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Catalogação-na-Publicaçao
Câmara Brasileira do Livro, SP
Salem, Helena.
S155o O que é questão palestina / Helena
Salem. — São Paulo Nova Cultural :
Brasiliense, 1986.
(Coleção primeiros passos ; 74)
Bibliografia.
1. Árabes na Palestina 2. Relações
judeus-árabes I. Título. II. Série : Pri
meiros passos ; 74.
85-1621 CDD-323.1192705694
Oqueé
QUESTÃO
PALESTINA
HOVA
CULTURAL Editora Brasiliense
R evisão: José W. S. Moraes
Jane S. Coelho
ÍNDICE
— A presentação................................................. 7
— 0 sionismo e o aparecimento da
Questão Palestina.......................................... 10
— Os palestinos, povo erran te........................... 29
— A resistência palestina ................................. 44
— O estado palestino ........................................ 69
— Os palestinos e a conjuntura
internacional ................................................. 80
— Conclusão: a paz possível............................ 95
— Indicações para le itu ra ................................. 99
V.
Para Nelson,
com panheiro querido de tanta vida.
APRESENTAÇÃO
' ----------------------------------------------N
deve ser combatido com uma nova mistificação,
mas com a coragem da razão, da justiça. Também
não acho que se possa ser um bom amigo dos
palestinos (como aliás de qualquer outro povo), se
se perde o espírito crítico, a capacidade de discutir
os erros e limitações de sua liderança — no
caso a OLP.
Sendo este um livro de introdução, vimo-nos
na contingência de apenas suscitar uma série de
pontos, sem poder aprofundá-los. Limitações
certamente inevitáveis em um trabalho desta
natureza. No entanto, se este pequeno livro servir
para desvendar um pouco mais o emaranhado
da questão árabe-israelense, para desbloquear
o forte emocionalismo em relação ao problema,
já nos daremos por satisfeitos, pois nosso objetivo
foi alcançado.
f
O SIONISM O E O APARECIM ENTO
D A Q U ESTÃ O PA LESTIN A
r "\
também burguesias nacionais, que vêem no
pequeno intermediário judeu um concorrente
indesejável.
0 abalo da ordem feudal nesses países, a revo
lução industrial, com o conseqüente esvaziamento
dos campos e a migração de milhares de pessoas
para as cidades vão resultar na formação de um
grande e miserável exército de reserva de mão-de-
obra. Desemprego em massa. Desemprego que
atingia a todos, mas que as classes dominantes
locais tratavam de atribuir àqueles a quem
desejavam destruir, por serem seus concorrentes,
ou seja, os judeus. Além de que, evidentemente,
era muito mais conveniente para essas mesmas
F classes dominantes que o povo atribuísse a sua
desgraça não a quem tinha o poder —por exemplo
os czares na Rússia —, mas a terceiros: os judeus.
Assim, não se trataria de lutar contra o injusto e
repressivo regime imperial, mas contra os judeus,
que ocupavam os postos de trabalho dos russos. . .
Por isso mesmo, as autoridades dos Estados do
leste europeu, sobretudo da Polônia e Rússia,
encarregaram-se de estimular amplamente o ódio
aos judeus (o "homem do dinheiro", o "usurário",
aquele que, numa situação de crise, aparecia como
o explorador direto). Na Rússia, inclusive, freqüen-
tem ente as próprias autoridades czaristas chegavam
a organizar os terríveis pogroms (perseguição
violenta e matança de judeus). Essa situação de
crise e violência leva, então, milhares de judeus a
O que é Questão Palestina 13
N
emigrar, primeiro para a Europa Ocidental, e
depois para os Estados Unidos e América Latina.
Na Europa Ocidental, por sua vez, os judeus
eram pouco numerosos (haviam sido banidos de
lá, nos séculos XIII, XIV e XV, com a formação
de burguesias locais e a Inquisição) e estavam em
pleno processo de assimilação. O capitalismo
permitira a sua produtivização (deixando de ser
um "povo-classe” para se distribuir entre as várias
classes da sociedade, de burgueses a proletários) e
a Revolução Francesa abrira as portas para a sua
incorporação política e social. No entanto, a
chegada de milhares de imigrantes judeus no
século XIX, procedentes do leste europeu, à
procura de trabalho em um mercado já saturado,
ofereceria um pretexto para reavivar o anti-semi
tismo nunca efetivamente superado naqueles
países. Em consequência, o judeu "emancipado",
francês ou inglês, teve sua vida também profun
damente abalada.
Foi justamente nesse contexto social, político
e econômico que surgiu o movimento sionista
(de Sion, uma colina de Jerusalém), com a
proposta da criação de uma pátria para os judeus.
Antes, enquanto puderam viver relativamente
bem no mundo feudal, os judeus nunca pensaram
em criar um Estado para eles, e suas ligações com
a cidade santa de Jerusalém, na Palestina, eram
puramente religiosas, de peregrinação aos lugares
sagrados.
14 Helena Salem
.
Muitos foram os pensadores judeus, na segunda
metade do século XIX, que começaram a refletir
e a propor a formação de um Estado judeu. Entre
eles destacou-se o médico russo de Odessa, Leon
Pinsker, que, em 1882, após violentos pogroms em
seu país, escreveu Auto-emancipação: um apelo
ao seu povo por um judeu russo. Homem de
formação liberal, um assimilacionista até presenciar
ele próprio os pogroms, Pinsker, em sua obra, não
chegava a indicar um local para o estabelecimento
do "Lar Nacional" judeu. Apenas apontava a
sua necessidade, declarando:
) "Nossa pátria é a terra alheia; nossa unidade, a
diáspora; nossa solidariedade, o ódio e a inimizade
universais; nossa arma, a humildade; nosso poder
defensivo, a fuga . . . Não é a equiparação civil
dos judeus num ou noutro país que vai provocara
necessária mudança, mas, única e exclusivamente, a
auto-emancipação do povo judeu como nação, a
fundação de uma entidade colonizadora judaica
própria, a qual, dia virá, será transformada em
nosso próprio e inalienável Lar Nacional".
Ou seja, ao crescente nacionalismo europeu
que os repudiava, os judeus deveriam responder
também com o seu próprio nacionalismo. Chega
mos portanto a uma primeira conclusão da maior
importância: embora evoque o passado remoto, de
pelo menos 2 mil anos, o sionismo é um movi
mento historicamente novo, decorrente da crise
do capitalismo no século XIX na Europa e do
V.________________________________________________ ,
O que é Questão Palestina 15
í ;
fortalecimento dos vários nacionalismos europeus.
^
Caberia ao jornalista austríaco judeu Theodor
Herzl a elaboração de uma proposta mais estrutu
rada para o movimento sionista nascente. Como
Pinsker, também um assimilacionista até presenciar
o chamado "Caso Dreyfus", em 1894 (no qual
um militar francês judeu foi injustamente conde
nado por espionagem num flagrante gesto de
anti-semitismo da justiça francesa), Herzl publicou
em 1896 O Estado Judeu (Der Judenstaat),
sugerindo a criação de um Estado nacional judeu
na Palestina, berço do judaísmo. O Estado pensado
por Herzl era, evidentemente, um Estado burguês
de tipo europeu. Inclusive, dizia ele em sua obra:
"Para a Europa construiríamos na região uma
parte da muralha contra a Ásia, seríamos a
sentinela avançada da civilização contra a barbárie.
Permaneceríamos, como Estado neutro, em relação
constante com toda a Europa, que deveria garantir /
a nossa existência". y
E foi com esse atrativo — de se tornar uma '
"sentinela" contra a "barbárie" — que Herzl
partiu em busca de aliados poderosos para a sua
empreitada. Primeiro, o Kaizer alemão Guilherme
II, que não se entusiasmou; depois, o sultão turco
Abdul-Hamid, também desinteressado, e, final
mente com sucesso, a Inglaterra, potência que
viabilizaria o seu projeto, pois, sem o apoio de uma
potência colonial, o sonho de se criar uma entidade
nacional judaica no Oriente Médio árabe, naquele
^___________________ ____________________ J
16 Helena Salem '
( -------------------------------------------------------------------- ^
momento, seria impraticável.
Portanto, além de estar diretamente vinculado
à crise do capitalismo na Europa Oriental no
século XIX, de ter sido elaborado teoricamente
pelos judeus da Europa Ocidental (Herzl, um
austríaco), o sionismo associa-se também à
expansão colonial européia do fim do século
passado. Afinal, tratava-se de transferir uma
população mais desenvolvida, de judeus europeus,
^ para uma região pobre e pouco desenvolvida, a
Palestina árabe, coisa só possível com o apoio de
f
)
k
uma grande potência, no caso a Inglaterra.
r
com os atuais Estados da Sfria, Líbano e Jordânia
—a região denominada Grande Síria. Era uma zona
em sua maior parte semi-árida, de atividade agrícola
precária, tecnicamente atrasada, com nível
próximo ao da subsistência e formas feudais de
organização social no campo.
O comércio sempre constituiu a atividade
principal da região. Passagem entre as grandes
zonas da civilização no mundo antigo — Europa,
África Negra e Ásia —a Grande Síria conheceu, ao
longo de sua história, momentos de florescente
prosperidade, baseada no comércio à longa
distância, e também de decadência, quando esse
comércio refluía. Enquanto o mundo rural
conservava-se de certa forma isolado, fechado em
si mesmo, sem maior importância econômica,
havia uma considerável unidade no mundo urbano
(um comerciante de Damasco tinha negócios
igualmente em Beirute e em Haifa).
Então, quando os primeiros sionistas desembar
caram no Oriente Médio, não havia fronteiras
precisas demarcadas na Palestina, que abrangia
uma área aproximada de 27 000 km2. As fron
teiras definitivas seriam estabelecidas apenas entre
1906 e 1922, através de uma série de acordos
entre as principais potências.
Àquela altura, o comércio decaíra muito na
Palestina, tornando-se essencial mente local, e a
indústria praticamente inexistia. O país, embora de
fato pouco habitado, não era porém despovoado.
v J
18 Helena Salem
A implantação sionista
f ^
Londres e outras capitais européias, como todos
os magnatas judeus, não encarava com bons olhos
a chegada de milhares de imigrantes israelitas
pobres da Europa Oriental. Aliás, seu envio para
bem longe — Oriente Médio, Estados Unidos,
América do Sul, etc. — era sem dúvida oportuno
e bem-vindo.
Foi em Basiléia, na Suíça, que se reuniu em
1897 o primeiro Congresso Sionista, agrupando
204 membros e fundando a Organização Sionista
Mundial, com o objetivo de impulsionar o "retorno
à Palestina". Três anos depois, as "colônias
Rothschild" foram transferidas para a proteção
de um outro barão, Maurice de Hirch, da Jewish
Colonization Association. Iniciou-se a exploração
da mão de obra árabe local (apenas por pouco
tempo), diminuindo a imigração de judeus.
A segunda onda de imigração sionista, na maior
parte de judeus russos influenciados pelas idéias
socialistas (em expansão na Rússia antes da Revo
lução de 1905), restabeleceu o princípio do
"retorno" (ao antigo "Reino de Israel", de há
dois mil anos).
Enfim, o processo de colonização sionista tinha
uma peculiaridade muito própria, que o diferen
ciava de outras iniciativas colonizadoras da época,
como a inglesa ou francesa: não pretendia explorar
a mão de obra nativa, mas substituí-la na totalidade
pela imigrante. E, para tanto, os judeus íam
comprando, pouco a pouco, as terras palestinas
V
to H elena Salem
'-----------------------------------------------------------------------V
de utilizar a velha tática de "dividir para reinar".
Apoiaria os judeus vendendo-lhes armas, facili
tando sua imigração para a Palestina, e reduziria
esse apoio sempre que a crescente tensão entre
árabes e sionistas atingisse níveis muito elevados.
Por exemplo, em 1922, pressionada por intensos
protestos árabes, Londres divulgou seu primeiro
Livro Branco, que restringia formalmente a
imigração judaica, com o objetivo de impedir a
formação de uma maioria não árabe na Palestina.
Embora a iniciativa tivesse provocado um pesado
mal-estar entre os sionistas e ingleses, na prática
K o Livro Branco não teve maiores conseqüências,
j já que não chegou a ser implantado de fato.
/ Ao mesmo tempo, apesar da declaração anglo-
' francesa de novembro de 1918, em que os dois
países se comprometiam a promover "a completa
e definitiva libertação dos povos há tanto tempo
oprimidos pelos turcos", a Grã-Bretanha e França
foram partilhando a região. Londres obteve os
mandatos do Iraque, Palestina e Transjordânia
(separada artificialmente da Palestina em 1920
para contentar o Xerif Abdullah el Hussein, amigo
dos ingleses), e a França os mandatos sobre o
Líbano e Síria. Em outras palavras, a "balcani-
zação" do Oriente Médio.
Em 1931 a população judaica da Palestina era
ainda pequena: apenas 175 000 pessoas, em cerca
de 1 036 000. No entanto, as perseguições do
nazi-fascismo na Europa levaram, entre 1932-38,
J
0 que é Questão Palestina 23
----------------------------------------------------------------->
mais de 200 mil novos imigrantes à região. Neste
fnterim, em 1936, violentas greves estouraram na
Palestina, e a população árabe voltou-se simulta
neamente contra os ingleses e os sionistas.
A essa altura, o Haganah (exército clandestino
judeu, criado no início do século com o objetivo
de defender as colônias sionistas) passou a atuar
em estreita colaboração com as autoridades
coloniais britânicas na repressão aos árabes,
transformando-se no embrião do futuro exército
israelense. A situação já era de tal forma tensa
que, em 1937, uma comissão do governo britânico
(Peei) preconizou pela primeira vez a partilha da
Palestina em um Estado judeu e outro árabe.
Apavorada com o fortalecimento do nacionalis
mo árabe — que, diga-se, por vezes descambava
para o fascismo, apoiando o Eixo para se opor a
Londres —, com as greves e os protestos, a í
Grã-Bretanha lançou em 1939 o segundo Livro u
Branco, dessa vez para valer. O documento ^
estabelecia que, entre 1939-44, apenas 75 mil
judeus poderiam imigrar para a Palestina e, após
esse período, toda a imigração deveria ser subme
tida aos árabes.
Lógico que o movimento sionista não respeitou
as determinações do Livro Branco. A Europa
pegava fogo com a Segunda Guerra Mundial,
perseguindo mortalmente os judeus — quem
podia escapava para a América ou Palestina.
Assim, entre 1939-44, entraram clandestinamente
24 Helena Salem
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na Palestina cerca de 150 mil judeus, pelo menos.
Afinal, a suposta "consciência" britânica sobre
a discórdia que semeara no Oriente Médio, sem
dúvida, aparecia muito tarde, e no momento
menos oportuno possível.
A pressão terrorista
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A ajuda da ONU
Localização População
i Os campos de refugiados
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arde. Alguns campos têm 4 mil habitantes, outros
60 mil, como o de Baqaa, perto de Amã, verdadeira
cidade de zinco. Dependendo da densidade popu
lacional, maior ou menor número de escolas do
UNRWA. Freqüentemente, um hospital nas
vizinhanças. As ruas, estreitos caminhos de terra
ou pedra, onde crianças - muitas — brincam.
Miséria, miséria. Na aparência pouco diferem
de nossas favelas.
Apenas 17% (cerca de 700 mil) dos 4 milhões
de palestinos vivem hoje em campos de refugiados.
No Líbano, os campos são habitados por refugiados
da guerra de 1948 apenas, mas na Síria e Jordânia
foram construídos novos campos também após
a guerra de 1967.
Pode-se sair e entrar à vontade em um campo.
Os refugiados têm livre trânsito. Mas não há muito ^
o que fazer. Às vezes trabalham no pequeno
comércio dentro do próprio campo (vendas de ^
alimentos, utensílios de casa), ou, quando conse
guem, em algum biscate na cidade mais próxima.
As mulheres, como sempre no mundo árabe,
ocupam-se do trabalho doméstico, e têm filhos.
Muitos. Criminalidade, assaltos não existem.
A solidariedade entre os moradores é grande, e
o sonho de retornar à Palestina (mesmo por parte
daqueles que não a conheceram como os mais
jovens) maior ainda.
No Líbano, antes da guerra civil e expulsão dos
guerrilheiros palestinos de Beirute por Israel
^--------------------- ------------------------------- ------------- '
38 Helena Salem
Resoluções da O N U e Israel
'l
espaço de 14 meses, referentes aos direitos humanos
das populações nos territórios ocupados. Foram
as seguintes as resoluções: n9 237, de 14/7/1967;
nP 248, de 24/3/1968; n? 259, de 27/9/1968,
todas do Conselho de Segurança; n? 2252, de
4/7/1967; e a n ? 2341, de 19/12/1967, da Assem
bléia Geral, que prorrogava a existência do
UNRWA e reafirmava a resolução nP 2252 em
relação aos direitos dos civis nas áreas ocupadas.
Israel, como ocorreu após a guerra de 1948, não
respeitou nenhuma dessas resoluções. Ao contrário,
\ prosseguiu no trabalho de expropriação e expulsão
\ das famílias árabes de suas terras. Em Jerusalém
m oriental, o Governo israelense destruiu diversos
m bairros árabes, construindo em seus lugares
í conjuntos judeus com o objetivo de "integrar"
a cidade definitivamente no país. Na Cisjordânia,
densamente povoada por palestinos, admitiu que
grupos de religiosos direitistas criassem uma série
de colônias agrícolas que, indiscutivelmente,
representarão um forte obstáculo a uma eventual
restituição do território aos árabes — sem falar
no foco de tensão que elas hoje já constituem.
As vésperas da quarta guerra no Oriente Médio —
conhecida também como Guerra do Yon Kippur
(feriado religioso judaico) ou Guerra do Ramadã
(do calendário islâmico) — em 1973, o Partido
Trabalhista, então no poder, apresentou uma
plataforma eleitoral da qual constava nada mais
nada menos que a anexação ilegal, segundo a
y
0 que é Questão Palestina 41
------------------------------------------------------------ .
Convenção de Genebra, dos territórios ocupados.
A eclosão da guerra, a 6 de outubro, levou porém
o governo da ex-Primeira Ministra Golda Meir
a arquivar o projeto.
Os palestinos em Israel
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A RESISTÊNCIA PALESTINA
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pertencentes ao até então desconhecido Comitê
de Resistência à Paz com Israel lançaram um
boletim clandestino, semanal, chamado Nashrat
al-Thar. Esse grupo de jovens constituiria o núcleo
central do Movimento Nacionalista Árabe (MNA),
a se formar anos depois.
Em seguida, ao ficar claro que Israel não se
retiraria das áreas palestinas ocupadas em 1948, o
UNRWA passou a estudar formas de estabelecer
definitivamente os refugiados. Foram os anos de
1953-54, quando o UNRWA apresentou uma
série de projetos no sentido de fixar os refugiados
nos campos. Para expressar seu repúdio ao fait
accompU, os palestinos organizaram diversas
manifestações e destruíram unidades residenciais
construídas pelo UNRWA.
Os projetos de integração da ONU foram
arquivados até 1959, ano em que o secretário-geral
Dag Hammarksjold elaborou um plano geral de
absorção dos palestinos na vida econômica do
I
Oriente Médio. Mas no mesmo ano de 1959, a
Conferência Árabe-Palestina em Beirute rejeitou
os serviços de Hammarksjold.
Nesse período também, pequenos grupos de
guerrilheiros palestinos, com base na Cisjordânia,
Gaza e Síria, realizaram algumas ações dentro de
Israel. Os israelenses imediatamente reagiram,
utilizando sobretudo organizações terroristas de
direita, que penetravam em Gaza ou Cisjordânia
em "ações de represália".
j
46 Helena Salem
r --------------------------------------------------------------------------------------N
Tais grupos guerrilheiros palestinos não possuíam
nenhuma organização política, vivendo, funda
mentalmente, do dinheiro, armas e treinamento
fornecidos pelo exército egípcio. Eles praticamente
desapareceriam após a guerra de Suez em 1956.
Ao consolidar-se, em 1958, a chamada República
Árabe Unida (RAU), fusão entre a Síria e o Egito,
novas esperanças se criaram no interior do
nascente movimento palestino. Logo, logo, porém,
r
anteriormente dirigente da Associação dos Advo
gados Jordanianos. Hammouda, inclusive, não
podia regressar à Jordânia desde 1957, acusado de
ser comunista.
Em fevereiro de 1969, já organizado por Yehya
Hammouda, realizou-se no Cairo o V Congresso
Nacional Palestino, ou o Congresso que assinalaria
uma virada fundamental na vida da OLP, o início
de uma nova etapa: Al Fatah conquistou a hege
monia do Comitê Executivo. Yasser Arafat,
engenheiro palestino que estudara no Egito e líder
de Al Fatah, assumiu a presidência da OLP.
A partir daí, a OLP optou cada vez mais por
seguir um caminho autônomo, próprio, em relação
aos regimes árabes. O Conselho (ou Congresso)
Nacional passou a fazer o papel de uma espécie
de Parlamento no exílio. Os inúmeros pequenos
grupos foram aos poucos desaparecendo, sobre r
vivendo apenas os mais importantes e expressivos
politicamente. A palavra de ordem da OLP era:
implantação na Palestina de um "Estado demo
crático e laico para judeus, cristãos e muçulmanos".
0 VI Congresso Palestino ocorreu em setembro
de 1969, novamente no Cairo. Por unanimidade,
foi rejeitada a resolução 242 das Nações Unidas,
que pedia a retirada israelense dos territórios
árabes ocupados em 1967, reconhecendo implici
tamente o Estado de Israel, e tratando a questão
palestina como um mero problema de "refugiados".
Os palestinos nem reconheciam Israel, nem
j
52 Helena Salem
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aceitavam que a sua questão de “direitos nacionais”
fosse abordada apenas como um caso de “ refu
giados".
O massacre da Jordânia
G
tropas reais. A Resistência atuava semiclandestina
em Amã, só podendo agir militarmente no interior.
Até que finalmente, em 1971, após novos ataques
das forças de Hussein, os fedayin foram definiti
vamente banidos da Jordânia.
0 "Setembro Negro" golpeou violentamente
a estrutura da Resistência, mas teve também duas
conseqüências importantes: primeiro, revelou a
necessidade das diversas organizações se unirem,
para poder travar a luta em prol de seus objetivos;
e segundo, mais uma vez ficou claro para os
palestinos que deveriam contar com as suas
próprias forças e pouco esperar dos regimes árabes.
J
54 Helena Salem
r — --------------
O terrorismo
r
J
mas não chegava a se esforçar muito para coibi-lo.
Ao contrário, parece não haver dúvidas hoje de que
"Setembro Negro" era um desdobramento (não
assumido publicamente) de Al Fatah, a principal
organização da OLP. Na realidade, o comporta
mento da OLP em relação ao terrorismo asseme-
lhava-se muito ao da liderança sionista antes de
1948, face a organizações como o trgun eoStern.
A OLP desaprovava o terror politicamente, mas, de
certa forma, utilizava-se dele como mais um
instrumento de pressão, uma maneira negativa de
chamar a atenção para a causa palestina.
r
A l Fatah — A maior e mais importante organiza
ção da Resistência, o nome de Al Fatah (iniciais
ao contrário de Harakat A / Tahrir Al Falastini
— Movimento de Libertação Nacional da Palestina)
surgiu pela primeira vez, publicamente, em 1959.
Sua constituição resultou de discussões entre
estudantes da Faixa de Gaza, na segunda metade
da década de 50.
\ O líder Yasser Arafat nasceu em Jerusalém, em
1929. Depois da guerra de 1948, com 19 anos,
refugiou-se junto com a família na Faixa de Gaza.
r
Mais tarde, conseguiu ir para o Cairo estudar
engenharia civil e tornou-se presidente da Federa
ção dos Estudantes Palestinos. Como estudante,
atuou na liderança e instrução dos comandos
palestinos e egípcios que lutaram contra os ingleses
na zona de Suez, serviu no Exército egípcio sendo
perito em demolições, e lutou contra os britânicos
e franceses em Port Said e Abu Kabir, em 1956.
Apenas por um curto período Arafat exerceu a
profissão de engenheiro no Egito, indo em seguida
para o Kuwait em 1957, onde permaneceu até
1965, sempre ligado à organização.
Al Fatah define-se como um movimento de
libertação nacional, anti-sionista e antiimperialista.
O objetivo estratégico dos militantes de Al Fatah
é o estabelecimento na Palestina de um Estado
laico e democrático, para árabes e judeus. No
entanto, a curto prazo, a organização propõe
que se forme um Estado palestino em Gaza e na
J
0 que é Questão Palestina 61
(
feitos, mas uma coisa também não é menos real:
sob sua liderança a OLP conseguiu um nível
de independência importante em relação aos
países árabes e às próprias superpotências. Ele é
um líder nacionalista, seguramente não é um
revolucionário radical (no melhor sentido da pa
lavra), mas se com ele pode não ser ótimo, sem
ele, efetivamente (na falta de outras lideranças
do mesmo porte), seria ainda pior —já que o amor-
daçamento da Resistência Palestina pelos sírios
resultaria, inevitavelmente, na sua morte en
quanto movimento de libertação nacional de
todo um povo. Sintomaticamente, nos territó
rios ocupados de Gaza a Cisjordânia naquele
mesmo período, em todas as manifestações ocor
ridas era o nome de Arafat e da OLP que os pales
tinos gritavam. E, afinal, é nesses territórios que,
se um dia vier a surgir a pátria palestina, ela se
consubstanciará.
O ESTADO PALESTINO
r
entender, só poderia ocorrer mesmo nos marcos
de uma sociedade socialista, igualitária.
Na medida em que foi se fortalecendo local e
internacionalmente, a OLP começou a perseguir
objetivos realizáveis mais a curto prazo. Assim,
desde 1974, ela aderiu ao projeto de implantação
de um Estado independente palestino na Cisjordânia
e Faixa de Gaza, territórios que deveriam ser
ligados entre si por um corredor passando dentro
de Israel. (Como objetivo estratégico final, porém,
a liderança palestina mantém a idéia de um único
Estado em todo o território palestino.)
Esse pequeno Estado agora proposto pela OLP
teria pouco menos de 6 000 km2. Só que a popula
ção palestina é estimada atualmente em 4 milhões
de pessoas, com uma taxa de crescimento demográ
fico das mais elevadas do mundo: 3,5% anual.
No ano 2000, os técnicos preveem que ela alcan
çará os 7 milhões. Como ficariam tantos em uma
faixa de terra tão exígua ?
Os economistas Elias Tuma, palestino, e Hayim
Darin Drabkin, israelense, em um estudo de 1977,
previram que a população de um futuro Estado
palestino em Gaza e Cisjordânia não deveria
ultrapassar 2 400 mil, isto é, 60% da população
palestina, assim distribuídos quanto à procedência:
750 mil da Cisjordânia, 350 mil da Faixa de Gaza,
390 mil cidadãos dos países árabes e habitantes
dos campos, 800 mil procedentes dos países
árabes (não cidadãos), 50 mil de Israel (árabes
0 que é Questão Palestina 73
r ~\
israelenses), 10 mil de fora do Oriente Médio.
Desse total, estima-se que a população ativa se
eleve a mais de 30%, ou seja, 700 mil trabalhadores.
E seria viável um Estado desses? Os cientistas
sociais palestinos Bichara e Naim Khader, da Uni
versidade Católica de Louvain (Bélgica), afirmam
categoricamente que sim. E explicam que não se
deve confundir Estado independente com Estado
autárquico. Dizem eles, em um trabalho publicado
em 1980: "Tal Estado terá certamente excelentes
relações com seus vizinhos árabes e relações privi
legiadas com a Jordânia. A independência não
significa absolutamente a autarquia ou o fecha
mento".
Segundo os dois estudiosos, atualmente, ao invés
da economia rural, a urbanização revela que o
tamanho da superfície territorial não é mais o
critério dominante para o desenvolvimento e, /
assim, um país pequeno pode ter um potencial \
econômico muito maior que um grande. Seria o
caso do Japão, de 144 000 km2 e 110 milhões de >1
pessoas, em oposição a Mongólia, um imenso
território de 604 000 km2 com apenas 1 milhão
de habitantes.
No seu entender, a Cisjordânia eGaza, territórios
férteis, teriam plenas condições de se industrializar,
devido a três fatores: a) existência de uma força
de trabalho abundante (700 mil) e quadros quali
ficados; b) uma rede de transportes e comuni
cações que permite a importação e exportação
74 Helena Salem
----------------------------------------------------------------
das matérias-primas básicas; c) capitais para
financiar a construção do Estado.
Bichara e IMaim afirmam mesmo que o povo
palestino constitui o Quartier Latin ("bairro
latino", centro da intelectualidade em Paris)
do mundo árabe, visto que dispõe de uma grande
concentração de quadros e intelectuais em todas
as especializações. Para se ter uma idéia, estima-se
em 16 a 17 por 1 000 a taxa de ensino universitário
entre os palestinos, o que seria um número
equivalente ao de Israel e superior a alguns países
\ europeus, como a Espanha (9/1000). Atualmente,
] é calculado em 115 mil o total de quadros univer-
j sitários palestinos, dos quais uns 15 mil estariam
J empregados na Cisjordânia e Gaza.
’ Por outro lado, os estudos dos economistas
Tuma e Drabikin antecipam que seriam necessá
rios cerca de 12 bilhões de dólares para viabilizar
economicamente o Estado palestino. Tal soma teria
quatro direções: urbanização e melhoria das
construções existentes, criação de novos postos de
emprego e melhoramento das atuais condições
de trabalho, desenvolvimento da infra-estrutura
nacional e modernização da agricultura. Se conside
rarmos que Egito e Síria juntos dispenderam
15 bilhões de dólares na guerra de outubro de
1973 — dizem os economistas — 12 bilhões não
é tanto assim.
Os palestinos consideram que esse capital
poderia ser obtido graças às indenizações a serem
s____________________________________________
0 que é Questão Palestina 75
—\
pagas por Israel, à ajuda oficial árabe, à ajuda da
ONU e às remessas de capitais palestinos, oficiais'
e privados.
Outra importante fonte de renda seria, também,
o turismo. O Estado palestino compreenderia
necessariamente Jerusalém oriental com seus
lugares santos muçulmanos, cristãos e judeus,
muito procurados pelos peregrinos e turistas.
Por sua vez, na Cisjordânia ficam o Mar Morto e
o Vale do Jordão, e na Faixa de Gaza existem
atraentes praias, todos pontos de importante
atração turística.
Enfim, a liderança palestina parece não ter
dúvidas de que seria plenamente viável um Estado
independente palestino na Faixa de Gaza e Cisjor
dânia. Sua viabilidade, inclusive, revelar-se-ia tão
mais palpável quando se constata a profunda
hostilidade de Israel à idéia. No entanto, é certo
também que tal Estado — pequeno, sem recursos
minerais e energéticos — poderia ter sua indepen
dência real um tanto limitada, devido aos fortes
laços que provavelmente manteria com os seus
vizinhos árabes, sobretudo a Jordânia, a Síria, os
países produtores de petróleo e, talvez, também
a URSS.
Afinal, a dependência econômica acarreta com
frequência dependência política: vide o próprio
caso de Israel em relação aos Estados Unidos e
de Cuba com a União Soviética. Em última
instância, contudo, a palavra final caberá sempre
76 Helena Salem
------- ---------------------------------------------- _ _ _ _ _
ao próprio posicionamento político daqueles
que assumirem a direção desse Estado palestino
e ao regime que lá implantarem.
Gaza e Cisjordânia:
a repressão não funcionou
em tempo de guerra.
Hoje, já existem aproximadamente 18 mil
colonos judeus na Cisjordânia e 7 mil na Faixa de
Gaza. é lógico que, no futuro, esses colonos hão
de colocar todos os obstáculos a uma eventual
retirada israelense dos territórios, se a paz com os
árabes for alcançada.
Paralelamente à criação das colônias, o governo
israelense executa uma política duramente repres
siva em relação aos palestinos das áreas ocupadas.
Até 1968, quando o Rei Hussein fechou as pontes
de acesso à Jordânia, era comum a deportação
em massa para aquele país.
Segundo o Dr. Israel Shahak, professor da
Universidade Hebraica de Jerusalém e presidente
da Liga dos Direitos Humanos em Israel, havia nos
territórios ocupados 1 milhão e meio de palestinos
antes da guerra de 1967, e hoje eles são pouco
mais de 1 milhão.
Incansável defensor dos direitos humanos dos
palestinos em Israel, o Dr. Shahak —através de
artigos, livros, conferências dentro e fora do país -
denuncia a prática de punições coletivas ampla
mente utilizadas pelas autoridades sionistas, tais
como: destruição das casas de possíveis suspeitos
de conspirar contra a ocupação, mesmo que nelas
habitem familiares velhos e crianças; proibição
da venda de carne de carneiro em uma determinada
cidade (Ramallah, por exemplo) durante dois
meses, para forçar os notáveis palestinos a se
78 Helena Salem
y
OS PALESTINOS E A
CONJUNTURA INTERNACIONAL
J
0 que é Questão Palestina 89
r
ação militar e política na região. A guerra civil
naquele país iniciada em 1975, que resultou na
divisão do Líbano em três (setor dos cristãos
maronitas, setor dos muçulmanos libaneses e
palestinos, e território de ocupação síria), signifi
cou um sério baque para a Resistência Palestina, que
perdeu milhares de combatentes (e também civis
palestinos). Como também, a expulsão dos fe-
dayin, em agosto de 1982, pelas tropas de Israel,
após um verdadeiro genocídio, representou uma
grande perda de conseqüências ainda imprevisíveis
(os fedayin foram então dispersos por vários países:
Síria, Tunísia, Egito, Arábia Saudita etc.). Por
fim, a cisão da OLP, em 1983, certamente figura
entre os maiores danos já experimentados pelo
movimento palestino desde a sua formação.
A posição de Israel
r
Durante muitos anos, os israelenses apostaram
na integração dos palestinos nos países árabes em
que haviam se refugiado, negando a existência
de uma questão palestina. Por uma razão ou por
outra (falta de empenho dos regimes árabes e/ou
resistência dos próprios palestinos devido ao seu
sentimento nacional em relação à Palestina), o
fato é que concretamente essa integração não
aconteceu e Israel viu-se na contingência de
alterar seus pontos de vista. Quer dizer, alterar
em parte.
0 máximo que o governo israelense hoje admite
é o que está escrito nos acordos de Camp David:
a autonomia limitada (e muito) dos palestinos de
Gaza e Cisjordânia. As colônias implantadas nesses
territórios lá devem permanecer e, quanto a Jeru
salém oriental, não se cogita absolutamente em sua
devolução aos árabes ou mesmo sua internacionali
zação. Ao contrário, segundo o governo israelense,
"Jerusalém está unida e é indivisível, e será por
toda a eternidade a capital de nosso povo".
E não há dúvida de que, se as condições polí
ticas assim o permitirem, o governo fará todo
o possível para anexar na íntegra a própria
Cisjordânia - ou melhor, segundo os religiosos
nacionalistas, a Judéia e Samaria, também são
"territórios indissociáveis" do Grande Israel.
Por outro lado, a invasão do Líbano pelas
forças israelenses em junho de 1982 trouxe um
dado novo à realidade interna de Israel. Pela
________ _
0 que é Questão Palestina 91
Os palestinos e as
superpotências
r "N
politicamente na área. Os soviéticos prepararam e
armaram os egípcios para a guerra de outubro
de 1973, e ao fim do conflito Sadat voltou-se
para os norte-americanos.
A perda do aliado egípcio e o enfraquecimento
dos laços com o Iraque —apesar do estreitamento
de relações com a Líbia — abalaram bastante o
poderio soviético na região. Moscou não dispõe de
um aliado forte e confiável como os EUA têm
em Israel. Sem falar que, além de Israel, os EUA
contam (entre outros) com a Arábia Saudita e o
próprio Egito, dois países fundamentais no
Oriente Médio. A disputa pela hegemonia entre
as duas superpotências nessa estratégica região tem
pendido, sem dúvida, mais favoravelmente para
os EUA. Washington está na ofensiva, Moscou
na defensiva.
Em relação aos palestinos, a situação é clara.
Os EUA fecham com a posição israelense, embora
comecem a visualizar a inevitabilidade da criação
de um Estado palestino independente. Dois ex-
Presidentes norte-americanos, Jimmy Cárter e
Henry Ford, uma vez fora da Casa Branca, já
admitiram isso claramente. Por enquanto, porém,
r
os EUA podem ter algumas divergências com as
atitudes israelenses (como exemplos, o ataque ao
reator nuclear iraquiano, em 1981, ea atuação das
tropas de Israel na guerra do Líbano), mas não
a ponto de colocar em xeque essa aliança.
Washington também não reconhece a OLP.
j
94 Helena Salem
r
A União Soviética, em contrapartida, apóia os
palestinos, assim como toda a Europa do leste e
aliados. Por outro lado, Moscou rompeu relações
diplomáticas com Israel, só havendo contatos
oficiosos e esporádicos entre os dois países. A
URSS, contudo, nunca propôs a extinção do
Estado de Israel, nem que os judeus fossem
"jogados ao mar".
Finalmente, a Europa, o Japão e os países .
periféricos do chamado Terceiro Mundo (Ásia,
África e América Latina). Premidos pela arma do
petróleo árabe, os dois primeiros, tradicionais
aliados de Israel, desde 1973 começaram a
€
CONCLUSÃO: A PAZ POSSÍVEL
IV
1
INDICAÇÕES PA R A LEITURA
?
"A coleção PRIMEIROS PASSOS aborda temas polê
micos, que permitem diferentes posições e interpre
tações. Os textos de PRIMEIROS PASSOS são, assim,
expressão das idéias dos intelectuais que os assinam,
como convites à reflexão, à concordância ou à discor
dância. Mas sempre enriquecem e explicam.”
Biografia
QUEPAISEESTE?
Violência, Povo e P olícia — V iolência U rb a n a no N oticiário
de Im p ren sa
Maria Victoria Benevides
Maria Victoria Benevides, socióloga da USP, tenta mostrar
aqui como a ideologia de segurança e repressão policial se
afirma através do impacto do noticiário de imprensa sobre a
opinião pública. Um estudo que merece a atenção do público
em geral, principalmente estudantes e professores das áreas de
Comunicação, Ciências Sociais e Política.
Q ue C rise é Esta?
Marcei Bursztyn/Pedro L eitã o / A rnaldo Chain (orgs.)
Vivemos a maior crise da história do Brasil, uma crise que se
caracteriza por um emaranhado de problemas sociais,
econômicos e políticos. Que Crise é Esta? reúne artigos e
entrevistas que trazem as mais diversas interpretações sobre a
natureza e as manifestações da crise, colocando em relevo os
aspecto religiosos, psicológico, tecnológico, jurídico,
econômico e político da questão.
Crime e C otidiano — A crim in a lid a d e em São Paulo (1880-
1924)
Boris Fausto
Boris Fausto examina nesse livro o fenómeno da criminalidade
em São Paulo num período de mudanças profundas para o
Brasil. Foi no final do século passado e início deste que se
sentiram as conseqüências da abolição da escravidão, da
imigração estrangeira, do nascimento das fábricas e do
surgimento de uma massa operária explorada pelo capital
nascente. Crime e Cotidiano se reveste de uma significação
peculiar nos dias de hoje para a compreensão de uma
realidade de violência que voltamos a presenciar.
O PODER NA HISTÕRIA
A Revolta de Kronstadt
Henri Arvon
A história do soviete de Kronstadt, que
lutou e resistiu à ditadura do Partido,
após a Revolução de Outubro de 1917, na
Rússia.
NEGROS, ESTRANGEIROS
Os e scra v o s libertos e su a volta à
África
M anuela C arneiro d a C unha
As dimensões ideológicas da alforria e o caso
dos negros que retomaram à África, onde
passaram a ser tratados como estrangeiros.
E M AIS:
O Q U E É R A C IS M O
d o e i R u fin o d o s S a n t o s
A A B O L IÇ Ã O D A E S C R A V ID Ã O
S u e ly R e is d e Q u e iro z
A A F R O -A M É R IC A :
A e s c r a v id ã o n o N o v o M undo
C iro F la m a rio n C a r d o s o
A P A R T H E ID
O h o r r o r b r a n c o n a Á fr ic a d o Sul
F r a n c is c o J o s é P e reira
A C R ISE D O E S C R A V IS M O E A
G R A N O E IM IG R A Ç Ã O
P. B e ig u e lm a n
HAITI
P o d e r , c u ltu r a e d e s e n v o lv im e n t o
M a rc e lo G ro n d m
O S Q U IL O M B O S E A REBELIÃO
NEGRA
C lóv is M o u ra
SEMPRE BONS LIVROS
SEXO E JU V EN TU D E
Com o d isc u tir se x u alid ad e em ca sa e n a escola
Carmem Barroso e C ristina Bruschini (orgs.)
Fundação Carlos Chagas
U m a ex p e riên c ia b em su ced id a, rea liza d a ju n to a
ad o lesc en te s, originou e s te inovador program a de
educação sexual. E sc la re c e d o r guia d e orientação,
um livro ú til a p a is e p ro fe sso res.
O QUE É MENOR
Edson P assetti
Na n o ssa sociedade, s e r m en o r é algo pejorativo,
sinônim o de d elin q ü en te. Com o a sociedade
estab e lec e a distin ção e n tre m en o r e jo v em ? Q ual o
p ap e l d a fam ília, d a escola e do trab alh o na
(des)lntegração do m enor?
OCESTAO
DO
ÍN D IO
O ÍN D IO E A C ID A D A N IA
C om issão P ró -Ín d io
Antropólogos, ju r is ta s , c ie n tis ta s p o lític o s e sociólogos
aprofundam a d isc u ssã o d a q u e s tã o in d íg e n a no B rasil.
Qual o “lu g ar” do ín d io ? Q u a is o s “c u s to s ” d a d d ad & n ia?
Quais os d ireito s dos ín d io s ? E m a is : a tra j e tó ria do s P a ta -
xô H ã H ã H ãl, do su l d a B ah ia.
A Q U EST Ã O D A E D U C A Ç Ã O IN D Í G E N A
Com issão P ró -Ín d io
S ubjacente ao p ro b le m a d a e d u c a ç ã o in d íg e n a , a q u e stã o
maior dos d ireito s d os povos in d íg e n a s : o d ire ito à condu
ção de seu p róprio d e stin o . É p re c is o p e n s a r u m a educação
que considere a e s p e c ific id a d e d o s in te re s s e s d esses
povos.
T E R R A S E M M AL
O p r o fe tis m o tu p i- g u a r a n i
H élène C la stre s /
Hoje as so ciedades tu p i-g u a ra n is e s tã o m orrendo. O m ito ■
da T erra sem Mal, p o ré m , p e rm a n e c e : um lu g a r de abun- 1
dância, onde o m ilho c re sc e sozin h o e a s flechas, sozinhas,
vão à caça. A usência d e p re sc riç õ e s e proscrições, a pleni
tude da lib erd ad e. Q ual o sig n ific ad o disso?
TESTEM U N HA O C U LA R
T e x to s d e a n t r o p o l o g ia s o c ia l d o c o tid ia n o
D iversos a u to re s
Um estra n h am en to do q u e n o s é fam iliar, olhos estrangei
ros p a ra o cotidiano: a im ag em do índio nos livros didáti
cos, a p u b licidade dos cigarros, im agens d a educação, a
festa de N atal e u m caso hnm nascxiial. —
brasilierfse
/A m érico
OS JUROS SUBVERSIVOS
JoeJmir Beting
U m a en trev ista e sp e c ia l com F id el C astro, na
p rim e ira re p o rta g e m so b re a d ív id a extern a
d o T erceiro M undo. Joelm ir, o colunista
eco n ô m ico m ais lido d o p aís, analisa, com
h u m o r e lu cid ez, o foco p o lítico d a crise
fin an c eira m undial.
SANDINISTAS
Gabríele Invem izzi (org.)
E ntrevistas exclusivas, fora d o s p a d rõ e s jornalísticos
co n v en cio n ais, rea liza d as cin co an o s após a vitória
d a rev o lu ç ão sand in ista. D e um lado, con ceitu ad o s
jo rn alistas e u ro p e u s; d o outro, líd e res d o gov ern o
n ic a ra g ü e n se — B ayardo A rc e, Jaim e W heelock e
H u m b erto O rte g a .
FIDEL E A RELIGIÃO
Frei Betto
P ela p rim e ira vez um ch efe d e Estado d e p aís socialista
a b o rd a o tem a d a reliao. Num dep o im en to inédito concedido
a Frei Betto, em H avana, Fidel C astro fala tam bém d e
T eologia d a L ibertação, C h e G u ev a ra , revolução, culinária
e outros assuntos.
SOY LOCO POR TI
lAM ÉRIC
D E M O C R A C IA E D IT A D U R A N O C H IL E
E m ir S a d e r
Forem precisos poucos dias para que uma democracia que pa
recia eterna se transformasse na maior ditadura da história do
Chile...
M O V IM E N T O O P E R Á R I O A R G E N T IN O
D a s o r i g e n s a o p e r o n i s m o (1 8 9 0 -1 9 4 6 )
J o s é L u iz B. B e ir e d
Uma polêmica análise histórica do papel que o movimento sindi
cal argentino desempenhou na constituição do peronismo.
R E B E L IÃ O C A M P O N E S A N A B O L ÍV IA
M a r c e lo G r o n d i n
Sob a liderança de Tupac Katari, a rebelião armada dos campo
neses indigenas significou o grito de dor contra dois séculos de
exploração colonialista espanhola.
A R E V O L U Ç Ã O M E X IC A N A (1 9 1 0 -1 9 1 7 )
A n n a M. M a r t in e z C o r r ê a
Mobilizando grande parte da população, a Revolução Mexicana
é considerada uma das mais significativas comoções sociais
ocorridas na América Latina.
E mais:
AS INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA LATINA
Leon Pom er
NOME:........................................................................
EN D .:................................, ........................................
BAIRRO: ......................................... FONE:...........
C EP:.................. CIDADE:............................. EST.:
PROFISSÃO: ........................................... IDADE: .
editora brasiliense s.a.
01223 - r. general jardim, 160 - são paul°
CLV
P.P. 74
orienta
Coleção Primeiros Passos « ^ f t
Helena Salem
O que é
UESTÃO
«.PALESTINA
'D e s e n v o lv e n d o t e m a s p e r t in e n te s .a o
c o n f lit o á r a b e - is r a e le n s e (o s io n is m o
e o a p a r e c im e n t o d a q u e s t ã o p a le s tin a ;
o s p a le s tin o s , p o v o e r r a n te ; -
a r e s is t ê n c ia p a le s tin a ; o E s ta d o
p a le s tin o ; o s p a le s tin o s e a c o n ju n tu r a
i n t e r n a c i o n a l e t c . ) , e s t e p e q u e n o liv r o
p r o c u r a b lo q u e a r o fo r te
e m o c i o n a l i s m o e m r e la ç ã o a o p r o b le m a e
e n c o n tr a r u m p o s ic io n a m e n to b a se a d o em
d a d o s d a r e a lid a d e , s e m m a n iq u e ís m o .
CAPA: © Forster Brehm Fotografia
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