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DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA

REMIT, QUEIMADURAS & CICATRIZAÇÃO


REMIT – RESPOSTA ENDOCRINOMETABÓLICA E IMUNOLÓGICA AO TRAUMA
O corpo precisa de glicose, água e oxigênio. Para disponibilizar essas coisas, o organismo utiliza do
metabolismo intermediário para “correr ou lutar”.
METABOLISMO INTERMEDIÁRIO
PERÍODO PÓS-PRANDIAL
↑ glicemia e insulina →glicose para dentro da célula
Sobrou glicose? A insulina inicia o anabolismo (construção de estoque)!
ANABOLISMO
Construção de estoque de 2 formas:
 ↑ Glicogênio ou glicogenogênese (em fígado e músculo)
 ↑ Gordura ou lipogênese (quando fígado/músculos estão lotados)
NO JEJUM OU NO TRAUMA
↓Glicemia e insulina → preciso “correr ou lutar”
Hormônios contra-insulínicos iniciam o catabolismo (destruição de estoque)!
CATABOLISMO
De 2 formas:
 Glicogenólise (quebra do glicogênio): mantém glicemia ± 24h (no jejum; no trauma dura menos)
 O paciente queimado aumenta seu catabolismo em > 200% (glicemia se mantém por 2-3h)!
 Gliconeogênese (geração de nova glicose): proteólise e lipólise
PROTEÓLISE LIBERA LIPÓLISE LIBERA
Glutamina Glicerol
Alanina Ácidos graxos

 Além disso, é liberado lactato!


 Transformados pelo fígado
 Em glicose: glutamina, alanina, lactato e glicerol!
 Ciclo de Felig: alanina vira glicose
 Ciclo de Cori: lactato vira glicose
 Em corpos cetônicos: ácidos graxos
ADAPTAÇÕES DO JEJUM / TRAUMA:
1) Reduz a proteólise 3) Cérebro começa a consumir corpos
2) Prioriza a lipólise cetônicos
• NA PRÁTICA: para sustar o processo de jejum.
No jejum em 24h, sem cirurgia programada, administrar: 400kcal = 100g de glicose = 2000 mL SG 5%
2h antes da cirurgia, administrar: 200 ml de maltodrextrina a 12,5%
RESPOSTA ENDÓCRINA/METABÓLICA
Como é deflagrado e quais são os hormônios? O principal deflagrador é a dor + lesão!
CORTISOL
A informação chega ao hipotálamo, que libera CRF e estimula a hipófise a secretar ACTH, estimulando as
adrenais a produzir cortisol.
• Gliconeogênese • Permite ação de catecolaminas
CATECOLAMINAS
• Broncodilatação • Vasoconstrição periférica
• Pupilodilação • Atonia intestinal (também por ação de
• ↑ ino/cronotropismo opióides endógenos)
As catecolaminas diminuem a circulação esplâncnica e diminuem sua atividade. É por isso que mesmo uma
vítima de trauma torácico pode apresentar íleo adinâmico!
ALDOSTERONA
• Retém Na e H2O • Libera K e H+
ADH PÂNCREAS
Oligúria ↑ Glucagon /↓ Insulina

RESPOSTA IMUNOLÓGICA
IL-1, IL-2 E TNF-ALFA
• ↑ Temperatura (paciente treme p/ gerar • Anorexia (proteção do intestino atônico)
calor)
DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA
PROTEÍNAS DE FASE AGUDA
↑PCR, ceruloplasmina e haptoglobina
↓ (PRÉ) albumina e transferrina
IL-4, IL-10, IL-13
Anti-inflamatórias
COMO MODULAR A REMIT?
• ↓ Dor: anestesia epidural - ↓Resposta endócrina
• ↓ Lesão: cirurgia videolaparoscópica - ↓Resposta imune
QUEIMADURAS
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
1. Garantir a segurança da cena
2. Afastar o paciente da fonte de calor
o Retirar roupas, joalheria
3. Resfriar a lesão
o Água: só até 15-30min após o trauma em temperatura ambiente*
OU ≥ 12° C OU se queimadura química – água morna por 30 min,
NÃO neutralizar
4. Prevenção de hipotermia
o Envolver o paciente em lençóis ou cobertores SECOS
5. Decidir se precisa de CETQ
o “Grande queimado” necessita de cuidado especializado!
1) ESTIMAR A SCQ
• ADULTOS (>14 anos): regra dos 9 - Wallace
o 9 (cabeça e MMSS) / 18 (pernas) / 36 (tronco + abdome) / 1 (mãos e genitais) – 9 e vai dobrando
• CRIANÇAS: Lund e Browder
2) INDICAÇÕES DE CETQ
• Segundo grau: > 10% SCQ • Química ou elétrica graves
• Terceiro grau: qualquer % • Lesões por inalação
• Face, mão/pé, grandes articulações • Tem comorbidades ou outros traumas que
• Olhos, períneo/genitália podem ser piorados pela queimadura
ATENDIMENTO HOSPITALAR – TRAUMA (ABCDE)
• A – Coluna e vias aéreas
• B – Complicações respiratórias
CENÁRIO 1: QUEIMADURA EM FACE E PESCOÇO
Proximidade com fonte de calor, com inalação de fumaça quente e suja (não queima pulmões, apenas VAS)
- CLÍNICA: hiperemia de orofaringe, rouquidão, estridor, pode ter insuficiência
respiratória imediata
LESÃO TÉRMICA DAS VAS
- DIAGNÓSTICO: clínico, laringoscopia
(FUMAÇA QUENTE)
- TRATAMENTO: suporte ventilatório
 IOT: ATLS – SCQ > 40-50%
Jogou sujeira no pulmões
LESÃO PULMONAR POR - CLÍNICA: sibilos, escarro carbonáceo, pode ter insuficiência respiratória ± 24h
INALAÇÃO - DIAGNÓSTICO: broncoscopia, cintilografia
(FUMAÇA SUJA) - TRATAMENTO: suporte ventilatório, NBZ c/ broncodilatadores ± heparina
(deixa secreção fluída) ± NAC (N-Acetilcisteína), broncoscopia
CENÁRIO 2: QUEIMADURA EM LOCAL RECINTOS FECHADOS
Fumaça menos quente/suja, fumaças “tóxicas”
- CLÍNICA: cefaleia, ↓ consciência
INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO
- DIAGNÓSTICO: dosar carboxihemoglobina
DE CARBONO (CO)
- TRATAMENTO: ↑ FiO2, medicina hiperbárica
- CLÍNICA: ↓ consciência
INTOXICAÇÃO POR CIANETO - DIAGNÓSTICO: ↑ lactato (> 90 mg/dL ou 10mmol/L) e ↑ cianeto (> 0,5mg/L)
- TRATAMENTO: suporte ventilatório, hidroxicobalamina ± tiossulfato de sódio
• C – Acesso e volume
o 2 acessos periféricos
o Ringer Lactato aquecido
o Primeiras 24h de QUEIMADURA:
 Fórmula de Parkland: 4 mL x peso (kg) x SCQ
 ATLS: 2ml x peso (kg) x SCQ
DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA

 Infundir ½ nas primeiras 8h e as outras ½ nas próximas 16h


 Metade nas primeiras 8h e a outra metade nas próximas 16h
 É um valor inicial, deve ser corrigido caso diurese não adequada!
 Avaliar pela diurese: ≥ 0,5ml/kg/h
• D – Disfunção neurológica
• E – Exposição
• ANALGESIA: opioide IV
• PROFILAXIAS: tétano/TVP
CLASSIFICAÇÃO
QUEIMADURA DE 1º GRAU
PROFUNDIDADE Epiderme
COLORAÇÃO Eritema
SENSIBILIDADE Dor/ardência
NÃO ENTRA NO CÁLCULO DE SCQ!
QUEIMADURA DE 2º GRAU
Derme
PROFUNDIDADE - Superficial: papilas dérmicas
- Profunda: reticular
Bolhas presentes
COLORAÇÃO - Superficial: eritema
- Profundidade: rósea
- Superficial: dor
SENSIBILIDADE
- Profundidade: dor menor (queima algumas terminações)
TRATAMENTO
Limpeza, curativo + ATB tópico (Sulfadiazina de prata)
Se profunda: enxerto*
QUEIMADURA DE 3º GRAU
PROFUNDIDADE Gordura subcutânea
COLORAÇÃO Marrom
SENSIBILIDADE Dor (?)
TRATAMENTO
Enxertia precoce
Retração da “pele dura”/escara: ↓expansibilidade, compressão vascular → Conduta: escarotomia!
QUEIMADURA ELÉTRICA GRAVE – 4° GRAU
Queima de “dentro para fora”
RABDOMIÓLISE
• CLÍNICA: urina escura, CPK ≥ 5x
• CONDUTA: Ringer 4ml x Kg X SCQ (difícil estimar)
o Forçar diurese: 1-1,5mL/kg/h ou 100 mL/h até urina clarear
SÍNDROME COMPARTIMENTAL
• CLÍNICA: dor desproporcional ao estiramento muscular + parestesias + ↓ pulso + palidez
• CONDUTA: fasciotomia

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