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Telómeros e telomerase

As regiões repetitivas nas extremidades dos cromossomas são chamadas


de telómeros e são encontradas numa grande variedade de espécies eucarióticas, de
humanos a protistas unicelulares. Os telómeros atuam como capas que protegem as
regiões internas dos cromossomas e que se desgastam um a cada ciclo de replicação
de DNA.

Ao contrário do cromossoma bacteriano, os cromossomas dos eucariontes são lineares


(forma de bastonetes), o que significa que têm extremidades. Essas extremidades
representam um problema para a replicação do DNA. O DNA da extremidade do
cromossoma não pode ser totalmente copiado em cada ciclo de replicação, resultando
num encurtamento lento e gradual do cromossoma.

Por que é assim? Enquanto o DNA está a ser copiado, uma das duas cadeias do DNA na
forquilha de replicação é produzida continuamente e é chamada de cadeia leading. A
outra cadeia é produzida em pequenas partes chamadas de fragmentos de Okazaki.
Cada um dos fragmentos inicia-se com seu próprio primer. Esta cadeia é conhecida
como cadeia lagging.

Na maior parte dos casos, os primers dos fragmentos de Okasaki podem ser
substituídos por DNA facilmente e os fragmentos ligados para formar uma cadeia
contínua. No entanto, quando a forquilha de replicação alcança a extremidade do
cromossoma, há um pequeno prolongamento do DNA (em muitas espécies, incluindo
humano) que não é coberto por um fragmento de Okasaki — essencialmente não há
maneira de iniciar o fragmento porque “o primer iria para além da extremidade do
cromossoma”. Além disso, o primer do último fragmento que efetivamente é
produzido, não pode ser substituído por DNA como os outros primers são, pois a DNA
polimerase não consegue adicionar nucleótidos, pois apenas o consegue fazer nas
terminações 3`.

Devido a estes problemas, parte do DNA na extremidade dos cromossomas


eucarióticos não são copiados, a cada ciclo de replicação, deixando uma extensão de
cadeia simples em cada ponta do cromossoma. Essa situação ativa mecanismos que
cortam a região de cadeia simples, juntamente com um pouco da extremidade da
cadeia dupla intacta. Ao longo de vários ciclos de divisão celular, o cromossoma vai
encurtar cada vez mais e mais, enquanto o processo se repetir.

Telómeros

Para evitar a perda de genes com o desgaste dos cromossomas, as extremidades dos
cromossomas eucarióticos têm tampões de DNA especializados chamados
de telómeros. Os Telómeros consistem em centenas ou milhares da mesma curta
sequência de DNA, a qual varia entre os organismos, mas é 5'-TTAGGG-3' em humanos
e outros mamíferos.

As repetições que formam os telómeros são consumidas lentamente ao longo dos


vários ciclos de divisão, estabelecendo uma barreira que protege as regiões internas
dos cromossomas que contêm os genes (pelo menos por algum tempo). O
encurtamento de telómeros foi relacionado com o envelhecimento de células e a
perda progressiva dos telómeros pode explicar a razão pela qual as células apenas se
podem dividir um determinado número de vezes.
Telomerase

Algumas células têm a capacidade de reverter o encurtamento dos telómeros através


da expressão da telomerase, uma enzima que estende os telómeros dos
cromossomas. A telomerase é uma DNA polimerase RNA dependente, ou seja, uma
enzima que pode produzir DNA usando o RNA como molde.

Como funciona a telomerase? A enzima liga-se a uma molécula especial de RNA que
contém uma sequência complementar à repetição do telómero. Ela prolonga (adiciona
nucleótidos) a extensão da cadeia do DNA do telómero usando um RNA como molde.
Quando a extensão está longa o suficiente, pode-se fazer uma cadeia complementar
através do mecanismo comum de replicação de DNA (isto é, usando um RNA primer e
DNA polimerase), produzindo uma cadeia dupla de DNA.

A telomerase não é geralmente ativa na maioria das células somáticas (células do


corpo), mas é ativa nas células germinativas (as células que constituem o esperma e o
óvulo) e em algumas células-tronco adultas. Esses são tipos celulares que precisam
passar por diversas divisões ou, no caso das células germinativas, dar origem a um
novo organismo com o seu relógio telomérico de "recomeçar”. Interessantemente,
muitas células cancerígenas têm telómeros mais curtos e a telomerase é ativa nessas
células. Se a telomerase pudesse ser inibida por drogas como parte da terapia contra o
cancro, a sua divisão excessiva (e, assim, o crescimento do tumor cancerígeno) poderia
ser potencialmente parado.

Adaptado de https://pt.khanacademy.org/science/biology/dna-as-the-genetic-
material/dna-replication/a/telomeres-telomerase/

Vídeo sobre investigação baseada no estudo dos telómeros

https://ensina.rtp.pt/artigo/telomeros-a-fonte-da-juventude/

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