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O CULTO CRISTÃO

Ou a missa, a hóstia e o sacrifício de Cristo?


EBD (17/07/2022) – IPB

[Começar por esse parágrafo, depois ir para o título e ilustração] Entraremos em uma
nova etapa de nosso estudo. A redescoberta do Evangelho segundo as Escrituras, não
deu origem apenas a uma reforma teológica, mas também mudou o modo como
pensamos a adoração a Deus em nosso culto e o modo como o glorificamos no mundo.
Então, agora, veremos as implicações da fé reformada em nossa forma de cultuar.

Ilustração: Vocês já viveram a vontade de repetir algo?


Sabe aquela vontade que dá depois de provar a sobremesa ou o docinho de
casamento? Aquela vontade de “quero mais”, de repetir mais umas 10x
aquele sabor. Repetir a macarronada e molho italianos; repetir aquele
brinquedo no parque; repetir aquela noite divertida com alguém especial;
aquele recital onde você teve um bom desempenho; ou repetir aquela boa
participação na aula em que você foi muito elogiado. Viver todas essas
coisas nos deixam com um gostinho de “quero mais”, parece que elas não
nos saciam plenamente. Claro, há coisas que dá para repetir, outras não.
Na Escritura, Jesus nos manda repetir alguns rituais, dentre eles está a
Ceia. Com a Reforma surgiram alguns questionamentos sobre o que está
sendo repetido nessa celebração. A resposta a essa pergunta possui efeito
direto em nosso modo de cultuar e como entendemos o sacrifício de Cristo.
A principal questão discutida é: podemos repetir o sacrifício de Cristo?

A.T.: Nenhum ritual religioso pode repetir, reproduzir ou dar continuidade do


sacrifício substitutivo de Cristo

 Diferente de outras coisas, o sacrifício de Cristo é algo que não é possível e


necessário repetição. Diferente do pudim, o sacrifício de Cristo nos satisfaz
completamente e perpetuamente. Uma vez satisfeitos, não precisamos repetir o
evento, apenas relembrar o seu “sabor”.

PROPOSIÇÃO: veremos isso em 4 etapas: 1) veremos como o culto era ministrado


antes da Reforma; 2) como os romanistas entendem a narrativa acerca da Ceia; 3) o
que as Escrituras falam sobre essa celebração; e 4) a importância de nossa
participação no culto.
INTRODUÇÃO (I. O lugar do altar na missa – como era o culto antes da Reforma)

 Antes do evento da Reforma do séc. XVI


o A missa ocorria em 2 etapas
 Missa dos catecúmenos: aberta a todos
 Ministério da eucaristia: apenas para os batizados
 A palavra "Eucaristia" significa "ação de graças"1
o Ao final eram despedidos (origem da palavra “missa”)2
 Os batizados não poderiam sair sem participarem da celebração
 Entendimento/teologia romana sobre o “sacrifício eucarístico”
o Na celebração da ceia ocorre o sacrifício concreto do corpo de Cristo
o Para eles o pão e o vinho “se transformam”, durante a celebração
o Portanto, seu sacrifício é repetido todas as vezes que é celebrada
 Por isso toda igreja papal possui um altar
o Muitas igrejas ainda desconhecem o motivo de não termos altar
 Como dá para perceber o nosso culto, nossa Ceia, é bastante diferente
o O que a Bíblia fala sobre essa celebração?

1
CHAMPLIN, Russel N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo: Mateus e Marcos. Vol.
1. Catanduva, SP: Candeia, 1997.
2
Originário do latim, mittere, que significa “enviar, dispensar” (Google).
1 Ler o texto Mt 26.26-30

1.1 Aqui, Jesus institui a "Ceia do Senhor" onde deu um sentido novo aos
elementos na mesa (pão e vinho)3.
1.1.1 Ao falar assim, certamente fez da cerimônia da páscoa uma coisa
nova e diferente. Assim sendo, tanto os simbolismos como as
situações se tornaram novos4
1.1.2 Jesus tencionou instituir um rito para sua futura igreja. Paulo indica
esse paralelo (1Co 11)5
1.2 A grande questão é o modo como se entende o texto lido sobre esse rito
1.2.1 O que ele representa? É uma repetição do sacrifício de Cristo? Há
necessidade de sacrifício além do que foi realizado? É mero
simbolismo?

2 TEOLOGIA ROMANISTA (II. O sacrifício irrepetível de Cristo e a hóstia)

2.1 O sacerdócio de Cristo não se extingue com sua morte [concordamos]


2.1.1 Na última ceia Cristo instituiu seus apóstolos como sacerdotes além
de um novo sacrifício, não apenas representado, mas repetido –
“fazei isto em memória de mim”.
2.1.2 Dessa forma seu sacerdócio é continuado por sucessão e seu
sacrifício é repetido
2.2 Tal ensino está descrito nos Cânones do Concílio de Trento (sess. 22, cap.
2)
2.2.1 Incluindo que, a discordância (quanto a Cristo constituir sacerdotes
aos apóstolos e que os ordenou oferecer seu corpo e sangue) seja
anátema.
2.2.2 Ler p. 31, parágrafo 4, da apostila

3
MACDONALD, William. Comentário bíblico popular: Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão,
2011.
4
CHAMPLIN, op. cit.
5
CHAMPLIN, op. cit.
3 NO QUE CREMOS

3.1 Voltando à Mt 26.26-30


3.1.1 Uma vez que seu corpo não fora dado na cruz ainda, é óbvio que se
tratava figuradamente (v. 26-28)6.
3.1.1.1 Jesus estava lá, de pé, em seu corpo, sendo ambos
nitidamente distintos7
3.1.1.2 Portanto o significado de "isto é o meu corpo" é "isto
representa o meu corpo". O mesmo vale para o cálice8
3.1.1.3 Jesus sempre utilizou linguagem simbólica em seu ministério
(Mt 16.6; Jo 2.19; 3.3; 4.14, 32; 6.35, 48, 51-56, 58; 11.11)9
3.1.1.4 Pão e vinho são os símbolos de seu corpo e de seu sangue. O
sacramento é o símbolo visível de uma graça invisível10
3.1.2 Todas as vezes que a celebramos anunciamos sua obra na Cruz e
sua 2ª vinda (1Co 11.26)11 – anunciar é diferente de repetir
3.2 A Escritura não ensina a repetição do sacrifício de Cristo
3.2.1 O que foi realizado na cruz é suficiente, completo, perfeito e
irrepetível
3.3 Por que rejeitamos o “sacrifício da missa”?
3.3.1 Não é bíblica
3.3.1.1 A eucaristia é propiciatória e expiatória
3.3.1.2 Cristo e os apóstolos não fazem qualquer menção sobre

6
MACDONALD, op. cit.
7
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus. Vol. 2. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2001.
8
EARLE, Ralph. Comentário bíblico Beacon: Mateus. Vol. 6. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
9
HENDRIKSEN, op. cit.
10
LOPES, Hernandes Dias. Mateus: Jesus, o rei dos reis. São Paulo: Hagnos, 2019.
11
EARLE, op. cit.
3.3.2 Instituição memorial
3.3.2.1 Ao instituir a Ceia, os discípulos não receberam ordem de
ministrá-la para sacrificar, mas para anunciar a morte do
Senhor até que ele venha (1Co 11.26)
3.3.2.2 Por sua vez, os apóstolos não podiam entregar mais do que
tinham recebido (1Co 11.23)
3.3.2.3 Portanto, é uma ministração memorial da morte de Cristo e
um anúncio de seu retorno futuro (Lc 22.19; 1Co 11.24-26)
3.3.2.4 Pão e vinho são os símbolos de seu corpo e de seu sangue. O
sacramento é o símbolo visível de uma graça invisível12
3.3.3 Sucessão de sacerdócio
3.3.3.1 O NT só menciona um sacerdote, Jesus Cristo (Hb 7.11-19)
3.3.3.2 Em nenhum lugar é mencionado a sucessão desse sacerdócio
3.3.4 Perfeição de seu sacrifício
3.3.4.1 Cristo se manifestou de uma vez por todas (Hb 9.23-28)
3.3.4.2 Fomos santificados por ele de uma vez por todas (Hb 10.10)
3.3.4.3 Sua oferta foi única (Hb 10.14)
3.3.4.4 Temos o próprio testemunho de Cristo na cruz (Jo 19.30)
3.3.4.5 Com que propósito Cristo teria de ser sacrificar
continuamente depois de haver realizado um sacrifício
perfeito?

4 OUTRO ASPECTO DA CEIA: COMUNHÃO (III. Assistir ao culto ou


participar dele?)

4.1 O judeu comemorava a Páscoa em família


4.1.1 Aqui, Cristo leva seus discípulos para comemorar em uma nova
família13
4.1.2 Semelhantemente somos chamados a celebrar em família
4.1.3 Perceba o clima de culto (reflexão, mensagem, louvor)
4.2 Não somos chamados para repetir o sacrifício de Cristo, mas para adorarmos
ao que, de uma vez por todas, nos redimiu.
4.3 Aqui, diferente da missa, todos são chamados a participação do culto (Sl
29.1-2)

12
LOPES, op. cit.
13
CARVALHO, M. A. Culto Matutino - 05/09/21 - MATEUS 26.17-30. YouTube, 2021. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=vmYAReLOcAc>. Acesso em: 16 jul. 2022.
4.3.1 Ao ordenar "bebam todos dele", enfatiza a unidade dos crentes na
adoração além de condenar a prática de um sacerdote beber por
todos (v. 27)14,15
4.4 Há um entendimento errado sobre essa participação
4.4.1 Todos participam do culto se estiverem “em espírito e em verdade”
(não só os que tem papel litúrgico)
4.4.2 Ao concordar com “amém”, ao cantar, ao receber a mensagem
4.5 É extraordinário pensar que Jesus cantava louvores a Deus quando estava
prestes a enfrentar a rejeição.
4.5.1 Precisamos do momento de adoração coletiva, somos fortalecidos
por Deus através dos elementos de culto (oração, louvor, Palavra e
comunhão)

CONCLUSÃO

 A Reforma nos fez reformar a nossa adoração pública


 O sacrifício eucarístico não se harmoniza com o ensino bíblico.
 A Páscoa apontava para o Cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo (Jo
1.29). A Ceia do Senhor anuncia que essa obra foi realizada16
 O sacrifício de Cristo é suficiente! (Solus Christus)
o A obra de Cristo é como uma refeição que nos sacia completamente
o Não precisa de repetição pois seu objetivo foi cumprido
o Só nos resta relembrar seu sabor que ainda é perceptível à língua
 Ante o entendimento dessa verdade cabe-nos adorar a Deus, em espírito e em
verdade, na vida diária e no encontro com o povo de Deus ao qual somos
chamados.

APLICAÇÃO

 Como estamos participando de nossas reuniões e sacramentos? Qual o


sentimento em nosso coração?
 A Ceia não é um sacrifício, mas uma cerimônia. Não é um funeral, mas uma
festa17, celebremos!
o “Você é aquilo que come”
o O ato de comer é símbolo da apropriação espiritual da virtude
salvadora e transformadora de Cristo. Nossa participação na Ceia fala
de nossa participação em tudo quanto Cristo realizou. Ao participarmos

14
HENDRIKSEN, op. cit.
15
CHAMPLIN, op. cit.
16
WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento: Vol. 1. Santo André, SP:
Geográfica editora, 2006.
17
LOPES, op. cit.
do pão e do vinho compartilhamos de sua morte, sua vida e
ressurreição, e de sua ascensão e glorificação18
o Se a verdade da perfeição dessa obra é certa em nós, o que nos resta é
uma alegria de atendermos a convocação de nos reunirmos em torno
da Palavra, do pão e do vinho para celebrar.

18
CHAMPLIN, op. cit.

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