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O Portão Da Casa Da Tia Rosa
O Portão Da Casa Da Tia Rosa
Coordenação geral
José Eduardo Agualusa
Editor
EduardoCoelho
Editora assistente
Carolina Casarin
Capa
Leandro Collares
Projeto gráfico
Rico Uns
Foto
Daniel Mordzinski - Pernas para sonhos arejados
Editoração
Leandro Collares (Selênia Serviços)
Ondjaki.
Os da minha rua / Ondjaki. - Rio de Janeiro :
língua Geral, 2007. - (Coleção ponta de lança)
ISBN 978-85-60160-23-5
ter a1i fora nenhu 1n carro do tio Chico . O tio Chico era 0
niarid o da tia Rosa. O portão estava destra ncado , e lá den-
tro, a gaiola enorn 1e das rolas não tinha rolas.
A n1ãe saiu do carro, deu a volta, abriu- me a porta.
Disse algun1a coisa que uma certa tristez a já não deixo u ou-
vir ben1. Atravessei a rua com cuida do, empu rrei o portão .
Havia qualq uer coisa aperta da dentr o do meu peito, e uma
vonta de de lágrin1as nos meus olhos , mas eu nem sabia se
podia falar. Tamb ém não enten dia aquel a vonta de de cho-
rar, mas achei que estava a entrar num lugar frio apesa r do
sol que fazia. A minha mãe ficou no portão . Eu entrei .
Cheg uei perto das grade s da gaiola . Prend i as mãos
nos buraq uinho s peque ninos e quase posso jurar que ouvi
o barulh o das rolas quand o, ao fim da tarde, eu e a tia Rosa
vínha mos lhes dar comid a. Parec e que elas adivin havam ,
come çavam a voar, a dança r, a brinca r, a tia Rosa ria uma
garga lhada peque nina que ela tinha semp re guard ada só
para mim, abria a porta, eu entrav a lá para o meio da con-
fusão. Distri buía comid a, muito mais comid a do que aque-
la que as rolas precis avam, e a tia Rosa deixav a. A tia Rosa
deixava-me fazer tudo. Outro s mais velho s diziam que a tia
Rosa me estragava com mimo s, mas eu não sei nada disso.
Ficáv amos ali a brinc ar com as rolas, eu apanh ava os ovos
e entreg ava à tia Rosa. E, sem eu saber , estáva mos també m
à espera que o tio Chico chega sse do trabal ho.
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