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XVII EXAME DA ORDEM

2ª FASE DIREITO TRABALHO

ESTUDO DIRIGIDO 2 – PERGUNTAS

1. Fontes Formais do Direito do Trabalho

1.1. Qual o significado de ordenamento jurídico?

Ordenamento jurídico é o complexo de princípios, regras e institutos regulatórios da vida social em determinado
Estado. É a ordem jurídica imperante em determinado território e vida social.

1.2. Conceitue fonte material e formal do direito do trabalho.

As fontes materiais referem-se aos fatores sociais, econômicos, políticos, filosóficos e históricos que deram origem
ao Direito, influenciando na criação das normas jurídicas. Pode-se dizer que as fontes materiais do Direito do
Trabalho são estudadas pela sociologia jurídica e suas especializações. Já as fontes formais referem-se às formas
de manifestação do Direito no sistema jurídico, pertinentes à exteriorização das normas jurídicas.

1.3. Qual a diferença entre fonte formal heterônoma e fonte formal autônoma?

As fontes formais heterônomas são as regras de direta origem estatal, como a Constituição, as leis, as medidas
provisórias, decretos e outros diplomas produzidos no âmbito do aparelho do Estado. Já as fontes formais
autônomas são as regras cuja produção caracteriza-se pela imediata participação dos destinatários principais. São
exemplos, os costumes ou os instrumentos de negociação coletiva privada.

1.4. Quais as fontes formais do Direito do Trabalho?

As fontes formais do Direito do Trabalho são: Constituição Federal; Lei; Medida Provisória; Tratados e Convenções
Internacionais; Regulamento Normativo (Decreto); Portarias, Avisos, Instruções, Circulares; Sentença Normativa;
Convenção Coletiva de Trabalho e Acordo Coletivo de Trabalho; Contrato Coletivo de Trabalho e Usos e Costumes.

2. Competência Material da Justiça do Trabalho

2.1. Qual a competência material da Justiça do Trabalho?

A competência material da Justiça do Trabalho é estabelecida pelo artigo 114 da CF, com redação dada pela EC
45/04 (Reforma do Judiciário). Nos termos desse dispositivo constitucional, a Justiça do Trabalho tem competência
para processar e julgar:

I) As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da Administração
Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Acerca deste tema, é importante ressaltar que o STF entende que a Justiça do Trabalho NÃO tem competência para
processar e julgar as ações que envolvam qualquer relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo (ADI 3.395-6).

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II) As ações que envolvam exercício do direito de greve;

A Justiça o Trabalho possui competência para julgar o dissídio coletivo da greve e todas as ações decorrentes da
greve (Exemplo: ação indenizatória, ação possessória). É muito comum a ocupação do estabelecimento pelos
grevistas, o que culmina com o ajuizamento de interdito proibitório ou reintegração de posse pela empresa. Tais
ações decorrem da greve,
e, atualmente, são julgadas pelas JT (e não mais pela Justiça Estadual, como antes se entendia). Essa é a atual
posição do STF, que editou a Súmula Vinculante nº 23 sobre o tema. Há uma exceção: Se a matéria envolvendo
greve for criminal, a JT não será competente (a competência da JT não alcança, em nenhum caso, matéria criminal).
O STJ definiu que matéria criminal decorrente da relação de trabalho será julgada pela Justiça Federal quando o
crime envolver direitos coletivos de trabalhadores, e pela Justiça Estadual nos demais casos.

III) As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e
empregadores;

É muito comum dois sindicatos disputarem a representação de determinada categoria profissional ou econômica.
Além desta situação, a JT é competente para julgar os conflitos interna corporis do sindicato (Exemplo: ação de
prestação de contas dos trabalhadores contra a diretoria do sindicato; ação envolvendo eleição sindical; ações de
cobrança de contribuição sindical).

IV) Os mandados de segurança, o habeas corpus e o habeas data, quando o ato questionado envolver matéria
sujeita à jurisdição trabalhista;

Quando estas ações tratarem de competência da Justiça do Trabalho, serão julgadas pela Justiça do Trabalho. Ao
inserir o habeas corpus na competência da Justiça do Trabalho, resolveu-se o problema do depositário infiel, que
era a única possibilidade de o juiz do trabalho decretar prisão, Antes da E 45/04, a competência para julgar HC que
ataca ordem de prisão proferida pelo juiz do trabalho era do TRF (este panorama foi resolvido com a EC 45/04).
Atualmente, esta questão perdeu importância, já que o STF firmou posição acerca da impossibilidade de prisão de
depositário infiel, conforme determinação da Súmula Vinculante nº 25 STF.

V) Conflitos de competência entre órgãos da Justiça do Trabalho;

VI) As ações de indenização por dano patrimonial ou moral, decorrentes da relação de trabalho. Este também é o
entendimento da Súmula 392 do TST;

Esta súmula veio para corrigir uma grande distorção que existia na prática. Antes da EC 45/04, desde a década de
90, o STF tinha firmado o entendimento de que a competência para as ações de dano moral ou material decorrentes
da relação de emprego era da JT. O que definia, portanto, a competência da JT era o fato de a controvérsia decorrer
da relação de emprego. Havia uma exceção: se a ação de indenização por dano moral ou material decorresse de
acidente de trabalho, a competência seria da Justiça Estadual. Este entendimento era oriundo de uma leitura
equivocada do STJ e do STF acerca do artigo 109, I, da CF, que traz a competência da Justiça Federal e traz algumas
ressalvas em relação à matéria (entre elas o acidente de trabalho). Se a ação envolvendo a União for de acidente
de trabalho (Exemplo: INSS),
a competência será da Justiça Estadual. Por conta dessa ressalva do artigo 109, o STJ e o STF acabaram entendendo
que qualquer ação de acidente de trabalho seria julgada pela Justiça Estadual. Porém, houve um equívoco.
Confundiram-se duas ações diversas, já que há duas espécies de ação de acidente de trabalho (englobando também
a doença profissional):

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a) Ação acidentária previdenciária – é aquela ação movida pelo segurado em face do INSS (autarquia federal). Nesta
ação, basta que o segurado prove o acidente, a redução da capacidade de trabalho e o nexo causal
(responsabilidade objetiva do INSS). A ressalva do artigo 109, I, recai sobre esta ação. Portanto, será julgada pela
Justiça Estadual. Ora, há modificação da competência das ações acidentárias que envolvem a União.

b) Ação acidentária indenizatória, movida pelo empregado, em face do empregador – nesta hipótese, não haveria
competência da Justiça Federal (não há interesse da União envolvido). Nesta ação, o empregador responde por
responsabilidade civil subjetiva (é necessário demonstrar sua culpa, sendo esta presumida em algumas hipóteses).
A exceção do artigo 109, I, da CF não trata desta ação, que não seria de forma alguma de competência da Justiça
Federal. Porém, o STJ e o STF tinham entendido o dispositivo de forma equivocada, e determinavam que esta ação
acidentária em face do empregador fosse proposta em face da Justiça Estadual. A EC 45/04 esclareceu a questão,
e o STF corrigiu a questão, determinando que as ações indenizatórias do empregado contra o empregador são de
competência da Justiça do Trabalho. A competência da Justiça estadual foi mantida em relação às ações
acidentárias indenizatórias propostas na Justiça Estadual, nas quais já tinha sido proferida sentença de mérito antes
do advento da EC 45/04. É o que dispõe a súmula vinculante 22 do STF.

VI) As ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
relações de trabalho;

A EC 45/04 trouxe uma grande ampliação da JT nesta hipótese. O Ministério do Trabalho, órgão do Poder Executivo,
exerce fiscalização administrativa nas empresas, podendo aplicar penalidades ao empregador. Essa fiscalização
pode dar origem a ações judiciais (ex: empresa pretende anular penalidade, cancelar autuação, cancelar multa).
Antes da EC 45, tais ações eram de competência da Justiça Federal. Atualmente, porém, esta competência é da
Justiça do Trabalho. Antes da EC, havia somente uma espécie de MS na Justiça do Trabalho: aquele impetrado em
face de juiz do trabalho. Atualmente, o MS impetrado de ato do fiscal do trabalho também será julgado pela Justiça
do Trabalho (vara do trabalho). Entende-se que o juiz do trabalho será mais apto a analisar a adequação da
penalidade pelo fiscal. Ademais, a competência da JT envolve também a execução fiscal dessas multas
administrativas (a qual era realizada anteriormente pela Justiça Federal). O professor entende que neste aspecto
houve um erro na EC 45, uma vez que a execução fiscal dessas multas não tem relação alguma com a competência
especializada da JT.

VII) A execução de ofício, das contribuições sociais previstas no artigo 195, I, "a", e inciso II da CF.

A sentença trabalhista pode conter condenação em parcelas salariais (Exemplo: hora extra, adicional de
insalubridade). Sobre tais parcelas, há uma contribuição previdenciária a ser paga, ou seja, serão pagas em
decorrência da sentença condenatória. Até 1998, se a empresa não realizasse os recolhimentos previdenciários, o
juiz do trabalho deveria informar o INSS, que executaria tais contribuições na Justiça Federal. Com a EC 20/98, esta
competência passou para a Justiça do Trabalho, no mesmo processo em que ocorrerá a execução das verbas
salariais (haverá duas execuções em um único processo, uma em favor do exequente, e outra em favor do INSS).
Geralmente, esta sentença também possui carga condenatória (pede-se a declaração da relação de emprego e o
pagamento das verbas a que o empregador faz jus). Na relação de emprego declarada há salários que foram pagos,
em titulo diverso (em decorrência de relação diversa da relação de emprego). Nos salários que já foram pagos no
curso da relação de emprego declarada pela JT recai contribuição previdenciária. O TST firmou entendimento na
Súmula 368, determinando que neste caso a competência não seria da Justiça do Trabalho (esta teria competência
para executar contribuição previdenciária incidente de parcelas constantes da sentença condenatória apenas).
Quanto aos salários já pagos, a competência para executar as contribuições previdenciárias não seria da JT, pois
não decorrente da sentença. Tal questão foi analisada recentemente pelo STF, que confirmou a posição da súmula

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368 do TST
(a sentença declaratória não forma título executivo). É possível que tais contribuições até já tenham sido recolhidos,
embora por título diverso, cabendo ao INSS a promoção de execução fiscal para analisar caso a caso. O TST também
resolveu, recentemente, a questão do acordo em que não há reconhecimento do vínculo de emprego. A OJ 368 da
SDI-I do TST determinou que, se no acordo sem reconhecimento do vínculo serão devidas contribuições
previdenciárias se não houver discriminação das parcelas pagas. A OJ 398 da SDI-I do TST, ainda, firmou o
entendimento de que em qualquer hipótese, no acordo sem reconhecimento do vínculo, são devidas as
contribuições previdenciárias de 20% em relação do tomador de serviços, e 11 % em relação do trabalhador (índices
relativos às contribuições do trabalhador individual autônomo).

2.2. A Justiça do Trabalho possui competência para julgar ações possessórias?

De acordo com a determinação da Súmula Vinculante 23 do STF, a Justiça do Trabalho tem competência para
processar e julgar as ações possessórias que envolvam o exercício do direito de greve, desde que relacionadas aos
trabalhadores da iniciativa privada.

2.3. A Justiça do Trabalho possui competência para o julgamento de ação de cobrança de honorários de
profissional liberal contra cliente?

O entendimento majoritário é no sentido de que a Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ação de
cobrança de honorários de profissional liberal contra cliente. Este é exatamente o entendimento exposto na
Súmula 363 do STJ.

2.4. A Justiça do Trabalho tem competência para o julgamento de ação de indenização por danos materiais,
morais ou estéticos oriundos de acidente de trabalho?

A Súmula Vinculante 22 do STF determina que a Justiça do Trabalho será competente para processar e julgar as
ações de indenização por danos materiais, morais ou estéticos decorrentes de acidente de trabalho movidas pelo
empregado contra o empregador.

3. Tipos de Trabalhadores

3.1. Distinção entre relação de trabalho e relação de emprego. Qual a natureza jurídica da relação de emprego?

Toda relação de emprego é relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é relação de emprego. Dessa
forma, a relação de emprego é uma das modalidades da relação de trabalho, e ocorrerá sempre que preenchidos
os artigos 2º e 3º da CLT. A natureza da relação de emprego jurídica é contratual. A teoria contratualista parte do
princípio que a relação de emprego depende do acordo de vontades entre empregado e empregador.

3.2. Conceitue trabalho autônomo, trabalho eventual e trabalho avulso.

O trabalho autônomo é a modalidade de relação de trabalho em que não há subordinação jurídica entre o
trabalhador e o tomador de serviços. Já o trabalho eventual é o que não se enquadra no conceito de habitual. Para
Maurício Godinho Delgado, merecem ser exaltadas as seguintes características: descontinuidade da prestação do
trabalho, entendida como a não permanência em uma organização com ânimo definitivo; não fixação jurídica a
uma única fonte de trabalho, com pluralidade variável de tomadores de serviços; curta duração do trabalho
prestado; natureza do trabalho tende a ser concernente a evento certo, determinado e episódio no tocante à

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regular dinâmica do empreendimento tomador dos serviços. E o trabalho avulso é o trabalhador eventual que
oferece sua energia de trabalho, por curtos períodos de tempo, a distintos tomadores, sem se fixar especificamente
a nenhum deles. O que justifica a classificação do trabalho avulso como subespécie do trabalho eventual é a
necessária intermediação, seja pelo OGMO, seja pelo sindicato.

3.3. Diferencie trabalho avulso portuário e trabalho avulso não portuário.

O trabalhador avulso não portuário é aquele que não necessita do OGMO para intermediar a relação de trabalho.
Nesse caso, o sindicato terá essa atribuição. O OGMO, Órgão Gestor de Mão de Obra (artigo 18 da
Lei 8.630/93), é encarregado do fornecimento e controle da mão de obra necessária ao funcionamento dos portos.
Na modalidade de trabalho avulso portuário, os tomadores de serviço são principalmente os navios, os armazéns,
as empresas importadoras e exportadoras e os operadores portuários em geral. Os trabalhadores avulsos
portuários são, como regra, trabalhadores portuários de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga,
bloco e vigilância, nos termos do artigo 26 da Lei 8.630/93. As atividades do trabalhador avulso portuário estão
elencadas no artigo 57 da Lei 8.630/93.

3.4. Conceitue trabalho voluntário.

Trabalho voluntário é conceituado, nos termos do artigo 1º da Lei 9.608/1998, “... a atividade não remunerada,
prestada por pessoa física e entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos,
que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive
mutualidade”.

3.5. Conceitue estágio. Quais são os direitos do estagiário? Como ocorre a descaracterização do contrato de
estágio?

O estágio é a modalidade de relação de trabalho regulada pela


Lei nº 11.788/2008. Trata-se do ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que
visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em
instituições de educação superior, educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais
do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Conforme se extrai da
Lei nº 11.788/2008, são direitos do estagiário: a) seguro contra acidentes pessoais, que deve ser compatível como
os valores de mercado (artigo 9º, IV); b) limitação da jornada, que deve ser compatível com as atividade escolares
e limitada nos termos do artigo 10 da supramencionada lei; c) a duração do estágio não poderá ser superior a 2
anos, exceto quando se tratar de estágio do portador de deficiência; d) é obrigatória a concessão de bolsa e auxílio-
transporte; e) a concessão de demais benefícios, tais como auxílio-alimentação, saúde, etc. não geram vínculo
empregatício; f) recesso de 30 dias para os estágios iguais ou superiores a 1 ano; g) cabe à parte concedente do
estágio garantir ao trabalhador a implementação da legislação relacionada à saúde e segurança do trabalhador.
Descumprido qualquer um dos requisitos para caracterização lícita do estágio, restará configurada a relação de
emprego entre o estagiário e a parte concedente.

3.6. Conceitue trabalho cooperativado.

A ideia de cooperativismo surge do pressuposto de que a união de trabalhadores potencializa o resultado de sua
energia de trabalho, permitindo que estes trabalhadores possam desempenhar suas atividades com maiores
ganhos e, além disso, sem se subordinar a ninguém. O cooperativado é um trabalhador autônomo, pois presta
serviços por conta própria e assume os riscos da atividade econômica. De uma forma geral, exige-se que a
cooperativa atenda o princípio da dupla qualidade (o cooperado presta serviços à cooperativa, que, por sua vez,

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também oferece serviços aos seus associados) e o princípio da retribuição pessoal diferenciada (só se justifica a
reunião em cooperativa se for para melhorar a condição econômica dos associados).

3.7. Conceitue trabalho institucional.

É a relação de trabalho de natureza estatutária mantida com a Administração Pública. Nesta relação jurídica não se
forma vínculo de emprego, e sim vínculo estatutário, o qual é regido pelo Direito Administrativo.

3.8. Quais são as medidas de proteção ao menor?

A Constituição Federal, em seu artigo 7º, XXIII, determina que é proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre
a menores de 18 anos e de qualquer trabalho aos menores de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, a partir dos
14 anos. O menor, por estar em fase de desenvolvimento físico, mental, social e moral, deve ser tratado com a
devida precaução. Nesse sentido a OIT, em sua Convenção 182, que busca a eliminação das piores formas de
trabalho infantil.

3.9. O que diferencia o contrato de trabalho comum com contrato de aprendizagem?

O contrato de aprendizagem deve ser obrigatoriamente escrito, por prazo determinado de, no máximo, 2 anos, a
jornada do aprendiz é de 6 horas por dia, ao aprendiz é garantido o salário-mínimo/hora, a rescisão do contrato de
trabalho se dá no termo final do CT.

3.10. A Constituição Federal prevê de forma expressa proteção ao mercado de trabalho da mulher? Existe
limitação de força física para a mulher? Qual?

O artigo 7º, XX, da CF prevê, de forma expressa, a proteção à mulher, mediante incentivos específicos, nos termos
de lei ordinária.
Sim, é proibido o trabalho em serviço que demande empregos de força muscular superior a 20 KG para o trabalho
contínuo e 25 KG para o trabalho ocasional.

3.11. Disserte, brevemente, acerca do trabalho dos índios.

Os artigos 14 a 16 do Estatuto do índio (Lei 6.001/1973) determinam que não poderá haver discriminação entre
trabalhadores indígenas e os demais trabalhadores, aplicando sê-lhes todos os direitos e garantias das leis
trabalhistas e de previdência social, sendo permitida a adaptação de condições de trabalho aos usos e costumes da
comunidade a que pertencer o índio. Ainda, será considerado nulo o contrato de trabalho ou de locação de serviços
realizado com os índios isolados (artigo 4°, I, do Estatuto do Índio). Os contratos de trabalho ou de locação de
serviços realizados com indígenas em processo de integração ou habitantes de parques ou colônias agrícolas
dependerão de prévia aprovação do órgão de proteção ao índio, obedecendo, quando necessário, a normas
próprias. Por fim, é válido ressaltar que em qualquer caso de prestação de serviços por indígenas não integrados,
o órgão de proteção ao índio exercerá permanente fiscalização das condições de trabalho, denunciando os abusos
e providenciando a aplicação das sanções cabíveis.

3.12. O que se entende por altos empregados?

A principal diferença entre um empregado simples e um alto empregado é a subordinação, seja jurídica ou
econômica. Os altos empregados agem como representantes do empregador, possuindo grande poder de iniciativa.
São considerados empregados de confiança.

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A diferença também se assenta na extensão de poderes atribuídos a esses empregados e na confiança que neles é
depositada. É importante saber qual o grau de confiança, pois quanto maior a confiança, mas afastado está o
empregado dos direitos conferidos na CLT.
Vale salientar que o alto empregado é aquele que, mesmo com a subordinação atenuada, não possui a autonomia
própria do trabalhador autônomo, já que não pode se esquivar totalmente das suas obrigações. Assim, ele preenche
os requisitos fático-jurídicos da relação de emprego, no entanto a subordinação é atenuada, sendo considerado,
portanto, um tipo especial de empregado.
Ainda, se em razão da função de confiança passar a receber mais do que 40% do que recebia, estará excluído do
Capítulo “Da duração do trabalho”, contido na CLT. Logo, não terá direito às horas extras, ao adicional noturno etc.
O ordenamento jurídico brasileiro não regula tais empregados em legislação diferenciada, ao contrário de outros
países, como, por exemplo, a França.

3.13. O que se entender por trabalhador intelectual?

O trabalhador intelectual, também chamado de profissionista, é aquele que desempenha seu trabalho por possuir
uma cultura científica específica, como, por exemplo, advogado, médico, dentista etc. ou dom artístico, como, por
exemplo, pintor, músico, escritor etc.
Na verdade, o trabalhador intelectual é diferenciado dos demais mais pela detenção do saber, do que pela falta de
subordinação, como no caso dos altos empregados.
No ordenamento jurídico brasileiro, não há distinção entre o trabalhador intelectual e os demais empregados. As
regulamentações legais existentes acerca de profissões intelectuais não contrariam o princípio da isonomia, já que
simplesmente regulam as especificidades das profissões.
Ademais, conforme o item VII da Súmula 6 do TST, é possível a equiparação salarial de trabalho intelectual, que
pode ser avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos.

3.14. Qual é a natureza da relação do trabalhador contratado por cartório não oficializado?

A Constituição Federal, em seu artigo 236, dispõe sobre os serviços notariais e de registro: “Os serviços notariais e
de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público”.
Desde então, percebe-se que a exploração do aludido serviço público efetiva-se por intermédio do particular e não
diretamente pelo próprio Estado.
Para o ingresso à atividade notarial, seja como tabelião ou registrador, o interessado deve se submeter à prévia
aprovação em concurso público. No entanto, para o desenvolvimento da atividade delegada pelo Estado, os
notários necessitam de auxiliares, que são contratados com esse objetivo específico.
A relação existente entre o trabalhador, seja admitido na condição de auxiliar ou escrevente, e o cartório não
oficializado não é de caráter jurídico-administrativo, mas de natureza empregatícia, uma vez que a remuneração
respectiva não é retirada dos cofres públicos.
Tal espécie de relação jurídico-laboral encontra-se disciplinada pela Lei nº 8.935, de 18 de dezembro de 1994, a
qual regulamentou o artigo 48, e seus parágrafos, da Constituição Federal.
A jurisprudência dominante vem reconhecendo a natureza privada da relação jurídica acima mencionada, conforme
se observa de decisões do TST, bem como do STF.

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4. Princípios do Direito Processual do Trabalho

4.1. Disserte sobre o Princípio da Ultrapetição.

Este princípio autoriza o juiz do trabalho a julgar mais do que foi pedido, sempre que verificar que o trabalhador
requereu menos do que a lei prevê como seu direito. Consiste em uma autorização para julgamento “ultrapetita”
no processo do trabalho. Apesar da doutrina processual do trabalho se referir a esse princípio, e jurisprudência não
vêm admitindo a ultrapetição no processo do trabalho. De forma pacífica, não poderá o juiz do trabalho julgar a
mais, a menos, ou diferente do pedido, devendo respeitar os limites do pedido. Quem estabelece os limites
objetivos do processo é o autor, devendo o juiz julgar nos exatos limites do pedido. É possível encontrar ultrapetição
no processo do trabalho. Porém, somente em hipóteses de exceção (julgamento de pedido implícito), o que
também existe no processo civil (não se trata de particularidade do processo do trabalho). Um exemplo é a
condenação em parcelas vincendas em caso de prestações sucessivas (art. 290 do CPC). Também é possível citar,
como exemplo, a condenação em juros e correção monetária (art. 293 do CPC). Portanto, o julgamento de pedido
implícito não é peculiaridade do processo do trabalho, mas aplicação subsidiária do processo civil.

4.2. Explique o Princípio da Proteção Processual.

A doutrina afirma que o processo do trabalho possui uma finalidade de proteção ao trabalhador. Isso não se
confunde com a proteção do direito material do trabalho. Além desta proteção do direito material aplicado pelo
juiz, o próprio processo do trabalho tem finalidade protecionista. O objetivo é corrigir a desigualdade existente
entre as partes na relação processual. Esta proteção do processo do trabalho não está na conduta do juiz (não é a
sua atuação que protege uma das partes), devendo ele obedecer ao princípio da imparcialidade da jurisdição.
Também não se trata de proteção mediante tratamento desigual das partes (o artigo 125, I, do CPC, determina que
o juiz trate as partes de modo igual). A proteção do processo do trabalho se localiza em algumas normas do processo
do trabalho. É possível citar a “gratuidade da justiça” (o autor não precisa antecipar as custas do processo, havendo
pagamento somente ao final). Essa norma procura facilitar o acesso à justiça ao trabalhador. Outros exemplos são
as normas que definem a competência territorial do processo do trabalho, e a norma que dispensa o advogado.

4.3. Explique o Princípio da Ação.

Este princípio orienta no sentido de que a jurisdição não é atuada de ofício. Há exigência de provocação do
interessado. Este princípio também é conhecido como “princípio da inércia da jurisdição”, quando estudado sob o
ponto de vista da jurisdição. Sob o ponto de vista do processo, utiliza-se a nomenclatura “princípio da ação”, uma
vez que o processo exige a provocação do interessado. O art. 2º do CPC o assegura. A jurisdição de ofício é muito
comum em estados autoritários. O estado democrático do direito exige a provocação do interessado. Algumas
vezes, parece que este princípio não se aplica no processo do trabalho, devido à peculiar aplicação de certas normas
trabalhistas. Porém, o princípio é sim aplicado. Vejamos: O artigo 39 da CLT, por exemplo, que estabelece a hipótese
na qual o empregado quer reclamar a realização do registro na carteira (sem pleitear o recebimento de verba
alguma). Neste caso, é possível o pedido feito a um posto da delegacia regional do trabalho (pertencente ao
Ministério do Trabalho). O fiscal do trabalho notificará a outra parte, que poderá comparecer e registrar a carteira.
Caso a outra parte se recuse a efetuar o registro ou sequer compareça, o fiscal não poderá resolver a situação.
Assim, monta-se um processo administrativo e remete-se para a Justiça do Trabalho. Inicia-se assim um processo
judicial.
O processo judicial não se inicia de ofício pelo juiz, pois houve provocação do interessado (embora não tenha sido
diretamente ao órgão judicial). O artigo 878 da CLT é outro exemplo, e cuida do início da execução. Estabelece que
a execução pode ser iniciada por provocação dos interessados, por provocação do MPT ou de ofício pelo juiz. Não
se trata de exceção ao princípio da ação (embora alguns assim aleguem). Até o ano de 2000, só havia no processo

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do trabalho a execução de título judicial (execução da sentença), e o dispositivo foi elaborado dentro desta
concepção. É por isso que a execução sempre foi uma segunda fase do mesmo processo (e não uma ação
autônoma). Trata-se, portanto, da aplicação do princípio do impulso oficial, e não exceção ao princípio da ação. Em
2000, a Lei 9958 introduziu a execução de titulo extrajudicial na Justiça do Trabalho. Esta lei criou as Comissões
Prévias de Conciliação, que são comissões extrajudiciais paritárias (mesmo número de representantes de
empregados e empregadores), as quais podem ser formadas no âmbito da empresa ou no âmbito sindical. A
finalidade é buscar uma conciliação extrajudicial para os conflitos trabalhistas. Caso haja acordo, a Comissão deverá
expedir um termo de conciliação prévia (do qual constará todas as condições do acordo). Trata-se de título
executivo extrajudicial (artigo 876 da CLT). A execução extrajudicial é ação autônoma, de modo que não pode o juiz
do trabalho intentá-la de ofício. Também é importante analisar o artigo 856 da CLT, que trata do dissídio coletivo
(processo especial da Justiça do Trabalho que serve para solucionar os conflitos coletivos de trabalho). O dissídio
coletivo, segundo o dispositivo, pode ser instaurado pelos sindicatos interessados (envolvidos no conflito), pelo
MPT (quando houver greve) ou de ofício, pelo presidente do Tribunal. Aqui há uma verdadeira exceção ao princípio
da ação, pois trata-se de situação na qual um juiz inicia, de ofício, uma ação. Porém, essa exceção não foi
recepcionada pela CF/88. Isso é possível perceber no artigo 114, §§ 2º e 3º da CF, que estabelece que o dissídio
coletivo somente pode ser suscitado pelos sindicatos interessados ou pelo MPT. Este artigo foi elaborado na época
do Estado Novo de Getúlio Vargas (totalitário). A CF/88 teve como ideia principal a redemocratização após a
ditadura militar, não acolhendo esta hipótese.

4.4. Disserte acerca do Princípio Dispositivo.

Este princípio recomenda que, no processo, após seu início por provocação do interessado, o juiz mantenha posição
neutra, passiva, desinteressada. Quem possui a incumbência de trazer a prova ao processo são as partes. O juiz
atua somente no momento da sentença, solucionando o litígio.
A concepção é de um processo privatista, tendo prevalecido no processo civil na primeira metade do Século XX. A
partir da metade do Século XX, o princípio dispositivo começou a ceder para uma visão mais publicista do processo,
na qual o juiz não atua de forma passiva. Embora o processo se inicie por provocação do interessado, o juiz possui
responsabilidade pelo seu bom andamento (o juiz é interessado, ativo), embora seja imparcial (não possui interessa
na vitória de qualquer das partes, somente no bom resultado do processo). Assim, o princípio dispositivo começou
a ser atenuado pelos princípios do impulso oficial e da livre investigação das provas. Pelo princípio do impulso
oficial, após iniciado o processo pelo interessado, o juiz passa a ter o dever de zelar pelo seu rápido andamento
(artigos 125 e 262 do CPC).
O princípio da livre investigação das provas orienta no sentido de que o juiz não deve ser passivo e aguardar que as
partes tragam provas. Além do ônus das partes em relação às provas, o juiz deve buscar a verdade real
(determinando de ofício a produção de qualquer prova que entender necessária). Está previsto nos artigos 130 e
342 do CPC. O juiz pode interrogar as partes a qualquer momento, e quantas vezes desejar. Essa visão publicista do
processo, relativamente nova no processo civil, sempre esteve presente no processo do trabalho. O artigo 765 da
CLT estabelece que o juiz do trabalho tem amplos poderes na direção do processo, tendo o dever de zelar pelo seu
rápido andamento e podendo, se ofício, determinar qualquer diligência necessária para sua solução.

4.5. Disserte sobre o Princípio da Concentração dos Atos.

Orienta no sentido de se procurar reunir o maior número de atos do processo em um único momento. A
concentração dos atos gera maior resultado, com menor movimentação da máquina judiciária. Este princípio
atende ao princípio da celeridade a ao princípio da economia processual. O procedimento ordinário do processo
civil é mais diverso, não observando com muita atenção o princípio da concentração dos atos. No processo do

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trabalho, a concentração dos atos é vista com muita importância. Exceto a petição inicial e a citação, os demais atos
do processo do trabalho devem ser praticados em um único momento: na audiência una (artigos 843 a 852, CLT).
Recebida a petição inicial, a secretaria já providencia diretamente a citação da reclamada (não há deferimento ou
indeferimento). A audiência se inicia com a conciliação, e, não tendo êxito, a reclamada realiza sua defesa na própria
audiência, a prova é produzida, são apresentadas razões finais e o juiz sentencia. Em alguns casos específicos, é
possível que a audiência seja suspensa, por exemplo, para produzir prova pericial. Nestas situações, a audiência
ainda é única, sendo divididas em sessões. A regra da irrecorribilidade das decisões interlocutórias decorre
exatamente do princípio da concentração dos atos. Consiste no fato de não existir recurso específico para decisões
interlocutórias no processo do trabalho (como ocorre no processo civil, através do agravo de instrumento). Isso
não significa que as decisões não sejam recorríveis, mas no fato de a recorribilidade ser unificada em um único
momento: na apresentação do recurso ordinário, que ataca a sentença final. A parte, então, ataca a sentença e as
demais decisões interlocutórias (há concentração da recorribilidade).

4.6. Explique o Princípio da Oralidade.

Privilegia-se a prática de atos orais, verbais, em detrimento dos atos escritos. Há preocupação com a necessidade
de simplificar o processo, tornando-o mais acessível e compreensível às partes. Deve-se evitar o linguajar
excessivamente técnico e a utilização de expressões estrangeiras. Muitos dizem que a informalidade é uma
característica do processo do trabalho. Porém, tal afirmação é equivocada. Trata-se de instrumento bastante
formal, mas que busca simplicidade nas formas. A oralidade é mais presente nos processos mais concentrados
(trata-se de decorrência natural da concentração). No processo do trabalho predomina a oralidade. Até mesmo a
inicial pode ser apresentada oralmente. A proposta da conciliação em audiência é oral, bem como a defesa do
reclamado (a defesa escrita é admitida, mas deverá ser entregue ao juiz na audiência), a prova é
predominantemente oral, as razões finais são produzidas oralmente, e, por fim, até mesmo a sentença pode ser
proferida oralmente na audiência.

4.7. Explique o Princípio da Imediatidade.

Este princípio é dirigido à apreciação da prova, recomendando que se privilegie a prova produzida imediatamente
na frente do juiz, a relação imediata entre juiz e prova (em detrimento da prova produzida à distância). Isso permite
que o juiz avalie melhor a credibilidade e veracidade da prova. É muito comum, no processo do trabalho, que a
prova testemunhal prevaleça sobre a prova documental. Não existe regra taxativa que pregue que uma prova é
mais valiosa do que outra. Trata-se de avaliação a ser exercida pelo juiz, diante do caso concreto, tendo por
orientação o princípio da imediatidade. Ora, todo o processo é orientado pelo princípio da persuasão racional ou
princípio do livre convencimento fundamentado (artigo 131 do CPC), segundo o qual o juiz possui o livre
convencimento, liberdade na avaliação da prova. Julgando de acordo com este convencimento, desde que
fundamente sua decisão.

4.8. Disserte acerca do Princípio da Finalidade Social do Processo.

De acordo com os ensinamentos de Humberto Theodoro Júnior,


“o primeiro e mais importante princípio que informa o processo trabalhista, distinguindo-o do processo civil
comum, é o da finalidade social, de cuja observância decorre uma quebra do princípio da isonomia entre as partes,
pelo menos em relação à sistemática tradicional do direito formal”. A diferença básica entre o princípio da proteção
processual e o princípio da finalidade social do processo é que, no primeiro, a própria lei confere a desigualdade no
plano processual; no segundo, permite-se que o juiz tenha uma atuação mais ativa, na medida em que auxilia o
trabalhador, em busca de uma solução justa, até chegar o momento de proferir sentença. Assim, pode-se dizer que
os dois princípios – proteção e finalidade social – se harmonizam e, pelo menos em nosso ordenamento jurídico,

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permitem que o juiz, na aplicação da lei, possa corrigir uma injustiça da própria lei. É o que prescreve o artigo 5º da
LINDB, segundo o qual, “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum”.

4.9. Explique o Princípio da Indisponibilidade.

Este princípio constitui emanação do princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do direito material do


trabalho no campo do processo do trabalho. Justifica-se a peculiaridade do princípio nos domínios do processo do
trabalho, pela considerável gama de normas de ordem pública do direito material do trabalho, o que implica a
existência de um interesse social que transcende a vontade dos sujeitos do processo no seu cumprimento e
influencia a própria gênese da prestação jurisdicional. Assim, o processo teria uma função finalística: a busca efetiva
do cumprimento dos direitos sociais indisponíveis dos trabalhadores.

5. Provas no Processo do Trabalho

5.1. Disserte, brevemente, acerca dos princípios probatórios.

Há alguns princípios que norteiam a temática probatória. São eles:

I) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa: as partes têm o direito de se manifestarem reciprocamente sobre
as provas apresentadas. Trata-se de um princípio constitucional explícito no artigo 5º, LV, da CF que deve ser
observado em qualquer processo judicial ou administrativo. As partes também devem ter oportunidade para
apresentarem suas provas nos momentos processuais próprios.

II) Princípio da Necessidade da Prova: as alegações das partes em juízo não são suficientes para demonstrar a
verdade ou não de determinado fato. Assim, é necessário que a parte faça prova de suas alegações, pois os fatos
não provados são inexistentes no processo.

III) Princípio da Unidade da Prova: a prova deve ser examinada no seu conjunto, formando um todo unitário, em
função do que não se deve apreciar a prova de maneira isolada.

IV) Princípio da Proibição da Prova Ilícita: as partes têm o dever de agir com lealdade em todos os atos processuais,
principalmente na produção da prova. O artigo 5º, LVI, da CF determina que são inadmissíveis, no processo, as
provas obtidas por meios ilícitos. É válido ressaltar que este princípio pode ser mitigado, em casos concretos, com
base nos princípios da proporcionalidade ou da razoabilidade.

V) Princípio do Livre Convencimento ou da Persuasão Racional: o juiz forma sua convicção apreciando livremente o
valor das provas nos autos. Mas, ao mesmo tempo em que o juiz é livre para apreciá-las, é necessário que o juiz
motive seu raciocínio.

VI) Princípio da Oralidade: no processo do trabalho, as provas devem ser realizadas, preferencialmente, na
audiência de instrução e julgamento, isto é, oralmente e na presença do juiz.

VII) Princípio da Aquisição Processual: a prova produzida, independentemente de quem a produziu, é adquirida
pelos autos, dele não podendo mais ser retirada ou desentranhada, salvo em situações especiais legalmente
autorizadas. Assim, as provas não pertencem às partes, e sim ao processo ou, segundo alguns doutrinadores, ao
juízo.

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5.2. Qual o objeto da prova?

Analisar o objeto da prova significa indagar: o que provar? Constituem objeto de prova os fatos relevantes,
pertinentes e controvertidos. Inicialmente, é válido ressaltar que apenas os fatos devem ser provados, pois a
parte não é obrigada a provar o direito, tendo em vista que o nosso sistema processual consagra o apotegma
latino da mihi factum, dabo tibi jus
(dá-me o fato, dar-te-ei o direito). Há, portanto, uma presunção legal de que o juiz conhece o direito.

5.3. Quais fatos não dependem de prova?

Nos termos do artigo 334 do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho por força do artigo 769 da
CLT, não dependem de prova: os fatos notórios; os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte
contrária; os fatos admitidos, no processo, como incontroversos e os fatos em cujo favor milita presunção legal de
existência ou de veracidade.

5.4. Disserte, brevemente, acerca da prova testemunhal.

Há um consenso geral na afirmação de que a prova testemunhal é o meio de prova mais inseguro. Não obstante,
tornou-se o meio mais utilizado no processo do trabalho, sendo certo que não raro constitui o único meio de prova
nesse setor especializado do Poder Judiciário brasileiro. Pode ser testemunha toda pessoa natural que esteja no
pleno exercício de sua capacidade civil e que, não sendo impedida ou suspeita, tenha conhecimento dos fatos
relativos ao conflito de interesses veiculados no processo no qual irá depor. Assim, não podem ser testemunhas as
pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas. Há uma peculiaridade no processo do trabalho referente à possibilidade
da substituição de testemunhas, ainda que arroladas previamente. É que na Justiça do Trabalho as partes podem
comparecer à audiência acompanhadas das suas testemunhas, nos termos do artigo 845 da CLT. Adotando-se o
método lógico de interpretação deste dispositivo legal, parece-nos que as partes poderão substituir as testemunhas
anteriormente arroladas. Aliás, no que tange ao rol de testemunhas, no processo do trabalho, ao contrário do
processo civil, não há obrigatoriedade de sua apresentação (artigos 825 e 845 da CLT). Somente quando a
testemunha não comparecer espontaneamente à audiência é que o juiz poderá, de ofício, ou a requerimento da
parte, determinar a sua intimação. Caso a testemunha, sem motivo justificado, não atenda à intimação, poderá ser
conduzida coercitivamente e estará sujeita ao pagamento de multa prevista no artigo 730 da CLT. Cumpre advertir,
porém, que nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, aí sim, a intimação das testemunhas só será feita se
a testemunha comprovadamente convidada não comparecer, conforme artigo 852-H, §3º e 4º, da CLT. Toda
testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando seu nome, nacionalidade, profissão,
idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em caso de
falsidade, às leis penais (artigo 828 da CLT). Embora a CLT seja omissa, entende-se que o momento para a parte
contraditar a testemunha é logo após a sua qualificação e antes que preste o compromisso de dizer a verdade sobre
o que sabe e lhe for perguntado, nos termos do artigo 414, §1º, do CPC. Os depoimentos das testemunhas serão
resumidos, por ocasião da audiência, pelo diretor da secretaria da Vara do Trabalho ou funcionário para fim
designado, devendo a súmula do depoimento ser assinada pelo juiz e pelos depoentes.

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5.5. Disserte acerca da prova documental.

A doutrina é praticamente unânime em afirmar que a legislação trabalhista não cuidou metodologicamente da
prova documental, como o fez o CPC de 1973. Na verdade, a CLT faz referência a documentos, ainda que de forma
não sistematizada, nos seguintes artigos: 777; 780; 787 e 830. Assim, é possível entender que o CPC pode ser
aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho no tocante à prova documental, exceto quanto às regras
expressamente previstas nos artigos acima citados e, ainda assim, desde que a migração normativa não implique
ferimento aos princípios e peculiaridades do processo do trabalho. Tudo somado, podemos dizer que os
documentos que estiverem de posse do autor e do réu devem acompanhar não apenas a petição inicial (artigo 787
da CLT), como também a defesa (artigo 396 do CPC), ante o caráter de bilateralidade da ação e da defesa, o que
impõe o tratamento igualitário entre as partes. O descumprimento dessa regra pode ensejar:
a) o encerramento da instrução sem direito das partes à suspensão ou adiamento da audiência para apresentação
dos documentos que deveriam acompanhar a petição inicial e a contestação, salvo se a parte provar motivo
relevante ou se o documento tiver por objeto contrapor; b) a desconsideração do documento juntado
posteriormente e c) a preclusão. Ainda, é válido ressaltar que o artigo 830 da CLT, com redação dada pela Lei
11.295/2009, permite que o documento apresentado em cópia destinado à produção de prova poderá ser
declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal, sendo certo que, por força do
parágrafo único do artigo supracitado, havendo impugnação acerca da autenticidade da cópia, a parte que a
produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário
competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos. Parece-nos que apenas o
advogado está autorizado a declarar a autenticidade da cópia do documento apresentado como prova, não sendo
estendida tal prerrogativa à parte, ainda que litigue pessoalmente (jus postulandi). Caso o advogado não apresente
o original do documento impugnado, será ele responsabilizado pessoalmente no âmbito criminal, civil,
administrativo e ético, devendo o juiz, de ofício, ou a requerimento do interessado, noticiar o fato ao Ministério
Público e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a competente apuração e sanção. No procedimento sumaríssimo,
todas as provas, inclusive a documental, devem ser produzidas na audiência de instrução e julgamento, não sendo
obrigatório o requerimento prévio, nos termos do artigo 852-H, “caput”, e §1º, da CLT.

5.6. Disserte acerca da prova pericial.

Quando a prova de determinados fatos alegados pelas partes depender de conhecimentos técnicos ou científicos,
o juiz poderá designar um perito, que é considerado auxiliar da justiça (artigo 145 do CPC). A prova pericial pode
consistir em exame, vistoria ou avaliação, cabendo ao expert elaborar laudo pericial, que conterá os dados técnicos
necessários ao esclarecimento dos fatos e à formação da convicção do juiz. Todavia, por mais detalhado e
consistente que seja o trabalho do perito, o juiz não fica adstrito ao laudo pericial, podendo formar seu
convencimento com base em outros fatos ou elementos provados nos autos (artigo 436 do CPC). Escolhidos dentre
profissionais de nível universitário, os peritos deverão estar devidamente inscritos no órgão de classe competente,
ao qual compete expedir certidão comprobatória da especialidade na matéria sobre que os peritos deverão opinar.
O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte,
ficará inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer. A
produção da prova pericial no processo do trabalho poderá ser requerida pela parte ou determinada, de ofício,
pelo juiz. Todavia, se o pedido versar sobre pagamento de adicional de insalubridade ou periculosidade, o juiz estará
obrigado a determinar a realização da prova pericial, ainda que o réu seja revel e confesso quanto à matéria de
fato, em conformidade com o artigo 195, “caput” e §2º, da CLT. O artigo 790-B da CLT determina que a
responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia,
salvo se beneficiária da justiça gratuita, caso em que a responsabilidade será da União, nos termos da Súmula 457
do TST.

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