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O ESPÍRITO DO ETERNO DEUS

EBD (11/09/2022) – IPB

Ilustração: “Coisas que você não sabe para que serve”


Você já teve a dúvida de serventia de algo? Ex.: o dedo mindinho do pé; a
aliança de prata em um namoro; parte azul da borracha; furo na tampa da
caneta; o bolso pequeno da calça jeans; a dobra atrás da camisa social; as
casas de botões horizontais nas camisas sociais. Todas as funções e
utilidades desses itens foram sendo esquecidas com o tempo e a mudança
do uso de cada objeto. Isso se reflete em nossa vida espiritual.

INTRODUÇÃO

 Nunca se viu tanta coisa sobre o Espírito Santo, porém, nunca a 3ª Pessoa da
Trindade foi tão esquecida.
o Tudo o que há são obras baseadas na imaginação humana
o As pessoas que buscam as religiões estão mais interessadas em uma
experiência transcendente, experimentar uma força divina1
 Atualmente há muitas igrejas que alegam resgatar o ministério do Espírito
Santo na igreja contemporânea.
o Tais doutrinas e práticas costumam deixar de lado o ministério
cristocêntrico do Espírito.
o Um entendimento errado acerca da Pessoa que é a fonte das dinâmicas
espirituais na vida cristã dificilmente promoverá práticas e experiências
saudáveis.2

OBJETIVO: ver como a teologia reformada nos ajuda a entender a atuação da Pessoa
do Espírito Santo na vida cristã.

PROPOSIÇÃO: veremos isso em 4 etapas: 1) A obra do PAI e do FILHO; 2) a


procedência do ESPÍRITO SANTO; 3) a obra do Espírito na salvação; 4) a obra do
Espírito na vida cristã.

1
FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia sistemática: uma análise histórica, bíblica, e apologética
para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
2
FERREIRA & MYATT, 2007.
PANORAMA DO TEXTO (parte 1) – Ef 1.3-14
1.1 Nesse texto Paulo fala da procedência trinitariana das bênçãos que a igreja
recebe3
1.2 Podemos dividir o texto em 3 seções: 1) louvor ao Pai (v. 1.3-6), 2) louvor
ao Filho (v. 7-12) e louvor ao Espírito (v. 13-14).
1.2.1 Portanto, temos obras distintas para cada Pessoa da Trindade
1.3 As bênçãos procedentes do PAI
1.3.1 O Pai é a fonte/origem das bênçãos que recebemos em Cristo (v 3)4
1.3.2 Deus nos escolheu nele5.
1.3.2.1 A eleição é uma iniciativa divina (Jo 15.16) (v 4)6.
Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi e os
designei para que vão e deem fruto, e o fruto de vocês permaneça, a fim
de que tudo o que pedirem ao Pai em meu nome, ele lhes conceda. (Jo
15.16)

1.3.2.2 A Bíblia nunca argumenta a doutrina da eleição;


simplesmente a põe diante de nós. Portanto, a doutrina da
eleição não foi inventada por Agostinho e nem por Calvino.
1.3.2.3 Deus não nos escolheu por causa da nossa santidade, mas
para sermos santos. A santificação é a prova da nossa eleição.
Nenhuma pessoa deve considerar-se eleita de Deus se não
vive em santidade.
1.3.3 Nos elegeu para sermos membros de sua própria família7.
1.3.3.1 Possuímos um novo status e uma nova herança. Um filho
adotado deve sua posição à graça, e não ao direito.
1.4 As bênçãos procedentes do FILHO
1.4.1 Todas as bênçãos que recebemos do Pai, recebemos em Cristo8
1.4.1.1 A redenção (resgate da morte e do poder do pecado, a qual
somos incapazes de pagar) (v 7)
1.4.1.2 O perdão (Cl 2.14) (v 7) – não há liberdade do pecado senão
por Cristo9
Cancelando o escrito de dívida que era contra nós e que constava de
ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-
o na cruz. (Cl 2.14)

1.4.1.3 Nos revelou a vontade de Deus (v 8-10)10

3
LOPES, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009.
4
LOPES, 2009.
5
LOPES, 2009.
6
TAYLOR, Willard H. Comentário bíblico Beacon: Efésios. vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
7
LOPES, 2009.
8
LOPES, 2009.
9
TAYLOR, 2006.
10
LOPES, 2009.
1.4.1.4 Nos fez herança (v 11, 12) – em Cristo temos herança (1Pe
1.3, 4) e também somos uma herança. Somos o dom do amor
de Deus para o Filho11.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a
sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança,
mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma
herança que não pode ser destruída, que não fica manchada, que não
murcha e que está reservada nos céus para vocês, (1Pe 1.3,4)

1 A PROCEDÊNCIA DO ESPÍRITO (II. A procedência do Espírito)


1.1 A Bíblia posiciona o Espírito Santo no mesmo nível do Pai e do Filho (Mt
28.19; 1Co 12.4-6)12
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, (Mt 28.19)
Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços,
mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera
tudo em todos. (1Co 12.4-6)

1.2 As Escrituras testificam que o Espírito é enviado pelo Pai (At 5.32; Gl 4.6) e
pelo Filho (Jo 15.26)
E nós somos testemunhas destes fatos — nós e o Espírito Santo, que Deus deu aos que lhe
obedecem. (At 5.32)
E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho ao nosso coração, e esse
Espírito clama: "Aba, Pai!" (Gl 4.6)

1.2.1 A CW (1647) e o Credo de Constantinopla refletem essa


compreensão bíblica: “O Espírito Santo é eternamente procedente do
Pai e do Filho” (CW II.3)
1.3 Portanto, o Espírito não é gerado, como o Filho, mas procede do Pai e do
Filho – esse é um dos elementos de distinção13
1.3.1 O conceito de processão é uma tentativa de entender a maneira com
que o Espírito se distingue das outras pessoas da Trindade.
1.4 Essa relação trinitária ocorre sem que haja qualquer tipo de mudança na
essência das Pessoas da Divindade, nem qualquer tipo de subordinação
ontológica.
1.4.1 Portanto, a subordinação NÃO é ontológica, mas sim econômica
(conjunto de atividades de distribuição de serviços).
1.4.2 A obra do Espírito é distinta, mas não independente da Trindade.

11
LOPES, 2009.
12
PFEIFFER, Charles F.; HOWARD, F. Vos; REA, John. Dicionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD,
2017.
13
FERREIRA & MYATT, 2007.
PANORAMA DO TEXTO (parte 2) – Ef 1.3-14
1.5 As bênçãos procedentes do ESPÍRITO (a obra do Espírito na salvação)
1.5.1 Aqui temos o processo da salvação (v 13): ouvimos o evangelho,
cremos com a fé e somos selados com o Espírito Santo14.
1.5.1.1 Recebemos o Espírito Santo imediatamente após confiar em
Cristo.
1.5.1.2 Metáfora do selo: um selo autentica (Et 3.12) e conclui uma
transação (Jesus consumou sua obra de redenção e comprou-
nos com seu sangue), marca uma propriedade (Ct 8.6) sendo
o símbolo pessoal do proprietário (por isso somos sua
propriedade exclusiva - Rm 8.9; 1Pe 2.9), e protege contra
violação e dano (Mt 27.62-66) (o Espírito em nós garante que
estará sempre conosco).
Vocês, porém, não estão na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito
de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse
tal não é dele. (Rm 8.9)
No dia seguinte, que é o dia depois da preparação, os principais
sacerdotes e os fariseus se reuniram com Pilatos e lhe disseram: —
Senhor, nós lembramos que aquele enganador, enquanto vivia, disse:
"Depois de três dias ressuscitarei." Portanto, mande que o túmulo seja
guardado com segurança até o terceiro dia, para que não aconteça que,
vindo os discípulos dele, o roubem e depois digam ao povo: "Ressuscitou
dos mortos." E este último engano será pior do que o primeiro. Pilatos
respondeu: — Uma escolta está à disposição de vocês. Vão e guardem o
túmulo como bem entenderem. Indo eles, montaram guarda ao túmulo,
selando a pedra e deixando ali a escolta. (Mt 27.62-66)

1.5.2 O Espírito também é a nossa garantia/“penhor” (v 14) – o termo


grego que aparece aqui era usado para a primeira prestação,
garantindo que o pagamento integral será efetuado (Rm 8.18-23; 1Jo
3.1-3)15
Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem
ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação
aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não por
sua própria vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a
própria criação será libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória
dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e
suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as
primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção
de filhos, a redenção do nosso corpo. (Rm 8.18-23)

1.5.2.1 Como um anel de noivado que garante o compromisso. Nós,


a igreja, estamos noivos com o Senhor Jesus. A experiência
que temos com o Espírito Santo neste mundo é uma
antecipação das alegrias e bênçãos do céu.

14
LOPES, 2009.
15
LOPES, 2009.
2 A PAPEL DO ESPÍRITO NA VIDA CRISTÃ (I. O Espírito esquecido)
2.1 O Espírito Santo é quem nos conduz à compreensão de Cristo (Jo 15.26;
16.13-15)
— Quando, porém, vier o Consolador, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da
verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim. (Jo 15.26)
Porém, quando vier o Espírito da verdade, ele os guiará em toda a verdade. Ele não falará
por si mesmo, mas dirá tudo o que ouvir e anunciará a vocês as coisas que estão para
acontecer. Ele me glorificará, porque vai receber do que é meu e anunciará isso a vocês.
Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso eu disse que o Espírito vai receber do que é meu e
anunciar isso a vocês. (Jo 16.13-15)

3 O MINISTÉRIO CRISTOCÊNTRICO DO ESPÍRITO (III. O ministério


cristocêntrico do Espírito)
3.1 O ministério terreno de Cristo foi concluído, porém, o do Espírito começou
depois da ressurreição (Jo 7.39)
Isso ele disse a respeito do Espírito que os que nele cressem haviam de receber; pois o
Espírito até aquele momento não tinha sido dado, porque Jesus ainda não havia sido
glorificado. (Jo 7.39)

3.2 O ministério do Espírito é dar continuidade ao ministério de Jesus dando


testemunho de Cristo
3.2.1 Por intermédio da Palavra (Rm 10.17)
E, assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo. (Rm 10.17)

3.2.2 Esse testemunho consiste em mostrar quem é Jesus (Mt 16.16, 17;
1Co 12.3; 1Jo 5.6)
Respondendo, Simão Pedro disse: — O senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Então Jesus lhe afirmou: — Bem-aventurado é você, Simão Barjonas, porque não
foi carne e sangue que revelaram isso a você, mas meu Pai, que está nos céus. (Mt
16.16,17)
Por isso, quero que entendam que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma:
"Anátema, Jesus!" Por outro lado, ninguém pode dizer: "Senhor Jesus!", senão
pelo Espírito Santo. (1Co 12.3)
Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo. Ele não veio
somente com a água, mas com a água e com o sangue. E o Espírito é o que dá
testemunho, porque o Espírito é a verdade. (1Jo 5.6)

3.2.3 Agente glorificador de Cristo (Jo 16.13, 14) – quando a confissão


confiante é operada pelo Espírito em nosso coração, Cristo é de fato
glorificado.
3.2.3.1 Do mesmo modo que Cristo glorificou o Pai em sua
encarnação, o Espírito glorifica a Cristo em suas operações
(Jo 17.4)
Eu te glorifiquei na terra, realizando a obra que me deste para fazer. (Jo
17.4)
3.3 Só por intermédio do Espírito recebemos todos os bens e dons que nos são
dados em Cristo

CONCLUSÃO
A.T.: O Espírito Santo PROCEDE do Pai e do Filho e SEU MINISTÉRIO consiste
em apontar para Cristo e sua obra.

 O Espírito Santo é uma marca interior da posse de Deus sobre o seu povo.
o É a garantia de que Deus dará a sua herança final.
 Quando tratamos do Espírito desatentos ao seu próprio desejo (registrado na
Bíblia) nos esquecemos dEle.
o A teologia reformada trouxe esse resgate do Espírito Santo
 Quem nos faz compreender a Pessoa e obra de Cristo em sua Palavra e
quem glorifica a Deus em nós.
o Portanto, nós, a Igreja de Deus, aqueles que receberam o Testemunho do
Espírito por meio da Palavra, somos o resultado da obra do Espírito.
Somos a evidência concreta e real do testemunho do Espírito.
 Cristo está sendo glorificado em nós. À medida que somos transformados pelo
poder do Espírito, sendo conduzidos a uma vida santa, Cristo está sendo
glorificado. Quando o Filho retornar em glória, se alegrará em seus santos (2Ts
1.10-12).
quando ele vier, naquele Dia, para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os
que creram. Isto inclui vocês, que creram em nosso testemunho. Por isso, também não cessamos
de orar por vocês, pedindo que o nosso Deus os torne dignos da sua vocação e cumpra com
poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja
glorificado em vocês e vocês sejam glorificados nele, segundo a graça do nosso Deus e do
Senhor Jesus Cristo. (2Ts 1:10-12)

APLICAÇÃO

 Russel Shedd - "Toda doutrina deve ser como um fundamento, ou solo, em que
cresce constantemente a vitalidade de adoração e de culto"16
 É Ele quem aplica a graça de Deus aos eleitos, por isso devemos ser humildes
quanto a nossa salvação. Ela procede, do início até o fim, da parte de Deus.
o Ser salvo não te torna alguém mais digno do que qualquer ímpio.
 Não estamos só! Isso muda o modo como pensamos nossas lutas e nossa
evangelização.
o É na Pessoa do Espírito Santo que o Deus Trino chega até nós, tão
perto17
o Evangelizamos confiantes de que Deus, pelo Espírito, aplicará sua graça
nos eleitos.

16
LOPES, 2009.
17
FERREIRA & MYATT, 2007.
 Já que glorificamos a Deus por meio da obra que o Espírito realiza em nossa
vida, isso deve nos motivar a termos uma vida progressiva de santificação, a
fim de glorificarmos o nosso Pai por meio de nossas vidas.
 O selo do Espírito nos conforta em momentos de fraqueza.

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