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Origem do contratualismo. O que é?

A convivência dos seres humanos em um estado civil acompanha a humanidade desde o


desenvolvimento das mais antigas civilizações. Não é possível determinar quando,
exactamente, o ser humano deixou de viver em estado de natureza e assumiu para si um
pacto civil.

Os filósofos contratualistas tratam o estado de natureza, inclusive, como um momento


hipotético e didacticamente desenvolvido para explicar o surgimento da sociedade.

A teoria contratualista, por sua vez, foi pela primeira vez descrita na Inglaterra, no século
XVII, pelo filósofo e teórico político Thomas Hobbes.

Pensadores contratualistas
Temos como os principais contratualistas modernos os filósofos Thomas Hobbes, John Locke e
Jean-Jacques Rousseau. Cada pensador apresenta sua ideia de contrato social, apontando
diferentes concepções de estado de natureza e diferentes motivos para que a humanidade
aderisse ao pacto social.

Thomas Hobbes
O filósofo e teórico político inglês era um monárquico convicto. Em defesa da monarquia num
período de crise política na Inglaterra, ele publicou o seu mais conhecido livro: “Leviatã”, ou
Matéria, forma e poder em um Estado eclesiástico e civil. A palavra leviatã designa uma
criatura marinha do imaginário antigo (descrita inclusive em passagens do Antigo Testamento)
que seria um monstro gigantesco protector dos peixes e animais marinhos menores. Isso tem a
ver com o modo como Hobbes concebia a sociedade e o Estado: um monstro violento e
gigantesco que existia para proteger os cidadãos. "A concepção de Estado, para Hobbes, é
pautada na ideia de que deve haver uma forte concentração de poder estatal a fim de tornar o
convívio suportável. Isso seria necessário porque o ser humano em seus estado de natureza
era, segundo Hobbes, violento e cruel, sendo o ser humano natural uma espécie de lobo do
próprio homem. Os impulsos de violência do ser humano em seu estado natural levavam-no à
convivência difícil regida pelo medo, pela desconfiança e pelo caos. O Estado seria a criação
necessária para controlar esse modo de vida caótico por meio da força e da concentração da
violência. Uma curiosidade sobre o livro Leviatã é que ele foi escrito e publicado em inglês, ao
contrário das obras de intelectuais da época, que eram publicadas em latim. A intenção de
Hobbes, ao publicar o seu escrito em defesa do Estado monárquico em uma língua de maior
acesso à população da Inglaterra, era conseguir um maior alcance, para que mais pessoas
pudessem ler e, consequentemente, aceitar a monarquia que se encontrava em crise no
século XVII.
John Locke
O filósofo e teórico político inglês John Locke, ao contrário de Hobbes, era contra a
monarquia. Locke foi um defensor do parlamentarismo, forma de governo adoptada na
Inglaterra no fim do século XVII, e também é considerado o “pai” do liberalismo político e
um dos “ancestrais” do liberalismo económico.

O estado de natureza, segundo Locke, era um período de plena igualdade entre todas as
pessoas. Todos eram regidos pela lei natural, que garantia a posse sobre qualquer bem
natural, inclusive sobre o mesmo bem, sem restrições. Essa lei natural de igualdade irrestrita
gerava, segundo o pensador, problemas quando as pessoas queriam a mesma posse.

A saída defendida por ele foi a instituição de um estado civil, com leis e normas sociais que
regulamentariam a posse e impediriam os conflitos.

A sociedade civil e o pacto social seriam, portanto, necessários para regulamentar a posse de
bens, e o Estado era uma instituição que deveria obedecer a certos limites, principalmente
quando se trata da propriedade. Para Locke, o Estado não deveria ter extrema força, como
pensou Hobbes, e deveria agir em conformidade com os limites do direito à propriedade.

Jean-Jacques Rousseau
O pensador suíço é uma espécie de contratualista crítico do contratualismo. Para Rousseau,
era no estado de natureza que o ser humano se encontrava plenamente livre de qualquer
amarra institucional que o privaria de sua liberdade natural.

O ser humano era amoral em seu estado de natureza. Desconhecendo a moral, ele
desconheceria também a maldade. A maldade somente passou a ser praticada
intencionalmente quando o ser humano descobriu de vez o que era certo e o que era errado,
ou o que era o bem e o mal.

Para Rousseau, o Estado civil havia sido criado de maneira ilegítima, de modo que a
sociedade civil baseada na propriedade privada era um meio de corrupção do ser humano. O
pensador suíço defendia uma reformulação da sociedade, a fim de que a vontade geral fosse
atendida em um governo que realmente quisesse estabelecer o bem social e não
simplesmente atender aos privilégios de uma classe dominante.

O contratualismo é uma escola de pensamento a partir da qual várias interpretações sobre a natureza
humana e o surgimento das sociedades civis foram concebidas. Para os contratualistas, o ser humano:

a) era como uma tábua rasa, pois nascia completamente desprovido de qualquer tipo de ideia ou
consciência.

b) vivia em um estado de natureza anterior às organizações sociais ou políticas que temos hoje.

c) era um animal desprovido de qualquer tipo de capacidade de relação social.

d) era o único ser vivo do planeta capaz de manter relações sociais.

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