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HM 7 – MEDICAMENTOS IV - JOAN

• DEFINIÇÃO DE HIPERTENSÃO:
A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível caracterizada
por elevação persistente da pressão arterial, definida como PA sistólica maior
ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em pelo
menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.
A condição depende de fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais e
é aconselhável a validação das medidas da PA fora do consultório por meio de
técnicas como MAPA, MRPA ou AMPA. O tratamento é necessário quando os
benefícios superam os riscos.

• TRATAMENTO MEDICAMENTOSO INCLUINDO CRACTERÍSTICAS


GERAIS E EFEITOS ADVERSOS:
- Diuréticos:
Os diuréticos são eficazes na redução da pressão arterial, diminuindo o volume
circulante e a resistência vascular periférica. Os diuréticos tiazídicos são
preferidos em doses baixas. Os diuréticos poupadores de potássio são usados
em associação com os tiazídicos ou diuréticos de alça.
Os diuréticos de alça, como furosemida e bumetanida, são utilizados em
condições clínicas com retenção de sódio e água, como a insuficiência renal
com creatinina > 2,0 mg/dL ou o ritmo de filtração glomerular estimado ≤ 30
mL/min/1,73m² e IC ou síndrome nefrótica. O uso desses diuréticos pode
causar efeitos colaterais como hipotensão, desequilíbrios eletrolíticos.
Efeitos adversos dos diuréticos: Podem causar hipopotassemia, arritmias
ventriculares e aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Também se
destaca que o aumento do ácido úrico é um efeito universal dos diuréticos e
pode precipitar crises de gota em pessoas predispostas. A espironolactona
pode causar ginecomastia e hiperpotassemia.

- Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC):


Os BCC atuam bloqueando os canais de cálcio nas células musculares lisas
das arteríolas, o que resulta em vasodilatação e redução da RVP. Existem dois
tipos de BCC: di-hidropiridínicos e não di-hidropiridínicos. Os di-hidropiridínicos
são os mais utilizados como anti-hipertensivos, pois têm efeito vasodilatador
predominante e mínima interferência na frequência cardíaca e na função
sistólica. Já os não di-hidropiridínicos têm menor efeito vasodilatador e podem
ter efeitos negativos no sistema cardiovascular, devendo ser evitados em
pacientes com disfunção miocárdica. Os BCC são considerados eficazes e
seguros no tratamento da hipertensão arterial, podendo ser utilizados como
alternativa aos betabloqueadores quando estes não puderem ser utilizados ou
em associação com eles, na angina refratária.
Efeitos adversos dos BBC: Podem causar edema maleolar, cefaleia, tonturas
e rubor facial. Esses efeitos são dose-dependentes e podem causar
intolerância aos BCC di-hidropiridínicos. Outros efeitos adversos são
hipercromia do terço distal das pernas, hipertrofia gengival e obstipação
intestinal. O verapamil e o diltiazem são evitados em pacientes com IC.

- Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA):


Os IECA inibem a enzima responsável pela transformação de angiotensina I
em angiotensina II, além de reduzir a degradação da bradicinina. Eles são
eficazes no tratamento da hipertensão arterial e também em outras afecções
cardiovasculares, como insuficiência cardíaca e antirremodelamento cardíaco
pós-infarto agudo do miocárdio, além de possíveis propriedades
antiateroscleróticas. Os IECA também podem retardar o declínio da função
renal em pacientes com doença renal.
Efeitos adversos do IECA: Podem causar tosse seca, edema angioneurótico
e erupção cutânea. Pode ter hiperpotassemia em pacientes com insuficiência
renal, sobretudo nos diabéticos, e IECA não deve ser usado na gravidez.

- Bloqueadores dos Receptores AT1 da Angiotensina II (BRA):


Os BRA atuam bloqueando os receptores AT1, responsáveis pelas ações
próprias da angiotensina II, proporcionando a redução da morbidade e
mortalidade CV e renal, sendo úteis no tratamento da HA, especialmente em
populações de alto risco CV ou com comorbidades.
Efeitos adversos dos BRA: Podem causar hipercalemia em pacientes com
insuficiência renal e são contraindicados na gravidez e em idade fértil.

- Betabloqueadores (BB):
Os BB podem ser Não Seletivos, bloqueiam receptores beta-1 e beta-2
(Propanolol e Nadolol), Cardiosseletivos, bloqueiam mais os beta-1 (Atenolol)
ou Vasodilatadores, antagonizam o receptor alfa-1 periférico (Carvedilol).
O propranolol mostra-se também útil em pacientes com tremor essencial,
prolapso de válvula mitral, hipertireoidismo, síndrome do pânico, cefaleia de
origem vascular e hipertensão portal.
Efeitos adversos dos BB: Podem causar broncoespasmo, bradicardia,
distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia,
pesadelos, depressão, astenia e disfunção sexual. Eles também podem causar
intolerância à glicose, induzir ao aparecimento de diabetes melito,
hipertrigliceridemia, elevação do colesterol-LDL e redução do colesterol-HDL.
Os BB são contraindicados em pacientes com asma, DPOC e bloqueio
atrioventricular.
• ESQUEMAS TERAPÊUTICOS:

- Diabetes: Bloqueadores do SRAA (IECA ou BRA) + BCC ou DIU.

- Síndrome Metabólica: IECA ou BRA + BCC, BB e DIU podem ser adicionais.

- Doença Arterial Coronariana: BB, IECA ou BRA + Estatinas e AAS, BCC e


DIU TZD podem ser usados de forma adicional para atingir as metas de PA.

- Acidente Vascular Cerebral: Se for Hemorrágico, não é recomendada a


redução imediata de PA (A não ser que esteja acima de 220 mmHg). Se for
Isquêmico, a redução da PA teria efeito neutro na mortalidade.

- Idosos: Pode-se iniciar com Monoterapia ou Combinação em baixas doses,


mas devemos lembrar que o BB não deve ser usado na monoterapia inicial, a
não ser que tenha IC. No caso de paciente com Asma ou DPOC com indicação
para BB, nós usamos um BB Cardiosseletivo de forma cuidadosa.

- Doença Renal Crônica: IECA ou BRA + DIU de Alça + BCC (DRC G4-G5).

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