Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CIP-Brasil. Catalogação-na-Font.e
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
P956
Processos biológicos avançados para tratamentos de efluentes e técnicas
de biologia molecular para o estudo da diversidade microbiana / Márcia
Dezotti, Geraldo Lippel Sant'Anna Jr., João Paulo Bassin (orgs.). - Rio de
Janeiro: Interciência, 201 1.
368p.: il.; 25 cm
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7193-276-0
1. Águas residuais - Purificação. 2 . Esgoto. I. Dezotti, Márcia. II.
Sant'AnnaJunior, Geraldo Lippel. III . Bassin, João Paulo.
11-6411. CDD: 628 .3
CDU: 628.2
,
E proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios,
sem autorização por escrito da editora.
www.~it.orainterclencia.com.br
Capítulo 2
Biorreatores com Membranas / Membrana Bioreactors - MBR
(Geraldo Lippel Sant'Anna Jr. & Ana Claudia Cerqueira) 9
2 .1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 .2 Tipos de Biorreatores com Membranas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 .3 Estágio Atual da Tecnologia MBR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 .4 Fouling em MBRs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... 23
2 .4.1 Fatores Operacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... 23
2 . 4. 2 Formação do Fouling em MBRs . . . . . . . . . . . . . . ...... 27
2 .4.3 Substâncias Poliméricas Extracelulares e Produtos
Microbianos Solúveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... 29
2 .4.4 Modos de Operação e Controle do Fouling . . . . . . . ...... 32
2 .5 Uso de Carvão Ativado en1 MBRs . . . . . . ... . . . . . . . ... . . . 33
2 .6 Conjunção MBBR-MBR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2 . 7 Avanços Futuros da Tecnologia MBR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2 .8 Referências 38
Capítul o 3
Reator de Leito Móvel com Biofilme Moving Bed Biofilm Reactor - MBBR
(João Paulo Bassin & Márcia Dezotti) 43
3 .1 Contextualização e Introdução ao Processo MBBR . . . . . . . . . 43
VIII PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Capítulo 4
Tecnologia de Granulação Aeróbia (Lodo Granular Aeróbio)
(João Paulo B assin) 91
4 .1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.2 Caracterização Geral da Tecnologia de Lodo Granular . . . . . . . 93
4.3 Processo de Formação de Grânulos Aeróbios . . . . . . . . . . . . . . 99
4.4 Fatores que Afetam a Granulação Aeróbia . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.4.1 Ten1po de Decantação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.4.2 Velocidade de Crescimento dos Micro-Organismos . . . . . 108
4.4.3 Estratégia de Aliinentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.4.4 Oxigênio Dissolvido e Intensidade de Ae ração . . . . . . . . 11 O
4.4.5 Tempo do Ciclo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.4.6 Configuração do Reator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.4 . 7 Composição e Concentração do Substrato (Carga Orgânica
Aplicada) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 5
4.4.8 Lodo Utilizado como Inóculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.4. 9 Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 7
4.4.l OpH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
4.4.11 Adição de Cátions Divalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
4.5 Estudos de Caso Envolvendo a Formação de Grânulos Aeróbios . . 118
SUMÁRIO IX
Capítulo 5
Novos Processos de Remoção Biológica de Nitrogênio
(João Paulo Bassin) 171
5 .1 I11trodução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 71
5 .2 Novos Processos de Remoção Biológica de Nitrogênio . . . . . . . . 173
5 .2 .1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 73
5 .2 .2 Processo Anammox . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
5 .2 .3 Processos NOx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
5 .2 .4 Banhados Artificiais (Wetlands) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 4
5 .3 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
5 .4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
Capítulo 6
Técnicas de Biologia Molecular Aplicadas ao Estudo da Diversidade
Microbiana de Sistemas de Tratamento de Efluentes
(João Paulo B assin; Márcia D ezotti & Alexandre R osado) 245
6 .1 Int1·odução....................................... 245
6 .1.1 Diversidade Microbiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
6 .1.2 Conceitos Básicos de Genética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 7
6 .2 Princípios e Conceitos de Técnicas de Biologia Molecular
Aplicadas ao Estudo da D iversidade Microbiana . . . . . . . . . . . . . . 253
6 .2 .1 Introdução às Técnicas de Biologia Molecular . . . . . . . . . . 253
6 .2 .2 PCR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268
6 .2 .3 DGGE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281
6 .2 .4 Clonagem e Sequenciamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288
6 .2 .5 FISH (Hibridização Fluorescente In Situ) . . . . . . . . . . . . 292
6 .2 .6 Métodos Alternativos Aplicados no Estudo da D iversidade
Microbiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
X PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Introdução
Geealdo Lippel 8anl'L\nna J e.
Márcia Dezolli
dade direita. Isto significa que o processo atingiu alto grau de maturidade num
dado período de tempo, porém, aprimoramentos ainda podem e devem ocorrer.
Para fazer face aos desafios de re1nover os chamados poluentes emergentes ou
para se obter água para finalidade de reúso em aplicações que requerem alta quali-
dade, a combinação de processos se configura como imperativa. Assim, a associação
de processos biológicos, filtração em 1nembranas, processos oxidativos avançados
(POAs) e adsorção em carvão ativado, em diferentes esquemas sequenciais, te1n sido
uma tendência adotada em n1uitos países por indústrias e municipalidades.
A adequada concepção de um processo é um passo fundamental para que as
metas de tratan1ento sejam alcançadas, mas não é tudo. Monitorar e controlar o
processo são ações indispensáveis ao seu êxito operacional. O acompanhamento do
processo de tratamento é um trabalho permanente que, infelizmente, não recebe,
em geral, a devida atenção . Embora 1nuitos tipos de sensores e medidores estejam
disponíveis no mercado, o grau de instrumentação e de automação de 1nuitas
plantas de tratamento de efluentes é ainda deficiente.
Se, por um lado, há sensores e equipamentos para medir, on-line ou de modo
expedito (off-line), diversas variáveis de interesse (pH, temperatura, oxigênio dis-
solvido, potencial redox, vazão, p rodução de metano, amônia, nitrito, nitrato,
fósforo e outras) ainda há desafios no que se refere às características do principal
agente dos processos biológicos: a comunidade microbiana.
Um parâmetro útil, mas extremamente limitado, tem sido usado para expri-
mir a quantidade ou concentração de agentes microbianos presentes ,
num dado
processo, a saber: o teor de sólidos em suspensão voláteis (SSV). E incrível que
muitos parân1etros de projeto e de operação de sistemas de tratamento biológico
estejam calcados em um indicador tão pouco consistente. Taxas específicas de
remoção de nitrogênio, de fósforo e de matéria orgânica são comumente expressas
em termos específicos e a variável usada para quantificar a "biomassa" de interes-
se tem, sido os sólidos voláteis.
E correto argumentar que para uma dada amostra de lodo biológico é muito
difícil determinar qual a presença quantitativa de cada grupo microbiano. Por
exemplo, em uma amostra de lodo retirada de um reator que promove remoção de
DBO e nutrientes é difícil exprimir os percentuais de alguns grupos microbianos
de interesse con10 heterotróficas, oxidadoras de amônia, oxidadoras de nitrito e
acumuladoras de fosfato . O mesmo pode-se afirmar de un1a amostra retirada de
um reator anaeróbio quanto às metanogênicas, homoacetogênicas, acetogênicas
e redutoras de sulfato . Em adição e para tornar mais complexo o desafio, além
da quantificação seria importante obter informações sobre o estado fisiológico
dos micro-organismos constituintes desses diferentes grupos. A complexidade do
problema é enorme e os desafios são imensos para que se consiga obter informa-
ções mais minuciosas sobre as comunidades microbianas típicas dos processos de
tratamento de efluentes.
.,::.
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Remoção de sólidos Nitrificação e Remoção de N e P Remoção de Nutrientes, Remoção de
Metas em suspensão e DBO Remoção de 080 e Remoção de DBO Poluentes Emergentes, Reúso
Processos
' '' '' ' ''
Físico-Químicos ' ' ' ' '
' ' ' '
Sedimentação 1 ' ' ' '
. ' ' ' '
(surgimento e '
'
' Lamelar SQA
Sediment.!ção
''
'
''
'
'
'
'
consolidação) ' 1 ' ' '
' ' '
Coagulação/ Floculação Química ' ' '
1 1 ' ' '
• • '
• ' '
1
Adsorção em carvão Ativado
1 '' '' •'
'
'
'
Filtração (leito de areia) 1
'
'
'
'
i
'
Processos Oxidativos Avançados
' '
1
Mas a ciência e a tecnologia têm contribuído para alargar nossa visão sobre
as complexas comunidades microbianas. Isso tem sido feito graças ao desenvolvi-
n1ento de diferentes técnicas moleculares e de microscopia. Neste livro um capí-
tulo específico sobre as técnicas moleculares é apresentado. A título introdutório
e ilustrativo, algumas dessas técnicas estão apresentadas na figura 1.2. A maioria
delas vem sofrendo evolução a partir dos conhecimentos fundamentais sobre as
moléculas de DNA e RNA obtidos a partir da 1netade do século XX. E m especial,
o desenvolvimento da técnica PCR (polymerase chain reaction) e a posterior utiliza-
ção de DNA polimerase termoestável permitiram abrir uma janela de observação
para a diversidade n1icrobiana. A chamada metagenômica é o conhecimento que
permite efetuar a análise funcional das sequências nucleotídicas da coletividade de
genomas microbianos existentes em uma determinada amostra ambiental . Nesse
sentido permite realizar estudos sobre a ecologia microbiana e explorar a diver-
sidade existente en1 comunidades complexas como as encontradas nos processos
biológicos de tratamento.
Se a técnica de PCR permite amplificar o número de fragmentos de DNA de
uma dada amostra, outras operações, ainda são necessárias para caminhar no sen-
t ido da elucidação da diversidade. E preciso separar os fragmentos, identificá-los
e comparar as sequências obtidas com bancos de dados disponíveis na Internet. A
técnica de DGGE (denaturing gel gradient electrophoresis) desenvolvida por Fisher e
Lerman (1983) tem sido a mais empregada para a etapa de separação e obtenção
dos Jingerprints. Muyzer et alii (1993) foran1 p ioneiros no uso dessa técnica apli-
cada a amostras ambientais.
Tal como mostrado na figura 1.2, diversas técnicas têm sido desenvolvidas
e aprimoradas para o estudo da ecologia e da diversidade microbiana, como RQP
(respirato1y quinone profile), FISH (fluorecent in-situ hybridization) e MAR (micro-
autoradiography). Cabe ressaltar a técnica FISH, hoje largamente empregada em
estudos acadêmicos sobre grupos microbianos presentes em sistemas de trata-
mento biológico. A técnica vem ganhando difusão graças ao desenvolvimento e
à comercialização de sondas específicas para os diferentes grupos de interesse. A
sua combinação com a técnica MAR tem se revelado em potente fer ramenta para
o estudo de comunidades microbianas.
O uso das técnicas citadas ainda está restrito aos trabalhos de pesquisa de na-
tureza acadêmica ou de P&D industrial. Sua utilização como ferramenta de moni-
toramento e controle de processos em escala industrial certamente virá em breve.
Novos p rocessos, ap rimoramentos de p rocessos estabelecidos e novas fer ra-
mentas para monitoramento e controle das variáveis e parâmetros de interesse
estão se apresentando no cenário do tratamento de efluentes. Eles serão de grande
valor para que a qualidade dos efluentes tratados seja a melhor possível.
Esse livro está co1nprometido com essa visão de futuro .
6 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
1970.--------------------------------,
1980
Utilização da técnica DGGE (Denaturing Gel Gradient E/ectrophoresis) para separar fragmen tos
de DNA, Fischer e Lerman (1983)
Patenteamento da técnica PCR com emprego de DNA polimerase termoestável, Mui/is ( 1987)
1990
Desenvolvimento da técnica ARDRA
(Amplified Ribosomal DNA Restriction Analysis), Vaneechoutte et alii (1992)
Pirossequenciamento,
Ronaghi et alii (1996), (1998)
REFERÊNCIAS
BORNEMAN, J.; TRIPLETT, E. Molecular microbial diversity in soils from eastern An1azonia:
evidence for unusuaI microorganisms and 1nicrobial population shifts associated with
deforestation. Applied and Environmental Microbiology, v. 63, p. 2 .647-2 .653 , 1997.
FISHER, S. G.; LERMAN, L. S. DNA fragments differing by single base-pair substitution are
separated in denaturing gradient gels: correspondence w'ith n1elting theory: Proceedings of The
NationalAcademy ofSciences, USA, v. 80,112 6, p. 1.579- 1.583, 1983 .
HU, H-Y.; FUGIE, K.; TANAKA, H .; MAKABE, T.; URANO, K. Respiratory quino11e profile as
a tool for refractory che111ical biodegradatio11 study. Water Science a.nd Technology, v. 35, 11.!l 8,
p. 103-110, 1997.
KLEPPE, K.; OHTSUKA, E. ; KLEPPE, R.; MOLINEUX, I. ; KHORANA, H. G. Studies 011
polynucleotides. XCVI. Repair replications of short synthetic DNAs as catalyzed by DNA
polymerases. ]ournal of Molecular Biology, v. 56, p. 341 -3 61, 1971.
LEE, N ., NIELSEN, P. H., ANDREASEN, K. H., JURETSCHKO, S., NIELSEN, J. L.,
SCHLEIFER, K. H., vVAGNER, M. Combination of fluorescent in situ hybridization and
microau toradiography- a new tool for structure - function analyses in microbial ecology. Applied
and Environmental Microbiology, v. 65, p. 1.289-1.297, 1999.
LENGAUER, C.; GREEN, E. D.; CREMER, T. Fluorescence in situ hybridization of YAC clones
after Alu-PCR amplifications. Genomics, v. 13, p. 826-828, 1992 .
LIU, W. T.; MARSH, T. L.; CHENG, H.; FORNEY, L. J. Characterizatio11 of n1icrobial diversity
by determining terminal restriction fraginent length polyn1orphisn1s of genes encoding 16S
rRNA. Applied and Environmental Microbiology, v. 63, p. 4.516-4.522, 1997.
MULLIS, K. US Patent 4, 683, 202, 1987.
MUYZER, G.; DE WALL, E. C.; UITTERLINDEN, A. G. Profile of complex n1icrobial populations
by denaturing gradiend gel electrophoresis analysis of polyn1erase chain reaction-an1plified genes
coding for 16S rRNA. Applied and Environmental Microbiology, v. 59, p. 695-700, 1993 .
ORITA, M.; IvVAHANA, H.; KANAZAWAT, H.; HAYASHI, K.; SEKIYA, T. Detectio11 of
polymorphisms of human DNA by gel electrophoresis as SSCPs. Proceedings of The National
Academy of Sciences, USA, v. 86, p. 2. 766-2. 770, 1989.
RONAGHI, M.; KARAMOHAMED, S.; PETTERSSON, B.; UHLÉN, M.; NYRÉN, P. Real-tin1e
DNA sequenci11g using detection of pyrophosphate release. Analytical Biochemistry, v. 242, 11.11. 1,
p. 84-89, 1996.
RONAGHI, M.; UHLÉN, M.; NYRÉN, P. A seque11ci11g method based 011 real-time pyrophosphate.
Science, v. 281, nll 5.375, p. 363-365, 1998.
SCHENA, M.; SHALON, D.; DAVIS, R. W.; BROWN, P. O. Quantitative n1onitoring of gene
expressio11 patter11s ,vith a comple111entary DNA n1icroarray. Science, v. 270, p. 467-470, 1995.
VANEECHOUTTE, M.; ROSSAU, R.; DE VOS, P.; GILLIS, M.; JANSSENS, D.; PAEPE, N.; DE
ROUCK, A.; FIERS, T.; CLAEYS, G.; KERSTERS, K. Rapid identification ofComamonadaceae
·with a111plified riboson1al DNA-restrictio11 analysis (ARDRA). FE1vIS 1 ,,Iicrobiological L etters, v.
93, p. 227-234, 1992.
Capítulo 2
2.1 INTRODUÇÃO
1 Neste texto foi mantida a denominação fouling, apesar de alguns autores nacionais defenderen1
o uso do tenno incrustação.
CAPÍTULO 2 ◊ BIORREATORES COM MEMBRANAS / MEMBRANE BIOREACTORS - MBR 11
r----------------~----
1 sediment~?or :
--•• o o __ :,
1 ---------..... secundaria
1
1
1----+..,.....1 tanque de 1----+I
aeração
1
sedimentador
sistema de 1
primário
recirculação de lodo~~ 1
1
'---------------------J
r----------------,
1
1 ---------~ 1
1
1 1
- - +1
O 1--.......il
sedimentador
peneira
'-+--+
primário _________________
MBR _.
FIGURA 2.1 Esquema do processo de lodos ativados nas configurações convencional e MBR - a
linha tracejada delimita o tratamento dito secundário.
efluente
afluente (permeado) efluente
módulos
módulos externos
internos
'-----'---'---+-ar
a) b)
FIGURA 2.2 Configurações usuais de MBRs usados em tratamento de efluentes: a) módulos
submersos, b) módulos externos.
o o o
o o0 o o ~
o o ºo ºº
o
o~ ~ó'o Q\510
submersos
~
~o
Jt
éólo
$:
<>°e%
~ r enagem
oo,gi:e 8Jlp ~
'b% o~ &9 ~ ~o Jb9 de lodo
ar ar
reciclo, Qreciclo
oººo 0
0 g
~ renagem
e%% ~ Jb5' ~ de lodo
TT T
L------------ - --------- -- ------ J
tanque tanque tanque de
anóxico aeróbio membranas
FIGURA 2.4 MBR acoplado a sistema concebido para remoção de DBO e de nitrogênio.
14 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
efluente
biofilme sobre
fibra oca
módulo de
fibras ocas
afluente
0 2 ou
ar enriquecido
bomba
recirculação
FIGURA 2.6 Fotomicrografia de amostras da fibra oca com biofilme em Microscópio Eletrônico de
Varredura, Cerqueira (2005).
FIGURA 2.7 Fotomicrografia de uma amostra da fibra oca envolta pelo biofilme - aumento de
100 X, Cerqueira (2005).
16 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
/
,----------------- ~'
/ - - -+ b~gás \
membranas
submersas
efluente
1---r--;-
fermentação _ _ efluente
anaeróbia
tratado
equalização
, \ solubilização tratamento
pre- , de lodo / 1
tratamento ' - _ _ __ _ __ __ ____ _ _ __ .,,,
biogás
biogás
efluente
►
bomba de
sucção
r..
tanque
alimentação
,.,..,.,,.,.t~+:..-,1-t-7 gas-lift
+ módulo de
llll~-t-t1 membranas
bomba
compressor
FIGURA 2.9 Modelo de AnMBR com gas-lift e módulo de membranas submerso (adaptado de
WANG et alii, 2008).
Os tipos de MBRs citados anteriormente são os que têm tido forte inserção no
mercado de tratamento de efluentes ou potencial para tal . Porém, outros modelos e
outras configurações têm sido estudadas e propostas para dive rsas aplicações. Vale
a pena citar os modelos de MBR que vê1n sendo investigados para remover nit rato
de águas para abastecimento, que incl uem os extrativos, os de t roca iônica e os de
t ransferência de gás, conforme apresentados na revisão de McAdam e Judd (2006) .
A difusão dos MBRs na China tem sido muito expressiva com a participação
de empresas internacionais e nacionais. O levantamento constante da publicação de
Wang et alii (2008) dava conta de 2 54 plantas MBR instaladas, das quais 11 7 para
o tratamento de efluentes industriais e lixiviados de aterros sanitários (chorumes).
A capacidade das plantas MBR instaladas se situa numa ampla faixa, segun-
do os autores citados, variando de 1 a 1 000 m 3/d para as indúst rias americanas
e de 5 a 25 000 m 3/d na China, sendo que a planta chinesa de maior capacidade
foi instalada num parque petroquímico. As plantas municipais podem atingir ca-
pacidades de 80 000 m 3/d como a de Beijing (até 201 O a maior do mundo) . Esses
números evidenciam a recente e notável difusão mundial da tecnologia MBR.
Diversas empresas comercializam MBRs de módulos submersos, entre elas as
in ternacionais Kubota, Zenon (adquirida pela GE em 2006), Siemens, Mitsubishi
Rayon , To ray e Koch . A tabela 2 .1 fornece características dos módulos de mem-
b ranas comercializados por algumas dessas empresas. Os dados dessa tabela de-
vem se r vistos com certa reserva, pois as empresas têm alt erado as característ icas
dos seus produtos em busca de maior eficiência e de menores custos.
1
Kubota Puron Zenon1 Toray
Tipo de módu lo Placa plana Fibra oca Fibra oca3 Placa plana
Configuração Submersa Submersa Submersa Submersa
Material membrana PE 2 - PVDF 4 PVDF 4
Tamanho poro (µm) 0,4 0,05 0,04 0,08
Diâmetro interno (mm) - 1,2 0,8 -
Diâmetro externo (mm) - 2,6 1,9 -
Comprimento da fibra (mm) - 1 800 2 000 -
Largura placa (mm) 490 - - 515
Altura placa (mm) 1 000 - - 1 608
Área (m2) 0,8/placa 30/elemento 31,6/módulo 1,4/placa
Fluxo de projeto (U m2 •h) 25 - 40 - - 8,3 - 62
1A Zenon Environmental INC. foi adquirida pela General Electric Coem 2006; 2 polietileno
clorado ; 3 modelo ZeeWeed 500d; 4 fluo reto de polivinilideno.
(a)
(b)
FIGURA 2.10 Módulos de membranas empregados em MBRs: (a) placas planas - Kubota;
(b) fibras ocas- GE; (e) fibras ocas com pontas livres e seladas - Koch. (continua)
20 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
ar
♦
permeado
suporte
(c)
FIGURA 2.10 Módulos de membranas empregados em MBRs: (a) placas planas - Kubota;
(b) fibras ocas - GE ; (e) fibras ocas com pontas livres e seladas - Koch . (continuação)
(a)
(c)
(b)
FIGURA 2.11 (a) Módulos de membranas tubulares Pentair-X-flow empregados em MBRs ;
(b) configuração crossflow; (e) configuração Airlift.
CAPÍTULO 2 ◊ BIORREATORES COMMEMBRANAS/ MEMBRANE BIOREACTORS- MBR 23
TABELA 2.2 Características de alguns módu los externos para MBRs (Fonte: JUDO, 2006)
1
Berghof Pentair X-Flow Novasep
2.4.1 FATORESOPERACIONAIS
TMP
•
tempo de operação
FIGURA 2.12 Variação da TMP com o tempo de operação para diferentes fluxos (F1 > F2 > F3).
o o
o O
o 0
o o ºo
o o o o o
oº
FIGURA 2.13 Ilustração do gradual bloqueio dos poros pela ação de macromoléculas (pequenos
círculos vazados) e flocos microbianos (elipses escuras). Adaptado de Le-Clech et alii (2006).
água
deionizad1
centrifugação mistura aquecimento
l-f 5 min, 5 OOOg rf~l'-- --+l • f _1_o_m_in_1- r 10 min, 80ºC b -f
LJ
amostra
LJ~ l::::::J LJ centrifugação
1O min, 7 OOOg
LJ
doMBR
filtração 0 filtração ~ J
1,2 µm l 1.2 µm l
~M~ ~EP~
( SMPp) ( SMPc) (eEPSp) (eEPSc]
FIGURA 2.14 Esquema do método de extração para determinação de EPS e SMP (fonte: LE-
CLECH et alii, 2006a).
fase aquosa e a resist ência à filtração . Para o material proteico não foi observada
co rrelação. Os autores assinalaram que houve fo rmação de camada gelatinosa so-
b re as membranas e que as concentrações de sacarídeos e ácidos urônicos n essa
camada foram cerca de 50 vezes maiores do que as respectivas concentrações em
fase líquida. Concluíram que os causadores do fouling da membrana fo ram polis-
sacarídeos contendo ácidos urônicos na sua con1posição.
Na literatura há, entretanto, discrepância de resultados referentes ao pa-
pel desempenhado por proteínas e polissacarídeos no fouling das membranas.
Discordâncias exist em até mesmo quanto aos teores de p roteínas e de polissa-
carídeos encontrados nos sob renadru1tes dos MBRs. A tabela 2 .3 mostra alguns
resultados selecionados de diferentes publicações, que evidenciam a variedade de
registros dessas concentrações feitas por pesquisadores do tema.
1
eEPSp eEPSc SMPp SMPc Referência
se impõe como necessária. Ela pode ser feita empregando-se baixas concentrações
de agentes químicos na forma de retrolavagem e com frequência diária. Pode tam-
bém ser feita com maior concentração de agentes químicos, de modo preventivo,
semanalmente, ou ainda, pode ser conduzida de forma intensiva un1a ou duas vezes
ao ano. A limpeza preventiva pode durar 30 n1in e empregar NaClO da ordem de
0,01 % e a limpeza química intensiva emprega NaClO com concentração de 0 ,2 a
0,3% e ácido cítrico (0,5 a 1 %) ou oxálico (0,5 a 1 %) (LE-CLECH et alii, 2006a).
A frequência de limpeza durante a operação dos MBRs é definida em função
de n1últiplas variáveis, como as características do efluente, do lodo e do sistema
de membranas utilizado. A pressão transmembrana é o parâmetro principal para
definir o protocolo e a frequência de limpeza que, na prática, pode variar de três
meses a um ano.
tamanho dos flocos biológicos e menor teor de EPS no seu interior quando PAC
foi incorporado ao sistema. A adição de PAC causou decréscimo da compressibili-
dade dos flocos, au1nento da porosidade da torta fo rn1ada e consequente aumento
do fluxo permeado.
Efeitos benéficos da utilização de PAC foram registrados por Park et alii
(1999) em um reator anaeróbio acoplado a um módulo de ultrafiltração. A resis-
tência da torta e o fouling decrescerain com o aumento da dose de PAC (até 5 g!L) .
Segundo os autores, o uso de PAC contribuiu para gerar torta incompressível e as
partículas de carvão exerceram abrasão ou atrito na superfície das membranas, o
que auxiliou na remoção dos depósitos acumulados sobre elas. Ademais, o carvão
ativo atuou como adsorvente e coagulante de substâncias orgânicas e de material
coloidal . Os autores também observaram maior estabilidade operacional face às
cargas de choque quando PAC foi utilizado.
Li et alii (2005) compara ram reatores MBRs de módulo submerso operados
em condições similares em experimentos com e sem a adição de PAC (1,2 g!L). A
utilização de carvão ativado en1 pó contribuiu de modo significativo para aumen-
tar o fluxo de permeado (32% maior no sistema com PAC) e diminuir a taxa de
aumento da TMP, o que permitiu aumentar em 1,8 vezes o intervalo operacional
sem ações de liinpeza.
Ying et alii (2006) verificaram que o emprego de PAC na concentração de
O, 75 g/L teve efeitos positivos na operação de MBR aplicado ao tratamento de
esgotos sanitários, dentre os quais; redução da resistência da torta e do fouling
irreversível. Decréscimo na taxa defouling também foi observado por Munz et alii
(2007) en1 MBR aplicado ao tratan1ento de efluente industrial (curtun1e), quando
PAC foi empregado nas concentrações de 1,5 e 3,0 g!L.
Lesage et alii (2008) ao empregarem 1 g!L de PAC num MBR verificaram
aumento da fil trabilidade do sobrenadante e argumentaram que o carvão ativado
alterou as propriedades dos flocos biológicos e, sobretudo, reduziu as concentra-
ções de carboidratos e de proteínas na fase líquida, que passaram, respectivamen-
te, de 81 e 71 mg!L (sem adição de PAC) para 20 e 40 mg/L (após a adição de
PAC). Ademais, os autores verificaran1 que no sistema com PAC a biomassa resis-
tiu bem a um choque tóxico provocado pela adição de 2 ,4-dimetilfenol ao reator.
Dos trabalhos publicados na literatura o carvão ativado em pó (PAC) tem
sido majoritariamente emp regado ao invés da sua variante granulada (GAC) . Isso
porque um dos principais intuitos de sua utilização é o de interferir nas taxas
de formação de fouling, que ocorre em regiões delgadas junto às membranas. Em
especial, o carvão em pó pode alterar as características de compressibilidade e
permeabilidade das tortas, o que dificilmente ocorreria se fosse suprido na for-
ma granular. Além disso, há certa preocupação procedente quanto aos danos que
poderiam ser provocados às membranas pelos choques de partículas de carvão de
maior tamanho. A abrasão reduz a vida útil das membranas e, portanto, há que
CAPÍTULO 2 ◊ BIORREATORES COM MEMBRANAS/ MEMBRANE BIOREACTORS - MBR 35
efluente
afluente permeado afluente
peneira efluente
biomedias ~ . biomedias
permeado
módulo
membranas
ar---- - - ar
(a) (b)
FIGURA 2.15 Modelos de MBBR-MBR: (a) dois tanques e confinamento das "biomedias", (b) um
único tanque.
2.8 REFERÊNCIAS
AHMED, T.; SEMMENS, M. J.; VOSS, M. A. Oxygen transfer characteristics of hollow-fiber
co1nposite membranes. Advances in Environmental Research, v. 8, p. 637-646, 2004.
ARABI, S.; NAKHLA, G. I1npact of cation concentrations on fouling in n1embrane bioreactors.
Journal of Membrane Science , v. 343 , p. 110-1 18, 2009.
BRlNDLE, K.; STEPHENSON, T.; SEMMENS, M. J. Enhanced biological treatn1ent of oxygen
demanding wastewaters by a membrane bioreactor capable of bubbleless oxygen mass transfer.
Proceedings of Water Environment Federation 70111 Annual Conference and Exposition, Chicago,
Illinois, USA, p. 63-72, 1997.
CERQUEIRA, A. C. F. PAvaliação de membrana composta,para transferência de oxigênio em biorreatores,
Tese D.Se. , COPPE/UFRJ, 2005 .
CHANG, I. S.; KIM, S-N. Waste,vater treatment using membrane filtration - effect of biosolids
concentration 011 cak.e resistance. Process Biochemistry, v. 40, p. 1.307-1.314, 2005.
CAPÍTULO 2 ◊ BIORREATORES COM MEMBRANAS/ MEMBRANE BIOREACTORS - MBR 39
LESAGE, N.; SPERANDIO, M.; CABASSUD, C. Study of a hybrid process: adsorption 011
activated carbon/membrane bioreactor for the treatn1ent of an industrial wastewater. Chemica.l
Engineering and Processing, v. 47, p. 303-307, 2008 .
LESJEAN, B.; FERRE, V; VONGHIA, E.; MOESLANG, H. Market and design considerations of
the 37 larger MBR plants in Europe. Desalination and Water Treatment, v. 6, p. 227-233, 2009.
LI, Y-Z.; HE, Y-L.; LIU, Y-H.; YANG, S-C.; ZHANG, G-J. Con1parison of the filtration
characteristics between biological powdered activated carbon sludge and act ivated sludge in
submerged men1brane bioreactors. Desalina.tion, v. 174, p. 305-314, 2005.
MAXIMOUS, N.; NAKHLA, G.; WAN, V-l Comparative assessment of hydrophobic and hydrophilic
men1brane fouling in wastewater applications,Journal of1Vlembrane Science, v. 339, p. 93-99, 2009.
McADAM, E. J.; JUDD, S. J. A review of 111e1nbrane bioreactor potential for nitrate ren1oval fron1
drinking water. Desalina.tion, v. 196, p. 135-148, 2006.
40 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
MUNZ, G.; GORI, R.; MORI, G.; LUBELLO, C . Powdered activated carbon membrane bioreactors
(MBR-PAC) for tannery '"astewater treatment: long term effect on biological and filtration
performances. Desalination, v. 207, p. 349-360, 2007.
OKAMURA, D.; MORI, Y.; HASHI MOTO, T.; HORI, K. Identification of biofoulants of membrane
bioreactors in soluble microbial products. Wa.ter Resea.rch, v. 43, p. 4.356-4.362, 2009 .
PANKHANIA, M.; BRINDLE, K.; STEPHENSON, T. Membrane aeration bioreactors for
waste,'later treatn1ent: completely mixed and plug-flow operation . Chemica.l Engineering Journa.l,
V. 73 , p. 131 -1 36, 1999.
PARK, H.; CHOO, K-H.; LEE, C-H. Flux enhancement with powdered activated carbon addition in
the membrane anaerobic bioreactor. Sepa.ra.tion Science a.nd Technology, v. 34, p. 2.7 81-2. 792, 1999.
PIRBAZARI, M.; RAVINDRAN, V.; BADRIYHA, B. N .; KIM, S-H. Hybrid men1brane filtration
process for leachate treatment. ltVa.ter R esea.rch, v. 30, p. 2.691-2 .706, 1996.
SCHARZ, A. O.; RITTMANN, B. E.; CRAvVFORD, G. V.; KLEIN, A. M.; DAIGGER, G. T.
Criticai review on the effects of nli,'Xed liquor suspended solids on 1nembrane reactor operation.
Sepa.ra.tion Science a.nd Technology , v. 4 1, p . 1.489-1.5 11, 2006 .
SCHNEIDER R. P.; TSUTYIA, M. Membra.nas Filtrantes para. o Trata.menta de Água., Esgoto e Água.
de R eúso . Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e An1biental, São Paulo, 2001 .
SEMMENS, M. J.; DAHM, K.; SHANAHAN, ].; CRISTIANSON, A. COD and nitrogen remova!
by biofilms gro,ving on gas penneable 1nembranes. Wa.ter Resea.rch, v. 37, p. 4.343-4 .350, 2003 .
SOMBATSOMPOP, K.; VISVANATHAN, C.; BEN A. R. Evaluation of biofouling phenomenon
in suspended and attached growth men1brane bioreactor systen1s. Desa.lina.tion, v. 201, p. 138-
149, 2006.
STOWA, h ttp://www.stowa-selectedtechnologies.nl, em 15/03/201 O.
VIERO, A. F; NOBREGA, R.; SANT'ANNAJr., G. L. The use of polyetherinlide hollow fibres in
a submerged membrane bioreactor operating with air backwashing, Journa.l of Membra.ne Scie·nce,
V. 302, p. 127- 135, 2007 .
VIERO, A. F.; MELO, T. M.; TORRES, A. P. R.; FERREIRA, N. R.; SANT'ANNA Jr. , G. L.;
BORGES, C. P.; SANTIAGO, V. M. J. The effects of long-term feeding of high organic loading in
a submerged membrane bioreactor treating oi! refinery wastewater. Journa.l of lv.fembra.ne Science,
V. 319, p. 223-230, 2008 .
YAMAMOTO, K.; HIASA, M.; MAHMOOD, T.; MATSUO, T. Direct solid-liqu id separation using
hollow· fiber men1brane in an activated-sl udge aeration tank. Wa.ter Science and Technology, v. 2 1,
p. 43-54, 1989 .
YANG, W.; CICEK, N.; ILG, J. State-of-the-art of men1brane bioreactors: worldwide research and
co1nmercial applications in North An1erica. Journal of Membrane Science, v. 270, p. 201-211,
2006 .
YING, Z.; PING, G. Effect of powdered activated carbon dosage on retarding membrane fouling in
MBR. Separa.tion and Purifica.tion Technology, v. 52 , p. 154- 160, 2006.
ZHANG, J .; CHUA, H. C.; ZHOU, J.; FANE, A. G. Factors affecting membrane fouling performance
in submerged 1nen1brane bioreactors. Journal of N[embra.ne Scieme, v. 284, p. 54-66, 2006.
Capítulo 3
Líquido Fi lme
(substrato) líquido Biofilme Interface
Interface ar 1• 1il• -1 meio suporte
Hidrólise
Adsorção
'---> \
Difusão
Difusão
- . Reação
Difusão
Camada do
✓
líquido em <--...,lsubprodutos
movimento
<---_,
Erosão
Matéria
particulada
envolvida
Entre os reatores com biofilme mais utilizados t anto para fins de tratamento
secundário (remoção de material orgânico) quanto terciário (remoção de nutrien-
tes - N e P), encontram-se os filtros biológicos de percolação, os biofiltros sub-
mersos de leito fixo, os reatores de leito fluidizado e os discos biológicos rotativos.
Todos apresenta1n vantagens e desvantagens. O filtro de percolação não possui
volume efetivo e falhas 1necânicas são frequentes nos discos rotativos biológicos.
Por sua vez, os reatores de leito fluidizado frequentemente apresentam instabili-
dade hidráulica, e a dificuldade de alcançar distribuição uniforme do biofilme na
superfície do suporte é um dos inconvenientes dos biofil tros subme rsos de leito
fixo (RUSTEN et alii, 2006; RUSTEN et alii, 1995).
No intuito de superar essas dificuldades operacionais, surgiu o compacto
e inovador reator de leito móvel com biofilme, também muito conhecido pela
sua denominação em inglês, Moving bed biofilm reactor, a qual dá origem à sigla
MBBR. E ssa tecnologia foi desenvolvida na Noruega no final dos anos 1980 e
início dos anos 1990 (Eu ropean Patent nJa 0,57 5,31 4, US Patent nJa 5,458,779),
período no qual as autoridades responsáveis pelo controle de poluição norueguês
optaram pelo desenvolvimento de projetos de estações de tratamento de esgoto
pequenas, mas com grande capacidade, baseando-se em processos biológicos e quí-
micos. A motivação para estes novos desenvolvimentos estava alicerçada na ideia
de aproveitar a maioria das estações de tratamento existentes (em to rno de 70%
do total), uma vez que se t ratava de plantas de pequeno porte, atendendo popula-
ções que variavam de 50 a 2 000 pessoas.
46 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Peneira
•-
•
.
mm,
..
•• ~
11!,LUf • •
•• 1e •
Ar o o
--,.. --t:::=::=::::::::::::!=::::::=::::::=~::.J
(a) Reator aeróbio (b) Reator anóxico ou anaeróbio
FIGURA 3.2 Funcionamento das variantes do processo MBBR (adaptado de RUSTEN et alii, 2006).
FIGURA 3.3 Foto ilustrativa dos suportes em movimento no interior de um MBBR aeróbio de
escala laboratorial.
FIGURA 3.4 Representação esquemática de uma das possíveis configurações de MBBR (Fonte:
adaptado de http://www.cleanwatertech.com/mbbr.html).
50 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
(a) Configuração com único tanque (b) Configuração com tanques em série
FIGURA 3.6 Sistemas de aeração util izados em sistemas MBBR (Cortesia Veolia).
FIGURA 3.7 Diferentes agitadores utilizados em sistemas MBBR de escala industrial (Cortesia
Veolia).
-==-
(a) Peneira cilíndrica montada horizontalmente (b) Peneira sob a forma de malha
-
(c) Peneira cilíndrica montada verticalmente (d) Peneira cilíndrica fixada na parede do
reator pela sua porção central
TABELA 3.1 Principais vantagens e desvantagens apresentadas pelos reatores de leito móvel
com biofilme (MBBR)
Vantagens Desvantagens
Pode ser aplicado em estações de tratamento Alto gasto energético com aeração, a qual é
já existentes, sendo muitas vezes utilizada responsável não somente pelo suprimento de
para melhorar o desempenho destas estações oxigênio para o consórcio microbiano, mas
também pela movimentação dos suportes no
interior do reator
Diferentemente do processo convencional de Caso o sistema não seja bem projetado,
lodos ativados, não necessita da etapa de podem ocorrer problemas de natureza
reciclo de lodo, visto que a biomassa cresce hidrodinâmica, como a formação de regiões
aderida a suportes móveis estagnadas
Tabela 3.2 Características de alguns suportes AnoxKaldnes18 (adaptado de RUSTEN et alii, 2006
e http://www.anoxkaldnes.com)
Tipo de suporte
AnoxKaldnes®
Natrix Natrix BiofilmChip BiofilmChip
K1 K2 K3 p
C2 F3 M
Diâmetro nominal 9,1 15 25 36 64 48 45
(mm)
Comprimento 7,2 15 12 30 50 2,2 3,0
nominal (mm)
Densidade aparente 150 95 100
- - - -
(kg/m3)
'
Area específica 500 350 500 220 200 1 200 900
superficial (m 2/ m3)'
K1 K3 BiofilmChip P BiofilmChip M
FIGURA 3.9 Suportes AnoxKaldnes® empregados no sistema MBBR. Da esquerda para a direita,
os tipos K1 , K2, K3, BiofilmChip P e BiofilmChip M (Cortesia Veolia).
CAPÍTULO 3 ◊ REATOR DE LEITOMÓVEL COM BIOFILME / MOVING BED BIOFILM REACTOR - MBBR 55
;;
ü eoo
'E
t ,40()
~" 200
o
K1 K3 Naulx C2 Naullc F3 Ctlp M Chip P
FIGURA 3.11 Retenção dos suportes em uma das paredes laterais de um MBBR de escala
laboratorial (REIS, 2007).
56 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
hidrodinâmica do reator, que por sua vez apresenta efeito decisivo na espessura do
biofilme e consequentemente no desempenho do processo.
Un1 ponto interessante a ser destacado é que, para saber a quantidade ade-
quada de suportes que se deve introduzir no tanque de aeração, é necessário que se
conheça a superfície específica disponível para o crescimento microbiano, a qual
está condicionada ao tamanho e ao desenho do suporte. Tendo em vista que, tanto
a razão de recheio (V /V R), em termos de volu1ne do tanque de aeração, quanto a
superfície específica de cada suporte determinam a área disponível para adesão do
biofilme, caso a planta de tratamento necessite maior capacidade em virtude do
aumento da carga, pode-se adicionar mais suportes móveis ao reator, aumentando
dessa maneira a área superficial disponível para adesão microbiana (RUSTEN et
alii, 1995). Se a área específica de leito do suporte for de SOO m 2/m3 e a fração
de enchimento for de 50%, a área supe rficial disponível para o crescimento do
biofiln1e é de 250 m 2/m 3 do reator (SALVETTI et alii, 2006) .
ponto ótimo de operação (boa transferência de oxigênio para o meio líquido e ade-
quada movimentação dos suportes) e para impedir a desagregação dos biofilmes e
a possível liberação de sólidos e filamentos para a fase líquida, o que certamente
refletiria negativamente nos índices de eficiência do biorreator.
(a) (b)
(c) (d)
FIGURA 3.13 Detalhe dos suportes móveis (biomedia) AMB® (a) e Kaldnes K3 (e) desprovidos de
biomassa e dos suportes AMB® (b) e Kaldnes K3 (d) contendo a biomassa imobilizada (biofilme) ,
ambos retirados de sistemas MBBR voltados à nitrificação.
são responsáveis pela estabilidade mecânica dos flocos (DAVIES et alii, 1998). Já
nos processos com biomassa imobilizada, a adesão microbiana aos suportes ocorre
co1n intensa part icipação de E PS, sobretudo de polissacarídeos (CAMMAROTA e
SANT'ANNA, 1998). Neste último caso, os exopolín1eros funcionam como ver-
dadeiros agentes de cimentação ("cola"), auxiliando a fixação dos micro-organis-
mos ao meio suporte e entre si .
Há, no entanto, situações onde a concentração de EPS é tão elevada que pode
acarretar problemas operacionais. As substâncias exopoliméricas interferem no
valor da DQO bruta, além de contribuir para aumentar a turbidez do efluente
t ratado. Com isso, a qual idade do efluente fi nal é p rejudicada. Muitas vezes, no
intuito de ren1over o excesso de exopolímeros excretados pelos micro-organismos,
torna-se necessário o acoplamento de uma etapa físico-química, como coagulação/
floculação, ao processo biológico. Obviamente que esta solução não é muito apre-
ciada, uma vez que contribui no encarecimento do custo global de tratamento.
Reis (2007), operando um MBBR submetido a altas cargas orgânicas (4,4 a
8 ,6 k.gDQ0/(m 3 • d)), verificou elevada produção de polissacarídeos.
São dive rsos os estudos que demonstram estar inclusos diversos mate riais na
categoria de polissacarídeos extracelulares. Entre esses se encontram proteínas,
lipídeos e ácidos nucleicos (FR0LUND et alii, 1996). A complexidade da ma-
triz de exopolímeros dificulta a sua caracterização e requer não somente algumas
etapas preliminares de extração e coleta desses exopolissacarídeos, mas também
procedimentos analíticos bem definidos.
A complexidade das características dos biofil mes, conforme se observa na
literatura, está vinculada a diversos fatores, entre os quais estão a natureza dos
substratos, a diversidade das espécies microbianas presentes no processo e as
características do material supo rte (FLEMMI NG e WINGLINDER, 2001 ). É
necessário salientar que, embora n1uitas pesquisas tenham sido realizadas, não
há conhecimento consolidado sobre os processos com biofilme. O que se tem na
verdade é um grande número de variáveis a serem exploradas, sempre se buscan-
do maior compreensão a respeito destes processos. O mesmo acontece no que se
refere à composição das substâncias exopoliméricas que, em virtude de sua com-
plexidade, vem sendo motivo de estudo para diversos pesquisadores. O estudo da
produção destes exopolímeros e de suas forn1as de caracterização dota-se de funda-
mental importância quando se pretende aprofundar o entendimento dos processos
que ocorrem no biofilme.
A caracterização das substâncias poliméricas extracelulares de sistemas bioló-
gicos de tratamento de efluentes mostra uma variação considerável da composição
e da quantidade de substâncias. Estas variações podem se r atribuídas às diferentes
respostas obtidas nos n1étodos de extração dessas substâncias dos flocos 1nicro-
bianos e biofilmes, e aos diferentes métodos analíticos usados para quantificar as
diferentes frações (FR0LUND et alii, 1996) .
64 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Coag/Floc
.. T lo ..
FIGURA 3.14 MBBR seguido de decantador (retirada de biomassa) , com inclusão de uma etapa
físico-química (coagulação/floculação) para quando se deseja remover fósforo (adaptado de
0DEGAARD, 2006).
Coag/Floc
.. ..
FIGURA 3.15 MBBR para sistemas com altas cargas orgânicas seguido de coagulação/floculação e
separação da biomassa (adaptado de 0DEGAARD, 2006).
FIGURA 3.16 MBBR aplicado como pré-tratamento para o sistema de lodos ativados de plantas
existentes, buscando aumentar a capacidade da unidade ou melhorar a eficiência do processo
(adaptado de 0DEGAARD, 2006).
li li
FIGURA 3.17 Combinação do processo de lodos ativados e do sistema MBBR onde o suporte
é colocado na última parte do reator objetivando aumentar a eficiência de remoção de poluentes
(adaptado de 0DEGAARD, 2006).
atividade biológica será mais intensa do que a configuração sem a inclusão dos
suportes, embora o volume total do reator tenha permanecido inalterado. Em
consequência, a capacidade de remoção da carga orgânica e da carga nit rogenada se
torna maior. A aplicação dessa configuração é oportuna e vai de encontro à realida-
de de inúmeras estações de tratamento existentes no país, as quais se encontram
sobrecarregadas e carecem de espaço físico para ampliação . Obviamente que neste
sistema híbrido (lodos ativados + MBBR) devem ser asseguradas condições que
permitam que os suportes sejam retidos no tanque de aeração (instalação de pe-
neira na saída) e que mantenham estes suportes em suspensão sem ocorrência de
zonas estagnadas (uso de aeradores que propiciem alta vazão de ar).
Nos casos onde se opta pela combinação da tecnologia MBBR com o processo
de lodos ativados no mesmo tanque de aeração, a nitrificação é favorecida, uma
vez que, além de ser possível controlar o tempo de retenção de sólidos, são for-
n1ados n1úl tiplos an1bientes para o enriquecimento de bactérias especializadas em
diversos aspectos do tratamento.
Vale lembrar que a tecnologia MBBR, além de poder ser acoplada ao sistema
convencional de lodos ativados, pode ser aplicada como pós-tratamento de lagoas,
funcionando neste caso como um polímento para remoção das substâncias nitro-
genadas, podendo igualmente prover a remoção da matéria orgânica residual.
Outra vertente dos reatores híbridos é a combinação da tecnologia MBBR
com os reatores operados em bateladas sequenciais (RBS), advindo dessa junção
o reator que responde pela sigla RBBS (reator com biofilme operado em bate-
ladas sequenciais). Este sistema híbrido vem sendo empregado no tratamento
de águas residuárias contendo elevadas concentrações de compostos orgânicos e
cargas flutuantes, garantindo maior estabilidade ao processo, uma vez que se con-
segue maior área superficial para o crescimento microbiano fixo, o que auxilia na
manutenção de alta concentração de biomassa no interior do reator.
Os sistemas RBBS, em particular, têm sido muito utilizados no tratamento
terciário de efluentes visando à ren1oção de nutrientes, co1no nitrogênio, uma vez
que, além de propiciar o desenvolvimento e a manutenção de bactérias de cresci-
mento lento, a exen1plo das bactérias nitrificantes, permite que coexistam fases ae-
róbias e anaeróbias/anóxicas no mesmo tanque, condição essa muito favorável para
uma operação sequencial na qual os processos passam a ser sequências no tempo .
A operação do RBBS é semelhante à do RBS, contando com fase de en-
chimento, reação (aeróbia ou anaeróbia/anóxica) e descarte do efluente tratado.
Nota-se que neste processo a tradicional fase de decantação do RBS não se faz
presente, o que se justifica pelo fato de que no RBBS a biomassa encontra-se
aderida aos suportes móveis (biomedias) . Esta condição é especial1nente relevante
em virtude do fato que não há perda de células como pode ocorrer em um RBS,
notadamente quando as condições de sedimentabilidade da biomassa suspensa
presente neste reator são desfavoráveis. De fo rma similar ao RBS, a duração das
CAPÍTULO 3 ◊ REATOR DE LEITOMÓVEL COM BIOFILME / MOVING BED BIOFILM REACTOR - MBBR 67
das etapas de coagulação/floculação e flotação, o que fez com que a empresa Stora
Cell Industri AB, de Skutskãr, na Suíça, continuasse os trabalhos investigativos,
sempre em busca de un1 processo que apresentasse 1nelhor desempenho.
Para o efluente com DQO equivalente a 1 250 mg!L, foi testada uma con-
figuração na qual foram dispostos três MBBRs aeróbios em série. O tempo de
retenção hidráulico para este conjunto variou de 0,9 a 1,9 horas. As cargas
volumétricas aplicadas variaram na faixa de 1 7 a 2 8 kgDQO/(n1 3 • d) e de 6 a
11 kgDB0 7/(m3 • d). O percentual de remoção de DQO foi baixo para a faixa
de TRH adotada, apresentando valores equivalentes a 28-38%. Estes baixos
índices de remoção foram atribuídos às altas cargas orgânicas aplicadas ao sis-
ten1a biológico. Para um TRH de 1,2 hora, a carga no primeiro reator foi de
7 5 kgDQO/ (m3 • d), enquanto para o conjunto formado pelos três reatores a car-
ga seria de um terço desse valor.
Reis (2007), aplicando cargas orgânicas na faixa de 4,4 a 8,6 kgDQO/(n13 ·d)
a um reator MBBR de escala de bancada, verificou eficiências globais de remoção
de matéria orgânica acima de 90%. Em adição, observou-se que a variação da car-
ga orgânica, na faixa investigada, não alterou o desempenho do reator.
3.5.2.1Nitrificação
1. Geração de nitrito
(3 . 1)
70 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
2 . Geração de nitrato
- - (3.2)
NO2 + (1/2)02 ➔ NO 3
3. Reação global
(3.3)
TABELA 3.5 Valores considerados ideais, segundo diversos autores, para alguns parâmetros
importantes no processo de nitrificação
(3 .4)
3.5.2.3 Aplicações
FIGURA 3.18 MBBR colocado após planta de lodo ativado convencional para fins de nitrificação
terciária.
Nesse reator, em particular, devem ser asseguradas condições anóxicas para pos-
sibilitar a atuação do consórcio microbiano desnitrificante. Em substituição à
aeração, agitadores mecânicos são geralmente empregados para prover a circula-
ção dos suportes móveis do MBBR anóxico voltado à desnitrificação. Vale lembrar
também que na configuração de pós-desnitrificação há a necessidade de adição de
uma fonte externa de carbono orgânico (ácidos orgânicos, álcoois e outros), uma
vez que esse foi pratican1ente metabolizado e1n sua total idade nas etapas ante-
riores do processo. Esse requisito certamente resulta no incremento dos custos
de operação do processo. A figura 3 .19 apresenta o esquema da configuração de
pós-desnit rificação.
Recirculação de lodo
FIGURA 3.20 Configuração de pré-desnitrificação.
oxidado (NOx) foi bastru1te influenciada pela amônia livre, sendo o intermediário
nitrito presente em concentrações significativas quando a concentração de amônia
livre foi maior que 2 ,5-3 ,O n1g,'L.
Rodgers e Xin-Min (2004) avaliaram o desempenho de um sistema composto
de seis reatores de leito móvel verticais com biofilme, com altas taxas de recircula-
ção entre os mesmos, destinados à remoção biológica de nitrogênio. Foi utilizado
efluente sintético cuja concentração de N-NH; variou entre 75 e 136 mg,'L e
DQO em torno de 600 mg,'L. Os quatro últimos tanques da série eram aeróbios, e
os dois primeiros eram anóxicos. A remoção do material orgânico, avaliada em ter-
mos de DQO bruta, atingiu índices de 94-96%, e a remoção global de nitrogênio
variou de 77 a 88% . Nos reatores anóxicos, a eficiência de desnitrificação variou
de 94 a 98%, tendo a taxa de desnitrificação por área de suporte apresentado va-
lores que variaram na faixa de 2,9-3,8 gN-NO3 /(m 2 ·d). O percentual de nitri-
ficação nos tanques aeróbios apresentou índices maiores que 95% . Neste caso, a
taxa máxima por unidade de área de suporte variou de 1,3 a 1,8 gN-NH; /(m 2 • d).
Luostarinen et alii (2006) investigaram a remoção de DQO residual e de
nitrogênio dos efluentes de um reator anaeróbio operado a baixas temperaturas
(efluente 1) e de um efluente de granja de frangos (efluente 2). O sistema era
composto de quatro MBBRs em série, operados em regime de bateladas sequen-
ciais, com e sem aeração. Nos intervalos sem aeração (regime anóxico), agitadores
mecânicos eram ativados para manter a homogeneidade do sistema. A fase anóxica
era atingida 30 a 40 n1inutos depois de interrompida a aeração, quando se atingia
uma concentração de OD de 1,0 mg/L. A te1nperatura operacional média foi de
20ºC para o efluente 1 e l0ºC para o efluente 2. O ciclo operacional de todas as
etapas do sistema foi de 1,8-2 ,2 dias. Considerando-se o acoplrunento do sistema
(UASB + MBBRs), foi obtida uma remoção de matéria orgânica, nitrogênio total
e de fósforo equivalente a, respectivamente, 90%, 60- 70% e 80%. Para o efluente
de granja de frango houve completa remoção da matéria orgânica e para todos os
reatores a remoção de nitrogênio variou entre 50 e 60%. Foi atingida completa
nitrificação, embora a desnitrificação tenha sido comprometida en1 virtude da
falta de fonte de carbono no meio.
Bassin et alii (2 O11) investigaram a nitrificação terciária de esgoto doméstico
tratado com altos níveis de salinidade, em um reator MBBR de escala laborato-
rial. A salinidade do esgoto tratado foi aumentada de 1 000 a 8 000 mgCl-/L. Os
resultados mostrarrun grande adaptação da bion1assa aderida aos suportes móveis,
atingindo-se mais de 90% de remoção de nitrogênio amoniacal mesmo para a con-
dição mais crítica de salinidade testada.
Os mesmos autores, após averiguarem o aumento gradual da salinidade no esgoto
tratado, começou a alimentar o reator com a mistura de esgoto (8 000 mgCl-!L) e um
efluente industrial tratado (coletado após o decantador secundário) . O efluente
80 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
industrial apresentava composição bastante complexa, uma vez que era oriundo de
uma indústria química produtora de defensivos agrícolas, entre eles herbicidas, in-
seticidas, fungicidas e acaricidas. O fato é que, embora este efluente tenha passado
pelo sistema convencional de lodos ativados, ainda assim apresentava muitas subs-
tâncias potencialmente inibidoras da nitrificação, as quais eram remanescent es do
tratamento biológico convencional. As percentagens deste efluente adicionadas à
alimentação fo ram gradualmente aumentadas de 10 a 100%. A concentração de
amônio no afluente era de aproximadamente 50 mgNH; -N/L. O que se observou
com os resultados obtidos nestes novos regimes de alimentação foi que, embora te-
nham ocorrido perdas de eficiência de nitrificação, notadamente quando ocorria o
aumento do pe rcentual de efluente industrial mistu rado ao esgoto tratado, o siste-
ma biológico conseguiu se recuperar e se adaptar a cada condição, alcançando-se mais
de 85% de eficiência de nitrificação em todos os regiines operacionais avaliados.
Assim, é coerente pensar que a configu ração do sistema MBBR tenha exercido
papel relevante nos resultados obtidos, uma vez que permitiu o desenvolvimento
e o acondicionamento do consó rcio n1icrobiano nitrificante, mesmo sob condições
inibitórias (BASSIN et alii, 2011 ).
Labelle et alii (2005) investigaram a desnitrificação, usando MBBR com
suporte esférico de polietileno, o qual dispunha de uma área específica de biofilme
equivalente a 100 m 2/m3 • Como fonte de carbono, utilizou metanol variando a
relação C/N. A concentração de N-N0 3 foi reduzida de 53 mgjL para 1,7 mg/L,
sendo a taxa de desni trificação máxima correspondente a 1 7, 7 + 1, 4 g N/(m2 • d- 1),
taxa esta atingida quando a razão DQO/N empregada foi de 4,2.
São inúmeros os trabalhos que descrevem como vantajosa a remoção biológica
de compostos contendo fósforo de efluentes. Helnes e 0 degaard (2001) desenvol-
veram o "MBBR para remoção de fósforo", seguindo os princípios que regem o
funcionamento do reator batelada sequencial (RBS) .
\~Tang et alii (2006) avaliaram um processo combinado de precipitação quí-
mica (coagulação/floculação) em um MBBR. Tal reator foi igualmente utilizado
para a remoção de nitrogênio pelo p rocesso de nitrificação e desnitrificação simul-
tâneas (SN D). O processo fo i estabilizado com uma concentração de OD acima
de 2 mg/L, obtendo-se pe rcentuais de remoção de nitrogênio em torno de 90%. O
suporte utilizado neste sistema possuía for1nato esférico, com área específica de
320 m 2/m 3 , o que conferiu ao sistema boas condições hid rodinâmicas. Na precipi-
tação química, destinada à remoção de fósforo (P), foi utilizado fe rro II na razão
de 1: 1,3 (P:Fe) . As remoções obtidas fora1n significativas, viabilizando o sistema
para futuras aplicações e1n escala industrial.
Kermani et alii (2009) avaliaram a ren1oção de nutrientes de água residuária
sintética em um sistema de leito móvel com biofiln1e (MBBR) de escala labora-
torial. A unidade experimental foi composta de quatro reatores em série, sendo
um anaeróbio, dois anóxicos e um aeróbio, não existindo reciclo de lodo entre os
reatores. Esses reatores foram operados em regime contínuo, sendo submetidos a
CAPÍTULO 3 ◊ REATOR DE LEITOMÓVEL COM BIOFILME / MOVING BED BIOFILM REACTOR - MBBR 81
(figuras 3 .21a, 3 .2le e 3.21i), ciliados livres (figura 3 .21b), vermes cilíndricos
ou nematoides (figura 3.23c), rotíferos (figura 3 .23d), tecamebas (figuras 3 .2 lf e
3.2li), bactérias filan1entosas (figura 3.21g) e an1ebas (figura 3.21h).
•
(d) (e) (f)
FIGURA 3.22 Microfotog rafias obtidas em microscópio eletrônico de varredura do biofilme aderido
aos suportes de um sistema MBBR voltado à nitrificação.
84 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
O conhecimento cada vez mais profundo dos processos com biofilmes aju-
dará a estabelecer as melhores condições para sua operação. Há de se considerar
que o processo de remoção de nitrogênio é bastante sensível a n1udança no n1eio
e, portanto, deve ser foco de estudos nesses sistemas com biomassa imobilizada,
viabilizando a sua aplicação nos mais diversos tipos de efluentes.
3.7 REFERÊNCIAS
ASLAN, S.; CAKICI , H. Biological denitrification of drinking water in a slow sand filter, Journal
of Hazardous Nlaterials, v. 148, 11°• 1-2, p. 253 -258, 2007.
BARAK, Y.; TAL, Y.; VAN RIJN, J. Light-mediated nitrite accun1ulation during denitrification by
Pseudomonas sp. Strain JR12. Applied and Environmental Microbiology, v. 64, n2 3, p. 813-817,
1984.
BASSIN, J . P; DEZOTTI, M. Trata1nento primário, secundário e terciário de efluentes. ln:
DEZOTTI, M. Processos e Técnicas para o Controle Ambiental de Efluentes Líquidos. Rio de Janeiro:
e-papers, p. 53-241 , 2008.
BASSIN, J. P.; DEZOTTI, M.; SANT'ANNA Jr., G. L. Nitrification of industrial and domestic
saline wastewaters in moving bed biofilm reactor and sequencing batch reactor. Journal of
Hazardous Materials, v. 185, 112 1, p. 242-248 , 2011.
BRADFORD, M. M. A rapid and Sensitive Method for the Quantitation of Microgra1n Quantities
of Protein Utilizing the Principie of Protein-Dye Binding. Analytical Biochemistry, v. 72, p. 248-
254, 1976.
CAMMAROTA, M. C.; SANT' ANNA JR., G . L. Metabolic blocking of exopolysacharides synthesis:
effects on microbial adhesion and biofilm accumulation. Biotechnology Letters, v. 20, n2 1, p. 1-4,
1998.
DANIELS, L.; HANSON, R. S.; PHILLIPS, J. A. Chemical Ana.lysis. ln: Washington, USA: ASM
press, 1994. ln: GERHART, P.; MURRAY, R. G. E.; vVood, W. A., et alii (eds), Methods for
General and Molecular Bacteriology, Cap. 4.
EPA. Environmental Protection Agency- USA, Nitrogen Control, EPN625/R-93/010, 1993.
FLEMMING, H. C.; vVINGLINDER, J. Relevance of microbial extracellular polyn1eric
subtances (EPS) - Parte I: Strutural and ecological aspects. ~Vater Science and Technology, v.
43, n2. 6, p . 1-8, 2001.
FR0LUND, B.; PALMGREN, R.; KEIDING, K. E.."\'.traction of extracellular Polymers fron1
Activated Sludge using a Cation Exchange Resin. ~Vater Research, v. 30, n2 8, p. 1.749-1.758,
1996.
FURUMAI, H.; RITTMAN, B. E . Evaluation of multiple-species biofilm and floc processes using
a sin1plified aggregate model. Water Science and Technology, v. 29, n2" 10-11, p. 439-446, 1994.
GLASS, C .; SILVERSTEIN, J. Denitrification kinetics of high nitrate concentration water: pH
effect on inhibition and nitrite accumulation. Water Research, v. 3 2, n2 3, p. 831-839, 1998.
88 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
0DEGAARD, H., RUSTEN, B. Wastewater treatment with aerated subrnerged biological filters.
]ournal Water Pollution Control Federation, v. 56, 112 5, p. 424-431, 1993.
0DEGAARD, H.; RUSTEN, B.; WESSMAN, F. Estate of the art in Europe of the moving bed
biofilm reactor (MBBR) process". Paper presented in WEFTEC'04 in New Orleans, 4 october,
2004.
0DEGAARD, H.; RUSTEN, B.; WESTRUM, T. A new n1oving bed biofilm reactor - applications
and results. vVater Science and Technology, v. 29, nº' 10-11, p. 157-1 65, 1994.
PASTORELLI, G.; ANDREOTTOLA, G.; CANZIA.N I, R.; FRANGIPANE, E. F; PASCALIS,
F; GURRIERI, G.; ROZZI, A. Pilot-Plant experin1ents with moving-bed biofiln1 reactors. Water
Science and Technology, v. 36, nl! 1, 1997.
RAMALHO, R. S. I ntroduction to wastewater treatment processes. 2. ed. New York: Academic Press,
1983.
REIS, G. G. Influência da carga, orgânica no desempenho de reatores de leito móvel com biofilme (MBBR),
134 f. Dissertação de Mestrado em Engenharia Quín1ica - Coppe. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2007.
ROCCA, C. D.; BELGIORNO, V; MERIC, S. An heterotrophic/autotrophic denitrification (HAD)
approach for nitrate ren1oval fron1 drinking water. Process Biochemistry, v. 41, p. 1.022-1.028,
2006.
RODGERS, M.; XIN-MIN, Z. Biological nitrogen remova! using a vertically moving biofiln1
systen1. Bioresource Technology, v. 93, 112 3, p. 313-319, 2004.
RUSTEN, B.; EIKEBROKK, B.; ULGENES, Y.; LYGREN, E. Design and operations of the
Kaldnes n1oving bed biofilm reactors. Aquacultural Enginnering, v. 34, n2 3, p . 322-331, 2006.
RUSTEN, B.; HEM, L. J.; 0DEGAARD, H. Nitrification of municipal ·wastewater in moving-bed
biofilm reactors. Water Environment Research, v. 6 7, n2 1, p. 7 5-86, 1995.
RUSTEN, B.; MCCOY, M.; PROCTOR, R.; SILJUDALEN, J. G. The innovative moving bed
biofilm reactor/solids contact reaeration process for secondary treatment of municipal wastewater.
Water Environment Research, v. 70, nl! 5, 1998.
RUSTEN, B.; MATSSON, E .; BROCH-DUE, A.; vVESTRUM, T. Treatment of pulp and paper
inclustry wastewater in novel moving becl biofilm reactors. Water Science and Technology, v. 30,
nll 3, p. 16 1-171 , 1994.
RUSTEN, B.; 0DEGAARD, H.; LUNDAR, A. Treatment of dairy wastewater in a novel moving
bed biofihn reactor. Water Science and Technology, v. 26, n~ 3/4, p. 703, 1992.
SALVETTI, R.; AZZELLINO, A.; CANZIANI, R.; BONOMO, L. Effects of ten1perature 011
tertiary nitrification in moving-bed biofilm reactors. Water Research, v. 40, p. 2.981 -2.993,
2006.
90 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
SOKÓL, W. "Treatn1ent of refinery wastewater in a three- phase fluidised bed bioreactor with a Low
density biomass support", Biochemistry Engi,neering ]ournal, v. 15, p. 1-10, 2003 .
SORIA, F. L.; CHAVARRIA, J. M. Técnicas de defensa del medio ambiente, v. 2, Editorial Labor S/A,
p. 235-239, 1978.
SOUSA, J . T.; FORESTI, E. Gestão e controle an1biental. Utilização de lodo anaeróbio con10 fonte
externa de carbono no processo de desnitrificação de águas residuárias. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 3, p. 69-73 . Campina Grande/Paraíba: DEAg/UFPB, 1999.
STEWART, P. S. Diffusion in biofilms.]ournal ofBacteriology, v. 185, n2 5, p. 1.485-1.491, 2003.
SURAMPALLI, R. Y.; TYAGI. R. D.; SCHEIBLE, O. K. and HEIDMANN, J.A. Nitrification,
denitrification and phosphorus ren1oval in sequential batch reactors", Bioresource Technology, v.
6 1, p . 15 1-157, 1997.
TAKAYA, N. Dissinlilatory nitrate reduction metabolisms and their contrai in fungi. ]ournal of
Bioscience and B ioengineering, v. 94, p. 506-510, 2002.
TAVARES, C. R. G. , SANT'ANNA Jr. , G. L. , CAPDEVILLE, B. The effect of air superficial
velocity on biofihn Accumulation in a three-phase fluidized-bed reactor. Water Research, v. 29 , n12
10, p . 2 .293-2 .298, 1995.
TILL, B. A.; vVEATHERS, L. J.; ALVAREZ, P. J. J . Fe(O)-supported autotrophic denitrification.
Environment Scienceand Technology, v. 32, p. 634-639, 1998.
VAN RIJN, J . V; Tal, Y.; SCHREIER, H. J. Denitrification in recirculating syste1n: Theory and
applications. Aquacultural Engineering, v. 34, p. 364-376, 2006.
VON SPERLING, M. Introduçã,o à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos . 2ll ed. Belo
Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e An1biental, Universidade Federal de Minas
Gerais, 1 996.
WANG, X. J .; XIA, S. Q.; CHEN, L.; ZHAO, J . F; RENAULT, N. J .; CHOVELON, J. M. Nutrients
remova! fron1 municipal wastewater by chemical precipitation in a n1oving bed biofiln1 reactor.
Process Biochemistry, v. 41 , n2 4, p . 824-828, 2006.
WELANDER, U.; HENRYSSON, T.; WELANDER, T. Nitrification of landfill leachate using
suspended-carrier biofiln1 technology, ~Vater R esearch, v. 3 1, p. 2.35 1-2.355 , 1997.
WHO. Guidelines for drinking water quality, 3. ecl. Geneve (CH): World Health Organization,
2003.
XAVIER, J. B.; PICIOREANU, C.; ALMEIDA, J. S.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.
Monitorização e modelação da estrutura de biofilmes, Bion1atemática - Modelação da estrutura
de Biofilmes. Boletim de Biotecnologia,, n2 76, p. 2- 13, 2003.
YU, H. B.; QUAN, X.; DING, Y. z. Mediun1-strength amn1onium remova! using a two-stage moving
becl biofilm reactor systen1, Environmental Engineering Science, v. 24, n12 5, p. 595-601, 2007 .
Capítulo 4
4.1 INTRODUÇÃO
rapidamente como nos flocos de lodo ativado, sendo a estrutura do grânulo cons-
t ituída por biomassa e polímeros extracelulares. Além disso, além de sedimentar
rapidamente, o agregado deve se r for1nado se1n a necessidade de n1ateriais suporte,
devendo apresentar diâmetro de, no mínimo, 0,2 mm. A classificação dos grânu-
los deve se r realizada com o auxílio de peneiras, técnica que pode ser usada para
expressar a quantidade de grânulos presente no total de biomassa. O processo de
granulação estará concluído quando a quantidade de grânulos corresponder a 80%
dos sólidos presentes no reator (DE KREUK et alii, 2005a).
Apresentando forma externa esférica cujo diâmetro pode variar de 0,2 a 5 ,O mm,
os grânulos caracterizam-se po r possuir densidades muito superiores em compa-
ração com aquelas apresentadas pelo lodo ativado convencional (ADAV et alii,
2008), o que os tornam detentores de inúmeras características interessantes.
Entre algumas das principais características dos grânulos aeróbios destacam-se
(ADAV et alii, 2008; LIU e TAY, 2004; BEUN et alii, 1999; D E KREUK e VAN
LOOSDRECHT, 2004):
♦ Excelente sedimentabilidade, facilitando a separação do efluente tratado
do lodo granular.
♦ Forma regular, lisa e praticamente arredondada.
♦ São visíveis e formam uma fase separada no líquido durante as fases de
aeração e sedimentação.
♦ Propiciam grande retenção de biomassa no reator, aumentando a capaci-
dade de supo rtar altas cargas orgânicas.
♦ Estrutura microbiana densa e forte.
♦ No seu interior há a presença de zonas aeróbias e anóxicas, o que permite
que diferentes processos biológicos sejam realizados no mesmo sistema.
♦ Capazes de suportar altas velocidades de fluxo.
♦ Menos vulneráveis à toxicidade de compostos químicos e metais pesados
em comparação com lodo em suspensão .
♦ Não necessitan1 de material suporte (requerido em outros sisten1as com
biofilme), diminuindo os custos de investimento.
♦ Proporcionam redução do custo de operação de uma planta de tratamento
em pelo menos 20% e din1inuição do espaço requerido em 7 5%.
FIGURA 4.1 Reator batelada em sequencial do tipo coluna de bolhas utilizado para o cultivo de
grânulos aeróbios em diferentes fases de um ciclo operacional.
Por meio da figura 4. lc, pode-se observar como o efluente tratado (sobrena-
dante) que está sendo d renado é praticamente desprovido de sólidos em suspen-
são, evidenciando a rápida e eficiente sedimentação do lodo granular aeróbio. Para
se ter uma ideia, no caso da operação do reator mostrado na figura 4.1 , o tempo
destinado à sedünentação dos grânulos é de apenas 3 min . Pequenos flocos são
arrastados do reator a cada ciclo, fazendo com que a concentração de sólidos no
reator, representados majoritariamente pelos grânulos, aumente com o decorrer
da operação .
Para efeito de comparação das características de sedimentabilidade apresen-
tadas tanto pelo lodo ativado convencional quanto pelo lodo granular aeróbio, a
CAPÍTULO 4 ◊ TECNOLOGIA DE GRANULAÇÃO AERÓBIA (IODO GRANULAR AERÓBIO) 97
FIGURA 4.2 Comparação da sedimentação, ao longo do tempo, apresentada pelo lodo ativado
convencional e pelos grânulos aeróbios. (a) Inicio; (b) 30 seg; (c) 12 min; (d) 20 min.
Tendo em vista que na maioria dos casos os grânulos apresentam altas veloci-
dades de sedimentação, o tempo despendido na etapa de sedimentação é bastante
curto, pern1itindo n1aior tempo para os processos de degradação de poluentes.
Como já ressaltado anteriormente, tal característica certamente aumenta a atrati-
vidade do modo de operação descontínuo, isto é, em bateladas sequenciais.
Um fato a ser destacado é justamente referente ao tamanho dos grânulos.
Obvian1ente que, quanto maior o tamanho da partícula, maior a sua velocidade
de sedimentação. Nesse caso, em particular, o cultivo de grânulos maiores é favo-
rável. Entretanto, deve-se levar em consideração os efeitos difusivos que podem
estar presentes dependendo do diâmetro apresentado pelo grânulo. Quando se
pretende, por exemplo, criar condições anóxicas no interior dos grânulos para per-
mitir a desnitrificação, grânulos maiores tendem a ser os mais indicados. Nesses,
a difusão de oxigênio para o interior do grânulo se torna limitada, especialmente
se estivere1n presentes populações microbianas que causem un1a diminuição da
concentração de oxigênio dissolvido (n1icro-organisn1os heterotróficos ou nitrifi-
cantes, por exemplo). Desse modo, deve ficar claro que o cultivo dos grânulos está
intimamente relacionado aos objetivos de cada processo, de forma individual.
Co1no destacado previrunente, a etapa de sedimentação do lodo granular em
reatores em batelada sequencial não repercute em n1aiores dificuldades, justamen-
te devido às velocidades de sedimentação dos grânulos serem muito superiores
àquelas apresentadas pelo lodo ativado convencional . Entretanto, como em qual-
quer processo de tratamento, existem obstáculos a serem enfrentados. No caso
da operação dos reatores de lodo granular, o principal entrave técnico se refere à
instabilidade dos grânulos aeróbios, que pode advir do crescimento de bactérias fi-
lamentosas, capazes de deteriorar a sua capacidade de sedimentação e ocasionar o
seu arraste do reator, bem como dificultar e limitar a sua aplicação no tratamento
de águas residuárias. No entanto, como será visto e1n alguns trabalhos presentes
na literatura envolvendo grânulos aeróbios, o crescimento de organismos filamen-
tosos em pequenos ou moderados níveis não ocasiona problemas. Pelo contrário,
podem contribuir na estabilização da estrutura do lodo granular, servindo como
suporte na for1nação desses aglomerados microbianos.
Enquanto a "pressão de seleção" é o principal fator para a seleção de grânulos
em detrimento às partículas menores em suspensão, a velocidade de crescimento
dos micro-orgru1ismos, por sua vez, representa um dos principais fatores respon-
sáveis pela densidade de grânulos ou biofilmes. Organismos que apresentam altas
velocidades de crescimento formam grânulos menos densos em comparação com
organismos cuja velocidade de crescimento é baixa (VILLASENOR et alii, 2000).
Para exemplificar, micro-organismos nitrificantes formam biofilmes muito mais
densos do que heterotróficos sob as mesmas circunstâncias. Dessa forma, a dimi-
nuição da velocidade de crescimento bacteriano contribui para o aumento da den-
sidade de biofilmeigrânulos (VAN LOOSDRECHT et alii, 1995), e, como será
CAPÍTULO 4 ◊ TECNOLOGIA DE GRANULAÇÃO AERÓBIA (IODO GRANULAR AERÓBIO) 99
Desprend·
irnento
Hidrofobicidade
Velocidade de
crescimento
~ ? ?
• Formulação de·
lodo granular
~
•? 'l
• •
nan11cas.
:-.º<~:-'ti~ :t-.-'·;~~ ~
..
---~~,.. .t.. ......
,.-. ( ~ ,.
E~""'1' -. ': ,.;;. ~_,
~
.. f.
....:,.!! ., ~•'••
( .
-·
• /,.,.. ' •
. ·t.. :~·:.. -~•. .t: .;_
""'.' .
... : ,,...
~
vez que os mesmos serviram como base para o crescimento do biofilme microbiano
(WEBER et alii, 2007) .
Em relação aos fungos, o seu papel no processo de granulação esteve relacio-
nado ao fato de que os seus filamentos (hifas), juntamente com os talos de ciliados,
funcionaram como suporte para que as bactérias pudessem crescer, aumentando
dessa manei ra a área disponível para a colonização bacteriana (WEBER et alii,
2007); Beun et alii (1999), conforme 1nencionado no item 4.5, també1n relata-
ram a possível contribuição de fungos como suporte na formação de grânulos,
sobretudo durante as fases iniciais do p rocesso de granulação.
\i\Teber et alii (200 7) ainda relataram que os grânulos n1aduros formados com-
preenderam diversas camadas n1icrobianas, compostas por espécies de bactérias
distintas responsáveis por diferentes processos (nitrificação, desnitrificação, entre
outros) . Nesses grânulos observou-se uma região central densa contendo células
bacterianas e EPS e uma porção externa estruturada de fonna livre consistindo
em ciliados e bactérias ou filamentos de fungos (WEBER et alii, 2007).
O material exopolimérico excretado pelos próprios micro-organismos tem sido
detectado em quantidades significativas tanto em grânulos aeróbios quanto anae-
róbios, forn1ando uma matriz tridimensional na qual bactérias e outros materiais
particulados estão presentes conjuntamente (GROTENHUIS et alii, 1991 ). Essas
substâncias poliméricas extracelulares (EPS), as quais compreendem polissacarí-
deos, proteínas, ácidos nucleicos, ácidos húmicos e lipídios que auxiliam na adesão
celular e na formação de bioagregados (biofilmes e flocos de lodo), possuem papel
iinportante no processo da granulação aeróbia, sendo vantajosas e1n diversos aspec-
tos relacionados à sobrevivência das células n1icrobianas nas mais variadas circuns-
tâncias e tornam possível a operação estável de processos de lodo granular aeróbio
justamente por estarem intimamente relacionadas com a estabilidade dos grânulos
(SCHMIDT e AHRING, 1994; LIU et alii, 2004b; NIELSEN e JAHN, 1999). A
in1portância das EPS é tan1bém realçada tendo em vista que o bloqueio de sua sínte-
se pode prejudicar ou ainda interromper a agregação microbiana, conforme relatado
por Cammarotta e Sant'Anna (1998) e por Hwang et alii (2006).
É válido apontar que os polissacarídeos são os únicos componentes do 1nate-
rial exopolimérico que são sintetizados extracelularmente para uma determinada
função específica, enquanto proteínas, lipídios e ácidos nucleicos estão presentes
na rede polimérica extracelular devido à excreção de polímeros intracelulares ou
ainda como resultado da lise celular (DURMAZ e SANIN, 200 1). Apesar de
estar presente em todos os tipos de agregados microbianos, tais como bioflocos e
biofilmes, são nos grânulos anaeróbios e aeróbios que os materiais exopoliméricos
estão em maior quantidade (TAY et alii, 2001a). A composição de EPS é variável,
estando relacionada às espécies mic robianas presentes e sua complexidade, ao
estado fisiológico das bactérias e às condições operacionais nas quais ocorre o de-
senvolvimento dos grânulos.
104 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Bactérias individuais
(!
Ligação Formação
de agregado
4.4.1TEMPO DE DECANTAÇÃO
2 µ mc.,·m
G = Ly · - - - (4 .1)
Embora alguns trabalhos evidenciem que períodos sem substrato não tenham
sido considerados pré-requisitos para a granulação aeróbia (LI U e TAY, 2008;
LIU et alii, 2007), aumentos na hidrofobicidade devido à falta de material car-
bonáceo têm sido reportados (CHEN e STREVETT, 2003; KJELLEBERG e
HERMANSON, 1984). Durante a operação de RBS, períodos de aeração sem
disponibilidade de substrato propiciam o desenvolvimento de bactérias 111ais hi-
drofóbicas, facilitando a adesão microbiana. Esta última, por sinal, parece ser
uma estratégia efetiva dos micro-organismos contra a falta de substrato, os quais,
sob estas condições, mudam as características de suas superfícies (KJELLEBERG
e HERMANSON, 1984; TAY et alii, 200 1a). Segundo a visão termodinâmica,
o aun1ento da hidrofobicidade das superfícies celulares acarreta na diminuição da
energia de Gibbs em excesso da superfície, o que resulta numa maior interação
entre células e numa estrutura densa e estável. Além disso, células presentes em
colônias submetidas a períodos sem al ünentação podem fo rmar fibrilas que for-
talecem a interação e a comunicação intercelular (VARON e CHODER, 2000).
Diante desse contexto, fica evidente que períodos sem disponibilidade de substra-
to favorecem a formação de grânulos com alta capacidade de agregação microbia-
na, os quais se to rnam cada vez n1ais densos e resistentes, apresentando estrutura
compacta ao longo dos ciclos de operação dos reatores batelada sequencial.
Contrariamente à estratégia de adoção de um regime feast -famine, existem
na literatura evidências de que un1 longo período de aeração sem disponibilida-
de de substrato pode levar à diminuição da estabilidade do grânulo (WANG et
alii, 2006). McSwain et alii (2004) obtiveram um aumento no desempenho da
granulação aeróbia quando optaram pelo sistema de alimentação intermitente,
contando con1 diversas fases de enchin1ento. Nessas circunstâncias, a formação de
grânulos aeróbios densos e compactos foi favorecida.
2008; BEUN et alii, 1999). Essas, por sua vez, podem estimular a produção
de polissacarídeos extracelulares (TAY et alii, 200 1b), os quais, conforme men-
cionado no ite1n 4.3, estão relacionados com a coesão e a adesão de células. Por
conseguinte, consistem en1 importantes agentes responsáveis pela manutenção da
integridade estrutural de comunidades de células imobilizadas, segundo observa-
do por Tay et alii (2001 c) .
Dessa forma, a formação de grânulos aeróbios pode se r favorecida quando os
mesmos são submetidos a elevadas forças de ruptura, representadas, nesse caso,
por elevadas intensidades de aeração e velocidades ascensionais de ar. Além disso,
o desenvolvimento de bactérias filamentosas, capaz de deteriorar a excelente capa-
cidade de sedimentação do lodo granular, é minimizado.
Adav et alii (2007b) compararam processos de granulação em três reatores
idênticos alimentados com água residuária contendo fenol e submetidos a dife-
rentes intensidades de aeração (1-3 L ar/min). Em baixas vazões de ar (1 L/min),
não foram for1nados grânulos. E1n contrapartida, na maior vazão de ar testada
(3 L/min), foram obtidos grânulos maduros e estáveis (1-1,5 mm) com interior
compacto. Em vazões de ar intermediárias (2 L/min), se desenvolveram grânulos
grandes (3 -3,5 mm) dotados de filamentos abundantes. Os mesmos autores afir-
maram que níveis de aeração intermediários não são capazes de fornecer oxigênio
suficiente nem de quebrar filamentos presentes de forma abundante, acarretando
possíveis perdas de rendimento do RBS (ADAV et alii, 2007b).
No trabalho realizado por Tayet alii (2001a), procurou-se avaliar o efeito das
forças de cisalhamento na granulação aeróbia. Os autores iniciaram a operação de
um RBS alimentado con1 glicose como fonte de carbono submetido a duas veloci-
dades superficiais de ar (0,008 e 0,025 m/s). Na menor velocidade de ar aplica-
da, foram formados somente flocos macios, não sendo observados grânulos. Em
contrapartida, quando o sistema foi submetido à velocidade de ar de 0,025 m/s,
conseguiu-se obter grânulos con1 forma regular. Os autores ainda complementam
que, segundo as leis da termodinân1ica, as tensões de cisalhamento ocasionadas
pela aeração de fluxo ascendente podem forçar os agregados densos periodicamen-
te submetidos a condições de falta de substrato (considerado como fator importan-
te na granulação aeróbia conforme discutido no item 4.3) a formar grânulos com
forma regular, os quais apresentam mínima energia livre de superfície.
Liu et alii (2005) submeteram dois reatores airlift operados em bateladas
sequenciais a diferentes velocidades ascensionais de ar, 2 ,2 e 3 ,3 cm/s, respec-
tivamente. No reator no qual foi utilizada a menor velocidade, ocorreu um de-
créscimo no valor do IVL de 103 ,5 para 4 7 ,2 n1L/g após o aparecin1ento dos
primeiros grânulos. Não obstante, poucos dias depois apareceram organismos
filamentosos que ocasionaram o aumento do IVL para 1 70 mUg, e, consequen-
temente, arraste de biomassa do reator. Em contrapartida, no reator cuja veloci-
dade ascensional aplicada foi de 3 ,3 cm/s, a diminuição do IVL foi ainda maior,
112 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
passando para 26,5 mL/g. Nesse reator a quantidade de bactérias filamentosas foi
bastante pequena, sem contar que os grânulos formados apresentaram estrutura
bem definida.
TABELA 4.1 Comparação entre três diferentes tecnologias de reatores (SBAR, SBBC e BAS)
utilizadas em diferentes pesquisas envolvendo lodo granular (adaptado de BEUN et alii, 2000)
SBAR SBBC
BASR
(Sequencing batch airlift (Sequencing batch bubble
(Biofilm airlift suspension)
reactor) collumn)
4.4.9TEMPERATURA
4.4.10 pH
Mesmo sob operação com essa carga orgânica e concentração de OD de O, 7-1,0 m&"L,
todo amônio alimentado foi co1npletamente nitrificado. Os autores ainda ve rifica-
ram que a ren1oção de DQO ou ainda a atividade de oxidação de carbono, aumen-
tou com o aumento do fluxo de ar fornecido ao sistema, embora sendo mantida
constante a concentração de OD (menor que 1% em relação à saturação do ar) .
Esse resultado sugeriu que a atividade do lodo granular fo i fortemente influen-
ciada pelo suprimento de oxigênio, mas não pela concentração de OD no n1eio
líquido (DANGCONG et alii, 1999) .
Beun et alii (2000) cultivaram lodo granular aeróbio em um reator airlift
ope rado em bateladas sequenciais (Sequencing batch airlijt reactor - SBAR) de
3 L . O TRH aplicado foi de 5, 6 h e a carga orgânica foi de 2 ,3 kgDQO/(m 3 · d). A
duração de cada ciclo do SBAR foi de 3 h . Desse total, 3 min consistia em adição
de afluente, 1 73 min de aeração, 2 min de sedimentação e 5 min de retirada de
eflu ente tratado. O reator foi al imentado com meio sintético contendo acetato de
sódio como fonte de carbono e cloreto de amônio co1no fonte de amônio. O reator
foi inoculado com lodo proveniente de um sistema de lodos ativados, sendo que
a operação do reator foi iniciada duas vezes utilizando inóculos diferentes: uma
com duração de 41 dias (12. experimento) e outra com duração de 55 dias (22. ex-
perimento) .
No 1.0 experimento, 30 dias foram necessários para se atingir o estado estacio-
nário, enquanto no 20. experimento o tempo necessário foi de 1O dias. A diferença
da duração do período de start-up provaveln1ente esteve relacionada com o inóculo
utilizado. Vale lembrar que o 1.2 experimento foi realizado para descrever o período
de partida do reator e o desenvolvimento inicial dos grânulos.Já o 2 2 experimento
serviu para descrever a estabilidade dos grânulos sob certas condições, uma vez
que nesse último o reator foi operado durante um tempo maior (55 dias) (BEUN
et alii, 2000) .
O lodo inoculado ao reator no 1.2 experimento consistia em uma m istura
de filamentos e pequenas partículas. Após 30 dias de ope ração, o diâmetro dos
grânulos foi de aproximadamente 1,2 mm, sendo que os mesmos apresentaram
superfície lisa. Nesse período, não foi observado, visualmente, biomassa suspensa.
Do início até 30 dias de operação, a concentração de biomassa do reator mudou
de 2 para 6 g!L e o tempo de retenção celular aumentou de dois para 30 dias, di-
minuindo poste riormente para 1 7 dias. O aumento do tempo de retenção celular
foi ocasionado pela diminuição da presença de lodo filamentoso e floculento. A
seleção de grânulos foi atingida aplicando-se curto tempo de sedimentação em um
reator com alta razão altura/diâmetro. Lodos com baixas velocidades de sedimen-
tação eram arrastados do reator com o efluente tratado e somente grânulos com
boas características de sedimentabilidade (velocidades n1ínimas de sedimentação
de 16,2 m/h) eram retidos no sistema. Tal fato permitiu que a concentração de
biomassa no efluente fosse diminuída (BEUN et alii, 2000).
CAPÍTULO 4 ◊ TECNOLOGIA DE GRANULAÇÃO AERÓBIA (IODO GRANULAR AERÓBIO) 123
sedimentação foi escolhido tal que somente partículas com velocidade de sedimen-
tação maior que 1O m/h pudessem ser retidas no reator. O resto da biomassa que
não sediinentava suficiente1nente rápido era arrastado juntamente co1n o efluente
tratado. Verificou-se igualmente que tanto a densidade dos grânulos quanto o
número de grânulos no reator aumentaram com o aumento da concentração de
biomassa (BEUN et alii, 2002).
A bion1assa consistiu tanto em micro-organismos heterotróficos quanto em
nitrificantes, sendo capaz de suportar algumas perturbações, tais como aumentos
momentâneos de pH e flutuações na concentração de OD. Após essas perturba-
ções, os grânulos geralmente rompiam parcialmente. No entanto, rapidamente
retornavam à sua forma anterior às perturbações (BEUN et alii, 2002).
Os autores ainda verificaram que, em meados do período operacional (em
to rno do 80.Q dia de operação), a concentração e a densidade de biomassa no reator
diminuíram devido à quebra (deterioração) dos grânulos provocada pelo dec rés-
cimo da concentração de OD para 50% de saturação do ar ocorrida entre o 66.Q e
o 71 2. dia de operação, fazendo com que os grânulos menores fossem arrastados
do reator. Observou-se pequena produção de lodo, fato que esteve associado à alta
idade de lodo de 50 dias (BEUN et alii, 2002) .
Beun et alii (2002) ainda realizaran1 cortes nos grânulos com auxílio de uma
lâmina cortante no intuito de visualizar sua estrutura interna por meio de micros-
copia de luz e 1nostraram a ocorrência de duas camadas no grânulo: uma camada
central, com diâmetro em torno de 1, 7 mm e uma camada externa com espessura
de aproximadamente 0,4 1nm. Essa últiina camada, por sinal, possuía uma estru-
tura mais densa em comparação com a porção central do grânulo, a qual apresen-
tou uma estrutura mais macia e gelatinosa, além de ser mais transparente. Não
foram encontrados grandes "buracos" vazios no centro do grânulo resultantes da
lise completa no interior da biomassa. A p rofundidade de penetração de oxigênio
calculada apresentou valores entre 1 7 µm (no período feast) e 20 µm (no período
famine) . Esse mesmo parâmetro calculado para o acetato apresentou valores entre
115 µm (conversão aeróbia completa) e 520 µm (conversão anóxica completa), o
que corresponde à espessura de 400 µm da cainada externa densa dos grânulos.
Dessa forma, evidenciou-se que o crescimento da biomassa ocorreu principalmen-
te na camada externa (BEUN et alii, 2002).
Os autores ainda realizaram uma comparação entre o reator airlift operado
em bateladas sequenciais (SBAR) visando à formação de grânulos e u1n sistema
turbulento continuamente alimentado, denominado reator airlift em suspensão
com biofilme (BASR), operado por Tijh uis et alii (1994). Tal comparação já havia
sido relatada em trabalho ai1terior (BEUN et alii, 2000), embora com menos ri-
queza de detalhes. No BASR, grânulos (que a princípio são biofilmes desprovidos
de material suporte) foram formados a partir de fragmentos de biofilme oriundos
do rompimento de partículas do biofilme . A diferença mais marcante entre os dois
CAPÍTULO 4 ◊ TECNOLOGIADEGRANULAÇÃO AERÓBIA(IODOGRANULAR AERÓBIO) 127
TABELA 4.2 Principais características dos grânulos obtidos durante os diferentes estágios do
experimento (DE KREUK e VAN LOOSDRECHT, 2004).
Alimentação em
Período de alimentação longo2
regime de pulso 1
Características
dos grânulos SBAR SBBC SBAR
00100% 00 400/o 0020% 0020% 0040% 00100% 0040%
Organismo
PAO PAO PAO GAO PAO Heterotróficos
dominante
Estabilidade Estável Estável Estável Estável Estável Estável Instável
Cisalhamento Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim
local
Densidade 89 87 78 108 90 53 13
(gSSV/Lbiomassa)
IVL8 24 20 14 17 19 50 200
Retenção celular 40 67 70 71 63 8 <5
(dias)
1 Mosquera-Corral et alii (2005) ; 2 De Kreuk e Van Loosdrecht (2004).
CAPÍTULO 4 ◊ TECNOLOGIADEGRANULAÇÃO AERÓBIA(IODOGRANULAR AERÓBIO) 1 33
Crescimento heterotrófico
(DQO + 0 2 -+ C02 + H2 0 )
Nitrificação
(NH4 + 0 2 -+ NOx) Desnitrificação
.... · · · ·· ·· ·· ·· · · · ·► (DQO + NOX - N2)
FIGURA 4.6 Representação esquemática das diferentes camadas dos grânulos aeróbios (adaptado
de DE KREUK, 2006).
-~
~
e: o2 -~
e:
~
e: e:
o o
ü ü
FIGURA 4.7 Perfis de concentração de acetato (HAc), PHB, NH:, No: (NO2 + NO3 ) e 0 2 no interior
dos grânulos durante o período feast (a) e lamine (b) de um reator em batelada sequencial (RBS).
FIGURA 4.8 Predominância de PAO e GAO em grânulos aeróbios cultivados em reator do tipo
coluna de bolhas. Em vermelho está representada a população de PAO (PAOmix); em verde
está representada a população de GAO (GAOmix). As cores vermelho e verde estão levemente
modificadas em virtude da sobreposição da cor azul, que representa toda a população bacteriana
(EUBmix).
138 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Vale lembrar que a análise FISH foi realizada somente com o intuito de ve-
rificar a presença dos grupos microbianos anteriormente mencionados, sendo que
a posição dos micro-organismos ilustrados na figura 4.9 não corresponde à sua
localização no interior dos grânulos. Nesse caso foi adotado um procedimento no
qual os grânulos foram triturados/esmagados de modo a facilitar a hibridização
das células para posterior visualização en1 1nic roscópio de fluorescência. A obser-
vação da posição real ocupada pelos micro-organismos no lodo granular pode ser
realizada em microscópio confocal de varredura a laser, o qual possibilita realizar
cortes ópticos no n1aterial a ser analisado, os quais são posteriormente agrupados
para a construção de imagens tridimensionais do mesmo. No caso específico de
grânulos aeróbios, os sucessivos cortes ópticos permitem que seja determinada a
localização exata dos consórcios microbianos responsáveis pelos diversos processos
de conversão.
Contrariamente aos nitrificantes e à maioria dos heterotróficos, a capacidade
de PAO em utilizar nitrato como aceptor de elétrons (que neste caso são designa-
dos organismos acumuladores de fosfato desnitrificantes - DPAO) em combinação
co1n a sua capacidade de armazenar compostos orgânicos no interior das células
140 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Zona aeróbia
Ocorrência de nitrificação ; presença de organismos
autotróficos nitrificantes juntamente com organismos
heterotróficos (PAO)
Zona anaeróbia
Ocorrência de desnitrificação por
organismos heterotróficos (PAO)
FIGURA 4.10 Diminuição da zona anaeróbia ou anóxica com a redução do diâmetro do grânulo
em condições de concentração de oxigênio dissolvido constante (adaptado de DE KREUK et a/ii,
2005b).
de elétrons, podendo dessa forma também estar presente no centro dos grânulos.
Verificou-se que a exata localização da biomassa autotrófica influencia a remoção
de nitrogênio, e a distribuição dessa biomassa é influenciada pela concentração de
oxigênio dissolvido no reator (BEUN et alii, 2001 ).
Utilizando-se os conhecimentos adquiridos em pesquisa prévia (DE KREUK
e VAN LOOSDRECHT, 2004), discutida a11terio rmente no item 4 .5, na qual
se verificou que a seleção de organismos acumuladores de fosfato e organisn1os
acumuladores de glicogênio, por meio da adoção de um regime de alimentação
anaeróbio, propiciou a melhoria da estabilidade dos grânulos aeróbios em baixas
concentrações de oxigênio, D e Kreuk et alii (2005) estudaram os fatores impor-
tantes para se obter remoção simultânea de nitrogênio e fó sforo en1 reatores de
lodo granular.
As condições operacionais utilizadas por De Kreuk et alii (2005) for8111 as
n1esmas do trabalho anterior (DE KREUK e VAN LOOSDRE CHT, 2004), des-
crito no item 4.5. Procurando observar os p rincipais processos de conversão que
estavam ocorrendo em diferentes concentrações de oxigênio dissolvido, os autores
verificaram que após 52 dias de operação em condição de satu ração de oxigênio,
ocorreu consumo integral de acetato durante o período anaeróbio. Após 65 dias,
atingiu-se 95% de remoção de fosfato, cuja concentração inicial foi de 20 mg!L.
Do 650. ao 2330. dia de operação, a concentração média de fosfato liberada no meio
líquido du rante a fase de alimentação anaeróbia foi de 86 mgP/L, enquanto a con-
centração do efluente foi de apenas 0,4 mgP/L. A razão entre o fosfato liberado
e o acetato consumido foi de 0,44 P-mol/C-mol, comparável com a razão de 0,5
obtida em pH 7 para uma cultura altamente enriquecida em PAO (SMOLDERS
et alii, 1994 apud De Kreuk et alii, 2005b).
Durante os prin1eiros dois dias após o start-up do reator, os organismos oxi-
dadores de amônio foram inibidos com aliltioureia (ATU) no intuito de evitar a
nitrificação. Como consequência, evitou-se a presença de nitrato durante o perío-
do de alimentação anaeróbio, o qual poderia impedir o desenvolvimento de PAO.
Observou-se oxidação completa de amônio 39 dias após a dosagem de ATU ter
sido interrompida, embora se tenha levado em torno de 100 dias para que todo
o nitrito fosse oxidado. Após o 154Q dia de operação, amônia e nitrito não foram
mais detectados no efluente . Devido à operação em saturação de oxigênio, ocorreu
desnitrificação incompleta, obtendo-se 34% de remoção total de nitrogênio, sendo
27% ocasionado pelo crescimento da biomassa (DE KREUK et alii, 2005b) .
A concentração de oxigênio foi diminuída para 40% no intuito de melhorar a
eficiência de desnitrificação, diminuindo a profundidade de penetração de oxigênio
e, por conseguinte, o volume aeróbio dos grânulos. Essa mudança não apresentou
influência na remoção de fosfato, a qual foi mantida em torno de 97%. O acetato
continuou sendo totalmente consumido durante o período anaeróbio, enquanto a
CAPÍTULO 4 ◊ TECNOLOGIA DE GRANULAÇÃO AERÓBIA (IODO GRANULAR AERÓBIO) 149
razão média entre o fosfato liberado e o consumo de acetato não apresentou va-
riação (0,45 P-mol/C-mol). A eficiência de desnitrificação aumentou lentamente
durante esse período, sendo que concentrações abaixo de 5 mgN-NO3/L foram
medidas no efluente após 64 dias de operação sob 40% de saturação de oxigênio.
Amônio e nitrito foram totalmente oxidados e a remoção média de nitrogênio foi
de 98% (DE KREUK et alii, 2005b).
Posteriorn1ente, os autores observaran1 que ocorreu uma mudança na mor-
fologia dos grânulos, os quais passaram de partículas esféricas para partículas de
forma irregular, apresentando fissuras em direção ao centro dos mesmos. Uma das
consequências foi justamente a din1inuição da eficiência de remoção de nitrogênio,
a qual despencou para valores entre 50 e 70%. Com o objetivo de melhorar esse
índice, a concentração de 0 2 foi diminuída novamente, passando de 40 para 20%
de saturação. A remoção de fosfato se manteve elevada (94% em média) durante
os primeiros 90 dias de operação nestas condições. Entretanto, posteriormente a
concentração de P-PO!- no efluente começou a aumentar, provavelmente devido
ao baixo rendimento da biomassa, relacionado ao alto tempo de retenção celular
aplicado (71 dias) (DE KREUK et alii, 2005b). Para atingir remoção completa
de fosfato, é necessário que a idade do lodo seja mantida em valores relativamen-
te baixos. Caso tal condição não seja respeitada, a remoção de P-POi- não será
eficiente, uma vez que a biomassa, carregando esse nutriente, não é removida do
sistema em proporções adequadas.
+ - -
As concentrações dos compostos nitrogenados (N-NH4, N-NO2 e N-NÜ3)
não apresentaram 1nodificações imediatas após o decréscimo da concentração de
oxigênio de 40 para 20%. Após 30 dias de operação nesta condição, observou-se
uma queda na eficiência de nitrificação, ocasionada pela diminuição da cama-
da externa aeróbia na qual os nitrificantes estão presentes, embora a capacidade
desses micro-organismos tenha sido restabelecida ao longo do tempo. Durante a
operação em estado estacionário sob condições de 20% de saturação de oxigênio,
na qual os grânulos apresentaram tamanhos maiores que 1,3 mm, o volume anó-
xico contendo organismos acumuladores de fosfato clesnitrificantes (DPAO) no
interior dos grânulos foi grande o suficiente para possibilitar a desnitrificação,
sendo obtida a maior eficiência de remoção de nitrogênio (94%) (DE KREUK et
alii, 2005b) .
De Kreuk et alii (2005) ainda avaliaram o efeito a curto prazo tanto do au-
mento quanto da diminuição da concentração de oxigênio dissolvido. Os experi-
mentos foram realizados durante a operação em estado estacionário sob condições
de 40% de saturação de oxigênio, sendo sua concentração modificada durante
um ciclo para 100, 40 e 10%. A taxa de consumo de fosfato foi diminuída com
a redução da concentração de oxigênio, devido à diminuição da profundidade de
penetração do mesmo, fazendo com que o volume anóxico e aeróbio aumentasse e
150 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
nitrificação . Durante essa fase sob condições aeróbias, amônia foi inteiramente
convertida em nitrito e nitrato. Na fase anaeróbia subsequente, a desnitrifica-
ção foi observada em níveis bastante reduzidos (desnitrificação parcial), sendo
que aproximadamente 13-27 mg/L N-NOx (N-NO 2 e N-NO3 ) foi desnitrificado
quando a fonte externa de carbono não esteve disponível, valores que representam
menos de 10% do N-NO X formado pela nitrificação.
Tendo en1 vista os resultados obtidos se1n adição de fonte externa de carbono
e no intuito de se atingir completa desnitrificação, passou-se a adicionar etanol
como fonte externa de carbono em uma razão mássica etanol/N-NOX de 2:1 no
início da fase anaeróbia. Deste modo, observou-se que quase todo o n itrito e o ni-
trato produzidos na fase aeróbia pela nitrificação foram convertidos rapidamente
a nitrogênio gasoso (N2) na fase anaeróbia pelo processo desnitrificante. Sendo
assim, ficou comprovado que grânulos 1nicrobianos cultivados sob condições aeró-
bias-anóxicas alternadas poden1, de forma eficiente, remover carbono orgânico e
converter nitrogênio na forma de amônia para nitrito e nitrato e posteriormente
a nitrogênio gasoso (N2). Em outras palavras, observou-se a coexistência de po-
pulações de micro-organismos heterotróficos, nitrificantes e desnitrificantes na
estrutura do lodo granular cultivado em condições aeróbias-anaeróbias alternadas
(QIN e LIU, 2006).
Cabe aqui evidenciar que, diferente dos trabalhos descritos anteriormente,
nos quais os diferentes processos ocorriam em diversas regiões (aeróbia e anóxica/
anaeróbia) no interior dos grânulos em virtude da presença de um gradiente de
concentração de oxigênio e da di sponibilidade de polímeros intracelulares como
fonte de carbono para a desnitrificação, o trabalho de Qin e Liu (2006) se asse-
melha ao que normalmente é realizado na maioria das estações de tratamento de
águas residuárias. Obviamente que, nesse caso, não foram utilizadas as vantagens
de tecnologia de lodo granular, como a economia de material orgânico para a des-
nitrificação, especialmente quando o desenvolvin1ento de micro-organismos capa-
zes de armanezar substrato orgânico na forma de polímeros intracelulares (PAO
por exemplo) é favorecido (QIN e LIU, 2006).
A atividade respiro1nétrica das bactérias oxidadoras de amônia e oxidadoras
de nitrito foram descritas, respectivamente, pela taxa específica de utilização de
oxigênio para oxidação de amônia (SOURNH4 ) e nitrito (SOU RN02 ). A atividade das
bactérias heterotróficas foi determinada por meio da taxa específica de utilização
para oxidação de carbono (SOURH). Observa-se que, tanto na condição com au-
sência quanto na condição com presença de fonte externa de carbono na fase anae-
róbia, a atividade das bactérias oxidadoras de amônia aumentou com o aumento
da carga nitrogenada aplicada, enquanto a atividade das bactérias oxidadoras de
nitrito não apresentou variação significativa nessas condições. Na ausência de
fonte externa de carbono, verificou-se ainda que a atividade da população hetero-
trófica diminuiu com o enriquecimento do consórcio microbiano em nitrificantes,
154 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
(a) (b)
FIGURA 4.11 Sistemas de lodo granular de escala piloto (a) e industrial (b). Cortesia: DHV©,
Holanda.
4.9 REFERÊNCIAS
ADA\~ S. S.; CHEN, M. Y.; LEE, D. J.; REN, N. Q. Degradation of phenol by aerobic granules
and isolated yeast Candida tropicalis. Biotechnology and Bioengineering, v. 96, p. 844-852 , 2007.
ADA\~ S. S.; LEE, D. J. Physiological characterization and interactions of isolates in phenol
degrading aerobic granules. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 78 , p. 899-905, 2008.
ADA\~ S. S.; LEE, D. J.; LAI, J. Y. Effects of aeration intensity on formation of phenol-fed aerobic
granules and extracellular polymeric substances. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 77,
p. 175- 182, 2007.
ADAV, S. S.; LEE, D. -J.; SHOW, K.-Y.; TAY, J .-H. Aerobic granular sludge: recent advances.
Biotechnology Advances, v. 26, n. 5, p. 41 1-423, 2008.
ADA\~ S. S.; LEE, D.-J.; TAY, J.H. Extracellular polyn1eric substances and structural stability of
aerobic granules. liVater R esearch, v. 42, p. 1.644-1.650, 2008.
ARROJO, B.; MOSQUERA-CORRAL, A.; GARRIDO, J. M.; MÉNDEZ, R. Aerobic granulation
with industrial wastewater in sequencing batch reactors. Water R esea,rch, v. 38, n 05 14- 15 ,
p. 3 .3 89-3 .399, 2004.
BASSIN, J. P; PRONK, M. ; KRAAN, R. ; KLEEREBEZEM, R.; VAN LOOSDRECHT, M. C .
M. Ammonium adsorption in aerobic granular sludge, activated sludge and anammox granules.
Water Research, doi: 10.1016/j .watres.2011.07 .03 4, 20 11.
BEUN, J. J.; HENDRIKS, A.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.; MORGENROTH, E.;
WILDERER, P A.; HEIJNEN, J. J. Aerobic granulation in a sequencing batch reator. Water
R esearch, v. 33, p. 2.283-2.290, 1999.
BEUN, J. J.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.; HEIJNEN, J. J. Aerobic granulation. Water Science
and Technology, v. 41, nº' 4-5, p. 41 -48, 2000.
BEUN, J. J.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.; HEIJNEN, J. J. Aerobic granulation in a sequencing
batch airlift reactor. TiVater R esearch, v. 36, p. 702-71 2, 2002.
BEUN, J. J.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.; HEIJNEN, J. J. N-removal in a granular sludge
sequencing batch airlift reactor. Biotechnology and Bioengineering, v. 7 5, n!l 1, p. 82-92, 200 l.
BRDJANOVIC, D.; LOGEMANN, S.; VAN LOOSDRECHT, M. e. M. ; HOOIJMANS , e. M.;
ALAERTS, G. J.; HEIJNEN, J. J. Influence of ten1perature on biological phosphorus ren1oval :
process and molecular ecological studies . Water R esearch, v. 32, 112 4, p . 1.035- 1.048, 1998.
CAMMAROTA, M. C.; SANT 'ANNA, G. L. Metabolic blocking of exopolysaccharides synthesis:
effects on microbial adhesion and biofilm accumulation. Biotechnology L etters, n!! 20, p. 2.283-
2.290, 1999.
CAPÍTULO 4 ◊ TECNOLOGIADEGRANULAÇÃO AERÓBIA(IODOGRANULARAERÓBIO) 165
CASSIDY, D. P.; BELIA, E . Nitrogen and phosphorus ren1oval fron1 an abattoir wastewater in a
SBR with aerobic granular sludge. Water R esearch, v. 39, nll 19, p. 4.817-4.823, 2005 .
CHEN, G.; STREVETT, K. A. Bacterial deposition in aqueous media: a surface thermodynamic
investigation . Environmental Engineering Science , v. 20, p. 237 -248, 2003.
CROCETTI, G. R.; BANFIELDA, J. F.; KELLER, J. ; BOND, P. L.; BLACKALL, L. L. Glycogen-
accunnilating organis1ns in laboratory-scale and fu ll-scale wastewater treatn1ent processes.
Microbiology, v. 148, p. 3 .353-3 .364, 2002 .
CROCET TI , G. R.; HUGENHOLTZ, P.; BOND, P. L. ; SCHULER, A.; KELLER, J.; JENKINS,
D.; BLACKALL, L. L. Identification of polyphosphate-accu1nulating organis111s and design
of 16S rRNA-directed probes for their detection and quantification. Applied Environmental
Microbiology, v. 66, n2 3, p. 1. 175-1. 182, 2000 .
CURT IS, E. J. C. Sewage fungus: its natures and effects. Water R esearch, v. 3, p. 289-311, 1969 .
DANGCONG, P.; BERNET, N.; DELGENES, J . P.; MOLETTA, R. "Aerobic granular sludge - a
case report". Water Research, v. 33, n2 3, p. 890-893, 1999.
DE BRUIN, L. M. M.; DE KREUK, M. K.; VAN DER ROEST, H . F. R.; UIJTERLINDE, C.;
VAN LOOSDRECHT, M. C . M. Aerobic granular sludge technology: an alternative to activated
sludge. WaterScience and Technology, v. 49, nru; 11-12, p. 1-7, 2004.
DE BRUIN, L. M. M.; VAN DER ROEST, H. F.; DE KREUK, M. K.; VAN LOOSDRECHT,
M. C. M. Pron1issing results pilot research aerobic granular sludge technology at WvVTP Ede.
ln: BATHE, S.; DE KREUK, M.; McSWAIN, B.; SCHvVARZENBECK, N. Aerobic Granular
Sludge. vVater and Environmental Management Series, IWA Publishing, London, 135-142,
2005a.
DE KREUK, M. K. Aerobic Granular Sludge. Technical University ofDelft, Delft, The Netherlancls,
2006.
DE KREUK, M. K.; McSvVAIN, B. S.; BATHE, S.; TAY, S. T. L.; SCHvVARZENBECK, N.;
WILDERER, P. A. Discussion Outcon1es. I n: BATHE, S.; DE KREUK, M.; McSWAIN, B.;
SCHWARZENBECK, N. Aerobic Granular Sluclge. Water and Environrnental Management
Series, I\VAPublishing, London, 155 -169, 2005a.
DE KREUK, M. K.; HEIJNEN, J . J .; VAN LOOSDRECHT, M. C . M. Sinnlitaneous COD,
nitrogen and phosphate remova! by aerobic granular sluclge . Biotechnology and Bioengineering,
v. 90, n2 6, p. 76 1-769, 2005b.
DE KREUK, M. K.; PRONK, M.; VAN LOOSDRECHT, M. C . M. Formation of aerobic granules
and conversion processes in an aerobic granular sludge reactor at moderate and low ten1perature.
Water Research, v. 39, n2 18, p. 4.476-4.484, 2005c.
DE KREUK, M. K.; VAN LOOSDRECHT, M. C . M. Selection of slow growing organisms as a
n1eans for improving aerobic granular sludge stability liVa.ter Science and Technology, v. 49,
p. 9 - 17, 2004.
DURMAZ, B.; SANIN, F. D. Effect of carbon to nitrogen ratio on the composition of microbial
extracellular polymers in activated sludge. Water Science and Technology, v. 44, n52 10, p. 221-229,
2001 .
166 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
KIM, S. M.; KIM, S. H.; CHOI, H. C.; KIM, I. S. Enhanced aerobic floc-like granulation and
nitrogen remova! in a sequencing batch reactor by selection of settling velocity. Water Science and
Technology, v. 50, n.Q 6, p. 157-162, 2004.
KJELLEBERG, S.; HERMANSSON, M. Starvation-induced effects on bacterial surface
characteristics. Applied andEnvironmental Microbiology, v. 48, p. 497-503, 1984.
LETTINGA, G.; VAN VELSEN, F. M.; HOBMA, S. vV.; DE ZEEUW, W.; KLAPvVIJK, A. Use
of upflow sludge blanket reactor concept for biological wastewater treatment, especially for
anaerobic treatment. Biotechnology andBioengineering, v. 22.; p. 699- 734, 1980.
WPEZ-VAZQUEZ, e. M.; BRDJANOVIC, D.; HOOIJMANS, e. M.; GIJZEN, H. J.; VAN
LOOSDRECHT, M. C. M. Factors affecting the occurrence of phosphorus accunn1lating
organisn1s (PAO) and glycogen accumulating organisms (GAO) at full-scale enhanced biological
phosphorus remova! (EPBR) wastewater treatn1ent plants. Water Research, v. 42, nº' 10- 11,
p. 2.349-2.360, 2008 .
LOPEZ-VAZQUEZ, e. M.; OEHMEN, A.; HOOIJMANS, e. M.; BRDJANOVIC, D.; GIJZEN,
H. J.; YUAN, Z.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M. Modelling the PAO-GAO competition: effects
of carbon source, pH and temperature. Water Research, v. 43, n2 2, p. 450-462, 2009.
LIN, Y. M.; LIU, Y.; TAY, J. H. Developn1ent and characteristics of phosphorous-accunnilating
granules in sequencing batch reactor. Applied 1'\1icrobiology and Biotechnology, v. 62, p. 430-435,
2003.
LIU, Y. Q.; LIU, Y.; TAY, J. H. The effects of extracellular polymeric substances on the formation
and stability of biogranules. Applied Microbiology and Biotechnology , v. 65, p. 143-148, 2004b.
LIU, Y.; LIU, Q.-S. Causes and contrai of filamentous growth in aerobic granular sludge sequencing
batch reactors. Biotechnology Advances, v. 24, p. 115- 127, 2006.
LIU, Y.; QIN, L.; TAY, J. H. Effect of settling on aerobic granulation in sequencing batch reactor.
Biotechnology andBioengineering, v. 21, p. 47-52, 2004.
LIU, Y. Q.; TAY, J. H. Influence of cycle time on kinetic behaviors of steady-state aerobic granules
in sequencing batch reactors. Enzyme and Microbial Technology, v. 41, p. 516-522, 2007.
LIU, Y.; TAY, J . H. State of the art of biogranulation technology for wastewater treatment.
Bioechnology Advances, v. 22, p. 533-563, 2004.
LIU, Y.; TAY, J. -H. The essen tia! role of hydrodynan1ic shear force in the fonnation of biofilm and
granular sludge. Water Research, v. 36, p. 1.653-1.665, 2002 .
LIU, Y.-Q.; LIU, Y.; TAY, J.-H. The effects of extracellular polyineric substances on the forn1ation
and stability of biogranules. Applied 1'\1icrobiology and Biotechnology, v. 65, p. 143-148, 2004.
LIU, Y. -Q.; TAY, J. H. Influence of starvation tin1e on formation and stability of aerobic granules
in sequencing batch reactors. Bioresource Technology, v. 99, n2 5, p. 980-985 , 2008 .
LIU, Y.; YANG, F. ; WANG, F; ZHANG, H.; ZHANG, X. Study on the stability of aerobic granules
in a SBAR-Efect of superficial upflow air velocity and carbon source. In: BATHE, S.; DE
KREUK, M.; McSWAIN, B.; SCHvVARZENBECK, N. Aerobic Granular Sludge. \;1/a ter and
Environn1ental Management Series, IWA Publishing, London, 35-43, 2005.
McSWAIN, B. S.; IRVINE, R. L.; WILDERER, P. A. The effect of intermittent feeding on aerobic
granule structure. 'vVaterScienceand Technology , v. 49, 1121 11-12, p. 19-25, 2004.
168 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
NIELSEN, P H.; JAHN, A. Extraction of EPS. ln: \VINGERDEN, J. ; NEU, T. R.; FLEMMING,
H. C. (Eds) . Microbial Extracelular Polymeric Substances. Springer, Berlin, p. 2 1-47, 1999.
OEHMEN, A.; SAUNDERS, A. M.; VIVES, M. T.; YUAN, Z.; KELLER, J. Competition between
polyphosphate anel glycogen accu1nulating organisms in enhanceel biological phosphorus remova!
systems with acetate anel propionate as carbon sources. Journal of Biotechnology, v. 123, nll 1,
p. 22-32, 2006 .
TAY, J. B.; LIU, Q. S.; LIU, Y. The effects of shear force on the formation, structure and n1etabolisn1
of aerobic granules. Applied Microbiology Biotechnology, v. 57, p. 227 -233, 2001 b.
TAY, J. B.; LIU, Q. S.; LIU, Y. The role of cellular polysaccharides in the formation and stability
of aerobic granules. L etters in Applied 111icrobiology, n-º 33, p. 222-226, 2001c.
TAY, J. B.; LIU, Q. S.; LIU, Y.; SBOvV, K .-Y.; IVANOV, V.; TAY, S. T.-L. A comparative study
of aerobic granulation in pilot- and laboratory scale SBRs. ln: BATBE, S.; DE KREUK, M.;
McSvVAIN, B.; SCB\VARZENBECK, N. Aerobic Granular Sludge. Water and Environn1ental
Management Series, IvVA Publishing, London, 125-133, 2005.
TAY, J. B.; YANG, S. F; LIU, Y. Bydraulic selection pressure-induced nitrifying granulation in
sequencing batch reactors. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 59, p. 332-33 7, 2002b.
TAY, S. T. L.; IVANOV, V.; YI, S.; ZHUANG, vV. Q.; TAY, J. B. Presence of anaerobic Bacteroides in
aerobically grown microbial granules. Microbial Ecology, v. 44, p. 278-28 5, 2002a.
TBIRD, K. A.; BURNETT, N.; CORD-RUvVISCB, R. Simultaneous nitrification and
denitrification using stored substrate (PBB) as the electron donor in an SBR. Biotechnology and
Bioengineering, v. 83, n-º 6, p. 706-720, 2003.
TIJHUIS, L.; VAN BENTHUM, vV. A. J.; VAN LOOSDRECBT, M. C. M.; BEIJNEN, J. J. Solids
retention time in spherical biofiln1s in a biofiln1 airlift suspension reactor. Biotechnology and
Bioengineering, v. 44, n-º 8, p. 867-879, 1994.
TSUNEDA, S.; NAGANO, T.; BOSBINO, T.; EJIRI, T.; NODA, N.; BIRATA, A. Characterization
of nitrifying granules produced in an aerobic upflow fluidized bed reactor. Water Research, v. 37,
n2 20, p. 4.965-4.973, 2003 .
TSUNEDA, S.; OGIWARA, M.; EJIRI, Y.; BIRATA, A. Bigh-rate nitrification using aerobic
g1·anular sludge. liVater Science and Technology, v. 53, n2 3, p. 147-154, 2006 .
VAN LOOSDRECBT, M. C. M.; EIKELBOOM, D.; GJALTEMA, A.; MULDER, A.; TIJHUIS,
L.; BEIJNEN, J. J. Biofilm structures. liVaterScience and Technology, v. 32, p. 235-243, 1995.
VARON, M.; CBODER, M. Organization and cell-cell interaction in starvedSaccharomyces cerevisiae
colonies. The ]ournalofBacteriology, v. 182, p. 3.877 -3.880, 2000.
VILLASENOR, J. C.; VAN WOSDRECBT, M. C. M.; PICIOREANU, C.; BEIJNEN, J. J.
Influence of different substrates on the forn1ation of biofilms in a biofilm airlift suspension
reactor. Water Science a-nd Technology, v. 41, n2 4-5, p. 323-330, 2000 .
WANG, X. B.; ZHANG, B. M.; YANG, F L.; XIA, L. P.; GAO, M. M. I1nproved stability and
perfonnance of aerobic granules under stepwise increased selection pressure. Enzyme and
Microbial Technology, v. 41, n2 3, p. 205-211, 2007.
WANG, Z. vV.; LIU, Y.; TAY, J. B. Distribution of EPS and cell surface hydrophobocity in aerobic
granules. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 69, p. 469-473, 2005.
WANG, z. vV.; LIU, Y.; TAY, J. B. The influence of short-tern1 starvation on aerobic granules.
Process Biochemistry, v. 41, p. 2 .3 73-2 .378, 2006 .
WEBER, S. D.; LUD~'IG, W.; SCBLEIFER, K.-B.; FRIED, J. Microbial composition and
Structure of Aerobic Granular Sewage Biofilms. Applied and Environ-mental Microbiology, v. 73,
n2 19, p. 6.233-6.240, 2007.
170 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
WILEN, B. M.; ONUKI, M.; HERMANSSON, M.; LUMLEY, D.; MINO, T. Microbial community
structure in activated sludge floc analysed by fluorescence in situ hybridization and its relation
to floc stability. Water R esearch, v. 42, n~ 8-9, p. 2 .300-2 .308, 2007.
WINKLER, M-K.H.; BASSIN, J .P; KLEEREBEZEM, R.; DE BRUIN, L.M.M.; VAN DEN
BRAND, T.PH.; VAN LOOSDRECHT, M.C.M. Se!ective sludge remova! in segregated aerobic
granular biomass system as a strategy to contrai PAO-GAO competition at high ten1peratures.
Water R esearch, in press doi: 10 .1016/j .watres.20 11.03 .024.
XU, H.; LIU, Y. Mechanisms of Cd2 + , Cu2 + and Ni2 + biosorption by aerobic granules. Sep Purif
Technology, v. 58, n12 3, p. 400-411, 2008.
YANG, S. F.; LI, X. Y.; YU, H. Q. Forn1ation and characterisation of fungai and bacterial granules
under different feeding alkalinity and pH conditions. Process Biochemistry, v. 43, p. 8- 14, 2008.
ZHANG, X.; BISHOP, P L. Biodegradability of biofilm extracellular polyn1eric substances,
Chemosphere, v. 50, p. 63 -69, 2003.
ZHENG, Y. M.; YU, H. Q.; SHENG, G. P Physical and chen1ical characteristics of granular
activated sludge from a sequencing batch airlift reactor. Process Biochemistry, v. 40, p. 645-650,
2005 .
ZHU, L.; XU, X. Y.; LUO, W. G.; TIAN, Z. J.; LIN, H. Z. ; ZHANG, N. N. A con1parative study
on the formation and characterization of aerobic 4-chloroaniline-degrading granules in SBR and
SABR.AppliedMicrobiology andBiotechnology, v. 79, 1112 5, p. 867-874, 2008.
ZITA, A.; HERMANSSON, M. Detennination of bacterial cell surface hydrophobicity of single
cells in cultures and in 1vvastew-ater in situ. FEMS Microbiology L etters, v. 152, p . 299-306, 1997.
Capítulo '5
5.1 INTRODUÇÃO
5.2.1 INTRODUÇÃO
(5 .1)
(5 .2)
174 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
(5 .3)
'
Agua de 232-12 587 81-750 260-958 G il e Choi (2004)
rejeiçãoc n.m. 943-1 513 Jenicek et alii (2004)
390-2 720
610 140 910 Wyffels et alií (2003)
Efluente
Planta principal de tratamento
Afluente
Retorno de lodo
Excesso de lodo
Tratamento separado da
corrente rica em n'itrogênio Digestor de lodo
(processo side-sfream)
Nos últimos anos, o paradigma de que o único modo para converter biolo-
gicamente amônio para nitrogênio gasoso era a completa oxidação de amônio a
nitrato (nitrificação) seguida da redução de nitrato a nitrogênio gasoso (desnitri-
ficação), tornou-se obsoleto. Com o descobrimento de novas rotas metabólicas,
novos processos de remoção de nitrogênio mais sustentáveis foram desenvolvidos
e vêm sendo aprimorados continuamente à medida que as pesquisas nesse as-
sunto avançam. Con10 exemplo dos novos processos envolvidos na re1noção de
nitrogênio pode-se mencionar: nitrificação parcial, nitritação parcial (SHARON -
Single Reactor HighActivity Ammonia Removal Over Nitrite), Anammox (Anaerobic
ammonium oxidation), desamonificação aeróbia/anóxica, OLAND (Oxygen Limited
Autotrophic Nitrification and Denitrification), CANON (Completely Autotrophic
Nitrogen Removal Over Nitrite) e sistemas wetlands (banhados artificiais).
De forma geral, a aplicação específica das alternativas disponíveis para a
remoção de nitrogênio precisa ser avaliada em relação a aspectos envolvendo cus-
tos, requerimentos químicos e energéticos, experiência de operação, confiabilidade
do processo e impacto ambiental. Entretanto, a seleção da melhor alternativa é
usualmente baseada em critérios de custo. Os novos processos vão ao encontro dos
objetivos de redução de custo operacional. A grande maioria dos novos processos
busca realizar a remoção de nitrogênio via nitrito (aceptor de elétrons) e não via
nitrato como ocorre no processo convencional .
O processo de nitritação-desnitritação via nitrito (equações 5 .4 e 5 .5) é um
exemplo de processo alternativo para remoção de nitrogênio. Apresenta menor
consumo de oxigênio na nitrificação (nitrificação parcial até nitrito) e menor re-
querimento de carbono orgânico para a desnitrificação (nitrito e não nitrato deve
ser reduzido a nitrogênio gasoso) (SCHMIDT et alii, 2003) . Outra vantagem é a
menor produção de lodo. A aplicação do processo con1binado de nitritação parcial/
Anammox (detalhado posteriormente no texto) traz ainda mais vantagens, como
mostra a tabela 5 .2 . Nesse último processo não há necessidade de matéria orgâ-
nica, uma vez que a remoção de nitrogênio é realizada por bactérias autotróficas.
Esse processo é especialmente indicado para o tratamento de águas residuárias
cuja razão C/N é baixa (RUIZ et alii, 2003) e que contêm altas concentrações de
amônio (entre 100 e 5 000 n1gN/L) (MULDER, 2003) . Nessa faixa, o processo
de remoção autotrófica de nitrogênio é mais vantajoso em relação ao processo con-
vencional de nitrificação e desnitrificação, requerendo menos energia e produtos
químicos.
(5.4)
(5.5)
178 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
TABELA 5.2 Comparação dos diversos processos de remoção de nitrogênio (adaptado de AHN,
2006 e PLAZA et alii, 2003)
Matéria orgânica Matéria orgânica
Oxigênio
(DQO) necessária (DQO) necessária
Processo necessário
sem assimilação com assimilação
(gO/ gN)
(gDQO/gN) (gDQO/gN)
~ Fixação de nitrogênio
~ Remoção tradicional de nitrogênio
(a)
Nitrificação
Oxidaçã.o de
Oxidação de amônio
nitrito
N2
óxico Assim/ação ~xação de N
Assimilação
N0
3 _ _., N o rg. NH+
4
anóxico
Red. dis. de
N03 aNHt :' Fixação de N
Anammox
N2
NO
Desnitrificação
(b)
FIGURA 5.2 Representação esquemática do ciclo do nitrogênio: (a) comparação simplificada
entre o processo convencional de remoção de nitrogênio e o Processo Anammox ; (b) principais
reações óxicas e anóxicas envolvidas no ciclo do nitrogênio. As diversas reações que ocorrem em
condições anóxicas estão indicadas em diferentes tonalidades de cor: cinza-claro (desnitrificação) ,
cinza-escuro (redução dissimilatória de nitrato a amônia) e preto (Anammox). A linha tracejada indica
a formação de N2O por bactérias oxidadoras de amônia (adaptado de MADIGAN et alii, 2000).
180 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
5.2.2.2 Conversões envolvidas noprocesso Anammoxecaracterísticas dos organi smos responsáveispor esse
processo
(5 .6)
de uma molécula de CO2 com nitrito funcionando como doador de elétrons, levan-
do à produção anaeróbia de nitrato no anabolismo. Em p rocessos autotróficos, a
geração anóxica de n itrato pode servir como un1a medida do crescimento da bio-
massa Anammox e consiste em um bom indicativo da atividade Anammox (VAN
LOOSDRECHT, 2008).
vários dias sob condições de operação consideradas ideais (STROUS et alii, 1998;
T SUSHIMA et alii, 2007b) . De acordo com Schrnid et alii (2003), o tempo de
duplicação é de 11 dias. Outros autores, tais corno Van Der Star et alii (2008),
reportaram tempos de duplicação entre 5 ,5 e 7 ,5 dias, valores calculados tendo
corno base a máxima capacidade de conversão. Esses mesmos autores indicam a
possibilidade de se obte r tempos de duplicação ainda menores, em torno de três
dias. Outras pesquisas recentes apontaram a possibilidade de se obter ten1pos de
duplicação de apenas 1 ,8 dias em condições operacionais ideais (ISAKA et alii,
2006) . Urna possível explicação para que os resultados sejam divergentes é o
método usado para a determinação da taxa de crescimento. I saka et alii (2006)
determinaram a taxa de crescimento baseados na contagem direta de bactéria
Anarnrnox, enquanto os outros estudos basearam-se no rendimento da biomassa e
na taxa de remoção de nitrogênio.
O crescimento autotrófico é um processo substancialn1ente custoso en1 ter-
mos energéticos e, portanto, sempre leva a baixas taxas de crescimento quando
comparadas ao crescimento heterotrófico. Corno consequência, o período de par-
tida (start-up) do processo Anarnrnox é bastante longo e a obtenção de velocida-
des de processo mais adequadas é dificultada. O uso de reatores com sistemas
eficientes de retenção de biomassa é fundrunental para se conseguir o enrique-
cimento da cul tura CTETTEN et alii, 200 1). A baixa taxa de crescimento das
bactérias Anarnrnox e a dificuldade de se obter culturas enriquecidas desses micro-
-organismos certamente dificultam as pesquisas envolvendo o processo Anarnrnox
(ST ROUS et alii, 1998). No entanto, a baixa taxa de crescimento não significa
limitação da capacidade de remoção de nitrogênio, a qual pode atingir valores
entre 5-1 O rngN/rn3 .d devido ao fato dos micro-organismos Anarnrnox formarem
biofilrnes compactos ou grânulos, o que permite a obtenção de elevadas concentra-
ções de biomassa no reator.
Vale mencionar que o crescimento extremamente lento das bactérias Anarnrnox
não pode ser apenas explicado sin1plesn1ente por autotrofia. A energia obtida por
meio do catabolisrno (calculada por rnol de elétrons) é comparável com a do pro-
cesso autotrófico de nitrificação, embora a taxa de crescimento seja muito menor.
Outras explicações plausíveis para o crescimento lento podem estar relacionadas
ao fato de as bactérias Ana1nrnox possuíren1 baixa taxa de conversão intrínseca
(de arnônio e nitrito) ou, então, de o enriquecimento da cultura ser realizado em
condições de crescimento não ideais nos sistemas de cultivo.
Muitas incertezas existem em relação aos intermediários do catabolisrno das
bactérias Anarnrnox. Há, entretanto, um consenso geral de que a h id razina (N2 H 4)
é un1 intermediário. A produção de hidrazina a partir de hidroxilarnina pode ser
utilizada corno um método para detectar biomassa Anarnrnox ativa. A oxidação
desse composto a N 2 consiste na etapa geradora de energia. N it rito não é converti-
do diretamente à h idrazina, e sim via hidroxilarnina e/ou óxido nítrico (VAN DE
184 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
De acordo com Van Dongen et alii (200 1a), a enzima h idrazinase conve rte
hidroxilamina em hidrazina. A hidrazina fo rmada é oxidada pela hid roxilamina-
-oxido rredutase (HAO) para gás nitrogênio, etapa na qual são liberados quatro
prótons e quat ro elétrons. Quando nitrito está presente no sistema, os quatro
elétrons liberados, juntamente com o nit rito, são convertidos em hid roxilamina
pela enzima nit ritorredutase. Quando nit rito não está presente no sistema e o
processo Anan1mox é operado sob condições de limit ação de nitrito, os elétrons
deixam o sistema de outra manei ra. Esse p rocesso geralmente ocorre por reação
de despropo rcionamento de hid razina para a111ônio e gás n it rogênio de acordo com
a reação 5 .10 .
(5. 10)
Anamrnoxosomo
Riboplasma
Parifoplasma
FIGURA 5.4 Representação esquemática dos diferentes compartimentos das bactérias Anammox
(adaptado de LINDSAY et alii, 2001 e FUERST, 2005). O citoplasma é dividido em parifoplasma
(compartimento exterior), riboplasma (onde se encontram os ribossomos e o cromossomo) e
Anammoxosomo (onde a maioria ou todos os citocromos c estão presentes e onde se acredita
ocorrer o catabolismo).
186 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
(a) (b)
FIGURA 5.5 Biomassa Anammox na forma de grânulos (a) e em suspensão - células livres (b).
NO-+-
FIGURA 5.6 Modelo bioqu ímico representando a oxidação anaeróbia de amônia acoplada à
membrana do Anammoxosomo em bactérias Anammox , resultando na força próton-motora e
subsequente síntese de ATP por meio dasATPases ligadas à membrana. bc1: complexo do citocromo
bc1; cit: citocromo; hao: hidrazina/hidroxilamina oxidorredutase; O: coenzima Q; a: compartimento
do Anammoxosomo; r: compartimento do riboplasma (adaptado de STROUS et alii, 2006).
188 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
só membrana traria, uma vez que essa deveria ser impermeável e permeável ao
mesmo tempo . Adicionalmente, o uso de um compartimento intracitoplasmático
(Anammoxosomo) para a síntese de ATP por meio da força próton-motora resulta
em um controle total dessa força, permitindo uma eficiente transdução de energia.
Até o presente momento, quatro gêneros de bactérias Anammox foram descri-
tos, sendo a similaridade das sequências do gene 16S rRNA das espécies variando
entre 8 7 e 99% (SCHMID et alii, 2007). Apesar dessa distância filogenética re-
lativamente grande, todos os organismos Anammox pertencem à mesma família,
denominadaAnammoxcueae GETTEN et alii, 2008), formando um grupo mono-
filético pertencendo ao filo dos Planctomicetos (Strous et alii, 1999a). Uma carac-
terística dos Planctomicetos se refere ao seu não usual alto nível de organização
celular, sendo que cada célula consiste em um ou mais compartimentos internos
envoltos por membranas com funções variáveis e desconhecidas (LINSAY et alii,
200 1; FUERST, 2005).
Entre as diferentes bactérias Anammox, pode-se n1encionar as enrique-
cidas a partir do processo de lodos ativados, tais con10 "Candidatus Kuenenia
stuttgartiensis" (Schmid et alii, 2000), "Candidatus Brocadia Anammoxidans"
(STROUS et alii, 1999a), "Candidatus Brocadia fulgida" (KARTAL et alii, 2004)
e "Candidatus Anamn1oxoglobus propionicus" (KARTAL et alii, 2007) e as detec-
tadas em ambientes marinhos, especialmente em sedimentos e zonas com mínima
concentração de oxigênio, tais como "Scalindua brodae", "Scalindua wageneri" e
"Scalindua sorokinii" (SCHMID et alii, 2003).
Uma vez que nenhuma bactéria Anammox foi obtida em cultura pura, to-
das as espécies levam o nome Candidatus. "Brocadia" e "Kuenenia" foram geral-
mente enriquecidas em experimentos de laboratório util izando-se meio similar
ao usado por VAN DE GRAAF et alii (1996) independentemente do inóculo
usado (SCHMID et alii, 2000; VAN DONGEN et alii, 2001 b; CHAMCHOI e
NITIROSAVUT, 2007) . A adição de ácidos graxos levou ao enriquecimento de
"Anammoxoglobus" (KARTAL et alii, 2007) e "Brocadia fulgida" (KARTAL et
alii, 2004; KARTAL et alii, 2008). Apesar da considerável diversidade em dife-
rentes sistemas de enriquecimento, "Scalindua sorokinii" é a espécie dominante
em ambientes n1arinhos.
Alguns estudos apontaram que, além da conversão de amônio e nitrito, bac-
térias Anammox pertencentes aos gêneros "Brocadia", "Anammoxoglobus" e
"Kuenenia" são também capazes de metabolizar ácidos graxos, tais como pro-
pionato, acetato e formiato (GÜVEN et alii, 2005; KARTAL et alii, 2008). A
oxidação desses ácidos graxos a C02 é acoplada à redução de nitrato (via n itrito)
a amônio. Dessa maneira, as bactérias Anammox são capazes de produzir seu
próprio substrato (amônio e nitrito) para executar seu catabolismo (figura 5 . 7).
190 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Acetato Acetato
Propionato Propionato
Formato C0 Formato C0
_v. _V+
2 2
N03
____ N02
\..._
y
NH1
/
FIGURA 5.7 Versatilidade metabólica das bactérias Anammox. Além da conversão de amônia e
nitrito (linhas sólidas), bactérias Anammox utilizam ácidos graxos de cadeia curta como doador de
elétrons para amonificação (linhas tracejadas) (adaptado de VAN DER STAR, 2008).
Substratos e produt os
Oxigênio
Carbonoorgânico
Temperatura e pH
que o processo Anammox necessite de uma etapa adicional para a redução do ni-
t rato a nitrito. Devido ao fato de a concentração de oxigênio dissolvido diminuir
progressiva1nente ao longo do sedimento, nas camadas n1ais p rofundas redutores
de nitrato podem ocasionar o acúmulo de nitrito, permitindo a ocorrência do pro-
cesso Anammox (DALSGAARD et alii, 2005).
Embora as propriedades físicas do lodo e as populações bacterianas possam
permanece r invariáveis du rante a operação do reator em tempe raturas mais baixas,
a taxa de conversão de nitrogênio é substancialmente din1inuída. Esse problema
pode ser minimizado de acordo com a estratégia descrita por Isaka et alii (2006),
os quais conseguiram atingir alta taxa de conve rsão de nitrogênio (8, 1 kgN/m3 • d)
por meio da redução do tempo de retenção hidráulica (TRH) e por meio da adição
de concentrações apropriadas e não inibitórias de nitrito no afluente .
Concentração de biomassa
Sólidos em suspensão
Nitritação
0,45 NH;
- - 0 , 1 N03
O, 55 NO-2
Anóxico
Nitrição + Anammox
FIGURA 5.8 Remoção de amônio por meio do processo Anammox realizada em duas configurações
de reatores: (a) configuração de dois reatores, nitritação ocorre no primeiro reator (aerado) e o
processo Anammox ocorre no segundo reator (anóxico); (b) ambos processos ocorrem no mesmo
reator aerado (adaptado de VAN DONGEN et alii, 2001 b).
controle de realimentação. Uma das razões que torna essa conversão possível é
que, depois de 50% do amônio ser oxidado, o decréscimo no pH impede a oxidação
do runônio residual.
Por meio da limitação do fornecimento de oxigênio em reator nitrificante
com retenção de lodo, o mesmo resultado pode ser obtido, embora o controle de
realimentação possa ser necessário (STROUS et alii, 1997). É importante que o
afluente do reator Anammox tenha uma composição constante, tendo e1n vista
a toxicidade do nitrito, independentemente da estratégia utilizada para obter as
proporções adequadas de amônia e nitrito no primeiro reator (nitritação parcial) .
A aplicação da configuração com dois reato res é especialmente apropriada
quando compostos orgânicos biodegradáveis e compostos tóxicos estejam presen-
tes, uma vez que esses são degradados na etapa prévia de nitritação parcial, im-
pedindo a sua entrada no reator Anrunmox (VÁZQUEZ-PADÍN et alii, 2009;
LACKNER et alii, 2008).
Conforme já 1nencionado, a remoção de nitrogênio baseada na nitritação par-
cial com o processo Anammox apresenta muitas vantagens. Além de não necessi-
tar da adição externa de carbono, gera pouca quantidade de lodo e requer menos
oxigênio que o processo convencional (40% menos), o que implica em economia
de energia (AHN, 2006). Além disso, a operação de um sistema contendo dois
reatores separados (um para nitritação parcial e outro para o processo Anammox)
é mais flexível em comparação com a configuração na qual ambos os processos
ocorrem em um único reator. Adicionalmente, pelo fato dos dois processos ocorre-
rem em diferentes unidades, o desempenho do processo é mais estável (WYFFELS
et alii, 2004).
Nitritaçãoparcial
TABELA 5.3 Efeito de alguns fatores (temperatura, pH, amônia livre, ácido nitroso) no
crescimento e na atividade das bactérias nitrificantes
Temperatura
T > 15ºC Bactérias oxidadoras de amônio crescem van Dongen et atii (2001a),
mais rapidamente que bactérias oxidadoras Brouwer et alii ( 1996)
de nitrito
pH
7,0-8,0 Faixa ótima para a nitrificação Antoniou et atii ( 1990);
Painter e Loveless (1983)
150 mg/L Inibição das bactérias oxidadoras de amônio Anthonisen et alii (1976) ;
e oxidadoras de nitrito
1-7 mg/L Inibição das bactérias oxidadoras de amônio Anthonisen et alii (1976),
e acúmulo de nitrito Abeling e Seyfried (1992);
Kim et alii (2003)
Ácido nitroso Inibição das bactérias oxidadoras de amônio Anthonisen et alii (1976)
> 2,8 mg/L e oxidadoras de nitrito
(5 .11)
(5 .1 2)
equação global :
2NH3 + 202 ~ HNO2 + H 2 O (5 .1 3)
Lodos ativados < 0,5 Acúmulo de amônio e nitrito Ruiz et a/ii (2003)
1,7 Nitrificação completa
Reator air-lift 1,0 Operação estável com 100% de Kim et alii (2003)
acúmulo de nitri to
Reator com biofilme 0,5 Acúmulo estável de nitrito (90%) e Bernet et alii
100% de remoção de amônio (2001)
> 0,5 Acúmulo de nitrato no efluente;
diminuição da 0D propicia
novamente acúmulo de nitrito
Filtro biológico 2,0 - 5,0 Acúmulo de nitrito de até 60% da Joo et alii (2000)
aerado conversão de amônio
Embora não seja adequado para o tratamento de todos os tipos de águas resi-
duárias, devido à alta dependência com a temperatura, este processo é ideal para
a ren1oção de nitrogênio de efluentes con1 alta concentração an1oniacal (efluente
de digestores de lodo, lixiviados de aterros sanitários, água residuária de processos
de compostagem e condensados do processo de secagem do lodo), os quais iriam
consumir quantidades enormes de oxigênio dissolvido para realizar o processo
convencional de nitrificação (AHN, 2006).
Muitas vezes, o processo SHARON pode funcionar como um pré-tratamento,
aplicado para reduzir substancialmente a concentração de amónio, possibilitando
com isso a introdução de um sistema convencional posterior para o polimento
final da água residuária em questão (HELLINGA et alii, 1998; MULDER e
KEMPEN, 1997). Nesse caso, a aplicação do sistema SHARON, como um pro-
cesso side-stream, isto é, separado do processo principal, pode ser avaliado em
termos de carga removida e não em tern1os de qualidade de efluente, uma vez que
o efluente do reator SHARON será descartado posteriormente na planta principal
de tratamento (VAN LOOSDRECHT, 2008).
O processo SHARON faz uso das diferentes velocidades de crescimento das
bactérias oxidadoras de amônia e das oxidadoras de nitrito e1n temperaturas sufi-
cientemente altas (maiores que 26ºC). Sendo assim, está ligado à seleção de bac-
térias oxidadoras de amónio (a partir de um inóculo proveniente de um sistema
no qual ocorre a nitrificação) em reato r contínuo operado com altas vazões espe-
cíficas de alimentação. Essas condições de processo são desfavoráveis às bactérias
responsáveis pela oxidação do nitrito, podendo provocar o seu arraste (SCHMIDT
et alii, 2003; MULDER e KEMPEN, 1997).
Na proposta original, imaginou-se operar o sistema utilizando aeração inter-
mitente, intercalando períodos nos quais o reator é aerado, provocando a redução
do pH com a geração de nitrito (nitritação), e períodos sem aeração, propiciando
condições anóxicas com adição de fonte externa de carbono e levando o nitrito a
N 2 (desnitritação), com consequente aumento do pH e produção de alcalinidade,
compensando o efeito acidificante da nitrificação. Desse modo, os períodos aera-
dos e anóxicos eram definidos em função dos valores limites de pH estipulados a
priori. As reações envolvidas poderiam se r representadas segundo as equações 5 .4
e 5 .5.
A alcalinidade é um importante fator no processo SHARON, uma vez que,
dependendo do valor desse parâmetro, um reator SHARON pode converter uma
fração ou ainda toda carga de amónio em nitrito. Caso o objetivo seja a aplicação
de um processo Anammox subsequente para a remoção de nitrogênio, uma razão
molar amônio:nitrito de 1 :1 deve ser atingida. Essa razão pode ser atingida por
meio do controle da alcalinidade da água residuária. Em virtude da oxidação de
1 mol de amônia a nitrito consumir 2 moles de bicarbonato e, tendo em vista de
que esse processo praticamente é interro1npido e1n valores de pH abaixo de 6,5,
206 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
maneira, alguns parâmetros de processo, tais como, oxigênio dissolvido e pH, de-
vem ser controlados no processo SHARON com o intuito de se obter a razão ideal
a1nônio/nitrito para o processo Ana1n1nox subsequente (VOLCKE et alii, 2006) .
Outra desvantagem do processo SHARON é o fato de a máxima capacidade
volumétrica ser limitada, uma vez que a biomassa é constantemente removida
do sistema. No intuito de assegurar condições estáveis, o TRH mínimo de um
quimiostato é limitado a 1 - 1,2 dias. Nos MBR, RBS e outros sistemas com
biofilme, a biomassa é retida mais facilmente, permitindo que o TRH seja inde-
pendente do tempo de retenção celular. Nesses sistemas, em particular, é possível
a apl icação de TRH n1enores que 1 dia, o que resulta em maiores capacidades
volumétricas (WYFFELS et alii, 2004) .
Como mencionado anteriormente, a temperatura é um parâmetro crucial
para o bom desempenho de um reator SHARON. Geralmente esse processo é
operado em temperaturas relativamente elevadas (acima de 26ºC), condições nas
quais as bactérias oxidadoras de amônia levam vantagem em relação às oxidado-
ras de nitrito. No entanto, quando o afluente do processo SHARON (geralmente
efluente de digestores de lodo) apresenta temperaturas abaixo de 24ºC, a taxa
máxima de crescimento dos organismos que oxidan1 amônia se torna menor do
que a dos que oxidam nitrito; em decorrência, o nitrito formado é convertido em
nitrato (FUX et alii, 2002) .
Levando-se em consideração que o uso da temperatura, como critério de se-
leção das populações 1nicrobianas do1ninantes, não é muito favorável e1n termos
econômicos e, tendo em vista a dificuldade de n1odificar e controlar esse parâ-
metro em reatores de escala industrial, outras estratégias são necessárias para
se atingir a nitritação parcial em temperaturas menores que 24º C. Entre elas se
pode mencionar a inibição das bactérias oxidadoras de nitrito por amônia livre
ou ácido nitroso, ou ainda, a manutenção do reator sob condições de limitação de
ox1gen10.
• A •
valores muito baixos. Além disso, o uso de aeração alternada para limitar a oxi-
dação de amônio somente até o nitrito tem favorecido principalmente a aplicação
de processos de remoção simultânea de amônio e nitrito, a exemplo do processo
Anammox e OLAND (MULDER et alii, 1995; KUAI e VERSTRAETE, 1998).
Ruiz et alii (2003) determinaram as melhores condições para a nitrificação
parcial, com acúmulo de nitrito, em uma água residuária sintética com alta con-
centração de amônia, objetivando a diminuição da quantidade total de oxigênio
requerida na etapa de nitrificação . Operando um reator de lodo ativado em escala
laboratorial, elegeram o pH e o OD como parâmetros operacionais para avaliar
a possibilidade de acúmulo de nitrito, sen1 afetar a remoção global de an1ônia.
Segundo os autores, o pH não foi um parâmetro ideal para propiciar o acúmulo de
nitrito, tendo em vista que, enquanto este parâmetro apresentou valores na faixa
de 6,45 a 8,95, nitrificação completa até nitrato ocorreu no sistema e, em valores
de pH abaixo de 6,45 e acima de 8,85, ocorreu con1pleta inibição do p rocesso
de nit rificação. De maneira diametral1nente oposta, mantendo-se a concentração
de OD no reator em 0,7 mg/L, foi possível acumular mais de 65% do nitrogênio
amoniacal na forma de nitrito com conversão de amônia de 98%. Já em concen-
trações de OD abaixo de 0,5 mg/L, houve acúmulo de amônia e, e1n concentrações
acima de 1, 7 mg/L, completa nitrificação até nitrato foi atingida (RUIZ et alii
2003) .
Wyffels et alii (2004) utilizaram um biorreator com membranas como pri-
meira etapa do processo de remoção autotrófica de nitrogênio, o qual foi sub-
metido a concentrações de oxigênio dissolvido inferiores a O, 1 1ng/L. O pH foi
mantido em 7, 9 e a temperatura em 35ºC. A diminuição da temperatura não
ocasionou efeito significativo na razão amônio/nitrito obtida. Adicionalmente, a
redução da concentração de NH3 (o que provavelmente deve ter contribuído para
diminuir o seu efeito inibitó rio aos oxidadores de nitrito), também não acarretou
a modificação da razão amônio/nitrito obtida. Esses resultados permitiram inferir
que a limitação de oxigênio é o principal fator operacional que determina a razão
amônio/ni trito.
De forma geral, as diferentes estratégias utilizadas nos trabalhos descritos an-
teriormente para conseguir obter a nitritação parcial desejada e produzir o afluen-
te ideal para o processo Anammox podem ser sumarizadas da seguinte maneira:
• Operação do reator em baixas concentrações de oxigênio dissolvido (me-
no r que 0,5 mg/L).
• Operação do reator e1n altos valores de pH (7,5-8,5), fazendo com que a
concentração de amônia livre aumente e a concentração de ácido nitroso
diminua.
• Operação do reator em alta temperatura (maior que 25ºC);
• Te1npo de nitrificação limitado, fazendo com que a oxidação de amônio
pare antes de sua conversão integral.
CAPÍTULO 5 ◊ NOVOS PROCESSOS DE REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO 211
Anammox
FIGURA 5.9 Reator com membranas para o cultivo de bactérias Anammox em suspensão (células
livres).
CAPÍTULO 5 ◊ NOVOS PROCESSOS DE REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO 213
Carga de Remoção de
Reator Água residuária nitrogênio nitrogênio Referência
(kgN/m 3 -d) (kgN/m 3 •d)
1
Líq uido
N0-3
I
Oxidadores Oxidador
de amôn io de nitrito
Biofilme
Substrato
FIGURA 5.1O Esquema da remoção autotrófica de nitrogênio em processos com biofilme (adaptado
de VAN LOOSDRECHT, 2008).
15
-z
,..-...
__J
0> 10
E
.,_..
o
u:o
e.,.
-._
(O
e:
O)
5
t.)
e
o
(.)
o
o 1 2 3
Oxigênio (mg/L)
FIGURA 5.11 Efeito da concentração de oxigênio dissolv ido no acúmulo de nitrito em um sistema
com biofil me (adaptado de VAN LOOSDRECHT, 2008).
CAPÍTULO 5 ◊ NOVOS PROCESSOS DE REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO 2 17
Carga de Remoção de
Reator Água residuária nitrogênio nitrogênio Referência
(kgN/m 2•d) (kgN/m 2 •d)
À primeira vista, parece óbvio que a 1nelhor configuração que permite a ob-
tenção de eficiente retenção de biomassa autotrófica de crescimento lento consiste
nos reatores operados em batelada sequencial, os quais permitem a manutenção
da biomassa no reator por meio da alternância das fases de reação/decantação.
Entretanto, altas taxas de ren1oção de nitrogênio também foram obtidas em ou-
tros tipos de reatores mencionados anteriormente, tais como os contactares bio-
lógicos rotativos (PYNAERT et alii, 2003; PYNAERT et alii, 2004) e reatores
air-lift (SLIEKERS et alii, 2003).
Em reatores con1 biofilme ou reatores com lodo granular, os micro-organis-
mos que oxidam amônia estão ativos nas regiões externas do biofilme (ou grânu-
lo), produzindo a quantidade apropriada de nitrito para os organismos Anammox,
os quais se encontran1 nas camadas mais internas. Dessa n1aneira, as bactérias
Anammox ficam protegidas do oxigênio, o qual é consumido nas camadas mais
externas do biofilme (grânulo) (WYFFELS et alii, 2004). A figura 5.12 apresenta
um reator de lodo granular no qual ocorre simultaneamente a nitritação parcial e
reação Anammox (processo CANON).
CAPÍTULO 5 ◊ NOVOS PROCESSOS DE REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO 219
FIGURA 5.12 Foto ilustrativa de um reator CANON de escala laboratorial no qual ocorre
simultaneamente a nitrificação parcial e a reação Anammox.
Uma variação dos reatores convencionais com biofiln1e é o reator com mem-
branas (GONG et alii, 2007), nos quais membranas hidrofóbicas e permeáveis
a gases são utilizadas para a transferência de oxigênio. Na região próxima às
membranas, oxigênio dissolvido está presente e é onde as bactérias oxidadoras de
amônio convertem amônio a nitrito. As bactérias Anammox, por sua vez, se en-
contram ativas na região rica em amônio, próxima à fase líquida.
220 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Processo CANON
(5 .14)
Processo OLAND
(5 .15)
Desamonificaçãoaeróbia/anóxica ouDEMON
Fixação de nitrogênio
Ar
Volatilização de amônia
Desnitrificação
monifica - Nitrificação anóxica)
Assimilaç
Assimilação
Sedimentação Difusão
Água
Nitrificação Sedimento
(óxica)
Assimilação
FIGURA 5.13 Il ustração simplificada dos processos integrantes do ciclo do nitrogênio e os fluxos
dos diferentes compostos nitrogenados em um sistema wetland. N0 rg : nitrogênio orgânico (adaptado
de BASTVIKEN , 2006).
NH4+ No - NO- N2
. 2 . 3
Nitrificação Nitratação Desnitrificação
(100) (100) (100) (1 00)
continua
228 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
continuação
NH+
4 Nitrificação NH+/NO
4 -
2 N2/NO3
parcial Anammox
(100) (50/50) (90/10)
N2/NO3
CANON/OLAND
(100) .___ _ _ _ _ (90/10)
d) CANON / OLAND
NO 3 (NO2")
Nitrificação
'
e) DEAMOX
5.4 REFERÊNCIAS
ABELING, U.; SEYFRIED, C. F Anaerobic-aerobic treatment of high strength ammoniun1
wastewater nitrogen removal via nitrite. Water Science and Technology, v. 26, p. 1.007-1.015,
1992.
ABELING, U.; SEYFRIED, C. F Anaerobic-aerobic treatment of potato-starch wastewater. Water
Scienceand Technology, 28, p. 165-176, 1993.
ABELIOVICH, A. Tranformations of amn1onia and the environmental impact of nitrifying bacteria.
B iodegradation, v. 3, p. 255-264, 1992.
AHN, Y. H. Sustainable nitrogen elimination biotechnologies: a review. Process Biochemistry, v. 41,
p. 1.709-1.721, 2006 .
AHN, Y. H.; HWANG, I. S.; MIN, K. S. Anan1moxand partia! denitrification in anaerobic nitrogen
remova! fron1 piggery waste. Water Science and Technology, v. 49, p. 145-153, 2004.
ALLEMAN, J. E. Elevated nitrite occurrence in biological waste,vater treatment systems. Water
Scienceand Technology, v. 17, p. 409-419, 1984.
ANTHONISEN, A. C.; LOEHR, R. C.; PRAKASAM, T. B. S.; SRINATH, E. G. Inhibition of
nitrification by ammon ia and nitrous-acid.Journal l-Vater Pollution Cont1'ol Federation, v. 48, p. 835-
852, 1976.
ANTONIOU, P.; HAMILTON, J,; KOOPMAN, B.; JAIN, R.; HOLLOvVAY, B.; LYBERATOS, G.;
SVORONOS, S. A. Effect of temperature and pH on the effective n1a,"<imun1 specific growth rate
of nitrifying bacteria. Water Research, v. 24, p. 97-10 1, 1990.
ARROJO, B.; MOSQUERA-CORRAL, A.; CAMPOS, J. L.; MÉNDEZ, R. Effects of mechanical
stress on Anammox granules in a sequencing batch reactor (SBR).]ournal of B iotechnology, p. 453-
463, 2006.
AUSTERMANN-HAUN, U.; Meyer, H.; Seyfried, C.; Rosenwinkel, K.-H. Full scale experiences
with anaerobic/aerobic treatn1ent plants in the food and beverage industry Water Science a.n d
Technology, v. 40, p. 305-312, 1999.
BALMELLE, B.; NGUYEN, K. M.; CAPDEVILLE, B.; CORNIER, J . C.; DEGUIN, A. Study of
factors controlling nitrite build-up in biological processes for water nitrification. vVater Science
a,n d Technology, v. 26, p. 1.017- 1.025, 1992.
BASTVIKEN, S. Nitrogen remova! in treatn1ent wetlands - Factors influencing spatial and
temporal variations. Dissertation No 1041. Linkõping University, Sweden, 2006.
BERNET, N.; DANGCONG, P.; DELGENE'S, J.-P.; MOLETTA, R. Nitrification at low oxygen
concentration in biofiln1 reactor.Journal of En?Jironmental Engineering, v. 127, p. 266-271, 2001.
CAPÍTULO 5 ◊ NOVOS PROCESSOS DE REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO 231
BERNET, N.; SANCHEZ, O.; CESBRON, D .; STEYER, J . P.; DEI.GENES, J. P. Modeling and
control of nitrite accun1ttlation in a nitrifying biofilm reactor. B iochemical Engineering ] ournal.;
V. 24, p. 173-1 83 , 2005.
CHEN, M.; KIM , J. H.; KISHIDA, N.; NISHIMURA, O.; SUDO, R. Enhanced nitrogen remova!
using C/N load adjustment and real-time control strategy in sequencing batch reactors for swine
wastewater treatment. Water Science and Technology, v. 49, p. 309-3 14, 2004.
CHRISTENSEN, P. B.; NIELSEN, L. P.; SORENSEN, ].; REVSBECH, N. P. Denitrification
in nitrate-rich strean1s: diurna! and seasonal variation related to benthic oxygen n1etabolisn1,
L imnology a:nd Oceanography, v. 35, p. 640-651, 1990
CHUNG, J. ; BAE, vV.; LEE, Y.; KO, G.; LEE, S.; PARK, S. Investigation of the effect of free
an1monia concentration upon leachate treatment by shortcut biological n itrogen ren1oval process.
ln: I ~VA Speciality Sym-posium on Strong Nitrogenous and Agro-Wastewater, v. 1, Seoul, Korea, p.
93-104, 2003 .
CIRPUS, I. E. Y.; DE BEEN, M.; OP DEN CAMP, H. J. M.; STRUS, M.; LE PASLIER, D.;
KUENEN, G. ].; JETTEN, M. S. M. A new soluble 10 kDa 1nonoheme cytochron1e c-552 fron1
the Anan1mox bacterium Candidatus "Kuenenia stuttgart iensis" . FE1v.fS Microbiology Letters,
V. 252, p. 273-278, 2005 .
232 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
CIUDAD, G.; RUBILAR, O.; MUNOZ, P.; RUIZ, G.; CHAMY, R.; VERGARA, C.; JEISON, D.
Partial nitrification of high amn1onia concentration wastewater as a part of a shortcut biological
nitrogen ren1oval process.Process B iochemistry, v. 40, p. 1.715- 1.719, 2005 .
CLABAUGH, M. M. Nitrification of landfill leachate by biofilm colun1ns. MSc thesis, Virginia
Polytechnic Institute and State Universit)~ USA, 43p, 2001.
CLINE, J . D.; RICHARDS, F. A. O:ls.')'gen defic ient conditions and nitrate reduction in the eastern
tropical North Pacific Ocean. Limnology and Oceanogra,phy, v. 17, p. 885-900, 1972.
CLOUGH, B. F.; BOTO, K. G.; ATTIWILL, P. M. Magroves and sewage: a revaluation. In: Teas,
H.J. (ed.). Biology and E cology of lv.Iangrove, Tasks for Vegetation Science Series, v. 8. Lancaster: Dr.
W. Junk Publ ishers, p. 151-162, 1983.
CORNELIUS, A. ; ROSENWINKEL, K.-H. Aerob/anoxische Deammonifikation stickstofhaltiger
Abwãsser im Kaldnes®-Biofilmverfahren . KA - Wasserwirtschaft, Abwasser, Abfall, v. 49, 1.398-
1.403, 2002.
DALSGAARD, T.; THAMDRUP, B. Factors controlling anaerobic a1nmon iun1 oxidation with
nitrite in marine sediinents. Applied a,n d Environmental Microbiology, v. 68, p. 3.802-3.808,
2002 .
DALSGAARD, T.; THAMDRUP, B.; CANFIELD, D. E. Anaerobic ammonium oxidation
(Anammox) in the 1narine environment. R esearch in Microbiology, v. 156, p. 457 -464, 2005.
DAPENA-MORA, A.; CAMPOS, J. L.; MOSQUERA-CORRAL, A.; JETTEN, M. S. M.;
MÉNDEZ, R. Stability of the Anamn1ox process in a gas-lift reactor and a SBR. Journal of
Biotechnology, v. 110, p. 159-170, 2004.
DAPENA-MORA, A.; FERNANDEZ, I. ; CAMPOS, J. L.; MOSQUERA-CORRAL, A.; MENDEZ,
R.; JETTEN, M. S. M Evaluation of activity and inhibition effects on Ana1nmox process by
batch tests on the nitrogen gas production. Enzyme and Microbial Technology, v. 40, p. 859-865 ,
2007 .
DE CLIPPELEIR, H.; VLAEMINCK, S. E.; CARBALLA, M.; VERSTRAETE, W. A low
volumetric exchange ratio allows high autotrophic nitrogen removal in a sequencing batch
reactor. Bioresource Technology, p. 5.010-5.0 15, 2009.
DENG PETERSEN, P. ; JENSEN, K. ; LYNGSIE, P.; HENDRIK JOHANSEN, N . Nitrogen
removal in industrial wastewater by nitration and denitration - 3 years of experience. Water
Science and Technology, v. 4 7, 181-188, 2003 .
DEXIANG, L. ; XIAOMING, L. ; QI, Y.; GUANGMING, Z. ; LIANG, G.; XIU, Y. Effect of inorganic
carbon on anaerobic ammonium oxidation enriched in sequencing batch reactor. Journal of
Environmental Sciences, v. 20, p. 940-944, 2007 .
DONG, Z. ; SUN, T. A potential new process for improving nitrogen ren1oval in constructed
wetlands - pron1oting coexistence of a partial-nitrification and Anammox. Ecological Engineering,
V. 31, p. 69-78, 2007.
EGLI, K.; FANGER, U.; ALVAREZ, PJ. J.; SIEGRIST, H.; VAN DER MEER, J. R.; ZEHNDER,
A. J. B. Enrichn1ent and characterization of an Anamn1ox bacterium from a rotating biological
contact treating ammonium-rich leachate. Archives of Microbiology, v. 17 5, p. 198-207, 2001.
FUERST, J . A. Intracellular con1partn1entation in Planctomycetes. Annua.l Review of Microbiology,
V. 59, p. 299-328, 2005.
FURUKAWA, K.; LIEU, P K.; TOKITOH, H.; FUJII, T. Developn1ent of single-stage nitrogen
remova! using Anammox and partia! nitritation (SNAP) and its treatn1ent performances. Water
Science and Technology, v. 53, p. 83-90, 2006.
FUX, C. Biological nitrogen elimination of ammonium-rich sludge digester liquids. PhD thesis,
ETH-Zürich, S,vitzland, 2003.
FUX, C.; BOEHLER, M.; HUBER, P; BRUNNER, I.; SIEGRIST, H. Biological treatment of
an1n1onium-rich wastewater by partia! nitritation and subsequent anaerobic amn1onium oxidation
(Anammox) in a pilot-plant. ]ournal of Biotechnology, v. 99, p. 295-306, 2002.
FUX, C.; HUANG, D.; MONTI, A.; SIEGRIST, H. Difficulties in n1aintaining long-term partia!
nitritation of amn1onium-rich sludge digester liquids in a moving-bed biofiln1 reactor (MBBR).
WaterScience and Technology, v. 49, p. 53-60, 2004.
GANIGUÉ, R.; LÓPEZ, H.; BALAGUER, M. D.; COLPRIM, J. Partia! amn1onium oxidation
to nitrite of high ammoniu1n content urban landfill leachates. iVater Research, v. 41, p. 3 .317-
3 .326, 2007 .
GARRIDO, J. M.; VAN BENTHUM, vV. A. J.; VAN LOOSDRECHT, M. e. M.; HEIJNEN,
J. J. Influence of dissolved oxygen concentration on nitrite accun1tilation in a biofilm airlift
suspension reactor. Biotechnology and Bioengineering, v. 53, p. 168-1 78, 1997 .
GELLER, G. Horizontal subsurface flow systen1s in the Gern1an speaking countries: sumn1ary of
long-tern1 scientific and practical experiences; Recon1mendations. iVater Science and Technology,
V. 35, p. 157-1 66, 1997.
GIL, K.-I.; CHOI, E. Nitrogen ren1oval by recycle ,vater nitritation as an attractive alternative for
retrofit technologies in n1unicipal wastewater treatn1ent plants. Water Science a,nd Technology,
V. 49 , p. 39-46, 2004.
GONG, Z.; YANG, F. L.; LIU, S. T.; BAO, H.; HU, S. W; FURUKAWA, K. J. Feasibility of a
men1brane-aerated biofilm reactor to achieve single-stage autotrophic nitrogen ren1oval based on
Anammox. Chemosphere, v. 69, p. 776-784, 2007.
GÜVEN,D.;DAPENA,A.;KARTAL,B.;SCHMID,M.C.;MAAS, B.;VANDEPAS-SCHOONEN,
K.; SÔZEN, S.; MENDEZ, R.; OP DEN CAMP, H. J. M.; JETTEN, M. S. M.; STROUS, M.;
SCHMIDT, I. Propionate oxidation and methanol inhibition of anaerobic an1monium-oxidizing
bacteria. Applied and Environmental l'vlicrobiology, v. 71, p. 1.066-1.071, 2005.
HAINES, T. H. Do sterols reduce proton and sodium leaks through lipid bilayers. Progress in Lipid
R esea.ch, v. 40, p. 299-324, 2001.
HANAKI, K.; WANTAWIN, C.; OHGAKI, S. Effects of the activity of heterotrophs on nitrification
in a suspended-growth reactor. Water R esearch, v. 24, p. 289-296, 1990.
HAO, X.; HEIJNEN, J. J.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M. Model-based evaluation of te1nperatura
and inflow variations on a partia! nitrification-Anammox biofilm process. iVater Research, v. 36,
p. 4.839-4.849, 2002.
234 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
KELLER, J,; SUBRAMANIAM, K.; GÓSSWEIN, J.; GREENFIELD, P. Nutrient ren1oval fron1
industrial wastewater using single tank sequencing batch reactors. Water Science and Techn-0logy,
V. 35, p. 137-144, 1997.
KIM, D. J.; CHANG, J. S.; LEE, D. I.; HAN, D. W.; YOO, I. K.; CHA, G. C. Nitrification of
high strength a1nmonia wastewater and nitrite accun1ulation characteristics. Water Science and
Technology, v. 47, p. 45-5 1, 2003.
KOCH, G.; EGLI, K.; VAN DER MEER, J. R. ; SIEGRIST, H. Mathematical modeling of
autotrophic denitrification in a nitrifying biofiln1 of a rotating biological contactor. Water Science
and Technology, v. 41 , p. 191-198, 2000.
LANCE, J.C. Effect of sludge add itions on nitrogen reinovai in soil columns flooded with secondary
effluent.]ournal ofEnviromental Quality , v. 15, p . 298-30 1, 1986 .
LINDSAY, M. R.; WEBB, R. I.; STROUS, M.; JETTEN, M. S. M.; BUTLER, M. K.; FORDE,
R. J.; FUERST, J. A. Cell compartmentalization in Planctomycetes: novel types of structural
organisation for the bacterial cell. Archives in Microbiology, 175, p. 4 13-429, 2001.
LIU, S.; YANG, F.; GONG, Z. ; SU, Z. Assessn1ent of the positive effect of salinity on the nitrogen
remova! performance and microbial composition during the start-up of CANON process. Applied
Microbiology and B iotechnology, v. 80, p. 339-348, 2008.
LÓPEZ, H.; PUIG, S.; GANIGUÉ, R.; RUSCALLEDA, M.; BALAGUER, M. D.; COLPRIM, J.
Start-up and enrichment of a granular Anammox SBR to treat high nitrogen load wastewaters.
Journal of Chemical Techn-0logy & B iotechnology, v. 83, p . 233-241, 2008 .
MAURET, M.; PAUL, E.; PUECH-COSTES, E.; MAURETTE, M. T.; BAPTISTE, P. Application
of experimental research methodology to the study of nitrification in n1ixed culture. Water Science
and Technology.; v. 34, p. 245-252, 1996.
METCALF & EDDY Inc. \Vastewater engineering: treatment and reuse. Ne"v York: McGraw Hill
(4 Ed.), 2003 .
MOLINUEVO, B.; GARCIA, M. C.; KARAKASHEV, D.; ANGELIDAKI, I. Anan1moxforan1n1onia
removal from pig n1anure effluents: effect of organic matter content on process performance.
Bioresource Technology, v. 100, p. 2.171 -2.175, 2009.
MULDER, A. Anoxic ammonia oxidation of wastewater. European Patent Ep327184. Assignee:
Gist-Brocades Nv, NL, 1989.
MULDER, A. The quest for sustainable nitrogen remova! technologies. Water Science and Technology,
V. 48, p. 67-75, 2003 .
PICIOREAN1J, C.; VAN LOOSDRECHT, M. C . M.; HEIJNEN, J.J. Modellingthe effect of oÀygen
concentration on nitrite accumulation in a biofilm airlift suspension reactor. Water Science and
Technology, v. 36, p. 147-156, 1997.
PLAZA E.; TRELA J.; GUT L.; LÕ\VÉN M.; SZATKOWSKA B. Dean1n1onification process for
treatment of an11nonium rich wastewater. ln: lntegration and optimisation of urban sanitation
systems, ]oint Polish-Swedish Reports, No 1 O. Royal Institute of Technology, Stock.holn1, p. 7 7-8 7,
2003 .
POO, K.; JUN, B.; LEE, S.; WOO, H.; KIM, C. Treatment of strong nitrogen swine wastewater at
full-scale sequencing-batch reactor. Water Science and Technology, v. 49, p. 315-323, 2004.
POTH, M.; FOCHT, D. D. Nitrogen-15 kinetic analysis of nitrous oxide production by Nitrosomonas
europaea: an examination of nitrifier denitrification. Applied and Environmental Microbiology,
V. 49, p. 1.134-1.141 , 1985.
diversity of bacteria capable of catalyzing anaerobic amn1onium oxidation. Systematic and Applied
Microbiology, v. 23, p. 93-106, 2000 .
SCHMID, M. C.; RISGAA.R D-PETERSEN, N.; VAN DE VOSSENBERG, J.; KUYPERS, M. M.
M.; LAVIK, G.; PETERSEN,J.; HULTH, S.; THAMDRUP, B.; CANFIELD, D.; DALSGAARD,
T.; RYSGAARD, S.; SEJR, M. K.; STROUS, M.; OP DEN CAMP, H. J. M.; JETTEN, M. S.
M. Anaerobic ammoniun1-oxidizing bacteria in marine environn1ents: widespread occurrence but
low diversity. Environmental Microbiology, v. 9, p. 1.476-1.484, 2007.
SCHMID, M.; WALSH, K.; WEBB, R.; IRENE, vV.; RIJPSTRA, C.; VAN DE PAS-SCHOONEN,
K.; VERBRUGGEN, M. J.; HILL, T.; MOFFETT, B.; FUERST, J.; SCHOUTEN, S.;
SINNINGHEDAMSTÉ,J. S.; HARRIS,J.; SHAW, P;JETTEN, M.; STROUS, M. Candidatus
"Scal indua brodae", sp. nov.; Candidatus "Scalindua wagneri", sp.; nov.; two new species of
anaerobic ammoniun1 oxidizing bacteria. Syst Appl Microbiol. v. 26, p. 529-538, 2003.
SCHMIDELL, vV.; REGINATTO, V. S. Ren1oção de Nitrogênio. ln: V Curso de Tratamento
Biológico de Resíduos. Florianópolis-Se, 2005.
SCHMIDT, I.; BOCK, E.; JETTEN, M. S. M. A1nmonia oxidation by Nitroso-monas eutropha with
N0 2 as oxidant is not inhibited by acetylene. 1v.ficrobiology, v. 147 , 2.247-2.253, 2001.
SCHMIDT, I.; SLIEKERS, O.; SCHMID, M.; BOCK, E.; FUERST, ].; KUENEN, J. G.; JETTEN,
M. S. M.; STROUS, M. New concepts of microbial treatn1ent processes for the nitrogen removal
in wastewater. FE1v.IS Microbiology, v. 27, p. 481-492, 2003.
SCHMIDT, J. E.; BATSTONE, D. J .; ANGELIDAKI, I. In1proved nitrogen ren1oval in upflow
anaerobic sludge blanket (UASB) reactors by incorporation of Anammox bacteria into the
granular sludge. Water Science and Technology, v. 49, p. 69-76, 2004.
SEYFRIED, C. F; HIPPEN, A.; HELMER, C.; KUNST, S.; ROSEN'vVINKEL, K. H. One-stage
deammonification: nitrogen el in1ination at low costs. ~Vater Science and Technology, v. 1, p. 71-
80, 2001.
SHIMAMURA, M.; NISHIYAMA, T.; SHIGETOMO, H.; TOYOMOTO, T.; KAvVAHARA, Y.;
FURUKAWA, K.; FUJI!, T. Isolation of a multihe1ne protein ,vith features of a hydrazine-
oxidizing enzyn1e from an anaerobic a1nmon iun1-oxidizing enr ichment culture. Applied and
Environmental 1v.ficrobiology, v. 73, p. 1.065-1.072, 2007 .
SHIPIN, O.; KOOTTATEP, T.; KHANH, N. T. T. T, POLPRASERT, C. Integrated natural
treatment systen1s for developing communities: low tech N-removal through the fluctuating
microbial pathways. WaterScienceand Technology, v. 51, p. 299-306, 2005 .
SIEGRIST, H.; REITHAAR, S.; KOCH, G.; LAIS, P Nitrogen loss in anitrifying rotatingcontactor
treating amn1onium-rich wastewater without organic carbon. Water Science and Technology, v. 38,
p. 241-248, 1998.
SINNINGHE DAMSTÉ, J. S.; RIJPSTRA, W. I. C.; GEENEVASEN, J. A. J.; STROUS,
M.; JETTEN, M. S. Structural identification of ladderane and other membrane lipds of
planctomycetes capable of anaerobic an1monium oxidation (Anamn1ox). FEBS ]ournal , v. 272,
p. 4.270-4.283, 2005.
SINNINGHE DAMSTÉ, J. S.; STROUS, M.; RIJPSTRA, W I. C.; HOPMANS, E . C.;
GEENEVASEN, J. A. J.; VAN DUIN, A. C. T.; VAN NIFTRIK, L. A.; JETTEN, M. S. M.
Linearly concanated cyclobutane lipids forma dense bacterial 111en1brane. Nature, v. 419, p. 708-
71 2, 2002.
240 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
SLIEKERS, A. O.; DERvVORT, N.; CAMPOS-GOMEZ, J. L.; STROUS, M.; KUENEN, M.;
JETTEN, M. S. M. Completely autotrophic nitrogen removal over nitrite in a single reactor.
liVaterResearch, v. 36, p. 2.475-2.482, 2002.
SLIEKERS, A. O.; THIRD, K. A.; ABMA, vV.; KUENEN, J. G.; JETTEN, M. S. M. CANON and
Ananunox in agas-lift reactor. FENIS 1v.[icrobiol. Lett.; v. 218, p. 339-344, 2003.
STOTTMEISTER, U.; WIESSNER, A.; KUSCHK, P.; KAPPELMEYER, U.; KÃSTNER, M.;
BEDERSKI, O.; MÜLLER, R. A.; MOORMANN, H . Effects of plants and nlicroorganisms in
constructed wetlands for wastewater treatment. Biotechn Adv, v. 22, p. 93 -11 7, 2003 .
STROUS, M. Microbiology and application of anaerobic an1n1onium oxidation. PhD Thesis, TU
Delft, Delft, The Netherlands, 144 p., 2000.
STROUS, M.; FUERST, J. A.; KRAMER, E. H. M.; LOGEMANN, S.; MUYZER, G.; VAN DE
PAS-SCHOONEN, K. T.; vVEBB, R .; KUENEN, J . G.; JETTEN, M. S. M. Missing lithotroph
identified as new Planctomycete. Nature, v. 400, p. 446-449, 1999a.
STROUS, M.; HEIJNEN, J. J.; KUENEN, J. G.; JETTEN, M. S. M. The sequencing batch
reactor as a powerful too! for the study of slo,vly growing anaerobic ammoniun1-oxidizing
microorganisn1s. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 50, p. 589-596, 1998 .
STROUS, M.; KUENEN,J. G .; FUERST,J. A.; vVAGNER, M.;JETTEN, M. S. M. TheAnammox
case - a nev.r experimental manifesto for microbiological eco-physiology. Antonie van Leeuvenhoek,
V. 81, p. 693 -702, 2002.
SZATKOWSKA, B.; CEMA, G.; PLAZA, E.; TRELA, J.; HULTMAN, B . A one-stage system with
partial nitritation and Anammox processes in the n1oving-bed biofilm reactor. Water Science and
Technology, v. 55, p. 19-26, 2007.
SZATKOWSKA, B.; PLAZA, E. Ten1perature as a factor influencing the Ana1nmox process
perfonnance. Water and Environmenta.l Nlamagement Series. Young Researchers, p. 51-58, 2006.
TANG, C.; ZHENG, P.; WANG, C.; MAHMOOD, Q. Suppression of anaerobic amn1oniun1 oxidizers
under high organic content in high-rate Anammox UASB reactor. Bioresource Technology, v. 101,
p. 1.762-1.768, 2010.
THABLE, T. Turnover of nitrogen con1pounds in the constructed wetland Othfresen. Ph.D thesis,
University Kassel, 1984.
THIRD, K. A.; SLIEKERS, O. A.; KUENEN, J. G.; JETTEN, M. S. M. The CANON Syten1
(Completely Autotrophic Nitrogen-removal Over Nitrite) under amn1onium limitation:
interaction and competition between three groups of bacteria. Systematic andApplied Microbiology,
V. 24, p. 588-5 96, 200 l.
TILCHE, A.; BACILIERI, E.; BORTONE, G.; MALASPINA, F.; PICCININI, S.; STANTE,
L. Biological phosphorus and nitrogen remova! in a full scale sequencing batch reactor treating
piggery wastewater. Water Science and Technology , v. 40, p. 199-206, 1999.
TOH, S. K.; ASHBOLT, N. J. Adaptation of anaerobic ammoniun1-oxidisingconsortium to synthetic
coke-ovens wastewater. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 59, p. 344-352, 2002.
TOH, S. K.; WEBB, R. I.; ASHBOT, N. J. Enrichment of autotrophic anaerobic ammonium-
oxidizing consortia from various wastewaters. Microbial Ecology.; v. 43, p. 154-167, 2002.
TRIGO, C.; CAMPOS, J. M.; GARRIDO, J. M.; MENDEZ, R. Start-up of the Anammox process
in an1e1nbrane bioreactor. J ournal ofBiotechnology, v. 126, p. 475 -487, 2006.
TSUSHIMA, I.; KINDAICHI, T.; OKABE, S. Quantification of anaerobic ammoniun1-oxidizing
bacteria in enrichment cultures by real-time PCR. Water Research, v. 4 1, p. 785-794, 2007b.
TSUSHIMA, I.; OGASAWARA, Y.; KINDAICHI, T.; SATOH, H.; OKABE, S. Development of
high-rate anaerobic an1moniun1-oxidizing (Anamn1ox) biofiln1 reactors. liVater Research, v. 41,
p. 1.623-1.634, 2007a.
TURK, O.; MAVINIK, D. S. Selective inhibition: a novel concept for removing nitrogen fron1
highly nitrogenous wastes. Environmental Technology Letters, v. 8, 419-426, 1987.
VAN DE GRAAF, A. A.; DE BRUIJN, P.; ROBERTSON, L. A.; JETTEN, M. S. M.; KUENEN,
J. G. Autotrophic growth of anaerobic an1n1onium-oxidizing microorganisms in a fluidized bed
reactor. Microbiology, v. 142, p. 2.187-2. 196, 1996.
VAN DE GRAAF, A. A.; DE BRUIJN, P.; ROBERTSON, L. A.; JETTEN, M. S. M.; KUENEN,
J. G. Metabolic pathway of anaerobic ammonium oxidation on the basis of 15N studies in a
fluidized bed reactor. Microbiology, v. 143, p. 2.415-2.421, 1997.
VAN DE GRAAF, A. A.; MULDER, A.; DE BRUIJN, P.; JETTEN, M. S. M.; ROBERTSON,
L. A.; KUENEN, J. G. Anaerobic oxidation of an1n1onium is a biologically mediated process.
Applied and Environmental Microbiology, v. 61, p. 1.246-1.251, 1995.
242 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
VILLAVERDE, S.; FDZ-POLANCO, F.; GARCIA, P A. Nitrifying biofiln1 accl in1ation to free
an1monia in submerged biofilters. Start-up influence. liVater R esearch, v. 34, p. 602-610, 2000 .
VILLAVERDE, S.; GARCÍA-ENCINA, P. A. ; FDZ-POLANCO, F Influence of pH over nitrifying
biofilm activity in submerged biofil ters. Water R esearch, v. 3 1, p. 1.180- 1.186, 1997.
VOLCKE, E . I. P.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.; VANROLLEGHEM, P. A. Controlling the
nitrite:amn1onium ratio in a SHARON reactor in view of its coupling with an Anamn1ox process.
liVaterScience and Technology, v. 53, p. 45-54, 2006 .
WANG, T. ; ZHANG, H. ; YANG, F.; LIU, S.; FU, Z.; CHEN, H. Start-up of the Anammox process
from the conventional activated sludge in a 1nembrane bioreactor. Bioresource Technology, v. 100,
p. 2.50 1-2.506, 2009.
WETT, B. Developn1ent and implementat ion of a robust dean1n1onification. Water Science and
Technology , v. 56, p. 81-88, 2007.
WIESMANN, U. Biological nitrogen ren1oval from wastewater. In: FIECHTER, A. (ed.). Advanced
in Biochemical EngineerinwBiotechnology, v. 51, p. 113-15 4, 1994.
WONG-CHONG, G . M.; LOEHR, R. C. Kinetics of microbial nitrification - nitrite-nitrogen
oxidation. liVaterResearch, v. 12, p. 605-609, 1978.
WYFFELS, S.; BOECKX, P.; PYNAERT, K.; VERSTRAETE, V..~; VANCLEEMPUT, O. Sustained
nitrite accumulation in a membrane-assisted bioreactor (MBR) for the treatment of ammonium-
rich wastewater. ]ournal of Chemical Technology and Biotechnology , v. 78, p. 41 2-419, 2003.
WYFFELS, S.; BOECKX, P.; PYNAERT, K.; ZHANG, D .; VAN CLEEMPUT, O.; CHEN, G.;
VERSTRAETE, V,,T. Nitrogen remova! from sludge reject water by a two-stage oxygen lin1ited
autotrophic nitrification denitrification process. liVater Science and Technology, v. 49, p. 57-64,
2004.
XUE, Y.; YANG, F. L.; LIU, S. T.; FU, z. M. The influence of controlling factors on the start-up
and operation for part ia! nitrificat ion in membrane bioreactor. Bioresource Technology, v. 100,
p. 1.055-1.060, 2009.
YAMAMOTO, T.; TAKAKI, K.; KOYAMA, T.; FURUKAvVA, K. Long-term stability of partial
nitritation of swine wastewater digester liquor and its subsequent treatn1ent by Anamn1ox.
Bioresource Technology, v. 99, p. 6.41 9-6.425, 2008.
YANG, L. Investigation of nitrite build-up within an enriched nitrification process. Ph.D
Dissertation, School of Civil Engineering, Purdue UniversitY, West Lafayette, Indiana, 1991.
YANG, L.; ALLEMAN, J.E. Investigation ofbatchwise nitrite build-up by an enriched nitrification
culture. Water Science and Technology, v. 26, p. 997 -1.005, 1992.
Capítulo 6
6.1 INTRODUÇÃO
microbianos, fazendo com que seja favorecido o crescimento de alguns desses gru-
pos, enquanto outros, também presentes na amostra original, ficam impossibili-
tados de se desenvolver. Até mesmo quando se pretende utilizar um meio seletivo
para determinado organismo-alvo, algumas estirpes em estado não cultivável no
ambiente seriam excluídas das análises (COUTINHO et alii, 1999). Deste modo,
muitas vezes os micro-organismos provenientes do isolamento por métodos con-
vencionais que utilizam meio de cultura podem não representar os que estão real-
mente presentes em maior número.
Segundo Pace (1996), somente uma porção mínima equivalente a 1 % dos
micro-organismos presentes no meio ambiente podem ser cultivados por meio
de técnicas-padrão de cultivo e de plaqueamento, o que evidencia a limitação das
metodologias convencionais. Além disso, as contagens de células por microscopia
refletem apenas uma avaliação quantitativa da população microbiana, sendo pou-
co informativas sobre a diversidade dos organismos e1n uma amostra (PICKUP,
1991). Além do mais, vale len1brar que o conhecimento acerca dos organismos
procarióticos é limitado. Seu pequeno tamanho e muitas vezes a ausência de ca-
racterísticas fenotípicas distinguíveis somam-se ao fato de que a maioria desses
organismos não pode ser cultivada (PACE, 1997).
De forma alternativa aos métodos tradicionais e buscando-se superar a es-
cassez de informações fornecidas por essas metodologias, foram desenvolvidas
diversas técnicas, dentre as quais ganham destaque aquelas baseadas nos ácidos
nucleicos. Desta forma, surge a biologia molecular como alternativa para con-
tornar a limitação intrínseca às técnicas convencionais de estudo da diversidade
de micro-organismos. As limitações dos métodos tradicionais, aliadas ao avanço
tecnológico na área da biologia molecular, tornam as técnicas moleculares muito
utilizadas para o estudo da diversidade microbiana (VAN ELSAS et alii, 1998).
Assin1, a aventura da descoberta do mundo microbiano em diversos sistemas bio-
lógicos fica ainda mais interessante.
1
O P- O
1
GUANINA
93'
- o - P -0
1
Q CITOSINA
Ligação 5·
Fosfodiéster
J'
CITOSINA
l"
-o-1ó = OH
ADENINA
5' t:H, ~-...._
FIGURA 6.1 Representação esquemática da ligação fosfodiéster entre dois nucleotídeos (adaptado
de LEHN INGER, 1985).
()_
/
ADENINA
lc1ros1NA I
FIGURA 6.2 Ligações por pontes de hidrogênio entre adenina e timina ou citosina e guanina
(adaptado de LEHN INGER, 1985).
vez, consiste no modo mais incisivo para inferir relações filogenéticas de dados de
sequenciamento molecular.
Contando co1n as informações trazidas pelo uso de técnicas baseadas na molé-
cula de RNA, pela primeira vez foi possível avaliar a biodiversidade de um hábitat
natural de um modo completo e relativamente simples (SANZ e KOCHLING,
2007) . Uma grande vantagem de se utilizar as informações sobre as sequências
do rRNA é a sua disponibilização em base de dados (RDP, Gen-Bank, EMBL),
as quais, na maioria das vezes, poden1 ser acessadas gratuitamente, permitindo
assim a comparação das novas sequências obtidas com as sequências existentes
nesses bancos de dados (COUTINHO et alii, 1999) .
Estudos de diversidade molecular de micro-organismos devem enfocar gru-
pos funcionais definidos. Análises de sequências ribossômicas obtidas diretamen-
te de amostras ambientais são capazes de revelar novas espécies, quebrar antigos
paradigmas ou até n1es1no reestruturar a taxonomia de grupos funcionais. Para
citar um exemplo, o sequenciamento de fragmentos de rDNA 16S do grupo das
bactérias oxidadoras de amônio amplificados de amostras de solo e sedimentos
revelou que a vasta maioria das sequências era nova, significando que os três gê-
neros cultiváveis deste grupo (Nitrosomonas, Nitrosospira e Nitrosococcus) não eram
dominantes em nenhun1a das amostras analisadas (STEPHEN et alii, 1996). As
descobertas deste trabalho redefiniram este grupo funcional, previamente conside-
rado como de baixa diversidade e ressaltou a importância da abordagem molecular
para estudos de avaliação e monitoran1ento dos micro-organismos no ambiente
(ROSADO e DUARTE, 2002).
O aperfeiçoamento das técnicas de biologia molecular juntamente com o de-
senvolvimento crescente da área de bioinformática levou a uma especialização tão
grande na microbiologia ambiental que surgiu a denominada E cologia Microbiana
Molecular (ROSADO et alii, 1997).
Especifica1nente no que se refere à biotecnologia ambiental, especialmente
aos biorreatores destinados ao tratamento de águas residuárias, estes vêm sendo
aplicados há mais de um século no intuito de minimizar o impacto causado pela
ação antropogênica sobre o meio ambiente. Dessa forma, o projeto desses biorrea-
tores foi gradualmente aperfeiçoado de modo a melho rar o seu desen1penho em
termos de eficiência de re1noção de poluentes (principalmente matéria orgânica e
nutrientes), tornando sua operação mais estável.
Apesar de sua extensiva utilização por n1ais de un1 século e de todas as ino-
vações pertinentes a esses sistemas biológicos, muitas plantas de tratamento ain-
da enfrentam diversos problemas, tais como intumescimento do lodo (bulking),
excesso de espuma e problemas relacionados à nitrificação e à remoção de fosfato
(MARTINS et alii, 2004; SE VI OUR et alii, 2000) . As razões para esses proble-
mas operacionais poden1 ser diversas, podendo ser atribuídas a un1 projeto imp ró-
prio, operação inadequada, excesso de afluente ou choques de carga (compostos
256 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
para melhor gerenciar seus processos. Caso gerenciados de forma apropriada, uma
ampla gama de benefícios pode ser obtida.
Ao se pensar na possibilidade de se identificar os 1nicro-organis1nos presentes
em um dado sisten1a de tratamento, pode surgir um questionamento: por que é
importante determinar quais tipos de bactérias estão presentes em cada grupo
funcional de uma determinada planta de tratamento de águas residuárias? A res-
posta para esse questionamento, en1bora passível de subjetividade, pode ser dada
levando-se em consideração que a identificação dos micro-organimos-chave que
estão envolvidos em cada processo degradativo que ocorre nos reatores biológi-
cos de tratamento, seja de matéria orgânica, nutrientes (nitrogênio e fósforo) ou
ainda de micropoluentes e patógenos, é de grande valia uma vez que esses são,
em sua grande maioria, responsáveis pela utilização máxima de um determinado
substrato . Tal fato está diretamente relacionado à obtenção de maiores eficiências
de remoção de poluentes, o que ven1 ao encontro dos objetivos primordiais de
qualquer estação de tratamento de águas residuárias. Além disso, as ferran1entas
moleculares podem ajudar a identificar bactérias até então não cultivadas, al-
gumas importantes na formação da estrutura do floco e outras responsáveis por
ocasionar problemas durante a operação de sistemas de tratrunento, tais como
intun1escimento do lodo ou bulking (relacionado a bactérias filamentosas) e forma-
ção excessiva de espuma (WAGNER e LOY, 2002) . Dessa forma, fica claro que a
identificação e a análise, tanto de mic ro-organismos benéficos quanto maléficos
ao sistema, devem ser asseguradas, uma vez que a eficiência e a robustez de un1a
planta de tratamento de águas residuárias dependem da composição e da atividade
de toda sua comunidade microbiana.
Em suma, a possibilidade de se relacionar a composição da comunidade n1i-
crobiana presente em sistemas de tratamento e as funções de cada população
bacteriana, de forn1a individual, está se tornando uma realidade cada vez mais
próxima. Como tais informações podem ser utilizadas para melhor controlar os
processos biológicos é u1na resposta que no futuro próximo será respondida.
Diversos grupos funcionais de bactérias envolvidas nos processos mais co-
muns de tratamento já estão claramente identificados e descritos. Esses grupos
são representados, primordial mente, por bactérias envolvidas na nitrificação e em
alguma extensão por bactérias envolvidas na desnitrificação, por diversas bacté-
rias envolvidas no processo de remoção biológica de fósforo (Enhanced Biological
Phosphorous Removal - EBPR) e pela maioria das bactérias causadoras de pro-
blen1as relacionados à sedimentação do lodo (bulking) e à forn1ação de espumas
e escumas. Em cada grupo funcional, por exemplo dos nitrificantes, um número
limitado de linhagens filo genéticas ( < 1O) é encontrado em plantas nitrificantes,
em geral, sendo que poucas populações dominantes (3 -5) estão presentes em uma
única planta, en1 particular (NIELSEN et alii, 2009).
258 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
,
na determinação das populações dominantes em um determinado sistema. Aguas
residuárias industriais diferem enormemente de águas residuárias domésticas. O
prin1eiro tipo pode conter inúmeras substfu1cias nocivas ao desenvolvimento mi-
crobiano nos processos biológicos de tratamento (substâncias orgânicas/inorgâni-
cas causadoras de efeito inibitó rio aos micro-organismos), podendo ser desprovidas
de importantes nutrientes, co1110 P e N, e outros micronutrientes. Dependendo
de sua procedência, águas residuárias industriais podem conter elevadas concen-
trações salinas, afetando igualmente o ecossistema microbiano. Por sua vez, o
segundo t ipo apresenta uma relação mais balanceada de orgânicos e nutrientes,
além de conter maior número de micro-organismos. E sses micro-organismos ad-
vindos juntan1ente con1 a água residuária também podem afetar a composição da
população microbiana no interior dos reatores biológicos.
Outra questão importante a ser levada em consideração, também pobremente
explorada e entendida, se refere à importância da platafonna tecnológica aplicada
para realizar um processo específico, tal como a nitrificação. Investigar se diferen-
tes configurações de reatores, operados de forma contínua ou batelada, e receben-
do a mesma água residuária levam à colonização de diferentes micro-organismos,
é um tópico de estudo a ser destacado. A tabela 6 .1 sumariza alguns potenciais
fatores determinantes da população microbiana em sistemas de tratamento de
águas residuárias.
Poucos estudos descrevendo a composição completa da comunidade de micro-
-organismos de estações de tratamento foran1 publicados. Entre eles pode-se men-
cionar o trabalho de JURETSCHKO et alii (2002), que estudaram o processo de
lodos ativados para o tratamento de efluente industrial, no intuito de remover C e
N, e o trabalho de KONG et alii (2007), vinculado ao estudo de remoção bioló-
gica de N e P de uma mistura de água residuária doméstica e industrial. De un1a
maneira diametralmente oposta, diversos estudos de populações específicas têm
sido realizados em diversos sistemas de tratamento (escala laboratorial ou real),
referindo-se so111ente a micro-organismos nitrificantes e/ou desnitrificantes, or-
ganismos acumuladores de fosfato, bactérias filamentosas, entre outros. No item
6 .3 .2 serão descritos inúmeros desses estudos, cada qual visando aos micro-orga-
nismos específicos em diferentes configurações de reatores. A tabela 6 .2 apresenta
uma relação das espécies e gêneros mais comumente encontrados em estações de
tratamento.
260 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
N ltrificantes
Amostra
Hibridização
ín situ l Extração
PGR
in situ
Cinética de Eletroforese
reassociação ◄ DNA RNA ► LMW-RNA
de DNA
/
PCR
\ RT-PCR ► Exp ressão
A •
genica
Análise por
Hibridização
1
l
Clonagem de produtos de PCR
DGGEfTGGE/
ARDRA, etc.
Dot/Colony
Southern Blot i
Sequenciamento
i Hibridização
Análise das sequências
(Banco de Dados)
i
Análise Filogenética
i
Desenho de sondas
moleculares
existentes, principalmente as mais raras. Por isto, a fim de tornar os dados obti-
dos os mais próximos da realidade, algumas etapas devem ser respeitadas antes da
coleta proprian1ente dita. O prin1eiro passo antes de se iniciar qualque r trabalho é
formular uma hipótese a ser provada. Feito isto, traçan1-se os objetivos para pro-
var esta hipótese. Uma vez traçados os objetivos define-se a metodologia. Esta eta-
pa é de grande importância, pois aqui se definem não somente as análises a serem
feitas, mas toda a an1ostragem a ser real izada. Questões con10 quantas amostras
e qual a frequência de obtenção destas devem ser pensadas com cuidado, uma vez
que consistem no suporte estatístico para o trabalho . Se o trabalho consiste em
conhecer a comunidade, as amostras deven1 ser retiradas aleatoriamente do meio
estudado (reatores biológicos quando se refere ao tratan1ento de águas residuárias)
uma vez que as diferentes populações podem se encontrar distribuídas de forma
agregada (no caso de biofilmes), uniforme ou mesmo aleatórias.
Uma vez definida a amostragem, parte-se para a coleta. O máximo de cui-
dado para se evitar contaminação nesta etapa faz-se necessário, de modo que a
amostra obtida represente fidedignamente o número ou a atividade das popula-
ções em questão. Equipamentos específicos podem ser utilizados dependendo do
substrato a ser amostrado. A preservação das amostras até o p rocessamento destas
também é de suma importância . Recomenda-se guardar a amostra e1n banho de
água e gelo com ten1peratura entre O e 4°C ao abrigo da luz. O congelan1ento em
alguns casos é prejudicial . Entretanto, para análises moleculares, é recomendado
o congelamento da amostra a - 20ºC logo após a coleta. O tempo de preservação
també1n deve ser observado . Vários trabalhos já demonstraram que quanto antes
a an1ostra for processada, mais p róximo da realidade estarão os resultados. Dessa
forma, o ideal é iniciar o processamento da amostra imediatan1ente após a mesma
ter sido coletada.
O processamento, assim como a análise, vai depender do tipo de substrato e
do grupo microbiano a ser trabalhado. Porém, qualquer que sejam estes, a homo-
geneização das amostras deve ser realizada anteriorn1ente . Diluir ou concentrar a
amostra irá depender do an1biente amostrado. Análises qualitativas e quantitati-
vas devem ser realizadas.
Com o desenvolvimento da ecologia microbiana molecular, tornou-se funda-
mental o investimento em métodos de extração de DNA dos diferentes tipos de
organismos a partir de diferentes amostras, sendo essa uma etapa essencial em
t rabalhos que utilizam técnicas moleculares (ROSADO et alii, 1996) . A escolha do
melhor método para isolamento de DNA ou RNA a partir de diferentes a1nbientes
sejam, naturais ou concebidos pela engenharia, a exemplo dos reatores biológicos
empregados no tratamento de águas residuárias, vai depender do tipo de ácido nu-
cleico a ser isolado e do tipo de ambiente de onde este será extraído. Existem diver-
sos métodos destinados à extração de ácidos nucleicos de a1nostras provenientes de
diferentes locais, sendo que cada caso deve ser estudado de forma individual.
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIAMOLECULARAPLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADEMICROBIANA... 265
_____
0
~xx, G)
;e,.
s:::
) or-
m
e,
Fixação Uso de sequências clonadas
e
s;
de células Análise ;;o
eletroforética como padrões ;e,.
e> tft ~
Análise padrão
T
~
caracterização do- ~
clones E,
m
C/)
......
o e
e:,
o
Sondas com ~ Desenvolvimento de ~
e:,
ligonucleotídeos sondas específicas a parti r <
m
r---......:.·_...;e:::.:;specíficos . das seq uências clonadas Determinação de
~
ou das sequências dos sequência de rR e:,
;e,.
tfP ~ 1
organismos cultivados
e:,
m
,/ ,0 º
- • - _ - _
1 1 s:::
e,
~
•
~-IT'[1I1IIT
Isolados cultivados
~
=
;e,.
:z
;,:,,
FIGURA 6.4 Ilustração das técnicas utilizadas em ecologia microbiana molecular (adaptado de HEAD et alii, 1998). N
a,
....,
268 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
6.2.2 PCR
Primeiro Ciclo
..""'1~11"""9"1""'1-1""'1~11"""9"1""'1- 1
1
Desnaturação
w
DNA +
DNA polimerase Anelamento dos
Desoxirribonucleotídeos iniciadores
Primers [Tl 2
MgCl2
Tampão
1
• 1
11 1 ii 1 1 1 1 "' 2
Anelamento + Extensão
Segundo Ciclo
1 1
w ◄'
[TJ
Reação
w -------,►
1 1
_rn
_______ 2
--------► 2
FIGURA 6.5 Principio da PCR, no qual pequenas sequências especificas de DNA (primers) são
usadas para se ligarem às fitas do DNA-alvo desnaturado por aquecimento, sendo a extensão da
molécula para formação da fita complementar realizada a partir dos iniciadores, mediante a enzima
termoestável Taq DNA-polimerase (adaptado de KREUSER e MASSEY, 2002).
TABELA 6.3 Alguns componentes da reação PCR e suas concentrações mais usuais (adaptado
de GUIMARÃES e GROSSI DE SÁ, 2002)
Componente Concentração
DNAmolde 10-100 ng
4 2 ciclo
< Amplificação
exponencial
~ ºciclo
~
I
2° ciclo
/
~
<.
Sequência-
alvo "- /
~
1º ciclo --····--····► 30º ciclo
I 2 30 = 1 bilhão
quatri:ópi~ === /
23 ~
oito cópias
24
16 cópias 25
32 cópias
,,
~ 1
1 1
V7 1
1
P41 -1
1 1
1 1
1 1
1 1
40 41 : ~ P41-2
'-~-----'-.:..rv"'--~ --------- ,
39
1 ,
.---------.,
1 1
V6 38 42
1 1
1 1
36 1 1
1 1
23 P35-2 1 1
1
1 P41-3
P35-1 ------... ' 1
-. I
44
V5 27
25
V4
V8
21
-- _,... ....'
,---
46 1 -
) 1 P45-2
18 - - - - -
47 "
-
1
V9
P17-1
V3
6
V1
12
11 ----..J9
V2
10
FIGURA 6.8 Representação da estrutura secundária do 16S rRNA. As regiões conservadas estão
representadas pelas li nhas em negrito e as regiões variáveis (V1 -V9) pelas linhas finas (adaptado
de RODÍZIO e MENDOZA, 2004).
O 23S RNA também tem ganhado destaque por possuir maior número de
regiões variáveis, possibilitando análises filogenéticas a nível de espécie e subes-
pécie, podendo, portanto, ser utilizado de forma complementar ao 16S rRNA
(CHRISTENSEN et alii, 1998). Apesar de o 23 S rRNA conter aproxiinadamente
276 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
3 000 nucleotídeos, apresentando dessa forma duas vezes mais informação e maior
acurácia nas inferências filogenéticas em comparação com o 16S rRNA, que, como
já dito, apresenta em torno de 1 SOO nucleotídeos, este últ imo tornou-se referência
justamente por apresentar maior facilidade de sequenciamento. Esse fato, entre-
tanto, não diminui a importância do uso do 23S rRNA como suplemento para os
dados gerados do 16S rRNA em estudos de organismos intimamente relacionados
(STAHL, 1997).
A região espaçadora entre os genes ribossomais 16S e 23S do rRNA não
somente vem sendo aplicada para a identificação de espécies como também vem
sendo alvo de muitos estudos que buscam caracterizar e desenvolver marcadores
moleculares em procariotos e eucariotos CTENSEN et alii, 1993). O espaço situa-
do entre os genes 16S e 23 S do rDNA é denominado de ITS (Internal Transcribed
Spacer), e contém maior grau de variabilidade em comparação com as regiões 16S
e 23 S. E stas variações têm sido usadas para diferenciar espécies de bactérias e
análises filogenéticas (LEBLOND-BOURGET et alii, 1996).
Em suma, o interesse pela região conservada do rRNA é oriundo de dois
fatores. O primeiro consiste no princípio de que os três genes que codificam para
as subunidades ribossomais estão contidos en1 um único loco, o qual ocorre várias
vezes em um genoma. Já o segundo fator se refere à existência de regiões variáveis
flanqueadas pelas regiões codificantes, conhecidas como região intergênica (I GS)
e região espaçadora transcrita (ICS), ambas muito úteis na diferenciação entre es-
pécies e gêneros (EDEL, 1998). Em geral, o uso de regiões bastante conservadas
possibilita a identificação de um conjunto de micro-organismos afins, e não um
gênero ou uma espécie individualn1ente. Já o uso de regiões altamente variáveis
propicia maior especificidade, o que permite a identificação de um gênero ou es-
pécie em particular. Quanto mais variável for a região, mais discriminatória será
a PCR (MITCHELL et alii, 1993).
A técnica PCR encontra-se evolutiva1nente em desenvolvin1ento, sendo fre-
quentes as inovações a ela incorporadas. Alguns problemas operacionais são fac-
tíveis de ocorrer, como, por exemplo, a extrema sensibilidade e a ocorrência de
contaminação, o que acarreta em resultados falso-positivos e amostras contendo
substâncias que inibem a amplificação, ocasionando falso-negativos.
Em virtude de a reação de PCR ser capaz de amplificar D NA a partir de
um pequeno número de moléculas, a contaminação de qualquer componente da
mistura com um DNA exógeno pode levar à amplificação simultânea de mais de
uma espécie de DNA. Além disso, a presença do produto de PCR e de primers
de a1nplificações anteriores também podem servir como fontes de contaminação.
A inclusão de um controle negativo em cada experimento realizado é uma das
formas para detectar contan1inação na reação. Este controle deve conter os mes-
mos ingredientes utilizados nas demais amostras, exceto a molécula de DNA-alvo
(GUIMARÃES e GROSSI DE SÁ, 2002).
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 277
0,90
.................
0,80 .. ...........
0,70
....·..
('Q
Amostra ..•···
-E 0,60
"O
.. .•
..
. ..
Q)
('Q 0,50
·c3 .
e: 0,40 .
•Q)
(.)
Limiar
..
.. .
(/)
.... 0,30
Q) ..........
111 111••···· ···· ··'· ····•• 1.. ... ...... . ~····· .. ........ ... .......... ...... .... ...... ... .
o::,
u:: 0,20 Região da hnha de base Amostra controle sem DNA
0,10
0,00
o 5 10 15 20 25 30 35 40
CT = Cycle Threshold
Número de ciclos da PCR
FIGURA 6.9 Curva de amplificação do PCR em Tempo Rea l, mostrando três fases distintas: linha
basal, fa se log e fase platô (adaptado de NOVAIS e PIRES-ALVES, 2004).
5'
® SONDA
3'
(a) (b)
FIGURA 6.10 Syber Green entre as duplas fitas de DNA (a); Taq Man (b) (adaptado de NOVAIS e
P IRES-ALVES, 2004).
Molecular beacons são nucleotídeos utilizados como sondas de fita simples que
formam uma estrutura secundária entre as extremidades S' e 3', denominada de
haste-e-loop. O loop contém uma sequência que é complementar à sequência-alvo
e a haste é formada pelo anelamento das sequências complementares que estão
localizadas nas extremidades. Um fluoróforo é ligado no final de uma extremidade
e um quencher é ligado na outra, a1nbos por meio de ligações covalentes (figura
6 .11 a) .
Quando não há alvos, o oligonucleotídeo permanece livre em solução e não
emite fluo rescência, pois o quencher se encontra próximo do fluoróforo, captando
ene rgia. N o n1omento em que o molecular beacon encontra o seu alvo, ocorre a
hibridização, o que resulta em uma reorganização de sua estrutura (mudança
de conformação), sendo que o fluoróforo se dissocia do quencher, emitindo assim
fluo rescência (figura 6 .11 b).
É ünportante comentar que os molecular beacons podem ser sintetizados com
diferentes cores de fluoróforos, permitindo a realização de ensaios que requerem
a detecção de diferentes alvos em uma mesma reação. Tendo em vista a sua alta
especificidade, permitem discriminar sequências-alvo que diferem entre si por
apenas um nucleotídeo substituído.
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 281
(a) (b)
FIGURA 6.11 (a) Oligonucleotídeo utilizado como sonda é sintetizado de modo a possibilitar a
formação de uma estrutura secundária nas extremidades 5' e 3'; (b) Toda fita nova formada durante
a amplificação é alvo para o anelamento do molecular beacon, aumentando a intensidade da
fluorescência (adaptado de NOVAIS e PIRES-ALVES, 2004).
6.2.3 DGGE
0%
Gradiente
de ureia e
forma mida
100%
FIGURA 6.12 Esquema representando um gel paralelo contendo um gradiente de agentes
desnaturantes (adaptado de ROSADO e DUARTE, 2002).
PCR DGGE
-----
-
FIGURA 6.13 Esquema ilustrativo mostrando produtos de PCR com sequências nucleotídicas
diferentes analisados em gel de agarose e através de DGGE em gel de poliacrilamida com gradiente
desnaturante UF (adaptado de ROSADO e DUARTE, 2002).
Pearson's coefficent
o o o o
o
,-... CX) (l) ....
Run 3 (Sample 2)
Run 3 (Sample 3)
Run 3 (Sample 1)
Run 2 (Sample 3)
Run 2 (Sample 1)
Run 2 (Sample 2)
Run 1 (Sample 1)
Run 1 (Sample 2)
Run 1 (Sample 3)
Run 4 (Sample 2)
Run 4 (Sample 3)
Run 4 (Sample 1)
FIGURA 6.14 Gel de poliacrilamina resultante da eletroforese em gel com gradiente desnaturante
de produtos de PCR amplificados e similaridades entre os diversos padrões de bandeamento das
amostras (BASSIN et alii, 201 O).
286 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
[ Amostra ambiental ]
'
DNA/R NA
' •
PCR
•
______
Corte e el uição
,,_
( DGGE )
'.,-:;---
Transferência do
de bandas DNA para membrana
l de náilon
Sequenciamento
de DNA
l
Hibridização com
l sonda molecular
[ Filogen ia ]
FIGURA 6.15 Representação esquemática das etapas e possibil idades de análise dos DNAs
extraídos de diversas amostras por meio de DGGE (adaptado de ROSADO e DUARTE, 2002).
das amostras para que somente seja amplificada a região-alvo, permitindo que a
DGGE seja aplicada diretamente da amostra ambiental, o que acarreta na dimi-
nuição de custos e do tempo de processamento.
1991; COLE et alii, 2003) . Outra rota para esse tipo de caracterização molecular
é a clonagem e o sequenciamento do cDNA transcrito a partir do 16S rRNA com
utilização da enzima t ranscriptase reversa (AMANN et alii, 1995).
.....
enzima DNA. lir,ase
.....
Gene resistente
Gene fesiGtente
a antibiótico a antibiõlico
Hibridização
l
Lente
objetiva
Visualização em
microscópio de
o
fluorescência Lavagem
FIGURA 6.17 Il ustração esquemática simplificada das etapas da técnica FISH (adaptado de
NIELSEN, 2009).
TABELA 6.4 Corantes fluorescentes mais comumente utilizados para marcar sondas
oligonucleotfdicas na análise por FISH (adaptado de NIELSEN et alii, 2009)
Máxima Máxima Coeficiente
Fluorocromo Cor Excitação Emissão de Extinção
D (nm) D (nm) (M-1.cm-1)
TABELA 6.5 Sondas oligonucleotídicas visando à região rRNA utilizadas para detectar bactérias
oxidadoras de amónia (AOB) em sistemas de lodos ativados e biofilmes nitrificantes (adaptado de
DAIMS et alii, 2009 e LIPSKI et alii, 2001)
Nso1225 Bactérias oxidadoras CGC CAT TGT ATT Mobarry et alii, 1996
de amónia (subclasse ACGTGTGA
(3- Proteobacteria)
Nso190 Bactérias oxidadoras CGA TCC CCT GCT Mobarry et alii, 1996
de amónia (subclasse TTTCTCC
(3-Proteobacteria)
Nsv443 Nitrosospira spp. CCG TGA CCG TTT Mobarry et alii, 1996
CGTTCC G
NEU Nitrosomonas spp. CCC CTC TGC TGC Wagner et alii, 1995
halofílicos e halotolerantes ACTCTA
Nmv Nitrosococcus mobilis TCC TCA GAG ACT Juretschko et alii, 1998
ACG CGG
Cluster Nitrosomonas oligotropha CTT TCG ATC CCC Adamczyk et alii, 2003
6a192 ( Cluster 6a) TACTTTCC
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 29 7
TABELA 6.6 Sondas oligonucleotldicas visando à região 16 rRNA utilizadas para detectar bactérias
oxidadoras de nitrito (NOB) em sistemas de lodos ativados e biofilmes nitrificantes (adaptado de
DAIMS et alii, 2009 e LIPSKI et alii, 2001)
Ntspa1026 Nitrospira - Sublinhagens AGC ACG CTG GTA Juretschko et alii, 1998
1 e li TTG CTA
Ntspa1431 Nitrospira - Sublinhagem 1 TTG GCT TGG GCG Maixner et a/ii, 2006
ACTTCA
Ntspa1 151 Nitrospira - Sublinhagem li TTC TCC TGG GCA Maixner et alii, 2006
GTC TCT CC
Nsr1156 Nitrospira - Sublinhagem li CCC GTT CTC CTG Schramm et a/ii, 1998
GGCAGT
Nspmar62 Nitrospira marina GCC CCG GAT TCT Foesel et alii, 2008
CGTTCG
298 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
TABELA 6.7 Sondas oligonucleotldicas visando à região 16 rRNA utilizadas para detectar bactérias
anammox em sistemas de lodos ativados e biofilmes
Pla46 Todos os Planctomicetos GAC TTG CAT GCC Neef et alii, 1998
TAATCC
Amx368 Todas as bactérias CCT TTC GGG CAT Schmid et alii, 2003
anammox TGCGAA
Amx820 8. anammoxidans AAAACC CCTCTA Schmid et alii, 2000
K. stuttgartiensis CTTAGTGCCC
TABELA 6.8 Sondas oligonucleotldicas visando à região 16 rRNA para a identificação de potenciais
organismos desnitrificantes (adaptado de NIELSEN e HANSEN, 2009)
PAR651 Gênero Paracoccus ACC TCT CTC GAA Neef et alii, 1996
CTCCAG
AZA645 Maioria dos membros do GCC GTA CTC TAG Hess et alii, 1997
cluster Azoarcus CCGTGC
ACl208 Acidovorax spp. CGC GCA AGG CCT Amann et alii, 1996
TGC
ZRA23a Maioria dos membros da CTG CCG TAC TCT Rosselló-Mora et alii,
linhagem Zoogloea AGTTAT 1995
AT1458 Cluster Azoarcus- GAA TCT CAC CGT Rabus et alii, 1999
Thauera GGTAAGCGC
Pae997 Maioria de Pseudomonas GCT GGC CTA GCC Amann et alii, 1996
spp. TTC
300 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
TABELA 6.9 Sondas oligonucleotldicas visando à região 16 rRNA para a identificação de potenciais
organismos acumuladores de fosfato (PAO) (adaptado de NIELSEN et alii, 2009 e LIPSKI et alii,
2001)
tamanho diferente, podendo então ser separado por meio de eletroforese em gel.
Além disso, é possível sequenciar e identificar os fragmentos terminais de restrição
(T-RF) gerados comparando-os con1 uma base de dados de sequências, podendo-se
igualmente determinar o tamanho desses fragmentos e estimar a sua quantidade.
Os diferentes fragmentos obtidos são distinguidos por detecção fluorescente indu-
zida a laser. Os dados fluorescentes são convertidos em eletroferogramas.
Co1n base na localização terminal do marcador fluorescente nos produtos de
PCR, pode-se assegurar que apenas os fragmentos terminais sejam medidos. A
abundância de diferentes espécies presentes em comunidades microbianas é esti-
mada pela dete rminação do número de fragmento s terminais, obse rvados com a
digestão dos rDNAs totais das comunidades amplificados por PCR.
O padrão de T-RFLP obtido, que na verdade funciona como uma verdadeira
impressão digital das comunidades microbianas é um conjunto do número de
fragn1entos com tamanho único, sendo a observação de diferentes picos um indi-
cativo da existência de fragmentos diferindo em tamanho e a abundância relativa
de cada fragmento é refletida pela área embaixo dos picos no eletroferograma. As
amostras são corridas em gel de poliacrilamida em um sequenciador. Cada banda
fluorescente corresponderá a uma única população, sendo a intensidade de cada
banda diretamente p roporcional à quantidade do p roduto de PCR, o que fornece
uma indicação aproximada da abundância da população na comunidade (REIS
JR et alii, 2002). Essa característica deve ser observada com cuidado, da mes-
ma forma que a intensidade da banda nos padrões de um gel de DGGE (SANZ
e KOCHLING, 2007). Tendo em vista que diferenças na sequência irão gerar
amplicons de diferentes tan1anhos, é possível realizar o agrupa1nento (cluster) dos
grupos de populações de micro-organismos que são filogeneticamente diferentes
(LIU et alii, 199 7).
A vantagem da técnica T-RFLP é justamente a sua capacidade de detectar
até mesmo membros raros de uma co1nunidade microbiana. Em contrapartida,
alguns estudos apontaram que é possível que se forme fragmentos de restrição
pseudoterminais, ocasionando uma superestimativa da diversidade microbiana,
conforme resportado por Egert e Friedrich (2003). Além disso, Engebretson e
Moyer (2003) mostraram que a técnica T-RFLP parece ser bastante útil para es-
timar a diversidade de comunidades caracterizadas por possuir pequena ou média
diversidade, mas não para populações microbianas con1plexas.
Ao se realizar estudos de RFLP com o DNA bacteriano total, isto é, com
todo o genoma, é gerada uma enorme quantidade de fragmentos. Desta forma,
as diferenças nos tan1anhos dos fragn1entos não podem ser visualizadas de fo rma
direta no gel, u1na vez que inúmeros fragmentos resultantes do tratamento com a
enzima de restrição produzem, nesse gel, un1 efeito de arraste contínuo .
Com o objetivo de realizar a detecção dos marcadores RFLP, os fragmentos do
gel são transferidos para uma membrana de nylon ou nitrocel ulose, por meio de um
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 303
6.2.6.7 RISA
tamanhos dos fragmentos podem ser comparados com aqueles presentes no banco
de dados GenBank, por exemplo.
6.2.6.10 Pirosequenciamento
Os recentes avanços en1 ciência e tecnologia estão conduzindo a uma revisão
e reorientação de metodologias, permitindo que questões antigas e atuais sejam
abordadas sob uma nova ótica. A geração de dados cada vez mais relevantes a
respeito das co1nunidades microbianas como consequência do au1nento da dispo-
nibilidade de técnicas n1oleculares, ao mesmo tempo que exige técnicas ainda mais
sofisticadas, contribui para a explosão do desenvolvimento de metodologias pro-
missoras para descrever sequências de DNA de células microbianas ou a diversida-
de microbiana de uma amostra ambiental de forma mais rápida e mais eficiente.
Observa-se nos últimos anos u1na transição do enfoque da "biologia tradicio-
nal" para o enfoque da "bioinforn1ática" e da "informática para biodiversidade".
Na 'biologia tradicional', a estratégia de busca e descoberta é baseada na coleta
de espécimes, na observação do sistema e na experimentação laboratorial, visan-
do à organização sistemática do conhecimento e à formulação de conceitos. A
abordagem da bioinforn1ática é baseada na coleta e no armazenainento de dados
em bancos de dados, na análise e na síntese da informação, visando à geração de
conhecimento. A mudança conceitual consiste na geração de conhecimento, ou
seja, o entendimento do que é importante em uma dada situação, a partir da in-
formação e dos dados disponíveis.
308 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
Análise de genoma
!
Biblioteca genômica (cDNA)
! Hibridização com
sondas especificas
Fragmentos de ONA
o o o • o o • o o • •
I o
o • • • • • o • o •
• • o • • • • • • o •
Genes expressos
o o o o o •• • • o
Lêmina de microarray
Seleção, sequenciamento
e análise
FIGURA 6.1 8 Representação geral da metodologia de microarranjos de DNA (adaptado de
CORDEIRO, 2003).
6.3.1 INTRODUÇÃO
pela ação conjunta desses dois grupos microbianos. Devido a esse arranjo espacial,
o caminho de difusão de Nitrosomonas para Nitrobacter é bastante curto e facilita
a transferência eficiente do intermediário n itrito. Ambas as espécies não ficaram
restritas à região óxica do biofilme, sendo detectadas, embora em número bem
menor, em camadas anóxicas. Algumas colônias de NOB, em particular, foram en-
contradas em camadas anóxicas superiores, a uma p rofundidade de 100 a 200 µ,m,
como també1n ocasional1nente no fundo do biofiln1e.
Snaidr et alii (199 7) investigaram a estrutura da comunidade de bactérias
em uma grande planta de tratamento de água residuária (processo de lodos ativa-
dos) utilizando rRNA. Genes quase completos que codificam para a subunidade
rRNA (rDNA) foram amplificados por PCR e subsequentemente clonados. Os clo-
nes foram classificados por meio de h ibridização dot-blot com sondas oligonucleo-
tídicas grupo-específicas. As afiliações filogenéticas dos clones foram comparadas
com os resultados obtidos com a amostra original por meio de hibridização in
situ com sondas oligonucleotídicas visando às rRNA marcadas com fl uorescên-
cia, verificando-se que os dados estava1n em concordância. Foram sequenciados
completamente 25 clones 16S rDNA, 11 foram quase totalmente sequenciados
(> 80%) e 2 7 foram parcialmente sequenciados.
Por meio de análise co111parativa das sequências, a maio ria dos clones exa-
minados (35 dos 67) foram afiliados à subclasse ~ da classe Proteobacteria. As
subclasses y e a dessa mesma classe foram representadas por 13 e quatro clones,
respectivamente. Oito clones foram agrupados no grupo ê de Proteobacteria e cinco
clones foram agrupados no grupo de bactérias gram-positivas com DNA de baixo
teor de G+C. O gene 16S rDNA de dois clones mostraram similaridade com os
genes 16S rDNA dos men1b ros do filo Chlamydiae e Planctomyces. Sondas oligonu-
cleotídicas foram desenhadas e utilizadas para enumerar as respectivas bactérias.
De forma interessante, representantes patogênicos do gênero Arcobacter estiveram
presentes em números significativos (4%) na amostra de lodo ativado examinada.
Burrell et alii (1998), no intuito de investigar a identidade de bactérias oxi-
dadoras de nitrito em plantas de t ratamento de águas residuárias, operaram um
reator batelada sequencial (RBS), alimentado com uma solução de sais inorgâni-
cos, sendo o nitrito a única fonte de energia. Fazendo uso de microscopia, de mé-
todos de cultivo e de técnicas moleculares, a biomassa desenvolvida no reator foi
investigada após um período de seis meses de ope ração do mes1no. Os 1nétodos de
biologia n1olecular ainda foram utilizados para caracterizar o lodo utilizado para
inocular o RBS (lodo semente), sendo este último comparado com a biomassa pre-
sente no interior do reator. Observou-se que a biomassa do RBS compreendia uma
comunidade co1nplexa e bastante diversificada contendo bactérias gram-negativas
e gram-positivas.
Os métodos baseados em cultivo em meio de cultura (micromanipulação, di-
1uição da amostra e plaqueamento) identificaram somente bactérias heterotróficas,
316 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
população heterotrófica nos experimentos com alta carga orgânica teve relação
com o maior consumo de oxigênio e com a menor atividade nitrificante em com-
paração com os ensaios realizados em baixa carga orgânica (TAL et alii, 2003).
Tsuneda et alii (2003) investigaram a formação de grânulos de bactérias
nitrificantes em um reator de leito fluidizado aeróbio com fluxo ascendente
(RLFFA), aplicado para fins de nitrificação de uma água residuária sintética
contendo SOO mg/L de N-NH; . Foi observada a formação de grânulos esféricos,
pseudocúbicos e elípticos com diâmetros em torno de 346 f.lm no fundo reator,
após um período de operação de 300 dias. O sequenciamento dos fragmentos de
DGGE removidos dos géis não permitiu uma combinação perfeita das sequências
obtidas com as sequências registradas na base de dados, sugerindo dessa maneira
que estivessem presentes, nos grânulos do reator, populações de bactérias oxi-
dadoras de an1ônia (AOB) ainda não caracterizadas. Como resultado da análise
filogenética, uma sequência nucleotídica derivada de uma das bandas de DGGE
apresentou grande similaridade com Nitrosococcus mobilis, sendo que outras sequên-
cias derivadas de outras bandas foram 1nuito semelhantes àquelas apresentadas por
Nitrosomonas marina. Os autores sugeriram que as altas cargas de amônia aplicadas
ao sistema levaram à predominância do gênero Nitrosomonas no RLFFA, o que, se-
gundo os mesmos, é bastante coerente, sobretudo quando se leva em consideração
os diversos trabalhos descritos na literatura que apontan1 o don1ínio dos 1nicro-
-organismos pertencentes a esse gênero em sistemas biológicos que são operados
com grandes concentrações de nitrogênio amoniacal .
A análise de distribuição espacial pela técnica FISH revelou que as AOB
se encontravam em uma profundidade de 100 f.lm da superfície do grânu-
lo, sendo encontrados grupos de AOB com diâmetro variando de 10-20 f.lm .
Utilizando sondas específicas para NOB, verificaram que estas bactérias tam-
bém estavam localizadas próximas da superfície do grânulo . No entanto, o
número de NOB foi bem menor quando comparado com o número de AOB, fato
este que pode ser explicado pela maior taxa de produção de nitrato pelo Nitrobacter
(5,1-42 fmol/(célula·h)) e1n comparação co1n a taxa de produção de nitrito pelo
Nitrosomonas (0,9-42 fmol/(célula·h)) (PROSSER, 1989 apud TSUNEDA et
alii, 2003). Bactérias pertencentes ao gênero Nitrospira, embora sejam fre-
quentemente encontradas em sistemas de lodos ativados que desenvolvem a ni-
trificação (SCHRAMM et alii, 1998 apud TSUNEDA et alii, 2003), não foram
detectadas no RLFFA pela técnica de FISH utilizando sondas específicas para
este grupo microbiano. A ausência de Nitrospira provavelmente esteve ligada à
alta concentração de N-NH; alimentada ao sistema (500 1ng/L), valor este muito
superior ao comumente encontrado em sistemas convencionais de lodos ativados,
o qual pode atingir cerca de 100 mgN-NH:/L (TSUNEDAet alii, 2003) .
326 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
AOB quanto as NOB foram mais abundantes no RBSI' o qual também exibiu
uma maior razão AOB/NOB.
O RBS 2 (estritamente aeróbio) operou em taxa máxima e foi afetado negativa-
mente pelo amônio ou nitrito, enquanto as ta,'<:as de nitrificação obtidas no reator
submetido a condições alter nadas (anóxicas/aeróbias) foram proporcionais às con-
centrações de amônio ou nitrito. Obse rvou-se que as condições alternadas fo ram
mais favoráveis, uma vez que foram capazes de selecionar os micro-organisn1os
nitrificantes mais rápidos, caracterizados por taxas de oxidação, crescimento e
decaimento mais elevadas. Esses resultados são bastante úteis na operação de rea-
tores biológicos voltados à nitrificação, os quais na maioria das vezes são projeta-
dos con1 base na taxa de crescimento de n itrificantes determinadas sob condições
estritamente aeróbias (DYTCZAK et alii, 2008) .
Munz et alii (2008) compararam um biorreator com membrana (MBR) em
escala piloto com um sistema de lodo ativado convencional (LA), ambos tratando
águas residuárias da indústria de couro e com as mesmas condições operacionais,
no intuito de avaliar a eficiência global de tratan1ento, a presença e a distribui-
ção de bactérias gram-negativas e a cinética das bactérias nitrificantes. O MBR,
em con1paração com o LA, apresentou percentual de remoção de DQO maior, e o
processo de nitrificação foi mais estável e completo no primeiro reator, resultados
estes que podem estar relacionados a diferenças na composição e na distribuição
da comunidade microbiana.
As bactérias gram-negativas foram detectadas utilizando a técnica FISH,
empregando sondas filogenéticas específicas para a-, ~- e y-Proteobacteria das
principais bactérias oxidadoras de amônia (AOB) e oxidadoras de nitrito (NOB)
pertencentes ao gênero Nitrobacter e Nitrospira. Os resultados mostraran1 que as
principais diferenças na composição da biomassa entre as duas tecnologias de
reatores foram a grande abundância de a - e ~-Proteobacteria no MBR e a p resen-
ça de agregados de AOB somente na superfície dos flocos presentes neste reator.
Vale ressaltar que ocorreu a predon1inância de a-Proteobacteria nas amostras p ro-
venientes das duas configurações de reatores, e não de ~-Proteobacteria como é
relatado com muita frequência na literatura. Este fato pode estar relacionado com
a água residuária específica alimentada ao sisten1a, proveniente da indústria de
couro. As diferenças observadas na distribuição quantitativa das t rês subdivisões
de Proteobacteria (a, ~ e y) entre as amostras do MBR e do LA sugeriram que
o modo de separação da biomassa, seja ela realizada pelo processo de filtração
(MBR) ou sedimentação (LA), afetou a seleção da biomassa (MUNZ et alii, 2008).
\i\Ten et alii (2 008), operando um reator de lei to fl uidizado (RLF) sem se-
paração entre as zonas aeróbia e anóxica, observaram o processo de nitrificação-
-desnitrificação simultâneas (SND) por meio do controle da concentração de
oxigênio dissolvido. Nesse estudo, foram investigadas a eficiência e a composição
das bactérias nitrificantes. A carga nitrogenada volumétrica variou entre O, 12
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 339
6.5 REFERÊNCIAS
ADAMCZYK, J.; HESSELSOE, M.; IVERSEN, N.; HORN, M.; LEHNER, A.; NIELSEN,
P. H.; SCHLOTER, M.; ROSLE\~ P.; WAGNER, M. The isotope arra)r, a new tool that employs
substrate-mediated labeling of rRNA for determination of microbiol comn1unity structure and
function. AP,Plied and Environmental Microbiology, v. 69, p. 6.875-6.887, 2003.
ALBERTS, B.; BRAY, D .; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WATSON, J. D . D1VA amd RNA
structure. ln: Molecular biology of the cell third edition . New York: Garland publisinhg, Inc,
p. 100-109, 1994.
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 343
DENNIS, G.; SHERMAN, B. T.; HOSACK, D. A.; YANG, J.; GAO, vV.; LANE, H. C.; LEMPICKI,
R. A. DAVID: database of annotation, visualization, and integrated discovery. Genome. Biology,
V. 4, p. R60, 2003.
FENG, ~ 7.; SI-QING, X.; YI, L.; Ã'UE-SONG, C.; JUN, Z. Comn1unity analysis of ammonia and
nitrite oxidizers in start-up of aerobic granular sludge reactor. Journal of Environmental Sciences,
V. 19, p. 996- 1.002, 2007.
FISCHER, M. M.; TRIPLETT, E . Auton1ated approach for riboson1al intergenic spacer analysis
of microbial diversity and its application to freshwater bacterial communities. Applied and
Environmental Microbiology, v. 65, p. 4.630 -4.636, 1999.
FOESEL, B. U.; GIESEKE, A.; SCHWERMER, C.; STIEF, P.; KOCH, L.; CYTRYN, E.; TORRÉ,
J. R.; VAN RIJN, J.; MINZ, D.; DRAKE, H . L.; SCHRAMM, A. Nitrosomonas N1n143-like
an1monia oxidizers and Nitrospira marina-like nitrite oxidizers dom inate the nitrifier community
in a marine aquaculture biofilm . FEA1S Microbiology Ecology, v. 63, p. 192-204, 2008 .
FRANKLIN, R .; TAYLOR, D.; MILLS, A. Characterization of n1icrobial communities using
randomly amplified pol)'lnorphic DNA (RAPD). Journal of Microbiology lv.lethods, v. 35, p. 225-
235, 1999.
FUNGARO, M. H . P.; VIEIRA, M. L . C. Aplicações da PCR em ecologia molecular, 1998. In:
MELO, I. S.; AZEVEDO, J. L. (Ed.). Ecologia microbiana. Jaguariúna: Ernbrapa-CNPMA,
p. 205-228.
GILLE, C .; GILLE, A .; BOOMS, P.; ROBINSON, P. N. NURNBERG, P. Bipolar clamping
ünproves the sensitivity of mutation detection by te1nperature gradient gel electrophoresis.
Electrophoresis,v. 19,p. 1.347-1.350, 1998.
GIULIANO, L.; DE DOMENICO, M.; D E DOMENICO, E.; HOFLE, M . G.; YAKIMO\~ M.
M. Identification of culturable oligotrophic bacteria within naturally ocurring bacterioplankton
co1n1nunities of the Ligurian sea by 16S rRNA sequencing and probing. Microbial Ecology, v. 37,
p. 77-85, 1999.
GONZÁLEZ, J .M.; MORAN, M. A. Applied and Environmental Microbiology, v. 63, p. 4 .23 7-4.242,
1997.
GRIFONI, A.; BAZZICALUPO, M.; DI SERIO, C.; FANCELLI, S.; FANI, R. Identification of
Azospirillum strains by restriction frag1nent length polymorphisn1 of the 16S rDNA and of the
histidine operon . FEMS Microbiology L etters, v. 127, p. 85-91, 1995 .
GUIMARÃES, P. M.; GROSSI DE SÁ, M. F. O uso de PCR na diagnose e caracterização de micro-
organisn1os. l n : MELO, I. S.; VALADARES-INGLIS, M. C.; NASS, L. L.; VALOI S, A. C. C.
Recursos genéticos e melhoramento - micro-organismos. Jaguariúna: En1brapa Meio Ambiente,
p. 129- 147, 2002 .
GUSCHIN, D . Y.; MOBARRY, B . K.; PROUDINIKOV, D.; STAHL, D. A.; RITT MANN,
B.; IZARBEKOV, A. D . Oligonucleotide microchips as genosensors for determinative and
environn1ental studies in microbiology. Applied and Environmental lv.licrobiology, v. 63, p. 2 .397-
2.402, 1997.
HAWKSWORTH, D . L. Fungi: a neglected component of biodiversity crucial to ecosystem function
and n1aintenance . Canadian B iodiversity, v. 1,112 4, p. 4- 10, 1992 .
HEAD, I. M.; SAUNDERS, J . R.; PICKUP, R . W. Microbial evolution, diversit)~ and ecology: a
decacle of ribosomal RNA analysis of uncultivated microorganis1ns. Microbial Ecology, v. 35,
p. 1-21, 1998.
HERBERT, R. A. Methods for enumerating microorgan isn1s and deternlining bion1ass in natural
environments . lv.lethods inMicrobiology, v. 19, p. 1-40, 1990.
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 347
HESS, A.; ZARDA, B.; HAHN, D .; HANER, A.; STAX, D.; HOHENER, P.; ZEYER, J. ln situ
analysis of denitrifying toluene- and m-xylene-degrading bacteria in a diesel fuel-contanünated
laboratory aquifer column. Applied and Environmental Microbiology, v. 63, p. 2.136-2.141, 1997.
HESSELMANN, R. P.; WERLEN, C .; HAN, D.; VAN D.M.; Jr.; ZEHNDER, A. J. Enrichment,
phylogenetic analysis and detection of a bacterium that perforn1s enhanced biological phosphate
remova! in activated si udge. Systematic and Applied Microbiology, v. 2 2, p. 454-465, 1999.
HILLIS, D. M.; MABLE, B. K.; MORITZ, C. Applications of molecular systematics: The state of
the field anda look to the future. Molecular Systematics, p. 515 .543 , 1996. ln: HILLIS, D. M.;
MORITZ, C. & MABLE, B. K. (eds.). Molecular systen1atics. 2 nd ed. Sinauer Associates, Inc.;
Sunderland, MA.
BIRATA, M. H.; BIRATA, R. D. C. Aplicação da PCR em laboratório clínico e medicina forense.
ln: Curso de Atualização, São Paulo, 1981. Laboratório de Biologia Molecular Aplicada ao
Diagnóstico do Departan1ento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, p. 28-3 7, 1991.
HOLBEN, W. E.; JANSSON, J. K.; CHELM, B. K.; TIEDJE, J. M. DNA probe method for the
detection of specific nücroorganisms in the soil bacterial community. Applied and Environmental
Microbiology, v. 54, p. 703-711, 1988.
HOLBEN, W E.; NOTO, K.; SUMINO, T.; SUvVA, Y. Molecular analysis of bacterial communities
in a three-co1npartn1ent granular activated sludge syste1n indicates comn1unity-level control by
incon1patible nitrification processes. Applied and Environmental lV[icrobiology, v. 64, v. 7, p. 2.528-
2.532, 1998.
HOSHINO, T.; TERAHARA, T.; TSUNEDA, S.; BIRATA, A.; INAMORI, Y. Molecular analysis
of n1icrobial population transition associated ,\'ith the start of denitrification in a wastewater
treatmen t process. Journal of Applied Microbiology, v. 99, p. 1.165-1.175, 2005.
HOVANEC, T. A.; DELONG, E. F Comparative anaiysis of nitrifying bacteria associated with
freshwater and marine aquaria. Applied and Environmental Microbiology, v. 62, p. 2.888-2.896,
1996.
HUGENHOLTZ, P.; PACE, N. R. Identifying n1Ícrobia1 diversity in the natural environment: a
molecular phylogenetic approach. Trends in Biotechnology, v. 14, p. 190-197, 1996.
INGLIS, M. C . V.; MELO, I. S. Métodos de extração de DNA e sua aplicação em estudos genéticos e
ecológicos. ln: MELO, I. S.; AZEVEDO, J. L. (org.). Ecologia Microbiana, São Paulo: Hamburg
Gráfica Editora, v. 1, p. 187-204, 1998.
ISAKA, K.; YOSHIE, S.; SUMINO, T.; INAMORI, Y.; TSUNEDA, S. Nitrification of landfill
leachate using imn1obilized nitrifying bacteria at low temperatures. Biochemica.l Engineering
Journal, v. 37, p . 49-55, 200 7.
JENKINS, D.; RICHARD, M. G.; DAIGGER, G. T Manual on the causes and control of activated
sludge bulking and foaming. 2nd edition, Michigan, 1993.
JENSEN, M. A.; WEBSTER, J. A.; STRAUS, N. Rapid indetification of bacteria on the basis
of polymerase chain reaction-amplified ribosomal DNA spacer polymorphisms. Applied and
Environmental 1víicrobiology, v. 59, p. 945-952, 1993 .
348 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
KIM, D. J.; KIM, T. K.; CHOI, E. J.; PARK, W. C.; KIM, T. H.; AHN, D. H.; YUAN, Z.;
BLACKALL, L.; KELLER, J. Fluorescence in situ hybridization analysis of nitrifiers in piggery
wastewater treatn1ent reactors. Water Science and Technology, v. 49, n.!li 5-6, p. 333-340, 2004.
KIRCHMAN, D. L.; YU, L.; FUCHS, B . M.; AMANN, R. Structure of bacterial communities in
aquatic systen1 as revealed by filter PCR. Aquatic Microbial Ecology, v. 26, p. 13-22, 2001.
KNIETSCH, A.; vVASCHKOWITZ, T.; BOvVIEN, S; HENNE, A.; DANIEL, R. Construction
and screening of n1etagenon1ic libraries derived from enrichment cultures: generation of a
gene bank for genes conferring alcohol oxidorecluctase activity on Escherichia coli. Applied and
Environmental Microbiology, v. 69, p. 1.408-1.416, 2003 .
KONG, Y.; XIA, Y.; NIELSEN, J. L.; NIELSEN, P H. Structure and function of the microbial
community in a full-scale enhanced biological phosphorous remova! plant. Microbiology, v. 153,
p. 4.061-4.073, 2007.
KONG, Y. H.; BEER, M.; REES, G. N.; SEVIOUR, R. J. Functional analysis of microbial
co1nmunities in aerobic-anaerobic sequencing batch reactors fed with different phosphorous/
carbon (P/C) ratios. Microbiology-Sgm, v. 148, p. 2.299-2.307, 2002 .
KOZDRÓJ, J.; VAN ELSAS, J. D. Response of the bacterial comn1unity to root exudates in soil
polluted with heavy n1etals assessed by molecular and cultural approaches. Soil Biology &
Biochemistry, v. 32, p. 1.40 5-1.417 , 2000.
KREUSER, H.; MASSEY, A. Engenharia genética e biotecnologia. Porto Alegre: Artn1ed 434 p, 1
2002 .
KUYPERS, M. M.; SLIEKERS, A. O.; LAVIK, G, SCHMID, M.; JORGESEN, B. B.; KUENEN,
J. G. Anaerobic amn1onium oxidation by anan1n1ox bacteria in the Black Sea. Nature, v. 422,
p. 608-611, 2003.
LAJOIE, C. A.; LAYTON, A. C .; GREGORY, I. R.; SAYLER, G . S.; TAYWR, D. E.; MEYERS, A.
J. Zoogleal clusters and sludge dewatering potential in an industrial activated-sludge wastewater
treatment plant. liVater Environment R esearch, v. 72, p. 56-64, 2000.
LAYTON, A. C.; KARANTH, P N.; LAJOIE, C. A.; MEYERS, A. J.; GREGORY, I. R.;
STAPLETON, R. D.; TAYLOR, D. E.; SAYLER, G. S. Quantification of Hypho1nicrobiun1
populations in activated sludge from an industrial wastewater treatment syste1n as detern1ined
by 16S rRNA analysis. Applied and Environmental lvíicrobiology, v. 66, p. 1.167-1.17 4, 2000 .
LEBLOND-BOURGET, N.; PHILIPPE, H.; MANGIN, I.; DECARIS, B. 16S rRNA and 16S to
23S internai transcribed spacer sequence analyses reveal inter- and intraspecific B ifidobacterium
phylogeny. International Journal of Systematic Bacteriology, v. 46, p. 102-111, 1996.
LEE, D.-H.; ZO, Y.-G .. ; KIM, S.-J. Nonradioactive method to study genetic profilesofnatural bacterial
communities by PCR-single-strand-conforn1ation polymorphism. Applied and Environmental
Microbiology, v. 62, p. 3.112-3.120, 1996.
LEHNINGER, A.L. Princípios de bioquímica. São Paulo: Sarvier, 1985.
LIMPIYAKORN, T.; SHINOHARA, Y.; KURISU, F; YAGI, O. Co1n1nunitiesof an11nonia-oxidizing
bacteria in activated sludge of various sewage treatment plants in Tokyo. FEMS Microbiology, v.
54,p. 205-217, 2005.
LIU, W. T.; MARSH, T. L.; CHENG, H.; FORNEY, L. J. Characterization of n1icrobial diversity
by cletermining terminal restriction fragment length polymorphisms of genes encoding 16S
rRNA. Applied and Environmental lvíicrobiology.; v. 63, p. 4.516-4.522, 1997.
LIU, W. T.; NIELSEN, A. T.; WU, J . H.; TSAI, C. S.; MATSUO, Y.; MOLIN, S. ln situ
iclentification of polyhyclroxyalkanoate-accumulating traits for n1icrobial populations in a
biological phosphorous ren1oval process. Environmental Microbiology, v. 3, p. 110-1 22, 2001.
LIU, vV. T.; MARSH,T. L.; CHENG, H.; FORNEY, L. J. Characterization of n1icrobial diversity by
determining tern1inal restriction fragment length polymorphisms of genes encoding 16S rRNA.
AppliedandEnvironmental Microbiology, v. 63, p . 4.516-4.522, 1997.
350 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
LIU, X.-C.; ZHANG, Y.; YANG, M.; \:VANG, Z.-Y.; LV Q.-Z. Analysis of bacterial structures in tv,o
sewage treatment plants with different sludge properties and treatn1ent performance by nested
PCR-DGGE method. ]ournal of Environmental Sciences, v. 19, p . 60-66, 2007 .
LOCKHART, D,J.; DONG, H.; BYRNE, M.C.; FOLLETTIE, M.T.; GALLO, M.V.; CHEE,
M.S. Expression monitoring by hybridization to high-density oligonucleotide arrays . 1Vature
Biotechnology, v. 14, p. 1.675-1.680, 1996.
MACRAE, A. The use of 16S RDNA methods in soil microbial ecolog)~ Bra.zilian ]ourna.l of
microbiology, v. 31, p. 77-82, 2000.
MAIXNER, F.; NOGUERA, D. R.; ANNESER, B.; STOECKER, K.; WEGL, G.; WAGNER, M.;
DAIMS, H. Nitrite concentration influences the population structure of Nitrospira.-l ike bacteria.
Environmental lvlicrobiology, v. 8, p. 1.487-1.495, 2006.
MARDIS, E . R. Next-generation DNA sequencing n1ethods. Annua.l R evie-iv of Genomics a.nd Huma,n
Genetics, v. 9, p. 387-402, 2008.
MARGULIES, M.; EGHOLM, M.; ALTMAN, W. E . Genome sequencing in nlicrofabricated high-
density picolitre reactors. Nature, v. 437, p. 376-380, 2005.
MARSHALL, K. C. Adsorption of microorganisms to soils a.nd sediments , l n: BRITTON, G .;
MARSHALL, K. C.; ed. Adsorption of nlicroorganisms to surfaces. New York, N .Y Wiley. 317-
329, 1980.
MARTINS, A. M. P.; PAGILLA, K.; HEIJNEN, J. J .; VAN LOOSDRECHT, M. C. M. Filan1entous
Bulking Sludge. A Criticai Review. Wa.ter Resea.rch, v. 38. p. 793-8 17, 2004.
MELO, I. S.; SCHNEIDER, R. P.; INGLIS, P. W.; VALADARES-INGLIS, M. C. Bion1arcas
e Biossensores microbianos. ln: MELO, I. S.; VALADARES-INGLIS, M. C.; NASS, L. L.;
VALOIS, A. C. C. (ed.). R ecursos Genéticos e lvlelhoramento - Micro-organismos, Jaguariúna:
E1nbrapa Meio Ambiente, p.164-1 69, 2002 .
MITCHELL, T. G.; FREEDM.AN, E. Z.; MEYER, W.; WHITE, T. J.; TAYLOR, J. vV. PCR
detection of Criptococcus neoforma.ns. ln: PERSING, D. H.; SMITH, T. F.; TENOVER, F. C.;
WHITE, T. J. (Ed.) Diagnostic n1olecular microbiolog)r: principies and applications. \:Vashington:
American Society for Microbiology, p. 431 -436, 1993.
MOBA.RRY, B. K.; vVAGNER, M.; URBAIN, V.; RITTMANNM B. E .; STAHL, D. A.
Phylogenetic probes for analyzing abundance and spatial organization of nitrifying bacteria.
Applied Environmenta.l a.nd microbiology, v. 62, p . 2. 156-2 .1 62, 1996.
MONTRÀS, A.; PYCKE, B.; BOON, N.; GODIA, F.; MERGEAY, M.; HENDRICKX, L.
Distribuition of Nitrosomona.s europaea. and Nitrobacter winogradskyi in an autotrophic nitrifying
biofilm reactor as depicted by molecular analyses and mathematical n1odeling. Wa.ter Research, v.
42, pp. 1.700-1.714, 2008 .
MOTER, A.; GOBEL, U. B. Fluorescence in situ hybridization (FISH) for direct visualization of
nlicroorganisn1s.Journal of Microbiological Methods , v. 41, p. 85-112, 2000 .
MOURA, A. TACAO, M.; HENRIQUES, I.; DIAS, J.; FERREIRA, P.; CORREIA, A.
Characterization of bacterial diversity in two aerated lagoons of a wastewater treatment plant
using PCR-DGGE analysis. 1vlicrobiologica.l Resea.rch, v. 164, p . 560-569, 2007 .
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIAMOLECULARAPLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADEMICROBIANA... 351
Quantification of Microorgan isn1s in Activated Sludge and Biofiln1s by FISH. London: IWA
Publishing, 2009.
NIELSEN, P H.; NGUYEN, H. T. T.; McILRO~~ S. J.; MIELCZAREK, A. T.; SEVIOUR, R.
Identification of polyphosphate-accumulating and glycogen-accun1ulating organisn1s by FISH.
ln: NIELSEN, P H .; DAIMS, H .; LEMMER, H . FISH Handbook for BiologicaI vVastewater
treatment: Identification and Quantification of Microorgan isms in Activated Sludge and Biofiln1s
by FISH. London: IvVA Publishing, 2009 .
NIEMI, R.; HEISKANEN, I.; WALLENIUS, K.; LINDSTRÕM, K.; Extraction and purification
of DNA in rhizosphere soil sru11ples for PCR-DGGE ru1alysis of bacterial consortia. J ournal of
Microbiology Methods, v. 43, p. 155-165, 200 l.
NOVAIS, C. M.; PIRES-ALVES, M. PCR en1 ten1po real - un1a inovação tecnológica da reação en1
cadeia de polimerase. R evista, B iotecnologia Ciência e Desenvolvimento, n2 33, 2004.
NÜBEL, U.; GARCIA-PICHEL, F.; KÜHL, M.; MUYZER, G. Quantifying microbial diversity:
morphotypes, 16S rRNA genes, and carotenoids of oxygenic phototrophs in microbial n1ats.
AppliedandEnvironmental Microbiology, ni2 65, p. 422-430, 1999 .
NYREN, P; PETTERSSON, B.; UHLEN, M. Solid phase DNA minisequencing by an enzymatic
1u111ino1netric inorganic pyrophosphate detection assay Ana.lytical B iochemistry, v. 208 , p. 171-
175, 1993.
OELMÜLLER, U.; FRÜGER, N.; STEINBÜCHEL, A.; FRIEDRICH, G. C. Isolation of
prokariotic RNA and detection of specific 1nRNA ,,vith biotynilated probes .Journal of Nlicrobiology
Methods, v. 11, p. 73-84, 1990 .
OGRAM, A. Soil molecular n1icrobial ecology at age 20 : n1ethodological challenges fo r the future.
Soil Biology andBiochemistry, v. 32, p. 1.399-1.504, 2000.
OGRAM, A.; SAYLER, G. S.; BARKAY, T. J. The extraction and purification of microbial DNA
from sediments. Journal of lv.Iicrobiological Methods, v. 7, p. 57-67 , 1987.
OKABE, S.; HISASHI, S.; WATANABE, Y. ln situ analysis of Nitrifying biofiln1s as detern1ined
by in situ hybridisation and the use of microelectrodes. Applied and Environ·mental Microbiology,
V. 65 , n-º- 7, p. 3. 182-3. 191.
OLSEN, G. J.; vVOESE, C. R .; OVERBEEK, R. The winds of (evolutionary) change: breathing new
life into microbiologyJournal ofBacteriology, v. 176, p. 1-6, 1994
ORITA, M.; IWAHANA, H.; KANAZAWAT, H.; HAYASHI, K.; SEKIYA, TAKAO. Detection of
Polyn1orphisms of Hurnan DNA by Gel Electrophoresis as SSCPs. Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America, v. 86, p. 2. 766-2. 770, 1989.
OSTE, C. Product application focus: polymerase chain reaction. BioTechniques, v. 6, ni2 2, p. 162-
167, 1988.
OTAWA, K.; ASANO, R. ; OHBA, Y.; SASAKI, T.; KAvVAMURA, E .; KOYAMA, F; NAKAMURA,
S.; NAKAI, Y. Molecular analysis of ammonia-oxidizing bacteria community in intermittent
aeration sequencing batch reactors used for anünal wastewater treatinent. Environmental
Microbiology, v. 8, ni2 11, p. 1.985-1.996, 2006 .
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIAMOLECULARAPLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADEMICROBIANA... 353
PACE, N. R. A n1olecular view of nlicrobial diversity and the biosphere. Science, v. 276, p. 734-
740, 1997.
PACE, N. R. New perspective on the natural microbial world: molecular 1nicrobial ecology. ASM
News, v. 62, p. 463-470, 1996 .
RADAJEWSKI, S.; MURRELL, J. C . Stable isotope probing for cletection of 1nethanotrophs after
enrichn1ent with 13CH 4 ", Methods in Molecular B iology, v. 179, p . 149-157, 2002 .
RADEMAKER, J . L. vV; DE BRUJN, F. J . Characterization and classification of microbes by REP-
PCR genomic fingerprinting anel computer assisted pattern analysis. I n : CAETANO-ANOLLES,
G.; GRESSHOFF, P. M. (ed.). DNA markers: protocols, applications and overviews. New York:
Willey, J . & Sons, Inc.; p. 1-26, 1996.
REIS JÚNIOR, F. B.; MENDES, I. C .; TEIXEIRA, K. R . S.; REIS, V M. Uso de Ferran1entas
Moleculares em E studos ela Diversidade ele Micro-Organismos cio Solo . Planaltina, DF: Embrapa
Cerrados, 33p., 2002.
REYSENBACH, A.; GIVER, L.; WICKMAN, G . & PACE, N . Differential an1plification of rRNA
genes by polymerase chain reaction . Applied and Environmental lv.licrobiology, v. 58, p. 3.41 7-
3 .418, 1992 .
354 PROCESSOS BIOLÓGICOS AVANÇADOS
TACÃO, M.; MOURA, A.; ALVES, A.; HENRIQUES, I.; SAAVEDRA, M. J.; CORREIA, A.
Evaluation of lóS-rDNA and gyrB -DGGE for typing me1nbers of the genus Aeromonas. FEMS
MicrobiologyLetters, v. 246, n2 l, p. 11-18, 2005.
TAL, Y.; WATTS,J. E. M.; SCHREIER, S. B.; SOvVERS, K. R.; SCHREIER, H.J. Characterization
of the microbial community and nitrogen transformation processes associated with moving bed
bioreactors in a closed recirculated mariculture system. Aquaculture, v. 215, p. 187-202, 2003.
THOMSEN, T. R.; NIELSEN, J. L.; RAMSING, N. B.; NIELSEN, P. H. Micron1anipulation and
further identification of FISH-labelled microcolonies of a dominant denitrifying bacterium in
activated sludge . Environmental Microbiology, v. 6, p. 470-479, 2004.
TORSVIK, V; GOKSOYR, J.; DAAE, F L. High diversity in DNA of soil bacteria. Applied And
Environmental lvlicrobiology, v. 56, p. 782-787, 1990.
TREVORS, J. T.; VANELSAS , J . D. Nucleic Acids in the Environn1ent: Methods and Applications.
Heidelberg, Springer-Verlag, 1995.
TSUNEDA, S.; MIKAMI, M.; KI MOCHI, Y.; BIRATA, A. Effect of salinity on nitrous oxide
en1ission in the biological nitrogen ren1oval process for industrial wastewater", ]ournal of
Haza.rdous lv.laterials, v. 119, p. 93-98, 2005 .
VAN DER ZEE, H.; HUIS, J. H. J. Rapid and alternative screening methods for microbiological
analysis. ]ournal of AOAC lnternational, v. 80, p. 934-940, 1997.
VAN ELSAS, J . D.; DUARTE, G. F.; ROSADO, A. S.; SMALLA, K .. Microbial and n1olecular
biological n1ethods for n1onitoring microbial inoculants and their effects in the soil environn1ent.
] ournal of Microbiological Methods, v. 32, p. 133- 154, 1998.
VAN ELSAS, J.D.; WELLINGTON, E. M. H.; TREVORS, J. T. ln: Modern Soil Microbiology.
New York, Marcel Dekker, 1997 .
CAPÍTULO 6 ◊ TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR APLICADAS AO ESTUDO DA DIVERSIDADE MICROBIANA... 357
VANEECHOUTTE, M.; ROSSAU, R.; DE VOS, P; GILLIS, M.; JANSSENS, D.; PAEPE, N.; DE
ROUCK, A.; FIERS, T.; CLAEYS, G.; KERSTERS, K. Rapid identification of Coma.monadaceae
with an1plified riboson1al DNA-restriction analysis (ARDRA). FEMS Microbiological Letters, v.
93, p. 227-234, 1992 .
VITZTHUM, F; GEIGER, G.; BISSWANGER, H.; BRUNNER, H.; BERNHAGEN, J. A
quantitative fluorescence-based microplate assay for the detern1ination of double-stranded DNA
using SYBR Green I anda standard ultraviolet transilluminator gel imaging system . Ana.lytical
Biochemistry, v. 276, p. 59-64, 1999.
WAGNER, M, LOY, A. Bacterial con1n1unity co1nposition and function in sewage treahnent
systen1s. Current Opinion Biotechnology, v. 13, p. 218-227, 2002 .
WAGNER, M.; RATH, G .; AMANN, R.; KOOPS, H. P; SCHLEIFER, K. H. l n situ identification
ofammonia-oxidizingbacteria. SystematicandApplied lvficrobiology, v. 18, p. 25 1-264, 1995.
WAGNER, M.; RATH, G.; KOOPS, H. P; FLOOD, J.; AMANN, R. ln situ analysis of nitrifying
bacteria in sewage treatment plants. Water Science and Technology, v. 34, p. 23 7-244, 1996.
WENTZEL, M. C.; LOEWENTHAL, R. E .; EKAMA, G. A.; MARAIS, G. R. Enhanced
polyphosphate organism cultures in activated sl udge systen1s. Part 1. Enhanced cul ture developmen t.
Water S. A. (Pretoria), v. 14, p. 81 -92, 1988.
WOESE, C.R . Bacterial evolution. Microbiology R eview, v. 51 , p. 221 -27 1, 1987.
WOESE, C. R.; KANDLER, O.; WHEELIS, M. L. To\.vards a natural system for organisms:
proposal for the don1ains Archaea, Bacteria and Eucarya Proceedings of National Academy of
Sciences USA, v. 87, p . 4.576-4.579, 1990 .
WONG, M. T.; TAN, F. M.; NG, vV. J.; LIU, W. T. Identification and occurrence of tetrad-forming
Alpha:proteobacteria in anaerobic-aerobic activated sludge processes. lvficrobiology-Sgm, v. 150,
p. 3.7 41 -3.748, 2004 .
ZILLES, J. L.; PECCIA, J.; KIM, M. vV.; HUNG, C . H.; NOGUERA, D. R. Involvement of
Rhodocyclus-related organisms in phosphorous removal in full -scale wastewater treatment plants.
Applied and Environmental Microbiology, v. 68, p. 2. 763-2. 769, 2002 .
ZUCKERKANDL, E .; PAULING, L. Molecules as documents of evolutionary history. ]ourna.l of
Theoretical Biology, v. 8 , p. 357-366, 1965.