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LIBER QUARTUS LIVRO IV Caput I: De studio divinarum seripturarum CAPITULO 1: O estudo das Escrituras Sagradas Os escritos que falam de Deus ou dos bens invi todos nem s6 eles devem ser chamados divinos, Nos ‘Pagdos encontramos muitos escritos redigidos com fundamenta- cdo bastante provavel sobre a eternidade de Deus e a imortalida- de das almas, sobre os prémios sempiternos das virtudes'e 0S cas- tigos dos males, mas ninguém duvida que eles si indignos de um tal vocdbulo. Ao contrério disso; percorrendo a série dos livros do Antigo e Novo Testamento, vemos que € quase toda ligada ao es- tado da vida presente e aos fatos acontecidos no ‘tempo, e nela ra- Tamente so desveladas manifestamente algumas coisas sobre 0 encanto dos bens eternos e sobre as alegrias da vida celeste. Mes- mo assim, a fé catélica costuma chamar divinos estes escritos. Scripturae quae vel de Deo sive de bonis im quuntur, nec omnes nec solae di gentilium multa de aeternitate Dei et animarum immortalitate, de virtutum praemiis sempiternis poenisque malorum satis pro- babili ratione scripta invenimus, quos tali vocabulo indignos esse nemo dubitat. Rursus Veteris et Novi Testamenti seriem percurrentes, totam paene de praesentis vitae statu et rebus in tempore gestis contextam cernimus, raro aliqua de dulcedine ae- ternorum bonorum et caelestis vitae gaudiis manifesto depromi. ‘Tamen has scripturas divinas appellare fides catholica solet. is praeten- quodam colore superduc- to, lutum erroris operiunt. Contra, divina eloquia aptissime favo comparantur, quae et propter simplicitatem sermonis arida ap- parent, et intus dulcedine plena sunt. Unde constat quia merito tale vocabulum sortita sunt, quae sola sic a falsitatis contagione aliena inveniuntur, ut nihil veritati contrarium continere pro- bentur. Os escritos dos fildsofos, como parede de barro caiado, exte- riormente séo ricos do esplendor do eléquio, mas eles, mesmo Que de vez em quando oferecam uma aparéncia de verdade, mis- ‘turando coisas falsas, cobrem o barro do erro como se passas: ‘sem por cima uma espécie de cor. Os divinos el6quios, ao contré- rio, sdo comparados oportunissimamente ao favo, porque eles Parecem dridos na simplicidade do discurso, sim, mas por den- tro so plenos de docura. Daf fica claro por que eles com razo receberam tal adjetivo divinos, uma vez que sé eles se encon- tram tio estranhos ao contégio da falsidade, que dao prova de nada conter contrério a verdade. quas, a catholicae fidei cultoribus

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