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ESCRITURA

A referência cristã
EBD (28/08/2022) – IPB

Ilustração: “Olhar fotos antigas”


Na minha infância (sem internet, tv globinho, etc.), tínhamos o costume de
olharmos fotos antigas. Sempre percebia que as coisas mudam com o
tempo: as roupas, a tecnologia, o ambiente. Mas não é só essas coisas que
mudam. As pessoas também mudam. Todos nós já passamos por algo que
nos mudou (regeneração, a balança com um valor alto, uma quase-morte).
A sociedade também muda. Alguns fatos históricos mudaram sociedades:
invenção da roda, da metalúrgica, da escrita, o surgimento do cristianismo, a
invenção da pólvora, a Revolução Industrial e, por último, mas não menos
importante, a Reforma Protestante.
Nós vimos como a Reforma mudou a história e o mundo no séc. XVI,
agora, após a Reforma, veremos como a teologia que se desenvolveu com a
Reforma mudou a sociedade/mundo.

INTRODUÇÃO

 No séc. XVI os reformadores defenderam só as Escrituras como autoridade


para o homem
o Machen afirmou (1921): “A Reforma do século 16 foi baseada na
autoridade da Bíblia e (...) colocou o mundo em chamas”
o Houve um retorno ao estudo e ensino das Escrituras (retorno a forma
de lê-la).
 A Teologia Reformada reafirma e ressalta essa doutrina de que a Bíblia deve
orientar a fé e a conduta do homem.
o Esse retorno de importância a Palavra mudou a história, fundou e/ou
formou as sociedades onde o Cristianismo adentrou.
o Gerou uma revolução em todas as áreas do saber.

A.T.: A Bíblia é a única regra de fé e conduta da igreja de Cristo (como a Bíblia


formou e transformou nossa sociedade).

PROPOSIÇÃO: veremos isso em 2 etapas: 1) Reforma educacional e 2) Reforma


hermenêutica.
PANORAMA DO TEXTO – Lc 24.44-49
1.1 O momento aqui é entre a ressurreição e a ascensão
1.2 A Lei, os Profetas e os Salmos são as 3 principais divisões da
Escritura Hebraica (v. 44)1
1.2.1 Ele deixa claro que há um vínculo em toda a Escritura
1.2.1.1 Toda a Bíblia fala sobre um único tema (Cristo)
1.2.2 Jesus mostra a seus discípulos que ele mesmo é a chave
hermenêutica para compreender as Escrituras2 (Bíblia interpreta
Bíblia) – ex.: v. 46
1.3 Aqui Jesus deu aos discípulos a inspiração necessária para que entendessem
as Escrituras3 (v. 45)
1.3.1 Só podemos entender a mensagem de redenção por ação divina.
1.4 O plano de salvação para o homem só "está escrito" nas Escrituras (v. 46)
1.5 O Espírito abre nossa mente, mas também abre os nossos lábios (vv. 47-49)
1.5.1 A mensagem deve ser pregada em nome de Cristo, e não em nome
dos discípulos.
1.5.2 A autoridade do pregador não está nele mesmo nem mesmo na
igreja; está em Jesus (v. 47)4
1.6 Recapitulando: 1) Devemos pregar a mensagem bíblica; 2) as Escrituras são
a única fonte do plano de salvação do homem; 3) a compreensão das
Escrituras nos é dada pelo Espírito; 4) a própria Bíblia explica-se.

1
CHILDERS, Charles L. Comentário bíblico Beacon, vol. 6: Lucas. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
2
LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus, o homem perfeito. São Paulo: Hagnos, 2017.
3
CHILDERS, op. cit.
4
LOPES, op. cit.
1 REFORMA EDUCACIONAL (I. A nova referência e II. Escritura x tradição)
1.1 Antes da Reforma, o valor normativo era a tríade: tradição, autoridade
papal e as superstições autoritativas.
1.1.1 Em oposição, os reformadores, afirmaram que tanto a tradição como
o papa eram falíveis e as superstições prendiam a consciência dos
fiéis. Portanto, defendiam sola Scriptura como regra de fé e
conduta da igreja.
1.2 Como o Evangelho deveria chegar a todos (vv. 47-49) os reformadores se
empenharam a disseminar a verdade de Deus – isso desencadeou a reforma
educacional dada pelos reformadores.
1.3 Onde chegasse, a Reforma, se preocupava em colocar a Bíblia na língua do
povo para dar pleno acesso às Escrituras.
1.3.1 Uma das bandeiras da Reforma foi a socialização do saber

1.3.2 Problema: analfabetismo generalizado – as pessoas deviam ser


alfabetizadas para lerem as Escrituras
1.4 Os reformadores rejeitaram a tradição da igreja, porém a própria Bíblia,
em alguns casos, dá ênfase e, em outros, critica a tradição (Mc 7.8; Cl 2.8;
1Co 11.2; 2Ts 2.15)
1.4.1 A tradição nunca foi rejeitada só por ser tradição, mas apenas a
tradição sem amparo das Escrituras
1.4.2 A autoridade dos credos (Apostólico, Niceia, Calcedônia) eram
afirmados pelos reformadores
1.4.3 Porém, infalível, apenas as Escrituras
1.5 Os credos e os catecismos não são a Palavra, mas baseiam-se nela. Não são
infalíveis e não substituem as Escrituras
1.5.1 Credos, confissões e catecismos foram criados para servirem
didaticamente ao povo que não era alfabetizado e precisava aprender.
1.5.2 Os credos não foram feitos para serem rezados, mas facilmente
memorizados
1.5.3 As confissões apresentam didaticamente as doutrinas bíblicas
1.5.4 Os catecismos eram usados para instruir os novos convertidos
2 REFORMA HERMENÊUTICA (III. A Bíblia na Confissão de Westminster)

Os reformadores não apenas causaram uma reforma educacional (religiosa e


social), mas também, pelo apreço às Escrituras, recuperaram a antiga e esquecida
forma de lê-la. A Confissão de Westminster (1647) resumiu os princípios
hermenêuticos.
 Era a igreja católica quem autenticava a Palavra por sua interpretação
oficial;
 O catolicismo adicionou mais livros à Escritura (apócrifos);
 Também haviam as revelações complementares e a tradição verbal

2.1 Pressupostos adequados


2.1.1 A Bíblia é inspirada por Deus – ela não depende de nosso testemunho
(pessoal ou da igreja) para ter autoridade (1Ts 2.13; 2Pe 1.20, 21)
2.1.2 A Bíblia é inerrante (Jo 10.35; 1Tm 4.9)
2.1.3 A Bíblia é completa – tudo o que Deus quer que saibamos sobre
nossa salvação está registrado na Bíblia (explicitamente). As demais
verdades podem ser compreendidas por meio de uma interpretação
lógica, amparada pelo conjunto de doutrinas.
2.1.3.1 Fora das Escrituras não podemos conhecer corretamente a
obra redentora de Jesus (v. 46; Jo 5.39)

2.1.3.2 Não devemos acrescentar ou remover nenhum ensino das


Escrituras (Dt 1.32; Ap 22.19, 19) – só aceitamos os 66
livros (rejeitamos os livros apócrifos, as revelações
complementares e oficiais e a tradição verbal/escrita do
catolicismo)
2.1.4 Sua compreensão nos é dada – o Espírito é quem nos ilumina para
intendermos a interpretação correta das Escrituras (Sl 119.18). Pela
operação divina reconhecemos sua origem divina e sua obra
redentora (At 16.14).
2.2 Interpretação adequada
2.2.1 A Bíblia é a melhor intérprete de si mesma – Jesus Cristo e os
apóstolos deram lições práticas disso (Lc 24.25-27)
2.2.2 A Bíblia é nosso instrumento regulador na hora de interpretá-la –
nenhuma teologia é infalível, sua fidedignidade está relacionada com
sua fidelidade às Escrituras.
2.2.2.1 A melhor interpretação é a que faz sentido à luz de toda a
Escritura.
2.2.2.2 Ela julga a veracidade de nosso sistema doutrinário – uma
teologia ou é bíblica ou não é
CONCLUSÃO
A teologia reformada gerou mudanças históricas: mudanças na educação e
interpretação da Bíblia.

 Reforma educacional: tradução das Escrituras, alfabetização da sociedade e


utilização de uma pedagogia/didática popular.
 Reforma hermenêutica: recuperou os pressupostos de interpretação
(inspiração, inerrância, revelação final e inspiração espiritual) e o modo correto
de interpretá-la (pela própria Bíblia, utilizando-a como guia e juiz).

APLICAÇÃO

 A sua Bíblia está cheia de sangue! Muitos reformadores morreram para que ela
estivesse em suas mãos e em seu idioma
o Valorizem, dediquem-se e tenham zelo pelo estudo dela
 A Reforma recuperou a forma adequada de ler as Escrituras
o Cabe-nos submeter nosso juízo e entendimento à verdade de Deus
o O conhecimento bíblico não deve ser um fim em si mesmo; a revelação
deve nos conduzir ao Deus da revelação

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