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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
COMPLEXO ESCOLAR ANA KARINA

TRABALHO DE HISTÓRIA

TEMA: ANGOLA - A ABERTURA AO ATLÂNTICO


IMPACTO INICIAL

Turno: Tarde
Turma: A
Grupo: A
Classe: 10ª
PROFESSOR
Sala: 8 ______________________
Nzunzi Paulo

2022
Integrantes do grupo

1. Gilsa Matias
2. Pedro Pembele
3. Judilson Rafael
4. Wilson Eduardo
ÍNDICE

1. Introdução.................................................................................................................. 1

2. Fundamentação Teórica ............................................................................................ 2

2.5. 2.1. O Impacto Inicial ........................................................................................ 2

2.6. 2.2. O Congo e os Portugueses .......................................................................... 3

2.7. 2.3. O Início do Tráfico de Escravos, Papel dos colonos de São Tomé ............ 4

2.8. 2.4. As Crises Internas: Invasões, os Imbangalas e o Reforço da Influência


Portuguesa Invasões ...................................................................................................... 4

2.9. Reforço da Influência Portuguesa - A destruição e o despovoamento .............. 7

2.10. A perda da autonomia governativa................................................................. 8

2.11. O surgimento de estados assentados no tráfico de escravos e o surgimento de


Nzinga Mbandi como liderança guerreira .................................................................... 9

2.12. O Desenvolvimento do Tráfico de Escravos na Região ............................... 10

3. Considerações Finais ........................................................................................... 12

4. Referências Bibliográficas .................................................................................. 13


1. INTRODUÇÃO

A sociedade colonial portuguesa teve o seu início com a chegada dos portugueses
no Reino do Congo, nos finais do século XV (1482) caracterizada por uma dominação
colonial.

A dominação foi feita em 2 fases:

1º PENETRAÇÃO – A penetração é a fase que vai desde a chegada do português Diogo


Cão na Foz do rio Zaire até vésperas de 1575.

2º OCUPAÇÃO – Esta fase teve início em 1575, com a fundação da capitania de São
Paulo de Loanda, hoje cidade de Luanda, pelo capitão português Paulo Dias de Novais e
termina a 11 de Novembro de 1975 ano da proclamação da independência de Angola.

Razões que condicionaram e influenciaram na ocupação do território angolano:

- Interesses económicos (necessidades de matérias primas, mercados e áreas de


investimentos );

- Motivos políticos (vontade de afirmar o seu poder e força militar através da ocupação
de regiões e zonas estratégicas);

- Razões ideológicas (desejo de divulgar a cultura europeia junto dos africanos.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.5. 2.1. O Impacto Inicial

Os mercadores europeus, com o crescer da procura por mão-de-obra escrava,


motivada pela instalação de colónias agrícolas na América, associaram-se militarmente e
financeiramente com sobas e régulos africanos, que viviam nas costas marítimas, dando-
lhes armas, pólvora e cavalos para que afirmassem sua autoridade numa extensão a maior
possível. Os prisioneiros das guerras tribais eram encarcerados em “barracões”, em
armazéns costeiros, onde ficavam a espera da chegada dos navios tumbeiros ou negreiros
que os levariam como carga humana pelas rotas transatlânticas. Os principais pontos de
abastecimento de escravos, pelos menos entre os séculos XVII e XVIII eram o Senegal,
Gâmbia a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos.

O delta do Níger, o Congo e Angola serão grandes exportadores nos séculos XVIII
e XIX. Quantos escravos foram afinal transportados pelo Atlântico? Há muita divergência
entre os historiadores, alguns chegaram a projectar 50 milhões, mas os censos de 1969
estimam entre 9 a 10 milhões, a metade deles da África Ocidental, sendo que o apogeu
do tráfico ocorreu entre 1750 a 1820, quando os traficantes carregaram em média uns 60
mil por ano. O tráfico foi o principal responsável pelo vazio demográfico que acometeu
a África no século XIX.

O comércio de escravos no Atlântico ou comércio transatlântico de escravos,


também chamado de tráfico negreiro, ocorreu em todo o Oceano Atlântico entre os
séculos XVI e XIX. A grande maioria dos escravizados que eram transportados para o
Novo Mundo, a maior parte pela rota de Comércio Triangular, eram membros de povos
da África Ocidental, nas partes centrais e ocidental do continente, vendidos por outros
africanos ocidentais para os comerciantes de escravos da Europa Ocidental ou capturados
directamente pelos europeus.

O número de pessoas trazidas foi tão grande que, antes do final do século XVIII, os
africanos que vieram por meio do comércio de escravos tornaram-se os mais numerosos
imigrantes do Velho Mundo tanto no Norte quanto no Sul da América. Uma quantidade
muito maior de escravos foi levada para a América do Sul em relação ao norte. O sistema
económico do Atlântico Sul era centrado na produção de culturas de comanditeis e
produtos têxteis para vender na Europa. Aumentar o número de escravos africanos

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trazidos para o Novo Mundo foi crucial para os países da Europa Ocidental que, nos
séculos XVII e XVIII disputavam entre si a criação de impérios ultramarinos o comércio
de escravos é às vezes chamado de Maafa por estudiosos afro-americanos, o que significa
"grande desastre" em suaíli. Outros, como Marimba Ani e Maulana Karenga, usam os
termos Holocausto Africano ou Holocausto da Escravidão para se referir ao período.

O Império Português foi o primeiro a se engajar no comércio de escravos para o


Novo Mundo no século XVI e outros logo o seguiram. Os donos dos navios negreiros
consideravam os escravos como uma carga que deveria transportada para a América da
maneira mais rápida e barata possível, para então serem vendidos para o trabalho escravo
em lavouras de café, tabaco, cacau, açúcar e algodão, nas minas de ouro e prata, campos
de arroz, de indústria de construção, corte de madeira e como empregados domésticos.

Os primeiros africanos importados para as colónias inglesas eram classificados como


"servos contratados" e também como "aprendizes para toda a vida". Em meados do século
XVII, a escravidão tinha se consolidado como uma casta racial; os escravos negros e seus
descendentes eram oficialmente uma propriedade de seus proprietários e as crianças
nascidas de mães escravas também eram consideradas escravas. Enquanto uma
propriedade, as pessoas eram consideradas um tipo de mercadoria ou unidades de trabalho
e eram vendidas em mercados populares, ao lado de outros produtos e serviços.

Os principais comerciantes de escravos do Atlântico, ordenados por volume de


comércio, foram: os impérios Português, Britânico, Francês, Espanhol e Neerlandês, além
dos Estados Unidos (especialmente a região sul). Eles estabeleceram postos avançados
na costa africana onde adquiriram escravos de líderes africanos locais. As estimativas
actuais são de que aproximadamente 12 milhões de africanos foram enviados através do
Atlântico, embora o número de pessoas compradas pelos comerciantes de escravos seja
consideravelmente maior.

2.6. 2.2. O Congo e os Portugueses

Os portugueses chegaram acidentalmente ao reino do Congo em 1482, comandados por


Diogo Cão e na expectativa de chegar a Índia. A segunda viagem de Diogo Cão ao reino
do Congo foi em 1484. Os navios portugueses chegaram ao reino do Congo pelo porto de
Mpinda. Contactaram com os habitantes do Soyo e com o próprio Mani Soyo. Assim se

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teve a notícia, pela primeira vez no Congo da existência de europeus vindos de um reino
chamado Portugal.

Os primeiros contactos estabelecidos eram relações de amizade, relações comerciais


e diplomáticas. Em 1489 foi enviada para Portugal o primeiro embaixador do Congo
(relações de amizade, comerciais e diplomáticas).

O Ntotela, rei do Congo Nzinga Nkuvu, foi baptizado em 1491 em Mbanza Congo,
tendo adoptado o nome cristão de D. João I do Congo. Muitos bakongos foram mandados
para Portugal, para receberem instrução portuguesa.

O objectivo preconizado pelos portugueses no reino do Congo eram:

- Manter relações comerciais com o reino e consolidar a sua conquista;

- Converter aquele reino ao cristianismo, permitindo assim a sua expansão.

2.7. 2.3. O Início do Tráfico de Escravos, Papel dos colonos de São Tomé

Desde 1493 procedera-se ao povoamento da Ilha de São Tomé por degradados


desterrados portugueses. Este povoamento veio promover contactos mais frequentes dos
portugueses com a costa ocidental Africana, tendo em vista fornecer à Ilha a mão-de-obra
necessária ao cultivo da cana-de-açúcar e mais tarde, a produção do cacau.

São Tomé tornou-se também um ponto de escala (trânsito) na rota das Índias e das
Américas, depósito de escravos e prisão dos condenados. Mais tarde os contratados eram
enviados para esta Ilha, servindo de mão de obra escrava. O cultivo da cana-de-açúcar
provocou o enriquecimento rápido dos colonos (desterrados) ali fixados.

2.8. 2.4. As Crises Internas: Invasões, os Imbangalas e o Reforço da


Influência Portuguesa Invasões

Em 1482, as caravelas do Reino de Portugal comandadas pelo navegador


português Diogo Cão chegaram ao Reino do Congo. Seguiram-se outras expedições e
estabeleceram-se relações entre os dois reinos. Os portugueses levaram armas de fogo,
diversos desenvolvimentos tecnológicos, a escrita e uma nova religião, o Cristianismo.
Em troca, o Reino do Congo ofereceu escravos, marfim e minerais e especiarias.

Em 1575, Paulo Dias de Novais funda Luanda com a designação de São Paulo da
Assunção de Loanda. Dispondo de cerca de 100 famílias e 400 soldados, Novais

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estabelece uma "praça-forte" essencialmente destinada ao tráfico de escravos. Em 1605,
a coroa portuguesa atribui o estatuto de cidade a Luanda. Várias infraestruturas
como fortes e portos foram construídas e mantidas pelos portugueses que, no entanto, não
procederam à ocupação de um território maior, fixando-se apenas em certos pontos do
interior imediato. Benguela, um forte desde 1587, passando a cidade em 1617, foi outro
ponto estratégico fundado e administrado por Portugal.

A presença portuguesa nestes pontos do litoral foi marcada por uma série de
conflitos, tratados e disputas com as unidades políticas próximas, nomeadamente o Reino
do Kongo, Reino do Ndongo e do Reino da Matamba.

Até à Independência do Brasil, a colónia angolana servia essencialmente para


fornecer escravos, nomeadamente para a exploração de minérios no Brasil. Com a fuga
da família real portuguesa para o Brasil, o comércio de escravos aumentou. A declaração
de Independência do Brasil forçou Portugal a dar uma maior importância a Angola dada
a perda dos recursos provenientes do seu ex-território americano. Naquela altura, alguns
países europeus, nomeadamente a Inglaterra, a França, a Bélgica, a Alemanha,
a Espanha e a Itália vinham a ter um papel cada vez mais destacado como potências
imperialistas.

África passa a ser uma região a explorar dados os seus recursos naturais, algumas
importantes para o desenvolvimento industrial na Europa. Esta viragem deu origem, na
segunda metade do século XIX, a uma "Corrida para a África" em que cada uma das
potências europeias tentou assegurar-se o domínio de parcelas territoriais do continente.
Ao fim de fortes disputas entre europeus, e depois de vencida a resistência oferecida por
boa parte das unidades políticas africanas, África ficou, em inícios do século XX, dividida
em colónias europeias, com a excepção da Etiópia.

A conquista portuguesa do território correspondente à actual Angola, a partir de


Luanda e de Benguela, teve início em começos do século XIX, abrandou durante várias
décadas, e retomou com força na segunda metade daquele século, já numa situação de
concorrência com as outras potências europeias. O interesse económico imediato
continuou a ser o tráfego de escravos, lentamente completado por outros tipos de
comércio bem como por uma agricultura de plantações, geralmente de dimensão limitada,
e trabalhados com recurso a mão-de-obra escrava.

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Os Imbangalas

Os imbangalas (mbangalas) ou jagas-imbangalas são um povo que habita Angola.


Constituem provavelmente um subgrupo dos jagas, invasores da região de Cassange nos
séculos XVI e XVII.

São, possivelmente, originários da África Central. Invadiram o atual território


angolano no início do século XVII. Estabeleceram-se na Baixa de Cassange, ou seja, entre
os rios Cuango e Cuanza.

Suas origens ainda são controversas. Geralmente estão incluídos entre os jagas, que
atacaram o reino do Congo durante o reinado de Álvaro I.

Na década de 1960, foi estabelecido que as tradições orais do reino Lunda sugerem
que ambos os jagas citados acima se originaram no reino Lunda e de lá saíram durante
o século XVII. Outra teoria sugere que os imbangalas se originaram no Planalto Central
de Angola ou na região litorânea subjacente.

O primeiro registro escrito sobre os imbangalas foi feito pelo navegante inglês
Andrew Battell, que viveu com eles por dezesseis meses por volta de 1600-1601. O relato
localiza os imbangalas no litoral e no planalto angolanos, ao sul do rio Cuanza. Os líderes
imbangalas teriam dito a Battell que eles teriam vindo de um lugar chamado Elembê. A
história de Battell foi publicada por Samuel Purchas parcialmente em 1614 e
integralmente em 1625. Os portugueses se interessaram pelos imbangalas mais ou menos
na mesma época em que Battell viveu inicialmente entre eles. Battell foi para o território
bangala em companhia de comerciantes portugueses que compravam os prisioneiros de
guerra dos imbangalas para vendê-los como escravos. Nessa época, os imbangalas
atuavam como saqueadores, pilhando o país em busca de vinho de palma.

A capacidade militar e a crueldade dos imbangalas despertaram a atenção dos


colonos portugueses, que viviam uma trégua em sua guerra contra o reino do
Dongo durante a primeira etapa do período colonial (1575–1599). Apesar de professarem
publicamente desgosto pelos costumes imbangalas, os governadores portugueses
de Luanda algumas vezes contrataram os imbangalas para suas campanhas, começando
por Bento Banha Cardoso em 1615 mas principalmente no caso de Luís Mendes de
Vasconcelos e seu assalto de 1618 ao Reino do Dongo.

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Mendes de Vasconcelos empregou três esquadrões de imbangalas mas logo percebeu
que eles não tinham disciplina suficiente para integrar as forças portuguesas. O esquadrão
liderado por Cassange, em particular, se livrou do controle português e iniciou uma
jornada de pilhagem que resultou na formação do reino de Cassange, na bacia do rio
Cuango. Essa foi a origem da atual etnia dos imbangalas, que renunciou a seus costumes
militares no final do século XVII.

Outro esquadrão imbangala chamado Caza se uniu ao Reino do Dongo e passou a


lutar contra os portugueses, embora eventualmente viesse a trair a rainha Ana de
Sousa em 1629, frustrando a intenção desta de preservar a independência do Reino do
Dongo a partir de uma base nas ilhas do rio Cuanza. Após a breve tentativa de reunião do
Dongo com Cassange em 1629-1630, a rainha foi para o reino da Matamba e, lá, formou
seu próprio esquadrão imbangala, liderado pelo homem chamado de Jinga Mona ("filho
de Ana de Sousa"). Acredita-se que a rainha tenha se submetido ao rito de iniciação
imbangala, golpeando um bebê.

No final do século XVII, os imbangalas originais localizados ao sul do rio Cuanza


firmaram alianças com grupos ovimbundos como os bienos, os huambos e os
ambalundos. No século XVIII, os costumes dos imbangalas tenderam a ficar mais
moderadosː por exemplo, a antropofagia ficou restrita a rituais e, algumas vezes, passou
a ser meramente simbólica (no século XIX, imbangalas do Planalto Central de Angola
ainda praticavam um ritual chamado de "comendo o homem velho").

2.9. Reforço da Influência Portuguesa - A destruição e o despovoamento

Com relação à destruição e ao despovoamento, David Birmingham nos diz que o


Ndongo teria sido a principal vítima da agressão portuguesa, pois, segundo o que ele
afirma, os Mbundu do norte foram a primeira e mais direta vítima da ação dos
portugueses. De acordo com sua análise, entre as consequências, mais relevantes,
advindas com a interferência portuguesa na região está o grave impacto demográfico
sofrido devido ao grande número de africanos que passou a sair do porto de Luanda, à
guerra e ao transporte, a que eram submetidos os escravizados dos sertões até os portos
do litoral, que levava muitas vítimas a morte. Ao tratar do impacto demográfico,
Birmingham nos diz que a resposta demográfica do Ndongo às guerras portuguesas e ao
concomitante tráfico de escravizados é difícil de ser analisada com precisão.

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Entre outras coisas, devido ao fato de a perda através da emigração forçada ter sido
extremamente alta, talvez proporcionalmente mais alta que em qualquer outra zona de
tráfico atlântico de escravos.6 Ainda de acordo com o autor esta perda demográfica teria
sido acentuada por outros fatores, entre eles o fato de as baixas centrarem-se nos membros
mais jovens da população, uma vez que os mercadores de escravos valorizavam homens
e mulheres com menos de trinta anos. Outro agravador da situação seria o fato de a área
de maior drenagem de escravos ter sido a região central dos Mbundu, dado que as guerras
de conquista portuguesa eram uma fonte direta de fornecimento, o que contrastava com a
prática normal do tráfico de escravos na qual a captura ocorria na periferia de fortes
reinos. Além disso, o tráfico de escravos angolano teria representado uma muito mais
violenta e arbitrária exigência de vítimas do que o tráfico de outras regiões, onde os chefes
africanos permaneciam senhores de sua própria casa e podiam tomar decisões acerca de
sua participação no tráfico.

2.10. A perda da autonomia governativa

A segunda consequência proveniente da ação portuguesa no Ndongo é a perda da


autonomia governativa. Uma das consequências mais relevantes advindas com a
interferência portuguesa na região teria sido a perda da autonomia governativa à medida
que os fortes e guarnições portuguesas avançavam pelo território em direção à capital
real. Em relação a esse fator, o declínio, em trinta anos, do poder político e militar do
Ndongo teria se acentuado durante a crítica campanha de 1617, na qual os invasores
portugueses penetraram na zona arborizada que separava a planície costeira do planalto,
acrescentando um novo forte à sequência de avanço português.

Em 1618, Luís Mendes de Vasconcelos teria feito uma incursão no próprio planalto
e invadido o coração do reino. Já no momento em que os portugueses apostavam no
retorno ao comércio como principal meio para a obtenção de escravos, abandonando a
estratégia de guerra, o reino do Ndongo mantinha uma política de contração e resistência.
Pois, ao contrário do Congo, o Ndongo teve dificuldade em absorver, controlar e usar em
benefício próprio, uma comunidade mercantil estrangeira. Com o tempo, da mesma forma
que falhou no estancamento da hemorragia interna provocada pelo tráfico de escravos, o
Ndongo perdeu, cada vez mais, a autonomia governativa, à medida que os fortes e
guarnições portuguesas avançavam pelo seu território. Além disso, os portugueses
expulsaram Nzinga Mbandi, pretendente ao título de soberana do Ndongo após a morte

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do último ngola em 1617, decididos a governar o reino de forma indireta. Por isso,
concederam o título de ngola a um chefe chamado Aire Kiluanji, para que este pudesse
cooperar com a política portuguesa para a região.

2.11. O surgimento de estados assentados no tráfico de escravos e o


surgimento de Nzinga Mbandi como liderança guerreira

Enquanto Nzinga consolidava o poder na Matamba, novos desenvolvimentos


políticos tiveram lugar entre os Imbangala estabelecidos em Angola. O mais importante
portador de um título entre os Imbangala, em princípios do século XVII, era o Kasanje,
um chefe que em 1617 apoiou ativamente a invasão do planalto de Luanda e a derrota do
Ndongo. Depois disso, esses grupos, cuja ação era encarada por testemunhas como
predatória, começaram a se fixar em regiões próximas, o Kasanje se retirou para o vale
do Kwango durante a década de 1630 e iniciou a criação de um império comercial similar
ao reino de Nzinga na Matamba. Este recebeu o nome de Kasanje e era, segundo
Birmingham, uma potência militar de grande importância. Esses são exemplos que nos
ajudam a perceber que o século XVII assistiu a um período de considerável
desenvolvimento político ao longo das novas rotas comerciais da África Central.

Portugueses e Imbangala teriam juntado as suas forças para estabelecer um novo


conjunto de estados traficantes de escravos que num certo sentido diferiam pouco quanto
ao seu impacto sobre os Mbundu, quer fossem governados por europeus (Angola) ou por
africano. O pequeno Estado português, Angola, substituiu os detentores de títulos Kongo
nessa região, planície costeira a norte do Kwanza, e o ngola a kiluanje nas antigas
províncias centrais de Ndongo e Lenge.

No caso dos estados governados por africanos, o principal titular de cada bando
Imbangala estabelecia-se como um rei Mbundu que substituía, na maioria dos casos ao
norte do Kwanza, alguma espécie de domínio exercido pelo ngola a kiluanje, criando um
novo estado baseado no recrutamento dos varões locais para a associação ao quilombo.
O que privava a parte mais produtiva da população local de sua anterior pertença às
linhagens Mbundu, além de sujeitá-la à direta autoridade do rei Imbangala e aos vunga
(chefes menores) por ele nomeados.

Ao serem tiradas de suas linhagens, essas pessoas estariam morrendo na concepção


dos Mbundu. Do ponto de vista militar, todos os reinos Imbangala entre os Mbundu que
constituíram acampamentos de mercenários estabelecidos nas franjas da Angola

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portuguesa eram dominados por guerreiros especializados que, em tempos normais,
capturavam agricultores locais para vender como escravo e que, em tempos de guerras,
se juntavam às expedições portuguesas para combater. Assim como podiam se juntar a
traficantes não ligados à coroa portuguesa.

2.12. O Desenvolvimento do Tráfico de Escravos na Região

Os escravos eram utilizados pelas potências colonizadoras europeias como moeda de


troca, através da qual elas importavam os produtos produzidos em suas colónias na
América e nas Antilhas, completando assim os vértices do comércio triangular. Assim,
não precisariam recorrer aos metais preciosos que detinham, a base do Mercantilismo.
Resumindo, os produtos manufacturados europeus eram trocados por escravos na África,
embarcados para a América e para as Antilhas nestes trajectos muitos escravos,
submetidos a condições cruéis durante a viagem, não sobreviviam, onde eram permutados
pelos produtos coloniais que interessavam às metrópoles.

Desde 1576, as trocas comerciais foram regulares entre Luangu e Luanda. Eram
enviados tecidos, tapetes, espelhos e missangas para trocar tácula de Maiombe, marfim,
peles de elefante e sobretudo panos de ráfia, usados como moeda de troca com os
Mbundu. Então, em 1611, o volume das trocas aumentou porque holandeses pagavam
melhor os escravos e o marfim e os seus agentes afastavam os pombeiros de Angola.
Entretanto, estabelecem novas vias de escoamento de produtos de Kassai, ligando
Mpumbu e Luangu; do Kuango ao Mbanza Congo, Cabinda e o Planalto do Bié até
Benguela.

Os portugueses tinham perdido o controlo do comércio e não conseguiram competir


economicamente com os seus rivais europeus. No entanto continuaram as fortalezas de
S. Pedro da Barra e Cabinda, isto é, em 1783 e tentaram cortar as rotas que traziam os
escravos de Kuango até ao litoral. Os mercadores estrangeiros vendiam os seus produtos
nos mercados de Luanda. Na costa do Luangu os concorrentes europeus satisfaziam as
exigências perante a livre concorrência. Se os africanos exigissem aguardente, pólvora,
tabaco, eram estes os produtos que tinha de ser dado em troca dos escravos ou do marfim.
Assim, no final do século XVIII, os grandes negreiros de Luanda tiveram fraco
rendimento com o tráfico.

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O historiador Walter Rodney afirma que foi uma queda na rentabilidade das
operações triangulares que tornou possível que certos sentimentos humanos básicos para
se consolidar as críticas contra o tráfico negreiro no Atlântico. Rodney afirma que as
mudanças na produtividade, na tecnologia e nos padrões de intercâmbio na Europa e na
América impulsionou a decisão dos britânicos de acabar com a sua participação no
comércio de escravos em 1807.

O Senhor africano, após massacrar o comerciante português aliados de Dias de


Novaes, que se encontravam na capital, reuniu suas tropas e atacou os lusitanos de
Luanda. Uma longa e sanguinária guerra. Uma aliança entre Ndongo e Mtamba, um reino
mais a leste permitiu vitórias importantes sobre os portugueses. A Aliança entre
portugueses e os yagas (jagas) permitiu que aqueles fossem impondo sua soberania aos
sobas e apoderando-se das terras do reino do Ndongo.

Os resultados da guerra foram prejudiciais a todos os tipos de comércio, todo mundo


corria perigo e nos primeiros anos do século XVII, os portugueses foram obrigados a
abrirem uma conversa sobre a paz em Luanda, com os Kimbundos dos Ndongo. Ai
apareceu à figura de Nzinga pela primeira vez na vida dos lusitanos, Nzinga Mbundi –
rainha Ginga dos documentos da época – embaixadora plenipotenciária de seu tio, o
ngola. A Africana mostrou-se esperta na arte da diplomacia e mais tarde nas artimanhas
da guerra. Ela com habilidade conquistou na mesa de negociação quase tudo que o
Ndongo havia perdido na guerra. Morrendo o ngola, ela quebrou as regras de sucessão e
subiu ao poder. Exigiu então dos portugueses os que haviam sido acordados no tratado.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a finalização das pesquisas feitas e da matéria desenvolvida, chegamos à


conclusão de que o Império Português foi o primeiro a se engajar no comércio de escravos
para o Novo Mundo no século XVI e outros logo o seguiram, os primeiros contactos
estabelecidos eram relações de amizade, relações comerciais e diplomáticas, procedeu-se
ao povoamento da Ilha de São Tomé por degradados desterrados portugueses. Este
povoamento veio promover contactos mais frequentes dos portugueses com a costa
ocidental Africana. A conquista portuguesa do território correspondente à actual Angola,
a partir de Luanda e de Benguela, teve início em começos do século XIX,
Os imbangalas constituem um subgrupo dos jagas, invasores da região de Cassange nos
séculos XVI e XVII, são possivelmente, originários da África Central.

A Influência Portuguesa contribuiu para: a destruição e o despovoamento, a perda


da autonomia governativa e o surgimento de estados assentados no tráfico de escravos e
o surgimento de Nzinga Mbandi como liderança guerreira e por fim os escravos eram
utilizados pelas potências colonizadoras europeias como moeda de troca, através da qual
elas importavam os produtos produzidos em suas colónias na América e nas Antilhas,
completando assim os vértices do comércio triangular.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
137201-Texto%20do%20artigo-264787-1-10-20170818.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/Imbangalas

https://vieiramiguelmanuel.blogspot.com/2016/05/angola-abertura-ao-atlantico-o-impacto.html

https://view.publitas.com/p222-10650/angola-a-abertura-ao-atlantico-o-impacto-inicial-por-
vieira-miguel-manuel/page/7

http://juniorzolua.blogspot.com/2018/04/angola-abertura-ao-atlantico-impacto.html

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