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 Passarola: é tanto o símbolo da concretização do sonho, representando assim

também a libertação do espírito e a passagem a outro estado de consciência,


uma vez que que esta é igualmente um símbolo da ligação do céu e da terra,
pois ousa sair do domínio dos homens e entrar no domínio de Deus; Por outro
lado é um símbolo dual, pois é por sua causa que nasce a Trindade terrestre,
mas também é o motivo de separação desta; O voo da passarola está
associada em comparação com a mitologia grega acerca de Faetonte, filho
de Apolo, que, querendo imitar o pai, conseguiu com que este o deixasse guiar
o carro do sol por um dia. Porém, Faetonte não conseguiu sustentar o carro no
céu, despenhando-se sobre a Terra e morrendo no incêndio resultante. Da
mesma maneira, o padre Bartolomeu de Gusmão e Baltasar morrerão devido
ao seu desejo de voar e Blimunda tornar-se-á errante [36]
 Sete-Sóis: alcunha de Baltasar porque só pode ver à luz[37];
 Sete-Luas: baptismo de Blimunda porque "vê" no escuro, devido aos seus
dons[37];
 Sol: representa a força e a própria vida, fazendo corresponder Sete-Sóis a
Sete Vidas, transformando deste modo a personagem de Baltasar como
representante de todo o povo. Por outro lado, o sol para nascer tem que
vencer as trevas, do mesmo modo que Baltasar tem que vencer a Inquisição e
a superstição popular. E, da mesma maneira que o sol possuí o dia
temporariamente, Baltasar atravessa o céu, rasgando o dogma católico do céu
como terreno de Deus, adquirindo um estatuto transgressor e de herói mítico.
E como tal, para que o destino de herói mítico clássico seja completo, Baltasar
morre tragicamente pelo fogo;
 Lua: Tradicionalmente a Lua simboliza, por não ter luz própria, o princípio
passivo do sol. No entanto, a obra revoluciona o conceito da Lua ao dar a
Blimunda capacidades sobrenaturais que dependem das fases da lua,
tornando a tão relevante como o sol. Assim é também a relação de Blimunda e
Baltasar, pois têm ambos igualdade de direitos e de relevância na obra; Uma
vez que a capacidade de Blimunda depende das fases da lua, é revelado a
Lua como símbolo do ritmo da Terra, a medida do tempo, este responsável
pelo ciclo da vida. Deste modo, Blimunda é quem recolhe as vontades
humanas dos moribundos e as junta nas esferas da passarola, transformando-
as em energia vital[36];
 Sol e Lua: simboliza a união como um todo, porque são o verso e o reverso da
mesma realidade, o dia; e a união do princípio masculino e do princípio
feminino: dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados enquanto as
estrelas giravam devagar no céu[38].
 Sete: este número representa a totalidade perfeita[39]. Para além da utilização
deste símbolo na expressão da completude de Baltasar e Blimunda, também é
recorrido noutras situações, tal como no dia da sagração do convento [40][41]
 Nove: representa o coroamento dos esforços, o concluir de uma criação,
utilizado para simbolizar os 9 anos de procura de Blimunda por Baltasar;
 Vontade: as vontades recolhidas, utilizadas como combustível para a
passarola voar, representa que, aliadas com a ciência e arte, o querer do
homem faz avançar o mundo, superando os seus próprios limites; Esta junção
das vontades humanas que é aliada com a ciência e que produz mais força, é
comparada com a Primavera mítica que arranca a Humanidade do dogma da
religião, do terror inquisitorial e da superstição, livrando assim Portugal da
vontade resignada e do pensamento falso e passivo que caracterizava a
época[36];
 Trindade terrena: constituída pelo padre Bartolomeu, o pai, por Baltasar, o
filho, e por Blimunda, o espírito. Esta simboliza a harmonia perfeita; Uma vez
que esta é terrena, está aberta a um quarto elemento, Domenico Scarlatti,
dado que quatro é o número da terra;
 Mãe das pedras: o transporte desta grande pedra de mármore de Pêro
Pinheiro a Mafra é uma epopeia, uma vez que esta acção é descrita com
"grandeza" clássica e é vista como um acto heróico dos operários, que tem
que transportar uma pedra gigantesca, num carro especialmente concebido
para o seu transporte, este comparado a uma nau da Índia, e com a ajuda de
duzentas juntas de bois. Os seiscentos homens que a puxam têm que
enfrentar difíceis obstáculos do caminho, tal como uma narrativa de heróis
clássicos, em que estes têm que contornar grandes obstáculos com um
esforço sobrenatural;
 Cobertor: Trazido da Áustria pela rainha, é o símbolo da separação entre os
monarcas, marcando o casamento de conveniência do casal. [42]
 Convento de Mafra: é o símbolo da ostentação régia, da opressão e da
megalomania, representa também o sacrifício e exploração do povo que
trabalhou na construção do convento.

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