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Direito Administrativo é uma matéria cujo conhecimento é indispensável nos dias atuais.

Além de
englobar o tratamento de institutos que se relacionam com a gestão das atividades rotineiras da
Administração Pública, como processos administrativos, licitações, contratos administrativos,
concursos públicos para seleção de pessoal, serviços públicos, convênios e consórcios, o estudo do
Direito Administrativo permite compreender também as variadas formas de restrição que a
propriedade sofre em nome da realização de interesses coletivos, como ocorre em servidões
administrativas, tombamentos, desapropriações, e ainda as limitações da conformação de atividades
empresariais ao interesse público.

É no Direito Administrativo que se estudam a responsabilização do Estado pelos danos causados por
suas atividades, sejam elas regulares ou não, os limites do poder de polícia, as situações da atuação
estatal desviada dos fins legais e os meios de controle da respublica (coisa pública) pelos cidadãos.
Para que os assuntos cotidianos de uma coletividade possam ser discutidos, faz-se necessário ao
menos o mínimo de contato com o Direito Administrativo.

Sem o conhecimento da matéria, é impossível saber quem é responsável pelo desabamento de uma
obra pública, quais os limites de ação das agências regula-doras para corrigir as falhas identificadas
em determinado setor estratégico, se é necessária licença ou autorização para o desenvolvimento
de certas atividades econômicas, ou mesmo em que medida o Estado deve indenizar o particular
diante de dadas ocorrências.

O estudo do Direito Administrativo auxilia também na compreensão dos assuntos palpitantes,


frequentemente trazidos pela imprensa, como a exoneração de Ministros, a criação de novos entes
da Administração Indireta, as consequências da falta de fiscalização do governo em relação a
inúmeras atividades, os li-mites e as repercussões da greve no funcionalismo público, as
privatizações, e, também, questões como a legalidade do aumento de tarifas por concessionárias de
serviços públicos, quais serviços públicos são universais e gratuitos, quando o corte de fornecimento
pelo não pagamento do usuário de um serviço público é arbitrário, a possibilidade de recorrer das
sanções impostas por determinado órgão público ou mesmo quais os limites da ação fiscalizatória do
Poder Público em estabelecimentos empresariais.

Assim, a importância de profissionais com conhecimento de Direito Administrativo cresce na


atualidade, não só no âmbito do Poder Público, mas também na advocacia privada, em diversos
aspectos. Ainda que o estudante e o profissional jurídico não queiram atuar na área, eles terão
contato com a matéria à medida que a Administração faz parte do dia a dia dos cidadãos. Em caso
de pleitear quaisquer direitos perante o Estado, eles deverão estar cientes dos processos e assuntos
envolvidos.
O Direito Administrativo tem acentuada sistematicidade, apesar da falta de condensação. É
disciplina que, via de regra, não passou por codificação, tendo em vista a autonomia dos entes
federativos em editar em muitos assuntos regramento próprio. Mas, apesar de existirem diversas
leis que tratam de variados institutos da disciplina, o estudo doutrinário é imprescindível para o seu
entendimento, porque, desde a formação, o Direito Administrativo guia-se por princípios, que lhe
conferem acentuada coerência. Vencidas algumas resistências iniciais, para aqueles que não se
“apaixonam à primeira vista” pelo Direito Administrativo, e compreendidos uns poucos pressupostos
básicos da matéria, ela se torna extremamente envolvente.

É comum àqueles que se revelaram resistentes num primeiro momento desenvolverem “amor” pela
matéria. Portanto, não há mais como impedir a expansão do conhecimento do Direito
Administrativo, que é instrumento da garantia de interesses coletivos, uma vez que o Estado, por
meio da Administração Pública, é instrumento relevante para a consecução de interesses públicos e
não um “fim em si”.

É importante destacar, no entanto, que o Direito Administrativo não desabrocha com todas as suas
potencialidades em regimes autoritários, porque nestes não se permite discutir ou questionar atos
estatais. Assim, quanto mais democrático for o ambiente institucional de um país, mais seus
cidadãos-administrados poderão exigir o exato cumprimento do Direito Administrativo; por outro
lado, também se pode dizer que, quanto mais combativos forem os administrados de determinado
país, mais eles forçarão suas instituições públicas para um aprimoramento tendo em vista os
interesses da coletividade.

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