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A MATRIZ DIVINA

de Gregg Braden

INTRODUÇÃO

Somos os artistas e também a arte

Einstein tinha uma perspectiva de separação: “Lá fora encontra-se esse universo
preexistente, sobre o qual exercemos uma influência muito pequena”.

Ao observar as experiências do século XX que nos mostravam como o ato de simplesmente


olhar alguma coisa coisa mudava essa coisa, um colega de Einstein, John Wheeler, um
físico de Princeton, oferece uma explicação totalmente diferente. Este pondera: “Agora
aprendemos com o mundo quântico que, até para observar um objecto tão minúsculo como
um elétron, precisamos estilhaçar uma placa de vidro: temos de ir ao âmago. [...] Nosso
antigo termo observador deve ser simplesmente abolido dos livros; deveremos substituí-lo
por participante, uma nova palavra.

Wheeler faz uma interpretação radicalmente diferente da usual sobre como nos
relacionamos com o mundo, afirmando que não conseguimos ficar apenas contemplando o
universo acontecer. Mas que fazemos parte dele.

As experiências da física quântica realmente revelam-nos que as propriedades de um


elétron mudam enquanto ele está sob observação, basta focalizarmos a nossa atenção
sobre ele, ainda que por um breve instante. As experiências sugerem que o simples acto de
observar é um acto de criar, e que a consciência executa uma criação. Aparentemente
esses resultados apoiam a proposição de Wheeler e de que não podemos mais nos julgar
simples, observadores, sem qualquer efeito sobre o mundo que observamos.

Bohm, outro colega de Einstein e físico de Princeton, comentou que para descrever a
diferença entre o implicado (universo não-manifestado) e o explicado (universo
manifestado), faria uma comparação com o que ocorre em um curso de água.
Usando a metáfora do fluxo da água na mesma corrente líquida, ele descreveu a ilusão da
individualidade das coisas da seguinte maneira:

“No curso de água vemos uma multitude de vórtices, ondulações, agitações, ondas,
salpicos, etc, evidentemente sem que possam existir como unidades autónomas. Ainda que
as perturbações da superfície da água possam nos parecer individualizadas, Bohm viu-as
intimamente ligadas e profundamente conectadas entre si. Todas são parte da mesma
água. Tendo a visão de “como em cima, assim embaixo” e “como dentro, assim fora”.

A simplicidade do corpo humano oferece-nos um belo exemplo de holograma. O DNA de


qualquer parte do corpo contém o nosso código genético - a totalidade do padrão do DNA -
para todo o restante do corpo, independentemente da proveniência do código. Seja uma
amostra de cabelo, da unha ou do sangue, o padrão genético que nos faz ser quem somos
estará sempre contido no código e sempre será o mesmo.
Assim como o universo muda constantemente do implicado para o explicado, o fluxo do não
visto para o visto é o que constrói a dinâmica da criação. É essa natureza constantemente
mutável da criação que John Wheeler tinha em mente quando descreveu o universo como
“participativo” - isto é, inacabado e continuamente respondendo à consciência.

Desde os antigos escritos védicos indianos, as ideias convergem para a sugestão de que o
mundo não passa de um espelho de coisas a acontecer em outro domínio mais elevado, ou
em uma realidade mais profunda.

Tanto a teoria quântica, como os textos antigos, levam-nos a concluir que nos mundos
invisíveis criamos o projecto dos relacionamentos, carreiras, êxitos e fracassos, do mundo
visível. A partir dessa perspectiva, a Matriz Divina funciona como o grande cenário cósmico
que nos permite perceber a energia não-física das nossas emoções e crenças projetadas
no meio físico da vida.

Assim como uma tela de cinema mostra sem avaliar qualquer imagem que tenha sido
filmada, a Matriz aparentemente fornece-nos uma superfície não-tendenciosa para as
nossas experiências e crenças interiores, a serem vistas no mundo. Algumas vezes
conscientemente, mas muitas vezes sem perceber, “mostramos” as nossas crenças mais
acerca de qualquer assunto, através por exemplo dos nossos relacionamentos.

O segredo não consiste em apenas perceber como funciona, precisamos também dominar
uma linguagem para comunicar os nossos desejos de um modo que seja reconhecível pela
Matriz Divina (nome dado também para Universo, Deus, Fonte, Inteligência Divina, Vácuo
quântico).

A comunicação é através da linguagem da emoção humana.

A ciência moderna descobriu que o nosso corpo, ao experimentar emoções, também


processa mudanças químicas como o pH e hormonas, ambos capazes de espelhar os
nossos sentimentos. Mediante experiências “positivas” de amor, compaixão e perdão, e por
meio de emoções “negativas” de ódio, julgamento e inveja, somos dotados do poder de
afirmar ou negar a nossa existência a cada momento, todos os dias. A emoção estende a
sua força no mundo quântico, além do nosso corpo.

Pode ser útil imaginar que a Matriz


Divina é como um cobertor cósmico
cheio de camadas que está em toda
a parte, o tempo todo. Toda a nossa
experiência pode ser imaginada
como “dobras” nesse cobertor. O
nosso corpo, vida e tudo o que
conhecemos, existe dentro desse
cobertor cósmico.
O poema do século VI Hsin-Hsin Ming (que se traduz como Versos sobre a Fé-Mente)
descreve as propriedades de uma essência que é o projeto de toda a criação. Chamada
Tao. O Tao é descrito como perfeito, “como um vasto espaço, onde nada falta e nada está
em excesso”.

De acordo com Hsin-Hsin Ming, somente nos equivocamos com a harmonia do Tao quando
perturbamos a sua tranquilidade com os nossos juízos. Quando isso ocorre, inevitavelmente
encontramo-nos enredados por sentimentos de raiva e separação: “Para entrar em directa
harmonia com essa realidade, diga simplesmente quando a dúvida surgir, ‘não dois’. Nesse
‘não dois’ nada está separado, nada é excluído”.

Se quisermos alcançar os nossos objetivos, é necessário criar uma nova perturbação no


campo, que espelhe o nosso desejo. Precisamos fazer uma nova “dobra” (no cobertor
cósmico). Esse é o nosso relacionamento com a Matriz Divina. Recebemos o poder de
imaginar, sonhar e sentir as possibilidades da vida no interior da Matriz propriamente dita,
de tal modo que, ela possa refletir de volta para as nossas criações.

Tanto as tradições antigas como a ciência moderna descreveram como esse espelho
cósmico funciona.

Sobre este livro

Este livro não pretende ser um trabalho definitivo na história da ciência e da nova física.
Existem vários outros textos que têm sido maravilhosamente eficientes no despertar da
nossa consciência. Alguns são até mesmo citados aqui - por exemplo, o Hyperspace, de
Michio Kaku, e A Totalidade e a Ordem Implicada, de David Bohm. Cada uma dessas obras
mostra-nos uma poderosa e nova forma de ver o mundo.

Este livro é uma obra escrita com a intenção de ser uma ferramenta útil - um guia - a ser
aplicada nos mistérios da vida diária. A Matriz Divina oferece uma ponte para transpor o
abismo entre os mistérios do mundo quântico e as nossas experiências do dia-a-dia.

Como já somos parte da Matriz Divina, faz sentido que já tenhamos tudo o que é necessário
para nos comunicarmos com ela. A linguagem da consciência parece ser a experiência
universal da emoção. Já sabemos amar, odiar, temer e perdoar. Ao reconhecer que tais
sentimentos na verdade são, instruções que programam a Matriz Divina, ficamos em
condições de aprimorar as nossas habilidades e compreender melhor como encontrar
alegria, cura e paz para a nossa vida.

Toda a vida provém de quatros bases químicas que criam o nosso DNA, o universo
fundamenta-se em quatro características da Matriz Divina que fazem tudo funcionar. O
segredo para usufruirmos reside na nossa habilidade de aprender as quatro descobertas:

- Descoberta 1: Existe um campo de energia que conecta toda a criação;


- Descoberta 2: Esse campo desempenha o papel de receptáculo, ponte e espelho
para as nossas crenças;
- Descoberta 3: O campo está em toda a parte e é holográfico. As partes estão
ligadas entre si e cada uma espelha o todo em escala menor;
- Descoberta 4: A nossa comunicação com o campo faz-se pela linguagem da
emoção.

O livro está escrito em três partes. A Parte I, “Descobrindo a Matriz Divina” explora o
sentimento humano que nos une ao campo de energia e liga todas as coisas. Inclui três
experiências que mostram a documentação sobre determinado campo de energia, onde os
resultados demonstraram:

1. O DNA humano exerce efeito directo na matéria que constitui o mundo;


2. A emoção humana exerce efeito directo sobre o DNA que afecta a matéria que
constitui o mundo;
3. A relação entre as emoções e o DNA transcende limites espaciais e temporais. Os
efeitos são os mesmos, independentemente da distância.

A Parte II, “A ponte entre a imaginação e a realidade: como a Matriz Divina funciona”,
explora o que significa viver em um universo onde, além de estarmos conectados (de modo
não-local), tudo se encontra interligado holograficamente.

O poder sutil desses princípios talvez seja uma das maiores descobertas da física do século
XX - sendo bastante possível que seja a menos compreendida e negligenciada. Como
usamos esse poder? A resposta começa com a nossa compreensão de que realmente não
existe “aqui” e “lá” ou “depois” e “agora”. Da perspectiva da vida universalmente conectada
como holograma, o aqui é sempre lá e o depois é sempre agora.

As tradições espirituais antigas lembram-nos de que, em todos os momentos de cada dia,


fazemos escolhas que são afirmativas ou negativas para a nossa vida. Em cada instante,
escolhemos nutrir-nos de maneira que contribuirá para fortalecer ou para enfraquecer a
nossa vida; para afirmar a vida pela respiração profunda ou para negá-la; pelos
pensamentos e falas que vão elevar ou denegrir a imagem de outras pessoas.

Pelo poder da nossa consciência não-local e holográfica, cada uma dessas escolhas,
aparentemente insignificantes, tem consequências que se estendem além dos lugares e
momentos da nossa vida. As nossas escolhas individuais combinam-se e tornam a nossa
realidade colectiva. Pela compreensão desses factos percebe-se:

● a razão por que as nossas aspirações, pensamentos e preces já estarem sempre


em seus destinos;
● que não somos limitados pelo nosso corpo ou pelas “leis” da física;
● que apoiamos os nossos seres queridos em toda a parte, seja no campo de batalha
ou na sala da directoria - sem sair de casa;
● que temos o potencial para nos tornarmos saudáveis instantaneamente;
● que existe a possibilidade de visão através do tempo e do espaço sem que ao
menos precisemos abrir os olhos.

A Parte III, “Mensagens da Matriz Divina: vida, amor e cura na consciência quântica”
mergulha directamente nos aspectos práticos do que significa viver no campo unificado de
energia, e também no seu efeito sobre os acontecimentos da nossa vida.
Mediante várias histórias de caso, compartilho o poder, a ironia e a clareza de como
eventos aparentemente insignificantes da nossa vida estão na verdade a mostrar, “a nós
mesmos”, quais são as nossas crenças mais profundas.

Este livro é o resultado de mais de vinte anos de pesquisas e da minha jornada pessoal na
busca pelo significado de grandes segredos conservados pelas mais antigas, místicas e
valorizadas tradições.

Agradará a todos os que sempre procuraram respostas para indagações de questões como:
“Será que estamos realmente conectados e, se estivermos, qual a profundidade dessa
conexão?” e “Em que medida o nosso poder pode verdadeiramente mudar o mundo?”.

Poderemos, por fim, descobrir que a nossa capacidade para entender e aplicar as “regras”
da Matriz Divina guarda o segredo da nossa cura mais profunda, da nossa maior alegria e
da nossa sobrevivência como espécie.

- Gregg Braden
Santa Fé, Novo México

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