Você está na página 1de 2
\..GSWALDO DE BARROS SANTOS 1 Faleoeu a § de fevereiro p.p.yem La “Jolla, nos Estados Unidos, o maior psicdlo- » gore psicoterapeuta que o mundo coneceu na éra pés-freudiana, Sua experiéncia, sua “ doutrina e suas “técnicas” expressas em seu Yamoso livro “Counseling And Psychothe- “ gapy - Newer concepts in practice” — pu- Dlicado pele H. Mifflin Company, em 1942, causaram uma das mais notdves revolugées ro. campo da psicoterapia ¢ da orientayio “educacional, desde a época de Freud ¢ das { diversas versbes da psicandlise, \ 'y Suas idéias basicas e originais deram Sorigem, como ocorrem com todas as novas }comtribuigSes, a uma porderivel polémica ‘Gobre 0 conteio ea diresio das técnicas de Sterapia psicolégica, Embora, come diz 0 THroprio Rogers, seus conceitos tenhara sido, {eitparte, inflenciados pelo persamento { psicenalitico, sua posigdo como sez huriano je doino terapeuta 24°dos analistas ortodoxos. Enquanto estes tabsem a exploragio psiquica os mais pro- { fundos sentimentos do cliente com relagz0 3 Vida, & morte, 20 sexo e a outros impulses “tials ou culruralmente desenvolvidos € “ ¢nfatizam, no cliente, sua luta, seus temores fe suas tendéncias sociais ou ant-sociais, ponstrutivas ou destrutivas, principalmente 2 estas thtimas, a terapia sogeriana procura clitat” ao individuo a sua propria inter- ‘ pretacio do “aqui e do agora”. Os blo- ] qucios, as resistencias, os impulsos ¢ a fore ta’ de sentir € de vivenciar os fatos da vida o‘discutidos no plano da realidade objei- * Val mito no plano cognitivo, nos simbolis- * mios?comuns ¢ na linguagem do diz-adia, { stm qualquer intempretacio que, muitas ve- 4s, mais depende da imaginacio e da crati- ‘ vidade dos analistas do que de uma realida- ae psiquica. ¢ \ \ ! be é ‘A teropia rogeriana inicialmente cha Gy mate “no diva nana, "en influéncia de,Carl Rogers na Educacac fh aagugereoi referéncias, A individualidade, a personali mente oposta j wh pessoa") € ou cenjunto de téenicas, Diz Rogers que as radancas benéficas para a personalidade ‘ocorrem nao em virtude de teorias ou técni- as mas, sobretudo, em fungéo das atitudes do terapeuta, ou sea, da relacio humana a5 pessoas, seja no "consultsrio psicologico; seja iia sala de au- 14, no complexo organizacinal das empre- Gas ou mesmo entre os grandes grupos dos povos e nagdes. Para que essas mudancas ‘ocorram, trés atitudes sdo fundamentais se- gundo sis observagbes e gravaczo de en trevistas terapeuticas, que, durante longos anos, realizou nos Estados Unidos, com inimeros discipulos ¢ colaboradcces, Pri- meiramente, dia Rogers, deve haver uma [attude de congruénca ¢ autenticidade por parte do terapeuta, E uma relacio genuina sem fachada para com o cinte ou com sets alunos. O terapeuta & 0 que é, plenamente aberto’tos sentimentos que “naqueles sno- i”, No operam 0 ciztan coisas que néo sentem; so resis, n3o escondein stus sentimentos pessoais, emborz no se- jam obrigados a exptessilos, O cliente, asia, confa ne pessoa que o atende equ « judo, A segunda condigio ou positiva incondi- a | cional do vétpeita para com o cen, O psiodlogo actita o cient tal como ele & ¢ sente vontade de ajudé-lo, Vivencia calor hhumano rea! (eno fal, o que contrariaria 4 primeira concicéo), O psicol6go vé a pes- 0a no seu contexto real, compreende seus roblemas ¢ 0 porqué de seus temores,s0- Fimenoe ¢ delesas, Preza o cliente de um moda tal que no aprova nem repfova suas reagdes. Eo sentimento postivo, sem reser vas ¢ semi julgamento, A terceira condigio é eet"0 terapeuta senso do imurido interno as significagbes pessoais do clieate como Goss, ee préprio, seu proprio mundo, nas sem perder esse esto significa que cada um gompreende 0 outro, mas cada um pita seu, owes lao peso de ade € a expressio pessoal do Ego si: sempre enormemente respeitadss, Este tp de attude, chamada compreenséo cmpétics do cliente ou, simplesmente, expat, ' muito rato, £ freqente, em nossos reac namentos, julgar a5 pessoas pelos noso padrées, embora digamos 0 contsérie Quando o cliente sente que alguém extend: seus sentimentos ¢ suas ages, sem des'e analisislos ou julgé-los, pode flocre cresc: nese clima, Todas as técnicas psico aquaisquer que seam suas denominagses ct seus pressupostos tebricos, podem sec efeli vas na medida em que ocorram a5 cat bes acima citadas ¢ 05 dientes as perce bam, Daf o fat de que muites abordegen diversas ete si, mesmi 35 Qc sire trab he" corporal,processos comportements! ée anionic ul {"psiclogo realmente vi no seu contacto com as pessoas peurbada por problemas prcol6gcos _ JA pritica da terapia rugesiana, nas ci ricas € consult6rics pariculates, no 2° bien institucional ou no dia-a-dia des rel bes humanas nio € tio fic! come pod parecer. Muitos mal informados pensam s: a terapia centrada na pessoa uma espécie¢ “Jaissea-aire” em que 0 psiclogo nada fx: apenas ouve, como ocorre em certas forms ttadicionas de terapia, Na orientagio r0gt riana acontece justamente 0 oposto: ociez, te conversa” com o térapeuta e cade ast a todo momento, 2 todo instante, este atento 2 tudo que o cliente di, juntand fotos que ao diente parscem isolados mis que podem formar uma cadeia de sentimez tos ou de comportamertos exprestos 6° reprimides, As interpretaghes que pores tura coorrain sic colocadas como hipéves: ¢ ambos, diene eterapent exploram esse , na Psicoterapia e nas hipéteses abrindo-se, assim, um caminho Yeal € rico de possibilidades que leva = pes- soa a conhecer-se melhor ¢ 4 entender seu comportamento sem que ninguém, como juiz, inverprete por ele. Leva-se 0 cliente & reflexaoe€ no se procura categorizar ow rotular seus sentimentos., ‘As sessies terapéuticas no estilo de Ro- gers nio sio tio freqiientes como na andlise ortodoxa. Ocorrem, em gezal, uma vez por semana, as vezes © raramente, duas vezes por semana, com um tempo médio de 50a £0 minutos por sesso. Tal procedimento, aliado As atitudes do terapeuta, torna muito menos frequentes as situasdcs transferen- ciais (amor ¢ 6dio entre cliente ¢ terapeuta) © a temivel Gependéncs terapéutica que leva muitas pessoas & necessidade de convivén- iz com'seu terapeuta por 15 a 20 anos, sem we, com isso, haja uma proporcional me- | thora no seu estilo de vida. Ao contrario, as veres torna-se um robé que nada faz sem o commando (embora velado) da terapeuta. ‘As atitudes d= vongrucncia, auccntich dade, calor humans, accitagao positiva in- éondicional e empatia sz0, arualmente, em- bora com denominagdes diversas, comuns em todas as terapias. Sao | Soper p47 .gduktos, como psicsloga clinico. ‘ead "ye APRNs MSE: € suas contribuigses. A hips- Verificou que conselhos ¢ advertén: cos resultados produziam. O 2, formal que as vezes ocorria com 5 cientes” foram toma indo Rogers consciente uccemos dos referenciais do im existem. Em conseqaén- J5es ¢ dificultamos 0 ajusta~ m conselhos ¢ diregSes. outro que tam! cia, criamos tens mento individual com conse ¢ terapia centrada no cliente ou na Fe Peo eo individuo © ndo resolver “problemas especificos. Com as atitudes de “autenticidade, congragncia, accieae20 (que nio si rova¢ao) © empatia “Ete Eaugao detensoce € 0 individuo é capaz de se sentir melhor, aceitando seus cventuais “eros” ou “ingucessos” sem des- truir seu autoconceito. A medida que ele proprio se avalia ¢ se conhecr, € se accita, Recor come pessoa, faz opsdes © encon- tra caminhos mais adcquados a satisfagao de suas necessidades como pessoa. HA um potencial humano que € liberado; o indivi- duo possui, em si mesmo, recursos para autocompreensao © autodiregao. A atitude do terapeuta € facilitar a mobilizagao desses recursos, contida até entao pelo temor que © cliente sente da critica externa e da pré- pria autocritica. A medida que estas sc re- duzem, © cliente se torna capaz de tentar novos e construtivos mcios de reagir as dificuldades de seu esquema de vida. Rogers considera suas hipéteses suas contribuigées como fatos sujeitos a verifica- s6es experimentais. Empiricamente, Rogers festou suas idéias analisando, mediante gra- vagdo do didlogo terapeuta-cliente, os efci- tos de diferentes atitudes do terapeuta no comportamento do cliente € concluiu, com . Relacoes Hum os estudos de Halkides (Hart & Tomtison} 1970) ¢ de Barret-Lennard (1965) bem ce, mo de outros pesquisadores que: a) os tilen4 tes que mostraram methor aitcragao, z¢ra+ péutica haviam percebide melhor as :acitus Ges propostas por Rogers; 2) A correlagioy entre # percepsao, 4 cliente, das aricudes, propostas ¢ 0 grau de alteragio foi maint da, Gue a correlagdo entre a pei ‘do terax eura © © mesmo grau de alteracdo. ‘Ist gnifica que o mais importante € 0 faro'de & Eliente perceber a autenticidade, o respite € a empatia manifestados pelo terapeuta at Outros erabalhos ¢ pesquisas véri mews trando os mesmos resultados embora, coma € evidente, nao sam ser conclu: quer pelo redi nimero de casos, pelo esquema operacional com que se-trat Ou a hipétese. A dificuldade de ‘se smodit efeitos teraupéuticos € de todos conf por ser muito dificil o controle de rodax33 varidveis envolvidas. 7 Se _ 5 Come se'assinalou, as athudes proped: tas por Rogers irapregnam todo 0 camp9 rerapéutico da atualidede. Ser o fenémeno uma influéncia natural de um novo chiné gue afera todo o campo do interrélacionat mento humano, expresso pelo maior rey By dividualdade ou seré uma conmriban $30 pessoal de Rogers ¢ de seus discipuloea todos aqueles que na Psiquiatrie, oa-Psitoy logia e na Educaglo procuram, ajudar seus clientes? dificil dizer. Como um dos pionciros que introduziram © pent samento de Rogers no Brasil, apés estudos na década de 50, nos Estados Unidos, creio que os dois fatores se conjugaram para A terapia psicolégica uma contribuigao pro- fissional poucas veres sequer imnaginadet © autor 6 stoma palcsloge, deuter em Prinstesia pela Universidade de Sac Paule, ex-pretes: ser da mesma Universidade. He \ i Z |

Você também pode gostar