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Uma vida destruída e reconstruída – Está é a minha história.

Um belo dia estava sentada na frente de casa, dia 11


de dezembro de 2012 quando se aproximou um carro
estranho, era minha mãe, que tinha ganhando a
liberdade e chegou de surpresa, veio embora graças a
Deus, aquele sofrimento tinha acabado para mim e
para ela.

Porém, eu ainda permanecia na vida do crime, não


estava nem ai, achava que nunca ia acontecer
comigo, o que aconteceu a ela. Minha irmã também
insistia para que eu parasse com o crime, mas eu
também ignorava, até o momento, nada tinha dado
errado para mim.

Até que, no dia 26 de fevereiro de 2016 às 20h horas,


fui surpreendida pela polícia, vi meu mundo desabar,
a pior parte foi ver minha filha, na época com 11
anos, se aproximar com uma foto minha nas mãos e
dizer que nunca iria se esquecer de mim e que me
amava.

Esse gesto dela acabou comigo, tudo que eu tinha, vi desabar, minha mãe e o Leonardo não
sabiam da minha prisão, apenas minha irmã ficou sabendo e foi buscar minha filha, ali, acabou
minha felicidade, perdia minha família, e o pior, por escolha minha.

No dia seguinte eu já me encontrava na cadeia de Cesário Lange, trancada, sem nenhuma


notícia de minha família, isolada por sete dias. Depois me mandaram “de bonde” para a cadeia
de Franco da Rocha, não conhecia ninguém, tinha meu jeito, não gostava de conversar com
ninguém, isolada, triste, sem notícias de minha família, estava quase entrando em depressão.

Um dia estava sentada sozinha em uma das pontas do pátio chorando, do nada, veio uma
mulher em minha direção, eu não a conhecia, ela se aproximou e sem nem ao menos se
apresentar disse a seguinte frase: “Pra você ter certeza de que Deus me mandou vir falar
contigo, vou começar falando sobre uma pessoa que está lá fora, sua irmã, ela te ama e te
espera e você não vai querer frustrar esta pessoa tão importante. Além dela, você tem seus
filhos que também te amam e precisam de você, então vá se cuidar pois os seus estão te
esperando”, disse isso e simplesmente saiu andando, eu tive certeza de Deus havia falado
comigo e a partir deste dia, comecei uma mudança em minha vida

Aceitei que tinha errado e que deveria pagar pelos meus erros, fiz um propósito com Deus de
que quando Ele soubesse que eu estava preparada para uma nova vida, então me tirasse dali,
e que fosse feita a vontade de Deus. Passei um ano em Franco da Rocha, fiz amizade até com
os parentes das presas, costumava brincar com as crianças que vinham no dia de visita.

Onze meses de espera e saudade, finalmente chegou o dia de receber minhas visitas, minha
mãe e meus dois filhos vieram me ver, foi o melhor dia da minha vida, sei o quanto foi
constrangedor para eles mas foi um dia de muita festa, as presas bateram palmas para mim,
também, eu passava o tempo todo falando de meus filhos, este dia foi o maior presente que
tive na vida.
Depois disso fui transferida para outra penitenciária “PE Santana”, antigo Carandiru, fiquei lá
por quatro meses onde também recebi a visita de minha mãe e filhos.

Em 20 de dezembro de 2017 tive minha primeira “saidinha”, vim para Capão e fiquei 14 dias
com minha família, assim foi prosseguindo minha vida, tive mais três saidinhas até que
finalmente, em 18 de setembro de 2018, as 16h, todo este sofrimento chegou ao fim graças a
Deus.

Neste momento, lembrei da frase que sempre me fortaleceu que “Deus me deixasse sair no
tempo Dele, quando Ele ver que eu realmente estava preparada para uma transformação” e
assim foi, Deus agiu no seu tempo e me honrou.

Saí de São Paulo sem conhecer nada e vim embora sem avisar minha família, cheguei em
Capão duas horas da manhã chamando por minha mãe, fiquei em casa três dias e comecei
trabalhar na colheita de batata, em agosto de 2019 comecei a fazer o EJA (Educação de Jovens
e Adultos), terminei meus estudos em 2020 com a graça de Deus, fiz curso de inglês e turismo
rural.

No final do ano de 2020 fui chamada para fazer um “bico” na ACAMAR por três dias, estes três
dias ainda não acabaram (risos). Já faz dois anos que estou na ACAMAR, entrei trabalhando na
esteira e hoje, graças a oportunidade que recebi, sou motorista de caminhão a um ano e 21
dias.

Trabalho na Coleta Seletiva, na ACAMAR RECICLAGEM.

A ACAMAR é um lugar de oportunidade e conhecimento.

Está é minha história, a história de uma mulher que se destruiu com o trafico de drogas, mas
hoje é uma nova mulher, mãe e guerreira.

Deus me honrou.

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