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SANTOS
Revisão: Andrea Moreira
Capa: Jessica D. Santos
Diagramação: Jessica D. Santos
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Dados internacionais de catalogação (CIP)
CARTER – HERDEIROS DA MÁFIA – LIVRO 4
1ª Edição
1. Literatura Brasileira. 2. Literatura Erótica. 3. Romance.
Título I.
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É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer
forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio
de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem
permissão de seu editor (Lei 9.610 de 19/02/1998). Esta é uma obra
de ficção, nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos
são produtos da imaginação do autor, qualquer semelhança com
acontecimentos reais é mera coincidência.
Todos os direitos desta edição são reservados pela autora.
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1º de janeiro de 2009.
Nota da autora
Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Epílogo
Sobre a autora
Herdeiros da máfia
Outras obras
Máfia é uma organização criminosa cujas atividades estão
submetidas a uma direção de membros, que sempre ocorre de
forma oculta e que repousa numa estratégia de infiltração da
utilizando-me de licença poética. Não espere ler este livro e ver nele
qualquer estrutura verídica, real ou influenciada pela Cosa Nostra,
Ivanov, mas, por mais que eu odeie que ela chore, vou ter que negar
esse pedido.
assustados.
— Amor, eu não disse que é para você trair a sua família!
Jamais te pediria isso. Só estou falando para não cometer a loucura
ficado com a boca fechada — urro, desviando o olhar para não ver
suas lágrimas.
chora sem parar.— Shhh... Não faça isso, você não é assim. Não
Carter James Knight, você é meu homem, mas não é meu pai. Está
entendendo? Somos parceiros para todas as horas. Eu vou com
você. Está decidido.
vai ver dois homens com o dobro do seu tamanho para te impedir de
sair — aviso, com o semblante fechado.
ela, serei a porra de um bundão. Sigo até uma das salas que tem no
corredor e entro, em seguida, Lana entra também. Dou de ombros e
vou até a mesa de madeira, abrindo a gaveta e pegando a minha
pistola Taurus 380 e jogando para Lana, que se assusta com minha
ação e deixa o objeto cair.
arriscar a sua vida por um capricho seu. Essa guerra é minha e dos
meus irmãos, não sua. E se alguém tiver que morrer hoje, terá que
ser eu, não você! — Bato as mãos abertas na mesa, causando um
uma bala na cabeça! Você é apenas uma piloto, não uma sniper.
está certo, não deveria ter contado para ela os nossos planos. Eu já
deveria ter imaginado que Lana agiria dessa maneira. Hoje não
estou indo comandar uma corrida com a minha equipe, mas sim
está acontecendo.
soluça.
Não fode comigo, minha gata. Olho para Svetlana, que está
com os olhos avermelhados.
em seu ouvido enquanto beijo seu pescoço, mas Lana não diz nada,
ação.
essa ameaça pra sempre, não posso mais trair quem amo. Carter e
os irmãos não merecem isso, eu não... sou capaz de viver nessa
tudo. Além do mais, minha casa já está tomada por invasores, você
ouviu meus homens avisando. Suponho que sejam seus
amiguinhos, então você tem que sair daqui se não quiser morrer
ordenar, minha dívida com você está paga, o meu serviço foi feito.
minha família, para atender aos seus caprichos. Fiz o que você me
pediu esses anos todos, esse foi o último trabalho sujo que fiz.
― Lana reúne todas as forças que parece ter e fala de uma única
tudo planejado. Resta saber quais são seus planos para a minha
mulher.
outra alternativa. Tenho certeza de que a sua traição não será vista
com bons olhos pelo meu irmãozinho e a corja dos Knight. Venha
comigo, traidora, vou levá-la para frente de casa e jogar você e eles
para o espaço. Minha casa está cercada por minas terrestres.
risco no momento.
verme.
― Carter, pare, por favor. Ele vai matar todos nós, isso é parte
Svetlana não merece isso, mas, por que ela não foi sincera
comigo? Medo? Não sei, mas preciso que ela continue viva para
tirar a limpo essa história. Agora é questão de honra salvá-la.
por conta da criação, afinal, seus pais são de família tradicional, não
é mesmo, gostosa? ― Lucke fala e lambe o lóbulo da orelha de
Lana, me fazendo rosnar com raiva e pular no pescoço do filho da
puta.
porque sei que não a verei mais com vida. Essa é a nossa
despedida. Por mais que eu tente levar as coisas para o caralho do
lado positivo, sei que Lana não irá resistir.
― Lana, fique comigo, por favor... Resista, querida... Eu vou te
levar daqui e vou te salvar. Vai ficar tudo bem ― imploro, com a voz
falha. Aproximo mais seu corpo do meu e sinto que estou perdendo-
a. Minha visão está turva com lágrimas brotando em meus olhos.
Pressiono seu abdômen para tentar conter o sangramento, mas sei
que é inútil.
ombro.
próprio pai deu para quitar uma dívida comigo. Por outro lado, não
posso deixar mais uma vida inocente nas mãos de pessoas podres,
foto. Nem sei direito a idade que ela tem, me falaram por alto na
maldita reunião, que o serviço que fiz para os Lynch foi pago com
estranho, mas não sei por que me espanto, se é normal que esses
amanhecer para ver se a dor que estou sentindo no peito vai para o
cara que faz escada para ninguém subir. Aprendi que se é para
alguém estar lá em cima, essa pessoa tem que ser eu, e não um
com os Knight.
meus inimigos.
— Sr. Carter, boa noite — me cumprimentam assim que saio
— falo, sentindo que as doses que tomei não estão mais fazendo
efeito, a leve embriaguez foi substituída pelo sentimento de repulsa.
com ele, que ousou ter culhões para me obrigar a largar meu luto
para buscar o meu pagamento.
outro tipo de cara, com certeza aceitaria foder bocetas fáceis, mas
jamais o fiz, nunca vi necessidade de me envolver com mulheres
quando percebo que o inútil não vai desistir até que eu o atenda.
tolices.
Penso em desligar o celular, mas mudo de ideia quando meus
olhos batem no papel de parede dele – Lana está de pé, encostada
no meu carro e sorrindo para a câmera –, ainda me lembro de
daquele miserável.
o que isso significa para mim? Nada. Nada mais tem sentido sem
ela ao meu lado. Minha companheira partiu, e com ela levou uma
vivessem.
Se alguém disser que tenho raiva por ela ter traído a minha
dos Knight dirá o mesmo, não é à toa que fazemos de tudo pela
família.
descansar — digo.
peito ser esmagado a cada segundo que penso nela, parece que
horas atrás não existe mais, não agora, sozinho com pensamentos
perturbadores.
Dor.
Sofrimento.
Frio.
Um vazio angustiante.
Tudo que eu não sentia desde que meus pais foram
solidão, penso o quanto a vida foi filha da puta mais uma vez
comigo. Na primeira, levou as pessoas que eu mais amava; na
meus herdeiros.
minha, mas hoje não estou a fim de sujar meu gramado com sangue
de vermes.
miserável fala algo para um dos meus e aponta o dedo na cara dele,
que não gosta muito e avança para cima do filho do meu sócio. O
idiota solta uma gargalhada afrontosa.
relaxada. Não há nada para temer, ele não é páreo para mim, mas
acha que é.
à cabeça.
— Diga logo de uma vez o que veio fazer aqui sem que eu
observando.
aqui encher o meu saco. Está maluco se pensa que vou deitar e
no seu joguinho.
machucando. Mas que porra tenho a ver com isso? Carter James
Knight sempre sendo o salvador. Estou com tantos problemas, que
eu sabia que encontraria isso ao vir até aqui. Fixo meus olhos nela e
vejo seus cabelos ruivos, quase alcançando os quadris, como tinha
suas palavras.
do seu medo.
Olho para seu corpo magro e sem curvas. Não tenho interesse
algum nela, nenhuma mulher me interessa, e não será uma pirralha
— Depende.
corredor do meu quarto, não saia sem a minha permissão, não fale
comigo mais que o necessário, não invada a minha privacidade.
Amanhã vou buscar a sua babá.
— Sim, senhor. — Ela arruma uma mecha ruiva que cai sobre
seu rosto.
cantos da casa — aviso e saio, sem esperar que ela diga mais
alguma coisa.
Então peço para que ele busque a babá de Muriel ainda hoje.
Nos despedimos e eu me jogo na cama. Cansado, deito de
bruços e fecho os olhos, minhas pálpebras pesam no mesmo
menina ter esquecido uma das regras – nada de sair sem minha
permissão. Me fiz de desentendido e voltei a beber o Johnnie
irá te dar trabalho, não é? Vai ter que deixá-la afastada de muitas
— Já que ela é minha agora, vou lhe dar todo suporte que precisa
até atingir a maioridade. E quando puder se virar sozinha, ela vai ser
livre para partir. Não que Muriel não seja livre agora, mas sei que na
idade dela não deve saber nada da vida. E com os monstros que ela
por aí.
momento, mas como você está? — Sei que se refere a minha perda
recente.
continência.
casa — falo.
candidatas.
quase abafadas.
quarto, me disse que eu ia ser levada para o meu dono. Ele veio o
caminho todo até aqui rindo com os homens, dizendo que eu seria
Ela diz isso mais uma vez, fico perplexo e furioso. O grande
cumpridas.
corredor.
de vocês.
— Mas como... como eles não vão poder me fazer mal, se o
senhor está... no território deles? — pergunta Muriel, com doçura.
Outro dia. Outro dia sem ela, sem a minha morena, sem Lana
amo tanto, porra... Você prometeu que iríamos construir uma família,
Vinte e quatro horas que ela morreu. Todas as vezes que olho
para o maldito relógio, penso que vou perder o juízo. Tenho vontade
sua morte.
Por que o tempo está passando tão rápido para mim? Por que
a minha dor continua aqui? Não que eu vá esquecê-la, foi meu
devaneios. Muriel.
O que essa menina quer? E por que veio para o meu lado do
corredor, quebrando mais uma regra?
babá, não quer dizer que pode sair por aí fazendo o que bem
entende. Estou sem paciência alguma, e agora essa pirralha vem a
sei o que seu pai e seu irmão faziam com você, mas saiba que não
sou eles. Não quero mais repetir isso para você. E me chame de
Carter, não sou tão velho assim. — Eu a solto.
lo — declara.
olhos. — Agora volte para o seu quarto, não quero ver você se
me vestir. Inferno, não posso nem mesmo sentir o meu luto em paz,
cada hora é uma coisa.
Tenho um jantar de negócios com alguns membros da máfia
irlandesa, mas tinha caído no esquecimento até receber a ligação
do próprio Sinead para me lembrar. O encontro foi marcado há
meneio a cabeça.
menina não sabe muita coisa. O que pude perceber nela é que
entende muito bem de violência, já que me olha como se eu fosse
atentamente.
um detalhe importante.
restaurante.
que deveria ter falado desde o início. Abaixo o vidro da janela e olho
para Daniel, que está perto da porta de entrada.
quero você e os outros longe da garota. Não quero que nem mesmo
olhem na direção dela enquanto ela estiver por aqui — aviso e
altura, vestido com roupas formais e armado. Ele tem uma cicatriz
horrível, que parece uma queimadura, no lado esquerdo do rosto.
Avalia-me, desconfiado.
Olho para trás e depois foco no homem que está quase infartando
de fúria. — Mas ela está em boas condições. Fico lisonjeado com
se move.
Kael me revista para ver se acha algo, mas o que ele encontra
são minhas Glocks. Por um instante penso que o homem vai falar
algo, mas ele apenas faz um sinal para que os dois homens parados
pés à cabeça.
que faz.
dela e lambe a cocaína da sua pele. — Não me diga que o seu pau
broxou depois que a sua amada russa morreu? — Dá um sorriso
pescoço latejando. Olho mais uma vez ao meu redor e noto muitos
homens armados. Aqui, na casa deles, estou em desvantagem,
sei que aquela menina não foi violentada sexualmente por esses
imundos.
xadrez e rindo. Fico surpreso por não ver mulheres ao redor deles.
— Sinead — eu o chamo.
anos.
educadamente.
— Era para ser algo mais íntimo, mas meu filho é impossível.
— Ele ri e volta a fumar o charuto.
demonstrar nada.
— Bem longe de você e do seu filho maníaco — respondo e
direção a Lamborghini.
de me ligar.
as minhas palavras.
seca.
— Shhh... Não fale nada, viva o seu luto, logo a carta chegará
a suas mãos. Fique bem e se cuide — diz, gentilmente.
Mais uma vez sonhei com ela. É assim desde que li a carta
passou muito tempo, mas por Muriel, que ainda mora sob meu teto.
ela.
acelerada.
sempre.
com a babá.
tristeza ali.
Dou um sorriso ainda de costas, grato por ela não ver isso.
minha babá, é como uma mãe para mim — diz, com a voz firme.
cancelou todos os seus planos para mim — diz, íntima demais. Não
gosto da ideia disso, meu amigo não me disse nada.
Não faz nem vinte e quatro horas que Muriel Scott completou
dezoito anos e age como uma mulher adulta. Essa menina me
surpreende cada vez mais. A última mulher que chegou a me
conhecer tão bem morreu, e saber que a ruiva em tão pouco tempo
tem esse poder me deixa atormentado.
lado fala algo sobre Muriel, mas não entendo muito, sempre que
sonho com a falecida fico atordoado.
a cabeça.
sete cabeças.
sereia.
— Sr. Knight, era eu. Mas não foi a minha intenção machucá-
la, estava fazend...
olhar frio para os outros, que fazem o mesmo caminho que ele. Viro-
me e me deparo com Muriel nos braços de Dominic. Ela está com a
cabeça encostada no ombro dele. Arqueio a sobrancelha com a
cena, sem acreditar, e fico calado por alguns segundos.
casquinha.
humorado.
— Não sei por que é tão duro comigo. É tão jovem, mas
parece um vovô, vive mal-humorado — diz, sem querer me olhar.
— Não mandei você abrir a boca. Agora ande logo, tenho mais
o que fazer — falo e a pego no colo de repente, fazendo com que
solte um gritinho surpreso.
do meu pescoço.
— Carter, o Ian não teve culpa de nada. Não faça nada com
ele, eu que fui descuidada. Ele me avisou, mas você sabe como eu
sou — fala, calma, olhando em meus olhos, então desce seu olhar
para o meu corpo e cora.
Lucke decidiu que cobraria a dívida dos meus pais através de mim.
Eu sei que talvez ainda esteja confuso, sem saber aonde quero
Carter, meus pais fizeram uma dívida muito grande com Arlyne
Ivanov quando eu ainda era uma adolescente. Eles sempre
pagavam a ela os juros, uma vez que não tinham o valor total para
pais.
Amor, eu errei, mas foi pela minha família, pelo amor que sinto
por eles. No começo, Lucke me disse que o meu trabalho seria me
aproximar de você e fazer com que se apaixonasse por mim. Ele
ele ordenou, mas não consegui. O meu amor por você era tão
grande que eu não conseguia fazer nada que pudesse prejudicar
você e a sua família. Eu seria um monstro se fizesse isso com
vocês.
Carter, por anos fui coagida por Lucke, por anos tive que fazer
tudo o que ele queria, mas chegou o momento em que tive que
escolher entre a vida dos meus pais e do homem que eu amo.
Escolher as pessoas que me deram a vida ou me ensinou o que era
ser amada mesmo sem merecer... eu preferi dar a minha vida em
sua vida, você saberá que é ela, que é a mulher da sua vida, a que
vai te amar incondicionalmente sem querer nada em troca. Eu não
fui merecedora do seu amor, mas tenho certeza de que você irá
encontrar uma pessoa que será.
Por último, te peço perdão por não ter sido forte o suficiente
para contar a verdade sobre Lucke. Mas eu não podia arriscar, não
quis arriscar.
Depois de tantas dores por conta da minha imprudência, aprendi
que eu já não poderia mais brincar com a sorte, ainda mais em se
tratando de Lucke Ivanov.
Com amor,
Svetlana.
Termino de ler a carta, mas não sinto nada, não é como antes.
Nas primeiras vezes eu ficava com o coração apertado e com
vontade de chorar, mas agora... Nada. Faz tantos anos que leio
essa carta, mas nos últimos dias comecei a perceber que não me
sinto mais tão afetado.
irmãos, assim como Sinead, nunca tiveram afeto por mim, todos
com eles, nunca ter sido reconhecida como filha, nem mesmo sei de
onde vim. Não conheço a minha mãe, nem ao menos sei de onde
ela veio, qual o seu nome, se está viva ou está morta. Nem mesmo
ela sobre a mulher que me deu a vida, ela desconversa e diz que
um dia vou saber toda a verdade, que só preciso ter calma que as
Eu não tinha para onde ir, eles sempre foram a minha única opção
de lar, mesmo que fosse podre e distorcido.
sempre tive que ficar com os restos dela, servindo ou não. Às vezes,
nana comprava algo novo para mim, foi ela quem me criou desde o
meu nascimento. Ela fazia tudo por mim naquela casa. Mesmo com
pouca idade, eu sabia que era injusto a minha babá fazer algo que
Sinead era o básico. Tanto, que quando recebi a notícia de que seria
de malícia, fico com nojo, e meu estômago embrulha assim que ele
toca o meu rosto e me obriga a encará-lo.
vidinha seria útil para a nossa família — diz, maldoso. Ele gargalha
— Ele será seu novo dono. É tão cruel e sádico como eu,
aliás, é pior. Ele vai violar cada buraco do seu corpo e depois vai te
dar para os homens dele até que você aprenda a se comportar —
gargalha.
cabelo e o puxa para trás, fazendo com que eu erga o meu rosto.
invade, mas antes que isso aconteça, Tyron me solta e sai do meu
quarto, fechando a porta com força.
Não aguento por muito tempo e vomito, jogo para fora tudo o
que tinha no estômago. Limpo a boca e volto a chorar ao me
lembrar das palavras duras do meu irmão. Monstro.
com um sorriso enorme, mas não sou capaz de retribuir, hoje fui
tomada por lembranças ruins e o meu coração está apertado.
lindos estão tristes? O sr. Carter fez algo? Você sempre fica assim
quando se desentendem — diz, me analisando com cuidado
de que eu seria dada para o Carter... Foi o pior dia da minha vida,
nana. Fico imaginando se eu não tivesse tido a sorte de ser dada ao
sentindo meus olhos arderem. — Prova disso é que até hoje tenho a
minha virgindade intacta e nenhum dos homens dele se aproxima
Nana me olha com carinho. Fico grata por ela estar em minha vida.
— Tudo bem, Muriel. Mas coma agora, não é bom ficar com o
como uma filha que não tem, já comprovei isso várias vezes quando
tenta disfarçar o ciúme que tem de Dominic ou quando estou
algo por mim dentro daquele coração de aço que ele se nega a
admitir, mas não preciso que ele faça isso, já que suas ações o
entregam.
Carter, eu era apenas uma menina que nunca teve afeto da família,
somente da babá. Quando cheguei à casa do famoso Knight, pensei
pensei que Tyron tivesse razão. Ser dada a Carter James Knight
Desde que saí da casa dos Lynch, aprendi que família não
sempre que podia. Ele até conseguiu isso por pouco tempo, mas
quando percebeu já estávamos próximos e ele cuidava
quarto, dou uma breve olhada para minha camisola curta azul. Até
a voz dele, parece falar com o Dom, porque ele diz o nome do seu
braço direito. Carter parece muito animado agora para quem esteve
tão mal-humorado pela manhã. Pelo jeito, a noite vai render, daqui
sinto a fragrância do seu perfume caro e cheiroso. Na casa há dois
disso.
sim, que mulher não repararia em um homem tão lindo? Por quatro
beijo, mas isso nunca chegou a acontecer, continuo sem ter beijado
ninguém.
por aqui, e eles vivem me dando mole, mas o que eu posso fazer se
o homem que eu quero é muito lento para os meus planos? Talvez
ele não seja tão lento quanto imagino, basta um empurrãozinho para
que Carter seja meu. Ou não. Mas não tenho como saber se eu não
me arriscar.
Carter me olha por alguns segundos, mas não diz nada, somente
sobrancelha arqueada.
mordo a língua.
não tira pedaço, e é isso que faço quando o amigo de Carter entra
na sala vestido no mesmo estilo do chefe. Me pergunto o que vão
aprontar esta noite, estão bem animados.
como quem não quer nada, e depois me viro para Dominic. — Dom,
o Carter disse que eu poderia ir com vocês... Será que pode esperar
eu me arrumar?
ouviu errado, só nós iremos — fala Carter ao passar por mim, sem
nem mesmo me olhar. — Vamos logo antes que eu mude de ideia
— conclui e puxa Dominic para fora de casa.
saber o que vão fazer? Não seria uma má ideia, estou muito curiosa
para saber o que vão aprontar. Se eles podem se divertir, por que eu
não posso? Sou adulta, posso tomar minhas próprias decisões,
James Knight, aquele que sequer ousa me olhar ou tocar como uma
mulher, apenas como a garotinha que cuida por anos. Antes de sair
do quarto, vejo se não tem ninguém no corredor me espionando.
Pelo horário, nana está dormindo, então será fácil sair sem que ela
perceba.
Sem paranoia, Scott, você está assim porque vai fazer algo
nos móveis.
também. Será que ele não tem noção de como o seu toque pode ser
letal para mim? Com as mãos trêmulas, tento mexer no meu celular,
mas ele me impede ao tirá-lo da minha mão. Carter não foi para a
encarar.
Ele tem essa mania, gosta de usar esse tom de voz calmo,
— Eu sei que não, porra. Como eu sei. É por isso que eu não
quero você na rua, e ainda por cima, sozinha! — fala, com a
expressão dura.
Eu sei que essa foi a minha escolha, mas não é essa resposta
que quero dele. Preciso saber se Carter me vê além da amizade,
vezes, sinto que meu dever é te proteger para que aqueles merdas
não se aproximem para te machucar.
Você me vê como uma irmã? Uma prima? — Levo a mão até a que
está tocando o meu rosto com carinho e a seguro, impedindo-o do
ato.
distante você me quer por perto. Eu não entendo. O que sou para
você? — Lambo os lábios e ele observa o movimento que a minha
língua faz.
— Você não vai querer seguir por esse caminho, baby, é uma
passagem sem volta. Você não sabe o que passa nessa minha
cabeça... são muitas coisas sujas, ruivinha. — Carter James Knight
— Por que acha que pode decidir por mim? Não vai me dizer
que é aquele tipo de homem que já se decepcionou e agora foge do
amor, que não está mais disposto a deixar ser amado ou amar outra
pessoa. Saiba que essa maldita distância e o seu desprezo me
machucam, Carter. — Meus olhos inundam, meus lábios tremem. —
decidi não querer isso por um tempo — diz contra meus lábios.
Mentalmente imploro para que me beije. Eu poderia tomar a
iniciativa, mas não quero ser precipitada, primeiro vou ouvir o que
tem para me falar, foi assim que ele me ensinou. — Mas se algum
dia, em algum momento, eu decidir escolher amar e ser amado por
alguma mulher, pode ter certeza de que ela será você. — Carter me
Mas agora ele está mais uma vez distante, novamente levanta
uma muralha entre nós.
quase nada da sua vida, e o pouco que Carter me deixa saber não é
o suficiente para que eu consiga entrar em seu coração.
impaciente.
— Não vou com você, não essa noite — falo, passando a mão
no pescoço.
naquele lugar.
um sorrisinho de merda.
— Apenas vá — falo, mas Dominic começa a gargalhar. Eu
fico puto, só não demonstro.
uma mulher, não uma garotinha de dezessete anos que você não
anjo dela. Por trás daquela carinha de santa tem uma verdadeira
Se você não quer Muriel lá, então volte para a casa e cuide do
Ele dá dois tapas no meu ombro e sorri de lado. — Não é todo dia
que se tem uma ruiva, baixinha, gostosa e virgem em casa, Carter
dela, que em algum momento vai tentar enrolar meus homens para
me seguir.
Fiz uma promessa a Muriel e sei que mais cedo ou mais tarde
ela vai cobrar, mas eu me pergunto se serei capaz de cumprir.
Dominic me avisou.
assim.
Meu melhor amigo sempre me disse que não daria certo ter a
menina, que hoje é uma mulher linda e muito atraente, na minha
Quando ouvi seus soluços, tive vontade de correr até ela, abraçá-la
e dizer que tudo vai ficar bem, mas meu orgulho de merda falou
mais alto.
não vi a garotinha dele. Sim, soube que Hailey havia dado à luz a
uma menina e que Ezra tinha ficado radiante com a ideia de ser pai
vezes.
fazer ao entrar no quarto foi tirar minha camisa. Olho para o relógio
pendurado na parede e percebo que já é quase meia-noite e eu
de sangue por ela com muito prazer, pela diaba que estava disposta
até a casa de swing, eles pagariam por terem sido tão desatentos.
Pela primeira vez, ela seria punida por ser tão linda e gostosa.
Aquela pequena sereia ganharia algumas palmadas. Eu a colocaria
de sardas.
bebida, a mais forte que tenho. Encho meu copo quatro vezes,
porém, preciso de mais para tentar esquecer algo que nem mesmo
— Não sei se vai ser para você, meu amigo, mas Brends
aqui no Lux, dividindo algumas mulheres. Acho que você fez bem
que eles pensem em tentar algo contra mim, quero estar preparado
de psicopata quer na Irlanda, mas estou certo de que coisa boa não
é.
importante.
homens estavam ali para falar de negócios e que depois iam curtir a
noite. Saber que Brends e Tyron têm negócios não é confiável, nem
— fala Dom, pensativo. Ele olha para mim por alguns segundos, até
que sorri com maldade. — Tem muito tempo que você não faz uma
homens dele. Esqueceu que eles são meus velhos amigos também?
toa que te escolhi para ser meu braço direito. — Abro um sorriso, no
entanto, desfaço ao me lembrar que prometi a Muriel que
— Mas quem está falando sobre a sua vida é você, não eu, sr.
à casa dele como quem não quer nada. Além do mais, o lixo do filho
dele sabe que mesmo eu estando no território deles, tenho
influência e posso conseguir as informações que quero. Depois de
com a minha família e pensam que de alguma forma vão sair ilesos.
chefe, mas também pode ser impiedoso quando quer. — Muriel está
sentada no tatame preto, de costas para mim. Ela ainda não notou a
minha presença, somente Ryan, que estava treinando-a. Constato
envergonhado.
seguida, se levantando tão rápido que tropeça nos próprios pés, por
companhia, e não seria hoje que mudaria isso, sr. Knight — fala,
dos dela. O short que usa é tão curto que parece uma cueca boxer,
— Quem manda aqui sou eu, mas se você não quer, não vou
te obrigar a nada.
tente me beijar.
reconhecer a voz.
atrás de mim. Muriel está tremendo tanto que me agarra por trás e
encosta o rosto nas minhas costas.
sua respiração está tão fraca, que meu sangue ferve de ódio só de
nos olhos.
— Carter, você soube dar leitinho para a putinha, ela está mais
Sinead e esmurro a cara dele várias vezes. Tyron tenta pegar a sua
arma, mas sou mais rápido e o impeço disso, segurando na gola da
Brends Ivanov. Saiba que não haverá uma próxima vez para você.
Vou quebrar as suas pernas para que possa aprender que não é
certo invadir o território dos outros sem ser convidado — grito,
sangue podre.
minha propriedade.
que ninguém irá se aproximar dela. Para chegarem a ela terão que
me matar primeiro, e essa é uma missão impossível.
meu protetor.
joelhos e deixo as lágrimas caírem. Uma das coisas que mais odeio
em mim é como me permito que aquela família me deixe fraca.
Se bem que já estive nele e não morri, afinal, sou uma sobrevivente.
Carter, depois de ter jogado a escória para fora do galpão. Ele está
que ele queira mostrar para mim que tudo vai ficar bem, posso ver
através dos seus olhos a cólera contida para não me assustar mais
tente o enfrentar.
dele me sinto tão protegida? Carter consegue fazer com que meus
dias sombrios se tornem claros.
dele, mas ele nem se abala. — De sereia passou a ser uma cadela
descontrolada que sai mordendo qualquer parte do meu corpo? —
pergunta, caminhando para fora do galpão.
— Filho da p...
— Vamos ao lago.
carros de corrida.
Deus, ele está tão atencioso.
céu. Espero que a chuva não caia tão cedo, senão estragará meu
passeio.
minha frente com um dos seus carros preferidos e sorri para mim e,
começando a esfriar.
Olho para a peça de roupa preta com gola de pele branca.
tecido.
nervoso. — Avise aos outros que mais tarde quero todos reunidos.
para trás.
para a nossa vida quando ela se torna sem graça. — Soa galante,
fazendo a minha barriga se contorcer.
vento violento bate nelas, assim como meu cabelo, que caí na frente
sua beleza. O que me faz sorrir e dar gritinhos, o que faz meu
vida dele já houve uma mulher que ele amou muito, e o meu medo
não é saber que ele a amou, e sim descobrir que ainda a ama.
— Amo este lugar, apesar de ter vindo só uma vez — digo,
saindo do carro assim que Carter desliga o motor.
meu irmão mais velho, Killz, mesmo que todos os irmãos carreguem
o sobrenome — diz, pensativo, me deixando curiosa. Ele nunca fala
braços e encarando a água, assim como ele. Fico calada por longos
minutos depois de ter cutucado a fera.
entre a gente.
família — digo, com a voz fria e pronta para me afastar dele. Carter
braço.
seus olhos. Neles há muita dor e algo que não sei direito o que é.
um sorriso fraco.
você, srta. Scott — diz, como se falar sobre mim fosse algo
produtivo. Antes de morar com Carter, eu nem sabia o que era ter
uma vida.
que ela nunca poderá ser é uma rainha, porque esse título já está
reservado para você, Muriel Scott. Ser uma princesa dentro da
Carter encosta a sua boca perto do meu ouvido. Seu hálito quente
sobre a minha pele faz meu coração disparar como louco. —
Princesa é só uma forma carinhosa de como eu a chamo, você será
uma rainha. Mas saiba que não está perdendo nada dos Lynch...
Você é boa demais para eles e não o contrário, sempre se lembre
disso, ruiva.
meu rosto.
Carter passa a mão no cabelo e fica de costas para mim para não
desastre.
nunca vi.
— Não estou pronto para amar outra pessoa. E você é
importante demais para mim para que seja apenas mais uma,
Muriel. É assim que trato as mulheres com que me envolvo, como a
de mim eu não posso te dar, não para você. Para ninguém. — Seu
que posso ser capaz de te amar e ser amada por você. Mas
enquanto isso não acontece, escute bem o que vou te dizer. —
nele sou eu. Ninguém, nem mesmo você, Carter James Knight, vai
conseguir me fazer parar de te amar. E quando perceber que a sua
amada, a mulher que você ama não te merece, vai ser tarde
demais! Se ela te merecesse, vocês estariam juntos e eu não
você conseguiu o que queria, sr. Knight. — Dou as costas para ele e
corro para longe, sem olhar para trás, em direção ao carro.
oposto ao ver que ele se aproxima, mas não antes de perceber que
ele está com os punhos fechados.
gosta.
observo.
pragueja, dolorosamente.
causa.
provocando um estrondo tão alto que até pulo para trás assustada.
— Muriel! — chamo-a assim que a vejo sair do carro e entrar
na casa sem olhar para trás.
la.
me ignorando, decido tomar uma atitude. Mas quando vou sair, meu
celular começa a tocar irritantemente.
presumo que o filho foi reclamar para o papai que o escorracei daqui
na porrada.
o atendo.
— Soube do pequeno desentendimento que teve com o meu
filho mais cedo. — Ele não demonstra ira, ótimo, uma vez que o
único errado é Tyron.
— Mais uma vez o seu filho foi poupado por sua causa,
Sinead. Essa é mais uma de várias vezes que ele invadiu a minha
propriedade tentando dar um de sabichão de merda. O Tyron tem
que entender que você e eu somos sócios, ele não vai me tratar
como um Zé Bostinha, porque eu não sou e você sabe disso —
não vai ser o meu filho irresponsável que vai destruir essa aliança,
não é? Escute o que tenho para te propor e me dê a sua resposta —
diz tão calmo que estranho o seu comportamento.
merecer ter uma filha como a ruiva, ela é boa demais para esse
velho podre.
dizer que ela é a sua filha. Desde o dia em que a deixaram sob os
meus cuidados ela é minha, está me ouvindo? Estou pouco me
Tyron comentou com ele sobre Muriel, e ao ver a foto dela o rapaz
ficou interessado — explica-se.
vocês? Porque esse garotinho nem saiu das fraldas e está tentando
dar continuidade à linhagem de psicopata da família dele — rosno,
impaciente.
procurando uma esposa, então sugeri que fosse a Kira, mas ele não
a quer. O jovem quer se casar com Muriel, ele disse que só faremos
outra, ele não toca nela, e se fizer isso arrancarei suas mãos e
faz esse lugar ficar pequeno. E a única chuva que verão nos seus
Lynch, mas o sangue que corre nas minhas veias continua sendo de
um Knight, e você sabe que os meus irmãos fazem tudo pela
satisfeito.
conversa agora.
insistido para que eu abrisse a porta, não o fiz. Estava louca para
arrogante não aprende que eu até posso gostar dele, mas que nem
São quase sete da noite e até agora ele não apareceu. Mas
isso não me impediu de tomar um belo banho, me depilar e vestir a
lingerie mais sexy do meu armário. Carter pode até tentar lutar
contra o que sente por mim, mas sei que não será por muito tempo.
chamasse para jantar, mais tarde irei comer alguma coisa. Minha
gemido de dor.
aconteceu? — Nem sei de onde acho força para o puxar para dentro
neurônios.
Talvez o tenha feito desde que abri a porta, mas como é um ogro
não demonstrou.
desentendida.
homem.
dele há poucos.
— Não fale assim. Você não vai perder a sua vida por minha
causa. Antes que isso aconteça, saio dela para que você não
desgrace... — Acabo soluçando ao pensar na possibilidade do meu
irmão traiçoeiro tentar algo contra a vida de Carter. Tyron é podre,
Fico calada por um tempo, até que tomo coragem de falar sem
que note o quanto me afeta.
mão ao meu cabelo solto e o joga para trás, deixando minha orelha
à mostra.
me acomoda melhor em seu colo, sinto o seu pau ganhar vida sob a
minha bunda. — Mais cedo, eu queria ter uma conversa civilizada,
só que você fugiu de mim. — Toca no meu rosto com a mão ferida,
o sangue sujando a minha pele.
— O que...
esquentar. Ele desfaz o laço do meu robe, mas não para o nosso
beijo. Desce uma mão em minha barriga até chegar à minha
Quando ele morrer, com certeza vai para o inferno por ser tão
maldoso e gostoso.
envolvendo meus braços em seu pescoço, mas ele não leva a sério,
porque sorri.
você? Mas, pensando bem, o que iremos fazer será mais real do
que qualquer coisa que você já tenha lido. — Ele sai de cima de
mim, me frustrando, então fica de joelhos entre minhas pernas
sinal para que eu fique como estou. Inclino um pouco meu corpo
para o lado e consigo tirar o robe, em seguida o sutiã.
umbigo. Ele beija, cheira a minha pele e marca com os seus dentes,
como se quisesse gravar em sua memória, me levando à loucura a
cada segundo.
quem dei um lar, mas não adiantou nada. Acabo de confirmar que
não tenho vontade própria, não importa o quão centrado eu seja e
realmente manda.
alto.
as mãos aos seus quadris e aperto com força quando a diaba rebola
— Hoje não se trata de mim, mas de você. Não vou tirar a sua
virgindade, não hoje. Mas isso não quer dizer que eu não serei o
seu primeiro e único homem — digo, deslizando minhas mãos em
cada lado da sua bunda e a apertando, tenho certeza de que a sua
estou prestes a tomar. Preciso fazer isso antes que seja tarde
demais. Mesmo que eu tenha alguns homens ao meu lado, ainda
algo.
avermelhados.
Não pensei que tão cedo voltaria para a casa, porém, preciso
me precaver antes que tentem algo contra mim, Muriel e as pessoas
que estão ao meu redor. Tenho que ser mais ardiloso do que os
meus inimigos, e os meus irmãos são os meus melhores amigos, a
motivo da sua ida até Tyron. Tenho certeza de que aqueles dois
estão tramando.
preocupada.
— Não se preocupe, o Dom vai ficar. Vou pedir a ele para ficar
aqui até que eu retorne, ele é a única pessoa em que confio para
deixar que nada aconteça com a nana... Eu só vou ficar com muita
saudade dela, já que nunca nos separamos por tanto tempo — fala,
mais relaxada.
Não posso levar Rose com a gente. Sei que Muriel confia de
olhos fechados na mulher, que é como uma mãe para ela, mas o
que tenho para tratar é muito sério e não preciso de muitos ouvidos
ao redor. Quando aceitei que Rose viesse morar nesta casa, foi para
sobre isso.
empinada.
meu nome.
carta que me persegue por anos. Penso em abrir e tirá-la de lá, mas
acabo desistindo da ideia. Desviando o meu olhar para o meu
número do Knight mais velho, então decido ligar para ele de uma
vez por todas.
dele.
Sinto-me péssimo por só descobrir agora que o meu irmão é
que seria.
amo e quero estar onde ele estiver. Só o fato de ele dizer que me
levaria acabou com aquela agonia que estava em meu coração, juro
que pensei que ele me deixaria aqui, afinal, segundo ele, está indo
para resolver alguns negócios.
— Filha, você nasceu para ser livre, para voar, e agora que
errada, mas, no final, é ele que está sendo o seu salvador. Ele te
livrou das garras daqueles monstros e agora que quer te levar para
embargada.
Cresci sem conhecer o rosto dela, o nome, nem mesmo nana tem
permissão de me dizer o que eu sempre quis saber. A minha ex-
babá diz que para a minha segurança, que na hora certa saberei de
tudo. Mas por que tanto mistério se ela já morreu? Meneio a cabeça
e foco na senhora que tanto quer me ver bem, e nem que para isso
— Não sei quando volto, nana. Mas saiba que nunca vou te
esquecer, pode passar o tempo que for, você vai morar sempre no
meu coração. A distância entre nós não significa nada, está me
se Tyron viesse para cá. O meu irmão não pode saber que estamos
indo para Londres, essa foi a ordem expressa deixada por Carter.
Temo pelo que está por vir, sei que Carter é um homem difícil
de desvendar. Ele costuma ser muito quieto, ouve mais do que fala,
está acontecendo.
— Nana...
— Ninguém sabe o que está por vir, não é? Eu sei o que seu
irmão tem em mente, querida, aquele demônio nunca gostou de
você, e eu sei o motivo — diz e toca no meu rosto. — Por que você
completa, sorridente.
O que ela sabe que eu não sei? Talvez muitas coisas, nana
fala com tanta propriedade, mas não a questiono, somente a deixo
falar.
destinada a você. Era para essa carta chegar a suas mãos no dia do
seu aniversário, mas não achei que fosse o momento certo. Só que
agora é — revela.
confusão.
Nana assente.
ouro, assim como o pingente da letra . Acredito que essa letra seja
a inicial do nome ou sobrenome dela.
dela. — Nana acaba com o segredo que guardou por tantos anos.
os dedos pelo colar e fico imaginando como seria ter uma mãe. Eu
ombro. — É para o seu bem, confie em mim. Uma hora você saberá
o porquê.
Será que devo abrir a carta e ler o que a minha mãe escreveu
essa carta.
Antes de me virar, dou o colar para ela, que analisa a peça por
— Quero que prometa que nunca mais vai tirar esse colar do
seu pescoço — pede, com doçura e preocupação.
mas sei que uma hora você saberá, só que não será da minha boca.
— Shhh... Tudo tem o seu tempo, sei que a sua cabeça está
choramos com a nossa despedida. Não sei por quê, mas sinto que
primeira vez que ficaremos longe uma da outra, que vou começar a
Ficamos ali por um bom tempo até que ouvimos alguém bater
à porta.
— Muriel. — É Carter.
porta e a abro.
Deparo-me com Carter, seu semblante relaxado. Antes que eu
fale alguma coisa, ele me puxa para um abraço e depois beija meus
lábios.
decidiu se entregar a mim, então vou fazer de tudo para que valha à
momento, acho que ele nota o colar no meu pescoço, porque franze
o cenho.
— Nunca vi esse colar, quem te deu? — pergunta, observando
antes de sair.
a porta do quarto.
A minha decisão em voltar para Londres pegou Dominic de
surpresa. O meu amigo não esperava que eu retornasse agora, mas
por me conhecer tão bem não fez perguntas. E mesmo que fizesse
Dom não terá nada para dizer, porque eu não contei o que tenho em
mente.
defeitos, mas quando sinto que o perigo me rodeia, prefiro ser mais
astuto e deixar que meus inimigos pensem que poderão sempre
danos à minha família, foram tantas vezes que nem que seu
diz Muriel, pegando a minha mão que antes estava enfaixada. Ela
carinhosamente.
— Eu gosto quando me chama assim. Soa sexy saindo dos
coisa que eu sabia era que a minha mãe havia morrido quando
nasci, somente isso. — Dá uma risada amarga, então respira
para que eu pudesse ler quando completasse vinte e um. Mas, não
sei, sinto que há algo de errado aí, tanto que estou insegura em
saber o que...
Meu celular começa a tocar, interrompendo Muriel e me
um tempo não nos falamos, na verdade, não falo com nenhum dos
meus irmãos. Contudo, eles só me deram o espaço que precisei
— Spencer — cumprimento.
sido suficientes para que entenda que a nossa família nunca estará
completa se um Knight estiver faltando — discursa.
mas é assim que me sinto, próximo a eles mesmo que eu tenha ido
embora.
logo. Temos muito para conversar, foram quatro anos longe, porra
— diz, divertido.
responder.
esposas dos meus irmãos fazem com Muriel, eu as vejo sumir nos
últimos degraus da escada, mas antes a ruiva me encara como se
estivesse pedindo socorro.
ele passa a mão pelos fios do seu cabelo e limpa a garganta, depois
sorri.
sorrindo.
marmanjos que estão com a vida ganha. — Com o seu jeito de bad
boy, ele ajeita a jaqueta e faz um gesto obsceno com a língua para
provocar o Killz, que mostra para ele o dedo do meio. É inevitável
— Até quando vai ficar sendo um puto, Spen? Cada dia é uma
Carter, foi bom ver você. Diga à sua ruivinha que mandei boas-
vindas, é sempre bom ver meus irmãos sendo domados por
bocetas. — Ele pisca para mim, depois se despede e sai porta
— Por que não nos disse que traria alguém com você, Carter?
Eu sei que não devemos te pressionar, você acabou de voltar
depois de tanto tempo, mas saiba que estamos aqui para o que der
lidera a família. O seu olhar está duro, assim como a sua voz.
culpado pelo fato de eu ter perdido a única mulher que achei que
amaria, que seria a minha esposa, mãe dos meus filhos. Mas
também surgiu aquela menina ruiva amedrontada na minha casa,
Lana demorou para sair do meu coração, mas quando notei que
todas as mulheres com quem eu saía eram vazias e que eu não
que mais uma vez me tirem a minha felicidade. Dessa vez estou
disposto a tudo para proteger quem eu amo. — Faço um longo
desabafo sem ao menos reparar. Essa é a primeira vez que falo
querendo encontrar.
mente doentia dele que o neto da Viktoria vai tocar na minha sereia.
Antes que tente, eu arranco as mãos dos dois.
negócios com o avô. Ele tem sorte de não ter morrido como o tio
Ezra assente.
Alessa decidimos dar uma chance a ela, desde então a nossa mãe
Axl, cheque as meninas e as crianças, tente fazer com que elas não
nos procurem pelas próximas horas. E você, Carter, venha comigo.
família tem que agir diferente pelo menos uma vez na vida — fala
Lynch têm. Não se comparam aos que temos aqui, então seria uma
loucura que eu entrasse em uma guerra sem condições de lidar com
Lynch e Brends Ivanov terão que cair, ninguém mexe com um Knight
e fica por isso mesmo. — Um vislumbre de frieza atravessa os seus
olhos azuis.
Tyron se acha o rei, mas não passa de um bundão que faz merdas
se garantindo na proteção do papai dele, Sinead. E Brends é uma
Sinead e eu fizemos um acordo, ele não tem esse direito, não vou
permitir que me tire a ruiva por causa da fodida ambição. O caralho
que vou!
— Não vou fazer rodeios, Carter. — Ele faz uma breve pausa,
seu sentimento por essa menina é tão forte assim para aceitar a
minha sugestão.
Ele se levanta e me olha uma ou duas vezes sem dizer uma palavra
sequer. Fico ainda mais apreensivo para ter a sua resposta.
curioso para saber o que meu irmão mais velho tem como solução
por um, mas no momento é o que tenho para você, Carter. — Seu
tom é frio. — Se case com a garota. Casados, Sinead não terá
ninguém para oferecer, aliás, terá sim, ele tem outra filha, certo?
Assinto, concordando.
dinheiro e devolvesse a filha dele, nada vai poder ser feito, porque
Muriel será uma Knight e não mais uma Lynch. Na verdade, ela
assuntos sobre a pessoa que era a causadora da sua dor não seria
uma boa ideia. — Assinto. O Knight mais velho me fala exatamente
as coisas que Svetlana confessou na carta – sobre os seus pais, as
Meu irmão termina de detalhar o que sei desde que decidi ler
— Lana deu a vida dela por mim, Killz, mas poderia ter sido
opção mais viável, me casarei com a minha sereia. Mas antes vou
mostrar a ela um pouco do meu mundo.
conversar com Ezra para saber o que Viktoria disse sobre Brends.
Só que isso ficará para mais tarde — fala, então sai porta afora e eu
o sigo em silêncio.
Tyron não perde por esperar, quando se der conta vai comer
terra na cova que ele mesmo cavou ao se meter comigo, achando
membro da família.
conhecessem há anos.
pelo visto, isso não irá acontecer. São todos calorosos, amei o
Não deu tempo de conhecer todos direito, mas logo isso irá
quando esse dia chegar, todos os demônios que vagam pela Terra
irão se reunir ao redor do seu corpo sem vida, para levar a sua alma
por clemência ele terá. Um homem com a sua índole não merece
intacta, mesmo que nunca tenha sido um bom pai, ele impediu que
que Sinead tinha para mim, sempre agradeci a ele por isso,
contudo, mesmo que no início tenha sido aterrorizante, ter sido dada
velho babão que praticamente me viu crescer, mas que estava louco
para me levar para a sua casa e me tornar a sua escrava sexual. Só
Além de ele ser o meu primeiro amor, será meu primeiro tudo,
e se depender de mim, será o último homem da minha vida também.
relaxado.
certas — diz.
acolhedoras.
naquele momento.
O que é tão importante que ele não pode me falar sem que eu
visão.
Ouço a porta ser aberta, mas não me viro, porque sei que é
volta. Acho que sou a única que não entendeu como as coisas
funcionam por aqui.
— Vai com calma, cara. Que bicho te mordeu? — pergunta
seu medo foi maior do que o amor que dizia sentir por mim. Ela
com a minha sereia que fiquei puto com o meu comportamento. Sei
que errei, ela não tem culpa do meu passado, a ruiva sequer sabe
arqueia a sobrancelha.
instante na pessoa que mais temo – impulsiva. Não sou assim, não
aceito ser assim.
trouxe essa menina por sentir pena dela? Aquele seu discurso sobre
Muriel soou sincero, mas quero saber de você. O que sente por
Muriel Scott de verdade?
precisava ter visto como a sua cara ficou quando nos viu assim que
chegou. Você quase derrubou a menina de tão assustado que
estava. — O filho da puta dá risada.
meu amor.
minha barba.
— Não fode, Carter. — Spencer se engasga.
jaqueta.
— Quem diria... Spencer James Knight me dando conselhos.
— Sorrio, orgulhoso.
e sai.
mãos, ela tenta se afastar, mas não deixo. Está arisca, com raiva.
— Acho que vou abrir uma exceção, mesmo que não mereça.
— Seus olhos brilham. Ela se inclina e tenta beijar meu rosto, mas
sou mais rápido e beijo a sua boca.
Deslizo meus dedos para dentro da sua calcinha quando ela se abre
mais para mim, em pouco tempo estou masturbando-a e engolindo
os seus gemidos.
“Quero enfiar minha cabeça em algum buraco.” Foi a frase de
sua voz, nós nos afastamos e eu corri para vestir a minha camisa. A
ruiva quase se jogou pela janela quando a loira entrou no quarto.
mais ansioso para mostrar para a minha futura esposa um dos meus
gostos.
Querer levar Muriel a uma casa de swing não quer dizer que
eu quero ter a mesma relação que tive com Svetlana, seria ridículo.
toque.
— Sim, você estava certo, Carter. Fez bem não levar essa
senhora com vocês. Ela está escondendo algo, ou alguém — revela.
da ruiva, não foi por acaso que ela deu o colar. Há algo muito
importante por trás de todo esse mistério.
— O.k., fique de olho nela e peça que os outros façam o
mesmo. Em algum momento ela vai se distrair e deixar escapar algo
que pode ser útil. — Suspiro, imaginando que mais um problema
— Sim?
digo.
e sigo para fora da casa para dar algumas ordens aos soldados,
necessidade absurda, não tenho mais controle sobre isso. Não sou
Olho mais uma vez para o meu irmão com mais atenção e me
arrependo no mesmo instante. Os seus olhos estão avermelhados e
brusquidão.
acabei caindo na tentação. Não resisti, foi mais forte do que eu. —
aceita ser socorrido quando se trata das drogas. — Não foi fácil,
irmão, tentei lutar contra essa merda toda, mas quando vi já estava
rendido ao vício.
latejar.
— Não, nenhum deles. E não conte. Todos estão felizes,
assente, cabisbaixo.
peguei pesado e não quero que me vejam. Posso ficar por aqui?
Não quero ir para casa. Vim até você porque sei que vai me ajudar
sem me julgar. — Spencer nem me olha, está envergonhado.
seu ombro.
um sorriso.
tona um mulherão que eu já sabia que existia ali. Essa noite ela não
é a minha princesa, mas sim a verdadeira dona da porra toda.
perceber que todos temos uma ferida, e mesmo que passe muito
tempo, ela pode se tornar incurável. Ao ouvir um pouco da história
dela, pude perceber que o que passei desde muito pequena não se
muito. Conhecer essa mulher me faz querer ser forte como ela.
ela, mas por mais que não nos conheçamos tão bem, eu senti
necessidade de desabafar com alguém. A minha vida toda só tive
nana, e ter uma pessoa mais jovem com experiências dolorosas me
quando me ouviu falar como vivi ao lado dos Lynch, até Carter me
acontecesse naquela época, sei que foi o melhor para nós dois.
o olhar do cunhado.
meu amor com Carter intensamente, mas que devo cuidar do meu
coração, que sempre devo me colocar em primeiro lugar.
vem de Hailey.
— Carter, Muriel, me perdoem por interromper o momento de
vocês, mas estou indo para casa — diz a loira, meio envergonhada
quando nós olhamos em sua direção. — Tenham uma ótima noite.
comigo.
enigmaticamente.
Eu assinto, notando que ele não vai dizer nada além disso.
estão armados por baixo das roupas formais. Quem não é desse
mão só.
acho sexy o seu gesto, principalmente o fato das suas veias serem
tão saltadas.
Não vou ser hipócrita, confesso que bem no fundo tenho medo
sei se consigo passar por cima dos meus limites e aceitar de bom
promete.
calçada.
rua não parece ser muito movimentada, a única coisa que vejo são
as pessoas entrando no local.
— Eu sei que tem, mas você vai abrir mais uma exceção,
concordância.
— reclamo.
que imaginei.
qualquer um que pode frequentar o local, ela foi feita para pessoas
apenas do submundo.
celular.
rosto corado.
ofegante.
teimosia, por sua traição. Ela traiu a minha família, mas primeiro a
mim, porque não foi sincera, não me disse o que estava
acontecendo e nem pediu ajuda para lidar com as chantagens
sair de casa ao vê-la surgir tão sexy. Juro que quis desistir, porém,
mesmo que tenha parecido idiota da minha parte trazê-la aqui, foi
necessário. Eu pude ver que só estou conhecendo o amor agora, o
verdadeiro e puro.
louco para fazê-la minha mulher, uma casa de swing não é o lugar
ideal para tirar a virgindade dela. Muriel merece ter a sua primeira
vez em um lugar decente.
o seu olhar quente. Dou um beijo nela antes de a puxar para longe
dali.
encaixo mais.
mais espaço.
adorando a ideia.
meu pau para fora da cueca. — Eu quero que você goze na minha
mão, Carter. — Meu pênis engrossa quando Muriel o segura com
força e começa a fazer movimentos para cima e para baixo.
calça.
— Sereia, não sei como você imaginava esse dia, mas acho
que agora é o momento perfeito para te fazer um pedido. —
comigo?
beleza, o seu sorriso bobo que acho tão lindo. Meu ego fica ainda
maior ao saber que o causador dele fui eu.
os olhos brilhando.
Assinto, em silêncio.
quer que eu seja a sua mulher, primeiro você precisa ser o meu
homem... Me faça sua esta noite.
Nesse lugar ficam todos os carros que possuo, é ideal para a minha
coleção.
— Estou quase achando que o seu amor não é por mim, mas
por meus carros — brinco, bem-humorado, e ela ri.
com a voz baixa, sedutora. Ela passeia as mãos por meu peitoral
por cima da camisa e lambe os lábios, me atraindo. — Não me
importo de fazermos amor no chão, no capô de um desses carros
ou em qualquer lugar desse galpão. O meu primeiro homem tem
que ser você, basta que seja você e já será especial para mim.
Carter James Knight, eu me guardo para você desde o dia que
intenso.
posição.
ruiva segura no meu pau com uma mão enquanto a outra apoia no
meu ombro. Muriel encaixa o seu sexo no meu e vai descendo
vagarosamente. O nosso primeiro contato me faz soltar um gemido
rouco, enquanto Muriel me encara com os olhos lacrimejados e
choraminga. Quando penso que ela vai desistir por estar sendo
alargada por ser tão pequena, a ruiva desce com tudo e solta um
gritinho de dor, me pegando de surpresa.
ombros e me arranha.
ama e me beijar.
— Sereia... — Sinto a sua vagina se contrair no meu pau
— Sim?
Com ela nos meus braços, subo a escada mesmo sob o seu
protesto. Muriel ama ser mimada, ainda mais quando esse mimo
vem de mim. Há pouco passamos pelos homens de confiança do
uma hora depois que saí. O meu irmão acha que fugir de mim e dos
entrou.
São muitos contratempos me rodeando, não importa se eu
mude de país, eles vão atrás ou se associam com os outros e
Na volta para cá, percebi que Muriel não estava com o colar
que Rose deu a ela. Pensei em perguntar por ele, mas como eu já
tenho planos e o objeto está incluso neles, fingi que nem notei.
Preciso ser perspicaz, se eu perguntar pelo colar, ela vai ficar
humorado.
olha por cima do ombro. E basta isso para que eu vá até ela e a
— Hum, não quero que isso entre nós nunca acabe, mas está
não sabe que o meu pedido foi uma ideia vinda do Killz. E se quero
ser feliz ao lado dela, tenho que começar a nossa relação sem
meus dedos.
sereia. Sei que foi gostoso fazer sexo, quando a pessoa conhece e
gosta acaba se tornando um vício, mas por ora você terá que se
contentar. — Quando saí de dentro dela vi que sangrou um pouco e
a sua boceta estava inchada e muito vermelha.
olhos ao fixar no meu pau. Ela agarra a minha mão, mas antes que
atiçando-a.
— Carter...
baixinho. Se antes era sensível ao meu toque, agora que a fiz minha
subindo por seu pescoço até chegar à sua orelha. Aproveito a sua
clitóris em um vai-e-vem.
segura em meu cabelo com uma mão quando coloco a sua perna no
meu ombro e alcanço a sua boceta.
chupá-la com mais vigor, sugando o seu clitóris, fazendo com que
alto dos seus lábios. Ora os meus movimentos são fortes, ora
molhada.
impacto. Ela crava as unhas nos meus ombros e procura por minha
arrependo disso.
beijo ali.
comigo.
que tive foi tão real, que não sei explicar a minha dor. Se ao menos
nana estivesse bem quando me fez o pedido, tudo bem. Mas não foi
bem assim, ela estava nos meus braços, ensanguentada e com a
boca machucada, chorando. Era como se estivéssemos nos
meus braços.
Me vem a ideia de ligar para nana agora, mas ela deve estar
dormindo e não quero assustá-la. Ela é uma senhora de idade, e por
mais que diga que tem uma saúde de ferro, tenho medo de entrar
matar a saudade.
Coloco meus pés para fora da cama, olho ao meu redor e não
até lá, mas a minha intuição me diz que não o encontrarei ali. Saio
chorar por algo que ouvi por cima, não sou uma menininha, sou uma
amor por mim achei lindo, foi coisa de outro mundo, pelo menos
para mim. Desde que descobri que o amo, idealizei que em algum
porque sabia que ele cederia e me faria sua. Jamais imaginei que
perderia a virgindade em cima do capô de um carro, mas para mim
o homem que sempre sonhei que seria por trás daquela máscara
imponente e gélida. Depositei a minha confiança nele e ele soube
errado não sou ele e nem ele, ambos somos vítimas do nosso
próprio destino.
comigo para me salvar das garras dos Lynch, mas mesmo que
pareça egoísta da minha parte, não me sinto nem um pouco afetada
Se Carter soubesse que não penso nada disso que ele está
que possamos dar certo, temos que colocar os pingos nos is.
porta.
me esperava aqui.
magoaram.
você, que diz me amar, tem que ser sincero comigo, porque se você
não for, quem será? Não vou ser hipócrita em dizer que fiquei
porque não fiquei. — Toco o seu rosto e olho bem em seus olhos. —
Tudo o que sempre sonhei foi com esse dia, você me pedindo em
Amor, você já fez até demais por mim. Me deu um lar, uma família,
— Sereia...
recusado desde o início a ideia do seu irmão. — Sorrio para ele, que
respira aliviado.
evidente.
— Como você pode ver, sr. Knight, eu sou uma mulher e não
uma menininha. Aprenda a se abrir mais comigo, além de ser a sua
mulher, sou sua amiga, a melhor que você poderia ter. — Dou um
selinho nele.
atacar.
— Claro.
preservar.
faz, não é isso. Eu só gosto de ver o lado das pessoas para não ser
injusta, e sei que tudo o que está fazendo é para o meu bem. Saiba
que se em algum momento eu tiver que me impor, eu vou, o.k.?
seu rosto.
pronta para ouvir o que tenho para falar sobre o seu colar? Talvez
você não goste muito do que vai ouvir, mas me pediu para ser
sincero mesmo que te machuque. — Seu tom fica sério.
que estava disposta a ouvi-lo, então seja o que for, preciso saber.
foi próxima a ela. Antes de vir para Londres, pedi ao Dominic que
ficasse de olho em Rose, e ele a ouviu conversando pelo celular. A
pessoa pode ser a sua mãe, que nunca esteve morta. Há chances
precisando. Enviei o colar para o Killz, meu irmão vai pedir para um
seu raciocínio.
direito dele para vigiar a mulher que me criou desde que nasci. É me
dizer que talvez a minha mãe esteja viva e que Rose mantenha
contato com ela. Mas se a minha mãe estivesse viva, por que ela
saberia. Foi uma conversa estranha. Mas pelo que entendi, uma
pessoa vai me encontrar para falar sobre a minha origem. Nana
para todas as coisas boas que irão acontecer na minha vida. Isso te
lembra algo?
não sei como vou dizer isso a ela, meu amigo, mas procure alguma
porra de ajuda. Não ouse morrer, seu fodido!
O que aconteceu com Dom? Por que Carter está com a voz
raivosa e os punhos fechados. Ele me encara e eu vejo a ira
atravessando o azul glacial dos seus olhos, mas a sua feição
meus homens, eles lutaram até a morte. O Dominic foi baleado, mas
está vivo...
eu perco o chão.
capaz de nos causar. A minha cabeça não dói tanto quanto o meu
coração, que está em pedaços, destruído.
nunca me pediu nada em troca se foi. Uma parte de mim partiu sem
Carter, no escritório.
Solto um gemido e pisco algumas vezes, me sentindo meio
costas.
Posso chorar. Gritar. Fazer de tudo, mas essa minha dor será
eterna, ela irá me acompanhar todos os dias da minha vida. Perdi a
pessoa que pensei que ficaria ao meu lado por muitos anos. Pensei
Rose. Ele foi cruel, atacou o lado mais fraco. Aquele miserável sabia
perverso no rosto.
fundo.
ficaremos com você até que ele retorne da Irlanda. Antes de ele
partir você acordou, mas estava tão mal e teve uma crise de choro
tão forte, que a minha cunhada teve que sedar você — explica
detalhadamente.
lateja.
pior, ele deve morrer da pior forma. A sua morte tem que ser lenta,
dolorosa e agonizante.
sangue comigo, mas tive uma que cuidou de mim com bravura.
para acabar de uma vez com todas com as minhas dúvidas. Agora
que nana está morta, não tenho como saber mais sobre a minha
mãe, não pela boca dela, então a carta é o caminho certo a seguir.
— Hailey, você pode pegar uma carta que está na minha mala,
“Eu começaria com ‘Era uma vez, uma princesa que pensava
contar sobre a sua origem. Você não é uma Lynch, nunca poderia
ser, não por causa daquela história de que a sua mãe era uma
Você não é filha do Sinead, muito menos irmã dos filhos dele,
Muriel, você não é uma Scott, muito menos uma Lynch, o seu
que nana afirma nesta carta. A minha vida toda fui violada, me
tratavam como um lixo, e eu sofrendo por uma família que nunca foi
minha.
seus pais foram vieram a falecer. O seu pai foi assassinado faltando
carta como uma forma de tentar me redimir com você por ter
Lidewij, e como já deve saber, ela não morreu. A sua mãe teve que
te deixar um dia após o seu nascimento, foi o que Sinead impôs
para que vocês vivessem. O homem que você pensou ser o seu pai
Sabe a casa onde os Lynch moram? Não é deles, ali viveu por
muitos anos a sua família – os seus pais e a sua avó, a mãe da sua
mãe. Que sou eu. Me chamo Rose Gallagher, sou a mãe do seu pai,
a sua avó, que te ama muito e que se sacrificou para ver a sua
e ser morta por levar uma herdeira Gallagher, ou te deixar aos meus
cuidados como uma simples serva na casa dos Lynch. Lidewij e eu
entramos em um acordo e decidimos o que seria melhor para você,
mesmo que não pareça ter sido o melhor caminho a ser seguido.
Mas toda a mentira que construímos ao seu redor não foi por acaso.
A sua mãe um dia voltará para você e poderá te explicar tudo. Ela
soube que seria pai de uma menininha. Assim como o seu nome,
Muriel. Muriel Gallagher.
Sei que você deve estar confusa, mas é o que posso te contar.
A sua mãe vai explicar detalhadamente todos os fatos. E se eu não
estiver viva para contar com ela, saiba que morri feliz por ter
cumprido a minha missão. Se eu morri, foi porque estava tentando
te proteger, então tente superar a minha partida e seja feliz. Eu vivi
todos esses anos para você e não quero que você viva os seus
próximos anos em luto. Viva para você, por você, pela sua
felicidade.
Nós poderíamos ter escolhido o poder, uma retaliação, mas do
que adiantaria termos o poder se não teríamos você ao nosso lado,
minha pequena Muriel Gallagher? Você foi a nossa maior
Não sofra por nunca ter sido uma Lynch, eles não te merecem
e não chegam aos seus pés. Os filhos de Sinead nunca poderiam
Não tenho estrutura para lidar com esta carta. Se pensei que
me sentiria bem ao ler, eu me enganei, estou pior. Rose era a minha
avó, ela deu a sua vida por mim. Aquela foi a nossa última conversa
e ela sabia disso. A carta era uma despedida e ela não quis me
dizer, me polpou da dor ao me deixar vir com Carter para Londres.
então Sinead não tem direito algum sobre mim. Ele não pode ter de
volta o que nunca foi dele.
o neto da russa não é páreo para mim e está sob as rédeas dela.
Viktoria confidenciou ao Ezra que Brends está na Irlanda para
no Brends, ela dará um jeito nele. Mas tudo vai depender de como
será o meu encontro com ele.
Carter, sei que não me pediu para investigar nada, mas como o
você está disposto a tudo para ter a mulher que você ama ao seu
lado, precisei usar a minha influência para descobrir algumas coisas
que são muito importantes. Depois de tantas tragédias na família,
hoje não pago mais para ver — diz Killz, e eu concordo com ele.
que Muriel tanto quis que a amasse como filha não é o pai dela, e
sim um usurpador.
verdadeira herdeira viva e sob o teto dele, para que pudesse ter
certeza de que ela nunca se viraria contra ele. Mesmo que as
chances fossem pequenas de ela destruí-lo, o homem temia que a
fato de ela ser avó da ruiva, o que muda tudo, eu não poderia trazê-
la comigo, não antes de resolver assuntos pendentes. Ela está
Tyron Lynch o que ele tanto quer. Darei uma resposta à altura. Nem
mesmo se o seu pai implorar por clemência vou recuar. Eles não
merecem o meu respeito, nunca mereceram.
virado pó. As únicas coisas materiais que não mexeram foram nos
galpões dos carros e nem das armas, somente a casa foi o alvo de
Tyron. O infeliz fez a tarefa dele direitinho. Maldito abutre.
não tenho como saber se ele está vivo e onde encontrar o corpo de
Rose.
soldado.
pergunto, curioso.
mataram?
— Quando fomos atacados o pai não estava, senhor. Mas
de o pai dele levar Rose e Dom significa que esperam que eu sinta
que tenho uma dívida com ele. Mas não dessa vez, quem tem todas
Parece que o velho está jogando bem, pelo menos é o que ele
imagina. Me deu passagem livre, nem mesmo nos revistaram, e
após o ataque seria normal se me impedissem de ter acesso à casa
é capaz, conhece a história dele. Mas não é só Ezra que ele teme, a
mim também.
sombria.
retruca Sinead.
ódio.
— Saiam! Só voltem se eu chamar! — ordena Sinead.
enrolação.
velho, calmamente.
sabe que te respeito, respeito a sua família. — Olha para Ezra, que
o encara sem expressão.
sua filha, e o meu braço direito quase morreu por causa do seu filho
inconsequente! Por que acha que pode me convencer com essa
— Sinto muito por tudo o que Tyron fez, nem sei como corrigir
as coisas. Ele foi longe demais invadindo a sua casa...
seu filho. Sinead, o mal deve ser cortado pela raiz, e o meu objetivo,
quando voltei para a Irlanda, não foi para que tomássemos um chá.
Ranjo os dentes.
mexido com o que estava quieto. Não vou matá-lo, não agora, mas
vou fazer com que queira morrer depois que eu terminar com ele.
Não ouse se meter, você me deu carta branca para castigá-lo. Se
voltar atrás da sua palavra será muito pior, vou entender como uma
traição — ameaço.
— Faça o que tiver que fazer com Tyron, ele merece pagar
sabe que eu não brinco em serviço, que quando estou com raiva
escondeu, Sinead Lynch. Não viemos aqui para passar a tarde com
você, muito menos perder o nosso tempo com um caralho de
tentar nos parar, posso mudar de ideia e mato um por um, nem que
põe de pé.
longe de mim, mas ele insistiu, então trate de grudar o seu rabo
— desdenho.
isso aqui virar peneira. O nosso irmão está a par de tudo, e você
não vai desejar ser alvo do Knight mais velho — diz Ezra,
Glock.
— Leve o tempo que precisar, Carter. O Lynch aqui não tem
mas me permitiu punir Tyron. Quando ele vir o estado que vou
deixar o seu filho, vai se arrepender, vai ter desejado me deixar
matá-lo.
olhos.
nua, o irmão dela está entre suas pernas, chupando sua boceta. A
festa deles está tão boa que nem me notam. O neto de Viktoria está
puta está com a cabeça jogada para trás e soltando a fumaça no ar.
vermelhos.
coloca na boca.
pegar sua roupa. — Eu disse para sair, e não se vestir. Saia dessa
Viktoria.
chão.
Ele corre em direção à porta, sem olhar para trás. Dou três
de lá uma faca e vindo para cima de mim. Então faço o mesmo que
fiz com o sócio dele, atiro nos mesmos locais. O filho de Sinead cai
no chão, rindo, como se estivesse possuído.
dos Knight, mas não mexa comigo, não mexa com as pessoas que
eu amo, porque viro um monstro. — Puxo a sua mão novamente e
seguro o seu polegar, posicionando o cortador e cortando o primeiro
dedo. O líquido vermelho jorra, para o meu prazer.
da puta.
atacar.
refletindo fúria.
Troco olhares com Ezra e ele faz um sinal para mim como se
dissesse que podemos derrubar todos.
— Tudo bem, você está certo. Uma vida pela outra. Você só
fez o que deveria ser feito para selar a paz — ele aceita, mas sei
que essa redenção não é verdadeira.
para se vingar. Já vi esse filme uma vez e não pagaria para ver de
novo.
Por fim, quem traz a comida para Muriel é Hailey. Assim que
saímos do banho e refazemos o meu curativo, batem à porta. A
esposa do meu irmão está sem graça quando me entrega a
bandeja, e eu sei o porquê. Certamente, está envergonhada por não
ter contado a Muriel sobre a sua mãe quando soube. Com a
chegada de Celeste e Maeve, Hailey ficou sem saber como agir, já
que a ruiva depositou toda a confiança nela desde a sua vinda a
Londres.
Penso em perguntar a ela pela mãe de Muriel, afinal, ela disse
que traria comida para a filha, mas me calo quando sinto que estou
sendo observado. Quando Hailey se afasta, percebo que um certo
alguém não faz questão de se manifestar, continua secando o
cabelo na toalha como se nada estivesse acontecendo.
Infelizmente, fui um ótimo professor para ela nos últimos anos,
quando Muriel está chateada é ótima em ignorar as pessoas.
Nós nos beijamos, nos abraçamos e ela diz que me ama, e
acaba se calando por completo por um tempo, está pensativa
demais.
— Isto está uma delícia, Carter — ela quebra o silêncio
quando termina de mastigar a batata frita com o peixe.
— Que bom que gostou. Eu gosto de te ver assim, bem
alimentada. — Limpo o canto da sua boca que está sujo e ela sorri,
voltando a mastigar.
Quando ela termina de comer, tiro a bandeja do seu colo e a
coloco no móvel ao lado da cama, então ofereço a ela um copo de
água e um remédio para a sua dor de cabeça.
— Será que ela já foi? — pergunta, sem conseguir mencionar
o nome da mãe, depois de tomar o medicamento.
— Não sei. Você quer vê-la? Já se sente bem para isso? —
indago, avaliando-a com cuidado.
— Hoje não. Foram muitas emoções para um dia só, preciso
respirar, dar um jeito no caos que está dentro de mim. Tenho certeza
de que amanhã poderemos nos sentar e conversarmos melhor —
diz, com doçura. Muriel não demonstra rancor, apesar da voz estar
levemente insegura.
— O.k. Estou de acordo com o que você decidir. — Toco em
seu rosto.
Ela assente e se levanta, me pedindo licença para ir ao
banheiro. Muriel está nitidamente confusa com a situação, também,
são tantas coisas para serem ditas que nem mesmo eu sei por onde
começar.
Meu celular vibra no móvel ao lado, então eu o pego e vejo
que é uma mensagem de Alessa avisando que todas estão indo
embora e que Celeste e Maeve irão na manhã seguinte para
Irlanda, mas que antes a mãe de Muriel quer falar com ela. Apenas
digito um o.k. e coloco o telefone no modo silencioso.
Fico aliviado ao saber que a mulher pensou melhor, a filha
merece ter algumas horas para compreender o que está
acontecendo ao seu redor, sem ser pressionada.
Após alguns minutos, Muriel retorna com o semblante mais
meigo, mas está nervosa, mexe no laço do robe várias vezes e sorri
para mim, disfarçando o quanto está desconfortável. Quando ela se
senta na cama, eu faço o mesmo.
— Carter? — Seus olhos esverdeados me sondam com
curiosidade quando ela se recosta na cabeceira.
— Sim? — Fito-a, sabendo o que está por vir.
— Como soube que essa senhora é a minha mãe? — Ela
pigarreia, aparentemente incomodada com a pergunta.
— Killz me confirmou o que eu já desconfiava — digo, com
sinceridade.
— Pretendia me contar? — Sua voz vacila.
— Claro. Eu só não queria que você recebesse essa notícia
de uma forma tão brusca — confesso, tocando no seu cabelo.
— Eu li a carta que a Rose me entregou e descobri que não
tinha sido escrita pela minha mãe, e sim por minha... avó. A nana
me contou quase tudo naquela carta, acredita? — Engole o choro e
recupera a firmeza na voz.
Muriel me conta o conteúdo da carta com muita dificuldade, é
praticamente o mesmo que Killz me informou naquele arquivo. A
diferença é a maneira como Rose contou a versão dela.
Ela para de falar, com os lábios trêmulos.
— Nana foi o meu anjo, Carter. Agora me conte como o seu
irmão descobriu que essa Lidewij é minha mãe — pede, quase
gaguejando.
— Meu irmão me enviou um e-mail antes da minha ida a
Irlanda informando a sua origem, a história da sua família e o nome
verdadeiro da sua mãe. — Ela fica surpresa, pelo visto não sabia. —
A Lidewij se chama Maeve, sereia, esse é o nome verdadeiro dela.
Ela começou a usar um nome falso para despistar o Sinead —
explico e ela assente.
Então conto sobre o arquivo que Killz me enviou, nada é
novidade para ela, uma vez que a carta dizia o mesmo.
— São tantas informações para uma pessoa só. — Ri, bem-
humorada, tentando camuflar a dor com uma risada. — Acho que te
devo um agradecimento, não é?
Nego com um meneio de cabeça.
— Não precisa me agradecer. Tudo que faço é por você, por
nós, pela nossa família. — Descanso a palma da mão na sua coxa.
— Tenho tantas perguntas para te fazer... São tantas que me
sinto sufocada. — Solta uma lufada de ar.
— Eu estou aqui, não estou? Respire fundo e pergunte o que
quiser, sereia. Só não guarde para você o que está te incomodando,
isso faz mal. — Afasto o seu cabelo para o lado e deixo o seu
pescoço à mostra, então deposito ali um beijo demorado, deixando-
a arrepiada.
— Obrigada. Você é perfeito, sabia? — fala, com a voz suave.
— Posso ser tudo, menos perfeito, meu amor. — Mordo de
leve o lóbulo da sua orelha e ela solta um gemido baixo.
— Mas eu não disse em que sentido você é perfeito, sr.
Carter. — Muriel vira o rosto, capturando os meus lábios para me
dar um selinho. — Você é perfeito para mim, entende? Ao menos
para mim é — declara, encostando o rosto no meu peito.
Ficamos em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a
presença do outro.
— Como você o matou? O que sentiu quando matou Tyron?
Me conte como aconteceu, por favor. — Muriel ergue o rosto e me
encara, seus olhos brilhando sombriamente.
— Sempre soube que existe uma diabinha perversa dentro de
você — retruco, segurando-a pelo pescoço e beijando a sua boca,
sentindo o gosto refrescante de menta. — Quer mesmo saber como
o matei, sereia? — pergunto, com a minha boca ainda colada na
dela. Muriel balança a cabeça dizendo que sim e mordisca meu
lábio. É sexy pra caralho.
— Não me esconda nada — pede, passando as unhas por
meu abdômen.
Muriel pergunta sobre tudo, menos da Rose, é um assunto
que a machuca, ainda está tentando absorver a realidade que está
diante dela.
Começo a contar o que aconteceu quando coloquei os pés na
Irlanda. Muriel fica pálida quando relato como encontrei a sua irmã,
no quarto com Brends e Tyron. Ela quase chora ao saber que Kira
foi violentada pelo próprio irmão e que o pai sempre soube, mas
nunca fez nada.
Cada palavra que sai da minha boca deixa Muriel chocada,
com os olhos arregalados e sempre demonstrando compaixão por
Kira. Digo que a trouxemos, já que salvou o Dominic, e essa a
informação a deixa mais aliviada. Noto que o seu maior interesse é
na minha descrição de como matei Tyron. Deixo a parte da ameaça
dele, que me incentivou a matá-lo, de lado. Ela não precisa de mais
coisas atordoando-a.
— Acho que você deveria descansar um pouco — sugiro,
puxando-a para os meus braços e beijando a sua cabeça.
— Estou sem sono, dormi a tarde toda. Já chorei o que tinha
para chorar, e nem tenho mais lágrimas, se quer saber — diz, se
afastando um pouco. — Podemos aproveitar um pouco, quero
celebrar a morte daquele imbecil e a queda do Sinead com estilo. —
Antes de vir para o meu colo, ela tira o robe e o joga no chão.
Hipnotizado com o seu corpo delicioso, lambo os lábios e
lanço um sorriso safado em sua direção.
Muriel monta no meu pau e rebola, me provocando, se
esfregando, me deixando com uma ereção enorme. Sem conter o
gemido abafado de excitação, percorro as mãos por suas coxas até
chegar a sua bunda. Aperto com vontade e dou uma palmada forte
no local. Fingindo não ter sido afetada, ela me encara
desafiadoramente e sorri de lado.
Foda-se, sou louco por essa diaba.
— Muriel... — sussurro seu nome quando ela leva uma mão
ao meu pênis e massageia por cima do tecido da minha calça de
moletom.
— Antes de transarmos, quero tentar algo novo. — Continua
apertando meu sexo com a sua mão macia.
— É só me pedir que eu dou — digo, com a mente suja.
Porra, já estou salivando por ela e imaginando várias
sacanagens que podemos fazer.
— Eu quero chupar o seu pau. Quero fazer um boquete em
você, apesar de nunca ter feito, já li em livros... então vou precisar
que me ajude, caso eu faça algo errado. — Muriel se inclina ao
mesmo tempo em que enfia a mão dentro da minha calça,
colocando a boca perto do meu ouvido. — Vai me deixar te provar,
Carter James Knight? — Ela coloca meu pênis para fora e começa a
bater uma punheta, até que aumenta o ritmo, me fazendo gemer.
— Se continuar assim vai me fazer gozar na sua mão. E eu
sei que você quer provar o leite direto da fonte — digo, gemendo,
apertando as suas coxas com meus dedos.
Ela faz uma cara de safada e passa a língua entre os lábios,
encarando o meu pau melado. Estou explodindo de tesão, e com a
visão que tenho da sua boceta depilada e seus mamilos firmes,
médios, com aréolas rosadas e os biquinhos durinhos que cabem
perfeitamente em minhas mãos, faz com que eu me renda às suas
investidas.
— Shiu... Só estou retribuindo todas as vezes que me fez
gozar com os seus dedos, boca e pau...
Minha respiração fica acelerada ao vê-la levar os dedos
molhados e pegajosos à boca e chupar um por um. Enlouquecido
com o seu gesto, eu jogo a cabeça para trás e sorrio, mordendo a
boca. Muriel não para, volta a me masturbar vigorosamente, ora
rápido, ora lentamente, me fazendo por fim esporrar um jato de
gozo.
— Ajoelha, sereia. — Agarro o seu cabelo em um punhado e
puxo seu rosto para perto do meu. Ela geme, deliciada com a
pegada firme. — Me mostre o que você sabe fazer com essa boca.
Vamos ver se essa boquinha é tão feiticeira quanto a sua boceta.
Com um sorriso sacana, levo uma mão à sua vagina e
introduzo dois dedos, deslizo-os com facilidade, já que ela está
molhada. A sua excitação está descendo por suas pernas e eu mal
a toquei.
Eu a fodo com os dedos, devagar e firmemente. Muriel deixa
escapar um gemido e move os quadris. Ela tenta segurar o meu
pau, mas não deixo, continuo arrancando gemidos dela, que agora
estão altos. Ao ver que ela está quase gozando, tiro meus dedos de
dentro dela e sou repreendido com um olhar matador.
— Carter... — O seu rosto está vermelho e é sexy pra caralho
a visão que tenho dela.
— Ajoelha, Muriel — peço, com a voz rouca e com uma
ereção fodida.
Suas pupilas dilatadas denunciam o quanto está excitada.
Quando levo meus dedos à boca, a respiração dela fica pesada.
— Você me paga...
Antes que saia do meu colo, levo as mãos à sua bunda e vou
fazendo um caminho até o lugar que ainda não comi.
— Ah, ruivinha, quem vai pagar é você. E de todas as formas.
— Encosto minha boca no seu ouvido. — Hoje, você vai me dar
isso, sereia? — Ela sobressalta quando sente meu dedo abrindo o
seu cu. Vou empurrando o dedo devagar para não machucar, e sem
demora fodo o buraquinho apertado e virgem.
— Uhum, te dou tudo... tudo — geme, me beija e me morde.
— Vamos por partes — falo, parando de beijá-la e tirando meu
dedo do seu ânus. — Agora preciso foder a sua boca com o meu
pau, anseio por isso há muito tempo. — Encaro-a, passando o
polegar em seus lábios entreabertos.
Meu plano era consolá-la de outra maneira, mas ela libertou o
meu outro lado, o menos nobre e que adora ouvi-la gemer enquanto
estou dentro dela.
A primeira coisa que fazemos é nos livrar da minha calça
quando Muriel sai do meu colo. Ajoelhada entre as minhas pernas,
ela umedece os lábios e os morde, a visão que tenho dela nessa
posição é uma mistura de céu e inferno. O seu rosto angelical e o
olhar diabólico me seduzem, me enlaça como uma presa fácil. Fixo
os olhos em seu rosto bonito com algumas sardas sexy e vou
descendo para a boca naturalmente rosada, fazendo um caminho
lento e prazeroso até chegar aos seus seios durinhos, apreciando
cada pedaço do seu corpo tentador.
Percebendo a minha admiração, ela sorri como se estivesse
me fazendo um convite para queimar com ela nas brasas do inferno.
— São lindas, eu adoro... — Desliza os dedos finos pelas
veias grossas do meu pau.
Sem demora, Muriel fecha a mão ao redor do meu membro e
aproxima o rosto dele, sem tirar os olhos dos meus. Ela beija
minhas veias e depois vai até a glande lambuzada, lambendo antes
de começar a chupar, fazendo movimentos circulares com a língua.
Por instantes me provoca, só chupando a glande. Ela olha para mim
e me atiça ao continuar mexendo a língua ao redor do meu pau. A
diaba não pensa duas vezes antes de o deslizar lentamente para
dentro da boca.
Caralho. Eu me sinto no paraíso quando ela fecha os lábios
aveludados no meu sexo.
Semicerro os olhos assim que a vejo engolir até onde
aguenta. Primeiro, ela se engasga e fica com as bochechas
coradas, mas logo se adapta ao meu tamanho e me chupa com
aptidão, sem que eu precise conduzi-la.
Jogo a cabeça para trás e agarro o seu cabelo. Muriel abre
mais os lábios e começa um ritmo de vai-e-vem, quanto mais rápido
ela vai mais eu gemo.
A pressão que faz me leva à loucura. Com a minha respiração
irregular, observo o líquido viscoso escorrer pelo canto da sua boca.
— Vou gozar.
Muriel se afasta lentamente, com os olhos semicerrados,
fazendo com que os pensamentos sujos apareçam quando põe a
língua para fora e segura o meu pau no meio dos seus seios.
Sabendo muito bem o que ela quer, puxo-a pelos cabelos e
deixo o jato do gozo espirrar em sua boca, colo e seios, levantando-
a rapidamente para se sentar nas minhas coxas.
Encarando-a, levo uma mão à sua boca e tento limpar a
sujeira que fiz, mas ela nega com a cabeça. Estremeço quando põe
meu dedo em sua boca e o chupa, repetindo o gesto sob o meu
olhar que poderia queimá-la se fosse fogo.
Muriel é o meu inferno pessoal e eu gosto da ideia de ser
queimado por ela. Além de ter roubado o meu coração que por
muitos anos esteve estraçalhado, me enlouquece de uma maneira
indescritível quando está nos meus braços e se entrega para mim.
— Deita na cama, vamos fazer algo novo. — Seguro de
maneira firme seus quadris.
Seus olhos brilham de malícia quando faz como pedi,
deitando-se de costas atenta aos meus movimentos.
Levo a mão à sua coxa e vou subindo até a virilha, abrindo
caminho até a sua boceta e enfiando dois dedos nela.
Instintivamente ela se abre para mim e solta um gemido gostoso,
jogando a cabeça para trás quando belisco seu clitóris .
— Eu quero te comer de quatro. Se vire e segure na cabeceira
— peço, com a voz rouca.
Muriel respira com dificuldade quando tiro meus dedos da sua
vagina e se posiciona, arrebitando bem a bundinha. Subo na cama e
fico ajoelhado atrás dela, então dou uma palmada em cada lado da
sua bunda, deixando avermelhada a pele branquinha, do mesmo
tom da sua boceta.
Salivando para colocar a minha boca ali, abro bem as suas
pernas e meto um dedo, depois o outro, penetrando-a levemente,
sentindo a umidade em minhas mãos. Com o indicador, esfrego o
clitóris e começo a mover a ponta dos dedos para cima e para
baixo.
— A-Ahhh... Carter... que d-delícia... — Muriel geme baixinho,
apertando um dos seios com a mão e rebolando para mim.
Beijo cada lado da sua bunda e dou uma mordida antes de
fazer uma trilha de beijos até o seu ponto sensível. Abro os lábios
da sua bocetinha e meto a língua, chupando o seu clitóris durinho
enquanto a fodo com afinco com meus dedos. O cheiro doce da sua
excitação libera o animal faminto dentro de mim.
Seus gemidos aumentam e o prazer que proporciono a ela é
tão intenso, que Muriel rebola como se estivesse sentando no meu
pau, louca para gozar. Suas pernas tremem um pouco quando tiro
meus dedos de dentro dela e levo a sua lubrificação até o seu ânus,
sem tirar a minha língua do seu clitóris.
Depois de preparar o seu cu para me receber, deslizo um
dedo nele, fodendo-o devagar para que esteja pronto para mim.
Faço movimentos circulares mais rápidos em seu ânus. Muriel fica
com o corpo trêmulo e geme alto enquanto continuo com a minha
boca nela. Rapidamente ela goza.
Sedento, lambo cada gota do seu mel enquanto ela puxa ar
para os pulmões. Sem dar tempo para se recuperar, tiro meu dedo
do seu ânus e substituo por minha língua, acariciando seu
buraquinho virgem enquanto seguro seus quadris.
Conforme Muriel vai ficando excitada novamente com as
minhas investidas, eu me afasto poucos centímetros para começar a
me masturbar.
— O que você quer primeiro? A boceta ou o cu, sereia? —
pergunto, parando a punheta e pincelando o pênis em sua vagina e
subindo até o seu ânus, enlouquecendo-a ao repetir o movimento.
— Os dois... — diz, se oferecendo para mim. Ela me encara
por cima dos ombros e eu consigo ver as suas pupilas dilatadas.
— Quero o seu cuzinho, e quando eu estiver dentro de você,
quero que se masturbe. — Levo meu pau ao seu ânus e a invado
lentamente, com cuidado para não a machucar.
— Aiii... — choraminga, desconfortável.
— Relaxa, vai ser gostoso. Logo a dor passa e você se
acostuma. Me dê uma mão e se apoie na cabeceira com a outra. —
Ela assente, soltando a respiração. Levo sua mão à sua vagina. —
Agora se masturbe, vou te ajudar também.
Puxo-a para mim quando já estou dentro, encostando suas
costas no meu peitoral. Faço um vai-e-vem lento, meu sexo entra e
sai dela, fazendo Muriel estremecer. Ela me oferece o seu pescoço
e eu a beijo carinhosamente, sentindo o seu peito ofegante subir e
descer.
Começo a bombear no seu cu e ela não reclama mais,
somente arrebita mais a bunda em minha direção. Fodo-a com
velocidade e ela acompanha o ritmo, rebolando, gemendo e
resfolegando. Quando seu cu aperta o meu pênis, minha respiração
acelera e eu apoio a testa em suas costas suadas, ouvindo a cama
ranger com os movimentos bruscos.
Nós gememos, quase alcançando o clímax.
— Puta que pariu, sereia... Você é muito gostosa... e minha,
só minha — falo, possessivo, estocando nela com precisão e
gozando enquanto solto um gemido rouco.
— Eu sou sua... somente sua, amor... estou... chegando lá —
geme alto quando afasto sua mão do seu clitóris e os levo à minha
boca, chupando-o um por um.
Assim que saio de dentro dela, Muriel se vira para mim e
agarra o meu rosto, beijando com luxúria. Nossas respirações se
misturam, sugo a sua língua manhosa e seus lábios macios.
Ansiando mais, exploro outros lugares com a minha boca. Desço
para o seu pescoço, mordendo, beijando e chupando, enquanto
minhas mãos passeiam por seus mamilos, costas e bunda. Muriel
agarra o meu cabelo com uma mão, enquanto a outra desce para o
meu abdômen e o arranha.
Deito-a de barriga para cima e tenho a visão mais perfeita dela
quando seu cabelo ruivo se espalha no travesseiro. Aprecio a visão
por segundos antes de me encaixar entre as suas pernas
arreganhadas. Com a ponta dos dedos, abro a sua vagina e coloco
o dedo médio e o tiro, enfiando-o na minha boca e o chupando.
Volto a penetrá-la novamente sob o seu olhar cálido.
— Quero que sente na minha cara e esfregue a boceta na
minha boca — digo, deixando-a de olhos arregalados.
Meu pau volta a dar sinal de vida com a imagem que se forma
em minha mente. Tiro meu dedo de dentro dela para trocarmos de
posição. Em pouco tempo, estou deitado enquanto ela fica acima de
mim, molhando o meu abdômen com a sua excitação. Seguro-a
pelos quadris e coloco a sua boceta sobre o meu rosto. Muriel se
apoia na cabeceira quando roço o nariz em sua entrada ensopada,
sentindo seu cheiro delicioso.
Abocanho o clitóris e começo a trabalhar a língua com
movimentos circulares, estimulando Muriel, que se contorce e geme.
Ela esfrega a boceta encharcada no meu rosto com vontade,
aumentando o meu tesão, me fazendo ora sugar, ora lamber,
enquanto rebola com agilidade em busca do prazer.
— Ahhh... Carter... q-quero mais... — pede, ao sentir minha
língua entrar e sair.
Levo as mãos à sua bunda e aperto com força. Sua vagina
quente lateja cada vez mais com a minhas investidas enquanto
Muriel se remexe incansavelmente, choramingando. Nem ela
consegue aplacar o fogo que está consumindo-a. Disposto a dar a
ela muito mais, introduzo um dedo em sua boceta e vou fundo,
implacável, estimulando o seu interior, até que sinto que ela chega
ao clímax, soltando um gemido alto.
Muriel goza tão gostoso que soluça alto e prende o meu rosto
com as pernas, quase me sufocando. Aos poucos, ela vai
relaxando, trêmula, enquanto sugo todo o seu líquido, limpando
cada pedacinho da sua vagina com a minha língua.
Ela sai de cima de mim com a respiração pesada, se joga ao
meu lado na cama e me encara. Ela está descabelada, vermelha,
mas sorridente. Pego o lençol e limpo o meu rosto lambuzado pelo
seu gozo.
— Estou morta. — Puxa o ar para os pulmões e ri.
— Só estamos nos aquecendo — digo, fazendo-a jogar a
cabeça para trás e gargalhar. Puxo-a pela cintura para mim, tocando
sua bunda e massageando carinhosamente. Fixo meus olhos nos
dela que estão febris, assim como os meus. — Está dolorida? —
indago, deslizando os dedos em seu ânus.
Meu pênis cutuca a sua barriga, e quando ela percebe me dá
um sorriso. A maneira como ela me olha acende todo o meu corpo.
— Uhum, dói um pouco, mas nada insuportável — diz,
mordendo os lábios e tocando a tatuagem tribal em meu peito,
contornando-a com o dedo.
— Acho que estou viciado em você — confesso, descansando
a palma da mão no seu cóccix. — É mais do que isso — digo,
sorrindo para ela, que arqueia a sobrancelha.
— Essa é a maneira de dizer que me ama, sr. Carter? — Sorri
de lado, convencida.
Fico calado, pensativo. Fito-a por alguns segundos e vejo o
brilho dela sumir por não ter a minha resposta.
— O nosso casamento já responde a sua pergunta, não?
Sereia, eu não faria de você a minha esposa se não te amasse. Eu
te amo, e quando descobri isso tudo se tornou mais fácil para mim
— declaro, afetando-a fortemente.
Ela queria ouvir um simples “eu te amo”, mas eu a surpreendo
com a minha sinceridade. Os Lynch não existem mais, não têm mais
poder, então, se eu não quisesse me casar com ela, não
precisaríamos. No entanto, quero muito que Muriel seja oficialmente
a minha mulher, que seja reconhecida por minha família como uma
Knight.
— Depois não me pergunte por que escolhi você para amar,
por que te esperei por tantos anos. Ter você em minha vida foi como
uma luz no fim do túnel. Quando achei que nada mais poderia
piorar, você surgiu e me mostrou que nem sempre devemos julgar
uma pessoa pela aparência ou pelo que falam dela — responde,
emocionada, mas firme.
Só consigo me lembrar de quando nos conhecemos.
— Acabou, Muriel, ninguém mais poderá te machucar. E se
alguém tentar tocar em um fio de cabelo seu, eu mato — falo. Seus
olhos ficam marejados, imagino que esteja se lembrando do
sofrimento que passou com a família que achou ser dela. — O que
acha de nos casarmos daqui a quinze dias?
— Quinze dias? — repete, o brilho dela volta tão intenso
quanto antes.
— Sim. O que me diz? — Toco em seu rosto.
— Será maravilhoso, eu aceito — diz, sorrindo de orelha a
orelha.
Aproximo meu rosto do dela e a beijo apaixonadamente.
Quando vejo, já estou em cima dela me encaixando perfeitamente
entre suas pernas, seu corpo parece ter sido moldado para mim,
pequeno e quente.
Muriel se abre para mim e eu encaixo o meu pau em sua
boceta, investindo com estocadas firmes. A sua vagina gulosa me
recebe tão bem. Então penetro devagar, entro e saio lentamente por
um bom tempo, ouvindo os seus gemidos se misturarem aos meus.
— Ahh... mais forte, amor... — pede, entrelaçando as pernas
ao meu redor.
— Assim? — Vou com mais força, até que sinto o seu canal se
contrair, apertando meu sexo. Sugo um mamilo e depois o outro,
enquanto meto nela com força.
— Uhum... — geme alto.
Notando que Muriel está prestes a gozar, saio dela e a viro
rapidamente de bruços, com a bunda empinada para mim. Seguro
em seus quadris e me enterro novamente, começando a estocar
com ímpeto. Ela grita, apertando meu pau a cada estocada.
Suado e trêmulo, beijo suas costas e a penetro com
velocidade, chocando meu quadril e coxas contra o seu corpo.
Sorrio ao vê-la agarrar o lençol com as mãos e gemer, com a
cabeça virada para o lado e a boca entreaberta. Focado em sua
expressão de prazer, gememos quando nossos corpos anunciam
estarem próximos a um orgasmo violento.
Minhas entranhas apertam e aos poucos vou deixando meu
jato quente e grosso dentro dela.
Cansados, nos jogamos na cama um ao lado do outro, e não
demora para que Muriel se aproxime e me abrace, então beijo sua
testa suada e sorrio.
Carter e eu ficamos nos amando até a madrugada, e pela
manhã, quando acordarmos, vimos as olheiras que ganhamos.
Apesar de estar cansada e com sono, estou satisfeita por tê-lo tido
por muitas horas ao meu lado, cuidando de mim e me fazendo sua
mulher.
Ontem recebi tantas notícias uma por cima da outra, que se
não fosse por ele, teria enlouquecido. Sem o seu carinho e apoio,
certamente, não suportaria muita coisa. Em seus braços, pude
esquecer o caos que se propagou ao meu redor.
Bocejando, arrumo a pequena mala com algumas peças de
roupa, mesmo que Carter tenha me dito que não é necessário, já
que iremos voltar hoje mesmo da Irlanda. Carter saiu faz pouco
tempo para falar com o piloto. Hoje, ficarei diante do meu algoz,
pretendo ser tão dura com ele quanto foi comigo por muitos anos.
Sinead Lynch vai receber em dobro o que causou a mim e à minha
família biológica.
Morando com Carter, aprendi muitos golpes e pretendo
colocar tudo em prática hoje. E não existe um saco de pancadas
melhor do que o meu falso pai, um filho da puta que teve a coragem,
a podridão, de deixar que a própria filha fosse abusada pelo Tyron.
Quando soube o que a minha irmã passou nas mãos deles,
desmoronei por dentro e por fora, naquele momento meu coração
ficou esmagado. A coitada foi tão vítima quanto eu, ou até mais,
então, ficarei ao seu lado sempre que precisar, e se for necessário,
intercederei por ela com Dominic, já que ele será o responsável por
seu destino.
Pedi ao Carter que trouxesse a minha irmã aqui, preciso vê-la,
quero abraçá-la e dizer que pode contar comigo, que agora
podemos ter uma relação saudável sem que aqueles dois nojentos
nos impeça de criar um vínculo.
Arrependo-me amargamente de ter invejado a vida de Kira,
sempre imaginei que ela fosse a princesinha da casa. Nem sei
direito o que faria se estivesse em seu lugar, sendo violada por
aquela escória durante tanto tempo.
Assim que termino de arrumar a mala ouço batidas à porta.
Meu coração acelera e um sorriso surge em meus lábios. Passo a
mão em meu cabelo e corro para abrir a porta, me deparando com a
minha irmã, que tem o rosto pálido e muito abatido.
— Oi... — diz, com a voz embargada.
Olho bem para ela e percebo que seus olhos não brilham,
então me dou conta que isso nunca aconteceu, acho que passei
tanto tempo focada na minha dor, que não vi o que estava ao meu
redor. Sinto-me péssima por isso. Mas como eu saberia o que
acontecia, uma vez que Kira conseguia disfarçar a sua dor, sem
contar que fomos criadas uma longe da outra.
Sem palavras, faço o que nunca tive coragem — abraço-a
com força. Surpresa com a minha reação, Kira se agarra a mim e
começa a chorar. Não tem como não sentir o aperto no peito e um
nó na garganta. Eu a consolo como posso e beijo o seu rosto,
emocionada com a nossa aproximação.
— Chore o quanto quiser, se liberte. Chorar é mais do que
necessário para isso — digo, acariciando as suas costas enquanto
ela soluça. — Uma vez, a nana me disse que o choro pode parecer
ruim, mas em alguns momentos ele é bom porque nos liberta. É
através dele que desabafamos as nossas maiores dores quando
não conseguimos expressar com palavras. — Minha voz vacila, mas
me mantenho firme.
— Me perdoe... E-eu... era obrigada a te ignorar, te tratar mal,
ser tão idiota, Muriel — confessa, aos prantos. — Sei que é tarde
demais para falar essas coisas, mas quando soube que queria me
ver, eu fiquei feliz e ao mesmo tempo incerta... Nunca fui uma irmã
para você, Tyron e o Sinead eram horríveis comigo, eu tinha que
seguir tudo o que mandavam. Você sabe como somos tratadas
nesse mundo, nada que façamos será motivo de orgulho para eles...
E eles me obrigavam a me passar por uma princesinha, quando na
verdade o meu próprio irmão abusava de mim.
— Respire e se acalme primeiro. Vamos entrar e conversar
melhor — peço, carinhosa, levando-a para dentro do quarto.
Kira se senta na poltrona enquanto fico na cama. Ao ver o
quanto ela está trêmula, pego um copo com água e entrego a ela.
Me atrevo a tocar em seu rosto avermelhado e limpar as suas
lágrimas. Quando ela dá um sorriso fraco, vejo através dos seus
olhos o quanto está sofrendo.
— Primeiro se acalme, e depois iremos conversar direito, o.k.?
— falo.
— Obrigada... — sussurra, fechando os dedos com força ao
redor do copo de vidro.
Sem querer que se machuque, pego-o da mão dela e devolvo
para o móvel, então me ajoelho à sua frente.
— Você já sabia que eu não sou sua irmã? — pergunto
quando Kira parece mais calma.
Ao me ouvir, ela arregala os olhos.
— Você não é minha irmã? Aquele homem sempre disse que
você era fruto de uma traição dele. Ele sempre deixou claro que te
tratava daquele jeito e te rejeitava por você não ser filha da minha
mãe... Mas nunca passou pela minha cabeça que você não era
minha meia-irmã. — Ela está visivelmente confusa, eu saberia se
estivesse mentindo.
— Quer me contar o que aconteceu com você durante esses
anos, ou quer que eu conte a história que descobri recentemente?
— indago, me levantando e voltando a me sentar na cama.
— Sinceramente... isso é uma loucura, nem sei como
descrever o que estou sentindo neste momento — diz, atordoada,
me encarando assustada.
— Você ainda está nervosa. Vou te contar como descobri a
minha origem... Acredite em mim, vai agradecer por estar sentada
quando terminar de ouvir o que tenho para contar sobre Sinead
Lynch.
Kira balança a cabeça concordando. Faço um sinal para que
ela venha até mim, e assim que ela o faz, seguro as suas mãos
frias.
— Descobri recentemente que o Sinead não é meu pai.
Durante todos esses anos, me questionei o motivo de tantos maus-
tratos, mas nunca passou pela minha cabeça o verdadeiro motivo
e... — Começo a contar a ela sobre nana, falo da carta que me
deixou e tudo o que sei, sempre contendo as minhas lágrimas.
Kira está tão surpresa quanto eu fiquei quando soube da
minha origem. Minha irmã de criação me consola com um abraço
forte quando termino de narrar como me sinto em relação a morte
de Rose.
Confesso a ela que agora dói muito mais, pois sei que ela era
a minha verdadeira avó e que sacrificou boa parte da sua vida por
mim.
— E-eu... e-estou sem palavras, de verdade. Sinead e Tyron
sempre foram ardilosos, para eles o poder vem sempre em primeiro
lugar. Aquela coisa de família na frente dos outros não passava de
uma farsa! — Seus lábios tremem e ela gagueja. — Eles nunca
confiaram em mim a ponto de falar sobre você... Ontem, ele me
falou algo sobre eu ser igual a minha mãe, chamou-a de burra e
ainda mencionou os Gallagher... A sua família de sangue, e no meio
desse ataque de ódio dele, confessou que matou a minha mãe. —
Sinto o ódio em sua voz quando ela aperta os meus dedos.
— Sinto muito... muito mesmo, minha irmã — digo, com
sinceridade e o peito apertado por saber que nossas dores são
parecidas.
— Eu também sinto por tudo o que você passou. — Ela dá um
sorriso fraco.
— Saiba que estarei aqui para o que você precisar. — Limpo
as lágrimas que escorrem por suas bochechas. — Me diga, como
teve a ideia de salvar o Dominic? Como soube que o salvando
conseguiria algo dos Knight? — indago, sem intenção de deixá-la
desconfortável.
— Obrigada por tudo, Muriel. Mesmo que eu tenha passado
por tantas coisas ruins, nem sei se mereço o que você me oferece
— declara, ignorando a pergunta sobre Dominic.
— Shhh... Não fale assim, eu te proíbo de falar uma bobagem
dessas. Nós duas sofremos e não pudemos apoiar uma à outra,
você por medo, e eu por pensar que você realmente me odiava.
Mas agora acabou, Kira, estamos livres. — Com a expressão séria,
eu a encaro por um tempo.
— Tem razão. — Assente, mas não sinto segurança no que
diz.
— O que te atormenta tanto? — pergunto, e ela desvia o olhar
para a parede.
— Aquele homem, o Dominic... Ele foi a minha chance para
sair daquele inferno. Quando descobri que o Sinead tinha planos de
usá-lo para atingir o Carter, tive a ideia de salvá-lo. Sei que foi
egoísta da minha parte usar um homem ferido, sem forças para se
defender... no final das contas, fiz o mesmo e me sinto péssima —
confessa, envergonhada.
— É diferente, Kira, você não o usou, estava apenas querendo
a sua liberdade. Mas como conseguiu ter acesso ao quarto que
colocaram o Dom? — pergunto, curiosa.
— Passei alguns anos planejando fugir daquele inferno,
porque não aguentava mais. Eu sabia que em algum momento teria
a minha oportunidade, Muriel. Eu vi que o médico desgraçado dava
doses altas de um medicamento para o Dominic não acordar, então
comecei a desconfiar das intenções deles. Foi naquele instante que
tomei uma decisão difícil, eu nunca tinha matado ninguém, mas eu
sabia que teria que pagar um preço alto pela minha liberdade. Não
pensei duas vezes antes de matar o dr. Fergus... E sabe de uma
coisa? Não senti nada, nadinha, mas por que eu deveria ter empatia
por uma pessoa que sempre soube o que acontecia comigo naquela
casa e nunca fez nada? Ele via os meus hematomas, sabia que
Tyron me estuprava, e nunca levantou um dedo para me ajudar —
diz, com um sorriso sombrio. — Quando entrei na sala ele estava de
costas, então peguei uma faca que estava ao lado e cortei a
garganta dele... o miserável caiu no chão, praticamente morto.
Depois arrastei seu corpo até o banheiro e limpei o rastro de
sangue, deixando o local impecável. Foi então que comecei a
planejar a minha fuga com o Dominic, infelizmente, o Sinead chegou
e tentou me convencer a deixar que ele conduzisse as coisas, mas
eu não sou burra, sabia que alguém viria atrás do homem. Quando
o Carter, um misto de medo e emoção me dominou, mas mesmo
que eu estivesse com medo dos Knight me matarem depois, não me
importei. Se era para morrer, que fosse pelas mãos de qualquer
pessoa, menos pelos Lynch — ela diz, sem um pingo de
arrependimento.
— Ninguém vai te matar, eu te garanto — falo, tocando em
seu ombro.
— Querendo ou não, sou uma Lynch, Muriel. O sangue podre
daqueles nojentos corre nas minhas veias. Acha que não vão querer
cortar o mal pela raiz? — indaga, nervosa.
— Não, não vão, porque não deixarei — garanto, fazendo-a
dar um sorriso triste.
— O seu... O Carter disse que a minha vida está nas mãos do
Dominic, acha que aquele homem vai interceder por mim? Ele já
está a salvo, irmã, não precisa mais de mim. E homens são todos
iguais — diz, sem esconder o seu medo, o seu trauma.
— Não, Kira, nem todos são. Eu pensava assim até conhecer
o Carter. Mas sabe o que aconteceu? O homem que eu tanta temia
me aceitou em sua vida, me fez ficar apaixonada por ele e me deu
em poucos anos o que Sinead jamais poderia me dar —
confidencio, orgulhosa. — Carter pode ser cruel com os seus
inimigos, mas comigo, que sou sua mulher, é diferente. Ele me trata
como uma rainha, me protege, me ama, me apoia... e o melhor de
tudo, faz de tudo para me ver bem. E esse, Kira, é o mesmo homem
que eu julguei, que achei que acabaria com a minha vida. Conheço
Dom muito bem, é meu amigo, ele vai te deixar viver.
— Será que esse homem vai me deixar livre? — inquire,
esperançosa.
— Dom é um ser humano incrível, ele pode ter aquele porte
intimidador, mas é muito sensato. Você vai se surpreender. — Sorrio
para ela, que retribui.
— Acho que você tem razão. Sabe quem me trouxe? — Nego
com a cabeça, Kira fica vermelha. — O Dominic. Ele está lá fora me
esperando, acho que não quer me perder de vista, talvez ainda
esteja desconfiado... Não sei. Quando ele acordou ontem me
encarava de um jeito estranho, parecia me estudar. Era para um dos
soldados dos Knight me trazer aqui, mas ele não permitiu. —
Enquanto Kira fala, me sinto horrível por criar imagens dos dois
juntos. Seria maravilhoso para ela ter alguém como Dom na sua
vida depois de tantas coisas ruins que passou.
Sabendo que não é momento para pensar em um possível
relacionamento entre eles, eu me calo e deixo que ela fale. Mas
quando me diz que mesmo sem se aguentar muito tempo de pé,
Dominic não a deixou vir sozinha, eu sorrio.
— Você ri? Talvez ele só esteja se certificando de que não vou
fugir. Mesmo que eu o tenha ajudado, ainda sou uma inimiga aos
olhos dele. — Ela faz careta.
Ou não.
Eu sei porque Carter e Dominic são amigos, eles têm muito
em comum, principalmente o instinto protetor.
— Ele vai te surpreender, você vai ver — garanto, segura do
que falo.
Kira suspira, pensativa.
— Tomara que seja de uma forma boa — murmura, distante.
— O que te aflige?
— Acha que Sinead realmente vai morrer? E se ele conseguir
fugir e quiser vir atrás de mim? — O medo que vem dela é evidente.
— Acabou, Kira, aquele homem não tem mais poder sobre os
soldados. Ele se tornou um prisioneiro e eu vou me encarregar de
puni-lo pessoalmente. — Seguro o seu queixo para que olhe bem
em meus olhos. — Podemos não ter o mesmo sangue, mas você é
a minha irmã. E acredite em mim, por dentro estou um verdadeiro
caos, e quando estiver frente a frente com Sinead, ele vai se
arrepender de ter feito tudo isso a você, a minha família e a mim.
Kira fica cabisbaixa e começa a chorar, são as lembranças, sei
bem o que é isso. Mesmo que nenhuma dor possa ser comparada
com a outra, sinto um pouco da sua aflição.
— Eu tinha só dez anos quando o Tyron começou a me aliciar.
Com seus quinze anos, ele deveria cuidar de mim, mas fez o
contrário. Eu era uma criança, só pensava em brincar de bonecas,
mas aquele imundo não enxergou isso quando começou a passear
as mãos nojentas por meu corpo e sussurrar coisas porcas em meu
ouvido. — Ela soluça, partindo o meu coração com o seu desabafo.
— Até os meus doze anos não entendia nada, não tinha malícia, e
Tyron se aproveitou da situação para abusar de mim. E quando o
nosso pai descobriu não fez nada! Assim que completei treze anos
as coisas começaram a piorar, meu corpo estava ganhando forma, e
conforme o tempo passava, mais o maldito se interessava por mim.
“Eu jamais saía sozinha, ele estava sempre de olho em mim.
Aquele demônio tirou a minha virgindade quando eu era apenas
uma criança. Sinead precisou fazer uma viagem e me deixou nas
mãos do meu algoz, que não pensou duas vezes antes de arrombar
a porta do meu quarto no meio da madrugada e me estuprar na
frente dos seus soldados, que assistiam tudo, calados. Mesmo
ouvindo o meu choro, a minha súplica, eles não fizeram nada.
Quando comecei a entender o que eu me tornaria para ele, eu
desisti de viver, só pensava em sobreviver. — Kira me conta tudo
em detalhes e mostra algumas cicatrizes em seu corpo.
Minha garganta parece ter sido esmagada por um peso.
— Se acalme, respire. Só respire. — Seguro o seu rosto com
minhas mãos para confortá-la.
— Os anos foram passando e a minha situação só piorou.
Então acabei desistindo de tudo. Tyron era sádico, e quando
percebeu começou a me ameaçar ainda mais... E eu não queria ser
morta pelas mãos do meu estuprador. Comecei a lutar por minha
vida, mesmo que não valesse mais nada. Tive esperança de me ver
livre dele algum dia, e quem sabe tentar um recomeço mesmo
estando em cacos. Muriel, eu sofri tanto que acho que nem cacos
estou, eu virei pó. O que você vê aqui é apenas uma estrutura, por
dentro estou oca, não tenho nada. — Ela se joga em meus braços e
começa a soluçar.
— Kira, eu sei que é um pedido impossível, mas se acalme. —
Choro com ela, é como se todos os sentimentos dela tivessem
passado para mim.
— Não me sinto bem — murmura, começando a piscar
lentamente.
Se Sinead não tivesse planos para mim, certamente eu estaria
na mesma situação que ela, já que Tyron era obcecado por mim.
— Kira, Kira! — Ela fica mole em meus braços e desmaia.
Consigo colocá-la na cama desajeitadamente antes que caia.
Largo-a desmaiada e corro na direção da varanda, me apoiando na
sacada e olhando para baixo. Ao ver Dom conversando com os
soldados, dou um grito.
— Dom, me ajude, por favor. A Kira desmaiou!
Meu amigo se vira rapidamente ao ouvir a minha voz. Ele nem
mesmo se despede dos soldados antes de correr para dentro da
casa.
Eu me aproximo de Kira, colocando sua cabeça no meu colo e
acariciando o seu rosto.
— Ei, acorde... Não se entregue assim, você já lutou tanto
para desistir dessa maneira. — Soluço, batendo de leve em seu
rosto.
Ela abre os olhos, mas não reage, me observa calada e
chorosa. A sua respiração está irregular e suas mãos tremem, assim
como o seu corpo.
Ouço os passos largos segundos antes de Dominic entrar no
quarto. Ele se aproxima e pega uma mão dela, verificando a sua
pulsação.
— O que aconteceu para ela ter ficado assim? — indaga,
ainda segurando o pulso dela.
— Estávamos conversando. Kira ficou nervosa, acho que está
tendo uma crise de ansiedade — falo, me levantando e enchendo
um copo com água para ela.
— Vou levá-la ao dr. Maison — fala, pegando a minha irmã
nos braços e soltando um grunhindo. Mesmo sem condições de
carregar alguém, ele o faz.
— Dominic, podemos chamá-lo aqui. Você está machucado
e... eu vou com vocês, então — digo, preocupada com ambos.
Mas ele nega, me dando as costas e saindo para o corredor
rapidamente, então eu o sigo.
— Muriel, eu vou cuidar dela, não se preocupe. Sou eu, o
Dominic, não um estranho, lembra? Carter logo estará de volta para
irem a Irlanda. Já está tudo pronto para o enterro de Rose, então
deixe que eu cuido da Kira. Vou retribuir o favor que ela me fez —
diz, caminhando em passos largos.
— Me dê notícias depois — peço, com a mão na cabeça.
— Prometo que ligo assim que puder — garante, sumindo do
meu campo de visão.
Volto para o quarto como se o chão fosse tirado dos meus
pés. Parece que estou pisando em espinhos, e não em terra firme. A
cada passo que dou na direção da varada sinto que o peso que
carrego nos ombros vão aumentando.
Eu deveria ter ido com eles.
Quando penso que o causador da minha desgraça e de Kira
ainda está respirando, meu coração é tomado por uma camada
obscura.
Sou uma boa menina, mas quando é necessário posso ser tão
cruel e suja quanto Sinead Lynch.
Maldito tirano!
Enfim estou em casa. Depois de dar instruções ao meu piloto,
finalmente estou de volta para me aprontar para a viagem.
Assim que deixei Muriel em casa, fui informado por Killz que
Maeve e Celeste tinham partido para a Irlanda. A mãe da minha
cunhada é uma mulher muito poderosa, está na frente dos negócios
da família dela em Chicago desde a morte do sacana do Conan,
junto à sua melhor amiga e braço direito.
Dominic me ligou e disse o que aconteceu com Kira, a garota
não passou bem enquanto conversava com Muriel. Certamente foi
difícil para ela lidar com tanta pressão, sorte que ela tem uma
pessoa como o meu amigo para ajudá-la em uma situação como
essa. Ele está agindo um tanto quanto estranho com essa garota,
mas não acredito que tenha se apaixonado por ela, deve ser mais
uma forma de retribuir o que ela fez por ele. Deixei claro que o
futuro de Kira Lynch está nas mãos dele, então pedi que pensasse
calmamente e depois me desse uma resposta.
Bato à porta do quarto que está fechada e chamo por Muriel,
mas ela não responde. Ao entrar, eu não a encontro, então sigo
para o banheiro, deixando a valise prateada em cima da cama.
Encontro a minha garota em frente ao espelho, passando batom em
seus lábios. Assim que me vê, seus olhos sorriem para mim, assim
como os meus para ela. Eu a abraço por trás, beijo o seu pescoço e
inspiro o seu perfume doce.
— Você está linda — digo, avaliando o seu vestido preto
através do espelho. Não demora muito para que ela largue o batom
na pia e se vire para mim.
— Obrigada — agradece, com um pequeno sorriso. — Falei
com Kira, obrigada por ter permitido que ela viesse me ver, agora
posso viajar em paz porque sei que a minha irmã está em boas
mãos. Dom prometeu cuidar dela. Você já sabe o que aconteceu
aqui, não é? — fala, com mais animação.
Confirmo com um leve meneio de cabeça.
— Sim, ele já me ligou. Ela está em boas mãos, você sabe
disso.
— Ele prometeu que vai me ligar mais tarde — diz, com pesar.
Muriel é muito altruísta, admiro isso nela. Mesmo que não esteja
passando por uma fase boa, ainda assim se preocupa com o
próximo.
— Ele me ligou e disse que Kira está bem. O dr. Maison é um
ótimo médico e está cuidando dela. — Tento tranquilizá-la.
— O.k., fico mais aliviada — diz, menos tensa. — Sabe,
conversando com Kira, percebi que ela precisa de acompanhamento
psicológico, Carter, e eu farei de tudo para ajudá-la. Ela é mais uma
vítima dos Lynch. Ela carrega o sangue e o sobrenome deles, mas
não quer dizer que seja um deles. Senti as dores dela, o seu medo,
a sua revolta, tudo. Eu vou apoiar a minha irmã, ela merece ser feliz,
ter a liberdade depois de tantos anos presa naquela gaiola infernal,
e eu preciso que você a deixe ir. E se ela não quiser, que fique e
construa uma vida. Não sei... só preciso que Kira se sinta segura e
confiante.
A maneira como ela se expressa, cheia de atitude e
autoridade, me enche de orgulho.
— Tem certeza disso? — pergunto, mesmo sabendo que ela
tem.
— Tenho sim. Vou ser a família que Kira nunca teve, Carter.
Espero que possa me apoiar, você vai ser o meu marido e o seu
apoio será muito importante. — Quando ela toca a minha mão, eu
me lembro que ainda não dei um anel para selar o nosso
compromisso.
Em breve, a minha ruiva se tornará uma Knight.
Muriel Gallagher Knight.
— Pode contar comigo. — Beijo o seu ombro e me afasto
dela.
— Obrigada. Eu te amo — diz, com a voz animada.
— Eu também te amo, sereia — digo e começo a me despir
para entrar no boxe para um banho.
— Vou deixar você tomar seu banho em paz — fala e sai do
banheiro rapidamente.
Entro no boxe e ligo o registro, deixando a água cair na minha
cabeça quando fecho os olhos.
Alguns minutos depois de ficarmos pronto, seguimos para a
pista do aeroporto particular depois de dar algumas instruções aos
soldados que ficarão fazendo a segurança da casa.
Richard nos encontra no meio do caminho e pega a mala de
Muriel, que caminha ao meu lado, com a mão entrelaçada na minha.
Não precisei trazer nada além de uma valise prateada com três
Glocks novas e alguns acessórios. Darei essas belezuras para a
minha futura esposa, ela saberá usar quando estiver frente a frente
com Sinead.
— Estou nervosa — confessa.
Viro-me para ela e tenho a visão mais perfeita quando a
encontro com o rosto virado em minha direção, seu cabelo voando
enquanto sorri. Pego a mão dela e levo até a minha boca, beijando-
a em seguida.
— Não fique, logo chegaremos lá — asseguro.
Assim que entramos no jato, nos acomodamos e afivelamos
os cintos. Coloco a valise no banco ao lado de Muriel antes de
passar meus braços por seus ombros, puxando-a para mim. Muriel
tira os óculos escuros e enfia a mão dentro da minha jaqueta, me
abraçando com força.
— Tenho algo para você, considere como presente de
casamento — falo e ela dá um pequeno sorriso. Me inclino e pego a
valise, colocando-a no colo e a abrindo cuidadosamente. —
Gostou? São suas.
Seus olhos brilham ao fixarem nas armas. Muriel leva a mão a
elas e passa a ponta dos dedos lentamente.
— Uau, eu amei. Obrigada. — Tira uma Glock do estojo e a
avalia, fascinada. Ela vira a arma de um lado para o outro,
manuseando com cautela. Muriel é muito bem treinada, só nunca
esteve em ação.
— Considere um presente especial, porque é com uma delas
que você vai matar o Sinead. — Toco em seu queixo e Muriel sorri
friamente, adorando ouvir as minhas palavras, mas, de repente, seu
olhar fica distante.
Hoje não falamos sobre a Maeve, porém, antes de chegarmos
a Irlanda, tenho que informá-la que irá se deparar com a mãe. E
sinto que agora é o momento certo para isso, ela não vai gostar de
ser pega de surpresa ao se deparar com a mãe daqui a algumas
horas. Assim que limpo a garganta para contar a ela, Muriel
sai dos seus devaneios e se vira para mim.
— Minha mãe vai estar lá, não é? — pergunta, já antevendo o
que eu ia dizer, ao devolver a arma para a valise.
— Sim, isso mesmo — confirmo, avaliando a sua reação.
Ela meneia a cabeça e fecha os olhos por um instante.
— Imaginei que fosse, afinal, Rose era uma pessoa
importante para ela, eram mais do que sogra e nora, eram
cúmplices — diz, pensativa
— Você odeia a sua mãe? — Fecho a valise e a coloco ao
lado. — Como se sente em relação a ela? — As perguntas me
fazem lembrar da revolta de Ezra e a mudança do seu
comportamento quando soube que era nosso irmão apenas por
parte de pai, que toda a sua vida foi uma farsa.
— Pelo contrário, eu a admiro, mesmo que não demonstre —
confessa, dolorosamente. — Maeve é uma grande mulher, isso é
nítido. Ela e a minha avó fizeram o que foi possível para que eu
pudesse viver, esperaram anos para uma retaliação... Elas
passaram anos se doando para mim, por mim, mesmo sem que eu
soubesse disso. Não posso ser ingrata, seria injusto da minha parte,
Carter, mas ainda não me sinto pronta para ter uma conversa com
ela. Não enquanto não me despedir da nana. Eu preciso pensar
muito antes de me sentar com a minha mãe para conhecer a sua
história. — A resposta madura que me dá me faz dar um sorriso
admirado.
— Leve o tempo que precisar. Por mais que ela esteja ansiosa
para que se aproximem, sei que vai respeitar o seu espaço, o seu
tempo. — Pego a sua mão e a entrelaço na minha.
— Tenho certeza disso. Ela me esperou por vinte anos. —
Boceja, encostando a cabeça no meu braço.
— Exatamente.
Muriel vai fechando os olhos aos poucos, pelo visto, alguém
vai chegar a Irlanda dormindo. Depois da noite que tivemos, é lógico
que ficaria cansada e com sono. Aconchego-a nos meus braços e
beijo a sua testa.
— Acorda, chegamos — Carter diz ao longe.
Ainda sonolenta, abro os olhos devagar e olho ao meu redor,
meio perdida, então me viro para ele e o encontro sorrindo
gentilmente.
— Chegamos? — pergunto o óbvio, já que estamos em terra
firme e o piloto está fora do jato.
— Sim. Pousamos no aeroporto que era de propriedade dos
Lynch.
Jamais tive acesso a esta parte da propriedade. Enquanto
morava com os Lynch, eu tinha limites de onde poderia ou não ir, e
o aeroporto era uma das áreas proibidas para mim, talvez
pensassem que eu poderia fugir ou algo do tipo. Eles me privavam
de muitas coisas aqui, como se eu fosse a verdadeira usurpadora.
Assim que Carter e eu saímos do jato, ele diz a Richard para
pegar a minha bagagem e a valise. Quando coloco meus pés no
chão, sinto minhas pernas tremerem, jamais pensei que voltaria a
esse lugar depois de tantos anos longe, para enterrar alguém que
amo.
Notando o meu desconforto quando encaro a casa ao longe,
Carter se aproxima e leva a mão às minhas costas, beijando o meu
ombro em seguida.
— Está pronta? — indaga, gentilmente.
— Nunca estive tão pronta em toda a minha vida. — Engulo a
saliva que desce rasgando pela minha garganta.
— Richard, venha com a gente — pede Carter, segurando
minha mão assim que começamos a caminhar até o veículo que nos
levará à mansão que um dia pensei ser dos Lynch.
Mesmo de longe consigo ver os soldados espalhados pela
propriedade, todos fortemente armados e ligados nos nossos
movimentos, nem um deles ousa a se aproximar ao nos reconhecer.
Por mais que esteja doendo, me destruindo por dentro, vou
ser forte. Eu sou forte. Mesmo que este sofrimento seja penetrante e
se instale no meu peito como lâminas afiadas, reconheço que a
minha dor está me fazendo enxergar o tamanho da minha força,
afinal, não fui treinada para este dia. Já cheguei a imaginar como
seria a minha morte, mas em hipótese alguma da pessoa que eu
mais admirava.
Já dentro do carro, penso no Sinead, nas suas barbaridades e
como estou sedenta por nosso encontro. E fico grata por Carter não
me privar de sentir o sabor da vingança, ele mais do que ninguém
sabe o quanto preciso ter o sangue sujo daquele rato maldito em
minhas mãos. Por Kira, por meu pai que nem conheci, por nana, por
todas as pessoas que eu amo e, principalmente, por mim.
Essa tortura que domina cada célula do meu corpo só vai
aliviar quando eu conseguir o que preciso – a morte de Sinead por
minhas mãos. Pela primeira vez na minha vida vou matar alguém, e
saber que serei eu a causadora da morte dele me alegra.
Para tudo tem uma primeira vez, e eu serei a algoz de alguém.
Assim que o carro para e nós descemos, o irmão mais novo
dos Knight se aproxima. Spencer é todo tatuado, alto e intimidador,
chego a pensar que talvez ele seja mais perigoso que Carter.
— Estávamos esperando por vocês — diz Spencer antes de
me olhar com pesar. — Meus pêsames, cunhada.
— Obrigada — agradeço-o, dando um pequeno sorriso por
seu “cunhada” ter soado com tanto carinho.
— Richard, eu assumo daqui — informa Carter, se afastando
de mim e pegando a valise e a minha bagagem.
— Tenho novidades para você, mas não sei se vai gostar. Eu
te enviei uma mensagem, mas pela sua cara não recebeu — diz o
loiro, passando a mão na nuca.
— Que merda aconteceu? — pergunta Carter, enquanto
andamos na direção da casa.
— Demos um fim ao corpo do Tyron. Primeiro ateamos fogo e
depois colocamos os restos dentro de um saco, então pedimos a
dois soldados para desovarem em um lugar bem longe daqui.
Aquele filho da puta não merecia entrar em um caixão. — Spencer
pausa a fala e me encara sem saber se continua, mas com um
gesto que o irmão faz, ele volta a falar. — A Lidewij foi ver o Sinead,
e mesmo vendo o estado que Ezra e eu o deixamos, a mulher nos
pediu que o deixássemos a sós com ela, mas claro que não o
fizemos. Na primeira oportunidade que teve, ela avançou no velho
quando ele a provocou mesmo naquele estado de merda dele. A
mulher não deixou barato, se não fosse por mim e Ezra, ela o teria
matado ali mesmo.
Particularmente, me encho de orgulho com as informações do
meu cunhado.
— Ela está bem? — Fico surpresa ao me ver perguntando
sobre a minha mãe quando o instinto familiar me domina.
— Pode acreditar que está muito melhor do que antes. —
Spencer pisca para mim.
— Fizeram o certo. Se a deixassem sozinha, ela o mataria.
Obrigado — Carter agradece ao irmão.
— Família é para isso, você sabe. Outra coisa, o corpo de
Rose tem que ser enterrado logo, como eu disse, só estávamos
esperando vocês. Só falta a Muriel se despedir para fazermos isso.
Deixamos o caixão na sala para um acesso melhor — diz meu
cunhado, tocando na minha ferida mesmo sem saber.
— Tudo bem — sussurro, dolorida.
Por fim paramos em frente à casa. Como a porta está aberta,
meus olhos rapidamente se fixam no que há dentro dela – soldados
posicionados em cada lado, em um canto afastado, cabisbaixos e
esperando por ordens.
— Segure isso aqui, Spencer, ela precisa de mim — diz Carter
antes de entregar as coisas para o irmão.
Com o choro entalado na garganta, sigo na direção do caixão
onde está a minha nana. Sufocada, encaro o seu corpo antes de
olhar as pessoas ao redor – minha mãe e Celeste –, que tentam me
confortar com seus olhares.
Levo a mão à cabeça e solto um soluço alto, então sou
amparada por Carter, que me segura pela cintura e beija a minha
cabeça.
— Nana... minha nana. Se eu soubesse que nunca mais iria te
ver teria ligado, teria dito o quanto você é importante para mim.
Mesmo sem saber que era a minha avó, diria o quanto te amava.
Você cuidou de mim a vida toda, me amou sem pedir nada em troca.
— Desmorono, deslizando os dedos em sua pele fria, horrorizada e
ainda tentando aceitar a sua partida. — É horrível... t-te... ver assim,
minha avó. Se eu pudesse a traria de volta... Você está tão fria, sem
vida. — Choro, passeando os olhos por seu rosto.
Ao perder o controle das minhas pernas, Carter percebe e me
abraça, sussurrando no meu ouvido que devo me acalmar. Mas é
impossível atender ao seu pedido diante de tanta dor. Eu teria
matado Tyron primeiro se soubesse a desgraça que ele me traria.
Mataria aquele monte de merda sem pensar duas vezes. Aquele
imundo não só feriu profundamente o meu coração, ele abriu um
buraco e jogou ácido, destruiu toda piedade que havia dentro de
mim.
— Muriel, olhe para mim — pede Carter, me colocando de
frente para ele e tocando o meu rosto com as duas mãos, me
obrigando a encará-lo.
— Desde ontem... e-estou evitando falar nela... e vê-la assim
dói... machuca — digo, gaguejando e chorando. Abraço-o
fortemente, sem me importar com as pessoas ao nosso redor.
— Filha — minha mãe fala e toca o meu ombro, mas eu a
ignoro —, você não está sozinha, estou aqui para você — diz, com a
voz quase embargada.
Sem conseguir manter a postura de durona e esmagada pela
dor avassaladora, eu me rendo às investidas da mulher que me deu
a vida e também se sacrificou por mim. Saio dos braços de Carter e
me jogo nos dela, que me recebe calorosamente. Ela me abraça e
choramos juntas. Passamos um bom tempo lamentando por não ter
a minha avó, uma verdadeira guerreira, que lutou até o fim pelos
nossos ideais e pelo meu bem até o último dia de sua vida. Não
importa quantos anos passem, Rose Gallagher será eterna em
minha memória e coração.
Honrarei o seu nome e o esforço que fez para que eu pudesse
estar com a minha mãe um dia e recuperássemos de volta o nosso
lar, que nunca deveria ter sido dos Lynch. Malditos tiranos.
Maeve e eu nos afastamos quando ouço Carter pigarreando
ao nosso lado depois de certo tempo. Ela limpa meu rosto e dá um
sorriso fraco para mim.
— Muriel, está na hora, não podemos mais adiar isso —
Carter informa, com a expressão abalada por me ver tão vulnerável.
— Tudo bem, vamos. — Me recomponho e dou uma última
olhada para o caixão antes de um dos soldados se aproximar e
baixar a tampa.
Carter faz um sinal para os quatro homens que vão carregar o
caixão, então eles se posicionam e sem demora estão caminhando
para na direção em que vão enterrá-la.
— Vem comigo. — Meu futuro marido entrelaça a mão na
minha para seguirmos os soldados, com minha mãe e Celeste logo
atrás.
Pego os óculos escuros e os coloco no rosto, mas antes olho
para o céu nublado e percebo que logo a chuva começará a cair.
Mesmo que eu queira esconder minhas lágrimas por trás das
lentes escuras, elas acabam deslizando por minhas bochechas.
Em um ato inesperado, Carter me pega no colo ao notar que
minhas pernas não estão mais me obedecendo. Encosto o rosto no
seu ombro e seguro o choro na garganta enquanto ele caminha
calado. A sua ação me faz o amar ainda mais. Nem nos casamos e
ele está cumprindo a metade dos votos que devem ser trocados na
cerimônia de casamento.
Depois de pouco tempo ele para, então sei que chegamos ao
lugar onde nana descansará. Tiro os óculos e encaro Carter, que
está com os olhos em mim. Levo a minha atenção para as duas
mulheres mais velhas e não passa despercebido o soluço de
Maeve.
— Me coloque no chão, por favor — peço quando vejo os
soldados posicionando o caixão na cova.
Carter atende ao meu pedido, mas não deixa de lado o seu
instinto protetor ao me abraçar por trás. Celeste ampara a minha
mãe, que se ajoelha na terra e chora quando os soldados começam
a enterrar a minha avó.
Por longos minutos ficamos observando até a cor marrom da
madeira desaparecer. De repente, o som alto de um trovão é ouvido,
então olho para cima e recebo pingos grossos de água sobre o rosto
quando a chuva começa a cair violentamente.
A chuva só estava esperando que a minha nana fosse
enterrada. Enterros jamais serão bonitos, mas a forma como é o
dela dói no meu coração, porque ela merece mais, porém, as
circunstâncias do momento não nos permitem proporcionar isso a
ela. Mas sou profundamente grata aos irmãos Knight por terem sido
tão solidários a ponto de esperar que eu me despedisse dela.
Sem ter mais lágrimas para chorar e toda encharcada, me
afasto de Carter e vou até as duas mulheres. A minha mãe, mesmo
em meio a uma tempestade, continua jogada no chão, com as mãos
cobertas pela terra, chorando e pedindo perdão para a minha avó.
— Eu deveria ter vindo antes, minha sogra... Poderia ter
evitado a sua partida, mas você foi teimosa. — Lamenta a minha
mãe, sendo amparada por Celeste que tenta tirá-la do chão.
Fortalecida, eu me agacho ao seu lado e tiro as mechas
encharcadas do meu rosto antes de tocar no seu ombro.
— Se levante, você não é a culpada, ninguém é — digo, com
a voz firme.
Ela soluça e me encara sob os cílios grossos e molhados.
— Filha — me chama em um sussurro.
— Levante-se — insisto, e estendo a mão para ela. Uso a
força que nem sabia que tinha para puxá-la para cima.
Pela segunda vez no dia, eu e Maeve Gallagher nos
abraçamos. Não precisamos trocar palavras, o nosso abraço e o
silêncio são suficientes para passar para a outra o que estamos
sentindo.
— Vá descansar um pouco, você teve um dia cheio. — Me
coloco atrás de Muriel, que encara o lado de fora através da parede
de vidro da casa.
Depois de enterrar Rose Gallagher, ela ficou muito mais
calada. Notei que ver a mãe naquele estado, jogada no chão,
desesperada pela morte da sogra, a abalou profundamente. Muriel
está pensativa desde o enterro. Não vou dizer que me surpreende a
sua demonstração de afeto com Maeve, afinal, são mãe e filha.
Mesmo que não sejam próximas ainda, o sangue sempre fala mais
alto.
— Estou bem aqui, obrigada por se preocupar — diz, com os
olhos vidrados na chuva forte.
— Quer conversar? — pergunto e levo as mãos à sua cintura.
Não conseguimos voltar para a casa, está caindo uma
tempestade e nos arriscarmos levantando voo é desnecessário.
— Não se preocupe tanto, amor, só estou tentando assimilar
tudo. É como você disse, foi um dia cheio. E ver a minha mãe
naquela posição me deixou triste, me fez enxergar o quanto ela e
nana eram parceiras, cúmplices — diz, com pesar.
Após ter tido o apoio de Muriel para se levantar, Maeve foi
levada para dentro da casa com a ajuda de Celeste. Muriel não quis
acompanhá-las e eu a apoiei, ambas ainda precisam assimilar tudo
o que está acontecendo. Acredito que amanhã estarão prontas para
dar um passo importante em suas vidas.
— Todos notaram a admiração da sua mãe por Rose, ficou
claro o amor dela pela sogra — digo, concordando com ela.
— Fiquei de coração partido com a cena que presenciei. E
saber que o causador disso tudo ainda está vivo me mata por
dentro. Eu odeio tanto o Sinead, que a ânsia em fazê-lo pagar por
tudo me transforma em um monstro louco para ser libertado. Você
não tem noção de como estou sendo alimentada pela raiva e desejo
de vingança — declara, fechando os punhos.
— Eu sei que sentimento é esse, já passei por isso, Muriel. Eu
a entendo perfeitamente e garanto que Sinead vai pagar por tudo o
que fez para a sua família, principalmente a Kira. — Puxo seu corpo
para perto do meu e a abraço por trás.
— Eu vou garantir que isso aconteça, Carter. — Ela se vira
para mim e fixa os olhos esmeralda nos meus.
— Pode ter certeza de que te apoiarei. — Aproximo meu rosto
do dela e a beijo rapidamente.
— Preciso te pedir uma coisa, Carter. Não tente me impedir
em nada, nada mesmo. Quando Sinead e eu estivermos frente a
frente, não importa se ele me ofender ou ameaçar, apenas me deixe
cuidar dele — diz, com a expressão séria.
Se aquele homem estivesse sem um arranhão e forte o
suficiente para revidar, eu não a deixaria lidar com ele. Mas os meus
irmãos e eu já tratamos de deixá-lo fraco o bastante para não
suportar nada. Muriel pode sim lidar com ele, mas eu não arriscaria
a vida dela com Sinead em boas condições, ele é traiçoeiro. Saber
que ele não pode ir muito longe me faz prometer que ela pode
cuidar dele, fazer o que achar necessário.
— Prometo que não vou interferir.
Ela sorri ao ouvir minhas palavras.
— Vou confiar em você, sr. Carter. — Me dá um selinho, mas
eu o transformo em um beijo mais profundo.
Pouco tempo depois alguém pigarreia atrás de nós, então me
afasto de Muriel e me viro para encontrar Spencer. O meu irmão
está a poucos passos, com dois copos de uísque.
— Aceitam? — pergunta Spencer, educadamente.
— Eu não gosto, mas obrigada — diz Muriel, com doçura.
— Acho que vou aceitar. — Vou até ele e pego o copo,
levando-o aos lábios e provando o álcool, sentindo o relaxamento
aparecer aos poucos. Estava precisando disso.
— Preciso falar com você, em particular — fala Spencer,
depois de beber de uma vez o seu uísque.
— Não gosto desse tom, é algum problema? — indago,
lembrando-me do seu vício com as drogas.
— Coisa minha que preciso dividir com você. Já falei com
Ezra — diz o meu irmão, meio pensativo.
— Vou deixar vocês a sós — diz Muriel. — Vou tomar um
banho e procurar alguma cama para me deitar um pouco — declara
antes de se afastar.
Quando Muriel some do nosso campo de visão, Spencer e eu
nos sentamos nas poltronas da sala.
— Você contou ao Ezra que voltou a usar drogas? —
pergunto.
— Claro que não, isso é assunto meu, Carter. Quero falar
sobre trabalho — diz, despreocupadamente, pegando meu copo e o
colocando ao lado do dele no móvel.
Ele está tão distante que me preocupo. Cada um sabe dos
seus demônios, e o fato de ele voltar ao vício me aflige.
— Não, Spencer, esse problema com as drogas é algo sério, é
um assunto nosso, da nossa família. Eu sei que você é adulto, dono
das suas ações, só que quando se trata de uma coisa tão séria
quanto essa, sinto te informar, irmão, mas iremos nos envolver. —
Meu irmão fica mais sério do que já estava enquanto analisa as
minhas palavras. — Se ao menos você usasse uma vez ou outra
moderadamente, apenas por curtição, tudo bem. Mas quando o vi
naquele dia, você estava acabado. Spencer, você usou demais.
Imagina se tem uma overdose? Como a porra da família vai ficar?
Os Knight só são completos com os cinco, se um de nós faltar, a
família nunca mais será a mesma. Então tente ser mais forte que
esse maldito vício. Você é forte, eu sei que consegue.
Era para essa conversa ter acontecido bem antes, mas
naquele dia ele praticamente fugiu para não lidar comigo.
— Eu sei, Carter. Você tem razão em tudo, mas não sou
viciado, apenas exagero algumas vezes — defende-se, passando
os dedos nervosamente pelos fios do cabelo.
— Conte aos nossos irmãos o que está acontecendo com
você, ou eu contarei, mesmo contra a sua vontade. — Infelizmente,
tenho que tomar essa decisão, não por mim, mas por ele.
— Não fode, Carter, não sou mais aquele moleque
inconsequente. Deixe os nossos irmãos fora disso. Se eu confiei em
você para falar dos meus assuntos é porque me sinto mais à
vontade com você. — A sua voz sai irritada.
— E com o Ezra não? — indago, revoltado com a sua ira
descabida.
— Não teremos essa conversa agora. Esqueça. — Ele se
levanta e eu faço o mesmo.
— Antes, anos atrás, até entendia um pouco essa sua
dependência. A morte dos nossos pais o deixou muito abalado, e
usar de vez em quando era como uma válvula de escape para tentar
sufocar a dor, mas, caralho, Spencer, já faz muitos anos. Você não é
mais nenhum adolescente, então comece a tomar as rédeas da sua
vida se não quer que eu me envolva. — Coloco o dedo em riste e
percebo que meu irmão engole em seco. — Eu não vou ser o seu
cúmplice, não nessa merda. Foque nos carros, nas corridas, em
qualquer outra coisa. Irmão, só quero o seu bem, não quero ficar
com remorso por ter te deixado morrer por causa...
Me calo ao ouvir a porta da frente ser aberta e Ezra entrar,
todo molhado. Ele nos avalia com desconfiança, e ao ver Spencer
com aquele olhar fica ainda mais. Ezra passa a mão no cabelo
encharcado e se sacode, soltando um xingamento.
— Vai ficar com remorso do quê, Carter? — pergunta Ezra,
deixando claro que ouviu parte da minha fala.
Spencer solta um suspiro aliviado.
— Estava falando sobre a proposta dos irmãos Benk para
trabalhar em um negócio com um dos sócios deles — mente
descaradamente o Knight mais novo.
Ezra o conhece tão bem quanto eu, e mesmo que não
acredite, não o pressiona.
— Entendi. O que você decidiu? — Ele passa pela gente e vai
direto para o móvel onde estão as bebidas.
Estamos agindo como se a casa fosse nossa desde que
tomamos o poder do Sinead. Spencer me suplica com os olhos para
eu me calar.
— Vou aceitar. Marlon e Darlan me disseram que vai ser um
serviço bom. Vamos trabalhar para um velho italiano chamado
Nicolo Romano, para ele e para a esposa. Iremos transportar
algumas coisas, será daqui a alguns meses ainda, estão
negociando — fala o mais novo, todo animado.
— Já trabalhei com eles, são ótimos. Vai se dar bem — digo,
tentando esquecer a tensão que havia se instalado entre nós dois.
Os irmãos Benk estão sempre fazendo serviços por fora dos
negócios da família deles. Nicolo deve ser um bom pagador, Marlon
e Darlan só trabalham para quem eles querem, ninguém os obriga a
nada, e caso alguém tente, os irmãos matam sem piedade.
Ezra retorna com uma garrafa na mão e toma alguns goles
diretamente dela antes de se sentar no sofá e soltar um suspiro de
cansaço.
— Estava precisando de um pouco de álcool na veia para
aguentar aquele cuzão chorão. Não sei como você aguentou aquele
homem por tanto tempo — resmunga Ezra, voltando a dar mais um
gole da bebida.
— Com quem você o deixou, Ezra? — pergunto, curioso.
— Está com a mãe da Muriel. Ela me pediu para deixá-los
sozinhos. Achei melhor sair, porque se ficasse mais tempo eu
acabaria com aquele velho. Mesmo todo fodido, ele continua
tagarelando e fazendo ameaças impossíveis — diz. Pensei que
Maeve estivesse na casa, ela deve ter saído pelos fundos. — Mas
pode ficar tranquilo, ela não está com cara de que vai matá-lo tão
rapidamente, a mulher quer vê-lo sofrer primeiro.
Ao meu lado, o celular de Spencer começa a tocar, então ele o
tira do bolso e se levanta assim que olha para a tela.
— Preciso atender essa ligação, vejo vocês depois. — Ele
caminha até a porta e sai para fora da casa, mesmo que esteja
chovendo.
— Ela não vai, tenho certeza. Maeve sabe que a filha tem que
acertar as contas com Sinead — digo, encarando-o, que assente em
concordância. — E o que você fez com o Brends Ivanov? Você
disse que ia entregá-lo vivo para a avó. As balas que enfiei nele
foram suficientes para entender que não pode lidar com a gente? —
De repente, lembro-me do asno inútil.
— Já o coloquei embaixo das asas da vovó dele, ontem
mesmo. Enviei alguns soldados até a Rússia, só não te falei antes
porque estava com muitas coisas para resolver. — Ezra passa a
mão na barba. — Os tiros foram certeiros para deixá-lo
desesperado, mas não para matar, infelizmente. A melhor parte foi
tirar as balas e ver aquele frouxo choramingando com medo de
morrer. Ele te xingava e fazia ameaças, mas quando peguei pesado
o imbecil mudou de ideia rapidinho e pediu para ir embora. — Meu
irmão gargalha.
— Se ele está respirando é graças a você. Se dependesse de
mim... — Me recordo da ideia de ele querer se casar com Muriel,
tenho certeza de que Sinead tem o dedo podre no meio disso.
— Graças a Viktoria, que salvou o rabo dele mais uma vez. Eu
não gosto do Brends, ele não vale nada, é como os pais — retruca
Ezra.
— E como está a sua relação com a Viktoria? Ainda é
estranho para mim, já que você a odiava tanto. Já a chama de
mamãe? — Fixo meus olhos nele, que faz careta.
— Vá se foder, Carter — resmunga, me fazendo gargalhar. —
Depois que eu e Alessa entregamos as nossas caixas a ela, aquelas
que nos davam poder na Rússia, cortamos por completo o vínculo
com a Viktoria. O tempo foi passando e ela manteve a palavra dela
de ficar longe da gente, até que certo dia a Ivanov nos procurou e
pediu que déssemos uma chance a ela, porque gostaria de
conhecer os netos. Alessa e eu pensamos bem em sua proposta e
acabamos aceitando. Desde então, estamos nessa trégua, só que
mantemos o nosso limite.
— Gostei desse passo que deram. A vida é curta demais para
a pessoa viver sempre na defensiva — falo, com os pensamentos
indo até Muriel e na reviravolta que aconteceu em sua vida em tão
pouco tempo.
— Tem razão. Mas sabe o que percebi e me deixa muito
orgulhoso? — Nego balançando a cabeça. — Você tinha tudo para
tentar resolver o seu problema com os Lynch sozinho, deixar o seu
orgulho passar por cima de você, como eu fiz... hoje me arrependo
das ações que tomei, porque se tivesse pedido apoio a vocês antes,
o meu filho estaria vivo e Hailey não teria sofrido tanto. Quando
você nos procurou pedindo ajuda fiquei orgulhoso por não ter agido
como eu, deixando a história se repetir — diz Ezra, dando um
sorriso triste.
— É bom saber que se orgulha de mim, irmão. Mas não pense
assim, não fique cutucando uma ferida do passado. Eu aprendi que
quanto mais velha é a dor, mais dolorosa ela pode ser, então foque
no presente e nos dois filhos lindos que você tem com a sua esposa
— aconselho e o vejo dar um sorriso verdadeiro e alegre.
— Está certo. Toda vez que penso no meu passado, um
maldito buraco se abre no meu peito. Às vezes acho que vou morrer
de remorso por não ter dado o meu melhor. — Ele se levanta e leva
a garrafa de álcool que está pela metade à boca.
— Esqueça isso. Você deu sim, se superou com os anos. Foi
uma experiência ruim que te serviu como aprendizado.
— Muriel é uma garota de sorte, encontrou o Knight certo. Ela
não poderia ter escolhido outro que não fosse você. — Ele pisca
para mim.
— Não mesmo. — Fecho a expressão e Ezra sorri, divertido,
logo sorrio também.
— É bom te ver amando de novo, Carter. Você merece ser
feliz, mas com alguém que seja tão transparente quanto você. E
essa menina nos surpreendeu muito, ela te ama demais — fala, com
sinceridade.
— E eu a ela, Ezra. — Passo a mão por meu cabelo e me
levanto. Preciso ver a minha ruivinha.
— Nem precisa dizer, as suas ações te entregam.
— Entregam, sim. — Lembranças do momento em que matei
Tyron aparecem.
— Vou voltar para minha missão de babá do velho babão.
Alguém precisa ficar de olho naquela mulher, ela está com sangue
nos olhos. — Ele dá tapinhas em meu ombro antes de me dar as
costas.
Meu irmão se vai e eu sigo em direção aos quartos. Eu
desejaria uma boa noite a ele, mas esta noite não será uma das
melhores para nenhum de nós. Muriel certamente não vai pregar os
olhos, conheço-a muito bem, só vai sossegar quando amanhecer e
fechar de uma vez o ciclo com Sinead.
Vi o dia amanhecer. Passei a noite em claro, sentada em uma
Estou pronta para visitar Sinead, ele foi o motivo de eu não ter
os seus passos.
onde ficam três galpões enormes que eram usados pelos Lynch
para os seus negócios. Não sei muito sobre eles porque nunca tive
acesso, mas são neles que devem guardar armas, cargas roubadas
enormes portas.
— Carter...
desviar a minha atenção da mochila que ela carrega, tanto que ela
percebe o meu interesse e sorri.
— Sim, você está certa. Sinto muito por não termos tido a
oportunidade de nos conhecermos antes — responde e aperta a
sua mão. Então me lembro que ela morou aqui antes de eu vir para
o mundo, claro que deve conhecer o lugar de olhos fechados.
ofegante.
eu tinha morrido — revela, sem olhar para trás. Ela está a alguns
passos na minha frente. — Quando fui obrigada a dar você para ele,
depois do acordo que fizemos para que você pudesse sobreviver,
Sinead enviou dois soldados para me matar. Mas fui treinada desde
abala demais. A forma como fala da sua história e do meu pai enche
Sem dar uma palavra sequer, eu a sigo enquanto ela nos conduz a
uma cerca. Fico paralisada com a imensidão do rio, nunca o tinha
visto antes, acho que ainda há muitas coisas para serem exploradas
por aqui.
— Não sabia que tinha isso aqui. Faz parte da propriedade dos
— Faz sim, mas não é deles, tudo o que tem aqui, cada grão
de terra, é nosso, Muriel. Tudo. A casa, as árvores, o rio — fala, me
sento-me ao seu lado, então ela faz uma coisa que me deixa tensa
que tive um bom lar pelas coisas materiais, e sim pela forma como
era tratada. Por ser o soldado de confiança do sr. Riley, o meu pai
devia a ele lealdade, mas eram amigos acima de tudo.
“E o meu pai foi leal a ele até o dia da sua morte. Finn Murray
ser o filho único, e foi difícil para ele, mesmo treinado e sabendo que
poder para ele carregar sozinho mexeu muito com ele. Era muita
carga muito pesada para alguém tão jovem. Cobravam muito dele, e
seu pai teve que mostrar o seu lado cruel para que pudessem
respeitá-lo, era isso ou ele e a mãe dele perderiam o que o sr. Riley
respeitá-lo. Ele precisava fazer aquilo, e mesmo que tenha sido duro
para ele por ainda estar em luto, foi necessário. Só então
cada cena.
— Só depois que completei quinze anos começamos a
apaixonados.
dia nos tornaríamos tão amigas, que ela seria a minha salvadora.
Ter simpatizado com ela e guardado o seu número foi a minha
salvação.
somente aos vinte e cinco anos que eu tive você. Ficamos felizes
demais quando soubemos que teríamos uma menina. O seu pai fez
soluçando.
— Vou chegar lá agora — diz com amargura, e eu a entendo.
— Conhecemos o infeliz do Sinead três anos antes, através de um
fosse embora. Nesse dia, o seu pai descobriu qual era o soldado
que estava passando informações para Sinead e o matou, assim se
sentiu mais seguro. Só que não foi o suficiente, afinal, mal sabíamos
que aquele homem cruel queria tomar o lugar do seu pai nos
negócios.
Rowan ficou com pena, mas eu e a sua avó não, desde o primeiro
dia não simpatizamos com ele. Acabou que os Lynch ficaram na
nossa casa. Os dias foram passando e Rowan por fim cedeu. Ele e
friamente que a minha mãe foi um teste para que conseguisse matar
o seu pai sem que o descobrissem. Eu pude perceber que era
verdade, porque mesmo que a sua avó fosse ao médico, nunca
início não íamos aceitar, tentamos tomar a frente dos negócios, mas
não quiseram nos ouvir, contaram para o Sinead e ele me ameaçou,
deixar um pedaço de mim para trás, mas mesmo sabendo que viver
com aquele homem não seria saudável para você, fui embora da
minha casa com a esperança de algum dia e eu a Rose
conseguimos de volta o nosso lar. Rose ficar com você foi uma
exigência que fiz ao Sinead e ele aceitou. Rose e eu fizemos uma
promessa, um juramento, nem que custasse as nossas vidas,
ter sido entregue para Sinead quando tinha nascido e ele ter me
criado como a bastarda dele. O meu medo de me abrir com ela e
e as escolhas que teve que fazer. E tudo foi por mim. — Levo a mão
ao seu rosto e limpo as lágrimas.
— Não sinta, fiz e faria tudo de novo para que você pudesse
viver. — Sorri para mim, mas eu não tenho forças para retribuir.
agenda que Sinead não tinha tirado de mim por achar sem
importância, então liguei para ela e pedi ajuda. Foi assim que nos
tornamos amigas. Ela me levou para Chicago e me manteve
escondida. Celeste Lewis me deu um lar sem me conhecer, me
fez renascer. Eu abri o meu coração para ela, e não fui mandada
embora mesmo sabendo da minha vida. Ela me colocou para
trabalhar como segurança particular dela, me deixou viver entre a
sua família, e o que eu pude dar a ela foi lealdade. Durante todos
esses anos fomos leais uma à outra — confessa, se levantando e
estendendo a mão para mim. — Venha comigo, vou te mostrar algo.
Durante quase vinte anos juntei muito dinheiro com o meu trabalho,
e quando Celeste ficou no poder de Chicago e virei o seu braço
sai amarga.
passa a mão nas minhas costas. — Mas quando soube que era
para um dos Knight, os meus planos em te resgatar ficaram mais
fáceis. Durante os quatro anos, eu e Rose nos falávamos com mais
que era para já ter feito isso muito antes... Aquele homem é podre.
Eu deveria ter voltado para matá-lo quando me mandou embora,
assim não teria feito tanta crueldade — diz, vazia, com um tom frio.
assinto.
fundo.
doente, imundo.
— Por que fez isso? — pergunto, sem me virar para ele e com
sua fraqueza. — Ele me abraça por trás, mas antes tira as armas
— Não estou fraca, Carter, estou com raiva e você sabe muito
bem o que é isso. — Saio do seu abraço e viro-me para ele, que faz
— Assim? Dizendo que sou fraca? Pode não parecer, mas sou
ele.
fechados.
merda misturados.
mão e puxo sua cabeça para trás, sujando os meus dedos com o
líquido vermelho enquanto a outra aperta seu pescoço com força
suficiente para que ele abra os olhos e me encare.
que alguns dos seus dentes se foram. Os seus lábios estão partidos
e os supercílios com cortes.
esses anos na sombra do Knight. Foi um azar ter dado você para o
Carter, se eu soubesse que ele tinha vínculo com a Maeve, teria te
matado em vez de te entregar ao seu salvador. — Ele ri.
Cheia de ódio, desfiro um soco na mandíbula. Ele grita, e eu,
mesmo sentindo dor no punho, suporto calada. Sinead começa a
dar risada só para me provocar.
— Te matar. Você tem que pagar por tudo o que fez para a
minha família, principalmente para a sua filha, a Kira. Sangue do
seu sangue. — Encosto o maçarico no seu braço e a sua pele frita
agulha. — Esta é por minha família, por mim, Kira, nana e por toda
maldade que você fez durante todos esses anos.
e assim faço uma fileira com as cinco agulhas no local onde passei
o maçarico.
Com sangue nos olhos e sedenta por mais vindo dele, levanto-
na sua boca.
— O que me impede de estourar os seus miolos agora
atirar, mas não o faço, não será tão fácil assim para ele.
estômago.
— Quem vai para algum lugar aqui é você, seu lixo. Até o
apenas um tiro ele morre. Cada centímetro da sua carne está podre
e fedido.
rosto várias vezes com as armas. — Você não tem direito algum de
abrir o caralho da sua boca, Sinead. Você ferrou as nossas vidas
dedos. Mesmo que ele esteja gritando, eu não paro, e fico grata por
minha mãe não tentar me impedir.
ombro.
de roubar o que era nosso por direito. Matou o meu pai, as minhas
avós, me roubou uma vida com vocês, e ainda deixou a minha irmã
ser violentada pelo próprio irmão. A senhora acha que esse
— Sim, sim, é o que mais quero. — Ela sorri, e seus olhos têm
dor e desejo de vingança. — Por que acha que não o matei? Sinead
não merecia morrer tão rápido, muito menos sem a sua presença.
Sinead, tossindo.
frias e implacáveis.
— Arrancar a língua dele e guardar como lembrança. — Vou
aqui é seu. Arranque os dedos dele para que aprenda a não tocar
no que não é dele. — Alcanço o cortador de charutos e entrego para
a minha mãe.
e ele tenta puxar, mas é inútil. Ela arranca o primeiro dedo e seu
sangue jorra.
ferimento aberto.
Ergo a tesoura e miro na coxa dele. Desistindo de arrancar a
incentivada.
acabar com a vida alguém quando estou dominada pelo ódio. A ira
— Você não precisa fazer isso, sei que nunca matou ninguém
na minha garganta.
pensamento.
que era a filha “bastarda” de uma “puta”, como diziam, ficava triste
porque queria que me amasse. Mas você nunca poderia me amar, e
para você, Sinead, e eu não quero isso. — Fixo meus olhos nele,
que tenta falar algo, mas está sem voz e força para mover a boca.
Ele já está agonizando, não vai durar muito.
rosto no chão.
bota. — Isto é para que sinta o que nana sentiu. É hora de dizer
adeus ao mundo dos vivos, Lynch. — Eu me afasto e largo o
isqueiro aceso na trilha de gasolina que fiz no chão. Quando o fogo
chegar tão rápido, e isso só prova que ele esteve o tempo todo nos
observando.
que era capaz de conseguir tudo o que sempre quis — finaliza, com
um tom orgulhoso.
Não há mais nada a temer. Agora a minha irmã vai poder viver
em paz, vai poder reconstruir a vida sem ter medo de ser
perseguida.
relance, mas parece que eu sou o foco principal – meu rosto, mãos
e roupas estão sujas de sangue. Eles abrem espaço para que eu
passe com o chefe deles, então Carter faz um gesto para que se
de um bobão.
me matar, ainda vai ter que me aturar por muitos anos, meu amigo.
cozinhar e ela estava com fome, não quero que a Muriel me mate
por deixar a irmã sem comer. Eu prometi que cuidaria dela em sua
Mas não te liguei para isso, preciso que você vá até o Killz e pegue
o colar da Muriel.
garota. O.k., só avise ao seu irmão que você me pediu para buscar
o colar, os Knight costumam ser muito desconfiados — diz, mais
relaxado.
— Estou ouvindo.
morto."
— Foi sim, estou orgulhoso pra caralho. Muriel foi muito forte.
mulher, elas estão envergonhadas por não terem sido sinceras com
a Muriel em relação a mãe dela e outras coisas — fala.
entrega.
de mim, eu e ela nos casaríamos amanhã mesmo, mas sei que vai
querer arrumar um bom vestido e está muito em cima para
Então, temos que preparar os nossos ternos, certo? — Sua voz sai
animada.
bem-humorado.
seco.
— Eu não sei, mas pode ser que fique... Ainda não tem como
conter o sorriso.
dar o colar ao Dom. Tenha uma boa noite, irmão. Vamos embora
meu. Anoto tudo e envio para Dominic, que não me retorna, mas sei
Maeve ter o lar dela de volta, não sei quais os seus planos para o
futuro.
consegui te dizer o quanto estou grata pelo que fez — diz a mãe de
Muriel, com sinceridade. — Não só por ter nos devolvido o nosso lar,
mas por ter cuidado da minha filha durante esses anos. Você não
ser uma mulher forte, a protegeu... Fez muitas coisas boas na vida
dela. Fez mais do que eu pude fazer. — Seus olhos lacrimejam.
— Não tem nada para agradecer, senhora. Tudo o que fiz foi
por amar a sua filha, e se for necessário, farei novamente.
sorri.
— Vou fazer valer a pena, pode ter certeza. E mais uma vez,
obrigada, você foi essencial. Você e os seus irmãos — diz Maeve,
sem esconder a sua gratidão.
notícias correm.
— Não, eu vou com você. O que tinha para ser resolvido aqui
já resolvi. Minhas coisas já estão arrumadas também — ela me
— O.k.
— Você acha que vai demorar para ela se abrir com a mãe? —
— Pelo que conheço Muriel, ela não vai guardar rancor, sabe
que a mãe se sacrificou por ela e a ama demais. — A minha
cunhada.”
“Agradeço a você pelo presente, mas dessa vez vou ter que
rejeitar, Dom. É importante para mim pagar as alianças para a
minha futura esposa, sei que você vai entender. E a agradeça por
mim.”
“Já que insiste, está tudo bem. Pode deixar, daqui a pouco
envio os dados para o pagamento. ”
Chegamos ontem à noite a Inglaterra, a viagem foi muito
tranquila. Dessa vez não dormi como costumo fazer. Carter parecia
muito ocupado trocando mensagens com alguém, acredito que
nasceu para voar, brilhar, para ser uma rainha, e eu tenho certeza
de que o seu futuro marido pensa o mesmo. — Seus olhos sorriem
para mim, mesmo que ela esteja chorando.
estamos tão bem, sem rancor, sem medo, e eu me sinto feliz por
termos este momento de mãe e filha. — Fito-a, comovida com a
nossa conversa.
vida. A nossa história nunca terá fim, o nosso vínculo é eterno. Você
tem noção disso? Não importam os milhares de quilômetros de
distância que estaremos, você sempre vai estar no meu coração. —
forte e caloroso.
Ser tão jovem não significa que devo ser imatura, de forma
alguma, as situações que vivi no decorrer dos anos me tornaram
fizeram por mal. São muito protetoras e não queriam te deixar mais
perdida. Você não estava em condições de receber mais uma
notícia tão intensa, coração. — Carter passa língua nos lábios e me
encara, esperando a minha resposta.
— Você fica linda quando está brava, sereia, mas não achei
que fosse tão importante dizer que pedi para as meninas não
falarem nada. Você não estava muito bem, então tomei essa
decisão por você. — Ele se aproxima e se ajoelha na minha frente,
pegando as minhas mãos em seguida. — As minhas cunhadas são
maravilhosas, vocês só precisam se conhecer melhor. Se aceitar ir
para você. Ah, querem falar com você. — Hailey fica sem jeito.
delicioso para você. Vou passar para a Aubrey, porque se deixar fico
falando até ficar rouca! — Alessa está muito animada, é nítido.
— É... é... Pode ter certeza, Aubrey, vou sim ao jantar. Já disse
a Hailey que estaremos aí. — Solto um suspiro quando ele sacode o
cabelo com a mão.
tempo para falar sobre o assunto. — Acho que é tarde demais para
tomar algum remédio, então temos que esperar alguns dias para o
resultado. Talvez você já esteja esperando um filho meu, sereia.
maneira como Carter me faz ficar derretida por ele com pequenos
gestos e palavras.
— Para quem não tinha planejado ter filhos está bem animado
— provoco-o, buscando a sua boca e o beijando.
Antes de aprofundar o nosso beijo, Carter tira o meu vestido e
Nem preciso abrir a boca para fazer esse pedido. Ele coloca a
minha calcinha para o lado e introduz dois dedos em minha boceta e
me masturba por pouco tempo. Quando percebe que estou molhada
A noite não demorou para chegar, pelo menos não para nós, já
burburinhos.
Carter.
— Boa noite, cunhada. Pensei que iam nos deixar aqui fora,
Brey. Os soldados não avisaram da nossa chegada? — resmunga
existe mais.
Aubrey está casual, acho que estou assim também. Peguei um dos
vestidos que comprei há um tempo, ele é leve, alças finas, cor bege,
volta. Acho que será mais fácil você se adaptar tendo alguém que já
conhece ao seu lado — eu a consolo, ouvindo o seu suspiro de
alívio.
Kira. Ela nem nota o olhar dele, mas eu sim, só que finjo não ter
visto a atenção especial que o nosso amigo dá para a minha irmã.
Depois do seu desmaio não nos vimos mais, nem nos falamos, eu
tive que ir para a Irlanda...
acredito que saí daquele inferno. Quando eu soube que você tinha
matado o Sinead, eu não senti nada. Parecia que tudo por dentro de
mim estava oco, não tinha nada. Nem mesmo chorei, eu sabia que
não estendeu a mão para mim. Mas depois chorei por me ver livre,
me senti libertada, e isso é maravilhoso. Saí daquela maldita gaiola
vamos conviver como irmãs, preciso ter uma amiga por perto. E
você é ela.
ele te amará tanto que você vai se sentir pisando nas nuvens. —
Pisco para ela, que fica cabisbaixa.
sobrancelha, curiosa.
que precisar até que consiga se estabelecer em sua nova vida. Você
sabe dirigir? Atirar?
acreditar. Obrigada, irmã, por tudo! Eu não sei dirigir, muito menos
lugar para Kira morar, mas resolvo isso rapidinho, assim como o
restante.
não sei o que seria de mim. Serei eternamente grata por não ter
dentro para falar sobre o seu casamento, que será daqui a alguns
dias. Eu trouxe algo e será o nosso presente para a noiva, se você
oferecemos para ajudar com tudo, cada uma cuida de uma coisa,
são lindos, sei que algum irá te agradar. — Ela volta para o seu
lugar.
olhos.
Alessa.
deixando chocada.
chão.
— Vou ter dor de cabeça com você quando ficar mais velho. —
Alessa passa a mão na testa e suspira, então olha para mim, Kira e
o cunhado, que morde os lábios para reprimir o riso. — Me deem
licença — pede ela, seguindo o filho.
— Obrigada.
— Para a sua sorte não gosto de ruivas, meu ponto fraco são
as loiras — retruca o caçula, ficando sério.
impacientemente.
Ezra limpa a garganta e o mais velho dos Knight apenas
observa as boas maneiras dos irmãos.
filhos. Aliás, lugar é o que não falta, a mesa é enorme, assim como
a sala. Todos se sentam, menos Aubrey.
não conhecia direito, mas adorei e, com certeza, vou comer outras
vezes. No começo pensei que comeríamos todos em silêncio,
não deixavam passar nada. Com eles encontrei o que sonhei a vida
toda. Os Knight são o meu novo lar e eu me orgulho de fazer parte
da família deles. São ótimos e provaram que podem ser ainda
melhores.
— Amor, não faça algo que não vai poder ir até o fim. — Meu
tom sai ameaçador e ao mesmo tempo inocente.
todos.
para tudo. Ela acontecerá aqui, assim como a cerimônia, que pedi a
bem animada.
As únicas que ainda não vi hoje é Brey e Kira. Aubrey virá
daqui a pouco trazer os três modelos de vestido que me interessou.
Mais uma vez acordei e fui direto para o banheiro, esse enjoo
matinal está acabando comigo.
Nem mesmo Carter se deu conta do que pode ser, mas acho até
normal, muitos homens não percebem essas coisas. Acho que nem
Carter fez chá mais cedo, talvez ainda tenha um pouco por
aqui. Fecho a geladeira e saio à procura do bule, e fico feliz da vida
ciclo ainda não veio e pensei que fosse por conta do estresse do
casamento, só que tenho ficado muito enjoada nos últimos dias. Só
estar, mas disse para elas que era por estar consumindo uma
grande quantidade de açúcar.
tom.
Acho que vou fazer isso depois. — Passo a mão por meu cabelo e
umedeço os lábios.
— Faça quando achar que deve. Mas se quiser tirar logo a
assegura, e eu assinto.
bem nos olhos. — Você quer ser mãe agora? Essa é a primeira
sorridente.
cunhado pode ser curioso quando quer. — Pisca e passa por mim.
manifesta Alessa.
— Sim, concordo — fala Hailey, animada.
a empolgação delas.
seguimos para o quarto. Cada passo que dou deixa meu coração
mais acelerado, estou vivendo um verdadeiro sonho. Carter e eu
quero sim ser mãe. Será a maior realização carregar no meu ventre
— Parece que foi feito para você. Agora vamos testar algo —
com tanta beleza, Muriel. Esses seus olhos, esse cabelo... Céus!
Você é a noiva mais linda que já vi — elogia, inflando o meu ego.
Apesar do meu choro ser de felicidade, vou guardar isso para o dia
do meu casamento, quando eu oficialmente me tornar uma senhora
Knight.
lado para o outro. Abro a porta e a procuro pelo corredor, mas nada.
nervosa.
calma.
espelho.
confesso, sabendo que Brey é uma boa ouvinte. Fora que nossas
mães são sócias e melhores amigas.
passe.
mesmo que tenham sido poucos dias de espera, parece que foi uma
eternidade — fala Alessa.
seu abraço.
Dois dias passaram num piscar de olhos, apesar de ter
homem que sempre quis ter para mim. O que eu pensei que fosse
curiosidade.
tocada que chorei quando Maeve me disse que só não veio antes
porque estava lindando com isso, pois queria me dar esse presente
linhas. É isso, estou grávida. Carter vai ser pai. Serei eu a dar o
primeiro filho ao homem da minha vida.
ainda a abraçando.
Nunca imaginei que pudesse alcançar em um só dia tanta
— Meus parabéns, ruiva. O meu amigo vai ficar muito feliz com
embargada.
— Ah, minha filha, meus parabéns. Que o seu filho venha para
somar muito mais no amor de vocês. Mesmo antes dele nascer já é
Será que ele nos ouviu? Acho que não, mas se ouviu não tem
ouça.
deixo as lágrimas caírem. — Você vai ser papai, amor. Fiz vários
testes de farmácia e todos deram positivo — revelo, com a voz
felicidade.
moldando com os seus dedos a minha pele como se fosse uma obra
Noto que os seus olhos estão vermelhos, mas ele não chora,
cena.
— Estamos — digo.
desliza o robe por meus ombros e beija a minha pele. Carter vai
mulher, mas temos que nos casar, não é? Então me conformo com
cidade vizinha que fica à beira mar. Vou te levar para conhecer
ficar ofendida.
seríamos pais para falar para todos. Mas as suas amigas são meio
distraídas, e meus homens me deram informações dos passos delas
semicerrados.
— Carter, Muriel, sei que deve estar bom aí, mas daqui a
beija.
Os meus olhos ficaram mais claros e intensos. Para não tirar por
completo a minha identidade, não escondeu as minhas sardas,
que irão nos aguardar no altar. Eu soube por Alessa que vim para
mudar alguns costumes da família, já que nem todas as mulheres
maquiagem.
eu precisava.
para não pisar no tecido do vestido que se arrasta pelo chão, e abre
a porta para mim. Começo a caminhar e toda insegurança vai
embora ao ver tantos soldados reunidos, todos de terno,
preciso perguntar para saber quem é, uma vez que um senhor com
uma aparência intimidadora está no altar, sem demonstrar nenhuma
emoção.
Minha mãe nos deixa e vai se sentar ao lado de Kira, que está
na segunda fileira, à minha esquerda.
ao lado dele. Olho para a mesa e vejo duas canetas, uma navalha e
alguns documentos. O objeto afiado me faz estremecer.
— A maioria que está aqui hoje sabe como é o nosso costume
quando um casal da família vai se unir em um casamento. Muriel
Gallagher é um novo membro, e como o irmão mais velho e chefe,
palavra.
Por tantos anos, Carter foi a minha base e o meu escudo, foi
mais do que isso, foi o meu tudo mesmo sem eu ter nada para
oferecer a ele.
velho pega uma mão do meu noivo e faz um corte, logo após faz na
outra, então vem até mim. Mordo o lábio inferior e aperto os olhos
quando a lâmina corta a pele das minhas palmas, mas me
— Sim, podemos.
Sei que Muriel merece ter uma lua de mel inesquecível, mas o
Knight caçula está cometendo alguns deslizes nos negócios e eu
será por pouco tempo, Spencer vai ter que se dar conta de que as
drogas estão fodendo com ele e procurar um tratamento, vai
acordo com William, ele tentou alertar o meu irmão, mas não foi
ouvido e ainda recebeu uma advertência por tentar corrigi-lo.
um erro que não foi deles. Spencer tem suas responsabilidades com
encostada em mim.
não diz nada, somente ouço sua respiração do outro lado da linha.
que se entender com Killz. Ele vai adorar saber a merda que você
Carter? Por que não vai curtir a sua mulher e me deixa resolver os
— Você não é mais uma criança, sabe muito bem o que fez.
pescoço.
dos negócios, nunca dei uma bola fora, e agora que cometi um
pequeno deslize você quer arrancar a minha cabeça? O homem já
não devolveu as peças intactas? Não enche o saco. Vai curtir a sua
Spencer, e eu não vou carregar essa culpa, não tiramos a vida dos
outros sem motivos! Não vou permitir que inocentes morram pela
fortuna. Você tem noção o que poderia ter acontecido se o cara não
tivesse devolvido as peças? Agora honre as calças que veste e vá
até o Killz, diga a ele o que está acontecendo antes que eu o faça. E
não é um pedido, é uma ameaça — digo, entredentes.
sua respiração.
— E por querer te ajudar que tem que ser assim, irmão. A vida
está fora da minha equipe de pilotos. Quando voltar da Itália vai ter
que arrumar algo para fazer, você não chega mais perto das cargas
prepare, assim que voltar vou falar para os nossos irmão que você
voltou a usar, quer você queira ou não. Eles precisam saber disso.
— Não acha que foi duro demais com ele? — A voz de Muriel
Acredito que ele não quer alguém que o julgue, e sim um irmão.
Você vai assumir a sua posição novamente, e tudo bem, mas não
sei que ele fez um bom trabalho enquanto estive fora, mas não
posso permitir que ele cometa o mesmo erro várias vezes. Ele vai
que quer da vida. Quando ele voltar, eu decido o que fazer. — Solto
um suspiro.
rever os seus conceitos. Ele não está bem e sabe disso, mas o seu
sempre lidou bem com o nosso trabalho. Assim como Killz não
ter o nosso momento. Mas assim que voltarmos, Spencer terá que
quarto.
elevador.
cortinas, nos permitindo ter uma vista melhor da praia através das
da cabeça.
aquário.
interativos e estáticos.
A minha esposa está tão fascinada, que várias vezes esquece
a minha existência, hora ou outra sorri para mim e me puxa para ver
os aquários.
mesmo caminho.
do mundo carregando o nosso bebê. Sei que Muriel será uma mãe
maravilhosa, o nosso filho terá sorte em ter uma mãe como ela,
porque eu tenho por ter uma esposa tão incrível.
— A sua cara não nega que, entre uma bicicleta e uma Glock,
sugo a sua língua e levo uma mão ao seu cabelo, enquanto deslizo
a outra para as suas costas. Assim que ouço Muriel gemer, eu me
afasto para que as coisas entre nós não esquentem mais. Não que
Em menos de vinte e quatro horas o meu marido me
proporcionou as melhores emoções que alguém poderia ter. Carter
me surpreendeu quando disse que teríamos uma lua de mel em
Brighton. Apesar de nem mesmo saber da existência do local,
seguinte, será a nossa última parada, mas com certeza vou amar.
Estou ansiosa para avistar a cidade do alto.
dentro da suíte, o meu marido está fechado, dando ordens aos seus
com Spencer. Sei que isso está o afetando, mesmo que tente ser
vínhamos para cá, fiquei bem preocupada, não vou negar. Os Knight
Knight mais divertido, não que os outros não sejam bons, mas o
loiro tem um brilho único e será trágico se as drogas tirarem isso
dele.
Calado, Carter se senta na cama e tira do bolso o celular,
então começa a mexer no aparelho, sequer olha na minha direção.
Percebo que está nervoso demais, mesmo que não diga com
você sabe disso. Além de ser sua esposa, sou a sua melhor amiga.
— Coloco a mão em seu ombro tenso.
quisesse poderia, nada fica escondido por muito tempo, ainda mais
em se tratando de você. — Ele passa a mão por seu cabelo e anda
de um lado ao outro.
coisa dele, porque Carter pede que ele não seja impulsivo e
converse com Spencer. Aos poucos, conforme vão se falando,
parece que acabam se entendendo, pois a expressão carregada do
que promete. — Seu tom é mais calmo, aquela postura de antes foi
deixada para trás. — Certo... cabeça fria, não se esqueça disso!
O.k., sim, sim, vou aproveitar. Até mais. — Ele olha em minha
malicioso e pega a minha mão, levando-a ao seu pau duro por cima
do short. Umedeço os lábios e respiro ofegante.
você.
para fora.
dessa vez ele vai me deixar gozar, só que isso não acontece. Para a
minha frustração, ele tira os dedos de dentro de mim enquanto o
— Você não vai gozar nos meus dedos, sereia. Quero que faça
isso na minha boca, e depois vou limpar cada gota da minha boceta
molhada.
pernas trêmulas.
Quando passo as minhas unhas por sua pele e ele se arrepia, o seu
— Por que o meu marido tinha que ser tão gostoso assim? —
Finjo um resmungo, fazendo-o dar um sorriso sacana que adoro e
seu peito e busco a sua boca, mas sem perder o ritmo dos
movimentos. Afundo o meu rosto em seu pescoço e passamos a
vejo sorrir.
— Esse é o propósito. É bom você descansar por algumas
horas. Mais tarde vou te levar a um restaurante — diz, ainda me
dando o seu sorriso lindo.
Knight, todos eles têm o meu respeito e carinho, assim como tenho
o deles.
da outra.
Quase nem percebo como os dias estão passando
estava calado desde que chegou, e isso é uma novidade, já que ele
está sempre fazendo gracinhas.
Acha que não sabemos que a esposa do tal italiano é a sua Angel?
— alfineta Axl, divertido.
Puto, Spencer olha para o mais velho dos irmãos e fecha ainda
mais a expressão, com um olhar de ameaça.
casada com um homem que tem o dobro da idade dela. Ele ficou
tão abalado com a descoberta, que rejeitou a oferta de sociedade, e
essa atitude dele parece não ter agradado muito a mulher, uma vez
que agora ela fica ligando constantemente.
Brey fica ruborizada, porque todos sabem que ela foi a ponte
para que o segredinho que Spencer fosse revelado.
o humor do irmão.
faço. Ele está puto por eu ter me metido nos assuntos dele —
retruca meu marido, frustrado.
conversa deles não vai terminar agora, é óbvio que irão estender
esse assunto, tem sido assim ultimamente.
gentil.
— Não, ela ainda não acabou — diz o mais velho, tão decidido
Engulo em seco ao ver que ali não está o meu cunhado, e sim
o chefe da máfia.
agitado.
conversando.
— Sei que não, mas não quero que o Carter fique chateado.
encoraja Brey.
Spencer, que sorri para mim com seu semblante mais leve. —
loiro.
coragem para começar a falar, analiso Spencer e vejo que está com
olheiras, mas não deixa de ser bonito. Aliás, abençoado seja o útero
da mãe deles, seus pais fizeram um ótimo trabalho. Os filhos são
— Eu sei que sou lindo, Muriel, mas você não veio aqui para
falar da minha beleza, certo? — Ele fica sério.
aqui não para pedir que volte a ser próximo do seu irmão como
antes, essa é uma decisão sua, mas quero deixar claro que o que
Carter fez foi por você ser sangue do sangue dele. A relação de
prejudicar teria demorado tanto para contar ao Killz? Claro que não.
Primeiro, ele ficou se torturando, imaginando como seria se o irmão
de vocês soubesse de tudo. O Carter fez o que pôde, mas há
Carter acha que você não o perdoou, mas mesmo que pareça ser
duro, ele não tem que te pedir perdão, ele não errou. Você sabe
— Já terminou?
grato a ele. Mas saiba que o seu discurso foi ótimo. Eu refleti melhor
e revi as minhas ações com a minha família. Não se preocupe, eu
não odeio Carter, longe disso, eu nunca poderia odiar os meus
coloca a mão no meu ombro e olha bem em meus olhos. — Sei que
há alguns minutos soei grosseiro, mas não é por causa do Carter.
Estou com outros problemas, que obviamente já foram
isso, prometo.
ele segura o meu braço e vai descendo até chegar à minha mão.
É como diz aquele famoso ditado “se a vida te der limões, faça
uma limonada”. Foi o que fiz e deu certo. Não digo que sou a única
responsável por se reconciliarem, Ezra teve o seu crédito, e assim
conseguimos ter mais algumas horas na casa da minha amiga em
harmonia.
logo.
entre as pernas.
— Uhum, vamos ter sim — digo, quando ele limpa o meu rosto
molhado.
meu marido.
alguns anos, ele estava tão quebrado quanto eu, ou pior, mas juntos
conseguimos vencer algo que achávamos ser impossível – a