduos em algumas classes para indivíduos com (DAP ≥ 10 cm) (TONINI et al., 2008).
Diante do exposto, o objetivo deste estudo é caracterizar a distribuição dos diâmetros das árvores de
Bertholletia excelsa Bonpl. na Reserva Extrativista do Rio Cajari (Resex), sul do Amapá.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


A área de estudo está situada na Reserva Extrativista do Rio Cajari (Resex Cajari), com área de 501.771
ha, localizada no extremo sul do estado do Amapá (Brasil, 1990).
A vegetação na área de estudo é composta por floresta ombrófila densa e ombrófila aberta, conforme o
sistema fisionômico-ecológico (IBGE, 2012), bem como áreas de transição cerrado-floresta (NEVES et al.,
2016). O clima da região da Resex Cajari situa-se na transição de clima tropical de savana (Aw) para tropical de
monção (Am), segundo a classificação de Köppen (ALVARES et al., 2013). Apresenta temperatura média anual
acima de 25 °C, com mínima de 18 °C e máxima de 31,5 °C.

Figura 1. Mapa de localização das parcelas na Resex Cajari, Amapá.


Figure 1: Location map of plots in Resex Cajari, Amapá.

Base de dados e amostragem


Foi implantada uma parcela permanente de 300 m x 300 m na floresta madura de terra firme (Floresta
Ombrófila Aberta) em que foram localizadas e identificadas todas as árvores de B. excelsa com diâmetro a 1,30
m do solo (DAP) maior ou igual a 10 cm. As mesmas foram plaqueteadas, inventariadas e georreferenciados
com auxílio de Global Positioning System (GPS) Garmin 60CSx.
A estrutura paramétrica foi realizada pela distribuição diamétrica. Os indivíduos amostrados da espécie
estudada foram agrupados em classes de diâmetro, conforme a expressão: k = 1 + 3,3 Ln (N) que sugere um
número razoável de classes, variando conforme o número de ocorrência e extensão dos dados. Sendo k =
número de classes, n = número de observações e Ln é o logaritmo natural e N o número total de indivíduos
amostrados.

95
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RESULTADOS E DISCUSSÕES

No levantamento foram amostrados 169 indivíduos de castanha-da-amazônia (Bertholletia excelsa


Bonpl) nas três parcelas permanentes em floresta madura de terra firme.
Para a análise da estatística descritiva foram utilizados os valores de média, mediana, moda, desvio
padrão, coeficiente de variação (CV%), diâmetro mínimo e máximo (Tabela 1).
Os resultados encontrados para a média, moda e mediana mostraram que o comportamento da
distribuição dos dados nas parcelas é de forma assimétrica positiva, ou seja, (média > mediana > moda). Os
valores do coeficiente de variação (CV%) revelaram alta variabilidade dos diâmetros entre as árvores de
castanha-da-amazônia, principalmente para a Parcela 3, que foi quase de 80%.

TABELA 1. Estatística descritiva dos diâmetros das castanheiras em três parcelas na floresta madura Resex
Cajari, Amapá. Em que: CV é o coeficiente de variação em %.
TABLE 1. descriptive statistics of diameter of Brazil nut in three plots in the mature terra firme forest. Where:
CV is the coeficiente of variation in %.
DAP DAP DESVIO
PARCELA Nº MÉDIA MEDIANA MODA CV%
MÍN MÁX PADRÃO
1 29,0 73,9 70,0 66,8 20,1 170,3 35,1 47,5
2 85,0 104,5 101,9 17,2 10,0 280,1 57,5 55,1
3 55,0 78,5 68,4 11,1 10,0 253,4 62,8 79,9
TOTAL 169,0

A distribuição diamétrica apresentou maiores concentrações de castanheiras nas classes 2 e 3


(45,10<70,14 e 70,15<95,19 cm) na Parcela 1, mostrando-se mais variável que a Parcela 2 que possui mais
indivíduos nas classes 1 (10<48,46 cm), 3 (87,08<125,68 cm) e 4 (125,69<164,29 cm) (Figuras 2A e 2B).
Enquanto que a Parcela 3, a curva de distribuição de diâmetros dos indivíduos segue o padrão característico de
florestas inequiâneas, ou seja, apresenta uma distribuição exponencial mais próxima da forma de “J invertido”,
sendo que a maior frequência de indivíduos se encontra nas classes de diâmetros menores (Figura 2C).
Neves et al. (2016) relata que, a caracterização estrutural da população pode definir a qualidade do
recurso e o potencial produtivo da espécie no ambiente, logo, produtos florestais não-madeireiros, como no caso
da Bertholletia excelsa Bonpl., precisam de uma estrutura estável em suas populações, tendo indivíduos em
todas as classes de diâmetro, o que gera o constante recrutamento dessas classes.

FIGURA 2. Distribuição diamétrica de Bertholletia excelsa na Resex Rio Cajari, Amapá. (A) Parcela 1; (B)
Parcela 2 e (C) Parcela 3.
FIGURE 2. Diametric distribuition of Bertholletia excelsa in Resex Cajari, Amapá. (A) Plot 1; (B) Plot 2 and
(C) Plot 3.

96
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Resultados semelhantes foram encontrados por (Wadt et al., 2008) no estado do Acre, que relataram a
estrutura da população em todos os três locais estudados, a distribuição de classe de diâmetro foi na forma de ‘j-
invertido”, ou seja, com maior representação em classes de tamanho menor e um declínio proporcional com o
aumento do tamanho das classes.
O padrão pode revelar que a população estudada apresenta autossustentação e boa regeneração natural
de Bertholletia excelsa no local.

CONCLUSÃO

Nas Parcelas 1 e 2, a estrutura diamétrica não foi na forma esperada, apresentando algumas
irregularidades na distribuição dos indivíduos nas classes diamétricas, enquanto que na Parcela 3, a curva de
distribuição de diâmetros dos indivíduos segue o padrão característico de florestas inequiâneas, ou seja,
apresenta uma distribuição exponencial na forma de “J invertido”.

AGRADECIMENTOS

A Universidade do Estado do Amapá pelo fomento à pesquisa, ao laboratório de manejo florestal pelo
apoio dos professores e estrutura e a EMBRAPA/AP pela parceria.

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TONINI, H.; DA COSTA, P.; KAMINSKI, P.E. Estrutura e produção de duas populações nativas de
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97
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INTENSIDADES AMOSTRAIS NA ESTIMATIVA DO VOLUME
EM POVOAMENTOS DE Eucalyptus sp.

EVALUATION OF DIFFERENT SAMPLE INTENSITIES IN NVOLUME ESTIMATION IN Eucalyptus sp.

Lorena Oliveira Barbosa1 Natielle Gomes Cordeiro Adriana Leandra de Assis Christian Dias Cabacinha

RESUMO

As informações geradas em inventários florestais são importantes na gestão e na tomada de decisão dos
empreendimentos e necessitam de planejamento com relação a qual procedimento, forma, tamanho e
intensidade amostral deverão ser empregados. O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de três intensidades
amostrais para a estimativa do volume do inventário florestal realizado em povoamentos de Eucalyptus sp. A
base de dados partiu de inventários realizados por meio da amostragem casual simples com parcelas de 400 m².
Avaliou-se três intensidades amostrais, 1:3 (uma parcela a cada 3 ha), 1:5 (uma parcela a cada 5 ha) e 1:10 (uma
parcela a cada 10 ha), conforme critérios estatísticos e critérios operacionais, considerando erro máximo
admitido: 10% a 5% de nível de significância. A intensidade amostral necessária para cada inventário
processado foi calculada e comparada com o mensurado. Foi realizada análise de variância utilizando-se dois
critérios: o primeiro os doze talhões em estudo o segundo as três simulações de intensidades amostrais, a 0,5%
de probabilidade. Na intensidade 1:3 em 100% dos talhões as parcelas lançadas coincidiram com número de
parcelas solicitadas, na intensidade de 1:5 91,67% das parcelas lançadas foram suficientes, já para 1:10 foram
75%. Na análise de variância não houve diferença significativa entre as simulações de intensidade amostrais,
mostrando não interferiram na estimativa de volume dos talhões. As intensidades amostrais estudas, 1:3, 1:5 e
1:10 foram em sua maioria suficientes para a precisão desejada.
Palavras chaves: esforço amostral; inventário florestal; unidades amostrais.

ABSTRACT

The information from forest inventories are important to management and taking decision of the enterprises, in
this way they require planning related to the procedure, shape, size and sampling intensity that will be applied.
The article's goal was to evaluate the efficiency of three sampling intensity to estimate volume at the forest
inventory accomplished at stands of Eucalyptus sp. The database came from inventories accomplished at a
simple random sampling with plots of 400 m2. It was evaluated three sampling intensities, 1: 3 (one plot every 3
ha), 1: 5 (one plot every 5 ha) and 1:10 (one plot every 10 ha), according to statistics and operational criteria,
considering the maximum allowed error: 10% to 5% level of significance. The sampling intensity needed to
each processed inventory was calculated and compered to the ones measured. It was done a variance analysis
using two criteria: at the first criterion, twelve stands being studied, and the second criterion at the three
sampling intensity simulations, the 0.5% probability. At the intensity 1: 3 in 100% of the stands, the plots
accomplished were the same number of plots required; at the intensity 1:5 91,67% of the plots accomplished
were enough, and for the intensity 1:10 were 75%. The variance analysis did not have a significant difference
between the sampling intensity simulations, showing that they did not affect the stands' volume. The sampling
intensities studied 1:3, 1:5 and 1:10 were enough for the desired accuracy.
Keywords: sampling effort; forest inventory; sample units size.

INTRODUÇÃO

O inventário florestal, por meio das técnicas de amostragem, é uma atividade na qual possibilita a
obtenção de informações qualitativas e quantitativas de uma floresta de acordo com o objetivo a ser alcançado,
fornecendo base para as tomadas de decisão (MELLO et al., 2009). Tal atividade é considerada como bem-
sucedida ao fornecer informações precisas, sendo assim dependente do emprego correto de um procedimento de
amostragem, definição do tamanho e forma das unidades amostrais e intensidade amostral (UBIALLI et al.,
2009).

1
Engenheira Florestal, Msc, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Campus Universitário, Av. Doutor Sylvio Menicucci, 1001, Aquenta
Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail: lorena.obarbosa@gmail.com

98
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A intensidade de amostragem indica a porcentagem de área total da população que é incluída na
amostra, sendo baseada nas exigências da NT 01/07 que define metodologias de inventários amostrais em
florestas públicas passíveis de concessão florestal (HUSCH et al., 2003; CAVALCANTI et al., 2009). Este
fator, atrelado ao tamanho das parcelas amostrais, influência diretamente na precisão do inventário (OLIVEIRA
et al. 2014). O tamanho da amostra pode ser definido com base no objetivo da pesquisa, recursos disponíveis,
precisão desejada, característica a ser mensurada, método de seleção e distribuição das unidades amostrais
(SOARES et al., 2006).
Péllico Netto e Brena (1997) descrevem como os principais procedimentos para definição do número de
parcelas no inventário florestal: a) variabilidade da população, o erro máximo admitido e a probabilidade de
confiança fixados, b) em função do tempo e recursos disponíveis. Assim, o critério tido como melhor é aquele
em que o número de unidades amostrais é compatível com um erro máximo preestabelecido, onde a redução da
intensidade amostral não diminui a precisão e acurácia (TONINI, 2013).
A heterogeneidade ou variabilidade do povoamento também influencia na intensidade amostral,
considerando que para uma mesma precisão das estimativas, quanto menor for a variância, menor a quantidade
de unidades amostrais necessárias (KERSTEN; GALVÃO, 2011). Para Morais Filho et al. (2003), geralmente
os coeficientes de variação se comportam inversamente ao tamanho da parcela e como consequência ao número
de parcelas.
A variável volume é, em muitos casos, a principal finalidade dos levantamentos florestais é o seja
conhecimento individual das árvores ou do povoamento, especialmente quando se trata de povoamentos
destinados para fins comerciais (SANQUETTA et al., 2014). Como a mensuração de todas as árvores é uma
atividade impraticável, principalmente em povoamentos extensos, são utilizadas amostras representativas da
população, onde o cálculo do volume das árvores é feito por meio de estimativas (MARTINS et al., 2016).
O inventário florestal se difere de acordo com o objetivo preconizado, podendo ser em uma única
ocasião ou ocasiões sucessivas, pré-corte, qualitativo, para prognose ou até mesmo por enumeração completa
(MARSARO, 2016; MACHADO et al., 2017). Soares et al (2006) discorrem que o ideal é que toda amostra
tenha um tamanho que permita boa representatividade da população e seja pequena o suficiente para permitir
rapidez na coleta dos dados e de forma geral, Moro e Martins (2011), recomendam no mínimo 1 ha de área para
amostragem no método de parcelas, ponderando que amostras menores que estas não oferecem confiabilidade.
Tendo em vista o cenário, este estudo objetivou avaliar a eficiência de três intensidades amostrais para a
estimativa do volume e a precisão do inventário florestal realizado em povoamentos de Eucalyptus sp.

MATERIAL E MÉTODOS

Descrição dos dados


Os dados utilizados neste estudo são provenientes de inventários florestais realizados em doze talhões
de clones de Eucalyptus sp., que abrangem uma área entre 41,5 ha e 49,55 ha, com número médio de 1111
árvores com espaçamento 3 x 3 m localizados no estado de Minas Gerais.
No total foram mensuradas 186 parcelas circulares de 400 m², e medidos o diâmetro a 1,30m do solo
(DAP) de todas as árvores com auxílio da suta e bem como a altura de parte das árvores com hipsômetro.
Mediante os dados levantados, realizou-se a estimativa da altura para as demais árvores da parcela por meio de
relações hipsométricas ajustadas por parcela. Em relação às estimativas do volume, foram utilizadas funções de
afilamento ajustadas a partir de cubagem rigorosa.
Por fim, os dados dos inventários foram processados de acordo com a Amostragem Casual Simples
(ACS), sendo o volume total (m³/ha) das parcelas, a variável avaliada.

Intensidade amostral
Foram avaliadas três intensidades amostrais, 1:3 (uma parcela a cada 3 ha), 1:5 (uma parcela a cada 5
ha) e 1:10 (uma parcela a cada 10 ha), com no mínimo cinco parcelas por hectare. Essas intensidades amostrais
foram avaliadas conforme critérios estatísticos e critérios operacionais, considerando um erro máximo admitido
que em geral é de 10% para povoamentos comerciais (SANQUETTA et al., 2014) e uma probabilidade de 0,05.
Para os critérios estatísticos baseou-se na obtenção do erro máximo e por meio do cálculo da
intensidade amostral requerida foram definidas a suficiência do número de parcelas mensuradas nos talhões.

(t² (cv%)²)
n=
(LE%)² + (t²(cv%)²) /N)
Em que: n= intensidade amostral requerida; t=probabilidade de t Student; cv%= coeficiente de variação em porcentagem;
LE% = limite do erro de amostragem admitido em porcentagem.

99
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Análises estatísticas
Na avaliação das intensidades amostrais adotadas nos inventários foram utilizados os parâmetros
estatísticos: erro amostral (E), na unidade da variável dependente (m³) e em porcentagem (E%) e coeficiente de
variação (CV%).
E =t* sy
E
E% =
y
sy
cv% = * 100
y
Em que: 𝑠𝑦̅= desvio padrão da média; E= erro amostral absoluto; t=probabilidade de t Student; 𝑦̅= média do
volume; E% = limite do erro de amostragem admitido em porcentagem; cv%= coeficiente de variação em
porcentagem.

Realizou-se uma análise de variância para a variável volume de acordo com os seguintes critérios:
inicialmente considerou-se os doze talhões em estudo, posteriormente somente as diferentes intensidades
amostrais, 1:3 ha, 1:5 ha 1:10 ha, a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas utilizando-se o programa
estatístico SISVAR (FERREIRA, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análises estatísticas
De acordo os resultados da análise de variância, pode-se inferir que não houve diferença significativa
entre as intensidades amostrais, afirmando que os números de parcelas estudadas não interferiram na estimativa
de volume dos talhões (Tabela 1).

TABELA 1: Análise de variância de três intensidade amostrais, 1:3, 1:5 e 1:10 ha.
TABLE 1: Analysis of variance of three sample intensities, 1: 3, 1: 5 and 1:10 ha.
FV GL SQ QM FC Pr>FC
Trat. 2 3,4653 1,7326 0,030 ns 0,9703
Bloco 11 214943,2601 19540,2963 340,934 * 0,0000
Erro 22 1260,9086 57,3140
Total 35 216207,6341
CV (%) 2,21
Em que: Trat.: Tratamento; CV (%): coeficiente de variação em porcentagem, ns: não significativo, *
significativo a 5% de probabilidade.

Em relação ao bloco, os dados foram significativos, mostrando como a produção pode variar entre os
talhões. Tais resultados eram esperados pois existe uma dependência relacionada ao material genético utilizado,
qualidade do sitio, região e outros fatores.
Estatisticamente, observou-se que os volumes são iguais, permitindo assim a redução do número de
parcelas a serem amostradas no inventário florestal. Para Kanegae (2004) a intensidade amostral e a precisão do
inventário influenciam na relação do custo operacional e representatividade da floresta. Com isso, faz-se
importante a buscar por alternativas que favoreçam a redução da intensidade amostral sem ocasionar perda na
precisão para o acompanhamento do crescimento da floresta (GUEDES et al., 2015).
A quantificação precisa do volume se torna imprescindível e de total interesse quando se trata do destino
a que um povoamento será direcionado ou do objetivo do levantamento. Visando a redução dos custos do
inventário, pode-se recomendar a utilização de parcelas na intensidade de 1:3 ha, no entanto, ressalta-se que as
três intensidades amostrais podem ser empregadas.
Quando se aborda a questão operacional relacionada ao inventário florestal, ressaltando-se um menor
deslocamento até o talhão a ser inventariado, a utilização de uma redução da intensidade amostral pode servir
como uma alternativa viável. Deve-se, no entanto, atentar para que o número de parcelas não seja muito baixo,
pois para que as unidades amostrais sejam bem distribuídas na área, as distâncias entre elas serão grandes
aumentando o tempo do deslocamento e gastos do inventário.

100
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Mediante os processamentos dos dados dos inventários (Tabela 2), nota-se que em 88,8 % o erro de
amostragem calculado em cada simulação foi atendido, destacando-se que apenas nos talhões A e D na
simulação 3 e o talhão I nas simulações 2 e 3, o erro máximo foi ultrapassado.

TABELA 2: Volume médio (m³), desvio padrão (m³), coeficiente de variação (CV%), erro absoluto (Erro m³),
erro em porcentagem (Erro %) e intervalo de confiança (IC m³/ha) para as simulações de intensidades amostrais
(S), 1:3 (S1), 1:5(S2) e 1:10 ha (S3).
TABLE 2: Average volume (m³), standard deviation (m³), coefficient of variation (CV%), absolute error (Error
m³), error in percentage (Error%) and confidence interval of sample intensities (S), 1: 3 (S1), 1: 5 (S2) and 1:10
hectares (S3).
Volume Desvio
Talhão S CV % Erro m³ Erro % IC m³/ha
Médio Padrão
S1 346,2481 8,5106 9,26 31,1114 5,41 327,5248 - 364,9715
A S2 347,0709 13,5267 11,74 18,7234 8,96 315,9595 - 378,1823
S3 335,8029 23,2264 15,5 62,7113 18,68 -
S1 427,7838 6,4365 5,67 14,1603 3,31 413,6235 - 441,9442
B S2 430,0734 8,1628 5,72 18,7744 4,37 411,2989 - 448,8478
S3 429,7310 12,4852 6,51 33,71 7,84 396,0210 - 463,4410
S1 472,7765 7,6719 6,33 16,8781 3,57 455,8983 - 489,6546
C S2 464,4250 9,3819 6,09 21,5783 4,65 442,8467 - 486,0033
S3 463,3362 10,2272 4,95 27,6136 5,96 435,7227 - 490,9498
S1 438,9069 10,0978 9,27 21,2054 4,83 417,7015 - 460,1123
D S2 433,6476 13,0598 9,57 28,7316 6,63 404,9160 - 462,3792
S3 461,5060 18,6772 9,07 50,4285 10,93 -
S1 268,3201 5,3537 8,04 11,2428 4,19 257,0773 - 279,5629
E S2 278,8339 5,1213 5,83 11,2669 4,04 267,5670 - 290,1008
S3 277,0758 7,4155 6,00 20,0219 7,23 257,0538 - 297,0977
S1 319,1534 3,1322 3,7 6,8908 2,16 312,2625 - 326,0442
F S2 320,2540 3,4864 3,28 8,0186 2,5 312,2354 - 328,2727
S3 310,7689 6,9123 4,99 18,6631 6,01 292,1058 - 329,4320
S1 396,5785 6,1390 6,04 13,5058 3,41 383,0728 - 410,0843
G S2 399,0496 8,7124 6,58 20,0384 5,02 379,0112 - 419,0880
S3 389,5052 13,6167 7,84 36,7651 9,44 352,7401 - 426,2703
S1 361,5026 8,3396 5,35 17,5131 4,84 343,9895 - 379,0157
H S2 360,9375 7,7635 6,83 17,0796 4,73 343,8579 - 378,0171
S3 356,4405 6,8012 4,28 18,3631 5,15 338,0773 - 374,8036
S1 200,2324 9,4593 19,61 19,8645 9,92 180,3679 - 220,0969
I S2 193,5962 13,2995 21,81 29,2588 15,11 -
S3 192,2512 9,4843 11,05 25,6077 13,32 -
S1 325,4700 4,8235 6,15 10,1293 3,31 315,3407 - 335,5994
J S2 318,3846 4,6020 4,59 10,1244 3,18 308,2602 - 328,5091
S3 313,1969 6,7284 4,81 18,1668 5,8 295,0301 - 331,3636
S1 259,2329 5,4798 8,51 11,5075 4,44 247,7254 - 270,7404
K S2 256,8525 7,1231 8,81 15,6708 6,1 241,1817 - 272,5234
S3 280,5667 5,9072 4,72 15,9494 5,68 264,6173 - 296,5160
S1 294,1560 4,6545 6,37 9,7744 3,32 284,3816 - 303,9304
L S2 302,1044 5,5582 5,84 12,2281 4,05 289,8762 - 314,3325
S3 304,1433 9,4404 6,96 25,4892 8,38 278,6541 - 329,6325
Em que: S: simulações de intensidade amostral.

Para os talhões onde foi possível o cálculo dos intervalos de confiança, o maior erro ocorreu na
intensidade de 1:10 ha, com 9,44% no talhão G e o menor no talhão F de 2,16%, na intensidade de 1:3 ha.
Ao comparar os resultados obtidos, observou-se que os erros onde a porcentagem ultrapassou o máximo
de 10% os coeficientes são os maiores, comparados aos demais talhões. O talhão A possui 9,26, 11,74 e 15,50%
de CV%, para os respectivos S1, S2 e S3. No talhão D os coeficientes foram 9,27% em S1, 9,57% em S2 e
9,07% em S3. Para o talhão I a ordem dos valores de coeficientes para as intensidades 1, 2 e 3 consistiram em

101
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
19,61, 21,81 e 11,05%, respectivamente. Silva et al. (2014) também observaram o reflexo direto do coeficiente
de variação na intensidade amostral, sugerindo o uso de imagens de sensoriamento remoto como uma forma de
conhecer a variabilidade da área. Os autores ainda enfatizam a importância de uma boa distribuição das parcelas
na área, ou seja, a representatividade, para evitar que regiões do talhão não sejam amostrados adequadamente.
Com base nos resultados observou-se nos talhões D e I um decréscimo do coeficiente de variação na
simulação 3, onde os valores do erro ultrapassaram o desejável. Isso pode acontecer devido ao efeito da
aleatorização das unidades amostrais, onde uma parcela com maior variabilidade não foi mensurada em uma das
simulações e mensurada em outras, mostrando a importância que a amostragem seja representativa da
população.
De acordo com os valores considerados de erro máximo admissível e probabilidade a intensidade de 1:5
ha pode vir ser uma alternativa para redução de intensidade amostral, sem a perda da precisão dos dados.
Alvarenga et al. (2012) expõem uma tendência no setor florestal pela busca da minimização do erro reduzindo-
se o custo do levantamento florestal, tendo como base que uma elevada intensidade amostral demanda mais
recursos para a realização do inventário florestal.

CONCLUSÃO

Os volumes dos talhões não foram influenciados pela redução da intensidade amostral, possibilitando
uma redução da intensidade amostral. No momento do planejamento do inventário florestal a intensidade
amostral de 1:5 ha (1 parcela para cada 5 ha) pode ser utilizada. Posteriormente é necessário aprofundar estudos
sobre custos e tempo das propostas de intensidades amostrais avaliadas no trabalho.

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103
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AVALIAÇÃO DE EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DO CRESCIMENTO DIAMETRICO DE
Ilex paraquariensis EM FUNÇÃO DA IDADE, SANTA MARIA - RS

EVALUATION OF EQUATIONS FOR THE ESTIMATION OF DIAMETRIC GROWTH OF


Ilex paraquariensis IN FUNCTION OF THE AGE, SANTA MARIA - RS

Janderson de Oliveira Silva1 Ane Caroline da Silva Pereira Pábulo Diogo de Souza
Luciana Grendene Maculan Thiago de Oliveira Santos

RESUMO

Ilex paraquariensis é popularmente conhecida como Erva-mate, espécie de ocorrência naturalmente no Brasil,
Argentina e Paraguai, sendo uma espécie nativa do Sul do Brasil apresenta grande potencial econômico nas
quais sua utilização na indústria encontra-se no setor alimentícios, farmacológicos, cosméticos. Deste modo o
objetivo deste trabalho foi verificar as melhores equações matemáticas para descrever o crescimento diamétrico
Ilex paraquariensis em função da idade para grupos de árvores machos e fêmeas da espécie. O experimento foi
desenvolvido na UFSM, foram abatidas seis árvores, três árvores de cada sexo, onde obteve-se os discos a 1,30
do solo para analisar as formações de anéis e estimar o crescimento diamétrico dos indivíduos. Os resultados
demostraram que independente do sexo é possível obter o mesmo padrão de crescimento entre as árvores. Foi
possível estimar o DAP em função da idade com a utilização de um modelo que melhor se ajustou as
condicionantes estatísticas avaliadas.
Palavras-chave: Erva-mate; análise de tronco; mensuração florestal.

ABSTRACT

Ilex paraquariensis is popularly known as Erva-mate, a naturally occurring species in Brazil, Argentina and
Paraguay, being a native species of the South of Brazil with great economic potential in which its use in
industry is in the food, pharmacological and cosmetic sector. In this way, the objective of this work was to
verify the best mathematical equations to describe the Ilex paraquariensis diametric growth as a function of age
for groups of male and female trees of the species. The experiment was developed at the UFSM, six trees were
felled, three trees of each sex, where the discs were obtained at 1.30 of the soil to analyze the ring formations
and to estimate the individuals' diametric growth. The results showed that, regardless of sex, it is possible to
obtain the same pattern of growth between the trees. It was possible to estimate DAP according to age using a
model that best fit the statistical determinants evaluated.
Keywords: Erva-mate; trunk analysis; forest measurement.

INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre o crescimento e desenvolvimento das espécies florestais é uma das ferramentas
mais importantes para se realizar o planejamento do manejo florestal e obter sucesso no mesmo. Isso se dá,
segundo Prodan et al. (1997), devido à necessidade de se obter predições da produção futura baseado em poucas
medições, reduzindo a geração de custos e otimizando o tempo de trabalho.
A instalação de parcelas permanentes em um inventário florestal contínuo é um dos meios de se obter
essas informações ao longo dos anos, todavia, o procedimento necessita de médio e longo prazo para a geração
de dados. Nesse aspecto, existem outros métodos para interpretar o crescimento e comportamento de uma árvore
ao longo dos anos, a análise de tronco parcial e a análise de tronco completa, ambas sendo muito bem aplicáveis
a espécies que têm seus anéis de crescimento nítidos e visíveis (ROSOT, 2002).
Em estudos do crescimento em situações onde não há remedições extensivas de parcelas permanentes o
estudo da árvore através dos anéis de crescimento permite recompor o desenvolvimento de uma árvore de
maneira relativamente rápida e confiável, sendo um dos métodos científicos bastante utilizado na análise e
interpretação do crescimento anual, possibilitando a recuperação de informações específicas sobre o indivíduo
florestal de estudo e permitindo reconstruir fenômenos ecológicos e ambientais ocorridos anteriormente
(FIGUEIREDO et al., 2017).

1
Engenheiro Florestal, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal de
Santa Maria. E-mail: janderson_o.silva@hotmail.com

104
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A erva mate (Ilex paraquariensis), pertencente à família Aquifoliaceae, é encontrada naturalmente no
Brasil, Argentina e Paraguai, sendo uma espécie nativa do Sul do Brasil (GORZALCZANY et al., 2001). No
Brasil, os estados do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul são os que mais
consomem esta planta na forma de bebida (chimarrão, tererê ou chá mate) (BONDARIK et al., 2006). Pode ser
chamada também de mate, erveira, erva-congonha, erva e erva-verdadeira (LORENZI, 2002).
No Brasil, esta espécie apresenta importantes propriedades fitoterápicas e é muito utilizada em produtos
alimentícios, farmacológicos, cosméticos, entre outros. Além disso, derivados da erva mate já se encontram nos
mercados brasileiros e em outros países (ATLAS SOCIOECONÔMICO DO RIO GRANDE DO SUL, 2018).
Ainda hoje, a erva-mate apresenta uso limitado nas regiões onde é produzida e o uso desta matéria prima se dá
apenas na forma de produto tradicional (ESMELINDRO, 2002).
O seu desenvolvimento e crescimento é influenciado por diversos fatores, tais como densidade do
plantio, da formação da copa, altura das plantas, que estão sob o controle do produtor. Ainda, seu
desenvolvimento é favorecido pelo o clima, chuvas regulares (distribuídas ao longo do ano) e precipitação
pluviométrica variando de 1.500 mm a 2.000 mm (EMBRAPA, 2014).
Deste modo, associando a falta de estudos sobre modelagem de crescimento individual de Erva-mate
através das informações em ANATRO, em conjunto da disponibilidade de material para pesquisa e a
importância cultural da espécie em questão para o Sul do Brasil, o objetivo deste trabalho foi verificar as
melhores equações matemáticas para descrever o crescimento diametrico Ilex paraquariensis em função da
idade para grupos de árvores machos e fêmeas da espécie.

MATERIAL DE MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


A pesquisa foi realizada em área da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, situando-se a,
aproximadamente, noventa metros de altitude, entre os paralelos 29º43’ e 29º44’ de latitude sul e entre os
meridianos 53º42’ e 53º44’ de longitude a oeste de Greenwich (Figura 1).
De acordo com Streck et al. (2008), o solo da área é classificado como Argissolo Amarelo distrófico,
típico de textura franca. O clima da região, de acordo com a classifcação de Köppen, recebe a denominação de
subtropical úmido, do tipo Cfa. Apresenta temperatura média mensal de 19ºC, sendo a média dos meses mais
quentes superior a 30ºC e dos meses mais frios entre 13 e 18ºC. A precipitação média anual é de 1.770 mm, com
número médio anual de 113 dias de chuva (MORENO, 1961). Segundo Brasil (1973) a vegetação dominante do
tipo de solo onde foi instalada a pesquisa é a de campo grosso, apresentando pequena cobertura (capoeira),
sendo formado predominantemente por Paspalum notatum e outras gramíneas secundárias. São bastante
infectados por barba-de-bode (Aristida pallens) e outras espécies pioneiras.

FIGURA 1: Localização do experimento na Universidade Federal de Santa Maria – RS, Brasil.


FIGURE 1: Location of the experiment at the Federal University of Santa Maria - RS, Brazil.

Implantação do experimento análise estatística


O material para a presente pesquisa foi retirado de indivíduos da espécie Ilex paraquariensis plantadas
sob consórcio silvicultural com Pinus sp., Bracatinga (Mimosa scabrella) e capoeira. As sementes que deram

105
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
origem às mudas são oriundas da localidade de Três Barras, localizada em Santa Maria - RS, colhidas no mês de
fevereiro no ano de 1990, em área de povoamento cultivado.
Foram selecionadas seis árvores sendo três de sexo masculino e três de sexo feminino, todas as árvores
foram abatidas para efetuar a retirada dos discos a 1,30 do solo (Diâmetro Altura do Peito = DAP), este método
destrutivo foi escolhido pois posterior as amostras ao longo do fuste serão analisadas para outras investigações.
Os discos foram preparados com auxílio de lixa circular respectivamente em 4 processos, polidas com
lixas de número 60, 100, 150 e 220, sendo de maior a menor aspereza para fornecer o polimento aos discos, as
amostras dos discos tinham em média 2,5 mm de espessura. Após o preparo das amostras, foram identificados
os anéis de crescimento para espécie com auxílio de lupa e microscópio. Foram identificados 22 anéis de
crescimento para todas as árvores. Com auxílio de régua graduada em milímetros foi obtido 4 raios para cada
anel, através deste dados foi encontrado o raio médio em milímetros e transformados em centímetros a partir da
relação 1𝑚𝑚 = 0,1𝑐𝑚, para obtenção do diâmetro de cada anel foi realizada a seguinte relação 𝐷𝐴𝑃 =
2 x R𝑚é𝑑𝑖𝑜.

Análise estatística
Foi realizado análise de Covariância para os dados em função da resposta ao DAP. Para a modelagem
foi utilizado seis equações matemáticas a fim de avaliar a descrição do DAP pela idade (Tabela 1).

TABELA 1: Modelos matemáticos selecionados para análise do DAP em função da Idade.


TABLE 1: Mathematical models selected for DAP analysis as a function of age.
N Modelo
1 𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒
2 𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒²
3 𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 + 𝑏2. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒²
4 𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝑙𝑛𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒
5 𝑙𝑛𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝑙𝑛𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒
Legenda: DAP = diâmetro à altura do peito obtido pelos diâmetros nos discos, ln = logaritmo neperiano e b1 e b2 =
coeficientes estimados através de regressão.

A avaliação do ajuste e precisão dos modelos testados foi baseada (R²aj.), erro padrão da estimativa
(Syx) e na normalidade, homocedasticidade, dos resíduos por meio dos testes Shapiro-Wilk e Goldfeld-Quandt,
respectivamente e pelo gráfico de dispersão residual. As análises estatísticas foram feitas com auxílio do
Microsoft Excel (2013) e programa R versão 3.4.4, pacotes “lmtest, FactoMineR, ggplot2, ggcorrplot” (R
CORE TEAM, 2018).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As seis árvores (1, 2 e 3 machos; 4, 5 e 6 fêmeas) mensuradas de Erva-mate resultaram diâmetros


diferentes sendo respectivamente o menor e maior DAP: 0,35 cm e 15.90 cm. As maiores variações dos dados
foram observadas para árvore 1, que obteve maior crescimento diamétrico (Figura 2).

FIGURA 2: Média dos diâmetros e número de árvores de Ilex paraquariensis, Santa Maria – RS, Brasil.
FIGURE 2: Average diameters and number of Ilex paraquariensis trees, Santa Maria - RS, Brazil.

106
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A partir da análise de covariância observou-se que os coeficientes dos modelos testados para gerar o
modelo são significativos, podendo atribuir bons estimadores do DAP para as árvores tanto machos como
fêmeas de Ilex paraquariensis. (Tabela 2).

TABELA 2: Análise de covariância em resposta de estimar o diâmetro de Ilex paraquariensis.


TABLE 2: Analysis of covariance in response to estimating the diameter of Ilex paraquariensis.
COV SQ DF F p
Intercepto 11.13 1 10,645 0.001424**
Árvore 176.63 5 33,785 2.2e-16***
Idade 1534.86 1 1467,915 2.2e-16***
Resíduo 130.70 125
Legenda: COV= Anova gerada para covariância; SQ= soma dos quadrados; DF= número de observações; F = F calculado;
p = probabilidade; ** 0,001significância; *** 0,001significância.

Apesar da boa probabilidade do intercepto (b0), obteve-se melhores ajustes retirando este coeficiente
dos modelos, por isso optou-se por avaliar todos os modelos sem utilização de b0. Com análise gráfica de
covariância verificou as tendências de crescimento diamétrico em função da idade para cada árvore através de
um modelo linear simples (𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 ) (Figura 3).

FIGURA 3: Tendência de crescimento em diâmetro de árvores machos e fêmeas de Ilex paraquariensis, Santa
Maria – RS, Brasil.
FIGURE 3: Growth trend in diameter of male and female Ilex paraquariensis trees, Santa Maria - RS, Brazil.

Os resultados indicam que árvores de Ilex paraquariensis mesmo em sexos distintos podem apresentar
tendência de crescimento diamétrico semelhantes, conforme a árvore de número 4 (fêmea) se aproximou das
árvores 3 e 2 (machos) (Figura 3). Uma vez que as respostas ao crescimento estão relacionadas ao sítio
esperasse que o comportamento das árvores (3, 2 e 4) se explica por apresentarem mesmas condições dos
aspectos relacionados ao ambiente. Mattos et al. (2011) afirmam que informações a respeito da dinâmica de
crescimento e incremento de espécies arbóreas refletem a principal interação árvore e ambiente, que podem
variar com a região. A árvore 1 apresentou melhor crescimento diamétrico em relação as demais árvores, em
contrapartida as piores árvores foram 5 e 6 (Figura 3).
Os valores de R2aj foram satisfatórios demonstrando um bom ajuste nas equações, o que implica em
dizer que é possível descrever o DAP em função da idade. (Tabela 3).

TABELA 3: Modelos matemáticos testados e parâmetros estatísticos para obtenção do DAP em árvores de Ilex
paraquariensis.
TABLE 3: Mathematical models tested and statistical parameters to obtain DAP in Ilex paraquariensis trees.
Estatísticas da regressão Coeficientes da regressão
Modelo
F R2aj Sxy Valor do coeficiente Sxy p

𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 2345 0,9467 1,556 b1 0,49950 0,01031 2,2e-16***

107
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Estatísticas da regressão Coeficientes da regressão
Modelo
F R2aj Sxy Valor do coeficiente Sxy p

𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒² 1308 0,9083 2,042 b1 0,0280937 0,0007767 2,2e-16***


b1 0,005217 0,002336 0,0273*
𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒² + 𝑏2. 𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 1211 0,9483 1,533
b2 0,411518 0,040694 2,2e-16***

𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝑙𝑛𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 983 0,8815 2,32 b1 2,70028 0,08613 2,2e-16***

𝑙𝑛𝐷𝐴𝑃 = 𝑏1. 𝑙𝑛𝐼𝑑𝑎𝑑𝑒 2128 0,9416 0,4041 b1 0,6198 0,0150 2,2e-16***


Legenda: DAP = diâmetro à altura do peito obtido pelos diâmetros nos discos, ln = logaritmo neperiano; b1 e b2 =
coeficientes estimados através de regressão; F = F calculado; R2aj = coeficiente de determinação ajustado; p =
probabilidade; * 0,05significância; *** 0,001significância.

Ao avaliar as condicionantes da regressão, observou-se que em ambas as equações foram obtidos


resultados satisfatórios quanto aos pressupostos de normalidade e homocedasticidade dos resíduos, de modo que
as equações 5 e 3 foram superiores às demais (Tabela 4).

TABELA 4: Modelos testados e condicionantes da regressão para relação estimativa do DAP em função da
idade de Ilex paraquariensis.
TABLE 4: Models tested and conditioners of the regression for the estimative relation of the DAP according to
the age of Ilex paraquariensis.
Modelo Teste de Goldfeld-Quandt Shapiro-wilk
𝑫𝑨𝑷 = 𝒃𝟏. 𝑰𝒅𝒂𝒅𝒆 (1) GQ = 1,249 p-value = 0,99 0,99 p.= 0,95817
𝑫𝑨𝑷 = 𝒃𝟏. 𝑰𝒅𝒂𝒅𝒆² (2) GQ = 1,2615 p-value = 0,1757 0,99 p.= 0,90018
𝑫𝑨𝑷 = 𝒃𝟏. 𝑰𝒅𝒂𝒅𝒆² + 𝒃𝟐. 𝑰𝒅𝒂𝒅𝒆 (3) GQ = 1,7567 p-value = 0,01286 0,99 p.= 0,95458
𝑫𝑨𝑷 = 𝒃𝟏. 𝒍𝒏𝑰𝒅𝒂𝒅𝒆 (4) GQ = 0,50434 p-value = 0,9968 0,98 p.= 0,89436
𝒍𝒏𝑫𝑨𝑷 = 𝒃𝟏. 𝒍𝒏𝑰𝒅𝒂𝒅𝒆 (5) GQ = 1,1146 p-value = 0,3315 0,98p.= 0,97124
Legenda: DAP = diâmetro à altura do peito obtido pelos diâmetros nos discos, ln = logaritmo neperiano; b1 e b2 =
coeficientes estimados através de regressão; p = probabilidade.

Quanto a dispersão dos resíduos das equações ajustadas, obtiveram-se comportamentos distintos, sendo
que as equações 5 e 3 novamente apresentaram melhores resultados. Nas demais equações não ficaram dentro
dos padrões para ser considerado como bom ajuste residual, pois tenderam a subestimar ou superestimar valores
do diâmetro (Figura 4).

FIGURA 4: Distribuição de resíduos para equações ajustadas na estimativa do DAP de Ilex paraquariensis.
FIGURE 4: Distribution of residues to adjusted equations in the estimation of DAP the Ilex paraquariensis.

Todas equações apresentaram boas estatísticas (R²aj. e Syx). Contudo a equação 5 além de possuir as
melhores estatísticas (R²aj. e Syx) e atende às condicionantes da regressão e tem dispersão dos resíduos de

108
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
melhor ajuste, sendo assim foi a equação que melhor descreveu o crescimento em DAP para árvores macho e
fêmea de Ilex paraquariensis em função da idade.

CONCLUSÃO

Foi possível estimar o DAP, a partir de um modelo com base logaritmo neperiano, para a espécie Ilex
paraquariensis em um conjunto de dados de diferentes sexos para espécie.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

ATLAS SOCIOECONÔMICO DO RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de planejamento, governança e


gestão, 3° edição. Maio de 2018.
BONDARIK, R.; KOVALESKI, J.L.; PILATTI, L.A. A produção de erva-mate e o início da atividade industrial
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Empresa brasileira de pesquisa agropecuária – EMBRAPA, 2° edição. Abril de 2014.
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LORENZI, H. Árvores Brasileiras - Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do
Brasil. 4ª ed. 1: 47 p. 2002.
MATTOS, P.P. et al. Dendrocronologia e o manejo florestal sustentável em florestas tropicais. Brasília:
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MORENO, J. A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura, 42p. 1961.
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Zusammenarbeit (GTZ) GmbH: Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), 1997. 586
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ROSOT, M.A.D. Processamento de imagens aplicado à medição de anéis de crescimento na análise de
tronco. 2002. 206 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Universidade Federal do Paraná, Setor de
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STRECK, E.V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS; UFRGS, 126p. 2002.

109
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AVALIAÇÃO DE MODELOS DE AFILAMENTO DO TRONCO PARA UM PLANTIO DE
Eucalyptus sp. NO SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

SELECTING TAPER EQUATIONS FOR TRUNK SHARPENING OF Eucalyptus sp. IN SOUTH OF SÃO
PAULO STATE

Lucas Kröhling Bernardi1 Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch
Alessandro Araujo Amaral de Almeida Carlos Juliano Santos Franciane Andrade de Pádua

RESUMO

Modelos matemáticos capazes de representar com acuracidade os perfis do fuste vêm se tornando uma
ferramenta de grande importância aos empreendimentos florestais pela necessidade da quantificação dos
produtos destes empreendimentos, sendo as funções de afilamento ferramentas úteis para estimar diâmetros de
toras e volumes comerciais. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar, através de análises
estatísticas e gráficas, modelos de afilamento segmentados, não segmentados e modelos de expoente variável
para estudo do afilamento do tronco de árvores de Eucalyptus sp. Para o presente estudo, com uma base de
dados proveniente de uma floresta plantada de eucalipto com 6 anos de idade, os modelos de afilamento
testados foram os modelos de Ormerod (1973),Schöepfer (1966), Max e Burkhart (1976),Muhairwe
(1999),Methol (2001) e de Kozak (2004). A equação proposta por Kozak obteve as melhores medidas de
precisão para estimativa dos diâmetros, já a equação de Muhairwe demonstrou os melhores resultados gráficos
de dispersão de resíduos para a mesma estimativa.
Palavras-chave: 1. Multiprodutos; 2. Técnicas de modelagem; 3. Sortimento; 4. Forma do tronco.

ABSTRACT

Mathematical models capable of representing with accuracy the profiles of the shaft have become a tool of great
importance to the forest enterprises. The aim of this work was to evaluate, through statistical and graphical
analysis, segmented, non-segmented tapering models and variable exponent models for the study of taper
tapping. trunk of Eucalyptus sp. For the present study, with a database from a 6-year-old eucalyptus planted
forest, the tapering models tested were theones of Ormerod (1973), Schöepfer (1966), Max and Burkhart (1976),
Muhairwe (1999), Methol (2001) and Kozak (2004). The equation proposed by Kozak obtained the best
precision measurements to estimate the diameters, whereas the Muhairwe equation showed the best graphic
results for residuals dispersion for the same estimate.
Key-words: 1. Multiproducts; 2. Modelling Techniques; 3. Assortment; 4. Trunkshape.

INTRODUÇÃO

As empresas do ramo florestal representam cerca de 6% do PIB industrial brasileiro, sendo detentoras
dos maiores plantios renováveis do país, nos quais a agregação de renda tem cada vez mais importância (IBÁ,
2017). De maneira que, um empreendimento, ao se basear na produção de apenas um tipo de produto, está
suscetível às oscilações de preço de mercado do mesmo. Sendo assim, uma alternativa seria atender às
demandas de múltiplos produtos do mercado da madeira como serraria, painéis, movelaria, além da celulose, o
que garante a rentabilidade da atividade florestal, reduzindo o impacto de grandes oscilações (ASSIS, 2000).
Neste contexto, para que a quantificação do estoque seja realizada de maneira acurada, são necessários
frequentes estudos ligados ao volume da árvore, de forma individual ou do povoamento, tornando o uso de
modelos matemáticos capazes de representar com acuracidade os perfis do fuste uma ferramenta de grande
importância aos empreendimentos florestais (SOUZA, 2009; MÔRA, 2015).
A forma do fuste é definida pela taxa de decréscimo do diâmetro (d) ao longo do tronco, em relação ao
DAP (diâmetro a 1,30 m do solo), sendo a relação d/DAP conhecida como afilamento do fuste (taper) (HUSCH
et al., 2003). Ao utilizar o DAP, a altura total e diferentes alturas ao longo do tronco da árvore, estas equações
podem estimar o diâmetro do tronco a qualquer altura, o volume total do tronco, o volume comercial e altura

1
Engenheiro Florestal, Discente do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Uso dos Recursos Renováveis
(PPGPUR), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rodovia João Leme dos Santos, Km 110, CEP 18052-780,
Sorocaba (SP), Brasil. E-mail: bernardilucas93@gmail.com

110
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
comercial para qualquer diâmetro a qualquer altura acima do toco e os volumes individuais em qualquer parte,
em qualquer altura a partir do solo (KOZAK, 2004).
Os primeiros modelos de afilamento eram os modelos não segmentados, que se utilizam de uma única
equação que descreve o perfil do fuste como um único sólido ou tronco de sólido. Mais tarde, com o avanço da
tecnologia e o advento dos softwares estatísticos, surgiram os modelos segmentados que diferem dos primeiros
pelo fato de poderem dividir a árvore em três ou mais segmentos com auxílio de pontos de inflexão (MÔRA,
2015). Para melhorar o desempenho das funções de afilamento quanto ao ajuste e a utilização de pontos de
inflexão, Kozak (1988) introduziu os modelos de afilamento de forma variável, que utilizam modelos de
regressão não segmentados que, de forma implícita, dividem a árvore em três segmentos, sem necessidade do
auxílio de pontos de inflexão.
A necessidade da otimização do uso dos recursos florestais, dentro do conceito de múltiplos produtos da
madeira, tem justificado e estimulado a realização de estudos sobre o assunto, sendo o uso das funções de
afilamento a melhor forma de se determinar o volume entre quaisquer pontos do fuste, sendo assim, este
trabalho tem como objetivo avaliar modelos segmentados, não segmentados e de expoente variável para estudo
do afilamento do tronco de árvores de Eucalyptus sp.

MATERIAL E MÉTODO

Base de dados
Os dados desse estudo foram coletados em um plantio de Eucalyptus sp.localizado no sul do Estado de
São Paulo, aos 6,3 anos de idade e, para o ajuste das equações propostas foi efetuada a cubagem rigorosa de 163
árvores nas quais foram mensurados os diâmetros com e sem casca nas alturas (ℎ𝑖) absolutas 0,1; 0,7; 1,3; 2; 4;
6m e assim sucessivamente até a altura total (ℎ) de cada árvore.

Modelos matemáticos empregados


As equações (Tabela 1) foram selecionadas de forma a realizar-se diversas abordagens, incluindo
modelos bem simples como, por exemplo, o modelo proposto por Ormerod (1973), a equação polinomial
segmentada desenvolvida por Max e Burkhart (1976), a equação de expoente variável de Muhairwe (1999), uma
alteração do expoente desta equação proposta por Methol (2001), a equação de afilamento de forma variável
proposta por Kozak (2004) e o Polinômio de Quinto Grau de Schöepfer (1966).
O processamento dos dados foi realizado com o auxílio do software R (versão 3.2.1) (R Core Team,
2015) e RStudio (versão 0.99.473) (RStudio Team, 2015) com o uso da função nlspara o ajuste.

TABELA 1: Equações de Afilamento testadas.


TABLE 1: Tested taper equations
Equação Referência Nº
𝛽2
ℎ − ℎ𝑖
𝑑𝑖 = 𝛽1 𝑑 ( ) Ormerod (1973) (1)
ℎ − 1,3
0,5
ℎ𝑖 ℎ𝑖 2 ℎ𝑖 2 ℎ𝑖 2
𝑑𝑖 = 𝑑 [𝛽1 + ( − 1) + 𝛽2 (( ) − 1) + 𝛽3 (𝛼1 − ) 𝐼1 + 𝛽4 (𝛼2 − ) 𝐼2 ]
ℎ ℎ ℎ ℎ Max e Burkhart (1976) (2)
𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜: 𝐼𝑖 = 1 𝑠𝑒 𝛼𝑖 ≥ 𝑋, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜: 𝐼𝑖 = 0
𝐶
ℎ𝑖
𝛼1
𝑑𝑖 = 𝛼0 𝑑 𝛼2 𝑑
(1 − √ )

Muhairwe (1999) (3)
𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:
2 3
ℎ𝑖 ℎ𝑖 𝛽 ℎ𝑖
𝐶 = 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( ) + 3⁄ + 𝛽4 ( ) + 𝛽5 𝑑 + 𝛽6 (𝑑⁄ℎ)
ℎ ℎ ℎ𝑖
( ⁄ℎ) ℎ
𝐶
ℎ𝑖
𝑑𝑖 = 𝛼0 𝑑 𝛼1 𝛼2 𝑑 (1 − √ )
ℎ Muhairwe (1999)
Modificada por Methol (4)
𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜: (2001)
ℎ𝑖 ℎ𝑖 𝑑 ℎ 𝑑 ⁄ℎ
𝐶 = 𝛽1 log ( + 0,001) + 𝛽2 𝑒 ℎ + 𝛽3 + 𝛽4 log(𝑑) + 𝛽5 + 𝛽6
ℎ ℎ √ℎ𝑖 ℎ𝑖
𝑑𝑖 = (𝛼0 𝑑 𝛼1 ℎ𝛼2 )𝑚𝐶
Kozak (2004) (5)
𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

111
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

ℎ𝑖 4 1 1 1/3
𝐶 = 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( 𝑑⁄ℎ ) + 𝛽3 𝑚0,1 + 𝛽4 + 𝛽5 ℎ(1−(ℎ𝑖⁄ℎ) ) + 𝛽6 𝑚
ℎ 𝑒 𝑑


ℎ𝑖 1 3
1−( )
𝑚= ℎ
1,3 1/3
1−( )

ℎ𝑖 ℎ𝑖 2 ℎ𝑖 3 ℎ𝑖 4 ℎ𝑖 5
𝑑𝑖 = 𝑑 [𝛽0 + 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( ) + 𝛽3 ( ) + 𝛽4 ( ) + 𝛽5 ( ) ] Schöepfer (1966) (7)
ℎ ℎ ℎ ℎ ℎ
Em que: 𝑑𝑖 = diâmetro à altura relativa; 𝑑 = DAP; ℎ𝑖 = altura relativa à seção (cubagem); ℎ = altura total; 𝛼𝑖 𝑒 𝛽𝑖 = parâmetros da
regressão.

Análise estatística das equações testadas


Os modelos foram ajustados e comparados utilizando: o erro padrão residual em porcentagem (𝑆𝑦𝑥 %)
(Eq. 8), onde a melhor equação será a qual se observar o menor valor para tal medida de precisão. O “Mean
Absolute Bias” (MAB) (Eq. 9), como uma forma de medir o viés segundo Kozak (2004) onde quanto menor seu
valor, menor a tendência total apresentada pela equação e a eficiência do modelo (EF) (Pinjuv et al., 2006) (Eq.
10), onde quanto mais próximo for o valor de EF em relação à unidade, melhor terá sido o ajuste. Os modelos
foram ranqueados de acordo com suas performances para a estimativa dos diâmetros, onde o melhor modelo
recebeu o ranque 1 e o de pior performance recebeu o ranque 7, sendo que todas as medidas tiveram o mesmo
peso para a definição do ranking geral.
∑(𝑌 − 𝑌′)2

𝑛−𝑝−1 (Eq. 8)
𝑆𝑦𝑥 % = × 100
𝑌̅
∑(|𝑌 − 𝑌 ′ |)
𝑀𝐴𝐵 = (Eq. 9)
𝑛
∑(𝑌 − 𝑌′)2
𝐸𝐹 = 1 − (Eq. 10)
∑(𝑌 − 𝑌̅)2
Em que: 𝑛 = número de observações, 𝑌 = valor observado, 𝑌 ′ = valor esperado, 𝑌̅ = média geral e 𝑝 =número
de parâmetros do modelo.

Foram realizadas análises gráficas de dispersão dos resíduos e dos gráficos quantil-quantil de
normalidade dos resíduos (QQ-plot), os modelos foram analisados de acordo com seus comportamentos,
distribuições, tendências e simetria.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Na tabela 2 podem ser observados os parâmetros de regressão estimados para as equações de afilamento
em estudo.

TABELA 2: Parâmetros estimados para as equações de afilamento testadas


TABLE 2: Estimated parameters for the tested taper equations
Equação 𝑎0 𝑎1 𝑎2 𝛽0 𝛽1 𝛽2 𝛽3 𝛽4 𝛽5 𝛽6
(2) - - - - 0,71626 - - - - -
(3) - 0,05099 0,12487 - -1,53858 0,51364 192,8751 9,145441 - -
(4) - - - - 1,2250 0,4349 - - - -
(5) 0,84799 1,18454 0,9824 - 0,15506 -0,01233 -0,025906 0,015125 0,701201 -
(6) 1,28423 1,05171 0,99141 - -0,28784 0,22426 0,125519 -0,00775 -0,006264 -0,15257
(7) 1,17996 0,93279 0,01165 - 0,25256 -0,62129 0,711660 2,075633 0,040055 -0,31407
(8) - - - 1,22949 -4,72549 21,4334 -48,72881 49,32089 -18,52848 -

Na tabela 3 pode-se observar que o modelo que apresentou os melhores resultados para as medidas de
precisão nas estimativas dos diâmetros ao longo do fuste foi o modelo proposto por Kozak, com 𝑆𝑦𝑥 % de
apenas 5,31% e EF de 99,1%. As equações de Muhairwe e de Methol apresentaram resultados próximos aos da
equação de Kozak, porém ligeiramente inferiores, com 𝑆𝑦𝑥 %de aproximadamente 5,37% e 5,33%,
respectivamente e, além disso, obtiveram valores de eficiência muito próximos a 99,1%.

112
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Entretanto, quando analisados os gráficos de resíduos (Figura 1) e os gráficos de normalidade dos
resíduos QQ-plot (Figura 2), o modelo que apresentou os melhores resultados para estimar os diâmetros ao
longo do fuste foi o de Muhairwe já que a distribuição dos resíduos do modelo apenas apresentou uma pequena
tendência a superestimar os diâmetros próximos à linha do solo, abaixo de 5m, permanecendo mais estável, ao
contrário dos demais modelos testados que apresentaram algum tipo de tendência ao longo do fuste.

TABELA 3: Análises estatísticas das equações para estimativa dos diâmetros com casca e suas respectivas
posições no ranking
TABLE 3: Statistical analyzes of the equations for the estimation of the diameters with bark and their respective
ranking positions
Equação Syx (%) MAB EF Ranking Geral
Ormerod 10,8777 (7) 0,618944 (7) 0,962011 (7) (6)
Max &Burkhart 5,7459 (4) 0,399601 (4) 0,989421 (4) (4)
Muhairwe 5,3774 (3) 0,373009 (3) 0,990742 (3) (3)
Methol 5,3307 (2) 0,366733 (1) 0,990906 (2) (2)
Kozak 5,3151 (1) 0,367225 (2) 0,990959 (1) (1)
Schöepfer 6,5555 (5) 0,473530 (5) 0,986230 (5) (5)

Os modelos que apresentaram os melhores valores das medidas de precisão tiveram um comportamento
de resultado inferior na distribuição dos seus resíduos tendo, o modelo de Kozak apresentado tendência a
superestimar os diâmetros nas menores alturas, até 6m, e subestimar no meio do fuste, entre 6 e 14m; já o
modelo proposto por Methol, além de ter uma pequena tendência a superestimar os diâmetros nas menores
alturas, até 5m, e também entre 10 e 15m, ainda subestimou os diâmetros nas maiores alturas, acima de 20m. Os
QQ-plot para esses modelos afirmam a normalidade dos resíduos e demonstram resultados superiores às demais
equações pelo comportamento simétrico, principalmente nas regiões centrais do fuste, acompanhando a reta
normal, devido à maior acuracidade nas estimativas dos diâmetros.
O modelo de Max e Burkhart apresentou a 4ª melhor colocação para as medidas de precisão com 𝑆𝑦𝑥 %
= 5,74 e EF = 98,94%, porém seu comportamento gráfico apresenta-se inferior aos melhores modelos devido às
tendências em subestimar os diâmetros entre 7 e 16m de altura e superestimar os acima de 22m.

FIGURA 1: Distribuição dos resíduos (cm) ao longo das alturas relativas (hi) para estimativa dos diâmetros
pelos ajustes das equações de afilamento. A linha vermelha representa a linha de tendência de cada modelo, já a
linha pontilhada é o limite determinado pela distribuição de t para um intervalo de confiança de 1%.
FIGURE 1: Scatter plot of the residuals (cm) through relative heights (hi) for diameter estimative through taper
equations adjustment. The red line represents the models trend, the dotted line is the t distribution limit to a 1%
confidence interval.

113
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: QQ-plot da normalidade dos resíduos para cada modelo de afilamento ajustado para estimativa dos
diâmetros ao longo do fuste.
FIGURE 2: QQ-plot of the normality of the residuals for each adjusted taper equations for the estimation of the
diameters along the shaft.

Rachid et al. (2014) apontou que, em geral, em se tratando de equações de afilamento, os modelos mais
simples têm performances inferiores aos modelos mais complexos, sendo assim, os resultados observados neste
trabalho se apresentaram conforme o esperado, pois o modelo de Ormerod apresentou o pior resultado para as
estimativas dos diâmetros ao longo do fuste, tanto sob a perspectiva das medidas de precisão quanto sob as
análises dos gráficos de resíduos e tendências (Figura 1). Esse modelo apresentou comportamento assimétrico
para a dispersão de resíduos, superestimando os valores de diâmetros até 1,3m e subestimando-os nas maiores
alturas, assimetria observada nos gráficos QQ-plot que confirmam os resultados estatísticos demonstrando
grande assimetria pelos pontos dispostos em forma de arco.
Quanto ao polinômio de 5º grau, apesar de ter apresentado resultados considerados aceitáveis como 𝑆𝑦𝑥
= 6,55% e EF = 98,62%, ficou apenas com a 5ª colocação no ranking das equações e apresentou problemas de
tendência, subestimando os diâmetros entre 5 e 22m e superestimando os diâmetros abaixo de 5m.

CONCLUSÃO

As equações de forma variável apresentaram os melhores resultados para as medidas de precisão e para
o comportamento gráfico nas estimativas de diâmetro e volume em comparação aos demais grupos de equações.
A equação de Kozak (2004) (eq. 7) apresentou as melhores medidas de precisão para a estimativa dos
diâmetros, porém a equação que apresentou a melhor dispersão dos resíduos foi a equação de Muhairwe (1999)
(eq. 5). A dispersão dos resíduos e a linha de tendência são os fatores mais importantes para a escolha da melhor
equação devido ao fato de equações menos tendenciosas serem mais confiáveis.
Apesar da sua ampla utilização nos inventários florestais brasileiros, o Polinômio de Quinto Grau
apresentou desempenho inferior quando comparada às equações de forma variável.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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115
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
AVALIAÇÃO DO USO DE ÍNDICES DE UNIFORMIDADE EM MODELOS DE CRESCIMENTO E
PRODUÇÃO DE PLANTIOS CLONAIS DE Eucalyptus spp.

ASSESSMENT OF UNIFORMITY INDICES USED IN GROWTH AND PRODUCTION MODELS OF


CLONAL Eucalyptus spp. SETTLEMENT.

Bruno Rodrigues de Lima Barreto1 Claudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch
Lucas Kröhling Bernardi Alessandro Araújo Amaral de Almeida Carlos Juliano Santos

RESUMO

O objetivo desse estudo foi avaliar a influência que a uniformidade silvicultural exerce na produtividade quando
analisada em conjunto com modelos de predição volumétrica. A uniformidade do plantio foi mensurada a partir
do volume (m³/ha) total com casca através de três índices: CUA, CUB e PV50. Em seguida, o índice de sítio foi
reclassificado através do modelo de Bailey e Clutter anamórfico, para que um modelo proposto de predição de
área basal fosse ajustado e seus parâmetros aplicados em seguida em um modelo de predição volumétrica para a
estimativa da produção em diferentes idades. Nesses modelos, os índices de uniformidade de melhor
desempenho foram avaliados quanto ao índice de Furnival e gráfico de distribuição de resíduos. Por fim, uma
análise de sensibilidade foi realizada para avaliar o efeito que a variação da uniformidade exerce na produção
volumétrica na idade de corte. Os melhores índices de uniformidade estudados foram o CUB e PV50, sendo o
CUB ligeiramente melhor. Nos modelos ajustados, todos os parâmetros foram altamente significativos. No fim
de um ciclo de produção de 7 anos, a produtividade seria de aproximadamente 42 m³/ha/ano para parcelas com a
melhor classificação de sítio, aproximadamente 40,5 m³/ha/ano para parcelas com a classificação de sítio
intermediária e cerca de 36m³/ha/ano para a pior classe de sítio. Quanto melhor a qualidade do sítio analisada,
maior a influência que a uniformidade exerce sobre a produtividade. Dessa forma, os índices selecionados
configuram-se como indicadores que podem auxiliar manejadores florestais no processo de tomada de decisão
de maneira simples e sem custos adicionais.
Palavras-chave: índice de sítio; uniformidade silvicultural; índice de furnival.

ABSTRACT

The goal of this study is to assess silvicultural uniformity influence over productivity when analysed in
combination with volumetric prediction models. Forest’s volumetric uniformity was measured via three
different indices: CUA, CUB and PV50. Afterwards, site quality index was reclassified using Bailey Clutter’s
anamorphic model in order to adjust a basal area model and then apply its parameters to estimate volumetric
production using Clutter’s Model. In these models, Furnival’s Index and residuals distribution graphs were
adopted as criteria to select the uniformity index with the best performance. Finally, a sensitivity analysis was
implemented to effectively assess the influence of uniformity variation over productivity. The best studied
indices were CUB and PV50 with the former being slightly superior. In the adjusted models all parameters were
highly significant. After a 7 year production cycle productivity would reach 42m³/ha/year for samples with the
best site classification, approximately 40,5 m³/ha/year for samples with the intermediate site classification and
36 m³/ha/year for samples with the worst site classification. The better the site index classification, the higher
the influence of uniformity over productivity. Thus, the selected uniformity indices are good indicators that can
aid forest managers in the decision making process, simply and with no additional costs.
Key-words: site quality index; silvicultural uniformity; furnival’s index.

INTRODUÇÃO

A produtividade de uma determinada área é um fator imprescindível para o manejo florestal, tendo em
vista que sua variação e seu valor estão intimamente ligados com a viabilidade de projetos florestais e as demais
decisões silviculturais. Assim, a capacidade de desenvolvimento de uma espécie é definida pela qualidade do
sítio, o qual é definido pelo conjunto de interações entre a idade da floresta, fatores edafoclimáticos e ambientais
que atuam sobre a planta (CAMPOS e LEITE, 2013).

1
Engenheiro Florestal, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rodovia João Leme dos Santos, Km 110, CEP
18052-780, Sorocaba (SP), Brasil. E-mail: b_limabarreto@hotmail.com

116
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Uma área florestal, mesmo de florestas plantadas, dificilmente será uniforme devido a todos esses
conjuntos de interações e fatores que atuam sobre as plantas. Assim, o uso de recomendações de manejo
silvicultural customizadas para cada situação, seria de grande valia para maximizar a uniformidade visando
produtividade florestal (HAKAMADA, 2012). Segundo Stape (2010), o fornecimento uniforme de recursos que
auxiliem o desenvolvimento florestal proporciona maiores taxa de sobrevivência e crescimento inicial.
Nas ciências florestais, a uniformidade é mensurada através de diversos índices e independentemente do
índice selecionado, este deve contemplar as diferenças na distribuição dos indivíduos em diferentes classes da
variável dendrométrica analisada, a sensibilidade às variações de grandeza da variável de interesse e possuir
limites que facilitem a interpretação do índice quando o objetivo é a elaboração de intervalos fixos
(HAKAMADA, 2012). Dessa forma, introduzir a variável uniformidade, a qual é de fácil obtenção e não
implica aumento de custos, no planejamento estratégico pode traduzir-se como uma alternativa interessante com
a finalidade de explicar ainda mais a variação do estoque futuro do povoamento.
Portanto, o objetivo deste estudo foiavaliar a influência da uniformidade silvicultural (mensurada
através de índices de uniformidade) quando utilizada em conjunto com os modelos de crescimento e produção,
com a finalidade de se obterem indicadores no inventário florestal que norteiem os tomadores de decisão quanto
à produtividade do povoamento associado à sua uniformidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


A região de estudo foi o “Horto Florestal Guatapará C”, propriedade da empresa International Paper do
Brasil, no município de Guatapará, localizado entre as coordenadas 47°50’25” E e 21°28’8” S. O solo
predominante é o latossolo vermelho escuro. O clima da área é caracterizado como Aw na classificação
climática de Köppen-Geiger, sendo o inverno a estação mais seca, com temperaturas médias mínimas e
máximas variando de 20,4º até 34,5º, respectivamente, e precipitação anual de 1281,7 mm (INMET, 2016).

Coleta e processamento de dados


Os dados são oriundos de uma floresta implantada no primeiro trimestre de 2011, cujos plantios
apresentam uma área total de 850,52 hectares, nos quais foram lançadas de forma sistemática 105 parcelas
circulares de 400m². As medições da floresta foram realizadas aos 28, 37, 49 e 59 meses após o plantio. Os
dados coletados foram: DAP (diâmetro a 1,30m da altura do solo), material genético, número de fustes por
hectare, situação do fuste e altura total de aproximadamente 20% das árvores e altura das árvores dominantes
segundo o conceito de Assman. Foram cubadas algumas árvores fora da parcela, e o volume foi calculado
através do método de Smalian, sendo depois aplicado o modelo de Schumacher & Hall na sua forma logarítmica
para a estimativa do volume total para o povoamento (expressão 1).
𝐋𝐧 𝐯𝐭𝐜𝐜 = 𝜷𝟎 + 𝜷𝟏 × (𝐥𝐧 𝐃𝐀𝐏) + 𝜷𝟐 × (𝐋𝐧 𝐇𝐭𝐞𝐬𝐭) + 𝜺 (1)
Em que: Ln = Logaritmo natural; vtcc = Volume (m³/hectare); 𝛽𝑖𝑠 = Parâmetros a serem ajustados do
modelo estatístico; DAP = Diâmetro à altura do peito (1,3m acima do solo); Htest = Altura (m) estimada; 𝜀 =
Erro aleatório.
O modelo hipsométrico utilizado para estimar a altura das árvores pode ser visualizado na expressão 2:
𝟏
𝐇 = 𝐞𝐱𝐩( 𝜷𝟎 + 𝜷𝟏 × ( ) + 𝜷𝟐 × 𝐋𝐧 (𝐇𝐝𝐨𝐦) + 𝜺 (2)
𝐃𝐀𝐏
Em que: H = Altura estimada; 𝛽𝑖𝑠 = Parâmetros a serem ajustados do modelo estatístico; DAP =
Diâmetro à altura do peito (1,3m acima do solo); Ln(Hdom) = Logaritmo natural da altura dominante (m); 𝜀 =
Erro aleatório.
As parcelas tiveram seu índice de sítio calculado de acordo com o modelo de Bailey-Clutter em sua
forma anamórfica (expressão 3).
𝐇𝐝𝟏
𝐇𝐝𝟐 = 𝛃𝟐 −𝐢𝐝𝟐𝛃𝟐 ) + 𝜺
(3)
𝐞 𝛃𝟏 ×(𝐢𝐝𝟏
Em que: Hd2 = Altura dominante estimada; Hd1 = Altura dominante na primeira medição; 𝛽𝑖𝑠 =
Parâmetros de regressão dos modelos a serem ajustados; Id1 e id2 = idades presente e futura; 𝜀 = Erro aleatório.
A partir do inventário florestal realizado, os dados de volume (m³/árvore) e (m³/ha) foram analisados
quanto a sua uniformidade. Todos os dados desse estudo foram processados com planilhas eletrônicas do
software Microsoft Excel 2010 e o software R 3.0.1(R CORE TEAM, 2013).

Uniformidade silvicultural

117
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A uniformidade silvicultural do povoamento foi calculada com os dados da primeira medição, aos 28
meses de idade, através dos índices de uniformidade, os quais estão representados nas expressões 4, 5 e 6
𝐐𝟐𝟓 𝐐𝐦
𝐂𝐮𝐚 = ( + ) (4)
𝐐𝐦 𝐐𝟏𝟐
𝐐𝟓𝟎
𝐂𝐮𝐛 = (5)
𝐐𝐦
∑𝐧/𝟐 𝐕𝐢𝐣
𝐏𝐕𝟓𝟎 = 𝐤= 𝐧
(6)
∑𝐤= 𝐕𝐢𝐣
Em que: Cua = Coeficiente de distribuição absoluto; Cub = Coeficiente de distribuição básico; Pv50 = Índice
pv50; Qm = Volume médio (m³/ha); Q25 = Média de volumes iguais ou inferiores ao volume da posição 25%;
Q12 = Média de volumes iguais ou inferiores ao volume da posição 12,5%; Q50 = Média de volumes iguais ou
inferiores ao volume da posição 50%.

O índice CUA foi adaptado de índices utilizados corriqueiramente na área de Irrigação e Drenagem,
sendo a variável vazão simplesmente substituída pelo variável volume. Já o índice Pv50, é um índice de
uniformidade proposto por Stape, Rocha e Donatti (2006) e utilizado por Hakamada (2012), o qual representa a
porcentagem acumulada do volume de 50% das menores árvores.

Predição da área basal


Como pode ser observado na expressão 7, o modelo utilizado expressa a variação da área basal em
função do índice de sítio, do índice de uniformidade e da idade. O melhor índice de uniformidade foi
selecionado considerando como critério de seleção, aquele que proporcionou o melhor ajuste do modelo de área
basal. Adotou-se como critério de seleção do melhor ajuste a visualização gráfica da distribuição dos resíduos e
o valor do erro padrão residual.
𝛂𝟏 𝟏 𝛃𝟐
𝐋𝐧(𝐚𝐛) = 𝛂𝟎 + + 𝛂𝟐 × í𝐧𝐝𝐢𝐜𝐞 × 𝐞𝛃𝟏 × 𝐢𝐝 + 𝜺 (7)
𝐒
Em que: Lnab = Logaritmo natural de Área basal (m²/ha); α, 𝛽is = Parâmetros de regressão do modelo
ajustado; S = índice de sítio (referente à altura dominante, em m); id2 = idade futura; índice = Índice de
uniformidade; 𝜀 = Erro aleatório.

Predição volumétrica
Para a predição volumétrica foi utilizado o modelo apresentado na expressão 9.
𝛃𝟏 𝟏
𝐋𝐧 𝐯𝐭𝐜𝐜 = 𝛃𝟎 + + 𝛃𝟐 × ( ) + 𝛃𝟑 × 𝐥𝐧(𝐚𝐛) + 𝛆 (8)
𝐒 𝐢𝐝𝟐
Em que: Ln vtcc = Logaritmo natural de Volume (m³/ha); 𝛽𝑖𝑠 = Parâmetros de regressão dos modelos a
serem ajustados; Lnab = Logaritmo natural de Área basal (m²/ha); S = índice de sítio (referente à altura
dominante, em m); 𝜀 = Erro aleatório.

Análise de sensibilidade
Visando analisar a influência da uniformidade em termos de produtividade, os modelos de crescimento
e produção foram aplicados considerando diferentes valores do índice de uniformidade previamente
selecionado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uniformidade Silvicultural
Na Figura 1 observa-se que os índices CUB e Pv50 representam a uniformidade do povoamento de
maneiras semelhantes formando uma curva assimétrica à esquerda. Na mensuração da uniformidade através do
CUA, a maioria das parcelas tem sua uniformidade variando de 0,2 a 0,9 (sendo 1 o valor máximo, ou seja,
uniformidade perfeita). Já na mensuração através dos índices CUB e Pv50, nota-se que há um grande número de
parcelas que têm uniformidade variando de 0,35 a 0,45, sendo 0,5 o máximo atingível. A média de
uniformidade de volume das parcelas mensuradas através do índice pv50 foi de 0,3687. Hakamada (2012)
encontrou valores médios de 0,42 de uniformidade do pv50 para plantios implantados em 2009 em plantios do
nordeste de São Paulo.

118
5 1
5
0

0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Uniformidade Uniformidade
(a) (b)

CUA CUB Pv50

40
40
30
Frequência (%)

Frequência (%)

Frequência (%)

30
30
20

20
20
5 10

10
10
0

0
6 0.8 1.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

de Uniformidade Uniformidade Uniformidade


FIGURA 1: Uniformidade do volume estimado, calculada por parcela através dos índices CUA, CUB, e PV50.
(b) (c) (d)

FIGURE 1: Uniformity
Pv50 of the estimated volume, calculated per plot using the CUA, CUB, and PV50 indexes.

Predição de área basal


40

A tabela 1 apresenta o resultado das estatísticas do modelo de área basal aplicado para todos os índices
Frequência (%)

30

analisados.
TABELA 1: Parâmetros do modelo quando cada índice é adicionado como uma variável do modelo.
20

TABLE 1: Model parameters when each index is added as a model variable


10

Modelo sem
Parâmetros CUA CUB PV50
índices
0

3 0.4 0.5 0.0 0.1


𝜶𝟎
0.2 0.3 0.4 0.5
3,8156862*** 3,74558*** 3,74893*** 2.44***
de 𝜶𝟏(d)
Uniformidade -20,0279234*** -20,55972*** -30,20966*** 0.027878***
𝜶𝟐 0,2113215*** 0,58110*** 0,54553*** -
𝜷𝟏 -32,4316465 -32,51229 -32,48925 -32,394943
𝜷𝟐 1,5015477*** 1,50243*** 1,50219*** 1,501235***
Erro padrão residual (m²/ha) 1,250 1,240 1,246 1,307
Erro padrão residual (%) 7,34 7,28 7,32 7,68

FIGURA 2: Distribuição dos resíduos padronizados do modelo de predição de área basal, sem (a) e com (b) a
adição do índice de uniformidade.
FIGURE 2: Scatter plot of the residuals of basal area prediction model, without (a) and with (b) adding the
uniformity index.

De maneira geral, o valor de erro padrão residual obtido para cada um dos índices é condizente a valores
encontrados na literatura. Santana et al. (2005) encontraram um valor de erro residual de 3,9% ao projetar a área
basal pelo modelo de Clutter. No entanto, Castro et al. (2015) encontraram um valor de 9,3% quando analisaram
a eficiência da aplicabilidade da capacidade produtiva pelo índice de sítio, tanto pelo método da Curva Guia
quanto pelo Método da Equação das Diferenças e consideraram o modelo adotado como eficiente, mesmo com
o valor encontrado.
Conforme mostra a figura 2, quando a variável índice de uniformidade, mensurada através do CUB é
adicionada, a distribuição dos resíduos do modelo não apresenta tendenciosidade. Como todos os índices
apresentaram gráfico de distribuição de resíduos com comportamento semelhante, o erro padrão residual foi
utilizado como critério definidor do melhor índice de uniformidade. Apesar de seus resultados serem apenas
ligeiramente melhores que do PV50, o índice CUB foi o que apresentou melhor desempenho nesse estudo

119
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
dentre os quatro índices estudados. Dessa forma, para a predição do volume, o CUB foi o único índice
considerado.

Predição volumétrica
A tabela 2 apresenta os parâmetros estatísticos do modelo de predição volumétrica utilizado.
TABELA 2: Parâmetros e medidas de precisão do modelo de predição volumétrica
TABLE 2: Parameters and precision measurements of the volumetric prediction model
Parâmetros do Modelo Índice de Furnival (m³/ha) Índice de Furnival (%)
𝜷𝟎 2,97433***
𝜷𝟏 -18,90736***
6,11 3,9
𝜷𝟐 -19,52433***
𝜷𝟑 1,13432***

O valor do índice de Furnival percentual encontrado é semelhante ao valor de 3,82% encontrado por
Schneider, Coelho, et al., (1997) os quais analisaram diferentes equações de volume total com casca em plantios
de Eucalyptus dunii Maiden no Rio Grande do Sul em espaçamento 3x2 m. O índice de Furnival permite a
comparação de modelos florestais cujos erros padrão residuais estejam em escalas logarítmica e aritmética
(GOMES e GARCIA, 1993). É de primordial importância que as estimativas de produção estejam dentro de um
valor aceitável de erro, visto que estimativas imprecisas acarretam em um mau planejamento do ciclo florestal e
consequentemente, prejudicam o processo de tomada de decisão, trazendo prejuízos econômicos (MIRANDA;
JUNIOR; GOUVEIA, 2015).

Análise de sensibilidade
A figura 3 detalha a produção de volume estimado da floresta aos 7 anos de idade (idade de colheita)
nos quartis 25%, 50% e 75% para cada classe de sítio do povoamento.

FIGURA 3: Variação da produtividade florestal estimada do Horto Guatapará C em função da variação na


uniformidade mensurada através do CUB para diferentes quartis encontrados nas parcelas.
FIGURE 3: Variation of the estimated forest productivity of Horto Guatapará C as a function of the variation in
the uniformity measured by the CUB for different quartiles found in the plots.

TABELA 3: Ganho médio anual em volume (m3/ha) a cada 20% de aumento na uniformidade mensurada
através do índice CUB.
TABLE 3: Average annual volume gain (m3/ha) for each 20% increase in uniformity measured through the
CUB index.
Sítio 1 29,5 m Sítio 2 25,5 m Sítio 3 23,5 m
Idade (anos)
Volume estimado (m³/hectare)
2 2,343 2,137 1,922
3 5,009 4,543 4,058
4 7,135 6,454 5,746
5 8,711 7,868 6,994
6 9,885 8,920 7,921
7 10,779 9,721 8,626

Dessa forma, os resultados mostram que à medida que a uniformidade mensurada através do CUB
aumenta, há um maior valor de volume estimado, mostrando que para a base de dados da região estudada, com

120
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
os modelos e índice de uniformidade selecionado, a uniformidade explica de maneira altamente significativa e
com uma relação direta de que quanto maior a uniformidade mensurada através do CUB, maior o volume
estimado, consequentemente, maior a produtividade da floresta.
A tabela 3 exibe o ganho anual médio em volume total com casca por hectare em função de um
acréscimo em 20% da uniformidade, mostrando que a uniformidade exerce uma influência significativa na
produtividade da floresta, sendo que quanto melhor o sítio, mais expressiva é essa influência.

CONCLUSÃO

Os índices de uniformidade selecionados foram eficazes em mensurar a uniformidade de produção


volumétrica estimada da floresta e, quando associados ao sítio, exercem influência expressiva na variação da
produtividade do povoamento, de modo que com os modelos e índices adotados para essa área de estudo, quanto
maior a uniformidade, maior a produtividade do povoamento. Os índices de melhor desempenho foram o CUB e
o PV50.A diferença entre as parcelas de uniformidade mínima e máxima geraram uma diferença de mais de 6
m³/ha.ano para a melhor classe de sítio e aproximadamente 5 m³/ha.ano para a pior classe de sítio. Assim,
quanto melhor a qualidade do sítio, maior a influência que a uniformidade exerce sobre a produtividade.Por fim,
conclui-se que os objetivos do estudo foram atingidos, de modo que os índices de uniformidade se configuraram
como uma ferramenta de gestão estratégica de custo zero que ajuda a nortear os tomadores de decisão sobre a
produtividade florestal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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121
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
BIOMASA Y CARBONO ACUMULADO EN UN BOSQUE PRIMARIO DEL BOSQUE ATLÁNTICO
DE ALTO PARANÁ, PARAGUAY

BIOMASS AND CARBON ACCUMULATED IN A PRIMARY FOREST OF THE ATLANTIC FOREST OF


ALTO PARANÁ, PARAGUAY

Lila Mabel Gamarra Ruiz Díaz1 Lucas Henderson de Oliveira Santos João Paulo Sardo Madi Lidia Florencia
Pérez de Molas Lucio Ramón Cantero González Samuel de Pádua Chaves e Carvalho

RESUMEN

La presente investigación fue realizada en la Reserva para Parque Nacional San Rafael, ubicada en el
Departamento de Itapúa, Paraguay. Tuvo como objetivos: caracterizar la composición florística además de
cuantificar el carbono total acumulado en una parcela permanente de 1 ha. Para determinar Biomasa se
utilizaron ecuaciones alométricas que se ajustaban a la ecorregión de estudio. La fracción de carbono utilizada
fue de 0,47 y se utilizaron datos de densidades básicas y conversiones a partir de densidad al 12% de contenido
de humedad. El promedio de biomasa total fue de 154,71 t/ha. Entre las 3 primeras especies que presentaron
mayor cantidad de biomasa total se encuentran Bastardiopsis densiflora, Guazuma ulmifolia y Maclura
tinctoria con un promedio de 47,94; 37,80 y 15,15 t/ha, respectivamente. El promedio de Carbono fue de 72,71
t/ha. Entre las 3 primeras especies que presentaron mayor almacenamiento de carbono se destacan las mismas
especies citadas anteriormente, con un promedio de 22,53; 17,76 y 7,12 t/ha, respectivamente. Las especies
citadas representan el 65,21% del total de biomasa y carbono acumulado en el bosque.
Palabras clave: densidad básica; ecuaciones alométricas; ecorregión.

ABSTRACT

The present investigation was carried out in the San Rafael National Park Reserve, located in the Department of
Itapúa, Paraguay. The objectives were: characterize the floristic composition in addition to quantifying the aerial
carbon accumulated in a permanent plot of 1 ha; determine biomass, where were used allometric equations fitted
by ecoregion in this study. The fraction of carbon was 0.47 and were used data of basic densities and
conversions density to 12% of humidity. The average total biomass was 154.71 t / ha. The first 3 species that
presented greater amount of total biomass were Bastardiopsis densiflora, Guazuma ulmifolia and Maclura
tinctoria with an average of 47.94; 37.80 and 15.15 t / ha, respectively, with 72.71 t / ha carbon averaged. The
first 3 species that presented greater carbon storage include the same species listed above, with an average of
22.53; 17.76 and 7.12 t / ha, respectively. The species mentioned represent 65.21% of total biomass and carbon
accumulated in the forest in this study.
Keywords: basic density; allometric equations; ecoregion.

INTRODUCCIÓN

Los ecosistemas forestales están entre los más complejos, principalmente los bosques nativos, y de
modo muy especial los bosques neotropicales con altísima diversidad biológica. Con la creciente importancia
que tiene el manejo sustentable de los bosques nativos, crece también la necesidad de generar informaciones
cuantificadas sobre la disponibilidad de materia prima que se puede obtener (MOSCOVICH et al., 2010) y
cómo, definir las mejores estrategias de manejo, para así elevar el potencial productivo, fomentando la
conservación y restauración de los mismos.
El Bosque Atlántico constituye una de las 25 regiones del mundo reconocidas como “Hotspot” de
biodiversidad (CARTES, 2005) y una de las 10 zonas críticas forestales más amenazadas según Conservation
International en 2011 y citado en el reporte “State of the Atlantic Forest” de Fundación Vida Silvestre Argentina
y World Wildlife Found (2017).
El bosque Atlántico incluye el sur-este de Brasil, norte de Argentina y gran parte de la región oriental de
Paraguay. Fundación Vida Silvestre Argentina y World Wildlife Found (2017) mencionan que, para el año

1
Ingeniera Forestal, Masteranda en Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, UFMT –
Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT -
78060-900, Cuiabá (MT), Brasil. E-mail: lilagamarra@ufmt.br

122
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
2014, los bosques cubrían un área de 226.124 km², lo que representa el 16,8% de la extensión ecorregional
original, según el último informe nacional.
La reserva para Parque Nacional San Rafael abarca un área transicional del bosque Atlántico, donde
bosques altos y húmedos de la cuenca del río Paraná dan lugar a bosques más bajos y secos de la cuenca del río
Paraguay siendo un límite entre las ecorregiones del Alto Paraná y Selva Central. Es quizás, el sitio de mayor
prioridad para la conservación del Bosque Atlántico en Paraguay, debido principalmente a su frágil condición
legal y las fuertes presiones del cambio de uso de la tierra al que está sometido (ESQUIVEL y PERIS, 2011;
CENTRO DE ESTUDIOS RURALES INTERDISCIPLINARIO, 2002).
El gran impacto que produce la emisión de CO2 por la deforestación y degradación de los bosques en
países en vías de desarrollo, es un tema bastante estudiado en los últimos años. En el quinto Informe de
Evaluación del IPCC (2014), se menciona que, en el ciclo global de carbono para la década de 1990,
aproximadamente el 80% de la emisión de CO2 son provenientes del uso de combustibles fósiles y producción
de cemento y que el 20% restante proviene de los cambios de uso de la tierra. Para el año 2010, esta cifra
aumentó 4%.
Según la Secretaria del Ambiente (2015) las principales emisiones de CO2 eq., provienen del sector Uso
del Suelo, Cambio de Uso del Suelo y Silvicultura (USCUSS). Este capturó un total de 21.199 Gg de CO 2 lo
que da un total neto de 87.399,61 Gg de CO2 para el año 2011. Haciendo un análisis de los mismos, se puede
observar variaciones de las emisiones de gases a través del tiempo, aumentando o disminuyendo en algunos
sectores. En el año 1990, Paraguay contaba con una emisión total de 60.305 Gg. de CO 2 eq., y en el año 2011
presentaba una emisión total de 152.687,27 Gg. de CO2 eq.
Existen múltiples opciones para reducir las emisiones mundiales de GEI, según el Grupo
Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático (2007) uno de los sectores que más contribuye a
mitigar esos efectos adversos es el de silvicultura/bosque mediante la forestación, reforestación, gestión de
bosques, reducción de la deforestación, gestión de productos de madera cultivados, utilización de productos
forestales para la obtención de biocombustibles que sustituyan los combustibles de origen fósil, mejora de las
especies de árboles para aumentar la productividad de biomasa y el secuestro de carbono y en la vegetación y el
suelo.
Para Forestry and Forest Products Research Institute (2012), las reservas de carbono en un bosque son
generalmente consideradas como la mitad de biomasa del bosque. Por lo tanto, para determinar las reservas de
carbono del bosque se debe estimar primero su biomasa utilizando generalmente ecuaciones alométricas.

MATERIALES Y MÉTODOS

Caracterización del área de estudio


El estudio fue realizado en la Reserva para Parque Nacional San Rafael, ubicada en el Departamento de
Itapúa, Paraguay (Imagen 1). La media anual de precipitación en el sitio es de 2.100 mm, siendo mayor la
precipitación durante los meses de octubre a febrero (ESQUIVEL y PERIS, 2011). Los suelos son de formación
superficial, generalmente predominan elementos arcillosos asentados sobre roca de origen basáltico (CENTRO
DE ESTUDIOS RURALES INTERDISCIPLINARIO, 2002).
La Reserva contiene hábitats críticos para especies de flora, se distinguen Cedrela fissilis, Tabebuia sp.,
Myrocarpus frondosus, Ocotea puberula y Cordia americana (CLARK, 2006).

123
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

IMAGEN 1: Ubicación de la Reserva para Parque Nacional San Rafael.


IMAGE 1: Reserve Location for San Rafael National Park.
FUENTE: Guyra Paraguay (2012).

Se instaló una parcela permanente de 1 há, dividida en 25 subparcelas de 400 m² cada una, donde fueron
inventariados todos los individuos con diámetro a la altura de pecho (dap) ≥ 10 cm.

Parámetros evaluados
Para estimar la biomasa total de un tipo de bosque en particular, en este caso, Bosque Atlántico, se
utilizó el modelo propuesto por Sato et al. (2015):
Biomasa Total = 0,0632 × (D2 × H × d)0,9971
Dónde: D = diámetro a la altura de pecho; H = altura total; d = densidad

Se utilizaron los datos de Densidades Básicas según Paula y Costa (2011) y Reyes et al. (1992). Para
aquellas que no se encontraron en dichas publicaciones y cuyos datos de Densidades corresponden a Densidad
al 12% de Contenido de Humedad (D12% CH), según Atencia (2003) y Facultad de Ciencias Agrarias –
Universidad Nacional de Asunción (2007), se realizó la conversión de densidades de madera según las
relaciones matemáticas que presentaron mejores desempeños estadísticos y por último, se calculó la densidad
básica a partir de la D12% CH.
Para el cálculo de Densidad Básica, se seleccionó la fórmula propuesta por Núñez (2007):
DB = 0,7022 x DO + 0,0678
Dónde: D = Densidad Básica

Debido a que no se encontró una relación directa entre DB y D12% CH, se procedió a calcular la
densidad anhidra a partir de la D12% CH según Reyes et al. (1992) y luego se reemplazaron los valores en la
fórmula propuesta por Núñez (2007):
DO = 0,0134 + 0,800 x D12%
Dónde: DO = Densidad anhidra

Para la estimación del contenido de Carbono a partir de biomasa total, se utilizó la fracción carbono
propuesta por el (IPCC) Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático (2006), que es de
0,47.

RESULTADOS Y DISCUSIÓN

Según Spichiger et al. (1992), el bosque estudiado se encuentra dentro de la formación: Monte Alto de
Laurel o Bosques Altos Semi-Perennes con Laurel, donde se encuentran los Bosques con suelos bien drenados
de Lauraceae-Cedrela fissilis-Chrysophyllum gonocarpum y los Bosques con suelos mal drenados de
Lauraceae-Luehea divaricata-Myrciaria rivularis, descripción que coincide con los resultados obtenidos en este

124
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
trabajo, donde la altura máxima fue de 25 m y el bosque estuvo representado por 31 especies, 27 géneros y 16
familias, para una superficie de 1 ha, donde las familias que presentaron mayor cantidad de especies fueron:
Fabaceae (7), Moraceae (3), y Boraginaceae, Lauraceae, Meliaceae, Rutaceae y Sapotaceae con 2 especies
cada una, para un total de 456 individuos con diámetro a la altura de pecho (dap) ≥ 10 cm.
El promedio de Biomasa total fue de 154,71 t/ha. Entre las 3 primeras especies que presentaron mayor
cantidad de biomasa total se encuentran Bastardiopsis densiflora con un promedio de 47,94 t/ha, Guazuma
ulmifolia con un promedio de 37,80 t/ha, y Maclura tinctoria con un promedio de 15,15 t/ha, respectivamente
(Figura 1).
El promedio de Carbono fue de 72,71 t/ha. Entre las 3 primeras especies que presentaron mayor
almacenamiento de carbono se destacan Bastardiopsis densiflora con un promedio de 22,53 t/ha, Guazuma
ulmifolia con un promedio de 17,76 t/ha, y Maclura tinctoria con un promedio de 7,12 t/ha, respectivamente.
Las especies citadas representan el 65,21% del total de carbono acumulado en el bosque (Figura 2).
Biomasa total (t/ha) Carbono (t/ha)

26,00
47,00
42,00 21,00
37,00
32,00 16,00
27,00
22,00 11,00
17,00
12,00 6,00
7,00
2,00 1,00

Bastardiopsis densiflora Guazuma ulmifolia Bastardiopsis densiflora Guazuma ulmifolia


Maclura tinctoria Nectandra megapotamica Maclura tinctoria Nectandra megapotamica
Inga uraguensis Cecropia pachystachya Inga uraguensis Cecropia pachystachya
Ocotea diospyrifolia Ficus sp. Ocotea diospyrifolia Ficus sp.
Sweetia fruticosa Machaerium stipitatum Sweetia fruticosa Machaerium stipitatum

FIGURA 1: Biomasa total de 10 especies (t/ha) FIGURA 2: Carbono total de 10 especies (t/ha)
FIGURE 1: Total biomass of 10 species (t / ha) FIGURE 2: Total carbon of 10 species (t / ha)

CONCLUSIÓN

La cantidad de Biomasa total depende en gran parte de la cantidad de individuos y el dap, es por ello
que, para este estudio, entre todas las especies inventariadas, Bastardiopsis densiflora y Guazuma ulmifolia
obtuvieron mayor cantidad biomasa y por ende de carbono acumulado, ya que se registraron un total de 143 y
38 individuos de cada especie y 46 y 67,5 cm de dap, respectivamente.

AGRADECIMIENTOS

A la Asociación Guyra Paraguay, a la Carrera Ingeniería Forestal FCA-UNA y al Fondo de


Conservación de Bosques Tropicales Paraguay, a través de la implementación del Proyecto “Fortaleciendo la
Conservación de San Rafael a través del manejo integral de la Reserva Guyra reta y la capacitación rural”, pudo
obtenerse todos los datos del inventario, que fueron base para la realización de este trabajo.
A CAPES, por el importante apoyo brindado desde el inicio de este estudio.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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126
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CARACTERIZAÇÃO DENDROMÉTRICA DE UM SISTEMA MULTIESTRATO DE PRODUÇÃO
FLORESTAL COM Pinus taeda E Cupressus lusitanica

DENDROMETRIC CHARACTERIZATION OF Pinus taeda E Cupressus lusitanica IN MULTILAYER


SYSTEM OF FOREST PRODUCTION

Larissa Regina Topanotti1 Douglas Rufino Vaz Mário Dobner Júnior Marcos Felipe Nicoletti

RESUMO

Um sistema multiestrato de produção florestal consiste na adoção de uma ou mais espécies plantadas em
diferentes épocas para obtenção de produtos em diferentes rotações, melhor uso dos recursos naturais e
construção de uma estrutura biológica complexa. O objetivo desse trabalho foi realizar a caracterização
dendrométrica inicial de Pinus taeda L. e Cupressus lusitanica Mill. em sistema multiestrato de produção
florestal em Campo Belo do Sul, SC. A área de estudo consiste em um talhão de 4 ha de Pinus taeda plantado
em 1982 e colhido em 2005, mantendo-se uma densidade de aproximadamente 30 indivíduos ha-1. Sob essas
árvores, foi plantado, em 2005, Cupressus lusitanica em espaçamento 2,5 x 2,5 m. Em 2018, foram instaladas
10 parcelas circulares de 500 m², onde foi mensurado o Diâmetro à Altura do Peito (DAP) de todos os
Cupressus e Pinus e Altura Total (HT) de aproximadamente 9% de todas as árvores, mais as 5 árvores
dominantes de Cupressus e de todas as árvores de Pinus das parcelas. Foi analisada a estatística descritiva
dessas variáveis e a distribuição diamétrica em 5 classes pela fórmula de Sturges. Foram mensuradas 722
árvores de Cupressus e 30 árvores de Pinus, sendo que o DAP variou de 2,3 cm a 30,6 para Cupressus e de 49,0
cm a 70,7 cm para Pinus. A altura total variou de 3,8 m a 17,30 m para Cupressus e de 26,0 m a 33,7 m para
Pinus. Foi observado que tanto os indivíduos de Cupressus, quanto de Pinus concentraram-se nas classes
diamétricas centrais, característico de florestas plantadas. Em geral, pode-se afirmar, com base nesses resultados
iniciais, que a cobertura de Pinus não afetou o crescimento de Cupressus, uma vez que ambos apresentaram
taxas de crescimento satisfatórias até mesmo maiores que outras obtidas em plantios puros dessas espécies.
Palavras-chave: Sistemas silviculturais; Manejo florestal; Mensuração florestal.

ABSTRACT

A multi-layer system of forest production consists of the adoption of one or more species planted at different
periods to obtain products at different rotations, to use the natural resources in a better way and to produce a
complex biological structure. The objective of this study was to perform the initial dendrometric
characterization of Pinus taeda L. and Cupressus lusitanica Mill. in a mult-layer system of forest production in
Campo Belo do Sul, SC. The study area consists of a 4 ha area of Pinus taeda planted in 1982 and harvested in
2005, maintaining a density of approximately 30 ha-1 individuals. Under these trees, in 2005, Cupressus
lusitanica was planted in 2.5 x 2.5 m spacing. In 2018, 10 circular plots of 500 m² were installed, and we
measured the Diameter at Breast Height (DAP) of all Cupressus and Pinus besides the Total Height (HT) of
approximately 9% of all trees plus the five dominant trees of Cupressus and all the Pinus trees. We analyzed the
summary statistics of these variables and the diameter distribution in five classes by the Sturges formula in
Software R. We measured 722 Cupressus trees and 30 Pinus trees, and the DAP ranged from 2.3 cm to 30.6 for
Cupressus and from 49.0 cm to 70.7 cm for Pinus. The total height ranged from 3.8 m to 17.30 m for Cupressus
and from 26.0 m to 33.7 m for Pinus. It was observed that both Cupressus and Pinus individuals were
concentrated in the central diametric classes, characteristic of planted forests. We can affirm, based on these
initial results, that the Pinus cover did not affect the Cupressus growth once both showed great growth rates
even higher than rates from pure stands of these species.
Keywords: Silvicultural systems; Forest management; Forest mensuration.

1
Engenheira Florestal, Mestranda em Engenharia Florestal, Engenheira Florestal na Universidade Federal de Santa
Catarina, Câmpus Curitibanos/Centro de Ciências Rurais, Rod. Ulysses Gaboardi, km 03, caixa postal 101, CEP 89.520-
000, Curitibanos (SC), Brasil. E-mail: larissa.topanotti@ufsc.br

127
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INTRODUÇÃO

Florestas bem manejadas são recursos renováveis que produzem matéria-prima essencial com uso baixo
uso e desperdício de energia. Elas podem ser manejadas para a produção de madeira e/ou para a conservação de
espécies, habitats e processos ecológicos em geral (GADOW et al., 2012).
Visando um melhor aproveitamento dos recursos naturais, como solo e água, florestas que abrigam mais
de uma espécie, em diferentes idades, são extremamente vantajosas, uma vez que podem fornecer produtos em
diferentes rotações, além de propiciar um melhor aproveitamento do solo e uma estrutura biológica complexa
(O´HARA, 2014).
Nesse sentido, um sistema que ainda é pouco explorado em florestas plantadas é o sistema multiestrato
de produção florestal, que consiste na adoção de uma ou mais espécies plantadas em diferentes épocas. Já
existem sistemas semelhantes adotados na Europa e América do Norte, como os sistemas “shelterwood” ou
“continuous cover forest”, mas estes têm sido adotados para o manejo de florestas naturais nesses locais
(O´HARA, 2014; RAYMOND e BÉDARD, 2017).
Abordando as florestas plantadas, é importante pensar em quais espécies utilizar para a composição do
sistema multiestrato. Dentre as possibilidades, estão as espécies Pinus taeda L. e Cupressus lusitanica Mill.,
ambas coníferas com alto potencial madeireiro. Com relação ao P. taeda, é uma espécie produzida para madeira
serrada, polpa e resina, sendo a árvore mais importante economicamente entre as espécies de Pinus plantadas
mais ao Sul do planeta. Para essa espécie, já existem inúmeros estudos referentes aos padrões de crescimento,
variação geográfica e genética, biologia reprodutiva, estratégias de reprodução, resistência a doenças e pestes,
tolerâncias ambientais, manejo e utilização, além de possuir extensos mapas genéticos cobrindo todos os seus
cromossomos (ECKENWALDER, 1949).
Já C. lusitanica é uma árvore que tem sido plantada mundialmente, tanto para fins ornamentais como
para produção de madeira, em regiões de clima temperado e subtropical, desde a metade do século 17. A
madeira conta com alburno amarelo-esbranquiçado e cerne marrom-amarelado a marrom-escuro. Possui textura
lisa, odor semelhante ao cedro, boa impregnação e alta resistência às intempéries. Além dessas características
que valorizam sua madeira, ainda apresenta uma densidade média de 0,45 g/cm³, possibilitando seu uso em
interiores ou obras externas, tanto em contato com o solo quanto com a água (ECKENWALDER, 1949;
MARCHIORI, 1996; WATT et al., 2009).
Dessa maneira, o presente trabalho tem por objetivo realizar a caracterização dendrométrica de Pinus
taeda L. e Cupressus lusitanica Mill. em sistema multiestrato de produção florestal em Campo Belo do Sul, SC.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo está instalado em uma área pertencente à empresa Florestal Gateados Ltda., no
município de Campo Belo do Sul, Santa Catarina, em uma área de aproximadamente 4 ha (Figura 1). O
município está localizado geograficamente na região Centro-Sul de Santa Catarina, com altitudes pouco acima
de 1.000 m. O clima é do tipo Cfb, com temperaturas médias anuais em torno de 13°C, precipitação anual
variando de 1.600 a 1.900 mm (ALVARES et al., 2013).
O experimento foi conduzido em um talhão de 4 ha de Pinus taeda, implantado em 1982 e colhido em
2005, mantendo-se uma densidade de 30 indivíduos ha-1. Sob essas árvores, foi plantado, em 2005, Cupressus
lusitanica em espaçamento 2,5 x 2,5m.
Em 2018, foi realizado o inventário piloto da área, com a instalação de 10 parcelas circulares de 500 m²,
instaladas sistematicamente na área, onde foram mensurados o Diâmetro à Altura do Peito (DAP) de todos os
indivíduos de Cupressus e a altura total (HT) de aproximadamente 9% do total de árvores e das 05 árvores
dominantes de Cupressus (5 árvores com maior DAP de cada parcela). Com relação aos Pinus, todos aqueles
encontrados nas parcelas foram mensurados em termos de DAP e HT. O DAP foi mensurado com o auxílio de
uma fita diamétrica, enquanto que a altura total e altura de copa foram mensuradas utilizando-se um hipsômetro
digital Vertex IV®.
Com relação aos dados de DAP e HT, foi analisada a estatística descritiva para tais variáveis (valores
mínimos, máximos, média e mediana), gerais e por parcela. Além disso, foi feita a distribuição diamétrica para
ambas as espécies em 5 classes de diâmetro usando a fórmula de Sturges:
𝑛𝑐 = 1 + 3,3 log(𝑛)
Onde nc=número de classes diamétricas, n=número de observações, log = logaritmo decimal.
Os dados foram tabulados em Planilha Microsoft Office Excel® e os cálculos estatísticos foram
desenvolvidos no Software Estatístico R (R CORE TEAM, 2017).

128
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Localização da área de estudo no munícipio de Campo Belo do Sul, SC, Brasil.
FIGURE 1: Localization of the study area in the municipality of Campo Belo do Sul, SC, Brazil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram mensuradas 722 árvores de Cupressus e 30 árvores de Pinus, com uma média de
aproximadamente 72 indivíduos e 3 indivíduos por parcela de Cupressus e Pinus, respectivamente (Figura 2).

A B
FIGURA 2: A) Distribuição de Cupressus lusitanica por parcela. B) Distribuição de Pinus taeda por parcela.
FIGURE 2: A) Distribution of Cupressus lusitanica over the plots. B) Distribution of Pinus taeda over the plots.

Com relação às informações de DAP para o Cupressus, este variou de 2,3 cm a 30,6 cm, como
observado na Figura 3. Nota-se que os maiores valores de DAP foram observados na parcela 1 e 2, que foram as
parcelas com menor número de indivíduos de Cupressus. Isso indica, naturalmente, uma menor competição
entre plantas, e, portanto, menos gastos energéticos e maiores ganhos em diâmetro (RIZZARDI et al., 2001;
LEITE et al., 2006).

A B
FIGURA 3: A) Distribuição do DAP de Cupressus em termos gerais. B) Distribuição do DAP de Cupressus por parcela.
FIGURE 3: A) Overall distribution of DBH of Cupressus. B) Distribution of DBH of Cupressus by plot.

129
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Já a altura total de Cupressus variou de 3,8 m a 17,30 m, conforme ilustrado na Figura 4. Para essa
variável, nota-se que não houve muita diferença entre as parcelas, com uma mediana de 12,35 m.

A B
FIGURA 4: A)0 Distribuição da altura total de Cupressus em geral. B) Distribuição da altura total de Cupressus por parcela.
FIGURE 4: A) Overall distribution of total height of Cupressus. B) Distribution of total height of Cupressus by plot.

Com relação às informações de DAP para o Pinus, este variou de 49,0 cm a 70,7 cm, como observado
na Figura 5. Nota-se que os maiores valores de DAP foram observados na parcela 8, que também propiciou um
bom desempenho em DAP e HT de Cupressus.

A B
FIGURA 5: A) Distribuição do DAP de Pinus em termos gerais. B) Distribuição do DAP de Pinus por parcela.
FIGURE 5: A) Overall distribution of DBH of Pinus. B) Distribution of DBH of Pinus by plot.

Já a altura total de Pinus variou de 26,0 m a 33,7 m, conforme ilustrado na Figura 6. Para a altura total,
observa-se uma grande variação entre as parcelas, sendo que, novamente, destaca-se a parcela 8 em conjunto
com a parcela 9.

A B

FIGURA 6: A) Distribuição da altura total de Pinus em geral. B) Distribuição da altura total de Pinus por parcela.
FIGURE 6: A) Overall distribution of total height of Pinus. B) Distribution of total height of Pinus by plot.

130
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
No que se refere à distribuição diamétrica, tanto para o Cupressus quanto para o Pinus, os indivíduos
tenderam a se concentrar nas classes centrais, seguindo uma distribuição normal (Figura 7), indicando que há
maior concentração de indivíduos em torno da média do diâmetro da população estudada, que é uma
distribuição característica de florestas plantadas (CAMPOS e LEITE, 2013).

A B
FIGURA 7: A) Distribuição diamétrica de Cupressus. B) Distribuição diamétrica de Pinus.
FIGURE 7: A) Diametric distribution of Cupressus. B) Diametric distribution of Pinus.

Com relação aos dados de DAP e HT, nota-se ótimas taxas de crescimento para ambas as espécies.
Considerando-se os valores máximos obtidos, para o Cupressus, com 13 anos de idade, nota-se um crescimento
médio anual em DAP de 2,35 cm e 1,33 m em altura, valores estes similares aos encontrados por Rauschkolb
(2017), que obteve incremento médio anual em torno de 2,0 cm aos 13 anos para C. lusitanica também em
Campo Belo do Sul.
Para o Pinus, com 36 anos de idade, obteve-se uma taxa de crescimento médio anual em DAP de 1,96
cm e 0,93 m em altura total. Esses valores são maiores que os obtidos por Leite et al. (2006), que atingiram
valores de altura total em torno de 18 m para Pinus com 14 anos (taxa de crescimento anual de 1,28 m).
Observa-se, portanto, com base nesses resultados, que Cupressus apresentou taxas de crescimento até mesmo
superiores ao Pinus, demonstrando que é possível adotar as duas espécies sem prejudicar o crescimento da
segunda rotação.

CONCLUSÃO

Com base nas informações discutidas nesse trabalho, foi possível afirmar que os resultados iniciais de
avaliação do sistema multiestrato de produção florestal utilizando as espécies Pinus taeda e Cupressus
lusitanica foram satisfatórios, pois o crescimento de ambas as espécies se destacou em comparação a outros
trabalhos com plantios puros. Além disso, é possível afirmar que a presença de uma segunda rotação no sistema
não prejudicou o desenvolvimento do mesmo, comprovando sua eficiência e embasando a adoção desse sistema
com tais espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARES, C. A. et al. Köppen´s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, Stuttgart,
v. 22, n. 6, p. 711-728, 2013.
CAMPOS, J. C. C.; LEITE, H. G. Mensuração florestal: perguntas e respostas. Viçosa, MG: Ed. UFV, 2013.
272 p.
ECKENWALDER, J. E. Conifers of the world: the complete reference. London: Timber Press, 1 ed. 1949.
720 p.
GADOW, K. V.; PUKKALA, T.; TOMÉ, M. Continuous cover forestry. London: Springer, 2 ed. 2012. 297 p.
IBA – Indústria Brasileira de Árvores. Relatório Ibá 2017. 2017. Disponível em:
<http://iba.org/images/shared/Biblioteca/IBA_RelatorioAnual2017.pdf>. Acesso em 14 julho 2018.
LEITE, H. G.; NOGUEIRA, G. S.; MOREIRA, A. M. Efeito do espaçamento e da idade sobre variáveis de
povoamentos de Pinus taeda L. Revista Árvore, Curitiba, v. 30, n. 4, p. 603-612, 2006.
MARCHIORI, J. N. C. Dendrologia das gimnospermas. Santa Maria: Editora da UFSM, 1 ed. 1996. 158 p.
O´HARA, K. L. Multiaged silviculture. Oxford: Oxford University Press. 2014. 213 p.
RAUSCHKOLB, D. V. Crescimento de Cupressus lusitanica Mill. no sul de Santa Catarina. 2017. 27 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Curitibanos. 2017.

131
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RAYMOND, P.; BÉDARD, S. The irregular shelterwood system as an alternative to clearcutting to achieve
compositional and structural objectives in temperate mixedwood stands. Forest ecology and management,
Amsterdã, v. 398, p. 91-100, 2017.
R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical
Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/. 2017.
RIZZARDI, M. A. et al. Competição por recursos do solo entre ervas daninhas e culturas. Ciência Rural, Santa
Maria, v. 31, n. 4, p. 707-714, 2001.
WATT, M. S. et al. O. Predicting the spatial distribution of Cupressus lusitanica productivity in New Zealand.
Forest Ecology and Management, Amsterdã, v. 258, n. 1, p. 217-223, 2009.

132
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA DE ESPÉCIES ALTERNATIVAS À
SILVICULTURA REGIONAL DO PLANALTO SERRANO DE SANTA CATARINA

CLASSIFICATION OF THE PRODUCTION CAPACITY OF ALTERNATIVE SPECIES TO THE


REGIONAL FORESTRY OF PLATEAU OF SANTA CATARINA

Vinicius Chaussard Venturini1 Thiago Floriani Stepka Daniela Hoffmann Érica Barbosa Pereira de Souza
André Felipe Hess Geedre Adriano Borsoi

RESUMO

O estudo foi realizado no município de Cerro Negro, Santa Catarina, em plantios de 4 espécies com 15 anos de
idade, espaçamento de plantio de 2 x 2,5 m entre árvores. A área apresenta 4 talhões, com plantios de Pinus
elliottii, Pinus taeda, Pinus patula e Cupressus lusitanica, com o objetivo de classificar os sítios por meio da
análise de tronco completa e parcial. Para coleta de dados foi realizado o inventário florestal pela metodologia
de amostragem aleatória simples, utilizando parcelas circulares de 400 m². Foram distribuídas 10 parcelas para
P. elliottii e P. taeda, 7 parcelas para P. patula e 3 parcelas para C. lusitanica. Em todas as parcelas foram
mensuradas, as alturas e diâmetro altura do peito (DAP) das árvores e realizada a cubagem da árvore dg de cada
parcela pelo método de Smalian. Após a cubagem foram retirados discos de 5 cm de espessura em cada secção
da cubagem, a fim de realizar a análise de tronco completa (ANATRO). E, para a análise de tronco parcial foi
retirado rolos de incremento de uma árvore dominante de cada parcela para a classificação dos sítios utilizou-se
o modelo de Schumacher, usando como referência a idade 15 anos. De acordo com os dados obtidos, a
classificação de sítio para P. patula encontra-se entre limites de (29 m – 25 m) bem como para a espécie de P.
elliottii que apresenta limites de (17 m – 25 m), sendo esses dois são os sítios mais produtivos do povoamento.
Palavras-chaves: Classificação de sítio; Altura dominante; Análise de tronco completa e parcial.

ABSTRACT

The study was carried out in the municipality of Cerro Negro, Santa Catarina, in plantations of 4 species with 15
years of age, plant spacing of 2 x 2,5 m between trees. The area presents four plots, with plantations of Pinus
elliottii, Pinus taeda, Pinus patula and Cupressus lusitanica, in order to classify the sites through the analysis of
complete and partial trunk. For data collection, the forest inventory was performed using a simple random
sampling methodology, using circular plots of 400 m². Ten plots were distributed to P. elliottii and P. taeda, 7
plots to P. patula and 3 plots to C. lusitanica. In all plots the heights and DBH of the trees were measured, and
the dg tree of each plot was performed by the Smalian method. After the cubing, 5 cm thick discs were removed
in each section of the canopy in order to perform the complete trunk analysis (ANATRO). And, for the analysis
of partial trunk was removed increment rolls of a dominant tree from each plot for the classification of sites was
used the Schumacher model, using as a reference the age 15 years. According to the data obtained, the site
classification for P. patula is between (29 m - 25 m) as well as for P. elliottii species with limits of (17 m – 25
m). the most productive sites of the settlement.
Keywords: Site classification; Dominant height; Full and partial trunk analysis.

INTRODUÇÃO

Os sítios florestais são considerados como áreas homogêneas quanto às suas características ambientais
(climáticas, edáficas, topográficas, biológicas etc.), apresentando, por sua vez, um desenvolvimento florestal
correspondente ao potencial dessas características. As condições de sítio de um determinado local estão ligadas
à capacidade produtiva deste (TEO, et al., 2010).
Segundo (TONINI et al., 2001; SCOLFORO, 2006), para classificar sítios existem métodos diretos e
indiretos. Os métodos indiretos avaliam a qualidade do sítio a partir de atributos do ambiente, levando em
consideração características como clima, solo e plantas indicadoras. Os métodos diretos utilizam basicamente
indicadores da própria vegetação, que refletem as interações de todos esses fatores com o sítio.

Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal., bolsista de iniciação científica, Centro de Ciências Agroveterinárias,
1

Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090 – Conta dinheiro – CEP 88.520-000, Lages (SC),
Brasil. E-mail: venturinivinicius97@gmail.com.

133
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Classificar sítios é conhecer sua capacidade máxima produtiva. Neste estudo utilizou-se métodos direto
para determinação da qualidade de sítios, método que se obtém informações através de inventários florestais
utilizando a metodologia de parcelas parciais ou permanentes, ou por meio de análise de tronco (ANATRO),
sendo essa completa ou parcial. Campos; Leite, (2002), definiram análise de tronco como um procedimento
empregado para estudar a história do crescimento em altura de uma árvore, além da importância de se conhecer
o crescimento em diâmetro dessa árvore.
Como parcelas permanentes são raramente disponíveis para uma ampla faixa de idade, a análise de
tronco possibilita num curto período de tempo, a obtenção de tantos pares altura-idade, quando for a idade da
árvore. Este procedimento, tona-se muito eficiente como base de dados para construção de curvas de regressão
altura-idade, minimizando a intensidade amostral das árvores (parcela) a serem amostradas (SCOLFORO,
1998). Com a análise de tronco e por meio de regressão, se estima altura para cada ano da árvore.
A utilidade prática da correlação do crescimento em altura com o volume potencial, advém em boa parte
do fato de que o padrão de desenvolvimento em altura, das maiores árvores, em povoamentos de mesma idade, é
pouco afetado pela densidade do povoamento e relativamente estável sob várias intensidades de desbastes.
(Scolforo, 1998).
O presente estudo tem objetivo de classificar sítios para espécies de Pinus elliottii Engelm., Pinus taeda
L, Pinus patula Schltdl & Cham.e Cupressus lusitanica Mill, com 15 anos de idade, por meio de análise de
tronco completa e parcial.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado no município de Cerro Negro, Santa Catarina, em quatro talhões com 15 anos de
idade, espaçamento de 2 x 2,5 m entre árvores O plantio de Pinus taeda , passou por pelo primeiro desbaste aos
9 anos, e após passou por um segundo desbaste aos 12 anos, sendo que os demais plantios passaram por um
único desbaste aos 12 anos, e todos passaram por 2 podas de limpeza. A área total do estudo é de 25 hectares,
sendo subdivida em quatro talhões, um por espécie. Os talhões estão subdivididos da seguinte maneira, Pinus
taeda possui 15 hectares, Pinus patula possui 3 hectares, Pinus elliottii possui 6 hectares e Cupressus
lusitanica possui 1 hectare.
Para coleta de dados foi realizado o inventário florestal pela metodologia de amostragem aleatória
simples, para cada talhão, foram instaladas 10 parcelas para Pinus elliottii e Pinus taeda, 7 parcelas para Pinus
patula e 3 parcelas para Cupressus lusitanica. Em todas as parcelas foram mensuradas, as alturas e diâmetro
altura do peito (DAP) das árvores. As parcelas são circulares de 400 m², em que foram instalas um piquete
central, pintadas no DAP, e demarcadas com fitilho para trabalhos simultâneos e futuros. Em todas unidades
amostrais foram destacadas com placas de alumínio as árvores do diâmetro médio quadrático (dg) e as 4 árvores
de diâmetro dominante (ddom). Posteriormente foi realizada a cubagem da árvore dg de cada parcela pelo método
de Smalian. Após a cubagem foram retirados discos de 5 cm de espessura em cada secção da cubagem, a fim de
realizar a análise de tronco completa (ANATRO). Foi retirado, de uma arvore dominante da parcela, rolos de
incremento para realizar a análise de tronco parcial.
Com a análise de tronco completa da árvore dg, utilizando do suplemento Florexel (OPTIMBER, 2018),
reconstituiu-se as aturas das árvores do ano 1 ao ano 14, servindo de base para estimativas das alturas das
árvores de cada espécies. Para tanto, Cupressus lusitanica e Pinus taeda, utilizou o modelo polinomial de
segundo grau, e para as espécies Pinus patula e Pinus elliottii usou-se o modelo da linha reta que podem ser
observados na Tabela 1.

TABELA 1: Modelos utilizados para a estimativa das aturas das arvores dominantes e para a classificação dos
sítios florestais
TABLE 1: Models used to estimate the attitudes of dominant trees and for the classification of forest sites.
Modelo Formulação Nome
1* ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 Linha reta
2** ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃2 Polinomial de 2º grau
3*** ln(ℎ𝑑𝑜𝑚) = 𝛽0 + 𝛽1 /𝐼 Schumacher
Em que:* Modelo utilizado para a estimativa das alturas de Pinus patula e Pinus elliottii; ** Modelo utilizado para a estimativa das
alturas de Cupressus lusitanica e Pinus taeda; *** Modelo utilizado para a classificação dos sítios; h: Altura da árvore (m); DAP:
diâmetro altura do peito (cm); h dom; Altura dominante (m);βn: Coeficientes; I = Idade (anos).

Para as árvores dominantes, pelo fato de ter sido realizado apenas a análise de tronco parcial, realizou-se
a estimativa das alturas ao longo das idades pelos modelos ajustado e na Tabela 1. Com os valores a obtenção

134
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
dos pares de variáveis (hdom e DAP) de cada parcela e de cada espécie, procedeu-se o ajuste do modelo 3 da
Tabela 1 para classificação dos sitos florestais.
Verificou-se, para cada sítio, a maior e menor altura para a idade de referência, ou seja, 15 anos. A partir
destes valores estabeleceu-se 3 classes por sítio, com amplitude de 2 metros para Cupressus lusitanica, Pinus
taeda, Pinus patula e uma amplitude de 4 metros para o Pinus elliottii, pois este sítio apresentou amplitudes
altas da variável altura. Determinado a amplitude de classe, o número de classe para cada sítio e a idade de
referência, foi realizado uma tabela para as estimativas das alturas desde do 1 ano até os 17 anos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para uma melhor caracterização da área de estudo, foi observado a densidade do povoamento (N/ha), a
área basal por hectare (G/ha) e altura média e DAP médio, sendo essas separadas por talhão. O P.elliottii
apresenta a maior densidade do povoamento com 838 árvores/ha seguido pelo C.lusitanica com 833 árvores/ha,
P.patula com 629 árvores/ha e P.taeda com 525 árvores/ha. Para variável área basal por hectare (G/ha) o
P.elliottii apresentou o maior valor com 39,7m²/ha , sendo seguido pelo P.patula com 38,6 m²/ha, P.taeda com
37,7 m²/ha e 28,2 m²/ha para C.lusitanica. A altura média do P.taeda é de 29,9 m, seguido pelo P.patula com
27,6 m, P.elliottii 24,3 m e C.lusitanica com as menores médias de altura 20 m. Para variável DAP encontrou-se
as seguintes médias, P.taeda 30 cm, e P.patula 27,6 cm, esse com as maiores médias do povoamento, e
P.elliottii com 24,3 cm, seguindo pelo C.lusitanica com 20 cm.
A partir da ANATRO completa estimou-se as alturas para árvore dg, utilizando o modelo da linha reta
para estimativa das espécies P.patula e P.elliottii e o modelo polinomial de segundo grau para as espécies
C.lusitânica e P.taeda. Todos os ajudes apresentaram baixos erros para a variável altura, pois em muitas
ocasiões erros de 1 a 2 m podem ser ocasionados em coletas de campo, por erro do operador e/ou do
instrumento. Os valores de R² e R² ajustado tiveram valores entre 0,88 a 0,92, significando que a variável DAP
explica a variável altura entre 88 a 92%. Portando, os modelos testados estão adequados para este conjunto de
dados, cujos resultados de cada modelo são possíveis observar na Tabela 2. Por fim, os coeficientes dos
modelos foram utilizados para a estimativa da variável altura para a árvore ddom.

TABELA 2: Resultados estatísticos das regressões realizadas para estimativa da altura da árvore dg. Onde: R²;
Coeficiente de determinação; R² Ajust; Coeficiente de determinação ajustado, Syx; Erro padrão da estimativa,
Syx%; Erro padrão da estimativa em porcentagem.
TABLE 2: Statistical results of the regressions performed to estimate tree height dg. Where: R²; Determination
coefficient; R² Settings; Adjusted coefficient of determination, Syx; Standard estimation error, Syx%; Standard
error of the estimate in percentage.
Estatística de regressão
C.lusitanica (dg) P.taeda (dg) P.patula (dg) P.elliottii (dg)
β0 1,242 β0 0,495 β0 -1,526 β0 -0,323
β1 0,688 β1 0,696 β1 0,920 β1 0,809
β2 -0,005 β2 -0,002 β2 - β2 -
R² 0,8943 R² 0,928 R² 0,8961 R² 0,9107
R² Ajust 0,8882 R²ajust 0,9269 R²ajust 0,8950 R²ajust 0,91
Sxy (m) 1,41 Syx (m) 1,51 Syx (m) 2,35 Syx (m) 1,65
Syx% 15,45 Syx% 12,6 Syx% 15,59 Syx% 12,88

Antes da classificação de sítio, fez-se estimativa as alturas das árvores dominante, que tiveram os seus
diâmetros reconstituídos pela análise de tronco parcial, com o modelo de Schumacher, procedeu-se a
modelagem para classificação do sitio pelo método da curva guia (mestra) o qual apresentou estatísticas
satisfatórias após serem recalculadas. Para este conjunto de dados os valores de R² e R² ajustado foram
inferiores a modelagem anterior, sendo que para este modelo a variável idade explica entre 77 a 95% da altura
dominante. Como é possível observar na Tabela 3.
Com base nas estimativas realizada utilizou-se os coeficientes da regressão do modelo de Schumacher
para a classificação de sítio. Organizou-se uma tabela, separada por idade, espécie e amplitude de classe para
cada espécie, classificando os quatros sítios.
Para fins de comparação entre os sítio, pode-se observar que a melhor classe de sítio da espécie de
C.lusitanica é a pior classe de P.taeda, sendo que este apresenta a pior classificação entre os mesmos gêneros

135
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
(Pinus). A classe central do P.elliottii e P.taeda apresentam o mesmo valor, porém como a amplitude da classe
do P.elliottii é de 4m, os valor das outras classes são diferentes. A melhor classe de P.elliottii e a pior classe
para a espécie de P.patula, no qual este apresenta o melhor sítio dentre os demais. (OLIVEIRA et al., 1990)
observou índice de sitio médio de 23 m a uma idade índice de 15 anos para o sul do Brasil, valores estes
próximos ao obtido no presente estudo.

TABELA 3: Resultados estatísticos da regressão pelo modelo de Schumacher realizadas para estimativa da
altura da árvore dominante. Onde: R²; Coeficiente de determinação; R² Ajust; Coeficiente de determinação
ajustado, Syx; Erro padrão da estimativa, Syx%; Erro padrão da estimativa em porcentagem.
TABLE 3: Statistical results of the regression by the Schumacher model performed to estimate the height of the
dominat tree. Where: R²; Determination coefficient; R² Settings; Adjusted coefficient of determination, Syx;
Standard estimation error, Syx%; Standard error of the estimate in percentage.
Estatística de regressão
P.patula (ddom) P.elliottii (ddom) C.lusitanica (ddom) P.taeda (ddom)
β0 4,007 β0 3,485 β0 2,955 β0 3,090
β1 -9,792 β1 -6,246 β1 -3,930 β1 -3,416
R² 0,9524 R² 0,8803 R² 0,7715 R² 0,8636
R² Ajust 0,9519 R² Ajust 0,8794 R² Ajust 0,7658 R² Ajust 0,8626
Syx (m) 2,12 Syx (m) 2,53 Syx (m) 1,79 Syx (m) 2,46
Syx (%) 12,64 Syx% 17,22 Syx (%) 16,08 Syx % 18

Para a elaboração do gráfico de cada sítio, utilizou-se a técnica da curva guia, sendo possível observar
as 3 curvas, as quais representam uma classe, onde a primeira é o limite superior e a ultima o limite inferior, e a
terceira curva, seria a curva central, chamada de curva guia ou curva média. Através da curva guia é possível
observar o crescimento da árvore de altura dominante ao longo dos anos, observando em quais períodos a árvore
obteve maiores crescimentos e/ou estabilidade. Na Figura 1 é possível visualizar o comportamento das curvas.
Como é possível observar no gráfico a espécie de C.lusitanica obteve um crescimento inicial muito
bom, por alguns anos até maior que algumas das espécies do gênero Pinus, porém sua curva de crescimento
começou a reduzir e a estabilizar próximo ao oitavo ano, sendo que seu crescimento seguiu inferior aos demais
sítios. O P.taeda assim como o C.lusitania, obteve um excelente crescimento inicial, porém começou a
estabilizar entre os 9 e 10 anos, onde o crescimento passou de metros para alguns centímetros. O P.elliottii e
P.patula, obtiveram os piores crescimento inicias, porém suas curvas não estabilizaram, elas mantiveram um
crescimento constante. O P.patula obteve o melhor índice de sítio entre os demais sítios e ainda mantem em
crescimento sem estabilidade.

136
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Classificação de sítio pela metodologia da curva guia ou curva mestra, onde Hdom; Altura da árvore
dominante está expressa no eixo y, e idade expressa no eixo x.
FIGURA 1: Site classification by the methodology of the guide curve or master curve, where Hdom; Height of
the dominant tree is expressed on the y-axis, and age expressed on the x-axis.

CONCLUSÃO

A classificação de sítio para a idade de referência (15 anos), para Pinus patula encontra-se entre limites
de (29 m – 25 m), bem como para a espécie de Pinus elliottii que apresenta limites de (17 m – 25 m), sendo
esses dois são os sítios mais produtivos do povoamento. O Pinus taeda tem classificação entre os limites de (19
m – 23 m) e o Cupressus lusitanica (15 m-19 m).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, J. C. C., LEITE, H. G. Mensuração florestal: Perguntas e respostas. 1ª ed. Viçosa-MG: Editora
UFV, 2002. p. 221-231. p.OPTIMBER, Software Florexcel. 2018.
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137
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA UTILIZANDO REGRESSÃO QUANTÍLICA EM
POVOAMENTOS DE Pinus elliottii

CLASSIFICATION OF YIELD CAPACITY USING QUANTILE REGRESSION IN Pinus elliottii STANDS

Ximena Mendes de Oliveira1 Lorena Oliveira Barbosa Anny Francielly Ataide Gonçalves
Luciane Naimeke Schmidt Antônio Carlos Ferraz Filho José Roberto Soares Scolforo

RESUMO

A classificação de sítio permite a estratificação de áreas em relação à capacidade produtiva local. A precisão e
não tendenciosidade da classificação é importante para que o erro não seja propagado em análises posteriores,
como a modelagem do volume. O objetivo deste trabalho foi gerar curvas de sítio para povoamentos de Pinus
elliottii localizado no norte do Uruguai. Foram geradas curvas anamórficas pelo método da curva guia,
utilizando o método dos mínimos quadrados ordinários e o método da regressão quantílica, considerando o
percentil 0,5. Os dois ajustes apresentaram resultados próximos entre si, sendo o método da regressão quantílica
selecionado pelo teste de estabilidade das parcelas. A classificação das parcelas pelo método da regressão
quantílica foi utilizada para realizar o ajuste da projeção de volume e área basal, resultando em equações
precisas.
Palavras-chave: mínimos quadrados ordinários; percentis; índice de sítio.

ABSTRACT

Site classification allows the stratification of areas in relation to local yield capacity. The accuracy and non-bias
of the classification is important so that errors are not propagated in later analyzes, such as volume modeling.
The objective of this work was to generate site index for Pinus elliottii stands located in northern Uruguay.
Anamorphic curves were generated by the guide curve method, using the ordinary least squares method and the
quantile regression method, considering the 0.5th percentile. The two models presented close results among
themselves, the quantile regression method being selected by the plot stability test. The classification of the
plots by the quantile regression method was used to perform the adjustment of the volumetric and basal area
projection, resulting in precise equations.
Keywords: ordinary least squares; percentile; site index.

INTRODUÇÃO

O termo sítio florestal refere-se à capacidade produtiva de crescimento e produção de uma região
(SCOLFORO, 2006). Diversos fatores podem influenciar na capacidade produtiva, como solo (fertilidade,
drenagem, etc.), clima (padrões de temperatura e precipitação) e topografia (elevação, aspecto, etc)
(VANCLAY, 1994). Burkhart e Tomé (2012) consideram que a avaliação da qualidade do sítio fornece um
quadro de referência para o diagnóstico e prescrição silvicultural, como na escolha da espécie, espaçamento,
sistemas de manejo e tratos silviculturais a serem implantados.
Do ponto de vista do manejador florestal, uma avaliação quantitativa da capacidade produtiva deve ser
objetiva e facilmente determinável. Para isto, é necessário utilizar uma medida referente às árvores que não
sejam influenciadas pela densidade do povoamento. A altura dominante média das árvores atende a esta
exigência e, portanto, é a medida mais amplamente utilizada na classificação de sítios florestais (BURKHART;
TOMÉ, 2012).
As estimativas de capacidade produtiva dos sítios devem ser precisas e não tendenciosas, uma vez que o
erro pode ser propagado em análises posteriores de funções de crescimento, afetando os resultados da
modelagem (BURKHART; TOMÉ, 2012). A regressão quantilíca (KOENKER; BASSETT JÚNIOR, 1978) é
uma alternativa promissora para classificação de sítio. A sua aplicabilidade já foi verificada em estudos de
crescimento de árvores (COOMES; ALLEN, 2007), erros de avaliação em dados de inventário (MÄKINEN et
al., 2008), ajuste de funções de afilamento (CAO; WANG, 2015), dentre outros. Araújo Júnior et al. (2016) e

1
Engenheira Florestal, Msc, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Campus Universitário, Av. Doutor Sylvio Menicucci, 1001, Aquenta
Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail: ximena_mendes@hotmail.com

138
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Santos (2017) utilizaram essa metodologia para gerar curvas de sítio utilizando dados de parcelas permanentes
de Eucalyptus spp.
Após classificar os sítios referentes às parcelas do povoamento, é possível ajustar modelos de volume e
área basal do povoamento que dependem desta variável, como o modelo proposto por Sulivan e Clutter (1972).
Este modelo é amplamente utilizado na predição e projeção do volume por unidade de área. Para realizar o
ajuste de forma adequada e garantir a sua capacidade simultânea (predição e projeção), os dados devem ser
organizados em uma tabela simultânea, considerando as parcelas como sendo permanentes e temporárias ao
mesmo tempo, conforme exemplificado em Scolforo (2006).
O objetivo deste estudo foi estimar curvas de sítio pelo método da regressão quantílica, ajustado pelo
percentil 0,5 (referente à mediana), e compará-lo com o ajuste pelo método dos mínimos quadrados ordinários.
Após classificar os sítios das parcelas, estimativas de volume e área basal foram estimadas utilizando o modelo
de Sullivan e Clutter. Os dados utilizados são de parcelas permanentes mensuradas em povoamentos de Pinus
elliottii, localizados no norte do Uruguai.

MATERIAL E MÉTODOS

Dados
Foram utilizados dados de inventário florestal contínuo de povoamentos de Pinus elliottii, localizados
no norte do Uruguai, nas regiões de Rivera, Tacuarembó e Paysandú. As parcelas circulares variaram de 300 a
500 m² e apresentaram de duas a seis remedições. Informações sobre os dados coletados nas 440 parcelas
permanentes estão presentes na Tabela 1. As alturas dominantes foram mensuradas seguindo o conceito de
Assmann (1970) e o volume foi obtido por meio de equação ajustada com a cubagem rigorosa de algumas
árvores.

TABELA 1: Resumo dos dados de inventário florestal de plantios de Pinus elliottii.


TABLE 1: Summary of the forest inventory data of Pinus elliottii stands.
Informações Mínimo Médio Máximo
Idade (anos) 2,5 5,9 11,2
Altura dominante (m) 2,1 8,3 17,8
Volume (m³/ha) 0,0833 36,9211 219,9767
Área Basal (m²/ha) 0,0900 10,6460 44,4000

Classificação da capacidade produtiva


A classificação da capacidade produtiva foi efetuada pelo método da curva guia, gerando curvas
anamórficas. Os ajustes foram realizados pelo sistema estatístico SAS (SAS Institute Inc., 2009), considerando a
idade de referência de 10 anos. O modelo de Schumacher (1) foi ajustado pelo método dos percentis (regressão
quantílica), considerando o percentil 0,5 (referente à mediana) e pelo método dos mínimos quadrados
ordinários.
Ln(hd) = 0 + 1 * (1/I) +  (1)
Em que: Ln = logaritmo neperiano; hd = altura média das árvores dominantes (m); I = idade (anos); 𝛽𝑖 = parâmetros a
serem estimados; 𝜀 = erro aleatório.

Projeção do volume e da área basal em nível de povoamento


A classificação do sítio florestal permite alocar as parcelas em diferentes classes de capacidade
produtiva, sendo esta informação utilizada para a projeção do volume do povoamento. Após realizar a
classificação de sítios, a projeção volumétrica em nível do povoamento foi realizada pelo modelo de densidade
variável de Sullivan e Clutter (2).
1 1 I1  I1    I1  
Ln(V 2) = 0 + 1 + 2 + 3 Ln(G 1 ) * + 4  1 -  + 5   1 -  * S  + Ln(  ) (2)
S I2 I2  I2    I2  
Em que: Ln = logaritmo neperiano; 𝑉2 = volume (m³/ha) na idade final; S = índice de sítio (m); 𝐼2 = idade (anos) na idade
final; 𝐼1 = idade (anos) na idade inicial; 𝐺1 = área basal (m²/ha) na idade inicial; 𝐺2 = área basal (m²/ha) na idade final; 𝛽𝑖 =
parâmetros a serem estimados; 𝜀 = erro aleatório.

Após obter os parâmetros do modelo (2), foi realizado o rearranjo da equação para projetar a área basal,
conforme o modelo (3).

139
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

 I1  4  I1  5   I1  
Ln(G 2) =  Ln(G 1) +  1 -  +   1 -  * S  + Ln(  ) (3)
 I2  3  I2  4   I2  
Em que: Ln = logaritmo neperiano; 𝑉2 = volume (m³/ha) na idade final; S = índice de sítio (m); 𝐼2 = idade (anos) na idade
final; 𝐼1 = idade (anos) na idade inicial; 𝐺1 = área basal (m²/ha) na idade inicial; 𝐺2 = área basal (m²/ha) na idade final; 𝛽𝑖 =
parâmetros a serem estimados; 𝜀 = erro aleatório.

Avalição dos ajustes pelos métodos dos mínimos quadrados e da regressão quantílica
O ajuste do modelo (1) pelos métodos dos mínimos quadrados e da regressão quantílica foram avaliados
em relação à classificação de sítio, comparando as curvas geradas e a estabilidade da classificação das parcelas,
conforme aplicado em Ribeiro et al. (2016) e Scolforo et al. (2016). Posteriormente, a projeção do volume e da
área basal, realizada pelos modelos (2) e (3), foram analisadas quanto à distribuição gráfica dos resíduos. Além
disso, os modelos (1), (2) e (3) foram avaliados pelo coeficiente de determinação (R²), pela raiz quadrada do
erro médio (RMSE) e pelo critério de Akaike (AIC).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros estimados e as estatísticas de precisão do modelo (1) pelos métodos dos mínimos
quadrados e da regressão quantílica (percentil 0,5) estão representados na Tabela 2. Todos os parâmetros foram
significativos para α=0,05. As estimativas e as estatísticas de precisão apresentaram resultados próximos.
Araújo Júnior et al. (2016) justificam que isso ocorre quando os dados apresentam valores próximos de média e
mediana das alturas dominantes, considerando as idades de mensuração. Na Tabela 3 é possível observar que a
maior diferença entre a média e a mediana é de 0,2 m para a classe de 10 a 11 anos, sendo inferior a esse valor
para as outras classes de idade.

TABELA 2: Estimativas dos parâmetros e estatísticas de precisão das equações obtidas pelos métodos dos
mínimos quadrados ordinários e regressão quantílica.
TABLE 2: Parameters estimates and precision statistics of equations obtained by ordinary least squares and
quantile regression methods.
Parâmetro Valor estimado Valor p R² ajustado RMSE AIC
Método dos mínimos quadrados ordinários
𝛽0 3,15459 < 0,05
0,8035 1,3792 942,1000
𝛽1 -71,15992 < 0,05
Método da Regressão Quantílica
𝛽0 3,1639 < 0,05
0,8032 1,3802 944,2728
𝛽1 -70,4509 < 0,05

TABELA 3: Número de medições das parcelas e valores de média e mediana da altura dominante (m) por
classes de idade (anos).
TABLE 3: Number of measurements of plots and mean and median values of the dominant height (m) by age
classes (years).
Altura dominante (m)
Classes de idade (anos) Número de medições
Média Mediana
2 |-- 3 21 3,6 3,6
3 |-- 4 62 4,6 4,5
4 |-- 5 88 5,8 5,7
5 |-- 6 108 7,5 7,5
6 |-- 7 91 9,0 8,9
7 |-- 8 81 10,8 10,7
8 |-- 9 52 12,5 12,6
9 |-- 10 27 13,7 13,8
10 |-- 11 6 15,2 15,4
11 |-- 12 2 16,1 16,1

Devido à proximidade dos ajustes observado na Tabela 2, as curvas de sítio geradas para os dois
métodos se mostraram próximas à sobreposição (Figura 1), apresentando diferença na classificação de apenas
cinco das parcelas, compostas por duas ou três remedições. A similaridade entre os ajustes por esses dois

140
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
métodos também foi verificada por Santos (2017) ao utilizar dados de 98 parcelas permanentes de Eucalyptus
spp.

FIGURA 1: Curvas de índice de sítio obtidas pelas equações ajustadas com o método dos mínimos quadrados
ordinários (MQO) e da regressão quantílica (RQ), utilizando o percentil 0,5.
FIGURE 1: Site index curves obtained by equations fitted, using ordinary least squares (OLS) and quantile
regression (RQ) methods, using the 0.5th percentile.

De acordo com Chambers e Tzavidis (2006), a similaridade entre os métodos indica a ausência de dados
discrepantes (outliers) que prejudiquem os resultados, podendo-se utilizar a média (método dos mínimos
quadrados ordinários) ou mediana (método da regressão quantílica). Araújo Júnior et al. (2016) testaram a
inserção de um dado discrepante em uma base de dados com oito parcelas e verificaram melhores ajustes pelo
método da regressão quantílica.
Realizando o teste de estabilidade das parcelas, a regressão quantílica foi levemente superior ao método
dos mínimos quadrados, apresentando, respectivamente, 209 e 212 mudanças. Na regressão quantílica 60,2%
das parcelas não alteraram a classe, 34,3% apresentaram uma mudança e 5,5% apresentaram duas ou mais
mudanças. No método dos mínimos quadrados 59,5% das parcelas não alteraram de classe, 34,8% apresentaram
uma mudança e 5,7% apresentaram duas ou mais mudanças.
Ribeiro et al. (2016) encontraram 212 mudanças ao utilizar o modelo de Schumacher (modelo 1),
classificando a capacidade produtiva para povoamentos de Khaya ivorensis. Embora o número de mudanças
tenha sido próximo ao encontrado neste estudo, o comportamento das mudanças se mostraram diferentes, sendo
28% das parcelas não alteraram a classe, 29,3% apresentaram uma mudança, 22% apresentaram duas mudanças,
14,6% apresentaram três mudanças e 6% apresentaram quatro mudanças.
De acordo com Scolforo (2006), desde que a equação apresente estatísticas satisfatórias, a classificação
com maior estabilidade das parcelas pode ser selecionada. Scolforo et al. (2016) também utilizou o teste de
estabilidade para selecionar a melhor classificação de sítio, selecionando a equação de Von Bertalanffy
modificado por Richards, pelo método da diferença algébrica. Portanto, a classificação de sítio utilizando o
método da regressão quantílica foi selecionada e utilizada no ajuste do modelo (2), apresentando os valores
estimados dos parâmetros e as estatísticas de precisão conforme Tabela 4.
A equação apresentou bons ajustes, assim como em outros estudos que utilizaram este modelo para a
projeção em volume (LEITE et al., 2001; DIAS et al., 2005; DEMOLINARI et al., 2007). Com as informações
dos valores estimados da Tabela 4, os modelos (2) e (3) foram utilizados para projetar o volume e a área basal,
respectivamente.

141
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 4: Estimativas dos parâmetros e estatísticas de precisão da equação de Sullivan e Clutter obtida pelo
método da regressão quantílica.
TABLE 4: Parameters estimates and precision statistics of the Sullivan e Clutter equation obtained by quantile
regression method.
Parâmetro Valor estimado Valor p R² RMSE AIC
𝛽0 1,707485 < 0,05
𝛽1 -4,01225 < 0,05
𝛽2 -3,50244 < 0,05
0,9776 0,1650 -1892,107
𝛽3 1,136048 < 0,05
𝛽4 3,920238 < 0,05
𝛽5 0,039658 < 0,05

Os gráficos de resíduo para a projeção do volume (Figura 2a) e da área basal (Figura 2b) apresentaram
uma boa distribuição para valores estimados inferiores a 100 m³/ha e 30 m²/ha, respectivamente. Após esses
pontos, ambos os modelos tenderam em subestimar as informações. Isto pode ser explicado pelo reduzido
número de parcelas remedidas em idades mais avançadas (Tabela 3).

FIGURA 2: Gráfico de resíduos de volume (a) e área basal (b).


FIGURE 2: Residual plot of volume (a) and basal area (b).

CONCLUSÕES

O método da regressão quantílica utilizando o percentil 0,5 (referente à mediana) possibilitou uma
classificação de sítio estável para dados de Pinus elliottii, localizados no norte do Uruguai. A estratificação das
parcelas em classes de capacidade produtiva pelo método da regressão quantílica, possibilitou a projeção do
volume e da área basal das parcelas, sendo esta uma etapa informação importante para o manejo florestal.

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142
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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143
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
COMPARAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS PARA ESTIMAR ALTURA DE EUCALIPTO

COMPARISON OF DIFFERENT METHODS TO ESTIMATE EUCALYPTUS HEIGHT

Bruno Hericlles Lopes Silva1 Thais Cesar Ribeiro Tamires Mousslech Andrade Penido Eric Bastos Gorgens

RESUMO

A altura de espécies arbóreas é uma das variáveis mais importantes apresentadas em inventários florestais para
estimativa de volume. Para a medição indireta da altura de espécies florestais são utilizados instrumentos
denominados hipsômetros ou clinômetros que podem, muitas vezes, não ser acessíveis, ou ainda aumentar o
custo de um inventário florestal. Atualmente existem no mercado aplicativos (apps) para dispositivos móveis
com diversos fins, sendo um deles o Mobile timber cruise - MOTI utilizado para determinação de algumas
variáveis relativas às condições da floresta. Este trabalho teve como objetivo comparar a precisão da altura
estimada pelo aplicativo móvel nas versões Android e IOS e validá-las em relação ao clinômetro Haglof, um dos
aparelhos mais utilizados para este fim. Os resultados obtidos mostraram que o aplicativo possui um alto nível
de usabilidade e sua estimativa é semelhante ao hipsômetro tradicionalmente usado para estimação da altura.
Palavras-chave: Android; IOS; clinômetro; mensuração florestal.

ABSTRACT

The height of tree species is one of the most important variables presented in forest inventories for volume
estimation. For the indirect measurement of tree height, instruments called hypsometers or clinometers are used.
These can often be inaccessible, or even increase the cost of a forest inventory. Currently there are several
mobile applications (apps) for various purposes, one of them being MOTI - Mobile timber cruise used to
determine some variables related to forest conditions. This work aimed to compare the accuracy of height
estimated by the mobile application in the Android and IOS versions and validate them in relation to one of the
most commonly used devices for this purpose, such as the clinometer Haglof. The results showed that the
application has a high level of usability.
Keywords: Android; IOS; clinometer; forest mensuration.

INTRODUÇÃO

O manejo florestal visa conhecer a floresta e sua interação com o ambiente. Essa relação favorece a
compreensão da dinâmica do crescimento e produção por meio de avaliações realizadas através de inventários
florestais (SILVA et al., 2012).
De acordo com Husch et al. (1993), os inventários florestais são procedimentos para obtenção de
informações sobre as variáveis de interesse florestais, sendo as mais utilizadas a altura total e o diâmetro.
De acordo com Machado e Figueiredo Filho (2003), a altura total de uma árvore corresponde a distância
do nível do solo até o topo da árvore, ao longo de seu eixo principal.
Essa variável possui grande relevância em um inventário florestal uma vez que é utilizada na estimativa
do volume, classificação da capacidade produtiva e modelagem do crescimento. Entretanto, cabe salientar que,
sua medição não é uma tarefa fácil, sendo indicado um treinamento inicial para sua obtenção (SILVA et al.,
2012; CAMPOS e LEITE, 2017).
Para a medição indireta da altura de espécies arbóreas são utilizados instrumentos denominados
hipsômetros ou clinômetros. Estes equipamentos podem muitas vezes não ser acessíveis, ou ainda aumentar o
custo de um inventário florestal. Atualmente existem no mercado aplicativos (apps) para dispositivos móveis
com diversos fins, sendo um deles o Mobile timber cruise - MOTI utilizado para determinação de algumas
variáveis relativas às condições da floresta. Este trabalho teve como objetivo comparar a precisão da altura
estimada pelo aplicativo móvel nas versões Android e IOS e validá-las em relação ao clinômetro Haglof, um dos
aparelhos mais utilizados para esse fim.

1
Graduando em Engenharia Florestal, Faculdade de Ciências Agrárias- FCA, Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri-UFVJM, Campus JK - Rodovia GT 367 - Km 583, nº 5000, Alto da Jacuba, CEP 39.100-000,
Telefone: (38) 3532-1200 e (38) 3532-6810, Diamantina/MG, Brasil. E-mail: bruno10hsilva@gmail.com

144
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi conduzido em plantios de Eucalyptus sp. utilizados como quebra-vento,
pertencentes à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, localizado no município de
Diamantina, Minas Gerais.
Foram testados três procedimentos para mensurar a altura total de 32 árvores por meio de dois
instrumentos distintos, sendo eles o clinômetro Haglof e o aplicativo Mobile Timber Cruise - MOTI, nas versões
Android e IOS (MOTI, 2018).
Foi realizada estatística descritiva dos dados, com ênfase para a média, mediana, desvio padrão,
coeficiente de variação, curtose e assimetria para os dados coletados com os diferentes aparelhos e sistemas
operacionais. Posteriormente foi realizada a análise gráfica por meio de box-plot.
Testou-se a normalidade e homogeneidade dos resíduos para proceder com as análises
estatísticas subsequentes. Adotou-se o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney (teste U) não pareado para verificar se a
mediana das amostras são similares entre os três procedimentos de mensuração da altura.
Todas as análises estatísticas foram realizadas através do software R, versão 3.3.1 com o auxílio da
plataforma do R Studio versão 0.99.903 (R Core Team, 2018).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados da mensuração da altura por meio do Haglof, moti versão android e moti versão ios
apresentaram coeficiente de variação muito alto, de acordo classificação de Pimentel Gomes (1985) (Tabela 01).
Os valores de média e mediana foram distantes dando indícios de que os dados não seguem distribuição
normal (Tabela 01).

TABELA 1 - Análise descritiva dos dados.


TABLE 1- Descriptive analysis of data.
Estatística descritiva Haglof Android IOS
N 32 32 32

Média 17,4800 17,6100 17,5400

Mediana 20,9000 20,3500 20,9000


Assimetria -0,9464 -1.0350 -0,9557

Curtose -0,3923 -0,2431 -0,3924

Mínimo 2,3000 3,7000 2,3000


Máximo 26,0000 24,5000 25,7000

Amplitude 23,7000 20,8000 23,4000

Desvio Padrão 6,4590 5,9830 6,5460

Coeficiente de variação 0,3696 0,3398 0,3732

Por meio da representação gráfica do boxplot (Figura 01) e da análise de assimetria (Tabela 01) foi
observada a assimetria negativa dos dados, evidenciando que a maioria dos dados encontra-se à esquerda da
moda e a distribuição dos dados foi platicúrtica. Sendo assim, a mediana é uma medida de tendência central que
é recomendada para representar o conjunto de dados avaliados.

145
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Análise gráfica de Box-Plot.


FIGURE 1: Graphical analysis of Box-Plot

Os testes de normalidade dos resíduos para os métodos avaliados apresentaram valores inferiores à 0,05,
evidenciando que os resíduos não seguem distribuição normal. Já para a homogeneidade de variâncias os
valores apresentados foram superiores a 0,05, sugerindo que os resíduos sejam homogêneos. Diante destes
aspectos, procedeu-se com a realização do teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney (teste U) entre as
medianas das amostras avaliadas.
De acordo com o quadro 1, observa-se que não houve diferença estatística significativa a 5% para a
estimação da altura pelos métodos testados.

QUADRO 1. Valor de probabilidade associado às comparações das medianas entre os diferentes métodos
aplicados para estimação da altura por meio do teste de Wilcoxon-Mann-Whitney
FRAME 1. Probability value associated with the comparisons of the medians between the different methods
applied for height estimation using the test Wilcoxon-Mann-Whitney

Haglof Android IOS

Haglof 1 0,8403 0,9091

Android 0,8403 1 0,7574

IOS 0,9091 0,7574 1

O aplicativo não necessita de uma conexão com a internet para ser utilizado e mostrou ser tão simples
quanto o hipsômetro haglof, com a vantagem de não necessitar realizar a medição de distância entre medidor e a
árvore de interesse, que é calculada automaticamente. Sendo assim, o tempo gasto na coleta de dados pode ser
minimizado, possibilitando uma redução do custo de medição do inventário. Entretanto, percebe-se a
necessidade do uso de um carregador portátil aliada às medições, uma vez que o aplicativo possui um alto
consumo de energia do aparelho utilizado, considerando os dois sistemas operacionais adotados.

146
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

O aplicativo MOTI apresentou estimativas de altura de árvores semelhantes a um dos principais


aparelhos usados pelas equipes de inventário - clinômetro Haglof.
Não houve diferenças estatísticas significativas quanto ao uso dos diferentes sistemas operacionais.
A escolha do melhor equipamento deve ser pautada na experiência de manipulação do usuário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, J. C. C.; LEITE, H. G. Mensuração Florestal: perguntas e respostas. 5.ed. Viçosa: UFV, 2017.
636p.
HUSCH, B.; MILLER, C. I.; BEERS, T. W. Forest mensuration. 3 ed. Malabar: Krieger Publishing Company,
402 p., 1993.
MACHADO, S. A.; FIGUEIREDO FILHO, A. Dendrometria. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2003.
309p.
MOTI. Mobile Timber Cruise. Versão 1.1, Acesso em: 10 de Julho de 2018. Disponível em
<https://play.google.com/store/apps/details?id=ch.bfh.moti>
PIMENTEL GOMES, F. Curso de Estatística Experimental. São Paulo: Nobel, 1985. 467 p.
R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical
Computing, Vienna, Austria. 2018 .
SILVA, G. F.; CURTO, R. D. A.; SOARES, C. P. B.; PIASSI, L. C. Avaliação de métodos de medição de
altura em florestas naturais. Rev. Árvore [online]., vol.36, n.2, pp.341-348, 2012.

147
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS GEOMÉTRICO E FRANKON PARA A OBTENÇÃO DO
VOLUME DE MADEIRA EM TORA EM ÁREA DE MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO

COMPARISON OF THE GEOMETRIC AND FRANKON METHODS FOR THE OBTAINMENT OF WOOD
VOLUME IN TORAH IN A COMMUNITY FOREST MANAGEMENT AREA

Natally Celestino Gama1 Suzana Ligoski Zeferino Lívia Thais Moreira de Figueiredo Maeli Lima Araújo
Jeferson Dias Mota Yuri Rafael da Silva Rodrigues
RESUMO

Nas comunidades florestais da Amazônia, onde existe uma vasta diversidade de espécies nativas, a
comercialização da madeira em tora é feita considerando o volume do estoque disponível, obtido por meio da
cubagem rigorosa. O presente trabalho teve como objetivo avaliar dois métodos de quantificação volumétrica,
Geométrico e Frankon no Projeto de Desenvolvimento Sustentável Virola Jatobá, no município de Anapu, Pará.
Os dados foram coletados no Pátio Central da Unidade de Produção Anual (UPA) 6 que possui uma extensão de
545,27 ha com 6 Unidades de Trabalho (UT). Para a comparação dos métodos de cubagem foram medidas as
áreas seccionais (cm) nas extremidades das toras (AS1 e AS2), comprimento (L(m)) da tora, e circunferência
obtida na metade do comprimento da tora (m). No pátio, foram coletados dados de 85 toras de madeira
distribuídas em 15 espécies diferentes, das quais, Maçaranduba (Manilkara huberi Standley), Jatobá (Hymenaea
courbaril L.) e Cupiúba (Goupia glabra Aubl.) apresentaram os maiores números de indivíduos. Comparando
os dois métodos utilizados, o método Frankon apresentou menores valores de volume em relação ao
Geométrico, em torno de 20,6m3, sendo as menores diferenças observadas para as espécies Timborana
(Pseudopiptadenia suaveolens Miq.), o Guajará (Chrysophyllum venezuelanense) e a Muiracatiara (Astronium
lecointei Ducke).
Palavras-chave: mensuração; cubagem; recursos naturais.

ABSTRACT

In the forest communities of the Amazon, where there is a wide diversity of native species, the
commercialization of timber is made considering the volume of available stock, obtained through the cubing.
The present work aims to evaluate two volumetric quantification methods, Geometric and Frankon in the Virola
Jatobá Sustainable Development Project, in the city of Anapu, Pará. The data were collected at the Central
Courtyard of the Annual Production Unit (UPA) 6, which has an extension of 545.27 ha with 6 Work Units
(UT). For comparison of the cubing methods were measured, the sectional areas (cm) at the ends of the logs
(AS1 and AS2), length (L (m)) of the log, and circumference obtained in half the length of the log (m) were
considered. In the area, data were collected on 85 logs distributed in 15 different species, of which Maçaranduba
(Manilkara huberi Standley), Jatobá (Hymenaea courbaril L.) and Cupiúba (Goupia glabra Aubl.) presented the
highest numbers of individuals. Comparing the two methods used, the Frankon method presented lower values
of volume in relation to Geometric, around 20,6m3, being the smaller differences observed for the species
Timborana (Pseudopiptadenia suaveolens Miq.), o Guajará (Chrysophyllum venezuelanense) e a Muiracatiara
(Astronium lecointei Ducke).
Keywords: Measurement; Cubing; Natural Resources.

INTRODUÇÃO

O Manejo Florestal Comunitário (MFC) possui um grande potencial para gerar renda e trabalho para os
produtores familiares da Amazônia, contribuindo para a manutenção das florestas e a sua conservação, buscando
também a capacitação dos produtores em práticas de Exploração de Impacto Reduzido (EIR), organização em
torno de cooperativas e associações e estratégias para a busca de mercados atrativos, incluindo a adoção de
certificação (Medina & Pokorny, 2011). Dentro deste contexto, é importante a adoção de medidas para otimizar
a produção madeireira tendo como base a realização do Inventário Florestal 100%.
No âmbito florestal, o volume é uma das informações de maior importância para o conhecimento do
potencial de um povoamento e por meio de sua estimativa por modelos matemáticos, fornece subsídios para
avaliação do estoque de madeira e análise do potencial produtivo das florestas (THOMAS et al., 2006).
1
Discente do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, Rua Coronel
José Porfírio, 2515, São Sebastião, CEP 68372-040, Altamira (PA), Brasil. E-mail: natallygama28@gmail.com
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em plantios florestais, os trabalhos dendrométricos, geralmente estão relacionados a espécies de rápido
crescimento, em especial as dos gêneros Pinus e Eucalyptus (Fernandes et al., 2017). As espécies nativas muitas
vezes deixam de ser estudadas por não conseguirem despertar interesses equivalentes, na maioria das vezes pela
inexistência de informações ligadas à sua ecologia e silvicultura (TONINI et al., 2005).
Nas comunidades florestais da Amazônia, onde existe uma vasta diversidade de espécies nativas, a
comercialização da madeira em tora é feita considerando o volume do estoque disponível, obtido por meio da
cubagem. O processo de obtenção do volume, pode ser feito com a madeira em tora, pilha de madeira ou até
mesmo da árvore em pé e, muitas vezes, realizado com grandes dificuldades, devido, principalmente às tomadas
de medidas e à forma do fuste das árvores (Oliveira & Garcia, 2012).
Dentre os métodos utilizados para mensuração do volume de madeira, o método Frankon é o mais
adotado por madeireiras, sendo conhecido como “método comercial”, que permite obter o volume aproveitável
das toras aplicando-se descontos em relação ao volume total. O método geométrico, utilizado preferencialmente
pelas comunidades florestais na Amazônia, utiliza as áreas seccionais das extremidades das toras e o seu
comprimento para obtenção do volume de madeira. Com base no exposto, o presente trabalho tem como
objetivo avaliar os métodos de quantificação volumétrica, Geométrico e Frankon no Projeto de
Desenvolvimento Sustentável Virola Jatobá, no município de Anapu, Pará.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


O Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola Jatobá é um assentamento criado pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) localizado nas coordenadas 03º10’06,4” S e 51º17’55,5”
W, no município de Anapu-Pará, possuindo área de 41.095,47 ha (Figura 1). O relevo é caracterizado por
planícies e serras acentuadas, com predominância de Latossolo vermelho e Latossolo amarelo, e a vegetação é
classificada como Floresta Ombrófila Densa, onde a temperatura média é de 26°C, a pluviosidade média anual é
de 2173 mm e o clima é classificado como tropical quente e úmido. No assentamento moram cerca de 160
famílias de agricultores que praticam o Manejo Florestal Comunitário (MFC) na Reserva Legal (RL) coletiva da
área.

FIGURA 1: Localização do PDS Virola Jatobá e sua área destinada ao manejo florestal, Anapu-PA.
FIGURE 1: Location of PDS Virola Jatobá and its area for forest management, Anapu-PA.

Coleta de dados
Os dados foram coletados no Pátio Central da Unidade de Produção Anual (UPA) 6 que possui uma
extensão de 545,27 ha com 6 Unidades de Trabalho (UT) que foram exploradas no período de agosto a
dezembro de 2016. Para comparação dos métodos de cubagem, foram cubadas 85 toras de madeira distribuídas
em 15 espécies diferentes. Para a análise da volumetria, foram medidas as áreas seccionais (cm) nas
extremidades das toras (AS1 e AS2), o comprimento (L(m)) das toras, e circunferência na metade do
comprimento das toras (m). As espécies foram identificadas com o auxílio de um identificador botânico.
O volume comercial Frankon foi obtido por meio da seguinte expressão (SOARES et al., 2011):
V = (𝐶/4) ² x L
Onde: V = volume (m³); C = circunferência obtida na metade do comprimento da tora (m); L =
comprimento da tora (m).
O volume das toras pelo método geométrico, foi calculado por meio da expressão:

149
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
V= (𝐴S1+𝐴S2) /2 x L
Onde: V = volume (m³); AS1 e AS2 = áreas seccionais medidas nas extremidades das toras (m²); L =
comprimento da tora (m).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As espécies Maçaranduba (Manilkara huberi Standley), Jatobá (Hymenaea courbaril L.) e Cupiúba
(Goupia glabra Aubl.) apresentaram os maiores números de indivíduos (Tabela 1). De acordo com Hirai;
Carvalho & Pinheiro (2008), as árvores de Maçaranduba estão entre aquelas que atingem maior porte na
Amazônia, frequentemente com 30 a 40m de altura e algumas vezes até 50m, possuindo fustes retos, com alto
potencial de aproveitamento. Já o Jatobá é uma árvore que atinge, geralmente, 30 a 45m de altura com diâmetro
à altura do peito maior que 1m, fuste cilíndrico, normalmente reto e de copa ampla (COSTA; SOUZA &
SOUZA, 2011). A Cupiúba por sua vez, é uma árvore de grande porte, atingindo geralmente 25-30 m de altura e
80-120 cm de diâmetro, em solos de textura leve e baixo teor de matéria orgânica, podendo ocupar a posição de
dossel superior nas florestas primárias (HIRAI; CARVALHO & PINHEIRO, 2007).

TABELA 1: Número de toras de madeira por espécie na UPA 6.


TABLE 1: Number of logs per species at the UPA 6.
Nome Comum Nome Científico Nº de Toras
Andiroba Carapa guianensis Aublet 7
Angelim - Pedra Hymenolobium petraeum Ducke 7
Angelim - Vermelho Dinizia excelsa Ducke 2
Angelim Amargoso Vatairea paraensis Ducke 1
Cumaru Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. 6
Cupiúba Goupia glabra Aubl 9
Guajará Chrysophyllum venezuelanense 3
Guajará - Bolacha Pouteria oppositifolia (Ducke) Baehni 7
Jatobá Hymenaea courbaril L.) 9
Maçaranduba Manilkara huberi Standley 13
Muiracatiara Astronium lecointei Ducke 1
Piquiarana Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. 7
Sapucaia Lecythis paraensis Huber ex Ducke 3
Tachirana Stryphnodendron paniculatum Poepp. & Endl. 6
Timborana Pseudopiptadenia suaveolens Miq. 4
Total Geral 85

Comparando os dois métodos utilizados, o Frankon apresentou menores valores de volume em relação
ao Geométrico, em função de o mesmo considerar apenas o que seria o volume aproveitável da tora, aplicando
descontos referentes as perdas no processo de pré-produção na transformação de subprodutos. Outros fatores
como as irregularidades nas extremidades, comprimento da tora e a presença de sapopemas também podem
influenciar no volume de madeira (Tabela 2). As espécies, Maçaranduba (com 16,69 m³ pelo método Frankon e
21,74 m³ pelo método Geométrico) e Cupiúba (com 19,46 m³ pelo método Frankon e 20,49 m³ pelo método
Geométrico), apresentaram os maiores volumes.

TABELA 2: Comparação do volume de espécies de acordo com cada método.


TABLE 2: Comparison of the volume of species according to each method.
Nome Comum Nome Científico Frankon (m3) Geométrico (m3)
Andiroba Carapa guianensis Aublet 6,36 7,43
Angelim - Pedra Hymenolobium petraeum Ducke 9,35 10,41
Angelim - Vermelho Dinizia excelsa Ducke 4,28 3,68
Angelim Amargoso Vatairea paraensis Ducke 0,21 1,13
Cumaru Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. 7,66 8,83
Cupiúba Goupia glabra Aubl 19,46 20,49

150
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Guajará Chrysophyllum venezuelanense 3,81 4,17


Guajará - Bolacha Pouteria oppositifolia (Ducke) Baehni 15,32 15,88
Jatobá Hymenaea courbaril L.) 12,85 16,42
Maçaranduba Manilkara huberi Standley 16,69 21,74
Muiracatiara Astronium lecointei Ducke 1,26 1,36
Piquiarana Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. 9,78 12,80
Sapucaia Lecythis paraensis Huber ex Ducke 7,30 8,09
Tachirana Stryphnodendron paniculatum Poepp. & Endl. 10,26 12,84
Timborana Pseudopiptadenia suaveolens Miq. 10,00 9,92
Total 134,60 155,19

As menores diferenças entre os volumes obtidos por meio dos dois métodos, foram observadas para as
espécies Timborana, com 0,08 m³ de diferença, o Guajará com 0,36 m³, e a Muiracatiara com apenas 0,10 m³ de
diferença. Tais resultados podem estar relacionados a uma maior uniformidade no fuste das toras dessas
espécies. A Timborana, é uma árvore de grande porte, podendo atingir a estatura de até 50m de altura e, em
alguns lugares, é a arvore emergente mais dominante na mata (Silva & Oliveira, 2016), seu tronco é geralmente
reto e cilíndrico, chegando a medir de 30 a 40cm de diâmetro. O Guajará (Sapotaceae) e a Muiracatiara
(Anacardinaceae), possuem, em geral, as mesmas características dendrológicas da Timborana, porém, ainda são
muito escassos os estudos relacionados volumetria dessas espécies.

CONCLUSÕES

As espécies Maçaranduba (Manilkara huberi Standley), Jatobá (Hymenaea courbaril L.) e Cupiúba
(Goupia glabra Aubl.) apresentaram o maior número de toras e os maiores volumes, sendo consideradas
espécies de importância ecológica e econômica da região. O método Frankon apresentou menores valores de
volume em relação ao Geométrico, sendo as menores diferenças observadas para as espécies Timborana
(Pseudopiptadenia suaveolens Miq.), o Guajará (Chrysophyllum venezuelanense) e a Muiracatiara (Astronium
lecointei Ducke).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, W. da S.; SOUZA, A. L. de; SOUZA, P. B. de. Jatobá – Ecologia, Manejo, Silvicultura e
Tecnologia de Espécies Nativas da Mata Atlântica. Projeto: Prospecção do Conhecimento Cientifico de
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FERNANDES, A. M. V.; GAMA, J. R. V.; RODE, R.; MELO, L. de O. Equações volumétricas para Carapa
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HIRAI, E. H.; CARVALHO, J. O. P. de; PINHEIRO, K. A. O. Comportamento Populacional de Cupiúba
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HIRAI, E. H.; CARVALHO, J. O. P. de; PINHEIRO, K. A. O. Estrutura da População de Maçaranduba
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proveniente de resíduos moveleiros, no município de Paragominas – PA. Trabalho de Conclusão de Curso
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SOARES, C.P.B.; PAULA NETO, F.P.; SOUZA, A.L. Dendrometria e Inventário Florestal. 2. ed. Viçosa,
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151
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
THOMAS, C.; ANDRADE, C. M.; SCHNEIDER, P. R.; FINGER, C. A. G. Comparação de equações
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TONINI, H.; ARCO-VERDE, M. F.; SÁ, S. P. P. Dentrometria de espécies nativas em plantios homogêneos no
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152
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
COMPARAÇÃO ENTRE AMOSTRAGEM SISTEMÁTICA E AMOSTRAGEM EM
CONGLOMERADO EM UM FRAGMENTO DE CAMPO CERRADO EM MINAS GERAIS

COMPARISON BETWEEN A SYSTEMATIC SAMPLING AND SAMPLING IN CONGLOMERATE IN A


CAMPO CERRADO FRAGMENT IN MINAS GERAIS

Anny Francielly Ataíde Gonçalves1 Natielle Gomes Cordeiro Luiz Otávio Rodrigues Pinto
José Márcio de Mello José Roberto Soares Scolforo

RESUMO

O inventário florestal é uma atividade que visa a obtenção de informações qualitativas e quantitativas do
povoamento florestal. A precisão deste procedimento é de suma importância para as tomadas de decisão,
portanto faz-se necessário realizar uma abordagem correta quanto a amostragem a ser realizada e processamento
a ser empregado. Este estudo objetivou estudar a influência do uso de dois tipos de processamento do inventário
florestal para uma área de fisionomia Campo Cerrado, o de amostragem sistemática e amostragem em
conglomerado de tamanhos desiguais, e assim, avaliar os efeitos de cada tipo de processamento sobre a precisão
do inventário florestal. Para o levantamento florestal, considerou-se a alocação de 52 unidades amostrais 10 x
100 m (1000 m²) lançadas sistematicamente na área. Mediante o processamento por amostragem sistemática e
amostragem em conglomerado, obteve-se um maior coeficiente de variabilidade para a primeira formulação. A
amostragem em conglomerados se mostrou superior para todos os quesitos avaliados. Conclui-se que houve um
ganho quanto ao processamento utilizando a amostragem em conglomerado e que esta metodologia influi
positivamente mais no custo operacional e precisão.
Palavras-chave: amostragem; Campo Cerrado; inventário florestal.

ABSTRACT

The forest inventory is an activity that aims at obtaining qualitative and quantitative information on forest
stands. The precision of this procedure is very important to make decision, so it is necessary to take a correct
approach regarding the sampling to be performed and the processing to be used. This study aimed to study the
influence of the use of two types of forest inventory processing for a Campo Cerrado area, which are the
systematic sampling and conglomerate sampling of unequal area. In addition, to evaluate the effects of each type
of processing on the accuracy of the forest inventory. For the forest survey, we considered the allocation of 52
sample units 10 x 100 m (1000 m²) systematically launched in the area. By systematic sampling and
conglomerate sampling, a higher coefficient of variability was obtained for the second formulation. Systematic
sampling was superior for all evaluated items. It was concluded that there was no gain in the processing using
the conglomerate sampling and that this methodology influences more positively at the operational cost than in
the accuracy.
Keywords: sampling; Campo Cerrado; forest inventory.

INTRODUÇÃO
O inventário florestal é uma atividade que visa a obtenção de informações do povoamento florestal,
sendo, portanto, uma importante ferramenta no processo de gerenciamento dos recursos florestais e tomada de
decisões (LEITE; ANDRADE, 2002; VIBRANS et al., 2010; ZALD et al., 2016). Segundo Guedes et al (2012),
características como clima, solo e práticas silviculturais sofrem influências no tempo e espaço, fazendo-se então
necessário o acompanhamento de suas variações mediante a utilização de metodologias adequadas, pois inferir
corretamente sobre a caracterização da área influi diretamente no planejamento e administração dos recursos
florestais.
Visando a caracterização da floresta, a partir do inventário florestal, faz-se uso de fundamentos da teoria
da amostragem para realização da determinação ou estimativa das características quantitativas e/ou qualitativas
da floresta (SCOLFORO; MELLO, 2006). No entanto, para o desenvolvimento dessa atividade existe um custo

Engenheira Florestal, Ms., Estudante de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras, Rua
1

Aquenta Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail:annyfrancielly@gmail.com

153
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
associado, sendo que este aumenta de acordo com o nível de detalhamento, precisão e a eficiência de obtenção
das variáveis de interesse na floresta (DRUSZCZ et al., 2012).
O estado de Minas Gerais abriga uma grande diversidade de formações vegetais. Dentre estas
fisionomias, o Campo Cerrado, considerado por ser uma vegetação mais aberta, apresenta em sua composição
um predomínio de gramíneas, seguido de arbustos e árvores distribuídas de forma espaçada na área (RIBEIRO;
WALTER, 1998). Para áreas de florestas nativas, a aplicação do procedimento de inventário florestal auxilia na
quantificação precisa do estoque volumétrico, bem como na caracterização da estrutura da floresta. Com isso, o
procedimento serve como instrumento na implementação de manejo florestal e no controle de atividades, como
por exemplo, o desmatamento. O uso inadequado das técnicas de amostragem durante a realização do inventário
pode ocasionar
superestimava ou subestimativa do estoque volumétrico da população em estudo, influindo em uma não
retratação da realidade do local, o que poderá vir a induzir erros no desenvolvimento das estratégias sustentáveis
da área (SCOLFORO; MELLO, 2006).
Dentre as técnicas de amostragem utilizadas no inventário florestal tem-se a amostragem sistemática
(AS), que a partir do ponto de vista prático é considerada como método básico, pois, consegue expressar uma
melhor representatividade espacial da área, além de sua simples execução. Uma outra metodologia aplicada no
inventário florestal, é a amostragem em conglomerado, que conforme um arranjo espacial pré-definido distribui-
se de forma sistemática os conjuntos de subparcelas dentro de cada conglomerado na área (BATISTA; COUTO;
SILVA FILHO, 2014). Ainda segundo estes autores, a técnica de amostragem em conglomerado é de
significante aplicação quando se tem um gradiente topográfico, de altitude, fertilidade ou umidade de solo
dentro da área de interesse.
A escolha de um procedimento de amostragem está atrelada ao tempo de execução e principalmente ao
custo de implementação do mesmo. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo estudar a influência
do uso de dois tipos de processamento do inventário florestal para uma área de fisionomia Campo Cerrado, o de
amostragem sistemática e amostragem em conglomerado de tamanhos desiguais, e assim, avaliar os efeitos de
cada tipo de processamento sobre a precisão do inventário florestal.

MATERIAIS E MÉTODOS

Localização e caracterização da área de estudo


A base de dados deste estudo é proveniente de um fragmento conhecido como Acesita, localizado no
município de Veredinha, norte de Minas Gerais, sob coordenadas geográficas -42,8189612 longitude oeste e
17,4014195 latitude sul. O fragmento apresenta uma área de 284,55 hectares, com uma fitofisionomia
classificada como Campo Cerrado. O clima do local é do tipo subúmido seco, com precipitação média de
1076,93 mm e temperatura média de 21,7° C. O solo predominante na área é o Cambissolo (SCOLFORO et al.,
2008).

Inventário florestal
Para o levantamento florestal, considerou-se a alocação de 52 unidades amostrais 10 x 100 m (1000 m²)
lançadas sistematicamente na área (Figura 1). Foram mensurados todos os indivíduos que abrangessem o
critério de inclusão, sendo este, circunferência a 1,30 metros acima do nível do solo ≥15,7 cm (5 cm de
diâmetro), por meio do uso da fita métrica. Em relação a medição da altura, foi utilizada a vara telescópica com
precisão de 5 cm de todos os indivíduos presentes dentro das parcelas. Indivíduos perfilhados, desde que
atingissem o critério de inclusão, tiveram os seus fustes mensurados.
O controle e a identificação botânica de todos os indivíduos mensurados foram realizados, mediante
consultas à especialistas e literaturas específicas. A caracterização da área amostrada com os valores médios das
variáveis medidas no fragmento foi realizada.

154
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Mapa da área e localização das parcelas, em que a) representa a amostragem sistemática e b)
representa amostragem em conglomerados com tamanho desigual.
FIGURE 1: Map of the area and location of plots, where a) represents the systematic sampling and b) represents
sampling in conglomerates of different size.

Processamento do Inventário florestal


O volume por árvore foi calculado considerando a equação 1 proveniente do inventário de Minas Gerais
para fragmentos florestais localizados no conjunto de Sub-Bacias Hidrográficas do Rio Grande e do Rio
Piracicaba para áreas de Cerrado Sensu Stricto e Campo Cerrado, que considera as variáveis diâmetro a 1,30
metros do solo (DAP) e altura total (H). O ajuste da equação obteve coeficiente de determinação ajustado (R 2)
igual a 98,03 % e erro padrão da estimativa (Syx) igual a 0,14287 m³ (40,07%) (SCOLFORO et al., 2008).

Ln(VTcc) = −9,7745857766 + 2,4549750136* Ln(Dap) + 0,435488494* Ln(H ) (1)

Os dados foram processados considerando duas metodologias distintas, amostragem sistemática e


amostragem por conglomerados com tamanhos desiguais conforme Scolforo e Mello (2006). A precisão do
inventário florestal provenientes do processamento advindos das metodologias empregadas foram comparadas a
partir dos parâmetros erro do inventário em porcentagem (E%), os limites do intervalo de confiança para as
estimativas de volume (m3) para a área em estudo e o coeficiente de variação para a variável volume por parcela
(CV%).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A área do estudo apresentou um número médio de 412 indivíduos por hectare, área basal média de 3,9
(m2 /ha), volume médio de 19,23 (m³/ha), altura média de 4,5 metros e diâmetro médio quadrático de 10,9 cm.
Mediante os resultados apresentados do processamento do inventário florestal utilizando a metodologia
de amostragem sistemática e amostragem por conglomerados (TABELA 1), observou-se que o erro para a
amostragem em conglomerado foi de 25.98%, valor inferior ao encontrado para a amostragem sistemática. De
acordo Péllico Netto (1997), a amostragem em conglomerado oferece vantagem em relação a precisão quando
comparada a amostragem aleatória ou sistemática, desde que a população inventariada seja grande e apresente
ampla variabilidade para variável de interesse, justificando assim a aplicação do procedimento e a redução do
erro de amostragem. Tais resultados estão associados ao fato de que a intensidade amostral é superior ao
considerar cada elemento como uma unidade amostral para a amostragem sistemática quando comparada ao
procedimento por conglomerado que considera um conjunto de elementos. Sendo assim, os valores obtidos
foram influenciados, pois estas unidades são utilizadas para a determinação da precisão. Fato que é corroborado
por Ubialli et al. (2009) que citam que o aumento do tamanho da amostra influi diretamente na diminuição dos

155
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
erros da estimativa. De acordo Batista, Couto e Silva Filho (2014) uma amostragem atinge uma melhor
precisão quando o erro do inventário é inferior, o que foi detectado para o procedimento de amostragem em
conglomerado.
Ao utilizar a formulação de amostragem sistemática, pôde-se constatar que há um aumento em relação
ao coeficiente de variação. Este parâmetro, que expressa a dispersão média dos valores em função da média,
permite comparar a variabilidade existente dentro do conjunto de dados. A heterogeneidade apresentada em
florestas nativas é um fator impactante para tal estimativa. De acordo com Batista, Couto e Silva Filho (2014),
ao empregar a amostragem por conglomerado em diferentes situações, não implica que uma estimativa mais
precisa será obtida. A vantagem da utilização deste procedimento está associada à diminuição do custo na
execução do inventário florestal.
Em trabalho desenvolvido por Páscoa et al. (2016) comparando a amostragem casual simples com a
amostragem em conglomerado, os autores destacam a diferença encontrada entre os procedimentos, obtendo-se
uma menor precisão para a metodologia em conglomerado. No presente estudo, em função da alta variabilidade
entre volumes por parcela, visto pelo CV (%) da amostragem sistemática, a amostragem em conglomerado
conseguiu detectar menos variação entre conglomerados. A variação entre conglomerados é a que explica
melhor a variabilidade total na área. Portanto, o erro foi menor do que a amostragem sistemática.

TABELA 1: Estatística do inventário mediante processamento de duas formulações distintas.


TABLE 1: Inventory statistics by processing two distinct formulations.
Amostragem Sistemática Amostragem em Conglomerado
Erro (%) 26,50 25,98
CV (%) 96,06 53,07
LI (m³) 4.053,08 4897,71
LS (m³) 6.975,00 8335,98
Em que: Erro (%) = é erro do inventário em porcentagem; CV (%) = é o coeficiente de variação para a variável
volume por parcela; Li = é o limite inferior da estimativa volumétrica para o povoamento; Ls = limite superior
da estimativa volumétrica para o povoamento.

CONCLUSÕES

A precisão fornecida pelo procedimento utilizado no processamento do inventário florestal se difere


devido a intensidade amostral considerada e pela alta variabilidade. A opção em utilizar uma determinada
amostragem deve ser associada ao objetivo do inventário florestal, visto que é comum a busca de uma maior
precisão dos resultados. Observou-se no desenvolvimento desse trabalho que a metodologia de processamento
para amostragem em conglomerados apresentou ganho na precisão do inventário florestal. Com isso, o seu uso
só foi indicado, permitindo maior precisão, além da redução dos custos na alocação dos conglomerados.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (LEMAF) da


Universidade Federal de Lavras pela concessão da base de dados e estrutura para desenvolvimento do estudo e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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157
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE VOLUME DE CLONES DE EUCALIPTO
EM HERNANDARIA, PARAGUAI.

COMPARISON BETWEEN METHODS OF VOLUME ESTIMATION OF EUCALYPTUS CLONES IN


HERNANDARIA, PARAGUAY

Hugo Armando Barua Acosta1 Carla Fernanda Mussio Milayne Lopes Rickli Emílio Carlos Zilli Ruiz
Afonso Figueiredo Filho Andrea Nogueira Dias

RESUMO

Por constituir uma das informações de maior importância para o conhecimento do potencial disponível em um
povoamento florestal, o objetivo do presente estudo foi comparar as estimativas de volume de madeira de
plantas clonais de híbridos de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis por meio do ajuste de modelos
matemáticos e por fator de forma artificial no Distrito de Hernandarias, Paraguai. Para tal, foram cubadas pelo
método de Smalian 32 árvores amostra para determinação do volume real, após foi determinado o fator de forma
artificial médio para o povoamento e o ajuste de três modelos matemáticos para estimativa de volume. Para
avaliação e seleção do melhor modelo, foram analisados os seguintes parâmetros estatísticos: coeficiente de
determinação ajustado (R²adj.), erro padrão de estimativa absoluto e relativo (Syx e Syx%) e análise da distribuição
gráfica dos resíduos. O fator de forma artificial médio encontrado para estimar o volume total foi de 0,45. Dos
três modelos ajustados para a estimativa do volume total, o que apresentou melhor desempenho de acordo com
os parâmetros estatísticos avaliados e a distribuição gráfica de resíduos foi o modelo de Schumacher e Hall
linearizado. Para a estimativa do volume total, os resultados do Teste t de Student mostraram que não houve
diferença estatística significativa (p>0,05) entre os métodos avaliados. Assim, é possível concluir que para a
estimativa do volume total do povoamento estudado, ambos os métodos avaliados neste trabalho podem ser
utilizados.
Palavras-chave: Fator de forma artificial; modelos matemáticos; povoamento híbrido.

ABSTRACT

As one of the most important information for the knowledge of the potential available in a forest stand, the
objective of the present study was to compare the wood volume estimates of clonal plants of hybrids of
Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis by means of the adjustment of mathematical models and by artificial
form factor in the District of Hernandarias, Paraguay. For this, 32 sample trees were submitted to rigorous
volume determination by Smalian method, after which the average artificial form factor was determined for the
stand and adjustment of three mathematical models for volume estimation. For the evaluation and selection of
the best model, the following statistical parameters were analyzed: adjusted coefficient of determination (R²adj.),
standard error of absolute and relative estimation (Syx and Syx%) and analysis of graphical distribution of
residues. The average artificial form factor found to estimate the total volume was 0,45. Of the three models
adjusted for the estimation of the total volume, which presented better performance according to the statistical
parameters evaluated and the graphical distribution of residues was the Schumacher and Hall linearized model.
For the estimation of the total volume, Student t Test results showed that there was no significant statistical
difference (p> 0.05) among the evaluated methods. Thus, it is possible to conclude that for the estimation of the
total volume of the studied stand, both methods evaluated in this work can be used.
Keywords: Artificial form factor; mathematical models; hybrid stand.

INTRODUÇÃO

O Paraguai sempre teve uma área moderada de plantação florestal (43.000 ha em 2005 e 81.125 ha em
2013) em comparação aos países vizinhos Brasil, Argentina, Chile e Uruguai onde há milhões de hectares
plantados (SCZULECKA e ZALAZAR, 2017). Estes autores relatam ainda que, no último século, o
desmatamento no Paraguai foi muito intenso e, apesar disso, os investimentos para plantações florestais ainda
são limitados, mesmo com a visível escassez desta matéria-prima. O aumento do suprimento de madeira das

Mestrando (a) pelo programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste,
1

UNICENTRO, CEP 84500-000, Irati, Paraná, Brasil. E-mail: armandobarua@gmail.com.

158
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
florestas plantadas é um elemento estratégico para deter o desmatamento, que é a principal ameaça à
biodiversidade do Paraguai, causando erosão do solo, perda de fertilidade do solo, redução da quantidade e
qualidade dos recursos hídricos, além de restringir a subsistência e economia de agricultores locais (YANOSKY
2013).
De acordo com a FAO (2014), 33% da população no Paraguai utilizam de lenha para cozinhar, sendo
que, no Paraguai Oriental, a biomassa de espécies nativas é de quatro a cinco vezes mais utilizada de que
florestas plantadas, ressaltando a importância de incentivos para implementação de programas consistentes para
o desenvolvimento florestal sustentável, incluindo espécies com rápido crescimento, como exemplo o gênero
Eucalyptus e espécies nativas (RIOS et al., 2015).
Desta forma, o volume constitui uma das informações de maior importância para o conhecimento do
potencial disponível em um povoamento florestal, tendo em vista que o volume individual fornece subsídios
para a avaliação do estoque de madeira e análise do potencial produtivo das florestas (THOMAS et al., 2006).
Para Machado e Figueiredo Filho (2006), a estimativa de volume nos plantios comerciais é uma das tarefas mais
importantes do profissional da área florestal, sendo que a correta estimação do volume produzido de madeira é
ferramenta essencial para o correto manejo e planejamento da produção em povoamentos florestais (SILVA,
2017).
Comumente o volume é estimado aplicando equações matemáticas que utilizam como variáveis
independentes o diâmetro à 1,3 metro de altura e a altura total ou por meio do uso de fator de forma
multiplicando o volume do cilindro (CAMPOS e LEITE, 2013; MACHADO e FIGUEIREDO FILHO, 2006).
Conceitua-se fator de forma, conforme Finger (1992), como sendo um fator de redução do volume do cilindro
para o volume real da árvore; este deve ser multiplicado pelo volume do cilindro para, então, se obter o volume
real da árvore, enquanto que as equações de volume consistem no ajustamento de modelos para determinado
grupo de dados.
Desta forma, o objetivo do presente estudo foi comparar as estimativas de volume de madeira de plantas
clonais de híbridos de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis por meio do ajuste de modelos e por fator de
forma artificial no Distrito de Hernandarias, Paraguai.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização do local
O presente estudo foi realizado com dados oriundos de povoamentos clonais de híbridos de Eucalyptus
urophylla x Eucalyptus grandis da empresa Desarrollos Madereros S.A, localizada em território Paraguaio, no
Distrito de Hernandarias. De acordo com a classificação climática de Köppen o clima é Cfa (subtropical úmido),
com temperatura média de 21,4 °C e precipitação média anual de 1.695 mm no Alto Paraná.

Obtenção dos dados


Os dados utilizados neste estudo são provenientes da cubagem de 32 árvores de híbridos de Eucalyptus
urophylla x Eucalyptus grandis, sendo a determinação do volume total realizada pelo método de Smalian.
Foram mensurados diâmetros em diferentes alturas no fuste, correspondentes às alturas de 0,10 m, 1 m, 1,30 m
(Diâmetro a Altura do Peito - DAP), 2 m e a partir desta tomou-se a distância de 1 m em 1 m, obtendo-se assim
o volume total de cada árvore.

Fator de Forma
Para o cálculo do fator de forma artificial, a seguinte expressão foi utilizada:
V
F=
VC1,3h
em que:
F = Fator de forma;
V = Volume da árvore em m3, determinado pela cubagem;
VC = Volume do cilindro (d1,3 h) em m³.

Inicialmente foi determinado o fator de forma para cada árvore da amostra e posteriormente calculada a
média de todas árvores, utilizando-se a assim o fator de forma médio da amostra para estimar o volume do
povoamento.

Ajuste de modelos volumétricos

159
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Para estimativa do volume total foram ajustados três modelos matemáticos descritos na Tabela 1, bem
como os seus respectivos autores. O ajuste foi realizado visando à obtenção dos coeficientes de regressão, dos
parâmetros estatísticos de comparação, da análise de variância e análise gráfica dos resíduos.

TABELA 1: Modelos volumétricos ajustados para um povoamento de híbridos de Eucalyptus urophylla x


Eucalyptus grandis.
TABLE 1: Volumetric models adjusted for the hybrid Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis stand.
Nº Autor Modelo
1 Shumacher-Hall (linearizado) lnV= 𝛽0 + 𝛽1 lnd+ 𝛽2 lnh
2 Spurr V = 𝛽0 + 𝛽1 d2 h
3 Husch-Berkhout lnV = 𝛽0 + 𝛽1 lnd
Em que: V = volume total estimado (m); d = DAP (cm); h = altura total (m); βi = coeficientes de regressão a serem
estimados; Nº = número do modelo.

Para a avaliação e seleção do melhor modelo, foi analisado os seguintes parâmetros estatísticos:
coeficiente de determinação ajustado (R²adj.), erro padrão de estimativa absoluto e relativo (Syx e Syx%) e análise
da distribuição gráfica dos resíduos. Para os modelos cuja variável dependente não era o volume total (V) foi
necessário recalcular o erro padrão da estimativa e coeficiente de determinação.

Comparação dos volumes


Para a comparação dos métodos de estimativa de volume total foi adotada uma amostra independente
composta por 35 árvores do mesmo povoamento. Assim, foram estimados os volumes totais por meio do fator
de forma artificial e por meio da equação volumétrica que obteve o melhor desempenho dentro dos critérios de
avaliação. Para analisar se houve diferença significativa entre os dois métodos utilizados, foi aplicado o Teste F
para verificar se as variâncias eram homogêneas e logo em seguida o Teste t de Student, para amostras
independentes, ambos considerando probabilidade de 95% de confiança.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Fator de Forma
O fator de forma artificial médio encontrado para estimar o volume total foi de 0,45. Resultados
semelhantes foram encontrados nos trabalhos de Miranda et al. (2015) com híbrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis de dois anos e meio na região norte do Mato Grosso e Miguel et al. (2010) com Eucalyptus
grandis de sete anos na região sudoeste de Goiás, obtendo fatores de forma de 0,46 e 047, respectivamente.
Resultados superiores foram encontrados em diferentes regimes de manejo por Azevedo et al. (2011) em um
povoamento de Eucalyptus urophylla de cinco anos na região sudoeste da Bahia, sendo determinados os fatores
de forma de 0,49 para o regime de alto fuste e 0,51 para o regime de talhadia.

Ajuste de modelos volumétricos


Dos três modelos ajustados para a estimativa do volume total, o que apresentou melhor desempenho de
acordo com os parâmetros estatísticos avaliados e a distribuição gráfica de resíduos foi o modelo de
Schumacher e Hall linearizado. Os resultados de regressão para o ajuste das equações de volume total em
função do diâmetro e altura são apresentados na Tabela 2.

TABELA 2: Coeficientes e parâmetros estatísticos obtidos no ajuste dos modelos volumétricos para
povoamento de híbrido de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis no Distrito de Hernandarias, Py.
TABLE 2: Coefficients and statistical parameters obtained in the adjustment of the volumetric models of hybrid
of Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis stand in the District of Hernandarias, Py.
Parâmetros estatísticos
Autor Coeficientes
R²adj Syx (m³) Syx %
β0 = -10,1806
Schumacher-Hall β1 = 2,0602 0,99827 0,02445 4,41
β2 = 0,9258
Spurr β0 = 0,0107 0,97951 0,02448 4,42

160
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Parâmetros estatísticos
Autor Coeficientes
R²adj Syx (m³) Syx %
β1 = 0,000035
β0 = -9,3255
Husch-Berkhout 0,99686 0,03296 5,95
β1 = 2,7123
Em que: βi = coeficientes dos modelos; R²adj = coeficiente de determinação ajustado; Syx = erro padrão da estimativa.

Os modelos testados apresentaram desempenho estatístico adequado na estimativa de volume total


quanto aos valores de R²adj, que variou de 0,99 a 0,97, demonstrando assim, alto grau de ajuste da variável
dependente em função das variáveis independentes. Os modelos 1 e 3 apresentaram os valores mais elevados
para essa estatística. O Syx também não apresentou grande variação em termos relativos, com resultados
variando entre 4,41% e 5,95%, sendo este último o erro do modelo 3. Azevedo et al. (2011), testaram seis
modelos volumétricos para Eucalyptus sp. na região leste de Sergipe e o que obteve o melhor desempenho,
como neste estudo, foi o de Schumacher e Hall linearizado. Já para um povoamento de Eucalyptus urophylla na
região sudoeste de Goiás, Leite et al. (2011), ao ajustar seis modelos volumétricos, concluiram que o modelo de
Meyer obteve o melhor desempenho.
Na Figura 1 observa-se a distribuição gráfica dos resíduos em função do DAP para os três modelos
avaliados.

Schumacher Hall Spurr


30 30
Resíduos %

Resíduos %

10 10
-10 -10
-30 -30
15 20 25 30 15 20 25 30
Dap (cm) Dap (cm)

Husch-Berkhout
30
Resíduos %

10
-10
-30
15 20 25 30
Dap (cm)

FIGURA 1: Distribuições dos resíduos em função do DAP para os modelos estudados para povoamento de
híbrido de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis no Distrito de Hernandarias, Py.
FIGURE 1: Distribution of residues as a function of DAP for the models studied for hybrid of Eucalyptus
urophylla x Eucalyptus grandis stand in the District of Hernandarias, Py.

A distribuição gráfica dos resíduos não demonstrou tendências em nenhum dos casos, todavia, indicou
melhor desempenho do modelo de Schumacher e Hall linearizado quando comparado com os demais. Somando
a este fato o melhor desempenho nas estatísticas avaliadas, o modelo de Schumacher-Hall linearizado foi o mais
indicado para estimar o volume total do híbrido estudado na região de Hernandarias, Py.

Comparação dos volumes obtidos pelo fator de forma e equação volumétrica selecionada
Para a estimativa do volume total com casca, os resultados do Teste t de Student mostraram que não
houve diferença estatística significativa (p>0,05) entre os métodos avaliados, ou seja, os volumes totais
estimados utilizando o fator de forma e a equação volumétrica selecionada (Schumacher e Hall linearizado) não
diferiram estatisticamente entre si, podendo assim concluir que a utilização de qualquer um dos métodos
avaliados neste trabalho pode ser adequado. Em estudo semelhante, Miranda et al. (2015) também não

161
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
encontraram diferenças significativas utilizando os mesmos métodos na estimativa de volume total em
povoamento de híbrido de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis.

CONCLUSÕES

- O fator de forma artificial médio encontrado para o povoamento do híbrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis foi de 0,45.
- Dentro os modelos ajustados, o de Schumacher e Hall linearizado apresentou melhor desempenho para estimar
o volume total do híbrido de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis;
- Não houve diferenças significativas pelo Teste t de Student (p > 0,05) para a estimativa de volume total entre
os dois métodos estudados;
- O fator de forma e a equação volumétrica ajustada de Schumacher e Hall linearizada podem ser utilizados com
precisão sem diferenças estatísticas significativas na estimativa de volume total para o povoamento estudado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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162
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
COMPARAÇÃO ENTRE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS E UM MODELO HIPSOMÉTRICO
GENÉRICO NA ESTIMATIVA DA ALTURA TOTAL DE Eucalyptus sp.

COMPARISON BETWEEN ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS AND A GENERIC HYPOMETRIC


MODEL IN THE TOTAL HEIGHT ESTIMATE OF Eucalyptus sp.

Aline Roja Holmos1 Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch
Alessandro Araujo Amaral de Almeida Lucas Kröhling Bernardi Carlos Juliano Santos

RESUMO

O planejamento estratégico é fundamental para o sucesso dos investimentos no setor florestal, que em 2015
apresentou considerável aumento no preço de atividade, 2,1%. Tendo em vista o elevado custo e a importância
de se obter alturas das árvores para o inventário florestal, as redes neurais artificiais (RNAs), se apresentam
como uma promissora ferramenta ao reduzirem custos de inventários e estimarem alturas. Elas são técnicas
computacionais com estrutura inspirada no sistema neural do cérebro humano para a resolução de problemas.
Através de treinamento aplicando valores para parâmetros de entrada, as conexões formam uma rede capaz de
adquirir conhecimento através da prática e resolver problemas complexos. Este estudo tem como objetivo
comparar a eficácia das RNAs, com o método tradicional da regressão por modelo matemático hipsométrico,
sobre diferentes intensidades amostrais. Os dados utilizados são provenientes da medição de 50 indivíduos por
parcela em média, alocados em 109 parcelas de aproximadamente 400 m² cada, no inventário pré-corte (IPC).
Foram testados ajustes com intensidades amostrais de 4, 6, 8 e 10 valores de altura total por parcela. A rede
utilizada foi a do tipo Perceptron simples, já o ajuste hipsométrico utilizado baseou-se no modelo genérico de
Curtis. Os resultados foram analisados com base nos gráficos de dispersão dos resíduos e análise dos erros
padrões residuais (Syx%). O estudo revelou que a resposta das RNAs quanto ao Syx foi superior a demonstrada
no ajuste do modelo hipsométrico genérico, no entanto a análise gráfica dos resíduos demonstra tendenciosidade
em superestimar as alturas para todos os ajustes de ambas as metodologias.
Palavras-chave: relação hipsométrica; rede neural artificial; manejo florestal.

ABSTRACT

The strategical planning is fundamental for the success of investments in the forest sector, which in 2015
showed a considerable increase in the price of activity, 2.1%. In view of the high cost and importance of
obtaining tree heights for the forest inventory, artificial neural networks (ANNs), present themselves as a
promising tool to reduce inventory costs and estimating heights. They are computational techniques with a
structure inspired by the neural system of the human brain for problem solving. Through training applying
values to input parameters, the connections form a network capable of acquiring knowledge through practice
and solve complex problems. This study aims to compare the efficacy of RNAs, with the traditional method of
regression by hypsometric mathematical model on different sample intensities. The data used came from the
measurement of 50 individuals per plot on average, allocated in 109 plots of approximately 400 m² each, in the
pre-cut inventory (IPC). Adjustments were tested with sample intensities of 4, 6, 8 and 10 values of total height
per plot. The network used was the simple perceptron type, since the hypsometric adjustment used was based on
the generic model of Curtis. The results were analyzed based on residual scatter plots and residual standard
errors analysis (Syx%). The study revealed that the response of the RNAs as to Syx was higher than
demonstrated in the adjustment of the generic hypsometric model, however the graphical analysis of the waste
shows bias in overestimating the heights for all adjustments of both methodologies.
Keywords: hypsometric relations; artificial neural networks; forest management.

INTRODUÇÃO

O setor florestal brasileiro se tornou um dos mais competitivos a nível global nos últimos anos e
contribui determinantemente na movimentação da economia nacional. Em 2015 representou 1,2% de todo o PIB
e 6% do PIB industrial (IBÁ, 2015). Contudo, neste mesmo período, a inflação do setor apresentou taxas de
12,8%, superiores à média nacional de 10,7% representados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor -

1
Engenheira Florestal, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rod. João Leme dos Santos, Km 110, CEP 18052-
780, Sorocaba, SP, Brasil. E-mail: alineholmos@yahoo.com.br

163
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
IPCA (IBÁ, 2015). Em outras palavras, os custos do setor florestal cresceram 2,1% a mais do que o custo médio
nacional, o que representa então um aumento no preço da atividade e um aumento também na necessidade de
revisão e otimização dos processos.
Mesmo com indicadores econômicos desfavoráveis, a atividade continua a apresentar resiliência,
principalmente por sua posição como florestas mais produtivas do mundo. No entanto, segundo Foelkel (2016),
nos últimos anos o ganho em produtividade entrou em estado de estagnação, chegando até a reduzir
sensivelmente em alguns locais, e não há perspectivas de curto prazo para a retomada do seu crescimento. A
análise é preocupante em vista do alto custo da atividade e quando o grande diferencial do setor é a
produtividade superior. Para ganhar ainda mais representatividade mundial e se manter competitivo, torna-se
então, importante o fortalecimento da visão conjunta do setor, orientando a tomada de decisões numa
perspectiva de curto, médio e longo prazo visando a redução de custos e otimização dos processos, em outras
palavras, o planejamento estratégico.
Tendo em vista o horizonte da atividade com média de sete anos, a possibilidade de mudanças no
cenário econômico é intrínseca, fazendo com que a operação de planejamento no negócio florestal possa
representar a diferença entre o sucesso e o fracasso do empreendimento.
Para ser bem sucedido, é fundamental entender o comportamento do material, desta forma o gestor terá
como saber se o crescimento da floresta esta dentro do esperado ou se alguma medida mitigadora deverá ser
adotada. Tais perspectivas são obtidas através de estimação de características das árvores, como volume e altura
média. Atualmente uma vasta gama de métodos está disponível para estimativa destas informações, destacando-
se as técnicas tradicionais de regressão amplamente utilizada e as redes neurais artificiais (RNAs), que
ganharam olhares do setor florestal recentemente.
A medição da altura das árvores é motivo de discussões no meio da biometria, pelo fato de sua aferição
ser feita indiretamente e por implicar em dificuldades na obtenção da medida em situação de vento ou por falta
de visibilidade do topo da árvore em florestas densas, como é o caso de povoamento de eucalipto. Ademais, a
operação é considerada por Binoti, Binoti e Leite. (2013), componente significativo no custo do inventário
florestal.
Por serem seres biológicos, as respostas de crescimento são influenciadas também por variáveis
ambientais, ou categóricas, a exemplo do material genético, podendo ser empregada em regressões para
aumentar a precisão das estimativas e maior realidade dos dados. As RNAs são uma abordagem alternativa
considerada promissora por muitos autores (BINOTI; BINOTI; LEITE, 2013; VENDRUSCOLO, 2015), e
assim como a regressão clássica, são capazes de lidar com problemas complexos, modelando diversas variáveis,
incluindo suas relações não lineares, e lidando com modelagem numérica e categórica (HAYKIN, 2001).
O uso das ferramentas de estimativa, como os tradicionais modelos hipsométricos que estimam a altura
das árvores não medidas na parcela a partir da relação de seu diâmetro a 1,3 metros do solo (dap) com as alturas
das medidas, e as redes neurais artificiais que estimam a variável por meio de treinamento com outras variáveis
de entrada numéricas ou categóricas, é empregada como forma de diminuir o custo do inventário. De forma
sintética, ao mesmo tempo em que otimizam o processo de tomada de dados e reduz o tempo de coleta, também
implica na redução das despesas com o planejamento estratégico.
Por outro lado, o mau uso destas ferramentas pode ocasionar na alocação de investimento em um
processo falho e inconclusivo, ou ainda em uma atividade que reporta resultados equivocados podendo
ocasionar enganos na tomada de decisão. Sendo assim, se tornam vitais o emprego da ferramenta mais adequada
e desenvolvimento de alternativas viáveis ao objetivo do planejamento.
Sendo assim, ao considerar importante a correta expressão dos valores estimados para assegurar
resultados satisfatórios de projeção volumétrica, bem como buscar otimizar o trabalho de coleta de dados em
campo, este estudo tem como proposta analisar o desempenho de ambas as abordagens com relação à
capacidade de estimar os dados de altura total sobre oscilação de intensidade amostral de uma mesma base de
dados.

MATERIAL E MÉTODOS

Amostragem
Os dados utilizados neste estudo são provenientes da medição de parcelas temporárias do inventário pré-
corte (IPC), feito em povoamento clonal de eucalipto com 307,77 hectares de área no interior do estado de São
Paulo.
A base de dados contêm 6.050 árvores medidas no total, das quais 1.636 contém informação de altura
total, alocadas em 109 parcelas circulares de aproximadamente 400 m². De todas as árvores foram extraídos o
dap e identificado o material genético. Mediu-se a altura de todos os indivíduos que compõem as duas fileiras

164
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
centrais (cerca de 12 medidas por unidade) e a altura das três árvores de maior dap, consideradas altura
dominante (hdom). Todos os indivíduos foram devidamente categorizados utilizando-se as seguintes categorias:
normal, falha, morta, quebrada, dominada, dominante e múltiplos fustes.
A partir da análise prévia por categorias, eliminaram-se as árvores classificadas como falha, morta,
quebrada e dominada, buscando com isso retirar indivíduos com relação entre diâmetro e altura não modeláveis.
Em seguida, os dados restantes foram segregados em duas bases, uma para treinamento da rede e processamento
do ajuste hipsométrico, e outra para a validação. Para a separação das bases, aplicou-se uma sequencia numérica
aos dados de 1 a no máximo 15, em que aqueles alocados entre 1 e 10 seguiram para o treinamento e
processamento, enquanto o restante foi utilizado na validação.
A fim de melhorar o desempenho no treinamento e aplicação da rede, o tipo de normalização aplicada
foi a transformação linear, obedecendo à equação 1.
𝑥 −𝑥
𝑦𝑖 = 𝑖 𝑚𝑖𝑛 [1]
𝑥𝑚á𝑥 − 𝑥𝑚𝑖𝑛
Em que: yi é o valor normalizado; 𝑥𝑖 é o valor original; xmin assume o valor mínimo de x; xmax o valor
máximo de x.
Como consequência ao processo de normalização nos valores de entrada da rede, temos que os valores
de saída estão também limitados entre [-1 e 1]. Desta forma, estes valores de saída foram então submetidos ao
processo inverso de transformação, obtendo-se assim os valores originais de altura esperada.

Cenários
Com o objetivo de analisar a resposta de ambas as metodologias de estimativa sobre diferentes
intensidades amostrais, foram testados os ajustes com intensidade de 4, 6, 8 e 10 valores de altura total por
parcela. A base de dados utilizada na validação para todos os cenários foi a mesma, com amplitude de no
máximo 5 alturas totais por parcela.

Treinamento e seleção das RNAs


As redes treinadas para todos os cenários propostos neste estudo, com o objetivo de estimar as alturas
das árvores a partir do dap correspondente, da influência do material genético, foram a do tipo perceptron
simples, com uma camada de neurônios artificiais que recebe e processa os dados de entrada. Em geral, quanto
mais complexa for a arquitetura da rede, fazendo maior número de conexões, é possível que ela aprenda a lidar
com problemas mais complexos. Entretanto, o excesso de neurônios ajustados leva o risco do empobrecimento
da generalização, além de aumentar o custo computacional do processamento (HAYKIN, 2001). A escolha foi
baseada então, na alta correlação entre as variáveis altura total e dap, eliminando a necessidade de complexar a
arquitetura para atingir um resultado satisfatório. A arquitetura enxuta reduz o tempo de processamento para
bases de dados grandes e favorece o dinamismo do processamento. A melhor RNA em número de neurônios
artificiais foi determinada com base na avaliação do poder de estimativa da rede, ou seja, a correlação das
alturas estimadas pela rede com as reais. Para isso foi treinado um número duas vezes superior ao número de
variáveis de entrada, totalizando 18 redes. Aquela que forneceu menor erro de estimativa foi aplicada à
generalização.
Como variável categórica, o material genético na sua forma bruta não consegue ser processado pela
rede. Para tanto, a entrada foi ajustada no modelo numérico pelo método dummy variable, transformando a
informação nominal em uma combinação de 0 e 1 (WONNACOTT; WONNACOTT, 1969).

Ajuste hipsométrico
O modelo hipsométrico ajustado para este estudo agrega a influência do material genético e da altura
dominante na determinação da relação ht/dap, bem como, busca tornar imparcial a comparação entre as
metodologias. A equação aplicada para representar a relação hipsométrica foi o modelo genérico de Curtis em
sua forma linearizada, descrito pela equação 2.
ln(ℎ𝑡𝑖 ) = 𝑚𝑎𝑡𝑔𝑒𝑛 + 𝑏1 ∗ (1⁄𝑑𝑎𝑝) + 𝑏2 ∗ ln(ℎ𝑑𝑜𝑚) + Ɛ [2]
Em que: hti representa a altura total da árvore i; dap é o diâmetro do tronco da árvore i a uma altura de
1,30 m do solo; hdom é a altura das árvores dominantes; ε o erro associado do modelo.

Critérios de avaliação
A avaliação das estimativas fornecidas por ambas às metodologias foi feita com base na análise gráfica
dos resíduos e análise do erro padrão residual (Syx%), valor que expressa a diferença quadrática média entre os
valores reais e estimados e pode ser representado pela equação 3.

165
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

100 ∑𝑛
𝑖=1(𝑦−ŷ)
2
𝑆𝑥𝑦(%) = √ [3]
ŷ 𝑛

Em que: Syx(%) representa erro padrão da estimativa em porcentagem; y é o valor da altura observada;
ӯ o valor de altura estimada; n indica o número de observações.
Todo o processamento foi feito no software livre R, na versão 3.3.2, sendo que para o processamento
das RNAs utilizou-se o pacote neuralnet (FRITSCH; GUENTHER, 2016).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Arquitetura da RNA
Para Haykin (2001), a melhor prática quando se trata de dimensionar a arquitetura de uma RNA, é usar
o menor número de nós que resultam em desempenho adequado em um conjunto de dados de validação. Na
maioria dos casos, mesmo com apenas um pequeno número de neurônios ocultos, a rede neural pode oferecer
uma enorme quantidade de capacidade de aprendizagem.
Com base na simulação do desempenho das arquiteturas propostas por meio do erro padrão residual,
definiu-se o número de neurônios ideal para compor a RNA, expresso junto a outras características inerentes ao
processamento na Tabela 1.

TABELA 1: Características e desempenho das redes neurais selecionadas para estimar a altura dominante.
TABLE 1: Characteristics and performance of the neural networks selected to estimate the dominant height
I.A. Entradas Treinamento Generalização
RNA
(ht/parcela) Categóricas Sxy (m) Sxy (%) Sxy (m) Sxy (%)
A 4 MATGEN 0,862 3,452 1,110 4,704
B 6 MATGEN 0,964 3,938 1,107 4,693
C 8 MATGEN 0,929 3,810 1,113 4,715
D 10 MATGEN 0,929 3,810 1,113 4,715
Em que: I.A. = Intensidade Amostral; ht = altura total; MATGEN = Material Genético; Sxy(m) = Erro
padrão residual em metro; Sxy(%) = Erro padrão residual em porcentagem

Erro Padrão Residual


O modelo hipsométrico normalizado na forma logarítmica fornece resultados também na forma
logarítmica. Como forma de facilitar a comparação e o entendimento dos resultados, as estimativas foram
transformadas para metros, unidade da variável de interesse ht, utilizando a solução deduzida por Furnival
(1961), que propôs um índice de conversão descrito na equação 4.

𝐼𝐹 = 2,3026[𝑉 ]𝑆1 [4]

Em que: IF = Índice de Furnival; V = média geométrica dos volumes; S = desvio padrão.


Os resultados do erro padrão residual para cada situação Intensidade/Metodologia estudada estão
representados a seguir na Tabela 2.

TABELA 2: Erro padrão residual das redes neurais e índice de Furnival para o modelo hipsométrico genérico
considerando diferentes intensidades amostrais.
TABLE 2: Residual standard error of the neural networks and Furnival index for the generic hypsometric model
considering different sample intensities.
I.A. (ht/parcela) Sxy (RNA) % IF (Hipso.) %
QUATRO 5,55 7,35
SEIS 4,86 6,74
OITO 4,85 6,71
DEZ 4,63 6,66
Em que: I.A. = Intensidade Amostral; RNA = Rede Neural Artificial; Hipso. = Ajuste Hipsométrico

Este parâmetro indica o quão próximo os valores estimados são dos valores observados. Desta forma,
quanto mais próximo de zero for o erro padrão residual ou o índice de Furnival de um ajuste, mais o valor
estimado se aproxima do valor real, portanto melhor ele é (RUFINO, 2010). Os processamentos da RNA e do

166
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ajuste hipsométrico apresentaram resultados abaixo de 8% sendo que a melhora no desempenho é progressiva
com o aumento da intensidade amostral. O desempenho pode ser considerado adequado quando comparado à
valores encontrados por outros autores abaixo dos 10% de Syx utilizando metodologias tradicionais de
estimativa (PONTES NETO, 2012; SOUSA et al., 2013; BARROS et al., 2002).
Mesmo que haja melhora, com exceção da amostragem na intensidade de quatro indivíduos, a variação
entre os demais resultados é diminuta, não ultrapassando a casa dos 0,2%. Entre as metodologias, a estimativa
das RNAs se mostrou mais acurada do que o modelo genérico para a base ajustada.

Análise gráfica
A análise gráfica dos resíduos permite identificar tendências no comportamento dos valores estimados.
Desta forma, ainda que os demais parâmetros sejam bons indicadores, este procedimento é decisivo na
determinação da escolha mais adequada de estimativa. No entanto é necessário destacar que o procedimento de
análise é visual, portanto subjetivo, e deve ser feito em paralelo às demais análises estatísticas. A partir do
gráfico também é possível verificar se há homogeneidade de variância.
A inspeção gráfica da dispersão dos resíduos (Figura 1) demonstra similaridade no comportamento de
ambas as metodologias.
Em todos os modelos ajustados o erro de hora inflacionar, e outra hora deflacionar estiveram
compreendidos entre 20 a -30%, no entanto a amplitude do desvio para o modelo genérico de Curtis foi mais
acentuada (Figura 1), ainda assim permanecendo dentro esperado ao observar com os resultados obtidos por
Barros et al. (2002) em seu estudo com modelos genéricos.
Com um olhar mais atento, também percebe-se que tanto o modelo genérico quanto as RNAs,
apresentam tendenciosidade em superestimar os valores de altura total na dispersão dos resíduos. Barros et al.
(2002) afirma que tal resultado é considerado inadequado.

FIGURA 1: Gráficos de dispersão para cada intensidade amostral processada através do modelo genérico de
Curtis.
FIGURE 1: Scatter plots for each sample intensity processed using the Curtis generic model.

CONCLUSÃO

A investigação do desempenho das redes neurais artificiais dimensionadas quanto ao número de


neurônios, demonstra que arquiteturas de único neurônio perdem notavelmente a capacidade de produzir boas
estimativas. Entretanto não é necessário o uso de elevado grau de complexidade ao estimar variáveis com alta
correlação, podendo até mesmo ser prejudicial quanto ao custo computacional que isto implica.
Conforme descrito na metodologia, a análise de desempenho das ferramentas na estimativa das alturas

167
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
foi realizada primeiramente com relação ao menor erro padrão residual. No entanto, os erros padrões residuais
encontrados para todos os tratamentos foram muito semelhantes. Ainda assim, considerando a variação na
intensidade amostral, todas as RNAs ajustadas obtiveram resultados inferiores na fase de treinamento,
significando maior eficácia na estimativa de acordo com este parâmetro de avaliação. Para o mesmo indicador, a
intensidade amostral de quatro indivíduos por parcela apresenta desempenho destoante, enquanto as
intensidades de 6, 8 e 10 não apresentam melhora notável.
Para o critério de análise gráfica, ambas as metodologias para qualquer das intensidades amostrais
propostas demonstraram tendenciosidade para superestimar os valores de altura.
Não foi possível identificar melhora significativa na estimativa com o aumento na intensidade amostral,
entretanto ficou claro que o desempenho tanto do modelo hipsométrico quanto da rede neural artificial com
somente quatro medições de altura, é inferior aos outros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, D. A. et al. Comportamento de Modelos Hipsométricos Tradicionais e Genéricos para Plantações de


Pinus oocarpa em Diferentes Tratamentos. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n; 45, p. 3-28, 2002.
BINOTI, D. H. B.; BINOTI, M. L. M DA S.; LEITE, H. G. Redução dos custos em inventário de povoamentos
equiâneos. Revista Brasileira de Ciências Agrárias (Agrária), v. 8, n. 1, p. 125-129, 2013.
BINOTI, M. L. M.; BINOTI, D. H. B.; LEITE, H. G. Aplicação de Redes Neurais Artificiais para Estimação da
Altura de Povoamentos Equiâneos de Eucalipto. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.37, n.4, p.639-645, 2013.
FOELKEL, C. E. B. Entrevista concedida a Revista Opiniões. 2016. Disponível em:
<http://revistaonline.revistaopinioes.com.br/revistas/flo/116>. Acesso em: 22 set. 2016.
FRITSCH, S.; GUENTHER, F. Neuralnet package: Training of Neural Networks. v. 1.33. CRAN: R
Documentation, 2016.
FURNIVAL, G.M. An index for comparing equation used in constructing volume tables. Forest Science,
Madison, 7 (4) 337-41, 1961.
HAYKIN, S. Redes neurais: princípios e prática. 2ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 900p.
IBÁ - Indústria Brasileira de Árvore. Relatório Anual, 2016.
PONTES NETO, T. P. Comparação de Modelos Lineares e não Lineares em Relações Hipsométricas para
Clones de Eucalyptus spp., no Polo Gesseiro no Araripe-PE. 2012. 74 f. Dissertação (Mestrado em Ciências
Florestais) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, 2012.
RUFINO, R. F.; MIGUEL, E. P.; SANTOS, G. A, SANTOS, T. E. B.; SOUZA, F. Ajuste de Modelos
Hipsométricos para um Povoamento de Eucalipto Conduzido Sobre o Sistema de Rebrota. Enciclopédia
Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.6, n.10; p. 181, 2010.
SOUSA, G. T. O.; AZEVEDO, G. B.; BARRETO, P. A. B.; C. JUNIOR, V. Relações Hipsométricas pra
Eucalyptus urophylla Conduzidos sob Regime de Alto Fuste e Talhadia no Sudoeste da Bahia. Scientia Plena,
v. 9, n. 4, 2013.
VENDRUSCOLO, D. G. S. et al. Estimativa da Altura de Eucalipto por Meui de Regressão Não Linear e Redes
Neurais Artificiais. Revista Brasileira de Biometria, v.33, n.4, p.556-569, 2015.
WONNACOTT, T.H.; WONNACOTT, R.J. Introductory statistics. Nova York: John Wiley & Sons, 269p,
1969.

168
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONSIDERAÇÕES SOBRE MODELOS DE BIOMASSA DE ESPÉCIES DA FLORESTA DO
MIOMBO EM MOÇAMBIQUE

CONSIDERATIONS ON THE BIOMASS MODELS OF THE SPECIES FROM MIOMBO


WOODLAND IN MOZAMBIQUE

Noé dos Santos Ananias Hofiço1 Emanuel Arnoni Costa Frederico Dimas Fleig

RESUMO

Modelos de biomassa quantificam de forma indireta o volume e o estoque de carbono das árvores e da floresta.
Fez-se uma consulta em bases de periódicos científicos e identificou-se os principais modelos propostos para
avaliar a biomassa total de espécies da Floresta do Miombo em Moçambique. Os artigos considerados neste
estudo foram os mais relevantes na área publicados entre os anos 1990 a 2018. A maioria dos modelos de
biomassa apresentam o DAP como variável independente. Recomenda-se novas pesquisas que avaliem outros
atributos de dimensão da árvore e da copa como variáveis independentes desses modelos. De forma geral, as
baixas precisões encontradas no ajuste dos modelos de biomassa analisados estão associadas à elevada
complexidade existente dos ecossistemas de Miombo.
Palavras-chave: Relações morfométricas; modelos de predição; biomassa da árvore.

ABSTRACT

Biomass models indirectly quantify the volume and carbon stock of trees and forest. We consulted based on
scientific journals and identified the main models proposed to evaluate the total biomass of the Miombo Forest
species in Mozambique. The articles considered in this study were the most relevant in the area published
between years 1990 and 2018. Most biomass models present DBH as an independent variable. Further research
is recommend to evaluate other dimension attributes of the tree and the crown as independent variables of these
models. In general, the low precision found in the adjustment of the biomass models analyzed is associated with
the high complexity of the Miombo ecosystems.
Keywords: Morphometric relationships; prediction models; tree biomass.

INTRODUÇÃO
As abordagens de gestão ideais ainda não estão claras, devido à falta de dados sobre as relações
dimensionais das árvores e estudos a longo prazo da dinâmica da copa, bem como biomassa ou estoques de
carbono, nos tipos dominantes de uso da terra em Moçambique. Os programas de monitoramento florestal são
necessários fornecer informações sobre os recursos florestais para: i) atividades de planejamento e uso de
manejo nos níveis locais (STRINGER et al., 2012); e ii) conceber políticas e medidas eficazes a nível nacional
(HALPERIN et al., 2016). Tal conhecimento aumentaria consideravelmente o estabelecimento e as questões do
uso e manejo sustentável da biodiversidade.
Segundo Krajicek et al. (1961), Dawkins (1963), Hasenauer e Monserud (1996), Hemery et al. (2005) e
Lockhart et al. (2005), os estudos das dimensões das copas são importantes para fornecer um guia para vários
atributos-chave no ecossistema florestal, incluindo competição florestal, modelos de adequação de habitats,
biodiversidade, manejo florestal, densidades do ambiente florestal, relações de lotação e produtividade.
Especificamente, estes estudos são importante para otimizar o planejamento do espaço ocupado pela árvore
individual ao longo do seu desenvolvimento, a dinâmica de mudança da copa e a necessidade de intervenção
silvicultural (HASENAUER, 1997; STERCK; BONGERS, 2001; PRETZSCH; SCHÜTZE, 2005). Foli et al.
(2003) realizaram com sucesso estudos sobre a dinâmica da copa no Gana, fornecendo informações de base para
facilitar o desenvolvimento de modelos de crescimento e melhorar o manejo de plantações com uso de espécies
nativas no futuro.
Além disso, os modelos de biomassa são ferramentas úteis. As estimativas de biomassa são importantes
para prever fluxos e estoques de carbono, avaliando ciclos e fluxos de nutrientes; determinar a energia potencial
da madeira, fornecendo informações valiosas sobre o fornecimento de biomassa industrial para energia

Engenheiro Florestal, MSc., Doutorando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Centro de Ciências
1

Rurais, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Av. Roraima, 1000, CEP 97105-900, Santa Maria (RS), Brasil. E-
mail: noe.hofico@gmail.com

169
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
doméstica e para a formulação de políticas (CHAMSHAMA et al., 2004; RYAN et al., 2011; RIBEIRO et al.,
2013; MUGASHA et al., 2013; MATE et al., 2014).
Face o exposto, o presente estudo teve por objetivo fazer algumas considerações quanto aos principais
modelos propostos para estimar a biomassa total de espécies da Floresta do Miombo em Moçambique.

MATERIAL E MÉTODOS

Moçambique, localiza-se na região sudeste da África (entre os paralelos 10 a 26º a sul do equador) e é
dotada de vasto recurso florestal estimado em 40,6 milhões de hectare (ha), o que representa 51% da área total
do país (MARZOLI, 2007). A floresta de Miombo, constitui o tipo de vegetação mais vasta do país, cobre 70%
da superfície do território (aproximadamente 440.000 km2). Ocorre a Norte do rio Limpopo com maior
predominância na região centro e norte do país, e as espécies dominantes neste tipo de vegetação são
Brachystegia spiciformis Benth., frequentemente misturada com Julbernardia globiflora (Benth.) Troupin
(RIBEIRO et al., 2008). A floresta de Miombo é economicamente importante, fornece madeira, postes, lenha
carvão e sustenta a vida de milhões de pessoas, principalmente no meio rural (FALCÃO et al., 2010). O
Miombo é considerado um tipo de vegetação que tem sido mantido pelo homem através de uma longa história
de corte, cultivo e frequentes incêndios na estação seca nos últimos 55.000 anos (CHIDUMAYO, 2013).
O desmatamento e a degradação florestal são presentes em todo o país. De 1990 a 2005, a taxa de
desmatamento foi de 0,58%, corresponde a 219,000 ha por ano e a maior parte do desmatamento ocorre na
floresta de Miombo (MARZOLI, 2007). Assim, existe uma forte necessidade de adequar os modelos
alométricos para avaliar o estado e as alterações na biomassa e no carbono das árvores na floresta de Miombo
que cobrem grandes áreas geográficas do país. Contudo, os engenheiros florestais e outros gestores de recursos
naturais em Moçambique, enfrentaram um duplo desafio a este respeito: (i) as suas instituições de pesquisa
florestal são ainda incipientes e jovens na pesquisa; e (ii) a complexidade na medição das árvores e arbustos na
floresta de Miombo.
Apesar desta situação, vários estudos foram feitos para estimar a biomassa das árvores na floresta do
Miombo na região de ocorrência, exemplos: Malimbwi et al. (1994), Chamshama et al. (2004), Ryan et al.
(2011), Mugasha et al. (2013), Chidumayo (2013), Mate et al. (2014), Mwakalukwa et al. (2014), Kachamba et
al. (2016), Kuyah et al. (2016), Guedes et al. (2018). Para tal, os modelos de biomassa total de espécies da
Floresta do Miombo foram consultados, identificados e selecionados em bases de periódicos científicos os
trabalhos publicados entre os anos 1990 a 2018. Esta revisão tenta reunir algumas das conclusões de tais
estudos, a fim de sintetizar alguns princípios comuns e tornar as funções confiáveis mais facilmente acessíveis
aos pesquisadores e gerentes dos recursos. Assim, apenas os trabalhos mais relevantes na área e publicados
nesse período foram considerados no presente estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As equações alométricas de biomassa selecionadas da literatura com base no diâmetro à altura do peito
(DAP) e usado em comparações na predição das equações para determinação variável B (kg.árvore-1) são
apresentadas na Tabela 1. Os valores do R²aj. variaram de 0,95 até 0,99 para área de abrangência do Miombo.

TABELA 1: Modelos alométricos comumente usados para estimar a biomassa total na floresta de Miombo.
TABLE 1: Alometric models commonly used to estimate total biomass in Miombo woodlands.
Estatistíca de
N País N Dap Autor(es) Equação de biomassa ajuste
R2aj. RMSE
2,012 0,71
1 Tanzânia 17 8-43 Malimbwi et al. (1994) B = 0,06.DAP +h 0,95 0,31
2 (-1,996 + 2,23*lnDAP)
2 Dry forest 28 5-40 Brown (1997) B = exp 0,95 0,68
2,553
3 Tanzânia 30 1-50 Chamshama et al. (2004) B = 0,0625.DAP 0,97 1,79
4 Moçambique 29 5-73 Ryan et al. (2011) B = 0,02658.DAP2,601d 0,97 1,19
5 Tanzânia 167 1-110 Mugasha et al. (2013) B = 0,1027.DAP2,4798 0,95 0,33
6 Zâmbia 101 2-39 Chidumayo (2013) B = 0,0446.DAP2,765 0.98 0,81
(-1,7001 + 2,2667*ln(DAP))
7 Tanzânia 142 1,4-62 Mwakalukwa et al. (2014) B = exp 0,98 0,21
8 Malaui 74 5-111 Kachamba et al. (2016) B = 0,2169.DAP2,3184 0,97 0,28

2
Equação de estimativa de biomassa e mudança de biomassa para florestas tropicais
170
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
9 Malaui 88 5-105 Kuyah et al. (2016) B = 0,1028.DAP2,242 0,95 0,27
2,3238
10 Moçambique 187 5-53 Guedes et al. (2018) B = 0,1754.DAP 0,99 0.32
-1
Onde: B (kg.árvore ) = biomassa é o peso seco total acima do solo (fuste e ramos + folhagem) de árvores
pesadas individualmente; DAP (cm) = diâmetro à altura do peito, considerado a 1,30 metros do nível do solo; h
(m) = altura total.

A linha de plotagem de ajuste para a estimativa de biomassa (kg.árvore-1) para os nove modelos
selecionados, considerando as variável DAP (equações 2 a 10) são mostrados na Figura 1.

FIGURA 1: Predição das estimativas da biomassa total para os 9 modelos selecionados no estudo.
FIGURE 1: Prediction of total biomass estimation for 9 select models in the study.

Os modelos 2 a 10 selecionados usam somente o DAP como variável independente e indicaram bom
desempenho estatístico que os torna confiáveis para a estimativa da biomassa total das espécies da Floresta de
Miombo em Moçambique. O bom desempenho destes modelos sob as condições de Moçambique pode ser
atribuído principalmente a semelhanças entre a Floresta de Miombo, nos demais regiões do país e nos países
vizinhos, em termos de variação de tamanho de árvores (DAP e altura total) e condições climáticas (GUEDES et
al., 2018). Contudo, observa-se que os modelos de Mugasha et al. (2013) e Kachamba et al. (2016) apresentam
uma grande amplitude de diâmetro em comparação com os demais estudos desenvolvidos. É claro que incluir
uma grande amplitude de diâmetros nos dados de modelagem é importante para evitar a extrapolação, tanto
quanto possível, e reduz a incerteza relacionadas com a qualidade de ajuste para classes de diâmetro maiores
(KUYAH et al., 2016).
Ao analisar a distribuição gráfica de resíduos desses modelos verificou-se uma ampla variação dos
dados de biomassa total, havendo em alguns a clara evidências de tendenciosidade nas estimativas. Estudos
desenvolvidos por Malimbwi et al. (1994), Kuyah et al. (2012), Mugasha et al. (2013), Mate et al. (2014),
Mwakalukwa et al. (2014) e Kuyah et al. (2016) na floresta de Miombo, demonstraram que a melhoria do ajuste
alcançado pela inclusão da altura e da densidade da madeira foi, na maioria dos casos, não significativo. Estes
autores relatam que a inclusão de altura é incluída nos modelos de estimativas de biomassa total, elas acumulam
erros por se considerar várias espécies na análise. Esses autores recomendam no geral para a floresta de Miombo
o uso de modelos em que a biomassa das árvores é prevista apenas a partir de DAP, por ser de fácil construção,
simples utilização e apresentar coerência biológica (KUYAH et al., 2012).
No entanto, quando considerado por espécie, a inclusão de outras variáveis independentes no modelo de
biomassa total como a altura total e densidade da madeira (MATE et al., 2014; MWAKALUKWA et al., 2014),
o diâmetros de copa (GOODMAN et al., 2014) melhora o desempenho e reduz o erro, especialmente para as

171
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
árvores maiores). Petzsch e Schütze (2005) referem que o raio da copa explica melhor as variações na biomassa
aérea comparativamente a altura. Neste caso, a forma da copa é importante. Assim, sugere-se a contabilização
de atributos da copa para obter a melhoria dos modelos alométricos para estimar a biomassa total na floresta de
Miombo.

CONCLUSÕES

A maioria dos modelos de biomassa avaliados apresentam apenas o DAP como variável independente
em razão da facilidade de sua medição em campo.
Outros atributos da copa e da árvore devem ser investigas como sendo variáveis independentes dos
modelos de biomassa devido à complexidade dos ecossistemas de Miombo.
Modelos de biomassa são importantes ferramentas para a gestão dos recursos florestais, pois de forma
indireta permite quantificar o volume das árvores e o estoque de carbono.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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173
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CORRELAÇÃO DE PEARSON PARA AS VARIÁVEIS DENDRO-MORFOMÉTRICAS PARA
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze EM LAGES, SC

CORRELATION OF PEARSON FOR THE DENDRO-MORPHOMETRIC VARIABLES FOR


Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze IN LAGES, SC

Kemely Alves Atanazio1 Sandra Mara Krefta Luis Paulo Baldissera Gabriela Oliveira Silva
Danieli Regina Klein André Felipe Hess

RESUMO

As relações morfométricas retratam sobre o espaço que uma árvore precisa para se desenvolver e auxiliam em
práticas de manejo da floresta. Assim, o presente estudo objetivou realizar a correlação das variáveis dendro-
morfométricas e número de pinhas. Foram realizadas coletas no município de Lages, sendo a amostragem
direcionada para árvores femininas produtoras de pinhas. De cada árvore foi mensurada as variáveis diâmetro a
altura do peito, altura total, altura de inserção de copa e quatro raios de copa. E também coletado número de
pinhas com auxílio de um binóculo. Com estes dados foi possível calcular os índices morfométricos de diâmetro
de copa, área de copa, comprimento de copa, proporção de copa, formal de copa, índice de saliência, índice
abrangência, grau de esbeltez e número potencial de árvores por hectare para cada área de copa, e em seguida,
avaliar correlação de Pearson entre variáveis. A maioria das variáveis se correlacionaram significativamente
uma com as outras. Conclui-se que esta análise é eficiente para saber o grau que uma variável tem sobre a
outra.
Palavras-chave: Floresta Ombrófila Mista, Espécie Nativa, Pinheiro-do-Paraná.

ABSTRACT

Morphometric relationships portray the space a tree needs to develop and assist in forest management practices.
Thus, the present study aimed to perform the correlation between dendro-morphometric variables and number of
pine cones. Samples were collected in the municipality of Lages, where the sample was directed to female pine
trees. From each tree, the variables diameter, breast height, total height, crown insertion height and four crown
rays were measured. And also collected number of pine cones with the aid of a binoculars. With this data it was
possible to calculate the morphometric indexes of crown diameter, crown area, crown length, crown ratio,
crown crown, protrusion index, range index, degree of slenderness and potential number of trees per hectare for
each area of cup, and then evaluate Pearson's correlation between variables. Most of the variables correlated
significantly with each other. We conclude that this analysis is efficient to know the degree that a variable has
over the other.
Keywords: Mixed Ombrophilous Forest, Native Species, Paraná Pine

INTRODUÇÃO

A Floresta Ombrófila Mista, também chamada de Floresta com Araucárias, é um ecossistema que faz
parte do Bioma da Mata Atlântica, característico da região sul do Brasil e de algumas áreas da região Sudeste,
que abriga uma grande variedade de espécies, algumas das quais só são encontradas neste ecossistema.
Originalmente essa floresta se espalhava por cerca de 175.000 quilômetros quadrados nos estados do sul e
sudeste brasileiro, principalmente nos planaltos e regiões mais frias (PROCHNOW & CHAFFER, 2017).
A Araucaria angustifolia (Pinheiro-do-Paraná) pode chegar a 50 metros de altura, possuindo tronco
retilíneo, com até 180 cm de diâmetro. Possui folhas coriáceas, glabras de 3 a 6 centímetros de comprimento. A
árvore jovem possui formato piramidal e bem diferente da adulta, que possui formato umbeliforme. Floresce nos
meses de setembro e outubro, meses em que o pólen é produzido nos estróbilos masculinos e a polinização dos
estróbilos femininos já formados muitos meses antes. A maturação dos frutos ocorre vinte meses após o início
da formação dos estróbilos femininos, nos meses de abril e maio (LORENZI, 1998).
As árvores estão constantemente suscetíveis às mudanças que ocorrem dentro da floresta, refletindo no
seu crescimento e desenvolvimento, sendo assim, as características morfométricas e dendrométricas das árvores,

Engenheira Florestal, Msc., Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Av. Luís de Camões. 2090, Conta
1

Dinheiro, CEP: 88.520-000, Lages (SC), Brasil. E-mail: kemely_alves@hotmail.com

174
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
cooperam para avaliação dos recursos de crescimento disponíveis para os indivíduos, considerando assim
fatores como o espaço de crescimento e a competição que a mesma é submetida (LOIOLA, 2015).
As condições ambientais em que as árvores são submetidas, influenciam na morfometria, no seu crescimento e
na sua competição, onde está é um fator determinante para a captação de recursos (LAMPRECHT, 1990). Os
recursos determinam a sua sobrevivência, bem como a estrutura do povoamento, fazendo com que a competição
seja um dos principais fatores que regulam o crescimento secundário das árvores (KRAMER ; KOZLOWSKI,
1972).
Conforme Puchalski (2006), estas ações antrópicas juntamente com condições edafo-climáticas
asseguram diferenças entre áreas quanto à estrutura demográfica e principalmente no que se refere ao porte
médio das plantas (PUCHALSKI, 2006). Estas diferenças em relação ao porte médio das plantas podem ser
mensuradas através da obtenção de variáveis dendrométricas como o diâmetro e a altura (MACHADO;
FIGUEIREDO FILHO, 2006) e suas relações com variáveis morfométricas.
No meio florestal as características dimensionais como diâmetro à altura do peito, área basal da árvore,
altura total, altura de inserção da copa, área de projeção horizontal de copa e o volume da copa são conceitos
bem conhecidos e utilizados nos estudos sobre o crescimento (COSTA, 2015).
Diante disso, o presente estudo teve como objetivo realizar a análise de correlação de Pearson para as
variáveis morfométricas, dendrométricas e o número de pinhas de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze em
Lages, SC.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado na cidade de Lages em Santa Catarina em um remanescente de Floresta
Ombrófila Mista, com ocorrência natural de Araucaria angustifolia apresentando uma área total de 84 ha.
Conforme a classificação de Köppen o clima é Cfb, clima temperado, caracterizado por ser constantemente
úmido sem estação seca. A altitude é de 1.200 m, 13,7 ° C de temperatura média anual e 1.722 mm (ÁLVAREZ
et al., 2013). A floresta é nativa de características irregular e inequiânea, identificadas sem manejo e
intervenções silviculturais a cerca de 40 anos, sendo observada pouca regeneração natural A região tem como
principais atividades econômicas a agricultura de subsistência, a pecuária intensiva e a coleta de pinhões nas
épocas de frutificação da araucária (HESS; SCHNEIDER, 2010).
Foram amostradas árvores de araucária, em estágio reprodutivo, optando-se por uma abordagem
baseada em árvores individuais com objetivo de amostrar todas as árvores do sexo feminino. Para cada árvore
foram mensuradas as variáveis: Diâmetro à altura do peito (Dap), altura total (ht), altura de inserção de
copa(hic) e quatro raios de copa (rm). Com estes dados foram calculados, o comprimento de copa (cc) (ht-
hic); a área de copa (π* rm²) (Ac); a proporção de copa (cc/ht) (Pc%); o diâmetro de copa (2*rm) (dc),
índice de abrangência (dc/ht) (IA); índice de saliência (dc/dap) (IS); grau de esbeltez (ht/dap) (GE); formal
de copa (dc/cc) (FC) e número potencial de árvores por hectare para cada área de copa (10000/ac) (Ni).
Foi realizado o caminhamento na área para verificar a existência de material reprodutivo (frutos,
pinhas). Após, foi executada a contagem com auxílio de binóculo, sendo observadas as árvores durante o mês de
março a abril de 2017 e 2018. A informação da quantidade de pinhas por árvore foi obtida pelo observador com
uso de binóculo, ao redor de toda área de copa e registrada em quadrantes alinhados ao Norte conforme sua
posição na copa (Figura 1).

FIGURA 1: Método de Observação das pinhas.


FIGURE 1: Method of observation of the pine cones
Fonte: Zechini et al., (2012).

175
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Posteriormente foi realizada a Correlação de Pearson, para avaliar a correlação existente entre as
variáveis morfométricas, dendrométricas e quantidade de pinhas, considerando-se nível de significância a 5%
probabilidade de erro, através do procedimento PROC CORR do SAS (Statistic Analysis System). Essa análise
permitiu identificar as variáveis com influência em maior ou menor grau sobre os índices morfométricos e a
quantidade de pinhas. Para o processamento de dados utilizou-se os softwares Microsoft Office Excel® 2016.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As correlações lineares entre as variáveis dendrométricas, morfométricas e quantidade de pinhas,


mostraram que algumas das variáveis apresentaram correlação significativa a 5% de probabilidade de erro
(Tabela 1).
No entanto, isso não foi constatado para as relações, de número de pinhas com altura total, altura de
inserção, formal de copa, índice saliência, apresentando correlações baixas. Também não sendo significativo o
diâmetro à altura do peito com o índice de abrangência; diâmetro de copa com proporção de copa; comprimento
de copa com área de copa, índice de abrangência e saliência, grau de esbeltez e número potencial de árvores ;
área de copa com a proporção de copa; proporção de copa com grau de esbeltez e número potencial de árvores;
formal de copa com número potencial de árvores; índice de saliência com grau de esbeltez.
As variáveis que se correlacionaram com o número de pinhas foram o diâmetro à altura do peito,
diâmetro de copa, comprimento de copa, proporção de copa, índice de abrangência, grau de esbeltez e número
potencial de árvores, foram correlações baixas, porém significativas. Fato que pode ser explicado, pois os
números de pinhas quantificadas para os fragmentos estudados foram baixos, fazendo com que esta correlação
apresentasse valores baixos, porém significativos.

TABELA 1: Correlação de Pearson e probabilidades para as variáveis dendrométricas, morfométricas e


quantidade de pinhas de Araucaria angustifolia, em Lages, SC.
TABLE 1: Pearson correlation and probabilities for dendrometric, morphometric and quantity of Araucaria
angustifolia, in Lages, SC.
Np Dap H total Hic Dc Cc Ac Pc% Fc IA IS GE Ni
Np 1 0,35* 0,13 ns 0,05ns 0,41* 0,12* 0,41* 0,15* 0,15 ns 0,25 -0,01 ns -0,31* -0,30*
Dap - 1 0,62* 0,49* 0,69* 0,22* 0,68* -0,22* 0,26* 0,15 ns -0,47* -0,65* -0,60*
H total - - 1 0,80* 0,24* 0,33* 0,24 ns -0,35* -0,10 ns -0,50* -0,57* 0,12 ns -0,23
Hic - - - 1 0,11 ns -0,29* 0,12 ns -0,83* 0,31* -0,46* -0,56* 0,11 ns 0,13 ns
Dc - - - - 1 0,20* 0,98* -0,003ns 0,50* 0,69* 0,26* -0,66* -0,84*
Cc - - - - - 1 0,19 ns 0,74* -0,65* -0,06 ns -0,03ns -0,02 ns -0,15 ns
Ac - - - - - - 1 0,08ns 0,50* 0,67* 0,25* -0,63* -0,77*
Pc% - - - - - - - 1 -0,61* 0,25* -0,34* -0,05 ns -0,04 ns
Fc - - - - - - - - 1 0,52* 0,21* -0,43* 0,43*ns
IA - - - - - - - - - 1 0,66* -0,67* -0,60*
IS - - - - - - - - - - 1 0,04 ns -0,24*
GE - - - - - - - - - - - 1 0,64*
Ni - - - - - - - - - - - - 1
Em que: Np: número de pinhas; Dap: diâmetro à altura do peito (cm); h: altura total (m); hic: altura de inserção de copa
(m); Dc: diâmetro de copa (m); Cc: comprimento de copa (m); Ac: área de copa (m²); Pc%: percentual de copa (%); Fc:
formal de copa; ; IA: Índice de Abrangência; IS: Índice de Saliência; GE: grau de esbeltez; Ni: Número potencial de
árvores por hectare. *: correlação significativa; ns: não significativo. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

O número potencial de árvores apresentou uma correlação negativa com o número de pinhas, indicando
que com um número maior de árvores, consequentemente terá menor quantidade de pinhas, dado que as árvores
não possuem espaços para desenvolver suas copas e crescerem. O diâmetro a altura do peito e o diâmetro de
copa se correlacionou com as pinhas de forma positiva, pois, à medida que aumenta o dap e o dc, aumenta o
número de pinhas, mostrando que as copas tendem a ficar maior para suportar as pinhas.
Estudos de Zechini et al. (2012), mostraram que as relações entre as variáveis número de pinhas com
dap, apresentaram valores de correlação de Pearson entre 0,17 a 0,76, sendo significativos para Araucaria
angustifolia em diferentes sítios florestais, ainda o autor enfatiza a existência de uma variação anual na
produção de pinhas em nível individual em função do diâmetro, e que a espécie apresenta uma tendência de
aumento da produção de pinhas à medida que aumenta o DAP.
O diâmetro à altura do peito apresentou uma correlação positiva com o diâmetro de copa (0,69) e com
área de copa (0,68), resultados do trabalho de Silva et al. (2017), encontraram valores de 0,75 para diâmetro de
copa e 0,78 para área de copa. Estudos de Curto (2015) em um povoamento superestocado de Araucaria
angustifolia na Floresta Nacional de Açungui, na cidade de Campo Largo, localizada no Paraná, expõe que o
desenvolvimento do diâmetro de copa em relação ao DAP segue padrão linear, ou seja, à medida que as árvores

176
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
crescem em diâmetro, linearmente aumenta-se o diâmetro de copa, todavia em algum determinado momento isto
tende a se estabilizar.
O diâmetro de copa apresentou uma alta correlação com a área de copa de 0,98 sendo esse resultado
esperado, uma vez que existe uma auto-correlacão entre elas devido a dependência entre as variáveis, esse
resultado corrobora com o encontrado por Silva et al. (2017). E também com o índice de abrangência de 0,69,
assim quanto maior o dc maior o índice de abrangência, este se correlacionou com o grau de esbeltez de forma
negativa (-0,67) indicando uma dependência destas variáveis com a altura, com o aumento do grau de esbeltez o
IA diminui.
O número potencial de árvores apresentou uma correlação negativa com o dap (-0,60) e com ac (-0,77),
como esperado, pois à medida que aumenta o número de árvores o dap e a ac tende a diminuir, pois as árvores
precisam de espaço para crescer e se desenvolverem, e com o aumento do número de árvores as mesmas entram
em competição uma com a outra. Segundo Clark e Clark (2001), as variáveis relacionadas com a copa refletem
o efeito da competição ocorrida no passado, uma vez que, corresponde às dimensões exibidas pelas copas
atualmente. Acarretando alterações no tamanho das árvores, tanto em diâmetro quanto em altura e, portanto,
gerando modificações na captação de recursos para o desenvolvimento, o que representa a dinâmica da floresta.
Backes (2001), salienta que essa alta densidade pode estar gerando um acentuado processo de competição
intraespecífica causando, por conseguinte, uma relação negativa muito grande entre densidade e
desenvolvimento das árvores consequentemente, fazendo com que cada planta produza menos.

CONCLUSÃO

Percebe-se que o diâmetro a altura do peito foi uma variável fortemente relacionada com as variáveis
morfométricas. Algumas variáveis como diâmetro, número de pinhas, diâmetro de copa e área de copa se
correlacionaram de forma negativa com o número potencial de árvores, estando associadas com a maior
densidade e concorrência o que tende a diminuir a proporção de copa, diâmetro à altura do peito e área de copa
significando diminuição na taxa de crescimento (menor fotossíntese), portanto, o monitoramento dessa relação
serve como indicador da possibilidade de intervir na floresta com retirada de indivíduos para reduzir a densidade
e favorecer o crescimento de remanescentes, como preconiza o manejo florestal.

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178
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CRESCIMENTO DIAMÉTRICO DE ÁRVORES DE ACORDO COM FORMATO DE COPA EM UMA
ÁREA MANEJADA NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS

DIAMETRIC GROWTH OF TREES ACCORDING TO CROWN FORMAT IN A MANAGED AREA IN


THE NATIONAL FOREST OF TAPAJÓS

Giselli Castilho Moraes1 Lia de Oliveira Melo Luis Paulo Baldiserra Schorr Tarik Cuchi
Jéssica Thaíse Rocha de Araújo

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi analisar a dinâmica de crescimento em diâmetro das árvores com DAP ≥ 10
cm monitoradas em dois períodos na Floresta Nacional do Tapajós de acordo com a influência do formato de
copa das árvores. Foram analisados dados de 73 parcelas permanentes distribuídas em 8 UPA’s (Unidades de
Produção Anual) manejadas e monitoradas por um período de até 5 anos nas áreas de manejo florestal da
COOMFLONA. As parcelas possuem dimensões de 50 m x 50 m subdivididas em 25 subparcelas de 10 m x 10
m. Foram analisados três formatos de copas das árvores para comparar se havia diferença significativa no
crescimento diametrico de acordo com o formato de copa. Os dados foram analisados no programa MFT e os
testes estatísticos realizados no software Biostat 5.0. As árvores com copas completas apresentaram crescimento
superior às com copas irregulares e incompletas.
Palavras-chave: Monitoramento; Parcelas Permanentes; Inventário Florestal; Dinâmica

ABSTRACT

The objective of the present work was to analyze the growth dynamics in diameter of the trees with DBH ≥ 10
cm monitored in two periods in the Tapajós National Forest according to the influence of the canopy format of
the trees. Data were analyzed from 73 permanent plots distributed in 8 APU’s (Annual Production Units)
managed and monitored for a period of up to 5 years in the areas of COOMFLONA forest management. The
plots have dimensions of 50 m x 50 m subdivided into 25 subplots of 10 m x 10 m. Three tree crown shapes
were analyzed to compare if there was significant difference in diameter growth according to crown shape. The
data were analyzed in the MFT program and the statistical tests performed in the Biostat 5.0 software. The trees
with complete crowns presented superior growth to those with irregular and incomplete crowns.
Keywords: Monitoring; Permanent Plots; Forest Inventory; Dynamics

INTRODUÇÃO

As relações interdimensionais de árvores e suas características estão altamente relacionadas com a


produtividade e com suas significativas importâncias como descritores em modelos de crescimento (Pukkala et
al., 2009; Cunha et al., 2013; Costa et al., 2015). O comportamento florestal pode ser melhor compreendido
quando estudado em nível de indivíduo, pois a imobilidade e a plasticidade fenotípica das plantas fazem
com que as variações locais sejam de extrema importância na determinação de sua sobrevivência,
crescimento e reprodução (TÉO et al., 2015).
Em um fragmento florestal, a luz que atravessa o dossel da floresta, sofre mudanças em sua intensidade,
duração e qualidade. Estes diferentes graus de luminosidade causam mudanças morfológicas e fisiológicas na
planta (MORAES NETO et al., 2000), sendo fundamentais para determinar a produtividade florestal, uma vez
que a copa da planta está ligada a fotossíntese. Quando se trata de produtividade deve-se ressaltar que a forma
da copa influencia diretamente a produtividade de maneira que copas de acordo com suas variações e níveis
(WADSWORTH, 2000).
Tendo em vista a influência do formato das copas sobre a produtividade florestal, este trabalho teve por
objetivo caracterizar a influência do formato das copas sobre a dinâmica de crescimento em diâmetro das
árvores em área manejada na Floresta Nacional do Tapajós.

1
Mestranda em Engenharia Florestal pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Av. Luis de Camões, 2090
– Conta Dinheiro, Lages – SC. E-mail giselli.moraes14@hotmail.com

179
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo
O estudo foi realizado na Área de Manejo Florestal sob concessão não onerosa à Cooperativa Mista da
FLONA Tapajós (COOMFLONA). A Floresta Nacional do Tapajós está localizada no município de Belterra, no
estado do Pará, ao longo da Rodovia Santarém-Cuiabá (BR 163), entre as coordenadas 2o 40’ - 4o 10’ de
Latitude Sul e 54o 45’- 55o 30’ de Longitude Oeste.
Atualmente a COOMFLONA é referência em manejo florestal comunitário no oeste do Pará, possuindo
a concessão de uma área de 32.586,56 hectares, onde já manejou em torno de 7.000 ha e trouxe benefícios aos
comunitários na ordem de mais 2 milhões de reais.
A altitude está em torno de 175 m acima do nível do mar sendo o relevo plano a levemente ondulado. O
clima é do tipo Ami, segundo a classificação de Koppen. A média anual de temperatura gira em torno de 25 oC.
A umidade relativa é de aproximadamente 86% (76-93%). A média anual de chuvas em Belterra está em torno
de 2.110 mm, com um período chuvoso de março a maio e período seco ou pouco chuvoso de agosto a
novembro (Carvalho, 2001).

Monitoramento da Floresta
Á área vem sendo monitorada desde 2006 por meio de parcelas permanentes instaladas de forma
aleatória dentro das unidades de produção anual (UPA) utilizadas no manejo florestal, com remedições
periódicas, cobrindo um total de nove anos de acompanhamento.
As parcelas são distribuídas de acordo com a área das unidades de produção localizadas nos km 67, 72 e
83. A metodologia utilizada para medição das parcelas foi baseada em Silva & Lopes (1984).
Foram analisadas 73 parcelas permanentes distribuídas em 8 UPA’s manejadas. As parcelas possuem
dimensões de 50 m x 50 m subdivididas em 25 subparcelas de 10 m x 10 m. Essa subdivisão é necessária para
facilitar o controle de cada indivíduo monitorado. Todas as árvores com DAP ≥ 10 cm foram consideradas,
monitoradas e analisadas. A classificação da copa dos indivíduos foram: Copa completa normal (árvore que
apresenta a copa completa, bem distribuída), Copa irregular (árvore que apresenta a copa completa, porém mal
distribuída, decorrente de fatores naturais como, por exemplo, crescimento no sentido de áreas com maior
incidência de luz) e Copa incompleta (árvore que perdeu parte da copa decorrente de causas naturais ou
exploração).
A primeira medição de todas as parcelas foi realizada antes da colheita de madeira. Para efeito das
análises considerou-se dois períodos de monitoramento: 1º período: de um ano antes da colheita de madeira até
um ano após a colheita e 2º período: de um ano após a colheita até cinco anos após.
As fichas de campo foram digitadas e analisadas através do programa MFT -Monitoramento de
Florestas Tropicais (Silva et al., 2008) software desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA). Foi utilizada a análise de variância e teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro, por
ser um dos testes de comparação de média mais utilizado, bastante rigoroso e de fácil aplicação, por meio do
programa BIOESTAT 5.0 (Ayres et al. 2007). A tabulação dos dados foi feita em planilhas eletrônicas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Crescimento em diâmetro por formato de copa das árvores


De acordo com os resultados de crescimento diamétrico em relação a forma da copa das árvores, pode-
se observar que indivíduos com copas completas apresentam crescimento significativamente superior ao
crescimento de árvores com copas irregulares e as com copas incompletas (Figura 1). Este fato comprova a
importância de árvores com copa completa e bem distribuída para o aumento das taxas de crescimento em
diâmetro dos indivíduos arbóreos. A forma da copa é uma importante característica relacionada com o
crescimento das árvores. Indivíduos com copas bem formadas apresentam, em geral, maior crescimento do que
aqueles com copas incompletas ou mal distribuídas (Silva,1989)
Podemos relacionar o efeito de crescimento diamétrico ao formato da copa das árvores com a capitação
de luz, fotossíntese e respiração dos indivíduos pois estes processos estão ligados diretamente ao crescimento e
desenvolvimento fisiológico das árvores.
Os processos fisiológicos da planta são diretamente relacionados a capitação de luz, respiração e
transpiração e estes são responsáveis pelo desenvolvimento dos indivíduos. Ou seja, árvores com copas
completas e completamente expostas a luz estão com certeza, mas favorecidas que árvores com copas
irregulares com poucas folhas e não captando iluminação adequada para o seu desenvolvimento.

180
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Incrementos periódicos anuais em diâmetro, de acordo com a forma da copa no 1º período de
monitoramento: de um ano antes da colheita de madeira até um ano após. *Letras iguais nas colunas, não
diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As barras representam o
desvio padrão associado ao cálculo da média.

No 2º período de monitoramento, houve diferença significativa entre as médias de incremento das


árvores com copas completas e copas irregulares, das com copas incompletas (Figura 2). O crescimento das
árvores pode ter sido influenciado pela abertura de clareira após atividade de manejo desenvolvida da área e
também pelo arraste de toras ocasionando abertura de clareiras de diferentes tamanhos no interior da floresta.

FIGURA 2: Incrementos periódicos anuais em diâmetro, de acordo com a forma da copa no 2º período de
monitoramento: de um ano antes da colheita de madeira até cinco anos após. *Letras iguais nas colunas, não
diferem estatisticamente entre si de acordo com o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As barras
representam o desvio padrão associado ao cálculo da média.

Silva et al. (1995) realizou um trabalho na mesma floresta de estudo e no terceiro ano após a colheita
encontrou também incrementos superiores em árvores com copas completas e atribuiu esse efeito a abertura do
dossel.
É importante analisarmos os efeitos que a colheita florestal causa no interior das florestas, estes efeitos
são observados principalmente pelo desenvolvimento posterior dos indivíduos que lá permaneceram após a todo
processo de colheita. Alguns indivíduos permanecem sem qualquer dano após as atividades, porém outros
indivíduos, que permaneciam próximos as árvores demarcadas para corte, são afetados pelo efeito da colheita,
alguns destes apresentam alguns sinais de efeito da colheita como as copas danificadas, troncos modificados e
até mesmo morte de indivíduos. Que podem influenciar no desenvolvimento e crescimento dessas árvores.

181
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÃO

É notória a diferença entre crescimento de árvores com copas completa e árvores com copa incompleta e
irregulares. Estes resultados são importantes pois demonstra e importância dos processos fisiológicos que as
plantas desenvolvem com suas folhas. O crescimento das árvores é influenciado por muitos fatores bióticos e
abióticos, e dessa forma torna-se extremamente interessante entender como esses fatores podem influenciar no
desenvolvimento das plantas após o manejo florestal.

AGRADECIMENTOS

À Cooperativa Mista Da FLONA Tapajós (COOMFLONA) pela parceria na coleta e disponibilidade


dos dados.
Ao Laboratório de Manejo de Ecossistemas Florestais (LAMEF) da Universidade Federal do Oeste do
Pará (UFOPA) pelo Apoio no Desenvolvimento de Pesquisas Científicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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182
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CRESCIMENTO DIAMÉTRICO E TEMPO DE PASSAGEM DE Cedrela fissilis EM UM
FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

DIAMETRIC GROWTH AND PASSAGE TIME OF Cedrela fissilis IN A FRAGMENT OF MIXED


OMBROPHYLLOUS FOREST

Cristine Tagliapietra Schons1 Afonso Figueiredo Filho Tomaz Longhi Santos Franciele Alba da Silva
Luciano Rodrigo Lanssanova

RESUMO

Com o objetivo de analisar o ciclo de corte de Cedrela fissilis, 20 amostras radiais de lenho de 10 árvores da
espécie foram coletadas em um fragmento da Floresta Ombrófila Mista pertencente à Floresta Nacional de Irati,
estado do Paraná. Um trado de incremento foi utilizado para acessar o crescimento de longo prazo por meio dos
anéis de crescimento. Uma vez assegurada a associação de cada anel de crescimento ao seu correto ano de
formação pela datação cruzada entre as amostras, foi possível obter informações do incremento periódico anual
e o cálculo do tempo de passagem entre as classes de diâmetro. Adotou-se um intervalo de classe de 10 cm,
estabelecendo 6 classes diamétricas. Em termos médios, o menor tempo de passagem entre classes para os
indivíduos de C. fissilis foi de 17 anos para a 4ª classe (30-39,9 cm), enquanto que o incremento periódico anual
exibiu uma relação proporcional inversa. Esses resultados poderão servir de base para subsidiar decisões
silviculturais no manejo sustentável da espécie.
Palavras-chave: Ciclo de corte; manejo sustentável; anéis de crescimento.

ABSTRACT

The present study aimed to analyze the cutting cycle of Cedrela fissilis. For this purpose, 20 radial samples of 10 trees of
the species were collected in a fragment of the Mixed Ombrophilous Forest belonging to the Irati National Forest,
Parana State, Brazil. We used an increment borer to access long-term growth through tree rings. Once the
association of each growth ring to its correct year of formation was ensured by the cross dating, it was possible
to obtain information of the annual increment and to calculate the passage time among the diameter classes. A
class interval of 10 cm was adopted, establishing 6 diametric classes. In average, the shortest passage time was
17 years for the 4th class (30-39.9 cm), while the periodic annual increment showed a proportional inverse
relation for the C. fissilis trees. These results may provide basis for supporting silvicultural decisions in the
sustainable management of the species.
Keywords: Cutting cycle; sustainable management; tree rings.

INTRODUÇÃO

A Floresta Ombrófila Mista (FOM) é detentora de muitas espécies florestais endêmicas e de grande
valor comercial. No entanto, a extração de madeira de maneira insustentável e a expansão agrícola em décadas
passadas, com a inexistência de um plano de manejo adequado, levaram essa tipologia florestal a uma
expressiva redução em sua área de abrangência original (ORELLANA et al., 2014). A exploração madeireira
sustentável é, comumente, proposta como uma estratégia eficaz para conservar as florestas, ao mesmo tempo
que fornece alternativas econômicas à conversão da floresta para outros usos da terra (BRIENEN; ZUIDEMA,
2006)
O Cedro (Cedrela fissilis Vell.), devido às propriedades de sua madeira, como, por exemplo, alta
durabilidade quando exposta ao tempo e facilidade em se trabalhar, possui grande importância econômica
(ANGELO et al., 2001), além de ser uma árvore largamente empregada no paisagismo de parques e
recomendada na composição de reflorestamentos heterogêneos de áreas degradadas de preservação permanente
(ANDREACCI et al., 2014).
Em busca de um manejo sustentável para a espécie, verifica-se a necessidade de desenvolvimento de
técnicas apropriadas, com definição de ciclos e intensidades de corte, bem como manutenção de estoques
residuais que garantam a continuidade dos remanescentes, ao permitir a recuperação do volume de madeira
colhida (RODRIGUES, 2016).

1
Engenheira Florestal, Universidade Federal do Paraná - UFPR. E-mail: cristschons@gmail.com
183
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Investigações neste sentido têm sido realizadas por diversos autores, buscando caracterizar as taxas de
crescimento para diferentes espécies, bem como o tempo de passagem entre classes diamétricas (BRIENEN;
ZUIDEMA, 2006; SCHÖNGART et al., 2015; CURTO, 2015; LONGHI-SANTOS, 2017; ANDRADE et al.,
2017). Assim, o objetivo desse estudo foi analisar o ciclo de corte de Cedrela fissilis, por meio da análise de
longo prazo do incremento periódico anual e tempo de passagem ao longo de classes diamétricas, na Floresta
Nacional de Irati, estado do Paraná.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
O local de estudo foi a Floresta Nacional de Irati (FLONA de Irati), em um fragmento da Floresta
Ombrófila Mista com 1273 ha, sem intervenções há mais de 70 anos. A FLONA de Irati está situada no segundo
planalto paranaense, no âmbito dos municípios de Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares (25°27’56”S,
50°37’51”O), a uma altitude média de 885 m s.n.m.. Segundo a classificação de Köppen (ALVARES et al.,
2014), a região apresenta clima do tipo Cfb - Subtropical Úmido Mesotérmico, caracterizado por verões frescos,
geadas severas e frequentes e sem estação seca, com precipitação média anual de 1.442 mm. O limiar médio das
temperaturas de Irati varia aproximadamente entre 13 e 23,5ºC (SIMEPAR, 2012).

Coleta de dados
Em setembro de 2017, com uso de trado de incremento (Ø 0,4 cm), 20 amostras radiais de lenho de 10
árvores de Cedrela fissilis foram coletadas, buscando contemplar a amplitude diamétrica da espécie. As
amostras foram secas ao ar e polidas para melhor visualização dos anéis de crescimento. Os anéis foram
marcados com auxílio de uma lupa e então digitalizados para mensuração com uso do software Image-Pro Plus.
A sincronização e a verificação estatística da datação dos anéis foram realizadas com auxílio do software
COFECHA (HOLMES, 1983).

Incremento diamétrico e tempo de passagem


Uma vez assegurada a associação de cada anel de crescimento ao seu correto ano de formação pela
datação cruzada entre as amostras, obtiveram-se informações do incremento periódico anual em diâmetro sem
casca. Visando-se definir quanto tempo uma árvore demora para atingir uma determinada dimensão diamétrica,
ou seja, definir o ciclo de corte de uma floresta nativa (CURTO, 2015), foi calculado o tempo de passagem entre
classes diamétricas, por meio da divisão do intervalo de classe (10 cm) pelo incremento periódico anual na
classe diamétrica (cm.ano-1). Os dados referentes ao último período de passagem de classe não foram
considerados, por não se ter segurança do tempo que cada indivíduo ainda permaneceria naquela classe
(LONGHI-SANTOS, 2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando a trajetória de crescimento das árvores, constata-se que a idade avançada de alguns
indivíduos não resulta em uma redução nas taxas de crescimento, havendo uma indicação de que estes ainda não
teriam atingido seu máximo crescimento em diâmetro (FIGURA 1). Períodos de liberação de crescimento
também podem ser identificados.
Ao analisar o comportamento do tempo de passagem, infere-se que classes diamétricas intermediárias
(20-49,9 cm) apresentaram um crescimento mais acelerado que as classes mais inferiores (0-19,9 cm) e a
superior (50-59,9 cm) (FIGURA 2). Em média, o tempo de passagem entre classes de diâmetro é de 23 anos. No
entanto, verifica-se que existe uma variação no tempo de passagem de classes de diâmetro também entre as
árvores (Barras de erro – FIGURA 2). Enquanto uma árvore permanece na primeira classe de diâmetro (0-9,9
cm) 16 anos, outra pode permanecer por até 44 anos. O menor tempo de passagem de uma classe a outra foi de
10 anos (3ª classe) e o maior tempo foi de 44 anos (1ª classe). Apesar dessas variações, a tendência de redução
do tempo de passagem das primeiras classes para as intermediárias, e posterior novo aumento, é verificada na
maioria das árvores.

184
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Curvas de crescimento acumulado em diâmetro (sem casca) versus idade de Cedrela fissilis.
FIGURE 1: Cumulative diametric growth curves (without bark) versus age of Cedrella fissilis.

FIGURA 2: Tempo médio de passagem em classes de 10 cm de diâmetro (sem casca) para Cedrela fissifis.
Barras de erro representam o tempo de passagem máximo e mínimo absoluto.
FIGURE 2: Median passage time through 10 cm diameter classes (without bark) for Cedrela fissilis. Error bars
represent the absolute maximum and minimum passage time.

Curto (2015), em análise similar da espécie Araucaria angustifolia, observou que o tempo de passagem
entre classes tende a aumentar à medida que se aumenta a classe de diâmetro, exceto para a primeira classe
diamétrica (centro de 2,5 cm) e atribui essa tendência de aumento do tempo de passagem à alta competição
exercida ao longo do tempo. Deve-se considerar que a Araucária tem características próprias de regeneração
(ciclos). No presente estudo, no entanto, a aceleração do tempo de passagem até a quarta classe (30-39,9 cm)
pode estar de alguma maneira relacionada à característica pioneira da espécie e ao período passado de
exploração da floresta. Um aumento proporcional do incremento periódico anual também pode ser verificado
até a referida classe, a partir da qual começa então a decair (FIGURA 3).
O incremento médio em diâmetro foi de 0,53 cm.ano-1 para Cedrela fissilis neste estudo. Trabalhando
com a mesma espécie, Schmitz (2014) encontrou valores de incremento semelhantes. Brienen e Zuidema (2006)
verificaram um padrão muito similar de variação do tempo de passagem ao longo das classes diamétricas para a
espécie Cedrela odorata na Amazônia Boliviana.

185
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 3: Incremento periódico anual médio das classes de 10 cm de diâmetro (sem casca) para Cedrela
fissifis. Barras de erro representam o incremento periódico anual máximo e mínimo absoluto.
FIGURE 3: Mean periodic annual increment through 10 cm diameter classes (without bark) for Cedrela fissilis.
Error bars represent the absolute maximum and minimum periodic increment.

Nota-se que a partir da 5ª classe (40-49,9 cm), o tempo de passagem começa a aumentar muito, ao passo
que o incremento periódico anual decresce em proporção similar. Estabelecer o DAP ótimo de corte para classes
acima da 5ª classe poderia não ser a melhor escolha, significando esperar muito tempo para um ganho menos
significativo em incremento. Além disso, considerando que o tempo médio necessário para as árvores de cedro
da 4ª classe diamétrica (30-39,9 cm) passarem para a 5ª classe (40-49,9 cm) é de 17 anos, pode-se considerar a
possibilidade de executar um plano de manejo contendo ciclos de corte de 17 anos, considerando que com o
recrutamento, ao longo do tempo, os indivíduos pertencentes às classes inferiores passarão para as classes
superiores, mantendo o estoque de árvores nessas classes. No entanto, outras considerações precisam ser levadas
em conta antes da definição do manejo, como a análise da maximização do crescimento e, em especial, a
distribuição do número de árvores por hectare por classe diamétrica.

CONCLUSÕES

O tempo médio de passagem entre classes diamétricas para os indivíduos de C. fissilis foi de 23 anos,
com uma tendência de diminuição até a 4ª classe (30-39,9 cm) e posterior aumento, enquanto o incremento
periódico anual exibiu uma relação proporcional inversa, com valor médio de 0,53 cm.ano-1. Esses resultados
poderão servir de base para subsidiar decisões silviculturais no manejo sustentável da espécie com relação ao
diâmetro e ciclo de corte.

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Floresta Ombrófila Mista. 2016. 151 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2016.
SCHMITZ, R. Estrutura fitossociológica e crescimento de Cedrela fissilis Vell. em Floresta Estacional
Decidual no extremo oeste de Santa Catarina. 2014. 76 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) -
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati, 2014
SCHÖNGART, J. et al. Age and growth patterns of Brazil nut trees (Bertholletia excelsa Bonpl.) in Amazonia,
Brazil. Biotropica, v. 47, p. 550–558, 2015.

187
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
DESEMPENHO DE FUNÇÕES PROBABILÍSTICAS PARA DESCREVER A DISTRIBUIÇÃO
DIAMÉTRICA PARA O CERRADO

PERFORMANCE OF PROBABILISTIC FUNCTIONS TO DESCRIBE THE DIAMETRIC DISTRIBUTION


TO THE CERRADO

Caroline Cardoso Gama1 Bruno Aurélio Campos Aguiar Paulo Ricardo de Sena Fernandes
Eziele Nathane Lima André Ferreira dos Santos Maria Cristina Bueno Coelho

RESUMO

As funções de densidade de probabilidade (fdp’s) permitem descrever ou obter probabilidade da estrutura


diamétrica de uma floresta dentro das classes de diâmetros, onde empregou-se modelos para descrever a
estrutura da floresta. O objetivo foi determinar melhor a fdp ajustada para descrever a distribuição diamétrica
em área de Cerrado sensu stricto e Mata Ciliar, no município de Peixe, Tocantins. Os dados foram coletados em
uma área de 6 ha, onde foram instaladas parcelas com dimensões 10 m x 50 m. Para as análises estatísticas
foram selecionados 5 modelos: pelo R2 aj. e 𝑆𝑦𝑥%, para o teste de Kolmogorov – Smirnov (KS) a 5% de
probabilidade e a assimetria e curtose, pelos respectivos softwares FitFD, BioEstat 5.0 e Excel versão 13. Os
melhores modelos selecionados foram o 1 - 0,998 e 3,429 (Cerrado sensu stricto) e o modelo 6 - 0,993 e 2,477
(Mata Ciliar) para R2 aj. e 𝑆𝑦𝑥%, respectivamente. No teste de KS, os melhores modelos foram 1 e 6. Na
assimetria e na curtose os valores obtidos foram 2.205 e 4.906; 0.903 e -0.831 para os modelos 1 e 6. No χ2 para
ambas as áreas analisadas mostrou-se que não há diferenças significativas entre os conjuntos de dados
comparados.
Palavras-chave: FitFD; Kolmogorv Smirnov; Assimetria; Curtose.

ABSTRACT

The probability density functions (fdp) allow to describe or obtain probability of the diameter structure of a
forest within the diameters classes, where models were used to describe the structure of the forest. The objective
was to determine the best fdp adjusted to describe the diametric distribution in the Cerrado sensu stricto area
and Ciliary Forest, in the municipality of Peixe, Tocantins. The data were collected in an area of 6 ha, where
plots with dimensions 10 m x 50 m were installed. For the statistical analyzes, 5 models were selected: by R2 aj.
and 𝑆𝑦𝑥% for the Kolmogorov - Smirnov (KS) test at 5% probability and the asymmetry and kurtosis by the
respective software FitFD, BioEstat 5.0 and Excel version 13. The best models selected were 1 - 0.998 and
3.429 (Cerrado sensu stricto) and model 6 - 0.993 and 2,477 (Ciliary Forest) for R2 aj. and 𝑆𝑦𝑥%, respectively.
In the KS test, the best models were 1 and 6. In asymmetry and kurtosis the values obtained were 2.205 and
4.906; 0.903 and -0.831 for models 1 and 6. In the χ2 for both areas analyzed it was shown that there are no
significant differences between the data sets compared.
Keywords: FitFD; Kolmogorv Smirnov; Asymmetry; Curtose.

INTRODUÇÃO

Na distribuição diamétrica o J-invertido pode diferir de acordo com o comportamento ecofissiológico


das espécies ao longo do tempo, que torna por sua vez uma ferramenta de geração de informações sobre a
estrutura da floresta de acordo com Dalla Lana et al. (2013).
Segundo Schikowski et al. (2016), a maioria das funções de densidade de probabilidade (fdp’s) estão
sendo utilizadas para descrever a distribuição diamétrica das populações florestais.
Os modelos matemáticos possibilitam o estudo e o comportamento das variáveis biológicas e físicas de
uma floresta, sendo inequiânea ou equiânea, através das distribuições probabilísticas (JESUS et al., 2016).
Devido a isso, o objetivo deste trabalho é determinar a melhor função, através do ajustamento das
funções de densidade probabilística que descrevam a distribuição diamétrica em áreas de Cerrado sensu stricto e
Mata Ciliar.

1
Engenheira Florestal; Mestranda; Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade
Federal do Tocantins (UFT); Rua Badejos, L7, Chácaras 69/72, Zona Rural, CEP 77402-970; Gurupi; Tocantins; Brasil. E-
mail: engcarolinegama@outlook.com

188
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


Os dados foram obtidos em duas áreas distintas (Cerrado sensu stricto e Mata Ciliar), no município de
Peixe – TO, a uma latitude 12º01’30” Sul e a uma longitude 48º32'21” Oeste, estando a uma altitude de 240
metros, situada à margem esquerda do Rio Tocantins, no sul do Estado.
O clima da região de acordo com a classificação de Köppen é tropical quente e úmido durante todo o
ano. A temperatura média anual varia entre a mínima de 12 e a máxima de 30° C, sendo que nos meses mais
quentes do ano chega a 42 °C (TOCANTINS, 2009).

Coleta de dados
Os dados foram coletados através de um inventário florestal sistemático temporário, realizado em dois
tipos de fitofisionomias, sendo: Cerrado sensu stricto e Mata Ciliar, totalizando 6 ha amostrados, compostos por
780 árvores, nas quais 492 corresponderam à área de Cerrado sensu stricto e 288 à área de Mata Ciliar. Para as
duas áreas analisadas foram instaladas 12 e 7 unidades de dimensões 10 m x 50 m, respectivamente. Mensurou-
se o diâmetro a 1,30 m da superfície do solo de todas as árvores com DAP ≥ 6 cm das parcelas, além das
correspondentes alturas totais.

Determinação dos modelos matemáticos


As fdp’s foram ajustadas no software FitFD, no qual selecionou-se as cinco equações que melhor
representaram o ajuste dos dados para cada tipologia vegetal.
Utilizou-se o teste de Kolmogorov – Smirnov a um nível de 5% de probabilidade para realizar a
verificação da aderência das funções aos dados estudados, através do software BioEstat 5.0. Para os cálculos da
assimetria e curtose utilizou-se o software Excel versão 13.
2
Os critérios utilizados para a seleção dos melhores modelos para a fdp foram as 𝑅𝑎𝑗 , 𝑆𝑦𝑥% e análise de
resíduos das funções (LANSSANOVA et al., 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O modelo matemático que melhor descreveu os dados observados para Cerrado sensu stricto foi o
modelo 1 (TABELA 1) enquanto para Mata Ciliar o que se mostrou satisfatório foi modelo 6. Os mesmos
apresentaram maiores valores em relação R²aj e menores para Syx%. Sendo classificados do tipo exponencial e
hiperbólica, respectivamente para as áreas analisadas, que podem ser comparados ao modelo de Weibull, devido
ao seu uso, à sua flexibilidade e aos parâmetros que caracterizam povoamentos, pela simplicidade de ajuste
(CAMPOS; LEITE, 2013).
Pelo teste Kolmogorov-Smirnov (TABELA 1) aplicado para frequência acumulada, em área de Cerrado
sensu stricto observa-se uma amplitude de 0.086 a 0.087, sendo que os valores calculados do teste foram
menores que o tabelado (D’ = 0.134), onde resultados semelhantes foram encontrados para a Mata Ciliar uma
amplitude de 0.0795 a 0.0807 indicando assim a aceitação da hipótese de nulidade, em que os modelos
representaram bem o conjunto de dados.

TABELA 1: Modelos matemáticos utilizados para ajuste das fdp’s e valores de Kolmogorov-Smirnov
calculados para área de Cerrado sensu stricto e Mata Ciliar.
TABLE 1: Mathematical models used to adjust fdp's and Kolmogorov-Smirnov values calculated for the area of
Cerrado sensu stricto and Ciliary Forest.
N0 Modelos R2 aj. Syx% Dcalc

1 𝑦 = 6,65 + 1438,88 ∗ exp (−0.195 ∗ 𝑥) 0,998 3,429 0,0867*


Cerrado sensu stricto

2 𝑦 = 1352,035 ∗ 𝑥 𝑏−2893.93 + 1438,84 ∗ exp(−0,195 ∗ 𝑥) + 𝑒 0,998 3,429 0,086*

𝑥
3 𝑦=( ) 0,997 3,633 0,087*
(3,64 + 0,36 ∗ 𝑥 + −02,31 ∗ √𝑥)

189
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

N0 Modelos R2 aj. Syx% Dcalc

16,66+(−20,88)
4 𝑦=𝑒
(
𝑥+(−4,00)∗ln(𝑥)
) 0,997 3,473 0,086*

(ln(𝑥)−0,96)2
5 𝑦 = 769,49 ∗ 𝑒
(
−1,35
) 0,996 3,742 0,087*

𝑥
6 𝑦=( ) 0,993 2,477 0,080*
(0,35 + (−0,05) ∗ 𝑥 + 0,003 ∗ 𝑥 2 )

1
7 𝑦=( ) 0,993 2,477 0,080*
−0,05 + 0,003 ∗ 𝑥 + 0,35
( )
𝑥
Mata Ciliar

1
8 𝑦=( ) 0,990 3,307 0,080*
(1,07 ∗ (𝑥 + −9,29)2 + 0,01)

15,53+(−32,64)
9 𝑦=𝑒
(
𝑥+(−3,39)∗ln(𝑥)
) 0,989 3,332 0,080*

x
10 y= ( ) 0,987 3,140 0,079*
(2,58+0,25*x+(-1,60)*√x)
Em que: y= frequência por unidade de área, 𝑥 = centro da classe, 𝑎 , 𝑏 e 𝑐 = parâmetros de escala e ln = logaritmo
neperiano. FDP = Função densidade de probabilidade, R2 aj. = Coeficiente de determinação ajustado, Dcalc = D de
Kolmogorov-Smirnov calculado, Syx% = erro padrão da estimativa relativo, * Valor com significância no teste bilateral a
5% e ns = não significativo.

Quanto à assimetria da distribuição diamétrica (TABELA 2), pode-se observar que a curva descrita é
assimétrica positiva ou à direita para Cerrado sensu stricto e Mata Ciliar. A curtose evidencia uma curva
leptocúrtica e uma curva platicúrtica para as áreas respectivas. Resultado semelhante a este foi encontrado por
Almeida (2017) na espécie Protium heptaphyllum (March).

TABELA 2: Estatísticas dos valores observados em relação às estatísticas dos melhores modelos para Cerrado
sensu stricto e Mata Ciliar.
TABLE 2: Statistics of the observed values in relation to the statistics of the best models for Cerrado sensu
stricto and Ciliary Forest.
Moda CV
FDP Média (cm) Mediana (cm) Assimetria Curtose
(cm) (%)
Valor Observado 12.51 181.5 20.00 56.14 2.195 4.835
sensu

Modelo 01 13.07 184.05 16.72 57.04 2.205 4.906


Modelo 02 13.07 184.05 16.72 57.04 2.205 4.906
Modelo 03 13.81 181.04 18.61 60.63 2.233 4.964
Cerrado
stricto

Modelo 04 12.52 184.54 17.64 52.56 2.183 4.830


Modelo 05 12.41 185.17 17.63 51.80 2.182 4.838
Valor Observado 17.84 21.50 23.50 53.39 0.903 -0.831
Modelo 06 18.17 20.92 24.20 54.29 0.973 -0.748
Mata Ciliar

Modelo 07 18.17 20.92 24.20 54.29 0.973 -0.748


Modelo 08 17.24 24.66 24.62 53.07 0.825 -0.946
Modelo 09 17.45 25.54 25.54 52.74 0.810 -0.924
Modelo 10 18.09 20.56 25.01 55.25 1.115 -0.503

No teste X2 a um nível de 5% de probabilidade de confiança, o Cerrado sensu stricto obteve um valor


X2 calculado de (0.739) e Mata Ciliar de (0.884), sendo maiores que o valor tabelado de (5.99). Em ambos os
casos não houve diferença significativa entre os valores observados e os estimados pelas fdp’s.

190
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

A aderência dos valores estimados pelas fdp’s que as funções testadas neste estudo podem ser utilizadas
para a modelagem da distribuição diamétrica de área de Cerrado sensu strictu e para Mata Ciliar sendo as
funções exponencial e parabílica descritas por 1 Exp + C e Straight / parabola – 2, respectivamente. O teste do
χ2 para ambas as áreas analisadas mostrou que não há diferenças significativas entre os conjuntos de dados
comparados, ou seja, as fdp’s selecionadas para a estimativa dos DAP’s são acurados e podem ser utilizados em
outras áreas desta mesma tipologia vegetal.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A.S. Distribuição diamétrica da espécie Protium heptaphyllum (March) a partir de Funções de
Densidades Probabilísticas na Floresta Estadual do Amapá. In: Simpósio Brasileiro de Pós-Graduação em
Ciências Florestais, 9., 2016, Guarapari, ES. Anais.. Guarapari, ES, Brasil. – 1. Ed. Alegre, ES: CAUFES,
2017.
CAMPOS, J. C. C.; LEITE, H. G. Mensuração Florestal: perguntas e respostas. 4. ed. atual. ampl. - Viçosa,
MG: Editora UFV, 2013, 605.
DALLA LANA, M. et al. Distribuição diamétrica de Escheweilera ovata em um fragmento de Floresta
Ombrófila Densa - Igarassu, PE. Floresta, Paraná, v. 43, n. 1, p. 59-68, 2013.
JESUS, C. M. DE. et al. Funções de densidade de probabilidade para estimativa das distribuições de variáveis
dendrométricas em um povoamento clonal de eucalipto no Distrito Federal. Revista Espacios, [s.l.], v. 38, n.
16, p. 30-45, 2016.
LANSSANOVA, L. R. et al Avaliação de funções de afilamento para a estimativa de diâmetro de espécies
florestais comerciais do bioma amazônico mato-grossense. Floresta, Paraná, v. 43, p. 215 - 224, 2013.
SCHIKOWSKI, A. B. et al. Dinâmica da distribuição diamétrica de Araucaria angustifolia em um
remanescente de floresta ombrófila mista no Paraná. Revista Bras. Biom., Lavras, v.34, n. 1, 2016, p. 163-182.
TOCANTINS. Secretaria de Recursos da Infra Estrutura. Elaboração do plano estadual de recursos hídricos do
Tocantins: Relatório Síntese. Produto 5, v. 1/4. 10 Palmas, TO: SEINF, 2009. Disponível em:
http://semades.to.gov.br/conteudo/elaboracaodo-perh/392. (Acessado: 30 maio. 2018).

191
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
DETERMINAÇÃO DE MODELO HIPSOMÉTRICO PARA EXPERIMENTO DE Parapiptadenia rigida
NA REGIÃO DA CAMPANHA NO RIO GRANDE DO SUL-BRASIL

DETERMINATION OF THE MODEL HYPSOMETRIC FOR EXPERIMENT THE Parapiptadenia rigida


IN THE CAMPAIGN REGION OF THE RIO GRANDE DO SUL-BRAZIL

Matheus Teixeira Martins1 Hamilton Luiz Munari Vogel Gabriel Paes Marangon Maiquel Ivo Pfeifer
Jeferson de Castro do Nascimento

RESUMO

Tendo em vista o incipiente uso de espécies nativas para estudos de relação altura/diâmetro, e sabendo da
importância do melhor conhecimento das interrelações entre variáveis dendrométricas destas espécies, o
presente trabalho teve como objetivo a avaliação de modelos hipsométricos e determinação de uma equação
mais indicada para uma área experimental de Parapiptadenia rigida, com dois tipos de tratamento, adubação e
não adubação, na região da campanha do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram realizadas análises para
determinar o melhor modelo e este serviu tanto para os diferentes tratamentos como para área total.
Palavras-chave: mensuração; angico-vermelho; análise de regressão.

ABSTRACT

Considering the incipient use of native species for height/diameter ratio studies, and knowing the importance of
a better knowledge of the interrelations between dendrometric variables of these species, the present work had
as objective the evaluation of hypsometric models and determination of a more indicated equation for an
experimental area of Parapiptadenia rigida, with two types of treatment, fertilization and non-fertilization, in
the region of the campaign of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Analyzes were performed to determine the
best model and it served both for the different treatments and for the total area.
Keywords: mensuration; angico-red; regression analysis.

INTRODUÇÃO

O uso de espécies florestais nativas em sistemas integrados de produção é algo ainda pouco comum no
Brasil, muito em função do crescimento relativamente lento dessas espécies e do pouco conhecimento
acumulado sobre sua silvicultura. Porém, pesquisas vêm sendo realizadas e tem demonstrado o potencial de
crescimento e fornecimento de madeiras nobres nesses sistemas, sendo um aspecto promissor. Além disso, sabe-
se que o crescimento das espécies florestais nativas pode ser acelerado, ou pelo menos melhorado, com o uso de
adubação mineral. Essa alternativa, além de acelerar o crescimento, contribui para o desenvolvimento de plantas
mais saudáveis, diminuindo a mortalidade e aplicação de tratos culturais e remetendo a uma diminuição de
custos (ANTONELLI et al., 2015).
A Parapiptadenia rigida é uma espécie pertencente à família Fabaceae-Mimosoideae (LORENZI,
2002). A espécie é popularmente conhecida como angico-vermelho com ocorrência natural no Brasil nas regiões
Sul e Sudeste, e no estado do Mato Grosso do Sul. Na América do Sul ocorre em países como Argentina,
Paraguai e Uruguai. Geralmente apresenta altura de 4 a 20 m podendo atingir até 35 m, com diâmetro a altura do
peito (DAP) de 40 a 70 cm chegando até a 140 cm (CARVALHO, 2002). Em plantios experimentais, o
crescimento é favorecido quando em solos com propriedades físicas adequadas como boa fertilidade, bem
drenados e com textura que varia de franca a argilosa. Em sistemas agroflorestais, a espécie pode ser utilizada
para sombreamento de pastagens considerando sua ampla copa (CARVALHO, 2002). A madeira do angico é
pesada, elástica e bastante durável, própria para construções rurais e carpintaria (CARVALHO, 2003). O plantio
da espécie é recomendado para reflorestamentos mistos em áreas degradadas de preservação permanente
(LORENZI, 1998).
Os trabalhos dendrométricos, em geral, são relacionados com espécies introduzidas, de rápido
crescimento, principalmente os gêneros Pinus e Eucalyptus. As espécies nativas muitas vezes deixam de ser
estudadas por não conseguirem despertar interesse equivalente, na maioria das vezes, pela inexistência de
informações relativas à sua ecologia, silvicultura e biometria (TONINI; ARCO-VERDE; SÁ, 2005).

Graduando em Engenharia Florestal na Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel, Av. Antônio Trilha, 1847,
1

CEP 97300-000, São Gabriel (RS), Brasil. E-mail: mteixeiramartins@gmail.com

192
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em inventários florestais, a variável DAP é facilmente medida para todas as árvores. Já a altura, quando
medida de modo direto por meio de instrumentos apropriados fornece resultados acurados, porém não é uma
variável rápida de ser medida, sendo geralmente estimada, pelo menos em parte, de forma indireta. Os pares de
valores obtidos de diâmetros e respectivas alturas são usados para estabelecer a chamada relação hipsométrica, a
qual é empregada para estimar as alturas das demais árvores em função dos diâmetros já medidos. Logo, estima-
se a variável de difícil obtenção em função de mais fácil e rápida medição, reduzindo-se, portanto, o tempo e
custos de mensuração (MACHADO; FIGUEIREDO FILHO, 2003; SANQUETTA et al., 2009 apud
CALDEIRA et al., 2002).
Relação hipsométrica é a regressão de altura sobre diâmetro em um povoamento em uma determinada
data (SCHMIDT, 1997). A relação diâmetro/altura tem sido bastante estudada por diversos pesquisadores,
através de um grande número de modelos matemáticos, os quais se mostram, ser mais ou menos eficientes em
função da composição do povoamento e qualidade do sítio (SCHMIDT, 1977 apud CALDEIRA et al., 2002). A
relação hipsométrica é influenciada pela idade, sítio, densidade, tamanho da copa e espécie (LOETSCH et al.,
1973; HUSCH et al., 1982; FINGER, 1992; SCOLFORO, 1999 apud CALDEIRA et al., 2002).
Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo determinar um modelo matemático eficiente para
relação hipsométrica de um plantio de Parapiptadenia rigida sob diferentes tratamentos no município de São
Gabriel, região da campanha do estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização e localização da área de estudo


O estudo foi realizado em um plantio de Parapiptadenia rigida (angico-vermelho) com 5,7 anos de
idade, na área experimental da FEPAGRO Forrageiras, localizado no município de São Gabriel, região Sudoeste
do Rio Grande do Sul, nas coordenadas 30°20’59’’W, 54°15’82’’S, com altitude média de 137 m. O local do
estudo se encontra sob o domínio do Bioma Pampa (IBGE, 2004). O município apresenta clima do tipo Cfa, de
acordo com a classificação de Köppen, com uma precipitação total média anual de 1424 mm e temperatura
média anual de 19,5 ºC (MATZENAUER et al., 2011).
A área do plantio experimental apresenta vegetação campestre natural com grau médio de alteração, em
função das atividades de pecuária extensiva de bovinos. As mudas de angico-vermelho foram produzidas em
tubetes de 175 cm³ em viveiro da FEPAGRO Florestas, e foram plantadas em outubro de 2012. O plantio foi
realizado com espaçamento 2x4 m com manutenção da pastagem nativa na entrelinha, em parcelas de 30x36 m
subdivididas (15x36 m) em tratamentos com (T1) e sem adubação (T2) anual de cobertura de pastagem. Outras
práticas de manejo adotadas foram o cultivo mínimo, adubação na cova de plantio, replantio, controle da mato
competição e formigas.

Solo e adubação
O solo do local é classificado como Argissolo Vermelho distrófico latossólico, com a presença de
horizonte B textural de argila e baixa saturação por bases (EMBRAPA, 2006). Tanto as adubações de plantio
como de cobertura foram realizadas conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS
e SC (CQFS, 2004) para “Consorciações de gramíneas de cobertura e leguminosas de Estação Fria”, com base
nos resultados da análise de solo realizada na área anterior a implantação do experimento. As adubações foram
realizadas no T1 com aplicação de 50 kg ha-1 de N, 40 kg ha-1 de P2 O5, e 70 kg ha-1 de K2O, anualmente no mês
de dezembro, de forma manual a lanço.

Coleta de dados
Foi realizado um inventário da área em estudo, verificando a quantidade de árvores vivas, mortas e de
pequeno porte nos dois tratamentos. Foram medidas todas as árvores maiores que 1,30 metros de altura,
totalizando 196 árvores vivas mensuradas, destas 121 referentes ao tratamento T1 e 75 referentes ao T2. As
medidas de altura foram realizadas com clinômetro Haglöf (árvores maiores que 2 metros), e com régua
topográfica (árvores menores que 2 metros), já as medidas de DAP, tomadas a 1,30 metros, foram feitas com
fita dendrométrica.

Análise de dados
Primeiramente foi realizada uma análise estatística das médias de DAP e altura com o uso do software
SigmaPlot 11.0 para confirmação se existiu ou não diferenças significativas até o presente momento do estudo
em relação a estas variáveis para os tratamentos T1 e T2.

193
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Foram ainda testados cinco modelos hipsométricos (Tabela 1) para realização da análise de regressão e
assim determinação do modelo mais adequado para relação altura/diâmetro de Parapiptadenia rigida nas
condições do local em estudo, para isto foi utilizado o software Excel 2016.

TABELA 1: Modelos testados para estimar altura de Parapiptadenia rigida em área experimental situada no
município de São Gabriel, Rio Grande do Sul.
TABLE 1: Models tested to estimate height of Parapiptadenia rigida in an experimental area located in the
municipality of São Gabriel, Rio Grande do Sul.
Número Autor(es) Modelos
1 Trorey h=β +β ∙d2 0 1
2 Stoffels e Van Soest ln h=β0 +β1 ∙ln d
3 Proposto ln h=β0 +β1 ∙√d
4 Não referenciado ln h=β0 +β1 ∙( 1⁄d) +β2 ∙( 1⁄d2 )
5 Henricksen h=β0 +β1 ∙ln d
Em que: h = Altura, em m; d = Diâmetro a altura do peito, em cm; β 0, β1 e β2= Coeficientes do modelo e ln =
Logaritmo neperiano.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 são apresentados os resultados da análise estatística entre as médias de DAP e altura nos
tratamentos, onde são observadas a média, desvio padrão (DesvPad) e coeficiente de variação (CV%).

TABELA 2: Análise estatística entre médias de DAP e altura de Parapiptadenia rigida dos tratamentos T1 e T2
na área experimental em estudo no município de São Gabriel, Rio Grande do Sul.
TABLE 2: Statistical analysis between averages of DAP and height of Parapiptadenia rigida of treatments T1
and T2 in the experimental area under study in the city of São Gabriel, Rio Grande do Sul.
DAP (cm) Altura (m)
Tratamento
T1 T2 T1 T2
Média 4,09** 3,08 4,70** 3,07
DesvPad 1,29 0,95 2,14 1,80
CV (%) 31,76 30,75 45,52 58,68
** Há diferença estatística entre as médias (P = <0,001).

Com a análise estatística, foi observada diferença estatística significativa entre os tratamentos, tanto
para o DAP como para a altura. Istchuk et al. (2016) avaliando um povoamento de Parapiptadenia rígida aos
seis anos de idade observou média de 4,16 cm e CV (%) de 37,13, ambos para DAP, para altura foi observada
média de 6,34 m e CV (%) 31,12. Entende-se que os resultados da análise estatística presentes neste trabalho
estão de acordo com o descrito na literatura, sendo que a área experimental em estudo foi mensurada aos 5,7
anos.
Na Tabela 3 são apresentadas para os diferentes tratamentos e para área total, as somas dos escores
usados para escolha do melhor modelo e os resultados de coeficiente de determinação ajustado (R² aj.), índice
de Furnival e valor da estatística F obtidos com análise de regressão.

TABELA 3: Resultados da regressão e somas dos escores estatísticos para escolha do melhor modelo para cada
tratamento e para área total.
TABLE 3: Regression results and sum of the statistical scores to choose the best model for each treatment and
total area.
Tratamentos
Modelos T1 T2 Total
∑ ∑ ∑
R²aj. IF F R²aj. IF F R²aj. IF F
1 0,66 (3) 1,046 (1) 118 (4) 8 0,61 (1) 0,811 (3) 60 (4) 8 0,68 (4) 0,998 (1) 209 (5) 10
2 0,69 (2) 1,097 (4) 280 (1) 7 0,60 (3) 0,793 (2) 114 (1) 6 0,70 (1) 1,119 (2) 464(1) 4
3 0,36 (5) 1,885 (5) 69 (5) 15 0,56 (5) 0,833 (4) 96 (3) 12 0,68 (3) 1,155 (3) 423 (2) 8

194
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

4 0,70 (1) 1,082 (3) 146 (3) 7 0,60 (2) 0,791 (1) 58 (5) 8 0,69 (2) 1,484 (5) 225 (4) 11
5 0,64 (4) 1,064 (2) 224 (2) 8 0,57 (4) 1,011 (5) 99 (2) 11 0,65 (5) 1,224 (4) 373 (2) 11
Em que: T1=tratamento com adubação; T2=tratamento sem adubação; R²aj.= coeficiente de determinação
ajustado; ( )=pontuação de escores estatísticos; IF=índice de Furnival; F=valor da estatística F.

O modelo 2 foi o que se mostrou melhor para estimar as alturas nos diferentes tratamentos e também
para área total, a escolha se deu, pela menor soma dos escores estatísticos, onde quanto mais próximo de 1 o
valor de R² aj. menor a pontuação dada ao modelo, quanto maior o IF o modelo ganhava pontos mais altos e o
valor de F quanto maior, menor a pontuação dada ao modelo. Mesmo que tenha ocorrido um empate entre o
modelo 2 e 4, o modelo 2 foi escolhido por apresentar a melhor distribuição dos valores residuais representados
na Figura 1 com dispersão dos erros em função da altura observada. A mesma Figura 1 demonstra os valores
estimados representados pela linha cinza que cobre toda a massa de dados observados, configurando a boa
eficiência do modelo selecionado.

FIGURA 1: Distribuição dos resíduos e valores observados e estimados pelo modelo escolhido para relação
altura x diâmetro para a espécie Parapiptadenia rigida.
FIGURE 1: Distribution of the residues and values observed and estimated by the model chosen for relation
height x diameter for the species Parapiptadenia rigida.

Observa-se na Figura 1 que as distribuições gráficas dos resíduos em percentagem tiveram


comportamentos um pouco diferentes, mesmo se tratando do mesmo modelo, provavelmente isso ocorreu,
devido a variação no número de árvores em cada tratamento, apresentando os maiores valores residuais
enquadrando-se entre 53,7 % e -88 % para área total, 39% e -68,3 % para T1 e 51,2 % e 62,7 % para T2.
Para complementar a análise, foram traçadas linhas estimativas da altura entre a nuvem de pontos
observados de altura sobre DAP para o modelo escolhido e considerado na distribuição gráfica de resíduos.
Observa-se que o comportamento dessas linhas é semelhante para os diferentes tratamentos e para área total.
Também é possível observar que não há discrepâncias muito acentuadas, com exceções de grandes
superestimativas presentes nos dois tratamentos e para área total, é visto que isso ocorre em indivíduos com

195
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
grande DAP, que são de pouca quantidade na área em estudo, portanto com o aumento do diâmetro, a tendência
da altura também é aumentar, e ocorre também outra exceção em indivíduos muito altos, que também são
minoria, o modelo subestima a altura dessas árvores, porém para a grande parte dos indivíduos o modelo se
mostra eficiente.
Caldeira et al. (2002) em um estudo realizado com Acacia mearnsii em diferentes idades no estado do
Rio Grande do Sul, encontrou R² aj. igual a 0,84 para o modelo 1 e 0,82 para modelo 5, sendo estes, diferentes
resultados dos encontrados no presente trabalho.
Machado et al. (2008) em estudo realizado com Araucária angustifólia em um fragmento de florestal,
denominado "Capão da Engenharia Florestal", situado no Campus III, Jardim Botânico da Universidade Federal
do Paraná encontrou o modelo 2 como o melhor para estimar altura das árvores.
Silva (1980) em estudo realizado com diferentes espécies na Floresta Nacional do Tapajós, testou seis
modelos matemáticos, visando determinar um modelo para estimar a relação DAP/altura comercial, encontrou o
modelo 2, presente neste trabalho, como um dos melhores, mesmo que a correlação entre DAP e altura
comercial ainda fosse fraca para todas as espécies em estudo.
Machado et al. (1993) em estudo realizado com Pinus elliotti Engelm no estado do Paraná, testou dez
modelos matemáticos para ajustar curvas de altura sobre diâmetro, o modelo 2, presente neste estudo, estava
entre os 4 melhores modelos obtidos no trabalho realizado com Pinus elliotii.

CONCLUSÕES

O modelo matemático escolhido para estimar alturas de Parapiptadenia rígida na área experimental em
estudo, é bastante discutido na literatura, estimando alturas de diversas espécies em diferentes condições
climáticas e ambientais, levando em consideração que os valores de R² aj. foram de 0,69, 0,60 e 0,70, para T1,
T2 e área total, respectivamente, pode-se concluir que este é um ótimo modelo para estimar altura das árvores
do local em estudo.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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197
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
DETERMINAÇÃO DO GRAU DE DEPENDÊNCIA ESPACIAL DE MODELOS GEOESTATÍSTICOS
EM DUAS PERSPECTIVAS

DETERMINATION OF THE DEGREE OF SPATIAL DEPENDENCE OF GEOSTATISTICAL MODELS IN


TWO PERSPECTIVES

Luiz Otávio Rodrigues Pinto1 José Márcio de Mello

RESUMO

O semivariograma experimental permite caracterizar a dependência espacial de determinados dados,


possibilitando o ajuste de modelos teóricos que expressam o comportamento dos dados. O presente trabalho
teve como objetivo comparar dois métodos de definição da dependência espacial, a partir do semivariograma em
diferentes povoamentos de Eucalyptus sp. A base de dados foi proveniente de inventários florestais de 50
projetos, na qual se realizou a análise exploratória de dados, para eliminação de outliers. Posteriormente, houve
o ajuste do semivariograma experimental e mensurou-se a dependência espacial por meio de duas metodologias
encontradas na literatura. Aproximadamente 40% dos ajustes ocorreram mudança na classificação da
dependência espacial. O método de ajuste dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) ocorreu um maior
número de mudança quando comparado com a Máxima Verossimilhança. Os modelos ajustados obtiveram um
número de alteração na classificação próximo entre eles. O método IDE foi o mais recomendado para descrever
a dependência espacial dos projetos avaliados.
Palavras-chave: Geoestatística; Semivariograma.

ABSTRACT

The experimental semivariogram allows to characterize the spatial dependence of certain data, allowing the
adjustment of theoretical models that express the behavior of the data. The present work had as objective to
compare two methods of definition of spatial dependence, from the semivariogram in different stands of
Eucalyptus sp. The database came from forestry inventories of 50 projects, in which the exploratory data
analysis was carried out to eliminate outliers. Subsequently, the experimental semivariogram was adjusted and
spatial dependence was measured by two methodologies found in the literature. Approximately 40% of the
adjustments occurred changing the classification of spatial dependence. The method of adjustment of the
Ordinary Least Squares (OLS) occurred a greater number of change when compared to the Maximum
Likelihood. The adjusted models obtained a number of change in the close rank between them. The ISD method
was the most recommended to describe the spatial dependence of the evaluated projects.
Keywords: Geostatistical; Semivariogram.

INTRODUÇÃO

Na geoestatística a avaliação da dependência espacial é analisada por meio do semivariograma, no qual


expressa a semivariância em função de uma distância, além de apresentar uma abundância de informações.
Através do semivariograma obtemos o efeito pepita (nugget), a contribuição (partial sill) e o alcance (range).
Esses parâmetros permitem expressar o comportamento da correlação entre dados observados, sendo essencial
nas análises geoestatísticas, possibilitando o ajuste de modelos matemáticos e avaliar o que melhor expresse o
comportamento da semivariância em função da distância, definindo o grau e a magnitude da estrutura de
continuidade espacial (MELLO; VIOLA; MELLO, 2008; ODA-SOUZA et al., 2008).
A caracterização da dependência espacial é de extrema importância para a krigagem. O processo de
krigagem estima a variável em estudo em locais que não foram amostrados, levando em consideração a
correlação entre os locais amostrados e a distância entre eles, com variância mínima e sem viés (GUEDES et al.,
2012; OLIVEIRA et al., 2006; SEIDEL; OLIVEIRA, 2015).
Observa-se na literatura algumas metodologias para definição do grau de dependência espacial, podendo
destacar os propostos por Biondi, Myers e Avery (1994) e Cambardella et al. (1994). Esses dois métodos
tradicionais utilizam os parâmetros efeito pepita e a contribuição. Trabalhos mais recentes utilizam

1
Engenheiro Florestal, mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras
(UFLA), campus Universitário, Aquenta Sol, Caixa postal 3037, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail:
luizorp@outlook.com

198
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
metodologias mais robustas, utilizando o parâmetro alcance e um fator de correção para o modelo. Seidel e
Oliveira (2014a) descrevem essa nova metodologia como Índice de Dependência Espacial (IDE).
Seidel e Oliveira (2014b) descrevem que o IDE tem o objetivo considerar os aspectos geométricos do
semivariograma e o correlograma, abrangendo todas as características da dependência espacial. O intervalo do
IDE varia entre zero à 100% (Fator de modelo), sendo de 0 a 37,5% para o modelo Esférico, 0 a 31,7% para o
modelo exponencial e de 0 a 50,4% para o modelo gaussiano. Os autores afirmam que esse novo índice é uma
medida mais robusta, no qual considera a correlação espacial e todos os parâmetros do semivariograma.
No meio florestal, quando se faz uso da geoestatística, em muito dos casos, um dos critérios para
seleção do modelo que melhor expresse os dados é realizada pela avaliação da dependência espacial. Entretanto,
a escolha equivocada do modelo pode afetar o uso de interpoladores espacial, no caso a krigagem. Assim, o
objetivo deste trabalho foi comparar duas metodologias de mensuração do grau de dependência espacial,
propostos na literatura, por Biondi, Myers e Avery (1994) e Seidel e Oliveira (2014a), a partir do
semivariograma em diferentes povoamentos de Eucalyptus sp., para os modelos espaciais Exponenciais e
Esférico baseado em dois métodos de ajuste, pelos Quadrados Mínimos Ordinários e pela Máxima
Verossimilhança.

MATERIAL E MÉTODOS

Base de dados
A base de dados é proveniente de povoamentos clonais de Eucalyptus sp. com idade variando de 24 a 60
meses, divididos em 50 projetos, localizados em três regiões do estado de Minas Gerias, Central (Curvelo),
Noroeste (João Pinheiro) e Norte (Montes Claros). As áreas totais dos povoamentos correspondem à 9.796,6
hectares, sendo 3.197,8 ha no município de Curvelo, 3.842,9 ha no município de João Pinheiro e 2.755,9 ha no
município de Montes Claros.
Os dados utilizados nesse estudo são oriundos de inventários florestais utilizando a amostragem
sistemática e seu processamento se deu através dos estimadores da amostragem casual simples. Foram utilizadas
parcelas circulares com área de 400 m² com intensidade amostral de uma parcela a cada 10 ha.
Nas parcelas foram mensurados os diâmetros a 1,30 m de altura do solo (DAP) de todas as árvores, a
altura total das 10 primeiras árvores e a altura das árvores dominantes de acordo com o conceito de Assmann
(1970). Coletou-se as coordenadas centrais de todas as parcelas para realizar o estudo variográfico. Para
estimativa de altura das demais árvores da parcela ajustou-se uma relação hipsométrica. Por meio de uma
equação volumétricas, realizou a estimativa de volume para todas as parcelas.

Análise Geoestatística
A análise exploratória dos dados (AED) foi efetuada com o intuito de verificar a presença de tendência,
distribuição dos dados e presença de dados discrepantes, a fim de avaliar o comportamento dos dados. O estudo
variográfico foi realizado a partir do ajuste dos semivariogramas experimentais, verificando a estrutura de
dependência espacial para cada um dos três projetos avaliados.
Para modelar a semivariância em função da distância, foram ajustados dois modelos teóricos, modelo
Esférico e modelo Exponencial, descritos por Journel e Huijbregts (1978). Os ajustes foram realizados pelo
método da Máxima Verossimilhança (ML) e pelo método dos Quadrados Mínimos Ordinários (OLS). Todos os
ajustes foram feitos usando o pacote geoR (RIBEIRO JÚNIOR e DIGGLE, 2001) usando o software R (R
CORE TEAM, 2017). A partir dos parâmetros ajustados dos modelos espaciais, determinou o grau de
Dependência Espacial (DE) e o Índice de Dependência Espacial (IDE).

Dependência Espacial (DE)


As metodologias propostas por Biondi, Myers e Avery (1994) e Cambardella et al. (1994) expressam
essencialmente as mesmas informações. A medida de dependência espacial encontrado no trabalho de
Cambardella et al. (1994) representa a relação entre o efeito pepita e o patamar, expressada pela equação:

𝐶0
𝐷𝐸(%) = ( ) ∗ 100 (1)
𝐶0 + 𝐶1

Em que: 𝐶0 = é o efeito pepita; 𝐶1 = é a contribuição.

Índice de Dependência Espacial (IDE)

199
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O Índice proposto por Seidel e Oliveira (2014a) pode ser utilizado na avaliação de dependência espacial
para os modelos de semivariograma, representado de forma generalizada pela equação:

𝐶1 𝑎
𝐼𝐷𝐸𝑀𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 (%) = 𝐹𝑀 ∗ ( )∗( ) ∗ 100 (2)
𝐶0 + 𝐶1 𝑞. 𝑀𝐷

Em que: 𝐹𝑀 = é o fator de correção do modelo(𝐹𝑀=0,375 para modelo esférico e 𝐹𝑀=0,371 para modelo exponencial);
𝐶0 = o efeito pepita; 𝐶1 = a contribuição; 𝑎, o alcance prático; 𝑞. 𝑀𝐷 = o valor correspondente à fração (𝑞) atingida a
𝑎
máxima distância (𝑀𝐷) entre os pontos amostrados. Quando a relação for maior que 1, essa razão é fixada em 1,
𝑞.𝑀𝐷
assumindo somente valores entre zero e 1. Além disso, o modelo que apresenta o maior valor de 𝐹𝑀, maior será sua força
da dependência espacial. Quando o modelo apresentar o menor valor de fator de modelo é o de efeito pepita puro, em que
possui 𝐹𝑀 zero.

Classificação da Dependência Espacial


O grau de dependência espacial para os dois métodos é classificado em forte, moderado e fraca
dependência espacial. Quando analisado o IDE, os intervalos de valores do índice variam de acordo com o
modelo, sendo entre zero e 37,5% para o modelo esférico e entre zero e 31,7% para o modelo exponencial. A
Tabela 1 apresenta os intervalos de classificação para os dois índices.

TABELA 1: Classificação da dependência espacial para os dois métodos empregados.


TABLE 1: Classification of spatial dependence for the two methods used.
Modelo
Método Classificação
Esférico Exponencial
Forte >75
DE (%) Moderada 35 e 75
Fraca <35
Forte >15 >13
IDE (%) Moderada 7 e 15 6 e 13
Fraca >7 >6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a classificação pelo índice proposto por Biondi, Myers e Avery (1994)
aproximadamente 60% dos ajustes apresentaram forte classificação de dependência espacial, enquanto a
classificação pelo índice proposto por Seidel e Oliveira (2014a) aproximadamente 50% dos ajustes
apresentaram forte dependência espacial, conforme observado na Figura 1.

FIGURA 1: Classificação da dependência espacial nos dois métodos de ajuste e para os dois modelos avaliados.
FIGURE 1: Spatial dependence classification in the two adjustment methods and for the two models evaluated.

O índice DE classificou 117 ajustes como forte dependência espacial, sendo que pelo novo índice (IDE)
40% dos ajustes mudaria a classificação de forte para fraca dependência espacial, o que afeta diretamente na
seleção do ajuste e nas predições futuras.
De modo geral, 39,5% das análises geoestatísticas apresentaram alteração da classificação da
dependência espacial, conforme observado na Figura 2. Quando comparado os métodos de ajustes, o método
dos Mínimos Quadrados Ordinários obteve o maior número de alteração da classificação da dependência

200
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
espacial em relação ao Método da Máxima Verossimilhança, alterando em aproximadamente 28% das análises.
Enquanto os diferentes modelos apresentaram número de alterações próximas.

FIGURA 2: Classificação da dependência espacial nos dois métodos de ajuste e para os dois modelos avaliados.
FIGURE 2: Classification of spatial dependence in the two adjustment methods and for the two models
evaluated.

Quando comparado os modelos em cada um dos métodos de ajuste (Figura 3), observa-se que quando
ajustado pela ML o número de alterações são próximos, enquanto pelo ajuste de OLS, o modelo Esférico
apresentou maior variação da classificação.

FIGURA 3: Classificação da dependência espacial para os modelos avaliados e diferentes métodos de ajuste.
FIGURE 3: Spatial dependence classification for the models evaluated and different adjustment methods.

Seidel e Oliveira (2014b) descrevem o IDE como um índice mais completo quando comparado aos
índices de Biondi, Myers e Avery (1994) e de Cambardella et al., (1994). Isso visto que o IDE utiliza além do
efeito pepita e a contribuição, mas também todos os parâmetros dos modelos da dependência espacial e um fator
de modelo. Os autores ainda relatam que esse fator de modelo deve ser levado em consideração, uma vez que
por se tratar de variáveis observadas na natureza, elas não conseguem atingir 100% de dependência espacial.
A utilização de uma base de dados robusta, com 50 projetos florestais, juntamente com o uso de mais
informações do semivariograma experimental, corroboram para o uso do IDE para descrever o grau de
dependência espacial comparado aos índices tradicionalmente utilizados. Portanto, a utilização dos outros
índices pode-se cometer equívocos na classificação, podendo ocasionar seleções equivocadas dos modelos,
inferindo na qualidade das predições através de interpolador espacial (krigagem) e na inferência da variabilidade
da variável regionalizada em estudo. Diante disso, fica evidenciada a importância da adoção do novo índice
(IDE) para caracterizar a estrutura de continuidade espacial, mostrando-se um bom índice de classificação.

CONCLUSÕES

Conforme o DE, 58,5% dos ajustes foram classificados como forte dependência espacial e 27% como
fraca dependência espacial, enquanto que o IDE, 49,5% foram classificados como forte dependência espacial e
42,5% como fraca dependência espacial. Aproximadamente 40% dos ajustes classificados como forte
dependência espacial pelo DE mudou a classificação para fraca dependência espacial pelo IDE, o que acarretaria
a um maior erro no uso do interpolador espacial.
Sendo o método IDE foi o mais recomendado para descrever a dependência espacial, devido contemplar
todos os parâmetros do semivariograma, bem como um fator de correção para cada modelo, apresentando como

201
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
um índice mais robusto. Uma vez que o DE apresenta fragilidade por não levar em consideração o parâmetro
alcance e o modelo ajustado.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a


Universidade Federal de Lavras (UFLA).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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202
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
DINÂMICA DA COMUNIDADE ÁRBOREA DE DOIS FRAGMENTOS DE CERRADÃO EM MINAS
GERAIS, BRASIL

DYNAMICS OF TREE COMMUNITY OF TWO CERRADÃO FRAGMENTS IN MINAS GERAIS, BRAZIL

Luciane Naimeke Schmidt1 Henrique Faria de Oliveira Ximena Mendes de Oliveira Lorena Oliveira Barbosa
Anny Francielly Ataide Gonçalves José Roberto Soares Scolforo

RESUMO

O domínio cerrado é um dos hotspots mundiais de biodiversidade e tem sido ameaçado pelas perturbações
antrópicas. Estudos de dinâmica de comunidades vegetais são fundamentais para entendimento do
comportamento da ecologia de suas fitofisionomias, além de auxiliar na compreensão dos mecanismos que
mantêm a comunidade, gerando subsídios para sua conservação. O objetivo do presente estudo foi quantificar as
taxas de dinâmica, assim como avaliar as mudanças temporais tanto em estrutura horizontal quanto em
composição das comunidades arbóreas de dois fragmentos de cerradão no período de cinco anos, localizados no
estado de Minas Gerais, Brasil. Os dados foram obtidos de 16 (fragmento 1) e 20 parcelas (fragmento 2) de
1000 m², distribuídas de forma sistemática, em que todas as árvores com diâmetro a altura do peito a 1,30 m do
solo (DAP) ≥ 5 cm foram marcadas, mensuradas e amostradas nos anos de 2005 e 2010. Analisaram-se as
alterações na composição florística, diversidade e parâmetros fitossociológicos, além das estimativas das taxas
de mortalidade e recrutamento baseadas na densidade e no ganho e perda em área basal, e das taxas de
rotatividade das comunidades. Os fragmentos de cerradão apresentaram um equilíbrio dinâmico, com poucas
variações nos parâmetros estudados, caracterizando-se como comunidades arbóreas maduras, com ausência ou
pouca perturbação antrópica no período avaliado.
Palavras-chave: Área basal; mortalidade; recrutamento.

ABSTRACT

Cerrado is one of the world's hotspots biodiversity and has been threatened by anthropic disturbances. Studies
about dynamics in vegetal communities are essential to understand of their phytophysiognomies ecology’s
behavior, besides helping to understand the mechanisms that maintain the community, generating subsidies for
its conservation. The objective of the present study was to quantify the dynamics rates, and evaluate to temporal
changes in both horizontal structure and composition of the tree communities of two cerradão fragments in the
five year period, located in the Minas Gerais state, Brazil. The data obtained refer to 16 plots (fragment 1) and
20 plots (fragment 2) of 1000 m², distributed systematically, where all trees with diameter at breast high 1.30
above the soil (DBH) ≥ 5 cm were marked, measured and sampled in the years 2005 and 2010. The changes in
floristic composition, diversity and phytosociological parameters, as well as estimates of mortality and
recruitment rates based on density and gain and loss in basal area, and community turnover rates were analyzed.
Cerradão fragments presented a dynamic balance, with few variations in the studied parameters, being
characterized as mature arboreal communities, with absence or little anthropic disturbance in the evaluated
period.
Keywords: Basal área; mortality; recruitment.

INTRODUÇÃO

O domínio do cerrado é o segundo maior da América do Sul e ocupa uma área de aproximadamente 2
milhões de hectares no Brasil, o que representa cerca de 22% do território nacional. Considerado um dos
hotspots de biodiversidade e reconhecido como a savana mais rica mundialmente, apresenta alto grau de
endemismo e sofre uma excepcional perda de habitat (MMA, 2018). Dentre as fitofisionomias que compõem
este domínio, o cerradão, ocupando cerca de 1% da sua área geográfica, é caracterizado pela presença
preferencial de espécies que ocorrem no cerrado sensu stricto e por espécies florestais (RIBEIRO; WALTER,
2008), e se distingue das matas secas pela fisionomia, estrutura, e principalmente pela esclerofilia e composição
florística (RIZZINI, 1979).

Engenheira Florestal, Doutoranda, Universidade Federal de Lavras, Aquenta Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-
1

mail: lunaimekeschmidt@gmail.com

203
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O cerrado é o segundo domínio brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação antrópica (MMA,
2018), e o cerradão, por sua vez, é uma de suas fitofisionomias mais ameaçadas, por apresentar ocorrência
pontual e geralmente possuir solos férteis e úmidos, fatores de grande interesse para o agronegócio, fortalecendo
o interesse na ocupação de suas áreas (MARIMON JUNIOR; HARIDASAN, 2005; DURIGAN et al., 2011).
Assim, considerando a importância do cerrado brasileiro e as ameaças a sua biodiversidade, surge a
necessidade de pesquisas capazes de subsidiar estratégias de conservação, manejo e recuperação de áreas
degradadas, destacando-se as pesquisas da dinâmica de comunidades arbóreas, que avaliam mudanças espaciais
e temporais em sua estrutura e composição, e que para esse domínio ainda são incipientes (AQUINO;
WALTER; RIBEIRO, 2007). O objetivo do presente estudo foi quantificar as taxas de dinâmica, assim como
avaliar as mudanças temporais tanto em estrutura horizontal quanto em composição das comunidades arbóreas
de dois fragmentos de cerradão no período de cinco anos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Descrição da área de estudo


Os dados utilizados neste estudo pertencem a dois fragmentos de cerradão localizados nos municípios
de Comendador Gomes (fragmento 1) 19º41’52” S e 49º04’51” W, área de 62,79 hectares, e Carneirinho
(fragmento 2), 19º41’52” S e 50º41’16” W, área de 623,04 hectares, no estado de Minas Gerais, Brasil (Figura
1). De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw, com inverno seco. A temperatura
média anual varia entre 22 e 24ºC e a precipitação total anual entre 1300 a 1600 mm (ALVARES et al., 2013),
com predomínio de latossolos (EMBRAPA, 2006).

FIGURA 1: Localização da área de estudo nos municípios de Comendador Gomes e Carneirinho, Minas Gerais,
Brasil.
FIGURE 1: Study area localized in the Comendador Gomes and Carneirinho, Minas Gerais, Brazil.

Amostragem da comunidade arbórea


No ano de 2005 foram alocadas, respectivamente, nas áreas de estudo dos municípios de Comendador
Gomes e Carneirinho, 16 e 20 parcelas de 1000 m² (10 x 100 m), distribuídas de forma sistemática. De cada
parcela, foram marcados com plaqueta e mensurados todos os indivíduos que apresentaram diâmetro a altura do
peito à 1,30 m do solo (DAP) ≥ 5 cm. Na amostragem subsequente, no ano de 2010, foram registrados os
indivíduos mortos, remedidos os sobreviventes, e marcados e medidos os recrutas, ou seja, aqueles que
atingiram o critério de inclusão mínimo pré-determinado. Para a identificação das espécies foram realizadas
coletas de material botânico e produzidas exsicatas no herbário da Universidade Federal de Lavras.

Dinâmica da comunidade arbórea


Alterações na estrutura horizontal da comunidade foram avaliadas por meio de um estudo
fitossociológico, baseado nos parâmetros absolutos e relativos densidade, frequência e dominância para cada
espécie (Tabela 1). A densidade (D) expressa o número de indivíduos de uma espécie por unidade de área. A
frequência (F) considera o número de parcelas em que uma determinada espécie ocorre, indicando a dispersão

204
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
média de cada espécie (expressa em %). A dominância (Do) é definida como a projeção da área basal na
superfície do solo, fornecendo uma medida eficaz da biomassa calculada. Posteriormente, analisou a
importância ecológica de uma espécie em um local por meio do índice de valor de importância (IVI), que
corresponde ao somatório dos parâmetros fitossociológicos densidade, frequência e dominância em termos
relativos.

TABELA 1: Parâmetros absolutos e relativos da estrutura horizontal de comunidades.


TABLE 1: Absolute and relative parameters of the horizontal structure of tree communities.
Parâmetros Absoluto Relativo
Densidade 𝐷𝐴 = 𝑛𝑖 /𝐴 𝐷𝑅 = (𝑛𝑖 /𝑁)𝑥100
Frequência 𝐹𝐴 = (𝑃𝑖 /𝑃)𝑥100 𝐹𝑅 = (𝐹𝐴𝑖 / ∑ 𝐹𝐴)𝑥100
Dominância 𝐷𝑜𝐴 = 𝑔𝑖 /𝐴 𝐷𝑜𝐴 = (𝑔𝑖 /𝐺)𝑥100
Em que: ni = número de indivíduos da espécie i; A = área; N = número total de indivíduos; Pi = número de parcelas com ocorrência da
espécie i; P = número total de parcelas; FAi = frequência absoluta da espécie i; ∑ FA = somatório das frequências absolutas de todas as
espécies; gi = área basal da espécie i; G = área basal total de todas as espécies amostradas.

Foi realizada uma análise da distribuição diamétrica dos parâmetros riqueza (S), área basal e densidade
com a finalidade de observar o comportamento temporal tanto da estrutura quanto da composição da
comunidade, empregando-se intervalos de classe com amplitudes crescentes (5-10, >10-20, >20-40, >40-80 e
>80 cm) (OLIVEIRA FILHO et al., 2007). Para avaliar a dinâmica da comunidade foram estimadas as taxas de
mortalidade (M) e recrutamento (R) com base no número de indivíduos, bem como as taxas de ganho (G) e
perda (P) em área basal, expressos em porcentagem ao ano, por meio dos modelos algébricos propostos por
Sheil, Burslem e Alder (1995) e Sheil e May (1996):
1

M = [1 - ((N 0 - Nm )/N0) ] × 100


t
(1)
1

R = [1 - (1 - N_r/N_t ) ] × 100
t
(2)
1

P = {1- [(AB 0 - (ABm + ABd ))/AB 0 ] } × 100 t


(3)
1

G = {1- [1 - (AB r + ABg )/ABt ] } × 100


t
(4)
Em que: t = tempo (em anos) entre os inventários; N0, Nm, Nr e Nt = número de árvores inicial, mortas,
recrutas, e final (em t), respectivamente; AB0, ABm, ABr e ABt = área basal inicial, das árvores mortas, das
árvores recrutas, e final, respectivamente; ABd e ABg = decremento (perdas de fuste e redução diamétrica) e o
incremento em área basal das árvores sobreviventes, respectivamente.
Para expressar a dinâmica global, foram obtidas as taxas de rotatividade (turnover) em número de
árvores (TN) e área basal (TAB), por meio, respectivamente, das médias das taxas de mortalidade e recrutamento
e de perda e ganho.
TN = (M + R)/2 (5)
TAB = (P + G)/2 (6)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o fragmento 1, foram amostrados nos anos de 2005 e 2010, respectivamente, 3478 e 3502
indivíduos, pertencentes a 124 e 127 espécies. No ano de 2010, surgiram na amostra Tapirira obtusa (Benth.)
J.D.Mitch., Schinus terebinthifolius Raddi, Vochysia tucanorum Mart., Escallonia bifida Link. & Otto, Myrcia
hartwegiana (O.Berg) Kiaersk. e Tapura amazonica Poepp. & Endl., e foram excluídas Annona coriacea Mart.
e duas espécies sem identificação, o que indica poucas alterações na composição florística do fragmento. A
densidade aumentou 0,69%, de 2174 para 2189 árvores/ha, mantendo uma distribuição diamétrica exponencial
negativa (Figura 2a). A área basal da comunidade arbórea aumentou de 21,8596 para 23,0639 m²/ha (5,51%).
Já o fragmento 2, o número de indivíduos amostrados nos anos de 2005 e 2010, respectivamente, foram
3542 e 3526, pertencentes a 152 e 158 espécies. Na amostragem de 2010 foram incluídas as espécies
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch., Trischidium molle (Benth.) H.Ireland, Senegalia polyphylla
(DC.) Britton & Rose, Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr., Psidium guajava L., Brosimum guianense
(Aubl.) Huber, Siparuna reginae (Tul.) A.DC., Bauhinia caatingae Harms e duas espécies não identificadas, e

205
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
foi excluída Byrsonima intermedia A.Juss., Psidium sp. e duas espécies sem identificação. A densidade reduziu
0,45%, de 1771 para 1763 árvores/ha, apresentando uma distribuição diamétrica do tipo exponencial negativa
(Figura 2b). A área basal apresentou aumento de 16,1215 para 18,7226 m²/ha (16,13%).

1500 1418
1395
1500

2a 1206,5 2b
1200 1200

Número de indivíduos/ha
1058
Frequência

900 900

635 657,5 613,5 2005


600 600 494
2010

300 300
115,6 130,6
66 87
5 5,6 0 0 4,5 4 0 0,5
0 0
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Classe diamétrica Classe diamétrica

9,87
10 9,34 10
8,96

2c 2d
8 8
7,03
6,77
Área basal (m²/ha)

Área basal (m²/ha)

6,10
6 5,38 5,33 6
4,69
4,46
4,26
2005
4 4 3,43
2010

2 2
1,04 1,1 0,97 0,78
0,27
0 0 0
0 0
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Classe diamétrica Classe diamétrica

80 80

66,9 66,9 67,5 66,5


2e 2f
Número de espécies/ha
Número de espécies/ha

60 56,3
53,8
60
53
47,5

40 40 2005
2010
23,1 22,5
20,0 20
20 20

5 5 3,5 3
0 0 0 0,5
0 0
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Classe diamétrica Classe diamétrica
FIGURA 2: Distribuição diamétrica da densidade (2a: fragmento 1 e 2b: fragmento 2), da área basal (2c:
fragmento 1 e 2d: fragmento 2) e da riqueza (2e: fragmento 1 e 2f: fragmento 2) da comunidade arbórea de dois
fragmentos de cerradão, no estado de Minas Gerais, Brasil, no período de 2005 a 2010, tal que os números das
classes correspondem: 1 (5-10 cm), 2 (>10-20 cm), 3 (>20-40 cm), 4 (>40-80 cm) e 5 (>80 cm).

206
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FIGURE 2: Diametric distribution of density (2a: fragment 1 and 2b: fragment 2), basal area (2c: fragment 1 e
2d: fragment 2) and richness (2e: fragment 1 and 2f: fragment 2), from the tree community in the cerradão,
Minas Gerais, Brazil, in the period from 2005 to 2010, such that the numbers of the classes correspond: 1 (5-10
cm), 2 (> 10-20 cm), 3 (> 20-40 cm), 4 (> 40-80 cm) and 5 (> 80 cm ).

Contrastando os dois fragmentos no período de 5 anos, observou-se que o fragmento 2 apresentou em


sua composição florística a inclusão de uma maior variedade de espécies. Quanto a densidade, o fragmento 1
apresentou maior número de indivíduos por unidade de área em relação ao fragmento 2. No que se refere a área
basal, o maior aumento percentual corresponde ao fragmento 2, no entanto, o fragmento 1 apresentou valores
superiores, o que pode ser justificado pela maior densidade em termos de número de indivíduos por hectare.
Franczak (2009), avaliando a estrutura da comunidade lenhosa de um cerradão, em Nova Xavantina-MT, em um
período de seis anos, também verificou aumentos na densidade, de 1884 para 2134 indivíduos/ha (13,3%), e na
área basal, de 21,4 para 25,95 m²/ha (21,3%).
As distribuições diamétricas dos parâmetros densidade (a, b) área basal (c, d) e riqueza (e, f) para os
dois fragmentos no período de 2005 a 2010 estão apresentadas na Figura 2. No geral, observou-se para ambos
fragmentos no período estudado, acréscimo do número de árvores, da área basal e do número de espécies nas
maiores classes diamétricas. Esse comportamento pode ser justificado pelo crescimento e com isso a mudança
das árvores para sucessivas classes de diâmetro, ou ainda pela mortalidade de indivíduos. De acordo com Naves,
Gandolfi e Rother (2015), a competição por recursos e a mortalidade é maior nas classes de menor diâmetro.
Os valores de densidade, frequência e dominância aumentaram, respectivamente, em 82,6%, 21,5% e
39,7 % das espécies no fragmento 1. As espécies que apresentaram os maiores índices de valor de importância
em ambos inventários foram, respectivamente, Deguelia costata (Benth.) Az.-Tozzi, Buchenavia tomentosa
Eichler, Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze e Coccoloba warmingii Meisn. Para o fragmento 2, os valores de
densidade, frequência e dominância aumentaram, respectivamente, em 23,6%, 87,8% e 40,5 % das espécies. Os
maiores índices de valor de importância foram para ambos inventários, respectivamente, das espécies Mabea
fistulifera Mart., Anadenanthera peregrina (L.) Speg. e Machaerium acutifolium Vogel. Todas as espécies
mencionadas apresentaram aumento no IVI de 2005 para 2010.
Os valores das taxas de dinâmica da comunidade arbórea estão apresentados na Tabela 2. No fragmento
1, observou-se que a taxa de recrutamento (2,58%.ano-1) foi levemente superior a de mortalidade (2,45%.ano-1),
o contrário foi observado para o fragmento 2. O ganho em área basal foi superior a perda para ambos
fragmentos. Para a taxa de rotatividade, considerando que menores valores indicam comunidade mais dinâmica,
verificou-se que o fragmento 1 foi mais dinâmico em termos de área basal em relação ao 2, e o contrário quando
se refere ao número de indivíduos. De acordo com Felfili et al. (2000), comunidades arbóreas maduras
apresentam um equilíbrio dinâmico entre taxas de mortalidade e recrutamento, em que maior o percentual de
recrutas indica respostas, com certo atraso, a um distúrbio causador de elevada mortalidade, mas ainda assim,
havendo manutenção de uma estrutura relativamente estável.

TABELA 2: Dinâmica da comunidade arbórea de dois fragmentos de cerradão, no estado de Minas Gerais,
Brasil, no período de 2005 a 2010.
TABLE 2: Dynamics of the tree community of two fragments of cerradão, Minas Gerais, Brazil, in the period
from 2005 to 2010.
Taxas Fragmento 1 Fragmento 2
Mortalidade (%.ano-1) 2,45 2,01
-1
Recrutamento (%.ano ) 2,58 1,92
Ganho AB (%.ano-1) 3,55 4,98
Perda AB (%.ano-1) 2,51 2,10
Rotatividade - Turnover N (%.ano-1) 2,51 1,96
-1
Rotatividade - Turnover AB (%.ano ) 3,03 3,54

CONCLUSÕES

Os fragmentos de cerradão estudados apresentaram um equilíbrio dinâmico, principalmente pelo


comportamento de taxas da mortalidade e recrutamento, caracterizando-se como comunidades arbóreas
maduras. A composição florística, a diversidade e os parâmetros fitossociológicos apresentaram pouca variação,
e as espécies com maior IVI não se modificaram entre 2005 e 2010, o que pode indicar ausência ou pouca
perturbação antrópica nesse período.

207
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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208
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
DINÂMICA DA COMUNIDADE ÁRBOREA DE DOIS FRAGMENTOS DE FLORESTA
OMBROFILA DENSA NO SUL DE MINAS GERAIS

THE DYNAMICS OF A TREE COMMUNITY OF TWO FOREST FRAGMENTS OF OMBROFILA DENSA


IN THE SOUTH OF MINAS GERAIS

Henrique Faria de Oliveira1 Lorena Oliveira Barbosa Ximena Mendes de Oliveira


Anny Francielly Ataide Gonçalves Luciane Naimeke Schmidt José Roberto Soares Scolforo

RESUMO

A Floresta Ombrófila Densa é uma fisionomia vegetal pertencente ao bioma Mata Atlântica. Atualmente, o
Brasil possui apenas 8,5 % da cobertura original deste bioma em remanescentes florestais acima de 100 ha e
12,4 % da cobertura vegetal em fragmentos acima de 3 ha. Esse cenário é resposta de um desmatamento
historicamente complexo. Portanto, estudar o comportamento dinâmico dos fragmentos remanescentes
colaboram com o monitoramento da conservação destes microambientes. O objetivo deste estudo oi avaliar e
quantificar as taxas de dinâmica e as mudanças temporais da comunidade arbórea de dois fragmentos de
Floresta Ombrófila Densa em Minas Gerais, localizados nos municípios de Camanducaia e Lima Duarte no
estado de Minas Gerais, em um período de cinco anos. No estudo da estrutura horizontal, foram analisados os
parâmetros absolutos e relativos de densidade, frequência e dominância para cada espécie e o índice de valor de
importância (IVI). Os fragmentos apresentaram dinâmica diferente, tendo o fragmento 1 apresentado taxa de
mortalidade e de perda de área basal inferiores às taxas de recrutamento e de perda de área basal, enquanto o
fragmento 2 apresentou resultado contrário. A diversidade e os parâmetros fitossociológicos variaram pouco, em
ambos fragmentos e, as espécies com maior IVI não se modificaram entre 2005 e 2010.
Palavras-chave: dynamic rate; importance value; growth; Atlantic forest.

ABSTRACT

The Dense Ombrophilous Forest is a plant physiognomy belonging to the Atlantic Forest biome. Currently,
Brazil has only 8.5% of the original vegetation cover of this biome in forest fragments above 100 ha and 12.4%
of the vegetation cover in fragments above 3 ha. This scenario is a response to historically complex
deforestation. Therefore, to study the dynamic behavior of the remaining fragments collaborate with the
monitoring of the conservation of these microenvironments. The objective of this study was to verify the
dynamics of two fragments of Dense Ombrophylous Forest localized in the south of Minas Gerais, measured in
the years 2005 and 2010. In the horizontal structure study, the absolute and relative parameters of density,
frequency and dominance were analyzed for each species and the importance value index (IVI). The fragments
presented different dynamics, with fragment 1 presenting mortality and loss of basal area rates lower than the
recruitment and loss of basal area rates, while fragment 2 presented opposite results. The diversity and
phytosociological parameters varied little in both fragments, and the species with higher IVI did not change
between 2005 and 2010.
Keywords: dynamic rate; importance value; growth; Atlantic forest.

INTRODUÇÃO
Da área referente ao domínio da Mata Atlântica no Brasil na época do descobrimento do país, cerca de
1.315.460.000 ha, atualmente restam 8,5 % da cobertura original em remanescentes florestais acima de 100 ha e
12,4 % da cobertura vegetal em fragmentos acima de 3 ha. Dentre os 17 estados brasileiros que abrangem este
ecossistema, Minas Gerais apresentou uma área de 2.828.890 ha referente ao ano de 2017, possuindo as
seguintes fisionomias: Floresta Ombrófila Densa, Ombrófila Aberta, Ombrófila Mista, Estacional Decidual e
Estacional Semidecidual (SCOLFORO et al., 2008; FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 2018).
Devido à alta diversidade de fauna e flora e à ameaça de extinção de espécies, ocasionado pelo ritmo
acelerado de mudanças, a Mata Atlântica é considerada como um hotspot de conservação, ou seja, um local
prioritário de conservação. O processo de desmatamento deste ecossistema é historicamente complexo,
impulsionado por um sistema desigual de posses de terra e por relações comerciais, como o uso da terra para
pastagens e culturas agrícolas (GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005; TABARELLI et al., 2010).

Engenheiro Florestal, Mestrando, Universidade Federal de Lavras, Aquenta Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-
1

mail: henriqueengflorestal@yahoo.com.br

209
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Estudos sobre a dinâmica de mudanças em fragmentos florestais colabora com o monitoramento da
conservação dos fragmentos ao longo dos anos e vem sendo desenvolvidos em fragmentos de Floresta
Ombrófila Mista (SCHIKOWSKI et al, 2015; SALAMI et al., 2017) e Floresta Ombrófila Densa (SANTOS,
2013). Com essa dinâmica observa-se variações nas taxas de crescimento, mortalidade e recrutamento que
exercem forte influência na estrutura e composição das florestas tropicais. Embora alguns estudos sobre a
dinâmica de comunidades arbóreas não mostrem uma clara relação de dependência entre tamanho e taxa de
mortalidade KARYATI et al., 2017; NUNES et al., 2016).
Considerando a importância dos estudos do comportamento de fragmentos florestais ao longo dos anos,
o objetivo deste trabalho foi avaliar e quantificar as taxas de dinâmica e as mudanças temporais da comunidade
arbórea de dois fragmentos de Floresta Ombrófila Densa em Minas Gerais, localizados nos municípios de
Camanducaia e Lima Duarte no estado de Minas Gerais, em um período de cinco anos.

MATERIAL E MÉTODOS

Dados
Os dados utilizados nesse estudo foram provenientes de dois fragmentos de Floresta Ombrófila Densa
do município de Camanducaia (Fragmento 1) e Lima Duarte (Fragmento 2) localizados no sul do estado de
Minas Gerais. O Fragmento 1 está circunscrito na longitude: -43,885 e latitude: -21,710 com área total de
181,83 ha e o Fragmento 2 na longitude -43,884 e latitude: -21,709 com 102,69 ha.

FIGURA 1: Localização dos fragmentos de Camanducaia e Lima Duarte, Minas Gerais, Brasil.
FIGURE 1: Study fragments located in the Camanducaia e Lima Duarte, Minas Gerais, Brazil.

No ano de 2005 foi realizado um inventário e alocadas 20 parcelas no Fragmento 1 e 23 no Fragmento 2


de 1000 m² (10 x 100 m), distribuídas de forma sistemática. De cada parcela, foram marcados com plaqueta e
mensurados todas as árvores que apresentaram diâmetro a altura do peito à 1,30 m do solo (DAP ≥ 5 cm). Na
amostragem subsequente, no ano de 2010, foram registrados os indivíduos mortos, remedidos os sobreviventes,
e marcados e medidos os recrutas, ou seja, aqueles que atingiram o critério de inclusão mínimo pré-
determinado. Para a identificação das espécies foram realizadas coletas de material botânico e produzidas
exsicatas no herbário da Universidade Federal de Lavras.
Também foram avaliadas alterações na estrutura horizontal dos fragmentos, baseado nos parâmetros
absolutos e relativos de densidade, frequência e dominância para cada espécie. A densidade (D) expressa o
número de indivíduos de uma espécie por unidade de área. A frequência (F) considera o número de parcelas em
que uma determinada espécie ocorre, indicando a dispersão média de cada espécie (expressa em %). A
dominância (Do) é definida como a projeção da área basal na superfície do solo, fornecendo uma medida eficaz
da biomassa calculada. Posteriormente, foi analisada a importância ecológica de uma espécie em um local por

210
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
meio do índice de valor de importância (IVI ou VI), que corresponde ao somatório dos parâmetros
fitossociológicos densidade, frequência e dominância em termos relativos.
O comportamento da estrutura temporal e da composição dos fragmentos foi observado pela análise da
distribuição diamétrica do parâmetro densidade, sendo fixadas classes com amplitude de 5 cm a partir do
critério de inclusão (SCOLFORO et al., 2008). Para avaliar a dinâmica da comunidade foram estimadas as taxas
de mortalidade (M) e recrutamento (R) com base no número de indivíduos, bem como as taxas de ganho (G) e
perda (P) em área basal, expressos em porcentagem ao ano, por meio dos modelos algébricos propostos por
Sheil et al. (1995) e Sheil e May (1996).

TABELA 1: Parâmetros absolutos e relativos da estrutura horizontal de comunidades arbóreas.


TABLE 1: Absolute and relative parameters of the horizontal structure of tree communities.
Parâmetros Absoluto Relativo
Densidade 𝐷𝐴 = 𝑛𝑖 /𝐴 𝐷𝑅 = (𝑛𝑖 /𝑁)𝑥100
Frequência 𝐹𝐴 = (𝑃𝑖 /𝑃)𝑥100 𝐹𝑅 = (𝐹𝐴𝑖 / ∑ 𝐹𝐴)𝑥100
Dominância 𝐷𝑜𝐴 = 𝑔𝑖 /𝐴 𝐷𝑜𝐴 = (𝑔𝑖 /𝐺)𝑥100
Em que: ni é o número de indivíduos da espécie i; A é área; N é o número total de indivíduos; P i é o número de parcelas
com ocorrência da espécie i; P é o número total de parcelas; FAi é a frequência absoluta da espécie i; ∑ FA é o somatório
das frequências absolutas de todas as espécies; gi é a área basal da espécie i; G é a área basal total de todas as espécies
amostradas.

M = [1 - ((N 0 - Nm )/N0) ] × 100


t
Eq.1
1

R = [1 - (1 - N_r/N_t ) ] × 100
t
Eq.2
1

P = {1- [(AB 0 - (gm + gd ))/g0 ] t } × 100 Eq.3


1

G = {1- [1 - (gr + gg )/gt ] } × 100


t
Eq. 4

Em que: t é o tempo (em anos) entre os inventários; N0, Nm, Nr e Nt é o número de árvores inicial, mortas, recrutas, e final
(em t), respectivamente; g0, gm, gr e gt é a área basal inicial, das árvores mortas, das árvores recrutas, e final,
respectivamente; gd e gg é o decremento (perdas de fuste e redução diamétrica) e o incremento em área basal das árvores
sobreviventes, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Fragmento 1 (Camanducaia) foram amostradas 2725 árvores em 2005 e 3345 no ano de 2010, com
384 e 436 espécies respectivamente, não sendo observado inclusão de novas espécies no período de cinco anos.
O Fragmento 2 (Lima Duarte) teve maior amostragem com 4719 árvores e 570 espécies no ano de 2005 e 4647
árvores e 587 espécies em 2010, ocorrendo uma redução do número de árvores, mas surgimento de 17 espécies,
dentre elas Baccharis dracunculifolia DC. e Daphnopsis utilis Warm. com três indivíduos e Cupania paniculata
Cambess com dois indivíduos.
A área basal aumentou no Fragmento 1 de 31,9 para 33,9 m²ha-1 (5,8%), entretanto no Fragmento 2
observou-se uma redução pequena de 0,67%, registrando 37,8 para 37,6 m²ha-1. O aumento e a redução podem
ser justificados pela variação no número de árvores amostradas, pela porcentagem de mortalidade e
recrutamento.
Na Figura 1a e 1b é possível observar que a densidade do número de árvores total amostradas
apresentou distribuição diamétrica em exponencial negativa (J –invertido) para os dois anos de estudo tanto no
Fragmento 1 quanto no Fragmento 2, o comportamento típico florestas multiespecíficas e multiâneas. O
aumento foi de 18,5% no Fragmento 1 em todas as classes de diâmetro, mas principalmente na primeira classe,
onde foi registrado a maior diferença, com um aumento de 695,5 n/ha para 975,5 n/ha. Esse fato indica o
acréscimo da taxa de ingresso das árvores no critério de amostragem, ou seja, em 2010 mais 560 árvores foram
incluídas na amostragem pois apresentaram DAP≥5. No Fragmento 2 o aumento ocorre apenas na segunda e
terceira classe.

211
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Distribuição diamétrica da densidade do Fragmento 1 (Camanducaia) Fragmento 2 (Lima Duarte).


FIGURE 2: Density distribution of Fragment 1 (Camanducaia) Fragmento 2 (Lima Duarte).

A distribuição diamétrica exponencial negativa com grande quantidade de indivíduos nas classes
inferiores, de acordo com Schaaf et al. (2006) nem sempre vai indicar a permanência de uma espécie na
estrutura futura da floresta, todavia, se uma espécie tem poucos indivíduos nas classes inferiores, mas pequena
probabilidade de morrer devido à competição, é bem provável que tal espécie se mantenha na floresta. No
entanto, uma espécie na qual grande parte dos indivíduos esteja sujeita a morrer devido à competição, necessita
de uma grande frequência nas classes diamétricas inferiores para ter chances de sobreviver na comunidade.
No fragmento 1, os valores de densidade, dominância e frequência foram os mesmos para os dois
períodos de estudo e as espécies que apresentaram os maiores índices de valor de importância, em ambos
inventários, foram: Psychotria vellosiana Benth, Senna sp., Alchornea acutifolia Muell. Arg. e Guapira
graciliflora (Schmidt) Lundell.. Para o Fragmento 2, os valores de densidade e dominância diminuíram,
respectivamente, em 1,5% e 12,8% e a frequência apresentou um aumento de 3,4%. No fragmento 2, as
espécies que apresentaram os maiores índices de valor de importância, em ambos inventários, foram:
Piptocarpha axillaris (Less.) Baker, Psychotria vellosiana Benth., Croton organensis Baill. e Croton piptocalyx
Müll. Arg.

FIGURA 3: Média do incremento periódico anual em diâmetro (IPAd) de Bowdichia virgillioides, espécie com
alto valor de importância no Fragmento 1 e Fragmento 2.
FIGURE 3: Mean annual increment in diameter (IPAd) of Bowdichia virgillioides, specie with high importance
value in Fragment 1 and Fragment 2.

A espécie comum nos dois fragmentos no valor de importância foi Psychotria vellosiana e apresentou
tendência de IPAd diferente nas duas comunidades. No Fragmento 1, apresentou tendência de redução, exceto

212
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
na 4ª classe) e no Fragmento 2 manteve o IPAd entre 0,21 e 0,25 cm.ano, com redução na 2ª e 4ª classe. Silva
Neto et al. (2017) encontrou o mesmo padrão de crescimento na espécie de Bowdichia virgillioides Kunth,
sendo essa uma das espécies com maior taxa de incremento, mas avaliação do crescimento por classe diamétrica
deve ser realizado com cautela em florestas nativas devido os critérios de amostragem.
As taxas de dinâmica da comunidade arbórea estão apresentadas na Tabela 2. No Fragmento 1 os
valores sugerem que houve aumento líquido na densidade e na área basal, como resultado da taxa de
mortalidade inferior à de recrutamento e taxas de ganho superiores às de perda de área basal. O número de
árvores mortas (261 árvores) foi inferior ao número de árvores recrutadas (881 árvores) no período de cinco
anos. Para a área basal observou-se um aumento no ano de 2010 com relação ao ano de 2005 de 3,94 m².

TABELA 2: Dinâmica da comunidade arbórea de dois fragmentos de Floresta Ombrófila Densa no sul de Minas
Gerais, Brasil, no período de 2005 a 2010.
TABLE 2: Tree system dynamics of two fragments of Ombrophylous Dense Forest in southern Minas Gerais,
Brazil, in 2005 to 2010 period.
Densidade Fragmento 1 Fragmento 2 Área basal Fragmento1 Fragmento2
Número de 1362.50 4719 Área basal em 2005 63.927 87.119
árvores.ha-1 2005: (m²):
Número de 1672.50 4647 Área basal em 2010 67.872 86.530
árvores.ha-1 2010: (m²):
Número de árvores 261.0 318 Área basal das 4.780 5.571
mortas: árvores mortas (m²):
Número de árvores 881.0 246 Área basal das 2.669 0.646
recrutadas: recrutadas (m²):
Incremento em área 6.868 6.493
basal das
sobreviventes
Taxa de mortalidade 2% 1.4% Taxa de perda 2% 1.8%
(%.ano-1): (%.ano-1):
Taxa de 6% 1.1% Taxa de ganho 3% 1.7%
recrutamento (%.ano-1):
(%.ano-1):
Rotatividade (%): 3.96% 1.23% Rotatividade (anos): 2% 1.77%

No Fragmento 2 observa-se que a taxa de mortalidade é maior que a taxa de recrutamento, comportamento
contrário do revelado no Fragmento 1. Todavia, houve redução líquida na área basal e aumento líquido na
densidade. Variações das taxas de dinâmica entre diferentes áreas refletem diferenças nos estágios sucessionais,
variações ambientais e diferenças no histórico de perturbação (FIGUEIREDO-FILHO et al, 2010 SALAMI, B.
et al., 2017).

CONCLUSÕES

Os fragmentos de Floresta Ombrófila Densa apresentaram dinâmica diferente principalmente pelo


comportamento de taxas da mortalidade e recrutamento. A diversidade e os parâmetros fitossociológicos
apresentaram pouca variação, e as espécies com maior IVI não se modificaram entre 2005 e 2010, o que pode
indicar ausência ou pouca perturbação antrópica nesse período em cada fragmento.

AGRADECIMENTOS

Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (LEMAF) da UFLA.

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213
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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214
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
DINÂMICA DA PRODUÇÃO MADEIREIRA EM ÁREA DE CONCESSÃO FLORESTAL NA
AMAZÔNIA OCIDENTAL

DYNAMICS OF WOOD PRODUCTION IN FOREST CONCESSION AREA IN THE WESTERN AMAZON

Scheila Cristina Biazatti1 Rômulo Mora Marta Silvana Volpato Sccoti João Fideles de Brito Júnior
Lindomar Alves de Souza

RESUMO

A capacidade de produção das florestas nativas varia conforme inúmeros aspectos do ambiente e do
planejamento florestal, de forma que, aliando esses dois parâmetros ao cumprimento das exigências legais pode-
se subsidiar a sustentabilidade da exploração florestal de impacto reduzido. Nesse sentido, objetivou-se com o
presente trabalho avaliar o potencial de produção e estrutura diamétrica antes e após a exploração em área de
concessão na Flona do Jamari, RO, como forma de visualizar a dinâmica da produção madeireira, considerando
os aspectos de disponibilidade de recursos da floresta e a prática do planejamento da exploração de impacto
reduzido. A área de estudo compreendeu as Unidades de Produção Anual (UPAs) 04, 05 e 06 da Unidade de
Manejo Florestal (UMF) III da Flona do Jamari. Utilizando como base de dados o inventário florestal 100%,
com amostragem de todas as árvores com DAP≥40 cm e os resultados da exploração madeireira das árvores
colhidas (DAP≥50 cm), foram descritos o potencial e dinâmica de produção antes e após a exploração.
Observou-se diferenças produtivas para as UPAs avaliadas, com a UPA 05, mesmo apresentando menor número
de espécies inventariadas os maiores valores de volume inventariado e explorado, bem com a maior taxa de
corte. Para as espécies mais exploradas em cada UPA, destacam-se Faveira-ferro (Dinizia excelsa), Embireira
(Couratari stellata), Muiracatiara (Astronium lecointei) e Angelim-pedra (Hymenolobium heterocarpum), mas,
evidencia-se que não houve a presença de espécies classificadas como de maior valor madeireiro entre estas, o
que pode indicar baixa riqueza de tais espécies nas áreas. A distribuição diamétrica das UPAs demonstra,
manutenção média de 44% dos indivíduos da floresta e uma tendência de que há maior exploração das árvores
com DAP entre 60 e 100 cm, destacando ainda que, para as árvores de grandes dimensões, verificou-se as
maiores taxas de indivíduos remanescentes. Dessa forma, a partir dos resultados obtidos, evidencia-se que, os
aspectos produtivos naturais e dinâmica de produção da floresta manejada devem ser considerados para que
tenha a possibilidade de explorações atual e futuras, a fim de permitir o uso sustentável e conservação dos
recursos naturais.
Palavras-chave: inventário florestal; manejo de florestas nativas; planejamento da exploração florestal.

ABSTRACT

The production capacity of the native forests varies according to many aspects of the environment and forestry
planning, so that, combining these two parameters to comply with legal requirements can subsidize the
sustainability of low impact forest exploitation. In this sense, the objective of this work was to evaluate the
production potential and the diametric structure before and after the exploration in the concession area at Jamari
Flona, RO, as a way to visualize the timber production dynamics, considering the availability aspects of forest
resources and the practice of reduced impact exploration planning. The study area comprised the Annual
Production Units (UPAs) 04, 05 and 06 of the Forest Management Unit (UMF) III of the Jamari Flona. Using as
a database 100% forest inventory, with sampling of all trees with DBH≥40 cm and the logging results of trees
harvested (DAP≥50 cm), the potential and dynamics of production before and after the exploration. Productive
differences were observed for the UPAs evaluated, with UPA 05, even though the number of inventoried
species had the lowest inventoried and exploited volume, as well as the highest cut rate. The most exploited
species in each UPA are Faveira-ferro (Dinizia excelsa), Embireira (Couratari stellata), Muiracatiara
(Astronium lecointei) and Angelim-pedra (Hymenolobium heterocarpum), but it is evident that there was no
presence of species classified as having the highest wood value among them, which may indicate low richness
of such species in the areas. The diameter distribution of UPAs shows a mean maintenance of 44% of the
individuals in the forest and a trend of greater exploitation of the trees with DBH between 60 and 100 cm, also
emphasizing that, for large trees, the higher rates of remaining individuals. Thus, from the results obtained, it is

1
Engenheira Florestal, Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, Universidade Federal
de Mato Grosso, Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança, CEP 78060-900, Cuiabá (MT), Brasil,
scheilacristinabiazatti@gmail.com

215
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
evident that, the natural productive aspects and production dynamics of the managed forest should be
considered so that it has the possibility of current and future explorations, in order to allow the sustainable use
and conservation of the resources natural.
Keywords: forest inventory; management of native forests; forest exploitation planning.

INTRODUÇÃO

O manejo florestal de impacto reduzido, baseado na exploração com rendimento sustentável e na


capacidade produtiva da floresta, tem sido amplamente indicado como alternativa de promoção de uso e
conservação dos recursos naturais (BRAZ e MATTOS, 2015; SOUZA et al., 2015).
Para que o manejo florestal atenda os critérios da sustentabilidade, a eficácia do planejamento da
exploração aliado a capacidade produtiva da floresta atuam como importantes indicadores para a garantia da
produção madeireira contínua, assim como, dos benefícios econômicos, sociais e ambientais proporcionados
pela exploração florestal de impacto reduzido (SOUZA et al., 2017).
Além dos fatores técnicos, o manejo florestal rege-se também por normativas legais, estabelecendo
critérios para os procedimentos e parâmetros de exploração. Segundo Braz et al. (2012a, 2014), os critérios pré-
estabelecidos pelas normativas, muitas vezes rígidos e inflexíveis, podem não garantir a sustentabilidade da
floresta, enfatizando que, para a definição dos aspectos de produção, por exemplo, taxas e ciclos de corte, que
apresentam-se como base para a execução das atividades de manejo, devem ser consideradas no mínimo, a
disponibilidade de espécies, bem como, a estrutura e volumetria dessas, e não somente, considerar que menores
taxas de exploração sejam a garantia da produção florestal e conservação dos recursos naturais.
Dessa forma, entende-se que a produção florestal está associada a capacidade produtiva da floresta
aliada a eficácia do planejamento florestal, garantindo e dando suporte ao cumprimento dos requisitos legais e a
sustentabilidade do manejo florestal na Amazônia.
Assim, o presente trabalho objetivou avaliar o potencial de produção e estrutura diamétrica antes e após
a exploração em área de concessão na Flona do Jamari, RO, como forma de visualizar a dinâmica da produção
madeireira, considerando os aspectos de disponibilidade de recursos da floresta e a prática do planejamento da
exploração de impacto reduzido.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


A área de estudo compreendeu as Unidades de Produção Anual (UPAs) 04, 05 e 06, pertencentes à
Unidade de Manejo Florestal III (UMF III) na Flona do Jamari, Rondônia, atualmente, sob regime de concessão
florestal.
A região caracteriza-se por apresentar clima com média pluviométrica anual de 2300 mm.ano-1 e
temperatura média anual de 25 ºC, classificado como Am, quente e úmido (ALVARES et al., 2013; CLIMATE-
DATA, 2018). Relevo variando de suavemente ondulado a plano e há predominância de Latossolos e
Argissolos. E, vegetação natural predominante composta por Floresta Ombrófila Aberta (AMATA, 2009).

Metodologia
Realizou-se o inventário florestal 100%, sendo identificados, mensurados (DAP e altura comercial) e
qualificados (fuste e copa) todos os indivíduos com DAP≥40 cm dois anos antes da exploração (2012, 2013 e
2014). A partir dos dados coletados estima-se o volume individual por meio de equação volumétrica
desenvolvida pela empresa concessionária e tem-se então o planejamento da exploração florestal, selecionando
espécies de valor madeireiro com DAP≥50 cm.
De posse dos dados de inventário 100% e pós exploratório, com a denominação de todos os indivíduos
amostrados e abatidos e, suas respectivas informações foram avaliadas, de forma descritiva, o potencial e
dinâmica de produção, através da riqueza de espécies madeireiras, número de indivíduos, volumetria e estrutura
diamétrica das UPAs antes e após a exploração.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As informações coletadas no inventário 100% mostram-se distintas para as UPAs avaliadas (Tabela 1).
Nota-se que mesmo as UPAs apresentando tamanho semelhantes, aproximadamente 1.500 ha de área de efetiva
exploração, houve variação do potencial de produção, tendo a UPA 05, mesmo com menor número de espécies
inventariadas, maior volume explorado.

216
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Dados gerais da floresta antes e após a exploração das Unidades de Produção Anual 04, 05 e 06 da
Unidade de Manejo Florestal III, Flona do Jamari, RO.
TABLE 1: General forest data before and after the exploitation of Annual Production Units 04, 05 and 06 of the
Forest Management Unit III, Jamari Flona, RO.
Espécies Espécies Ind. Vol. inventariado Vol. explorado Taxa de corte
UPA
inventariadas exploradas explorados (m³) (m³) (m³ha-1)
04 127 28 2284 30.156,67 18.486,80 12,74
05 67 29 3030 35.699,38 23.815,38 14,64
06 75 27 2067 26.082,59 18.434,64 11,64
Em que: Ind. = número de indivíduos; DAP = diâmetro a altura do peito médio; Vol. = volume em m³.

Em relação a taxa de corte (Tabela 1), observa-se para todas as UPAs os valores abaixo do permitido
pelas normas legais de manejo florestal na Amazônia (BRASIL, 2006; 2009), assim como, o proposto pela
empresa concessionária de 21,5 m³ha-1 (AMATA, 2009). Evidenciando que, apesar de todas as UPAs
permitirem, do ponto de vista volumétrico, uma maior exploração madeireira, existem itens de caráter
produtivo, legal e comercial que se apresentam como limitantes.
A teoria de que apenas baixas taxas de corte garantem a sustentabilidade do manejo florestal demonstra-
se como equivocada, destacando que outros pontos como à estrutura diamétrica, a riqueza e disponibilidade das
espécies e o ritmo de crescimento da floresta constituem os critérios mínimos a serem avaliados para determinar
as taxas de exploração anual das florestas naturais (PUTZ et al., 2000; BRAZ et al., 2012a).
A observação das principais espécies exploradas em cada UPA (Tabela 2), demonstra a existência de
um grupo de espécies mais exploradas, formado principalmente por Faveira-ferro (Dinizia excelsa), Embireira
(Couratari stellata), Muiracatiara (Astronium lecointei) e Angelim-pedra (Hymenolobium heterocarpum), que
aparecem em todas as UPAs com grande volumetria explorada, o que pode ser reflexo tanto da disponibilidade
de indivíduos, quanto das preferências de mercado dessas espécies.

TABELA 2: Número de indivíduos e volume colhido das 10 espécies mais exploradas das Unidades de
Produção Anual 04, 05 e 06 da Unidade de Manejo Florestal III, Flona do Jamari, RO.
TABLE 2: Número de indivíduos e volume colhido das 10 espécies mais exploradas das Unidades de Produção
Anual 04, 05 e 06 da Unidade de Manejo Florestal III, Jamari Flona, RO.
UPA 04 UPA 05 UPA 06
Espécies Nome científico
N Vol N Vol N Vol
Angelim- Hymenolobium heterocarpum
112 1.439,58 225,00 2.227,64 210,00 2.156,33
pedra Ducke
Cambará-rosa Qualea paraensis Ducke 116 600,22 142,00 779,37 -- --
Cumaru Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. 127 717,94 178,00 965,25 154,00 859,12
Cupiúba Goupia glabra Aubl. 92 513,74 93,00 605,42 87,00 501,14
Embireira Couratari stellata A. C. Sm. 238 2.740,78 282,00 2.741,95 357,00 4.786,23
Faveira-ferro Dinizia excelsa Ducke 217 2.854,57 348,00 5.675,08 224,00 2.894,42
Apuleia leiocarpa (Vogel)
Garapeira 126 1.037,35 -- -- 143,00 1.284,29
J.F.Macbr.
Guariúba Clarisia racemosa Ruíz & Pav. -- -- 210,00 961,54 160,00 712,64
Muiracatiara Astronium lecointei Ducke 214 1.696,19 559,00 4.501,02 116,00 1.180,96
Pequiarana Caryocar glabrum Pers -- -- 123,00 725,80 -- --
Roxinho Peltogyne paniculata Benth. 360 1.514,61 363,00 1.497,98 137,00 692,24
Tauari-
Cariniana micrantha Ducke 101 1.635,75 -- -- 20,00 420,48
vermelho
Em que: -- = espécie não se apresenta entre as 10 mais exploradas; N = número de indivíduos explorados; Vol =
volume explorado, em m³.

Nota-se ainda que, entre as principais espécies não há a ocorrência das do grupo de maior valor
comercial de mercado definido pelo Serviço Florestal Brasileiro a partir da Resolução de n° 31 de 2016 (SFB,
2016), que destacam espécies, principalmente os gêneros Handroanthus sp. e Cedrela sp. como do grupo de

217
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
maior valor de mercado, o que pode ser indicativo de baixa riqueza de espécies com alto valor comercial nas
florestas nativas da região Amazônica.
Ressalta-se que, a qualidade produtiva das florestas ainda tem sido afetada pelas ações de desmatamento
ilegal, resultados de ações antrópicas na busca por espécies de elevado valor comercial e a abertura de novas
áreas para agropecuária. Segundo Martini et al. (2012), mesmo com a criação de áreas protegidas como as
Unidades de Conservação o desflorestamento não cessou, demonstrando a necessidade de adotar medidas de
fiscalização que sejam eficientes e dinâmicas no controle das ações ilegais.
A distribuição diamétrica antes e após a exploração (Figura 1), apresenta-se como importante
ferramenta para avaliar a exploração florestal de impacto reduzido, refletindo, nesse caso, que há manutenção
em média de 44% dos indivíduos da floresta, com situações em que esse valor chega a ser maior que 60%, como
na classe I da UPA 05 e na Classe XI das UPAs 04, 05 e 06.
De maneira geral, há uma tendência entre as UPAs de que as árvores com DAP entre 60 e 100 cm
destacam-se como as mais colhidas, apresentando em média cada classe 3.108,49 m³ de madeira em 460
indivíduos explorados, mas nota-se maior potencial e produção a UPA 05.

FIGURA 1: Distribuição diamétrica antes e após a exploração das Unidades de Produção Anual 04, 05 e 06 da
Unidade de Manejo Florestal III, Flona do Jamari, RO.
FIGURE 1: Diametric distribution before and after the exploitation of the Annual Production Units 04, 05 and
06 of the Forest Management Unit III, Jamari Flona, RO.

Em que: I = DAP 50,0 – 59,9 cm; II = DAP 60,0 – 69,9 cm; III = DAP 70,0 – 79,9 cm; IV = DAP 80,0 – 89,9 cm; V =
DAP 90,0 – 99,9 cm; VI = DAP 100,0 – 109,9 cm; VII = DAP 110,0 – 119,9 cm; VIII = DAP 120,0 – 129,9 cm; IX = DAP
130,0 – 139,9 cm; X = DAP 140,0 – 149,9 cm; XI = DAP≥150,0 cm;

Em relação, a manutenção de árvores de grandes dimensões (Classes VI a XI), onde observa-se em


média 60% de indivíduos remanescentes, sugere-se a ocorrência de duas situações, uma de que mantendo tais
indivíduos garantiriam a exploração dessas árvores em um segundo ciclo de exploração. Outra situação, pode
estar relacionada a qualidade das árvores, visto que, observou-se grande ocorrência de árvores ocas com
DAP≥100 cm, principalmente para a espécie Faveira-ferro (Dinizia excelsa) que demonstrou mais de 100
indivíduos por UPA com esse impedimento de corte.
Braz et al. (2012b), destaca que a manutenção de árvores com DAP≥85 cm pode ser estratégica
ecológica, devido à baixa contribuição em incremento que ocorre por parte dessas árvores. Enfatizando que o
manejo deve preocupar-se com a estrutura remanescente da floresta, como forma de garantia da sustentabilidade
e a promoção de novos ciclos de produção.
Entretanto, Braz e Mattos (2015) apontam que a exploração de árvores mais grossas e por consequência
mais velhas, podem não representar necessariamente a exploração das melhores, uma vez que, muitas destas
apresentam sinais de senescência e problemas de qualidade, como a presença de ocos.
De forma geral, entende-se que as espécies madeireiras de valor comercial atuais representam uma parte
muito pequena do total de espécies presentes na floresta, sendo influenciado, principalmente pelo
desenvolvimento de estudos sobre os aspectos ecológicos, produtivos, destinação e usos, dentre outros, que são
utilizados como dados básicos na construção de planos de manejo florestal (BRAZ e MATTOS, 2015).

218
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Assim sendo, os aspectos produtivos e a dinâmica de produção da floresta, como a composição de
espécies, densidade de indivíduos, volumetria disponível e a avaliação de sua estrutura, antes e após a
exploração, subsidiam a garantia das explorações atual e futuras, bem como, atuam como base para permitir um
planejamento eficaz e a sustentabilidade do manejo florestal.

CONCLUSÕES

O potencial produtivo das áreas de manejo sob concessão florestal na Amazônia apresenta limitações de
qualidade das espécies e ocorrência de espécies de alto valor madeireiro, sugerindo a busca de alternativas,
como a utilização de práticas silviculturais, a fim de, melhorar os aspectos de produção nessas áreas.
As taxas de corte, bem como, a manutenção da distribuição diamétrica após a exploração representam o
baixo impacto causado na vegetação remanescente, bem como podem retratar também as condições produtivas
das áreas manejadas.
Avaliar de forma minuciosa as áreas passíveis de exploração florestal pode responder sobre sua
potencialidade comercial, sendo fator decisivo para garantir a viabilidade econômica de planos de manejo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/ CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE.
Resolução 406, de 02/02/2009. Estabelece parâmetros técnicos a serem adotados na elaboração, apresentação,
avaliação técnica e execução de Plano de Manejo Florestal Sustentável-PMFS com fins madeireiros, para
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219
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
DINÂMICA DE CRESCIMENTO DE Eucalyptus spp. EM PLANTIO COMERCIAL NO ESTADO DO
TOCANTINS

GROWTH DYNAMICS OF Eucalyptus spp. IN COMMERCIAL PLANTS IN THE STATE OF TOCANTINS

Thiêssa Tamilla de Carvalho Santana1 Bruno Aurélio Campos Aguiar Yandro Santa Brigida Ataíde
Jade Ferreira Figueiredo André Ferreira dos Santos Maria Cristina Bueno Coelho

RESUMO

A análise da dinâmica de crescimento em plantios de Eucalyptus spp., foi realizada na empresa Projecto Ltda.
No município de Aliança, estado do Tocantins no período de 2011 a 2016. Foram avaliados clone de VM58
(E.urophylla x E.Camaldulensis), GG100 (E.urophylla x E.grandis) e seminal de GG100 (E.urophylla x
E.grandis). A partir de um inventário sistemático contínuo, foram distribuídos em 42 parcelas de 27,5 x 28 m
(770 m²) cada, em 109 ha. O plantio apresentou baixa variabilidade (CV < 20%) aos 89 meses de idade.
Também apresentou distribuição normal de frequência para variável HT e DAP para os percentuais de
distribuição normal (>68%) para os três tipos de clones. O clone que apresentou melhor desenvolvimento e
maior frequência nas maiores classes foi o semente GG100. A maior taxa de mortalidade foi registada aos 89
meses com 8,47%.
Palavras-chave: Altura; Diâmetro; Estrutura; Incremento.

ABSTRACT

The analysis of growth dynamics in Eucalyptus spp. Plantations was carried out at Projecto Ltda. In the
municipality of Aliança, state of Tocantins, from 2011 to 2016, the clones of VM58 (E.urophylla x
E.Camaldulensis), GG100 (E.urophylla x E.grandis) and seminal GG100 (E.urophylla x E .grandis). From a
continuous systematic inventory, they were distributed in 42 plots of 27.5 x 28 m (770 m²) each, in 109
ha. Planting presented low variability (CV <20%) at 89 months of age. It also presented normal frequency
distribution for HT and DAP variables for the normal distribution percentages (> 68%) for the three types of
clones. The clone that presented better development and higher frequency in the larger classes was the GG100
seed. The highest mortality rate was recorded at 89 months with 8.47%.
Keywords: Height; Diameter; Structure; Increase.

INTRODUÇÃO

O gênero Eucalyptus apresenta inúmeras qualidades, tais como, espécie de rápido crescimento, grande
incremento de matéria seca, facilidade de manejo, diversidade de espécies, atende diversos ramos industriais,
além da alta taxa de produção de sementes e grande aptidão na propagação vegetativa (FERNANDES et al.,
2012).
As informações geradas pelo inventário florestal contínuo alimentam o planejamento estratégico e
influenciam diretamente as tomadas de decisão na gestão dos ativos florestais nas empresas do setor florestal
brasileiro (GUEDES et al., 2012).
Um fator importante para a dinâmica do crescimento em uma floresta é a estrutura, que se divide em
vertical e horizontal. Analisá-la é uma maneira de detectar o estágio em que a floresta se encontra, bem como as
alterações que ela sofre, pois à medida que a floresta se desenvolve sua estrutura é modificada.
O presente trabalho objetiva analisar a estrutura horizontal e vertical comparando dinâmica do
crescimento em plantios entre os diferentes tipos de clones de VM58 (E.urophylla x E.Camaldulensis), GG100
(E.urophylla x E.grandis) e seminal de GG100 (E.urophylla x E.grandis) em 2011 e 2016.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi desenvolvido em uma fazenda particular pertencente à empresa Projecto Ltda.
localizada no município de Aliança na região Sul do estado do Tocantins. O plantio comercial de Eucalyptus
spp. está situada a 280 m de altitude e sob as coordenadas geográficas 11°21’43,00” Sul, e longitude

1 Engenheira Florestal; Mestranda Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade Federal do
Tocantins (UFT); Rua Badejos, L7, Chácaras 69/72, Zona Rural;CEP 77402-970; Gurupi (TO); Brasil; E-mail:
tamillathiessa@gmail.com.

220
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
49°03’37,00” oeste. Os dados são provenientes de uma área corresponde a 109 hectares plantados em Abril de
2009 no espaçamento 2,5 x 4,0 m.
O clima da região segundo Köppen é do tipo AW, definido como tropical úmido com estação chuvosa
no verão e seca no inverno. A temperatura média ao longo do ano varia de 22ºC a 28ºC e precipitação média
anual varia entre de 1500 mm a 1600 mm (TOCANTINS, 2009). O solo predominante na área de estudo é
classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo (SEPLAN, 2012), com textura média.
A base de dados foi obtida a partir do inventário florestal contínuo, com parcelas permanentes, a forma
das unidades amostrais utilizadas foi retangular 27,5 x 28 m (770 m²) cada, distribuídas sistematicamente
estratificadas, situadas em linhas equidistantes 125 m uma das outras e 80 m entre parcelas. Instaladas no ano
de 2011, quando o plantio tinha em média 25 meses de idade. Em cada parcela foram medidos 11 colunas e 7
linhas, totalizando 77 árvores úteis em cada unidade amostral.
As variáveis biométricas avaliadas foram: altura total (HT) das 10 primeiras árvores de cada unidade
amostral utilizando o aparelho Clinômetro Eletrônico Haglof, as demais foram estimadas a partir de modelo
matemático usados para relação hipsométrica e CAP (circunferência a altura do peito a 1,30 m do solo, medida
em centímetros com fita métrica e após convertido em DAP). No total foram mensuradas 69 parcelas, 27
parcelas em 2011 e 42 parcelas em 2016. O aumento do número de parcelas medidas em 2016 foi em virtude de
minimizar o erro amostral.
A partir da obtenção dos diâmetros e das alturas totais, foi feito a distribuição de frequência onde os
dados foram agrupados em intervalos de classes fixos para altura total (2 m) e para o diâmetro (2 cm) em cada
idade de medição do inventário para posterior elaboração dos histogramas, foi utilizado o programa BioEstat 5,0
na elaboração dos mesmos.
A equação hipsométrica foi baseada, na monografia de Ramos (2012), 𝑙𝑜𝑔ℎ = 1,11006 + 0,02256 ∗
𝑑 − 0,00094 ∗ 𝑑 2 + 0,00001 ∗ 𝑑 3 , que apresentou ótimos resultados sobre a relação altura/diâmetro das
variedades VM58, seminal e GG100, nesse povoamento.
A mortalidade foi computada pela contagem absoluta das árvores mortas no período e a correspondente
percentagem do número de árvores registradas no início do período considerado, sendo a taxa de mortalidade
bruta expressa por (SCHNEIDER, 1993):
𝑀
𝑀𝐵 = 𝑛+1
𝐼𝑛
Em que: MB = taxa de mortalidade bruta; Mn+1 = número de indivíduos presentes no inventário do ano
“n” e registrados como mortos no inventário “n + 1”; In = número total de indivíduos registrados no inventário
do ano “n”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em HT identificou valores médios aritméticos de 11,39 m (25 meses) a 18,85 m (89 meses). O ranque
da variável se estendeu de HT máxima de 16,96 m e HT mínima de 1,36 m aos 25 meses de idade. Já aos 89
meses o ranque se estendeu entre HT máxima de 24,83 m e HT mínima de 13,88 m.
A frequência relativa de indivíduos por classe para a variável HT em 2011 aos 25 meses de idade foi de
98,14 % na classe seis para VM58 97,37% na classe oito para GG100, e de 94,93% na classe seis para seminal.
Já em 2016 aos 89 meses apresentaram 89,53% na classe dez para VM58, 66,32% na classe dez para GG100 e
93,33% na classe dez para seminal.

221
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Comparação da frequência absoluta e frequência relativa do plantio comercial para a variável Ht da
espécie Eucalyptus spp. no período de 2011 a 2016 em Aliança-TO.
TABLE 1: Comparison of absolute frequency and relative frequency of commercial planting for the Ht variable
of the species Eucalyptus spp. in the period from 2011 to 2016 in Alliance-TO.
2011 (25meses) 2016 (89meses)
Classe VM58 GG100 Seminal VM58 GG100 Seminal
(m) FA FR% FA FR% FA FR% FA FR% FA FR% FA FR%
0-2 9 0,99%
2-4 2 0,29%
4-6 2 0,29%
6-8 2 0,22% 3 0,66%
8-10 6 0,66% 1 0,15% 20 4,41%
10-12 896 98,14% 2 0,29% 431 94,93%
12-14 8 1,17% 1 0,12%
14-16 666 97,37% 1 0,12%
16-18 3 0,44% 75 4,49% 24 2,86%
18-20 1463 89,53% 323 66,32% 783 93,3%
20-22 96 6% 158 32,44% 30 3,58%
22-24 5 1,03%
24-26 1 0,21%

Total 913 100% 684 100% 454 100% 1634 100% 487 100% 839 100%
Em que: FA = frequência absoluta; FR = frequência relativa em percentagem.

Observa-se que no período de 2011 o maior número de árvores concentra-se nas classes de HT de 10 m
a 12 m. Já em 2016 os valores concentraram se na classe dez de 18 m a 20 m de altura, constatando um
desenvolvimento satisfatório em HT. Ferreira (2014), encontrou em Minas Gerais uma média de altura total de
23m aos seis anos com espaçamentos semelhantes. Vieira (2011), em seus estudos em Bagé, no Rio Grande do
Sul constatou alturas entre 8 a 10m aos 18 meses de idade. Soares (2015), mensurou valores de 8 a 10m aos 24
meses de idade e 16 a 18,5m aos 84 meses em Piratini Rio Grande do Sul.

FIGURA 1: Histogramas de frequência com intervalos de classes de HT para VM58, GG100 e Seminal.
FIGURE 1: Histograms of frequency with intervals of classes of HT for VM58, GG100 and Seminal.

O levantamento da dinâmica do crescimento dos indivíduos em DAP identificou durante o período de


tempo avaliado valores médios aritméticos de 9,25 cm (25 meses) a 13,98 cm (89 meses). O ranque da variável
se estendeu de DAP máximo de 14,32 cm e DAP mínimo de 0,95 cm aos 25 meses de idade. Já aos 89 meses o
ranque se estendeu entre DAP máximo de 23,88 cm e DAP mínimo de 1,52 cm.
Observando os dados nota se que a frequência relativa de indivíduos por classe para a variável DAP em
2011 aos 25 meses de idade foi de 59,47 % na classe seis para VM58, 77,05% na classe seis para GG100, e de
35,24% na classe cinco para seminal. Já em 2016 aos 89 meses apresentaram 41,74% na classe oito para VM58,
45,59% na classe oito para GG100 e 43,27% na classe oito para seminal.

222
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 2: Comparação da frequência absoluta e frequência relativa do plantio comercial para a variável DAP
da espécie Eucalyptus spp. no período de 2011 a 2016 em Aliança-TO.
TABLE 2: Comparison of absolute frequency and relative frequency of commercial planting for the DAP
variable of the species Eucalyptus spp. in the period from 2011 to 2016 in Alliance-TO.
2011 (25 meses) 2016 (89 meses)
Classe VM58 GG100 Seminal VM58 GG100 Seminal
(cm) FA FR% FA FR% FA FR% FA FR% FA FR% FA FR%
0-2 9 0,99% 2 0,29% 1 0,12%
2-4 3 0,44% 10 2,20% 1 0,12%
4-6 7 0,77% 12 1,75% 40 8,81% 2 0,24%
6-8 27 2,96% 15 2,19% 116 25,55% 7 0,43% 5 1,03% 15 1,79%
8-10 295 32,31% 107 15,64% 160 35,24% 41 2,51% 10 2,05% 8 0,95%
10-12 543 59,47% 527 77,05% 107 23,57% 134 8,20% 30 6,16% 41 4,89%
12-14 32 3,50% 18 2,63% 19 4,19% 672 41,13% 84 17,25% 156 18,59%
14-16 2 0,44% 682 41,74% 222 45,59% 363 43,27%
16-18 86 5,26% 119 24,44% 203 24,20%
18-20 12 0,73% 16 3,29% 42 5,01%
20-22 1 0,21% 6 0,72%
22-24 1 0,12%

Total 913 100% 684 100% 454 100% 1634 100% 487 100% 839 100%
Em que: FA = frequência absoluta; FR = frequência relativa em percentagem.

Observa-se que no período de 2011 o maior número de árvores concentra-se nas classes de DAP de 10
cm a 12 cm e em 2016 os valores concentraram se na classe de 14 cm a 16 cm de DAP, indicando um bom
desenvolvimento em DAP.

FIGURA 2: Histogramas de frequência com intervalos de classes de DAP para VM58, GG100 e Seminal.
FIGURE 2: Frequency histograms with intervals of DAP classes for VM58, GG100 and Seminal.

A dispersão dos dados tanto para HT quanto para DAP ao longo do período de tempo avaliado é
considerada baixa (CV% < 20), indicando baixa variação nos dados da população (GOMES, 1990). Os valores
podem ser plenamente aceitos para interpretar a abrangência da amostragem (Tabela 3).

TABELA 3: Resultado do coeficiente de variação (%) e desvio padrão para a variável HT média nos período de
25 e 89 meses no plantio comercial de Eucalyptus spp. em Aliança-TO.
TABLE 3: Result of the coefficient of variation (%) and standard deviation for the mean HT variable in the
period of 25 and 89 months in the commercial plantation of Eucalyptus spp. in Alliance-TO.
HT (m) DAP(cm)
Eucaliptus Medição ni HT (m) s (cm) CV (%) DAP(cm) s (cm) CV (%)
(meses)
Seminal 25 454 10,33 0,48 4,45 8,20 2,11 24,35
89 839 18,81 0,58 3,00 14,37 2,25 15,15
VM58 25 913 9,91 0,91 8,75 9,92 1,51 14,74
89 1634 18,43 0,51 2,7 13,25 1,27 9,17
GG100 25 684 13,93 0,93 6,62 9,65 1,31 12,67
89 487 19,33 0,76 3,4 14,33 2,12 14,34

223
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em que: ni = número total de indivíduos medidos, HT = média aritmética da altura total em metros; DAP =
média aritmética do diâmetro a altura do peito em cm; s = desvio padrão e CV = coeficiente de variação.

Dentro das espécies analisadas aos 25 meses, o plantio por semente apresentou menor dispersão, já aos
89 meses o VM58 apresentou maior uniformidade dos dados, representando um plantio mais homogêneo.
Moraes (2006), Kruschewsky (2007), Monte et al., (2009) e Soares (2015). Obtiveram valores de HT e DAP
condizente com os resultados apresentados.
Freund & Simon (2000) determinam que em uma distribuição normal 68% das observações estão dentro
do intervalo de mais ou menos um desvio padrão da média (Tabela 4).

TABELA 4: Porcentagem de indivíduos por classe em torno de mais ou menos um desvio padrão para
determinação da distribuição normal em HT e DAP.
TABLE 4: Percentage of individuals per class around plus or minus one standard deviation for determination of
normal distribution in HT and DAP.
25 meses 89 meses
HT (%) DAP(%) HT(%) DAP(%)
VM58 98,13 86,19 69,76 76,19
GG100 94,44 79,53 71,25 73,92
Seminal de GG100 90,74 69,82 84,14 74,97
Em que: HT = média aritmética da altura total em metros; DAP = média aritmética do diâmetro a altura do peito
em cm.

O comportamento da variável HT e DAP tanto aos 25 quanto aos 89 meses evidencia distribuição de
frequência normal que é característico de floresta equiânea, onde a maior concentração de indivíduos fica em
torno da média mais ou menos um desvio padrão (Tabela 4).
A avaliação da mortalidade está representada na, (Tabela 5).

TABELA 5: Porcentagem de mortalidade no plantio referente à 25 meses e 89 meses.


TABLE 5: Percentage of mortality in the plantation referring to 25 months and 89 months.
Taxa de mortalidade
Medição (meses)
Absoluto %
25 28 1,35
89 274 8,47

Aos 25 meses comprova-se a boa qualidade das mudas e a adaptação dos indivíduos às condições
ecológicas da região, apresentando uma baixa mortalidade para toas as espécies avaliadas. Já aos 89 meses de
idade, pode-se notar a diminuição do número de indivíduo, aumentando a taxa de mortalidade, este fato pode
estar comumente associado aos fatores endógenos, pois percebe se uma competição intraespecífica, e exógenos
como ventos e seca. Moraes (2006), obteve taxa de mortalidade próximo a 12% aos 84 meses para eucalipto em
Minas Gerais, e Ferreira (2014) obteve a mesma taxa aos 72 meses, em São Paulo.

TABELA 6: Área basal e volume por clone aos 89 meses.


TABLE 6: Basal area and volume per clone at 89 months.
Clone Área basal (m2.ha-1) Volume (m3.ha-1) ICA(m3.ha-1/ano) IMA(m3.ha-1/ano)
VM58 14,36824 255,5624 19,22 36,5
GG100 16,12081 172,583 49,44 24,65
Seminal de GG100 14,95684 191,147 149,137 27,31
Em que: ICA= Incremento médio anual; IMA= Incremento médio anual.

CONCLUSÕES

A dinâmica do crescimento em HT e em DAP do plantio comercial de Eucalyptus spp. apresenta uma


distribuição normal aos 25 e 89 meses de idade.
A semente apresentou como melhor opção de plantio devido ter o maior número de indivíduos
concentrados em uma classe maior, tanto em DAP quanto em HT. Além disso, apresentou um baixo CV
indicando ser um plantio homogêneo.

224
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A variável dendrométrica HT obteve taxas de crescimento médio anual com valores de 5,47 m aos 25
meses a 2,54 m aos 89 meses, identificando que o plantio está em fase inicial e ascendente de crescimento.
A variável dendrométrica DAP obteve taxas de crescimento médio anual de 4,44 aos 25 meses a de 1,88
cm e aos 89 meses.
As taxas de incremento (IMA e ICA) em altura total (m), diâmetro à altura do peito (cm) e a
produtividade média anual em volume (m3) de madeira mostraram que o Eucalyptus spp. plantado no Tocantins
se assemelha a outros plantios comerciais da mesma espécie existentes no Brasil, e em outros países.

REFERÊNCIAS

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sistema agrossilvipastoril no cerrado. Cerne, Lavras-MG, v. 13, n. 4, 2007.
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de Eucalyptus urograndis na região sul do Tocantins. 2012. Monografia-Universidade Federal do Tocantins,
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VIERA, M.; SCHUMACHER, M. V.; LIBERALESSO, Edenilson. Crescimento e produtividade de
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Goiânia-GO, v. 41, n. 3, 2011.

225
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
EFEITO DA CONTINUIDADE ESPACIAL SOBRE A MODELAGEM HIPSOMÉTRICA EM
Eucalyptus sp.

EFFECT OF SPATIAL CONTINUITY ON HYPOMETRIC MODELING IN Eucalyptus sp.

Bruna Zanzini Pupin1 Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch
Lucas Kröhling Bernardi Carlos Juliano Santos Alessandro Araujo Amaral de Almeida

RESUMO

A relação hipsométrica é um instrumento essencial no Inventário Florestal. Mede-se na parcela somente parte
das alturas e todos os diâmetros. Com o uso de modelos hipsométricos, estima-se as alturas das demais árvores.
No entanto, sabe-se que vários fatores influenciam a relação entre diâmetro e altura: idade, densidade e
produtividade dos locais. Na modelagem hipsométrica tradicional, utilizam-se os modelos por parcela, os quais
ainda obrigam a mensuração de grande quantidade de unidades amostrais, tornando o processo oneroso. Assim,
técnicas de modelagem espacial pode possibilitar o uso de um menor número de unidades amostrais para
geração do modelo hipsométrico. Para isso, utilizou-se a componente espacial, testando-se também a variação
do material genético como covariável do modelo, visando garantir a mesma precisão do ajuste do modelo
hipsométrico tradicional por parcela em um povoamento de Eucalyptus sp. O modelo de Curtis ajustado por
parcela teve melhor desempenho e o mesmo ajustado de forma genérica obteve valores maiores de erros. O
modelo de Curtis genérico com adição da componente espacial e uma covariável apresentaram valores de erro
melhores do que o modelo de Curtis genérico. Os resultados evidenciaram a potencialidade do uso da
Geoestatística, pois as estimativas foram muito próximas daquelas efetuadas com ajuste por parcela.
Palavras-chave: Hipsometria; Inventário Florestal; Geoestatística.

ABSTRACT

The hypsometric relationship is an essential tool in the Forest Inventory. The single portion of the heights and
all diameters is measured. With the use of hypsometric models it is estimated as extra tree heights. However, it
is known that several factors influence the relationship between size and height: age, density and productivity of
the sites. In traditional hypsometric modeling, the use of plot models, companies still require the measurement
of large sample units, making the process costly. Thus, spatial modeling techniques may allow the use of a
smaller number of sample units to generate the hypsometric model. To do this, use a spatial component, also
testing the variation of the genetic material as covariate of the model, aiming to guarantee the accuracy of the
adjustment of the traditional hypsometric model per plot a Eucalyptus sp . The Curtis model was adjusted as the
best and the same was adjusted in a generic way. The generic Curtis model with most of the spectrum and a
covariant the highest error better than the generic Curtis model. The evidence is a potential use of Geostatistics
because they can be searched in real time through the time plot. In this way, a reduction in the forest production
process is expected, without prejudice to the existing ones.
Keywords: Hypsometry; Forest Inventory; Geostatistics.

INTRODUÇÃO
No inventário florestal tradicional, a relação hipsométrica, constitui-se de um instrumento essencial para
sua realização, já que a quantificação da altura das árvores propiciada por esta relação é indispensável para a
estimativa de volume, peso, sortimento, dentre outras variáveis dos povoamentos florestais.
Na prática, visando tornar a operacionalização desta atividade mais eficaz e de menor custo, utiliza-se
da técnica já descrita por Ker & Smith (1957), onde se medem na parcela somente parte das alturas e todos os
diâmetros. Assim, pode-se estabelecer através dos pares altura-diâmetro mensurados, uma relação matemática
que possibilite a estimativa da altura das demais árvores contidas na parcela (SENA et al., 2015).Essas relações
matemáticas são as equações hipsométricas, as quais buscam estimar as alturas das árvores através da relação
DAP (diâmetro do tronco à 1,30 metros de altura da superfície do solo) e HT (altura total da árvore)
(THIERSCH, 2007).
Vários modelos estatísticos podem adequar-se à relação hipsométrica, porém, o uso indiscriminado de
tal relação pode levar a erros consideráveis, uma vez que vários fatores a influenciam, como posição
sociológica, sítio, idade, densidade, variação genética e tratos silviculturais (BARROS et al.,2002).

Engenheira Florestal, Bahia Specialty Cellulose, Alagoinhas, Bahia, Brasil.E-mail: bruna_pupin@bahiaspeccell.com


1

226
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
De maneira geral, a correlação altura-diâmetro não é forte sendo que, uma forma de aumentar esta
correlação é promover o ajuste de uma relação hipsométrica por parcela.Desta forma as fontes de variação que
afetam a relação altura-diâmetro são melhores controladas dentro da parcela.
Por sua vez, os métodos tradicionais por parcela, ainda obrigam a mensuração de uma grande
quantidade de unidades amostrais, tornando o processo mais oneroso. Assim, é importante o uso de técnicas que
visem à redução de pares altura-diâmetro mensurados.
A possibilidade de usar o menor número possível de unidades amostrais e a hipótese de que existe
dependência espacial das características dendrométricas da população de interesse nos levam ao uso de técnicas
da geoestatística. (ZONETE, 2009).
Na geoestatística, as análises são efetuadas com base no conceito da Teoria das Variáveis
Regionalizadas (MATHERON, 1963). Neste caso, a posição de cada amostra tem participação relevante na
análise dos dados, havendo a necessidade de se realizar um estudo variográfico para verificar se as amostras são
ou não dependentes no espaço (MELLO et al., 2009).
Diante do exposto, o presente estudo propõe o uso de componente espacial (geoestatística), utilizando
também a variação do material genético como covariável do modelo, visando garantir a mesma precisão do
ajuste do modelo hipsométrico tradicional por parcela, por sua vez, com um menor número de pares altura total
e DAP mensurados em um povoamento de Eucalyptus sp.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


Os dados utilizados no presente estudo são oriundos de um povoamento clonal de Eucalyptus sp.,
pertencente à empresa Suzano Papel e Ceulose S/A. Estão localizados na Fazenda Aliperti, município de
Sarapuí, SP, entre as coordenadas geográficas 23º 38’ 25,08’’ latitude sul e 47º 51’ 42,46’’ longitude oeste de
Greenwich e altitude média de 569 m.

Amostragem
O plano amostral adotado foi a amostragem casual simples (ACS). A intensidade amostral foi de 1:10
ha, com parcelas circulares de raio fixo igual a 11,28 m (400 m²), totalizando 53 parcelas.
Em cada parcela, mediu-se a circunferência a altura do peito (CAP), ou seja, a 1,30 m da superfície do
solo, de todas as árvores, a altura total das 10 árvores centrais, mais a altura de 4 árvores normais de maior CAP
(árvores dominantes), conforme conceito de Assmann (1970). No momento da instalação em campo, as
coordenadas do ponto central de cada parcela permanente foram coletadas.

Modelos Hipsométricos
Foram adotadas estratégias de ajuste para o modelo tradicional de Curtis (Equação 1) a fim de compará-
las, sendo estas: por parcela, para toda amostra (genérico), para toda amostra com adição de componente
espacial e para toda amostra com adição de componente espacial e da covariável material genético.
1
ln (H i ) =  0 + 1 . + i (1)
DAPi
Em que: hi = altura total da árvore i; DAPi = diâmetro a altura do peito da árvore i; β0 e β1 = parâmetros
do modelo a ser estimado; εi = erro aleatório.

Para o ajuste dos modelos hipsométricos e análises do presente estudo, utilizou-se o software estatístico
livre R (R Development Core Team, 2013), juntamente com o pacote geoestatístico: “geoR”(RIBEIRO JR;
DIGGLE, 2001).

Eficiência dos modelos testados


O critério de seleção da equação mais precisa foi o menor erro-padrão residual (Syx) (Equação 2) e a
análise gráfica dos resíduos (SOARES et al., 2004).

 ((z(x ) − zˆ(x )) )
n
2
s0 s0
Sxy = i =1 (2)
n− p
( ) ( )
Em que: zˆ x s = valor estimado dos pontos amostrados; z xs0 = valor observado dos pontos amostrados; n= número de
0

pontos observados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
227
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Krigagem ordinária e cokrigagem


Com a adição da componente espacial no modelo de Curtis ajustado de forma genérica, a fim de reduzir
o erro que pudesse ser explicado pela continuidade espacial da variável altura, gerou-se o semivariograma
considerando os resíduos deste ajuste, objetivando descrever a estrutura da dependência espacial.
Na Figura 1 (a) está apresentado o ajuste do modelo exponencial ao semivariograma, indicando a
acentuada correlação espacial da variável h, uma vez que, há aumento da semivariância à medida que se
aumenta a distância, seguida de uma tendência de estabilização. No presente estudo, utilizou-se como
covariável, o material genético, assim, na Figura 1 (b) está apresentado o ajuste do modelo exponencial ao
semivariograma com adição da covariável material genético, onde se observa uma diminuição na dependência
espacial.

FIGURA 1: Modelo exponencial ajustado ao semivariograma (a) e modelo exponencial com adição da
covariável material genético ajustado ao semivariograma (b).
FIGURE 1: Exponential model adjusted to semivariogram (a) and exponential model with addition of the
covariable genetic material adjusted to the semivariogram (b).

O ajuste gerou o conjunto de parâmetros apresentados na Tabela 1, os quais caracterizam o


semivariograma.

TABELA 1: Parâmetros do ajuste do semivariograma do modelo exponencialda variável altura sem e com
adição da covariável material genético.
TABLE 1: Parameters of the semivariogram adjustment of the exponential model of the variable height without
and with addition of covariate genetic material.
Modelode Correlação Efeito Pepita (τ²) Patamar (τ² + σ²) Alcance (φ)
Exponencial 0,3318 2,0101 464,5869
Exponencial + material genético 0,3396 0,7981 250,7560

Para o ajuste do modelo exponencial, o efeito pepita (τ²), que indica a variação aleátória do parâmetro
estudado, apresentou-se relativamente pequeno, fato que sugere um processo de inferência adequado. O Patamar
(τ² + σ²) encontrado indica que 82,99% da variação total, refere-se à variação estruturada (+ σ²), ou seja, pode
ser explicada pela componente espacial. O alcance mostra que a distância máxima que a h está correlacionada
espacialmente é de 464,59 m, a partir desse ponto as observações podem ser consideradas independentes.
Já para o ajuste do modelo exponencial com adição da covariável material genético, o efeito pepita (τ²),
assim como no modelo espacial sem covariável apresentou-se relativamente pequeno. O Patamar (τ² + σ²)
encontrado indica que 57,45% da variação total, refere-se à variação estruturada (+ σ²), ou seja, pode ser
explicada pela componente espacial. O alcance mostra que a distância máxima que a h está correlacionada
espacialmente é de 250,76 m.
Com isso conclui-se que parte da dependência espacial foi explicada pela covariável material genético.

Estatística de seleção dos modelos

228
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Considerando os valores de erro padrão residual para as estratégias de ajuste (Tabela 2), tem-se como
melhor desempenho, o modelo de Curtis por parcela (1,73 %), em seguida, o modelo de Curtis genérico com
adição do componente espacial (2,49 %), Curtis genérico com adição da componente espacial e uma covariável
(2,64%) e por fim, o modelo de Curtis genérico (6,12%).

TABELA 2: Estratégias de ajuste e seus respectivos valores de erro padrão residual na unidade da variável e em
porcentagem.
TABLE 2: Adjustment strategies and their respective residual standard error values in the unit of the variable
and in percentage.
Ajuste Syx (m) Syx (%)
Curtis por Parcela 0,44 1,73
Curtis Genérico com Componente Espacial 0,64 2,49
Curtis Genérico com Componente Espacial + Covariável 0,67 2,64
Curtis Genérico 1,56 6,12

Nota-se também que a adição do material genético como covariável no modelo de Curtis genérico, não
ajudou a diminuir o erro do ajuste, apenas a diminuir a dependência espacial.

Análise da distribuição dos resíduos


Como forma de avaliar a qualidade dos ajustes, além do cálculo das estatísticas, também se utilizou os
gráficos de distribuição de resíduos em função do DAP. Na Figura 2 são apresentados os gráficos para
comparação entre os valores observados e estimados e os resíduos das estratégias de ajuste testadas.

FIGURA 2: Comparação das estratégias de ajuste testadas. (A) DAPs vs alturas totais (observadas e estimadas)
do modelo de Curtis por parcela; (B) Resíduos do modelo de Curtis por parcela; (C) DAPs vs alturas totais
(observadas e estimadas) do modelo de Curtis genérico; (D) Resíduos do modelo de Curtis genérico; (E) DAPs
vs alturas totais (observadas e estimadas) do modelo de Curtis genérico com componente espacial; (F) Resíduos
do modelo de Curtis genérico com componente espacial.
FIGURE 2: Comparison of the adjustment strategies tested. (A) DAPs vs total heights (observed and estimated)
of the Curtis model per plot; (B) Curtis model wastes per plot; (C) DAPs vs total heights (observed and
estimated) of the Curtis generci model; (D) Waste from the generic Curtis model; (E) DAPs vs total heights
(observed and estimated) of the Curtis model with spatial componente; (F) Residues of the generic Curtis model
with spatial component.

No ajuste do modelo de Curtis por parcela, nota-se na Figura 2A o quanto os valores estimados se
aproximam dos observados, isso se dá pelo fato do ajuste ter sido feito por parcela, já que praticamente não há

229
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
fontes de variação que afetam a relação altura-diâmetro dentro desta. Considerando o gráfico de distribuição dos
resíduos deste ajuste (Figura 2B), percebe-se que essa é a melhor estratégia de ajuste testada, com a distribuição
dos resíduos mais homogênea em relação à média e sem tendência.
Na Figura 2C, observam-se os valores estimados e observados do ajuste do modelo de Curtis de forma
genérica, para toda a amostra, mostrando que em média o modelo é bom, por sua vez, em virtude de diferentes
fontes de variações não controladas, o ajuste apresentou a pior distribuição dos erros, pois os valores dos
resíduos não estão concentrados próximos de zero como para os demais ajustes, com erros variando de -4 à 4
metros (Figura 2D).
Ao observar as Figuras 2C e 2E dos resultados estimados e observados do ajuste do modelo de Curtis
genérico e do mesmo com adição da componente espacial respectivamente, conclui-se que quando o erro foi
espacializado, foi captada parte da variação, sendo possível notar o quanto se aproxima os valores estimados dos
observados somente com adição da componente espacial. Observa-se também, na Figura 5F, uma melhor
distribuição dos resíduos ao adicionar a componente espacial, tornando-se mais homogênea em relação à média.
Por fim, conclui-se que nenhum dos ajustes superaram o ajuste de Curtis por parcela no que diz respeito
à distribuição dos resíduos, no entanto, pode-se notar que o modelo de Curtis ajustado para toda a amostra
(genérico) com adição da componente espacial aproxima-se muito da distribuição dos resíduos do ajuste por
parcela, demonstrando uma possível viabilidade de utilização deste procedimento.
É importante ressaltar que o ajuste do modelo por parcela normalmente é mais preciso tendo em vista o
efetivo controle das fontes de variação que afetam a relação altura-diâmetro. Entretanto este tipo de ajuste já se
encontra com um número reduzido de pares altura-diâmetro amostrados por parcela, ou seja, não há a
possibilidade de se reduzir o número de unidades amostrais. Por sua vez, ao considerar o modelo genérico, o
número de árvores amostradas utilizadas na predição é maior, já que este é ajustado para toda a amostra. Desta
maneira, ao se reduzir o número de pares altura-diâmetro amostrados (árvores por parcela), o modelo por
parcela será muito prejudicado, já o modelo genérico, não será ou será muito pouco prejudicado, pois o universo
considerado (número de pares altura-diâmetro) é muito maior. Além disso, quando se adiciona uma componente
espacial ao modelo genérico, esta tende a reduzir consideravelmente o erro de estimativa gerado por este ajuste.

CONCLUSÃO

O modelo que obteve o melhor desempenho em relação aos demais ajustes testados no presente estudo
foi o modelo de Curtis por parcela.
O modelo de Curtis genérico com componente espacial apresentou resultados de estimativas bastante
satisfatórios, com um erro padrão residual de 2,49%. Por sua vez, a adição da covariável material genético neste
modelo, reduziu a dependência espacial, mas, não ajudou a diminuir o erro do ajuste.
Para próximos estudos, sugere-se reduções na intensidade amostral por parcela, fator que, pode tornar o
ajuste do modelo de Curtis por parcela menos eficiente ou inviável à medida que se reduza o número de pares
altura-diâmetro mensurados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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florestal. Revista Árvore, Viçosa, v.28, n.6, p.845-854, 2004.

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
THIERSCH,C.R. Uma nova proposta metodológica para cubagem rigorosa e ajuste de modelos
hipsométricos. 75 p. Tese (Doutrado em Engenharia Florestal, Florestas de Produção) – Universidade Federal
de Lavras, 2007.
ZONETE, M. C. C. Avaliação do uso de técnicas de interpolação para estimativa de volume em florestas
clonais de Eucalyptus sp. 86 p. Tese (Mestrado em Recursos Florestais, Silvicultura e Manejo Florestal) -
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Piracicaba, 2009.

231
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
EFEITO DE BORDA NA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR PARA PLANEJAMENTO
DE INVENTÁRIO FLORESTAL

BUFFER EFFECT IN THE USE OF LEAF AREA INDEX FOR FOREST INVENTORY PLANNING

Talles Scudeiro Santana1 Rute Berger Pabrício Lopes Emanuel Araújo Silva

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de pixels de borda no coeficiente de variação (CV%) de Índice
de Área Foliar (IAF) estimado por sensoriamento remoto (SR), em talhões de um plantio clonal de Eucalyptus
saligna Smith no sul do Brasil. Foram utilizadas ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG) para
criar buffers que foram aplicados como filtro nos talhões, com distâncias de 5, 10, 15, 20, 25 e 30m da borda no
sentido do interior do talhão, de modo a excluir os boundary pixels da imagem IAF. Os resultados para cada
distância e os resultados originais (sem buffer) foram comparados com os resultados de CV% do inventário
florestal (CV%IF) por meio de teste t não pareado (α=5%), testando a hipótese de igualdade de médias de CV%.
A intensidade de amostragem foi calculada para limites de erro (LE%) de 5, 10 e 15%, considerando a distância
que resultou em médias de CV% semelhantes às do inventário florestal com a menor perda de informação
(pixels). A eliminação dos pixels de borda resultou em tendência de redução do CV% de IAF dentro dos talhões,
na medida em que as distâncias do buffer aumentavam. O Teste t mostrou que não houve diferença significativa
entre as médias de CV% de IAF e CV%IF para as distâncias de 20, 25 e 30m, sendo a primeira sugerida para o
cálculo da intensidade de amostragem do inventário baseada em IAF.
Palavras-chave: coeficiente de variação; intensidade de amostragem; sensoriamento remoto

ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the influence of edge pixels on the coefficient of variation (CV%) of
Leaf Area Index (LAI) estimated by remote sensing (RS), in stands of a clonal plantation of Eucalyptus saligna
Smith in southern Brazil . Geographic Information System (GIS) tools were used to create buffers that were
applied as a filter in the stands, with distances of 5, 10, 15, 20, 25 and 30m from the edge towards the inside of
the stand, in order to exclude the boundary pixels of the IAF image. The results for each distance and the
original (unbuffered) results were compared with the results of CV% of the forest inventory (CV%FI) by
unpaired t test (α=5%), testing the hypothesis of equality of averages of CV%. The sampling intensity was
calculated for error limits (LE%) of 5, 10 and 15%, considering the distance that resulted in averages of CV%
similar to those of the forest inventory with the lowest loss of information (pixels). The elimination of edge
pixels resulted in a tendency to reduce the CV% of LAI within the stands, as buffer distances increased. The t
test showed that there was no significant difference between the means of CV% of LAI and CV% IF for
distances of 20, 25 and 30m. The distance of 20m is suggested for the calculation of the sampling intensity of
the LAI-based inventory.
Keywords: coefficient of variation; sampling intensity; remote sensing

INTRODUÇÃO

As técnicas mais modernas de inventário florestal (IF) combinam as informações obtidas diretamente da
floresta com informações obtidas a partir do Sensoriamento Remoto (SR), como fotografias aéreas ou imagens
de satélites (MANDALLAZ, 2008). Apesar de não substituir o trabalho de campo, o SR pode oferecer
informações muito importantes sobre a população florestal a ser estudada, de modo a poder reduzir custos sem
perda da precisão exigida (BERGER, 2014).
Nesse sentido, a utilização do SR como complemento do IF tem sido estudada cada vez mais tanto na
na silvicultura (BERGER, 2014; PONZONI; SHIMABUKURO, 2010). As imagens de satélite têm demonstrado
potencial para fornecer boas estimativas de índices que estão altamente correlacionados com a produtividade
dos plantios, tais como o Índice de Área Foliar (IAF). No entanto, a obtenção de informações por estes sistemas
sensores está sujeita a uma série de interferências que podem gerar alterações nos resultados. A mistura
espectral é uma delas, sendo uma consequência das características da resolução espacial, temporal e espectral da

1Engenheiro Florestal, Universidade Federal rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos –
52171-900 – Recife-PE. E-mail: talles.scudeiro@gmail.com

232
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
imagem e dos fatores inseridos no mesmo contexto do alvo em estudo. Por este motivo, é importante considerar
a utilização de filtros para a redução dos ruídos existentes nos resultados e assim gerar estimativas mais
precisas.
Os pixels de borda têm maior tendência de sofrer mistura espectral do que os pixels do interior de uma
cultura, sendo mais facilmente observado nestas do que em paisagens naturais ou semi-naturais, porque a
estrutura de parcelas ou talhões é inerente à produção agrosilvícola (DEAN; SMITH, 2003). A divisão
administrativa de uma propriedade, baseando-se nas condições naturais e intervenções estruturais, é corriqueira.
Áreas de Preservação Permanente (APP), estradas e aceiros podem ter alta interferência e mistura espectral nas
bordas de talhões comerciais, devido ao comportamento espectral diferenciado de um dossel de vegetação
nativa e de florestas plantadas, de solo exposto ou outros tipos de vegetação, além de impactar nas condições de
iluminação do plantio na borda e consequentemente resposta distinta do vegetal nesta localização em relação à
vegetação do interior (BERGER, 2014; MOREIRA, 2000; NOVO, 2010).
Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de pixels de borda no Coeficiente de Variação
(CV%) de IAF estimado por SR e comparar os resultados com o CV% do Inventário Florestal (CV% IF), para
posterior cálculo da intensidade de amostragem sugerida para limites de erro de inventário (LE%) de 15, 10 e
5%.

MATERIAL E MÉTODO

Local de estudo
O local de estudo pertence à empresa Celulose Riograndense – Grupo CMPC e está situado entre os
paralelos 30°27’56,802” S e 30°26’33.803” S, e entre os meridianos 51°16’06,079” W e 51°05’46.049” W
(Datum WGS84), no Horto Florestal Barba Negra (HFBN), município de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul,
Brasil. De acordo com o sistema de classificação Köppen-Geiger, o clima da região é do tipo Cfa (temperado,
verão quente e sem estação seca) (PEEL; FINLAYSON; MCMAHON, 2007) e a precipitação total no ano da
avaliação (2013) foi de 1.378,21 mm, com temperatura máxima média do mês mais quente de 24,1 °C e
temperatura mínima média do mês mais frio de 11,3°C, conforme dados obtidos pela estação meteorológica
instalada.

Imagem Índice de Área Foliar (IAF)


Para a obtenção do IAF por talhão foi utilizada uma imagem orbital obtida pelo sensor Operational Land
Imager (OLI), do satélite Landsat 8, gerada em maio de 2013 pelo United States Geological Survey (USGS). A
imagem foi disponibilizada gratuitamente pela página web da USGS, em formato GeoTIFF (georreferenciada),
e Datum WGS84, com as seguintes especificações (Tabela 1) (UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY,
2015):

TABELA 1 - Especificações da imagem do sensor OLI/Landsat 8 utilizada para a estimativa do Índice de Área
Foliar dos plantios comerciais clonais de Eucalyptus saligna Smith no Horto Florestal Barba Negra, em maio de
2013.
TABLE 1 - Image specifications of OLI/Landsat 8 sensor used to estimate leaf area index of clonal commercial
plantations of Eucalyptus saligna Smith in Horto Florestal Barba Negra, in May 2013.
Especificações da imagem OLI/LANDSAT 8
Órbita/Ponto 221/81
Data 26/05/2013
Hora (TMG) 13:20:46
Azimute Solar 33,44º
Elevação Solar 30,87º
Resolução espacial do pixel 30m
Qualidade da Imagem 9*
Sistema Geodésico de Referência WGS84
Fonte: USGS, 2015.
TMG=tempo médio de Greenwich; *Sem erros detectados, cena perfeita.

O IAF foi estimado pela equação proposta por Berger (2014), utilizando o índice da razão simples (IRS):

233
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
IAF= -5,6159+0,9716 ×IRS

Em que: IAF= Índice de Área Foliar; IRS = Índice da Razão Simples.

Características do Plantio selecionado e Inventário Florestal


Foram selecionados talhões comerciais de um clone de Eucalyptus saligna Smith plantados sob diferentes
espaçamentos (3,00 m x 3,00 m, 3,00 m x 2,50 m e 3,50 m x 2,14 m), sítios e com idades variando entre três e
oito anos. Foram escolhidos para o estudo os talhões 110B, 121B, 129A, 147A, 150A, 341A, 406B, 407C e
413D, que já possuíam Parcelas Permanentes de Inventário (PPI) instaladas e volume por hectare estimado para
a data de aquisição da imagem. As PPI possuíam formato circular com tamanho de 400m², demarcadas em
campo e georreferenciadas com GPS de navegação da marca Garmin. A área total destes talhões é de 214,34 ha.

Extração dos Valores Digitais dos pixels da imagem raster IAF


A primeira etapa foi a realização do buffer utilizando o programa ArcGIS versão 10.1 e os shapefiles dos
talhões fornecidos pela empresa. Os shapefiles dos nove talhões selecionados deram origem a mais seis
shapefiles cada, com uso da ferramenta Buffer do Arc Toolbox com distâncias de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 metros
das bordas dos talhões, respectivamente, no sentido do interior do talhão (Figura 1a), perfazendo um total de
sete recortes (máscaras) da imagem raster de IAF para cada talhão, incluindo o recorte sem buffer (shape
original) (Figura 1b). Os valores dos pixels que compunham cada recorte foram exportados para uma planilha
de MSExcel, onde os dados foram analisados.

(a) (b)
FIGURA 1 – Polígonos do talhão 406B sem buffer e com buffers de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 m de distância da
borda no sentido do interior do talhão (a) e imagem raster de IAF estimado por sensoriamento remoto para o
talhão 406B, utilizada para exportar os pixel do recorte sem buffer (b).
FIGURE 1 - Polygons of the stand 406B, unbuffered and with buffers of 5, 10, 15, 20, 25 and 30 m distant from
the edge in the direction of the interior of the stand (a) and LAI raster image estimated by remote sensing for the
stand 406B, used to export the pixel of the unbuffered crop (b).
Fonte: Santana, 2015.

Análise estatística dos dados


Após exclusão dos valores de IAF<0, que não refletem valores reais de IAF, foram calculados os
Coeficientes de Variação (CV%) de IAF dos pixels extraídos das máscaras para cada talhão. Os CV% foram
calculados pela seguinte equação:

σIAFi
CV% = ( ) ×100
̅ IAF
X

̅ ” média, “i” representa o buffer aplicado, variando entre SB (sem buffer), 5, 10,
Em que "σ" desvio padrão, “X
15, 20, 25 e 30m.

234
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Foi realizado o Teste t não pareado (α=5%), em que se comparou a média do CV% do Inventário
Florestal (CV%IF) com médias do CV%SB, CV%5, CV%10, CV%15, CV%20, CV%25 e CV%30, para as seguintes
hipóteses:
H0: CV%IF=CV%SB=CV%5=CV%10=CV%15=CV%20=CV%25=CV%30
H1: CV%IF≠CV%SB≠CV%5≠CV%10≠CV%15≠CV%20≠CV%25≠CV%30

A intensidade amostral foi calculada para os talhões selecionados usando o CV% em que se rejeitou H 1
e apresentou a menor perda possível de número de pixels, ou seja, utilizando o buffer com a menor distância da
borda do talhão. A intensidade amostral foi calculada para o processo de amostragem irrestrito, considerando o
tamanho da população infinito para t em função de α=5%, para Limite de Erro (LE%) de 5%, 10% e 15%, pela
da fórmula:

t² × CV%
n=
LE%²

Em que: n=intensidade de amostragem; t=valor tabelado (95% de probabilidade de confiança);


CV%=coeficiente de variação; LE%=erro admissível.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Extração dos Pixels


A realização do recorte da imagem raster IAF com os shapefiles originados do buffer resultou na
diminuição do número de pixels. Este efeito foi causado pelo critério de inclusão do pixel na máscara, que
segundo o ArcGIS Resourses (2015), é a posição do centroide. Houve tendência de diminuição no CV% após
eliminação dos pixels de borda (Tabela 2).

TABELA 2 - Coeficiente de Variação do inventário florestal (CV%IF) e de IAF dos talhões após extração de
pixels da imagem raster IAF com máscaras sem buffer e com buffer.
TABLE 2 - Coefficient of Variation of the forest inventory (CV%FI) and of the LAI of the stands after extraction
of pixels from the LAI raster image with unbuffered and buffered masks.
Talhão CV%IF CV%SB CV%5 CV%10 CV%15 CV%20 CV%25 CV%30
110B 16,8 21,2 19,6 17,9 15,1 12,3 15,6 9,3
121A 20,4 35,4 30,7 28,9 20,8 18,1 22,0 7,0
129A 21,1 31,1 27,4 26,4 32,8 26,1 22,5 19,1
147A 11,2 30,2 34,2 32,2 27,8 17,8 15,1 21,2
150A 0,9 41,9 41,0 38,2 35,0 32,8 35,8 36,0
341A 7,5 18,3 14,8 21,2 7,7 8,0 6,0 5,9
406B 6,6 14,8 13,1 11,0 9,5 10,4 10,1 9,0
407C 7,8 25,7 14,1 12,1 13,9 12,1 11,9 9,8
413D 11,6 18,8 18,6 18,4 17,6 17,9 18,3 20,4
CV%SB – Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara Sem Buffer; CV%5 - Coeficiente de Variação de IAF de
pixels extraídos com máscara com buffer de 5m; CV%10 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara com buffer
de 10m; CV%15 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara com buffer de 15m; CV%20 - Coeficiente de Variação
de IAF de pixels extraídos com máscara com buffer de 20m; CV%25 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara
com buffer de 25m; CV%30 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara com buffer de 30m.
Fonte: Santana, 2015.

A diminuição da variação dentro do talhão por meio da eliminação dos pixels de borda se apresenta como
passo essencial para melhorar a interpretação sobre a classificação da imagem. O fato de não ter havido
diminuição absoluta no CV% do IAF em todos os talhões com o aumento do buffer, indica que há outros fatores
de contexto que podem ser fonte de variação para o IAF no interior do talhão (DEAN; SMITH, 2003;
MOREIRA, 2005; NOVO, 2010). As fontes de variação presentes nos pixels remanescentes, além da
mistura espectral, podem ser consequência do Fator de Reflectância Bidirecional, do posicionamento do pixel,
ângulo de iluminação do alvo, podendo ocasionar sombreamentos, ou seja, consequência da resolução espacial,
espectral e temporal da imagem (MOREIRA, 2005; NOVO, 2010; PONZONI, 2010).

235
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A intensidade amostral foi calculada para os talhões selecionados usando o CV%20, pois foi o buffer que
proporcionou diminuição do CV% do IAF e se rejeitou H1 no Teste t não pareado em comparação com os dados
de CV%IF com a menor perda de pixels (Tabela 3).

TABELA 3 – Resultados de Teste t não pareado (α=5%) para comparação do CV% de inventário florestal
(CV%IF) e de CV% de IAF e suas diferentes aplicações de buffer.
TABLE 3 - Results of unpaired t test (α=5%) for comparison of the CV% of forest inventory (CV%FI) and of
CV% of LAI and their different buffer applications.
Estatísticas CV%IF CV%SB CV5% CV10% CV15% CV20% CV25% CV30%
Média 10,8444 26,3877 23,7368 22,9278 20,0169 17,2752 17,4896 15,3216
Variância 36,1628 80,5234 99,9676 84,5551 97,4959 62,982 75,8134 95,9251
GL 14 13 14 13 15 14 13
t calculado -4,3167 -3,3149 -3,2993 -2,3802 -1,9375 -1,8839 -1,1687
t crítico bi-caudal 2,14479 2,16037 2,14479 2,16037 2,13145 2,14479 2,16037
Hipótese rejeitada H0 H0 H0 H0 H1 H1 H1
GL – graus de liberdade do erro; CV%SB – Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara Sem Buffer; CV%5 -
Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara com buffer de 5m; CV%10 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels
extraídos com máscara com buffer de 10m; CV%15 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara com buffer de
15m; CV%20 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara com buffer de 20m; CV%25 - Coeficiente de Variação de
IAF de pixels extraídos com máscara com buffer de 25m; CV%30 - Coeficiente de Variação de IAF de pixels extraídos com máscara com
buffer de 30m.
Fonte: Santana, 2015.
A intensidade amostral foi calculada para o processo de amostragem irrestrito, considerando o tamanho
da população infinito para t em função de α=5%, para LE% de 5%, 10% e 15%, e apresentou resultados
conforme Tabela 4.
A utilização do buffer com 20m como filtro para exclusão dos pixels de borda e posterior extração dos
pixels da imagem IAF se mostrou eficiente, ocasionando diminuição do número n de parcelas necessárias para a
execução do IF, em comparação com os valores encontrados por Berger (2014).
A utilização do buffer a partir de 20m possivelmente teve melhores resultados em decorrência da
resolução espacial do pixel. Como o critério de inclusão do pixel é baseado nas coordenadas x e y de seu
centroide, para se eliminar um pixel cujo limite esteja posicionado exatamente na borda do polígono do talhão, é
necessário que o buffer seja maior do que 15m, distância do centroide deste pixel hipotético até o polígono
original do talhão.
É importante mencionar que a comparação das médias dos CV% obtidos por SR com o CV% obtido no
IF não implica que este seja a verdade de campo. As informações obtidas pelo IF estão sujeitas a erros
sistemáticos, erros de amostragem e até mesmo a erros não amostrais (BERGER, 2014). Por outro lado, esta
comparação pode gerar ganhos para ambas as técnicas: os dados obtidos por SR ganham validação de
equivalência com os trabalhos de campo, e distorções decorrentes de erro de amostragem podem ser percebidas.
Um exemplo de complementação feita pelo CV%20 feita ao CV%IF pode ser observada em relação ao talhão
150A. Neste talhão, o CV%IF foi de 0,9% enquanto o CV%20 foi de 32,8%.

TABELA 4 - Intensidade de amostragem calculada para o processo de amostragem irrestrito, a partir do CV%20,
para os LE% de 5%, 10% e 15%.
TABLE 4 - Sampling intensity calculated for the unrestricted sampling process, from CV%20 for LE% of 5%,
10% and 15%.
Desvio Intensidade Amostral (P=0,95)***
Talhão Área*(ha) N** Média IAF CV%20
Padrão n15% n10% n5%
110B 20,43 511 2,6302 0,3235 12,30 3 6 23
121A 7,02 176 3,3908 0,6154 18,15 6 13 52
129A 8,01 200 2,5713 0,6700 26,06 12 27 108
147A 11,07 277 2,4838 0,4413 17,77 5 12 49
150A 18,18 455 2,8826 0,9451 32,79 18 41 165
341A 15,57 389 2,8296 0,2264 8,00 1 2 10
406B 12,6 315 2,6355 0,2745 10,42 2 4 17
407C 13,5 338 2,7171 0,3284 12,09 2 6 22
413D 7,56 189 1,8914 0,3388 17,91 6 13 51

236
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
*Área obtida pelo somatório de pixels, excluídos aqueles com valores negativos. **N = total da população considerando área e parcelas
de 400m². CV%20 = Coeficiente de Variação entre pixels IAF extraídos após recorte com máscara de buffer de 20m;
***P=Probabilidade de Confiança; n=intensidade de amostragem estimada para o inventário florestal.

Desta maneira, recomenda-se a utilização de buffer de 20m da borda no sentido do interior do talhão
para exclusão dos pixels de borda, de modo a reduzir o CV% do IAF obtido por SR, com consequente redução
do número de parcelas para a execução do IF sem que haja perda na precisão exigida.

CONCLUSÕES

O filtro de buffer que proporcionou a diminuição do CV% dentro dos talhões, apresentou média
semelhante ao CV%IF com menor perda do número de pixels foi utilizando a distância de 20m da borda em
direção ao interior do talhão e permitiu o cálculo da intensidade amostral.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à empresa Celulose Riograndense pela disponibilidade dos dados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BERGER, R. Índice de área foliar estimado por ferramentas de Sensoriamento Remoto para a otimização
de inventários em florestas plantadas. 2014. 149f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Departamento
de Ciências Florestais, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2014.
DEAN, A. M. & SMITH, G. M. An evaluation of per-parcel land cover mapping using maximum likelihood
class probabilities. Int. J. Remote Sensing, v. 24, n. 14, p. 2905 – 2920, 2003.
PEEL, M. C.; FINLAYSON, B. L.; MCMAHON, T. A. Updated world map of the Köppen-Geiger climate
classification. Hydrology and Earth System Sciences, v. 11, p. 1633-1644, 2007.
MANDALLAZ, D. Sampling techniques for forest inventories. Boca Ratón: Chapman & Hall, 2008. 256 p.
MOREIRA, R. C. Influência do posicionamento e da largura de bandas de sensores remotos e dos efeitos
atmosféricos na determinação de índices de vegetação / R. C. Moreira – São José dos Campos: INPE, 2000.
179p. - (INPE-7528-TDI/735). Disponível em < http://www.obt.inpe.br/pgsere/Moreira-R-C-
2000/Dissertacao.pdf> acessado dia 11/05/2015.
MOREIRA, M. A. Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias de aplicação. 3ª ed. atual. ampl.
Viçosa: Ed. UFV, 2005. 320p.
NOVO, E. M. L. de M. Sensoriamento Remoto: princípios e aplicações. – 4ª edição – São Paulo: Blucher,
2010. 387p.
PONZONI, F. J.; SHIMABUKURO, Y. E. Sensoriamento remoto no estudo da vegetação. São José dos
Campos: Parêntese, 2010. 127 p.
UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY - http://www.usgs.gov/ - acessado em 17/06/2015.

237
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
EQUAÇÃO VOLUMÉTRICA DE APLIABILIDADE GERAL PARA Eucalyptus benthamii, NA
REGIÃO OESTE DE SANTA CATARINA

VOLUMETRIC EQUATION OF GENERAL APPLICABILITY FOR Eucalyptus benthamii, IN THE WEST


REGION OF SANTA CATARINA

Tainá Carnera da Silva1 Saulo Jorge Téo

RESUMO

O objetivo deste estudo foi desenvolver uma equação de volume de aplicabilidade geral, para árvores de
Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage, em Irani, Santa Catarina. Os dados são provenientes de inventário
florestal contínuo, com processo de amostragem aleatória simples. Os modelos para representar o volume foram
ajustados com seus parâmetros função linear de variáveis do povoamento, como: idade (t), diâmetro máximo
(dmáx) e área basal do povoamento (G). Os modelos foram avaliados de acordo com os critérios de ajuste e
precisão, exatidão e validação. O modelo de Shumacher e Hall, ajustado com o coeficiente b função linear da
idade, diâmetro máximo e área basal do povoamento, mostrou o melhor desempenho estatístico para representar
o volume total de Eucalyptus benthamii.
Palavras-chave: modelo volumétrico; volume total; eucalipto.

ABSTRACT
The objective of this study was to develop a general applicability volume equation for Eucalyptus benthamii
Maiden et Cambage trees in Irani, Santa Catarina. The data came from continuous forest inventory, with simple
random sampling process. The models to represent the volume were adjusted with their parameters linear
function of stand variables, such as: age (t), maximum diameter (dmáx) and stand basal area (G). The models
were evaluated according to the criteria of fit and precision, accuracy and validation. The Shumacher and Hall
model, adjusted with the coefficient b linear function of age, maximum diameter and stand basal area, showed
the best statistical performance to represent the total volume of Eucalyptus benthamii.
Keywords: volumetric model; total volume; eucalyptus.

INTRODUÇÃO

O Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage foi introduzido no Brasil via semente pela Embrapa
Florestas na década de 1980, sendo que as mudas foram plantadas no ano de 1988, originando uma área de
produção de sementes (KRATZ et al., 2011). Na região Sul do país, o clima é um fator limitante para a
produção florestal, fazendo-se necessário o cultivo de espécies que apresentem maior tolerância ao frio. Em
virtude da rapidez de crescimento, da boa forma do fuste, rusticidade e resistência às geadas, o Eucalyptus
benthamii destacou-se entre as espécies do gênero (SBRAVATTI JUNIOR et al., 2013). Contudo, apesar de
todos os resultados apresentados pela espécie e do aumento maciço dos seus plantios, os principais trabalhos
realizados, até o momento, a respeito da sua utilização estão basicamente relacionados ao seu uso potencial na
indústria de celulose e papel (MÜLLER et al., 2014).
Dessa forma, é importante a busca por alternativas que possibilitem otimizar o potencial produtivo da
espécie. O volume constitui uma das informações de maior importância para o conhecimento do potencial
disponível em um povoamento florestal, haja vista que o volume individual fornece subsídios para a avaliação
do estoque de madeira e análise do potencial produtivo das florestas (MACHADO et al., 2002; THOMAS et al.,
2006).
Geralmente, a medição do volume das árvores é obtida de maneira destrutiva, ou seja, requer a
derrubada da árvore, seu desgalhamento, o corte do tronco e a separação de seus componentes, como as toras de
diferentes diâmetros, galhos grossos e finos e a folhagem (BATISTA et al. 2014). Dessa forma, a medição dos
volumes de todas as árvores de uma floresta é, muitas vezes, impraticável e, quase sempre, inventariada por
amostragem (MACHADO e FIGUEIREDO FILHO, 2014).
Então o procedimento de maior uso na estimativa do volume individual é o emprego de equações em
que o volume é a variável dependente, associado a variáveis independentes de fácil mensuração na floresta,
como o diâmetro à altura do peito e a altura (MACHADO et al., 2002). Existem diversos modelos volumétricos
1
Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Rua Dirceu Giordani, 696, Bairro Jardim
Tarumã, CEP 89820-000, Xanxerê (SC), Brasil. E-mail: tainallemos@gmail.com

238
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
consagrados no meio florestal ajustados para produzir estimativas do volume, os quais são ajustados para cada
caso específico (MIGUEL, et al., 2012). Uma alternativa para produzir equações de volume mais gerais é
estudar o efeito das variáveis do povoamento florestal sobre a relação entre volume individual, diâmetro à altura
do peito e altura total.
Visando desenvolver equações de volume com maior aplicabilidade, Rufini et al. (2010) e Martins et al.
(2015) realizaram o teste de identidade de modelos, com o propósito de avaliar a possibilidade de uma única
equação de volume ser utilizada para diversas regiões. Ao final de seu estudo, Rufini et al. (2010)
recomendaram uma única equação volumétrica para árvores do Cerrado, para duas, das três regiões estudadas,
no estado de Minas Gerais. Martins et al. (2015) recomendaram uma única equação volumétrica para
Eucalyptus sp., para quatro dos sete municípios da área de estudo.
Por outro lado, Tomé et al. (2007) recorreram ao ajuste de equações de volume e afilamento para
Eucalyptus globulus Labill., em que os parâmetros foram expressos como combinações lineares de idade do
povoamento, densidade de plantio, índice de sítio, variáveis indicadoras da rotação, talhadia e regiões
climaticamente homogêneas de Portugal, visando assegurar a aplicabilidade extensiva das equações
desenvolvidas.
Este estudo objetivou desenvolver equações volumétricas de aplicabilidade geral para um povoamento
de Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage, em Irani, no estado de Santa Catarina.

MATERIAS E MÉTODOS

O povoamento florestal de Eucalyptus benthamii, objeto do trabalho, está localizado em Passo do


Daniel, no município de Irani, estado de Santa Catarina. A região apresenta uma altitude de 887 m acima do
nível do mar, clima do tipo Cfb, da classificação de Köppen, ou seja, clima temperado, mesotérmico úmido com
verões amenos. A temperatura média anual da região é de 16,6 ºC, com temperatura média do mês mais frio de
12,2 ºC, temperatura média do mês mais quente de 20,7 ºC, a umidade relativa média anual entre 76 e 78% e
precipitação anual média de 1836 mm, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano (ALVARES,2013). Os
principais tipos de solos da região são Cambissolos, Neossolos e Nitossolos (EMBRAPA, 2011).
O povoamento florestal ocupa uma área de 13,292 ha, cujo o espaçamento de plantio é de 2,5 x 2,5 m,
totalizando 1600 plantas por hectare. Foi inventariado em duas ocasiões, a primeira em junho de 2015, com 7
anos e meio e a segunda em junho de 2017, com 9 anos e meio, pelo processo de amostragem aleatória simples,
resultando em 12 unidades amostrais em cada ocasião. O método de amostragem utilizado foi o método de
Bitterlih, utilizou-se o Criterion RD 1000, com Fator de Área Basal (FAB) igual a 1.
Foram medidos os volumes de 61 indivíduos de Eucalyptus benthamii, selecionados por classes de
circunferência à altura do peito (c). Utilizou-se de maneira combinada Criterion RD 1000 e o Trupulse 200B,
para a medição de diâmetros nas alturas de 2,3; 4,3; 6,3; 8,3 m e assim sucessivamente, a cada 2 metros até a
altura total da árvore. Além dessas medidas foram tomadas as circunferências a 0,1; 0,2; 0,5 e 1m de altura
diretamente com a fita métrica. De posse dessas medidas e considerando uma altura de toco média de 0,1 m, as
árvores foram submetidas ao procedimento de cubagem de Huber.
Por meio das variáveis medidas foram avaliados cinco modelos volumétricos, com o objetivo de estimar
os volumes totais de todas as árvores de Eucalyptus benthamii medidas nas unidades amostrais (Tabela 1).

TABELA 1: Modelos volumétricos ajustados para Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage, Irani, SC.
TABLE 1: Volumetric models adjusted for Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage, Irani, SC.
N Denominação/Autor Modelo
1 Näslund (1947) Modificado v=a+b d2 h+c dh2 +f h2
2 Péllico Netto (1986) v=h(a+b d+c d2 )
3 Shumacher e Hall (1933) v=a db hc
4 Spurr (1952) v=a+b d2 h
5 Tomé (1990) v=a+b d2 h+c dh2
FONTE: Adaptado de PÉLLICO NETTO (1980), PÉLLICO NETTO (1986) e TOMÉ et al. (2007).
Em que: v = volume individual, com casca (m³); d = diâmetro à altura do peito com casca (cm); h = altura total (m); a,b,c,f
= coeficientes a serem estimados.

Os ajustes dos modelos foram feitos por meio dos procedimentos PROC NLIN e PROC REG do
aplicativo computacional SAS® University Edition, para modelos não lineares e lineares, respectivamente.

239
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Todos os modelos de volume foram ajustados em suas formas simples, e com seus coeficientes como função
linear da idade, diâmetro máximo e área basal da parcela, por meio do ajuste de equações simultâneas.
Na fase inicial de seleção, os modelos tiveram seus desempenhos comparados por meio dos critérios:
coeficiente de determinação ajustado (R²aj), erro padrão relativo (syx%), média das diferenças (MD), média das
diferenças absolutas (MAD) e análise dos resíduos studentizados. Foram atribuídas notas para cada critério de
seleção e posteriormente feito classificação dos modelos.
Foi realizada análise gráfica dos resíduos studentizados sobre a variável dependente estimada (Y ̂i ),
almejando-se distribuição de resíduos uniforme, com ausência de padrões e heterocedasticidade. Uma vez
detectada heterocedasticidade da distribuição de resíduos studentizados, do modelo resultante do ajuste pelo
método dos mínimos quadrados ordinários, procede-se o ajuste pelo método dos mínimos quadrados
ponderados. As ponderações testadas incluíram diversas transformações e combinações de variáveis de
densidade do povoamento e da parcela, conforme Parresol (1993), o qual assume que a variância dos resíduos é
função exponencial de múltiplas variáveis explicativas do modelo, bem como suas transformações e
combinações. Para verificar se os resíduos studentizados apresentavam distribuição normal, foi feita a
representação gráfica desses valores ordenados crescentemente, sobre os quantis teóricos da distribuição normal.
Uma vez constatada a distribuição não normal dos resíduos studentizados, fez-se o ajuste pelo método dos
mínimos quadrados ponderados, com ponderações atribuídas aos resíduos studentizados excedentes ao intervalo
±2, conforme método de Huber (1964), recomendado por Myers (1986).
Para a seleção final do modelo, recorreu-se aos resíduos PRESS, foram calculadas as estatísticas de
validação: eficiência da modelagem (EM); média das diferenças PRESS (MDPRESS); média das diferenças
absolutas PRESS (MDAPRESS). A eficiência da modelagem é uma estatística análoga ao coeficiente de
determinação, a qual expressa a proporção da variação explicada pelo modelo. A média das diferenças PRESS
indica o viés do modelo, enquanto a média das diferenças absolutas PRESS indica precisão.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Quando analisados os critérios R²aj, syx%, MDA e MD para cada modelo de volume, na sua forma
simples e com os coeficientes função linear de variáveis do povoamento florestal verifica-se que o modelo de
Shumacher e Hall (1933) mostrou o melhor desempenho estatístico para estimativa de volume de Eucalyptus
benthami, na região meio oeste do estado de Santa Catarina (Tabela 2).

TABELA 2: Estatísticas de seleção dos modelos de volume para Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage, na
região Oeste do estado de Santa Catarina.
TABLE 2: Selection statistics of the volume equations for Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage, in the
Western region of the state of Santa Catarina.
Modelos R2aj syx% MD MDA Ordem
Näslund_a 0,98072 13,30032 -0,00015 0,02813 6
Näslund_b 0,97958 13,69030 -0,00148 0,02718 9
Näslund_c 0,98149 13,03378 0,00001 0,02848 5
Näslund_f 0,97994 13,56999 -0,00102 0,02720 7
Simples 0,98050 13,59008 -0,00110 0,02782 8
Péllico Netto_a 0,97663 14,64503 0,00161 0,02793 17
Péllico Netto_b 0,97789 14,24435 0,00209 0,02804 15
Péllico Netto_c 0,97922 13,80896 0,00156 0,02794 12
Simples 0,97712 14,49180 -0,00064 0,02941 16
Spurr_a 0,97701 14,52398 0,00104 0,02883 19
Spurr_b 0,97742 14,39595 -0,00091 0,02828 13
Simples 0,97745 14,38461 -0,00136 0,02962 17
Tomé_a 0,97817 14,15427 0,00011 0,02877 10
Tomé_b 0,97655 14,67147 0,00188 0,02745 19
Tomé_c 0,97864 14,00204 0,00088 0,02835 11
Simples 0,97944 13,73565 0,00194 0,02923 14
Shumacher e Hall_a 0,98135 13,08350 0,00016 0,02554 4
Shumacher e Hall_b 0,98153 13,02100 -0,00003 0,02548 1
Shumache e Hall_c 0,98128 13,10862 0,00009 0,02548 3
Simples 0,98193 12,87738 0,00041 0,02650 2

240
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em que: R²aj = coeficiente de determinação ajustado; syx (%) = erro padrão relativo; MD = média das diferenças (m);
MAD = média das diferenças absolutas (m).

O modelo com maior valor de R²aj e menor valor de syx% foi o de Schumacher e Hall simples, seguido
pelo modelo de Shumacher e Hall_b. O modelo de Shumacher e Hall_b e o modelo de Shumacher e Hall_c
apresentaram os menores valores para (MDA). Já o modelo de Näslund_c, apresentou valor mais próximo de
zero para o viés (MD). Considerando todos os critérios de seleção, modelo de Shumacher e Hall com o
coeficiente b função linear de variáveis do povoamento obteve o melhor desempenho estatístico, enquanto os
modelos de Spurr_a e Tomé_b apresentaram o pior desempenho (Tabela 2).
Todos os modelos de Shumacher e Hall quando ajustados com seus coeficientes de função linear de
variáveis do povoamento apresentaram superioridade para a média das diferenças absolutas (MDA), quando
comparada ao seu modelo simples e demais modelos ajustados.
O comportamento dos resíduos studentizados foi muito semelhante para todos os modelos com as
variantes testadas, para estimativa de volume de Eucalyptus benthamii. Dessa forma, optou-se por apresentar
somente a análise de resíduos studentizados do modelo de Schumacher e Hall, selecionado para a fase de
validação (Figura 1).

Shumacher e Hall simples Shumacher e Hall simples


5,0
Resíduo Studentizado

Resíduo Studentizado
3,0 3
1,0 1
-1,0 -1
-3,0 -3
-5,0 -5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 -5 -3 -1 1 3 5
v' (m³) Quantil Teórico

Shumacher e Hall_a Shumacher e Hall_a


Resíduo Studentizado

5 5
Resíduo Studentizado

3 3
1 1
-1 -1
-3 -3
-5 -5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 -5 -3 -1 1 3 5
v' (m³) Quantil Teórico

Shuamacher e Hall_b Shumacher Hall_b


5
Resíduo Studentizado

5
Resíduo Studentizado

3 3
1 1
-1 -1
-3
-3
-5
-5 -5 -3 -1 1 3 5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
v' (m³) Quantil Teórico

Shumacher e Hall_c 5
Shumacher e Hall_c
5
Resíduo Studentizado
Resíduo Studentizado

3 3
1 1
-1 -1
-3 -3
-5 -5
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 -5 -3 -1 1 3 5
v' (m³) Quantil Teórico
FIGURA 1: Análise dos resíduos do modelo de Shumacher e Hall na sua formulação simples e com os
coeficientes função linear de variáveis do povoamento, para estimativa de volume de Eucalyptus benthamii
Maiden et Cambage.

241
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FIGURE 1: Residual analysis of the Shumacher and Hall model in its simple formulation and with de
parameters expressed as linear function of stand variables for volume estimation of Eucalyptus benthamii
Maiden et Cambage.

O modelo de Schumacher e Hall simples e com os coeficientes função linear de variáveis do


povoamento florestal apresentam distribuição de resíduos studentizados equilibradas, com distribuição normal,
porém com uma leve tendência de heterogeneidade das variâncias entre 0 e 0,4 m3 (Figura 1). Esse resultado
ocorreu mesmo após a aplicação dos métodos de Parresol (1993) e Huber (1964).
Quando analisadas as estatísticas de validação para cada modelo de volume, na sua forma simples e com
os coeficientes função linear de variáveis do povoamento florestal, verifica-se que o modelo de Shumacher e
Hall (1933) com os coeficientes função linear de variáveis do povoamento florestal, apresentou superioridade na
eficiência da modelagem (EM) e valores mais próximos de zero para a média das diferenças absoluta
(MADPRESS). Entretanto, essa tendência não é verificada para a média das diferenças (MDPRESS), em que
Shumacher e Hall_b e Shumacher e Hall_c apresentaram maior viés.
Tomé et al. (2007) encontraram melhor qualidade de ajuste para o modelo de Schumacher e Hall em sua
formulação simples, para estimar volume total, com e sem casca, de Eucalyptus globulus Labill, em Portugal.

TABELA 3: Estatísticas de validação do modelo de Shumacher e Hall, pra estimativa de volume de Eucalyptus
benthamii Maiden et Cambage.
TABLE 3: Validation statistics of the Shumacher and Hall model for the volume estimation of Eucalyptus
benthamii Maiden et Cambage,
Denominação EM MDPRESS MADPRESS Ordem
Shumacher e Hall_a 0,9873 0,0002 0,0250 3
Shumacher e Hall_b 0,9921 0,0005 0,0221 1
Shumacher e Hall_c 0,9913 0,0005 0,0231 2
Simples 0,9834 0,0004 0,0269 4
Em que: EM = eficiência da modelagem; MDPRESS = média das diferenças PRESS (m); MADPRESS = média das diferenças
absolutas PRESS (m).

A equação indicada para estimativa de volume total para Eucalyptus benthamii é resultante do modelo
de Schumacher e Hall (1933) com o coeficiente b função linear de variáveis do povoamento florestal
(Expressão1).
v=0,0000845 db h0,6448899 (Expressão 1)

Em que: b = 2,1041543 – 0,0057674* t – 0,0005543* dmax + 0,2223319*G; v = volume total (m3); d = diâmetro à altura do
peito com casca (cm); h = altura total (m); t = idade (ano); dmax = diâmetro máximo (cm); G = área basal da parcela (m².ha-
1
).
O qual b é função linear da idade (t), diâmetro máximo (dmáx) e área basal da parcela (G). Tal
propriedade permite retratar as diferenças do volume de Eucalyptus benthamii, sob efeito dessas diversas
variáveis do povoamento florestal (t, dmáx e G), bem como, aplicabilidade geral da equação.

CONCLUSÃO

O modelo de Shumacher e Hall, com seu coeficiente b função linear da idade (t), diâmetro máximo
(dmáx) e área basal da parcela (G), foi a mais adequada para representar o volume total de povoamento de
Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage, na região Oeste de Santa Catarina. A melhora do desempenho do
modelo de Schumacher e Hall com seu coeficiente b função linear de variáveis do povoamento, em relação ao
modelo simples, é verificada, principalmente quando se analisa as estatísticas de validação, apresentando maior
precisão.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), Campus de Xanxerê e ao


Programa de Bolsas Universitária (UNIEDU), que contribuíram para tornar possível a elaboração deste artigo.

242
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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243
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DE ALTURA DE Balfourodendron riedelianum Engl (Engl.) EM
FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL

EQUATIONS FOR HEIGHT ESTIMATION OF Balfourodendron riedelianum Engl (Engl.) IN DECIDUAL


SEASONAL FOREST

Karina Lanzarin1 Ivo Junior Michelon Janderson de Oliveira Silva Junior Oliveira Mendes
Francieli de Fatima Missio

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi definir uma equação matemática para estimativa de altura de árvores de
Balfourodendron riedelianum Engl. (Engl.). Para tal, foram mensuradas a altura total e diâmetro à altura do
peito de 74 árvores de Balfourodendron riedelianum em um fragmento de Floresta Estacional Dedicual no
município de Pinhal Grande, RS. Para seleção da equação foram escolhidos e ajustados por análise de regressão
sete modelos matemáticos. Os modelos foram avaliados de acordo com os critérios estatísticos: coeficiente de
determinação ajustado (R²aj.) e erro padrão da estimativa (Syx). Os mesmos ainda foram avaliados em relação
às condicionantes de regressão (independência dos resíduos, normalidade e homogeneidade da variância) e
tiveram a dispersão de seus resíduos analisada graficamente. Todas equações conseguiram explicar cerca de
50% da variação dos dados observados e apresentaram erro padrão da estimativa próximos. As equações de
Henricksen (h=-7,0620+7,4623.lndap), Stoffels e Van soest (lnh=1,2059+0,2451.lndap) e Trorey (h=-
3,9712+0,0593.dap+2,9938.ln (dap²)) por apresentarem os maiores R²aj. e menores Syx foram as que melhor se
ajustaram para estimativa de altura de Balfourodendron riedelianum. As mesmas atenderam às condicionantes
de regressão e apresentaram as melhores dispersões dos resíduos. Por questões de praticidade e facilidade de
aplicação, entre estas equações sugere-se o uso da equação de Henricksen.
Palavras-chave: Análise de regressão; relação hipsométrica; Guatambu; Floresta nativa.

ABSTRACT

The objective of this work was to define a mathematical equation for the estimation of tree height of
Balfourodendron riedelianum Engl. (Engl.). For this, the total height and diameter at breast height of 74 trees of
Balfourodendron riedelianum were measured in a fragment of Dedicual Seasonal Forest in the municipality of
Pinhal Grande, RS. To select the equation, seven mathematical models were chosen and adjusted by regression
analysis. The models were evaluated according to the statistical criteria: adjusted coefficient of determination
(R²aj) and standard error of estimation (Syx). They were also evaluated in relation to the regression conditioners
(residue independence, normality and homogeneity of the variance) and had the dispersion of their residues
analyzed graphically. All equations were able to explain about 50% of the variation of the observed data and
presented approximate standard error of estimation. The equations of Henricksen (h = -7.0620 + 7.4623.indd),
Stoffels and Van soest (lnh = 1.2059 + 0.2451.lndap) and Trorey (h = -3.9712 + 0.0593. dap + 2.9938.ln (dap²))
for presenting the largest R²aj. and smaller Syx were the best fit for height estimation of Balfourodendron
riedelianum. These equations attended the regression conditioners and presented the best dispersions of the
residues. For reasons of practicality and ease of application, among these equations the use of the Henricksen
equation is suggested.
Keywords: Regression analysis; hypsometric relation; Guatambu; Native forest.

INTRODUÇÃO

As florestas nativas são consideradas complexas, em vista da sua heterogeneidade, com um grande
número de espécies apresentando as mais diferentes características silviculturais, ecológicas e tecnológicas. Tal
complexidade, aliada a carência de metodologias e de dados científicos, dificulta a atuação do profissional
envolvido com o manejo dessas florestas (SANQUETTA, 1995). Com base nisso, se vê a necessidade de
investir em pesquisas com espécies florestais nativas, a fim de preencher lacunas no conhecimento científico e
fornecer informações necessárias para subsidiar a conservação e manejo destas espécies, assim como das
florestas nativas como um todo.

Engenheira Florestal. Estudante de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal. Centro de Ciências
1

Rurais. Universidade Federal de Santa Maria. CEP: 97105-900. Santa Maria. RS. E-mail: karinalanzarin@gmail.com

244
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A altura é uma importante característica da árvore e pode ser medida ou estimada. Sua medição ou
estimação é essencial para o cálculo do volume, de incrementos em altura e, em certas situações, pode servir
como indicadora da qualidade produtiva de um local. A determinação da altura das árvores em pé utilizando
instrumentos é uma operação onerosa e sujeita a erros. Sendo assim, se busca medir algumas alturas das árvores
de interesse e através de relações hipsométricas (relação altura/diâmetro), estimar as demais (SOARES; NETO,
2011)
A espécie Balfourodendron riedelianum Engl. (Engl.), é uma árvore pertencente à família das rutáceas,
popularmente conhecida como pau-marfim ou guatambu. Atinge até 35 m de altura e seu diâmetro à altura do
peito varia entre 30 cm a 90 cm, podendo chegar a 100 cm. Apresenta crescimento monopodial na fase jovem,
mesmo a pleno sol, constituindo fustes bem definidos. O fuste é reto e cilíndrico, a levemente tortuoso,
atingindo até 15 m de altura (CARVALHO, 2004). No Brasil sua distribuição natural vai desde 20º S em Minas
Gerais até 29º 40’ no Rio Grande do Sul e é considerada a mais importante das madeiras brasileiras da família
das rutáceas. Encontrada nas Florestas Estacional Decidual e Semidecidual, a árvore possui madeira densa com
flexibilidade e tenacidade excelentes. É indicada para fabricação de móveis de luxo, carpintaria e marcenaria no
geral. Apontada como uma das melhores madeiras para fabricação de hélices de avião, é também apropriada
para fabricação de instrumentos musicais (CARVALHO, 2004; REITZ et al., 1983).
Existem na literatura algumas pesquisas desenvolvidas com a espécie, no entanto, poucas são as que
foram desenvolvidas analisando as características da árvore adulta inserida na floresta nativa. Tendo em vista a
carência de informações sobre a espécie nesta condição o presente trabalho teve como objetivo definir uma
equação matemática para estimativa de altura de árvores de Balfourodendron riedelianum Engl. (Engl.). Tais
resultados podem vir a contribuir para as práticas de manejo desta espécie.

MATERIAIS E MÉTODOS

Descrição da área
O presente estudo foi desenvolvido em um fragmento florestal em propriedade particular no município
de Pinhal Grande, inserido na região do Planalto Médio do estado do Rio Grande do Sul. O clima do local,
segundo a classificação de Koppen, é do tipo Cfa, com chuvas bem distribuídas durante o ano. A precipitação
média anual da região está entre 1500 mm e 1750 mm. A temperatura média anual situa-se entre 18 ºC e 20 ºC.
O mês mais quente é janeiro, com temperatura média em torno de 25 ºC e o mês mais frio julho, com
temperatura média de 13 ºC (NIMER, 1990).
A área está inserida na região de Floresta Estacional Decidual, também chamada de Floresta Estacional
Caducifólia, ecossistema do bioma Mata Atlântica. Este tipo de vegetação é caracterizado por duas estações
climáticas bem demarcadas. Na zona tropical, apresenta uma estação chuvosa seguida de período seco. No Rio
Grande do Sul, embora o clima seja ombrófilo, possui uma época muito fria (temperaturas médias mensais
inferiores ou iguais a 15 ºC) que determina o repouso fisiológico e a queda parcial da folhagem (IBGE, 2012).
No interior do fragmento florestal foram identificadas e mensuradas 74 árvores de Balfourodendron
riedelianum. Obteve-se o DAP das árvores através da transformação da medida de circunferência à altura do
peito mensurada no local com fita métrica (DAP=CAP/π). A altura foi obtida utilizando hipsômetro Vertex IV.

Ajuste dos modelos hipsométricos


Para determinar a melhor equação de estimativa da altura em função do DAP foram testados sete
modelos matemáticos previamente estabelecidos (Tabela 1).

TABELA 1 – Modelos matemáticos selecionados para estimativa de altura de Balfourodendron riedelianum


Engl.(Engl.).
TABLE 1 - Mathematical models selected for height estimation of Balfourodendron riedelianum Engl.(Engl.).
N Modelo Autor
1 ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 Linear
2 ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝² Kopezky & Gehrardt
3 ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. √𝑑𝑎𝑝
4 ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝 Henricksen
5 𝑙𝑛ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝 Stoffels e Van soest
6 ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2. ln(𝑑𝑎𝑝2 ) Trorey
7 ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2. 𝑑𝑎𝑝² Parábola
Onde: h: altura total da árvore, em metros, DAP: diâmetro à altura do peito, medido a 1,30m do solo (cm), ln: logaritmo
neperiano e b0, b1 e b2 coeficientes estimados através de regressão.

245
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

A avaliação do ajuste e precisão dos modelos testados foi baseada no coeficiente de determinação
ajustado (R²aj.), erro padrão da estimativa (Syx) e na distribuição gráfica da dispersão dos resíduos. Os resíduos
foram avaliados com os testes de White para a homogeneidade, teste Shapiro-Wilk para a normalidade e teste de
Durbin-Watson para a independência. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando software
estatístico SAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A altura é uma variável de difícil obtenção na floresta, em vista disso busca-se ajustar um modelo para
estimar a altura das árvores em função de uma variável de fácil obtenção, como o DAP. Para estimativa de
altura da espécie Balfourodendron riedelianum foram testados sete modelos matemáticos, os coeficientes e
estatísticas destes modelos ajustados são apresentados na Tabela 2.

TABELA 2 - Modelos matemáticos testados e parâmetros estatísticos da relação hipsométrica para


Balfourodendron riedelianum Engl.(Engl.).
TABLE 2 - Mathematical models tested and statistical parameters of the hypsometric relation for
Balfourodendron riedelianum Engl.(Engl.).
Modelo b0 b1 b2 R²aj. Syx
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 9,233 0,2793 0,5047 9.85
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝² 13,5202 0,0040 0,4396 11.15
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. √𝑑𝑎𝑝 1,4209 3,0194 0,5280 9.39
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝 -7,0620 7,4623 0,5329 9.29
𝑙𝑛ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝² 1,2059 0,2451 0,5921 9.48
2 -3,9712 0,0593 2,9938 0,5283 9.25
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2. ln(𝑑𝑎𝑝 )
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2. 𝑑𝑎𝑝² 6,4513 0,4817 -0,0032 0,5128 9.56
Onde: h: altura total da árvore, em metros, dap: diâmetro à altura do peito, medido a 1,30m do solo (cm), ln: logaritmo
neperiano, b0, b1 e b2 coeficientes estimados através de regressão, R²aj: coeficiente de determinação ajustado, Syx: erro
padrão da estimativa.

Todas equações conseguiram explicar cerca de 50% da variação dos dados observados e apresentaram
erro padrão da estimativa próximos entre si. O coeficiente de determinação ajustado apresentou valores entre
0,4396 e 0,5921, normalmente considerados baixos. Porém, visto que se trata de uma árvore nativa de grande
porte encontrada em floresta natural considerou-se o ajuste satisfatório. A Equação 5, de Stoffels e Van soest,
apresentou o maior coeficiente de determinação ajustado (R²aj.= 0,5921), seguido da Equação 4 (R²aj.= 0,5329)
e da Equação 6 (R²aj.= 0,5283).
Ao analisar o R²aj. em conjunto com o erro padrão da estimativa de cada modelo ajustado essas mesmas
equações (Equação 4, 5 e 6) destacaram-se como as melhores para estimativa de altura de Balfourodendron
riedelianum, visto que as Equações 4 e 6 apresentaram os menores valores de Syx. Ao avaliar as condicionantes
da regressão, todas as equações apresentaram homogeneidade da variância, normalidade e independência dos
resíduos (Tabela 3).

TABELA 3 – Modelos hipsométricos testados e condicionantes da regressão para relação hipsométrica de


Balfourodendron riedelianum Engl.(Engl.).
TABLE 3 - Hypsometric models tested and conditioners of the regression for hypsometric relation of
Balfourodendron riedelianum Engl.(Engl.).
Teste de
Modelo Shapiro-wilk Durbin-Watson
White
0,88 0,99, 2,15
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝
p.= 0,64 p.= 0,81 Pr>DW= 0,73
1,23 0,98, 2,25
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝²
p.= 0,54 p.= 0,46 Pr>DW= 0,85
2,05 0,99, 2,08
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. √𝑑𝑎𝑝
p.= 0,36 p.= 0,93 Pr>DW= 0,63
2.15 0,98, 2,01
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝
p.= 0,34 p.= 0,49 Pr>DW= 0,50
𝑙𝑛ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝² 1,63 0,98 2,04

246
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
p= 0,44 p.= 0,51 Pr>DW= 0,57
4,02 0,99 2,03
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2. ln(𝑑𝑎𝑝2 )
p= 0,55 p.= 0,75 Pr>DW= 0,55
ℎ = 𝑏0 + 𝑏1. 𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2. 𝑑𝑎𝑝² 3,26 0,99 2,07
p=0,51 p.= 0,92 Pr>DW= 0,61
Onde: h: altura total da árvore, em metros, dap: diâmetro à altura do peito, medido a 1,30m do solo (cm), ln: logaritmo
neperiano, b0, b1 e b2 coeficientes estimados através de regressão, p: probabilidade.

Para auxiliar na seleção da equação que melhor se ajusta aos dados observados de B. riedelianum
também foi analisada graficamente a dispersão dos resíduos (Figura 1).

Equação 1 Equação 2
10 10

5 5

0 0
0 20 40 60 0 20 40 60
-5 -5

-10 -10

Equação 3 Equação 4
10 10

5 5

0 0
0 20 40 60 0 20 40 60
-5 -5

-10 -10

Equação 5 Equação 6
10 10

5 5

0 0
0 20 40 60 0 20 40 60
-5 -5

-10 -10

Equação 7
10

0
0 20 40 60
-5

-10

FIGURA 1: Dispersão dos resíduos das equações ajustadas para estimativa de altura de Balfourodendron
riedelianum Engl. (Engl.).
FIGURE 1: Dispersion of residuals from equations adjusted for height estimation of Balfourodendron
riedelianum Engl. (Engl.).

247
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
As equações ajustadas obtiveram uma dispersão gráfica dos resíduos semelhante. No entanto, as
Equações 1 e 2 tendem a superestimar os valores de altura nos menores diâmetros encontrados. Enquanto as
demais equações se aproximam dos valores reais observados nestes diâmetros. Entretanto, à exceção das
Equações 1 e 2, todas as equações subestimam as alturas nos maiores valores de diâmetro. É possível visualizar
o comportamento de cada equação ajustada em relação aos dados observados na Figura 2.

FIGURA 2 - Comportamento das equações ajustadas para relação hipsométrica de Balfourodendron


riedelianum Engl. (Engl.), Pinhal Grande, RS.
FIGURE 2 - Behavior of equations adjusted for hypsometric relation of Balfourodendron riedelianum Engl.
(Engl.), Pinhal Grande, RS.

Conforme mencionado anteriormente, as Equações 4, 5 e 6 possuem as melhores estatísticas (R²aj. e


Syx), atendem às condicionantes da regressão e tem dispersão dos resíduos similar às demais equações
ajustadas. Tais equações são as que melhor descrevem as características das árvores de Balfourodendron
riedelianum observadas e podem ser utilizadas para estimativa de altura das mesmas. Ainda, em relação à
praticidade e simplicidade de aplicação de uma equação, dentre as três equações, a Equação 4 (h=-
7,0620+7,4623.lndap) se destaca, em vista de apresentar diretamente o valor de altura em metros e utilizar
somente dois coeficientes (b0 e b1) para tal estimativa.

CONCLUSÕES

As equações de Henricksen (h=-7,0620+7,4623.lndap), Stoffels e Van soest (lnh=1,2059+0,2451.lndap)


e Trorey (h=-3,9712+0,0593.dap+2,9938.ln (dap²)) foram as que melhor se ajustaram para estimativa de altura
de Balfourodendron riedelianum Engl. (Engl.). Por questões de praticidade, dentre estas equações sugere-se o
uso da equação de Henricksen.

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Inventário Florestal. 2 ed. Viçosa: Editora UFV, 272 p. 2011.

248
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA VOLUMÉTRICA DE NECROMASSA EM FLORESTA
MANEJADA NA AMAZÔNIA CENTRAL

EQUATIONS FOR VOLUMETRIC ESTIMATION OF NECROMASS IN A CENTRAL AMAZON


LOGGED FOREST

Filipe Campos de Freitas1 Celso Paulo de Azevedo Cintia Rodrigues de Souza Isáira Leite e Lopes
Natalino Calegário

RESUMO

A necromassa possui importância nos estoques de carbono da vegetação, assim como papeis ecológicos nos
ecossistemas, entretanto a sua quantificação ainda não é uma atividade comum em estudos florestais quanto
outros componentes da vegetação. Estimativas mais precisas favorecem um melhor conhecimento sobre a
dinâmica do carbono em uma vegetação. Equações de volume ajustadas com dados de indivíduos sadios podem
não ser favoráveis para estimar volume de árvores mortas que apresentem algum grau de decomposição. Desta
forma, objetivo deste estudo foi ajustar modelos para estimativas de volume da necromassa em uma floresta
manejada comercialmente na Amazônia. A coleta de dados foi realizada no município Itacoatiara (Amazonas,
Brasil). Foi realizada a cubagem dos troncos de árvores mortas, com diâmetro mínimo de 10 cm, caídas dentro
de 15 parcelas consideradas no estudo. Foram testados quatro modelos volumétricos. Todos os modelos e
parâmetros apresentaram significância ao nível de 1% de probabilidade. Os coeficientes de determinação
ajustados e de correlação variaram de 57,09% a 94,05% e de 0,76 a 0,97, respectivamente. O coeficiente de
variação foi representativo quanto à heterogeneidade de espécies nas florestas amazônicas, variando de 92,42%
a 115,06%. Os modelos de dupla entrada foram os que apresentaram distribuição de resíduos mais uniformes.
De forma geral os modelos ajustados se mostraram bem representativos quanto à variabilidade dos dados
observados em campo. O modelo de Schumacher-Hall foi o que melhor se ajustou aos dados coletados.
Palavras-Chave: Alometria; manejo florestal; árvore morta.

ABSTRACT

Necromass is an important component to carbon stocks of vegetation, and it has ecological roles in ecosystems,
but yours quantification is not a common activity in forest studies as other components of vegetation yet. More
precise estimates favor a better understanding of the dynamics of carbon in a vegetation. Volume equations
fitted with recently fallen trees data can not be the best way to estimate the volume of dead trees that have some
degree of decomposition. Thus, this study aimed to fit models for necromass volume estimates in a logged forest
in Amazon. The data collection was conducted at Itacoatiara (Amazonas, Brazil). It was done the volume
determination of the trunks of fallen dead trees, with a minimum diameter of 10 cm, within 15 permanent plots.
Four volumetric models were tested. All models and parameters presented significance at the 1% probability
level. The fitted coefficients of determination and ranged from 57,09% to 94,05% and 0,76 to 0,97, respectively.
The coefficient of variation was representative concerning the heterogeneity of species in the Amazonian
forests, ranging from 92,42% to 115,06%. The two way models presented more uniform residual distribution
than one way models. In general, the fitted models were well representative of the data variability observed in
the field. The Schumacher-Hall model presented the better fit for collected data.
Keywords: Alometry; forest management; dead tree.

INTRODUÇÃO

As emissões dos chamados gases do efeito estufa (GEE) por fontes antropogênicas tem resultado no
aumento da concentração destes na atmosfera. Este fato tem sido apontado como a principal causa das
mudanças climáticas observadas nas últimas décadas o qual tem sido alvo de constantes estudos e relatórios
pelo menos nos últimos 20 anos (CIAIS et al., 2013). De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) os efeitos das mudanças climáticas já estão ocorrendo em todos os continentes e
oceanos, variando entre regiões e populações, já podendo ser observados alguns impactos, como na abundância
de espécies vegetais e animais (IPCC, 2014).

1
Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras, E-mail:
filipecamposdefreitas@hotmail.com

249
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Diante desse contexto, as florestas se apresentam como peças fundamentais na dinâmica destas
mudanças, uma vez que são grandes depósitos de carbono. Esse carbono armazenado pode ser liberado de volta
para a atmosfera pela respiração autotrófica e heterotrófica ou por distúrbios ocorridos às florestas (incêndios,
por exemplo) (CIAIS et al., 2013). O acúmulo de carbono em ecossistemas florestais é um parâmetro importante
para avaliar a relação deste elemento com os diferentes ambientes, e um dado essencial na estimativa da sua
absorção e emissão por esses ecossistemas (WANG et al., 2001). Smith et al. (2004) mencionam que estudos
sobre sequestro de carbono são importantes na avaliação de uma floresta como recurso natural, assim como na
relação entre mudanças climáticas e o acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera.
As Diretrizes para Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa do IPCC consideram como
reservatórios de carbono em florestas a biomassa acima do solo e biomassa de raízes. A biomassa de indivíduos
mortos, inteiros ou em parte, leva a um outro componente da vegetação, a necromassa (IPCC, 2006). Este
último refere-se à matéria orgânica morta presente nos ecossistemas florestais, provenientes de elementos
vegetais (árvores mortas em pé ou caídas, galhos e pedaços de troncos mortos) em estágios iniciais ou
avançados de decomposição (BROWN, 1997). Possui importância nos estoques de carbono da vegetação, assim
como outros papeis ecológicos, como habitat para espécies da fauna, manutenção da produtividade do
ecossistema (HARMON et al., 1986). Entretanto a sua quantificação ainda não é uma atividade comum em
estudos florestais quanto outros componentes da vegetação.
Estudos relacionados à volumetria de árvores na Amazônia têm contemplado o ajuste com dados de
indivíduos sadios, utilizando-se do abate em campo ou amostragem de toras em pátios de estocagem em áreas
de exploração florestal (COLPINI et al., 2009; THAINES et al., 2010; BARRETO et al., 2014; RIBEIRO et al.,
2014; TONINI e BORGES, 2015). Higuchi et al. (2015) e Aguiar et al. (2017) obtiveram bons ajustes de
modelos a partir de amostragem de árvores caídas naturalmente na floresta que apresentavam bom estado de
conservação.
Entretanto, apesar da necromassa também ser composta por indivíduos recém mortos e em bom estado
de conservação, grande parte dos seus componentes se apesentam em algum estágio de decomposição, inicial ou
avançado (KELLER et al., 2004; PALACE et al., 2007; CRUZ FILHO e SILVA, 2009; ZANINOVICH et al.,
2016; FREITAS, 2017). Equações de volume ajustadas com dados de indivíduos sadios podem não ser
favoráveis para estimar volume de árvores mortas que apresentem algum grau de decomposição. Troncos nesta
situação muitas vezes não apresentam uniformidade na sua superfície, podendo apresentar maior variação nos
valores de diâmetro ao longo da peça.
O manejo florestal já não é visto apenas como um meio para retirada de recursos madeireiros ou não
madeireiros da floresta. Seu conceito tem considerado os aspectos econômicos, sociais e ambientais,
envolvendo, assim, a produção de serviços ambientais (AZEVEDO, 2006). A inclusão de variáveis na
realização dos inventários florestais proporciona um melhor conhecimento da floresta acerca dos produtos e
serviços que esta poderá oferecer. Uma estimativa precisa do volume de necromassa pode melhorar bases de
dados utilizadas na tomada de decisão sobre estes serviços, proporcionando um conhecimento mais apurado do
estoque de carbono na vegetação, agregando valor ao manejo florestal no contexto das mudanças climáticas.
Desta forma, o objetivo deste estudo foi ajustar modelos volumétricos para estimativas de volume da
necromassa em uma floresta sob manejo florestal sustentável na Amazônia Central para auxiliar na
quantificação do estoque de carbono presente em florestas amazônicas.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
A pesquisa foi desenvolvida na área de manejo florestal sustentável pertencente à empresa Mil Madeiras
Preciosas, localizada no município de Itacoatiara (Amazonas, Brasil), delimitada pelas coordenadas geográficas
02º 30’ S, 03º 00’ S, 59º 00’ e 58º30’ (SOUZA et al., 2017).
A área está localizada em terra firme constituída por floresta ombrófila densa, caracterizada por
indivíduos arbóreos de grade porte, com lianas lenhosas e epífitas (IBGE, 2012). Segundo a classificação de
Köppen o clima da região é do tipo “Am” (tropical chuvoso monçônico). A precipitação média anual varia entre
1.355 e 2.839 mm, com temperatura média variando entre 25,6 °C e 27,6 °C e umidade relativa do ar entre 84%
e 90%, em média. Os meses mais chuvosos vão de dezembro a maio, e os mais secos, de agosto a novembro. Os
solos predominantes são o latossolo amarelo com textura muito argilosa e os hidromórficos, cobertos
predominantemente pela vegetação da floresta densa de terras baixas, com dossel emergente (IBGE 1999).

250
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em 15 parcelas permanentes, já instaladas, com dimensões de 100 m x
100 m. Estas parcelas são utilizadas para o acompanhamento da dinâmica da floresta através de inventário
florestal contínuo. Foi realizada a cubagem rigorosa dos troncos de árvores mortas caídas cuja base, ou o toco,
foram identificados dentro dos limites da parcela, adotando-se a combinação dos métodos de Smalian (medição
dos diâmetros na base e no topo de cada seção) e Hohenald (divisão relativa do comprimento em 10 seções). O
diâmetro mínimo de inclusão foi de 10 cm em medições a 1,30 m da base do tronco. O volume foi calculado a
partir da seguinte expressão:

π D20 + D210 L
Vn = × {( ) + D21 + … + D29 } ×
4 2 10

Em que: Vn = Volume de necromassa; D0 = Diâmetro na base do tronco; D10 = Diâmetro no topo do


tronco; D1, ..., 9 = Diâmetro das seções ao longo do tronco; L = Comprimento do tronco.

Modelos testados e critérios de seleção


Foram testados quatro modelos comumente utilizados em trabalhos que visam ajuste volumétrico
(Tabela 1) que têm apresentado bons resultados para florestas na Amazônia (COLPINI et al., 2009; RIBEIRO et
al., 2014; TONINI e BORGES, 2015; HIGUCHI et al., 2015). Neste ajuste, cada indivíduo cubado foi
considerado uma repetição.

TABELA 1: Modelos volumétricos ajustados para necromassa.


Número Modelo Autor
1 Vn = β0 Dβ1 Berkhout
2 Vn = β0 DAPβ1 Lβ2 Schumacher-Hall
3 Vn = β0 + β1 D2 L Spurr
4 Vn = β0 + β1 D2 Kopezi-Gehrardt
Em que: Vn = Volume de necromassa; βn = Parâmetros a serem ajustados; D = Diâmetro à 1,30 m da base do tronco; L =
Comprimento do tronco.

Após ajuste dos modelos, foi efetuada a análise de variância da regressão. A constatação se houve ou
não regressão entre as variáveis dependentes e independentes foi realizada partir do teste F, o qual testou a
hipótese de que há pelo menos um parâmetro estatisticamente diferente de zero (α = 0,05). Constatada a
regressão, cada parâmetro foi avaliado individualmente, através do teste t de Student, para verificar se há algum
estatisticamente igual a zero (α = 0,05). A comparação entre os modelos foi feita a partir das seguintes medidas
de precisão: coeficiente de correlação (r); coeficiente de determinação ajustado (R²aj.); coeficiente de variação
(CV); distribuição gráfica dos resíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram cubados um total de 868 troncos de árvores mortas caídas. Para todos os modelos ajustados é
observada alta significância para a regressão, assim como para os parâmatros ajustados (Tabela 2).

TABELA 2: Modelos ajustados para volume de necromassa na Mil Madeiras.


TABLE 2: Fitted models for necromass volume at Mil Madeiras.
Coeficientes
Modelos F R²aj. (%) r CV (%)
β0 β1 β2
1 3449,11** -0,000210 2,319753** 79,91 0,80 115,06
** ** **
2 6855,87 -0,000126 1,865761 0,921967 94,05 0,97 192,42
** **
3 2109,93 -0,095845 0,000058 70,87 0,84 192,72
4 1154,37** -0,012496 0,000809** 57,09 0,76 112,54
Significativo a 1% (α = 0,01)
**

251
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O modelo 2 (Schumacher-Hall) pode ser considerado com ótimo ajuste, apresentanto R2aj. de 94,05% e r
igual a 0,97. Quanto a estas variáveis, os modelos um e três não são considerados ruins, mas respondem por
menos de 80% da variabilidade dos dados, e com um coeficiente de correlação de 0,80 e 0,84, respectivamente.
Foram obtidos bons ajustes no que diz respeito às medidas de precisão avaliadas. O modelo quatro não
apresenta resultado satisfatório para o coeficiente de determinação.
Todos os coeficientes de variação estão acima de 90%, chegando a um máximo de 115% (Modelo 1).
Os modelos de simples entrada são os que apresentam os maiores coeficientes de variação, uma vez que estes
assumem que árvores de mesmo diâmetro apresentam a mesma altura, algo que não é verdadeiro em florestas
heterogêneas (ROLIM et al., 2006).
A heterogeneidade de espécies na Amazônia proporciona valores elevados para esta variável, caso não
haja algum critério no agrupamento de dados em classes semelhantes para ajuste (ex.: espécies, classe de
diâmetro), a tendência é encontrar variação elevada nos ajustes. No presente estudo houve registro de troncos
com diâmetros superiores à 100 cm, desta forma tem-se uma grande amplitude de dados a serem considerados
nos ajustes. Para o volume de necromassa, além da variação natural de espécies, grande parte dos indivíduos
apresentam um elevado grau de decomposição, o que proporciona grandes diferenças nos diâmetros ao longo do
tronco coletados na cubagem rigorosa, fazendo com que, muitas vezes, o diâmetro de entrada para estimativas
com os modelos não represente o diâmetro real do tronco, contribuindo ainda mais para os valores elevados do
CV.
Estudos que buscam ajustes de modelos em florestas manejadas na Amazônia têm encontrado
coeficientes de determinação próximos aos verificados para a Mil Madeiras, variando de 76,5% a 96,8%
(LEITE E REZENDE, 2010; THAINES et al., 2010; BARRETO et al., 2014; SILVA e SANTANA, 2014;
GIMENEZ et al., 2015). Estes valores estão próximos ou até abaixo dos apresentados na Tabela 2, entretanto, os
coeficientes de variação observados nos ajustes citados foram bem menores, com valores de 2,29% a 34,76%.
Ajustes de modelos em áreas de manejo florestal normalmente utilizam os indivíduos oriundos da exploração,
com diâmetro mínimo de inclusão maior que o considerado neste estudo, desta forma há uma menor variação
entre diâmetro mínimo e máximo em campo, possibilitando, assim, menores valores para o coeficiente de
variação nestes ajustes. Isso é observado nos casos mencionados: Thaines et al. (2010) tiveram em seus dados
indivíduos com diâmetro mínimo de 51,9 cm; Silva e Santana consideraram indivíduos a partir de 50 cm;
Gimenez et al. (2015) observaram um diâmetro mínimo de 30,5 cm.
Higuchi et al. (2015) e Aguiar et al. (2017), a partir de amostragem de troncos naturalmente caídos,
obtiveram R2 entre 94% e 99%. Os CV apresentados nestes estudos variaram de 2,61% a 6,59%, valores bem
abaixo do calculado para a Mil Madeiras. Nestes casos foram considerados apenas indivíduos em com estado de
conservação do tronco, com baixo ou nenhum grau de decomposição aparente.
A distribuição de resíduos dos quatro modelos testados é apresentada na Figura 2.

FIGURA 1: Distribuição de resíduos dos modelos ajustados: modelo 1 (a); modelo 2 (b); modelo 3 (c); modelo
4 (d).
FIGURE 1: Residual distribution of the fitted models: model 1 (a); model 2 (b); model 3 (c); model 4 (d).

252
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Apenas o modelo dois apresenta distribuição uniforme, com poucos indivíduos fora de um limite de
100% de erro. O modelo três, que também apresentou CV abaixo de 100%, demonstra tendência a superestimar
os volumes para indivíduos das primeiras classes de diâmetro. Os demais modelos não apresentam boa
uniformidade nas observações, com tendências à superestimativas. Para a Mil Madeiras todos os ajustes
alcançaram bons parâmetros para os coeficientes de determinação e correlação. Considerando a distribuição de
resíduos o modelo dois obteve o melhor resultado que os demais, sendo o único que não apresentou tendências a
superestimativas para o volume de necromassa. Desta forma observa-se que, dentre estes quatro modelos
testados, o modelo de Schumacher-Hall é o que melhor se ajusta à área da Mil Madeiras.

CONCLUSÕES

Ss modelos ajustados se mostraram bem representativos quanto à variabilidade dos dados observados
em campo. O modelo de Schumacher-Hall foi o que apresentou melhor ajuste, podendo ser melhorado a partir
de novas coletas de dados.
A aplicação de equações voluméticas para a necromassa indica ser uma forma eficiente para melhorar as
estimativas de carbono em florestas amazônicas. Estimula-se a utilização de novos modelos, outras formas de
agrupamento dos dados para buscar ajustes com menores índices de variação, obtendo estimativas mais
precisas.

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254
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTABILIDADE MULTITEMPORAL DA MÉTRICA LIDAR PERCENTIL 90 PARA ESTIMAÇÃO
DA ALTURA MÉDIA DE ÁRVORES DOMINANTES EM PLANTIOS DE EUCALIPTO

STABILITY MULTI-TEMPORAL OF 90th PERCENTILE LIDAR METRIC FOR ESTIMATING THE


AVERAGE DOMINANT HEIGHT OF EUCALYPTUS STAND

Alessandra Morais Melo1 Cristiano Rodrigues Reis Tiago de Conto Eric Bastos Gorgens
Luiz Carlos Estraviz Rodriguez

RESUMO

O estudo tem como objetivo verificar a estabilidade e a qualidade preditiva de um modelo de regressão linear
simples, baseado na métrica LiDAR percentil 90, para estimação da altura média dominante de uma plantação
de Eucalyptus spp., localizada no estado de São Paulo, Brasil. A partir de dados LiDAR multitemporais
provindos de duas viagens anuais consecutivas e um conjunto de 82 parcelas de inventário, o modelo linear foi
ajustado utilizando dados de 2013, e as estimativas do modelo foram comparados com as medições em campo
de 2014. O modelo gerado apresentou alto valor de coeficiente de determinação ajustado R² (0.97), e baixo
valor de RMSE (1.09) quando comparados os valores preditos e observados, indicando boa estabilidade e
qualidade preditiva.
Palavras-chave: análise multitemporal; inventário florestal; manejo florestal.

ABSTRACT

The study aims to verify the stability and predictive quality of a simple linear regression model, based on the
90th percentile LiDAR metric, to estimate mean dominant height of a plantation of Eucalyptus spp., located in
the state of São Paulo, Brazil. From the multitemporal LiDAR data from two consecutive annual flights and a
set of 82 inventory sample plots, the linear model was adjusted using data from 2013, and the model estimates
were compared with 2014 field measurements. The generated model presented a high value coefficient of
determination R² (0.97), and low value of RMSE (1.09) when compared predicted and observed values,
indicating good stability and predictive quality.
Keywords: multitemporal analysis; forest inventory; forest management.

INTRODUÇÃO

A mensuração florestal, por meio do inventário florestal,é muito importante por fornecer dados de
diâmetro e a altura. Essas são as principais variáveis que são utilizadas para quantificação de produtividade,
definição de índices de sítio e avaliação de homogeneidade florestal (MACHADO, 2003). Por causa do alto
custo, a altura é geralmente medida em apenas parte dos indivíduos, e o restante é predito através de equações
hipsométricas (BATISTA et al., 2014).
O LiDAR (Light Detection and Ranging) permite a obtenção de grande quantidade de informação
tridimensional das florestas com alta precisão, baixo custo e alta velocidade de aquisição de dados (GIONGO et
al., 2010), como dados relativos de alturas de árvores. No Brasil, alguns estudos têm demonstrado o potencial
da ferramenta LiDAR nas estimativas de atributos florestais em plantios de Eucalyptus spp, como volume
(CARVALHO et al., 2015), altura média, altura dominante e contagem de indivíduos (SILVA et al., 2016;
RODRIGUEZ et al., 2010).
Neste contexto, análises de dados multitemporais LiDAR permitem o desenvolvimento de estudos
considerando o comportamento das florestas, melhorando estas estimativas.
Este trabalho tem como objetivo verificar a qualidade preditiva de um modelo de regressão linear
simples para estimação da altura média de árvores dominantes baseado no percentil 90 de pontos LiDAR, e sua
estabilidade a partir de dados multitemporais de dois vôos obtidos com intervalo de um ano. O modelo será
ajustado a partir de dados de 2013 e aplicado em uma nuvem de pontos da mesma área, obtida em 2014, e sua
consistência será verificada constrantando as estimativas com mensurações de campo.

Engenheira Florestal, Mestranda em Ciências Florestais. UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
1

Mucuri. Campus JK - Rod. MGT 367, Km 583, 5000 – Alto do Jacuba - CEP: 39100-000 – Diamantina (MG), Brasil. E-
mail: mmelo.alessandra@gmail.com

255
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi realizado em uma área de 698 hectares pertencente à empresa Suzano Papel e Celulose,
localizada no interior do Estado de São Paulo, no município de São Miguel Arcanjo. O clima da região segundo
Köppen é Cfb, com precipitação média anual de 1400 mm e altitude média de 715 m. O relevo é ondulado com
inclinação máxima de 32 graus (GAVA, 1997).
A área é dividida em talhões, formados por plantios clonais do gênero Eucalyptus, manejados para a
produção de celulose. Os talhões estavam com espaçamento 3 x 2,2m. Foram considerados neste estudo os
dados coletados nos anos de 2013 e 2014 em 82 parcelas circulares com área de 400 m² cada (Tabela 1).

TABELA 1: Caracterização das áreas de estudo.


TABLE 1: Characterization of the study area.
Talhão Idade Nº de parcelas Hdom (m) em 2013 Hdom (m) em 2014
101 5.8 10 31.86 33.90
102 5.2 5 30.95 32.72
103 5.4 8 32.18 34.33
104 3.7 3 21.31 24.28
105 4.1 7 23.42 25.95
106 5.2 5 26.70 27.42
107 2.5 6 13.32 19.20
202 4 10 26.32 29.09
206 4 3 26.77 30.07
301 3.7 15 24.90 28.17
302 5.2 10 26.94 28.49
Em que: Hdom = média da altura dominante.

As 82 parcelas foram lançadas de forma aleatória dentro de cada um dos 12 talhões. Em cada parcela
foram medidos os diâmetros à altura do peito (DAP) de todas as árvores, a altura total das 10 árvores localizadas
na linha central da parcela e 4 alturas totais das árvores de maior DAP. O modelo hipsométrico de Campos et al.
(1984) foi utilizado para estimação das alturas (H) das árvores não medidas.
A informação multitemporal foi obtida em duas campanhas, uma realizada em 2013 e a segunda em
2014. Os dados foram obtidos com uma aeronave CESNA modelo 206, equipada com uma unidade inercial
Applanix (IMU +GPS) modelo POS AV 150 e sensor LiDAR Harrier 68i da Trimble (Tabela 2).

TABELA 2: Especificações de voo.


TABLE 2: Flight specifications.
Características Descrição dos parâmetros
Densidade de pontos 10 pontos/m²
Diâmetro de pulso no alvo (footprint) 0.22 m
Ângulo de abertura pela varredura (FOV) 45º
Faixa de varredura 350 m
Altura de voo 425 m
Taxa de escaneamento 174,05 Hz
Taxa de emissão 400 kHz

A fase de pré-processamento até a extração das métricas dos dados ALS foram feitos por meio do
software LASTools versão 180620 (ISENBURG, 2018). Para análises das métricas e desenvolvimento/
aplicação de modelos preditivos, foram utilizados o software R (versão 3.5) e RStudio (versão 1.1453) (RCore
Team, 2018).
O pré-processamento tem como objetivo conferir a densidade de pontos, redefinir o sistema de
coordenadas dos dados e excluir pontos duplicados e ruídos. A nuvem de pontos foi recortada em blocos (tiles)
de 1000x1000m, para permitir o processamento de uma fração da nuvem de pontos por vez. Nesta fase foi
adicionado um buffer de 30 metros em cada, para evitar possíveis erros na junção dos blocos. Para cada bloco,

256
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
os pontos foram classificados como solo, a fim de produzir o modelo digital de terreno (DTM) e a nuvem de
pontos normalizada. Por fim, as métricas foram geradas sobre a nuvem normalizada (Tabela 3).

TABELA 3: Métricas LiDAR geradas.


TABLE 3: LiDAR metrics generated.
Métrica ALS Símbolo
Número de pontos nos intervalos de altura c00, c01, c02
Número de pontos nos intervalos de altura / total de pontos d00, d01, d02
Percentil 25 de altura Hp25
Percentil 50 de altura Hp50
Percentil 75 de altura Hp75
Percentil 90 de altura Hp90
Proporção entre primeiros retornos acima da altura de corte / primeiros retornos cov
Proporção entre todos retornos acima da altura de corte / todos retornos dns

Os percentis são medidas de posição representada pela altura em metros que divide um conjunto em
duas partes, em que o valor do percentil represente o percentual de pontos abaixo do valor de altura. O percentil
90, por exemplo, é a altura em metros onde 90% dos pontos daquele quadrante da nuvem se encontram abaixo
desta altura. A densidade de cobertura de dossel (dns) e a cobertura de dossel (cov) são variáveis representativas
das copas das árvores da floresta.
Fez-se o recorte das nuvens de pontos coincidindo com as parcelas de campo, e cada nuvem de pontos
normalizada de cada parcela tiveram suas métricas extraídas. A relação entre as métricas LiDAR e as alturas
totais de campo foi analisada de acordo com o coeficiente linear de Pearson, para verificar o grau de associação
linear entre as variáveis.
Definida a métrica LiDAR que melhor se associou à variável altura dominante média, o modelo foi
gerado a partir de uma regressão linear simples, que utiliza o método de minimização da soma dos quadrados
dos resíduos. O modelo preditivo foi construído usando atributos medidos em campo (médias de altura das
árvores de cada parcela medida em 2013) como variáveis respostas, e as métricas LiDAR como preditoras. A
análise do modelo foi feita de acordo com critérios de R² ajustado e erro padrão de estimativa.
Uma vez construído o modelo preditivo, o mesmo foi aplicado para a nuvem de pontos de 2014, e os
valores de altura média estimados foram comparados aos valores obtidos das parcelas em campo. Um
fluxograma do processo é apresentado na Figura 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os percentis de altura foram as variáveis que melhor se correlacionaram com a variável altura, sendo o
Hp90 (0.989) a métrica com maior coeficiente de correlação. De fato, a Hp90 é uma métrica constantemente
selecionada para modelar atributos de povoamentos florestais (GORGENS et al., 2017; RODRIGUEZ et al.,
2010). As variáveis representativas de estrutura de dossel (cov e dns) não foram recomendadas na construção do
modelo, apesar de serem significativas em outros trabalhos (MITCHELL et al., 2015).

TABELA 4: Resumo estatístico da regressão linear simples.


TABLE 4: Statistical summary of simple linear regression.
Estimado Erro Padrão Valor de t P-valor
Intercepto 3.14929 0.38914 8.093 5.32 x 10-12 ***
Hp90 0.95950 0.01577 60.862 2.20 x 10-12 ***
Em que: *** = significativo a 0.001%

A análise visual do gráfico quantil-quantil (Figura 2a) é possível notar que o modelo apresentou
distribuição normal dos dados, não havendo necessidade de transformação dos dados ou da utilização de modelo
não paramétrico. Apesar do modelo apresentar grande dispersão na relação entre a altura estimada e observada
(Figura 2b), o gráfico de Cook (Figura 2c) mostra que os resíduos gerados por essa dispersão não influenciaram
o modelo, pois estes não ultrapassam a linha limite de distância de Cook.

257
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Fluxograma do processamento de dados.


FIGURE 1: Flowchart of data processing.

FIGURA 2: 2a) Gráfico quantil-quantil da distribuição de normalidade dos resíduos do modelo; 2b) Gráfico de
dispersão dos valores de altura estimado versus os valores observados em campo; 2c) Distância de Cook do
modelo.
FIGURE 2: 2a) Quantile-quantile graph of the distribution of normality of model residual; 2) Graph of the
estimated height values versus observed values in the field; 2c) Cook distance from model.

A estabilidade do modelo também foi confirmada pelo alto valor de R² ajustado (0.9786), e pelo baixo
valor de RMSE (1.091189) quando comparado aos valores preditos e observados.

258
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

A tecnologia LiDAR mostra ser uma ferramenta precisa para predição da altura total média, sem
comprometimento de precisão das estimativas. Espera-se que com os resultados de estabilidade da modelagem
através de dados multitemporais apresentados neste trabalho, o uso e operação desta tecnologia no Brasil seja
incentivada.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho faz parte de pesquisas desenvolvidas pelo grupo GET-LiDAR (Grupo de Estudos em
Tecnologia LiDAR) do Departamento de Ciências Florestais, ESALQ/USP em parceria com o treelab, do
Departamento de Engenharia Florestal, UFVJM. Agradecemos à empresa Suzano Papel e Celulose pela
disponibilização dos dados de campo e ALS.

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259
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMAÇÃO DA DENSIDADE DO ESTANDE EM TRÊS CLASSES DE TAMANHO ATRAVÉS DA
AMOSTRAGEM POR CONGLOMERADO

STAND DENSITY ESTIMATION IN THREE SIZES CLASSES BY CLUSTER SAMPLING

Mauricio Romero Gorenstein1 Elisabete Vuaden Veridiana Padoin Weber Solon Jonas Longhi
João Luís Ferreira Batista

RESUMO

No Inventário de florestas nativas é importante amostrar as classes de tamanho da comunidade ecológica a fim
de se conhecer sua estrutura e composição florística. O estudo apenas dos indivíduos adultos (DAP > 4,8 cm),
não é suficiente para um diagnóstico da floresta, pois não gera informações de como será a estrutura e
composição de espécies futura. A densidade do estande (No ind.ha-1) é a variável básica para estudos de
amostragem, considerando o tamanho e número de unidades amostrais. Neste estudo foi feito o levantamento de
três classes de tamanho: árvores (dap > 4,8 cm), arvoretas (1 cm < dap < 4,8 cm), e mudas (h > 0,5 m e dap < 1
cm) em unidades de 100 m2, 30 m2 e 1 m2, respectivamente. Foram respondidas as seguintes perguntas: 1)
Como é a distribuição amostral do número de plantas por subunidade? 2) O tamanho da subunidade foi
adequado nas três classes de tamanho? 3) Quais as estimativas do inventário florestal para um erro de
amostragem de aproximadamente dez por cento da média, com nível de significância de cinco por cento através
dos estimadores da amostragem por conglomerado? A classe árvores e arvoretas apresentaram distribuições
pouco assimétricas, com estimativas aparentemente não viesadas, indicando adequação no tamanho da
subunidade. A classe de tamanho das mudas apresentou distribuição exponencial negativa, com subestimativa
de aproximadamente 50% e com alto nível de incerteza. Para as mudas, recomenda-se subnidades de 8 m2
visando diminuir o viés e erro amostral. A amostragem por conglomerados não foi eficiente na estimação da
densidade.
Palavras-chaves: amostragem; inventário florestal; Floresta Ombrófila Mista; tamanho da subunidade

ABSTRACT

In the Inventory of native forests it is important to sample the size classes of the ecological community in order
to know its structure and floristic composition. The study of adults only (DBH> 4.8 cm) is not sufficient for a
diagnosis of the forest, since it does not generate information about the structure and composition of future
species. The stand density (No ind.ha-1) is the basic variable for sampling studies, considering the size and
number of sample units. In this study, three size classes were studied: trees (dap> 4.8 cm), trees (1 cm <dap <4,8
cm), and seedlings (h> 0.5 m and dap <1 cm) in units of 100 m2, 30 m2 and 1 m2, respectively. The following
questions were answered: 1) What is the sample distribution of the number of plants per subunit? 2) Was the
subunit size adequate in all three size classes? 3) What are the forest inventory estimates for a sampling error of
approximately ten percent of the mean, with a significance level of five percent through cluster estimators? The
trees and tree seedlings presented little asymmetric distributions, with apparently unvariant estimates, indicating
adequacy in subunit size. The size class of the seedlings presented a negative exponential distribution, with an
underestimation of approximately 50% and a high level of uncertainty. For the seedlings, it is recommended
subunities of 8 m2 in order to reduce the bias and sample error. Conglomerate sampling was efficient in
estimating density, since most of the variation of the variable of interest was perceived within the cluster
key-words: sampling; forest inventory; Subtropical Ombrophilous Forest; subplot size

INTRODUÇÃO

A estimação de atributos estruturais em nossas florestas, tais como densidade do estande (N/ha), área
basal (m2/ha) e volume (m3/ha), é realizada através de técnicas de mensuração florestal e aplicação de um
delineamento amostral. Há na literatura diversos métodos de amostragem disponíveis, cujo objetivo do
Inventário Florestal e a natureza do povoamento serão os critérios de seleção do método mais adequado. A
combinação do tipo de unidade amostral (método de amostragem) e como essas unidades são dispostas na

Professor(a) Dr(a) Curso de Engenharia Florestal Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail:
1

mauriciorg@utfpr.edu.br

260
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
população levantada (processo de amostragem), chamamos de sistema de amostragem (PELLICO NETTO;
BRENA, 1997).
O desafio do Engenheiro Florestal é saber qual será o sistema de amostragem mais eficiente para cada
situação. A eficiência leva em consideração menor incerteza a um custo viável. A importância da informação
gerada, seus consequentes erros em tomadas de decisão, dependendo do nível de incerteza, ou erro de
amostragem, justifica o investimento em amostras maiores. Quanto maior a amostra, menor o nível de incerteza,
uma vez que o erro de amostragem é equivalente ao valor “t” (nível de significância; n-1) multiplicado pela raiz
quadrada da variância da média (BATISTA; SILVA; COUTO, 2014). Na área florestal, assim como em ciências
agrárias e biológicas, é comum usarmos cinco por cento como nível de significância. Na interpretação do
intervalo de confiança, seja da média ou do total da população, isto é entendido como a probabilidade de não
capturarmos a o valor paramétrico. Usamos a distribuição t de student para inferenciar o valor da variância da
população. Na prática, para amostras representativas, quando as estimativas de média e variância são acuradas,
possuem baixa variação e pouca diferença em relação ao valor paramétrico da população, o valor t-student é
muito próximo de dois.
Quando estudamos a estrutura da floresta, estamos interessados em conhecer como a floresta se
organiza, levando em consideração o número de árvores por unidade de área, ou densidade do estande. A
densidade apresenta alta correlação com a riqueza de espécies, área basal e volume da floresta (BATISTA;
SILVA; COUTO, 2014).
Em levantamentos de vegetação estamos interessados em conhecer o estoque presente e futuro da área
de estudo. Esse conhecimento é necessário na elaboração de planos de restauração e manejo de nossas florestas.
A floresta nativa é uma comunidade ecológica bastante complexa, tanto no conjunto de espécies, como na
estratificação por classes de tamanho. Na amostragem é comum e mais usual, dividirmos a floresta em três
classes de tamanho. As mudas são aquelas plantas jovens, pequenas, que sofrem alta competição por luz e mais
sensíveis às variações climáticas e mais sujeitas à mortalidade por herbivoria ou patogenia. Não formaram lenho
e não possuem diâmetro à altura do peito (dap) mensurável. Nas arvoretas já é possível quantificar, além de sua
altura o diâmetro do fuste com paquímetro. Esta classe de tamanho abriga espécies típicas do sub-bosque, assim
como indivíduos jovens das árvores adultas que estão à espera de luz para atingirem o dossel. A classe das
árvores consiste nos indivíduos já estabelecidos de estratos intermediários e de dossel cuja maior pressão se dá
pela competição.
A amostragem por conglomerado é muito utilizada em inventário de florestas nativas em todo o mundo.
Trata-se de um tipo de amostragem em dois estágios, onde o arranjo do estágio secundário é fixo e não
aleatório. Neste processo de amostragem, a maior parte da variância deve estar concentrada dentro do
conglomerado, entre as subunidades (PÉLLICO NETTO; BRENA, 1997).
Este trabalho tem como objetivo responder as seguintes perguntas: 1) Como é a distribuição da variável
número de plantas por unidade amostral? 2) Quais as estatísticas do inventário florestal para essa variável? 3) O
tamanho das subparcelas foi adequado?

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo
O remanescente florestal estudado faz parte da reserva legal da UTFPR, campus Dois Vizinhos, com uma área
de 38,27 ha. Localiza-se nas coordenadas geográficas centrais 25º41’30”S e 53º06’04”W e altitude variando de
475 a 510 m A região é classificada originalmente como Floresta Ombrófila Mista com influência florística da
Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 2012). Atualmente devido à retirada das espécies madeireiras,
principalmente Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze e antigo uso para culturas agrícolas, a floresta
secundária que regenerou é pobre em espécies originais e Hovenia dulcis Thunb. (uva do japão) é abundante em
todas as classes de tamanho. Fisionômica, florística e estruturalmente, o fragmento se assemelha mais a uma
Floresta Estacional Semidecidual antropizada. Predominam em sua estrutura espécies iniciais de sucessão, com
populações abundantes e de distribuição geográfica ampla. Apresenta manchas de estágios iniciais e médios da
sucessão florestal com baixa diversidade de espécies.
O solo predominante do fragmento foi classificado como Nitossolo litólico, com afloramentos de basalto.
O clima se caracteriza, segundo classificação de Köppen, como do tipo Cfa subtropical úmido mesotérmico com
verão quente, sem estação seca definida, com temperatura média do mês mais frio, inferior a 18 °C e a do mês
mais quente, acima de 22 °C, com geadas raras e ventos com direção predominantes sul-sudeste com tempo
bom e norte-nordeste em períodos de precipitações. A umidade relativa do ar varia em média de 64 a 74% e a
precipitação pluviométrica entre 1.800 a 2.000 mm, bem distribuída ao longo do ano. A área de estudo tem sido
utilizada intensamente pela comunidade acadêmica em projetos de ensino, pesquisa e extensão.

261
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Procedimento de campo
Foram locados no total, nove conglomerados de 30 m x 80 m buscando representar os diferentes mosaicos
sucessionais na área. Essas unidades foram divididas em vinte e quatro subunidades de 10 m x 10 m para
amostragem do estrato adulto (CAP > 15 cm). Oito subunidades na forma de faixa (1 m x 30 m) eram
amostradas no lado superior das subunidades de 100 m2. Nestas faixas eram mensuradas as arvoretas (1 cm <
dap < 4,8 cm). A classe das mudas (h > 0,5 m) eram medidas em subunidades de um metro quadrado, no limite
das faixas, para cada trecho de dez metros. Esses dados foram obtidos na realização do levantamento
fitossociológico do projeto No 460.321/2014-5 CNPq – “ALTERNATIVAS DE MANEJO FLORESTAL
PARA REESTRUTURAÇÃO E OBTENÇÃO DE PRODUTOS MADEIREIROS DE INTERESSE
ECONÔMICO DE UM REMANESCENTE FLORESTAL NO SUDOESTE DO PARANÁ”.

Análise dos dados


Os cálculos computacionais foram feitos no programa estatístico R. Foram feitas análises de estatística
descritiva e estimativa do estoque do Número de plantas por classe de tamanho. Foram utilizados os estimadores
da amostragem por conglomerado (PÉLLICO NETTO; BRENA, 1997). Como o tamanho da unidade de
amostra para o tamanho mudas (h < 0,5 m) foi pouco preciso e enviesado, fez-se 216 reamostragens sem
reposição da variável de interesse visando verificar qual tamanho de subparcela seria mais eficiente. Os
tamanhos testados foram de: 4 m2, 8 m2, 10 m2, 16 m2, 32 m2 e 64 m2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta a estatística descritiva e os resultados do processamento do inventário.

TABELA 1: Estatística descritiva da distribuição do número de plantas por parcela e do Inventário Florestal do
remanescente de Floresta Ombrófila Mista antropizada da UTFPR (área de 38,27 ha), Campus Dois Vizinhos,
PR.
TABLE 1: Descritive Statistisc of plant number distribution by subplot of Forest Inventory in a Subtropical
Ombrophylous Forest remain of UTFPR, Campus Dois Vizinhos PR.
Estatística Árvores (100 m2) Arvoretas (30 m2) Mudas (1 m2)
Amostra (n) 216 72 216
Mínimo 0 0 0
o
1 Quartil 12 10 0
Média 16,49 14,35 1,43
Mediana 16,0 15,50 1,0
3o Quartil 21 19,25 2,0
Moda 14 18 0
Máximo 44 28 8
Variância 55,3860 53,1031 2,8417
Desvio-padrão 7,4422 7,2872 1,6857
CV(%) 45,13 50,79 117,84
Assimetria de Pearson 0,3359 -0,5008 0,5932
t (0,05; n-1) 1,972 1,994 1,972
Variância da média 1,489 1,822 0,02416
Erro padrão da média 1,220 1,350 0,1554
Erro de amostragem absoluto 2,40 2,69 0,3064
Coeficiente de correl. Intraclasse 0,2034 0,1918 0,0361
Erro de amostragem relativo (%) 14,58 18,76 21,42
Plantas por conglomerado 395,78 + 57,72 114,8 + 21,53 34,33 + 7,35
Densidade do estande (N.ha-1) 1.649,1 + 240,5 4.782 + 897 14.306 + 3.064
Total da população (38,27 ha) 63.110 + 9.203 183.022 + 34.337 547.474 + 117.250
Intensidade amostral (0,05;10%) 22 26 44
Inventário Definitivo +13 (+144,4%) +17 (+189%) +35 (+389%)
(conglomerados)

A contagem das árvores em duzentos e dezesseis subparcelas de 100 m2 variou de zero a quarenta e
quatro indivíduos. Os valores nulos ocorreram em clareiras e manchas de bambus nas áreas mais antropizadas.
As subunidades de maior densidade foram aquelas em que ocorreram reboleiras de Branquilho. A média foi

262
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
levemente superior à mediana, influenciada por essas observações de alta densidade. O número mais frequente
foi quatorze indivíduos adultos por subunidade. Como a média foi superior à moda, a assimetria foi positiva,
representando 33,6% do desvio-padrão da amostra (Tabela 1). Vinte e cinco por cento das parcelas
apresentaram valores inferiores a doze plantas adultas, cinquenta por cento inferiores a dezesseis, e setenta e
cinco inferiores a vinte e uma. O desvio-padrão foi equivalente a 7,44 árvores, resultando em um coeficiente de
variação de 45,13% (Tabela 1).
Como o tamanho da amostra foi de nove conglomerados com vinte e quatro subunidades, totalizando
duzentos e dezesseis observações, a variância da média foi reduzida, assim como o erro padrão da média. O erro
de amostragem absoluto, calculado para um nível de significância de 5%, foi de 2,4 plantas por subunidade. O
erro de amostragem relativo foi de aproximadamente quatorze e meio por cento da média. A estimativa do
estande para essa classe de tamanho foi de 1.649,1 + 240,5 árvores por hectare. A estimativa do total, para a
área de 38,27 ha do fragmento levantado, foi de 63.110 + 9.203 árvores. O cálculo para o inventário definitivo,
considerando um erro de amostragem de dez por cento da média, resultou em vinte e dois conglomerados, o que
corresponde a um aumento de mais treze conglomerados na amostra (Tabela 1).
A contagem das arvoretas em setenta e duas unidades amostrais de 30 m2 variou de zero a vinte e oito
plantas. Diferente do observado no estrato adulto, a média foi inferior à mediana, influenciada por unidades
amostrais de baixa abundância. O número mais frequente foi dezoito arvoretas por unidade amostral. Como a
média foi inferior à moda, a assimetria foi negativa, representando -50% do desvio-padrão amostral (Tabela 1).
Vinte e cinco por cento das parcelas apresentaram valores inferiores a dez arvoretas, cinquenta por cento
inferiores a 15,5, e setenta e cinco por cento inferiores a 19,25 plantas. O desvio-padrão foi igual a 7,29
arvoretas, resultando em um coeficiente de variação de 50,79%.
Nesta classe, diferentemente da classe das árvores, como o tamanho da amostra foi menor, a variância
da média foi menos reduzida, assim como o erro padrão da média. O erro de amostragem calculado para um
nível de significância de 5% foi de 2,7 plantas/subunidade. O erro de amostragem relativo foi de
aproximadamente 18,8% da média. A estimativa do estande para essa classe de tamanho foi de 4.782 + 897
árvores por hectare. A estimativa para toda a população foi de 183.022 + 34.337 plantas com diâmetro à altura
do peito entre 1 e 4,8 centímetros. O cálculo para o inventário definitivo, considerando um erro de amostragem
de dez por cento da média, resultou em uma amostra de vinte e seis conglomerados. Isso corresponde a um
aumento de mais dezessete conglomerados na amostra (Tabela 1).
Na amostragem da menor classe de tamanho (h > 0,5 m e dap < 1 cm), a média foi inferior à mediana,
influenciada por oitenta valores nulos, que corresponderam à mediana da distribuição. A média foi menor que
moda em 0,431 plantas por metro quadrado, correspondendo a 59,3% do desvio-padrão no índice de assimetria.
Vinte e cinco por cento das parcelas apresentaram valores inferiores à zero, cinquenta por cento inferiores a
1,431, e setenta e cinco por cento menores que duas plantas por metro quadrado. O desvio-padrão correspondeu
a 1,6857 mudas, resultando em um coeficiente de variação de quase cento e vinte por cento para essa variável
(Tabela 1).
A variação observada na amostragem das mudas, gerou elevado erro de amostragem, equivalente à
0,3064 plantas por metro quadrado ou 21,42%. A estimativa do estoque nesta classe de tamanho foi de 14.306 +
3.064 plantas por hectare. A estimativa para toda a mata foi de 547.474 + 117.250 mudas. O cálculo para o
inventário definitivo resultou em uma amostra de quarenta e quatro conglomerados. Isso significa um aumento
bastante elevado na área levantada (Tabela 1).
A Figura 1 apresenta a distribuição das plantas na forma de boxplot. Observa-se semelhança nas
distribuições das árvores e arvoretas nas medidas de posição, com maior variação na classe das árvores. A classe
das mudas diferiu das demais, tanto nas medidas de posição quanto na assimetria. Recomenda-se que a
amostragem de estratos inferiores da floresta apresente o mesmo número de plantas do estrato adulto
(DURIGAN et al., 2000), fato que ocorreu somente com a classe das arvoretas. Desse modo, procedeu-se ao
cálculo do tamanho da subunidade que seria mais adequado para a amostragem das mudas.

263
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Boxplot da distribuição amostral do Número de plantas por subunidade no remanescente florestal
da UTFPR, Campus Dois Vizinhos.
FIGURE 1: Boxplot of sampling distribution of number of plants by subplot at UTFPR forest remain, Campus
Dois Vizinhos.

Reamostragem sem reposição


As duzentas e dezesseis reamostragens sem reposição aumentando a área da unidade amostral em
quatro, oito, dezesseis, trinta e dois, e sessenta e quatro metros quadrados, forneceram os seguintes resultados
(Tabela 2)

TABELA 2: Estatística descritiva da distribuição do número de plantas (h > 0,5 e dap < 1 cm) por subparcela
de 1 m2 e do inventário florestal, aumentando o tamanho da unidade amostral através de 216 reamostragens sem
reposição no remanescente florestal da UTFPR, Campus Dois Vizinhos.
TABLE 2: Descriptive statistics of the distribution of the number of plants (h > 0.5 and dbh < 1 cm) per 1 m 2
subplot and the forest inventory, increasing the size of the sample unit through 216 replications without
replacement in the UTFPR forest remnant, Campus Dois Vizinhos.
Estatística 4 m2 8 m2 10 m2 16 m2 32 m2
Mínimo 0 0 2 3 22
o
1 Quartil 3 7 11 18,75 39,75
Média 5,86 11,26 14,78 23,44 46,12
Mediana 5 11 14 24 46
3o Quartil 8 14,25 18 28 52
Moda 5 11 13 24 46
Máximo 15 24 28 45 75
Variância 11,90 21,22 28,02 45,93 82,84
Desvio-padrão 3,45 4,61 5,29 6,78 9,11
CV(%) 58,87 40,89 35,82 28,91 19,74
Assimetria de Pearson 0,2493 0,0564 0,3365 -0,0826 0,0132
Erro de amostragem absoluto 0,4629 0,6181 0,7103 0,9093 1,2212
Erro de amostragem relativo (%) 7,90 5,49 4,81 3,88 2,65
Fator de Expansão 2.500 1.250 1.000 625 312,5
Densidade (N.ha-1) 14.650 14.075 14.780 14.650 14.412,5

Observa-se que a menor subparcela, de quatro metros quadrados, capturou entre zero a quinze plantas.
Vinte e cinco por cento das unidades de amostra levantaram menos de três plantas, cinquenta por cento até
cinco, e setenta e cinco por cento, até oito plantas. Cinco mudas foi o valor mais frequente, e quinze, o maior. O
valor médio foi de 5,86 plantas, o que corresponde a 1,465 mudas por metro quadrado. A estimativa do estande
apresentou-se 46,5% superior à estimativa realizada pela parcela de um metro quadrado. Nota-se que ocorreu
significativa redução do coeficiente de variação, comparativamente ao tamanho de parcela de um metro

264
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
quadrado. A assimetria reduziu, porém continua elevada. O erro de amostragem relativo foi inferior a dez por
cento da média
Na amostra utilizando subparcelas de 8 m2 foram observadas entre zero e vinte e quatro plantas. O
primeiro quartil foi equivalente a sete mudas, e a mediana foi de onze plantas. Setenta e cinco por cento dos
dados foi inferior a 14,25 plantas. Este tamanho de parcela foi o que apresentou menor assimetria dentre todos
os simulados. A média aritmética foi de 11,26 plantas em 8 m2, o que corresponde a 1,407 mudas por metro
quadrado. O coeficiente de variação foi de aproximadamente, quarenta por cento, e o erro amostral, quase de
cinco por cento da média. Nos tamanhos de dez, dezesseis, e trinta e dois metros quadrados, nota-se uma
redução da assimetria e diminuição do erro amostral, em razão da diminuição da variação entre as unidades
amostrais. Porém, como a contagem das plântulas requer tempo, não há necessidade de parcelas com esses
tamanhos. Parcelas maiores exigem maior tempo de locação e de mensuração. Além disso, é mais vantajoso no
levantamento da vegetação, um maior número de unidades amostrais com tamanho ótimo. No caso das plantas
com altura superior a meio metro e ao mesmo tempo, com dap inferior a um centímetro, oito metros quadrados
parece ser dimensão adequada para a subparcela.

CONCLUSÕES

1) As distribuições do número de plantas/subunidade das classes árvores e arvoretas foram levemente


assimétricas, porém com razoável variação.
2) A amostragem por conglomerado não foi eficiente na amostragem do número de plantas por subunidade nas
três classes de tamanho.
3) O tamanho das subunidades foi adequado para a classe das árvores e arvoretas. Na classe das mudas sugere-
se subunidades de oito metros quadrados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, J.L.F.; COUTO, H.T.Z.; SILVA FILHO, D.F. Quantificação de recursos florestais: árvores,
arvoredos e florestas. São Paulo: Oficina de textos, 2014. 384p.
DURIGAN, G. et al. Estrutura e diversidade do componente arbóreo da floresta na Estação Ecológica dos
Caetetus, Gália, SP. Revista brasileira de Botânica, São Paulo, v. 23, n. 4, p. 371-
383, Dec. 2000. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
84042000000400003&lng=en&nrm=iso>
PÉLLICO NETTO, S.; BRENA, D.A. Inventário Florestal. Curitiba: sem editora, 1997. 316p.

265
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DA ALTURA DA Acacia mearnsii De Wild EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

ESTIMATION OF THE HEIGHT OF THE BLACK WATLE IN DIFFERENT SPACING

Junior Oliveira Mendes1 Rafael da Silva Rech Mariani Carrion Ximendes Karina Lanzarin
Jorge Antonio de Farias Paulo Renato Schneider

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a precisão de modelos não-lineares para estimar a altura total da Acacia
mearnsii De Wild em diferentes densidades populacionais. Foram utilizados dados obtidos de parcelas
permanentes, as quais foram remedidas anualmente até aos 9 anos de idade. O experimento foi concebido em
blocos casualizados utilizando sete tratamentos, definidos pelo espaçamento inicial (1x1; 2x1; 2x2; 2x2,5; 3x1;
3x1,33; e 3x2 m) e com quatro repetições por tratamento. Dentre as equações testadas, a de número três foi a
que apresentou as melhores precisões estatísticas, com coeficiente de determinação ajustado superior a 0,94,
erro padrão estimativa de 1,02 m e coeficiente de variação igual a 7,7%.
Palavras-chave: Densidade; modelo generalizado; Acácia negra.

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the accuracy of nonlinear models to estimate the total height of Acacia mearnsii
De Wild at different population densities. Data were obtained from permanent plots, which were remeasured
annually until the age of 9 years. The experiment was designed in randomized blocks using seven treatments,
defined by the initial spacing (1x1, 2x1, 2x2, 2x2,5, 3x1, 3x1,33 and 3x2 m) and with four replications per
treatment. Among the equations tested, the one of number three was the one that presented the best statistical
accuracies, with adjusted coefficient of determination equal to 0.94, standard error estimate of 1.02 m and
coefficient of variation equal to 7.7%.
Keywords: Density; Generalized model; Black Wattle.

INTRODUÇÃO

A Acacia mearnsii, vulgarmente conhecida como acácia negra, é uma das principais espécies florestais
plantadas no Brasil. No ano de 2016 sua área de plantio atingiu a marca de 159.877 ha, o que representa cerca
de 27,1% da área utilizada por espécies florestais, ficando abaixo apenas da cultura da seringueira (229.964 ha)
(IBÁ, 2017).
O cultivo da espécie em sistemas agrossilvipastoris tem possibilitado aos produtores um melhor
aproveitamento do uso da terra, permitindo o plantio em conjunto com outras culturas como o milho, a
melancia, a mandioca, entre outras, na fase juvenil, e posteriormente, com o fechamento do dossel, para o
pastoreio do gado, proporcionando um aumento na rentabilidade do investimento (SCHNEIDER et al., 2001).
A escolha do espaçamento do povoamento normalmente está associada a finalidade do plantio. Segundo
Schneider et al. (2000), o crescimento em área basal, volume com casca e o peso de casca verde por hectare são
inversamente proporcionais ao espaçamento. Já o crescimento em diâmetro e altura são proporcionais ao
tamanho do espaçamento. A espécie normalmente é cultivada em rotações curtas, de 7 anos, sendo os
espaçamentos mais utilizados os de 3,0x1,5 m, 3,0x1,75 m (TANAC, 2018), ou ainda 3x1,33 m (FINGER et al.,
2000).
Este trabalho teve como objetivo avaliar a precisão de modelos não-lineares para estimar a altura total
da acácia negra implantada em diferentes espaçamentos.

MATERIAL E MÉTODOS

Localização e caracterização da área do estudo


A área do estudo situa-se no Horto Florestal Pinheiros, localizado entre os municípios de Barra do
Ribeiro e Mariana Pimentel, no estado do Rio Grande do Sul, e de propriedade da antiga empresa Riocell S. A.,

1
Engenheiro Florestal, MSc., Doutorando em Engenharia Florestal, Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal,
Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Av. Roraima, 1000, CEP 97105-900, Santa Maria (RS),
Brasil. E-mail: junioromendes@gmail.com

266
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
atual CMPC Celulose Riograndense Ltda. O clima da região é classificado, segundo Köppen, como do tipo
“Cfa”, subtropical úmido, com temperatura média de 9,2ºC no mês mais frio e inferior a 24,6 ºC no mês mais
quente (MORENO, 1961). A precipitação anual é superior 1.000 mm e altitude em torno de 300 m.
O solo da área do experimento é classificado como sendo da unidade de mapeamento Pinheiro
Machado. Tratam-se de solos litólicos eutróficos, textura média, relevo fortemente ondulado, substrato de
granito com afloramento de rochas. São solos pouco desenvolvidos com argila de atividade alta e não-
hidromórficos (LEMOS et al., 1973).

Delineamento experimental
O experimento foi instalado em blocos casualizados com sete tratamentos e quatro repetições. As
parcelas possuíam superfície de aproximadamente 600 m², com pequenas variações em consequência das
dimensões dos espaçamentos. Os tratamentos foram definidos pelos espaçamentos de 1x1; 2x1; 2x2; 2x2,5; 3x1;
3x1,33 e 3x2m.
As medições foram feitas anualmente, tendo sido avaliado o diâmetro à altura do peito com auxílio de
Suta e a altura total com a utilização de hipsômetro de Blume-Leiss. A altura dominante utilizada foi a de
Assmann (h100), representada pela média aritmética da altura das cem árvores de maior diâmetro por hectare
(ASSMANN, 1961).

Ajuste, critérios estatísticos e seleção do melhor modelo

Foram ajustados seis modelos não-lineares para estimar a altura total da acácia negra nos diferentes
espaçamentos, tendo como variáveis independentes a altura dominante, o diâmetro, o diâmetro dominante e o
número de árvores. Na Tabela 1 encontram-se expressos os modelos utilizados no presente estudo.

TABELA 1: Equações utilizadas para estimar a altura da acácia negra em diferentes espaçamentos.
TABLE 1: Equations used to estimate the height of black wattle in different spacings.
Equação Modelo matemático

( ( ))
a4
1 hij = 1,3 + a0 .hdom j a1 . 1- exp- a2 .ddom j a3 .dij

  −a .d 
2 (  )
hij = hdom j . 1 + a0 exp ( a1.ddom j ) . 1 − exp  2 ij
 ddom  

  j 

3 hij = 1,3 + ( hdom j − 1,3) .


(
exp a0 .dij
(
a1 + a2 . hdom j −1,3 )
)
(
exp a0 .ddom j
(
a1 + a2 . hdom j −1,3 )
)
  1 − ddom j   1 1 
4 hij = 1,3 + ( hdom j − 1,3) .exp  a0 .   + a1.  −  
  dij 
    ddom j dij 

  a + a .hdom j + a2 .N j  1 1 
5 hij = ddom j .exp   0 1  .  − 

 1000   dij ddom j  
a2
  −a .d 
6 hij = a0 .hdom j . 1 − exp  1 ij
  ddom  

  j 
Em que: h ij = altura estimada da i-ésima árvore da j-ésima parcela; hdomj = altura dominante da j-ésima parcela; : dij =
diâmetro observado na i-ésima árvore da j-ésima parcela; ddomj = diâmetro dominante da j-ésima parcela e Nj = número de
árvores vivas na j-ésima parcela.

Fonte: CRECENTE-CAMPO et al., 2010.

Foram utilizados como critérios de avaliação estatística: o coeficiente de determinação ajustado, o erro
padrão da estimativa, o coeficiente de variação em porcentagem, o critério de informação de Akaike e o desvio
padrão residual (SCHNEIDER et al., 2009). Para seleção do melhor modelo foram atribuídos pesos variando de
1 a 6, sendo atribuído o peso de valor igual a 1 para a equação que apresentou melhor precisão em determinado

267
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
critério estatístico e peso igual a 6 para a pior equação. A equação selecionada foi a que apresentou o menor
valor para o somatório dos pesos.
O ajuste dos modelos de regressão e a determinação dos critérios estatísticos utilizados foram obtidos
através da PROC NLIN e PROC MODEL, respectivamente, do software estatístico SAS/STAT® 9.1 (SAS,
2004).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Tabela 2 encontram-se discriminados os valores obtidos ao final do processo de convergência para


cada um dos seis modelos de regressão ajustados.

TABELA 2: Coeficientes obtidos ao final do processo de convergência.


TABLE 2: Coefficients obtained at the end of the convergence process.
Coeficientes do modelo de regressão
Equação
a0 a1 a2 a3 a4
1 1,159206 0,943843 1,279735 -0,71576 1,5613
2 0,117592 0,014017 1,898229
3 -4,90247 -1,75141 0,049981
4 0,075221 3,532527
5 -3165,87 -62,1024 0,362703
6 1,031677 3,042037 1,531565
Em que: a0, a1, a2, a3 e a4 são parâmetros do modelo de regressão.

Na Tabela 3 encontram-se os valores obtidos para os cinco critérios estatísticos avaliados. O erro padrão
da estimativa variou de 1,02 a 1,89 m. Já o coeficiente de determinação ajustado variou de 0,81 a 0,94. De modo
geral, observa-se que a equação de número 3 foi a que apresentou as melhores estatísticas quando comparada às
demais, evidenciado pela menor soma do escores, com valor igual a 05. Esta equação também apresentou o
menor coeficiente de variação, igual a 7,7%.

TABELA 3: Precisão estatística para os seis modelos avaliados.


TABLE 3: Statistical precision for the six models evaluated.
Critérios estatísticos Soma dos
Equação
R²aj. Syx CV(%) AIC S escores
0,9427 1,0442 7,85 695,1 0,0117
1 10
(2) (2) (2) (2) (2)
0,9390 1,0780 8,11 1200,2 0,0121
2 20
(4) (4) (4) (4) (4)
0,9450 1,0236 7,70 374,4 0,0115
3 05
(1) (1) (1) (1) (1)
0,9246 1,1981 9,01 2885,3 0,0134
4 25
(5) (5) (5) (5) (5)
0,8124 1,8898 14,21 10150,0 0,0212
5 30
(6) (6) (6) (6) (6)
0,9397 1,0711 8,05 1097,4 0,0120
6 15
(3) (3) (3) (3) (3)
Em que: R²aj.= coeficiente de determinação ajustado; Syx = erro padrão da estimativa (m); CV% = coeficiente de variação
(%); AIC = critério de informação de Akaike e S = desvio padrão residual (m). Valores entre parênteses ( ) representam a
posição do modelo quando comparado aos demais para mesmo critério estatístico.

A equação de número 5, que utiliza a variável N (número de árvores por hectare) foi a que apresentou o
pior valor em todos os critérios estatísticos avaliados. Schneider et al. (2005) avaliaram a mortalidade em
povoamentos de Acacia mearnsii e determinaram que ela está associada ao sítio, idade e ao espaço vital de
crescimento, apresentando maior probabilidade de mortalidade em sítios ruins e em alta densidade.

268
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Na Figura 1 encontra-se a ilustração dos valores utilizados no presente estudo (preto) e os valores
estimados pela equação de número 3 (cinza).

FIGURA 1: Dispersão dos dados observados e os estimados pela equação de número 3.


FIGURE 1: Dispersion of observed data and estimated by number equation 3.

Na Figura 2 encontra-se o boxplot dos resíduos, por espaçamento, gerados pela equação de número 3.
Observa-se que houve pouca variação para os valores de máxima e mínima altura alcançadas em cada
espaçamento e com valores de média e mediana muito próximos a zero, o que indica que o modelo pode ser
utilizado em diferentes espaçamentos com alta precisão e baixo coeficiente de variação.

FIGURA 2: Boxplot dos resíduos, por espaçamento, gerados pela equação de número 3.
FIGURE 2: Boxplot of the residues, by spacing, generated by the equation of number 3.

269
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

Dentre as equações ajustadas, a de número 3 foi a que melhor estimou a altura total da acácia negra nos
diferentes espaçamentos com boa precisão e baixo erro;

O modelo obtido foi definido por: hij = 1,3 + ( hdom j − 1,3) .


(
exp −4,90247.dij )
−1,75141+ 0,049981.( hdom j −1,3)

.
(
exp −4,90247.ddom j
−1,75141+ 0,049981.( hdom j −1,3)
)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSMANN, E. Waldertragskunde. Muenchen: BLV Verlagsgessellschaft, 1961. 435 p.


CRECENTE-CAMPO, F. et al. A generalized nonlinear mixed-effects height-diameter model for Eucalyptus
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FINGER, C. A. G. et al. Curvas de altura-diâmetro de acácia negra (Acacia mearnsii De Wild). Ciência Rural,
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270
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DA ALTURA TOTAL DE ÁRVORES UTILIZANDO DIFERENTES TÉCNICAS DE
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

ESTIMATION OF TOTAL TREE HEIGHT USING DIFFERENT ARTIFICIAL INTELLIGENCE


TECHNIQUES

Thais Sales Gonçalves1 Gabriela Letícia Ramos Carvalho Paulo Ricardo Santos Miranda
Emanuelly Canabrava Magalhães Sthefany Mendes Zuba Carlos Alberto Araújo Junior

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de quatro técnicas de inteligência artificial para
estimativa da altura total de árvores adotando como variáveis independentes Idade, Área útil por planta e
diâmetro a 1,30 m do solo (Dap). As técnicas testadas foram Random Forest, Neuro Fuzzy, Support Vector
Machine e Redes Neurais Artificiais, sendo o processamento dos dados possibilitado pelo uso dos softwares
Statistica, MatLab e NeuroForest. Foi realizado dois tipos de treinamento; para o primeiro os dados referentes
ao último ano do inventário florestal não foram considerados, e para o segundo foi utilizado os dados de todos
os anos sendo estes aleatorizados. Após o processamento, foram calculadas as estatísticas Bias, RQME,
correlação e erro percentual médio; gerados gráficos de dispersão, considerando os valores observados; e
histograma de resíduos. Constatou-se que o processamento com os dados aleatorizados apresentou os melhores
índices estatísticos e a técnica Support Vector Machine apresentou os melhores resultados quando comparada às
demais.
Palavras-chave: Inventário florestal; Dendrometria; Análise estatística.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the performance of four artificial intelligence techniques to estimate
the total height of trees, using as independent variables Age, Area per plant and diameter at 1,30 m of soil
(Dap). The techniques tested were Random Forest, Neuro Fuzzy, Support Vector Machine and Artificial Neural
Networks, being the data processing made possible by the use of Statistica, MatLab and NeuroForest software.
Two types of training were performed; for the first one the data referring to the last year of the forest inventory
were not considered, and for the second one the data of all the years were used being these randomized. After
the processing, the statistics Bias, RQME, correlation and average percentage error were calculated; scatter plots
were generated, considering the observed values; and histogram of residues. It was verified that the processing
with the randomized data presented the best statistical indices and the Support Vector Machine technique
presented the best results when compared to the others.
Keywords: Forest Inventory; Dendrometry; Statistical analysis.

INTRODUÇÃO

A mensuração florestal é uma atividade que fornece informações sobre um povoamento florestal, a fim
de se obter o conhecimento das potencialidades produtivas, além de atender diversas finalidades, as quais visam
estabelecer metas comerciais, de manejo, ordenação florestal e de pesquisa (JESUS et al., 2012). As variáveis
dendrométricas que podem ser mensuradas são diâmetro, área basal, altura, volume, entre outras (DE JESUS et
al., 2015).
Dentre as variáveis mensuráveis, a de maior destaque e mais recorrente em inventários florestais, é a
altura, sendo de fundamental importância na determinação do volume produtivo, norteando o planejamento,
estruturação e direcionamento das ações. A altura é estabelecida por Machado & Figueiredo Filho (2014) como
sendo a distância linear ao longo do eixo principal da árvore, partindo do solo até o topo ou até outro ponto
referencial.
A medição de tal variável é uma atividade onerosa, tornando inviável a obtenção da altura de todas as
árvores que compõem as parcelas nos povoamentos florestais (DE JESUS et. al , 2015.), sendo estabelecidas
portanto equações matemáticas, comumente referenciadas como relações hipsométricas que possibilitem estimar
a altura das árvores contidas em uma determinada parcela, tendo como base os indivíduos amostrados.

1
Técnico (a) em Informática. Discente de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Minas Gerais, 39.404-547,
Montes Claros, MG, Brasil. E-mail: thaiswj@gmail.com

271
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Assim, a relação hipsométrica é a relação existente entre a altura e o diâmetro das árvores de um
povoamento, podendo ser representada por um ajuste matemático de uma regressão (SCHIMIDT, 1977) ou
utilizando técnicas de inteligência artificial. Dentre as técnicas de inteligência artificial existentes, aqui propõe-
se um comparativo entre quatro ferramentas matemáticas distintas: Random Forest, Neuro Fuzzy, Support
Vector Machine e Redes Neurais Artificiais.
Conforme definido por Breiman (2001), Random Forest consiste em uma combinação de preditores de
árvores, de tal forma que cada árvore depende dos valores de um vetor aleatório amostrado de forma
independente e com a mesma distribuição para todas as árvores na floresta. Support Vector Machine é uma
técnica de aprendizado de máquina, embasada pela teoria de aprendizado estatístico, desenvolvida por Vapnik
(1995) que estabelece uma série de princípios a serem seguidos na obtenção de classificadores com boa
generalização, definida como a sua capacidade de prever corretamente a classe de novos dados do mesmo
domínio em que o aprendizado ocorreu (LORENA & CARVALHO, 2017).
Redes Neurais Artificiais (RNAs), são definidas como um sistema massivamente paralelo e distribuído,
composto por unidades de processamento simples, inspiradas no sistema neural, que possuem uma capacidade
natural de armazenar e utilizar conhecimento (HAYKIN, 1999). Neuro Fuzzy são sistemas híbridos que usam
estratégias locais de aprendizado para aprender conjuntos difusos e regras difusas fazendo a junção de dois
importantes paradigmas: redes neurais artificiais, elucidado anteriormente, e sistemas de inferência fuzzy, que,
resumidamente, permite trabalhar com imprecisões (ARAÚJO JÚNIOR et. al., 2016).
Por conseguinte, o presente trabalho objetiva, através do uso de técnicas de inteligência artificial,
submeter uma base de dados amostrais conhecidos a diferentes ferramentas matemáticas aqui abordadas para
estimar a altura total de indivíduos de uma determinada parcela e analisar o resultado obtido em cada
processamento realizado tendo como variáveis de entrada para análise e suporte no cálculo da altura total, o
diâmetro a 1,30 m do solo (Dap), área e idade.

MATERIAIS E MÉTODOS

O banco de dados utilizado no processamento foi obtido de inventários florestais contínuos, realizados
no período de 2013 a 2016 em plantios florestais na região do norte do estado de Minas Gerais e dividida em
treinamento e validação equivalentes 11929 e 202 dados, respectivamente. O banco de dados foi separado em
dados de treinamento e de validação considerando duas abordagens: Abordagem 1, que consiste em dados de
treinamento referentes aos anos de 2013, 2014 e 2015 e para validação do modelo dados referentes ao ano de
2016; e Abordagem 2, com escolha aleatória dos dados para treinamento e validação.
Foram avaliadas quatro ferramentas de inteligência artificial para estimar valores de altura total a partir
de dados de Idade (Id), Área útil por planta (Ap) e Dap, sendo elas: sistema de inferência neuro fuzzy (NF),
redes neurais artificiais (RNA), random forest (RF) e support vector machine (SVM). Para tal, empregou-se o
uso de três softwares, o NeuroForest para o processamento dos dados utilizando as redes neurais artificiais, o
Statistica versão 13 para a aplicação das técnicas Random Forest e Support Vector Machine e o MatLab para
Neuro fuzzy.
As parametrizações consideradas para cada ferramenta foram as seguintes: 500 árvores e 2 valores de
predição para Random Forest; Gamma igual a 0,330, Epsilon igual a 0,2 e Capacity igual a 0,6 para Support
Vector Machine; 500 ciclos como critério de parada, 8 neurônios na camada intermediária, função sigmoidal e
algoritmo de aprendizagem Resilient Propagation (RPROP) para as Redes Neurais Artificiais, considerando 30
repetições; e 5 épocas de treinamento e 3 funções de pertinência para o sistema de inferência neuro-fuzzy.
Para analisar as alturas estimadas considerou-se, para cada técnica, a elaboração de gráficos de
dispersão e histogramas de resíduos. Ainda, foram calculados as estatísticas Bias (equação 1), raiz quadrada do
erro médio quadrático em porcentagem (Equação 2), correlação entre valores observados e estimados (equação
3) e a média do erro percentual (Equação 4).
n
1
bias = ∑(ŷ i - yi ) (EQUAÇÃO 1)
n
i=1
2
100 √∑ni=1 (yi - ŷ i ) (EQUAÇÃO 2)
RQME (%) =
y̅ n
n ̅
∑i=1(ŷ i - ŷ ) . (yi - y̅ )
r= (EQUAÇÃO 3)
2
√∑ni=1 (ŷ i - y̅̂ ) ∑ni=1 (yi - y̅ )2

272
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
n
1 (y - ŷ )
EMP = ∑ [100. i i ]
n yi (EQUAÇÃO 4)
i=1

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De maneira geral, a Abordagem 2 apresentou resultados melhores que a Abordagem 1 para os dados de
validação (Tabela 1), o que pode ser explicado pelo fato de que os valores observados para os dados de
validação se concentraram no extremo superior da distribuição dos valores observados nos dados de
treinamento. Tal porção não é tão representativa para o treinamento quanto os valores das alturas medianas e
menores (Figura 1).
Dentre as ferramentas utilizadas e considerando a Abordagem 1, a que se destaca é a Random Forest,
apresentando os melhores valores de correlação, bias, raiz quadrada do erro médio quadrático e erro médio
percentual. Já para a Abordagem 2, as melhores ferramentas foram a Support Vector Machine e a Random
Forest. Tais técnicas são pouco exploradas para obtenção de tais estimativas, o que significa que é possível
realizar estudos mais aprofundados e que consigam gerar resultados melhores que os encontrados aqui.

TABELA 1: Resultados para as estatísticas de avaliação das técnicas de inteligência artificial empregadas.
TABLE 1: Evaluation statistics results for the artificial intelligence techniques used.
Abordagem Estatística RNAt RNAv SVMt SVMv RFt RFv NFt NFv
1 Bias 0.00 -1.24 0.04 -1.44 0.00 -0.64 0.00 -1.36
RQME% 11.46 7.77 11.56 8.67 10.39 7.34 11.23 8.58
EMP 1.77 -6.90 2.81 -8.13 1.66 -3.46 1.60 -7.46
r 0.94 0.71 0.94 0.67 0.95 0.72 0.94 0.64
2 Bias -0.01 0.14 -0.07 0.02 0.00 0.11 0.00 0.13
RQME% 11.33 11.18 11.40 11.24 10.33 10.74 11.16 11.12
EMP 1.62 2.33 1.39 1.88 1.66 2.22 1.58 2.25
r 0.94 0.94 0.94 0.94 0.95 0.95 0.94 0.94
Em que, RNAt = Rede Neural Artificial treino; RNAv = Rede Neural Artificial validação; SVMt = Support Vector Machine treino;
SVMv = Support Vector Machine validação; RFt = Random Forest treino; RFv = Random Forest validação; NFt = Neuro Fuzzy
treino; NFv = Neuro Fuzzy validação.

Os gráficos de dispersão revelam que a Abordagem 1 proporcionou uma base de dados de validação que
se concentrou em árvores com alturas acima de 23m (Figura 1), ao passo que os dados de treinamento possuem
uma maior quantidade de alturas abaixo de tal valor. Já para a Abordagem 2, houve uma melhor distribuição dos
dados de validação.
Em termos de aplicação das técnicas para estimativas dentro do intervalo de dados utilizados no
treinamento, como é o caso da Abordagem 2, todas as técnicas apresentaram ótimos resultados, podendo ser
aplicadas em outros trabalhos. Entretanto, considerando os custos para obtenção de dados de inventário
florestal, é interessante desenvolver técnicas que permitam estimar valores fora do intervalo definido para os
dados de treinamento, o que não foi satisfatoriamente alcançado neste trabalho. Nesse sentido, é importante a
sequência de trabalhos que possam esclarecer quais os principais pontos que devem ser considerados para que
essa finalidade seja alcançada.

273
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Abordagem 1 Abordagem 2
Treinamento Validação Treinamento Validação

R
N
A

S
V
M

R
F

N
F

FIGURA 1: Gráficos de dispersão considerando os valores estimados e observados para cada conjunto avaliado.
FIGURE 1: Scatter plots considering the estimated and observed values for each evaluated set.

Os resíduos das estimativas se concentraram entre as classes de -25% e 25% para os dados de
treinamento em ambas as abordagens. Para os dados de validação, os erros se concentraram nas classes entre -25
e 35%. O que mostra que mesmo apresentando resultados inferiores, a Abordagem 1 pode ser considerada em
estudos posteriores que permitam uma melhoria nas estimativas, para todas as ferramentas de inteligência
artificial empregadas.

274
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Modelagem 1 Modelagem 2
Treinamento Validação Treinamento Validação

R
N
A

S
V
M

R
F

N
F

FIGURA 2: Histogramas de resíduos para cada conjunto avaliado.


FIGURE 2: Histograms of residues for each evaluated set.

CONCLUSÕES

Todas as técnicas avaliadas podem ser utilizadas para estimativa de altura total de árvores de eucalipto.
A abordagem de treinamento das ferramentas que considera apenas dados históricos necessita ser
estudada de maneira mais aprofundada.

AGRADECIMENTOS

Os presentes autores expressam seus agradecimentos à FAPEMIG e ao CNPq pelo auxílio financeiro e
ao Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais pelo suporte científico.

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275
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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276
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DA PERDA POTENCIAL DE SOLO NA BACIA CACHOEIRA CINCO VEADOS, RS

ESTIMATION OF POTENTIAL LOSS OF SOIL IN THE WATERSHED CACHOEIRA CINCO VEADOS,


RS

Fernanda Dias dos Santos1 Elenice Broetto Weiler Roberta Aparecida Fantinel Jussara Cabral Cruz

RESUMO

O planejamento ambiental de bacias hidrográficas constitui um importante instrumento para o gerenciamento de


recursos hídricos, ecológicos e ambientais. E nesta perspectiva, estudos erosivos estão vinculados aos planos de
manejo, licenciamento e estudo de áreas com potenciais de ocupação. O objetivo desta pesquisa foi estimar às
perdas potenciais de solo por erosão hídrica e verificar espacialmente estas perdas na Bacia Cachoeira Cinco
Veados, RS. Para estimar a perda potencial de solo utilizou-se a Universal Soil Loss Equation (USLE)
espacializada, com auxílio do software ArcGis 10.5. Foram determinadas perdas para chuvas máximas, médias
e mínimas, sendo que os valores médios encontrados foram 1.655,13; 1.264,78 e 1.246,39 ton.ha-1.ano-1,
respectivamente. Tais resultados possibilitaram estimar e identificar espacialmente os locais da bacia onde
acontecem os maiores e menores potenciais de perda de solo, fornecendo assim subsídios para a tomada de
decisão no planejamento do uso do solo.
Palavras-chave: Erosão Hídrica; Planejamento Ambiental; USLE.

ABSTRACT

The environmental planning of watersheds is an important instrument for the management of water, ecological
and environmental resources. And from this perspective, erosive studies are linked to management plans,
licensing and study of areas with occupancy potential. The objective of this research was to estimate the
potential losses of soil by water erosion and spatially verify these losses in the Cachoeira Cinco Veados
Watershed, RS. To estimate the potential soil loss, the Universal Soil Loss Equation (USLE) was used with the
help of ArcGis 10.5 software. Losses were determined for maximum, medium and minimum rainfall, and the
mean values found were 1.655,13; 1,264.78 and 1,246.39 ton.ha-1.year-1, respectively. These results made it
possible to estimate and spatially identify the basin sites where the largest and smallest soil loss potentials
occur, thus providing subsidies for decision making in land use planning.
Keywords: Water Erosion; Environmental Planning; USLE.

INTRODUÇÃO

O planejamento em Bacias Hidrográficas depende de muitos fatores intrínsecos da região analisada. As


condições climáticas e de manejo são os fatores que influenciam diretamente na tomada de decisão quando se
trata de modificação do uso do solo. As variáveis precipitação, temperatura, que independem da ação antrópica,
estão ligadas ao uso e manejo de solo, e são elas que determinam e influenciam as decisões em relação ao
planejamento de culturas e instalação de projetos agrícolas e florestais. Para um planejamento adequado a cada
local, seja uma bacia hidrográfica ou uma propriedade rural, deve-se considerar o uso integrado dos recursos
naturais, objetivando o uso sustentável, a conservação e proteção dos mesmos.
A erosão é a mais preocupante forma de degradação do solo, principalmente quando causada pela gota
da chuva e escoamento superficial a ela associado. Tal fenômeno ocorre em geral a partir da interferência
antrópica negativa sobre os usos destinados ao solo (SILVA et al., 2005), por vezes, potencializando erosão,
lixiviação, compactação e perda de matéria orgânica. Alguns fatores podem ser determinantes quando se trata de
erosão: o clima e sua relação com a precipitação, o solo e sua resistência à degradação, a topografia, relacionada
com o grau de declividade e sua rampa e a cobertura do solo.
Para isso, o estudo da erosão ganha corpo em planos de zoneamento e de adequação de áreas em função
de seu uso e cobertura. Tosto e Pereira (2012) afirmam que zoneamento das perdas de solos pode se constituir
em uma importante ferramenta para o planejamento, subsidiando políticas públicas ambiental no combate à
erosão, minimizando assim, os impactos deste importante recurso natural.

Engenheira Florestal, Me., Estudante do Colégio Politécnico, Universidade Federal de Santa Maria, Av. Roraima, 1000,
1

CEP 97105-900, Santa Maria (RS), Brasil. E-mail: fernandadiotti@hotmail.com

277
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Uma das formas de se avaliar a perda anual de solo consiste em utilizar modelos de simulação para
representar matematicamente o processo de erosão hídrica, sendo que um dos mais empregados no mundo é a
USLE, proposto na década de 60 por Wischmeier e Smith (1978), sendo a equação descrita da seguinte maneira:
A = R.K.L.S.C.P
Em que: A = representa a estimativa de perda média anual de solo em determinada área, em condições
específicas de uso e ocupação do solo (t.ha-1.ano-1); R = erosividade da chuva (MJ.ha-1.mm.h-1.ano-1); K =
erodibilidade do solo (Mg.ha-1.MJ-1.mm-1.ha.h); L = comprimento de rampa (m); S = declividade de rampa (%);
C = uso e manejo do solo (0 a 1); P = práticas conservacionistas (0 a 1).
Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi determinar a perda potencial de solo por erosão hídrica na
Bacia Cachoeira Cinco Veados – RS, considerando o uso atual do solo.

MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo conhecida como Bacia Cachoeira Cinco Veados, RS, está situada na Região
Hidrográfica do Uruguai e abrange quatro municípios: Tupanciretã, Quevedos, Júlio de Castilhos e São
Martinho da Serra. Suas coordenadas geográficas são 29°00’ e 29°30’ de latitude Sul e 53°39’ e 54°06’ de
longitude Oeste, estando estas sob o SIRGAS 2000, base para todo o mapeamento realizado no trabalho.
Conforme descrito em Weiler (2017), a bacia apresenta área de drenagem de 1541,9 km 2; quatro classes
de solos, Latossolo (21,07%), Argissolo (30,14%), predominância de Neossolo com área de 738,06 km²,
correspondendo a quase metade da área total da bacia (47,89%), e na área no entorno do exutório Chernossolo,
que corresponde à 0,89% da área total (13,8 Km²); com declividades que chegam a superar os 75%, mas em sua
maioria (81,9%) nas classes de 0-8%, considerado plano à suave-ondulado; o uso do solo predominante pela
base de dados do Ministério do Meio Ambiente, trata-se da agropecuária (65,02%), seguido do uso campestre
(31,54%), floresta/reflorestamento (3,02%) e uso antrópico urbano (0,39%). Na Figura 1, encontra-se os mapas
da rede de drenagem, solos, modelo digital de elevação e uso do solo.

(a) (b)

(c) (d)

278
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FIGURA 1: Mapa de atributos da Bacia Cachoeira Cinco Veados: (a) Drenagem; (b) Solos; (c) MDE; (d) Uso e
Cobertura do Solo.
FIGURE 1: Map of attributes of the Cachoeira Cinco Veados Watershed: (a) Drainage; (b) Soils; (c) DEM; (d)
Soil Use and Coverage.

Para o cálculo da perda potencial de solo foram multiplicados todos os rasters dos fatores da USLE. A
obtenção dos valores de R, seguem metodologia de Rufino et al. (1993), descrita em Weiler (2017). Foram
utilizados dados pluviométricos de 10 estações meteorológicas (2853028/Anderson Clayton; 2854012/Coimbra;
2854013/São Bernardo; 2953008/Dona Francisca; 2953030/Tupanciretã; 2954005/Furnas do Segredo;
2954019/Quevedos; 2954030/Florida; 2954031/Esquina dos Lima; 2954032/Ponte Toropi II), uma série de 30
anos (1985-2015), e calculados valores erosivos para chuvas médias, máximas e mínimas. Os valores de K,
seguiram trabalho desenvolvido por Weiler (2017). O Fator C, assumiu valores para cada uso atual da bacia,
sendo, uso campestre (C=0,08285), floresta/reflorestamento (C=0,03270), agropecuária, considerando consórcio
de soja/pastagem/soja (C=0,0155), e uso antrópico urbano (C=0,03672). Estes valores, foram obtidos por meio
de revisão bibliográfica em trabalhos como de Costa et al. (2005); Stein et al. (1987); Lino (2010); Castro e
Valério Filho (1997); Didoné (2013). O raster do Fator LS foi elaborado a partir do em MDE da bacia. Para o
fator P, adotou-se valor máximo (1) para áreas de uso antrópico e valor médio (0,5) para as demais áreas da
bacia, seguindo valores propostos por Bertoni e Lombardi Neto (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O fator R, que representa a erosividade da chuva para a Bacia, foi determinado em função dos dados de
chuva para cada estação, sendo que a estação São Bernardo, localizada no Município de Tupanciretã, apresentou
os maiores valores (1077.95, 864.4, 798.1 MJ.mm.ha-1.ano-1 para máximas, médias e mínimas,
respectivamente). No entanto, valores de erosividade média anual foram de 10.844,24 MJ.mm.ha -1.ano-1 para
chuvas máximas, 7.797,90 MJ.mm.ha-1.ano-1 para chuvas médias e 9.386,73 MJ.mm.ha-1.ano-1 para chuvas
mínimas, consideradas normais para essa região do Rio Grande do Sul, onde o índice de pluviosidade é de 1750
mm/ano. Estudo realizado por Bazzano et al. (2010), em Rio Grande/RS, obteve valor médio de erosividade de
5.135 MJ.mm.ha-1.h-1, para um período de 24 anos (1957–1981). Já para a localidade de Hulha Negra/RS, o
valor médio da erosividade da chuva foi de 6.209 MJ.mm.ha-1.ano-1, para um período avaliado de 28 anos
(1956–1984) (MARTINS et al., 2009), corroborando com resultado encontrado por Oliveira (2004), com média
de 8.452 MJ.mm.ha-1.ano-1, para a Bacia do Rio Araguaia, entre os estados de Goiás e Mato Grosso.
O mapa do fator K (Figura 2a) representa a erodibilidade do solo, obtido a partir da reclassificação do
mapa de solos, e apresentou valor médio de 0.028 t.h.MJ-1.mm-1. Observa-se que os maiores valores de
erodibilidade apresentam-se em solos do tipo Chernossolo Argilúvico Férrico Típico. O mapa do fator
topográfico (Figura 2b) foi construído com base no MDE. Os maiores valores de declividade, acima de 30,
ocorrem próximos ao exutório da bacia, variando de relevo ondulado a forte montanhosos, ocupando área de
279,15 Km², correspondendo a 18,1% da área da bacia. Contudo, a classe de relevo plano a suave ondulado
ocupa 81,9% da área total, prevalecendo desta forma na bacia declividades entre 0 a 8%.

(a) (b)

FIGURA 2: Mapa de Fatores da USLE para Bacia Cachoeira Cinco Veados, RS: (a) erodibilidade do solo (K);
(b) Topografia (LS).
FIGURE 2: Map of USLE Factors for Cachoeira Cinco Veados Watershed, RS: (a) soil erodibility (K); (b)
Topography (LS).

279
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Os valores de LS acima de 35 concentram-se próximos ao exutório, onde há áreas com paredões de
rochas e declividades mais acentuadas. Os resultados do fator LS para a bacia assemelham-se aos encontrados
por Didoné (2013) em áreas de maior declive e relevo montanhoso.
A perda potencial de solo foi calculada com o uso atual do solo da Bacia Cachoeira Cinco Veados, RS,
para anos chuvosos (chuvas máximas), anos normais (chuvas médias) e anos secos (chuvas mínimas),
considerando uma série histórica de 30 anos (1985 – 2015), sendo que, para o período de maior perda potencial
de solo, atingiu valor de 1.655,13 ton.ha-1.ano-1 (Figura 3).

(a) (b) (c)


FIGURA 3: Mapas de Perda Potencial de Solo para Bacia Cachoeira Cinco Veados, com diferentes índices
pluviométricos: (a) Chuvas Máximas; (b) Chuvas Médias; (c) Chuvas Mínimas.
FIGURE 3: Potential Soil Loss Maps for Cachoeira Cinco Veados Watershed, with different rainfall indices: (a)
maximum precipitation; (b) medium precipitation; (c) minimal precipitation.

Observa-se que, mesmo em períodos onde a precipitação está abaixo dos níveis normais, considerados
anos secos, a perda de solo por erosão tem destaque nas áreas próximas ao exutório da Bacia. A ocorrência de
áreas de criticidade no que se refere às perdas de solo por erosão no entorno do exutório explica-se pelo fato de
ser área com maior disponibilidade de água e maior declividade, sendo áreas com restrição de uso, protegidas e
com maior fiscalização, exigindo assim maiores cuidados quando se trata de planejamento da bacia e ações de
gestão mais intensas. Outro fator preponderante é o tipo de solo no entorno do exutório (Chernossolo), que é
mais suscetível a erosão. Em estudo desenvolvido por Costa et al. (2000), no estado da Bahia, a autora afirma
que em área de pastagem do tipo Chernossolo, a degradação é mais intensa quando comparada ao solo do tipo
Gleissolo, especialmente quando o manejo não é adequado, ocasionando perdas.
Para Wagner et al. (2007), solos do tipo Chernossolo são considerados de alta fertilidade natural, sendo
denominados pelos agricultores como “terra preta” e caracterizados por sua grande capacidade de retenção de
água, em função do elevado teor de matéria orgânica. Essa característica torna quase impossível seu manejo
durante os meses chuvosos de inverno, evidenciando o potencial erosivo do mesmo. Estudo realizado por Cunha
(2016), avaliando a suscetibilidade a erosão na Bacia Hidrográfica do Alto Camaquã – RS, diz que tal
característica desse tipo de solo se deve aos mesmos variarem de pouco profundos a profundos, apresentando
suscetibilidade aos processos erosivos pela presença de horizonte subsuperficial B textural ou de horizonte com
caráter Argilúvico.

CONCLUSÃO

A utilização da USLE possibilitou estimar e identificar espacialmente os locais da bacia onde


acontecem os maiores e menores potenciais de perda de solo, aprovisionando assim subsídios para um
planejamento conservacionista de uso do mesmo. Permitiu ainda, quantificar estas perdas em diferentes regimes
pluviométricos, sendo a perda potencial de solo para chuvas média na Bacia Cachoeira Cinco Veados de
1.264,78 ton.ha-1.ano-1, 1.655,13 ton.ha-1.ano-1 de máximo e 1.246,3 ton.ha-1.ano-1 de mínimo.

REFERÊNCIAS

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280
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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281
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DE ALTURA EM PLANTIOS HETEROGÊNEOS DE EUCALIPTOS, EM
PROPRIEDADES DE AGRICULTORES FAMILIARES, COM REDES NEURAIS ARTIFICIAS

ESTIMATION OF HEIGHT IN HETEROGENEOUS EUCALYPTUS PLANTATIONS, IN PROPERTIES OF


FAMILY FARMERS, WITH ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS

Pábulo Diogo de Souza1 Janderson de Oliveira Silva Débora Luana Pasa Rafael da Silva Rech
Jorge Antonio de Farias4

RESUMO

Objetivou-se com a pesquisa avaliar a estimativa da altura total por redes neurais artificiais com e sem a adição
de variáveis categóricas, em povoamentos de eucalipto de alta variabilidade no manejo silvicultural. Utilizou-se
uma base de dados da medição de inventários florestais contínuos realizados em povoamentos florestais
implantados em pequenas propriedades rurais produtoras de tabaco no Sul do Brasil. As variáveis contínuas
consideradas na topologia das RNA foram diâmetro a 1,30 do solo, altura média das árvores dominantes e
número de árvores por ha e as variáveis categóricas foram microrregião produtora de tabaco e espécie de
eucalipto implantada no povoamento florestal. As RNA foram avaliadas a partir das estatísticas de bias,
correlação, viés, raiz quadrada do erro médio, erro percentual e histograma de resíduos percentuais para treino e
validação. Com a adição de variáveis microrregião e espécie de eucalipto foi obtida uma precisão ligeiramente
melhor para as estatísticas do treino e validação da RNA. Dessa forma, adição de variáveis categóricas,
combinadas às variáveis de capacidade produtiva e densidade do povoamento promovem melhoria nas
estimativas das alturas por RNA em povoamentos de alta variabilidade no manejo silvicultural.
Palavas-chave: Inventário florestal; Inteligência artificial; Relação hipsométrica.

ABSTRACT

The objective of this research was to evaluate the total height estimation by artificial neural networks with and
without the addition of categorical variables in eucalyptus stands of high variability in silvicultural management.
A database was used for the measurement of continuous forest inventories carried out in forest stands implanted
in small rural farms producing tobacco in southern Brazil. The continuous variables considered in the topology
of ANN were diameter at 1,30 of soil, mean height of dominant trees and number of trees per ha, and the
categorical variables were tobacco-producing micro-region and species of eucalyptus planted in forest stands.
ANN was evaluated from the bias, correlation, bias, root mean square error, percentage error and percent
residual histograms for training and validation. With the addition of microregion and eucalyptus species
variables, a slightly better precision was obtained for ANN training and validation statistics. Thus, the addition
of categorical variables, combined with the variables of productive capacity and population density, promoted
improvement in the estimates of heights by ANN in stands of high variability in silvicultural management.
Keywords: Forest Inventory; Artificial intelligence; Hypsometric relationship.

INTRODUÇÃO

Plantios florestais formados por mudas seminais de eucalipto são a principal fonte de biomassa para a
manutenção do processo de cura do tabaco no Sul do Brasil (FARIAS, 2010). Estes ativos florestais são
implantados em pequenas propriedades rurais e caracterizam-se pela alta variabilidade de manejo,
principalmente no que se refere as densidades inicias de plantio, aliado ao baixo nível tecnológico de manejo
silvicultural (BIALI, 2016). Em decorrência destes fatores, estes povoamentos florestais têm sido instrumentos
de estudo em programas de integração entre empresas, entidades e produtores de tabaco.
A medição de parcelas de inventário floresta contínuo constitui-se de um método eficaz para o estudo do
crescimento e produção dos ativos florestais (CAMPOS; LEITE, 2013). Na rotina usual, são medidos os
diâmetros a 1,3 m do solo (DAP) de todas árvores no interior das parcelas e a altura de indivíduos
representativos ao longo da distribuição diamétrica, sendo as demais estimadas por relações hipsométricas.
Estimativas de alturas por técnicas de inteligência artificial, como as Redes Neurais Artificiais (RNA), vem
sendo utilizada nas ciências florestais (BINOTI et al., 2013; VENDRUSCOLO, et al., 2017).

Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal – UFSM. E-mail: pabulodiogo@gmail.com


1

282
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
As Redes Neurais Artificiais são constituídas de sistemas paralelos formados por unidades de
processamento simples, neurônios artificiais, conectados entre si para desempenhar determinada tarefa
(BINOTI, 2012). Tratam-se de aproximações grosseiras do cérebro humano, capazes de realizar o
reconhecimento de padrões de dados, sendo inclusive tolerantes a ruídos (BRAGA et al., 2000).
Com a alta heterogeneidade de manejo existentes nos reflorestamentos implantados nas propriedades
rurais produtoras de tabaco, o ideal é a estratificação dos dados para realizar estimativas de altura, na rotina de
inventários florestais. Uma alternativa seria a estratificação com utilização de variáveis categóricas como
espécie e localização. Por outro lado, a adição de variáveis que expressam o potencial produtivo e a ocupação do
sítio pode ser o suficiente para obter boas estimativas de altura.
Nesse sentido objetivou-se com a pesquisa avaliar a estimativa de altura total por RNA com e sem a
adição de variáveis categóricas, em povoamentos de eucaliptos de alta variabilidade de manejo silvicultural.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizou-se uma base de dados de inventário florestal contínuo provenientes de medições de 232
parcelas permanentes em povoamentos florestais de eucalipto, de diferentes espécies, nas idades de 2, 3, 4, 5 e 6
anos, implantados em pequenas propriedades rurais do sul do Brasil, produtoras de tabaco e integradas à Japan
Tobacco Internacional (JTI). A região sul tem clima subtropical com predominância de tipo climático Cfa
(Classificação Köppen-Geiger) e algumas áreas de influência de Cfb, especialmente em regiões de maior
altitude, sujeitas a alterações leves de temperaturas. A precipitação anual varia entre 1.250 e 2.000 mm,
distribuída uniformemente ao longo do ano, não apresentando regiões com deficiência pluviométrica de forma
crônica. As secas mais prolongadas são esporádicas e ocorrem apenas em anos de condições climáticas atípicas.
Os povoamentos são distribuídos em 14 microrregiões regiões produtoras de tabaco definidas pela
AFUBRA nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul (Figura 1), sendo formados por mudas
seminais em um conjunto de 7 espécies de eucalipto (Eucalyptus dunni, Eucalyptus. grandis, Eucalyptus
urograndis, Eucalyptus. grandis, Eucalyptus benthamii, Eucalyptus saligna e Eucalyptu sp.). Na tabela 1 são
apresentadas as estatísticas descritivas relacionadas à idade e densidade dos povoamentos (N ha -1) para cada
microrregião (MR).

FIGURA 1: Especialização das microrregiões produtoras de tabaco que foram consideradas como variáveis
categóricas no processamento da RNA.
FIGURE 1: Specialization of the tobacco producers microregions that were considered as categorical variables
in the ANN processing.

283
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Variação das idades e densidades dos povoamentos florestais em cada microrregião.
TABLE 1: Variation of age and densities of the forest stands in each microregion.
MR ID máx. ID min. Média de N ha-1 CV de N ha-1 (%)
1 6 2 2611 45,25
2 4 2 4154 52,65
3 2 2 2432 16,54
4 4 2 2444 45,87
5 5 2 1639 41,02
6 6 2 2423 47,60
7 6 2 2764 40,85
11 5 2 2217 43,98
12 6 2 3250 52,84
13 6 2 2718 46,60
14 6 2 2501 44,62
15 5 2 2743 39,66
16 3 2 1492 7,43
17 6 2 1492 29,76
MR = microrregião; ID max = idade máxima; ID min = idade mínima; N ha-1 = número de árvores por ha; CV =
coeficiente de variação.

Para a estimativa das alturas, considerando a implementação de variáveis categóricas, foram treinadas
RNAs do tipo Multilayer Perceptron, com e sem a adição de variáveis estratificadoras referentes a microrregião
e espécie de eucalipto, com auxílio do software Neuroforest 4.0. As variáveis contínuas das RNA foram DAP,
número de árvores por ha (N ha-1), altura dominante (HD) e idade do povoamento (ID), e as variáveis
categóricas foram a microrregião produtora onde o povoamento foi implantado e a espécie de eucalipto (7
espécies). As RNAs com e sem variáveis categóricas tiveram topologia similar em relação ao tipo de algoritmo
(Resilient Propagation) e função de ativação na camada intermediária e de saída (tangente hiperbólica), e
variaram somente quanto ao número de neurônios na camada intermediária, sendo 8 e 28, respectivamente.
Foram considerados, aleatoriamente, 70 % dos dados para o treinamento e 30 % para validação. O
critério de parada do processamento foi um número de ciclos igual à 5.000 ou erro do treinamento igual a 0,001.
Ao fim dos processamentos foram salvas as melhores RNAs com e sem a adição das variáveis categóricas.
Utilizou-se os critérios de raiz quadrada do erro médio (RQEM), bias, viés, erro percentual absoluto (e%) e
histograma de frequência dos resíduos percentuais para avaliação da qualidade das redes.
̂
( ∑ y)*( ∑ y)
∑e 1 ∑ (yŷ ) -
bias = RQEM = √ ∑ni=1 (yj - ŷ j ) ² ry,ŷ = n
n n ( ∑ y)² ( ∑ ŷ )²
√[∑ y2 - ]*√[∑ ŷ 2 - ]
n n

∑e % ∑|e|
e% = viés =
n n

em que:
e: é erro associado a cada estimativa da RNA;
n: é o número de padrões processados pela RNA;
yj: é o valor real de saída observado para o padrão j e
𝑦̂𝑗 : é o valor estimado de saída obtido para o padrão j com a aplicação da RNA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O treinamento das RNAs mostrou-se eficiente para estimativa das alturas em relação a base de dados
proposta, independentemente da adição das variáveis categóricas no processamento. Foram obtidas boas
estatísticas de bias, viés, RQEM, e(%) referentes ao treino e validação para ambas as topologias de RNA
propostas. No entanto, a adição de variáveis categóricas no processamento promoveu uma precisão ligeiramente
melhor (Tabela 2).

284
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 2: Estatística de bias, Raiz quadrada do Erro Médio (RQEM), coeficiente de correlação (r), erro
percentual (e%) e viés para as RNA com e sem adição de variáveis categóricas.
TABLE 2: Statistics of bias, root mean square error (RQEM), correlation coefficient (r), percentage error (e%)
and bias (module) for the RNA with and without the addition of categorical variables.
Adição de variável categóricas Tipo de dados Bias RQEM r e% viés
Treino -0,0025 1,6674 0.9548 -3,15 1,1392
Não
Validação -0,0128 1,6560 0.9557 -3,22 1,1474
Treino -0,0016 1,5947 0.9590 -2,63 1,0783
Sim
Validação 0,0135 1,6455 0.9559 -2,83 1,1010

O histograma do percentual de resíduos referentes às etapas de treino e validação apresentaram-se


normalmente distribuídos, se concentrando entre os intervalos de -20 e 20 % em ambas as topologias propostas
(Figura 2). A precisão dos resultados obtidos no treinamento e validação corroboram com os resultados obtidos
por Binoti et al. (2014) ao realizar estimativas de volume de árvores.

FIGURA 2: Histograma de resíduos percentuais para as etapas de treino e validação das RNAs treinadas com e
sem variáveis categóricas para estimativa de altura total em eucalipto.
FIGURE 2: Histogram of the percentage residuals for the training and validation steps from the ANN with and
without the categorical variables for the total height estimation in eucalyptus.

Esses resultados enaltecem a capacidade das RNAs em realizar aproximação de funções a partir de
bases de dados com alto padrão de variabilidade, bem como sua capacidade de generalização. De acordo com
Haykin (2007), uma boa generalização é uma caraterística essencial para se obter sucesso no treinamento de
RNAs. Outro fator importante no processamento foi a facilidade de inserção das variáveis categóricas no
processamento. Vendruscolo et al. (2017), corroboram com esse resultado ao realizarem estimativas de altura
em povoamentos de teca.
Ainda, pode-se dizer que as variáveis de ocupação e capacidade produtiva do sítio foram eficientes para
fazer com que a RNA captasse a variação dos padrões de altura contidas na base de dados e realizasse boas
estimativas de altura. Deste modo, mesmo sem a adição das variáveis categóricas de microrregião e espécie
ainda seria possível obter boas relações hipsométricas,

CONCLUSÕES

As RNA’s são eficientes para aproximação de funções hipsométricas em povoamentos com alta
variabilidade de manejo silvicultural, com isso a técnica pode auxiliar para estimativa de altura em pesquisas
relacionadas a quantificação dos ativos florestais do setor do tabaco no Sul do Brasil.

285
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A adição de variáveis categóricas referentes à região e espécie, combinadas às variáveis de capacidade
produtiva e densidade do povoamento promovem melhoria nas estimativas das alturas por RNAs em
povoamentos de alta variabilidade no manejo silvicultural.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Japan Tabacco International (JTI) e ao programa de Pós-graduação em


Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria pelo apoio na pesquisa e a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsas para os coautores.

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286
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DE DIÂMETRO A 1,30 M DO SOLO UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

ESTIMATIVE OF DIAMETER AT 1.30 M ABOVE GROUND USING ARTIFICIAL NEURAL


NETWORKS

Emanuelly Canabrava Magalhães1 Sthefany Mendes Zuba Thais Sales Gonçalves


Paulo Ricardo Santos Miranda Adriana Leandra de Assis Carlos Alberto Araújo Júnior

RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho das Redes Neurais Artificiais (RNAs) para estimativa da
variável diâmetro a 1,30 m do solo (DAP), utilizando como variáveis independentes Idade, Área útil por planta
e Altura das árvores. Foi realizado dois tipos de treinamento, para o primeiro os dados referentes ao último ano
do inventário florestal não foram considerados, e para o segundo foi utilizado os dados de todos os anos sendo
estes aleatorizados. Utilizou-se o software NeuroForest para treinamento das RNAs. Após o processamento
foram calculadas as estatísticas BIAS, RQME, correlação e erro percentual médio; gerados gráficos de
dispersão, considerando os valores estimados e observados; e histograma de resíduos. Observou-se que, o
treinamento considerando os dados aleatorizados gerou as melhores estatísticas, com valores de correlação altos
tanto para a fase de treinamento bem como para a validação, isto em decorrência da maior representatividade
dos dados durante o treinamento. Os gráficos gerados para esse treinamento obtiveram menor dispersão dos
pontos estimados, podendo inferir a maior precisão da estimativa quando comparado ao treinamento no qual os
dados do último ano não foram considerados.
Palavras-chave: mensuração florestal; dendrometria; inteligência artificial.

ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the performance of Artificial Neural Networks (ANNs) to estimate the
diameter variable at 1.30 m above ground (DAP), using as independent variables Age, Area per plant and Total
height of trees. Two types of training were carried out; for the first, the data referring to the last year of the
forest inventory were not considered, and for the second, the data of all the years were used and these were
randomized. NeuroForest software was used to train ANNs. After the processing, the Bias, RQME, correlation
and mean percent error statistics were calculated; dispersion charts were generated, considering the estimated
and observed values; and histogram of residues. It was observed that training considering the randomized data
generated the best statistics, with high correlation values both for the training phase as well as for the validation,
due to the greater representativeness of the data during the training. The graphs generated for this training
obtained less dispersion of the estimated points, and can infer the greater precision of the estimate when
compared to the training in which the data of the last year were not considered.
Keywords: forest measurement; dendrometry; artificial intelligence.

INTRODUÇÃO
A mensuração de variáveis dendrométricas de uma floresta, em especial diâmetro e altura, demanda
bastante atenção, visto que os dados coletados em campo serão utilizados para estimar a produtividade de um
determinado povoamento florestal. A princípio, as medições eram realizadas manualmente com o auxílio de
instrumentos como fita centimétrica e régua graduada, evoluindo para sutas eletrônicas e clinômetros digitais
sendo que, atualmente, os dados são obtidos a partir de sensores remotos terrestres ou aerotransportados
(CABOA et al., 2018; KOREN; MOKROŠ; BUCHA, 2017).
No entanto, ainda existem dificuldades em se coletar tais dados. A aferição da altura de árvores, por
exemplo, é dependente da visualização das copas que sofre influência da presença de ventos fortes no local,
espaçamentos muito adensados e terrenos de relevo acidentado, tornando-se um processo oneroso e impreciso
agravado por erros na utilização dos equipamentos de medição (BINOTI et al., 2013).
Em função disso, são coletadas alturas de alguns indivíduos sendo a altura dos demais estimada a partir
de modelos de regressão linear e não linear, comumente utilizados. Com o avanço tecnológico, têm-se

1
Estudante de graduação em Engenharia Florestal, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais,
Av. Universitária, 1000 - Universitário, CEP 39404-547, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail:
emanuellymagalhaes1@gmail.com

287
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
desenvolvido ferramentas capazes de coletar tais dados de forma otimizada, dentre essas ferramentas se destaca
o uso de laser para coleta de dados.
Os sistemas de varredura a laser (Ligth Detection and Ranging – LiDAR) podem ser utilizados para
coleta de parâmetros dendrométricos do povoamento, sendo uma ferramenta de auxílio ao inventário florestal.
Tal tecnologia apresenta alta precisão em seus sensores, o que possibilita a detecção da altitude do terreno e da
copa das árvores para gerar informações de altura, porém tal ferramenta não permite a extração de informações
diretas sobre os diâmetros das árvores, pois os pulsos são bloqueados pelas copas antes de atingirem a base do
tronco. Logo, é necessário o uso de métodos para estimativa dessa variável a partir das informações de
escaneamento (COSENZA, 2016).
Para as estimativas, busca-se modelos capazes de expressar o comportamento da variável de interesse,
de forma que o valor estimado seja o mais próximo possível do valor observado em campo. Assim, a
inteligência artificial é um recurso que atende a essa demanda através de treinamentos para determinado
problema que possibilitam a estimativa do DAP, diminuindo a necessidade de medições excessivas em campo.
Diversos trabalhos vêm aplicando técnicas de inteligência artificial, como o uso de redes neurais
artificiais para estimativa de altura (BINOTI et al., 2013) e diâmetro (LEITE et al., 2011). As Redes Neurais
Artificiais (RNAs) são um sistema computacional constituído por várias unidades de processamento
denominadas neurônios artificiais, os quais estão conectados entre si para executar uma tarefa específica
(BINOTI, 2010). O funcionamento da rede consiste em um processo de aprendizagem e generalização, no qual
são fornecidos dados de entrada que serão processados para gerar a saída desejada. Determinar a configuração
da RNA é um processo importante, o qual depende do tipo de problema a ser resolvido e dos dados que serão
apresentados, além de exigir testes para escolha daquela que permita um melhor desempenho de treinamento e
velocidade de processamento, sendo a fase de treinamento das RNAs realizada através de algoritmos de
aprendizagem, responsáveis por ajustar os pesos das conexões entre as unidades de processamento (BINOTI,
2010).
Para este estudo foi aplicado o algoritmo de treinamento Resilient Propagation (RPROP), caracterizado
por realizar uma adaptação local das atualizações de peso de acordo com o comportamento da função de erro,
tal processo não é influenciado pelo tamanho da derivada e sim pelo seu sinal, o que lhe diferencia das demais
técnicas adaptativas (CHEN; LIN, 2011; PRASAD; SINGH; LAL, 2013). Assim, o objetivo deste trabalho foi
estimar o diâmetro a 1,30 m de árvores do gênero Eucalyptus sp. utilizando redes neurais artificiais (RNAs).

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados utilizados neste estudo são oriundos de inventários florestais contínuos realizados em plantios
florestais na região do norte do estado de Minas Gerais, durante o período de 2013 a 2016, totalizando 12.131
pares de dados de altura (h) e DAP das árvores medidas em diferentes idades e áreas úteis.
O banco de dados foi dividido em dois conjuntos, sendo que para cada um foram selecionados dados
diferentes para treinamento das RNAS e validação do modelo. No conjunto 1 os dados para treinamento foram
referentes aos anos de 2013, 2014 e 2015, e para validação foram utilizados os dados do ano de 2016. Já para o
conjunto 2, a divisão dos dados foi feita de forma aleatória.
Para estimativa dos pesos das redes neurais artificiais, utilizou-se o software NeuroForest versão 4.0.2
considerando o algoritmo Resilient Backpropagation, 8 neurônios na camada intermediária, funções de ativação
do tipo sigmoidal para neurônios das camadas intermediária e de saída e interrupção do treinamento após 500
ciclos, sendo treinadas 30 RNAs para cada caso e selecionadas as melhores para análise. Tal parametrização foi
definida a partir de testes realizados previamente.
Foi avaliado um modelo para estimativa do DAP utilizando como variáveis independentes Idade (Id),
Área útil por planta (Ap) e Altura (h) para cada um dos conjuntos. Gráficos de dispersão considerando os
valores estimados e observados foram construídos para avaliação dos resultados, bem como histogramas de
resíduos. Os valores de erro para cada observação (ei) foram obtidos utilizando-se a equação 1. Também foram
calculadas as estatísticas Bias (equação 2), raiz quadrada do erro médio quadrático (equação 3), correlação entre
valores estimados e observados (equação 4) e erro médio percentual (equação 5).
ei = ŷ i - yi (equação 1)
n
1
Bias = ∑(ŷ i - yi ) (equação 2)
n
i=1

288
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

2 (equação 3)
100 √∑ni=1 (yi - ŷ i )
RQME (%) =
y̅ n

∑ni=1(ŷ i - y̅̂ ) . (yi - y̅ )


r=
2 (equação 4)
√∑ni=1 (ŷ i - y̅̂ ) ∑ni=1 (yi - y̅ )2
n
1 (y - ŷ )
EMP = ∑ [100. i i ]
n yi (equação 5)
i=1
Em que: 𝑦̂𝑖 = valor estimado; 𝑦𝑖 = valor observado para o i-ésimo dado; 𝑛 = número total de observações; 𝑦̅ =
média dos valores observados; 𝑦̅̂ = média dos valores estimados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando as estatísticas calculadas para cada conjunto (Tabela 1), é perceptível que o Conjunto 1
apresentou valor de correlação para validação, principalmente, inferior aos valores referentes ao Conjunto 2, o
que pode ser explicado pelo não uso dos dados do último ano do inventário florestal no Conjunto 1 durante o
treinamento. Nesse caso, os dados utilizados para validação possuem variação de valores concentrados nos
maiores diâmetros, acima de 15 cm (Figura 1), ao passo que a maior concentração de dados de treinamento está
abaixo de tal valor.
Já para os resultados do treinamento nota-se que os valores das estatísticas calculadas foram bem
semelhantes entre os dois conjuntos. Isso significa que as RNAs são capazes de mapear os relacionamentos
existentes entre a variável dependente (DAP) e as variáveis independentes (h, Ap e Id), independentemente do
banco de dados considerado.

TABELA 1: Estatísticas calculadas para a modelagem adotada nas RNAs referente a estimativa do diâmetro a
1,30 m do solo, para cada conjunto avaliado.
TABLE 1: Calculated statistics for the modeling adopted in ANNs for the estimation of the diameter at 1.30 m
above ground, for each evaluated set.
Conjunto Etapa Bias RQME % r EMP
1 Treinamento - 0,9
0,01 11,72 2 1,74
Validação - 0,6
0,47 11,83 3 4,67
2 Treinamento - 0,9
0,01 11,65 2 1,70
Validação - 0,9
0,23 11,95 1 3,06
Em que: Bias = desvio médio dos valores estimados em relação aos observados; RQME% = raiz quadrada do
erro médio quadrático; r = correlação entre valores estimados e observados; EMP = erro médio percentual.

Os resultados discutidos anteriormente são evidenciados e complementados pelos gráficos de dispersão


e histograma de resíduos para a estimativa do diâmetro a 1,30 m do solo (Figura 1). Para o Conjunto 1, observa-
se uma maior amplitude para os valores de erro na etapa de validação da rede neural treinada, com erros
variando entre as classes de -25% e 55%, sendo que para o treinamento os valores variam entre -25% e 45%.
Padrão semelhante ocorreu para o Conjunto 2, exceto pela menor amplitude para os erros de validação.

289
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Conjunto 1
Treinamento Validação
30 30

DAP estimado (cm)


DAP estimado (cm)
25 25
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
DAP observado (cm) DAP observado (cm)

40% 40%
35% 35%
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
-25
-55
-45
-35

-15
-5
5
15
25
35
45
55

-55
-45
-35
-25
-15
-5
5
15
25
35
45
55
Classe de erro (%) Classe de erro (%)

Conjunto 2
Treinamento Validação
30 30
DAP estimado (cm)

25 25
DAP estimado

20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
DAP observado (cm) DAP observado (cm)

40% 40%
35% 35%
30% 30%
25% 25%
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
-25
-55
-45
-35

-15
-5
5
15
25
35
45
55

-55
-45
-35
-25
-15
-5
5
15
25
35
45
55

Classe de erro (%) Classe de erro (%)

FIGURA 1: Gráficos de dispersão considerando os valores estimados e observados e histogramas de resíduos,


para cada conjunto avaliado.
FIGURE 1: Scatter plots considering the estimated and observed values and histograms of residues, for each
evaluated set.

290
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Os resultados demonstram que, mesmo que as RNAs tenham apresentado bons resultados para o
treinamento, o conjunto de dados para o qual a mesma será aplicada deverá ter sido representado durante a fase
anterior, fazendo com que o aprendizado das RNAs seja de fato eficaz. Para que a generalização seja a mais
ampla possível, é necessário que os dados de treinamento sejam o mais representativo do problema, possuindo
grande variabilidade em termos de exemplos da relação existente entre a variável dependente e as variáveis
independentes. Caso contrário, haverá sempre o risco de que haja overfitting, como abordado no estudo de
Choudhury, Hosseinzadeh e Berndt (2012), o qual discute a capacidade de generalização das RNAs para
previsão de determinada variável.
Assim, o maior número de dados representativos para treinamento possibilita o aumento da
variabilidade de informações fornecidas a RNA melhorando a acurácia da estimativa (PEREIRA e CENTENO,
2017). O conjunto 2 obteve melhores resultados, tanto para treinamento como para validação. Em ambos, houve
menor dispersão, sendo que para o treinamento os pontos se mostraram mais concentrados e erros variando
entre as classes de -25% e 45%, enquanto para a validação os erros variaram entre -15% e 45%.

CONCLUSÕES

As redes neurais artificiais se mostraram uma ferramenta eficaz para estimativa do variável diâmetro,
desde que os dados fornecidos a mesma sejam representativos do problema abordado para que o treinamento
seja eficiente de tal forma que as RNAs possam ser aplicadas a outros dados.

AGRADECIMENTOS

Os autores expressam seus agradecimentos à FAPEMIG e ao CNPq pelo auxílio financeiro e à


Universidade Federal de Minas Gerais pelo suporte científico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CHEN, C.-S.; LIN, J.-M. Applying Rprop Neural Network for the Prediction of the Mobile Station Location.
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CHOUDHURY, T. A.; HOSSEINZADEH, N.; BERNDT, C. C. Improving the Generalization Ability of an
Artificial Neural Network in Predicting In-Flight Particle Characteristics of an Atmospheric Plasma Spray
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COSENZA, D. N. Aplicação de escaneamento a laser aerotransportado no inventário a nível de árvores
individuais de povoamentos de eucalipto. 2016. 45 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) -
Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 2016.
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LEITE, H. G. et al. Estimation of inside-bark diameter and heart wood diameter for Tectona grandis Linn. trees
using artificial neural networks. European Journal of Forest Research, [s.l], v. 130, n. 2, p. 263-269, 2011.
PEREIRA, G. H. A.; CENTENO, J. A. S. Avaliação do tamanho de amostras de treinamento para redes neurais
artificiais na classificação supervisionada de imagens utilizando dados espectrais e laser scanner. Boletim de
Ciências Geodésicas, [s.l], v. 23, n. 2, p.268-283, jun. 2017.
PRASAD, N.; SINGH, R.; LAL, S. P. Comparison of back propagation and resilient Propagation algorithm for
spam classification. Fifth International Conference On Computational Intelligence, Modelling And
Simulation, p. 29-34, 2013.

291
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DIAMÉTRICA A PARTIR DA ALTURA UTILIZANDO ALGORITMO RANDOM
FOREST

DIAMETRIC ESTIMATE FROM HEIGHT USING RANDOM FOREST ALGORITHM

Paulo Ricardo Santos Miranda1 Sthefany Mendes Zuba Thais Sales Gonçalves
Gabriela Letícia Ramos de Carvalho Christian Dias Cabacinha Carlos Alberto Araújo Júnior

RESUMO

O manejo florestal atual demanda o conhecimento da floresta e a sua relação com meio, bem como do seu
crescimento e a suas potencialidades. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência do processamento do
algoritmo Random Forest para estimativa de distribuição diamétrica em árvores do gênero Eucalyptus sp. Foi
aplicado o algoritmo Random Forest para predição de valores para diâmetro. Foram avaliados dos modelos de
árvore de decisões, sendo eles baseados na variável dependente diâmetro (DAP) e variáveis independentes,
altura (h), idade (I) e área de plantio (A) para a estimação de DAP. O tipo 2 se demonstrou mais satisfatório para
predição dos valores.
Palavras-chave: Inteligência artificial; Mensuração florestal; Diâmetro.

ABSTRACT

Current forest management demands knowledge of the forest and its relation to the environment, as well as its
growth and potential. The objective of this work was to evaluate the efficiency of the Random Forest algorithm
to estimate diameter distribution in trees of the genus Eucalyptus sp. The Random Forest algorithm was applied
to predict values for diameter. The decision tree models were evaluated, based on the dependent variable
diameter (DBH) and independent variables, total height (HT), age (I) and planting area (A) for the estimation of
DBH. Type 2 was shown to be more satisfactory for predicting values .
Keywords: Artificial intelligence; Forest mensuration; Diameter.

INTRODUÇÃO

O setor florestal tem se apresentado como grande fornecedor de energia, matéria-prima para indústria de
transformação e construção civil. Tal fato é suportado pela alta produtividade das suas áreas de florestas
plantadas no Brasil. Em 2016, o país liderou o ranking global de produtividade, alcançando uma média de 35,7
m³/ha para florestas de eucalipto e 30,5 m³/ha ao ano nos plantios de pinus (IBA ,2017) (SNIF,2016).
O manejo florestal atual demanda o conhecimento da floresta e a sua relação com meio, bem como do
seu crescimento e a sua potencialidade para produção de madeira para celulose, chapas, serraria e energia,
dentre outros fins. A avaliação acerca do povoamento florestal só pode ser feita através de medições
representativas da floresta, sendo que as principais variáveis utilizadas são DAP (Diâmetro à altura do peito) e a
altura.
A altura é considerada uma importante característica da árvore, a qual pode ser medida ou estimada. Seu
valor é importante para o cálculo do volume das árvores, além de servir como indicador da qualidade produtiva
(SILVA et al. 2012). Diferentemente do diâmetro, a variável altura não é de fácil medição, e em plantios
homogêneos a sua mensuração geralmente é feita por aparelhos ópticos baseados em princípios trigonométricos
(MACHADO e FIGUEIREDO FILHO, 2003). Com o avanço da tecnologia e modernização nas atividades de
mensuração florestal, novos meios para obtenção das alturas das árvores foram desenvolvidos, dentre eles o uso
o LiDAR.
O LiDAR (Ligth Detection and Ranging) é uma das maneiras de fornecer informações precisas acerca
da estrutura vertical da floresta, como altura e cobertura do dossel. Seu principio é baseado em pulsos de laser
que são enviados do sensor, esses são capazes de penetrar no dossel da floresta e disponibilizar essas
informações (URBAZAEV et al, 2018). O LiDAR, portanto, tem sido usado como importante fonte de dados
para o inventário florestal. A estimativa de altura do povoamento com o LiDAR pode ser trabalhada levando em
conta dois tipos de abordagens: abordagens baseadas em árvores, a qual calcula as alturas das árvores de acordo

Estudante de graduação em Engenharia Florestal, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais,
1

Av. Universitária, 1000- Universitário, CEP:39.404-547, Montes Claros(MG), Brasil. E-mail: ricarddosm@hotmail.com

292
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
com altura média das árvores extraídas com base no delineamento individual da copa das árvores, e abordagem
baseada em parcela, a qual estima as alturas a partir de estatísticas descritivas em nível de parcela (LEE, 2018).
Devido ao fato de que as medições do LiDAR estão associadas à estrutura vertical da floresta, faz-se
necessário estimar a variável diâmetro. Para tais estimativas, se faz necessário o uso de modelos que consigam
obter valores estimados próximos dos reais. Nesse sentido, a Random Forest se apresenta como alternativa à
solução dessa problemática. Tal algoritmo é um método que gera um conjunto de árvores aleatórias treinadas
individualmente e então combina os seus resultados levando a uma única previsão (JEUNE, 2018). A Random
Forest foi desenvolvida por Breiman (2001) para realizar regressão e classificação. As árvores de decisão fazem
a divisão do banco de dados de forma interativa, gerando, a partir de um nó pai, diversos subconjuntos
chamados de nós filhos (ZAMO et al., 2014). A divisão dos dados é realizada de acordo com alguns critérios
(SHAIKHINA et al., 2017), sendo comumente feito por um “limiar de corte das variáveis independentes”
atuando na diminuição da variância dos nós filhos formados (JAMES et al., 2013; ZAMO et al., 2014).
O algoritmo é apontado como capaz de superar as abordagens de regressão clássica, principalmente
quando há relações complexas e não lineares entre as variáveis. Os resultados também são mais fáceis de
interpretar, em relação a outros modelos de regressão (STROBL et al., 2009). Assim, o objetivo deste trabalho
foi avaliar a eficiência do processamento do algoritmo Random Forest na estimativa diamétrica em árvores do
gênero Eucalyptus sp.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados utilizados nesta pesquisa são de inventários florestais realizados em plantios florestais do
norte de Minas Gerais entre os anos de 2012 a 2016. Para o processamento, os dados foram separados em
validação e treinamento, sendo 98% dos dados para treinamento e 2% para validação. Ainda, foram
consideradas duas formas de separação dos dados, sendo o primeiro aquele que considerou como dados de
treinamento aqueles medidos nos anos de 2012 a 2015 e os dados de 2016 utilizados para validação (Modelo 1)
e o segundo aquele que considerou uma escolha aleatória (Modelo 2) para compor os conjuntos de treinamento
e validação. O software para análise dos dados foi o Statistica 13, estabelecendo como parâmetros 500 árvores
de decisões com dois números de predições.
Para avaliação dos resultados, foram calculadas as estatísticas dos modelos analisados, sendo BIAS
(equação 1), raiz quadrada do erro médio quadrático (RQME) (equação 2), correlação entre valores estimados e
valores observados (r) (equação 3) e erro médio percentual (EMP) (equação 4). Além disso, foram criados
gráficos de dispersão analisando os valores estimados e observados e histogramas de resíduos. Para obtenção do
erro de estimativa, foi utilizada a fórmula ei = ŷi − yi .
n
1 (equação 1)
bias = ∑(ŷ i - yi )
n
i=1
2 (equação 2)
100 √∑ni=1 (yi - ŷ i )
RQME (%) =
y̅ n
∑ni=1(ŷ i - y̅̂ ) . (yi - y̅ ) (equação 3)
r=
2
√∑ni=1 (ŷ i - y̅̂ ) ∑ni=1 (yi - y̅ )2
n
1 (y - ŷ ) (equação 4)
EMP = ∑ [100. i i ]
n yi
i=1
Em que ŷi é o valor estimado e yi é o valor observado para o i-ésimo dado, n é o número total de observações, y̅
é a média dos valores observados e ŷ é a média dos valores estimados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As estatísticas dos modelos são apresentadas na (Tabela 1). Quando se analisa a correlação (quanto mais
próxima de 1, mais as variáveis estão relacionadas), é possível perceber que a modelagem 2, tanto de
treinamento quanto validação apresentaram melhor desempenho, portanto uma forte correlação. Em relação à
estatística da RQME (quanto menor for o erro do modelo, melhor), esse mesmo modelo se destaca, se
apresentando como o mais eficiente, portanto o apresenta menor erro na estimativa dos valores de distribuição
de diâmetro. É valido ressaltar que o tipo 1 de validação se apresentou como o menos eficiente, por não haver
dados representativos da variável de interesse.
293
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Analisando os gráficos é possível perceber que o treinamento (TIPO1), apresentou uma grande relação
entre os valores de diâmetros observados e estimados, isso expresso pela concentração dos pontos, refletindo em
uma menor dispersão. O mesmo pode ser observado em relação ao treinamento do Tipo 2. Quando analisado o
gráfico de validação do Tipo 1, verifica-se a presença de valores superestimados. O Tipo 2 de validação ele se
distribui melhor, mesmo havendo pontos de dispersões (Figura 1).

Tabela 1: Estatísticas de treinamento e validação da árvore de decisões para estimativa de diâmetro


Table 1: Calculated statistics for training and validation of the decision tree for diameter estimation
Modelo de
Etapa Bias RQME r RQME% EMP
treinamento
1 Treinamento 0.00 1.57 0.93 11.02 1.74
Validação 0.51 1.97 0.59 11.80 4.83
2 Treinamento 0.00 1.58 0.93 11.02 1.74
Validação 0.16 1.63 0.91 11.62 2.77

FIGURA 1: Gráficos de resíduos das estimativas diamétricas utilizando Random Forest


FIGURA 1: Residual plot of the diameter estimates using Random Forest

CONCLUSÕES

O modelo de estimativa permite a obter distribuição diamétrica de um povoamento de Eucalyptus sp,


através do uso do algoritmo Random Forest. O tipo 2 utilizado nas análises se mostrou eficiente na estimação de
diâmetro de árvores do povoamento.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Universidade Federal de Minas Gerais e à Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de Minas Gerais pelo apoio técnico e financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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294
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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electricity production, part I: Deterministic forecast of hourly production. Solar Energy,[s.1],v. 105, n. 1, p.
792-803, 2014.

295
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DO NÚMERO DE FOLHAS DE Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex
Ducke) Barneby POR MEIO DA MENSURAÇÃO DO TAMANHO DE COPA

ESTIMATION OF THE NUMBER OF LEAVES OF Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex


Ducke) Barneby BY MEANS OF CROWN SIZE MEASUREMENT

Luciana Grendene Maculan1 Janderson de Oliveira Silva Luciana Maria de Barros Francez
Fábio de Jesus Batista Frederico Dimas Fleig

RESUMO

Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby, conhecido como Paricá, pertencente à
família Caesalpiniaceae, vem se destacando em plantios homogêneos na região amazônica por se tratar de uma
espécie nativa de rápido crescimento. É muito utilizada na recuperação de áreas degradas, além de ser matéria
prima para a fabricação de celulose, forros e palitos. Desta forma o objetivo foi verificar se é possível fazer uma
estimativa do número de folhas por meio da mensuração do comprimento de copa para a espécie. O estudo foi
realizado na Fazenda Recreio, município de Paragominas, Pará. Foram instaladas e mensuradas 21 parcelas
permanentes de 20 x 20 m. Foram registrados a circunferência do fuste a 1,30 m do solo > 5 cm; altura até a
primeira folha; comprimento de copa de cada planta; e número de folhas. No total foram realizadas cinco
medições (julho/2013; fevereiro e agosto/2014; janeiro e setembro/2015). A primeira medição foi feita quando o
plantio possuía seis meses de idade. A correlação das variáveis foi feita com o uso do teste de Spearman, para
dados não paramétricos. Em seguida, foi aplicado um modelo linear a fim de avaliar a relação do número de
folhas em função da altura de copa. As análises estatísticas contaram com o auxílio do programa R versão 3.4.4.
Foi observado que houve uma correlação linear positiva entre o número de folhas e o tamanho da copa.
Contudo, os valores de R2aj foram baixos demonstrando não haver um bom ajuste nas equações. Evento como a
desrama natural pode influenciar na perda de folhas e consequentemente nos resultados inerentes a modelagem.
Os resíduos da equação apresentaram melhor distribuição para a segunda medição, mas fora dos padrões para
ser considerado como bom ajuste. Não foi possível estimar o número de folhas por meio da mensuração do
tamanho da copa para a espécie S. parahyba var. amazonicum, em plantios homogêneos.
Palavras-chave: Paricá; Plantio homogêneo; Mensuração florestal; Amazônia.

ABSTRACT

Schizolobium parahyba var. Amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby, known as Paricá, belonging to the
Caesalpiniaceae family, has been distinguished in homogeneous plantations in the Amazon region because it is
a fast growing native species. It is widely used in the recovery of degraded areas, besides being raw material for
the manufacture of pulp, linings and sticks. In this way the objective was to verify if it is possible to estimate the
number of leaves by measuring crown length for the species. The study was carried out at Recreio Farm,
Paragominas county, Pará. Twenty-one permanent plots of 20 x 20 m were installed and measured. The
circumference of the stem was recorded at 1.30 m of soil > 5 cm; height to the first sheet; crown length of each
plant; and number of leaves. In total, five measurements were performed (July / 2013, February and August /
2014, January and September / 2015). The first measurement was made when the planting was six months old.
The variables correlation was performed using the Spearman test, for non-parametric data. Then, a linear model
was applied in order to evaluate the relation of the number of leaves as a function of crown height. Statistical
analyzes were supported by program R version 3.4.4. It was observed that there was a positive linear correlation
between the number of leaves and the size of the crown. However, R2aj values were low showing that there was
no good fit in the equations. Event as the natural debris can influence the loss of leaves and consequently the
results inherent to modeling. The residuals of the equation presented better distribution for the second
measurement, but outside the standards to be considered as a good fit. It was not possible to estimate the number
of leaves by measuring crown size for S. parahyba var. amazonicum, in homogeneous plantations.
Keywords: Paricá; Homogeneous planting; Forest measurement; Amazonia.

Discente de graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Rurais, Av.
1

Roraima, 1000, CEP 97105-900, Santa Maria (RS), Brasil, E-mail: lucianamaculan@hotmail.com

296
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INTRODUÇÃO

A extração madeireira na Amazônia teve início com a chegada de madeireiros das regiões sul e sudeste
do Brasil, em razão da exaustão dos recursos nessas regiões. Incentivados pelos militares e governo federal esta
migração foi facilitada pela abertura de estradas a partir da década de 60 possibilitando o acesso a área
(BARROS; VERÍSSIMO, 2002). Isso ocasionou a escassez de algumas espécies nativas e o aumento do
investimento em plantios homogêneos ou consorciados de espécies florestais de rápido crescimento e de alto
valor comercial, que se tornaram alternativas para as empresas do setor madeireiro (HOFFMANN et al., 2011).
Na região amazônica uma espécie nativa que vem se destacando em plantios homogêneos é o Paricá
Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby. Pertencente à família Caesalpiniaceae,
ocorre na Amazônia em florestas primárias e secundárias de terra firme ou várzea alta. Esta espécie é muito
utilizada para fabricação de celulose e papel, forros e palitos (MARQUES; YARED; SIVIERO, 2006). Em
função deste rápido crescimento a espécie tem se mostrado promissora em plantios realizados no nordeste do
Estado do Pará.
Por esta razão o conhecimento dos fatores que exercem influência sobre o crescimento das florestas é
importante, em especial àqueles relacionados a formação e desenvolvimento da copa, uma vez que esta é
responsável pelo processo fotossintético possuindo correlação com o ganho de incremento da árvore. Wink et al.
(2012) comentaram que o crescimento, está relacionado com o acúmulo de biomassa em diferentes partes de
uma árvore incluindo a copa. A medição da copa é muito importante para quantificar e qualificar o vigor das
árvores, o crescimento e eficiência de produção individual ou de povoamentos florestais.
Deste modo o objetivo deste trabalho foi verificar se é possível fazer uma estimativa do número de
folhas por meio da mensuração do tamanho de copa para a espécie S. parahyba var. amazonicum, em plantios
homogêneos da espécie localizados na Fazenda Recreio no município de Paragominas.

MATERIAL DE MÉTODOS

Caracterização da área de estudo


A pesquisa foi realizada na Fazenda Recreio, localizada na Rodovia BR-010, Km 197, adentrando
115Km pela vicinal Bradesco, situada nas coordenadas geográficas 03⁰30’53,45’’S e 47⁰20’07,51’’W,
Paragominas, Pará (LAR nº 12/2011- SEMMA/PGM) (Figura 1).

FIGURA 1: Localização da Fazenda Recreio no município de Paragominas, Pará, Brasil.


FIGURE 1: Location of Fazenda Recreio in the municipality of Paragominas, Pará, Brazil.

O clima da região é do tipo "Aw", com médias anuais de temperatura e precipitação pluviométrica de
26,3ºC e 1.800 mm/ano, respectivamente (BASTOS et al., 2005). Os solos são classificados como: Latossolos
Amarelos; Argissolos Amarelos; Plintossolos; Gleissolos; e Neossolos, com um relevo plano a suavemente
ondulado (RODRIGUES et al., 2003). O município é drenado pelos rios Capim, Gurupi, Ananavira,
Paraquequara, Candiru-Açu, Potiritá, Piriá, Uraim e Surubiju (WATRIN; ROCHA, 1992; LEAL, 2000). A
vegetação é do tipo floresta ombrófila densa (floresta tropical pluvial), floresta ombrófila aberta (mista de cipó e
palmeira); e floresta ombrófila densa aluvial segundo IBGE (2012).

297
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Implantação do experimento e análise estatística
Foram selecionados três talhões que comportaram 21 parcelas permanentes de 400 m2 (20 x 20 m). As
parcelas foram alocadas, no meio dos talhões, distantes aproximadamente 20-30 m da borda do plantio, com 25
m entre si e distância entre linhas de 100 m.
Também, realizou-se cinco medições (Tabela 1). Foi feita a coleta das seguintes informações: CAP
(circunferência do fuste à 1,30 m do solo) > 5 cm; altura total (H1), altura até a primeira folha (H2) e número de
folhas. O comprimento de copa foi obtido por meio da diferença entre a altura total e a altura até a primeira
folha (Comprimentocopa = H1 – H2). A CAP foi transformada em DAP (diâmetro do fuste à 1,30 m do solo) por
meio da equação CAP/π.

TABELA 1: Período da coleta de dados e idade do plantio de Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber
ex Ducke) Barneby, em um plantio homogêneo, localizado em Paragominas, PA.
TABLE 1: Period of data collection and age of planting of Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex
Ducke) Barneby, in a homogenous plantation, located in Paragominas, PA.
Período / Ano Idade do plantio (meses)
Julho – 2013 6
Fevereiro – 2014 13
Agosto – 2014 19
Janeiro – 2015 24
Setembro – 2015 32

A correlação das variáveis foi feita com o uso do teste de Spearman para dados não paramétricos. Para a
modelagem foi utilizado modelo linear simples (Y: b 0 + b1X) a fim de avaliar a relação do número de folhas
(variável dependente = y) em função do comprimento de copa (variável independente = X). Antes da
modelagem, foi feita a correlação entre as variáveis com a finalidade de inferir sobre a relação entre elas. Um
dos métodos mais comuns para a verificação da correlação entre duas variáveis é o método de Spearman,
(BAUER, 2007), para dados não paramétricos.
A normalidade e homocedasticidade dos resíduos foi avaliada por meio dos testes Shapiro-Wilk e
Goldfeld-Quandt, respectivamente. As análises estatísticas foram feitas com auxílio do Microsoft Excel (2013) e
programa R versão 3.4.4, pacotes “lmtest, FactoMineR, ggplot2, ggcorrplot” (R CORE TEAM, 2018).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram mensurados 447 indivíduos de Paricá. Os menores valores de comprimento de copa (CC) e
número de folhas (NF) ocorreram aos 19 meses (0,6435 m e 8,6174 folhas), enquanto os maiores ocorreram aos
32 meses (6,3242 m e 17,4676 folhas) (Figura 2). As maiores variações dos dados foram observadas aos 24 e 32
meses (Figura 2).

FIGURA 2: Média da altura de copa e número de folhas Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex
Ducke) Barneby, na fazenda Recreio, Paragominas, PA.
FIGURE 2: Average crown height and number of leaves Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex
Ducke) Barneby, at the Recreio farm, Paragominas, PA.

Ohashi; Yared; Neto (2010), no município de Colares - PA, encontraram valor médio de 1,74 m para
comprimento de copa em um plantio de Paricá com espaçamento de 4 x 4 m aos 36 meses de idade, este valor
foi inferior ao comparar a 5ª medição deste estudo. Esta diferença entre as médias pode ser explicada ao

298
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
espaçamento adotado, que na ocasião foi superior ao utilizado nesta pesquisa (3 x 2,5 m). Conforme Souza et al.
(2003) e Rondon (2002), o espaçamento e competição podem interferir no desenvolvimento do comprimento de
copa para esta espécie.
Ohashi; Yared; Neto (2010) identificaram que as plantas de Paricá em sua maioria apresentavam copas
sem ramificações laterais e folhas grandes, características comuns à espécie no estágio inicial de
desenvolvimento. O mesmo foi observado nas árvores deste estudo. Rosa (2006) afirmou que nos dois primeiros
anos de idade o Paricá apresenta uma copa rala sem ramificações e que na fase juvenil são mais suscetíveis ao
vento, podendo ter a sua copa quebrada facilmente.
A competição por espaço no dossel explica as maiores variações aos dados aos 24 e 32 meses de idade
(Figura 2). A competição pode aumentar o comprimento de copa, número de folhas e o espaço entre nó das
folhas ao longo do fuste, nas árvores que ultrapassam ao dossel. Outro efeito observado é que a largura da copa
tende a diminuir conforme a competição. Os efeitos são inversos para as árvores dominadas e/ou suprimidas do
povoamento, explicando a grande variação dos dados nesta fase.
Segundo Duarte (2014) o espaçamento ideal para melhorar o desenvolvimento do Paricá na parte aérea
é de 3 a 4 m, evitando assim competição entre os indivíduos por luz e espaço. Os autores afiram, ainda, que esta
espécie diminui a quantidade de número de folhas com a idade, uma estratégia pra evitar desidratação em
períodos secos.
Foi observado que há uma correlação linear positiva entre o número de folhas e o comprimento da copa,
pois na maioria das medições o número de folhas aumentou com o aumento do comprimento de copa (Tabela
2). Os maiores valores de correlação ocorreram na segunda e terceira medição, o que é explicado pelo fato da
competição ainda ser baixa no dossel neste período.
Os valores de R2aj foram baixos demonstrando não haver um bom ajuste nas equações, o que implica em
dizer que mesmo apresentando uma correlação linear positiva o comportamento de uma não descreve bem o da
outra, não sendo possível fazer estimativas do número de folhas a partir do comprimento de copa (Tabela 2).

TABELA 2: Estatística da regressão e correlação de Spearman entre o número de folhas e altura de copa da
espécie Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby, na fazenda Recreio, Paragominas,
PA.
TABLE 2: Regression and Pearson correlation between the number of leaves and crown height of the species
Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby, at Recreio farm, municipality of
Paragominas, PA.
Idade do Correlação Estatísticas da regressão Coeficientes da regressão
plantio de Spearman F R2aj Sxy Valor do coeficiente Sxy p
Interseção 7,7051 0,3306 4,28E-79
6 meses 0,5927* 234,2713 0,3434 1,9879 CC1 2,8045 0,1832 8,66E-43
13 meses Interseção 7,6617 0,5112 2,14E-41
0,6979* 415,6384 0,4818 4,3179
CC2 5,6176 0,2755 9,93E-66
Interseção 7,2979 0,2861 4,22E-89
19 meses 0,6021* 86,2804 0,1605 5,2507
CC3 2,0505 0,2207 6,96E-19
Interseção 10,0239 0,5285 3,18E-59
24 meses 0,4351* 80,7485 0,1517 7,0412
CC4 0,9889 0,1100 7,35E-18
Interseção 8,2517 1,2580 1,50E-10
32 meses 0,3680* 68,2279 0,1309 12,2874
CC5 1,4572 0,1764 1,68E-15
Legenda: CC = comprimento de copa (1, 2, 3, 4, 5 - 1ª a 5ª medição); F = F calculado; p = probabilidade; R2aj = coeficiente
de determinação ajustado; * - significância a 95% de probabilidade.

Os resíduos apresentaram melhor distribuição na equação CC2, todavia não ficou dentro dos padrões
para ser considerado como bom ajuste. A equação CC5 apresentou a pior distribuição dos resíduos,
demonstrando tendências a subestimava e superestimava quanto a quantificação do número de folhas pelo
tamanho de copa (Figura 3).

299
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

CC1 CC2
1

CC3 CC4

CC5

FIGURA 3: Distribuição de resíduos do comprimento de copa (CC) (1, 2, 3, 4, 5 - 1ª a 5ª medição) da espécie


Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby, na fazenda Recreio, Paragominas, PA.
FIGURE 3: Residue analysis of crown height (CC) (1, 2, 3, 4, 5 - 1st to 5th measurement, respectively) of the
species Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby, at the Recreio farm, Paragominas,
PA.

CONCLUSÃO

Não foi possível estimar o número de folhas por meio da mensuração do tamanho da copa, a partir de
um modelo linear para a espécie S. parahyba var. amazonicum em plantios homogêneos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, A. C.; VERÍSSIMO, A. A expansão madeireira na Amazônia: Impactos e Perspectivas para o


desenvolvimento sustentável no Pará, 2. ed. Belém – Pará: IMAZON, 2002. 166p.
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300
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
OHASHI, S. T.; YARED, J. A. G.; NETO, J. T. F. Variabilidade entre procedências de paricá Schizolobium
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301
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA DO VOLUME INDIVIDUAL DE ÁRVORES DE EUCALIPTO UTILIZANDO DADOS
DE DIÁMETRO DE TOCO

ESTIMATION OF INDIVIDUAL VOLUME OF EUCALYPTUS TREES USING BASIC DIAMETER DATA

Mirella Basileu de Oliveira Lima1 Renan Augusto Miranda Matias Lisandra Maria Alves Matos
Maycon Thuan Saturnino da Silva Renato Vinicius Oliveira Castro Mauro Eloi Nappo

RESUMO

Existem situações onde as condições originais da floresta foram parcialmente ou totalmente alteradas, nesses
casos, há necessidade de reconstruir o volume individual das árvores removidas. Portanto, o presente trabalho
teve como objetivo ajustar modelos para estimar o DAP em função do diâmetro do toco para dados de
povoamento de eucalipto e comparar o volume individual obtido por a cubagem rigorosa com o volume obtido
pelo DAP e altura reconstituídos. Os dados utilizados foram provenientes da cubagem rigorosa de 61
indivíduos, onde 40 foram para ajuste e 21 para a validação. Primeiramente foram ajustados modelos para
estimar o DAP em função do diâmetro do todo (DT). E com DAP estimado pela melhor equação, foi estimado a
altura total e posteriormente o volume individual. Dentre os modelos testados, o que melhor se ajustou foi de
𝐷𝐴𝑃 = −1,6024 + 0,9616 ∗ 𝐷𝑇, com erro padrão de 5,86%. A comparação entre as estimativas de volume
reconstituído com o volume cubado por meio do teste Qui-quadrado, demonstrou não haver diferença
significativa entre eles.
Palavras-chave: Manejo Florestal; Estimativa de diâmetros; Relações Dendrométricas; eucalipto.

ABSTRACT

There are situations where the original conditions of the forest have been partially or totally altered, in these
cases, it is necessary to reconstruct the individual volume of the trees removed. Therefore, the present work had
as objective to adjust models to estimate the DBH as a function of the stump diameter for eucalyptus stand data
and to compare the individual volume obtained by rigorous sampling with the volume obtained by DBH and
height reconstituted. The data used came from the rigorous cubing of 61 individuals, where 40 were for
adjustment and 21 for validation. Firstly, models were fitted to estimate the DBH as a function of the base
diametrer (BD). And with DBH estimated by the best equation, total height and later individual volume were
estimated. Among the models tested, the best fit was DBH = -1.6024 + 0.9616 * BD, with a standard error of
5.86%. The comparison between the estimates of volume reconstituted with the volume cubed through the chi-
square test showed no significant difference between them.
Keywords: Forest Management; Estimation of diameters; Dendrometric relationships; eucalyptus.

INTRODUÇÃO

O volume é uma das variáveis do povoamento de maior interesse pelo manejador florestal e o volume
por indivíduo fornece subsídios para a avaliar o do estoque de madeira e analisar do potencial produtivo das
florestas (THOMAS, 2006). As variáveis mais comuns para o cálculo do volume individual são provenientes de
medições sucessivas de diâmetros à diferentes alturas do fuste (MIGUEL, 2009). Porém, a medição de todas as
árvores de uma floresta é oneorsa e custosa, portanto, mede-se uma parte da população e extrapolam-se as
características desta amostra em nível de população.
Essa extrapolação é dada por meio de equações volumétricas cujos parâmetros, geralmente, são obtidos
através da análise de regressão, onde um modelo linear quase sempre é preferido, dada a sua simplicidade
(MACHADO et al., 2008).
O DAP é a variável mais rápida e simples de ser obtida de uma floresta, e possui alta correlação do com
o volume. Entretanto, existem situações onde as condições originais da floresta foram parcialmente ou
totalmente alteradas, ou seja, cortadas. Nesses casos, há necessidade de reconstruir as condições iniciais do
povoamento florestal, para determinar o volume individual e total que não foram registradas, ou mesmo, para

1
Engenheira Florestal, Ms., Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais pela Universidade Federal
do Paraná. Av. Pref. Lothario Meissner, 632, Jardim Botânico, CEP 80210-170, Curitiba (PR), Brasil. E-mail:
mirellabasileu@gmail.com

302
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
determinar o volume de madeira removido ilegalmente por invasores, para fins de cobrança judicial ou para
reconstituir uma área desmatada e permitir a compensação ambiental (URBAN et al., 2010).
Leite (2008) sugere estimar o volume individual de árvores, medindo-se apenas o diâmetro dos tocos
restaram após o corte, pois há uma boa correlação entre volume e diâmetro da base e que a precisão de equações
volumétricas geradas a partir do diâmetro do toco se compara a precisão de equações volumétricas geradas
somente em função do DAP.
Portanto, o presente trabalho teve como objetivo ajustar modelos para estimar o DAP em função do
diâmetro do toco para dados de povoamento híbrido clonal Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis, e
comparar o volume individual obtido por a cubagem rigorosa com o volume obtido pelo DAP e altura
reconstituídos.

MATERIAL E MÉTODO

Caracterização do local
Os dados utilizados para este estudo foram obtidos em uma área de dois hectares de povoamento do
eucalipto híbrido clonal (GG100) com cinco anos de idade, localizada na Fazenda Água Limpa - FAL/UnB, em
Brasília, Distrito Federal.
O solo predominante da região é o Latossolo Vermelho, o espaçamento utilizado para o plantio foi o de
3 m x 2 m, a temperatura média é de, aproximadamente, 21°C com precipitação média, de 1600 mm.ano-1
(MUNHOZ; FELFILI, 2008).

Coleta de dados
Foi realizado a cubagem rigorosa, pelo método destrutivo, de 61 indivíduos sorteados ao acaso
respeitando um número de 10 árvores por cada classe de diâmetro. A amplitude das classes de diâmetro foi
obtida com base na distribuição diamétrica. As classes de diâmetro utilizadas no presente trabalho são: 8˧10,
10˧12, 12˧14, 16˧18, 18˧20 e 20 ˧ 22 cm, esses diâmetros foram medidos no DAP.
Os diâmetros das seções foram medidos segundo proposta de Campos; Leite (2017), onde foram
mensurados na base; 0,50 m; 1,00 m; DAP; 2,00m, e a partir dessa altura, a cada 2,00 m até a altura comercial.
O volume individual foi calculado utilizando o método de Smalian (CHAPMAN; MEYER, 1949).
Na Tabela 1, encontra-se as estatísticas descritivas dos dados utilizados nesse estudo.

TABELA 1: Estatística descritiva das variáveis dendrométricas.


TABLE 1: Descriptive statistics of dendrometric variables.
Parâmetros
Variável
Mínimo Média Máximo Desvio padrão
DT(cm) 9,20 15,92 22,20 3,36
DAP (cm) 8,10 13,74 19,70 3,29
Ht (m) 4,25 8,89 11,50 2,13
Vol (m³) 0,014 0,081 0,172 0,043
Onde: DT= diâmetro do toco; DAP= diâmetro à altura de 1,30m; Ht=altura total; e Vol= volume individual com
casca.

Análise de dados
Foram testados quatro modelos matemáticos para a estimativa do diâmetro à altura do peito (DAP),
utilizando diâmetro do toco ou da base (DT) como variável independente (Tabela 2). O método de ajuste
procedeu-se pelo Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) utilizando o software Excel. Destas 61
árvores, foram utilizadas para o ajuste dos modelos matemáticos 40 indivíduos e as demais amostras foram
empregadas na validação da equação escolhida.

TABELA 2: Modelos de estimativa de diâmetro.


TABLE 2: Models of diameter estimation.
Modelo 1 𝐷𝐴𝑃 = 𝛽0 + 𝛽1 ∗ 𝐷𝑇 + 𝜀
Modelo 2 𝐷𝐴𝑃 = 𝛽0 + 𝛽1 ∗DT²+𝜀
Modelo 3 𝐷𝐴𝑃 = 𝛽0 + 𝛽1 ∗DT+𝛽2 ∗DT²+𝜀
Modelo 4 𝐷𝐴𝑃 = 𝛽0 + 𝛽1 ∗ (1/DT) +𝜀

303
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Onde: DT= diâmetro do toco; DAP= diâmetro à altura de 1,30m;); β0, β1 e β2 = coeficientes de regressão; e 𝜀= erros
aleatórios independentes, com média zero e variância constante.

A escolha do melhor modelo foi nas estatísticas de ajuste e de precisão, como o coeficiente de
determinação (R² ajustado), erro padrão da estimativa absoluto (Syx) e em porcentagem (Syx%) e,
principalmente, pela análise gráfica de resíduos.
Em seguida, com os dados de DAP estimados pela equação escolhida, estimou-se a altura total e o
volume individual utilizando as equações a seguir:

𝑯𝒕 = −𝟗, 𝟓𝟎𝟏𝟑 + 𝟐, 𝟐𝟐𝟎𝟒 ∗ 𝑫𝑨𝑷 − 𝟎, 𝟎𝟔𝟎𝟕 ∗ 𝑫𝑨𝑷𝟐 𝑹𝟐 𝒂𝒋 = 𝟎, 𝟖𝟑 𝑺𝒚𝒙(%) = 𝟔, 𝟐𝟓


𝐿𝑛𝑉𝑜𝑙 = −8,9049 + 1,5416 ∗ 𝑙𝑛𝐷𝐴𝑃 − 1,0289 ∗ 𝑙𝑛𝐻𝑡 𝑅2 𝑎𝑗 = 0,98 𝑆𝑦𝑥(%) = 5,34

Após estimar o volume dos indivíduos arbóreos, comparou-se com os volumes obtidos pela cubagem
rigorosa por meio do Teste Qui-quadrado (X²) ao nível de 5% de probabilidade, em que, se X²cal< X²tab os
volumes estimados pelas equações são estatisticamente iguais aos volumes reais obtidas em campo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os modelos ajustados e suas estatísticas de ajuste e precisão se encontram Tabela 3. Nota-se que todas
as estatísticas de ajuste de precisão foram boas, sendo a mais precisa o modelo 1. Estatísticas semelhantes a
estas foram encontradas por Carielo et al. (2016), que os mesmos modelos utilizados para estudo em um
povoamento híbrido de Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis com casca implantado em espaçamento 3 x
1 m e 3 x 2 m, e encontrou Syx (%) entre 4,23 % e 5,81 % e R² ajustado entre 0,87 e 0,95.

TABELA 3: Equações ajustadas e estatística de ajuste e precisão.


TABLE 3: Adjusted equations and statistics of fit and precision.
Modelos Equação R²aj Syx Syx%
1 𝐷𝐴𝑃 = −1,6024 + 0,9616 ∗ 𝐷𝑇 0,9278 0,83 5,86
2 𝐷𝐴𝑃 = 5,9747 + 0,0294 ∗DT² 0,9153 0,90 6,35
3 𝐷𝐴𝑃 = −3,6661 + 1,2267 ∗DT−0,0082 ∗DT² 0,9265 0,84 5,91
4 𝐷𝐴𝑃 = 28,55 − 227,13 ∗ (1/DT) 0,9055 0,95 6,71
Onde: R²aj= coeficiente de determinação ajustado; Syx= erro padrão da estimativa absoluto; Syx(%) =erro padrão da
estimativa em porcentagem.

A Figura 1 mostra os gráficos de resíduos das equações ajustadas. Observa-se que não houve
tendenciosidade nas estimativas da variável de interesse (DAP) e todos apresentaram comportamento bem
semelhantes, indicando boas estimativas. Como não houve grande diferenciação entre os gráficos apresentados,
o modelo 1 foi selecionado para a validação, por apresentar melhores estatísticas.

304
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Gráficos de resíduos em porcentagem das equações ajustadas, plotados sobre o diâmetro à altura de
1,30 m (DAP)
FIGURE 1: Residual graphs as a percentage of the adjusted equations, plotted on the diameter at the height of
1.30 m (DBH)

Na validação, o modelo de 1 apresentou o erro absoluto de 1,04 e relativo de 8,12%, o que mostra que
houve uma diminuição na precisão, porém considerou-se aceitável. Com relação ao gráfico de resíduos (Figura
2), observou-se que não houve nenhum viés e os erros percentuais variaram de ±20%.

FIGURA 2: Gráficos de resíduos em porcentagem da equação validada, plotados sobre o diâmetro à altura de
1,30m (DAP)
FIGURE 2: Graphs of residuals in percentage of the validated equation, plotted on the diameter at the height of
1,30 m (DBH)

O teste Qui-quadrado (X²) realizado para validar o modelo selecionado revelou que os volumes reais
não diferem estatisticamente dos respectivos valores dos volumes recuperados (X²cal = 0,02; X²tab = 30,14)
Assim, pode-se afirmar que tanto a equação referente ao modelo 1 pode ser usada reconstrução do volumes das
árvores cortadas, sem perda na qualidade das estimativas.

CONCLUSÕES

Todos os modelos utilizados apresentaram resultados satisfatórios, se destacando o modelo 1, que


melhor explica a variável DAP em função do diâmetro dos tocos (DT). Além de ser recomendável, juntamente
com equações volumétrica e hipsométrica, para cálculo do volume de árvores retiradas do povoamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2017.
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eucalyptus urograndis implantados em diferentes espaçamentos. Colloquium agrariae (UNOESTE), v. 12, p.
100-105, 2016.
CHAPMAN, H.H.; MEYER, W.H. Forest Mensuration. New York, McGraw-Hill Boook Company, INC.,
1949, 522 p.

305
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
LEITE, F. S. Estimativa do volume de madeira a partir do diâmetro da cepa em uma área explorada de
floresta amazônica de terra firme. 2008. 74 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade
de Brasília, Brasília, 2008.
MACHADO, S. A. et al. Modelagem volumétrica para bracatinga (Mimosa scabrella) em povoamentos da
Região Metropolitana de Curitiba. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, n. 56, p. 17-29, 2008.
MIGUEL, E. P. Avaliação biométrica e prognose da produção de Eucalyptus urophylla (S. T. Blake) na
região norte do estado de Goiás. Dissertação de Mestrado. Curitiba, UFPR, 161p., 2009.
MUNHOZ, C.B.R.; FELFILI, J.M. Fitossociologia do estrato herbáceo-subarbustivo em campo limpo úmido no
Brasil Central. Acta Botanica Brasilica, v. 22, p. 905-913, 2008.
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tronco. Ciência Florestal, Santa Maria, RS, v.16, n. 3, p. 319-327, 2006.
URBAN, C. W. et al. Estimativa do DAP em função do diâmetro do toco para plantios de Pinus taeda na região
de Irati – PR. Anais... Guarapuava: UNICENTRO. 2010.

306
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA VOLUMÉTRICA PARA Alsophila setosa Kaulf EM FRAGMENTO DE FLORESTA
OMBRÓFILA MISTA

VOLUMETRIC ESTIMATION FOR Alsophila setosa Kaulf IN ARAUCARIA FOREST FRAGMENT

Jocasta Lerner1 Karina Henkel Proceke De Deus Isabel Homczinski Keyla Karine Michalichen
Andrea Nogueira Dias Afonso Figueiredo Filho

RESUMO

As samambaias arborescentes fazem parte do sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista, e dentre estas espécies
tem-se Alsophila setosa. Sua biologia é carente de informações o que inclui sua biometria e volumetria.
Objetivou-se estimar o volume de A. setosa para a Floresta Nacional de Irati (Paraná) por meio de 37 unidades
amostrais de 10 m x 50 m cada. Foram identificados e mensurados todos os indivíduos com altura acima de 1,3
m e posteriormente o volume foi estimado, além de calculada a densidade e a estrutura populacional em classes
de altura. Foram estimados 1536 indivíduos/ha que totalizaram 54,58 m³/ha, em que mais de 20 m³/ha estão
concentrados nas classes de alturas de 4,3 a 6,3 m que representam cerca de 30% da população.
Palavras-chave: samambaia arborescente; floresta secundária; sub-bosque; equação volumétrica.

ABSTRACT

The arborescent ferns belong to the understory of the Araucaria Forest, and among these species is Alsophila
setosa. Lack of information about its biology, which includes biometrics and volumetry. The objective was to
estimate the volume of A. setosa for the Floresta Nacional de Irati (Paraná) through 37 plots of 10 m x 50 m
each. All individuals with height above 1.3 m were identified and measured, after the volume was estimated, the
density and the population structure in height classes. It was estimated that 1536 individuals / ha totaled 54.58
m³ / ha, where more than 20 m³/ha are concentrated in the classes of heights of 4.3 to 6.3 m, representing about
30% of the population.
Keywords: tree fern; secondary forest; understorey; equation volumetric.

INTRODUÇÃO

Segundo Campanili e Prochnow (2006), o sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista é constituído por
indivíduos de diversas espécies arbóreas, além de samambaias arborescentes das famílias Cyatheaceae e
Dicksoniaceae e de outras pteridófitas com hábito herbáceo. No estado do Paraná existem 13 espécies de
samambaias arborescentes, dentre elas destaca-se A. setosa. (KAEHLER et al., 2014).
Os indivíduos da espécie A. setosa possuem cáudice de até 10 m de altura, com espinhos nigrescentes
sobre as bases dos estípetes remanescentes das frondes caídas. Os espinhos são curvos na porção inferior dos
estípetes e na parte basal exibem de 2 a 4 pares de aflébias. As frondes podem chegar a 3 m de comprimento
(SCHMITT, 2005). Estudo acerca dessa espécie de samambaia são escassos na literatura, podendo ser
verificado o trabalho de Schmitt e Windisch (2005) que estudaram os aspectos ecológicos de A. setosa no estado
do Rio Grande do Sul e descreveram sobre a estrutura populacional (amplitude da altura, densidade, classes de
altura) além de outros dados como a arquitetura das partes subterrâneas.
Entretanto, para manejar uma dada espécie primeiramente é necessário conhecer a sua biologia. Para
isto pode-se utilizar da mensuração de dados como o diâmetro à altura do peito (DAP), a altura, número de
indivíduos, entre outros que venham a formar um banco de dados qualitativos e quantitativos. O banco de dados
é indispensável para poder propor um sistema de manejo com importância local, regional ou nacional.
A medição de variáveis biométricas constitui-se em uma atividade básica e essencial nos trabalhos de
inventário florestal. O inventário florestal é uma atividade que objetiva informar de maneira quali-quantitativa
sobre os recursos madeireiros e não madeireiros de uma área pré-especificada. Essas informações servem como
base para implantar planos de manejo, além de formular políticas florestais (PÉLLICO-NETO; BRENA, 1997).
As variáveis biométricas que podem ser obtidas de forma direta e indireta são o diâmetro à altura do
peito, medido a 1,30 m do solo; altura total e comercial e diâmetro da copa. Posteriormente, com estas

1
Professora de Ciências Biológicas, Ma., Doutoranda em Ciências Florestais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências
Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste, BR 153 km, Riozinho, CEP 84500-000, Irati (PR), Brasil. E-mail:
jocastalerner_jl@yahoo.com.br.

307
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
informações torna-se possível mensurar área de copa em m²; área transversal em m² e por meio de equações de
volume e relações hipsométricas, o volume e a altura, respectivamente (GOMES et al., 2009).
Machado e Figueiredo Filho (2003) ressaltaram que nos inventários em florestas nativas, geralmente
não é permitida a derrubada de árvores para realizar a cubagem, ou seja, seccionar a árvore em n seções (toras)
levando à medição de diâmetros sucessivos ao longo do tronco de maneira previamente estabelecida. Em tais
situações, instrumentos que medem diâmetros à distância podem ser utilizados. Outra alternativa seria a
realização de cubagem com a árvore em pé, utilizando-se equipamentos especiais de escalada. Após a realização
da cubagem são ajustadas equações de volume para possibilitar a sua estimativa. O emprego de tais funções
facilita e diminui o custo dos inventários florestais (THORNLEY, 1999). Sendo assim, o objetivo deste estudo
foi estimar o volume (m³/ha) para a espécie de samambaia arborescente A. setosa na Floresta Nacional de Irati,
estado do Paraná.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
A Floresta Nacional de Irati (FLONA) de Irati possui 3.495 hectares, com maior concentração de mata
nativa. Possui tipo climático subtropical úmido mesotérmico, com verões frescos, geadas severas e frequentes e
sem estação seca (ICMBIO, 2013).
Foram avaliadas 37 unidades amostrais (UA) de 10 m x 50 m cada, distribuídas sistematicamente
(Figura 01) dentro de parcelas permanentes de 25 hectares instaladas em 2002 na FLONA de Irati, sem
intervenção antrópica desde os anos 1940.

FIGURA 01: Croqui dos 25 ha de parcelas permanentes na FLONA de Irati. Em vermelho, destacam-se as
unidades amostrais da faixa 1 e em verde da faixa 2 dos respectivos blocos.
FIGURE 01: Sketch of 25 ha of permanent plots in the FLONA de Irati. In red, the sample units of strip 1 and
green of strip 2 of the respective blocks are highlighted.

Para facilitar o trabalho em campo, adotou-se o limite de inclusão de acordo com Mantovani (2004),
sendo mensurados e identificados todos os indivíduos acima de 1,3 m de altura.

Estimativas
Para realizar a estimativa do volume, adotou-se o modelo ajustado por Lerner (2016), Stoate
recalculado, com Coeficiente de Determinação (R²aj) de 0,92 e Erro Padrão da Estimativa em Porcentagem
(Syx%) de 18,18%. O modelo é demonstrado a seguir:
𝑣 = 0,00005 . (𝑑 2 . ℎ) + 0,003349 . ℎ
Além do volume também foram obtidos dados sobre o diâmetro à altura do peito (DAP), a altura, a
densidade, área basal, classes diamétricas e classes de altura. Para as classes diamétricas foi utilizado intervalo
de 4 cm. Para as classes de altura foi utilizado intervalo de 1 m, adaptado de Mantovani (2004).
Para samambaias arborescentes utilizou-se a distribuição em classes de alturas para caracterizar a
população, ciente de que a altura representa de forma mais adequada a idade. Esse método foi desenvolvido
inicialmente por Tanner (1983) e consiste em dividir a população de samambaias arborescentes em classes com
amplitude de 80 cm, mensurando todos os indivíduos, inclusive os espécimes que ainda não iniciaram seu ciclo
reprodutivo (SCHMITT; WINDISCH, 2005). Porém também é possível utilizar outros métodos para definir as
classes de altura como a fórmula de Sturges (LERNER, 2016) ou considerar cada metro como uma classe
(MANTOVANI, 2004).

308
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram mensurados 2842 indivíduos de A. setosa em 35 das 37 UA nos 18500 m² de área amostrada em
Fragmento de Floresta Ombrófila Mista. Na Tabela 01 são demonstrados os valores mínimos, médios e
máximos das variáveis descritoras, em que a amplitude total para o DAP é de 12,4 cm e para a altura é de 7,6 m.

TABELA 01: Valores mínimos, médios e máximos para variáveis descritoras da samambaia arborescente
Alsophila setosa na FLONA de Irati, Paraná.
TABLE 01: Minimum, mean and maximum values for descriptive variables of the tree fern Alsophila setosa in
the FLONA de Irati, Paraná.
Variáveis / Valores Mínimo Médio Máximo
DAP (cm) 5,7 10,8 18,1
Área transversal (m²) 0,0025 0,0093 0,0259
Área Basal UA (m²) 0,0128 0,7134 1,9301
Área Basal (m²/ha) 0,1285 14,2687 38,6029
Altura total (m) 1,3 3,8 8,9
Densidade UA (n) 2 76,8 210
Densidade (n/ha) 20 1536 4200
Volume total individual (m³) 0,0068 0,0355 0,1684
Volume total UA (m³) 0,0370 2,8850 8,0336
Volume total (m³/ha) 0,3706 54,5825 146,8987
UA – unidade amostral de 10 m x 50 m cada. Plots of 10 m x 50 m each.

Uma possível explicação para a alta densidade, é a sua hábil reprodução vegetativa por meio de
ramificações estoloníferas que costumeiramente formam densos agrupamentos (reboleiras) em formações
florestais secundárias, sendo que este comportamento foi descrito por Schmitt e Windisch (2005), ao estudarem
a ecologia de A. setosa no Estado do Rio Grande do Sul. Os autores ainda relatam que este modo reprodutivo
demonstra a eficiente capacidade de ocupar novos nichos, o que vem a corroborar com a realidade encontrada
para esta espécie na FLONA de Irati (PR).
Nas duas UA (bloco 24 e 25, Figura 01) que não foram encontrados indivíduos desta espécie ocorre
presença expressiva de taquara-lixa (Merostachys multiramea Hack.), o que pode justificar, pois indivíduos de
espécies arbóreas também são pouco expressivos nestas UA.
Mesmo ciente de que a altura representa mais adequadamente a variável idade para samambaias
arborescentes, analisou-se a estrutura populacional por classe diamétrica (Tabela 02) para viabilizar possíveis
comparações com espécies arbóreas.

TABELA 02: Classes diamétricas com os valores para as variáveis número de indivíduos (N), área basal (G) e
volume para a samambaia arborescente Alsophila setosa na FLONA de Irati, Paraná.
TABLE 02: Diametric classes with values for the number of individuals (N), basal area (G) and volume for the
tree fern Alsophila setosa in the FLONA de Irati, Paraná.
Centro de Classe G UA G Volume
N
de DAP (cm) (m²) (m²/ha) Volume UA (m³) (m³/ha)
6 79 0,3466 0,1874 1,5290 0,8265
10 2208 18,6165 10,0630 72,9848 39,4512
14 548 7,2765 3,9332 25,9403 14,0218
18 7 0,1576 0,0852 0,5237 0,2831
Total 2842 26,3973 14,2687 100,9778 54,5825
UA – unidade amostral de 10 m x 50 m cada. Plots of 10 m x 50 m each.

A Classe diamétrica com centro de classe de 10 cm, é a mais expressiva com cerca de 78% dos
espécimes de A. setosa e consequentemente possuindo a maior área basal e também o maior volume. A segunda
classe diamétrica mais representativa, é a do centro de classe de 14 cm com aproximadamente 19% dos
indivíduos amostrados.
Schwartsburd e Labiak (2007) relataram que no Parque Estadual de Vila Velha (Paraná) os indivíduos
de A. setosa podem chegar a até 10m de altura, porém não relataram amplitude diamétrica. Já Schmitt (2005),
em seu estudo no Estado do Rio Grande do Sul, encontrou indivíduos de A. setosa com alturas superiores a 10

309
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
m, porém também não relatou sobre a amplitude diamétrica, mesmo a amplitude sendo uma variável descritora
básica para o conhecimento da espécie.
A respeito da densidade e área basal de A. setosa, existem estudos referentes a fitossociologia em que
não é raro esta espécie ocupar os primeiros lugares por possuir um dos maiores Índice da Valor de Importância,
a exemplo dos estudos de Reginato e Goldenberg (2007), Caglioni (2013) e Lerner (2016).
Sobre estudos de estimativa de volume, Lerner (2016) ao realizar estudo no mesmo local, FLONA de
Irati, porém com 25 UA, encontrou 50,5 m³/ha juntamente com uma densidade menor (1345,6 indivíduos/ha).
Essa diferença pode indicar que a espécie ainda não tenha estabilizado sua expansão dentro da comunidade, ou
até mesmo que tenha comportamento agressivo.
Como o modelo volumétrico utilizado possui um erro de 18,18%, dos 54,5825 m³/ha estimados tem-se o
erro de 9,9231 m³/ha, portanto uma amplitude de 44,6594 a 64,5056 m³/ha de A. setosa na FLONA de Irati.
Como a área estudada é um fragmento de mata nativa, espera-se que a estrutura diamétrica seja em “J
invertido”, pois indivíduos mais jovens costumam ser mais numerosos. Neste caso, quando analisada a estrutura
populacional por meio das classes de altura, é possível observar este decréscimo de indivíduos conforme
aumenta a altura (Tabela 03).

TABELA 03: Classes de altura com os valores para as variáveis número de indivíduos (N), área basal (G) e
volume para a samambaia arborescente Alsophila setosa na FLONA de Irati, Paraná.
TABLE 03: Height classes with values for the number of individuals (N), basal area (G) and volume for the tree
fern Alsophila setosa in the FLONA de Irati, Paraná.
Classes de Altura G UA G Volume UA Volume
N
(m) (m²) (m²/ha) (m³) (m³/ha)
1,3 ˫ 2,3 738 6,9025 3,7310 12,0479 6,5123
2,3 ˫ 3,3 513 4,7368 2,5604 13,0993 7,0807
3,3 ˫ 4,3 489 4,3242 2,3374 16,6089 8,9778
4,3 ˫ 5,3 462 4,1089 2,2210 19,9279 10,7718
5,3 ˫ 6,3 350 3,2834 1,7748 18,8082 10,1666
6,3 ˫ 7,3 193 1,9424 1,0499 12,5865 6,8035
7,3 ˫ 8,3 84 0,9289 0,5021 6,0662 3,5709
8,3 ˫ 9,3 13 0,1697 0,0917 1,2925 0,6986
Total 2842 26,3973 14,2687 100,9778 54,5825
UA – unidade amostral de 10 m x 50 m cada. Plots of 10 m x 50 m each.

Schmitt e Windisch (2005) e Lerner (2016), mesmo empregando métodos diferentes para a elaboração
das classes de altura (método de Tanner (1983) e fórmula de Sturges, respectivamente) encontraram dados
corroborativos com o presente estudo. Mais detalhadamente, que as classes de alturas menores possuem a maior
parte dos indivíduos, pois representa os indivíduos mais jovens, sendo que no caso deste estudo, a primeira
classe representa cerca de 26%, a segunda 18%, a terceira 17%, a quarta 16% e juntas, representam
aproximadamente 77% da população de A. setosa da FLONA de Irati (PR).
Vale ressaltar que a quarta e a quinta classes de altura representam juntas cerca de 28% da população,
porém são as classes de altura que possuem a maior parte do volume, aproximadamente 38%, somando mais de
20 m³/ha. Essa semelhança em volume, apesar da diferença em número de indivíduos pode ser justificada pela
diferença na altura, mais exatamente, o que na quinta classe há a mais em altura, compensa o número maior de
indivíduos da quarta classe.

CONCLUSÕES

A espécie A. setosa apresenta 1536 indivíduos por hectare que totalizam uma estimativa de 54,5825
m³/ha, sendo que 38% deste volume está concentrado nas classes de alturas de 4,3 a 6,3 m que representam
cerca de 30% da população.

AGRADECIMENTOS

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Fundação Araucária


pela concessão do auxílio.

310
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
REFERÊNCIAS

CAGLIONI, E. Florística e Fitossociologia do Componente Arbóreo e Epifítico em Segmento de Encosta e


Margem de Rio no Parque Nacional da Serra do Itajaí – SC. 2013, 93 p. Dissertação (Mestrado em
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GOMES, P.A., et al. Uso de Variáveis Dendrométricas na Estimativa de Serrapilheira em Área de Floresta
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THORNLEY, J.H.M. Modeling stem height and diameter growth in plants. Annals of Botany, [s.l.], v.84,
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311
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVA VOLUMÉTRICA PARA Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook EM FRAGMENTO DE
FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

VOLUMETRIC ESTIMATION FOR Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook IN ARAUCARIA FOREST


FRAGMENT

Jocasta Lerner1 Isabel Homczinski Karina Henkel Proceke De Deus Keyla Karine Michalichen
Andrea Nogueira Dias Afonso Figueiredo Filho

RESUMO

As samambaias arborescentes fazem parte do sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista, e dentre estas espécies
tem-se Dicksonia sellowiana. São escassas as informações sobre sua biologia, biometria e volumetria.
Objetivou-se estimar o volume de D. sellowiana para a Floresta Nacional de Irati (Paraná) por meio de 37
unidades amostrais de 10 m x 50 m cada. Foram identificados e mensurados todos os indivíduos com altura
acima de 1,3 m e posteriormente o volume total e o volume comercial foram estimados empregando-se modelos
volumétricos foram também calculados a densidade e estrutura populacional em classes de altura. Foram
estimados 83,24 indivíduos/ha que totalizaram 19,8680 m³/ha para o volume total e 11,8243 m³/ha para o
volume comercial, sendo que mais de 60% destes volumes estão concentrados nas classes de alturas de 3,3 m a
6,3 m que representam cerca de 40% da população.
Palavras-chave: samambaia arborescente; floresta secundária; equação volumétrica; sub-bosque.

ABSTRACT

Tree ferns belong to the understory of the Araucaria forest, and among these species is Dicksonia sellowiana.
Information on biology, biometry and volumetry is scarce. The objective was to estimate the D. sellowiana
volume for the Floresta Nacional de Irati (Paraná) through 37 plots of 10 m x 50 m each. All individuals with
height above 1.3 m were identified and measured, then total volume and commercial volume were estimated
using volumetric models, density and population structure were also calculated in height classes. It was
estimated that 83.24 individuals/ha totaled 19.86 m³/ha for the total volume and 11.82 m³/ha for the commercial
volume, and more than 60% of these volumes are concentrated in the classes of heights of 3.3 to 6.3 m,
representing about 40% of the population.
Keywords: tree fern; secondary forest; equation volumetric; understorey.

INTRODUÇÃO

Segundo Campanili e Prochnow (2006), o sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista é constituído por
indivíduos de diversas espécies arbóreas, além de samambaias arborescentes das famílias Cyatheaceae e
Dicksoniaceae e de outras pteridófitas com hábito herbáceo. No estado do Paraná existem 13 espécies de
samambaias arborescentes, dentre elas destaca-se D. sellowiana (KAEHLER et al., 2014).
Os indivíduos desta espécie distinguem-se das outras samambaias arborescentes por apresentar a porção
ereta do caule com muitas raízes adventícias, pois não possui casca (SAKAGAMI, 2006). Devido ao valor
econômico, foi muito explorada para a produção de vasos e substratos utilizados no cultivo de plantas
ornamentais (MONTAGNA et al, 2012). Suas frondes (folhas) também são úteis, pois na última década por
meio de pesquisas realizadas foi desenvolvido um medicamento para a asma, utilizando o princípio ativo
presente nas frondes (AGÊNCIA, 2006).
Entretanto, para manejar uma dada espécie necessariamente é preciso conhecer a sua biologia. Para isto
é possível mensurar dados como o diâmetro à altura do peito (DAP), a altura, número de indivíduos, entre
outros que venham a formar um banco de dados qualitativos e quantitativos. O banco de dados é imprescindível
para poder propor um sistema de manejo com importância local, regional ou nacional.
A medição de variáveis biométricas constitui-se em uma atividade básica e essencial nos trabalhos de
inventário florestal. O inventário florestal é uma atividade que objetiva informar de maneira quali-quantitativa

1
Professora de Ciências Biológicas, Ma., Doutoranda em Ciências Florestais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências
Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste, BR 153 km, Riozinho, CEP 84500-000, Irati (PR), Brasil. E-mail:
jocastalerner_jl@yahoo.com.br.

312
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
sobre os recursos madeireiros e não madeireiros de uma área pré-especificada. Essas informações servem como
base para implantar planos de manejo, além de formular políticas florestais (PÉLLICO-NETO; BRENA, 1997).
As variáveis biométricas que podem ser obtidas de forma direta e indireta são o diâmetro à altura do
peito, medido a 1,30 m do solo; altura total e comercial. Posteriormente, com estas informações torna-se
possível mensurar área transversal em m² e por meio de equações de volumétricas, o volume (GOMES et al.,
2009).
Machado e Figueiredo Filho (2003) ressaltaram que nos inventários em florestas nativas, geralmente
não é permitida a derrubada de árvores para realizar a cubagem, ou seja, seccionar a árvore em n seções (toras)
levando à medição de diâmetros sucessivos ao longo do tronco de maneira previamente estabelecida. Uma
alternativa seria a realização de cubagem com a árvore em pé, utilizando-se equipamentos especiais de escalada.
Após a realização da cubagem são ajustadas equações de volume para possibilitar a sua estimativa. O emprego
de tais funções facilita e diminui o custo dos inventários florestais (THORNLEY, 1999). Sendo assim,
objetivou-se estimar o volume total e comercial (m³/ha) para a espécie de samambaia arborescente D.
sellowiana na Floresta Nacional de Irati, estado do Paraná.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
A FLONA de Irati possui 3.495 hectares, com maior concentração de mata nativa. Possui tipo climático
subtropical úmido mesotérmico, com verões frescos, geadas severas e frequentes e sem estação seca (ICMBIO,
2013). Foram avaliadas 37 unidades amostrais (UA) de 10 m x 50 m cada, distribuídas sistematicamente
(Figura 01) dentro de parcelas permanentes de 25 hectares instaladas em 2002 na FLONA de Irati, que não sofre
intervenção antrópica desde os anos 1940.

FIGURA 01: Croqui dos 25 ha de parcelas permanentes na FLONA de Irati. Em vermelho, destacam-se as
unidades amostrais da faixa 1 e em verde da faixa 2 dos respectivos blocos.
FIGURE 01: Sketch of 25 ha of permanent plots in the FLONA de Irati. In red, the sample units of strip 1 and
green of strip 2 of the respective blocks are highlighted.

Para facilitar as tarefas em campo, utilizou-se o limite de inclusão descrito por Mantovani (2004), sendo
mensurados e identificados todos os indivíduos acima de 1,3 m de altura.

Estimativas
Para realizar a estimativa do volume total, adotou-se o modelo ajustado por Lerner (2016), com
Coeficiente de Determinação (R²aj) de 0,96 e Erro Padrão da Estimativa em Porcentagem (Syx%) de 16,33%. O
modelo é demonstrado a seguir:
1
𝑣 = −0,1048 + 0,002889. (𝐷𝐴𝑃. ℎ) + 0,154971. ( )

Para a estimativa do volume comercial também se adotou o modelo ajustado por Lerner (2016), com
Coeficiente de Determinação (R²aj) de 0,97 e Erro Padrão da Estimativa em Porcentagem (Syx%) de 16,31%. O
modelo é demonstrado a seguir:
𝑣 = 0,001606. (𝐷𝑏𝑎𝑠𝑒 . ℎ𝑐𝑜𝑚 ) + 0,000001. (𝐷𝑏𝑎𝑠𝑒 . ℎ𝑐𝑜𝑚 )²
Além do volume total e comercial também foram obtidos dados sobre o diâmetro de base, o diâmetro à
altura do peito (DAP), a altura, a densidade, área basal, classes diamétricas e classes de altura. Para as classes
diamétricas foi utilizado intervalo de 10 cm. Para as classes de altura foi utilizado intervalo de 1 m, adaptado de
Mantovani (2004).

313
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A altura comercial foi mensurada de acordo com Mantovani (2004) e Biondi et al. (2009), ou seja,
considerou-se a altura do cáudice medido do solo até as primeiras cicatrizes deixadas pelas folhas mortas. Para
obter a altura da coroa, subtraiu-se a altura comercial da altura total. Para samambaias arborescentes se
empregou a distribuição em classes de alturas para caracterizar a população, pois a altura representa de forma
mais adequada à idade. Esse método foi desenvolvido primeiramente por Tanner (1983) no qual faz-se a divisão
da população de samambaias arborescentes em classes com amplitude de 80 cm, mensurando todos os
indivíduos (SCHMITT; WINDISCH, 2005). Entretanto, também é possível utilizar outros métodos para
determinar as classes de altura como a fórmula de Sturges (LERNER, 2016) ou ponderar cada metro como uma
classe (MANTOVANI, 2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram mensurados 152 indivíduos de D. sellowiana em 27 das 37 UA nos 18500 m² de área amostrada
em fragmento de Floresta Ombrófila Mista. Na Tabela 01 são demonstrados os valores mínimos, médios e
máximos das variáveis descritoras, em que a amplitude para o diâmetro de base (Dbase) é de 57,2 cm, para o
DAP 46,8 cm e para as alturas total, comercial e da coroa, é de 6,19 m, 5,32 m e 4,45 m respectivamente.

Tabela 01: Valores mínimos, médios e máximos para variáveis descritoras da samambaia arborescente
Dicksonia sellowiana na FLONA de Irati, Paraná.
Table 01: Minimum, mean and maximum values for descriptive variables of the tree fern Dicksonia sellowiana
in the FLONA de Irati, Paraná.
Variáveis / Valores Mínimo Médio Máximo
Dbase (cm) 15,2 35,3 69,4
DAP (cm) 11,6 26,9 58,4
Área transversal (m²) 0,0106 0,0649 0,2680
Área Basal UA (m²) 0,1064 0,2702 3,0487
Área Basal (m²/ha) 2,1281 5,4060 48,0224
Altura total (m) 1,30 3,22 7,49
Altura comercial (m) 0 1,97 5,32
Altura da coroa (m) 0,25 1,22 4,70
Densidade UA (n) 1 4,16 29
Densidade (n/ha) 20 83,24 460
Volume total individual (m³) 0,0394 0,2386 0,9988
Volume total UA (m³) 0,4156 0,9934 11,2151
Volume total (m³/ha) 8,3136 19,8680 180,1069
Volume comercial individual (m³) 0 0,1420 0,6850
Volume comercial UA (m³) 0,1821 0,5912 7,0799
Volume comercial (m³/ha) 3,6428 11,8243 111,3937
UA – unidade amostral de 10 m x 50 m cada. Plots of 10 m x 50 m each.

Biondi et al. (2009) em seu estudo na Fazenda Experimental de Rio Negro, da Universidade Federal do
Paraná com três tratamentos para verificar o efeito das roçadas sobre D. sellowiana, utilizaram a fórmula do
tronco de cone para obter o volume e não trabalhou com modelos matemáticos e encontraram valor médio 0,04
m³ por indivíduo, mas não realizaram a estimativa para hectare. No presente estudo os indivíduos de D.
sellowiana possuem porte maior o que justificaria a diferença dos resultados com os encontrados por Biondi et
al. (2009).
Como a equação para estimar o volume total utilizado possui um erro de 16,33%, dos 19,8680 m³/ha
estimados tem-se o erro de 3,2445 m³/ha, portanto uma amplitude de 16,6235 a 23,1125 m³/ha de D. sellowiana
na FLONA de Irati. Na equação para estimar o volume comercial tem-se o erro de 16,31%, portanto para os
11,8243 m³/ha o erro é de 1,9285 m³/ha, perfazendo uma amplitude de 9,8958 a 13,7528 m³/ha.
Nas dez UA que não foram encontrados indivíduos desta espécie, em três delas (blocos 9, 24 e 25,
Figura 01) ocorre presença de taquara-lixa (Merostachys multiramea Hack.), o que pode justificar, pois
indivíduos de espécies arbóreas também são pouco expressivos nestas UA, em especial nos blocos 24 e 25 onde
a presença de taquara-lixa é mais expressiva.
Apesar de se saber que a altura representa de forma mais adequada a variável idade para samambaias
arborescentes, analisou-se a estrutura populacional por classe diamétrica (Tabela 02) para viabilizar possíveis
comparações com espécies arbóreas.

314
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

TABELA 02: Classes diamétricas por número de indivíduos (N), área basal (G) e volume para a samambaia
arborescente Dicksonia sellowiana na FLONA de Irati, Paraná.
TABLE 02: Diametric classes for the number of individuals (N), basal area (G) and volume for the tree fern
Dicksonia sellowiana in the FLONA de Irati, Paraná.
Centro de Volume Volume Volume Volume
G -UA
Classe de N G (m²/ha) Total -UA Total comercial UA comercial
(m²)
DAP (cm) (m³) (m³/ha) (m³) (m³/ha)
15 47 1,1022 0,5958 3,8514 2,0819 1,8501 1,0000
25 54 2,6453 1,4299 9,5968 5,1875 5,7259 3,0951
35 30 2,6694 1,4429 10,2465 5,5387 6,3552 3,4352
45 17 2,5767 1,3928 9,7137 5,2507 5,9638 3,2237
55 4 1,0074 0,5446 3,3474 1,8094 1,9801 1,0703
Total 152 10,0011 5,4060 36,7559 19,8680 21,8750 11,8243
UA – unidade amostral de 10 m x 50 m cada. Plots of 10 m x 50 m each.

A classe diamétrica que possui maior volume é a que possui o centro de classe de 35 cm, totalizando
aproximadamente 28% do volume estimado e também possui a maior área basal amostrada, embora as classes
diamétricas com centro de classe 15 cm e 25 cm possuam a maior quantidade dos indivíduos amostrados (cerca
de 30% e 35%, respectivamente).
Como a área avaliada é um fragmento de mata nativa em monitoramento desde 2002, espera-se que a
estrutura diamétrica seja em “J invertido”, pois indivíduos mais jovens tendem a ser mais numerosos. Neste
caso, quando analisada a estrutura populacional por meio das classes de altura, é possível notar este decréscimo
de indivíduos logo que aumenta a altura (Tabela 03).

TABELA 03: Classes de altura por número de indivíduos (N), área basal (G) e volume para a samambaia
arborescente Dicksonia sellowiana na FLONA de Irati, Paraná.
TABLE 03: Height classes for the number of individuals (N), basal area (G) and volume for the tree fern
Dicksonia sellowiana in the FLONA de Irati, Paraná.
Volume Volume Volume Volume
Classes de
N G UA (m²) G (m²/ha) Total UA Total Comercial Comercial
Altura (m)
(m³) (m³/ha) UA (m³) (m³/ha)
1,3 ˫ 2,3 52 1,4355 0,7760 4,1955 2,2678 2,0726 1,1203
2,3 ˫ 3,3 34 1,7830 0,9638 5,2844 2,8564 3,5045 1,8944
3,3 ˫ 4,3 30 2,5495 1,3781 8,6816 4,6928 5,1089 2,7615
4,3 ˫ 5,3 21 1,7228 0,9312 7,5027 4,0555 4,5673 2,4688
5,3 ˫ 6,3 11 1,7469 0,9443 7,5702 4,0920 4,6780 2,5287
6,3 ˫ 7,3 3 0,5995 0,3240 2,6171 1,4147 1,4278 0,7718
7,3 ˫ 8,3 1 0,1639 0,0886 0,9043 0,4888 0,5158 0,2788
Total 152 10,0011 5,4060 36,7559 19,8680 21,8750 11,8243
UA – unidade amostral de 10 m x 50 m cada. Plots of 10 m x 50 m each.

A classe de altura de 3,3 m a 4,3 m possui a maior quantidade de volume total (cerca de 25%) mesmo
não sendo a classe que possui o maior número de indivíduos que neste caso é a classe 1,3 m a 2,3 m, com 34%
dos indivíduos aproximadamente. As duas classes de altura de 4,3 m a 6,3 m possuem valores próximos apesar
da diferença nas alturas e na quantidade de indivíduos representantes, ou seja, o maior número de uma é
compensado pela maior altura da outra classe.
Para o volume comercial, nota-se que a classe de altura de 3,3 m a 4,3 m possuir maior quantidade 23%)
e as classes de altura de 4,3 m a 6,3 m possui valores próximos entre si (com aproximadamente 21% do volume
comercial, cada). Mantovani (2004) encontrou, também no Estado de Santa Catarina, espécimes de D.
sellowiana com amplitude diamétrica de 12,3 a 56 cm e altura máxima de 7m.
Gasper et al. (2011) encontraram no inventário de D. sellowiana em Santa Catarina indivíduos com
DAP entre 10 e 77 cm e média de 67,5 cm e uma altura mediana para as amostras de 3 m e altura mínima de

315
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
1,5m, e ainda relataram que das 6 classes de altura, as classes 1 e 2 tinham 76% dos xaxins amostrados com até
3,5 m de altura, configurando potencial de regeneração.
Mantovani (2004) e Lerner (2016), mesmo utilizando métodos distintos para a elaboração das classes de
altura (classes de metro em metro e fórmula de Sturges, respectivamente) encontraram dados corroborativos
com o presente estudo, assim como os dados de Gasper et al. (2011) também são corroborativos. Mais
detalhadamente, que as classes de alturas menores possuem a maior parte dos indivíduos, pois representa os
indivíduos mais jovens, sendo que no caso deste estudo, a primeira classe representa aproximadamente 34%, a
segunda 22% e a terceira 20% e juntas, representam perto de 75% da população de A. setosa da FLONA de Irati
(PR).

CONCLUSÕES

A espécie D. sellowiana apresenta 83,24 indivíduos por hectare que totalizam a estimativa de 19,8680
m³/ha para o volume total e 11,8243 m³/ha para o volume comercial, sendo que mais de 60% destes volumes
estão concentrados nas classes de alturas de 3,3 m a 6,3 que representam aproximadamente 40% da população.

AGRADECIMENTOS

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Fundação Araucária


pela concessão do auxílio.

REFERÊNCIAS

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316
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTIMATIVAS DE ALTURA PARA Khaya ivorensis A. CHEV PLANTADO NO NORTE DE
MINAS GERAIS

HEIGHT ESTIMATES FOR Khaya ivorensis A. CHEV PLANTED IN THE NORTH OF MINAS GERAIS

Gabriel Augusto Eça1 Maria Fernanda Fonseca Loic Aymard M’foumbyt M’foumbyt Poliana Camila Alves de
Oliveira Carlos Alberto Araújo Junior Adriana Leandra de Assis Christian Dias Cabacinha

RESUMO

A espécie Khaya ivorensis A. CHEV, o Mogno Africano, se tornou conhecida pela beleza de sua madeira e suas
propriedades físicas e mecânicas. É uma espécie em que se tem pouco conhecimento a respeito de seu manejo, e
visto que as áreas plantadas com esta espécie vêm crescendo nos últimos anos, é necessário suprir a carência de
informações e estudos técnicos e científicos para a espécie. O objetivo deste trabalho foi ajustar relações
hipsométricas para Khaya ivorensis avaliando quatro modelos e três estratégias de ajuste. Para o ajuste das
equações utilizou-se uma base de dados de inventário florestal com 38 parcelas circulares de 1018 m2
distribuídas sistematicamente em 11 talhões e 4 estratos contendo as medições de diâmetro a 1,30 metros de
altura e altura total das duas fileiras centrais das parcelas. Os dados do inventário florestal foram coletados em
plantios de Khaya ivorensis, com idades de 4, 7, 8 e 9 anos, localizado no norte de Minas Gerais. Os ajustes das
relações foram feitos para três estratégias de ajustes: parcela, talhão e estrato, variando o número de árvores em
cada estratégia de ajuste. Para a primeira estratégia foram consideradas 15 árvores por parcela, na segunda sete
árvores por parcela agrupando os dados por talhão e a terceira cinco árvores por parcela agrupando os dados por
estrato de idade. Os melhores resultados das estatísticas analisadas foram obtidos para os ajustes por estratos
medindo-se cinco árvores por parcela e agrupando os dados por estrato de idade, além disso o estudo apresentou
estatísticas superiores a outros trabalhos para a mesma espécie.
Palavras-chaves: Mogno Africano; relação hipsométrica; inventário florestal.

ABSTRACT

The Khaya ivorensis A. CHEV species, the African Mahogany, has become known for the beauty of its wood
and its physical and mechanical properties. It is a species that has little knowledge about its management, and
since the areas planted with this species have been growing in the last years, it is necessary to supply the lack of
information and technical and scientific studies for the species. The objective of this work was to adjust
hypsometric relationships for Khaya ivorensis by evaluating four models and three adjustment strategies. For
the adjustment of the equations a forest inventory database was used with 38 circular plots of 1018 m 2
systematically distributed in 11 plots and 4 strata containing the measurements of diameter at 1,30 meters of
height and total height of the two central rows of the plots. The forest inventory data were collected in
plantations of Khaya ivorensis, aged 4, 7, 8 and 9 years, located in the north of Minas Gerais. The adjustments
of the relationships were made to three adjustment strategies: plot, stand and strata, varying the number of trees
in each adjustment strategy. For the first strategy were considered 15 trees per plot, in the second, seven trees
per plot grouping the data by stand and the third, five trees per plot grouping the data by strata. The best results
of the analyzed statistics were obtained for the adjustments by strata measuring five trees per plot and grouping
the data by strata, in addition the study presented statistics superior to other works for the same species.
Keywords: African Mahogany; hypsometric relationship; forest inventory.

INTRODUÇÃO

A espécie Khaya ivorensis (Mogno Africano) foi cultivada inicialmente no Brasil no ano de 1976 por
meio de plantios seminais, as primeiras sementes foram doadas pelo pesquisador Falesi e plantadas na região
norte brasileira. As primeiras árvores da espécie iniciaram seus processos de produção de sementes, que foram
então espalhadas para outros estados do país (POLTRONIERI et al., 2000; CONDE, 2006; KRISNAWATI et
al., 2011).
Com o passar dos anos a madeira de Khaya ivorensis se tornou conhecida pela sua beleza, elevada
durabilidade, fácil secagem e manuseio. É amplamente utilizada na indústria moveleira, construção naval,

Estudante de Engenharia Florestal, Graduando, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais,
1

Avenida Universitária, 1000, CEP 39404-547, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: gabriel.augusto.ica@gmail.com

317
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
interiores de carros de luxo e design de interiores de casas sofisticadas. A espécie apresenta características
marcantes como crescimento elevado em altura e diâmetro extremamente largo, as alturas para árvores adultas
variam de 30 a 35 metros, havendo casos de ultrapassarem os 60 metros, já o diâmetro pode atingir até 2 metros
(PINHEIRO et al., 2011).
Com indivíduos chegando a 35 metros de altura em um povoamento, se torna difícil e muito oneroso a
medição de alturas durante um inventário florestal, por isso é necessário utilizar técnicas que otimizem o
trabalho de maneira precisa.
Durante a execução de um inventário florestal as árvores que compõem a parcela têm os seus diâmetros
medidos, porém a altura é medida apenas de algumas árvores. Obtendo os valores das variáveis altura e
diâmetro é possível estabelecer uma relação de regressão da altura em função do diâmetro, tal relação é utilizada
na estimação das alturas de todas as outras árvores da parcela conforme os diâmetros medidos (MACHADO et
al., 1993).
Devido a pouca informação técnico científica a respeito da cultura de Khaya ivorensis, este estudo teve
como objetivo testar diferentes relações hispométricas, ajustando os modelos para parcela, talhão e estrato com
diferentes números de árvores com alturas medidas durante o inventário, afim de avaliar a diminuição do
esforço amostral e assim aumentar as informações a respeito desta espécie.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
Os dados para a realização deste trabalho foram obtidos em um inventário florestal de um povoamento,
situado no município de Corinto, no norte de Minas Gerais (Latitude: 18°25’74’’ e Longitude: 44°25’71’’ ), em
uma área de Khaya ivorensis de aproximadamente 180 hectares. O plantio é seminal e está estabelecido em
espaçamentos variando de 4,15 x 5,15 metros, 6 x 4,75 metros e 6 x 5,15 metros, com 11 talhões nas idades de
4, 7, 8 e 9 anos. O clima é caracterizado como tropical e classificado como Aw segundo Köppen e Geiger. A
temperatura média anual no município é em torno de 22,4 °C, as chuvas são mais frequentes no verão e a
pluviosidade média anual é de 1157 mm.

Coleta de dados
Foram distribuídas de forma sistemática 38 parcelas circulares na área com um raio de 18 metros,
conseguindo captar cerca de 45 a 55 indivíduos por parcela. Todos os indivíduos tiveram os seus diâmetros a
altura de 1,30 metros (DAP) medidos com uma fita diamétrica, as medidas de altura total foram tomadas apenas
das árvores pertencentes as fileiras centrais de cada parcela, contabilizando cerca de 15 árvores por parcela, as
medições de altura foram efetuadas com o dendrômetro CRITERION RD 1000.

Processamento dos dados


Após a coleta de dados foi realizado uma estratificação no povoamento, dividindo a floresta em 4
estratos: estrato 1 considerando todos os talhões que foram plantados no ano de 2009, estrato 2 considerando
todos os talhões que foram plantados no ano de 2010, estrato 3 considerando todos os talhões plantados no ano
de 2011 e o estrato 4 considerando todos os talhões plantados no ano de 2014.
Para os ajustes das relações por parcela foi utilizada a base de dados com medições de diâmetro e altura
de 15 árvores por parcela. Para os ajustes por talhão foi utilizado a base de dados com medições de diâmetro e
altura de 7 árvores por parcela e agrupou-se os dados por talhão. Nos ajustes por estrato, a base de dados
utilizada foi composta por 5 árvores por parcela e agrupou-se os dados por estrato. Os dados obtidos do
inventário florestal foram organizados em planilhas eletrônicas para realizar os ajustes das relações
hipsométricas. Os ajustes dos modelos deste estudo foram feitos para as 38 parcelas, para os 11 talhões e para os
4 estratos. Foram utilizados os seguintes modelos de equações:
a) Modelo 1: 𝐻𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1(𝐷𝐴𝑃) + 𝜀 (1)
b) Modelo 2: 𝐻𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1(𝐷𝐴𝑃) + 𝛽2(𝐷𝐴𝑃2 ) + 𝜀 (2)
c) Modelo 3: 𝐿𝑛𝐻𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1(𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃) + 𝜀 (3)
d) Modelo 4: 𝐿𝑛𝐻𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1(1⁄𝐷𝐴𝑃) + 𝜀 (4)
Em que: Ht = Altura total da árvore; DAP = Diâmetro medido a 1,30 do solo; β0, β1, β2 = são os parâmetros
dos modelos ajustados; ε = erro aleatório de cada modelo.

Os modelos foram ajustados com o uso software R Studio versão 3.3.0. (R CORE TEAM, 2017).

318
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Análise estatística
Para avaliar a qualidade dos ajustes de cada modelo foram comparadas as estatísticas globais: erro
padrão da estimativa (Syx), do coeficiente de determinação ajustado (R²aj), os valores do critério de informação
de Akaike (AIC), a raiz do erro médio quadrático em porcentagem (RMSE%), a correlação e os valores de viés.
Também foi analisada a distribuição dos resíduos de cada modelo em cada estratégia de ajuste, para então
definir qual a relação hipsométrica que melhor se ajustou a base de dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, pode-se observar as estatísticas globais utilizadas para avaliar os modelos de relações
hipsométricas nos ajustes por parcela, talhão e estrato, respectivamente.
Verifica-se que as melhores estatísticas foram obtidas para os ajustes realizados considerando o estrato e
as piores considerando as parcelas. Na literatura florestal, ajustes de relações hipsométricas são recomendadas
por parcela (SCOLFORO, 1997), para que os modelos captem as relações diâmetro e altura de cada parcela,
uma vez que no talhão ou estrato podem existir pequenas variações de solo que podem influenciar as relações de
tais variáveis, contudo isso não foi observado neste estudo.
Estes resultados parecem estar associados ao fato destes plantios possuírem uma área total pequena (180
hectares) quando comparado a plantios de outras espécies florestais, da área em tela estar em uma mesma
condição edafoclimática e nas estratégias de ajuste por talhão e por estrato onde várias observações foram
agrupadas, melhorando os resultados das estatísticas de ajustes.

TABELA 1: Estatísticas globais para as relações hipsométricas ajustadas para a Khaya ivorensis em cada
estratégia de ajuste.
TABLE 1: Global statistics for hypsometric relationships adjusted for Khaya ivorensis in each adjustment
strategy.
Estratégia Modelo R²aj Syx (m) AIC RMSE% Correlação Viés
1 0,72 1,82 2125,08 10,90 0,87 0,00068
2 0,72 1,79 2157,19 10,60 0,88 0,00057
Parcela
3 0,80 1,54 2120,53 10,54 0,89 0,00055
4 0,81 1,50 2104,53 10,50 0,87 0,00053
1 0,77 1,74 1107,07 10,63 0,87 0,00060
2 0,77 1,73 1101,83 10,32 0,88 0,00054
Talhão
3 0,85 1,00 399,69 10,02 0,89 0,00053
4 0,86 0,75 391,48 10,00 0,91 0,00052
1 0,84 1,50 570,56 9,85 0,92 0,00060
2 0,85 1,49 575,13 9,74 0,92 0,00042
Estrato
3 0,90 0,90 254,13 9,62 0,93 0,00037
4 0,91 0,72 251,49 9,54 0,93 0,00032

Os parâmetros estimados das quatro relações hipsométricas para os estratos estão apresentados na
Tabela 2.
De acordo com a estatística R²aj, que expressa o quanto as variações da variável dependente estão sendo
explicadas pela variável(is) independente(s), verifica-se que os modelos 3 e 4, geraram os maiores valores.
Outra estatística global avaliada foi o erro padrão residual (Syx), que expressa em termos médios o quanto os
valores observados variam em relação aos valores estimados. Os modelos 1 e 2 geraram valores de erro padrão
residual de 1,50 e 1,49 metros e os modelos 3 e 4, 90 e 72 centímetros, respectivamente. Quanto menor o valor
desta estatística melhor a relação hipsométrica e de acordo com Scolforo e Thiersch (2004), as medições de
altura não devem apresentar erro superiores a 80 cm, considerando este erro máximo, as relações 1 e 2 devem
ser destacadas por apresentarem erros superior a 1,4 metros. A superioridade dos modelos 3 e 4 também foi
observada quando se analisa o critério de informação de Akaike (AIC) que descreve a relação entre as variáveis
dependentes e independentes de cada modelo, os modelos que apresentam os menores valores de AIC são os
melhores ajustados.

319
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A raiz do erro médio quadrático (RMSE%) em porcentagem é uma das estatísticas globais mais
utilizadas para aferir a qualidade de ajustes de modelos e é definida como a raiz quadrada do erro médio, quanto
menor o RSME% melhor o ajuste e mais uma vez os modelos 3 e 4 apresentaram os melhores resultados.

TABELA 2: Coeficientes estimados para cada relação hipsométrica ajustada para os estratos de Khaya ivorensis
com idade entre 9, 8, 7 e 4 anos (estratos 1, 2, 3 e 4).
TABLE 2: Coefficients estimated for each hypsometric relationship adjusted for strata of Khaya ivorensis aged
9, 8, 7 and 4 years (strata 1, 2, 3 and 4).
Modelo Estrato β0 β1 β2 Modelo Estrato β0 β1 β2
1 4,4413 0,7236 - 1 0,8622 0,6903 -
1 2 3,3697 0,8007 - 3 2 0,6832 0,7613 -
3 4,7669 0,8861 - 3 0,9905 0,7183 -
4 8,2966 0,7523 - 4 2,0816 0,3334 -
1 12,0460 -0,2383 0,0294 1 3,4308 -10,2397 -
2 2 14,6504 -0,5979 0,0415 4 2 3,5588 -11,8053 -
3 27,7350 -2,2463 0,1047 3 3,7692 -12,0167 -
4 34,8942 -4,4840 0,2923 4 4,1233 -13,1939 -

A correlação indica o grau de relação entre as alturas observadas e estimadas por cada modelo. Para esta
estatística os modelos que apresentarem os valores mais próximos de um, contém uma correlação maior entre as
alturas, e também os modelos 3 e 4 que geraram as maiores correlações. Para os valores do viés os modelos 3 e
4 também se destacaram como os que apresentaram os menores valores, isto porque esta estatística analisa uma
possível distorção que pode ocorrer entre a altura real e a estimada, para que o modelo de regressão se destaque
dos demais este deve apresentar o menor valor de viés e isto pode ser observado para os modelos 3 e 4.
Ao avaliar analisar especificamente as estatísticas para os modelos 3 e 4, observa-se que o modelo 4
gerou os melhores resultados.
Silva et al. (2015) em estudo realizado com plantios de Khaya ivorensis em Pirapora, encontrou para as
equações hipsométricas avaliadas valores de R²aj de 0,73 e 0,69 e valores de Syx de 2,00 e 2,15 metros. Estes
resultados quando comparados com os resultados deste estudo demostra a superioridade das relações
hipsomérticas obtidas por estrato neste estudo para todos os modelos avaliados. Ressalta-se que a base de dados
de Silva et al. (2015) era composta por 159 árvores que foram selecionadas aleatoriamente no plantio.
Segundo Ofori et al. (2007) estas diferenças entre as estatísticas de ajuste podem ser atribuídas ao fato
de que as diferentes progênies de Mogno Africano podem apresentar desempenhos distintos no
desenvolvimento da altura. Podem também estar associadas às estratégias de ajustes utilizadas.
Avaliando a dispersão dos resíduos dos ajustes por estrato (Figura 1), observa-se que não há
tendenciosidade para nenhum dos modelos ajustados e todos apresentaram dispersões residuais semelhantes.

320
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Distribuição dos resíduos da relação hipsométrica ajustada ao modelo 4 para os estratos de Khaya
ivorensis com idade entre 4, 7, 8 e 9 anos plantados no município de Corinto, no norte de Minas Gerais.
FiGURE 1: Residuals distribution of hypsometric relation adjusted for Khaya ivorensis extracts with aged
between 4, 7, 8 and 9 years planted in the city of Corinto, in the north of Minas Gerais.

CONCLUSÃO

As relações hipsométricas ajustadas para este trabalho apresentaram estatísticas globais de moderada a
forte, quando comparadas a outro estudo para a mesma espécie, contudo são necessários mais estudos a respeito
da modelagem do crescimento de Khaya ivorensis. Os ajustes para os estratos foram de fato superiores do que
para as parcelas e talhões, concluindo assim, que foi possível reduzir o esforço amostral para as medições de
altura no inventário florestal de Khaya ivorensis, podendo otimizar o tempo e diminuir os custos do inventário.
Os resultados obtidos foram considerados aceitáveis, levando em conta a falta de informação técnico científica
da cultura da espécie e variabilidade do plantio, visto que é constituído de um plantio seminal em diferentes
espaçamentos e idades.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico (CNPq).

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(Lepdoptera; Pyralidae) em sistema agroflorestal. 2006. Dissertação (mestrado em Agronomia) -
Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2006.
KRISNAWATI, H.; KALLIO, M.; KANNINEN, M. Swietenia macrophylla King: ecology, silviculture and
productivity. CIFOR, [s.1.], p. 24, 2011.

321
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MACHADO, S. A.; BASSO, S. F.; BEVILACQUA JUNIOR, V. G. Teste de modelos matemáticos para o
ajuste da relação hipsométrica em diferentes sítios e idades para plantações de Pinus elliottii no Estado do
Paraná. 1993, Curitiba. Anais: Congresso Florestal Brasileiro. São Paulo: Sociedade Brasileira de
Silvicultura, 1993. v. 2, p.553-556.
OFORI, D. A.; OPUNI-FRIMPONG, E.; COBBINAH, JR. Provenance variation in Khaya species for growth
and resistance to shoot borer Hypsipyla robusta. Forest Ecology and Management, [S.1.], v. 242, p. 438-443,
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PINHEIRO, A. L. Ecologia, silvicultura e tecnologia de utilizações dos mognos africanos (Khaya ssp.).
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Universidade Federal de Lavras. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão, 2004. 285 p
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Pirapora. Floresta Ambiente, [s.1.], v. 23, n. 3, p. 362-368, 2016.

322
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTRATIFICAÇÃO DE DADOS PARA AJUSTE DE MODELO VOLUMÉTRICO EM PINUS

DATA STRATIFICATION FOR ADJUSTMENT OF VOLUMETRIC MODEL IN PINUS

Renan Gustavo Pereira1 Sintia Valerio Kohler Rodrigo Otávio Veiga de Miranda

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi realizar o agrupamento de dados em classes de idades por meio do teste de
identidade para ajuste do modelo volumétrico de Schumacher e Hall, para um povoamento de Pinus elliottii
Engelm., localizado no município de Inácio Martins, PR. Um total de 30 árvores foram amostradas de acordo
com as classes de diâmetros, atendendo à proporcionalidade da distribuição diamétrica do povoamento. Em cada
árvore, foram retirados 11 discos, três em alturas absolutas e oito em alturas relativas, para aplicação da análise
de tronco completa (ANATRO). Foram obtidos os dados de diâmetro, altura, área transversal e volume por
idades. Avaliou-se as estimativas volumétricas por idades e em grupos de idades por meio do teste de identidade
proposto por Graybill (1976). Conforme os resultados, constatou-se que, para o ajuste do modelo volumétrico,
os dados devem ser agrupados em classes de idades bianuais, a iniciar-se do sexto ano.
Palavras-chave: classes de idade; volume, teste de identidade.

ABSTRACT

The objective of this work was to perform data collection in age classes by means of the identity test to fit the
Schumacher and Hall volumetric model for a Pinus elliottii Engelm. Settlement, located in the city of Inácio
Martins, PR. A total of 30 trees were sampled according to the diameters classes, taking into account the
proportionality of the diametric distribution of the stand. In each tree, 11 discs were taken, three in absolute
heights and eight in relative heights, for the application of the complete trunk analysis (ANATRO). The data of
diameter, height, cross-sectional area and volume by age were obtained. The volumetric estimates by ages and
age groups were evaluated using the identity test proposed by Graybill (1976). According to the results, it was
found that, for the adjustment of the volumetric model, the data should be grouped into biannual age classes,
starting at the sixth year.
Keywords: age classes; volume; identity test.

INTRODUÇÃO

A busca pelo aumento da produtividade em plantios comerciais, como aqueles do gênero Pinus, é
constante, e o manejo florestal conduzido de forma adequada se torna imprescindível nestes casos. Porém, para
que isso aconteça, é necessário conhecimento prévio sobre a dinâmica de crescimento e o comportamento das
variáveis dendrométricas do povoamento (LIMA, 2010).
Uma variável de suma importância na área florestal é o volume, sua estimativa, quase sempre,
representa o objetivo principal de um inventário florestal, sobretudo para espécies de rápido crescimento. Em
geral, uma pequena parte do povoamento é amostrada e, para obtenção do volume das demais árvores, são
utilizados modelos volumétricos (MACHADO e FIGUEIREDO FILHO, 2006). Embora seja recomendado o
ajuste de vários modelos e posterior seleção do mais adequado por meio de critérios estatísticos, um dos
modelos mais utilizados e que fornece resultados satisfatórios é o de Schumacher e Hall (1933) (FIGUEIREDO
FILHO et al., 2014).
Uma alternativa para obtenção de dados necessários ao ajuste de modelos volumétricos é a análise de
tronco completa (ANATRO). Conforme Finger (1992), por meio dessa técnica é possível avaliar a
produtividade de um sítio, o crescimento e qualidade de uma árvore ao longo dos anos anteriores, além de
fornecer uma extensa base de dados.
Com as informações obtidas pela ANATRO, é possível obter valores como diâmetro à altura do peito
(DAP) e altura total para as idades anteriores e atual das árvores. Com isso, cria-se a possibilidade da
estratificação dos dados em classes de idades, sendo possível a obtenção de estimativas mais acuradas, se
comparadas a um ajuste geral para todas as idades.

1
Estudante, Estudante de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Universidade
Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO, PR 153, Km 7, s/n – Riozinho, CEP 84500-000, Irati, Paraná, Brasil.
E-mail: reenan_00@hotmail.com.

323
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Para comprovar a efetividade da estratificação dos dados, pode-se utilizar um teste de identidade, que
tem como objetivo averiguar, de forma estatística, se uma equação geral pode descrever um conjunto de
equações (REGAZZI, 1993). Assim, segundo o mesmo autor, é possível a estratificação de dados mantendo a
acurácia nas análises.
Conforme Queiroz et al. (2008), testes de identidade são uma ferramenta muito útil na correta
estratificação dos dados, pois testam a diferença estatística entre modelos. Um teste muito utilizado nesses casos
é o de Graybill (1976), demonstrado por Regazzi (1993). O teste se resume em testar a possibilidade do
agrupamento de modelos volumétricos em diferentes classes de idades (QUEIROZ et al., 2008; KOHLER,
2013).
Assim, verifica-se se há ou não diferença estatística entre a soma dos quadrados das regressões em
idades separadas e a soma dos quadrados da regressão quando realizada com todas as idades juntas, por meio de
um ajuste geral. Portanto, é verificada a necessidade ou não da estratificação em classes de idades para o ajuste
de modelos (KOHLER, 2013).
Baseado no exposto, o objetivo do trabalho foi realizar o agrupamento de dados para o ajuste do
modelo de Schumacher e Hall (1933) em classes de idades, por meio do teste de identidade de Graybill (1976),
para um povoamento de Pinus elliottii Engelm, localizado no município de Inácio Martins, Paraná.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado em uma área de 18,74 ha reflorestada com P. elliottii, com 11 anos de idade,
localizada a 32 km da cidade de Inácio Martins, no estado do Paraná, pertencente à Associação Martinense de
Investidores, cujas coordenadas são 25º45’20.12” S e 51º16’12.59” O. Segundo a classificação climática de
Köppen, a região encontra-se sob o predomínio do clima Cfb, que tem como características clima temperado,
com verão ameno. As chuvas se encontram distribuídas ao longo do ano, sem estação seca. A precipitação
média oscila de 1.100 a 2.000 mm. As geadas são severas e frequentes.
Inicialmente, um inventário florestal foi realizado objetivando-se obter informações essenciais e
conhecer a distribuição diamétrica do povoamento. A intensidade amostral resultante foi de 2,88% e
anteriormente a este estudo, não haviam parcelas alocadas na área.
Por meio das informações obtidas, verificou-se que as alturas dominantes e volume por parcela
apresentaram pouca diferença entre si. Devido a isso, foi considerada uma única classe de sítio para o
povoamento. Portanto, as árvores cubadas para a realização da ANATRO foram amostradas em toda a extensão
do povoamento, sem qualquer tipo de estratificação.
As informações obtidas com o inventário florestal contribuíram para a seleção das árvores a compor a
base de dados para a ANATRO. A amplitude de 2 cm foi considerada para a amostragem dessas árvores. No
total, foram abatidas 30 árvores, selecionadas proporcionalmente à distribuição diamétrica do povoamento. As
árvores abatidas foram selecionadas aleatoriamente, de modo a cobrir toda a extensão da área. De cada árvore,
foram retirados 11 discos nas alturas absolutas de 0,1; 0,5 e 1,3 m e relativas de 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 e 90%
da altura total da árvore.
Após a retirada dos discos, os mesmos foram armazenados em sacos de ráfia, individualizando cada
árvore, e mantidos em local seco e arejado. Após a secagem, os discos foram lixados na face superior para
marcação dos anéis de crescimento. Foram medidos quatro raios perpendiculares entre si em cada disco, sendo a
média desses 4 raios considerada como o raio representativo do anel, de acordo com a metodologia proposta por
Barusso (1977). Em discos defeituosos, os mesmos foram dispostos o mais próximo possível da formação
mencionada.
Para a medição e contagem dos anéis foi utilizado o equipamento LINTAB 6. Conforme WOLF II
(2012), esse equipamento utiliza o programa TSAP-Win (Time Series Analysis Program), desenvolvido por
Frank Rinn e Siegward Jaekel, em Heidelberg na Alemanha, o qual efetua medições, manipulações de banco de
dados e apresentações de séries temporais de anéis de crescimento. Para processamento dos dados da análise de
tronco, foi utilizado o programa FlorExel®. A partir destes dados, foram obtidas as informações anuais de
crescimento em diâmetro, altura, área transversal e volume por árvore para idade atual e idades anteriores.
A análise de tronco fornece informações de diâmetros com casca apenas para a idade onde foi realizada
a coleta dos disco, assim, para todas as idades anteriores, essa informação precisou ser estimada. O modelo 1 foi
ajustado para representar a relação entre os diâmetros com casca e os sem casca, ajustado com dados da idade de
11 anos. Com a equação ajustada, foi possível estimar os diâmetros com casca em todas as idades das árvores.
dcc = β0 +β1 .dsc +εi (1)
Em que: dcc = diâmetro com casca (cm); dsc = diâmetro sem casca (cm); β0 e β1 coeficientes a serem estimados
por meio da regressão; εi = erro aleatório.

324
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Com as informações de diâmetros e alturas obtidos com a ANATRO, o modelo volumétrico de
Schumacher e Hall (1933) (2) foi ajustado para cada idade, em grupos de idades e sem distinção da mesma.

ln(v) = β0 +β1 . ln(d) +β2 . ln(h)+εi


(2)
Em que: ln = logaritmo natural; v = volume total da árvore (m³); d = diâmetro à altura do peito (cm); h = altura
total (m); β0, β1 e β2 = coeficientes a serem estimados por meio da regressão; εi = erro aleatório.

O ajuste do modelo foi avaliado com base nas estatísticas: coeficiente de determinação (R²), erro padrão
da estimativa percentual (Syx%) e análise gráfica da dispersão de resíduos (DRAPER e SMITH, 2014). Como se
trata de um modelo linearizado, foi necessário recalcular as estatísticas de avaliação do ajuste. Assim, tanto o
coeficiente de determinação e o erro padrão de estimativa foram recalculados para a variável volume.
Como as variáveis independentes utilizadas no ajuste do modelo foram DAP e altura, e como nas
primeiras idades o valor de DAP é ínfimo ou até mesmo inexiste devido ao tamanho da planta nos primeiros
anos, foi considerado as idades partir do quinto ano apenas.
Para avaliar a necessidade da estratificação dos dados em classes de idades ou em idades separadas,
realizando o ajuste do modelo volumétrico, foi utilizado o teste apresentado por Graybill (1976) e exemplificado
por Regazzi (1993), o qual compara o ajuste do modelo com todas as idades e em idades separadas, ou o
agrupamento em classes de idades, sendo que sempre que o valor de Fcalc for maior que Ftab, o teste é
significativo no nível de significância especificado, ou seja, rejeita-se H0. Então, a soma de quadrados dos
resíduos de cada classe de idade difere estatisticamente da soma de quadrados dos resíduos feita para o conjunto
total dos dados. Quando ocorrer o contrário, o teste é não-significativo, então não se rejeita H0. Assim, esse teste
prova a necessidade ou não de estratificar os dados em classes de idades. O nível de significância adota foi de
5% (α ≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O ajuste do modelo para estimativa dos diâmetros com casca para todas as idades foi considerado
adequado de acordo com suas estatísticas de avaliação (TABELA 1). Foi obtido um coeficiente de determinação
de 0,998 e erro padrão de estimativa de 2,55%, valores considerados adequados.

TABELA 1. Coeficientes e estatísticas para avaliação da equação para estimativa do diâmetro com casca de um
povoamento de P. elliottii, situado no município de Inácio Martins, Paraná.
TABLE 1. Coefficients and statistics for the evaluation of the equation for estimating the diameter with bark of
a P. elliottii stand, located in the municipality of Inácio Martins, Paraná.
Modelo β0 β1 R² Syx %
dcc = β0 + β1 . dsc 0,192 1,073 0,998 2,5546
Em que: β0 e β1 = coeficientes do modelo obtidos por meio da regressão; R² = coeficiente de determinação;
Syx % = erro padrão de estimativa.
A dispersão residual se encontra apresentada na Figura 1. Pode-se observar uma dispersão homogênea,
situada próxima ao eixo, o que demonstra exatidão satisfatória das estimativas de diâmetro com casca nos
diferentes diâmetros ao longo do fuste.
Conforme as estatísticas de avaliação do teste de identidade de Graybill (1976) (TABELA 2), nota-se
que houve diferença significativa para o ajuste do modelo de volume com todas as idades, para o ajuste
agrupando as idades cinco e seis e para o ajuste com as idades seis, sete e oito anos. Assim, não é adequado um
único ajuste do modelo volumétrico para estas situações. Quando agrupadas as idades em classes bianuais,
partindo do sexto ano, não houve diferença significativa nos ajustes, portanto, o agrupamento é recomendado.

325
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Figura 1. Dispersão dos resíduos do modelo ajustado para estimativa do diâmetro com casca para todas as
idades em um povoamento de P. elliottii, localizado no município de Inácio Martins, Paraná.
Figure 1. Dispersion of the residuals of the model adjusted for diameter estimation with bark for all ages in a P.
elliottii stand, located in the city of Inácio Martins, Paraná.

TABELA 2. Teste de Graybill (1976) para comparar as equações de volume ajustada em classes de idade para
árvores de um povoamento de P. elliottii, situado no município de Inácio Martins, Paraná.
TABLE 2. Graybill test (1976) to compare the equations of adjusted volume in age classes for trees of a P.
elliottii stand, located in the municipality of Inácio Martins, Paraná.
Classes (anos) Fcalc P-Valor
Todas as idades 95,42* 0,0000
5e6 8,83* 0,0001
6e7 1,88ns 0,1443
7e8 2,17ns 0,1018
8e9 0,58ns 0,6303
9 e 10 0,44ns 0,7227
10 e 11 2,22ns 0,0955
6, 7 e 8 3,05* 0,0096
7, 8 e 9 1,97ns 0,0801
Em que: Fcalc: estatística de teste F calculada; p-valor: nível exato de significância da estatística calculada; ns:
não significativo; *: significativo.

Inicialmente, avaliou-se a possibilidade de utilizar apenas um ajuste do modelo de volume para todas as
idades, porém, constatou-se que existe diferença entre os ajustes por idade.
Os ajustes realizados para as classes de idades definidas (TABELA 3) tornaram estatísticas mais
coerentes, que podem descrever os valores reais de melhor forma, em comparação com o ajuste com todas as
idades. Entre as idades consideradas em cada classe não houve diferença significativa entre as mesmas, podendo
ser agrupadas.

TABELA 3. Estatísticas para avaliação do ajuste do modelo volumétrico de Schumacher e Hall estratificado em
classes de idade, para as árvores de um povoamento de P. elliottii, situado no município de Inácio Martins,
Paraná.
TABLE 3. Statistics to evaluate the adjustment of the Schumacher and Hall volumetric model stratified in age
classes for the trees of a settlement of P. elliottii, located in the municipality of Inácio Martins, Paraná.
Classes de idades (anos) R² Syx%
5 0,9274 13,97
6e7 0,9725 9,03
8e9 0,9702 8,52
10 e 11 0,9651 9,44

As dispersões dos resíduos para as classes de idades definidas podem ser observadas na Figura 2. Com
base na dispersão dos resíduos para os ajustes, observou-se que ao utilizar todas as idades no ajuste houve
tendência em superestimar as árvores de menores diâmetros e em subestimar as árvores de maiores diâmetros.

326
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Isso fica mais evidente quando se analisa os resultados do teste de Graybill (1976), que comprovou que as
equações diferem estatisticamente entre o ajuste com todas as idades e o ajuste em idades separadas em classes.
No ajuste para a idade cinco separada a dispersão residual se mostrou não homogênea. Quando as idades foram
agrupadas em classes, a dispersão dos resíduos se tornou não tendenciosa.

FIGURA 2 - Dispersão de resíduos para o ajuste do modelo volumétrico com todas as idades e em classes de
idades para povoamento de Pinus elliottii localizado no município de Inácio Martins, Paraná.
FIGURE 2 - Dispersion of residues for the adjustment of the volumetric model with all ages and in age classes
for Pinus elliottii settlement located in the city of Inácio Martins, Paraná.
O mesmo teste de identidade tem sido utilizado por diversos autores, analisando diferentes situações,
como em Queiroz et al. (2008) que, trabalhando com funções de afilamento para povoamentos nativos de
Mimosa scabrella Bentham da região metropolitana de Curitiba, Paraná, testaram a possibilidade de agrupar os
modelos utilizados nas diferentes classes de idade utilizando o teste de identidade. Os autores observaram que
poderiam agrupar os dados das classes de idade 13 a 15 e 16 a 19 anos.
Outro trabalho que utilizou o teste de identidade descrito por Graybill (1976) foi o de Martins (2016),
que analisou a possível existência de diferenças significativas entre as funções de afilamento para diferentes
idades em plantios de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze na região centro-sul do Paraná. A autora concluiu
que o teste de identidade identificou diferença significativa entre o ajuste com todas as idades e o ajuste em
idades separadas, porém, quando testou-se a possibilidade de agrupamento em classes de idades, houve
diferença significativa entre as classes propostas. Assim, os ajustes deveriam ser feitos em idades individuais.

CONCLUSÃO

O modelo volumétrico deve ser ajustado considerando classes de idade de 2 anos, a partir dos 6 anos de
idade do povoamento. A idade 5 anos deve ser ajustada separadamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1977.
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FINGER, C. A. G. Fundamentos de biometria florestal. Santa Maria: UFSM, CEPEF-FATEC, 1992.
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327
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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em Engenharia Florestal) – Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati, 2010.
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(Bertol.) Kuntze na região centro-sul do Paraná. 2016. 78 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal)
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(Mestrado em Engenharia Florestal) – Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati, 2012.

328
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTRUTURA DIAMÉTRICA DAS CATEGORIAS SUCESSIONAIS EM FRAGMENTOS DE
FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, RS

DIAMETRIC STRUCTURE OF SUCESSIONAL CATEGORIES IN FRAGMENTS OF SEASONAL


DECIDUAL FOREST, RS

Camila Andrzejewski1 Solon Jonas Longhi Rafael Marian Callegaro Ana Claudia Bentancor Araujo
Fernanda Dias dos Santos Francieli de Fátima Missio

RESUMO

As pesquisas sobre análise da estrutura da vegetação podem subsidiar o entendimento da sucessão, bem como
auxiliar no planejamento e aplicação de técnicas de manejo que visam utilizar os recursos naturais de forma
sustentável. O estudo teve como objetivo analisar a estrutura diamétrica da vegetação arbórea e avaliar a
distribuição de acordo com categorias sucessionais, em fragmentos de Floresta Estacional Decidual ripária, no
município de Guarani das Missões, RS. Para coleta de dados foram instaladas 36 parcelas de 200m² em dois
fragmentos, onde foram mensurados todos os indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5 cm, medido
a 1,30 m de altura do solo. As espécies foram classificadas em categorias sucessionais (pioneira, clímax
exigente de luz e clímax tolerante a sombra) e posteriormente foi analisada a estrutura diamétrica para a floresta
e para cada grupo sucessional. Foram amostrados 1105 indivíduos e 56 espécies, dos quais maior número de
indivíduos e de espécies pertence às climácicas exigentes de luz, seguidas das climácicas tolerantes à sombra e
das pioneiras. A estrutura diamétrica da floresta apresentou a tendência à exponencial negativa e o mesmo
padrão de distribuição também foi verificado para as três categorias sucessionais, indicando boa capacidade de
regeneração da vegetação estudada.
Palavras-chave: fitossociologia; grupos ecológicos; classes de diâmetro.

ABSTRACT

Research on vegetation structure analysis can support the understanding of succession, as well as help in the
planning and application of management techniques that aim to use natural resources in a sustainable way. The
objective of this study was to analyze the diametric structure of the tree vegetation and to evaluate the
distribution according to successional categories, in fragments of Seasonal Decidual Forest riparian, in the
municipality of Guarani das Missões, RS. For data collection, 36 plots of 200 m 2 were installed in two
fragments, where all individuals with diameter at breast height (DBH) ≥ 5 cm, measured at 1.30 m of soil
height, were measured. The species were classified into successional categories (pioneer, light demanding
climax and shadow tolerant climax) and later the diametric structure was analyzed for the forest and for each
successional group. A total of 1105 individuals and 56 species were sampled, of which a greater number of
individuals and species belong to the demanding light climates, followed by shade tolerant climates and
pioneers. The diametric structure of the forest showed a tendency to negative exponential and the same pattern
of distribution was also verified for the three successional categories, indicating good regeneration capacity of
the studied vegetation.
Keywords: phytosociology; ecological groups; diameter classes.

INTRODUÇÃO

A conservação e o uso dos recursos florestais dependem do conhecimento de características estruturais


da floresta e dos processos ecológicos responsáveis pela dinâmica sucessional, de tal forma que se tenha aporte
científico para a conservação da diversidade, recuperação e minimização de possíveis impactos negativos
ocorrentes em uma exploração. Com objetivo de manter a sustentabilidade dos recursos florestais e conhecer a
composição da vegetação várias pesquisas são efetuadas com intuito de utilizar os recursos disponíveis oriundos
de áreas manejadas.
A análise estrutural de uma floresta pode ser interpretada pela distribuição diamétrica, que consiste em
determinar a densidade de espécies ou comunidades em classes de diâmetro. De acordo com Lima e Leão

1
Engenheira Florestal, Mestra, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal
de Santa Maria, E-mail: camiandrzejewski@gmail.com

329
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
(2013), através da estrutura diamétrica é possível conhecer o estoque de madeira disponível antes de efetuar
uma exploração, e ainda, verificar a capacidade de autorregeneração da vegetação.
A importância em se avaliar a distribuição diamétrica foi ressaltada por Machado et al. (2010),
afirmando que grande parte da estrutura de uma floresta pode ser explicada por meio desta análise. A estrutura
diamétrica apresenta configuração diferenciada entre tipologias florestais, estágios sucessionais e para espécies
ou grupos de
espécies quando analisadas individualmente (CYSNEIROS et al., 2017)
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo realizar a caracterização da estrutura
diamétrica e avaliar a distribuição nas categorias sucessionais do componente arbóreo de fragmentos de Floresta
Estacional Decidual ripária, Guarani das Missões, RS, Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
A área da pesquisa localiza-se no município de Guarani das Missões, região noroeste do estado do Rio
Grande do Sul. O estudo foi desenvolvido em dois fragmentos de Floresta Estacional Decidual, situados ás
margens do Rio Ijuí, cujas coordenadas centrais são 28º13’10,88” S e 54º36’03,36” O (fragmento 1) e
28º15’30,70” S e 54º34’25,77” O (fragmento 2).
As áreas estão localizadas a uma altitude média de 170 m e o relevo da região é classificado como suave
ondulado, onde predominam, segundo Streck et al. (2008) e DRH/SEMA (2012), solos profundos do tipo
Latossolo Vermelho Distroférrico. A região possui clima do tipo Cfa (subtropical úmido, com verão quente), de
acordo com a classificação climática de Köppen (ALVARES et al., 2013).

Amostragem da vegetação
Para realização da amostragem da vegetação foram instaladas 36 parcelas com dimensões de 10 m x 20
m (200 m²), nos dois fragmentos. As parcelas foram distribuídas em faixas alocadas perpendiculares ao curso do
rio. Em cada unidade amostral o estrato arbóreo foi inventariado, onde incluíram-se todos os indivíduos com
diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5 cm, medido a 1,30 m de altura do solo.
A nomenclatura das espécies foi baseada em Flora do Brasil 2020 (FORZZA et al., 2018) e a
delimitação das famílias seguiu o sistema de classificação Angiosperm Phylogeny Group IV (BYNG et al.,
2016). Indivíduos não identificados in loco tiveram material botânico coletado para posterior identificação
através de bibliografias junto ao Herbário do Departamento de Ciências Florestais (HDCF) da Universidade
Federal de Santa Maria.

Análise dos dados


As espécies foram classificadas em categorias sucessionais, sendo divididas em pioneiras, aquelas que
necessitam de luminosidade solar plena em processos de regeneração, crescimento, desenvolvimento e
sobrevivência; em climácicas exigentes de luz, espécies que podem germinar sob sombreamento, mas as plantas
jovens necessitam de luz abundante para crescer e atingir o dossel e a maturidade; e climácicas tolerantes à
sombra, as quais se desenvolvem sob sombreamento, atingindo a maturidade antes ou ao alcançar o dossel
(SWAINE; WHITMORE, 1988; OLIVEIRA-FILHO et al., 1994).
Para realizar a análise de distribuição diamétrica, utilizou-se programa Microsoft Office Excel, onde
obteve-se os valores de amplitude diamétrica, número de classes, intervalo de classe, densidade de indivíduos
por classe e densidade de indivíduos ajustada para cada classe. Para verificar a relação da estrutura do
componente arbóreo com cada grupo sucessional, os indivíduos foram distribuídos em 11 classes diamétricas,
com intervalo de 6 cm, determinado pela fórmula de Sturges, conforme descrito por Machado & Figueiredo
Filho (2009). O ajuste das frequências em classes diamétricas foi realizado com a equação de Meyer (Schneider
& Finger, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram amostrados 1105 indivíduos (1535 indivíduos por hectare), pertencentes a 56 espécies
distribuídas em 24 famílias botânicas. Quanto aos grupos ecológicos, observou-se maior número de indivíduos e
de espécies pertencentes às climácicas exigentes de luz, com 942 ind.ha-1 (35 espécies), seguidas em ordem
decrescente das climácicas tolerantes à sombra, com 553 ind.ha-1 (15 espécies) e das pioneiras com 31 ind.ha-1
(4 espécies). Percebe-se que as espécies climácicas dominaram ecologicamente as comunidades arbóreas
pesquisadas. Esta condição também é evidenciada pelas espécies mais abundantes e de maior diâmetro, as quais

330
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
foram classificadas como climácicas tolerantes à sombra e climácicas exigentes de luz, mostrando que as
espécies pioneiras são menos marcantes nesses fragmentos.
A estrutura diamétrica da floresta apresentou a tendência à exponencial negativa (Figura 1),
característica esperada para florestas naturais, indicando que a regeneração ocorre continuamente (Nascimento
et al., 2004). As três categorias sucessionais também tiveram padrão semelhante, no entanto, o melhor ajuste das
frequências observadas foi obtido para as espécies pioneiras (R²= 9749) e clímax tolerantes a sombra (R²=
0,9729), indicando que estas categorias se encontravam mais adaptadas à estrutura da floresta no momento da
avaliação.

1000 Geral 100 Pioneira


800 80
Densidade (ind.ha-1)

Densidade (ind.ha-1)
ln N = 6,9532 - 0,0886DAP
R²aj = 0,9476 ln N = 3,3732 - 0,0916DAP
600 60 R²aj = 0,9749
400 40

200 20

0 0
8 14 20 26 32 38 44 50 56 62 68 8 14 20 26 32 38 44 50 56 62 68
Centro de classe diamétrica (cm) Centro de classe diamétrica (cm)
500 Clímax Luz 400 Clímax Sombra
400
300
Densidade (ind.ha-1)

Densidade (ind.ha-1)

ln N = 6,3569 - 0,0780DAP ln N = 6,9279 - 0,1498DAP


300 R²aj = 0,9447 R²aj = 0,9729
200
200
100
100

0 0
8 14 20 26 32 38 44 50 56 62 68 8 14 20 26 32 38 44 50 56 62 68
Centro de classe diamétrica (cm) Centro de classe diamétrica (cm)
FIGURA 1: Densidade de indivíduos por classe diamétrica do componente arbóreo e das categorias sucessionais
em fragmentos de Floresta Estacional Decidual, Guarani das Missões, RS.
FIGURE 1: Density of individuals by diameter class of tree component and successional categories in fragments
of Deciduous Seasonal Forest, Guarani das Missões, RS.

A distribuição diamétrica em exponencial negativa (“J” invertido) do componente arbóreo indica que a
vegetação tem elevado número de indivíduos com diâmetros pequenos (nas menores classes), além de
comportar espécies características do sub-bosque, como Actinostemon concolor (Spreng.) Müll. Arg.,
Pilocarpus pennatifolius Lem. e Trichilia elegans A.Juss., e possuir espécies capazes de compor o dossel
superior da floresta, como Cordia americana (L.) Gottschling & J.S.Mill., Luehea divaricata Mart. & Zucc. e
Matayba elaeagnoides Radlk.
Percebe-se que as espécies clímax exigentes de luz tiveram indivíduos distribuídos em todas as classes
diamétricas, enquanto que as pioneiras e climácicas tolerantes à sombra apresentaram indivíduos até a quinta
(DAP < 35 cm) e sexta classe (DAP < 41 cm), respectivamente. Cabe observar que os indivíduos pioneiros
estão representados na floresta em menor número, correspondendo a apenas 2% do total de indivíduos. Segundo
Carvalho e Nascimento (2009), isso indica que a baixa densidades desses indivíduos no componente arbóreo é
esperada, visto que essas espécies são mais comuns em áreas alteradas, clareiras ou bordadura da floresta, sendo
menos comum no interior do remanescente. Em relação a distribuição das espécies climácicas tolerantes ao
sombreamento é pertinente observar as características destas espécies, típicas de sub-bosque e geralmente
apresentam indivíduos de pequenos diâmetros.

331
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

A comunidade estudada e os grupos ecológicos apresentram distribuição diamétrica com tendência a


exponencial negativa (J-invertido), indicando capacidade de manutenção da estrutura ao longo do tempo. A
estrutura diamétrica das espécies clímax exigentes de luz mostrou que as mesmas foram mais adaptadas a
estrutura dos fragmentos de florestas ripárias pesquisados, ou seja, essa população tem capacidade de renovar o
estrato arbóreo caso ocorra alguma perturbação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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332
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTRUTURA DIAMÉTRICA DE ESPÉCIES CLÍMAX EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA
ESTACIONAL SUBTROPICAL NA REGIÃO CENTRAL DO RS

DIAMETRIC STRUCTURE OF CLIMAX SPECIES IN A FRAGMENT OF SUBTROPICAL SEMI-


DECIDOUS FOREST IN CENTRAL REGION OF RIO GRANDE DO SUL STATE

Paula Cândida Campos1 Maiquel Ivo Pfeifer Bruna Denardin da Silveira Cibele Rosa Gracioli
Silviana Rosso

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi analisar a estrutura diamétrica das espécies clímax de um fragmento da
Floresta Estacional Subtropical, em São Sepé, Rio Grande do Sul. Para avaliação da vegetação e seleção das
amostras foram alocadas aleatoriamente cinco faixas de 10 m de largura, subdivididas em parcelas permanentes
de 10 x 10 metros totalizando 0,51 ha (51 parcelas). Em cada faixa foram identificadas e mensuradas todos os
indivíduos arbustivo-arbóreo com o diâmetro à altura do peito (DAP) maior ou igual a 10 cm. Para realizar a
análise da estrutura diamétrica foram utilizados intervalos de classes baseados na amplitude total dos dados e
histogramas de frequência com número de classes determinados através da fórmula de Sturges, considerando
apenas as espécies clímax. Foi encontrado o padrão característico para florestas inequiâneas na forma de J-
invertido, onde ocorreu alta frequência de indivíduos com os menores diâmetros e baixa frequência de
indivíduos para os maiores diâmetros, isso devido ao estágio mais avançado de algumas espécies.
Palavras-chave: sucessão ecológica; frequência de indivíduos; J-invertido; floresta inequiânea.

ABSTRACT

The aim of the present study was to evaluate the diametric structure of climax species in a fragment of semi-
decidous subtropical forest, in Sao Sepe, Rio Grande do Sul. For This purpose, five strips of vegetation with 10
meters of width were randomly set, being those strips subdivided in permanent plots of 10 x 10 meters,
totalizing in 0,51 ha (51 plots). In each strip, all the arboreal and shrubby individuals with diameter at breast
height equal or greater than 10 centimetres were measured and identified. In order to evaluate the diametric
structure, intervals of classes were used, based on the total amplitude and frequency histograms with classes’
number data calculated using Sturges formula. This proceeding considered only the climax species. We have
found the characteristic inverted J pattern of an uneven-aged forest where a frequency contrast was observed,
comparing small diameter individuals with great diameter individuals. Such fact could be explained by the
advanced phase of some species.
Keywords: ecological succession; individuals’ frequency; inverted J; uneven-aged forest.

INTRODUÇÃO

A Floresta Estacional Semidecidual, pertencente ao Rio Grande do Sul, foi uma das formações florestais
que sofreu grandes modificações em sua estrutura, principalmente por conta do avanço agrícola e pecuário
ocorrido no Estado em tempos passados. Por isso, é notória a relativa escassez ou até mesmo a ausência de
espécies nativas dessa formação na atualidade, mesmo em áreas isoladas e que não sofrem intervenção humana
há décadas.
No entanto, apesar de no passado ter havido essa destruição intensa das áreas florestais, atualmente
existe uma preocupação da população em preservá-las. Com isso, segundo dados do Inventário Florestal
Contínuo do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2001), houve um aumento na área de florestas
nativas nas últimas décadas, colaborando com o avanço do estágio sucessional das mesmas.
Segundo Felfili et al. (2007) a estrutura, dinâmica da vegetação e o conhecimento da composição
florística, associado às propriedades do solo, topografia e drenagem, permite que sejam feitas inferências sobre
seu manejo, sobre as estratégias de conservação da biodiversidade e sobre a recuperação de áreas alteradas.
O estudo da distribuição diamétrica, especialmente em florestas inequiâneas, admite singular relevância
no levantamento da estrutura horizontal de uma floresta, pois permite caracterizar uma tipologia florestal e,
também, pode ser um indicador do estoque de crescimento das florestas (MACHADO et al., 2009). Denomina-

Graduando em Engenharia Florestal, do campus São Gabriel, Universidade Federal do Pampa, Av. Antônio Trilha, 1847,
1

CEP 97300-000, São Gabriel (RS), Brasil, Email: camposengflor@gmail.com.

333
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
se como estrutura diamétrica a distribuição do número total de árvores por hectare ou densidade absoluta por
classes de diâmetros (SOUZA e SOARES, 2013).
Assim, a análise da distribuição diamétrica das árvores que compõem uma floresta possibilita a
definição de várias ações, fornecendo informações que auxiliam a tomada de decisão sobre manejo e
conservação de espécies arbóreas (PULZ et al., 1999). Desta forma, o objetivo do trabalho foi analisar a
estrutura diamétrica das espécies clímax em um fragmento nativo, localizado em São Sepé, Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi desenvolvido em um fragmento da Floresta Estacional Subtropical de aproximadamente 40


hectares, situado entre as coordenadas 30º12’45’’ e 30º13’09’’ de latitude sul e 53º42’57’’ e 53º42’30’’ de
longitude oeste, localizado no município de São Sepé, Rio Grande do Sul. A área está isolada das atividades
agropastoris e não possui extração madeireira há mais de 50 anos. O clima é subtropical úmido, do tipo Cfa de
acordo com a classificação de Köppen (MORENO, 1961). O solo, segundo Scheffer-Basso et al., (2008)
pertence a Unidade de Mapeamento Vacacaí (UMV) e caracteriza-se por possuir textura superficial franco-
arenosa no horizonte A e baixo teor de matéria orgânica.
A área foi dividida em faixas de 10 m de largura, sendo cinco sorteadas aleatoriamente para constituir a
amostra. As faixas foram subdivididas em parcelas permanentes de 10 x 10 metros, totalizando 0,51 ha (51
parcelas). Em cada unidade amostral foi realizada a identificação botânica e mensurado o diâmetro à altura do
peito (DAP) de todos os indivíduos com diâmetro igual ou superior a 10 cm. As espécies identificadas foram
classificadas de acordo com o seu grupo sucessional ecológico (pioneira, secundária ou clímax).
No presente trabalho foram consideradas somente o grupo das espécies clímax, onde a análise da
estrutura diamétrica foi realizada através de histogramas de frequência, com número de classes obtidos através
da fórmula de Sturges (VIEIRA, 2008) e intervalos de classes baseados na amplitude total dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 observa-se que foram encontradas 13 espécies classificadas como clímax no fragmento
nativo estudado, totalizando 256 indivíduos/hectares. As espécies que apresentaram maior densidade absoluta
foram Trichilia claussenii C.DC. (129 N/ha), Matayba elaeagnoides Radlk (66N/ha) e Helietta apiculata Benth
(17 N/ha). As duas primeiras apresentaram resultados de densidade muito superior ao observado para as demais
espécies, mostrando sua importância no fragmento.
As espécies clímax estabelecem-se e apresentam ciclo de vida geralmente longo, desenvolvendo-se no
sub-bosque de florestas em estágios sucessionais avançados (ALVES et al., 2005). Conforme Lorenzi (2002),
Trichilia claussenii pode chegar a representar a espécie dominante em florestas nativas com solos úmidos ou
pedregosos, mesmas características da área desta pesquisa, corroborando com os resultados de densidade tão
superior em relação as outras espécies.

TABELA 1: Espécies clímax e número de indivíduos em um fragmento da Floresta Estacional Subtropical, em


São Sepé - RS.
TABLE 1: Climax species and number of individuals in a Fragment of Subtropical Semi-Decidous Forest, in
São Sepé - RS.
Nome científico Autor Nome comum Família N
Trichilia claussenii C.DC. trichilia Meliaceae 129
Matayba elaeagnoides Radlk. camboatá-branco Sapindaceae 66
Helietta apiculata Benth. canela-de-veado Rutaceae 17
Diospyros inconstans Jacq. maria-preta Ebenaceae 11
Chrysophyllum gonocarpu (Mart. & Eichler) Engl. aguaí-da-serra Sapotaceae 8
(Mart. &Eichler)
Ruprechtia Engl.
laxiflora Engl.Engl.Engl.Engl.
Meisn. marmeleiro-do-mato Polygonaceae 7
Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez. canela-preta Lauraceae 5
(Spreng.) Mezconcolor
Actinostemon (Spreng.) Müll.Arg. laranjeira-do-mato Euphorbiaceae 4
Müll.Arg. lambertii
Podocarpus Klotzsch ex Endl. pinheiro-bravo Pocarpaceae 3
exEndl.
Eugenia involucrata DC. cerejeira Myrtaceae 2
Myrciaria tenella (DC.) O. Berg cambuim Myrtaceae 2
Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. figueira Moraceae 1

334
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Myrcianthes pungens (O.Berg) D. Legrand guabiju Myrtaceae 1


D. Legrand
Total 256

A Figura 1 apresenta a distribuição diamétrica das espécies clímax da comunidade trabalhada. O


diâmetro médio encontrado para as espécies foi de 19,80 cm, sendo o menor diâmetro igual a 10,2 cm e o maior
68,12 cm. Ainda, a análise gráfica do histograma dos valores observados evidencia o padrão de J-invertido,
comumente encontrado em florestas nativas com maior concentração de indivíduos nas menores classes
diamétricas e a redução gradativa conforme o aumento da classe.

140
120
100
Indvíduos (N)

80
60
40
20
0

Diâmetro de classes (cm)


FIGURA 1 – Distribuição diamétrica para as espécies clímax encontradas em um fragmento da Floresta
Estacional Subtropical em São Sepé - RS.
FIGURE 1 - Diameter distribution of climax species in a Fragment of Subtropical Semi-Decidous Forest, in São
Sepé - RS.

Os indivíduos presentes nas menores classes de diâmetro são mais numerosos, indicando que estas
espécies, provavelmente, serão encontradas nos próximos estágios sucessionais. Já o número reduzido de
indivíduos com dimensões maiores pode ser reflexo da exploração ocorrida na área no passado. Além disso, a
forma de dispersão das espécies também pode influenciar na estrutura diamétrica da floresta, conforme aponta
Nunes et al. (2003).

CONCLUSÃO

Na análise da estrutura diamétrica do presente estudo foi encontrado o padrão característico para
florestas inequiâneas na forma de J-invertido, onde ocorreu alta frequência de indivíduos com os menores
diâmetros e baixa frequência de indivíduos para os maiores diâmetros, isso devido ao estágio mais avançado de
algumas espécies.

REFERÊNCIAS
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ecológicos em Floresta Atlântica de encosta, Ilha Grande, Angra dos Reis/RJ. Revista Universidade Rural:
Série Ciências da Vida 25 (1) : 26-32. 2003.
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V. 1. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. 368p.

335
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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Lavras, MG. Acta Botânica Brasílica, v. 17, n. 2, p. 213-229, 2003.
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SOUZA, A. L. de; SOARES, C. P. B. Florestas Nativas: estrutura, dinâmica e manejo. Viçosa: Editora
UFV, 2013.
VIEIRA, S. Introdução à bioestatística. Rio de Janeiro: Elsevier. 2008. 345 p.

336
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ESTUDO PRIMÁRIO DO CRESCIMENTO DE ANGICO VERMELHO Parapiptadenia rigida (Benth.)
Brenan EM UM ECÓTONO ENTRE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA E ESTACIONAL
SEMIDECIDUAL, DOIS VIZINHOS, PR.

PRIMARY STUDY OF THE GROWTH OF ANGELO VERMELHO Parapiptadenia rigida (Benth.)


BRENAN IN AN ECOUNT BETWEEN MIXED AND SEMIDECIDAL SEASONAL OBROPHILLARY
FOREST, DOIS VIZINHOS, PR.

Douglas Anry Porrua1 Graciane Biolchi Veridiana Padoin Weber

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo o emprego da análise de tronco completa, para quantificar o desenvolvimento
de uma árvore média de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan, descrevendo o crescimento e os incrementos
corrente e médio anual em volume, em altura e em diâmetro, e determinar o fator de forma e de casca. O
indivíduo de angico foi coletado em um remanescente florestal de transição entre Floresta Ombrófila Mista e
Floresta Estacional Semidecidual, localizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois
Vizinhos, no qual foram retirados discos nas posições 0,10 m, 0,30 m, 0,70 m, 1,30 m e a cada um metro até
diâmetro de 5 cm. Os discos foram secos em estufa e lixados com lixas de diferentes granulometrias para
melhor visualização e mensuração dos anéis de crescimento. Após a mensuração dos anéis de crescimento foi
desenhado o perfil longitudinal da árvore e a partir dos valores de altura e diâmetro em cada idade, obteve-se o
volume por idade pelo método de Smalian, o ICA e o IMA em volume por idade, bem como o fator de forma
artificial e o fator casca atuais. A idade encontrada para o indivíduo de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan
foi de 24 anos. As curvas de incremento corrente anual e incremento médio anual não apresentaram ponto de
cruzamento, o que indica que o indivíduo ainda está em desenvolvimento e não chegou em sua fase adulta. O
fator de forma artificial encontrado foi de 0,43 e o fator casca 0,98.
Palavras-chave: Volume; Crescimento e produção; Incremento.

ABSTRACT

This work aimed at the use of the complete trunk analysis, to quantify the development of a medium tree of
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan, describing the growth and the annual and average annual increases in
volume, height and diameter, and determine the form factor and shell. The individual of angico was collected in
a transition forest remnant between the Mixed Ombrophylous Forest and the Semideciduous Seasonal Forest
located at the Federal Technological University of Paraná, Dois Vizinhos campus, in which 0.10 m, 0.30 m, 0,
70 m, 1,30 m and each meter to 5 cm diameter. The discs were dried in greenhouse and sanded with sandpaper
of different granulometries for better visualization and measurement of the growth rings. After measuring the
growth rings, the longitudinal profile of the tree was drawn and the height and diameter values at each age were
determined. The volume per age was obtained by Smalian method, ICA and IMA in volume by age, as well as
by volume. such as the artificial form factor and the current shell factor. The age found for the individual of
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan was 24 years. The curves of annual increment and mean annual
increment did not present a crossing point, indicating that the individual is still in development and has not
reached adulthood. The artificial form factor found was 0.43 and the shell factor 0.98.
Keywords: Volume; Growth and production; Increase.

INTRODUÇÃO

O conhecimento dos padrões de crescimento da floresta são fundamentais para avaliar e aperfeiçoar
práticas silviculturais em planos de manejo (SCHNEIDER, 2004).
Segundo Odum (1986) apud Souza (2013), o crescimento é o resultado de complexas interações de
forças opostas, de fotossíntese, absorção de nutrientes, potencial da espécie, competição, sucessão ecológica,
dentre outros fatores que interferem na taxa de crescimento. Isto se dá principalmente em florestas nativas,
devido à presença de diferentes espécies e suas interações, quando comparada à de uma floresta pura
(KIERMAN et al., 2008 apud WEBE et al., 2018).

Acadêmico do curso de Engenharia Florestal, Bolsista PET – Engenharia Florestal, Estradada para Boa esperança, km 4,
1

CEP 85660-000, Dois Vizinhos (PR), Brasil. E-mail: douglasporrua@gmail.com

337
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Entretanto a grande diversidade de espécies arbóreas nativas das florestas brasileiras, restringe o
conhecimento da totalidade destas, afunilando informações à poucas espécies, sobre seu crescimento e
propriedades que facilitam o uso pela indústria madeireira.
Sendo assim, o crescimento é uma das variáveis mais importante como informação para a silvicultura e
o manejo, pois fornece dados sobre o potencial de crescimento em diâmetro, altura e volume das árvores, e
assim, permite quantificar e planejar o tempo ideal até atingir uma determinada dimensão, bem como avaliar
economicamente o investimento realizado no cultivo/manejo da floresta (FINGER et al., 2002).
O conhecimento destas características exige o acompanhamento com coleta de informações por um
longo período, o que implica no aumento de custos justificado pelo maior número de observações. Uma
alternativa que elimina estes fatores, quando possível, é a análise de tronco completa, pela rapidez, eficácia e
precisão, por possibilitar conhecer as diferentes diâmetros atingidos em cada idade através da identificação e
medição dos anéis de crescimento apanhados ao longo do tronco da árvore.
Do mesmo modo, Prodan et al. (1997) afirma que a análise mais direta e precisa para estudar o
desenvolvimento de uma árvore, determinando o seu crescimento e os diferentes fatores envolvidos, é
realizando uma análise de tronco completa.
Segundo Finger et a. (2002), as características de diâmetro, altura e volume de uma árvore, e o tempo
que ela levou para chegar até determinada dimensão, podem ser conhecidos através da análise de tronco
completa, que permite entender o crescimento passada do indivíduo em diversas posições ao longo do seu fuste,
através da medição dos anéis de crescimento. Este estudo envolve a retirada de discos ao longo do tronco
principal das árvores, para posterior leitura dos anéis de crescimento de forma manual, e então proceder com
cálculos do incremento em madeira durante o passar dos anos (MACHADO et al., 2015).
Com a coleta das informações a partir dos anéis de crescimento em cada ano é possível calcular o
volume de cada ano, e expressar o valor do incremento médio anual (IMA), obtido pela divisão da grandeza
atual da variável considerada (volume) pela idade, a partir do tempo zero (ENSINAS, SILVA e PINTO, 2005),
bem como, o valor do incremento corrente anual (ICA) obtido pela diferença de volume que se obtém entre o
final e o início de um ano físico.
A espécie estudada é conhecida popularmente nas regiões Sul do Brasil como angico-vermelho. A
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan, pertence à família Fabaceae (Leguminosae) nativa do país, e é espécie
indicada para recuperação de áreas degradadas de preservação permanente, além de apresentar uma madeira
dura e pesada, de 750 à 1000 Kg/m³ (BACKES, 2009).
Assim, este trabalho teve como objetivo o emprego da análise de tronco completa, para quantificar o
desenvolvimento de árvore média de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan, descrevendo o crescimento e os
incrementos corrente e médio anual em volume, comparando estes com uma linha de tendência como estudo
preliminar, além da determinação de seus fatores de forma artificial e de casca.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Dois Vizinhos,
localizada em uma área de vegetação considerada como um ecótono, ou seja, região de transição entre duas
tipologias florestais: Floresta Ombrófila Mista, com maior predominância e marcada relevância fisionômica da
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze e Floresta Estacional Semi-Decidual (RODERJAN, 2002).
Foi selecionado um indivíduo arbóreo médio e representativo da população de regeneração natural, o
qual foi fragmentado em fatias transversais para realizar o procedimento de análise de tronco completa, nas
posições 0,10; 0,30; 0,70; 1,30 metros e a cada um metro até atingir o diâmetro de 5cm, obtendo-se também a
altura total.
As fatias obtidas foram secas em estufa, aplainadas e lixadas para facilitar a visualização dos anéis de
crescimento, através da metodologia de Barusso (1977), que consiste em traçar quatro raios em cada disco, onde
o primeiro e o segundo raios foram traçados a partir de 45º à direita e à esquerda do maior raio, nos quais
mediram-se a larguras de cada anel de crescimento, com régua milimétrica (FINGER, 1992; FINGER et al.,
2002; MACHADO et al., 2015).
Após a análise e mensuração dos valores de diâmetros em cada idade nas diferentes secções, bem como
a contagem dos anéis, foi possível confeccionar o perfil longitudinal do indivíduo e as alturas em todas as
idades. Através dos dados obtidos foi calculado para cada idade, o volume pelo método de Smalian, o
incremento médio anual em volume (IMA), e o incremento corrente anual em volume (ICA), bem como o fator
de forma artificial e o fator casca.
A equação de crescimento a partir dos dados de altura, diâmetro a altura do peito (DAP), incrementos e
volume em relação a idade, foram plotados em gráficos com o uso do programa computacional Microsoft Excel

338
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
2010, que também forneceu o grau de correlação (R²) da linha de tendência, em relação à curva resultante da
função matemática original, como estudo preliminar e inicial, para posterior inclusão de mais amostras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de tronco com as fatias transversais de Parapiptadenia rigida ocorreu de forma satisfatória,
pois através do aplainamento e lixamento dos discos possibilitou uma melhor visualização dos anéis de
crescimento.
Por meio dos resultados obtidos no presente estudo, foi aplicada uma linha de tendência demonstrando
como essa relação foi expressa na espécie de Parapiptadenia rigida. Nos gráficos gerados para analisar o
crescimento, destaca-se que o desenvolvimento do indivíduo no remanescente em regeneração (Figura 1) não é
tão satisfatório comparando com ambientes de plantios homogêneos.
0,2

0,15
Volume (m³)

0,1
y = 2E-05x2,8122
R² = 0,9958
0,05

0
0
10 5 15 20 25
Idade (anos)
FIGURA 1: Comportamento do volume em função da idade do individuo de Parapiptadenia rigida, Dois
Vizinhos, PR.
FIGURE 1: Volume behavior according to the individual's age of Parapiptadenia rigida, Dois Vizinhos, PR.

Além disso, o indivíduo se encontra na fase jovem, e por mais que a sua idade apresentada nos anéis de
crescimento é de 24 anos, o seu incremento em volume ainda não estabilizou. Em decorrência de se tratar de um
remanescente florestal em estágio secundário de regeneração, apresentando um grau de competição mais
acentuado, e ser de ambiente natural, comparado a Parapiptadenia rigida de florestas homogêneas, o seu
desenvolvimento é menos acelerado.
Podemos observar o comportamento do ICA e IMA (Figura 2), onde não ocorre o cruzamento das
linhas, ou seja, a idade ótima de corte ainda não ocorreu. É visível perceber que o incremento corrente anual
teve picos de crescimento e não se comportou como um crescimento contínuo, isso se trata da competitividade
dentro do povoamento, além dos fatores climáticos que interferem no crescimento e desenvolvimento do
indivíduo. Para estudos futuros seria interessante realizar modelagem de equações que melhor se ajustem aos
dados idealizando uma projeção da idade ótima de corte para essa espécie com essas condições ambientais e
naturais.

0,03
0,025 y = 5E-05x2 - 0,0003x + 0,0013
R² = 0,8934
0,02
Incrementos

0,015
0,01
y = 8E-06x2 + 8E-05x - 0,0002
0,005
R² = 0,996
0
10 0 515 20 25
-0,005
Idade (anos)
FIGURA 2: Comportamento do ICA e IMA em função da idade do individuo de Parapiptadenia rigida, Dois
Vizinhos, PR.
FIGURE 2: Behavior of ICA and IMA according to the individual's age of Parapiptadenia rigida, Dois
Vizinhos, PR.

339
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

A altura em função da idade (Figura 3), apresenta um comportamento com picos de crescimento entre
os anos 5 e 6, com um crescimento de 2,6m de altura, e entre os anos 10 e 11 anos, com um crescimento de 2,7
m de altura. Isso caracteriza algum comportamento da floresta nessa fase de vida do indivíduo, potencializando
o seu crescimento em altura, podendo ser por falta de luz em decorrência da competição, o que acaba obrigando
o indivíduo crescer em altura, por isso apresenta esses picos de crescimento bem visíveis no gráfico. Entre esses
fatores, a demanda por luz e a estratégia de regeneração estão diretamente relacionadas com a taxa potencial de
crescimento (WHITMORE, 1990; SILVA et al., 1995; FINEGAN e CAMACHO, 1999).

18
16
14
12
Altura (m)

10
8 y = 0,6165x + 1,062
6 R² = 0,9622
4
2
0
0 5 10 15 20 25
Idade (anos)

FIGURA 3: Comportamento da altura em função da idade do individuo de Parapiptadenia rigida, Dois


Vizinhos, PR.
FIGURE 3: Height behavior according to the individual's age of Parapiptadenia rigida, Dois Vizinhos, PR.

O crescimento em diâmetro em diferentes idades (Figura 4), apresenta um incremento constante, como
apresentado anteriormente, entretanto na idade do indivíduo que foi realizado o corte (24 anos) o seu diâmetro à
altura do peito era apenas de 17,6 cm.
O fator de forma artificial encontrado para a espécie foi de 0,43 e o fator casca 0,98.

20

15
DAP (cm)

10
y = 0,7679x - 1,4572
5 R² = 0,9971

0
0 5 10 15 20 25
-5
Idade (anos)

FIGURA 4: Comportamento do crescimento em diâmentro em diferentes idade do individuo de Parapiptadenia


rigida, Dois Vizinhos, PR.
FIGURE 4: Growth behavior in diameters at different ages of the individual of Parapiptadenia rigida, Dois
Vizinhos, PR.

CONCLUSÃO

A determinação do crescimento de Parapiptadenia rigida pela técnica de análise de tronco permitiu


descrever o crescimento e os incrementos médio e corrente anual como função da idade com uma grande
precisão para esse indivíduo jovem de um remanescente florestal.

340
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Os dados observados não permitiram identificar o ponto de máximo das curvas de incremento médio e
corrente anual em razão da pouca idade da árvore amostrada.
Realizar a modelagem do ICA, IMA, volume e altura seria essencial para uma projeção do momento
ideal de corte incluindo uma maior amostragem. Ter um maior número de indivíduos potencializa a precisão das
análises, diante disso seria interessante realizar a avaliação dos dados com uma amostra maior de indivíduos.
Trabalhos como esses são fundamentais para a análise do comportamento de espécies nativas com
potencial madeireiro, tendo em vista que existem poucos estudos de análise de crescimento e produção para
espécies nativas, e difundir esse conhecimento é essencial para possível manejo de forma sustentável em
florestais nativas.

REFERÊNCIAS

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Sul, 2009. 332 p.: il. Color
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RODERJAN, C. V.; et al. As unidades fitogeográficas do estado do paraná, Brasil. Ciência e Ambiente, v. 24,
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341
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FITOSSOCIOLOGIA E DINÂMICA EM REMANESCENTE DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA
ALTO-MONTANA NO MUNICIPIO DE URUPEMA-SC

PHYTOOSOCIOLOGY AND DYNAMICS IN REMAINING OF ALTO-MONTANA MIXED


OMBROPHYLOUS FOREST IN THE MUNICIPALITY OF URUPEMA- SC

Maria Eduarda Nalepa Souza1 Thiago Floriani Stepka Érica Barbosa Pereira de Souza Daniela Hoffmann
Vinicius Chaussard Venturini Gerson dos Santos Lisboa

RESUMO

Em um remanescente de Floresta Ombrófila Mista Alto- Montana (FOM) localizado no município de Urupema
-SC, foram instaladas e medidas, no ano de 2012, e remedidas em 2017, sete parcelas permanentes de 10 x 20 m
(200 m²) contíguas acompanhando o desnível do terreno, e sendo delimitadas com canos de PVC no centro e nas
quatro extremidades. A coleta de dados incluiu todas as árvores com DAP ≥ 5 cm, além de ocorrer a
identificação botânica e espacialização com coordenadas XY. Em 2017 ocorreu a remedição das parcelas,
seguindo os mesmos critérios de medição descritos, sendo considerados ingressos os indivíduos que atingiram o
DAP mínimo de 5 cm e contabilizando as árvores que morreram. Em cinco anos verificou-se uma variação de
243 indivíduos por hectare, sendo que haviam 1.971 árvores/ha em 2012 e 2.214 árvores/ha em 2017,
totalizando 264 árvores ingressas e 121 árvores mortas. As três famílias com maior riqueza de espécies são
Dicksoniaceae (133), Lauraceae (56), Myrtaceae (42). Dicksoniaceae aparece com grande ocorrência de
indivíduos devido à proximidade das parcelas ao riacho, visto que o Xaxim (Dicksonia sellowiana Hook.),
ocorre principalmente em lugares úmidos e com pouca incidência de raios solares. De acordo com os dados, a
dinâmica do fragmento ainda oferece condições favoráveis para o desenvolvimento dos indivíduos. E
considerando os resultados obtidos sobre a estrutura do fragmento florestal concluiu-se que a espécie Dicksonia
sellowiana é considerada, de acordo com os índices fitossociológicos da estrutura horizontal como a espécie
mais importante ecologicamente nas duas ocasiões de medição.
Palavras-chave: Parcela permanente; Floresta com Araucária; Xaxim.

ABSTRACT

In a remnant of the Alto-Montana Mixed Ombrophylous Forest (FOM) located in the municipality of Urupema -
SC, seven permanent plots of continuous 10 x 20 m (200 m²) were installed and measured in 2017 and
remediated in 2017 following the unevenness of the terrain, and being delimited with PVC pipes in the center
and at the four ends. Data collection included all trees with DBH ≥ 5 cm, in addition to botanical identification
and spatialization with XY coordinates. In 2017, the plots were remeasured, following the same measurement
criteria described, and the individuals who reached the minimum DAP of 5 cm and counting the trees that died
were considered. In five years there was a variation of 243 individuals per hectare, with 1,971 trees / ha in 2012
and 2,214 trees / ha in 2017, totaling 264 trees and 121 dead trees. The three families with the highest species
richness are Dicksoniaceae (133), Lauraceae (56), Myrtaceae (42). Dicksoniaceae appears with great occurrence
of individuals due to the proximity of the plots to the creek, since the Xaxim (Dicksonia sellowiana Hook.),
Occurs mainly in humid places and with little incidence of solar rays. According to the data, fragment dynamics
still offer favorable conditions for the development of individuals. And considering the results obtained on the
structure of the forest fragment it was concluded that the species Dicksonia sellowiana is considered, according
to the phytosociological indexes of the horizontal structure as the most important species ecologically in the two
occasions of measurement.
Keywords: Permanent plot; Forest with Araucária; Xaxim

INTRODUÇÃO

A Floresta Ombrófila Mista se distribui no Planalto Meridional e em refúgios situados nas serras do Mar
e da Mantiqueira, embora, em tempos pretéritos, tenha se expandido até mais ao norte do país (IBGE, 1992). É
uma subdivisão do Bioma Mata Atlântica, tendo como sinônimos Floresta com Araucária ou Mata dos pinhais.

Acadêmica do Curso de Engenharia Florestal., Bolsista de Iniciação Científica, Centro de Ciências Agroveterinárias,
1

Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88.520-000, Lages (SC), Brasil. E-mail:
mariaeduarda1995@hotmail.com

342
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
É característico da região sul do Brasil, ocorrendo em algumas áreas da região Sudeste, abrigando grande
variedade de espécies, sendo caracterizada pela presença da conífera [Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze] e
outros gêneros primitivos como Drimys e Podocarpus.
O bioma Mata Atlântica não é endêmico do Brasil, ocorrendo em países vizinhos como o a Argentina e
o Paraguai (FIGUEIREDO FILHO, et al., 2010). Dentro do território nacional a Mata Atlântica representava
originalmente 12% da cobertura florestal. Atualmente restam apenas 7,3% da área do domínio da Mata
Atlântica no Brasil e 18,1% no estado de Santa Catarina, sendo que, restam 24% de remanescentes da Floresta
Ombrófila Mista (VIBRANS et al., 2013), em sua grande maioria na forma de fragmentos com formações
florestais secundárias e poucos relictos de formações primárias, sendo muitos deles bastante alterados por cortes
seletivos das madeiras mais nobres. Segundo Medeiros et al. (2005) em uma visão otimista apenas 2%
encontram-se em estado avançado de conservação e alta biodiversidade, distribuídos em remanescentes
fragmentados, em remanescentes pequenos e médios, não superiores a 5.000 ha
A Floresta Ombrófila Mista (FOM) é composta por algumas subdivisões diferenciadas pela altitude em
que ocorrem. A FOM Alto-Montana está presente em regiões onde a altitude é equivalente ou ultrapassa 1000
metros. Essa fitofisionomia em Santa Catarina forma áreas descontínuas, encontradas principalmente na borda
oriental do Planalto, ou mais para o interior. Devido à presença do Pinheiro Brasileiro (Araucaria angustifolia),
a ocorrência de algumas espécies está limitada à submata, formando uma composição florística variável.
Contudo, é possível observar uma florística contínua formada pela imbuia associada com a sapopema (Sloanea
monosperma Vell.), ou constituída principalmente por guamirins [Gomidesia sp., Myrcia bombycina (O. Berg)
Kiaersk], camboins [Siphoneugenia reitzii D. Legrand e Myrceugenia euosma (O.Berg) D. Legrand],
entremeadas pela casca-d’anta (Drimys brasiliensis Miers) e pelas congonhas, pertencentes ao gênero Ilex
(SANTA CATARINA, 1986).
As espécies pertencentes a Floresta Ombrófila Mista Alto- Montana são adaptadas a um inverno
rigoroso com ocorrência de neve e geada. Esse fenômeno acontece, pois, o clima de áreas montanhosas
desempenha forte influência sobre a composição florística e a estrutura do componente arbóreo (KOEHLER et
al. 2002). Devido à altitude elevada as temperaturas são mais baixas, favorecendo a formação de nuvens baixas,
formando um ambiente nebular caraterizado pela baixa incidência de sol e elevada umidade relativa do ar, o que
conduz a uma baixa capacidade evapotranspirativa que, associada à predominância de solos pouco profundos,
reflete em um ambiente ecologicamente seletivo (HIGUCHI et al. 2013).
Estudos mais atualizados dessas áreas são essenciais, visto que as regiões Alto- Montanas do Planalto
Sul de Santa Catarina são consideradas estratégicas para conservação por apresentarem afloramento de diversas
nascentes de importantes rios, como Lava- Tudo, Pelotas e Canoas. Assim, o presente estudo tem como
objetivos i) avaliar a importância das espécies, ii) conhecer o padrão da estrutura horizontal do remanescente e
iii) contabilizar a mortalidade e ingresso de árvores em parcelas permanentes remedidas em intervalo de 5 anos,
acompanhando o gradiente de declividade do terreno.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido em um fragmento remanescente de Floresta Ombrófila Mista Alto- Montana,
localizado no município de Urupema- SC, com altitude entre 1419 e 1489 m, cujas coordenadas geográficas são
28°17'38" latitude Sul e 49°55'54" longitude Oeste. Segundo a classificação de Köppen o clima da região é
mesotérmico úmido, com chuvas bem distribuídas durante o ano e precipitação média anual de 1.789 mm,
apresentando uma temperatura média anual de 13°C, com temperaturas mais amenas durante a noite,
favorecendo a ocorrência de geadas e neve.
O fragmento estudado está localizado em área rural, cujo relevo da localidade é fortemente ondulado,
possuindo inclinação em direção ao riacho. Em que, foram instaladas sete parcelas permanentes de 10 x 20 m
(200 m²) em 2012 pelos professores da Universidade do Estado de Santa Catarina, campus de ciências
agroveterinárias (CAV), visando inventários futuros para acompanhamento do remanescente de Floresta
Ombrófila Mista Alto- Montana.
A coleta de dados incluiu todas as árvores com CAP (circunferência à altura do peito) maior ou igual a
15,7 cm ou 5 cm de DAP (diâmetro à altura do peito), sendo que cada bifurcação abaixo de 1,30 m foi
considerada como um indivíduo. Todos os indivíduos foram identificados e, para facilitar estudos de
distribuição espacial, foram coletadas as coordenas XY de cada árvore. Em 2017 ocorreu a remedição das
parcelas, seguindo os mesmos critérios de medição descritos anteriormente, sendo considerados ingressos os
indivíduos que atingiram o DAP mínimo de 5 cm e avaliado a quantidade de indivíduos que morreram no
período considerado.

343
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Os dados obtidos foram utilizados para quantificar os seguintes parâmetros: estrutura horizontal,
diversidade e valor de importância das espécies, valor de cobertura, taxa de ingresso e mortalidade, no período
compreendido entre 2012 e 2017 e o incremento médio anual em diâmetro. Os parâmetros fitossociológicos
foram calculados pelas fórmulas descritas abaixo:
DA - Densidade Absoluta
𝑛 ∗ 10000
DA=
1400
Em que: n= número de árvores presentes na amostra.

DR - Densidade Relativa
DA
𝐷𝑅 = ∗ 100
DTA
Em que: DA= densidade absoluta; DTA= densidade absoluta total (densidade de todas as espécies na amostra).

DoA - Dominância Absoluta


Gi ∗ 10000
𝐷𝑜𝐴 =
1400
Em que: Gi= área basal por hectare da i-esima espécie.

DoR - Dominância Relativa


DoA
𝐷𝑜𝑅 =
∗ 100
DoT
Em que: DoA= dominância absoluta; DoT= dominância Absoluta total (dominância de todas as espécies na
amostra).

FA - Frequência Absoluta
ui
𝐹𝐴 = ∗ 100
ut
Em que: ui= número de parcelas em que a espécie ocorre; ut= número de parcelas totais.

FR - Frequência Relativa
FA
𝐹𝑅 = ∗ 100
∑FA
Em que: FA= frequência absoluta; ∑FA= somatório da frequência absoluta.

VC% - Valor de Cobertura


DR + DoR
𝑉𝐶% =
2
Em que: DR= densidade relativa; DoR= dominância relativa.

VI% - Valor de Importância;


DR + DoR + FR
𝑉𝐼% =
3

Os estimadores da dinâmica do remanescente no período de 2012 a 2017 foram avaliados pelas


seguintes expressões.

I% - Taxa de Ingresso
N° de árvores ingressas
𝐼% = ∗ 100
N
(2012)
ha
Em que: N/ha= número de árvores por hectare (para os anos de 2012 e 2017).

M% - Taxa de Mortalidade
N° de árvores mortas
𝑀% = ∗ 100
N/ha(2012)

344
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Em que: N/ha=número de árvores por hectare (para os anos de 2012 e 2017).

IMAD – Incremento Médio Anual – Diâmetro


DAP(2017) − DAP(2012)
𝐼𝑀𝐴𝐷 =
5
Em que: DAP=diâmetro à altura do peito.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em cinco anos verificou-se uma variação de 243 indivíduos por hectare, sendo que haviam 1.971
árvores/ha em 2012 e 2.214 árvores/ha em 2017. Os indivíduos identificados encontravam-se distribuídos no
ano do primeiro inventário (2012), em 14 gêneros pertencentes a 11 famílias botânicas, com uma espécie não
identificada. Em 2017, quando foi realizado o segundo inventário confirmou-se que as famílias permaneceram
constantes, tanto em quantidade, como em classificação. Porém, com o passar dos anos percebeu-se que alguns
fatores locais favoreceram a ocorrência de novos indivíduos, totalizando 16 gêneros, incluindo a espécie até
então não identificada, que, devido à disponibilidade de material vegetativo foi possível a identificação em
2017.
As famílias com maior riqueza de espécies são Dicksoniaceae (133), Lauraceae (56), Myrtaceae (42),
Aquifoliaceae (36), Araucariaceae (16), Rosaceae (15), Winteraceae (14), Cunoniaceae (6), Primulaceae (3),
Solanaceae (2) e Styracaceae (2). Dicksoniaceae aparece com grande ocorrência de indivíduos devido à
proximidade do transecto um ao riacho, visto que o Xaxim (Dicksonia sellowiana Hook.), ocorre principalmente
em lugares úmidos e com pouca incidência de raios solares. É importante ressaltar que, a ocorrência das
espécies na área estudada está fortemente associada à presença do Pinheiro do Paraná, pois esta protege o
crescimento dos demais indivíduos, pertencentes a famílias geralmente basais. Os resultados fitossociológicos
para os parâmetros podem ser observados nas Tabelas 1 e 2.
Pode-se observar que as 5 espécies com maior densidade absoluta para 2012 e 2017, respectivamente,
foram Dicksonia sellowiana (871 e 950 indivíduos), Cinnamomum amoenum (186 e 200 indivíduos), Ilex
paraguariensis (150 e 257 indivíduos), Myrceugenia euosma (164 e 186 indivíduos) e Araucaria angustifolia
(114 indivíduos). O Pinheiro Brasileiro, embora sendo a única espécie comum e de grande porte, que ocupa o
dossel superior, na área de estudo, não se apresenta de forma contínua e, portanto, não promove o
sombreamento completo do sub-bosque, possibilitando que a maior incidência de raios solares favoreça o
surgimento de espécies pioneiras. Já Dicksonia sellowiana, que apresentou o primeiro maior VI para ambos os
anos inventariados, demonstrou ser abundante, pois aloca-se em locais mais úmidos, situados, muitas vezes,
somente na encosta sul das florestas. As condições de maior umidade para o crescimento e desenvolvimento de
populações de Dicksonia sellowiana indica que a espécie cresce em locais pantanosos (alta umidade), próximo a
riachos e em encostas íngremes de face sul (menor insolação) (HIGUCHI, et al. 2013).
O incremento médio anual do remanescente foi de 0,22 cm por ano, apresentando dinâmica no período
de 2012 a 2017 com valores para taxa de ingresso de 2,68% e taxa de mortalidade de 1,23%. Contabilizando em
âmbito de indivíduos/ha, em cinco anos ingressaram e morreram 264 e 121 árvores, respectivamente.
O crescimento em diâmetro constatado nesse intervalo indica a influência da maior taxa de ingresso em
relação a taxa de mortalidade. O que pode ser analisado nas Tabelas 1 e 2, confirmando que a dinâmica do
fragmento ainda oferece condições favoráveis para o desenvolvimento dos indivíduos.

TABELA1: Parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal para o ano de 2012.


TABLE 1: Phytosociological parameters of the horizontal structure for the year 2012.
Espécie Ui DA DR DoA DoR FA FR VC % VI %
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze 3 114,3 5,8 4,7 6,2 42,9 5,6 6,0 5,8
Cinnamomum amoenum (Nees)
Kosterm. 6 185,7 9,4 9,2 12,2 85,7 11,1 10,8 10,9
Dicksonia sellowiana Hook. 6 871,4 44,2 49,0 65,0 85,7 11,1 54,6 40,1
Drimys angustifolia Miers 2 100,0 5,1 0,8 1,0 28,6 3,7 3,0 3,3
Eugenia hiemalis Cambess. 1 7,1 0,4 0,0 0,1 14,3 1,9 0,2 0,8
Ilex paraguariensis A. St.-Hil. 6 150,0 7,6 1,4 1,9 85,7 11,1 4,7 6,9
Myrceugenia euosma (O. Berg) D.
Legrand 4 164,3 8,3 3,2 4,3 57,1 7,4 6,3 6,7
Myrceugenia myrcioides (Cambess.) O.
Berg 1 7,1 0,4 0,2 0,2 14,3 1,9 0,3 0,8

345
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Espécie Ui DA DR DoA DoR FA FR VC % VI %


Myrcia laruotteana Cambess 2 14,3 0,7 0,1 0,1 28,6 3,7 0,4 1,5
Myrcia palustris DC. 4 92,9 4,7 1,0 1,4 57,1 7,4 3,0 4,5
Myrsine coriaceae (Sw.) R.Br. 3 21,4 1,1 0,3 0,3 42,9 5,6 0,7 2,3
N.I. 1 7,1 0,4 0,0 0,0 14,3 1,9 0,2 0,7
Ocotea pulchella (Nees) Mez 4 50,0 2,5 0,8 1,0 57,1 7,4 1,8 3,6
Persea willdenovii Kosterm. 3 35,7 1,8 1,0 1,4 42,9 5,6 1,6 2,9
Prunus myrtifolia (L.) Urb. 5 100,0 5,1 1,4 1,8 71,4 9,3 3,4 5,4
Styrax leprosus Hook. & Arn. 1 7,1 0,4 0,0 0,0 14,3 1,9 0,2 0,7
Weinmannia paulliniifolia Pohl ex Ser. 2 42,9 2,2 2,4 3,2 28,6 3,7 2,7 3,0
Total 7 1971 100,0 75,4 100,0 771,4 100,0 100,0 100,0
Em que: ui= Número de parcelas em que a espécie ocorre; DA= Densidade absoluta; DR= Densidade Relativa;
DoA= Dominância Absoluta; DoR= Dominância Relativa; FA= Frequência Absoluta; FR= Frequência Relativa;
VC= Valor de Cobertura; VI= Valor de Importância.

TABELA 2: Parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal para o ano de 2017.


TABLE 2: Phytosociological parameters of the horizontal structure for the year 2017.
Espécie ui DA DR DoA DoR FA FR VC% VI%
Araucaria angustifolia (Bertol.)
Kuntze 3 114,3 5,2 4,9 5,8 42,9 5,5 5,5 5,5
Cinnamomum amoenum (Nees)
Kosterm. 6 200,0 9,0 9,5 11,3 85,7 10,9 10,1 10,4
Dicksonia sellowiana Hook. 6 950,0 42,9 56,7 67,1 85,7 10,9 55,0 40,3
Drimys angustifolia Miers 2 100,0 4,5 1,1 1,3 28,6 3,6 2,9 3,2
Eugenia hiemalis Cambess. 1 7,1 0,3 0,03 0,03 14,3 1,8 0,2 0,7
Ilex paraguariensis A. St.-Hil. 6 257,1 11,6 2,8 3,3 85,7 10,9 7,5 8,6
Myrceugenia euosma (O. Berg) D.
Legrand 4 185,7 8,4 2,5 2,9 57,1 7,3 5,7 6,2
Myrceugenia myrcioides (Cambess.)
O. Berg 1 7,1 0,3 0,2 0,2 14,3 1,8 0,3 0,8
Myrcia palustris DC. 4 92,9 4,2 0,4 0,5 57,1 7,3 2,4 4,0
Myrsine coriaceae (Sw.) R.Br. 3 21,4 1,0 0,4 0,5 42,9 5,5 0,7 2,3
Myrrhinium atropurpureum Schott 1 7,1 0,3 0,0 0,02 14,3 1,8 0,2 0,7
Ocotea porosa (Nees) Barroso 1 7,1 0,3 0,0 0,03 14,3 1,8 0,2 0,7
Ocotea pulchella (Nees) Mez 4 50,0 2,3 0,7 0,8 57,1 7,3 1,5 3,5
Persea willdenovii Kosterm. 3 35,7 1,6 1,1 1,3 42,9 5,5 1,5 2,8
Prunus myrtifolia (L.) Urb. 5 107,1 4,8 1,1 1,3 71,4 9,1 3,1 5,1
Solanum mauritianum Scop. 1 7,1 0,3 0,03 0,03 14,3 1,8 0,2 0,7
Solanum santacatarine Dunal 1 7,1 0,3 0,02 0,02 14,3 1,8 0,2 0,7
Styrax leprosus Hook. & Arn. 1 14,3 0,6 0,1 0,1 14,3 1,8 0,4 0,8
Weinmannia paulliniifolia Pohl ex Ser. 2 42,9 1,9 2,9 3,5 28,6 3,6 2,7 3,0
total 7 2214,3 100,0 84,5 100,0 785,7 100,0 100,0 100,0

CONCLUSÕES

Considerando os resultados obtidos sobre a estrutura do fragmento florestal de Floresta Ombrófila Mista
Alto- Montana, conclui-se que a espécie Dicksonia sellowiana é considerada, de acordo com os índices
fitossociológicos da estrutura horizontal como a espécie mais importante ecologicamente. Seguida das espécies
Cinnamomum amoenum, Ilex paraguariensis, Myrceugenia euosma e Araucaria angustifolia. Vale ressaltar que
a grande importância do xaxim se deve a presença de água e as condições edafoclimáticas do local, sendo
essencial sua preservação, visto que a espécie se enquadra dentre as ameaçadas de extinção. E, comparando o
percentual de ingresso, que é maior que o percentual de mortalidade, indica que a floresta se encontra
estruturada, com uma boa quantidade de regenerantes.

346
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIGUEIREDO FILHO, A.; DIAS, A. N.; STEPKA, T. F.; SAWCZUK, A. R. Crescimento, mortalidade,
ingresso e distribuição diamétrica em Floresta Ombrófila Mista. Floresta, Curitiba, PR, v. 40, n. 4, p. 763-776,
out. /dez. 2010.
HIGUCHI, P.; SILVA, A. C.; ALMEIDA, J. A.; BORTOLUZZI, R. L. C.; MANTOVANI, A.; FERREIRA, T.
S.; SOUZA, S. T.; GOMES, J. P.; SILVA, K. M. Florística e estrutura do componente arbóreo e análise
ambiental de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Alto- Montana no município de Painel, SC. 2013. 11
f. Ciência Florestal - UFSM, Santa Maria, 2013. 23.
IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, 1992. 92 p. (Série: Manuais técnicos em geociências n.1).
MEDEIROS, J. D.; SAVI, M.; BRITO, B. F. A. Seleção de áreas para criação de Unidades de Conservação
na Floresta Ombrófila Mista. Biotemas, Florianópolis, v.18, n.2. p.33-50, 2005.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado de Coordenação Geral e Planejamento. Subsecretaria de Estudos
Geográficos e Estatísticos. Atlas Escolar de Santa Catarina. Rio de Janeiro: Aerofoto Cruzeiro, 1986. 36 p.
VIBRANS, A.C.; SEVEGNANI, L.; GASPER, A.L. LINGNER, D.V. Floresta Ombrófila Mista. Vol. 3.
Edifurb, Blumenau. 2013. 440p.

347
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FUNÇÃO WEIBULL APLICADA NAS DISTRIBUIÇÕES DIAMÉTRICAS DE FLORESTAS
ADENSADAS DE Eucalyptus EM DIFERENTES DOSES DE ADUBAÇÃO

WEIBULL FUNCTION APPLIED IN DIAMETRIC DISTRIBUTIONS OF Eucalyptus HIGH DENSITY


PLANTATIONS IN DIFFERENT FERTILIZING LEVELS

Humberto de Jesus Eufrade-Junior1 Adriano Wagner Ballarin Saulo Philipe Sebastião Guerra

RESUMO

A função Weibull dois-parâmetros foi utilizada para estudar a distribuição diamétrica de sistemas florestais de
curta rotação de Eucalyptus urophylla × Eucalyptus grandis com alta densidade de plantio (7142 árvores ha-1) e
três diferentes doses de adubação. A qualidade do ajuste foi avaliada por meio do teste de aderência
Kolmogorov- Smirnov ao nível de 5% de probabilidade e pelo índice de ajustamento. Para as florestas
estudadas, a função apresentou concordância entre as distribuições observadas e estimadas, sendo que o índice
de ajustamento foi maior de 90% em todos os tratamentos. Desta forma, a função Weibull se ajustou bem a
distribuição de diâmetros das florestas adensadas. Houve uma tendência de achatamento das curvas de
distribuição com o aumento da adubação de plantio.
Palavras-chave: função densidade de probabilidade; diâmetro à altura do peito; sistemas florestais de curta
rotação.

ABSTRACT

Weibull-2P function was used to study the diameter distribution of short rotation forest systems of Eucalyptus
urophylla × Eucalyptus grandis with high planting density (7142 trees ha-1) and three different fertilization
levels. The fit quality was assessed using the Kolmogorov-Smirnov test at the 5% probability level and the
adjustment index. For the studied forests, the Weibull function showed agreement between observed and
estimated distributions, with adjustment index above 90% for all treatments. Hence, the Weibull function fitted
well the diameter distribution of high-density plantation. There was a trend of flattening of the distribution
curves with the increase of the fertilization level.
Keywords: probability density function; diameter at breast height; short rotation coppice.

INTRODUÇÃO

Os sistemas florestais de curta rotação são povoamentos com alta densidade de plantio e doses de
adubação, e menores ciclos de corte (dois a três anos). A biomassa produzida nesses sistemas é convertida em
cavaco e direcionada para queima direta em caldeiras ou processada na forma de briquetes e pellets
(EUFRADE-JUNIOR et al., 2016, GUERRA et al., 2014). No Brasil, as pesquisas conduzidas com esse manejo
têm alcançado altas produtividades, principalmente com as espécies de Eucalyptus, além disso a floresta pode
ser conduzida em talhadia por pelo menos duas rotações (GARCIA et al., 2016; LEMOS et al., 2015, MELO,
2016).
A distribuição de diâmetros de florestas plantadas equiâneas geralmente é unimodal, de forma que as
maiores frequências se concentram nos valores médios e as menores nos valores extremos (PRODAN, 1968). A
distribuição normal é amplamente difundida e ajustada para esses casos. A análise da coleção de diâmetros de
uma floresta permite estimar o número de árvores por hectare para cada classe de diâmetro e permite a obtenção
de informações mais detalhadas sobre a estrutura do povoamento (CLUTTER et al., 1983).
O aumento da densidade de plantio favorece a um ambiente com intensa competição entre as árvores
(BERNARDO et al., 1998). Segundo Sartório (2014), o adensamento resulta em povoamentos com grande
número de árvores de pequenas dimensões, com grande variação entre indivíduos, maior número de árvores
dominadas e elevada taxa de mortalidade. Essa condição tem efeito direto na distribuição de diâmetros e os
últimos trabalhos conduzidos nessas condições têm demonstrado que a frequência dos diâmetros não segue uma
normalidade (MELO, 2016).

Engenheiro Florestal, Doutorando em Ciência Florestal, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Faculdade de Ciências
1

Agronômicas - FCA, Avenida Universitária, 3780, CEP:18610-034, Botucatu (SP), Brasil. E-mail: hdjejunior@gmail.com

348
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Desta forma, o objetivo principal do estudo foi avaliar a qualidade do ajuste da função densidade de
probabilidade Weibull dois parâmetros (Weibull 2P) na distribuição diamétrica de florestas de curta rotação de
eucalipto com alta densidade de plantio e em diferentes doses de adubação.

MATERIAL E MÉTODOS

Área experimental e coleta dos dados


O experimento foi implantado no município de Botucatu, estado de São Paulo, situado na longitude
48º26’42” W e latitude 22º53’09” S a 872m de altitude, precipitação média de 1428 mm ano-1 e temperatura
média anual de 20°C. A classe de solo do local foi identificada como Latossolo Vermelho Amarelo. Para este
estudo, foram utilizados clones híbridos de Eucalyptus urophylla × Eucalyptus grandis (clone C219) com 24
meses de idade. Eles foram plantados no espaçamento 2,8 m × 0,5 m (7142 árvores ha-1) em três doses
diferentes de adubação, sendo a Dose 1 e Dose 2 equivalentes a 25% e 50% da Dose 3, respectivamente. Na
Tabela 1 está detalhada o regime de adubação.

TABELA 1. Descrição dos regimes de adubação.


TABLE 1. Description of fertilizer regimes.
Dose 1 Dose 2 Dose 3
Fertilizantes Dias após plantio
g planta-1
NPK (6-30-10) 0 35,0 70 140
NPK (19-00-19) + B (0.7%) e Zn (3%) 180 27,5 55 110
NPK (19-00-19) + B (0.7%) e Zn (3%) 360 27,5 55 110

Foi aberta uma parcela central de 450m² para cada tratamento e foram medidos todos os diâmetros à
altura do peito (DAP) das árvores, respectivamente 252, 263 e 226 observações para os tratamentos com Doses
1, 2 e 3. As mesmas foram divididas em dez classes de diâmetro de acordo com a fórmula de Sturges.

Modelo de distribuição diamétrica


Após teste de Shapiro-Wilk (p<0,05), constatou-se que os dados não seguiam uma distribuição normal,
desta forma, optou-se por realizar o ajuste da função de densidade de probabilidade Weibull dois parâmetros -
Weibull 2P (BAILEY; DELL, 1973) para os diâmetros das árvores (Equação 1). O ajuste foi realizado por meio
da função Fitdistr do pacote ‘fitdistrplus’ no ambiente do software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM,
2013), estimando os parâmetros das funções pelo método da máxima verossimilhança.
𝑥 𝑐
𝑐 𝑥 𝑐−1 −( )
𝑓(𝑥) = ( ) 𝑒 𝑏 para 𝑥≥0, 𝑏>0, 𝑐>0 (1)
𝑏 𝑏
Em que: 𝑓(𝑥) - função de densidade da variável 𝑥; 𝑥- diâmetro do centro de classe; 𝑏 – parâmetro de
escala, 𝑐 – parâmetro de forma.

Qualidade do ajuste da função densidade de probabilidade


A qualidade do ajuste foi avaliada por meio da determinação do índice de ajustamento (IA) e pelo teste
de Kolmogorov-Smirnov (K-S) ao nível de 5% de probabilidade.
O teste de aderência K-S refere-se ao grau de concordância entre uma distribuição observada e uma
distribuição teórica esperada (JORGE et al., 1990). Desta forma, computou-se a maior diferença, comparando-se
as frequências acumuladas em cada classe, das distribuições estimada e esperada de acordo com a Equação 2.
𝐷 = 𝑚𝑎𝑥 |𝑓𝑜і (𝑥) − 𝑓𝑒і (𝑥)| (2)
Em que: 𝐷 - É o ponto de máxima divergência entre as frequências; 𝑚𝑎𝑥 - Maior diferença entre o valor
observado e o estimado; 𝑥- diâmetro do centro de classe; 𝐹𝑜 - Frequência observada acumulada para cada classe
i; 𝐹𝑒 - Frequência teórica esperada acumulada para cada classe i.

O índice de ajustamento (IA) da distribuição foi obtido pela Equação 3, valores maiores que 90% são
considerados satisfatórios (JORGE, 2013).
∑𝑛
𝑖=1(𝛾𝑖 −𝛾
̂і )²
𝐼𝐴 = 100 [1 − ∑𝑛
] (3)
𝑖=1(𝛾і −𝛾
̅і )²
Em que: IA= índice de ajustamento; ; 𝛾𝑖 –Frequência observada na classe i; 𝛾̂і – Frequência teórica
esperada na classe i; 𝛾̅і – frequência média entre nas n classes.

349
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 2 apresenta os estimadores e estatísticas da função Weibull-2P para as florestas adensadas de


eucalipto aos dois anos de idade com o aumento da adubação.

TABELA 2. Estimadores e estatísticas da distribuição de Weibull de dois parâmetros para florestas adensadas
de eucalipto com três doses de adubação e dois anos de idade.
TABLE 2. Estimators and statistics of the Weibull distribution of two parameters for densified eucalypt forests
with three doses of fertilization and two years of age.
Estimadores Weibull-2P Teste de Kolmogorov-Smirnov Índice de ajustamento
Dose
forma escala D calculado D tabelado (0,05) (%)
1 5,612809 6,280483 0,0295 0,0857 98,4
2 3,592671 6,169191 0,0422 0,0839 91,7
3 4,781312 7,154537 0,0481 0,0905 90,6

Considerando o teste de K-S, nota-se que para todas as doses de adubação, a maior diferença em termos
absolutos (D calculado) é sempre menor que os respectivos valores críticos (D tabelado) a um nível de 5 %,
desta forma permite-se aceitar a hipótese de que há concordância entre as distribuições observadas e estimadas,
ou seja, a função Weibull teve aderência a distribuição dos diâmetros (Figura 1). Houve também um bom ajuste
da distribuição teórica esperada em relação às observadas para todos os tratamentos (IA>90%), destaque para a
Dose 1 com o índice de ajustamento maior que 98%.

FIGURA 1. Distribuições diamétricas de Wiebull para florestas adensadas de Eucalyptus grandis × E.


urophylla em três doses de adubação (100%, 50% e 25% da dose comercial) aos 24 meses de idade.
FIGURE 1. Wiebull diametric distributions for Eucalyptus grandis × E. urophylla densified forests at three
levels of fertilization (100%, 50% and 25% of the commercial dose) at 24-month old.

350
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
As distribuições estimadas apresentam um achatamento (curtose) com o aumento da adubação, o que
caracteriza um comportamento platicúrtico (Figura 2). Desta forma, houve uma transição das árvores para as
classes de maiores diâmetros em reposta ao regime de fertilização, sendo que os maiores diâmetros foram
apenas observados na Dose 3, fato corroborado com suas respectivas médias aritméticas, 6,3 cm (Dose 3),
5,6 cm (Dose 2) e 5,8 cm (Dose 1). Oliveira Neto et al. (2010) estudando florestas convencionais de Eucalyptus
camaldulensis aos 32 meses de idade, também constatou que a estimativa da distribuição diamétrica variou em
função dos níveis de adubação.
Ainda considerando as distribuições de diâmetros dos tratamentos, nota-se uma assimetria com o
aumento da fertilização o que pode ter induzido uma maior competição entre as árvores. Isso também refletiu a
diminuição qualidade do ajuste, mesmo que satisfatória, da função Weibull-2P.

FIGURA 2. Distribuição diamétrica estimada pela função Weibull 2P de florestas adensadas de Eucalyptus
grandis × E. urophylla em diferentes doses de adubação aos dois anos de idade.
FIGURE 2. Diameter distributions estimated by the Weibull 2P function of Eucalyptus grandis × E. urophylla
in different levels of fertilization at 24-month old.

CONCLUSÕES

A função densidade de probabilidade Weibull-2P se ajustou bem as distribuições diamétricas de


povoamentos adensados de Eucalyptus urophylla × Eucalyptus grandis em diferentes doses de adubação aos 24
meses de idade.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/UNESP), ao Instituto de Pesquisa


em Bioenergia (IPBEN), ao Laboratório Agroflorestal de Biomassa e Bioenergia (LABB) e ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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352
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FUNÇÕES DE AFILAMENTO E SORTIMENTO DE MADEIRA DE Pinus elliottii Engelm NA
REGIÃO LITORÂNEA DO RS

FUNCTIONS OF TAPER AND WOOD ASSORTMENT OF Pinus elliottii Engelm IN THE LITORÀNEA
REGION OF RS

João Filipe Monschau de Oliveira1 Fabiano de Oliveira Fortes Ricardo Neirmaier Bilheri
Francieli de Fátima Missio Junior Oliveira Mendes Camila Andrejeski

RESUMO

O presente trabalho testou diferentes funções de afilamento para sortir o perfil do fuste de árvores de Pinus
elliottii Engelm em uma população na propriedade da empresa Trevo Florestal LTDA, em Rio Grande/RS, para
determinar o melhor modelo de estimativas de diâmetros em alturas relativas comerciais. Foram utilizados
quatro modelos de polinômios de até quinto grau. Para a aplicação dos modelos na descrição do perfil dos fustes
das árvores, foram cubadas 49 árvores do total de 275 indivíduos amostrados, com medições de diâmetro e
alturas comerciais ao longo do fuste, medições que objetivaram testar a precisão das estimativas de diâmetro dos
modelos em relação ao diâmetro observado, utilizando-se da análise de resíduos para aferir a precisão do
diâmetro estimado nas alturas comerciais. As 226 árvores utilizadas na aplicação do sortimento, tiverem seu
DAP e altura total medidas, classificando-as em classes de diâmetro na abrangência dos diâmetros existentes na
população. As árvores foram subdivididas em sete classes de diâmetro, onde foi conhecida a árvore média de
cada classe, que foi estratificada pela melhor função de afilamento testada, sendo essa estratificação em
referência as duas classes de sortimentos estabelecidas. Classe de toras Tipo 1, que foi subdividida em três
padrões de qualidade (Tora Grossa, Média e Fina) e também uma classe de toras de segunda linha, denominada
Tipo 2. Entre os modelos testados, o polinômio de quinto grau foi o melhor, segundo os critérios dos parâmetros
estatísticos: R² ajust, Syx (%), F, Resíduo e Valor-P.
Palavras-chave: DAP; Sortimento; Fuste.
ABSTRACT

The present work tested different tapering functions to determine the profile of the Pinus elliottii Engelm in a
population on company property Trevo Florestal LTDA, in Rio Grande/RS, to determine the best model of
diameters estimates at commercial relative heights. Four models of polynomials up to the fifth grade were used.
For the application of the models in the description of the profile of the tree trunks, 49 trees from the total of
275 individuals sampled were sampled, with measurements of diameter and commercial heights along the bole,
measurements that were aimed to test the accuracy of the diameter estimates of the models in with respect to the
observed diameter, using the residue analysis to measure the accuracy of the estimated diameter at commercial
heights. The 226 trees used in the assortment application had their DBH and total height measured, classifying
them into diameter classes within the range of diameters in the population. The trees were subdivided into seven
diameter classes, where the average tree of each class was known, which was esterified by the best tapering
function tested, this stratification being referred to the two classes of assortments established. Class of logs Type
1, which was subdivided into three quality standards (Thick, Medium and Thin Tora) and also a class of second
row logs, called Type 2. Among the models tested, the fifth degree polynomial was the best, according to the
criteria of the statistical parameters: R² ajust, Syx (%), F, Residue and P-Value.
Keywords: DBH; Assortment; Bole.

INTRODUÇÃO

O gênero Pinus e muito utilizado no sul do Brasil em plantios florestais, especialmente a variedade
Pinus elliottii Engelm segundo Drescher et al. (1999) a espécie é de extrema importância para o setor madeireiro
da região devido a seu rápido desenvolvimento, boa forma e qualidade da madeira. Por estas características de
interesse silvicultural, sua madeira é importante como matéria-prima base no abastecimento de vários setores da
indústria, que a beneficia em diversos produtos como o papel e a celulose, laminados e serrarias, devido à
facilidade de produção e preço mais acessível em relação a outras espécies utilizadas na silvicultura, para fins
madeireiros.

1
Estudante de Graduação em Engenharia Florestal. Cetro de Ciências Rurais. Universidade Federal de Santa
Maria. CEP: 97105-900. Santa Maria (RS), Brasil. E-mail: filipemonschau@hotmail.com
353
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Para atender essas demandas os inventários florestais precisam ser metodologicamente mais específicos,
criteriosos e eficientes, fornecendo resultados quantitativos por área o mais próximo possível do real,
permitindo avaliar os sortimentos que podem ser obtidos da floresta, visando melhorar o planejamento do
manejo dos plantios florestais, onde conforme Yoshitani et al. (2012) a precisão da avaliação quantitativa de
estoques florestais é de fundamental importância no sentido de direcionar a matéria-prima para diferentes usos.
Uma forma prática e eficaz de quantificar os multiprodutos para diferentes usos da madeira de Pinus
elliotti, utilizando variáveis dendrométricas de forma e crescimento, são as equações de afilamento ou taper, que
descrevem matematicamente a tendência natural da diminuição do diâmetro pelo aumento da altura no perfil
longitudinal do fuste. Segundo Machado et al. (2004) de maneira mais restrita, a forma do fuste pode ser
associada ao termo afilamento, que apresenta diminuição do diâmetro com o aumento da altura, tendência
natural que ocorre na maioria das espécies e como tal pode ser expressa por uma função matemática que
descreva a tendência dessa variação.
Em estudo realizado por Kozak et al. (1969 apud Leite et al., 2006) os modelos de afilamento são
relações funcionais que permitem descrever o perfil longitudinal de um tronco. São funções consideradas
dinâmicas, porque possibilitam a estimativa do diâmetro (di) de dada altura (hi), como também servem para
determinar os sortimentos, além de estudar a evolução da forma da árvore ao longo de sua vida.
Pelo seu dinamismo de aplicação, as funções de afilamento são ferramentas muito interessantes para
atender padronizações dendrométricas de produtos como os demandados pela indústria das serrarias, por
possibilitar estimar diâmetros mínimos ao longo do fuste em dadas alturas relativas. Estas características
facilitam o estabelecimento de sortimentos de madeira pelo conhecimento prévio obtido através do inventário da
floresta, por classes de diâmetro.
Queiroz et al. (2008) descreve que, o emprego de funções de afilamento no setor florestal tem
proporcionado uma otimização dos recursos florestais. Essas funções, devido à sua flexibilidade, possibilitam
uma estratificação, ou seja, quantificação dos múltiplos produtos existentes através de dimensões requeridas
pela indústria.
A aplicabilidade das funções de afilamento consiste em descrever o perfil médio do fuste das árvores,
sendo essa descrição realizada pela cubagem rigorosa de indivíduos que abranjam todas as classes de diâmetros
da população, para conhecimento dos diâmetros em alturas relativas de toda a amostra, que posteriormente serão
utilizadas como base para obtenção dos parâmetros do modelo de regressão.
Desta forma o inventário torna-se eficiente na quantificação econômica de madeira, pois pode-se
estratificar o fuste médio nas classes de diâmetro presentes na floresta, com intuito de conhecer quantas secções
(toras) por classe existe no estoque total. Assim quantificando o número de toras em classes de diâmetro, pode-
se atribuir valores econômicos para as diferentes classes de sortimento, influenciados pela qualidade da madeira
e pelo diâmetro mínimo de bitola das toras, conforme Machado et al. (2004) quanto maior o diâmetro e
comprimento, maiores as dimensões das peças resultantes e consequentemente maior é o preço de retorno.
Assim sendo, o presente trabalho teve como objetivo testar a precisão de funções de afilamento para
descrever o perfil médio do fuste das árvores e realizar um sortimento de toras de Pinus elliottii em uma
população na propriedade da empresa Trevo Florestal LTDA, no município de Rio Grande, estado do Rio
Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizada em propriedade da empresa Trevo Florestal LTDA, que detém uma área de 12
mil ha, nos limites da Reserva Ecológica do Taim e do Oceano Atlântico, situada entre os municípios de Rio
Grande e Santa Vitoria do Palmar, na região sul do Rio Grande Do Sul, entre a latitude 32°4’33’’S e a longitude
52°34’28’’W.
Foram coletados dados de diâmetros (di) e alturas relativas (hi) pela cubagem do fuste de 49 árvores das
275 árvores amostradas de Pinus elliotti na área de estudo, sendo usado o método relativo de Hohenadl. A
cubagem pelo método foi aplicada até a intersecção do fuste entre a altura comercial e o início da copa das
árvores, se estabelecendo as medidas em nove posições, sendo na altura do toco a 0,10 metros, no DAP
(diâmetro na altura do peito) a 1,30 metros e nas secções a 10 %, 20 %, 30 %, 40 %, 50 %, 60 %, 70 % da altura
total.
Tais medições dendrométricas tiveram objetivo de aferir a precisão do diâmetro estimado pelas
equações de afilamento em relação ao observado na cubagem, e descrever a tendência de crescimento dos fustes
por curvas angulares por meio de regressão linear dos modelos testados, sendo escolhidos quatro modelos para
as estimativas, modelos representados na Tabela 1.

354
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1. Modelos de função de afilamento testados para a estimativa dos diâmetros.
TABLE 1. Models of taper functions tested for diameters estimation.

Modelo Função Autor

hi ℎ𝑖 2 ℎ𝑖 3
1 𝑑̂ = 𝑑𝑎𝑝 ∗ 𝛽0 + 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( ) + 𝛽3 ( ) Polinomio de 3°
𝐻𝑡 𝐻𝑡 𝐻𝑡

hi ℎ𝑖 2 ℎ𝑖 3 ℎ𝑖 4 ℎ𝑖 5
2 𝑑̂ = 𝑑𝑎𝑝 ∗ 𝛽0 + 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( ) + 𝛽3 ( ) + 𝛽4 ( ) + 𝛽5 ( ) Schöpfer (1966)
𝐻𝑡 𝐻𝑡 𝐻𝑡 𝐻𝑡 𝐻𝑡

3 hi ℎ𝑖 2 Kozak et al. (1969)


𝑑̂ = 𝑑𝑎𝑝 ∗ √ 𝛽0 + 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( )
𝐻𝑡 𝐻𝑡

ℎ𝑖
4 𝑑̂ = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 ( ) Munro (1966)
𝐻𝑡 − 1,3

Sendo: 𝑑̂ = diâmetro estimado; dap = diâmetro á altura do peito; hi = alturas nas secções; Ht = altura total; 1,3 =
altura no dap; 𝛽0 , 𝛽1 , 𝛽2 , 𝛽3 , 𝛽4 , 𝛽5, = coeficientes da equação.

A precisão dos modelos selecionados foi observada pela análise dos parâmetros estatísticos R² ajust.,
Syx (%), F, Resíduo e Valor-P de cada função de afilamento. Os coeficientes das regressões das funções de
afilamento, parâmetros estatísticos e gráficos foram gerados através do pacote Microsoft Excel 2013.
O Valor- p foi utilizado para observar o nível de significância das variáveis dendrométricas utilizadas
como parâmetros na regressão linear, usados para gerar os coeficientes de cada modelo de função de afilamento
que foi testado nas estimativas de diâmetro.
A análise da distribuição dos resíduos dos diâmetros observados menos os estimados, foi realizado nas
seis primeiras secções de 2,9 metros (Toras) das árvores cubadas. O modelo de função de afilamento mais
preciso foi definido pela menor soma dos escores atribuídos em ranqueamento decrescente dos parâmetros
estatísticos R² ajust, Syx (%) e F de cada função. Os parâmetros Resíduo e Valor-P serviram para análises
complementares das estatísticas.
As 226 árvores amostras de Pinus elliottii para a finalidade de sortimento, foram agrupadas em sete
classes de diâmetros com amplitudes próximas, sendo conhecida a árvore média de cada classe, para
organização da estratificação do número de secções (toras) de 2,9 metros com a melhor função de afilamento
que descreve o perfil longitudinal do fuste das árvores A estratificação foi em relação a duas classes de
sortimentos, denominadas Toras Tipo 1 e 2.
O sortimento de Tipo 1 compreende ao comprimento longitudinal do fuste até a intersecção com a copa,
se obtendo nessa porção da altura total toras sem nós aparentes e tortuosidade, classificando em três padrões de
qualidade de produtos, Toras Grossas (40 cm >), Toras Médias (30 cm – 40 cm) e Toras Finas (20 cm - 29 cm).
O Tipo 2 são produtos de segunda linha, onde são aproveitados na classe todas as toras do sortimento Tipo 1
que apresentaram inadequações de forma e os diâmetros localizados na área do fuste até o limite de 16
centímetros de diâmetro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

TABELA 2. Análise dos parâmetros estatísticos para ranqueamento das funções de afilamento.
TABLE 2. Analysis of the statistical parameters for grading of the taper functions.
Autor Coeficientes Valor-P R²ajust. Syx (%) F Escore

𝛽0 1,0790 0,0000
Polinômio de 𝛽1 -1,1610 0,0000
0,8428² 6,12² 785,7³ 7
3° 𝛽2 1,9688 0,0000
𝛽3 -1,7650 0,0000

1,1038 0,0000
𝛽0
-2,3539 0,0000
𝛽1
11,6711 0,0000
Schöpfer 𝛽2 0,8518¹ 5,94¹ 505,5⁴ 6
-30,0394 0,0000
𝛽3
33,9336 0,0015
𝛽4
-14,2386 0,0081

355
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
𝛽5

𝛽0 1,057 0,0000
Kozak et al. 𝛽1 -0,6304 0,0000 0,8306³ 6,35³ 1077,3² 8
𝛽2 0,0406 0,5341

𝛽0 1,0487 0,0000
Munro 0,7714⁴ 7,4⁴ 1482,2¹ 9
𝛽1 -0,5462 0,0000
Sendo; Valor-P = significância dos coeficientes dos modelos; R² ajust. = coeficiente de determinacão ajustado;
Syx % = erro de padrão das estimativas em porcetagem; F = valor de F na análise de variância; Escore =
pontuação para ranqueamento do melhor modelo.

O melhor modelo testado nas 49 árvores cubadas, foi o polinômio de 5° de Schöpfer (1966), seguido
respectivamente pelo polinômio de 3° (Muller et al., 2005), polinômio de 2° de Kozak et al. (1969) e polinômio
de 1° de Munro (1966), (Tabela 2).
As estatísticas do ranqueamento realizado (Tabela 2) inferiram uma grande proximidade dos parâmetros
R² ajust. e Syx (%) nos modelos matemáticos testados ante o de Schöpfer que foi o melhor modelo, pois
demonstram uma tendência que a váriavel independente consegue explicar a dependente muito similar em todos
os testes, perante a variação da média dos diâmetros observados em relação aos estimados obtiveram
confiabilidades em relação ao erro também muito similares.
Segundo, Queiroz et al. (2008) essas estatísticas retratam valores médios, não fornecendo assim nenhum
indicativo do comportamento ao longo do fuste. O teste F indicou uma diferença na média da soma dos quadros
dos modelos em relação aos quadrados residuais em todos os modelos, sendo o valor de F significando a
variabilidade dos quadrados das médias dos parâmetros expressados por um modelo de regressão, onde o de
Schöpfer que foi o melhor não obteve o maior valor, podendo assim indicar que o modelo tem uma menor
variância na média sistematica dos quadrados na amplitude das suas observações.
A significância do valor-p e indicada por valores que mais se aproximem de zero, assim enquanto mais
próximo de zero e menor a chance do parâmetro ser influênciado pelo acaso e ter menor significância. Como
demonstrado com as variáveis Hi/Ht na quarta e quinta curva do modelo de Schöpfer, que tiveram uma menor
significância que as demais apróximações, e como na segunda curva de Kozak et al. onde as variáveis (Hi/Ht)²
após tais aproximações não obtiveram significancia na estimativa do diâmetro estimado, assim explicando o
melhor ajuste do modelo de Munro, que tem apenas uma curva angular, em relação a Kozak et al. (1969).
Pela análise de resíduos pode-se inferir que os modelos do polinômio de 3°e Munro também podem ser
usados pela proximidade das estimativas ante o modelo de Schöpfer nas secções. As estimativas tenderam a ter
estimativas mais próximas do observado nas porções inferiores do fuste, onde os modelos melhores ajustados
tendem a uma branda subestimação dos diâmetros, como os demonstrados nos residuos estimados menos os
observados na da terceira tora resultante das cubagens na Figura 1.

FIGURA 1. Resíduos do diâmetro observado (d) menos o estimado (di) da terceira tora.
FIGURE 1. Residues of the observed diameter (d) minus the estimated (di) of the third log.

Para a estratificação dos sortimentos de toras, as árvores foram descritas pela melhor função de
afilamento (Polinômio de 5°) através das estimativas de diâmetro nas alturas relativas de cada árvore pela
regressão linear, onde os parâmetros di/dap e hi/ht em referência a curva mestre estão descritos na Figura 2 a
seguir.
356
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2. Estimativas di/dap em referência as posições hi/ht do Polinomio de 5° de Schöpfer.


FIGURE 2. Estimates di/dap in reference to the hi/ht positions of the Schöpfer 5 ° Polynomial

As 226 do total de 275 árvores de Pinus elliotti amostradas com objetivo de estratificação dos fustes nas
classes de sortimento de toras pela equação de afilamento foram organizadas em sete classes de diâmetro,
(Tabela 3).

TABELA 3. Classes de diâmetro das Observações amostradas.


TABLE 3. Diameter classes of the Observations sampled.
Classes Intervalos de Diâmetro ̅
𝒅 ̅
𝒉 Observações
1 20 -25 23,4 25,4 6
2 25 - 30 27,6 26,5 22
3 30 - 35 32,3 27,5 41
4 35 - 40 37,7 28,1 68
5 40 - 45 42,0 28,5 47
6 45 - 50 47,0 28,9 33
7 50 > 51,4 33,8 9
∑ 226
̅
Onde: Classes = Intervalo das Classes de Diâmetro (cm); 𝑑̅= Diâmetro médio de classe; ℎ= Altura média de
classe (m); Observações = Número de árvores por classe de diâmetro.

A equação de Schöpfer foi aplicada nas árvores médias das classes de diâmetro e sortindo as mesmas de
acordo com a norma de classificação das toras Tipo 1 e 2. Definindo quantas toras de cada sortimento poderia
ser extraída da árvore média e as extrapolando para o número de observações, chegando por esta metodologia
no número de toras por classe de sortimento descritos na Tabela 4.

TABELA 4. Quantidade de toras por classe de diâmetros mínimos (cm) dos sortimentos.
TABLE 4. Quantity of logs per class of minimum diameters (cm) of assortments.
Tipo 1 Tipo 2 N°/ T
Classes
Toras Grossas 40 > Toras Médias 30 - 40 Toras Finas 20 - 29 Toras até 16 Classe
1 0 0 27 18 45
2 0 0 165 66 231
3 0 47 235 94 376
4 0 272 136 136 544
5 41 164 41 82 328
6 66 66 0 66 198
7 30 6 0 24 60
∑ 137 555 604 486 1782
% 7,7 31,1 33,9 27,3 100

357
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Onde: Toras Grossas, Médias e Finas = classes de diâmetros mínimos de Tora; Tipo 1 = toras com 2,9 metros,
sem de forminadades e nós; Tipo 2 = toras com 2,9 metros, com deformidades e nós até 16 cm, V°/T Classe =
Volume total de toras obtido por classe.

CONCLUSÃO

O melhor modelo de função de afilamento para estimar o perfil longitudinal do fuste de Pinus elliottii,
nos plantios com a espécie na propriedade da empresa Trevo Florestal LTDA, e o polinômio de 5° de Schöpfer,
contudo o polinômio de 3° e de 1° de Munro também tiveram bom ajuste e podem ser usados. O polinômio de
2° de Kozak et al. superestimou os diâmetros e não deve ser recomendado.
As estimativas dos modelos tenderam a ser mais próximas do observado nas porções inferiores do fuste,
onde os melhores modelos tendem a uma branda subestimação dos diâmetros. As classes de sortimento com
número de toras foram pela seguinte ordenação, Toras Finas > Toras Médias > Toras Grossas > Tipo 2. Com a
aferição do número de toras por classe de sortimento, pode-se atribuir um valor diferenciado para as seguintes
classes, levando em conta o valor agregado da madeira.

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Curitiba, v. 42, n. 1, p. 169 - 176, 2012.

358
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FUNÇÕES DE DENSIDADE DE PROBABILIDADE PARA A ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO
DIAMÉTRICA PARA Pinus spp. E Cupressus sp.

PROBABILITY DENSITY FUNCTIONS FOR THE ESTIMATION OF THE DIAMETRICAL


DISTRIBUTION IN Pinus spp. AND Cupressus sp.

Daniela Hoffmann1 Thiago Floriani Stepka Erica Barbosa Pereira de Souza Vinicius Chaussard Venturini
André Felipe Hess Geedre Adriano Borsoi

RESUMO

Este estudo teve por objetivo ajustar as distribuições Weibull 3 parâmetros, Weibull 2 parâmetros e Normal para
a descrição da estrutura diamétrica de povoamentos de Pinus spp. e Cupressus sp. As aderências dos dados
foram testadas utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnov. A área de estudo está localizada no município de
Cerro Negro, na região do planalto sul do estado de Santa Catarina e possui um total de 25 ha, divididos em 15
ha de Pinus taeda, 6 ha de Pinus elliottii, 3 ha de Pinus patula e 1 ha de Cupressus lusitanica. Os dados dos
diâmetros a altura do peito (DAP) foram agrupados em classes de diâmetro com amplitude variada entre as
espécies. As funções de densidade de probabilidade de Weibull e Normal foram aderentes a todas as espécies
com exceção do Pinus elliottii.
Palavras-chave: Weibull, distribuição Normal, Kolmogorov-Smirnov.

ABSTRACT

This study aimed to adjust the distributions Weibull 3 parameters, Weibull 2 parameters and Normal for the
description of the diametric structure of stands of Pinus spp. and Cupressus sp. Adhesions of the data were
tested using the Kolmogorov-Smirnov test. The study area is located in the municipality of Cerro Negro, in the
southern plateau region of the state of Santa Catarina and has a total of 25 ha, divided into 15 ha of Pinus taeda,
6 ha of Pinus elliottii, 3 ha of Pinus patula and 1 ha of Cupressus lusitanica. Data on breast height diameters
(DBH) were grouped into diameter classes with varying amplitudes between species. The probability density
functions of Weibull and Normal were adherent to all species with the exception of Pinus elliottii.
Keywords: Weibull, Normal distribution, Kolmogorov-Smirnov.

INTRODUÇÃO

Para otimizar a produção florestal e atender às exigências e necessidades do mercado consumidor, é


importante ter um bom conhecimento e planejamento das florestas por meio do controle de sua densidade. Para
tanto, pode ser utilizada a distribuição diamétrica, que permite estimar o número de árvores por hectare
existentes em cada classe de diâmetro (TEO et al, 2011).
A predição da estrutura diamétrica de povoamentos florestais é essencial para definir a quantidade de
produtos que serão obtidos, subsidiar as análises técnicas e econômicas dos projetos florestais, inferir sobre o
estado de desenvolvimento do povoamento e simular regimes de manejo (GUIMARÃES, 1994; CAMPOS;
LEITE, 2013).
A descrição das estimativas de frequência por classe diamétrica é realizada pela utilização de funções
densidade de probabilidade (fdp). Algumas funções de densidade probabilidade são: Weibull, Gamma, Meyer,
Normal, Log-normal, Beta, entre outras. Apesar da existência de muitas funções estatísticas, o enfoque de
modelagem tem sido o mesmo, demonstrando o predomínio de uma função: Weibull. A distribuição Weibull
tem sido a mais amplamente utilizada, e sua popularidade se baseia na sua relativa simplicidade e flexibilidade
(BAILEY; DELL, 1973).
Como mencionado por Scolforo (2006), um dos maiores objetivos da aplicação de funções de densidade
de probabilidade (fdp) na biometria florestal é o de descrever a estrutura diamétrica de populações florestais.
Essas distribuições permitem obter a probabilidade de as árvores ocorrerem dentro de intervalos ou classes de
diâmetro, em que haja um limite inferior e outro superior.
A função densidade probabilidade Weibull é atualmente a mais utilizada no setor florestal. Em parte,
isso ocorre devido ao fato de os plantios equiâneos apresentarem distribuições diamétricas assimétricas à direita,

1
UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina, acadêmica do Curso de Engenharia Florestal. E-mail:
daniela.hoffmann@hotmail.com

359
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
em razão de as árvores maiores apresentarem maiores taxas de crescimento que as menores (suprimidas). Isso
gera uma configuração que coincide com as condições ideais para o ajuste dessa função (GUIMARÃES, 1994).
Para avaliar a qualidade do ajuste das funções de densidade probabilidade, são realizados testes de
aderência, alguns desses testes são: teste de Kolmogorov-Smirnov (KS), Qui-quadrado (χ²), Shapiro-Wilk (W).
Este estudo teve como objetivo ajustar as funções de densidade de probabilidade Normal e Weibull com
dois e três parâmetros, para descrever a estrutura diamétrica de povoamentos de Pinus taeda, Pinus patula,
Pinus elliottii e Cupressus lusitanica localizados na região do planalto sul de Santa Catarina.

MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo está localizada no município de Cerro Negro, na região do planalto sul do estado de
Santa Catarina, possui um total de 25 ha, divididos em 15 ha de Pinus taeda, 6 ha de Pinus elliottii, 3 ha de
Pinus patula e 1 ha de Cupressus lusitanica sendo dividida em 4 (quatro) talhões com idades aproximadas de 14
anos quando inventariada, com plantio cujo espaçamento é de 2 m x 2,5 m, totalizando 2000 (duas mil) árvores
por hectare, que foram submetidos a desbastes. O Pinus taeda passou por 2 desbastes, um aos 9 (nove) anos e
outro aos 12 (doze) anos, sendo removido 50% das árvores remanescentes em cada desbaste. As demais
espécies sofreram apenas 1 (um) desbaste aos 12 anos. Os dados foram coletados por meio de amostragem
aleatória simples, em que foram amostradas 10 (dez) parcelas circulares para Pinus taeda e Pinus elliottii, 7
(sete) parcelas para Pinus patula e 3 (três) parcelas para Cupressus lusitanica, tendo todas as parcelas o mesmo
tamanho (400m²). Os dados dos diâmetros a altura do peito (DAP) foram agrupados em classes de diâmetro com
amplitude variada de 3 para o Pinus taeda, 4 para o Pinus elliottii, 4 para o Pinus patula e 5 para o Cupressus
lusitanica, de acordo com Schaaf et al. (2006), não há regra definida quanto à amplitude das classes.
Neste estudo realizou-se o ajuste das distribuições Normal e Weibull 2 e 3 parâmetros.

Distribuição Weibull 3 parâmetros


A função densidade de probabilidade com 3 parâmetros, é apresentada como:

Em que:
a, b, c: parâmetros de localização (a), escala (b), forma (c) e centro de classe de DAP (x) da distribuição a serem
estimados.

Weibull 2 parâmetros
A função densidade de probabilidade com 2 parâmetros, é apresentada como:

Em que:
b, c: escala (b), forma (c) e centro de classe de DAP(x) da distribuição a serem estimados.

Distribuição Normal
A distribuição normal possui uma ampla aplicação no campo da estatística experimental, devido à
grande parte das variáveis contínuas se distribuem segundo essa distribuição. A expressão da distribuição
normal é:

Em que:
μ: média da distribuição;
σ: desvio padrão da distribuição;
x: centro de classe de DAP.

Aderência das distribuições


A consistência do ajuste obtido por cada método foi por meio do teste Kolmogorov Smirnov (KS). Esse
teste compara a frequência acumulativa estimada, obtida por meio da integral da função densidade de
probabilidade da distribuição sob estudo, com a frequência observada. O teste foi utilizado para testar as
seguintes hipóteses para o nível de significância 1%.

360
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Onde:
Fo (x): frequência observada acumulada para cada classe;
Fe (x): frequência estimada acumulada para cada classe.
D: o ponto de maior divergência (em modulo) é o valor D de K-S, o menor D entre distribuições, indicará o
melhor ajuste. A significância conclusão do teste é dada pela seguinte equação:

Onde:
D: valor de maior divergência da distribuição
N: número total de árvores.
Se Dcalc for ≥Dn: Rejeita-se Ho (distribuições não aderentes) e se Dcalc for < Dn: Aceita-se Ho (distribuições
aderentes). O valor de Dn é tabelar a nível α de probabilidade para N indivíduos. Para valor de N maior que 50
os valores críticos são calculados a 1% de probabilidade por:

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O povoamento em questão, para Pinus taeda, apresentou uma densidade equivalente a 525 árvores por
hectare, 838 árvores por hectare para Pinus elliottii, 629 árv/ha para Pinus patula, e 833 árv/ha para Cupressus
lusitanica. O diâmetro médio encontrado para Pinus taeda é de 29,9 cm, para Pinus elliottii é de 24,3 cm, 27,6
cm para Pinus patula, e para Cupressus lusitanica 20,0 cm.
Nas Tabelas 1 e 2 pode ser observado os parâmetros encontrados nos ajustes das distribuições de
densidade de probabilidade Weibull 2 e 3 parâmetros e Normal e o Dcalc e Dn utilizado no teste Kolmogorov-
Smirnov para cada espécie.

TABELA 1: Coeficientes das funções ajustadas e estatística K-S para Pinus taeda e Pinus elliottii.
TABLE 1: Coefficients of the adjusted functions and K-S statistics for Pinus taeda and Pinus elliottii.

TABELA 2: Coeficientes das funções ajustadas e estatística KS para Pinus patula e Cupressus lusitanica.
TABLE 2: Coefficients of the adjusted functions and KS statistic for Pinus patula and Cupressus lusitanica.

D calc = Valor calculado para o teste de KS. As distribuições apresentam aderência se os valores calculados forem inferiores ao
calculado. * Significativo a 1% de acordo com o teste de KS; ns = não significativo.

361
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
É possível observar que a função de densidade de probabilidade de Weibull 2 e 3 parâmetros foi
aderente a todas as espécies com exceção do Pinus elliottii, que apresentou maior sensibilidade ao teste KS,
sendo, portanto, não significativo.
Alguns trabalhos já testaram a fdp Weibull para estimativa da distribuição diamétrica em florestas de Pinus sp. e
obtiveram bons resultados com essa função. Podendo destacar, os trabalhos de Schneider et al. (2008) e Jorge
(1990), por exemplo.
Assim como a fdp Weibull, a distribuição Normal também não foi significativa, não sendo aderente ao
P. elliottii.
Como demonstra a Figura 1, as representações gráficas corroboram as afirmações feitas nas tabelas para
as espécies Pinus taeda, Pinus patula e Cupressus lusitanica. As funções de densidade de probabilidade testadas
para Pinus elliottii não conseguem ajustar-se nas classes entre 10 e 20 cm, sendo sensível ao teste K-S.

FIGURA 1: Frequências observadas e estimadas das espécies pelas funções testadas.


FIGURE 1: Observed and estimated frequencies of the species by the functions tested.

CONCLUSÕES

• As distribuições Normal e Weibull foram eficientes para estimar a frequência por classe de diâmetro nos
diferentes intervalos de classe adotados;
• A distribuição de Weibull teve um ajuste satisfatório para todos os dados com exceção do Pinus elliottii.
• As distribuições não apresentaram tendência para o Pinus elliottii sendo necessário o teste de outras
distribuições.

REFERÊNCIAS

BAILEY, R.; DELL, T. Quantifying diameter distributions with the Weibull function. Forest Science. v.19, n.2.
p.97-104, 1973.
BINOTI, D.H. B.; BINOTI M. L. M. S.; LEITE H. G. Projeção da distribuição diamétrica de povoamentos
equiâneos utilizando a função Nakagami e Weibull. Ciência da Madeira (Brazilian Journal of Wood Science).
v .05, n.02 a 04. p. 103-110, 2014.
GUIMARÃES, D. P. Desenvolvimento de um modelo de distribuição diamétrica de passo invariante para
prognose e projeção da estrutura de povoamentos de eucalipto. 1994. 178f. Tese (Doutorado em Ciência
Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 1994.

362
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
JORGE, J. A. B.; VEIGA, R. A. A.; PONTINHA, A. A. S. A função Weibull no estudo de distribuições
diamétricas em povoamento de Pinus elliottii na estação experimental de Itapeva. IPEF, Piracicaba-SP, n.43/44,
p.54-60, 1990.
SCHAAF, L. B.; FIGUEIREDO FILHO, A.; GALVÃO, F.; SANQUETTA, C. R. Alteração da estrutura
diamétrica de uma Floresta Ombrófila Mista no período entre 1979 e 2000. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 30,
n. 2, p. 283-295, 2006.
SCHNEIDER, P. R.; FINGER, C. A. G.; BERNETT, L. G.; SCHNEIDER, P. S. P.; FLEIG, F. D. Estimativa
dos parâmetros da função de densidade probabilística Weibull por regressão aninhada em povoamentos
desbastados de Pinus taeda L. Ciência Florestal, Santa Maria, v.8, n.3, p.381-392, 2008.
SCOLFORO, J. R. S. Biometria florestal: modelos de crescimento e produção florestal. Lavras,
UFLA/FAEPE, 2006. 393p.
TEO, S.J.; ROCHA S.P.; BORTONCELLO, A.C.; PAZ, R.A.; COSTA R.H. Dinâmica da distribuição
diamétrica de povoamentos de Pinus taeda, na região de Caçador, SC. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo,
v.31, n.67, p.183-192, 2011.

363
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INFLUÊNCIA DA TAXA DE JUROS EM UM PROBLEMA DE PLANEJAMENTO FLORESTAL
SOLUCIONADO POR METAHEURÍSTICA

INFLUENCE OF INTEREST RATE IN A FOREST PLANNING PROBLEM SOLVED BY


METAHEURISTIC

Lisandra Maria Alves Matos1 Julio Eduardo Arce Carlos Alberto Araújo Júnior
Mirella Basileu de Oliveira Lima Maycon Thuan Saturnino da Silva Luan Demarco Fiorentin

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo analisar a influência que a taxa de juros exerce na solução de um
planejamento florestal usando-se a metaheurística algoritmo genético. O problema objetivou encontrar um
cenário de planejamento da produção florestal que retornasse o máximo valor presente líquido, sujeito às
restrições de idade de corte variando entre 5 e 7 anos, demanda mínima e máxima anual de 140.000 m³ e
160.000 m³, respectivamente, e integridade de talhões. O estudo considerou um horizonte de planejamento de 16
anos. O processamento foi efetuado utilizando-se o software Metaheuristic for Forest Planning e, para análise
estatística dos dados de fitness de cada configuração avaliada (dado em VPL), aplicou-se o teste não-
paramétrico de Kruskal-Wallis. Os resultados mostraram que há diferença estatisticamente significativa, a 5%
de probabilidade, entre as combinações dos parâmetros. O VPL variou de R$ 10.796.644,67 a R$ 60.219.131
entre as taxas de juros e comprovou a importância da análise de sensibilidade para determinar a viabilidade de
um projeto florestal.
Palavras-chave: pesquisa operacional; programação matemática; algoritmo genético; análise de sensibilidade.

ABSTRACT

The aim of this work was to analyze the influence of interest rate in a forest planning problem solved using
genetic algorithm metaheuristic. The forest planning problem has as function objective to maximize the
financial return, subjected to age constraints ranging from 5 to 7 years, minimum and maximum annual demand
of 140,000 m³ and 160,000m³ respectively, and constraints of integer blocks. The planning horizon adopted was
16 years. The analysis was processed using the Metaheuristic for Forest Planning software and it also applied
the nonparametric Kruskal-Wallis test with 5% of the probability to check the differences among maximum
NPV of 16 combinations of the metaheuristic. The NPV ranged from R$10,796,644.67 to R$60,219,131
between interest rates and proved the importance of the sensitivity analysis to determine the feasibility of a
forestry project
Keywords: operational search; mathematical programming; genetic algorithm; sensitivity analysis.

INTRODUÇÃO

Apesar da importância de um planejamento bem estruturado, os problemas que o envolvem são


significativamente complexos, demandando grande esforço para atingir soluções razoáveis. Dentre os fatores
que dificultam a tomada de decisão no âmbito florestal estão o elevado número de variáveis (alternativas de
manejo) e a escassez de técnicas que deem suporte à tomada de decisão (SILVA et al., 2009). Essas decisões,
por sua vez, podem ser de longo ou curto prazo e resultam nos chamados planos de manejo.
A longo prazo, um dos quesitos mais importantes no planejamento florestal é a definição de um modelo
de regulação que atenda às demandas e às restrições definidas para certo período de tempo, o chamado horizonte
de planejamento. Para resolver esse tipo de problema, podemos citar os métodos exatos (como a programação
linear) e as metaheurísticas (como o algoritmo genético), que são usadas devido às limitações dos primeiros em
resolver problemas combinatoriais (BETTINGER et al., 2009). Os algoritmos genéticos são comumente usados
no setor florestal e suas diversas áreas e encontram sua maior dificuldade no ajuste de seus parâmetros
(GOMIDE; ARCE; SILVA, 2009). Por isso, é necessário que haja o desenvolvimento de pesquisas que
forneçam subsídio para escolha das melhores configurações para os algoritmos de otimização que vêm sendo
utilizados no planejamento florestal.

Engenheira Florestal, Mestranda pela Universidade Federal do Paraná, Av. Pref. Lothário Meissner, 632 – Jardim
1

Botânico, CEP 80210-170, Curitiba (PR), Brasil. E-mail: lisandramatos@ufpr.br.

364
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Com uma técnica que dê suporte à tomada de decisão, simular cenários de planejamento e atingir
soluções razoáveis demandaria um menor esforço. Quanto a isso, há uma controvérsia a respeito de qual taxa de
desconto apropriada para analisar a viabilidade de projetos florestais. Dessa forma, o presente trabalho teve
como objetivo analisar a influência que a taxa de juros exerce na solução de um planejamento florestal usando-
se a metaheurística algoritmo genético.

MATERIAL E MÉTODOS

A área utilizada para as simulações foi de 4.269,29 ha de um povoamento com fins comerciais,
distribuída em 120 talhões, com distribuição irregular para as classes de idades existentes no povoamento: 339
ha com 1 ano; 768 ha com 2 anos; 1031 ha com 3 anos; 601 ha com 4 anos; 958 ha com 5 anos; e 513 ha com 6
anos.
Os valores de custos silviculturais foram obtidos de Araújo Júnior (2012): R$ 4.059,05 ha -1 no primeiro
ano; R$ 1.627,81 ha-1 no segundo ano; R$ 757,95 ha-1 no terceiro ano; e R$ 88,12 ha-1 a partir do quarto ano do
desenvolvimento dos plantios. Os valores de receita de venda da madeira foram: R$ 20,00 m -3 para florestas
com idades até 3 anos; R$ 30,00 m-3 para florestas com 4 anos de idade; R$ 40,00 m-3 para florestas com 5 anos
de idade; e R$ 80,00 m-3 para florestas com idade igual ou superior a 6 anos.
O modelo matemático de otimização empregado para solucionar o problema anteriormente descrito
considerou a estrutura do modelo tipo I proposta por Johnson e Scheurman (1977), e foi formulado com o
objetivo de encontrar um cenário de planejamento da produção florestal que retornasse o máximo Valor
Presente Líquido (VPL) ao final do horizonte de planejamento. A formulação matemática para este modelo,
com os objetivos e restrições, é apresentada a seguir:

M P
(1) Max VPL = ∑ ∑ VPLij . X ij
i=1 j=1

Sujeito a

M P
(2) ∑ ∑ X ij = 1
i=1 j=1

M P
(3) ∑ ∑ Vij X ij ≥ Dmink ∀ 𝑘
i=1 j=1

M P

(4) ∑ ∑ Vijk X ij ≤ Dmaxk ∀ 𝑘


i=1 j=1

(5) X ij ∈ {0,1}

Em que: VPLij = VPL da unidade de manejo i segundo o regime de manejo j; Xij = variável de decisão do tipo binária,
recebendo valor 1 quando a alternativa de manejo j é assinalada à unidade de manejo i, ou 0 caso contrário; M = número
total de unidades de manejo; P = número total de alternativas de manejo para a unidade de manejo i; k = período do
horizonte de planejamento; Dmink e Dmaxk = a demanda mínima e máxima de madeira (m³) no período k do horizonte de
planejamento, respectivamente.

A função objetivo (Eq.1) buscou maximizar o retorno financeiro e está sujeita à restrição binária (Eq.5),
restrição de integridade (Eq.2), em que cada uma das unidades de manejo só deve receber uma única prescrição,
e restrição de demanda volumétrica, em que o volume colhido durante o ano deveria respeitar um limite mínimo
(Eq.3) e máximo (Eq.4).
No presente trabalho foi escolhido um horizonte de planejamento de 16 anos, para se avaliar de 2 a 3
rotações técnicas, compatíveis com as opções de corte. As idades de corte utilizadas foram 5, 6 e 7 anos. A
máxima produção anual permitida foi de 160.000 m³ de madeira e a produção mínima anual de 140.000 m³. Foi
considerado que as operações de corte eram seguidas de imediata reforma.

365
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O modelo de otimização utilizado baseou-se em uma abordagem da metaheurística Algoritmo Genético
(AG) para solução de problemas de planejamento florestal. Foram avaliadas 16 diferentes combinações de
parâmetros do AG, com o objetivo de chegar à melhor delas. Em relação à seleção dos pais para cruzamento,
avaliou-se o método da roleta (Ro) e o método do torneio (To). No processo de reprodução considerou-se o
cruzamento com um ponto de ruptura (1p) e o cruzamento uniforme (Un). A taxa de cruzamento considerada foi
de 80%. Já para o processo de mutação avaliou-se a mutação aleatória (Al) e a mutação gene a gene (Ge),
sempre com taxa de mutação igual a 1%. Por fim, a seleção dos indivíduos para a próxima geração foi feita com
(Ce) e sem elitismo (Se).
O processamento de todas as configurações foi efetuado através do aplicativo MeP - Metaheuristics for
Forest Planning, em desenvolvimento pelo Laboratório de Pesquisa Operacional e Modelagem Florestal (LPM)
da Universidade Federal de Minas Gerais. Na análise foi aplicado o teste não paramétrico desenvolvido por
Kruskal e Wallis (1952), o qual utiliza ranks dos dados ao invés de seus valores brutos para o cálculo da
estatística de teste. Em um primeiro momento, o teste foi utilizado para comparar os dados de fitness de todas as
16 combinações com uma taxa fixada em 8%. Para análise de sensibilidade, utilizou-se a melhor configuração e
procedeu-se uma série de simulações, variando as taxas de juros de 0 a 40% ao ano, com o objetivo de verificar
o comportamento do VPL em diferentes situações. Esse tipo de estudo mostra o quanto os projetos são
influenciados pela variação da taxa de juros, o que possibilita identificar graficamente os intervalos que
determinam a viabilidade ou inviabilidade de projetos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de fitness gerados pelas combinações testadas apresentaram grandes variações. Essa
diferença pode ser notada na Figura 1, a qual mostra a produção em volume ao longo dos 16 anos de horizonte
de planejamento considerando a configuração com o pior desempenho (combinação 13), com método de
cruzamento por roleta de forma uniforme, mutação aleatória e sem elitismo (Figura 1a), e a de melhor
desempenho (combinação 4), com método de cruzamento por torneio a cada 1 ponto, mutação gene a gene e
com elitismo (Figura 1b).

(a) (b)
FIGURA 1: Volumes obtidos pela combinação 13 (a) e pela combinação 4 (b) distribuídos ao longo dos 16 anos
do horizonte de planejamento.
FIGURE 1: Volumes obtained by combination 13 (a) and combination 4 (b) distributed over the 16-year
planning horizon.

Os resultados do teste Kruskal Wallis para comparar as combinações entre os métodos de seleção,
cruzamento, mutação e elitismo apresentaram diferenças estatística significativas entre si para o problema
analisado a um nível de significância igual a 5% (Tabela 1). A melhor combinação de parâmetros apontada pelo
ranqueamento foi a que tinha como método de seleção o torneio, tipo de cruzamento de 1 ponto, mutação do
tipo gene a gene e utilização de elitismo, a qual não apresentou diferença significativa da combinação que tinha
como método de seleção o torneio, cruzamento uniforme, mutação do tipo gene a gene e seleção com elitismo.

366
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Resumo da análise estatística não paramétrica Kruskal Wallis aplicado nas variáveis fitness para as
16 combinações dos parâmetros.
TABLE 1: Summary of Kruskal Wallis non-parametric statistical analysis applied to fitness variables for the 16
combinations of parameters.
Fitness Fitness
Combinação rank Teste Combinação rank Teste
médio (R$) médio (R$)
04 - To_1p_Ge_Ce 428,53 30.336.526 a 03 - To_1p_Al_Ce 255,00 26.824.866 d
08 - To_Un_Ge_Ce 409,70 30.280.900 ab 07 - To_Un_Al_Ce 150,17 9.310.407 e
02 - Ro_1p_Ge_Ce 405,60 30.268.322 b 05 - Ro_Un_Al_Ce 148,13 9.252.245 e
06 - Ro_Un_Ge_Ce 405,53 30.267.666 b 09 - Ro_1p_Al_Se 122,30 4.835.537 f
16 - To_Un_Ge_Se 344,20 30.065.664 c 10 - Ro_1p_Ge_Se 114,70 2.911.672 f
12 - To_1p_Ge_Se 325,57 29.983.441 c 15 - To_Un_Al_Se 107,70 1.061.475 f
01 - Ro_1p_Al_Ce 274,83 28.666.138 d 14 - Ro_Un_Ge_Se 78,50 -4.510.935 g
11 - To_1p_Al_Se 255,13 26.868.620 d 13 - Ro_Un_Al_Se 22,40 -26.917.572 h
Em que: Ro = método de cruzamento por roleta; To = método de cruzamento por torneio; 1p = cruzamento com
um ponto de ruptura; Un = cruzamento uniforme; Al = mutação aleatória; Ge = mutação gene a gene; Ce =
seleção com elitismo; Se = seleção sem elitismo. Médias seguidas pelas mesmas letras não apresentam
diferenças estatisticamente significativas (p>0,05).

Utilizando-se da combinação 4 foi avaliada a tendência do VPL em resposta à variação da taxa de juros
(Figura 2). O VPL variou de R$ 10.796.644,67, quando simulado um cenário altamente pessimista, com taxa de
40%, a R$ 60.119.231, quando não se considerou a taxa de juros.

FIGURA 2 – Tendência do VPL em resposta à variação da taxa de juros.


FIGURE 2 - NPV trend in response to interest rate variation.

Rezende e Oliveira (2001) mostraram que a relação entre a taxa de juros e o VPL é inversa, ou seja,
quanto maior a taxa de juros, menor o VPL, e quanto maior o VPL, menor a taxa de juros. O mesmo
comportamento é comprovado por Vitale e Miranda (2010) em uma análise comparativa de viabilidade
econômica de plantios de duas espécies distintas.
A análise de sensibilidade é muito importante para determinação do ponto em que o projeto passa a não
ser viável economicamente. Além disso, é muito usado para comparação econômica entre projetos florestais,
pois deve ser selecionado aquele que mostrar menor sensibilidade em relação às variações da taxa de juros.
Pequenas mudanças na taxa podem alterar expressivamente a classificação de projetos e as conclusões a cerca
de suas lucratividades.

367
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

O VPL é sensível a mudanças na taxa de desconto, especialmente no caso de projetos de longo prazo.
A taxa de juros é inversamente proporcional ao VPL e a simulação da variação dessa taxa através de
uma análise de sensibilidade é muito importante para determinar viabilidade de um projeto e para comparação
entre projetos distintos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO JÚNIOR, C. A. Simulação multiagentes aplicada ao planejamento da produção florestal


sustentável. 2012. 75 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa, 2012.
BETTINGER, P. et al. Forest management and planning. London: Academic, 2009. 331 p.
GOMIDE, L. R.; ARCE, J. E.; SILVA, A. C. L. Uso do algoritmo genético no planejamento florestal
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368
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INFLUÊNCIA DA TAXA DE JUROS NA DETERMINAÇÃO DA IDADE DE CORTE EM UM
MODELO DE REGULAÇÃO FLORESTAL

INFLUENCE OF INTEREST RATE IN THE DETERMINATION OF CUTTING AGE IN A FOREST


REGULATION MODEL

Lisandra Maria Alves Matos1 Julio Eduardo Arce Carlos Alberto Araújo Júnior
Mirella Basileu de Oliveira Lima Luan Demarco Fiorentin Maycon Thuan Saturnino da Silva

RESUMO

Uma das maiores dificuldades encontradas no manejo florestal é a regulação da produção. Isso porque devido ao
grande número de variáveis do processo, a regulação se torna extremamente complexa. Dentre as variáveis
envolvidas ou relacionadas ao processo, as econômicas exercem influência de forma expressiva nos resultados
dos modelos de regulação. Sendo assim, esse trabalho teve como objetivo analisar a influência da taxa de juros
em um modelo de regulação florestal. Utilizou-se o modelo tipo I de programação linear inteira com função
objetivo de maximizar o retorno financeiro, expressado pelo Valor Presente Líquido (VPL), em um horizonte de
planejamento de 16 anos. Para avaliação da influência da taxa de juros na idade de corte, o modelo de regulação
foi processado com taxas de 4, 8 e 12% ao ano. Os modelos foram processados no software Gurobi 5.5.
Analisando-se o resultado final de cada cenário, constatou-se que o VPL é sensível a mudanças na taxa de
desconto e que menores taxas tendem a antecipar o corte dos talhões, ao passo que aumentando-se a taxa de
juros o modelo antecipa a colheita dos talhões, ou seja, quanto maior a taxa de juros, menor a idade média de
corte.
Palavras-chave: pesquisa operacional; programação matemática; variáveis econômicas; programação linear
inteira.

ABSTRACT

One of the biggest difficulties in the forest management is the forest products regulation. That is because due the
large number of process variables, the regulation becomes extremely complex. Among those variables involved
or related to the process, the economic variables represents an expressive influence on the results of the
regulation models. Thus, the aim of this work was to analyze the influence of interest rate in the determination
of cutting age in a forest regulation model. The forest planning problem was based on the type I model of
integer linear programming with maximizing the financial return, expressed by the Net Present Value (NPV),
treated as objective function of the problem. The planning horizon adopted was 16 years. For the evaluation of
the influence of the interest rate on the cutting age, the regulation model was processed with rates of 4, 8 and
12% per year. The models were processed in Gurobi 5.5 softaware. Analyzing the measuring variable, it was
verified the the NPV is sensitive to changes in the discount rate and the lower rates trend to antecipate the
cutting of the blocks, while increasing the interest rate model antecipates the cut of the blocks, in other words,
the higher the interest rate is, lower is the average cutting age.
Keywords: operational search; mathematical programming; economics variables; integer linear programming.

INTRODUÇÃO

Apesar da importância de um planejamento bem estruturado, os problemas que o envolvem são


significativamente complexos, demandando grande esforço para atingir soluções razoáveis. Dentre os fatores
quedificultam a tomada de decisão no âmbito florestal estão o elevado número de variáveis (alternativas de
manejo) e a escassez de técnicas que deem suporte à tomada de decisão (SILVA et al., 2009). Essas decisões por
sua vez, podem ser de longo ou curto prazo e resultam nos chamados planos de manejo.
A longo prazo, um dos quesitos mais importantes no planejamento florestal é a definição de um modelo
de regulação que atenda às demandas e às restrições definidas para certo período de tempo, o chamado horizonte
de planejamento. Uma floresta regulada é aquela em que todas as unidades do povoamento estão uniformemente
em classes de idade iguais, tendo periodicamente a mesma produção volumétrica e qualidade técnica, e possui o
principal objetivo de garantir uma produção contínua e sustentabilidade de diversos usos e produtos da floresta

Engenheira Florestal, Mestranda pela Universidade Federal do Paraná, Av. Pref. Lothário Meissner, 632 – Jardim
1

Botânico, CEP 80210-170, Curitiba (PR), Brasil. E-mail: lisandramatos@ufpr.br.

369
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
(BETTINGER et al., 2009). Dessa forma, o manejador tem a necessidade de planejar e organizar as extensas
áreas de plantio, lidando com variáveis que podem afetar significativamente o resultado do planejamento.
Dentre essas, a variável econômica se destaca por representar os desembolsos e lucros ao longo do horizonte de
planejamento, o que torna sua inclusão imprescindível nos modelos de regulação (BRUN, 2002).
Os principais modelos utilizados para regulação da produção florestal são os modelos tipo I e tipo II
(JOHNSON; SCHEURMAN, 1977). Porém, o modelo tipo I é mais difundido no setor florestal por sua maior
simplicidade de formulação (BINOTI, 2010; CASTRO, 2007).
Na maioria das vezes, o modelo tipo I de programação linear é formulado com função objetivo de
maximizar o valor presente líquido (VPL), que representa o lucro do projeto (CARVALHO et al., 2015). Dessa
forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar a influência da taxa de juros em um modelo de regulação
florestal.

MATERIAL E MÉTODOS

A área utilizada para as simulações foi de 4.269,29 ha, distribuída em 120 talhões, com uma distribuição
irregular para as classes de idades existentes no povoamento: 339 ha com 1 ano; 768 ha com 2 anos; 1031 ha
com 3 anos; 601 ha com 4 anos; 958 ha com 5 anos; e 513 ha com 6 anos.
Os valores de custos silviculturais foram obtidos de Araújo Júnior (2012): R$ 4.059,05 ha 1 no primeiro
ano; R$ 1.627,81 ha-1 no segundo ano; R$ 757,95 ha-1 no terceiro ano; e R$ 88,12 ha-1 a partir do quarto ano do
desenvolvimento dos plantios. Os valores de receita de venda da madeira foram: R$ 20,00 m -3 para florestas
com idades até 3 anos; R$ 30,00 m-3 para florestas com 4 anos de idade; R$ 40,00 m-3 para florestas com 5 anos
de idade; e R$ 80,00 m-3 para florestas com idade igual ou superior a 6 anos.
O modelo matemático de otimização empregado para solucionar o problema anteriormente descrito
considerou a estrutura do modelo tipo I proposta por Johnson e Scheurman (1977) e foi formulado com o
objetivo de encontrar um cenário de planejamento da produção florestal que retornasse o máximo Valor
Presente Líquido (VPL) ao final do horizonte de planejamento. A formulação matemática para este modelo,
com os objetivos e restrições, é apresentada a seguir:
M P
(1) Max VPL = ∑ ∑ VPLij . X ij
i=1 j=1

Sujeito a

M P
(2) ∑ ∑ X ij = 1
i=1 j=1

M P
(3) ∑ ∑ Vij X ij ≥ Dmink ∀ 𝑘
i=1 j=1

M P

(4) ∑ ∑ Vijk X ij ≤ Dmaxk ∀ 𝑘


i=1 j=1

(5) X ij ∈ {0,1}

Em que: VPLij = VPL da unidade de manejo i segundo o regime de manejo j; Xij = variável de decisão do tipo binária,
recebendo valor 1 quando a alternativa de manejo j é assinalada à unidade de manejo i, ou 0 caso contrário; M = número
total de unidades de manejo; P = número total de alternativas de manejo para a unidade de manejo i; k = período do
horizonte de planejamento; Dmink e Dmaxk = a demanda mínima e máxima de madeira (m³) no período k do horizonte de
planejamento, respectivamente.

A função objetivo (Eq.1) buscou maximizar o retorno financeiro e está sujeita à restrição binária (Eq.5),
restrição de integridade (Eq.2), em que cada uma das unidades de manejo só deve receber uma única prescrição,
e restrição de demanda volumétrica, em que o volume colhido durante o ano deveria respeitar um limite mínimo
(Eq.3) e máximo (Eq.4).

370
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
No presente trabalho foi escolhido um horizonte de planejamento de 16 anos, para se avaliar de 2 a 3
rotações técnicas, compatíveis com as opções de corte. As idades de corte utilizadas foram 5, 6 e 7 anos. A
máxima produção anual permitida foi de 160.000 m³ de madeira e a produção mínima anual de 140.000 m³. Foi
considerado que as operações de corte eram seguidas de imediata reforma.
Para avaliação da influência da taxa de juros na idade de corte, o modelo de regulação foi processado
com taxas de 4, 8 e 12% ao ano. Dessa forma, foi possível analisar graficamente o volume colhido em cada
idade quando variada a taxa de juros. O modelo de regulação com tal variação foi resolvido por meio do
software Gurobi 5.5.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a função objetivo de maximizar o VPL, o modelo tendeu a diminuir o retorno financeiro à medida
que se aumentava a taxa de juros (Figura 1).

FIGURA 1 – Tendência do VPL em resposta à variação da taxa de juros.


FIGURE 1 – NPV trend in response to interest rate variation.
Esse comportamento já era esperado, pois o VPL é muito sensível a mudanças na taxa de desconto,
especialmente no caso de projetos de longo prazo, como no presente trabalho. Rezende e Oliveira (2001)
demostraram o comportamento inverso que o VPL tem em relação a taxa de juros, ou seja, quanto maior a taxa
de juros, menor o VPL e vice-versa.
Quanto à idade de corte, na Figura 2 pode ser observado quanto (m³) o modelo permitiu que colhesse
em cada idade estabelecida (5, 6 e 7 anos) quando submetido a diferentes taxas de juros (4, 8 e 12% ao ano).

FIGURA 2 – Produção por idade em cada um dos cenários de variação da taxa de juros.
FIGURE 2 – Production by age in each of the interest rate variation scenarios.

Como pode ser observado, a medida que se aumenta a taxa de juros o modelo antecipa a colheita dos
talhões. O contrário também é verdade, uma vez que com menores taxas é viável economicamente permitir que
a floresta adquira maior incremento de densidade (COELHO, 2015). Da mesma forma, o cenário com menor

371
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
taxa (maior viabilidade econômica para o investidor) posterga a idade de corte, não somente porque traz
melhorias em termos econômicos como também em termos de qualidade da madeira e incrementos da densidade
(COELHO, 2015). Para uma taxa de 4% ao ano o modelo gerou maior volume para a idade mais avançada
permitida, 7 anos, o que foi se equilibrando cada vez mais ao passo que a taxa era aumentada. Em outras
palavras, isto quer dizer que a idade média de corte diminui à medida que a taxa de juros aumenta. Resultados
semelhantes foram obtidos por Coelho (2015) e Carvalho et al. (2015).
Rodriguez, Bueno e Rodrigues (1997) em análise volumétrica e econômica de rotações de eucaliptos
contestaram o que se tinha como verdade absoluta de que a idade economicamente ótima é sempre inferior à
idade que maximiza Incremento Médio Anual (IMA), mostrando que rotações mais longas poderiam ser
economicamente justificadas para taxas de juros entre 10% e 16,7% ao ano. Isso só ressalta a importância da
taxa de desconto em resolução de problemas de planejamento florestal.

CONCLUSÕES

A variação nos valores da taxa de juros influencia a solução do modelo de regulação da produção
florestal. Quanto maior a taxa de juros, menor a idade média de corte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO JÚNIOR, C. A. Simulação multiagentes aplicada ao planejamento da produção florestal


sustentável. 2012. 75 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa, 2012.
BETTINGER, P. et al. Forest management and planning. London: Academic, 2009. 331 p.
BINOTI, D. H. B. Estratégias de regulação de florestas equiâneas com vistas ao manejo da paisagem.
2010. 159 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2010.
BRUN, F. L. Influência do valor da madeira de mercado sobre o ordenamento de florestas plantadas para
o suprimento parcial de uma indústria de celulose e papel: uma aplicação de programação linear. 160 f.
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RODRIGUEZ, L. C. E.; BUENO, A. R. S.; RODRIGUES, F. Rotações de eucaliptos mais longas: análise
volumétrica e econômica. Scientia Forestalis, v. 51, n. 1, p.15-28, jun. 1997.

372
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MAPEAMENTO DA RELAÇÃO ALTURA-DIÂMETRO UTILIZANDO SUPPORT VECTOR
MACHINE

HIGHT-DIAMETER RELATION MAPPING USING SUPPORT VECTOR MACHINE

Sthefany Mendes Zuba1 Emanuelly Canabrava Magalhães Gabriela Leticia Ramos Carvalho
Thais Sales Gonçalves Adriana Leandra de Assis Carlos Alberto Araújo Júnior

RESUMO

A determinação da altura é uma operação onerosa e sujeita a erros, mais recentemente, com a evolução das
tecnologias de sensoriamento remoto, principalmente do LiDAR, a obtenção da variável altura é feita direta e
imediatamente. Dessa forma, buscou-se nesse trabalho avaliar as estimativas de diâmetro à altura de 1,30 m do
solo a partir da ferramenta de análise Support Vector Machine (SMV), para isso foram utilizados dois critério
para a divisão do banco de dados para treinamento e validação, sendo o Treinamento 1 feito utilizando dados
dos anos de 2012, 2013 e 2014 para treinamento e do ano de 2015 para validação, e o Treinamento 2
considerando uma divisão aleatória dos dados. Utilizou-se o software Statistica para treinamento das SMV.
Após o processamento foram calculadas as estatísticas Bias, RQME, correlação e erro percentual médio;
gerados gráficos de dispersão, considerando os valores estimados e observados; e histograma de resíduos. Foi
possível concluir que a SMV podem ser utilizadas para estimativa de diâmetros à altura de 1,30 m. e que para
estimativas mais precisas é necessário que os dados de treinamento sejam representativos da população em
estudo.
Palavras-chave: LiDAR; mensuração florestal; inteligência artificial

ABSTRACT

Height determination is an onerous and error-prone operation, more recently with the evolution of remote
sensing technologies, especially LiDAR, obtaining the height variable is done directly and immediately. In this
work, we sought to evaluate the diameter estimates at 1.30 m height from the Support Vector Machine (SMV)
analysis tool. Two criteria were used to divide the database for training and validation, with Training 1 being
done using data from the years 2012, 2013 and 2014 for training and the year 2015 for validation, and Training
2 considering a random division of data. Statistica software for SMV training was used. After the processing,
the Bias, RQME, correlation and mean percent error statistics were calculated; dispersion charts were generated,
considering the estimated and observed values; and histogram of residues. It was possible to conclude that the
SMV can be used to estimate diameters at a height of 1.30 m. and that for more accurate estimates it is
necessary that the training data be representative of the study population.
Keywords: Lidar; forest measurement; artificial intelligence

INTRODUÇÃO

Duas das variáveis medidas durante a realização de inventários florestais são o diâmetro à altura do
peito (Dap), medido a 1,3 metros do solo, e a altura total das árvores (Ht). O diâmetro é facilmente medido para
todas as árvores, já a determinação da altura, de acordo com Couto e Bastos (1986), é uma operação onerosa e
sujeita a erros. Apesar disso, a quantificação das alturas das árvores é fundamental, principalmente para a
estimativa do volume de madeira dos povoamentos e para fazer classificações destes quanto as suas
produtividades (THIERSCH et al., 2013).
Para contornar os inconvenientes das medições das alturas, tem-se como prática obter a altura de
algumas das árvores e os diâmetros de todos os indivíduos existentes na parcela amostral. Com isso, e através da
relação entre os valores de Dap e Ht, pode-se estabelecer equações matemáticas, conhecidas como equações
hipsométricas, que possibilitam estimar as alturas das demais árvores, reduzindo-se, portanto, o tempo e os
custos de mensuração (THIERSCH et al., 2013).
Mais recentemente, com a evolução das tecnologias de sensoriamento remoto, principalmente do
LiDAR (Ligth Detectionand Ranging), a obtenção da variável altura tem sido feita direta e imediatamente
(DUBAYAH et al., 2000). O LiDAR é um sensor que emite repetidamente pulsos infravermelhos em direção à

Estudante de graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Minas Gerais, Avenida Universitária, 1000,
1

Universitário, CEP 39404-547, Montes Claros, MG, Brasil. E-mail: sthefanyzuba@gmail.com

373
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
superfície imageada. Um temporizador mede o tempo de viagem do pulso da aeronave para a superfície da Terra
e da sua volta para o sensor. O tempo de ida e volta é então diretamente relacionado à distância, possibilitando,
assim, a obtenção da altura total das árvores (WAGNER et al., 2004). Entretanto, algumas características da
floresta, como o diâmetro, não podem ser determinadas diretamente pelo LiDAR aerotransportado, sendo
necessário que isso seja feito com utilização de modelos de regressão ou de ferramentas de inteligência
computacional (DUBAYAH et al., 2000).
Nesse sentido, é interessante que pesquisas sejam desenvolvidas com o intuito de avaliar diferentes
técnicas, tal como o Support Vector Machine (SVM) para estimar o diâmetro das árvores a partir de dados de
altura total. As SVM, desenvolvidas inicialmente por Vladimir Vapnik (VAPNIK e LERNER 1963; VAPNIK e
CHERVONENKIS, 1964), tem como objetivo maximizar a capacidade de generalização, baseando nos
princípios da Teoria de Aprendizado Estatístico (TAE). Esta teoria estabelece as condições matemáticas
essenciais que permitem uma boa generalização, ou seja, um bom desempenho tanto para os conjuntos de
treinamento quanto para os de teste (SMOLA e SCHOLKOPF, 2004).
Dessa forma, este trabalho teve como objetivo avaliar as estimativas de diâmetro à altura de 1,30 m do
solo utilizando Support Vector Machine e tendo como principal variável independente o valor da altura total das
árvores.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados utilizados neste estudo são oriundos de inventários florestais contínuos realizados em plantios
florestais na região do norte do estado de Minas Gerais durante o período de 2013 a 2016. Foram consideradas
604 parcelas amostrais totalizando 12.131 pares de dados de Dap e altura total (Ht) das árvores medidas em
diferentes condições de sítio, espaçamento, material genético e rotação. As idades das árvores variaram entre 2 e
9 anos.
Para a divisão do banco de dados para treinamento e validação foram utilizados dois critérios, sendo o
Modelo 1 aquele que utilizou dados dos anos de 2013, 2014 e 2015 para treinamento e do ano de 2016 para
validação, e o Modelo 2 o que considerou uma divisão aleatória dos dados.
O processamento dos dados foi realizado no programa Statistica versão 13.0. O kernel escolhido foi a
Função de Base Radial (RBF) (MONTAÑO, 2016), utilizando o padrão do próprio sistema para definir o
parâmetro Gama e o otimizador v-fold-cross-validation para encontrar o fator Capacidade e o epsilon
(COSENZA et al., 2015), foi utilizado a regressão do tipo 1. Para estimativa do Dap foi utilizado com variáveis
independentes a área útil por planta (AP), a idade (I) e a altura total (Ht).
Gráficos de dispersão considerando os valores estimados e observados foram construídos para avaliação
dos resultados, bem como histogramas de resíduos. Os valores de erro para cada observação (e i) foram obtidos
utilizando-se a equação 1. Também foram calculadas as estatísticas de bias (equação 2), raiz quadrada do erro
médio quadrático (equação 3), correlação entre valores estimados e observados (equação 4) e erro médio
percentual (equação 5). Sendo:
ei = ŷ i - yi (equação 1)
n
1
bias = ∑(ŷ i - yi ) (equação 2)
n
i=1
2
100 √∑ni=1 (yi - ŷ i ) (equação 3)
RQME (%) =
y̅ n
n ̅
∑i=1(ŷ i - ŷ ) . (yi - y̅ )
r=
2 (equação 4)
√∑ni=1 (ŷ i - y̅̂ ) ∑ni=1 (yi - y̅ )2
n
1 (y - ŷ )
EMP = ∑ [100. i i ] (equação 5)
n yi
i=1
Em que: ŷi é o valor estimado e yi é o valor observado para o i-ésimo dado, n é o número total de
observações, y̅ é a média dos valores observados e 𝑦̅̂ é a média dos valores estimados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dois modelos apresentam valores de bias, RQME (%) e EMP baixos e elevada correlação (Tabela 1),
o que demonstra que o treinamento conseguiu mapear os padrões existentes em ambos os conjuntos de dados.

374
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Entretanto, ao considerar a avaliação da capacidade de generalização do aprendizado da SMV o Modelo 2
apresentou valores melhores que aqueles encontrados para o Modelo 1.
Tais resultados podem estar relacionados com o fato de que para o Modelo 2, os dados de validação
estão melhor distribuídos entre as diferentes classes diamétricas (Figura 1), o que permite que uma melhor
estimativa dos valores (PEREIRA e CENTENO, 2017). Apesar de apresentar baixa correlação apresentada para
o Modelo 1, as demais estatísticas ficaram próximas aos valores obtidos para o treinamento e para o Modelo 2, o
que sugere que a SMV apresenta um elevado potencial para estimativa de valores de diâmetro à altura de 1,30 m
do solo.

TABELA 1: Estatísticas calculadas para os dois tipos de treinamento. O treinamento 1 os dados foram
divididos em 2012-2014 para treinamento e o ano de 2015 para validação. O treinamento 2 houve a divisão
aleatória dos dados.
TABLE 1: Calculated statistics for the two types of training. Training 1 The data were divided into 2012-2014
for training and the year 2015 for validation. Training 2 randomly divided the data.
Modelo 1 Modelo 2
Etapa Bias RQME Corr. EMP Bias RQME Corr. EMP
Treinamento -0,20 11,83 0,92 0,88 -0,05 11,64 0,92 1,43
Validação -0,12 11,41 0,62 2,49 -0,17 12,22 0,90 2,89
Em que: RQME = raiz quadrada do erro médio quadrático; Corr.= correlação entre valores estimados
e observados; EMP = erro médio percentual.

Treinamento 1 Treinamento 2

25 25
Dap estimado (cm)
Dap estimado (cm)

20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Dap observado (cm) Dap observado (cm)
40% 40%

30% 30%

20% 20%

10% 10%

0% 0%
-55
-45
-35
-25
-15
-5
5
15
25
35
45
55

-55
-45
-35
-25
-15
-5
5
15
25
35
45
55

Classe do erro (%) Classe de erro (%)

FIGURA 1: Gráficos de resíduos das estimativas de diâmetro utilizando Support vector machine.
FIGURE 1: Waste graphs of diameter estimates using Support vector machine.

A utilização de técnicas de inteligência artificial tem sido amplamente difundidas no meio florestal,
entretanto é necessário que estudos criteriosos sejam realizados de modo a garantir aos manejadores o
conhecimento suficiente para que os procedimentos de mensuração florestal sejam adaptados. Nesse sentido,
deve-se procurar ferramentas que possam minimizar a quantidade de dados de campo obtidos de maneira
manual. Como demonstrado, a SMV apresenta potencial para auxiliar nessa tarefa, no entanto ficou evidente
que ainda não é possível utilizar apenas dados históricos para realizar estimativas para um inventário atual,
principalmente em termos da obtenção da variável Dap como saída do modelo.

375
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Recomenda-se, portanto, que novos estudos sejam realizados de maneira a obter as variáveis do
povoamento que possam auxiliar nas estimativas considerando apenas os dados já coletados em inventários
florestais realizados anteriormente.

CONCLUSÕES

Support Vector Machines podem ser utilizadas para estimativa de diâmetros à altura de 1,30 m. Para
estimativas mais precisas é necessário que os dados de treinamento sejam representativos da população em
estudo.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Universidade Federal de Minas Gerais e à Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de Minas Gerais pelo apoio técnico e financeiro.

REFERÊNCIAS

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challenges. Geo-Imagery Bridging Continents, v. 35, n. 1, p. 201-206, 2004.

376
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MEDIÇÃO DE PARCELAS AMOSTRAIS DE INVENTÁRIO FLORESTAL COM TLS MÓVEL – UM
ESTUDO PRELIMINAR DE PRECISÃO DO FORLIDAR BACKPACK

MEASURING FOREST INVENTORY SAMPLE PLOTS WITH A MOBILE TLS – A PRELIMINARY


PRECISION ANALYSIS OF THE FORLIDAR BACKPACK

Tiago de Conto1 Eimi Arikawa Thais Hudari Abib Cristiano Rodrigues Reis Luiz Carlos Estraviz Rodriguez

RESUMO

Resultados preliminares foram gerados por um dispositivo de escaneamento TLS móvel desenvolvido pela
Forlidar para medir parcelas de amostras de inventário florestal. O sistema é compacto e se baseia no modelo
Velodyne VLP-16, desenvolvido para fins automotivos. Conectado a um laptop, alimentado por bateria
independente e acomodado na ponta de uma haste telescópica presa a uma mochila, o sistema backpack da
Forlidar é acionado pelo operador a partir do seu celular via navegador web. Os dados registrados pelo VLP-16
e armazenados no laptop são processados posteriormente para co-registro e criação de uma única nuvem com a
ajuda de algoritmos SLAM. Essa nuvem é finalmente delimitada segundo as dimensões da parcela, filtrada e
preparada para a extração final dos parâmetros de interesse. Os dados inicialmente obtidos nos testes realizados
para calibração do sistema já se mostram bastante promissores e são aqui apresentados de forma resumida. Os
valores obtidos pelo sistema para o diâmetro médio à altura do peito (DAP) nesses testes resultam bastante
próximos dos valores diretamente medidos nas parcelas, revelando assim o bom potencial do sistema.
Palavras-chave: mensuração; escaneamento terrestre móvel; medição de parcelas; laser.

ABSTRACT

Preliminary results have been generated by a mobile TLS scanning device developed by Forlidar for measuring
forest inventory sample plots. The system is compact and based on the Velodyne VLP-16 model, developed for
automotive purposes. Connected to a laptop, powered by an independent battery and accommodated on the tip
of a telescopic rod attached to a backpack, the system is remotely controlled by the operator from the cell phone
via web browser. Data recorded by the VLP-16, and stored on the laptop, is processed later for co-registration
and creation of a single cloud with the help of SLAM algorithms. This cloud is finally delimited according to
the dimensions of the plot, filtered and prepared for the final extraction of the parameters of interest. The data
initially obtained from these tests, which were initially designed just for the calibration of the system, are
already showing very promising results. These results are briefly reported here. The values estimated by the
system for the mean diameter at breast height (DBH) are practically identical to the values measured in the
plots, thus revealing the good potential of the system.
Keywords: mensuration; mobile terrestrial scanning; plots measurement; laser.

INTRODUÇÃO

Os inventários florestais tradicionais se baseiam na obtenção de medidas de circunferência e altura das


árvores de forma manual. Os dados coletados em campo são utilizados nas estimativas de outras variáveis de
interesse, como volume, biomassa acima do solo (BAS) e nos estudos envolvendo a dinâmica de absorção de
carbono (DANSON et al., 2018; DISNEY et al., 2018). As informações de campo quando convertidas para a
variável de interesse carregam consigo as incertezas durante o processo de extrapolação das estimativas
(DISNEY et al., 2018). Com o objetivo de contornar esses problemas, estudos têm se concentrado na tecnologia
de escaneamento laser terrestre (TLS), também conhecida como LiDAR terrestre.
O diâmetro à altura do peito (DAP) é um dos mais importantes parâmetros coletados durante o
inventário florestal. A nuvem de pontos gerada durante o escaneamento terrestre permite obter o diâmetro da
árvore, não só à altura do peito, mas em qualquer altura acima do solo (KOREŇ; MOKROŠ; BUCHA, 2017). A
precisão nas estimativas de DAP a partir do TLS é influenciada por parâmetros técnicos e de configuração do
scanner, pelo modo de escaneamento, pela posição do scanner e pelas técnicas de processamento posterior dos
dados coletados com o escaneador (KOREŇ; MOKROŠ; BUCHA, 2017). Até mesmo na coleta de informações
de altura o TLS tem apresentado bons resultados (CALDERS et al., 2015; ROŞCA et al., 2018).

Engenheiro Florestal, MSc., Forlidar Consultoria Agroflorestal, R. Tiradentes, 435, CEP 13400-760, Piracicaba (SP),
1

Brasil. E-mail: ti@forlidar.com.br

377
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O LiDAR terrestre tem se mostrado também eficiente na construção de modelos digitais de superfície
em locais onde foram abertas clareiras em decorrência de colheita. Com isso, reforça-se a sua potencial
aplicabilidade no monitoramento da regeneração, do impacto causado pela colheita, na penetração de luz pelo
dossel, etc. (ROŞCA et al., 2018). A localização e contagem de árvores é outro fator que tem sido explorado a
partir do escaneamento terrestre. Koreň; Mokroš; Bucha (2017) identificaram 157 de um total de 160 árvores da
parcela escaneada. Apenas 3 das 25 árvores com diâmetro menor que 7 cm não foram identificadas na seção
transversal da nuvem de pontos com a espessura variando de 1,28 m a 1,32 m.
Para se obterem informações com acurácia é importante que os múltiplos escaneamentos sejam
precisamente corregistrados e unidos em uma única nuvem de pontos (DISNEY et al., 2018), e que os
algoritmos para remoção/redução dos ruídos da nuvem e para modelagem do fuste sejam selecionados
adequadamente (DE CONTO et al., 2017). Dependendo do objetivo, diversos métodos para processamento dos
dados podem ser aplicados como, por exemplo, a estimativa do DAP por meio de ajustes de círculos (KOREŇ;
MOKROŠ; BUCHA, 2017), ou a reconstrução e obtenção do volume do fuste pelos modelos estruturais
quantitativos (QSM) (DISNEY et al., 2018; MOMO TAKOUDJOU et al., 2018).
O uso de TLS para estimar volume e BAS de árvores encontra-se já bem documentado em regiões de
florestas temperadas, e tem ganhado espaço em países que abrigam florestas tropicais (MOMO TAKOUDJOU
et al., 2018). Dentre as fontes de incertezas para estimativas de BAS em florestas tropicais destaca-se a baixa
representatividade de indivíduos de maiores dimensões de DAP. O TLS tem sido utilizado como uma
alternativa que permite ampliar a amostragem e reduzir os erros nas estimativas de BAS nesse grupo de árvores
maiores (TANAGO et al., 2018). Alguns estudos vêm levantando ainda a hipótese de se utilizar o TLS como
uma alternativa à amostragem destrutiva tradicional para construir equações de BAS (CALDERS et al., 2015;
MOMO TAKOUDJOU et al., 2018).
As incertezas apresentadas pelo TLS para as estimativas de BAS ou volume em florestas tropicais estão
associadas à forma do fuste. Todavia, a forma irregular da maioria das árvores encontradas nessas florestas é
fonte de erro tanto para equações alométricas quanto para a reconstrução do fuste a partir da nuvem de pontos
(DISNEY et al., 2018). Erros sistemáticos no LiDAR terrestre que possam existir, normalmente, têm relação
com a fabricação e a montagem do instrumento, enquanto que erros aleatórios podem vir do mecanismo de
escaneamento, das condições atmosféricas e ambientais, das propriedades dos objetos e da geometria do
escaneamento (LIANG et al., 2016). A crescente facilidade de acesso e miniaturização de instrumentos TLS têm
tornado mais viável o seu uso e transporte em ambientes florestais (KOREŇ; MOKROŠ; BUCHA, 2017). O
fator ambiental mais restritivo continua sendo a chuva (ROŞCA et al., 2018).
Os dados de nuvens de pontos do LiDAR terrestre podem ser usados para geração de parâmetros de
inventário de parcelas, como DAP e altura das árvores, com precisão razoável para estimativas de outras
variáveis de interesse. Além disso, em comparação com o método de inventário de campo direto tradicional, as
nuvens de pontos do TLS podem ser adquiridas rapidamente e com redução do erro sistemático (KALWAR et
al., 2016).
Este trabalho dá início à divulgação de resultados que começam a ser gerados por um equipamento que
vem sendo desenvolvido de forma pioneira por uma jovem empresa brasileira, a Forlidar. Empresa startup
criada por estudantes e ex-membros do Grupo de Estudos em Tecnologias LiDAR da ESALQ/USP, a Forlidar
provê serviços de processamento de dados lidar e desenvolve soluções operacionais de grande escala na área de
mensuração e monitoramento de processos produtivos florestais, de restauração ambiental e de monitoramento
da vegetação.

MATERIAL E METÓDOS

Seis parcelas circulares instaladas em plantios de Hevea brasilienses e de Eucalyptus saligna no campus
da ESALQ em Piracicaba foram usadas para os escaneamentos com um protótipo do backpack Forlidar. Três
parcelas com raio de 25 m cada foram casualmente instaladas no povoamento de seringueira, e outras três
parcelas com raio de 12,7 m, instaladas de forma igualmente casual, foram instaladas para amostrar o plantio de
eucalipto.
O caminhamento das parcelas foi feito com o backpack Forlidar de forma padronizada, passando o
operador pela linha central, de forma a cruzar integralmente a parcela, contornando por fora a parcela até o
ponto de entrada da linha entre árvores que cruza novamente o centro da parcela. O procedimento é rápido e o
trajeto em “x” garante uma escaneamento com boa cobertura de toda a parcela.
O escaneador Velodyne VLP-16 foi disposto num ângulo de 45o, fazendo com que o “disco” de 360o
o
por 30 de abertura varresse lateralmente o espaço percorrido, permanecendo o centro acima da cabeça do

378
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
operador e nunca sendo obstruído pelo seu corpo. A ativação de desativação do escâner é bastante simples,
bastando para isso uma conexão internet do celular do operador com o sinal wifi emitido pelo backpack.
Os dados das seis parcelas estão ainda em fase de conversão para processamento completo, portanto,
este trabalho apresenta algumas das nuvens obtidas e alguns dados preliminares do escaneamento terrestre
móvel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para avaliação visual da qualidade da nuvem de dados lidar TLS gerada pelo backpack Forlidar
apresenta-se na Figura 1, a partir de diferentes ângulos, o produto obtido no formato LAZ para uma das parcelas
instaladas no plantio de seringueira. Nota-se nitidamente a presença de uma pessoa segurando uma haste para
demarcar o centro da parcela, e as superfícies de troncos de árvores registradas pelo escâner. A difusa dispersão
dos pontos é característica de escaneadores desenvolvidos para uso automotivo e de procedimentos de
corregistro SLAM. Deve-se destacar a notável fidelidade com que os elementos da paisagem foram registrados,
se considerado o fato de que nenhum sensor IMU (inertial movement unit) e GPS (global positioning system)
foi usado para auxiliar no processo de corregistro dos pontos coletados pelos múltiplos escaneamentos gerados
durante o caminhamento da parcela.

FIGURA 1: Nuvem de pontos lidar TLS gerada pelo backpack Forlidar para uma das parcelas em plantio de
seringueira na ESALQ/USP (destaque para a pessoa que segura uma haste sobre o centro da parcela).

A nuvem foi posteriormente submetida ao algoritmo de segmentação para identificação não


supervisionada das árvores presentes na parcela. O algoritmo, conforme descrito por de Conto et al. (2017) foi
convertido em software pelo próprio autor e utilizado para identificação e isolamento das árvores na parcela. O
resultado pode ser apreciado na Figura 2 e na Figura 3. Nota-se a acurácia com que os fustes das árvores foram
isolados dos demais elementos da paisagem, considerados irrelevantes para efeito dos parâmetros de interesse
em medições de inventário. Vale também ressaltar a eficiente detecção do afilamento, como atestam as esferas
plotadas com diâmetro equivalente ao diâmetro observado na altura onde estão sendo representadas.

379
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Etapa do processo de segmentação não supervisionada de árvores sobre a nuvem TLS obtida com o
backpack Forlidar.

FIGURA 3: Reprodução 3D de esferas ao longo dos fustes de árvores segmentadas de forma não supervisionada
pelo sistema Forlidar.

Os pontos isolados e pertencentes aos fustes das árvores de interesse foram processados e, neste
momento, tratados apenas para estimação do diâmetro à altura do peito (DAP) de cada árvore identificada na
nuvem. A Figura 4 mostra a distribuição dos DAPs automaticamente estimados pelos procedimentos de
isolamento das árvores sobreposta à distribuição dos DAPs efetivamente medidos nessa parcela. A similaridade
dos resultados obtida já nesta fase ainda incipiente de filtragem e de aprimoramento dos procedimentos revela-
se surpreendente.

FIGURA 4: Histogramas de DAPs medidos (measured) e de DAPs estimados (backpack) para as árvores
automaticamente segmentadas.

380
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Igualmente surpreendente neste exercício é a similaridade observada entre o valor médio dos DAPs
diretamente medidos no campo e o valor médio dos DAPs encontrados pelo procedimento de segmentação
automática e não supervisionada. O resultado mostra médias praticamente iguais, 26,62 cm para a média dos
valores medidos e 26,83 cm para as estimativas TLS, sendo a diferença de apenas dois décimos entre médias.
Os DAPs estimados apresentaram desvio padrão de 5,70 cm, enquanto as medições expressaram um desvio
padrão de 7,00 cm. Os estudos se concentram neste momento na análise das estimativas individuais para cada
árvore e no refinamento dessas etapas.

CONCLUSÃO

Ainda que numa fase bastante inicial de desenvolvimento, os dados de escaneamento de parcelas de
inventário gerados pelo protótipo do equipamento backpack Forlidar, e processados por software
complementar, já revelam resultados bastante positivos.

AGRADECIMENTOS

Manifestamos o nosso agradecimento à acadêmica Alessandra Melo, aluna de Engenharia Florestal da


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, que nos apoiou nas atividades de campo durante as
medições realizadas com o backpack da Forlidar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Methods in Ecology and Evolution, [s.l.], v. 6, n. 2, p. 198–208, 2015.
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from terrestrial laser scanning. Computers and Electronics in Agriculture, [s.l.], v. 143, n. October, p. 165–
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DISNEY, M. I. et al. Weighing trees with lasers: advances, challenges and opportunities. Interface Focus, [s.l.],
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KALWAR, O. P. P. et al. Derivation of forest inventory parameters for carbon estimation using terrestrial lidar.
ISPRS - International Archives of the Photogrammetry, Remote Sensing and Spatial Information
Sciences, [s.l.], v. XLI-B8, n. July, p. 677–684, 23 jun. 2016.
KOREŇ, M.; MOKROŠ, M.; BUCHA, T. Accuracy of tree diameter estimation from terrestrial laser scanning
by circle-fitting methods. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, [s.l.],
v. 63, n. July, p. 122–128, dez. 2017.
LIANG, X. et al. Terrestrial laser scanning in forest inventories. ISPRS Journal of Photogrammetry and
Remote Sensing, [s.l.], v. 115, p. 63–77, maio 2016.
MOMO TAKOUDJOU, S. et al. Using terrestrial laser scanning data to estimate large tropical trees biomass
and calibrate allometric models: A comparison with traditional destructive approach. Methods in Ecology and
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ROŞCA, S. et al. Comparing terrestrial laser scanning and unmanned aerial vehicle structure from motion to
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TANAGO, J. G. et al. Estimation of above-ground biomass of large tropical trees with terrestrial LiDAR.
Methods in Ecology and Evolution, [s.l.], v. 9, n. 2, p. 223–234, 2018.
WILKES, P. et al. Data acquisition considerations for Terrestrial Laser Scanning of forest plots. Remote
Sensing of Environment, [s.l.], v. 196, p. 140–153, jul. 2017.

381
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELAGEM APLICADA AO CRESCIMENTO INICIAL DE Cordia Trichotoma (VELL.) ARRÁB.
EX STEUD. EM DOIS VIZINHOS, PARANÁ

MODELING APPLIED TO THE INITIAL GROWTH OF CORDIA TRICHOTOMA (VELL.) ARRÁB. EX


STEUD. IN DOIS VIZINHOS, PARANÁ

Bernardo Augusto Sandi1 Marcos Felipe Nicoletti Larissa Regina Topanotti Fernando Campanhã Bechara
Maria Elize Rodrigues Branco Matheus de Liz Salamon

RESUMO

Apesar de todo o potencial de uso da flora nativa brasileira, ainda são poucas as informações encontradas a
respeito do crescimento inicial destas. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento inicial da
espécie Cordia trichotoma utilizando ferramentas de modelagem matemática. O estudo consistiu em um plantio
de 360 mudas de 70 espécies nativas, em dezembro de 2010, no município de Dois Vizinhos, Paraná. A coleta
de dados iniciou em maio de 2011, sendo realizada semestralmente até 2014. Foram avaliadas as seguintes
variáveis: sobrevivência, diâmetro do colo, altura total e área de copa e utilizados os modelos logístico e de
Gompertz para projeção do crescimento em função do tempo. Para avaliação dos modelos, foram observados os
valores de R², erro padrão da estimativa, valor de F, AIC e BIC. A espécie apresentou um desempenho inicial
satisfatório, principalmente em área de copa e taxas de sobrevivência de 100%, mesmo com a ocorrência de
geadas fortes na região, o que indica sua resistência a invernos mais rigorosos. Os modelos testados
apresentaram um ótimo desempenho em relação aos parâmetros estatísticos considerados, com valores de R²
variando de 0,47 a 0,74 e erro padrão da estimativa de 29% a 65%, este último para a área de copa que
apresentou os menores valores estatísticos. Mesmo com um desempenho bem parecido dos modelos, o modelo
de Gompertz teve melhor performance e foi adotado para projeção do crescimento inicial dessa espécie. Para
próximos estudos, sugere-se a compilação de dados com uma janela de observação maior e o teste de outros
modelos matemáticos, tanto não lineares, abordados nesse estudo, quanto os lineares.
Palavras-chave: Desenvolvimento inicial; Espécies nativas; Modelos matemáticos.

ABSTRACT

Despite all the potential of Brazil´s native flora, there is still a lack of information on the initial growth of these
plants. The present work aimed to evaluate the initial growth of Cordia trichotoma using mathematical
modeling tools. The study consisted of a planting of 360 seedlings of 70 native species, in December 2010, in
the municipality of Dois Vizinhos, Paraná. The data collection began in May 2011, and it was carried out every
six months until 2014. The following variables were evaluated: survival, collar diameter, total height and crown
area, and the logistic and Gompertz models were tested for growth projection as a function of time. To evaluate
the models, the values of R², standard error of the estimate, F, AIC and BIC values were observed. The species
presented a satisfactory initial performance, especially in crown area, and survival rates of 100%, even with the
occurrence of strong frosts in the region, indicating its resistance to rigorous winters. The models tested
presented an excellent performance in relation to the statistical parameters considered, with R² values ranging
from 0.47 to 0.74 and standard error of the estimate from 29% to 65%, the latter for crown area that presented
the lowest statistical values. Even with a very similar performance of the models, the Gompertz model had a
better performance and it was adopted for projection of the initial growth of this species. For future studies, it is
suggested to compile data with a larger observation window and to test other mathematical models, both non-
linear, addressed in this study, and linear ones.
Key words: Initial development; Native species; Mathematic models.

INTRODUÇÃO

O estado do Paraná ocupa a sexta posição em termos de riqueza vegetal já registrada entre os estados
brasileiros, com um total de 7.687 espécies de fungos, algas e plantas terrestres e um total de 203 espécies
endêmicas pertencentes a estes grupos. É um estado dominado pelo Bioma Mata Atlântica, tendo a Floresta
Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidual como fitofisionomias dominantes no estado. Na região

1
Estudante de Engenharia Florestal, Centro de Ciências Agroveterinárias, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av.
Luiz de Camões, 2090, Bairro Conta Dinheiro, CEP 88.520-000, Lages (SC), Brasil. E-mail: ber_sandi@hotmail.com

382
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Sudoeste do Paraná, onde está localizado o município de Dois Vizinhos, observam-se vários trechos onde essas
duas formações florestais se misturam, regiões estas chamadas de ecótonos (ITCG, 2009; FORZZA et al., 2010;
IBGE, 2012).
Dentre as espécies que compõem essas florestas encontra-se Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud,
conhecida popularmente como louro-pardo. Pertencente à família Boraginaceae, é de ampla ocorrência no
Brasil, sendo encontrada desde o Estado do Ceará até o Rio Grande do Sul, em formações de Floresta Pluvial
Atlântica, Semidecídua e no Cerrado. A árvore pode atingir de 25 até 35 metros de altura, podendo ter um fuste
de 10 a 15 metros e 100 centímetros de diâmetro à altura do peito (DAP) e sua madeira apresenta grande
utilidade em determinados usos como móveis, embarcações etc. Além disso, pode ser utilizada para fins
medicinais, em paisagismo e em reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição e restauração de
áreas degradadas (LORENZI, 1992; CARVALHO, 1994).
Mesmo com todo esse potencial de uso, informações sobre a dendrometria e crescimento dessa espécie
ainda são praticamente inexistentes, assim como para a maioria das espécies nativas (SCHEEREN et al., 2002).
Assim, estudos sobre o crescimento dessa espécie são cruciais para subsidiar plantios dessa espécie para os mais
diversos fins, incluindo, nesses estudos, a modelagem de crescimento (NUTTO, 2001).
Dessa maneira, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o crescimento inicial, até os 48 meses
após o plantio, de Cordia trichotoma utilizando ferramentas de modelagem matemática.

MATERIAL E MÉTODOS

O local de estudo está localizado na UNEPE Restauração Ecológica, nas dependências da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, no município de Dois Vizinhos, sudoeste do Estado do Paraná, Brasil, entre as
coordenadas geográficas 25°41’37” S e 53°06’07” W, com altitude média de 502 m. Nesta região, os solos são
profundos, mediamente férteis, caracterizados como Latossolo Vermelho Distroférrico típico (EMBRAPA,
2006). O clima, segundo classificação de Köeppen, é do tipo Cfa, subtropical, sem estação seca, com
temperatura média do mês mais frio abaixo de 18ºC e temperatura média do mês mais quente acima de 22ºC, e
temperaturas médias anuais entre 19ºC e 20ºC (ALVARES et al., 2013), com ocorrência de geadas. A vegetação
original da região é do tipo Floresta Ombrófila Mista com influência da Floresta Estacional Semidecidual
(ITCG, 2009).
Foi realizado um plantio de árvores nativas em dezembro de 2010, com mudas de 30-50 cm de altura,
distribuído em quatro blocos casualizados com parcelas de 40 x 54 m, totalizando uma área experimental de
0,864 ha em uma área de 7,2 ha. Cada parcela recebeu o plantio de 360 mudas: 180 plantas de espécies
pioneiras (espécies de preenchimento) e 180 plantas de espécies secundárias tardias e climácicas (espécies de
diversidade). Foi feito o plantio com tais espécies alternadas dentro das linhas, com espaçamento de 3 m entre
linhas e 2 m entre plantas. Foram utilizadas 70 espécies nativas e para esse estudo, foi avaliada a espécie Cordia
trichotoma, com 12 indivíduos plantados.
A coleta de dados teve início em maio de 2011, seguidas por avaliações semestrais até 2014. As
informações obtidas a campo foram sobrevivência (%), diâmetro do colo (cm), altura total (m) e área de
projeção da copa (m²), desconsiderando-se os indivíduos regenerantes dessa espécie. As avaliações de
sobrevivência antecederam o replantio que ocorreu aos 3, 5, 12 e 24 meses após o plantio. A sobrevivência
baseia-se na contagem de plantas vivas na área plantada, sendo que a porcentagem das plantas vivas
corresponde à sobrevivência total dos indivíduos (STOLARSKI, 2014).
O diâmetro do colo das mudas foi obtido através da utilização de um paquímetro digital, posicionando-o
no colo da planta, próximo à superfície do solo, coletando as informações de diâmetro. Padronizou-se o sentido
do maior comprimento da parcela como referência para o posicionamento do paquímetro.
As informações de altura foram coletadas com o auxílio de uma régua graduada de 10 m, com intervalos
de 0,05 cm. O equipamento foi posicionado verticalmente o mais próximo possível da planta, deixando a sua
base no mesmo nível do solo. Considerou-se como altura total a distância entre a base da árvore sobre o solo,
até a ponta do ramo mais alto da copa.
Com relação a área de copa, foram realizadas duas medições transversais de diâmetro de copa, medidos
perpendicularmente um ao outro com o auxílio de uma trena métrica, que foram transformadas em área de
projeção de copa através da fórmula da área de elipse: Sc (m²) = dl.de.π/4, onde Sc é a área de projeção de copa
(m²); dl e de são os diâmetros de copa (m) medidos, respectivamente, no sentido da linha e entre linha de
plantio; π constante equivalente a 3,14159.
Para modelagem do crescimento, não foi considerada a primeira avaliação (aos 06 meses), pois as
mudas sofreram com o inverno rigoroso de 2011 e, na segunda avaliação no final de 2011, apresentaram
crescimento menor ao observado na primeira avaliação, já que isso poderia afetar a qualidade dos ajustes dos

383
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
modelos, produzindo resultados diferentes dos reais. Foram testados os modelos de Gompertz e logístico,
conforme funções a seguir.
−𝑘𝑡
Gompertz: 𝑊 = 𝐴𝑒 −𝑏𝑒 Logístico: 𝑊 =
𝐴
(1+𝑏∗𝑒 −𝑘𝑡 )
Em que: W = tamanho do organismo no tempo t; A = valor assintótico que o organismo pode atingir; k = medida
relativa da taxa de crescimento do organismo; b = usualmente sem importância biológica, refletindo somente a
escolha do tempo zero; t = tempo ou idade.
Para avaliar os ajustes dos modelos propostos para o diâmetro do colo, altura total e área de copa, foram
utilizados os parâmetros Critério de Informação Akaike (AIC), Critério de Informação Bayesiano (BIC), erro
padrão da estimativa (Syx), valor de F e valor de coeficiente de determinação ajustado (R²). Os dados foram
tabulados e armazenados em planilha eletrônica do Microsoft Office Excel ® e as análises estatísticas foram
desenvolvidas no Software Estatístico R, sendo que os valores de padrão da estimativa, tanto absoluto quanto
relativo, valor de F e o valor de coeficiente de determinação ajustado foram calculados manualmente no
Software R, uma vez que se tratam de modelos não lineares (R CORE TEAM, 2017). Para avaliação dos
modelos, sabe-se que quanto maior o valor de R², maior a precisão e confiabilidade do modelo; quanto menor o
valor de Syx, melhor o modelo, por apresentar menor variação nos dados; quanto maior o valor de F, melhor o
modelo e quanto menor os valores de AIC e BIC, melhor o desempenho do modelo, pois o modelo é mais
aderente à distribuição amostral dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi observada a mortalidade de nenhum indivíduo durante o período de avaliação, indicando uma
sobrevivência de 100% das mudas. Essa é uma taxa que se destaca quando comparada ao trabalho de Salvadori
et al. (2013), por exemplo, que em todas as condições de adubação testadas por esses autores, a sobrevivência
atingiu taxas de até 92% nas avaliações feitas 30 dias após o plantio, mas decaiu para o máximo de 88% quando
analisada 300 dias após o plantio. Também apresenta taxas de sobrevivência superiores às encontradas por
Antonelli et al. (2015), que foi de 97,2% em sistema silvipastoril também no município de Dois Vizinhos. Foi
encontrada a mesma taxa de sobrevivência (100%) apenas no trabalho de Nieri et al. (2012), em um plantio com
16 espécies nativas localizado no mesmo município, Dois Vizinhos.
Nota-se, também que a espécie apresentou uma redução do crescimento em diâmetro de colo e altura
total na segunda avaliação (final de 2011) (Figura 1). Essa redução se deu, provavelmente, aos efeitos do
inverno rigoroso de 2011, com registros de temperaturas abaixo de zero nos meses de maio a julho de 2011,
conforme dados provenientes da Estação Meteorológica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Dois Vizinhos (INMET, 2018), pois, na segunda avaliação de 2011, dos 12 indivíduos avaliados, oito
tinham rebrotado.
Segundo Radomski et al. (2012), C. trichotoma é uma espécie sensível a baixas temperaturas, sobretudo
na ocorrência de geadas tardias quando a espécie já apresenta brotações novas. Carvalho (1993) também salienta
que a espécie sofre com geadas tardias, mas que é tolerante ao frio e que árvores adultas podem suportar até -
11°C em florestas naturais. Dessa maneira, o comportamento da espécie nesse estudo, que apresentou rebrotas
após o inverno rigoroso de 2011, demonstra que a espécie apresenta tolerância ao frio.

FIGURA 1: Boxplots dos dados de diâmetro do colo (cm), altura total (m) e área de copa (m²) da espécie Cordia
trichotoma, analisadas ao longo de 48 meses, respectivamente.

384
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FIGURE 1: Boxplots of collar diameter (cm), total height (m) and crown area (m²) of Cordia trichotoma
species, analyzed over 48 months, respectively.

Com relação ao diâmetro do colo, C. trichotoma apresentou uma variação de 0,94 cm, aos seis meses de
idade, a 11,78 cm, aos quarenta e oito meses de idade, com um incremento em diâmetro do colo de 10,84 cm em
quatro anos, representando um incremento médio de 2,71 cm por ano. Antonelli et al. (2015) conseguiram um
valor máximo de 2,6 cm de diâmetro do colo em 300 dias após o plantio no tratamento de adubação que
apresentou o melhor desempenho.
Em termos de altura total, essa variou de 0,24 m a 6,75 m dos 6 aos 48 meses de idade, respectivamente,
representando um incremento total de 6,51 m e um incremento médio anual de 1,62 m. Antonelli et al. (2015)
alcançaram uma altura de 1,0 m para as mudas de C. trichotoma avaliadas aos 300 dias no tratamento de
adubação que apresentou o melhor desempenho, resultado similar ao obtido nesse trabalho. Baggio et al. (2011)
obteve um incremento médio anual em altura de 0,93 m. Radomski et al. (2012) observaram um incremento
médio anual em altura de 0,86 até os 5 anos de idade. Dessa maneira, nota-se que o crescimento inicial em
altura obtido no presente trabalho apresentou ótimos resultados.
Para a área de copa, foi observado que esta oscilou de 0,21 m², aos 6 meses, a 37,9 m², aos 48 meses.
Antonelli et al. (2015) conseguiram valores de área de copa máximos de 0,40 m² aos 300 dias, resultados muito
parecidos com os do presente trabalho. Da mesma forma, Ludvichak et al. (2012) notaram valores médios de
área de copa para C. trichotoma de 0,15 m², avaliados aos 7 meses após o plantio.
De maneira geral, Carvalho (1993) afirma que o crescimento de C. trichotoma é considerado lento a
moderado, assim como observado na performance do crescimento inicial dessa espécie por Ludvichak et al.
(2012). Nota-se, entretanto, que a espécie apresentou um crescimento que poderia ser considerado rápido nesse
trabalho. Isso pode ser considerado normal uma vez que as espécies tendem a apresentar crescimento mais
acelerado nos primeiros anos de vida (BAGGIO et al., 2011).
No que se refere aos parâmetros obtidos para os modelos matemáticos testados, nota-se que tanto o
modelo logístico quanto o modelo de Gompertz apresentaram valores muito semelhantes para todas as variáveis
analisadas, conforme demonstrado na Tabela 1. Entretanto, o modelo que apresentou melhor desempenho
perante os parâmetros estatísticos para todas as variáveis foi o modelo de Gompertz, que é um dos modelos mais
utilizados para predição do crescimento de árvores (ENCINAS et al., 2005), sendo este um modelo que poderia
ser aplicado para predição do crescimento inicial dessa espécie.

TABELA 1: Parâmetros estatísticos obtidos para cada modelo matemático testado para o crescimento inicial de
Cordia trichotoma no município de Dois Vizinhos, PR.
TABLE 1: Statistical parameters obtained for each mathematical model tested for the initial growth of Cordia
trichotoma in the municipality of Dois Vizinhos, PR.
Diâmetro do Colo Altura Total Área de Copa
Parâmetros Logístico Gompertz Logístico Gompertz Logístico Gompertz
A 8,2834 9,15778 5,798 7,72 16,992 19,348
b 25,7191 4,51098 32,764 3,83 26,571 10,039
k 8,7897 0,933369 11,523 0,95 5,681 0,910
R² ajus 0,66 0,66 0,74 0,74 0,47 0,48
Syx 1,60 1,59 0,77 0,77 6,26 6,21
Syx% 33,20 33,01 29,58 29,47 64,66 64,14
Valor de F 53,40 55,34 79,31 80,83 23,94 25,68
AIC 322,56 321,57 200,41 199,83 551,50 550,14
BIC 332,28 331,29 210,13 209,55 561,22 559,87
Em que: A, b e k= coeficientes dos modelos; R²ajust = coeficiente de determinação ajustado; Syx = erro padrão da
estimativa absoluto; Syx% = erro padrão da estimativa absoluto em porcentagem; AIC = Critério de Informação Akaike;
BIC = Critério de Informação Bayesiano.
With: A, b e k = models´ coefficients; R² = adjusted coefficient of determination; Syx = absolute standard error; Syx% =
standard error of estimate absolute in percentage; AIC = Akaike information criterion; BIC = Bayesian information
criterion.

Mesmo tendo valores semelhantes dos parâmetros, as curvas de crescimento dos modelos para as
variáveis analisadas apresentaram comportamentos distintos, sobretudo para o crescimento do colo, onde o
modelo logístico subestimou os valores de diâmetro do colo (Figura 2).

385
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

A B

FIGURA 2: Curvas de crescimento médio em diâmetro do colo (A), altura total (B) e área de copa (C) da
espécie Cordia trichotoma estudada, analisada ao longo de 48 meses, respectivamente.
FIGURE 2: Average growth curves for collar diameter (A), total height (B) and crown area (C) of Cordia
trichotoma species studied, analyzed over 48 months, respectively.

Em geral, foram obtidos ótimos valores de R², F e erro padrão da estimativa para os modelos testados,
sendo que os maiores foram obtidos para altura total. A variável que apresentou os piores resultados para ambos
os modelos testados foi área de copa. Para tanto, sugere-se testar outros modelos em estudos futuros ou usar
outras variáveis como variáveis independentes, como o diâmetro do colo.
Ainda são poucos os estudos que abordam a modelagem matemática para projeção do crescimento de
espécies nativas, sobretudo com C. trichotoma e ainda mais raros os estudos sobre crescimento inicial. Scheeren
et al. (2002) testaram os modelos de regressão de Mitscherlich e Sonntag (1982), Backman (1943) e quadrática
para a projeção do volume comercial e DAP dessa espécie em função da idade, e notaram que a melhor função
foi a função quadrática, produzindo valores de R² de 0,99 para projeção do DAP e 0,71 para o volume
comercial.

CONCLUSÃO

Com as informações descritas, é possível afirmar que a espécie Cordia trichotoma apresentou um
crescimento inicial satisfatório e demonstrou ser resistente à invernos mais rigorosos, sendo esta informação
confirmada pela literatura.
Os modelos testados apresentaram um ótimo desempenho em relação aos parâmetros estatísticos
considerados, sendo adotado o modelo de Gompertz para projeção do crescimento inicial dessa espécie.
Para próximos estudos, sugere-se a compilação de dados com uma janela de observação maior e o teste
de outros modelos matemáticos, tanto não lineares, abordados nesse estudo, quanto os lineares.

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386
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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387
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELAGEM DA COPA DE ÁRVORES DE EUCALIPTO

TREE CROWN MODELING OF EUCALYPTUS

Laís Almeida Araújo1 Luciano Cavalcante de Jesus França Isáira Leite e Lopes Talles Hudson Souza Lacerda
Evandro Nunes Miranda Lucas Rezende Gomide

RESUMO

Objetivou-se neste estudo ajustar modelos de regressão para estimar a área de copa, a partir do diâmetro à altura
do peito (DAP). Os dados utilizados são provenientes de povoamento experimental de Eucalyptus spp.,
localizado no município de Lavras – MG. Nos plantios comerciais nas idades de 2, 7 e 14 anos foram
amostradas 71 arvores por classe de idade. As variáveis coletadas foram a altura total, diâmetro a altura de 1,30
metros do solo (DAP) e, 8 raios da copa. Modelos de regressão linear foram ajustados para estabelecer a relação
funcional entre diâmetro a 1,30 cm e a área de copa, utilizando o software R. Os critérios de avaliação das
estimativas foram: correlação (r) entre as áreas de copa estimadas e observadas, erro padrão residual (Syx%), a
análise gráfica de resíduo e os histogramas dos erros percentuais. Os resultados mostram, a partir do coeficiente
de determinação, que os modelos de Petterson e Parabólico apresentaram maiores valores para a idade de 2 anos
(69,07 e 69,06), 7 anos (73,13 e 72, 65) e 14 anos (9,49 e 9,42), sobressaindo-se dos demais modelos. Todavia,
para a idade de 14 anos, os modelos ajustados apresentaram resultados estatísticos inferiores em comparação
com as demais idades. Essas análises, juntamente com o erro padrão residual confirma o uso satisfatório desses
dois modelos para estimativa da área de copa. Em geral, o modelo de Petterson foi o que apresentou a melhor
performance de ajuste para todas as idades, gerando resultados satisfatórios na estimação da área de copa em
função do diâmetro. Concluiu-se que é possível modelar a copa das árvores de Eucalyptus.
Palavras-Chave: Biometria florestal; Eucalipto; Área de copa; Análise de regressão.

ABSTRACT

The objective of this study was to adjust regression models to estimate the crown area from diameter to breast
height (DBH). The database used come from experimental stands of Eucalyptus spp. in the municipality of
Lavras - MG. The commercial planting area ranging from 2, 7 and 14 years old the 71 trees were sample. The
trees variables used were total height, diameter at breast height (DBH), 8 crown radius trees. The regression
models were fitting to relay with DBH and crown area tree in R software. The regression model evaluation
were: correlation (r) between estimated and observed crown areas, residual standard error (Syx%), residual plot
analysis and histograms of percent error. The results show according to the coefficient of determination, the
Petterson and Parabolic models had high values for the age of 2 years (69.07 and 69.06), 7 years (73.13 and
72.65) and 14 years (9.49 and 9.42), standing out from the other models. However, for the age of 14 years, the
adjusted models presented lower statistical results in comparison to the other ages. This statistical metric
together with the residual standard error, confirmed the good performance of these two models for crown area
estimation. We conclude to be feasible model the crown area of Eucalyptus trees.
KeyWords: Forest biometry; Eucalyptus; Crown area; Regression analysis.

INTRODUÇÃO

O setor florestal brasileiro tem contribuído de forma significativa para suprimento da demanda por
produtos de origem florestal, o qual tornou-se nos últimos anos um dos mais relevantes no cenário global
(CERQUEIRA et al., 2017). No ano de 2016, o Brasil apresentava 7,8 milhões de hectares de áreas ocupadas
por florestas de produção (IBA, 2017). Dentre as espécies mais plantadas destacam-se os gêneros Eucalyptus e
Pinus.
Atualmente, o gênero Eucalyptus spp. é considerado o mais plantado no país e em outras regiões
subtropicais do mundo (CASTRO et al., 2016), principalmente, em função de suas características favoráveis. A
escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira, tanto em escala industrial como para pequenos
consumidores, estão relacionadas a algumas vantagens da espécie, como rápido crescimento, caracteres

1
Engenheira Florestal, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia florestal, Departamento de Ciências
Florestais, Universidade Federal de Lavras, Aquenta Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail:
la_sal@hotmail.com

388
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
silviculturais desejáveis (incremento, forma e desrama), além da grande diversidade de espécies, o que
possibilita a adaptação da cultura às diversas condições de clima e solo (BERNARDI et al., 2014).
Neste sentido, é importante conhecer os possíveis fatores que influenciam no crescimento das árvores,
sobretudo, àqueles relacionados com copa e diâmetro de espécies arbóreas, uma vez que a copa tem influência
direta, em decorrência da exposição à energia fotossintética solar. Sanquetta et al. (2014) destacam que, esta
energia é transformada pelo processo da fotossíntese em energia química, podendo ser possível inferir que, a
copa é o órgão que tem associação consequente no crescimento da árvore. Nesse sentido, as relações
morfométricas de uma espécie florestal podem fornecer, por exemplo, subsídios básicos para as estimativas da
biomassa de copa, isto é, variáveis como a altura total da árvore, a altura de copa e o diâmetro de copa, que
podem ser facilmente correlacionadas com o diâmetro a 1,30 metros do solo (DAP) (ORELLANA e
KOEHLER, 2008; SANQUETTA et al., 2014).
As relações entre diâmetro de copa, altura total, diâmetro (DAP) e comprimento de copa, são muito
importantes nos estudos de competição em povoamentos florestais, sustentando futuras decisões sobre desbaste
(PADOIN e FINGER, 2010). Desta forma, uma das alternativas para obter-se conhecimento sobre essas
dimensões, é utilizando-se de ajustes de modelos de regressão, para estimar o diâmetro de copa (DC) em função
do DAP (LEÃO et al., 2017). Diante disso, destaque-se a importância da determinação das dimensões de copa
para fins de manejo de florestas plantadas. Assim, o presente trabalho teve como objetivo ajustar e avaliar o
desempenho de modelos de regressão para estimar área de copa a partir do diâmetro altura do peito, em um
povoamento de Eucalyptus spp., localizado no município de Lavras, Minas Gerais, Brasil.

MATERIAL MÉTODOS

Área de Estudo
A partir do inventário florestal dos plantios comerciais de Eucalyptus spp. para as idades de 2, 7 e 14
anos, foram amostradas 71 árvores por classe de idade. Estas foram representativas de suas respectivas classes
de diâmetro. Os povoamentos estão situados no município de Lavras, região sul de Minas Gerais (Figura 1),
sendo plantados com um espaçamento 3 x 2 metros. No campo foram coletadas as variáveis o diâmetro na altura
de 1,30 metros do solo (DAP) e os raios da copa (xi). A partir dos raios foram obtidos o cálculo da área de copa
(Ac) de acordo a Equação 1.

FIGURA 1: Mapa de localização do município de Lavras, no contexto de Minas Gerais, Brasil.


FIGURE 1: Map location of the municipality of Lavras, in the context of Minas Gerais, Brazil.

( x 1 x 2 ) sen ( 45 ) + ( x 2 x 3 ) sen ( 45 ) + ... + ( x 8 x 1 ) sen ( 45 ) 


Ac =  (1)
2

Em que: AC = Área da copa; xi = raios da copa.

389
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Modelagem da copa das árvores
O uso de modelos de regressão para descrever as relações funcionais entre diâmetro e altura são muito
difundidos no setor florestal. Dessa forma, foram selecionados 5 modelo lineares mais utilizados no estudo das
relações hipsometricas, para descrever a relação entre diâmetro e área de copa (Tabela 1). O processamento dos
modelos testados considerou o uso do software R (Version 3.4.2 – © 2017 RStudio, Inc.).

TABELA 1: Modelos aplicados para estimar a área de copa de árvores de Eucalyptus spp.
TABLE 1: Regression models applied to estimate the crown area of Eucalyptus spp trees.
Autor Modelo
Parabólico ou Näslund (1929) Aci = β0 + β1DAPi + β2 DAPi 2 + εi
Stofel (1950) Ln( Aci ) = β0 + β1Ln( DAPi ) + εi
1
Curtis Ln( Aci ) = β0 + β1 + εi
DAPi
1 1
Petterson = β0 + β1 + εi
3 Aci − 1,3 DAPi
DAPi 2
Prodan (1951) Aci − 1,3 = + εi
β0 + β1DAPi + β2 DAPi 2
Em que: Ac = área de copa, DAP = diâmetro a 1,30 metros do solo; β i = Parâmetros da equação e ε i = erro de
estimativa.

Critérios de avaliação das estimativas por meio de regressão


Os critérios de avaliação das estimativas resultantes dos modelos estatísticos foram: correlação (r) entre
as áreas de copa estimadas e observadas, erro padrão residual (Syx%), análise gráfica entre as áreas de copa
observadas e estimadas, e dispersão dos erros percentuais. Para verificar a significância dos parâmetros
estimados dos modelos de regressão, utilizou-se o teste t a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela análise exploratória dos dados de DAP (cm) e Ac (m2) resultaram as estatísticas básicas para cada
idade, descritas na Tabela 2. Observa-se que a Ac apresentar maior variação dos dados (CV%) em todas as
idades, comparada ao DAP. Ressalta-se também que aos 14 anos de idade encontra-se a maior variabilidade dos
dados de área de copa e menor do DAP.

TABELA 2: Estatísticas descritivas, para as idades de 2, 7 e 14 anos, para características de diâmetro 1,30 m do
solo e área de copa.
TABLE 2: Descriptive statistics, for the ages of 2, 7 and 14 years, for characteristics of diameter 1,30 m of the
soil and area of canopy.
Estatísticas
Idade Características dendrométricas
Mínimo Média Máximo Desvio Padrão CV(%)
DAP (cm) 3.69 8.66 12.25 1.98 22.87
2 2
Ac (m ) 3.43 9.25 14.29 2.72 29.37
DAP (cm) 6.02 14.59 20.63 3.57 24.46
7
Ac (m2) 0.66 3.85 8.60 1.75 45.29
DAP (cm) 12.60 21.02 32.00 4.64 22.07
14 2
Ac (m ) 2.61 8.92 31.15 6.00 67.24
Em que: CV = coeficiente de variação; DAP = diâmetro a altura do peito; Ac = área de copa.

Na Tabela 3, são apresentados os coeficientes ajustados para os cinco modelos aplicados.

390
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 3: Valores dos coeficientes estimados para os modelos de regressão nas idades de 2, 7 e 14 anos.
TABLE 3: Estimated coefficients values for regression models for ages at 2, 7 and 14 years.
2 anos 7 anos 14 anos
Modelos Coeficientes Coeficientes Coeficientes
β0 β1 β2 β0 β1 β2 β0 β1 β2
Parabólico (1929) 2,204 0,449 0,039 2,142 -0,284 0,026* 11,530 -0,681 0,025
Stofel (1950) -0,114 1,076* - -2,928* 1,574* - -0,504* 0,830 -
Curtis 3,140* -7,860* - 2,496* -16,968* - 2,736* -14,638* -
Petterson 0,305* 1,469* - 0,239* 5,967* - 0,324* 3,277* -
Prodan (1951) -1,702* 1,430 -0,033 -17,585 9,838* -0,307* -57,735* 7,746* -0,119*
Em que: βi = parâmetros da equação. * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t (p<0,05).

As estatísticas de avaliação do ajuste dos modelos hipsométricos são evidenciadas na Tabela 4.

TABELA 4: Estatísticas utilizadas para avaliar o desempenho do ajuste dos modelos hipsométricos na
estimação da área de copa de árvores de Eucalyptus sp. nas idades de 2, 7 e 14 anos.
TABLE 4: Statistics used to evaluate the performance of fit of hypsometric models in the estimation of treetops
area of Eucalyptus sp. at the ages of 2, 7 and 14 years.
Estatísticas
Modelos R (%) R² (%) Syx (%)
2 anos 7 anos 14 anos 2 anos 7 anos 14 anos 2 anos 7 anos 14 anos
Parabólico (1929) 0,83 0,85 0,32 69,06 72,65 9,42 9,39 13,61 36,77
Stofel (1950) 0,83 0,84 0,30 68,65 69,82 2,93 9,45 14,30 38,06
Curtis 0,81 0,81 0,29 65,31 62,38 1,48 9,94 15,96 38,35
Petterson 0,83 0,86 0,32 69,07 73,13 9,49 9,39 13,49 36,76
Prodan (1951) 0,82 0,84 0,30 67,71 70,66 8,37 9,59 14,10 36,98
Em que: R = coeficiente de correlação, R² = coeficiente de determinação, Syx = erro padrão residual (%).

É possível verificar na Tabela 4, que para os modelos ajustados nas idades 2 e 7 anos, o coeficiente de
correlação foi acima de 0,80 para todos os modelos. Já para a idade de 14 anos foram encontrados valores
menores. Sanquetta, Corte e Jacon (2011) ao estudarem a relação de área de copa e diâmetro do fuste para
espécies arbóreas da Floresta Ombrófila Mista no centro-sul do Paraná encontraram 0,75 de correlação para o
conjunto total dos dados. Em relação ao coeficiente de determinação, os modelos de Petterson e Parabólico
apresentaram valores maiores, destacando-se dos demais modelos em todas as idades. Entretanto, para a idade
de 14 anos, os modelos ajustados apresentaram resultados estatísticos inferiores, em comparação as demais
idades. Essas análises juntamente com o erro padrão residuais confirmam o bom desempenho desses dois
modelos para estimar a área de copa. Em geral, o modelo de Petterson foi o que apresentou o melhor
desempenho de ajuste para todas as idades. Esse comportamento também pode ser constatado nas análises
gráficas dispostas na Figura 2.

391
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Petterson Petterson

Área de copa
100 15

Erro (%)

estimada
50 10
0 5
-50 0 5 10 15 0
-100
Área de copa estimada (m²) 0 5 10 15
Área de copa real (m²)
2 anos

Curtis Curtis

Área de copa
100 15

estimada
Erro (%)

50 10
0 5
-50 0 5 10 15 0
-100
Área de copa estimada (m²) 0 5 10 15
Área de copa real (m²)

10 Petterson
Erro (%)_Petterson

Área de copa
8

estimada
6
100 4
50 2
Erro (%)

0 0
-50 0 5 10 15 0 5 10 15
-100
Área de copa estimada (m²) Área de copa real (m²)
7 anos

Erro (%)_Curtis Curtis


10
100 Área de copa 8
50 estimada 6
Erro (%)

4
0 2
-50 0 5 10 15 0
-100 0 5 10 15
Área de copa estimada (m²)
Área de copa real (m²)

Erro (%)_Petterson Petterson


200 35
30
Área de copa

150 25
100
estimada

20
Erro (%)

50 15
0 10
-50 0 5 10 15 20 5
-100 0
-150
-200 0 5 10 15 20 25 30 35
Área de copa estimada (m²)
Área de copa real (m²)
14 anos

Erro (%)_Curtis Curtis


200 35
150 30
Área de copa

100 25
Erro (%)

estimada

50 20
0 15
-50 0 10
-100 5 10 15 20 5
-150 0
-200 0 5 10 15 20 25 30 35
Área de copa estimada (m²)
Área de copa real (m²)

FIGURA 2: Distribuição dos erros percentuais das estimativas de área de copa e área de copa estimada versus
área de copa real, obtidas pelos modelos de Petterson e Curtis nas idades de 2, 7 e 14 anos.
FIGURE 2: Distribution of the percentage errors of the treetops area and estimated crown area estimates versus
actual crown area, obtained Petterson and Curtis models at the ages of 2, 7 and 14 years.

CONCLUSÃO

O modelo de Petterson gerou resultados satisfatórios na estimativa da área de copa em função do


diâmetro na altura de 1,30 metros do solo (DAP) de árvores de Eucalyptus spp.

392
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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393
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELAGEM DA DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA
SECUNDÁRIA NO MUNICÍPIO DE LARANJAL DO JARÍ, AMAPÁ

DIAMETRIC DISTRIBUTION MODELING OF DENSE OMBROPHILOUS FOREST IN THE


MUNICIPALITY OF LARANJAL DO JARÍ, AMAPÁ

Evandro Ferreira da Silva1 Samuel Nahon da Costa Diego Armando da Silva da Silva
Carla Samara Campelo de Sousa Jeangelis Silva Santos Jeferson Pereira Martins Silva

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi ajustar e selecionar funções de densidade probabilísticas que descrevam a
distribuição diamétrica da comunidade florestal e de três espécies em um trecho de Floresta Ombrófila Densa
secundária. O presente trabalho foi realizado no município de Laranjal do Jari-AP, em uma área com domínio
de Floresta Ombrófila Densa de Terra Firme, em uma trilha ecológica de 320 hectares próximo do Instituto
Federal do Amapá (IFAP) Campus Laranjal do Jari, nessa trilha foram alocadas 16 parcelas de 10 x 20 m (200
m²), de forma contínua, tendo 5 m para cada lado da trilha. Para o estudo foram amostrados todos os indivíduos
arbóreos medidos a 1,30 m do solo com diâmetro a altura do peito (DAP) ≥ 5 cm. Histogramas de frequências
do número de indivíduos por hectare e por classe de diâmetro foram gerados a fim de verificar o padrão de
distribuição em nível de comunidade arbórea para as três espécies de maior valor de importância. Para todos os
casos, as curvas de distribuição diamétrica foram submetidas ao processo de ajuste por meio de modelos de
distribuição contínua (Funções de Densidade Probabilística). Para a modelagem da distribuição dos diâmetros,
um conjunto específico de modelos concorrentes (modelos empíricos) foram empregados para os casos em
análise. A aderência dos modelos concorrentes foi analisada utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnov (α=
0.01). Além disso, foi utilizado o Critério de Informação de Akaike (AIC) como componente indicador de
qualidade dos ajustes dos modelos. Em nível de comunidade, apenas a função Weibull 3p e Log-normal se
ajustaram conforme o teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S). No que concerne a análise a nível de espécies,
houve uma diversidade maior de funções com boas aderências. O critério de informação de akaike mostrou
valores bem próximos nas funções nas espécies analisadas, onde algumas funções foram consideradas
igualmente plausíveis. A comunidade analisada apresenta distribuição diamétrica típica de florestas inequiâneas,
tendo um maior número de indivíduos concentrados nos primeiros centros de classes e posterior diminuição na
medida em que há o aumento destes. De maneira geral, as funções Weibull 3p e Log-normal demonstraram
melhores ajustes reportados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e através do Critério de Informação de Akaike
(AIC).
Palavras-chave: distribuição diamétrica; trilha ecológica; caracterização estrutural.

ABSTRACT

The objective of this work was to adjust and select probabilistic density functions that describe the diametric
distribution of the forest community and of three species in a section of secondary Dense Ombrophylous Forest.
The present work was carried out in the municipality of Laranjal do Jari-AP, in an area with a Terra Firme
Dense Ombrophylous Forest domain, on an ecological trail of 320 hectares near the Federal Institute of Amapá
(IFAP) Campus Laranjal do Jari, on this trail were allocated plots of 10 x 20 m (200 m²), continuously, having 5
m for each side of the trail. For the study were sampled all the arboreal individuals measured at 1.30 of the soil
with diameter at breast height (DBH) ≥ 5 cm. The frequency histograms of the number of individuals per
hectare were constructed and by diameter class were generated in order to verify the distribution pattern at the
tree community level for the three species of greatest importance value. For all cases, the diametric distribution
curves were submitted to the adjustment process using continuous distribution models (Probabilistic Density
Functions). For the modeling of the diameters distribution, a specific set of competing models (empirical
models) were used for the cases under analysis. The adherence of the competing models was analyzed using the
Kolmogorov-Smirnov test (α = 0.01). In addition, the Akaike Information Criterion (AIC) was used as an
indicator of the quality of model adjustments. At the community level, only the Weibull 3p and Log-normal
function were fitted according to the Kolmogorov-Smirnov (K-S) test. As regards the analysis at the species
level, there was a greater diversity of functions with good adhesions. The akaike information criterion showed

1
Engenheiro Florestal, Me., Doutorando em Ciências Florestais, Universidade Federal do Espírito Santo, Av. Governador
Lindemberg, 316, CEP 29550-000, Jerônimo Monteiro (ES), Brasil. E-mail: evandroflorestal@gmail.com

394
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
values very close to the functions in the analyzed species, where some functions were considered as plausible.
The analyzed community presents diametric distribution typical of unequal forests, with a greater number of
individuals concentrated in the first class centers and subsequent decrease as they increase. In general, the
Weibull 3p and Log-normal functions showed better adjustments reported by the Kolmogorov-Smirnov test and
through the Akaike Information Criterion (AIC).
Keywords: diametric distribution; ecological trail; structural characterization.

INTRODUÇÃO

A dinâmica e estrutura de um povoamento florestal têm relações diretas com a distribuição dos
seus diâmetros. Fato esse reiterado por Cruz et al. (2017), que frisam que a análise da distribuição dos valores
absolutos de diâmetro das árvores é uma ferramenta útil para ecologia, pois possibilita caracterizar as
comunidades vegetais e realizar inferências acerca do desempenho das espécies nos ecossistemas. Outrossim,
servem para avaliar a regeneração natural e necessidade de redução sistemática da área basal nas classes de
diâmetro (REIS et al., 2016; HANSON et al., 2012).
Uma das melhores formas de descrever a estrutura diamétrica de uma floresta ou de uma
espécie é através do emprego de funções de densidade probabilística (FDP) (MACHADO et al., 2009), onde
normalmente são testadas diferentes funções e diferentes métodos para predição de seus parâmetros
(ORELLANA et al., 2017). Os Modelos de Distribuição Diamétrica (MDD’s) estimam o número de árvores por
hectare por classe de diâmetro nas idades presentes e futuras (CAMPOS; LEITE, 2017).
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi ajustar e selecionar funções de densidade
probabilísticas que descrevam a distribuição diamétrica da comunidade florestal e de três espécies em um trecho
de Floresta Ombrófila Densa secundária, espécies estas escolhidas para o estudo devido ao seu alto valor de
importância (IVI), parâmetro que informa a importância ecológica da espécie em termos de distribuição
horizontal.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização e objetivos da área de estudo


O presente trabalho foi realizado no município de Laranjal do Jari-AP, em uma área com domínio de
Floresta Ombrófila Densa de Terra Firme, em uma trilha ecológica próximo do Instituto Federal do Amapá
(IFAP) Campus Laranjal do Jari.
De acordo com a classificação de Koppen, a região é do tipo climático Af, caracterizada por um clima
tropical úmido e, a temperatura média anual é de 26,1ºC, sendo a média das mínimas e das máximas 20,8ºC e
34,4ºC, respectivamente, e a umidade relativa do ar em torno de 82,4%. A região de estudo apresenta 54,63% de
solo do tipo Latossolo Amarelo e 23,10% do tipo Podzólico Vermelho - Amarelo. Outros tipos podem ser
encontrados, tais como: Areias Quartzosas, Concrecionários Lateríticos e Hidromórficos, Gleissolos, Litólicos,
Afloramentos Rochosos dentre outras formações.

Método de pesquisa
Foi realizado um inventário florestal ao longo de uma trilha ecológica de 320 m de extensão, próximo
do Instituto Federal do Amapá (IFAP) Campus Laranjal do Jari, na qual foram instaladas 16 parcelas contínuas
ao longo da trilha de 10 x 20 m (200 m²), 5 m para cada lado da trilha.
Para o estudo foram amostrados todos os indivíduos arbóreos medidos a 1,30m do solo com diâmetro a
altura do peito (DAP) ≥ 5 cm. Os indivíduos foram mensurados com auxílio de uma trena e a altura foi medida
por meio de um hipsômetro. Cada indivíduo estudado foi plaqueado com uma numeração e identificado por
meio de seu nome vulgar em campo, sendo posteriormente coletado material botânico fértil. Após a coleta os
indivíduos foram identificados e catalogadas no herbário, seguindo o sistema de classificação segundo APG III.

Análise dos dados


Índice de valor de importância (IVI)
Para compor a análise a nível de espécie, as três espécies com maior valor de importância na área foram
utilizadas, onde seus respectivos valores estão compostos na Tabela 1.

395
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Relação das espécies arbóreas inventariadas e seus respectivos atributos encontrados em um trecho
de Floresta Ombrófila densa no município de Laranjal do Jarí-AP.
TABLE 1: Relation of the inventoried tree species and their respective attributes found in a stretch of Dense
Ombrophilous Forest in the municipality of Laranjal do Jarí-AP.
Nome
Espécies D.A D.R DoA DoR FA F.R IVI
vulgar
Acacia mangium Willd Acácia 87,500 21,374 3,428 36,508 62,500 14,706 24,196
Cecropia pachystachya Embaúb
81,250 19,847 0,752 8,010 56,250 13,235 13,698
Trec a
Tapereb
Spondias mombin L. 21,875 5,344 1,266 13,477 43,750 10,294 9,705
á
DA = densidade absoluta da espécie i; FA = frequência absoluta da espécie i; DoA = dominância absoluta; DR=
densidade relativa; FR= frequência relativa; DoR= dominância relativa; IVI= índice de valor de importância.

Modelagem da distribuição diamétrica


Histogramas de frequências do número de indivíduos por hectare e por classe de diâmetro foram
gerados a fim de verificar o padrão de distribuição em nível de comunidade arbórea e para as três espécies de
maior valor de importância. O número de classe de diâmetro para todos os casos foi definido seguindo a
metodologia proposta por Sturges (1926).
Para todos os casos, as curvas de distribuição diamétrica foram submetidas ao processo de ajuste por
meio de modelos de distribuição contínua (Funções de Densidade Probabilística). Para a modelagem da
distribuição dos diâmetros, um conjunto específico de modelos concorrentes (modelos empíricos) foram
empregados para os casos em análise. Tais funções são de uso corrente na modelagem de estruturas diamétricas
de florestas naturais e estão descritas na Tabela 2.

TABELA 2: Funções de densidade probabilísticas testadas para descrever a distribuição diamétrica para a
Comunidade e para as três espécies de maior valor de IVI encontrados em um trecho de Floresta Ombrófila
densa no município de Laranjal do Jarí-AP.
TABLE 2: Probabilistic density functions tested to describe the diametric distribution for the Community and
for the three species of higher value of IVI found a stretch of Dense Ombrophilous Forest in the municipality of
Laranjal do Jarí-AP.
Nome Função de densidade Probabilística Condições
2 𝑥 ≥ 𝑥_𝑚𝑖𝑛;
1  ln x −  
exp −   𝜎 ≥ 0;
Log Normal 2  
f (x ) = −∞ < 𝑥 < + ∞;
x 2 −∞ < 𝜇 < + ∞.
𝑥 ≥ 𝑥𝑚𝑖𝑛 ;
X  −1 exp − X / 
Gama f (x ) = 𝛼, 𝛽 > 0;
  ( ) −∞ < 𝑥𝑚𝑖𝑛 < +
1 1 𝑥−𝜇 2 ∞. 𝜎 ≥ 0;
𝑓(𝑥) = exp (− ) [(− )] −∞ < 𝑥 < + ∞;
Normal 𝜎√2𝜋 2 𝜎
−∞ < 𝜇 < + ∞;
 1   x  
   x  𝑥>0
Weibull 2p f ( X ) =  .
      exp -   
  
    𝛾, 𝛽 > 0
   
1  𝑥≥0
    x −    x −  
Weibull 3p f ( x ) =   .  exp -    𝛾, 𝛽, 𝛼 > 0
         
F(x) =função de densidade probabilística da variável x; x=variável aleatória (diâmetro); 𝑥̅ = média dos valores
de x; 𝜎 =desvio padrão de x; 𝜋 =3,14159...; exp = constante de Euler (2,718281829...); 𝛼, 𝛽, 𝛾 = parâmetros a
serem estimados.

Os parâmetros das funções foram obtidos por meio do método da máxima verosimilhança empregando
os pacotes MASS (VENABLES; RIPLEY, 2002) e Fitdistrplus (DELIGNETTE–MULLER; DATANG, 2015);
396
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
os gráficos foram confeccionados utilizando o pacote ggplot2 (WICKHAM, 2009), utilizando o software livre
R (2015), version 3.2.3.

Seleção de modelos concorrentes


A aderência dos modelos concorrentes foi analisada utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnov de
acordo com a seguinte expressão.
SUPx |Fo(x) -Fe(x) |
Dn=
n

Em que: SUP(x)=Máxima diferença Absoluta; Fo(x) = frequência observada acumulada; Fe(x) = frequência
esperada acumulada; n = número de observações; Dn = valor D calculado.

O valor de Dn foi comparado com o valor crítico tabelar de Kolmogorov-Smirnov a um nível de


probabilidade de 95%. Este teste foi utilizado para verificar as seguintes hipóteses do teste bilateral: H 0 = as
funções ajustadas seguem o padrão da distribuição diamétrica; e H1 = não H0.
Além disso, foi utilizado o Critério de Informação de Akaike (AIC) como componente indicador de
qualidade dos ajustes dos modelos. A fórmula a seguir permite comparar os modelos e selecionar aquele que
apresentar o menor valor deste critério:
AIC=-2ln(L)±2k
Em que: L = verossimilhança; k=o número de parâmetros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 3 estão apresentados os valores da estimativa dos parâmetros das funções de densidade
probabilísticas usadas no presente trabalho e estimadas pelo método da máxima verossimilhança para a
comunidade e três espécies com maior valor de IVI.

TABELA 3: Parâmetros estimados das funções de distribuição diamétrica para a Comunidade e para as três
espécies encontradas em um trecho de Floresta Ombrófila densa no município de Laranjal do Jarí-AP.
TABLE 3: Estimated parameters of the diametric distribution functions for the Community and for the three
species found a stretch of Dense Ombrophilous Forest in the municipality of Laranjal do Jarí-AP.
Função Coeficiente Comunidade Acácia Embaúba Taperebá
μ 2,423 2,812 2,190 2,746
Log-normal
σ 0,643 0,678 0,393 0,867
α 1 1 1 1
Gama
β 0,899 0,912 0,957 0,854
μ 14,090 20,157 9,754 21,927
Normal
σ 10,208 10,494 4,765 15,993
β 1,000 1,000 1,000 1,000
Weibull 2p
ɣ 0,339 0,301 0,344 0,323
α 5,090 4,389 5,090 2,290
Weibull 3p β 9,500 16,123 7 16,800
ɣ 0,990 1,497 1,112 1,200

Na Tabela 4 estão contidas as estatísticas de aderência e precisão da distribuição diamétrica para todos
os casos em análise, assim como ranking de classificação para os modelos de distribuição diamétrica ajustados.

TABELA 4: Teste de Kolmogorov-Smirnov, critério de informação e ranking de classificação para os modelos


de distribuição diamétrica ajustados para a Comunidade e para as três espécies encontradas em um trecho de
Floresta Ombrófila densa no município de Laranjal do Jarí-AP.
TABLE 4: Kolmogorov-Smirnov test, information criterion and classification ranking for the fitted diametric
distribution models for the Community and for the three species found in a dense Ombrophilous Forest stretch
in the municipality of Laranjal do Jarí-AP.
Função Estatística Comunidade Acácia Embaúba Taperebá
Dcal 0,102n.s 0,211n.s 0,042n.s 0,221n.s
Log-Normal
Dtab (95%) 0,121 0,262 0,267 0,514

397
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Função Estatística Comunidade Acácia Embaúba Taperebá
AIC 861,006 211,452 143,182 60,321
Ranking 2º 4º 1º 2º
Dcal 0,148* 0,193n.s 0,126n.s 0,202n.s
Dtab (95%) 0,121 0,262 0,267 0,514
Gama
AIC 878,959 208,231 147,083 60,388
Ranking 3º 1º 3º 3º
Dcal 0,365* 0,159n.s 0,280* 0,245n.s
Dtab (95%) 0,121 0,262 0,267 0,514
Normal
AIC 947,022 207,571 158,978 62,676
Ranking 5º 2º 5º 5º
Dcal 0,166* 0,177n.s 0,270* 0,218n.s
Dtab (95%) 0,121 0,262 0,267 0,514
Weibull 2P
AIC 890,124 206,058 153,773 60,388
Ranking 4º 3º 4º 4º
Dcal 0,072n.s 0,511* 0,276* 0,363n.s
Dtab (95%) 0,121 0,262 0,267 0,514
Weibull 3P
AIC 810,736 209,349 142,720 173,654
Ranking 1º 5º 2º 1º
ns = não significativo; * = significância a 5%

Em nível de comunidade, apenas a função Weibull 3p e Log-normal se ajustaram conforme o teste de


Kolmogorov-Smirnov (K-S). No que concerne a análise a nível de espécies, houve uma diversidade maior de
funções com boas aderências. Esse comportamento também foi encontrado por Costa (2018) trabalhando com a
modelagem da distribuição diamétrica no módulo II da Floresta Estadual do Amapá.
O critério de informação de akaike mostrou valores bem próximos nas funções nas espécies analisadas.
Prado (2009) relata que quando se compara funções por meio deste critério, valores com AIC ≤ 2 não se
diferem. Quando tais suposições foram encontradas na Tabela supracitada, o critério para escolher a melhor
função foi a que demonstrou melhores ajustes através do teste K-S.
De maneira geral, nota-se que função Weibull 3p e Log-Normal forneceram melhores ajustes para os
casos analisados, exceto pela espécie Acácia, a qual teve como melhores ajustes através da função Gamma e
Normal. Isso fica bem evidente na Figura 1 e 2, onde estão presentes as curvas das funções ajustadas.

FIGURA 1: Curvas de ajuste dos Modelos de Distribuição Diamétrica para a Comunidade e espécie Acácia
encontradas em um trecho de Floresta Ombrófila densa no município de Laranjal do Jarí-AP.
FIGURE 1: Fit curves of the Diametric Distribution Models for the Community and Acacia species found in
a stretch of dense Ombrophylous Forest in the municipality of Laranjal do Jarí-AP.

398
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Curvas de ajuste dos Modelos de Distribuição Diamétrica para as espécies Embaúba e Taperebá
encontradas em um trecho de Floresta Ombrófila densa no município de Laranjal do Jarí-AP.
FIGURE 2: Fit curves of the Diametric Distribution Models for the Embauba and Tapereba species found in a
stretch of dense Ombrophylous Forest in the municipality of Laranjal do Jarí-AP.

A Figura 1 mostra que, como esperado, a distribuição diamétrica da comunidade tem a forma
decrescente, comumente encontrada para florestas inequiâneas. Destaca-se que para a função Weibull 3p os
valores do parâmetro ɣ (0,99) (Tabela 3) demonstrando que função foi capaz de acompanhar a assimetria
positiva encontrado na comunidade.
É pertinente ressaltar o número maciço de indivíduos da espécie embaúba nos primeiros centros de
classes, o que reflete o grau de regeneração da área e também os processos de antropização pretéritas
principalmente pela área ser próxima dos centros urbanos. É esperado que no decorrer do avanço dos processos
sucessionais os indivíduos nas primeiras classes sejam menores e que haja a mortalidade nas classes terminais,
visto que são espécies pioneiras e heliófilas.
Outrossim, a quantidade significativa de indivíduos da espécie acácia pode ser preocupante para trilha
ecológica, haja vista o comportamento dessa espécie. A espécie é agressiva, podendo, por alelopatia, impedir a
germinação de outras espécies e um espectro de tolerância muito grande, podendo adaptar-se praticamente a
quase todos os ambientes (BARBOSA,2002). Dessa forma, com o propósito de expor a flora para os visitantes,
essa espécie pode tornar o ambiente pouco diverso e inibir os processos sucessionais. Assim, como a MDD
permite predizer a estrutura futura dessa espécie, é recomendado avaliar em consonâncias com métodos
reguladores (por exemplo, BDq) um possível desbaste de alguns indivíduos em classes diamétricas.

CONCLUSÕES

A comunidade analisada apresenta distribuição diamétrica típicas de florestas inequiâneas, tendo um


maior número de indivíduos concentrados nos primeiros centros de classes e posterior diminuição na medida em
que há o aumento destes.
As funções Weibull 3p e Log-normal demonstraram melhores ajustes reportados pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov e através do Critério de Informação de Akaike (AIC).

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400
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELAGEM DO CRESCIMENTO E DA PRODUÇÃO DE ESPÉCIES ALTERNATIVAS NA
SILVICULTURA REGIONAL DO PLANALTO SERRANO DE SANTA CATARINA

MODELING THE GROWTH AND PRODUCTION OF ALTERNATIVE SPECIES IN THE REGIONAL


FORESTRY OF THE SANTA CATARINA PLANTEAU

Érica Barbosa Pereira de Souza1 Thiago Floriani Stepka André Felipe Hess Geedre Adriano Borsoi
Daniela Hoffmann Vinicius Chaussard Venturini

RESUMO

O planejamento é indispensável nas atividades do setor florestal, proporcionando atuação de pesquisadores e


gestores com conhecimento de técnicas e ferramentas adequadas, para obtenção de resultados aplicáveis na
definição do manejo florestal. Em vista disso, estudou-se por meio da realização da Análise de Tronco
Completa (ANATRO) em árvores de diâmetro médio quadrático (dg), o crescimento e a produção da variável
DAP (cm/ano) assim como o volume individual (m³/ano), das espécies tradicionais Pinus elliottii Engelm e
Pinus taeda L. além das de Pinus patula Schiede & Deppe. e Cupressus lusitanica Mill. alternativas na
silvicultura regional do planalto serrano de Santa Catarina. Objetivando-se também a realização da modelagem
β2
do crescimento e da produção com o ajuste do modelo biológico de Chapman & Richards: Y=β0(1-exp-β1*I ) ,
para prognose das curvas de produção e incremento. Tendo-se como base de dados o inventário florestal pelo
processo de amostragem aleatória simples, para realização da cubagem das árvores d g de cada espécie pelo
método de Smalian, possibilitando retirada de discos, o quais foram lixados e mensurados os anéis de
crescimento, processando-se no software Excel, posteriormente processados no software Florexcel®. Obteve-se
parâmetros de Coeficiente de determinação (R²ajust) e Erro padrão da estimativa (Syx%) afim de verificar a
eficiência no ajuste do modelo, considerando-se Pinus patula entre maiores confiabilidades na estimativa, além
de segundo maior valor assintótico (𝛽0)após Pinus taeda, o qual comprova a efetividade de intervenções
realizadas na Idade Técnica de Corte (ITC), com base no estudo da variável mais indicada o DAP.
Palavras-chave: Pinus spp; Cupressus lusitanica; Análise de Tronco; prognose;

ABSTRACT

Planning is an indispensable in the activities of the forestry sector, providing a search of researchers and
managers with knowledge of techniques and tools. Therefore, the analysis of the Total Trunk (ANATRO) in
relation to the mean dimensions of the quadrilateral (dg), growth and production of the variable DBH (cm /
year) the individual volume (m³ / year) of the artificial herbs Pinus elliottii and Pinus taeda L. In addition to
Pinus patula Schiede & Deppe. and Cupressus lusitanica Mill. alternative in the regional silviculture of the
highlands of Santa Catarina. The modeling of growth and production with the adjustment of the biological
β2
model of Chapman & Richards is also objectivated:Y=β0(1-exp-β1*I ) , for the prognosis of the production
curves and increase. Based on the random sample electoral process, to perform the cubing of the dg trees of
each piece by the Smalian method, allowing the withdrawal of the discotheques, which is sanded and measured
as growth, if there is no Excel software, not processed in Florexcel® software. A coefficient of determination
(R²-adjustment) parameter and a standard error of verification (Syx%) were obtained in order to verify if a
model fit, considering the values between the confidence probabilities, besides a larger value of asymptotic (β0)
Pinus taeda, which constituted a continuation of unjustified studies in the Technical Age of Cut (ITC), based on
the study of the most indicated variable DAP.
Key-words: Pinus spp; Cupressus lusitanica; Trunk Analysis; prognosis;

INTRODUÇÃO
A implantação de florestas no Brasil é uma prática economicamente importante e de relevante impacto
social. Diante disso empresas do setor florestal demandam da quantificação do estoque de suas florestas com
confiabilidade, assim como estimativas que envolvam a prognose da produção destas, como fim de tomada de
decisões na gestão sustentável dos recursos naturais (EISFELD, 2004).

Acadêmica do Curso de Engenharia Florestal., Bolsista de Iniciação Científica, Centro de Ciências Agroveterinárias,
1

Universidade do Estado de Santa Catarina, Rua Coronel Sotero Rocha, 20 - Conta Dinheiro - CEP 88520-110, Lages (SC),
Brasil. E-mail: aericales@gmail.com

401
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Os inventários florestais contínuos, realizados pela instalação de unidades amostrais permanentes
buscam entender a dinâmica da floresta manejada, podendo assim prescrever-se tratamentos silviculturais e
estimar o ciclo de corte (SILVA et al., 1995 e HIGUCHI et al., 1997), sendo está uma técnica onerosa, a qual
demanda maior investimento, além de longo período de tempo de realização. Uma alternativa é a aplicação
ANATRO, em que se obtém dados dendrocronológicos a curto período de tempo e com grande precisão.
Os dados obtidos por meio de ANATRO ou parcelas permanentes são básicos para o planejamento
florestal, em que é possível por meio dos modelos biológicos, representar uma função de produção, como taxa
de crescimento em relação ao tempo, ou expressar a taxa de crescimento relativo, propiciando informações do
crescimento em relação as variáveis dendrométricas (SCOLFORO, 1998).
Segundo Hess (2006) conhecer o padrão de crescimento da floresta ou de uma espécie florestal, traduz-
se em benefícios ambientais, sociais e econômicos, pela aplicação das técnicas mais adequadas ao manejo
florestal, considerando as especificidades de cada caso. Já para Stepka (2008) torna-se necessária a aplicação de
técnicas silviculturais que assegurem a sustentabilidade do uso da floresta, baseando-se no fato de que toda
atividade de manejo implica em intervenção, onde a atuação do profissional florestal será bem sucedida, à
medida em que ferramentas lhe permitam prever os resultados das diferentes alternativas disponíveis, levando
ao êxito na escolha da opção de manejo mais adequada.
Sendo assim, o presente estudo objetivou realizar a ANATRO Completa das árvores d g, das espécies de
Pinus elliottii, Pinus taeda, Pinus patula e Cupressus lusitanica, sendo estas respectivamente espécies
tradicionais e alternativas na silvicultura regional do planalto serrano de Santa Catariana, a fim de determinar o
crescimento e a produção para as variáveis DAP (cm/ano) e volume individual (m³/ano), além de realizar a
modelagem do crescimento e da produção por meio de modelo biológico.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização do local
O estudo foi desenvolvido em uma área com plantios das espécies de Pinus elliottii, Pinus taeda., Pinus
patula e Cupressus lusitanica , de 14 anos de idade, localizada na Fazenda dos Tijolos, área rural do município
de Cerro Negro, Estado de Santa Catarina, sob as coordenadas UTM de Longitude: 504655,81 m E e Latitude:
6916795,71 m S.
Subdivida em diferentes talhões, contendo uma das espécies em cada um, as quais foram implantadas
em um espaçamento de 2 m x 2,5 m, onde, ao longo dos anos, foram realizadas duas podas. Com relação a
desbastes, Pinus elliottii, Pinus patula e Pinus lusitanica, tiveram 1 intervenção aos 12 anos com o propósito de
retirada de aproximadamente 50% das árvores. Já Pinus taeda passou por dois desbastes, sendo um aos 9 e
outro aos 12 anos, retirando-se aproximadamente 50% das árvores em cada intervenção.

Clima
Segundo a classificação de Köppen, o clima da área de estudo é predominantemente do tipo “Cfb”,
mesotérmico, subtropical úmido, com verões frescos, sem estações secas definidas e com a ocorrência de geadas
severas. A precipitação anual média de 1.740 mm e a temperatura média anual de 16,8 ºC (THOMAS et al.,
2006).

Solo
A região apresenta predominantemente associações de Cambissolo Háplico alumínico com A
proeminente, textura média, fase campo e floresta subtropical, relevo suave ondulado e Gleissolo Háplico
alumínico com textura indiscriminada, fase campo subtropical de várzea, relevo plano numa proporção estimada
de 45 e 35%, respectivamente. Os 20% restantes são representados pelas inclusões: Cambissolo húmico
alumínico com textura argilosa; Argissolo Vermelho-Amarelo álico, textura média; Nitossolo Bruno alumínico
com A proeminente; Cambissolo Háplico alítico e Gleissolo Háplico com textura argilosa (EMBRAPA, 2004).

Coleta de dados
A obtenção de árvores amostra teve como base a coleta de dados a campo do inventário florestal, por
meio do processo de amostragem aleatória simples pelo método de área fixa, com uma intensidade amostral de
30 parcelas, onde foram instaladas 10 parcelas para as espécies de Pinus elliottii e Pinus taeda, 7 para a espécie
de Pinus patula. e 3 para a espécie de Cupressus lusitanica, sendo estas Unidades Amostrais (U.A) de forma
circular com tamanho de 400 m², com a suficiência amostral obtida por meio do inventário piloto.

402
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Análise de tronco completa (ANATRO)
O diâmetro médio quadrático, segundo Machado e Figueiredo Filho (2003), é uma das principais
médias diamétricas a ser calculada em um inventário florestal, uma vez que ela representa a árvore que possui a
área transversal média (𝑔̅ )e que muito se aproxima do volume médio do povoamento (𝑣̅ ), portanto selecionou-
se a árvore que apresenta a média dg, para cada U.A instalada nos diferentes talhões.
Nesse procedimento, a árvore necessariamente deve ser abatida (FINGER, 2006), sendo assim na árvore
dg de cada parcela dos diferentes talhões, foi realizado a cubagem rigorosa pelo método de Smalian, sendo
medidos com o auxílio de uma suta os diâmetros nas posições 0,10; 1,30; 3,30; 5,30; 7,30; 9,30; 11,30; 13,30;
15,30 metros, e assim sucessivamente até atingir a altura total indicada pela última medição na fita métrica,
retirando-se em cada ponto um disco de madeira, os quais foram deslocados da floresta com auxílio de uma
caminhonete, até o Laboratório de Inventário Florestal do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), para secagem à sombra. Posteriormente foram lixados
com a lixadeira de fita pequena, proporcionando a visualização dos anéis de crescimento, para então serem
realizadas as medições com auxílio de régua e processamento direto no software Excel.

Modelagem do crescimento e da produção


Os dados da análise de tronco foram processados no software Florexcel® (OPTIMBER, 2018),
possibilitando a construção da matriz de dados para a modelagem do crescimento e da produção, pelo modelo
biológico de Chapman & Richards (Modelo1) para cada espécie.
β2
Y=β0(1-exp-β1*I ) (Modelo 1)
Em que: 𝑌 = variável dependente (DAP, v);
β0,β1 e β2= coeficientes do modelo;
I= idade em anos.
O modelo foi ajustado por regressão não-linear, sendo veirficada a sua eficiencia por meio do
Coeficiente de Determinação ajustado (R²ajust) e o Erro Padrão da Estimativa (Syx%). Após o ajuste realizou-se
estimativas das variáveis DAP e volume individual para cada espécie da idade um até a idade final do ciclo de
rotação da floresta, que corresponde a 21 anos. Desta maneira, foi possível prognosticar as curvas de produção
em DAP (cm) e de volume (m³) por árvore, além de gerar gráficos das curvas de Incremento Corrente Anual
(ICA) e Incremento Médio Anual (IMA) em cm de DAP e de volume (m³) ao ano por árvore de cada espécie.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante processamento do inventário florestal, obteve-se a caracterização dendrométrica do estado


atual da floresta, sendo apresentado as médias das variáveis DAP (cm) e h (m), além do número de árvores por
hectare (N/ha) estimado para cada espécie (Tabela 1).

TABELA 1: Caracterização dendrométrica da floresta em estudo.


TABLE 1: Dendrometric characterization of the forest under study.
Espécie DAP médio (cm) h média (m) N/ha (árv/ha)
Pinus taeda 30,0 18,5 525
Pinus elliottii 24,3 19,8 838
Pinus patula 27,6 20,7 629
Cupressus lusitanica 20,0 11,6 833
Em que: DAP = diâmetro à altura do peito à 1,3 metros; h = altura em metros; N/ha = número de
árvores por hectare;

Para cada ajuste realizado obteve-se os valores referentes aos coeficientes (β0,β1 e β2)do modelo
biológico ajustado, podendo ser observados para variável DAP e volume na Tabela 2, onde também poderão ser
analisados os parâmetros estatísticos obtidos no ajuste do Modelo de Chapman & Richards.
Os valores obtidos no ajuste do Modelo 1 referentes aos coeficientes β0, inferem sobre a espécie Pinus
taeda ser a que apresenta o maior valor assintótico de DAP (cm), porém ressalta-se que esta não foi a espécie
que representou maior precisão no ajuste, o que foi analisado para as espécies de Pinus elliottii e Pinus patula,
fornecendo maior confiabilidade na estimativa do DAP em função da idade, nessas condições.
Em contrapartida pode ser observado na Figura 1, em que se tem as curvas de produção destas espécies
projetadas do primeiro ano de idade até a idade final do ciclo de rotação da floresta, onde a espécie de Pinus
taeda foi estimada com a maior produção, sendo de 33,6 centímetros de DAP acumulados em 21 anos, o que
notavelmente foi obtido como resposta aos dois desbastes realizados. Tal característica foi observada por

403
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Sanquetta et al. (2003), estudando o crescimento e a produção de Pinus taeda com 12 anos de idade sob
diferentes espaçamentos iniciais de plantio, onde concluíram que os maiores espaçamentos conferem um
aumento acentuado no DAP.

TABELA 2: Parâmetros estatísticos e coeficientes do modelo de Chapman&Richards no ajuste das


variáveis DAP e volume individual.
TABLE 2: Statistical parameters and coefficients of the Chapman & Richards model in the
adjustment of the variables DAP and individual volume.
Variável Precisão Coeficientes
(un) Espécie Syx (%) R² ajust
Pinus elliottii 09,5 0,9431 24,1174 0,2917 2,9411
Pinus taeda 10,7 0,9519 35,7633 0,1646 1,9511
DAP (cm)
Pinus patula 09,6 0,9462 27,5545 0,2389 1,7764
Cupressus lusitanica 21,6 0,8454 24,9670 0,2101 2,8371
Pinus elliottii 19,1 0,9423 0,7853 0,1533 4,6175
Pinus taeda 18,4 0,9601 1,6201 0,1236 4,7690
volume (m³)
Pinus patula 14,4 0,9712 1,2704 0,1427 4,1871
Cupressus lusitanica 64,1 0,6675 1,1399 0,0874 3,9708
Em que: DAP = diâmetro à altura do peito em 1,3 metros; Syx (%) = erro padrão da estimativa em porcentage; R²ajust =
coeficiente de determinação ajustado;β0,β1, β2 = coeficientes do modelo;

Além disso destaca-se um bom potencial produtivo da espécie alternativa de Pinus patula, onde esta
inicialmente apresentou maior produção em DAP, sendo superada por Pinus taeda, após a realização do
primeiro desbaste aos 9 anos, enfatizando assim a importância do planejamento no manejo florestal.
Técnicas silviculturais adequadas podem revelar o potencial de espécies alternativas, à medida que se
realizam estudos, assim, vale ressaltar que a espécie alternativa Cupressus lusitanica assemelha-se
produtivamente em DAP, à espécie tradicional Pinus elliottii a partir dos 19 anos de idade, conforme as
estimativas obtidas para o ajuste, o qual ainda assim necessita de maiores informações, dado que a visualização
dos anéis de crescimento é dificultada para esta espécie alternativa.

FIGURA 1: Prognose da produção em DAP (cm) e volume (m³) por árvore em 21 anos.
FIGURE 1: Production prognosis DBH (cm) and volume (m³) per tree in 21 years.

Com relação aos valores obtidos no ajuste do Modelo 1 no que refere-se ao volume por árvore em
função da idade, onde novamente os coeficientes β0, inferem sobre a espécie Pinus taeda ser a que apresenta o
maior valor assintótico, levando em consideração que esta não apresentou a maior precisão no ajuste, porém
sofreu desbastes em dois períodos diferentes, influenciando diretamente nas variáveis dendrométricas
correspondentes ao volume da árvore dg.
Salienta-se que o ajuste de maior precisão foi obtido para a espécie alternativa de Pinus patula, no qual
sua estimativa mostrou-se superior a espécie tradicional de Pinus taeda até a idade de 17 anos (Figura 1), em
que estima-se um volume de 0,8623m³, cenário o qual pode possuir influências como a capacidade produtiva do
sítio em que esta encontra-se implantada, além da procedência desta.
Podendo servir como base para o planejamento do manejo florestal dos quatro talhões em estudo, os
gráficos com as curvas de incremento (ICA e IMA) foram gerados para as variáveis DAP e volume, sendo
apresentados nas Figuras 2 e 3 respectivamente.
Pode ser observado que as curvas de incremento em DAP das quatro espécies foram interceptadas em
diferentes idades, sendo para a espécie tradicional Pinus taeda aos 8 anos de idade, indicando a ITC um ano
antes da idade em que foi realizado o primeiro desbaste, já para a espécie de Pinus elliottii a ITC foi aos 7 anos
de idade, e para o Pinus patula mais recentemente aos 5 anos, diferente da espécie Cupressus lusitanica que

404
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
indicou ITC aos 9 anos. No entanto, analisando-se as curvas de incremento em volume, as duas não se cruzaram
antes mesmo da idade final do ciclo de rotação pré-definido
Segundo Nascimento et al. (2015) em povoamentos florestais, as árvores começam a competir
primeiramente pela área basal do que pelo volume, justificando o desbaste antes que os povoamentos atinjam a
idade técnica de corte por volume.

FIGURA 2: Estimativa de ICA e IMA da variável DAP em ciclo de rotação de 21 anos das espécies estudadas.
FIGURE 2: Estimation of ICA and IMA of the DAP variable in 21-year rotation cycle of the species studied.

FIGURA 3: Estimativa de ICA e IMA da variável volume em um ciclo de rotação de 21 anos das espécies
estudadas.
FIGURE 3: Estimation of ICF and IMA of the volume variable in a 21-year rotation cycle of the species
studied.

CONCLUSÕES

Observou-se que a ANATRO completa possibilita determinar o crescimento e a produção, em curto


período de tempo das espécies estudadas, assim como obtenção de resultados próximos da realidade da floresta,
por meio do modelo biológico aplicado;

405
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Comprovou-se a efetividade das intervenções serem realizadas no momento adequado, visto que a
espécie de Pinus taeda apresentava inicialmente baixo crescimento, o qual aumentou consideravelmente, após a
realização de dois desbastes, favorecendo o crescimento desta ultrapassar as demais;
Por fim, recomenda-se que o planejamento do manejo florestal, na realização de desbastes, seja definido
com base na ITC obtida por meio do estudo da variável DAP, uma vez que esta é mais sensível as intervenções
do que a variável volume.

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406
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELAGEM VOLUMÉTRICA DE QUATRO ESPÉCIES NATIVAS EM ESTRATÉGIA DE
RECOMPOSIÇÃO DE RESERVA LEGAL NA AMAZÔNIA

VOLUMETRIC MODELING OF FOUR NATIVE SPECIES IN A LEGAL RESERVE RECOMPOSITION


STRATEGY IN THE AMAZON

Luiz Otávio Rodrigues Pinto1 Juliano de Paulo dos Santos Marcos Gabriel Braz de Lima
Marcos Vinícius Ferreira Martins Rafaella Tavares Pereira

RESUMO

O objetivo desse estudo foi modelar o volume madeireiro das espécies Cedro Rosa, Freijó, Ipê Rosa e Ipê Roxo
provenientes de uma estratégia de recomposição de Reserva Legal. A área de estudos está localizada no
noroeste de Mato Grosso, na Fazenda São Nicolau, município de Cotriguaçu. Foi realizada cubagem não
destrutiva de 50 indivíduos de cada espécie, posteriormente o volume foi determinado pelo método de Smalian.
Com dados volumétricos obtidos do processamento da cubagem, buscou-se modelar o volume individual de
árvores em função das variáveis dendrométricas: Diâmetro a altura do peito (DAP) e altura total (HT). Foram
ajustados 13 modelos consagrados na literatura florestal. A seleção dos modelos utilizou algumas métricas,
dentre elas o coeficiente de determinação e a análise da dispersão dos resíduos. A forma de crescimento do fuste
que é particular das espécies foi refletida na seleção de mais de um modelo. O modelo de Schumacher-Hall foi o
melhor para as duas espécies de Ipê, e apresentou bons resultados em relação a todas as espécies estudadas.
Palavras-chave: Cedro Rosa; Freijó; Ipê Rosa; Ipê Roxo.

ABSTRACT

The objective of this study was to model the logging volume of Cedro Rosa, Freijó, Ipê Rosa and Ipê Roxo
species from a strategy of restoration of Legal Forest Reserve. The study area is located in the northwest of
Mato Grosso, at Fazenda São Nicolau, in the municipality of Cotriguaçu. Non-destructive counting of 50
individuals of each species was performed, after which the volume was determined by the Smalian method.
With volumetric data obtained from the cubate processing, we attempted to model the individual tree volume
according to the dendrometric variables: Diameter at breast height (DBH) and total height (HT). 13 models
established in the forest literature were adjusted. The selection of the models used some metrics, among them
the coefficient of determination and the analysis of the dispersion of the residues. The shape of stem growth that
is particular to the species was reflected in the selection of more than one model. The Schumacher-Hall model
was the best for the two Ipê species, and showed good results in relation to all species studied.
Keywords: Cedro Rosa; Freijó; Ipê Rosa; Ipê Roxo.

INTRODUÇÃO

A ciência da restauração florestal no Brasil produziu e disponibilizou notável arcabouço conceitual,


metodológico e dos serviços ambientais proporcionados pela prática. Como resultado, uma quantidade
substancial de áreas foi e/ou encontra-se em processo de restauração, especialmente a vegetação ciliar associada
a cursos d’água e nascentes. Contudo, foram poucas as pesquisas que investigaram as possibilidades de retorno
econômico a partir de intervenções silviculturais e manejo em áreas de recomposição de Reserva Legal (RL).
Entre os benefícios econômicos da restauração e manejo das RLs estão a produção de madeira, coleta de
sementes, de frutas, de flores, de bulbos, de cipós, de cascas e de produtos medicinais, a extração de óleos e
resinas, o estoque e a comercialização de créditos de carbono, dentre outros, como turismo rural e científico
nessas áreas.
Uma limitação importante à produção de madeira nativa em plantações de restauração é o tempo
necessário para um retorno econômico. Comparativamente à agricultura a produção de madeira pode levar
décadas para se tornar rentável. Segundo Brancalion et al. (2012) essa limitação pode ser superada a partir: a) de
plantios mistos entre espécies com diferentes ritmos de crescimento e ciclos de aproveitamento; b) combinação

1
Engenheiro Florestal, mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras
(UFLA), campus Universitário, Aquenta Sol, Caixa postal 3037, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail:
luizorp@outlook.com

407
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
de fontes de renda provenientes da área como a produção madeireira, não madeireira e pagamento por serviços
ambientais; e de taxas de financiamento atrativas para a atividade.
Dentre os múltiplos produtos advindos da recomposição de RLs, a produção madeireira se destaca como
o produto de maior valor comercial. O volume é uma variável de grande importância quando se trata de um
empreendimento florestal. Através dessa variável é possível avaliar o potencial de produção de madeira, bem
como a viabilidade do empreendimento, possibilitando conhecer o estoque de madeira e/ou carbono presente
além de fornecer base para estudos de crescimento e produção (THOMAS et al., 2006). A cubagem é uma
ferramenta amplamente utilizada no planejamento e manejo florestal, haja vista que a partir de informações
derivadas desse procedimento torna-se possível conhecer e projetar a produção madeireira. Os resultados da
cubagem possibilitam ajustes de equações volumétricas a partir de outras variáveis dendrométricas, estimando
os parâmetros por meio de regressão, sendo considerado um procedimento fundamental para estimativa no meio
florestal (SANTANA; ENCIMAS, 2004). No entanto, para conhecer quais são os métodos de cubagem mais
precisos na determinação de volumes individuais, deve-se testá-los nos mais diversos tipos florestais, levando
em consideração as espécies, clones, sítios, tratos culturais, tipos de manejo, entre outros. Estas variáveis têm
influência direta na forma do tronco das árvores, característica muito importante para determinação do volume.
Por sua vez, as espécies nativas possuem madeira muito apreciada, de alto valor comercial e com
elevada demanda no mercado. Ainda assim, poucos são os plantios dessas espécies no Brasil com objetivo de
produção. Além disso, a silvicultura dessas espécies é pouco desenvolvida e carece de conhecimento sobre a
produtividade volumétrica de madeira em plantios comerciais. Neste contexto, o presente estudo teve como
objetivo ajustar equações volumétricas para estimativa da produção de madeira de Cedro Rosa (Cedrela odorata
L. – Meliaceae), Freijó (Cordia alliodora (Ruiz &Pav.) Cham. – Boraginaceae), Ipê Rosa (Handroanthus
heptaphyllus (Vell.) Mattos - Bignoniaceae) e Ipê Roxo (Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos -
Bignoniaceae) com o intuito de recomposição de área de Reserva Legal, a partir de variáveis dendrométricas
(diâmetro a 1,30 metros de altura do solo (DAP) e altura total (HT)), o que irá possibilitar um melhor manejo da
espécie visando a sua utilização.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da Área de Estudos


O estudo foi realizado na Fazenda São Nicolau (FSN), no município de Cotriguaçu, na porção noroeste
de Mato Grosso (Figura 1). A região Noroeste do Mato Grosso faz parte do Bioma Amazônico, em que
predominam as tipologias florestais, como a Floresta Ombrófila e as Estacionais, localizadas mais ao sul, no
limite com o Bioma Cerrado (BRASIL, 2012). O estudo foi realizado em um dos talhões de plantio do projeto
Poço de Carbono Florestal Peugeot ONF (PCFPO) executado pela ONF Brasil.
O talhão avaliado possui 28,4 hectares, sob as coordenadas geográficas 9º51’46.69”S de latitude sul e
58º15’48.23”W de longitude oeste, sendo composto de um consórcio em linhas alternadas das espécies
Handroanthus impetiginosus, Handroanthus heptaphyllus, Cordia alliodora e Cedrela odorata implantados no
espaçamento 3x2m. A área foi plantada no início do período chuvoso de 1999. Anteriormente ao plantio foi
realizada a gradagem, no pós plantio foram realizadas práticas de manutenção com enxada, roçadeiras e
herbicida. Não foi realizada adubação de plantio. A Figura 1 apresenta a localização da área de estudos.

Coleta de Dados
As coletas foram realizadas entre em outubro e novembro de 2017. Foi realizado o inventário florestal,
mediante a avaliação de 10 parcelas de formato retangular de 1.00 0m² (20 x 50 m), sendo amostrados 10.000
m². Nas unidades amostrais foram mensuradas características biométricas das árvores como Circunferência a
Altura do Peito (CAP) medido a 1,3 metros de altura do solo e a altura total (HT) dos dez primeiros indivíduos
de cada espécie.
Após tratamento dos dados do Inventário, calculou-se as estatísticas descritivas e estabeleceu cinco
classes diamétricas. As árvores amostradas no inventário foram classificadas em cada uma das classes
estabelecidas. Foram cubadas 10 árvores em cada classe de diâmetro por espécie, no total foram cubadas 50
árvores por espécie. A quantidade de árvores cubadas foi definida de acordo com Picard, Saint-André e Henry
(2012).
Foram cubadas apenas árvores que apresentaram fuste de qualidade, ou seja, fuste reto e sem
ramificações. Inicialmente foram cubadas árvores nas parcelas do inventário, e na sequência, de modo a
completar o número de árvores pretendido foram realizadas avaliações em indivíduos localizados fora das
parcelas inventariadas. Nessas situações além das informações tradicionais todos os indivíduos foram
georreferenciadas.

408
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Localização da área de estudo.


FIGURE 1: Location of the study área.

A cubagem foi realizada de forma não destrutiva mediante uso do Dendrômetro Digital CriterionⓇ.
Foram mensurados diâmetros com casca à diferentes alturas ao longo do fuste da árvore (0,0 m; 0,3 m; 1,3 m e a
seguir a cada 1,0 m). Houveram alterações nas alturas de mensuração do diâmetro quando necessário,
especialmente na porção da base do fuste. O processamento da cubagem foi realizado no software R Core Team
(R CORE TEAM, 2017) e foi utilizada a metodologia de Smalian conforme apresentado por Soares et al.
(2006).

Ajuste e seleção dos modelos volumétricos


Com dados volumétricos obtidos do processamento da cubagem, buscou-se modelar o volume
individual de árvores em função das variáveis dendrométricas DAP e HT. Os ajustes foram realizados utilizando
o software R Core Team (R CORE TEAM, 2017), e foram ajustados 13 modelos apresentados na Tabela 1.
Todos os modelos são amplamente utilizados em trabalhos dessa natureza, e podem ser considerados como
modelos clássicos da literatura florestal para estimativa do volume (AZEVEDO et al., 1999; PELISSARI et al.,
2011; GAMA et al., 2017; SOARES et al.,2011).

TABELA 1: Modelos volumétricos ajustados.


TABLE 1: Ajusted volumetric models.
Autor Modelo
Kopezky-Gehrhardt 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃² + 𝜀
Dissescu-Meyer 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝜀
Husch 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃 + 𝜀
Spurr 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃²𝐻𝑇 + 𝜀
Spurr(log) 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛(𝐷𝐴𝑃²) + 𝜀

Schumacher-Hall(log) 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐿𝑛𝐻𝑇 + 𝜀

Stoate 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽3 𝐻𝑇 + 𝜀

Naslund 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽1 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃²𝐻𝑇 + 𝛽3 𝐷𝐴𝑃𝐻𝑇² + 𝛽4 𝐻𝑇² + 𝜀

Rezende 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽1 𝐷𝐴𝑃2 ∗ 𝐻𝑇 + 𝜀

Hohenadl-Krenm 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝜀

409
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Meyer 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃² + 𝛽3 𝐷𝐴𝑃𝐻𝑇 + 𝛽4 𝐷𝐴𝑃²𝐻𝑇 + 𝛽′𝑠 + 𝜀


1
Brenac 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2
𝐷𝐴𝑃
+𝜀
Schumacher-Hall 𝑉𝑜𝑙 = 𝛽0 + 𝐷𝐴𝑃𝛽1 𝐻𝑇𝛽2 + 𝜀
Em que: DAP= diâmetro a 1,3 metros de altura do solo; HT= altura total; 𝜀= erro.

Para seleção do modelo, avaliou-se o erro padrão da estimativa (Syx), o critério de informação Akaike
(AIC) que avalia a diferença entre o volume observado e o volume estimado pelo modelo, a dispersão de
resíduos para avaliar o comportamento da variância (MIGUEL et al.,2010), sendo o erro calculado pela
diferença do volume observado pelo volume estimado, o coeficiente de determinação R² e significância dos
parâmetros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na modelagem volumétrica, as equações foram selecionadas de acordo com os critérios descritos na


metodologia. Quando avaliado a significância dos parâmetros, todos os modelos apresentaram pelo menos um
parâmetro significativo para a espécie Cedrela odorata. Quando observado os ajustes das espécies Cordia
alliodora e Handroanthus heptaphyllus o modelo de Meyer não apresentou nenhum parâmetro significativo
sendo desconsiderado, devido um parâmetro não significativo poder ser retirado do modelo. Enquanto para o
Handroanthus impetiginosus o modelo de Naslund foi desconsiderado.
Para as espécies de Handroanthus impetiginosus e Handroanthus heptaphyllus selecionou-se o modelo
de Schumacher-Hall, enquanto para Cedrela odorata o modelo de Naslund foi o que melhor ajustou para a
espécie. Já o modelo de Stoate apresentou os melhores resultados para Cordia alliodora. Colpini et al. (2009)
avaliando Floresta Ombrófila Aberta na região noroeste de Mato Grosso, ajustou 9 dos modelos semelhantes ao
presente estudo, onde selecionou o modelo de Schumacher-Hall com as melhores estimativas, não apresentando
tendências de acordo com a dispersão dos resíduos. A Tabela 2 apresenta os modelos selecionados para cada
espécie avaliada juntamente com os parâmetros ajustados e a estatísticas.

TABELA 2: Modelos selecionados por espécie e os respectivos valores dos parâmetros (βi), coeficiente de
determinação (R²), erro padrão da estimativa (Syx) e critério de informação Akaike (AIC).
TABLE 2: Models selected by species and the respective values of the parameters (βi), coeficiente of
determination (R²), standard error of estimation (Syx) and Akaike information criterion (AIC).
Syx
Espécie Modelo β0 β1 β2 β3 β4 R² AIC
(m³)

Handroanthus Schumacher-
0.0001* 1.4250* 1.3180* - - 98.07 0.0127 -460.04
impetiginosus Hall

Handroanthus Schumacher-
0.0001* 1.9320* 0.6306* - - 98.04 0.0198 -404.81
heptaphyllus Hall

Cedrela
Naslund 0.0360 0.0005 -0.0001* 0.0001* -0.0014* 89.69 0.0753 -253.93
odorata

Cordia
Stoate -0.0150 -0.0002 0.0000* 0.0035* - 91.93 0.0337 -335.07
alliodora
*significativo a 95% de probabilidade.

Observa-se bons resultados de R², sendo considerados satisfatórios diante das relações entre as variáveis
dependente (volume) e as variáveis independentes (DAP e HT). De forma geral, os modelos ajustados para o
Cedrela odorata apresentaram os menores R², enquanto o Handroanthus heptaphyllus os maiores R². Os erros
padrão residual observados foram de médio a elevados, com destaque principalmente para o Cedrela odorata
com os valores. O erro pode estar associado tanto às condições de crescimento, quanto a natureza seminal dos
propágulos utilizados, sem qualquer melhoramento genético e elevada variabilidade, uma vez que são espécies
com poucos estudos silviculturais. Erro elevados e com boas estimativas também foram encontrados em

410
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
trabalhos como Oliveira et al. (2018) estimando o teor de tanino e Scolforo et al. (2012) modelando o volume de
óleo de Candeia.
Na análise gráfica da dispersão dos resíduos muitos modelos apresentaram pequena tendência de
superestimar o volume das árvores com menores valores de DAP. Na avaliação dos dados, os menores
indivíduos apresentam maior variabilidade. Contudo não foi verificado forte tendenciosidade, apesar de ter
apresentado erros elevados, conforme afirmado por Oliveira et al. (2018). A Figura 3 apresenta os gráficos de
dispersão de resíduos dos modelos selecionados.

FIGURA 2: Dispersão de resíduos dos melhores modelos ajustados.


FIGURE 2: Dispersion of waste from the best fitted models.

Com a dispersão de resíduos, observou-se que os modelos ajustados para Handroanthus impetiginosus e
Handroanthus heptaphyllus apresentavam leve tendência a subestimar o volume das árvores com menores DAP.

CONCLUSÕES

É possível modelar o volume de madeira das espécies nativas avaliadas em função do DAP e HT das
árvores, possibilitando boas estimativas volumétricas. De maneira geral, o modelo clássico de Schumacher-Hall
apresentou os melhores resultados, sendo selecionado como melhor modelo para duas espécies, enquanto para
as outras espécies apresentou bons resultados.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Poço de Carbono Peugeot ONF (PCFPO) pelo apoio na coleta de dados, a
Universidade Federal de Lavras (UFLA) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES).

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412
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELOS GENERALIZADOS COM INCLUSÃO DE COVARIÁVEIS PARA ESTIMATIVA DE
ALTURA EM POVOAMENTO DE Tectona grandis

GENERALIZED MODELS WITH INCLUSION OF COVARIABLES FOR HEIGHT ESTIMATION IN


Tectona grandis STAND

Luciano Rodrigo Lanssanova1 Franciele Alba da Silva Allan Libânio Pelissari Sebastião do Amaral Machado
Rodrigo Lemos Gil Cristine Tagliapietra Schons Hugo Armando Barua

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade preditiva dos modelos hipsométricos desenvolvidos
utilizando a modelagem generalizada e avaliar o impacto da inclusão de covariáveis para estimativa da altura em
povoamentos de Tectona grandis. O estudo foi desenvolvido em plantios seminais homogêneos de Tectona grandis
com idades de 5 a 25 anos. Foi realizado o abate de 509 árvores amostradas, medindo-se a altura total do fuste, onde os
dados foram estratificados dentro de classes diamétricas e de forma. Inicialmente, foi ajustado o modelo logístico para
estimativa da altura pelo método dos mínimos quadrados ordinários. Posteriormente ao ajuste do modelo pelo método
tradicional, foi aplicado o ajuste pelo método dos mínimos quadrados generalizados, sendo avaliados três estratégias de
inclusão de covariáveis. Para avaliar a precisão dos modelos, foram utilizadas as estatísticas erro padrão de estimativa
em porcentagem (Syx%), coeficiente de determinação (R²), critério de informação de Akaike (AIC) e análise gráfica
residual. O uso de modelos generalizados com a inclusão de covariáveis aumentou a acurácia das estimativas das alturas
em povoamentos de Tectona grandis em relação a modelagem tradicional pelo método dos mínimos quadrados
ordinários.
Palavras-chave: Classe de forma; Classe diamétrica; Ganhos de precisão; Altura.

ABSTRACT

The present study aimed to evaluate the predictive capacity of hypsometric models developed using generalized
modeling and to evaluate the impact of including covariates for height estimation in Tectona grandis stands. The study
was carried out in 5 to 25 years-old Tectona grandis homogeneous seedlings. A total of 509 trees were sampled,
measuring the total stem height and stratifying the data into diameter and form classes. Initially, the logistic model was
adjusted for height estimation by the ordinary least squares method. Subsequently, we applied the adjustment by
generalized least squares method, and three strategies of inclusion of covariates were evaluated. In order to evaluate the
models' accuracy, we used the statistics: standard error estimate in percentage (Syx%), determination coefficient (R²),
Akaike Information Criteria (AIC) and graphical analysis of residuals. The use of generalized models with the inclusion
of covariates increased the accuracy of height estimates in Tectona grandis stands in relation to traditional modeling
using the ordinary least squares method.
Keywords: Form class; Diameter class; Precision gains; Height.

INTRODUÇÃO

A teca (Tectona grandis) é uma espécie nativa do sul e sudeste da Ásia, com ocorrência natural na Índia,
Mianmar, Laos e Tailândia (KRISHNAPILLAY, 2000; PANDEY E BROWN, 2000; FERMINO JUNIOR et al., 2009)
e introduzida, na Indonésia e Sri Lanka. A teca é cultivada sob condições de plantio há mais de 150 anos (TEWARI;
SINGH, 2017), sendo uma das espécies tropicais de maior relevância para conversão dos fustes em multiprodutos. As
propriedades versáteis da madeira da teca (TEWARI E SINGH, 2017) tornam esta espécie uma importante fonte de
renda e um investimento lucrativo aos seus produtores .
A altura das árvores é uma variável muito importante nos estudos de monitoramento e manejo florestal. No
entanto, o processo de medição da altura das árvores é demorado (ZHENG et al., 2018), e oneroso (MENDONÇA et al.
2014). Uma alternativa para obter essa variável de forma precisa é a utilização de modelos matemáticos. O uso
da técnica de regressão de mínimos quadrados ordinários é frequentemente utilizado, porém, é necessário atender a
suposição de observações aleatórias e independentes e contabilizar a presença de autocorrelação para que esse método
seja confiável (ÖZÇELIK et al, 2018). Esses problemas podem ser abordados com modelos generalizados que
permitem trabalhar com média populacional que segue outra distribuição dos dados, e não a distribuição normal

1
Instituto Federal do Mato Grosso. E-mail: luciano.lanssanova@jna.ifmt.edu.br

413
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
(ÖZÇELIK et al, 2018). A inclusão de covariaveis aleatórios, específicas para cada árvore (ou parcela), permite
modelar a variabilidade da altura e da relação hd entre diferentes locais (Lindstrom e Bates, 1990).
O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade preditiva dos modelos hipsométricos desenvolvidos utilizando
a modelagem generalizada e avaliar o impacto da inclusão de covariáveis para estimativa da altura em povoamentos de
Tectona grandis, sob a hipótese de que os modelos generalizados com a inclusão de covariáveis no ajuste estima com
maior acuracidade as alturas em relação a modelagem tradicional.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida em plantios seminais homogêneos de Tectona grandis com idades de 5 a 25 anos,
localizados em Brasnorte, estado de Mato Grosso, Brasil. A região de Brasnorte possui clima Equatorial quente e
úmido, com temperatura variante entre 4°C a 40°C dependendo da época do ano, chuvas distribuídas entre os meses de
novembro a março com precipitação média de 2.250 mm por ano (Campello Júnior et al., 1991).
Foi realizado o abate de 509 árvores amostradas, medindo-se a altura total do fuste com o auxílio de uma trena.
Os dados foram estratificados dentro de classes diamétricas e de forma, a intensidade amostral das árvores cubadas
dentro de cada classe de fator de forma e classe diamétrica foi determinada pela variação volumétrica, considerando um
limite de erro máximo de 10% a uma probabilidade de confiança de 95%.
A determinação das classes de forma das árvores foi feita a partir do fator de forma artificial, dado pela razão
entre o volume da cubagem rigorosa (v) do fuste e o volume de um cilindro, calculado com base no diâmetro à altura do
peito (d) e na altura total (h) da árvore. A definição das classes de forma seguiu a metodologia adotada por David et al.
(2014), em que foram delimitados intervalos equivalentes em amplitude, buscando reduzir a variância das variáveis
dentro dos mesmos. O intervalo das classes foi obtido pela divisão da amplitude total do fator de forma pelo número de
três classes. Os dados foram estratificados por classes de diâmetro, considerando uma amplitude de 5 cm.
Inicialmente, foi ajustado o modelo logístico para estimativa da altura pelo método dos mínios quadrados
ordinários, cuja expressão é apresentada abaixo:
𝛽0
ℎ= 𝛽 −𝑑
( 1 ⁄𝛽 )
1+𝑒 2
Em que: 𝛽𝑖 = coeficientes de regressão; d = diâmetro à altura do peito (cm); h = altura total (m).

A validação do modelo foi realizada em simulação e reamostragem Bootstrap (EFRON e TIBSHIRANI,


1993), o funcionamento dessa ferramenta é baseado nas reamostragens das observações originais do banco de dados em
estudo. Tais reamostragens são realizadas de forma aleatória, com reposição e as estimativas de cada calculadas.
Baseado nas replicações é possível determinar intervalos de confiança e teste de hipóteses sobre os estimadores gerados.
Foi realizada 200 simulações, e para estas avaliada a normalidade dos coeficientes gerados e também a confecção de
histogramas destes.
Posteriormente ao ajuste do modelo pelo método tradicional, foi aplicado o ajuste pelo método dos mínimos
quadrados generalizados, sendo avaliados três estratégias de inclusão de covariáveis:
• Estratégia 1: Considerar a classe diamétrica como covariável no modelo generalizado;
• Estratégia 2: Considerar a classe de forma como covariável;
• Estratégia 3: Realizar a implementação das covariáveis em multiníveis, totalizando 18 níveis de variação (3
classes de forma e 6 classes de diâmetro).
Para cada estratégia, foram avaliados três cenários, em que, no primeiro, a inclusão da covariável foi aplicada
no coeficiente 𝛽0 , no segundo cenário, combinações dos parâmetros 𝛽0 e 𝛽1 foram simultaneamente com a inclusão da
covariável. Posteriormente, no terceiro cenário, três coeficientes foram implementados com inclusão das covariáveis
dentro de cada estratégia estabelecida.
Para avaliar a precisão dos modelos, foram utilizadas as estatísticas erro padrão de estimativa em porcentagem
(Syx%), coeficiente de determinação (R²), critério de informação de Akaike (AIC) e análise gráfica residual. Os ganhos
de acuracidade em relação a modelagem tradicional foi baseado na determinação da diferença relativa dos erros padrões
da estimativa em porcentagem (Syx%) obtidos com o método dos mínimos quadrados ordinários e para cada estratégia
utilizada com os modelos generalizado com inclusão de covariáveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Procedendo-se a validação do modelo pelo método dos mínimos quadrados ordinários via bootstrap, obtém-se
os resultados apresentados na Tabela 1 e Figura 1. Os coeficientes gerados pelas 200 simulações realizadas seguem
distribuição normal pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, e as estimativas por ponto para as médias dos coeficientes

414
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
obtidos para as amostras bootstrap, bem como seus desvios padrões, são muito próximos dos valores obtidos na amostra
original. Os coeficientes obtidos na amostra original encontram-se inseridos nos IC calculados para a médias dos
coeficientes das amostras bootstrap, espelhando a validade do modelo de regressão ajustado.

TABELA 1 - Resultados da Validação do modelo pelo método dos mínimos quadrados ordinários por
Bootstrap.
Intervalo de confiança
Parâmetro Estimativa Erro Padrão Mediana
2.50% 97.50%
β0 29,53967 2,83816 29,07652 25,54012 36,30440
β1 23,94796 2,28553 23,59534 20,81422 29,54232
β2 11,02713 1,35706 10,91484 8,75792 14,20223

Na Tabela 2 são apresentados os cinco melhores ajustes para as melhores estratégias e cenários propostos em
relação a modelagem tradicional. A estratégia 2 e cenário 1, representou um ganho de acuracidade de 5,40%, ao passo
que a estratégia 2 e cenário 2, foi o maior ganho de acuracidade com 6,40%.

FIGURA 1 – Boxplots e histogramas para os coeficientes gerados via simulações Bootstrap.

TABELA 2 – Estatísticas de ajuste e ganhos de precisão para estimativa da altura em povoamentos de Tectona
grandis.
Estratégia Syx(%) Diferença(%) R² AIC
Modelo Tradicional 18.09 - 0.67 2472.75
Estratégia 2 (Cenário 1) 17.11 5.40 0.70 2417.2
Estratégia 2 (Cenário 2) 16.93 6.42 0.70 2407.18
Estratégia 2 (Cenário 3) 17.00 6.03 0.70 2412.31
Estratégia 3 (Cenário 1) 17.13 5.30 0.70 2419.20
Estratégia 3 (Cenário 3) 17.16 5.13 0.70 2425.03

É possível observar que os cinco modelos ajustados nas melhores estratégias e cenários, apresentaram boa
dispersão residual (Figura 2), com proporcionalidade entre valores superestimados e subestimados, com menor

415
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
amplitude de erro quando comparado com o modelo ajustado pelo método tradicional dos mínimos quadrados
ordinários. Entre os cinco melhores modelos, destaca-se a estratégia 2 e cenário 2, utilizando a classe de forma como
covariável, e realizando a implementação desta nos parâmetros 𝛽0 e 𝛽1 , apresentando uma amplitude de erro máxima de
80%, enquanto para modelagem tradicional este valor chega a quase 150%.

FIGURA 2 - Distribuição de resíduos em função da altura estimada para as diferentes estratégias avaliadas.

No Brasil, o ajuste de modelos de relação hipsométrica por meio da modelagem por mínimos quadrados
ordinários é uma das técnicas mais utilizadas para estimar a altura dos fustes em povoamentos florestais, contudo, os
modelos generalizados com a inclusão de covariáveis proporciona melhores ajustes e, consequentemente, estimativas
mais acuradas, possibilitando ganhos ao manejo da espécie devido a obtenção de estimativas com mais qualidade.

CONCLUSÕES

O uso de modelos generalizados com a inclusão de covariáveis aumentou a acurácia das estimativas das alturas
em povoamentos de Tectona grandis em relação a modelagem tradicional pelo método dos mínimos quadrados
ordinários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TEWARI, V. P.; SINGH, B. A first-approximation simple dynamic growth model for forest teak plantations in
Gujarat state of India. Southern Forests: a Journal of Forest Science, v. 2620, n. April, p. 1–7, 2017.
ZHENG, J., ZANG, H., YIN, S., SUN, N., ZHU, P., HAN, Y., KANG, H. LIU, C. Modeling height-diameter
relationship for artificial monoculture Metasequoia glyptostroboides in sub-tropic coastal megacity Shanghai,
China. Urban Forestry & Urban Greening, V. 34. Pages, 226-232, 2018.

417
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELOS HIPSOMÉTRICOS PARA ÁRVORES DE Apuleia leiocarpa NA ILHA DE
GERMOPLASMA, TUCURUÍ, PARÁ.

HIPSOMETRIC MODELS FOR TREES OF Apuleia leiocarpa IN THE ISLAND OF


GERMOPLASMA, TUCURUÍ, PARÁ.

Raiana Arnaud Nava1 Thays Thayla Santos de Almeida Matheus da Costa Gondim
Julyane Stephanie Pires dos Santos Lívia Thais Moreira de Figueiredo Jamerson Rodrigo dos Prazeres Campos

RESUMO
A espécie Apuleia leiocapa (Vogel) J. F. Macbr mais conhecida como amarelão, é uma espécie de interesse
comercial e possui grande relevância no mercado devido à sua madeira de qualidade, entretanto estudos acerca
do crescimento desta espécie são escassos. Dentre as variáveis dendrométricas, a altura é uma das mais
utilizadas nos inventários florestais, sendo usada para calcular e estimar o volume. Em função de ser uma
variável de difícil obtenção e bastante sujeita a erros, a altura é, frequentemente, estimada por meio de equações
hipsométricas. Assim, o objetivo do presente trabalho foi ajustar equações hipsométricas para árvores da espécie
Apuleia leiocapa (Vogel) J. F. Macbr plantadas na ilha de Germoplasma em Tucuruí no estado do Pará. Foram
mensurados 53 indivíduos onde foram obtidos os dados de altura total das árvores e diâmetro à altura do peito
(DAP). Os critérios estatísticos utilizados para a seleção dos modelos foram: coeficiente de determinação
ajustado (𝑅̅² (%)), erro padrão da estimativa (Syx) e erro padrão relativo (Syx (%)); significância dos coeficientes
da regressão (α = 0,05); análise gráfica da distribuição dos resíduos. Após as análises, verificou-se que a
equação referente ao modelo de Naslund (5) foi a que melhor estimou a alturas das árvores de Apuleia
Leiocarpa (Vogel) J. F. Macbr.
Palavras-chave: Hipsometria; equação; mensuração.

ABSTRACT
The species Apuleia leiocapa (Vogel) J. F. Macbr better known as amarelão, is a species of commercial interest
and has great relevance in the market due to its quality wood, however studies on the growth of this species are
scarce. Among the dendrometric variables, height is one of the most used in forest inventories, being used to
calculate and estimate the volume. Since it is a variable that is difficult to obtain and quite subject to errors,
height is often estimated by means of hypsometric equations. The objective of the present work was to fit
hypsometric equations for trees of the Apuleia leiocapa (Vogel) JF Macbr planted on the Germoplasma island in
Tucuruí, state of Pará. A total of 53 individuals were measured where the total height of the trees and diameter
at breast height (DBH) were obtained. The statistical criteria used to select the models were: adjusted coefficient
of determination (𝑅̅² (%)); standard error of estimate (Syx) and relative standard error (Syx (%)); significance of
the regression coefficients (α = 0.05); graphical analysis of the waste distribution. After analysis, it was verified
that the equation referring to the Naslund model (5) was the one that best estimated the heights of Apuleia
Leiocarpa (Vogel) J. F. Macbr.
Keywords: Hypsometry; equation; measurement.

INTRODUÇÃO

A espécie Apuleia leiocarpa (Vogel) J. F. Macbr. é uma espécie arbórea nativa da Mata Atlântica,
pertencente à família Fabaceae, conhecida vulgarmente por garapa, garapeira, amarelinho, amarelão, dentre
outros, muito utilizada em marcenaria, esquadrias e para a construção civil (LORENZI, 2008). Possui, em
média, aproximadamente 35 m de altura e 100 cm de diâmetro a altura do peito (DAP), proporcionando uma
madeira de excelente qualidade e de grande importância para o setor madeireiro (CARVALHO, 2003;
BACKES; IRGANG, 2004). Embora apresente ampla representatividade, ainda existem poucos estudos a
respeito da produtividade dessa espécie no Brasil.
Informações acerca do crescimento das árvores são obtidas a partir da realização de inventários
florestais, em que são coletadas informações qualitativas e quantitativas dos recursos florestais que permitem
estimar o potencial produtivo da área, estabelecer metas de manejo, pesquisa e ordenação florestal (JESUS et
al., 2012).

1
Estudante, Discente do Curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Tucuruí,
Rodovia BR-422, Km 13 – Vila Permanente, Tucuruí, PA, Brasil. E-mail: raianaarnaud@gmail.com

418
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Dentre as variáveis dendrométricas mais utilizadas, estão o diâmetro medido a 1,30 m do solo (DAP) e a
altura. O diâmetro à altura do peito é uma variável de fácil obtenção, enquanto a altura é mais difícil de se obter
e sua medição está mais sujeita à erros, sendo comum, a medição do diâmetro de todas as árvores das parcelas e
a altura de apenas algumas delas. O conjunto de dados de alturas das árvores, com os respectivos diâmetros, é
usado para estabelecer uma relação da altura sobre diâmetro, as equações hipsométricas. Este é um
procedimento usual para florestas plantadas com espécies de rápido crescimento e que pode ser utilizado
também para contornar a problemática de obtenção da altura das árvores em florestas naturais densas e de dossel
superior elevado (SOARES et al.,2011)
De acordo com Sanquetta et al. (2015), o ajuste de equações hipsométricas é de grande importância para
a estimação do volume, aumentando a rapidez com que os levantamentos são realizados e reduzindo seus
custos, tornando os inventários florestais mais econômicos e precisos. Assim, o objetivo do presente trabalho foi
ajustar equações hipsométricas para árvores da espécie Apuleia leiocapa na ilha de Germoplasma em Tucuruí
no estado do Pará.

MATERIAL E MÉTODO

Com a construção da usina hidrelétrica de Tucuruí, criou-se um programa para compensação ambiental
dos impactos causados na região, com o objetivo de conservação da biodiversidade tropical. Atualmente o
programa possui 30.133 plantas arbóreas identificadas botanicamente e mapeadas, em uma área total de atuação
de 254,6 ha. Como parte deste programa, encontra-se a Ilha de Germoplasma (3º51'58,3''S e 49º38'25,8''W),
com uma área aproximada de 100 ha, a ilha possui dois bancos de material genético: “in situ”, composto pela
própria floresta nativa remanescente e outro “ex situ”, resultado da coleta e plantio de sementes oriundas de
toda a área alagada em Tucuruí (OLIVEIRA e ROCHA, 2007).
O presente estudo foi conduzido na área experimental com plantas arbóreas distribuídas no Banco de
Germoplasma “ex situ” (Figura 1). A área do Banco está subdividida em 29 quadras de tamanhos variando entre
0,4 ha e 1,5 ha, das quais 12 foram destinadas ao plantio sob a sombra da floresta original e 17 em pleno sol,
onde foram plantadas 15.168 mudas, produzidas de materiais propagativos oriundos de 10 pontos amostrais
localizados na área destinada ao reservatório da usina (INPA,1985).

FIGURA 1: Distribuição das quadras e parcelas na ilha de Germoplasma.


FIGURE 1: Distribution of blocks and plots on the island of Germoplasma.
Fonte: MESQUITA NETO (2007).

A área encontra-se localizada no lago da usina Hidrelétrica de Tucuruí, apresenta cobertura de floresta
densa bem conservada e boa representatividade da flora arbórea amazônica (SARACURA, 2007). Na região,
predomina o tipo de solo latossolo amarelo, o clima se categoriza como equatorial super-úmido, tipo Ami, de

419
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
acordo com a classificação de Köppen, com temperatura média anual de 26º C, média máxima em torno de
32,0º C e mínima de 22,7º C (SEPOF, 2011).
Foram obtidos dados de altura total de 53 árvores de Apuleia leiocarpa presentes na quadra 1. As alturas
foram obtidas utilizando-se um clinômetro eletrônico, e o diâmetro a 1,30 m do solo (DAP), foi medido com
uma suta. Os indivíduos encontram-se distribuídos nas seguintes classes de diâmetro e de alturas (Tabela 1).

TABELA 1: Distribuição dos indivíduos de Apuleia leiocarpa em classes de diâmetro e de altura na ilha de
Germoplasma em Tucuruí, Pará.
TABELA 1: Distribution of the individuals of Apuleia leiocarpa in diameter and height classes in the island of
Germoplasma in Tucuruí, Pará.
Classe de Classe de altura (m)
Total
DAP (cm) 10-15 15-20 20-25 25-30
9-14 1 - - - 1
14-19 3 3 - - 6
19-24 - 4 - - 4
24-29 - 12 - - 12
29-34 - 6 7 - 13
34-39 - 1 6 1 8
39-44 - - 5 - 5
44-49 - - 1 2 3
49-54 - - - 1 1
Total 4 26 19 4 53

Após um levantamento bibliográfico foram ajustadas equações referentes a seis modelos hipsométricos
(Tabela 2).

TABELA 2: Modelos analisados para estimar altura dos indivíduos de Apuleia leiocarpa na ilha de
Germoplasma em Tucuruí, Pará.
TABLE 2: Models analyzed to estimate height of the individuals of Apuleia leiocarpa on the island of
Germoplasma in Tucuruí, Pará.
Modelos Autor
1 2 Trorey (1932)
ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝛽2 𝐷𝐴𝑃 + 𝑒𝑖
2 ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 1/𝐷𝐴𝑃 + 𝑒𝑖 Curtis (1967)
3 ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 1/𝐷𝐴𝑃² + 𝑒𝑖 Assmann
4 ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝑒𝑖 Linear Simples
5 √𝐷𝐴𝑃²/(ℎ − 1,3) = 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝐴𝑃 + 𝑒𝑖 Naslund
6 ℎ = 𝛽0 + 𝛽1 𝐿𝑛𝐷𝐴𝑃 + 𝑒𝑖 Henriksen (1950)
Em que: DAP = diâmetro à altura do peito (cm); h = altura total do fuste (m); ln = logaritmo natural; β0, β1,
β2= coeficientes da regressão. Fonte: FINGER (1992).

A seleção do melhor modelo foi realizada com base nos valores do coeficiente de determinação ajustado
(𝑅̅² (%)), erro padrão da estimativa (Syx), erro padrão relativo (Syx (%)), significância (α = 0,05) dos
coeficientes e a análise gráfica da distribuição dos resíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os coeficientes das equações ajustadas foram estatisticamente significativos para todos os modelos
analisados (Tabela 3).
As equações hipsométricas ajustadas neste estudo apresentaram coeficientes de determinação (R ̅²)
maiores que 60%, com destaque para o modelo de Naslund, que apresentou R ̅² (%) igual a 97,5%. Todas as
equações, à exceção do modelo de Naslund (5), apresentaram valores de R ̅² (%) superiores aos valores
encontrados por Souza et al. (2017) que avaliaram os mesmos modelos hipsométricos deste trabalho, para um
povoamento híbrido (Eucalyptus urophylla e Eucalyptus grandis) aos oito anos de idade, no município de

420
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
̅² (%) encontrado pelos autores para o modelo de Naslund foi igual a
Pacajá, Pará. Nesse trabalho, o valor R
99,0% superior ao do presente estudo.

TABELA 3: Coeficientes e medidas de precisão para os modelos hipsométricos avaliados


TABLE 3: Coefficients and precision measurements for the hypsometric models evaluated
Coeficientes ̅ ² (%)
Modelos Syx Syx (%) 𝑹
𝛽0 𝛽1 𝛽2
1 8,277061942 0,442212155 -0,00183481 1,279 6,46 85,02
2 26,70191015 -185,180892 - 1,654 8,35 74,95
3 22,26791476 -1519,67183 - 2,087 10,54 60,12
4 9,782897357 0,331898962 - 1,281 6,47 84,96
5 1,678101 0,173682 - 0,255 15,98 97,50
6 -9,68088965 8,788827439 - 1,321 6,67 84,01

Os valores de erro padrão relativo variaram de 6,46% a 15,98% com o maior valor sendo observado
para o modelo de Naslund. Valores de erro padrão relativo próximos a 15% foram encontrados por Sanquetta et
al. (2017) em um estudo para estimar a altura e do volume de plantios de restauração florestal em Rondônia.
A análise gráfica de resíduos mostrou que os modelos 1, 4, 5 e 6 apresentaram resíduos bem distribuídos
e menor tendência para estimar a altura dos indivíduos de Apuleia leiocarpa.

FIGURA 2: Distribuição gráfica dos resíduos das equações hipsométricas avaliadas para estimar a altura de
árvores de Apuleia leiocarpa na ilha de Germoplasma em Tucuruí, Pará.
FIGURE 2: Graphical distribution of residues of the hypsometric equations evaluated to estimate the height of
Apuleia leiocarpa trees on the island of Germoplasma in Tucuruí, Pará.

CONCLUSÃO

Após as análises, pode-se concluir que o modelo de Naslund foi o que melhor se ajustou aos dados,
podendo ser utilizado para estimar a altura de árvores de Apuleia leiocarpa.

REFERÊNCIAS

BACKES, P.; IRGANG, B. Mata Atlântica: as árvores e a paisagem. Porto Alegre: Paisagem do Sul, 2004.
396 p.
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Colombo: EMBRAPA/CNPR, Brasília: EMBRAPA-
SPI, 2003. 1039 p. v.1.

421
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA DA AMAZONIA – INPA. Preservação de Germoplasma do
Reservatório da UHE Tucuruí. Manaus-AM, 1985.
JESUS, C.M.; MIGUEL, E.P.; AZEVEDO, G.B.; AZEVEDO, G.T.O.S.; PEREIRA, R.S. Modelagem
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Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 11, n. 21, p. 1298-1308, 2015.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil.
5. ed. Nova Odessa: Plantarum, 2008. v. 1, 384 p.
MESQUITA NETO; F. P. Programa de Germoplasma Florestal da UHE Tucuruí: Contribuição para
Recuperação e Conservação na Amazônia. XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens, Belém – PA,
Junho, 2007.
OLIVEIRA, A.; ROCHA, G. Unidades de Conservação em Tucuruí/PA como instrumento de Gestão
Territorial: Propósitos e Desafios. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 12., 2007, Belém. Anais...
Belém: ANPUR, 2007.
SARACURA, V. F.; GHILARDI JUNIOR, R.; ENDERS, B. C. L.; UHE Tucuruí (PA): Proposta para
utilização da compensação ambiental. XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens, Belém – PA,
Junho, 2007.
SANQUETTA, M. N. I. et al. Ajuste de equações hipsométricas para a estimação da altura total de indivíduos
jovens de teca. Científica, Jaboticabal, v. 43, n. 4, p. 400-406, 2015.
SANQUETTA, C. R. et al. Estimativa da altura e do volume em povoamentos jovens de restauração florestal
em Rondônia. BIOFIX Scientific Journal, v. 2 n. 2 p. 23-31 2017.
SEPOF. Estatística municipal de Tucuruí - Pará. Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e
Finanças- Instituto de desenvolvimento econômico, social e ambiental do Pará, 2011. Disponível em:
http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/georeferenciamento/tucurui.pdf. Acesso em: 14 julho de 2018.
SOARES, C. P. B; MARTINS, F. B; JUNIOR, H. U. L; SILVA, G. F. DA; FIGUEIREDO, L. T. M. DE.
Equações hipsométricas, volumétricas e de taper para onze espécies nativas. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.
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SOUZA, A. S.; SANTOS, J. X.; SOUZA, D. V. Modelagem da relação hipsométrica para um povoamento
híbrido de eucalipto na Amazônia brasileira. BIOFIX Scientific Journal, v. 2 n. 1 p. 44-53 2017.

422
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELOS HIPSOMÉTRICOS PARA POVOAMENTO CLONAL DE Eucalyptus spp.

HYPMOMETRIC MODELS FOR A CLONAL STAND OF Eucalyptus spp.

Hugo Armando Barua Acosta1 Carla Fernanda Mussio Milayne Lopes Rickli Emílio Carlos Zilli Ruiz
Afonso Figueiredo Filho Andrea Nogueira Dias

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo ajustar modelos hipsométricos para povoamento clonal de Eucalyptus
spp, localizado no Distrito de Hernandarias, Paraguai. Foram ajustados os seguintes modelos hipsométricos:
Prodan modificado (2008), Curtis (1970) e Nogueira (2003) a partir de dados provenientes de parcelas
permanentes de três diferentes clones. As estatísticas de ajuste analisadas na seleção das equações foram:
coeficiente de determinação ajustado (R²adj), erro padrão da estimativa (Syx%) e a análise gráfica de resíduos. Foi
empregado o teste de identidade de Graybill (1976) para verificar a possibilidade de empregar uma equação
única para os diferentes clones. Os modelos ajustados apresentaram resultados de R²adj variando entre 0,982 e
0,995 e Syx (%) variando de 2,8% e 6,43%. O modelo ajustado com o melhor desempenho foi o de Prodan
modificado. Este modelo foi o mais adequado para estimar a altura de árvores do povoamento clonal de
Eucalyptus spp. Porém com o teste de identidade realizado constatou-se que devem ser ajustadas equações
separadamente para cada clone.
Palavra-chave: Inventário florestal; Modelagem; Hipsometria.

ABSTRACT

The present study aimed to adjust hypsometric models for clonal stand of Eucalyptus spp., located in the District
of Hernandarias, Paraguay. The following hypsometric models were adjusted: Prodan modified (2008), Curtis
(1970) and Nogueira (2003) from data from permanent plots of three different clones. The adjustment statistics
analyzed in the selection of the equations were: adjusted coefficient of determination (R²adj), standard error of
the estimate (Syx%) and graphical analysis of residues. The adjusted models presented adjusted R²adj scores
ranging from 0,982 to 0,995 and Syx (%) ranging from 2,8% to 6,43%. The adjusted model with the best
performance was the modified Prodan model. This model was the most adequate to estimate the height of trees
of the clonal stand of Eucalyptus spp. However, with the performed identity test it was found that equations
should be adjusted separately for each clone.
Keywords: Forest inventory; Modeling; Hypsometric.

INTRODUÇÃO

O setor industrial de base florestal tem sido marcado por um processo de utilização crescente de
madeiras provenientes de reflorestamento (IBÁ, 2016), sendo que a madeira reflorestada do gênero Eucalyptus
tem recebido especial atenção tanto por parte de pesquisadores como por parte do setor madeireiro em função
do seu grande potencial de disponibilidade em curto espaço de tempo e da ampla possibilidade de uso da
madeira (SOARES, 2002).
A quantificação o volume de madeira desses povoamentos, faz-se por meio da medição de variáveis
dendrométricas, como altura e diâmetro. Levando em consideração a dificuldade na obtenção de dados relativos
às alturas dos povoamentos, mede-se algumas árvores e o restante das árvores é estimada por equações
hipsométricas geralmente gerada por meio de análise de regressão relacionando a altura com a variável DAP
(diâmetro a 1,3 m) (ANDRADE e LEITE, 2011), utilizando essas relações tem-se também a redução de custos
durante a coleta de dados no inventário florestal (BARROS et al., 2002).
Portanto utilizando-se da modelagem torna-se possível o ajuste de equações que estimam a altura de
árvores em função do respectivo diâmetro, mas além do diâmetro, outras variáveis como a idade, o índice de
sítio ou altura dominante, podem ser utilizadas nos modelos para uma melhor qualidade nos ajustes das curvas
de altura (RETSLAFF et al., 2015).
De acordo com Finger (1992) apenas selecionar qualquer modelo e estimar a altura das árvores que não

1
Mestrando (a) pelo programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste,
UNICENTRO, CEP 84500-000, Irati, Paraná, Brasil. E-mail: armandobarua@gmail.com

423
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
foram mensuradas não é recomendado, deve-se, portanto, testar vários modelos e então selecionar o que melhor
se ajusta às condições existentes.
Nesse sentido, este estudo teve o objetivo de avaliar o ajuste e selecionar modelos hipsométricos para
estimar a altura total de povoamento clonal de Eucalyptus spp. no Distrito de Hernandarias, Paraguai.
Complementarmente empregando um teste de identidade de modelos para verificar a possibilidade de utilização
de uma relação hipsométrica única para os diferentes clones.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização do local
O presente estudo foi realizado com dados oriundos de parcelas permanentes de povoamentos clonais de
Eucalyptus spp. da empresa Desarrollos Madereros S.A, localizada em território Paraguaio, no Distrito de
Hernandarias. De acordo com a classificação climática de Köppen o clima é Cfa (subtropical úmido), com
temperatura média de 21,4 ° C e precipitação média anual de 1.695 mm em Alto Paraná, Paraguai.

Obtenção dos dados


Os dados utilizados são oriundos de parcelas permanentes de povoamentos clonais de Eucalyptus spp.
Tais parcelas foram instaladas em formato circular, com 1.000 m² com densidade inicial de 620 árvores.ha -1, no
momento que o povoamento atingiu 12 meses de idade. A partir da instalação das parcelas foram coletados os
diâmetros a 1,30 m de altura do solo (DAP) de todas as árvores, bem como, altura total (Ht) de todas as árvores
da parcela com o hipsômetro Vertex, sendo feita a remedição a cada ano.

Ajuste dos modelos hipsométricos


Para o ajuste dos modelos hipsométricos utilizou-se dados de 13 parcelas com três diferentes clones.
Foram ajustados e testados três modelos (Tabela 1) para conjunto de dados, visando à obtenção dos coeficientes
de regressão, dos parâmetros estatísticos de comparação e da análise de variância.

TABELA 1: Modelos hipsométricos ajustados para um povoamento de Eucalyptus spp.


TABLE 1: Hypsometric models adjusted for Eucalyptus spp. stand.
N Autor Modelo

Prodan modificado d²
1 h-1,3 =
(SANTANA, 2008) β0 + β1 * d + β2 * d² + β3 * d * I

1 1 1
2 Curtis (1970) ln(h) = β0 + β1 * + β2 * + β3 *
d I d*I

1
3 Nogueira (2003) ln(h) = β0 + β1 * I + β2 * hdom + β3 *
d
Em que: h = altura total estimada (m); d = DAP (cm); I = idade do povoamento (anos); hdom = altura dominante (m); β i =
coeficientes de regressão a serem estimados; N = número do modelo.

Para a avaliação e seleção do melhor modelo, foi analisado os seguintes parâmetros estatísticos:
coeficiente de determinação ajustado (R²adj.), erro padrão de estimativa absoluto e relativo (Syx e Syx%) e análise
da distribuição gráfica dos resíduos. Utilizando-se das seguintes fórmulas:
n-1 SQ resíduo
R2adj =1- [( ) x ( )]
n-p SQ total
2
̂ I)
(YI -Y
Syx =√
n-p
Syx
Syx (%)= x 100

Em que:
̂I = Estimativa da variável dependente;
Y
YI = Variável dependente observada;
p = Número de variáveis independentes da equação;
n = Número de observações;

424
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A distribuição gráfica dos resíduos foi obtida pela diferença entre os valores observados e estimados da
variável dependente. A análise de resíduos permite inferir sobre a existência de problemas na dispersão dos
dados. O comportamento desejável de um gráfico de resíduos é aquele em que os resíduos se apresentam
uniformemente distribuídos e próximos de zero.
Para os modelos cujas variáveis dependentes não era a altura total (h) foi necessário recalcular o erro
padrão da estimativa e coeficiente de determinação.

Teste de Identidade
Foi realizado teste de identidade de Graybill (1976, apud REGAZZI, 1996) a fim de verificar a
possibilidade de uso de equações comuns a diferentes grupos de estratos, representado nesse trabalho, pelos
diferentes clones. O teste estatístico se baseia na diferença entre a soma de quadrados de parâmetros do modelo
completo e a soma de quadrados do modelo reduzido. A hipótese H0 indica que os coeficientes dos modelos são
iguais, indicando que pode se utilizar uma única curva para os clones. H0 é testada por meio da estatística F de
Graybill, que foi comparado ao valor tabelado ano nível de 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 observam-se as estatísticas descritivas para os três clones avaliados bem como para os
dados agrupados um a um e para todos juntos. A média para todas as variáveis avaliadas apresentaram-se muito
próximas, porém, como os clones foram avaliados em diversas idades, os coeficientes de variação foram muito
elevados, com exceção do clone 3 em que os dados foram obtidos de idades variando entre 15 e 33 meses.

TABELA 2: Estatística descritiva das variáveis analisadas separadas por clones e para dados agrupados.
TABLE 2: Descriptive statistics of analyzed variables separated by clones and for pooled data.
Altura (m) DAP (cm) Idade (meses)
Clones
Média S CV (%) Média S CV (%) Média S CV (%)
C1 14,0 6,8 48,5 12,1 5,3 43,9 24,9 12,5 50,1
C2 17,2 8,0 46,2 14,5 6,1 41,8 35,1 17,7 50,3
C3 15,8 4,3 27,4 13,7 3,6 26,6 25,1 7,4 29,6
C1 e C2 15,9 7,7 48,2 13,5 5,9 43,5 31,1 16,6 53,4
C1 e C3 14,4 6,3 43,3 12,6 5,0 39,6 25,0 11,3 45,4
C2 e C3 17,0 7,4 43,7 14,3 5,7 39,6 33,2 16,7 50,2
C1, C2 e C3 15,9 7,3 46,1 13,6 5,6 41,6 30,3 15,8 52,2
Em que: S = desvio padrão; CV = coeficiente de variação.

Dentre os três modelos avaliados para os dados agrupados, o que apresentou um resultado sutilmente
superior e foi considerado para prosseguir as análises foi o de Prodan, conforme apresentado na Tabela 3 e,
conforme apresentado na Figura 1, este modelo também apresentou maior uniformidade na dispersão dos
resíduos. Soares et al. (2017) pesquisando hipsometria de Eucalyptus grandis em Goiás encontrou resultados
inferiores ao da presente pesquisa, com coeficiente de determinação em torno de 0,7, porém com erros relativos
em torno de 5%. Este resultado pode ter sido influenciado pela ausência da variável idade para os modelos
testados por esses autores, sendo esta variável importante para estimar a altura das árvores.

TABELA 3: Coeficientes e estatísticas dos ajustes dos modelos para os dados agrupados.
TABLE 3: Coefficients and statistics of model adjustments for pooled data.
Modelos β0 β1 β2 β3 R² R²adj Syx Syx %
Curtis 4,0572 -10,5182 -20,4459 87,4885 0,981 0,981 1,01 6,37
Nogueira (2003) 2,3921 0,0011 0,0390 -4,5026 0,974 0,974 1,18 7,44
Prodan 3,4519 0,5412 0,0268 -0,0077 0,984 0,984 0,92 5,77
Em que: βi = coeficientes dos modelos; R² = coeficiente de determinação; R²adj = coeficiente de determinação ajustado; Syx
= erro padrão da estimativa absoluto; Syx% = erro padrão da estimativa relativo.

425
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Dispersão de resíduos para os modelos ajustados para os dados agrupados.


FIGURE 1: Residual dispersion for the models fitted to the pooled data.

Na Tabela 4 observam-se as estatísticas dos ajustes individuais dos clones, bem como para dados
agrupados gerais e os resultados para o Teste F de Graybill. Com os dados obtidos foi possível constatar que,
apesar de todas as situações demonstrarem-se próximas em relação as estatísticas dos ajustes, os clones devem
ser avaliados separadamente, ou seja, o agrupamento dos clones não é indicado para estimar a altura das árvores,
devendo utilizar uma equação para cada clone. Este resultado pode ser devido à heterogeneidade dos dados, com
elevadas amplitudes de idades, resultando em elevada amplitude de DAP e altura.

TABELA 4: Estatísticas dos ajustes do Modelo de Prodan para os dados individuais e agrupados.
TABLE 4: Prodan Model Adjustment Statistics for Individual and pooled Data.
Modelo de Prodan R² R²adj Syx (m) Syx (%) F de Graybill p-valor
C1 0,983 0,982 0,90 6,43 - -
C2 0,988 0,988 0,88 5,09 - -
C3 0,990 0,990 0,44 2,80 - -
C1 e C2 0,995 0,995 0,94 5,90 36,64 2,4E-29
C1 e C3 0,985 0,985 0,84 5,79 19,74 1,5E-15
C2 e C3 0,991 0,991 0,86 5,08 39,05 9,5E-31
C1, C2 e C3 0,984 0,984 0,92 5,77 36,05 2,4E-53
Em que: R² = coeficiente de determinação; R²adj = coeficiente de determinação ajustado; Syx = erro padrão da estimativa
absoluto; Syx% = erro padrão da estimativa relativo; p-valor = nível de significância.

426
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
É importante destacar a elevada acuracidade no ajuste dos modelos, com coeficientes de determinação
muito próximos a 1 e erro padrão da regressão por volta de 5%. Scolforo (1998) relata que a correlação altura/
diâmetro não é tão forte quanto a relação altura/volume, porém, os resultados encontrados demonstraram
elevada correlação, seja por se tratarem de clones com desenvolvimento muito semelhantes ou pelo fato dos
modelos utilizarem a variável idade para os ajustes, além de haver controle e monitoramento rigorosos destes
clones, inclusive com preparação de solo antes do plantio e podas regulares.

CONCLUSÕES

Os modelos matemáticos selecionados para a estimativa das alturas do povoamento clonal de


Eucalyptus spp. foi o de Prodan modificado, embora todos tenham apresentado desempenho apropriado para o
ajuste da relação hispométrica dos dados. Com o teste de identidade realizado constatou-se que devem ser
ajustadas equações separadamente para cada clone.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, V. C. L.; LEITE, H. G. Modelagem da relação hipsométrica empregando dados amostrados na


cubagem de árvores e em parcelas de inventário. Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 35, n. 1, p. 157-164, 2011.
BARROS, D. A. et al. Comportamento de Modelos Hipsométricos Tradicionais e Genéricos para
Plantações de Pinus oocarpa em Diferentes Tratamentos. Bol. Pesq. Fl., Colombo, n. 45, jul./dez. 2002.
FINGER, C.A.G. Fundamentos da biometria florestal. Santa Maria: UFSM/CEPEF/FATEC; 1992. 269 p.
IBÁ. INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES. Relatório Anual 2016 - ano base 2015. 2016. 100p.
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RETSLAFF, F. A. S.; FIGUEIREDO, A. F.; DIAS, A. N.; BERNETT, L. B.; FIGURA, M. A. Curvas de Sítio e
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2, abril-junio, 2015, pp. 219-225 Universidade Federal de Lavras Lavras, Brasil.
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MG: UFLA/FAEPE, 1998. 443 p.
SOARES, T. S. Otimização do uso da madeira em povoamentos de eucalipto. 2002. 49 p. Dissertação
(Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade Federal deViçosa, Viçosa, 2002.
SOARES, K. L. et al. Modelagem hipsométrica de Eucalyptusgrandis W. Hill exMaiden. no sudeste do estado
de Goiás. Revista de Agricultura Neotropical, Cassilândia-MS, v. 4, p. 51-57, dez. 2017.

427
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MODELOS PARA ESTIMATIVA DA BIOMASSA DE Pinus taeda L. EM LAGES/SC

MODELS FOR BIOMASS ESTIMATION OF Pinus taeda L. IN LAGES / SC

Maria Elize Rodrigues Branco1 Marcos Felipe Nicoletti Matheus de Liz Salamon Bernardo Augusto Sandi
Thiago Floriani Stepka

RESUMO

Biomassa florestal compreende toda a matéria de origem biológica, no qual estudos desenvolvidos acerca da
mesma permitem entender o sequestro de carbono e a contribuição das florestas nas mudanças climáticas. Este
trabalho propôs a estimativa da biomassa do tronco por meio da técnica volumétrica, obtida com o produto entre
o volume da árvore e a densidade básica. Sendo que o volume foi determinado com a cubagem rigorosa pelo do
método de Smalian, realizada com a derrubada de 25 indivíduos de Pinus taeda L. conforme a distribuição
diamétrica em Lages/SC. A densidade para a espécie com 20 anos foi consultada em literatura, apresentando um
valor de 370 kg/m³. Foram ajustados três modelos matemáticos de biomassa, selecionando o melhor de acordo
com os critérios de seleção R², R² ajustado, Syx (kg), Syx% e gráfico de resíduos. O modelo de Schumacher-
Hall apresentou melhor ajuste, com um R² ajustado de 0,8530 e Syx% de 7,87%. O gráfico de distribuição dos
resíduos apresentou homogeneidade da variância para o modelo escolhido.
Palavras-chave: Regressão; Cubagem; Técnica volumétrica.

ABSTRACT

Forest biomass comprises all matter of biological origin, in which studies developed around it allows to
understand carbon sequestration and the contribution of forests to climate change. This work proposes the
estimation of biomass of the trunk by means of the volumetric technique, obtained with the product between the
tree volume and the basic density. Since the volume was determined with the rigorous cubling by the Smalian
method, performed with the felling of 25 individuals of Pinus taeda L. according to the diameter distribution in
Lages / SC. The density for the species with 20 years was consulted in the literature, presenting a value of 370
kg / m³. Three biomass biomass models were adjusted, selecting the best according to the selection criteria R²,
adjusted R², Syx (kg), Syx% and residue graph. The Schumacher-Hall model presented better adjustment, with
an adjusted R² of 0.8530 and Syx% of 7.87%. The residue distribution graph showed homogeneity of the
variance for the chosen model.
Key words: Regression; Cubing; Volumetric technique.

INTRODUÇÃO

O termo biomassa florestal significa toda a biomassa, matéria de origem biológica viva ou morta,
existente na floresta ou apenas na sua fração arbórea (SANQUETTA, 2002). Na biomassa da floresta, os
compostos de carbono constituem grande parte da mesma, sendo necessário desenvolver estudos quanto a
métodos de quantificação, nos diversos componentes da planta, possibilitando assim entender melhor o
sequestro e o armazenamento de carbono da atmosfera pelas florestas (WATZLAWICK, 2006).
Atualmente, as florestas plantadas existentes no Brasil totalizam cerca de 7,84 milhões de hectares de
reflorestamento, sendo que a região Sul apresenta 1,6 milhões de hectares de plantio de Pinus sp. concentrados
nos Estados do Paraná e Santa Catarina. (INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES, 2017).
Segundo Salati (1994), a quantificação da biomassa é dividida em métodos diretos, nos quais são
aplicados para pequenas áreas e dividem-se em métodos gravimétricos e volumétricos, e os indiretos, aplicáveis
em grandes áreas. A estimativa da biomassa através do método indireto é obtida pelo ajuste de equações com o
uso de técnicas de regressão, com o auxílio de dados de sensoriamento remoto e inventário florestal.
A técnica volumétrica, segundo Sanquetta (2002), consiste na determinação do volume da árvore por
intermédio da cubagem rigorosa, coletando discos de madeira para a determinação da densidade básica média da
árvore e posteriormente converter o volume em biomassa.
O presente trabalho tem como objetivo ajustar três modelos matemáticos para a estimativa da biomassa
do tronco por meio do método volumétrico para Pinus na região serrana de Santa Catarina.

1
Acadêmica do Curso de Engenharia Florestal, Centro de Ciências Agroveterinárias, Universidade do Estado de Santa
Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil. E-mail: mariaelizerb@gmail.com

428
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAL E MÉTODOS

Descrição da área
O trabalho foi realizado no município de Lages, localizado nas coordenadas geográficas 27°48’58” S,
50°19’34” W em uma altitude de 916m.
A região é classificada segundo Köeppen, como clima Cfb temperado constantemente úmido, sem estação
de seca. A temperatura média anual varia de 13,8°C a 15,8°C. A precipitação varia de 1.360 mm a 1.600 mm e
a umidade relativa do ar de 80% a 83%.
O relevo é suavemente ondulado, com solos predominando a textura argilosa, com associações de
Cambissolo Álico Tb A húmico e Litólicos Álicos A húmico (Epagri, 2002).
A área total de efetivo plantio conta com 24,58 hectares (ha), divididos em 8 talhões, sendo o plantio
realizado nos anos de 1996 e 1998 e o povoamento já sofreu intervenção por desbaste.

Coleta de dados
Foi realizada a cubagem rigorosa pelo método de Smalian em 25 indivíduos divididos em diferentes
classes diamétricas. Sendo que foram mensuradas as alturas dos tocos, as alturas totais e o diâmetro em porções
de 0,1 m, 0,7 m, 1,3 m, 3,3 m, e assim sucessivamente, de dois em dois metros até o final da árvore.

O volume árvore foi obtido por meio da soma de todas as seções e do cone conforme as fórmulas
abaixo.
gi + g i+1 1
v seção = ∗L v cone = ∗ g ∗ (ht − h)
2 3

Em que: v seção = volume da seção (m³); g e gi = área transversal (m²); L = comprimento da seção (m), v cone
= volume do cone (m³); ht = altura total (m); h = altura da última seção (m).

Foi consultada em literatura a densidade básica do Pinus taeda com a idade de 20 anos (POTULSKI,
2010), sendo encontrado um valor de 370 (kg/m³), utilizando este valor para a obtenção da biomassa, segundo a
formulação abaixo.
bio = volume ∗ d
Em que: bio = biomassa (kg); volume = volume (m³); d= densidade básica (kg/m³).

Por intermédio destes dados, foram testados três modelos de biomassa do tronco (Tabela 1), e a partir do
melhor modelo foi estimada a biomassa para os indivíduos da área de estudo.

TABELA1- Modelos de biomassa do tronco para Pinus taeda em Lages/SC.


TABLE 1- Trunk biomass models for Pinus taeda in Lages / SC.
Autor Modelo matemático

SPURR bio =β0+β1* (DAP²*h)


SCHUMACHER-HALL ln bio = β0+β1* ln DAP+ β2* lnh
HUSCH ln bio = β0+β1* ln DAP
Em que: bio = biomassa total da árvore (kg); h = altura total (m); βn = coeficientes modelo; DAP = diâmetro à
altura do peito (cm); ln = logaritmo natural.

As equações obtidas foram avaliadas por meio dos seguintes critérios: Coeficiente de Determinação
ajustado (R² ajustado), Erro padrão absoluto (Syx), Erro padrão da estimativa (Syx %) e gráficos de distribuição
dos resíduos em função do DAP. As fórmulas utilizadas para o cálculo dos parâmetros citados acima estão
apresentando a seguir.
SQres n − 1 SQres
R² = 1 − R² ajust = 1 − ∗
SQ total n − p SQtotal

429
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

Syx = √QMres Syx


𝑆𝑦𝑥% = ∗ 100
ymédio

Em que: SQ res = soma dos quadrados dos resíduos; SQ total = soma dos quadrados totais; Syx = erro padrão;
ymédio = média da biomassa observada em (kg).

Quando a variável dependente (biomassa) apresentava logaritmo natural, foi aplicado o Fator de Meyer
para a correção da discrepância logarítmica, sendo a formulação utilizada exposta abaixo.

FM = e0,5∗QM res

Em que: FM = Fator de Meyer; QMres = quadrado médio dos resíduos.

A porcentagem de resíduos foi calculada para a plotagem do gráfico de resíduos, pois é um fator
determinante na escolha do modelo, visto que demonstra a homogeneidade dos dados avaliados. A distribuição
dos pontos ao longo do eixo das abscissas (DAP) indica de forma clara se o ajuste subestima ou superestima a
variável dependente (biomassa). Para o cálculo da porcentagem dos resíduos utilizou-se a seguinte fórmula.

bio obs − bio est


ER% = ∗ 100
bio obs
Em que: ER% = porcentagem de resíduos; bio obs = biomassa observada em (kg); bio est = biomassa estimada
em (kg).

Para a escolha do melhor modelo de biomassa, comparando dos índices dos mesmos, foi escolhido o
modelo que melhor representasse o povoamento, apresentando maior R² ajustado, menor erro padrão (Syx),
menor erro padrão da estimativa (Syx%) e distribuição homogênea dos resíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apresenta-se na Tabela 2 a estatística descritiva para as variáveis DAP, altura e biomassa do tronco das
árvores.

TABELA 2 – Estatística descritiva das variáveis DAP, Ht e Biomassa.


TABLE 2 - Descriptive statistics of DAP, Ht and Biomass.
Estatítisca Descritiva DAP Ht Biomassa
Média 24,4 23,6 285,3

Desvio Padrão 3,5 1,5 58,6

Máximo 40,5 26,2 449,2

Mínimo 23,5 19,5 162,4

Coeficiente de Variação 11,8 6,4 20,5


Em que: DAP = Diâmetro á altura do peito (cm); Ht = altura total (m); Biomassa = biomassa do tronco (kg).

Estão apresentados na Tabela 3 os parâmetros estatísticos provenientes do ajuste dos três modelos
testados para a estimativa da variável dependente (biomassa total) em função das variáveis independentes DAP
e Ht.

TABELA 3 - Parâmetros para seleção do melhor ajuste.


TABLE 3 - Parameters for selecting the best fit.
Modelos Syx (kg) Syx% FM R² ajustado

430
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

SPURR 22,72 7,96 - 0,8495


SCHUMACHER-HALL 22,45 7,87 1,0032 0,8530

HUSCH 22,92 8,03 1,0034 0,8468


Em que: R² ajustado = Coeficiente de Determinação ajustado; Syx = Erro padrão absoluto em kg, Syx% = Erro
padrão relativo; FM = fator de Meyer.

Apresenta-se na Tabela 3 a estatística descritiva para as variáveis DAP, altura e biomassa do tronco das
árvores.

Observa-se que os modelos propostos não apresentam muita discrepância entre os parâmetros obtidos,
apresentando bom critério estatístico e pouca variação, sendo que o modelo escolhido para a estimativa da
biomassa foi de Schumacher- Hall, que tem o Syx% de 7,87% e R² ajustado de 0,8530.

Em estudo realizado por Lima (2013), o valor de Syx % encontrado foi de 33,20 e R² ajustado de 0,6780
para o modelo de Schumacher- Hall e Syx% e R² ajustado de 31,42% 0,7117 respectivamente para o modelo de
Spurr utilizando a espécie Pinus caribaea var. hondurensis.

Segundo Balbinot (2007), os parâmetros Syx% e R² ajustado foram de 13,46% e 0,9507,


respectivamente, para a estimativa da biomassa do fuste de Pinus spp. no sul do Estado do Paraná.

VIANA (2013), encontrou um R² ajustado e Syx% de 0,9856 e 13,7 % para estimativa da biomassa do
tronco a partir do ajuste do modelo ln bio = β0+β1* ln DAP+ β2* h para Pinus pinaster em Oieras,Portugal.

FIGURA 1 – Gráficos de dispersão dos resíduos em função do DAP.


FIGURE 1 - Scatter plot of waste as a function of DAP.

Após a análise dos gráficos, nota-se a ausência de tendenciosidade na estimativa da variável dependente
biomassa secado tronco ao longo de toda a linha de regressão. Nota-se que para as árvores menores a biomassa
foi superestimada e nas intermediárias foram subestimadas. Já as maiores tiveram a tendência de serem
novamente subestimadas.

431
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

Com base no estudo proposto, o modelo matemático de Schumacher- Hall apresentou um melhor ajuste
com um valor de R² ajustado de 0,8530 e Syx% de 7,87% % para a determinação da biomassa do tronco em
Pinus sp.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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POTULSKI, Daniele Cristina. DENSIDADE E RETRATIBLIDADE DA MADEIRA JUVENIL DE Pinus
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Madeireira, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. Disponível em:
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SALATI, E. Emissão x sequestro de CO2 – uma nova oportunidade de negócios para o Brasil. In: Seminário
emissão x sequestro de CO2 - uma nova oportunidade de negócios para o Brasil. Rio de Janeiro: Companhia
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SANQUETTA, C. R. Métodos de determinação de biomassa florestal. In: SANQUETTA, C.R.;
WATZLAWICK, L.F.; BALBINOT, R. M.; ZILIOTTO, M. A. B.; GOMES, F.S. As florestas e
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VIANA, H.; MARQUES, C.P.; FONSECA, T. Predição da Biomassa Aérea da Pinus pinaster Aiton por um
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imagens do satélite IKONOS II. Ciência e Natura, UFSM, 28 (1): 45 - 60, 2006.

432
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MORTALIDADE DE INDIVÍDUOS ARBUSTIVO-ARBÓREOS EM FLORESTAS TROPICAIS
SECAS

MORTALITY OF ARBUSTIVE-ARBORIAL INDIVIDUALS IN DRY TROPICAL FORESTS

Anderson Francisco da Silva1 Gabriela Salami Régis Villanova Longhi Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira
José Antônio Aleixo da Silva

RESUMO

Nas últimas décadas a demanda por estudos que tentam compreender a dinâmica de florestas tropicais tem
aumentado, tanto das florestas tropicais úmidas quanto das secas, porém estas em menores proporções. Este
trabalho teve como objetivo estimar taxas de mortalidade de indivíduos arbustivo-arbóreos e correlacioná-la
com variáveis ambientais em uma área de floresta tropical seca no sertão pernambucano. Utilizaram-se dados
oriundos de um inventário florestal contínuo, onde 40 parcelas foram instaladas em um fragmento de vegetação
conservada em área de Caatinga. Foram utilizados dados de medições anuais realizadas de 2011 a 2015 em
indivíduos arbustivo-arbóreos (CAP ≥ 6 cm) visando estimativas de taxa de mortalidade anual. A precipitação
anual, evapotranspirações, dias consecutivos sem chuva foram utilizados para verificar a existência de
correlações com a taxa de mortalidade. As taxas de mortalidade para as cinco espécies de maior densidade da
floresta estudada variaram de 4 a 31%, enquanto que a Faveleira apresentou a menor taxa média de mortalidade
(13%) e a Jurema de embira a maior (50%). Foi constatado forte correlação da taxa de mortalidade entre
praticamente todas as variáveis analisadas. Os resultados indicam que a dinâmica florestal do fragmento é
altamente influenciada pelas variáveis ambientais estudadas. Com isso foi possível observar que a maior
mortalidade se dá em período posterior a baixos níveis pluviométricos. A seca prolongada foi o principal fator
de modificações estruturais da vegetação ocasionando o maior número de mortalidade.
Palavras-chave: Caatinga; Dinâmica florestal; Floresta nativa.

ABTRACT

In the last decades, the demand for studies that try to understand the dynamics of tropical forests has increased,
both of humid tropical forests and droughts, but these in smaller proportions. The objective of this study was to
estimate mortality rates of shrub-tree individuals and to correlate them with environmental variables in an area
of dry tropical forest in the backlands of Pernambuco. Data from a continuous forest inventory were used, where
40 plots were installed in a vegetation fragment conserved in the Caatinga area. Annual measurements data from
2011 to 2015 were used on shrubby-arboreal individuals (CAP ≥ 6 cm) aiming at annual mortality rate
estimates. The annual precipitation, evapotranspiration, consecutive days without rainfall were used to verify
the existence of correlations with the mortality rate. Mortality rates for the five species with the highest density
of the studied forest varied from 4 to 31%, while the Faveleira had the lowest average mortality rate (13%) and
the highest Jurema de embira (50%). It was verified a strong correlation of the mortality rate between practically
all variables analyzed. The results indicate that the forest dynamics of the fragment is highly influenced by the
environmental variables studied. With this, it was possible to observe that the highest mortality occurs in a
period after low rainfall levels. The prolonged drought was the main factor of structural modifications of the
vegetation causing the greatest number of mortality
Keywords: Caatinga; Forest dynamics; Native forest.

INTRODUÇÃO

As Florestas Tropicais Secas (FTS) são um tipo de ecossistema variado e extenso nos trópicos, tendo
como característica principal a adaptação à água sazonal em áreas de baixa precipitação (PULLA, 2015). Nas
regiões de ocorrência de FTS a precipitação varia entre 500 e 1000 mm e há uma longa estação seca que varia
de 5 a 8 meses, podendo atingir uma temperatura média do mês mais frio superior a 20 °C nas áreas próximas
ao Equador; no Brasil, a vegetação típica desta formação florestal é a Caatinga, composta por uma grande
variedade de tipos de vegetação xerófita, por vezes densa e quase fechada, decídua e com um dossel florestal
baixo (5 a 10 m), razoavelmente aberto e composto por árvores de troncos finos (FAO, 2001).

1
Engenheiro Florestal, Doutorando em Ciências Florestais, UFRPE, Rua Manuel de Medeiros, Dois Irmão, CEP 52171-
030, Recife (PE). E-mail: anderson.florestal@hotmail.com

433
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Estudos sobre dinâmica florestal em FTS são de fundamental importância para se traçar metas de
manejo e conservação, visto que há uma lacuna muito grande entre estudos desta grandeza quando comparadas
as Florestas Tropicais úmidas (PORTILLO-QUINTERO; SÁNCHEZ-AZOFEIFA, 2010), principalmente
motivadas pelo interesse na região amazônica e mata atlântica. A dinâmica florestal envolve vários processos de
organização da comunidade, como sucessão, mortalidade, recrutamento, crescimento, regeneração, e relações
bióticas entre as diferentes populações; que quando analisados em conjunto irão indicar as alterações ocorridas
na comunidade. Lienard et al., (2015) afirmam que a dinâmica florestal é um fenômeno altamente dimensional,
mas que não é totalmente compreendida e que este conjunto de dados obtidos no inventário florestal podem
oferecer oportunidades sem precedentes para modelar essas dinâmicas, no entanto são analiticamente
desafiadores devido a sua dimensionalidade e irregularidades de amostragem ao longo dos anos.
A mortalidade permanece como um dos menos compreendidos componentes das estimativas de
crescimento de produção, principalmente por causa da complexidade do processo e da incerteza do tempo de
ocorrência da morte das árvores (HAMILTON JR., 1986; YANG et al., 2003). A taxa de mortalidade em
povoamentos florestais oferece um dos mais complexos problemas na mensuração florestal, o conhecimento de
quantas árvores em uma determinada classe de diâmetro e em um determinado tempo, podem ser esperadas
sobreviver durante um período de duração definida (DEEN, 1933). Reilly & Spies (2016) afirmam que há
poucos dados empíricos que quantificam a mortalidade como uma taxa demográfica e faça comparações entre
agentes de perturbação e cenários biofísicos em uma escala regional; este conhecimento é necessário para
quantificar a magnitude e extensão da mudança ecológica induzida pela mortalidade o que poderia fornecer um
contexto espacial e temporal mais sólido para comparações entre regiões.
Comumente os profissionais do setor florestal utilizam modelos matemáticos como forma de regulação
e projeção da estrutura e da produção de povoamentos, utilizando informações correntes para inferir cenários
futuros (NASCIMENTO et al., 2012). A modelagem da sobrevivência florestal é uma necessidade na simulação
de cenários ecológicos futuros, para estimar crescimento e produção florestal, e para a predição do número de
árvores de determinadas espécies ou grupo de espécies por unidade de área (BUGMANN, 2001).
O emprego dessa ferramenta no acompanhamento de florestas inequiâneas e heterogêneas se tornam
cada vez mais necessária para a compreensão dos processos que condicionam a viabilidade técnica e econômica
do manejo nessas tipologias florestais (VANCLAY, 1994). Entretanto a modelagem de ambientes perturbados
deve incorporar a ideia de que os rendimentos de cada um dos processos de colonização são variáveis ao longo
da recuperação florestal, e que são eventos cumulativos e dependentes das características produtivas do sítio
(NASCIMENTO, 2012).
Este trabalho teve como objetivo verificar a influência de variáveis ambientais (precipitação e
evapotranspiração) e o maior tempo sem ocorrência de precipitação anual sobre o comportamento da taxa de
mortalidade de uma floresta tropical seca no sertão pernambucano.

MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo está localizada no município de Floresta-PE, em uma fazenda com 5.695,65 ha, situada
a 8°30’49’’ Latitude Sul e 37°57’44’’ Longitude Oeste. Foi utilizada uma área com vegetação conservada. Pela
classificação climática de Köppen o clima da região é do tipo BS’h, o que reporta a um clima semiárido quente.
A precipitação anual total média fica compreendida entre 100 e 600 mm. A temperatura média anual do ar na
região do sertão pode ser superior a 26°C (EMBRAPA, 2000) e os períodos de chuva são concentrados de
janeiro a maio, sendo os meses mais chuvosos março e abril. A vegetação pode ser classificada como Savana-
Estépica Arborizada (IBGE, 2012). O solo da região é classificado como Luvissolo Crônico, caracterizado por
ser raso e apresentar usualmente mudança abrupta em sua textura (EMBRAPA, 2011).
Foram instaladas 40 parcelas permanentes no ano de 2008, sendo o período de estudo considerado entre
os anos de 2011 a 2015. Cada parcela possui 20 m x 20 m (400 m²) e estão distanciadas entre si 80 m, com 50 m
da bordadura, num total de 1,6 ha de área amostrada. Todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com
circunferência a 1,30m do solo (CAP) ≥ 6 cm foram identificados e etiquetados. Também foram identificados e
etiquetados os indivíduos, nos anos posteriores, que atingiram a CAP mínima estipulada no estudo –
recrutamento – bem como foram registrados os indivíduos mortos e caídos. Os parâmetros fitossociológicos
foram obtidas conforme proposto por Mueller-Dombois e Ellenberg (1974) visando identificar as cinco espécies
de maiores densidades.
Neste estudo, utilizou-se para o cálculo da taxa de mortalidade anual a equação utilizada por Swaine et
al., (1987), conforme apresentada abaixo:

434
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

 N0 
 = Ln  x100
 N1  Eq. 1
Em que: N0 = número de árvores mortas no primeiro intervalo de medição; N1 = número de árvores vivas no ano
no primeiro tempo de medição.
Para cada período analisado foram obtidos, junto a Agência pernambucana de águas e clima (2016), os
valores de Precipitação (Prec), Evapotranspiração Real (EvapReal), Evapotranspiração potencial (EvaPot), além
da contabilização do período máximo de dias sem chuva consecutivos (Dias) disponível no site
(http://www.apac.pe.gov.br/monitoramento/),. Buscou-se explicar a influência dessas variáveis em relação às
taxas de mortalidade obtidas no presente estudo através de correlação simples de Pearson.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As cinco espécies de maior densidade da área nos intervalos estudados entre 2001 a 2015vforam:
Poincianella bracteosa (Tul.) L. P. Queiroz (Catingueira) – 701,25, Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth.
(Jurema de embira) – 238,75, Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Altschul (Angico) – 65,63,
Aspidosperma pyrifolium Mart. (Pereiro) – 63,75 e Cnidoscolus phyllacanthus Pohl (Faveleira) – 43,13 ind.ha-1.
Para os valores da taxa anual de mortalidade, tanto o valor total da área (Figura 1A), quanto às taxas de
mortalidade para as cinco espécies de maior densidade da floresta estudada (Figura 1B), foram bastante
elevados, variando de 4% no intervalo de 2012-2013 para 31% entre 2014-2015; enquanto que a faveleira
apresentou a menor taxa média de mortalidade (13%) e a jurema de embira a maior (50%).

FIGURA 2: Taxa de mortalidade para a área de estudo (A) e para as cinco espécies de maior densidade (B).
FIGURE 1: Mortality rate for the study area (A) and for the five species of highest density species (B).

435
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Estudos apontam que as taxas médias de mortalidade em florestas tropicais secas não perturbadas
podem variar de 6,9 ± 4,6% (SURESH et al., 2010) e 2,3% ao ano (WERNECK & FRANCESCHINELLI,
2004), valores bastante inferiores aos encontrados neste trabalho. Em estudos realizados em áreas de caatinga no
Brasil, autores encontraram taxa de mortalidade variando de 1,41(BARRETO, 2013) a 2,77 % (CARVALHO &
FELFILI, 2011).
As taxas de mortalidade podem variar entre os diferentes tipos de florestas no mundo. De acordo com
Pulz (1998), valor de taxa de mortalidade entre de 2,0 e 3,6% ano-1 seriam típicos de florestas tropicais
semideciduas que sofreram distúrbios, características essas semelhantes ao da Caatinga. Este aspecto confirma o
padrão dinâmico da comunidade estudada e pode estar relacionado à intensa exploração da área no período
anterior a realização do estudo, bem como ao frequente e intenso pastejo de caprinos e bovinos que perdura na
área nos dias atuais, embora a mesma não sofra mais com a exploração da madeira. Segundo Lopes & Schiavini
(2007), taxas menores de mortalidade são características de florestas mais estáveis, sem grandes distúrbios e
com populações numericamente constantes em um equilíbrio dinâmico, o que não é uma característica da área
em questão.
Segundo Pinto (1997) as variações nas taxas de mortalidade decorrem da dinâmica da vegetação, que é
influenciada por perturbações transitórias, sendo que as causas da mortalidade se diferenciam com o tamanho
dos indivíduos. Em florestas tropicais secas, é comum o autodesbaste, que segundo Johnson et al., (2002) é
frequente em florestas de altas densidades e é um processo natural, cujo princípio pode ser mais facilmente
descrito como mudança temporal no número de árvores, que acontece em populações florestais equiâneas ou
inequiâneas.
Foi possível constatar que houve correlação forte entre a taxa de mortalidade com a maioria das
variáveis analisadas (Tabela 1), ou seja, a taxa de mortalidade sofre influência direta das variáveis ambientais
em questão, em menor ou maior grau. Verificou-se também aumento nas taxas de mortalidade conforme há uma
redução do indicie pluviométrico - precipitação. Para Santos & Carlesso (1998) devido à irregularidade das
chuvas, é comum ocorrer deficiência hídrica no solo, o que pode exercer influência negativa na produtividade
das plantas, dependendo da duração da seca, da fase de desenvolvimento, das características genéticas, da
qualidade do solo e dos fatores climáticos.

TABELA 1: Correlação entre a Taxa de Mortalidade e as Variáveis ambientais.


TABLE 1: Correlation between Mortality Rate and Environmental Variables.
Variável TM Prec EvapReal EvaPot DiasS
TM 1
Prec -0,8268 1
EvapReal -0,799 0,998859 1
EvaPot 0,497236 -0,89914 -0,91902 1
DiasS 0,996576 -0,87048 -0,84598 0,567273 1
Em que: TM = temperatura média; Prec = precipitação; EvapReal = evapotranspiração real; Evapot =
evapotranspiração potencial e DiasS = dias sem chuva.

É importante ressaltar que, além da crise hídrica, há outro fator tão importante quanto; existe a presença
massiva de caprinos, ovinos e bovinos no interior da área de estudo, e segundo Sampaio et al., (2009), devido a
conformação da vegetação da caatinga, normalmente arbustiva-arbórea, fica fácil os animais se alimentarem
destas plantas, o que ocasiona muitas vezes a morte da mesma.

CONSIDERAÇÕES

De uma forma geral, as variações observadas nas taxas de mortalidade sugerem que as mudanças na
distribuição das chuvas em anos consecutivos, podem ter fortes implicações na dinâmica e organização da
comunidade florestal. A maior mortalidade se dá em período posterior a baixos níveis pluviométricos. A seca
prolongada foi o principal fator de modificações estruturais da vegetação ocasionando uma maior mortalidade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife. 2013.

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438
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
NÚMERO DE ALTURAS MEDIDAS E SEUS EFEITOS SOBRE OS CUSTOS OPERACIONAIS DO
INVENTÁRIO FLORESTAL

NUMBER OF HEIGHT MEASUREMENTS AND ITS EFFECT ON OPERATIONAL COSTS OF FOREST


INVENTORY

Sâmara Magdalene Vieira Nunes1 Paulo Henrique Batista Ferreira Adriana Leandra de Assis
Christian Dias Cabacinha Carlos Alberto Araújo Junior

RESUMO

O inventário florestal é parte fundamental do processo de obtenção do estoque e do potencial produtivo de uma
floresta. A variável altura é, dentro da operação de inventário, uma das etapas mais demoradas e,
consequentemente, mais onerosas. O planejamento da amostragem de alturas para ajuste de relação
hipsométrica deve considerar além da precisão adequada, a redução dos custos de inventário. Nesse contexto, o
objetivo do presente trabalho foi testar a viabilidade técnica da diminuição em 50% de árvores medidas em
parcelas de inventário em um projeto de eucalipto no Norte de Minas Gerais, e simular o impacto dessa redução
nos custos operacionais. Utilizou-se o modelo de Curtis para os ajustes por parcela conforme o padrão adotado
pela empresa (medição de 10 árvores mais as dominantes) e para os ajustes com a redução de 50% das árvores
medidas, mais as dominantes. Observou-se pelas estatísticas do Coeficiente de Determinação Ajustado (R²) e
Erro Padrão de Estimativa (Syx), que os resultados gerados após a redução foram aceitáveis. A partir da
aceitação dos ajustes, foram realizadas simulações de redução de custo mensal, considerando aumento
hipotético de uma, duas e três parcelas no rendimento operacional diário por equipe. Observou-se que a redução
do número de alturas medidas pode levar a uma redução de mais de 20% no custo operacional da atividade.
Palavras-chave: relação hipsométrica; amostragem.

ABSTRACT

Forestry inventory is a fundamental part of the process for obtaining stock and productive potential from a
planted forest. Height measurement is one of the most time-consuming and, therefore, expensive steps of this
process. The planning of height sampling for hypsometric relations adjustments must take into account besides
the adequate precision of estimates, the reduction of inventory costs. Therefore, this study aimed at test
technical variability reduction of 50% in the number or measured trees in the inventory data from a company in
the North of Minas Gerais State, and simulating the resulting operational costs reduction. Curtis Model was
used for adjustments per plot according to the standard adopted by the company (measurement of 10 trees plus
the trees with the dominant height) and for the adjustment with the reduction of 50% of the measured trees, plus
the trees with the dominant height. Observed through statistics the of Adjusted Determination Coefficient (R²)
and the Standard Error (Syx) showed that the reductions were acceptable for all tested plots. The simulations of
costs reduction were carried out for na expectative of addition of one, two and three plots per day and per team.
The results showed that reducing the number of height measurements can lead to a cost reduction of over 20% a
month.
Keywords: hypsometric relationship; sampling.

INTRODUÇÃO

A obtenção da variável altura é de suma importância em levantamentos florestais, pois ela é necessária
no cálculo de volume de madeira de povoamentos, e também para a classificação da capacidade produtiva sobre
a produtividade da floresta (MOREIRA et al., 2015). Entretanto, a medição direta no campo de todas as árvores
com a utilização de equipamentos caracteriza-se como um processo oneroso e inviável (JESUS et al., 2015).
Deve-se ressaltar que para as empresas florestais todo ganho seja na produtividade da floresta, na
redução de custo da cadeia produtiva, ou até na melhoria das estimativas de produção da matéria prima, são
contribuintes para o sucesso dos empreendimentos (GUEDES et al.,2015).
Como alternativa, atualmente há utilização de relações hipsométricas para se realizar a estimativa da
altura das árvores que não se pôde medir diretamente. Com sua utilização há uma redução no tempo de medição

1
Acadêmica do curso de Engenharia Florestal, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais,
Av.Universitária, 1000, CEP 39404-547, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: samaramvnunes@hotmail.com

439
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
dos indivíduos nas parcelas, nos custos, nas dificuldades da operação e o inventário torna-se mais econômico e
preciso (ATANAZIO et al., 2017).
É importante ressaltar que a redução da amostragem não implica necessariamente na redução do custo.
No caso da medição de alturas, por exemplo, considerando que o custo diário de manutenção de uma equipe de
campo é estável, e que o custo de cada parcela corresponde à divisão do custo diário da equipe pelo número de
parcelas medidas (rendimento operacional médio), a redução de custos só será efetiva se houver uma economia
de tempo suficiente para aumentar o rendimento médio no final do dia.
Como considerado por Silva et al. (2007), esses modelos matemáticos podem ser influenciados por
fatores como a idade das árvores, a qualidade do local, a densidade, as práticas silviculturais e a posição
sociológica. Tendo em vista esses vários fatores que podem afetar o ajuste, deve-se dar uma atenção especial
para a composição e o tamanho da amostra para que não se tenha estimativas muito distorcidas.
Na literatura encontram-se autores que possuem formas diferentes de compor a amostra para ajustes de
modelos hipsométricos. Como por exemplo, Oliveira et al. (2014) que utilizaram a altura das seis primeiras
árvores de cada parcela em um plantio de Eucalyptus sp. ; Retslaff et al. (2015) mediram as 10 primeiras árvores
e as dominantes por parcela para ajustar modelos hipsométricos para Eucalyptus grandis em diferentes idades e
Nicoletti et al. (2016) com o objetivo de ajustar modelos para diferentes fases do ciclo de corte em plantios de
Pinus Taeda utilizaram a altura das vinte primeiras árvores além das dominantes.
Em seu trabalho, Silva et al. ( 2007) observa que a partir de uma quantidade de árvores utilizadas para
se fazer a estimativa não há grandes acréscimos de precisão. Desta forma, deve-se atentar em não fazer
medições desnecessárias no campo, pois isso aumenta os custos do inventário e os gastos do produtor.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivos testar se a redução do número de alturas de
dados do inventário de uma empresa para o ajuste do modelo hipsométrico é tecnicamente viável, ou seja, se
não altera a sua precisão e se isso ocasiona redução no custo mensal de realização do inventário.

MATERIAL E MÉTODO

Foram utilizadas medições de quinze parcelas de inventário localizadas em um plantio com Eucalyptus
spp. O povoamento em questão encontra-se no município de Padre Carvalho e possui uma área de 348,19
hectares.
O município de Padre Carvalho está localizado no Norte de Minas Gerais, região que segundo Koppen-
Geiger possui classificação climática Aw (Clima tropical úmido de savana) em que a época mais seca do ano é o
inverno, sendo que nessa época a precipitação máxima possui valores menores do que 60 mm e as maiores
precipitações se concentram nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro.
Adotou-se o modelo hipsométrico de Curtis para se fazer a estimativa da altura das árvores, por ser este
o modelo já utilizado operacionalmente no local, com ajuste por parcela. As estatísticas utilizadas para avaliar a
qualidade dos ajustes foram o Coeficiente de Determinação Ajustado (R²) e o Erro Padrão de Estimativa (Syx).
Os ajustes foram feitos para a quantidade total de árvores já amostradas em campo (10 árvores mais as árvores
dominantes) e para 50% dos dados (5 árvores mais as dominantes).
Adiante, foram feitas simulações para verificar a efetiva redução de custo no inventário, considerando
que a diminuição do número de árvores medidas traria como consequência um aumento de uma, duas, ou três
parcelas no rendimento médio diário de uma equipe. Considerando que o rendimento médio atual é de 11
parcelas por dia, e que o custo diário de uma equipe de três pessoas é de R$1.050,00, trabalhou-se então com as
hipóteses de que o rendimento médio diário poderia passar para 12, 13 e 14 parcelas. Para efeito de simulação
mensal, considerou-se uma demanda média de 2500 parcelas por mês, com 20 dias úteis de trabalho por mês.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o ajuste utilizando o número total de árvores já amostradas, o Coeficiente de Determinação


máximo obtido dentre as parcelas foi de 85,53% e o mínimo foi de 22,19%. O erro padrão de estimativa (Syx)
variou entre 0,3491 m até 0,9248 m (Tabela 1).

440
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Estatísticas para os ajustes realizados com 100% dos dados.
TABLE 1: Statistics for de adjustments with 100% of data.
Coeficiente de determinação Erro padrão da estimativa (Syx em
Parcelas
ajustado (R² %) metros)
1977 34,43 0,5867
1978 78,29 0,8848
1982 54,69 0,7395
1983 62,76 0,7922
1984 37,56 0,6129
1985 77,67 0,8813
1986 12,19 0,3491
1987 62,39 0,7899
1988 35,27 0,5939
1989 80,41 0,8967
1990 35,48 0,5957
1991 60,64 0,7787
1992 37,06 0,6088
1993 81,79 0,9044
1994 85,53 0,9248

Para os ajustes realizados após a redução, de 50% do número de árvores o Coeficiente de Determinação
Ajustado (R²) máximo obtido foi de 97,56%, e o menor valor obtido foi de 23,41% e apesar de baixo ainda
mostra a existência de uma relação entre as variáveis. Para o erro padrão da estimativa (Syx) os valores
variaram entre 0,4838 m até 0,9875 m (Tabela 2).

TABELA 2: Estatísticas para os ajustes realizados com 50% dos dados.


TABLE 2: Statistics for the adjustments with 50% of data.
Coeficiente de determinação Erro padrão da estimativa (Syx em
Parcelas
ajustado (R² %) metros)
1977 86,33 0,9291
1978 86,03 0,9275
1982 51,69 0,7190
1983 97,51 0,9874
1984 23,41 0,4838
1985 46,47 0,6817
1986 32,85 0,5732
1987 61,27 0,7828
1988 45,34 0,6734
1989 78,73 0,8873
1990 56,89 0,7543
1991 61,63 0,7851
1992 34,03 0,5833
1993 92,17 0,9601
1994 90,45 0,9511
Constatou-se então que, mesmo para aqueles casos de baixa correlação entre as variáveis altura e
diâmetro, o que é comum em plantios clonais, os erros obtidos foram baixos, dentro dos padrões aceitáveis para
relações hipsométricas.
Considerando que os parâmetros para a redução demonstraram a possibilidade de aplicação da redução
amostral, foram realizadas as simulações para concluir sobre a influência do rendimento operacional diário nos
custos mensais.
Para que em 20 dias úteis as 2500 parcelas sejam medidas, diariamente devem ser medidas 125
parcelas. Com esses dados é possível calcular o número de equipes necessárias para que as metas diárias sejam
atingidas. Observa-se que com o aumento do rendimento operacional diário, o número de equipes necessárias
para se obter a meta diária diminui (Tabela 3), assim como o custo operacional por parcela.

441
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 3: Resultados da simulação dos custos e rendimentos.
TABLE 3: Results of simulation of costs and number of plots per day.
Rendimento Custo por Número de equipes Custo mensal Redução esperada
operacional diário parcela necessárias (2500 parcelas) (%)
11* R$ 95,45 11,36 R$ 238.625,00
12 R$ 87,50 10,41 R$ 218.750,00 8,33
13 R$ 80,76 9,61 R$ 201.900,00 15,39
14 R$ 75,00 8,92 R$ 187.500,00 21,42
* Valores obtidos atualmente

Os resultados apresentados na Tabela 3 mostram as vantagens de se buscar o ganho de rendimento, a


partir da redução no número de alturas medidas. Se for possível aumentar o rendimento diário em uma parcela,
ou seja, passar o rendimento médio diário de 11 para 12 parcelas, os ganhos estimados envolvem uma redução
direta de 8,33% nos custos, além da possibilidade de se atender a demanda média esperada com uma equipe a
menos, o que também é vantagem do ponto de vista de redução dos riscos operacionais. Caso seja possível obter
rendimentos ainda melhores, da ordem de 13 ou 14 parcelas diárias, a redução de custos passa a ser de 15,4% e
21,4%, respectivamente, e o número de equipes necessárias para o atendimento da demanda mensal cai para
cerca de 9 equipes. Para a demanda mensal de 2500 parcelas, a economia pode variar de R$ 19.875,00 com um
rendimento de 12 parcelas por dia, até R$ 51.125,00 com um rendimento de 14 parcelas por dia.

CONCLUSÃO

Os dados avaliados mostraram a viabilidade de se reduzir pela metade o número atual de alturas
medidas, e a possibilidade de redução direta de mais de 20% nos custos operacionais do Inventário Florestal,
desde que os ganhos em rendimentos médios diários sejam viabilizados em escala operacional.

REFERÊNCIAS

ATANAZIO, K.A. et al. Comparação de modelos para relação hipsométrica em floresta de Pinus taeda L. no
município de Enéas Marques, Paraná. Scientia Agraria Paranaensis, Marechal Cândido Rondon, v.16, n.4,
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442
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
NÚMERO DE INDIVÍDUOS DO ALGORITMO NEAT PARA ESTIMATIVA DO VOLUME
COMERCIAL DA CAATINGA ARBÓREA

NUMBER OF INDIVIDUALS OF NEAT ALGORITHM FOR ESTIMATION OF THE COMMERCIAL


VOLUME OF ARBOREOUS CAATINGA

Loic Aymard M’foumbyt-M’foumbyt1 Poliana Camila Alves de Oliveira Adriana Leandra de Assis
Carlos Alberto Araújo Júnior Christian Dias Cabacinha

RESUMO

A Caatinga Arbórea é uma tipologia vegetacional do bioma Caatinga e o conhecimento do seu estoque
volumétrico é fundamental na elaboração de planos de manejo. O objetivo deste trabalho foi definir o número
mínimo de indivíduos para obter uma rede satisfatória para estimar o volume comercial da Caatinga arbórea.
Dados de volume comercial com casca de 300 indivíduos foram obtidos para compor a base de dados para o
processamento com as Redes Neurais Artificias usando o algoritmo genético NEAT. O processamento foi
composto por duas fases, na qual a primeira continha redes com 10 indivíduos até 100 em intervalos de 10
indivíduos e a segunda, redes de 100 indivíduos até 1000 em intervalos de 100 indivíduos. Realizou-se uma
análise das estatísticas correlação e raiz quadrada do erro médio para cada fase e análise de variância de um
critério e teste de médias de Scott-Knott para comparar as diferentes configurações que geraram resultados
satisfatórios. As redes com número de indivíduos inferior a 300 foram descartadas e a partir de 400 indivíduos,
com densidade de conexão inicial de 0,1, apresentaram as maiores correlações e as menores raízes quadradas do
erro médio no treinamento das redes, sendo este o número mínimo recomendado de tamanho populacional para
configuração de redes treinadas com o algoritmo NEAT para modelar o volume comercial em Caatinga arbórea.
Palavras-chave: algoritmo genético; produção volumétrica; tamanho populacional.

ABSTRACT

The Arboreous Caatinga is a vegetation typology of the Caatinga biome and the knowledge of its volumetric
stock is fundamental in the elaboration of management plans. The objective of this work was to define the
minimum number of individuals to obtain a satisfactory network to estimate the commercial volume of the
Arboreous Caatinga. Commercial volume data with bark of 300 individuals were obtained to compose the data
base for processing with Artificial Neural Networks using the genetic algorithm NEAT. The processing
consisted of two phases, in which the first contained networks with 10 individuals up to 100 in intervals of 10
individuals and the second, networks of 100 individuals up to 1000 in intervals of 100 individuals. An analysis
of the correlation and root square of mean error for each phase and analysis of variance of a one way and Scott-
Knott averages test were performed to compare the different configurations that generated satisfactory results.
Networks with a number of individuals of less than 300 were discarded and from 400 individuals with initial
connection density of 0.1, presented the highest correlations and the lowest roots square of the mean error in the
training of the networks, this being the minimum number recommended population size for the configuration of
trained networks with the NEAT algorithm to model the commercial volume in Arboreous Caatinga.
Keywords: genetic algorithm; volumetric production; population size.

INTRODUÇÃO

A Caatinga é uma vegetação que ocupa uma área de 844.453 km2, 10% do território brasileiro,
distribuída nos estados do Ceará, Alagoas, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte e Sergipe. Subdivisão deste bioma, a Caatinga Arbórea é composta por diversas espécies de
interesse medicinal, alimentício (humano e animal) e econômico (RIZZINI, 1997).
Diante da importância e uso da Caatinga Arbórea, faz-se necessário realizar estudos para obtenção do
estoque volumétrico presente, realizando a supressão dos indivíduos para valoração e quantificação do que será
explorado (SANQUETTA et al., 2014). Comumente, usa-se equações volumétricas ajustadas para estimar o
volume da vegetação, porém os modelos matemáticos encontrados na literatura nem sempre conseguem explicar

1
Estudante de Engenharia Florestal, Graduando, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais,
Avenida Universitária, 1000, CEP 39404-547, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: loicmfoumbyt@gmail.com
443
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
o comportamento dessa variável de forma satisfatória devido à alta variabilidade das mesmas (REZENDE et al.,
2006). Como saída, pode-se fazer uso de outras ferramentas como as Redes Neurais Artificias (RNA).
As RNA são sistemas complexos que, através da entrada de dados, detectam padrões e funcionam
similarmente a um cérebro humano, capazes de fazer interpolações e extrapolações de forma linear e geram
cenários distintos em diferentes arquiteturas que são algoritmos ligadas aos neurônios (HAYKIN, 2001;
BRAGA et al., 2014). Essa metodologia tem se destacado pela sua capacidade de produzir excelentes resultados
e pela tendência em gerar erros mínimos.
Um dos algoritmos que pode ser usado para o treinamento de redes neurais é o Neuroevolution of
Augmenting Topologies (NEAT). O NEAT, é uma técnica que a partir de um algoritmo evolutivo, ajusta
simultaneamente os pesos sinápticos e a topologia de uma RNA. A aplicação desse algoritmo facilita a vida do
usuário de redes, já que elimina a etapa de busca da melhor arquitetura que geralmente é feita por tentativa e
erro.
O processo de otimização utilizado pelo NEAT é iniciado a partir de um conjunto de configurações
(população inicial), que é alterada a cada iteração, tendo como resultado um novo conjunto de
configurações (nova população). Esse processo da geração de uma nova população a partir da população
corrente é realizado a partir de operadores de seleção, crossover e mutação. Como a cada iteração são
encontradas melhores configurações, é esperado que nesse processo de busca, a solução ou a configuração
ótima global, seja encontrada (RODRIGUES, 2001; BUCKLAND, 2002; STANLEY; MIIKKULAIEN,
2004).
Contudo durante este processo, dependendo do número de indivíduos definido na fase de configuração
inicial da rede neural, isso pode demandar um alto tempo de processamento para encontrar a melhor solução.
Desse modo, o presente trabalho teve por objetivo definir o número mínimo de indivíduos para obter
redes satisfatórias a partir do treinamento de Redes Neurais Artificias com algoritmo genético NEAT para a
estimativa do volume comercial da Caatinga arbórea.

MATERIAL E MÉTODO

Caracterização da área
Os dados utilizados neste trabalho foram coletados na Floresta Nacional Contendas do Sincorá, unidade
de conservação de uso sustentável localizada em Contendas do Sincorá-BA nas coordenadas 13°55'14,51"S e
41°6'54,79" com uma área de 11.215,78 hectares. O clima é definido como semiárido quente do tipo BSwh' de
Köppen, com chuvas acumuladas entre novembro e janeiro, precipitação entre 500 a 1000 mm anuais,
temperatura de 21 a 28 ºC e umidade relativa de 60 a 70%. O solo é caracterizado por um solo Argiloso e de
Latossolo Vermelho-Amarelo.
A vegetação da unidade de conservação é dividida em três tipologias: Caatinga arbórea arbustiva,
Caatinga arbustiva fechada e complexo herbáceo-arbustivo, com predominância da Caatinga arbórea arbustiva e
indivíduos entre 3,5 a 7,0 m de altura.

Cubagem rigorosa
Para obtenção do volume comercial com casca (VCc/m3) foram cubadas rigorosamente 300 arvores
distribuídas em classes diamétricas com amplitude de 5 cm, considerando todas as espécies necessárias para
coleta dos dados. O método de cubagem usado foi de Smalian, com a tomada do diâmetro ao longo do tronco,
nas alturas de 0,10; 0,30; 0,50; 0,70; 1,00; 1,30; 2,00 m e depois de um em um metro até o diâmetro comercial
de 3 cm.

Processamento de dados
Utilizando o algoritmo genético Neuroevolution of Augmenting Topologies (NEAT) 30 redes neurais
foram treinadas. Foram separados 70% da base de dados para treinamento que foi dividido em duas fases. Na
primeira fase, as redes tiveram uma variação no número de indivíduos, 10 até 100, com intervalos de 10
indivíduos (Etapa 1). Já na segunda fase, o número de indivíduos variou de 100 até 1000, em intervalos de 100
indivíduos (Etapa 2). Utilizou-se como densidade de conexão inicial 0,1 (ARAÚJO, 2015) e como critério de
parada, fixou-se o número de épocas em 3000 ou erro médio quadrático igual a 0,0001, ou seja, o treinamento
de cada RNA era finalizado quando um dos dois critérios fosse atingido (BINOTI et al., 2014).

444
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Definição do número mínimo de indivíduos
Para a escolha da melhor rede dentro de cada intervalo e definição do número ideal de indivíduos
mínimo considerou-se as seguintes estatísticas: correlação entre os valores estimados e observados do volume
(𝑟𝑌𝑌̂ ) e raiz quadrada do erro médio em porcentagem (RQME%) de cada rede.
𝑐𝑜𝑣(𝑌,𝑌̂ )
Para a correlação: 𝑟𝑌𝑌̂ =
√𝑆 2 (𝑌)𝑆 2 (𝑌̂)
100 ∑𝑛 (𝑌 𝑌̂ )²
Para a raiz quadrado médio em porcentagem: RQME% = √ 𝑙=1 −
𝑌̅ 𝑛
Em que: cov = covariância; 𝑠 2 = variância; n = número de observações; Y = volumes observados; Ȳ =
volume observado médio; Ŷ = volumes estimados pela RNA.
Para avaliar de forma geral o comportamento para o treinamento em cada fase de processamento,
gráficos do tipo boxplot para os resultados de correlação e para a RQME% foram gerados. Para comparar as
RNA treinadas para cada fase do processamento, foi realizada para a correlação e RQME% uma análise de
variância de um critério e teste de médias de Scott-Knott para o nível de significância de 5%. O treinamento das
redes foi realizado no sistema computacional NeuroForest 4.0 (BINOTI, 2012) e as analises estatísticas no
software R (R CORE TEAM, 2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram construídos gráficos boxplot, conhecido como um método alternativo ao histograma para
representar os dados, fornecendo informações sobre as seguintes características do conjunto de dados:
localização, medidas discrepantes (outliers), dispersão e assimetria. Dessa forma, foram analisados os valores
obtidos durante o treinamento das RNA para a Correlação e para a RQME%.
Os gráficos boxplot para dos resultados de correlação e RQME% das redes treinadas em cada fase do
processamento dos dados estão apresentados na Figura 1.

(a) (b)

(c) (d)
FIGURA 1: Boxplot para a correlação (a) e RQME% (b) para a fase 1 de processamento dos dados e para a
correlação (c) e RQME% (d) para a fase 2 de processamento dos dados.
FIGURE 1: Boxplot for the correlation (a) and RQME% (b) for the data processing phase 1 and for the
correlation (c) and RQME% (d) for the data processing phase 2.

Na fase 1 (Figura 1a e 1b) de processamento, observou-se para as duas estatísticas analisadas, uma
grande variação nos resultados para as redes treinadas. Em geral as redes geraram valores de correlação e
RQME% piores quando comparadas às redes da fase 2 de processamento. A mediana para a correlação aumenta

445
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
a partir da rede com 20 indivíduos e praticamente não se alterou até a rede com 100 indivíduos. Já para o
RQME% a rede 10 apresentou a maior mediana e também a partir de 20 indivíduos a mediana diminuiu e
praticamente não se alterou até a rede com 100 indivíduos. Para a dispersão verificou-se para as redes com 10,
20, 40 e 60 indivíduos, grande dispersão e uma forte assimetria nos resultados de correlação e RQME%. Para a
rede 10, a assimetria é positiva, para as demais a assimetria é negativa. Embora as demais configurações tenham
apresentado uma dispersão menor, verificou-se ainda assimetria, sendo para a rede 30 negativa e as demais
configurações uma assimetria positiva, sendo que para as redes 50, 70, 80, 90 e 100 a mediana foi igual ao
primeiro quartil, resultado que pode estar associado ao grande número de valores discrepantes identificados na
análise do boxplot.
Diante destes resultados verificados as redes treinadas durante a fase 1 de processamento foram
consideradas insatisfatórios e descartadas para a estimativa de volume comercial para Caatinga Arbórea.
Na fase 2 (Figura 1c e 1d) de processamento, observou-se para as duas estatísticas analisadas, resultados
mais satisfatórios, exceto para as configurações considerando 100, 200 e 300 indivíduos que apresentaram ainda
comportamento semelhante ao descrito para as redes da fase 1 de processamento. Estas redes geram valores
médios de RQME% de 49,97, 48,05 e 47,61%, respectivamente. Esse comportamento era esperado, embora as
redes com o maior número de indivíduos o custo computacional na etapa de treinamento seja maior, populações
maiores toleram maior número de espécies potenciais, ou seja, maior quantidade de RNA testadas com alta
diversidade topológica, aumentando as chances de obter bons resultados (STANLEY; MIIKKULAIEN, 2002).
A partir de 400 indivíduos a mediana da correlação aumenta até 800 e volta a diminuir para as redes 900
e 1000. Para o RQME%, como esperado, verificou-se o contrário, a partir de 400 os valores das mediana
decrescem até o mínimo que ocorreu na rede com 800 indivíduos, voltando a subir para as redes 900 e 1000.
Realizou-se a análise variância (ANOVA) para comparar as estatísticas correlação e RQME%, somente
para as configurações com 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 indivíduos, que foram consideradas as situações
estudadas mais satisfatórias com RQME% inferiores a 45%.
A ANOVA para a correlação mostrou que haviam diferenças significativas (F: 43,919; p-value <0,001;
CV: 0,37%) entre as diferentes configurações. O mesmo ocorreu para a RQME% (F: 38,919; p-value < 0,001;
CV: 6,93%).
A Tabela 1 mostra o resultado do teste de médias Scott-Knott para as médias de correlação e de
RQME% para as redes treinadas com 400 até 1000 indivíduos.

TABELA 1: Resultado do teste de médias de Scott-Knoot para a correlação e RQME% para as melhores redes
treinadas.
TABLE 1: Test result of Scott-Knoot averages for correlation and RQME% for best trained networks.
Nº de indivíduos Correlação* RQME%*
400 0,9722 c 44,23 c
500 0,9737 b 43,00 b
600 0,9745 b 42,49 c
700 0,9768 a 40,57 a
800 0,9774 a 39,87 a
900 0,9760 a 41,09 a
1000 0,9748 b 41,78 b
(*) Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%
de significância.

Os valores médios de correlação para todas as redes foram muito próximos, sendo que o maior valor foi
observado para a rede com 800 indivíduos que não diferiu estatisticamente das redes com 700 e 900 indivíduos.
A rede com a menor média de correlação foi observada para rede de 400 indivíduos. Para o RQME% a rede
com a menor média foi observada para a configuração com 800 indivíduos que também não foi estatisticamente
diferente das redes com 700 e 900 indivíduos e a rede com a menor média de RQME% foi a com 400
indivíduos.
Embora do ponto de vista estatístico as redes tenham apresentado diferenças para as estatísticas
correlação e RQME%, para a correlação a diferença entre a maior (800 indivíduos) e a menor correlação (400
indivíduos) é de 0,0052 e o menor (800 indivíduos) e o maior RQME% (400 indivíduos) tem uma diferença de
4,36%. Na prática tais diferenças são irrelevantes. O objetivo deste trabalho era analisar em que configuração de
número de indivíduos o algoritmo NEAT gerava uma solução ótima para estimativas satisfatórias do volume
comercial para a Caatinga Arbórea e obviamente com o menor custo computacional. Neste sentido, verificou-se

446
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
que a partir de 400 indivíduos as redes geradas estimavam o volume satisfatoriamente com um custo
computacional bem inferior às redes de 700, 800 e ou 900 indivíduos.
Araújo (2015), quando avaliou redes NEAT para estimar o volume de formações florestais no estado de
Minas Gerias, testou as seguintes configurações para o treinamento: número de indivíduos da população
variando em 100, 300, 500, 600, 800 e 1000, e densidades de conexões iniciais de 0,1 e 0,5. A autora constatou
que somente a partir de populações maiores que 600 foram geradas redes com bom desempenho e concluiu que
a partir das duas densidades de conexões iniciais analisadas (0,1 e 0,5), é possível obter estimativas
volumétricas com bom grau de exatidão para as onze tipologias florestais estudadas e diferentemente ao
verificado neste estudo, recomendou populações iniciais com número de indivíduos maiores que 600, já que
com populações inferiores não foram encontradas redes com bom desempenho para essa finalidade.

CONCLUSÕES

Os resultados mostram a potencialidade do uso de rede treinadas com o algoritmo Neuroevolution of


Augmenting Topologies (NEAT) para estimar o volume na Caatinga Arbórea.
Recomenda-se para a configuração das redes durante a fase de treinamento densidade inicial 0,1 e
populações iniciais com número mínimo de indivíduos igual a 400.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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estado de Minas Gerais. 2015. 73p. Dissertação. (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade dos Vales do
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RIZZINI, C. T. Tratado de fitogeografia do Brasil. 2ª Edição. Âmbito Cultural Edições Ltda, Rio de Janeiro.
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SANQUETTA, M. N. I. et al. Diversidade e estrutura fitossociológica da caatinga na região de Brumado – BA.
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447
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O CRESCIMENTO DE Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. EM FLORESTA ESTACIONAL
SEMIDECIDUAL EM REGNERAÇÃO ATRAVÉS DE ANÁLISE DE TRONCO COMPLETA

THE GROWTH OF Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. IN SEMIDECIDAL SEASONAL FOREST


REINFORCEMENT THROUGH TRUNK ANALYSIS

Isadora Tozzo Bueno de Lima1 Ivã Andreas L. Arancibia Raquel Castiani

RESUMO

Este trabalho foi realizado com o objetivo de estudar o crescimento em diâmetro, volume comercial, padrão de
crescimento, incremento corrente anual (ICA) e incremento médio anual (IMA) de volume comercial, diâmetro
e altura em um indivíduo de feijão-cru (Lonchocarpus muehbergianus Hassl.), proveniente de uma Floresta
Estacional Semidecidual, localizada no município de Dois Vizinhos, Paraná/Brasil. Os dados foram obtidos
mediante análise de tronco completa e as tendências de crescimento em diâmetro, volume comercial, fator de
forma comercial, ICA e IMA de acordo com modelo ajustado de Chapman-Richards. Os resultados obtidos
demonstraram que a espécie em estudo possui um longo ciclo de crescimento não verificando-se o máximo
incremento da mesma em nenhuma das variáveis analisadas aos 29 anos de idade da árvore.
Palavras-chave: análise de tronco; crescimento; Lonchocarpus muehbergianus.

ABSTRACT

This work was carried out with the objective of studying the growth in diameter, commercial volume,
commercial form factor, bark factor, annual increment (ICA) and average anal increment (IMA) of the
commercial volume and diameter for a individual Feijão-cru (Lonchocarpus muehbergianus Hassl.) from a
Semidecidual Seasonal Forest, located in the municipality of Dois Vizinhos, Paraná/Brazil. The data were
obtained through trunk analysis and growth trends in diameter, commercial volume, commercial form factor,
ICA and IMA according to the Chapmans Richards model. It was observed that the species has a long cycle of
growth since it was not verified the maximum increase of the same in none of the analyzed variables at the 29
years of the tree.
Keywords: trunk anaysis; grouth; Lonchocarpus muehbergianus.

INTRODUÇÃO

Uma das formas de avaliar o crescimento e a produtividade de uma floresta é através da instalação de
parcelas permanentes, entretanto a obtenção dos dados é de médio a longo prazo, em contrapartida para espécies
que apresentam anéis de crescimento anuais a dendrocronologia se apresenta como uma ferramenta rápida e
confiável para obtenção de dados de crescimento. Esta metodologia possibilita a recuperação de informações
sobre a vida da árvore fornecendo dados importantes acerca de seu desenvolvimento, auxiliando na definição do
uso da floresta (FIGUEREDO FILHO et al, 2017). O Brasil possui significativa diversidade de espécies, porém
há poucos estudos e informações sobre a formação dos anéis de crescimento e a determinação de ciclos de
árvores subtropicais (BOTOSSO & MATTOS, 2002).
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl., popularmente conhecida como Feijão-cru ou Rabo-de-Bugio, é
uma leguminosa nativa do Brasil, que abrange as formações de Floresta Estacional Decidual e Semidecidual,
além de Ombrófila Mista e Densa, ocorrendo da Bahia ao Rio Grande do Sul. É uma árvore decídua, cujo estado
de sucessão ecológica é secundária inicial a tardia, possui flores panículas de cores azul a lilás, ocorrendo a
floração entre outubro a janeiro produzindo uma grande quantidade de sementes viáveis (LORENZI, 1992).
Ainda segundo Lorenzi (1992), a L. muehlbergianus possui um desenvolvimento rápido, e sua madeira pode ser
empregada para tabuado, carpintaria leve e lenha, por exemplo. De acordo com Lopes (2012), a espécie quando
em formações vegetais abertas, pode chegar a 10 metros de altura, e em matas pode atingir até 25 metros, com
fuste reto de até 70 cm de diâmetro. A espécie apresenta um grande potencial de uso para recuperação de áreas
degradadas uma vez que possui capacidade de se associar a bactérias fixadoras de nitrogênio, o que é um
aspecto importante para a recuperação das características físicas e químicas do solo (NICHOLS &
CARPENTER, 2006).

1
Isadora Tozzo – Discente do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail:
isadora.tozzo@hotmail.com

448
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Estudos sobre a idade, crescimento em diâmetro, altura e volume das árvores fornecem inúmeras
informações as quais podem ser utilizadas na determinação dos ciclos de corte, regime de desbastes, estimativa
dos cortes e volumes admissíveis para uma exploração sustentável (BOTOSSO & MATTOS, 2002). Tendo em
vista escassez de estudos acerca do crescimento de árvores nativas, o objetivo deste trabalho foi determinar a
idade e estimar os incrementos diamétricos, volumétricos em altura e padrão de crescimento de um indivíduo de
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl.

MATERIAL E MÉTODO

Caracterização do local
A coleta dos discos do caule da árvore, foi realizada na Trilha Ecológica da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, no município de Dois Vizinhos, Paraná, localizado entre as coordenadas geográficas
25°45’52’’ latitude sul e 53°05’47’ longitude oeste a uma altitude de 509 metros. O clima da região pela
classificação de Köppen é o Cfa, subtropical, sem estação seca com chuvas distribuídas ao longo de todo ano.

Coleta do material e análise das amostras


A coleta do material foi realizada no mês de junho de 2018, onde após a derrubada da árvore foram
cortadas secções transversais do tronco, sendo estas a 0,05 m do solo, seccionadas também a 0,30; 0,70; 1,30;
3,30; 5,30 e a 7,30 metros de altura. Após secagem em temperatura ambiente, cada disco foi lixado com lixa de
granulação 100 para facilitar a identificação dos anéis. Os anéis de crescimento nos discos foram demarcados
com o auxílio de uma lupa e medidos através do escalímetro. Devido a irregularidade do formato das secções
transversais dos discos, foram realizadas medições em quatro raios, sendo efetuada uma média simples de cada
um deles.

Estimativa da idade e incrementos diamétricos, em altura e volumétricos


A idade do indivíduo foi estimada através do número de anéis de crescimento do disco da base (0,05 cm
de altura). A partir da largura dos anéis traçou-se o perfil longitudinal da árvore a fim de se obter o diâmetro e a
altura em cada idade e posição do tronco para realizar os cálculos de incremento médio anual (IMA) e
incremento corrente anual (ICA), além da cubagem pelo método de Smalian. O ICA e o IMA foram calculados
pelas Fórmulas 1 e 2, respectivamente, e as variáveis ajustadas a partir do modelo de Chapman – Richards,
Fórmula 3.
1 – ICA = d i + 1 – d i
2 – IMA = d i / n
Onde: d i = dap/volume com casca na idade i; d i + 1 = dap/volume com casca na idade i + 1; n = número
de anos.
3 – y = a(1-e(-b*I))*c
Onde: I = idade; y = variável de interesse.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os anéis de crescimento da L. muehlbergianus Hassl, são demarcados, fracamente, por estreita faixa de
parênquima marginal, menos conspícua do que as abundantes e largas faixas concêntricas de parênquima axial
(MUÑIZ e CARDOSO, 2009). Fato este que dificulta a visualização dos mesmos, mesmo com o auxílio da
lupa, o que, possivelmente, tornou os dados encontrados no presente trabalho imprecisos, havendo a
necessidade de realizar a medição e contagem dos anéis através de programas específicos como o LINTAB, e o
COFECHA.
Com relação a cubagem o volume encontrado foi de 4489,79 cm ³, sendo importante ressaltar que as
alturas da coleta dos discos seguem as recomendações de Scolforo & Figueredo Filho (1993), direcionadas a
Pinus spp. e Eucalyptus spp., respectivamente 0,05; 0,7; 1,30; 2,30, com comprimentos de seções de 2 metros.
Com relação a nativas Scolforo et. al. (1994), estabeleceram as seguintes distâncias de medições dos diâmetros:
0,30; 0,70; 1,30; e assim sucessivamente, de metro em metro, até a altura desejada para a cubagem. Outro ponto
a considerar é o fato da cubagem ter sido realizada com distâncias de 2 em 2 metros, podendo ter subestimado
ou superestimado o volume da espécie devido a irregularidades no fuste da árvore.
Para obtenção das estimativas de crescimento e produção do indivíduo, utilizou-se o modelo de
Chapman-Richards, o qual foi ajustado em planilha Excel através da ferramenta Solver. Este apresentou um
coeficiente de determinação maior que 0,99 em todas as situações, sendo o maior Syx de 8% no que diz respeito
ao ajuste do crescimento em altura. Os gráficos 1, 2 e 3 apresentam o Incremento diamétrico, em altura e

449
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
volumétrico respectivamente por idade do indivíduo, o qual demonstrou que a árvore em questão não havia
apresentado sua idade ótima de corte no que diz respeito, a sua máxima produção ecológica, consequentemente
não atingindo o seu máximo incremento em altura e em volume.

Gráfico 1 – Incremento Diamétrico da Lonchocarpus muehlbergianus Hassl por idade.


Gráfico 1 – Diametric increase of Lonchocarpus muehlbergianus Hassl by age.

1 R² = 0,998787
Incremento em diâmetro (cm)

a = 19,23669 b = 0,109605
0,8 c = 7,146095

0,6

0,4

0,2

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
Idade
IMA ICA

Gráfico 2 – Incremento em altura de Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. por idade.


Gráfico 2 – Height increase of Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. by age.
1
R² = 0,995942
0,9
a = 21,81454 b = 0,040413
c = 1,882912
Incremento em altura (m)

0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
Idade
IMA ICA

Gráfico 3 - Curva de Incremento Volumétrico da Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. por idade.


Gráfico 3 – Incremental curve of Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. by age.

450
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

R² = 0,998876
0,0004 a = 0,014453 b = 0,066722

Incremento em volume (m³)


0,00035 c = 9,476876

0,0003
0,00025
0,0002
0,00015
0,0001
0,00005
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223242526272829
Idade

IMA ICA

O Gráfico 4 apresenta a curva de produção da L. muehlbergianus Hassl baseado no volume acumulado,


comportando-se de forma onde os pontos de inflexão da curva demonstram a passagem da fase jovem para
adulta entre os 15 anos, demostrando que o indivíduo ainda se apresenta na fase adulta de sua vida, motivo pelo
qual justifica-se o fato de a árvore ainda não ter apresentado seu máximo incremento em nenhuma das variáveis
analisadas.

Gráfico 4 - Curva de Produção Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. por idade.


Gráfico 4 – Production curve of Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. by age.
0,0035 R² = 0,998876
a = 0,014453 b = 0,066722
0,003 c = 9,476876
Incremento em volume (m³)

0,0025

0,002

0,0015

0,001

0,0005

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
Idade
V obs. (m³) V est. (m³)

O gráfico 5 apresenta o crescimento da árvore nas diferentes posições de cubagem analisadas, é possível
observar que o máximo crescimento foi em torno dos 10 aos 13 anos em todas as posições avaliadas,
coincidindo com a fase jovem do indivíduo, sendo ainda possível observar um padrão no crescimento da árvore,
fato este que deve ser confirmado com uma medição mais precisa dos anéis de crescimento do indivíduo.

451
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Gráfico 5 – Padrão de crescimento Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. por posição de cubagem.
Gráfico 5 - Growth pattern Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. by cubing position

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
Idade
0,05 0,3 0,7 1,3 3,3 5,3 7,3

CONCLUSÕES

A partir dos gráficos conclui-se que a espécie ainda não atingiu seu máximo incremento em nenhuma
das variáveis avaliadas, sendo assim não é possível inferir a idade técnica mínima de corte para a espécie. Pode-
se concluir que a espécie possui um ciclo relativamente longo de corte, uma vez que a partir da contagem dos
anéis chegou-se a uma idade de 29 anos para o indivíduo. O fato da contagem dos anéis não apresentar exatidão
torna os resultados encontrados no presente trabalho, ainda que relevantes, condicionados à necessidade de
realizar a recontagem dos anéis através de métodos mais eficientes.

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Manejo Florestal da Universidade Tecnológica Federal, campus Dois Vizinhos por
ceder os equipamentos necessários as medições e a professora Doutora Veridiana Padoin Weber pelo apoio e
incentivo a esta pesquisa.

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452
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
PADRÃO MORFOMETRICO DAS COPAS DE ÁRVORES DE CRESCIMENTO LIVRE
DETERMINADO POR TÉCNICAS DE DESENHO DIGITAL

MORPHOMETRIC CROWN PATTERN OF OPEN-GROWN TREES DETERMINED BY DIGITAL


DRAWING TECHNIQUES

Jean Pierre Cavali1 Rafael Cubas Gabriel Paes Marangon

RESUMO

A caracterização do padrão de crescimento das copas das árvores pode fornecer informações relevantes para o
manejo de florestas inequiâneas, principalmente se considerada a relação existente entre as dimensões da copa e
do fuste. Em57 árvores de crescimento livre de Cedrela fissilis Vell., foram aplicadas técnicas de desenho
digital para descrever as característica da copa em distintas classes diamétricas. Os resultados apontaram um
padrão de crescimento caracterizado pelo equilíbrio entre as porcentagens de copa e fuste, assim como, entre as
variáveis diâmetro e comprimento das copas, principalmente nas árvores de maiores dimensões.
Palavras chave: CAD; comprimento de copa; porcentagem de copa.

ABSTRACT

The characterization of tree crown growth pattern can provide relevant information to the management of
unequal forests, especially considering the relation between crown and stem dimensions. In 57 open-grown trees
of Cedrela fissilis Vell., digital drawing techniques were applied to describe the characteristics of the crown in
different diametric classes. The results indicated a growth pattern characterized by the balance between crown
and stem percentages, as well as between the diameter and crown length variables, especially in larger trees.
Keywords: CAD; crown length; crown percentage.

INTRODUCÃO

O manejo florestal desenvolve-se tecnicamente a partir de informações referentes ao crescimento, à


produtividade, à densidade populacional e às variáveis climáticas, com o objetivo de se obter, de forma
sustentável, a máxima produtividade de madeira. Em florestas naturais e inequiâneas, precedente as ações de
manejo como o corte seletivo de árvores, se faz necessário avaliar as condições reais da floresta em termos de
regeneração e composição de espécies (SCHNEIDER et al., 2009). Nestas florestas o manejo também deve
considerar as variáveis de copa e morfometria, devido à relação de tais propriedades com o incremento em
diâmetro (DURLO, 2001).
A biomassa da copa (galhos e folhas), área foliar total e seu padrão de distribuição vertical têm grande
efeito sobre a taxa de luz interceptada pelo dossel florestal, e em consequência, forte relação com a estrutura do
povoamento, produtividade da floresta e características do microclima e habitat (MAGUIRE e BENNETT,
1996; WANG e JARVIS 1990). Segundo Assman (1970), o tamanho da copa é um importante variável na
determinação do vigor das árvores.
A obtenção das relações entre copa e fuste pode ser realizada em árvores isoladas, ou seja, de
crescimento livre de competição, as quais representam uma dimensão máxima empírica, e têm sido utilizadas na
orientação de intervenções silviculturais, desenvolvimento de guias de manejo e na modelagem da competição
do dossel (DURLO et al., 2004; HASENAUER, 1997). As análises e avaliações relacionadas às copas das
árvores caracterizam-se pela grande dificuldade de obtenção dos dados, principalmente em indivíduos de
grandes dimensões. Desta forma, a partir das análises realizadas em árvores de crescimento livre de Cedrela
fissilis Vell., este trabalho teve como objetivo avaliar e determinar o Formal de Copa, descrito como a relação
entre o diâmetro e a altura da copa das árvores, a porcentagem de copa, assim como, descrever o padrão
morfométrico das copas em distintas classes de diâmetro.

1
Engenheiro Florestal, Dr., Professor da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Rodovia Municipal Jacob Della Méa, s/n
– Parada Benito, CEP 98020-290, Cruz Alta (RS), Brasil, E-mail: jeancavalli@gmail.com

453
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
MATERIAL E MÉTODOS

Buscando produzir resultados mais representativos do comportamento da espécie Cedrela fissilis, a


pesquisa foi desenvolvida em duas regiões distintas do estado do Rio Grande do Sul, contemplando assim maior
variabilidade de solo, relevo e clima. As áreas onde foram selecionadas as amostras pertencem à região central e
noroeste do estado, com coordenadas centrais de 29º 41’01 77” de latitude Sul, 53º 38'54 11" de longitude Oeste
e 28º 43’31 46” de latitude Sul, 52º 50'45 31" de longitude Oeste, respectivamente. Na região central predomina
o clima mesotérmico brando Cfa (classificação de Köppen), com temperaturas médias anuais apresentando
máxima entre 28° e 32° e mínima entre 8° e 10°C, com precipitações regulares ao longo do ano e índices
pluviométricos de 1500 a 1600 mm. Na região noroeste, no Planalto Riograndense, o clima predominante é do
tipo Cfb (Köppen), temperado úmido com verão temperado (KUINCHTNER e BURIOL, 2001), temperatura
média anual de 20°, com máxima de 35° e mínima de -1°, com chuvas anuais entre 1600 a 1800 mm.

Levantamento de dados
Para a obtenção dos dados referentes ao crescimento das árvores foram selecionados 57 indivíduos,
devidamente identificados, fotografados e georeferenciados, os quais foram classificados segundo suas
características morfométricas e de sanidade, sendo que apenas árvores com boas condições fitossanitárias
aparentes e de crescimento livre compunham o grupo amostrado.
A condição de crescimento livre levou em consideração os últimos 20 anos, tendo sido coletados dados
de 22 árvores liberadas e de 35 árvores isoladas desde o início do crescimento. A confirmação do período no
qual as amostras cresceram sem concorrência foi possível perante a obtenção de informações advindas dos
proprietários das áreas onde foram localizadas as árvores.

Variáveis dendrométricas mensuradas


Para expressar a dinâmica do crescimento em diâmetro, altura, volume, e quantificar a magnitude dos
mesmos, foram coletados dados como o diâmetro à altura do peito (DAP) e altura total, com a utilização de uma
fita métrica e um hipsômetro VERTEX III, respectivamente.
Para a determinação do comportamento e evolução do tamanho da copa das árvores amostradas foram
obtidos dados referentes às dimensões do diâmetro da copa (DC), comprimento da copa (l) e diâmetro da copa
avaliados em 10 raios em posições relativas à suas respectivas alturas (DChi), conforme metodologia proposta
por DURLO et al, (2004). A realização da coleta de todas as variáveis citadas foi desenvolvida em duas etapas,
sendo que a primeira se referiu à obtenção de fotografias e a segunda foi constituída pela a avaliação e
mensuração das imagens.
As variações das distâncias e das inclinações da objetiva resultaram em fotos de diferentes escalas, o
que acarretou a necessidade de correção, empregando-se para tal uma escala padrão, constituída por uma régua
com dimensões de 0,15 x 1,5 m (Figura 1). A definição da escala baseou-se no princípio utilizado no Tele
Relascópio de Bitterlich, tendo sido a régua fixada na altura do DAP, em posição horizontal.

FIGURA 1: Régua com dimensões de 0,15 x 1,5 m, utilizada como escala das imagens digitalizadas.
FIGURE 1: Ruler with dimensions of 0.15 x 1.5 m, it used as scaling of scanned images.

O primeiro procedimento, obtenção das fotos, foi realizado durante a estação de inverno, período em
que as árvores de cedro encontram-se sem folhagem, quando as árvores amostradas foram então fotografadas
em duas perspectivas distintas, a primeira de orientação leste e oeste (LO) e em seguida, com orientação norte e
sul (NS) (Figura 2a e 2b). Após a obtenção das fotos, as mesmas foram analisadas com a utilização do software
AutoCAD, quando foram mensuradas todas as variáveis morfométricas de interesse. Os dados obtidos
referiram-se aos diâmetros da copa na base e em 10 alturas relativas (Figura 2c).

454
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Árvore isolada de Cedrela fissilis fotografada em duas perspectivas distintas, com escala fixada a
1,3 m do solo (a, b), e imagem digitalizada no software AutoCAD (c).
FIGURE 2: Cedrela fissilis isolated tree photographed in two different perspectives, with a fixed scale at 1.3 m
do solo (a, b), and scanned image by AutoCAD software (c).

Para tal, foi utilizada uma máquina fotográfica acoplada em um tripé, a distâncias variáveis entre
objetiva e objeto, devido principalmente às dificuldades estabelecidas por barreiras ou obstáculos entre objetiva
e objeto. A inclinação da objetiva verificada em cada fotografia foi determinada com a utilização de um
hipsometro Suntto PM - 5. As correções das distorções ocasionadas pela inclinação da objetiva foram feitas a
partir de dois modelos matemáticos de correção desenvolvidos em laboratório, conforme metodologia proposta
por Durlo et al. (2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Porcentagem de copa
Na análise da porcentagem de copa foi observada tendência crescente da porcentagem de copa (PC%)
em função da classe de diâmetro das árvores isoladas de Cedrela fissilis (Figura 3), resultado também observado
em árvores isoladas e em florestas da Áustria (HASENAUER, 1994; HASENAUER e MONSERUD, 1996).

FIGURA 3: Porcentagem de copa (PC%) em função do DAP.


FIGURE 3: Crown percentage (CP%) as function of DBH.

Os resultados de dispersão da PC% em função do DAP apontaram um significativo número de árvores


apresentando PC abaixo de 50 %, ou seja, indivíduos com comprimento de copa representando menos de 50 %
da altura total. Em árvores de Cedrela fissilis avaliadas em ambiente de floresta na região central do Rio Grande
do Sul, De Mattos (2007) encontrou valor médio para PC de 49,47 %.

455
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Os valores observados podem ser explicados se consideradas as diferentes condições em que se
desenvolveram as árvores amostras, pois aproximadamente 3 5 % dos indivíduos sofreram alguma competição
nas primeiras fases de crescimento, o que pode ter retardado a expansão das copas e favorecido o
desenvolvimento do fuste.
Em árvores isoladas espera-se maiores valores para PC%, tendo sido encontrado valores em torno 84 –
91 % em árvore de crescimento livre na Áustria (STAMPFER, 1995). Em árvores dominantes de Ocotea
odorífera (Vell.) Rohwer, foram encontrados valores máximo de 69,23 % médio de 58 % e mínimo de 38,46 %
(ORELLANA e KOEHLER, 2008)
Na análise gráfica também se verificou uma grande variação de PC% dentro de uma mesma classe
diamétrica, fato que pode ser explicado pela grande variabilidade dos fatores topográficos e de sítio, que
segundo Hasenauer e Monserud, (1996), influenciam diretamente o desenvolvimento, e consequentemente, a
estrutura das árvores.

Formal de copa
Os valores do formal de copa (FC), descrito como a razão entre o diâmetro de copa (DC) pelo
comprimento de copa (l), apresentados na Figura 4, refletem o comportamento da copa de árvores livres de
competição, tendo sido encontrado valores próximos a 1, o que corresponde a copas com diâmetro e
comprimento equivalentes.

FIGURA 4: Índice formal de copa (FC) em função da variável DAP.


FIGURE 4: Crown formal (FC) as function of DBH variable.

O comportamento da copa que resultou em FC com pouca variação e próximo a 1, demonstra que as
mesmas apresentaram valores de DC e l equivalentes, em todas as fases de crescimento. Tal comportamento está
relacionado a características genéticas da espécie e ao fato das árvores terem crescido com total disponibilidade
de luz, sendo que, segundo Mäkela e Sievänem (1992), em árvores de crescimento livre o nível de
sombreamento sobre os galhos tende a ser não significativo para o desenvolvimento da copa.
A função crescente indica que as árvores tendem a apresentar menores taxas de crescimento em altura
em relação ao crescimento em diâmetro das copas, concordando com o observado por Lamprecht (1990), o qual
afirmou que o crescimento em altura cessa antes do incremento em diâmetro.
O resultado das análises referentes à morfometria das árvores isoladas de Cedrela fissilis, pode ser
observado na Figura 5, onde, em perspectiva 3D, constata-se a evolução da forma das copas em função do
desenvolvimento do DAP (tempo).

456
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 5: Representação em perspectiva 3D da evolução da copa das árvores isoladas de Cedrela fissilis, nas
respectivas classes de diâmetro.
FIGURE 5: Representation in 3D perspective of crow development pattern of Cedrela fissilis open grown-tree
at respective diameter classes.

Na Figura 5 apresentada destaca-se a classe diamétrica 10-20, a qual apresentou maiores taxas de
crescimento da variável l, resultando em uma forma relativamente longa e esbelta, normalmente verificado em
árvores jovens.
Na classe de diâmetro 30-40 também se verificaram características bem particulares, referidas como
maiores irregularidades no contorno da copa. Tal característica está relacionada à adaptação morfométrica das
árvores, que nesta fase começam a apresentar copas mais globosas.

CONCLUSÕES

O padrão de crescimento da copa observado nas árvores de Cedrela fissilis em condição de crescimento
sem competição se caracterizou pelo equilíbrio entre as porcentagens de copa e fuste, assim como, entre as
variáveis diâmetro e comprimento das copas, principalmente nas árvores de maiores dimensões.
A utilização de técnicas de desenho digital, por meio de softwares CAD (Computer Aided Designe)
proporcionou a obtenção rápida de resultados de grande qualidade, direcionados à caracterização morfométrica
das espécies arbóreas.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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458
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
PARÂMETROS POPULACIONAIS DE Casearia Sylvestris SW. EM UM TRECHO DE FLORESTA
SECUNDÁRIA ESTACIONAL DECIDUAL, RS

POPULATION PARAMETERS OF Casearia Sylvestris SW. IN A SECTION OF DECIDUAL SEASONAL


SECONDARY FOREST, RS

Francieli de Fatima Missio1 Solon Jonas Longhi Camila Andrejeski Karina Lazarin
Junior Oliveira Mendes João Filipe Monschau de Oliveira

RESUMO
O presente estudo foi realizado com o objetivo de analisar os atributos morfométricos e distribuição diamétrica
da espécie Casearia sylvestris, em um trecho de vegetação secundária de Floresta Estacional Decidual, RS. Para
isso, após o levantamento florístico e fitossociológico, realizado em 1ha de floresta, foi determinado a estrutura
horizontal da comunidade arbórea, sendo selecionado a espécie mais abundante e analisado a amplitude e
variação da densidade absoluta, diâmetro, área basal, altura e volume de madeira. Este último foi utilizado
metodologia do método não destrutivo e assim estimado o quanto de volume a espécie apresentou na área.
Posteriormente, determinou-se a distribuição diamétrica da população pelo método de Spiegel. Todas as análises
foram realizadas no programa estatístico R. Foram amostrados 505 indivíduos arbóreos com DAP médio de
8,17 cm, área basal total 2,90 m².ha-1, altura média 9,7 m e volume total de madeira com casca referente a 18,54
m³. A grande abundância da espécie na área ocorreu pelo seu caráter generalista de estabelecimento,
principalmente, em áreas alteradas, como também, a sua representatividade é ocasionada pelo grande número de
indivíduos de pequenos diâmetros e pertencentes ao estrato intermediário da floresta. Já, pela distribuição
diamétrica foi possível verificar que a população da espécie ocupa todos as classes de DAP como esperado para
uma floresta natural, isto é, considerando a tendência exponencial negativa, indicando que a espécie está se
desenvolvendo de forma positiva no trecho florestal. Sendo assim, Casearia sylvestris é uma importante espécie
para o restabelecimento da composição florística em áreas alteradas, favorecendo a dinâmica e os processos
sucessionais do trecho florestal.
Palavras-chave: atributos morfométricos; levantamento florístico; distribuição diamétrica.
ABSTRACT
The present study was carried out with the objective of evaluating the morphometric and distribution attributes
of the Casearia sylvestris species in a secondary vegetation section of the Decidual Seasonal Forest, RS. For
this, after a floristic and phytosociological survey, conducted in 1 ha of forest, a horizontal structure used for the
non-destructive method and thus estimated how much volume the species presented in the area. Subsequently,
the diameter distribution was determined by the Spiegel model. All analyzes were performed in a statistical
program. There were 505 arboreal individuals with mean DBH of 8,17 cm, total basal area 2,90 m².ha-1, mean
height 9,7 m and total wood volume with bark of 18,54 m³. The great abundance of the species in the area
occurred due to its general character of establishment, mainly in altered areas, as well, is a representation is
caused bythe large number of individuals of small diameters and and belonging to the middle stratum of the
forest.. Already, the diametric distribution was able to verify that the population of the area occupied all classes
of DBH as expected for a natural forest, that is, considering a negative exponential trend, which is a type of
sustainable development in a positive way in the forest. Therefore, Casearia sylvestris is an important species
for the restoration of floristic composition in altered areas, favoring the dynamics and the successional processes
of the forest section
Keywords: morphometric attributes; tree survey; diametrica distribution.

INTRODUÇÃO

As florestas secundárias, nos últimos séculos, formaram um mosaico característico como parte da
fisionomia florestal do estado do Rio Grande do Sul (SCHUMACHER et al., 2011). A intensa abertura de áreas
de floresta para a agricultura e pecuária, bem como a perda de espécies nativas para extração madeireira, hoje
abrange um cenário de questões visando o manejo e conservação dessas áreas como patrimônio de uma
biodiversidade que tende a ser preservada para o desenvolvimento sustentável. Uma floresta bem manejada,
seguindo os preceitos da legislação e respeitando a dimensão de sua territorialidade, atende à demanda de todos
os setores da sociedade desde equilíbrio ecológico, cultivo agrícola e comércio de madeira.

1
Engenheira Florestal. Estudante de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal. Centro de Ciências
Rurais. Universidade Federal de Santa Maria. CEP: 97105-900. Santa Maria. RS. E-mail: franmissio@yahoo.com.br

459
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A questão é a conservação dos poucos remanescentes de floresta nativa ainda no estado, os quais foram
conglomerados com a vegetação secundária, por vezes, formada por uma fisionomia contrastante com a
formação original pelo ingresso de espécies exóticas. Há um grande desafio em conservar e preservar as
florestas do estado sem monitoramento das condições atuais de fragmentação. Por isso que estudos referentes as
condições de estabelecimento das áreas florestais, seus status de resiliência e técnicas de manejo de conservação
são necessárias para possibilitar estratégias que conciliam as demandas do comércio florestal, bem como através
do monitoramento das florestas garantindo sua preservação.
A floresta Estacional Decidual, que acompanha o Rebordo do Planalto Meridional, foi gradativamente
substituída pela agricultura, no entanto, no decorrer dos últimos anos já foi possível verificar diminuição na
substituição dessa floresta devido a mesma, por vezes, estar em áreas mais íngremes, são de difícil acesso,
impróprias para o cultivo agrícola, porém a pecuária ainda pode ser considerada ativa em condições similares
(PEDRON; DALMOLIN, 2011).
Diante deste cenário de florestas secundárias, se faz importante o levantamento e caracterização da
vegetação estabelecida, bem como todos os processos ecossistêmicos que norteiam esse ambiente. Analisar a
composição de espécies arbóreas, principalmente, o desenvolvimento da população de cada permite obter
melhor conhecimento quanto a estrutura e organização. Podendo assim, mensurar a abundância das espécies na
área, sua resiliência, fatores determinantes na composição florística, bem como estimar outros importantes
estimadores de qualidade da floresta como o volume de madeira, a quantidade de biomassa e estoque de
carbono.
A escolha da espécie Casearia sylvestris, para este estudo, além de ser a de maior abundância
amostrada, é considerada como espécie chave para a restauração florestal (CALLEGARO et al., 2017). Além
disso, apresenta importantes propriedades medicinais que a classifica como uma planta medicinal de grande
interesse para a pesquisa farmacêutica (FERREIRA et al., 2016). Nesse sentindo, o pressente trabalho objetivou
analisar os parâmetros morfométricos, suas amplitudes e variações, bem como a distribuição dos indivíduos em
classes diamétricas, para melhor compreender o estabelecimento da espécie no trecho florestal.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo pertence ao banco de dados vinculado ao projeto de doutorado, desenvolvido pela
primeira autora, sendo para este estudo utilizado apenas as características coletadas de Casearya sylvestris. Para
isso a pesquisa foi realizada em uma área de encosta com vegetação secundária de Floresta Estacional Decidual,
nas coordenadas 29°35'29.73"S e 53°21'46.36"W, localizada no município de Dona Francisca, RS (Figura 1).

Figura 1: Localização da área de estudo em vegetação secundária de Floresta Estacional Decidual, Dona
Francisca, RS, 2018.
Figure 1: Location of the study area in secondary vegetation of Decidous Seasonal Forest, Dona Francisca, RS,
2018.

O trecho florestal apresenta aproximadamente 7 ha, de altitude média igual a 171 m, com declividade
máxima observada de 48 % e mínima de 10,5 %. O mesmo apresenta uma heterogeneidade ambiental
representada por pequenos cursos d’água e nascentes, relevo ondulado a forte ondulado (SANTOS et al., 2013),
bem como solos característicos da região como Argissolos e Cambissolos associados a Neossolos (PEDRON;
DALMOLIN, 2011).
Para a caracterização da vegetação arbórea foram instaladas 50 parcelas, de dimensões 10x20 m, em 10
faixas paralelas em direção base ao topo da encosta. As parcelas distanciaram-se 10 m entre si e 40 m entre
faixas, amostrando 1ha florestal. Em cada parcela foram amostrados os indivíduos arbóreos com CAP

460
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
(circunferência à altura do peito, medido a 1,30 m do solo) maior ou igual a 15,7 cm e a altura foi estimada com
uma regra graduada em metros.
Foi determinada a estrutura horizontal da comunidade arbórea pelo cálculo dos estimadores clássicos da
fitossociologia: densidade absoluta, densidade relativa, dominância absoluta, dominância relativa, frequência
absoluta, frequência relativa e valor de importância relativo (MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974). A
partir de então, selecionou-se a espécie mais abundante para a análise dos parâmetros morfométricos: densidade
absoluta, diâmetro, área basal, altura e calculou-se para as árvores individuais o volume total com casca (VTCC
em m³), pelo método não destrutivo, seguindo metodologia de CETEC (1995). Após, foi determinada a estrutura
diamétrica, por classes de DAP, utilizando o método de Spiegel. Todas as análises foram realizadas utilizando
programa estatístico R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2018)

RESULTADO E DISCUSSÃO

Os parâmetros analisados e suas variações podem ser verificados na Tabela 1. A amostragem de toda a
área, ou seja, em 1 ha, identificou-se 2.045 indivíduos arbóreos, sendo 505 pertencentes a espécie Casearia
sylvestris, os quais representaram 24,70 % da amostragem arbórea. A média de DAP (diâmetro a altura do peito,
medido a 1,30m do solo) observada foi igual a 8,17 cm, sendo o menor indivíduo amostrado com 5 cm e o
maior com 19 cm. Dessa variação de DAP, representada pelo desvio padrão, dado pelo crescimento da espécie,
a população apresentou baixa variação em área basal, referente a 2,90 m².ha -1. A altura média, por sua vez,
correspondeu a 9,7 m com indivíduos de 3 a 18 m, correspondendo a segunda variação de dados pelo desvio
padrão. E o volume total de madeira da espécie no trecho florestal foi de 18,54 m³. Considerando
conjuntamente com os outros atributos morfométricos, o volume da espécie não tenderia a apresentar valores
diferentes, dada a estrutura populacional na comunidade arbórea.
Callegaro et al. (2018), também observaram para a espécie baixos valores em DAP e altura, 9,9 cm e 6,7
m, na mesma tipologia de vegetação Decidual. Schorn et al. (2014), analisaram as espécies mais importantes do
componente arbóreo em Floresta Estacional Decidual em Santa Catarina, verificando para Casearia sylvestris
valor inferior em área basal (0,3 m². ha-1) e Callegaro et al. (2017) com valor de 0,54 m ².ha-1. Já Longhi et al.
(1999), também observaram valor aproximado ao atributo morfométrico que representou 2,15 m².ha -1.
De uma maneira geral, a elevada abundância de indivíduos com baixos valores em DAP e áreas basais é
característica da espécie (LONGHI et al., 2000), uma vez que a mesma atribui-se a uma composição de elevada
população ocupando o estrato intermediário da comunidade arbórea com alta densidade e frequência.

TABELA 1: Parâmetros morfométricos e suas amplitudes e variações para a espécie Casearia sylvestris, em um
trecho de Floresta Estacional Decidual, Dona Francisca, RS, 2018.
TABLE 1: Morphometric parameters and their amplitudes and variations for Casearia sylvestris, in a section of
Seasonal Deciduous Forest, Dona Francisca, RS, 2018.
PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS AMPLITUDE E VARIAÇÃO
- Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
DA (N/HA) * 1 505 - -
DAP (CM) 5 19 8,17 2,5512
AB (CM².HA ) *-1
0,0019 0,0287 0,0057 0,0040
H (M) 3 18 9,7 1,8175
VTCC (M³) * 0, 0063 0,2491 0,0367 0,0300
Em que: DA= número de indivíduos/ha; AB= área basal/há; DAP= diâmetro a altura do peito, medido a
1,30m; H= altura; VTCC= volume total com casca. *DR=24,70%; *Área basal total= 2,90 m².ha -1; *VTCC=
18,54 m³

Considerando a distribuição diamétrica a qual apresentou o comportamento esperado para a população


de Casearia sylvestris, com tendência a curva exponencial negativa (Figura 2), remete-se ao estágio
intermediário de formação estrutural da população na comunidade arbórea, com maior concentração de
indivíduos nas classes mais jovens e consecutiva diminuição para as classes subsequentes. A tendência de J-
invertido é esperada para toda a comunidade arbórea, uma vez que se faz característica de florestas naturais
(HIGUCHI et al., 2013).

461
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
250

Número de indivíduos
200
141 138
150

100 89
60
50 39
16 9 8 3 2
0

Classe diamétrica (cm)


FIGURA 2: Distribuição entre classes de DAP da espécie Casearia sylvestris, em um trecho de vegetação
secundária, Dona Francisca, RS, 2018.
FIGURE 2: Distribution between DAP classes of the Casearia sylvestris species, of secondary vegetation,
Dona Francisca, RS, 2018.

A ocorrência da espécie Casearia sylvestris, como a mais abundante no trecho florestal, reflete na sua
capacidade de colonizar áreas fragmentadas, sendo importante para a recomposição da vegetação florestal
(MARCUZZO; ARAUJO; LONGHI, 2013; CALLEGARO; ARAUJO; LONGHI, 2014). Suas características
analisadas indicam o potencial de resiliência e capacidade de autoregeneração. Ainda, a mesma de ampla
distribuição pelo estado é encontrada, principalmente, em áreas de floresta secundária, considerada geralmente,
não seletiva as exigências ambientais, isto é, uma espécie generalista (OLIVEIRA FILHO; RATTER, 2000).

CONCLUSÃO

Verificou-se que Casearia sylvestris, por apresentar elevado número de indivíduos e ampla distribuição
no trecho florestal, apresentou-se como a mais abundante. Ainda, a mesma apresenta uma população com
pequenos diâmetros, distribuídos de forma uniforme na comunidade arbórea, demonstrando que o
desenvolvimento da espécie ocorre de forma natural.

AGRADECIMENTOS

À CAPES, pela concessão da bolsa de doutorado ao primeiro autor.

REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
HIGUCHI, P. et al. Florística e estrutura do componente arbóreo e análise ambiental de um fragmento de
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463
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
PREDIÇÃO DA ALTURA DE ÁRVORES DE Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze EM FLORESTA
NATIVA UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

PREDICTION OF TREE HEIGHT OF Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze IN NATIVE FOREST USING
ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS

Luís Paulo Baldissera Schorr1 André Felipe Hess Ana Cláudia da Silveira Kemely Alves Atanazio
Tarik Cuchi Giselli Castilho Moraes

RESUMO

Tendo em vista a importância da altura das árvores para o planejamento florestal e a análise da utilização das
redes neurais artificiais para a predição da altura de árvores em florestas nativas, este trabalho teve como
objetivo verificar a precisão da predição da altura de árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em um
remanescente de floresta no município de Lages/SC. Para tanto, foram mensurados o diâmetro a altura do peito
e a altura de todas as árvores da espécie a partir de 10 cm de diâmetro, em 25 parcelas de 400 m2, instaladas em
uma área de floresta nativa de 84 hectares. A modelagem se deu pela análise de 100 redes Multilayer
Perceptron, utilizando treinamento Resilient Propagation (RPROP+) com função de ativação sigmoidal. Para a
escolha da melhor rede, utilizou-se a correlação entre os valores observados e estimados, a raiz quadrada do erro
médio e a análise gráfica dos resíduos. Os resultados demonstraram elevada precisão das estimativas,
explicando 82% dos dados validados, o que indica que as RNAs podem ser utilizadas para predição da altura de
árvores da espécie em floresta nativa, facilitando e viabilizando as práticas de inventário florestal para um
melhor gerenciamento florestal.
Palavras-chave: inventário floresta; inteligência artificial; mensuração.

ABSTRACT

Considering the importance of tree height for forest planning and the analysis of the use of artificial neural
networks to predict the height of trees in native forests, this work had as objective to verify the accuracy of the
prediction of the height of trees of Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze in a forest remnant in the
municipality of Lages/SC. For that, the diameter at breast height and the height of all trees of this species from
10 cm in diameter were measured in 25 plots of 400 m2 that wew installed in an area of native forest of 84
hectares. The modeling was done by the analysis of 100 Multilayer Perceptron networks, using Resilient
Propagation (RPROP+) training with sigmoidal activation function. For the selection of the best network, the
correlation between the observed and estimated values, the square root of the mean error and the graphic
analysis of the residues were used. The results showed a high accuracy of the estimates, explaining 82% of the
validated data, which indicates that the ANNs can be used to predict the height of trees of the native forest,
facilitating and making feasible the forest inventory practices for a better forest management.
Keywords: forest inventory; artificial intelligence; measurement.

INTRODUÇÃO

A altura das árvores se mostra como uma importante variável a ser mensurada no inventário florestal,
uma vez que a mesma é utilizada para diversos fins. Por exemplo, esta variável pode ser utilizada para
classificação de produção, estimativa de volumes individuais e análise de operações silviculturais como os
desbastes (WEBER et al., 2013; BINOTI et al., 2013).
Contudo, sua mensuração se mostra onerosa e difícil, exigindo tempo, mão de obra e recursos.
Buscando facilitar as práticas de inventário florestal diversas técnicas vêm sendo utilizadas para predizer a
altura das árvores em povoamento florestais (MENDONÇA et al., 2015).
Dentre as técnicas que podem gerar estimativas para a altura, destacam-se as Redes Neurais Artificiais
(RNAs), as quais são sistemas computacionais de inteligência artificial que funcionam como neurônios
humanos e têm a capacidade de realizar várias combinações para realizar tais estimativas (BINOTI et al., 2013).

1
Eng. Florestal, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade do Estado de Santa
Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias – CAV/UDESC. Av. Luís de Camões, 2090, Conta Dinheiro, 88520-000,
Lages, SC, Brasil. E-mail: luispaulo_schorr@hotmail.com

464
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Mesmo que esta técnica seja considerada como um tema recente, a mesma se mostra muito promissora para
pesquisas nos mais variados ramos (SILVA et al., 2010).
Diversos trabalhos vêm sendo realizados utilizando as RNAs para a predição de variáveis
dendrométricas (SILVA et al., 2016; VENDRUSCOLO et al., 2015; BINOTI et al. 2014; BINOTI et al., 2013).
Todavia, ainda são escassos os trabalhos que utilizam esta técnica em florestas nativas. Além disso, quando se
estuda florestas nativas a altura tem outras importâncias, como os ecológicos e a fins de manejo,
fortalecendo a compreensão da estrutura vertical, evidenciando quais espécies tem maior importância
(SILVA et al., 2012).
Tendo em vista a importância da altura na execução de inventários florestais aliada a necessidade de
identificar técnicas precisas que podem ser aplicadas no gerenciamento de florestas nativas, este trabalho buscou
testar a hipótese de que as RNAs podem ser aplicadas para estimativas de altura de florestas nativas. Diante
disso, o objetivo deste trabalho foi verificar a precisão da predição da altura de árvores de Araucaria
angustifolia (Bertol) Kuntze localizadas em floresta nativa no município de Lages/SC por meio da técnica de
redes neurais artificiais.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
A área em que este foi conduzido é caracterizada como um remanescente de Floresta Ombrófila Mista
(FOM), o qual apresenta predominância de Araucaria angustifolia e área total de 84 ha, localizado sob
coordenadas 27°49’27”S e 50°06’26”O, município de Lages, Santa Catarina, Brasil.
De acordo com a classificação de Köeppen, o clima é classificação mesotérmico úmido com verões
brandos (Cfb). O município situa-se em uma altitude de 987 m, apresentando variação da temperatura anual
média entre 13,8°C e 15,8°C e precipitação pluviométrica média anual variando de 1360 mm a 1600 mm
(EPAGRI, 2002).

Coleta de dados
A coleta de dados se deu em 25 parcelas retangulares de área fixa (400 m2), distribuídas
sistematicamente na área, sendo que a distribuição considerou uma distância entre linhas de 100 m e entre
parcelas de 50 m (Figura 1). Em cada uma das unidades amostrais, identificou-se todas as árvores de Araucaria
angustifolia (Bertol.) Kuntze com diâmetro à altura do peito (dap) maior ou igual a 10 cm. Cada árvore
amostrada foi mensurada quanto ao dap e altura total (ht), sendo utilizado para este processo utilizou-se suta e
hipsômetro Trupulse, respectivamente.

FIGURA 1: Distribuição das parcelas na área de estudo.


FIGURE 1: Distribution of plots in the study area.

465
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Processamento dos dados
Após a mensuração, os dados foram processados no programa Neuro 4.0, onde subdividiu-se os dados
em 70% para treinamento e 30% para validação. Foram treinadas 100 redes neurais artificiais (RNAs) do tipo
Multilayer Perceptron, que são redes de múltiplas camadas. A camada de entrada utilizou os valores de dap,
enquanto a camada intermediária possuiu 6 neurônios, já a camada de saída indicou o resultado ht, ou seja, com
isso treinou-se redes de arquitetura 1-6-1.
O treinamento aplicado foi o Resilient Propagation (RPROP+) com função de ativação sigmoidal. O
treinamento foi finalizado quando atingido um dos critérios de parada, os quais foram o número total de ciclos
igual à 3.000 ou erro quadrático médio inferior a 0,01. A seleção da melhor RNA se deu na avaliação da análise
gráfica de resíduos, e nos valores dos parâmetros estatísticos da correlação entre os valores observados e
estimados (rhĥ) (Equação 1) e da raiz quadrada do erro médio (RQEM) (Equação 2).

𝑐𝑜𝑣 (𝑦𝑖,ŷ𝑖)
rhĥ = (1)
√𝑆 2 (𝑦𝑖) 𝑆²(ŷ𝑖)

em que: yi= valor observado; ŷi= valor estimado.

100 (𝑦𝑖−ŷ𝑖)²
RQEM% = √∑𝑛𝑖=1 (2)
ȳ 𝑛

em que: ȳ=média dos valores observados; yi= valor observado; ŷi= valor estimado; n= número total de
observações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram amostradas 330 árvores na área, as quais tiveram diâmetro a altura do peito variando entre 10,15
a 78,49 cm, sendo a média de 29,06 cm. Já para a variável altura, foram observados valores variando de 6,4 a
26,5 m, tendo como média 16,24 m. A Figura 2, apresenta o gráfico das variáveis dendrométricas avaliadas
neste estudo.

FIGURA 2: Gráfico boxplot para as variáveis diâmetro a altura do peito (dap) e altura total (ht) para árvores de
Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC.
FIGURE 2: Boxplot graph for the variables diameter of chest height (dap) and total height (ht) for Araucaria
angustifolia (Bertol) Kuntze trees in native forest located in Lages / SC.

A modelagem da altura das árvores em função do diâmetro, por meio da técnica das RNA’s se mostrou
precisa, explicando 82% dos dados validados. Deve salientar, os satisfatórios resultados obtidos, em vista dos
elevados valores de correlação, bem como, baixo valores de erro, conforme apresentado na Tabela 1.

466
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Estatísticas de qualidade da predição da altura total (ht) em função do diâmetro à altura do peito
(dap) de árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC por meio
de RNAs.
TABLE 1: Statistics of the quality of the total height prediction (ht) as a function of the diameter at the breast
height (dap) of Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze trees in native forest located in Lages / SC by ANNs.
Processamento rhĥ RQEM%
RNA Treino 0.754 2.833
Validação 0.828 2.358
Em que: rhĥ = correlação entre os valores observados e estimados; RQEM% = da raiz quadrada do erro médio.

Quando considerado a análise dos resíduos (Figura 3) verificou-se que os dados apresentaram baixos
vieses em superestimar ou subestimar os dados, uma vez que os resíduos se aproximaram das menores classes
de erros, resultado que é esperado quando tem-se uma alta precisão das estimativas.

FIGURA 3: Análise gráfica dos resíduos da predição da altura total (ht) em função do diâmetro à altura do peito
(dap) de árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC por meio
de RNAs.
FIGURE 3: Graphical analysis of the residuals of predicted total height (ht) as a function of the diameter at the
chest height (dap) of Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze trees in native forest located in Lages / SC by
ANNs.

Os resultados satisfatórios aqui encontrados corroboram com o estudo de Silveira et al., (2018), os quais
evidenciaram boas estimativas para a altura de árvores de louro pardo (Cordia trichotoma) em área de floresta
nativa e pastagens no município de Salto do Lontra, Paraná.
Esta eficiência da modelagem de RNAs para a estimativa da altura de árvores em floresta nativa se
mostra importante, uma vez que a altura é utilizada como indicativos de incremento e produção, sendo esta
variável importante para o cálculo do volume das áreas. Portanto, esta alta precisão é imprescindível para o bom
gerenciamento das florestas nativas.
A comprovação da possibilidade da utilização das RNAs, tendo em vista sua alta precisão é de extrema
importância, pois quando estima-se variáveis, deseja-se que os dados sejam o mais próximo dos reais e portanto,
menores erros em superestimações e subestimações que induzam a futuros problemas para os gestores florestais.
Além disso, podemos destacar que o tempo gasto com o processamento das RNAs é menor quando comparado
com o ajuste de modelos de regressão, evidenciando assim a redução dos custos de processamento.

CONCLUSÃO

Este trabalho demonstrou a eficiência da técnica de redes neurais artificiais na predição da altura total de
árvores de Araucaria angustifolia em floresta nativa, podendo sugerir a utilização da técnica para estimar a

467
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
variável, facilitando e viabilizando as práticas de inventário florestal para o bom gerenciamento das áreas de
floresta inequiâneas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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468
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
PROGNOSE DA ALTURA TOTAL DE PARICÁ POR MEIO DE REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

PROGNOSIS OF PARICA TOTAL HEIGHT THROUGH ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS

Ernandes Macedo da Cunha Neto1 Juliane dos Santos Andrade Jade Cristynne Franco Bezerra
Jorge Luiz Freitas Cruz Marcio Roberto da Silva Melo

RESUMO

O paricá vem ganhando espaço nos reflorestamentos do estado do Pará, por ser uma espécie nativa da Amazônia
e reunir boas características silviculturais. Com o aumento da intensidade do uso e manejo dessa espécie, faz-se
necessário reduzir custo e tempo no inventario florestal. Geralmente são mensuradas apenas algumas árvores, de
modo que as demais alturas são estimadas através de modelos hipsométricos ou Redes Neurais Artificiais
(RNA). Diante disso, objetivou-se com este estudo definir configurações apropriadas de RNA para estimar a
altura total de árvores de paricá utilizando a variável qualitativa idade. O estudo foi realizado na Fazenda Pingo
de Ouro, no município de Ulianópolis-PA. Nesta área foi adquirido um banco de dados de três inventários
florestais aplicados em um povoamento de Paricá nos anos de 2015, 2016 e 2017. As RNA foram treinadas no
software Neuro 4.0.6, no qual se dividiu os dados em 70% para treinamento das RNA e 30% para validação
destas. Foram treinadas 120 redes com diferentes configurações, arquiteturas e funções de ativação. Ao término
do treinamento, utilizou-se a metodologia de valor ponderado para definir as 5 melhores RNA. As redes 63, 90,
68, 4 e 113 foram as selecionadas e se mostraram satisfatórias para estimar a altura total dos indivíduos de
Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby no município de Ulianópolis – PA
utilizando a variável categórica idade, de modo que a rede 63 com arquitetura 3-7-1 e função de ativação
sigmoidal foi superior as demais devido sua excelente dispersão residual e baixo valor ponderado.
Palavras-chave: Amazônia; Idade; Inventario Florestal; Sigmoidal.

ABSTRACT

The paricá has been growing in the state of Pará because it is a species native to the Amazon and has good
silvicultural characteristics. With the increase in the use and management of this species, it is necessary to
reduce cost and time in the forest inventory. Generally only a few trees are measured, so that the other heights
are estimated through hypsometric models or Artificial Neural Networks (RNA). Therefore, the objective of this
study was to define appropriate RNA configurations to estimate the total height of paricá trees using the
qualitative age variable. The study was made at the Fazenda Pingo de Ouro, located in the municipality of
Ulianópolis-PA. In this area a database of three continuous forest inventories was obtained from a Paricá
settlement in the years 2015, 2016 and 2017. RNA was trained in the Neuro software 4.0.6, in which the data
were divided into 70% for RNA training and 30% for validation. 120 networks were trained with different
configurations, architectures and activation functions. At the end of the training, we used the weighted value
methodology to define the 5 best RNAs. Nets 63, 90, 68, 4 and 113 were selected and were satisfactory for
estimating the total height of the individuals of Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke)
Barneby in the municipality of Ulianópolis - PA using the categorical age variable, so that the network 63 with
architecture 3-7-1 and sigmoidal activation function was superior to the others due to its excellent residual
dispersion and low weighted value.
Keywords: Amazon, Age, Forest Inventory, Sigmoidal.

INTRODUÇÃO

Na Amazônia, a abertura de rodovias e a expansão da fronteira agrícola impulsionaram o consumo


desenfreado de madeira na região, gerando diversos danos ambientais, tais como a extinção de espécies da fauna
e da flora, aumento do efeito estufa e assoreamento dos rios e nascentes (HOMMA, 2011). Nesse contexto, o
reflorestamento possui o papel de mitigar a pressão nas florestas nativas, pois este é uma fonte de madeira
alternativa, além disso, o reflorestamento permite a recuperação de áreas degradadas, bem como gera créditos de
carbono (ALMEIDA et al., 2011).

Discente da Universidade Federal Rural da Amazônia, Nova Conquista, PA 256, s/n CEP 68627-451, Paragominas (PA),
1

Brasil. E-mail: netomacedo9@hotmail.com

469
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Atualmente, existem 10 milhões de hectares de reflorestamentos no Brasil, com vistas no fornecimento
de papel e celulose, destes 201.714 ha estão localizados no estado do Pará, sendo que 63% dessa área
reflorestada estão nos municípios de Paragominas, Dom Eliseu e Ulianópolis (IBGE, 2016). Diversas espécies
são utilizadas no estado com fins de reflorestamento, dentre elas destacam-se o eucalipto (Eucalyptus spp.), a
seringueira (Hevea brasiliensis) e o Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby,
popularmente conhecido como paricá (PEREIRA et al., 2010).
De acordo com Ohashi et al.(2010) e Cordeiro et al.(2015) o paricá vem ganhando espaço no estado do
Pará por ser uma espécie nativa da Amazônia, bem como por reunir boas características silviculturais, tais como
rápido crescimento, boa interação com as condições edafoclimáticas dos mais diversos sítios e uso generalizado
de sua madeira, abastecendo diversos mercados no setor florestal, principalmente na industria de laminados e
compensados.
Diante desse cenário, o aumento da intensidade do uso e manejo dessa espécie, faz-se necessário
controlar o estoque de madeira desses reflorestamentos para que sejam definidos os planos de manejo e a análise
econômica do empreendimento (SCHRÖDER; PEREIRA; HOFIÇO, 2013). Para tanto são realizados
inventários florestais periódicos, denominado de inventário florestal contínuo. Geralmente neste modelo de
inventário duas variáveis são coletadas: diâmetro a 1,30 metros do solo (DAP) e altura da árvore. Contudo,
devido altura ser uma medida indireta, esta fica sujeita a erros, além de que a aquisição dessa variável,
geralmente, demanda um tempo maior em relação à obtenção do diâmetro, tornando dispendioso esse processo
(THIERSCH et al., 2013).
Dessa forma, com vistas de reduzir custos e tempo, geralmente são mensuradas apenas algumas árvores
no inventário, de modo que as demais alturas são estimadas através de modelos hipsométricos e ou Redes
Neurais Artificiais (RNA). No entanto, devido à alta variação das alturas para uma mesma classe de diâmetro, a
relação hipsométrica não é muito forte, logo a inserção de variáveis qualitativas nos modelos hipsométricos é
uma alternativa para obter estimativas mais acuradas em relação à realidade (MARTINS et al., 2016).
Segundo Binoti (2010) as RNA são sistemas de computador paralelos formados por unidades menores
de processamento, conhecidas como neurônios artificiais, interligados entre si de forma peculiar para exercer
determinado fim. Além disso, Martins et al.(2016) afirmam que a superioridade das RNA em relação aos
modelos de regressão está relacionado ao fato de que as RNA são capazes de detectar relações não lineares entre
a variável de saída e as variáveis de entrada no processo de aprendizagem, bem como a eficácia no uso de
variáveis qualitativas. Diante disso, objetivou-se com este estudo definir configurações apropriadas de RNA
para estimar a altura total de árvores de paricá utilizando a variável qualitativa idade.

MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi realizado na Fazenda Pingo de Ouro, localizada no município de Ulianópolis, estado do
Pará, cujo ponto central está entre as coordenadas: Latitude 03º51'12,86"S e Longitude 47º44'45,21" O.
Segundo a classificação de Köppen, a região possui o clima do tipo “Am”, com temperatura anual média de
36ºC e pluviosidade média anual em torno de 2.250 a 2500 mm. (ALVARES et al., 2013).
Nesta área foi adquirido um banco de dados de três inventários florestais contínuos (IFC) aplicados em
um povoamento de Paricá nos anos de 2015, 2016 e 2017. Para tanto, foram mensurados nove talhões, com
espaçamento de 3 m × 3 m entre os indivíduos. As árvores foram medidas em de 16 parcelas distribuídas
aleatoriamente. Essas parcelas possuíam 441 m² de área, sendo medidos os diâmetros a 1,3 m de altura do solo
(DAP) e a altura total (Ht) de todas as árvores presentes na parcela.
Os dados foram sistematizados no software Microsoft Office Excel versão 2013, posteriormente as RNA
foram treinadas no software Neuro 4.0.6, no qual se dividiu os dados em 70% para treinamento das RNA e 30%
para validação destas. Utilizou-se DAP e Fator 1 (DAP/Ht) como variável de entrada quantitativa e idade como
variável de entrada qualitativa. A altura estimada dos indivíduos foi a variável de saída. As RNA foram do tipo
Multilayer Perceptron (MLP) com o algoritmo de aprendizado Resilient Propagation RPROP+. Utilizou-se este
tipo de rede e algoritmo, devido este apresentar um bom desempenho quando aplicado às ciências florestais
(MARTINS et al., 2016). Dessa forma, 120 redes com diferentes configurações, arquiteturas e funções de
ativação foram treinadas (Tabela 1).

470
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 1: Configurações e arquitetura das 120 RNA treinadas na prognose da altura total dos índivíduos de
paricá, no município de Ulianópólis – PA.
TABLE 1: Configurations and architecture of the 120 RNAs trained in the prognosis of the total height of paricá
individuals, in the municipality of Ulianópólis – PA.
RNA CE CO CS FA na CO e CS
1 a 10 3 3 1 Sigmoidal
11 a 20 3 3 1 Tangente Hiperbólica
21 a 30 3 4 1 Sigmoidal
31 a 40 3 4 1 Tangente Hiperbólica
41 a 50 3 5 1 Sigmoidal
51 a 60 3 5 1 Tangente Hiperbólica
61 a 70 3 6 1 Sigmoidal
71 a 80 3 6 1 Tangente Hiperbólica
81 a 90 3 7 1 Sigmoidal
91 a 100 3 7 1 Tangente Hiperbólica
101 a 110 3 8 1 Sigmoidal
111 a 120 3 8 1 Tangente Hiperbólica
Em que: RNA = Redes neurais artificiais; CE = camada de entrada; CO = camada oculta; CS = camada de
saída; FA = Função de ativação da rede.

O julgamento das RNA foi realizado com base em cinco medidas de precisão do ajustamento: bias (bk),
raiz quadrada do erro médio (RQME), variância (s²), soma do quadrado dos resíduos (SQR), coeficiente de
correlação múltipla (rHĤ ) entre as alturas observadas e estimadas, obtidas pelas equações:
Σni=1 (H
̂ i - Hi ) 100 ∑ni=1 (Hi -H
̂ i )² n ̅ )²
2 Σi=1 (Hi - H ̂)
cov(H,H
bk = ; RQME = ̅
√ ; s = ; SQR = SQT – SQTr; rHĤ =
n H n n-1 ̂)
√s2 (H)s²(H
Em que: Σni=1
= somatório; Hi = altura observada; Ĥ i = altura prevista; n = número de amostras; H
̅ =
média das alturas; SQR = soma do quadrado dos resíduos; SQT = soma dos quadrados total; SQTR = soma dos
quadrados do tratamento; cov = covariância.
Ao término do treinamento, utilizou-se a metodologia de Thaines et al.(2010), na qual atribui-se peso
para cada medida de precisão do ajustamento, de modo que ao final desse processo é gerado um ranking e as
cinco RNA com menor soma dos valores ponderados serão definidas como as melhores RNA, sendo que a
análise gráfica dos resíduos determinará a RNA que estimou a Ht dos indivíduos de Paricá sem tendenciosidade.
Posteriormente, foi realizado o teste não paramétrico Qui-quadrado (χ²), através da formula:
2
Σni=1 (Hi-H
̂ i)
χ²= ̂i
H
Este teste foi utilizado com o intuito de comparar as alturas reais e as alturas estimadas pela RNA, no
qual se testou as hipóteses: H0: as alturas estimadas são estatisticamente iguais às alturas reais; e H1: as alturas
estimadas são estatisticamente diferentes das alturas reais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base no valor ponderado, foram selecionadas as redes 63, 90, 68, 4 e 113, sendo que destas, apenas
a RNA 113 possui função de ativação do tipo Tangente hiperbólica, enquanto que as demais possuem função de
ativação do tipo sigmoidal. De acordo com Binoti (2010), a função de ativação sigmoidal é uma das mais
comuns na construção das RNA, corroborando com os resultados encontrados neste estudo.
Em relação à arquitetura das RNA, nota-se que as RNA com maior número de neurônios na camada
ocultam foram superiores, com exceção da RNA 3, ratificando com os resultados encontrados por Martins et
al.(2016), em seu estudo de configurações de redes neurais artificiais para estimação da altura total de árvores
de eucalipto, no qual os autores afirma que as configurações simples de RNA são mais adequadas em relação a
configurações mais complexas, pois um demasiado número de neurônios poderá levar a rede a extrapolar os
dados forma ruim. Além disso, Martins et al.(2016) ainda ressaltam que o algoritmo Resilient Propagation
possui um bom desempenho com no mínimo 3 e no máximo 8 neurônios na camada oculta, o que corresponde
aos dados encontrados nesse trabalho.

471
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Quanto às medidas de dispersão bk, RQME e SQR, pode-se inferir que as redes apresentaram valores
baixos, evidenciando que não houve grandes variações entre as alturas estimadas e observadas, comprovando o
bom desempenhos das RNA na prognose desta variável (Tabela 2).

TABELA 2: Medidas de precisão e arquitetura das cinco melhores redes a partir do seu valor ponderado.
TABLE 2: Precision and architecture measurements of the five best networks from their weighted value.
rHĤ
RNA Arquitetura BIAS RQME (%) s² SQR VP
Treino Validação
63 3-6-1 0,00007 4,77 0,0023 3,4922 0,99990 0,99981 16
90 3-7-1 -0,00035 3,96 0,0016 2,4091 0,99993 0,99985 23
68 3-6-1 0,00124 3,82 0,0015 2,2485 0,99994 0,99985 36
4 3-3-1 -0,00010 6,18 0,0038 5,8811 0,99983 0,99967 45
113 3-8-1 -0,00119 5,61 0,0032 4,8469 0,99986 0,99938 47
Em que: RNA = redes neurais artificiais; RQME (%) = raiz quadrada do erro médio; s² = variância; SQR =
soma do quadrado dos resíduos; rHĤ = coeficiente de correlação múltipla; VP = valor ponderado.

Binoti, Binoti e Leite (2013) aplicando as RNA estimar a altura de povoamentos equiâneos de eucalipto,
também encontraram valores do RQME inferiores a 5%, de modo que somente a RNA 4 contradiz essa
assertiva. No entanto, Vendruscolo et al.(2015) encontraram RNA com RQME com valores superiores a 9% e
as consideraram eficientes na estimativa da altura de indivíduos de eucalipto.
O coeficiente de correlação múltipla apresentou valores elevados para todas as RNA (rHĤ >0,99),
resultados semelhantes foram encontrados por Binoti, Binoti e Leite (2013), Vendruscolo et al.(2015) e
Vendruscolo et al.(2017). Segundo Campos; Leite (2006) é comum que a correlação dos modelos hipsométricos
não ultrapasse 0,80, sendo que esse comportamento ocorre devido à correlação altura/diâmetro não ser tão forte
quanto à relação altura/volume, no entanto, as RNA selecionadas para este estudo contradisseram essa assertiva,
denotando a superioridade das RNA em relação aos modelos hipsométricos.
Charnet et al.(2008) e Rufino et al.(2010) afirmam que a precisão do ajuste e os resíduos estão
intimamente ligados, de modo que a analise gráfica dos resíduos é imprescindível para averiguar a qualidade
dos ajustamento, pois julga a heterogeneidade de variâncias, a independência de erros e a presença de outliers,
além da detecção de tendenciosidade na estimativa da variável, ou seja, se os pontos estão dispersos, deste modo
é um fator determinante na avaliação da qualidade das estimações. Dessa forma, a análise gráfica dos resíduos
das RNA mostrou que não houve tendenciosidade na estimativa da altura de paricá, de modo que se destaca a
RNA 63 por apresentar melhor homocedasticidade entre os dados (Figura 1).
Gorgens et al.(2014) e Castro et al.(2013) também conseguiram apropriada dispersão dos resíduos ao
longo da reta média utilizando RNA e ressaltaram que valores próximos de zero são apresentados por redes que
demonstram capacidade de estimar variáveis de interesse com acurácia.
O teste não paramétrico Qui-quadrado (p-value 0,05) foi não significativo, logo, as alturas estimadas
pelas RNA são estatisticamente iguais as alturas mensuradas no inventário florestal. As médias dessas duas
alturas comprovam o quão eficaz foi a RNA 63 (Tabela 3).

TABELA 3: Resultado do teste não paramétrico Qui-quadrado.


TABLE 3: Result of non-parametric Chi-square test.
̅ Ht observada (m) X ̅ Ht estimada (m) X² X² X² de
X Significância
Calculado Tabelado Significação
12,4192 12,4187 0,21 685,32 1 NS
̅̅̅= média; Ht = altura e X² = Qui-quadrado
Em que: X

472
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA1: Gráfico de dispersão dos resíduos para a estimativa da altura de paricá, no município de
Ulianópolis –PA.
FIGURE 1: Scatter plot of the residuals for the estimation of paricá height, in the municipality of
Ulianópolis –PA.

CONCLUSÃO

AS RNA foram satisfatórias para estimar a altura total dos indivíduos de Schizolobium parahyba var.
amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby no município de Ulianópolis – PA utilizando a variável categórica
idade, de modo que a rede 63 com arquitetura 3-7-1 e função de ativação sigmoidal foi superior as demais
devido sua excelente dispersão residual e baixo valor ponderado.

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474
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
PROGNOSE DO CRESCIMENTO DE Pinus elliottii VISANDO PRODUÇÃO DE RESINA PARA
DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS

PROGNOSIS OF THE GROWTH OF Pinus elliottii VISUALIZING RESIN PRODUCTION FOR


DIFFERENT POPULATION DENSITIES

Maycon Thuan Saturnino da Silva1 Philipe Ricardo Casemiro Soares Marcos Felipe Nicoletti
Thiago Floriani Stepka Lisandra Maria Alves Matos Mirella Basileu de Oliveira Lima

RESUMO

Devido a implantação de grandes maciços florestais do gênero Pinus e o incremento acentuado da atividade de
resinagem, o Brasil tem demonstrado ao longo dos anos uma tendência positiva na produção de resina. Desta
maneira, este estudo teve como objetivo modelar e prognosticar o crescimento de Pinus elliottii levando em
consideração taxas da influência da resinagem no crescimento da madeira para diferentes densidades
populacionais. Os dados básicos para este trabalho foram coletados em um povoamento de Pinus elliottii Eng.
var elliottii com área total de 4 hectares, situado no município de Balneário Pinhal, RS. Os 4 hectares foram
divididos em duas áreas igualitárias, de acordo com a densidade populacional e as intervenções silviculturais. A
técnica de análise de tronco completa foi utilizada para reconstituição do crescimento e realização de projeções
futuras em 30 árvores representativas de cada área. Foram ajustados 3 modelos biológicos para estimar o
incremento em diâmetro, altura e volume em função da idade. Para prognose aplicou-se a taxa de influência da
resinagem no crescimento da madeira encontrada na literatura. Os resultados demonstraram que os ajustes dos
modelos de crescimento em função da idade, apresentaram estatísticas diferentes. O melhor desempenho para
todas as variáveis (DAP, altura e volume) para ambas as áreas foi o modelo de Chapman – Richards. Por meio
do modelo selecionado determinou-se a projeção das variáveis para a Área 1 e Área 2 para a situação de árvores
resinadas e árvores não resinadas. Observou-se que as curvas de crescimento de todas as variáveis são
semelhantes para as duas situações (Área 1 e 2) até o décimo primeiro ano, a partir dessa idade, é notável a
influência no crescimento causado pelo início da técnica de resinagem para as variáveis apresentadas.
Palavras-chave: análise de tronco; modelagem; simulação.

ABSTRACT

Due to the implantation of large forest masses of the genus Pinus and the sharp increase of the resin activity,
Brazil has shown over the years a positive trend in resin production. In this way, this study had as objective to
model and to predict the growth of Pinus elliottii taking into account rates of the influence of the resin in the
growth of the wood for different population densities. The basic data for this work were collected in a stand of
Pinus elliottii Eng. var elliottii with a total area of 4 hectares, located in the municipality of Balneário Pinhal,
RS. The 4 hectares were divided into two equal areas, according to population density and silvicultural
interventions. The technique of full trunk analysis was used to reconstitute the growth and to carry out future
projections in 30 representative trees of each area. Three biological models were adjusted to estimate the
increase in diameter, height and volume as a function of age. For the prognosis the rate of influence of the resin
in the growth of the wood found in the literature was applied. The results showed that the adjustments of growth
models according to age presented different statistics. The best performance for all variables (DAP, height and
volume) for both areas was the Chapman - Richards model. The selected model determined the projection of the
variables for Area 1 and Area 2 for the situation of resinous trees and non-resinous trees. It was observed that
the growth curves of all variables are similar for both situations (Area 1 and 2) up to the eleventh year, since
that age, the influence on the growth caused by the beginning of the resin technique for the variables presented.
Keywords: stem analysis; modelling; simulation.

INTRODUÇÃO

A resinagem no Brasil teve início a partir de 1970 com o estabelecimento dos grandes maciços florestais
de Pinus elliottii plantados com incentivos governamentais (GARRIDO et al.,1998). Desde então, a resinagem

1
Engenheiro (a) Florestal, Mestre em engenharia florestal, acadêmico (a) de doutorado em engenharia florestal pela
Universidade Federal do Paraná, Av. Prefeito Lothário Meissner, 632, CEP 90210-170, Curitiba (PR), Brasil. E-mail:
mayconthuan@hotmail.com

475
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
teve grandes avanços, tanto no sentido físico com a resinagem em grande escala, como também no aumento da
produtividade por árvore a custos menores (FERREIRA, 2001). Nesse sentido, diversas pesquisas foram
realizadas e contribuíram decisivamente para que o Brasil passasse de importador para exportador da goma
resina em um curto período de tempo (ROCHA, 2012).
Apesar de toda importância econômica e social, Figueiredo Filho et al. (1992) apontou inconvenientes
dessa técnica. Em pesquisa realizada, os autores compararam o crescimento em diâmetro, altura e volume entre
árvores resinadas e não resinadas de Pinus elliottii e constataram que a resinagem influenciou no crescimento da
madeira de 14,99% em volume, 12,02% em altura e de 6% até 14,49% em diâmetro ao longo do tronco no final
da rotação.
Nesse contexto, é de grande importância a utilização de sistemas de predição do crescimento e da
produção, servindo como ferramenta para auxiliar na tomada de decisão estratégica sobre a floresta. Portanto,
diante disso, o presente trabalho teve por objetivo modelar e prognosticar a influência da resinagem no
crescimento e produção em povoamento de Pinus elliottii, para duas densidades populacionais, no estado do Rio
Grande do Sul.

MATERIAIS E MÉTODOS

Instalação do experimento
Os dados utilizados para o presente estudo foram coletados em um povoamento de Pinus elliottii Eng.
var elliottii com área total de 4 hectares, que se encontra em regeneração natural desde 2001, possuindo
aproximadamente 16 anos de idade.
Os 4 hectares do povoamento foram divididos igualitariamente, com dois hectares cada, sendo
atribuídos os nomes “Área 1” e “Área 2”, de acordo com a densidade populacional e os tratos silviculturais
aplicados (Tabela 1).

TABELA 1: Características das áreas amostradas, Área 1 e Área 2.


TABLE 1: Characteristics of the areas sampled, Area 1 and Area 2.
Características Área 1 Área 2
Roçada Ano 4-5 Ano 4
Desbaste Ano 10 Ano 4
N° de árvores/ ha 800 1180
Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Coletada de dados
A caracterização do povoamento foi realizada por meio do censo florestal, para ambas situações. Em
função dos objetivos propostos nesta pesquisa, a distribuição diamétrica foi realizada, para que árvores
representativas de todas classes de diâmetro fossem coletadas.
De acordo com as classes de diâmetro encontradas para cada situação, foi possível identificar os
indivíduos que seriam amostrados. Conforme o Teorema do Limite Central (PÓ, 2012), decidiu-se selecionar 30
árvores para cada área, para que se obtivesse um menor erro amostral e a distribuição pudesse chegar mais
próximo da normalidade. As árvores foram coletadas de forma a atender uma homogeneidade nas classes
diamétricas encontradas.
Após a seleção, as árvores foram derrubadas e procedeu-se a retirada de discos para análise de tronco
completa (ANATRO). Seis discos foram coletados, nas alturas absolutas de 0,1 e 1,3 m e também nas alturas
relativas de 25%, 50%, 75% da altura total da árvore (ht) e 100% na altura comercial (diâmetro igual a 8 cm).
A partir dos valores obtidos com a medição dos anéis de crescimento, determinou-se a média anual dos
raios para cada indivíduo amostrado, possibilitando a criação de curvas de crescimento para cada árvore,
demostrando as características de progressão do incremento anual da população para cada área.

Modelagem do crescimento
Com os dados processados obtidos pela análise de tronco, tornou-se possível ajustar os modelos de
crescimento para cada uma das variáveis dendrométricas utilizadas (diâmetro, altura e volume). Para descrever o
crescimento passado e possibilitar prognoses, três modelos biológicos disponíveis na literatura foram testados
(Tabela 2). Os modelos foram processados por meio de software Excel.

476
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 2: Modelos testados para estimar o crescimento em diâmetro, altura e volume.
TABLE 2: Models tested to estimate growth in diameter, height and volume.
N Modelos Autor
1 𝑦 = 𝛽0 ∗ (1 − 𝑒𝑥𝑝(−𝛽1 ∗ 𝑥𝑖))^𝛽2 Chapman - Richards
2 𝑦 = 𝛽0 ∗ (1 − 𝑒𝑥𝑝(−𝛽1 ∗ 𝑥𝑖))^3 Von Bertalanffy
3 𝑦 = 𝛽0 ∗ 𝑒𝑥𝑝 (−𝛽1 ∗ 𝑒𝑥𝑝 (−𝛽2 ∗ 𝛽𝑥𝑖)) Gompertz
Em que: N = Número; 𝑦 = Variável dependente (d, h e v); 𝑥𝑖 = Variável independente (idade); 𝛽0, 𝛽1e 𝛽2 =
Parâmetros a serem estimados.
Fonte: Elaborado pelos autores, com base em Stepka (2012), 2018.

A escolha do modelo mais adequados para estimar o diâmetro, altura e volume dos indivíduos foi
baseada no maior coeficiente de determinação ajustado (R² ajust), no menor erro padrão de estimativa em
percentagem (Syx%) e na distribuição gráfica dos resíduos (obtido pela diferença entre valores observados e
estimados, avaliando a magnitude do erro das estimativas).
Após a seleção do melhor modelo biológico, realizou-se a projeção do DAP, altura e volume para as
duas áreas amostrais (Área 1 e Área 2). Devido aos objetivos propostos nesta pesquisa, para ambas as áreas se
aplicou a taxa de influência da resinagem no crescimento encontrada por Figueiredo Filho et al. (1992), de
14,49% em diâmetro, 12,02% em altura e 14,99% em volume, sendo possível assim estabelecer 4 cenários
diferentes, duas situações para cada área (árvores resinadas e árvores não resinadas).
As projeções foram realizadas levando em consideração o manejo utilizado atualmente pela empresa
proprietária da área, no qual a resinagem inicia-se aos 12 anos de idade com duração de 8 anos. Para todos os
cenários apresentados (resinados e não resinados), o ciclo da floresta foi de 20 anos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise de tronco completa – ANATRO


O crescimento individual das 60 árvores amostradas é demostrado na Figura 1. Correferindo o
crescimento anual das árvores amostradas com as características das áreas descritas na Tabela 1, identifica-se
que assim como estudos realizados por Flach (2007), notou-se que os tratos silviculturais (roçada, raleio e
desbaste) interferem diretamente no crescimento em diâmetro das árvores.
Na Área 1 (Figura 1A), nota-se que após a aplicação da roçada e do desbaste nos anos de 2004, 2005 e
2010, que resultou na redução da densidade populacional, houve um aumento significativo no desenvolvimento
dos indivíduos amostrados nos anos posteriores. O mesmo pode ser visto na Área 2 (Figura 1B), observando-se
um pico no crescimento dos indivíduos desse local nos anos subsequentes à 2004 (ano que foi realizado as
intervenções), confirmando a influência da densidade no crescimento em diâmetro. As mesmas características
também foram encontradas por Inoue et al. (2011) que estudaram a influência da densidade em um povoamento
de Pinus taeda L.

FIGURA 1: Desenvolvimento do crescimento das árvores amostradas para as diferentes áreas: Área 1 (A) e Área
2 (B).
FIGURE 1: Growth of trees sampled for the different areas: Area 1 (A) and Area 2 (B).

477
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Modelagem do crescimento
Os resultados da ANATRO de cada árvore são a base para obtenção de todos os resultados a seguir
apresentados. Na Tabela 3 constam os coeficientes estimados e as estatísticas que medem a precisão e o ajuste
dos modelos biológicos adotados para selecionar o mais adequado para estimar o crescimento, em DAP, altura e
volume, em função da idade para cada variável analisada.
Apesar da recomendação de que o melhor ajuste no caso do erro padrão da estimativa (Sxy%) deve ficar
abaixo de 10% (STEPKA, 2012 ), aceitou-se valores maiores, considerando que quando os ajustes acontecem
com indivíduos oriundos de florestas nativas ou regeneração natural (mesmo sendo da mesma espécie), as
estatísticas dos ajustes são piores se comparados com plantios, este fato também se verificou nos resultados do
Coeficiente de Determinação (R²), quando a literatura recomenda resultados acima de 0,9 (QUEIROZ et al.,
2008).

TABELA 3: Coeficientes e estatísticas dos modelos ajustados para a estimativa da produção em diâmetro (cm),
altura (cm) e volume (m³) para as diferentes áreas.
TABLE 3: Coefficients and statistics of the models adjusted for the estimation of the production in diameter (cm),
height (cm) and volume (m³) for the different areas.
Área 1 (DAP) Área 2 (DAP)
Estatísticas Coeficientes Estatísticas Coeficientes
Modelos Syx% R² ajus a b c Syx% R² ajus a b c
Chapman - Richards 21,7 0,8654 53,415 0,046 1,228 27,0 0,8916 31,413 0,166 2,249
Von Bertalanffy 23,3 0,8456 25,356 0,205 --- 27,1 0,8902 28,822 0,216 ---
Gompertz 22,0 0,8621 30,107 3,167 0,161 27,0 0,8916 28,727 4,101 0,240
Área 1 (Altura) Área 2 (Altura)
Estatísticas Coeficientes Estatísticas Coeficientes
Modelos Syx% R² ajus β0 β1 β2 Syx% R² ajus β0 β1 β2
Chapman - Richards 9,9 0,9621 46,858 0,036 1,028 10,4 0,9341 49,335 0,037 1,092
Von Bertalanffy 13,9 0,9258 19,754 0,234 --- 12,5 0,9042 20,701 0,219 ---
Gompertz 10,3 0,9591 24,177 2,782 0,160 10,4 0,9330 0,157 2,925 25,233
Área 1 (Volume) Área 2 (Volume)
Estatísticas Coeficientes Estatísticas Coeficientes
Modelos Syx% R² ajus β0 β1 β2 Syx% R² ajus β0 β1 β2
Chapman - Richards 56,2 0,7767 2,750 0,074 4,379 48,4 0,8094 2,538 0,067 3,449
Von Bertalanffy 56,3 0,7759 0,022 22,281 --- 48,4 0,8095 4,185 0,046 ---
Gompertz 56,1 0,7774 1,459 8,752 0,138 48,5 0,8088 0,145 1,233 7,486
Em que: Syx = Erro padrão da estimativa (%); R² ajus. = Coeficiente de determinação ajustado; β0, β1 e β2 =
Coeficientes.

Resultados semelhantes foram encontrados por Pacheco et al. (2015), que realizaram a modelagem para
um povoamento de Pinus taeda com diferentes espaçamentos. O modelo biológico usado para estimar o
crescimento DAP, altura e volume, obteve coeficientes de determinação oscilando entre 0,78 a 0,97, além de
erros padrões de estimativa maiores que os apropriados, chegando a valores maiores que 89,79%.
Conforme pode ser observado os ajustes dos modelos de crescimento em função da idade para Área 1,
apresentaram estatísticas diferentes. O melhor desempenho para todas as variáveis (DAP, altura e volume) foi o
modelo de Chapman – Richards, que apresentou um R² ajustado mais próximo de 1, um menor erro padrão da
estimativa, além de uma melhor distribuição gráfica dos resíduos. Para Área 2, os modelos testados também
apresentaram diferenças estatísticas entre eles, assim como para Área 1, o modelo de Chapman - Richards
apresentou os melhores resultados para as variáveis analisadas de acordo com a metodologia utilizada para
análise.

Curvas de crescimento
A partir da seleção do melhor modelo, determinou-se a projeção dessas variáveis para a Área 1 e Área 2
para a situação de árvores resinadas e árvores não resinadas, levando em consideração as taxas de influência da
resinagem encontradas por Figueiredo Filho (1992). As curvas de produção estimadas para as diferentes áreas
são apresentadas na Figura 2.

478
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Simulação da projeção para o DAP (cm), altura (m) e volume (m³) em função da idade, para árvores
resinadas e não resinadas para Área 1 e 2. Curvas ajustadas pelo modelo de crescimento Chapman-Richard.
FIGURE 2: Simulation of the projection for DAP (cm), height (m) and volume (m³) as a function of age, for
resinated and non-resinated trees for Area 1 and 2. Curves adjusted by the Chapman-Richard growth model.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Observa-se que as curvas de crescimento de todas as variáveis são semelhantes para as duas situações
(Área 1 e 2) até o décimo primeiro ano. A partir dessa idade, é notável a influência no crescimento causado pelo
início da técnica de resinagem para as variáveis apresentadas.
Um fator importante a considerar na análise e comparação das curvas de desenvolvimento é o período
de resinagem. A taxa de influência aplicada no trabalho resultou de um experimento de 4 anos de avaliação.
Pesquisas realizadas nesse sentindo apontam que estes percentuais (taxas) tendem a aumentar com o ciclo de
resinagem (FIGUEIREDO FILHO et al., 1992), levando-se a acreditar que as curvas de crescimento podem
ainda tornarem-se mais distantes.
Tratando-se de pesquisas com mesma espécie e metodologias idênticas, essas diferenças nos resultados
(taxas de influência da resinagem no crescimento da madeira) podem ser atribuídas ainda a diversos fatores,
como ao sítio, concentração do ácido sulfúrico e comprimento das estrias. (FIGUEIREDO FILHO et al., 1992).

CONCLUSÕES

O modelo biológico de Chapman-Richards apresentou estatísticas superiores para estimar o


crescimento das variáveis dendrométricas, permitindo a realização da prognose do crescimento e
produção para diferentes densidades analisadas, levando em consideração a influência da resinagem no
crescimento da madeira.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, J. P. R. J. Análise da cadeia produtiva e estrutura de custos do setor brasileiro de produtos


resinosos. Piracicaba, Estado de São Paulo – Brasil, 2001.
FIGUEIREDO FILHO, A.; MACHADO, S. A.; HOSOKAWA, R. T. Avaliação econômica da resinagem em
florestas de Pinus elliottii engelm. var. elliottii. IPEF - Circular Técnica, Piracicaba, n.45, p.48-63, 1992.
FLACH, F.D. Crescimento juvenil da regeneração espontânea de Pinus elliottii Eng. var. elliottii sob
níveis de desbaste no litoral norte do Rio Grande do Sul. 66f. Mestrado em Fitotecnia, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

479
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
GARRIDO, M.A.de O.; POZ, R.; FREITAS, J. A.; ROCHA, F.T.; GURGEL GARRIDO, L. M. do A.
Resinagem: Manual Técnico. Instituto Florestal – Secretaria do Meio Ambiente, 1998. 23p.
INOUE, M. T.; FIGUEIREDO FILHO, A.; LIMA, R. Influência do espaço vital de crescimento na altura e
diâmetro de Pinus taeda L. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 39, n. 91, p.337-385, set. 2011.
PACHECO, J.M.; FIGUEIREDO FILHO, A.; DIAS, A.N.; MACHADO, S.A.; LIMA, R. Efeito da densidade
inicial no crescimento de Pinus taeda L. na região Centro Sul do Paraná. Scientia Forestalis, Piracicaba, v.43,
n.106, p. 353-365, 2015.
QUEIROZ, D.; MACHADO, S.A.; FIGUREIREDO FILHO, A.; ARCE, J.E.; KOEHLER, H. S.; Identidade de
modelos em funções de afilamento para Mimosa scabrella bentham em povoamentos nativos da região
Metropolitana de Curitiba/PR. Floresta, Curitiba, v. 38, n. 2, 2008.
ROCHA, D. P. Evolução da resinagem de Pinus spp. no Brasil. 24 f. Monografia de graduação. Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
STEPKA, T. F. Modelagem do crescimento e dendrocronologia em árvores nativas de Araucaria
angustifolia,Cedrela fissilis e Ocotea porosa no sul do Brasil. 186 f. Doutorado em Engenharia Florestal,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.

480
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
QUANTIFICAÇÃO DA CASCA DE Drimys brasiliensis Miers NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA
NO PARQUE NACIONAL DE SÃO JOAQUIM/SC.

MEASUREMENTS OF Drimys brasiliensis BARK ON MIXED OMBROFILA FOREST IN SÃO JOAQUIM


NATIONAL PARK/SC.

Matheus de Liz Salamon1 Giovana Reali Stuani Marcos Felipe Nicoletti Maria Elize Rodrigues Branco
Bernardo Augusto Sandi

RESUMO

A casca da espécie Drimys brasiliensis Miers apresenta propriedades medicinais como estimulantes, antifebril e
outras, pode ser utilizada também para substituir a pimenta-do-reino como condimento e até para a fabricação
de cachaça. Existem poucos estudos a respeito da quantidade de casca produzida pela árvore. Este trabalho tem
por objeto mensurar a quantidade de casca da espécie Drimys brasiliensis Miers em fragmentos de Floresta
Ombrófila Mista no Parque Nacional de São Joaquim em Santa Catarina. Com isso este trabalho visa ampliar os
conhecimentos desse produto florestal não madeireiro, afim de elucidar a importância desse valioso produto
passível de exploração consciente. A metodologia consiste em técnicas de caminhamento para o encontro dos
indivíduos que se adequem ao critério de inclusão (altura superior a 2 m e CAP superior a 15,7 cm). Foram
tomadas medidas da circunferência em diferentes alturas 0,1 m; 0,6 m; 1,3 m (CAP) e 1,8 m e em cada altura foi
mensurada a casca três vezes em cada parte do tronco. A partir da obtenção destes dados foi possível realizar a
cubagem pelo método de Smalian e obter a quantidade de casca nas respectivas porções do tronco. Como
esperado, a porcentagem de casca diminui conforme o diâmetro aumenta e o volume da casca cresce de acordo
com o crescimento diamétrico da árvore. A porcentagem média de casca foi de 23,1% demonstrando potencial
para exploração consciente.
Palavra-chave
Potencial famarcológico; Produto não-madeireiro; Manejo florestal, Casca-d’anta

ABSTRACT

The bark of Drymis brasiliensis Miers presents medicinal properties such as stimulants, anti fever and others, it
could also be used as a replacement to white pepper and even in the production of cachaça. There are only a few
studies about the quantity of bark produced by the tree. This work intends to measure the quantity of bark in
Drimys brasiliens species in fragments of Mixed Ombrofila Forest at São Joaquim National Park - SC. Thus,
this study aim to amplify the knowledge of this non-timber forest product, clarifying the imporance of a
valuable product capable of responsible exploitation. The metodoly consists in walking techniques for the
search of individuous that adequates in the inclusive standart (a height over 2 m and CAP superior to 15,7 cm).
Measurements of the circuference were taken in diferentes heights 0,1 m; 0,6 m; 1,3 m (CAP) e 1,8 m, and in
each height, the bark was meansured three times in different parts of the trunk. From the acquisition of this data,
it was possible the cubage by the Smalian’s method as the achieving of the bark quantity in the respectives
trunk parts. Just as the expected, the percentage of bark decrease according to the increaseament of the diameter
in the barking volume, pursuant to the three’s diametric growing. The average bark’s percentage was 23,1%,
showing potential to a responsible exploitation.
Keywords
Pharmacology potential; non-timber product; forest management, Casca-d’anta

INTRODUÇÃO

A Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana é uma formação florestal pertencente a mata atlântica, sua
ocorrência está relacionada com altitudes superiores a 1000 m, sendo sua maior ocorrência no Parque Nacional
Aparados da Serra, na divisa dos estados de Santa Catarina e rio Grande do Sul, bem como nos arredores dos
“Campos de Santa Bárbara” no Parque de São Joaquim (SC) (IBGE, 2012). Levando em consideração a
composição florística desta formação florestal, vale destacar a dominância da Araucaria anfustifolia (Bertol.)
Kuntze (Araucariaceae), e outras espécies representativas como Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl
(Podocarpaceae) e várias angiospermas das quais merecem destaque o Drimys brasiliensis Miers (Winteraceae),

1
Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal CAV-UDESC. Email: matheussalamon@gmail.com.

481
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Cedrela fissilis Vell. (Meliaceae) e várias Myrtaceae e Lauraceae (IBGE, 2012).
Dentre os benefícios fitoterápicos o Drimys brasiliensis é considerado um poderoso estimulante contra
desgaste físico e mental, atua contra prisão de ventre e diarreias. Muito utilizado no tratamento de hemorroidas.
(FLORA SBS, 2018). No estado do Paraná a casca é utilizada para a fabricação de cachaça, conhecida
popularmente por cachaça de cataia ou licor de cataia (FLORA SBS, 2018). A Casca-d’anta apresenta cascas
que têm sido utilizadas medicinalmente a partir da exploração de plantas em populações naturais. Porém, não
existem estratégias de manejo de populações naturais sustentáveis. Ocorrem no Brasil, nos Estados da Bahia,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Trinta &
Santos, 1997). Em Santa Catarina a casca do Drimys brasiliensis é utilizada, na região do Planalto Catarinense,
como condimento para carnes, transformando suas cascas em pó e utilizando-a como substituto da pimenta-do-
reino (Trinta & Santos, 1997).
Devido ao histórico de ocupação do território catarinense, com grande número de pequenos agricultores
e a fragmentação de florestas a conservação, só não é mais suficiente, pois quem irá bancar será o próprio
agricultor familiar, com isso, a exploração dos recursos florestais em pequena escala para consumo próprio,
sejam eles alimentícios, ornamentais, medicinais, energéticos, entre outros, ou até mesmo para a
comercialização, é comum no meio rural. A partir disso, com estudo da casca dessa espécie, pode-se criar
condições para a sua exploração de forma sustentável de modo a colocar no mercado um produto com potencial
fitoterápico e contribuir com a renda da agricultura familiar (MARIOT, A, 2008). Este trabalho tem por objeto
mensurar a quantidade de casca da espécie Drymis brasiliensis (Miers) em fragmentos de Floresta Ombrófila
Mista no Parque Nacional de São Joaquim em Santa Catarina.

MATERIAL E MÉTODO

Localização e caracterização da área


O estudo foi realizado no Parque Nacional de São Joaquim, ICMbio, entre as coordenadas
28°05'36,42"S e 49°30'17,10"O, o parque possui uma área total de 49.300 ha, situada a uma altitude máxima de
1822 m, que abrange os municípios de Urubici, Bom Jardim da Serra, Orleans e Grão-Pará. O clima da região é
classificado como Cfb segundo Köppen (mesotérmico, úmido sem estação seca definida, verões frescos, com
ocorrência de geadas severas e freqüentes no inverno), com cobertura vegetal composta por um mosaico de
Campos de Altitude, Matinhas Nebulares, Floresta Ombrófila Mista Alto- Montana e Floresta Ombrófila Densa.

FIGURA 1: Localização da área de estudos no Parque Nacional de São Joaquim no estado de Santa Catarina.
FIGURE 1: Location of the study area at São Joaquim National Park in Santa Catarina state.

Coleta de dados
O levantamento abrangeu a Floresta Ombrófila Mista em estágio secundário médio a avançado em área
de encosta e mata ciliar, em uma amplitude de 1349 a 1433 metros de altitude, o método empregado na coleta de
dados foi o “caminhamento” com critério de inclusão, o qual consiste em três etapas distintas: encontrar os
indivíduos da espécie que estão dentro dos critérios de inclusão, coletar os dados e a análise dos resultados. Os
critérios de inclusão foram circunferência a altura do peito (CAP) superior a 15,7 cm e altura mínima de 2
metros, a partir disso, mediu-se a altura do indivíduo com um hipsômetro do modelo Trupulse, fez-se a coleta
das circunferências com o auxílio de um gabarito com as alturas pré-definidas à 0,1 m, 0,6 m, altura do peito
(CAP) e a 1,8 m com uma fita métrica, e com o medidor de casca foi aferida a espessura de casca com três
medidas nas respectivas alturas. Apresentando um esforço amostral de 51 indivíduos.

482
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Mensuração da casca
Para atingir um erro amostral de 5%, realizou-se uma coleta de dados prévia para que fosse possível
calcular a intensidade amostral necessária, o cálculo da intensidade foi realizado com base na espessura média
de casca de cada circunferência referente as quatro alturas de cada indivíduo apresentando um resultado de 51
indivíduos. Os volumes com casca e sem casca foram calculados através da cubagem por Smalian pelo método
não destrutivo, onde foi necessário transformar as circunferências para diâmetros, para as bifurcadas foi
utilizado o diâmetro equivalente, dessa forma, foi encontrado a porcentagem de casca de cada indivíduo
(SOARES, PAULLA NETO E SOUZA, 2011). As variáveis foram submetidas a correlação de Pearson para
avaliar quais são mais fortemente correlacionadas com o diâmetro a altura do peito (DAP).
Para o cálculo da distribuição de frequências se utilizou o método empírico para o estabelecimento do
número de classes. O processamento dos dados foi efetuado com o auxílio dos Softwares Excel® 2016 e
RStudio®.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Procedeu-se com a estatística descritiva para o DAP das árvores amostradas e para a média de espessura
de casca dos indivíduos de modo que os resultados são apresentados na tabela abaixo.
Quando analisada a estatística descritiva (Tabela 1) para o DAP foi possível observar um DAP médio de
11,06 cm e a amplitude dos dados variou de 5,03 cm à 29,73 cm com um desvio padrão de 5,15 cm, já quando
espessura média de casca foi submetida a estatística descritiva o valor médio da espessura para o conjunto de
dados foi de 0,66 cm compreendendo uma amplitude de 0,47 cm até 1,63 cm com desvio padrão de 0,19 cm.

TABELA 1: Estatística descritiva para DAP (cm) e Média da Espessura de casca (cm) de Drimys brasiliensis
Miers no Parque Nacional de São Joaquim.
TABLE 1: Descriptive statistics to diameter at breast height (cm) and average bark thickness (cm) of Drimys
brasiliensis Miers at São Joaquim National Park.
Estatística DAP (cm) Espessura (cm)
Média 11,06 0,66
Desvio padrão 5,15 0,19
Variância 26,54 0,04
Mínimo 5,03 0,47
Máximo 29,73 1,63
Em que: DAP = Diâmetro a altura do Peito.

O histograma de distribuição de frequências (Figura 2) apresentou característica de J-invertido que é


comum em florestas nativas, assemelhando-se com a mesma distribuição encontrada por Mariot, 2008 para a
população da Reserva Genética de Florestal de Caçador e para a Floresta Nacional de Caçador assim como
Higuchi et al., 2013 para floresta ombrófila mista em Painel.

FIGURA 2: Distribuição de frequências para Drimys brasiliensis Miers no Parque Nacional de São Joaquim -
SC.
FIGURE 2: Frequency distribuition to Drimys brasiliensis Miers at São Joaquim National Park – SC.

483
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Assim, foi possível obter a porcentagem de casca após a realização da cubagem com casca e a cubagem
sem casca, obtendo-se assim a porcentagem de casca para cada árvore como demonstrado na figura abaixo
(Figura 3). Analisando a correlação de Pearson encontrou-se o valor de -0,7; evidenciando que há uma
correlação negativa entre as variáveis estudadas.

FIGURA 3: Porcentagem de casaca em função do DAP para Drimys brasliensis Miers no Parque Nacional de
São Joaquim – SC.
FIGURE 3: Percentege of bark according to function of diameter at breast height to Drimys brasiliensis Miers
at São Joaquim National Park – SC.

A porcentagem de casca (Figura 3) apresentou resultados interessantes pois há uma grande quantidade
de casca em relação ao diâmetro dos indivíduos chegando a 40% de casca em um dos casos. Com uma
espessura média de casca no valor de 23,1%. É possível observar que existe uma tendência em que a medida
que o DAP cresce a porcentagem de casca decresce. Já Borsoi, Müller e Brena, (2013) encontraram como valor
médio de espessura de casa para a floresta ombrófila mista 11,63% sendo avaliadas 40 espécies no município de
Nova Prata – RS. No momento que Colpini et al. (2009) avaliaram 51 espécies da Floresta Ombrófila Aberta no
município de Cotriguaçu – MS obteve-se o volume médio de casca de 7,45%. Estes resultados evidenciam o
potencial produtivo de casca de Drimys brasiliensis quando comparado com valores médios de outras espécies.
Conforme a Figura 4 há correlação entre o DAP e a espessura de casca, sendo possível verificar uma
relação biológica forte de 0,766 entre as variáveis, demonstrando que o diâmetro exerce forte influência na
espessura de casca das árvores de Drimys brasiliensis.

FIGURA 4: Espessura de casaca em função do DAP para Drimys brasliensis Miers no Parque Nacional de São
Joaquim – SC.
FIGURE 4: Bake’s thinckness according to function of diameter at breast height to Drimys brasliensis Miers at
São Joaquim National Park – SC.
484
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A medida que se aumenta o diâmetro há um aumento da produção de volume de casaca das árvores
(Figura5), sendo a correlação mais forte encontrada entre as variáveis com o valor de 0,885; entretanto, a
maioria da população observada no Parque Nacional de São Joaquim encontra-se até 15 cm de DAP, sendo
necessário uma amostragem com indivíduos de diâmetro superior para um melhor ajuste da relação volume de
casca e diâmetro a altura do peito.

FIGURA 5: Volume de casaca em função do DAP para Drimys brasliensis Miers Miers no Parque Nacional de
São Joaquim – SC.
FIGURE 5: Volume of bark according to function of diameter at breast height to Drimys brasliensis Miers at
São Joaquim National Park – SC.

CONCLUSÃO

A espécie em questão apresenta potencial considerável para o manejo sustentável, no que tange a
porcentagem de casca produzida que foi em média de 23,1%, no entretanto, são necessários mais estudos para
que a exploração ocorra sem danificar a ecologia e diversidade da espécie.

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485
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
REDES NEURAIS ARTIFICIAIS E SENSORIAMENTO REMOTO PARA PREDIÇÃO
VOLUMÉTRICA EM UM POVOAMENTO DE Eucalyptus sp.

ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS AND REMOTE SENSING FOR VOLUMETRIC PREDICTION IN


SETTLEMENT OF Eucalyptus sp.

Alessandro Araujo Amaral de Almeida1 Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch
Lucas Kröhling Bernardi Carlos Juliano Santos Franciane Andrade de Pádua

RESUMO

O inventário florestal é uma ferramenta importante para estimar a produção dos povoamentos florestais, nos
quais, em geral utilizam-se métodos tradicionais para estimativa do volume. Com a evolução tecnológica, as
redes neurais artificiais e o sensoriamento remoto vêm se destacando no setor florestal devido às imagens de
satélites possuírem diferentes componentes que se correlacionam com as variáveis dendrométricas podendo ser
usados como variáveis auxiliares. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho das redes
neurais artificiais na estimativa do volume em um plantio de Eucalyptus sp. Foram utilizados dados de
inventário pré-corte com idade variando entre 5,3 e 6,3 anos. As variáveis utilizadas foram o volume, idade, 4
bandas da imagem de satélite com resolução espacial de 10 m, razão entre as bandas, índice de vegetação por
diferença normalizada e o material genético. Todos os processamentos foram realizados no software livre R. Os
critérios de avaliação da rede neural foram erro padrão residual em porcentagem e análise gráfica dos resíduos.
A melhor configuração da rede neural para a estimativa do volume foi com 8 neurônios na primeira camada
oculta, 3 neurônios na segunda camada oculta e 1 neurônio na camada de saída (8-3-1) apresentando erro padrão
residual de 10,63% e 12,00% para o treinamento e para validação, respectivamente. A metodologia proposta
neste trabalho mostrou-se eficiente na estimativa do volume do povoamento.
Palavras-chave: inventário florestal; inteligência artificial; sensoriamento remoto.

ABSTRACT

Forest inventory is an important tool for estimating the production of forest settlements and normally employ
traditional methods for volume estimation. However, as a result of technological advancements, artificial neural
networks and remote sensing have assumed a prominent role in the forestry sector since satellite images have
different components that correlate with the dendrometric variables and can be used as auxiliary variables. The
objective of this work was to evaluate the performance of artificial neural networks regarding the estimation of
volume in an Eucalyptus sp. plantation. Pre-cut inventory data were used with ages varying between 5.3 and 6.3
years. The variables used were: volume, age, 4 bands of the satellite image with a 10 m spatial resolution, ratio
between the bands, normalized difference vegetation index and genetic material. All processing was performed
using the free software R. The evaluation criteria for the neural network were percentage of residual standard
error and graphical analysis of the residues. The best neural network configuration for volume estimation was
with 8 neurons in the first hidden layer, 3 neurons in the second hidden layer and 1 neuron in the output layer
(8-3-1), for which it presented a residual standard error of 10.63% and 12.00% for training and validation,
respectively. The methodology proposed in this work proved to be efficient in estimating the volume of the
settlement.
Keywords: forest inventory; artificial intelligence; remote sensing.

INTRODUÇÃO

O Brasil é uma referência mundial quando o assunto é florestas plantadas. Segundo o relatório da
Indústria Brasileira de Árvores (2017), o País possui uma área de 7,84 milhões de hectares de florestas plantadas
que abastecem diferentes segmentos industriais como celulose, papel, painel de madeira, piso laminado e carvão
vegetal. Dentre estes, é um dos principais produtores de celulose, papel e painéis de madeira no mundo
contribuindo para a balança comercial e gerando empregos e renda para o País.

1
Engenheiro Florestal, Discente do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Uso dos Recursos Renováveis
(PPGPUR), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rodovia João Leme dos Santos, Km 110, CEP 18052-780,
Sorocaba, SP, Brasil. E-mail: aalmeidaalessandro@gmail.com

486
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A importância da madeira para o homem, como produto direto e de outros bens indiretos torna
necessário a busca por procedimentos eficientes que possam quantificar e analisar os plantios florestais da
melhor forma possível (SOARES; NETO; SOUZA, 2006). Para isso, estima-se a produção florestal através do
inventário florestal que pode ser realizado com diferentes níveis de detalhes e em diferentes períodos
dependendo do objetivo do inventário.
O inventário florestal, segundo Scolforo e Mello (2006), consiste no uso de fundamentos da teoria de
amostragem para determinação ou estimativa de características quantitativas ou qualitativas da floresta. Este
deve ser executado periodicamente para permitir ao gerente florestal o planejamento das atividades em função
das mudanças ocorridas em determinados períodos de tempo (SEBEM, 2000).
O sensoriamento remoto, segundo Ferraz et al. (2014) é uma ciência que possibilita a aquisição de
informações (espectral, espacial e temporal) de objetos materiais sem a necessidade que esteja em contato direto
com o objeto de investigação. Trata-se de uma ferramenta amplamente utilizada para aplicações florestais
podendo ser utilizada também como alternativa para diminuição de custos na obtenção de dados para o
inventário florestal, complementando os métodos tradicionais.
As redes neurais artificiais (RNAs) têm sido utilizadas em vários setores, sendo que no setor florestal
tem se destacado como uma alternativa aos modelos de regressão estatística por ser capaz de gerenciar sistemas
complexos e não lineares. Assim, esta ferramenta permite estimar características de plantios florestais que são
difíceis de ajustar utilizando métodos estatísticos tradicionais (MOREIRA et al., 2013).
De acordo com Bullinaria (2015), as redes neurais artificias consistem em uma técnica para solucionar
problemas de inteligência artificial, construindo um sistema que tenha circuitos que simulem o cérebro humano,
aprendendo, errando e fazendo descobertas. São técnicas computacionais que apresentam um modelo inspirado
na estrutura das redes biológicas que adquirem conhecimentos por meio da experiência.
A capacidade potencial preditiva das redes neurais, com base em algum aprendizado supervisionado e
treinamento, podem oferecer soluções ótimas para os problemas de manejo de recursos florestais. Segundo
Soares, Neto e Souza (2006), as redes neurais têm sido utilizadas na modelagem florestal para estimar diversos
parâmetros das árvores tais como diâmetro, altura, volume e outros.
Com o presente estudo, objetivou-se utilizar uma metodologia de redes neurais artificiais associada com
imagens de satélite para avaliar a eficiência na estimativa do volume com casca para um povoamento de
Eucalyptus sp.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados foram provenientes de parcelas do inventário florestal pré-corte, realizado em um


plantio de Eucalyptus sp., com espaçamento entre plantas de 3x2 m, localizado no interior do estado de São
Paulo, no município de Botucatu. Segundo a classificação de Köeppen, o clima local é do tipo temperado quente
úmido (CUNHA; MARTINS, 2009).
Os dados multiespectrais utilizados para o desenvolvimento do trabalho correspondem as imagens do
satélite Sentinel-2. As imagens foram escolhidas seguindo o critério de compatibilidade entre a data da imagem
e a data de execução do inventário, com o objetivo de minimizar as variações temporais nas tipologias
florestais. Tanto o inventário florestal, quanto as imagens são do ano de 2016. O satélite Sentinel-2 possui
resolução espacial de 10 m, 20 m e 30 m e resolução espectral composta por 13 bandas. Para o trabalho
proposto utilizou-se resolução espacial de 10 m e resolução espectral de 4 bandas (B02 azul, com comprimento
de onda central de 490 nm; B03 verde, com 560 nm; B04 vermelha, com 665 nm; e B08 infravermelho
próximo, com 842 nm).
A projeção adotada foi a UTM 22 S – Universal Transverso de Mercator – e o DATUM SIRGAS 2000
– Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas.
As informações das imagens e dos índices de vegetação foram obtidas através do software estatístico R
(R CORE TEAM, 2017), com o auxílio dos pacotes rgdal (BIVAND; KEITT; ROWLINGSON, 2017) e raster
(HIJMANS, 2016). Além disso, todo o processamento das redes neurais, ajuste e aplicação da rede, também
foram realizados no software R.
As imagens foram recortadas de acordo com os talhões da fazenda (área de interesse), onde apenas as
informações das áreas de efetivo plantio constam no arquivo das imagens. A partir disso, um raster foi gerado
contendo as informações de cada pixel, isto é, suas coordenadas (x, y) e seus respectivos níveis de cinza de cada
uma das quatro bandas espectrais. Foi calculado o índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI) e a
razão simples entre as bandas, isto é, banda 2 dividida pela banda 3, banda 2 pela banda 4 e assim
sucessivamente. Deste modo, segundo Araujo e Mello (2010), é possível discriminar sutis diferenças existentes

487
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
no comportamento espectral de diferentes alvos, pois em bandas originais apenas diferenças grosseiras são
observadas.
Com relação as redes, o treinamento foi feito visando à obtenção de redes para estimação do volume
com casca. Como variáveis de entrada, utilizaram-se o volume, idade, as bandas (Azul, Verde, Vermelho e
Infravermelho próximo), a razão entre as bandas e NDVI como variáveis numéricas (Tabela 1). E o material
genético foi utilizado como variável categórica, representado por uma sequência de 1 a 9.
Os volumes foram obtidos seguindo a metodologia realizada pela empresa responsável, resultando em
volumes variando entre 144 e 456 m³/ha. Possivelmente esta variação é devido a ocorrência de algum dano
(vento, queimada, dentre outros) em uma determinada área do plantio. As idades variam entre 5,3 e 6,3 anos,
sendo mensuradas 569 parcelas permanentes e com área média de 280 m² cada. As informações das bandas
foram extraídas do raster utilizando um buffer de 100 m ao redor das coordenadas de cada parcela e o NDVI
obtido pela equação matemática: NDVI = (ivp – vm)/(ivp + vm)
Em que: ivp é a refletância na região do infravermelho próximo; vm é a refletância na região do
vermelho.
Para as bandas, as médias encontradas mostram as diferenças entre os valores médios de nível de cinza
que correspondem ao brilho da imagem (PERROTTA, 2005). Observando o desvio padrão de cada banda,
verifica-se que cada uma apresenta um contraste da imagem, com isso, no presente trabalho, a B08 foi a que
apresentou um maior desvio padrão resultando em um maior contraste da imagem quando comparado as outras
bandas, ou seja, terá uma imagem mais clara, maior espalhamento dos níveis de cinza. Já quando apresenta
baixo desvio padrão, pouco contraste, terá imagens mais escuras.
Conforme Cordeiro et al. (2017), o índice de vegetação por diferença normalizada normaliza a razão
simples para o intervalo de -1 a 1, onde as áreas de vegetação mais intensa aproximam-se dos patamares
superiores e áreas alagadiças, do limite inferior. Com isso, pode-se notar na Tabela 1 que o NDVI médio dos
dados está próximo a 1 indicando que a área apresenta vegetação intensa, no geral, não apresentado falhas de
plantio ou áreas em que não há vegetação.

TABELA 1: Análise descritiva das variáveis numéricas.


TABLE 1: Descriptive analysis of numerical variables.
Variável Mínimo Média Máximo Desvio Padrão
Volume (m³/ha) 143,89 315,45 456,29 ± 46,79
Idade (anos) 5,30 5,69 6,30 ± 0,32
Banda 02 758 779 815 ± 9,71
Banda 03 581 621 675 ± 16,61
Banda 04 363 406 510 ± 21,52
Banda 08 2220 2734 3421 ± 266,79
Índice de vegetação por diferença
0,68 0,74 0,80 ± 0,02
normalizada

Para obtenção da estimativa do volume com casca, os dados foram divididos aleatoriamente em duas
partes: 70% para treinamento das redes e 30% para generalização, ou seja, aplicar as redes treinadas aos dados
não utilizados no treinamento para validação.
Após a seleção dos dados para o treinamento das redes neurais, foi realizada a normalização dos dados.
Esta etapa consiste na transformação de cada variável numérica em valores entre 0 e 1. A normalização é uma
técnica utilizada para transformação de variáveis, que visa homogeneizar a grandeza das variáveis envolvidas
na análise impedindo que variáveis com valores muito altos atrapalhem as estimativas (GORGENS et al. 2009).
O aprendizado das redes foi do tipo supervisionado, onde as redes recebem dois conjuntos de valores: o
conjunto de valores de entrada e o conjunto de valores de saída (HAYKIN, 2001). Assim, o treinamento
consiste em um problema de otimização dos parâmetros da rede, para que possam responder às entradas
conforme esperado até que o erro entre os padrões de saída gerados pela rede alcance o valor mínimo desejado
(LEAL et al., 2015).
Utilizou-se a arquitetura Multi-Layer Perceptron (MLP) com 21 neurônios na camada de entrada, 2
camadas ocultas (intermediárias) e 1 neurônio na camada de saída. O algoritmo utilizado foi backpropagation
que procura achar iterativamente a mínima diferença entre as saídas desejadas e as saídas obtidas pela rede
neural com o mínimo de erro. Dessa forma, ajustando os pesos entre as camadas através da retropropagação do
erro encontrado em cada iteração (HAYKIN, 2001).
Foram avaliadas 25 configurações diferentes de redes neurais referentes ao número de variáveis nas
camadas ocultas. Com isso, um fator de redução foi aplicado para que a quantidade de variáveis da primeira
camada oculta fosse reduzida pela metade em relação ao número de variáveis de entrada e, da mesma forma,

488
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
um fator de redução foi aplicado à segunda camada oculta para limitar um número máximo de variáveis
baseando-se na quantidade de variáveis da primeira camada oculta.
As avaliações das estimativas das redes neurais artificiais nas etapas de treinamento e validação foram
feitas por erro padrão residual em metros cúbicos por hectare e em porcentagem (Sxy), sendo que quanto mais
próximo de zero, melhor a precisão da estimativa e análises gráficas dos erros (m³).
A análise dos erros foi feita através do gráfico de distribuição dos resíduos e quantil-quantil utilizado
para verificar se a distribuição de frequência dos dados se adequam a uma distribuição normal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 1 está apresentada a configuração da rede neural selecionada como a melhor dentre as
treinadas, sendo sua arquitetura composta de 8 neurônios na primeira camada oculta, 3 neurônios na segunda
camada oculta e 1 neurônio na camada de saída (8-3-1), que é a variável de interesse a ser calculada (volume).

FIGURA 1: Arquitetura da rede neural treinada, incluindo pesos sinápticos.


FIGURE 1: Architecture of the trained neural network, including synaptic weights.

A primeira camada é a entrada (1) onde estão apresentadas as variáveis que foram utilizadas, sendo b2,
b3, b4 e b8 as bandas, b2_b3, b2_b4, b2_b8, b3_b4, b3_b8 e b4_b8 a razão entre as bandas, e matgen1 a
matgen9 os materiais genéticos; A segunda e terceira camada (2) e (3) são as camadas ocultas e a última
camada (4) é a camada de saída, ou seja, variável de interesse (volume). Nas camadas há os pesos relacionados
com cada neurônio, os quais são atualizados a cada iteração da rede para que o resultado final seja o menor erro
possível entre o valor desejado e o observado.
Em função da quantidade de redes treinadas, na Tabela 2, está apresentada apenas a rede neural que
obteve o melhor Sxy (%) e melhor distribuição dos resíduos dentre as arquiteturas analisadas. Como se pode
observar, os valores do erro padrão residual em porcentagem para o treinamento e para validação foram 10,63%
e 12,00%, respectivamente. Lima et al. (2017) avaliou a eficiência das redes neurais na modelagem do
crescimento e produção em nível de povoamento total em clones do gênero Eucalytpus e obteve como melhor
arquitetura 2-7-1 com erro padrão de 8,48% e 12,90%, para o treinamento e validação, respectivamente. Já
Miguel et al. (2015) avaliando o desempenho das redes neurais para modelagem do volume de madeira com
dados do satélite ResourceSat1 obtiveram erro padrão da estimativa de 4,93% para o treinamento e 6,01% para
validação. Portanto, comparando os resultados obtidos neste trabalho com os encontrados por outros autores
pode-se afirmar que para a base de dados estudada obteve resultados satisfatórios. Segundo Oliveira (2012),
melhores resultados podem ser alcançados fazendo análise das correlações existentes entre as informações
extraídas das imagens com os dados dendrométricos, além de avaliar novas combinações em relação às funções
de ativação e, também, podendo selecionar as variáveis de entrada que mais influenciam a variável de saída
(volume) nas redes neurais aplicando o método de stepwise.
Devido o erro da validação estar próximo ao do treinamento indica a não ocorrência de overfitting, ou
seja, as variáveis usadas para o treinamento foram suficientes para que a rede neural possa ser generalizada
podendo, assim, ser aplicada para outros dados. Além disso, nota-se que diferentes configurações das redes
neurais quanto ao algoritmo, número de camadas ocultas, função de ativação, variáveis de entrada dentre outras,
influenciam nos resultados finais obtidos pelas redes neurais.

489
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 2: Características e desempenho da rede neural selecionada.
TABLE 2: Characteristics and performance of the selected neural network.
Entrada Treinamento Generalização
RNA Tipo Arquitetura
categórica Sxy (m³) Syx (%) Sxy (m³) Syx (%)
12 Multilayer Perceptron 8-3-1 Material Genético 33,35 10,63 38,33 12,00

A Figura 2 apresenta o mapa com os valores de volume estimado pelas redes neurais no plantio de
Eucalyptus sp. variando de 228,40 a 366,50 m³/ha.

FIGURA 2: Volume estimado pelas redes neurais.


FIGURE 2: Volume estimates found by the neural networks.
Apesar das estatísticas apresentadas serem boas indicadoras dos resultados obtidos, a análise gráfica dos
resíduos é fundamental, uma vez que, erros tendenciosos podem ocorrer e não ser detectados pelas estatísticas
podendo este subestimar caso o valor estimado seja menor que o observado ou, caso contrário, superestimar.
Na Figura 3, é possível observar a dispersão dos resíduos em função dos valores observados e o gráfico
quantil-quantil.

FIGURA 3: Gráfico de dispersão dos resíduos (a) e quantil-quantil (b) (q-q). A linha preta representa a linha de
tendência.
FIGURE 3: Scatter plot of residues (a) and quantile-quantile (b) (q-q). The black line represents the trend line.

Analisando a Figura 3 (a), em que são apresentadas as distribuições dos resíduos dos volumes
estimados, verifica-se que as redes neurais tendem, para a base de dados analisada, a superestimar em volumes
inferiores a, aproximadamente, 330 m³/ha e a subestimar para volumes superiores a, aproximadamente, 330
m³/ha como observado na linha de tendência. Já na Figura 3 (b) pode-se interpretar que os resíduos tendem a
uma distribuição normal devido os pontos estarem próximos de uma reta, ou seja, quanto mais próximo de uma
reta, mais próximo os resíduos estarão da distribuição normal.
Com os resultados apresentados e análises feitas pode-se observar que os resultados foram eficientes
para o problema proposto. Da mesma forma, Silva et al. (2009) avaliaram o desempenho das redes neurais na
estimativa do volume de madeira de eucalipto, concluindo que as redes apresentaram boa adequação as
situações testadas e, portanto, recomendam o uso para estimar o volume.

490
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

O uso da técnica de redes neurais artificiais para estimativa de volume de Eucalyptus sp utilizando
dados provenientes do satélite Sentinel-2 obteve resultados satisfatórios para a base de dados avaliada. A rede
que apresentou as melhores estimativas para este trabalho, possui arquitetura com 8 e 3 neurônios na primeira
camada e segunda camada oculta, respectivamente, composta por 21 variáveis de entrada.
Este trabalho pode ser aplicado em outros inventários sem acréscimo de custos, tendo em vista que,
todo processamento foi realizado utilizando o software livre R e, também, as imagens de satélites obtidas
gratuitamente.

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491
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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492
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
REGRESSÃO NÃO LINEAR QUANTÍLICA PARA A ESTIMATIVA DE MÚLTIPLOS PRODUTOS
DE EUCALYPTUS SP.

NON-LINEAR QUANTILE REGRESSION FOR AN ESTIMATE OF MULTIPLE PRODUCTS OF


EUCALYPTUS SP.

Yoshie Tomazini Motoshima1 Cláudio Roberto Thiersch Monica Fabiana Bento Moreira Thiersch
Lucas Kröhling Bernardi Alessandro Araujo Amaral de Almeida Carlos Juliano Santos

RESUMO

O objetivo desse estudo é avaliar a acuracidade da regressão quantílica na modelagem do perfil do fuste de
povoamentos de Eucalyptus sp., utilizando a regressão clássica como referência. A regressão quantílica é um
método robusto a presença de outliers, faz estimativas pela mediana de cada percentil e pode ser utilizada
quando a distribuição residual não é gaussiana. A base de dados é proveniente de uma cubagem rigorosa
realizada na região Sul do Estado de São Paulo. Foram cubadas 223 árvores, medindo a altura total e os
diâmetros a 0,1m, 0,7m, 1,3m, 2,0m e a partir de 2,0m, as medidas foram feitas a cada dois metros. O volume
real foi obtido pelo método de Smalian e os intervalos de classe diamétrica definidos pelo método de Sturges. A
prognose volumétrica foi feita pelo polinômio do quinto grau por meio da regressão não linear clássica (RNLC)
e regressão não linear quantílica (RNLQ), os algoritmos foram processados no software R com o pacote
quantreg. O método da RNLQ gera estimativas sutilmente superiores ao método da RNLC e reduz o
comportamento tendencioso da distribuição gráfica dos resíduos.
Palavras-chave: Afilamento, volumetria, planejamento florestal.

ABSTRACT

The objective of this study is to evaluate the accuracy of quantile regression in the stem shape modeling of
Eucalyptus sp. stands, using classical regression as a reference. The quantile regression is a robust method for
the presence of outliers, makes estimates by the median of each percentile and can be used when the residual
distribution is not Gaussian. The database is derived from a rigorous scaling conducted in the Southern region of
the State of São Paulo. Two hundred twenty three trees were scaled rigorously, measuring the total height and
the diameters at 0.1m, 0.7m, 1.3m, 2.0m, from two meters the measurements were taken every two meters. The
real volume was obtained by the Smalian method and the diametric class intervals defined by the Sturges
method. The volumetric prognosis was done by the 5th degree polynomial model using the Classical Nonlinear
Regression (RNLC) and Nonlinear Quantile Regression (RNLQ), the algorithms were processed with R
software using the quantreg package. The RNLQ method generates subtly superior estimates to the RNLC
method and reduces the tendentious behavior of the graphical distribution of the residuals.
Keywords: Taper equation, volumetric, forest planning.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a crescente demanda por produtos madeireiros torna indispensável um bom
planejamento e predição confiável da produção para atender o mercado.
No período de 2003 a 2015, a produção da silvicultura no Brasil apresentou um aumento de 150% para
carvão vegetal, 41% para lenha, 55% para papel e celulose, e, uma queda de 6% para a madeira em tora
destinada a outras finalidades (IBGE, 2015).
Frente a esse aumento, as empresas buscam diversificar a produção para atingir maior remuneração.
Essas empresas tendem a optar pela floresta para multiprodutos, em que de um mesmo fuste é possível extrair
madeira para diversos usos, como laminação, serraria, fabricação de papel e celulose, carvão vegetal e de seus
resíduos, produzir painéis e gerar energia (SOARES, 2003).
Neste cenário de produção aumenta a necessidade de aprimoramento dos métodos de estimativas de
múltiplos produtos. Por sua vez, os métodos clássicos atualmente utilizados baseiam-se na geração de curvas
médias que podem não modelar adequadamente o afilamento das árvores, visto que, árvores de diferentes
alturas e diâmetros tendem a apresentar diferentes formas. Visando minimizar este problema as cubagens

1
Engenheira Florestal, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Sorocaba, São Paulo, Brasil.

493
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
rigorosas podem ser realizadas por classe diamétrica, por sua vez, normalmente aumenta a base amostral
tornando a operação mais onerosa.
Uma opção é a adoção do método da regressão quantílica. Araújo Júnior, Soares e Leite (2016) citam as
aplicações desse método na pesquisa florestal, entretanto, embora apresente potencial, ainda é pouco difundido.
Essa técnica, diferente da regressão clássica que se baseia em uma estimativa para a média amostral, faz
estimativas pela mediana de cada quantil da amostra. Nesse sentido, a adoção da regressão quantílica possibilita
fazer estimativas por classe de diâmetro com curvas independentes entre si sem necessariamente aumentar a
base amostral.
Assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar a acuracidade da regressão quantílica na
modelagem do perfil do fuste de povoamentos de Eucalyptus sp., utilizando a regressão clássica como
referência.

MATERIAL E MÉTODOS

Descrição dos dados


Os dados utilizados nesse estudo foram obtidos em povoamentos de um cultivar de Eucalyptus grandis
x Eucalyptus urophylla, localizados na região Sul do Estado de São Paulo.
Foram cubadas rigorosamente, pelo método de Smalian, 223 árvores escolhidas aleatoriamente. De
cada árvore abatida, foram mensurados os diâmetros com casca e sem casca nas posições 0,1m (toco); 1,3m
(DAP: diâmetro a altura do peito); 2,0m e posteriormente de 2,0m em 2,0m até atingir cerca de 3cm de
diâmetro na ponta fina e a altura total com idades variando de 5,0 a 8,79 anos.
A base de dados total foi dividida em uma base com 50 indivíduos utilizada para o ajuste e outra base
com 173 indivíduos para a validação dos modelos testados.

Modelagem do perfil do fuste


Para estimar o afilamento das árvores foi adotado o modelo do polinômio do quinto grau (equação 1).
𝑑𝑖 ℎ𝑖 ℎ𝑖 2 ℎ𝑖 3 ℎ𝑖 4 ℎ𝑖 5
= 𝛽0 + 𝛽1 ( ) + 𝛽2 ( ) + 𝛽3 ( ) + 𝛽4 ( ) + 𝛽5 ( ) + 𝑒𝑖 (1)
𝐷𝐴𝑃 ℎ𝑡 ℎ𝑡 ℎ𝑡 ℎ𝑡 ℎ𝑡
Em que: 𝑑𝑖 = diâmetro estimado (cm) ou diâmetro correspondente a qualquer altura hi; DAP = diâmetro à altura
do peito (1,3m) (cm); 𝛽𝑖𝑠 = parâmetros a serem estimados; ℎ𝑖 = altura qualquer (m); ht = altura total (m), 𝑒𝑖 =
erro da estimativa.
Considerando um gráfico de diâmetros (di) em função das alturas (hi), inverteu-se a ordem dos di para
que o último di que é igual a zero, correspondente ao último diâmetro medido na altura total, esteja posicionado
na origem do gráfico cartesiano, onde as coordenadas se igualam a zero. Assim, o 𝛽0 , coeficiente linear que
intercepta o eixo y, se iguala a zero e é possível removê-lo da fórmula.
ℎ𝑡−ℎ𝑖
Para isso, adotou-se 𝑥 = como a altura relativa e o 𝛽0 foi removido da expressão (Equação 2).
ℎ𝑡
𝑑𝑖
= 𝛽1 𝑥 + 𝛽2 𝑥 2 + 𝛽3 𝑥 3 + 𝛽4 𝑥 4 + 𝛽5 𝑥 5 + 𝑒𝑖 (2)
𝐷𝐴𝑃
Partindo da equação (2), isolou-se o di para obter a função de afilamento e estimar o diâmetro a qualquer
altura com dados do diâmetro a 1,30m (Equação 3).
𝑑𝑖 = 𝐷𝐴𝑃 ∗ (𝛽1 𝑥 + 𝛽2 𝑥 2 + 𝛽3 𝑥 3 + 𝛽4 𝑥 4 + 𝛽5 𝑥 5 ) + 𝑒𝑖 (3)
Em que: 𝑑𝑖 = diâmetro estimado (cm) a qualquer altura hi; DAP = diâmetro à altura do peito (1,3m) (cm); x =
altura relativa; 𝛽𝑖𝑠 = parâmetros a serem estimados; 𝑒𝑖 = erro da estimativa.

Modelagem do perfil do fuste pela regressão não linear quantílica (RNLQ)


A estimação dos parâmetros pela regressão não-linear quantílica foi realizada por meio da equação (3)
com a função nlrq (nonlinear quantile regression) do pacote quantreg (KOENKER, 2017) no software R (R
CORE TEAM, 2016).
Os limites de classe foram estabelecidos entre os percentis 10% e 90%. Dentro desse intervalo,
estabeleceram-se percentis de 10% em 10%.

Intervalo de classes e quantidade de indivíduos por classe


O intervalo de classe diamétrica foi calculado pela fórmula de Sturges (Equação 4). Foram criadas 4
classes com a distribuição das 50 árvores cubadas e selecionadas aleatoriamente para ao ajuste.
𝑘 ≅ 1 + 3,33 𝑙𝑜𝑔 𝑛 (4)
Em que: k = Número de classes a considerar; n = dimensão da amostra.

494
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O critério de seleção da curva gerada pela RNLQ, adotado para cada classe, foi a menor soma do erro ao
quadrado. A Tabela 1 mostra as classes diamétricas e os respectivos números de árvores cubadas utilizadas para
seleção da melhor curva/percentil.

TABELA 1: Classes diamétricas e frequência de árvores cubadas.


TABLE 1: Diametric classes and frequency of cubed trees.
Classe Classe de DAP (cm) N° de árvores cubadas
1 19,2 ──┤ Inf 6
2 16,4 ──┤ 19,2 18
3 13,6 ──┤ 16,4 13
4 -Inf ──┤ 13,6 13

Parametrização do processamento de múltiplos produtos


Para o cálculo do volume dos multiprodutos, adotaram-se como diâmetro mínimo do produto: 11, 9, 7, 5
e 3cm, comprimento da tora de 2m e altura do toco 0,1m. Não foi considerada a subsequência dos produtos.

Volume real pelo método de Smalian


O volume real foi estimado pelo método de Smalian para os diâmetros comerciais 11, 9, 7, 5, e 3 cm
com casca. Foi utilizada a função smalian do pacote cmrinvflor (THIERSCH e THIERSCH, 2017) no software
R (R CORE TEAM, 2016).

Avaliação do ajuste dos modelos


Para avaliar a qualidade dos modelos ajustados e compará-los entre si, adotou-se o erro padrão residual
(Syx) e o erro padrão residual em porcentagem (Syx %) (Equação 5). Os valores residuais utilizados para a
construção dos gráficos de resíduos são expressos pela equação 6.
∑𝑛𝑖=1(𝑦𝑖 − 𝑦̂𝑖 )2 𝑆𝑦𝑥
𝑆𝑦𝑥 = √ 𝑒 𝑆𝑦𝑥 % = ∗ 100 (5)
𝑛−𝑝 𝑌̅
Em que: 𝑆𝑦𝑥 = erro padrão residual na unidade da variável resposta; 𝑦̂𝑖 = i-ésimo valor estimado para a variável
dependente y; 𝑦𝑖 = i-ésimo valor observado para a variável dependente; n = número de observações; p = número
de parâmetros. 𝑆𝑦𝑥 % = erro padrão da estimativa em porcentagem; 𝑌̅ = média dos valores observados para a
variável dependente Y.
𝑦𝑖 − 𝑦̂𝑖
𝐸(%) = ∗ 100 (6)
𝑦

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Modelagem do afilamento do fuste


O ajuste do polinômio de 5ºgrau apresentou erro padrão residual de 6,55% e 6,54% para a RNLC e
RNLQ, respectivamente. Além de muito próximos todos os parâmetros foram significativos (α=1%).

Validação do modelo ajustado pela RNLC e RNLQ


A Tabela 2 mostra a curva selecionada para cada classe de DAP e o erro padrão residual associado a cada
uma delas. Em ambos os métodos ocorre redução do erro para classes superiores.

TABELA 2: Erro padrão residual por intervalo de classe diamétrica para a RNLC e RNLQ.
TABLE 2: Residual standard error per diametric class interval for RNLC and RNLQ.
Classe Classe de DAP Curva Syx (%) - RNLC Syx (%) - RNLQ
1 (19,2, Inf] 3 4,58 4,98
2 (16,4, 19,2] 6 4,38 4,48
3 (13,6, 16,4] 7 5,22 5,06
4 (-Inf, 13,6] 8 6,18 5,76

As Figuras 1a e 1b indicam a distribuição gráfica dos resíduos ao longo da altura relativa do fuste. Ambos
os métodos apresentaram deformação e valor estimado superestimado na base da árvore, quando (1-x) está entre
0 e 0,1. Essa tendência pode indicar que o modelo adotado para o afilamento é representativo em alturas acima

495
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
de 10% da altura total do fuste, e, abaixo disso, a qualidade de sua representatividade é baixa. Entretanto, essa
tendência é amenizada pela RNLQ, para a qual a distribuição residual é uniforme ao longo das alturas de 0,1 em
diante, com leve propensão a superestimar valores de dicc (diâmetro na altura i com casca). Por outro lado, para
a RNLC, os resíduos aparentam formar uma concavidade para baixo no intervalo de 0 a 0,3.
Os resíduos aproximam-se de uma distribuição normal, com poucos dados que começam a apresentar
fuga de normalidade por assimetria (Figuras 1c e 1d).
(a) (b)

(c) (d)

FIGURA 1: Análise gráfica dos resíduos da variável diâmetro com as estimativas dos parâmetros obtidos pela
RNLC e pela RNLQ em relação aos valores observados. (a) e (b) Distribuição dos resíduos em relação à altura
relativa, (c) e (d) Gráfico Q-Q para verificação da adequação dos resíduos à distribuição normal.
FIGURE 1: Graphical analysis of the residues of the variable diameter with the estimates of the parameters
obtained by the RNLC and the RNLQ in relation to the observed values. (a) and (b) Distribution of the residuals
relative to the relative height, (c) and (d) Chart Q-Q to verify the adequacy of the residues to the normal
distribution.

A Figura 2 compara a distribuição dos erros para cada classe diamétrica adotada em relação a RNLC e a
RNLQ. Todas as classes apresentam tendência a superestimar o diâmetro no intervalo de 0 a 0,1 da altura
relativa. De 0,1 a 1, de modo geral, os resíduos são homogeneamente distribuídos ao longo da altura, mas todos
tendem a superestimar o dicc.
As Figuras 2b, 2c e 2d apresentam concavidades para baixo e para cima para a RNLC, tendência
amenizada para a RNLQ. Ademais, a Figura 2d apresenta tendência crescente para ambos os modelos ajustados.
A Figura 2a apresentou a menor dispersão dos erros para ambos os modelos, indicando que quanto maior a
classe diamétrica, maiores os erros.

496
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

(a) (b)

(c) (d)

FIGURA 2: Distribuição dos erros da RNLC e da RNLQ em função da altura relativa (hi/ht) nas classes
diamétricas (a) (-Inf, 13.6], (b) (13.6, 16.4], (c) (16.4, 19.2] e (d) (19.2, Inf].
FIGURE 2: Distribution of RNLC and RNLQ errors as a function of the relative height (hi / ht) in diametric
grades (a) (-Inf, 13.6], (b) (13.6, 16.4], (c) (16.4, 19.2] and (d) (19.2, Inf].

Predição volumétrica
A Tabela 3 mostra o erro padrão residual para os diâmetros mínimos comerciais previamente
considerados. Quanto maior o diâmetro, maior o erro associado. Independentemente do método, ambos
apresentam valores similares.

TABELA 3: Erro padrão residual para diferentes diâmetros mínimos comerciais.


TABLE 3: Residual standard error for different commercial minimum diameters.
RNLC - Syx RNLQ - Syx
Dmin vmed
m³ % m³ %
11 0,16978 0,01696 9,99 0,01674 9,86
9 0,20082 0,01609 8,01 0,01629 8,11
7 0,21879 0,01501 6,86 0,01562 7,14
5 0,22759 0,01426 6,27 0,01488 6,54
3 0,23092 0,01411 6,11 0,01476 6,39
0 0,23463 0,01418 6,04 0,01496 6,38
Em que: dmin : diâmetro mínimo(cm) e vmed: volume médio (m³).

497
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
As Figuras 4 e 5 apresentam a distribuição do erro (m³) em função do volume comercial com casca
(Vcomcc). Para todos os diâmetros avaliados, o modelo clássico tende e superestimar o volume, enquanto o
modelo quantílico apresenta dispersão equilibrada em relação ao eixo.

FIGURA 3: Dispersão dos erros de estimativa do volume comercial com casca para os diâmetros mínimos 3cm,
5cm e 7cm, considerando os ajustes realizados pela RNLC e RNLQ.
FIGURE 3: Dispersion of errors of estimation of commercial volume with bark for the minimum diameters
3cm, 5cm and 7cm, considering the adjustments made by RNLC and RNLQ.

FIGURA 4: Dispersão dos erros de estimativa do volume comercial (9 e 11cm de diâmetro mínimo) e total com
casca considerando os ajustes realizados pela RNLC e RNLQ.
FIGURE 4: Dispersion of commercial volume estimation errors (9 and 11cm minimum diameter) and total with
bark considering the adjustments made by RNLC and RNLQ.

CONCLUSÕES

O método da RNLQ gera estimativas sutilmente superiores ao método da RNLC e reduz o


comportamento tendencioso da distribuição gráfica dos resíduos.

498
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A RNLQ deve ser testada para dados discrepantes em relação à média e para outras espécies em
diferentes idades.
Aconselha-se comparar modelos de afilamento que podem gerar estimativas melhores que o modelo do
quinto grau, com maior fidelidade na descrição da base do fuste.

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499
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RELAÇÃO DIAMÉTRICA UTILIZANDO SISTEMA DE INFERÊNCIA NEURO-FUZZY

DIAMETER RELATION USING NEURO-FUZZY INFERENCE SYSTEM

Gabriela Letícia Ramos de Carvalho1 Emanuelly Canabrava Magalhães2 Paulo Ricardo Santos Miranda3
Sthefany Mendes Zuba4 Christian Dias Cabacinha5 Carlos Alberto Araújo Junior6

RESUMO

Desde o início do estabelecimento das florestas plantadas no Brasil pesquisas têm sido desenvolvidas por
empresas e universidades o que trouxe considerável avanço no setor florestal brasileiro, dentre os objetos de
pesquisa, destaca-se atividades que visam diminuir a intensidade amostral em inventários. Por muito tempo a
altura foi a variável de interesse em que eram desenvolvidos métodos para estimativa da mesma, porém com o
avanço do uso de ferramentas de sensoriamento remoto e a implementação de LiDAR em inventários, a variável
de interesse passou a ser o diâmetro e para tais estimativas ainda existem poucas alternativas. Nesse caso, surge
a oportunidade de utilizar inteligência artificial para estabelecer estimativas de diâmetro a partir das alturas das
árvores. Neste estudo, é comprovada a eficiência dos sistemas híbridos para a estimativa de diâmetro, porém,
verifica-se a necessidade de dados que representem bem os dados da validação, quando isso não ocorre os
resultados tendem a ser mais imprecisos.
Palavras-chave: estimativa de diâmetro; inventário florestal; inteligência artificial

ABSTRACT

Since the beginning of the establishment of planted forests in Brazil research has been developed by companies
and universities which has brought considerable progress in the Brazilian forestry sector, among the objects of
research stands out activities that aim to decrease the sampling intensity in inventories. For a long time the
height was the variable of interest in which methods were developed to estimate it, however with the advance of
the use of remote sensing tools and the implementation of LiDAR in inventories the variable of interest became
the diameter and for such there are still few alternatives. In this case the opportunity arises to use artificial
intelligence to establish diameter estimates from tree heights. In this study the efficiency of the hybrid systems
for diameter estimation is proven, but there is a need to have data that represents the validation data. When this
does not occur, the results tend to be more imprecise.
Keywords: diameter estimate; forest inventory; artificial intelligence

INTRODUÇÃO

As florestas plantadas existem no Brasil desde o século XX, inicialmente a produção era destinada à
construção de ferrovias. Em 1971, o governo federal disponibilizou incentivos fiscais, o que alavancou o setor
florestal. Até o ano 2000, cerca de 4,8 milhões de hectares do território nacional já estavam sendo ocupados por
plantios de eucaliptos e pinus (Almeida & Soares, 2003). O crescimento do setor florestal acarretou grande
número de pesquisas nessa área, o que fez com que o país assumisse uma posição de destaque quanto à
silvicultura e manejo de suas florestas plantadas, principalmente as de espécies do gênero Eucalyptus. Porém,
ainda assim existe a preocupação com o desenvolvimento de técnicas para estimativa de produção.
A determinação da produção é feita principalmente com base no volume de madeira por unidade de
área. Para esse cálculo, são necessárias informações quantitativas da floresta, expressas principalmente pelo
diâmetro e altura das árvores. Tais informações podem ser obtidas em campo, através de medidas diretas para o
diâmetro à 1,30 m do solo (DAP) e indiretas, por meio de instrumentos com base em princípios geométricos ou
trigonométricos, para a altura (h). A determinação da altura com base nestes métodos está sujeita a erros de
medição, a exemplo da não visualização das copas quanto há ventos fortes no local.
Para otimizar o processo de medição em parcelas de inventário, são coletados os diâmetros de todas as
árvores e somente algumas alturas são coletadas, sendo as demais estimadas por equações hipsométricas.
Entretanto com a aplicação de novas tecnologias está ocorrendo alteração nas necessidades de estimativas,
fazendo com que o DAP seja a variável a ser estimada. Isso ocorre principalmente pela utilização de sensores do
tipo LiDAR, os quais permitem a estimativa das alturas das árvores a partir de um levantamento com veículos

1
Estudante de graduação em Engenharia Florestal, Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais,
Av. Universitária ,1000, CEP 39404-547, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: gabyletycia@hotmail.com

500
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
aéreos tripulados ou não tripulados. Isso faz com que a variável h seja obtida inicialmente, sendo necessário
estimar os valores de DAP para então obter o volume das árvores. Essas estimativas podem ser feitas com
modelos clássicos de regressão (Cosenza, 2016) ou com técnicas de inteligência artificial (IA).
Tais ferramentas de IA já são aplicadas há certo tempo na área florestal, principalmente em estimativas
volumétricas e hipsométricas. Dentre as técnicas de IA, o Sistema de Inferência Neuro Fuzzy (ANFIS)
representa uma junção das Redes Neurais Artificiais (RNA), que são inspiradas do cérebro humano havendo
certos algoritmos que através da saída das redes é capaz de reajustar os parâmetros intrínsecos, e da Lógica
Fuzzy, em que são determinados graus de pertencimento de um dado a um determinado conjunto, sendo uma
vantagem para o reconhecimento de padrões. Esse sistema híbrido então combina as vantagens de ambos.
Vários trabalhos têm comprovado a aplicabilidade dos ANFIS na área florestal, a exemplo de Brandão
(2007) para estimativa da altura, Vieira (2015) para a prognose de diâmetro e altura de árvores individuais e
Pereira (2008) para estimar o perfil de árvores.
Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a precisão das estimativas de diâmetro utilizando um
sistema de inferência neuro-fuzzy para aplicação nas atividades de inventário.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados utilizados neste estudo correspondem à dados de inventário florestal contínuo realizados em
um povoamento de Eucalyptus sp. localizado na região norte do Estado de Minas Gerais. Foram utilizadas
medições realizadas entre os anos de 2013 e 2016, considerando-se dados correspondentes à altura (h) e
diâmetro à 1,30 m do solo (DAP) dos indivíduos e suas respectivas idades (Id) e áreas úteis de plantio (Ap). A
base de dados foi dividida sob dois critérios para treinamento e validação, correspondendo a 11.929 e 202
árvores, respectivamente. O primeiro (C1) considerou como dados de treinamento aqueles obtidos nas medições
realizadas nos anos de 2013, 2014 e 2015. Para esse caso, os dados de validação foram aqueles coletados no ano
de 2016. O segundo critério (C2), considerou uma divisão aleatória entre dados de treinamento e de validação.
O processamento dos dados foi realizado no software MATLAB, utilizando o método Adaptive Neuro-
Fuzzy Inference System-ANFIS, sugerido por Jang (1993) e considerando como variável de saída o DAP e
como variáveis de entrada a Id, a h e a Ap. A partir de testes preliminares, foi definido para treinamento um
número de dez épocas e três funções de pertinência. Utilizou-se o método híbrido para treinamento, conforme
Araújo Júnior et al. (2016).
Para analisar resultados obtidos, foram gerados gráficos de dispersão e histogramas com classes de erro
em porcentagem, foi calculado raiz quadrada do erro médio percentual-RQME (%) (equação 3), BIAS (equação
2), correlação -r (equação 4) e a média do erro percentual-EMP (equação 5).

ei = ŷ i - yi (equação 1)
n
1
BIAS = ∑(ŷ i - yi ) (equação 2)
n
i=1
2 (equação 3)
100 √∑ni=1 (yi - ŷ i )
RQME (%) =
y̅ n

∑ni=1(ŷ i - y̅̂ ) . (yi - y̅ )


r= (equação 4)
2
√∑ni=1 (ŷ i - y̅̂ ) ∑ni=1 (yi - y̅ )2
n
1 (y - ŷ )
EMP = ∑ [100. i i ]
n yi (equação 5)
i=1
Em que: ŷi = valor estimado; yi = valor observado para o i-ésimo dado; n = número total de observações; y̅ =
média dos valores observados; ŷ = média dos valores estimados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das estatísticas apresentados na Tabela 1 obtidos mostram que os resultados do


treinamento para ambos os conjuntos de dados foram idênticos. Entretanto, ao avaliar os resultados para os

501
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
dados de validação, houve uma superioridade em termos das estatísticas de análise para o conjunto C2, o que
demonstra a necessidade de melhoria no processamento, na coleta de dados ou na utilização de mais variáveis
independentes para o treinamento do sistema quando apenas dados históricos são utilizados para calibração dos
parâmetros do mesmo.

TABELA 1: Valores estatísticos calculados com base nas estimativas do sistema de inferência neuro-fuzzy
TABLE 1: Statistical values calculated based on the estimates of the neuro-fuzzy inference system.
Etapa Critério Bias RQME (%) r EMP
Treino 1 0,00 11,20 0,92 1,51
2 0,00 11,20 0,92 1,51
Validação 1 0,67 12,01 0,58 5,70
2 0,15 11,70 0,91 2,26
Em que: RQME (%) = raiz quadrada do erro médio percentual; r = correlação; EMP = média do erro
percentual.

A Figura 1 apresenta os gráficos de distribuição dos resíduos, a partir deles é reafirmado o fato de que
as estimativas feitas com o considerando o treinamento que utiliza apenas dados de inventários passados
geraram resultados que menos precisos. A partir dos histogramas, é possível observar que para as estimativas na
validação do C2 os erros ficaram proporcionalmente próximos aos erros que ocorreram também no treino e
estes estão concentrados próximos ao zero e bem distribuídos quanto a posição em relação ao centro (zero), o
que faz com que haja certa compensação da subestimativa e superestimativa, enquanto que para o C1 os erros
não apresentam um padrão de distribuição, os erros ocorreram de forma diferente do treino tendendo a
superestimativa .
As estimativas realizadas apresentaram bons resultados para o processamento C2 em que foram
fornecidos no treino dados aleatorizados na base de dados e consequentemente dados que representavam a
validação, enquanto para as estimativas do C1 os resultados não foram satisfatórios por não serem apresentados
dados que representassem bem a validação.
Os resultados para o C2 apontam que a estimativa de diâmetro pode ser realizada de forma eficiente
com sistemas neuro-fuzzy, sendo necessários mais estudos de variáveis de campo que possam aperfeiçoar as
estimativas ou fazer com que se torne possível a estimativa precisa quando não houverem dados reais
representativos da validação para a variável de interesse.

CONCLUSÃO

A estimativa de diâmetro pode ser realizada de forma eficiente com sistemas neuro-fuzzy.
São necessários mais estudos acerca de variáveis de campo que possam aperfeiçoar as estimativas ou
fazer com que se torne possível uma estimativa precisa a partir de dados históricos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Universidade Federal de Minas Gerais e à Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de Minas Gerais pelo apoio técnico e financeiro.

502
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Tipo 1 Tipo 2

FIGURA 1: Gráficos de dispersão dos resíduos para treino e validação considerando C1 e C2


FIGURE 1: Scatter plot of the residuals for training and validation considering C1 and C2

REFERÊNCIAS

ARAÚJO JÚNIOR, C. A. et al. Modelling and forecast of charcoal prices using a neuro-fuzzy system. Cerne,
Lavras, v. 22, n. 2, p. 151-158, 2016.
BINOTI, D. H. B. et al. Redução dos custos em inventário de povoamentos equiâneos. Agrária, Recife, v. 8, n.
1, p. 125-129, 2013.
ALMEIDA, A. C.; SOARES, J. V. Comparação entre uso de água em plantações de Eucalyptus grandis e
floresta ombrófila densa (Mata Atlântica) na costa leste do Brasil. Revista Árvore, Viçosa, v.27, n.2, p.159-
170, 2003.
BRANDÃO, F. G. Estimativa da altura total de Eucalyptus sp utilizando lógica fuzzy e neuro-fuzzy. 2007.
62 f. Monografia de Graduação - Universidade Federal de Lavras, Departamento de Ciência da Computação,
Lavras, 2015.
VIEIRA, G. C. Prognose do diâmetro e da altura de árvores individuais utilizando inteligência artificial.
2015. 52 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de
Ciências Agrárias, Jerônimo Monteiro, 2015.
JANG, J. S. R. ANFIS: Adaptive-Network-Based Fuzzy Inference System, IEEE Transactionson Systems,
Man and Cybernetics, [s.1], v.23, n. 3, p. 665-685, 1993.
PEREIRA, R. D. A. Modelagem neuro-fuzzy na estimativa do perfil de Eucalyptus sp. 2008. 48 f.
Monografia de Graduação– Universidade Federal de Lavras, Departamento de Ciência da computação, Lavras,
2008.

503
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RELAÇÃO HIPSOMÉTRICA DE QUATRO ESPÉCIES ARBÓREAS EM FLORESTA OMBRÓFILA
MISTA

HYPSOMETRIC RELATION OF FOUR ARBOREOUS SPECIES IN MIXED OMBROPHYLLOUS


FOREST

Rafael Cubas1 Emanuel Arnoni Costa Jean Pierre Cavali

RESUMO

O ajuste e seleção de equações hipsométricas para Araucaria angustifolia, Ocotea porosa, Ocotea puberula e
Cinnamomum amoenum foram realizados a partir de árvores amostradas em uma área de 13,6 ha de Floresta
Ombrófila Mista, localizada no município de Canoinhas, estado de Santa Catarina. No remanescente florestal
foi selecionado, um total de 337 árvores com diâmetro maior ou igual a 4 cm, sendo as variáveis dendrométricas
medidas e anotadas para cada uma delas. Foram testados três modelos hipsométricos, tendo como variável
independente somente o diâmetro à altura do peito. O modelo logarítmico foi selecionado h = b0 + b1  ln (d ) .
Palavras chave: floresta com araucária; regressão linear; inventário florestal; altura.

ABSTRACT

The adjust and selection of hypsometric equations for Araucaria angustifolia, Ocotea porosa, Ocotea puberula
and Cinnamomum amoenum was conducted from trees sampled in an area of 13.6 ha of Mixed Ombrophyllous
Forest, located in the city of Canoinhas, State of Santa Catarina . In the forest remnant was selected, a total of
337 trees with diameter greater than or equal to 4 cm, the dendrometric variables being measured and annotated
for each of them. Three hypsometric models were tested, having only the diameter at breast height as the
independent variable. The logarithmic model was selected h = b0 + b1  ln (d ) .
Keywords: Araucaria forest; linear regression; forest inventory, height.

INTRODUÇÃO

Na região sul do Brasil, a Floresta Ombrófila Mista (FOM) é considerada uma das principais unidades
fitogeográficas, contudo, houve uma redução considerável da cobertura dessa tipologia florestal conforme
apontando por trabalhos técnico-científicos. No estado de Santa Catarina, a FOM cobria originalmente 42.851,6
km² (44,94%) do território, e atualmente restam 13.741,3 km² de cobertura florestal remanescente, equivalente a
24,4% da área original (VIBRANS et al., 2013).
Com isso, a partir de mudanças nas políticas públicas, o Instituto do Meio Ambiente do estado de Santa
Catarina passou a exigir maior número de informações técnico-científicas em processos de licenciamento
ambiental visando à autorização de corte de vegetação nativa arbórea, destacando-se um termo de referência
para o inventário florestal (IF). Esse termo descreve informações mínimas que devem ser inclusas no IF, dentre
as quais, o estágio sucessional da vegetação conforme a Resolução Conama n o 4, de 4 de maio de 1994, que
descreve entre os parâmetros, a altura média das árvores.
No IF o rendimento do levantamento dos dados dendrométricos é um dos fatores mais importantes, que
determina, muitas vezes, a viabilidade econômica do trabalho. Ele está muito associado às condições de acesso
nos povoamentos florestais, ao clima, ao relevo, ao tipo de vegetação estabelecida no sub-bosque, à espécie, à
experiência das equipes de campo, entre outros.
Dentre as variáveis dendrométricas mensuradas no IF, o diâmetro à altura do peito (d) pode ser
facilmente medido em todas as árvores. Enquanto a variável altura (h), apesar de apresentar resultados acurados
quando medida de modo direto por meio de instrumentos apropriados, caracteriza-se como uma variável de
difícil e demorada obtenção (SANQUETTA et al., 2013), principalmente em florestas mistas e inequiâneas,
onde a medição da altura empregando hipsômetros é dificultada pela densidade de árvores do sub-bosque, pelo
relevo (FREITAS et al., 2005), bem como, pelo formato da copa das árvores, o que tende a elevar os custos do
inventário florestal. Nestas situações, a adoção de modelos de regressão a partir da relação entre a altura da
árvore e seu diâmetro à altura do peito (h/d), conhecida como relação hipsométrica (SCHNEIDER;

1
Engenheiro Florestal, Dr., Professor da Universidade do Contestado (UnC), Rua Roberto Elke, 86 - Centro, CEP 89460-
000, Canoinhas (SC), Brasil. E-mail: rafaelcubas@unc.br

504
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
SCHNEIDER, 2008; SOARES et al., 2012), surge como uma alternativa viável e eficiente direcionada a
redução dos custos do inventário florestal, devido ao menor número de alturas medidas (FINGER, 2006).
Para determinar o modelo estatístico ideal que descreve a relação hipsométrica, é necessário testar
vários e selecionar o melhor com base nos critérios de seleção usados em análise de regressão. O modelo
selecionado poderá fornecer boas estimativas das alturas das árvores (FINGER, 2006). Nesse sentido, o objetivo
do presente estudo foi selecionar uma equação para descrever a relação hipsométrica para Araucaria
angustifolia (Araucária), Ocotea porosa (Imbuia), Ocotea puberula (Canela-guaicá) e Cinnamomum amoenum
(Canela-alho) estabelecidas em um remanescente de Floresta Ombrófila Mista sob influência antrópica.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
O presente estudo foi realizado em uma área de 13,6 ha de Floresta Ombrófila Mista Montana,
localizada no município de Canoinhas, estado de Santa Catarina. O remanescente florestal apresenta vegetação
em estágio avançado de regeneração e fisionomia de vegetação secundária muito alterada, decorrente do corte
seletivo de árvores no passado e de roçadas frequentes no sub-bosque, que influencia diretamente na dinâmica
da floresta. O clima da região segundo a classificação de Köppen é do tipo Cfb, temperado, constantemente
úmido, sem estação seca e com verão fresco e a precipitação média anual é de 1.588,0 mm. A altitude é de 795
m com relevo plano e ocorrência frequente de geadas.

Obtenção dos dados


Os dados são oriundos de um IF que integra um processo de licenciamento ambiental junto ao órgão
ambiental competente (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina) visando à autorização de corte da
vegetação nativa. Diante da grande variação da densidade de árvores na floresta, o IF considerou a subdivisão
da área de estudo, realizando o censo em 2,06 ha e a instalação aleatória de 65 unidades de amostra com
dimensão de 20 m x 10 m nos demais 11,54 ha. Em campo, todas as árvores estabelecidas nos 2,06 ha de
floresta com diâmetro à altura do peito (d) maior ou igual a 4 cm foram identificadas botanicamente e tiveram
suas variáveis dendrométricas medidas. A circunferência à altura do peito (c) foi medida com o uso de fita
métrica e convertido para diâmetro (d = c/π) e a altura total foi mensurada com o clinômetro digital haglof.
Essas mesmas variáveis foram medidas nas árvores encontradas nas unidades amostrais instaladas nos 11,54 ha.
No banco de dados gerado pelo IF, foram medidas 137 árvores de Araucaria angustifolia, 64 de Ocotea
porosa, 79 de Ocotea puberula e 57 de Cinnamomum amoenum, totalizando, 337 árvores. Tratam-se das
espécies mais importantes em remanescentes de Floresta Ombrófila Mista (VIBRANS et al., 2013) e por este
motivo foram escolhidas.

Modelos testados e critérios estatísticos


Três modelos hipsométricos aritméticos foram testados para estimar a altura total (h) das quatro
espécies estudadas.
1 - h = b0 + b1  d 2
2 - h = b0 + b1  ln (d )
3 - h = b0 + b1  d −1
Em que: h = altura total, em metros; d = diâmetro à altura do peito, em cm; b 0 e b1 = coeficientes de
regressão estimados; ln = logaritmo natural.
As equações foram avaliadas pelo coeficiente de determinação (R²), raiz do erro médio quadrático
(RMSE) e distribuição gráfica de resíduos. Os cálculos foram realizados no SAS v. 9.1 (SAS Institute, 2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização das variáveis dendrométricas


O diâmetro à altura do peito das árvores amostradas variou de 4,2 cm para a Ocotea puberula, a 99,9 cm
para a Ocotea porosa. Entre as duas variáveis dendrométricas mensuradas a altura total obteve a menor variação
dada pelo coeficiente de variação (CV%), com valores oscilando entre 21,6% a 33,9% (Tabela 1).
Dentre as espécies avaliadas, Araucaria angustifolia apresentou o menor CV% em relação ao porte das
árvores (d), e isso pode estar associado ao corte seletivo no passado e a execução de roçadas frequentes que são
realizadas já se vão décadas na área. O corte seletivo foi feito visando à exploração dos exemplares de maior

505
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
porte e as roçadas ocasionou o corte de indivíduos jovens, permanecendo, na floresta, árvores de Araucaria
angustifolia com diâmetros similares.
Em campo, constataram-se muitos locais com sub-bosque ausente, clareiras onde não houve o
estabelecimento de espécies arbóreas, devido às roçadas, e locais com baixa densidade de árvores, havendo,
portanto, maior disponibilidade de luz para as árvores presentes. Estas condições podem ter beneficiado as
espécies Araucaria angustifolia e Ocotea porosa que passaram a apresentar maiores taxas de crescimento
(CUBAS, 2015), e por consequência, em média, os maiores diâmetros entre as espécies avaliadas (Tabela 1).

TABELA 1: Estatística descritiva das variáveis dendrométricas das árvores amostradas no remanescente de
Floresta Ombrófila Mista.
TABLE 1: Descriptive statistics of the dendrometric variables of trees sampled in the remnant of Mixed
Ombrophyllous Forest.
Nome
Espécie Variável N Mínimo Média Máximo Desvio-Padrão CV (%)
comum
Araucária Araucaria angustifolia 137 4,9 38,7 74,8 12,6 32,6
Canela-alho Cinnamomum amoenum 57 5,5 20,7 49,5 9,9 47,8
Imbuia Ocotea porosa d (cm) 64 6,7 38,1 99,9 20,1 52,8
Canela-
Ocotea puberula 79 4,2 23,3 71,3 14,9
guaicá 63,9
Araucária Araucaria angustifolia 137 4,0 15,3 21,5 3,3 21,6
Canela-alho Cinnamomum amoenum 57 5,0 11,0 15,7 2,9 26,4
Imbuia Ocotea porosa h (m) 64 7,0 13,0 22,0 3,3 25,4
Canela-
Ocotea puberula 79 4,0 12,7 20,0 4,3
guaicá 33,9
Em que: N = Número de árvores; CV = Coeficiente de variação; d = diâmetro à altura do peito; h = altura total.

Modelagem
Os três modelos de relação hipsométrica ajustados, considerando o conjunto de todas as espécies,
apresentaram R² entre 0,35 e 0,62 e RMSE entre 2,4 a 3,1 m (Tabela 2). Esse resultado revela que o modelo
logarítmico (2) apresentou as melhores estatísticas de ajuste e precisão, com dispersão residual sem a presença
de erros sistemáticos que superestimassem ou subestimassem os valores.

TABELA 2: Estatística de ajuste e precisão dos modelos para estimar a altura total considerando o conjunto de
espécies.
TABLE 2: Adjustment and precision statistics of the models to estimate the total height considering the set of
species.
Modelo b0 b1 R² RMSE (m)
1 11,2397 0,0018 0,35 3,1
2 -2,8975 4,9756 0,62 2,4
3 17,1488 -79,0791 0,57 2,6
Em que: b0, b1 = Coeficientes; R² = Coeficiente de determinação; RMSE = raiz do erro médio quadrático.

Desta maneira, foi ajustado o modelo logarítmico, por espécie, que proporcionou bons ajustes, com
exceção da Ocotea porosa, onde o R² foi de 0,31 (Tabela 3).

TABELA 3: Estatísticas de ajuste e precisão do modelo selecionado para cada espécie considerada.
TABLE 3: Adjustment and precision statistics of the selected model for each specie considered.
Modelo Espécie b0 b1 R² RMSE (m)
2 Araucaria angustifolia -5,6723 5,8782 0,69 1,8
2 Cinnamomum amoenum -1,6718 4,3430 0,58 1,9
2 Ocotea porosa 0,9080 3,4630 0,31 2,8
2 Ocotea puberula -4,1538 5,6962 0,72 2,3
Em que: b0, b1 = Coeficientes; R² = Coeficiente de determinação; RMSE = raiz do erro médio quadrático.

Em geral, a dispersão residual em função do diâmetro revelou distribuição homogênea sem a presença
de erros sistemáticos (Figura 1).

506
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 1: Distribuição dos resíduos em função do diâmetro da Araucaria angustifolia (a), Cinnamomum
amoenum (b), Ocotea porosa (c) e Ocotea puberula (d).
FIGURE 1: Distribution of residues as a function of diameter of Araucaria angustifolia (a), Cinnamomum
amoenum (b), Ocotea porosa (c) and Ocotea puberula (d).

Ocotea puberula e Araucaria angustifolia apresentaram uma mesma tendência para a relação
hipsométrica que é superior às demais espécies, principalmente quando comparado com a Ocotea porosa
(Figura 2). Esse resultado pode estar associado às condições de crescimento em que as árvores encontram-se
submetidas e pelas suas características ecológicas.

FIGURA 2: Relação hipsométrica das quatro espécies arbóreas estudadas.


FIGURE 2: Hypsometric relation of the four tree species studied.

Embora haja grande quantidade de clareiras e locais com baixa densidade de árvores na área de estudo,
o que beneficia principalmente o crescimento em diâmetro dos indivíduos arbóreos, é a maior disponibilidade
de luz e a menor quantidade de árvores competidoras. Observou-se que, possivelmente, a altura expressiva dos

507
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
exemplares de grande porte de Araucaria angustifolia e Ocotea puberula (Figura 2) pode estar associada às
condições de crescimento dessas espécies submetidas no passado, antes do corte seletivo das árvores, quando a
competição lateral era maior, o que influenciou diretamente no crescimento em altura.
As árvores de Araucaria angustifolia e Ocotea puberula, na área de estudo, ocupam o estrato superior
da floresta, estando muitas delas estabelecidas em locais com baixa densidade de árvores competidoras. As
árvores de Ocotea porosa apresentam na grande maioria, indivíduos codominantes estabelecidos em locais com
maior quantidade de árvores competidoras, onde a menor disponibilidade de luz resultou em menores taxas de
crescimento.

CONCLUSÃO

O modelo logarítmico h = b0 + b1  ln (d ) foi selecionado para descrever a relação hipsométrica para
Araucaria angustifolia, Ocotea porosa, Cinnamomum amoenum e Ocotea puberula. O corte seletivo de árvores
no passado na área e a roçada frequente no sub-bosque influenciaram diretamente na dinâmica do crescimento
das espécies estudadas.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 4, de 1994. BIOMAS – Estágios sucessionais
da vegetação da Mata Atlântica, Brasília, DF, p. 8877-8878, mai. 1994.
CUBAS, R. Restabelecimento de Araucaria angustifolia e Ocotea porosa após sete décadas da exploração
florestal. 2015. 118 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa
Maria, 2015.
FINGER, C. A. G. Biometria florestal. Santa Maria. CEPEF/FATEC/UFSM, 2006. 284 p.
FREITAS, L. J. M. et al. Análise técnica e estimativas de custos de inventário de prospecção em uma Floresta
Estacional Semidecidual Submontana. Revista Árvore, Viçosa, v.29, n.1, p.65-75, 2005.
SANQUETTA, C.R. et al. A. Relações diâmetro-altura para espécies lenhosas em um fragmento de Floresta
Ombrófila Mista no Sul do Paraná. IHERINGIA, Porto Alegre, v. 68, n. 1, p. 103-114, junho. 2013.
SCHNEIDER, P. R.; SCHNEIDER, P.S.P. Introdução ao manejo florestal. Santa Maria: FACOS-UFSM,
2008. 566 p.
SOARES, C. P. B.; NETO, F. P.; SOUZA, A. L. Dendrometria e Inventário florestal. Viçosa: editora UFV,
2012. 272 p.
VIBRANS, A. C. et al. Floresta Ombrófila Mista: Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina.
Blumenau: Edifurb, 2013. 440 p.

508
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RELAÇÕES DE MÁXIMO TAMANHO-DENSIDADE PARA POVOAMENTOS DE Mimosa scabrella

MAXIMUM SIZE-DENSITY RELATIONSHIPS FOR Mimosa scabrella STANDS

Saulo Jorge Téo1 Welinton Michel de Vicentin Nunes

RESUMO

Os objetivos deste estudo foram testar o modelo potencial decrescente e o modelo linear logarítmico, bem como
diferentes variáveis silvimétricas para expressar a relação de máximo tamanho-densidade de povoamentos de
Mimosa scabrella Bentham, na região metropolitana de Curitiba, Paraná. Foram medidas 225 unidades
amostrais permanentes e temporárias, de 100 a 400 m2, em bracatingais de 3 a 18 anos de idade, os quais não
sofreram tratos silviculturais. O modelo potencial foi ajustado por meio de regressão não-linear, pelo método
iterativo de Gauss-Newton, enquanto o modelo linear foi ajustado pelo método dos mínimos quadrados
ordinários; para ambos os modelos foram testadas as variáveis: diâmetro médio (d̅ ), diâmetro médio quadrático
(dg ), área transversal média (g̅ ), volume médio (v̅ ), altura média (h̅ ) e altura dominante (hdom ). O modelo
potencial decrescente apresentou o melhor desempenho estatístico para representar a relação de máximo
tamanho-densidade. A variável que melhor representou a relação de máximo tamanho-densidade para
povoamentos de Mimosa scabrella foi o v̅ , seguida pela g̅ , d̅ e dg , as quais podem ser utilizadas para
desenvolver índices de densidade do povoamento.
Palavras-chave: índice de densidade; bracatinga; competição entre árvores.

ABSTRACT

The aims of this study were to test the decreasing potential model and the linear logarithmic model, as well as
different silvimetric variables to represent the maximum size-density relationship of Mimosa scabrella Bentham
stands, in the Curitiba metropolitan region, Paraná. The data came from 225 permanent and temporary plots,
with area ranging from 100 to 400 m2, in untreated stands of 3 to 18 years old. The potential model was fitted by
non-linear regression, based on the Gauss-Newton iterative method, while the linear model was fitted by
ordinary least-squares method; for both models, the variables tested were: mean diameter (d̅ ), quadratic mean
diameter (dg ), mean basal area (g̅ ), mean volume (v̅ ), mean height (h̅ ) and dominant height (hdom ). The
decreasing potential model presented the best statistical performance to represent the maximum size-density
relationship. The v̅ was the variable that best represent the maximum size-density relationship of Mimosa
scabrella stands, followed by g̅ , d̅ e dg , which can be used to develop stand density indexes.
Keywords: density index; bracatinga; tree competition.

INTRODUÇÃO

As medidas de densidade mais comumente utilizadas são o número de árvores por hectare, a área basal
por hectare, a área basal relativa, os índices de densidade do povoamento e fator de competição de copas. O
número de árvores pode ser considerado como a medida mais simples de densidade florestal, entretanto a
qualidade dessa medida é incerta se nenhuma informação sobre o tamanho das árvores for considerada. É fácil
entender o porquê, desde que se tenha em mente dois povoamentos florestais de mesmo número de árvores por
hectare, porém um com diâmetro médio de 10 cm e outro de 25 cm. Obviamente, o povoamento florestal com
diâmetro médio de 25 cm apresentará maior grau de ocupação do terreno pelos troncos das árvores. Por esse
motivo, Burkhart (2013) afirmou que o número de árvores é necessário, mas não suficiente para descrever
adequadamente a densidade de um povoamento florestal.
Com o crescimento individual das árvores a demanda por recursos do sítio e espaço aumenta. Quando
os recursos não são mais adequados para sustentar o crescimento adicional de todas as árvores do povoamento
florestal, terá início o autodesbaste e o número de árvores por unidade de área diminuirá. Diversos índices de
densidade foram desenvolvidos para estudar a influência da densidade no autodesbaste, esses índices combinam
uma expressão do tamanho da árvore média com o número de árvores por unidade de área (BURKHART e
TOMÉ, 2012; BURKHART, 2013). O mais conhecido e mais comumente empregado índice de densidade foi

1
Engenheiro Florestal, Dr., Professor da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Rua Dirceu Giordani, 696,
Bairro Jardim Tarumã, CEP 89820-000, Xanxerê (SC), Brasil. E-mail: saulo.teo@unoesc.edu.br

509
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
desenvolvido por Reineke (1933), baseado na relação entre o número de árvores por unidade de área (N) e o
diâmetro médio quadrático (dg ) de povoamentos florestais com densidade completa ou povoamentos florestais
normais, para os quais o aumento da densidade resultante do crescimento das árvores é igual à diminuição
causada pela mortalidade (ZEIDE, 2010). Reineke (1933) reportou que, na condição de densidade completa, os
povoamentos florestais com menor dg apresentam muitas árvores por unidade de área, enquanto povoamentos
com maior dg apresentam poucas árvores.
O índice de densidade de Reineke (1933) faz uso dessa relação entre N e dg de povoamentos normais
para determinar a densidade dos povoamentos nas mais diversas condições de densidade. A relação N - dg pode
ser representada por uma função potencial decrescente (Modelo 1), porém foi simplificada por Reineke (1933)
por meio da aplicação do logaritmo, obtendo-se a relação entre log10 N e log10 dg , a qual pode ser representada
por uma função linear decrescente (Modelo 2).
N=β0 *dg -β1 (Modelo 1)
log N =β0 -β1 * log dg (Modelo 2)
Reineke (1933) afirmou que o valor de -1,605 para o parâmetro β1 foi satisfatório para povoamentos de
12 espécies florestais, tal parâmetro representa a taxa de diminuição do N com o aumento de dg , tanto no
Modelo 1 como no Modelo 2, independentemente da transformação logarítmica ou das escalas de medida de N
(árv.ha-1 ou árv.acre-1) e dg (cm ou polegada). Embora o valor -1,605 tenha sido tratado por muito tempo como
uma constante alométrica, o próprio Reineke (1933) recomendou que mais espécies florestais fossem
investigadas quanto a conformidade com esse resultado. Valores β1 entre -1,03 e -2,33 foram encontrados por
diversos autores para descrever a relação N - dg de povoamentos de várias espécies florestais, em diferentes
regiões (RÍO et al., 2001; VANDERSCHAAF e BURKHART, 2007; TÉO et al., 2008; ZEIDE, 2010;
BURKHART, 2013; RETSLAFF et al., 2016). VanderSchaaf e Burkhart (2007) e Zhang et al. (2005) testaram
diferentes técnicas estatísticas para estimar o parâmetro β1 ; enquanto VanderSchaaf e Burkhart (2007)
recomendaram o ajuste do Modelo 2 por meio de regressão linear pelo método dos mínimos quadrados
ordinários (MQO), Zhang et al. (2005) classificou a regressão linear (MQO) dentre as técnicas mais sensíveis à
seleção dos dados para o ajuste, podendo produzir estimativas inapropriadas de β1 .
Burkhart (2013) testou além do dg , o volume médio (v̅ ) e a altura dominante (hdom ) como variáveis
explicativas no Modelo 2 para estimar a relação de máximo tamanho-densidade de povoamentos de Pinus taeda
L., do Sudeste dos Estados Unidos da América. Não obstante, as variáveis v̅ e hdom já haviam sido relacionadas
à densidade de povoamentos florestais por Yoda et al. (1963) e Wilson (1946), respectivamente.
Os objetivos deste estudo foram testar os Modelos 1 e 2, ajustados por meio de regressão não-linear e
linear (MQO), respectivamente, bem como, diferentes variáveis silvimétricas para expressar a relação de
máximo tamanho-densidade de povoamentos de Mimosa scabrella Bentham, na região metropolitana de
Curitiba, Paraná.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados utilizados neste estudo provieram de bracatingais, localizados predominantemente da porção


Norte da região metropolitana de Curitiba, abrangendo os municípios de Agudos do Sul, Almirante Tamandaré,
Araucária, Balsa Nova, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Colombo, Contenda,
Piraquara, Quatro Barras, Rio Branco do Sul, São José dos Pinhais e Tunas do Paraná. A região de estudo
pertence à zona climática subtropical úmida, de clima oceânico, sem estação seca, com verão temperado, de
classificação Cfb de acordo com Köppen. A região de estudo possui altitude média de 903 m acima do nível do
mar, temperatura anual média de 17,2 °C, temperatura média do mês mais quente de 20,7 °C e do mês mais frio
de 13,1 °C; e precipitação média anual de 1610 mm (ALVARES et al., 2013).
Ao todo foram mensuradas 225 unidades amostrais permanentes e temporárias, de 100 a 400 m2,
distribuídas de forma aleatória em bracatingais de regeneração natural induzida pelo fogo, de 3 a 18 anos de
idade, os quais não sofreram tratos silviculturais ao longo de seu desenvolvimento.
Em cada parcela foi medida a circunferência à altura do peito e a altura total de todos os indivíduos de Mimosa
scabrella, enquanto os volumes individuais das árvores foram estimados conforme Machado et al. (2008). Com
os dados de cada árvore foram calculados, para as parcelas: o diâmetro médio (d̅ , em cm), o diâmetro médio
quadrático (dg , em cm), área transversal média (g̅ , em m2), volume médio (v̅ , em m3), altura média (h̅ , em m),
altura dominante (hdom , em m) e número de árvores (N, em árv.ha-1). Além disso, foram verificadas as idades (t)

510
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
dos povoamentos no momento das medições e a classificação de sítios florestais foi realizada de acordo com
Machado et al. (1997).
O Modelo 1 foi ajustado por meio do procedimento PROC NLIN, baseado no método iterativo de Gauss-
Newton; já o Modelo 2 foi ajustado por meio do procedimento PROC REG, baseado no método dos MQO,
ambos os procedimentos do aplicativo computacional SAS® University Edition. Além do dg , foram testadas d̅ ,
g̅ , v̅ , h̅ e hdom como variáveis explicativas para a relação de máximo tamanho-densidade de povoamentos de
Mimosa scabrella.
Os modelos foram ordenados de acordo com uma nota atribuída conforme diversos critérios de seleção, os quais
foram: coeficiente de determinação ajustado (R2aj. ), erro padrão relativo (syx%), média das diferenças (MD) e
média das diferenças absolutas (MDA). Todos os critérios de seleção foram calculados considerando a variável
dependente (N), para o Modelo 2 foi utilizado o fator de correção para a discrepância logarítmica. Foi realizada
análise gráfica de resíduos studentizados sobre a variável dependente estimada (N ̂ i ) almejando-se distribuição de
resíduos uniforme, com ausência de padrões, sem heterocedasticidade e com distribuição normal. Para evitar a
heterocedasticidade no Modelo 1, procedeu-se o ajuste pelo método dos mínimos quadrados ponderados (MQP),
onde as ponderações incluíram diversas transformações e combinações das variáveis explicativas, conforme
Parresol (1993). Para evitar a não-normalidade dos resíduos no Modelo 1, efetuou-se o ajuste pelo método dos
MQP, com ponderações atribuídas aos resíduos studentizados excedentes ao intervalo ± 2, conforme Huber
(1964), recomendado por Myers (1986).
É desejável que uma medida de densidade seja independente da idade e qualidade de sítio florestal. Para
testar essas características, foram calculados os coeficientes de correlação (r) entre os diferentes índices de
densidade do povoamento (IDP) (Equação 1) e a idade (t); e entre os IDP e o índice de sítio (S). Os IDP foram
classificados atribuindo-se uma nota tanto menor, quanto mais próximo de zero o valor de r, podendo-se ordenar
os IDP menos associados às variáveis t e S. Foi realizado o teste de significância e a classificação qualitativa do
grau de correlação para cada valor de r, conforme Callegari-Jacques (2003).
wi -β1 ij
IDPij =N ( ) (Equação 1)
wreferência i
Em que: IDPij = índice de densidade do povoamento do Modelo i, para variável j; N= número de árvores
-1
(árv.ha ); wi = variável explicativa i; wreferência i = valor de referência para a variável explicativa i; β1 ij =
parâmetro do Modelo i, para variável j.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os parâmetros estimados para os Modelos 1 e 2 foram significativamente diferentes de zero (α =


0,01) e os limites de seus intervalos de confiança, com 95% de probabilidade, não incluíram o valor zero
(Tabela 1). Considerando todos os critérios de seleção, o Modelo 1, com o v̅ como variável explicativa,
apresentou o melhor desempenho estatístico para representar a relação de máximo tamanho-densidade de
povoamentos de Mimosa scabrella. Em seguida, o melhor desempenho é observado para o Modelo 1, com d̅ e g̅
como variáveis explicativas (Tabela 1).

TABELA 1: Ajuste e critérios de seleção dos Modelos 1 e 2, para a relação de máximo tamanho-densidade de
povoamentos de Mimosa scabrella Bentham.
TABLE 1: Fitting and selection criteria of the Models 1 and 2, to the maximum size-density relationship of the
Mimosa scabrella Bentham stands.
MD MDA
Modelo Variável β0 β1 R2aj. syx% Ordem
(árv.ha-1)
d̅ 89791,00 -1,782024 0,4661 46,74 57 512 2
dg 82657,58 -1,716465 0,4506 47,42 54 521 4
g̅ 211,1733 -0,464593 0,5011 45,19 59 539 2
1
v̅ 216,7961 -0,661743 0,4879 45,78 21 523 1
h̅ 183537,0 -1,887494 0,3737 50,62 -88 628 9
hdom 65460,40 -1,431493 0,2546 55,23 -31 696 10
d̅ 5,348661 -2,218625 0,4048 49,46 -81 548 5
dg 5,346429 -2,181970 0,3725 50,79 -86 562 8
g̅ 1,998951 -0,618443 0,4338 48,24 -100 597 6
2
v̅ 2,028483 -0,860187 0,3859 50,24 -97 566 7
h̅ 5,693547 -2,380103 0,3097 53,27 -126 640 11
hdom 5,277026 -1,931405 0,1479 59,18 -132 716 12

511
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Considerando individualmente cada variável explicativa testada, o Modelo 1 sempre apresentou melhor
desempenho estatístico do que o Modelo 2. Quanto às diferentes variáveis explicativas, o v̅ , g̅ , d̅ e dg sempre
apresentaram os melhores desempenhos, enquanto h̅ e hdom os piores, tanto para o Modelo 1, como para o
Modelo 2 (Tabela 1). As distribuições de resíduos studentizados do Modelo 1 foram sempre mais uniformes e
mais próximas da distribuição normal do que as do Modelo 2, considerando todas as variáveis explicativas.
Essas características da distribuição dos resíduos podem ser resultantes do método MQP, aplicado ao ajuste do
Modelo 1, conforme Parresol (1993) e Huber (1964).
As estimativas do parâmetro β1 para a variável dg foram mais próximas ao valor reportado por Reineke
(1933) para o Modelo 1, em comparação ao Modelo 2 (Tabela 1). Todavia, tanto para o Modelo 1, como para o
Modelo 2, os valores estimados de β1 para expressar a relação N - dg neste estudo ficaram dentro do limite de
variação dos valores estimados por Río et al. (2001), Vanderschaaf e Burkhart (2007), Zeide (2010), Burkhart
(2013) e Retslaff et al. (2016).
Burkhart (2013) estimou valores entre -0,415 e -0,490 para o coeficiente β1 do Modelo 2 para expressar a
relação N - v̅ de povoamentos de Pinus taeda no Sudeste dos Estados Unidos da América. Os valores mais
acentuados do parâmetro β1 estimados neste estudo indicam maior diminuição do número de árvores por hectare
com o aumento do volume médio dos povoamentos de Mimosa scabrella (Figura 1). É possível observar ainda
que o valor do parâmetro β1 foi mais acentuado quando estimado pelo Modelo 2, fazendo com que a curva da
relação de máximo tamanho-densidade apresente tendência decrescente mais íngreme (Figura 1), este padrão
ocorreu para todas as variáveis explicativas testadas neste estudo.

100000

10000
N (árv.ha-1)

Máximo Tamanho-Densidade 1

Máximo Tamanho-Densidade 2
1000
< 5 anos

5 a 10 anos

10 a 15 anos
100
> 15 anos

10
0,01 0,10
ῡ (m³)

FIGURA 1: Relação de máximo tamanho densidade gerada pelo volume médio, por meio dos Modelos 1 e 2,
para Mimosa scabrella Bentham.
FIGURE 1: Maximum size-density relationship developed by the mean volume, through the Models 1 and 2, for
Mimosa scabrella Bentham.

Burkhart (2013) também estimou valores para o coeficiente β1 do Modelo 2 entre -0,799 e -1,439 para
expressar a relação N - hdom de povoamentos de Pinus taeda, os quais foram mais próximos do valor de β1
estimado neste estudo pelo Modelo 1.
Zeide (2010), Burkhart (2013) e Retslaff et al. (2016) encontraram valores de R2aj. superiores a 0,8 para
o Modelo 2 ajustado para representar a relação N - dg . Burkhart (2013) encontrou valores de R2aj. superiores a
0,7 e 0,4 para o Modelo 2 ajustado para representar a relação N - v̅ e N - hdom . Todos os valores de R2aj.
encontrados por esses autores foram superiores aos valores apresentados neste estudo, para suas respectivas
variáveis explicativas (Tabela 1). Tal resultado pode ser devido à falta de seleção dos dados deste estudo para o
ajuste dos Modelos 1 e 2, a fim de garantir a utilização somente de povoamentos florestais com densidade
completa. Embora tenha-se conhecimento de que os dados deste estudo provêm de povoamentos de Mimosa
scabrella sem qualquer tratamento silvicultural, é provável que uma parte desses povoamentos não apresente
densidade completa, principalmente aqueles com idades mais avançadas. No entanto, até mesmo Reineke (1933)
admitiu que uma porção dos dados para ajuste da relação de máximo tamanho-densidade poderia ser

512
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
proveniente de povoamentos florestais sem densidade completa, principalmente para garantir a
representatividade de povoamentos de diversas idades e qualidades de sítio.
Vanderschaaf e Burkhart (2007) descreveram dois tipos de relação de máximo tamanho-densidade: I) a primeira
definida como uma assíntota linear em escala logarítmica, um limite superior estático da relação de máximo
tamanho-densidade, que representa o autodesbaste de todos os povoamentos de uma determinada epécie
florestal dentro de uma área geográfica; II) e a segunda relação de máximo tamanho-densidade é definida como
um limite superior dinâmico, representada por uma curva decrescente mesmo em escala logarímica, a qual
representa o autodesbaste de apenas um povoamento florestal ao longo de seu desenvolvimento. Zeide (2005)
(2010) atribuiu a relação de máximo tamanho-densidade de tipo II ao fato de que conforme as árvores se tornam
maiores e mais velhas, a área da clareira deixada por uma árvores morta aumenta, enquanto a habilidade das
árvores vizinhas de ocupa-la diminui. Dessa forma, povoamentos florestais com densidade completa velhos não
podem ser tão densos quanto os jovens. No caso deste estudo, o processo descrito por Zeide (2005) (2010) pode
ser ainda mais destacado, devido às altas taxas de mortalidade nos povoamentos maduros e pouca longevidade
da Mimosa scabrella.
A grande maioria dos coeficientes de correlação (r) foram significativamente diferentes de zero (α = 0,05),
contudo isso não significa que existe associação entre os valores de IDP e t, ou entre IDP e S, já que a maioria
dos valores de r representam associação fraca a regular (Tabela 2). De maneira geral, os valores de r entre IDP e
t apresentam maior grau de associação, sempre representando correlação negativa. Por outro lado, os valores de
r entre IDP e S geralmente representam menor grau de associação, com valores positivos, exceto para os IDP
desenvolvidos com a área transversal média (g̅ ), por meio do ajuste, tanto do Modelo 1, como do Modelo 2
(Tabela 2). Dentre as diferentes variáveis para os quais os valores de IDP foram calculados, a hdom e h̅
apresentaram os maiores valores de coeficiente de correlação com t e S, sendo a correlação entre o IDP gerado
pelo Modelo 1 e para a variável hdom , a única classificada como forte (Tabela 2).

TABELA 2: Coeficientes de correlação (r) dos índices de densidade do povoamento (IDP) com a idade (t) e
índice de sítio (S) para Mimosa scabrella Bentham.
TABLE 2: Correlation coefficient (r) of the stand density indexes (SDI) with age (t) and site index (S) for
Mimosa scabrella Bentham.
r Classificação
Modelo Variável Ordem
IDP - t IDP - S IDP - t IDP - S
d̅ -0,40282* 0,17019* 5 regular fraca
dg -0,41757* 0,15306* 4 regular fraca
g̅ -0,49257* -0,00663ns 5 regular nula
1
v̅ -0,44036* 0,27264* 8 regular fraca
h̅ -0,57172* 0,35450* 10 regular regular
hdom -0,64392* 0,35782* 11 forte regular
d̅ -0,22724* 0,18273* 3 fraca fraca
dg -0,23835* 0,16437* 1 fraca fraca
g̅ -0,30984* -0,02773ns 1 regular nula
2
v̅ -0,23901* 0,32352* 7 fraca regular
h̅ -0,46534* 0,42359* 9 regular regular
hdom -0,56287* 0,46390* 11 regular regular
Em que: * = significativamente diferente de zero (α = 0,05); ns = não significativo.

As relações de máximo tamanho-densidade desenvolvidas por meio do Modelo 1, com as variáveis


explicativas v̅ , g̅ , d̅ e dg foram as mais adequadas para desenvolver um índice de densidade e representar o
autodesbaste dos povoamentos de Mimosa scabrella. O oposto pode ser afirmado para as variáveis h̅ e hdom ,
tanto para o Modelo 1, como o Modelo 2, pelo baixo desempenho estatístico dos modelos e pelos valores mais
altos dos coeficientes de correlação do IDP com t e S.
Burkhart (2013) reportou que houve uma vantagem consistente em utilizar o dg com relação ao v̅ e hdom ,
para representar a relação de máximo tamanho-densidade e estimar o número de árvores por unidade de área
para diversas idades, índices de sítio e densidades. A ocupação do sítio depende do espaço que as árvores
preenchem, o qual está relacionado com o tamanho da copa, não ao tamanho do tronco. A área da copa aumenta
com o diâmetro à altura do peito, mas algumas árvores possuem a relação inversa entre a área da copa e a altura,
principalmente quando estão dentro de um povoamento. Isso significa que árvores mais altas possuem menores
copas do que árvores mais baixas, com o mesmo diâmetro. Por outro lado, o volume do tronco aumenta com

513
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
ambos, diâmetro e altura. Esse raciocínio explica porque o diâmetro tem uma relação mais próxima com o
tamanho da copa do que o volume ou peso do tronco (ZEIDE, 2002; 2010).
A teoria de Zeide (2002) (2010) não se confirmou neste estudo para as variáveis v̅ , d̅ e dg , pois o
Modelo 1 apresentou melhor desempenho estatístico com a variável explicativa v̅ . Entretanto, essa dedução
ajuda a explicar o baixo desempenho dos modelos ajustados com as variáveis h̅ e hdom , bem como dos índices
de densidade do povoamento derivados de tais modelos.

CONCLUSÕES

O ajuste do modelo potencial decrescente (Modelo 1) apresentou melhor desempenho estatístico para
representar a relação de máximo tamanho-densidade do que o modelo logarítmico (Modelo 2), para
povoamentos de Mimosa scabrella, na região metropolitana de Curitiba.
A variável que melhor representou a relação de máximo tamanho-densidade para povoamentos de
Mimosa scabrella foi o volume médio (v̅ ), seguida da área transversal média (g̅ ), diâmetro médio (d̅ ) e diâmetro
médio quadrático (dg ). Essas variáveis podem ser utilizadas para desenvolver índices de densidade do
povoamento. No entanto, o oposto pode ser afirmado para as variáveis altura média (h̅ ) e altura dominante
(hdom ).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Prof. Sebastião do Amaral Machado por ceder os dados para a realização deste
trabalho, ao CNPq por financiar a coleta dos dados e à Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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515
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
RELAÇÕES DENDRO-MORFOMÉTRICAS PARA ARAUCÁRIA UTILIZANDO INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL

DENDRO-MORPHOMETRIC RELATIONS FOR ARAUCARIA USING ARTIFICIAL INTELLIGENCE

Luís Paulo Baldissera Schorr1 André Felipe Hess Ana Cláudia da Silveira Kemely Alves Atanazio
Tarik Cuchi Giselli Castilho Moraes

RESUMO

As relações dendro-morfométrias podem ser utilizadas como auxilio para o planejamento das atividades
florestais, buscando identificar técnicas de manejo que possibilitem a utilização e gerenciamento dos recursos
florestais. Em virtude dessa importância, técnicas de modelagem precisas são necessárias para tais fins. Diante
disso, este trabalho teve como objetivo verificar a precisão da técnica de redes neurais artificias (RNAs) para
descrever as relações entre as variáveis de forma e dimensão para árvores de Araucaria angustifolia (Bertol)
Kuntze localizadas em uma floresta nativa. Para isso, mensurou-se 25 parcelas em um remanescente de Floresta
Ombrófila Mista no município de Lages/SC. As árvores amostradas foram mensuradas quanto ao diâmetro a
altura do peito, altura total, altura de inserção de copa e 4 raios de copa. Após isso, ocorreu o cálculo do
diâmetro de copa, comprimento de copa e proporção de copa. Foram treinadas 100 RNAs do para cada relação,
onde a seleção se deu pelos critérios da analise gráfica dos resíduos, a correlação entre os valores observados e
estimados e da raiz quadrada do erro médio. Os resultados foram satisfatórios e precisas, sendo que a
modelagem das relações dendro-morfométricas realizadas pelas RNAs explicou 75% a 82% dos dados
validados, sugerindo a utilização desta técnica para fins de manejo florestal.
Palavras-chave: manejo florestal; RNAs; mensuração; copa da árvore.

ABSTRACT

The dendro-morphometric relationships can be used as an aid to the planning of forest activities, seeking to
identify management techniques that enable the use and management of forest resources. Because of this
importance, precise modeling techniques are necessary for such purposes. The objective of this work was to
verify the accuracy of the Artificial Neural Network (ANN) technique to describe the relationships between
shape and dimension variables for Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze trees located in a native forest. For
this, 25 plots were measured in a remnant of Mixed Ombrophylous Forest in the municipality of Lages / SC.
The trees sampled were measured for diameter at breast height, total height, crown insertion height and 4 crown
rays. After that, we calculate thecrown diameter, crown length and crown ratio was performed. 100 RNAs were
trained for each relation, where the selection was based on the graphical analysis of the residues, the correlation
between the observed and estimated values and the square root of the mean error. The results were satisfactory
and accurate, and the modeling of dendro-morphometric ratios performed by RNAs explained 75% to 82% of
validated data, suggesting the use of this technique for forest management purposes.
Keywords: forest management; ANNs; measurement; tree crown.

INTRODUÇÃO

Atualmente as florestas de araucária no sul do brasil apresentam-se superestocadas, fato que tem
influencia negativa no desenvolvimento das florestas (SILVEIRA et al., 2018a). Portanto, a verificação de
técnicas de manejo que possam auxiliar no manejo desses remanescentes florestais se mostra imprescindível
para o setor florestal.
A utilização de variáveis de copa como método que pode ser empregado no manejo de florestas, uma
vez que estas são incluídas em modelos de crescimento, sendo, portanto, o estudo do espaço horizontal nas
florestas e também a sua relação com as dimensões das árvores objeto de estudo de vários pesquisadores
(MINATTI et al., 2016; COSTA al., 2017, COSTA; FINGER, 2016; HESS et al., 2018).
Essas relações existentes entre as árvores com suas características morfométricas, como diâmetro de
copa, altura, comprimento de copa e diâmetro da árvore, se mostram de grande importância para estudos sobre a

1
Eng. Florestal, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade do Estado de Santa
Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias – CAV/UDESC. Av. Luís de Camões, 2090, Conta Dinheiro, 88520-000,
Lages, SC, Brasil. E-mail: luispaulo_schorr@hotmail.com

516
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
competição dos remanescentes florestais, auxiliando gerenciadores florestais na tomada de decisão sobre
intervenções silviculturais, concretizando atividades de manejo florestal sustentável (PADOIN; FINGER, 2010;
HESS et al., 2018).
Devido a importância destas relações, o uso de técnicas de predição acuradas se mostra necessária. Por
isso, nos últimos anos vem ocorrendo uma motivação para a aplicação de Redes Neurais Artificiais (RNAs) na
área das ciências florestais, substituindo os modelos de regressão (GÖRGENS et al. 2009; BINOTI et al., 2014).
As principais vantagens dos modelos matemáticos baseados nas RNAs são a independência de
conhecimento e suposições sobre as relações entre as variáveis utilizadas no ajuste e a utilização de variáveis
categóricas e numéricas em um mesmo modelo.
Tendo em vista a importância do estudo das relações interdimensionais em florestal de araucária aliada
a necessidade de técnicas de alta precisão, este trabalho buscou identificas por meio de RNAs indicar as
principais relações dendro-morfométricas para a espécie, sendo o objetivo verificar a precisão da técnica para
predição destas relações para árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze localizadas em uma floresta
nativa no município de Lages/SC.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo
Este estudo foi desenvolvido em uma remanescente de Floresta Ombrófila Mista (FOM), com área total
de aproximadamente 84 ha, situado sob coordenadas de 27°49’27”S e 50°06’26”O, município de Lages, Santa
Catarina, Brasil.
Conforme classificação de Köeppen, o clima é classificação mesotérmico úmido com verões brandos
(Cfb). O município possui uma altitude de 987 m, com variação da temperatura anual média entre 13,8°C e
15,8°C e precipitação pluviométrica média anual variando de 1360 mm a 1600 mm (EPAGRI, 2002).

Coleta de dados
Os dados foram coletados em 25 parcelas retangulares de área fixa (400 m2), as quais foram distribuídas
de maneira sistemática, sendo a distância entre linhas igual a 100 m e entre parcelas de 50 m (Figura 1).
Identificou-se todas as árvores de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze com diâmetro à altura do peito (dap)
a partir de 10 cm.

FIGURA 1: Área de estudo e distribuição das parcelas.


FIGURE 1: Study area and distribution of plots.

As árvores amostradas foram mensuradas quanto ao dap, altura total (ht), altura de inserção de copa
(hic) e 4 raios de copa (rc) nas direções cardeais (N, S, L, O). Para este processo utilizou-se suta, hipsômetro

517
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Trupulse e bússola. Posteriormente a coleta dos dados, realizou-se os cálculos das variáveis diâmetro de copa
(dc) (Equação 1), comprimento de copa (cc) (Equação 2) e proporção de copa (pc) (Equação 3).

∑ 𝑟𝑐
𝑑𝑐 = ∗2 (1)
4

𝑐𝑐 = ℎ𝑡 − ℎ𝑖𝑐 (2)
𝑐𝑐
𝑝𝑐 = ∗ 100 (3)
ℎ𝑡

Processamento dos dados


Para processamento dos dados treinou-se 100 redes do tipo Multilayer Perceptron para cada uma das
relações definidas utilizando o software Neuro 4.0. Primeiramente subdividiu-se os dados em 70% para
treinamento e 30% para validação. Então, aplicou-se o tipo de treinamento Resilient Propagation (RPROP+)
com função de ativação sigmoidal. A Tabela 1 apresenta o resumo das características de entrada das RNAs
treinadas neste estudo, sendo que a arquitetura utilizada foi 1-6-1.

TABELA 1: Características das RNAs utilizadas na modelagem das relações dendro-morfométricas para
Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC.
TABLE 1: Characteristics of ANNs used in the modeling of dendro-morphometric relationships for Araucaria
angustifolia (Bertol) Kuntze in native forest located in Lages / SC.
Relação Entrada Saída
1 dap dc
2 ht hic
3 cc pc
Em que: dap = diâmetro a altura do peito (cm); ht =altura total (m); hic = altura de inserção de copa (m); dc =
diâmetro de copa (m); cc = comprimento de copa (m); pc = proporção de copa (%).

A análise dos resultados ocorreu quando atingido um dos critérios de parada, o qual considerou o
número total de ciclos igual à 3.000 ou erro quadrático médio inferior a 0,01. O critério de seleção das redes foi
baseado na análise gráfica de resíduos, como também, nos valores dos parâmetros estatísticos da correlação
entre os valores observados e estimados (rhĥ) (Equação 4) e da raiz quadrada do erro médio (RQEM) (Equação
5).

𝑐𝑜𝑣 (𝑦𝑖,ŷ𝑖)
rhĥ = (4)
√𝑆 2 (𝑦𝑖) 𝑆²(ŷ𝑖)

Em que: yi= valor observado; ŷi= valor estimado.

100 (𝑦𝑖−ŷ𝑖)²
RQEM% = √∑𝑛𝑖=1 (5)
ȳ 𝑛

Em que: ȳ=média dos valores observados; yi= valor observado; ŷi= valor estimado; n= número total de
observações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na área avaliaram-se 330 árvores de Araucaria angustifolia com dap maior ou igual a 10 cm. Para o
dap as árvores variaram de 10,15 a 78,49 cm, sendo a média de 29,06 cm, enquanto para ht observou-se valores
variando de 6,4 a 26,5 m, tendo como média 16,24 m. A diferença entre os dap já é esperada pois este trabalho
foi desenvolvido em floresta nativa, a qual caracteriza-se por diferentes idades e consequentemente diferentes
valores de diâmetro das árvores.
O cc médio calculado foi de 5,23 m, e o dc teve uma grande amplitude de variação, de 0,45 a 14,35 m,
tendo uma média de 5,57 m. Vale salientar que os menores valores observados podem estar ligados com menor
espaço lateral disponível para o crescimento das arvores, que pode ser consequência da alta densidade de
indivíduos.

518
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Devido as variáveis mensuradas, pode ser verificado alta grande variação para a pc (3,51% a 70,81%),
sendo que a média foi de 32,6%. Esta variação existente na proporção das copas segundo Durlo e Dernardi
(1998) pode ser atribuída aos diferentes graus de concorrência, a que as árvores estão submetidas. O resumo das
variáveis dendrométricas e morfométricas avaliadas neste estudo é ilustrado na Figura 2.

FIGURA 2: Gráfico boxplot para as variáveis dendrométricas diâmetro a altura do peito (dap), altura total (ht),
altura de inserção de copa (hic), diâmetro de copa (dc), comprimento de copa (cc) e proporção de copa (pc) para
árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC.
FIGURE 2: Boxplot graph for the dendrometric variables, diameter at breast height (dap), total height (ht),
crown insertion height (hic), crown diameter (dc), crown length (cc), crown proportion (pc) for trees of
Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze in native forest located in Lages / SC.

A modelagem das relações dendro-morfométricas realizadas pelas RNAs se mostrou de elevada


precisão, explicando de 75% a 82% dos dados validados, sendo estes resultados de alta correlação e baixos
valores de erro, conforme apresentado na Tabela 2.

TABELA 2: Estatísticas de qualidade da predição da altura total (ht) em função do diâmetro à altura do peito
(dap) de árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC por meio
de RNAs.
TABLE 2: Statistics of quality of the total height prediction (ht) as a function of the diameter at the chest height
(dap) of Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze trees in native forest located in Lages / SC by ANNs.
Relação Processamento rhĥ RQEM%
Treino 0,827 1,616
1
Validação 0,756 1,991
Treino 0.832 2.091
2
Validação 0.789 2.291
Treino 0.828 7.825
3
Validação 0.796 8.275
Em que: rhĥ = correlação entre os valores observados e estimados; RQEM% = da raiz quadrada do erro médio.

A avaliação da análise dos resíduos para a dc em função do dap, hic em função da ht e pc em função de
cc é apresentada nas Figuras 3, 4 e 5, respectivamente. Os resultados indicaram baixos vieses de estimativas,
sendo que os resíduos concentraram-se nas menores classes de erros.

519
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 3: Análise gráfica dos resíduos da predição do diâmetro de copa (dc) em função do diâmetro à altura
do peito (dap) de árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC
por meio de RNAs.
FIGURE 3: Graphical analysis of the residues of the predicted crown diameter (dc) as a function of the diameter
at the breast height (dap) of Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze trees in native forest located in Lages / SC
by ANNs.

FIGURA 4: Análise gráfica dos resíduos da predição altura de inserção de copa (hic) em função da altura total
(ht) de árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC por meio
de RNAs.
FIGURE 4: Graphical analysis of the residues of the predicted crown height (hic) as a function of total height
(ht) of Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze trees in native forest located in Lages / SC by ANNs.

FIGURA 5: Análise gráfica dos resíduos da proporção de copa (pc) em função do comprimento de copa (cc) de
árvores de Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze em floresta nativa localizada em Lages/SC por meio de
RNAs.
FIGURE 5: Graphical analysis of the residues of the predicted crown proportion (pc) as a function of crown
length (cc) of Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze trees in native forest located in Lages / SC by ANNs.
Os resultados deste trabalho se mostraram aceitáveis e satisfatórios, indicando uma nova possibilidade
de utilização das RNAs, as quais geralmente são utilizadas para as variáveis altura, área basal, volume e seus
incrementos (BINOTI et al., 2013; BINOTI et al., 2014; SILVA et al., 2016; VENDRUSCOLO et al., 2017;
SILVEIRA et al., 2018b).

520
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Esta possibilidade de utilização, frente as estimativas acuradas realizadas podem ser descritas como uma
nova forma de utilização da técnica, a qual visa gerar ferramentas que auxiliem o setor florestal no melhor
desenvolvimento do manejo das áreas de florestas. Assim, a precisão alcançada neste trabalho sugere que as
RNAs devem ser utilizadas para a modelagem das relações de forma e dimensão para Araucária no sul do
Brasil, uma vez que é conhecido que o tempo de processamento das redes é menor quando comparado a técnicas
de regressão, fato que destaca a importância de suas utilizações.

CONCLUSÃO

Este trabalho demonstrou que há a possibilidade de utilização da técnica das redes neurais artificiais para
a verificação das relações dendro-morfométricas de Araucaria angustifolia em floresta nativa, podendo ser uma
técnica de predição das variáveis para auxiliar o manejo florestal sustentável dos remanescentes florestais.
Sugere-se que desenvolva novos trabalhos da técnica com outras espécies, bem como, arquiteturas e
treinamentos de RNAs a fim de identificar novas ferramentas aplicáveis no setor florestal. Além disso, podem
ser realizados trabalhos que confrontes diferentes técnicas de modelagem a fim de verificar qual a mais
aplicável para cada estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SILVEIRA, A.C.; HESS, A.F.; SCHORR, L.P.B; KREFTA, S.M.; SANTOS, D.V.; VIEIRA FILHO, M.D.H.;
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521
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
SELEÇÃO DE ÁRVORES COMPETIDORAS NO ÍNDICE DE JOHANN PARA A DESCRIÇÃO DO
INCREMENTO EM ÁREA TRANSVERSAL DE ARAUCÁRIA

SELECTION OF COMPETITOR TREES ON THE JOHANN INDEX FOR THE DESCRIPTION OF BASAL
AREA INCREMENT IN ARAUCARIA

Lorena Oliveira Barbosa1 César Augusto Guimarães Finger Emanuel Arnoni Costa
José Roberto Soares Scolforo

RESUMO

Objetivo do estudo foi avaliar o índice de competição de Johann (ICjh) na descrição do incremento periódico
anual em área transversal (IPAg) de Araucaria angustifolia considerando a inclusão de diferente número de
árvores competidoras na sua composição. Os dados foram medidos em unidades permanentes na FLONA de
São Francisco de Paula, RS, nos anos de 2007 e 2009. O número de árvores competidoras em relação a cada
árvore objetivo foi baseado na distância horizontal considerando até o número de 20 árvores circunvizinhas
mais próximas. O índice de Johann (ICjh) foi calculado considerando como competidoras três grupos: i) apenas
araucárias; ii) apenas folhosas e iii) com araucárias e folhosas juntas. Para os três grupos foram calculados a
correlação de Pearson (𝜎) entre o IPAg e o ICjh variando o número de árvores consideradas competidoras (N = 1
a N = 20). Esta relação do valor da correlação de Pearson (𝜎) com o número de árvores consideradas
competidoras (N) foi descrita pelo ajuste de um modelo de regressão para cada grupo. A correlação tende a
obter maior associação com o acréscimo do número de árvores competidoras (N), com tendência a estabilizar
em torno de oito árvores selecionadas independentemente dos grupos avaliados. Com base nesses resultados,
para quantificar a competição de araucária recomenda-se medir ao menos oito árvores circunvizinhas (N >=8)
mais próximas de araucárias e folhosas. Desta forma, o ICjh tem maior associação com as variações do IPAg da
araucaria objetivo, além da praticidade de mensuração a campo em florestas mistas e inequiâneas.
Palavras-chave: Pinheiro-brasileiro; correlação; crescimento; competição.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the Johann Contest Index (IC jh) in the description of the annual
increment in cross - sectional area (IPAg) of Araucaria angustifolia considering the inclusion of different
competing trees in its composition. The data were measured in permanent units in FLONA of São Francisco de
Paula, RS, in the years of 2007 and 2009. The number of competing trees in relation to each target tree was
based on the horizontal distance considering up to the number of 20 nearest trees . The Johann index (IC jh) was
calculated considering as competing the three groups: i) only Araucaria; ii) only hardwoods and iii) with
araucarias and hardwoods together. For the three groups, the Pearson correlation (σ) between IPAg and IC jh was
calculated by varying the number of trees considered as competitors (N = 1 to N = 20). This relationship of the
Pearson correlation value (σ) with the number of trees considered competing (N) was described by fitting a
regression model for each group. The correlation tends to obtain a greater association with the increase in the
number of competing trees (N), with a tendency to stabilize around eight trees selected independently of the
evaluated groups. Based on these results, to quantify araucaria competition it is recommended to measure at
least eight surrounding trees (N>=8) closest to araucarias and hardwoods. In this way, IC jh has greater
association with the IPAg variations of the objective araucaria, besides the practicality of measuring the field in
mixed and unequal forests.
Keywords: Brazilian pine; correlation; growth; competition.

INTRODUÇÃO

A região de ocorrência de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze é denominada Floresta de Araucária


ou Floresta Ombrófila Mista (FOM) e é definida por condições climáticas de temperatura mais baixa com
geada. Apesar de sua importância, os remanescentes da Floresta com Araucária não representam mais que 7%
da área original no Brasil (WREGE et al., 2015; WREGE et al., 2016).

1
Engenheira Florestal, Msc., Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Campus Universitário, Av. Doutor Sylvio Menicucci, 1001, Aquenta
Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail: lorena.obarbosa@gmail.com.

522
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A competição de uma árvore, dada pelo espaço disponível, é o principal fator na limitação do
crescimento, podendo ser medida por meio de índices de competição (MARTINS et al., 2011; CANETTI et al.,
2016). Os índices de competição podem ser classificados, de acordo com a literatura, como dependentes da
distância (IDD), independentes da distância (IID) e semi-independentes da distância (ISD) (STAGE;
LEDERMANN, 2008; CONTRERAS et al., 2011). Os índices de competição diferem conceitualmente em
função do critério utilizado para expressar as relações entre as árvores (CASTRO et al., 2014).
Os índices dependentes da distância são calculados desde que as coordenadas espaciais das árvores
sejam conhecidas. Já os índices independentes da distância são mais simples, entretanto mais vantajosos ao
mensurador e úteis para florestas equianeas e inequiâneas em termos de distribuição espacial (DELLA-FLORA,
2001; ZIMMERMANN et al., 2016). Para o cálculo dos índices semi-independentes da distância, são aplicados
os índices independentes da distância, entretanto, espacialmente restritos a um menor conjunto de árvores
vizinhas (aquelas mais próximas), ao invés de todas as árvores da unidade amostral (LEDERMAN, 2010;
CONTRERAS et al., 2011, HUI et al., 2018). A escolha do índice está relacionada com objetivo do estudo,
praticidade na medição das árvores, das espécies e do tipo florestal, sendo necessário avaliações do desempenho
de diferentes índices na descrição, quantificação e a compreensão da competição sobre as árvores.
As árvores de araucária no sul do Brasil estão em competição e necessitam de intervenções silviculturais
para estimular o crescimento das árvores remanescentes. A competição provoca mudanças na morfometria e
dimensões da copa, e está correlacionada com o diâmetro à altura do peito, sítio, nível de competição entre as
árvores e os recursos do ambiente (HESS et al., 2016). As definições das árvores consideradas competidoras
ainda é um problema, principalmente nas florestas nativas, no cálculo dos índices de competição e em sua
aplicação no manejo florestal (SILVA et al., 2015).
Face o exposto, o presente estudo teve por objetivo avaliar o índice de competição de Johann (ICjh) na
descrição do incremento periódico anual em área transversal (IPAg) de Araucaria angustifolia considerando a
inclusão de diferente número de árvores competidoras na sua composição.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados foram provenientes de uma parcela medida no ano de 2007 e 2009 do Projeto
Ecológico de Longa Duração (PELD) – “Conservação e Manejo Sustentável de Ecossistemas Florestais” –
Subprojeto Floresta Nacional (FLONA) de São Francisco de Paula, iniciado no ano de 2000 com termino em
2009. A FLONA está localizada em 29°25'22,4'' S e 50°e 23'11,2'' W, altitude de 930 m do nível do mar, no
nordeste do estado do Rio Grande do Sul.
A unidade amostral possuiu forma quadrada, com 100m x 100m, dividida em 100 subunidades de 10m
x 10m (100m²), onde todas as árvores com circunferência a altura do peito (cap) igual ou maior a 31,4 cm foram
identificadas, medidas e posicionadas em um sistema cartesiano (XY), cujas características encontram-se na
Tabela 1.

TABELA 1: Caracterização das árvores mensuradas na unidade de amostra.


TABLE 1: Characterization of the trees measured in the sample unit.
Características Informação
Número de árvores (N) 919 (100%)
Número de araucárias (NAraucárias) 346 (37,6%)
Número de Folhosas (NFolhosas) 573 (62,4%)
Área Basal total (G) 55,3
Área Basal de araucárias (GAraucárias) 42,4

As árvores consideradas como competidoras (j) araucárias e folhosas tiveram como referência a árvore
objetivo (i), neste caso considerado apenas a Araucaria angustifolia.
A determinação do número de árvores competidoras foi baseado na distância horizontal (distij) entre a
árvore objetivo (i) em relação as circunvizinhas mais próximas (j), sendo avaliado a seleção de até 20 árvores
competidoras mais próximas. Considerou-se para a seleção o número máximo de 20 árvores competidoras, por
ser um número limite quanto a praticidade e facilidade de mensuração de acordo com experiências de campo.
O Índice de Johann (ICjh) (JOHANN, 1982) é um índice de competição dependente da distância que
expressa o valor do grau de desbaste (A), calculado pela expressão:

523
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

hi
* di
dj
A= (Eq. 1)
dist .ij
Em que: 𝑑𝑖𝑠𝑡.𝑖𝑗 = distância entre a árvore objetivo (i) em relação a árvore competidora (j) de araucárias e/ou
folhosas; ℎ𝑖 = altura da árvore objetivo; 𝑑𝑖 = diâmetro da árvore objetivo; 𝑑𝑗 = diâmetro da árvore competidora
e A = ICjh, intensidade de competição ou grau de desbaste.

Para quantificar numericamente a competição sofrida por cada árvore objetivo foi realizado a soma do
valor de (A) em três grupos: competidoras araucárias, AAracucária, competidoras folhosas AFolhosas e a competição
com soma de araucária e folhosas, AAraucária e Folhosas, variando o número de árvores de 1 a 20. Na avaliação de
AAraucária e Folhosas, se faz necessário ressaltar que ao menos uma araucária e uma folhosa foi incluída como
competidora.
O incremento periódico anual em área transversal (IPAg) das árvores objetivo foi calculado (Eq. 2) e
relacionado a competição quantificada pelo índice de Johann (ICjh) para os diferentes números de árvores
competidoras (N) consideradas no cálculo por meio da correlação de Pearson (σ).

g2009 - g2007
IPAg = (Eq. 2)
2
Em que: g 2009 = área transversal no ano de 2009; g 2007 = área transversal no ano de 2007.

A correlação entre o IPAg e o ICjh foi utilizada como variável dependente (y) no modelo abaixo (Eq. 3)
em função do número de árvores (N) nos três grupos de competidoras, o que permitiu a avaliação da tendência
ajustada e não apenas da observada na correlação de Pearson.

y = o * exp( 1.N) + 2 (Eq. 3)


Em que: y= correlação de Persson; N= número de árvores competidoras; 𝛽𝑖 = parâmetros a serem estimados.

Para edição, manipulação de dados, ajuste dos modelos e confecção de gráficos foi utilizado o pacote
MS Office Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados (Tabela 2) mostraram que as araucárias competidoras apresentaram diâmetro médio maior
que para as folhosas e araucária e folhosas juntas. Esse resultado era esperado pois a Araucaria angustifolia é a
espécie de maior dominância na floresta. A distância média da árvore objetivo (i) em relação as competidoras
araucárias (j) e folhosas (j) são semelhantes, com valor de 8,3 m e 8,6 m, respectivamente.
O valor do índice de Johann (ICjh) considerando somente araucárias como competidoras foi maior, 3,82,
ao comparar com as folhosas ou araucárias e folhosas juntas, com valores médios de 1,87 e 2,59,
respectivamente. Esse fato ocorre devido as folhosas possuírem o fuste mais fino o que reduz o valor de (A), e
por consequência a competição é menor entre araucárias e folhosas do que entre araucárias. Portanto, mesmo
situada a baixo do dossel das araucárias, as folhosas possuem forte influência na competição, sendo um fator
importante para se considerar no estudo de crescimento dessa espécie.
A correlação de Pearson entre o IPAg e o índice de Johann (ICjh ou A) foi negativa para AAracucária,,
AFolhosas e AAraucária e Folhosas (Figura 1), portanto o incremento das árvores decresce com o aumento da competição.
A maior correlação foi encontrada quando considerado apenas araucárias (ASAracucária) como árvores
competidoras com valor de 0,38, seguida de araucárias e folhosas (ASAraucária e Folhosas) juntas com 0,35,
considerando as 20 árvores competidoras. Ao observamos o número de árvores competidoras, a correlação é
maior quando o número de árvores competidoras aumenta, mas esse valor tende a estabilizar. No AFolhosas esse
valor estabiliza quando se adiciona seis ou mais árvores competidoras e para A Araucária e Folhosas com doze ou mais
árvores competidoras.

524
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TABELA 2: Análise descritiva das árvores objetivo (i) e competidoras (j) na FLONA de São Francisco de
Paula.
TABLE 2: Descriptive analysis of the objective (i) and competing trees (j) in the FLONA of San Francisco of
Paula
Objetivo i – i Competidoras – j Variáveis Unidade Mínimo Média Máximo Desvio-padrão
d cm 10,1 34,9 78,9 18,3
h m 4,0 18,0 25,3 4,3
IPAg cm².ano-1 0,0 12,6 126,9 19,8
d cm 10,1 38,5 78,9 19,0
distij m 0,1 8,3 19,1 3,7
Araucária
A - 0,34 3,82 350,74 7,87
N árvores 5,0 17,2 36,0 7,1
Araucária d cm 9,6 15,3 62,9 7,4
distij m 0,1 8,6 19,1 3,9
Folhosas
A - 0,11 1,87 71,62 3,38
N árvores 8,0 29,6 71,0 15,1
d cm 9,6 23,8 78,9 17,1
distij m 0,1 8,5 19,1 3,9
Araucária e Folhosas
A - 0,11 2,59 350,74 5,55
N árvores 15,0 46,9 107,0 20,7

Ainda na Figura 1 observa-se que diminuindo o número de árvores para oito competidoras mais
próximas considerando araucárias e folhosas juntas (ASAraucária e Folhosas) consegue-se uma correlação de
aproximadamente 0,32, valor maior quando avaliadas separadamente. No entanto, medir um número grande
árvores é oneroso e de difícil operacionalidade principalmente em florestas nativas, sendo necessário definir o
número de árvores competidoras para calcular o índice de competição. Alguns trabalhos já abordaram esse
assunto como Silva et al. (2015) que considera um raio de 6 m adequado para o cálculo do índice de competição
de Hegyi em uma Floresta Estacional Semidecidual. Entretanto, esses autores enfatizam a necessidade de mais
estudos para definir um valor exato de árvores competidoras a serem consideradas no cálculo dos índices de
competição.

FIGURA 1: Correlação de Pearson (σ) entre o incremento periódico anual em área transversal (IPAg) de
Araucaria angustifolia e o índice de Johann (A) variando o número de competidoras (N) de 1 a 20.
FIGURE 1: Pearson correlation (σ) between the annual increment in cross-sectional area of Araucaria
angustifolia (IPAg) and the Johann index (A) varying the number of competitors (N) from 1 to 20.

525
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Tendência ajustada da Correlação de Pearson (σ) em função do número de árvores competidoras
(N) para Araucaria angustifolia na FLONA de São Francisco de Paula.
FIGURE 2: Adjusted Pearson Correlation (σ) trend as a function of the number of competing trees (N) for
Araucaria angustifolia in the FLONA of São Francisco de Paula.

O ajuste da Equação 3 (Figura 2) para os grupos de competidoras araucárias, folhosas e araucárias e


folhosas, respectivamente, apresentaram coeficiente de determinação ajustado (R²aj.) de 0,97, 0,90 e 0,99. As
tendências ajustadas e o apresentado pela análise de correlação, mostram que acima de oito árvores o ganho na
correlação é pequeno e que esse é um número preferível a se medir de árvores competidoras. Para melhorar a
descrição do crescimento de araucárias em estudos futuros, seria mais vantajoso medir atributos da copa da
árvore objetivo, considerar a produtividade do sítio, posição sociológica, do que apenas com a competição
(BARBOSA, 2018; COSTA, FINGER, HESS, 2016).
Segundo Costa, Finger e Hess (2018) em geral, recomenda-se usar a concorrência índices que
expressam o comportamento biológico das araucárias, associado à facilidade e conveniência do medição e
aplicação em uma floresta natural.

CONCLUSÕES

A correlação entre o incremento periódico anual em área transversal e o índice de Johann aumenta a
medida de que se agrega mais árvores competidoras, mas até oito árvores competidoras o ganho na correlação é
maior.
Para quantificar a competição de araucária o ideal é medir ao menos oito árvores circunvizinhas mais
próximas de araucárias e folhosas, em razão da maior associação do IPAg com o índice de competição das
araucárias e praticidade na mensuração a campo em florestas mistas e inequiânea, diminuindo a onerosidade da
atividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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527
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
SENSORIAMENTO REMOTO: UMA FERRAMENTA PARA REDUÇÃO DA INTENSIDADE
AMOSTRAL EM INVENTÁRIOS DE FLORESTAS DE EUCALIPTO

REMOTE SENSING: A TOOL FOR REDUCING SAMPLE INTENSITY IN EUCALYPTUS FOREST


INVENTORIES

Jeangelis Silva Santos1 Adriano Ribeiro de Mendonça Jeferson Pereira Martins Silva
Daniel Henrique Breda Binoti Evandro Ferreira da Silva

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a utilização de dados de sensoriamento remoto para reduzir o número
de parcelas na estimação do volume em povoamentos de eucalipto. Para tanto, foi utilizada uma base de
dados contendo informações de 16 parcelas e uma imagem do satélite Sentinel-2. Foram treinadas redes
neurais artificiais (RNA) para estimar o volume do povoamento. O conjunto de dados de entrada para o
treinamento das redes foi composto pelas as bandas espectrais do azul, verde, vermelho e infravermelho
próximo, bem como os índices de vegetação RATIO, NDVI, TVI, SAVI e EVI. Foi analisado o treinamento
das redes com 75%, 50% e 25% do número total de parcelas. A seleção das melhores redes neurais foi
realizada de acordo com as estatísticas raiz do erro quadrático médio, coeficiente de correlação e viés. Foi
possível notar que quanto menor o conjunto de dados utilizados para treino, maior foi o raiz do erro
quadrático médio da validação. Essa mesma tendência não foi observada no coeficiente de correlação e viés.
Todas as abordagens (75%, 50% e 25% dos dados) apresentaram resultados dentro do intervalo de confiança
do inventário florestal. A utilização de apenas 25% das parcelas para o treino das redes neurais artificiais
gerou um resultado com 1,19% de diferença do obtido pelo inventário florestal tradicional. Os resultados
obtidos mostraram que o uso de dados de sensoriamento remoto permite a redução do número de parcelas
mensuradas em campo sem haver diminuição na acurácia da estimação do volume total para a área de estudo.
Palavras-chave: mensuração florestal; redes neurais artificiais; Sentinel-2.

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the use of remotely sensed data to reduce the number of sample plots in the
volume estimation in eucalyptus stands. For this purpose, we used a database containing information of 16
plots and a Sentinel-2 imagery. We trained artificial neural networks to estimate the population volume. The
input data set for the training of the artificial neural networks was composed by the spectral bands of blue,
green, red and near infrared, as well as RATIO, NDVI, TVI, SAVI and EVI vegetation indices. In order to
propose a reduction in the number of plots, the network training was tested with 75% of the total number of
plots, 50% and 25%. The selection of the best neural networks was performed according to root mean square
error statistics, correlation coefficient and bias. It was possible to note that the lower the data set used for
training, the lower the validation root mean square error. We did not observe this same trend in the
correlation coefficient and bias. All approaches, with 75%, 50% and 25% of the data, presented results
within the confidence interval of the forest inventory. The use of only 25% of the plots for the training of the
artificial neural networks generated a result with only 1,19% of difference of the one obtained by the
traditional forest inventory. The results shown that the use of remotely sensed data allowed the reduction of
the plots number measured in the field without a decrease in the accuracy of the total volume estimation for
the study area.
Keywords: forest mensuration; artificial neural networks; Sentinel-2.

INTRODUÇÃO

Inventários florestais são procedimentos para obter informações sobre a quantidade e a qualidade dos
recursos florestais e de muitas características das áreas sobre as quais as árvores estão crescendo
(KERSHAW et al., 2016). Segundo Meunier, Silva e Ferreira (2001), as informações oriundas do inventário
florestal constituem um importante instrumento para a tomada de decisões, podendo auxiliar na definição de

1
Engenheiro Florestal, Me., Doutorando em Ciências Florestais, Universidade Federal do Espírito Santo, Av. Governador
Lindemberg, 316, centro, CEP 29550-000, Jerônimo Monteiro (ES), Brasil. E-mail: jeangelis@gmail.com.

528
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
diretrizes da política florestal, organização da administração florestal, preparação de planos de corte e de
manejo, e estudos de impactos ambientais.
A crescente necessidade de melhorar a qualidade das informações sobre as áreas florestais a um
menor custo demanda uma diversificação nas estratégias de coleta de dados para inventários florestais
(BARROS, 2013). Neste contexto, a introdução de tecnologias de sensoriamento remoto no inventário
florestal tem sido fundamental para superar alguns desafios do inventário tradicional, fornecendo uma visão
sinóptica de áreas com cobertura florestal extensas, inclusive locais que são de difícil acesso durante as
visitas de campo (BOYD; DANSON, 2005).
Na aplicação de sensoriamento remoto no inventário florestal não são feitos os cálculos dos
estimadores populacionais tradicionalmente utilizados. Para a estimação das variáveis de interesse, é
realizada uma comparação dos valores mensurados nas parcelas em campo com os respectivos valores de
resposta espectral dos pixels obtidos nas imagens de satélite. A partir de então, é possível realizar a
estimação da variável de interesse para todo o povoamento, pixel a pixel, por meio de técnicas de
aproximação de funções, sejam modelos lineares, não lineares ou aprendizagem de máquina.
No inventário florestal tradicional, a abordagem mais utilizada no Brasil é a amostragem
proporcional, com intensidade amostral de uma parcela para cada 10 ha de povoamento, o que permite
atingir um determinado limite de erro amostral considerado aceitável. Por outro lado, no inventário com
técnicas de sensoriamento remoto não há a necessidade de se atingir esse limite de erro. Entretanto, o número
de parcelas mensuradas deve ser suficiente para fornecer informações representativas do povoamento,
permitindo o ajuste de modelos acurados. Nesse contexto, Boyd e Danson (2005) afirmam que, apesar do
inventário florestal ser uma atividade complexa e onerosa, seus custos e tempo de execução podem ser
reduzidos significativamente quando realizado com o uso de tecnologias de sensoriamento remoto.
Diante do exposto, este estudo teve como objetivo avaliar a aplicação de técnicas de sensoriamento
remoto visando a diminuição do número de parcelas mensuradas no inventário florestal tradicional para
estimação do volume de madeira em talhões de Eucalyptus spp.

MATERIAL E MÉTODOS

Descrição da área e da base de dados


Para a realização deste estudo foi utilizada informações de 16 parcelas (300 m2) de inventário
florestal em um povoamento com 155,33 ha de eucalipto, no município de João Pinheiro, Minas Gerais
(Figura 1).

FIGURA 1: Área de estudo com a distribuição espacial das parcelas.


FIGURE 1: Study area with spatial distribution of plots

A base de dados do sensoriamento remoto consistiu em uma imagem proveniente do sensor MSI a
bordo do satélite Sentinel-2, com resolução espacial de 10 m, que foi baixada do sítio eletrônico do United
States Geological Survey (USGS – www.earthexplorer.usgs.gov). Foi escolhida uma imagem que não
apresentava cobertura de nuvens na área de estudo e que foi registrada nos dias próximos da realização do
inventário florestal.
529
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Estimação do volume
Inicialmente foram realizados os cálculos dos estimadores populacionais do inventário florestal
segundo o delineamento de amostragem casual simples (ACS), conforme demonstrado por Kershaw et al.
(2016).
Após a realização dos cálculos do inventário florestal, foi dado início ao processo de extração das
métricas da imagem Sentinel-2. Primeiramente foi necessário realizar uma correção dos números digitais
para valores de reflectância (0 a 1). Em seguida, foi utilizado o software R 3.4.2 (R CORE TEAM, 2017)
para obter a resposta espectral dos pixels referente a cada uma das parcelas. Desta forma, foi obtido para
cada parcela valores médios referentes a banda do azul, verde, vermelho e infravermelho próximo.
De posse dos valores da resposta espectral das bandas analisadas para cada parcela, foi utilizado o
software TerrSet 18.08 (EASTMAN, 2016) para o cálculo dos índices de vegetação RATIO (1), NDVI (2),
TVI (3), SAVI (4) e EVI (5).

NIR
RATIO = (1)
RED
NIR − RED
NDVI = (2)
NIR + RED

TVI =
(NIR − RED) + 0.5 (3)
(NIR + RED)
NIR − RED
SAVI = (1 + L) (4)
NIR + RED + L
NIR − RED
EVI = (1 + L) (5)
NIR + C1 RED − C 2 BLUE + L
Em que: NIR = reflectância do infravermelho próximo; RED = reflectância do vermelho; BLUE =
reflectância do azul; L = variável de ajuste do solo (0,5); C1 e C2 = coeficientes para correção de aerossóis.

O conjunto de variáveis preditoras para estimação do volume foi composto pela resposta espectral
das bandas do azul, verde, vermelho, infravermelho próximo e os índices de vegetação RATIO, NDVI, TVI,
SAVI e EVI. O processo de estimação do volume foi realizado por redes neurais artificiais (RNA), no
software Matlab R2016a (MATHWORKS INC, 2016). As RNA foram do tipo Multilayer Perceptron com
cinco neurônios na camada oculta, com função de ativação tangente hiperbólica e, na camada de saída,
função de ativação linear. O algoritmo de treinamento foi o Levenberg-Marquardt.
A fim de se propor uma redução no número de parcelas utilizadas para calibrar os modelos de
estimação do volume a partir de dados de sensoriamento remoto, foram avaliadas três formas de ajuste: com
75% dos dados (12 parcelas); com 50% dos dados (8 parcelas) e; com 25% dos dados (4 parcelas). A seleção
das parcelas que fariam parte do conjunto de treino foi feita de forma aleatória. Para cada conjunto foram
treinadas 1.000 redes, sendo escolhida a melhor rede a partir da validação dos dados, nas parcelas
remanescentes, com as estatísticas coeficiente de correlação (r), viés (v) e a raiz do erro quadrático médio
(RMSE), conforme as Equações 6, 7 e 8.
n

( y i − y )( yˆi − ym )
ryyˆ = i =1
(6)
 n 2
n
2
 i ( y − y )    ( yˆi − ym ) 
 i =1   i =1 
n n

100  yi −  yˆi
v (%) = i =1 i =1
(7)
y n
n

( y − yˆi )
2
i
100
RMSE ( % ) = i =1
(8)
y n
Em que: yi = valor observado da variável dependente; ŷi = valor estimado da variável dependente; y = valor
médio da variável dependente; ym = valor médio da variável dependente estimada; n = número de observações.

530
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Depois de selecionada as melhores RNA, foi estimado o volume para a área total do povoamento
(155,33 ha) e os resultados foram comparados com o estimado pelo inventário florestal tradicional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do inventário florestal podem ser visualizados na Tabela 1. Pode-se notar que a
mensuração das 16 parcelas, na proporção de uma unidade para cada 10 ha, gerou um erro de amostragem
relativo superior a 10%. Esse valor de erro de amostragem pode ser considerado aceitável e é abordado de
forma geral pelas empresas florestais brasileiras.

TABELA 1: Resumo das estimativas do inventário florestal.


TABLE 1: Summary of forest inventory estimates.
Estimador Valor
Média (m3ha-1) 56,9976
Erro de amostragem absoluto (m3ha-1) 5,8682
Erro de amostragem relativo (%) 10,30
Total da população (m3) 8.853,2312
Intervalo de confiança para o total (m3) ±911.5041

O resultado do treinamento e validação das redes neurais artificiais encontra-se na Tabela 2. É


possível perceber uma tendência em aumento no RMSE, tanto para os dados de treinamento como nos dados
de validação, à medida que se diminui o conjunto de dados de treinamento. Ao observar os valores de r para
o treinamento, também é possível notar a tendência de redução conforme a base de dados utilizadas para
treino é reduzida. O mesmo acontece para o viés, que aumenta quando foram utilizados menor número de
dados para o treino. Entretanto, os resultados de r e viés para a validação não seguem essa mesma tendência.

TABELA 2: Resultado do treino e validação das redes neurais artificiais.


TABLE 2: Results of training and validation of the artificial neural networks.
Dados usados no Coeficiente de
RMSE (%) Viés (%)
treino correlação (r)
Treino Validação Treino Validação Treino Validação
75% 8,87 8,92 0,9098 0,9455 0,63 -7,10
50% 11,07 13,86 0,8922 0,6836 5,05 -3,97
25% 16,39 16,42 0,8445 0,8532 -13,29 9,08
Em que: RMSE = raiz do erro quadrático médio.

Na Figura 2 pode ser visualizado o mapa com a as estimativas de volume por hectare, pixel a pixel,
em toda a área de estudo. Quanto menor o conjunto de dados utilizados para o treinamento das redes, menor
foi a amplitude dos valores estimados do volume por pixel. Para o treinamento com 75% das parcelas, a
amplitude do volume foi de, aproximadamente, 105 m3ha-1. Já para o treinamento com 50% das parcelas, o
volume foi de aproximadamente 77 m3ha-1. E, para o treinamento com 25% das parcelas foi de,
aproximadamente, 50 m3ha-1.
A estimação do volume por dados de sensoriamento remoto apresenta a vantagem de permitir a
observação do comportamento da variável de interesse de forma espacializada, diferente do que ocorre com o
inventário florestal, em que o resultado é um valor médio das parcelas, que cobrem apenas uma pequena
porcentagem da área.
Na Tabela 3 estão as estimativas do volume por todos os métodos testados. Pode-se notar que não
houve uma tendência clara de sub ou superestimação do volume à medida que se diminuiu o conjunto de
dados para o treinamento das RNA. Ao contrário do que se esperava, o treinamento com 75% dos dados
apresentou a maior diferença quando comparado com o resultado do inventário florestal.

531
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

FIGURA 2: Estimativas do volume para toda a área de estudo.


FIGURE 2: Volume estimates for the entire study area.

TABELA 3: Estimativas de volume por inventário florestal tradicional e sensoriamento remoto.


TABLE 3: Volume estimates by traditional forest inventory and remote sensing.
Método Volume (m3) Diferença (%)
Inventário florestal 8.853,2312 -
75% 8.324,1964 -5.98
50% 9.093,6117 2.72
25% 8.748,2366 -1.19

Ao comparar os resultados da comparação entre o inventário florestal tradicional com o inventário


por sensoriamento remoto com redução no número de parcelas, fica evidente que não houve grande diferença
entre eles. O método que apresentou a menor diferença foi considerando apenas 25% das parcelas para
treinamento das redes neurais (0.6759 m3ha-1). Entretanto, vale ressaltar que todas as estimativas se
encontram dentro do intervalo de confiança do inventário florestal.
Os resultados do presente trabalho indicam que o uso de dados de sensoriamento remoto, aliado a
técnicas de inteligência artificial, permitem a redução de até 75% no número de parcelas, sem haver perdas
na acurácia das estimativas. Considerando que os dados do sensor remoto utilizado são fornecidos
gratuitamente pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, a aplicação desta metodologia pode reduzir
significativamente os custos do inventário florestal, em função da redução do número de parcelas
mensuradas em campo.
A acurácia das estimativas poderia ser melhorada ao testar outras técnicas de aprendizagem de
máquina, bem como o uso de dados de outros sensores como o Radar ou até mesmo imagens do sensor OLI
do Landsat 8, que, apesar de possuir menor resolução espacial, tem maior resolução radiométrica que o
sensor MSI do Sentinel-2.
Bauermann (2008) utilizou imagens do satélite CBERS-2 para estimar o volume em um povoamento
de eucalipto no Rio Grande do Sul, encontrando RMSE de 20 m3ha-1, quanto o obtido no presente trabalho
foi, em valores absolutos, entre 5 e 9,4 m3ha-1.
Para estimar o volume de povoamentos de eucalipto, Leal et al. (2013) utilizaram apenas o NDVI
obtido por imagem do sensor TM do Landsat 5 e obtiveram valores de R2 inferiores a 0,50 e erro padrão da
média em torno de 13% a nível de parcela. Entretanto, ao considerar todo o povoamento, a diferença da
média obtida no inventário florestal foi de 0,25%. A maior acurácia das estimativas obtidas por Leal et al.
(2013) pode ser em função da maior homogeneidade dos talhões.
Souza (2016) utilizou dados dos sensores AVNIR-2 e PALSAR a bordo do satélite ALOS para
estimar o volume de madeira em povoamentos de eucalipto. O uso de máquina de vetor de suporte para
predição permitiu uma redução de 50% no número de parcelas utilizadas para a modelagem, com valor de
RMSE de 9,3660 m3 a nível de parcela.
A aplicação do sensoriamento remoto no inventário florestal é uma tendência crescente nos últimos
anos. De acordo com Kershaw et al. (2016), a diversificação de tipos e fontes de dados de sensoriamento

532
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
remoto, a crescente disponibilidade de tais dados e o rápido avanço na computação que permite o
processamento de grandes conjuntos de dados geoespaciais tem o potencial de transformar a prática do
inventário florestal nas próximas décadas.

CONCLUSÕES

O uso de dados de sensoriamento remoto permitiu a redução do número de parcelas mensuradas em


campo sem haver diminuição na acurácia na estimação do volume total para a área de estudo. Os resultados
obtidos pela metodologia aplicada foram compatíveis com os resultados obtidos no inventário florestal
tradicional.

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533
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
SIMILARIDADE FLORÍSTICA DO CERRADO DO NORTE DE MINAS GERAIS

FLORISTIC SIMILARITY OF THE CERRADO IN THE NORTH OF MINAS GERAIS

Mayra Souza Costa1 Rayssa Stéfany Ramos Machado Adriana Leandra de Assis Carlos Alberto Araújo Júnior
Christian Dias Cabacinha

RESUMO

O Cerrado abrange cerca de 24% do território nacional, apresentando grande biodiversidade e endemismo.
Entretanto os estudos não são equivalentes à sua extensão, em especial no estado de Minas Gerais. Deste modo,
o trabalho teve como objetivo analisar a similaridade florística existente entre inventários da comunidade
arbórea que compõem Cerrado do norte de Minas Gerais. Para tal, selecionou-se oito estudos fitossociológicos e
dois inventários florísticos foram realizados. Assim, conforme os dados coletados, uma matriz básica foi
construída contendo a lista de espécies arbóreas e indicação da presença/ausência de cada espécie nos
levantamentos realizados. Por fim calculou-se a similaridade florística por meio do índice de Jaccard e um
dendrograma baseado na média de grupo (UPGMA) foi gerado. Foram encontradas 360 espécies, distribuídas
em 57 famílias botânicas, em que 93 espécies são da família Fabaceae. Esta é uma das maiores famílias
botânicas e possui ampla distribuição geográfica.
Palavras-chaves: biodiversidade; fitossociologia; inventário; Fabaceae.

ABSTRACT

The Cerrado coat approximately 24% of the national territory, have great biodiversity and endemism. However,
the studies are not equivalent to its extension, especially in the state of Minas Gerais. This work had the
objective to analyze the similarity between the inventories of the tree community that are part of the Cerrado in
the north of Minas Gerais. For this selected eight phytosociological works and inventoried two more. Therefore,
according to the information collected, a basic matrix was constructed containing the list of tree species and
indication of the presence/absence of each species present in the inventories. Ultimately, the floristic similarity
was calculated using the Jaccard index and a dendrogram based on Unweighted Pair Group Method using
Arithmetic averages (UPGMA) was generated. In this way 360 species were found, distributed in 57 botanical
families, that are 93 of the family Fabaceae. This is between of the largest botanical families and has a large
geographic distribution.
Keywords: biodiversity; phytosociology; inventory; Fabaceae.

INTRODUÇÃO

O domínio Cerrado se destaca devido sua extensão, biodiversidade e altos níveis de endemismo.
Ocupado aproximadamente 24% do território brasileiro e mais de 50% do estado de Minas Gerais, além de
importante função ecológica, é a base de sobrevivência material e cultural de diversos habitantes, dentre eles
indígenas, sertanejos e quilombolas, que encontram a fonte de subsistência familiar (MMA, 2011).
Minas Gerais caracteriza-se por ser composto por várias formações vegetais devido ao gradiente de
condições climáticas, topográficas e pedológicas. Especificamente o norte do estado possui uma vegetação
adaptada a altas temperaturas, sazonalidade e ao déficit hídrico. Localizando-se em uma área de contato entre
províncias geobotânicas denominadas de ecótonos (SANTOS, 2007).
Os ecótonos consistem em faixas onde há formação de mosaicos complexos de duas ou até mesmo três
áreas de contato que se entrelaçam (AB’SÁBER, 2003). Deste modo o norte de Minas Gerais pertence ao
domínio do Cerrado, com transição para a Caatinga, formando o que conhecemos como ecótono cerrado -
caatinga. (SANTOS et al., 2007 apud BRANDÃO, 1994).
No Cerrado observamos fitofisionomias muito distintas, se diferenciando em relação a diversidade
florística e formas de vida predominantes, possuindo ampla diversidade de fisionomias que vão de campestres
a florestais. Pesquisas mais detalhadas demonstraram a grande biodiversidade e o endemismo das espécies
pertencentes ao Cerrado, ainda são muito recentes, tendo início por volta de 1980 (COSTA et al., 2010;
FERREIRA e PASA, 2014). Apesar de estudos florísticos e fitossociológicos, o conhecimento adquirido acerca

1
Estudante de Engenharia Florestal, Graduanda, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais, Av.
Universitária, 1000, CEP 39404-547, Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: mayrascosta@hotmail.com

534
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
do Cerrado se concentraram nos estados de Goiás e Mato Grosso, sendo que as pesquisas sobre Minas Gerais
ainda são bem escarças (COSTA, 2010 apud FELFILI, 1997; FELFILI et al., 1993, 1997, 2002, 2007). Segundo
o Ministério do Meio Ambiente (2007) as coletas da flora não são geograficamente equitativas no Cerrado,
praticamente em todos os estados existem lacunas no conhecimento botânico de variadas extensões, havendo
então a necessidade de estudos e coletas de espécies.
Atualmente o Cerrado sofre pressão da ocupação humana, isto envolve expansão das fronteiras
agrícolas, construção de estradas, queimadas irregulares e o desmatamento. Tais fatores ameaçam nossa
biodiversidade e tornam o Cerrado cada vez mais fragmentado, composto por ilhas imersas em uma matriz d e
agroecossitemas (MMA, 2007).
Neri et al. (2009) aponta que deve-se observar além do Cerrado central, todo o domínio, inclusive as
partes marginais e zonas de transição, pois podem apresentar relações importantes com as vegetações
vizinhas. O conhecimento sobre a composição florística, a fitofisionomia e como as espécies vegetais se
distribuem geograficamente é de suma relevância, pois possuem relação direta com a conservação (NERI et
al., 2007), oferecem informações sobre as condições atuais da flora, proporcionam conhecimento para que
medidas de manejo e conservação sejam adotadas, sendo possível identificar áreas com maior número de
espécies endêmicas.
A similaridade florística é um estudo importante para a construção do conhecimento acerca da
vegetação nativa e decisiva para classificação de áreas de prioridade de conservação. Este consiste em um
método ecológico estatístico que leva em consideração a associação. De acordo Ludwig e James (1988) na
obra Estatycal Ecologyc: Primer on Methods and Coputing, a associação baseia se na presença/ausência de
encontros. Assim a similaridade pode ser determinada por meio de uma matriz que constata a presença ou
ausência de espécies em áreas de estudo, depois calcula-se o índice baseado nas espécies que há em comum
em áreas distintas, isto é, a similaridade e dissimilaridade de espécies entre locais diferentes. Deste modo o
presente trabalho teve como objetivo principal analisar a similaridade florística de levantamentos da
vegetação realizados no norte do estado de Minas Gerais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento desta pesquisa, realizou-se uma revisão bibliográfica de levantamentos


florísticos já executados no norte de Minas Gerais juntamente com o resultado de dois inventários realizados na
cidade de Lassance. Afim de determinar a similaridade florística entre as áreas com a identificação da
ocorrência de determinadas espécies em distintos locais e formações que compõe o domínio Cerrado.
O primeiro levantamento foi realizado em uma área de reserva legal na cidade Senador Modestino
Gonçalves, o método de amostragem utilizado foi o de parcelas, totalizando 30 parcelas de 10 metros por 20
metros (10 m x 20 m). O princípio de inclusão dos indivíduos arbóreos foi circunferência altura do solo igual
ou maior que 10 centímetros (CAS ≥ 10 cm) (NERI et al., 2009).
O segundo levantamento abrangeu o Refúgio de Vida Silvestre, localizado dentro dos limites da Área de
Preservação Ambiental (APA) de Pandeiros, município de Januária. Utilizou-se o método de parcelas, com as
dimensões de 10 m x 10 m, totalizando 71 parcelas. O método de inclusão dos indivíduos arbóreos foi de
diâmetro a um metro e trinta centímetros (1,30 m) do solo igual ou maior que 5 centímetros (DAP ≥ 5 cm)
(AZEVEDO et al., 2008).
O estudo realizado por SANTOS et al. (2007) foi composto por 8 fragmentos florestais nas cidades de
Juvenília, Montalvânia, Juramento e Montes Claros. Para a coleta de dados foram feitas caminhadas aleatórias e
o método de inclusão foi DAP ≥ 5 cm.
O quarto inventário florístico foi realizado no corredor ecológico que liga a Reserva Legal da fazenda
Três irmãos ao Rio Borrachudona em Bonito de Minas. O método de amostragem foi parcelas 20 m x 20 m,
totalizando 25, circunferência a 1,30 m do solo igual ou superior a 10 centímetros (CAP ≥ 10 cm) foi o método
de inclusão dos indivíduos arbóreos (SOARES et al., 2014).
No quinto trabalho foram realizados dois levantamentos em duas veredas, uma que foi drenada e outra
em bom estado de conservação localizadas na APA de Pandeiros, abrangendo Januária e Bonito de Minas,
sendo amostradas 100 parcelas de 100 metros quadrados, DAP ≥ 5 cm foi o método de inclusão (BAHIA et al.,
2009).
O sexto trabalho, teve a coleta de dados realizada na Fazenda Almécegas na APA de Pandeiros, teve
como método de amostragem 74 parcelas de 500 m² (10 m x 50 m), DAP ≥ 5 cm foi utilizado para selecionar os
indivíduos arbóreos (SALES et al., 2009).

535
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
O sétimo levantamento, também realizado por SALES et al. (2009) foi feito na Floresta Estacional
Decidual, também conhecida como Mata Seca, em Pandeiros, amostrou-se 30 parcelas de 20 m x 20 m, em que
indivíduos com DAP ≥ 5 cm entraram no levantamento.
Outros dois levantamentos que compõem este trabalho, foram realizados por COSTA et al. (2010), no
cerrado sentido restrito em processo de regeneração, localizados na Área de Preservação da Usina Hidrelétrica
de Santa Marta da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), em Grão Mogol. Tal inventário utilizou o
método de ponto quadrante em que indivíduos arbóreos com DAP ≥ 3 cm foram amostrados.
O nono levantamento, foi realizado na cidade de Lassance, em área de cerrado sensu stricto com
avançado estado de degradação. Elaborou-se um censo em que o método de inclusão foi de DAP ≥ 5 cm.
O último inventário florístico, também realizado em Lassance, teve como método de amostragem
parcelas 20 m x 20 m, DAP ≥ 5 cm, compreendido como método de inclusão dos indivíduos arbóreos. As
Parcelas foram feitas em remanescente de Cerrado, com ilhas imersas em uma matriz de pastagem, devido a
fragmentação florestal.
Deste modo, conforme os dados coletados através dos levantamentos, uma matriz básica foi construída.
Esta apresenta-se no modelo de uma tabela contendo a lista de espécies arbóreas e indicação da
presença/ausência de cada espécie nos levantamentos realizados. Por fim calculou-se a similaridade florística
por meio do índice de Jaccard. O índice de Jaccard considera o número de espécies comuns entre duas áreas (a)
e o número de espécies exclusivas de cada área (b, c) (MUELLER- DOMBOIS e ELLENBERG, 1974),
conforme Equação 1:
J = 100a/(a+b+c)
Com base neste índice, elaborou-se um dendrograma baseado na média de grupo (UPGMA), no qual o
agrupamento é feito a partir da média aritmética dos elementos, gerando um dendrograma, em que os valores
das ordenadas expressam as relações de similaridade entre os objetos indicados nas abscissas (SNEATH e
SOKAL, 1973). Para a ordenação dos dados foi utilizado o método Análise de Coordenadas Principais (PCO).
A obtenção dos dados de similaridade foi realizada no software R (R Core Team, 2017), com a utilização do
pacote Vegan (OKSANEN et al., 2014).

TABELA 1: Informações sobre as áreas dos levantamentos florísticos do norte de Minas Gerais, utilizada para a
análise similaridade florística. (Cod. = código do levantamento florístico; Loc = localidade; Lat. = latitude;
Long. = longitude; Form. = Formação vegetal predominante; Prec. = precipitação média anual (mm); A = área
de amostragem dada por hectare; M. inc.= método de inclusão dos indivíduos arbóreos em centímetros; * =
método ponto-quadrante; Ca = método de caminhada aleatória; CA = Caatinga Arbórea; MS = Mata Seca
Calcária; CE = Cerrado; MC = Mata Ciliar; CS = Cerrado Sento Restrito; VE = Vereda; CAS = circunferência
altura do solo; DAP = diâmetro a 1,30 metros do solo; CAP = circunferência 1,30 metros do solo.)
TABLE 1. Information about the floristic inventory areas of north Minas Gerais, used to floristic similarity
analysis. (Cod. = floristic inventory code; Loc = locality; Lat. = latitude; Long. = longitude; Form. = Prevailing
formation; Prec. = mean annual rainfall (mm); A = sampled area in hectare; M. inc. = Method of inclusion of
tree individuals in centimeters; * = point-quadrant method; Ca = random walk method; CA = Arboreal
Caatinga; MS = Calcareus Dry Forest; CE = Cerrado; MC = Ciliary forest; CS = Cerrado sensu stricto; VE =
Vereda; CAS = diameter of tree trunk at ground level; DAP = diameter of the tree trunk within 1.30 meters
above ground level; CAP = circumference of the tree trunk within 1.30 meters above ground level.)
Cod. Loc. Lat. Long. Form. Solo¹ Prec. A(ha) M.inc. Autor
L1 Senador 17°40’ 43°10’ CE LVA 1059 0,6 CAS≥ 10 NERI et al. (2009)
Modestino
Gonçalves
L2 APA 15º30’ 44º45’ MC - 900-1200 0,71 DAP ≥ 5 AZEVEDO et al. (2008)
Pandeiros,
Januária
L3 Bonito de 15º19’ 44º44’ CS - - 1,0 CAP≥ 10 SOARES et al. (2014)
Minas
L4 Grão Mogol 16º37’ 43º18’ CS L 900-1200 48* DAP ≥ 3 COSTA et al. (2010)
L5 Grão Mogol 16º37’ 43º18’ CS L 900-1200 48* DAP ≥ 3 COSTA et al. (2010)
L6 Mata da 14º28’ 44º11’ CA - 700-2000 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)
Serra, (Continua)
Juvenília

Cod. Loc. Lat. Long. Form. Solo¹ Prec. A(ha) M.inc. Autor
L7 Volta da 14º26’ 44º10’ CA - 700-2000 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)

536
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Serra,
Juvenília
L8 Vale Verde, 14º24’ 44º09’ CA - 700-2000 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)
Juvenília
L9 Pedra Preta, 14º27’ 44º30’ CA - 910 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)
Montalvânia
L10 Lapinha, 14º29’ 44º11’ CA - 700-2000 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)
Juvenília
L11 Escola Caio 14º15’ 44º06’ CA - 700-2000 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)
Martins,
Juvenília
L12 Parque da 16º44’ 43º54’ MS - 1029 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)
Sapucaia,
Montes
Claros
L13 COPASA, 16º46’ 43º39’ MS - 1002 Ca DAP ≥ 5 SANTOS et al. (2007)
Juramento
L14 APA 15º26’ 45º03’ VE O 900-1200 1,0 DAP ≥ 5 BAHIA et al. (2009)
Pandeiros,
Januária a
Bonito de
Minas
L15 APA 15º22’ 44º55’ VE O 900-1200 1,0 DAP ≥ 5 BAHIA et al. (2009)
Pandeiros,
Januária a
Bonito de
Minas
L16 APA 22º49’ 47º04’ CE RQ;G 900-1200 3,7 DAP ≥ 5 SALES et al. (2009)
Pandeiros,
Bonito de
Minas
L17 Reserva 15º36’ 44º42’ MS RQ; 900-1200 1,2 DAP ≥ 5 SALES et al. (2009)
Legal, LVA
Fazenda
Pandeiros
L18 Lassance 17°56' 44°34' CS LV 1168 0,28 DAP ≥ 5 -
L19 Lassance 17°56' 44°34' CS LV 1168 300 DAP ≥ 5 -

(Conclusão)

¹Classificação de acordo com Embrapa (2006). L = Latossolo; LVA = Latossolo Vermelho-Amarelo; RQ =


Neossolo Quartzarênico; LV = Latossolo Vermelho; O = Organossolo; G = Gleissolo. ¹ Classification according
Embrapa (2006). L = Latosol; LVA = Red-Yellow Latosol; RQ = Quartzipsamment; LV = Red Latosol; O =
Organosol; G= Gleysol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através dos levantamentos florísticos foram encontradas 360 espécies, distribuídas em 57 famílias
botânicas. Dentre estas espécies 93 pertencem a família Fabaceae, por ser uma das maiores famílias botânicas,
apresenta ampla distribuição geográfica (NERI et al., 2009) e a associação simbiótica com bactérias fixadoras
de nitrogênio contribuindo para estabelecimento em solos distróficos. Já a família Myrtaceae apresentou 18
espécies, a Bignoniaceae 17, Anacardiaceae 16, Malphigaceae 16 e Rubiaceae 15. Estas juntamente com a
Fabaceae representam 48% das espécies inventariadas.
As espécies que apareceram em maior número de inventários foram Myracrodruon urundeuva,
Machaerium opacum, Aspidosperma pyrifolium, Anadenanthera colubrina, Eugenia dysenterica, Eugenia
florida, Handroanthus chrysotrichus, Qualea grandiflora e Tachigali aurea. A primeira espécie apareceu em 14
inventários, a segunda em 12, a terceira em 11 e as outras espécies em 10. Tais espécies possuem a capacidade
de se desenvolverem em pleno sol, criando condições para que outras espécies se desenvolvam. Em especial a
espécie Qualea grandiflora, que pertence à família Vochysiaceae possui a capacidade de mobilizar metais

537
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
presentes no solo, tal adaptação contribui para a sobrevivência em solos ácidos e rico em alumínio que compõe
o Cerrado.
Um fato que chama a atenção nos inventários florísticos das áreas de floresta nativa são a presença de
espécies exóticas como Mangifera indica e Crotalaria incana. Uma vez que a vegetação nativa no estado está
cada vez mais fragmentada, são espécies de ilhas imersas em uma matriz impermeável e na maior parte dos
casos espécies que compõem a matriz adentram os pequenos fragmentos. Tal fato possui impactos diretos, como
o impedimento de espécies nativas de se estabelecerem e até mesmo impactos indiretos, como a alteração de
relações ecológicas, aumento do número de determinados polinizadores e redução de outros, causando um
desequilíbrio (FERNANDEZ, 2011).
A similaridade varia de 0 a 1, assim quanto mais próximo de 1 as áreas possuem maior número de
espécies em comum, isto é, são mais similares. A medida que se afasta do número 1, há menos espécies em
comum, ou seja, são menos similares e consequentemente dissimilares floristicamente. Através do dendrograma
(Figura 1) contatou-se a formação de dois grandes grupos, o primeiro composto por L2, L3, L16, L18, L19, L1
L4 e L5. Já o segundo grupo por L17, L10, L11, L9, L7, L6, L8, L12 e L13.
Os levantamentos realizados por Bahia et al. (2009), L14 e L15, foram os que mais se diferenciaram
florísticamente dos demais, entretanto sendo semelhantes entre si, próximo de 0,9. Isto ocorreu, pois, os estudos
foram realizados em áreas de Veredas, que são caracterizadas pela a presença de palmeiras, em especial o buriti
(Mauritia flexuosa) (COUTINHO, 2002), distinguindo-se de outras formações que compõem o domínio
Cerrado.

FIGURA 5: Dendrograma de análise de agrupamento (UPGMA), utilizando o índice de similaridade de Jaccard


(eixo y), para as áreas de cerrado (eixo x) no norte de Minas Gerais.
FIGURE 1: Dendrogram of cluster analysis (UPGMA), using the Jaccard similarity index (y axis), for the
cerrado areas (x axis) in the north of Minas Gerais.

A presença de áreas que não possuem alto grau de similaridade ocorreu, pois, o Cerrado é um domínio
fitogeográfico, composto por um mosaico de biomas e consequentemente de formações e fitofisionomias
distintas (BATALHA, 2011). O estado de Minas Gerais apresenta também um gradiente climático e de solo,
fator que influencia diretamente a vegetação. Em especial o norte de Minas Gerais que se encontra em uma área
ecotonal, de transição. Deste modo nesta porção do estado encontramos florestas estacionais deciduais
pertencentes a Mata Atlântica, encontramos Veredas, matas de galeria, fisionomias do cerrado latu sensu, isto é,
uma diversidade climática, um gradiente de solos, formações vegetais do domínio de diferentes biomas e
consequentemente fitofisionomias, fatores que interferem diretamente na composição florística.

538
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÃO

Podemos concluir através da análise dos inventários florísticos realizados no norte de Minas Gerais que
a família botânica que mais possui número de espécies são: Fabaceae, Myrtaceae, Bignoniaceae,
Anacardiaceae, Malphigaceae e Rubiaceae. A grande dissimilaridade das áreas inventariadas pode ser
explicada pelo gradiente climático, diferentes solos e o mosaico de biomas que compõe o Cerrado. Os
resultados deste trabalho evidenciam a importância de inventários de áreas restritas na vegetação do Cerrado
diante da grande variação florística existente no domínio.

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539
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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540
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
SIMULAÇÃO DE DIFERENTES INTENSIDADES AMOSTRAIS PARA A ESTIMATIVA DO
ESTOQUE DE MADEIRA NA AMAZÔNIA CENTRAL

SIMULATION OF DIFFERENT SAMPLE SIZE TO ESTIMATE THE STOCK OF WOOD IN CENTRAL


AMAZON

Ana Caroline Miron Pereira1 Talita Godinho Bezerra Thamires Mendes Coelho Ferreira
Reginaldo Sérgio Pereira Rodrigo Geroni Mendes Nascimento Fabiano Emmert

RESUMO

O Inventário Florestal, associado a um Sistema de Informações Geográficas (SIG), propicia a quantificação e


qualificação da diversidade de áreas florestais, notadamente os recursos amazônicos. Nesse bioma, o IBAMA
estabelece um limite de erro amostral (10%) aos inventários realizados na região. Dessa forma a intensidade
amostral a ser aplicada deve atender a essa restrição com o menor custo em termos de esforço amostral. O
objetivo deste trabalho foi estimar o tamanho de amostra ideal para estimativa do volume de árvores comerciais
por unidade de área a partir da simulação de diferentes intensidades de amostragem em ambiente SIG. Foram
utilizados dados georreferenciados de árvores de um bloco de exploração da empresa Mil Madeiras Preciosas
Ltda, para a casualização de diferentes tamanhos de amostra. Testou-se cinco intensidades amostrais, variando
de 1% a 5% da área total. O erro amostral abaixo de 10% foi alcançado a uma intensidade de 3,7% (177
parcelas de 0,25 ha). O aumento do tamanho da amostra propiciou níveis menores do erro de amostragem. A
estimativa do tamanho de amostra ideal cresceu segundo o acréscimo da variação das diferentes intensidades
amostrais testadas. A intensidade de amostragem ideal foi superestimada por tamanho reduzidos de amostras
pelas diferentes simulações.
Palavras-chave: SIG; Inventário florestal; Erro de amostragem; Floresta Amazônica.

ABSTRACT
The forest inventory, associated to a Geographic Information System (GIS), allows the quantification and
qualification of the diversity of forest areas, especially the Amazonian resources. In this biome, IBAMA
establishes a limit of sampling error (10%) to the inventories made in the region. In this way the sample
intensity to be applied must meet this restriction with the lowest cost in terms of sample effort. The aim of this
work was to estimate the ideal sample size for estimating the stand commercial trees volume by simulation of
different sampling intensities in the GIS platform. Georeferenced data of trees were used to randomize different
sample sizes in an exploitation block of the Precious Woods Amazon company. Five sample intensities were
tested, varying from 1% to 5% of the total area. The sampling error below 10% was reached at an intensity of
3.7% (177 plots of 0.25 ha). The increase in sample size provided lower levels of sampling error. The estimate
of the ideal sample size increased as the variation of the different sample intensities tested amplified. The ideal
sampling intensity was overestimated by reduced sample size by the different simulations.
Keywords: GIS; Forest inventory; Sampling error, Amazon Forest.

INTRODUÇÃO
Amazônia apresenta a maior extensão de florestas tropicais do mundo abrangendo uma grande
diversidade de espécies (FAO, 2011). A riqueza florística observada em todo o trópico é refletida pela
hiperdominância de alguns grupos e pela hiper raridade e riqueza de espécies (TER STEEGE et al., 2013;
CARDOSO et al., 2017; TOVO et al., 2017). No entanto, a distribuição espacial dos diferentes grupos e a
variação local das tipologias florestais ainda são pouco conhecidas (CONDIT et al., 2000; GAMA et al., 2001;
OLIVEIRA et al., 2014).
Diante da constante demanda por produtos de florestais e da complexidade das florestas tropicais, a
quantificação e a qualificação desses recursos são fundamentais para subsidiar tomadas de decisão sobre o uso
dos recursos florestais, buscando manter o equilíbrio entre produção e conservação (PÉLLICO & BRENA,
1997). Especialmente para ao plano de manejo florestal sustentável para produção de madeira na Amazônia, o
estoque e as espécies de interesse comercial existentes no sítio são estimados por meio do inventário florestal
amostral (BRASIL, 2007). A partir da quantificação e qualificação do recurso florestal disponível, manejadores

1
Discente de Engº Florestal, bolsista PIBIC, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Av. Pres. Tancredo Neves,
2501, Montese, CEP 66.077-530, Belém, Pará, Brasil. E-mail: carol.miron0@gmail.com

541
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
podem verificar a potencialidade da área e planejar a intensidade de corte conforme a regulamentação da
atividade de manejo no bioma.
Sistemas de amostragem são amplamente utilizados para obtenção de estimativas dos parâmetros de
uma floresta. A medição de todos os indivíduos de um povoamento (censo florestal) é comumente inviável em
função do alto custo e do tempo dispensado na atividade (UBIALLI et al., 2009), especialmente na Amazônia.
Nesse contexto, tornou-se obrigatória a execução de inventários florestais por amostragem em planos de manejo
na Amazônia, conforme a Norma de Execução nª 01 de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007). A normativa
determina que os inventários florestais deverão apresentar limite de erro amostral inferior a 10% e com nível de
probabilidade de 95% para a estimativa das variáveis de interesse das espécies comerciais (BRASIL, 2007).
Portanto, é necessária a busca de métodos eficientes que reduzam o erro amostral sem aumentar a quantidade de
trabalho e consequentemente os custos operacionais do inventário (MELLO et al., 2008).
Nesse sentido, o tamanho da amostra necessário para abranger a máxima variabilidade da população é
um dos maiores desafios no planejamento do inventário florestal (MELLO et al., 2008). Scolforo et al. (1993)
citado por Gama et al. (2001) afirmam que a escolha da intensidade amostral deve ser baseada em pesquisa
científica que determine o ideal para a região em estudo e para o objetivo de interesse principal (SANTANA et
al., 2011). No entanto, em grande parte dos inventários, a intensidade é fixada em função do tempo e dos
recursos disponíveis (BONETES, 2003).
Dessa forma, objetivo deste trabalho foi simular diferentes intensidades amostrais em ambiente de
sistemas de informações geográficas (SIG) e avaliar o erro de amostragem na estimativa do volume comercial
das árvores, bem como comparar as estimativas obtidas com o valor paramétrico (censo) de uma unidade de
produção anual (UPA) de madeira na Amazônia Central.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
O estudo foi realizado em um bloco de exploração florestal de propriedade da empresa Mil Madeiras
Preciosas Ltda. (Precious Woods Amazon), Amazonas, Brasil. A empresa atua como indústria de base florestal
e processa madeiras tropicais para produção de peças finalizadas para exportação. As áreas de florestas que
abastecem a indústria são manejadas sob regime de rendimento sustentável. A vegetação da área de estudo
caracteriza-se por floresta ombrófila densa de terras baixas e o tipo de solo é o LAd3 (Latossolo Amarelo
Distrófico + Argissolo Amarelo Distrófico). O clima é classificado como Equatorial úmido, com temperatura
média anual de 27° C e precipitação anual variando de 2000 a 2250 mm (IBGE, 2001; 2009; 2012).

FIGURA 1: Mapa de localização da área de estudo e do bloco de exploração.


FIGURE 1: Location map of the study area and operating block.

Dados
Foram utilizados dados georreferenciados das árvores e do limite do bloco de exploração
disponibilizados por Emmert (2014). As informações individuais de cada árvore foram provenientes do censo
florestal realizado pela empresa no bloco de exploração estudado, com objetivo de quantificar e qualificar o
estoque de madeira como base para o plano de operação anual (POA) da safra autorizada para o ano de
2010/2011. O limite mínimo de inclusão no levantamento foi o DAP ≥ 40 cm (Diâmetro a altura do peito
medido a 1,30 m acima do solo). Ao total, foram mensuradas 23.194 árvores, distribuídas em 78 espécies. O
volume total disponível no bloco de exploração foi de 98.297,97 m³, correspondendo ao estoque de 82 m³/ha. A
estimativa do volume individual das árvores foi baseada em equação ajustada pela própria empresa. Segundo a
base georreferenciada do bloco de exploração, a área de exploração levantada pelo censo foi de 1.222,00 ha.

542
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Determinação da intensidade amostral
Para determinar a intensidade amostral, o tamanho considerado da unidade de amostra foi de 20 x 125
metros (0,25 ha). A simulação do processo aleatório de amostragem testou as intensidades de 1%, 2%, 3%, 4% e
5% do total da área recoberta pela grade de parcelas, com quatro repetições cada. As estatísticas do inventário
foram calculadas para cada intensidade. O processo de seleção das unidades amostrais virtuais do inventário foi
estruturado em ambiente SIG, sendo plotadas 4.795 parcelas de áreas completas (0,25 ha) em formato de grade
(ferramenta create fishnet) para abranger a máxima extensão do bloco de exploração (FIGURA 01). A área
amostrada pela grade correspondeu a 1198,75 ha ou 98,0% do total do bloco em decorrência da exclusão de
parcelas com área inferior a 0,25 ha.

FIGURA 2: Geoprocessamento para o processo de amostragem aleatório: (A) Construção virtual da grade de
parcelas no Bloco de exploração (create fishnet); (B) Processo de aleatorização de pontos (create random
points); (C) Seleção de parcelas sobrepostas aos pontos aleatórios (selection by location); (D) Seleção das
árvores do censo sobrepostas nas parcelas da amostra (selection by location); (E) Criação de arquivo individual
em formato shapefile com as árvores contidas das parcelas da amostra (intersect), e; (F) Exportação de atributos
das árvores contidas nas parcelas da amostra para formato tabular (programa Excel).
FIGURE 2: GIS random sampling procedings: (A) Building plots in the grid's virtual Exploration Block (create
fishnet); (B) random process of points (create random points); (C) selection of overlapping portions at random
points (selection by location); (D) selection of trees of overlapping Census sample plots (selection by location);
(E) creating individual file in shapefile format with the trees contained the sample plots (intersect), and; (F)
export of attributes of trees contained sample plots for tabular format (Excel).

A ferramenta create fishnet adicionou automaticamente um código numérico sequencial para cada
parcela da grade criada, servindo de localizador das unidades amostrais. O processo aleatório para seleção de
parcelas da grade foi realizado com a ferramenta create random points, que gerou pontos randômicos sobre a
superfície da grade sobreposta ao bloco. Parcelas que receberam pontos foram então selecionadas com a
ferramenta selection by location. Em seguida, as árvores (arquivo georreferenciado) contidas nas parcelas

543
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
selecionadas foram separadas do total com a ferramenta intersect, que faz o processamento de interseção
geométrica entre pontos (árvores) e polígonos (parcelas), gerando outro arquivo vetorial de pontos mantendo os
atributos do original (espécie e volume) e incorporando os atributos do arquivo de polígono (código numérico
das parcelas da grade). Esse processo foi realizado quatro vezes para cada intensidade. Os atributos do arquivo
das árvores contidas nas parcelas de cada intensidade e suas respectivas repetições foram armazenados em
formato tabular, posteriormente convertidos para o formato do programa Microsoft Excel 2013, onde foi
realizado a análise de dados.

Análise de dados
Utilizando o software Microsoft Excel (2013), o erro de amostragem para cada tamanho de amostra foi
calculado, também conhecido como necessidade amostral (Ne). Os cálculos estatísticos utilizados foram
realizados de acordo com as fórmulas matemáticas propostas por Péllico e Brena (1997). O cálculo da
necessidade amostral de populações finitas foi realizado seguindo a fórmula 𝑁𝑒 =
2 2
(𝑁 ∗ 〖𝑡〗 ∗ 𝑆𝑥²)⁄(𝑁 ∗ 𝐸 2 + 〖𝑡〗 ∗ 𝑆𝑥²). Para populações infinitas, o cálculo da intensidade ou número
de parcelas foi conforme a fórmula 𝑁𝑒 = (𝑡 2 ∗ 𝑆𝑥²)⁄𝐸 2 , em que: N = tamanho da população; t = valor de t
calculado a uma probabilidade de 95%; Sx² = Variância dos dados; E² = erro de amostragem admitido no
inventário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A população apresentou o volume médio real de 82 m³/ha com um coeficiente de variação dos dados de
70%. O tamanho de amostra que mais se aproximou do volume real na estimativa foi de 5,1% da área total (245
parcelas), indicando em média 81,9 ± 6,75m³/ha (Figura 3).

95
Volume Estimado (m³/ha)

85

80.84 80.63 81.99


79.61 79.09
75

Média Estimada
Média Real
65
1.04% 2.09% 3.11% 4.15% 5.11%
Tamanho da amostra
FIGURA 3: Estimativa do volume médio por hectare nas diferentes intensidades amostrais representadas em
porcentagem de área amostrada
FIGURE 3: Estimate of the average volume per hectare in different sampling intensities represented in
percentage of sampled area.

A simulação de diferentes intensidades de amostragem revelou que o erro amostral apresentou relação
inversa com o tamanho da amostra utilizado, descrevendo exponencialmente, como representado na Figura 4. O
erro amostral de 10%, preconizado pelo IBAMA, foi atingido a partir da intensidade de amostragem de 177
parcelas, representando 3,7% da área. No entanto um inventário realizado com 173 parcelas representa uma boa
precisão (Erro amostral = 10,139%) com o menor esforço de amostragem possível (Figura 4).

544
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal

300

Tamanho da amostra
250
200
150
100
50
0
7 12 17 22
Erro de amostragem (%)

FIGURA 4: Erro amostral apresentado em diferentes intensidades de amostragem representadas por quantidade
de parcelas.
FIGURE 4: Sample error presented at different sampling intensities represented by number of parcels.

Similarmente, Bonetes (2003) avaliando diferentes tamanhos de parcelas e as intensidades amostrais de


4%, 10% e 16% de uma área de 1.660,21 ha na Floresta Nacional de Chapecó, Santa Catarina, encontrou erros
de amostragem inferiores a 11,7% para a estimativa da área basal da população. Para a maioria dos tamanhos de
parcelas, na intensidade amostral de 4% o erro de amostragem foi inferior a 10%, com tendência de crescimento
inversamente proporcional à intensidade.
Machado (1988) testou a acuracidade de um sistema de amostragem sistemático na estimativa de
volume e de abundância de 30 espécies comerciais em relação aos valores paramétricos obtidos pelo censo de
3.012 ha da Floresta Nacional do Tapajós, Pará. O inventário realizado com 1,43% de intensidade amostral
mostrou-se insuficiente para a estimativa das variáveis estudadas, já que para a maioria das espécies o erro
amostral foi superior a 20%. Ubialli et al. (2008) comparou duas intensidades amostrais (5% e 10%) para o
estudo de características fitossociológicas de uma floresta ecotonal no Mato-Grosso e encontrou um erro
amostral insuficiente (E>10%) para a maioria das parcelas na intensidade de 5%. Isso evidencia a dependência
da intensidade amostral em relação à variabilidade dos dados da variável de estudo, conforme afirmado por
Pellico & Brena (1997). No entanto, este se torna uma dificuldade, uma vez que inventários em florestas nativas
sempre buscam informações acerca da maior gama de variáveis possível (SCOLFORO e MELLO, 1997 Apud
BONETES, 2003).
A Necessidade amostral diminuiu conforme a diminuição do coeficiente de variação e o aumento do
tamanho das amostras testadas, conforme demostrado na Figura 5. Observou-se que a necessidade amostral
estimada é superior ao tamanho de amostra suficiente para atender os 10% de erro preconizado, podendo
resultar em custos desnecessários para um diferente esforço de amostragem.

300
Necessidade amostral

250
200
150
100
50
60
55

65

70

75

80

Coeficiente de variação CV (%)

FIGURA 5: Estimativa na necessidade amostral calculada a partir das diferentes intensidades amostrais em
função dos seus respectivos coeficientes de variação (%).
FIGURE 5: Estimation of the sample requirement calculated from the different sample intensities as a function
of their respective coefficients of variation (%).

545
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
CONCLUSÕES

O limite de erro amostral preconizado foi alcançado decresceu com o aumento do tamanho da amostra.
A estimativa da necessidade amostral cresceu conforme o aumento do coeficiente de variação das diferentes
intensidades amostrais testadas, sendo essa estimativa muitas vezes superior à suficiência amostral, podendo
ocasionar esforço amostral desnecessário. Os procedimentos de análise de dados espaciais em ambiente SIG
facilitam o planejamento do inventário com processo de amostragem aleatório na Amazônia.

AGRADECIMENTOS

À Mil Madeiras Preciosas Ltda. (Precious Woods Amazon) e ao Projeto INCT Madeiras da Amazônia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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546
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
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para grupos de espécies em uma floresta ecotonal da região norte matogrossense. Acta Amazonica, v. 39, n. 2,
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547
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
TESTE DE IDENTIDADE DE MODELOS APLICADOS NA ESTIMATIVA DE BIOMASSA TOTAL
DE ACÁCIA-NEGRA (Acacia mearnsii De Wild.)

IDENTITY TEST MODELS APPLIED IN THE TOTAL BIOMASS ESTIMATION OF ACÁCIA-NEGRA


(Acacia mearnsii De Wild.)

Kauana Engel1 Alexandre Behling Henrique Soares Koehler

RESUMO

É perceptível a importância social e econômica da Acácia-negra para o estado do Rio Grande do Sul, no entanto,
são poucos os estudos sobre suas relações alométricas. Para a predição da biomassa faz-se necessário encontrar
um modelo estatístico que se ajuste aos dados e viabilize esta atividade dentro do planejamento florestal. Frente
ao exposto o objetivo deste trabalho foi aplicar o teste de identidade de modelos para comparar a estimativa da
biomassa total de acácia-negra proveniente de três locais de plantio. Testando a seguinte hipótese: “As equações
desenvolvidas para cada local de plantio podem ser substituídas por uma única equação para predição da
biomassa total de acácia-negra viabilizando esta atividade dentro do planejamento florestal”. Utilizou-se dados
de plantios comerciais de acácia- negra de Piratini, Cristal e Encruzilhada do Sul. Em parcelas circulares de
78,54 m² foram mensurados os diâmetros a 1,30 m do solo (DAP), altura total (ht) e o peso verde de todas as
árvores. As amostras de biomassa verde foram submetidas à secagem em estufa de circulação de ar a 75ºC, para
obter-se o peso seco e por fim a biomassa. Em seguida ajustou-se quatro modelos para predição da biomassa
total e, posterior escolha do melhor para cada local com base nos seguintes critérios estatísticos: Erro padrão da
estimativa (%), Coeficiente de determinação ajustado e corrigido pelo índice de Schaegel (R²ajust.) e
distribuição gráfica dos resíduos. Por fim, realizou-se o teste de identidade de modelos para verificar a
possibilidade do uso de apenas uma equação para o conjunto total dos dados. Os modelos escolhidos para
Piratini foi: 𝑙𝑛𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2 𝑙𝑛ℎ𝑡; para Cristal: 𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1. (𝑑𝑎𝑝2 . ℎ) e para Encruzilhada
do Sul: 𝑙𝑛𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝. E por meio do teste de identidade constatou-se que as equações selecionadas
para cada local não podem ser substituídas por uma única equação.
Palavras-chaves: equações alométricas; plantios comerciais; manejo florestal.

ABSTRACT

The social and economic importance of Acacia-negra to the state of Rio Grande do Sul is perceptible, however,
there are few studies on their allometric relationships. For the prediction of the biomass it is necessary to find a
statistical model that fits the data and makes this activity feasible within the forest planning.In view of the
above, the objective of this work was to apply the model identity test to compare the estimate of total Acácia-
negra biomass from three planting sites. Testing the following hypothesis: "The equations developed for each
planting site can be replaced by a single equation for the prediction of total black wattle biomass, making this
activity possible within forestry planning". Data from commercial plantations of acacia-negra of Piratini, Cristal
and Encruzilhada do Sul were used.In circular plots of 78.54 m² the diameters were measured at 1.30 m of soil
(DBH), total height (ht) and green weight of all trees. The samples of green biomass were submitted to drying in
an air circulating oven at 75ºC, to obtain the dry weight and finally the biomass. Four models were then used to
predict the total biomass and then to choose the best for each site based on the following statistical criteria:
Standard error of the estimate (%), Coefficient of determination adjusted and corrected by the Schaegel index (R
2 adjustment). and graphical distribution of waste. Finally, the model identity test was performed to verify the
possibility of using only one equation for the total set of data. The models chosen for Piratini were: 𝑙𝑛𝐵𝑇 =
𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2 𝑙𝑛ℎ𝑡; for Cristal: 𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1. (𝑑𝑎𝑝². ℎ) and for Encruzilhada do Sul: 𝑙𝑛𝐵𝑇 =
𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝. And through the identity test it was found that the equations selected for each location can not
be replaced by a single equation.
Keywords: allometric equations; commercial plantations; forest management.

1
Engenheira Florestal, Mestranda em Ciências Florestais - Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais,
Universidade Estadual do Centro Oeste – Campus Irati, BR 156 Km 7 – Riozinho, CEP 84500-000, Paraná, Brasil. E-mail:
kauanaeg@gmail.com

548
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
INTRODUÇÃO

As florestas plantadas com acácia negra encontram-se predominantemente na metade sul do estado do
Rio Grande do Sul, nas regiões da Depressão Central, Serra do Sudeste e Escudo Sul Riograndense
(AGEFLOR, 2016). O estado está situado em uma faixa de latitude muito semelhante à da Austrália, local de
origem da acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild), fato que justifica a excelente aptidão edafoclimática para o
desenvolvimento da espécie, com condições médias de temperatura muito parecidas com o local de origem da
espécie (WREGE et al., 2017). A acácia negra possui uma área plantada superior a 150 mil hectares, distribuída
em minifúndios, perfazendo cerca de 60% das plantações da propriedade, onde a mão de obra é quase que
inteiramente familiar, beneficiando mais de 40 mil famílias (ABRAF, 2015). No Rio grande do Sul a acácia é
plantada comercialmente para produção de tanino a partir da casca, sendo utilizado em curtumes e para geração
de energia com a queima da lenha, que possui grande poder calorífico devido a sua alta densidade (AGEFLOR,
2016). Neste setor as empresas gaúchas são responsáveis pela totalidade da produção e da exportação brasileira,
enquanto participam com 43% da produção no mercado internacional, ocupando a 2ª posição (AGEFLOR,
2016).
Nota-se a importância social e econômica desta espécie para o estado, no entanto, são poucos os estudos
sobre o potencial de crescimento em biomassa dos plantios. As informações sobre a quantidade de biomassa é
utilizada para estimar estoques de carbono (BRIANEZI et al., 2013), sendo caracterizado como um indicador
ecológico de sustentabilidade, auxiliando no entendimento do acúmulo de energia nos ecossistemas florestais
(ABOAL et al., 2005). Os métodos de quantificação de biomassa podem ser enquadrados em método diretos e
indiretos (SANQUETTA, 2002). O método direto implica na derrubada da árvore para a determinação exata de
seu peso e medidas (BALBINOT et al., 2008). E quando isto não é feito de maneira direta, então são feitas
estimativas através de relações quantitativas ou matemáticas, como regressões permitindo analisar a relação
existente entre duas ou mais variáveis e tem como objetivo estimar a variável de difícil mensuração em função
da(s) variável(is) de fácil mensuração (SANQUETTA, 2002) sem a necessidade de abater as árvores (GATTO,
2011).
As estimativas indiretas utilizam variáveis de inventário florestal como diâmetro à altura do peito
(DAP), altura total, volume e massa específica básica da madeira (MEB), que são combinados com modelos de
regressão (BREUGEL et al., 2011). Todavia, para obter-se estimativas de biomassa confiáveis, faz-se necessário
encontrar um modelo que se ajuste aos dados. No entanto, utilizar diversas equações para situações especificas
demanda tempo, sendo este diretamente proporcional aos custos dentro do planejamento florestal. Neste
sentindo, existem métodos que verificam se os fenômenos em estudo podem ser representados por uma única
equação, denominados como teste de identidade de modelos. Frente ao exposto o objetivo deste trabalho foi
verificar a possibilidade de utilizar apenas uma equação para predizer a biomassa total de Acácia-negra
provenientes de três locais de plantio, por meio do teste de identidade de modelos. Desta forma a hipótese
testada foi: “As equações desenvolvidas para cada local de plantio podem ser substituídas por uma única
equação para predição da biomassa total de Acácia-negra viabilizando esta atividade dentro do planejamento
florestal”.

MATERIAL E MÉTODO

Para o desenvolvido deste trabalho foram utilizados dados de plantios comerciais de acácia-negra,
localizados nos municípios de Piratini, Cristal e Encruzilhada do Sul. Os plantios apresentam espaçamento de 3
m x 1,75 m, onde foram instaladas parcelas circulares com 5 m de raio (78,54 m² de área). Em cada parcela
foram derrubadas todas as árvores e posteriormente mediu-se o DAP, altura total e comercial, com o auxilio de
uma fita dendrométrica e trena. Por fim, foi determinado o peso verde de cada compartimento: fuste, galhos
(vivos e mortos) e folhagem (folhas, flores e frutos) para compor a biomassa total de cada árvore por meio de
uma balança digital de precisão de 5g. As amostras coletadas em campo foram submetidas à secagem em estufa
de circulação de ar a 75ºC, até atingirem o peso constante. Em seguida obteve-se o peso seco por com o uso da
seguinte equação:
𝑀𝑈𝑖 ∗ 𝑀𝑈𝑎𝑖
𝐵𝑖 =
𝑀𝑈𝑎𝑗
Onde: Bi = biomassa seca de um compartimento (kg); MUi = massa verde de um compartimento (kg);
MSai massa seca da amostra (kg) e; Muaj= massa verde da amostra (kg).

Ajuste de modelos

549
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
A partir desses dados ajustaram-se quatro modelos matemáticos, de simples (d) e dupla entrada (d, h),
para a predição da biomassa totais sendo dois aritméticos e dois logaritmos.

TABELA 1: Modelos matemáticos testados para a estimativa da biomassa total para Acácia-negra.
TABLE 1: Mathematical models tested for total biomass estimation for Acácia-negra
Nº Modelos
1 𝑙𝑛𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝
2 𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 . (𝑑𝑎𝑝². ℎ)
3 𝑙𝑛𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝 + 𝑏2 𝑙𝑛ℎ𝑡
4 𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 ℎ + 𝑏2 𝑑 2 + 𝑏3 (𝑑𝑎𝑝2 ℎ)

Seleção do modelo
Após os modelos serem ajustados procedeu-se com a avaliação da qualidade do ajuste por meio dos
critérios estatísticos apresentados na Tabela 2.

TABELA 2: Estatísticas e suas respectivas fórmulas, usadas para a seleção do melhor modelo.
TABLE 2: Statistics and their respective formulas, used to select the best model.
Syx (m) Syx(%) R²ajust. IA
(𝐘𝐢 − 𝐘𝐞)𝟐 𝑆𝑦𝑥(%)= n−1 𝑆𝑄𝑅𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜
𝐒𝐲𝐱 = √ Syx(m) R²aj. = 1 − (1 − IA) ∗ IA = 1 − ( )
𝐧−𝐩 *100 n−p 𝑆𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Ym
Syx(m) = Erro padrão da estimativa em metros;Yi = biomassa observada; Ye = biomassa estimada; n = número
de observações; p = número de coeficientes do modelo. Syx(%) = Erro padrão da estimativa em porrcetagem;
Ym = biomassa média observado. R²ajust = Coeficiente de determinação ajustado e corrigido pelo Indice de
Schaegel; IA = Indice de Schaegel; Qresiduos = Soma de quadrado do resíduo; SQtotal = Soma de quadrado
total.

Teste de Identidade
Após selecionar o melhor modelo para estimar a biomassa total de cada local, realizou-se o teste de
identidade proposto por Graybill (1976), para verificar a possibilidade do uso de apenas uma equação para o
conjunto total dos dados. Este teste consiste na redução das soma dos quadrados das regressões ajustadas para
cada grupo (modelo completo) em relação à regressão ajustada para todos os dados (modelo reduzido). E, por
meio da anova verificar a significância dessa diferença pelo teste F. O procedimento para o calculo da
identidade de modelos está descrito na Tabela 3.

TABELA 3: Analise de variância para o teste de identidade dos modelos para estimativa de biomassa total de
acácia-negra.
TABLE 3: Analysis of variance for the model identity test for estimating total acacia-negra biomass.
Fonte de variação GL SQ QM Fcal
Modelo completo 𝐻∗𝑝 SQ (completo)
Modelo reduzido 𝑝 𝑆𝑄(𝑟𝑒𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜)
𝑆𝑄(𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜)
Redução (𝐻 − 1) ∗ 𝑝 𝑆𝑄(𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑡𝑜) − 𝑆𝑄(𝑟𝑒𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜) QM(redução)
(𝐺 − 1)𝑝
𝑆𝑄(𝑟𝑒𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜) QM(reduzido)
Resíduo 𝑁 − (𝐻 ∗ 𝑝) 𝑆𝑄(𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙) − 𝑆𝑄(𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑡𝑜)
N − (Gp)
Total 𝑁 SQtotal
GL= grau de liberdade; SQ = soma dos quadrados; QM = quadrado médio; Fcal= teste f; H= número de locais;
p = número de parâmetros do modelo reduzido; N = número de observações do modelo completo.

Neste teste a hipótese nula (h0) testada foi: h0 = os modelos ajustados para cada local são idênticos; e a
hipótese alternativa (h1) = os modelos ajustados para cada local não são idênticos. Assim, rejeita-se h0 quando o
Fcal>Ftab.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

550
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Seleção do modelo
Os coeficientes dos modelos testados para estimativa da biomassa total nos três locais de estudo estão
apresentados na tabela 4, com os respectivos coeficientes de determinação ajustados e corrigidos (R²ajust.),
erros padrões da estimativa em metros (Syx) e percentagem (Syx%). Bem como, seus respectivos gráficos de
distribuição dos resíduos na Figura 1.

TABELA 4: Coeficientes e estatísticas de ajuste dos quatro modelos testados para Piratini, Cristal e
Encruzilhada do Sul.
TABLE 4: Coefficients and adjustment statistics of the four models tested for Piratini, Cristal and Encruzilhada
do Sul.
Coeficientes R² Syx Syx
Local Modelo
B0 B1 B2 B3 ajust. (m) (%)
1 -1,90412** 2,44916** 0,9564 15,12 14,21
2 0,28865ns 0,02879** 0,9572 14,97 14,07
Piratini
3 -3,14099** 2,145086** 0,719037** 0,9574 14,94 14,04
4 0,555812 ns -0,52037 ns 0,218665 ns 0,018875* 0,9571 14,99 14,09
1 -2,26537** 2,56516** 0,9535 12,70 15,55
2 -0,70014ns 0,02706** 0,9738 9,53 11,67
Cristal
3 -3,03677** 2,158193** 0,646362** 0,9715 9,94 12,17
4 6,563852 ns -0,58441 ns -0,00616 ns 0,028101** 0,9732 9,64 11,80
1 1,71348** 2,36676** 0,9459 11,47 14,03
Encruzilhad 2 2,96937ns 0,02586** 0,9496 11,07 13,54
a do Sul 3 2,68519**- 1,93226** 0,73507** 0,9456 11,50 14,04
4 10,05477 ns -0,75031 ns 0,08715 ns 0,02275** 0,9489 11,15 13,64
**Significativo a 1% de probabilidade; *Significativo a 5% de probabilidade; ns = não significativo a 5% de
probabilidade de erro pelo teste F.

Piratini: Cristal: Encruzilhada do Sul:

FIGURA 1: Distribuição gráfica dos resíduos para Piratini, Cristal e Encruzilhada do Sul; sendo: A = modelo1,
B = modelo 2, C = modelo 3 e D = modelos 4.

551
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
FIGURE 1: Graphic distribution of waste for Piratini, Cristal and Encruzilhada do Sul; being: A = model 1, B =
model 2, C = model 3 and D = models 4.

Em Piratini, o melhor modelo foi o três, com maior R²ajust (0,9574), menor Syx% (14,04) e melhor
distribuição gráfica dos resíduos (Figura 1D), nota-se que não há tendência em superestimar ou subestimar os
valores de biomassa total. Para Cristal o melhor modelo foi o dois com R²ajust (0,9738), Syx% (11,67) e com
satisfatória distribuição gráfica dos resíduos (Figura 1B) associada aos valores de R²ajust e Syx%. Fontoura et
al. (2017) estudando a regeneração natural de Ateleia glazioviana BAIL e utilizando este mesmo modelo
encontram valores de R²ajust (0,846) e Syx% (31,42). Para Encruzilhada do Sul o melhor modelo foi o um,
apresentando R²ajust (0,9459) e Syx% (14,03). Observa-se que este modelo não foi o que apresentou o maior
R²ajust e menor Syx%, no entanto, apresentou a melhor distribuição de resíduos (Figura 1A), sem outlaires e
sem tendências. Cubas et al. (2016) estimando a biomassa total da regeneração de plantio de Pinus, utilizando
este modelo, encontraram desempenho inferior com R²ajust (0,873) e Syx% (33,6). Nota-se que os modelos
selecionados para cada local apresentaram desempenho superior quando comparados aos estudos em área de
regeneração.

Teste de identidade de modelos


Os resultados do teste de identidade de modelos estão descritos na Tabela 5. Observa-se que o valor de
Fcal foi maior que o Ftab, rejeitando-se assim a hipótese de nulidade h0. Ou seja, a soma de quadrados dos resíduos
para cada local (Piratini, Cristal e Encruzilhada do Sul) não é estatisticamente igual à soma de quadrados
encontrada para o modelo reduzido (todo o conjunto de dados).

TABELA 5: Resultado do teste de identidade de modelos pelo do teste de F.


TABLE 5: Results of the test of identity of models by the test of F.
Fonte de variação GL SQ QM Fcal Ftab
Modelo 3
3127,24
Modelo completo 9
74
3126,98
Modelo reduzido 3
39
Redução 6 0,2636 0,0439 2,15
2,6179
Resíduo 6 2,7119 0,0168 33
3129,95
Total 170
9
Moldelo 2
1953299
Modelo completo 6
,2635
1950402
Modelo reduzido 32
,7172
2896,54
Redução 6
63 482,7577 2,15
3,3934
23331,4 43
Resíduo 164
639 142,2650
1976630
Total 170
,7274
Modelo 1
3126,73
Modelo completo 6
01
3126,44
Modelo reduzido 32
22
Redução 6 0,2879 0,0480 2,15
2,4373
Resíduo 164 3,2292 0,0197 43
Total 170 3129,9594

552
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Portanto não é possível utilizar apenas um modelo para estimar a biomassa total dos três locais de
estudo. Recomendando-se o uso da equação que apresentou o melhor desempenho para cada local. Com este
resultado entende-se que Piratini, Cristal e Encruzilhada do Sul apresentam características especificas e
diferentes entre si de biomassa total. Sabendo-se que os plantios apresentam idades semelhantes, pode-se
considerar a possibilidade do local estar exercendo alguma influência no crescimento das árvores e, portanto, na
construção das relações entre a variável dependente (biomassa total) e independentes (dap e ht). Caron et
al.(2003) afirma que a eficiência do desenvolvimento das plantas é influenciada pelas condições ambientais nas
quais estão inseridas. Estas interações entre o ambiente e as plantas faz parte da ecofisiologia florestal, que tem
como objetivo conhecer os processos que o conduzem, possibilitando identificar seu manejo aliado ao uso dos
recursos naturais, permitindo compreender o crescimento da florestal (STAPE et al., 2004).
Ainda, considerando que a biomassa total é composta pela biomassa do fuste e da copa, e que esses
compartimentos também recebem alguma influencia do meio, então, imagina-se que eles influenciaram nos
resultados de identidade de modelo para a biomassa total. Para uma melhor compreensão sobre essas relações é
necessário um estudo mais detalhado sobre a influência do meio no acumulo de biomassa dos compartimentos.

CONCLUSÕES

O modelo selecionado para estimativa de biomassa total em Piratini foi: 𝑙𝑛𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝 +
𝑏2 𝑙𝑛ℎ𝑡; para Cristal: 𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 . (𝑑𝑎𝑝². ℎ) e para Encruzilhada do Sul: 𝑙𝑛𝐵𝑇 = 𝑏0 + 𝑏1 𝑙𝑛𝑑𝑎𝑝.
O teste de identidade de modelos mostrou que as equações não podem ser substituídas por uma única
equação, evidenciando diferenças entre os três locais no que diz respeito à biomassa total.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WREGE, M.S. et al. Zoneamento edafoclimático da acácia-negra para o extremo sul do Brasil. Revista da
sociedade brasileira de agrometeorologia, v.25, n.1,p.59-69, 2017.

553
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
USO DE DADOS DO SENSOR ETM+ NA ESTIMAÇÃO DA ÁREA BASAL DE MADEIRA EM
FRAGMENTOS DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL

USE OF DATA FROM THE SENSOR ETM + IN THE ESTIMATION OF THE BASAL WOOD AREA IN
FRAGMENTS OF SEASONAL DECIDUAL FOREST

Anny Francielly Ataíde Gonçalves1 Lorena Oliveira Barbosa Ximena Mendes de Oliveira
Henrique Faria de Oliveira Luciane Naimeke Schmidt José Roberto Soares Scolforo

RESUMO

O objetivo do estudo foi criar modelos para a predição da área basal para uma Floresta Estacional Decidual com
o uso de variáveis obtidas do sensor ETM+, por meio da regressão. A amostragem constituiu-se de 15 (Jenipapo
de Minas) e 16 parcelas (Araçuaí) em dois fragmentos em Minas Gerais. As parcelas com área de 1000 m²
foram distribuídas de forma sistemática, em que todas as árvores com DAP≥5 cm foram marcadas, mensuradas
e amostradas no ano de 2010. A imagem do sensor ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) do Landsat 7 foi
obtida contendo as bandas 1, 2, 3, 4 e 5 com resolução espacial de 30 m, referente ao mês de fevereiro de 2010.
Foi utilizado o software Quantum GIS (QGIS) para o georreferenciamento e correção radiométrica das bandas
espectrais, e realizado a conversão dos números digitais (ND) para radiância espectral e posteriormente para
reflectância (ρ). As variáveis explicativas utilizadas nos modelos foram: as bandas individuais B1; B2; B3; B4 e
B5; e os índices de vegetação: NDVI = índice de vegetação da diferença normalizada; SAVI = índice de
vegetação ajustado ao solo; MSAVI = índice de vegetação ajustada ao solo modificado; EVI = índice de
vegetação melhorado; RATIO = índice de razão simples e o TVI = índice de vegetação transformado. Foram
ajustadas seis equações para estimativa da área basal (com o número de variáveis explicativas selecionadas
variando entre 1 e 6), para cada um dos fragmentos no software R e a validação cruzada dos dados Leave-one-
out no software MATLAB. As estatísticas de ajuste no fragmento de Araçuaí mostraram coeficiente de
determinação ajustado em torno de 77%, erro de 2,63 m².ha-1 e no de Jenipapo de Minas, respectivamente, 47%
e 1,11 m².ha-1. A análise gráfica dos resíduos mostrou que as equações selecionadas para os dois fragmentos não
apresentaram tendenciosidade, mas os gráficos da validação cruzada apresentaram alta dispersão dos resíduos,
em relação a linha de tendência. Portanto o trabalho mostra que dados do sensor ETM+ são capazes de estimar
com precisão a área basal de fragmentos de uma Floresta Estacional Decidual.
Palavras-chave: Cerrado; sensoriamento remoto; inventário florestal; mensuração.

ABSTRACT

The objective of the study was to create models for the prediction of the basal area for a Seasonal Deciduous
Forest with the use of variables obtained from the ETM+ sensor, through regression. The sampling consisted of
15 (Jenipapo de Minas) and 16 plots (Araçuaí) of two fragments in Minas Gerais. The plots with an area of 1000
m² were systematically distributed, where all trees with DBH≥5 cm were marked, measured and sampled in the
year 2010. The image of the ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) sensor of Landsat 7 was obtained with
bands 1, 2, 3, 4 and 5 with spatial resolution of 30 meters, referring to the month of February 2010. Quantum
GIS software (QGIS) was used for georeferencing and radiometric correction of spectral bands, the conversion
of digital numbers (ND) to spectral radiance and then to reflectance (ρ). The explanatory variables used in the
models were: the individual bands B1; B2; B3; B4 and B5; and vegetation indexes: NDVI = vegetation index of
the normalized difference; SAVI = soil adjusted vegetation index; MSAVI = modified soil adjusted vegetation
index; EVI = enhanced improved vegetation index; RATIO = ratio vegetation index and TVI = transformed
vegetation index. Six equations were used to estimate the basal area (with the number of explanatory variables
selected ranging from 1 to 6), for each of the fragments in the R software and the cross-validation of the Leave-
one-out data in the MATLAB software. The adjustment statistics in the Araçuaí fragment showed an adjusted
coefficient of determination around 77%, error of 2.63 m².ha-1 and Jenipapo de Minas, respectively, 47% and
1.11 m².ha- 1. The graphical analysis of the residues showed that the equations selected for the two fragments did
not present bias, but the cross validation graphs showed high dispersion of the residues, in relation to the trend
line. Therefore the work shows that data from the ETM+ sensor are able to accurately estimate the basal area of
fragments of a Deciduous Seasonal Forest.

1
Engenheira Florestal, Ms., Estudante de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras, Rua
Aquenta Sol, CEP 37200-000, Lavras (MG), Brasil. E-mail: annyfrancielly@gmail.com

554
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Keywords: Cerrado; remote sensing; forest inventory; mensuration.

INTRODUÇÃO

No setor florestal, em relação as atividades desenvolvidas no inventário florestal, observa-se que uma
parte significativa do custo das atividades baseia-se na amostragem em campo das áreas florestadas. No entanto,
para que os objetivos do inventário florestal sejam alcançados, existem várias técnicas disponíveis, que serão
utilizadas de acordo com a disponibilidade de recursos e da precisão que se pretende alcançar (LIANG et al.,
2016). O progresso na forma de obtenção, processamento e armazenamento de informações sobre o meio
ambiente, através do uso da informática, tem possibilitado a obtenção de informações espaciais sobre a terra.
Pode-se citar que o sensoriamento remoto, sistema de informação geográfica (SIG) e o sistema de
posicionamento global (GPS) desempenham um papel importante na forma de obtenção e análise dos dados
ambientais (ROSENQVIST et al., 2003).
Por meio do desenvolvimento tecnológico do sensoriamento remoto, nota-se que ocorreu um aumento
na disponibilização de diferentes tipos de imagens, aumentando-se assim as fontes de escolhas dos tipos de
imagens que podem ser utilizadas nos estudos da vegetação (XIE; SHA; YU, 2008) e em estudos do uso e
ocupação do solo (LIU; SONG; DENG, 2018).
Em estudos destinados ao mapeamento da vegetação, dentre os satélites com sensores passivos de uso
comum, cabe destaque a série Landsat. O Landsat 8 foi o último satélite da série lançado, e nele tem-se acoplado
o sensor Operational Land Imager (OLI) (LOVELAND; DWYER, 2012), concedendo continuação à missão da
série Landsat. Entre os seus antecessores teve-se o Landsat Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) (ROY et
al., 2010), Landsat Enhanced Thematic Mapper (ETM) (ALI; PIRASTEH, 2004) e o Landsat Thematic Mapper
(TM) (YU; SHI; GONG, 2015).
Imagens provenientes da série Landsat são disponibilizadas dentro de 24 horas após o seu imageamento
de maneira gratuita e de fácil acesso a quaisquer usuários, nas seguintes plataformas:
http://earthexplorer.usgs.gov, http://glovis.usgs.gov e http://landsatlook.usgs.gov. Além disso, a série de dados
provenientes dos satélites Landsats possuí uma base continua de imagens multiespectrais da Terra desde os anos
70 (USGS, 2016).
Observa-se que nos últimos anos, o sensoriamento remoto tornou-se uma ferramenta com o uso
significativo dentro do inventário florestal. Sabe-se que o inventário florestal é uma atividade que objetiva obter
informações e quantificar os povoamentos florestais, sendo assim, de grande valia no processo de
gerenciamento dos recursos florestais e tomadas de decisão (ZALD et al., 2016).
Alguns trabalhos já vêm sendo desenvolvidos buscando predizer variáveis dendrométricas da floresta
por meio do uso do sensoriamento remoto, como por exemplo, os trabalhos de Almeida et al. (2014) e Miguel et
al. (2015) para a predição da área basal.
Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo criar modelos para a predição da área basal para
uma Floresta Estacional Decidual com o uso de variáveis obtidas do sensor ETM+, por meio da regressão.

MATERIAIS E MÉTODOS

Localização e caracterização da área de estudo


As bases de dados utilizadas são provenientes de dois fragmentos localizados no norte de Minas Gerais,
que são compostos por fitofisionomia classificada como Floresta Estacional Decidual. O primeiro fragmento
está localizado no munícipio de Jenipapo de Minas (-42,2121625 longitude e -17,12256005 latitude). O
fragmento apresenta uma área de 406,89 ha, o clima local é do tipo subúmido seco, a precipitação média anual é
de 959,75 mm com uma temperatura média de 23,43º C. O solo predominante na área é o Argissolo. O segundo
fragmento está localizado no munícipio de Araçuaí (-42,11005232 longitude -16,9107986 latitude). Esse
fragmento apresenta uma área de 209,73 ha, o clima local é do tipo subúmido seco, com precipitação média
anual de 876,21 mm e com uma temperatura média de 24,38º C (SCOLFORO et al., 2008).

Inventário florestal e o processamento dos dados


Foram alocadas 15 e 16 unidades amostrais nos fragmentos de Jenipapo de Minas e Araçuaí,
respectivamente, com as dimensões de 10 x 100 m (1000 m2) lançadas sistematicamente na área. Foram
medidos todos os indivíduos que apresentassem o critério de inclusão, sendo este, circunferência a 1,3 metros
acima do nível do solo ≥15,7 cm (5 cm de diâmetro), por meio do uso da fita métrica. Indivíduos perfilhados,
desde que atingissem o critério de inclusão, tiveram os seus fustes mensurados. O controle e a identificação

555
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
botânica de todos os indivíduos mensurados foram realizados, mediante consultas à especialistas e literaturas
específicas.
Foi realizado o cálculo da área basal (G) por parcela, que foi obtido por meio da soma das áreas basais
(gi) das árvores presentes dentro de cada parcela, conforme as equações (1) e (2), e extrapoladas para hectare.
 DAP 2 (1)
gi =
40000
n
G =  gi (2)
i =1
Em que: g i = é a área basal da i-ésima árvore (m²/ha); e G = é a área basal da parcela (m²/ha).

Obtenção dos dados de sensoriamento remoto


A imagem do sensor ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) do Landsat 7 foi obtida junto ao site da
USGS, contendo as bandas 1, 2, 3, 4 e 5 (Erro! Fonte de referência não encontrada.) com resolução espacial
de 30 metros para as áreas dos fragmentos em estudo. A imagem escolhida foi referente ao mês de fevereiro de
2010, que foi próximo a data inicial da amostragem dos dados em campo. No processo de escolha considerou-se
a quantidade de nuvens na área, sendo escolhida a imagem que não apresentasse cobertura por nuvens.

TABELA1: Bandas espectrais utilizadas do sensor ETM+ e os comprimentos de ondas.


TABLE 1: Spectral bands used of the ETM+ sensor and the wavelengths.
Bandas Comprimento de onda (micrómetros)
Banda 1 (azul) 0,45-0,52
Banda 2 (verde) 0,50-0,60
Banda 3 (vermelho) 0,63-0,69
Banda 4 (Infravermelho próximo) 0,76-0,90
Banda 5 (infravermelho médio) 1,55-1,75

Foi utilizado o software de código livre Quantum GIS (QGIS) versão 2.18 para a realização do
georreferenciamento e para a correção radiométrica das bandas espectrais utilizadas. Foi realizado também a
conversão dos números digitais (ND) para radiância espectral e, após isso, realizou-se a conversão para
reflectância (ρ).

Variáveis explicativas utilizadas


Depois de realizar o pré-processamento da imagem, realizou-se a extração das variáveis explicativas de
cada umas das cinco bandas espectrais (Tabela 1) por meio do uso do software R (R CORE TEAM, 2017).
As variáveis explicativas que foram utilizadas nesse trabalho foram: as bandas individuais B1; B2; B3; B4
e B5; e os índices de vegetação: NDVI = índice de vegetação da diferença normalizada; SAVI = índice de
vegetação ajustado ao solo; MSAVI = índice de vegetação ajustado ao solo modificado; EVI = índice de
vegetação melhorado; RATIO = índice de razão simples; e o TVI = índice de vegetação transformado.
Realizou-se o ajuste de seis equações (com o número de variáveis explicativas selecionadas variando
entre 1 e 6), totalizando assim 6 equações ajustadas para cada um dos fragmentos em estudo. Porém, só será
apresentado nesse trabalho as equações de melhor ajuste para cada um dos fragmentos, com base na análise
estatística e significância dos parâmetros estimados.
Foi realizado a associação entre as bandas espectrais e os índices de vegetação com os valores
provenientes das parcelas inventariadas em campo, por meio do uso das coordenadas das parcelas.

Estimativa de área basal


O software R versão 3.3.3 foi utilizado no processo de seleção das variáveis explicativas e na
modelagem dos dados. As variáveis independentes foram selecionadas com o uso do pacote o pacote Leaps
(LUMLEY, 2017), e o método de seleção utilizado foi o exhaustive. Em seguida, o modelo linear (3) foi
ajustado:
Yi = 0 + 1 X i1 + 2 X i2 + ... + +  p X i p +  i
(3)
Em que: Yi= valor da variável dependente na i-ésima observação (área basal);  p = coeficientes do modelo; Xi1,
Xi2, ..., Xi,p são os valores da p-ésima variável explicativa na i-ésima observação; εi = erro aleatório com média E{ εi} = 0 e
variância σ2 {εi} = σ2.

556
IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
Foi utilizado a validação cruzada dos dados leave-one-out que é uma técnica de K-partições (SILVA;
SPATTI; FLAUZINO, 2010). Para isso, fez-se uso do software MATLAB versão R2017a.

Avaliação do desempenho dos modelos


Para realizar a avaliação do desempenho das equações ajustadas para a predição da área basal para os
fragmentos em estudo fez-se uso dos gráficos de relação entre as variáveis observadas e variáveis estimadas,
gráficos de dispersão dos resíduos, o coeficiente de determinação ajustado ( R 2 ) e a raiz do erro quadrado médio
(RMSE%) para os dados de ajuste e validação Leave-one-out, posteriormente, foi obtido o valor médio, que é
referente ao o coeficiente de determinação ajustado ( R CV
2
) e o erro ( RMSECV % ) da Leave-one-out.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O fragmento localizado em Jenipapo de Minas apresentou um número médio de 1132 indivíduos por
hectare, com área basal média de 10,32 (m2/ha) e diâmetro médio quadrático de 9,34 cm. Já o fragmento
localizado em Araçuaí apresentou um número médio de 863 indivíduos por hectare, com área basal média de
14,77 (m2/ha) e diâmetro médio quadrático de 14,76 cm.
São apresentadas na Erro! Fonte de referência não encontrada. as variáveis que foram selecionadas,
as equações que foram ajustadas e os parâmetros estimados para a predição da área basal para os dois
fragmentos estudados.

TABELA 2: Equações selecionadas para cada fragmento para a estimação da área basal.
TABLE 2: Equations selected for each fragment for the estimation of the basal area.
Fragmentos Equação Área basal
Araçuaí Gˆ = 8,415* − 588,369B1* + 920,505B3* − 361,008B4* + 158,143EVI *
Jenipapo de Gˆ = −137,8194* + 3927,285B * − 3139,219 B * − 775,6739 EVI * −1,436 RATIO* +1288,15SAVI *
1 3
Minas
Em que: * = coeficientes significativos a 5% pelo teste t; B1 = Banda do azul; B3 = Banda do vermelho; B4 = Infravermelho
próximo; EVI = índice de vegetação melhorado; RATIO = índice de razão simples; SAVI = índice de vegetação
ajustado ao solo.

Observa-se que mesmo se tratando de fragmentos de uma mesma fitofisionomia, as variáveis


selecionadas e o número de variáveis que foram selecionadas para a construção dos modelos variaram.
É possível observar na Erro! Fonte de referência não encontrada. as estatísticas referentes a
avaliação e validação cruzada para a predição da área basal dos fragmentos em estudo.

TABELA 3: Estatísticas de ajuste e validação cruzada referentes as equações ajustadas para a predição da área
basal.
TABLE 3: Adjustment and cross-validation statistics referring to the adjusted equations for the prediction of the
basal area.
Ajuste Validação cruzada
Dados 2 RMSE (m²ha -1
) 2
R cv RMSECV (m²ha-1)
R
Araçuaí 0,7750 2,63 (17,82%) 0,6838 3,74 (25,28%)
Jenipapo de Minas 0,4732 1,11 (10,72%) 0,2248 2,73 (26,43%)

Em que: R 2 = coeficiente de determinação ajustado; RMSE = raiz do erro quadrado médio; R CV 2


= coeficiente de
determinação ajustado médio proveniente da validação cruzada Leave-one-out; RMSEcv = raiz do erro quadrado médio
proveniente da validação cruzada.

Por meio das estatísticas de ajuste e validação dos dados, os resultados encontrados mostraram-se
satisfatórios no processo de predição da área basal para os fragmentos de Floresta Estacional Decidual. Observa-
se que o modelo do fragmento localizado em Araçuaí conseguiu explicar em torno de 77% da variação em área
basal, já o modelo referente ao fragmento localizado em Jenipapo de Minas conseguiu explicar 47% da variação
em área basal. O resultado referente ao fragmento de Araçuaí foi superior ao obtido por Santos et al. (2017),
para uma área de Cerrado stricto sensu (66%), superior ao valor encontrado por Gonçalves (2018), para um

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IV Encontro Brasileiro de Mensuração Florestal
fragmento de Floresta Estacional Semidecidual Submontana (65%), no entanto, o resultado encontrado para o
fragmento de Jenipapo de Minas foi inferior.
Na Erro! Fonte de referência não encontrada. são apresentados os gráficos da relação entre os
valores observados e estimados e análise gráfica percentual dos resíduos para a área basal referentes aos dois
fragmentos em estudo, tanto para os dados de ajuste quanto para validação cruzada Leave-one-out.
G Araçuaí RMSE RMSEcv

100

100
30
25

50

50
G estimada (m²/ha)
20

Erro (%)

Erro (%)
15

0
10

-50

-50
5

-100

-100
0

0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
G observada (m²/ha) G observada (m²/ha) G observada (m²/ha)

G Jenipapo de Minas RMSE RMSEcv


100

100
15

50

50
G estimada (m²/ha)
10

Erro (%)

Erro (%)
0

0
5

-50

-50
-100

-100
0

0 5 10 15 0 5 10 15 0 5 10 15
G observada (m²/ha) G observada (m²/ha) G observada (m²/ha)

FIGURA 1: Áreas basais estimadas versus áreas basais observadas e gráfico de distribuição dos resíduos
percentuais, encontrados por meio da análise de regressão, para o conjunto de dados de ajuste e validação
cruzada.
FIGURE 1: Estimated basal areas versus observed basal areas and distribution graph of the percentage residues
found by regression analysis to adjust data set and cross-validation.

É possível observar por meio da análise gráfica que as equações selecionadas para os dois fragmentos
em estudo não apresentaram tendenciosidade. Entretanto, os gráficos da validação cruzada apresentaram alta
dispersão dos resíduos, em relação a linha de tendência.

CONCLUSÕES

Conclui-se que dados do sensor ETM+ são capazes de estimar com precisão a área basal de fragmentos
de uma Floresta Estacional Decidual, servindo assim, como uma alternativa de fonte de dados para o
desenvolvimento do inventário florestal em florestas nativas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (LEMAF) da


Universidade Federal de Lavras pela concessão da base de dados para o desenvolvimento do estudo.

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