5b - Subcomissão de Orçamento e Fiscalização Financeira

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1 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS Das COMISSÕES)

Ata da 1ª Reunião, Ordinária, realizada em 8 relevante cargo. O Sr. João Alves, aceitando a José Serra e Francisco Dornelles, para
de abril de 1987, destinada à eleição de indicação do Vice-Líder do PMDB, investiu no compor as Comissões. Estamos aqui, vamos
Presidente, de Vice-Presidente e cargo o Constituinte José Luiz Maia – PDS-PI votar, onde só se fazem presentes dois
designação do Relator – e concedeu-lhe a palavra, o qual agradeceu candidatos do acerto interpartidário. Não
a confiança com que fora distinguido e se estou aqui para desrespeitar acertos, nem
Aos 8 (oito) dias do mês de abril do propôs , a trabalhar tenazmente para o bom para emitir conceitos. Mas é preciso ver que,
ano de 1987 (um mil e novecentos e oitenta e êxito no desempenho da função. A seguir, o se na instalação não comparecerem todos,
sete), às 10:00 horas, reuniu-se a Sr. Presidente concedeu a palavra aos avaliem quando tivermos reuniões às sextas-
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização Senhores Carrel Benevides e João Natal, feiras, aos sábados e domingos. Haverá
Financeira, na sala C-2, do Anexo II, da Primeiro e Segundo-Vice-Presidentes, reunião em que só comparecerá o Relator.
Câmara dos Deputados, Presentes os respectivamente que agradeceram suas Chamo a atenção de todos para esse aspecto
Senhores, Constituintes, membros efetivos eleições e se propuseram a colaborar com o dos nossos trabalhos e queria ver se V. Ex.ª,
Furtado Leite, Márcio Braga, Naphtall Alves, máximo empenho. O Sr. Presidente, após Sr. Presidente, teria condições de nos explicar
Carrel Benevides, José Luiz Maia, Wilson agradecer a confiança de seus pares, solicitou qual a maneira como foi acertada a
Campos, Firmo de Castro, José Guedes, a colaboração dos Constituintes, bem como composição daqueles que vão dirigir a
Fábio Raunheitti, Feres Nader, João Alves, de todos os funcionários, e declarou que Subcomissão na qualidade de Presidente,
Messias Góis, João Natal e Flávio Rocha o presidirá os trabalhos da Subcomissão com Vice-Presidentes e Relator.
suplente José Melo. Havendo número autonomia e independência, em busca do O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
regimental, assumiu a Presidência o Sr. pleno êxito de seus objetivos. A reunião foi – A Presidência informa a V. Ex.ª que o
Furtado Leite, na qualidade de membro mais gravada por inteiro e o texto, após datilografia sistema de chapa de composição não
idoso, o qual declarou instalada a passará a fazer parte integrante desta Ata. Às pertence a esta Mesa. Cabe ao Presidente
Subcomissão e esclareceu aos Senhores 12:00 horas, nada mais havendo a tratar, foi presidir os trabalhos, determinar o
Constituintes que a reunião se destinava à encerrada a reunião e, para constar, eu, processamento da votação por escrutínio
eleição do Presidente, Vice-Presidentes e Benício Mendes Teixeira, Secretário, lavrei a secreto e anunciar os candidatos cujos nomes
designação do Relator da Subcomissão de presente Ata, que vai à publicação e, após lhe forem entregues. Para atender a V. Ex.ª,
Orçamento e Fiscalização Financeira. O Sr. lida, discutida e aprovada, será assinada pelo respondo que até o momento há os seguintes
Wilson Campos – PMDB-PE, pela ordem, Sr. Presidente. nomes; para Presidente, o Constituinte João
solicitou explicações sobre o modo de votar, Alves, do PFL, para Primeiro-Vice-Presidente,
uma vez que se encontravam em plenário Inteiro teor do apanhamento o Constituinte Carrel Benevides, do PMDB, e
apenas deis dos três candidatos. O Sr. Carrel taquigráfico da reunião realizada para Segundo-Vice-Presidente, o Constituinte
Benevides – PMDB-AM, apresentou-se, então, no dia 8-4-87, às 10:00 horas, e que João Natal, do PMDB. São esses os nomes
como candidato a Primeiro-Vice-Presidente, fará parte integrante dessa reunião. dos candidatos, que se encontram com a
salientando a sua experiência política e o Presidência para se processar a eleição. Isso
desejo de colaborar com os trabalhos da O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): não impede, entretanto, que outros nomes
Subcomissão. Em seguida, o Sr. Fábio – Havendo número legal, declaro abertos os que os colegas acharem por bem enviar a
Raunheitti – PTB-RJ apresentou-se como trabalhos da Subcomissão de Orçamento e esta Subcomissão sejam colocados
candidato a um dos cargos. Interferiu o Sr. Fiscalização Financeira para eleição de seus democraticamente como candidatos, com
Feres Nader PDT-RJ, solicitando que fosse Presidente e Vice-Presidentes. Encontram-se direito de cada Parlamentar lhes dar o seu
respeitado o acordo partidário. O Sr. João na cabine as chapas para votação de voto de acordo com suas consciências e
Natal PMDB-GO, também apresentou-se como Presidente e Vice-Presidente. Iniciemos, tendências.
candidato. O Sr Robson Marinho, Vice-Líder então, os nossos trabalhos. Vou designar os O SR. CONSTITUINTE CARREL
do PMDB, conclamou os Constituintes a escrutinadores. A palavra está facultada. Se BENEVIDES: – Sr. Presidente peço a palavra
aceitarem o acordo partidário com relação à algum Sr. Constituinte desejar, poderá usá-la. pela ordem.
eleição do Presidente e Vice-Presidentes, uma O SR. CONSTITUINTE WILSON O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
vez que foi respeitada a proporcionalidade CAMPOS: – Sr. Presidente, pela ordem – Concedo a palavra a V. Ex.ª, pela ordem.
partidária na composição das Comissões e O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): O SR. CONSTITUINTE CARREL
Subcomissões. O Sr. João Alves – PFLBA, a – Concedo a palavra a V. Ex.ª, pela ordem. BENEVIDES: – Sr. Presidente, recebi com
seguir, fez um apelo ao Constituinte Fábio O SR. CONSTITUINTE WILSON muito orgulho e satisfação a indicação do meu
Raunheitti – PTB-RJ, para que reconsiderasse CAMPOS: – Sr. Presidente, gostaríamos que nome, partindo do nosso grande Líder na
a sua decisão de concorrer a um dos cargos, V. Ex.ª fizesse alguma explanação sobre a Constituinte, o Senador Mário Covas. Pretendo
no que foi prontamente atendido. Em seguinte maneira de votar de cada um, já que não emprestar não só a esta Subcomissão, mas a
procedeu-se à chamada nominal. sabemos, além do Relator, quem são os toda a Casa, durante os quatro anos de
Apresentaram-se para votar 15 (quinze) candidatos e a maneira como foi feita a duração de meu mandato, o fruto de minha
Senhores Constituintes. Concluída a votação, escolha dos mesmos, se por indicação ou experiência adquirida durante dez anos na
o Senhor Presidente convidou para não, para que cada um veja também a Câmara Municipal de Manaus, onde exerci a
escrutinadores os Senhores Wilson Campos – atenção que os outros companheiros estão Presidência em duas Legislaturas. Desejo
PMDB-PE; e Márcio Braga – PMDBt-RJ. dando à Subcomissão. Esta é uma oferecer aqui a experiência que obtive nas
Aberta a uma foi verificada a existência e 15 Subcomissão de muita responsabilidade, pois várias vezes em que respondi pela Prefeitura
(quinze) sobrecartas, que correspondiam ao vai ditar normas orçamentárias para o País, e Municipal de Manaus quando seu Vice-Prefeito
número de votantes o contatando-se es minha preocupação, como homem nordestino, e trabalhando pelo PMDB, partido que fundei
seguintes resultados; para Presidente, João é que o Nordeste passe a ter voto e vez, no Estado do Amazonas. Fui o primeiro
Alves – PFL-BA, com 15 (quinze) votos; para porque o tratamento que temos recebido é Presidente do meu partido no meu Estado e
Primeiro-Vice-Presidente, Carrel Benevides – decepcionante. Veja-se que, desde segunda- sou também ex-Presidente do MDB de
PMDB-MA, com 15 (quinze) votos e para feira, estamos para instalar esta Subcomissão Manaus. Vejo que o PMDB foi agraciado na
Segundo-Vice-Presidente, João Natal – e as outras duas e, ontem, até as vinte e duas disputa dos três cargos mais importantes;
PMDB-GO, também com 15 (quinze) votos, horas, não sabíamos o que ia ocorrer. Já Presidente, Vice-Presidente e Relator. Demos à
não havendo abstenção, voto nulo ou branco. consta aqui a indicação de candidatos, e Frente Liberal a Presidência e ao PDS o cargo
Em seguida o Sr. Furtado Leite – PFL-RJ, parece-me que só dois estão presentes. É de Relator. Peço as meus colegas do PMDB
proclamado o resultado da eleição declarou os preciso que tenhamos, dentro disso, uma que, embora no escuro, avalizem o nome deste
eleitos investidos nos cargos e os convidou e noção de responsabilidade, principalmente caboclo que está aqui com a maior boa
tomarem seus lugares à Mesa. Ao assumir nós que somos de uma região sofrida, vontade, o maior interesse e a maior
Presidência, o Constituinte João Alves, pela desassistida e carente. Nós nos propusemos, dedicação. Compusemos, meu colega de
ordem, concedeu e palavra ao Sr. Robson através de uma eleição que todo o Rondônia, José Guedes e eu, a
Marinho – PMDB-SP, o qual, após congratular- Brasil conheceu, a assumir compromissos Primeira-Vice-Presidência, abrindo mão de que
ser com os eleitos, comunicou que a com nossas regiões. É preciso ver o descaso o Amazonas e Rondônia figurassem na
função de Relator de Subcomissão de alguns companheiros e o trabalho de Subcomissão A. Quero afirmar a todos os
caberia ao PDS e que e Liderança daquele outros que lutaram incessantemente companheiros que pretendo com orgulho,
partido havia indicado o Constituinte José em prol dos que representam. Sabemos assumir a Primeira-Vice-Presidência, ter
Luiz Meia – PDS-PI, para exercer tão do esforço, por exemplo, dos Deputados atribuições e responsabilidades e, em nome da
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minha região, do Norte do Brasil – lutei ao O SR. CONSTITUINTE FERES segundo candidato, de outro partido, que já
lado do Nordeste e de todas as regiões NADER: – Então, desculpe. Voltarei a apoiar esta atendido na proporcionalidade, em outros
brasileiras – dar a esta Subcomissão sua o companheiro a Fábio Raunhetti, que estava cargos. Portanto, a Bancada do PMDB, a
soberana importância. Muito obrigado. sendo indicado pelo PTB. Muito obrigado. quem cabe a Segunda-Vice-Presidência, não
O SR. CONSTITUINTE FÁBIO O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): poderia ficar prejudicada. Por isso, reiterei e
RAUNHEITTI: – Sr. Presidente, peço a – Vamos dar início à votação. Tem a palavra agradeço a atenção sempre permanente de V.
palavra pela ordem. V. Ex.ª Ex.ª, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): O SR. CONSTITUINTE JOÃO NATAL O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Concedo a palavra a V. Ex.ª, pela ordem. (Fora do microfone. Início inaudível) – – Muito obrigado.
O SR. CONSTITUINTE FÁBIO ...Relator da Comissão de Sistematização não Vamos iniciar a votação.
RAUNHEITTI: – Sr. Presidente, prevalecer o me fiz presente no início desta sessão, O SR. CONSTITUINTE JOÃO
ponto de vista regional de que o Norte e o quando anunciaram a chapa oriunda de um ALVES: – Sr. Presidente, pela ordem.
Nordeste passaram a ter como lema "Um acerto que foi procedido entre as Lideranças O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
abandono do passado", para reivindicar todos das Bancadas. Sou o Deputado João Natal, – Tem V. Ex.ª a palavra.
os postos e Comissões desta Casa do PMDB de Goiás, da Região Centro-Oeste, O SR. CONSTTTUINTE JOÃO
acabaremos por concluir que as outras figurando nesta chapa na condição de ALVES: – Sr. Presidente, acho muito justa a
regiões do País ficarão ao desamparo. Não candidato a Vice-Presidente. Quero me servir pretensão do Deputado Fábio Raunhetti. É
que o Nordeste e o Norte não mereçam ter desta oportunidade para que haja uma muito justa sua pretensão porque era
suas representações sempre à frente dos identificação pessoal de nomes, vinculando- candidato a Vice-Presidente da outra
destinos do País por que, afinal de contas, a os às pessoas, para que os companheiros Comissão a que ia pertencer. Ele pediu para
Pátria somos todos nós Todavia, eu, possam saber quem está pleiteando o cargo. vir para esta Comissão, com muita honra para
representante do Estado do Rio do Janeiro, Estou, com muita honra, na certeza de que nós, e agora surge esse problema. Vejo que o
filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro que haveremos de cumprir aqui a missão maior correto, o que tem sido feito até agora, é
fazia parte da Subcomissão do Sistema que foi reservada a todos nós, no menor seguir a indicação das Lideranças. De modo
Financeiro – e lá estava indicado para o cargo espaço de tempo e com a maior eficiência que faço um apelo a S. Ex.ª no sentido de
de Vice Presidente –, vim para esta possível. retirar a sua pretensão e manter a situação
Subcomissão são, com a mesma condição de O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): anterior, isto é, as indicações feitas pelas
aqui disputar esse cargo. Não vejo por que – Sei das qualificações de V. Ex.ª lideranças partidárias.
razão omitir-se ou decidir-se diferentemente A Presidência vai iniciar a votação. As O SR. CONSTITUINTE FÁBIO
da forma democrática apontada por V. Ex.ª cédulas, volto a repetir, encontram-se na RAUNHETTTI: – Sr. Presidente, diante das
para que outros nomes fossem postos à cabina, para que os Constituintes exerçam ponderações do nobre Constituinte João Alves,
Mesa, sem demérito para ninguém Quero seus votos. homem lúcido, experiente e que moureja nesta
dizer a V. Ex.ª que também tinha vontade – (Votação.) Casa há mais de vinte anos, e também pela
como estava disputando esse cargo na outra O SR. CONSTITUINTE ROBSON forma como a situação foi exposta pelo nobre
Subcomissão. da qual fazia parte – que me MARINHO: – Sr. Presidente, pela ordem. colega, no que diz respeito às lideranças, retiro a
nome, Fábio Raunhetti, Deputado Constituinte O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): minha candidatura em favor daqueles que foram
pelo Estado do Rio de Janeiro, também fosse – V. Ex.ª pede a palavra, pela ordem, com anteriormente indicados. Mas quero dizer a V.
incluído na lista de candidatos para ser relação à votação? Ex.ª que, de acordo com o princípio da
apreciado Era isso que eu tinha a dizer. Quero O SR. CONSTITUINTE ROBSON proporcionalidade aludido pelo nosso
pedir, da s companheiros que me pudessem MARINHO: – Perfeitamente. companheiro, estava incluído o meu nome.
prestigiar Tanto quanto possível, talvez sem a O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite) Evidentemente que não era nesta Subcomissão,
bagagem apresentada pelo nobre colega que – Tem V. Ex.ª a palavra. mas a minha transladação para cá foi feita com
me antecedeu, contudo com esforço sobre- O SR. CONSTTTUINTE ROBSON todos os ônus e honras do cargo a que eu
humano, tenho um propósito firme de buscar MARINHO: – Sr. Presidente, na condição de estava sendo indicado. Contudo, curvo-me
ensinamentos nesta Casa, onde houver um dos Vice-Líderes da Bancada do PMDB, diante das ponderações feitas e quero que V.
recursos, para bem desempenhar meu aqui representando a sua Liderança, eu Ex.ª considere retirada a minha candidatura.
mandato, com todo ardor, durante toda esta gostaria de reiterar a V. Ex.ª e aos membros (Palmas.)
Legislatura. (Palmas.) desta Subcomissão que, respeitada a O SR. CONSTITUINTE WILSON
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): proporcionalidade das bancadas partidárias CAMPOS: – Sr. Presidente, pela ordem.
– Afinal de contas para que cargo V. Ex.ª na Constituinte, coube a cada uma delas O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
gostaria de se inscrever para a eleição? representação nas comissões e – Tem V. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE FÁBIO subcomissões, quer nos cargos de Relatores, O SR. CONSTITUINTE WILSON
RAUNHEITTI: – Sr. Presidente, eu estava de Vice-Presidentes ou de Presidentes. CAMPOS: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes,
indicado para Primeiro Vice-Presidente. Portanto, reitero a V. Ex.ª e aos companheiros mostra, mais uma vez, o meu Partido, o PMDB,
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): da Bancada do PMDB, bem como aos da do que ele peca na base. Estamos aqui, num
– A Presidência torna a reafirmar que não PFL, PDS, PTB, de todos os partidos esforço ingente, há três dias. Não havia
pode interferir em questão de chapas e políticos, que participaram deste acordo, que comunicações de acordos de lideranças, nem
nomes. Ela acolhe as chapas que forem existe uma chapa de acordo partidário, feito de nomes de candidatos. Quero louvar a
postas dentro da uma par apuração entre suas lideranças, e é importante que ele atitude digna do companheiro do PTB que
final. Nessa circunstância, como não existe seja obedecido nesta Casa. Nestas retira o seu nome para, possivelmente, não
outra chapa sobre a mesa, desejo iniciar a condições, figuram nas chapas do acordo complicar a situação. Mas que isto sirva de
votação. partidário, para o cargo de Presidente, o lição ao meu partido, o PMDB, pois não vimos
O SR. CONSTITUINTE FERES Constituinte João Alves – do PFL; para para esta Casa como carneiro ou como boiada.
NADER: – Sr Presidente, pela ordem. Primeiro-Vice-Presidente, Carrel Benevides – Tínhamos o direito de saber disso antes. Só
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): do PMDB; e para Segundo-Vice-Presidente, viemos a saber agora, na hora da votação. O
– Desejo iniciar a votação. João Natal, do PMDB. Portanto, na acordo de liderança só deve ser comandado
O SR. CONSTITUINTE FERES distribuição dos cargos... com consulta, não com imposição. (Palmas.)
NADER: – Sr. Presidente, eu gostaria de O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): Vamos deixar consignado o nosso voto de
sugerir a V. Ex.ª e aos demais companheiros – V. Ex.ª certamente estava ausente quando o descrédito a possíveis acordos que
que respeitassem as indicações partidárias. Presidente anunciou os nomes que está venham a ser feitos, pois isso não é mais
Eu gostaria, também, de incluir o nome do repetindo e que estão devidamente possível. Se queremos um País novo,
representante do Estado do Rio de Janeiro na registrados. se lutamos por uma nova democracia,
Segunda-Vice-Presidência, porque o indicado O SR. CONSTITUINTE ROBSON não podemos aceitar imposições de
não compareceu. MARINHO: – Agradeço a V. Ex.ª última hora, constantes de acordos
(Intervenção fora do microfone – A minha interferência só se deu na em que se prejudicam regiões e bancadas.
Inaudível.) medida em que existe legitimamente um Não é possível continuar assim. E ao meu
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líder, que está aqui comandando os nossos lealdade, pela sua correição, pela sua vai apresentar as suas idéias, o que entende
trabalhos, o meu respeito. Mas tenho a dignidade e pela justa compreensão de que sobre o assunto, e aqui as discutiremos, de
certeza de que assim não podemos continuar, temos aqui de trabalhar em conjunto, sem forma que saia um trabalho homogêneo, para
pois isso não vai nos levar a nada. divergências. peie menos de caráter pessoal. a Comissão Temática que, por sua vez, as
Quem persegue o nada, não chega a lugar Quero também agradecer ao enviará para a Comissão de Sistematização e
algum. Portanto, o meu protesto contra esta Constituinte Furtado Leite, que presidiu esta depois para o Plenário. Esperamos fazer um
situação e os meus parabéns e meu apoio reunião com isenção e, como sempre, com trabalho que não sofra alterações maiores.
ao companheiro do PMDB e ao companheiro muita inteligência e competência. Neste sentido – hoje é quarta-feira, aí vem a
João Alves, do PFL, pela maneira como Quanto a mim, devo dizer que não Semana Santa – teremos uma reunião na
conduziu a questão e como convenceu o pleiteei a Presidência desta Comissão. Não terça-feira seguinte à Semana Santa, às dez
colega de que realmente estamos diante de solicitei, em tempo algum, da liderança ou de horas, para apreciarmos o que já tenha sido
um fato consumado. De fatos consumados e quem quer que seja, o cargo. Com sete feito pelo Relator e começarmos as nossas
de pratos cheios estamos fartos e não mandatos sucessivos de Deputado Federal discussões sobre o assunto.
vamos aceitá-los mais, após esta reunião. pela Bahia, Presidente por diversas vezes da O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
Fica firmado o meu protesto, Sr Presidente, Comissão de Orçamento da União, Relator Sr. Presidente, pediria a V. Ex.ª que me
e manifesta a conceituação de das contas do Sr. Presidente da República, concedesse a palavra por alguns minutos.
que vamos prosseguir na normalidade dos também por várias vezes, Presidente até de Primeiro, para agradecer a confiança que as
nossos trabalhos. reuniões internacionais sobre orçamento, lideranças partidárias depositaram no meu
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): costumo dizer que nesta Casa as pessoas nome, para dizer que tenho consciência da
– A Presidência autoriza registrar em Ata o devem ser escolhidas e não devem pedir responsabilidade que cada uni de nós, que
protesto dr V. Ex.ª cargos, porque isto não atende aos objetivos integra a Assembléia Nacional Constituinte,
Vamos dar prosseguimento à que inspiraram a convocação da Assembléia tem para com o futuro do Brasil. Acredito que
votação. Os suplentes não precisam ser Nacional Constituinte. não está em jogo o interesse de partidos, de
chamados, pois esta completo o quorum Os homens aqui devem trabalhar regiões, mas o interesse maior do País. Assim
regimental visando aos interesses do povo e do País, esperamos trabalhar, com humildade, mas
(Votação) porque só assim poderemos levar avante este com convencimento também de que
O SR PRESIDENTE (Furtado Leite): trabalho que iniciamos. Nestas condições – sou deveremos dar tudo de nós, para que o Brasil
– A Presidência convida os Suplentes; do Partido da Frente Liberal – estou acostumado receba uma Carta Constitucional que alcance
Expedito Machado Fernando Gomes, Geraldo a presidir comissões sem preconceito partidário, os interesses maiores da sua sociedade.
Bulhões, José Mello Manoel Ribeiro, porque entendo que esta matéria envolve menos Entendo que a função do relator
Paulo Almada e Paulo Roberto, do PMDB; interesses regionais, pessoais, partidários etc., restringe-se mais a oferecer pareceres ou
José Maurício, do PDT, e Roberto Jefferson, do que o interesse da Nação. Todos nós coletar as diversas propostas que porventura
do PTB. Encerrada a votação. devemos trabalhar visando unicamente aos venham ao Plenário desta Subcomissão. Acho
Compareceram, pelo livro de presença, 12 interesses do povo e do País, dando o melhor de até que o relator não tem muita autonomia ou
Constituinte efetivos nós todos e de cada um para que realizemos um vôo próprio numa ação de orçamento e
e 1 suplente. Solicito aos escrutinadores trabalho à altura dos problemas que nos fiscalização financeira. Mas espero,
que iniciem a apuração. (Pausa.) Votaram desafiam por século e meio de independência de evidentemente, como Constituinte que sou
14 Srs Constituintes: 13 efetivos e 1 vida política. consciente da minha responsabilidade, também
suplente. Proceda à apuração dos votos. Ditas estas palavras, designo Relator oferecer as minhas propostas ao plenário desta
(Pausa.) da matéria objeto desta Subcomissão de Subcomissão. Aí o farei como membro da
(Apuração dos votos.) Orçamento e Fiscalização Financeira, de Subcomissão e como Constituinte, e tenho
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): acordo com as indicações enviadas pelas certeza que para isso contarei com a boa
–A Presidência vai anunciar o resultado da lideranças e com a eleição verificada – esta vontade, a compreensão e a inteligência dos
apuração. Votaram 14 Srs. Parlamentares. eleição decorreu do entendimento no qual ele companheiros que integram esta Subcomissão
Quatorze votos para o Presidente, estava incluído como Relator, portanto, ele e que, naturalmente, haverão de suprir as
Constituinte João Alves; 14 voto para o Vice- pode se considerar eleito, porque foi dentro minhas deficiências pessoais.
Presidente, Constituinte Correi Benevides; deste princípio que ele agora assume o cargo Tenho também consciência de que
14 votos para o Segundo vice- – o Constituinte José Luiz Maia, nosso velho não sei de tudo – e infelizes são aqueles que
Presidente Constituinte João Natal. Não conhecido, homem competente que não cria pensam que sabem de tudo. Mas tenho boa
havendo impugnação na apuração, declaro problemas, é sempre solução, e que poderá vontade, tenho desejo de trabalhar e quero
eleitos os Srs. Constituintes anunciados. nos dar um espelhe do que pretende fazer na emprestar o meu entusiasmo, a minha
(Muito bem! Palmas.) qualidade de Relator. compreensão, a minha vontade de colaborar
Convido o Presidente eleito, Já mandei verificar, e sei que não nesta hora decisiva do Brasil, para que
bem como os respectivos Vice-Presidentes, existe calendário para a Subcomissão, o que possamos aqui, nesta Subcomissão, dar
para assumir os trabalhos da presente é de certo modo estranho, porque uma exemplos. Serei assíduo, absolutamente
sessão. Subcomissão, quando se instala, tem responsável, mas espero, sobretudo, contar
(Assume a Presidêncião o Sr. previamente o calendário de suas atividades, com a colaboração, com a compreensão e
Constituinte João Alves.) reuniões etc. Não o temos, de modo que vou com a ajuda dos demais companheiros desta
O SR CONSTITUINTE ROBSON deliberar sobre este assunto. Subcomissão. Se nós nos unirmos,
MARINHO: – Sr. Presidente João Alves, peço Durante a minha campanha eleitoral, haveremos de fazer um grande trabalho.
a palavra pela ordem. escrevi sobre a Constituinte, sobre como ela Tenham todos esta certeza; não serei
O SR PRESIDENTE (João Alves): – procederia, como a Assembléia se manifestaria evidentemente um problema. Procurarei ser
Tem V. Ex.ªa palavra. sobre os diversos assuntos, o sistema, o uma solução, como disse o nosso Presidente
O SR. CONSTITUINTE ROBSON processo, e é este sistema que adotarei aqui Agora. ajudem-me porque é um trabalho da
MARINHO: – Sr. Presidente, cumpre-me nesta Subcomissão, como Presidente. maior importância, da maior responsabilidade.
comunicar a V. Ex.ª que, dentro do assado O Sr. Relator deve preparar um Quero, portanto, com essas palavras,
partidário, a relatoria cabe ao PDS. Assim, a esboço do que pretende apresentar à dizer a V. Ex.ª que, embora não exista no
liderança daquele partido indicou como Subcomissão sobre a matéria, isto é, sobre o Regimento da Assembléia Nacional Constituinte
Relator o Constituinte José Luiz Maia. orçamento e fiscalização financeira. Há muito normas que disciplinem o funcionamento das
(Palmas.) Era esta a comunicação que me coisa feita sobre o tema, e estou à disposição comissões temáticas e tampouco das
cabia fazer a V. Ex.ª de S. Ex.ª para ajudá-lo, na qualidade de seu subcomissões, o Relator da Comissão Temática,
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – sucessor. Como disse, não tenho preconceito Constituinte José Serra, de São Paulo, nos
Inicialmente, quero agradecer aos nossos partidário, não me incomodo de ser convoca – o Presidente e o Relator desta
colegas Constituintes a eleição, por também seu assessor em algumas Subcomissão – para uma primeira reunião, a
unanimidade dos presentes, tanto para a coisas sobre as quais ele pretenda me realizar-se hoje. Dentro deste entendimento,
Presidência como para as duas Vice- consultar. Depois, o Relator trará aqui o seu esperamos oferecer a nossa colaboração.
Presidências. Em segundo lugar, agradecer, esboço para discutirmos, emendarmos - Portanto, os companheiros fiquem certos de que,
muito sensibilizado, ao Constituinte Fábio naturalmente vai sofrer muitas emendas, de minha parte, terão boa vontade e senso de
Raunhetti pelo seu amadurecimento, pela sua muitas alterações, porque cada colega responsabilidade. (Palmas.)
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 4

O SR. PRESIDENTE (João Alves): – O SR. CONSTITUINTE WILSON O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
Fica, então marcada a reunião.para o CAMPOS: – Sr. Presidente, eu solicitaria que Gostaria de informar o seguinte; estamos
dia 21. V. Ex.ª poderá iniciar os seus não fosse marcada para antes do dia instalando as subcomissões fazendo a eleição
trabalhos. 22, porque senão vai haver um esvaziamento da Presidência e dos Vice-Presidentes e,
O SR. CONSTITUINTE WILSON na Semana Santa, os companheiros naturalmente, a designação do Relator. Mas
CAMPOS: – Sr. Presidente, a Nação se não virão. Então, que não seja antes do dia acontece que, lamentavelmente, nesta Casa as
mobiliza para. no dia 21, prestar uma 22. coisas andam ainda muito a passo de tartaruga.
homenagem a Tancredo Neves. O meu O SR. PRESIDENTE (João Alves) – Essa a grande realidade. Temos que, inclusive,
Estado estará a serviço desta homenagem. A Eu sei que não pode ser antes do dia 22. formar o corpo técnico que vai trabalhar,
Assembléia Legislativa de Pernambuco e Não há condição para o Relator, inclusive, assessorar a Presidência e a Relatoria. Isso tudo
também a Constituinte – já convocada pelo começar o seu trabalho. Ele tem que vai demandar, naturalmente, algum tempo. E até
Deputado Ulysses Guimarães – prestarão sua apresentar alguma coisa e ele precisa vamos saber se já existe alguma proposta sobre
homenagem a Tancredo Neves. Muitos ficarão de tempo. Tem a palavra o nosso Vice- orçamento, sobre fiscalização, na Casa. Acho
no seu Estado. Eu não poderei chegar no dia Presidente. que o que foi acertado aqui é que teremos uma
21. O SR. VICE-PRESIDENTE (João reunião com o Presidente e o Relator da
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Natal): – Quero, preliminarmente, e de forma Comissão Temática – os Constituintes Francisco
Faremos, então, uma alteração. Não há célere, agradecer aos companheiros a Dornelles e José Serra, hoje à tarde.
problema. Fica marcada sessão para o dia 22, confiança em mim depositada. Dentro das Naturalmente, eles têm a mesma pressa – eu
às 10 horas. Quanto mais tempo se der limitações que o exercício da Segunda-Vice- não diria pressa no sentido de
ao Relator, melhor para que ele vago seu Presidência obviamente nos reservará, irresponsabilidade, porque acho que não
esboço e comecemos a discuti-lo. Todos vão procuraremos fazer jus a essa confiança devemos nos preocupar muito com essa história
colaborar com ele, não só pelo desejo de demonstrada pelos companheiros, de que vamos fazer essa Constituição amanhã,
colaborar, mas porque há interesse pessoal referendando o nosso nome para a mesa pois acho que devemos fazer um documento
de cada um em participar, em defender diretiva desta Subcomissão. que seja duradouro e que atenda a todos os
suas idéias. De modo que aí começaremos Mas gostaria, Sr. Presidente, à luz das anseios da Nação brasileira. Para isso, acho que
o debate, e é do debate que sairá sugestões fornecidas e diante da constatação devemos ter a necessária responsabilidade de
o resultado final para a elaboração do seu da inexistência de normas regulamentadoras nos instalarmos condignamente e em bons
relatório. do procedimento que haveremos de termos, para que a Casa funcione e aqui
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – estabelecer nesta Subcomissão, de dar o meu possamos aproveitar melhor a inteligência dos
Tenho ainda a impressão, Sr. Presidente, de ponto de vista. Tenho para mim que talvez não inúmeros Constituintes que integrarão esta
que deveríamos, depois de escutarmos o que começaremos por aquilo que Subcomissão e outras na Casa.
têm a dizer o Presidente e o Relator da necessariamente deverá ser o fim, pelo Assim, eu pediria apenas
Comissão Temática – Francisco Dornelles e relatório. Acho que teremos que começar compreensão para que nos deixassem ao
José Serra, respectiva-mente – que pelas sugestões, através das mais variadas menos estruturar, quanto à parte de pessoal,
naturalmente haverão de estabelecer as iniciativas, que obviamente serão oferecidas a nossa Subcomissão, a fim de que possamos
diretrizes de funcionamento das três pelos companheiros integrantes desta oferecer melhor atendimento ao nobres
Subcomissões que integram a Comissão subcomissão. companheiros que serão integrantes da
Temática – fixar nosso calendário. Não sei se tem algum outro Comissão. Quanto a mim, não tenho nenhum
Eu pediria vênia ao Presidente para acontecimento no âmbito das comissões, das impedimento para estar aqui amanhã ou
que antes fixássemos essa data e, subcomissões, ou partidário, que possa obstar depois. Acho, entretanto. que devemos
posteriormente, faríamos a comunicação para a realização de uma reunião nossa amanhã, montar uma Subcomissão capaz de funcionar,
cada Deputado do que foi acertado a partir de por exemplo. O que sei, Sr. Presidente, atendendo bem a todos os companheiros que
hoje à tarde, nessa reunião, que, tenho a é que a Nação inteira está clamando por dela participarão.
impressão, vai definir o correto funcionamento providências concretas de nossa parte naquilo O SR. CONSTITUINTE WILSON
do nosso trabalho. que é a razão maior de ser e de existir maior CAMPOS: – O Deputado João Natal mostrou
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – dessa Assembléia Nacional Constituinte; a sua preocupação. Mas esta Subcomissão, até
Mas isso não impede que tenhamos a elaboração da Carta propriamente dita. o dia 24, segundo me parece, apenas
reunião. A Comissão Temática não vai Então, em parte, estou discordando receberá sugestões. Ela não iniciará seus
modificar; ela vai procurar dar entendimentos das sugestões oferecidas. Entendo que se trabalhos ainda, apenas foi eleita sua Mesa
e não mudar as datas. concebível em função de limitação de tempo, diretora. Os trabalhos prosseguirão com a
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – se não existir alguma outra reunião no horário responsabilidade da Mesa, e é por isso que
Sr. Presidente, acho que não é uma questão extra-regimental da Assembléia Nacional ela foi eleita. O Relator não vai se manifestar
de discordância. É apenas uma questão de Constituinte, ou seja, no período da manhã, em nada, a não ser, como já disse no
racionalização das nossas ações, das nossas seria oportuno esta subcomissão se reunir princípio, no sentido de apresentar sugestões
atividades. Eu preferia que marcássemos para tratar de alguma coisa que diga respeito para ele mesmo e para a Subcomissão.
essa reunião a partir do trabalho que faremos ao cumprimento das suas obrigações, uma Então, esta Subcomissão não vai ter nenhum
hoje à tarde com o Presidente e o Relator da vez que V. Ex.ª e o Relator daqui a instantes trabalho até o dia 24, a não ser o de receber
Comissão Temática, o que se dará hoje, às se reunirão com os Relatores e Presidentes sugestões, porque falece ao Relator o direito
18h 30min. É apenas uma questão de das outras subcomissões, sob os auspícios de procurar impor qualquer outra condição.
praticidade. Após, convocaríamos nossos diretivos do Relator e Presidente da Comissão Ele vai ser relator das sugestões, não só das
companheiros. Temática, e obviamente lá se acertará alguma dos membros da Subcomissão como das dele
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – coisa no sentido de traçar realmente um próprio e das dos 559 Constituintes. Então,
Então, fica assim; manda-se por escrito uma roteiro para as subcomissões. necessário se faz, Constituinte João Natal,
comunicação a cada membro da Comissão Eu gostaria, como sugestão, que V. que V. Ex.ª, o Constituinte Carrel Benevides, o
sobre a data que deve ser feita a próxima Ex.ª e o nosso Relator levassem a Presidente e o Constituinte José Luiz Maia,
reunião. Fiz essa proposta baseadona preocupação da nossa subcomissão no que têm a responsabilidade maior em definir
experiência que tenho da matéria, do assunto. sentido de realmente começarmos esses as diretrizes da Subcomissão, depois de o
Já que não há um calendário prefixado, trabalhos, porque tenho certeza de que a material estar nas suas mãos, acordem
entendo que devíamos estabelecer então maioria dos companheiros tem propostas quanto à forma de trabalharmos. Digo isso
determinados princípios e normas para a concretas para oferecer, para serem porque vamos volver aos nossos Estados
realização de reuniões. A sugestão do Relator analisadas, se necessário a partir de hoje, para buscar também alguma sugestão. E
é para que ele já começe a trabalhar. Mas, em aqui nesta subcomissão. Então, não vejo por tenho a impressão de que, dentro desse prazo
princípio, defendo o dia 22 como data para a que esperarmos o dia 21 ou 22, se tivermos o até o dia 24, prazo constitucional, não vamos
próxima reunião. tempo liberado para este fim a partir de ter muito o que fazer, a não ser receber as
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – amanhã. Se houver a sobreposição de algum deliberações de como V. Ex.ª, os quatro,
Perfeitamente. Parece também, Sr. outro acontecimento que eu não esteja pretendem dirigir a Subcomissão, recebendo,
Presidente, que teremos reuniões plenárias sabendo previamente, tudo bem, mas, se não naturalmente, as luzes dos companheiros
das três subcomissões. É preciso que se houver, entendo que amanhã deveremos nos José Serra e Francisco Dornelles, que
ajuste um dia de funcionamento. reunir e começar a trabalhar. vão ditar outras normas, afora as que
5 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

já estão ditas pelo próprio Regimento. A Discutirei os assuntos, como discuto com todo metendo a trazer a este plenário, no próximo
Subcomissão se instala hoje para receber o mundo, mas sem interferência. Aqui manda dia seis de maio, documento elaborado pelos
sugestões, que serão estudadas pelo Relator. a Subcomissão e os seus membros. Quero Ministros daquela Corte de Contas, com
Posteriormente, ele as terá de submeter que isso fique bem claro, para que depois não respaldo em reivindicações sugeridas por todo
ao plenário da Subcomissão, para que haja nenhuma decepção. Iremos à reunião o segmento do Sistema de Fiscalização, a fim
tomemos conhecimento das sugestões como os Presidentes e Relatores das de servir como subsídio ao trabalho a ser
apresentadas, e, depois, ao plenário geral Comissões temáticas, hoje à tarde, e amanhã elaborado pelo Relator da Subcomissão de
da Subcomissão, que decidirá se as expediremos uma correspondência a todos os Orçamento e Fiscalização Financeira. A seguir
encaminha nu não para a chamada Comissão membros da Subcomissão. colocou-se à disposição dos Constituintes
de Sistematização. Do contrário, caberá só Esperamos também contar com a presentes. O Sr. Presidente da Subcomissão,
aos quatro decidir das outras reuniões. colaboração dos dois colegas da Vice- Constituinte João Alves, franqueou então a
Nós outros vamos por aí como mensageiros Presidência, porque não pretendo ficar palavra aos senhores José Luiz Maia, José
da verdade, como bandeirantes, para sozinho na Presidência. Pretendo dividir com Guedes, Fábio Raunheitti, Roberto Jefferson,
trazer sugestões a fim de que realmente eles os nossos trabalhos. O Constituinte João Messias Góis, Firmo de Castro e João Natal.
processemos uma Constituição que seja a Natal já deu demonstração de que quer Durante os debates ficou decidido que
manutenção do sonho e não da desilusão trabalhar mesmo, de maneira que conto com compareceriam ao plenário da Subcomissão,
neste País. S. Ex.ª, bem como com o meu colega aqui, além do Ministro Fernando Gonçalves, o
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – que não falou, mas demonstrou também que Ministro Mário Henrique Simonsen, o Doutor
Eu quero dar uma explicação ao Deputado João nisto está solidário conosco. Muito obrigado. Dilson Funaro, o Secretário Andréa Callabi, o
Natal. Se V. Ex.ª me permite, esta Presidência Está encerrada a reunião. Doutor Antônio Augusto Oliveira Amado, o
deverá receber, dentro de 8 a 10 dias, Doutor Márcio Reinaldo Moreira e a Doutora
aproximadamente 10 mil sugestões. É incrível. Termo de Reunião Sulamis Dain. A Conferência, os debates e as
Já me telefonaram hoje dizendo que há mais de interpelações, com as devidas respostas,
quinhentas. Elas serão despachadas para o A Subcomissão de Orçamento e foram gravadas por inteiro e o texto, após
Relator, que as trará ao plenário. Como não há Fiscalização Financeira deixou de reunir-se apanhamento, tradução e datilogaria, passará
geração espontânea, ele tem que trazer o que no dia 23 de abril de 1987 por insuficiência de a fazer parte integrante desta Ata. Nada mais
recebeu e não o que ele fez. Nos trará todo esse quorum. havendo a tratar, às 11:30 horas, o Sr. João
material para discutirmos e começamos o nosso Estiveram presentes os Senhores Alves agradeceu mais uma vez a presença do
trabalho. Isto não impede que V. Ex.ª ou eu Constituintes: João Alves, Presidente; José Presidente da Suprema Corte de Contas,
próprio façamos nossas sugestões e as Luiz Mala, Relator; Messias Góis, Naphatali Ministro Fernando Gonçalves e encerrou a
encaminhemos para ele. Todos nós temos de Alves, Fábio Ranheitti, Jésse Freire, Firmo de reunião e, para constar, eu, Benício Mendes
cair nas mãos dele. S. Ex.ª vai relatar o que viu, Castro, Furtado Leite e ausentes Carrel Teixeira, Secretário, lavrei a presente
o que sentiu, o que quer e, se quiser, pode Benevides, João Natal, Carlos de Caril, João Ata, que vai a publicação e, após lida,
também emitir opiniões. Nós aceitamos ou não. Carlos Bacelar, José Guedes, Lézio Sathler, discutida e aprovada, será assinada pelo Sr.
Então, isso é básico. Eu estou dando um prazo Márcio Braga, Wilson Campos, Jovanini Presidente.
curtíssimo para ele. Ele devia ter, no mínimo, 20 Masini. Flávio Rocha e Feres Nader.
dias, porque eu vou ficar trabalhando aqui, Sala da Subcomissão, 24 de abril de Inteiro Teor do Apanhamento
recebendo as propostas e despachando para 1987. – Benício Mendes Teixeira, Secretário. Taquigráfico da Reunião realizada
ele. Talvez seja um exagero esse número de 10 no dia 28-4-87 e que fará
mil; mas que sejam duas ou três mil ... É Ata da segunda reunião, ordinária, parte integrante da Ata dessa Reunião
baseado nisso que ele vai fazer o seu trabalho. realizada em 28 de abril de 1987
Mas não vamos ler todo o trabalho que chegar, O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
pois isso seria difícil; ele será resumido para ser Aos 28 (vinte e oito) dias do mês de abril Srs. Constituintes membros desta
apresentado e discutido. do ano de 1987 (um mil e novecentos e oitenta e Subcomissão, convocamos a reunião para
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – sete) às 10:00 horas, reuniu-se a Subcomissão definir normas de trabalho e estudo e decidir
Há um outro problema que eu gostaria de de Orçamento e Fiscalização Financeira, na sala sobre a conveniência de convocação de
trazer ao plenário. Pelo Regimento da C-2, do Anexo 11, da Câmara dos Deputados. entidades representativas dos segmentos da
Assembléia Nacional Constituinte, o prazo Presentes os Senhores Constituintes titulares sociedade, conforme disposto no art. 14 do
para que se apresentem sugestões se João Alves, Presidente; Carrel Benevides e João Regimento Interno da Assembléia Nacional
esgotaria no dia 22. Hoje estamos instalando Natal, Vice-Presidentes; João Luiz Maio, Relator, Constituinte. Ao mesmo tempo, ouviremos o
as últimas Comissões Temáticas e sua Firmo de Castro, João Carlos Bacelar, José Presidente do Tribunal de Contas da União,
Subcomissões. Ficará para amanhã a Guedes, Lázio Satheler, Naphtali Alves, Flávio órgão diretamente ligado ao Poder Legislativo,
definição da Comissão de Sistematização. Rocha, Feres Nader, Messias Góis, Fábio com quem contamos para nos auxiliar em
Uma das propostas que hoje levarei ao Raunheitti e o suplente Roberto Jefferson. todas as atividades de fiscalização financeira
Presidente da Comissão é a de que se Estiveram ausentes os senhores Constituintes e orçamentária. Enfim, em todos os assuntos
consiga ampliar o prazo de recebimento titulares Carlos de Carli, Márcio Braga, Wilson relacionados ao Orçamento da União,
dessas sugestões. Vejo o dia 22 como um Campos, Jovannl Masinl, Furtado Leite e Jessé contamos com o Tribunal de Contas da União
prazo muito exíguo. Agora, cada um Freire. ATA; Foi dispensada a leitura da Ata da até mesmo no que se refere às contas do Sr.
de nós vai voltar aos seus Estados e, reunião anterior, a pedido do Relator, constituinte Presidente da República, cuja fiscalização
naturalmente, vai trazer as sugestões de José Luiz Maia, já que foram distribuídas cópias primeiro passa pelo Tribunal e, depois, pelo
alguns órgãos, associações ou a todos os membros da Subcomissão; não julgamento político do Congresso Nacional. O
representações de classe. Portanto, o prazo é houve discussão e, colocada em votação, foi ela Presidente do Tribunal, nosso ex-colega,
muito curto para que essas propostas sejam aprovada, por unanimidade, sem restrição. Ministro Fernando Gonçalves, encontra-se
apresentadas. Este é um outro problema que Ordem do Dia: passando à Ordem do Dia, o Sr. aqui presente para trazer a contribuição do
eu gostaria de trazer. Presidente, Constituinte João Alves, comunicou Tribunal ao Relator da Subcomissão e
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – que a presente reunião foi convocada para ouvir demais Constituintes, a fim de que
Vamos acolher a sugestão de enviarmos a o Ministro Fernando Gonçalves, Presidente do possamos realizar um trabalho mais
correspondência aos membros da Tribunal de Contas da União. Em seguida o Sr. consistente e com a experiência do Tribunal,
Subcomissão por ser a melhor. Outro fato Presidente, Constituinte João Alves, tecendo principalmente no setor de fiscalização, dar ao
importante que quero informar a V. Ex.ª e a sucintos comentários acerca da temática País um capítulo à altura do interesse desta
todos os membros da Comissão é que eu não "Sistema de Fiscalização", convidou o expositor Nação.
presido uma comissão sem autonomia. a compor a Mesa e concedeu-lhe a Passo a palavra ao Ministro Fernando
Qualquer interferência implica a minha palavra, o qual, agradecendo a hora de estar Gonçalves, que dirá do interesse do Tribunal e
demissão imediata da Comissão. Isso fica presente no plenário da Subcomissão de do que poderá fazer para ajudar na
combinado; só presido a Subcomissão com Orçamento e Fiscalização Financeira, elaboração do setor da Constituição entregue
autonomia. Eu entendo ser uma vaidade mas discorreu com eloqüência acerca do tema, à competência desta Subcomissão.
não por ter mais conhecimento do que os abordando aspectos gerais de atuação do O SR. FERNANDO GONÇALVES: – Caro
outros na matéria. TCU, sua finalidade e importância e se compro- Presidente e ex-colega de Câmara dos Deputados,
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 6

Constituinte João Alves, caro Relator. senso do Tribunal de Contas e dos Tribunais Para encerrar, digo-lhes que, em
Constituinte José Luiz Maia, a quem tenho o de Contas dos Estados, e até dos Municípios apenas cinco meses do ano passado,
prazer de conhecer agora. Srs. Constituintes. do Rio de Janeiro e de São Paulo. evitamos que fossem aplicados irregularmente
inicialmente. quero dizer que o Tribunal de Queremos oferecer um trabalho mais de cem milhões de cruzados por mês, o
Contas da União está inteiramente à objetivo, que represente a vontade desses que representa, em cinco meses, quinhentos
disposição da Constituinte, particularmente, segmentos – se assim os podemos chamar – milhões de cruzados. Encontramos, por
desta Subcomissão e das que nos dizem e não a vontade do Presidente, mas os pontos exemplo, pessoas recebendo auxílio-moradia
respeito, como a Subcomissão do Poder de vista que cada um tem. Conversamos, e ocupando moradias oficiais. Fizemos as
Legislativo e as Comissões correspondentes. portanto, nesses termos, com o Presidente e devoluções. Encontramos outras tantas
Saímos da Câmara de Vereadores de um com o Relator da Subcomissão. Não irregularidades, as quais podemos,
município interiorano. Vivemos, por oito anos, na poderíamos faltar, já que estava anunciada a posteriormente, através de relatório, mostrar
Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, nossa presença aqui, para dizer da nossa como a secretaria dinamizou os trabalhos do
depois de termos passado pela Prefeitura do disposição de colaborar e de estar ao dispor Tribunal. Hoje, criamos a expectativa de
nosso Município. Na Assembléia Legislativa, desta Subcomissão, bem como da Comissão controle em todo o País.
tivemos a vivência de secretário, líder, presidente do Poder Legislativo, pois não queremos A qualquer momento, pode chegar
da Assembléia, entre outros cargos. Aqui, na outra coisa, senão a integração cada vez uma equipe do Tribunal de Contas para
Câmara dos Deputados, adquirimos vivência de maior. Consideramos fundamental para a fiscalizar, sem prévio aviso. Não mais
abrangência nacional, após dois mandatos – democracia que almejamos implantar no País, anunciamos os levantamentos e as inspeções
portanto, oito anos de trabalho – participando uma integração cada vez maior, para que se que vamos fazer. Fazemos de surpresa.
sempre das Comissões de Economia e de evite a corrupção e o mau emprego dos Queremos acompanhar a aplicação dos
Fiscalização Financeira, ao lado de Tancredo dinheiros públicos, que continuam existindo, recursos, quando ela está sendo realizada. É
Neves e de outras tantas figuras. Do Senado para que se evite, então, o que tem a fiscalização concomitante.
Federal recebemos o apoio para integrar a mais denegrido, infelizmente, a imagem do Poder Não me alongarei mais, porque, como
alta Corte de Contas do País. Público como um todo. Precisamos, disse ao Presidente, este seria um encontro
Hoje, temos o Tribunal quase efetivamente, de uma integração do trabalho informal, uma demonstração da nossa
inteiramente parlamentarizado. Os Ministros eficiente do Tribunal de Contas com o trabalho consideração, do nosso respeito e da nossa
Thales Ramalho, Ademar Ghisi, Alberto eficiente do Congresso Nacional. Tenho estima pelo trabalho de V. Ex.ª Portanto,
Hoffman, Ivan Luz, todos passaram por esta convicção – porque conheço cerca de um prometo trazer uni trabalho, a cada um dos
Casa, além do Ministro Luciano Brandão, ex- terço dos Constituintes e a nova geração que membros desta Subcomissão, que poderá dar
Diretor-Geral da Câmara dos Deputados, que aqui chegou – de que daqui sairá um trabalho uma noção perfeita do pensamento do
aqui viveu e conhece todo o seu que há de dignificar os foros de civilização do Sistema Tribunais de Contas.
funcionamento. País, segundo a tradição de homens como Agradeço ao Sr. Presidente, o honroso
Temos, portanto, idéia da magnitude e Rui Barbosa, que imaginaram e deram ao convite, mas não ficaremos nisso. Faremos,
importância desse trabalho. Se tivesse previsto Brasil um Tribunal de Contas. O que não é inclusive, encontros informais com o Presidente,
esta Constituinte, talvez não tivesse deixado as invenção nossa pois se trata de uma o Relator e os Srs. Constituintes. Ficaremos à
lides políticas, porque me empolga e emociona instituição que começou com Napoleão e disposição, permanentemente, para trazer o
profundamente o fato dela participar. De outros. nosso assessoramento, a qualquer momento e a
qualquer forma, órgão de colaboração do Poder Não é uma instituição, como sempre qualquer instante. O Tribunal de Contas quer
Legislativo, queremos integrar, cada vez mais, o digo, tupiniquim, embora Rui Barbosa fosse estar ligado, umbilicalmente, ao Poder
Tribunal de Contas ao Congresso Nacional baiano e a tribo tupiniquim seja da Bahia. Legislativo, sobretudo nesta hora, em que a
Queremos prestar nossa colaboração, enviando lnclusive, nos países da cortina de ferro, como Constituinte está em marcha, para a glória e o
para cá nossas experiências, a fim de a China, por exemplo. Estou convidado, conceito cada vez maior do País, no concerto
concretizar o que sonhamos há muito tempo. desde o ano passado, para visitar a China e das Nações. (Palmas.)
Sei, por experiência própria, que o Deputado e o levar a nossa experiência. Em função da O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Senador não têm tempo, pela própria estrutura abertura, na URSS, estão sendo instituídos Dou a palavra, inicialmente, ao Relator,
de que dispõem, para fazer uma inspeção, um tribunais de contas, as controladorias, para Deputado José Luiz Maia.
levantamento, o que hoje é rápido. que possam fiscalizar, devidamente. Portanto, O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
Criamos, na minha Presidência, a faz parte do processo democrático. O Tribunal Sr. Presidente desta Subcomissão, Deputado
Secretaria de Auditoria, que hoje faz o que a está umbilicalmente ligado ao Poder João Alves, Sr. Presidente do Tribunal de
imprensa denominou "tropa de choque". Aqui Legislativo, para oferecer a sua colaboração. Contas, Ministro Fernando Gonçalves,
vim hoje, em caráter informal, para dar uma Fizemos um julgamento técnico, V. Erro fazem companheiros Constituintes, membros desta
satisfação n Subcomissão e ao meu prezado um julgamento público, um julgamento Subcomissão. Estamos numa luta contra o
amigo, Deputado João Alves, com quem convivi político. Temos, então, de dar embasamento tempo. Temos procurado acompanhar ou não
nesta Câmara dos Deputados, de que estamos técnico – como a mim faltou, no tempo em nos distanciarmos dos prazos que nos
trabalhando em tempo integral – pela manhã e à que fui Deputado – para poder exercer com competem para a elaboração do nosso
tarde – sobre um estudo que será objetivo e eficiência e eficácia o mandato que, trabalho. A vinda de V. Ex.ª, Ministro Fernando
pragmático, dentro da orientação que julgo ter honrosamente, V. Ex.ª possuem. Portanto, Gonçalves, faz parte da determinação
esta Subcomissão, segundo os entendimentos não quero fazer apenas um discurso, mas regimental, que autoriza a convocação de
que mantive com o Presidente e o Relator. trazer a manifestação de consideração e alto entidades representativas da sociedade e de
Devemos entregar a V. Ex.ª na respeito do Tribunal pela Assembléia Nacional pessoas que, de certa forma, possam suscitar
próxima segunda ou terça-feira – já estou Constituinte no desejo de empregarmos todos ou sugerir idéias, que deveremos absorver
Informado de que o prazo das sugestões vai os esforços para que, desta Subcomissão, da para a formulação do capítulo do orçamento e
até o dia 8 de maio. Então, podemos marcar, Comissão, e finalmente da Constituinte, da fiscalização financeira da nossa futura
se o Presidente e V. Ex.ª concordarem, resulte a Constituição com que o povo sonha Constituição. É evidente que o Tribunal de
conforme sugerido pelo próprio Relator, um e que irá refletir a cultura, o pensamento mais Contas da União possui um lastro de
debate na próxima terça-feira, às 17 horas, ao amplo do Constituinte eleito, que sem dúvida experiência que poderá permitir a todos nós
qual entraria o pensamento oficial que alguma, represente a vontade do povo um bom elenco de idéias com o objetivo
representará o pensamento de todos os brasileiro. principal de traçarmos princípios justos, para
Ministros, não apenas do Tribunal de Contas, Sr. Presidente, estou à disposição da os dois capítulos da maior importância para a
mas também o consenso dos Tribunais de Subcomissão para, na próxima semana, no Constituição e, sem dúvida nenhuma, para a
Contas dos Estados. Esta Comissão, que dia indicado por V. Ex.ª trazer o pensamento sociedade, para a vida pública do País.
tenho a honra de presidir, e constatada dos Tribunais de Contas, ou melhor, do Entendemos que no orçamento
por Ministros e Conselheiros dos sistema Tribunais de Contas, não apenas o repousam todas as ações e limitações do
Tribunais de Contas dos Estados. Inclusive, pensamento do seu Presidente. Temos Poder Público. É que deveria estabelecer um
quando o nobre Deputado João Alves me procurado, como disse, agilizar o Tribunal de equilíbrio entre receita e despesa, porque
telefonou, preparei um estudo no final de Contas. V. Ex.ª, sempre bem informados, entendo também o orçamento quase como
semana, mas, ontem, reunidos, verificamos sempre em contato com a imprensa, devem um plano de ação dos poderes. A nossa
que o trabalho deveria ser não ter percebido que nos últimos dois anos o preocupação como Relator da Subcomissão é
apenas meu, mas representativo do con- Tribunal mudou muito de figura, dinamizou-se. tentar fazer com que a sociedade brasileira
7 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

participe, de certa forma, da elaboração do de Contas do Estado para fiscalizar todos os para evitar que os recursos federais não sejam
orçamento. Temos idéias que, naturalmente, municípios, principalmente dos Estados com fiscalizados por nós e, portanto, não venham,
vamos aqui discutir a nível de Plenário. maior número de municípios. Acho que esse oficialmente, ao conhecimento de V. Ex.ª
Estamos recebendo sugestões, vamos tentar julgamento seria bastante superficial. Por isso, Era isso que podia dizer a V. Ex.ª
absorver as que melhor convierem ao douto queremos sentir o pensamento e justificativa Muito obrigado.
consenso da Subcomissão, para cumprirmos de V. Ex.ª a respeito desta nossa indagação. O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
a nossa tarefa, de bem desenvolver nosso Por hoje, seria apenas esta nossa Está franqueada a palavra.
trabalho. O SR. FERNANDO GONÇALVES: – O SR. CONSTITUINTE (Roberto
Esperamos que, na próxima terça-feira, Tenho muita satisfação, mesmo tendo vindo Jefferson): – Sr. Presidente, primeiro quero
possa V. Ex.ª realmente trazer aqui as informalmente apenas para atender ao homenagear V. Ex.ª pelo convite ao
propostas e sugestões ao Plenário, a fim de honroso convite do Presidente e do Relator, Presidente do Tribunal de Contas da União,
que os Deputados e este Relator possam, tenho o prazer de verificar que V. Ex.ª está para ilustrar a reunião de hoje. Somos
depois de exauridamente discutida, captar o vivamente interessado neste assunto, e entusiastas do Tribunal de Contas, braço forte
que de útil e proveitoso nelas contiver. focaliza um problema sério, muito mais de do Poder Legislativo. Ouvi, recentemente,
Acreditamos que, pela experiência do Tribunal, natureza política, porque mais afeta ao pergunta de um companheiro Constituinte
as sugestões serão absolutamente valiosas. julgamento do Legislativo, da Constituinte, do sobre os Conselhos de Contas serem
Gostaria de dizer ao Plenário e companheiros que nosso. Nesse aspecto, deve prevalecer a estendidos aos municípios. Hoje, há uma
desta Comissão que estamos elaborando uma vontade do poder Legislativo. discussão apenas numérica, se se vai fixar
pauta de audiências públicas com pessoas que Vou adiantar o meu ponto de vista em um milhão de habitantes ou 500 mil para
aqui virão para conosco discutir esse problema pessoal – não sei se será o mesmo da se fazer um Conselho Municipal.
da maior importância. Dia 30, às 10h, na Comissão, que concluirá o seu documento – Acho que devemos, o mais possível,
reunião plenária com as demais Comissões, mas entendo, particularmente, que, por democratizar a Constituição, nesse sentido, para
deveremos estar ouvindo o ex-Ministro Mário exemplo, o sistema de escolha dos Ministros que possam existir realmente os Tribunais de
Henrique Simonsen. Na parte da tarde, às 17h, é uma decisão da Constituinte, é uma decisão Contas. O Presidente do Tribunal de Contas nos
deveremos estar ouvindo o Dr. André Calabi, política. Não somos nós, escolhidos, de uma dá exemplo da pressão que exerce um prefeito
Secretário do Tesouro. Também por sugestão forma ou outra, que vamos dar opinião sobre sobre a Câmara de Vereadores, e é verdade.
de alguns companheiros e do próprio Relator o assunto. Conhecemos, é claro, a realidade, Nós, que conhecemos bem o trabalho das
da Comissão Temática, foram sugeridos os podemos dar um parecer técnico. Poderemos Câmaras Municipais, podemos dar esse
nomes dos secretários de Fazenda de Minas oferecer, sem comentários, elementos que testemunho, que os pareceres dos Tribunais de
Gerais, João Batista. e do Espírito Santo, José fazem sobre o Tribunal de Contas da União, Contas Estaduais são sempre rejeitados, se
Teófilo, que trabalharam na formulação do os Tribunais do Estado e os Tribunais de contrariam o interesse do prefeito, do chefe do
orçamento do País durante alguns anos. Justiça. Sobre o problema do nepotismo, do Executivo. Se não conseguirmos levar os
Queremos convidar, também, o Presidente do empreguismo, etc., podemos dar elementos. Conselhos de Contas pelo custo que possam
Instituto de Orçamentos Públicos, para conosco Julgamento político cabe, sem dúvida, ao representar a cada município – porque há
discutir esse capítulo, além de, naturalmente, Poder Legislativo, à Constituinte, no caso. municípios de 20, 30, 40 mil moradores –
algumas outras idéias de companheiros que Então, V. Ex.ª tem uma preocupação muito poderemos trazer aqui uma idéia, inclusive já
começam a nos chegar e que estamos séria, que pode ser a da proliferação – e discutida em congressos de vereadores, de se
preparando. Vamos distribuir com todos os cairmos no regime em que quase caímos no implantarem os Tribunais de Contas por áreas
membros da Subcomissão e esperar passado – dos Conselhos de Contas. de influências geopolíticas. Cito um exemplo,
também que cada um faça as suas sugestões, Não quero me aprofundar no assunto, meu Estado, Rio de Janeiro, a região serrana
para que possamos cumprir bem o porque devo representar, repito, o poderia congregar Petrópolis, Friburgo,
nosso papel. pensamento da Comissão e não o meu, mas Teresópolis; na Baixada Fluminense, Caxias,
Sr. Presidente, eram essas as quero dizer que não podemos cair no velho Nova Iguaçu. Um tribunal por regiões
observações que gostaria de fazer. Portanto, regime, e temos que estabelecer critérios para geopolíticas, em cada Estado. E assim seria feito
sem maiores indagações, já que o nobre a criação dos tribunais. Posso afirmar, pelo em todos os Estados do Brasil. É fundamental a
Ministro estará conosco, aqui, na próxima conhecimento que tenho, que a fiscalização presença do Tribunal de Contas e muito
terça-feira, às 17h, reservo-me, para interpelá- nos países mais adiantados – França, importante para que possamos ter um braço
lo nessa oportunidade. Inglaterra, Estados Unidos e outros – há a forte na fiscalização, na aplicação das verbas,
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – descentralização de recursos, administrativa que o Executivo faz das receitas federais.
Com a palavra o Constituinte José Guedes. até, mas há a centralização da fiscalização. Muito obrigado a V. Ex.ª pela
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ Porque a fiscalização fica mais longe e imune presença. Vamos aguardar ansiosamente o
GUEDES: – Sr. Presidente Constituinte João das influências. documento que V. Ex.ª trará, condensando o
Alves, Sr. Relator Constituinte José Maia, Hoje, os Tribunais de Contas dos pensamento de todos os Ministros do Tribunal
nosso prezado Ministro Fernando Gonçalves, Estados dão parecer sobre as contas do de Contas da União.
Presidente do Tribunal de Contas. Alegra-nos Município – V. Ex.ª sabe disso – apenas O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
bastante o fato de V. Ex.ª já ter pertencido a parecer. Agora, a Câmara dos Vereadores Se nenhum dos Srs. Constituintes desejar fazer
este Poder. Isso demonstra, mais uma vez, julga. No momento em que ela julga as contas uso da palavra, queremos agradecer,
ser este Poder a fonte alimentadora para sobre uma Câmara dos Vereadores de sete, sensibilizados, ao Presidente do Tribunal de
muitos setores em nossa Pátria. Com o oito, nove vereadores, o Executivo tem uma Contas a sua presença. V. Ex.ª foi um dos mais
trabalho que estamos iniciando, temos a finalidade muito grande de influência. Somos corajosos Parlamentares que aqui tivemos e é,
convicção de que, realmente, como V. Ex.ª todos Deputados, passamos pelas prefeituras, na Presidência do Tribunal, reconhecidamente o
afirmou, de poder elaborar um documento que sabemos a força que tem o prefeito sobre a mais dinâmico e ativo Presidente que teve
vá surpreender o brasileiro. Porque o que se Câmara dos Vereadores para fazer recusar, aquela Corte. Inclusive os jornais, nos últimos
constata atualmente é uma grande discrença inclusive, parecer do Tribunal de Contas do dois anos, têm-se ocupado de sua atuação no
por parte de todo o nosso povo, que já sofreu Estado. V. Ex.ª devem ter constatado na Tribunal como um Presidente corajoso, que tem
bastante e acho que deveremos fazer muito vivência do dia a dia esse problema. Por isso, o enfrentado situações, por vezes, delicadas, mas
por ele. Pela fala de V. Ex.ª tomamos assunto é eminentemente político e fiquei que não tem recuado, no sentido de defender o
conhecimento de que em breve será altamente satisfeito quando a Câmara dos patrimônio e as finanças públicas. De modo que,
encaminhado um documento à Subcomissão. Deputados aprovou o projeto, oriundo do a presença do S. Ex.ª com outros Ministros no
Isto, em parte, anula uma série de indagações Executivo – sobre o qual não tivemos qualquer dia 5, às 17h, nesta Subcomissão, por certo nos
a V. Ex.ª nesta oportunidade. interferência – que devolvia ao Tribunal de trará mais subsídios capazes de, não apenas
Mas gostaria de, num adiantamento, Contas da União a fiscalização dos fundos ampliar, mas aperfeiçoar nosso trabalho, no
conhecer seu pensamento quanto à existência federais repassados aos Estados e Municípios, setor de atividades do Tribunal, que é também a
de Conselhos de Contas ou Tribunais de e de todos os recursos federais. A Câmara fiscalização financeira e orçamento de que trata
Contas municipais, porque atualmente aprovou com sabedoria e rapidez esta Subcomissão.
um auxiliar do Poder Legislativo municipal surpreendentes o projeto. Hoje, o projeto Vou interromper minha exposição,
é, na realidade, o Tribunal de Cantas do encontra-se no Senado. Já foi, por duas vezes porque chegou, há poucos instantes, o
Estado, com raras exceções. Não sabemos sua votação, mas sinto que a maioria do Constituinte que mais insistia em trazer aqui o
até onde vai a eficiência de um Tribunal Senado, hoje, se inclina pela sua aprovação, Presidente do Tribunal.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 8

de Contas. Já estamos encerrando os Simonsen e Andrea Calabi. Recebemos a Gostaria, então, de deixar a sugestão
trabalhos, mas tem V. Ex.ª a palavra, para se sugestão de trazer o Presidente do Instituto a V. Ex.ª para que a submeta à consideração
manifestar a respeito da presença do de Orçamentos Públicos, Dr. António Amado. dos nossos Pares, com a formulação do
Presidente do Tribunal de Contas. Inclusive, S. Ex.ª está encaminhando ao convite para que eu também possa, de certa
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS Plenário desta Subcomissão uma proposta da forma, realizar a minha pretensão. Tive a
GÓIS: – Agradeço ao Presidente João Alves a maior importância e que faremos chegar às preocupação de trazer o então Ministro Dílson
consideração. Peço desculpas aos colegas, mãos dos senhores, para que todos tomem Funaro à Casa, já há alguns meses,
porque estive tentando resolver um problema conhecimento prévio do que sugere o Dr. entendendo ser de transcendental importância
sério de uma cidade de Sergipe. Meu pedido Antônio Amado. Também temos a sugestão essa convivência mais umbilical da Câmara
fundamental da presença aqui do Presidente do companheiro Firmo de Castro, membro dos Deputados, do Senado, obviamente do
do Tribunal de Contas da União prende-se ao desta Constituinte, no sentido de que Congresso Nacional, com as questões
fato de que entendo que deve haver convidemos o Dr. Nilson Holanda, tendo em econômico-financeiras, tributárias e
responsabilidade do gerente da coisa pública. vista que ele foi o responsável pela aplicação orçamentárias, com as autoridades
O fato de alguém ser eleito Governador do dos orçamentos públicos no governo, durante nacionais.
Estado, Prefeito, ser indicado Presidente de sua passagem pelo IPEA/IPLAN. S. Sª é O SR. PRESIDENTE (João Alves):–
uma entidade qualquer de direito público, pessoa da maior experiência. A proposta do nosso Vice-Presidente,
implica não ser um cargo honorífico, mas Submetemos ao Plenário da Constituinte João Natal, no sentido de que
antes de tudo, uma responsabilidade social de Subcomissão esta pauta. Queremos também seja convidado o ex-Ministro Dílson Funaro,
assumir a gerência de um bem que não é informar aos nobres companheiros que na para prestar sua colaboração aos trabalhos
dele. É um bem da população, dependente da nossa reunião plenária, de amanhã, deverei desta Subcomissão Poderia ser fixada a
seriedade na condução da coisa pública. Este apresentar um documento-esboço de nossa convocação para 4ª feira, dia 6, às 10 horas
é um assunto que me preocupa, não sei se proposta, para que todos discutam e sugiram da manhã.
pelo fato de ter sido Secretário-Geral do as alterações que considerem necessárias – Submeto a proposta de S. Ex.ª aos
Tribunal de Contas de Sergipe, e porque isso no que diz respeito ao capítulo do membros desta Subcomissão e, se aprovada,
durante minha vida como Deputado Estadual orçamento e da fiscalização. formularemos o convite a S. Ex.ª para o dia 6
acompanhei a gerência de entidades públicas, De modo que, queremos mandar um de maio, às 10 horas da manhã. Em votação.
e pude constatar a ineficiência da fiscalização “boneco”, na expressão da palavra, para que Os Senhores que aprovam o convite ao
na aplicação desses recursos. Diria mais possamos a partir dali e, com o concurso de Ministro Dílson Funaro queiram se conservar
ainda; a desonestidade, no sentido de todos que compõem esta Subcomissão, tentar como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
selecionar a aplicação dos recursos públicos. trabalhar objetivamente em cima do documento. Formularemos ainda hoje o convite ao
Quando nos reunimos para pelo O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Sr. Dílson Funaro.
menos tentar escrever uma nova relação A pauta apresentada pelo Relator é submetida O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
jurídica da sociedade, entendo que é à apreciação da Subcomissão. Aqueles que a CASTRO: – Sr. Presidente uma questão de
fundamental a parte de fiscalização da aprovam, queiram se conservar cosmo se ordem, por favor.
aplicação dos dinheiros públicos, com uma encontrem. (Pausa.) Aprovada. O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
seleção dessas aplicações. Não é apenas o Lembro que amanhã às 10 horas na Tem a palavra V. Ex.ª para uma questão de
fato de apresentar um recibo, que até pode reunião que iremos realizar, o Relator ordem.
dizer tudo. Mas será que aquela obra apresentará o esboço inicial do seu projeto. O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
escolhida para ser feita será o melhor para o Cada membro da Subcomissão poderá também CASTRO: – Sugiro, porque me parece que as
interesse da sociedade? apresentar sugestões ou projetos, apresentar reuniões poderiam ser mais produtivas e
Então, quando tive a honra de ser substitutivos, através do Relator para que, numa mesmo mais movimentadas, que as
recebido pelo Exmº Sr. Ministro-Presidente, outra reunião, S. Ex.ª possa-nos oferecer um audiências públicas fossem programadas, de
Fernando Gonçalvez, coloquei – e estava trabalho mais amplo, aproveitando ou não as modo a que tivéssemos a presença,
acompanhado, na época, pelo Deputado sugestões dos colegas. concomitantemente, de duas ou
Benito Gama, do Estado da Bahia – esta Em seguida, teremos um convidado, o três personalidades, dependendo de suas
nossa preocupação maior, porque temos a Dr. Antônio Augusto Oliveira Amado, especializações e dos assuntos que venham a
obrigação, chamados que fomos – e Presidente do Conselho Diretor da tratar, a exemplo do que ocorre em outras
aceitamos o convite – para elaborar a nova Associação Brasileira de Orçamentos reuniões. Teríamos, assim, oportunidade de
Constituição. Entendo que é fundamental a Públicos, que discorrerá sobre matéria da sua um confronto de idéias e, certamente, um
presença do Tribunal de Contas – ou o nome especialidade. Às 17 horas, ouviremos o Dr. maior apelo à participação geral, não apenas
que venha a tomar – contanto que haja urna Márcio Reinaldo, atual Diretor da SOF – doa membros desta Subcomissão. como de
fiscalização, que haja um acompanhamento Secretaria de Orçamento e Finanças. outras.
da aplicação do dinheiro público. É O SR. CONSTITUINTE JOÃO A título de sugestão, por exemplo, o
imprescindível não apenas na Administração NATAL: – Sr. Presidente, gostaria de formular Prof. Andrea Calabi juntamente com o Prof.
direta – esta diz muito pouco – mas uma sugestão para ser submetida à Nilson Holanda participariam de uma mesma
principalmente na Administração indireta, apreciação dos integrantes desta reunião. Sugeriria, portanto, a V. Ex.ª que,
onde pode ocorrer o grande desvio da boa Subcomissão. Fui autor de um requerimento consultando nossos Pares, se, juntamente
aplicação do dinheiro público. que convocou para estar presente na Câmara com os demais componentes da Mesa, fosse
Daí que, Sr. Ministro, – perdoe-me, eu dos Deputados, na sessão de ontem, o ex- autorizada uma programação de audiências
não estava presente na exposição de V. Ex.ª, Ministro Dílson Funaro. Isto, obviamente, não que levasse em conta este aspecto.
que, sei, deve ter sido brilhante – esta se verificou, em virtude da sua renúncia ao O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Subcomissão irá aproveitar as sugestões, irá exercício do Ministério da Fazenda. Reputo Interessante a sugestão, até pela exigüidade
aprofundando-se nos temas, irá debater e, de transcendental importância a participação de tempo. Submeto a proposta do nobre
com certeza, o Brasil, pelas nossas mãos, do ex-Ministro nos acontecimentos que, colega aos membros da Subcomissão. Caso
terá uma nova visão no acompanhamento, na obviamente, nortearão os trabalhos seja aprovada, formularemos convites a duas
fiscalização dos dinheiros públicos. elaborativos da nossa Constituição. Então, à ou três entidades ou pessoas, para que falem
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – guisa de sugestão, eu gostaria de deixar o sobre o mesmo assunto, na mesma reunião.
Tem a palavra o Relator, que pretende lembrete, por entender que as matarias, os (Pausa.) Aprovado.
submeter uma pauta à Subcomissão. assuntos afetos à nossa Subcomissão são de Pediria ao nobre Relator que
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – pertinência e consentâneos à experiência – formulasse uma pauta definitiva, para que
Sr. Presidente, Srs. membros desta sem sombra de dúvida, considerável – que o amanhã, às 10 horas, pudéssemos fixar
Subcomissão, gostaríamos de submeter ao ex-Ministro Dílson Funaro tem, que uma posição da Subcomissão em relação a
Plenário alguns nomes que deveríamos formulássemos um convite para que ele essas audiências. Naturalmente S. Ex.ª
convidar, para que aqui viessem discutir oportunamente aqui pudesse estar no precisa de tempo e amanhã nos daria,
conosco, trazendo duas idéias, suas trabalho constituinte, honrando esta definitivamente, essa pauta, já com os
sugestões, para a formulação desse capítulo. Subcomissão com sua presença e entendimentos para as reuniões. S.
A Comissão Temática, em municiando-nos no que, por razões de ofício, Ex.ª não pode nos dar hoje a pauta porque
reunião que tivemos, acertou que os ele pode e deve conhecer mais do que muitos estão sendo consultadas as autoridades, se
convidados serão o ex-Ministro e nós que aqui estamos. podem ou não comparecer. Daí fixare
9 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

mos definitivamente, amanhã, nossos buir, de uma das principais propostas recebidas. que encaminhou ao Relator, Constituinte José
trabalhos para os oito dias seguintes. Então, V. Ex.ª terá essa curiosidade atendida. Luiz Maia, agradeceu a exposição
Com a palavra o Relator. Agradeço ao Ministro Fernando substanciosa dos conferencistas, convidou os
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Gonçalves pela presença, que, como disse, Constituintes para a reunião ordinária, amanhã,
Sr. Presidente, nobres Companheiros, na tem marcado época na Presidência do às 10:00 horas, com a presença do Ministro
realidade, já havíamos pensado em fazer Tribunal de Contas da União, pela segunda Mário Henrique Simonsen. A conferência, os
esses trabalhos, convidando, para a mesma vez à frente de seus trabalhos, dando um debates e as interpelações, com as devidas
reunião, duas ou três autoridades com o novo sentido à administração e fiscalização do respostas, foram gravadas por inteiro e o texto,
objetivo de ganhar tempo, que é escasso. tribunal, que muito engrandece aquela Corte e após apanhamento, tradução e datilografia,
Temos também que levar em conta que o Congresso Nacional. passará a lazer parte integrante desta Ata.
teremos quatro sessões plenárias com a Esperamos que S. Ex.ª, cuja data de Nada mais havendo a tratar, às 12:35 horas, foi
Comissão Temática. Isto foi exatamente o que comparecimento, esta Subcomissão está encerrada a reunião e, para constar, eu,
dificultou a montagem do cronograma de agora definitivamente marcada para o dia 6 de Benício Mendes Teixeira, Secretário, lavrei a
trabalho, que já deveríamos ter aqui maio, às 17 horas, aqui venha com alguns dos presente Ata, que vai à publicação e, após lida,
apresentado. seus colegas, para nos prestar sua discutida e aprovada, será assinada pelo Sr.
Entretanto, hoje está marcado o colaboração. Sei que o digno Relator muito Presidente, João Alves.
encontro do Presidente e do Relator desta aproveitará, tenho certeza, do trabalho que Inteiro teor do apanhamento
Subcomissão com os demais Relatores das trará para a Subcomissão. taquigráfico da reunião realizada no dia 29-
outras duas Subcomissões. O objetivo é Está encerrada a sessão. 4-87 e que se fará parte integrante da Ata
estabelecer o cronograma para as reuniões dessa reunião.
plenárias da Comissão de Orçamento e da Ata da 3ª Reunião, ordinária, O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Comissão Temática. De modo que procede a realizada em 29 de abril de 1987 Srs. Constituintes membros desta
observação do Constituinte Firmo de Castro e Subcomissão, Srs. Senadores Constituintes,
também a observação do Presidente João Aos 29 (vinte e nove) dias do mês de esta reunião foi convocada para ouvirmos, em
Alves. Amanhã deveremos apresentar ao abril do ano de 1987 (um mil e novecentos e audiência, o Diretor da Secretaria de
Plenário a pauta definitiva de convocação de oitenta e sete), às 10:00 horas, reuniu-se a Orçamento e Finanças, Professor Dr. Márcio
autoridades, para que possamos Subcomissão de Orçamento e Fiscalização Reinaldo, e o Dr. Antônio Augusto Amado,
ouvir as autoridades convidadas, aqui neste Financeira, na Sala C-2 do Anexo II da Câmara Presidente do Conselho Diretor da Associação
Plenário. dos Deputados. Presentes os Senhores Brasileira de Orçamento Público, bem como
Quero fazer um apelo aos nobres Constituintes titulares João Alves, Presidente; para deliberar sobre a pauta de audiências
Colegas. Estamos diante de um calendário Carrel Benevides, Vice-Presidente; José Luiz dos próximos dias.
rígido, que não temos mais como ultrapassar, Maia, Relator, Firmo de Castro, José Guedes, Inicialmente, vamos ouvir a palavra do
e precisamos cumprir nossa missão. Lézio Sathler, Márcio Braga, Naphtali Alves, Dr. Márcio Reinaldo, que falará sobre
Queremos, portanto, fazer um apelo, para que Wilson Campos, Jovanni Masini, Messias Góis, Orçamento, matéria na qual é versado, além
todos prestem suas colaborações, no devido Feres Nader e Fábio Raunheitti. Estiveram da responsabilidade que tem como Secretário
tempo, a fim de facilitar nosso trabalho aqui ausentes os Senhores Constituintes titulares da SOF, o órgão que organiza e elabora o
no Plenário da Subcomissão. Por isso, foi João Natal, Vice-Presidente; Carlos de Carli, Orçamento da República.
oportuno o chamamento à responsabilidade João Carlos Bacelar, Flávio Rocha, Furtado Tem a palavra o Dr. Márcio Reinaldo.
por parte do Presidente, e este Relator vai Leite, Jessé Freire. Compareceram ainda os O SR. MÁRCIO REINALDO
submeter amanhã, ao Plenário da Senhores Constituintes Geraldo Fleming, MOREIRA: – Exmº Sr. Presidente,
Subcomissão, a pauta completa dos trabalhos Domingos Juvenil e Nion Albernaz, membros Constituinte João Alves, Sr. Constituinte José
para os dias que nos restam. titulares da Subcomissão de Tributos, Luiz Maia, demais componentes da Mesa,
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Participação e Distribuição das Receitas. Ata: foi Srs. Constituintes, técnicos da área de
Devo dizer também que amanhã entregarei ao dispensada a leitura da Ata da reunião anterior, a Orçamento e Finanças do Governo federal e
Relator um trabalho também que realizei. pedido do relator, Constituinte José Luiz Maia, já do Congresso. Para nós, é uma honra muito
Espero que S. Ex.ª aproveite experiência que foram distribuídas cópias a todos os grande aceitar uma convocação do
dele que tem. Acho que quem mais membros da Subcomissão; não houve Constituinte João Alves para aqui falarmos
trabalhou nesta Subcomissão até hoje fomos discussão e, colocada em votação, foi ela alguma coisa a respeito da nossa expectativa
nós dois, de maneira que temos que nos aprovada, por unanimidade, sem restrição. em relação à Constituição, em termos desse
entender. Ordem de Dia; passando à Ordem do Dia. o capítulo tão importante para as finanças
Amanhã entregarei a ele meu Senhor Presidente, Constituinte João Alves, públicas federais, estaduais e municipais.
trabalho, minha contribuição, e espero que comunicou que a presente reunião foi A SOF, Secretaria de Orçamento e
todos os Colegas façam o mesmo, a fim de convocada para ouvir os Doutores Márcio Finanças da Seplan, órgão que se
que ele realize um trabalho à altura de sua Reinaldo Moreira, Secretário de Orçamento e responsabiliza como cabeça do sistema
competência, de sua inteligência, de seu Finanças da Seplan, e Antônio Augusto Oliveira orçamentário da União e do qual emanam
patriotismo e da Subcomissão que representa, Amado, Presidente da Associação Brasileira de hoje normas e instruções adotadas pelos
como Relator. Orçamento Público. Em seguida, o Sr. Estados e Municípios, tem um papel muito
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Presidente, Constituinte João Alves, tecendo importante, neste momento, em termos de
Pela ordem, o Constituinte João Natal. sucintos comentários a respeito da temática trazer aos Srs. Constituintes, responsáveis
O SR. CONSTITUINTE JOÃO “Elaboração do Orçamento da União”, convidou por este momento histórico do País, a sua
NATAL: – Sr. Presidente, gostaria de obter os expositores a comporem a Mesa e concedeu- experiência vivida nesses últimos anos.
uma informação. Já apresentei ao Plenário da lhes a palavra, os quais, agradecendo a honra Temos já montado, há algum tempo, sob
Assembléia Nacional Constituinte propostas de estarem presentes no plenário da a coordenação do Prof. João Batista de Araújo
constitucionais pertinentes a outras Subcomissão de Orçamento e Fiscalização Lengruber, uma comissão de experts em
Comissões e Subcomissões, mas algumas Financeira, discorreram com eloqüência sobre o orçamento de todo o Brasil, preparando um dossiê
dizem respeito à nossa Subcomissão, tema, abordando aspectos referentes a planos e para, oportunamente, ser encaminhado a esta
especificamente. Gostaria de saber se já programas de regionalização do orçamento Casa, com as suas conclusões definitivas. É claro
existe estatística, pelo menos aproximada, e como meio de evitar a pulverização dos que o momento político, a transição política por
quando poderemos ter acesso a cópias de recursos. A seguir, as exposições dos que passa o Ministério do Planejamento, nos
propostas constitucionais que, evidentemente, Constituintes presentes, para debates. O Sr. impediu de levarmos essa matéria à consideração
pelo Plenário da Assembléia Nacional Presidente, Constituinte João Alves, franqueou, dos superiores para, naturalmente, estar
Constituinte foram endereçadas à nossa então, a palavra aos Senhores José Luiz Maia, autorizados a encaminhar o material até este
Subcomissão. Messias Góis, Fábio Raunheitti, José momento. Mas prometemos que nos próximos
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Guedes, Carrel Benevides e Firmo de Castro. dias, ou nas próximas semanas, isso será feito a
O nobre Relator acabou de dizer que amanhã Em seguida o Sr. Presidente concedeu tempo de, talvez, colaborar, de alguma forma, com
trará todas aqui. Ele trará o esboço de seu a palavra aos expositores para se o trabalho dos Srs. Constituintes. Mas, como um
trabalho. As propostas recebidas, que pronunciarem a respeito das indagações dos dirigentes ou co-dirigentes daquela Casa, eu
apresentará tendo, há pouco, pedido que feitas. Encerrada a fase dos debates, o Sr. gostaria de externar algumas preocupações e
fossem tiradas cópias, para distri- Presidente teceu comentários sobre o traba- problemas vividos.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 10

É notória, hoje, a angústia dos corajosas – dentro de um quadro de isenções Vou-me permitir fazer referência a
Estados e Municípios por mais recursos tributárias sobre os quais se pode, também, alguns pontos que julgo de suma importância
públicos. Por outro lado, vemos o Orçamento fazer uma vasta pesquisa para, politicamente, e, ao final, ficar ao dispor dos Srs. Constituinte
Público Federal praticamente exaurido com as caminhar-se para um campo de nova ordem para quaisquer esclarecimentos.
suas despesas anormais de pessoal, com econômica na administração pública, Tivemos a ousadia – e peço
aqueles encargos financeiros assumidos com poderíamos, naturalmente, oferecer aí uma desculpas – de apresentar essa proposta já
dívidas internas e externas e muito pouco contribuição ao Poder Público federal, em forma de artigos, talvez para simplificar o
sobrando para que se possa aplicar, até estadual, municipal, no sentido de colocar trabalho descritivo a ser mais objetivo. Não
mesmo nos investimentos públicos dos ordem nas suas contas, e não contribuir para temos a pretensão de que isso seja inserido
órgãos federais, e até, por meio de acordos e que o Orçamento Público, como é hoje, seja tal qual está, na Constituição. Este é um
convênios, transferido esse dinheiro aos um instrumento inflacionário, talvez de documento para apreciação dos Srs.
Estados e Municípios para aplicação na área distribuição de renda não desejada pela Constituintes. Aliás, há coisas possivelmente
social e econômica. Então, onde está esse sociedade brasileira. Assim, que levemos aos não compatíveis no campo jurídico, que
dinheiro, onde está esse reclamo geral? É Estados e Municípios aquela tranqüilidade devem ser vistos por quem de competência.
esta uma pergunta que faço, quando ouço necessária, para que possam, naturalmente, Partimos de algumas hipóteses
falar a respeito da centralização dos recursos desempenhar melhor seu papel. básicas a respeito do Orçamento. Nas
ªs
públicos. E o que se poderia fazer para Confesso a V. Ex. que não preparei economias modernas, nas economias em
minimizar o problema dos Municípios, onde uma agenda para que aqui pudesse deixar desenvolvimento como a nossa, não se pode
estão os nossos cidadãos, o povo, que está marcada a posição do Diretor de Orçamento conceber o Orçamento como instrumento
precisando dos beneficies públicos? Ou da SOF, no sentido de já servir para uma isolado, como instrumento-fim em si. O
mesmo dos Estados, que têm um papel discussão mais aprofundada. Mas levanto Orçamento, no nosso entender, é um
intermediário na aplicação desses recursos? esse tema das isenções fiscais, das instrumento do planejamento. Se não existem
Vemos a receita disponível, hoje, da União vinculações, desses fundos e orçamentos diretrizes de curto, de médio e de longo prazos
praticamente comprometida, como disse, com paralelos – orçamento monetário, de crédito, para a economia, dificilmente o Orçamento
pessoal, dívida e mesmo com a manutenção de estatal, que não transitam pelo Tesouro poderá desempenhar adequadamente sua
dos órgãos públicos federais já existentes. Nacional e que representam, praticamente, função. Temos constatado, no dia a dia, esta
Podemos ver um grande número de recursos outro tanto de recursos – para que esta realidade o País. Em conseqüência, e por isto,
que não aparecem, porque são isenções Subcomissão possa estudar. colocamos, na própria proposta, os planos e
.ªs
fiscais não contabilizadas, que, publicamente, Prometo a V. Ex inclusive credencio, orçamentos, porque estranham que não
já foram atentados por legislação ordinária, ou junto ao Constituinte João Alves, o nosso houvesse uma Subcomissão para tratar do
até mesmo constitucional, e que representam, colega Dr. Lengruber e toda a sua equipe para planejamento e, pela relação estreita que existe
talvez, um peso muito significativo, não sei se que, deste momento em diante, fiquem à entre esses dois instrumentos, não podíamos
10, 8 ou 15% daquela receita bruta de que o inteira disposição desta Subcomissão, para o tratar única e exclusivamente do Orçamento
Governo federal talvez pudesse dispor. É que for necessário, a fim de estreitarmos sem abordar o planejamento.
possível que nos falte até mesmo uma nossas experiências e de trazer o que de Então, o primeiro artigo refere-se à
avaliação, um estudo mais aprofundado, para melhor se possa para a elaboração de um necessidade de que o País contemple a
ver se realmente essas isenções fiscais, que o trabalho mais profícuo. elaboração de planos de longo, médio e curto
Governo estabeleceu para o poder privado, Acredito que o Dr. Augusto Amado, prazos nos quais se insiram o Orçamento do
para a iniciativa privada, para regiões, estão dentro de um trabalho elaborado pela setor público como instrumento normativo
cumprindo com seus objetivos. Creio que Associação Brasileira de Orçamentos desse planejamento.
talvez um trabalho ou um sentimento dos Srs. Públicos, da qual ele é Presidente, e com Um aspecto, que também está
Parlamentares, o conhecimento mais próximo nosso colega da diretoria da SOF, se possa, amadurecendo já há bastante tempo, ao qual,
da realidade, uma análise específica já feita, com o tema mais preciso, abordar aqui a parte pessoalmente, me dediquei desde 1967,
possam talvez clarear, com muito mais nitidez, teórica de submissão. devido à experiência que tive como um dos
esse quadro de angústia; e poderiam, naquilo Agradeço ao Constituinte e estou às participantes das primeiras equipes da
que for natural, ser mantidos para que esse ordens para qualquer esclarecimento.(Palmas.) SUDAM, e o aspecto regional do
incentivo sirva para o desenvolvimento das O SR. PRESIDENTE (João Alves): – planejamento e do Orçamento.
regiões “a” ou “b”. O que se mostrou inócuo Consulto ao Plenário se devemos logo, antes Num País como o nosso, não pode haver
talvez deva ser tributado em benefício até do de abordar o assunto com o Dr. Márcio um orçamento agregado onde não se
Estado, ou do Município, ou de programas da Reinaldo, ouvir o Dr. Amado. Ambos são da contemplam os aspectos específicos, os
área social ou política. SOF, um responde e o outro também. (Pausa.) problemas heterogêneos, a potencialidade
Por outro lado, também, vemos hoje, Então, passo a palavra, agora, ao diferenciada de cada região. Entendemos que
dentro do Orçamento da União, no campo da Prof. Augusto Amado, para falar sobre o tanto planos como Orçamento devem ser
sua despesa, um grande número de mesmo assunto do qual se ocupou até agora regionalizados, sem o que, dificilmente, se pode
subsídios, ao trigo, ao açúcar, na área de o Dr. Márcio Reinaldo. contemplar os verdadeiros problemas das regiões,
exportação de produtos manufaturados, que O DR. ANTÔNIO AUGUSTO as suas potencialidades para enfrentar esses
quase chega – o Constituinte João Alvez OLIVEIRA AMADO: – Exm.º Sr. Presidente problemas e os aspectos específicos, tanto
pode me ajudar – a uma marca de, para cada João Alves, Exmº Sr. Relator, Constituinte administrativos, como culturais, políticos etc. E
um cruzado de receita transparente dentro do José Luiz Maia, Srs. Constituintes, Senhoras aqui existe, a meu ver, uma conotação política
Orçamento da União, demonstrar-se e Senhores, em primeiro lugar, desejamos fundamental. Em grande parte o desinteresse, que
claramente quase que a necessidade de o agradecer a honra que nos concedem de tanto se nota e se apregoa, dos políticos pela
Governo emitir primariamente, ou colocar poder expor as idéias da Associação discussão do Orçamento no nosso entender, se
títulos da dívida pública, para cobrir urna outra Brasileira de Orçamento Público, que deve ao fato de que o político não encontra, na
moeda como o subsídio, ou o pagamento da congrega mais de quatro mil associados em peça orçamentária, os elementos necessários
dívida imobiliária, já comprometida no todo o País. É um privilégio – quiçá único na para ver até que ponto sua região está ou não
passado por essa mecânica de subsídios. vida de um profissional – poder participar dos sendo atendida pelo Poder Público. Em
Vejam que nós, na área orçamentária, debates de tão transcendente importância conseqüência, se desinteressa. Se ele vai discutir
praticamente tomamos conhecimento disso a para o País. um programa de fomento à agricultura agregado a
partir de dois anos atrás, quando, por um ato Sobre o que vou expor, já deixei com todo o País, ele tem pouco interesse pelo assunto.
decisivo do Governo federal, pôde-se realmente a Subcomissão um documento que A ele só interessa saber quais são os benefícios
ter transparência essas contas, ao que pouca representa não só idéias próprias, mas, para a sua região. E é justamente a regionalização
gente tinha acesso antes. Talvez duas, três, também, dos funcionários da Secretaria de do Orçamento que vai proporcionar informações
quatro pessoas do Banco Central ou do Banco Orçamento e Finanças da Seplan, já que a necessárias a que o político possa, mais
do Brasil manipulavam essas contas de maioria deles é associada também. Esse objetivamente, discutir, analisar, rejeitar ou aprovar
subsídios. Então, creio que, dentro dessa visão documento é a síntese de um ano de estudos a proposta orçamentária.
de um grupo de despesas, hoje praticamente que levamos a cabo em todo o País, na O art. 2º trata das ações
subsidiadas, despesas cuja eficácia política, maioria dos Estados onde realizamos do setor público. Propõe-se que sejam
econômica e social pode-se questionar – e reuniões para discutir esses aspectos programadas em planos plurianuais e
merecem estudos e decisões muito relativos ao Orçamento e à Constituição. orçamentários anuais devidamente com-
11 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

patibilizados entre si, com planos a médio e a não foi coberto pelas receitas normais do mos quantos fundos existem. Sabemos que
curto prazos. Quando falamos em planos, eles Orçamento. Tal distorção deve ser corrigida e são mais de duzentos. Uma área da
têm abrangência muito maior do que o setor foi objeto de critica que fiz à Lei nº 4.320, logo Secretaria de Orçamento e Finanças,
público. Por isto, distinguimos planos para o no inicio de sua vigência. Esta Lei esteve no coordenada pelo Dr. Inácio, elabora
setor público de planos para a economia. Congresso por quase onze anos, para ser periodicamente um documento sobre os
Durante os últimos anos, houve grande aprovada. E, como entrei no assunto apenas fundos federais, e ele sabe das dificuldades
polêmica sobre a diversificação de orçamentos no final, concluí ser melhor deixar passar desta que se tem para ter acesso a essa informação
a nível federal. Houve também propostas, forma do que fazer qualquer observação nesta e para saber qual é a legislação, como se
sobretudo uma, que se consagrou no linguajar Lei, que ocasionasse sua volta ao Congresso, administra etc. Está-se trabalhando, está-se
administrativo, técnico e político, que foi a da e nele passasse mais alguns anos. Mas tal ampliando o conhecimento, mas de fato ainda
unificação dos orçamentos. Considero infeliz a distorção deve ser corrigida tanto a nível da não temos o universo desses fundos.
expressão, porque não se pode unificar o que é Constituição como a nível de outra lei que Evidentemente, cada fundo desses é um
heterogêneo. O que deve ocorrer é a venha a substituir a Lei nº 4.320, referente a feudo, é um poder de decisão própria que não
agregação dentro de cada orçamento, e não finanças públicas. admite interferências. É um bolsão que fica
unificar, por exemplo, o orçamento das Outro aspecto que considero da maior sem um controle maior por parte do
empresas estatais com o chamado Orçamento relevância – e constitui área nebulosa para os Legislativo e do próprio Executivo.
da União. Nem com o Orçamento monetário, analistas de orçamento e para a sociedade Diz o art 8º: "Os procedimentos na
expressão que no País, infelizmente, teve como um todo – é a da falta de um orçamento elaboração e execução orçamentária serão
degeneração muito grande, levando a sérias das inserções e subsídios neste País, com o idênticos para as entidades da administração
distorções de certo modo sanadas nos últimos qual o Dr. Reinaldo Moreira tem muito a ver. direta e indireta que não se enquadram no rol
anos. Consideramos que as inserções tributárias e das empresas estatais, devendo ser
Entendemos que o Orçamento do setor subsídios devem ser inseridos no orçamento suficientemente flexíveis para atender às
público deve estar construído pelos orçamentos das transações financeiras no lado das exigências da eficiência administrativa."
dos Poderes do Estado; e pelo orçamento das receitas. As inserções tributárias como receitas Muitas autarquias, muitas fundações,
empresas estatais e mistas. Essas seriam as renunciadas, ou seja, receitas a que o Governo muitas entidades paralelas à administração
duas peças do Orçamento do setor público. renuncia, e as fontes de financiamentos dos direta foram criadas baseadas no sentido de
Outro ponto que enfatizamos muito, subsídios. No lado da despesa, como que a administração direta é ineficiente, é
voltando princípios básicos do Orçamento, é transferências aos beneficiados, discriminados burocratizada.
quanto à sua abrangência, à sua conforme disposto em lei complementar. Desta Entendemos que à administração
universalidade. Em conseqüência, o forma, o Congresso passará a aprovar um direta cabe o comando da administração
Orçamento dos Estados compreenderá todas determinado nível de inserção e de subsídios pública. Em conseqüência, deve ser mais
as despesas e receitas que representem ativos para determinados setores e programas que eficiente do o que qualquer outra unidade,
e passivos do Tesouro Nacional, inclusive as julgue prioritários. Hoje, é difícil fazer avaliação porque é ela que planifica, que elabora o
operações de crédito internas e externas, as desses subsídios – todos os que trabalham na orçamento, que controla etc. Se é ineficiente,
receitas próprias e as despesas das entidades área de finanças estão conscientes disto – espalha ineficiência por todo o resto da
da administração direta e indireta que não se devido à falta de registro das receitas administração. Acho que temos de eliminar
enquadrem no rol das empresas estatais e renunciadas ou dos subsídios concedidos. esta justificativa para proliferação de
mistas. Isso dá o status necessário ao Praxe muito prejudicial aos processos instituições, autarquias e fundações. Temos
Orçamento da União; a peça política, por orçamentários e de planejamento e à política de fazer uma administração pública
excelência, que o Congresso tem de analisar, econômica neste País tem sido a vinculação eficiente em todos os níveis e, em
discutir, aprovar ou não. institucional, setorial e regional da receita, o conseqüência, ela tem de se submeter ao
Propõe-se também que o Orçamento que, de certa maneira, constitui mecanismo de ritual que permita uma administração eficaz e
dos Poderes do Estado se divida em duas defesa frente à não existência de um eficiente no campo orçamentário e nos outros
partes, a saber: 1º) o orçamento planejamento concreto, real, que de fato leve a campos.
correspondente à produção de bens, à mudanças dentro da estrutura econômica, No art. 10 já começamos a entrar no
prestação de serviços e à formação de ativos social e política do País. Os grupos poderosos processo de participação do Legislativo na
pelas entidades públicas abrangidas; 2º) conseguem vincular receita a certas áreas, a própria elaboração do Orçamento. Diz este
transações financeiras correspondentes às certas regiões ou a certos programas do seu artigo: "o Executivo apresentará à Comissão
transferências, amortização da dívida, interesse. Entendemos que, na medida em que Mista do Congresso Nacional, até 15 de abril,
inversões financeiras e outras da mesma haja um plano pelo qual que se queira os parâmetros para elaboração do orçamento
natureza, bem como as fontes de seu realmente levar a sério o planejamento, anual, a qual terá até 30 de abril para
financiamento. São formas de evitar as mecanismo de vinculação da receita deve ser o pronunciar-se e apresentar sugestões".
as
apreciações distorcidas, porque, muitas vezes, plano. Em conseqüência, aqui se diz: "veda-se Sabem V. Ex. que o processo
quando se diz que determinado Ministério está a vinculação de receita de qualquer natureza, a orçamentário, para dar partida, tem de contar
gastando muito, quando se classifica sua não ser a prevista por dispositivo constitucional com um conjunto de parâmetros referentes a
despesa nesses dois campos, vê-se que de e pelos planos de médio e curto prazos" – que perspectiva de crescimento do produto, de
fato o gasto foi feito antes. Ele agora está têm de passar pelo Congresso – "que crescimento dos setores mais importantes
apenas amortizando-o. E quando se fazem as determinarão a vigência da vinculação e a como o industrial, agrícola, preços, inflação,
análises em termos de agregado, está-se natureza dos recursos". salários, importações, exportações, câmbio
duplicando o gasto público. Entendemos ser o Muitas vezes se estabelece uma etc. Isto tem sido muito criticado por parte do
caso muito importante, tanto para a apreciação vinculação que fica ad eternum. Num próprio Congresso, bem como pelos técnicos
quanto para a análise de onde realmente se determinado momento, aquele setor, aquela das universidades, da sociedade, porque
está exercendo o gasto, que vai pressionar a área poderia ser prioritária no atendimento, esses parâmetros, muitas vezes, não
demanda real da economia, e onde se está mas isso não é ad eternum. Então, ao se correspondem à realidade. A culpa não é dos
fazendo gasto financeiro que corresponde a proceder à vinculação por meio dos planos, e técnicos em orçamento. Geralmente, na
gastos do passado. como os planos vão ser analisados, avaliados primeira proposta que se faz, tenta-se colocar
Outro aspecto de suma importância diz anualmente, de três a quatro anos, isso esses parâmetros a níveis reais. Mas há uma
respeito à integração das operações de credito implicaria uma avaliação da própria vinculação práxis – que não ocorre somente no Brasil,
passivas, internas e externas, que sejam da receita, para ver se realmente ela obteve os mas em todos os países que têm processo
consideradas como fonte de financiamento do recursos ou não. inflacionário elevado – que é de subestimar
déficit na conta corrente ou na conta capital. Dentro do artigo, num parágrafo, se esses parâmetros para evitar perspectiva de
De acordo com a Lei nº 4320, este coloca: "eliminam-se todos os fundos contábeis inflação maior, para evitar que a economia,
País nunca teria déficit, porque um item da e administrativos e veda-se sua criação". sobre esses parâmetros, coloque num
receita é "operações de crédito". Ora, o Antes de iniciarmos esta palestra, patamar ainda mais alto a inflação e comece a
Governo terá sempre poder compulsivo para numa conversa mais restrita, alguns operar neste sentido. Geralmente, esses
obter operações de crédito. Em Constituintes e alguns técnicos indagavam ao parâmetros ficam subestimados e, em
conseqüência, nunca teria déficit, quando, na Dr. Márcio sobre os fundos existentes. conseqüência, o processo orçamentário
teoria e na prática do orçamento universal, Acho que nem o Dr. Márcio nem eu, fica falho: falhas essas que se dão
operação de crédito é para financiar déficit que que trabalhamos na área de finanças, sabe- justamente na execução, quando aparece
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 12

excedente de receita e quando é preciso depois da execução dessas peças. Vamos ficar nos lei orçamentária anual e o plano plurianual até
alocar esse excedente aos respectivos cofres. enganando, criando pianos bonitos, os prazos previstos, o Executivo solicitará ao
Acho que aqui tem de haver uma orçamentos bonitos, se não temos um sistema Supremo Tribunal Federal intermediar, para
responsabilidade compartida entre o de acompanhamento e de gerência desses apreciar e aprovar o orçamento".
Executivo e o Legislativo. O Executivo instrumentos. Ou seja, seria apelar a um terceiro
apresenta um quadro de parâmetros ao A Secretaria de Orçamento e poder – o Poder Judiciário – para conciliar os
Congresso, que o discute, aprova-o e, sobre Finanças, já há mais de dez anos, vem Poderes Legislativo e Executivo.
esses parâmetros, então, o Executivo tentando implantar um sistema de Há um artigo que também julgamos de
elaborará sua proposta, o que já facilitará a acompanhamento e de gerência efetiva não suma importância, que diz respeito à difusão do
própria discussão e aprovação do Orçamento somente financeira, porque o aspecto Orçamento. Notamos que há, neste País, uma
a posteriori. Estabelece-se o prazo de até 30 financeiro é muito falado e muito enganoso. grande indiferença pela área orçamentária.
de setembro para o Executivo encaminhar isto Não é pelo fato de um órgão estar gastando a Discute-se o Orçamento e a Nação parece não
ao Congresso Nacional. Acho quanto mais sua dotação que ele seja eficiente. Em estar atrelada a isto. Nada acontece, enquanto
perto do período de execução se apresenta o absoluto. Ele pode estar gastando e sendo em outros países a discussão do Orçamento é,
orçamento, mais realismo ele contém. tremendamente ineficiente. Temos de analisar muitas vezes, a causa da queda do Primeiro-
Atualmente, o prazo é até 31 de agosto. Aqui a contrapartida dos bens e serviços Ministro e acreditamos que não deva ser
se propõe 30 de setembro, para aproximar programados correspondentes a essa dotação, aprovado por lei. Deixamos ao parecer de
mais da execução. Nos sistemas econômicos e gerenciar isto. Por esta razão, entendo melhor juízo a respeito.
com inflação muito grande isto é fundamental. importante esse aspecto. É necessário que o Com referência às empresas,
Isto estava no Projeto Afonso Arinos, Congresso exija, semestralmente, uma estabelece-se que elas devem também
não alteramos nada, porque não é de nossa prestação de contas do Executivo. Mas não elaborar um orçamento, que deve vir ao
competência alterar, apenas retiramos única e exclusivamente contas financeiras, Congresso, para que este aprecie a parte de
daquele projeto a ação do Congresso sobre a porque acho que nos temos enganado muito produção e de transações financeiras, bem
proposta orçamentária. Apenas com neste País com a base monetária, com os como o plano de investimentos das empresas.
referência às emendas, se diz: "As emendas meios de pagamentos, com as taxas de juros e Em linhas gerais, é isso o que se diz com
não poderão alterar a natureza econômica da com as dívidas interna e externa, sem cuidar referência às empresas. O art. 22 trata de um
despesa". dos aspectos reais da economia, sem cuidar assunto muito polêmico, que vai depender
"Conceder dotações para início de do emprego, da alimentação e dos insumos muito do sistema de Governo que se
obras, cujo projeto técnico não tenha sido básicos da indústria. No meu entender, isso é implantar. Foi feito para eliminar uma parte
aprovado pelos órgãos competentes." Isto para fundamental. O aspecto financeiro é meio, não que diz que quando há qualquer problema
evitar que se destine primeiro o recurso, sem é fim. entre o Executivo e o Legislativo com
estar o projeto elaborado, ficando esses recursos Em seguida, entra-se no campo, que, referência ao Orçamento, ou seja, o Executivo
ociosos durante um ano, quando outras áreas penso, será muito polêmico, o das empresas não manda o Orçamento, as normas
necessitam deles. Isso tem implicações estatais. Deixei alguns aspectos para trás tradicionais exigem que fiquem em vigência o
tremendas na área monetária e financeira. porque os entendo óbvios. Orçamento do ano anterior. Isso é irreal,
Conceder dotações para instalação ou Aqui dizemos num artigo: "O totalmente irreal. Num processo inflacionário
funcionamento de serviços que não tenham orçamento anual das empresas estatais e como o nosso, ficar em vigência o Orçamento
sido anteriormente criados." Isto é também mistas compreenderá o orçamento de cada do ano anterior não tem sentido. Então, aí
as
normal. Também tenho visto o contrário: uma das empresas onde o setor público colocamos uma saída que V. Ex.
muitas vezes se cria o serviço e não se mantém a maioria do capital acionário". examinarão: "Caso o Executivo não
determina o recurso para financiar o serviço. Dividir-se-á em três partes: a primeira, o encaminhe o projeto de lei do orçamento
"Propor aumento de despesa sem orçamento de produção de cada empresa a anual e o plano plurianual, nos prazos
indicar a fonte de recursos." isto também é segunda, o orçamento das transações previstos, o Legislativo, através da comissão
fundamental. Quando se propõe o aumento financeiras; e a terceira, o orçamento de mista, solicitará ao Presidente da Câmara dos
as
da despesa, tem-se de dizer qual é a fonte de investimentos. Se V. Ex. examinarem bem, Deputados a formação de comissão técnica –
recurso que deve financiar tal despesa. verificarão que não colocamos o orçamento de quando do Governo. Então, colocamos assim:
O restante não tem maior importância. investimentos nos poderes do Estado. O que "Planos e orçamentos públicos deverão ser
Art. 14. "É vedada a transposição sem pode ser até um erro nosso. Mas não colocamos amplamente divulgados através de sínteses,
prévia autorização legal de recursos de um proporcionalmente, porque achamos que há às quais a sociedade tenha acesso".
programa orçamentário para outro." Ou seja, muitos conceitos dúbios na área de Governo. Há Porque muitas vezes, se mandamos o
qualquer transferência de um programa muitas apreciações do que deva ser Orçamento que se elabora para a sociedade,
orçamentário para outro teria de ter a investimento na área de Governo. E a peça que ela não vai entender. Temos de elaborar
aprovação do Congresso. está prevista atualmente como Orçamento peças mais simples para que a sociedade
"A concessão de créditos é limitada." Plurianual de Investimentos não tem funcionado compreenda, e que se divulgue amplamente
Também uma coisa tradicional. por causa disto. Em substituição ao Orçamento essas peças para que a sociedade
“Abertura de crédito especial ou Plurianual de Investimentos, introduzimos o tenha acesso a elas e tome conhecimento
suplementar, sem prévia autorização dispositivo do Plano Plurianual do Setor Público, onde estão sendo utilizados os seus
legislativa e sem identificação dos recursos tanto dos poderes do Estado, como das recursos.
correspondentes." empresas estatais. Mas no caso da empresa o Em outro artigo, que também achamos
"Realização, por qualquer dos investimento é muito mais bem caracterizado, ser de suma importância para o estudo das
Poderes, de despesa que excedam os sabe-se, exatamente, o que é o investimento e, finanças do País, e que está também
créditos orçamentários ou adicionais." É por isso, destacamos o plano de investimentos. contemplado na Lei 4.320, é o seguinte:
também o normal dentro das finanças No nosso entender, esse plano de investimentos "A competência do órgão central do
públicas de qualquer País. deve ser aprovado pelo Congresso. Já quanto orçamento é elaborar anualmente uma
"Art 15. – também está no Projeto ao orçamento das empresas, temos dúvidas. consolidação dos orçamentos e balanços
Afonso Arinos – "O Executivo encaminhará ao Deve ser apreciado pelo Congresso, deve ser públicos dos três níveis de Governo, além de
Congresso Nacional, semestralmente, informe discutido, mas se diz técnica, não significa que estudos relativos à política orçamentária e
de sobre a execução física e financeira do seja apenas do Congresso, podem chamar seus resultados". Isso é fundamental.
Orçamento e dos planos de técnicos de qualquer área, inclusive do próprio Finalmente, o último artigo:
desenvolvimento." Este é um dos pontos Executivo – "para, no prazo de trinta dias, "Lei federal determinará diretrizes
pelos quais venho lutando há mais de quinze preparar o projeto, submetendo-se, em seguida, gerais de direito financeiro público e
anos, e que a própria instituição – quando falo ao processo normal de aprovação pelo orientarão a elaboração e a execução dos
em instituição, refiro-me à Secretaria de Congresso Nacional". orçamentos públicos dos três níveis de
Orçamento e Finanças – como também a Isso é provisório, porque depende Governo, levando em conta as características
nossa associação estão sumamente do regime que se estabelecer. Se específicas de cada um."
interessadas. Acreditamos que pouco se pode for o parlamentarismo, e o Governo não Levamos quase quarenta anos
avançar em matéria orçamentária e em apresentar o orçamento, ele simplesmente para chegar a um processo o
matéria de planejamento, se não se cai. Há a outra face da medalha: "No caso rçamentário homogêneo no fundamental
estabelecer instrumento de acompanhamento de o Legislativo não aprovar o projeto de em algumas classificações. Muita gente
13 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

o tem criticado e alguns tentaram até ferir – e Realmente, S. Sª fez uma colocação ou por meio de suas estatais, esconderam da
conseguiram –, por meio de um decreto. e, pelo que senti em suas palavras, parece sociedade, sobre a receita e a despesa pública!
Feriram esse capital que foi conseguido ao que comunga, como nós, desse mesmo Daí, por que, Prof. Márcio, gostaria de
longo de quarenta anos, quando alguns sentimento. O Governo Federal, com esse saber como submeter ao conhecimento e à
municípios se eximiram de observar a poder de força que tem, geralmente concentra decisão do Legislativo – não só o
funcional programática. Acho que fizeram isso e prejudica Estados e Municípios nesse conhecimento por conhecer, como o Prof.
porque não entenderam a importância de se pacote todo que vai financiar essa atualização Augusto Amado coloca aqui em um artigo, em
ter instrumentos básicos que não entorpeçam dos juros, que o Banco Central vem fazendo, referência às estatais: conhecer por conhecer,
e que não interfiram na autonomia de Estados em detrimento da sociedade brasileira. mas o conhecimento e decisão do Poder
e Municípios. Não é pelo fato de ter que se O problema do subsídio realmente é Legislativo – porque, afinal de contas, nós, do
seguir uma classificação, que se está um capítulo muito sério e deveríamos olhá-lo Poder Legislativo, somos o principal
interferindo na autonomia de um Município e com muito cuidado, porque, muitas vezes, representante do povo brasileiro. Nós, que
de um Estado. Mas é pelo fato de se ter algo enquanto se subsidia o trigo, não se cria uma representamos, com maior capacidade, a
que permita saber, rapidamente, quanto se política agrícola racional. Dentro do próprio sociedade brasileira, precisamos tomar
gasta no País com educação primária, com Orçamento temos de estabelecer recursos para conhecimento e decidir sobre todas as receitas
alimentação para o menor, etc. Isso é de uma política agrícola racional neste país. e despesas, quaisquer que sejam suas origens,
fundamental importância, tanto para a Porque não acredito que, num País com uma tanto da administração direta, quanto da
administração orçamentária propriamente dita, dimensão continental como o nosso, que tem administração indireta. E os orçamentos
como para o próprio planejamento do País. uma vocação agrícola, se continue deixando a monetários, de crédito, das estatais todas, da
Entendo que isso deve permanecer, ou seja, a agricultura sem planejamento. No mais, União, da Previdência Social. Quando passou
idéia do sistema nacional de planejamento. E concordo com algumas colocações e vamos pelo Congresso Nacional o Orçamento da
isso é que se quer manter através do último aguardar, então, Sr. Presidente, para observar. Previdência Social? E quantos trilhões de
artigo que se contemplou nesta proposta. Com relação ao Dr. Antônio Augusto cruzados são gastos indevidamente? Quanto
Peço desculpas, mais uma vez, aos Oliveira Amado, temos um capítulo para dinheiro é jogado fora!
Srs. Constituintes, pelo fato de termos discutir: o problema da unificação. Eu, Fiquei estarrecido quando o
redigido esta proposta em forma de artigos. pessoalmente, posso até ser convencido, Presidente do Banco do Brasil, em
Mas não temos a pretensão de pensar que depois, da conveniência de fazermos depoimento na Comissão C-1, disse que, com
essas propostas irão para a Constituição da orçamentos separados. Mas, até prova em o advento do Plano Cruzado, quando os
maneira como estão redigidas. Foi apenas contrário, eu ainda advogo a tese da bancos particulares não tinham condições de
uma forma de simplificar o trabalho, de unificação do Orçamento, embora o plano segurar o dinheiro da Previdência Social para
relatar mais extensamente esta matéria. pareça heterogêneo. Entendo que o grande a agiotagem no mercado financeiro, criaram
(Palmas.) mal deste País é exatamente essa dificuldades e entregaram esse
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – adversidade, principalmente quando se trata gerenciamento dos recursos ao Banco do
Tem a palavra o nobre Relator para indagar desse problema das estatais e do monetário. Brasil. E, em depoimento, o Ministro da
dos Srs. convidados sobre os assuntos que Aí é onde se esconde tudo que está levando Previdência disse que a despesa financeira da
melhor lhe aprouverem. este País a um buraco tremendo que estamos permanência dos recursos da Previdência era
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – enfrentando. o maior rombo no Orçamento da Previdência
Sr. Presidente João Alves, Srs. De modo que me reservo para ouvir os Social. Este é só um dado. Então, é preciso
Conferencistas, companheiros da companheiros, os relatores. Conversarei, depois, que o Congresso Nacional tome
Subcomissão, acredito que o trabalho do tenho certeza, com o Dr. Márcio, com o Dr. conhecimento e decida plenamente sobre
Relator cinge-se mais a captar as idéias e aos Amado e com todos que aqui vierem, porque todas as receitas e despesas públicas, sejam
pensamentos dos expositores e da própria espero, depois de ouvi-los com calma e também quais forem suas origens.
bancada. De modo que me reservo para a contribuição dos meus companheiros de Gostaria, Prof. Augusto, que a sua
oportunidades futuras quando, depois de Subcomissão, formular o relatório. Secretaria, que é especializada, ajudasse este
recolher todas as informações que vierem a O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Congresso Constituinte a elaborar uma lei onde
este Plenário, juntando-as às dos eminentes Tem a palavra o Constituinte Messias Góis. nós, o povo brasileiro, tivéssemos o poder e o
companheiros que integram esta O SR. CONSTITUINTE MESSIAS conhecimento para direcionar onde melhor
Subcomissão, formularei o trabalho de GÓIS: – Caro Presidente João Alves, caro seria aplicado o dinheiro público. Concordo
relatoria. Relator José Luiz Maia, expositores e meus com sua exposição, no que se refere ao
Apenas anotei aqui dois pontos que companheiros da Constituinte, acredito que o orçamento plurianual de investimentos. Como
quero abordar. Quando da palestra do Dr. fato de o Orçamento, hoje, não ser uma peça advogado, até fiz alguns, trabalhando em
Márcio Reinaldo Moreira, S. Sª falou que transparente, proporcionando, portanto, à órgãos públicos, mas sabia de antemão – e
estaria elaborando uma proposta, que deveria União as apropriações indevidas, como também como Deputado Estadual, em Sergipe
encaminhar como sugestão para o Plenário mostrou e comprovou agora o companheiro – que o orçamento plurianual era apenas um
da Casa. Como o relógio trabalha contra nós, José Luiz Maia; o fato de fugir ao gasto inútil de papel, porque o Poder Executivo
quero pedir um pouco de pressa ao Dr. conhecimento do povo brasileiro tudo o que mandava cinco ou seis folhas dizendo o que
Márcio, porque, se não, quando vier, o carro ocorre em termos de finanças neste País, seria para três anos, aquilo era sancionado
já passou. tudo isto leva ao enfraquecimento do Poder mas não era obedecido. Era mais um entulho
Outro ponto abordado aqui que me Legislativo. Desde há muito, houve um na gaveta do burocrata. Já numa pré-
chamou atenção é o problema da enfraquecimento proposital do Poder discussão, aqui, houve unanimidade no sentido
transferência de recursos aos Estados e Legislativo no sentido de que o povo brasileiro de que o poder político se pronunciasse sobre
Municípios. Ontem, surpreendentemente, não tomasse conhecimento do que o poder planos e programas de governo. E o
peguei um documento – por sinal, fiz questão Executivo poderia fazer. O povo brasileiro foi Orçamento da União deve exatamente refletir
de comentá-lo numa reunião da bancada do marginalizado no bolso, ou seja, no que de planos e programas de governo, para que
Nordeste – em que, no balanço financeiro da mais sente. Porque quem tem a chave do recursos não sejam desperdiçados. Mesmo os
União, existe uma série de impostos cofre domina a sociedade. Por meio de países desenvolvidos, ricos, planejam o que
camuflados, que são cobrados e devidos aos artifícios, de artimanhas, de escondimentos, o vão gastar. E nós, que somos um País levado à
Estados e Municípios. E só no exercício de Poder Executivo fez leis e criou formas de falência, que estamos vivendo em falência,
1953, a preços evidentemente atualizados, toda a ordem para que o Poder Legislativo precisamos pensar quatro vezes o que vamos
deixaram de mandar para os Estados e ficasse totalmente ausente daquilo que dizia gastar, para ver o retorno. Por isso, acho muito
Municípios nada menos do que 6 bilhões, 437 da organização dos seus gastos e das suas boa a idéia de que sejam submetidas ao
milhões, 590 mil e 625 cruzados, recursos receitas. Os princípios orçamentários que Congresso Nacional, ao Poder Legislativo,
esses que fizeram falta aos cofres dos aprendemos nos bancos escolares, o da também a eleição e a adoção de planos e
Estados e Municípios. Esta é exatamente a unidade, da universalidade, da anualidade, programas de projetos de governo.
maneira arbitrária de como se faz orçamento tudo isso é muito bonito na escola, mas, na Entendo também como válida a
e de como se o administra. Hoje, estamos realidade dos fatos, nem sei se alguma vez o extinção desses fundos. Inclusive, deve
encaminhando aos companheiros todo esse princípio da universalidade foi aplicado haver muito fundo secreto por aí. A revista
estudo que nos foi enviado, pedindo-lhes que corretamente. Quantas informações a "Veja", da semana passada, falava sobre o
se detenham um pouco sobre esse aspecto. União e o Poder Executivo, diretamente fundo secreto da bomba atômica
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 14

– Delta 1, 2, 3 e 4. O cheque que mostraram feita pelos nossos convidados desta que todos anseiam para a solução desses
era do Delta 4, e a pergunta da revista era se assentada de hoje, sobre a forma problemas.
existe o Delta 1 ou o Delta 10. Então, desde orçamentária sobre a qual tem vivido a Nação Era o que unha a dizer.
que exista um plano, um projeto aprovado, do brasileira. Verifiquei que ambos os O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
conhecimento do Poder Legislativo, mesmo expositores deixaram claramente o que há no Tem a palavra o Constituinte José Guedes.
planos para o Nordeste, para o Sul, para o subterrâneo de toda essa forma de O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
Sudoeste, enfim, desde que haja um plano elaboração, que foge ao alcance e ao GUEDES: – Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs.
estabelecido e aprovado pelo Congresso, é conhecimento de muitas pessoas que têm a expositores, MárcIo Reinaldo Moreira e Antônio
desnecessária a existência de fundos. E eu, maior responsabilidade para com a Nação Augusto Oliveira Amado, que nos prestigiam
como político e Constituinte, Coloco-me numa brasileira, diante da complexidade com que se hoje com suas presenças, nós também temos
posição de muita expectativa até na seriedade cuida do Erário público. tido essa preocupação que o Deputado
da gerência desses fundos, porque tudo aquilo Desta maneira, Sr. Presidente, não Messias Góis tem quanto à sintetização desse
que é secreto, encoberto, tem alguma coisa sendo eu um homem conhecedor da ciência trabalho – que estamos realizando. Entendi
que não pode ser dita. A existência desses das finanças, tampouco da economia, mas um muito oportuno o dito pelo nosso companheiro,
fundos desconhecidos do povo brasileiro talvez Parlamentar que aqui esta para colaborar com Constituinte Fábio Raunheitti, quando S. Ex.ª
esteja fazendo a fortuna e a tranqüilidade de todo o esforço neste campo, quero dizer que, destaca, nesse trabalho de V. Sª, Dr. Amado, a
muita gente. É preciso que o Congresso hoje, vivo um dia de grande alegria, porque prioridade para que se supram os
Nacional tome uma posição definitiva. Não sei verifico que o benfazejo destino colocou à desequilíbrios regionais. Realmente, é um
se comungaria com a tese do Constituinte José frente desta Subcomissão V. Ex.ª, Deputado trabalho que consideramos da maior
Luiz Maia, a da unidade dos orçamentos. Não João Alves, que, com tanto acerto, talvez em importância e tenho a certeza de que isso
sei se temos condições, ou se orçamento um a face da grande experiência no exercício do soma a vontade de todos nós, nesta Casa,
um, examinado, discutido e legalizado pelo cargo de muitos anos à frente da presidência tanto dos grandes Estados, economicamente,
Congresso, não seria melhor. Seria uma coisa das Comissões de Orçamento e Fiscalização como também dos pequenos. Afinal, estamos
a discutir com o Relator e com os expositores Financeira neste Congresso Nacional, tem legislando em termos de Brasil.
da Secretaria de Orçamento e Finanças, com colhido os conhecimentos. No trabalho Sobre essa preocupação específica
uma decisão, no final, desta Subcomissão e, apresentado por V. Ex.ª, estou verificando que do Constituinte Messias Góis, estamos
posteriormente, do Congresso Constituinte. quase tudo quanto foi aqui trazido de novo tem atualmente pleiteando junto aos
Queria fazer ainda uma observação, a semente lançada nesta parte embrionária que companheiros que aprovemos um projeto de
se me permite o Presidente João Alves. Sou será submetida ao estudo e à apreciação dos resolução para que esta e todas as
decididamente a favor de uma Constituição nobres membros da Casa. subcomissões não se desfaçam no próximo
sintética. Acho que cabe posteriormente a Assim sendo, verifiquei, também, que mês, porque assim estaremos resumindo o
nós, legisladores ordinários, dizer, de modo já não se pode mais fazer um orçamento nosso trabalho a um pequeno texto
analítico, como se aplicar o princípio usando-se simplesmente o texto frio da lei, da constitucional, que não é a nossa intenção.
constitucional. Aqui há apresentado uma ciência das finanças. É preciso que se possua Teríamos de ir muito além, elaborando já,
anteproposta do nosso Presidente João também um pouco de sensibilidade para também, anteprojetos e leis complementares
Alves, e esse articulado, apresentado acredito analisar as condições regionais em que vive o à Constituição. É um trabalho que poderemos
que por um trabalho comum da SOF, tem povo brasileiro nas mais diversas condições, fazer. Pretendo mais, incluindo também a
muita coisa boa. Não sou eu que vou julgá-lo, sob todos os aspectos. votação, mas sei que isso ficaria mais a cargo
mas pediria, em nome do Relator, que fosse Estou convencido de que devemos do Congresso. Vamos pretender mais para
sintetizado aquilo que pudéssemos jogar na buscar uma forma de fortalecer os nossos ver se conseguimos alguma coisa. Aproveito
Constituição, para depois fazermos uma lei Municípios, que se espalham por este País de até para pedir o apoio dos nossos colegas.
não à semelhança, mas decorrente, como há dimensão continental, onde as condições são as Quero, especificamente, discordar em
hoje a de nº 4320, mais abrangente, e que mais diversas. Por isso mesmo, verificamos que, alguns pontos, porque com outros,
pudesse ser entendida por Estado e nas campanhas eleitorais, quase todos os naturalmente, concordamos, sobre esse
Municípios. Porque também não vamos Deputados traziam como bandeira o excelente trabalho do Dr. Amado, porque ele
pensar que esses princípios fundamentais fortalecimento dos Municípios. Neste instante, me faz entender que ele esta sendo mais
que a União pode fazer, o Município de em que estamos aqui cuidando da parte presidencialista do que o presidencialismo
Ribeirópolis, no Estado de Sergipe, também orçamentária, não nos podemos esquecer, de atual, já que encolhe em muito o prazo para
poderá fazê-los. Não. A realidade é forma alguma, de buscar essa forma de análise e aprovação do Orçamento. O nosso
totalmente diferente. Mas me bato por isto, fortalecimento, quer através de uma reforma Presidente, João Alves, propõe um prazo
porque as Constituições que conheço não se tributária, quer através de uma forma sensível às mais elástico – que ainda acho pequeno –, 30
detêm em vários artigos sobre orçamento. A necessidades de cada região, para de agosto; são quatro meses antes. V. Sª o
Constituição francesa trata-o em dois artigos; aquinhoarmos aquela gente que não pode ficar coloca para 30 de setembro. Entendo que isso
a Constituição portuguesa, em um artigo, em adstrita a uma forma comum a todos, diante das vai tolher mais ainda o nosso trabalho
quatro linhas, como também fala sobre diferenças existentes entre as várias regiões. parlamentar. Temos de prever...
Tribunal de Contas. Eu pediria que já que Assim, desejo saudar os companheiros O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
estamos para fazer a nova História do Brasil, que vieram trazer essas colocações que, para Não devo apartear V. Ex.ª, mas referi-me a
os senhores da SOF, parassem agora, como mim, foram de largo alcance, porque passei a agosto porque julho é o mês de recesso do
diz o Constituinte José Luiz Maia, o carro, que compreender melhor como funciona todo esse Congresso. De modo que coloquei 30 de
já está para passar, a fim de que dêem essa meandro imenso das leis e subleis que existem agosto, mas podemos, dentro deste mês,
contribuição histórica, exigida, agora não só diante da SEPLAN, diante desses organismos determinar urna outra data. Contanto que seja
dos Constituintes, porque estamos aqui que cuidam do Orçamento nacional. Porque dentro do mês de agosto.
representando V. Ex.ª que, pelo voto, nos ficamos às vezes completamente às escuras, O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
colocaram aqui. Então, há uma co- sem tomar conhecimento de como funciona o GUEDES: – Perfeitamente, 30 de agosto.
responsabilidade da sociedade. E como Orçamento, onde melhor se aplica o dinheiro, Poderíamos colocar 1º de agosto, ou, então,
queremos preservar a interdependência de onde as estatais chegam e se beneficiam de acabar com o recesso e colocaríamos 1º de
poderes, queremos também que esses quanto necessitem, sem que vinguem opine. julho.
poderes se intercomuniquem, para que não Neste instante em que estamos retomando Portanto que tenhamos um trabalho
haja o que está havendo hoje: a ascendência nossa posição de Poder Legislativo e que há além desse feito pela Comissão Mista.
exagerada do Poder Executivo e o de nos ser devolvida, nesta Constituição, toda Porque, no projeto do Dr. Amado, ele se
desaparecimento dos Poderes Legislativo e aquela força de que já dispôs o Congresso restringe a 15 dias do mês de abril – de 15 a
Judiciário. Nacional estamos convencidos de que 30 de abril. É um prazo realmente
Era o que tinha a dizer. poderemos alcançar o que desejamos, muito exíguo para que todos esses
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – dando a Nação Brasileira um Orçamento companheiros – são ilegível – participem com
Tem a palavra o Constituinte Fábio Raunheitti. compatível com as suas necessidades e sugestões e mesmo o ilegível tenha
O SR. CONSTITUINTE FÁBIO sobretudo, sob a plena realização dos Poderes aproveitamento. Temos a preocupação de
RAUNHEITTI: – Sr. Presidente, Srs. constituídos, sem o que estou convencido que antes na elaboração, realmente
Conferencistas, nobres colegas Constituintes, de que caminharemos as escuras novamente participemos mas depois também
ouvi com atenção a explanação sem conseguir aquela transparência participemos até para fazer os ajustes em
15 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

termos de inflação, prevendo as inflações e mente pretendemos fazer, verificamos – e Mas, neste primeiro momento
fazendo os ajustes de acordo com regiões, e isso sentimos conversando com nossos constitucional, deveria, urgentemente, ser feito
participando – coisa que é privada no projeto de colegas nos corredores, nos gabinetes – que um inventário, porque desconhecemos até as
V. Sª – através do plenário, inclusive. Não só nas a preocupação de todo Constituinte é resgatar nossas reservas, os nossos recursos. Gostaria
comissões, porque também restringe o trabalho esta responsabilidade, de forma que estamos que isso fosse proibido – porque foi incentivado
de muitos companheiros. Queremos também no sendo muitas vezes acusados e sem ter nesses anos de arbítrio, nos anos fundos.
plenário, que não seja individualmente, mas com conhecimento, participação nos fatos. A S. Sª, com muita sinceridade,
um terço, ou um quarto de parlamentares, Câmara não elabora orçamento: ela vota ou colocou até o esquecimento e a ignorância – e
podermos também entrar com projetos de aprova. Queremos de volta a possibilidade, a aí é até um veículo, um canal do qual o
emendas à Lei orçamentária. prerrogativa de legislar sobre matéria Executivo se aproveita para promover esses
No mais, esse trabalho é excelente. tributária e financeira. desmandos, essas desordens orçamentárias.
Temo somente que, somando todo esse esforço A proposta do nosso Presidente Fiscalização e proporção na folha de
– o nosso esforço como Parlamentares chega muito, mais perto do desejo dos pagamento, principalmente das despesas
as
Constituintes e o de V. S , que estão nos Constituintes. Vamos elaborar o próximo imobiliárias. Todos nós estamos
visitando, saindo das suas ocupações normais e Orçamento da União; vamos, em prazos comprometidos com a Nação e precisamos
contribuindo num momento decisivo para a constitucionais, obrigar os três Poderes a resgatar, organizar uma Constituição que seja
nossa Pátria – se acabe resumido num pequeno apresentar o inventário de todo o seu patrimônio; o espelho, o retrato, a alma, o espírito daqueles
artigo, e que não aproveitemos isso para a vamos exigir a transparência das despesas que nossos conterrâneos que aqui nos colocaram.
edição de leis complementares. Porque, se não o Executivo, o Legislativo e o Judiciário Queremos fazer uma Constituição
o fizermos nas Comissões e Subcomissões, o promovem anualmente. Não acreditamos, como que dure pelo menos duzentos anos,
Congresso irá formar outras Comissões. E essa muito bem disse – principalmente nós, que naturalmente sofrendo aquelas modificações,
disposição, essa linha de raciocínio dessa viemos de outras Assembléias, e eu vim de uma aqueles modernismos que a economia obriga
composição acabará ficando no esquecimento. Câmara Municipal – não acreditamos em quase diariamente.
Mas quero apresentar uma idéia a título de nenhum orçamento anual. Essa é uma forma de Eu me parabenizo mais com as
sugestão, porque V. Sª repete o que está no se arranjarem, de se arrumarem certos tipos de propostas. Nós, automaticamente, recebemos
Projeto Afonso Arinos, sobre créditos investimentos que fogem à fiscalização do duas propostas. Há, na Assembléia Nacional
extraordinários. Penso que poderíamos Legislativo. Não teremos só um orçamento; Constituinte, a proposta do eminente
aproveitar esse artigo, e acrescentar norma a queremos – como bem disse José Guedes – Presidente João Alves, afeito e feito nos
respeito do pagamento de pessoal, questão que exercer a fiscalização própria das Câmaras, plenários, no dia-a-dia, nos palanques e que,
consideramos prioritária. O pagamento de própria das Assembléias, própria do Congresso. com orgulho, representa o seu Estado já por
funcionários deve ser prioridade. Devemos Queremos que essa responsabilidade seja dada sete mandatos. Agradecemos a presença dos
estabelecer o princípio de que o pagamento de aos políticos. Estamos vivendo uma nova época, eminentes expositores e, realmente, como
salários é tão urgente quanto o atendimento a uma nova era. Esta Casa realmente foi ponto de partida para que possamos saber
uma situação de calamidade. Há muitos reformada pelos seus membros, numa como era e como pretendemos que seja, seus
governos que deixam de pagar os funcionários participação que a Nação brasileira estava a depoimentos foram muito importantes.
porque não têm dotação orçamentária, mesmo exigir. Sabemos que nossos colegas voltaram O SR. PRESIDENTE (João Alves):
que tenham a financeira. Então, sugiro ao nosso porque tinham, nos seus Estados, a – Tem a palavra o Constituinte Firmo de
Relator que incluamos, até para constar responsabilidade, a compreensão, o respeito de Castro.
como princípio, a prioridade do pagamento de seus conterrâneos, e não queremos perder essa O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
pessoal. oportunidade. Os remendos que se estão CASTRO: – Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs.
Agradeço a participação ao Sr. propondo nesta nova ordem orçamentária estão expositores, eu gostaria de, inicialmente, me
Presidente e a presença brilhante dos nossos muito aquém do que se propõe a Assembléia associar às manifestações de satisfação pela
conferencistas, Dr. Márcio e Dr. Amado. Nacional Constituinte. presença das ilustres figuras do Dr. Márcio
O SR. PRESIDENTE (João Alves): Nosso ilustre Presidente João Alves Reinaldo Moreira e, especialmente, do Dr.
– Com a palavra o Constituinte Carrel é um homem que conhece orçamento como Antônio Augusto Oliveira Amado – sem,
Benevides. poucos políticos e técnicos; nosso Relator, Dr. naturalmente, demérito para a presença do
O SR. CONSTITUINTE CARREL José Luiz Maia, tem inteligência e sabedoria, Dr. Márcio – a quem eu faria uma menção
BENEVIDES: – Dileto Presidente, Constituinte e já sentimos, pelas discussões com os especial mais por questão de justiça, por
João Alves, eminentes expositores, colegas membros desta Subcomissão que estamos conhecê-lo à frente da condução de órgãos
Constituintes, na observação geral, pelas inteiramente preparados para assumir a governamentais especializados em assuntos
palavras dos Constituintes Messias Góis, Fábio responsabilidade das despesas e das receitas dessa natureza, e sempre com muita
as
Raunheitti e José Guedes, V. S perceberam a que a Nação promoverá no ano que vem. competência, com muito brilho e – por que
responsabilidade de que esta Subcomissão Há outro detalhe que gostaríamos não dizer – com muita eficiência. Folgo,
está investida através de seus membros. de colocar – porque estarmo-nos preparando portanto, Dr. Amado, em tê-lo aqui, conosco,
Realmente, fomos aqui convocados para para uma mudança natural de governo – com trazendo suas sugestões e suas luzes para
conservar o maior mal, hoje mencionado em relação àquele orçamento que muitas vezes é que possamos cumprir, tanto quanto possível,
todas as entrevistas, pelos técnicos da área: o feito para o ano todo. O Executivo, em alguns da melhor forma a nossa missão.
grande mal da inflação é o grande déficit meses, como prevê a nossa atual Legislação Inicialmente, poderia dizer-lhes que
publico interno, causado pelos orçamentos, até 15 de março, compromete muitas vezes alguns pontos básicos parecem representar
pela má distribuição da receita, pela não- parte do Orçamento que não lhe e devido. um consenso não de todos nós, desta
transparência dos gastos públicos, pelas folhas Então, ou alteraríamos a data da posse dos Subcomissão, talvez da própria Comissão de
de pagamento e pelas despesas que os Três novos Presidentes, Governadores e Prefeitos, Sistema Tributário e, quem sabe, da
Poderes têm, no que concerne ao imobiliário. O ou deixaríamos o proporcional aos meses que Constituinte, relacionados com a questão do
Congresso Nacional vai ter de assumir eles ainda estão em exercício – quem já Orçamento, do Planejamento e da
publicamente o problema, vai ter de abrir mão respondeu por Prefeitura sabe muito bem Fiscalização Orçamentária e Financeira.
dos seus gastos com imóveis, que hoje disso. Muitas vezes, assume-se e se Eu diria, em princípio, que tudo indica
colocam o Constituinte com uma mordomia. A encontram algumas rubricas inteiramente que esta nova Constituição vai manter e até
sociedade precisa saber que talvez, se fosse comprometidas, ao cabo de um, dois meses, explicitar melhor a forma de intervenção
para escolher nossas moradias, não e pela própria hoste, pela própria legenda governamental no domínio econômico e social
moraríamos, nos apartamentos que nos são partidária, fica-se proibido de divulgar. E isso como e maneira única, por que não dizer, de se
oferecidos, porque arcamos com despesas de só vem em prejuízo da comunidade, da garantir a presença do Estado no sentido de
luz, gás e preferíamos que a Câmara e o execução do programa da plataforma da nova combater e eliminar as mais diversas disparidades
Senado os colocassem a venda, melhorassem administração. Queremos, também, que não decorrentes do sistema de livre iniciativa do livre
o salário do Constituinte, cobrasem-lhes haja publicação em Diário Oficial. Quem funcionamento dos mercados. Em função disso, e
impostos como a todo cidadão comum. quiser informar no Diário Oficial. Ali esta para que o Estado seja eficiente e eficaz
Chegamos aqui com essa responsabilidade. exatamente o segredo do negócio. na sua intervenção, decorre, como um ilegível
Observando a proposta do Gostaríamos que fosse publicado nos órgãos básico, a necessidade de que ilegível exerça o
eminente Prof. Augusto ilegível está de maior circulação, onde a sociedade planejamento de suas atividades da maneira
muito aquém daquilo que real- pudesse acompanhar. mais racional possível. Esse planejamen-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 16

to, evidentemente, comporta um caráter regionais e sociais de renda, e se essa ação se uma dívida de cento e dez. Se ela já é
imperativo normativo para as próprias ações do transforma em planos e orçamentos, temos de coobrigada com essa dívida através do aval do
Governo, como também comporta um caráter garantir, da forma mais sintética, que venha a Tesouro Nacional, se já administra isso no bojo
indicativo para as ações dos agentes privados. Aí ser, mas temos de garantir que a Constituição global da dívida, se não seria conveniente e
surge, parece-me que com um certo consenso, a proteja a ação do Governo, ao ponto de ficar importante, numa disposição transitória, garantir-
necessidade de que retomemos a elaboração de garantida a intervenção do Estado com vistas a se que a União absorva essa dívida, já que o
planos de desenvolvimento nacionais e combater essas disparidades. Então, cabe, refinanciamento, pelo que se tem visto, continua
regionais. Não sei se a nível dessa própria dentro da Constituição, por mais genérica que a impor aos Estados e Municípios compromissos
Subcomissão, e mesmo na Comissão de Ordem ela venha a ser, a necessidade de introduzirmos de encargos e amortizações irreais.
Econômica, teríamos de garantir, dispositivos que protejam uma política de Então, eu faria aos Srs. expositores
necessariamente, a dimensão de uma combate às disparidades regionais e essas duas indagações, por quanto vejo que
intervenção dentro dos limites certos, pessoais de renda, através de uma distribuição repousam aí algumas das principais inovações
naturalmente sem sufocar a livre iniciativa, e mais justa não só das despesas como dos que teríamos de adotar no capítulo do
garantindo, mais do que isso, o caminho do investimentos públicos. Parece-me também "Planejamento, Orçamento e Fiscalização
planejamento imperativo e normativo para as que esta é uma questão que teríamos de Orçamentária e Financeira" na Nova
ações do Governo. tratar de forma consensual, ao lado daquelas Constituição.
Eu chamaria também a atenção para a outras. O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
necessidade de que esse planejamento possa se Há, particularmente, uma questão que Tem a palavra o Dr. Antônio Amado, para
dividir entre o de caráter mais nacional e o de eu diria, talvez, não tão consensual, mas que responder à indagação do nobre Constituinte
caráter regional. Surge como uma das funções pode vir a sê-lo, que se refere à atual situação Firmo de Castro.
básicas – como já mencionei – da intervenção do financeira dos Estados e Municípios. Porque O SR. ANTÔNIO AUGUSTO
Governo o combate às disparidades tanto todos sabemos, de plano, que é uma situação OLHEIRA AMADO: – Em primeiro lugar, quero
regionais como sociais de riqueza. E, aí, invariavelmente de dificuldades extremas. Os agradecer ao Sr. Constituinte Firmo de Castro
comporta, evidentemente, um plano que vá Estados estão absolutamente endividados, boa pelo excesso de bondade que teve para com a
nessa linha, ou seja, planos regionais, que parte dos Municípios também, e, se nos minha pessoa.
teriam, naturalmente, a sua dimensão bem debruçarmos sobre cada um deles, vamos Com referência aos temas abordados,
definida e o seu encaminhamento respaldado em concluir de uma maneira também invariável que especialmente, a primeira questão, inclusão de
lei federal. tecnicamente eles são Estados em situações dispositivo constitucional determinando
Também parece um outro ponto claro financeiras insustentáveis. Então, esta é uma participação mínima no orçamento por parte das
que do planejamento sócio-econômico derivam questão mais de ordem conjuntural, mas em que regiões. eu temo muito – e a Historia nos ensina
os orçamentos plurianuais e anual. Então, já a caberia, talvez, o nosso disciplinamento, numa isso – que, quando se determine uma
nosso nível, teríamos de procurar ver de que disposição transitória, para garantir algum tipo de participação mínima, isso em desmedro do que
maneira o planejamento e a intervenção intervenção da União, no sentido de que poderia receber a mais. Quem trabalha na área
desabem no encaminhamento de orçamentos pudesse, nesse instante em que vamos, através de orçamento tem notado que, quando alguma
plurianuais e orçamento anual. de uma partição diferente da renda pública, instituição tem um fundo, aquele fundo serve
Também há consenso, de uma procurar transferir mais recursos para para compensar dotações orçamentárias que ele
maneira geral, não só por parte dos expositores, Estados e Municípios. Que comecemos por uma teria, se não tivesse o fundo. Aí se gera uma
como talvez da grande maioria dos Constituintes, disposição transitória, a fim de começar a aliviar diluição do efeito que poderia ter o fundo. Eu
de que esse é um caminho que a nova um pouco os Estados, com relação às suas defendo a tese de que, na medida em que o País
Constituinte vai ter também de garantir. dívidas de hoje. adota realmente um planejamento, em que
Quanto a algumas discussões sobre Então, tendo por pano de fundo essas queira enfrentar de fato os problemas regionais,
se o Orçamento seria integrado, dividido etc., questões, que parecem de certo modo, que são óbvios – ninguém pode dizer que não
provavelmente teremos uma questão de menor consensuais, eu indagaria dos Srs. expositores exista neste País um problema regional sério,
importância, quando a maior é que se garanta, sobre suas opiniões com relação a dois pontos desequilíbrios tremendos, quando certas áreas
naturalmente, a orçamentação tecnicamente básicos. Primeiro o que julgam sobre a inclusão do País se enquadram nos níveis mais baixos de
adequada. de dispositivos constitucionais que garantam às desenvolvimento do mundo, e outras se
Um outro ponto que parece também regiões mais pobres uma participação comparam com áreas mais desenvolvidas – se,
muito importante, e que deve ser, nessa altura, mínima nos dispêndios e nos investimentos realmente, se quer enfrentar esse problema, isso
consensual, é de que a intervenção do governo, públicos, assim como também o privilégio, ou tem de ser levado a cabo dentro de um
e, conseqüentemente, os seus orçamentos talvez a exclusividade – quem sabe? Na planejamento não somente regional, mas de um
operativos têm de dar ás suas ações aquela detenção de incentivos e estímulos fiscais planejamento nacional, onde de fato fique
transparência que todos hoje estamos cobrando; governamentais, ou seja, os investimentos, os explícito o que se deve transferir, que pode ser
a transparência não somente através da sua dispêndios ou a despesa pública da muito mais do que 1%, que se possa num
ação por origem de recursos fiscais, mas por União. Dever-se-á guardar uma proporção "X" determinado momento, dizer 3% do orçamento
origem de recursos monetários etc. Então, em relação ao seu total, de acordo com a para o Nordeste.
também se exige, hoje, que saiamos dessa base demográfica das regiões às quais se Por outro lado, eu temo muito a
definição muito parcial do Orçamento anual e até destinam. Ou ficam garantidos os incentivos acomodação dessas vinculações, ou seja, o
dos orçamentos de dispêndio, que hoje fiscais ou de outra natureza para o combate às Nordeste tem 3%, o Norte 2%, e todo mundo fica
são um tanto quanto renegados ao plano inferior disparidades regionais de renda, ou uma tranqüilo, quando, na verdade, a dinâmica dos
para, na verdade, orçamentos, tanto plurianuais disposição que garanta o fundo de fatos pode determinar que, em dois ou três anos,
como anuais, que comportem a ação de Estado desenvolvimento, ou de combate às calamidades aquele percentual seja tremendamente
na sua verdadeira dimensão – orçamento das regionais etc. ineficiente, porque o dinamismo do Sul está
estatais, orçamento monetário, orçamento fiscal Então, a primeira indagação que eu superando em muito o dinamismo do Norte. Eu
etc. faria aos Srs. expositores seria: o que acho que tudo isso tem de se dar no processo de
Parece também um outro ponto de acham de disposições desse tipo? A segunda planejamento, mas não naquele processo de
consenso que não só a nível dos Tribunais de questão trata de uma disposição bastante planejamento estático, acomodado, ou seja,
Contas mas também a nível do próprio específica, que garantiria aos Estados e elaborou-se o plano e aquilo vai solucionar o
Congresso tenhamos uma maior participação Municípios a transferência para a União problema do Nordeste. Não. Acho que este tipo
não só na fase de elaboração, mas dos ônus da sua dívida externa direta, de planejamento já não pode mais existir. Ele
principalmente na fase de fiscalização e controle contraída com o aval do próprio Tesouro tem de ser dinâmico, permanente, gerenciado e,
da ação governamental, isso parece também Nacional. na medida em que as coisas não estão
apresentar um ponto pacífico dentro dessas A explicação, em princípio, poderia ser respondendo, temos de exigir outras medidas
questões. E eu diria que surge também de que, hoje, a União, no tratamento da dívida complementares, alterações etc. Pelo menos, no
necessidade que tornemos ilegível na posição externa nacional, tanto na hora da meu entender, é o planejamento que se faz
que leva a Constituição a proteger a questão moratória, como na da renegociação, necessário para atacar problemas dessa
ilegível. naturalmente leva incluídas as dívidas natureza.
Ora se defendemos a tese externas diretas dos Estados. Isso poderia Por outro lado, na proposta
desse e através do estado que representar – o número certo eu não sei – talvez não falamos como se usava fazer
vamos combater as disparidades seis a sete milhões de dólares de um total de nas Constituições anteriores em
17 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

planos de transporte, educação, saúde, plano pendendo do Estado, da região ou do caso. lação, seja decreto-lei, seja lei, para recursos que
para o Vale do Rio São Francisco etc. Acho que Vejam, por exemplo, a Emenda Calmon, que foi estão retirados no DNER, questão na área de
tudo isso significa não entender o que é saudada, há pouco tempo, com todos os lucros transportes, que, por não ter havido, vamos
planejamento. Quando se fala em planejamento, etc., distribuindo, por exemplo, 13% dos recursos dizer, concordância entre o Ministério dos
tem-se de falar na tonalidade. Eu sinto até uma públicos à área de educação – poderia ser do Transportes e outros Ministérios, o entendimento
certa aversão quando me falam em planejamento Exército da Marinha, da Agricultura, da Saúde não avançou. Mas o Sr. Ministro Aníbal Teixeira
econômico e social. Não se pode separar essas etc. Se formos fazer uma avaliação da demanda já chamou para si essa responsabilidade. Há o
duas coisas, porque, ao falar em econômico, de recursos para pagar pessoal, no MEC, não problema da retenção de recursos no INCRA,
estou falando em social simultaneamente, estou são suficientes. Os 13%, hoje já não são também, a respeito do qual ele está também
falando em renda e, falando em renda, estou suficientes. A isonomia que se acaba de dar providenciando a solução. Acredito que, dentro
falando em nível de vida, de educação, de saúde entre autarquias e fundações aumentam de pouco tempo, teremos alguma notícia mais
etc. Então, acho que temos de adotar essa brutalmente as despesas do pessoal do positiva ou favorável sobre a matéria.
concepção totalizante, tanto no que concerne ao Ministério da Educação, das suas universidades. O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
setor, como no que concerne às regiões do País. Então, isso já traz para a área técnica – que tem Devido a resposta dada pelos nossos convidados
Porque não adianta pensarmos em de equacionar esses problemas deixar esses ao último interpelante, quero manifestar meus
desenvolvimento do Nordeste, se não professores remunerados devidamente, em dia – pessoais agradecimentos ao Sr. Relator José
pensarmos, simultaneamente, no que vai um problema que não se esperava seis meses Luiz Mais e aos Srs. Constituintes Messias Góis,
acontecer no Centro e no Sul, porque as regiões atrás. Há dois anos, dizia, o Senador Calmon, Fábio Raunheitti, José Guedes, Carrel Benevides
estão interconectadas, elas se interdependem. E, todo eufórico, que, pela primeira vez na e Firmo de Castro, pela colaboração que vêm
muitas vezes – V. Ex.as sabem muito bem – o República, colocava-se e cumpria a sua emenda, dando aos nossos trabalhos, sendo que hoje
Nordeste tem sido usado como "colchão de que destinava recursos dignos ao setor da evidenciaram com precisão e com muito
pancadas" do resto da economia. Quando há Educação. Aquilo que há dois anos era sucesso interesse, suas idéias sobre os nossos trabalhos
algum problema no Sul, destina-se uma quase que um ibope, hoje é só brincadeira, pois, a serem fixados num anteprojeto definitivo pelo
verba para o Nordeste, para que haja um hoje, o MEC já fala que quer 25% da receita, e nosso eminente Relator.
aumento da demanda etc. Então, acho que essa não é da receita tributária, não; quer da receita Quero, também, porque fui citado
visão integral e a vontade firme de querer que figure no Orçamento público, inclusive títulos algumas vezes pelos colegas, esclarecer sobre o
enfrentar os problemas é que devem fixar não da dívida pública, empréstimos externos e anteprojeto que preparei, como a colaboração
um percentual estático de participação, mas as internos etc. Porque só assim vai poder amenizar pessoal ao nosso Relator, a ser discutido por ele
necessidades reais, para enfrentar o problema. É as aspirações dos estudantes, mestres, reitores e todos os colegas, sendo que, nesse trabalho,
aí, evidentemente, que a atividade no campo etc. Aí, vem o Ministério da Saúde e fala: bem, previ tudo que aqui foi dito. Porque, em se
político é fundamental, pois é na arena política nós estamos, hoje, com um quadro endêmico tratando de Constituição, nós não podemos ser
que essas coisas têm de ser discutidas, como nunca tivemos e, se o MEC merece 13% extensos.
defendidas e adotadas. Não é no campo técnico. só temos 12% do Orçamento, por que não nos O que falou, por exemplo, o nobre
Não somos nós, técnicos, que vamos dizer isto, dão mais? Constituinte Messias Góis está sintetizado num
mas é a área política que tem de lutar, E, aí, entramos naquele outro capítulo artigo que deixa ao Congresso Nacional os
evidentemente baseada em aspectos técnicos. sobre a Previdência; por que não se faz um só poderes para examinar tudo. Está num
Bem, com referência à segunda Ministério? dispositivo, e V. Exas poderão ver. A mesma
questão, eu pediria desculpas de não poder Bem, então, é um assunto altamente coisa ocorre com o que falou o Sr. Constituinte
responder, porque não tenho a mínima idéia da problemático, que só mesmo com a soma de Firmo de Castro, está no outro dispositivo, e até
magnitude da dívida dos Estados, talvez o esforços e de boas intenções de todos os tem o Banco Central, que eu não incluí, porque,
Dr. Márcio tenha alguma informação mais brasileiros, de todos os constituintes, de técnicos, só neste ano, ao que se sabe, só na atualização
específica. para que possam mostrar a sua experiência, de juros, vão mais de cem bilhões de cruzados.
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – seus problemas, o que estão vivendo, qual é a Porque, se V. Exas não sabem, o Banco Central
Com a palavra o Dr. Márcio. sua realidade, é que nós poderemos, talvez, compra e vende dinheiro. E, nesse compra-e-
O DR. MÁRCIO REINALDO MOREIRA: caminhar para uma solução a mais razoável vende dinheiro vão cem bilhões dos nossos
– Bem, preocupa-me essa proposição, porquanto possível. bolsos, que são os impostos.
não temos realmente um estudo definido de Eu aproveitarei o ensejo para dizer ao Pouca gente sabe desse fato, mas está
como se passa hoje, a dívida dos Estados e de eminente Sr. Constituinte e Relator José Luiz tudo amarrado no anteprojeto, que elaborei
suas estatais. Lê-se pelos jornais, por exemplo, Maia que nós estamos preocupados com o prazo para o parlamentarismo ou para o
que o Governo Federal estuda a encampação da em que a Secretaria de Orçamento e Finanças presidencialismo. Só deixei a parte do Presidente
dívida do metrô do Rio, bem como do de São entregaria a esta Casa a sua proposta. da República com poder para nomear ministros,
Paulo. Só essa dívida representa, talvez, a dívida Infelizmente, V. Ex.ª sabe tanto quanto nós, a porque primeiro-ministro não pode nomear
de Sergipe, de Alagoas, ou de Pernambuco etc. área econômica passa, hoje, por turbulências ministro. E é a única vez que se fala em
Então, eu acho preocupante e talvez até haja má muito sérias, e nós, naturalmente, estamos presidente.
distribuição dos recursos públicos, se partirmos, nesse barco e, muitas vezes, perdidos. Mas esse De modo que gostaria que todos
por exemplo, de uma premissa como essa trabalho está pronto, precisando de alguns estudassem e dessem as suas opiniões, não a
elaboração de uma legislação. Temos de ser ajustes e de trocar idéias com nossos superiores, mim, mas ao nosso querido Relator, que está
prudentes nisso e estudar os casos porque também não temos autonomia para, em esperando a colaboração de todos, para fazer
especificamente, porque as dificuldades são nome da Secretaria de Orçamento e Finanças, um trabalho que venha agradar não só a nossa
grandes, e as dimensões da economia e dos nu em nome da SEPLAN, dizer que essa é a Subcomissão e aos Srs. Constituintes, mas a
problemas de cada Estado e mesmo dos nossa proposta. Mas prometemos – e temos uma todo o País. Estamos certos de que, pela sua
Municípios, hoje, são completamente distintas e figura que, pelo nome, já é uma garantia em inteligência, pelo seu empenho, pelo seu
em níveis complexos que, talvez, um relação ao que estamos falando aqui, que é o Dr. interesse, pela sua competência, pela sua
artigo contendo uma decisão em termos de Lengruber, ex-Diretor de Orçamento da SOF, habilidade, certamente ele nos há de fornecer
legislação só poderá criar uma pior Secretário-Adjunto, tal qual o Dr. Amado, um dos um trabalho eficiente, congregando o
distribuição dos recursos públicos entre as técnicos mais respeitados do Brasil. Ele está à que de melhor encontrar nas propostas
partes. disposição desta Subcomissão, do Sr. Relator, apresentadas.
Contudo, comungo perfeitamente com o dos Srs. Constituintes, tanto ele quanto a nossa Quero dizer também que as presenças,
Dr. Amado quando ele falou na fixação – eu equipe, pelo tempo e à hora que precisarem. aqui, do Dr. Márcio Reinaldo e do Dr. Amado
também já vi emendas e projetos de Deputados, Quanto ao caso também citado pelo Sr. muito engrandeceram a Subcomissão,
propondo a destinação de 2%, 3% do Produto Constituinte Messias Góis ou pelo Relator, da atendendo aos objetivos dos Srs. Constituintes
Interno Bruto, dentro do orçamento público, para receita municipal não transferida para os da Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
o Nordeste ou para o Norte. Eu também me Municípios, posso dizer a V. Ex.ª que o Financeira.
preocupo com isso, porque, realmente, Sr. Ministro Aníbal Teixeira está à frente O Dr. Amado já teve o relatório feito
como disse o Dr. Amado, o processo é desse assunto, pesquisando e buscando as pelo nosso colega Constituinte Firmo de
muito dinâmico, e 3% hoje, poderão ser razões disto. Nós temos alguns problemas Castro. E o Dr. Reinaldo, que conheço
muito pouco, amanhã ou até excessivo, de- de recursos que dependem de alguma legis- há muitos anos, devo dizer
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 18

que é um homem que, há longos anos, se O SR. PRESIDENTE (João Alves): – tral independente, diretrizes de nomeação dos
empenha dedicadamente ao trabalho de Eu gostaria que a nossa Subcomissão fosse seus administradores, como forma sutil e
orçamento. Foi Assessor do Presidente do sempre prestigiada com a presença inteligente de controle dos gastos públicos, do
Banco de Minas; Secretário de Finanças de dessas figuras. Mas, se já está decidido Orçamento da União, para, em seguida,
Minas; Secretário de Orçamento e Finanças que será na Comissão Temática, tudo colocar-se à inteira disposição dos
do Ministério da Saúde; Diretor da SOF. Há bem; estão todos convidados para lá constituintes. O Sr. Presidente da Comissão
mais de dois anos, me entendo com ele comparecer. Temática, Constituinte Francisco Dornelles,
sobre orçamento. No ano passado, o Agradecendo a todos, encerro a franqueou então a palavra aos Senhores
Orçamento já veio mais ou menos reunião. Roberto Campos, José Serra, Fernando
transparente. No meu anteprojeto eu peço Levanta-se a reunião. Coelho, Simão Sessim, Benito Gama, Jovani
que venha discriminadamente, deixando Massini, José Luiz Maia e Darcy Deitas.
tudo com o Congresso Nacional, para COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO Durante a fase de debates, foram discutidas
aprovação. Então, o Dr. Márcio Reinaldo eu ORÇAMENTO E FINANÇAS questões a respeito de plano econômico
reputo uma das pessoas mais interessadas, democrático, recursos para o sistema de
mais capazes em matéria de orçamento SUBCOMISSÃO DE ORÇAMENTO E fiscalização, desigualdades regionais,
neste País. Ele é o atual Secretário, não FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA empresas estatais, práticas fraudulentas
ainda definitivo, mas respondendo pela adotadas pelos governos na realização de
Secretaria de Orçamento e Finanças do 4ª Reunião (Ordinária) realizada em 30 de despesas e forma políticas como mecanismo
Governo Federal, a Secretaria que faz o abril de 1987 de fiscalização de dispêndios. A conferência,
Orçamento. os debates e as interpelações, com as devidas
O Dr. Lengruber é assessor, como o Aos 30 (trinta) dias do mês de abril do respostas, foram gravadas por inteiro e o texto,
Dr. Amado e outros. Eles é que ano de 1987 (um mil e novecentos e oitenta e após apanhamento, tradução e datilografia,
fazem o Orçamento da República e mandam- sete), às 10:00 horas, reuniram-se, em passará a fazer parte integrante desta Ata.
nos. Esse entrosamento com essas pessoas conjunto, na sala C do Anexo II da Câmara dos Nada mais havendo a tratar, às 12:55 horas, o
é, para nós, muito importante, pois já Deputados, a Comissão do Sistema Tributário, Sr. Presidente Francisco Dornelles, mais uma
conhecem o nosso pensamento, o Orçamento e Finanças e as Subcomissões de vez agradecendo a presença ilustre do Ministro
pensamento dos Srs. Constituintes, e poderão Orçamento e Fiscalização Financeira, do Mário Henrique Simonsen, bem como de sua
já trabalhar no sentido de ajustar o seu Sistema Financeiro e a de Tributos, exposição límpida e precisa, encerrou a
trabalho o mais possível as nossas Participação e Distribuição das Receitas, sob a reunião e, para constar, eu Benício Mendes
pretensões. presidência do Constituinte Francisco Teixeira, Secretário, lavrei a presente Ata, que
O nosso agradecimento, portanto, aos Dornelles, Presentes os Senhores Constituintes vai à publicação e, após lida, discutida e
convidados, extensivo a toda a SOF, que vem titulares Carral Benevides, João ilegível José aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente.
colaborando conosco através de documentos. Luiz Maia, Firmo de Castro, José Guedes, O SR. PRESIDENTE (Francisco
E esperamos, inclusive, que nos dê uma Naphtati Alves, Wilson Campos, Jovani Massini Dornelles): – Srs. Constituintes é uma honra
contribuição mais efetiva – pode ser até e Flávio Rocha e o suplente Fernando Gomes. muito grande para a Subcomissão de
afetiva também – dentro de quinze dias, até o Estiveram ausentes os senhores Constituintes Orçamento e Fiscalização Financeira receber
dia 6, como pede o nosso Relator, o Sr. titulares João Alves, Carlos de Caril, João o ex-Ministro Mário Henrique Simonsen.
Constituinte José Luiz Maia. Carlos Bacelar, Lézio Suthler, Márcio Braga, S. Ex.ª dispensa qualquer apresentação.
Quero também ler a pauta dos nossos Furtado Leite, Jessé Freire, Messias Góis, Foi nosso Ministro da Fazenda. Ministro do
trabalhos, ou o que já temos previsto. Vamos Féres Nader e Fábio Raunheitti. Planejamento, Diretor da Escola de Economia
ver. Hoje, tivemos a presença do Dr. Antônio Compareceram ainda os constituintes Geraldo da Fundação Getúlio Vargas, e é, hoje, um dos
Amado e do Dr. Márcio Reinaldo; amanhã, dia Fleming, Ivo Vanderlinde, Ruberval Piloto, grandes expoentes do Brasil – talvez até mesmo
30, às 10 horas, teremos a do ex-Ministro Sr. Roberto Campos, Domingos Juvenil, Nion do mundo – em matéria de Economia.
Mário Henrique Simonsen, e às 17 horas, a Albemaz, Rose de Freitas, Harlan Gadelha, Concedo a palavra ao Sr. Ministro
do Dr. Andrea Sandro Calabi, Secretário do Jalles Fontoura, lvan Bonato, Basílio Villani, Mário Henrique Simonsen, para falar sobre
Tesouro Nacional; no dia 5, às 10 horas, o Fernando Coelho, Roberto Torres, Benito Orçamento e política financeira.
Prof. Nilson Holanda; e, às 17 horas, o Prof. Gama, Simão Sessim, Luiz Salomão, Carlos O SR. MINISTRO MÁRIO HENRIQUE
André Lara Rezende, todos da área da Cardinal, Luiz Eduardo, Darcy Deitos, Victor SIMONSEN: – Muito obrigado, Sr. Presidente.
economia, autoridades monetárias etc. No dia Fontoura e Jofran Frejat ATA Foi dispensada a Srs. Constituintes. O tema que vou abordar
6 de maio, às 10 horas, teremos aqui o ex- leitura da Ata de reunião anterior, e pedido do hoje aqui, é propositalmente provocativo,
Ministro Dilson Funaro, dependendo de relator da Subcomissão de Orçamento e polêmico, para debates. Confesso, porém,
confirmação de S. Ex.ª pois tem problemas Fiscalização Financeira. Constituinte José Luiz que, depois de algumas reflexões, cheguei à
em função dos quais não poderia atender de Maia, já que foram distribuídas conclusão de que há duas instituições que
pronto nosso convite, mas está estudando a cópias a todos os membros da Subcomissão; não podem ser desvinculadas. Uma, que
nossa solicitação, visando ao atendimento; e, não houve discussão e, colocada em votação, corresponde a uma idéia bastante
às 17 horas, teremos o Ministro Fernando foi ela aprovada, por unanimidade, sem apresentada hoje, no Brasil – diria, mesmo,
Gonçalves, Presidente do Tribunal de restrição. ORDEM DO DIA: Passando à ordem que já é objeto de consenso – referente ao
Contas da União, que trará a sua do dia, o Sr. Presidente, Constituinte Francisco déficit de orçamentos de um governo bem-
colaboração, e de todo o Tribunal, sobre Dornelles, comunicou que a presente reunião estruturado e que deve consignar todas as
a parte de fiscalização financeira, já foi convocada para ouvir o Ministro Mário suas receitas e despesas na lei orçamentária.
que é o órgão auxiliar do Poder Legislativo. Henrique Simonsen. Em seguida, tecendo Essa questão se explica com extrema
Nessa ocasião, inclusive, poderemos sucintos comentários a respeito da temática simplicidade. Primeiro, porque a gestão
abordá-lo sobre os problemas que se "Orçamento e Sistema Financeiro", o Sr. financeira do Governo deve ser transparente.
referem à fiscalização financeira, a Presidente Francisco Dornelles convidou o O Governo deve anunciar à sociedade onde e
que os nobres colegas, há pouco, se expositor e compor a Mesa e concedeu-lhe a quanto vai gastar e com que recursos.
referiram. palavra. O Senhor Ministro Mário Henrique Segundo, o Orçamento é o documento
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Simonsen, então, agradecendo a honra de onde se estampam as prioridades
Queria esclarecer que a reunião com os Srs. estar presente no plenário da Comissão do econômicas do Governo. Terceiro,
Mário Henrique Simonsen e Andrea Calabi Sistema Tributário, Orçamento e Finanças, porque o administrador público precisa
será no plenário da Comissão Temática, por discorreu com eloqüência acerca do tema, estar protegido contra as pressões
sugestão nossa. abordando aspectos sobre um Banco Cen- para aumentar as despesas. Por esta
19 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

razão, um ritual severo costuma preceder e do Ministro do Planejamento, para Em suma, para dar substância ao
acompanhar a execução orçamentária. A Lei pedir verbas extras não previstas no princípio da unicidade orçamentária, estou
de Meios deve ser previamente aprovada pelo Orçamento. convencido de que é indispensável separar o
as
Congresso, e as despesas, antes de Como V. Ex. compõem uma Executivo do poder emissor. Ou seja, ter
autorizadas, devem ser devidamente Assembléia Nacional Constituinte, minha aquilo que o Brasil jamais teve: um Banco
empenhadas. Este é o clássico ritual pergunta fundamental é a seguinte: Central independente. Antes de 1964, os
orçamentário que, presumidamente, deveria Será que esse quadro pode ser reverte, orçamentos paralelos existiam e fluíam
abranger um orçamento único. tido apenas por uma simples disposição através do Banco do Brasil. Naquele
Essencialmente – apenas para constitucional quanto à unicidade tempo, o poder emissor era o Tesouro e as
antecipar o que vai ser a conclusão de minha orçamentária? emissões se davam de maneira muito curiosa.
palestra –, hoje estou convencido de que, Eu lembraria que não se pode acusar Quando o Governo precisava de dinheiro,
para se implantar o cimento unificado, há uma a Constituição em vigor de ter esquecido o recorria ao Banco do Brasil. O
contrapartida que se torna indispensável, ou princípio de unicidade orçamentária. Se V. Governo, recorrendo ao Banco do Brasil, e
as
seja, um Banco Central independente. Ex. considerarem a Constituição em vigor e este não tendo caixa, ia à Carteira de
Gostaria de discutir aqui, em detalhes, o que analisarem o capítulo que vai do art. 60 ao art. Redesconto do próprio Banco do Brasil, e
significa, em termos de administração o, em 69, verão que estes dispõem, até muito esta Carteira, então, era autorizada a solicitar
termos de balanço do poder, a idéia de um minuciosamente, sobre o processo ao Tesouro a emissão, para poder cobrir as
Banco Central independente. orçamentário. Mais ainda, o caput do art. 62 necessidades de caixa do Banco do Brasil.
Em primeiro lugar, é claro que, estabelece, explicitamente: "O orçamento Então, por uma ficção jurídica que envolvia o
mesmo em um orçamento unificado, o Poder anual compreenderá obrigatoriamente as Banco do Brasil e sua Carteira de
Executivo deve dispor de alguma flexibilidade despesas e receitas relativas a todos os Redesconto, o que havia, de fato, era um
para atender a imprevistos. Para isso, poderes, órgãos e fundos, tanto da Tesouro emitindo para financiar o próprio
entretanto, existem reservas de contingência, administração direta quanto da indireta, Tesouro.
como em qualquer orçamento, e que excluídas apenas as entidades que não Creio que, estabelecida essa idéia do
permitem exatamente essa flexibilidade tão recebem subvenções ou transferências à que seja um Banco Central independente,
necessária, além, eventualmente, da conta do Orçamento". cabe realmente examinar aqui, para debate, o
possibilidade de emendas à lei orçamentária, Quer dizer, o princípio do orçamento que significa um Banco Central independente
de abertura de créditos suplementares unificado já está na Constituição em vigor, e quais suas conseqüências econômicas e
extraordinários, com prévia aprovação do escrito com todos os pingos nos "ii". Mais políticas.
Congresso. ainda, até o § 3º deste mesmo artigo Em primeiro lugar, quais as
Na realidade, o aspecto que eu estabelece que nenhum investimento, cuja características básicas do Banco Central
gostada de discutir aqui é até que ponto a execução ultrapasse um exercício financeiro, independente? A primeira é o mandato dos
unicidade orçamentária efetivamente flui de poderá ser iniciado sem prévia inclusão no seus administradores. Os conselheiros e
uma disposição constitucional. Em outras orçamento plurianual de investimentos ou sem diretores de um Banco Central independente
palavras, até que ponto, se uma Constituição prévia lei que o autorize e fixe o montante das têm mandatos, digamos, de seis anos. A
determina que o orçamento é único, o dotações que anualmente constarão do segunda característica de um Banco Central
orçamento efetivo será realmente único. Orçamento, durante o prazo de sua execução. independente é que a lei proíbe que ele
Todos sabemos que o Brasil se Ou seja, a Constituição atual já prevê, financie diretamente as despesas do Tesouro.
notabilizou, nos últimos anos, por ser um país realmente, com suficiente cuidado, a O que não significa que indiretamente o
com três orçamentos: o fiscal, o monetário e o unicidade orçamentária, de um lado, e, de Banco Central não possa financiar o Tesouro,
das estatais. Tem havido um grande esforço, outro, o próprio fato de que, quando houver comprando os seus títulos. Mas há apenas
liderado pelo Dr. Andrea Calabi, para, na um programa de investimentos que valha no uma mudança na ordem das coisas. O
Secretária do Tesouro, unificar, pelo menos exercício financeiro, haja uma lei especial que Governo, se tiver déficits, tem que cobri-los,
contabilmente, esses três orçamentos. E acho consigne dotações orçamentárias para esse emitindo títulos, e o Banco Central, se quiser,
que os progressos realizados nos últimos investimento enquanto ele estiver sendo para regular a taxa de juros e o fluxo de
anus são realmente importantes. realizado, ou o investimento deve ser emissão monetária, pode comprar ou
Há apenas alguns detalhes a notar. incluído no orçamento plurianual de vender esses títulos. É uma relação
Primeiro, o de que orçamento monetário e o investimentos. completamente diferente da hoje existente.
orçamento das estatais, de orçamento só têm Creio que, a essa altura, num debate Os detalhes, evidentemente, podem variar,
o nome, porque eles pedem ser estourados à sobre a Constituição, cabe realmente indagar como, por exemplo, quanto à duração dos
vontade sem que necessariamente haja uma por que razão o art. 62 da Constituição mandatos dos diretores do Banco
sanção para aqueles que o tenham Federal em vigor se transformou, de alguma Central. Isso pode ser objeto de discussões,
estourado. O caso único em que existe forma, em letra morta, a resposta é muito de avaliações, mas, digamos que seja
alguma sanção é quando o País está sob simples. Quando o Poder Executivo possui o de seis anos. Como se renovam esses
acordo com o FMI, quando, então, poder de emitir moeda, o princípio da mandatos? Em primeiro lugar, há uma
suspendem em créditos ao País, no momento unicidade orçamentária cai no vazio. Por certa importância de que esses mandatos
em que esses orçamentos paralelos certo, a emissão de moeda sempre costuma sejam não coincidentes, isto é, que a
estouram. ter um certo lastro contábil, quer dizer, não se renovação da diretoria do Banco Central
Por outro lado, há também o aspecto, emite moeda para financiar despesas – o nunca seja feita de uma vez só. Mas,
político. Como o orçamento fiscal costuma Banco Central é proibido de fazer isso. Emite- digamos, se os mandatos fossem de seis
trazer apenas uma parte daquele que se moeda para financiar a compra de um anos, a renovação abrangera um sexto da
efetivamente são as despesas e es receitas artigo físico – ouro, por exemplo – ou para diretoria a cada ano – isto, para assegurar
da União a Lei de Meios, hoje, no Brasil, financiar a compra de reservas, ou para certa continuidade administrativa para a
costuma tramitar no Congresso com muita comprar um título de crédito. O que acontece, política monetária. Como se nomeiam os
pouca discussão. Na maior parte do mundo, a na verdade, é que, com créditos subsidiados administradores? Pode haver vários critérios.
lei orçamentária é uma das mais polêmicas, ou com créditos renovados perpetuamente, O critério normal seria o da
obrigando o Ministro da Fazenda a ir ao indefinidamente, qualquer despesa pode ser indicação pelo Presidente da República,
Congresso e passar semanas e semanas a financiada. Na realidade, à medida que o sujeito à aprovação do Senado, por
discuti-la. No Brasil, eu diria que, poder Executivo dispõe do Poder de emitir exemplo.
provavelmente, é uma das leis mais pacíficas, moeda, tal poder frustra, de alguma forma, o É importante notar que a Lei nº 4595,
em termos de tramitação peio Congresso princípio da unicidade orçamentária. Pura e de 1964, chegou perto da idéia da criação de
Nacional. Tem sido assim na História do Brasil simplesmente, porque qualquer empréstimo um Banco Central independente. Cabe
– não apenas no período posterior a 1964, subsidiado ou renovado por muito tempo perguntar por que ela só chegou perto e não
mas também no período anterior a 1964. Em financia qualquer despesa. Inclusive, se há formou um Banco Central independente. Há
compensação, vemos que é um hábito uma despesa de investimento produtivo, o três fatores. O primeiro deles é que, para que
nacional, pode-se dizer arraigado, crédito nem precisa ser subsidiado nem a lei fosse aceita pelo Congresso, foi preciso
empresários e a própria classe política renovado indefinidamente – basta ser fazer intensas negociações quanto ao que
freqüentemente se enfileirarem a porta renovado até que o investimento entre em seria a função do Banco do Brasil, e dessas
dos gabinetes do Ministro da Fazenda, maturação. negociações nasceram duas figuras es-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATA DAS COMISSÕES) 20

tranhas: primeiro, a famosa conta de blica, ou quanto a cassação de um mandato- ser objeto de muita discussão detalhada por
movimento do Banco do Brasil; segundo, a parlamentar. O que acontece é que, com isso, parte do Congresso.
própria figura do orçamento monetário, que, em geral, o Presidente do Banco Central acaba Eu diria, portanto, que a grande
na Lei nº 4.595, se destinava a disciplinar as transformando-se em uma figura de política vantagem de um Banco Central Independente
operações ativas do Banco do Brasil. Em econômica muito mais importante do que o é que ele se transforma em um freio contra a
terceiro lugar, o Decreto-lei nº 200 subordinou Ministro da fazenda. É ele, realmente, quem inflação. E, mais, ele obriga o Governo a
o Banco Central ao Ministério da Fazenda – o realmente comanda a política monetária, a taxa definir melhor suas prioridades no orçamento.
Banco Central seria uma autarquia de juros, as negociações da dívida externa, a Isto porque, no momento em que não há
subordinada hierarquicamente ao Ministério política cambial – para citar apenas alguns escapatória para financiar gastos pelos
da Fazenda. Por outro lado, em 1967, quando itens principais. É claro que o peso do poder vai condutos de crédito, realmente a lei
houve a substituição do Presidente Castello sempre depender um pouco da personalidade orçamentária tem de estampar quais são,
Branco pelo Presidente Costa e Silva, de cada presidente do Banco Central, de cada exatamente, todas as prioridades do setor
realmente o Governo exerceu, digamos, um diretoria. público em matéria de gastos.
esforço de persuasão para que os mandatos Num Banco Central independente, de Ele serve também, até o ponto de
dos antigos dirigentes do Banco Central não fato, as figuras tendem a ficar mais lendárias do vista didático, para desfazer um mito que
fossem respeitados. Mais ainda, depois do AI- que as dos ministros da Fazenda. Na verdade, infelizmente tem estado muito incorporado à
5, os mandatos se tomaram insubsistentes, já se começarmos a verificar, nos círculos nossa cultura, qual seja o de que o Governo é
que qualquer mandato podia ser cassado pelo financeiros mais desenvolvidos, quais as capaz de criar recursos do nada. Na
AI-5, e, em 1974, estabeleceu-se, então, o figuras mais importantes, veremos que, em realidade, sabemos que o Governo pode
regime de os diretores do Banco Central geral, não são os ministros da Fazenda, mas regular o funcionamento da economia, evitar
serem demissíveis ad nutum, dentro do os presidentes do Banco Central, como, por desperdícios na produção e no emprego,
princípio de que era menos estigmatizante exemplo, Arthur Burns, antes, e, agora, Paul coordenação que, inclusive, exige extrema
uma demissão normal do que uma demissão Volcker, nos Estados Unidos, David Gordon cautela para que não se gaste muito mais na
pelo AI-5. Richard, na Inglaterra, Karlot Blessing, na coibição dos desperdícios, ou seja, do que o
Agora, como no Brasil jamais houve Alemanha, Guidi Carli, na Itália, e assim por custo desse controle ou desperdício. No mais,
um Banco Central independente, acho diante. Eu diria, mais, que a independência do porém, a grande tarefa do Governo é tirar de
importante explorarmos, neste debate, as Banco Central é, a meu ver, recomendável em uns para dar a outros, ou seja, de transferir
implicações políticas e econômicas de um regimes presidencialistas e absolutamente recursos, tarefa que também tem de ser
Banco Central independente. indispensáveis em regimes parlamentaristas, executada com muito cuidado, para que não
De fato, um Banco Central sob pena de haver permanente façam transferências do tipo Robin Wood às
independente equivale, praticamente, à descontinuidade da política monetária cambial avessas, ou seja, tirar dos pobres e dar aos
criação de um quarto poder, o poder emissor, e de tudo o mais. Um exemplo, aliás, muito ricos. Essa tarefa também não pode ser
que deve funcionar em paralelo com o interessante é o da Itália. Nos trinta anos que executada com muito rigor, em um outro
Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Na se seguiram à Segunda Guerra Mundial, na sentido, sob pena de os ricos ou emigrarem
realidade, esse poder emissor, no regime de Itália houve não se sabe quantos gabinetes e para o exterior ou praticarem a economia
padrão-ouro do século passado e até o final quantos ministros do Tesouro e das Finanças. paralela. É uma tarefa, pois, que tem de ser
de I Guerra Mundial, nunca precisou ser muito Mas, praticamente, por trinta anos, bem dosada.
controlado, já que o próprio regime do padrão- permaneceu um único presidente no Banco Outro problema importante a sublinhar
ouro fazia com que a quantidade de moeda Central italiano, o De Carli, o que garantia certa é que um Banco Central independente, ao
estivesse vinculada ao estoque de metais continuidade à política monetária e cambial, representar uma espécie de quarto poder,
preciosos disponíveis no País. digamos, da Itália. pode não funcionar harmonicamente com os
Realmente, o que criou a idéia de um O outro aspecto importante a sublinhar demais. Creio que o melhor exemplo disso é o
Banco Central independente foi a é que um Banco Central independente que está acontecendo na área econômica do
necessidade de colocar um freio na tentação certamente tira do Executivo muitos de seus Governo Reagan: há uma política monetária
dos governos de criarem despesas emitindo poderes discricionários – e aí não importa se os austera e uma política fiscal extremamente
moeda. Tentação, aliás, que já foi presidentes são civis ou militares – frouxa – melhorou um pouco recentemente,
maravilhosamente descrita, no seculo simplesmente, porque, se o Banco Central é mas, de qualquer forma, é assim. Que
passado, por Goethe, na segunda parte do realmente independente, ele acaba com as aconteceu no Governo Reagan, desde 1981?
"Fausto", quando coloca Mefistófeles em um verbas orçamentárias canalizadas pelos A parte orçamentária foi visivelmente
reino extremamente desafortunado e começa mecanismos de crédito. Para o Legislativo isto expansionista, ou inflacionária etc. Agora, o
a promover a felicidade geral criando significaria um acréscimo em seu coeficiente grande ato do Presidente Reagan para
despesas sem criação de dinheiro. E, relativo de poder. Porque, é claro, aí o que combater a inflação foi manter Paul Volcker à
naturalmente, quando se passa de um passa a ser fundamental na delimitação dos frente da Reserva Federal. Essa combinação
momento de grande euforia a depressão, gastos públicos é a lei orçamentária e de política monetária apertada, por parte do
Goethe descreve Mefistófeles posteriores emendas que venham a ter. Em Banco Central norte-americano, com política
cuidadosamente se escafedendo, para não contrapartida, para o próprio Legislativo – fiscal-extremamente frouxa, com um enorme
ver a segunda parte – para não ver o Cruzado considerando-se os hábitos atuais do Brasil déficit do Tesouro, criou, no entanto, vários
Il da história. isso exige um esforço de autocontenção, eis problemas, que se alastraram pelo mundo
Também é importante notar que um que deixa de existir qualquer caminho para a inteiro. Primeiro, houve um período de
Banco Central independente não é uma obtenção de verbas adicionais via Presidente recessão nos Estados Unidos – recessão sem
autoridade monetária diretamente da República, via Ministro do Planejamento ou precedentes, desde a década de 1930. Só até
subordinada ao Congresso, como, às vezes, da Fazenda, o que hoje ocorre através dos meados de 1982. Simultaneamente, houve
aqui, se tem escrito na imprensa. Por certo, canais de crédito. A esta altura, portanto, em uma alta de juros que atraiu capitais de todo
dentro de um princípio de funcionamento que o orçamento fiscal realmente se torna mundo para os Estados Unidos, valorizando
harmônico dos poderes, os diretores unificado, o Congresso tem de mudar de de modo absurdo o dólar em relação às
do Banco Central dialogam com o Legislativo atitude. Quer dizer, passa a não haver projeto demais moedas internacionais, até setembro
– são freqüentes as presenças de diretores, de lei mais importante do que a lei de 1985. Com essa valorização, parte da
sobretudo presidentes de Banco Central, orçamentária, que merece ser discutida nos agricultura, da indústria e do setor de
no Congresso e suas Comissões – também seus mínimos pormenores e tem de ser construção dos Estados Unidos foi arruinada
com o Poder Executivo e, eventualmente, relativamente abrangente. Porque hoje, no pela incapacidade de competir no mercado
se necessário, com o Poder Judiciário. Brasil, há vários problemas que passam em exportador. E os Estados Unidos acabaram
Apenas não é um voto de desconfiança, brancas nuvens na lei orçamentária, como, por também se transformando no maior devedor
por maioria simples, que derruba um diretor exemplo, como se irão financiar as safras; internacional, recorde que não pertence mais
de um Banco Central independente. De como o Governo irá comprar os estoques a nós – os Estados Unidos já o assumiram há
fato, os mandatos devem poder ser cortados, dentro de uma política de preços mínimos e muito tempo, com seus déficits comerciais de
cassados, em determinadas circunstâncias, tudo o mais. Tudo isto, hoje, passa em branco quase 70 bilhões de dólares por ano. E agora,
mas isso tem de obedecer a um ritual na lei orçamentária e no orçamento unificado. ultimamente, o dólar começou a despencar –
tão severo quando ao de um impeachment Caso tivéssemos um Banco Central na realidade, desde o final de 1985
de um presidente da Repú- independente, certamente isso teria de – nos mercados financeiros inter-
21 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

nacionais, o que mostra, de fato, que a idéia – sem o que realmente o Banco Central não ram dívida externa – o programa nuclear,
do Banco Central independente não é uma seria independente. Itaipu, Tucuruí e, agora mesmo, um novo
panacéia. Creio que, para resistir ao tempo, uma projeto que se delineia, o da ferrovia Norte –
Se perguntarmos se foi melhor para os Constituição precisa ser enxuta. Temas como, Sul, para não falar em projetos secretos, como
Estados Unidos ter uma mistura de política por exemplo, a participação do capital privado o de um submarino nuclear – jamais foram
monetária austera com política fiscal pouco nacional e estrangeiro no sistema financeiro, objeto de orçamento plurianual, de
austera ou ter uma falta de austeridade no meu entender, estão fora de órbita em investimentos. A inflação e a dívida externa
conjunta, a perspectiva depende de que ponto termos de uma constituição. Acho apenas que deles resultantes são inconstitucionais. Quando
de vista nos colocarmos. Se o problema fosse se deveria lembrar um ponto, o de que a se quer agora por exemplo instituir uma
de inflação, certamente seria melhor haver o estatização do sistema financeiro, como às comissão para análise das origens da divida
desencontro de políticas que houve do que ter vezes, é proposta, desafina com a idéia de um externa, a primeira conclusão não vai ser a de
um Banco Central emitindo moeda à orçamento unificado, que exige um Banco que a dívida externa foi bem ou mal contratada,
vontade para financiar o Tesouro. Em Central independente. Com efeito, nada há de ou que os projetos foram bem ou mal
compensação, do ponto de vista da balança mais saudável do que a concorrência. No avaliados, mas, sim, a de que a dívida externa
de pagamentos, da atividade econômica, do momento em que não existe essa é quase toda inconstitucional, por não terem
investimento interno, essa dicotomia de concorrência por causa da estatização do sido obedecidas as condições de projetos que
políticas nos Estados Unidos prejudicou sistema financeiro, o Banco Central acaba fundamentaram a obtenção dos empréstimos
fortemente a economia americana e a mundial, ficando a reboque do conjunto de bancos que construíram a dívida.
pois gerou a alta dos juros internacionais, oficiais, como freqüentemente tem ocorrido, Outra cautela é a vedação de
contaminando a dívida externa de todos os inclusive em episódios recentes envolvendo vinculações, a que se referiu o Ministro
países endividados – inclusive a nossa – e bancos estaduais. Se os bancos estatais, que, Simonsen – aliás, propondo um grau maior
tudo o mais. Realmente, se olharmos hoje a meu ver, devem funcionar sem subsídios flexibilidade, no caso. Vedaram as vinculações
para os Estados Unidos, perguntaremos: o governamentais, oferecerem créditos mais na Constituição de 1967 pelo simples fato de
que há de errado, a austeridade monetária baratos, ou melhores serviços que os bancos que as somas das vinculações já existentes
ou a falta de austeridade fiscal? A privados, ganharão a concorrência. Caso mais a soma das vinculações propostas
resposta, óbvia, é que não é a austeridade contrário, ganharão os bancos privados. O superavam 100%. O orçamento estaria todo,
monetária, mas, sim, a falta de austeridade que não creio é que, em nome da democracia, anteriormente, ou ex-ante, vinculado a
fiscal. se possa pedir a estatização dos bancos para determinadas atividades. Seguiu-se, então, um
Mas, voltando ao nosso tema central – beneficiar mutuários à custa dos contribuintes. caminho mais radical, o de proibir as
a elaboração da Constituição brasileira – creio Acho que um orçamento unificado, diga-se de vinculações, exceto aquelas explicitamente
que, em matéria de necessidade orçamentária, passagem, teria a vantagem de revelar quem enunciadas na Constituição, e que são em
os artigos da atual Carta são bastante estaria pagando a conta: A vítima acabaria número muito limitado. Obviamente, isso
satisfatórios, exceto, talvez, quanto a sendo o favelado e o beneficiado, o custou uma batalha política com o Nordeste e
pormenores. Ou seja, discutir se o capítulo aventureiro. com a Sudam, que queriam manter as
sobre inflações de receita deve permanecer ou Estas, as minhas observações vinculações explícitas.
não exatamente como está – art. 62 § 2º – preliminares. Fico à disposição de V. Ex.ª Há alguns outros aspectos da lei
evidentemente é um tema para discussão. A para qualquer debate. (Palmas.) orçamentária constitucional que realmente
idéia da vinculação tem o atrativo de garantir a O SR. PRESIDENTE (Francisco merecem reparo, porque constituíram uma
continuidade de certos programas, mas Dornelles): – Com a palavra o Constituinte espécie de ousadia de tecnocrata – e tenho
também implica um grande perigo, isto é, de Roberto Campos. que penitenciar-me por isso. Há, por exemplo,
tal forma ela marca o Orçamento que, às O SR. CONSTITUINTE ROBERTO demasiada rigidez em não se permitirem
vezes, com isto se tira completamente a CAMPOS: – Só não me declaro aluno do emendas ou transferências das dotações
flexibilidade do Governo para fazer novos Prof. Simonsen porque não quero colocá-lo na orçamentárias. Naquela ocasião, eu, ingênuo
planos. Houve, inclusive, no passado, casos mesma faixa de idade. Sou mais velho, mas tecnocrata, imaginava que o Poder Executivo
de constituições estaduais que vinculavam confesso que sempre tenho a aprender com fosse austero, e o Poder Legislativo, dissoluto.
mais de 100% da receita, tantas eram as ele. Espero nunca ter desaprendido nenhuma A experiência prática me revelou o contrário: o
vinculações que eram colocadas. Um aspecto de suas lições. Poder Executivo é mais dissoluto na utilização
a observar, creio, é o de que as prioridades S. Ex.ª tocou diretamente em alguns de verbas e na promoção de empreendimentos
costumam ser temporárias, enquanto a pontos cruciais de debates para esta fáusticos – no sentido de seguir o segundo
Constituição deve ter perenidade, o que as Constituição: o orçamento, a questão do capítulo de Fausto, do Conselho de
prioridades não têm. Por isso mesmo, se eu Banco Central e o problema da estatização Mefistófeles – do que o Poder Legislativo. Esse
pudesse opinar, eu diria que se deve deixar dos bancos. Curiosamente, o Brasil tem, versículo deve ser modificado, a fim de que se
suficiente flexibilidade, na Constituição, quanto talvez, a única Constituição comoventemente permita ao Congresso modificar a lei
ao item de vinculações, e as eventuais antiinflacionária do mundo, de um detalhismo orçamentária, fazendo transferências de
vinculações seriam remetidas para a lei incrível. Podermos mesmo dizer que nossa dotações, e mesmo aumentando dotações,
complementar. inflação, se existe, é absolutamente desde que indicada a correspondente fonte de
Quanto ao sistema financeiro, entendo inconstitucional. Quem ler os artigos da receita.
que certo item deveria ser objeto de uma Constituição sobre o Orçamento – Seção VI –, Outra comovente cautela
seção especial na Carta Magna. Ou seja, o verificará que foram tomadas todas as antiinflacionária contida na Constituição é a de
Banco Central seria identificado como poder cautelas possíveis para evitar imprudências que os créditos especiais extraordinários não
emissor, independentemente dos demais inflacionárias. Entretanto, um dos nossos podem ter vigência além do exercício para o
poderes. A meu ver, isto mereceria uma seção traços culturais mais lamentáveis é que há leis qual foram votados, a não ser que sejam
dentro da nova Constituição. Obviamente, que pegam e há leis que não pegam. E uma votados nos últimos quarenta dias, caso em
aspectos referentes a nomeação, aos lei que definitivamente não pegou foi a Seção que há prazo de sessenta dias, na nova
mandatos e às condições de cassação desses VI da Constituição de 1967, que trata do execução orçamentária, para a sua liquidação.
mandatos teriam de ser objeto de debate – e Orçamento. Como vêem, não há Constituição tão
eu não pretendo entrar nestes pormenores, Consideremos as cautelas tenras, detalhista e tão antiinflacionária em todo o
exceto com uma sugestão. A de que meticulosas, da lei orçamentária para prevenir mundo. O que ocorre, simplesmente, é que a
apenas os administradores sejam nomeados surtos inflacionários. lei não pegou. Meu ceticismo com relação à
pelo Presidente da República, com mandatos Prescreve-se, no orçamento unificado, nova Constituição que estamos fazendo é que
de seis anos, sujeitos à aprovação do que nunca foi praticado e cuja relevância ela será novamente detalhista e, certamente,
Congresso, permitindo a renovação dos foi aqui novamente ressaltada pelo não pegará também. Será a oitava, apenas,
mandatos – não coincidentes, dentro daquele Ministro Simonsen, prescreve-se, repito, que numa longa série de Constituições.
princípio de assegurar certa continuidade projeto algum pode ser iniciado se sua Outra lei que não pegou foi a relativa
administrativa. Eles seriam renovados à razão duração exceder um ano, se não for ao Banco Central, e novamente o Prof.
de 1 /6 por ano. O essencial é que os precedido da aprovação de um orçamento Simonsen tocou na tecla correta. Sem
diretores do Banco Central não seriam nem plurianual de investimentos ou de leis um Banco Central independente, é
demissíveis ad nutum pelo Presidente da que especifiquem as verbas a serem extremamente difícil controlar a inflação em um
República nem por moção de desconfiança gastas no curso do tempo Sabemos que regime presidencialista e impossível em um
por maioria simples do Congresso todos os grandes projetos que gera- regime parlamentarista. Aliás, uma das pre-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 22

condições ou, pelo menos, uma das condições trativas de governos presidencialistas ou O SR. PRESIDENTE (Francisco
concomitantes de qualquer ensaio parlamentaristas. O Prof. Simonsen citou, aliás, Dornelles): – Com a palavra o Ministro Mário
parlamentarista, é a criação de um Banco grandes figuras de banqueiros centrais que, a Henrique Simonsen.
Central independente. Ele foi criado, rigor, carregaram nos ombros a política O SR. MÁRIO HENRIQUE
independente, em 1964. Em um conselho monetária de seus países e asseguraram SIMONSEN: – Em nada discordo do
monetário composto de nove membros, só continuidade às suas economias, mesmo em Constituinte Roberto Campos. Agradeço a S.
quatro eram demissíveis ad nutum, ou seja, fase de intensa desordem política. Foi o caso Ex.ª as palavras de apoio. Na realidade, ele é
apenas quatro membros estavam sob total de Guidi Carli, na Itália, bem como do primeiro que foi o meu mestre; não eu o dele.
controle do Poder Executivo; os demais ou presidente do Banco Central alemão, Blessing, O SR. PRESIDENTE (Francisco
eram diretores do Banco Central, com mandato, e assim por diante. Dornelles): – Com a palavra o nobre
ou representantes da iniciativa privada, também O ilustre expositor nos indicou também Constituinte José Serra.
com mandatos. O Banco Central independente a inconveniência – e este alerta é pertinente – O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
não resistiu porém à primeira transição do da injeção, na Constituinte, de textos sobre SERRA: – Queria, inicialmente, cumprimentar
governo militar. Lembro-me de que fui matérias que ou lá não deveriam figurar ou o Prof. Mário Henrique Simonsen pela clareza
encarregado pelo Presidente Castelo Branco, poderiam ser objeto de lei ordinária. Há toda de sua exposição, que, se não ouvi a maior
quando o Presidente Costa e Silva já era eleito, sorte de proposições estranhas na Constituinte. parte, li.
de explicar-lhe os capítulos da nova A da nacionalização dos bancos estrangeiros, Eu me permitiria, contudo, fazer
Constituição, que ainda estava por ser votada. por exemplo, eis que, no momento em que alguns comentários muito pertinentes ao
Após uma longa conversa explanatória, estamos com poucos cordões umbilicais trabalho desta Subcomissão de Orçamento e
mencionei o problema do Banco Central. Disse- ligando-nos às finanças internacionais, poucos Fiscalização Financeira.
lhe: "Senhor Presidente, tenho ouvido que a canais de captação de créditos até para a Em primeiro lugar, começaria
intenção de V. Ex.ª é a de substituir o presidente rotina de exportações e importações, seria um perguntando como Prof. Simonsen vê a
do Banco Central. Não pode fazê-lo, porque ele fator de estrangulamento da economia. questão da fiscalização orçamentária; se ele
tem um mandato. Mesmo que pudesse, não A estatização de bancos privados é, tem uma opinião ou uma visão a respeito da
conviria fazê-lo, repito, porque o banco Central também, totalmente desnecessária, porque o relação entre Tribunais de Contas. Legislativo
foi criado para ser uma instituição independente, Banco Central, praticamente, já estatizou o e execução orçamentária e, mais
a instituição guardiã da moeda, a salvo das sistema. A soma de Banco Central, bancos amplamente, das contas públicas.
vicissitudes administrativas". A resposta do estaduais, bancos federais especializados e Neste sentido, foi uma pena também
Presidente Costa e Silva; pura e simplesmente, caixas econômicas faz com que o sistema que o Prof. Roberto Campos tenha falado
foi a seguinte: "O guardião da moeda sou eu". bancário sob controle governamental já sem que eu tivesse tido a oportunidade de lhe
Foi inútil tentar explicar-lhe que os represente dois terços das instituições fazer esta pergunta, pois sei que em sua
Bancos Centrais são, intencionalmente, nos existentes – provavelmente 70% da captação gestão no Ministério do Planejamento, essa
países de disciplina monetária, mais total de poupança. Do segmento de 1/3 foi uma questão encaminhada de determinada
industrializados, considerados entidades à parte deixado aos bancos privados, o Banco Central maneira, mas que se desdobrou de forma não
– quase um quarto poder. As relações dos ainda detém o controle, se não me engano, prevista na época.
Bancos Centrais com os Ministérios da Fazenda sobre 45% dos depósitos compulsórios, o O SR. MÁRIO HENRIQUE
e da Economia são de coordenação, às vezes mesmo ocorrendo no tocante aos depósitos de SIMONSEN: – Creio que a idéia central está
de competição, nunca, porém, de subordinação. poupança. Além disso, o Banco Central bem esclarecida na Constituição em vigor.
Trata-se de um problema cultural. O Presidente estabelece fatias de crédito a serem alocadas Pode, contudo, sofrer aperfeiçoamentos.
considerava uma infringência de sua autoridade pelos bancos, não livremente, porém segundo Cabe ao Congresso fiscalizar. Como o
não ter absoluta liberdade para mudar também dispositivos governamentais para as pequenas Congresso não é, obviamente, um grupo de
o presidente do Banco Central. E eu, e médias empresas, para a agricultura, e assim auditores, tem de haver um grupo de
ingenuamente, fiz-lhe uma proposta: "Pelo por diante. Então, o crédito já está totalmente auditoria, que é o Tribunal de Contas da
menos, vamos fazer com que não coincida a estatizado no Brasil. Se algo há a fazer, talvez União. Acho que, provavelmente, os Tribunais
saída do presidente do Banco Central com o seja desestatizá-lo. Simplesmente porque a de Contas deveriam ser mais reforçados em
rodízio da mudança administrativa. Conhecendo democracia política exige que o eleitor, para termos de dotações e de mecanismos de
intimamente a personalidade do primeiro ser independente, não seja um cliente verificação. Teoricamente e conceitualmente,
presidente do Banco Central, o Dr. Dênio econômico. Se ele é um cliente econômico eles são eficientes, No meu modo de
Nogueira, posso assumir o compromisso de da máquina financeira estatal, condenado a sê- entender, eles deveriam poder subcontratar
trazer-lhe daqui a sete, oito ou nove meses, lo como tal, jamais será um eleitor mais auditorias do que podem hoje e ter mais
uma carta dele pedindo a renúncia, alegando, independente. recursos, para que essa fiscalização fosse
digamos, estar com câncer na próstata". Existe, sem dúvida alguma, uma mais efetiva. Mas creio que, digamos, por um
Ele sairia, portanto, em virtude de uma conexão muito íntima entre a preservação da princípio básico da Constituição, a idéias da
contingência, de um ato divino, ou diabólico, ou liberdade política e a democratização das fiscalização do Congresso, através dos
o que seja, porém não em conseqüência do instituições econômicas, que devem ser Tribunais de Contas, me parece funcional.
arbítrio administrativo de um presidente da conduzidas, tanto quanto possível, segundo a O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
República que, tendo uma vasta função economia de mercado, que é a mais perfeita SERRA: –Talvez com algumas modificações-
executiva e sujeito a pressões continuas de das democracias! Nas democracias políticas, o Veja V. Ex.ª que os Tribunais de Contas, hoje,
dispêndio, julga-se ingenuamente ser o voto é um acidente periódico, que ocorre de quando fazem a avaliação de uma conta,
"guardião da moeda". Obviamente, o quatro em quatro anos, ou de oito em oito emitem um parecer e o encaminham ao Poder
Presidente Costa e Silva não tinha nenhuma anos, ou de seis em seis anos, e no Brasil – Legislativo. Se o Poder Legislativo, no
credibilidade internacional como "guardião da pelo menos na minha experiência pessoal – entanto, não se pronuncia no prazo de um
moeda", e a idéia de um Banco Central não parece ser apenas um momento de mês, prescreve qualquer espécie de decisão
independente feneceu. Ela deve ser glorificação cívica, mas um instrumento de ou avaliação que o Tribunal tenha feito, o que
ressuscitada. Não pegou em lei ordinárias; redistribuição de renda Enquanto a democracia praticamente torna inócua a medida,
vamos ver se agora pega em lei constitucional. política é manifestada através de intervalos de bastando, para isso, a atuação do setor
Devemos, portanto, inserir na Constituição um mobilização, a economia de mercado é um parlamentar que impeça o exame das contas.
dispositivo seco, ou "enxuto", garantido a voto diário e constante. Não nos enganemos. O O SR. MÁRIO HENRIQUE
independência do Banco Central, baseando sistema de preços é um sistema pelo qual o SIMONSEN: – Certo. Acho que o período,
esta independência na concessão de eleitor elege diariamente o produto que prefere, evidentemente, deveria ser superior a um
mandatos não coincidentes com os do Poder confirmando ou rejeitando preços. Por isso, o mês.
Executivo, para presidente e diretores. Não Plano Cruzado foi profundamente O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
é preciso que sejam todos os diretores. antidemocrático, porque eliminou a democracia SERRA: – Queria, ainda, falar a respeito de
Lembro-me de que, naquela ocasião, era econômica revelada através do contínuo voto outras questões aqui referidas.
presidente, se não me engano, o diretor de do consumidor e da continua reação do Primeiro, quanto à participação do
redescontos. É praxe intencional a permanência produtor na economia de mercado, que é o Legislativo na elaboração do Orçamento,
de presidentes dos Bancos Centrais, grande processo democrático na área questão realmente critica, do ponto de vista
independentemente de vicissitudes adminis- econômica. do trabalho desta Subcomissão.
23 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

Em geral, pode-se dizer que tende a tivo? E foram recursos não explicitados na procurar petróleo e ter gasto quatrocentos,
haver uma polarização entre duas posições época, quer dizer, foram obtidos através de quinhentos milhões de dólares nessa
que seriam extremas. Uma, estilo pré-64, transferências, de endividamento, via empreitada, sem qualquer tipo de consulta,
quando o Legislativo tinha capacidade para empresas e tudo o mais! sem qualquer tipo de participação. Uma coisa,
criação de despesas. Tenho a impressão de Temos de criar um mecanismo que dê em absoluto, não justifica a outra. Estou-me
que, na própria Constituição de 1946, sempre efetividade a esse maior controle. Na semana referindo a um problema de fundo: Como é
que indicasse a fonte de receita – a esse passada, foi anunciado um conjunto de possível um país, um Estado ou um governo
respeito farei um comentário em seguida – medidas na área de crédito, dos Estados e federal decidir ou fazer despesas dessa
isto levava a determinadas situações. O que Municípios, cujo custo poderá ser da ordem magnitude, sem que isso passe por qualquer
se poderia dizer, em primeiro lugar, é que de cento e cinqüenta bilhões de cruzados. instância, para análise do mérito e da
poderia haver uma tendência à fragmentação Vejam bem: são cento e cinqüenta bilhões de viabilidade financeira? Poderia mencionar
dos planos da programação de despesas, cruzados – uma fortuna, em matéria de vários exemplos de construção de hidrelétricas
dada a multiplicidade das iniciativas, sem que recursos neste País! Isso também não passa – quatro, cinco, meia dúzia – sem demanda de
elas correspondessem a uma programação por qualquer espécie de controle, da parte do energia elétrica que as justificasse, sem
mais integrada, a um plano de ação mais Legislativo. Enfim, é uma decisão que é financiamento para poder tocá-las, sem que
integrado do gasto público. Uma segunda tomada e que não passa por nada, de certo isso também passe por qualquer tipo de
questão é que isso conduzia à manipulação, modo. discussão e de análise mais detida.
por parte do próprio Executivo e do Ministério Não estou dizendo que o Governo Compartilho muito da perspectiva de
da Fazenda. O Ministro San Thiago Dantas, atualmente deveria atuar de forma diferente, que devemos ter uma Constituição dentro da
certa vez, disse algo que é significativo a esse já que não se vê obrigado a fazer isso. Mas nossa realidade, o mais enxuta possível, mas,
respeito. Procurado por um deputado que lhe acho que é uma condição que o Legislativo no caso, talvez possamos pensar em algo que
afirmava haver tal verba consignada no deve ter e, até mesmo, através de uma obrigue mais, através da própria Carta
Orçamento, ele respondeu: "Meu filho, uma comissão permanente, para pronunciar-se a constitucional, à criação e à efetividade desses
coisa é verba no Orçamento; outra é dinheiro. respeito desta ou daquela despesa, a partir de mecanismos de fiscalização. Pelo que relata o
São duas coisas diferentes". certa magnitude. Isto, até como forma de Senador, nesse sentido a Nova República
Sabe-se perfeitamente que na época assumir responsabilidade, porque, do apenas tomou a iniciativa – o que a Velha
se aprovava, mas havia uma outra instância contrário, o Legislativo se torna um poder – República não fez – de elaborar uma lei que foi
que passava pelo Ministro da Fazenda. Havia perdoem-me a expressão – irresponsável, concluída em 1985. Talvez tenha sido dado
muito folclore, inclusive, a esse respeito. pelo fato de decisões de tal magnitude a ele um passo no sentido de que pelo menos não
O SR. MÁRIO HENRIQUE não serem submetidas. Então, a atitude do se ficou na omissão. Mas, inegavelmente,
SIMONSEN: – Folclore, não, porque, Legislativo diante do Executivo passa a ser, precisaríamos ir bastante além nesse aspecto.
inclusive, havia duas instâncias: primeiro, a simplesmente, a de pedinte, sem se Outro ponto que gostaria de
aprovação e, depois, a liberação. preocupar, absolutamente, em como virá o mencionar diz respeito não à vinculação de
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ financiamento para atender aos pedidos. receita com determinadas despesas, mas à
SERRA: – O outro extremo seria vedar ao O SR. CONSTITUINTE ROBERTO vinculação de percentuais orçamentários com
Legislativo qualquer iniciativa em matéria de CAMPOS: – Trata-se, novamente, de um determinadas funções ou despesas. Fazendo
despesa ligada à legislação atual. Fui, durante caso em que a lei não pegou. O art. 45 da uma recompilação de propostas e sugestões
três anos, Secretário do Planejamento de São Constituição atual diz "A lei regulará o existentes dentro da Constituinte, concluí que
Paulo – elaborando três orçamentos, pelo processo de fiscalização, pela Câmara dos já estamos chegando perto de cem por cento
menos, e refazendo mais de um deles – e Deputados e pelo Senado Federal, dos atos de vinculações com educação, saúde.
verifiquei que a capacidade de interferência do Poder Executivo, inclusive os da tecnologia, Amazônia, problemas do menor,
do Legislativo era nula na questão administração indireta". Nordeste etc. Quer dizer, já estamos
orçamentária, na questão da alocação das O que ocorre é que o dispositivo ultrapassando os cem por cento. Isso,
despesas e tudo o mais. constitucional previa uma lei regulatória. Essa evidentemente, coloca, em primeiro lugar, um
Penso que este é um ponto lei levou dezessete anos para ser aprovada, o problema aritmético de uma soma que sem
importante, que teremos de equacionar. Há que só ocorreu em fins de 1984. Só em incluir muitos e muitos itens vitais da função
um desejo de participação muito grande, mas, meados de 1985, o Senado conseguiu criar pública, já ultrapassa os cem por cento, como
por outro lado, há também que preservar ou sua Comissão de Fiscalização, com coloca também a questão de que, no futuro,
instaurar maior racionalidade na orientação da dezessete membros – fui até seu Presidente. caso tais dispositivos sejam aprovados,
despesa. Nunca se conseguia quorum. Um quorum de ensejarão a burla, de alguma maneira, o que,
Agora, a forma como o Constituinte nove membros era um heroísmo – era preciso através da manipulação de mecanismos
Roberto Campos preconiza, acho que não caçar gente a muque nos corredores. A orçamentários, não é difícil de ser feito.
resolve a questão das transferências feitas Câmara, que deveria ter criado a mesma Isso, ainda olhando um outro ponto.
pelo Legislativo, de um item para outro, com comissão, fê-lo apenas formalmente – até Refiro-me a este porque é uma questão muito
remanejamentos, apontando fontes de receita. hoje a comissão não foi criada. importante para o trabalho da Comissão. Mas,
Porque, o que acontece em um país de Então, os dispositivos de fiscalização ainda atentando para um outro aspecto,
economia inflacionária, é que é facílimo dizer existem, mas a lei não é cumprida. estamos num país extremamente desigual, do
que a receita de tal imposto está subestimada, Apenas uma observação quanto à ponto de vista da realidade dos Estados, dos
ou atribuir simplesmente uma receita maior do acusação feita em relação ao dispêndio Municípios, e faz muito pouco sentido
que a que é prevista na lei orçamentária. petrolífero em São Paulo. Sei que esta é uma estabelecer limites orçamentários iguais para
Portanto, esse problema fica sem solução. posição do Governo Montoro, de que houve realidades diferentes, para funções que são as
Por outro lado, creio que devemos, enorme desperdício, de quinhentos milhões mesmas. A realidade de um município do
realmente, dar um passo mais decisivo nessa de dólares. Na realidade, parece ter ocorrido interior de Pernambuco pode não ser a mesma
direção. Que acontece? E volto ao exemplo de algo assim, mas a razão, pura e de um município da Amazônia, de um
São Paulo. Há alguns anos, certo governador simplesmente, foi que o Governador de São município de São Paulo ou de Santa Catarina,
decidiu procurar petróleo em São Paulo, Paulo, na época, queria fazer contratos de para exemplificar, no que se refere à questão
através de uma ação do Governo do Estado. risco, e a Petrobrás os vetou, exigindo que o da educação. Este, não tenho dúvida também,
Era uma função que, digamos, não havia por Estado de São Paulo fizesse contratos de será um aspecto muito discutido e debatido
que ser assumida pelo governo do Estado. serviço. Eu mesmo transmiti de Londres uma aqui, porque sei que em várias das outras
Ele gastou quinhentos milhões de dólares oferta modesta de contrato de risco, que comissões estão sendo propostas essas
nessa empreitada – quatrocentos foram isentaria o Estado de São Paulo do ônus de vinculações percentuais mínimas. Por isso,
pagos durante seu governo e cem ficaram para embarcar nessa pesquisa, proposta que foi chegam até nós e já ultrapassam os cem por
o Governo subseqüente. Pois bem, em rejeitada pela Petrobrás após onze meses de cento.
nenhum instante isso passou por qualquer angustioso processo decisório. A respeito da questão do Banco
instância legislativa. Quer dizer, como é O SR. CONSTITUINTE JOSÉ Central, em primeiro lugar, eu queria
possível um Poder Executivo gastar SERRA: – Evidentemente, nobre Senador, registrar que, no caso do atual Governo,
quinhentos milhões de dólares em uma uma coisa não justifica a outra. O fato em relação ao controle da política monetária
atividade que certamente não teria tido a de que a Petrobrás tenha recusado e da maior explicitação de sua vinculação
aprovação, nem da população, nem do Legisla- isso, não justifica o Estado haver decidido com a política fiscal, houve – é inegável
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 24

– um avanço com a extinção da conta- Constituinte José Serra, no que diz respeito à O SR. MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN:
movimento do Banco do Brasil. Evidentemente, a substância. No que se refere à operacionalidade, – Creio que haveria várias questões a discutir. A
extinção da conta-movimento não resolveu em si eu faria algumas ligeiras sugestões. "ORTNização" serviria apenas para efeito do
o problema de o Banco do Brasil expandir-se Primeiramente, no que tange à orçamento e não significaria que os salários
autonomamente, mais ou menos por cima da capacidade de o Congresso remanejar verbas e tivessem de, necessariamente, ser ajustados a
política econômica. Porque eu também, apesar criar novas despesas durante a Lei cada mês. Obviamente, na "ORTNização" seriam
disso, posso criar situações de fato, que obrigue Orçamentária, minha impressão é de que se levadas em conta todas as defasagens de
a essa expansão. Não estou aqui fazendo deveria ficar num meio-termo entre a recolhimento de tributos, que existem.
nenhum juízo de valor com relação à ação do Constituição de 1946 e a de 1967. A de 1967, Por outro lado, seria extremamente
Banco do Brasil; estou apenas dizendo que a certamente, amarrou demais o Legislativo. Em importante que houvesse uma comissão do
criação desse mecanismo, a extinção dessa compensação, a Constituição de 1946 permitia Legislativo que funcionasse em conexão
famosa conta-movimento não resolveu o que se fizesse algo que não é desejável com o Executivo, para checar os valores da
problema de fato. Isso tenho ouvido de globalmente, ou seja, criar despesa sem indicar a proposta orçamentária. Hoje, um dos problemas
autoridades sucessivas que têm passado pelo fonte de financiamento. A meu ver, se sérios na elaboração orçamentária é o de
Governo federal na área econômico-financeira. estabelecesse algo parecido, por exemplo, com o que, por exemplo, no caso do Orçamento
Estou dizendo isso a respeito da questão do que existe na Constituição alemã, segundo a de 1987, ele foi feito com base na hipótese
Banco Central para fazer também alguma qual qualquer congressista pode propor despesa de uma inflação zero, que, sabemos, não se
relação. Não tenho dúvida de que seria o ideal, desde que indique a correspondente fonte de irá verificar. Então, como se prevêem os
Prof. Simonsen, termos um Banco Central como receita, já seria uma melhoria em relação à montantes de arrecadação dos vários tributos?
figurino de uma independência muito grande. Constituição atual e um freio contra o excesso de Trata-se, realmente, de uma discussão muito
Pergunto-me se isso é realista do ponto de vista déficit público. importante, e acho que deveria haver critérios
do Brasil. Por exemplo, no caso da Itália, é o país Há um detalhe operacional que, a meu técnicos, propostas pelo Executivo e
europeu, talvez, depois de Portugal, que teve a ver, não deve constar de uma Constituição, mas aceitos pelo Legislativo, sobre como fazer
maior inflação, dos anos 70 para cá, apesar da que seria importante considerar porque toca num previsão da receita orçamentária. Seria um ponto
maior independência do Banco Central. Mas há problema aqui abordado pelo Constituinte José extremamente importante. Em geral, nos países
um entrosamento, em nível de política Serra. É o de que, enquanto tivermos uma desenvolvidos existem essas instituições de
econômica, bastante considerável. inflação alta – e alta não significa, fiscalização dos próprios critérios de previsão de
Pergunto-me o que significaria a criação necessariamente, 15% ao mês, mas também receita. Sem isso o Legislativo sempre vai ficar a
de uma espécie de outro poder no Brasil. pode ser 3% ao mês – o orçamento da União e reboque do Executivo. O Executivo pode prever
Suponha que se nomeie um presidente do Banco esses vários orçamentos deveriam ser por cima ou por baixo a receita orçamentária.
Central que resulte ser, através da sua diretoria, elaborados com base em alguma unidade Este é um ponto que me parece de grande
extremamente expansionista, que partilhe da monetária mais estável – em OTN, por exemplo importância.
idéia de juros negativos, de uma espécie de – sem o que realmente haverá sempre um vasto No que diz respeito ao Banco Central,
reinstalação de lei da usura etc. Que acontece? excesso de receita, sem o que haverá creio que se poderia encaminhar para a idéia de
É uma coisa meio absurda, do ponto de vista necessidade de, depois, reaprovar despesas, um Banco Central independente. É claro, no
daquilo que a sociedade possa desejar. O sem o que a própria configuração em cruzados entanto, que a transição teria de ser feita com
contrário também seria válido, quer dizer, de uma verba no orçamento pode significar muito muito cuidado. Por exemplo, parece-me que o
identificar o fenômeno da inflação ou pouco, dependendo de quando essa verba ponto a que aludiu o próprio Constituinte José
exclusivamente como resultado de questões de seja liberada. Por exemplo, considerando-se uma Serra, de que, amanhã, o presidente do
natureza monetária que, às vezes, dão choques inflação de 200% ao ano e uma verba de "x" Banco Central pode tornar-se superexpansionista
de custos, como ocorreu em 1974, e tudo o mais. milhões de cruzados, essa verba valerá "x", se ou supercontracionista e simplesmente adotar
Então, tenho um pouco de receio do for liberada no dia 1º de janeiro e "x" sobre três, um programa que esteja completamente em
irrealismo da idéia, dentro da nossa situação, em se for liberada no dia 31 de dezembro. desacordo com o resto de política do
que o Banco Central, além de autoridade O SR. CONSTITUINTE JOSE SERRA: Governo, esse tipo de coordenação poderia ser
monetária, cumpre um papel de instituição de – V. Ex.ª terá, aí, um problema, qual seja, o de feito, por exemplo, estabelecendo-se que o
fomento e de execução de política de produção que um orçamento em ORTN implicará o Banco Central apresentaria anualmente uma
no País. Esta é minha dúvida maior, a respeito reajuste mensal de salários – isto, se faixa de variação das metas monetárias. Trata-
da qual gostaria de ouvir um comentário do Prof. imaginarmos ORTN medidas na dimensão de um se, no caso, não de aprovar um orçamento
Simonsen. mês. Por outro lado, há uma defasagem entre monetário que, na forma atual, creio, é mal-
Mais amplamente, acho que teríamos de receita e despesa sempre que a inflação prevista administrado, mas de o Banco Central
criar mecanismos na lei orçamentária para é diferente da real. Mesmo quando se acerta, já comunicar, por exemplo, que no ano que vem a
obrigar o Congresso a examinar pelo menos há essa defasagem! Imagine-se em um país política monetária irá balizar-se por tais e tais
quatro orçamentos, que podem – pelo menos onde acertar a taxa de inflação no ano seguinte parâmetros, a expansão dos tais agregados
três deles – ser somados entre si, por serem está amarrada a uma probabilidade muito deve ficar entre tanto e tanto – tem de haver
coisas heterogêneas, ou seja, o orçamento fiscal, pequena! uma faixa, evidentemente, porque isso não
o orçamento das empresas, principalmente de Então, uma "ORTNização" do orçamento pode ser controlado com precisão – e isso
investimento, em função de planos que sejam parece inviável, do ponto de vista do seu próprio seria feito por mensagem do Executivo, com
apresentados, o monetário e, em quarto lugar, o financiamento. Digo isso porque esta é uma proposta do Banco Central aprovada pelo
da Previdência Social – talvez este possa ser questão que no âmbito estadual já estava em Congresso.
assimilado a outro. De qualquer forma, nossas cogitações, embora não fosse permitido Esse tipo de coordenação parece-me
precisamos garantir mais isso através de pela legislação. Mas, desejava-se fazer algo de viável, e é feita, já em certos países.
legislação complementar a ser elaborada e, por fato. No que diz respeito às funções de
outro lado, garantir o mecanismo de Quanto à questão da criação de fomento, parece-me que aí é que está o "x" da
funcionamento permanente de uma comissão despesa apontando fontes de receita, eu diria questão. O Deputado José Serra, com toda a
que possa examinar as decisões sobre despesas que, no caso, por exemplo, de se aprovar um razão, disse que o Governo aprovou determinada
não previstas no Orçamento ao longo do ano plano para construção de escolas, o que me quantia, agora, de auxílio à agricultura, mas que
como os exemplos que há pouco mencionei. parece muito pertinente é que o Legislativo opine isso não tramitou pelo Congresso. Na verdade, o
Com relação ao crédito para a agricultura, as a respeito de onde essas escolas serão Congresso deveria ser ouvido sobre esse ponto,
despesas chegam a 10 bilhões de cruzados. Isto construídas, a partir de um plano que já tenha com o que penso, todos concordamos. Aí,
pode ser contra ou ser a favor. Não se trata de seus recursos mais ou menos definidos. Em realmente, acho que as funções de fomento
fazer um juízo a esse respeito, mas acho que é o segundo lugar, apontar fonte de receita no deveriam estar consignadas na lei orçamentária.
caso de se opinar se o País vai poder gastar contexto da inflação e da inviabilidade da No momento em que se mistura Banco Central
esse montante. Inclusive, isso aumenta a co- "ORTNização”, realmente passa a ser inócuo, com banco de fomento, ele deixa de ser Banco
responsabilidade do Poder Legislativo. porque tudo vai ficar em nível de discussão. O Central e, mais ainda, começa a haver uma
O SR. MÁRIO HENRIQUE Governo diz que o ICM ou o IPI vai crescer tanto, espécie de conflito natural entre as funções do
SIMONSEN: – Estou plenamente e o Legislativo diz não, que vai crescer tanto... Aí Banco Central e as funções de banco de
de acordo com as observações do não se chegará a um entendimento. fomento.
25 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

Conversando com vários diretores do A terceira questão, que não se refere a instituir impostos desse tipo, sobretudo em
Banco Central, já constatei que sempre que se assunto constitucional, mas que desperta hoje momentos de incerteza econômica, é a fuga de
atribui ao Banco Central certa função de muita atenção no Congresso Nacional, em capitais. Há, pura e simplesmente, o grande risco
fomento que não está prevista na lei função dos problemas da nossa dívida externa, de os capitais imobiliários – os únicos que seria
orçamentária, o Banco Central se horroriza diz respeito à transformação de parte da dívida tributados a essa altura – se evadirem do País. É
por ter de exercer aquela função, pelo simples brasileira em capital de risco das empresas um risco que deve ser pesado com muito
fato de que, provavelmente, isso vai perturbar privadas nacionais. Gostaria de ouvir de S. Ex.ª cuidado. Por mais que se coloque a polícia em
todo o planejamento monetário do Banco quais seriam os limites para uma política dessa ação, essa saída de capitais em momentos de
Central. Minha concepção, portanto, é a de natureza, qual sua posição pessoal em relação grande incerteza não pode ser evitada com
que todas as funções de fomento que hoje se ao assunto e que tipo de regulamentação poderia facilidade. Há o caso, por exemplo, do México,
dividem entre Banco Central, Banco do Brasil, ser estabelecida para que efetivamente essa onde a saída de capitais para o exterior
BNDES e outros órgãos, deveriam ser medida pudesse ser aplicada. corresponde à cerca de metade de sua dívida
estabelecidas por alocações explícitas na lei Uma outra questão – a quarta – diz externa; na Venezuela, a saída de capitais foi
orçamentária. Obviamente, de vez em quando respeito aos investimentos das empresas maior do que o total da dívida externa daquele
haverá problemas durante o exercício. Então, estatais. O Professor reiterou, aqui, a país.
faça-se uma emenda à lei orçamentária! necessidade de se revitalizarem os orçamentos Então, é preciso que se tenha certo
No que diz respeito aos orçamentos plurianuais. Como S. Ex.ª vê a política de cuidado em estabelecer determinados impostos,
das estatais, creio que o problema investimentos das empresas estatais também para que não haja esse contra-efeito, que acaba
fundamental é revitalizar a instituição com o como instrumento de redistribuição de rendas? diminuindo a arrecadação tributária e
orçamento plurianual de investimentos e com Digo isto porque nos últimos dez anos prejudicando toda a economia do País.
os planos de desenvolvimento previstos. os investimentos das empresas estatais se Impostos sobre herança e sobre
Houve períodos, de fato, em que eles eram concentraram de forma acentuada em doações têm apelo social, mas geram dois
amplamente debatidos pela sociedade. determinadas regiões do País, ampliando ainda problemas. Primeiro, do ponto de vista da
Inclusive, em 1974, embora estivéssemos sob mais o fosso que separa as regiões menos arrecadação, que em todas as partes do mundo
um governo militar, o II PND foi certamente desenvolvidas das mais desenvolvidas. O que V. costuma ser muito pequena. Em segundo lugar,
mais debatido do que vários outros planos de Ex.ª acha de essa política de investimentos de o imposto sobre herança, especificamente, para
desenvolvimento posteriores. Parece-me que empresas estatais servir também a uma política que seja socialmente justo, tem de ser vinculado
a revitalização da idéia do orçamento de redistribuição de renda? à realização dessa herança. Vejamos um
plurianual de investimentos, compreendendo O SR. MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN: exemplo. Um indivíduo morre e deixa para a
todas as estatais, automaticamente resolve o – Em primeiro lugar, quanto à pergunta sobre o viúva um enorme apartamento – a única coisa
problema do controle das estatais pelo Banco Central, acho que, positivamente, a idéia que ele tinha. Então, obrigava-se a viúva a
Congresso. de que quem foi banqueiro não pode ser diretor vender o apartamento na bacia das almas para
O SR. PRESIDENTE (Francisco do Banco Central significa dizer que quem pagar o imposto sobre a herança. Há uma
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre entende do assunto não pode administrar o solução que se aplica na Inglaterra, que é deixar
Constituinte Fernando Coelho. assunto. Normalmente, em uma diretoria do o imposto sobre a herança gravado no bem. O
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO Banco Central há pessoas de formação variada – imposto só será cobrado quando o bem for
COELHO: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes, economistas, contadores, advogados, vendido. Isso faz com que existam determinados
meu caro Prof. Simonsen, infelizmente não banqueiros – mas é muito difícil, quando se trata castelos pertencentes a nobres que já estão
tive a oportunidade de ouvir por inteiro sua do Banco Central, estabelecer que quem foi ou é gravados por impostos sobre herança que
palestra. Há alguns pontos que me parece banqueiro está estigmatizado e, portanto, não ninguém vende.
deveriam ser melhor aclarados. Um deles é o pode ser membro do Banco Central. É o mesmo São todos temas que têm de ser
problema de se conferir ao Banco Central que dizer que quem é médico não pode examinados com cuidado, porque há essas
maior autonomia. A questão que levanto é freqüentar um hospital. repercussões colaterais todas a que me referi.
quanto a uma preocupação existente no Creio que o que realmente garante que Quanto à conversão da divida em capital
momento atual – praticamente tem existido ao o Banco Central irá adotar a política global de risco, creio que, hoje, se considerarmos o
longo de alguns anos – em relação à forma desejada é a indicação de pessoas com currículo passivo externo do Brasil, verificaremos que,
como o Banco Central vem sendo dirigido e analisado, de notável saber econômico, provavelmente, é muito desbalanceado. Temos
suas políticas vêm sendo praticadas, dando, indicadas pelo Presidente da República, mais de 100 bilhões de dólares da dívida externa
às vezes, a impressão à classe política e a aprovadas pelo Senado Federal ou pelo e ternos capitais registrados de 26 bilhões de
determinados setores sociais da sociedade de Congresso. Diga-se de passagem que, na dólares – ou, nem isso, talvez de 25,2 bilhões.
que tais políticas beneficiam determinados verdade, o que favoreceu os bancos não foi Então, se parte dessa dívida fosse convertida em
setores econômicos da sociedade – no caso qualquer ação específica do Banco Central, que capital de risco, seria bom, a meu ver, para a
específico, o setor financeiro. hoje cobra muito mais dos bancos do que estrutura do nosso passivo. Primeiro, porque, se
Eu perguntada, portanto, o que o Prof. qualquer outro Banco Central de outro país. O examinarmos o que têm sido as remessas de
Simonsen acharia de se estabelecer, no texto que favoreceu os bancos foi a inflação. V. Ex.ª lucros, historicamente, em proporção aos capitais
constitucional – não sei se seria o caso – a certamente se lembra de que um dos setores a registrados, veremos que são bem menores do
exigência de certos pré-requisitos para a se ajustar mais rapidamente, logo depois do que as taxas de juros, porque há os
nomeação de presidentes e diretores do início do Plano Cruzado, quando se esperava reinvestimentos, aqui, no País, em condições
Banco Central, como, por exemplo, que não que ele realmente desse certo, foi o setor normais. Segundo, porque a remessa de lucros
fossem vinculados a instituições financeiras, bancário. Acho, pois, que esses problemas e não é obrigação cambial do País, enquanto os
com isso conferindo-se maior independência e essas inquietações podem ser resolvidas com juros o são. Quer dizer, um país não pode tornar-
maior autonomia a essa autoridade monetária. relativa simplicidade. se ilíquido por não ter dólares para permitir
A segunda questão diz respeito aos No que diz respeito à eliminação de remessas de lucros. Inclusive, a Lei nº 4.131 diz
debates que estamos travando na títulos ao portador, não vou dizer a V. Ex.ª que que essas remessas podem ser limitadas e até
Subcomissão de Tributos quanto à seria uma atitude antidemocrática, porque, afinal suspensas temporariamente em caso de grave
possibilidade da instituição de impostos sobre de contas, muitos países democratas, inclusive crise cambial. Já para os juros não existe isso.
herança e doação, imposto sobre patrimônio os Estados Unidos, não têm títulos ao portador. Então, eu seria favorável a que se deixasse
líquido e pessoa física. Analisa-se a Porém, é muito importante pesar os prós e os converter dívida em capital, dependendo, em
possibilidade ou a alternativa de se eliminarem contras, inclusive no que se refere aos impostos alguns casos, se houvesse assunção de controle
os títulos ao portador. Gostaria de ouvir a sobre doação, herança e patrimônio. por empresa estrangeira, de atualização prévia
opinião do Prof. Simonsen a esse respeito, Em primeiro lugar, os impostos pelo Banco Central, o que corresponde, mais ou
tendo em vista a realidade brasileira. Ou seja, sobre doação, herança e patrimônio menos, às regras que estão sendo ensaiadas no
se deveríamos dar esse passo no sentido da costumam dar uma arrecadação muito momento.
extinção de títulos ao portador. Se não, quais pequena. O imposto sobre o patrimônio Agora, não se pense que isso
seriam as inconveniências de uma atitude imobiliário existe – são os impostos prediais será panacéia. O País que mais
como essa. e territoriais. O grande risco que se tem ao conseguiu conversão de dívida
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 26

em capital de risco, até agora, foi o Chile, que trapartida necessária, para que não haja O SR. MÁRIO HENRIQUE
conseguiu converter 10% da sua divida mecanismos de escapar ao que dispõe o art. SIMONSEN: – Não cada vez que fosse emitir.
externa, de mais ou menos 20 milhões de 62 da Constituição Federal. Porque, se o Banco Central, toda vez que
dólares, em capital de risco – e pode ser que O SR. PRESIDENTE (Francisco solicitar emissão pela Casa da Moeda, tiver
essas cifras cresçam ao longo do tempo. Acho Dornelles): – Com a palavra o Constituinte que pedir autorização ao Congresso, este não
que esse realinhamento do passivo é bom para José Serra. fará outra coisa senão discutir, diariamente,
a economia, para o balanço de pagamentos, O SR. CONSTITUINTE JOSÉ problemas de emissão.
mas também creio que não precisamos SERRA: – Essa questão me parece tão É preciso haver, obviamente,
preocupar-nos que isso irá assumir proporções relevante, que eu me permitiria fazer um outro parâmetros gerais de política monetária.
alarmantes. Em todo o caso, a qualquer breve comentário, na linha do que eu havia A Lei nº 4.595, inicialmente
momento, se chegássemos à situação de dito. estabeleceu um limite de emissão de 10% do
divida de menos em relação a capital de risco O raciocínio do Prof. Simonsen é o papel moeda em circulação. Ou seja, o Banco
de mais, essa situação seria muito fácil de seguinte: se o Banco Central fosse Central só poderia emitir mais de 10% por ano
reverter. independente, ao se decidir, digamos, gastar se houvesse prévia autorização do
O problema é que isso parece mais 10 bilhões de cruzados e o Banco Central não Congresso. Posteriormente, ao tramitar pelo
sonho do que realidade. aceitasse, a despesa não poderia ser feita. Congresso, houve uma mudança de redação,
O SR. PRESIDENTE (Francisco O SR. MÁRIO HENRIQUE ficando estabelecido que a emissão não
Dornelles): – Com a palavra o Constituinte SIMONSEN: – Ele não teria os mecanismos poderia ultrapassar 10% dos meios de
Simão Sessim. para fazer isso. Teria de passar pelo pagamento. Como os meios de pagamento
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO Congresso de qualquer jeito. são, muitas vezes, o saldo de papel moeda
SESSIM: – Sr. Presidente, Srs. Relatores da O SR. CONSTITUINTE JOSÉ emitido, então, na realidade, a percentagem
Comissão Temática e desta Subcomissão, meu SERRA: – De qualquer forma, mesmo que o permitida de emissão passou a ser não 10%,
caro Ministro Henrique Simonsen. V. Ex.ª é, Banco Central não se tomasse uma instituição mas 70%, ou qualquer coisa assim. Em anos
sem dúvida, um dos brasileiros que mais independente e na medida em que 10 bilhões recentes, estabeleceu-se até um mecanismo
admiro e respeito... de cruzados constituem uma despesa, pelo qual se obtinha a aprovação do
O SR. MÁRIO HENRIQUE mesmo o Governo podendo emitir por conta Congresso, a ratificação das emissões a
SIMONSEN: – Muito obrigado a V. Ex.ª. própria dinheiro para cobrir isso, e já que é posteriori.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO possível identificar como despesa, por que Acho que, realmente, deveria haver
SESSIM: – ... devido à categoria e postura com isso não deve passar, obrigatoriamente, por parâmetros que bitolassem, digamos, a
que se tem havido na administração pública uma outra instância que, naturalmente, criação de meios de pagamentos. A dúvida
deste País. E, mais, por ser um professor – e perguntará de onde vem o dinheiro? Então, que eu tenho sobre o instituto atual do
todo o mestre é lição – V. Ex.ª, sem dúvida, é será emissão, será imposto, será dívida? Que orçamento monetário é que, na medida em
uma lição permanente na área de finanças e de pelo menos isso fique explícito. que o Banco Central tenha funções de
economia, com renome internacional. É muito É, portanto, uma decisão que se fomento... O orçamento monetário é dos mais
agradável tê-lo aqui colaborando com nossa toma: é o imposto inflacionário, é aumento do difíceis de compreender e administrar, porque,
Comissão. endividamento, é aumento de carga tributária, pela própria natureza das operações
Algumas perguntas minhas já foram é transferência, é corte de outras despesas monetárias, não pode haver um empenho
superadas por respostas anteriormente dadas, para que se financie isso etc. Que pelo menos prévio de verbas. Quer dizer, se, de repente,
mas eu faria uma, tentando aprofundar uma isso se torne explícito e seja assumido, de um exportador resolve vender uma cambial
das perguntas do nosso Relator, o Constituinte maneira consciente e deliberada, que se vai para o Banco Central, o Banco Central é
José Serra. fazer dessa forma. Acho que já seria um obrigado a comprá-la, o que significa, naquele
O art. 62 da Constituição estabelece grande avanço. Com relação ao que há hoje. momento, emitir dinheiro. Ele não pode fazer
que o orçamento anual compreenderá, O SR. MARIO HENRIQUE um empenho prévio, sem o que a operação se
obrigatoriamente, todas as despesas e receitas SIMONSEN: – Inegavelmente, o que diz o tornaria praticamente impossível.
do Governo. Pergunto a V. Ex.ª, como, na Constituinte José Serra, com razão, é que, se Por isso, acho que, se reduzissem as
prática, o Governo realiza despesas não o Banco Central, para fazer qualquer dessas funções do Banco Central àquelas clássicas
compreendidas no Orçamento? Que sanções operações, precisasse também de de um Banco Central, aquilo que hoje se
poderiam existir, já que para os prefeitos está autorização do Congresso, mesmo que não chama orçamento monetário seria algo
prevista até cassação de mandato? fosse independente, isto já seria um avanço extremamente simples em termos de contas.
O SR. MÁRIO HENRIQUE em relação à situação atual. É verdade. Agora A contabilidade de um Banco Central
SIMONSEN: – Tentei explicar isso no início da V. Ex.ª vai ter dificuldade em localizar independente é, realmente, muito simples, ao
minha palestra, mas faço questão de repetir, exatamente, porque essa operação específica contrário do que se verifica com a de um
porque é um ponto muito importante. veio à tona porque tem um volume bastante Banco Central que também exerça funções de
Pura e simplesmente, é possível preciso, porque, politicamente, ela é muito fomento – é o caso brasileiro. Tenho medo,
realizar despesas que não são caracterizadas significativa. Mas o problema é que há uma hoje, por exemplo, de que, se submetesse um
como despesas e, sim, como operações de miríade de pequenas operações semelhantes orçamento monetário à aprovação do
crédito. O Banco Central, ou o Banco do Brasil, no dia-a-dia, que passam despercebidas da Congresso, ele se tomaria virtualmente
financia determinados programas agora, como, opinião pública, porque as cifras não são incompreensível. Inclusive, porque existe, no
por exemplo, o programa de ajuda à capazes de emocionar ninguém, orçamento, uma rubrica chamada "Outras
agricultura. Tecnicamente, digamos, do ponto individualmente, mas, somadas, são muito Contas – Saldos Líquidos", que, sozinha,
de vista de técnica jurídica e orçamentária, ele grandes. significa três vezes o orçamento monetário;
não representa uma despesa, mas uma Se tivesse um Banco Central em termos de dinheiro, análise de contas, de
operação de crédito de autoridade monetária realmente independente, ele simplesmente recursos e de aplicações.
para determinado grupo de agricultores. Agora, não teria como fazer essa operação, não teria Por isto, tenho, ultimamente,
realmente, cai-se, aí, no ponto que tentei como financiar, de repente, 10 bilhões de pensando no assunto, e chego à conclusão
levantar como fundamental na minha dólares para a agricultura. O Banco Central de que devemos caminhar para um Banco
palestra: é muito difícil a V. Ex.ª, ou a poderia comprar títulos públicos, poderia Central independente – embora cuidando de
qualquer pessoa conseguir, realmente, que o comprar reservas, mas não poderia comprar todo o processo de transição que teria que ser
art. 62 da atual Constituição seja respeitado títulos de agricultores. feito, é evidente. Se fizermos, amanhã, um
enquanto o Poder Executivo dispuser do O que me parece importante no Banco Central independente e repartirmos o
poder de emitir moeda. Se o Poder Executivo Banco Central independente é que facilitaria Orçamento exatamente como é feito hoje, no
pode, por não existir um Banco Central muito as coisas – este é o objetivo de V. Ex.ª ano que vem vamos ter um vácuo total em
independente, emitir moeda, uma despesa com o qual estamos de acordo – já que, pura vários setores que hoje são atendidos via
pode não ser financiada por uma receita e simplesmente, não poderia jamais fazer funções de tomento do Banco Central.
especifica, mas por um crédito subsidiado ou uma operação desse tipo. Se a operação se É claro que todos esses mecanismos
por um crédito rotativo que se renova realizasse, fatalmente teria de passar pelo de transição teriam de ser devidamente
infinitamente, ad perpetuam. Então, o Congresso Nacional. discutidos e analisados. Creio que realmente
fundamental, a meu ver, é a existência de O SR. CONSTITUINTE JOSÉ simplificaria muito, para a administração, um
um Banco Central independente, com a con- SERRA: – Cada vez que se emitisse... Banco Central independente.
27 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

O SR. PRESIDENTE (Francisco Nos Estados Unidos é de cerca de 32% do Pergunto como V. Ex.ª veria a
Dornelles): – Com a palavra o Deputado Benito Produto interno Bruto. Enfim não podemos possibilidade de existirem normas
Gama. dizer que realmente os 27% do PIB sejam constitucionais, ou de lei ordinária, que
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: excessivamente elevados. atendessem a condição indicada por V. Ex.ª, ou
– O Ministro da Fazenda, na semana passada, Agora, o que realmente acontece hoje, seja, proibição de emissões para financiar o
autorizou os Estados brasileiros a fazerem no Brasil, é que essa carga tributária é mal Tesouro sem que houvesse o mandato intocável
antecipação de receita equivalente a três meses distribuída. Porque há os que pagam e os que da diretoria, ou seja, sem que o mandato dessa
da receita do ICM. Isso, apenas para fazer a não pagam Houve, sem dúvida, muito esforço diretoria, pelo menos, não fosse estabelecido ou
colocação do que significa, hoje, em torno de 100 para a melhoria de arrecadação nos últimos coincidente com o mandato, digamos, do
bilhões de cruzados, que seriam feitos com o anos. Se compararmos os métodos de Presidente da República. Acha V. Ex.ª que isto
Banco do Brasil. Então, o Ministro da Fazenda de arrecadação dos impostos federais e também seria um passo à frente, ou acha que o fato de
um país tem poderes para autorizar o aumento dos impostos estaduais, hoje, comparados não existir essa condição de um mandato fixo,
do déficit no valor equivalente a 100 bilhões de com aqueles que vigoravam há 20 anos, estabelecido, de seus administradores
cruzados. veremos que são muito mais sofisticados, simplesmente anularia qualquer dispositivo que
Só para colaborar com V. Ex.ª quanto à inclusive pelo desenvolvimento da proibisse a emissão para financiar o Tesouro?
questão da necessidade de independência do computação, dos mecanismos de checagem O SR. MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN:
Banco Central, quero dizer que é um absurdo, de informações, do próprio direcionamento da – Creio que, na ausência de mandato, é muito
em um País como o nosso, uma autoridade fiscalização para os setores em que há difícil fazer com que essa disposição que proíbe
monetária fazer com que um total de 100 bilhões evidência, estatísticas de evasão fiscal, e o Banco Central de financiar o Tesouro se torne
de cruzados vá para os Estados, enquanto, na assim por diante. efetiva. Pela simples razão de que aí começam a
economia como um todo, na agricultura, na Um aspecto, penso, deveria ser surgir mecanismos artificiais para o
indústria e na exportação etc., há profundas importante nos objetos de discussão desta financiamento do Tesouro. Realmente, os
crises financeiras. Comissão. Os tributos, para realmente Bancos Centrais, mesmo quando são
Era apenas isso que eu queria referir, funcionarem, têm de ser arrecadáveis. É independentes, podem comprar títulos do
para complementar a exposição de V. Ex.ª. muito fácil imaginar, em livros-textos, em Tesouro. A Reserva Federal, dos Estados
O SR. MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN: exercícios de economia, sistemas tributários Unidos, o Banco da Alemanha, o Banco da
– Muito obrigado a V. Ex.ª. extremamente sofisticados. A única pergunta Inglaterra etc, compram títulos do Tesouro,
Na realidade, a figura da antecipação de é: como é que se arrecada isso? Eu diria, vendem títulos do Tesouro e tudo o mais. Só
receita é prevista e autorizada na Constituição então, que impostos que não se tem come que eles os compram e vendem pelo que acham
atual. arrecadar é letra morta, que se começa a ser conveniente para a política monetária e
Concordo plenamente com V. Ex.ª colocar na legislação. Houve um grande não em função da quantidade de títulos que
quanto ao fato de que o total dos recursos esforço, ao longo dos últimos anos, em o Tesouro quer emitir para cobrir seu déficit.
públicos é escasso e, quando se colocam juntas função da experiência acumulada, para tornar Esta é a diferença. Mas, no momento em
todas as despesas da União, não há, realmente, os impostos mais arrecadáveis. Mas é que não houver mandato, aí o Ministro da
debates sobre prioridades. Porque é na hora em importante, a meu ver, nos concentrarmos Fazenda ordena ao Presidente do Banco Central:
que se juntam todas as despesas que se começa nesse principio. Quer dizer, não adianta "Compra tanto de títulos do Tesouro, senão eu te
a perguntar o que é melhor se é colocar aqui ou lançar impostos que sejam ideais em demito".
colocar ali. E evidente que, se pegarmos o termos de concepção, mas virtualmente Sem mandato, realmente, é difícil. Estou
somatório dos desejos de verbas públicas, esse impossíveis em termos de arrecadação colocando a coisa num caso extremo, mas
somatório será de dez vezes o Produto Interno efetiva. apenas para ressaltar a importância desse
Bruto, evidentemente. Isso é verdade em Há várias coisas isso não é assunto mandato, que não é só do presidente, mas
qualquer parte do mundo. Então, o Orçamento para figurar na nova Constituição – que podem também dos diretores do Banco. O que
único, mas devidamente amarrado pelo Banco ser feitas. Inclusive, foi feito pelos Governos acontece, por exemplo, nos Bancos Centrais
Central independente, é exatamente o que cria de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em muitos do mundo – é já citamos aqui as figuras
essa discussão. casos, às vezes, a substituição do contribuinte mais lendárias, de presidentes de Bancos
O SR. CONSTITUINTE JOVANI é a maneira mais simples de eliminar a Centrais muito conhecidos – é que, de fato, as
MASSINI: – Sr. Ministro Mário Henrique sonegação. O caso que citamos, da compra diretorias, os corpos técnicos desses Bancos
Simonsen, quero deixar registrado meu de cigarros, é um exemplo – e isto já foi feito Centrais desempenham um papel
agradecimento pessoal a V. Ex.ª pela sua para vários outros produtos. Ou seja, seria importantíssimo.
presença e pelo brilhantismo da sua exposição, muito difícil fazer uma fiscalização de venda Vamos tomar o exemplo da Alemanha. A
aliás, enriquecida pelas interveniências que se de cigarros nos botiquins para saber se Alemanha talvez seja até um exemplo extremo,
sucederam. realmente pagam ICM. Mas, como é a fábrica porque os alemães, depois da hiper inflação de
Desejo fazer uma pergunta: levando em de cigarros que recolhe, por substituição do 1923, ficaram com tal ódio de inflação, que
conta os efeitos negativos de uma excessiva contribuinte, o controle, ai, fica muito mais qualquer Presidente de Banco Central, lá, é
carga tributária, que V. Ex.ª apontou com muita fácil. austero por definição. Vamos tornar, então, o
precisão, e partindo da premissa de que um Várias idéias desse tipo, por exemplo dos Estados Unidos, que já não têm
aumento da tributação nem sempre corresponde conseguinte, podem ser desenvolvidas, esse mesmo horror à inflação. Houve, nos
a um aumento na arrecadação, gostaria de saber embora não creio que esse detalhe se últimos anos, presidentes do Banco Central mais
sua opinião sobre que percentagem seria contenha em assuntos constitucionais. austeros e menos austeros. Agora, nenhum dos
admissível entre a receita total nacional e o O SR. PRESIDENTE (Francisco menos austeros era excessivamente austero. E,
Produto Interno bruto. Dornelles): – Sr. Ministro, no excelente mesmo os mais austeros, como Paul Volcker,
O SR. MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN: trabalho apresentado a esta Comissão, V. Ex.ª depois de certo período concluíram que não se
– Muito obrigado a V. Ex.ª. diz que as duas características de um Banco poderia manter a taxa de juros nos Estados
Hoje o total da carga tributária nos três Central independente são o mandato dos seus Unidos no nível em que estava anteriormente.
níveis de Governo, em relação ao Produto, é, se administradores e a proibição de emissões Quer dizer, aí também há o aspecto de os corpos
não me engano, de cerca de 27%. O numero para financiar o Tesouro. Afirma, ainda, que a técnicos, os vários diretores de um Banco
bruto é que é o relevante, porque o numero duração dos mandatos deve variar, sendo Central, tendo mandatos estáveis, darem à
líquido deduz previdência social e todas as importante que eles sejam não coincidentes, instituição certa estabilidade de comportamento
transferências. Quer dizer, a carga tributária isto é, que a diretoria se renove gradualmente ao longo do tempo.
bruta é de cerca de 27%. e que não exista coincidência com o mandato Daí a importância que eu vejo no
Se V. Ex.ª me perguntar se isso é alto ou presidencial. O Constituinte José Serra, com instituto do mandato.
baixo, pelos padrões internacionais, eu diria que muita propriedade, mostrou alguns exemplos, O SR. PRESIDENTE (Francisco
não é alto pelos padrões internacionais. Se V. algumas situações que poderiam ocorrer, em Dornelles): – O Constituinte José Serra
Ex.ª considerar um país como a Inglaterra, por que eventualmente se tivesse um presidente indicou e apresentou um exemplo ocorrido
exemplo, verá que a carga tributária bruta, lá, se do Banco Central expansionista ou em São Paulo, em que o Governo do Estado,
não me engano, algo em torno de 45 ou 47% do contracionista, quando a política do Governo sem ouvir a sociedade, sem ouvir os
PIB. estivesse seguindo em outra direção. representantes da sociedade iniciou um
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 28

programa com gastos equivalentes a O SR. PRESIDENTE (Francisco Agora, orçamento plurianual de
quinhentos milhões de dólares. O Dornelles): – Com a palavra o Constituinte investimento, realmente, não tem
Constituinte Roberto Campos apontou José Serra. operacionaldiade alguma. Por exemplo, no
situações idênticas que ocorreram, no O SR. CONSTITUINTE JOSÉ caso de São Paulo, qual foi a prática que
passado, no Governo Federal. São situações SERRA: – O Ministro Simonsen tem razão, adotamos, sem qualquer prejuízo para o
que ainda ocorrem no presente. Hoje, por quando diz que a Constituição atual abre boa Executivo? A de especificar, no orçamento,
exemplo, verifica-se. examina-se e discute- janela para que esse problema seja resolvido inclusive no orçamento das empresas, todas
se na imprensa que o Governo pretendia de maneira satisfatória. Acontece que a as obras acima de "X" ORTN – a obra física –
iniciar determinadas obras ferroviárias ou legislação complementar, que é de 1969, fixa e a cada seis meses enviar um relatório dando
determinadas mas no setor energético, cujo algumas coisas que inviabilizam a conta do andamento da obra, explicando por
custo é realmente elevado. operacionalidade do orçamento plurianual de que algumas não andaram, por que andaram
No caso, verifico – e senti muito isso na investimentos. O orçamento vale por três e quais os problemas de financiamento. Isso
Administração – que muitas vezes, o próprio anos. Ora, três anos, no Brasil, é um prazo não representou nenhum tipo de amarra para
Ministro da Fazenda, ou o próprio Ministro do longuíssimo. Quer dizer, não há a menor o Executivo. Ao contrário, ficou muito mais
Planejamento, enfim, aqueles que têm a possibilidade de previsão de receitas. fácil até para a participação dos deputados.
responsabilidade pela condução da política O SR. MÁRIO HENRIQUE Na medida em que tenham sido informados
econômica do Governo não têm força suficiente SIMONSEN: – O orçamento plurianual deveria de que iam ser feitas 1211 escolas, então,
para impedir que o Executivo ou que a ser rotativo. Vamos dizer, três anos, mas sabem que isso vai ser feito e têm condições
Presidência da República tome a decisão de renovando mais um à frente. de procurar o Executivo para influir – o que é
iniciar determinado programa ou determinada O SR. CONSTITUINTE JOSÉ legítimo – para que esta ou aquela obra seja
obra. SERRA: – Por outro lado, nos governos encaminhada para lá ou para cá.
Nós vivemos juntos alguns problemas estaduais isso também tem de ser feito. No Naturalmente, haverá aí uma solução que
como esse. Eu queria perguntar a V. Exª o caso de São Paulo, com base em minha sempre é de compromisso. Isso não amarra
seguinte: no campo prático, objetivo, o que experiência pessoal, eu diria que não há as mãos, do ponto de vista de Flexibilidade,
poderia ser inserido na Constituição, ou, se V. dificuldades. Prepara-se um orçamento de capacidade de decisão e tudo o mais.
Exª acha que não é assunto constitucional, que plurianual que não é necessariamente realista, A meu ver – e isso se liga à
medida legislativa poderia ser tomada para não há a menor condição de o Legislativo preocupação do Deputado Francisco
evitar que o Poder Executivo iniciasse discuti-lo, as obras não são específicas em Domelles – deveríamos criar um mecanismo
programas cujo custo é discutível, porque, seus detalhes – ou seja, que tipo de obras – que permitisse haver metas fisicas
freqüentemente, começa-se um programa com para a administração indireta as dotações são estabelecidas e para que o Executivo
determinado custo e no meio verifica-se que o globais, e o Executivo pode, inclusive, a prestasse contas do andamento de cada uma
custo é várias vezes maior. Que medida qualquer momento, alterar. É bem verdade das obras – que aconteceu, por que foi
objetiva pode ser inserida em legislação, para que teria de fazê-lo através do Legislativo, adiante, por que não foi, etc. – e para que o
impedir que essas práticas venham a repetir- mas, na prática, não o faz – muito menos Legislativo tenha condições de proceder à
se? revisão de custos, detalhes de projetos, etc. análise do projeto. Porque pode-se estimar
O SR. MÁRIO HENRIQUE Isso, evidentemente, implicaria, também, uma obra, como foi dito aqui, em um terço ou
SIMONSEN: – Eu diria que a medida básica já equipar bastante o Poder Legislativo, muito um quarto do seu valor, pode haver erros
existe na atual Constituição. Há apenas a mais do que é equipado, não para substituir o nessas avaliações, e tudo o mais.
necessidade de reforçá-la e de criar um Executivo, mas é necessário para se poder O SR. MÁRIO HENRIQUE
mecanismo que a faça funcionar. A medida analisar. SIMONSEN: – Estou plenamente de acordo
básica é dizer que nenhum investimento pode Por exemplo, no caso já mencionado com V. Exª Acho que o orçamento plurianual
ser começado se não estiver no orçamento aqui, de grandes investimentos que estão de investimentos tem de ser um orçamento
plurianuai de investimentos. Agora, para fazer para ser iniciados. que não apenas consigne meia dúzia de
isso funcionar, seria necessário estabelecer Ontem, dia 29, saiu no Diário Oficial verbas para programas vários, mas tem de ser
essa regra, válida para todas as empresas Exposição de Motivos para o Sr. Presidente um orçamento que realmente estabeleça, pelo
controladas pelo Estado e não apenas para as da República, assinada por quatro Ministros, menos, projetos acima de certo montante, que
empresas que não recebem subvenções da com relação à ferrovia Norte-Sul e com poderá ser fixado em lei.
União. Diríamos: bom, determinada empresa, relação à eclusa de Tucuruí, em que se O SR. PRESIDENTE (Francisco
hoje, não recebe subvenção da União, vai fazer apresenta o dispêndio de recursos Dornelles): – Sr. Ministro, quanto ao caso
isso como uma operação de crédito... Se o necessários, estimados em moeda constante específico dessa situação, em que Ministros
orçamento plurianual de investimentos tiver de e em dólar. Há um detalhe, que parece de Estado encaminharam uma Exposição de
englobar todos os investimentos das empresas irrelevante, ou seja, o de que esses projetos Motivos ao Presidente da República, para a
estatais, aí passa a haver realmente um estão sendo encaminhados e não há qualquer construção de uma ferrovia, ou de uma
controle muito maior, sejam essas empresas participação do Legislativo. Há, por outro lado, hidrelétrica, devo dizer a V. Exª que não tenho
lucrativas ou não. a própria forma como é apresentado. opinião formada sobre se essas obras devem
Este e o primeiro aspecto que vejo. Considerando-se projetos para quatro ou ser feitas ou não. O problema não é se devem
O segundo ponto que me parece cinco anos, não se contabiliza, no entanto, o ou não ser construídas. Pergunto a V. Exª o
importante estabelecer é de que o orçamento custo do investimento alternativo. Se eu seguinte: no caso de a União resolver ou
plurianual de investimentos deve ser na imobilizo 100 milhões de dólares em um ano, decidir fazer certo gasto, não acha V. Exª que
realidade, um complemento dos planos de no ano seguinte estará custando pelo menos o Congresso deveria ser escutado? A
desenvolvimento. Os planos de 10 milhões de dólares a mais. Isso só para dar sociedade pode entender que aquele
desenvolvimento costumam ter uma parte de uma idéia em linhas gerais. montante de recursos não deve ser aplicado
objetivos gerais de política econômica e uma O SR. MÁRIO HENRIQUE na ferrovia, mas em programas sociais ou em
parte substantiva de execução, que são os SIMONSEN: – Há os juros durante a qualquer outro setor. E é uma decisão tomada
investimentos programados para a União – e construção. exclusivamente pelo Executivo, sem que a
para os Estados também, quando for o caso O SR. CONSTITUINTE JOSÉ sociedade, através dos seus representantes,
durante aquele período. Vejo a questão sob SERRA: – Sim, juros durante a construção, seja escutada, sem que a sociedade
este aspecto. que, no cálculo de um projeto, é algo manifeste sua posição ou diga se está ou não
Mas acho muito importante elementar. de acordo com a prioridade estabelecida
desenvolver aquela idéia a que me referi Então, teríamos de partir, talvez, para naquele caso.
inicialmente, no debate com o Constituinte José uma legislação específica e assegurar mais, na O SR. MÁRIO HENRIQUE
Serra, de haver uma fiscalização, dentro do Constituição, que isso seja efetivamente posto SIMONSEN: – Estou plenamente de acordo
Congresso, capaz de verificar as estimativas de em prática. Aí entra também um outro aspecto, com V. Exª, por duas razões. Primeiro, pela
receita da União, as estimativas de custos dos o de auto-aplicabilidade de certas disposições necessidade de haver transparências nos
investimentos, e assim por diante. Este ponto constitucionais que, acho, esta Constituinte tem gastos públicos, eis que a sociedade deve ser
me parece dar maior importância. Sem isto, é de estabelecer. Por exemplo, se não houver a ouvida quanto aos gastos do governo e quanto
claro, diz-se que um projeto vai custar "X" e, lei complementar até tal período, criar-se-á, ou a quem realmente paga esses gastos. O
depois, ele acaba custando cinqüenta vezes "x" através do judiciário, ou outro órgão, enfim, segundo aspecto é de ordem administrativa, e
já não me refiro a cruzados inflacionários, mas algo que obrigue a que exista, mesmo afeta uma posição que por coincidência, o
a cruzados constantes. precariamente, uma forma de fiscalizar isso. Constituinte José Serra, V. Exª e eu já tivemos,
29 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

qual seja a de ser Ministro ou Secretário da Entendo que o mal deste País, que tem mento é o veículo pelo qual o plano do
Fazenda ou do Planejamento. uma dimensão continental, é que ele é Governo se transforma de livro em ação
A verdade, hoje, é que, no regime atual planejado entre quatro paredes, sem perguntar concreta.
que temos no Brasil, o que acontece é que o à sociedade, grande destinatária dos recursos Os planos do Governo podem ser
Governo acaba se dividindo em dois grupos: os e benefícios públicos, o que ela quer que seja considerados de duas maneiras. Primeiro,
ministros da defesa e os ministros do ataque. feito em seu favor. como livro. Vários livrinhos são feitos pelo
Os da defesa são os Ministros do Planejamento Todos nós, aqui, temos a grande Ministério do Planejamento, muito
e da Fazenda; do ataque são todos os demais. responsabilidade de elaborar uma nova interessantes, no sentido de dizer quais são os
O sistema funciona como uma espécie de time Constituição. Vimos, pelas palavras do objetivos do Governo, o que é que ele pretende
que quer fazer gol contra, em que os ministros Senador Roberto Campos, que leis já existem; fazer etc. É claro, no entanto, que, enquanto
do ataque são tão mais eficientes quanto mais o que não existe é o sentimento de cidadania aquilo fica apenas no livro, é uma declaração
atrapalharem os da defesa e vice-versa. brasileira, para cobrar de nós, deputados e de intenções, importante, porém sem nenhuma
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ SERRA: senadores, a correta fiscalização da aplicação objetividade prática. A objetividade prática do
– Quando a defesa se divide, então... desses recursos públicos. O Governo Federal plano se realiza através do orçamento, seja o
O SR. MÁRIO HENRIQUE pode tudo. O Ministro da Fazenda, na anual ou os orçamentos plurianuais de
SIMONSEN: – Aí só entra gol. (Risos.) realidade, é o maior mandatário do País. E, investimentos. Ali é que o planejamento sai do
Então, essa é uma experiência que V. assim, uma série de outros erros acontecem livro para se transformar em realidade.
Exª teve, o Deputado José Serra certamente neste país. Precisamos conscientizar a É realmente esta a realidade que mais
teve, e eu tive. O que me parece que facilita sociedade, e até nós mesmos. dada nossa precisa ser discutida. No Brasil, hoje, discute-se
incrivelmente a vida da administração pública é responsabilidade maior para com o destino muito se a taxa de crescimento do PIB deve ser
um sistema de orçamento em que tudo tenha deste País. de 7% ao ano, 3% ao ano ou de 5% ao ano. É
de passar pelo Congresso, em que não haja Certa vez ouvi – corrija-me, por favor, claro que, quanto maior for a taxa, melhor. Mas
possibilidade de verbas extra-orçamentárias, se não foi assim – do próprio Ministro Mário não é este o ponto da discussão, pois o PIB
ou seja, verbas que não passam pelo Henrique Simonsen, que existem certas obras não cresce por decreto. Agora. os planos
Congresso. Se V. Exª verificar o que ocorre na que, se se pagasse para serem paradas, seria orçamentários, estes, sim, devem ser objeto de
maioria dos países do mundo, verá que a maior mais barato para o País. A sociedade brasileira um processo legislativo, em que a sociedade
preocupação dos Ministros da Fazenda – precisa ser conscientizada até para a decide.
suponhamos que haja um Banco Central formulação da proposta orçamentária. Advogo, A afirmação de V. Exª, de que a
independente – é, primeiro, entenderem-se Sr. Ministro – e pergunto a V. Exª como vê isso sociedade freqüentemente não é consultada,
com o Presidente do Banco Central; segundo, – uma discussão da definição das prioridades também me lembra um outro tópico que não
cuidar de toda a parte tributária, etc.; terceiro, com os gastos públicos: saber o que é bom abordei aqui. Não tenho a pretensão de abordar
preparar, junto com o Ministro do aplicar no meu longínquo Piauí, lá no Acre, lá todos os tópicos possíveis sobre o capítulo da
Planejamento, quando este existe, ou ele em Mato Grosso e até naquele grande país Constituição referente ao orçamento, ao sistema
próprio, quando não existe, a proposta que se chama São Paulo, porque o Governo tributário, mas um problema importante a
orçamentária, que é realmente a grande lei e Federal, entre quatro paredes, define tudo sem rediscutir no Brasil é o conceito de federação.
que é, depois, debatida no Congresso. Esta, consultar ninguém. E, aí, a sociedade fica Hoje, o que temos é um sistema em que a União
sim, é uma lei que sofre, em que todas as distanciada até mesmo da possibilidade de freqüentemente deseja interpretar quais são as
pressões se estampam, mas se estampam em fiscalizar a aplicação desses recursos públicos. prioridades de Estados e municípios. E os
cima de um documento conjunto. Porque há Ninguém presta mais contas neste cidadãos, às vezes, têm outra visão do que
também o mal de se começar a aprovar País, Sr. Ministro. Esta é a grande realidade. sejam suas prioridades. Então, evidentemente,
despesas casuisticamente. É claro que é Precisamos também estabelecer mecanismos uma transferência não de recursos apenas, mas
inevitável que algumas despesas sejam objeto que permitam a publicação do volume de também de responsabilidade para os Estados e
de aprovação casuística – quando há uma verbas recebidas por municípios e por estados municípios, parece-me alguma coisa bastante
calamidade, esta, por definição tem de ser e das verbas que o Governo Federal tem à sua inserida, hoje, na percepção nacional de como
atendida por uma resposta casuística. Mas, disposição para promover o bem-estar da deve ser conduzido o processo da gestão dos
pelo menos num panorama geral, o ideal é que sociedade. Isto, além De corrigir todos os dinheiros públicos.
as despesas de Governo sejam colocadas outros erros que foram aqui denunciados na Há apenas um princípio que gostaria
todas em conjunto. Quando se começa a ver palestra de V. Exª e na discussão aqui neste de deixar explícito, qual seja, o de que, mais
os processos um e um, em geral qualquer Plenário. uma vez, é preciso evitar os dois extremos: o
projeto do Governo parece bom. Em geral, as As perguntas que eu tinha a fazer extremo da Constituição de 1946 e o extremo
despesas têm algum aspecto positivo. O foram feitas anteriormente pelos meus da Constituição de 1967. A Carta de 1946 dava
problema é que, quando eles todos são companheiros, o que é mais do que justo. extrema liberdade a Estados e municípios em
somados, realmente surge a noção de que Espero apenas, como integrante desta matéria de criar impostos, mas, em
talvez fosse melhor, em vez de se fazer aquilo Subcomissão, da qual sou Relator, discutir no compensação, deixava que os Estados e
que se esta fazendo, recolocar todo aquele plenário da minha Subcomissão, bem como no municípios exportassem impostos para os
conjunto. da Comissão Temática com o Relator José outros Estados e municípios. O IVC, por
Assim, volto à idéia de que a Serra e com os outros companheiros, como o exemplo – o antigo Imposto de Vendas e
fiscalização e a aprovação prévia, pelo Constituinte Fernando Coelho, o melhor Consignações em cascata –, era um imposto
Congresso, de todas as despesas públicas, é caminho a oferecer a este País, algo que venha cobrado de um produto fabricado no Estado de
absolutamente essencial. ao encontro dos interesses nacionais. Pois Minas e que onerava o contribuinte de São
entendo o Orçamento como o grande Paulo, e vice-versa. A Constituição de 1967
O SR. PRESIDENTE (Francisco planejamento. o grande plano do País. teve o grande mérito de instituir a coordenação
Dornelles): – Com a palavra o Constituinte Infelizmente, é letra morta, como disse V.. Exª tributária, mas, de alguma forma, talvez tenha
José Luiz Maio. Espero, portanto, ter captado, neste tolhido demais a liberdade dos Estados e
O SR. RELATOR (José Luiz Mala): – encontro, ensinamentos que me permitam, com municípios em matéria de lançar tributos.
Sr. Presidente, Sr. Relator José Serra, Sr. o auxílio dos nossos companheiros da O princípio que eu defendo é o de que
Ministro Mário Henrique Simonsen, Srs. Comissão Temática e das demais se pode deixar que os Estados e municípios
Senadores, colegas Constituintes, realmente Subcomissões, transferir isso para dispositivos tenham maior autonomia em matéria de
quem fica para falar por último consegue evitar constitucionais, embora eu entenda que no tributação, desde que se obedeça a um
formular as perguntas que havia ordenado. Por Orçamento não cabe tudo. Mas vamos parâmetro. Quer dizer, o imposto lançado por
ser assim, o Deputado José Serra me castrou trabalhar para que a lei complementar possa um Estado ou por um município não pode
duas e o Presidente Dornelles agora, por complementar aquilo que pudermos oferecer afetar direta nem indiretamente os residentes
último. de melhor em nossa Constituição. fora daquele Estado ou município.
Sr. Ministro, a palestra de V. Exª me O SR. MÁRIO HENRIQUE Era esta, Sr. Presidente, a última
serviu muito. Além do valor cultural e do SIMONSEN: – Muito obrigado a V. Exª observação que eu queria fazer.
conhecimento de cátedra que tem V. Exª. ela Realmente, o ponto que temos de sublinhar O SR. PRESIDENTE (Francisco
foi complementada pelas indagações aqui aqui – e creio que há quase um consenso Dornelles): – O Deputado Simão Sessim
feitas e respostas aqui dadas. nacional nesse sentido – é que o Orça- deseja apresentar urna última questão.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 30

O SR. CONSTITUINTE SIMÃO um dispositivo desse tipo na Constituição, mas parlamentaristas que eu conheço
SESSIM: – Sr. Ministro, são duas perguntas. positivamente não irá funcionar. têm essa disposição: o presidente
Primeira: como V. Exª vê uma proposta O SR. PRESIDENTE (Francisco pode dissolver o Congresso e convocar
que tramita nesta subcomissão, do retomo da Dornelles): – Com a palavra o Constituinte eleições gerais, quando há um impasse.
lei da usura, que já existiu em Constituição Darcy Deitos. Acabamos de ver isso em Portugal e
anterior? Só que agora a proposta fala em 12% O SR. CONSTITUINTE DARCY na Itália.
de juros reais, não nominais. DEITOS: – Sr. Ministro, entendi que V. Exª Então, acho que é um debate que
Quanto à ilegível , é a seguinte: V. Exª defende e prega o fortalecimento do Poder transcende, primeiro, à minha competência
bem ilegível tributário nacional prevê a Legislativo congressual. Se tivéssemos um sobre o assunto. Em segundo lugar,
arrecadação de .recursos que, por lei, devem Congresso forte, uma obra como a Ferrovia levaríamos muitas e muitas horas para
ser determinadamente partilhados ou Norte – Sul jamais seria aprovado pelo discutir o tema, dada a sua complexidade,
transferidos para os Estados e municípios. Congresso sem ampla discussão. Trata-se de quando os assuntos que estamos debatendo
Existem, porém, alguns impostos, como o obra que não tem projeto, mas já se decidiu aqui parecem mais pedestres e de solução e
Finsocial e outros, que formam o Caixa 2, onde iniciar. de encaminhamento mais fácil. Realmente,
as transferências são negociáveis. Não acha V. Queria perguntar, só para tirar uma porém, há um ponto que não posso deixar
Exª uma boa oportunidade, agora, com esta dúvida minha, se V. Exª acha que o passar; para pensarmos em
nova Constituição, de eliminar esse tipo de parlamentarismo resolveria o problema parlamentarismo é preciso pensar em
recurso ou transformá-lo em adicionais, desde brasileiro, no tocante ao fortalecimento do máquinas governamentais estáveis, de modo
que sejam partilhados obrigatoriamente com os Poder Legislativo. Como veria V. Exª e que a rotatividade política que costuma
Estados e municípios, acabando por completo implantação do parlamentarismo no Brasil? haver nos ministérios não cause também
com as transferências negociáveis? O SR. MARIO HENRIQUE uma rotatividade de toda a administração
O SR. MÁRIO HENRIQUE SIMONSEN: – Em primeiro lugar, não sou um pública.
SIMONSEN: – Rapidamente, tenho especialista no assunto, de modo que vou dar, O SR. PRESIDENTE (Francisco
comentários a fazer sobre as duas propostas. pura e simples, minha opinião de leigo . Dornelles): – O ilustre Relator, Constituinte
Concordo amplamente com a segunda O parlamentarismo fortaleceria o José Luiz Maia, deseja fazer urna
e discordo da primeira. Vou dizer por que. Congresso, por definição. E claro. O Congresso comunicação.
A concordância com a segunda é sempre mais forte em um regime O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
parece bastante óbvia. Não vejo razão para a parlamentarista do que em um regime Sr. Presidente, Srs. Constituintes, havíamos
União usar critérios discricionários para presidencialista. A tradição, não apenas no combinado para hoje, às 17 horas, uma
transferências a Estados e municípios. Vamos Brasil, mas em todo o continente americano, é audiência pública com o Dr. Andrea Calabi, que
admitir que os Estados e municípios são presidencialista, o que não significa que o atualmente administra, protege – ou
suficientemente adultos para saber onde é Congresso não deva ter prestígio e força. Mas, desprotege – os gastos e o orçamento do País.
que devem gastar e, portanto, serão se quisermos partir para um modelo Mas, como todos sabem, o País está
responsabilizados os governadores e parlamentarista – do qual tivemos uma breve atravessando certa turbulência, principalmente
prefeitos por essas verbas. Então, penso que experiência apenas por um ano e meio e que na área econômica, e S. S', então, pediu-me
o automatismo do repasse dos fundos deveria depois foi derrubado por um plebiscito – que encontrássemos uma outra data para que
ser estabelecido por um dispositivo genérico teríamos de pensar muito em como organizar o ele comparecesse, tendo ficado acertado o dia
da Constituição, não apenas no caso do parlamentarismo no Brasil. 5 de maio, às 17 horas.
Finsocial, mas um dispositivo absolutamente Não vou entrar aqui nos méritos e Fica, então, marcada a vinda de S. S'
genérico, estabelecendo que todo recurso deméritos de presidencialismo versus para o dia 5 de maio, às 17 horas.
arrecadado pela União e destinado aos parlamentarismo, porque isso é um debate O SR. PRESIDENTE (Francisco
Estados e municípios seria repassado bastante conhecido e, no fundo, é uma questão Dornelles): – Sr. Ministro, a Presidência
automaticamente. de opção política. Pode-se optar tanto por uni agradece a V. Exª sua participação nesta
No que diz respeito ao quanto por outro. Eu diria apenas que o reunião da Subcomissão de orçamento e
restabelecimento da lei da usura, existem aí parlamentarismo envolve alguns pressupostos. Fiscalização Financeira, a qual foi
dois problemas práticos. O primeiro é saber se O primeiro deles é que as máquinas extremamente importante para nossos
a todo o momento a taxa de equilíbrio de governamentais devem ser estáveis. Pergunta- trabalhos.
mercado é ou não a taxa da lei da usura. Este se, então: como e que a França, antes de De Está encerrada a reunião.
é um primeiro problema. Eu diria que, Gaulle, e a tália, em todo esse período,
normalmente, os juros reais, a longo prazo, não resistiram a tantas mudanças de gabinete sem
devem ficar muito acima dos 12% ao ano. Mas que houvesse um caos administrativo? A COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO
há o problema de se definir o que é juro real. resposta é muito simples: mudavam-se os ORÇAMENTO E FINANÇAS SUBCOMISSÃO
Veja V. Exª que o instituto da correção ministros, mas as máquinas administrativas DE ORÇAMENTO E FISCALIZAÇÃO
monetária andou sofrendo muitos arranhões eram estáveis. Hoje, na realidade, o que FINANCEIRA
em relação ao que seria a idéia de uma taxa de acontece no Brasil é que, quando se muda o
inflação efetiva. Conhecemos correções ministro, muda-se também desde seu 5, Reunião Ordinária, realizada em 5 de
monetárias pré-fixadas. No ano passado secretariado geral, até provavelmente, o todo de 1987
desapareceu a correção monetária; depois contínuo ou um funcionário do terceiro escalão,
voltou, com outro nome, mas, enfim, voltou sob porque tudo é cargo de confiança. Aos 5 (cinco) dias do mês de maio de
a forma de indexação. E o que acontece Então, para um regime parlamentarista 1987 (hum mil e novecentos e oitenta e sete),
quando se tenta colocar um dispositivo desses funcionar, a primeira pré-condição é às 10:00 horas, reuniu-se a Subcomissão de
em uma Constituição é que, provavelmente, vai estabelecer um princípio de estabilidade da Orçamento e Fiscalização Financeira, na sala
virar letra morta, na prática. A história da lei da máquina administrativa do setor público, para C-2, do Anexo H, da Câmara dos Deputados.
usura – na verdade, foi um decreto com força que não possa ser mu-dada à vontade, como Presentes os Senhores Constituintes titulares
de lei do Governo Provisório de Vargas, em hoje se faz. Sob pena de se ter, aí sim, uma João Alves, Presidente. José Luiz Maia,
1933 –, mas a história da lei da usura, na fantástica confusão. Relator, Firo de Castro, José Guedes, Naphtali
década de 50 e no princípio dos anos 60, é de Há outros aspectos. O Banco Central Alves, Flávio Rocha, Furtado Leite, Jessé
como se contorna uma lei que tenta violar o independente, a meu ver, é importante no Frei re, Messias Góis, Féres Nader e Fábio
mercado. Lembro-me de que, naquela época, presidencialismo e, como foi sublinhado pelo Raunheitti. Estiveram ausentes os Senhores
compilei pelo menos umas vinte maneiras que Senador Roberto Campos, absolutamente Constituintes titulares Carrel Benevides e João
existiam e que eram praticadas pelo mercado imprescindível num regime parlamentarista. Há, Natal, Vice-Presidentes, Carlos de Carli, João
para contornar a lei da usura – os deságios, a ainda, a considerar, em termos de problemas Carlos Barcelar, Lézio Sathier, Márcio Braga,
prática que depois veio a ser chamada saldos do regime parlamentarista, por exemplo, como Wilson Campos e Jovanni Masini.
médios, que naquele tempo tinha um se fazem as moções de desconfiança e como Compareceram ainda o Senhor Constituinte Ivo
outro nome, que não me recordo mais, se faz o processo ev entual de dissolução Vanderlinde, PMDB/SC, Vice-Presidente
compras de seguros, enfim, várias vinculações. do Congresso para a convocação de da Comissão do Sistema Tributário,
Então, o que me parece é que, se se colocar eleições gerais. Quase todos os regi Orçamento e Finanças. ATA: Foi dispensada
31 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

a leitura da Ata da reunião anterior, a pedido analisado em profundidade e disciplinado, mento secreto. Só muito recentemente, nos
do Relator, Constituinte José Luiz Maia, já pelo menos em suas diretrizes mais gerais, na últimos quatro ou cinco anos, é que
que foram distribuídas cópias a todos os nova Constituição que se pretende elaborar. ele passou a ser apresentado e divulgado.
membros da Subcomissão; não houve Observamos que as Constituições brasileiras Tudo isso indica que precisamos de uma
discussão e, colocada em votação, foi ela têm sido bastante pródigas na explicitação de abordagem mais ampla, abrangente, do
aprovada, por unanimidade, sem restrição. normas relativas ao sistema de orçamentário, problema da gestão das finanças do Governo,
ORDEM DO DIA: passando à Ordem do Dia, mas quase completamente omissas no que se o que só pode ser alcançado através
o Sr Presidente, Constituinte João Alves, refere à disciplina do processo de do fortalecimento e aperfeiçoamento
comunicou que a presente reunião foi planejamento. Na realidade, essa não é uma do sistema de planejamento e de sua
convocada para ouvir o Professor Nilson característica estritamente brasileira. É uma progressiva integração com o processo
Holanda, Presidente do IPEA/IPLAN. Em tradição universal, vez que o orçamento como orçamentário.
seguida o Sr. Presidente, Constituinte João instrumento de ação do governo tem origens Gostaria de abordar agora,
Alves, tecendo comentários acerca da remotas na história dos povos, enquanto que rapidamente, o problema de planejamento no
temática "Sistema de Planejamento e as técnicas de planejamento são de criação Brasil. Temos uma experiência já bastante
Orçamento", convidou o expositor a compor a muito recente, ou seja, a rigor, datam do ampla, de mais de 20 ou 30 anos, de
Mesa e concedeu-lhe a palavra, o qual período posterior à 2ª Guerra Mundial. tentativas de planejamento. Eu registraria aqui
agradecendo a honradez de ter sido Todavia, cada dia se torna mais evidente que como etapas importantes desse processo, nos
convidado a comparecer ao plenário da a crescente complexidade do setor público últimos anos, a elaboração do Programa de
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização impõe uma revisão dessa estrutura normativa, Ação Coordenada do Governo Castello
Financeira discorreu eloqüentemente sobre o ou seja, atribuindo-se uma prioridade maior Branco, o Programa Estatístico de
tema, reportando-se a questões referentes a ao aspecto de planejamento propriamente Desenvolvimento do Governo Costa e Silva,
anualidade do Orçamento, principais dito. Nas economias modernas, e um trabalho importante feito no Governo
programas e regionalização. Em seguida particularmente naquelas com características Castello Branco, com o Plano Decenal, o
colocou-se à disposição dos Constituintes semelhantes à brasileira, a visão tradicional Programa de Metas e Bases e o primeiro PND
presentes, para debates. O Sr. Presidente, de administração orçamentária apresenta do Governo Médici. Houve, nessa mesma
Constituinte João Alves, franqueou então a uma série de limitações, dentre as quais época, a elaboração do primeiro Plano
palavra aos Senhores José Luiz Maia, Firmo valeria destacar como mais importantes as Nacional de Desenvolvimento Científico e
de Castro, Furtado Leite, José Guedes e seguintes: em primeiro lugar, a anualidade do Tecnológico e uma tentativa de implantação
Naphtali Alves. A conferência, os debates e orçamento, que impossibilita uma análise e de um programa de acompanhamento do
as interpelações, com as devidas respostas, avaliação adequada de decisões plano; a elaboração do 2º e 3º PND, mais
foram gravadas por inteiro e o texto, após governamentais que cada vez mais têm recentemente a elaboração do 4º PND – o
apanhamento, tradução e datilografia passará implicações e conseqüências que se chamado 1º PND da Nova República –, a
a fazer parte integrante desta Ata. Nada mais desdobram em mais um exercício, ou seja, a criação da SEST, instrumento de controle e
havendo a tratar, às 12:17 horas, foi característica anual do orçamento implica coordenação de atividades de empresas
encerrada a reunião e, para constar, eu uma limitação muito séria, porque as decisões estatais, e assim por diante. Então, há uma
Benício Mendes Teixeira, Secretário, lavrei a econômicas cada vez mais têm série de experiências ou tentativas, a maioria
presente Ata, que vai a publicação e, após desdobramentos bem mais amplos do que no delas, de certa forma, frustradas, e acho que
lida, discutida e aprovada, será assinada pelo período de um ano; em segundo lugar, a valeria a pena examinar os motivos por que
Sr. Presidente. utilização crescente de outros instrumentos de esse esforço de planejamento não teve
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – política econômica que estão totalmente sucesso no Brasil até o momento, sucesso
Havendo quorum para darmos início à excluídos do quadro de referência da que desejaríamos e que mais recentemente,
reunião, declaro instalados os nossos administração orçamentária, tais como a por exemplo, observamos que esse
trabalhos. política cambial, a política de juros, a política processo de planejamento foi
(Leitura e aprovação da Ata da de crédito, a política salarial e assim por completamente esvaziado, em função de
reunião anterior.) diante. Isso significa que o orçamento, que é uma série de fatores de natureza política,
Aqui está, hoje, para proferir uma a peça principal da qual dispõe o Congresso, estratégica e econômica, mas
conferencia em nossa Subcomissão o Prof. por exemplo, para disciplinar a ação do Poder fundamentalmente de natureza política. O
Nilson Holanda, economista, professor, ex- Executivo, passa a ter uma importância menor primeiro deles, o esvaziamento do
Presidente do Banco do Nordeste, homem no conjunto de todos os demais instrumentos planejamento, decorreu do fato de que havia
sábio em economia, com conhecimentos de política econômica; em terceiro lugar, a um conflito entre o formalismo da apreciação
gerais dos problemas brasileiros, que dará frustração do princípio da universalidade do PND pelo Congresso e a realidade de um
sua contribuição a esta Subcomissão sobre o orçamentária com a adoção de expedientes e processo decisório altamente centralizado e
assunto objeto de nossos trabalhos: artifícios que deixam fora do orçamento parcela tradicionalmente arbitrário e fechado. Este é
orçamento e fiscalização financeira. Os Srs. ponderável de despesas e receitas do Governo um aspecto interessante: desde o Plano Salt,
Constituintes que queiram argüir o que, a rigor, ali deveriam estar incluídas. É bem em 1950, até a elaboração do 1º PND, todos
conferencista depois poderão fazê-lo conhecido no caso brasileiro, como um aspecto os planos governamentais foram
mediante inscrição no livro próprio. Damos a mais flagrante dessa distorção, o documentos exclusivos do Poder Executivo,
palavra ao Prof. Nilson Holanda. superdimensionamento do nosso orçamento ou seja, documentos que não eram
O SR. NILSON HOLANDA – Sr. monetário, que em relação a alguns itens submetidos ao Congresso. Com o sistema
Presidente, Srs. Secretários. Srs. Constituintes, importantes, passou a representar um dos planos nacionais de desenvolvimento,
inicialmente queria dizer da minha satisfação verdadeiro orçamento paralelo, manipulado estabeleceu-se a sistemática de que o
de estar participando desta reunião numa livremente pelo Governo Federal sem nenhum orçamento deveria ser apresentado ao
oportunidade muito significativa da história controle ou supervisão do Congresso Nacional, Congresso. Ora, num regime autoritário, em
nacional, quando se discute a elaboração de ou seja, o orçamento monetário foi conseguido, que o poder estava altamente centralizado
uma nova Carta Magna para o País. Numa inicialmente, como um mero instrumento de no Executivo, uma das conseqüências disso
oportunidade dessas, julgamos que seria projeção das contas de ativo e passivo foi a tendência de se encaminhar ao
oportuna uma reflexão sobre os problemas dos monetário e como um instrumento de Congresso um documento de sentido
sistemas de planejamento e orçamento que planejamento do Banco Central. Mas, meramente político e qualitativo, sem
deveriam ordenar e disciplinar a ação progressivamente, de uma forma espúria, quantificação de metas e recursos. Então
governamental. Então, este seria a tema de foram sendo incluídos nesse orçamento itens observamos um progressivo esvaziamento
nossa palestra: a constituinte, e o sistema de que, a rigor, deveriam estar no orçamento fiscal de documentos de planos nacionais de
Planejamento e Orçamento. Pensamos que as e que ficavam, assim, completamente fora da desenvolvimento, que atingiu um
deficiências de estruturas e funcionamento supervisão do Congresso. Esse orçamento paradoxismo, por assim dizer, com a
desse sistema de planejamento explicam, em monetário, inclusive, durante certo tempo, elaboração do 3º PND, que foi feito no
grande parte, a crise econômica e financeira foi um documento com características muito Governo Figueiredo, um dos documentos
que tem sido uma constante na vida nacional e especiais. Primeiramente, porque era mais vazios de que tenho conhecimento,
que se apresenta, no momento atual, de forma um orçamento quase cabalístico, que dentre todos aqueles que tiveram o nome
mais aguda. Por isso, achamos que esse poucas pessoas conseguiam entender e, em de plano de desenvolvimento.
problema de planejamento deveria ser segundo lugar, porque era um orça- Toda a preocupação do Governo era
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 32

de não se comprometer com metas, com permanente. Ele não se esgota com a presa; mas quando se vai discutir um grande
diretrizes mais objetivas, ou seja, a elaboração formal de um determinado investimento. como uma usina nuclear, a
apresentação do plano passou a ser uma documento a que chamamos plano. decisão é tomada da maneira mais rápida
providência de caráter meramente formal. O O quarto fator foi à excessiva possível porque ninguém entende de usina
segundo aspecto foi o de natureza econômica diferenciação de programas, o que eu chamo nuclear e ninguém vai discuti-la. Então
decorrente do impacto da crise conjuntural do de proliferação de siglas. Nós observamos até nós observamos, no Brasil, que todas as
choque do petróleo, da exacerbação da uma tendência no sentido de que, na medida grandes decisões de investimentos – seja
inflação, da recessão mundial, da em que escasseiam os recursos, se o Programa Nuclear ou, agora, essa
desorganização do sistema financeiro multiplicam as siglas. Há exagerada nova ferrovia, a Ferrovia do Aço – foram
internacional. Tudo isso aumentou o grau de segmentação de mercados financeiros e de decisões tomadas com um mínimo de
incerteza em relação à evolução futura das fontes de poupança, como, por exemplo, a considerações e alternativas, com um mínimo
principais variáveis econômicas e diminuiu a vinculação do FGTS exclusivamente de análises aprofundadas dos custos e
importância do planejamento, porque ficou a investimentos do setor habitacional; a benefícios. Então, esse é o famoso Princípio
mais difícil planejar para fazer projeções para multiplicação de órgãos e a dificuldade para a da Trivialidade, de Parkinson, que
o futuro. Em conseqüência, passaram a harmonização dos inevitáveis conflitos infelizmente é muito verdadeiro e representa
predominar as preocupações imediatistas ou de atribuições dos diferentes níveis no um custo elevado em termos de erros de
de curtíssimo prazo, em detrimento dos sistema de planejamento, ou seja, temos um planejamento.
esforços de planejamento de médio e longo órgão que atua a nível global, que seria a Finalmente, a falta de uma sistemática
prazos. Finalmente, observamos, no Brasil, Seplan – planejamento de longo prazo – um adequada da avaliação de execução
certa falta de apoio político dentro e fora do órgão que atua no planejamento de curto de projetos, ou seja, avaliação ex post.
Governo para atividades relacionadas com o prazo, que seria a Fazenda; órgãos Temos uma sistemática já bastante
planejamento. Eu diria mesmo que um dos que atuam no planejamento regional – o desenvolvida de avaliação ex ante,
paradoxos da realidade brasileira é o de que a ministério do Interior, os Ministérios setoriais para efeito de concessão de incentivos
constatação de erros e distorções de política que atuam no planejamento setorial, e assim fiscais e aprovação de financiamentos, mas,
econômica provoca sempre severas críticas por diante. quase sempre, depois não se faz uma
ao planejamento e não à falta de planejamento. Em quinto lugar, citaria o avaliação adequada dos resultados
Geralmente se critica o plano do planejamento esvaziamento do planejamento regional, alcançados e dos custos envolvidos nestes
e não o fato de esse planejamento haver sido que, depois de um começo promissor, passou projetos. Devemos ressaltar que em qualquer
mal feito, e diz-se que o pretenso a viver uma crise existencial, dado que sistema de planejamento essa fase de
planejamento, na realidade, se assemelhava as superintendências de desenvolvimento avaliação de acompanhamento, de
muito à falta de planejamento. Então, esse foram comprimidas, de um lado, pelo retroalimentação, é a fase mais difícil e
esvaziamento da atividade de planejamento no centralismo federal e, de outro, pelas complexa, porque tem uma série de
Brasil se caracteriza hoje por uma série de reivindicações descentralizadoras dos implicações não apenas técnicas, como
distorções, falhas e disfunções do sistema de governos estaduais – para não falar nas suas politico-institucionais.
planejamento, dentre as quais eu destacaria as deficiências de recursos humanos, Outro fator que eu assinalaria, para
seguintes: em primeiro lugar, a falta de um bases financeiras e mecanismos de concluir esta longa lista de deficiências do
autêntico processo de planejamento, no sentido coordenação. nosso sistema de planejamento, seria um
de que a prática de elaboração do Planos Outro problema é a tradição de desequilíbrio nas dotações de recursos
Nacionais de Desenvolvimento, nestes últimos excessiva setorialização do planejamento em humanos e capacidade gerencial e
anos, não se caracterizou como um processo prejuízo do planejamento global e regional. tecnológica entre a administração direta e a
permanente, sistemático, flexível, integrado, Há, quase sempre, uma dificuldade muito indireta. Então, a estrutura governamental, em
que pudesse contribuir efetivamente para grande para articular os diferentes planos termos de recursos humanos, se apresenta de
orientar as ações da Governo; em segundo setoriais num todo coerente, dada a força e a maneira um tanto anormal.
lugar, a inadequada articulação entre os tradição de certos ministérios setoriais, como Temos empresas poderosas, algumas
diferentes instrumentos de planejamento, é o caso, por exemplo, dos setores de razoavelmente bem administradas com
particularmente no que se refere à sua base Transporte e Energia. dotações de recursos humanos muito boas,
financeira. Quer dizer, o essencial, o cerne de Além disco, há certa tendência à muitas delas cumprindo bem suas funções.
um plano está na base financeira. Um plano subsetorialização. Por exemplo, no caso do Então, o organismo governamental tem
que não tem a sua base financeira bem setor Transporte, havia uma ênfase muito membros muito fortes, e a administração
articulada quase sempre se transforma numa grande em determinados modos de direta, que deveria ser a cabeça do sistema, é
declaração de intenções sem maiores transporte. Havia, por exemplo, ênfase do bastante frágil. A não ser em determinados
conseqüências. Então havia uma inadequada planejamento rodoviário em detrimento do setores, como o Itamarati e a área da
articulação da base financeira do plano, planejamento hidroviário ou ferroviário, mas Fazenda, em que existem carreiras com
particularmente nos orçamentos fiscal, principalmente, em detrimento de um treinamento apropriado para que as pessoas
monetário e de empresas estatais. planejamento de transporte da multimodal que desempenhem suas funções, a administração
Cito, em terceiro lugar, um aspecto utilizasse diferentes modalidades de direta, no Brasil, está quase toda constituída
muito importante: a deficiência de mecanismo transporte forma mais eficiente e econômica de pessoas que são recrutadas à base da
de acompanhamento, avaliação e possível. Isso decorre, em parte, da fraqueza confiança e de outras áreas. Algumas,
retroalimentação do processo de das secretarias em geral dos ministérios embora muito competentes, não foram
planejamento. setoriais, que jamais se aparelharam para adequadamente treinadas para cumprir
A embrionária experiência de cumprir integralmente as funções definidas no aquelas funções. É justamente para atender a
acompanhamento do Plano Nacional de Decreto-Lei nº 200, da reforma administrativa esta deficiência que o Governo criou
Desenvolvimento que foi feita no primeiro de 1967. recentemente e está implantada uma Escola
plano não pode evoluir mesmo porque é Outro aspecto é a insuficiente Nacional de Administração Pública, com o
função no desempenho geral da atividade de atenção dada ao exame de alternativas objetivo de formar essa elite administrativa e
planejamento a qual acompanha no seus e analise de projetos como base para gerencial para a administração direta,
sucessos e vicissitudes. Esse é outro aspecto decisões de investimentos, particularmente partindo-se do pressuposto de que na
interessante. de grande porte. E aqui funciona muito administração indireta já existem exemplos
O que nós observamos é que o famoso Princípio da Trivialidade, razoáveis de sucesso em termos
planejamento no Brasil se transformou no que de Parkinson. O Professor Parkinson formulou administrativos.
chamo de espasmo qüinqüenal, ou seja, de a tese de que, em administração, pequenos Em função desse diagnóstico,
cinco em cinco anos há uma discussão, faz-se investimentos, como, por exemplo, comprar gostaria de apresentar aqui algumas
um plano que depois é esquecido uma máquina de café ou um mimeógrafo, sugestões, de forma bastante sumária, para
completamente, porque não há algo com o que estamos familiarizados, podemos ter tempo para discussão, com
acompanhamento, não há retroalimentação, geralmente provoca uma grande discussão relação ao que se poderia fazer para melhorar
quando o processo de planejamento tem de ser no conselho de administração da em- o sistema.
33 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

lnicialmente eu sugeriria uma revisão Em terceiro lugar, eu sugeriria a discussão mais ampla pela sociedade com um
de toda a fundamentação legal que disciplina consolidação da estrutura colegiada, que, a todo faz com que os planos geralmente
a atividade de planejamento no País. nível do Executivo teria a responsabilidade de reflitam muito pouco a participação social. Em
Atualmente essa atividade está disciplinada elaborar e avaliar a execução do plano, outros países, como é o caso, por exemplo,
por algumas disposições da Constituição de envolvendo: da França, que já tem uma tradição razoável
1969, pelo Ato Complementar nº 76 e a) a revitalização dos Conselhos de nesse campo, procura-se dar uma ampla
diversas leis e decretos promulgados em Desenvolvimento Econômico e Social, criados participação aos vários segmentos da
diferentes épocas. Essa legislação está no Governo Geisel e depois completamente sociedade, através de um processo ordenado
viciada por características de casuísmos e esvaziados, que representavam instrumentos de comissões, subcomissões e reuniões que
exceção, mas constitui uma base razoável importantes para a articulação nas ações dos permite incorporar ao plano as idéias, as
para definição e regulamentação institucional diferentes ministérios; concepções e as aspirações da sociedade
no sistema de planejamento. b) a criação de um Comitê Central de como um todo, numa fase preliminar, antes
Torna-se necessário, porém, rever, Planeja-mento, integrado por todos os que ele seja apresentado ao Congresso. Isso,
consolidar e atualizar essa legislação, secretários-gerais dos ministérios, que daria em termos de instrumentos.
buscando-se alguns aperfeiçoamentos, pelo suporte técnico às atividades do CDE e do CDS; Em termos de estrutura
menos nos seguintes pontos: c) a revisão da estrutura de administrativa, eu pediria também uma
a) Definição de algumas regras planejamento setorial dos diferentes reavaliação das funções das secretarias
mínimas, de caráter geral e básico, que ministérios, criando-se ou reformulando-se gerais dos ministérios.
assegurem permanência e estabilidade as órgãos colegiados (como CDI, Conselhos da Essas secretarias foram criadas para
instituições voltadas para o planejamento, a Sudene, Sudam, Geipot, que atuariam como funcionar como órgãos centrais de
salvo dos casuísmos e das modificações subcomitês do Comitê Central. planejamento e coordenação de cada
freqüentes. Então, o que observamos hoje é uma Ministério (DL nº 200/67), mas aparentemente
Ou seja, o planejamento deve ser um total descoordenação desse sistema, pela poucas se aparelharam para tal. O alto grau
processo permanente e não, como eu disse, falta de uma integração de ações, através de administração autônoma da maioria das
um espasmo qüinqüenal, algo de que se fala desses colegiado que ou foram esvaziados ou empresas estatais, a escassez de pessoal
de cinco anos e depois se esquece trabalham de forme isolada. treinado, a desorganização da administração
completamente. Em quarto lugar, proporia uma maior centralizada e a própria conotação
b) Caracterização do processo de integração entre o processo de planejamento representativa do título de "secretário", a par
planejamento como um processo permanente e o processo orçamentário, com a revisão dos do pouco interesse em fortalecer a função de
e integrado. A atual legislação preocupou-se atuais Orçamentos Plurianual de planejamento, limitaram a ação das
apenas com fase de elaboração do plano, Investimentos, Consolidação dos Programas secretarias gerais.
nada especificado com relação a seu Governamentais e Orçamento SEST, que Então, se não tivermos secretarias
acompanhamento e avaliação Em deveria ser integrados em um único gerais fortes, adequadamente supridas de
conseqüência, o processo foi esvaziado, documento, o qual, por sua vez, constituiria a pessoal treinado, dificilmente vamos ter
limitando-se a um espasmo qüinqüenal que base financeira do plano. condições de melhorar o sistema de
se esgota na apresentação formal de um Aqui, eu mencionaria que foi criado, planejamento nacional. Sugere-se que se
documento muito genérico e do qual pouco se há anos, o chamado Orçamento Plurianual de avalie a experiência dos últimos vinte anos
fala nos 5 anos seguintes. lnvestimentos. Esse era um orçamento trienal para examinar a hipótese de se fortalecer, de
Uma alternativa a ser considerada que deveria constituir a base do plano, mas se reforçar os poderes gerais, para que ele
seria a de que, nos intervalos entre os que apresentava uma limitação, a de incluir possa colaborar com o ministro na
períodos de elaboração a vigência dos planos apenas investimentos ou seja, todos aqueles coordenação geral das atividades de cada
qüinqüenais, fosse o Governo obrigado a gastos que pudessem ser caracterizados ministério, com ênfase justamente na parte de
transformar o OPI em um autêntico plano como de custeio estariam excluídos. Observa- planejamento, orçamento e controle das
trienal, com as características de um rolling se, no entanto, que em certas áreas como por empresas estatais.
plan, agregando-se a cada ano um novo exemplo, nas áreas sociais, como educação, Em terceiro lugar, sugeriria uma
exercício para substituir o que fosse vencido. saúde, etc., os gastos de custeio. A exclusão revisão das funções dos vários ministérios
O OPI seria assim ampliado para construir um desses gastos do OPl limitava a sua função para eliminação de várias distorções que se
detalhamento do plano qüinqüenal. como instrumento de planejamento. Criou-se, agravaram nos anos recentes, com a
Outra providência seria a efetiva então, o chamado Programa-Geral de multiplicação desses ministérios. Hoje temos
institucionalização do Programa de Aplicações depois transformado em vinte e sete ministérios, se não me engano, e
Acompanhamento do Plano. Para tanto, seria Consolidação dos Programas e Projetos existe uma série de problemas de articulação
definida legalmente a obrigatoriedade de o Governamentais, através de qual a Seplan entre esses ministérios.
Governo apresentar anualmente, ao tentava fazer uma consolidação de todos dos Sugere-se também uma análise
Congresso (juntamente com a Mensagem gastos do Governo, envolvendo não apenas objetiva e aprofundada dos atuais mecanismos
Presidencial ou como um documento os gastos incluídos no orçamento, como de problemas de coordenação interinstitucional.
separado) um "Livro Branco" sobre o aqueles realizados por empresas estatais e Nenhuma alteração de organogramas irá
desempenho e a execução do plano, de forma plurianual. Então, o que se propõe é resolver todos os problemas de coordenação,
sugerindo, inclusive. as medidas e que seja feita uma revisão da estrutura desse planejamento e conflitos de atribuições,
providências para a sua revisão. documento e que se crie o que estou resultantes das inevitáveis interfaces de
Paralelamente, poderia ser instituída chamando de Orçamento-Geral de atividades de diferentes órgãos
no Congresso uma comissão permanente de Dispêndios, que permitiria consolidar todos os governamentais. Impõe-se, portanto, uma
Avaliação da Execução do Plano de dispêndios do Governo de uma forma análise objetiva desses conflitos potenciais,
Desenvolvimento, que convocaria plurianual, e esse orçamento funcionaria para definição dos mecanismos adequados de
periodicamente os principais executivos do como a base financeira do plano. articulação e cooperação interinstitucional, ou
Governo para prestar um depoimento sobre a Finalmente, toda essa fundamentação seja, mecanismos para resolver os conflitos
execução do plano em suas respectivas legal e normativa deveria assegurar nos vários níveis: coordenação a nível
áreas. maior participação dos vários segmentos da horizontal, que são conflitos entre os diferentes
Então, há necessidade de sociedade em todo o processo de planejamento. ministérios; coordenação a nível vertical, ou
estabelecermos um sistema de Quer dizer, uma característica do nosso seja, dentro de cada ministério, envolvendo
acompanhamento. Não basta termos um processo de planejamento é o seu fechamento. principalmente a articulação entre a
plano; é preciso que saibamos o que está Os planos são elaborados de forma episódica e administração direta e a administração indireta,
acontecendo com esse plano, qual o seu geralmente dentro de um processo de a centralizada e a descentralizada, e a
grande desempenho, quais os aspectos que emergência, porque não é feito um trabalho coordenação ou cooperação interinstitucional,
devem ser reforçados ou reformulados, e preparatório adequado. O próprio fato de envolvendo, de um lado, o Governo federal e,
assim por diante. que esse caráter emergencial torna difícil uma de outro, Estados e Municípios.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 34

Finalmente, a descentralização da Art. 197. Como expressão Então, a partir do primeiro ano, este
ação do Governo federal, com o financeira do Plano, além do orçamento- plano já incluía um ano até chegar um
fortalecimento dos órgãos regionais de programa de cada exercício, será momento em que ele tinha apenas um ano.
desenvolvimento e a restauração, de fato, elaborado ou revisto, anualmente um E a idéia de termos permanentemente um
do sistema federativo, transferindo-se aos Orçamento Plurianual de Dispêndios, de plano trienal é o que se chama rolling plan,
Estados e Municípios algumas funções duração trienal, englobando despesas de ou seja, o Orçamento Plurianual de
atuais de Governo Central. custeio e investimentos da União, inclusive Dispêndios funcionaria como um plano
Em termos de estrutura, não vou subsídios diretos e indiretos, os gastos trienal que estaria sempre disponível para o
entrar em detalhes, mas sugeriria algumas consolidados das empresas estatais, as Governo. Cada ano, ao cumprir um ano, se
reorientações das atividades do órgão previsões de financiamentos e acrescentaria outro ano.
central de planejamento algumas delas até investimentos de bancos federais e "Art. 198. Até 15 de março de cada
objeto de recente reforma que o Governo agências administrativas de programas e ano, o Poder Executivo apresentará ao
estabeleceu e que implicavam incentivos fiscais, e bem assim as Congresso Nacional relatório de avaliação
fundamentalmente em tirar da Seplan respectivas fontes de recursos, tanto da execução dos Planos Nacionais e
funções executivas, por exemplo, até pouco próprias como relativas a transferências Regionais de Desenvolvimento, com
tempo, tinha um programa chamado fiscais ou a empréstimos de origem externa indicação do grau de avanço dos programas
Programa Grande Carajás que, além de ser e interna." e projetos, justificativas dos desvios
de natureza executiva, interferia claramente A idéia, então, seria de criar este observados e propostas de ajustes e
nas atribuições da Sudam. Então, era uma orçamento plurianual de dispêndio por medidas corretivas."
aberração do ponto de vista organizacional. transformação do antigo OPI no Este aqui procuraria estabelecer o
Isso, aparentemente, foi eliminado na última atual CPPV, como um documento de princípio de que o Governo estaria obrigado
reforma. A Seplan coordenava, por exemplo, duração trienal, que consolidaria treine os a anualmente fazer uma avaliação do seu
a implantação do projeto de Codebar, de investimentos e dispêndios do Governo plano, prestar contas da sua execução,
Barbacena. Sugeriria que passasse esse federal. Não apenas aqueles do orçamento identificar os desvios e propor as medidas
também para a Sudam. É provável, porém, fiscal, inclusive subsídios diretos corretivas. É um dispositivo importante para
que as modificações recentes tenham e indiretos. Procurando dar maior assegurar justamente a continuidade e a
exagerado na dose e foram retiradas da transparência às contas do Governo permanência do processo de planejamento
Seplan algumas funções importantes, como e explicitando todos aqueles subsídios que não se esgota naquele momento da
a coordenação da cooperação econômica e ocultos que representam dispêndios, e elaboração do plano.
técnica internacional, que foi transmitida grandes, para o Governo, como o subsídio Há uma série de propostas
para o Itamarati. De qualquer modo, ao crédito rural, subsídios como os relacionadas mais com a parte de
achamos que a Seplan, no momento, dispõe que hoje existem para o trigo e para outras desenvolvimento regional, que eu deixaria
de uma série de instrumentos que lhe áreas, os gastos consolidários aqui como subsídio para a Subcomissão.
permite cumprir a sua função, desde que de empresas estatais e também os Encerro, aqui as minhas observações e fico
haja o necessário apoio político e sejam orçamentos de investimentos das agências à disposição para qualquer indagação.
introduzidas aquelas modificações administrativas de incentivos fiscais. Muito obrigado.
organizacionais que mencionei. Então, tudo isto constituiria a base O SR. PRESIDENTE (João Alves):
Para concluir, gostaria de deixar financeira do piano de desenvolvimento do – Como de praxe, tem a palavra,
aqui algumas idéias, tomando por base o País. inicialmente, o nosso Relator, Constituinte
anteprojeto da Comissão Afonso Arinos. Especificaria, ainda, o § 1º da José Luiz Maia.
Proporia alguns artigos de caráter mais seguinte forma: O SR CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ
geral, elaborados com plano e orçamento. § 1º Na elaboração das propostas MAIA: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes
Mencionaria apenas o mais importante, que orçamentárias, anual e plurianual, o Poder membros da Comissão, Sr. Relator, Prof.
vou deixar escrito para a Subcomissão. Executivo discriminará, em anexos Nilson Holanda, a presença de V. Sª no
No art. 196 da Seção VI, que trata próprios, desdobrados a nível setorial a plenário desta Subcomissão, tenho certeza,
do orçamento, eu modificaria o título, para regional, os programas, subprogramas e trará a todos subsídios da maior importância
tratar do plano e do orçamento, e teria a projetos prioritários, relativos à para a formulação do nosso trabalho.
seguinte redação: administração geral, atividades produtivas, Cabe-nos a responsabilidade de
"A lei estabelecerá as Condições infra-estrutura e setores sociais, com elaborar as sugestões para o Plenário da
para a institucionalização de um sistema de especificação dos seus objetivos gerais, Assembléia Nacional Constituinte,
planejamento permanente, integrado e etapas de execução, metas quantitativas e concernentes ao capítulo que diz respeito ao
participativo, através da elaboração qualitativas e respectivos custos e orçamento e à fiscalização financeira, e o
periódica de planos nacionais e regionais beneficios". que V. Sª trouxe hoje não tenho dúvidas de
de desenvolvimento, de duração plurianual, Aqui o aspecto importante seria que que servirá para ajudar na formulação de
onde serão especificados os objetivos, todos os orçamentos deveriam idéias que haveremos de inserir no trabalho
diretrizes, metas e instrumentos de ação do ser desdobrados, não apenas setorial, mas que pretendemos submeter à discussão do
Poder Público." também regionalmente. Ou seja, Plenário desta Subcomissão e da Comissão
Ou seja, procura-se estabelecer é o princípio da regionalização dos temática.
como diretriz básica que o sistema tem que orçamentos do Governo, sem o qual será Esperamos, com a colaboração dos
ser permanente, integrado e participativo. impossível fazer um planejamento nobres companheiros que integram esta
Segundo, que eles se distribuam em dois regionalmente adequado. Uma das Subcomissão, poder oferecer o melhor para
níveis bem diferentes, embora grandes dificuldades que enfrentamos é que o nosso trabalho seja inserido no
perfeitamente integrados, que são o Plano justamente a de termos esse break down arcabouço da nossa Constituição,
Nacional e os Planos Regionais. a nível regional que nos permite ter uma evidentemente, corrigindo as distorções e os
Estabeleceria, ainda, o parágrafo idéia precisa de como realmente se erros que aconteceram no passado.
único, especificando o seguinte: distribuem os recursos a nível regional. E Tenho, por conseguinte, apenas que
"Parágrafo único. Dentre os Planos isto é perfeitamente viável. fazer uma indagação. Pediria ao Prof. Nilson
Regionais de Desenvolvimento serão "§ 2º O Orçamento Plurianual de Holanda que nos desse idéia a respeito do
obrigatoriamente apresentados de forma Dispêndios será revisto anualmente, problema dos incentivos fiscais no capítulo
separada os relativos à Amazônia e ao acrescentando-se-lhe a programação de do Orçamento, com maiores detalhes.
Nordeste." um novo período para substituir o exercício O SR. NILSON HOLANDA –
Pela importância que têm esses que for vencido." Tenho uma série de propostas, também
programas regionais, estabeleceríamos Temos um problema, pois o plano é com relação à área de desenvolvimento
esta disposição: feito de cinco em cinco anos. regional. E a nossa idéia era de
35 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

que esses sistemas de incentivos fiscais seriam O SR. PRESIDENTE (João Alves): – em um orçamento plurianual de dispêndio,
não apenas preservados, como fortalecidos e Com a palavra o nobre Constituinte Firmo de como sua expressão financeira, vamos dizer,
incluídos como um elemento daquele Castro. substituiria a idéia às vezes veiculada de que
Orçamento Plurianual de Dispêndios. Já está O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE caberia termos diversos orçamentos
previsto na legislação em vigor que anualmente CASTRO: – Sr. Presidente, Sr. Relator, meu específicos e não um orçamento unificado, no
serão elaborados orçamentos para ao Finor, o caro Prof. Nilson Holanda, para nós é sempre caso um orçamento fiscal, um orçamento
Finan e o Fiset E esse é um setor em que alvissareiro ter a oportunidade de ouvir V Sª, monetário, um orçamento consolidado das
houve um relativo avanço. Quer dizer, que, sem favor algum se inclui entre os estatais e daí por diante, e até mesmo
anualmente é feito um orçamento para esses melhores economistas desde País e que é sugerindo, às vezes, a criação de um
fundos de incentivos fiscais, o desembolso dos reconhecido não somente pela sua orçamento da Previdência Social.
recursos compatibilizado com a disponibilidade competência, mas, sobretudo, pela sua Então, a primeira indagação: como V.
desses fundos. E este sistema seria apenas seriedade profissional tão bem demonstrada Sª se põe diante – de uma maneira mais
integrado ao sistema nacional de por ocasião do exercido dos cargos que pormenorizada – desse confronto de
desenvolvimento, mas mantendo toda a sua exerceu ao longo da vida, e mencionaria, posições, orçamento unificado versus
integridade, inclusive preservando-se, pela especialmente, sua atuação no Banco do orçamento setorializado? Outra indagação
importância que tem o Nordeste e a Amazônia, Nordeste e as funções de comando dentro da também está em que, em ação do Governo,
a integridade dos planos regionais, como Secretaria de Planejamento ligadas ao IPEA e sendo uma ação necessariamente
planos próprios, naturalmente subordinados ao ao lplan. responsável, em grande parte, pelo combate
plano nacional como um todo. Para nós, desta Subcomissão de às distorções regionais – e por conta disso já
Prevemos também que além dos Orçamento e Fiscalização Orçamentária, se advoga a criação de planos e orçamentos
incentivos fiscais seriam criados fundos talvez nenhum outro especialista estivesse regionais – como advogaria V. Sª aí a
regionais de desenvolvimento para tanto em condições de vir conversar conosco favor não somente dos planos regionais para
investimentos no setor público, parte dos e sugerir proposições quanto o Dr. Nilson o Nordeste amazônico, como ficou claro,
quais seria aplicada através dos bancos Holanda, porque não somente detém no que seria uma sugestão, mas mesmo no
regionais de desenvolvimento. Achamos que, experiência, como disse, muito rica no campo que diz respeito à execução desses planos
com relação ao Nordeste – esta é uma idéia regional, como no campo de planejamento. É com o estabelecimento de autonomia
que discutimos há bastante tempo – houve S. Sª um formulador, e disso deu idéia muito administrativa e financeira a nível das próprias
uma certa distorção no sentido de que o clara, apresentando propostas nítidas a regiões?
Governo, na medida em que criou o sistema respeito do nosso trabalho nesta A pergunta tem a ver, parece, com um
de incentivos fiscais, que beneficia Subcomissão e que visam, sobretudo, ao dado que temos hoje que forçosamente
fundamentalmente o setor privado, limitou os fortalecimento do planejamento a nível aceitar a: questão regional está cada vez mais
investimentos em relação ao setor público. governamental. presente no contorno da Federação. Os
Tem que haver um paralelismo entre Prof. Nilson, parece claro que Constituintes, por exemplo, se arregimentam,
investimentos públicos e privados. Isto, na num país como o Brasil, onde as imensas muitas vezes, em defesa de regiões; os
medida em que o Governo achava que já distorções oriundas dos mecanismos órgãos do Governo Federal as mais das
estava dando uma grande ajuda ao Nordeste, de mercado exigem uma intervenção vezes são criados e estruturados com
através dos incentivos fiscais, foi-se retraindo, governamental cada vez mais lúcida objetivos regionais, enfim, a região está
por assim dizer, na órbita pública Não tenho e racional, o planejamento se apresenta sempre presente na Unidade Federativa, que
dados com relação a anos recentes, mas o como um corolário imediato e tem, portanto, mesmo sendo una, não pode, na verdade,
que se observou foi que havia uma certa falta que ser visto com toda a prioridade e afastar-se das diferenças e das prioridades
de complementariedade entre investimentos contar até mesmo com o amparo regionais. Então, dessa linha, já que V. Sª
públicos e privados. Então, o que se propõe é constitucional, na medida em que a defende planos regionais e, especialmente,
que ao lado da manutenção dos incentivos administração do dia-a-dia, a administração planos em separado para a Amazônia e o
fiscais que atendem a investimentos das crises, a administração da rotina pode Nordeste, se não seria o caso de se pensar
produtivos, beneficiando fundamentalmente o sufocar, como tem sufocado, as iniciativas de na atribuição de autonomia administrativa e
setor privado, e convém não esquecer, planejamento mais rigorosas do ponto de financeira para a execução desses planos a
beneficiando fundamentalmente empresas do vista técnico, ou seja, aquelas que podem níveis locais, a nível de cada região?
Centro-Sul – é um sistema de incentivos levar, efetivamente, a uma ação E, por último, nesse contexto todo, de
fiscais que estabelece uma comunhão de governamental mais racional. um lado, o Poder Executivo procurando
interesses entre o empresariado do Nordeste Ficou dano, na sua exposição, que o racionalizar a sua ação e, de outro, o
e o empresariado do Centro-Sul, mas Governo, portanto, deve empenhar-se na Congresso Nacional procurando, tanto quanto
beneficia fundamentalmente, em termos de formulação de planos de desenvolvimento possível, refletir os anseios da Nação, como é
incentivos, os titulares de empresas do nacionais e planos de desenvolvimento que – também de uma forma mais
Centro-Sul que detêm esses incentivos fiscais regionais, e que, como desdobramento pormenorizada – poderíamos garantir que o
– haja um sistema que assegure uma certa desses planos plurianuais, teríamos os planejamento da ação executiva ganharia
continuidade aos investimentos instrumentos financeiros básicos, portanto, legitimidade através de uma participação mais
governamentais na região. Daí por que se um orçamento plurianual de dispêndio, no permanente, contínua do Congresso, não
propõe também a criação de fundos regionais caso, trienal, como propõe V. Sª, e teríamos o somente na sua formulação, mas
de desenvolvimento, que seriam orçamento operativo anual, que parece, principalmente no seu acompanhamento
administrados pelas superintendências naturalmente, ser aquele que conta com a e controle? Seria o caso, por exemplo –
regionais – Sudene e Sudam – e pelos tradição de ser quase que o único instrumento indago – de o Congresso, através de uma
bancos regionais, ou seja, uma parcela seria operativo de que dispõe o Governo, além de comissão mista, participar da formulação dos
aplicada a fundo perdido. muito parcial, porque ele não somente não planos dos orçamentos, com sugestões e
Aqui temos a famosa discussão da contempla todas as linhas de ação de acompanhamentos outros, e deter poder,
vinculação de receitas ou não-vinculação de Governo, mas, sobretudo, é muito pouco maior ou menor, para alterar as propostas
receitas. Em princípio, tecnicamente, todos transparente, pelo que indica. que venham tanto dos planos como
somos contra a vinculação de receitas, mas é Então, teríamos, dentro da ordem de dos orçamentos, inclusive de alterar
possível que não se possa evitar, no caso do idéias expostas por V. Sª, que imaginar que financeiramente as propostas, e ter iniciativa
Nordeste e da Amazônia, em face de razões esta Subcomissão, dentro das suas no campo financeiro, que hoje ele não
políticas, uma vinculação que daria, pelo proposições, teria que se encaminhar, tem?E mais: que papel poderia ter o
menos, uma certa garantia de estabilidade e primeiro, para assegurar a formulação do Congresso, de maneira efetiva, no sentido de
permanência daqueles recursos, desde que planejamento e o seu desdobramento inovar, permitindo ao Executivo rever a sua
este princípio da vinculação não seja levado financeiro através desses dois grandes ação, através de mudanças no seu
ao exagero e estendido a outras atividades, instrumentos. Surge daí a primeira indagação planejamento, na medida em que captasse
comprometendo toda a flexibilidade da gestão que faria a V. Sª. Pergunto se esse anseios da Nação, diferentes em relação
orçamentária. desdobramento dos planos àqueles que estariam sendo contempla-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 36

dos pela ação de Governos? São estas as sivo não-monetário do orçamento monetário, na elaboração e acompanhamento dos planos.
três principais indagações, sobre as quais passariam para esse orçamento plurianual de Isto é fundamental, tanto que defendo a idéia
gostaria de ouvir a sua opinião. investimentos. Neste ponto temos, inclusive, de que não só no processo de elaboração do
O SR. NILSON HOLANDA: – uma contradição: o orçamento monetário inclui, plano tenhamos um esquema mais
Constituinte Firmo de Castro, inicialmente num de seus itens principais, passivo não participativo, através da criação de comissões,
gostaria de agradecer as referências monetário. Se o orçamento é monetário, não que permitiriam, por exemplo, a participação do
elogiosas, e certamente desmerecidas, tem sentido incluir itens não-monetários. Isto foi empresariado, da classe trabalhadora, da que
que V. Ex.ª fez à minha pessoa Em fruto dessa evolução distorcida da realidade. hoje chamamos comunidade cientifica
relação às suas indagações, em primeiro A idéia seria a de unificar tudo, ou universitária, a participação dos Estados, e,
lugar, quanto ao orçamento unificado, seja, incluir no orçamento fiscal o que é logicamente, de todos os órgãos federais que
a idéia é exatamente esta, ou orçamento fiscal, tirar do orçamento atuam no sistema, e a participação do próprio
seja, deveremos caminhar para uma monetário o que for matéria de orçamento Congresso, através de um processo ordenado
progressiva integração dos diferentes fiscal, consolidar esse orçamento fiscal com o e sistemático. Então, essa lei básica que
documentos financeiros do Governo, orçamento das estatais e ter uma visão geral defendo deva ser promulgada, disciplinaria o
a fim de que possamos ter um quadro geral. de todos os dispêndios do Governo. processo de planejamento, estabeleceria
Sem ter uma visão desse quadro geral, Em segundo lugar, outro aspecto regras, criaria comissões, defenderia a forma e
não poderemos ter uma idéia clana das reais importante é que esse orçamento deveria ser representação, os cronogramas e o processo
opções do Governo, das reais prioridades regionalizado. Como já disse, em 1974 de elaboração do plano. Além disso, a nível do
e de como os diferentes projetos, tentamos fazer esse trabalho e encontramos Congresso, acho que deveria haver uma
regiões e segmentos do plano articulam-se uma certa dificuldade. Mas acredito que será comissão permanente de avaliação de
entre si. bastante fácil ter a regionalização do execução do plano, ou seja, teríamos uma
A idéia que propomos é a de que, orçamento se houver uma decisão política. comissão que, permanentemente, estaria
a par do orçamento anual, tenhamos Somente com a regionalização do orçamento recebendo informações, e apresentando suas
o orçamento plurianual de dispêndios, teremos uma idéia clara e precisa de como se análises de como se desenvolve a execução
algo não totalmente novo. Seria o orçamento distribuem espacialmente as despesas do do plano, de modo que aqui se estabelecesse
plurianual de investimentos ampliados. Governo. Poderemos, então, avaliar se a uma interação entre os Poderes Executivo e
No passado houve um orçamento plurianual prioridade regional está realmente bem Legislativo e pudesse haver um controle efetivo
de investimentos, se não me engano definida ou apenas na semântica. porque, sobre a execução da ação governamental.
no Governo Costa e Silva. Depois, na muitas vezes, pelas notícias que são Obviamente, esses planos têm que ser
época em que fui Superintendente do IPEA, divulgadas – Governo liberou tais recursos dinâmicos. Como a conjuntura se modifica,
tive a oportunidade de trabalhar no para o Nordeste – parece ser uma ajuda periodicamente, ajustes devem ser
Programa Geral de Aplicações, uma muito grande, mas na realidade isto é apenas introduzidos. Mas isso seria feito de uma
tentativa de restabelecer esse orçamento uma gota d'água no total dos dispêndios do maneira não só racional, como participativa.
plurianual de investimentos de uma forma Governo, porque os realmente importantes Acho que é fundamental. Sem essa
mais ampla. Em 1974 preparamos esse não são divulgados. Seria uma condição participação a tendência é no sentido de que
documento, que, permitia ter uma visão fundamental de que todo processo novamente o plano se transforme naquilo que
bastante clara de todos os dispêndios orçamentário, tanto a nível do orçamento chamo de espasmo qüinqüenal, um documento
governamentais. Recordo-me muito bem de anual, como do plurianual, fosse puramente formal, sem maiores conseqüências
que, na época, quando fizemos essa regionalizado. Achamos que isso é e, assim, deixemos de utilizar um instrumento
apuração a uma séria de análises – dos perfeitamente viável. que é fundamental para melhorar a eficiência
gastos do Ministério, por função, por Em terceiro lugar, V. Ex.ª menciona a da ação do Governo Mais ainda; acho que
programa, chegamos até a fazer a hipótese de uma autonomia administrativa a neste processo participativo o Governo poderia
distribuição dos gastos por regiões – nível regional. Defendo uma progressiva ser estimulado a apresentar opções, ou seja,
encontramos uma dificuldade muito grande. descentralização da ação do Governo federal, ao invés de termos um plano pronto e acabado,
Na época, costumava indagar das pessoas mas acho pouco viável uma autonomia mais que chega num determinado dia e tem que ser
do Governo. supostamente conhecedoras do ampla dos órgãos regionais, além daquela votado num período extremamente curto,
mesmo, qual era o programa em que o decorrente da gestão autônoma de alguns teríamos um processo mais amplo de
Governo gastava mais dinheiro. Poucas fundos próprios. Órgãos como a Sudene elaboração, de forma conjunta, e nesse
sabiam. A maioria pensava que era o de continuariam a gerir o seu Finor e passariam, processo poderiam ser examinadas opções de
transportes. Aquela foi a época áurea do também, a gerir um fundo de desenvolvimento alternativas. Vou dar aqui um exemplo: quando
Ministério dos Transportes, das grandes regional do Nordeste, para projetos se cogitou da construção da Ferrovia Carajás,
rodovias, como a Transamazônica. tipicamente regionais, mas isto não excluiria a havia uma alternativa, que era a hidrovia. Esse
No entanto, o orçamento consolidado autoridade dos ministérios setoriais para assunto foi debatido intensamente a nível
evidenciava que o item no qual o Governo realizarem investimentos de caráter exclusivamente técnico, de Governo federal, e
gastava mais dinheiro era o da assistência estritamente setorial na região Nordeste, na apenas por um ministério. No entanto, será o
e previdência. Pela primeira vez tivemos região Amazônica, e assim por diante. que interessa ao País como um todo. Foi
esse quadro geral. Era um documento Teríamos uma combinação de ação de tomada uma decisão, construída a Ferrovia de
perfeitamente viável já elaborado em épocas órgãos setoriais e regionais. Carajás e a hidrovia ficou para depois. Agora
anteriores, ao qual acrescentaríamos Creio pouco viável, dentro da temos novamente esse debate. Por
agora simplesmente uma síntese do estrutura atual do Governo brasileiro, uma coincidência, dirigi, durante 4 anos, um projeto
orçamento das empresas estatais, naquilo descentralização mais ilegível que, por de pesquisas e planejamento na bacia do
que interessa ao orçamento global, e exemplo, as superintendências regionais Araguaia-Tocantins ilegível da hidrovia do
todos aqueles que ainda se encontram – se atuassem ao mesmo tempo como delegacias Araguaia-Tocantins. Não só fizemos estudos,
é que ilegível deveriam estar no orçamento de todos os ministérios setoriais. Isto criaria como deixamos um programa amplo que
fiscal. um problema administrativo muito difícil de ser deveria ter continuação talvez por mais uns
Teríamos apenas o orçamento das viabilizado. Mas administrando o fundo quatro anos, a fim de termos informações, as
estatais que poderia continuar como regional, o fundo de incentivos fiscais, tendo mais precisas, que permitam ao Governo tomar
instrumento de controle mais detalhado – o um instrumento importante do planejamento uma decisão racional e coerente. Mas ao
que eu queria era um resumo para o na sua mão, as superintendências têm mesmo tempo já cogita o Governo de construir
orçamento plurianual – e o orçamento condições de realmente contribuir uma ferrovia paralela a hidrovia. São opções de
monetário seria praticamente extinto, para o desenvolvimento regional natureza fundamental que envolvem gastos da
porque representaria apenas uma de forma mais eficiente. Tudo isso ordem de 3, 4 ou 5 bilhões de dólares e que
projeção de contas monetárias do Banco necessitaria estar integrado num plano deveriam ser discutidas intensamente.
Central, de interesse apenas para o nacional, em que essas opções regionais No entanto, essas opções nem sempre
acompanhamento da política monetária. sejam adequadamente explicitadas, para que são tomadas em função de uma
Todos aqueles itens que não fossem o Congresso possa definir as prioridades. discussão racional, mas através de
estritamente monetários; que representam Em quarto lugar, outro decisões políticas e que, infelizmente,
gastos, ou subsídios, ou receitas, aspecto muito importante que V. Ex.ª testemunham a existência daquele
que integram o chamado pas- mencionou e o da participação famoso Princípio da Trivialidade,
37 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

de Parkinson. Então, nesse processo penitenciar esse Ministério. Na realidade, se comprometer não apenas em exportar
participativo, o Poder Executivo poderia parece-me que já era tempo de voltar para o minério de ferro e contribuir para aumentar as
apresentar alternativas e opções para que Ministério da Fazenda, que é onde está o divisas do País, mas tem também um
fossem tomadas as decisões. Podemos dinheiro. Esta a consulta que faço a V. Sª. compromisso regional. Tem-se que incluir, no
acelerar mais o desenvolvimento regional à O SR. NILSON HOLANDA: – Meu seus critérios de investimentos, a variável
custa do desenvolvimento nacional; dar maior caro Constituinte Furtado Leite, com relação à regional. Isso vale também para a Petrobrás,
ênfase a determinados setores e ao sua primeira indagação, concordo plenamente a Eletrobrás e assim por diante. Mais ainda: o
crescimento acelerado da distribuição de com sua idéia no sentido de foi isso que Governo também, através do seu sistema de
renda; enfim, toda a formulação de política defendi – se partir para uma real unificação de incentivos fiscais, pode orientar os
econômica é um exercício permanente de orçamentos e para uma explicitação, a mais investimentos privados. Então o Governo
opções e escolhas que são duras, difíceis, completa possível, de todos os recursos de que opera em três níveis: dos investimentos
mas que devem ser feitas racionalmente. o Governo dispõe para investir em diferentes diretos, dos investimentos através das
Observamos que por este processo setores e regiões, a fim de que haja, realmente, empresas estatais e daqueles incentivos às
tumultuado e desorganizado de elaboração de um controle do Poder Executivo por parte do empresas privadas. Portanto, seriam
planos, programas e projetos, essas opções Congresso Nacional. Vou mais além: em estabelecidos critérios e diretrizes para
são feitas da maneira a mais irracional matéria de desenvolvimento regional, estou mobilizar todos esses recursos e,
possível. Por acidente, às vezes são feitas propondo que esta lei que regulariza o sistema principalmente, a capacidade gerencial do
opções corretas, mas outras vezes, por de planejamento e daria um tratamento todo setor privado e da empresa estatal, no sentido
acidente também, ocorrem opções incorretas. especial ao problema regional, além de exigir do esforço para o desenvolvimento regional.
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – não só a unificação, mas a regionalização de E aqui queria também chamar a
Concedo a palavra ao nobre Constituinte todos os orçamentos, seu desdobramento por atenção para um aspecto muito importante.
Furtado Leite. regiões e por setores principais, Proponho que aos órgãos regionais seja
O SR. CONSTITUINTE FURTADO estabeleceria, também, critérios para a assegurado a participação em todas as
LEITE: – Sr. Presidente, inicialmente, desejo distribuição regional dos dispêndios de comissões, conselhos e colegiados que, a
cumprimentar o Prof. Nilson Holanda pela natureza social da União e dos programas e nível nacional, definam políticas ou concedam
exposição que está fazendo à Subcomissão, projetos de empresas estatais, além de fixar a incentivos fiscais, financeiros, cambiais ou
trazendo subsídios de muita importância, orientação para localização de investimentos subsídios nas áreas de crédito, importação e
principalmente ao sistema financeiro e privados vinculados a incentivos exportação, preços mínimos, promoções
orçamentário da União. governamentais. Temos a ação do Governo industriais desenvolvimento científico e
Minha indagação ao Dr. Nilson é em três níveis. O nível é do investimento tecnológico. Por quê? Porque existe um Finor
muito simples. Por ter exercido nesta Casa, direto, do gasto público direto. Então, seriam para o Nordeste. Quando se divulga o volume
principalmente nas comissões térmicas, a estabelecidos alguns critérios que de investimento do Finor, aparentemente o
presidência da Comissão de Fiscalização permitissem esses recursos de uma forma Governo está fazendo um grande esforço para
Financeira e Tomada de Contas, da compatível como objetivo e o desenvolvimento a promoção do desenvolvimento regional. Não
Comissão Mista de Orçamento da União e social e regional do Governo. Por exemplo: um vamos subestimar esse esforço. Mas uma
pela experiência de todos esses 30 anos de critério elementar usado para efeito de característica muito interessante em relação ao
Congresso Nacional, tenho algumas distribuição de recursos do Fundo de Finor – para a qual tenho chamado a atenção
conclusões a respeito da matéria. Participação, que é o de vincular gastos sociais várias vezes: esse investimento é muito visível.
Entendo, Sr. Presidente, que o à população. Portanto, uma região que tem Ele é imposto de renda que é depositado no
orçamento fiscal apreciado pelo Congresso 30% da população deveria ter, pelo menos, Banco do Nordeste e vai para o Finor. Então,
Nacional não representa a realidade 30% dos dispêndios sociais, digamos, em todos se dão conta de quanto vale aquilo. A
brasileira. É apenas uma satisfação ao educação, ou talvez, se essa região tem um qualquer momento podemos saber quanto o
Congresso Nacional. Na realidade, não é atraso maior nesse setor, devesse receber uma Governo está investindo no Finor. Mas, por
verdadeira a proposta orçamentária dirigida proposta maior. Então, o Governo definiria os exemplo: temos uma elevada proteção
ao Congresso Nacional. O Congresso limita- critérios para essa distribuição regional. Além aduaneira; hoje há uma indústria de
se a examinar apenas o orçamento fiscal, não disto – e este é um aspecto muito importante computação que só existe em função de uma
participa dos grandes orçamentos da União. que tenho assinalado há muitos anos – acho elevada proteção aduaneira, algo que até
Entendo, Sr. Presidente, que a que as empresas estatais deveriam ser suscita muita controvérsia. Essa elevada
Constituinte veio, objetivamente, para mobilizadas também para o esforço de proteção aduaneira tem um custo. Mas alguém
consolidar o jogo da verdade. Diante dessa desenvolvimento regional. As empresas sabe quanto custa ao Brasil essa proteção
situação brasileira, os problemas econômicos estatais no Brasil, algumas delas, se aduaneira que beneficia fundamentalmente a
e sociais são abrangentes em toda a Nação. desenvolveram muito, têm uma capacidade região desenvolvida? Não, porque esse é um
Os problemas regionais resultam desse não só financeira, como gerencial, do mais alto custo invisível. Então, aquilo que o Governo dá
processo errado que aí está. Está, Prof. nível. A Vale do Rio Doce e Petrobrás, a de um lado, através do Finor, pode estar
Nilson, na hora de formar o bolo despeito das críticas que lhes são feitas, são tirando de outros instrumentos. Em reunião, o
orçamentário. Entendo que as autarquias empresas de porte internacional, são Conselho Monetário pode tomar uma decisão
brasileiras não deveriam gastar dinheiro sem multinacionais, que competem nos mercados que inviabiliza todo esforço de desenvolvimento
antes passar por esta Casa os seus externos com eficiência, e que orgulham o regional, em relação a preços mínimos, em
orçamentos. Implantado esse sistema, tenho Brasil. E outras, existem como o nosso relação à política cambial, e assim por diante. É
certeza de que o Executivo terá poderes e os modesto Banco do Nordeste, que é uma importante que, além do orçamento, estejamos
recursos necessários para desenvolver o empresa da qual muito me orgulho, banco atentos a todos esses órgãos, conselhos,
Brasil e solucionar os problemas regionais. excepcionalmente eficiente, e que representa colegiados, que definem políticas. E nessas
Pergunto a V. Sª, qual é sua opinião a um verdadeiro milagre na estrutura de definições estão embutidos custos e subsídios
respeito? Devemos fazer o bolo orçamentário administração pública brasileira. Vemos muitos que nunca são adequadamente computados.
da União para que o Governo o discipline, bancos estaduais e privados falirem; bancos Os mecanismos cambiais, particularmente, são
através do planejamento, e diga como vai ser federais como o Banco Nacional de Crédito freqüentemente utilizados para promoção de
o gasto desse dinheiro? Isso é mais Cooperativo, localizado aqui, na capital federal, eventos que envolvem custos elevados, mas
importante do que pensar em orçamentos próximo às mais altas autoridades, que são custos ocultos. Sugiro que aos órgãos
diversos existentes no País? há pouco tempo chegou uma situação de regionais seja assegurada a participação
A segunda pergunta é uma quase falência, e felizmente foi recuperado: e desses colegiados, ou seja, órgãos como a
curiosidade do velho Deputado. Com sua vemos um banco regional, com sede em Sudene e a Sudam teriam participação em
experiência de ex-Presidente do Banco Fortaleza, sobreviver sobranceiramente colegiados, tipo Conselho Monetário. Não sei
nordeste, V. Sª concorda em que continue durante trinta anos a todas as dificuldades como isso seria viabilizado com o número de
ele, assim como o Banco do Amazonas, e até hoje se constituir numa instituição conselheiros que hoje tem o Conselho
atrelado ao Ministério do Interior? Em de grande relevo. Então, essas empresas Monetário Nacional: órgãos como o Conselho
outra época, considerava fundamental estatais – e aqui estou falando em de Política Aduaneira, como a Comissão de
esse argumento, mas não sei se ainda hoje, empresas nacionais – deveriam ser também Financiamento da Produção, e assim por
dada a importância desse órgão no mobilizadas para o esforço do desenvolvimento diante. De modo que não só quando o Governo
desenvolvimento regional, poder-se-ia regional. A Vale do Rio Doce tem que aprova o orçamento, mas no dia-a-dia
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 38

da gestão governamental, quando de campanha prometeu que vai fazer dentro do Ministério; perderia a proteção do
torna decisões de grande envergadura uma ponte realmente a faça, porque na Ministério da Fazenda, com quem o diálogo era
envolvendo opções fundamentais, em discussão do Orçamento ele vai procurar mais fácil, pela identidade das funções e
termos de política econômica, a variável incluir aquele projeto. Estou colocando algo atividades, e enfrentaria uma grande dificuldade
regional deve estar representada, para que bem simples. É lógico, as prioridades seriam nesse novo Ministério. Esse parecer não
se possa preservar a coerência da política nas áreas de habitação e alimentação. prevaleceu, e o Banco foi vinculado ao Mecor,
governamental. Não basta criar um sistema Mas que os representantes daquela área depois transformado em Ministério do Interior.
de incentivos fiscais e esquecer o resto. A realmente pudessem participar de forma Inclusive o Banco enfrentou algumas
política do Governo não se compõe apenas a demonstrar praticamente aos eleitores dificuldades, especialmente no seu
disso; assim como, em termos de aquilo que está fazendo aqui neste Poder. relacionamento com a Sudene que, nos anos
orçamento, não se compõe a perda do Se a função do Poder Executivo é iniciais, foi uma instituição que teve um poder
orçamento fiscal. Além da unificação do a de executar, a do Legislativo seria político muito grande, e havia uma vocação
orçamento, defendo essa integração dos a de determinar as normas para essa centralizadora e absorvedora de funções muito
órgãos regionais com os colegiados que execução. Então, finalizo não fazendo acentuada. Em função disso, houve algumas
administram esses incentivos fiscais, perguntas, mas parabenizando V. Sª pela dificuldades iniciais de relacionamento entre o
financeiros, cambiais... excelente palestra e pela sugestão Banco e a Sudene. Quer dizer, esse
O SR. CONSTITUINTE FURTADO constitucional. Muito obrigado. relacionamento sempre foi o que os americanos
LEITE: – Com a participação no Orçamento O SR. NILSON HOLANDA: – Muito chamam de love hate relation, uma relação de
da União desses órgãos a que V. Sª se obrigado. Agora verifiquei que esqueci de amor e ódio, mas, felizmente, essa situação se
referiu? responder à segunda indagação do modificou e, particularmente, recordo-me bem,
O SR. NILSON HOLANDA: – Constituinte Furtado Leite, sobre o Banco do desde a época da minha administração, e antes
Exatamente. Além da participação Nordeste. Pode parecer que foi uma omissão mesmo, estabeleceu-se um modus vivendi
no Orçamento, para aquilo que vise a custos, voluntária, mas não. Sobre o assunto, tenho bastante proveitoso entre a Sudene e o Banco
a participação no colegiado para as uma opinião bem firmada e gostaria de do Nordeste. E hoje estou convencido de que, se
decisões. recordar que como sou da pré-história do vamos ter um ministério de Desenvolvimento
O SR. CONSTITUINTE FURTADO PMDB... regional, no caso o Ministério do Interior, é
LEITE: – Muito obrigado a V. Sª. O SR. CONSTITUINTE FURTADO fundamental que esse Ministério tenha sob seu
O SR. PRESIDENTE (João Alves): LEITE: – Apenas aproveito o espírito comando não apenas a Superintendência de
– Com a palavra o nobre Deputado José democrático de V. Sª para incluir a seguinte Desenvolvimento Regional, mas também o
Guedes. pergunta: Qual o seu pensamento a respeito Banco de Desenvolvimento Regional, que é o
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ das imunidades fiscais? Quem pode ter direito, principal instrumento financeiro. Não há dúvida
GUEDES: – Sr. Presidente, Sr. Relator, nesta Nação, às isenções fiscais, e se deve de que isso cria problemas de relacionamento
gostaria de somar as minhas considerações continuar esse processo, em face da situação entre os ministérios ditos poderosos, dentro
às palavras do nosso colega Firmo de Castro atual, ou partir para a contribuição do brasileiro desse movimento que existe no Brasil, ora o
e às preocupações do Deputado Furtado com relação à receita nacional? Indago se V. Ministério da Fazenda, ora o Ministério do
Leite, quanto a essas vinculações de órgãos Sª está de acordo com que continuem as Planejamento. Até há pouco tempo era o
como o Banco do Nordeste e da Amazônia, isenções fiscais, as imunidades fiscais para Planejamento, agora parece que vai ser a
a um Ministério que talvez não diga muito a órgãos do Governo, como o Instituto Brasileiro Fazenda. Esse relacionamento realmente fica
respeito daquilo que consideramos como do Café; no meu entender, deveriam fazer essa um pouco mais difícil pelo fato de o Banco estar
prioridade. Queria, principalmente, tecer um contribuição, com o conseqüente recolhimento em outro ministério. Mas aí entra a ação política.
breve elogio à sua palestra, porque, além de das taxas. Por exemplo, um aeroporto O importante é que haja uma ação política que
ter sido muito produtiva para nós, trouxe internacional instala-se em um município do assegure não só ao Banco, mas à Sudene e aos
também, ao final, sugestões para o texto Brasil. Não sei se a prefeitura recebe a taxa de órgãos regionais de modo geral, os recursos que
constitucional. Isso é da maior importância serviço. Não me consta que sejam recolhidas são necessários à execução dos seus
para nós porque não ficou apenas na as obrigações fiscais aos municípios. Então, programas de desenvolvimento.
palestra, houve algo de concreto, para que queria saber sua opinião a respeito desta Uma alternativa que chegamos a
analisássemos o assunto e não caíssemos minha consulta. considerar no passado, em termos de unificação
naquilo que hoje chamamos de "detalhismo O SR. NILSON HOLANDA: – Com do sistema, seria a eventual incorporação do
constitucional". relação à primeira parte, do Banco do Ministério do Interior ao Ministério do
O SR. NILSON HOLANDA: – Muito Nordeste, recordo que eu estava no Banco do Planejamento, ou seja, em vez de termos um
obrigado. Nordeste quando foi feita a reforma Ministério de Desenvolvimento Regional,
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ administrativa de 1967. Naquela época, havia teríamos apenas um Ministério do Planejamento.
GUEDES: – Parece que se conseguiu, sido criado o Ministério Extraordinário para Mas também essa alternativa talvez não seja
nessa sua sugestão, reunir a preocupação Coordenação dos Organismos Regionais. muito favorável, porque o Ministério do
que temos aqui, no sentido de fazer algo Anteriormente, o Banco do Nordeste, o Banco Planejamento deveria ser – esse foi o objetivo da
simples, mas objetivo. Então, diante das da Amazônia e os demais estavam vinculados reforma feita logo no início do Governo Geisel,
colocações dos nossos companheiros, não ao Ministério da Fazenda e havia a tendência quando o então Ministério do Planejamento e
tenho muito a acrescentar. Só gostaria de de vincular ao novo órgão regional, além da Coordenação Geral foi transformado em
dizer que o nosso companheiro Firmo de Sudene e dos órgãos regionais, os bancos Secretaria de Planejamento e Coordenação
Castro fez umas colocações sobre a regionais. Participei do grupo de trabalho que Geral fundamentalmente um órgão de
descentralização administrativa dos recursos estudou o assunto, fiz um longo parecer ao assessoria de alto nível do Presidente da
federais. Sabemos que hoje o Orçamento nosso então Ministro João Gonçalves de República, encarregado de pesquisa, de
apenas prevê as receitas e despesas. O Souza, vetando o projeto e dando todos os planejamento, um núcleo pensante onde se
Executivo tem muita flexibilidade na argumentos contra a vinculação do Banco do possa criar realmente um pensamento crítico
execução orçamentária, fazendo a Nordeste ao então Mecor. E o nosso para avaliar os grandes problemas nacionais.
destinação que bem entende. Competiria a argumento fundamental, refletindo a influência Enquanto isso, o Ministério do Desenvolvimento
nós, a este Poder, após uma reforma do nosso grande Presidente Raul Barbosa, era Regional, que é o atual Ministério do Interior, é
tributária ampla – com isso haveria uma o de que iríamos ter uma dificuldade muito fundamentalmente um ministério executivo, com
descentralização dos recursos –, projetos grande de diálogo dentro do Ministério do uma gama de ações as mais variadas em todo o
nessa previsão de despesas e receitas. Que Interior, então Mecor, porque o Banco era uma território nacional. Então, essa unificação Seplan
o Deputado, analisando a sua região, instituição financeira e dentro do Ministério não – Ministério do Interior seria, a meu ver, nociva,
pudesse incluir nesse Orçamento também os existia ninguém que tivesse capacidade porque iria prejudicar a função planejadora da
projetos. Iríamos além da previsão de de dialogar assunto de natureza financeira Seplan. Acho que a atual estrutura é razoável.
despesas e receitas; estaríamos também com o Banco, e que iria criar uma situação Talvez se devesse reforçar um pouco as funções
definindo as prioridades para aquela região. muito desfavorável para a instituição, do de planejamento regional do atual Ministério do
Assim, o Deputado que em seu discurso ponto de vista do seu relacionamento Interior.
39 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

Com relação ao problema da de ser a peça fundamental do planejamento, Essa é a única maneira de termos um quadro
imunidade tributária, aceito o princípio o instrumento maior do planejamento. Todos realmente claro, preciso, transparente das
apenas naqueles casos de imunidade estamos conscientes disso. Então, analiso a contas do Governo.
relativa ao mesmo Poder. Quer dizer, acho participação do Conselho Monetário Com relação ao Conselho Monetário
que o Governo Federal tem que ter Nacional. Como poderíamos, através do Nacional, acho que, a rigor, no Brasil, houve
imunidade tributária em relação ao próprio Poder Legislativo, ter uma participação maior uma distorção completa das funções desse
Governo Federal. Não tem sentido um nessa decisão, que é importante? órgão, que, por sua vez, refletiu nas funções do
órgão federal recolher tributos federais, O SR. NILSON HOLANDA: – Banco Central, distorcendo-se também.
porque isso implicaria desperdício. Agradeço ao Constituinte Naphtali Alves as Recordo-me de que, há anos, o
O SR. CONSTITUINTE FURTADO referências que fez. Presidente do Banco Central, Rui Leme, dizia
LEITE: – E no caso das prefeituras? Com relação ao primeiro aspecto, que o Brasil tinha o maior Banco Central do
O SR. NILSON HOLANDA: – No concordo plenamente em que o problema da mundo em termos de número de funcionários.
caso das prefeituras, acho que é um dívida pública tem de ser incorporado no O nosso banco central faz tudo, menos aquilo
assunto que deveria ser examinado, processo de controle do Poder Executivo por que é a sua função básica, ou seja, controlar os
especialmente considerando os órgãos parte do Legislativo, e o instrumento para meios de pagamento, controlar a expansão
descentralizados, ou seja, para as isso deve ser exatamente o Orçamento. monetária.
empresas estatais, que não deveriam ter Essa foi outra distorção introduzida na Há, aí, duas distorções. Em primeiro
imunidade tributária, e nem sei se têm em gestão orçamentária no Brasil, com o lugar, o Banco Central não tem o mínimo de
relação a tributos estaduais e municipais. superdimensionamento do orçamento autonomia, nem capacidade de resistência
O SR. CONSTITUINTE FURTADO monetário, ou seja, o serviço da dívida ou para enfrentar o Governo Federal sempre que
LEITE: – Vamos aguardar os passou a ser incluído no orçamento este quer aumentar as emissões ou expandir o
acontecimentos. Muito obrigado. monetário, ou passou a ser simplesmente crédito. Ele não tem condições de executar,
O SR. NILSON HOLANDA: – Com escondido no chamado giro da dívida, ou realmente, sua função básica, que é uma
relação ao Constituinte José Guedes, seja, não se pagava a dívida porque cada política monetária compatível com o índice de
estou de pleno acordo com o que S. Ex.ª vez mais se faziam novos empréstimos para estabilidade de preços.
disse. Apenas faria uma ressalva. Acho cobrir as amortizações e os juros. Não havia Em segundo lugar, o Banco Central, na
que devemos ser um pouco cautelosos nenhum mecanismo institucional que realidade, é uma espécie de monstro
nessas reformas e, se conseguirmos, por exigisse do Governo a inclusão do serviço da Frankstein, porque tem dentro de sua estrutura
exemplo, a regionalização dos divida no Orçamento. A conseqüência disso duas funções incompatíveis, ou seja, é, ao
Orçamentos, já teremos dado um grande é que hoje enfrentamos um problema muito mesmo tempo, um banco central e um banco
passo, mas devemos ter cuidado para não sério, porque o maior obstáculo ao equilíbrio de fomento. Ele gerencia uma série de fundos,
evoluir novamente para um Orçamento das contas do Governo, hoje, chama-se como o crédito rural, fundo de assistência à
que seja muito retalhado. É importante dívida pública. Se dividirmos os gastos do pequena e à média empresas etc. Achamos –
que haja essa capacidade para definir Governo em três itens principais, teremos: esta tese é bastante antiga e defendida por
sobre programas e projetos específicos, custeio, investimentos e dívida pública, muitos e não só por mim – que precisamos
mas sem que isso comprometa a vamos observar que, em termos reais, pelo completar a reforma bancária feita no Governo
Integridade do Orçamento como menos até 1985 – dispondo de dados até Castello Branco, que foi insuficiente. Não
instrumento de ação do Governo. essa data –, as despesas de custeio do apenas o Banco Central não se estruturou
Precisamos ser um pouco cautelosos Governo Federal vinham declinando. Ora, como um banco central puro, como permitiu
quanto a isso, para evitar que, na medida não temos condições de reduzir mais esse que algumas de suas funções continuassem a
em que haja uma abertura muito grande custeio, porque ou ele é essencial para a ser exercidas pelo Banco do Brasil. A recente
para a identificação de projetos muito manutenção da máquina, ou é essencial eliminação da chamada conta movimento teve
pequenos dentro do Orçamento, isso não para determinados programas de Governo, por objetivo justamente transformar o Banco
contribua para um retalhamento do ou um item importante dele, referente a num banco público de caráter misto, mas sem
Orçamento, perdendo sua integridade, sua pessoal, é incompreensível em função dos funções de banco central, ou seja, sem
capacidade de funcionar como instrumento baixos salários. E a hipótese de demissão de capacidade de emitir dinheiro, praticamente
de ação do Governo. Mas estou de pleno funcionários públicos é ilusória, porque não como um banco central, de modo a fortalecer o
acordo em que os projetos específicos existe essa pletora de funcionários públicos Banco Central na sua função típica. A par
deveriam, aqueles mais importantes, ser federais, cuja demissão afetas-se em alguma disso, deviam ser tiradas do Banco Central as
contemplados explicitamente no coisa o Orçamento. Existem clichês, mitos e funções de fomento. Nossa tese é no sentido
Orçamento. Isso seria perfeitamente viável idéias, mas ninguém jamais calculou o seu de que as funções de fomento, a gerência de
com essa descentralização regional, com volume, que, certamente, será relativamente fundos de desenvolvimento, deveriam todas ser
essa regionalização do Orçamento. pequeno. Não há possibilidade de reduzir o exercidas pelos bancos de desenvolvimento,
O SR. PRESIDENTE (João Alves): custeio. como o Banco Nacional de Desenvolvimento
– Com a palavra o Constituinte Naphtali Quanto a investimento, podemos Social, Banco do Brasil, Banco do Nordeste,
Alves. observar que também eles caíram Banco da Amazônia e, eventualmente, alguns
O SR. CONSTITUINTE NAPHTALI brutalmente, em termos reais. Ora, os bancos estaduais. Então, o Banco Central teria
ALVES: – Sr. Presidente, Sr. Relator, caro investimentos no setor do Governo são eliminado todas as suas funções de fomento.
conferencista, Professor Nilson Holanda, fundamentais até mesmo para a manutenção De certa forma, foram transferidas para a CVM
gostaria de dizer que sua presença nesta do programa de desenvolvimento do País. O as funções de controle e de mercado de
Casa vem honrar a todos nós que fazemos Governo não pode mais reduzir os seus capitais. A esse banco, então, seriam
parte da Subcomissão de Orçamento e investimentos públicos. atribuídas as funções típicas de controle
Fiscalização Financeira, pela maneira Resta, porém, um terceiro fator, que é monetário e de fiscalização bancária.
simples e muito real das colocações e o serviço da dívida que, ao invés de diminuir, A par disso – é outra tese que se
sugestões feitas nesta palestra, que vem está aumentando de ano para ano. Foi defende, e acho que ela é válida até certo
enriquecer o conhecimento de todos nós. justamente a inexistência de um mecanismo ponto – o Banco Central deveria ter alguma
A minha indagação é simples, de controle que possibilitou ao Governo, com autonomia de gestão. Eu não chegaria ao
porém me preocupa, como também – total liberdade, ampliar progressivamente ponto de dar-lhe a autonomia que tem, por
tenho certeza – a toda a Nação e essa dívida, cujo elevado custo hoje constitui exemplo, o Banco Central americano, ou
especialmente a todos aqueles que o maior obstáculo ao equilíbrio das contas do seja, através de um sistema em que o
contribuem através dos impostos. Ela se Governo e, em conseqüência, o maior Presidente do Banco Central tem um
refere às operações da divida pública sob obstáculo também ao controle do processo mandato superior ao do Presidente da
responsabilidade do Tesouro Nacional. inflacionário. Acho que nessa nova República, ele tem capacidade de administrar
Como controlá-las? regulamentação do Orçamento teríamos de a política monetária, às vezes, até contra o
Essa a minha primeira pergunta. deixar bastante claro que o Governo é Governo Federal, contra o Governo da União.
Sabemos que o Orçamento obrigado a incluir nele o serviço da dívida de Eu não chegaria a esse ponto, mas um
da União, neste País. transformou- cada ano, porque esse é um gasto que tem mínimo de autonomia do Banco Central e
se num formalismo, deixando de ser cumprido com receitas fiscais. um mínimo de mecanismo que permitisse
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 40

um controle sobre essa política monetária, por do Anexo II, da Câmara dos Deputados. Financeira, da Comissão do Sistema
parte do Poder Legislativo, seria necessário Presentes os Senhores Constituintes titulares Tributário, Orçamento e Finanças da
estabelecer nessa reformulação que estamos João Alves, Presidente; José Luiz Maia, Relator; Constituinte. Repito, pela experiência que
propondo. Acho que, além da reformulação do Firmo de Castro, José Guedes, Naphtali Alves, tive nestes últimos dois anos – um ano na
sistema orçamentário temos de completar a Wilson Campos, Flávio Rocha, Furtado Leite, Secretaria do Tesouro Nacional,
reforma do sistema bancário, bem como a do Jessé Freire, Messias Góis, Feres Nader e Fábio anteriormente, um ano na Secretaria-Geral
sistema tributário. Raunheitti. Estiveram ausentes os Senhores da Seplan que esta Comissão tem tarefas
As reformas dos sistemas Constituintes titulares Carrel Benevides e João cruciais, importantíssimas, eis que deve
orçamentários, bancário e tributário tem de Natal, Primeiro e Segundo Vice-Presidentes, regular parâmetros básicos e permanentes
ser feitas de forma conjunta. respectivamente, Carlos De Carli, João Carlos dos recursos financeiros da União,
Realmente, é fundamental transformar Bacelar, Lézio Sathier, Márcio Braga e Jovanni Estados e Municípios e, desta forma,
o nosso Banco Central num banco que possa, Masini. Compareceram ainda os senhores norteará a ação do Estado com vistas ao
efetivamente, cumprir suas funções, a fim de constituintes Osmundo Rebouças, PMDB/CE e que todos desejamos que é um processo
que lhe possamos exigir isso. Nas atuais José Serra, PMDB/SP, respectivamente, Vice- de crescimento e de aumento do bem-
condições, isso é bastante difícil de ser Presidente e Relator da Comissão do Sistema estar comum.
viabilizado. Tributário, Orçamento e Finanças. Ata: foi Os temas que abordarei não serão
O SR. PRESIDENTE (João Alves): dispensada a leitura da Ata da reunião anterior, a tratados neste pouco tempo de que
– Antes de agradecer a presença do pedido do Relator, Constituinte José Luiz Maia, disponho com a profundidade necessária.
Professor Nilson Holanda, quero comunicar já que foram distribuídas cópias a todos os Prefiro abrir um leque de assuntos,
aos Srs. Constituintes que hoje, às 17 horas membros da Subcomissão; não houve oferecendo-me para aqui retornar e
a nossa Subcomissão contará com a discussão e, colocada em votação, foi ela aprofundá-los nas instâncias a serem
presença do Dr. Andréa Sandro Calabi, aprovada, por unanimidade sem restrição. determinadas pela Comissão.
Secretário do Tesouro, que vem falar sobre Ordem do Dia: passando à ordem do dia, o Sr. A STN tem orientado suas ações na
orçamento e fiscalização financeira. Presidente, Constituinte João Alves, comunicou direção das propostas que defendem maior
Comunico, também, que amanhã, às 10:00h, que a presente reunião foi convocada para ouvir transparência na aplicação dos recursos
na Comissão C, – cujo auditório é bem maior o Doutor Andréa Sandro Calabi, Secretário do públicos e fazem da austeridade e
do que o nosso – estará presente à nossa Tesouro Nacional. Em seguida, o Sr. Presidente, probidade princípios a serem seguidos
reunião o ex-Ministro Dilson Funaro, que me Constituinte João Alves, tecendo sucintos pelos gestores públicos.
telefonou confirmando sua presença. À comentários acerca da temática "Programação e As principais ações neste primeiro
Tarde, contaremos com a presença, nesta Administração Financeira", convidou o expositor ano voltaram-se para:
Subcomissão, do Sr. Ministro Fernando a compor a mesa e concedeu-lhe a palavra, o 1. Unificação dos recursos de caixa
Gonçalves, Presidente do Tribunal de qual agradecendo a honra de estar presente no do Tesouro Nacional;
Contas da União, e do Dr. José Teófilo ex- plenário da Subcomissão de Orçamento e 2. Reformulação do Sistema de
Secretário da Secretaria de Orçamento e Fiscalização Financeira, discorreu com Controle Interno do Poder Executivo.
Finanças e atual Secretário de Estado da eloqüência sobre o tema, abordando aspectos A unificação dos recursos de caixa
Fazenda do Espírito Santo. referentes ao Orçamento da União, Serviço da do Tesouro Nacional compreende, entre
Queremos agradecer, de maneira Dívida, Finanças Públicas, para, em seguida, outras ações, o desenvolvimento e a
afetiva, a presença, em nossa reunião de colocar-se à disposição dos Constituintes implantação do Sistema Integrado da
hoje, do Prof. Nilson Holanda, que falou presentes. O Sr. Presidente, Constituinte João Administração Financeira – SIAFl, e o
abertamente, com franqueza e lealdade, sem Alves, franqueou então a palavra aos senhores treinamento de mais de 5 mil gestores em
preconceitos políticos ou partidários, mas de José Luiz Maia, Messias Góis, Firmo de Castro e todo o País. Compreende uma rede de
um modo a atender aos objetivos da sua José Serra. A conferência, os debates e as terminais de computadores, todos ligados
convocação, cujos conceitos estamos interpelações, com as devidas respostas, foram concomitantemente, em tempo real, pelo
enviando ao nosso Relator, para que dele gravadas por inteiro e o texto, após Brasil todo, nas diversas unidades
faça melhor proveito e traga para o plenário apanhamento, tradução e datilografia, passará a gestoras. Hoje temos cerca de mil
as suas considerações. fazer parte integrante desta Ata. Nada mais terminais instalados, combinando esses
Prof. Nilson Holanda, não sei se a havendo a tratar, às 19:36 horas, foi encerrada a recursos numa caixa única. Este é um
origem de S. Sª é nordestina ou sulista, mas reunião e, para constar, eu, Benício Mendes sistema muito rápido, e ele pôde ser
agrada muito aos nordestinos. Esperamos vê- Teixeira, Secretário, lavrei a presente Ata, que completado no curto período de sete
lo em breve em função que possa colaborar vai à publicação e, após lida, discutida e meses, graças ao envolvimento de mais
com o Brasil e conosco do Nordeste, porque aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente. de cinco mil gestores, que participaram de
os seus conceitos e as suas considerações O SR. PRESIDENTE (João Alves): – um ilegível.
são todas não apenas aceitáveis mas Srs. Constituintes, esta reunião tem por Espero ter, se não aprofundado, pelo
elogiáveis, por nós, e de interesse nacional. objetivo ouvir a palavra do economista Andrea menos aberto um leque de questões no que
Queremos agradecer a presença de S. Sª e, Sandro Calabi, Secretário do Tesouro Nacional, se refere ao processo orçamentário, à
ao mesmo tempo, esperar a sua colaboração ex-Secretário-Geral do Ministério do questão do controle Interno e das relações
em outras oportunidades em que Planejamento e um dos homens que mais entre o Tesouro e o Banco Central.
precisaremos, aqui, da sua presença. entendem de dinheiro no Brasil. Convidamos S. Agradeço novamente a V. Exª, Sr.
Muito obrigado. Sª para falar sobre orçamento e fiscalização Presidente, aos Srs. Constituintes, e coloco-
financeira e sugerir o que podemos e devemos me à disposição de todos para quaisquer
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização fazer no âmbito desta Subcomissão. Estou esclarecimentos. (Palmas.)
Financeira certo de que o parecer do Relator abrigará O SR. PRESIDENTE (João Alves):
muitos dos seus argumentos. – Como é de praxe, dou a palavra ao
ATA DA 6ª REUNIÃO, EXTRAORDINÁRIA Com a palavra o Dr. Calabi. nosso Relator, Constituinte José Luiz
REALIZADA EM 5 DE MAIO DE 1987 O SR. ANDREA SANDRO CALABI: – Maia.
Exmº Sr. Presidente João Alves, Exmº Sr. O SR. RELATOR (José Luiz Maia):
Aos 5 (cinco) dias do mês de maio Constituinte José Luiz Maia, Srs. Constituintes, – Sr. Presidente, nobre companheiros de
do ano de 1987 (hum mil e novecentos e Senhores e Senhoras: Inicialmente, agradeço Subcomissão, Sr. Conferencista, Dr.
oitenta e sete), às 17:00 horas, reuniu-se aos Srs. Constituintes o convite para Andrea Calabi, a função do Relator é mais
a Subcomissão de Orçamento e prestar este depoimento junto a esta de captar idéias e pensamentos expostos
Fiscalização Financeira, na sala C-2, Subcomissão de Orçamento e Fiscalização no plenário desta Subcomissão para a ela-
41 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

boração do anteprojeto a ser amplamente guir. O processo de distribuição dos Fundos que levantei: de um lado, a separação da
discutido pelos demais membros da Casa. de Participação dos Estados e municípios a dívida pública em suas funções de
Gostaríamos entanto, de aproveitar a absolutamente automático. Não há como – financiamentos do déficit; de outro, a
oportunidade para expressar ao Dr. embora seja muito comum – reter esses regulação monetária, principalmente o
Andrea Calabi a nossa satisfação por tê-lo recursos além do limite mínimo necessário estabelecimento de mecanismos eficientes
conosco. Já o conheço há algum tempo. para reconhecer sua existência, isto e, para os financiamentos que o Governo
Tive ate oportunidade de trazê-lo ao receber os dados relativos a arrecadação do deseje, a exemplo do credito rural, que até
plenário da Comissão do Interior na Imposto de Renda e do IPI e transferi-los às hoje depende muito fortemente desse
Legislatura passada, quando mantemos contas efetivas dos municípios. sistema. Depende essencialmente, porque se
uma conversa franca e tratamos, de Finalmente há a questão das contas dá a taxas favorecidas, propositalmente, por
problemas que dizem respeito à Região do Banco Central. Existe uma variedade de intenção do Governo, cujos custos ficam
Nordeste, exatamente em relação aos contas, no âmbito da União como um todo, embutidos e escapam ao processo
incentivos fiscais. E, na exposição do Dr. cujos custos financeiros efetivos são orçamentário normal.
Andrea Sandro Calabi, alguns pontos conhecidos. Por exemplo, diferenças líquidas O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
coincidem com o que temos captado em entre compras e vendas de produtos Uma outra pergunta diz respeito ao problema
relação aos problemas do Banco Central. agrícolas, cujos itens estão no Orçamento da da assunção, pelo Banco Central, do débito
Dr. Andrea Sandro Calabi, União. Algumas justamente de difícil de bancos privados.
faremos, da mesma forma, algumas reconhecimento e avaliação são as O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
indagações no que diz respeito a derivadas de suprimentos do Banco Central Mencionei que a assunção de débitos, pelo
administração do bolo da União. Tenho em do Brasil. Se este supre recursos, por Banco Central, de bancos privados, ou se
mãos documento que revela a cobrança comando do Ministério da Fazenda, ao refere ao processo de liquidação de bancos,
de – nada menos do que 30 impostos – Banco do Brasil, para fazer um empréstimo como o Auxiliar, o Comind, ou como agora, a
impostos disfarçados – pela União. Esse rural, por exemplo, a uma taxa predefinida, a essa negociação externa. Agências de bancos
documento revela que, em 1983, recursos se essa taxa se mostra inferior ao custo de brasileiros no exterior tinham, obviamente,
da ordem de 6 bilhões de cruzados captação desses recursos por parte do fontes de captação, ou seja, iam buscar
deixaram de ser repassados para Estados Banco Central, que é feita via colocação de recursos lá fora e os reemprestavam. Nesse
e Municípios. Nenhum dos impostos títulos, há um subsídio implícito. Esse processo de negociação, o mercado
citados neste documento faz parte do subsídio raramente a mensurado, porque, no financeiro inter-nacional ficou mais atento a
Orçamento da União. O Congresso, na retorno da operação de crédito do mutuário qualquer questão com o Brasil, e mais
realidade, não toma conhecimento da ao Banco do Brasil, este último retorna ao especificamente às filiais de bancos
cobrança desses tributos e outros Banco Central os valores nominais, em brasileiros no exterior. Portanto, em alguns
deixaram de ser cobrados. Sei que a cruzados, com as taxas de juros casos, o Banco do Brasil, por ordem do
Secretaria que V. Sª dirige a muito correspondentes que entra no bolo, digamos Governo Federal, sob o controle do Banco
recente. Conheço pessoalmente o seu assim, da programação monetária de Central, encarregou-se dos dois lados, ou
interesse em tentar ajustar os gastos maneira um tanto escondida. Não fica claro. seja, assumiu, em nome do banco privado, os
governamentais a realidade brasileira. Nossa proposta é justamente no débitos com quem lhe emprestava recursos,
Infelizmente, não tem sido possível. sentido de explicitar todos esses mecanismos. bem como os créditos que essas agências
Há outro problema sobre o qual Vimo-nos batendo muito, nos últimos anos, tinham com relação a seus clientes.
gostaria de ter uma resposta. E possível em relação ao aspecto, e acredito que muito Não há, portanto, custos imediatos,
obter alguma informação a respeito do avançamos substantivamente em todas as digamos assim, a não ser uma assunção, em
volume de dispêndio que o Banco Central contas que já mencionei: Aquisições do casos determinados. especificamente da parte
teve de arcar para a atualização dos juros Governo Federal, compra e venda de trigo, operacional. Concentra-se na mesa de open
na compra e venda de recursos nos conjunto de operações do sistema Ministério do Banco do Brasil, lá fora, a captação de
últimos dias? da Indústria e do Comércio – Instituto do recursos no mercado a interbancário, como
Há alguma informação sobre a Açúcar e do Álcool, os próprios juros da dívida também se concentra a administração dos
assunção de débitos, por parte de Banco mobiliária interna e assim por diante. recebimentos dos operações ativas que os
Central, de bancos privados no exterior? Subsiste, no entanto. uma série de subsídios bancos tinham.
Tem o Governo, através da sua implícitos, que deveriam ser melhor avaliados, O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Secretaria, algumas informações sobre o correndo o processo normal de aprovação Tem a palavra o Constituinte Messias Góis.
assunto? pelo Legislativo. O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
O SR. ANDREA SANDRO CAIABI: Os volumes de credito normalmente GOIS: – Sr. Presidente: gostaria de saber – e
– Obrigado, nobre Constituinte. A primeira concedidos, bem como os retornos desses um assunto que já levantei em outra palestra
questão refere-se a taxas, impostos ou volumes, são conhecidos , e divulgados – se a Secretaria que V. Sª dirige, Dr. Calabi,
outras fontes de recursos não incluídos no periodicamente pelo Banco Central. Às vezes, tem o controle e conhecimento de todos esses
orçamento. O princípio pelo qual nos vimos esses volumes de crédito são apenas fundos, secretos ou não usados pelo Poder
batendo, ao Longo desses últimos dois anos, explicitados em termos líquidos. Digamos Executivo para arcar com despesas. Citaria
a no sentido de incluir todos os recursos que, no mês de maio, haja 30 bilhões de como exemplo algo que li em revista de
nessa peça orçamentária única da União. suprimentos e 10 bilhões de retomo. âmbito nacional sobre conta Delta IV, secreta,
Avançamos muito nesta direção. Não tenho Constarão da programação monetária para o de empresa ligada ao desenvolvimento do
a relação, mas depois poderei responder-lhe mês apenas os 20 bilhões líquidos programa nuclear. Sua Secretaria tem o
por escrito, esclarecendo que ações podem correspondentes. Mas são todos valores cadastro de todos esses fundos? Ela os
ser ou foram tomadas a respeito. públicos conhecidos, bem como os dos custos controla? Quanta custa aproximadamente à
A segunda questão refere-se a recursos relativos à intervenção nos bancos lá fora. União?
não I repassados a Estados e municípios. São operações que normalmente tem de ser Gostaria também de saber se é a
Imagino que seja uma questão relativa a Fundos aprovadas uma a uma, ou no seu princípio, sua Secretaria que assume o ônus do
de Participação, cuja base é a arrecadação de pelo Conselho Monetário Nacional, e cumpre prejuízo dos bancos estaduais que, a pedido
impostos federais, Imposto de Renda e IPI, ao Banco Central a apresentação detalhada, dos novos Governadores, sofreram
especificamente. É uma obrigação legal. Não há na medida em que se exige esse intervenção. Mas tarde, recuperados e
como não repassar, ainda que possa ocorrer, detalhamento. saneados, os Governadores vão recebê-los
em algum exercício, o orçamento ter sido lsso não é difícil obter, mas em plena operação. É até uma situação de
subestimado em relação a receita efetivamente novamente lembro que essa questão da premier quem foi ruim e castigar quem foi
arrecadada. Sobre essa receita correspondem separação entre Banco Central e o Ministério sério e honesto, Digo isso com certa dose
participações de Estados e municípios da Fazenda exige, concomitantemente, de magoa, porque o banco de mete
que devem ser repassadas logo a se- uma atenção com os dois pontos Estado, o Banco do Estado de Sergipe,
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 42

seus mil terminais, é capaz de tirar balancetes rais. Relembro que um passo substancial nessa início do processo orçamentário e o período do
da União diariamente, a qualquer momento. É direção foi dado já no processo orçamentário de orçamentário leva, por exemplo, e com
um computador on line em tempo real. Portanto, 1985, quando tratava-se do orçamento para freqüencia, a uma subestimativa da inflação
implantada essa contabilidade como um fim em 1986: a unificação orçamentária. lncluiu-se no prevista no momento da elaboração do
si mesma, quase como um conjunto de balanços Orçamento geral da União todo aquele conjunto orçamento. Essa subestimativa da inflação, que
de prateleira a serem apresentados e analisados de itens de despesas previamente supridos é tradicional dentro do processo orçamentário
um pouco em detalhe, acredito que esse dentro do chamado orçamento monetário, como pela própria reserva ou pela própria segurança
processo do prestação de contas deva ser feito por exemplo, conta-trigo, preços mínimos, que esse processo exige, obviamente
também de maneira rotineira, cotidiana, por meio aquisições do Governo Federal, encargos, ou descontrola os recursos de que a unidade
de um conjunto de controle do Legislativo, do seja, despesas financeiras da dívida pública gestora poderá efetivamente dispor para
Executivo mesmo e de quem puder fazer use federal, financiamentos rurais, Proagro e outros. execução de determinados programas. Temos
dos instrumentos gerenciais para esse processo A situação atual ainda a caracterizada, um programa qualquer, por exemplo, para a
contábil. Portanto, acredito que a própria embora tenha havido esse elevado ganho construção de 10 centros de saúde, e uma
implantação do sistema permita identificar, de qualitativo e quantitativo frente à situação dotação, imaginemos, de 100 para construir
maneira setorizada e individualizada, momentos prevalente a 1985, pela programação monetária. esses 10 centros de saúde aos presos de hoje.
do tempo em que a preocupação assalte O importante a relevar a que, na independência Ele passa por todo o processo orçamentário a
qualquer instância de Governo, possibilitando entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda, aprovado pelo Congresso, e os 100, por causa
processos permanentes de controle interne, corta-se um mecanismo extremamente eficiente da inflação, já serão insuficientes talvez para a
fiscalizado sempre em última instância, é óbvio, de financiamento de operações de interesse do construção de 5 centros de saúde. Portanto, o
pelo Legislativo. Governo Federal. É este o objetivo: impedir distanciamento entre o processo orçamentário e
O conjunto de questões relevantes contas em aberto que derivem, em última a data de sua efetivação a algo muito negativo
também refere-se à relação discutida nesta instância, de emissões monetárias destinadas a para a eficiência da gesto dos recursos públicos.
Subcomissão, quando estava presente o ex- uma ou outra operação de credito, mas que Por outro lado, o encerramento do exercício e o
Ministro Simonsen. Trata-se do relacionamento embutem em seu interior subsídios que ficam início de outro ocorre normalmente em fim de
entre o Tesouro e o Banco Central do Brasil. muito pouco claros. ano, em períodos de festas, férias, o que acaba
Dentro dessa relação, dois pontos são O corte dado nessa agilidade prejudicando os trabalhos daí decorrentes.
normalmente salientados com ênfase, sendo um operacional entre Ministério da Fazenda, Banco Em terceiro Lugar, o final de mandatos
deles em especial: a necessidade da Central do Brasil, como agente financeiro do de cargos eletivos no Poder Executivo ocorre,
independência do Banco Central do Brasil Tesouro, exige, portanto, o estabelecimento de em geral, no início de exercício, o que favorece
relativamente ao Ministério da Fazenda. Essa um outro instrumento poderoso, que é o um comprometimento inteiramente
independência – e, hoje, na cerimônia de posse orçamento de credito. O orçamento de crédito desproporcional das verbas pela administração
do novo Presidente do Banco Central, S. Sa. a deveria contemplar todas as fontes e todos os que finda. Ademais, a administração que entra a
mencionou, recebendo palmas imediatas de usos de recursos destinados, por exemplo, a obrigada a executar um orçamento que, muitas
toda a platéia –, é obviamente um objetivo a ser fundos e programas, bem como aquelas contas vezes, não está calcado no programa de
perseguido. No entanto, deve ser qualificado. que hoje são as principais responsáveis por trabalho da nova administração.
Por um lado, a contrapartida dessa expansões e contrações da base monetária. Assim, mais a titulo de sugestão,
independência e que o banco Central perca o Trata-se, o orçamento de crédito, de um poderíamos pensar uma data para a entrega da
poder de emitir títulos públicos federais. Hoje, se, orçamento que consolida receitas e despesas de proposta orçamentária ao Congresso – até 30 de
por um lado, o Banco Central está vinculado todas as contas de crédito a serem financiadas abril; discussão a aprovação pelo Congresso até
estritamente ao Ministério da Fazenda com recursos federais. O aumento líquido dos 30 do junho ou junho, e exercício financeiro de
fundamentalmente, como veremos adiante, por valores a serem financiados, isto é, a diferença 1º de julho a 30 de junho. Obviamente, trata-se
causa do conjunto de operações de crédito que entre as despesas e os respectivos retornos, de simples sugestões, mas que demonstram
fluem de alguma maneira através do Banco bem como subsídios e despesas embutidos nas nossa preocupação com a questão do exercício
Central, por outro, a emissão de títulos de operações, deve ser coberto com dotações financeiro que, a meu ver, não é trivial.
obrigações da dívida federal, como OTN e LBC, previstas no orçamento geral da União. Finalmente, quero levantar mais alguns
a feita pelo Banco Central independentemente O ponto que quero ressaltar a que com pontos, como as relações entre Poder Executivo
do comando do Tesouro. Obviamente, o muita facilidade apóia-se essa separação entre e Banco Central, a redefinição do papel do
endividamento público federal, como está o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Ela Estado na economia e o controle financeiro
definido no processo orçamentário pelo é bem desejada, mas também um propósito correspondente, o controle do endividamento
Legislativo, a para cobrir o excesso de despesas que exige alguns passos complementares. Em público.
de custeio e investimentos e de outras relativas primeiro lugar, o reconhecimento, como Um ponto que não mencionei, mas
as receitas. Portanto, a decisão de emissão de mencionei, da separação das funções de dívida gostaria de registrar, refere-se ao controle dos
títulos deve ser exclusiva do processo pública e regulação de liquidez da economia. direitos e haveres da União. As
orçamentário, permitindo-se. dessa forma – ou Em segundo lugar, exige uma modernização responsabilidades da União normalmente são
exigindo-se, melhor dizendo – uma total do sistema financeiro capaz de suprir aquelas pouco controladas, se comparadas ao controle
separação da emissão de títulos públicos para o linhas de crédito hoje cobertos pelas hoje existente no processo orçamentário.
financiamento dos déficits, por um lado, daquela mecânicas de suprimentos do Banco Central e Como último ponto, cabe mencionar uma
emissão de títulos públicos destinada ao controle do Banco do Brasil para determinadas questão que me parece difícil. Por mais que nós
monetário da economia, por outro. Se hoje o operações de crédito. esmeremos no controle do Orçamento geral da
Banco Central deseja regular a liguidez da Finalmente, um ponto importante, que União, deixamos de lado, ainda, aspectos
economia, por meio da colocação de títulos que deve ser lembrado, refere-se à questão do extremamente relevantes dos orçamentos de
absorvam parte da massa monetária, ele emite exercício financeiro. A coincidência entre o Estados e Municípios. Daí a necessidade, que
esses títulos por iniciativa própria. exercício financeiro e o ano civil apresenta mencionei, de constar da Lei Maior princípios
A separação dessas funções é crucial diversas desvantagens. De início, obriga a básicos comuns para os orçamentos das estatais,
para poder-se pensar num Banco Central elaboração de proposta orçamentária com para o orçamento da Previdência Social e alguma
independente. A emissão de títulos dá-se grande antecedência, o que acaba distorcendo regulação também sobre contas específicas,
exclusivamente para o financiamento do déficit os resultados finais. O processo orçamentário de monetárias, do próprio Banco Central.
público dentro de montantes prescritos e hoje exige do Executivo a remessa do O objetivo central deve ser obviamente
limitados na Constituição e definidos no orçamento ao Congresso Nacional até 30 de o de regular a capacidade de endividamento do
processo orçamentário. Essa sugestão passa agosto, para discussão e aprovação até 30 de setor público como um todo, de forma a atender
pela revogação pura e simples do art. 69 da novembro. Esse processo principia por volta de aos programas de governo de maneira capaz de
atual Constituição, bem como implica a inclusão marco/abril do ano anterior, ou seja. estamos permitir um equilíbrio, um déficit público
obrigatória, no Orçamento geral da União, de agora trabalhando, dando os parâmetros e consolidado um equilíbrio, um déficit público
todas as receitas e despesas provenientes de começando as rodadas do Orçamento geral da dado, compatível com a capacidade de
operações com títulos públicos fede- União para 1988. Esse distanciamento entre o repagamento do setor público.
43 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

cesso de treinamento muito intenso. Digo isso que se valham ou possam se utilizar de recursos orçamentárias tomadas num determinado ano
para que os senhores tenham uma idéia do públicos. com comprometimento dos anos vindouros.
reordenamento financeiro do setor público. Esse Os instrumentos legais seriam incluídos A sistemática atual prevê apenas a
processo cativa, mesmo no interior da máquina, na lei geral, e o institucional poderia ser algo aprovação dos limites de crédito do exercício;
aquelas pessoas que percebem a necessidade semelhante a um Conselho das Finanças não contempla, por exemplo, a aprovação de
de aumentar a eficiência e a economicidade na Públicas a ser presidido pelo Ministro da limites de obrigações futuras que cada
utilização de recursos públicos. Fazenda e composto pelos Secretários da unidade orçamentária pode assumir.
A reformulação do Sistema de Controle Fazenda e representantes de Municípios, ao A ausência de limites aos
Interno objetivou adequar as atividades de qual incumbiria o estabelecimento de compromissos que podem ser assumidos
programação e administração financeiras, planejamento financeiro ao nível das diversas pelos gestores torna anócuo o controle da
contabilidade e auditoria às exigências impostas esferas de Governo. dívida a curto prazo.
pela unificação orçamentária, levada a efeito no Um outro ponto a ser regulado pela A submissão ao Legislativo de
exercício de 1986. Constituição, que deve merece especial atenção aprovação destes limites (que incluem,
A austeridade e a transparência, dos Srs. Constituintes, refere-se aos parâmetros, também e especialmente, contratos
requeridas na gestão de todos quantos utilizem aos limites do endividamento público das administrativos de obras) torna possível a
recursos públicos, tornava necessário redefinir a diferentes esferas de Governo. administração das finanças e o controle
abrangência de atuação dos órgãos de controle Enumero quatro motivos básicos: conseqüente do nível de endividamento.
interno, orientando-se sua ação no sentido de a) a situação financeira dos Governos e Um terceiro conjunto de questões,
buscar o cumprimento das finalidades previstas entidades públicas, que revela a existência da nesta abordagem geral, refere-se ao sistema
na Constituição, ou seja, acompanhamento de falta de critérios econômicos na assunção de de controle Interno financeiro e orçamentário
execução dos programas de trabalho e obrigações. que hoje existe no Executivo Federal.
avaliação dos resultados alcançados pelos É comum que alguma unidade, seja no O Capítulo VI da Constituição Federal,
administrativos. interior do plano federal, seja nas esferas em sua Seção VII, trata da Fiscalização
Dentre as questões a serem definidas estaduais e municipais, se endivide de maneira Financeira e Orçamentária, englobando, nos
pela Constituição, permitimo-nos destacar, a totalmente desproporcional à sua capacidade de art. 70, 71 e 72, a fiscalização a ser exercida
seguir, algumas que mais de perto se relacionam efetivamente suportar um determinado montante pelos controles externo e interno.
com as atividades de administração e controle de divida. É claro que, ria medida em que isso A matéria, inserida em capítulo
das finanças públicas. ocorra, haverá muita inconsistência, e cada vez relativo ao Poder Legislativo, deveria ser
Em primeiro lugar, há necessidade de mais flagrante. Essa inconsistência deveria ser tratada em capitulo à parte, a exemplo de
fixação de princípios e bases gerais e comuns à detectada a priori, de tal maneira que, definido assuntos de idêntica relevância, uma vez que
União, Estados e Municípios na administração um gasto sem recursos orçamentários o controle interno, exercido pelo Poder
das finanças públicas. correspondentes, não recaia sobre instrumentos Executivo, objetiva, precipuamente, a
É claro que a orientação geral normativa financeiros um fechamento de contas que, ao regularidade das contas a serem
da Constituição para os diferentes níveis de longo do vencimento, virá à tona apresentadas pelo Presidente da República
Governo deve ser uniforme, adequando-se ao inexoravelmente. Definida uma necessidade, se ao Congresso Nacional.
plano do Governo Federal e também ajustando- a unidade não tiver capacidade de pagamento, A idéia central, no que se refere ao
se à esfera dos Governos Estaduais e ela deverá definir obviamente recursos públicos sistema de controle interno, é reforçar sua
Municipais. orçamentários a fundo perdido. existência, não apenas pelo papel acessório
Alguns exemplos de princípios a serem b) o endividamento público que tem de apresentação de contas ao
seguidos podem ser citados: desmensurado é uma forma regressiva de Tribunal de Contas, que se vincula ao
a) a independência e separação das tributação da sociedade; Legislativo, mas também porque estabelece
finanças públicas da União, Estados e c) quando mal utilizados, esse um sistema contínuo, um processo
Municípios; endividamento pode-se transformar em permanente de controle no âmbito das
b) o equilíbrio geral das finanças comprometimento de recursos públicos ao longo próprias unidades do Poder Executivo. Esse
públicas do Pais é uma das obrigações comuns de gerações, prejudicando a satisfação de controle é uma função que deve ser
à União e Estados e que deve estar refletido nos futuras necessidades ou prioridades de ação do internalizada e enobrecida do ponto de vista
orçamentos aprovados pelos Governos Governo em beneficio de segmentos sociais; das ações de Governo. O que vejo, como
respectivos; o estabelecimento de princípio d) a fixação de limites comuns e gerais ação muito comum, é a discussão que se dá
constitucional é necessário para que se para as diversas esferas de Governo elimina até o momento da aprovação do orçamento.
processe a adoção de medidas internas distorções e coíbe abusos. Uma vez aprovado o orçamento; o controle
compatíveis; A idéia é estabelecer um limite efetivo sobre os diversos programas e
c) é necessário indicar-se que os econômico. Por exemplo, como forma de limitar atividades do Governo e muito tênue, muito
princípios gerais e comuns serão estabelecidos o endividamento, as receitas públicas oriundas fraco. Se efetivamente aquela dotação
em lei; de créditos públicos (financiamentos, cumpre o objetivo apresentado à
d) quando o equilíbrio orçamentário da empréstimos, títulos) não poderiam ultrapassar consideração do Congresso durante a
União ou do Estado tivesse que ser alterado por as despesas com investimentos previstas no aprovação do orçamento, é algo raramente
força da conjuntura econômica ou por qualquer orçamento. analisado. Há – sabemos – o controle formal,
outro fator, seria recomendável preverem-se Seriam beneficiados os Estados e legal, relativo ao processo de tomada de
mecanismos que poderiam ser acionados para a Municípios que tenham sido mais austeros na contas em todas as unidades da Federação.
obtenção do reequilíbrio financeiro desejado. gestão de seus recursos. No entanto, reputo crucial que se reforçe o
Um segundo conjunto de questões Seria assegurado, desta forma, o sistema de controle interno, como uni fim em
refere-se a um processo de coordenação das retomo futuro para o pagamento das dívidas si mesmo, como um processo permanente de
finanças públicas como um todo. assumidas, provenientes do retomo dos avaliação das diversas ações do Executivo,
A política financeira pública só tem investimentos. além de sua função de prestação de contas
condições de alcançar os objetivos traçados na Além dessa limitação econômica geral, ao Poder Legislativo por intermédio do
medida em que os orçamentos e a acredito ser fundamental o estabelecimento de Tribunal de Contas da União.
administração das finanças públicas – pela limites plurianuais de obrigações. É muito Uma segunda questão pode ser
União. Estados e Municípios – forem orientados comum promover-se um determinado abordada em relação ao sistema que o Tesouro
na mesma direção. investimento e incluir no orçamento apenas seu implantou neste primeiro ano de existência –
Dificilmente se objetará o reequilíbrio ou impacto no primeiro ano. Normalmente, o perfil como mencionei – que é o Sistema Integrado de
a correção do déficit público enquanto um dos temporal é mais carregado nos anos Administração Financeira da União. A
níveis de Governo – a União ou Estados – subseqüentes; e, iniciado o investimento no contabilidade, anteriormente, era um processo
adotar orientação e objetivos diferentes. primeiro ano, não há come, controlar o lento, extremamente defasado – o mínimo de
A coordenação das finanças públicas comprometimento em caráter plurianual. defasagem que existia era de três ou quatro
do Pais supõe a existência de instrumentos e Poderiam ser incluídas no orçamento, meses – e, portanto, muito difícil, muito
mecanismos de natureza legal e institucional anualmente aprovado, os limites de desatualizado para proporcionar aqueles
para que possa ter sucesso. Deve obrigações que podem ser assumidas pelas instrumentos gerenciais capazes de permitir um
também abranger, nos três níveis de diversas esferas de Governo para os anos acompanhamento da gestão das contas
Governo, todos os órgãos e entidades seguintes. É uma forma de limitar decisões públicas. Esse supercomputador, que citei, com
ANAIS DO SENADO (ATAS DAS COMISSÕES) 44

é considerado banco modelo e está sendo tora correspondente e é controlada nesse cujo custo está embutido no orçamento,
castigado porque foi sério e honesto. âmbito. Temos conhecimento, obviamente é pertence ao mecanismo pelo qual o custo das
Numa terceira questão, queria que V. Sª público, tanto das dotações orçamentárias, intervenções recai no orçamento, exigindo
explicitasse melhor a sua sugestão no sentido da quanto da existência das contas e das expansão da dívida pública de acordo com
não coincidência do ano fiscal com o ano civil, movimentações que fluem da Secretaria do itens que têm de ser explicitados. E difícil
porque, no regime inflacionário em que vivemos, Tesouro, de recursos do orçamento da União, superar a questão. Qualquer processo de
quando vai ser iniciada a operação do para essas contas, deste Caixa único para as saneamento de alguma empresa, entidade ou
orçamento, no dia 1º de janeiro, desde o dia de contas. o que for que interesse ao Governo manter,
sua elaboração ele já sofreu, pelo menos, a Em segundo lugar, há a questão dos exige um esforço para que isso possa ser
inflação oficial dita e assumida de 15% ao mês, bancos estaduais. De fato, é um problema feito, ou alguma forma de liquidação. Alguém
uma erosão acumulada de 150%, 170% ou qualitativamente difícil. Processos de efetivamente encaixa, digamos assim,
180%. Então, o orçamento já não representa a saneamento sistematicamente causam o que prejuízos que não há como retirar do
realidade. E apenas uma peça teatral, sem V. Exª mencionou; premiam muitas vezes o orçamento.
as
qualquer atualização e sem qualquer incompetente, justamente as unidades que se A questão da inflação, que V. Ex
ressonância na sociedade. Quais as medidas descontrolam. De uma forma ou de outra, levanta em terceiro lugar, é absolutamente
que poderiam ser adotadas, pelos Poderes bancos, indústrias de construção e crucial. Orçamento que se distancie muito da
Legislativos e Executivo, para atualização exportação de navios, usinas de açúcar ou inflação efetiva se toma uma peça formal e
constante da lei orçamentária? Ora, o princípio álcool, enfim, unidades que se encontram em confere tanto ao Executivo quanto ao próprio
da anualidade do orçamento foi instituído situação difícil, mas que interessa ao Governo Legislativo, correções repentinas de programas
supondo-se uma economia estável, de inflação mantê-las, exigem alguns aportes, algumas previamente aprovados. Quer dizer,
zero ou de até 5%. Mas, numa inflação de 15%, ações do Governo que obviamente tenta previamente uma unidade, um Ministério se
20%, 30% ou 50% ao mês – não sei a que corrigir o problema notado. Portanto, é uma havia preparado para um determinado
inflação iremos chegar – é impossível se insatisfação que eu mesmo já senti na gestão programa, eventualmente comprando,
trabalhar com seriedade num projeto de de entidades estaduais que acabam não contratando, e, de repente, a dotação é
orçamento que deve refletir um planejamento sendo beneficadas por esses processos de insuficiente para cumprir aquele programa. A
geral. É impossível fazê-lo com uma inflação saneamento. questão, portanto, reflui aos próprios
galopante. Então, o orçamento que o Congresso A intervenção dos bancos estaduais, no mecanismos de crescimento dos preços e de
Nacional aprova e o orçamento que o Poder entanto, tem por objetivo criar condições para propagação inflacionária. A não coincidência
Executivo executa, na realidade, não que ele próprios e principalmente os governos entre o ano fiscal e o ano civil seria uma forma
representam a mesma medida. estaduais conduzam o processo de de atenuar esse problema. Mas a exemplo
Quais as providências que poderiam saneamento. A forma da intervenção é deste exercício, às vezes as disparidades entre
ser adotadas pelo Poder Legislativo para um essencialmente um tipo de operação de previsão e inflação efetiva são tão grandes que
acompanhamento permanente desse empréstimo que consolida a dívida existente, mesmo isso não adiantaria. O orçamento
planejamento da União? mas exige o seu pagamento. Então, pode dar a aprovado para 1987, elaborado obviamente no
Por fim, gostaria de saber se sua curto prazo um alívio financeiro. Enquanto um ano de 1986, em plena vigência do Plano
Secretaria faz captação de recursos no banco estadual saneado, portanto sem Cruzado, com inflação muito baixa, está
mercado financeiro para gastos públicos. intervenção, enfrenta uma luta diária para a completamente defasado. Algumas unidades
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – captação de recursos ou para a rolagem de da Federação Já estão sem dotação para
Com a palavra o Dr. Andrea Sandro Calabi certificados de depósito, ou para captação de pagamento da folha de salários e das dívidas
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: – recursos para seus empréstimos, o banco sob para o mês de maio, o que exige urgência,
Obrigado Sr. Constituinte, vou procurar ser intervenção ter um respiro momentâneo, saiu pressa e pressão sobre o nosso Presidente
breve e espero responder a este seu dessa pressão e da pressão do mercado para acelerar o processo de tramitação da lei
questionamento. financeiro. Note-se que aqueles bancos de excesso de arrecadação a ser enviado
A Secretaria do Tesouro conseguiu estaduais em situação financeira mais nestes dias ao Congresso.
com a implantação do Caixa único incorporar complicada, mais difícil, geram fontes de pressão Questão grave é o controle fiscal do
em seu interior a maioria, senão todos, dos sobre taxas de juros no mercado como um todo, setor público, uma das precondições para a
fundos existentes no País. Não são poucos. elevando o custo de captação não só para inexistência de inflação, ou para a redução
Há um fundo especial no próprio Ministério da outras unidades eventualmente em ordem, como dos patamares, ou para a estabilização da
Fazenda. São 98 os fundos cujos recursos também para o próprio Governo Federal. inflação. A própria estabilização da inflação é
foram unificados nesse Caixa da União. Para O alívio temporário como se dá? Em crucial para o controle fiscal do setor público,
dar um idéia da extensão do problema, foram última instância. o Banco Central permite portanto, é um processo que tem de andar em
encerradas 3.500 contas bancárias de redescontos especiais a esses bancos. conjunto.
diversas entidades do setor público que Temos o banco de um Estado A, por exemplo, Finalmente, a Secretaria do Tesouro
mantinham saldos ociosos do ponto de vista rolando CDB no mercado, captando dinheiro, não capta recursos no mercado, mas apenas
da gestão financeira da União. Hoje esses para poder fazê-lo, paga taxas de juros faz a programação e a execução financeira do
recursos unificados permitem uma redução da abusivos. O Banco Central supre de recursos Orçamento Geral da União e das operações
divida pública da União. esse banco de tal forma a impedi-lo de ter de crédito interno e externo dos Estados e
Quanto aos fundos especiais a que quer ao mercado novamente. Este é o alívio municípios, bem como das estatais e das
V. Exª se refere, as contas Delta-III e financeiro imediato. No passo seguinte, no próprias unidades da administração direta. As
Delta-IV, temos conhecimentos de entanto, o próprio processo de intervenção vai funções de captação são do Banco Central e,
algumas. Como algumas dessas contas exigir do Estado um saneamento tal que portanto, a eventual separação de funções
fogem inclusive ao sistema de Caixa consiga saldar essa dívida que se consolida entre a emissão de títulos para o financia-
único, têm que ser aprovadas pelo no momento da intervenção. mento do déficit e a emissão ou o controle
Ministério da Fazenda, sob parecer da Qual é o custo para a União? Do monetário é muito simples. O orçamento.
Secretaria do Tesouro. Portanto, temos ponto de vista financeiro, o custo econômico pode utilizar-se do Banco Central como um
conhecimento da existência dessas efetivo pode ser reduzido, ou seja, tudo prestador de serviços na colocação dos títulos
contas. São solicitadas explicitamente por depende da taxa que o Banco Central cobra destinados ao financiamento do déficit.
Avisos de Ministros ao Ministro da do banco por esses aportes relativamente à O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
Fazenda, que, sob parecer da Secretaria taxa de juros que o Banco Central tem de GÓIS: – Sr. Presidente, permita-me fazer uma
do Tesouro, as aprova ou não. A pagar ao mercado para captar recursos. Quer complementação.
responsabilidade pela gestão e o controle dizer, o Banco Central vai vender uma LBC, O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
dessas contas, no entanto, compete à capta recursos e com esses recursos passa V. Exª tem a palavra para uma
unidade gestora correspondente. A ao banco para cobrir um CDB. Então, complementação.
dotação de recursos está incluída no depende da relação entre essas duas taxas. O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
Orçamento; não há outra forma. No Mas, sem dúvida, dado o horizonte de tempo GÓIS: – No caso, vivendo como vivemos
Orçamento Geral da União incluem-se necessário para o saneamento efetivo dos num processo inflacionário, seria válido,
dotações para determinadas contas. bancos, o Governo tem que ir ao mercado então, que na Lei Maior ou na legislação
A gestão dessas contas cabe ao captar recursos. E, portanto, ele o faz por ordinária fosse criado um mecanismo legal,
Ministério correspondente, a unidade ges- emissão de títulos da divida pública, no sentido de que o Poder Executivo
45 ANAIS DO SENADO (ATAS DE COMISSÕES)

submetesse ao Poder Legislativo pação da União no bolo global de recursos envolvidos, pois a maioria das dívidas são
trimestralmente ou semestralmente uma tributários foi quando menos da ordem de 10%. com eles, no caso, Banco do Brasil, BNDES,
atualização, uma revisão do programa de Antes da Constituição de 1967, a União não Banco do Nordeste, BASA – de a União,
Governo para aquele ano, que se refletiria na detinha mais do que 40% dos recursos dentro do processo de redistribuição de renda
atualização do orçamento? tributários. Todavia, ao longo de todo esse que o sistema tributário advoga, refinanciar –
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: – período, essa parcela se elevou a 50%, em no caso, não seria absorção – essa dívida em
Agradeço ao Sr. Constituinte a lembrança, números aproximados, evidentemente. Os condições de prazos e juros tecnicamente
porque eu devia ter completado suscitando Estados, por sua vez, que detinham em tomo suportáveis por esses Estados e municípios?
essa questão na resposta. Há uma forma que, de 40, 50%, 46, 48% desses recursos, tiveram Repetindo: a nível interno ocorre mais ou
aliás, já foi pensada. Fazer orçamento em a sua parcela reduzida, concomitantemente, menos o que, mutatis mutandis, sucede em
OTN e indexar um pouco esse orçamento. A para 36, 34, 35%. Isso significa dizer, por termos de Brasil no mercado internacional.
dificuldade é que, ao indexar despesas, exemplo, que só no ano de 1986, a preços Em síntese, eu gostaria de saber
também temos de ter mecanismos para correntes, houve um prejuízo para os Estados como V. Sª, Dr. Andrea Sandro Calabi, que,
indexar receitas ou explicitá-las, porque a superior a 60 bilhões de cruzados. recursos como Secretário do Tesouro, tem essa
despesa indexada ou alguma reavaliação que ficaram nos cofres da União e que, não questão nas mãos, veria a possibilidade de a
automática, ou não, exige a correspondente fora a centralização trazida pela Carta nova Constituição, em disposições
atualização da receita. Normalmente essa Constitucional de 1967, seriam estaduais. transitórias, estabelecer, como uma forma de
atualização existe, uma vez que impostos Então, os Estados a partir de 1967, passaram redistribuição de renda pública, que a União
indiretos incidem sobre preços que são por um processo de empobrecimento relativo absorva a dívida externa de Estados e
justamente os que sobem. No entanto, comparativamente à União. Há ainda. por municípios, contraídas com o aval do
dependendo da forma de organizar, o Imposto exemplo, nesse meio tempo entre os dois Tesouro. A União refinanciaria toda essa
de Renda pode não corresponder, como pontos: o fato de que a União deve ceder dívida, naturalmente até com o
também o próprio andamento da conjuntura parcela do bolo para Estados e municípios comprometimento de receitas novas que os
ou do crescimento da economia pode não tendo em vista a situação calamitosa em que Estados e municípios viessem a ter por conta
suprir recursos necessários. Portanto, uma se encontram, e o de que a União sonega do novo sistema tributário, de forma que os
indexação ou alguma forma de atualização recursos aos Estados. Estudos feitos, o número Estados e municípios pudessem sair dessa
espontânea, automática do lado da despesa, não é fundamental, mostram que a retenção de situação calamitosa em que se encontram.
exigiria, uma solução concomitante para o transferências ordinárias, em 1983, alcançou 6 Teríamos, assim, o início de um processo de
lado da receita que justificasse uma elevação bilhões de cruzados. Seriam recursos dos fortalecimento da Federação.
automática de tributos, caso haja Estados que ficaram em poder da União. Há O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
necessidade. Ou, então, ficaria implícita a também informações, relativas a esse mesmo Tem a palavra o Dr. Andrea Santos Calabi,
expansão da dívida pública, quando a período de 1967 a 1983, segundo as quais para responder ao Constituinte Firmo de
atualização da despesa ocorresse. mais de 10 bilhões de cruzados deixaram de Castro.
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – ser transferidos a municípios e Estados, por O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Está franqueada a palavra para o Constituinte conta da não cobrança do Imposto Territorial Constituinte Firmo de Castro, V. Exª levanta
que dela queira fazer uso. Rural por parte da União, a quem foi conferida questões que têm sido objeto de intensa
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE a competência. discussão nos últimos tempos. Tentarei
CASTRO: – Sr. Presidente, peço a palavra. Enfim, entre as duas questões, há uma respondê-las, primeiramente em conjunto e,
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – série de ônus impostos à União, como causas depois, um pouco por partes da forma como
a
Tem a palavra o nobre Constituinte Firmo de não propriamente exclusivas, mas importante V. Ex as levantou.
Castro. no enfraquecimento financeiro da Federação. Vejamos o setor público, de forma
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE Eu indagaria, no caso, ao Prof. Andrea consolidada, como um total de União.
CASTRO: – Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr. Sandro Calabi, se há consenso em aumentar a Estados e municípios, estatais, Previdência,
expositor, parece consenso hoje, tanto a nível transferência, qualquer que seja a forma, de e as contas fundamentais. A ação do setor
de União, como a de Estados e municípios, a recursos da União em favor de Estados e público depende, em grande medida, do
necessidade de promovermos, a par de várias municípios. Por outro lado, se Estados e grau de desenvolvimento, da maturidade do
outras medidas, uma alteração no sistema municípios se encontram endividados, além País. No nosso caso, temos necessidade
tributário, de modo a termos uma partição da dos níveis técnicos recomendáveis, não seria o enormes. Em diversas regiões, há
renda pública de forma mais eqüitativa a nível caso de. como uma forma de redistribuição de necessidade de ação do setor público na
dessas três esferas de poder Por outro lado, renda, fazer com que a União absorvesse toda área social, de infra-estrutura, de insumos
parece também consensual e de a dívida externa contraída diretamente por básicos, de apoio ao crescimento industrial.
conhecimento generalizado que grande parte Estados e municípios, com o aval dela própria, ao crescimento agrícola etc. Relativamente a
dos Estados e dos municípios brasileiros União? Na verdade, são dívidas que já quê? À disponibilidade de recursos que
encontra-se em situação financeira coobrigam a própria União, através do aval do temos, ou por bases tributárias diretas, ou
calamitosa, do que tem derivado o Tesouro Nacional, que provavelmente estão por endividamento desse setor público
encaminhamento de pleitos sucessivos à sendo negociadas no contexto global da dívida consolidado que estou mencionando.
União, sob a forma de assistência financeira , nacional, portanto sujeitas a um O endividamento do setor público
a mais variada, com vistas à superação dos refinanciamento internacional, conforme a consolidado pode ser interno ou externo.
graves problemas decorrentes desse quadro proposta do Governo brasileiro. Assim os Vamos esquecer um pouco a distinção entre
financeiro insustentável. Entre uma questão e próprios Estados e municípios ficariam em uma as esferas de governo e ver, em conjunto, em
outra, ou seja, o consenso da necessidade de situação de retaguarda como estão hoje e quais limites esbarramos. Na realidade, é
uma partição do bolo tributário diferente com passariam naturalmente esse passivo à União. disso que estamos falando. Estamos, quer no
a transferência de recursos da União para A vantagem dessa solução é que atingiria o processo de captação dos recursos
Estados e municípios, e também de que Banco do Brasil que, pelas suas agências financeiros internos, que, no fundo, são
Estados e municípios necessitam de apoio internacionais, é um dos bancos credores de poupanças internas, da economia como um
mais claro, preciso e forte, podemos Estados e municípios, com o aval do Tesouro. todo que o Governo absorve em parte, quer
mencionar que entre uma questão e outra – Hoje, ele é onerado pela inadimplência dos na absorção de poupanças externas
repito – ao longo dos últimos anos, Estados e municípios, que não estão em esbarrando em limites muito inferiores às
verificaram-se fatos que provavelmente condições de saldar seus débitos. Essa disponibilidades de recursos em face das
justificam essa corrida de Estados e absorção pela União, indiretamente, necessidades reais, efetivas, da população.
municípios à União. favoreceria o Banco do Brasil, que teria Portanto, é uma questão não só distributiva,
Sabe-se, por exemplo, que com o novo naturalmente esses débitos liquidados, mas de limites ao processo de endividamento
sistema tributário introduzido com a Carta de melhorando as suas contas de movimento e a global e ao peso da carga tributária global
1967 e mantido pela Emenda de 1969, a União, sua liquidez. sobre a economia. É claro que, para uma
pela centralização do poder de tributação e de Ao lado da absorção da dívida unidade empresarial, quanto mais forte a
arrecadação, aumentou exageradamente a sua externa diretamente contraída por Estados carga tributária que incide sobre seus lucros
parcela na renda tributária nacional. Os dados e municípios com o aval do Tesouro, eu ou mesmo na venda de produtos, menor vai
estatísticos mostram que de 1967 a indagaria: não seria também o caso – já ser a capacidade de gerar recursos
1986 esse aumento de partici- que barcos oficiais se encontram internamente para financiar novos inves-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 46

timentos – os lucros retidos vão ser mais baixo Devemos transferir mais a Estados? O gralmente até 1986, os juros e o principal. Se
e assim por diante. Da mesma forma, os Estado não teria um cruzado de alívio não o fizesse, iria abocanhar desses recursos,
impostos indiretos elevam preços e, portanto, financeiro, porque levaria, junto com recursos em dólares obtidos na negociação lá fora, uma
reduzem mercados, diminuindo não só o adicionais, os encargos correspondentes, ou, parcela maior e permitir um repasse menor a
acesso àqueles bens como impedindo o alternativamente leva a parcela maior da Estados ou a estatais. Em função disso é que
crescimento de unidades empresariais, arrecadação federal como um todo, porém se consegue dar 100% de rolagem do principal
industriais ou agrícolas, além de limitar a exige, se forem mantidos os programas de e mais a metade dos juros.
capacidade de absorção, de consumo desses Governo, um endividamento público interno Qualquer que seja a mecânica que se
produtos pela economia. É disso que se trata, mais elevado. Ou ainda, como terceira monte, o Estado dependo obviamente da
mais do que da questão distributiva. alternativa, transferem-se recursos adicionais conjuntura econômica como um todo. No ano
Tenho segurança de que, se uma aos Estados, não se aumenta o endividamento, passado, o ICM arrecadado pelo total dos
unidade da esfera do governo tivesse via colocação de títulos, e fecham-se Estados atingiu 210 bilhões de cruzados, com
capacidade de endividamento diferenciada em programas federais. É inexorável, não há como um crescimento real, acima da inflação, de
relação às demais, haveria obviamente fugir aos limites globais de endividamento que aproximadamente 30%. Os Fundos de
condições de implementar mecanismos no enfrentamos, em conjunto com Estados e Participação dos Estados e Municípios, que
sentido de que essa unidade expandisse seu municípios, e ao fato de que a capacidade haviam atingido 22 bilhões de cruzados em
endividamento e o repassasse para algum nacional de servir uma divida, seja externa, 1985, no ano passado, em 1986, passaram
sistema, no atendimento às obras de que seja interna, depende da eficiência do uso que para 66 bilhões de cruzados, com um
carecemos. Portanto, afirmo que se trata de se faz desse recurso. Tanto pior quanto mais crescimento real de aproximadamente 43%.
limites globais e não tanto os de redistribuição desperdício houver, mais difícil será servir a Nesta situação, com tamanho crescimento real
entre Estados e municípios. dívida e, portanto, obter novos empréstimos. de ICM e de Fundos de Participação, os
Em período recente – e V. Exª Por último, cabe uma observação, Estados efetivamente puderam, todos, pagar
dimensionou diversos dados – o que ocorreu obviamente trivial, no sentido de que toda a os 25% do serviço da divida previstas nos
foi que a base tributária de impostos federais despesa do Orçamento da União faz-se sobre esquemas de rolagem do ano passado. Este
cresceu mais de pressa do que a de impostos alguma base territorial, os Estados e ano, o que estamos vivendo? Um ajustamento
estaduais, o que mostra o aumento da municípios. Portanto, devemos discutir melhor da economia, reflexo do que ocorreu no pós-
participação dos impostos federais no global a natureza do gasto da União Federal. Veja a Cruzado: crescimento e inflação no ano
em boa medida. O Imposto de Renda e o questão colocada por Estados e municípios, passado e ajustamento de crescimento e
Imposto sobre Operações Financeiras são como se se pudesse criar recursos efetivos, inflação muito elevada agora. Adicionalmente
importantes componentes, desse quadro. reais – não estou falando em inflação – poder os encargos de folha de pessoal dos Estados
Então, compete também aos Estados regular de compra efetivo, tirar de um canto, mantido o são descomunais, por causa da situação
um pouco mais a sua base tributária e V. Exª que já havia e passar para outro, aumentando financeira relativamente melhorada do ano
sabe, como todos sabemos, que a capacidade o que não é possível. passado, fatores próprios aos Estados, os
de tributação efetiva, no Estados, é reduzida Os encargos desta Subcomissão são benefícios dados, aumento de emprego e de
para aqueles que na realidade mais precisam pesados por causa deste aspecto. Por isso dei, salário real. Estados há em que a folha cresceu
de aportes. Por isso, criaram-se diversos anteriormente, ênfase aos sistema de controle 200% em termos reais. É como se tivesse
mecanismos de transferências de parcelas dos dos gastos público. Onde estão? Como estão triplicado o funcionalismo a um mesmo salário.
impostos federais; essas transferências não sendo gastos? Estão sendo bem gastos? Então, hoje estamos vivendo uma queda de
são irrelevantes. Fundos de Participação de Corresponde à composição política? É muito receitas de ICM, sempre em termos reais,
Estados e Municípios têm um terço da comum que um Estado mais pobre tenha menor descontada a inflação, e, em geral, explosões
arrecadação do Imposto de Renda e do PI, por capacidade de gasto. Portanto, é necessário que nas folhas de pagamento, e, portanto, um
exemplo. a União compense essa disritmia vamos dizer sufoco financeiro. Em conseqüência, o
Podemos começar a falar um pouco assim – de captação de recursos do Estado pagamento daqueles 25% da dívida externa
das questões relativas à distribuição. Se mais pobre. Estamos fazendo isto corretamente? que vinham sendo rolados, que vinham sendo
tomarmos o orçamento da União para 1987, a São estas as questões. pagos, fica mais difícil. Ainda assim, a mim me
preços, como já dissemos, de dezembro de A absorção de dividas externas por parece que será inevitável que se repasse aos
1986, portanto, com inflação zero, chegamos parte da União são também quase lançamentos Estados uma parte dos juros não pagos aos
a 556 bilhões de cruzados. Metade desses contábeis. Há algum tempo, no ano passado, bancos comerciais, agora no exterior. Isso
recursos vão para Estados e municípios. Dos hoje, a rolagem que vem sendo dada à divida provavelmente deverá levar a uma redefinição
556 bilhões de cruzados, 107 são externa dos Estados e municípios é de 75% do dos critérios de rolagem de dívida externa para
transferências por meio do Fundo de serviço da divida. Este serviço inclui tanto os Estados. Mas a assunção pura e simples
Participação dos Estados, transferências pagamentos de amortização, parte do principal, dessa dívida pela União seria de uma injustiça
Federais diretas a Estados; e o mínimo de que é paga anualmente, quanto os juros atroz. Aqueles Estados que há uns cinco anos
155 bilhões de cruzados referem-se a anualmente devidos. É 75% do total. Como, na foram os mais beneficiados pelo endividamento
programas de unidades do Governo Federal média, esse serviço da dívida se compõe serão os que ganhariam de presente toda essa
executadas diretamente nos Estados, como metade de principal e metade de juros. 75% do divida. Lembro-me da observação antes feita
escolas, projetos de saúde, projetos de global significa que a União, por meio dos pelo Constituinte Messias Góis. Seda um
irrigação, reforma agrária, e daí por diante, mecanismos de refinanciamento e processo de saneamento fantástico. Os
diretamente percebidas como uma ação local, reescalonamento da divida externa para as Estados que, por este ou aquele motivo, não
com encargo do Orçamento Geral da União. unidades, está dando 100% de rolagem do conseguiram contrair dívidas em anos
Logo, já temos metade do orçamento da principal para os Estados e 50% de rolagem dos passados estariam totalmente perdidos. Então,
União repassado. juros devidos anualmente. Ora, pode ser que parece-me que é uma forma muito desigual de
Vamos dar, agora, um outro corte no estejamos fazendo, ao longo dos últimos anos, distribuição das condições de obtenção de
Orçamento Geral da União. Reconhecemos uma má negociação externa ou captando menos recursos financeiros. Sem dúvida, porém, algo
também que uma parcela substancial, senão a recursos do que poderíamos, mas são apenas terá de ser feito, posto que a situação
maior do orçamento, está comprometida com dados. Lá fora, não estamos conseguindo financeira dos Estados está complicada nas
1º) folha do funcionalismo público federal; 2º) rolagem integral dos juros. Basicamente, duas dimensões básicas mencionadas por S.
transferências a Estados e Municípios; e 3º) estamos obtendo rolagem do principal. O que Exª. Deverá ser feito não apenas pela União,
pagamento do serviço da divida interna e significa isso? Que só poderíamos repassar aos mas o próprio Estados somente poderá
externa da administração direta. Os recursos tomadores de recursos internamente a rolagem recuperar o comando e o controle sobre suas
para despesas de capital, ou seja, os recursos do principal. Se algum tomador pagar, além dos atividades se se engajar num processo de
para programas efetivos de Governo, não juros, um pedaço do principal, permite que se reordenamento financeiro.
atingem 100 bilhões de cruzados. conceda também uma rolagem adicional à do Finalmente, a questão do
Portanto, o Orçamento Geral da principal para Estados e municípios. É o que refinanciamento das dívidas internas. A Caixa,
União, dentro desses 556 bilhões de tosados, está ocorrendo. o Banco do Brasil, BASA, BNB etc, emprestam
já conta com 95,7 se não me empuxo, de A Administração Direta – a recursos captados ou recursos que voltam
operações de crédito, ou seja, colocações de União– paga integralmente o serviço de operações de crédito previamente feitos.
títulos no marcado. da divida externa pagou inte- Se se permite que essas operações
47 ANAIS DO SENADO (ATAS DE COMISSÕES)

previamente feitas não retornem, a capacidade ficassem a União se apropriar de uma parcela, O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
de emprestar dos bancos oficiais federais fica cada vez maior, do bolo tributário. Não Tem a palavra, como último orador, o
reduzida. Mais uma vez deveremos pensar no obstante, a pobreza que já existia em termos Constituinte traja Rodrigues.
sistema de refinanciamento, porque pensamos de Estados e Municípios àquela época, ainda O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ
que estávamos bem avançados nessa questão. assim a União, com domínio do poder político RODRIGUES: – Sr. Presidente, gostaria de
No entanto, não queremos inibir a capacidade por conta do regime autoritário, se fez valer ter ouvido – mas não me foi possível, porque
de empréstimo por parte das instituições desse poder e passou a deter parcelas cada estava em outra Subcomissão – as
oficiais federais. E não queremos vez maiores do bolo tributário. A mesma sugestões a respeito do controle
principalmente impedir que aqueles Estados análise poderia ser feita àquela época e se orçamentário, que, ao que me parece, são o
que tenham capacidade de gerenciamento dizer. "Os Estados não vão ter condições de fulcro deste debate. Mas sem dúvida,
financeiro mais eficiente, consigam novos ceder parcela de sua participação no bolo afirmações aqui feitas me trazem o desejo
empréstimos junto a essas instituições. tributário para a União". Mas ainda assim foi de também agregar alguns argumentos,
Empolguei-me ao longo das resposta, mas feito. Hoje a situação se inverte, mas se inverte principalmente a partir da manifestação do
espero ter respondido às três questões. diante de uma questão política muito mais Constituinte Firmo de Castro. que lembra as
Acredito que são problemas e limitações que forte. Estamos, na verdade, diante da dívidas externas. Lembro-me de que há
enfrentamos no global – União, Estados e revitalização da Federação ou não. Estamos, Estados – dentre eles o meu Estado, o Rio
municípios. Em segundo lugar, é a questão da sem nenhuma dúvida, diante do Grande do Sul – que, por uma opção ou por
distribuição, que deve ser revertida, não mais à estabelecimento de uma economia mais falta de condições outras, praticamente não
mera distribuição pura e simples, porque ela, democrática ou não, diante da descentra- devem nada externamente. Em
de fato, pode levar a aumentos da distribuição argumentações técnicas que podem ser compensação, devem internamente muito
entre a União e Estados. No entanto, deverá postas, e sempre postas, quer a nível de União mais do que poderiam, o que equivale a
ser considerado obrigatoriamente. quer se etc, temos de ver que a questão política está dizer que qualquer tipo de tratamento que
queira quer não, por realismo, a questão de aí: devemos ou não devemos fortalecer a devesse ser dado, no meu entendimento,
distribuição de encargos. Em terceiro lugar, e Federação? Esse processo padrasto que deveria abranger a dívida como um todo,
absorção pura e simples das dívidas externas aconteceu no Brasil de 1964 para cá, no tanto a interna quanto a externa, até para se
uma forma de refinanciamento muito desigual sentido da concentração do Poder, da garantir um mínimo de igualdade de
em relação aos Estados que têm menos concentração da riqueza, da concentração tratamento. E verdade que houve Estados
dívidas externa. Acho, porém, que esse administrativa tem que ser barrado e revertido que tiveram melhores condições de obter
sistema de rolagem de dívida externa terá que ou não têm? Então, à medida que cheguemos recursos externos, e seriam eles, por isto
ser revisto – estamos revendo e deveremos a um consenso político, a uma definição sobre mesmo, beneficiados com a utilização de
chegar a soluções a curto prazo – e o isso, vai importar muito menos os argumentos recursos que, obviamente, são de todos nós,
refinanciamento da dívida externa sem dúvida de que a União, cedendo partes do bolo, vai ter são de todo o País. Acho mesmo que a União
deve ocorrer, como já está ocorrendo, pois o de se organizar de forma tal para sobreviver teria melhores condições de fazer, ela própria,
parâmetro hoje vigente é de 90% do principal, e com uma parcela menor. Chamo a atenção de com seus títulos, a rolagem de toda a dívida
seguramente deveremos chegar a 100% do que essa parcela menor não significa um contraída pelos Estados e Municípios. E a
principal, com a preocupação de manter a volume global menor de recursos. Não! A própria União se beneficiaria com isso, já que
capacidade de empréstimo para os bancos medida que a massa global possa crescer, alguns Estados vêm rolando muito mal as
oficiais federais. Desculpem-me se alonguei, inclusive com aumento da carga tributária, se suas dívidas, inclusive pagando encargos
mas acredito que era importante. for o caso, essa diminuição da participação da muito acima do que poderiam pagar, e
O SR. PRESlDENTE (João Alves): – União pode significar parcelas de recursos, em provocando, com isso, um aumento global das
Com multa honra, queremos registrar a termos absolutos reais, maiores. Não é taxas de juros. Ou seja, o Estado, ao rolar sua
presença em nossa reunião de hoje do possível que esse quadro se perpetue por aí divida em condições deficientes, faz com que
Constituinte José Serra, eminente Relator da afora, com o sacrifício do fortalecimento da a taxa de juros se mantenha elevada, porque
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Federação, por conta de a União vir a ter é evidente que ele coloca componentes
Finanças, à qual se integra esta Subcomissão, dificuldades de ordem financeira e melhores no processo de captação. Quem
e do Constituinte Irajá Rodrigues, profundo administrativa. Eu mencionaria, por exemplo, tem dinheiro para emprestar procura fazê-lo
conhecedor da matéria tributária. Quer V. Exª que a administração da divida pública dos pelas melhores condições possíveis.
fazer uso da palavra, Constituinte Firmo de Estados e Municípios, de uma maneira geral, Acho que seria este o momento de se
Castro? representa uma tarefa menor do que pensar na administração, por um espaço de
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE administrar a dívida pública da Siderbrás: tempo, por um período das dívidas dos Estados
CASTRO: – Tenho direito a acrescentar um significa uma tarefa menor e politicamente e Municípios, evidentemente dentro de
comentário, Sr. Presidente? muito mais insignificante do que administrar determinada conotação, com base em algumas
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – a conta da Petrobrás ou conta da Eletrobrás, exigências feitas concomitantemente pela
Pois não. sistemas estatais muito mais endividados do União. Acho importante que ocorresse isto
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE que o conjunto de Estados e Municípios de neste momento. Algo como um "encilhamento".
CASTRO: – Na verdade, quando se cogita todo o País, e sem o alcance político que Mas me preocupa um outro aspecto. Ouvi do
de uma melhor distribuição dos recursos tem a solução efetiva das dificuldades Prof. Calabi a manifestação de que se houver
tributários entre a União, Estados e financeiras de Estados e Municípios. Então, transferências de receita, seja originária, seja
Municípios, certamente que não se está sem querer polemizar, mas somente posteriormente, terão de ser transferidos
desconhecendo a difícil situação financeira deixando aqui destacado meu ponto de vista, encargos para os Estados e Municípios, e,
da União, mesmo porque se tem argüido nesta Constituinte, precisamos ter uma portanto, a conta já virá zerada. Isto é, mais
com muita frequência, e acho até de forma perspectiva temporal muito longa. Também receita, mas em compensação, mais despesa,
exagerada, que é por conta do déficit público não são somente as dificuldades temporárias zero a zero. Não concordo. Acho que é o
que estamos em boa medida envolvidos por e eventuais da União que deverão ser contrário. Isto é sabido por todos quantos têm
todo esse processo inflacionário. Do ponto levadas em conta em função de solução que acompanhado a evolução da Administração
de vista técnico não há dúvida de que pode ser de longo prazo, ou seja, um Pública no Brasil. É sabido que quem gasta
poderemos apresentai argumentos positivos processo de transferência de longo prazo mais economicamente ainda é o Município. Há,
e negativos, tanto a favor da manutenção do que a Constituição pode garantir de pronto. inclusive, um trabalho feito há alguns anos pelo
status quo como a favor efetivamente de Então, em termos temporários, teríamos, de CNDU que demonstrou que a mesma obra –
uma redistribuição de recursos tributários. lago, mesmo que a União tenha dificuldades escola ou ponte – feita pelo Governo Municipal
Vejo mesmo que a questão não iria ser posta em se desfazer de recursos nos anos custa "X” pelo Governo Estadual "2X" e pelo
por esse caminho, como uma questão de seguintes, imaginar que a Constituição tem Governo Federal "4X". Isso equivale a dizer, se
natureza essencialmente técnica. Ela tem de de estabelecer um arcabouço de distribuição verdadeiro o levantamento feito por um órgão
ser vista, sobretudo, como uma questão de tributária da perspectiva temporal, que é federal, que o mesmo recurso colocado nas
ordem política. Quando se fez a reforma muito mais ampla e mais profunda. Esse mãos do Município produziria resultados quatro
tributária de 1967, referendada pela de 1969, pode ser um processo lento e gradual, para vezes maiores. Claro, não vou a uma forma
em nenhum momento se procurou examinar usar duas palavras tão em voga há algum absoluta de dizer que isto seja uma verdade
as questões de ordem técnica que justi- tempo. integral e em todos os casos, mas me parece
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSOES) 48

evidente que, pelo contato com a própria número da ordem de 300 a 350 milhões de pela iniciativa de trazer aqui o Secretário do
base, pela presença da comunidade junto ao dólares, enquanto que todo o sistema de Tesouro Nacional. Prof. Andrea Calabi. Creio
Prefeito, pelos apelos, inclusive, de co- rolagem permite o refinanciamento de algo que, sem dúvida, essa tenha sido a melhor
participação e até mesmo pela fiscalização ao redor de 1,2 bilhão de dólares para iniciativa tomada no plano institucional pelo
permanente que a comunidade exerce sobre Estados e Municípios. No entanto, se Governo da Nova República: a criação e a
ele, o mais lógico seria atribuirmos tudo o que somarmos a esses 8 bilhões também as organização da Secretaria do Tesouro
fosse possível, em matéria de encargos, ao necessidades de rolagem da dívida externa Nacional. Isso representou um avanço
Município. As transferências de receitas talvez de instituições oficiais, federais e estaduais, importante na administração financeira do
não fossem necessariamente tão grandes e de órgãos da Administração Direta, País, principalmente do ponto de vista da
quanto as transferências de encargos, a chegaremos a uma necessidade de dólares, transferência e do controle do fluxo de
ainda, possivelmente, sobrariam recursos aos exclusivamente para atender à rolagem de despesa do Governo Federal. Evidentemente,
Municípios para atenderem a outros tipos de empresas, Estados e Administração Direta, é preciso não confundir transparência e
carências. É apenas essa observação que eu de 12 bilhões de dólares. Ao mesmo tempo, controle com solução dos problemas, porque
gostaria de fazer, porque acho que isto tem todo o sistema de negociação da divida os problemas de receita e de despesa
que estar muito presente em todos nós. externa permitia, antes da interrupção dos envolvem questão de natureza social, de
Realmente, o Município é quem administra pagamentos de juros uma geração de natureza política, de relações dentro da
mais barato. Depois o Estado e lá adiante a recursos, que correspondia à renovação do Federação, problemas que existem dentro do
União. Até porque sabemos perfeitamente – e principal, de aproximadamente a metade próprio setor público tudo mais. Mas
também o Dr. Calabi – que existe uma disso, 5,5 a 6 bilhões de dólares. Portanto, representa, pelo menos, uma condição
presença muito grande das grandes permitir uma rolagem maior, exige, pelos necessária para que possamos pensar em dar
empreiteiras frente aos organismos de mecanismos em curso, expansão monetária, um melhor ordenamento econômico-financeiro
Estado. Muitas vezes as opções de obras não emissão pura e simples da ordem de 6 para o Pais. Acredito – inclusive isso não tem
são do governo: são opções de recursos bilhões de dólares, ou algo ao redor de 150 a ver diretamente com a Constituição – que
colocados pelos empreiteiros, obtidos bilhões de cruzados, que é o tamanho da neste ano, a nível do Congresso, será um
externamente, mas que o Governo, como base monetária hoje. Essa a dificuldade, um passo muito importante se pudermos
anseia por fazer obras, acaba pegando e a pouco no global, a que me referia quanto à realmente contribuir para a estruturação
opção passa a ser do interesse da dívida externa. Obviamente, V. Exª tem formal da Secretaria do Tesouro Nacional,
empreiteira, e não do governo e muito menos razão quanto à questão interna. Por um lado, porque sua criação – repito – foi a meu ver,
do povo. Essas empreiteiras geralmente não como Constituinte Firmo de Castro lembrou, um avanço importante, mas que tem sido
trabalham nos Municípios, até porque não é uma questão de ordem política mais do pouco reconhecido e pouco valorizado, até
admitem esse processo de pulverização. Já que uma tecnicidade. No entanto, não mesmo, e curiosamente, pelas autoridades
por ai as opções e as obras feitas seriam, fugiremos, no conjunto das restrições que econômicas do País. O outro aspecto que eu
conseqüentemente, bem mais baratas. E o mencionei, à capacidade global de absorção queria me referir – e aproveito a última
mesmo dinheiro, portanto, renderia muito de recursos, sejam eles tributários, sejam audiência desta Subcomissão é sobre
mais. eles de dívida. Se hoje podemos, com problemas de orçamento, porque amanhã o
Por isto – insisto – preocupei-me facilidade, aumentar os recursos colocados à tema será o da fiscalização – é chamar
quando vi a forma que me pareceu simples disposição da União, do Estados e dos atenção para nossas responsabilidades. Creio
demais – não diria simplista – de dizer que se Municípios, por que não o estamos fazendo? que, talvez das, Comissões da Constituinte,
passasse o dinheiro se passariam os A limitação global se manifesta no plano econômico-financeiro e social, a
encargos e ficaria zero a zero. Acho que concretamente no dia-a-dia da gestão nossa Comissão geral é que tem maiores
todos saem ganhando. A União pode ficar financeira em qualquer das três esferas de responsabilidades, pelas implicações práticas
com mais dinheiro, o Estado com mais Governo. De fato, há uma série de estudos e imediatas daquilo que decidi. Isso aumenta
dinheiro e o Município com mais dinheiro, mostrando que algumas despesas feitas na a nossa preocupação com o que vamos
desde que se procure fazer no Município tudo órbita municipal são de serviços ou de apresentar como resultado. Queria apenas
o que for possível e só se faça pelo Estado e produtos mais baixos. No entanto, a maior fazer menção a três pontos que me parecem
pela União aquilo que o Município não puder, parte das dívidas externas, por um lado ou chaves, porque o Relator geral, como é o meu
e só se faça pela União aquilo que o Estado e mesmo os encargos no âmbito do orçamento caso, vai recolher relatórios das
o Município não puderem fazer. Muito da União, se dão em ações e atividades de Subcomissões. Eu gostaria de ouvir alguns
obrigado. difícil divisibilidade na órbita municipal. Por comentários do Dr. Calabi a respeito do que
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – exemplo: todo bloco petróleo, sistema vou dizer. Em primeiro lugar, trata-se do que
Com a palavra ao Dr. Andrea Calabi. Petrobrás e coligadas, siderurgia, energia deve ser e como deve ser apresentado no
O SR. ANDREA CALABI: – Agradeço elétrica, infra-estrutura, comunicações etc., orçamento para o Congresso. Nós não
ao nobre Constituinte a intervenção. Aliás, são os grandes devedores do ponto de vista podemos somar bananas com laranjas, com
devo-lhe uma resposta mais cuidadosa com da dívida externa. No âmbito do orçamento mexericas etc. São coisas diferentes. Muitas
relação a um trabalho que V. Exª nos mandou da União, ademais da divisão que já fiz, o vezes faz-se, um pouco de confusão a
por escrito. Estamos estudando e a daremos grosso vai em dívidas anteriores, salários e respeito; muita gente acha que tudo deveria
oportunamente. Apenas aproveito o momento transferência de Estados e Municípios. O ser consolidado. Não podemos fazer isso. Por
para acusar o recebimento. que resta poderia ser dividido em três grandes exemplo. o orçamento de empresa é diferente
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ conjuntos de atividades do Governo: do orçamento da administração direta. Não
RODRIGUES: – Muito Obrigado. segurança, logicamente os Ministérios podemos colocar no orçamento como receita,
O SR ANDREA CALABI: – V. Exª Militares, de difícil subdivisão na órbita por exemplo, a venda de gasolina ou de aço,
começou mencionando a questão da municipal, em segundo lugar, infra-estrutura porque isso depende de fatores de mercado
dívida externa, dizendo que, às vezes, o básica – Ministério dos Transportes, Irrigação. etc. Seria uma loucura se assim
sistema Siderbrás ou Eletrobrás pode ter Reforma Agrária, ou seja. atividades que procedêssemos. Acho que o Congresso deve
encargos da dívida externa muito maiores também não podem ser divididas; e a social, examinar, através de um plano de ação, o
do que os Estados e os Municípios. De essencialmente Educação, Saúde etc. orçamento e os investimentos das empresas,
fato os tem. Se tomarmos, por exemplo, Reconheço a procedência da sua observação. que é a melhor maneira de se fazer despesa
dados para 1987, enquanto o serviço da No entanto, feitas as contas, ela rebate sobre fora do controle, porque eu gasto um tostão
dívida externa de todos os Estados e um valor relativamente menor dos números neste ano e no ano que vem, para continuar a
Municípios requer 1,5 bilhão de dólares, o globais a que nos estamos referindo. obra às vezes preciso gastar um bilhão. Isso
serviço da dívida externa das estatais, O SR. PRESIDENTE (João Alves): tem grande importância. O chamado
entre as quais se incluem a Siderbrás e a – Para, encerrar, ouviremos agora o orçamento monetário também é diferente, não
Eletrobrás, é maior. A Petrobrás e a Vale Constituinte José Serra, Relator da é homogêneo com relação ao orçamento fiscal.
já pagaram uma parcela substancial de Comissão do Sistema Tributário, Orçamento Acho que isso é um ponto crítico e importante.
sua dívida externa. Então, o serviço da e Finanças. O segundo ponto, que é básico,
divida das estatais exige algo ao redor de O SR. CONSTITUINTE JOSÉ refere-se à questão da participação do
6,5 bilhões de dólares. Portanto, quando SERRA: – Gostaria, em primem lugar, de Legislativo no orçamento. Nós temos
falamos da rolagem de 25% da dívida cumprimentar o Presidente, o Relator talvez o que seriam dois extremos: a
pelos Estados, estamos falando de um e os membros da Subcomissão realidade pré-64, o que se fez ao abrigo
49 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

da Constituição de 1946, e o que se fez ao brava que já devemos ter 50% do orçamento não se somar coisas díspares. A relação com as
abrigo da Constituição de 1967. Nesse vinculado. Certamente há setores que não estatais é mais ou menos clara e dele constam
segundo caso, o Legislativo praticamente estão contemplados: ninguém deve ter feito os aportes de capitais às estatais. O ponto
passou a assumir um papel decorativo. Eu ainda a vinculação na área de comunicações. relevante de minha palestra foi a percepção da
mesmo fui Secretário do Planejamento de São Deve haver alguns ministérios que ainda não relação entre Tesouro e Banco Central
Paulo, fui o responsável mais direto pela estão com vinculações propostas, mas entre relativamente à discussão sobre a separação de
elaboração de pelo menos três orçamentos, e a Educação, Saúde, Amazônia, Nordeste, funções dessas duas instituições. Ou seja, há
única coisa da qual o Legislativo podia Ciência e Tecnologia, Segurança, nós já necessidade de se separar a dívida pública,
participar era na fixação de margens de estamos com 150%. Então, esse é um como um instrumento de financiamento do
suplementação. De resto, praticamente não aspecto sobre o qual os Constituintes terão de déficit, daquela emitida para efeitos de regulação
tinha qualquer capacidade de ingerência. Por debruçar-se. Lembro-me de que, em São de controle monetário na economia. Um ponto
outro lado, não podemos cair, a meu ver, no Paulo, quando fizemos o primeiro orçamento, crucial se refere aos orçamentos das estatais.
outro extremo, o de permitir a criação de cabia à Secretaria do Planejamento reunir Como incorporá-los? Sem dúvida, o orçamento
despesas de maneira fragmentada: faz a ponte todas as demandas. As demandas somavam geral da União incorpora aqueles aportes de
tal, a escola tal, ou a estrada tal, sem que isso 16 vezes o orçamento. Então, como havia capital que o orçamento faz à empresa estatal.
esteja enquadrado em um plano de ação, que, toda aquela briga, eu levei os pedidos para Mas o investimento feito pela estatal, com
este sim, deve merecer a discussão e a uma reunião e disse: olha, aqui há 16 vezes o recursos próprios, ou com recursos de terceiros,
aprovação. lam-se criando despesas aqui e ali orçamento. Se alguém achar que é o através de divida que a estatal alavanca, não
e se chegava a situações em que o Ministro da Planejamento que está cortando são contemplados do ponto de vista do processo
Fazenda simplesmente segurava os recursos. arbitrariamente, pode cortar também. Se legislativo, a não ser naqueles pontos de contato
Eu me lembro de uma frase famosa de alguém fizer o serviço, está ótimo. A questão entre o orçamento fiscal e o das estatais. As
Santiago Dantas para um Deputado que foi das vinculações é muito mais problemática. estatais têm seu orçamento aprovado por ato do
reclamar a não realização de obra que ele Nós vamos ter de examinar quando se vincula Presidente, posto que se regula recursos e
havia incluído no orçamento. O Deputado um, por que não se vai vincular o outro. Para destinações que obviamente as empresas têm
disse: "Mas tem verba". O Ministro completou: a Educação precisa tanto, por que não à que incorporar no processo orçamentário.
"Tem verba, mas não tem dinheiro". Essas Saúde, para isso e aquilo? Nós temos que Porém, deixo uma questão em aberto relativa à
duas coisas são diferentes. A economia do pensar nisso e na realidade desigual do discussão sobre os orçamentos das estatais e
Brasil era 6, 7, 8, vezes menor naquela época. Brasil, porque há Municípios que precisam mais especificamente sobre a discussão dos
Não tinha a complexidade da economia atual. gastar mais em Educação do que em saúde e investimentos das empresas estatais. O
Nós não podemos estar no sistema com essa há outros em que ocorre o contrário. Há segundo ponto levantado pelo Constituinte,
precariedade. Então, isso é algo que tem de realidades muito diferentes no Brasil inteiro, também mencionado ao longo da minha
ser compatibilizado. O total silêncio, total entre os Estados. Estamos num País palestra, é a questão do limite plurianual de
anulação do Legislativo tem de ser eliminado desigual. Essa é a verdade. O ideal é que obrigações, que, a meu ver, é absolutamente
com uma participação responsável numa essa desigualdade diminua, mas o Brasil é crucial. Ou seja, gasto um tostão hoje e um
orientação global da despesa pública. Esse é desigual. Então, falar para 5 mil Municípios de bilhão no ano que vem em investimentos.
um desafio: como encontrar fórmula para isso? maneira homogênea é irreal. Esse vai ser um Mencionei a necessidade de orçamentos
O outro aspecto com esse relacionado, e que outro problema, e podemos nem falar sobre plurianuais, aos quais coube muito bem a
me parece básico, é o seguinte: na prática, ao isso. Mas quando chegar o momento de a ênfase, porque, a meu ver, é uma questão
longo do ano, vão sendo tomadas iniciativas de Comissão de Sistematização se manifestar, relegada a segundo plano, mas da maior
despesas que muitas vezes não são tudo vai aparecer, sem falar de outros importância. Sobre a participação do Legislativo,
orçamentárias ou fiscais, mas que são aspectos, como a independência financeira obviamente são pontos claros contra
despesas, eis que alguém as está pagando. Se dos Poderes etc. É um trabalho bastante transposições, ou seja, transferências de
resolvo dar uma linha de crédito subsidiado árduo. Eu mesmo estou pondo para fora recursos de um programa para outro, bem como
para a agricultura, isso tem, como teve a que preocupações e até angústias sobre como as discussões sobre a criação de despesas com
foi anunciada há poucos dias, um custo essas questões vão poder ser resolvidas de fontes definidas. Mas a prática legislativa muitas
anualizado de 10 bilhões de cruzados. Aliás, já maneira satisfatória, não só pelas vezes leva a uma identificação de ações muito
discutimos a matéria em outras sessões. Pois Subcomissões, mas também pela Comissão específicas no orçamento: a construção da
bem. Isso é decidido e não passa pelo Temática e depois pelo conjunto da escola, em determinado município; ou de uma
Legislativo. A meu ver, deveríamos ter uma Constituinte. É uma corrida de muitos ponte muito bem localizada. Na realidade,
Comissão permanente não apenas para o obstáculos, e obstáculos crescentes. Quanto haveria necessidade de que essa participação
exame do orçamento, mas com competência mais se corre, mais altos vão sendo os contasse com fontes bem definidas, ou por
para examinar despesas dessa natureza. Se é obstáculos. Eu me permiti falar um pouco medidas de transposição, se não a limitação
fiscal, se implica recursos ou se é puramente mais porque já estamos na última reunião. passa a ser não orçamentária, mas de caixa. Aí,
política monetária; se não é, enfim, decidir Tenho certeza de que o que estou dizendo é sim, caberá a afirmação: tem verba, mas não
sobre a questão. Isso é básico. Eu lembraria objeto de preocupação dos membros desta tem dinheiro, o que transfere o comando sobre o
sempre que em São Paulo, para ficar num Subcomissão, especialmente do Presidente e processo da órbita orçamentária para a órbita da
exemplo mais distante do plano federal, alguns do Relator, com quem tive oportunidade de disponibilidade efetiva de caixa, o que é um
anos atrás um governador resolveu procurar repetidas vezes trocar idéias. De toda contra-senso. Todo esforço nosso na escrita do
petróleo. Ele gastou 500 milhões de dólares maneira quis sublinhar esses pontos, porque Tesouro tem sido elevar a autonomia das
nisso. O mérito e as condições financeiras já estamos na reta final do trabalho da unidades gestoras, dados os orçamentos
jamais foram examinadas pelo Legislativo. Nós Subcomissão que em grande parte, será um disponíveis e uma programação financeira feita
temos que ter uma Comissão com poderes marco para as discussões na Constituinte. em conjunto. Esse esforço será perdido
para examinar essas iniciativas, Muito obrigado. disponibilidade efetiva de caixa. E, então, como
eventualmente, para assumir uma ação de O SR. PRESIDENTE (João Alves): – é a caixa que vai limitar, devolver-se ao
obstaculizar ou aprovar o que for necessário. Com a palavra o Sr. Andrea Sandro Calabi. Executivo um controle que a Subcomissão está
Um quarto aspecto diz respeito a um O SR ANDREA SANDRO CALABI: – buscando regular corretamente na Constituição.
problema que estamos tendo, e que Se eu tivesse pedido ao Constituinte José Sobre os subsídios implícitos,
certamente será muito debatido nesta Serra para encerrar a minha palestra, não mencionados pelo Deputado José Serra, já
Constituinte, com relação à vinculação de poderia ter feito de forma mais clara. Agradeço tivemos oportunidade de comentar
verbas. A atual Constituição proíbe a os elogios à Secretaria do Tesouro. Acredito longamente na exposição. Só queria
vinculação de receita à despesa. No entanto, que foi um esforço grande, mas principalmente lembrar a S. Exª que dez bilhões é o custo
conheço orçamentos estaduais que têm da equipe da qual tive a alegria de participar. apenas dos empréstimos rurais, feitos com
despesas vinculadas à receita, o que é anti Quero dizer breves menções a alguns recursos próprios do Banco do Brasil,
constitucional. Não sei se é do conhecimento pontos abordados pelo Constituinte. Em que são 20% dos empréstimos globais, nos
de todos, mas pelas estimativas que se tem primeiro lugar, sobre o que deve constar do meses de janeiro e fevereiro. Ou seja,
hoje, o Relator da Subcomissão, Constituinte orçamento fiscal da União. Obviamente os empréstimos rurais dependem de
José Luiz Maia, lem- receitas, despesas finais etc, com o cuidado de vinculações ou de suprimentos do Banco Cen-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 50

tral. Do Banco do Brasil para os empréstimos, ções e tentar retirar delas o que lesse o trabalho elaborado pelos membros do
que é a grande massa. No ano passado, com considerarmos fundamental para a Tribunal de Contas da União e. ao seu término,
o aumento de depósitos à vista, o Banco do formulação do Capítulo do Orçamento e da colocou-se, juntamente com a sua equipe à
Brasil tinha recursos que podia emprestar Fiscalização. Dr. Andrea Sandro Calabi, tenha disposição dos Constituintes presentes, para
naquelas operações indicadas pelo Governo a certeza de que os membros da debates. O Sr. Presidente, Constituinte João
Federal. Nesse último caso, apenas cabia Subcomissão do Orçamento e Fiscalização Alves, franqueou então a palavra aos Senhores
uma equalização de taxas. O custo desta sentem-se plenamente agradecidos pela Furtado Leite. Messias Góis, João Natal.
pequena parcela para os meses de janeiro e atenciosa presença de V. Sª Quero avisar aos Naphtali Alves, Adhemar de Barros Filho e José
fevereiro foi de dez bilhões. A lei de excesso Constituintes que recebemos agora um Luiz Maia. A conferência, os debates e as
de arrecadações, que está sendo enviada ao telefonema do ex-Ministro Funaro, informando interpelações, com as devidas respostas, foram
Congresso Nacional, tem uma dotação para o da impossibilidade de comparecer amanhã, gravadas por inteiro e o texto, após
pagamento de equalização de taxas ao Banco às dez horas, ao Plenário desta Subcomissão. apanhamento, tradução e datilografia passará a
do Brasil que não cobre nem o primeiro Entretanto, fica mantida a reunião com o fazer parte integrante desta Ata. Nada mais
semestre. Avaliação correta: ultrapassava Presidente do Tribunal de Contas da União, havendo a tratar, às 18h 51 minutos foi
quarenta bilhões de cruzados de custos Ministro Fernando Gonçalves, para às 17 encerrada a reunião e, para constar, eu, Benício
efetivos a equalização de taxas, que é uma horas, e, com o Secretário da Fazenda do Mendes Teixeira, Secretário, lavrei a presente
pequena parcela do crédito rural para o Espírito Santo, Dr. José Teófilo. Ata, que vai a publicação e, após lida, discutida e
primeiro semestre. Está encerrada a sessão. aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
SERRA: – Posso fazer um comentário? Acho COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO, Havendo número regimental, declaro abertos
que é claríssimo. Temos que ter um ORÇAMENTO E FINANÇAS os trabalhos da reunião da Subcomissão de
mecanismo no Legislativo para quando Orçamento e Fiscalização Financeira.
houver uma programação desse tipo se possa Subcomissão de Orçamento e Fiscalização Esta reunião foi convocada para
chamar o Secretário do Tesouro. Este ou o Financeira ouvirmos a palavra do Presidente do Tribunal
Presidente do Banco Central comparecem – e de Contas da União, Ministro Fernando
não se trata nem de regime parlamentar – e 7ª Reunião, Extraordinária, realizada em 6 Gonçalves. Estão também presentes os
dizem: isto vai custar tanto, implica isso, de maio de 1987 Ministros Alberto Hoffmann e Ewald
implica aquilo etc. Temos que ter algum tipo Sizenando Pinheiro, bem assim os
de competência para julgar, para aprovar ou Aos seis dias do mês de maio do ano Assessores daquele Tribunal, que,
não aprovar. O que não pode é não acontecer de hum mil e novecentos e oitenta e sete, às naturalmente, irão participar dos debates.
nada. E simplesmente se fazer impunemente. 17:00 horas, reuniu-se a Subcomissão de Esta é a última reunião da nossa
Por que nesse caso como é que fica a ação Orçamento e Fiscalização Financeira, na Subcomissão, para felicidade dos
do Legislativo? Fica uma ação sem sala C-2, do Anexo II, da Câmara dos representantes dos segmentos da sociedade.
responsabilidade. O que se vai fazer. então? Deputados. Presentes os Senhores O Tribunal de Contas da União, órgão ligado
Pressionar para obter isso e aquilo, porque Constituintes titulares João Alves, ao Congresso Nacional, com participação
não estamos compartilhando da Presidente; João Natal, Vice-Presidente; direta nos atos do orçamento e da fiscalização
responsabilidade de fazer ou não. Então, a José Luiz Maia. Relator; Firmo de Castro, financeira, teria de ser a entidade a fechar os
única função é pressionar sem querer saber Lézio Sathler, Naphtall Alves, Wilson nossos trabalhos no dia de hoje.
de onde vem e de onde não vem. Isso me Campos, Furtado Leite, Jessé Freire, Assim sendo, concedo a palavra ao
parece vital Messias Góis e Fábio Raunheitti. Estiveram Ministro Fernando Gonçalves, Presidente do
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: – ausentes os Senhores Constituintes titulares Tribunal de Contas da União.
Finalmente, tem sido uma constante Carrel Benevides, Vice-Presidente; Carlos de O SR. MINISTRO FERNANDO
preocupação nossa o estabelecimento de Carli, João Carlos Bacelar, José Guedes, GONÇALVES: – Sr. Presidente João Alves,
princípios orçamentários contrários às Márcio Braga, Jovanni Masini, Flávio Rocha Sr. Relator, Constituinte José Luiz Maia, Srs.
vinculações. Os princípios constitucionais, a e Feres Nader. Compareceu ainda o Senhor Constituintes, conforme havíamos combinado,
meu ver, devem efetivamente evitar as Constituinte Adhemar de Barros Filho, aqui estou hoje na honrosa companhia dos
vinculações de forma a que essas possam PDT/SP, membro titular da Subcomissão de Ministros Alberto Hoffmann nosso Vice-
obedecer às necessidades, que são Tributos, Participação e Distribuição de Presidente, Ewald Pinheiro, nosso decano,
mutantes, ao longo de horizonte temporal Receitas. A I A: foi dispensada a leitura da além dos Assessores, como já frisou nosso
mais amplo. Obedecidos os princípios Ata da reunião anterior, a pedido do Relator, Presidente.
orçamentários aqui discutidos, todos os Constituinte José Luiz Maia, já que foram Temos a grande satisfação de voltar a
recursos e as despesas devem vir do distribuídas cópias a todos os membros da esta Comissão e dialogar, mais uma vez, com
orçamento. Portanto, a vinculação, caso não Subcomissão; não houve discussão e, os Srs. Constituintes, trazendo, desta feita,
compareçam num determinado ano, será colocada em votação, foi ela aprovada, por nossa contribuição, que é resultante da
porque o Congresso julgou prioritária outra unanimidade, sem restrição. ORDEM DO audiência de todos os Tribunais de Contas do
destinação que não aquela Amarrar as DIA: passando à ordem do dia, o Sr. País e do sistema todo dos Tribunais de
vinculações é uma forma de Presidente, Constituinte João Alves, Contas. Foi condensada, enxugada – para
comprometimento orçamentário plurianual, comunicou que a presente reunião foi usar o termo da época – por nós, pelo
antecipadamente, que, a meu ver, limita, ao convocada para ouvir o Ministro Fernando Tribunal de Contas da União.
invés de ampliar, a ação legislativa autônoma Gonçalves, Presidente do Tribunal de Atestamos fazendo distribuir a todos
sobre a disposição e destinação de recursos Contas da União. Em seguida, o Sr. os Srs. Constituintes cópias deste nosso
públicos. Presidente, Constituinte João Alves, tecendo trabalho. Temos a honra de fazer oficialmente
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ sucintos comentários acerca da temática a entrega ao Presidente João Alves do
SERRA: – E além do mais é um convite à "Fiscalização Financeira", convidou o original do nosso trabalho.
burla legal, quando ela é impossível de se expositor a compor a Mesa e concedeu-lhe a Inicialmente pediria ao nosso Vice-
cumprir na prática. palavra, o qual agradecendo a honra Presidente, Ministro Alberto Hoffmann, que
O SR RELATOR (José Luiz Maia): – de estar presente no plenário da lesse para os Srs. Constituintes a nossa
Quero, em nome do Presidente, que precisou Subcomissão de Orçamento e Fiscalização contribuição.
ausentar-se, e em meu nome pessoal, e no Financeira discorreu com eloqüência O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
de meus companheiros de Comissão, sobre o tema, abordando aspectos Tem a palavra o Ministro Alberto Hoffmann
expressar ao Dr. Andrea Sandro Calabi, referentes ao controle externo e Fundo para ler a contribuição do Tribunal de Contas
os nossos agradecimentos. O depoimento de Participação dos Municípios. O Sr. da União, aos trabalhos da Subcomissão de
de S. Sª nesta tarde foi muito importante, Ministro Fernando Gonçalves, ainda, Orçamento e Fiscalização Financeira da
para que possamos avaliar as suas informa- solicitou ao Ministro Alberto Hoffmann que Assembléia Nacional Constituinte.
51 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

O SR. MINISTRO ALBERTO Depois, segue-se ao texto do Capítulo "Art. 77. O Tribunal de Contas, com
HOFFMANN: – Meu caro Presidente João do Poder Legislativo a Seção VII – Do Controle sede na Capital Federal e quadro próprio de
alves, Sr. Relator, Sr. Presidente, do nosso Externo e Interno. pessoal, tem jurisdição em todo o País.
Tribunal de Contas da União Sr. Vice- "Art... (70)* – A fiscalização § 1º O Tribunal exerce, no que
Presidente, Srs. Constituintes – dentre os orçamentária, financeira, operacional e couber, as atribuições previstas no art. 115 da
quais, vejo o nosso veterano companheiro patrimonial da União será exercida mediante atual Constituição federal.
da Comissão de Fiscalização Financeira e controle externo e interno: § 2º A lei disporá sobre a organização
Tomado de Contas da Câmara dos Art... (71) – O controle externo será do Tribunal, podendo dividi-Io em Câmaras e
Deputados, Constituinte Furtado Leite exercido pelo Tribunal de Contas e criar delegações ou órgãos destinados a
Constituintes da nova geração política do compreenderá: auxiliá-lo no exercício das suas funções e na
nosso País, que aqui se reúnem é com muita I – o julgamento dos atos e das contas descentralização dos seus trabalhos.
honra que farei a leitura do nosso trabalho, dos administradores e demais responsáveis por § 3º Os seus ministros serão
que é fruto de muitas reuniões. Certamente dinheiros, bens e valores públicos, da nomeados..." Aqui há transcrição pura e
não é perfeito, mas não deixa de ser uma administração direta e indireta: simples. Nem vou ler, porque lá embaixo, no
as
contribuição para vir ao encontro daqueles II – apreciação das contas do Governo trabalho que foi distribuído, V. Ex.
que, no Congresso Nacional – e isso da União; verificarão, com dois asteriscos, a seguinte
estamos sentindo, – desejam aprimorar o III – a realização de inspeções e observação:
controle, desejam patrioticamente que o auditorias orçamentária, financeiras, "** Este artigo e seus parágrafos
dinheiro público seja bem aplicado, desejam, operacionais e patrimoniais nas unidades reproduzem literalmente o disposto no art.
acima de tudo, que, com menos dinheiro, se administrativas dos Poderes Legislativo, 72..." (aqui seria o art. 77, mas repete o que
possa realizar mais neste País, a nível Executivo e Judiciário; consta na atual Constituição, no art. 72), "...e
federal, estadual e municipal. IV – a fiscalização das entidades idênticos parágrafos da atual Constituição
Sr. Presidente, passarei à leitura supranacionais de cujo capital social o Poder federal. A definição da forma de organização
da sugestão sobre o ordenamento Público participe, de forma direta ou indireta, nos do Tribunal, bem como do processo de
constitucional dos controles – que é termos previstos no respectivo tratado nomeação e das prerrogativas de seus
uma idéia nova – que se darão em constitutivo. ministros, constituem matéria de natureza
três seqüências: o controle congressual, Parágrafo único – As normas para o política, cabendo à soberania da Assembléia
pelo Poder Legislativo; o controle externo, exercício do controle externo serão fixadas pelo Nacional Constituinte sobre elas decidir."
pelo Tribunal de Contas; e o controle interno, Tribunal de Contas, que aplicará aos De modo que peço perdão, pois
pela administração pública, dos atos e das responsáveis as sanções previstas em Lei." passei a ler o art. 77, que é o atual 72, mas
contas dos administradores e demais No art. 72 encontraremos uma que apenas consta como referência, para que
responsáveis por dinheiros, bens e valores inovação: a inserção no dispositivo constitucional não seja esquecido evidentemente, e sobre o
públicos. aquilo que foi sempre lei. Evidentemente, sendo qual há grande interesse, indubitavelmente.
Os artigos da atual Constituição esse dispositivo inserido na nova Constituição, Era esta a leitura, Sr. Presidente.
estão todos com asteriscos neste trabalho, dará muito mais força para todos nós, para o O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
para mostrar que é apenas uma referência, Congresso Nacional, para o Tribunal de Contas, A matéria, objeto da leitura feita pelo Ministro
para facilitar aos Constituintes o exame da e – quem sabe também – sob muitos aspectos, Alberto Hoffmann, foi distribuída a todos os
matéria. Então, sempre que aparecer um para o próprio controle interno. Srs. Constituintes membros desta Comissão.
asterisco nesse trabalho que foi entregue a "Art... (72) – quem quer que utilize, Em razão disso, dou a palavra a quem dela
as
V. Ex. , trata-se de referência a um artigo da arrecade, guarde, gerencie ou, por qualquer quiser fazer uso para debater o assunto.
atual Constituição. forma, administre dinheiros, bens e valores O SR. CONSTITUINTE FURTADO
E preciso que se diga, antes de mais públicos, disso prestará contas. LEITE: – Sr. Presidente, Sr. Ministro
ainda em que todo esse trabalho se inserem "Art... (73) – O Tribunal de Contas dará Fernando Gonçalves, Sr. Ministro Alberto
e se contrapõem sugestões daqueles que parecer prévio, em noventa dias, sobre as Hoffmann, Srs. Constituintes presentes. Estou
queriam que tivéssemos um capítulo dentro contas do Governo da União, enviadas pelo muito bem para falar sobre a matéria, porque
do Poder Judiciário – e sei que há sugestões Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo." não vou usar discurso de palanque, de
até no Congresso Nacional nesse sentido, Art... (74) – O Tribunal de Contas campanha eleitoral. Vou falar com
na Constituinte – ou daqueles que queriam representará, conforme o caso, ao Poder simplicidade, porque estou falando para meus
um capítulo próprio, do Tribunal de Contas. Executivo, ao Senado Federal ou à Câmara dos ex-colegas do Congresso Nacional. Portanto,
Julgamos melhor, após muitos dias de Deputados, sobre irregularidades ou abusos por Sr. Presidente, fui relator de contas de vários
reflexão permanecer exclusivamente no ele verificados. presidente da República nesse período de
Capítulo do Poder Legislativo. "Art... (75) – O Tribunal de Contas, de trinta anos em que estou no Congresso
Lerei, então, o art. 44, inciso VIII: ofício ou mediante provocação do Ministério Nacional. A primeira vez que relatei, tive
"Art... (44)* – É da competência Público, se verificar a ilegalidade de qualquer problemas, até de certas exigências Achava
exclusiva do Congresso Nacional: despesa, deverá: eu, naquela época, que não havia ainda um
(VIIl)* – Julgar as contas do Governo I – assinar prazo para que o órgão ou mecanismo para fiscalização dos gastos do
da União e exercer o controle dos atos da entidade da administração pública adote as governo da União, neste País continental que
administração pública, com o auxílio do providências necessárias ao exato cumprimento é o Brasil. Evidentemente, o Tribunal de
Tribunal de Contas." da lei; Contas da União se tornou um órgão
"Art... (45)* – A lei regulará o II – sustar, se não atendido, a execução importantíssimo, pelos seus ministros, pela
processo de controle congressual, pela do ato impugnado, comunicando a decisão à sua capacidade, propiciando até, posso
Câmara dos Deputados e pelo Senado Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. avaliar, um grande rendimento para a
Federal, dos atos de administração pública, "Art... (76) – O Tribunal de Contas economia brasileira. Em certos setores, o
direta e indireta. julgará, para fins de registro, a legalidade dos governo e seus representantes no País
§ (1º) – O Tribunal de Contas – atos de nomeação de pessoal para cargos de tinham preocupação constante de aplicar
suprimindo aqui a expressão da União, para caráter efetivo, nos quadros permanentes dos muito bem o dinheiro: a fiscalização, a
ficar genérico a fazer efeito também para os órgãos da administração direta, bem como das auditagem do Tribunal vem aí, vamos cuidar
Estados e Municípios – prestará à Câmara concessões iniciais de aposentadoria, reformas de aperfeiçoar nossas contas e nosso
dos Deputados e ao Senado Federal as e pensões, independente de julgamento as investimento. Mas, Sr. Presidente, determina
informações que forem solicitadas sobre a melhorias posteriores, que não alterem o aqui a legislação as atribuições do Poder
fiscalização orçamentária, financeira, fundamento legal do ato concessório." Legislativo. Examinam a lei e as atribuições,
as
operacional, e patrimonial, e sobre os V. Ex. verão, de logo, a novidade, o parece tudo muito bem. Mas é preciso notar
resultados das auditorias e inspeções registro de atos de nomeação de pessoal, para que, no Tribunal de Contas da União, existe
realizadas. que, mais tarde, quem sabe, após 30 anos, verdadeira discriminação em tipo de
§ (2º) – O Tribunal de Contas quando alguém se apresentar termos, então, fiscalização. A lei diz: o Tribunal de Contas
comunicará igualmente, suas decisões sobre onde conferir essa nomeação. É uma sugestão fiscalizará a União, o dinheiro da União.
ilegalidade de despesas e irregularidade de que, evidentemente, a Constituinte acatara ou Infelizmente, a discriminação vai dotando do
contas." não. os municípios de imunidades fiscais. Não é
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 52

fiscal, e imunidade de prestar contas a esta conhecedor profundo do assunto em debate mação bem elaborado, bem executado, entre
Suprema Corte da economia brasileira. nesta Subcomissão. a Receita Federal, Banco do Brasil e Tribunal
Considero uma discriminação, sei das Dou a palavra ao Presidente do de Contas. Daí por que, de dois anos para cá,
decisões do governo, retirando essa atribuição Tribunal de Contas da União, Ministro estamos insistindo em ouvir a verdade nesse
do Tribunal de Contas da União. A falta da Fernando Gonçalves, para responder ao setor. E a verdade é que os desvios não eram
fiscalização, da auditagem pelo Contas nos eminente colega. desvios. O Imposto de Renda dava tantos
municípios brasileiros tem trazido prejuízo O SR. MINISTRO FERNANDO bilhões a receita em determinado mês, o
muito grande para as comunidades. Conheço GONÇALVES: – Tenho a grata satisfação de deputado, então, fazia a conta tantos por
profundamente a política municipalista. Há os reencontrar meu colega da Câmara dos cento para o município, tanto para os estados,
prefeitos que têm amor à sua causa, mas a Deputados e ouvir de S. Ex.ª uma tem que dar tanto. Mas era a receita bruta que
maioria não tem compaixão. São recursos mal- manifestação tão bem orientada, fruto, era divulgada. Não eram divulgadas as
aplicados por prefeitos que terminam os seus naturalmente, de sua larga experiência, que deduções legais. Daí por que instituímos, de
mandatos ricos, com a sua família e, no reflete, sem dúvida, o pensamento do dois anos para cá, o esquema de
entanto, a comunidade não participa daqueles Congresso Nacional, especialmente da demonstrativo mensal, que nos é fornecido
recursos. A causa principal é a falta de Câmara dos Deputados. Tanto assim que a pela Receita Federal e pelo Banco do Brasil.
atribuição do Tribunal para fiscalizar. O que há Câmara dos Deputados já aprovou projeto E o que está em primeiro lugar é a
é uma fiscalização simbólica, por organismos nesse sentido, que se encontra no Senado arrecadação bruta. Por exemplo, no último
regionais e políticos do mesmo esquema na Federal. Esta Casa teve sensibilidade para mês, Imposto de Renda, 18 bilhões, 647
maioria do País. É o tema parte: aquele foi esse problema tão sabiamente focalizado pelo milhões de cruzados. Deduções legais: Plano
deputado estadual, tem o seu problema político Deputado Furtado Leite. Realmente, temos de Integração Nacional, tanto; o Proterra,
implantado na mesma base. É o candidato a visto que a fiscalização hoje deve ser tantos; os incentivos fiscais – só este mês
deputado e que é prefeito, mas recebe uma centralizada, ao contrário – como já afirmei – foram de 1 bilhão e 310 milhões de cruzados:
carta do ministro do Tribunal de Contas dos recursos, que devem ser distribuídos, ao As restituições do Imposto de Renda – porque
estadual para que vote no seu candidato. A contrário das tarefas, que devem ser o bruto lançado, a restituição que o
prefeitura não tem fiscalização. Daí, Sr. descentralizadas. A fiscalização centralizada contribuinte recebe, logicamente tem que ser
Presidente, aproveitando esta oportunidade está imune, está isenta das influências locais, deduzida – não constituem receita líquida da
que me surgiu na vida, de ser constituinte, eu dos problemas locais. E nós, que fomos União. De modo que, nesse mês, em que a
ter-me preocupado com esse assunto. vereador, vice-prefeito, deputado estadual arrecadação bruta é de 18,647, a arrecadação
Apresentei sugestões na Constituinte, passamos aqui, com muita honra, pelo líquida é de apenas 15,596. No IPI, a mesma
determinando aumentar os recursos. O Fundo Congresso Nacional, temos essa experiência coisa: arrecadação bruta, 13; as restituições –
de Participação, por exemplo, é um mecanismo que o Deputado Furtado Leite está afirmando ou seja, aqueles créditos que o industrial tem
bem organizado. Faltam realmente duas e demonstrando, através da sua objetiva sobre matéria-prima – vem então, o líquido.
coisas: que ele participe do bolo econômico sugestão a esta Subcomissão. Os dois juntos, por exemplo, nesse mês, o IR
brasileiro, da arrecadação do governo. Tudo é Portanto, em nome do Tribunal, quero mais IPI, 28,293; parte dos Estados, 3961;
arrecadação, tudo é tributação. Então, que se cumprimentá-lo, dizendo que seu ponto de parte dos Municípios, 4809. E nós dissemos,
faça essa distribuição do bolo da arrecadação vista casa inteiramente com o nosso a estado por estado, município por município:
do governo brasileiro. Eu incluiria até pensamento, o nosso interesse. Hoje existem "Vocês receberam, no último mês, 527;
rendimento de loterias federais e de outros municípios – e tenho recebido denúncias de 1.19308712; índice 4, que é aquele município
organismos do País. Estamos marchando para todo o Brasil – que não são fiscalizados, não que tem mais de 151.216 habitantes, recebeu
o jogo da verdade brasileiro. Não é mais têm nenhuma fiscalização, nenhum controle. 3.514.622 com o 78. Esta informação mensal
possível esse mecanismo do qual o povo Realmente tenho recebido mais de mil é divulgada em todas as Inspetorias do
brasileira não participa. Então, sugeri que fosse denúncias de Prefeituras que estão em estado Tribunal de Contas, por todo o País; tem sido
as
aumentado o Fundo de Participação dos de calamidade. Quero agradecer ao divulgada nos jornais mensalmente – V. Ex.
Municípios para 28%, para o governo estadual Constituinte Furtado Leite, que se referiu com deve ter lido. Então, cada um sabe quanto
20%, e para o Fundo de Desenvolvimento 2%. tanto carinho ao Tribunal de Contas da União. tem a receber. O próprio povo daqueles
Essa divisão parece modesta, Sr. Presidente, Gostaria de dizer mais que o Ministro Alberto municípios – já foi dito pelo Constituinte
mas e muito grande, porque ela redistribui a Hoffmann, por exemplo, é o homem que, com Furtado Leite – e, também aqueles que lêem
tributação nacional, toda a arrecadação do sua larga experiência política, no Tribunal tem jornais pelo menos, ficam conhecendo esse
Imposto de Renda cobrado na fonte ou cuidado dos municípios, dos seus problemas, tipo de informação. Outrossim, a grande luta
indiretamente e demais contribuições da da fixação dos índices. Espero que depois, o que sustentamos durante anos foi o trânsito
tributação brasileira. Mas o art. 3º não vai nosso Ministro Edwald Pinheiro possa fazer do dinheiro nos bancos. No relatório que tive
agradar, porque, segundo minha sugestão, também sua exposição. O nosso decano, a honra de apresentar sobre as contas do
determina que todos esses recursos sejam homem que tem larga experiência durante Presidente da República no exercício de
auditados e fiscalizados pelo Tribunal de muitos anos, que fez toda a sua vida no 1984, provei que o dinheiro transitava, no
Contas da União. Tribunal de Contas, que se iniciou como mínimo, entre vinte a cinqüenta dias, antes de
Sr. Presidente, pela experiência da funcionário, hoje é um dos mais ilustres e ser creditado à conta do Tesouro Nacional.
vida, tenho esperança de que os preparados Ministros que temos naquele Era o famoso trânsito do dinheiro, para dar
companheiros da Comissão atendam ao meu Tribunal: S. Ex.ª honra o serviço público encaixe aos bancos. Foi reduzido em
chamamento, só tenho uma intenção, a de brasileiro. Portanto, para concluir esta determinado decreto e, no dia 13 de
bem servir à minha Pátria. Portanto, Sr. intervenção, pediria ao Ministro Alberto dezembro do ano passado, foi dado um
Presidente desta Subcomissão, Sr. Presidente Hoffmann que dissesse o que fizemos em presente de Natal aos estados e municípios
do Tribunal de Contas da União, Srs. favor dos municípios e que representa muito, brasileiros, quando o Governo federal reduziu
Ministros, podem sair daqui certos de que o no nosso entendimento. para três dias... Depois de pago o imposto no
Tribunal de Contas da União goza neste O SR. PRESIDENTE (João Alves): – guiche do banco, em três dias esse banco é
Congresso Nacional do melhor conceito que Dou a palavra ao Ministro Alberto Hoffmann. obrigado a passar o dinheiro adiante. Então,
as
V. Ex. possam imaginar. Tenho certeza de O SR. MINISTRO ALBERTO todos estavam eufóricos, com o aumento do
que todo contribuinte confia profundamente HOFFMANN: – Sr. Presidente, Srs. Imposto de Renda e com o aumento da quota
no Tribunal de Contas da União para cumprir Constituintes, agradeço a oportunidade para do Imposto sobre Produtos Industrializados,
a sua missão, tão importante para nós, dizer que, há poucos anos, havia uma grande mas isso porque o dinheiro havia entrado
brasileiros. Eram estas palavras que eu dúvida: a União entrega os recursos antes e, portanto se produziu efeitos mais
desejava dizer. Estou aqui e continuo sempre corretamente aos Estados e aos Municípios? imediatos.
com esta postura: compete ao Tribunal de Há questão de três anos, conversas e Todos esses aspectos deveriam ser
Contas da União fiscalizar bem os dinheiros indagações se fizeram na Câmara dos mencionados, e mais um que foi aquela vitória
públicos desta Nação – esta é a sua Deputados e do Senado Federal. Falava-se de, finalmente, o Banco do Brasil dispensar
atribuição. Muito obrigado. por exemplo, do desvio de oitocentos bilhões o passe, a taxa da ordem ele pagamento,
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – em determinado exercício. Tudo isso, Srs. porque descontava-se, até março de 1984,
Ouvimos a palavra do eminente Constituintes, era questão de desinformação. se não me engano, 0,8%, o que sobre
Deputado Furtado leite, um dos mais Não havia uma informação correta, porque esses milhões representa muito dinheiro O
antigos parlamentares brasileiros, não havia também um mecanismo de infor- Tribunal reclamou e finalmente, a par-
53 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

tir de março de 1984, o passe tornou-se política, mesmo que seus membros, como Legislativo, será considerada insubsistente a
gratuito. O Banco do Brasil gera todos esses ocorre no Brasil – e é bom que ocorra – impugnação."
recursos, também tem as suas vantagens, tenham vindo, a maioria, da classe política, Ora, o Congresso Nacional cala e
porque tem lucros com dinheiro que gira em porque sabem avaliar o momento é a consente no crime. É preciso que este artigo
seu movimento e não esta mais cobrando. condição humana e, principalmente, a seja afirmativo: "É obrigatória, sob pena de
Apenas isso. São alguns detalhes cujo condição do político. Esse órgão, o Tribunal que o Tribunal encontrou ser verdadeiro, um
mecanismo, na parte da entrega, funciona, de Contas, tem Ministros como o Ministro pronunciamento do Congresso Nacional."
mas na fiscalização local varia. Ewald Pinheiro, que fez uma carreira de Não pode o Congresso Nacional, não
Em muitos Estados não se fiscaliza há funcionário e conhece profundamente aquela podemos nós, Congressistas ser coniventes
doze anos: em outros, a fiscalização até funciona Casa. Digo que conhece porque fui com o desfalque, com o crime. Portanto, ao
bem. Esse depoimento devo prestar porque em Secretário-Geral do Tribunal de Contas do invés de o Congresso ter uma atitude passiva
alguns Estados os Tribunais de Contas Estado de Sergipe e sei que aquele Tribunal para que o contrato impugnado pelo Tribunal
funcionam bem. Em outros, regularmente bem. foi erigido e formado seguindo sua ou a conta impugnada pelo Tribunal seja
Mas há inúmeros Estados em que, realmente, o orientação. Os conselheiros da lá vieram considerada insubsistente, é preciso que haja
retrato é aquele feito há pouco pelo Constituinte para cá, e sob sua orientação. Os um pronunciamento afirmativo do Congresso.
Furtado Leite. Obrigado. conselheiros de lá vieram para cá, e sob sua Só assim, na hora do voto, o povo poderá
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – orientação o Tribunal de Contas do Estado julgar este ou aquele Deputado para saber se
Com a palavra o atuante membro desta de Sergipe foi constituído. Mas tem também foi conivente ou não com aquele crime
Comissão, Constituinte Messias Góis. Ministros de origem políticas. Então, entendo nacional.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS que esse órgão é absolutamente necessário. Por hipótese, vejamos o problema
GÓIS: – Presidente João Alves, agradeço a V. Já no texto da Constituição atual, nuclear brasileiro, será que é válido? o Tribunal
Ex.ª pelo adjetivo que estendo a todos os não é novidade, porque constava da primeira de Contas poderia encontrar imperfeições ou
Constituintes que deixaram de lado seus Constituição republicana. Mas uma das mesmo desvios no contrato e submeter a
afazeres e entenderam de servir á Pátria, coisas que me preocupava – e pela qual questão ao Congresso Nacional. Se o
neste momento decisivo, em que somos muito me bati era a necessidade de o Congresso se calar, seremos coniventes.
chamados a escrever uma nova parte de Tribunal de Contas não ficar restrito só ao Nobre Relator, gostaria de pedir a V.
nossa História. Orçamento da União. É necessário que o Ex.ª que atentasse para esse fato
Sr. Presidente do Tribunal de Contas Tribunal de Contas da União esteja presente importantíssimo.
da União, Srs. Ministros, aqui presentes, em toda a Administração pública, seja direta, Sr. Presidente, já me alonguei
prezados colega Constituinte José Luiz Maia – indireta, estatal ou não. E um artigo nesta demais, porque sou apaixonado pela matéria.
Relator – prezados colegas Constituintes, proposta, caro Relator, foi aqui colocado: Mas gostaria de ver, se não no todo, mas em
amigos que vieram astrei a este debate. "Quem quer utilize, arrecade, guarde, grande parte, a proposta do Tribunal de
Tenho uma preocupação muito grande, gerencie ou, por qualquer forma, administre Contas aceita, para que a sociedade brasileira
demonstrei desde o primeiro dia. Quando a bens e valores públicos, disso prestará se sentisse mais segura no momento de
Liderança do meu partido me perguntou para contas." Isso é bom. Acho que nos, pagar impostos, porque sabe que de hoje em
que Comissão eu gostaria de ir, escolhi a Constituintes, se quisermos ter um diante, dessa nova fase em diante, o dinheiro
Comissão do Sistema Tributário de compromisso com a verdade financeira e público será melhor fiscalizado e, portanto,
Orçamento e Finanças. E dentro desta orçamentária da administração pública, melhor aplicado.
Comissão entendi que seria útil o meu devemos lutar para que este artigo seja O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
trabalho na Subcomissão, tão bem presidida aprovado. Tendo ouvido o Constituinte Messias Góis,
pelo colega João Alves, que trata do E aí, você, Furtado Leite – permita- passaremos a palavra ao Constituinte João
Orçamento e da Fiscalização. Eu não diria me chama-lo assim não terá condições de Natal. Antes, porém, atendo à solicitação do
tanto da parte de orçamento, porque o dizer – porque na realidade ocorre desvio de Deputado Furtado Leite, que pretende
orçamento, nós políticos sabemos, é apenas o recursos públicos –: quem desviar pagará. apartear.
resultado final de um plano político a ser Este é o objetivo não apenas seu, mas de O SR. CONSTITUINTE FURTADO
executado, visando ao benefício social. Então, todos nós que aqui estamos debatendo. É LEITE: – Sr. Presidente, peço permissão a V.
as
o Governo, o Poder Executivo diz o que preciso que tenhamos coragem de assumir Ex. , aos Ministros e os presentes para me
pretende fazer, o que pretende realizar. Em nossa condição de político, mas assumir ausentar.
conseqüência, faz a avaliação do que vai com honestidade e não pactuar com a O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
receber e do que vai tributar e dá condições desonestidade. Porque, no fim, se há desvio Lamentarmos a ausência de V. Ex.ª, mas se
de receita para fazer aquela despesa. Não é de dinheiro público, o prejudicado não é o imperiosos motivos o levam a isso, nada
um ato simples, é complexo, mas é um ato do político, o prejudicado é o povo brasileiro, temos a opor.
Poder Executivo, é a vontade de fazer. Mas que pagou impostos muitas vezes Com a palavra o Vice-Presidente da
vem, para mim, a parte importantíssima: o escorchante, muitas vezes injusto, que Comissão, Constituinte João Natal.
fazer, fazendo; o fazer, atendendo à assume uma carga tributária que poderia ser O SR. CONSTITUINTE JOÃO
necessidade social; o fazer sem desvios, melhor distribuída, mas não tem o retorno NATAL: – Sr Presidente, Srs. Membros da
porque aí compromete inclusive o dos benefícios. Mesa, Srs. Ministros do Tribunal de Contas
planejamento político e compromete a nós, Por que é que somos obrigados a ver da União, companheiros e companheiras
políticos, que damos respaldo ao Governo, nossa população mais pobre morar debaixo Constituintes. É sabido que o Poder
seja apoiando partidariamente, seja fazendo de uma ponte e o Governo não ter recursos Legislativo sofreu um vertiginoso processo
oposições. Entendo que ser Situação ou para construir mais casas? Por que somos de capitis diminuto nas suas prerrogativas,
Oposição é dar respaldo ao Governo, é ter a obrigados a ver animais pastando na maioria profundas castrações nas suas atribuições
honorabilidade, é ter a honra de dizer ao das ruas dos nossos municípios? Por que os durante o período autoritário e ditatorial.
Governo quando está errado e quando está municípios não têm recursos para uma Em razão disso, é de imediato entendimento
certo. Nós, que comomos o Parlamento, pavimentação, ou para uma limpeza, ou para que a Assembléia Nacional Constituinte,
temos essa função. Não é só aplaudir o uma simples drenagem? Daí por que este de forma prioritária, terá a permanente
Governo. E também dizer quando o Governo artigo é fundamental. Mas é fundamental preocupação de estabelecer um equilíbrio
está errado, porque fazemos isso em nome do também, Sr Relator, chamar a atenção para de forças, desconcentrando, retirando
povo que nos elegeu. E o órgão pensado aqui que tenhamos coragem de assumir uma das mãos do Poder Executivo o que ele
no Brasil, copiado por Rui Barbosa desde os posição positiva. Na atual Constituição, o subtraiu dos demais poderes, que devem
primórdios da República, é necessário. Tribunal, constatando uma falha de natureza integrar o sistema de governo democrático.
A condição humana diz da fraqueza. gravíssima, comunica ao Congresso E a Assembléia Nacional Constituinte,
A uns, a natureza dá um caráter superior, Nacional esse fato, decorrente de um por razões óbvias, propugnará para permitir
a outros, não é tão generosa. Como não contrato. Diz a Constituição atual, § 6º do que o Poder Judiciário retenha nas
temos uma fita métrica para medir caracteres, art. 72: suas mãos condições de soberania e de
nem encontramos nas prateleiras dos "O Congresso Nacional deliberará pleno exercício das atribuições de
supermercados honestidades à venda, e sobre a solicitação de que cogita a alínea "c" efetivamente julgar e ser aplicador dos
necessário que haja um poder, um organismo do parágrafo anterior, no prazo de trinta dias, ditames da Justiça. No mesmo passo,
de certo modo colocado fora da paixão findo o qual, sem pronunciamento do Poder haverá de devolver ao Poder Legislativo
ANAIS DO SENADO FEDERAL(ATAS DAS COMISSÕES) 54

a sua condição de soberania no exercício das de determinação constitucional. No Evidentemente que não. O Tribunal como
prerrogativas constantes da Carta de 1946 e celebérrimo caso das "polonetas", problema estabelecia a Constituição de 37 foi um; o de
de outras prerrogativas que haveremos de levantado inclusive por mim, no Tribunal, 46 foi outro e, hoje, temos outro Tribunal. Eles
sugerir. O Poder Legislativo não pode tivemos ocasião de representar ao Poder se separam nitidamente.
permanecer na condição de mera peça Executivo e ao Congresso Nacional sobre os Nos regimes anteriores tínhamos o
decorativa da República, de praticador do fatos ocorridos, de acordo com o § 4º do art registro prévio e o registro posterior. Então, a
amém permanente a todas as normas ditadas 72 da atual Constituição Federal. No caso do tomada de contas era uma exceção, quer
e impostas pelo Poder Executivo. O Banco Nacional da Habitação, do BNH – dizer, excepcionalmente o Tribunal julgava
Legislativo, na sua quase inexistência de Delfin, também célebre, que eu levantei, fiz o tomada de contas. O forte do Tribunal era o
atribuições, não pode se insurgir contra as primeiro relatório e o Ministro Ewald, em registro prévio posterior. Mas esse registro
investidas que o Poder Executivo, na maioria brilhante voto, também representou ao não incidia sobre a totalidade dos gastos. Era
das vezes, exercita. É nesse sentido, a par Congresso Nacional. um registro ilusório, utópico, porque o registro
das sugestões do Tribunal de Contas da Procuramos, com a nossa experiência posterior era feito depois que o ato estava
União, via V. Ex.ª e dos demais pares que de parlamentares, trazer subsídios para que o praticado. Conseqüentemente, não se podia
integram aquele colegiado, que eu gostaria de Poder Legislativo – Câmara e Senado – faça desmanchar o que estava errado. Punia-se
obter esclarecimentos de V. Ex.ª, o julgamento político, enquanto fazemos o havia uma sanção, somente isto.
principalmente considerando a convivência julgamento técnico. Então, queremos embasar, Hoje, com a tomada de contas, o
irmã, intrínseca, que o Tribunal de Contas contribuir, auxiliar o Poder Legislativo nas suas Tribunal realmente está fortalecido e
guarda para com o Poder Legislativo. Entendo Comissões de Inquérito. Temos estrutura engrandecido. Quando a lei fortalece o
que o fortalecimento do Poder Legislativo capaz de fazer inspeções, capaz de fazer, hoje, Tribunal, fortalece o Congresso Nacional,
estará, numa razão direta, vinculado ao com criação da Secretaria de Auditoria, porque cabe aos dois o desempenho do
fortalecimento do Tribunal de Contas da levantamentos rápidos. E aquilo que o controle. Pela Constituição atual, o controle
União. Então, eu gostaria de esclarecimentos Constituinte Furtado Leite referiu, nós criamos externo existe, tanto para o Tribunal quanto
as
de V. Ex. , no plano daquelas atribuições que no ano passado: a expectativa de controle em para o Congresso Nacional. Então, fortalecer
vejo no Presidente do Tribunal de Contas da todo o País, porque os nossos grupos de o Tribunal é fortalecer o Congresso Nacional.
União e na maioria dos membros que o técnicos podem, através da Secretaria de Em 1946, por exemplo, o Tribunal só
integram parlamentares de nomeada Auditoria ou das próprias inspetorias, a examinava os órgãos indiretos, as autarquias.
participação em exercício de mandatos no qualquer momento, chegar a qualquer parte Hoje, ele examina empresas públicas e de
Congresso Nacional e nas unidades da do País. E hoje nós estamos atuando em economia mista. Mas aqui impõe-se um
Federação. Eu queria aproveitar a presença trezentos organismos federais. comentário, porque, ao examinar a economia
de V. Ex.ª para extrair maior contribuição no Portanto, pediria, apenas para mista, a Lei nº 6.223, depois alterada pela Lei
âmbito do que diz respeito a restabelecimento complementar, ao Ministro Ewald Pinheiro nº 6.525, criou uma distorção tremenda. E, o
de prerrogativas plenas para o Poder que trouxesse alguns elementos. que é pior, essa segurança de extorsão, em
Legislativo, indo além repito, daquelas que O SR. PRESIDENTE (João Alves): – virtude de uma decisão do Tribunal, porque
necessariamente dizem respeito mais íntimo Com a palavra, para responder, o Ministro pela Lei nº 6.223, de qualquer empresa de
ao Tribunal de Contas da União. Ewald Pinheiro. economia mista em que a União
Agora, gostaria de merecer um O SR. MINISTRO EWALD subscrevesse a maioria do capital, nós
esclarecimento de V. Ex.ª no que diz respeito PINHEIRO: – Sr. Presidente, Constituinte tomaríamos as contas do Tribunal. Então
às sugestões oferecidas às fls. 2, parece-me João Alves, Sr. Relator da Subcomissão, meu surgiu uma hipótese em que não havia capital
que onde se faz referência ao possível art. 74 caro Ministro Fernando Gonçalves, meu caro igualitário. A lei não previa hipótese quando a
dessa Seção 7ª de Controle Interno e Externo. Ministro Alberto Hoffmann, Srs. Constituintes. União Subscrevesse 50% e o setor privado
Eu gostaria de repetir a leitura para formular a Quanto à indagação formulada, nem sempre 50%. Na dúvida, o Tribunal – fui o Relator do
indagação: a lei dá ao Tribunal competência para decidir, processo – decidiu que devia haver o controle.
"O Tribunal de Contas representará, infelizmente. Quando não há essa Então se modificou a lei para só prestarem
conforme o caso, ao Poder Executivo, ao competência, manda a Constituição que o contas ao Tribunal as empresas em que a
Senado Federal, ou à Câmara dos Deputados Tribunal transfira a instância para o União detivesse o capital votante. Ora, quem
sobre irregularidades ou abusos por ele Congresso Nacional – o que é um abuso e vota numa S/A é a ação ordinária. E, hoje em
verificados." uma irregularidade. Para nós, tanto pode ser dia, a ação ordinária nominativa – a ação ao
A missão fiscalizadora, de índole ética ou moral, como legal. Então, portador, não tem voto. E como pela lei atual
constitucionalmente, é deferida ao Poder pode faltar ética ao ato praticado pela as preferências podem corresponder a 2/3 do
Legislativo. Ao Poder Executivo, por razões administração e pode-se infringir uma lei. capital, se a União subscrever 2/3 do capital e
óbvias, falece competência dessa natureza. Portanto, o abuso como a irregularidade são metade das ordinárias, não presta contas ao
Então, eu gostaria de merecer, da parte de V. previstos na Constituição. Tribunal. Evidentemente, isto é uma fuga ao
Ex.ª, um esclarecimento sobre o porquê de Quando a lei dá competência, julgamos controle. E tem havido casos no Tribunal em
estar preconizada, de estar prevista aqui a o fato, mas quando não dá competência, como que a União subscreve 49% do capital
possibilidade de o Tribunal de Contas – que instância máxima, encaminhamos o assunto votante. É uma fuga ao controle. Este é um
auxilia o Poder Legislativo na sua missão ao Congresso Nacional. Mas encaminhamos dos aspectos pelos quais essa lei tem que ser
fiscalizadora por excelência, e que não fundamentalmente. Não é encaminhamento revista. É voz corrente que ela foi de uma
guarda nenhuma relação de conformidade literal, simplesmente. Há um voto, o Tribunal infelicidade a toda prova, e esperança que
maior para com o exercício de suas se reúne, o processo é instruído, é examinado, brevemente ela seja revista. Então lhes
atribuições com o Poder Executivo – a há pareceres. O Tribunal dá as razões pelas pergunto: o Tribunal de contas é o ideal? Não,
possibilidade de representar ao Poder quais o ato é irregular ou então ocorreu o ele é omisso. Sou partidário de que se há um
Executivo, levando-se em conta que o abuso, e transfere ao Congresso Nacional a Tribunal com a função de fiscalizar, nenhuma
Legislativo – obviamente integrado pelo atribuição de julgar. Já se fez isto várias despesa pública pode fugir ao seu controle,
Senado Federal e pela Câmara dos vezes. No caso Delfin, em que fui Relator, absolutamente. Quer dizer, esse controle
Deputados... À primeira vista pareceu-me que ocorreu exatamente isso. Nós não tínhamos parcial ou esse controle remoto é como se
deveria reter, em regime de exclusividade, atribuição de julgar, porque houve um tal não existisse, porque o Tribunal examina
essa atribuição. Além do pedido de emaranhado de atos e fatos, que era difícil apenas uma parte do orçamento, uma parte
sugestões, gostaria de merecer de V. Ex.ª um apurarem-se responsabilidades. De maneira das entidades. E o restante? O que se
esclarecimento a respeito desse dispositivo. que como o Congresso tem um âmbito de passa com o restante? É uma só
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – ação muito maior, caberia ao Congresso administração, não importa se com órgãos
Com a palavra o Presidente do Tribunal de constituir Comissões Parlamentares de indiretos ou entidades da administração
Contas da União, Ministro Fernando Inquérito para apresentar e julgar. Não quero direta. Se o Tribunal de Contas tem que ser
Gonçalves, para responder à argüição do perder a oportunidade de fazer aqui eficiente, o controle tem que ser exercido
Constituinte João Natal. algumas considerações. Conheço o Tribunal sobre toda a administração. Se não temos
O SR. MINISTRO FERNANDO de Contas de três Constituições. Iniciei estrutura e organização para isso, então que
GONÇALVES: – Gostaria de, obviamente, minha vida constitucional no Tribunal de se reestruture o Tribunal. É um outro
responder ao Constituinte João Contas. Então, conheço o Tribunal das problema. Não é evitar o controle, é armar
Natal que já temos feito isto, em razão Cartas de 1937, 1946 e 1967. São idênticos? o Tribunal, dar-lhe estrutura que lhe per-
55 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

mita realmente controlar o orçamento e os me, como lembram os eminentes Constituintes, Ele é mais gordo. Essa fatia é a maior parcela.
gastos públicos. foi autoritário, tendo gerado uma Constituição Então, observo que, mesmo com relação à
Sou partidário dessa opinião, tenho o autoritária, sob o Estado Novo. A Lei Orgânica lisura da coisa pública, se houvesse
meu tribunal ideal no coração, porque nasci daquela época vetou ao Tribunal conhecer da fiscalização através do Município, não seria tão
no Tribunal, funcionalmente, estou lá há mais utilidade, conveniência ou oportunidade. As acentuada quanto o é a necessidade de
de quarenta anos, acompanhei toda a sua posteriores não repetiram isto, mas se mantém fiscalização através das estatais. As estatais
evolução, sei muito de sua história e noto que por tradição o princípio, com o qual não me recebem a maior parcela das finanças e não
muitas vezes assistimos, melancolicamente, a conformo. Acho que em certos casos o exame sofrem nenhum controle, nenhuma fiscalização
prática de um ato irregular na administração da utilidade, da conveniência e da oportunidade da coisa pública. Com referência ao prefeito de
mas sobre o qual não temos o controle, o que é essencial para se saber se o dinheiro público um município, por exemplo, o cidadão, o
é profundamente lamentável. foi realmente bem aplicado. contribuinte está mais próximo dele. Ele
Um outro aspecto que eu gostaria de A meu ver, o controle tem que ser oferece informações ao Poder Legislativo com
examinar, que incluímos na atual sugestão, é preventivo, tem que ser concomitante, tem o maior facilidade, por meio dos vereadores, num
uma proposta que vai inovar mas que pretendo Tribunal que estar presente no momento em que diálogo, enfim, presta informação mais
justificar, porque é uma opinião unânime nossa. o ato é praticado. E uma reivindicação muito diretamente. E o prefeito poderá perder o seu
É a questão de o Tribunal tomar conhecimento minha é a de que retorne ao Tribunal a mandato por desvio do dinheiro público – e
para julgar a nomeação de caráter efetivo para competência para julgar os contratos, que realmente deve perder se desviou. Mas quanto
ingresso no Serviço Público. Por quê? Quando constituem a fonte por excelência da despesa. à empresa pública, qual é a sanção, até hoje,
se aposentam um funcionário, a concessão, Toda despesa vultosa decorre de um contrato. que este País já aplicou, pelo menos de que
esse processo de aposentadoria vai ao Antigamente o contrato ia ao Tribunal para tenhamos conhecimento? Não sabemos.
Tribunal. Ora, se ele se aposentar vai ao registro. E quando o Tribunal recusava o Sabemos, sim, que o déficit público das
Tribunal sem processo, não a sua admissão, e contrato, havia o recurso ao Congresso estatais é muito maior que o déficit dos
com um outro aspecto: se o pensionista, para Nacional. Não era instância única, o Tribunal Municípios e dos Estados somados. Então, por
ter sua pensão julgada legal, tem que mandar caminhava geminado com o Poder Legislativo. intermédio da eficiência desse art. 72, se o
ao Tribunal o seu processo, e ele não tem Depois essa exigência suprimiu-se e hoje se Tribunal de Contas conseguir se instrumentar,
vínculo com a administração, nunca pertenceu manda que o Tribunal represente ao Congresso, se aparelhar para cumprir este dispositivo, que,
à pensão civil, à pensão militar, nunca foi por entender que a despesa, que é a mais tenho certeza, será constitucional, porque nós
funcionário, essa pensão não será julgada importante, que é a mais vultosa, decorrente de parlamentares o queremos; se o Tribunal
legal. Mas a admissão de um servidor não vai contrato, é ilegal. Ora – meu Deus – se uma conseguir isto com a lisura e com a isenção
ao Tribunal. A proposta ainda achei que foi um despesa é ilegal, não há como convalidar essa que o Tribunal sempre teve, e com o respeito
pouco tímida, porque só se referiu aos órgãos despesa. O que é ilegal é ilegal hoje, amanhã, que ele sempre teve da sociedade, tenho
diretos da administração. Eu incluiria tudo, a depois de amanhã, a vida toda. Então não se certeza de que nosso País ganhará novo rumo
direta e a indireta, se coubesse a mim sugerir. entende a Constituição ao retirar do Tribunal a no que concerne às finanças públicas.
Não sei por que essa distinção, porque hoje em competência para julgar os contratos. Deu ao Era o que tinha a considerar.
dia a administração indireta é maior do que a Tribunal um prazo exíguo, impossível, de trinta O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
direta. Dois terços dos gastos públicos dias para que se pronuncie a respeito. Se o Agradecemos ao Deputado Naphtali Alves,
pertencem à administração indireta. Então dá- prazo decorre e o Congresso não se manifesta, que se houve com muito objetivo em sua
se um terço ao Tribunal e retiram-se esses dois tem-se como insubsistente a impugnação. Se manifestação, inclusive na colocação a
terços. Quer dizer, submeteria ao Tribunal a fosse outra a razão de impugnação, mas se o respeito dos nossos trabalhos.
totalidade das admissões, inclusive vendo-se o que se invoca é a ilegalidade, não ha como, em Queremos, nesta oportunidade em
que se passou em vários Estados, onde houve trinta dias, transformar o que é ilegal em legal. É que nos honra com sua presença o eminente
admissões, realmente ilegais, como tomamos um período muito curto para essa prescrição, por Deputado Constituinte, velho companheiro e
conhecimento em extensos noticiários da assim dizer. amigo, Adhemar de Barros Filho, passar a
imprensa. A forma de coibir é entregar ao São as considerações que eu acho palavra a S. Ex.ª para tecer algumas
Tribunal o julgamento desses atos quanto à que me propus a fazer. Agradeço a considerações sobre o tema em debate nesta
sua legalidade. oportunidade de falar e me congratular com Subcomissão.
Há também um outro aspecto que eu os Constituintes pelo que aqui ouvi e muito O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR
gostaria de focalizar, a respeito das auditorias. aprendi. Obrigado a todos. DE BARROS FILHO: – Muito obrigado, Sr.
O Tribunal perdeu o registro prévio mas O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Presidente. De fato, é uma honra estar
ganhou uma arma importantíssima, que são as Depois de ouvirmos as palavras do Ministro presente nesta Subcomissão que V. Ex.ª
inspeções. Hoje em dia o Tribunal não mais Ewald Pinheiro, na sua brilhante exposição em preside e poder participar das discussões
espera que venha a ele o processo. Ele vai à resposta às argüições feitas pelo Constituinte sobre o Tribunal de Contas da União,
entidade, organiza o processo e chega lá de João Natal, passamos a palavra ao Constituinte inegavelmente órgão auxiliar do Poder
surpresa. O melhor controle é aquele exercício Naphtali Alves, membro eminente desta Legislativo. E V. Ex.ª, velho parlamentar que
de surpresa. É aquele controle onde o Tribunal Subcomissão, parlamentar atuante. é, bem conhece a importância e o papel que
decide quando deve controlar. O controle O SR. CONSTITUINTE NAPHTALI exerce este Tribunal.
remoto, o controle que hoje se estabelece, com ALVES: – Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Srs. Constituintes, Srs. Ministros,
a prestação de contas pela entidade apenas Ministros. Inicialmente, gostaria de Senhoras e Senhores. Ilustre Presidente
um ano depois de encerrado o exercício, cumprimentá-lo, Sr. Presidente, pela Fernando Gonçalves, na proposta, que está
encontra os fatos já consumados. Muitas vezes felicidade que esta Subcomissão, através do circulando entre nós, Constituintes, percebo
os fatos se superpõem, fatos mais graves se seu comando, através do comando do Sr. dois aspectos que me chamaram a atenção.
sucedem a fatos menos graves e os de menos Relator, teve ao escolher os nomes das Propõe V. Ex.ª, no caput da proposição: "É da
importância acabam sendo esquecidos, autoridades que por aqui passaram, que competência exclusiva do Congresso
evidentemente. É uma lei natural. Então a arma vieram engrandecer sobremaneira o trabalho Nacional julgar as contas do Governo da
das inspeções, que se delegou ao Tribunal em que aqui se desenvolveu. União, exercer controle dos atos da
1967, é poderosíssima. Em 1967 houve uma Mas a pergunta e as considerações administração pública, com o auxílio do
as
revolução no Tribunal de Contas porque que eu gostaria de fazer, o meu colega Tribunal de Contas". Definem V. Ex. uma
perdemos esse registro prévio e o posterior, Constituinte Messias Góis já fez com muita prerrogativa direta do Poder Legislativo. Mas
mas ganhamos a inspeção e o Tribunal faz sua propriedade. na página 3, curiosamente, num artigo sem
auditoria orçamentária, financeira, patrimonial e Contudo, gostaria de realçar que hoje número, § 3º, se lê: "Os Senhores Ministros
hoje até programadas. Ele examina dentro dos a credibilidade do Poder Público está serão nomeados pelo Presidente da
programas. sensível, está em baixa, exatamente porque República, depois de aprovada a escolha pelo
Existe na administração um faltam mecanismos para o controle e a Senado Federal". Então, eu lembraria a V.
pensamento, uma idéia de que o Tribunal não fiscalização do setor público. E este art. 72, a Ex.ª que assim se mantém viva a dualidade,
pode examinar a utilidade, a conveniência e a meu ver, vem suprir esta deficiência, vem dar que quebra a prerrogativa inerente ao Poder
oportunidade de uma despesa. Sou contra ao controle maior eficiência. Legislativo, de exercer seu poder fiscalizador,
isto. É o mérito da despesa. Se a despesa é Como é sabido, é através das empresas permitindo que o Presidente da República,
inútil, como praticá-la? Então esse aspecto que o bolo financeiro da União se faz mais os Governadores, a nível de Estados, o
surgiu em 1937, período em que o regi- presente. prefeito, a nível dos Conselhos de Con-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 56

tas Municipais, façam as nomeações dos de indicação dos membros do Tribunal de mente com a liberdade, que já tivemos em
ilustres membros dos Tribunais. Contas da União, porque, a meu ver, isso conversas anteriores, de tratar deste assunto,
Gostaria de ouvir V. Ex.ª a respeito poderia criar um certo grau – sei que não posteriormente a essa audiência pública, com
desse tema, porque o julgo da maior existe, porque conhecemos as qualidades dos nossos ministros os quais sem dúvida alguma,
importância na formulação do novo texto ilustres Ministros – de constrangimento por têm uma grande experiência sobre o
constitucional. terem sido nomeados e, assim, ficariam a acompanhamento e o controle dos gastos
O SR. MINISTRO FERNANDO dever qualquer forma de satisfação ao Poder públicos.
GONÇALVES: – Com muito prazer respondo Executivo. Para cortar essa vinculação, Portanto, Sr. Presidente, são essas as
à questão levantada pelo eminente Deputado fizemos essa proposição. observações que tenho a fazer. Reservo-me
Constituinte Adhemar de Barros Filho, com o Era esse o comentário que queria para continuar estudando, em profundidade,
qual tive o prazer e a honra de conviver no fazer, ao lado da satisfação e da alegria de com meus pares, as sugestões apresentadas
as
Congresso Nacional. Realmente V. Ex.ª tem ver e de ouvir V. Ex. neste Plenário. pelo Sr. Ministro e seus colegas do Tribunal
razão, quando focaliza este aspecto. A O SR. PRESIDENTE (João Alves): – de Contas, no sentido de inseri-las no parecer
Comissão do Tribunal teve a sensibilidade, Agradecemos a intervenção do Constituinte final, que pretendemos apresentar no próximo
com o respaldo do Plenário do Tribunal de Adhemar de Barros Filho. Passamos a dia 11.
Contas, de transcrever apenas – como disse palavra ao nosso Relator, para concluir o O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
o Ministro Hoffmann no início dos trabalhos – debate. Com a palavra o Presidente do Tribunal de
o artigo da Constituição atual, e colocou O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Contas da União, Ministro Fernando
embaixo um asterisco para chamar a atenção. Meu caro Presidente, João Alves, Sr. Gonçalves, para responder às indagações do
Se V. Ex.ª verificar, esse artigo e seus Presidente do Tribunal de Contas, meus Relator.
parágrafos reproduzem literalmente o companheiros Constituintes, Srs. Ministros, O SR. MINISTRO FERNANDO
disposto no art. 72, idênticos aos da atual não tenho dúvidas de que as sugestões GONÇALVES: – Verifico que o ilustre Relator
Constituição Federal. A definição da forma de trazidas ao Plenário desta Subcomissão pelo tem sensibilidade e conhecimentos para
organização do Tribunal, bem como do eminente Presidente do Tribunal de Contas e exercer essa importante tarefa, o que nos
processo de nomeação e das prerrogativas de por seus pares servirão, sem dúvida alguma, tranqüiliza muito. Temos confiança nesta
seus Ministros, constituem matéria de para complementar algum raciocínio por nós Subcomissão como, e, de resto, no
natureza política, cabendo à soberania da já formado a respeito do capítulo do Congresso Nacional, porque sabemos que
Assembléia Nacional Constituinte decidir orçamento e da fiscalização. aqui há preocupação especial quanto ao
sobre ela. Nós entendemos que não As palavras do Constituinte Furtado Tribunal de Contas da União.
poderíamos sugerir matéria de ordem política. Leite, que expressou também a sua Para ser mais objetivo, pediria ao
Deixamos, portanto, à soberania do preocupação com o fortalecimento do Tribunal Ministro Ewald Pinheiro, que participou de
Congresso da Constituinte a adoção de tal de Contas, as advertências feitas pelos todos os nossos estudos, inclusive na Bahia,
decisão. Constituintes Messias Góis e Naphtali Alves, portanto, fora do Tribunal, que focalizasse
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR bem como as colocações do Constituinte mais objetivamente, com maior precisão este
DE BARROS FILHO: – Vejo com alegria que Adhemar de Barros Filho, que levantou uma aspecto, visto que S. Ex.ª dele tem mais
esse parágrafo abre a porta para as eventuais questão objeto de uma interpelação minha – conhecimento. Pediria ao Sr. Presidente que
reformas políticas. portanto a considero prejudicada – serviram lhe concedesse a palavra, a fim de que ele
O SR. MINISTRO FERNANDO para que nós, conscientes da responda às questões levantadas pelo
GONÇALVES: – Exatamente isto. responsabilidade que temos, procurássemos, eminente Relator.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR com atenção e cuidado, analisar as sugestões O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
DE BARROS FILHO: – V. Ex.ª lembrou que consideramos da maior valia. Tem a palavra o Ministro Ewald Pinheiro para
um pouco do passado, e encontro aqui, Mas, avaliando a proposta que nos responder às indagações do Relator,
também desse mesmo passado comum, o veio do Tribunal, gostaria de chamar a conforme solicitação do Presidente do
Ministro Hoffmann e o Ministro Ewald, os atenção para o primeiro ponto, que considero Tribunal de Contas, Ministro Fernando
quais tive o prazer e a alegria de conhecer em de grande importância. Quando o Tribunal Gonçalves.
outros tempos e de quem guardo feliz sugere que algumas medidas sejam O SR. MINISTRO EWALD
recordação. transferidas para a lei complementar, eu PINHEIRO: – O primeiro aspecto é quanto ao
Fiz referência a esse tema, Sr. pergunto: por que, através de leis parágrafo único do art. 71 da Constituição,
Presidente, porque sou autor de uma complementares e não no próprio corpo da que diz que as normas para o exercício do
sugestão de norma constitucional que Constituição, definir-se o controle congressual controle serão fixadas pelo Tribunal de
realmente busca trazer, em termos definitivos, sobre os atos da administração pública direta Contas, que aplicará aos responsáveis as
a nomeação, a designação dos membros dos e indireta? A instituição de Comissão sanções previstas em lei. Entendemos que,
Tribunais de Contas da União, dos Estados e Permanente, a nível bicameral, de orçamento num processo há uma parte processualística,
dos Municípios. Essa prerrogativa é por inteiro de fiscalização financeira, por exemplo, é uma de execução. Evidentemente a lei traçará o
do Poder Legislativo: nossa proposta inclusive sugestão nossa. Que se crie esta comissão e controle. Será definido em nossa Lei
sugere – e essa matéria será tratada nas se crie no arcabouço da Constituição já esse Orgânica, que deverá surgir. Com relação ao
Subcomissões, nas Comissões Temáticas princípio da fiscalização. processo, caberá ao Tribunal, como acontece
competentes – que os candidatos a membros Com relação ao parágrafo único do hoje, fixar as normas. Tanto que, quando se
do Tribunal de Contas da União, dos Estados art. 71, sugerindo, que atribui ao Tribunal de fala nas sanções, a lei deve prevê-Ias,
e dos Municípios sejam por meio do voto dos Contas o poder de normatizar o exercício de expressamente. A lei prevê a sanção, tem de
membros do Poder Legislativo. Os partidos controle externo, não seria atribuição do definir o fato ou o ato passivo de sanção.
políticos – foi o instrumento que me ocorreu – Congresso, inserido até no Regimento Interno Então, esta parte é substantiva e é da
fariam perante as Mesas do Congresso, da da futura Comissão Permanente? São competência do Congresso Nacional. Mas a
Câmara, das Assembléias ou do poder perguntas que eu gostaria que discutíssemos parte processualística de organizar o
municipal o registro dos candidatos. E estes aqui, a partir da conclusão da minha processo caberá ao Tribunal. O sentido do
disputariam o cargo pelo voto. Quer dizer, é explanação. parágrafo é este.
um processo puramente democrático de A outra pergunta que faria é com Este o primeiro aspecto.
escolha dos futuros membros do Tribunal de relação à nomeação dos ministros, que Qual seria o segundo? Parece-me
Contas. Respeitar-se-ia, evidentemente, o já foi prejudicada. Tenho outro ponto, que foram três, se não me engano.
direito adquirido. Entendo que os atuais aqui, em tese: "O controle externo deve O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
titulares devem permanecer e cumprir ser exercido pelo Tribunal de Contas Seria. Por que através de lei complementar e
seus tempos e prazos, mas haveria um sobre permanente acompanhamento do não no próprio texto da Constituição?
novo critério de escolha, privativa do Congresso Nacional, e isso deve ser O SR. MINISTRO EWALD
Poder Legislativo. Encaminhamos este objeto de definição constitucional. "São PINHEIRO: – Qual é o artigo, por obséquio?
assunto ao cenário político porque pontos que não estão longe nem do nosso O SR. RELATOR (José Luiz
entendemos que é a hora e a vez de pensamento nem do critério do próprio Maia): – Sempre que se deixa isso para
termos um Poder Legislativo mais forte, Tribunal de Contas. Pretendemos apenas a lei complementar, nada se realiza. É
e de retirar do Executivo o atual processo um pequeno ajuste nessa questão natural- preciso tomar medidas mais objeti-
57 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

vas. Por isso acho que devemos traçar esse comissão apresentem suas emendas a este do prazo. O Senhor Constituinte José Serra
princípio na Carta constitucional. anteprojeto, visando à discussão e seu questionou a omissão regimental, com relação
O SR. MINISTRO EWALD encerramento. Finalmente, apreciaremos, no aos autores das emendas a serem
PINHEIRO: – Fala-se muito, no Brasil, em dia 22, o trabalho conclusivo, para que o apresentadas. O Senhor Constituinte
Comissão sintética ou analítica. Então, Relator possa enviá-lo à Comissão Temática Francisco Dornelles sugeriu, então, que fosse
ficamos na dúvida: caberia à Constituição até o dia 25 de maio. consultado o Presidente da Assembléia
disciplinar essa matéria ou uma lei Chamo a atenção dos membros da Nacional Constituinte, a respeito da questão
complementar a disciplinaria? A lei nossa Subcomissão para o fato de que essa é levantada, sugestão esta acatada pelo
complementar é importantíssima. Depois da a fase mais difícil, mais preocupante, mais Presidente, Constituinte João Alves. Pela
Constituição, ela é a lei mais importante, tem ativa dos membros da nossa Subcomissão, é ordem, solicitou ainda a palavra o Senhor
quorum especial para aprovação e discussão o período em que vamos formular o trabalho e Constituinte Jesus Tajra, que teceu
etc. De maneira que se se entender que não encaminhá-lo à Comissão Temática, que, por considerações acerca da matéria contida no
há inconveniente em se alargar um pouco sua vez, o fará encaminhando à Comissão de Anteprojeto. A seguir o Senhor Relator,
mais as fronteiras da Constituição, caberia a Sistematização. Como todos nós somos Constituinte José Luiz Maia, solicitou a
ela disciplinar o controle externo. Mas o membros tanto de uma como de outra inserção de elogio nos assentamentos
controle congressual não é assunto nosso, é Comissão, vamos defender o que fizemos funcionais dos Assessores e Funcionários do
do próprio Congresso. Então, entendemos aqui para manter integralmente o trabalho Senado Federal, Assessores e Funcionários
que não devíamos discipliná-lo, porque há apresentado, o que, espero, seja por da Câmara dos Deputados, Funcionário da
três controles: o congressual, o externo e o unanimidade desse órgão técnico. Sudene e Funcionário do Banco do Nordeste
interno. O controle interno é apenas para Agradeço a presença a todos os Srs. do Brasil S/A, que trabalharam na elaboração
ajudar o controle externo. O externo é o Constituintes, membros desta Subcomissão ou do Relatório e do Anteprojeto. A solicitação foi
nosso, nós o disciplinamos. Agora, o controle não, dos Srs. Assessores do Tribunal de deferida e aprovada, ficando o Secretário da
congressual, que compete ao Congresso, Contas da União, da Câmara dos Deputados Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
este caberá à Assembléia disciplinar. Quer e nos colocamos à disposição, até amanhã, Financeira autorizado a providenciar os
dizer, foi esta a interpretação que demos ao para receber sugestões, por escrito, estudá-las expedientes de praxe, para as seguintes
assunto. Deferimos ao Congresso uma e aproveitá-las ou não para o relatório final. pessoas: José Carlos Alves dos Santos –
atribuição que lhe pertence. E propriamente Nada mais havendo a tratar, vou Diretor da Subsecretaria de Orçamento do
nossa; é do Congresso Nacional. Cabe ao encerrar os trabalhos da presente reunião. Senado Federal, Acrísio Pereira de Sá, Paulo
Congresso disciplinar o controle congressual. Está encerrada a presente reunião. Roberto Mendonça Silvério, Raimundo de
O SR. MINISTRO FERNANDO Menezes Vieira, Alberto Gomes Santana
GONÇALVES: – Eu acrescentaria que 8ª Reunião Extraordinária, realizada em 11 Carneiro, Frederico da Gama Cabral Filho,
tivemos a preocupação de sempre evitar, na de maio de 1987 Antônio Cipriano Lira, Nereu Silva Rolim,
nossa sugestão, remeter à lei. A preocupação Carlos Ricardo Andrade Lima, Gerardo Cezar
do Relator foi também a nossa. É a Aos onze dias do mês de maio do ano de Castro Barreto, Paulo Aurélio Quintella,
preocupação da Comissão. E para enxugar a de hum mil novecentos e oitenta e sete, às Benedito Vackson Ribeiro, Fábio Alves de
sugestão, como disse o Ministro Ewald, nos 17:00 horas, reuniu-se a Subcomissão de Araújo, Tânia Regina Girardi Alves, Leonel
preocupamos em trazer – e o Presidente João Orçamento e Fiscalização Financeira, na sala Gomes de Oliveira, Paulo Cezar Viana Sarres,
Alves me recomendou que trouxéssemos – C-2, do Anexo II, da Câmara dos Deputados. Flávia Santinoni Vera, Fernando Tavares
uma sugestão enxuta, uma sugestão que não Presentes os Senhores Constituintes titulares Sobral, Luiz Vasconcelos – Chefe da
extravasasse, que não virasse assim um João Alves, Presidente; Carel Benevides, Vice- Assessoria de Orçamento e Fiscalização
corpo de lei. Então, foi essa a orientação da Presidente; José Luiz Maia, Relator, Firmo de Financeira da Câmara dos Deputados, Ângela
nossa Comissão. Castro, Naphtali Alves, Jessé Freire, Flávio da Cunha Barbosa Guedes, Antônio Maria de
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Rocha e José Guedes. Estiveram ausentes os M. Mesquita, Gumercindo Valentim, João
Com esta reunião, encerramos as audiências senhores Constituintes titulares João Natal, Pedro Silvério, José Salomão Jacobina Aires,
às entidades representativas da sociedade. E Carlos De Carli, João Carlos Bacelar, Lézio Marcus Vinícius G. Gomes, Roberto de
o fazemos em muita sorte, porque tivemos Sathler, Márcio Braga, Wilson Campos e Medeiros Guimarães Filho, Ogib Teixeira de
aqui o Presidente e membros do Tribunal de Jovanni Masini. Compareceram ainda os Carvalho Filho, Fernando Tasso de Campos
Contas da União, o órgão mais ligado ao senhores Constituintes Sérgio Werneck, Jesus Ribeiro, José Cláudio Meira e Antônio Cláudio
Congresso Nacional, do qual dependemos Tajra, Osmundo Rebouças, José Serra e Ferreira Lima. A seguir, o Senhor Presidente,
para a consecução dos nossos objetivos de Francisco Dornelles, membros titulares de Constituinte João Alves, após ouvir o Relator
fiscalização financeira no País. Sempre digo outras Subcomissões e Comissão. ATA: foi José Luiz Maia, comunicou que a próxima
que fazemos as leis, mas quem as executa é dispensada a leitura da Ata da reunião anterior, reunião da Subcomissão será no dia 14-5-87,
o Tribunal de Contas da União. Ele é o nosso a pedido do Relator, Constituinte José Luiz quinta-feira, às 10:00 horas, para discussão
executivo, e sem ele não poderíamos exercer Maia, já que foram distribuídas cópias a todos preliminar do Anteprojeto. A reunião foi
a nossa missão, a nossa fiscalização, as os membros da Subcomissão; não houve gravada por inteiro e o texto, após
nossas prerrogativas de fiscalizar os atos discussão e, colocada em votação, foi ela apanhamento, tradução e datilografia passará
do Poder Executivo, do Poder Judiciário e aprovada, por unanimidade, sem restrição. a fazer parte integrante desta Ata. Nada mais
do próprio Poder Legislativo. De maneira que ORDEM DO DIA: passando a Ordem do Dia, havendo a tratar, às 18:30 horas, foi
nos sentimos muito honrados com a o Senhor Presidente, Constituinte João encerrada a reunião e, para constar, eu,
contribuição que nos trouxe o Tribunal de Alves, comunicou que a presente reunião Secretário, lavrei a presente Ata, que vai a
Contas da União. Se toda ela não puder ser foi convocada, nos termos regimentais, publicação e, após lida, discutida e aprovada,
aproveitada, tenho certeza de que muitos dos para apresentação do Relatório e do será assinada pelo Sr. Presidente.
seus artigos o serão, pelo Relator e pela Anteprojeto da Subcomissão de Orçamento e O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Subcomissão. Fiscalização Financeira. Em seguida, o Estamos reunidos para receber o anteprojeto
Agradecemos a presença a todos, ao Senhor Presidente, Constituinte João Alves, do relatório do Relator desta Subcomissão.
Presidente Fernando Gonçalves pela atenção passou a palavra ao Relator da Subcomissão, Os trabalhos, como todos sabem, foram
e consideração demonstradas nos últimos oito Constituinte José Luiz Maia, para que lesse exaustivos e, até a última hora, estão sendo
dias, inclusive na reunião com os membros do seu Relatório e Anteprojeto. O Senhor feitas retificações. Dentro de poucos minutos
Tribunal. Constituinte Furtado Leite, pela ordem, estará S. Ex.ª apresentando o seu trabalho
Queremos marcar uma reunião solicitou a dispensa da leitura do Relatório, para apreciação dos membros desta
para apreciar o anteprojeto apresentado pelo uma vez que também já foi distribuído aos Subcomissão. Vamos aguardar. Suspendo a
Relator, com o acolhimento de muitas das Senhores Constituintes, ocasião em que o reunião por 10 minutos. (Pausa.)
proposições apresentadas, com especial Sr. Presidente solicitou que fosse lido apenas O Sr. Relator já se acha em condições
atenção para a do Tribunal de Contas da o Anteprojeto. O Senhor Relator, Constituinte de iniciar a leitura do relatório. Tem a palavra
União. E teremos, na próxima semana, do dia José Luiz Maia, após leitura do Anteprojeto, o Relator, Constituinte José Luiz Maia.
11 ao dia 22, ilegível, nossa Subcomissão. lembrou aos Constituintes que o prazo O SR. RELATOR (José Luiz
Primeiro, para apreciar e discutir o relatório regimental para discussão e apresentação Maia): – Sr. Presidente João Alves, Srs.
e o projeto apresentados pelo Relator; de emendas é rígido e improrrogável. O Deputados membros desta Subcomissão,
segundo, para que os membros da Sub- ilegível Góis, então, pela ordem, sugeriu a demais autoridades aqui presen-
dil t ã
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 58

tes, quero, cumprindo as formalidades O SR. PRESIDENTE (João Alves): – e do anteprojeto da Subcomissão do
regimentais, apresentar ao Plenário desta Pela ordem, tem a palavra V. Ex.ª. Orçamento e Fiscalização Financeira.
Subcomissão o relatório acompanhado do O SR. CONSTITUINTE FURTADO O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
anteprojeto que me cabe, na qualidade de LEITE: – Gostaria de fazer uma consulta Serão distribuídas cópias a todos os membros
Relator, submeter à apreciação desta douta a V. Ex.ª, aos companheiros desta da Subcomissão e a todos os Constituintes
Subcomissão. Quero ressaltar que ele está Subcomissão e especialmente ao Relator. que se interessarem. Vamos agora ouvir a
sujeito a algumas correções e emendas – é Indago se o parecer a cuja leitura o leitura do anteprojeto.
natural – por parte dos Srs. Constituintes Relator está procedendo já foi distribuído aos O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
integrantes desta Subcomissão. Portanto, Srs. Constituintes, para que tenham Sr. Presidente, tenho a impressão de que o
iniciarei a leitura do relatório. oportunidade de fazer um exame a respeito nobre Constituinte Furtado Leite sugeriu a
da matéria. suspensão da leitura do anteprojeto.
RELATÓRIO O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – O SR. CONSTITUINTE FURTADO
Com a devida vênia de V. Ex.ª, Sr. LEITE: – Do relatório.
Na qualidade de Relator da Presidente, gostaria de explicar ao nobre O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Subcomissão encarregada de elaborar, no Constituinte Furtado Leite que, no momento Sim, do relatório, não do anteprojeto.
Capítulo Do Poder Legislativo, a Seção em que eu passar para a apresentação da O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
relativa a Orçamento e Fiscalização proposta do plano de orçamento do capítulo Então, farei a leitura do anteprojeto, não é
Financeira e Patrimonial, incumbe-nos de fiscalização, estarão nas mãos de V. Ex.ª isso?
apresentar a este egrégio Plenário, com a não só o parecer, mas também as duas O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
respectiva sustentação, o anteprojeto do que propostas. Foram pequenos ajustes que Exatamente.
deva ser o novo texto constitucional, com a tivemos de fazer, e, infelizmente, não nos foi O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
restauração plena das prerrogativas do possível no início desta reunião distribuí-los Procederei, então, à leitura do anteprojeto:
Congresso e uma conceituação atualizada do porque algumas falhas tiveram de ser
orçamento e de seu sistema de controle. corrigidas. Mas pediria vênia ao Constituinte ANTEPROJETO DOS PLANOS E
Inovar para melhor foi a filosofia de Furtado Leite para dizer que me comprometo ORÇAMENTOS, DA FISCALIZAÇÃO
nosso trabalho, nesta fase preliminar. a, antes de terminar a parte de sustentação FINANCEIRA, ORÇAMENTÁRIA E
Independentemente das audiências realizadas, política do relatório, fazer chegar às mãos dos PATRIMONIAL
como recomenda o Regimento Interno, companheiros, membros desta Subcomissão,
acautelamo-nos auscultando a opinião de o trabalho por inteiro. I – DOS PLANOS E ORÇAMENTOS
companheiros, suprapartidariamente, e todas O SR. CONSTITUINTE FURTADO
as idéias recolhidas convergiam sempre para o LEITE: – V. Ex.ª, então, deseja iniciar a leitura Art. 1º O Poder Executivo
mesmo ponto: dotar o País de um mecanismo do relatório enquanto os Srs. Constituintes estabelecerá planos de longo, médio e
orçamentário e fiscalizador capaz de reduzir as aguardam as cópias? curto prazos, aos quais se subordinarão os
desigualdades sociais e eliminar gradualmente O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – planos e orçamentos do setor público,
as desconcertantes disparidades regionais. Felizmente, acabo de ser informado que o condicionados à aprovação pelo Congresso
Coincidentemente, os depoimentos trabalho já está concluído e será distribuído Nacional.
registrados ao longo das audiências aos Srs. Constituintes. § 1º Os planos e orçamentos deverão
embasavam-se nas mesmas preocupações O SR. CONSTITUINTE FURTADO ser elaborados levando em conta as
do pensamento constituinte dominante. Não LEITE: – A minha questão de ordem, Sr. macrorregiões geográficas do País e a
houve, assim, qualquer discrepância entre o Presidente, era no sentido de dispensar a participação dos diversos segmentos políticos
raciocínio parlamentar, expresso no grande leitura do relatório, tendo em vista a e sociais dos vários níveis de governo.
número de sugestões que nos foram distribuição do anexo aos Srs. Parlamentares. § 2º A alocação de recursos deverá
encaminhadas, e o de quantos aqui Então, o Relator teria o seu tempo de obedecer o critério da proporcionalidade
compareceram para emprestar contribuição esclarecimento à Comissão na parte que se direta à população e inversa à renda,
ao nosso trabalho. O consenso, portanto, relaciona com a emenda e no parecer final. É excluindo-se as despesas com:
traçou o caminho que nos levou à formulação a colaboração que desejava dar aos nossos a) Segurança e Defesa Nacional;
de uma política orçamentária confiável, trabalhos. É a questão que coloco à b) Manutenção dos órgãos federais
transparente e propiciadora, temos certeza, consideração de V. Ex.ª para a sua decisão sediados no Distrito Federal;
de um equilibrado modelo de desenvolvimento. final. c) Poderes Legislativo e Judiciário; e
Em quase cem anos de República, o O SR. PRESIDENTE (João Alves): – d) Dívida Pública.
Orçamento público no Brasil tem-se Ilustres membros desta Subcomissão, o Art. 2º Os orçamentos anuais do setor
apresentado como uma peça hermética, de Deputado Furtado Leite requer que seja público compreenderão as estimativas de
trânsito muito restrito. A participação dispensada a leitura do relatório pelo Sr. receita e despesa em base real e explicitarão
legislativa jamais acompanhou o processo de Relator, que, além de longo, será distribuído os objetivos e metas a alcançar com os
orçamentação, operando-se, até quando foi para todos os membros desta Comissão e recursos alocados.
possível, na apreciação e na apresentação de para quem mais interessar possa. Assim Parágrafo único. São Orçamentos do
emendas inteiramente divorciadas de sendo, economizaríamos tempo e iríamos setor público:
qualquer plano. assistir ao que vamos ler posteriormente. a) o Orçamento da União;
O que se pretende, agora, é acoplar o Pergunto aos senhores se estão de acordo b) o Orçamento das Empresas
orçamento ao planejamento de longo, médio e com a questão de ordem levantada pelo Estatais.
curte prazos, permitindo, em princípio, que a Deputado Furtado Leite. Se os senhores Art. 3º O Orçamento da União
distribuição dos recursos obedeça a estiverem de acordo, queiram conservar-se compreenderá todas as receitas e despesas
parâmetros realistas e inteiramente como estão. (Pausa.) De acordo. Foi relativas aos Poderes e suas entidades
compatibilizados com as necessidades dispensada a leitura do relatório de V. Ex.ª. que não se enquadrem como empresas
nacionais, a partir das prioridades regionais O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – estatais, devendo explicitar custeio,
aferidas em todos os níveis de governo. Então, Sr. Presidente, farei chegar às mãos investimento e transações financeiras e
A partir de pressuposto do que dos Srs. Constituintes, em conformidade com transferências.
nenhum dispêndio poderá ser efetuado sem o a questão de ordem levantada pelo nobre Parágrafo único. As isenções
respectivo plano, quer na administração direta Parlamentar Furtado Leite, o relatório da tributárias, subsídios e incentivos fiscais ou
quer na indireta e organismos e entidades a Subcomissão. financeiros, que impliquem renúncia da
estas vinculados, busca-se não apenas a O SR. CONSTITUINTE FURTADO receita ou acréscimo da despesa, integrarão
racionalização das despesas, mas, acima de LEITE: – Muito obrigado. as transações financeiras e transferências.
tudo, a disciplinação dos investimentos O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Art. 4º O orçamento das empresas
públicos, em sintonia com os verdadeiros Peço à Srª Secretária que providencie. estatais compreenderá o orçamento
anseios da população brasileira. O SR. RELATOR (José Luiz de cada uma das empresas onde o
O SR. CONSTITUINTE FURTADO Maia): – Sr. Presidente, passo às setor público direta ou indiretamente
LEITE: – Pela ordem, Sr. Presidente. mãos de V. Ex.ª a cópia do relatório mantenha a maioria do capital acionário,
59 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

devendo explicitar a produção, os § 3º Não serão aceitas emendas ao Parágrafo único. Lei complementar
investimentos e as transações financeiras e projeto de lei orçamentária: estabelecerá prazos e regulará a extinção de
transferências. a) incompatíveis com os planos de todos os fundos existentes na data da
Art. 5º Os orçamentos do setor médio e curto prazos; promulgação desta Constituição.
público proporcionarão elementos para b) que contrariem o plano de Art. 21. Os recursos financeiros
verificar a vinculação com os planos, a distribuição de recursos previamente aprovado; correspondentes às dotações dos órgãos dos
eficácia e a eficiência dos agentes. c) sem a indicação das respectivas Poderes Legislativo e Judiciário serão
Art. 6º É vedada a vinculação de fontes de financiamento. entregues em cotas até o 10º (décimo) dia
receita de qualquer natureza; salvo a prevista § 4º O pronunciamento da comissão de cada trimestre, representando a 4ª
por dispositivo constitucional. sobre as emendas será conclusivo e final se (quarta) parte da respectiva despesa total
Art. 7º Nenhuma despesa será um terço dos membros do Senado Federal e fixada no orçamento anual, inclusive créditos
realizada ou obrigação assumida pelo Estado mais um terço dos membros da Câmara dos adicionais.
ou entidade da qual participe, direta ou Deputados requererem a votação em plenário Art. 22. Lei complementar disporá
indiretamente, sem que conste de orçamento de emenda aprovada ou rejeitada na sobre normas gerais de elaboração,
ou créditos adicionais. comissão. organização, execução e acompanhamento
Parágrafo único. Excluem-se do § 5º O Poder Executivo poderá propor do planejamento e dos orçamentos públicos
disposto neste artigo os gastos operacionais modificação de projeto de lei de que trata este em termos reais, inclusive sobre os prazos de
das Empresas Estatais e as transações artigo, enquanto não estiver concluída a vigência e apresentação dos planos ao Poder
financeiras a eles inerentes. votação, na Comissão Mista, da parte cuja Legislativo.
Art. 8º Os projetos de lei relativos aos alteração é proposta. § 1º Será assegurado às empresas
planos de longo e médio prazos e ao Art. 12. O Poder Executivo terá o estatais regime orçamentário compatível com
orçamento de cada ano serão enviados pelo prazo de cinco dias do recebimento dos o desempenho de suas funções e análogo ao
Poder Executivo ao Congresso Nacional para autógrafos para sancionar ou vetar o projeto das empresas privadas.
votação conjunta das duas Casas. de lei orçamentária. § 2º As disposições estabelecidas
Parágrafo único. Durante a fase de § 1º O veto e suas razões serão neste artigo serão reguladas até 180 (cento e
tramitação dos projetos de lei de que trata comunicadas, em quarenta e oito horas, ao oitenta) dias após a promulgação desta
este artigo, os ministros de Estado serão Congresso Nacional, que terá dez dias para Constituição.
convocados a comparecer ao Congresso se pronunciar. § 3º O Poder Executivo adotará
Nacional ou a qualquer de suas comissões § 2º Os recursos correspondentes à providências no sentido de garantir a sua
para prestar esclarecimentos e sustentar as rejeição parcial da proposta orçamentária ou a aplicação, a partir do orçamento para o
propostas de suas respectivas pastas. veto mantido poderão ser utilizados mediante exercício de 1989.
Art. 9º O Poder Executivo abertura de crédito adicional.
encaminhará ao Congresso Nacional: Art. 13. A lei do orçamento não II – DA FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA,
I – juntamente com a mensagem de contará dispositivo estranho à previsão da ORÇAMENTÁRIA E PATRIMONIAL
abertura dos trabalhos legislativos, os receita e despesa.
indicadores econômicos e sociais, e outros § 1º Não se inclui na proibição deste Art. 23. A fiscalização financeira,
parâmetros para a elaboração da proposta artigo a autorização para operações de orçamentária e patrimonial da União será
orçamentária, bem como o plano de crédito por antecipação da receita, o qual exercida pelo Congresso Nacional, mediante
distribuição de recursos, conforme disposto deverá liquidar-se no próprio exercício. controle externo, e pelos sistemas de
em lei complementar, para fins de aprovação; § 2º As alterações da legislação controle interno de cada Poder, instituídos por
II – até três meses antes do início do tributária relativas a hipótese de incidência, lei.
exercício financeiro, o projeto de lei bases de cálculo, alíquotas, sujeitos passivos Art. 24. O controle externo será
orçamentária, ajustado à manifestação prévia e modalidades de arrecadação de quaisquer exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
do Poder Legislativo. tributos, só serão admitidos com prévia da União e compreenderá:
Parágrafo único. Na hipótese de não autorização do Congresso Nacional. I – a apreciação das contas
cumprimento dos prazos estabelecidos neste Art. 14. Durante a execução encaminhadas ao Congresso Nacional,
artigo, caberá à Comissão Mista de que trata orçamentária são vedadas: anualmente, pelo chefe do Poder Executivo;
o art. 11 a iniciativa de elaborar o plano de I – a transposição, sem prévia II – o julgamento dos atos e das
distribuição de recursos e o projeto de lei autorização legal, de recursos de uma dotação contas dos administradores e demais
orçamentária, observado o disposto no art. de crédito orçamentário ou adicional para outra; responsáveis por bens e valores públicos, da
10. II – a concessão de créditos administração direta e indireta, inclusive as
Art. 10. O Congresso Nacional terá ilimitados; fundações e as sociedades civis instituídas ou
quarenta e cinco dias para se pronunciar III – a abertura de crédito especial ou mantidas pelo Poder Público Federal;
sobre o plano de distribuição de recursos e suplementar sem prévia autorização legislativa III – a realização de inspeções e
sessenta dias para aprovar o projeto de lei e sem indicação dos recursos correspondentes. auditorias financeiras, orçamentárias e
orçamentária. Art. 15. Os créditos especiais e patrimoniais nos órgãos e entidades dos
§ 1º Considerar-se-á aprovado o suplementares não poderão ter vigência além Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;
plano de distribuição de recursos, na ausência do exercício financeiro em que forem IV – a fiscalização das entidades
de deliberação, pelo Congresso Nacional, no autorizados, salvo expressa disposição legal. supranacionais de cujo capital o poder público
prazo fixado no caput deste artigo. Art. 16. A abertura de crédito participe, de forma direta ou indireta.
§ 2º A proposta orçamentária será extraordinário somente será admitida para Art. 25. Quem quer que utilize,
promulgada como lei se até trinta dias antes atender despesas imprevisíveis e urgentes, arrecade, guarde, gerencie ou, por
do encerramento do exercício financeiro o decorrentes de guerra, conturbação da ordem qualquer forma administre bens e valores
Poder Legislativo não a devolver para interna ou calamidade pública. públicos ou que estejam sob a
sanção. Art. 17. O Poder Executivo responsabilidade do Estado, disso prestará
Art. 11. Para os fins de que trata esta encaminhará ao Congresso Nacional, para contas.
seção, o Congresso Nacional instituirá acompanhamento, relatórios circunstanciados Art. 26. O Tribunal de Contas da
Comissão Mista, constituída por da execução físico-financeira dos planos e União dará parecer prévio, em 60 (sessenta)
subcomissões com representação das orçamentos. dias, sobre as contas que o Chefe do Poder
Comissões Técnicas Permanentes do Senado Art. 18. Aplicam-se ao projeto de lei Executivo prestar, anualmente, ao Congresso
Federal e da Câmara dos Deputados. sobre planos e orçamentos, no que não Nacional.
§ 1º A Comissão Mista a que se refere contrariem o disposto nesta Seção, as demais Art. 27. O Tribunal de Contas da União,
o caput deste artigo terá caráter permanente, normas relativas à elaboração legislativa. de ofício ou mediante provocação do Ministério
e seus membros, mandato igual ao das Art. 19. Após aprovados, planos e Público ou das auditorias financeiras,
Mesas do Senado Federal e da Câmara dos orçamentos públicos serão amplamente orçamentárias e patrimoniais, se verificar a
Deputados. divulgados pelo Poder Executivo, de forma ilegalidade de qualquer ato suscetível de
§ 2º Somente na Comissão Mista resumida e acessível a toda a sociedade. gerar despesa ou variação patrimonial,
poderão ser oferecidas emendas aos projetos Art 20. É vedada a criação de fundos inclusive editais, contratos, nomeações e
de lei mencionados no art. 8º. contábeis e administrativos. contratações de pessoal, aposentadoria,
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 60

disponibilidades, transferências para a § 2º A lei disporá sobre a organização discussão e apresentação de emendas.
reserva remunerada, reformas e pensões, do Tribunal, podendo dividi-la em Câmaras e Estarei à disposição nos dias quinze,
deverá: criar delegações ou órgãos destinados a dezesseis, dezessete, dezoito e dezenove e
I – assinar prazo razoável para que o auxiliá-lo no exercício das suas funções e na teremos sessão aqui em nossa Subcomissão
órgão ou entidade da administração pública descentralização dos seus trabalhos. às 10 dez horas, diariamente, para
adote as providências necessárias ao exato Art. 34. A lei regulará o processo de apresentação de emendas e discussão e
cumprimento da lei; fiscalização, pela Câmara dos Deputados e apreciação das mesmas.
II – sustar, se não atendido, a pelo Senado Federal, dos atos do Poder Encareço a todos o comparecimento,
execução do ato impugnado. Executivo, inclusive os da administração porque não se poderá tomar deliberação sem a
§ 1º Na hipótese de contrato, a parte indireta, quanto aos aspectos operacional, de maioria dos membros da Comissão presentes.
que se considerar prejudicada poderá interpor eficácia, de eficiência, de economicidade e de Não quero que venham depois nos acusar de
recurso, sem efeito suspensivo, ao Congresso legitimidade. tomarmos decisões sem o quorum necessário.
Nacional. Art. 35. Os Poderes Executivo, Temos de ter a maioria presente. Aliás, deveria
§ 2º Se o Congresso Nacional, no Legislativo e Judiciário manterão sistema de ser a unanimidade, para que os membros da
prazo de 60 (sessenta) dias, não se controle interno, com a finalidade de: Subcomissão não se julguem depois
pronunciar sobre o recurso previsto no I – criar condições indispensáveis prejudicados em seus interesses e não sejam
parágrafo anterior, prevalecerá a decisão do para assegurar eficácia ao controle externo e acusados de irresponsáveis por não terem
Tribunal de Contas da União. regularidade à realização da receita e da comparecido à reunião. A nossa
Art. 28. Verificada a existência de despesa; responsabilidade nesses cinco dias é muito
irregularidades ou abusos, o Tribunal de II – proteger os respectivos ativos grande, porque o que sair daqui não será obra
Contas da União aplicará aos responsáveis as patrimoniais; do Sr. Presidente ou do Sr. Relator, mas de
sanções previstas em lei, que estabelecerá, III – compatibilizar o fluxo das toda a Subcomissão. Portanto, temos uma
dentre outras cominações: despesas aos ingressos realizados; grande responsabilidade perante o País e o
I – multa proporcional ao vulto do IV – exercer o controle das operações mundo, perante a sociedade brasileira, perante
dano causado ao patrimônio público; de crédito, avais e garantias, bem assim dos o povo em geral, que vive e se alimenta de
II – inabilitação para o exercício de direitos e haveres da União; recursos que constam do Orçamento da União.
função, emprego ou cargo público, inclusive V – acompanhar a execução dos Este é feito com o dinheiro do povo brasileiro.
de natureza eletiva, pelo prazo de cinco a programas de trabalho e dos orçamentos; Então, temos a obrigação de dele cuidar como
quinze anos. VI – avaliar os resultados alcançados se fosse o interesse do povo brasileiro. É o
Art. 29. As decisões do Tribunal de pelos administradores, inclusive quanto à Orçamento da República, aquele de que dispõe
Contas da União de que resulte imputação de execução dos contratos e convênios. a Nação para a distribuição e redistribuição de
débito terão eficácia de sentença e constituir- Parágrafo único. Os responsáveis renda, para ajustar a economia, para tudo fazer
se-ão em título executivo. pelo controle interno, ao tomarem em defesa do regime, em defesa da República.
Art. 30. O Tribunal de Contas da União conhecimento de qualquer irregularidade ou Em assim sendo, ficam os Srs.
prestará à Câmara dos Deputados e ao Senado abuso, darão ciência ao Tribunal de Contas Constituintes convocados para, de quinze a
Federal as informações que forem solicitadas da União, sob pena de responsabilidade dezenove deste mês, comparecerem à esta
sobre a fiscalização financeira, orçamentária e solidária. Casa, à esta Subcomissão, a fim de
patrimonial, e sobre os resultados das auditorias Art. 36. As normas estabelecidas discutirem e votarem a matéria em pauta.
e inspeções realizadas. nesta Seção aplicam-se, no que couber, à Tem a palavra o Deputado Messias
Parágrafo único. O Tribunal organização dos Tribunais de Contas dos Góis.
comunicará, ainda, para os fins previstos em Estados e do Distrito Federal e dos Tribunais O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
lei, suas decisões sobre ilegalidade de e Conselhos de Contas dos Municípios e à GÓIS: – Nobre Deputado João Alves, acredito
despesas e irregularidades de contas. fiscalização exercida por esses órgãos. que todos os senhores membros desta
Art. 31. Os Ministros do Tribunal de Art. 37. O Banco Central do Brasil terá Subcomissão irão debruçar-se sobre o relatório
Contas da União serão nomeados pelo sua competência, funcionamento e atribuições e o anteprojeto oferecidos pelo Relator
presidente da República, dentre brasileiros, estabelecidos em lei complementar. Constituinte José Luiz Maia. Entendo que,
maiores de 30 (trinta) e cinco anos, § 1º O Banco Central do Brasil decorrente deste estudo, cada um de nós irá
obedecidas as seguintes condições: somente poderá operar com instituições tirar conclusões ou apresentar sugestões, em
I – dois terços, após aprovada a financeiras, sendo-lhe vedado, porém, a elas forma de emendas, que irão, certamente,
escolha pelo Congresso Nacional, dentre outorgar garantia, ou adquirir títulos e valores contribuir para o bom desempenho dos seus
cidadãos de reputação ilibada e de notórios mobiliários emitidos pelo Poder Público, seus trabalhos. Mas acredito que a Subcomissão
conhecimentos jurídicos, econômicos, organismos ou empresas, sem a expressa deveria ficar em aberto, isto é, convocada para
financeiros ou de administração pública; autorização do Congresso Nacional. receber emendas, porque, se formos discutir
II – um terço entre Auditores, § 2º Nenhum empréstimo ou gasto cada emenda em cada convocação, não
indicados pelo tribunal, segundo os critérios público poderá ser financiado com crédito vamos chegar a uma conclusão. Sugeriria a V.
de antigüidade e de merecimento. direto ou indireto do Banco Central do Brasil. Ex.ª, no caso, que as emendas fossem todas
§ 1º Os Ministros terão as mesmas Sr. Presidente, é este o anteprojeto. apresentadas até o dia dezoito, ou dia
garantias, prerrogativas, vencimentos e O SR. PRESIDENTE (João Alves): – dezessete, domingo, e então o Relator teria o
impedimentos dos Ministros do Tribunal Feita a leitura do relatório e do anteprojeto domingo e a segunda-feira para se debruçar
Federal de Recursos, e somente poderão pelo Sr. Relator desta Subcomissão, irá ele à sobre cada uma das emendas, dar o seu
aposentar-se com as vantagens do cargo, publicação e terá dois dias para a distribuição parecer individual ou coletivo e apresentar o
após cinco anos de efetivo exercício. dos avulsos aos senhores membros desta substitutivo final para ser objeto de discussão
§ 2º Além de outras atribuições Comissão e, como afirmei anteriormente, a aqui na Subcomissão. Porque, se pudermos
definidas em lei, os auditores, que têm as quem mais interessar possa. apresentá-las a cada reunião, apresento duas,
mesmas garantias, prerrogativas e Até o dia 14 serão distribuídos os três emendas, cada um apresenta uma, e
impedimentos dos titulares, substituirão os avulsos. A partir daí teremos cinco dias nunca chegaremos a uma conclusão. Não sei
Ministros em suas faltas e impedimentos. para a discussão e apresentação de emendas se didaticamente ficaria definido que
Art 32. O exercício do controle externo pelos membros da Subcomissão ao poderíamos apresentar emendas até o dia
a cargo do Tribunal de Contas da União será anteprojeto do Relator. Todos têm o direito dezesseis, sábado. O Relator, de posse dessas
disciplinado em lei de iniciativa desse órgão de apresentar emendas ao anteprojeto emendas, perderia o fim de semana – mais um
ou de qualquer das Casas do Congresso do orçamento e fiscalização financeira fim de semana – poderia até requisitar alguns
Nacional. desde que apresentada por membros da membros da Subcomissão para estudar cada
Art. 33. O Tribunal de Contas da Subcomissão e até substitutivos, sem que uma das emendas para ver da possibilidade de
União, com sede no Distrito Federal, e quadro isso constitua prioridade sobre o anteprojeto compatibilizá-las com o anteprojeto oferecido e
próprio de pessoal, tem jurisdição em todo o do Relator. submetê-las à discussão.
território nacional. De modo que lembro, também, Então, poderíamos até fechar de certo
§ 1º O Tribunal exerce, no que que os dias dezesseis e dezessete, modo os olhos ao Regimento da Constituinte,
couber, as atribuições previstas no artigo... sábado e domingo, estão incluídos nos quando diz que "não pode haver reunião da
(115 da atual Constituição Federal). cinco dias de que dispomos para Comissão...,"
61 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

convocando para às 17,30h, mas obrigando o temos restaurante, um serviço de água e café Comissão Temática desse a sua interpretação,
pessoal a chegar aqui às 14 (quatorze) horas, muito bom, e acho que poderíamos fazer esse além do Presidente da Subcomissão e,
quando poderíamos ir até meia-noite, sacrifício à Nação. eventualmente, que se faça uma consulta à
discutindo todo esse material que será O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Mesa. Eu até, pessoalmente, tenho preparado
oferecido ao Relator. No dia vinte, pela V. Ex.ª está querendo um dia, e eu estou emendas sobre relatórios de outras
manhã, S. Ex.ª poderia já entregar o trabalho querendo cinco, porque ficarei de plantão Subcomissões. Havia-me sido comunicado
ao Presidente da Comissão Geral. aqui, a partir do dia 14 até o dia 19. Não sairei informalmente por membros da Mesa que isto
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – da Comissão. Agora, se a Comissão deliberar seria possível. Mas acho que este assunto terá
Respondendo à intervenção de V. Ex.ª, e entende que as emendas devem ser de ser melhor esclarecido. Acho que a dúvida do
esclareço que o Regimento diz cinco dias apresentadas pelo Relator para discussão Sr. Constituinte Furtado Leite é muito pertinente.
para discussão e apresentação de emendas apenas no último dia 19, nada tenho a opor. O SR. FRANCISCO DORNELLES
as
pelos membros da Subcomissão. Presido a decisão de V. Ex. . Pergunto, (Presidente da Comissão do Sistema
Quanto ao recebimento de emendas, então, de acordo com a sugestão feita pelo Tributário, Orçamento e Finanças): –
não é atribuição do Presidente, mas do Constituinte Messias Góis, se devemos Entendo, Sr. Presidente, Srs. Constituintes, que
Relator. Todos os Srs. Deputados podem-se estipular cinco dias para a apresentação de a sistemática a ser estabelecida vai ser comum
dirigir ao Relator. É S. Ex.ª que se dirige ao emendas ao Relator, e apenas o dia 19 para a para todas as Comissões e Subcomissões. De
Presidente quanto às emendas. Pode ser na sua discussão, aprovação ou rejeição, ou modo que preferiria, em vez de tomar uma
Subcomissão ou fora dela. É a critério de V. devemos ter outras sessões antes disso para decisão, que ouvíssemos a Presidência da
Ex.ª. melhor estudarmos o assunto em conjunto? Assembléia Nacional Constituinte, para que
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Porque, assim, vamos fazer a coisa possamos saber qual vai ser o procedimento
Permita-me, Sr. Presidente. O Relator acolhe isoladamente, enquanto que, se houver uma adotado, porque ele será comum a todas as
a sugestão do Deputado Messias, e a ou duas sessões, faremos tudo em conjunto. Comissões e Subcomissões. E, nesse prazo de
Secretaria da Subcomissão estará aberta A mim pouco importa que seja feito 24 horas, ou até amanhã, comunicaremos a
permanentemente para sugestões ou diariamente ou apenas no dia 19. A Comissão decisão do Sr. Presidente da Subcomissão,
emendas supressivas, enfim, as sugestões tem maioria e pode deliberar sobre isso. que a indicará aos seus membros.
que os nobres Constituintes puderem Submeto, então, à Comissão, a proposta do O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
apresentar. Sem problema nenhum, Constituinte Messias Góis, segundo a qual as Na oportuna intervenção do Presidente da
estaremos dispostos a aceitar isto. emendas serão apresentadas diretamente ao Comissão Temática, que congrega as três
Sr. Presidente, queria aproveitar a Relator. Durante cinco dias, ele as estudará, Subcomissões, tem S. Ex.ª toda a razão em
oportunidade para pedir a inserção em ata de só no último dia 19 será feita a discussão formular uma consulta, porque não será uma
um agradecimento do Relator à Assessoria do nesse plenário. Os Srs. Constituintes que resposta dada a uma só Subcomissão, mas
Senado e da Câmara, que muito contribuíram concordam com a proposta queiram às três. Vamos aguardar, amanhã, o
para que chegássemos a este trabalho. E não conservar-se como se acham. (Pausa.) encaminhamento dessa solicitação ao
só isto: estamos fazendo uma relação das Aprovada. Presidente da Constituinte, e a resposta será
pessoas que conosco contribuíram. Pedimos Com a palavra o Constituinte Furtado distribuída aos membros desta Subcomissão
a V. Ex.ª que determinasse a inserção em ata Leite. e das outras duas que fazem parte da
deste agradecimento pessoal do Relator O SR. CONSTITUINTE FURTADO Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
àqueles que colaboraram conosco. LEITE: – Sr. Presidente, quero apenas Finanças, tão bem dirigida pelo digno
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – consultar V. Ex.ª. Essas emendas são Constituinte Francisco Dornelles.
Será registrado. privativas apenas dos membros desta Tem a palavra o Constituinte Jesus
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS Subcomissão? Tajra.
GÓIS: – Só para complementar, continuo O SR. PRESIDENTE (João Alves): – O SR. CONSTITUINTE JESUS
dizendo que o Regimento foi feito de um jeito, Exatamente. São privativas dos membros da TAJRA: – Não faço parte desta Subcomissão e
mas vai ser impraticável, porque posso Subcomissão. não sei, inclusive, se terei oportunidade de
apresentar ao Presidente João Alves uma O CONSTITUINTE FURTADO LEITE: estar aqui na hora de discutir – embora eu não
emenda a partir de hoje, apresentar emenda – Está deliberado de acordo com o tenha direito de voto – o anteprojeto
no dia 14, em hipótese, modificando o art. 35, Regimento? apresentado pelo ilustre Relator, que poderá
e a minha emenda é discutida e julgada aqui. O SR. PRESIDENTE (João Alves): – até coincidir com a reunião também da minha
Depois vem o Constituinte Feres Nader e O prazo para os outros já se encerrou. Subcomissão. Mas gostaria de fazer duas
apresenta, no dia 19, outra emenda ao art 35, Quando chegar à Comissão Temática, é outro observações rápidas. Não obstante o trabalho
alterando apenas duas palavras. Vamos assunto. Lá, a autoridade de todos; aqui, dos de fôlego apresentado pelo companheiro e
repisar o mesmo assunto, quando acho que o membros da Subcomissão. Na Comissão amigo José Luiz Maia, pareceu-me, da leitura
prático seria recebermos todas as emendas, Temática, o assunto poderá ser alterado. rápida que foi desenvolvendo à qual nós
para que pudéssemos ter uma visão global. O SR. CONSTITUINTE FURTADO acompanhamos aqui, que há muita matéria
Aquilo que não chocar, estuda-se, se chocar, LEITE: – Se o Presidente me permite uma posta, muitos artigos e dispositivos que
dá uma subemenda, não sei. intromissão, acho que esta é uma questão poderiam muito bem ser contidos na lei
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – muito importante. O Regimento não deixa ordinária e até no Regimento. Abordo o
Mas é o caso de perguntar. numa só reunião claro se as emendas a serem feitas agora assunto como um alerta, para que se procure
poder-se-ia discutir tudo isso? estão restritas aos membros da Subcomissão, condensar o trabalho que aqui está feito,
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS da Comissão Temática ou ao conjunto da eliminando certas coisas e transmitindo-as para
GÓIS: – Só no dia 19 passarei aqui até meia- Constituinte, porque ele diz o seguinte: a legislação comum. O Banco Central, por
noite, até 1 (uma) hora da manhã, 6 (seis) "O anteprojeto será distribuído em exemplo, está referido aqui expressamente, e
horas do dia seguinte, porque fomos eleitos avulsos aos demais membros da parece-me que não seria adequado que
para fazer uma Constituição, e nossa Subcomissão para, no prazo de cinco dias assim fosse, pelo fato de que estaremos aqui
obrigação não é ficar em casa assistindo seguintes, destinados à sua discussão, erigindo em instituto constitucional, um
à televisão. É virmos todos para cá, no dia receber emendas." banco órgão do Poder Executivo. Talvez
19, e assumirmos com responsabilidade – É só isto. Mas aqui não explicita se pudéssemos falar em algum órgão competente,
é chato dizer isso – o nosso mandato. E essas emendas estão restritas aos membros sem fazer referência a nomes, para dar mais
é a última oportunidade que vamos ter. da Subcomissão, aos membros da Comissão flexibilidade a alterações cabíveis, porque
Nós que fomos excluídos da Comissão ou aos membros da Constituinte. Acho que é amanhã pode não ser mais o Banco Central,
de Sistematização: vamos esperar só pelo uma questão não esclarecida que deveria ser e evitaria emendas, modificações de ordem
nosso pronunciamento, em plenário, para resolvida. constitucional. Se estamos pretendendo que
estudar em conjunto uma pequena parte O SR. PRESIDENTE (João Alves): – esta Constituição tenha caráter permanente
da Constituição. E acho que não seria A consulta de V. Ex.ª é dirigida a quem? Ao e não se transforme em colcha de retalhos,
demais exigir dos Constituinte que, no dia Presidente da Comissão? com tantas emendas que pretendem
19, deixassem pai, mãe, filho, sobrinho, O SR. CONSTITUINTE FURTADO apresentar, seria melhor que a referência
neto e televisão – novela e tudo – e LEITE: – Acho que seria ao Banco Central fosse mudada para o
viessem para cá estudar o dia todo. Aqui importante que o Presidente da órgão encarregado da administração financeira
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 62

do País, sem citar especificamente o nome do para todos nós. Felizmente, temos dois nome apenas para aparecer no curriculum
Banco Central. relatores competentes e conscientes dessa vitae...
Eram estas as duas colocações que responsabilidade. O Presidente da Comissão O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
gostaria de fazer como contribuição da minha também é um homem altamente qualificado; Mas nós temos responsabilidade. Não
parte. ninguém mais responsável e melhor do que podemos decidir com minoria.
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – ele para dirigir a Grande Comissão, a fim de O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
O assunto será objeto de discussão de que possamos realizar um trabalho digno de GÓIS: – Convocaremos a Subcomissão para
emendas no anteprojeto e V. Ex.ª terá todos nós. uma reunião onde poderemos decidir. Se não
oportunidade de levantar suas questões. Aqui, Tem a palavra o nobre Constituinte. existir maioria, teremos que ter a humildade
não podemos alterar nada do que já está O SR. RELATOR (José Serra): – de comunicar ao Presidente da Comissão
feito. Podemos faze-lo através da discussão Queria pedir a V. Ex.ª que fosse convocada Temática que, infelizmente, apresentamos
na Comissão. uma reunião com os membros desta uma proposta de parecer, visto que a
Entendo também que as colocações Subcomissão, antes mesmo das propostas, Subcomissão, em sua maioria, não se reuniu.
de V. Ex.ª procedência, só que não para tentarmos discutir – uma espécie de O Presidente Dornelles, certamente, a
cabe nesta reunião decidir sobre o problema. bate-bola na expressão normal – o receberá como contribuição para o trabalho
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. anteprojeto. Quero colocar-me inteiramente á do Deputado José Serra.
Presidente. a observação do nobre disposição quanto a esse aspecto. Isso O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Constituinte Jesus Tajra foi feita com relação serviria até para que os companheiros Para evitar que se entre em choque com
a esses dois pontos. pudessem perceber melhor cada artigo, a muitos deputados, convocação uma reunião
O Relator tem a função especifica de intenção das propostas que aqui foram feitas para quinta-feira, às 10 horas da manhã.
coletar idéias. Quase todas as propostas que e, quem sabe, aprimoraras o documento, Esgotado o assunto objeto desta
nos chegaram aqui faziam alusão ao Banco suprimindo falhas ou ampliando-o. Vai reunião, declaro-a encerrada.
Central. E evidente que existem muitas depender muito da vontade do Plenário desta
matérias sobre o assunto mas ha um Subcomissão. 9ª Reunião Ordinária, realizada em 14 de
compatibilização ainda a ser feita com o Portanto, Sr. Presidente, proponho maio de 1987
Relatório da Comissão Temática. E ai esta que seja convocada uma reunião com este
traçado um esboço de que se pretende incluir. objetivo. Aos 14 (quatorze) dias do mês de
Esse ajuste poderá ser feito no próprio O SR. PRESIDENTE (João Alves): – maio do ano de 1987 (hum mil e novecentos e
plenário da Comissão Temática depois da Poderíamos marcar a reunião para o dia da oitenta e sete), às 10:00 horas, reuniu-se a
compatibilização com as respectivas distribuição dos avulsos, dia 14, quarta-feira, Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
Subcomissões; enfim, acredito que essas às 17 horas, que é um dia conveniente para Financeira, na sala C-2, do Anexo Il, da
coisas serão ajustadas no tempo certo. todos. Câmara dos Deputados. Presentes os
Agora, com relação ao problema do O SR. CONSTITUINTE MESSIAS Senhores Constituintes titulares João Alves,
Banco Central, quase todas as propostas que GÓIS: – Teríamos então oportunidade de Presidente; José Luiz Maia, Relator; Firmo de
nos chegaram as mãos traziam essas estudar, com o grupo dos conhecedores Castro, José Guedes, Naphtali Alves, Flávio
observações. E creio que a função do Relator de matéria orçamentária e planejamento Rocha, Furtado Leite, Jessé Freire, Messias
a acolher aquelas propostas que lhe parecem deste País, sugestões visando aprimorar o Góis, Feres Nader e Fábio Raunheitti.
validas, e esta eu acolhi como valida. Devera trabalho. Não estou dizendo que o trabalho Estiveram ausentes os Senhores
ser objeto de discussão e, quem sabe, de esteja ruim, pelo contrário, está ótimo, mas Constituintes titulares Carrel Benevides e
alteração ou de retirada do próprio texto par acho que, se temos um bom e podemos João Natal, Vice-Presidentes, Carlos De Carli,
maioria do Plenário dessa Subcomissão. chegar ao ótimo porque depois evitaremos João Carlos Bacelar, Lézio Sathler, Wilson
O SR. CONSTITUINTE JESUS ate maior trabalho para o Constituinte José Campos e Jovanni Masini. ATA: Foi
TAJRA: – Não se trata de retirar do texto, Serra. dispensada a leitura da Ata da reunião
mas de citar o nome: Banco Central. Será Então. seria pedir-lhes que anterior, a pedido do Relator, Constituinte
esta a observação. estudassem com firmeza e com dedicação José Luiz Maia, já que foram distribuídas
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – total as matérias até quinta-feira, porque aí já cópias a todos os membros da Subcomissão;
Isso discussão de mérito. teremos a crítica de quem falou aqui, que não houve discussão e, colocada em votação,
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – entende também de orçamento, para foi ela aprovada, sem restrição. ORDEM DO
Várias Constituições do mundo falam que tem tentarmos aprimorar o trabalho do Relator. E DIA: passando a Ordem do Dia, o Senhor
Banco Central; a Constituição fala em Banco também iríamos ouvir outros setores. Presidente, Constituinte João Alves, nos
Central. Poderíamos reunir-nos aqui na quinta- termos regimentais, comunicou que a
Mas, enfatizo que continuo a feira à noite. Seria uma pré-discussão do que presente reunião foi convocada para
disposição dos senhores membros desta vai ocorrer no dia 19. Acho que isso já levaria discussão preliminar do anteprojeto e para
Comissão, durante os cinco dias, segundo o o Relator a ter uma visão do que a discussão e apresentação de emendas a ele
Regimento, para discussão do assunto. Subcomissão quer. porque quem quiser propostas. A seguir, o Senhor Presidente,
Temos um entrosamento aqui e devemos tê- estudar terá que fazê-lo até quinta-feira. concedeu a palavra ao Relator, Constituinte
lo principalmente com os relatores. O Relator O SR. PRESIDENTE: (João Alves): – José Luiz Maia, que informou de sua
da Comissão Temática a muito interessado, Nós não temos mais maioria na Subcomissão disposição de acolher todas as emendas que
muito preocupado, patriota, competente, para decidir sobre a matéria. Não seria justo venham aperfeiçoar o seu trabalho, já que ele
correto, digno e, interessadíssimo. Espero que se decidisse só com a opinião de dois ou foi elaborado com base nas sugestões
que façamos um trabalho respeitável com três Constituintes. Seria interessante que este apresentadas pelos senhores constituintes.
repercussão internacional e nacional para assunto fosse levado à maioria para ser Usaram da palavra, também, para questionar
futuro do Brasil. decidido, porque é a maioria que deve a exigüidade dos prazos regimentais, bem
E necessário, todavia, que nos comparecer para discutir. como para comentar o anteprojeto da
lembremos de que a Constituição deve ter O SR. CONSTITUINTE MESSIAS Subcomissão, os Senhores Constituintes
poucos artigos; não pode ter 300, 400 artigos; GÓIS: – Se for assim, nenhuma decisão de Messias Góis, José Guedes, Fábio Raunheitti
deve ter um numero em tomo de 200. Temos de hoje à tarde valeu, porque, infelizmente, de e Firmo de Castro, além dos Senhores Jessé
dizer sim ou não a isto ou aquilo e deixar com a vinte e três membros da Subcomissão, se V. Freire e Furtado Leite que apresentaram
lei ordinária, com a lei complementar, a disciplina Ex.ª se der ao luxes de contar. talvez não emendas, por escrito, ao anteprojeto do
dessas matérias, a sua regulamentação, porque encontre sete. Relator José Luiz Maia. Em seguida, o Senhor
uma Constituição não comporta todos esses O SR. PRESIDENTE: (João Alves): – Presidente, Constituinte João Alves, insistindo
pensamentos. Ha um interesse geral para Convocamos esta reunião para ouvir o no comparecimento efetivo dos membros
que se discipline o máximo possível tudo isso, Relator e não para decidir nada. Ouvimos o da Subcomissão às reuniões, convocou
mas não caberá fazê-lo na Constituição. Se Relator proceder à leitura do relatório. para os dias 18-5, às 17:00 horas, 19-5, às
esta Subcomissão apresentar trinta ou quarenta O SR. CONSTITUINTE MESSIAS 10:00 horas, 20-5, às 10:00 e 17:00 horas
artigos, a outra Subcomissão mais vinte ou GÓIS: – Constituinte João Alves, vamos reuniões para discussão do anteprojeto,
trinta, sairão da Comissão Temática sessenta ser práticos. V. Ex.ª é baiano e é discussão e recebimento de emendas,
ou oitenta artigos; eles vão obrigatoriamente prático. Vamos trabalhar. Com quem apresentação e votação do parecer do relator
cortar muitos deles, o que não fica bem quer trabalhar? Quem não quer e deu o e de sua redação final. A reunião foi grava-
63 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

da por inteiro e o texto, após apanhamento, influíssem,modificassem,alterassem e necessário, na quarta-feira, para a


tradução e datilografia passará a fazer manifestassem seu desejo pessoal, político, apresentação do restante das emendas para.
parte integrante desta Ata. Nada mais regional, esta dual, nacional, enfim, para que sem querer usurpar a posição do Relator,
havendo a tratar, às 12:00 horas, foi participassem ativamente dos trabalhos. De ajudá-lo a elaborar um novo parecer, ou um
encerrada a reunião e, para constar, eu, modo que é interessante que sejam novo relatório para sei discutido
Benício Mendes Teixeira, Secretário, lavrei distribuídas as atas com essa; palavras do preliminarmente nos dias 21 e 22 e, afinal, no
a presente Ata, que vai a publicação e, Relator, a fim de que fique consignado que dia 23, aprová-lo. Creio que esta sugestão não
após lida, discutida e aprovada, será houve, da parte de S. Ex.ª, todas as chance: alteraria o esquema de trabalho e, sim,
assinada pelo Sr. Presidente. para que se fizesse um trabalho conjunto. ajudaria o Relator, mesmo porque como
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Todos tem o direito de opinar – e políticos não somos experts em todos os
Havendo número regimental, declaro abertos devem opinar – contrariamente, assuntos aqui tratados. Devemos, então, pedir
os trabalhos da Subcomissão de Orçamento e favoravelmente, conforme o caso. Tenho o assessoria a pessoas mais sábias que nós.
Fiscalização Financeira. Esta reunião foi meu conceito, o meu pensa mento a respeito Devemos ter a mesma humildade de Winston
convocada, nos termos do Regimento, para de tudo isso e manifestá-Io-ei na Churchill. Quando lhe perguntaram qual o
distribuição dos avulsos sobre o Relatório e o oportunidade em que se discutir o Relatório segredo de ser ele um grande estadista,
anteprojeto do Relator desta Subcomissão final. De maneira que é interessante que o Sr respondeu. "Eu soube cercar-me por homens
apresentados no dia 11. De forma que já Secretário comunique, através de ata, a mais inteligentes mais competentes que eu."
estamos em pleno período de discussão da todos o Constituintes a disposição do Relator, Deveríamos começar a apresentar as
matéria. o seu desejo de receber colaboração de emendas e sugestões ao Relator. Nos dias
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – qualquer ordem, pois o que lhe interessa é 19 e 20, auxiliando-o nessa tarefa hercúlea
Sr. Presidente, peço a palavra. que todos participem diretamente desse elaboraríamos o relatório final. E partiríamos
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – trabalho e não que nos deixem as sim, para a discussão dele nos dias 21, 22 e 23 ou
O Relator, naturalmente, tem o privilégio de trabalhando com apenas cinco ou seis 24, última oportunidade que teremos de nos
falar em primeiro lugar, para dirimir dúvidas e Constituintes. reunir como subcomissão; depois, só teremos
discemir seu Relatório. O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – condições de formar o espírito de corpo para
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Pediria que fosse acrescentado à lutar junto à Comissão Temática na defesa
Esclareço aos meus Pares desta recomendação do Sr. Presidente que me das nossas idéias.
Subcomissão que apresentei um anteprojeto encontro à disposição não só na Era o que tinha a dizer, Sr.
e não quero ter a pretensão e ou a vaidade de Subcomissão, como também no meu Gabinete Presidente.
dizer que ele esteja pronto e acabado, mesmo e na minha própria casa. O meu interesse é O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
porque será submetido ao douto julgamento fazer um trabalho de acordo com a expressa Ouvi a sugestão do nobre Constituinte Messias
de cada um dos nossos colegas. E quero vontade da maioria desta Subcomissão. Góis. Todavia, nos termos regimentais, temos
dizer sinceramente aos meus Pares e a V. O SR. PRESIDENTE (João Alves): – de cumprir a agenda. O último prazo para a
Ex.ª, Sr. Presidente, que estou pronto para Quero também lembrar que deve ser apresentação da redação final do anteprojeto do
receber todas as emendas que visem a comunicado aos Srs. Constituintes membros Relator é dia 20 de maio. Os outros são para ele
contribuir e para melhorar a qualidade desse desta Subcomissão que manteremos plantão prepará-Io e encaminhá-lo à Comissão. E que
trabalho. para recebimento de emendas de segunda a os trabalhos são feitos por funcionários, que não
Quero, preliminarmente, dizer a todos sexta-feira, até as 21 horas. No sábado e no podem executá-los apenas em vinte e quatro
os membros desta Comissão que gostaria de, domingo o plantão, se necessário, será horas, eles têm o prazo de setenta e duas horas
antes de encerrar o meu parecer, que será determinado pelo Presidente. Isso farei, se para fazê-los. Teremos, então, no dia 18,
encaminhado à Comissão de Sistematização, constatar a necessidade, através de segunda-feira às 10 horas da manhã, uma
ter uma conversa, até mesmo informal, com comunicação direta com os Srs. reunião para discussão e recebimento de
os Srs. Constituintes, no sentido de Parlamentares. emendas ao anteprojeto. De hoje até esse dia
acertarmos diretrizes que permitam a que O SR. CONSTITUINTE MESSIAS tudo isso pode ser elaborado.
esta Subcomissão realmente apresente um GÓIS: – Sr. Presidente, qual o último dia No dia 19 de maio, às 10 horas da
trabalho final da maior qualidade. reservado para a apresentação de sugestões? manhã, será encerrada a discussão do
Esclareço também que nesse A partir de hoje até quando? anteprojeto.
trabalho levei em consideração as sugestões O SR. PRESIDENTE (João Alves): – No dia 20 de maio, ás 10 horas,
de vários Srs. Constituintes. Foram trezentas Até o dia 19. às 10 horas, quando teremos a haverá a apresentação e a votação do
e tantas emendas encaminhadas ao reunião preliminar para apreciar o Relatório. E parecer do Relator. Dai em diante não serão
Plenário. Algumas delas de alguns A o último dia. As 17:30 horas encerramos. recebidas mais emendas. A única coisa que
companheiros, por atraso ou por terem sido O SR. CONSTITUINTE MESSIAS se poderá receber nesse dia é o voto em
encaminhadas a outras Subcomissões que GÓIS: – Sr. Presidente, gostaria de fazer uma separado: o Constituinte que não estiver de
não a de Orçamento e Fiscalização proposta. acordo com o relatório poderá apresentar
Financeira, chegaram aqui depois da O SR. PRESIDENTE (João Alves): – voto em separado. O prazo para oferecimento
apresentação desse trabalho ao Plenário. Aliás. interrompendo V. Ex.ª, já temos aqui a de emendas encerrasse no dia 19 de maio,
Sugerimos. inclusive, aos nobres pauta. conforme o Regimento. E, no dia 20 de maio,
Parlamentares que não tiveram suas O SR. CONSTITUINTE MESSIAS às 17 horas, haverá a apresentação da
emendas ou sugestões examinadas pelo GÓIS: – Companheiro Presidente, a intenção redação final do anteprojeto pelo Relator.
Relator que es apresentem no Plenário – de todos nós é produzirmos algo duradouro, Não podemos fugir ao que determina o
emendas modificativas, é supressivas ou fazermos com que o trabalho do Relator Regimento. Se concessões houver, será de
contributivas – para que esse anteprojeto reflita o pensamento de todos os parte do Relator, é um problema dele. Eu, como
realmente atenda aos anseios da Nação no Constituintes da Subcomissão. Ora, pelos Presidente, tenho de cumprir o regimento da
que se refere aos planos de orçamentos e à prazos regimentais, teremos de entregar à Assembléia Nacional Constituinte.
fiscalização financeira e patrimonial. Comissão Temática o trabalho final no dia 25. Hoje, estamos reunidos para discutir
São essas as observações que E o prazo último. Ocorre que eu e diversos essas matérias.
gostaria de fazer preliminarmente, companheiros, por razões pessoais, teremos Tem a palavra o Relator.
colocando-me inteiramente à disposição dos de nos deslocar até os nossos Estados neste O SR. RELATOR (José Luiz Maia):
companheiros, para – como disse no dia em fim de semana para cumprir compromissos – Sr. Presidente, parece-me que o prazo para
que sugeri ao Sr. Presidente a convocação inadiáveis. O não-cumprimento poderá apresentação de emendas – e entendo que a
desta reunião – um bate-papo sobre o acarretar penalidades. Então, estávamos discussão é exatamente sobre essas
trabalho apresentado. sugerindo ao Relator – e ele previamente alterações e sugestões que devem ser
O SR. PRESIDENTE (João aceitou a sugestão que fiz, secundado incluídas ou não ao texto, dependendo da
Alves): – Pediria ao Sr. Secretário pelo Constituinte José Freire e por outros – aprovação, terminaria no dia 19.
que anotasse essas palavras do, Relator que, como temos uma certa folga para Quero dizer aos Srs. Parlamentares
e as transmitisse aos Srs. Constituintes a apresentação do parecer ao Relatório final que a minha disposição é acatar todas as
que aqui não compareceram, a fim à Comissão Temática no dia 25, quem propostas de emenda dentro desse prazo
de que depois não digam que não pudesse apresentar emendas agora ou regimental. Parece-me que a partir daí eu teria
tiveram todas as oportunidades e até segunda-feira poderia fazê-lo, e seria até o dia 22 para apresentar o anteprojeto
todos os meios para que colaborassem, ótimo porque o Relator já iria estudando e, se já alterado com essas modificações,
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Com as emendas que forem apresentadas; O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – gar os municípios a criarem Conselhos de
discutir, apreciar todas as sugestões que Não; a composição dessa comissão é outra Contas. Isso é até um problema de quebra do
vierem, modificativas ou contributivas ao matéria para a qual, também, já há algumas princípio da autonomia municipal.
relatório final desta Subcomissão, que seria sugestões modificativas quanto á formação O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
discutido e aprovado pelo Plenário desta dessa comissão. E temos de analisa-las, GUEDES: – Entendo que sem as limitações
subcomissão. porque algumas delas procedem A idéia é a da Constituição atual e do anteprojeto
Quero conceder a todos os formação de uma comissão mista que tenha a Affonso Arinos fica muito melhor. Damos a
companheiros a oportunidade a liberdade participação pelo menos dos presidentes das liberdade para a formação: se for do
possível, apresentarem sua emendas. E peço comissões temáticas do congresso – Câmara interesse, tudo bem; se não for..
aos que puderem encaminha-las o mais e Senado – como forma de ampliar essa O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
rapidamente possível que o façam, pois para discussão; e que cada Ministro faça a Com a palavra o nobre Constituinte Jessé
mim será melhor, porque poderei analisa-las sustentação da sua proposta de trabalho junto Freire.
uma a uma. ás comissões permanentes. Há, na Casa, para O SR. CONSTITUINTE JESSE
De sorte que estou dando cada Ministério, uma comissão: Agricultura; FREIRE: – Sr. Presidente, Sr. Relator, gostaria
oportunidade a todos e pedimos a Indústria e Comércio; Ciência e tecnologia e de discutir com os companheiros desta
colaboração de cada um, inclusive na assim sucessivamente. Segundo a Subcomissão as emendas que pessoalmente
redação final. É necessária trocar idéias conveniência, o Ministro poderia ser tive oportunidade de apresentar ao Sr. Relator,
ajustar o trabalho ao pensamento da convocado para participar da discussão dentro Constituinte José Luiz Maia. Antes de tudo,
subcomissão. Não quero que ele seja da comissão técnica de sua área e, aprovada gostaria de parabenizá-lo pelo trabalho no
um trabalho meu; quero que seja um aquela sugestão, ou a proposta de trabalho do anteprojeto da Subcomissão de Orçamento e
trabalho da subcomissão, com a participação Ministro,esta seria encaminhada àquela Fiscalização Financeira.
de todos. comissão mista. Não se quer dar a essa Aproveito a oportunidade para levar à
Quero, pois, colocar-me inteiramente comissão mista um poder excepcional, mas consideração dos companheiros alguns
á disposição de todos os companheiros. O dia sim que todas as comissões técnicas tenham adendos, com o intuito exclusivo de agilizar e
19 é prazo fatal para receber emendas, não o direito de participar da discussão. melhorar o anteprojeto do nobre Relator, que
precisa haver reunião nesse dia. Quero que O SR. CONSTITUINTE JOSÉ considero muito bom.
todos me dêem uma ajuda. È um trabalho de GUEDES: – Penso que temos de dar bastante Primeiramente, meu caro Relator –
manga de camisa, sem paletó. liberdade para aquele Parlamentar que não estou com o seu anteprojeto em mão –
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ venha a pertencer a essa comissão mista. quanto ao art. 1º, § 2º, gostaria de dizer que,
GUEDES: – Sr. Relator, gostaria de fazer Parece-me que V. Ex.ª prevê que as emendas pela primeira vez, no Brasil, se busca
algumas considerações. Em primeiro lugar, o só poderão ser apresentadas na comissão solucionar o problema do Nordeste e também
§ 2º, do art.1º já justificou todo o nosso mista. Mas elas podem chegar ao Plenário, se dos Estados, das regiões Nordeste e Centro-
trabalho nesta Subcomissão. É certo que a houver apoio de um certo número de Oeste, com a obrigatoriedade de que o
Constituição não terá toda extensão que Parlamentares, o que seria muito útil. Orçamento da União seja aplicado de acordo
pretendíamos. Vamos ter, naturalmente, de O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – com a população, inversamente proporcional
suplementa-la com leis complementares, Certo, e evidentemente se permitirmos à renda per capita das respectivas regiões.
ordinárias etc. Mas queria ao prazo para aprovação de emendas do orçamento em Logicamente, isentando desse cálculo as
aprovação, pelo Congresso, do orçamento e plenária. Há a experiência do nosso despesas com segurança, defesa nacional,
também do plano de distribuição de recursos. Presidente João Alves, que participou, no manutenção de órgãos sediados no Distrito
Parece que V. Ex.ª coloca o prazo de passado, de uma constituinte onde se Federal, Poderes Legislativo e Judiciário e
sessenta e quarenta e cinco dias, apresentaram mais de setenta mil emendas, e também com a divida pública. No mais,
respectivamente. foram aproveitadas vinte mil. Isso inviabiliza considero obrigação da União procurar
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – qualquer proposta de trabalho. Acho que no promover o desenvolvimento das regiões
Quarenta e cinco dias para a discussão da momento em que os Parlamentares participam mais carentes.
proposta do plano plurianual do governo e da discussão dos planos de metas do Governo Tenho certeza de que nisso iremos
sessenta dias para aprovação da proposta do e se adequar o orçamento dentro daqueles contar com a compreensão dos companheiros
orçamento. planos de metas, alterações têm de ser das demais regiões. O Nordeste, como bem
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ negociadas com o Governo dentro da própria colocou o Relator aqui, num quadro, tem uma
GUEDES: – V. Ex.ª não acha prazo exíguo? comissão, com o objetivo de não inviabilizar renda per capital pouco acima de seiscentos
Atualmente temos mais tempo do que esses também a administração pública. dólares, em relação aos quase doze mil
sessenta dias Gostaria de conhecer a opinião O SR. CONSTITUINTE JOSÉ dólares da região Sudeste. Temos uma
de V. Ex.ª porque pode ser mais útil do que GUEDES: – Mas foi dada abertura para que distancia realmente incomensurável entre a
uma extensão, como pretendíamos. Achamos haja participação, desde que com o realidade do Nordeste e a do Centro-Sul do
que deveríamos ter quatro,cinco ou seis apoiamento. País. Por isso, gostaria de acrescentar à
meses para uma análise. O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – proposta do Relator, onde diz que “a colocação
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Perfeitamente. Isso é tranqüilo. de recursos deverá obedecer o critério da
É exatamente por isso que estamos pedindo, O SR. CONSTITUINTE JOSÉ proporcionalidade direta à população, inversa à
inclusive, a presença dos nossos GUEDES: – Outra dúvida: li no texto de V. renda”, logo após a palavra “renda”, a
companheiros nesta Subcomissão; para Ex.ª que há liberdade na formação de tribunais expressão “por capital”. Pode no futuro, haver
tentarmos fazer esse ajustamento,discutindo e conselhos de contas municipais, sem um outro entendimento do que seja renda.
caso. Estamos aqui exatamente abertos para restrição quanto á população. Então, gostaria de deixar isso bem claro: que
acolher todas as sugestões,discutir item. Não O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – fosse renda per capital, a fim de ficar
queremos absolutamente a propriedade do Não; a intenção, na realidade, não foi essa. Já caracterizada, na minha opinião, a melhor
relatório. existem Conselhos de Contas em todos os forma estatística de se mensurar a pobreza, as
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ Estados da Federação. Talvez, por uma dificuldades e as desigualdades entre as
GUEDES: – talvez o raciocínio de V. Ex.ª seja questão de infidelidade de redação – e por regiões.
muito útil e devamos abrir mão daquilo que isso precisa ser melhorada e aprimorada – e Gostaria de acrescentar essa
pensamos. por isso precisa ser melhorada e aprimorada – expressão e que isso fosse aplicado em cada
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – haja esse entendimento. Não queremos, Unidade da Federação. Minha proposta, então,
Há até sugestões no sentido de se reduzir absolutamente, estabelecer obrigatoriedade seria pela seguinte redação: “...inversa a renda
esse prazo, o que acho um verdadeiro para que os municípios criem Conselhos de per capita de cada Unidade da Federação”,
absurdo. Como o Congresso participará da Contas. Já estamos tentando corrigir essa excluindo-se as despesas que já acabei de citar
discussão e da negociação desse plano com redação. e que constam do anteprojeto do Relator. Isso
o Poder Executivo, acho que teremos tempo O SR. PRESIDENTE JOSÉ GUEDES: tem o intuito de impedir que o Governo Federal,
suficiente para fazer isso nesse período. – Não estou criticando mas, sim, elogiando. a União tenha possibilidade de discriminar
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ O SR. RELATOR (José Luiz este ou aquele Estado, tendo em vista uma
GUEDES: – Isso estaria restrito a uma Maia): – certo. Mas também análise de região por região. Um exemplo
Comissão. não podemos absolutamente obri- muito claro: vamos supor que, diante do que
65 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

está exposto neste anteprojeto, a região ou seja, "nenhum empréstimo ou gasto Sobre a fiscalização e o controle do
Nordeste tenha direito a 30% (trinta por cento) público poderá ser financiado com crédito orçamento, nada mais tenho a dizer. Tenho
do Orçamento da União. Muito bem. Se não direto ou indireto do Banco Central do outras propostas que gostaria de expor depois
for especificado que esses recursos serão Brasil". se ouvir o Relator sobre os temas que tratam
divididos de acordo com esses critérios, entre Criaríamos o art. 38, que daria ao da política monetária.
as Unidades da Federação, poderá haver Presidente da República, mediante lista O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
uma discriminação por parte do Governo tríplice, à escolha do Congresso Nacional, o V, Ex.ª formule por escrito a sua proposta de
Federal em favor de um Estado maior. um poder de indicar o Presidente e os membros emenda e encaminhe à Presidência para ser
Estado que tenha, naquela oportunidade, da Diretoria do Banco Central do Brasil, que apreciada. Já lida, o Relator as apreciará.
vamos dizer, uma maior presença junto ao seriam nomeados para mandatos de cinco O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
partido no poder, em detrimento dos demais anos para o Presidente e seis ou sete anos FREIRE – Perfeito; já o fiz na primeira
Estados, principalmente os pequenos, como é para os membros da Diretoria, conforme reunião.
o caso do que represento aqui. disposto em lei complementar que cuidará de O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Era essa a minha proposta a esse sua organização e especificação de suas A Casa já tomou conhecimento do
respeito. Já tive oportunidade de encaminhá- atribuições. condicionamento de suas propostas, e o
la à Secretaria da Subcomissão. E o parágrafo único: "o Presidente e Relator emitirá seu parecer. Não é da minha
Há também uma outra proposta que Diretores do Banco Central somente podem competência, mas me parece que as propostas
gostaria que fosse levada em consideração ser destituídos por decisão do Supremo de V. Srª seriam objeto de lei ordinária ou
pelos companheiros; no último artigo, o Tribunal Federal, mediante representação do complementar, a maior parte delas, devido à
anteprojeto do Relator, que trata da Procurador-Geral da República ou por extensão da matéria constitucional. Mas o
fiscalização financeira e do controle – o art. 37 decisão do Congresso Nacional, mediante Relator poderá aproveitá-las na proporção que
– diz que "o Banco Central do Brasil terá sua proposta de dois terços dos membros do o espaço permitir.
competência, funcionamento e atribuições Senado Federal e da Câmara dos O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
estabelecidas em lei complementar". Deputados". Com a devida vênia do Presidente, e ante as
Fiz um estudo especifico sobre isso. Srs. Constituintes, o intuito desta ponderações e as preocupações, que são
Todos sabemos que a grande causa da proposta é dar, como já disse no início deste válidas, do nobre Constituinte Jessé Freire,
inflação no Brasil, hoje, é o déficit público, a relato, independência ao Banco Central do entendemos que o capítulo que diz respeito à
emissão de moeda sem controle. Quando o Brasil, tendo seus membros mandato próprio, ação do Banco Central do Brasil deve ser
Governo encaminha projeto de lei ao livre de pressões, um mandato que será devolvido à Subcomissão do Sistema
Congresso Nacional para que possa emitir outorgado pelo Presidente da República Financeiro, ou algo nesse sentido. Pelo que
moeda e conseqüentemente aumentar a sua mediante uma lista tríplice apresentada pelo tomei conhecimento nas discussões ou na
capacidade de endividamento, quase sempre Congresso Nacional. Então. teríamos os conversa que tive com alguns membros
ele o faz apenas para o Congresso futuros dirigentes do Banco Central do Brasil daquela Subcomissão, essa matéria está
homologar: o Governo gasta antes e pede com a independência necessária para sendo disciplinada pela Comissão do Sistema
depois. Então, o Congresso Nacional vê-se executar uma política monetária que venha ao Financeiro. Entretanto, depois da análise de
diante de um fato consumado e, ou permite encontro dos interesses do Brasil. E a todas as emendas sugeridas pelo nobre
que o Governo emita moeda ou títulos intenção, ao alternar os mandatos dos Constituinte Jessé Freire, e no que couber ser
públicos, ou há um caos generalizado e respectivos diretores, seria a de dar aproveitado, este Relator tomará a inteira
inadimplência total em todo o País. continuidade à política monetária então liberdade de discuti-Ia, inclusive mais
A minha intenção é que sejam dadas implementada pelo Banco, e, como não detalhadamente, com seu autor. Mas me
ao Banco Central do Brasil independência e poderia deixar de ser, o Banco Central do parece que o capítulo que se refere ao Banco
autonomia como o órgão responsável pelo Brasil não teria um poder supremo, total e Central do Brasil é assunto que deve ser
controle monetário do Brasil, e, por absoluto. O Supremo Tribunal Federal, remetido à Comissão do Sistema Financeiro.
conseguinte, de todas as Unidades da através do Procurador-Geral da República, O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
Federação, buscando uma fórmula de poderia destituir seu Presidente ou Diretores, FREIRE: – Logicamente o problema da política
organizar o déficit público, porque, se o tendo em vista que teriam um mandato a ser financeira tem relação com essa Subcomissão,
Governo manda um orçamento para o cumprido. E o Congresso Nacional – mas a minha proposta consiste na fiscalização,
Congresso Nacional, ele tem de cumprir mediante o apoiamento de dois terços dos que é tema da nossa Subcomissão. Quer dizer,
aquele orçamento. O não cumprimento seus membros, poderia também, destituir os uma outra regulamentação pode ser acoplada
daquele orçamento já é uma excrescência. membros da Diretoria do Banco Central do a essa, com proposta da Subcomissão do
Estamos aí, até hoje, Deus sabe como, às Brasil. Sistema Financeiro. Mas as minhas emendas
custas da miséria e da fome do povo, Pediria aos companheiros a análise têm o sentido de fiscalizar e controlar a política
sofrendo as conseqüências desta inflação que desta proposta que considero importantíssima monetária.
devora tudo e todos. para que tenhamos no Brasil o controle da O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
É importante tomar o exemplo dos política monetária. Perfeito. E asseguro a V. Ex.ª que quero
Estados Unidos da América, cujo Banco Também, diz a seguinte sugestão, Sr. pessoalmente, com a minha assessoria e com
Central, o Federal Reserve Sistem, exerce Presidente: após o art. 22 e seu § 2º, do outros companheiros, discutir todos os itens
um papel fundamental no controle do anteprojeto do Relator, que se crie um artigo da proposta, que consideramos
endividamento monetário do País, o que com a seguinte redação: absolutamente válidos.
seria fundamental para o Brasil, "A emissão de moeda, bem como as O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
logicamente adaptado à nossa realidade, à operações de resgate e de colocação de FREIRE: – Gostaria de entrar agora na área
nossa cultura. títulos do Tesouro Nacional relativas à da fiscalização financeira que trata do Tribunal
Proponho que o art 37, do anteprojeto amortização de empréstimos internos não de Contas da União.
do Relator, tenha a seguinte redação: previstas no orçamento anual dependem de A proposta do Projeto Constituição
"O Banco Central do Brasil, como autorização do Poder Legislativo" – como já Affonso Arinos tem, no seu bojo, a mudança
órgão independente e autônomo, é o ocorre hoje" – mediante proposta do Banco do nome Tribunal da União para Tribunal
responsável pelo controle monetário. Central do Brasil." Federal de Contas. Por conseguinte, esta é
§ 1º O Banco Central do Brasil Ora, sendo dada ao Banco Central do também a minha proposta: onde se lê:
somente poderá operar com instituições Brasil a independência e autonomia que "Tribunal de Contas da União", leia-se
financeiras, sendo-lhe vedado, porém, estamos propondo através dessas emendas, "Tribunal Federal de Contas".
outorgar a elas garantia ou adquirir títulos de ele terá a obrigação de encaminhar essa Mais adiante, faço uma proposta
valores mobiliários emitidos pelo Poder proposta ao Congresso Nacional, porque relacionada ao art. 31, que foi esboçado pelo
Público, seus organismos ou empresas, sem terá a responsabilidade do controle da Relator, no sentido de modificar a nomeação
expressa autorização do Congresso política monetária. E o Congresso Nacional, dos Ministros do Tribunal de Contas. A minha
Nacional." assim, terá a participação legitima e proposta é no sentido de que o Tribunal
Aliás, seria uma repetição do necessária. Mas o encaminhamento da Federal de Contas, que iria então substituir
anteprojeto do Relator. Mais adiante, proposta será feito pelo Banco Central do o Tribunal de Contas da União, órgão auxiliar
no § 2º, peço que se inclua o que Brasil, que terá responsabilidade, autonomia do Congresso Nacional, seja composto
realmente já está no anteprojeto do Relator, e independência necessária para fazê-lo. de cidadãos de notório saber jurídico, de
ANAIS DO SENADO (ATAS DAS COMISSÕES) 66

finanças ou economia, maiores de 35 anos, nacional, que seja incluída esta emenda, que eletivo lá dentro – terá autonomia suficiente,
aprovados em concurso público específico de visa a organizar e a controlar a política sob a fiscalização do Congresso Nacional,
provas e títulos, com as prerrogativas de monetária. para corrigir a política econômica e financeira
Ministros do Supremo Tribunal Federal, com Na verdade, se o Governo agisse com deste País.
organização e funcionamento previstos em lei mais seriedade, não seria necessario formular Quanto às sugestões de V. Ex.ª, por
complementar. que aproveitará a estrutura do esse tipo de proposta, porque no próprio exemplo, em relação ao Tribunal de Contas da
Tribunal de Contas da União e respeitará o Orçamento da União isso já deveria estar União, fui, praticamente, o autor desse artigo
exercício vitalício dos seus atuais membros. incluído e sendo cumprido. Sabemos que o que aqui está. De imediato, lá temos um acordo
Exercerá a fiscalização financeira, Orçamento da União, que o Governo enviou ao vitalício, que será mantido. Com a
orçamentária e operacional sobre os atos da Congresso Nacional, não representa sequer um aposentadoria dos membros atuais, teríamos
Administração Pública e apuração das terço das despesas efetivadas pelo Governo. Os de fazer concurso para substituir cada um que
responsabilidades de seus agentes. outros dois terços compreendem a despesa fosse saindo. Acho que isso se toma
Os demais artigos são continuidade executada pela administração indireta e pela impraticável. Entendo que em nenhum Tribunal
do anteprojeto do Relator. política monetária. Diante desse quadro, vejo o Superior deste País – e o Tribunal de Contas
A minha proposta visa, mais uma vez, caráter constitucional da independência e da da União é um Tribunal Superior – há concurso
à independência e à autonomia dos autonomia do Banco Central do Brasil como público. Sempre há uma promoção, há um
organismos que fiscalizam as atividades do controlador da política monetária. chamamento de advogados, por exemplo, que
Governo Federal. Todos sabemos que o País O SR. PRESIDENTE (João Alves): – compõem um quinto ou um terço do tribunal; ou
tem sido vítima de escândalos financeiros em Parabenizo o Constituinte Jessé Freire pela um promotor público, um promotor de justiça,
toda parte, especialmente nas empresas louvável preocupação com a matéria. um juiz federal que é elevado. Enfim, os
estatais. Isso já foi dito pelo Relator no seu Concedo a palavra ao Constituinte Tribunais Superiores sempre foram objeto de
anteprojeto. Acho fundamental que os Messias Góis. nomeação final, eu diria, de nomeação eletiva,
membros do Tribunal Federal de Contas O SR. CONSTITUINTE MESSIAS no sentido de elevar, ou por critérios políticos,
tenham a independência e a autonomia GÓIS: – Sr. Presidente João Alves, é louvável ou de merecimento, alguém que se destacou
necessária, através de concurso público e de o interesse do Constituinte Jessé Freire em em algum setor. Mas tive a preocupação de dar
critérios objetivos – e não subjetivos –, para relação à legislação que trata do Banco vez também àqueles que trabalham lá no
que esses senhores tenham condições, Central, porque será inovadora em termos Tribunal de Contas da União, quando, com a
então, de, com autoridade. com vigilância, constitucionais. A nossa Subcomissão permissão do Relator, aceitei uma idéia de
com total independência, exercer suas ingressou em uma matéria não pertinente a ela, pessoas que trabalharam ou trabalham em
funções. Não quero dizer absolutamente que mas isso é válido, como colaboração. Entendo órgãos de controle de contas, no sentido de dar
atualmente isso não exista; acredito que sim, que, na Comissão Temática, o assunto será a vez aos auditores do Tribunal – se não me
mas apenas, com toda a certeza, é através do tratado pela Subcomissão própria. engano, são quatro auditores, hoje, no Tribunal
concurso público que conseguiremos uma Tenho aqui um relatório preliminar da de Contas da União – chamando-os e dando
maior nitidez da atuação do Tribunal Federal Subcomissão do Sistema Financeiro, onde o condições constitucionais a que um terço
de Contas e de seus membros. Relator, Constituinte Fernando Gasparian, destes elementos, que são concursados,
Era o que tinha a dizer e gostaria de trata, se não me engano em vários artigos, da funcionários de carreira, que vivem o dia-a-dia
ouvir o Sr. Relator. competência que se quer dar, do Tribunal de Contas, fossem elevados do
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – constitucionalmente, ao Banco Central. E quadro de carreira ao cargo de Ministro.
Inicialmente, estamos acabando de receber dentre eles, um diz da preocupação de V. Ex.ª Entendo que essa permissão em termos
as sugestões do nobre Constituinte Jessé emitir moedas e títulos de crédito, que constitucionais, de dar aos auditores essa
Freire. Vamo-nos debruçar analisando-as, e constitui responsabilidade para a execução da perspectiva de elevação – a Ministro do
conversar com V. EX.ª francamente, para, na política monetária; executar a programação Tribunal de Contas, já atende ao anseio da
medida do possível, tentar incorporá-las monetária; controlar as operações de câmbio; comunidade do Tribunal de Contas. Quanto ao
naquilo que for pertinente. Aliás, não quero executar o serviço do meio circulante; exercer outro critério, entendo _– e vou dar a minha
dizer que suas sugestões sejam a fiscalização das instituições financeiras; visão política do caso – que o concurso não é a
impertinentes, mas é um direito que temos de dispor normas sobre a execução da política melhor forma de seleção. Vamos à hipótese de
submetê-las também, posteriormente, à monetária de crédito e de câmbio, e assim por que a sociedade tenha mandado para o
discussão do Plenário desta douta diante. Congresso Nacional, como, aliás, já contribuiu
Subcomissão. Saiba V. Ex.ª que vamos dar Então, acho valido que os membros diversas vezes com elementos de bom
toda a atenção possível às propostas desta Subcomissão colaborem, porque, no esclarecimento, pessoas entendidas, que
encaminhadas por V. Ex.ª a esta final, o Relator da Comissão Temática terá querem servir à Pau ia, que vêem que podem
Subcomissão. mais subsídios para trabalhar. Mas também é dar uma contribuição maior em outros órgãos
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ matéria que está sendo tratada com uma da Administração. Tivemos aqui parlamentares
FREIRE: – Muito obrigado, Sr. Relator. Mais profundidade talvez até maior na Subcomissão que saíram para o Supremo Tribunal, para o
uma vez, apenas voltando ao aspecto do do Sistema Financeiro. Entendo que o Banco Tribunal de Contas da União, enfim,
Banco Central do Brasil, o Sr. Presidente Central deva ser um órgão de certo modo parlamentares que foram escolhidos para
disse a respeito do caráter, segundo ele, autônomo dentro do Poder Executivo, para não outras funções. No meu modesto entender,
ordinário das minhas emendas. Concordo em termos o dissabor de assistir ao Diretor da acho que devemos continuar dando
que, teoricamente, seria interessante que Dívida Pública tomar dinheiro a 45% ao mês, a oportunidade aos dois segmentos, tanto aos
pudéssemos enxugar a Constituição ao 1.5% ao dia, ativando, ainda mais, o processo dos funcionários de carreira, no caso os
máximo possível. Mas determinados aspectos inflacionário. Entendo que o Presidente do auditores, quanto aos da sociedade de modo
da cultura nacional impedem que isso seja Banco Central e sua equipe devem ter geral.
feito. Todos sabemos que temos, hoje, um autonomia para dizer não. Acho que, nesta O Presidente da República, com a
Banco Central do Brasil desprestigiado, sem República, muitas pessoas estão precisando aprovação do Congresso Nacional, pode
força e sem controle, enfim, um organismo dizer não. Há muitas pessoas dizendo sim, escolher alguém de destaque. Por exemplo, o
totalmente homologatório do Poder Executivo. quando precisavam dizer não. Então, a Presidente Nacional do Conselho de
Por pressões políticas e diversas, o Banco independência do Banco Central é Contadores, que se destaca na vida nacional
Central do Brasil é forçado a ter uma política fundamental. E uma preocupação não apenas pela sua seriedade ou liderança, mas que
realmente muito expansionista na área da sua, Constituinte Jessé Freire, mas de toda a não vai submeter-se a um concurso a nível
política monetária. E é necessário, para que o Assembléia Nacional Constituinte. Por onde se nacional para uma vaga. Seria até impraticável.
monstro da inflação seja alijado de uma vez passa, ouve-se Deputados e Senadores Então, o Presidente da República, ouvido o
por todas do processo de vida nacional, que reclamando contra o descalabro em que se Congresso Nacional, poderia premiar a classe
haja esse controle, que haja essa encontra o Sistema Financeiro Nacional. Só um dos contadores, dos advogados, dos
independência. Senão, vamos ficar à mercê órgão independente – com mandato certo de economistas e até dos engenheiros, porque
de pacotes, de propostas de 80% do aumento Presidente, independente do Presidente da o Tribunal de Contas está precisando de
de preços em relação a OTN, congelamentos, República e do Presidente do Congresso engenheiros, também, para realizar várias
etc., rumo ao caos. Por isso, acho Nacional, independente da vontade de obras. Deveriam levar aquele que se
necessário, no momento atual da vida política quem quer que seja, exercendo um mandato destaca no setor a exercer com brilhantismo
67 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

uma função pública. Este é o meu modesto deste recurso, teremos de nos pronunciar, caso da Secretaria, fosse mais uma vez reiterada a
entender. contrário, quem decidirá e o Tribunal de importância de os Constituintes estarem aqui
Peço permissão a V. Ex.ª para Contas. Então, qualquer membro da sociedade presentes no mais tardar no dia 19, que será
discordar deste entendimento sobre civil que se sentir prejudicado pelo Tribunal de o último dia do prazo, para que possamos
concurso público. Acho que teríamos Contas vai ter de acionar o Congresso. E então, depois de entendimentos com o
condições de atender aos dois segmentos. acionar o Congresso como? Através de um Relator, ter o quorum mínimo para a
Daríamos liberdade à classe política Parlamentar que terá de ir à tribuna e, perante aprovação, se for necessária, de emendas a
para interferir na composição do Tribunal a sociedade, exigir ao Presidente do determinados artigos. Era isto que gostaria de
e, também, liberdade e o direito a Congresso Nacional que aquela matéria entre enfatizar a V. Ex.ª.
funcionários do mais alto gabarito – como o em pauta, sofrendo também a responsabilidade O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
são os auditores do Tribunal de Contas da o Presidente. Acho que aí há um controle, um Agradeço a V. Ex.ª, mas tenho a dizer que
União – de virem a ser Ministros sistema de pesos e contrapesos. seguidamente temos, através de ofício e aqui,
necessariamente, pela renova de um terço O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – da tribuna, pedido o comparecimento dos
do Colegiado. De qualquer forma, ficará difícil, será igual ao nossos companheiros da Subcomissão,
Era só, Sr. Presidente. recurso extraordinário, que interpomos e nunca sobretudo porque eles têm responsabilidade.
O SR. PRESIDENTE (João Alves): conseguimos que seja reconhecido. Se for aprovado algo com o que não estejam
– Continua franqueada a palavra. O SR. PRESIDENTE (João Alves): – de acordo, a responsabilidade será somente
O SR. CONSTITUINTE FÁBIO Quero louvar as palavras do nobre Constituinte deles, que aqui não estiveram presentes para
RAUNHEITTI: – Peço a palavra. Sr. quando iniciou, ao dizer que estamos defender seus pontos de vista. Sem esquecer
Presidente. legislando para o Brasil de amanhã e é de se também a obrigatoriedade sistemática da
O SR. PRESIDENTE (João Alves): presumir que, com esta atribuição que está presença em termos de maioria para a
– Com a palavra o Deputado Fábio sendo dada ao Congresso, com o aprovação das matérias objeto de discussão e
Raunheitti. fortalecimento do Congresso Nacional, nós, votação. De modo que a observação de V.
O SR. CONSTITUINTE FÁBIO que o integramos ou os que vierem a integrar a Ex.ª será atendida com muita veemência, que
RAUNHEITTI: – Estamos observando que Casa, naturalmente teremos maior os nossos colegas aqui compareçam,
há uma preocupação constante e um responsabilidade com os nossos trabalhos especialmente nos dias 19 e 20, últimos
relacionamento muito grande entre a legislativos. Aí, então, há que se preservar o prazos para a discussão da matéria. O Relator
situação atual que vive o Brasil e a direito que têm os administradores públicos de está dando total liberdade a todos para fazer
elaboração da nova Lei Constitucional. É corrigirem suas falhas. A impunidade neste sugestões, não está discutindo nem brigando
preciso que nos distanciemos um pouco País é lamentável. pelo seu anteprojeto. O que S. Ex.ª quer é
desta preocupação, porque não viveremos Com a palavra o Deputado Jessé que se realize o trabalho, e esta Presidência
eternamente neste estado calamitoso por Freire. também fez a última reunião no dia 11 – até
que a Nação brasileira vem atravessando. É O SR. CONSTITUINTE JESSÉ se alegou falta de número – para cumprir o
preciso que pensemos mais alto e olhemos a FREIRE: – Sr. Presidente, gostaria de, sem de Regimento, e para que a nossa Subcomissão
situação por outro ângulo. O que se observa maneira alguma ser inoportuno, falar ao nosso não ficasse numa posição inferior, acusada
é que cada Constituinte vem descendo a colega Messias Góis a pertinência dos temas pela imprensa de não haver realizado
minúncias. Se assim continuarmos, teremos do Banco Central do Brasil com relação à seu trabalho, suas obrigações. Vamos insistir
uma Constituição talvez do tamanho de uma nossa Subcomissão. Sem dúvida alguma, o nisto. Espero que pelo menos nas
Bíblia. Devemos procurar uma fórmula mais mecanismo de operação do Banco Central do últimas reuniões estejamos com a
sintética para encontrarmos uma solução. Brasil deve estar, se for o caso – acho que Subcomissão completa, para discutirmos a
Em alguns artigos podemos condensar muita esse mecanismo deveria ser previsto através matéria.
coisa e deixar para as leis ordinárias essas de leis ordinárias ou complementares – dentro Concedo a palavra ao eminente
sutis condições que, realmente, se tornam da área do sistema financeiro de que trata a Constituinte Furtado Leite.
necessárias. outra Subcomissão. Mas abordei o aspecto do O SR. CONSTITUINTE FURTADO LEITE: –
Mas a observação que queria fazer controle. E a nossa Subcomissão trata do Sr. Presidente, Srs. Constituintes,
neste instante é a que se relaciona ao art 29. capítulo de fiscalização financeira – ou seja, o lamentavelmente, não pude chegar, como de
Aqui diz que "as decisões do Tribunal de controle. a fiscalização devem ser exercidos costume, no horário certo. Estava em uma
Contas da União que resultem em imputação pelo Banco Central do Brasil. E sugeri a forma reunião de partido em que meu tempo foi
de débito terão eficácia de sentença e de nomeação dos membros do Banco Central absorvido até agora. Mas peço a palavra ao
constituir-se-ão em título executivo". do Brasil e como seria executada, no caso, a Presidente apenas para comunicar que estou
Muito bem, achamos que, sendo o sua destituição. Acho que o assunto é encaminhando ao Relator uma emenda de
Tribunal de Contas da União um órgão totalmente pertinente à nossa Subcomissão, minha autoria, ao projeto, a respeito da
auxiliar, esta Constituição só deveria existir que é de fiscalização financeira, deixando para fiscalização, pelo Tribunal de Contas da
após a homologação do Poder Legislativo, a Comissão do Sistema Financeiro a União, de todos e quaisquer recursos da
porque senão podemos encontrar uma especificação e a legislação sobre o União destinados inclusive aos Municípios
série de títulos executivos sem maior exame mecanismo de atuação do Banco Central do brasileiros que, entendo. Sr. Presidente, não
e que poderão constituir até forma de Brasil. podem ficar à margem. São recursos
perseguição política ou de outra coisa Era isto que gostaria de deixar claro, fundamentais para o crescimento da
qualquer. Deveríamos acrescentar que o para que não percamos a oportunidade de população, principalmente do interior
Congresso dever-se-ia manifestar em um executar esse controle da política monetária brasileiro. Insisto em que os recursos
sistema homologatóro desta conclusão do nacional. destinados aos Municípios e entidades
Tribunal. O SR. PRESIDENTE (João Alves): – precisam de maior zelo e maior carinho na
Era o que eu tinha a sugerir. Esclarecido o pensamento do nobre sua aplicação. Veja a necessidade,
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): Constituinte Jessé Freire, continua franqueada principalmente com a nossa Constituição, de
– Queria informar ao nobre Deputado que a palavra a quem dela quiser fazer uso. se tornar a Administração bem transparente,
cabe recurso ao Congresso Nacional, que Concedo a palavra ao nobre de modo que a comunidade conheça muito
deverá manifestar-se. Constituinte Jessé Freire. bem o que o seu gestor está recebendo e
O SR. PRESIDENTE (João Alves): O SR. CONSTITUINTE JESSÉ como está aplicando. E há experiência de
– Obrigado a V. Ex.ª. FREIRE: – Obrigado, Sr. Presidente. Segundo épocas passadas, Sr. Presidente,
Continua franqueada a palavra. o nosso Regimento interno, parece-me que quando o Tribunal de Contas da União ficava
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS temos um quorum mínimo para a votação de encarregado da fiscalização do Fundo de
GÓIS: – Está no § 2º do art. 27: propostas. Participação e de outros recursos através
"Se o Congresso Nacional, em um O SR. PRESIDENTE (João Alves): – de convênios de terceiros. Os Srs. Prefeitos
prazo de 60 dias, não se pronunciar sobre Correto. anunciavam: o auditor do Tribunal
recursos previstos no parágrafo anterior, O SR. CONSTITUINTE JESSÉ deve chegar à Prefeitura no prazo de
prevalecerá a decisão do Tribunal de FREIRE: – Sei que V. Ex.ª. com muita trinta dias. Era como a festa da chegada
Contas da União". Então, necessariamente. insistência, tem convocado os membros da do Bispo à cidade: "o Tribunal chegando.
Sr. Presidente, nós, do Congresso Subcomissão para que aqui se façam vamos terminar as obras". Isso dava bons
Nacional, ao tomarmos conhecimento presentes. Mas pediria que, por intermédio resultados.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 68

Na Constituição de 1967, Sr. ou quase em contra-senso aprovarmos essa que vejo a carência. Também me preocupa
Presidente, os militares, talvez até bem- emenda no momento em que, em nome do esse aumento de receita, bem assim o
intencionados, tiraram essa atribuição do fortalecimento da Federação, em nome do aumento do poder fiscalizador. V. Ex.ª conhece
Tribunal, admitindo que ela ficasse a cargo fortalecimento dos outros Poderes, que não o muito bem as dificuldades dos nossos
dos Conselhos improvisados por políticos, Executivo, em nome, enfim, de uma política Municípios no que se refere a recursos
Conselhos estes que, no meu Estado, por econômica e social mais justa, estamos humanos. Daí a minha preocupação. Vamos
exemplo, eram gerados para atender a advogando em todas as áreas temáticas da aumentar os recursos, mas vamos fiscalizar,
Deputados derrotados, que iam para lá como Assembléia Nacional Constituinte e para ajudar o desenvolvimento do povo do
prêmio de carreira política, – o que não descentralização de poder administrativo. A interior brasileiro.
condeno, mas a fiscalização não atende à meu ver, não seria o mais correto advogar, O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
necessidade, Sr. Presidente, num Conselho para a fiscalização orçamentária e financeira, CASTRO: – Agradeço a V. Ex.ª o aparte.
de Contas municipal. No Ceará, não sei que uma centralização nos moldes previstos Retomaria, para concluir, lembrando que, data
cidade – quem é cearense sabe que anteriormente. Portanto, o que me parece, data venia de outros entendimentos, parece-me que
município – teria condições e estrutura social venia do nobre Constituinte, é que, a par de o critério da origem do recurso não seria o mais
e econômica para instalar um Conselho de compartilharmos de todas as suas correto para se atribuir competência de
Contas municipal? Tenho a impressão de preocupações, que são muito sérias e fiscalização às Cortes de Contas. Teríamos por
que. dentre os 152 Municípios, não há um que verdadeiras, apenas imaginam que a solução exemplo, que raciocinar que um Município que
tenha a capacidade de instalar um Conselho estaria em fortalecimento, o quanto menos, os tenha recursos próprios, municipais e, que
de Contas municipal, com seus membros, Tribunais de Contas dos Estados e os próprios receba transferências estaduais e também
com seus conselheiros e tal. Há um Conselho Conselhos de Contas dos Municípios, mas, não municipais, segundo esse critério estaria sujeito
apenas em Fortaleza, que funciona também tomando os modelos que aí estão como à ação fiscalizadora das Cortes de Contas nos
com suas dificuldades, com poucos recursos. paradigma, já que o próprio do Tribunal de três níveis, a municipal, a estadual e a federal.
É difícil a ele cumprir sua missão, dada a Contas da União não atende como modelo. Isso, naturalmente, sem olharmos a
escassez de recursos e também pela Particularmente, estou convencido de que competência da Câmara dos Vereadores como
interferência política. Observei casos nessa grassaram no País a corrupção e a Poder Legislativo municipal. Então, o que me
campanha, de protegidos do Conselho de impunidade. E elas são mais fortes, a nível parece é que teríamos guardadas, vamos dizer,
Contas municipal, em que o Prefeito votava federal, do que a nível estadual e municipal, a divisão de poder político, a divisão
no candidato que um membro do Conselho exatamente devido à debilidade da estrutura administrativa inerentes a tudo isso. Teríamos
determinava. Então, Sr. Presidente, não pode fiscalizadora. Ora, então, parece-me que essa também de especializar a administração das
haver assim uma autenticidade neste tipo de estrutura deve ser fortalecida em todos os atividades de controle orçamentário e fiscal em
fiscalização. Daí o meu apelo a V. Ex.ª para níveis. E temos de começar pelo fortalecimento três níveis: federal, estadual e municipal.
juntar esta emenda que disciplina a matéria, do Tribunal de Contas da União, porém, Poder-se-ia indagar, por exemplo: será que o
para que seja abrangente a fiscalização do atribuindo-lhe a competência de fiscalizar os Tribunal de Contas da União não teria
Tribunal de Contas da União. Não que ele órgãos e as entidades de âmbito federal. condições de saber o que está acontecendo
fiscalize apenas os recursos da União, mas Da mesma forma, poderíamos com os recursos federais transferidos para os
de todo o território brasileiro. imaginar o fortalecimento dos Tribunais de Municípios? Claro que sim, independentemente
Entrego a emenda, então, a V. Ex.ª, Contas dos Estados, atribuindo-lhes a de ele ter a responsabilidade de fazer a
para que a encaminhe ao Relator. A intenção competência de fiscalizar a atuação dos órgãos fiscalização ou a auditoria. Esses recursos são
é a melhor possível para ajudar o nosso de âmbito estadual, quiçá municipal, se transferidos através de órgãos federais. São,
homem do campo, o sertanejo, que considero porventura julgássemos que, estes, através de naturalmente, transferências que têm uma
em sua maioria enteados dos Srs. Prefeitos. conselhos de contas, não estariam sendo bem origem orçamentária federal, seja do Ministério
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – fiscalizados. da Educação, seja da Secretaria de
O pedido de V. Ex.ª será atendido. Chamo a atenção para a própria Planejamento, seja do Ministério dos
Tem a palavra o nobre Constituinte coerência na autonomia dos poderes, que Transportes etc. No momento em que o
Firmo de Castro. teríamos que observar. Se todas as Cortes de Tribunal de Contas tem a competência para
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE Contas são órgãos auxiliares do Poder fiscalizar cada órgão federal, está, na verdade,
CASTRO: – Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Legislativo, parece um tanto quanto deslocada em condições de pedir explicações a tempo e a
Constituintes, minha intervenção diz respeito a competência para o Tribunal de Contas da hora sobre a destinação desses recursos que
à emenda apresentada pelo Constituinte União essa função de órgão auxiliar de um foram para os Estados ou os Municípios. E
Furtado Leite, que restabelece competência poder municipal. Então, na verdade, esses órgãos teriam, então, de dar as devidas
para o Tribunal de Contas da União no que imaginamos que temos... explicações ao Tribunal de Contas. O que
diz respeito ao exame generalizado da O SR. CONSTITUINTE FURTADO eventualmente pode ocorrer é o Tribunal de
aplicação de recursos oriundos da União, LEITE: – Permita-me um aparte, por favor. A Contas ser instruído por auditoria dos Tribunais
aplicação esta que não se restringiria minha emenda não retira a fiscalização, pelos estaduais ou das Cortes municipais, sempre
somente aos órgãos da administração direta e Conselhos de Contas dos Estados e pelos que julgar necessário. Agora, o que não me
indireta federal. Tribunais, das verbas dos Estados. Os parece correto é o trabalho administrativo de
Compartilho da preocupação do nobre recursos de cada Estado devem ser realmente fiscalizar, por exemplo, quatro mil e tantos
Constituinte Furtado Leite quanto à auditados e fiscalizados pelo Tribunal de Municípios brasileiros, e ainda atribuir-se à
necessidade de imprimirmos urgentemente Contas do Estado. Os recursos dos Municípios, competência técnica e administrativa do
uma fiscalização orçamentária e financeira oriundos da arrecadação tributada pelo Sr. Tribunal de Contas a fiscalização de outros
mais racional, mais tempestiva e por que não Prefeito, devem ser auditados pelo Conselho órgãos que recebem recursos federais.
dizer – mais moralizadora não somente de Contas na área estadual. Estou-me O Tribunal poderia perfeitamente deter o
quanto às aplicações no âmbito federal, como referindo a recursos federais, porque entendo controle da situação na medida em que se
a nível estadual e, sobretudo a nível que é uma atribuição do Tribunal de Contas da exigisse desses órgãos federais que
municipal. Compartilho também da sua União a fiscalização com relação à aplicação transferissem esses recursos com a
preocupação com o fato de que os Conselhos dos recursos federais. A fiscalização das competente prestação de contas. E,
de Contas dos Municípios, ainda poucos e receitas estaduais, evidentemente, V. Ex.ª tem conseqüentemente, o Tribunal de Contas da
desestruturados, não estão aptos a fazer essa razão, deve ficar a cargo dos órgãos estaduais. União poderia ser instruído por auditorias,
fiscalização no nível desejado. Entretanto, A minha proposta não vai de encontro às pareceres e relatórios das outras Cortes
não acredito que a solução estaria em Prefeituras. Ao contrário, acho que as estaduais e municipais.
devolvermos toda essa competência ao Prefeituras precisam de mais recursos. Há uma O SR. CONSTITUINTE FURTADO
Tribunal de Contas da União. Certamente, emenda relativa à tributação, de nossa autoria, LEITE: – É exatamente o que estou sugerindo,
poderíamos pensar no reforço da estrutura de mandando elevar o Fundo de Participação Sr Constituinte. O Tribunal de Contas, hoje,
fiscalização das Cortes de Conta, de forma a Municipal para 28% (vinte e oito por cento) do não tem competência para fiscalizar esses
não incorrermos, mais uma vez, nessa bolo de toda a importância arrecadada no País, recursos da União em Prefeituras. Essa
centralização exagerada a nível de sendo 20% (vinte por cento) para os Estados competência foi-lhe tirada por lei
administração pública que hoje a Constituinte, e 2% (dois por cento) para o Fundo complementar. Não há como fiscalizar. Ele
por seus diversos segmentos, tem procurado de Desenvolvimento do Nordeste. também libera o quantitativo das cotas, calcula
até eliminar. Pareceria um paradoxo Propugno pelo aumento da receita, por- o percentual para distribuição às Prefeituras,
69 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

mas não tem competência para saber se Objetivamente, perdoe-me, a experiência Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
realmente esse dinheiro está sendo aplicado que tenho na luta com Prefeituras Municipais, Financeira
pelo Prefeito. que V. Ex.ª conhece, dá-me essa convicção.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE São muitos anos de convivência e sei Ata da 10ª Reunião, Ordinária, Realizada em
CASTRO: – Nobre Constituinte, entendo das dificuldades. Os órgãos que fiscalizam 20 de maio de 1987
perfeitamente a preocupação de V. Ex.ª. os Estados com raras exceções, na maioria
Apenas julgo que uma coisa não significa são comprometidos, não têm autoridade para Aos 20 (vinte) dias do mês de maio do
outra. Por exemplo, ser de competência do chegar e autuar. A prática é esta: ano de 1987 (um mil novecentos e oitenta e
Tribunal de Contas da União acompanhar o o calçamento está feito, o papel está aqui, sete), às 10:00 horas, reuniu-se a Subcomissão
desempenho orçamentário-financeiro da e nada mais do que isso. Preocupo-me com de Orçamento e Fiscalização Financeira, na
União, no seu todo, não se discute. Isso algo mais transparente em que se possa sala C-2, do Anexo II, da Câmara dos
significa que o Tribunal de Contas, a realmente participar. Quanto à estrutura Deputados. Presentes os senhores
qualquer tempo e a qualquer hora, terá do Tribunal de Contas da União, Constituintes titulares João Alves – Presidente;
meios e instrumentos para procurar avaliar o é um problema da administração e não é fato José Luiz Maia – Relator; Firmo de Castro,
que está acontecendo com os recursos novo; sempre existiu em todo o País. José Guedes, Naphtali Alves, Wilson Campos,
federais. A auditoria no Tribunal de Contas da União, Jovanni Masini, Furtado Leite, Jessé Freire,
O SR. CONSTITUINTE FURTADO em todo o País e na Capital Federal Féres Nader e Fábio Raunheitti. Estiveram
LEITE: – A lei complementar que tirou a é tradição. Os contadores fazem as ausentes os senhores Constituintes titulares
competência do Tribunal neste sentido está diligências nos processos onde haja dúvida Carrel Benevides e João Natal – Vice-
em vigor. quanto à aplicação, e os devolvem ao Presidentes, Carlos de Carli, João Carlos
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE Tribunal. A intenção é esta: melhorar os Bacelar, Lézio Sathler e Flávio Rocha. ORDEM
CASTRO: – Entendo que a lei tirou do investimentos do Prefeito em sua DO DIA: passando à Ordem do Dia, o Senhor
Tribunal de Contas da União a competência comunidade, o que não está existindo, nobre Presidente, constituinte João Alves, nos termos
exclusiva de fazer a auditoria, isto é, de um Constituinte. O que há, na verdade, com raras regimentais, comunicou que a presente reunião
representante do Tribunal chegar à cidade exceções, é o seguinte: o Prefeito e o foi convocada para discussão do anteprojeto e
do interior como homem que veio fiscalizar. Tesoureiro quem são? É o filho, é o genro do das emendas a ele propostas. A seguir, o
Uma coisa não é necessariamente igual a Prefeito o Tesoureiro da Prefeitura. Não é Senhor Presidente concedeu a palavra ao
outra. O Tribunal deve continuar, possível que isso continue. Precisamos Relator, Constituinte José Luiz Maia, que fez
e vai continuar tendo competência para encarar isto com muita seriedade. Sei de seu explanação acerca do trabalho que está
examinar o desempenho da União, do Poder pensamento, mas nós, Constituintes, temos elaborando e finalizou encarecendo o
Executivo Federal, através de seus diversos uma responsabilidade muito grande na comparecimento de todos os Constituintes, a
órgãos, o que o leva, necessariamente, aplicação dos recursos do Governo em fim de juntos colaborarem na consolidação final
a acompanhar, por exemplo, qualquer órgão federal. do texto do anteprojeto. Usou da palavra, pela
as transferências para os Estados e O SR. PRESIDENTE (João Alves): – ordem, para solicitar maiores esclarecimentos
Municípios. Não que isso signifique que ele Passo a palavra ao Constituinte José Luiz sobre o exame das emendas, o Senhor
vá auditar Estados ou Municípios. Por Maia, Relator. Constituinte Furtado Leite. Em seguida, o
isso, continuará com as instruções O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Senhor Presidente, Constituinte João Alves,
de pareceres de auditoria que serão Gostaria de chamar a atenção dos nobres discorreu sobre a forma de votação que
realizadas pelos Tribunais de Contas dos Deputados para o art. 27 que propomos neste adotará por ocasião da apreciação do
Estados e pelos Conselhos de Contas dos anteprojeto, talvez que modifique um pouco anteprojeto e das emendas. A reunião foi
Municípios, resguardadas as autonomias nos tudo isto, porque vai permitir que os Tribunais gravada por inteiro e o texto, após
três níveis da esfera de poder: federal, de Contas da União e dos Estados, e talvez apanhamento, tradução e datilografia passará a
estadual e municipal. Então, parece-me que até dos Conselhos de Contas dos Municípios, fazer parte integrante desta Ata. Nada mais
seria uma carga muito grande e incoerente, que dedicam 80% (oitenta por cento) do seu havendo a tratar, às 10:40 horas, foi encerrada
em termos dessa disposição de tarefas nos tempo à análise de processos de pensão, a reunião e, para constar, eu, Benício Mendes
três níveis da esfera de poder, dar-se passam a dedicar-se mais à fiscalização. Teixeira, Secretário, lavrei a presente Ata, que
competência ao Tribunal de Contas da União Acabamos com a necessidade de se vai a publicação e, após lida, discutida e
para realizar esse trabalho técnico sem mandar para lá esse tipo de processo. aprovada, será assinada pelo Senhor
prejuízo de ele poder requerer dos Tribunais Queremos que ele faça auditoria In loco, Presidente.
competentes as instruções que julgar verifique junto aos ordenadores a O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
necessárias para desempenhar suas possibilidade de nomeação, contratação e o Havendo número regimental, declaro abertos
funções. processo de aposentadoria. Isso vai permitir os trabalhos da reunião da Subcomissão de
Era essa a observação que traria à desasfixiar um pouco a máquina dos Orçamento e Fiscalização Financeira.
consideração desta Subcomissão. Tribunais de Contas e enquadrá-la naquilo O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
O SR. CONSTITUINTE FURTADO que a Nação quer, ou seja, que ela fiscalize. Sr. Presidente, Srs. Deputados, na qualidade
LEITE: – Queria dar um esclarecimento Os Ministros não ficarão de Relator e também em cumprimento à
a respeito das considerações do a apresentar relatórios ao Tribunal de Contas, disposição regimental, na abertura da
nobre Constituinte Firmo de Castro sobre a no final do exercício, sobre julgamentos discussão do anteprojeto que tivemos
minha emenda. Argumenta S. Ex.ª muito de milhares de processos de aposentadoria, oportunidade de oferecer no Plenário desta
bem. Dá para entender que é muita quando, na realidade, poderiam estar dando Subcomissão, queria informar a V. Ex.ª e
fiscalização. Mas isso é da Federação parecer sobre o acompanhamento da política aos demais Pares que estamos recebendo
brasileira. Todo País sofre fiscalização de orçamentária, sobre a prática do Orçamento, ainda hoje as emendas modificativas, aditivas e
vários órgãos. O INPS fiscaliza a cidade, o enfim, dos atos administrativos. supressivas ao nosso anteprojeto. O prazo
Imposto de Renda fiscaliza a cidade, o Parece-me que isso vem aliviar um encerra-se às 20 horas, por força de decisão
Estado e seus coletores fiscalizam a cidade pouco a estrutura dos Tribunais de Contas. da Mesa da Assembléia Nacional Constituinte,
e os órgãos. Então, não vejo que diferença Era essa a observação que queria embora pessoalmente entenda que não haja
faria o Tribunal de Contas da União ter fazer. amparo regimental para que isso pudesse
participação na fiscalização da aplicação dos O SR. PRESIDENTE (João Alves): – ter sido feito, mas querendo oportunizar a
recursos federais. A minha intenção é no Mais nenhum dos Srs. Constituintes todos os membros desta Subcomissão
sentido de que haja um melhor desejando usar da palavra, encerro a reunião, e achando que não poderíamos nos fechar
aproveitamento. comunicando que no dia 18, às 17:30 num trabalho individual, decidimos aceitar
V. Ex.ª tem razão. Realmente, (dezessete e trinta) horas, teremos outra essas emendas. Outro ponto que
tecnicamente está certo; é economia para a reunião para receber e apreciar emendas ao desejo ressaltar, Sr. Presidente, é
Nação. Mas a estrutura teria de mudar, V. anteprojeto do Relator. que poderíamos convocar para amanhã a
Ex.ª, tecnicamente, está certo. Está encerrada a reunião. votação para aprovação do anteprojeto,
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 70

ressalvado o direito aos destaques às sença de todos, principalmente na redação que o Relator entendeu por bem aceitar.
emendas que se fizerem necessários e que final. É claro que os Constituintes vão discutir Quero dizer apenas que não falei que votou,
os Srs. Constituintes entenderem como tal. A aqui sobre o parecer do Relator, rejeitando-o mas que relacionou no parecer.
partir daí, então, começaríamos a discutir as ou aprovando-o. A partir daí, na consolidação O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
emendas apresentadas para rejeitá-las ou dessas emendas no texto é que gostaria que Foram sugestões encaminhadas naquele
aprová-las, de acordo com a consciência de nos ajudassem na redação final, a fim de que período que o Relator teve o livre arbítrio de
cada um dos Parlamentares. Creio que esse não tenhamos um trabalho cansativo aqui observar. Eu aqui fiz uma relação de todos os
trabalho é realmente o mais importante da dentro É esta a intenção do Relator. Constituintes que encaminharam emendas
Subcomissão, e pediríamos a atenção dos O SR. CONSTITUINTE FURTADO para cá. Isso está relacionado inclusive na
ilustres representantes da Assembléia LEITE: – Está bem esclarecido, Sr. peça do anteprojeto que fiz. É evidente que
Nacional Constituinte integrantes desta Presidente. eu não poderia submeter à discussão
Subcomissão para que, a partir de amanhã, O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – sugestões, eu tinha de submeter à discussão
fizéssemos uma reunião às 10 horas e outra Sr. Presidente, creio que, se nenhum o anteprojeto que terá de ser aprovado,
às 18 horas. Constituinte tiver outra observação, o objetivo ressalvado o direito de modificação. É esta a
Outro ponto, Sr. Presidente, no qual desta reunião é o cumprimento regimental posição que nós entendemos. Era só este
gostaria de insistir, é o pedido que faço a daqueles prazos de discussão do anteprojeto. esclarecimento, Sr. Presidente.
cada um, a título de colaboração, para que, Da minha parte não tenho mais nada a dizer, O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
informalmente, juntos, analisássemos todas a não ser que algum Constituinte tenha O Sr. Secretário está me advertindo de que
as emendas e a redação final do texto, que o alguma dúvida ou queira algum outro me estou referindo às sugestões, e realmente
Relator teria de submeter a esta esclarecimento que eu possa prestar neste constam do relatório todas as sugestões. O
Subcomissão, e que todos, para uma momento. problema de emendas é a posteriori, de
expressão maior da democratização do texto O SR. PRESIDENTE (João Alves): – maneira que me rendo à evidência,
represente que este é na realidade aquilo que O esclarecimento do Relator é no sentido de entendendo contrária a apreciação a
e o consenso, comparece com o "vim para cá que se vote o anteprojeto e posteriormente as posteriori das emendas, mas o fato é que
para a votação final da redação". De modo emendas. Ainda vou examinar o problema, uma trata inicialmente de sugestões e agora
que essas são as observações que o Relator porque melhor seria, no meu entendimento, já se trata de emendas da Subcomissão. De
queria fazer. Solicito a cada um que se integre que fossem analisadas essas emendas e modo que há uma distinção entre uma e
nessa nossa luta, que não é só incluídas no anteprojeto, e este discutido para outra. Então, o objetivo da reunião está
responsabilidade do Relator. Quero transferir votação, porque aí vamos fazer como a atendido e estamos aqui amanhã às 10 horas.
essa responsabilidade a todos e estou aberto maioria das subcomissões, ou seja, um por Esperamos que tenhamos um número
ao diálogo. Insisto, e inclusive mandei uma um analisou, emenda por emenda, até sair suficiente porque não podemos tomar
correspondência para o gabinete de cada um, publicado, e, no final, já vem o parecer do qualquer deliberação daqui para a frente sem
pedindo a colaboração e a presença de todos Relator, incorporando as emendas que ele a maioria dos membros da Subcomissão.
para discutirmos o fecho final desse entendeu por bem aceitar, muitas até Nada mais havendo a tratar, vou
anteprojeto, que espero represente o anseio e impertinentes. Em seguida, no decorrer da encerrar os trabalhos da presente reunião,
o sentimento de todos os integrantes desta discussão, apreciam-se essas emendas convocando outra para amanhã, dia 21, às 10
Subcomissão. aprovadas, rejeitadas ou impertinentes assim horas.
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – consideradas pelo Relator e vota-se o Está encerrada a reunião.
Com a palavra o Constituinte Furtado Leite. anteprojeto. Mas votar o anteprojeto, depois
O SR. CONSTITUINTE FURTADO analisar-se as emendas para incorporá-las, ATA DA 11ª REUNIÃO, ORDINÁRIA,
LEITE: – Pelo que entendi das palavras do mesmo considerando ter-se votado com REALIZADA EM 21 DE MAIO DE 1987
Relator parece-me que ele examinou as ressalva das emendas? Não me parece que
sugestões, e as emendas ao parecer de S. esta seja uma prática saudável, contudo, Aos 21 (vinte e um) dias do mês de
Ex.ª, salvo o que não entendi bem se seriam vamos examinar o problema e se S. Ex.ª tiver maio de 1987 (hum mil novecentos e oitenta e
apreciadas em uma reunião informal, para razão, adotaremos perfeitamente sua sete), às 10:00 horas, reuniu-se a
discutir o mérito e as decisões, para depois vir sugestão. Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
à Comissão. Não sei se foi nesse sentido que O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Financeira, na sala C-2, do Anexo II, da
realmente o Relator nos orientou. Queria pedir Sr. Presidente, peço a palavra para um Câmara dos Deputados. Presentes os
uma confirmação. esclarecimento. Com a devida vênia de V. senhores constituintes titulares João Alves –
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Ex.ª, nenhum Relator ainda conseguiu Presidente, Carrel Benevides – Vice-
Esclareço ao nobre Constituinte Furtado Leite submeter à aprovação nenhuma emenda. Presidente, José Luiz Maia – Relator, Firmo
que, cumprindo o prazo regimental, ainda Pelo contrário, esta Subcomissão foi uma das de Castro, José Guedes, Lézio Sathler,
estamos no período de recebimento de que mais democraticamente tentou trabalhar Jovanni Masini, Wilson Campos, Naphtali
emendas e que a partir de hoje às 20 horas, na formulação do seu parecer. Observamos Alves, Furtado Leite, Jessé Freire, Fábio
começaremos a dar o parecer sobre emendas as emendas de cada um dos companheiros, Raunheitti e Messias Góis e o suplente Hélio
que estão sendo apresentadas. É claro que com exceção das que não foram Rosas. Ata: Foi dispensada a leitura da Ata da
umas são rejeitadas e outras incorporadas encaminhadas a esta Presidência e a esta reunião anterior, a pedido do Relator,
pelo Relator, mas a palavra final naturalmente Relatoria, porque muitas delas por erro de constituinte José Luiz Maia, já que foram
é do Plenário desta Subcomissão. O que encaminhamento, foram mandadas para distribuídas cópias a todos os membros da
desejo, após esta reunião, se possível, é outras Subcomissões. Mas as que nos Subcomissão; não houve discussão e,
discutir com cada um dos companheiros, num chegaram às mãos, fizemos referência a elas colocada em votação, foi ela aprovada, por
gesto de abertura total, para tentarmos em nosso trabalho. Nenhuma Subcomissão unanimidade, sem restrições. Ordem do Dia:
emprestar a esse documento a qualidade que ainda conseguiu votar qualquer subemenda, passando a ordem do dia, o Senhor
ele exige. Não quero absolutamente ser o primeiro, porque o prazo ainda está aberto. Presidente, constituinte João Alves,
dono do documento, mas que ele expresse na O SR. PRESIDENTE (João Alvez): – comunicou que a presente reunião foi
realidade o sentimento e a vontade deste Permite-me, V. Ex.ª? Sou obrigado a convocada, nos termos regimentais, para
Plenário. É nesse sentido que estou fazendo interrompê-lo porque não estou dizendo que votação do anteprojeto e das emendas a ele
um SOS aos meus companheiros, pedindo foi votada, mas que foram apresentadas e apresentadas. Em seguida, o Senhor
que nos ajudem inclusive na formulação de relacionadas no parecer contra ou a favor do Presidente João Alves, pela ordem, concedeu
rejeição de propostas, de idéias, antes Relator. Primeiro, ele analisou as emendas, a palavra ao constituinte Messias Góis, o qual
mesmo disso, para que possamos fazer um uma por uma, deu o seu parecer, contrário sugeriu, em virtude do excessivo número de
trabalho mais conscientizado. A votação do ou a favor. Tenho no meu gabinete emendas apresentadas, que a votação se
anteprojeto amanhã ressalva todos os direitos quatro avulsos desses pareceres e, no desse em duas etapas: hoje, votação do
modificativos, supressivos ou aditivos dele, final, ele apresentou o relatório. Gostaria que anteprojeto e amanhã, votação das emendas.
para depois analisarmos uma a uma as aqui fosse feita a mesma coisa, isto é, que O Senhor Presidente, então, ouvido
emendas que serão relatadas na forma no final se apresentasse uma espécie o Plenário, acatou a sugestão, uma vez
regimental. Quero na realidade pedir a pre- de relatório, incluindo as emendas que o exame, uma a uma, das 189 emen-
71 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

das, até a presente data recebidas, seria nos debruçar para examinar o referido tudo, o constrangimento em opor-me a um
demasiado sacrificante. A seguir, e em virtude parecer sobre cada uma das emendas e pedir amigo, não posso render-me e fugir ao dever
de ter ponto de vista diverso do Relator, o os destaques necessários. Aprovadas ou de expressar minhas convicções em momento
Senhor Presidente, constituinte João Alves, rejeitadas as emendas, as de suprema esperança para a população
passou a Presidência ao Vice-Presidente compatibilizaríamos com o anteprojeto e, brasileira: a nova Constituição do País.
Carrel Benevides e apresentou declaração de amanhã mesmo teríamos um produto final e Aliás, a certeza de que o trabalho
voto, em separado, de sua autoria, para que acabado desta Subcomissão. Submeto a apresentado pelo eminente colega é produto
constasse de Ata e fosse encaminhada para a proposta à consideração de V. Ex.ª e, se de sugestão dos diversos segmentos da
Comissão Temática. A seguir, o Senhor entender válido, apreciação do plenário. sociedade, entendida ou não na matéria,
Presidente, constituinte Carrel Benevides, O SR. PRESIDENTE (João Alves): – animaram-me a contratar a peça trazida à
elogiando a exposição do constituinte João Esta também é a proposição do Relator, creio. deliberação deste órgão técnico.
Alves, convidou-o a reassumir a Presidência, De modo que não há o que discutir, pois o Nessa perspectiva, e consciente da
oportunidade em que o Senhor Constituinte Regimento permite que se faça em conjunto importância que assumiu a Subcomissão, na
João Alves, declinando, solicitou ao Senhor ou separadamente, desde que ambas sejam condução dos debates e propostas referentes
Constituinte Carrel Benevides que analisadas em um só turno. A palavra está ao Orçamento e à Fiscalização Financeira,
continuasse presidindo os trabalhos. franqueada. onde se inclui forçosamente a ordem
Prosseguindo, o Sr. Presidente, Constituinte O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – econômica e social do País, permiti-me fazer
Carrel Benevides, franqueou a palavra aos Sr. Presidente, ao submeter o anteprojeto, na algumas considerações de ordem doutrinária
presentes, ocasião em que falaram os forma original, quero ressaltar que foram e técnica sobre o texto apresentado.
Senhores Hélio Rosas, Messias Góis, Fábio recebidas, pelo plenário da Comissão Após analisar longamente o
Raunheitti, Furtado Leite e Firmo de Castro. Temática, 177 emendas, das quais muitas anteprojeto do Relator, reconsiderando várias
Terminada a fase de questionamentos, o foram acolhidas pelo Relator. Teremos, de vezes minhas próprias idéias, ditadas pela
Senhor Presidente Carrel Benevides passo a acordo com o Regimento, blocos de emendas experiência como membro, relator ou
fase do processo de votação nominal do a serem discutidas, que, evidentemente, vão presidente de inúmeras Comissões de
Anteprojeto, tendo-se apurado o seguinte alterar este anteprojeto, que será submetido à Orçamento ou de Fiscalização Financeira, ou
resultado: 11 (onze) votos favoráveis, votação agora. Temos também destaques mesmo de matérias correlatas, ao longo de
considerando-se, portanto, aprovado o das emendas acolhidas. Se algum quase 25 anos ininterruptos neste
Anteprojeto do Relator, Constituinte José Luiz companheiro não concordar com os termos Parlamento, e balizadas pelos estudos e
Maia, com ressalvas para os pedidos de das emendas, naturalmente tem o livre direito pesquisas de doutrinas da Ciência
destaque às emendas, a serem votadas de requerer destaque para análise, uma a Econômica, da Ciência da Administração, da
amanhã, às 15:00 horas, em reunião uma. Há outras emendas rejeitadas pelo Ciência Política e do Direito, sobre os
ordinária. Deixaram de votar a favor do Relator, bem como alguns destaques. Sobre assuntos pertinentes ao Orçamento, em nível
Anteprojeto os Constituintes João Alves, essas emendas que foram rejeitadas se nacional e internacional, resolvi apresentar
Fábio Raunheitti e Carrel Benevides, por algum companheiro sentir-se prejudicado, tem este voto em separado, discordante da
terem subscrito a declaração de voto em o livre direito de requerer a discussão em proposta do Relator.
separado. A reunião foi gravada por inteiro e o separado. (Pausa.) – São 187 emendas, e as É importante ressalvar que o voto que
texto, após apanhamento, tradução e estamos analisando uma a uma. ora submeto, além de expressar essa
datilografia passará a fazer parte integrante Aproveitaremos as que forem pertinentes, experiência, é fruto de consultas a dezenas de
desta Ata. Nada mais havendo a tratar, às aquelas que não alteram filosoficamente o Constituições estrangeiras, aprovadas por
11:43 horas, foi encerrada a reunião e, para trabalho inicial. Um direito que têm os nobres parlamentares do mundo, homens de todas as
constar, eu, Benício Mendes Teixeira, Constituintes é o de emendar o parecer final, categorias profissionais; às Constituições
Secretário, lavrei a presente Ata, que vai à que deveremos apresentar na sessão de brasileiras, de 1891 a esta data; a professores
publicação e, após lida, discutida e aprovada, amanhã, juntamente com as demais de alto nível e a lideranças expressivas das
será assinada pelo Sr. Presidente. emendas. Depois haveremos de submeter o duas Casas do Congresso, mas, acima de
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – trabalho final à decisão do douto plenário tudo, calcado no mais profundo e apaixonado
Havendo número regimental, declaro abertos desta Casa. sentimento por uma sociedade organizada de
os trabalhos da reunião da Subcomissão de Portanto, Sr. Presidente, peço a V. forma permanente, de acordo com as
Orçamento e Fiscalização Financeira, que Ex.ª, na forma regimental, que submeta o necessidades e aspirações do povo brasileiro.
tem por objetivo votar o anteprojeto do Relator anteprojeto à votação ressalvados os E. sob esta ótica, não se pode aprovar
com as emendas apresentadas. Ficará para destaques e as emendas que estão em apenas um bom trabalho. Deve-se aprovar o
amanhã a redação final. Hoje, não será análise por este Relator. melhor trabalho.
possível. O SR. PRESIDENTE (João Alves): – Nesse sentido, não se pode aprovar
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS Devo uma explicação à Subcomissão. Na uma proposição que, integrando o capítulo do
GÓIS: – Sr. Presidente, pela ordem. qualidade de Presidente desta Subcomissão, Poder Legislativo, inicia com a determinação
O SR. PRESIDENTE (João Alves): – acompanhando detalhadamente todas as de que o Poder Executivo estabelecerá planos
Tem a palavra o nobre Constituinte Messias démarche, os trabalhos verificados, discordei condicionados à aprovação do Congresso
Góis. na forma e no conteúdo do anteprojeto Nacional.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS emitido pelo Relator. Por conseguinte, resolvi O conteúdo dessa redação, além de
GÓIS: – Sr. Presidente, estive até agora nos emitir um voto em separado, fazendo-o agora, deixar a reboque o Poder Legislativo, poderá
grupos que estão terminando de verificar as por antecipação, porque poderá inclusive ser levar à intervenção do Estado no domínio
emendas recebidas até à noite, que estão aproveitado pelo Relator, que tem tido muito econômico e social, ao privilegiar o Poder
sendo selecionadas para um estudo definitivo boa vontade com relação às sugestões Executivo.
do nobre Relator. Solicito a V. Ex.ª e – se recebidas. O Poder Executivo ao estabelecer
necessário submeto à vontade do plenário – Nestas condições, convido o planos de longo, médio e curto prazos, aos
que, por uma questão didática, se faça a Constituinte Carrel Benevides, Vice- quais se subordinarão os planos e orçamentos
votação, não diria em dois turnos, mas em Presidente, para assumir a Presidência, a fim do setor público, poderá induzir a idéias de que
duas etapas em um mesmo turno. Enquanto o de que eu possa ler meu voto neste plenário. está condicionado toda a atividade privada,
nobre Relator não tiver uma visão global de O SR. PRESIDENTE (Carrel dificultando a ação particular da empresa ou do
todas essas emendas, seria injusto votarmos Benevides): – Tem a palavra o eminente indivíduo, contradizendo, pelo menos em tese,
alguma coisa sem o seu exame. Quero propor Presidente desta Subcomissão, Constituinte o princípio da livre iniciativa, pois evidencia
a V. Ex.ª que se assim o entender, submeta João Alves. uma economia planificada.
aos nobres colegas Constituintes a proposta O SR. CONSTITUINTE JOÃO Em face de tal redação, surgem
de votarmos hoje, como se faz no processo ALVES: – Sr.Presidente, Sr. Relator, demais algumas dúvidas: o Congresso Nacional
legislativo normal, em primeira votação, o membros desta Subcomissão, em que pese o apenas aprovará os planos e orçamentos do
anteprojeto apresentado pelo Relator, esforço, o empenho, a dedicação e o setor público que se subordinam aos
Constituinte José Luiz Maia. Amanhã, já com interesse do Relator desta Subcomissão, planos de longo, médio e curto prazos,
o parecer a todas as emendas, poderíamos Deputado José Luiz Maia, e, sobre- estabelecidos pelo Poder Executivo ou
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 72

aprovará os próprios planos de longo, médio e E tudo isso sem considerar as mos a percepção da ação pública, autorizada
curto prazos? No processo de aprovação de implicações técnicas, econômicas. sociais e pelo Congresso, que já tivesse sido exercida.
todos esses planos, ou de qualquer deles, se políticas, da transferência obrigatória de renda Dessa forma, a execução
fosse o caso, o Congresso Nacional poderia entre regiões. Sem atentar para as orçamentária tornase-ia algo que só pessoas
alterá-los? Nada esclarece o anteprojeto. necessidades reais de cada uma, poder-se-ia com formação altamente especializada
Em última análise, o primeiro artigo da ter, em médio ou longo prazo, distorções poderiam entender e, portanto, acompanhar,
proposição, além de apresentar distorções em piores que as atualmente observadas. Deve- controlar ou fiscalizar, tirando toda a
relação aos ideais democráticos do povo se, ainda, lembrar que investimentos transparência da ação governamental; do que
brasileiro e do Congresso Nacional, mostra caríssimos que sobrecarregam toda a já foi executado e do que falta executar; do
outras inconsistências técnicas. Exemplo sociedade – setor de transportes ou de que já foi gasto e do que ainda se pode
disso é a sugestão contida no § 1º do Art. 1º geração de energia, por exemplo – depois de gastar, de acordo com o autorizado pelo
de serem "levadas em conta" (que redação executados, precisam ser mantidos, o que Congresso.
esdrúxula para uma Constituição!), na não seria possível com a aplicação de meros A par das dificuldades de controle que
elaboração de planos e orçamentos, coeficientes regionais, estaduais, municipais, me preocupei em descrever, outras
obrigatoriamente, as macrorregiões etc. a todo o processo de alocação de inconsistências técnicas se verificam no art. 2º
geográficas. Se assim for, como ficarão os recursos públicos. do anteprojeto. Ele estabelece a indexação de
setores econômicos que necessitam de Mesmo que estivesse pensando no forma a atualizar os valores orçamentários
atendimento prioritário? E como serão critério que se aplica à distribuição dos conforme a inflação, sem considerar que
consideradas as diferenças regionais, recursos do atual Fundo de Participação dos receita e despesa têm comportamento
estaduais, municipais ou de integrantes das Estados e Municípios, nunca poderia ser ele diferentes. A curva da receita é
macrorregiões? aplicado indiscriminadamente, como prevê o completamente diferente da curva de despesa
O § 2º é de inexeqüível aplicação anteprojeto, na distribuição de todos os e estas nem sempre acompanham a curva
prática, pois estabelece critério obrigatório recursos orçamentários da União. Ademais, inflacionária.
para a alocação de todos os recursos, nada disso caberia num texto constitucional. A receita, em sua maior parte, é
destacando os casos a serem ressalvados. O art. 2º do anteprojeto apresenta arrecadada com base nos preços de cada
Tais critérios são impropriedade que um texto também inconsistências técnicas ao época. Os impostos, taxas e tarifas que
constitucional não pode permitir, pois, ao se estabelecer que "os orçamentos anuais do incidem sobre a renda e sobre os produtos ou
basearem na "proporcionalidade direta à setor público compreenderão estimativas de atividades produtivas têm sempre seu volume
população e inversa à renda", seja qual for, receita e despesa em base real". acrescido em função dos preços ou dos
não esclarecem se isto se fará em relação às A possibilidade de se estimar a rendimentos de cada momento, sendo
macrorregiões ou às regiões, aos Estados, defesa, contrariando toda a experiência e condicionados, portanto, à ação inflacionária
aos municípios, ou ainda, às microrregiões. tradição nacional e internacional, traz de forma permanente e independente da
O texto proposto no § 2º peca, ainda, embutida a possibilidade de o Executivo indexação.
por restringir a apenas quatro casos, as realizar despesas fora da estrita determinação Por outro lado, a despesa tem
impossibilidades de se adotar aquele critério. legislativa e do que for divulgado, de forma componentes diversos, os quais são
Essa critica fundamenta-se na transparente, à sociedade. influenciados, de forma diferenciada, pela alta
constatação de alguns simples exemplos: os Na verdade, a simples sugestão de geral de preços numa economia. Assim, não
planos para os setores rodoviário ou estimar despesas gera inúmeras dificuldades se pode admitir a utilização de um mesmo
ferroviário, ou ainda para a manutenção e para o controle, o acompanhamento e a instrumento para indexar tanto os setores
construção de aeroportos e portos, que fiscalização do orçamento, exercido tanto pelo dependentes de financiamento externo, os
exigem normalmente grande soma de Congresso Nacional, quanto pelos órgãos quais são fortemente influenciados pelos
recursos, não estabeleceriam condicionados técnicos do chamado controle externo – valores de moedas estrangeiras, com
às prioridades nacionais, mas a coeficientes Tribunal de Contas da União, como auxiliar do comportamento independente da ação política
de alocação regionais, estaduais ou Congresso – e do próprio controle interno. interna, quanto os gastos com pessoal, com
municipais, que obrigariam uma distribuição Tais afirmações se tornam ainda mais saúde ou com subsídio à agricultura etc...
irracional de recursos a regiões, Estados ou assustadoras ao estabelecer a base real para Não me reportando mais aos aspectos
Municípios que deles não necessitassem, a estimativa desta despesa, isto é, a de controle e a exemplo que ilustre os vícios
impedindo o próprio desenvolvimento indexação do orçamento a um instrumento trazidos pela proposta, devo ainda ressaltar
harmônico do País. qualquer a OTN, por exemplo. Todos os que a indexação automática e generalizada
Inúmeras outras situações servem meses, ou dias, ou bimestres, trimestres, tem um importante componente de inflação
para exemplificar a inviabilidade de tal semestres, não sei, e o anteprojeto não inercial e de inflação psicológica, que a
critério na Constituição. Assim, um programa indica, as rubricas orçamentárias seriam inviabilizam em situações econômicas normais.
de armazenagem de safra agrícola nu atualizadas por um índice estabelecido pelo A indexação da economia só deve ser
pecuária não estaria condicionado a criar Poder Executivo – e quantas são as notícias indicada em situações extremas, particulares
silos nas áreas produtoras ou consumidoras. sobre manipulação de índices neste País, ou e conjunturais, quando a inflação fica
De acordo com tais critérios, estaria sobre alteração de seus critérios incontrolável, com índices crescentes a cada
obrigando a construir silos em regiões não casuisticamente! – sem a participação do momento. Situações como esta perduram,
produtoras ou não consumidoras. Ou, um Legislativo. tanto no caso brasileiro como no de vários
programa de desenvolvimento de pecuária, Imaginem uma situação em que os outros países – Israel, Bolívia, Argentina etc...
obrigaria a que se aplicassem recursos em saldos de cada rubrica orçamentária, à – por períodos limitados. Não há nenhuma
regiões sem vocação econômica para tal medida que o tempo passasse, fossem tendo corrente científica a defender a indexação
atividade; ou, um programa de seus valores atualizados. Pergunto: isso se permanente, ao longo do tempo e para todos
desenvolvimento de ensino superior, exigiria a faria pela "nota de empenho" ou pela efetiva os setores, num texto constitucional.
instalação de universidades em regiões sem realização de despesa, que podem ter suas O mesmo art. 2º com seu parágrafo
demanda ou com demanda já atendida; um datas separadas por meses? Qualquer das único, contradiz, ainda, uma das aspirações
plano de reforma agrária levaria à aplicação duas hipóteses pode fazer com que o objetivo básicas do Poder Legislativo e um dos princípios
de recursos em regiões não prioritárias, pretendido na proposta se revele inócuo, pois clássicos da teoria científica pertinente à matéria:
ficando sem recursos outras regiões; ou, bastaria que a inflação entre as duas datas o princípio da unicidade. Quando se pretende
ainda, um projeto de erradicação de fosse muito alta para que uma delas se um orçamento único para o setor público, o
habitações deficientes nas cidades deixaria tornasse defasada financeiramente no tempo. anteprojeto apresenta proposta para, pelo
sem recursos os centros urbanos mais Isso com o argumento de sombrear e menos, dois orçamentos distintos, a exemplo do
problemáticos e, com excesso, alguns mais obscurecer o conhecimento da ação pública já que temos hoje em dia. Um, o orçamento da
favorecidos. exercida. Se os valores forem atualizados União, outro, o das empresas estatais.
Poderíamos passar horas aqui a cada mês, por exemplo, teremos Além disso, contrariando a técnica
relatando exemplos de situações, em todos os atualizados em cima de atualizações. Estaria de redação legislativa, onde os preceitos
setores e atividades, que mereceriam também assim dificultado o conhecimento claro do devem estar absolutamente claros,
ser ressalvados no texto constitucional. que já houvesse sido realizado. Perdería- estabelece, no art. 9º, que o "Poder
73 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

Executivo encaminhará ao Congresso apresentado um "Plano de Distribuição de de lei orçamentária, ajustado a manifestação
Nacional o projeto de lei orçamentária" sem Recursos" ao qual, em nenhum momento, é prévia do Congresso Nacional" será
fazer referência ou esclarecer o conteúdo dado claramente um objetivo, uma definição encaminhado em prazo estabelecido. Ora,
desse projeto, se é constituído por dois ou indicada sua utilização. a expressão "manifestação prévia" é
orçamentos ou por apenas um deles. O inciso II do art. 9º estabelece dúbia, podendo-se depreender que se trata
No art. 3º do anteprojeto encontramos apenas 2 meses para a apreciação pelo do referido Plano de Distribuição de
outra imprecisão que poderá diminuir ainda Congresso do projeto de lei orçamentária, isso Recursos. Sendo assim, e, volto a frisar,
mais a participação legislativa: "o orçamento numa situação em que o Congresso pretende como ao Congresso cabe aprová-lo, muito
da União... deverá explicar custeio, um maior número de informações e de pouco se teria a fazer, também com
investimento e transações financeiras e entidades públicas compreendidas na peça relação ao "ajustado" projeto de lei
transferências". Ora, a nossa tradição e orçamentária. Na vigência da atual orçamentária.
jurisprudência, configuradas, inclusive, na Lei Constituição, votada precipuamente para o O disposto no art. 17 representa outra
nº 4.320, de 1964, estabelecem para o fortalecimento do Executivo, tal prazo é de 3 norma absolutamente inócua e parece ter sido
orçamento da União um detalhamento bem meses! redigido de forma a dar aparentemente
maior do que o agora proposto. Se a O art. 11 do anteprojeto estabelece importância ao Congresso. Este artigo não
Constituição nascente determinar apenas Comissão Mista, com fins de que trata a estabelece a periodicidade com que o Poder
esses itens de explicação, que são de caráter seção. Tal redação peca pela absoluta Executivo encaminhará ao Congresso, para
genérico e agregador, o Congresso Nacional imprecisão e impropriedade. Não informa acompanhamento, relatórios da execução
passará a ter substancialmente diminuída sua textualmente e de maneira isofismável quais físico-financeira dos planos e orçamentos. Se
participação no processo decisório, relativo à as matérias de competência desta Comissão o Executivo encaminhar tais relatórios no
alocação de recursos neste País. e, o que é pior, exclui dela o último dia de vigência dos planos ou do
Quanto ao disposto no art. 4º vale acompanhamento, o controle e a fiscalização, orçamento terá cumprido, formalmente, o
salientar o que já foi dito: em nenhum lugar da pois são próprios de outra seção específica. dispositivo constitucional, sem permitir, na
proposta está claro que o orçamento das Esta Comissão, com caráter permanente e prática, nenhuma ação do Congresso. Nem
estatais será apreciado, alterado, se for o caso, duração de 2 anos para o mandato de seus reclamar o Legislativo vai poder!
votado e aprovado pelo Congresso Nacional. membros, nos moldes propostos, só terá A impropriedade maior do art. 22 do
Pode-se depreender outra razão de ser se apreciar as contas do anteprojeto já foi comentada no início deste
impropriedade no art. 5º "a eficácia e a exercício anterior, acompanhar e fiscalizar a voto: a elaboração, organização, execução e
eficiência dos agentes" não podem ser execução do exercício presente e analisar o acompanhamento dos orçamentos públicos
verificadas em orçamentos, como disposto no orçamento do exercício subseqüente. em termos reais, representa componente
anteprojeto, mas sim na sua execução. O parágrafo 2º deste mesmo art. 11 altamente inflacionário, dificulta o controle,
No art. 7º quanto à permissão de que está a evidenciar, mais uma vez, a eliminando a transparência na ação pública, e
transações financeiras das empresas estatais, preocupação em diminuir a função do Poder é tecnicamente desaconselhada.
mesmo as relativas aos gastos operacionais, Legislativo: "somente aos projetos Em relação à Seção que trata da
sejam efetuadas sem prévia autorização do mencionados no art. 8º, poderão ser oferecidas Fiscalização Financeira, Orçamentária e
Legislativo, equivale incorrer no mesmo erro emendas", ou seja, somente aos planos de Patrimonial da União art. 20 entendo que
que, durante os vinte anos de vigência da longo e médio prazos e aos orçamentos. Os necessita, entre outros aspectos, de correção
atual Constituição, possibilitou o recorde planos de curto prazo e o "Plano de nas partes em que prescreve a fiscalização, o
mundial de uma dívida externa da atual Distribuição de Recursos" não estão inseridos controle e a tomada de contas de forma
Constituição, possibilitou o recorde mundial de nas prerrogativas do Congresso. E mais separada, pela Câmara dos Deputados e
uma dívida externa de mais de 100 bilhões de adiante, encontrei um primor de contradição no pelo Senado Federal. Estas atribuições
dólares, com as nefastas conseqüências que § 3º deste artigo. Verbis: devem ser das duas Casas, conjuntamente,
isto tem trazido a toda a sociedade brasileira. "§ 3º Não serão aceitas emendas ao passando pelo exame da Comissão Mista,
No art. 8º foram omitidos os planos de projeto de lei orçamentária: que apreciará os planos e as matérias
curto prazo, que estão explícitos no art. 1º a) incompatíveis com os planos de orçamentárias.
Uma Constituição não pode ter dispositivos médio e curto prazos; Assim, reafirmo que o anteprojeto
conflitantes como estes. Ou será que os b) que contrariem o plano de estabelece uma preponderância do Poder
planos de curto prazo devam ser apreciados distribuição de recursos previamente Executivo em relação ao Poder Legislativo,
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado aprovado: que continua com papel homologador, o que
Federal, separadamente, burocraticamente e contraria a formação cultural da sociedade
estendendo, no tempo, sua apreciação O art. 12 da proposta do prezado brasileira e as aspirações democráticas do
legislativa – justo no plano de curto prazo! Já Relator faz referência apenas a veto do Poder nosso povo.
o seu parágrafo único estabelece a Executivo ao projeto de lei orçamentária anual, O anteprojeto em estudo
obrigatoriedade de os Ministros de Estado sem fazer referência explícita à possibilidade desconsidera a visão do Estado, enquanto
serem convocados a comparecer ao de veto ao Plano de Distribuição de Recursos, Governo, sociedade civil e sociedade política.
Congresso Nacional ou a qualquer de suas o qual está regulado, junto com o projeto de lei Privilegia apenas o Governo, representado
Comissões. Ora, estabelecer obrigatoriamente de meios, no art. 9º. Como o chefe do Poder pelo Poder Executivo, ao passo que a
a convocação parece ser meio de banalizar a Executivo só veta o que for alterado, isto é, proposta integrante deste voto pressupõe
presença de Ministros no Congresso e, ao emendado pelo Congresso Nacional, a falta de participação harmônica de Governo e
mesmo tempo, de tomar parte do exíguo previsão de veto ao Plano de Distribuição de sociedade, tanto política quanto civil. O único
tempo que o Legislativo tem para apreciar e Recursos confirma a minha certeza de que não meio de viabilizar tal pressuposto será
debater a matéria orçamentária. É mais se permitirá ao Legislativo alterar, por meio de mediante o fortalecimento do Poder
apropriado estabelecer o princípio da emendas, este plano, cabendo-lhe tão-somente Legislativo.
convocação, quando for indicada, necessária aprová-lo, como está dito, aliás, como todas as Defendo, pois, a participação do
ou conveniente. letras, no item I do art. 9º. Congresso Nacional no processo decisório
O art. 9º estabelece que será O Congresso Nacional, não podendo relativo à alocação de recursos públicos e na
encaminhado ao Congresso Nacional um Plano emendar o Plano de Distribuição de Recursos, fiscalização da ação governamental.
de Distribuição de Recursos, para aprovação. conseqüentemente, vê diminuída sua Considerando, pois, que o anteprojeto
O Congresso Nacional não deve ser mero possibilidade de alterar o próprio projeto de lei em apreço contém vícios e impropriedades de
homologador, aprovador de instrumentos do orçamentária, pois, conforme o disposto na natureza diversa, inclusive doutrinária e
Executivo. Em nenhuma parte do anteprojeto, alínea "b" do § 3º do art. 11 não serão aceitas técnica, na forma e no conteúdo, proponho
que ora analiso, existe menção à possibilidade emendas que contrariem aquele plano. neste voto em separado, dele fazendo parte
de retificação, inclusive para aprimoramento, Essa situação já é anteriormente integrante, texto alternativo que objetiva sanar
de Plano de Distribuição de Recursos. ressaltada quando o item lI do as incorreções e os inconvenientes
Aliás, a falha técnica é tão gritante que é art. 9º determina que o projeto demonstrados:
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 74

ANTEPROJETO DO ORÇAMENTO, § 1º Na elaboração de proposta § 2º Mantido o veto, os recursos


FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA orçamentária, o Poder Executivo incluirá correspondentes serão utilizados em créditos
E TOMADA DE CONTAS fundos, programas e projetos aprovados em adicionais, aprovados pelo Congresso
lei. Nacional.
SEÇÃO § 2º Nenhum investimento, cuja Art. 10. O numerário correspondente às
DO ORÇAMENTO execução ultrapasse um exercício financeiro, dotações destinadas à Câmara dos Deputados,
poderá ser iniciado sem prévia inclusão no ao Senado Federal e, aos Tribunais Federais
Art. 1º O orçamento anual orçamento plurianual ou sem prévia lei que o será entregue em duodécimos.
compreenderá a fixação da despesa e a autorize e fixe o montante das dotações que Art. 11. A lei disporá sobre as condições
previsão da receita. anualmente constarão do orçamento, durante para emissão de títulos de dívida pública,
Parágrafo único. Na elaboração da o prazo de sua execução. compreendendo a natureza, o montante, a
orçamentária, o Poder Executivo, em anexos § 3º Ressalvadas as disposições rentabilidade, as formas e prazos de resgate.
específicos, fará as previsões relativas ao desta Constituição e de leis complementares, Art. 12. Nenhum gasto será realizado
custeio das atividades-meio, da infra-estrutura, é vedada a vinculação do produto da ou obrigação assumida pelo Estado, seus
do setor produtivo e dos investimentos sociais arrecadação de qualquer tributo a orçamentos, inclusive entidade da qual
do Estado, discriminadamente, e relacionará o determinado órgão, fundo ou despesa. participe direta ou indiretamente, sem prévia
conjunto das isenções, dos incentivos e das Art. 7º O orçamento plurianual autorização do Congresso Nacional.
demais modalidades de benefícios fiscais. consignará dotações para a execuções dos Art 13. Depende de autorização do
Art. 2º A lei do orçamento não conterá planos de valorização das regiões menos Congresso Nacional a emissão de moeda em
dispositivo estranho à previsão da receita e à desenvolvidas do País. geral e a criação de fundos contábeis e
fixação da despesa. Não se incluem na Art 8º O projeto de lei orçamentária administrativos.
proibição: anual será enviado pelo Chefe do Governo
I – a autorização para operações de ao Congresso Nacional, para votação SEÇÃO
crédito por antecipação de receita; conjunta das duas Casas, até quatro meses DA FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA,
II – as disposições sobre a aplicação antes do início do exercício financeiro ORÇAMENTÁRIA E TOMADA DE CONTAS
do saldo que houver. seguinte; se, até trinta dias antes do
Art. 3º Os investimentos realizáveis encerramento do exercício financeiro, o Poder Art. 14. A fiscalização financeira e
em mais de um exercício serão incluídos no Legislativo não o devolver para sanção será orçamentária da União será exercida pelo
orçamento plurianual, na forma do que promulgado como lei. Congresso Nacional, mediante controle
dispuser a lei complementar. externo e pelos sistemas de controle interno
Parágrafo único. O orçamento § 1º Organizar-se-á Comissão do Poder Executivo instituídos por lei.
plurianual será elaborado sob a forma de Especial Mista de Senadores e Deputados § 1º O controle externo do Congresso
orçamento-programa e conterá os programas para examinar os projetos de lei relativos aos Nacional será exercido com auxílio do
setoriais, seus subprogramas e projetos, com orçamentos anuais e plurianuais e sobre eles Tribunal de Contas da União e compreenderá
a estimativa dos custos, especificará as emitir parecer. a apreciação das contas do Governo Federal,
provisões anuais para a sua execução e o desempenho das funções de auditoria
determinará os objetivos a serem atingidos. § 2º A Comissão Especial Mista financeira e orçamentária, bem como o
Art. 4º Fica o Poder Executivo obrigado terá mandato igual aos das Mesas do julgamento das contas dos administradores e
a prestar informações semestrais ao Poder Senado Federal e da Câmara dos Deputados demais responsáveis por valores públicos.
Legislativo a respeito da execução do e lhe competirá também apreciar todas as 2º A lei disporá sobre a organização
orçamento anual e plurianual, a fim de habilitá- matérias relacionadas com orçamentos, do Tribunal, podendo dividi-lo em Câmaras e
lo a avaliar o desempenho da administração e créditos adicionais, fiscalização financeira, criar delegações ou órgãos destinados a
propor as correções necessárias. tomada de contas, além do estabelecido nos auxiliá-los no exercício das suas funções e na
Art. 5º A lei disporá sobre o exercício arte. 12 e 13, e § 1º do art. 24 desta descentralização dos seus trabalhos.
financeiro, a elaboração, a organização, o Constituição. § 3º O controle compreenderá o
conteúdo e a forma dos orçamentos públicos. § 3º Somente na Comissão Especial desempenho das funções da auditoria
§ 1º São vedadas: Mista poderão ser oferecidas emendas aos financeira, orçamentária e operacional e o
a) a transposição, sem prévia autorização projetos de lei orçamentária. julgamento das contas públicas, dos
legal, de recursos de uma dotação orçamentária § 4º Não serão aceitas emendas responsáveis pela arrecadação da receita e
para outra; incompatíveis com os planos gerais e setoriais dos ordenadores de despesa, bem como dos
b) a concessão de créditos ilimitados; de Governo e sem indicação das respectivas administradores e demais responsáveis por
c) a abertura de crédito especial ou fontes de custeio. bens e valores públicos, inclusive os da
suplementar sem prévia autorização legislativa e § 5º O pronunciamento da Comissão administração indireta e fundações.
sem indicação dos recursos correspondentes; e sobre as emendas será conclusivo e final, § 4º A auditoria financeira e
d) a realização, por qualquer dos salvo se um terço dos membros do Senado orçamentária será exercida sobre as contas
Poderes, de despesas que excedam os Federal e mais um terço dos membros da das unidades administrativas dos três
créditos orçamentários de adicionais. Câmara dos Deputados requererem a votação Poderes da União que, para esse fim, deverão
§ 2º A abertura de crédito em plenário de emenda aprovada ou rejeitada remeter demonstrativos contábeis ao Tribunal
extraordinário somente será admitida para na Comissão. de Contas da União, a quem caberá realizar
atender as despesas imprevisíveis e urgentes, § 6º Aplicam-se aos projetos de lei as inspeções necessárias.
como as decorrentes de guerra, insurreição mencionados, no que não contrariem o § 5º O julgamento dos atos e das contas
interna ou calamidade pública. disposto nesta Seção, as demais normas dos administradores e demais responsáveis será
§ 3º Os créditos especiais e relativas à elaboração legislativa. baseado em exames jurídicos, contábeis e
extraordinários não poderão ter vigência além § 7º O Chefe do Governo poderá econômicos, certificados de auditoria e
do exercício em que forem autorizados, salvo enviar mensagem ao Congresso Nacional pronunciamento das autoridades administrativas,
se o ato de autorização for promulgado nos propondo a modificação dos projetos de lei sem prejuízo das inspeções determinadas pelo
últimos quatro meses daquele exercício, caso relacionados neste artigo, enquanto não Tribunal de Contas da União.
em que, reabertos nos limites de seus saldos, estiver concluída a votação da Parte cuja Art. 15. O Tribunal de Contas da
poderão viger até o término do exercício alteração é proposta. União dará parecer prévio, em sessenta dias,
financeiro subseqüente. Art. 9º O Chefe do Governo terá o sobre as contas que o chefe do Governo
Art. 6º A proposta de orçamento anual prazo de 5 dias do recebimento dos prestar anualmente ao Congresso Nacional.
compreenderá, obrigatória e separadamente, autógrafos para sancionar ou vetar, total ou Art. 16. O Presidente da República,
as despesas e receitas relativas a todos os parcialmente, o projeto de lei orçamentária. após aprovação pelo Senado Federal,
poderes, órgãos e fundos da Administração § 1º O veto e suas razões serão nomeará os Ministros do Tribunal de Contas
Direta e das entidades da Administração comunicados em 48 horas ao Congresso da União, escolhidos entre brasileiros
Indireta, inclusive fundações instituídas ou Nacional, que terá 10 dias para sobre ele se maiores de trinta e cinco anos, de
mantidas pelo Poder Público. pronunciar. reputação ilibada e notórios conheci-
75 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

mentos jurídicos, econômicos, financeiros ou § 1º O Banco Central só poderá O SR. CONSTITUINTE HÉLIO
de administração pública, sendo dois deles efetuar operações com instituições financeiras ROSAS: – Desejo apresentar meus
Auditores do Tribunal que preencham os públicas ou privadas. De maneira alguma cumprimentos ao Sr. Relator, Constituinte
requisitos e tenham mais de 5 anos no poderá outorgar a elas sua garantia, nem José Luiz Maia. A contribuição maior que
exercício do cargo. adquirir documentos emitidos pelo Estado, poderemos dar na elaboração da nova Carta
Parágrafo único – Os Ministros terão seus organismos ou empresas, sem a é fazer com que, na redação final, estejam
as mesmas garantias, prerrogativas, expressa autorização do Congresso Nacional. incorporados subsídios apresentados pela
remuneração e impedimentos dos Ministros § 2º Nenhum empréstimo ou gasto Nação, através de todos os constituintes, que
do Tribunal Federal de Recursos. público poderá ser financiado com crédito neste momento histórico a representam.
Art. 17. As normas previstas nesta direto ou indireto do Banco Central. O Sr. Relator, Constituinte José Luiz
Seção aplicam-se, no que couber, à Sala da Subcomissão de Orçamento e Maia, nesta fase inicial dos trabalhos
fiscalização e à organização dos Tribunais de Fiscalização Financeira, de maio de constituintes incorporou, talvez mais do que
Contas dos Estados, dos Conselhos de 1987. – Constituinte João Alves. qualquer outro, esta idéia fundamental de que
Contas dos Municípios, dos Tribunais de Nobres Constituintes, devo uma nenhum dispositivo da nova Carta pode ser
Contas dos Municípios e do Distrito Federal. explicação sobre o Banco Central. resultado da análise de uma única escola
Art. 18. O processo e julgamento das O Banco Central, hoje – e eu fui filosófica ou representar a contribuição de um
contas terão caráter contencioso, e as bancário muitos anos – é uma verdadeira único Constituinte, por mais brilhante e ilustre
decisões eficácia de sentença, constituindo-se república. Ali, ajusta-se a economia. Não faz que seja. O Sr. Relator não se limitou a
em título executivo. um mês o Banco Central gastou cento e considerar as sugestões e as emendas S.
Parágrafo único. Da decisão caberá poucos bilhões de cruzados para reajustar a Ex.ª solicitou e até exigiu a contribuição
recurso, com efeito suspensivo, para o taxa de juros. Já agora redistribuiu os daqueles que poderiam fornecê-la e de todos
Congresso Nacional. Se decorridos 60 dias do recursos e elevou, puxou a taxa de juros do os constituintes que integram esta
recebimento do recurso o Congresso não se open, para 45 ou 46%, a fim de tirar o Subcomissão, efetivos ou suplentes. Mesmo
pronunciar prevalecerá a decisão do Tribunal. prejuízo. E o povo brasileiro pagou muito caro que seja modificado integralmente o seu
Art. 19. O Tribunal de Contas da União, por isso. Enriqueceu também alguns grupos anteprojeto – e com certeza o será em várias
as
de ofício ou mediante provocação do Ministério importantes – V. Ex. sabem – que partes – acredito que foi valiosíssimo o
Público ou das auditorias financeiras, aproveitaram a "deixa" e ganharam muito exemplo dado pelo Constituinte José Luiz
orçamentárias e operacionais, se verificar a dinheiro. Se isso não fosse o suficiente, é hoje Maia, no exercício da função de Relator desta
ilegalidade de qualquer despesa, inclusive as o pronto-socorro dos bancos estatais; fecha- Subcomissão.
referentes a pessoal e as decorrentes de os, suspende e cobre seus prejuízos para não Quero deixar consignado aqui meu
editais, contratos, aposentadorias, quebrarem. Não deveria falar sobre o respeito pela contribuição do Relator José
disponibilidades, reformas, transferências para assunto, mas sou relator de alguns casos Luiz Maia.
a reserva remunerada e pensões, deverá: internacionais que contaram com o aval do O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
I – assinar prazo razoável para que o Banco Central. Lá estão bilhões de dólares Agradeço a V. Ex.ª suas generosas palavras.
órgão da administração pública adote as perdidos. O SR. PRESIDENTE (Carrel
providências necessárias ao exato Enfim, esse Banco, como em muitos Benevides): – Com a palavra, o eminente
cumprimento da lei: outros países, deveria ter um controle de Constituinte Messias Góis.
II – sustar, se não atendido, a poder, mas exerce sua função com O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
execução do ato impugnado. independência. Sua assembléia elege a GÓIS: – Sr. Presidente, Sr. Relator, sou
Parágrafo único. A parte que se diretoria; a diretoria elege o presidente. Ora favorável ao acolhimento total do anteprojeto
considerar prejudicada poderá interpor esse Banco deveria ser regulamentado por lei do nobre Relator, José Luiz Maia, nesta
recurso, sem efeito suspensivo, para o complementar para não expandir suas primeira fase. Peço na forma prevista no
Congresso Nacional, obedecido o disposto no atividades sem autorização do Congresso Regimento, que votemos o anteprojeto como
parágrafo único do artigo anterior. Nacional. São muitas cabeças para pensar. está, ressalvado o direito das emendas
Art. 20. Apurada a existência de Esta é a minha posição, este é o meu apresentadas e os destaques a serem feitos.
irregularidades ou abusos na gestão financeiro- voto. Não pleiteio nada, quero apenas que Elogio o trabalho do Constituinte João Alves,
orçamentária, o Tribunal de Contas aplicará seja encaminhado este voto com o do Relator. conhecedor de matéria orçamentária e
aos responsáveis as sanções fixadas em lei. Peço ao Sr. Presidente que o encaminhe. financeira. Certamente o voto de S. Ex.ª
Art. 21. A fim de assegurar maior Quem sabe, se o Sr. Relator quiser aproveitar servirá de subsídios para a redação final a ser
eficácia do controle externo e a regularidade este trabalho de hoje para amanhã eu lhe apreciada por este plenário. Com certeza
da realização da receita e da despesa, o serei muito grato, até por que ele tem sido muitas das idéias do Constituinte João Alves
Poder Executivo, no âmbito federal, estadual, muito acessível no aproveitamento das serão aproveitadas, bem como outras que
municipal e Distrito Federal, manterá controle sugestões. Sua Ex.ª não se cansa de dizer constam das cento e tantas emendas
interno, visando a: que o anteprojeto não é coisa apresentadas. Meu voto é pelo recebimento
I – proteger os respectivos ativos especificamente sua, mas produto das total, para votação, do anteprojeto
patrimoniais; sugestões de todos os segmentos da apresentado pelo Relator José Luiz Maia, com
II – acompanhar a execução de sociedade. Se não for assim, peço a V. Ex.ª, a ressalva da aceitação de emendas e de
programas de trabalho e dos orçamentos; Sr. Presidente, que faça encaminhar o meu destaques.
III – avaliar os resultados alcançados voto às Comissões que sucedem a esta no O SR. PRESIDENTE (Carrel
pelos administradores, inclusive quanto à exame da matéria. Benevides): – Eminentes companheiros, com
execução dos contratos. O SR. PRESIDENTE (Carrel base no Regimento Interno, a votação será
Art. 22. As normas de fiscalização Benevides): – Com base no Regimento, a nominal. Gostaríamos de ir colhendo os votos,
estabelecidas nesta Seção aplicam-se às Mesa acolhe o belíssimo trabalho, com voto tomando-os em separado, a começar pelo
autarquias e às entidades às quais elas em separado, do eminente Constituinte João eminente Presidente João Alves. O
destinem recursos. Alves, fruto da sua experiência, do seu Constituinte Hélio Rosas, parece ser favorável
Art. 23. As empresas públicas e equilíbrio e do seu conhecimento, tendo a ao relatório, ressalvadas as emendas. Mas,
sociedades de economia mista, cujo capital certeza de que o Sr. Relator há de acolhê-lo, continuaremos fazendo a chamada nominal.
pertença, no todo ou em parte, ao Governo ou há de examiná-lo. Cada Constituinte deve manifestar-se na
qualquer entidade de sua administração Convidamos o eminente Constituinte declaração de voto.
indireta, bem como as fundações e sociedades João Alves a assumir a Presidência e Tem a palavra o nobre Constituinte.
civis instituídas ou mantidas pelo poder público, encaminhar a votação. O SR. CONSTITUINTE FÁBIO
ficam submetidas à fiscalização do Tribunal de O SR. CONSTITUINTE JOÃO RAUNHEITTI: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes,
Contas da União, sem prejuízo do controle ALVES: – V. Ex.ª, neste caso, deveria fazê-lo ouvimos com a atenção que a matéria exige, a
exercido pelos respectivos Executivos. até que se conclua o processo de votação. Os explanação feita pelo nobre Constituinte João
Art. 24. O Banco Central do Brasil, Srs. constituintes que desejarem assinar o Alves. S. Ex.ª analisou, artigo por artigo, do
organismo autônomo, de caráter técnico, com meu voto poderão fazê-lo, assim também anteprojeto apresentado pelo nobre Relator.
patrimônio próprio, terá sua composição, poderão, se quiserem, discuti-lo. A mim não Sentimos desde o início a preocupação do
organização, funcionamento e atribuições ficaria bem, na Presidência, submeter uma ilustre Relator em colher o maior número
determinados por Lei Complementar. coisa ou outra à apreciação do Plenário. possível de sugestões, a fim de fechar
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 76

seu trabalho. Nós, que clamamos pela O SR. CONSTITUINTE FURTADO que não quero ser o dono do relatório. A
devolução dos direitos e prerrogativas ao LEITE: – Então, esta matéria será discutida beleza da democracia está na possibilidade
Congresso Nacional, mormente no que diz no relatório do anteprojeto? que se tem de concordar ou discordar. Aquilo
respeito à apreciação dos gastos públicos, O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – que for factível de ser aproveitado no meu
verificamos, no instante em que o Constituinte Não. Amanhã deveremos apresentar o trabalho que o seja. Não tenham dúvida
João Alves fazia sua análise que muitas relatório final, o parecer do relator e os votos alguma de que respeito a experiência do
portas estavam abertas para a imposição do de emendas que foram rejeitadas ou Constituinte João Alves, por quem tenho uma
Poder Executivo sobre as prerrogativas deste aprovadas. A partir daí, qualquer dos nobres grande admiração. De modo que seu trabalho
Congresso. Embora, como já tenho afirmado constituintes que se sentirem prejudicados servirá de subsídio para, após entendimentos
várias vezes, não seja um homem por sua emenda não ter sido acolhida, que espero ter com os ilustres companheiros
especializado achei por bem, nesta matéria, fará naturalmente o pedido de destaque, desta Subcomissão, a montagem final do meu
com o bom senso que creio nortear minhas que será discutido em plenário. Se aprovado anteprojeto. Vamos absorver o que for
decisões, levar em consideração as análises o pedido de destaque, haveremos de possível para melhorar nosso trabalho.
e o relatório do nobre Constituinte João Alves, incluí-lo na redação final. Aqui a decisão é O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
tendo em vista sua longa experiência por mais soberana. CASTRO: – Posso dar meu testemunho, não só
de vinte anos nesta Casa, lidando com esta O SR. CONSTITUINTE FURTADO da sensibilidade que tem tido V. Ex.ª em acolher
matéria, o que lhe outorgou conhecimentos a LEITE: – Haverá, então, nova votação? as diferentes iniciativas dos Constituintes
respeito de tudo o que vem acontecendo O SR RELATOR (José Luiz Maia): – companheiros desta Subcomissão, como de
neste País. Estou convencido de que S. Ex.ª Sim, nova votação. outras Subcomissões e Comissões. Acho que
procurou cercar da melhor maneira possível O SR. CONSTITUINTE FURTADO isso vem muito em proveito do próprio trabalho
os direitos do povo brasileiro e as LEITE: – Muito obrigado a V. Ex.ª. que esta Subcomissão tem que apresentar.
prerrogativas do Congresso. Verificamos, O SR RELATOR (José Luiz Maia): – Entretanto, gostaria de chamar a atenção para
contudo, que o seu trabalho não é Mais votação das emendas. um fato que me parece irrecusável: não
exclusivamente seu, S. Ex.ª o vem colhendo O SR. PRESIDENTE (Carrel poderemos, sob hipótese de nulidade do nosso
através de outros companheiros, chegando Benevides): – Feito o esclarecimento, trabalho, afastar-nos do que reza o Regimento
finalmente à formação total de seu voto. Por continuemos a votação. Com a palavra o da Subcomissão e o Regimento da Assembléia
esta razão, sem desprezar o trabalho do Constituinte Firmo de Castro. Nacional Constituinte. Tenho participado de
Relator, estaremos com este voto, ressalvado O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE algumas reuniões de Subcomissões e concluo
o direito da apreciação. CASTRO: – Sr. Presidente, antes de me que, na verdade, o Regimento da Constituinte e,
O SR. PRESIDENTE (Carrel pronunciar sobre a matéria, também tenho por conseqüência, o Regimento das
Benevides): – Sr. Constituinte Furtado Leite, uma questão de ordem a apresentar. Pelo Subcomissões, são leis maiores que,
para uma questão de ordem, concedo a que percebo, teríamos hoje a votação do independentemente da nossa boa vontade em
as
palavra a V. Ex. . anteprojeto do Relator. Aqueles que acolher todas as sugestões, vamos ter que
O SR. CONSTITUINTE FURTADO apresentaram emendas e que porventura não rigorosamente observar. Portanto, a minha
LEITE: – Sr. Presidente, peço a V. Ex.ª tenham, amanhã, por confirmação do Relator, questão de ordem, sobre a qual gostaria que o
esclarecer a Subcomissão se a matéria está essas emendas aproveitadas, terão Sr. Presidente se manifestasse, tem dois
em votação ou em discussão. A simples evidentemente a faculdade do pedido de objetivos: 1º) temos de encaminhar a votação
distribuição do relatório do ilustre Constituinte destaque. Estamos fazendo o processo de hoje, rigorosamente, do anteprojeto do Relator.
José Luiz Maia não esclarece quais votação em duas etapas: a do anteprojeto Para sua aprovação ou não vamos ter de contar
as emendas ou sugestões que foram inicial, hoje, em globo, e amanhã a das com a maioria absoluta dos membros da
aprovadas ou rejeitadas. Estranho iniciar uma emendas destacadas. Acredito que essas Subcomissão, com votação favorável; 2º)
votação antes da discussão. Gostaria que V. emendas terão de ser formuladas de acordo amanhã, numa segunda reunião, teríamos que
Ex.ª esclarecesse, afinal, qual o nosso com o Regimento, ou seja, a nível de nos manifestar especificamente sobre as
trabalho neste momento: discussão ou dispositivos específicos. Indago: como se emendas que venham a ser destacadas e sobre
votação. É esta a minha consulta a V. Ex.ª, situa, dentro dos dispositivos específicos. aquelas emendas oficialmente apresentadas,
Sr. Presidente. Indago: como se situa, dentro do dispositivo respeitados naturalmente os dispositivos que
O SR. PRESIDENTE (Carrel regimental, a proposta em separado do constituem as emendas e a maneira como essas
Benevides): – Eminente Deputado, esclareço Presidente da nossa Subcomissão? emendas tiveram que ser apresentadas. Por
a V. Ex.ª que este anteprojeto já foi discutido O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – exemplo, tenho algumas sugestões que não
em três sessões. De qualquer forma, passo a Ela será juntada ao parecer do Relator. S. pude transformar em emendas. Teria de me
palavra ao eminente Relator para responder a Ex.ª apresentou um voto em separado, e ele submeter a essas disposições e aguardar a
V. Ex.ª. será anexado, repito, ao nosso parecer. oportunidade, a nível de Comissão,
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE posteriormente, para apresentar as sugestões
O nobre Deputado Furtado Leite, com justa CASTRO: – Infelizmente eu estava que, infelizmente, não tive condições de
razão, solicita esclarecimentos a respeito da participando da reunião da Subcomissão apresentar agora, na forma do Regimento.
votação. O que o Regimento assegura é a dos Municípios e regiões como membro Portanto, Sr. Presidente, gostaria de
votação do anteprojeto na forma original, suplente e não pude ouvir a intervenção do saber se esse entendimento que tenho do
ressalvados o direito de destaques, o direito nobre Presidente. Mas entendi, salvo encaminhamento da votação é correto ou não.
às emendas. Cento e oitenta e sete emendas melhor juízo, que o nobre Constituinte O SR. PRESIDENTE (Carrel
foram recebidas por esta Subcomissão. teria apresentado um substitutivo à Benevides): – Eminente Deputado, a Mesa
Acolhemos umas e rejeitamos outras. Então, proposta do Relator, o que do ponto de vista realmente está aproveitando, dentro do
vai ser aprovado o anteprojeto, ressalvado o regimental parece-me não ter possibilidade Regimento, aqueles três minutos em que falaria
direito de discussão das emendas, o que será de... o Relator, o Líder ou um Constituinte, a favor ou
feito na sessão de amanhã, quando O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – contra, para tomar o depoimento de todos os
tentaremos submeter à votação o anteprojeto Este Relator, num gesto de democracia, vai eminentes Deputados. Na verdade, ainda não
final e os destaques das emendas que foram estudar as sugestões do Constituinte João encaminhamos a votação, mas hoje mesmo ela
aprovadas. Aquelas que forem rejeitadas se Alves. A todos os membros desta será feita, nominalmente. O anteprojeto do
porventura tiverem pedido destaque do Subcomissão, nobre Deputado Firmo de eminente Relator José Luiz Maia será votado.
plenário da Subcomissão e forem Castro, fiz um pedido de colaboração entre os Amanhã, novamente, nos reuniremos para votar
posteriormente aprovadas, contrariando o quais se incluem V. Ex.ª que tem estado aqui, as emendas que foram destacadas. Inclusive –
parecer do Relator, naturalmente, terão de ser os Constituintes Furtado Leite, Geovani falo pelo próprio Relator – todas as emendas dos
consolidadas no texto. De modo que, o Borges, Naphtali Alves, José Guedes, Jessé eminentes Constituintes estão com destaques.
anteprojeto vai ser aprovado ressalvando o Freire, Messias Góis, Wilson Campos e o Voltaremos amanhã a discutir todas aquelas que
direito de discussão das emendas e dos próprio Presidente. Temos encarecido a foram apresentadas ao eminente Relator.
destaques que serão incluídos, de acordo todos para que colaborem conosco. Acredito que, esgotados os posicionamentos
com o art. 17, do Regimento Interno. Inclusive tenho afirmado sempre pessoais, agora poderemos real-
77 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

mente ingressar na fase de votação, tomando projeto apresentado pelo Relator. Seria o Constituinte Lézio Sathler.
os votos "sim" ou "não" dos eminentes caso, Constituinte João Alves, de V. Ex.ª votar O SR. CONSTITUINTE LÉZIO
Constituintes. Respondo ao eminente o anteprojeto com voto em separado. A SATHLER: – Sr. Presidente, Srs.
Deputado cearense que temos quorum e técnica legislativa manda isso. O anteprojeto Constituintes, considerando posterior análise
podemos proceder à votação. Está em seria aprovado pelo plenário, com o voto em feita ao anteprojeto do eminente Constituinte
votação o anteprojeto do eminente Relator separado do Constituinte João Alves, José Luiz Maia e considerando a belíssima
José Luiz Maia, ressalvados todos os subscrito pelos outros Constituintes. exposição, o trabalho e o conhecimento
destaques. Todas as emendas serão O SR. CONSTITUINTE JOÃO demonstrado pelo Constituinte João Alves,
discutidas amanhã com destaques. ALVES: – Meu voto em separado marca Presidente desta Subcomissão e entendendo
Com a palavra o Constituinte Jessé minha posição. O Constituinte Fábio também o esforço democrático de nosso
Freire, para uma questão de ordem. Raunheitti resolveu acompanhar-me, pedindo Relator, aberto ao grande acervo de
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ para assinar o voto. Assim sendo, S. Ex.ª está contribuições que esta Subcomissão recebeu,
FREIRE: – Gostaria de indagar sobre a impedido de votar o anteprojeto do Relator, votamos com o anteprojeto de nosso Relator,
possibilidade de análise de todas as emendas porque subscreveu este meu voto. ressalvado o destaque das emendas.
propostas à Subcomissão. O SR. PRESIDENTE (Carrel O SR. PRESIDENTE (Carrel
O SR. PRESIDENTE (Carrel Benevides): – Eminente Constituinte, não Benevides): – Constituinte Messias Góis.
Benevides): – Serão todas elas analisadas e está em votação a belíssima peça proposta O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
dados os pareceres uma a uma. pelo Constituinte João Alves. Estamos GÓIS: – Com o Relator.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ votando realmente o anteprojeto do eminente O SR. PRESIDENTE (Carrel
FREIRE: – Mas ainda não foi possível a Relator. Nesse acolhimento de votos, Benevides): – Constituinte Naphtali Alves.
análise de todas. entendemos o do Constituinte Fábio (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Carrel Raunheitti como contrário, com o voto do Constituinte Wilson Campos.
Benevides): – Não, porque as recebemos até Constituinte João Alves em separado. O SR. CONSTITUINTE WILSON
às 20 horas de ontem. Estamos concluindo O SR. CONSTITUINTE FÁBIO CAMPOS: – Sim, com o Relator.
este trabalho. Já estão sendo analisadas as RAUNHEITTI: – Para melhor esclarecer, O SR. PRESIDENTE (Carrel
emendas e processadas no Prodasen. Estão subscrevi o voto em separado. Benevides): – O Constituinte Lézio Sathler
sendo datilografadas. Amanhã teremos O SR. PRESIDENTE (Carrel votou sim, com os destaques.
tranqüilamente a informação nas mãos dos Benevides): – Então, é contra. Constituinte Hélio Rosas também já
Srs. Constituintes. Vou fazer um esforço para Constituinte Flávio Rocha. (Pausa.) votou: sim, com os destaques.
tentar, hoje ainda, distribuí-las nos gabinetes Constituinte Furtado Leite. A Mesa proclama o resultado da
dos Srs Constituintes. O SR. CONSTITUINTE FURTADO votação: 11 votos sim e 2 contra.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ LEITE: – Realmente, não tenho como votar o A Mesa, com base no Regimento
FREIRE: – Sr. Presidente, peço aos membros parecer do eminente Presidente João Alves, Interno, convoca os eminentes Constituintes
desta Subcomissão que amanhã realmente S. Ex.ª não deu um parecer, mas sim voto em para uma reunião amanhã, às 15 horas.
façam um esforço no sentido de separado. Portanto, meu voto é favorável ao Está encerrada a reunião.
comparecerem aos nossos trabalhos. Há relatório do Sr. Relator, com a ressalva das
exigência de quorum. Hoje temos quorum, emendas. Há um compromisso de S. Ex.ª ATA DA 12ª REUNIÃO, ORDINÁRIA,
mas se V. Ex.ª entender que amanhã será com os demais colegas para que sejam REALIZADA EM 22 DE MAIO DE 1987
difícil a possibilidade de se confirmar o examinadas as emendas posteriormente. É
quorum necessário para a votação dos evidente que se está processando uma Aos vinte e dois dias do mês de maio
destaques, convoque uma reunião, hoje, às eleição que não é muito comum, pois o do ano de hum mil, novecentos e oitenta e
18 horas para aprovação desses destaques. relatório desta Subcomissão é apreciado sete, às 15:00 horas, na sala C-2, do Anexo II,
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – pelos seus membros depois da rejeição ou da Câmara dos Deputados. Presentes os
Para hoje, sinceramente, não tenho aprovação das emendas – parte final. Mas eu senhores constituintes titulares João Natal –
condições. Talvez amanhã pela manhã. voto acompanhando o parecer do Relator. Presidente, José Luiz Maia – Relator, Firmo
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ O SR. PRESIDENTE (Carrel de Castro, José Guedes, Lézio Sathler,
FREIRE: – Meu voto é pelo anteprojeto do Benevides): – Constituinte Jessé Freire. Naphtali Alves, Wilson Campos, Jovanni
Relator. Constituinte José Luiz Maia, O SR. CONSTITUINTE JESSÉ Masini, Flávio Rocha, Furtado Leite, Jessé
ressalvados os destaques. Sim. FREIRE: – Já votei, Sr. Presidente: "sim", Freire, Messias Góis e os suplentes Fernando
O SR. PRESIDENTE (Carrel ressalvados os destaques. Gomes, Hélio Rosas, Manoel Ribeiro e José
Benevides): – Constituinte Fábio Raunheitti. O SR. PRESIDENTE (Carrel Fernandes. Estiveram ausentes os senhores
O SR. CONSTITUINTE FÁBIO Benevides): – Constituinte João Carlos constituintes titulares João Alves, Carrel
RAUNHETTI: – Sou contra o relatório. Sou a Bacelar. (Pausa.) Ausente. Benevides, Carlos De Carle, João Carlos
favor do voto do Constituinte João Alves. Constituinte João Natal. (Pausa.) Bacelar, Feres Nader e Fábio Raunheitti.
O SR. PRESIDENTE (Carrel Ausente. Compareceu também o senhor constituinte
Benevides): – Constituinte Firmo de Castro. Constituinte José Guedes. (Pausa.) Arnaldo Preito, membro titular de outra
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE Ausente. Subcomissão. ATA: Foi dispensada a leitura
CASTRO: – A favor do anteprojeto do Constituinte Jovani Masini. da Ata da reunião anterior, a pedido do
Relator. O SR. CONSTITUINTE JOVANI Relator, Constituinte José Luiz Maia, já que
O SR. CONSTITUINTE JOÃO MASINI: – Quero manifestar meu apreço pela foram distribuídas cópias a todos os membros
ALVES: – Meu voto é em separado e não forma e conteúdo do trabalho do eminente da Subcomissão; não houve discussão e,
visa a vitória aqui na Subcomissão. Quero Presidente. Realmente, parabenizo-me com colocada em votação, foi ela aprovada, por
apenas marcar minha posição. Se o colega S. Ex.ª pelo excelente trabalho que realizou, unanimidade, sem restrições. Ordem do Dia:
Fábio Raunheitti o subscreveu sou muito mas me parece que, agora, temos de apreciar passando à ordem do dia, o Senhor
grato a S. Ex.ª, mas isso não significa que o trabalho do Relator. Presidente, constituinte João Natal,
estejamos contra o parecer do Relator, Tomei conhecimento apenas hoje, neste comunicou que a presente reunião foi
formalmente. Que fique esclarecido para momento, do trabalho de S. Ex.ª. convocada, nos termos regimentais, para
que não pensem que o meu voto está em Evidentemente, fico impossibilitado de declarar votação das emendas apresentadas ao
votação. um voto a favor do mesmo, pelo fato de não Anteprojeto da Subcomissão de Orçamento e
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS conhecê-lo em maiores detalhes. Não tive Fiscalização Financeira, e dos pedidos de
GÓIS: – Ao que me consta, Sr. Presidente, se oportunidade de estudá-lo, mas tive destaque concedidos. Em seguida, o
o nobre Constituinte Fábio Raunheitti votou oportunidade de estudar o trabalho do Relator. Senhor Presidente João Natal, atendendo
contra o anteprojeto do Relator está a Voto pelo anteprojeto apresentado pelo Relator. a questão de ordem levantada pelo
favor do voto do Constituinte João Alves. O SR. PRESIDENTE (Carrel Constituinte Furtado Leite, solicitou o Sr.
Então, está-se votando ao mesmo tempo o Benevides): – Constituinte José Luiz Maia. Secretário da Subcomissão que lesse a lista
voto do Constituinte João Alves e o ante- (Pausa.) de presença, ocasião em que se verifi-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 78

cou a existência de quorum para deliberação. nou a respeito do não aparecimento de suas Ex.ª faça a verificação dos presentes, antes
Prosseguindo, o Senhor Presidente João emendas no rol de emendas analisadas pelo de iniciar a votação.
Natal concedeu a palavra o Relator, Relator, as de números 190 e 191, para as O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
Constituinte José Luiz Maia, o qual deu quais pedira destaque. Indagado pelo Senhor Antes de anunciarmos e abertura da sessão,
conhecimento do plenário a respeito da forma Presidente João Natal a respeito do que tivemos a prévia cautela de fazer a aferição
como se portou em relação à apreciação houvera, o Sr. Secretário informou que, por da existência de quorum regimental, mas
das emendas oferecidas ao Anteprojeto. A erro da Secretaria as emendas do Constituinte nada obsta que o pedido da V. Ex.ª tenha
seguir, o Senhor João Natal passou à Jessé Freire não foram corretamente atendimento, embora, por antecipação, já
votação, pelo processo nominal, começando processadas e, em conseqüência, o Secretário tenhamos tido essa preocupação.
pelo bloco de emendas com parecer determinou o cancelamento delas. O Senhor O SR. CONSTITUINTE FURTADO
favorável, pelo acolhimento total ou parcial. Relator, Constituinte José Luiz Maia, diante do LEITE: – Nada tenho com relação ao trabalho
Feita a chamada foram aprovadas com 12 impasse, tendo pedido a palavra pela ordem, de V. Ex.ª. É uma posição no sentido de que
votos favoráveis e nenhum contra, as solicitou ao Constituinte Jessé Freire que fique muito bem para a Nação a nossa
emendas números 5B0037-7, 5B0059-8, retirasse os pedidos de destaque. Aceita a decisão de hoje.
5B0117-7, 5B0121-, 5B0125-, 5B0142-, sugestão, o Sr. Presidente João Natal O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
5B0143-8, 5B0144-6, 5B0145-4. 5B0146-2, prosseguiu com a votação dos destaques. O Solicito ao Sr. Secretário decline o nome dos
5B0147-1, 5B0149-7, 5B0150-6, 5B0173-, primeiro destaque a ser votado foi o presentes que, inclusive, de próprio punho, já
5B0174-8, 5B0175-6, 5B0176-4, 5B0178-1, relacionado com as emendas números subscreveram a listagem de presença, o que
5B0179-, 5B0180-2, 5B0181-1, 5B0182-9, 5B0037-7 e 5B0153-5 e feita a chamada nos assegurou de forma induvidosa a
5B0183-7, 5B0185-3, 5B0186-1, 5B0001-6, votaram favoráveis a elas 4 constituintes e existência do quorum necessário para a
5B0007-5, 5B0030-, 5B044-, 5B0048-2, contrários 7. As emendas foram rejeitadas. deliberação plenária.
5B0078-4, 5B0106-3, 5B0114-4, 5B0115-2, Passou-se ao destaque seguinte, relacionado O SR. SECRETÁRIO: – Pelo livro de
5B0116-1, 5B0136-5, 5B0163-2, 5B0164-1, com a Emenda nº 5B0152-7. O autor, presença, estão presentes a esta sessão os Srs.
5B0165-9, 5B0166-7, 5B0167-5, 5B0168-3, Constituinte José Guedes, após novas Deputados João Natal, Jovanni Masini,
5B0169-1, 5B0170-5, 5B0171-3, 5B0172-1, considerações resolveu retirar o destaque. Em Fernando Gomes, Hélio Rosas, Manoel Ribeiro,
5B0187-, 5B0188- e 5B0189-6. Em seguida o seguida foi votada a Emenda nº 5B0109-8 José Luiz Maia, José Guedes, Lézio Sathler,
Senhor Presidente colocou em votação as destacada. Feita a chamada apurou-se 3 votos Firmo de Castro, Messias Góis, Naphtali Alves,
emendas com parecer contrário. Feita a "sim" e 8 contrários. A emenda foi rejeitada. Jessé Freire, Furtado Leite, Arnaldo Prieto,
chamada foram rejeitadas, por 11 votos, as Usaram ainda a palavra os senhores Wilson Campos e José Fernandes.
emendas números 5B0002-4, 5B0003-2, constituintes Firmo de Castro, José Fernandes, O SR. CONSTITUINTE FURTADO
5B0004-1, 5B0006-7, 5B0008-3, 5B0010-5, Messias Góis, Fernando Gomes, José Guedes LEITE: – Todos responderam à chamada?
5B0012-1, 5B0018-1, 5B0019-9, 5B0020-2, e Wilson Campos. A reunião foi gravada por O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
5B0021-1, 5B0023-7, 5B0025-3, 5B0026-1, inteiro e o texto, após apanhamento, tradução e Todos subscreveram. Assinaram de próprio
5B0027-, 5B0028-8, 5B0029-6, 5B0031-8, datilografia passará a fazer parte integrante punho o livro de presença.
5B0032-6, 5B0033-4, 5B0036-9, 5B0039-5, desta Ata. Nada mais havendo a tratar, às O SR. CONSTITUINTE FURTADO
5B0041-5, 5B0042-3, 5B0043-1, 5B0045-8, 18:00 horas, foi encerrada a reunião e, para LEITE: – Muito obrigado a V. Ex.ª.
5B0046-6, 5B0047-4, 5B0049-1, 5B0050-4, constar, eu Benício Mendes Teixeira, O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
5B0051-2, 5B0052-1, 5B0053-9, 5B0054-7, Secretário, lavrei a presente Ata, que vai à Prosseguindo, Sr. Presidente, apresento o
5B0055-5, 5B0056-3, 5B0057-1, 5B0058-, publicação e, após lida, discutida e aprovada, relatório.
5B0060-1, 5B0061-, 5B0062-8, 5B0063-6, será assinada pelo Sr. Presidente.
5B0064-4, 5B0065-2, 5B0066-1, 5B0067-9, O SR. PRESIDENTE (João Natal): – RELATÓRIO ÀS EMENDAS
5B0068-7, 5B0069-5, 5B0070-9, 5B0071-7, Havendo número legal, declaro aberta a presente E
5B0072-5, 5B0073-3, 5B0074-1, 5B0075-, sessão. Comunico aos nobres Constituintes que, REDAÇÃO FINAL DO ANTEPROJETO
5B0076-8, 5B0079-2, 5B0080-6, 5B0081-4, em atendimento às disposições regimentais,
5B0082-2, 5B0083-1, 580084-9, 5B0085-7, assim que se iniciar o processo de votação, não Sr. Presidente, Srs. Constituintes.
5B0086-5, 5B0087-3, 5B0088-1, 5B0090-3, será permitido requerimento de destaque para as Chegamos ao termo da tarefa
5B0091-1, 5B0092-, 5B0093-8, 5B0094-6, emendas. Esclareço que, antes disso, pelo prazo cometida a esta Subcomissão da Assembléia
5B0095-4, 5B0096-2, 5B0097-1, 5B0098-9, aproximado de cinco minutos, ainda é oportuno o Nacional Constituinte. Incumbiu-nos elaborar,
5B0101-2, 5B0102-1, 5B0103-9, 5B0104-7, momento para a formulação dos pedidos de no capítulo do Poder Legislativo, a Seção
5B0105-5, 5B0107-1, 5B0108-, 5B0109-8, destaques. relativa a Orçamento e Fiscalização
5B0110-1, 5B0111-, 5B0112-8, 5B0113-6, Esta sessão, obviamente, segundo os Financeira e Patrimonial. O cronograma e os
5B0118-7, 5B0119-5, 5B0120-9, 5B0122-5, dispositivos do próprio Regimento, destina-se parâmetros do Regimento foram
5B0123-3, 5B0124-1, 5B0126-8, 5B0127-6, à votação das emendas e dos destaques rigorosamente cumpridos com a realização de
5B0129-2, 5B0130-6, 5B0131-4, 5B0132-2, porventura requeridos. Preliminarmente, audiências, consultas aos segmentos políticos
5B0133-1, 5B0134-9, 5B0135-7, 5B0137-1, passo a palavra ao nobre Relator, para que e sociais, coleta de opiniões de Constituintes
5B0138-1, 5B0139-, 5B0140-3, 5B0141-1, possa ler o relatório, a fim de que o plenário de que resultou o considerável número de
5B0148-9, 5B0151-9, 5B0152-7, 5B0153-5, tome conhecimento do seu teor. sugestões que nos foram encaminhadas.
5B0154-3, 580155-1, 5B0156-, 5B0157-8, Com a palavra o nobre Relator. O anteprojeto original, por isso mesmo,
5B0158-8, 5B0159-4, 5B0160-8, e 5B0161-6. O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – reflete, na sua integralidade, o ponto de vista
Em conseqüência ficam prejudicadas as Sr. Presidente, ilustres membros desta constituinte e o extrato dos subsídios que
emendas números 5B0005-9, 5B0009-1, Subcomissão... recolhemos ao longo das audiências públicas.
5B0011-3, 5B0013-, 5B0014-8, 5B0015-6, O SR. CONSTITUINTE FURTADO Não importamos qualquer modelo de países
5B0016-4, 5B0017-2, 5B0022-9, 5B0024-5, LEITE: – Sr. Presidente, peço a palavra pela mais ou menos adiantados, não filtramos
5B0034-2, 5B0035-1, 5B0039-3, 5B0040-7, ordem. doutrina estranha à realidade brasileira, não
5B0077-6, 5B0099-7. 5B0100-4, 5B0128-4, O SR. PRESIDENTE (João Natal): – nos inspiramos em qualquer elemento que não
5B0162-4, 5B0177-2. 5B0184-5. Em seguida Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre os anseios e a determinação nacionais de
o Senhor Presidente João Natal passou à Constituinte Furtado Leite. desenhar o seu próprio futuro.
fase de votação dos pedidos de destaque de O SR. CONSTITUINTE FURTADO Dentro dessa linha de comportamento,
autoria dos constituintes Firmo de Castro, LEITE: – Sr. Presidente, esta sessão é da procuramos dotar o País de instrumento capaz
José Guedes, Jessé Freire, Messias Góis maior importância, da maior responsabilidade de operar, eficientemente, um modelo de
José Fernandes, João Natal e Furtado Leite. para a história da Constituinte no Congresso desenvolvimento genuinamente brasileiro,
Antes, porém, pela ordem, o constituinte Nacional. Ela decide posições no campo como decorrência natural de uma estrutura
Firmo de Castro retirou financeiro, da maior importância para o orçamentária rigorosamente filiada ao
seu pedido de destaque. O constituinte País. Para que nossa decisão realmente planejamento de curto, médio e longo
Jessé Freire, também pela ordem, questio- seja livre de qualquer censura, peço a V. prazos, dentro dos quais sejam balizadas
79 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

as prioridades nacionais e regionais e definida a sitivos em que a ocorrência inflacionária Emenda nº 144, do Deputado Féres Nader.
periodicidade para execução dos planos que lhes ganhasse foros de perenidade. Emenda nº 145, do Deputado Féres Nader.
dêem a desejada solução. Isto posto, animados pelo firme Emenda nº 146, do Deputado Féres Nader.
A regionalização dos planos e propósito de emprestar ao nosso trabalho Emenda nº 147, do Deputado Féres Nader.
orçamentos – fruto da quase unanimidade das clareza meridiana, concordamos em eliminar do Emenda nº 149, do Deputado Féres Nader.
sugestões apresentadas na fase preliminar – texto final o objeto indexador, adotando Emenda nº 150, do Deputado Féres Nader.
representa, de fato, além de medida inovadora, mecanismos mais liberais que viabilizam o Emenda nº 163, do Deputado Wilson
um esforço que a Nação exige para fugir ao acompanhamento da despesa às flutuações Campos. Emenda nº 164, do Deputado
jargão desprimoroso de que somos "um Brasil de da receita. Escoimada essa exigência, Wilson Campos. Emenda nº 166, do
muitos brasis". É, pode-se dizer, medida de acreditamos haver encontrado, em nível Deputado Messias Góis. Emenda nº 167, do
choque sem a qual de nada adiantaria repensar o constitucional, a fórmula correta para o Deputado Messias Góis. Emenda nº 168, do
Brasil via Assembléia Nacional Constituinte. delineamento de uma política orçamentária justa Deputado Messias Góis. Emenda nº 169, do
O imperativo de submeter ao exame e e condizente com a expectativa do equilíbrio Deputado Messias Góis. Emenda nº 170, do
deliberação do Congresso Nacional um econômico-financeiro. Deputado Messias Góis. Emenda nº 171, do
orçamento do setor público que inclua todo o Do exame cuidadoso de cada proposta, Deputado Messias Góis. Emenda nº 172, do
universo das ações a serem desenvolvidas no de per se, constatamos que muitas delas tinham Deputado Messias Góis. Emenda nº 173, do
âmbito dos poderes e suas entidades, inclusive por escopo o aprimoramento do trabalho original, Deputado Messias Góis. Emenda nº 174, do
das empresas estatais, configura, igualmente, o que nos permitiu, com grata alegria, acolher, Deputado Messias Góis. Emenda nº 175, do
postulação de numerosos Constituintes e, ao integral ou parcialmente, mais essa valiosa Deputado Messias Góis. Emenda nº 176, do
colher a idéia, partimos da premissa de que não é contribuição ao documento final elaborado nesta Deputado Messias Góis. Emenda nº 178, do
mais possível um regime de extrema Subcomissão. Tudo quanto veio para melhor, Deputado Firmo de Castro. Emenda nº 179,
competitividade como o nosso, os investimentos sem afetar a espinha dorsal do que resultou do do Deputado Messias Góis. Emenda nº 180,
dessas empresas sejam determinados ao talante consenso de ilustres companheiros que conosco do Deputado Messias Góis. Emenda nº 181,
de seus administradores, o que a prática vem elaboraram, será incorporado, depois de do Deputado Messias Góis. Emenda nº 182,
demonstrando, há muito tempo, se constitui em democraticamente – como é nosso hábito – do Deputado Messias Góis. Emenda nº 183,
processo altamente lesivo aos interesses ouvido este plenário, ao anteprojeto com que a do Deputado Messias Góis. Emenda nº 185,
nacionais. Subcomissão de Orçamento e Fiscalização do Deputado Messias Góis. Emenda nº 186,
Procuramos imprimir à futura Carta Financeira espera ter contribuído para um novo do Deputado Messias Góis. Emenda nº 187,
Magna nesta Seção um novo conceito de Brasil. Com espírito de justiça, de eqüidade, de do Deputado Firmo de Castro. Emenda nº
orçamento, ajustando-o à dinâmica dos tempos respeito à soberania do povo brasileiro e aos 188, do Deputado Jessé Freire. Emenda nº
hodiernos, com a preocupação maior de conferir seus anseios de desenvolvimento. 189, do Deputado Jessé Freire.
ao Legislativo todos os mecanismos que lhe Este é o relatório. Vou fazer a verificação para ver se há
permitam não só deliberar, previamente, sobre os Sala das Reuniões, 22 de maio de 1987. alguma destas para a qual foi pedido
planos nacionais e regionais de desenvolvimento, – Constituinte José Luiz Mala, Relator. destaque. (Pausa.)
como acompanhar sua ornamentação e promover O SR. PRESIDENTE (João Natal): – O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
as alterações que julgar necessárias na fase do Lido o relatório, passaremos agora ao FREIRE: – Sr. Presidente, peço a palavra
exame das propostas de lei enviadas ao processo de votação propriamente dito, para uma questão de ordem.
Congresso pelo Executivo. esclarecendo que, a partir deste instante, não se O SR. PRESIDENTE (João Alves): –
Trata-se, pois, de um perfil técnico acorde receberá mais requerimento de destaque das Concedo a palavra pela ordem ao nobre
com a perenidade que se pretende cometer à emendas. Deputado.
Constituição brasileira, tanto mais porque as Solicito ao Sr. Secretário que proceda à O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
flutuações no sistema da distribuição dos recursos leitura da relação das emendas que receberam FREIRE: – Sr. Presidente, a respeito
públicos passa a coabitar intimamente com as parecer favorável, esclarecendo que, após a das emendas que foram aprovadas em
metas de desenvolvimento que todos desejamos leitura, começaremos o processo de votação, parte, esta relação que foi lida pelo Sr.
para o País. Os fatores população e renda dão fazendo-a em bloco, em relação às emendas Secretário...
universalidade ao anteprojeto e promovem, estes, favoráveis, em primeira mão; e, logo em O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
sim, um permanente pacto social. seguida, também em bloco, em relação às Elas estão incluídas nesta relação, porque
No que respeita à sistemática de emendas que receberam parecer desfavorável. são dois blocos de emendas a serem votadas.
fiscalização e controle, com a ampliação do raio Por conseguinte, logo após, votaremos, desta O bloco das emendas com parecer favorável,
de competência do Tribunal de Contas da União, feita de per se, as emendas objeto dos total ou parcial; e o bloco das emendas com
estamos redimensionando, também, o poder requerimentos de destaque. parecer contrário.
fiscalizador do Congresso Nacional, O controle Esclareço que, no processo de votação, O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
externo cresce de responsabilidade e inibe, em será assegurada a palavra ao autor, relator ou FREIRE: – Mas, no caso, tenho uma emenda,
última análise, uma possível parcimônia no líder pelo prazo de três minutos; e, caso haja segundo a numeração, de nº 115, que foi
sistema de controle interno, tomando efetiva a inscritos para falar a favor ou contra, será aprovada em parte.
transparência da execução dos planos e assegurada a palavra para que um fale a favor e, O SR. SECRETÁRIO: – Quero
orçamentos. obviamente, outro contra, também pelo prazo de esclarecer que foram aprovadas parcialmente
os
Submetido o anteprojeto ao exame dos três minutos. as Emendas n 7, 48, 78, 115, 117, 121 e
membros desta Subcomissão e distribuídos Passo a palavra ao Sr. Secretário, para 165, que fazem parte do relatório.
avulsos entre Constituintes, recebemos, até às que proceda à leitura da relação das emendas O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
20:00 horas do dia 20 – prazo prorrogado por que receberam parecer favorável. FREIRE: – Foram citadas as emendas
decisão do Presidente da Assembléia – nada O SR. SECRETÁRIO: – Relação das acolhidas pelo Relator.
menos do que 189 emendas, com os mais emendas com parecer favorável: O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
variados enfoques. "Emenda nº 1, do Deputado Furtado As emendas legislativas são rejeitadas,
Um dos pontos mais polêmicos do Leite. Emenda nº 30, do Deputado Jairo prejudicadas ou acolhidas.
anteprojeto, aliás muito bem observado pelo Carneiro. Emenda nº 37, do Deputado José O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
ilustre presidente deste órgão técnico, Constituinte Guedes. Emenda nº 44, do Deputado Féres FREIRE: – Esta relação citada foi só das...
João Alves, diz respeito à indexação da Nader. Emenda nº 59, da Deputada Lídice da O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
economia, com a formulação de uma política Mata. Emenda nº 114, do Deputado Wilson Das emendas que receberam parecer
orçamentária em que as estimativas de receita Campos. Emenda nº 116, do Deputado Jessé favorável.
e despesa estivessem colocadas em bases Freire. Emenda nº 25, do Deputado Hélio Rosas. O SR. RELATOR (José Luiz Maia): –
reais. Concluímos, depois de sucessivas Emenda nº 136, do Deputado Féres Nader. Elas foram acolhidas em parte. Estamos
ponderações, que seria efetivamente temerário Emenda nº 142, do Deputado Féres Nader. fazendo um capítulo à parte de destaque para
incorporar ao texto constitucional dispo- Emenda nº 143, do Deputado Féres Nader. essas emendas.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 80

O SR. CONSTITUINTE JESSÉ Fernandes – sim. Constituinte Firmo de Castro Fernandes, porque não estou respondendo
FREIRE: – Esta a minha pergunta. – sim. Constituinte Flávio Rocha – ausente. como Féres Nader; estou respondendo como
O SR. PRESIDENTE (João Natal): Constituinte Furtado Leite – sim. Constituinte José Fernandes.
– Segundo regra o art. 18 do Regimento Jessé Freire – sim. Constituinte João Alves – O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
Interno, procederemos agora à votação, ausente. Constituinte João Carlos Bacelar – Perfeitamente. Determino à secretária que
que será nominal, e com a resposta "sim" ausente. Constituinte João Natal – sim. consigne a presença do nobre Constituinte
ou "não", afirmativa ou negativamente, na Constituinte José Guedes – José Fernandes como suplente e que S. Ex.ª
medida em que eu fizer a leitura do nome momentaneamente ausente. Constituinte José seja relacionado entre os demais que aqui se
do Parlamentar. Luiz Maia – sim. Constituinte Jovanni Masini – encontram quando for anunciada a votação.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE ausente. Constituinte Lézio Sathler – sim. Submeteremos à votação dos nobres
CASTRO: – Sr. Presidente, peço a palavra Constituinte Messias Góis – sim. Constituinte constituintes as emendas com parecer
para uma questão de ordem. Naphtali Alves – sim. Constituinte Wilson contrário. Passarei a proceder à chamada.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): Campos – sim. Constituinte José Guedes – Antes, porém, determino à secretária que
– Concedo a palavra a V. Ex.ª. sim. proceda à leitura das emendas relacionadas e
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE Em seguida, passaremos a anunciar o não acolhidas pelo parecer.
CASTRO: – Indago se teríamos agora nome dos suplentes que se encontram O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
submetido à votação o parecer do Relator, presentes, para que profiram seu voto: GÓIS: – Sr. Presidente, recebemos a relação
aprovando essas emendas anteriormente Constituinte Hélio Rosas – ausente. das emendas que obtiveram parecer
relacionadas, ou seja, em globo. Constituinte Manoel Ribeiro – ausente. favorável. Os Srs. Constituintes que quiseram,
O SR. PRESIDENTE (João Natal): Constituinte Fernando Gomes – sim. fizeram pedidos de destaque. Ora, somando-
– Não é voto propriamente do parecer, mas A folha de votação registra o resultado se a com b, exclui-se c. Então, por exclusão,
das emendas com parecer favorável. de onze votos favoráveis e nenhum contra. Em pediria que não fosse lida a enumeração das
O art. 18 estabelece: "As emendas razão disso, considero aprovadas todas as emendas e se passasse à votação em bloco.
serão votadas em globo". emendas com parecer favorável, com O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
Então, estaremos votando todas as observância da maioria absoluta exigível para Coloco como sugestão a questão de ordem
emendas anunciadas que receberam qualquer tipo de votação. formulada por V. Ex.ª, indagando se todos os
parecer favorável. Só que esta votação é O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE constituintes presentes, a exemplo do nobre
global. CASTRO: – Sr. Presidente, peço a palavra Constituinte Messias Góis, têm conhecimento
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE para uma questão de ordem. de causa e receberam essa relação. Se
CASTRO: – Votação nominal, uma a uma, O SR. PRESIDENTE (João Natal): – suprido esse aspecto, poderemos obviamente
para as emendas de destaque. Tem a palavra V. Ex.ª. atender à questão de ordem de V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
– Exatamente. CASTRO: – Sr. Presidente, pediria a CASTRO: – Sr. Presidente, peço a palavra
O SR. CONSTITUINTE FURTADO conferência porque, salvo engano, são doze para uma questão de ordem.
LEITE: – Sr. Presidente, peço a palavra. votos favoráveis. O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
O SR. PRESIDENTE (João Natal): O SR. PRESIDENTE (João Natal): – Tem a palavra V. Ex.ª para uma questão de
– Com a palavra o nobre Deputado Furtado Requeiro à secretária que por favor certifique a ordem.
Leite. existência de doze ou onze votos, conforme O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
O SR. CONSTITUINTE FURTADO questão de ordem formulada pelo Constituinte CASTRO: – Sr. Presidente, concordo com a
LEITE: – Pergunto a V. Ex.ª se as emendas Firmo de Castro. (Pausa.) proposição apresentada pelo Constituinte
com parecer contrário do Relator serão Agradeço a V. Ex.ª a oportuna questão Messias Góis. Apenas recomendaria que
submetidas à votação posterior? de ordem e proclamo o resultado de doze fossem mencionadas as emendas que
O SR. PRESIDENTE (João Natal): votos favoráveis com nenhum voto contrário. receberam destaque, porque votaríamos
– Logo em seguida, com os mesmos Nesta circunstância, considero aprovadas as agora com o Relator, excluídos os destaques.
critérios observados para a votação das emendas com parecer favorável. Então, se mencionarmos os destaques, todas
que receberam parecer favorável. O SR. CONSTITUINTE JOSÉ as demais...
O SR. CONSTITUINTE FURTADO FERNANDES: – Sr. Presidente, peço a O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
LEITE: – Muito obrigado. Aguardo então a palavra para dar uma sugestão Por exclusão. Inclusive já ficaria suprida a
oportunidade. O SR. PRESIDENTE (João Natal): – necessidade de ler globalmente as emendas
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ Tem a palavra V. Ex.ª. destacadas, podendo fazê-lo, na hora da
FREIRE: – Sr. Presidente, peço a palavra O SR. CONSTITUINTE JOSÉ votação das mesmas, exclusivamente de per
pela ordem. FERNANDES: – O livro de assinatura si.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): determina quais os Constituintes que estão Determino ao Secretário que proceda
– Tem a palavra V. Ex.ª pela ordem. presentes ou que eventualmente possam estar à leitura dos requerimentos destacados, para
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ presentes, mas que não se manifestaram. que o plenário tome conhecimento de que as
FREIRE: – Serão votadas as emendas que Então, sugiro que a chamada seja feita demais relacionadas como não aprovadas é
receberam parecer favorável do Relator: e pelo livro de assinaturas e, ao final, que são do bloco que será submetido à
as que receberam parecer favorável em proclamamos os nomes daqueles que por votação agora.
parte? acaso estivessem presentes e não tenham O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
O SR. PRESIDENTE (João Natal): deixado de votar, que se manifestassem no GÓIS: – Sr. Presidente, existem as emendas
– Sim. Vamos começar a chamada: microfone, porque esta chamada, que inclusive com acolhimento parcial. Pediria que fossem
Constituinte Carlos De Carli – ausente. não está ordinária, teria que abranger todos os incluídas também, para evitar que fiquem
Constituinte Carrel Benevides (Pausa.) O titulares e todos os suplentes, para que excluídas.
Constituinte Fábio Raunheitti está respondessem. O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
substituído pelo Constituinte José O SR. PRESIDENTE (João Natal): – Agora seria o acolhimento das rejeições
Fernandes, a quem convocamos para que Lamentavelmente, teremos de ser submissos parciais, porque o acolhimento parcial já foi
pronuncie seu voto. a esse procedimento, oriundo de regra votado.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE regimental expressa. O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
CASTRO: – (Inaudível.) O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CASTRO: – Está certo, já foi votado.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): FERNANDES: – Então, gostaria que o meu O SR. PRESIDENTE (João Natal):
– Perfeito. Constituinte Féres Nadar, nome fosse inscrito entre os suplentes e – O Secretário lerá a relação das
em virtude de não se encontrar que eu fosse chamado na ordem emendas com requerimento de destaque.
presente o nobre Constituinte José dos suplentes, para responder como José Ato contínuo, lerá a relação
81 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

das outras emendas. Se algum Constituinte sessão com o Constituinte José Fernandes, O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
quiser tomar conhecimento delas, nada obsta que queria pedir destaque para uma parte do Nenhuma dessas emendas que foram lidas
que sejam lidas, embora realmente tenham sido anteprojeto. pelo Secretário serão votadas agora. A razão
relacionadas entre as de parecer favorável. Assim, Sr. Presidente, solicitaria a V. desta leitura foi justamente para que ficassem
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Ex.ª embora o respeito que tenho pelo estereotipadas quais as emendas que serão
Sr. Presidente, fiz a leitura dessa relação logo Constituinte Firmo de Castro, que os pedidos objeto de votação de per si, através dos
após a aprovação das emendas que foram de destaque do nobre Constituinte em relação requerimentos de destaque. As demais aí
acolhidas, respondendo à questão de ordem ao anteprojeto sejam considerados relacionadas é que estão no globo das
do nobre Constituinte Jessé Freire. prejudicados. emendas com parecer desfavorável e que
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – O SR. PRESIDENTE (João Natal): – serão votadas englobadamente.
Tem a palavra o nobre Secretário, para a Eu gostaria de esclarecer ao nobre V. Ex.ª se considera suficientemente
leitura dos destaques. Constituinte Firmo de Castro e, por extensão, esclarecido, Constituinte Fernando Gomes?
O SR. SECRETÁRIO – (Benicio ao nobre Constituinte Messias Góis que não O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
Mendes Teixeira): – A relação em meu poder estaremos apreciando os destaques agora. GOMES: – Houve agora nova modificação.
é a seguinte: Vamos submeter à votação as emendas em Diz o Constituinte aqui que realmente são as
os
Do Constituinte Firmo de Castro: globo que receberam parecer desfavorável e, Emendas n 188 e 189.
Pedido de destaque do art. 2º caput, posteriormente, de per si, haveremos de O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
para se decidir sobre a utilização de analisar os pedidos de destaques. Neste Houve realmente um equívoco de datilografia.
expressão. instante, então, decidiremos a questão de O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
Pedido de destaque do art. 4º ordem suscitada por V. Ex.ª GOMES: – Desse jeito não saberemos o que
Pedido de destaque do art. 5º O SR. CONSTITUINTE FURTADO vamos discutir.
Pedido de destaque do parágrafo LEITE: – Mas, ainda nesta reunião? O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
único do art. 8º O SR. PRESIDENTE (João Natal): – FREIRE: – Só para conferir: o pedido de
os
Pedido de destaque do § 3º do art 11. Obviamente. Logo em seguida a esta destaque que fiz se refere às Emendas n
Pedido de estaque do art 22. votação, porquanto as emendas com 190 e 191. Correto? As Emendas nºª 188 e
Pedido de destaque do item “b” do § requerimento de destaque serão apreciadas 189 já foram aprovadas.
2º do art. 1º logo depois. O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
Pedido de destaque do art. 1º O SR. CONSTITUINTE JESSÉ Vou pedir ao Secretário que anote novamente
Pedidos de destaques das seguintes FREIRE: – Sr. Presidente, peço a palavra a consideração feita na questão de
emendas; nº 11, do Constituinte José para uma questão de ordem. ordem pelo nobre Constituinte Jessé
Fernandes; nº 25, do Constituinte Furtado O SR. PRESIDENTE (João Natal): – Freire, para que, na hora aprazada, seja
Leite; nº 37, do Constituinte José Guedes; nº Tam a palavra, pela ordem, o nobre submetido à votação o destaque por ele
105, do Constituinte João Natal; nº 107, do Constituinte Jessé Freire. requerido.
Constituinte João Natal; nº 109, do O SR. CONSTITUINTE JESSÉ Tem a palavra, pela ordem, o nobre
Constituinte José Fernandes; nº 115, do FREIRE: – Sr. Presidente, os pedidos de Constituinte Messias Góis.
Constituinte Messias Góis; nº 152, do destaques que apresentei se referem às O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
os
Constituinte José Guedes; nº 153, do Emendas n 190 e 191, e não 188 e 189. GÓIS: – Sr. Presidente, apareceram duas
os
Constituinte José Guedes; nº 62, do Ambas foram aprovadas pelo Relator emendas agora. As Emendas n 188 e 189 já
Constituinte Firmo de Castro; nº 154, do O SR. PRESIDENTE (João Natal): foram aprovadas No parecer do nobre Relator
Constituinte José Guedes; nº 155, do – Eu gostaria que o Secretário José Luiz Maia, na relação contida nesta
Constituinte José Guedes; nº 156, do esclarecesse a dúvida suscitada pelo nobre página, quarta linha, são 189 emendas. Como
Constituinte José Guedes; nº 157, do Constituinte. apareceram duas agora?
Constituinte José Guedes; nº 190 e 191, do O SR. SECRETÁRIO (Benicio O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
Constituinte Jessé Freire. Mendes Teixeira): – Foi erro de datilografia FREIRE: – No relatório que tenho em meu
O SR. CONSTITUINTE (Messias no relatório. poder o Secretário diz que, por erro de
Góis): – Sr. Presidente, peço a palavra para O SR. PRESIDENTE (João Natal): – datilografia, deixaram de ser incluídas as
os
uma questão de ordem. Está sendo esclarecido que lamentavelmente, Emendas de n 190 e 191.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – houve um erro de datilografia, mas O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
Tem a palavra V. Ex.ª procede a questão de ordem de V. Ex.ª GÓIS: – Então, não estão aqui. Aqui só vai
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS e será levada devidamente em conta. até o nº 189.
os
GÓIS: – Em primeiro lugar, está-se falando na Inclusive as Emendas n 188 e 189 estão Já que houve esse erro, gostaria que
os
Emenda nº 190, quando vai até nº 189, pelo consignadas e, parecer-me, são de autoria de fossem lidas as Emendas n 188 e 189 com o
os
que consta do relatório. V. Ex.ª parecer e as Emendas n 190 e 191.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – O SR. CONSTITUINTE JESSÉ O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
Gostaria que o Secretário esclarecesse a FREIRE: – E foram aprovadas pelo Relator. O Determino à secretária que atenda à questão
os
dúvida suscitada pelo nobre Constituinte pedido de destaque se refere às emendas n de ordem, formulada pelo nobre Constituinte,
Messias Góis. 190 e 191. Encaminhei o pedido de destaque. para que as nossas votações se procedam
O SR. SECRETÁRIO (Benicio Mendes São outras emendas. dentro da maior clareza possível e expressem
Teixeira): – Trata-se do nº 189. Foi engano. O SR. CONSTITUINTE FERNANDO fidedignamente a vontade dos membros desta
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GOMES: – Sr. Presidente, peço a palavra Subcomissão. Antes, porém, concedo a
GÓIS: – A segunda questão de ordem, Sr. para uma questão de ordem. palavra, pela ordem, ao Constituinte Jessé
Presidente, é que o nobre Constituinte Firmo O SR. PRESIDENTE (João Natal): – Freire.
de Castro apresentou destaques para matéria Tem a palavra V. Ex.ª O SR. CONSTITUINTE JESSÉ
os
já decidida no anteprojeto. O SR. CONSTITUINTE FERNANDO FREIRE: – As Emendas n 188 e 189 já
O art. 63, do Regimento da GOMES: – Sr. Presidente, creio que, para foram analisadas e estão aí na relação.
Assembléia Nacional Constituinte é bem que pudéssemos realmente acompanhar Parece-me que houve um erro na hora da
os
explícito, quando diz: os trabalhos e seu melhor andamento, inclusão das Emendas n 190 e 191. Por
“Art. 63. Admitir-se-á requerimento de talvez devêssemos seguir a numeração isso, fiz o pedido de destaque, isto é, para que
destaque, para votação em separado, de partes exata. Colocou-se o nº 1 lá embaixo, o nº fossem analisadas.
do projeto ou de substitutivo e de emenda...” 90 em cima e o 118 em outro lugar. As O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
os
No caso, na sessão de ontem, nós já Emendas n 188 e 189 já são 190 e 191. Vou atender à questão de ordem do nobre
ungimos e sacramentamos o anteprojeto. Gostaria de saber o que vamos votar, Constituinte Messias Góis, solicitando
os
Então, não cabe, a esta altura, qualquer se as Emendas de n 188 e 189, ou à secretária que proceda à leitura dessas
os
pedido de destaque. Esta foi uma se as de n 190 e 191, que não existem duas emendas, para que o Plenário tome
questão que discuti antes do início da aqui? conhecimento de seu inteiro teor.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 82

O SR. CONSTITUINTE FERNANDO Constituinte Wilson Campos – Sim. tenha controle, as autarquias e fundações, e o
GOMES: – Sr. Presidente, peço a palavra pela Com o Relator. sistema monetário.
ordem. Pelo relatório, são 189 emendas. E Passaremos agora à relação dos Art. 2º O plano deverá conter:
preciso modificar o relatório, porque agora suplentes presentes. Constituinte Fernando I – O plano estratégico com as
apareceram mais duas. Gomes – Sim. Com o Relator. diretrizes gerais permanente.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – Constituinte José Fernandes – Sim. II – O Plano plurianual de
Gostaria que o nobre Relator, que é autor do Com o Relator. investimentos, com os desdobramentos
Relatório, esclarecesse essa dúvida em Proclamo o resultado: onze votos plurianuais das despesas de capital.
virtude do fato de das cópias distribuídas aos favoráveis e nenhum voto contra. Nestas III – O orçamento, onde o Governo
Srs. Constituintes constar a existência de 189 condições, esta aprovado o parecer do relator define o desdobramento anual, fixando
emendas e terem sido relacionadas as às emendas rejeitadas. despesas e estimando receitas.
Emendas nos 190 e 191. Para efeito de conhecimento do Art. 3º O sistema de planificação
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Plenário, determino à secretária a leitura das procurará harmonizar-se com os dos Estados
Sr. Presidente, pediria ao secretário que emendas parcialmente adotadas. e municípios e estimulará a participação de
respondesse a esta pergunta, que já se O SR. CONSTITUINTE JESSÉ órgãos, associações e entidades da
esclarecerá o assunto. FREIRE: – Sr. Presidente, peço a palavra pela sociedade civil.
O SR. SECRETÁRIO (Benicio ordem. No que se refere à questão de ordem Art. 4º O Orçamento enquanto parte
Mendes Teixeira): – Por ocasião da leitura levantada pelo Constituinte Messias Góis e aos integrande do plano, compreenderá dois
dos pedidos de destaque, está entre eles os pedidos de destaques de dispositivos do períodos fiscais.
pedidos de destaque das Emendas nos 190 c anteprojeto por mim apresentados, na verdade, § 1º – Até quatro meses antes de
191, do Constituinte Jessé Freire. Em concordo em que esses pedidos possam ser encerrado o exercício fiscal, o Poder
conseqüência, ao ler esses pedidos e mandar entendidos como extemporâneos, à medida que Executivo, enviará ao Congresso Nacional o
separar as emendas, fiz constar no Relatório o anteprojeto foi ontem examinado e aprovado. projeto de lei orçamentária contendo a versão
do Sr. Relator esses dois números. A Por conta disso, vou retirar esses pedidos, final ajustada do Orçamento para o período
secretária está informando, que não localizou mas, na verdade, devo dizer que seu seguinte e o Orçamento para o período
as Emendas nos 190 e 191. E provável, encaminhamento foi feito hoje, porque, por subseqüente.
portanto, que tenha havido algum engano. O ocasição da apreciação do anteprojeto, não § 2º O Orçamento para o período
pedido de destaque está aqui, mas as houve recebimento por parte da Mesa de subseqüente será analisado por comissão
emendas não foram localizadas. pedidos de destaques referentes aos projetos. permanente do Congresso Nacional, a partir
O SR. RELATOR (José Luiz Maia): – Então, como foi anunciada a decisão de que de sua apresentação, discutindo e
Sr. Presidente, peço ao Constituinte Jessé hoje esses dispositivos todos seriam levados em negociando com o Poder Executivo os ajustes
Freire que retire esses pedidos de destaques. conta, somente hoje deixei para apresentá-los. necessários ao encaminhamento de sua
Se houver qualquer problema, S. Ex.ª poderia De sorte que esta é a razão por que hoje os versão final.
apresentá-lo na comissão temática, porque apresentei, se bem que reconheça que, do ponto Art 5º O projeto de lei orçamentária
temos uma série de casos para a frente. de vista regimental, poderão ser entendidos especificará a variação de preços
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ como prejudicados. prevista, podendo para isto separá-la por
FREIRE: – Retiro os pedidos de destaques De maneira que retiro os pedidos de itens.
das Emendas nos 190 e 191. destaque referentes a dispositivos do projeto Parágrafo único. No caso da previsão
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – e mantenho somente meu pedido de da variação de preços não corresponder à
Agradeço a V. Ex.ª a colaboração, Agindo assim, destaque de emenda. Obrigado. realidade, o Poder Executivo poderá
V. Ex.ª muito contribui para que os trabalhos O SR. PRESIDENTE (João Natal): – encaminhar ao Congresso Nacional projeto de
possam prosseguir com maior normalidade. Agradeço a V. Ex.ª a colaboração e o seu lei ajustando a previsão, o qual terá
O SR. SECRETÁRIO (Benicio Mendes entendimento. Determino ao Sr. Secretário, encaminhamento urgente, devendo ser votado
Teixeira): – Inclusive todos os pedidos de para conhecimento da Casa, que proceda à num prazo máximo de 30 dias, que vencido o
destaque já foram separados pela secretária. leitura da relação das emendas com tomará aprovado
Estes aqui, como a secretária não os localizou, aprovação parcial. Art. 6º O projeto de lei orçamentária
seriam comunicados pelo Sr. Presidente. Passaremos agora à leitura das contendo a versão final ajustada do
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – emendas de per si, em razão dos orçamento para o período seguinte deverá ser
Passaremos agora ao processo de votação requerimentos de destaque que foram devolvido para sanção até 30 dias do
das emendas rejeitadas: formulados. Logo em seguida à leitura, vencimentos do exercício fiscal.
Constituinte Carlos De Carli – Ausente. faremos a votação, esclarecendo que Parágrafo único. Vencido este prazo
Constituinte Carrel Benevides – Ausente. obviamente esta se dará com observância ficará o Poder Executivo autorizado a utilizar o
Constituinte Fábio Raunheitti – Ausente. das normas constantes do art. 10, orçamento do período em curso, podendo se
Constituinte Feres Nader – Ausente. assegurando ao autor, ao Relator e ao Líder utilizar do que dispõe o artigo 5º.
Constituinte Firmo de Castro – Sim. três minutos para falarem sobre a emenda: Art. 7º A comissão mista de que trata
Com o Relator. dois outras oradores também poderão falar, o § 2º do artigo 4º, será permanente cabendo
Constituinte Flávio Rocha – Ausente. se o requererem em tempo hábil, por três a ela, além da discussão junto ao Poder
Constituinte Furtado Leite – Ausente. minutos, um a favor e outro contra. Executivo do orçamento para o ano
Constituinte Jessé Freire – Sim. Com Determino ao Secretário que proceda subseqüente, o acompanhamento e o controle
o Relator. à leitura do primeiro requerimento de da execução orçamentária.
Constituinte João Alves – Ausente. destaque com a sua respectiva emenda. § 1º Somente nesta comissão
Constituinte João Carlos Bacelar – O SR. SECRETÁRIO (Benicio poderão ser oferecidas emendas, sendo
Ausente. Mendes Teixeira): – A primeira emenda é a o seu pronunciamento final, salvo se,
Constituinte João Natal – Sim. Com o nº 11, do Constituinte José Fernandes. A pelo menos, um quinto dos membros da
Relator. emenda pretende substituir, no anteprojeto, a Câmara e do Senado requerer destaque em
Constituinte José Guedes – Sim. Com Seção 1 pelo seguinte: plenário.
o Relator. “Art. 1º O Poder Executivo, mediante § 2º O Poder Executivo deverá
Constituinte José Luiz Maia – Sim. lei, estabelecerá o sistema de Planificação, encaminhar a esta comissão, relatórios
Constituinte Jovanni Masini – através do plano, com o objetivo de resumidos da execução orçamentária do
Ausente. promover o desenvolvimento econômico e período em curso até o final dos meses de
Constituinte Lézio Sathler – Sim. social e cumprir as suas funções definidas abril, julho e outubro.
Constituinte Messias Góis – Sim. Com constitucionalmente. Art. 8º O orçamento
o Relator. Parágrafo único. Inclui-se no sistema de compreenderá a fixação de
Constituinte Naphtali Alves – Sim. Planificação a administração indireta do setor despesas e a estimativa de receitas.
Com o Relator. público, inclusive as empresas sobre as quais I – A estimativa de receitas deverá prever
83 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

para a respectiva autorização, o Finalmente, amarra-se ao orçamento se fosse dispensada a leitura do ponto de
endividamento máximo e as suas a autorização de endividamento ajustando-a vista do Relator, porque S. Ex.ª já se
modalidades. em função do excesso de arrecadação. manifestou que é contrário.
II – O excesso de arrecadação A negociação e o acompanhamento O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
produzirá um correspondente decrescimo do correm por conta de comissão permanente FERNANDES: – A leitura integral já foi feita.
endividamento, não servindo como base local do debate e das emendas individuais. Nós a conhecemos. Está distribuído.
para aumento de despesa. A adoção deste método, nos parece. O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
III – A despesa fixada é o limite do resgataria a credibilidade do orçamento e o GUEDES: – Sim, e iríamos economizar
gasto, só podendo ser ampliada por lei, poder de fato do Legislativo para decidir, bastante tempo com essa providencia. E
sendo vedada a transposição de recursos de controlar e fiscalizar”. um Constituinte, naturalmente, vai falar a
uma dotação orçamentária para outra sem favor e outro contra. Depois, entra-se em
autorização legal. “PARECER À EMENDA Nº 5B0011-3 votação.
Art. 9º O orçamento compreenderá: O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
I – As despesas correntes e de Relator: Constituinte José Luiz Maia Perfeitamente. E oportuna a sugestão de V.
capital. Relatório Ex.ª Nas matérias subseqüentes, será
II – O orçamento da administração observada essa regra. Já fica expressa a
indireta, entendido como o de todas as Prejudicado por dispositivo do determinação ao Secretário, para o
pessoas jurídicas sob o controle da União, Regimento Interno da Assembléia Nacional atendimento.
que recebam dela ou não, recursos e Constituinte que impede a substituição Em virtude de não haver alguém
subvenções. integral do projeto. que queira manifestar-se sobre a matéria,
III – O orçamento monetário. Alguns aspectos da emenda estão passo a palavra ao Relator, que já a havia
IV– O orçamento do gasto tributário, contemplados no projeto. solicitado.
entendido como o conjunto das isenções, O SR. RELATOR (José Luiz
dos incentivos e outras modalidades de Voto Maia): – Em que pese ao respeito que
benefícios fiscais. tenho pelo nobre Constituinte César Maia.
Parágrafo único. O Orçamento Assim, somos pela rejeição da Emenda. o Relator mantém o seu voto, com relação
Monetário será apreciado por comissão Sala da Subcomissão, de maio de à emenda apresentada pelo ilustre
própria e especifica. 1987. – Constituinte José Luiz Mala Relator. Constituinte.
Art. 10. A abertura de crédito O SR. CONSTITUINTE JOSÉ O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
extraordinário somente ocorrerá para FERNANDES: – Sr. Presidente, peço a Passaremos à colheita dos votos. (Procede-se
atender despesas imprevisíveis e urgentes palavra para encaminhar. à votação)
como as decorrentes de guerra ou O SR. PRESIDENTE (João Natal): – O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
calamidade pública, devendo para isto ser Tem V. Ex.ª a palavra. Quero esclarecer que o voto “sim” ou “não” se
votado pelo Congresso Nacional em 10 O SR. CONSTITUINTE JOSÉ refere à emenda objeto de destaque.
dias, findos os quais será considerado FERNANDES: – Sr. Presidente, Srs, (Constituição da votação)
aprovado. Constituintes a emenda apresentada pelo O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
Art. 11. A lei do orçamento não Constituinte César Maia deveria realmente ser Votaram onze sendo dez votos “não” e um
poderá conter dispositivo estranho ao que aqui defendida e explicitada por S. Ex.ª, voto de abstenção.
dispõe esta seção. porque se trata de uma substituição de uma Nessa circunstância, está rejeitada a
Art. 12. As despesas de capital, cuja seção. Aí discordamos do Relator, porque o emenda acobertada pelo destaque.
execução ocorrer em mais de um período, que não se pode Fazer é substituição Passaremos à leitura da emenda
deverão constar do orçamento plurianual de integral. Mas o próprio Regimento determina posterior, com a observância da questão
investimentos, sendo, porém, anualmente que, em se alterando dispositivos que de ordem oportunamente formulada,
aprovadas na lei do orçamento. obriguem referência a outros, pode ser prescindindo a leitura...
realizado. E o caso dessa emenda, apenas O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
Justificação uma nova visão orçamentária onde o autor, GUEDES: – Sr. Presidente, gostaria de
Constituinte César Maia, do meu partido, levantar mais uma questão de ordem.
A presente emenda se apóia na tenta transplantar os orçamentos plurianuais O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
experiência de países mais desenvolvidos, para o sistema de planejamento dos Estados Gostaria que ficasse esclarecido que a
como os Estados Unidos e a Grã- e dos Municípios e ainda traz uma nova questão de ordem formulada foi no sentido de
Bretanha, e em nossa própria experiência conotação: a participativa, que seria da se prescindir da leitura do voto do Relator.
de gestores de orçamento no Estado do discussão ou da negociação do plano Não foi do texto da emenda.
Rio de Janeiro. orçamentário. O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
Cumpre devolver ao Poder Vou abster-me de votar nessa FERNANDES: – Amplie a proposição, Sr
Legislativo a efetiva capacidade de co- emenda. Até porque, como se trata de Presidente, para não se ler o texto,
definir o orçamento. Para tanto experiência de países avançados, com um ou seja, que seja anunciado o número
introduzimos a prática consagrada do sistema de planejamento muito amplo, com da emenda e o assunto. Se for
orçamento negociado, que a um tempo os dados referenciais e estatísticos também, distribuída cópia, todos terão conhecimento
evita a complexa possibilidade do como é o caso da Grã-Bretanha – descendo do assunto. Como o Regimento
Legislativo definir autonomamente a detalhes – não saberia, um que hoje leio assegura que, além do autor. do
despesas, sobre receitas apenas possíveis pela primeira vez a emenda, se seria possível, Relator, ainda podem encaminhar dois
e permite que tais despesas sejam por exemplo, aplicar lá em Quixaramobim, Constituintes . um a favor e outro contra, é
introduzidas harmonicamente numa onde não teríamos realmente definições, normal que, se eles tiveram maior
negociação forte aonde o Poder Legislativo dados, para fazer um orçamento negociável. interesse, eles próprios justifiquem ou
tem sempre o poder de rechaçar o conjunto Então, abstenho-me de votar, para apresentem justificativas.
do orçamento. não ser, inclusive, desleal com um O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
Tais fatos só são possíveis, e esta é companheiro de partido. Lamento só que S. GUEDES: – Gostaria de saber se no
a experiência internacional, via orçamento bi- Ex.ª não possa estar aqui, porque gostaria de Regimento está previsto que o
anual, da forma que o texto propõe. ter alguns esclarecimentos adicionais. Relator se pronuncie. Parece que se
Adicionalmente são introduzidos Era o que tinha a propor. pronuncia um a favor e outro contra e em
dispositivos que eliminam a possibilidade de O SR. CONSTITUINTE JOSÉ GUEDES: plenário.
confecção de um orçamento artificial que – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
tudo permite ao Executivo. O SR. PRESIDENTE (João Natal): – Regimentalmente, caso entenda assim.
Agregam-se dispositivos que de forma Tem a palavra V. Ex.ª O art. 13 da disposição regimental estabelece
orgânica e permanente permite a correção dos O SR. CONSTITUINTE JOSÉ que será assegurada a palavra ao autor,
valores vis-a-vis a inflação retirando a desculpa GUEDES: – Sr. Presidente, seria uma ao Relator e ao Líder. E dois Parlamentares,
do Executivo para justificar flexibilidades. grande economia de tempo, com o prazo de três minutos, po-
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 84

darão usar a palavra, falando um a favor e O SR. PRESIDENTE (João Natal): nominal, conforme o Regimento, para nova
outro contra. – Está reaberta a sessão. votação.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ Convido o Sr. Secretário à proceder à Antes, concedo a palavra ao
GUEDES: – Sr. Presidente, estamos leitura da emenda, objeto do pedido de destaque. Constituinte Fernando Gomes.
votando os destaques, não é? O SR. SECRETÁRIO (Benicio O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
O SR. PRESIDENTE (João Natal): Mendes Teixeira) – A emenda do Constituinte GOMES: – V. Ex.ª devia convocar um
– Estamos votando as emendas José Guedes, nº 37, pretende alterar o § 2º do assessor da Secretaria para anotar os votos.
destacadas. art. 1º, e a de nº 153, que pretende alterar o art. Não podemos perder tempo, temos
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ 1º Arribas têm pareceres pela rejeição e compromissos.
GUEDES: – Perfeitamente. Seria oportuno versam sobre o art. 1º O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
que elas fossem ordenadas conforme O SR. CONSTITUINTE JOSÉ Agradeço a V. Ex.ª a oportuna colaboração,
está no anteprojeto do Relator, GUEDES: – Gostaria de ter conhecimento mas já havia, por antecipação, agido dessa
porque senão vamos votar o art 1º agora e da nova redação dada pelo Relator ao § 2º, forma, administrando a assessoria para que
daqui a uma hora estaremos retomando a art. 1º, porque me parece que houve alguma tal fato não se repita.
ele. alteração nesse artigo. Gostam de ter a colaboração dos
Como se trata de poucos O SR. SECRETÁRIO (Benicio Mendes companheiros no sentido de não
destaques, então ordenar-se-ia por artigo: Teixeira) – O § 2º do art. 1º estabelece que a absorvermos mais tempo com uma questão
art. 1º, 2º, 3º, 4º até o final. alocação de recursos deverá obedecer a critério que já está dirimida.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): da proporcionalidade direta à população e inversa Com a palavra o nobre Constituinte
– Perfeito, não há nada que impeça que à renda per capita, acolhendo emenda feita em Firmo de Castro.
seja adotada essa prática. Determino à plenário. O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
secretaria que proceda a esse ordenamento, O SR. CONSTITUINTE JOSÉ GUEDES: CASTRO: – Sugiro que o cômputo da
para facilitar a votação. – Perfeitamente, elaborei essa emenda com essa votação seja feito de forma acumulativa. Por
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ redação. Não sei por que foi rejeitada. exemplo: sim – um, sim – dois, e assim por
FERNANDES: – Sr. Presidente, peço a O SR. SECRETÁRIO (Benicio Mendes diante, para que ao final tenhamos o
palavra para um esclarecimento. Teixeira): – Perdoe-me V. Ex.ª Mandarei retificar. resultado completo.
O SR. PRESIDENTE (João Natal): O SR. CONSTITUINTE JOSÉ O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
– Tem a V. Ex.ª a palavra. GUEDES: – Gostaria que constasse em Tem a palavra, pela ordem, o nobre
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ ata, porque, na relação, ela não consta Constituinte Wilson Campos.
FERNANDES: – O § 5 º d o a r t . 2 7 – como aceita pelo Relator. O SR. CONSTITUINTE WILSON
n ã o é o a r t . 1 3 – q u e trata O SR. PRESIDENTE (João Natal): – CAMPOS: – V. Ex.ª continua lendo a lista
exatamente do processo de votação, diz o A questão de ordem formulada por V. Ex.ª dos componentes da Subcomissão, quando
seguinte: já consta da ata. seria muito mais fácil ler a dos presentes,
“No encaminhamento da votação através do livro de assinatura.
de matéria destacada” – é o caso – (Intervenção fora do microfone. O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
“poderão usar da palavra, por cinco Inaudível.) Estou procedendo assim, Sr. Constituinte, em
minutos, dois Constituintes a favor, tendo observância à norma regimental, que estabelece
preferência o autor do requerimento, e O SR. SECRETÁRIO (Benicio Mendes que a leitura deve ser feita dessa forma. Parece-
dois contra.” Teixeira) – a Emenda nº 153, do Constituinte me que com a preocupação de que, no curso da
Fica subentendido, então, que, se José Guedes, pretende alterar o art 1º do votação, chegue algum membro integrante da
permitirmos que o autor use a palavra a anteprojeto. O parecer do Relator é pela rejeição. Comissão e não esteja relacionado entre os
favor, o outro poderá também falar a O SR. PRESIDENTE (João Natal): presentes e possa ser chamado.
favor. Para os dois que falarem – Não há oradores inscritos para falar a O SR. CONSTITUINTE WILSON
contra será direito do Relator, que não respeito da presente matéria. Por isso CAMPOS: – Se ele não estiver relacionado
está especificado, mas poderá ter passaremos à votação. não tem direito a voto. A obrigação precípua
preferência, e um outro. Então, não serão Concedo a palavra ao Constituinte. de quem chega a uma reunião é assinar o
propriamente o autor e o líder. Serão dois O Sr: – A nossa pretensão é retirar uma livro de presença.
Constituintes. imperfeição que tem o art. 1º, pois nele fala-se O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – que o Poder Executivo estabelecerá planos de Concordo com V. Ex.ª, mas a disposição
Essa regra está estabelecida de forma longo, médio e curto prazos. De curto prazo, regimental é expressa ao dizer que se
expressa e direcionada no art. 18, que se certamente é o orçamento. Então, como a frente proceda à leitura de toda a lista dos
refere às emendas. esta citando a mesma coisa, quando se diz que membros componentes.
Art 18. “As emendas serão votadas “os quais subordinarão os planos e orçamentos (Procede-se à votação.)
em globo, conforme tenham parecer favorável do setor público”, encontrei, assim como alguns O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
ou contrário, ressalvados os destaques Colegas, dificuldades em entender o objetivo do Votaram onze Srs. Constituintes, sete “não” e
concedidos.” art. 1º Tanto que o companheiro Firmo de Castro quatro “sim”. Nestas condições, o destaque é
E remete ao art. 27, § 3º, in fine. também propôs a mesma alteração para que o rejeitado.
Em relação ao uso da palavra, diz o plano fosse de longo e médio prazos e não de O SR. SECRETÁRIO (Benicio Mendes
art. 19: curto prazo, porque já existe o orçamento. E que Teixeira): – A emenda seguinte é a de nº 152,
“Art. 19. No encaminhamento da se subordinariam aos orçamentos e não aos do Constituinte José Guedes, que pretende a
votação poderão usar da palavra, por três planos. Assim, ficaria plano subordinado a plano, alteração do art. 9º do anteprojeto. O parecer do
minutos, além do autor, Relator ou líder, um e com a repetição de afazeres no mesmo Relator é contrário.
membro a favor e outro contra.” dispositivo. O SR. PRESIDENTE (João Natal): –
E remete ao art. 27, §§ 1º e 5º Mas, Assim como da última vez que pedi Está em votação a presente matéria.
aqui, o prazo preestabelecido é de três explicação ao Relator. S. Ex.ª não me Com a palavra o seu autor,
minutos. convenceu de que se tratava de coisa Constituinte José Guedes.
T
O SR. CONSTI UINTE JOSÉ diferente, estamos propondo essa alteração TO SR. CONSTITUINTE JOSÉ
FERNANDES: – Três minutos. Reduz o e a submetemos à apreciação do Plenário. GUEDES: – Sr. Presidente. o objetivo
prazo do art 27, § 5º, para três minutos. O SR. PRESIDENTE (João Natal): dessa emenda é fazer com que o Poder
O SR. PRESIDENTE (João Natal): – Não há oradores inscritos para falarem. Legislativo disponha de mais tempo
– Suspenderei a sessão por alguns minutos Em razão disso passaremos à votação. para análise do orçamento. A nossa
até que o Secretário retome para proceder (Procede-se à votação.) proposição é no sentido de que o orçamento
à leitura da emenda. Determino à O SR. PRESIDENTE (João Natal): – seja analisado nos últimos seis meses de
assessoria que requeira a presença dele, Infelizmente, por um lapso da assessoria, sua apresentação, tendo esta Casa a
por gentileza. não foi anotada a votação. Serei condição de em cinco meses fazer as
Está suspensa a sessão. (Pausa.) forçado a repetir a chamada emendas ao projeto de lei orçamentária que
85 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)

o Executivo enviar a esse Poder. O SR. PRESIDENTE (João Natal): O SR. PRESIDENTE (João Natal):
Verificamos que, nesse trabalho feito pelo – É um ato que V. Ex.ª pode praticar, – Quero pedir a V. Ex.ª que não se sirva
Relator, ele faz a divisão de orçamento em assim como os outros autores de da palavra sem que ela não lhe tenha
duas partes. Na primeira, cria um plano de requerimento, desde que assim sido concedida. Gostaria de recorrer à
distribuição de recursos, em que esta Casa entendam. colaboração dos companheiros para que
teria apenas sessenta dias para examiná- Mas é oportuno que esclareçamos os trabalhos possam prosseguir
lo, já que ele alterou o prazo. De inicio, que essa subcomissão tem dezoito ordenados.
havíamos provocado o pronunciamento de membros, fazendo-se necessários para Segundo me informou a Secretaria,
S. Ex.ª a esse respeito. Quarenta e cinco aprovação de qualquer matéria destacada o nobre Deputado José Fernandes
dias era um tempo muito pequeno para que exclusivamente nove votos. Para que não tem proposta com destaque requerido e
esse poder se pronunciasse quanto ao paire dúvidas, é importante que se não ouvi, pelo menos, um pronunciamento
plano de aplicação de recursos como está esclareça aos nobres pares: são dezoito de S. Ex.ª retirando sua matéria. Sem
previsto no art. 1º do anteprojeto do membros da Comissão, a maioria absoluta isso, não é possível que possamos
Relator. é a metade mais um. decidir.
Lendo o anteprojeto, cheguei à Temos, ao que me consta, onze O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
conclusão de que há um dispositivo, na parlamentares presentes V. Ex.ª é que FERNANDES: – Sr. Presidente, quantos
hora de aprovação do orçamento, que entendeu erroneamente. O serviço de requerimentos há sobre a mesa,
proíbe que este Poder faça qualquer gravação da Casa registrou. com a retirada dos requerimentos dos
emenda no orçamento que contrarie aquele O SR. CONSTITUINTE JOSÉ Deputados José Guedes e Messias
plano de distribuição. GUEDES: – Sr. Presidente, estava ainda Góis?
A conclusão é a de que esse plano há pouco, na Subcomissão do Poder O SR. PRESIDENTE (João
de distribuição na realidade é o verdadeiro Legislativo, onde eu e outros companheiros Natal): – Além dos retirados,
orçamento desse Poder. Teríamos apenas estávamos contra o poder do Presidente restam os requerimentos de V. Ex.ª e o
sessenta dias, menos do que o prazo atual em dissolver a Câmara e o Congresso, e da minha autoria. São três
para apreciá-lo. Por isso estamos propondo éramos maioria, apesar de não requerimentos.
que o prazo seja continuo de seis meses, alcançarmos a maioria absoluta da O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
do qual teríamos cinco para as análises, composição da Comissão. Em vista disso, FERNANDES: – Como se trata de
que seriam subdivididas em atribuições nossas intenções não tiveram sucesso. requerimento de líder, porque hoje estou
regidas pelo Regimento Interno, mas não Acredito que haja um dispositivo no sentido aqui representando a liderança, proporia
dividirmos esse trabalho em duas partes, de que qualquer modificação do relatório que votássemos em globo os três
como está proposto no anteprojeto. carece de maioria absoluta da composição requerimentos.
Para a primeira parte teríamos total da Casa. Refiro-me a isso, porque o O SR. PRESIDENTE (João Natal):
sessenta dias, com a distribuição de mesmo problema está acontecendo na – Não poderíamos fazê-lo, pois seria
recursos, e depois uma segunda parte do Subcomissão do Poder Legislativo. desobedecer à letra expressa do
orçamento, que seria para pequenas O SR. RELATOR (José Luiz Regimento.
coisas, sem poderes para emendar aquilo Maia): – Sr. Presidente, peço a palavra O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
que fosse deliberado no primeiro período pela ordem. Gostaria de esclarecer FERNANDES: – Então votamos,
de sessenta dias. aos Srs. Constituintes que a Secretaria pois recebi ordens da liderança
Esse é o nosso pensamento. Tenho fará chegar às mãos de cada um a cópia para fazer esse requerimento. Estou
certeza de que não há condição de sua das emendas, para que sejam refeitas e aqui para substituir e não tenho
aprovação nesta Subcomissão, porque, apresentadas na Comissão Temática, autoridade para retirá-lo. Vamos,
mesmo para que haja qualquer modificação pois assim todo esse problema será portanto, votar.
do parecer do Relator, precisaríamos de resolvido. O SR. PRESIDENTE (João
maioria absoluta. Estamos na realidade O SR. PRESIDENTE (João Natal): Natal): – Em virtude do pronunciamento
perdendo um grande tempo. Então, – Gostaria que os companheiros do companheiro passaremos à
gostaria que essas emendas fossem entendessem que estão na mesa outros votação. Quero esclarecer à
discutidas depois na grande Comissão, requerimentos de destaques que não são Casa que retirarei os requerimentos
pois até lá teremos mais tempo para da autoria do Deputado José Guedes nem de minha autoria para a
discutir e para que os companheiros do Deputado Messias Góis. E esta apresentação em ocasião oportuna,
cheguem à conclusão de que estamos Presidência só poderá determinar a sua restando, portanto, o requerimento
perdendo com a divisão de deliberações a retirada se os demais autores também do nobre Constituinte José
respeito de orçamento em duas partes. assim procederam. Fernandes.
Gostaria de retirar todas as (Fora do microfone. Inaudível.) O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
emendas, porque não alcançaremos O SR. PRESIDENTE (João Natal): FERNANDES: – Sr. Presidente, declinarei
número e ficaremos numa discussão que – É um direito que cabe a V. Ex.ª, de usar a palavra. Serão apenas mais
não levará a nada. Que sejamos também a mas acredito que não praticará esse cinco minutos, pois há apenas um
primeira subcomissão a entregar um gesto. requerimento.
trabalho à grande Comissão. O SR. CONSTITUINTE MESSIAS O SR. SECRETÁRIO (Benício
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr. Presidente, se houvesse Mendes Teixeira): – Destaque para
GÓIS: – Sr. Presidente secundarei o interesse e seriedade de parte daqueles a emenda nº 109. Pedido feito
Constituinte José Guedes, porque tenho eleitos para virem fazer a Constituição pelo Constituinte José Fernandes é
um pedido de destaque de minha autoria e deste País, estariam aqui os dezoito. a emenda do Constituinte Maurício
um outro que me foi deletado pelo Então, estamos aqui desde as duas horas Corrêa, que pretende alterar o art.
Constituinte Furtado Leite. Já que bastaria da tarde, sacrificados, tendo outros 36 do anteprojeto. O parecer do
um voto contra para a emenda não ter afazeres, mas, diante do dever a cumprir, Relator...
valor, já que precisa de maioria absoluta e ficamos aqui até este momento. Mas onde O SR. PRESIDENTE (João Natal):
as emendas talvez não fossem bem estão os outros? Em protesto vou retirar- – Não havendo oradores inscritos,
examinadas, retiro os dois pedidos de me da sessão para que, na realidade, não passaremos à chamada:
destaque. haja número para deliberar. (Procede-se à votação.)
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 86

O SR. PRESIDENTE (João tro, Lézio Sathler, Wilson Campos, nacioais, voto de louvor ao
Natal): – Votaram 11 Constituintes. Flávio Rocha, Furtado Leite, Messias Senhor Nobor Saito, Analista de
O resultado foi 8 votos contrários e 3 Góis e Fábio Raunheitti e os Suporte Técnico do Prodasen, e a
votos "sim". Nestas circunstâncias suplentes Hélio Rosas e Paulo toda a sua equipe, pela eficiência e
está rejeitada a matéria constante da Roberto. Estiveram ausentes os presteza com, que atendeu aos
pauta. Senhores Constituintes titulares serviços solicitados por este
Antes de declarar encerrada Carrel Benevides, João Natal, Carlos Órgão Técnico, possibilitando, na
esta sessão, quero agradecer a de Carli, João Carlos Bacelar, José parte que lhe coube, que e
cooperação generalizada a todos os Guedes, Jovanni Masini Jessé Freire Subcomissão se desincumbisse de
companheiros, desculpando-me por e Féres Nader. ATA: Foi dispensada suas atribuições regimentalmente no
alguns senões praticados, em razão a leitura da Ata da reunião anterior, a tempo aprazado. Em seguida, o
da improvisação da minha pedido do Relator, Constituinte José Senhor Presidente João Alves
investidura, que não estava no Luiz Maia, já que foram distribuídas concedeu a palavra ao Constituinte
cardápio da reunião de hoje. Declaro cópias a todos os membros da Messias Góis, para se
encerrada a sessão, convocando Subcomissão; não houve discussão congratular com o Relator e com os
outra para segunda-feira, às 10 e, colocada em votação, foi ela membros da Subcomissão, pelo
horas da manhã. aprovada, por unanimidade, sem excelente trabalho elaborado, e
restrições. ORDEM DO DIA: suspendeu a reunião por 15 (quinze)
SUBCOMISSÃO DE ORÇAMENTO passando à ordem do dia, o Senhor minutos, a fim de que fosse lavrada
E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA Presidente, Constituinte João Alves, a Ata. Reabertos os trabalhos o
comunicou que a presente reunião Senhor Presidente, Constituinte
13ª Reunião, Ordinária, Realizada foi convocada, nos termos João Alves, determinou a leitura da
em 25 de maio de 1987 regimentais, para apresentação da Ata após o que foi ela colocada em
redação final do anteprojeto da discussão. Ninguém quis discuti-la e,
Aos vinte e cinco dias do mês Subcomissão de Orçamento e colocada em votação, foi
de maio do ano de um mil e Fiscalização Financeira. A seguir, o aprovada por unanimidade. Por fim o
novecentos e oitenta e sete, às dez Senhor Presidente, Constituinte Senhor Presidente deu por
horas, na sala C-2, do Anexo II, João Alves, passou a palavra ao encerrados os trabalhos da
da Câmara dos deputados, reuniu-se Relator, Constituinte José Luiz Mala, Subcomissão de Orçamento e
a Subcomissão de Orçamento o qual leu a redação final do Fiscalização Financeira e eu,
Fiscalização Financeira. Presentes anteprojeto, após distribuição de Benício Mendes Teixeira, Secretário,
os Senhores Constituintes titulares avulsos aos Constituintes e, por fim, lavrei a presente Ata que vai à
João Alves – Presidente, José solicitou que se consignasse em Ata, publicação e será assinada pelo
Luiz Maia; Relator, Firmo de Cas- para assentamento nas pastas fun- Senhor Presidente.

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