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ESTAQUIA EM Eucalyptus benthamii

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Prof Fabiana Bandeira Schmit Peres
a

Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO,


Departamento de Engenharia Florestal. Irati, Paraná.

Recursos Florestais e Engenharia, Silvicultura.

Palavras-chave: propagação, estaquia, clonal.

Introdução

Há diversos métodos pelos quais podemos efetuar a propagação de plantas. A


propagação por estacas é um deles, tendo como, principal característica ser uma técnica
simplista que não demanda muitos gastos para ser realizada (BELTRAMI et al, 2014). A
técnica consiste em utilizar partes da planta matriz como caule, folhas, gemas foliares e raiz
para produzir descendentes.
Dentre os métodos de propagação vegetativa, a estaquia constitui-se em uma das
técnicas cujos princípios já estão bem conhecidos para espécies de Eucalyptus, tendo,
portanto, ampla adoção na clonagem de árvores desta espécie, o que permitiu o
desenvolvimento da silvicultura clonal de forma intensiva em diversas partes do mundo
(XAVIER, 2002).
A estaquia é uma técnica que consiste em promover o enraizamento de partes da
planta, podendo ser de ramos, raízes, folhas e até mesmo fascículos, como em Pinus spp.
(PAIVA; GOMES, 1995). É ainda, uma técnica da qual se tem o maior domínio e
conhecimento científico, representando um dos maiores avanços tecnológicos na área
florestal (ALMEIDA, 2006).
Deste modo, o objetivo desse trabalho é avaliar a propagação clonal de três padrões
de estacas de Eucalyptus benthamii, através da técnica de estaquia.

Material e métodos

O experimento foi conduzido na casa de vegetação do viveiro do Campus da


Unicentro do município de Irati. A coleta das brotações foi realizada a partir de cepas de
Eucalyptus benthamii em uma área de experimento do Campus (Figura 1).

Figura 1:
Coleta das brotações a partir de cepas de Eucalyptus benthamii.

A partir dos brotos, foram confeccionados miniestacas em três padrões: apical,


mediana e basal, as quais foram combinadas com o regulador de crescimento, ácido
indolbutírico (AIB) em concentrações 2000 e 4000 (mgL-1) e Stimulate.
As estacas entre 8 a 10 cm de tamanho tiveram aproximadamente 1 cm da sua base
emergidas no AIB e Stimulate por aproximadamente 10 segundos e, imediatamente,
estaqueadas em tubetes contendo substrato (Figura 2).
Figura
2: Miniestacas de Eucalyptus benthamii.

Após inseridas no substrato, as estacas foram avaliadas por 34 dias na casa de


vegetação com ambiente controlado. O experimento foi instalado, seguindo o delineamento
inteiramente casualizado, com 9 tratamentos, enumerados de T1 a T9 sendo cada um
composto por 15 miniestacas, a tabela 1 mostra as combinações dos tratamentos. Os
parâmetros avaliados foram sobrevivência, enraizamento, número de folhas e altura.

TABELA 1: Combinações
TRATAMENTO REPETIÇÕE
S COMBINAÇÕES S
T1 APICAL + 2000 AIB 15
T2 APICAL + 4000 AIB 15
T3 APICAL + STIMULATE 15
T4 MEDIANA + 2000 AIB 15
T5 MEDIANA + 4000 AIB 15
T6 MEDIANA + STIMULATE 15
T7 BASAL + 2000 AIB 15
T8 BASAL + 4000 AIB 15
T9 BASAL + STIMULATE 15

Resultados e Discussão

A tabela 2 apresenta os dados mensurados dos parâmetros analisados para os


diferentes tratamentos aplicados no experimento.

TABELA 2: Resultados dos dados mensurados dos parâmetros analisados.


TRATAMENT SOBREVIVÊNCI ALTURA N° DE
O A (cm) FOLHAS
T1/T2/T3/T4/
- - -
T7
T5 1 9 2
T6 1 8 1
T8 1 8 2
T8 1 10 1
T9 1 10 2
-Sobrevivência

O parâmetro sobrevivência indica se as miniestacas sobreviveram ou não após a


avaliação feita nos diferentes tratamentos. Os tratamentos T1, T2, T3, T4 e T7 não
possuem informações de sobrevivência registradas, o que indica que as miniestacas
morreram. Já os tratamentos T5, T6, T8 e T9 indicam que há sobrevivência de miniestacas

(Figura 3).
Figura 3: Demonstração das miniestacas de E. benthamii.

-Altura

O parâmetro altura apresenta o tamanho das miniestacas após a avaliação feita nos
diferentes tratamentos, medida em centímetros (cm). Os tratamentos T1, T2, T3, T4 e T7
novamente não possuem informações de altura registradas, o que indica que as
miniestacas morreram. Entre os demais tratamentos, observa-se que as miniestacas dos
tratamentos T5, T6 e T8 atingiram alturas de 9, 8 e 8 cm, respectivamente. No tratamento
T9, as miniestacas alcançaram uma altura de 10 cm.

-Número de Folhas

O parâmetro número de folhas indica quantas folhas foram presentes nas


miniestacas após a aplicação dos diferentes tratamentos. Assim como nos parâmetros
anteriores, os tratamentos T1, T2, T3, T4 e T7 não possuem informações de número de
folhas, o que sugere morte das miniestacas. Entre os demais tratamentos, observa-se que
as miniestacas dos tratamentos T5, T8 e T9 apresentaram 2 folhas, enquanto a do
tratamento T6 apresentou 1 folha.
Quanto a aplicação de AIB e Stimulate, observou-se maior número de sobrevivência
das miniestacas na
dosagem 4000 mg l-1,
indicando um efeito
positivo da aplicação de
AIB. Pode-se
também observar a
formação de calos nas
miniestacas
sobreviventes,
podendo ser percursora
na formação de
raízes. (Figura 4).
Figura 4: Formação de calos nas miniestacas.

Diante disso evidencia-se a importância da qualidade, juvenilidade e condições de


enraizamento do broto (origem). Observa-se que ocorreu sobrevivência dos brotos
medianos e basais, assim, como encontrado em trabalhos de Hartmann et al, (2011) e
Baccarin (2012). Segundo Hacket (1987), algumas características, que estão associadas
com a juvenilidade, são mantidas nas porções basais de plantas maduras de muitas
espécies. Da mesma forma que ocorreu com as miniestacas provenientes da região basal
dos brotos, não se registrou sobrevivência nesse caso. Essa ocorrência pode ser atribuída
principalmente ao alto grau de maturação dessas estacas e ao balanço hormonal alterado.

Considerações Finais

Em geral, os resultados apresentados indicaram que para os tratamentos T1, T2, T3,
T4 e T7 em relação aos parâmetros analisados as miniestacas não apresentaram
resultados satisfatórios.
No entanto, os tratamentos T5, T6, T8 e T9 demonstram que houve sobrevivência de
miniestacas com alturas variando entre 8 cm e 10 cm, e um número de folhas de 1 a 2.
Conclui-se que a utilização das estacas basais mostrou ser a mais eficiente para
realização de estaquia.

Referências

ALMEIDA, F.D. Propagação vegetativa de Eucalyptus cloeziana F. Muell. por estaquia


e miniestaquia. 2006. 86 p. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, 2004.

BACCARIN, F. J. B. Métodos para resgate, conservação e multiplicação em larga


escala de matrizes de Eucalyptus benthamii. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 77p. 2012.

BELTRAMI, B, et al. Relatório pratica de propagação de plantas. Universidade Federal


de São Carlos – UFSCar. 50 p. 2014. Disponível em:
https://issuu.com/inna_mascarin/docs/relatorio_prop._plantas. Acesso em: 24/08/2023.

HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JUNIOR, F.T.; GENEVE, R.L. Plant
propagation: principles and practices. 6 th ed. New Jersey: Prentice Hall, 1997. 770 p.

HACKETT, W.P. Donor plant maturation and adventitious root formation. In: DAVIES, T.D.;
HAISSIG, B.E.; SANKHLA, N. Adventitious root formation in cuttings. Portland:
Dioscorides Press, 1987a. p. 11-28. (Advances in Plant Sciences Series, 2).

PAIVA, H.N.; GOMES, J.M. Propagação vegetativa de espécies florestais. Viçosa: UFV,
1995. 40 p. (IPEF. Boletim, 322).

XAVIER, A.; SANTOS, G.A. Clonagem em espécies florestais nativas. In: ROCHA, M.G.B.
Melhoramento de espécies arbóreas nativas. Belo Horizonte: IEF, 2002. p. 29-40.

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