Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Carmo&Ferreira 2008
Carmo&Ferreira 2008
METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO
Guia para Auto-Aprendizagem
2.ª Edição
Hermano Carmo
Manuela Malheiro Ferreira ISBN: 978-972-674-512-9
Hermano Carmo
Manuela Malheiro Ferreira
METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO
Guia para Auto-Aprendizagem
(2.ª edição)
Universidade Aberta
2008
© Universidade Aberta
Copyright © UNIVERSIDADE ABERTA – 2008
Palácio Ceia • Rua da Escola Politécnica, 147
1269-001 Lisboa – Portugal
www.univ-ab.pt
e-mail: cvendas@univ-ab.pt
© Universidade Aberta
HERMANO DUARTE DE ALMEIDA E CARMO
Diplomado em Administração Ultramarina, (1970), licenciado em Ciências Sociais e Políticas, (1974) e Mestre
em Ciência Política, (1985), pelo ISCSP/UTL. Doutor em Ciências da Educação, (1995) e agregado em Política e
Acção Social, (2002), pela Universidade Aberta.
Professor Catedrático da Universidade Aberta. Tem colaborado nos Mestrados em Relações Interculturais,
Comunicação Educacional Multimedia, Comunicação em Saúde, Administração e Gestão Educacional e Estudos
Ambientais (Participação e Cidadania). Professor Catedrático Convidado do ISCSP/UTL, onde tem colaborado nas
Licenciaturas em Política (Serviço) Social, e nos Mestrados em Ciência Política, Sociologia e Política Social.
Desde 1970 desempenhou funções técnicas, docentes e de direcção no Centro de Acção Social Universitário,
Centro de Educação Especial de Lisboa, Centro Regional de Segurança Social de Lisboa, e nas Universidades Nova,
Técnica, Internacional e Aberta. Colaborou em diversas iniciativas académicas nas Universidades de Girona, Granada,
Internacional de Andalucia (UNIA - Baeza) e Sevilha (Espanha), Florença (Itália), Pernambuco, UNESP - Assis, UF
de Santa Catarina e UVA do Ceará (Brasil), Agostinho Neto (Angola) e com o ISCE de Cabo Verde.
Tem diversos trabalhos publicados nos domínios das Ciências Sociais, Ciências da Educação e Ciência Política,
dos quais se salientam: Os dirigentes da administração pública portuguesa (ISCSP, 1985); Análise e intervenção
organizacional (FUNDETEC, 1986); Exclusão social. Rotas de intervenção (Coordenação, 1996); Ensino superior a
distância. Contexto mundial, Modelos ibéricos, (UAb 1997); Metodologia da investigação: guia para auto-
-aprendizagem (com Manuela Malheiro Ferreira, 1998); Desenvolvimento comunitário (1999, 2007); Intervenção
social com grupos (2000); Problemas sociais contemporâneos (coordenação, 2001); Multiculturalidade e educação a
distância (UAb, 2005); Rumos da intervenção social com grupos no início do século XXI (ISCSP, no prelo); No rasto
do PETI, (PETI, no prelo).
Ao longo dos seus já dez anos de vida, o presente manual tem sido usado por uma grande diversidade de
pessoas, ultrapassando em muito o público alvo inicialmente previsto. Com efeito, quando no final dos
anos noventa escrevemos o livro, procurámos responder às necessidades de aprendizagem dos estudantes
do Mestrado em Relações Interculturais da Universidade Aberta, esperando que a sua utilidade fosse
reconhecida por outros estudantes de 2º ciclo de cursos de Ciências Sociais, desta e doutras instituições
de ensino superior.
A verdade é que fomos surpreendidos com uma procura bastante mais ampla, tanto no que se refere ao
ciclo de aprendizagem (alargando-se a procura ao primeiro e ao terceiro ciclos), como no que concerne
à proveniência dos utilizadores que, segundo as informações que tiveram a amabilidade de nos dar,
abrangeram também domínios como os das Ciências da Educação, da Psicologia Social, da Enfermagem,
vários cursos ligados à intervenção social (Política Social, Serviço Social, Educação Social, Animação
Sociocultural), etc.
Se, naturalmente, este reconhecimento nos tem causado grande satisfação, também constitui um desafio,
no sentido de não o deixarmos desactualizar. Não podendo fazê-lo neste momento integralmente, como
o óptimo é inimigo do bom, decidimos, nesta 2ª edição, proceder a uma actualização parcial, cingindo-se
às primeiras seis unidades (introdução e visão panorâmica) e à bibliografia.
Em termos de forma, procurou-se usar os dois tipos de citação usuais (identificação completa e autor/
data), reservando o primeiro para as obras que não constam na bibliografia final, por não serem
indispensáveis ao estudo desta matéria.
- actualizou-se a bibliografia e as notas com algumas fontes valiosas entretanto publicadas e com
uma ou outra clássica e fizeram-se pequenas actualizações do texto, no sentido de o tornar mais
claro;
Esperamos que, com esta primeira reforma, o manual continue a ser útil tanto aos estudantes em regime
presencial como aos de ensino a distância. A todos, os autores querem expressar o seu agradecimento
pelas sugestões e incentivos que têm tido ao longo destes dez anos.
5
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Metodologia da Investigação. Guia para auto-aprendizagem
17 Agradecimentos
1. Introdução
21 Sumário
22 Objectivos da unidade
23 1. Contexto e justificação
I. VISÃO PANORÂMICA
7
© Universidade Aberta
46 2. Elementos para o planeamento de uma investigação
46 2.1. Investigar o quê? (Delimitar o objecto de estudo)
48 Actividade 2.6
49 2.2. Definir o objectivo da pesquisa
50 Actividade 2.7
50 2.3. Programar a pesquisa
52 Actividade 2.8
52 2.4. Identificar e articular os recursos necessários
3. Pesquisa documental
71 Sumário
72 Objectivos da unidade
73 2. Documentos escritos
73 2.1. Onde procurar?
74 Bibliotecas e arquivos
75 Actividade 3.1
75 Primeira triagem
78 Actividade 3.2
78 2.2. Exploração do texto
79 A economia da leitura
8
© Universidade Aberta
79 Estratégias de exploração de texto
80 2.3. Registo de dados
81 Fichas bibliográficas
85 Fichas de leitura
86 Sistemas de classificação
87 2.4. Documentos oficiais
87 Publicações oficiais
88 Documentos não publicados
88 Actividade 3.3
88 2.5. Estatísticas
89 Virtualidades
89 Limitações
90 Princípios orientadores
90 Actividade 3.4
91 2.6. Documentos pessoais
92 Limitações
92 Princípios orientadores
93 Actividade 3.5
94 2.7. Documentos escritos difundidos
94 O jornal como fonte de dados
95 Análise de impacto
97 Síntese
98 Teste formativo
99 Leituras complementares
4. Técnicas de observação
103 Sumário
105 Objectivos da unidade
9
© Universidade Aberta
108 1.2. Os ensinamentos de Baden Powell
110 1.3. As lições de Conan Doyle
110 1.4. A experiência dos socorristas
111 Actividade 4.1
129 Síntese
130 Teste formativo
130 Leituras complementares
10
© Universidade Aberta
5. Inquéritos por entrevista e por questionário
135 Sumário
137 Objectivos da unidade
139 1. O que é um inquérito?
139 1.1. O inquérito em Ciências Sociais
139 1.2. Tipos de inquéritos em Ciências Sociais
141 Actividade 5.1
11
© Universidade Aberta
163 4. Em síntese: virtualidades e limitações da entrevista e do questionário
171 1. Introdução
184 Síntese
184 Teste formativo
185 Leituras complementares
12
© Universidade Aberta
II. APROFUNDAMENTO TEMÁTICO
191 Sumário
192 Objectivos da unidade
193 1. Introdução
203 Síntese
203 Teste Formativo
204 Leituras Complementares
8. Técnicas de amostragem
207 Sumário
208 Objectivos da unidade
209 1. Introdução
13
© Universidade Aberta
213 2.5. Amostragem sistemática
214 2.6. Determinação da dimensão da amostra
215 Actividade 8.1
219 Síntese
220 Teste Formativo
221 Leituras Complementares
9. A prática de investigação
225 Sumário
226 Objectivos da unidade
14
© Universidade Aberta
238 6. Investigação correlacional
262 Síntese
262 Teste Formativo
263 Leituras Complementares
277 Síntese
278 Teste Formativo
278 Leituras Complementares
15
© Universidade Aberta
11. Considerações finais
281 Sumário
282 Objectivos da unidade
ANEXOS
16
© Universidade Aberta
Agradecimentos
17
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
1. Introdução
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. Contexto e justificação
2. Pré-requisitos e objectivos do seminário e do guia
3. Regimes de trabalho
4. Apresentação genérica do programa e da bibliografia
5. Sistema de avaliação
6. Recomendações para auto-aprendizagem
Início da aprendizagem
Planeamento e organização da aprendizagem
Manter um ritmo de estudo
Tirar partido dos recursos disponíveis
Regras de comunicação
21
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
22
© Universidade Aberta
1. Contexto e justificação
Após este primeiro degrau propedêutico em que vai aprender a estudar melhor
e a expressar adequadamente os resultados desse estudo, está em condições
de começar a aprofundar as estratégias e tácticas de captura do saber
praticadas na área disciplinar em que pretendeu especializar-se. Esta segunda
fase culmina com a aquisição do grau académico de licenciado1 que, de acordo 1
Ou o seu equivalente Di-
ploma de Estudos Superiores
com Adriano Moreira, é o grau que confere licença para estudar sozinho. Especializados (DESE).
23
© Universidade Aberta
2. Pré-requisitos e objectivos do seminário e do guia
24
© Universidade Aberta
No cenário de regime presencial o tempo de leccionação total é de 30 horas,
10 horas por bloco, cada um dos quais com quatro sessões de duas horas e
meia cada. A formatação das sessões obedece , em princípio, ao seguinte
padrão:
25
© Universidade Aberta
Quadro 1.1. - Estruturação das sessões de trabalho
4 Pesquisa documental
3ª 5 Técnicas de observação
6ª 11 e 12 Técnicas de amostragem
7ª 13 e 14 Tipos de investigação
8ª 15 Análise de conteúdo
16 Princípios éticos
26
© Universidade Aberta
5. Sistema de avaliação
A classificação final em cada módulo poderá ser expressa sob diversas formas,
de acordo com a regulamentação vigente e no quadro normativo de Bolonha.
27
© Universidade Aberta
Início da aprendizagem
Como acima foi referido, este seminário exige, para que o estudante ou
formando tenha bons resultados, a actualização de alguns conhecimentos
prévios que servirão como ponto de partida para a aprendizagem. Sugiro-lhe,
por isso, que se aconselhe junto da equipa docente sempre que sinta dificuldades
na sua progressão, a fim de ser orientado(a) a tempo em estratégias de
reciclagem. Este procedimento é extremamente importante uma vez que a
formação inicial dos estudantes num mestrado (e neste em particular) é muito
heterogénea.
• estudar o manual.
• elaborar um dossier com as actividades propostas8; se o fizer
8
A numeração das actividades
apresenta-se sob a forma de
exaustivamente o seu ante-projecto de dissertação construir-se-á
dois dígitos: o primeiro indica naturalmente quase sem dar por isso;
a unidade (capítulo) corres-
pondente; o segundo cor- • responder aos testes formativos insertos no final de cada capítulo e
responde à ordem da
actividade na respectiva corrigi-los;
unidade. Em cada um dos
sumários as actividades • consultar a bibliografia recomendada;
apresentam-se tituladas em
itálico de modo a poder
sublinhar o seu carácter
• consultar os professores do seminário sempre que sinta necessidade
específico. de tirar dúvidas, no horário que lhe será facultado;
• elaborar as recensões referidas no ponto 5;
• elaborar o ante-projecto de dissertação referido no mesmo ponto.
28
© Universidade Aberta
Manter um ritmo de estudo
Uma vez iniciado o seu estudo, faça o possível por seguir o plano que traçou.
A experiência tem mostrado que a manutenção dum ritmo de trabalho regular
permite uma melhor aprendizagem. Não se esqueça que, no ensino a distância,
é o estudante (ou formando) que deve gerir o processo de aprendizagem.
Uma das limitações que tem sido apontada ao ensino a distância é a de ser um
sistema de aprendizagem solitário. Este problema pode ser solucionado se
souber utilizar os meios de comunicação disponíveis, com a equipa docente
do seminário, nomeadamente o telefone, o fax, o correio electrónico e as
sessões presenciais (físicas ou virtuais). Evite o correio pois é muito
demorado e, como sabe nem sempre é fiável. Por favor, não deixe de telefonar
ou escrever sempre que tiver dúvidas e, sobretudo, não as deixe para as vésperas
da avaliação. O programa do seminário foi concebido prevendo um estudo
continuado, não sendo provável obter sucesso apenas com a concentração de
estudo perto da época da apresentação do ante-projecto que será alvo de
avaliação final.
Regras de comunicação
29
© Universidade Aberta
• Por outro lado, tente ser sucinto(a) na forma como apresenta a sua
questão: não se esqueça que há muitos colegas a quererem telefonar
para a Universidade.
• A resposta à sua carta poderá ser dada pela mesma via ou pelo telefone.
Responder-lhe-emos sempre, desde que sejam respeitadas as regras
referidas nos pontos anteriores. No entanto, se a resposta demorar, por
favor telefone-nos pois pode ter havido qualquer anomalia no meio de
comunicação usado.
30
© Universidade Aberta
I. VISÃO PANORÂMICA
Hermano Carmo
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
2. O Projecto de Investigação em Ciências Sociais
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
Síntese
Teste formativo
Leituras complementares
35
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
No final do processo de aprendizagem desta unidade o estudante deverá estar
apto a:
36
© Universidade Aberta
1. Duas questões prévias
37
© Universidade Aberta
gastando muito mais energias que se o fizesse contando com a cooperação
de colegas e professores. Ineficazes porque, dispondo de menos meios, mais
dificilmente atingirá as metas que se havia proposto alcançar.
38
© Universidade Aberta
Recolha preliminar de informação
Em segundo lugar, há que indagar que pesquisa tem sido feita no domínio
em questão e com que métodos foi desenvolvida. Para isso, revela-se de
grande utilidade o recurso a bases de dados com informação indexada sobre
monografias e artigos, na sua versão integral ou em formato resumido, assim
como a realização de diversas entrevistas exploratórias a especialistas.
39
© Universidade Aberta
• a obsessão pelo qualitativo, tendência inversa actualmente muito
em voga de que tem resultado, por vezes, trabalhos especulativos
com alguma falta de rigor.
Actividade 2.2
4
O texto que se segue foi Já se escreveu tudo sobre determinado assunto?4
apresentado originalmente
em Carmo, H. (1996) Ensino
Superior a Distância. Con- No final desta fase, o investigador que pensava estar a entrar em terreno
texto Mundial. Modelos Ibé-
ricos., Lisboa, Universidade
virgem, pode ficar com a ideia oposta, altamente desanimadora, de que tudo
Aberta, dissertação de já se escreveu sobre o assunto. Esta sensação angustiante e vertiginosa é
doutoramento em Ciências da
Educação, cap 1, ponto 0.
típica de quem desenvolve investigação na nossa época. Com efeito, o primeiro
sentimento que nos assalta quando pretendemos entender o Mundo em que
vivemos, é a perplexidade perante a transitoriedade, a novidade e a
diversidade com que a vida social se nos apresenta, configurando um quadro
desconhecido, por vezes mesmo assustador.
40
© Universidade Aberta
satélite. (...) Neste sentido, portanto, de nos termos mudado para um
presente para o qual nenhum de nós estava preparado (...), deixámos os
nossos mundos familiares para vivermos numa época em condições que
são diferentes de qualquer das outras que nós já conhecíamos.
Com o mesmo olhar perplexo, Edgar Morin, defendia há poucos anos que
estamos a entrar na Idade do Ferro Planetária6, em que o Homem tem cada
6
De acordo com Morin, com
vez mais consciência da mundialização, a qual, no entanto, é convulsiva e a expansão europeia iniciada
dilacerada pelas contradições que a integram: no séc. XV, começa a era pla-
netária, em que o fenómeno
da mundialização se expande
"somos obrigados a considerar que ainda estamos na pré-história do espírito
progressivamente gerando-se
humano e que não saímos da idade de ferro planetária. Estamos numa era uma cada vez maior
agónica, de morte e nascimento, onde, como nunca até hoje, as ameaças integração dos subsistemas
do planeta. Morin, E. et.al.
convergem sobre o planeta, a sua biosfera, os seus seres humanos, as nossas (1991), A Idade de Ferro
culturas, a nossa civilização. O mais trágico, ou cómico, é que todas estas Planetária, in Os Problemas
do Fim de Século, Editorial
novas ameaças (desastres ecológicos, aniquilamento nuclear, manipulações
Notícias, Lisboa, pag. 17 e
tecnocientíficas, etc.) provêm dos próprios desenvolvimentos da nossa sgs.
civilização"7.
7
Morin, Edgar (1991), op.
Perante este quadro, o investigador social do nosso tempo, confronta-se com cit., pag. 22. Cfr. no mesmo
sentido, as conclusões do re-
o tremendo desafio de tentar descrever uma realidade social complexa e em latório da Comissão Indepen-
vertiginosa mudança, de que ele próprio faz parte, com instrumentos toscos, dente População e Qualida-
de de Vida, coordenada por
tais como os dos nossos avós, da Idade do Ferro. Maria de Lourdes Pintasilgo,
1998, Cuidar o Futuro: um
O nevoeiro informacional programa radical para viver
melhor, Lisboa, Trinova.
41
© Universidade Aberta
para não fantasiarem os seus mapas, tinham que representar espaços
imensos a branco. Com efeito, dada a rapidez com que a sociedade
contemporânea muda, bem como pela sua complexidade crescente,
o cientista social, confronta-se muitas vezes com uma substancial
falta de informação sobre o seu objecto de estudo. Exemplo de
sub-informação, foi a reacção de perplexidade geral e até de
indignação de alguns decisores políticos quando, em 1985, foram
divulgados os primeiros resultados do estudo sobre a pobreza em
Portugal, que concluía que 35% das famílias portuguesas se
10
Costa, A. Bruto da; Silva, encontravam abaixo da linha de pobreza absoluta10. Para além da
Manuela; et al (1985), A Po-
breza em Portugal, Caritas, resposta política de quem sentiu a crueza dos resultados daquele
Lisboa. Estudos publicados estudo como um julgamento à sua política social, o que tal reacção
mais recentemente, já não ti-
veram a mesma reacção uma pareceu demonstrar foi a ignorância dos vários actores sociais sobre
vez que a subinformação so- o fenómeno.
bre o fenómeno se havia re-
duzido. Vide por exemplo,
Costa, A.B., Silva M., et al - O terceiro filtro com que o investigador se defronta, é o da
(1989), Pobreza Urbana em pseudo-informação, ou seja, o conjunto de informação, deliberada
Portugal, Caritas, Lisboa; e,
Silva, M. (1991), A Pobreza ou involuntariamente deformada, ou mesmo falseada, sobre a
Infantil em Portugal, Comi- realidade social. São exemplos de pseudo-informação, as emitidas
té Português para a UNICEF,
Lisboa. pelos sistemas de publicidade económica, propaganda política, e os
mecanismos de boato. Mas também o são, muitas vezes, as infor-
mações produzidas pelos mass media e as que legitimam certas
representações colectivas.
O quadro que se acaba de descrever, serve para explicar que, talvez o maior
dos problemas metodológicos com que um investigador se debate ao longo
de qualquer processo de pesquisa, seja o da selecção e gestão da informação
disponível obrigando-o a um triplo esforço para reduzir os efeitos de
nevoeiro informacional:
42
© Universidade Aberta
Actividade 2.3
Sendo o tempo um dos recursos mais escassos que o investigador tem ao seu
dispor pois contrariamente ao desejado no popular fado, o tempo não tem
hipóteses de voltar para trás, é curioso notar a pouca relevância que lhe é 11
O exemplo típico é o dos
conferida quando se está numa fase preliminar de pesquisa. No entanto ou prazos apertados com que os
por razões de natureza legal - caso dos prazos impostos para a conclusão de investigadores se têm vindo a
debater nos projectos com fi-
mestrados - ou de índole contratual11, a verdade é que o tempo se tem vindo nanciamento externo como os
a posicionar como uma variável estratégica em qualquer processo de Programas Sócrates, Leonar-
do e outros programas da
pesquisa. E isto por várias razões de que se salientam três: União Europeia.
43
© Universidade Aberta
em Portugal a restringir o seu estudo à região de Lisboa e o seu foco de
análise a grupos praticantes de religião hinduísta.
Actividade 2.4
44
© Universidade Aberta
conclusão da pesquisa. As técnicas de programação, como o PERT e o
CPM13 há muito usadas pela gestão podem ser usadas com grande proveito 13
Cfr. por exemplo Belchior
nesta fase. (1970)
Actividade 2.5
45
© Universidade Aberta
acompanhar todo o processo de investigação através de um
registo em-formato-quase-final?
Uma vez feita uma reflexão séria sobre a disponibilidade desses dois recursos
indispensáveis à pesquisa, a informação e o tempo, estamos em condições
de continuar a planear o trabalho que a integrará. Recorde-se que planear é
definir rumos e que sem se conhecer o rumo da pesquisa não se pode dizer
que ela venha a alcançar qualquer bom porto.
46
© Universidade Aberta
Na fase inicial da investigação, ainda de acordo com este autor, é
extremamente importante evitar três tipos de erros:
47
© Universidade Aberta
Frequentemente, a consequência de tal procedimento é a produção de estudos
sincréticos sem suporte teórico e metodológico suficiente. Querer fazer um
trabalho predominantemente sociológico, antropológico ou politológico,
abandonando uma formação original no domínio da linguística ou da
literatura, ou pelo contrário, pretender fazer um estudo no domínio da
linguística ou da literatura tendo uma formação inicial completamente
diferente, é desperdiçar capital cognitivo adquirido e arriscar-se a não ter
bons resultados nem num campo nem noutro.
Actividade 2.6
48
© Universidade Aberta
2.2. Definir o objectivo da pesquisa
49
© Universidade Aberta
Actividade 2.7
50
© Universidade Aberta
FIGURA 2.1 - CRONOGRAMA DE UMA PESQUISA (CARMO, 1995)
Proposta Inicial
Estudo Exploratório
Redacção
Fim da 1ª Versão
(...) N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F
Preparação
Realização
51
• que estratégia vou usar para difundir os meus resultados? apenas o
discurso scripto? usarei gráficos? tabelas? diagramas? audiovisuais?
software educativo? de que tipo?
Actividade 2.8
52
© Universidade Aberta
• Equipamentos
• Apoio financeiro
– que bolsas?
• Apoio logístico
• Apoio documentalístico
– documentalistas
• Orientação científica
No início deste capítulo, salientou-se que o investigador deve ter uma atitude
adequada ao trabalho a realizar, caracterizada por ser competitiva consigo
(de permanente busca de aperfeiçoamento, característica dos recordistas) e
cooperante com os outros. Dissemos também que tal atitude exige uma
curiosidade insaciável e uma forte motivação para a aprendizagem. Esta última
característica merece ser sublinhada: com efeito, o investigador deve
53
© Universidade Aberta
19
Na fase final da investiga- assumir-se, antes de mais, como um aprendente do Mundo e da Vida19. Se
ção, em que irá partilhar o que
aprendeu com a comunidade assim é, então é fundamental que o investigador ganhe competências de
científica, terá de assumir-se aprendizagem, isto é, aprenda a aprender cada vez melhor.
como seu ensinante, devendo
para isso, adquirir competên-
cias de comunicação, como É neste contexto que se perfilam algumas propostas de ferramentas
será referido na unidade rela- metacognitivas cujo objectivo é, justamente, ajudar o investigador a gerir
tiva ao relatório de pesquisa.
melhor a informação e transformá-la em conhecimento20.
20
De acordo com Dinis, J., De entre elas vamos seguidamente e de modo abreviado21, fazer referência
2005, Guerra da informa-
ção - perspectivas de segu- aos mapas conceptuais e a outros diagramas estruturadores cognitivos22, de
rança e competitividade, entre os quais salientaremos o Vê heurístico, epistemológico ou de Gowin.
Lisboa, Sílabo, pp 23-25, «os
conceitos de dados, informa-
ção, conhecimento e saber
são pedras basilares que ca-
racterizam o funcionamento
da sociedade de informação.
Dados são conjuntos de ele-
3.1 Os mapas conceptuais
mentos discretos, não organi-
zados, compostos por núme-
ros, palavras, sons ou imagens O que é um mapa conceptual?
independentes, e que podem
ser facilmente estruturados. Um mapa conceptual é uma ferramenta de representação do conhecimento
(...) Informação é um con-
junto de dados organizados, (Novak, 2000) que assume a forma de um diagrama bidimensional que procura
padronizados, agrupados e/ou mostrar conceitos hierarquicamente organizados e as relações entre esses
categorizados que dizem res-
peito a uma descrição, defi- conceitos num dado campo de conhecimento (Moreira e Buchweitz, 1993:15).
nição ou perspectiva.(...) Co- Este tipo de diagrama deve-se a Joseph Novak, psicólogo educacional da
nhecimento é informação as-
sociada a uma experiência, corrente construtivista (Universidade de Cornell, EUA), que defende uma
que compreende uma estraté- aprendizagem de qualidade decorrente da aquisição de conceitos claros e
gia, uma prática, um método
ou uma abordagem. (...) Sa- rigorosos, ancorados nos conhecimentos prévios do aprendente.
ber ou sabedoria exprime um
princípio, discernimento, cos-
tume ou arquétipo, correspon- Passos para a elaboração de um mapa conceptual
dendo a uma dada competên-
cia». É neste quadro semân- Para a sua elaboração são recomendados os seguintes passos Buchweitz,
tico que se afirma que o in-
vestigador tem de transformar 1984, cit. in Buchweitz e Moreira, 1993:29):
informação em conhecimen-
to (negrito nosso). 1. Localizam-se os conceitos
21
Para um estudo aprofun-
dado desta matéria veja-se na 2. Catalogam-se os conceitos segundo uma ordem hierárquica (dos mais
bibliografia, Novak e Gowin gerais para os mais específicos)
(1996), Moreira e Buchweitz
(1993) e Novak (2000).
3. Distribuem-se os conceitos em duas dimensões
22
Chamamos estruturadores 4. Traçam-se as linhas que indicam as relações entre os conceitos
cognitivos aos diagramas que
permitem uma melhor
estruturação da informação
5. Escreve-se a natureza da relação
possibilitando a sua transfor-
mação em conhecimento. 6. Procede-se à revisão e refaz-se o mapa
54
© Universidade Aberta
Um aspecto importante é que um mapa conceptual deve ser sempre encarado
não como uma representação definitiva de um dado campo de conhecimentos
(o mapa conceptual), mas como uma representação possível de um
conhecimento, sempre susceptível de ser aperfeiçoada. O termo mapa,
pretende justamente salientar a natureza instrumental e orientadora do
diagrama.
Importa salientar que nem sempre o autor deste texto seguiu à risca as
comendações de Novak para construir os mapas conceptuais, uma vez que
considera que estes não devem ser entendidos como espartilhos mas como 23
Por imperativo editorial, os
bússolas para organizar melhor o conhecimento23. exemplos que se seguem, são
a versão a preto e branco dos
originais, muitos dos quais
desenhados a cores para faci-
litar a compreensão.
Clarificar conceitos
55
© Universidade Aberta
Exclusão Social
% de popilação Rend. do 10% + ricos/ % > 15 anos % de população % de população N.º de homicídios
c/ rend. < 2US$dol/dia rend. dos 10% + pobres alfabetizados activa com < 15 anos por 100 mil habitantes
formação superior
% de desempregados
na população activa
Fonte: Carmo, 2005, O combate à pobreza como afirmação dos Direitos Humanos, Conferências
Abertas, Coimbra, inédito.
56
© Universidade Aberta
Adriano Moreira começa por recordar em breves traços a História Mundial
recente, a partir dos processos de colonização (simbolizada pela expressão
Europa nos trópicos) e de descolonização. Seguidamente, refere-se à
sociedade cosmopolita, querendo com isto chamar a atenção para o processo
de globalização e para alguns dos seus desequilíbrios observáveis,
nomeadamente, na situação dos imigrantes (Trópicos na Europa) registando-se
a emergência de graves problemas sociais como o das colónias interiores e o
do renascimento de mitos raciais.
Colonização
Descolonização
Sociedade cosmopolita
Papel da Universidade
Fonte: Moreira, Adriano, 2002, Os trópicos da Europa, Lisboa, Academia Internacional da Cultura Portuguesa
57
© Universidade Aberta
Conceber um campo semântico
Personalidade Liderança Património Gerações Ambiente Mudança Pluralismo Igualdade Como Como
(gerações vivas (gerações cultural de género meta método
passadas) (presentes) futuras)
58
© Universidade Aberta
sociais de solidariedade com as gerações passadas presentes e futuras. É
nesse contexto que se insere a educação para a defesa do património e para
educação ambiental.
O desenvolvimento social, integra a educação para a diversidade, uma das
características estruturantes da nossa época, e a educação para a democracia,
o melhor sistema que se conhece. Para se situar nesta sociedade heterogénea,
o indivíduo necessita de ganhar competências para encarar a mudança, o
pluralismo cultural e, em particular, a nova distribuição de papéis e de
estatutos em função do género. Para poder compreender a democracia e
assumir-se como um cidadão activo, terá de aprender as características da
democracia (a democracia como meta) e o modo de agir numa sociedade
democrática (a democracia como método).
Educação da personalidade
Conjunto de traços
Que moldam
o
Carácter (identidade)
da da da
do
da
da
grupo organização região nação espécie humana
pessoa
integra integra
traços cognitivo-emocionais traços éticos
Cfr Gardner, 1995 e Goleman, 1995 integra Cfr Dalailama, 2000
integra
Fonte: Carmo, 2004, Educar para a identidade nacional, numa economia solidária e numa cultura de paz, in
Educação da juventude: carácter, liderança e cidadania, "Nação e Defesa" (Número Extra Série, Julho de
2004) Lisboa, Instituto de Defesa Nacional
59
© Universidade Aberta
A leitura deste mapa sugere que
60
© Universidade Aberta
Níveis de complexidade
da intervenção social
61
© Universidade Aberta
• no segundo nível, situado no plano sócio-político, identificam-se
diversas políticas sociais, na óptica das políticas públicas e das
políticas dos parceiros sociais.
Identificação
do problema
Paradigma de
Há Sim Análise do intervenção
consenso?
problema de Peter Ketner
Não
Definição de
Não Há Sim objectivos,
consenso?
programas
e acções
Não
Implementação e Sim Há
seguimento das contrato?
normas do contrato
Não
Não Sim
Programas Objectivos
cumpridos? alcançados?
Sim
Avaliação
Encerramento
62
© Universidade Aberta
Em Metodologia e ideologia do trabalho social, (1982) Vicente de Paula
Faleiros refere um sugestivo paradigma de intervenção proposto por Peter
Ketner (...) Para a análise do fluxograma chama-se a atenção para os
seguintes aspectos:
63
© Universidade Aberta
De acordo com este autor, um campo de conhecimentos integra dois domínios
específicos: o domínio conceptual - filosofia(s), teoria(s), princípios, sistemas
conceptuais e conceitos - e domínio metodológico - registos, dados,
transformações, asserções de conhecimento e de valor. Para além disso,
qualquer campo de conhecimentos procura responder a um conjunto de
questões básicas sobre um dado objecto ou evento.
Conceitos: Registos:
Identificar os principais conceitos a Conceber instrumentos de registo de
utilizar, relacioná-los e hierarquizá-los informação
sob a forma de um mapa conceptual Fichas bibliográficas e de leitura,
roteiros de observação, guias de entrevista,
Note bem: após a realização das questionários, etc
10 tarefas, deverá testar a coerência
do projecto relacionando cada Objecto de estudo:
uma com todas as outras Identificar um objecto de estudo observável,
coerente com os recursos disponíveis HC, 97 (versão 1.4)
(tempo, informação disponível; recursos
materiais, humanos, financeiros, etc.)
Cfr. Novak, Joseph; Gowin, Bob, 1996, Aprender a aprender, Lisboa Plátano, 1.ª ed. de 1984 ou Moreira, M.
A.; Buchweitz, B., 1993, Novas estratégias de ensino e aprendizagem: os mapas conceptuais e o Vê
epistemológico, Lisboa, Plátano; Novak, Joseph, 2000, Aprender, criar e utilizar o conhecimento - mapas
conceptuais como ferramentas de facilitação nas escolas e empresas, Lisboa, Plátano.
64
© Universidade Aberta
• Objecto de estudo: antes de mais dissemos que o investigador deve
identificar um objecto de estudo observável, coerente com os recursos
disponíveis (tempo, informação disponível, recursos materiais,
humanos, financeiros, etc.).
65
© Universidade Aberta
Conforme é referido no Vê, após a realização das dez tarefas, o investigador
deverá testar a coerência do projecto relacionando cada uma com todas as
outras (por exemplo: será que os resultados que se pretendem obter, têm a
ver com a pergunta de partida, com as teorias, modelos e conceitos
explicitados no projecto? As opções de recolha, tratamento e análise de dados
são consistentes com os resultados que pretendem obter?)
Actividade 2.9
Síntese
Teste formativo
66
© Universidade Aberta
4. Comente a célebre frase de Kurt Lewin, um dos fundadores da
psicossociologia, não há nada mais prático do que uma boa teoria.
5. Em seu entender que lhe parece ser a atitude mais eficaz para a
investigação: a competitiva ou a cooperativa? Justifique.
67
© Universidade Aberta
Leituras complementares
AMARO, Fausto
2008 Grounded Theory: uma introdução, in Meirinho Martins, Manuel
(2008, org.) Comunicação e marqueting político: contributos peda-
gógicos, Lisboa ISCSP.
BELCHIOR, Procópio
1970 PERT/CPM. Técnica de Avaliação, Revisão e Contrôle de Projetos,
Rio de Janeiro, Edições de Ouro.
CARMO, Hermano
1996 Ensino Superior a Distância. Contexto Mundial. Modelos Ibéricos,
Lisboa Universidade Aberta, introdução.
NOVAK, Joseph
2000 Aprender, criar e utilizar o conhecimento: mapas conceptuais como
ferramentas de facilitação nas escolas e empresas, Lisboa, Plátano.
68
© Universidade Aberta
3. Pesquisa Documental
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. Papel da pesquisa documental no contexto do processo de investigação
2. Documentos escritos
2.1. Onde procurar?
Bibliotecas e arquivos
Actividade 3.1
Primeira triagem
Actividade 3.2
2.2. Exploração do texto
A economia da leitura
Estratégias de exploração de texto
2.3. Registo de dados
Fichas bibliográficas
Fichas de leitura
Sistemas de classificação
2.4. Documentos oficiais
Publicações oficiais
Documentos não publicados
Actividade 3.3
2.5. Estatísticas
Virtualidades
Limitações
Princípios orientadores
Actividade 3.4
2.6. Documentos pessoais
Virtualidades
Limitações
Princípios orientadores
Actividade 3.5
2.7. Documentos escritos difundidos
O jornal como fonte de dados
Análise de impacto
3. Documentos não escritos
3.1. Objectos
3.2. Registos de som e de imagem
Síntese
Teste formativo
Leituras complementares
71
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
72
© Universidade Aberta
1. Papel da pesquisa documental no contexto do processo de in-
vestigação
2. Documentos escritos
• Bibliotecas e arquivos
• Bibliografias
• Enciclopédias, dicionários e vocabulários
• Livros e revistas especializadas
• Ficheiros em suporte scripto e bases de dados em suporte digital
73
© Universidade Aberta
Bibliotecas e arquivos
74
© Universidade Aberta
• Institutos Superiores de Serviço Social de Lisboa, Porto e Coimbra
(Serviço Social, Política Social e Sociologia).
Actividade 3.1
Primeira triagem
75
© Universidade Aberta
cionando progressivamente conjuntos de documentos até chegar a uma
dimensão manuseável. Se assim não proceder arrisca-se a perder tempo com
documentação de menor qualidade, negligenciando outra que não lhe
escaparia se tivesse uma estratégia de aproximação mais prudente.
76
© Universidade Aberta
Outro critério de selecção que se afigura de grande utilidade é o recurso a
uma prévia identificação de revistas especializadas. A partir da sua consulta
e cruzamento de informação, o investigador consegue com alguma rapidez
seleccionar monografias e artigos centrados no seu objecto de estudo.
Para finalizar esta primeira aproximação é conveniente referir que uma das
áreas mais promissoras para a reprodução do conhecimento na sociedade de
informação integra a chamada literatura cinzenta, constituída por um conjunto
cada vez maior de relatórios de pesquisa, produzidos em contexto académico
de graduação e de pós-graduação, não publicados, mas validados por júris
qualificados de professores especialistas em diversos domínios, que
desempenham um papel equivalente aos referees das revistas de especialidade.
Muitos destes trabalhos, até há alguns anos ignorados pelo facto de não
estarem publicados, têm sido crescentemente valorizados, devido a dois tipos
de factores:
77
© Universidade Aberta
Actividade 3.2
Uma vez feita a dupla triagem de informação acima referida - a dos locais
onde procurar e a das unidades de informação a seleccionar (monografias
artigos, relatórios, etc), a fase seguinte consiste na exploração destas
últimas.
78
© Universidade Aberta
A economia da leitura
79
© Universidade Aberta
• O nome do editor é por vezes um indicador de fiabilidade do
documento.
80
© Universidade Aberta
rigorosos. Parece prudente, todavia, não ceder a tentações de novo-riquismo
tecnológico, com uma conversão demasiado apressada aos novos suportes.
Também aqui o critério económico é determinante: cabe ao investigador pesar
os custos (em tempo, sobretudo) dessa aprendizagem tecnológica e compará-
los com os benefícios esperados. Uma coisa é certa: um sistema de registo
de dados não é mais do que um instrumento de trabalho que o investigador
pode e deve personalizar. Referindo-se às fichas, dizia o supracitado autor:
“(...) o que se deseja é que cumpram o seu dever e que sirvam docilmente o
seu dono e senhor (...)” (Rego, 1964: 62).
Existem dois tipos de fichas particularmente úteis a quem está a fazer uma
dissertação, as fichas bibliográficas e as fichas de leitura. As primeiras contêm
a identificação básica do documento enquanto que as segundas, como o nome
indica, registam o resultado de um trabalho de tratamento, análise e síntese
de informação.
Fichas bibliográficas
Exemplo 1
81
© Universidade Aberta
Chama-se a atenção para os seguintes pormenores:
Exemplo 2
Exemplo 3
Exemplo 4
82
© Universidade Aberta
- para mais de três autores sem menção de um coordenador ou
editor, anota-se a designação AAVV (autores vários) ou VVAA (vários
autores) (exemplo 5):
Exemplo 5
Exemplo 6
83
© Universidade Aberta
Migrações e Relações Interculturais da Universidade Aberta, ficará
registada: Universidade Aberta.CEMRI.
Exemplo 7
Exemplo 8
84
© Universidade Aberta
Exemplo 9
Fichas de leitura
• anotar ideias que surjam como eco da reflexão sobre o texto (Rego,
1964: 65).
85
© Universidade Aberta
tempo e de muitos registos, o investigador não distingue facilmente o que é
de sua autoria, resumos e comentários, das citações de outrem, podendo
produzir textos plagiados o que, para além da gravidade de que se reveste do
ponto de vista ético, pode acarretar consequências criminais ao prevaricador
uma vez que objectivamente se está em presença de um acto de apropriação
indevida, previsto na legislação sobre direitos de autor.
Exemplo 10
Identificação da obra
Resumos
Comentários e
pessoais
“(...)citações (pág. n)”
Sistemas de classificação
86
© Universidade Aberta
Exemplo 11
Publicações oficiais
87
© Universidade Aberta
Tal como as fontes anteriores, as publicações oficiais oriundas da
Administração Central (Ministérios e Secretarias de Estado), Regional (dos
Orgãos descentralizados das Regiões Autónomas) e Local (dos municípios)
podem fornecer informações interessantes ao investigador.
2.5. Estatísticas
88
© Universidade Aberta
Virtualidades
Limitações
Actividade 3.4
Faça uma lista das estatísticas que pensa utilizar na sua dissertação.
Seguidamente abra uma pasta com separadores (1, 2, 3, ...n) e com
uma folha de rosto com o respectivo índice. Registe a sua
identificação no índice da pasta.
90
© Universidade Aberta
2.6. Documentos pessoais
15
Seguimos aqui a
categorização de Jahoda et al
Autobiografias, diários, correspondência, dissertações académicas não (1967) que integram as disser-
publicadas15 e outros documentos pessoais, constituem também valioso tações académicas não
publicadas nos documentos
património ao serviço do investigador. O estudo de Thomas e Znaniecki, no pessoais (a literatura cinzen-
âmbito do que é designado por Escola de Chicago, feito em 1919 sobre os ta atrás referida).
camponeses polacos que emigraram para os Estados Unidos ilustra com
clareza a riqueza e também as limitações deste tipo de documentos.
Pretendendo fazer luz sobre a teia de experiências de um emigrante desde o
momento em que toma a decisão de procurar outras paragens para viver até
à sua integração definitiva (ou não) na sociedade de acolhimento, aqueles
autores assentaram a sua investigação na análise de dois tipos de documentos
pessoais: cartas a que tiveram acesso e relatos escritos pelos próprios
emigrantes em que era descrita toda a experiência migratória16. 16
Entre nós, vale a pena refe-
rir Paulo Monteiro que utili-
O interesse deste tipo de documentos reside sobretudo em dois aspectos: zou a mesma abordagem para
proceder à análise sociológi-
ca do abandono de nove lu-
• possibilita aceder a informação que não se encontra noutras fontes gares agro-pastoris da Serra
podendo extraír-se informação única, sem a qual dificilmente se da Lousã: Monteiro, P. , 1985,
Terra que Já Foi Terra, Lis-
poderiam entender certas facetas da realidade social. boa, Edições Salaman-
dra.Virtualidades
• permite dar voz aos que normalmente não a têm, possibilitando a
difusão da versão de acontecimentos e processos sociais relevantes,
contados pelos próprios protagonistas com as suas palavras e estilo. 17
Utilizamos o termo empatia
no sentido rogeriano do ter-
Não seria possível, por exemplo, entender a complexidade do processo pelo mo, expressando a ideia de o
investigador entender o modo
qual um cego-surdo pode conseguir vencer o mundo do silêncio e da como o Outro (neste caso o
insularização social e integrar-se totalmente na sociedade que o rodeia, sem investigado) vê e experimen-
ta o Mundo e a Vida, tendo
o valioso contributo de Helen Keller que, na sua autobiografia, descreve a no entanto consciência que
espinhosa caminhada que conseguiu fazer, poderosamente apoiada numa não se é o Outro. Para ilus-
trar o conceito de empatia,
mestra excepcional que foi Anne Sullivan. Gisela Konopka numa obra
clássica cita um provérbio ín-
O mesmo se poderia dizer, noutros campos, no que respeita, por exemplo, a dio que diz: Nunca julgue um
homem sem antes ter cami-
autobiografias de emigrantes, refugiados, prostitutas, exploradores, mis- nhado com os seus moccasins
sionários, administradores coloniais e políticos: possuidores de um património durante uma lua. Konopka,
G. (1972) Serviço Social de
existencial único, não se poderia entender em profundidade o peso de tal Grupo: Um Processo de aju-
experiência na sua vida e na dos agregados com os quais interagem, sem o da, Rio de Janeiro, Zahar, 2ª
edição, da edução original de
seu testemunho pessoal, por maior que fosse a empatia17 dos cientistas 1963, pp. 111-112
sociais.
91
© Universidade Aberta
duas obras extremamente interessantes que fazem luz sobre o modo como se
19
Lewis, O. (1970), Os Filhos
de Sanchez, Lisboa, Moraes,
vive e morre numa cultura da pobreza19.
ed. original de 1961; Lewis,
O. (1970), A Death in
the Sanchez Family, New
York, Vintage Book/Random
House. Limitações
Princípios orientadores
92
© Universidade Aberta
caso de prova de falta de veracidade, indagar se tal se deve à vontade
do autor que, neste caso mentiu sobre os factos, ou a uma deformação
decorrente dos seus preconceitos, esteriótipos ou falta de informação,
pelo que se aconselha:
Actividade 3.5
Faça uma lista dos documentos pessoais que julga útil analisar na
sua dissertação, quer já existentes (cartas, diários dissertações não
publicadas), quer concebidos por si e propostos a informadores
privilegiados (histórias de vida, relatos pessoais). Seguidamente
abra uma pasta com separadores (1, 2, 3, ...n) e com uma folha de
rosto com o respectivo índice.
93
© Universidade Aberta
2.7. Documentos escritos difundidos
Já vimos que o primeiro objectivo deve ser visto com alguma reserva uma
vez que a informação difundida é o resultado de sucessivas decantações que
94
© Universidade Aberta
lhe podem alterar a fiabilidade. Por seu turno a questão da análise de conteúdo
será referida na segunda parte deste Manual. Salientemos então muito
sucintamente alguns aspectos a ter em conta na análise de impacto de uma
unidade de informação.
Análise de impacto
95
© Universidade Aberta
tem no público, há que ter em conta também as variáveis seguidamente
listadas:
22
3.1. Objectos
Este tipo de aproximação é
mais próprio dos arqueólogos
e dos antropólogos culturais Sendo o objecto uma criação cultural, em certo tipo de investigações, como
que estudam culturas tradici-
onais. Numa dissertação so-
as de índole antropológica, há necessidade de proceder à sua recolha e análise.
bre Relações Interculturais Através do estudo dos objectos pode reconstituír-se a estrutura e o
provavelmente o investigador
observará objectos e
funcionamento de um dado agregado social.
classificá-los-á mas não ne-
cessitará de os recolher. Para Não cabendo neste Manual o aconselhamento de investigadores em matéria
quem precisar de o fazer é
recomendável a leitura de um
de recolha deste tipo de material22 chama-se a atenção para o facto de qualquer
livro dessas especialidades. objecto observado com relevância para o estudo dever ser devidamente
Cfr. por exemplo Mauss,
Marcel (s/d) ou Ribeiro
catalogado e analisado. Uma forma típica de iniciar este processo é fazer
(2003).
96
© Universidade Aberta
uma espécie de ficha de leitura com os seguintes elementos: descrição,
localização no espaço e no tempo, funcionalidade.
Síntese
97
© Universidade Aberta
Finalmente, foi feita referência a um conjunto de fontes documentais mais
utilizadas, discutindo-se a sua validade as suas limitações e indicando-se
alguns procedimentos que a experiência tem recomendado.
Teste formativo
98
© Universidade Aberta
14. Sumarize as principais virtualidades e limitações do uso das
estatísticas bem como alguns procedimentos a adoptar para as usar
com maior segurança.
16. Faça uma listagem dos principais factores a ter em conta na análise
do impacto de uma notícia
Leituras complementares
GRAWITZ, Madeleine
1993 Méthodes des Sciences Sociales, Paris, Dalloz, pp. 503-531.
99
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
4. Técnicas de Observação
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. O que é observar?
1.1. O testemunho dos deficientes
1.2. Os ensinamentos de Baden Powell
1.3. As lições de Conan Doyle
1.4. A experiência dos socorristas
Actividade 4.1
2. Que aspectos observar?
2.1. Os indicadores como filtros de informação
Questões conceptuais
Indicadores demográficos e económicos
Indicadores sociais
Critérios para a construção de indicadores sociais
2.2. Guiões de observação e sistemas de registo
Actividade 4.2
3. Tipos de observação
3.1. Observação não-participante
3.2. Observação participante despercebida pelos observados
3.3. Observação participante propriamente dita
Actividade 4.3
4. Aspectos relevantes da observação participante
4.1. A questão do observatório
Negociação e escolha do papel
O horizonte de cada papel
4.2. A questão da intensidade do mergulho
A Janela de Johari
Mergulho restrito
Mergulho profundo
Actividade 4.4
5. Problemas deontológicos
Actividade 4.5
Síntese
Teste formativo
Leituras complementares
103
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
105
© Universidade Aberta
• explicitar a importância da identificação do horizonte de cada papel;
106
© Universidade Aberta
Nas unidades anteriores foi abordado o planeamento de uma investigação e
o processo de pesquisa documental, tendo então procurado também chamar
a atenção para a necessidade de ser tomada, por parte do investigador, uma
atitude profissional, o que o obriga a uma severa disciplina pessoal. O
investigador deverá assumir, assim, o papel de um verdadeiro gestor do
projecto de investigação pelo qual é responsável, o que implica delinear
rigorosas estratégias de acção e planear as consequentes tácticas de pesquisa.
1. O que é observar?
107
© Universidade Aberta
cada par tinha de deambular durante meia hora pelo bairro de Campo
de Ourique, zona onde se situava o local de formação, caracterizada
esta por uma quadrícula de ruas de geometria regular, aparentemente
sem pontos de referência para os forasteiros se poderem orientar;
108
© Universidade Aberta
em várias regiões do Império Britânico – no Afeganistão, na Índia e mais
tarde na África do Sul - aprendeu com os batedores das unidades a que
pertenceu ao longo da sua carreira militar, a tirar partido dos mais pequenos
indícios para poder extraír orientações úteis ao seu trabalho.
109
© Universidade Aberta
1.3. As lições de Conan Doyle
110
© Universidade Aberta
perceptíveis a um socorrista com um curto treino e o seu conhecimento tem
salvo muitas vidas.
Isto acontece, por exemplo, no interior de uma sala de aula, em que o processo
de ensino-aprendizagem se desenvolve num quadro multicultural com
protagonistas apresentando diferenças físicas e culturais visíveis,
conhecendo-se mal e muitas vezes chegando mesmo a recear-se
reciprocamente. Daqui decorrem outras duas características importantes no
treino da observação: a capacidade para o observador se distanciar do
objecto de observação, ainda que este pertença à sua própria cultura, de
modo a ganhar uma conveniente perspectiva, e a capacidade para
interpretar um dado comportamento à luz da diversidade cultural. É
neste contexto que um especialista como Javier Garcia Castaño recomenda:
Actividade 4.1
111
© Universidade Aberta
Mesmo que seja possuidor de treino básico em matéria de técnicas de
observação, para cada projecto específico o investigador tem necessidade de
planear a estratégia de observação a adoptar de modo a recolher os dados
adequados com economia de meios.
• observar o quê?
8
O texto inserto nesta secção 2.1. Os indicadores como filtros de informação8
resulta da adaptação de uma
secção de um outro trabalho:
Carmo, H. (1986) Análise e É neste contexto que se impõe uma breve reflexão sobre a construção e/ou
Intervenção Organiza-
cional, Lisboa Fundetec,
selecção de indicadores, de modo a funcionarem como instrumentos de
cap 1. filtragem de informação, que permitam uma orientação mais segura no
terreno.
112
© Universidade Aberta
Questões conceptuais
A palavra “indicador”, ensina-nos a Enciclopédia Britânica, designa um
instrumento que revela condições ou aspectos da realidade, que de outra
maneira não seriam perceptíveis à vista desarmada. Descodificando esta
definição em partes inteligíveis observa-se que:
113
© Universidade Aberta
quantitativos (tensão sanguínea, velocidade de sedimentação,
quantidade de glóbulos, percentil do peso e da altura, etc.);
Ora se os indicadores são tão úteis no nosso viver quotidiano, por maioria de
razão o serão para entendermos o sistema social onde estamos inseridos,
cuja complexidade e diversidade necessita ser descodificada, sistematizada,
avaliada e, se possível, medida para ser inteligível.
Indicadores Sociais
114
© Universidade Aberta
clareza e precisão o que se estava a passar. É desta necessidade que emergem
os primeiros estudos sobre indicadores sociais. Estes, tal como no caso dos
anteriores, podem ser quantitativos ou qualitativos.
115
© Universidade Aberta
Fig. 4.1 - Quadro de indicadores qualitativos indiciadores da cultura
da pobreza, segundo o antropólogo americano Oscar Lewis (1968)
116
© Universidade Aberta
Critérios para a construção de indicadores sociais
117
© Universidade Aberta
O bloco-notas deve ser uma companhia permanente do investigador. É nele
que são anotadas as primeiras impressões, sob a forma de tópicos, diagramas
e breves memorandos, de modo a auxiliar a sua memória quando vier a registar
mais detalhadamente os resultados da sua observação. Certos grupos reagem
de modo negativo a um desconhecido que na sua presença faz anotações.
Quando prevê este tipo de reacção, o investigador não deverá utilizá-lo,
tentando memorizar a sua observação, só a registando logo que lhe for
13
Pode recorrer-se a diversos possível13.
processos para atingir este
objectivo. Nas investigações
que fizémos em bairros de Este primeiro apontamento é necessário mas não é suficiente tendo de ser
lata, criámos a rotina de to- completado com um relato mais detalhado em que se registem os factos
mar as nossas primeiras no-
tas num café que ficava à bei- observados, interpretações que nos mereceram, hipóteses que se nos
ra do bairro. Mais tarde, na levantaram fruto da observação, bem como outras informações úteis a não
pesquisa para o doutora-
mento, usámos um gravador esquecer (ex: nomes de pessoas contactadas ou a contactar, bibliografia a
portátil com o mesmo objec- revisitar, etc.). É com essa função que vários autores recomendam a elaboração
tivo. O essencial é que as pri-
meiras notas sejam tomadas de um diário de pesquisa.
em cima dos acontecimentos
observados.
Trata-se, como o nome indica, de um autêntico diário de bordo, em que o
investigador vai assentando por ordem cronológica os vários procedimentos
da sua investigação, os resultados das observações efectuadas, os
acontecimentos relevantes, etc. É conveniente que a sua formatação permita
a inserção de diversos tipos de documentos anexos como fotografias, mapas,
gráficos, tabelas e outros, pelo que não é aconselhável o uso de cadernos e
blocos que dificultam a inserção desse tipo de informação adicional.
118
© Universidade Aberta
Em qualquer dos casos, a experiência recomenda alguns procedimentos na
feitura de um diário de pesquisa:
• o registo deve ser feito tanto quanto possível no mesmo dia do
registado a fim de não se perder informação relevante;
• as anotações devem ser registadas por ordem cronológica;
• a formatação do diário deve permitir que, numa leitura posterior, o
investigador possa destrinçar os factos observados, dos juízos de
valor, interpretações e hipóteses que lhe tenham ocorrido;
• periodicamente o diário deve ser usado como fonte de reflexão e
cuidadosamente anotadas novas ideias que surjam desse
procedimento; duas leituras são possíveis e úteis: uma leitura por
ordem cronológica permite ao investigador tomar consciência da sua
caminhada dando-lhe pistas para uma monitorização da sua pesquisa
e para a introdução de correcções a fazer; uma leitura temática
possibilita-lhe a apropriação progressiva de cachos de ideias por
processos de comparação, justaposição e combinação de informações
colhidas em momentos e locais diferentes;
• para uma leitura temática eficiente é conveniente que o investigador,
sobretudo se trabalhar em suporte scripto, elabore um índice analítico
do seu diário de pesquisa.
Actividade 4.2
1. Reveja os objectivos que definiu para a sua dissertação.
2. Com base no trabalho anterior faça um quadro com as seguintes
colunas:
1ª coluna: objectivos da pesquisa
2ª coluna: aspectos a observar traduzidos por variáveis
3ª coluna: indicadores a observar
4ª coluna: onde observar?
5ª coluna: sistema de registo a utilizar
3. Preencha o quadro. O objectivo é construir um roteiro de
observação que lhe sirva de guia para as diversas situações da
sua pesquisa.
4. Discuta o seu trabalho com outros colegas e introduza as
correcções decorrentes.
119
© Universidade Aberta
3. Tipos de observação
120
© Universidade Aberta
que as situações observadas ocorrem em ambiente aberto, como nas situações
que a seguir se enumeram:
121
© Universidade Aberta
de saúde pública; os dois restantes, ofereceram-se para o serviço de bufete
do clube do bairro, local de encontro habitual da juventude e de alguma
população adulta. No fim de cada semana, a equipa fazia uma reunião em
que era comparada a informação registada nos respectivos diários de pesquisa
e discutida a sua fiabilidade. Esta técnica, complementada naturalmente com
pesquisa documental e com entrevistas a informadores qualificados permitiu,
ao fim de um ano, atingir os objectivos acima referidos.
Actividade 4.3
19
Vejam-se como exemplos,
dois trabalhos produzidos em
épocas bem diferentes: White,
W.F. (1970), Street Corner
4. Aspectos relevantes da observação participante
Society, the Social Structure
of an Italian Slum, Chicago,
University of Chicago Press,
Há muito utilizada pelos antropólogos em estudos sobre pequenas
13ª edição, ed. original de comunidades, a observação participante tem vindo a ser cada vez mais usada
1943 (ver sobretudo o apên-
dice metodológico pp 279-
em trabalhos de natureza sociológica, interdisciplinar ou em antropologia
358); e Rocha-Trindade, Ma- das sociedades complexas19, quer como ferramenta exploratória quer como
ria Beatriz (1973), Immigrés
Portugais, Lisboa, ISCSPU,
técnica principal de recolha de dados, quer ainda como instrumento auxiliar
pref. Alain Girard. (ver sobre- de pesquisas de natureza quantitativa.
tudo o capítulo de fundamen-
tação metodológica). Sobre o
seu uso em Antropologia da
Dada a sua utilidade vale a pena reflectir um pouco sobre duas questões a ter
Educação vide Maillo, H.; em conta no seu uso, a fim de dela melhor se poder tirar partido:
Castaño, J.; e Rada, A.
(1993), Lecturas de Antro-
pologia para Educadores,
• a questão do papel social que se vai desempenhar como observatório
Madrid, Trotta
• a questão da intensidade do mergulho
122
© Universidade Aberta
4.1. A questão do observatório
Numa dissertação de Mestrado, como aliás acontece na maior parte das vezes,
isto não é possível realizar, uma vez que o investigador está a trabalhar
sozinho. Neste caso tem de se ter especial cuidado na negociação, desen-
volvida com a população-alvo, e ponderar seriamente sobre o papel social
que se propõe desempenhar.
123
© Universidade Aberta
O horizonte de cada papel
Na escolha do papel social a desempenhar pelo investigador, quando em
trabalho de campo, é preciso ter consciência que este cria um espaço que
vai funcionar como observatório. Isto significa que alcança um horizonte
limitado e, sobretudo, que não permite visibilizar uma outra parte da realidade
social.
Uma vez definido o papel social que vai legitimar a sua presença junto da
comunidade e que lhe permite criar um observatório adequado, o investigador
deve interrogar-se sobre a questão do seu envolvimento com o grupo-alvo ou
seja, sobre a intensidade do mergulho que quer dar sobre o objecto de estudo.
As consequências da sua opção são extremamente relevantes como adiante
se poderá ver.
A Janela de Johari
Conhecido 22
Carmo, H. (1997), op. cit.,
pelo próprio Área livre Área secreta Introdução.
23
Com o termo objec-
tivamente, quer sublinhar-se
Desconhecido que as consequências desta
Área cega Área inconsciente situação seriam indepen-
pelo próprio dentes da boa vontade dos
nossos informadores.
125
© Universidade Aberta
Mergulho restrito
Mergulho profundo
126
© Universidade Aberta
participante – exigindo por parte do investigador uma constante
auto-vigilância se quer manter o equilíbrio precário conferido pela sua dupla 28
Dreyfus, Catherine (1980),
Psicoterapias de Grupo, Lis-
condição. boa, Verbo, p. 20.
127
© Universidade Aberta
Actividade 4.4
5. Problemas deontológicos
128
© Universidade Aberta
Esta importante questão leva à necessidade de uma prévia negociação com a
população-alvo sobre os limites até onde pode exercer o seu papel de
investigador, não sendo desejável qualquer acção que possa conduzir à sua
identificação como ladrão de informação. Tal situação não só seria eticamente
condenável como vacinaria a população contra trabalhos a efectuar
futuramente por outros investigadores.
34
Cit. in HESS, Rémi (1982),
Podendo por vezes assumir contornos difíceis, tal negociação é possível, Sociologia de Intervenção,
Porto, RÉS.
como o provam estudos clássicos como o já citado de William F. Whyte
sobre os bandos de esquina, ao qual poderiam acrescentar-se muitos outros
como a que Allinsky fez sobre o bando de Al Capone34 ou, entre nós, como a 35
Nunes, Olímpio (1981), O
Povo Cigano, Porto, Livraria
que Olímpio Nunes realizou sobre os ciganos35. Apostolado da Imprensa.
Actividade 4.5
Síntese
129
© Universidade Aberta
Foi depois explicada a necessidade da construção de guiões de observação e
de instrumentos de registo dos dados observados, tendo-se sublinhado a
importância do diário de pesquisa.
Teste formativo
Leituras complementares
GANS, Herbert J.
1999 Participant observation in the era of "Ethnography", "Journal of
Contemporary Ethnography" (28), disponível online in http://
www.jce.sagepub.com.
130
© Universidade Aberta
ITURRA, Raúl
1986 Trabalho de Campo e Observação Participante em Antropologia, in
Silva, A. S.e Pinto, J. M., org. (1986), Metodologia das Ciências
Sociais, Porto, Afrontamento, pp 149-163.
MILLS, C. Wright
1969 A Imaginação Sociológica, Rio de Janeiro, Zahar, Apêndice final.
NOGUEIRA, Oracy
1968 Pesquisa Social, Introdução às sua Técnicas, S. Paulo Companhia
Editora Nacional, pp. 88-110.
131
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
5. Inquéritos por Entrevista e por Questionário
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. O que é um inquérito?
1.1. O inquérito em Ciências Sociais
1.2. Tipos de inquéritos em Ciências Sociais
Actividade 5.1
2. Inquéritos por entrevista
2.1. A interacção directa, questão-chave na técnica de entrevista
Influência do entrevistador no entrevistado
Diferenças culturais entre entrevistador e entrevistado
Sobreposição de canais de comunicação
2.2. Quando recorrer à entrevista?
2.3. Tipos de entrevista
2.4. Aspectos de natureza prática
Fase preliminar (antes)
O decorrer (durante)
Fase subsequente (depois)
Actividade 5.2
3. Inquéritos por questionário
3.1. A interacção indirecta, questão-chave do inquérito por questionário
Formulação das perguntas
Diversidade de canais de comunicação
Prevenção das não respostas
A questão da fiabilidade
3.2. Aspectos de natureza prática
3.2.1. Fase preliminar (antes)
Construção das perguntas
Apresentação do questionário:
Actividade 5.3.
3.2.2. O decorrer (durante)
3.2.3. Fase subsequente (depois)
4. Em síntese: potencialidades e limitações da entrevista e do ques-
tionário
Teste formativo
Leituras complementares
135
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
137
© Universidade Aberta
• descrever alguns cuidados a ter na utilização de cada canal de
comunicação;
138
© Universidade Aberta
1. O que é um inquérito?
139
© Universidade Aberta
O resultado do cruzamento das duas variáveis conduz-nos a quatro tipos de
inquérito (fig. 5.1.):
Grau de directividade
Situação do investigador no acto da inquirição
das perguntas
140
© Universidade Aberta
Numa fase posterior, já detentor de informação suficiente para estruturar os
instrumentos de recolha de dados, podería conceber um guião de entrevista
com questões mais precisas que aplicaria a uma amostra da população-alvo
(situação B).
Actividade 5.1
141
© Universidade Aberta
dois interlocutores (duas janelas) cuja interacção apresenta áreas livres
muito reduzidas, áreas cegas relativamente grandes e áreas secretas
2
Não é relevante falar-se das igualmente extensas2. Dito de outro modo, quando vai começar uma
áreas inconscientes uma vez
que estas não se alterarão sig- entrevista o investigador partilhou habitualmente pouca informação com
nificativamente numa entre- o entrevistado (área livre pequena), sabe pouco sobre ele (grande área
vista deste tipo.
cega do entrevistador e secreta do entrevistado) encontrando-se este
último na mesma situação (extensa área cega própria e secreta de quem
o vai entrevistar).
• a apresentação do investigador
142
© Universidade Aberta
Influência do entrevistador no entrevistado
• uma pergunta começada por uma expressão deste tipo: “o Sr. não
acha que...” é uma forma indutora por via enfática conduzindo o
entrevistado a uma resposta esperada pelo entrevistador;
143
© Universidade Aberta
cabo-verdiana?) as respostas serão demasiado ambíguas ou laterais. Para
atingir o objectivo, haverá que elaborar um conjunto de perguntas concretas
sobre o conhecimento de escritores, de artistas e de obras que permitam
funcionar como indicadores de conhecimento sobre a literatura cabo-
-verdeana. Se as perguntas forem objectivas as respostas serão por certo mais
verdadeiras.
5
Um exemplo deste tipo de
questões: na pesquisa sobre
os sistemas ibéricos de ensi- 2.2. Quando recorrer à entrevista?
no superior a distância não se
encontrou, na documentação
escrita, qualquer alusão sig- Como qualquer outra técnica de recolha de dados, o inquérito por entrevista
nificativa às resistências à cri- deve ser escolhido em certos contextos e evitado noutros. Duas situações
ação da Universidade Aberta,
ocorridas durante os diversos típicas em que o uso da entrevista é recomendável são as seguintes:
anos da sua gestação. Para se
responder a esta questão, foi • nos casos em que o investigador tem questões relevantes, cuja
necessário recorrer a entrevis-
tas a informadores qualifica- resposta não encontra na documentação disponível ou, tendo-a
dos. encontrado, não lhe parece fiável, sendo necessário comprová-la5;
144
© Universidade Aberta
em situações em que o investigador deseja ganhar tempo e economizar
energias recorrendo a informadores qualificados como especialistas no campo
6
da sua investigação6 ou líderes da população-alvo que pretende conhecer. Na referida pesquisa sobre
os sistemas ibéricos de ensi-
no superior a distância, as
Em qualquer dos contextos mencionados é fundamental ter consciência que entrevistas realizadas aos di-
ao ser seleccionada uma qualquer fonte de informação estão a rejeitar-se rigentes das duas uni-
versidades e dos centros
outras, que podem ser igualmente importantes. Um informador qualificado asociados da UNED, cons-
é um recipiente de informação relevante, mas é também um filtro da própria tituiram fontes indispensáveis
de informação que permiti-
informação. Num estudo de comunidade, por exemplo, é fundamental cruzar ram poupar muitos meses de
as informações de vários líderes locais, obtidas por entrevista, e todas elas trabalho mesmo tendo em
conta o tempo mais tarde
com outro tipo de informação proveniente de outras fontes, a fim de testar a dispendido em cruzar algu-
sua fiabilidade. Se não se tiver esta precaução, o investigador correrá o risco mas das informações obtidas
com outras fontes.
de se limitar a funcionar como caixa de ressonância dos seus informadores,
os quais têm uma percepção filtrada (necessariamente parcial) da realidade7.
7
Esta questão que nos leva-
ria à discussão sobre a repre-
sentatividade das fontes e às
técnicas de amostragem, será
2.3. Tipos de entrevistas discutida na segunda parte
deste manual
145
© Universidade Aberta
De acordo com esta autora pode-se classificar as entrevistas de acordo com
um continuum, variando entre um máximo e um mínimo de liberdade
concedida ao entrevistado e o grau de profundidade da informação
obtida. A partir desses dois critérios foi construído o diagrama com um
segmento de recta vertical, que representa o nível de profundidade de
informações que a entrevista pode fornecer; e o esboço de um polígono que
progressivamente se vai fechando tornando-se num hexágono, correspondente
ao decrescente grau de liberdade de resposta proporcionada ao entrevistado.
1 - Entrevista clínica
2 - Entrevista em profundidade
• Entrevistas mistas
3 - Entrevista livre
4 - Entrevista centrada
146
© Universidade Aberta
Num grau intermédio de informalidade, encontram-se a entrevista livre
(tipo 3) e a entrevista centrada (tipo 4). Ambas são características dos estudos
exploratórios, diferindo entre si pelo nível de estruturação em torno das
temáticas específicas que são tratadas.
147
© Universidade Aberta
Fig. 5.3. - Variáveis caracterizadoras do tipo de entrevista
Situação Possibi-
Tipo de Número de Ordem das Forma das Focagem das
Comuni- lidades de
entrevista questões questões questões questões
cacional análise
2. Em
profundi-
<< <<
dade
3. Livre
< <
4. Centrada
> >
5. Com
perguntas
>> >>
abertas
148
© Universidade Aberta
Fig. 5.4 - ASPECTOS A TER EM CONTA NA UTILIZAÇÃO DA
TÉCNICA DE ENTREVISTA
A N T E S:
• Definir o objectivo
• Construir o guia de entrevista
• Escolher os entrevistados
• Preparar as pessoas a serem entrevistadas
• Marcar a data, a hora e o local
• Preparar os entrevistadores (formação técnica)
D U R A N T E:
• Explicar quem somos e o que queremos
• Obter e manter a confiança
• Saber escutar
• Dar tempo para “aquecer” a relação
• Manter o controlo com diplomacia
• Utilizar perguntas de aquecimento e focagem
• Enquadrar as perguntas melindrosas
• Evitar perguntas indutoras
D E P O I S:
• Registar as observações sobre o comportamento do entrevistado
• Registar as observações sobre o ambiente em que decorreu a entrevista
Antes da entrevista
149
© Universidade Aberta
Construir o guião. Após a definição clara e rigorosa dos objectivos da
entrevista, há que os operacionalizar sob a forma de variáveis. Por exemplo,
ao objectivo definir a origem social, o perfil profissional e a situação
académica à entrada para um determinado programa de formação
profissional, devem corresponder diversas variáveis que o vão operacionalizar
(ex: sexo, idade, , lugar de nascimento, residência, profissão dos pais, estado
civil, número de filhos, antecedentes académicos familiares, profissão,
11
Adaptado de Aretio, L.G. habilitações académicas à data da inscrição,)11. Após este procedimento, o
(1985), Licenciados Estre-
meños de la UNED: investigador vai ter de operacionalizar as variáveis em perguntas
Memorial de Licenciatura, adequadas às metas que pretende atingir. Por exemplo a variável idade pode
Badajoz, Universidad Na-
cional de Educación a Dis- ser formatada no guião de várias formas:
tancia. Centro Regional de la
Estremadura, pp 20-21. - Que idade tem?
ou
ou ainda
Menos de 20 Entre 20 e 29 Entre 30 e 39 Entre 40 e 49
Mais de 49
12
Para um aprofundamento da
Para o guião de entrevista ficar pronto a ser utilizado haverá ainda que
questão do encadeamento das encadear as questões de forma adequada ao objectivo da pesquisa12.
questões veja o ponto relati-
vo aos inquéritos por ques-
tionário, que se segue. Escolher entrevistados. Tal como na selecção e encadeamento das perguntas,
a escolha dos futuros entrevistados deve ser adequada aos objectivos da
pesquisa. Tal adequação pode ser personalizada, no caso de amostras
intencionais em que se procura inquirir um conjunto de informadores
qualificados, ou feita aleatoriamente dentro do universo correspondente ao
13
Para uma melhor com- objecto de estudo13.
preensão desta questão veja
na segunda parte deste manu-
al a secção correspondente à Preparar os entrevistados. A fim de garantir a disponibilidade dos
técnica de amostragem. Veja
também Clegg, Frances entrevistados no acto da entrevista é aconselhável, sempre que possível,
(1995, 159-172). contactá-los previamente. Os objectivos dessa diligência são os seguintes:
150
© Universidade Aberta
• explicitar os motivos de os havermos escolhido para serem entre-
vistados, mostrando o valor acrescentado que as suas respostas podem
trazer à investigação em curso;
151
© Universidade Aberta
15
Um recurso habitualmente de escuta, evitando cortar a palavra ao entrevistado. Esta atitude implica,
usado para dar confiança ao
entrevistado é o uso de técni- antes de mais, dar-lhe tempo para se adaptar – expontaneamente15 ou
cas de reforço através de ex- recorrendo a perguntas de aquecimento – e deixá-lo exprimir-se pelas
pressões como “estou a
ver...”, da repetição parcial e suas próprias palavras e ao seu ritmo pessoal. É importante, sobretudo em
da reformulação do discurso entrevistas pouco estruturadas, saber respeitar os silêncios que por vezes
do entrevistado.
ocorrem no discurso do entrevistado, permitindo-lhe assim reflectir sobre o
que fala. As situações de silêncio são difíceis de aguentar podendo afirmar-se
que o saber geri-las adequadamente constitui um sinal sólido da experiência
e tecnicidade de um investigador.
Depois da entrevista
152
© Universidade Aberta
Actividade 5.2
• apresentação ao entrevistado
153
© Universidade Aberta
Formulação das perguntas
154
© Universidade Aberta
portador, exigem a prévia preparação de quem os leva, uma vez que essas
pessoas assumem frequentemente o papel de agentes realizadores de
entrevistas estruturadas. Em investigações sobre organizações é habitual
enviar os questionários pelos circuitos burocráticos usuais. Neste caso é
importante que a imagem do investigador não fique colada à de qualquer
grupo pertencente à organização (patrões, sindicatos, etc) de modo a que as
respostas não venham falseadas por esse motivo.
155
© Universidade Aberta
complicadas e longas constituem um excelente dissuasor de
colaboração;
A questão da fiabilidade
156
© Universidade Aberta
reflecte sobre o número de questões a introduzir: se forem em número
excessivamente reduzido podem não abranger toda a problemática que se
pretende inquirir; se, pelo contrário, forem demasiado numerosas, não só se
arrisca a ser de análise impraticável no tempo disponível para investigação
como têm um efeito dissuasor sobre os inquiridos aumentando a probabilidade
de não resposta. O número de perguntas de um questionário deve ser, por
isso, o adequado à pesquisa em presença e não mais que esse quanto baste.
QUANTO ÀS PERGUNTAS:
• Reduzidas ao Q.B.
• Tanto quanto possível fechadas
• Compreensíveis para os respondentes
• Não ambíguas
• Evitar indiscrições gratuitas
• Confirmar-se mutuamente
• Abrangerem todos os pontos a questionar
• Relevantes relativamente à experiência do inquirido
157
© Universidade Aberta
respostas típicas que este pode escolher. Neste procedimento há algumas
regras elementares a obedecer.
158
© Universidade Aberta
Pertinentes relativamente à experiência do inquirido. Conforme se referiu
na secção consagrada à entrevista, não tem sentido questionar uma população
sobre uma matéria que está fora do seu campo cognitivo.
Escalas de atitudes. Por vezes as questões podem ser colocadas sob a forma
de uma escala de atitudes, permitindo ao investigador medir atitudes e opiniões
do inquirido.
Exemplo de preenchimento:
Por favor
• coloque uma cruz, (apenas uma) no quadrado que melhor se adequar à sua resposta,
na coluna da direita e outra cruz na coluna da esquerda.
Fonte: Mateus, Bárbara, 2005, A comunicação em equipas de emergência pré hospitalar, Mestrado
em Comunicação em Saúde, Universidade Aberta
159
© Universidade Aberta
Pede-se a um indivíduo para reagir positiva ou negativamente em relação a
uma série de proposições que dizem respeito a ele próprio, a outros indivíduos,
a actividades diversas, a instituições ou a situações. Deste modo características
qualitativas podem posteriormente ser trabalhadas de forma quantitativa.
Interessante __ __ __ __ __ __ __ Aborrecida
Útil __ __ __ __ __ __ __ Inútil
Apresentação do questionário
160
© Universidade Aberta
inêxito de um inquérito por questionário. Vejamos alguns elementos práticos
a não esquecer.
A apresentação do tema, por sua vez, deve ser feita de forma clara e simples,
mostrando o valor acrescentado que o inquirido pode trazer à investigação
com as respostas que forneça.
A sua disposição gráfica deve ser tão clara quanto possível e adequada ao
público-alvo. Por exemplo não é conveniente usar quadros de duas entradas
num formulário para ser preenchido por uma população que não está
familiarizada com esse tipo de suporte de informação. A mancha gráfica
deve ser aberta e visualmente atractiva.
O número de folhas deve ser reduzido ao mínimo, para evitar reacções prévias
negativas por parte do inquirido. É conveniente informá-lo do tempo médio
previsto para a resposta.
161
© Universidade Aberta
Actividade 5.3
• apresentação do questionário
162
© Universidade Aberta
Poderá ser administrado primeiramente a um pequeno número de pessoas
que conheçam o tema do questionário, em condições de identificar os seus
maiores problemas e dar sugestões para o melhorar, preferencialmente através
de entrevista.
Após este procedimento o inquérito deverá ser enviado por um dos vários
canais atrás referidos sendo conveniente (quando possível) o investigador
ter a precaução de controlar se chegou aos seus destinatários.
163
© Universidade Aberta
Fig. 5.7 - Prós e contras da entrevista e do questionário
Teste formativo
164
© Universidade Aberta
Leituras complementares
BOUDON, Raymond
1973 Les Méthodes en Sociologie, Paris, PUF.
CLEGG, Frances
1995 Estatística para Todos, Lisboa, Gradiva, pp 159-172.
GRAWITZ, Madeleine
1993 Méthodes des Sciences Sociales, Paris, Dalloz, 9ª edição, pp. 569-631.
165
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
6. O Relatório de Pesquisa
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. Introdução
2. Reflexões prévias ao acto de relatar
2.1. O que é que se quer transmitir?
2.2. A quem se destina o relatório?
2.3. Quando e onde se desenrolou a pesquisa?
Condicionamentos espaço-institucionais
Condicionamentos temporais
2.4. Como se desenvolveu a investigação ?
Actividade 6.1
3. Elaboração do Relatório
3.1. Conteúdo do Relatório
Problematização da questão
Itinerário e processos de pesquisa
Resultados alcançados
Consequências dos resultados
3.2. Construção e forma do relatório
Dois princípios básicos indispensáveis: clareza e rigor
Esquema de apresentação: o travejamento temático
Corpo do texto
Anexos
Glossários
Índices
Conclusão
Introdução
Título
Actividade 6.2
Síntese
Teste formativo
Leituras complementares
169
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
170
© Universidade Aberta
1. Introdução
171
© Universidade Aberta
2.1. O que é que se quer transmitir?
172
© Universidade Aberta
2 foi referido que um processo de investigação é semelhante a uma corrida
de estafetas, uma vez que para atingir os seus objectivos, o investigador
precisa de recolher o testemunho de todo um trabalho anterior, introduzir-lhe
algum valor acrescentado e passar esse testemunho à comunidade científica
a fim de que outros possam voltar a desempenhar o mesmo papel no futuro.
173
© Universidade Aberta
interesses que levaram os investidores a financiar a pesquisa e utilizar uma
linguagem adaptada à sua maneira de comunicar.
Investigações encomendadas por entidades públicas ou privadas, cuja
principal motivação é resolver problemas concretos, devem culminar com
relatórios cuja informação possa ser facilmente digerível por decisores e
técnicos, que não são necessariamente académicos, como matéria útil para o
desenvolvimento prático da sua acção profissional.
Deste modo o discurso deve ter uma terminologia codificada de acordo com
a organização-cliente sendo a sua estrutura normalmente mais simplificada
que a usada para comunidades académicas.
Finalmente, se o público-alvo é integrado por orgãos de comunicação social
ou se os resultados obtidos se destinam a ser difundidos pelo público em
geral, a informação contida no relatório deve assumir uma forma clara e
sucinta, sem as escoras teóricas e metodológicas indispensáveis para públicos
de natureza académica ou técnica. O que para uns é sinal de rigor científico
para outros é considerado pretencioso, confusionista e ilegível. A terminologia
é simplificada, por vezes sacrificando o rigor à clareza, e a estrutura deve ser
apelativa.
Condicionamentos espaço-institucionais
174
© Universidade Aberta
antropológica, enquanto meio de recolher dados sobre o objecto de
estudo; em sua substituição, teve de recorrer a uma engenhosa
combinação de entrevistas a informadores qualificados e a cidadãos
americanos de origem japonesa, à análise de conteúdo das emissões
de propaganda da Rádio Tóquio, e ainda, a uma árdua pesquisa de
natureza documental;
Condicionamentos temporais
No acto de relatar, esta limitação deve ser explicitada claramente, não como
legitimação dos resultados que não se alcançaram mas como indicador de
custo(tempo)/qualidade(resultados obtidos) da pesquisa.
175
© Universidade Aberta
2.4. Como se desenrolou a investigação?
Actividade 6.1
3. Elaboração do Relatório
176
© Universidade Aberta
3.1. Conteúdo do Relatório
• apresentação do problema
• processos de pesquisa
• resultados alcançados
Problematização da questão
Por outro lado, aos investigadores que, no futuro, poderão vir a debruçar-se
sobre a mesma problemática, a clareza e o rigor dos procedimentos metodo-
lógicos adoptados e as eventuais sugestões para a realização de outras
pesquisas que, por vezes, integram também a secção metodológica de um
relatório, constituem preciosos instrumentos para meditação sobre as suas
próprias escolhas e padrões de actuação.
177
© Universidade Aberta
Resultados alcançados
178
© Universidade Aberta
conteúdo. A negligência dos aspectos formais conduz não só a uma redução
da credibilidade junto do público-alvo mas também à perda de qualidade
comunicacional e, por consequência, a uma menor eficácia como instrumento
de trabalho científico.
179
© Universidade Aberta
O Índice Geral, espelho da sistematização das ideias contidas no relatório,
resulta de um processo de estruturação progressiva que se inicia desde a fase
3
Recorde-se que organizar é de planeamento da pesquisa.
articular recursos de forma
adequada. Neste caso, as in-
formações disponíveis que É conveniente que, o mais precocemente possível, o autor elabore um esquema
integram aquela que o inves- provisório da estrutura do relatório final. Ao fazê-lo, obriga-se a organizar3
tigador já possui e a que vai
recolhendo e produzindo, melhor a informação disponível e, por consequência, a clarificar o seu
constituem os seus recursos pensamento sob o objecto de estudo. Tal esquema vai sofrendo, ao longo de
principais que devem ser ar-
ticulados sob pena de desper- todo o processo de investigação, sucessivas actualizações que correspondem
dício de tempo e perda de a outros tantos aperfeiçoamentos estruturais do relatório final. Em todo este
energia.
processo é importante salientar que o esquema funciona como uma espécie
de bússola, com funções orientadoras, e não como um espartilho à
4
Apenas para ilustrar este
criatividade do investigador4.
processo de metamorfose,
pode referir-se que o autor do Um esquema pode obedecer a uma classificação numérica, alfanumérica ou
presente texto reelaborou a
estrutura da sua dissertação
alfabética. Sendo indiferente a opção tomada é fundamental, no entanto, ter
de doutoramento nove vezes em consideração que deve apresentar um critério uniforme de estruturação.
e que esta ideia de esquema Uma forma usual é a numérica hierarquizada que se apresenta sob o formato
flutuante lhe permitiu ir ten-
do, em cada momento, uma seguinte, por todos conhecido:
ideia melhor estruturada da
informação que dispunha so- 1.
bre o seu objecto de estudo e 1.1.
do caminho que ainda lhe fal-
1.2.
tava percorrer.
1.2.1.
1.2.1.1.
5
5
1.2.1.2. 1
Atenção: só tem sentido cri-
ar um nível inferior de 1.2.2.
estruturação quando se pre- 1.3.
tende subdividir a unidade 2.
temática de nível superior em 2.1., etc
pelo menos duas subuni-
dades. Não teria sentido, por
exemplo, integrar no ponto Tendo a evidente vantagem de distrinçar e hierarquizar as unidades temáticas,
1.2.1. apenas um ponto a estruturação numérica, quando muito minuciosa, pode acabar por ter o
1.2.1.1. se não houver pelo
menos um ponto 1.2.1.2. efeito perverso de obscurecer a visão estruturada do relatório. Para ultrapassar
esta dificuldade, há investigadores que usam uma estruturação numérica
hierarquizada clássica para os esquemas de apoio ao processo de investigação,
alterando a estrutura final para uma uma formatação mais legível. Para o
exemplo dado teríamos:
1ª Parte
Capítulo 1
Capítulo 2
1.
1.1.
1.2.
2.
Capítulo 3
2ª Parte.
Capítulo 4, etc
180
© Universidade Aberta
Em suma, a não utilização de um esquema estruturador do relatório tem
frequentemente como consequência o perigo de dar lugar a uma sequência
confusa, a uma argumentação frágil, pouco estruturada e com evidentes
deficiências de comunicação que espelham normalmente o estado
desorganizado do pensamento do autor. Um procedimento prático para
aperfeiçoar a sua capacidade de estruturação consiste em pedir que outras
pessoas critiquem o esquema. Críticas oriundas de especialistas (por exemplo
do orientador científico) permitir-lhe-ão aperfeiçoar a estrutura em termos
de precisão e rigor. Opiniões de não especialistas não são de negligenciar,
uma vez que frequentemente conduzem a um aperfeiçoamento do esquema
em termos de clareza.
O corpo do texto
181
© Universidade Aberta
Dimensão dos parágrafos e períodos. Deve ser suficientemente pequena
para permitir uma fácil leitura.
Pés de página. O pé de página ou nota de rodapé pode ser usado com êxito
para comentários a propósito e referências ao pensamento de outros autores
que, no entanto, iriam tornar o discurso excessivamente pesado ou que
desviariam o leitor do essencial se fossem postos no corpo do texto. Convém,
no entanto não abusar das notas de rodapé, o que lhes retiraria a função
referida e as transformaria em afirmações presunçosas de erudição, retirando
eficácia comunicacional ao texto.
182
© Universidade Aberta
Introdução. Estamos de acordo com o saudoso investigador Silva Rego
quando aconselhava os seus alunos a deixar a introdução para o fim da
redacção, uma vez que funciona como apresentação geral do trabalho. Uma
introdução deve conter informação sobre o objectivo da pesquisa, sobre a
delimitação do problema (problemática, metodologia adoptada, dificuldades
encontradas), uma avaliação genérica dos resultados e os agradecimentos do
autor.
Anexos. Como atrás foi referido, deve ser incluída em anexo a informação
que, não fazendo parte integrante do texto, lhe serve, apesar de tudo, como
complemento indispensável. Do nosso ponto de vista, um relatório de pesquisa
não deve ser sobrecarregado com informação excessiva, incluindo apenas
aquela que se apresenta com utilidade imediata para o leitor e a que, dada a
sua raridade ou originalidade, enriquece o texto principal. Poder-se-á incluir
em anexo, por exemplo, gráficos e cálculos numéricos, questionários, registos
de entrevista, etc.
183
© Universidade Aberta
Actividade 6.2
Síntese
Teste formativo
184
© Universidade Aberta
Leituras complementares
AZEVEDO, Carlos A.
1994 Metodologia Científica. Contributos Práticos Para a Elaboração de
Trabalhos Académicos, Porto, Edição do autor.
CEIA, Carlos
1995 Normas Para Apresentação de Trabalhos Científicos, Lisboa, Pre-
sença.
FRADA, João
1995 Guia Prático Para a Elaboração e Apresentação de Trabalhos Cien-
tíficos, Lisboa Cosmos.
NOGUEIRA, Oracy
1968 Pesquisa Social, Introdução às Suas Técnicas, S. Paulo Companhia
Editora Nacional, pp. 160-168
185
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
II. APROFUNDAMENTO TEMÁTICO
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
7. Métodos Quantitativos e Métodos Qualitativos
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. Introdução
Actividade 7.1
4. Os métodos qualitativos
Actividade 7.2
Actividade 7.3
Actividade 7.4
Síntese
Teste Formativo
Leituras Complementares
191
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
• Definir triangulação;
192
© Universidade Aberta
1
1. Introdução M. Grawitz (1993) refere
que a maior parte dos autores
fazem a distinção entre
método e métodos. (pp. 301-
Métodos e técnicas de investigação em Ciências Sociais 302).
a) O método no sentido
filosófico - No sentido
No que respeita aos métodos e técnicas de investigação existe uma grande mais elevado e mais geral
diversidade de definições, pois estas variam de autor para autor. do termo, o método (no
singular) é constituído
Madeleine Grawitz (1993) menciona a extrema desordem que existe neste pelo conjunto das opera-
ções intelectuais através
domínio e refere várias definições de métodos. A autora define métodos como das quais uma disciplina
um conjunto concertado de operações que são realizadas para atingir um ou procura atingir as ver-
dades, as demonstra e as
mais objectivos, um corpo de princípios que presidem a toda a investigação verifica. Esta concepção
organizada, um conjunto de normas que permitem seleccionar e coordenar as do método no sentido
geral de procedimento ló-
técnicas. Os métodos constituem de maneira mais ou menos abstracta ou gico, inerente a toda acti-
concreta, precisa ou vaga, um plano de trabalho em função de uma determinada vidade científica, permite
considerá-lo como um
finalidade. conjunto de regras inde-
pendentes de qualquer
As técnicas são procedimentos operatórios rigorosos, bem definidos, investigação e conteúdo
particulares, tornando
transmissíveis, susceptíveis de serem novamente aplicados nas mesmas acessível a realidade que
condições, adaptados ao tipo de problema e aos fenómenos em causa. A escolha se quer compreender.
Trata-se de pontos de vista
das técnicas depende do objectivo que se quer atingir, o qual, por sua vez, está filosóficos que definem a
ligado ao método de trabalho. posição do espírito
humano perante o objecto.
A autora refere ainda que dessa interdependência nasce muitas vezes uma b) O método, atitude con-
creta em relação ao
confusão entre os termos método e técnica que convém distinguir. A técnica objecto - Neste caso a
representa a etapa de operações limitadas, ligadas a elementos práticos, posição filosófica está
mais ou menos sub-
concretos, definidos, adaptados a uma determinada finalidade, enquanto que o entendida. Neste caso, o
método é uma concepção intelectual coordenando um conjunto de operações, método dita sobretudo
maneiras concretas de
em geral várias técnicas.1 encarar ou de organizar a
investigação, mas de
forma mais ou menos
imperativa, mais ou
menos precisa, completa e
sistematizada. No entanto,
nem todos os métodos
Métodos quantitativos e métodos qualitativos influenciam da mesma
maneira, as mesmas
etapas da investigação. A
Tradicionalmente a investigação quantitativa e a investigação qualitativa estão autora refere que o
associadas a paradigmas. A distinção entre paradigmas diz respeito à produção método experimental é
imperativo tanto na etapa
do conhecimento e ao processo de investigação e pressupõe existir uma de observação, como na
correspondência entre epistemologia, teoria e método. No entanto, a distinção de recolha dos dados,
enquanto que outros
é usualmente empregada a nível do método. Cada tipo de método está portanto métodos não o são, como
ligado a uma perspectiva paradigmática distinta e única. o método clínico que visa
um diagnóstico e uma
terapêutica, interessa-se
Nas últimas décadas têm sido objecto de discussão não só as vantagens e pelos resultados, mas
corresponde sobretudo a
inconvenientes relativos à adequada utilização de métodos quantitativos e de uma atitude mental e a
métodos qualitativos em trabalhos de investigação em Ciências Sociais, como nenhuma manipulação em
particular.
tem sido encarada a possibilidade de utilizar uma articulação de ambos.
193
© Universidade Aberta
c) O método ligado a uma Neste capítulo são indicadas as principais características dos dois paradigmas,
tentativa de explicação -
Liga-se mais ou menos a assim como alguns dos problemas resultantes da associação de métodos
uma posição filosófica e quantitativos e de métodos qualitativos no desenvolvimento da investigação
pode influenciar uma
etapa da investigação. em Ciências Sociais.
d) O método ligado a um
domínio particular - o
termo método justifica-se
quando ligado a um
domínio específico e
inclui uma maneira de 2. Paradigmas Quantitativo e Qualitativo
proceder que lhe é
própria. Exemplos: o mé-
todo histórico, o método Embora muitos investigadores adiram a um paradigma e ao método que lhe
psicanalítico.
corresponde, outros combinam nos seus trabalhos de investigação os dois
métodos característicos de cada um dos paradigmas.
194
© Universidade Aberta
Quadro 7.1. - Características dos Paradigmas Qualitativo e Quantitativo
Subjectivo. Objectivo.
Próximo dos dados; "perspectiva a par- À margem dos dados; perspectiva "a
tir de dentro". partir de fora".
Holístico. Particularista.
195
© Universidade Aberta
Como anteriormente foi referido, cada tipo de método está portanto ligado a
uma perspectiva paradigmática própria. Seguidamente apresentar-se-ão as
principais características dos métodos quantitativos e dos métodos qualitativos,
cuja distinção é feita, fundamentalmente, no que diz respeito ao processo de
recolha de dados e ao modo como estes são registados e analisados.
196
© Universidade Aberta
variedade de testes, cuja eficácia é reconhecida, citando-se, a título de exemplo:
o teste t, o teste de Mann-Whitney, a análise da variância (ANOVA) ou a
análise da variância multivariada (MANOVA), entre os mais utilizados.
4. Os métodos qualitativos
197
© Universidade Aberta
Holística - Os investigadores têm em conta a “realidade global”. Os
indivíduos, os grupos e as situações não são reduzidos a variáveis mas
são vistos como um todo, sendo estudado o passado e o presente dos
sujeitos de investigação;
198
© Universidade Aberta
conhecimento e experiência. A questão da objectividade do
investigador constitui o principal problema da investigação qualitativa;
Actividade 7.2.
199
© Universidade Aberta
Quadro 7.2. - Tradições teóricas em investigação qualitativa
8 - Teoria do caos: Física teórica, Ciên- Qual é a ordem subjacente (no caso
dinâmica não linear cias Naturais de existir alguma) aos fenómenos
desordenados ?
200
© Universidade Aberta
A cada uma destas tradições correspondem práticas de investigação diferentes.
Actividade 7.3
Patton (1990) afirma que uma forma de tornar um plano de investigação mais
“sólido” é através da triangulação, isto é, da combinação de metodologias no
estudo dos mesmos fenómenos ou programas. Tal significa, de acordo com o
mesmo autor, utilizar diferentes métodos ou dados, incluindo a combinação de
abordagens quantitativas e qualitativas. O autor cita Denzin (1978) que
identificou quatro grandes tipos de triangulação:
201
© Universidade Aberta
4 - triangulação metodológica - o uso de diferentes métodos para
estudar um dado problema ou programa.
- custo
- tempo
Actividade 7.4
202
© Universidade Aberta
Síntese
Teste Formativo
203
© Universidade Aberta
Leituras Complementares
BRANEN, Julia
1992 Combining qualitative and quantitative approaches: an overview
in Branen, Julia “Mixing Methods: Qualitative and Quantitative
Research”, Aldershot, Avebury, pp. 3-37.
PATTON, Michael Q.
1990 Qualitative Evaluation and Reseach Methods, Newbury Park, Cal.
Sage Publications, pp. 67 - 89 e 187-189.
204
© Universidade Aberta
8. Técnicas de Amostragem
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. Introdução
2. Amostragens probabilísticas
2.1. Amostragem aleatória simples
2.2. Amostragem estratificada
2.3. Amostragem de cachos (clusters)
2.4. Amostragem por etapas múltiplas
2.5. Amostragem sistemática
2.6. Determinação da dimensão da amostra
Actividade 8.1
Síntese
Teste Formativo
Leituras Complementares
207
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
- amostragem de conveniência,
- amostragem de casos muito semelhantes ou muito diferentes,
- amostragem de casos extremos,
- amostragem de casos típicos,
- amostragem em bola de neve,
- amostragem por quotas;
208
© Universidade Aberta
1. Introdução
Patton (1990) afirma que provavelmente nada põe tão bem em evidência a
diferença entre métodos quantitativos e métodos qualitativos como as diferentes
lógicas que estão subjacentes às técnicas de amostragem. A investigação
quantitativa tem como base amostras de maiores dimensões seleccionadas
aleatoriamente, enquanto a investigação qualitativa tipicamente focaliza-se em
amostras relativamente pequenas, ou mesmo casos únicos, seleccionados
intencionalmente.
209
© Universidade Aberta
(conhecida e não nula) de ser incluído na amostra. Amostras não proba-
bilísticas são seleccionadas de acordo com um ou mais critérios julgados
importantes pelo investigador tendo em conta os objectivos do trabalho de
investigação que está a realizar (não está garantida uma probabilidade
conhecida e não nula de cada um dos elementos da população ser seleccionado
para fazer parte da amostra).
Seja qual for a técnica utilizada, ao realizar uma amostragem devem ser dados
os passos seguintes:
- Definição da população;
- Selecção da amostra.
2. Amostragens probabilísticas
210
© Universidade Aberta
3. A partir da lista de estudantes atribui-se a cada um deles um número
entre 000 e 530;
99116
15696
97720
11666
71628
40501
22005
11731
10811
00408
211
© Universidade Aberta
A população é constituída por estudantes de uma Faculdade de Ciências Sociais
pertencentes a três diferentes cursos: Sociologia, Economia e Antropologia.
Considerou-se que as variáveis a) sexo e b) curso tinham uma grande
importância para o estudo empreendido, pelo que se constituiram subgrupos
ou estratos em relação a cada uma dessas variáveis.
População
970 Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais
Amostra (20%)
194 Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais
212
© Universidade Aberta
2.3. Amostragem de “cachos” (clusters)
213
© Universidade Aberta
amostragem aleatória simples é que de facto todos os elementos da população
não têm uma probabilidade independente de serem seleccionados. Uma vez
escolhido o primeiro elemento a ser seleccionado os outros elementos são em
fase subsequente automaticamente determinados. Apesar disso, uma
amostragem sistemática pode ser considerada aleatória se a lista da população
for ordenada aleatoriamente. Se os elementos da lista não tiverem sido ordenados
aleatoriamente a amostra não representa, com a mesma qualidade, a população
considerada comparativamente às outras técnicas indicadas anteriormente.
Quando não se dispõe de uma lista com as condições indicadas, existe a
possibilidade de excluir da amostra certos subgrupos da população.
214
© Universidade Aberta
No entanto, para determinar a dimensão da amostra deve ter-se em consideração,
entre outros, o problema do custo que acarreta a sua constituição, o erro
considerado tolerável, o plano de investigação no seu conjunto.
Actividade 8.1.
215
© Universidade Aberta
3.2. Amostragem de casos muito semelhantes ou muito diferentes
216
© Universidade Aberta
indicam os seguintes e assim sucessivamente. A amostra cresce como uma
bola de neve. Frequentemente esta forma de seleccionar a amostra é utilizada
quando se torna impossível obter uma lista completa dos elementos da
população que se quer estudar. Tome-se o seguinte exemplo:
217
© Universidade Aberta
detentores de determinadas características que os tornam mais facilmente
contactáveis.
Por outro lado, o problema da não resposta não existe, porque quando um
sujeito se recusa a responder ou o entrevistador não encontra ninguém em
casa procura outro sujeito com as mesmas características para ser entrevistado.
O entrevistador obtem sempre o número de sujeitos inicialmente previstos,
mas o número de sujeitos difíceis de contactar pode ficar mal representado. É
possível impôr aos entrevistadores um itinerário, dependendo neste caso a
representatividade da amostra da pessoa que estabelece o plano de estudo. Se
o processo de selecção for mal definido não há nenhum método estatístico
válido para estimar o erro de amostragem, o que constitui um perigo a ter em
conta.
218
© Universidade Aberta
Quando utiliza um processo de amostragem não probabilística o investigador
deverá explicar pormenorizadamente como procedeu à selecção dos elementos
da população em estudo, que deverão também ser descritos com o maior rigor
possível.
Actividade 8.2
Síntese
219
© Universidade Aberta
Teste Formativo
Após leitura aprofundada do presente capítulo considere o seguinte trabalho
de investigação:
Num concelho onde existem duas escolas do 3º ciclo do ensino básico verificou-
se que há problemas de racismo. Na escola A existem 1600 alunos distribuídos
nas seguintes proporções: lusos (70%), caboverdianos (20%), angolanos (5%)
e guineenses (5%) e na escola B 900 alunos distribuídos nas seguintes
proporções: lusos (60%), caboverdianos (25%), angolanos (10%) e
moçambicanos (5%). O investigador pretende primeiramente administrar um
questionário a 20% dos alunos para averiguar a situação, quais os problemas
existentes nas escolas e tentar compreender as causas que os motivam.
Seguidamente tem a intenção de observar duas turmas onde os confrontos
raciais são mais graves.
220
© Universidade Aberta
Leituras Complementares
HENRY, Gary T.
1990 Practical Sampling, Newbury Park, Sage Publications.
SILVA, Cecília M.
1994 Estatística Aplicada à Psicologia e Ciências Sociais, Lisboa,
McGraw-Hill, pp. 1-21. (Aconselhado a mestrandos que tenham
conhecimentos matemáticos, ao nível do 12º ano de escolari-
dade).
221
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
9. A Prática de Investigação
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. Classificação da investigação
2. Investigação histórica
3. Investigação descritiva
3.1. Inquéritos
3.2. Estudos relativos ao desenvolvimento
3.3. Estudos complementares
3.4. Estudos sociométricos
4. Estudo de Caso
5. Estudo Etnográfico
6. Investigação correlacional
7. Investigação experimental
8. Investigação causal-comparativa
Actividade 9
Síntese
Teste Formativo
Leituras Complementares
225
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
226
© Universidade Aberta
1. Classificação da investigação
227
© Universidade Aberta
c) Investigação em Avaliação - O propósito da investigação em avaliação
é recolher e analisar dados com o fim de facilitar tomadas de decisão
que digam respeito a duas ou mais acções alternativas. Os dados deverão
ser assim recolhidos em função de um ou mais critérios.
228
© Universidade Aberta
1.2. Classificação quanto ao método
2. Investigação histórica
As fontes secundárias não são fontes originais, mas sim relatos escritos por
alguém que não presenciou um acontecimento, mas a quem foi relatado esse
acontecimento, muitas vezes não por quem o presenciou, mas por alguém a
quem já tinha sido por sua vez relatado, o que frequentemente dá origem a
distorções do que realmente se passou. Inclui também citações, manuais,
enciclopédias e reproduções de materiais, informações, pinturas e réplicas de
objectos de arte. Obviamente que sempre que for possível, será preferível utilizar
229
© Universidade Aberta
fontes primárias, mas não se deverá minimizar, de modo nenhum, o papel que
as fontes secundárias podem desempenhar.
Definição do problema - É importante definir um problema sobre o qual seja
possível realizar investigação, isto é, um problema relativamente ao qual haja
informação disponível pois, caso contrário, se não há sobre ele informação
suficiente, o problema não poderá ser correctamente estudado, e as hipóteses
levantadas não poderão ser adequadamente testadas. É do mesmo modo
preferível estudar um problema mais restrito, bem definido, para o qual seja
possível formular hipóteses ou colocar questões de forma concreta, em vez de
investigar um problema mais amplo relativamente ao qual se formulam hipóteses
ou questões de uma forma imprecisa. As hipóteses ou questões formuladas
orientam a recolha de informação. Tome-se como exemplo: Sanches, em 1990,
realizou um trabalho de investigação sobre a educação durante o período
comumente designado por “Estado Novo”, em que formulou a seguinte
hipótese: “O principal objectivo do Estado Novo em relação à educação da
população portuguesa tinha sido o de inculcar atitudes de passividade e um
comportamento conformista através da desmobilização e despolitização”.
Análise dos dados - Todas as fontes históricas deverão ser sujeitas a uma
crítica externa para determinar a sua autenticidade e a uma crítica interna
para determinar o rigor do conteúdo. A idade de um documento pode
actualmente ser estabelecida utilizando testes físicos e químicos, mas para
determinar o rigor do documento, há pelo menos quatro aspectos que deverão
ser considerados:
- Conhecimento e competência do autor. Dever-se-á determinar se o
autor do documento tinha a competência necessária ou possibilidades
de ter tido conhecimento do acontecimento que relatou;
- Tempo que passou entre o desenrolar do acontecimento e a data do
relato do mesmo. Quanto mais longo for esse período de tempo maiores
são as probabilidades de haver distorções dos acontecimentos relatados;
- Enviesamentos e motivações do autor. Frequentemente as pessoas
relatam ou registam incorrectamente informação. Tal distorção pode
ser ou não intencional. Pessoas tendem a recordar-se daquilo que lhes
interessa e não do resto, e por vezes tendem a aumentar ou acrescentar
pormenores para tornar o acontecimento mais interessante. O maior
problema consiste na alteração intencional da verdade dos factos feita
pelo autor devido a motivações de vária natureza (pessoais, profissionais,
ideológicas, etc.);
230
© Universidade Aberta
Síntese dos dados - Após a análise e crítica dos dados recolhidos estes deverão
ser organizados procedendo-se à elaboração de uma síntese e à formulação
(se possível) de conclusões e generalizações. Em investigação histórica levanta-
se o problema de ser ou não possível generalizar os resultados da investigação,
dado que os acontecimentos nunca se poderão repetir da mesma maneira; daí
a necessidade dessa generalização, ao ser efectuada, dever revestir grandes
cuidados. No entanto, este problema põe-se também relativamente aos outros
domínios de investigação na área das Ciências Sociais. Porque se trata de
seres humanos nunca se pode repetir exactamente o mesmo estudo nas mesmas
condições, ainda que este compreenda um rigoroso controlo de variáveis. Em
investigação histórica, como noutras investigações, quanto mais similar for
uma nova situação relativamente à anterior, mais aplicáveis poderão ser as
generalizações baseadas no passado.
3. Investigação descritiva
231
© Universidade Aberta
antes de ser administrado aos sujeitos que constituem a amostra. Os
procedimentos de administração, assim como de análise dos dados recolhidos,
deverão ser cuidadosamente planeados.
3.1. Inquéritos
232
© Universidade Aberta
problemas de selecção de amostras de crianças, que apresentem o
desenvolvimento moral considerado como característico de um determinado
escalão de idade e a dificuldade de controlo de um grande número de variáveis.
Estes estudos são levados a cabo para averiguar qual a situação dos sujeitos
de investigação após um dado período de tempo. Tome-se a título de exemplo
a situação seguinte: num instituto de formação pretendeu-se averiguar qual o
efeito de um programa destinado a promover a integração social de um
determinado grupo de sujeitos. Após a conclusão do programa os sujeitos
demonstraram melhor adaptação ao meio em que viviam, mas foi considerado
necessário verificar se, após algum tempo, os efeitos do programa se tinham ou
não mantido. Anteriormente, tinha-se constatado em relação a outros programas
que os seus efeitos benéficos tinham-se atenuado ou mesmo desaparecido após
um período de tempo mais ou menos longo. Procedeu-se então à recolha de
dados relativos à situação dos sujeitos e às opiniões e atitudes dos mesmos em
relação ao curso que tinham frequentado.
Note-se que um programa poderá não ter efeitos imediatos, mas estes poderão
vir a verificar-se mais tarde. De igual modo, a recolha de dados poderá
pô-los em evidência.
233
© Universidade Aberta
As escolhas feitas pelos membros do grupo são representadas num gráfico
denominado sociograma que põe em evidência as escolhas mútuas dos
membros do grupo. Na sua construção poderá, no entanto, utilizar-se diferente
simbologia e este poderá apresentar diversas formas. Um sociograma mostra
aqueles que são escolhidos por muitos membros do grupo, aqueles que ninguém
escolhe e pequenos grupos cujos membros se escolhem mutuamente.
As técnicas sociométricas são utilizadas com fins práticos ou para investigação
no caso de se pretender estudar relações entre membros de um grupo e
características comportamentais. Estes estudos podem dar uma contribuição
para o desenvolvimento de teorias que digam respeito a relações interpessoais
dentro de um grupo.
4. Estudo de Caso
234
© Universidade Aberta
múltiplos e os dados recolhidos podem ser de natureza qualitativa, quantitativa
ou ambas.
235
© Universidade Aberta
a realização do estudo (por exemplo, poderá orientar a escolha das técnicas de
recolha de dados) e a interpretação dos resultados.
236
© Universidade Aberta
Histórias de vida
5. Estudo Etnográfico
237
© Universidade Aberta
Tendo como ponto de partida um interesse pelo estudo de uma dada
organização ou grupo, vai recorrer inicialmente à observação, e progessivamente
irá definindo com maior rigor o problema de investigação e tomando decisões
sobre os elementos da organização que deverá preferencialmente observar e
entrevistar. Após interagir com estes elementos, poderá tomar outras decisões
em relação à continuação do estudo. O investigador procura “imergir” na
organização e tenta comprender os comportamentos dos sujeitos, não através
dos seus pontos de vista, mas do ponto de vista daqueles que observa.
Finalmente, a interpretação e aplicação dos resultados do seu estudo serão
realizadas numa perspectiva cultural.
6. Investigação correlacional
Variáveis cujo grau de correlação é forte podem estar na base de estudos causais-
comparativos, experimentais ou quase-experimentais, estudos esses conduzidos
com o objectivo de verificar se as relações existentes entre variáveis são de
natureza causal. Pode haver um grau de correlação forte entre duas variáveis
sem que uma das variáveis seja a “causa” da outra pois neste caso, será uma
terceira variável a “causa” das duas variáveis que apresentam um grau de
correlação forte. Por exemplo, se se chegar à conclusão que existe uma forte
relação entre sucesso académico e auto-estima, isto não significa que a
auto-estima seja a “causa” do sucesso académico ou vice-versa, mas poderá
apenas significar que os bons alunos têm um grau de auto-estima mais
238
© Universidade Aberta
elevado do que os maus alunos, os quais têm um grau de auto-estima menos
elevado. Ambas as variáveis podem eventualmente ter como causa uma terceira
variável, como por exemplo, a estabilidade familiar.
239
© Universidade Aberta
inversamente, se obtiveram valores baixos numa variável também obtiveram
valores baixos na outra variável (e, neste caso, a correlação também é positiva).
Uma correlação positiva pode ser exemplificada através da relação existente
entre anos de escolaridade e vencimentos, pois em geral quanto mais longa é a
escolaridade maior é o valor dos vencimentos anuais auferidos por um indivíduo.
Uma correlação diz-se negativa quando os sujeitos obtêm valores altos numa
variável e valores baixos na outra variável. Um exemplo de correlação negativa
é a relação entre o nível sócio-económico de um agregado familiar (expresso
em valor dos rendimentos anuais) e o número de retenções de um aluno ao
longo da escolaridade obrigatória. Crianças cujo agregado familiar é mais
desfavorecido tendem a ter maior insucesso escolar, muitas vezes traduzido
por retenções; portanto, quanto menores são os vencimentos do agregado
familiar, maior é o número de retenções e vice-versa.
Na fig. 9.1 estão representados diagramas de dispersão (a) e (b), que são
representações gráficas da relação entre variáveis. A totalidade dos pontos destes
diagramas resulta do “cruzamento” dos valores assumidos pelas variáveis
relativamente a cada um dos sujeitos. Nos dois diagramas os pontos aglomeram-
se em torno de uma linha recta imaginária, tratando-se no diagrama (a) de uma
correlação linear positiva forte e no diagrama (b) de uma correlação linear
negativa fraca.
240
© Universidade Aberta
Existem, no entanto, correlações que não são lineares mas curvilíneas e que
indicam que uma variável aumenta à medida que a outra aumenta também, até
que ocorre uma “reversão”, e a partir daí, uma das variáveis começa a diminuir,
enquanto que a outra continua a aumentar, como é o caso do diagrama de
dispersão (c) da fig.9.1. Um exemplo de uma correlação curvilínea é a existente
entre a velocidade de corrida e a idade. Com o aumento da idade aumenta a
velocidade de corrida até uma determinada idade (20, 21, 22 ....anos) em que
se atinge o máximo de velocidade e depois dá-se a “reversão” e a velocidade
de corrida passa a diminuir à medida que a idade aumenta.
241
© Universidade Aberta
um determinado grau de probabilidade e de dimensão da amostra. Para o
mesmo grau de probabilidade, ou nível de significância, são necessários
coeficientes mais elevados para pequenas amostras. É evidente que o problema
não se põe da mesma maneira se estivermos a estudar a totalidade dos elementos
de uma população, em que o valor da correlação representa o grau de
associação entre as variáveis consideradas, seja ele alto ou baixo. O problema
do nível de significância põe-se, portanto, relativamente a amostras. É, no
entanto, necessário não confundir significância com força de associação. Seja
qual for o nível de significância, um coeficiente de correlação baixo representa
uma fraca associação entre variáveis. O nível de significância apenas indica a
probabilidade de uma dada correlação ser verdadeira, seja esta forte ou fraca.
Existem diferentes coeficientes de correlação que são utilizados de acordo
com o tipo de variáveis em estudo. Dado estar fora do âmbito deste trabalho a
apresentação das características e do modo de calcular esses diferentes
coeficientes, remete-se o leitor para a consulta de uma obra de Estatística aplicada
às Ciências Sociais.
No que diz respeito a fazer previsões, apesar de se ter determinado que existe
um nível de significância aceitável, isto não basta. Se o coeficiente de correlação
for muito baixo, este não permite fazer previsões. Isto é, se se calculou o
coeficiente de correlação entre duas variáveis e se relativamente a um sujeito
do qual conhecemos o valor de uma das variáveis queremos prever qual o
valor que assume a outra varíavel, tal não será possível. Um coeficiente de
correlação abaixo de 0.50 não é suficiente para a previsão de resultados de um
grupo de sujeitos ou de um sujeito, no entanto a combinação de variáveis
pode permitir fazer previsões satisfatórias com valores abaixo de 0.50.
Coeficientes de correlação de 0.60 ou 0.70 são geralmente considerados
adequados para previsões que dizem respeito a um grupo de sujeitos, e
coeficientes superiores a 0.80 para a previsão de valores que digam respeito a
sujeitos individuais.
242
© Universidade Aberta
7. Investigação experimental
No final desta secção o leitor encontra uma descrição das variáveis que
usualmente são consideradas em investigação experimental.
243
© Universidade Aberta
diferente). O grupo de controlo é necessário para comparar a eficácia do
tratamento introduzido no grupo experimental relativamente à situação anterior
ou para verificar, no caso de serem introduzidos dois tratamentos diferentes, se
um tratamento é mais eficaz do que o outro.
Para que seja possível verificar qual o efeito da variável independente sobre a
variável dependente é necessário fazer o controlo de outras variáveis, ou seja,
o investigador deverá assegurar-se que os dois grupos são tão equivalentes
quanto possível no que respeita a todas as outras variáveis, excepto quanto à
variável independente. O controlo de variáveis é fundamental para que no final
do estudo se possa afirmar que a diferença que se verificou entre o grupo
experimental e o grupo de controlo (no caso de essa diferença se verificar), foi
devida à manipulação da variável independente. (Por exemplo, a maior eficácia
da aprendizagem, traduzida pelos melhores resultados obtidos pelo grupo
experimental, teria sido devida à adopção do novo programa). No entanto, em
estudos experimentais conduzidos no âmbito das Ciências Sociais, apesar de
existirem diversas técnicas para se proceder ao controlo de variáveis, atendendo
ao facto da experimentação ser conduzida em seres humanos, esse controlo
reveste-se de grandes dificuldades.
244
© Universidade Aberta
O trabalho de Donald T. Campbell e Julian C. Stanley (1963) sobre a utilização
do método experimental em Ciências Sociais é considerado um dos mais
completos e organizados. O primeiro dos autores Donald T. Campbell,
associado a T. D. Cook, escreveu outro trabalho em 1976, no qual reformulou
e alargou o tema, nomeadamente em relação aos métodos quase-experimentais.
A terminologia, notação e conceitos básicos utilizados por estes autores têm
hoje uma aceitação generalizada. Um dos aspectos sistematizados por estes
autores diz respeito às ameaças à validade em estudos experimentais.
Tal como no caso anterior, embora o experimentador não tenha controlo sobre
a maturação, pode seleccionar um plano que permita neutralizar os seus efeitos.
245
© Universidade Aberta
Poder-se-á, como veremos, não administrar um pré-teste ou elaborar um
pré-teste diferente do pós-teste. De qualquer modo, são problemas que deverão
ser ponderados ao elaborar o plano de experimentação.
246
© Universidade Aberta
Quando se trata de estudos quase-experimentais, em que a experimentação é
feita utilizando grupos já constituídos anteriomente, o investigador tem que
controlar uma a uma as ameaças à validade interna.
Este pode ser um problema grave, dependendo dos sujeitos, da natureza dos
testes, da natureza do tratamento e da duração do estudo. Estudos que envolvam
mudanças de atitude são muito sensíveis a esta ameaça, outros não o são tanto.
Crianças podem não ter a percepção da relação entre o pré-teste e o tratamento.
Se o pré-teste for administrado algum tempo antes de começar o tratamento,
os seus efeitos podem ser atenuados. No caso de se prever que o pré-teste
possa ter efeitos importantes nos resultados do estudo, o experimentador deverá
seleccionar um plano que permita neutralizar a sua ocorrência ou determinar a
sua importância.
247
© Universidade Aberta
1
Este efeito é usualmente Especificidade das variáveis - diz respeito ao aspecto já anteriormente referido
designado por efeito Haw-
thorne ou Mayo, visto ter sido de um estudo experimental estudar um problema muito específico, utilizando
posto em evidência numa ex- instrumentos de medida muito específicos, num período de tempo muito
periência levada a cabo na Fá-
brica Hawthorne da Western específico, sob condições igualmente muito específicas. Esta especificidade
Electric Company em Chica- põe também em causa a possibilidade de generalização dos resultados.
go, por Elton Mayo. Os ope-
rários tinham conhecimento
de que estavam a colaborar Efeitos reactivos dos arranjos experimentais - Com a preocupação de fazer
numa experiência, mas não do um controlo muito rigoroso das variáveis, o experimentador pode criar um
seu teor. A experiência con-
sistia em averiguar de que ambiente experimental altamente artificial, o que põe em causa a generalização
maneira a intensidade de dos resultados para outros ambientes não experimentais.
iluminação poderia afectar a
produção. Os investigadores
aumentaram a intensidade da O facto dos sujeitos de investigação terem conhecimento de que fazem parte
iluminação e a produção au- de um grupo experimental também pode afectar os resultados do estudo, pois
mentou, seguidamente aumen-
taram ainda mais a intensidade o comportamento do grupo experimental modifica-se não só devido ao
da iluminação e a produção tratamento, também ao facto de terem conhecimento de que fazem parte de um
tornou a aumentar, finalmente
diminuiram a intensidade da grupo experimental1.
iluminação e a produção con-
tinuou ainda a aumentar! Outro problema está relacionado com a novidade, pois o grupo experimental
pode obter melhores resultados porque está a utilizar algo de novo. O facto de
2
Existem ainda outros efeitos ser uma novidade aumenta a motivação e portanto a participação e o tratamento
que poderão afectar os
resultados da experimentação:
pode não ser mais eficaz em si mesmo. Para obviar este efeito o experimentador
Contaminação e efeito de deverá prolongar a experiência até que se atenue o efeito de novidade2.
halo:
Designa-se por contami- Interferência dos tratamentos múltiplos - resulta da aplicação de vários
nação o facto da familiaridade
do investigador com os
tratamentos aos mesmos sujeitos dado não ser fácil eliminar os efeitos de
sujeitos de investigação poder tratamentos anteriores.
vir a afectar os resultados da
experimentação; o investiga-
dor pode exercer influência no
Para minimizar a interferência de tratamentos sucessivos, caso não seja possível
seu comportamento ou ser fazer uma experimentação com um único tratamento, o investigador deverá
subjectivo na avaliação desse
mesmo comportamento.
deixar mediar um período de tempo considerado adequado entre tratamentos
O efeito de halo diz respeito sucesssivos e investigar diferentes tipos de variáveis independentes.
a ser valorizado o compor-
tamento de um sujeito que
previamente tinha tido um
Controlo de variáveis - Para eliminar as ameaças à validade de um estudo
comportamento muito bom ou experimental é necessário fazer o controlo de variáveis. Podem utilizar-se
excelente. Se o investigador
conhece os membros de um
diferentes procedimentos para realizar esse controlo, dos quais se mencionam
grupo pode tender a ser en- seguidamente alguns:
viesado na análise dos resul-
tados dessse grupo.
O problema da objectividade
a) Selecção aleatória dos sujeitos (vide unidade 8). Sempre que possível
põe-se em qualquer tipo de é conveniente não só proceder à selecção aleatória dos sujeitos que
investigação e portanto o in-
vestigador deve, por um lado,
vão colaborar na experiência, como seleccionar aleatoriamente dentre
evitar situações que a possam eles os sujeitos que fazem parte do grupo experimental e do grupo de
pôr em causa e, por outro lado,
não deverá comunicar ao
controlo. A escolha aleatória dos sujeitos de investigação é a maneira
grupo experimental que as de criar grupos equivalentes e representativos da população estudada.
suas expectativas são as de
que este obtenha melhores
Se se verificar no final do estudo que os grupos têm resultados diferentes,
resultados do que o grupo de esta diferença poderá ser atribuída ao tratamento, ou seja, à variável
controlo.
independente. Quanto maiores forem os grupos maior será a confiança
248
© Universidade Aberta
que se poderá ter nos resultados obtidos. (Num estudo experimental,
15 sujeitos por grupo é o número mínimo considerado aceitável para o
realizar).
249
© Universidade Aberta
e sete anos de experiência na profissão, ter-se-á que encontrar outro
com as mesmas características, caso contrário terá que ser eliminado
do estudo. O inconveniente desta técnica é que deste modo poder-se-
ão eliminar muitos sujeitos.
250
© Universidade Aberta
Nos planos quase-experimentais não há selecção aleatória de sujeitos, o que
levanta problemas relativos ao controlo de variáveis que podem constituir
ameaças à validade interna. No entanto, quando só é possível utilizar este tipo
de planos, é preferível fazê-lo a renunciar à realização da experimentação ou a
empregar planos pré-experimentais.
251
© Universidade Aberta
Os resultados do pós-teste dos dois grupos são comparados para determinar a
eficácia do tratamento. O pré-teste é utilizado para verificar se os grupos são
equivalentes em relação à variável dependente. Se são equivalentes, os
resultados do pós-teste podem ser directamente comparados usando um
teste t, se o não são, os resultados do pós-teste podem ser analisados mediante
a análise de covariância.
A única ameaça a este plano e que pode afectar a generalização dos resultados,
é a possível interacção entre o pré-teste e o tratamento, a qual poderá ter como
consequência que os resultados só sejam generalizáveis a outros grupos a
quem seja igualmente administrado o pré-teste. O investigador deverá referir
no relatório de investigação que a interacção entre o pré-teste e o tratamento
poderá constituir uma possível ameaça à validade externa.
A X O
A O
252
© Universidade Aberta
Controlo das ameaças:
Dado não haver pré-teste, não existe a ameaça (anteriormente referida para o
plano pré-teste-pós-teste e grupo de controlo) de uma possível interacção entre
o pré-teste e o tratamento.
A O X O
A O O
A X O
A O
253
© Universidade Aberta
A análise dos resultados deverá ser feita mediante uma análise de variância
2x2 dos resultados do pós-teste. Esta análise permite saber se o tratamento foi
efectivo e se houve interacção entre o tratamento e o pré-teste. No caso de não
ter havido interacção, os resultados obtidos poderão generalizar-se com maior
confiança à população em estudo.
Como este plano é uma combinação dos dois planos anteriores, o resultado é
um plano que controla as duas ameaças referidas para os planos anteriores;
interacção pré-teste-tratamento e mortalidade.
Apesar das vantagens que este plano apresenta, ele exige um maior número de
sujeitos de investigação. A escolha do plano deverá ser feita de acordo com a
natureza do estudo que se pretende realizar e as condições em que vai ser
feito. Deste modo, para muitos estudos um dos planos anteriores poderá ser
igualmente adequado.
O X O
O O
254
© Universidade Aberta
Ameaças à validade interna:
Dado não haver selecção aleatória dos sujeitos de investigação, podem surgir
ameaças à validade interna da investigação, regressão e interacção entre
selecção e variáveis como a maturação, história e testagem. O investigador
deverá procurar controlar estas ameaças escolhendo grupos o mais semelhantes
possível.
O O O O X O O O O
255
© Universidade Aberta
investigador alterar os instrumentos durante a experimentação, poderá
igualmente constituir uma ameaça. A interacção do pré-teste com o tratamento
pode também constituir um problema em relação à validade interna.
256
© Universidade Aberta
Ameaças à validade:
257
© Universidade Aberta
Tipos de variáveis
8
"Variável é um conceito Variáveis são quaisquer características que variam numa situação experimental.8
operacional e classificatório
que, através da partição de
um conjunto teoricamente Numa investigação experimental consideram-se vários tipos de variáveis:
relevante, assume vários va-
lores". (Almeida e Pinto, Variável independente - é uma variável estímulo ou input. É o factor que é
1995). Os mesmos autores
indicam as quatro fases da medido, manipulado ou seleccionado pelo experimentador para determinar a
construção de variáveis, se- sua relação com um fenómeno observado. É a variável que é manipulada ou
gundo P. Lazarsfeld (1965).
(Vide op. cit. p. 142-143) alterada para causar uma modificação noutra variável.
258
© Universidade Aberta
Variável independente - media utilizado (videograma vs. audiograma)
259
© Universidade Aberta
8. Investigação causal-comparativa (ex post facto)
260
© Universidade Aberta
Desvantagens deste tipo de estudos - O primeiro problema reside na falta de
controlo porque o investigador não pode manipular a variável independente e
proceder à selecção aleatória dos sujeitos de investigação A interpretação dos
resultados deverá ser feita com extremo cuidado, porque o que pode parecer
como causa pode não o ser efectivamente. Por vezes, tal como na investigação
correlacional, é estabelecida uma relação, mas não uma relação causa-efeito.
O que é considerado como causa pode na realidade ser efeito, ou pode haver
uma terceira variável que seja a causa dos supostos causa e efeito. As relações
causa-efeito estabelecidas mediante estes estudos são ténues, não são
estabelecidas como nos estudos experimentais.
Para a análise dos dados são utilizadas estatísticas descritivas, como a média e
o desvio padrão; entre as estatísticas inferencias, o teste t, a análise de variância
e o qui-quadrado.
Actividade 9.1
– os procedimentos utilizados;
– as vantagens e limitações.
261
© Universidade Aberta
Síntese
Teste Formativo
262
© Universidade Aberta
Leituras complementares
CLEGG, Frances
1995 Estatística para todos: um manual para Ciências Sociais, Lis-
boa, Gradiva.
FERREIRA, Virgínia
1986 O Inquérito por questionário na construção de dados sociológi-
cos, in Silva, Augusto Santos e Pinto, José Madureira (orgs.),
“Metodologia das Ciências Sociais”, 5ª ed., Porto, Edições
Afrontamento, pp. 165-196.
FODDY, William
1996 Como Perguntar. Teoria e Prática da construção de perguntas
em entrevistas e questionários, Oeiras, Celta Editora.
GAY, L. R.
1981 Educational Research: Competencies for Analysis & Application,
2ª ed., Columbus, Ohio, Charles E. Merrill Publishing Company,
pp. 142-271.
JESUÍNO, Jorge C.
1986 O Método Experimental em Ciências Sociais in Silva, Augusto S.
e Pinto, José M. (orgs.) “Metodologia das Ciências Sociais”, 5ª
ed., Porto, Edições Afrontamento, pp. 215-249.
263
© Universidade Aberta
LIMA, Marinús Pires de
1987 Inquérito Sociológico. Problemas de Metodologia, 3ª ed., Lis-
boa, Editorial Presença.
LEVIN, Jack
1987 Estatística Aplicada às Ciências Humanas, 2ª ed., São Paulo,
Editora Harbra.
MERRIAM, Sharan B.
1988 Case Study Research in Education, São Francisco, Jossey-Bass
Publishers.
YIN, Robert K.
1988 Case Study Research. Design and Methods, Newbury Park, Sage
Publications.
264
© Universidade Aberta
10. A Análise de Conteúdo
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
4. Fidelidade e validade
Síntese
Teste Formativo
Leituras Complementares
267
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
268
© Universidade Aberta
Em capítulos anteriores foi referida a necessidade de proceder à Análise de
Conteúdo de documentos, registos de observações, transcrições de entrevistas
e respostas a perguntas abertas incluídas em questionários.
Quantitativa - uma vez que na maior parte das vezes é calculada a frequência
dos elementos considerados significativos.
Como salienta Bardin (1977), a Análise de Conteúdo não deve ser utilizada
apenas para se proceder a uma descrição do conteúdo das mensagens, pois a
sua principal finalidade é a inferência de conhecimentos relativos às condições
269
© Universidade Aberta
de produção (ou eventualmente de recepção), com a ajuda de indicadores
(quantitativos ou não).
Utilizando, mais uma vez, o que Madeleine Grawitz (1993) escreveu sobre o
assunto, apresenta-se seguidamente a distinção dos vários tipos de Análise
de Conteúdo:
270
© Universidade Aberta
Análise quantitativa e análise qualitativa
1
Bardin (1977) considera as
Análise directa e análise indirecta seguintes fases na análise de
conteúdo:
A análise quantitativa emprega na maior parte das vezes a medida de uma 1) pré-análise;
2) exploração do material;
forma directa. Este é o modo mais simples de proceder. Tome-se, como 3) tratamento dos resul-
exemplo, a comparação entre dois programas eleitorais no que diz respeito à tados, inferência e
interpretação.
política ambiental: a análise de conteúdo por medida directa pode incluir O autor diz que na fase de pré-
unicamente a comparação entre o número de vezes que certos temas, palavras análise o investigador deverá
proceder à escolha dos docu-
ou símbolos-chave referentes a essa política aparecem nesses programas. mentos que vão ser sujeitos à
análise, à formulação das
A análise indirecta que procura uma interpretação do que se encontra latente hipóteses e dos objectivos da
investigação e à elaboração de
sob a linguagem expressa é geralmente considerada como característica de indicadores nos quais se
uma análise de tipo qualitativo; mas, por vezes a partir de uma análise deverá apoiar a interpretação
final, estando estas activi-
quantitativa indirecta, para além do que é manifesto num discurso, por dades interligadas, pois a
inferência, pode chegar-se a conclusões sobre o que propositadamente não escolha dos documentos
depende dos objectivos ou,
foi dito ou escrito. inversamente, a formulação
das hipóteses e dos objectivos
só será possível em função
dos documentos disponíveis;
os indicadores serão cons-
truídos em função das hipóte-
Actividade 10.1 ses e a formulação das hipó-
teses será fundamentada na
Escolha um artigo que relate uma pesquisa onde tenha sido utilizada presença de certos índices.
As hipóteses poderão, no
a técnica de Análise de Conteúdo e tente identificar o tipo de análise. entanto, ser ou não estabele-
Justifique a resposta. cidas na fase preparatória,
(não sendo obrigatório que o
sejam). Os índices podem ser
escolhidos em função das
hipóteses no caso de estas
serem formuladas. Os índices
deverão ser organizados em
indicadores precisos e fiáveis.
Por exemplo, o índice poderá
ser a menção explícita de um
tema num texto, o indicador
correspondente; caso se trate
3. A prática da Análise de Conteúdo de uma análise temática
quantitativa, será a frequência
desse tema. Nesta fase deve-
A Análise de Conteúdo compreende no seu percurso um certo número de rão também ser determinadas
etapas: 1 as operações a realizar de
divisão do texto em unidades
comparáveis, de categoriza-
- Definição dos objectivos e do quadro de referência teórico; ção para a análise temática, e
de codificação para o registo
- Constituição de um corpus; dos dados.
271
© Universidade Aberta
- Definição de categorias;
O investigador deverá proceder à escolha dos documentos que vão ser sujeitos
à análise. A escolha pode ser feita de duas maneiras: determinada a priori
(por exemplo, por análise sistemática de todos os números de uma revista
que só foi editada durante quatro anos) ou os documentos podem ser
escolhidos de acordo com os objectivos da investigação em curso (por
exemplo, o investigador pretende analisar a evolução da importância dada
nos programas do Ensino Básico a questões ambientais, nos últimos 10 anos;
para isso pode escolher e analisar os programas de Biologia e de Geografia
deste nível de ensino). Constitui-se assim o corpus ou seja o conjunto dos
documentos escolhidos para se proceder posteriormente à Análise de
Conteúdo.
Essa escolha deverá ser feita tendo em atenção certas regras, tais como: a
exaustividade (o que implica considerar todos os elementos do conjunto,
no exemplo dado todos os programas das duas disciplinas dos últimos 10
anos); a representatividade (o que implica proceder à análise de uma parte
dos documentos, devendo a parte seleccionada ser representativa do conjunto
dos documentos); a homogeneidade (os documentos escolhidos devem
obedecer a critérios de escolha rigorosos e não apresentar demasiada
singularidade relativamente a esses critérios de escolha); a pertinência (ou
seja, os documentos escolhidos devem ser adequados como fonte de
informação para corresponder ao objecto da análise que sobre eles irá recair).
(Bardin, 1977).
272
© Universidade Aberta
Actividade 10.2
273
© Universidade Aberta
Pertinentes - devem manter estreita relação com os objectivos e com o
conteúdo que está a ser classificado. Note-se que quando se definem categorias
a priori pode-se pôr em risco a pertinência da sua inclusão.
Matéria – importa saber de que trata a comunicação (assuntos que nela são
abordados);
274
© Universidade Aberta
A origem - diz respeito à origem dos textos utilizados, tais como: artigos de
revistas ou de jornais regionais, nacionais ou internacionais, etc.2 2
Ghiglione e Matalon (1985),
referindo-se ao que os autores
designam por procedimentos
fechados ou seja técnicas de
análise de conteúdo baseadas
em categorias previamente
3.4. Definição das unidades de análise fixadas, análise associada a
um quadro categorial empí-
rico ou teórico, consideram
Após a definição de categorias torna-se necessário proceder à definição de cinco tipos de modalidades
categoriais: psicológica,
três tipos de unidades: psicolinguística, psico-
sociológica, linguística e
a) Unidade de registo é o segmento mínimo de conteúdo que se documental e, relativamente
a procedimentos que desi-
considera necessário para poder proceder à análise, colocando-o numa gnam por abertos (explo-
dada categoria. A escolha da unidade de registo depende pois dos ratórios), consideram a conta-
gem frequencial, a análise
objectivos estabelecidos e do quadro teórico orientador da investi- temática, as concomitâncias
gação. temáticas, a análise por
cachos e a análise por cam-
pos semânticos. (vide op. cit.,
A unidade de registo pode ser de natureza e de dimensões muito pp. 213-244).
diversas, sendo a distinção mais habitual entre unidades formais,
que podem ou não coincidir com unidades linguísticas, e unidades
semânticas.
275
© Universidade Aberta
c) Unidade de enumeração é a unidade em função da qual se procede
à quantificação. Por exemplo, num dado discurso se se pretende
distinguir a importância que foi prestada a vários temas, a unidade
de registo será traduzida pelo número de vezes que aparece em cada
um dos temas e a unidade de enumeração o número de linhas
dedicadas a cada um deles.
276
© Universidade Aberta
não só possibilitar a compreensão do fenómeno que constitui objecto de
estudo, como fazer o investigador chegar à sua explicação e podendo
mesmo nalguns casos, fazê-lo chegar a formas de previsão. No entanto,
para assegurar a validade de qualquer previsão que venha a ser feita,
torna-se necessário fazer o cruzamento com os resultados obtidos por
outras técnicas.
4. Fidelidade e validade
Síntese
277
© Universidade Aberta
Teste formativo
Leituras Complementares
BARDIN, Laurence
1977 L’analyse de contenu, Paris, P.U.F. (há uma tradução em português
referida na bibliografia).
GRAWITZ, Madeleine
1993 Méthodes des Sciences Sociales, Paris, 9ª ed., Éditions Dalloz,
pp. 532-565.
VALA, Jorge
1986 A Análise de Conteúdo in Silva, Augusto S. e Pinto, José M. (orgs.)
“Metodologia das Ciências Sociais”, 5ª ed., Porto, Edições Afron-
tamento, pp. 101-128.
278
© Universidade Aberta
11. Considerações finais
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sumário:
Objectivos da unidade
1. Princípios Éticos
Leituras Complementares
281
© Universidade Aberta
Objectivos da unidade
282
© Universidade Aberta
1. Princípios Éticos
283
© Universidade Aberta
obrigação de fazer uma rigorosa explicitação das fontes utilizadas quer estas
sejam documentais ou não; de ser autêntico quando redige o relatório da
investigação, nomeadamente no que diz respeito aos resultados que apresenta
e às conclusões a que chega, mesmo que por razões ideológicas ou de outra
natureza os mesmos não lhe agradem.
Fidelidade aos dados recolhidos e aos resultados a que chega, não enviesa-
mento das conclusões constituem regras fundamentais de toda a investigação
científica.
1
2.1. O Projecto de Investigação 1
Aconselha-se a leitura da
unidade 2.
A elaboração do projecto de investigação exige não só que o investigador já
tenha anteriormente realizado pesquisa bibliogáfica sobre o tema em estudo e
para o desenvolvimento do qual deverá possuir formação adequada, como
também um conhecimento aprofundado sobre os métodos e as técnicas que
vai utilizar.
1. Objecto da Investigação
2. Revisão da literatura
3.7. Calendarização.
285
© Universidade Aberta
2
Aconselha-se a leitura da 2.2.1. Organização do Relatório de Investigação 2
unidade 6.
3. Procedimentos
3.1. Descrição do plano de investigação
3.2. Explicitação da população em estudo e do processo de amostragem
3.3. Descrição das técnicas e dos instrumentos utilizados para recolha de
dados
3.4. Explicação das actividades desenvolvidas
3.5. Discussão da validade interna
3.6. Discussão e justificação da análise dos dados efectuada
4. Resultados
4.1. Descrição dos resultados relativos a cada uma das questões ou
hipóteses.
4
Alguns autores aconselham 5. Conclusões 4
a incluir antes da discussão
das implicações dos resul- 5.1. Discussão à luz da teoria, das implicações dos resultados e seu
tados um breve sumário das significado
questões de investigação,
dos procedimentos adop- 5.2. Sugestões para futuros trabalhos de investigação
tados e dos resultados obti-
dos.
III. Referências bibliográficas
287
© Universidade Aberta
13 - As conclusões são satisfatórias? O autor integra o estudo num contexto
mais vasto? Reconhece as suas limitações? Apresenta explicações e
interpretações para os resultados consistentes com os conhecimentos
existentes?
Actividade 11.1
288
© Universidade Aberta
Leituras Complementares
ECO, Umberto
1991 Como se faz uma tese, 5ª ed., Lisboa, Presença.
FRAENKEL, J. R. e WALLEN, N. E.
1990 How to design and evaluate Research in Education, London,
McGraw-Hill.
289
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
12. Bibliografia
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
ALMEIDA, João F. e PINTO, José M.
1995 A Investigação nas Ciências Sociais, Lisboa, Presença.
AMARO, Fausto
2008 Grounded Theory: uma introdução, in Meirinho Martins, Manuel
(2008, org.) Comunicação e marqueting político: contributos pe-
dagógicos, Lisboa ISCSP.
AZEVEDO, Carlos A.
1994 Metodologia Científica. Contributos Práticos para a Elabora-
ção de Trabalhos Académicos, Porto, Edição do autor.
BABLOCK, Herbert
1973 Introduction à la Recherche Sociale, Gembloux, J.Duculot.
BARDIN, Laurence
1977 L’analyse de Contenu, Paris, P.U.F.
BASTIDE, Roger
1971 Anthropologie Appliquée, Paris, Payot.
BELCHIOR, Procópio
1970 PERT/CPM. Técnica de Avaliação, Revisão e Contrôle de projetos,
Rio de Janeiro, Edições de Ouro.
BOUDON, Raymond
1973 Les Méthodes en Sociologie, Paris, PUF.
BRANEN, Julia
1992 Mixing Methods: Qualitative and Quantitative Research,
Aldershot, Avebury.
293
© Universidade Aberta
BRUYÈRE, P. de, HERMAN, J. e SCHOUTHEETE, M. de
1974 Dynamique de la Recherche en Sciences Sociales, Paris, P.U.F.
BRYMAN, A. e CRAMER, D.
1995 Análise de Dados em Ciências Sociais: Introdução às Técnicas
Utilizando o SPSS, Oeiras, Celta
CARMO, Hermano
1995 Avaliação em Intervenção Comunitária, in "Estudos de homena-
gem ao Professor Adriano Moreira", vol II, Lisboa, ISCSP.
1996 Exclusão social: Rotas de Intervenção, Lisboa, ISCSP/UTL.
1997 Ensino Superior a Distância - I. Contexto mundial, Lisboa,
Universidade Aberta.
2000 A actualidade do desenvolvimento comunitário como estratégia
de intervenção social, in Actas da 1ª Conferência sobre Desen-
volvimento Comunitário e Saúde Mental, Lisboa, ISPA.
2000 A educação intercultural:uma estratégia para o desenvolvimen-
to, in Actas da 2ª Conferência sobre desenvolvimento comunitá-
rio e saúde mental: diversidade e multiculturalidade, ISPA29-31
de Maio de 2000.
2000 Hipóteses sobre o contributo dos portugueses no processo de
reabilitação pós-guerra, in Estudos em memória do Prof. Doutor
Luís Sá, "Discursos", III série, número especial, Lisboa, Univer-
sidade Aberta, Dezembro, pp 111-131.
2004 Educar para a identidade nacional, numa economia solidária e
numa cultura de paz, in Educação da juventude: carácter, lide-
rança e cidadania, "Nação e Defesa" (Número Extra Série, Ju-
lho de 2004) Lisboa, Instituto de Defesa Nacional, edição tam-
bém em CD Rom.
2005 Multiculturalidade e educação a distância, in De(s)afiando dis-
cursos: Homenagem a Maria Emília Ricardo Marques, Lisboa,
Universidade Aberta, pp 159-177, a partir da comunicação ao
Simpósio Internacional sobre Possibilidades e Limites do Ensi-
no Virtual no Âmbito Universitário, 10-14 de Dezembro de 2002,
Universidad Internacional de Andalucia, Consorcio Fernando de
los Rios. no prelo.
CEIA, Carlos
1995 Normas Para a Apresentação de Trabalhos Científicos, Lisboa,
Presença.
294
© Universidade Aberta
CLEGG, Frances
1995 Estatística Para Todos: um Manual Para Ciências Sociais, Lis-
boa, Gradiva.
CURRAN, Charles
1967 L’Entretion Non Directif, Paris, Ed. Universitaires.
DIAS, Jorge
1958 Introdução ao Estudo das Ciências Sociais, in “Colóquio sobre
Metodologia das Ciências Sociais”, Lisboa, Junta de Investiga-
ção do Ultramar.
DRUCKER, Peter
1986 Inovação e gestão: uma nova concepção de estratégia das em-
presas, Lisboa, Presença.
DUVERGER, Maurice
1964 Méthodes des Sciences Sociales, Paris, P.U.F.
ECO, Umberto
1991 Como se Faz Uma Tese, 5ª ed., Lisboa, Presença.
EISENHARDT, Kathleen M.
1989 Building theories from case study research, "Academy of
Management Review", vol 14, nº4, pp 532-550.
FERNANDES, Domingos
s.d. Notas Sobre os Paradigmas da Investigação em Educação
"Noesis ", Lisboa, pp. 64-66.
295
© Universidade Aberta
FLICK, Uwe
2005 Métodos qualitativos na investigação científica, Lisboa, Monitor.
FODDY, William
1996 Como Perguntar. Teoria e Prática da construção de perguntas
em entrevistas e questionários, Oeiras, Celta.
FONTE, A. e ALVES, A.
1999 Uso da escala do envolvimento com o álcool para adolescentes
(AAIS): avaliação das características psicométricas, "Alcoologia,
Revista da Sociedade portuguesa de Alcoologia", Vol VII, 4.
FORTIN, Marie-Fabienne
1999 O processo de investigação: da concepção à realização, Lisboa,
Lusociência, 388 pp.
FOSTER, George
1964 As Culturas Tradicionais e o Impacto da Tecnologia, Rio de Ja-
neiro, Fundo de Cultura.
1974 Antropologia Aplicada, Cidade do México, Fundo de Cultura
Económica.
FRADA, João
1995 Guia prático para a elaboração e apresentação de trabalhos
científicos, Lisboa, Cosmos.
GANS, Herbert J.
1999 Participant observation in the era of "Ethnography", "Journal of
Contemporary Ethnography" (28), disponível online in
http://www.jce.sagepub.com.
GAY, L. R.
1981 Educational Research: Competencies for Analysis & Application,
2ª ed., Columbus, Ohio, Charles E. Merril.
296
© Universidade Aberta
GHIGLIONE, Rodolphe e MATALON, Benjamin
1993 O inquérito. Teoria e prática, Oeiras, Celta.
GRAWITZ, Madeleine
1993 Méthodes des Sciences Sociales, 9ª ed., Paris, Dalloz.
HENRY, Gary T.
1990 Practical Sampling, Newbury Park, Sage.
JAVEAU, Claude
1971 L’Enquête par Questionaire. Manuel à L’usage du Praticien,
Bruxelles, Université Libre de Bruxelles, Institut de Sociologie.
LESSARD-HÉBERT, M. E Goyette, G.
2005 Investigação qualitativa: fundamentos e práticas, Lisboa, Insti-
tuto Piaget, 2ª ed.
LEVIN, Jack
1987 Estatística Aplicada às Ciências Humanas, 2ª ed., S. Paulo, Edi-
tora Harbra.
297
© Universidade Aberta
LIPMANN, Aaron
s/d Metodologia das Ciências Sociais, Lisboa, ISCSPU.
MANN, Peter W.
1969 Métodos de Investigação Sociológica, Rio de Janeiro, Zahar.
MAROCO, J.
2003 Análise estatística com utilização do SPSS, Lisboa, Edições
Sílabo.
MAUSS, Marcel
s/d Manual de Etnografia, Lisboa, Pórtico.
MERRIAM, Sharan B.
1988 Case Study Research in Education, São Francisco, Jossey-Bass.
MILLS, C. Wright
1969 A Imaginação Sociológica, Rio de Janeiro, Zahar.
298
© Universidade Aberta
MOREIRA, M.A.; Buchweitz, B.
1993 Novas estratégias de ensino e aprendizagem: os mapas
conceptuais e o Vê epistemológico, Lisboa, Plátano.
MOREIRA, J.M.
2004 Questionário: teoria e prática, Lisboa, Almedina.
MORENO, Zerka
1975 Psicodrama de Crianças, Petrópolis, Vozes.
MUCHIELLI, R.
1974 L’Analyse de Contenu des Documents et des Communications,
Paris, Les éditions ESF.
NOGUEIRA, Oracy
1968 Pesquisa Social, Introdução às sua Técnicas, S. Paulo, Compa-
nhia Editora Nacional.
NOVAK, Joseph
2000 Aprender, criar e utilizar o conhecimento - mapas conceptuais
como ferramentas de facilitação nas escolas e empresas, Lisboa,
Plátano.
NUNES, A. Sedas
1972 Questões Preliminares sobre as Ciências Sociais, Lisboa, Gabi-
nete de Investigações Sociais.
NUNES, A. Sedas
1973 Sobre o Problema do Conhecimento nas Ciências Sociais, Lis-
boa, Gabinete de Investigações Sociais.
299
© Universidade Aberta
PATTON, Michael Q.
1990 Qualitative Evaluation and Research Methods, California, Sage.
PEREIRA, A. e POUPA, C.
2004 Como escrever uma tese, monografia ou livro científico, usando
o Word, Lisboa, Sílabo.
PHILIPS, Bernard S.
1974 Pesquisa Social. Estratégias e Tácticas, Rio de Janeiro, Agir.
REGO, A. S.
1964 Lições de Metodologia e Crítica Históricas, Lisboa, Junta de In-
vestigações do Ultramar
RIBEIRO, J.
1999 Escala de satisfação com o suporte social (ESSS), "Análise psi-
cológica", 3 (XVII), 547-558.
2003 Métodos e técnicas de investigação em Antropologia, Lisboa, Uni-
versidade Aberta.
2004 Antropologia Visual: da minúcia do olhar ao olhar distanciado,
Porto, Edições Afrontamento.
300
© Universidade Aberta
ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz e ARROTEIA, Jorge
1984 Bibliografia da Emigração Portuguesa, Lisboa, IPED.
SAMPIERI, Hernandez
2007 Metodologia de pesquisa, Lisboa, Mc Graw Hill, 3ª edição.
SÉLIM, Abou
1972 Immigrés Dans l’Autre Amérique, Paris, Ed. Plon.
SILVA, Cecília M.
1994 Estatística Aplicada à Psicologia e às Ciências Sociais, Lisboa,
McGraw-Hill.
SPRADLEY, James P.
1979 The Ethnographic Interview, Foth Worth, Harcourt Brace
Jovanovich.
TUCKMAN, B.W.
2000 Manual de investigação em educação, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian.
301
© Universidade Aberta
VVAA
1997 Práticas e Métodos de investigação em Ciências Sociais, Lisboa,
Gradiva, 245 pp.
YIN, Robert K.
1988 Case Study Research. Design and Methods, Newbury Park, Sage.
302
© Universidade Aberta
Centros de Documentação com obras de Metodologia de acesso
fácil:
A bibliografia seleccionada não é exaustiva nem podia ter essa pretensão,
num domínio tão complexo e em permanente actualização como a
Metodologia das Ciências Sociais e da Educação. O intuito dos autores foi
disponibilizar um conjunto de obras válidas existentes no mercado que
pudessem complementar o estudo deste manual.
Para além dela, poderá o leitor recorrer ao acervo existente nos Centros de
Documentação de várias instituições em que estes domínios são tratados
(vide unidade sobre Pesquisa Documental), muitas delas com acordos de
cooperação com a Universidade Aberta. Eis alguns contactos úteis:
Correio
Local Instituição Telefone Fax
electrónico
Aveiro • Universidade 034 / 370 351 034 / 233 84
Beja • Escola Superior de Educação 084 / 324 617 084 / 326 824
Braga • Universidade 053 / 604 156 053 / 615 253 sdum#sdum.uminho.pt
Bragança • Escola Superior de Educação 073 / 330 3131 073 / 313 137
Castelo Branco • Escola Superior de Educação 072 / 330 0100 072 / 234 77 escola#mail.telepac.pt
Coimbra • Delegação da U. Aberta 039 / 261 08 039 / 295 47 univab-
Coimbra@mail.telepac.pt
• Universidade
• Escola Superior de Educação
• ISSS
Évora • Universidade 066 / 744 522 066 / 744 521 bib#uevora.pt
Faro • Universidade
Funchal • Universidade 091 / 222 104 091 / 230 659 afonso#dragoeiro.uma.pt
Guarda • Escola Superior de Educação 071 / 222 325 071 / 222690
Horta • Universidade 092 / 221 07 092 / 221 07
Leiria • Escola Superior de Educação 044 / 812 830 044 / 812 985
Lisboa • Sede da Universidade Aberta 01 / 397 2334 01 / 397 3346
• Delegação da U. Aberta 01/ 354 01 25 01/ 354 01 24
• ISCSP/UTL 01/ 363 71 21 01/ 364 20 81
• ISCTE 01/ 793 50 00
• FCSH/UNL 01/ 793 39 19 01/ 793 35 19
01/ 886 31 84 01/886 09 54 dis@dir.ispa.marconi-sua.pt
• ISPA
• ISSS
Macau • Universidade de Macau 00 853 831 694 webmaster#umac.mo
• UAIA
Ponta Delgada • Universidade 096 / 653 044 096 / 653 870
Portalegre • Escola Superior de Educação 045 / 244 37 045 / 246 19
Porto • Delegação da U. Aberta 02 / 830 0041 02 / 830 0249
• Universidade
• Escola Superior de Educação 02/ 491 140 02/ 480 772
• ISSS
Santarém • Escola Superior de Educação 043 / 288 15 043 / 285 69
Setúbal • Escola Superior de Educação 065 / 751 725 065 / 751 705
Viana do Castelo • Escola Superior de Educação 058 / 810 6200 058 / 810 6209
Vila Real • Universidade 059 / 320 139 059 / 320 480
Viseu • Escola Superior de Educação 032 / 422 180 032 / 428 461
303
© Universidade Aberta
Pequena lista de bibliotecas on-line (meramente exemplificativa)
Biblioteca do Senado Federal brasileiro: www.senado.gov.br/biblioteca
eBooksbrasil: www.ebooksbrasil.com
304
© Universidade Aberta
ANEXOS
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Sílvia da Conceição Jóia Almeida
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
1. TÍTULO:
2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA:
Com o intuito de obtermos uma visão global dessa relação, tentarei esquematizar
o percurso de ambos os fenómenos realizado neste século.
309
© Universidade Aberta
TEORIAS SOBRE A NATUREZA DA
MÉTODOS DE ENSINO
LINGUAGEM E SUA AQUISIÇÃO
➙ Até aos anos 20: O Método da Gramática Tradicional
Corrente Tradicional: ou Estilo Académico:
A língua era o fruto do uso de um Objectivo geral:
conjunto de regras gramaticais. Um O aluno deve adquirir uma
bom domínio destas resultaria numa competência linguística através de um
correcta utilização da língua. bom conhecimento das regras
Privilegiava-se o código escrito, pois a gramaticais.
linguagem falada tinha a tendência para
degenerar em formas coloquiais. Técnicas:
Recorria-se, no ensino, ao uso de uma ➥Leitura de textos.
gramática prescritiva, através da qual se ➥Explicação de pontos gramaticais.
julgava a correção/a incorreção da ➥Exercícios escritos de gramática.
produção do aluno. ➥Tradução de textos ou de listas de
vocabulário.
310
© Universidade Aberta
A inovação reside na ideia de que as Técnicas:
estruturas da língua são adquiridas pelo ➥Audição de diálogos.
homem através de uma prática de ➥Repetição e representação dos
repetição do modelo que motiva a diálogos ouvidos.
criação de hábitos linguísticos. ➥Repetição de estruturas
gramaticais e algum vocabulário.
➥Exercícios com tabelas de
substituição.
311
© Universidade Aberta
- Hymes: O homem não possui apenas ➥Apresentar vocabulário ou uma
uma competência gramatical, tal como estrutura por meio de uma
Chomsky comprovou, mas também tem contextualização em forma de um
interiorizada uma competência texto ou de uma audição de uma
comunicativa, isto é, um conhecimento entrevista ou conversa.
de como usar a linguagem apropriada ➥Explorar a compreensão por meio
às actividades/às situações às quais o de questões.
indivíduo quer participar. ➥Praticar as estruturas relevadas de
uma maneira gradativa.
➥Utilizar as estruturas em situações
criadas de comunicação (podendo
incluir-se actividades escritas como
por exemplo a escrita de uma carta).
Com o intuito de não fugir à questão cultural no ensino das línguas, denota-se,
neste programa, um certo alheamento à veiculação de informação cultural no
2º ciclo, que compreendia o 3º, 4º e 5º anos do liceu, e uma grande preocupação
312
© Universidade Aberta
no cumprimento dessa tarefa no 3º ciclo, ou seja, nos 6º e 7º anos. Tal como o
programa propõe:
313
© Universidade Aberta
O grande tema organizador do ensino da língua inglesa é O MUNDO EM
QUE VIVEMOS. Com o intuito de se orientar o aluno para o processo de
auto-conhecimento a que ele deverá ser sujeito, o programa propõe um
percurso gradativo que tenha por base a ÁREA DE EXPERIÊNCIA DO
ALUNO. Neste caso, o 2º ciclo deverá dedicar ao Eu e a minha
comunidade: espaços e pessoas; o 3º ciclo: Eu e a comunidade alargada:
organização e formas de relacionamento e o secundário: Eu, cidadão do
país, da Europa e do Mundo. Os campos de incidência nestas áreas de
experiências são no 2º ciclo: Identidade; no 3º ciclo: Identidade versus
Diferença e no ensino secundário: tradição versus modernidade e
heterodoxias.
314
© Universidade Aberta
3. QUESTÕES/OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO:
Através das poucas leituras e breves análises feitas, pude observar que o ensino
da língua, até há pouco tempo, renunciava a uma abordagem cultural e, quando
a promovia, acabava por ser superficial e por criar/ensinar estereótipos.
Os novos programas de inglês enfatizam a importância de um conhecimento
cultural dos outros povos mas sob uma perspectiva mais profunda e realista.
A análise fulcral do estudo empírico terá de focalizar principalmente a descrição
de uma situação inicial, ou seja o conhecimento que os alunos terão da cultura
dos povos, cuja língua aprendem, e as suas atitudes perante essas culturas.
Em seguida, torna-se-á pertinente observar como esta abordagem sociocultural
proposta nos programas novos é feita nas aulas e como reagem os alunos.
Por último, deverá ser verificado novamente o conhecimento sociocultural que
os alunos possuem e as atitudes perante os outros povos e a sua cultura. Se
houver mudanças de comportamento, pressupõe-se que a aplicação do
programa é viável, não só do ponto de vista metodológico, como pelos objectivos
que propõe. Se não houver mudanças observadas, poderá significar
principalmente falhas no processo de ensino, provavelmente devidas:
- à falta de compreensão dos professores do novo programa;
- à falta de consciencialização ou preparação dos professores para
operacionalizar esta conceptualização do ensino da língua.
315
© Universidade Aberta
4. RELEVÂNCIA DO ESTUDO:
316
© Universidade Aberta
Uma outra dissertação de mestrado à disposição na mesma faculdade e que
mereceu ser alvo de alguma atenção intitula-se Caracterização de Aulas de
Tipo Interrogativo - Contributo para a Pesquisa das Funções dos Alunos,
elaborada por Maria Teresa de Jesus da Silva do Rio Carvalho. A autora desta
tese intentou verificar até que ponto as aulas de tipo interrogativo colocam
realmente o aluno no centro do processo de aprendizagem. Após uma análise
metodológica baseada na observação directa, a autora descreve o método
interrogativo como uma ilusão pedagógica. Conclui que:
317
© Universidade Aberta
sala de aula e no ensino básico, a consulta a esta tese auxiliar-me-á com algumas
pistas organizativas para:
Instituições Professores
7. METODOLOGIA:
A) Tipo de Investigação:
A investigação que mais se adequa a este estudo parece ser a qualitativa, pelas
seguintes razões:
318
© Universidade Aberta
da investigação é captar como os alunos vão encarando/interiorizando
as realidades que lhe são apresentadas, tornar-se-á demasiado redutivo
adoptar um método unicamente quantitativo, cujos instrumentos de
recolha não só são incapazes de captar vários aspectos do
comportamento verbal e gestual, como também limitam a
espontaneidade e diversidade de opiniões.
B) Instrumentos:
319
© Universidade Aberta
E) Procedimentos:
8. DEFINIÇÃO DE TERMOS:
A) AO TEMA:
s.a.
1996 Programas do Ensino Liceal, Lisboa, Imprensa Nacional de Lis-
boa.
BELL, ROGER T.
1981 An Introduction to Applied Linguistics - Approaches and Methods
in Language Teaching, London, Bastford Academic Eduacational
Limited.
BRUMFIT, C.J.
1982 English For International Communication, Oxford, Pergamon
Press.
BRUMFIT, C. J. e JOHNSON, K
1979 The Communicative Approach to Language Teaching, Oxford,
Oxford University Press.
CANALE, Michael
1983 From Communicative Competence to Communicative Language
Pedagogy, London, Longman.
320
© Universidade Aberta
CANDLIN, C. N.
1981 The Communicative Teaching of English: Principles and an
Exercise Typology, London, Longman.
CLARKE, Arthur
ST
1988 The Role of English in the 21 Century, in E.L.T. Documents
128, The British Council.
COOK , Vivian
1991 Second Language Learning and Language Teaching, London,
Edward Arnold.
DAMEN, L.
1987 Culture Learning: The Fifth Dimension in the Language
Classroom, Savignon, Addison Wesley Publishing Company,
Reading.
ELLIS, Rod
1992 Second Language Aquisition and Pedagogy, Clevedon:
Multilingual Matters.
321
© Universidade Aberta
GRANT, N.
1989 Making the Most of your Textbook, New York, Longman.
HUTCHINSON, Tom
1987 “What's Underneath? An Interactive View of Materials
Evaluation”, in E.L.T. Documents 128, The British Council, pp.
37-44.
JOHNSON, Keith
1982 Communicative Syllabus Design and Methodology, Oxford,
Pergamon Press.
JOHNSON, R.
1989 The Second Language Curriculum, Cambridge, C.U.P.
KRAMSCH, CLAIRE
1993 Context and Culture in Language Teaching, Oxford, Oxford
University Press.
LOVEDAY, LEO
1982 The Sociolinguistics of Learning and Using a Non-Native
Language, Exeter, Pergamon Press.
MORRIS, I.
1956 The Art of Teaching English as a Living Language, London,
Macmillan.
MORROW, K. e SCHOCKER, M.
1987 “Using Texts in a Communicative Approach”, in ELT Journal,
British Council 41/4:248-256.
322
© Universidade Aberta
PRESTON, Dennis R.
1989 Sociolinguistics and Second Language Aquisition, Oxford, Basil
Blackwell.
RIVERS, W. M
1981 Issues in Second Language and Cross - Cultural Education: The
Forest Through the Trees, Boston: Heile & Heile Publishers,Inc.
ROBINSON, G. L.
1978 Language and Multicultural Education, An Australian
Perspective, Sydney, Australia and New Zealand Book Company.
SAVILLE, Troike
1978 A Guide to Culture in the Classroom, Washington D.C., Center
for Applied Linguistics.
SEELYE, H.
1978 Teaching Culture: Strategies for Foreign Language Educators,
National Textbook Co. in conjunction with ACTFL.
STEVICK, E.W.
1990 Humanism in Language Teaching, Oxford, O.U.P..
STRECHT-RIBEIRO, Orlando
1990 Como se aprende uma língua estrangeira: crianças e adultos,
Lisboa, Livros Horizonte.
323
© Universidade Aberta
VANEK
1986 “The Promotion of Autonomy”, in Self Assessment of Foreign
Language Skills, Council of Europe Strasbourg, pp. 71-79.
VÁRIOS
1986 Análise da Situação - Programas, Lisboa, Ministério da Educa-
ção e Cultura Gabinete de Estudos e Planeamento.
WIDDOWSON, H.G.
1978 Teaching Language as Communication, Oxford, Oxford University
Press.
WIDDOWSON, H.G.
1990 Aspects of Language Teaching, Oxford, Oxford University Press.
WHORF, B. L.
1956 Language, Thought and Reality, Boston, M.I.T. Press.
ZARATE, Geneviève
1993 Représentations de l‘étranger et didactiques des langues, Paris,
Didier.
1986 Enseigner Une Culture Etrangère, Paris, Hachette.
B) À METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO:
BRANNEN, J.
1994 Mixing Methods: Qualitative and Quantitative Research,
Aldershot, Avebury.
324
© Universidade Aberta
ESTRELA, Albano
1986 Teoria e Prática de Observação de Classes - Uma Estratégia de
Formação de Professores, 2º ed.,Lisboa, I.N.I.C.
FORTUNA, Vasco
s.d. Curso de Estatística, Lisboa, ISCSPU.
GHIGLIONE, R.; MATALON, B.
1993 O Inquérito. Teoria e Prática, Oeiras, Celta.
LEVIN, J.
1987 Estatística Aplicada a Ciências Humanas, S. Paulo, Harper and
Row do Brasil.
PATTON, M.
1987 Qualitative evaluation and research methods, 2º ed. Newbury
Park, Sage
SILVERMAN, D.
1993 Interpreting qualitative data: methods for analysing talk, text and
interaction, Londres, Sage.
10. CALENDARIZAÇÃO:
325
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Benvindo do Rosário
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
INTRODUÇÃO
Porém, e uma vez que desde há doze anos temos mantido, por via de relações
de amizade muito estreitas e de viagens frequentes, contactos com Espanha,
país que para nós sempre significou “bom vento”, não obstante a imagem
que nos foi transmitida por um orientado ensino da História encerrar alguns
preconceitos que retiram objectividade aos factos, mudámos o rumo e
começou a germinar a ideia de analisarmos as características da imigração
caboverdeana neste país.
329
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
PRÉ-PROJECTO DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
1. Título (provisório)
331
© Universidade Aberta
diz Deirdre Meintel: “In America, the Capeverdean-American community
has been a successful one from the point of view of the wider American
society and from that of the immigrants as well. They avoided welfare, became
1
Meintel, Deirdre. Race, homeowners, and gained a reputation for hard work and dependability”1.Esta
Culture, and Portuguese
Colonialism in Cabo Verde,
não será, por outro lado, a imagem que existe do caboverdeano em Portugal,
Syracuse University, New uma vez que aquela foi ditada ao longo dos anos por uma visão deturpada e
York,1984
muitas vezes explorada de forma algo inconsciente pela própria imprensa,
através de notícias que punham em destaque a origem étnica de quem cometia
os desacatos.
Lugo - pescadores.
O factor tempo, aliado a outros de não menos importância, não nos permite
debruçarmo-nos sobre todos os núcleos a que nos referimos. Assim sendo,
optámos por direccionar o nosso trabalho para a comunidade caboverdeana
de El Bierzo, zona situada no noroeste da província de León, núcleo
constituído na sua quase totalidade por mineiros e analisá-la na perspectiva
da sua adaptação à sociedade receptora, ou seja, pretendemos saber quais as
formas e percursos de integração destes imigrantes nos núcleos em que estão
inseridos. Esta delimitação do objecto de estudo também tem a ver com o
facto de estar a ser elaborada tese sobre os caboverdeanos residentes em
Laciana (leste da província) por uma investigadora espanhola.
3. Questões/Objectivos da Investigação
332
© Universidade Aberta
imigrantes, que levam a que se definam as formas de relacionamento dos
distintos grupos de acordo com aqueles princípios e que condicionam a
inserção dos estrangeiros num novo esquema de relação social e económica,
numa nova realidade. No que se refere aos modelos de integração são
comumente aceites dois conceitos2: 2
Aragon Bombin, Raimundo
“Hacia una política activa de
Inmigración”, in Revista de
Modelo puré - O objectivo é conseguir um conjunto o mais homogéneo Economia y Sociologia, nº
possível, no qual as diferenças tendam a diminuir, conseguindo-se uma 11, p. 101, Madrid, Março
1991.
aceitação generalizada dos valores predominantes na sociedade
de acolhimento. É o chamado melting pot.
333
© Universidade Aberta
“Coscienti che l’ostacolo principale all’integrazione, in una societá cosi
complessa come quella italiana, é costituito dal basso livello scolastico,
le immigrate esprimono un interesse sempre maggiore per l’istruzione
4
Jesus, Maria de Lourdes, finalizzata alla formazione professionale.”4
Marzot, Mario, et all, Capo
Verde, Una Storia Lunga
Dieci Isole, D’Anselmi Qual o nível de instrução dos imigrantes? Quais os mecanismos (a
Editore, Milano, 1989 existirem) que permitem a igualdade de acesso à educação e o colmatar
das diferenças sociais a que, por natureza, os imigrantes estão sujeitos?
334
© Universidade Aberta
estudos que venham a realizar-se com outros núcleos migratórios
caboverdeanos, nomeadamente aqueles a que fizemos referência.
5. Revisão da Literatura
Não obstante este pequeno “obstáculo”, e tanto quanto pudemos apurar até
ao momento, não há nenhuma tese que verse este tema. Existem, isso sim,
dois artigos - “Inmigrantes Caboverdeanos en El Bierzo” (Polígonos, Revista
de Geografia, nº4, pp. 99-105), escrito em 1994 por Carlos Aranda Vasserot,
em que o autor faz uma breve abordagem das diferentes fases da chegada de
imigrantes caboverdeanos a León, as actividades desenvolvidas por estes,
sua procedência e a trajectória que habitualmente fazem até chegarem a León;
“Portugueses y Caboverdianos en España” (Estudios Geográficos, nº210,
pp. 75-96), escrito em 1993 por Lorenzo Lopez Trigal e Ignacio Prieto Sarro,
docentes e investigadores do Departamento de Geografia da Universidade
de León, os quais fazem igualmente uma análise das características da
imigração portuguesa em Espanha, considerando-a semelhante à cabo-
verdeana no que diz respeito ao percurso, ocupação, etc. - . Da autoria de
Lopez Trigal, existe igualmente um livro, cujo título, La Inmigración
Extranjera en León, dá conta das características do movimento migratório
para esta Província Espanhola, onde existem muitas minas (principalmente
de carvão) e onde os portugueses representam a maior comunidade migrante,
sendo o número de caboverdeanos percentualmente significativo.
335
© Universidade Aberta
6. Fontes possíveis de Consulta
6.1 ESPANHA
- Imigrantes Caboverdeanos;
6.2 PORTUGAL
336
© Universidade Aberta
6.3 CABO VERDE
7. Metodologia
2 - Entrevistas:
b) Patrões, empresários;
d) Habitantes da comunidade;
337
© Universidade Aberta
4 - Biografia (uma a duas, no máximo)
Constituição de famílias
7.2 Procedimentos
8. Operacionalização de conceitos
- Caboverdeano
- Assimilação
- Aculturação
- Marginalização
- Imigrante
- Integração
338
© Universidade Aberta
9. Referências Bibliográficas
CARREIRA, António
s.d. Migrações nas Ilhas de Cabo Verde, Lisboa, Universidade Nova de
Lisboa.
339
© Universidade Aberta
GOZÁLVEZ PÉREZ, Vicente
1996 “L’immigration étrangère en Espagne (1985-1994)”, in Revue
Européenne des Migrations Internationales, vol. 12, nº 1, pp. 11-38,
Poitiers.
IZQUIERDO ESCRIBANO, A.
1991 “La Inmigración Ilegal en España”, in Economia y Sociologia del
Trabajo, nº 11, Março, (pp. 18-38).
1996 La Inmigración Inesperada, Madrid, Editorial Trotta.
340
© Universidade Aberta
Ministerio del Interior, Comision Interministerial de Extranjeria
“Anuario Estadístico de Extranjeria” (vários anos)
ROCHA-TRINDADE, Mª Beatriz
1995 Sociologia das Migrações, Lisboa, Universidade Aberta.
SILVESTRE, Alda
1994 Cabo Verde na Rota da Internacionalização, s/l, Grupo de Coopera-
ção de Língua Portuguesa do Instituto Internacional de Caixas Econó-
micas.
TODD, Emmanuel
1996 El Destino de Los Inmigrantes. Asimilación y Segregación en las
Democracias Occidentales, Barcelona, Tusquets Editores.
BRYMAN, Alan
1988 Quantity and Quality in Social Research, Routledge, Londres e Nova
Iorque.
341
© Universidade Aberta
GRAWITZ, Madeleine
1984 Méthodes des Sciences Sociales, Paris, Dalloz.
342
© Universidade Aberta
343
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
Lúcio Sousa
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
1. O TEMA EM ESTUDO:
2. PROBLEMATIZAÇÃO
347
© Universidade Aberta
3. QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO:
• motivações de partida;
• itinerários de inserção;
• reagrupamento familiar;
• “choque de culturas”;
4. OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO:
348
© Universidade Aberta
5. RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Ideia reafirmada por Danièle Joly e Robin Cohen (1989, p. 6) que dizem a
este respeito:
349
© Universidade Aberta
trabalho possa ser relevante em termos de conhecimento teórico e em
aplicações sociais de natureza prática.
6. REVISÃO DA LITERATURA
350
© Universidade Aberta
result of political changes, in many cases accompanied by conflicts of ethnic
or religious nature, and by implying that the actors freedom is restricted as
regards the decision to migrate.” associando à situação portuguesa a presença
de refugiados políticos de origem angolana e moçambicana.
“Under certain conditions, the decision to move may be made after due
consideration of all relevant information, rationally calculated to maximize
net advantage, including both material and symbolic rewards”.
«(...) the decision to move may be made in a state of panic facing a crisis
situation which leaves few alternatives but escape from intolerable threats».
Entre estes dois extremos, muitas das decisões dos migrantes “económicos”
e “políticos” são respostas “difusas” no continuum já referido, caracterizado
pela dinâmica relacional entre quem promove as situações e quem actua em
resultado delas.
351
© Universidade Aberta
efeitos ou circunstâncias traumáticas da saída que podem afectar a sua
inserção, referem ainda as expectativas do regresso e o modo como a
percepção da sua estadia (tanto temporária como definitiva) poderá afectar
também a respectiva inserção, nomeadamente se estes desenvolvem uma
actividade de militância política tendo em vista a mudança do país de
origem.
352
© Universidade Aberta
7. METODOLOGIA
a) pesquisa documental;
b) pesquisa de campo.
353
© Universidade Aberta
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS
(Biblioteca);
UNIVERSIDADE DE LISBOA — Faculdade de Letras (Instituto de
Geografia);
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA OS REFU-
GIADOS;
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS — Centro de Docu-
mentação;
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura);
UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância);
INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO;
CENTRO JEAN MONET, Lisboa.
Estando afecto ao Centro de Estudos das Migrações e Relações
Interculturais (CEMRI), terei acesso às redes europeias de que este Centro
é parceiro com Universidades que têm importante trabalho desenvolvido
nesta temática. Exemplo de redes em que o Centro tem trabalho
desenvolvido são: ERASMUS, SOCRATES, TEMPUS E ARION.
São informações que não podem ser obtidas de outro modo e que requerem
um grande cuidado por parte do investigador, de modo a não seleccionar de
forma sectária ou enviesante o conjunto de informadores que irá entrevistar.
354
© Universidade Aberta
Quanto à selecção dos entrevistados, que constituirão a «amostra», são por
demais conhecidas as dificuldades inerentes à sua constituição quando o
estudo se centra sobre populações migrantes. O fenómeno da clandestinidade
e a salvaguarda da privacidade individual deste tipo de população conduz à
inexistência de estruturas de amostragem ou, quando existam, torna difícil o
acesso à sua consulta.
1. sexo;
2. idade;
355
© Universidade Aberta
• Participação voluntária por parte do refugiado;
• Consentimento na utilização da informação obtida;
• Confidencialidade;
• Referência ao risco — informação de objectivos e patrocínios (caso
os obtenha). (Adaptado: Willingen, 1986, p. 42)
356
© Universidade Aberta
• aculturação: «(...) désigne l’ensemble des interférences culturelles
que les immigrés et leur enfants subissent, à tout les niveaux, de
l’adaptation et de l’integration, par suite de la constante de leur culture
d’origine avec celle de la sociéte d'accueil.» (Ibid, 1988, p. 128)
9. EVENTUAIS LIMITAÇÕES:
357
© Universidade Aberta
10. RECURSOS NECESSÁRIOS
358
© Universidade Aberta
CRONOGRAMA, DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - 96/97
© Universidade Aberta
359
11. BIBLIOGRAFIA
CARMO, Hermano
1995 Métodos de Investigação — Bloco I / Mestrado em Relações
Interculturais, apontamentos.
ABOU, Sélim
1988 L‘insertion des immigrés. Approche conceptuelle, in: Les Étrangers
dans la Ville. Le Regard des Sciences Sociales, Paris, L’Harmattan.
360
© Universidade Aberta
COSTA, José Martins Barra da
1996 Exílio e Asilo (A questão Portuguesa 1974-1996), Lisboa, Univer-
sidade Aberta.
JACKSON, John
1991 Migrações, 1ª ed., Lisboa, Esher.
RICHMOND, Anthony H.
1988 Sociological Theory of International Migration: the case of refugees,
in: Current Sociology, nº 30/2.
1992 Sociological Perspectives on Refugees Movements. Migration Trends
in the 90’s: Old Themes, New Issues; Lisbon, 6 – 8 April (policopiado).
361
© Universidade Aberta
ROCHA - TRINDADE, Maria Beatriz
1996 Poder, Dever e Querer, in: O Asilo em Portugal,Vol. 2, Lisboa, S.P.R.
RICHMOND, Anthony H.
1994 Global Apartheid Refugees, Racism, and the New World Order,
s. ed., Toronto, New York, Oxford, Oxford University Press.
RUTTER, Jill
1994 Refugee Children in the Classroom, London, Trentham Books.
362
© Universidade Aberta
Abel Simões Virgílio
© Universidade Aberta
Página intencionalmente em branco
© Universidade Aberta
1. OBJECTIVO DA INVESTIGAÇÃO
365
© Universidade Aberta
dos média), do significado que deram aos acontecimentos, aos fenómenos,
aos conceitos. O ambiente cultural exerce uma forte influência em todos os
indivíduos, inclusive nos professores.
Algumas questões são suscitadas nas escolas frequentadas por essas minorias
étnicas, como, por exemplo, como é que se processa a relação na sala de
aula ao nível dos alunos e das suas diferenças? Em que factores se baseiam
as expectativas dos professores? Como é que o professor constrói e forma
pontos de vista sobre os alunos? Quais os critérios em que o professor se
baseia para fazer a apreciação cognitiva e socio-afectiva dos seus alunos e,
designadamente, dos alunos das minorias étnicas?
366
© Universidade Aberta
1.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Este estudo foi limitado a professores do 1º. ciclo do ensino básico (antes
designado por escola primária). Limita-se a professores deste ciclo porque
é lugar comum a sociedade dizer que têm o papel importantíssimo de
preparar os alunos com a formação de base necessária para uma adequada
inserção social, num tempo de mudanças e de dimensão pluriétnica e
pluricultural.
367
© Universidade Aberta
MINORIAS ÉTNICAS - grupos minoritários no país de acolhimento, que
possuem uma raiz cultural comum, história, mitos e memórias e que partilham
um sentimento de unidade. (HORTA, Ana Paula Beja - Diversidades Culturais
- MRI 94 - 95)
ou,
ou,
368
© Universidade Aberta
2. REVISÃO DA LITERATURA
3. PROCEDIMENTOS
369
© Universidade Aberta
3.1.3 - Aplicação do pré-questionário, para testagem do instrumento, a
um grupo de professores de escolas de concelho diferente dos
abrangidos pelo estudo.
370
© Universidade Aberta
3.4 ACTIVIDADES (já desenvolvidas à data da publicação deste
manual)
Foi feita depois uma análise do conteúdo do registo das entrevistas que serviu
de base à construção dum pré-teste com 72 questões, obedecendo aos
normativos habituais para este tipo de instrumento de pesquisa: a preparação,
a formulação e a redacção das perguntas.
3.5 VALIDADE
371
© Universidade Aberta
de Likert, de cinco intervalos (concordo plenamente – concordo – indeciso –
discordo – discordo plenamente) que aparecia nos questionários e que mereceu
a sinalização pelos indivíduos sujeitos da investigação.
Para o tratamento dos dados foi escolhida uma prova estatística que, no caso
deste estudo, foi uma prova estatística não paramétrica; para a aplicação
dessa prova usou-se um programa de computador (Statgraph).
3.7. CALENDARIZAÇÃO
372
© Universidade Aberta
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAQUERO, G.,
1973 Métodos de Pesquisa Pedagógica, São Paulo, Ed. Loyola.
CRONBACH, L. J.,
1984 Essentials of psychological testing, (4 ed.), New York, Harper & Row.
DUPONT, D.
1989 "L’étude des représentations, un enjeu pour les éducateurs". Les
Sciences de l’Education, n.º 2. 51-68.
ESTRELA, A.
1986 Teoria e Prática de Observação de Classes, Lisboa, I.N.I.C.
FLORIN, A.
1987 Les représentations enfantines de l’École: Étude exploratoire de
quelques aspects. Revue Française de Pédagogie. n.º 81 ( Oct-Dec.),
31-42.
GHIGLIONE, R. e MATALON, B.
1978 Les Enquêtes Sociologiques - Théories et Pratique, Paris, Armand
Colin.
GIL, A. C.
1987 Métodos e técnicas de pesquisa social, São Paulo, Ed. Atlas S.A.
GILLY, M.
1989 Les Représentations Sociales dans le champ éducatif, Paris, PUF.
INCHAUSTI, A. A.
1976 Estatística Aplicada à las Ciências Sociales, Madrid, Ed. Pirâmide.
JAVEAU, C.
1978 L’Enquête par questionnaire – Manuel à l’usage du practicien.
Bruxelles, Ed. de l’Université de Bruxelles.
373
© Universidade Aberta
LAKATOS, E. & MARCONI, M.
1983 Metodologia Científica, São Paulo, Ed. Atlas S.A.
MANN, P.
1970 Métodos de investigação sociológica, Rio de Janeiro, Ed. Zahar.
MARCONI, M. A. e LAKATOS, E. M.
1990 Técnicas de Pesquisa, São Paulo, Ed. Atalas S.A.
MATOS, A. M. St. M.
1984 Reconstrução das Identidades no Processo de Emigração: A popu-
lação caboverdiana residente em Portugal, Tese de doutoramento,
Lisboa, I.S.C.T.E.
MUCHIELLI, R.
1979 O Questionário na Pesquisa Psicossocial, São Paulo, Martins Fon-
tes.
ROSA, A. M. L.
1991 As representações da actividade docente dos professores e a satisfa-
ção profissional, Tese de Mestrado, Lisboa, F.C.U.L.
SIEGEL, S.
1981 Estatística não paramétrica para as Ciências do Comportamento,
São Paulo, Ed. McGraw-Hill do Brasil.
VALA, J.
1984 La Production Sociale de la Violence: Représentations et Compor-
tements, Tese de doutoramento – Un. de Louvain, Fac. de Psychologie
et Sciences de l’Éducation.
374
© Universidade Aberta
Fonte: (Gay, 1981, 409)
375
© Universidade Aberta
Composto e paginado
na Universidade Aberta
2.a edição
Lisboa, 2008
© Universidade Aberta
147 ISBN: 978-972-674-512-9