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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
H519
Física para licenciatura: ondulatória / Annibal Hetem Junior, Calvin Gregorio Hetem.
il. ; 28 cm.
Apêndice
ISBN 978-85-216-3125-5
1. Física - Estudo e ensino. I. Hetem, Calvin Gregorio. II. Título. III. Série.
CDU: 53
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Dedicatória
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FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA
APRESENTAÇÃO
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Com o término da Segunda Guerra Mundial, a Europa e os demais países
envolvidos tiveram de reconstruir suas cidades e reestruturar seus parques
industriais, o que determinou uma globalização das tecnologias
desenvolvidas no período bélico.
O fluxo de cientistas e técnicos entre os países tornou-se muito grande,
e a notação científica, globalizada, tornou-se uma necessidade. O Sistema
Métrico Decimal, por exemplo, passou a ser utilizado por todos os países.
Nesse período, o grupo francês chamado de Bourbaky praticamente
reescreveu a Matemática, conhecida, até então, numa linguagem axiomática
e simbólica.
Assim, os textos de Matemática, Física, Química e outros que
dispunham de linguagem própria passaram a se utilizar da representação
simbólica da Matemática, que se tornou a rainha das ciências exatas e
impregnou as demais ciências.
A demanda tecnológica, na segunda metade do século passado, fez
com que os textos dos livros de Matemática fossem adaptados, pois até o
final da década de 1950, estes se dividiam em três grandes áreas: a Análise,
a Álgebra e a Geometria.
Da Análise surgiu o Cálculo Diferencial e Integral, com larga aplicação
nas Engenharias; a Álgebra e a Geometria se fragmentaram gerando a
Álgebra Linear, a Geometria Analítica com tratamento vetorial; os tipos de
Geometrias, projetiva, descritiva e outras, levaram os textos matemáticos a
se adaptarem a essas aplicações da Matemática.
A informática, que era incipiente, teve um desenvolvimento
excepcional e determinou uma grande demanda de textos matemáticos
aplicados a essa área.
O estudo da Matemática, num sentido mais puro, ficou restrito aos
cursos de bacharelado e à pós-graduação.
Os textos matemáticos, ao serem aplicados às engenharias, à
informática e às demais ciências, perderam as estruturas originais e
começaram a surgir representações simbólicas distintas em cada ciência a
tal ponto que algumas áreas da Matemática, quando representadas por
símbolos distintos, parecem representar conhecimentos diferentes e não
aplicações de um mesmo conhecimento.
Por exemplo, a Álgebra Booleana, a Lógica Clássica, os Circuitos
Digitais, são representações distintas dos anéis binários. Na realidade são
casos particulares e aplicações do estudo da estrutura dos Anéis, que é uma
parte da Álgebra.
Os Autores
OBJETIVOS GERAIS
Durante o processo de criação deste livro, houve a preocupação em expor
os conhecimentos de forma sistemática e didática. Assim, os tópicos
teóricos são apresentados de forma ordenada, de maneira que as deduções e
ideias sejam adicionadas umas às outras, com crescente complexidade.
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Material Suplementar
Este livro conta com o seguinte material suplementar:
APÊNDICE A
A.1 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
A.2 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
A.3 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
A.4 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
A.5 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
A.6 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
A.7 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
A.8 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS DO CAPÍTULO
APÊNDICE B
B.1 ENERGIA CINÉTICA
B.2 ENERGIA POTENCIAL
B.3 INTEGRAL ELÍPTICA COMPLETA DE PRIMEIRO TIPO
B.4 MOMENTO DE INÉRCIA
B.5 O MÉTODO DE RUNGE-KUTTA
B.6 ROTINA PARA O CÁLCULO DA TRANSFORMADA
DISCRETA DE FOURIER
APÊNDICE C
BIBLIOGRAFIA
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Capítulo 1
1.1 INTRODUÇÃO
1.2 UMA ONDA
1.3 ELEMENTOS DE UMA FUNÇÃO PERIÓDICA
1.4 RELAÇÕES IMPORTANTES
1.5 ENERGIA
1.6 SOBREPOSIÇÃO DE DUAS ONDAS
1.7 TÓPICO ESPECIAL: O SINTETIZADOR MINIMOOG
1.8 EXERCÍCIOS
1.1 INTRODUÇÃO
Em nossa vida cotidiana, estamos costumados a separar os fenômenos do
mundo físico em duas categorias: os periódicos e os não periódicos.
Quando nos referimos a uma data, por exemplo, “iremos no próximo dia
23”, isso significa que existiu um dia 23 no mês passado e existirá um dia
23 no próximo mês. Nesta afirmação está implícito o conceito de
periodicidade ou de repetição. O ciclo dos dias e noites, as semanas, os
ciclos da Lua e das estações do ano, todos esses fenômenos são repetitivos,
ou seja, periódicos.
Entretanto, também convivemos com manifestações com
características periódicas que não consideramos como tal. O som — e aqui
se incluem a fala, música, ruídos etc. — se propaga no ar na forma de ondas
sonoras tridimensionais. Ao sintonizarmos uma emissora na televisão ou no
rádio, também estamos utilizando ondas, neste caso, eletromagnéticas. A
luz também tem características de ondas eletromagnéticas, e todas as suas
propriedades (propagação, cores, velocidade, refletividade etc.) vêm desta
sua origem. O fornecimento de energia elétrica em nossas cidades também
ocorre com base em fenômenos ondulatórios. A grande maioria dos motores
e outros dispositivos móveis são máquinas de movimentos periódicos.
Devemos ainda nos lembrar de que os processos biológicos, como
batimentos cardíacos, respiração, sono etc., também são estudados como
ciclos.
De modo a estudar e melhor compreender todos estes fenômenos, os
cientistas e pesquisadores desenvolveram ao longo dos séculos vários
conceitos e metodologias. Evidentemente, como estes estudos estão,
essencialmente, no campo da física, as grandezas e valores associados
necessitam de ser traduzidos para termos matemáticos aos quais possamos
aplicar leis e teoremas. Deste processo surge uma padronização de
terminologias, símbolos e unidades dos movimentos ondulatórios.
Este capítulo inicial é dedicado à apresentação aprofundada dos
conceitos fundamentais ligados aos fenômenos oscilatórios, ou harmônicos,
suas unidades e interpretações. Veremos, mais adiante, que estes conceitos
são de extrema importância para os estudos em física ondulatória.
Figura 1.1 Um barco sobre as ondas do mar. As ondas em uma superfície líquida são
bidimensionais.
Figura 1.3 Exemplos de funções periódicas: onda quadrada, soma de senos, triangular e
dente de serra.
Existe, é claro, um infinito número de funções periódicas. Conforme
apresentado na Figura 1.3, para que uma função seja periódica, basta que
1.3.1 Período
O que acabamos de ler nos fornece a definição da primeira grandeza
fundamental dos movimentos periódicos: o período. O período de uma onda
corresponde ao intervalo de tempo no qual este se repete (Figura 1.4). Se a
forma da onda for complexa, deve-se analisá-la e identificar o ciclo a partir
de suas propriedades, como mostrado no cardiograma da Figura 1.5. Na
natureza (e também nas aplicações tecnológicas) as formas de onda são
complexas, e sua análise pode exigir ferramentas matemáticas mais
sofisticadas (Figura 1.6).
Sendo o período um intervalo de tempo, sua unidade no sistema
internacional é o segundo (s). Fenômenos de intervalo extremamente curto
usam submúltiplos do segundo, como o milissegundo (ms) e o
microssegundo (µs). Fenômenos de longo período, como as estações do
ano, órbitas de planetas ou de estrelas, usam como unidades dias, meses,
anos, séculos etc.
1.3.2 Frequência
Por definição, frequência é o inverso do período, ou seja, f = 1/T. Portanto,
a unidade da frequência no Sistema Internacional é 1/s. Dada a sua
importância, esta unidade tem um nome especial: Hertz, de símbolo Hz, em
homenagem ao físico alemão Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894), que, a
partir da teoria eletromagnética de Maxwell, descobriu e explicou vários
fenômenos sobre o comportamento da luz. Quando afirmamos que uma
onda tem uma frequência de 1 Hz isso significa que seu período é de 1 s;
uma onda de 2 Hz tem um período de 0,5.
■ ■ ■ EXEMPLO 1.1
Observou-se que um condor andino ao voar bate suas asas 10 vezes em 3
segundos. Qual é a frequência deste movimento?
Solução: Aplicamos a Equação 1.2 com os dados informados:
Tabela 1.1
Grandeza Frequência
Coração humano 1 Hz
Observação: veja o significado dos prefixos multiplicadores nas unidades na Tabela C.1 do Apêndice
C.
1.3.3 Amplitude
Chamaremos de amplitude de uma função periódica o valor mais elevado
alcançado pela onda no seu pico. Assim, por exemplo, na função y = 2
sen(t), a amplitude é 2 (Figura 1.8). Esta definição nos dá a amplitude como
o valor máximo da função. Contudo, outras interpretações também podem
ser interessantes, como a amplitude pico a pico, que corresponde à
diferença entre o valor máximo e mínimo alcançado por uma função
periódica.
1.3.4 Fase
A fase de uma função periódica é definida como uma constante que é
somada ao argumento temporal. Assim, este parâmetro corresponde a um
deslocamento angular nas funções trigonométricas, que se traduz por um
intervalo de tempo entre o referencial e o início de um novo ciclo. Assim, a
representação de uma função periódica com fase não nula é algo do tipo y =
sen(t + ϕ), em que ϕ representa a fase. Veja a Figura 1.9 para um exemplo
deste conceito.
Figura 1.8 Função periódica cuja amplitude é igual a A = 2 e cuja amplitude pico a pico é B
= 4.
1.3.5 Offset
Imagine agora uma função senoidal que tem como ponto de máximo 2,5 e
ponto de mínimo 1,5 (Figura 1.10). Esta função está deslocada no eixo das
ordenadas por uma parcela igual a 1,5. A representação de uma função
periódica com offset não nulo é y(t) = sen(t) + b, em que b representa o
offset.
e a unidade de ω no SI é rad/s.
Assim, a expressão completa de uma onda, com todas as grandezas
apresentadas, é
Tabela 1.2
Frequência f Hz
Tempo t s
Período T s
Fase ϕ rad
Uma rápida análise desta expressão mostra que a mesma pode ser
simplificada por ω T = 2π, ou
1.4.3 Amplitude e velocidade angular
Tomando a condição inicial t = 0, temos o valor da função no instante
inicial
1.5 ENERGIA
Este tópico é muito importante do ponto de vista da Física. O conceito de
energia é fundamental para variadas análises e sua aplicação é praticamente
universal quando se trata de mecânica clássica.
Um dos princípios fundamentais da mecânica é a conservação da
energia. Dado um sistema isolado, a sua energia total não se perde nem se
cria, apenas se transforma. Nos estudos que seguiremos nesta obra,
consideramos duas formas distintas de energia: a energia cinética e a
energia potencial.
A energia cinética está ligada ao movimento, e sua definição está
ligada à velocidade de um corpo. Assim, se tomarmos um corpo de massa m
se movendo a uma velocidade v, sua energia cinética é dada por
Se este resultado é válido para tx, então também é válido para qualquer
outro instante, pois esta soma (a energia mecânica) se conserva ao longo do
movimento. Podemos afirmar que a energia mecânica de um sistema
oscilante é proporcional ao quadrado da amplitude. Formalmente:
Isso significa que se somarmos duas ondas iguais cujas fases sejam tais
que sua média aritmética seja (2n + 1)π, com n inteiro, a onda resultante
será nula. Se a média aritmética das fases for 2nπ, o resultado será uma
onda com o dobro da amplitude original.
Por outro lado, se as frequências das duas não forem iguais, perde-se
um pouco o sentido de falarmos de fases. Nossa análise fica dependente
principalmente das frequências. Assim, vejamos
ou
Figura 1.12 Soma de duas senoides. Ao alto y1 = sen(10t). Centro y2 = sen(9t). Embaixo y1
+ y2.
Figura 1.13 Soma de duas senoides. Ao alto y1 = sen(5t). Centro y2 = sen(3t). Embaixo y1
+ y2.
Figura 1.14 Soma de duas senoides. Ao alto y1 = sen(5t). Centro y2 = sen(t). Embaixo y1 +
y2.
Figura 1.15 Um osciloscópio com uma figura de Lissajous. Os sinais eletrônicos são
disponibilizados através dos dois cabos conectados no painel do instrumento.
Tabela 1.3
Por volta de 1970, os sintetizadores eletrônicos modulares eram
delicados, complexos e de alto custo. Por isso não eram utilizados em
shows ao vivo, pois demandavam cuidados especiais de transporte e
instalação. A empresa de Moog propôs um instrumento para atender a
demanda de sintetizadores para serem usados em shows e turnês dos grupos
musicais da época. Foi assim que nasceu o Minimoog, um instrumento que
inclui os componentes mais importantes de um sintetizador sendo, contudo,
compacto e portátil, dispensando o uso de cabos e módulos extra. Seu
desenho simples e operação intuitiva o colocaram como um dos
sintetizadores mais desejados pelos músicos eletrônicos até os dias de hoje.
O principal componente gerador de sons do Minimoog é o banco de
osciladores. Para gerar um som, o músico deve primeiro escolher uma
forma de onda a ser gerada nos osciladores controlados por tensão (em
inglês voltage controled oscilator — VCO). O VCO permite que seja
escolhida uma forma de onda dentre os formatos triangular, dente de serra
(normal ou invertida), pulsos de diferentes larguras ou onda quadrada. A
Figura 1.18 mostra o painel de controle do Minimoog e a Figura 1.19 as
formas de onda geradas pelo seu VCO.
A frequência das ondas geradas pelo VCO é determinada pela tecla
pressionada no teclado musical. O banco de osciladores do Minimoog
contém três VCOs, cujas ondas podem ser combinadas de variadas
maneiras. Fazendo a combinação das várias formas de ondas e outros
efeitos proporcionados pelos outros módulos do Minimoog, os músicos
podem criar uma infinidade de instrumentos eletrônicos virtuais e compor
músicas que nos maravilham até hoje.
Figura 1.17 Minimoog modelo D, lançado na década de 1970. Note os controles dos
osciladores, à esquerda do painel de controle.
1.8 EXERCÍCIOS
1) Faça um esboço do gráfico da função y = 0,5 sen (2t + 0,2) + 0,5 no
intervalo 0 ≤ t ≤ 2π.
2) Considere uma função ondulatória dada por y = 12 sen (40t + 5) – 6.
Obtenha os valores da frequência, período, velocidade angular, fase,
amplitude e offset associados a esta função.
3) Obtenha a expressão da velocidade em função do tempo da função do
exercício anterior.
4) Sabe-se que uma função ondulatória de velocidade angular 8 rad/s
apresentava no instante t = 0 uma posição inicial y0 = 2,5 e v0 = 1,0.
Considerando o offset nulo, apresente a expressão desta função.
5) Considere uma função ondulatória dada por y = 7 sen (12t + ϕ). Calcule o
valor da fase para que y(t = π) = 3,5.
6) Uma função ondulatória de velocidade angular 5,5 rad/s amplitude A =
10 e fase ϕ = 0,1 e offset b = 8. Apresente a expressão desta função.
7) Sabe-se que uma função ondulatória tem um período de 2 s, amplitude A
= 6, fase ϕ = 1,2 e offset nulo. Apresente a expressão desta função.
8) Duas funções ondulatórias y1 e y2 têm velocidades angulares ω1 e ω2
respectivamente, sendo que ω2 = 2ω1. O que se pode esperar da velocidade
angular da soma y1 + y2?
9) Escreva uma expressão para a energia potencial de um sistema cuja
oscilação é dada por x(t) = 9 sen (2,2t – 1,5) e sabendo-se que k = 3.
10) Duas ondas têm a mesma velocidade angular, mas estão defasadas em
45º. Determine a fase da soma das duas ondas e sua amplitude.
11) Qual será a expressão da amplitude do envelope devido ao batimento de
x(t) = sen (7t) e x(t) = sen (6t) ?
12) Faça um esboço da figura de Lissajous gerada por x(t) = cos (10t) e x(t)
= sen (5t).
13) Faça um esboço da figura de Lissajous gerada por x(t) = cos (4t) e y(t) =
sen (8t + π/3).
14) Qual deve ser a relação entre dois sinais que, ao serem vistos em um
osciloscópio como uma figura de Lissajous, geram uma elipse cujo eixo
maior é paralelo ao eixo x.
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Capítulo 2
2.1 INTRODUÇÃO
2.2 SISTEMAS HARMÔNICOS EM FÍSICA
2.3 O PÊNDULO DE GRANDE AMPLITUDE
2.4 TÓPICO ESPECIAL: O PÊNDULO DE FOUCAULT
2.5 EXERCÍCIOS
2.1 INTRODUÇÃO
Do ponto de vista da Mecânica, chamamos de movimento harmônico
simples a um sistema com comportamento periódico, no qual se nota a
presença de uma força restauradora que seja diretamente proporcional ao
deslocamento observado. Os movimentos observados nestes sistemas
recebem o nome de “movimento harmônico simples”, ou MHS, e sua
importância é tal que servem de base para a modelagem matemática de uma
imensa variedade de outros fenômenos.
Muitas são as interpretações e modelagens de sistemas físicos que têm
o MHS como base. Citaremos neste capítulo o clássico sistema massa/mola,
o pêndulo simples, a mola de torção, a massa presa a fio tensionado, o tubo
em “U”, o hidrômetro, o amortecedor a gás e o circuito LC.
2.2 SISTEMAS HARMÔNICOS EM FÍSICA
Como foi visto no Capítulo 1, os movimentos oscilatórios podem ser
descritos por uma função do tipo
ou ainda
chega-se a
A velocidade angular definida na Equação 2.6 estabelece a chamada
“velocidade angular natural” do sistema. A equação diferencial obtida
admite soluções baseadas em combinações lineares de funções
trigonométricas. Entretanto, como desejamos abordar o problema com
profundidade, seguiremos a solução via exponenciais complexas. Adotando
como solução
O índice “z” está presente para denotar que esta é a forma complexa da
grandeza. Com isso, prova-se que a solução proposta na Equação 2.8
satisfaz a equação diferencial do movimento.
Neste ponto podemos invocar a relação de Euler
Figura 2.4 O movimento senoidal do corpo como uma projeção real da solução complexa.
■ ■ ■ EXEMPLO 2.1
Um corpo de massa igual a 200 g está preso a uma mola sobre um plano
horizontal. Sabendo-se que a constante da mola é 25 N/m, obtenha a
frequência e o período de oscilação deste sistema (obs.: desprezar todas as
perdas e dissipações).
Solução: Aplicando-se a fórmula da Equação 2.21, temos
Agora, consideramos que θ está no intervalo [θmin, θmax] e que θmax seja
tão pequeno que possamos considerar a aproximação sen θmax ≈ θmax, que é
válida para pequenos ângulos de até 1º. Então
■ ■ ■ EXEMPLO 2.2
Considere um pêndulo simples na superfície da Terra (g = 9,8 m/s2).
Observou-se que seu período de oscilação é de 2,5 s. Calcule a velocidade
angular e o comprimento da haste deste pêndulo.
Solução: Invertendo a Equação 2.35 temos
o que nos lembra muito a Equação 2.2 (não é à toa que este sistema também
é conhecido por “mola de torção”). A constante k é módulo de elasticidade
de torção, cuja unidade é N m/rad (caro leitor, não inventaremos outro
símbolo para a constante da mola de torção: em Física, as constantes de
molas são sempre denotadas por k, ficando o contexto do problema em
estudo com a missão de dirimir de qual mola estamos falando...). Esta
equação nada mais é do que uma equivalente da lei de Hooke para a torção.
A segunda lei de Newton para o movimento de rotação do sistema é
Figura 2.8 Um pêndulo de torção com um disco.
E finalmente chegamos a
cuja solução real é
e a frequência
■ ■ ■ EXEMPLO 2.3
Foi construído um pêndulo de torção simples com um paralelepípedo de 1
kg, de altura 5 cm, profundidade 5 cm e largura 30 cm. Esta peça foi
suspensa pelo seu centro de massa por um fio de aço cujo coeficiente de
torção vale 5 N m/rad. Calcule o período de oscilação deste sistema (Figura
2.9).
■
2.2.4 Massa presa a fio tensionado
Imaginemos um sistema conforme mostrado na Figura 2.10, no qual um
corpo de massa m está no meio de um fio sob tensão. Ao deslocarmos o
corpo da sua posição de equilíbrio, a força exercida pelos fios em conjunto
tende a levar o corpo de volta, e assim temos um oscilador harmônico.
Por se tratar de um único fio com um corpo preso no seu comprimento
mediano, podemos supor que cada lado do fio está sujeito a uma tensão T.
O comprimento de cada lado na posição de equilíbrio igual a l, e a equação
do movimento fica
Assim, chegamos a
e com período
2.2.6 Hidrômetro
O hidrômetro é um instrumento usado para medir a densidade de líquidos, e
por esse motivo é também conhecido como densímetro. Este aparelho é
geralmente feito de vidro, sendo constituído por uma haste cilíndrica e uma
região mais ampla (chamada de lâmpada), que contém pesos de chumbo ou
outro metal. Esta construção permite que o hidrômetro flutue livremente na
posição vertical com a haste para cima, quando colocado na superfície do
líquido cuja densidade deseja-se medir. O hidrômetro afundará na superfície
do líquido alcançando uma posição vertical na graduação da haste, que
depende da densidade do líquido em estudo. Veja na Figura 2.12 um
hidrômetro em uso.
Se o hidrômetro for empurrado alguns milímetros para dentro do
líquido, observaremos a ação de uma força que o trará de volta à superfície,
chamada de empuxo. O empuxo é proporcional à massa de líquido que foi
deslocada, e é dado por
e à velocidade angular
2.2.8 Circuito LC
Como último exemplo de sistema físico oscilante, apresentaremos o circuito
LC, que ocupa junto com o sistema massa/mola o papel de sistema oscilante
fundamental. Também chamado um circuito ressonante, consiste de um
condensador (ou capacitor) e um indutor (ou solenoide), conectados
eletricamente conforme o circuito da Figura 2.14. O indutor é representado
pela letra L (o valor da indutância, dado em henry — símbolo H) e o
condensador pela letra C (o valor da capacitância, dado em faraday —
símbolo F), daí a origem do nome do circuito.
A importância dos circuitos LC vem do seu amplo uso tanto para gerar
sinais a uma frequência específica, ou atuando como filtros que separam
sinais com uma frequência em particular a partir de um sinal mais
complexo. Os circuitos LC estão presentes no projeto de muitos
dispositivos eletrônicos, especialmente equipamentos de rádio, são
utilizados em circuitos como osciladores, filtros, sintonizadores e
misturadores de frequência. Veremos aqui o circuito LC como um modelo
idealizado, em que consideramos a aproximação de que não haja perda por
dissipação de energia.
Relembrando a lei de Kirchhoff para a tensão no circuito da Figura
2.14, temos
em que VC e VL representam as tensões no condensador e no indutor
respectivamente. A lei de Kirchhoff para a corrente no circuito nos dá
e a equação do condensador
Portanto
Tabela 2.1
Frequência: f = ω/2π; período: T = 2π/ω.
Como o atento leitor deve estar ciente, esta é uma equação de difícil
resolução. Pode-se, contudo, optar por outro caminho, que segue uma
dedução a partir da Lei da Conservação da Energia. A variação da energia
potencial de um corpo de massa m, que está sujeito a uma aceleração
gravitacional g, e se desloca por uma altura h vale
Portanto
e
ou
■ ■ ■ EXEMPLO 2.5
Considere um pêndulo simples com uma haste de 60 cm na superfície da
Terra (g = 9,8 m/s2). Calcule o período de oscilação quando o ângulo inicial
for a) 2º e b) 30º.
Solução: Fazendo o cálculo para o primeiro caso, θmax = 2º, temos
2.5 EXERCÍCIOS
Para a resolução destes exercícios, considere a aceleração da gravidade na
superfície terrestre como g = 9,8 m/s2.
1) Um sistema massa/mola composto de uma mola, cuja constante é 44
N/m, e um corpo de massa igual a 1,5 kg, está montado horizontalmente
sobre uma superfície plana sem atritos ou perdas. Obtenha a frequência e o
período de oscilação deste sistema.
2) Deseja-se saber qual é a constante de elasticidade de uma mola. Para
tanto foi utilizado um corpo de 2 kg para construir um sistema massa/mola
sobre uma superfície plana sem atritos ou perdas. Sabendo-se que o período
observado foi de 1,71 s, obtenha a constante de elasticidade da mola.
3) Um corpo de 1,7 kg deve ser pesado por uma balança de mola. Ao ser
preso à extremidade da mola, observa-se um deslocamento de 3 cm para
baixo do ponto de equilíbrio, e então o corpo passa a oscilar. Qual é o
período desta oscilação?
Figura 2.18 Figura do Exercício 2.3.
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Capítulo 3
3.1 INTRODUÇÃO
3.2 MOVIMENTO HARMÔNICO AMORTECIDO
3.3 MOVIMENTO HARMÔNICO FORÇADO
3.4 TRANSIENTE
3.5 APLICAÇÃO: O CIRCUITO RLC SÉRIE
3.6 TÓPICO ESPECIAL: RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR
3.7 EXERCÍCIOS
3.1 INTRODUÇÃO
No Capítulo 2 foi feito um exaustivo estudo de sistemas físicos oscilantes.
Os casos apresentados (sistema massa/mola, pêndulo simples, pêndulo de
torção, massa presa a fio tensionado, tubo em “U”, hidrômetro, amortecedor
a gás e o circuito LC) são, evidentemente, uma pálida amostra dos sistemas
harmônicos que encontramos na natureza. Existem infinitos sistemas
oscilantes, cada um com suas particularidades e características. Certamente,
é impossível estudar (ou apenas elencar) todos em um único livro.
Contudo, a pequena amostra de sistemas oscilantes apresentada é
suficientemente significativa para que possamos estudar o movimento
oscilatório de forma mais aprofundada. Usando como exemplo ou
recorrência os sistemas já vistos, poderemos ir adiante com nossos estudos
e análises. Qualquer outra situação que apresente um comportamento
oscilatório apresentará uma correspondência como um sistema massa/mola,
ou um pêndulo, ou um circuito LC. Assim, estamos cientes de que não
vimos todos os sistemas que existem, mas podemos abstrair seu
comportamento físico como um dos casos estudados.
Neste capítulo introduziremos duas variações aos sistemas harmônicos:
o amortecimento e as forças externas. O estudo passará inicialmente pelos
sistemas amortecidos, e em seguida veremos como é seu comportamento
quando se aplica uma força externa que varia com o tempo.
Como o atento leitor pode adivinhar, os parâmetros b1, b2, ... bn,... são
de difícil obtenção e, por este motivo, seremos levados a fazer mais uma
simplificação. Assumindo que a velocidade será muito pequena comparada
com as outras grandezas envolvidas, podemos considerar apenas o primeiro
termo de 3.1, ficando com
Dessa maneira, o sistema massa/mola amortecido é caracterizado por
três grandezas: a massa m, a mola de constante k e uma força equivalente ao
atrito que depende da velocidade, cuja constante de dissipação é b. A
unidade de b no SI é kg/s. Esta nova grandeza é chamada de fator de
amortecimento e está presente em todos os sistemas do mundo real. Mesmo
que não a vejamos explicitamente, sabemos que todo sistema tem um fator
de amortecimento. Mesmo em uma balança de mola, que tem apenas uma
mola e um corpo pendurado, existe um atrito interno no material que
constitui a mola, tanto que esta esquenta ao movimentar-se. Nos outros
sistemas já estudados também teremos um fator de amortecimento: no tubo
em “U” e no densímetro, b está ligado à viscosidade do fluido; no pêndulo,
ao atrito com o ar e no ponto pivot da haste; no circuito LC, às resistências
dos fios e componentes. Assim, chamaremos esta grandeza de fator de
amortecimento intrínseco, pois apesar de não se apresentar como um
componente construtivo individual facilmente identificável do sistema faz
parte dos componentes presentes.
Figura 3.1 Sistema massa/mola com um amortecedor.
Uma vez que consideramos R(v) como uma força, esta deve ser
acrescida ao lado das forças na segunda lei de Newton (compare com a
Equação 2.4).
Como queremos que esta equação seja satisfeita para qualquer valor de
t, concluímos que
Como a segunda parcela desta condição é um valor imaginário, temos
que considerar c como um número complexo, ou seja,
■ ■ ■ EXEMPLO 3.1
Considere um sistema massa/mola amortecido construído segundo as
seguintes características: m = 2,5 kg, k = 12 N/m, b = 0,5 kg/s, A = 0,04 m,
ϕ = 0,1 rad.
a) Calcule os valores de ω0, γ e ω. Em seguida faça um esboço do
gráfico deste movimento no intervalo 0 ≤ t ≤ 14 s incluindo o
envelope.
b) O mesmo sistema teve o amortecimento alterado para b = 4 kg/s.
Refaça os mesmos passos para esta nova condição.
Solução: Usando as expressões de ω0, γ e ω, obtemos
Figura 3.3 Gráfico de x(t), A(t) e E(t) para o sistema massa/mola amortecido do Exemplo
3.1.
Figura 3.4 Gráfico de x(t), A(t) e E(t) para o sistema massa/mola amortecido do Exemplo
3.1 depois da alteração da constante de amortecimento.
ou
e, em termos de qualidade,
Tabela 3.1
ω0 = γ/2 Q = 1 /2 crítico
Introduzindo
■ ■ ■ EXEMPLO 3.2
Um sistema massa/mola amortecido é construído com uma mola de
constante 8 N/m e um corpo de massa 2 kg. Deve-se prever o
comportamento deste sistema quando acoplado a amortecedores de 1 kg/s, 4
kg/s e 12 kg/s. Especifique um amortecedor para o qual o sistema se
comporte de modo crítico.
Tabela 3.2
Lembrando que
ou
■ ■ ■ EXEMPLO 3.3
Considere um sistema massa/mola forçado e amortecido construído
segundo as seguintes características: m = 4,0 kg, k = 15 N/m, b = 1,2 kg/s,
F0 = 12 N e ωF = 7,0 rad/s.
a) Calcule os valores de ω0 e γ.
b) Obtenha as expressões para a amplitude e a fase.
c) Em seguida faça um esboço dos gráficos de A(ωF) e δ(ωF) deste
sistema.
Solução:
a) Usando as expressões de ω0 e γ, obtemos
e
Também observamos que a principal variação de δ acontece num
intervalo em torno de ω0, indo de ω0(1 – 1/Q) até ω0(1 + 1/Q). No caso
extremo no qual ωF/ω0 = 1, a transição de δ não é observável, podendo
assumir tanto 0 como π. Neste caso, a fase é o menor dos nossos problemas,
pois a amplitude já terá alcançado valores extremamente elevados (veja a
Figura 3.10) e é bem provável que a integridade física do sistema não seja
mais garantida.
Figura 3.10 Sistema forçado amortecido: gráfico de A(ωF) para vários valores de Q.
Figura 3.11 Sistema forçado amortecido: gráfico de δ(ωF) para vários valores de Q.
3.4 TRANSIENTE
Chamamos de transiente ao intervalo de tempo que leva para um sistema
mudar de um regime para outro. O transiente em sistemas oscilatórios
ocorre sempre que a influência externa, por exemplo, como a força, muda
de comportamento em função do tempo. Se a variação for lenta comparada
com outros parâmetros do sistema, o transiente não acarretará em maiores
consequências. Por outro lado, se a mudança for abrupta, poderemos
observar uma resposta intensa por parte do sistema.
O estudo de transientes é muito amplo e varia na sua análise conforme
o campo de estudo. No caso de sistemas elétricos de potência, motores,
transformadores e geradores eletromagnéticos, o estudo dos transientes de
corrente e tensão assume graus de extrema importância. Podemos imaginar
que uma descarga elétrica atmosférica (que pode atingir tensões de 107
volts!) pode ser interpretada como uma mudança súbita da tensão média de
uma linha de transmissão. O estudo deste tipo de transiente pode ajudar a
prevenir black-outs e proteger os equipamentos elétricos.
Neste capítulo estudamos os osciladores forçados e amortecidos
usando o sistema massa/mola como protótipo. Logo, manteremos nesta
breve discussão sobre transientes esta mesma classe de construção física
como base para as nossas deduções.
Considere o sistema massa/mola amortecido e forçado representado na
Figura 3.12 que, como sabemos, é regido por
A força está denotada apenas como F(t), não sendo mais um expressão
simples como F0 cos ωFt. Assim, pode-se supor para a força qualquer tipo
de dependência temporal, o que é bem mais realista. Em todo caso, como
sabemos que o sistema livre definido por m, b e k tem um comportamento
oscilante senoidal, estamos interessados naquelas forças que tenham, pelo
menos superficialmente, um comportamento oscilante deste mesmo tipo.
Como primeiro caso, consideremos uma força do tipo
em que
Figura 3.14 Sistema massa/mola não amortecido sujeito à força da Equação 3.93. Os
parâmetros do sistema são: ω0 = 5 rad/s, γ = 0,F0 = 2 N, m = 1 kg e ωF = 5,4 rad/s.
Figura 3.16 Sistema massa/mola amortecido sujeito à força com mudança de fase
segundo a Equação 3.99. Os parâmetros do sistema são: ω0 = 5 rad/s, γ = 1 Hz, F0 = 5 N,
m = 1 kg, ωF = 5 rad/s, tϕ = 15 s e ϕ = π/2.
Figura 3.17 Circuito RLC série com uma fonte de tensão V0 e um interruptor s.
Tabela 3.3
Massa m Indutância L
Fator de amortecimento b Resistência R
Frequência de Frequência de
ressonância ressonância
Constante de Constante de
amortecimento amortecimento
Qualidade Qualidade
■ ■ ■ EXEMPLO 3.4
Um circuito RLC série cujos componentes valem R = 400 Ω, L = 600 H, C
= 1 mF, inicialmente desligado, passa a receber uma tensão contínua de 5 V
a partir do instante t = 1 s. Apresente graficamente o comportamento do
sistema.
Solução: Para aplicarmos o método de Runge-Kutta, reescrevemos a
Equação 3.106 como
Figura 3.18 Gráfico da tensão sobre o capacitor em função do tempo para o Exemplo 3.4.
■
3.6 TÓPICO ESPECIAL: RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
NUCLEAR
A medicina de nossos dias conta com uma poderosa tecnologia que não
estava disponível há apenas algumas décadas. Hoje, podemos observar o
interior dos corpos dos pacientes, sem a necessidade de cortar a pele ou a
introdução de sondas.
Historicamente, a primeira imagem do interior do corpo humano obtida
por ressonância magnética foi gravada em 3 de julho de 1977, por seu
inventor, Raymond Damadian, um médico armênio-americano, cientista e
professor na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Nova
York. Damadian, que já estava pesquisando essa tecnologia há alguns anos,
construiu um protótipo em seus laboratórios com a ajuda de seus alunos e
outros pesquisadores colaboradores. A máquina original era constituída por
um ímã supercondutor e bobinas eletromagnéticas enroladas à mão. O
“paciente” daquele dia foi um estudante de pós-graduação que, devido a
suas pequenas dimensões, conseguia entrar no equipamento. Essa
experiência pioneira de Damadian demandou cerca de cinco horas para que
a primeira imagem fosse gerada.
Uma interessante constatação sobre a tomografia via ressonância
magnética é que as imagens que vemos não são dos tecidos do corpo, mas
da água contida neles. Como sabemos, uma molécula de água contém dois
átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Em uma interpretação mais
simplificada, podemos considerar que os núcleos dos átomos de hidrogênio
não passam de prótons isolados no interior de cada átomo. Ao serem
embebidos em um campo magnético intenso, os prótons, que também têm
um campo magnético próprio, alinham-se com as linhas de campo que lhes
foram impostas. Esse alinhamento acontece sem que o átomo seja afetado,
pois o campo magnético imposto oscila com a mesma frequência dos
prótons, entrando em ressonância com estes — mas não com as outras
partículas ao redor. É justamente por atuar diretamente com os núcleos
atômicos que esta técnica também é chamada de tomografia de ressonância
magnética nuclear.
3.7 EXERCÍCIOS
1) Um sistema massa/mola amortecido foi construído segundo as seguintes
características: m = 5,5 kg, k = 2 N/m, b = 2,5 kg/s, A = 2 cm, ϕ = 0,3 rad.
Calcule os valores de ω0, γ e ω.
2) Considere um sistema massa/mola amortecido construído segundo as
seguintes características: m = 0,5 kg, k = 4,1 N/m, b = 1,2 kg/s, A = 15 mm,
ϕ = 0. Calcule os valores de ω0, γ e ω. Em seguida faça um esboço do
gráfico deste movimento no intervalo 0 ≤ t ≤ 10 s incluindo o envelope.
3) Um sistema massa/mola apresenta velocidade angular de 4,5 rad/s e um
fator de amortecimento de 0,2 Hz. Sabendo-se que a massa vale 10 kg,
calcule k e b.
4) Deseja-se construir um sistema de amortecimento de um veículo cujas
rodas suportarão 1600 kg cada uma. Deseja-se que o fator de qualidade seja
no mínimo 5963 e que a frequência de oscilação seja de no máximo 1,75
Hz. Obtenha os valores de k e b para este projeto.
5) Deseja-se medir qual é a dissipação intrínseca de uma mola e para tanto
foi montado um sistema massa/mola experimental. Sabe-se que a mola tem
uma constante igual a 18 N/m, e oscila com uma velocidade angular de
2,958 rad/s quando acoplada a uma massa de 2 kg. Calcule a velocidade
angular natural deste sistema sem o amortecimento e em seguida quanto é o
valor deste amortecimento em kg/s.
6) Uma mola de constante 22 N/m e um corpo de massa 0,5 kg são usados
para construir um sistema massa/mola. Esse sistema deve ser analisado
quando acoplado a amortecedores de 2 kg/s, 4 kg/s e 8 kg/s. Especifique um
amortecedor para o qual o sistema se comporte de modo crítico.
7) Apresente a equação do movimento do exercício anterior no modo crítico
para as condições iniciais: A = 10 cm e ϕ = 0. Faça um gráfico de x(t).
8) Um artista em um circo usa um elástico de constante k = 100 N/m. Sua
massa é de 80 kg e estima-se que o fator de amortecimento do equipamento
é b = 8 kg/s. Com qual frequência (em Hz) a audiência verá o artista
balançar-se? Qual é a qualidade deste oscilador?
9) Em um escritório de patentes, um funcionário muito ocupado está
montando uma tabela com as constantes físicas do material de escritório.
Usando clipes de papel e muita imaginação, ele pendura um grampeador de
200 g aos elásticos e, usando o relógio do canto do seu computador, verifica
que o equipamento sobe e desce com um período de 0,5 s. Ele também
observa que, após 10 ciclos, a amplitude do movimento torna-se 1% da
amplitude original. Qual é a constante de amortecimento intrínseca do
elástico?
10) Um cientista perdido em uma ilha deserta construiu um balanço
pendurando uma tábua a um coqueiro inclinado. De experiências anteriores,
ele sabe que o coqueiro e a corda comportam-se como uma mola de
constante k = 7500 N/m. Ao balançar-se para cima e para baixo, anotou
uma frequência de 1,5 Hz e concluiu que o seu brinquedo apresentou um Q
= 1050. Qual é o fator de amortecimento deste sistema? Quanto está
pesando o náufrago?
11) Considere um sistema massa/mola forçado e amortecido cujos
componentes têm as seguintes características: m = 3,0 kg, k = 12 N/m, b =
1,2 kg/s. Esse sistema está sujeito a uma força com F0 = 8,2 N e ωF = 2/π
rad/s. Obtenha: a) os valores de ω0 e γ; b) as expressões para a amplitude e a
fase; c) faça os gráficos de A(ωF) e δ(ωF).
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Capítulo 4
SISTEMAS ACOPLADOS
4.1 INTRODUÇÃO
4.2 DOIS PÊNDULOS ACOPLADOS POR UMA MOLA
4.3 ACOPLAMENTOS DE N OSCILADORES
4.4 TÓPICO ESPECIAL: O PÊNDULO DUPLO
4.5 EXERCÍCIOS
4.1 INTRODUÇÃO
Os casos estudados até agora, como o sistema massa/mola, o pêndulo e o
circuito RLC, são importantes e representativos e servem de base para toda
a física ondulatória. Uma característica dos estudos feitos até este ponto é
que os sistemas estudados têm um único componente oscilante, e por isso
oscilam de uma única maneira. O sistema massa/mola oscila na direção
longitudinal da mola, o movimento do pêndulo depende apenas do
comprimento da haste e da gravidade, e o circuito RLC oscila segundo a
carga e descarga do condensador e do solenoide.
Entretanto, existem sistemas físicos reais que estão sujeitos a mais de
um modo de oscilação. Por exemplo, uma antena de rádio construída como
uma treliça metálica (Figura 4.1) comporta-se como um conjunto de vários
osciladores. Cada haste na treliça pode ser modelada como um sistema
massa/mola. Ao vibrar (por ação do vento, por exemplo) uma haste impõe
às suas vizinhas uma oscilação forçada. Estas, por sua vez, também
vibrarão cada uma na sua frequência, propagando o movimento. Qual será a
frequência normal de oscilação da torre como um todo?
Figura 4.1 Uma torre construída em treliça metálica. Cada componente atua como um
oscilador independente.
Figura 4.2 Dois pêndulos idênticos acoplados por uma mola na posição de repouso.
Figura 4.3 Primeira condição inicial: os dois pêndulos são deslocados para a esquerda
pela mesma distância Δx.
Figura 4.4 Segunda condição inicial: os dois pêndulos são deslocados em direções
opostas.
Figura 4.5 Condição inicial genérica: cada pêndulo é deslocado por distâncias diferentes.
Tabela 4.1
Ou, simplesmente,
que resulta em
■ ■ ■ EXEMPLO 4.1
Considere um sistema conforme apresentado na Figura 4.6, no qual as
condições iniciais são:
■ ■ ■ EXEMPLO 4.2
Considere um sistema de dois pêndulos acoplados por uma mola, como os
outros já estudados. As condições iniciais são:
Comentários:
1. Novamente, o movimento dos corpos é uma composição dos
modos normais dos pêndulos e do sistema massa/mola.
2. Apesar de não ser evidente, o sistema de equações em (4.38)
estabelece que os dois movimentos tenham defasagem de π/2.
3. Observando os gráficos da Figura 4.8, vemos que a amplitude dos
dois movimentos varia com uma velocidade angular equivalente à
metade da diferença entre as velocidades angulares de cada modo.
4. Novamente, as amplitudes máxima e mínima são iguais para os
dois movimentos.
■
Introduzindo
Portanto,
■ ■ ■ EXEMPLO 4.3
Considere um sistema de dois pêndulos acoplados por uma mola construído
com hastes de 30 cm, massas de 500 g, constante das molas 6 N/m.
Sabendo-se que ao ser acionado, as condições iniciais foram x1 = 1 cm, x2 =
–3 cm, v1 = –6 cm/s e v2 = 4 cm/s, determine as equações do movimento de
cada corpo (considere g = 9,81 m/s2).
Solução: Para se obter as equações do movimento, deve-se calcular o valor
das amplitudes, velocidades angulares e fases da solução geral (4.54). As
velocidades angulares valem:
que resulta em
Figura 4.10 Dois pêndulos idênticos acoplados por uma mola e sujeitos a uma força
externa F(t).
em que
Figura 4.11 Dois pêndulos acoplados por mola sujeitos a uma força: amplitude do primeiro
corpo em função da velocidade angular da força.
Figura 4.12 Dois pêndulos acoplados por mola sujeitos a uma força: amplitude do segundo
corpo em função da velocidade angular da força.
As Figuras 4.11 e 4.12 apresentam as amplitudes alcançadas pelo
movimento de cada corpo, A1 e A2, em função da velocidade angular da
força, ω. Os cálculos numéricos desenvolvidos para traçar esses gráficos
utilizaram os seguintes valores: F0/m = 1 N/kg, ω0 = 1 rad/s, ωk = 2 rad/s e
= 3 rad/s. Nestas condições ωR vale 2,236 rad/s.
■ ■ ■ EXEMPLO 4.4
Em um pêndulo duplo acoplado por mola, tem-se os seguintes parâmetros
físicos: m = 2 kg, k = 0,4 N/m, l = 0,6 m e g = 9,81 m/s2. Sabendo-se que
um dos corpos desse sistema estará sujeito a força dada por
Figura 4.13 Um fio fixo nas suas extremidades com N = 7 esferas idênticas uniformemente
distribuídas na situação de equilíbrio.
Figura 4.14 As esferas foram deslocadas para cima na direção perpendicular à linha da
posição de repouso.
ou
em que toma-se o cuidado de especificar que esta não é uma esfera próxima
às extremidades (compare com as Equações 2.49 e 2.50 do Capítulo 2). A
expressão em (4.89) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem,
similar às outras que já tratamos anteriormente. Comparando com a
Equação 4.39, o sistema de equações diferenciais para os dois pêndulos
acoplados, reconhecemos que para o caso presente ωk = ω0 e por isso temos
uma parcela em .
Para os casos especiais da primeira e da última esfera, as expressões
são:
■ ■ ■ EXEMPLO 4.5
Foi construído um sistema oscilante com quatro esferas de 100 g presas a
um fio tensionado. A distância entre as esferas é de 20 cm e o fio está
sujeito a uma tensão de 2,5 N. Obtenha a expressão do movimento para
todas as quatro esferas em todos os modos normais e faça um esboço destes
movimentos.
Solução: Inicia-se pelo cálculo de ω0:
Tabela 4.2
Esfera Eq. movimento Modo
Figura 4.18 Esferas idênticas acopladas por molas — nesta representação o sistema
encontra-se em repouso.
A primeira e última mola tem sua outra extremidade fixa. Cada um dos
conjuntos massa/mola deste sistema tem uma velocidade angular intrínseca
dada por
ou
para o corpo 1, e
Figura 4.21 Solução numérica das velocidades angulares do pêndulo duplo para l1 = 1 m,
l2 = 1 m, m1 = 1 kg, m2 = 1 kg, e com condições iniciais θ1 = –20º, ω1 = 30 rad/s, θ2 = 100º
e ω2 = 10 rad/s.
Figura 4.22 Quatro instantes do movimento do pêndulo duplo descrito na Figura 4.21.
Figura 4.23 Solução numérica das posições do pêndulo duplo descrito na Figura 4.21.
4.5 EXERCÍCIOS
Em todos os exercícios, considere a aceleração da gravidade como g = 9,81
m/s2.
1) Considere dois pêndulos acoplados por uma mola. As condições iniciais
são:
12) Foi construído um sistema oscilante com seis esferas de 100 g presas a
um fio tensionado. O fio está sujeito a uma tensão de 3 N e a distância entre
as esferas é de 15 cm. Obtenha a expressão do movimento para todas as
esferas em todos os modos normais.
13) Cinco corpos de massa 250 g foram presos a um fio tensionado, que por
sua vez foi sujeito a uma tensão de 10 N. Sabe-se que a distância entre os
corpos é de 8 cm. Obtenha a expressão do movimento para todos os corpos
em todos os modos normais.
14) Em um escritório, um funcionário muito ocupado decide medir as
constantes físicas do material de escritório. Usando clipes de papel e muita
imaginação, ele pendura três celulares de 120 g cada em um barbante. Os
celulares ficam a 20 cm um do outro, e ele prende as extremidades do
barbante de forma a gerar uma tensão de 2 N. Quantos modos normais o
funcionário ocupado observará? Qual é a velocidade angular e a frequência
destes modos?
15) Indo adiante em suas pesquisas científicas, o mesmo funcionário muito
ocupado decide construir um sistema de oscilações longitudinais colocando
cinco celulares de 100 g presos a elásticos de constante k = 4,5 N/m. Com
este aparato, quais serão as velocidades angulares e a frequência normal dos
modos normais de oscilação?
16) Em um laboratório de engenharia mecânica, um sistema de oscilações
longitudinais foi contruído com quatro corpos de 2 kg e molas de 80 N/m.
Determine as velocidades angulares e a frequência normal dos modos
normais de oscilação.
17) Duas massas iguais foram conectadas a duas molas também idênticas,
sendo que a extremidade livre da primeira mola está presa a uma parede,
conforme mostrado na Figura 4.24. Levando em conta apenas movimentos
horizontais, obtenha a expressão das velocidades angulares nos dois modos
de oscilação.
Figura 4.24 Figura do Exercício 4.17.
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Capítulo 5
5.1 INTRODUÇÃO
5.2 ACOPLAMENTOS DE INFINITOS OSCILADORES
5.3 SISTEMAS VIBRANTES CONTÍNUOS
5.4 ANÁLISE HARMÔNICA
5.5 OSCILAÇÕES EM DUAS DIMENSÕES
5.6 TÓPICO ESPECIAL: MODOS DE OSCILAÇÃO DAS ESTRELAS
5.7 EXERCÍCIOS
5.1 INTRODUÇÃO
As oscilações transversais e longitudinais derivadas dos sistemas oscilantes
de N corpos são apenas um passo (um passo importante!) no estudo das
ondas e vibrações. Ao observarmos as ondas e vibrações que a natureza nos
fornece, notamos que em muitos dos casos as ondas acontecem em meios
contínuos.
Em uma piscina, por exemplo, as ondas na superfície da água são
suaves e sem descontinuidades (Figura 5.1), não havendo sinais de
discretização ou quebras em pequenas partes. O mesmo se pode dizer das
vibrações nas cordas de um violão ou das ondas sonoras produzidas nos
tubos de um órgão de uma catedral gótica. Do ponto de vista da física
clássica, as ondas são manifestações oscilantes e contínuas da natureza.
A primeira parte deste capítulo será dedicada à passagem de um
sistema de N corpos em um sistema oscilante para um meio contínuo de
propagação de ondas. Em seguida, discutiremos ondas em duas e três
dimensões.
em que
e η = (1, 2, 3, 4, ...)
À medida que N aumenta, o argumento do seno em (5.3) diminui.
Logo, para um valor de N muito elevado, considerando a expansão da
função seno em sua série de Taylor, teremos
E, portanto,
Substituindo o valor de ω0
Figura 5.2 À medida que aumentamos o número de esferas, estas devem ser reduzidas,
de forma que a massa total do sistema se mantenha constante. Ao longo do processo, o
espaçamento entre as esferas é mantido uniforme, e sua soma também é constante.
em que
Ou seja, os modos de oscilação têm frequências que são múltiplos
inteiros da frequência do primeiro modo. Chamaremos esta de frequência
fundamental e as frequências dos modos superiores de harmônicas.
Nesta definição, as massas individuais e distâncias entre as esferas não
são mais importantes, sendo que todo formalismo passa a ser definido por
grandezas do sistema como um todo: densidade linear, tensão e
comprimento da corda. Costuma-se dizer que estas são grandezas
macroscópicas, e seu uso é uma abstração dos mecanismos individuais (as
esferas e molas) que foram usados para modelar o sistema originalmente.
■ ■ ■ EXEMPLO 5.1
Uma corda de 80 cm está tensionada a 4 N, e sua densidade linear é de 10
g/m. Calcule a velocidade angular e a frequência de oscilação fundamentais
das três primeiras harmônicas.
Solução: A velocidade angular fundamental é dada por
Esta pequena conversão nos permitirá escrever yi,η(t) como yη(x,T). Para
tanto, basta aplicar
Figura 5.3 Amplitudes de oscilação dos três primeiros modos para a corda do Exemplo 5.1,
no qual foi considerado Bη = 1.
■
ou
ou
cuja solução é
(a fase não está presente porque já sabemos que a mesma é nula). Essa
solução é válida para x = 0. Como as duas extremidades da corda equivalem
a nós, devemos impor que a condição na outra extremidade da corda
também seja nula, ou seja, f(L) = 0. Assim, para x = L, temos
em que
Assim,
ou
E, portanto,
Figura 5.9 Amplitudes para os primeiros quatro modos de uma barra vibrante. A
extremidade de baixo está fixa, e a de cima está livre.
E, portanto,
O número inteiro positivo η é o modo de oscilação da barra. A
constante 1/2 está presente para indicar que uma extremidade está fixa em
um nó, e a outra está livre em um antinó.
Os gráficos da Figura 5.9 mostram as amplitudes para os primeiros
quatro modos de uma barra vibrante.
A velocidade angular de cada modo é dada por
e das harmônicas,
■ ■ ■ EXEMPLO 5.3
Duas barras metálicas, uma de alumínio e outra de latão, ambas com 1 m de
comprimento, estão montadas verticalmente, presas por uma de suas
extremidades. Calcule a frequência fundamental de oscilação longitudinal
de cada uma. Dados ρAl = 2,7 × 103 kg/m3, ρlatão = 8,5 × 103 kg/m3.
Solução: A frequência fundamental está ligada ao primeiro modo de
oscilação, ou seja,
E, portanto,
■ ■ ■ EXEMPLO 5.4
Uma coluna de ar fechada em uma das extremidades tem um comprimento
de 87 cm. Determine a frequência fundamental de oscilação.
Solução: Inicialmente calculamos o comprimento de onda da frequência
fundamental
■ ■ ■ EXEMPLO 5.5
O lá central de um piano tem como frequência fundamental 440 Hz. Qual é
o comprimento da coluna de ar que tem como frequência fundamental esta
nota musical?
Solução: Isolando-se o comprimento na Equação 5.84, obtemos
diretamente
podemos obter
Com esta nova identidade, podemos escrever
ou
■ ■ ■ EXEMPLO 5.6
Obtenha as amplitudes para os dez primeiros modos associados a uma onda
quadrada de amplitude 1 comprimento de onda L.
Solução: A onda quadrada descrita pode ser expressa formalmente como
Cujo resultado é
Este resultado também pode ser expresso em uma forma mais elegante
A Tabela 5.1 apresenta os valores dos 10 primeiros Bη para uma onda
quadrada.
Observa-se que os coeficientes são nulos para η pares e seguem uma
série baseada em η ímpares. Com isso, podemos construir a expressão da
onda quadrada considerando suas primeiras harmônicas
Tabela 5.1
Figura 5.11 Soma do modo fundamental e das harmônicas 3, 5, 7 e 9 de uma onda
quadrada.
Figura 5.12 Amplitude da harmônica Bη em função dos 30 primeiros modos para uma onda
quadrada.
e na direção y
Simplificando, chega-se a
que pode ser interpretada como uma versão bidimensional da Equação 5.29.
Podemos impor como solução a família de funções dadas por
Figura 5.14 Modos de oscilação com combinações entre 1 e 3 para uma membrana
quadrada de lado unitário.
■ ■ ■ EXEMPLO 5.7
Considere uma membrana retangular de 10 cm por 15 cm e com densidade
10 g/cm2, sujeita a uma tensão superficial uniforme de 2 N/m. Calcule a
velocidade angular dos nove primeiros modos normais.
Solução: Os nove primeiros modos normais correspondem às oscilações
ω1,1 a ω3,3. Assim, podemos aplicar diretamente a Equação 5.117
Tabela 5.2
ηx
1 2 3
em que a função Gamma é dada por Γ(n)=(n – 1)!. Para o caso especial de
uma função de Bessel da primeira espécie de ordem zero, temos α = 0, e
Um gráfico da função de Bessel da primeira espécie de ordem zero é
apresentado na Figura 5.15. A função de Bessel da segunda espécie é dada
por
Figura 5.15 Gráfico da função de Bessel da primeira espécie de ordem zero, J0(x).
Figura 5.16 Os quatro primeiros modos de oscilação com simetria radial para uma
membrana circular.
em que a notação fµ, µ > 0 denota que estamos trabalhando com soluções
sem simetria radial. Usando os mesmos argumentos já discutidos, podemos
desprezar o termo de segunda espécie, chegando a
em que
e ξµη é a raiz η da função de Bessel Jµ. A solução completa, que contempla
tanto o tempo como a posição, fica, portanto, dada por
Figura 5.17 Modos de oscilação com combinações dos modos radiais e angulares para
uma membrana circular.
■ ■ ■ EXEMPLO 5.8
Em uma bateria de um conjunto de metalrock, o bumbo tem um diâmetro de
66 cm e o tom-tom tem um diâmetro de 23 cm. Calcule as frequências de
seus modos fundamentais e faça uma comparação entre os sons produzidos
por estes instrumentos.
Solução: O modo fundamental corresponde ao caso de simetria radial.
Assim, temos que buscar a primeira raiz positiva da função de Bessel da
primeira espécie de ordem zero, J0(x). Da Tabela C.5 obtemos ξ01 =
2,404825. Assim, o bumbo terá como velocidade angular de oscilação no
seu modo fundamental
5.7 EXERCÍCIOS
1) Deseja-se que um corda de 80 cm vibre a 66 Hz. Determine a sua
densidade linear sabendo-se que a tensão a ser aplicada sobre a mesma é de
12 N.
2) Uma corda de 1,20 m está esticada sob uma tensão de 8 N. Sabendo-se
que sua densidade linear é de 50 g/m, calcule a velocidade angular e
frequência de oscilação fundamentais das quatro primeiras harmônicas.
3) A densidade volumétrica de uma corda é dada por
Tabela 5.3
Dó 261,6
Dó # 277,2
Ré 293,7
Ré # 311,1
Mi 329,6
Fá 349,2
Fá # 370,0
Sol 392,0
Sol # 415,3
Lá 440,0
Lá # 466,2
Si 493,9
Figura 5.21 A ponte Octávio Frias de Oliveira na cidade de São Paulo é formada por duas
pistas em curvas que cruzam o rio Pinheiros. Foi inaugurada em 10 de maio de 2008, e
hoje é uma das vistas mais belas da cidade.
7) Uma barra de prata pura de 60 cm de comprimento está montada
verticalmente, presa por uma de suas extremidades. Calcule a sua
frequência fundamental de oscilação longitudinal (consulte as Tabelas C.6 e
C.7 do Apêndice C).
8) Uma barra metálica de 50 m apresenta frequência fundamental de
oscilação longitudinal de 2520 Hz. Identifique o metal que constitui a barra
(consulte as Tabelas C.6 e C.7 do Apêndice C).
9) Qual deve ser o comprimento de três barras compostas de cobre,
tungstênio e ouro para que soem com a frequência do lá central, 440 Hz?
(consulte as Tabelas C.6 e C.7 do Apêndice C).
10) Uma barra de cobre está montada verticalmente ao lado de outra barra
feita de um metal desconhecido, cujo comprimento é 36 % maior do que
sua vizinha. Ao oscilar em sua frequência fundamental de oscilação
longitudinal, a barra de cobre induz, via ressonância, a mesma frequência à
outra barra. Identifique o metal do qual a barra é feita (consulte as Tabelas
C.6 e C.7 do Apêndice C).
11) Um tubo cilíndrico, fechado em uma das extremidades, tem um
comprimento de 1,2 m. Determine a frequência fundamental das ondas de
densidade do ar em seu interior (considere vsom = 340 m/s).
12) Qual deve ser o comprimento do tubo do exercício anterior para que a
frequência das ondas de densidade do ar seja 68 Hz?
13) Em um escritório de patentes, um funcionário muito ocupado verifica a
validade das leis físicas. Em uma de suas experiências, ele faz soar a
frequência da nota fá (349,2 Hz) em seu computador e, usando tubos de
papelão de vários comprimentos, verifica qual deles responde com a
ressonância mais intensa. Qual é o comprimento do tubo que ressoa como
um fá? Qual é o comprimento de onda usado nesta experiência?
14) Um espeleólogo visita uma caverna de 1520 m de comprimento que
tem um diâmetro aproximadamente constante. Considerando uma onda se
propagando no interior desta caverna, a quais distâncias da entrada da
caverna o aventureiro não ouvirá as ondas relativas às harmônicas η = 2, η =
3 e η = 4?
15) A flauta de Pan (o deus grego da natureza) é um antigo instrumento
musical construído com cinco ou quatro tubos fechados em uma de suas
extremidades. Calcule os comprimentos dos tubos de uma flauta deste tipo
que toque as notas dó, mi, sol e si (use a Tabela 5.3).
16) Determine o comprimento de um tubo de ar fechado em uma de suas
extremidades que oscile com a mesma frequência das ondas longitudinais
de uma barra de ferro de 2 m de comprimento. Considere γar = 1,4, ρar = 1,2
kg/m3 e que a pressão é de 1 atmosfera, ou seja 1,01325 × 105 Pa.
17) Obtenha as amplitudes para os dez primeiros modos associados a uma
onda triangular como representada na Figura 5.22.
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Capítulo 6
PROPAGAÇÃO DE ONDAS,
PROPRIEDADES E MODULAÇÃO
6.1 INTRODUÇÃO
6.2 PROPAGAÇÃO DE ONDAS
6.3 ONDAS SONORAS
6.4 PROPRIEDADES FÍSICAS
6.5 TÓPICO ESPECIAL: O SOM NO CINEMA
6.6 EXERCÍCIOS
6.1 INTRODUÇÃO
Neste ponto do nosso estudo, podemos dizer que conhecemos as ondas e
sabemos como são geradas em vários meios oscilantes. Podemos, então,
estudar as suas outras características. Todas as propriedades e efeitos
interessantes que as ondas nos oferecem têm origem nos estudos que vimos
até aqui.
Neste capítulo estudaremos os “efeitos colaterais” que as ondas
apresentam em seu comportamento. Partiremos da análise de como as ondas
se propagam em meios infinitos e estudaremos as ondas sonoras. Em
seguida apresentaremos as propriedades típicas das ondas, como reflexão,
refração, interferência, polarização, difração e modulação — todas
utilizadas em importantes aplicações tecnológicas de nossos dias.
Portanto,
Substituindo α por xηπ/L, e β por ωηt, chega-se a
Chegamos finalmente a
Observe que:
1) Esta formulação não faz mais referência ao comprimento da
corda.
2) A tensão e a densidade linear estão implícitas na velocidade
característica.
3) A única dependência do modo está na amplitude das ondas Bη.
Mas Bη depende apenas das condições iniciais. Assim, o modo
também pode ser considerado abstraído do formalismo. O que nos
permite, nas próximas deduções, simbolizá-la apenas como B.
Assim, o que se nota em (6.11) é que uma onda pode ser descrita
independente do meio e do modo. Se interpretarmos ainda que as parcelas
(–vt) e (+vt) correspondem a deslocamentos no tempo, concluiremos que
uma onda estacionária pode ser concebida como a composição de duas
ondas que se movem em direções opostas sobre a corda. Indo mais além,
podemos imaginar que a corda seja extremamente longa, e que, em um
determinado momento, uma das ondas está tão distante da outra que não
chega a causar influência sobre esta. Nesta situação, temos apenas
que não é uma onda estacionária, mas cada ponto move-se com velocidade
v. Aqui escolhemos a propagação positiva, mas a outra parcela também tem
as mesmas propriedades. A única diferença é que a parcela em (–vt) se
move na direção contrária.
Podemos verificar nosso resultado derivando (6.12) duas vezes com
relação a x
Chegamos à equação de onda (que não tem este nome sem um bom
motivo...).
Com o resultado da Equação 6.12, podemos aplicar as propriedades já
conhecidas das ondas a meios sem limitações. Agora, as ondas deixam de
ficar contidas por bordas ou pontos onde se necessita impor amplitude zero.
As ondas assim descritas podem se propagar indefinidamente, limitadas
apenas por detalhes de energia e dissipação.
Ou seja,
Figura 6.1 Um observador estático vê uma onda de densidade em propagação. A cada
instante, as regiões com diferentes densidades avançam na direção do movimento da
onda.
Figura 6.2 Um pequeno elemento de gás tem suas propriedades internas alteradas com a
passagem de uma onda de densidade.
Uma vez que a partícula gasosa, cuja massa é ρ0V0, moveu-se por uma
distância ∂ξ durante um intervalo de tempo ∂t, podemos usar como
aproximação para a sua aceleração a segunda derivada: ∂2ξ/∂t2. Neste ponto,
temos todos os termos para escrever a segunda lei de Newton para este
pequeno elemento de gás
Tabela 6.1
Alumínio 5100
Chumbo 1320
Granito 5000
Níquel 4970
Prata 2680
■ ■ ■ EXEMPLO 6.1
Calcule a velocidade do som no nível do mar e no pico do monte Everest.
Dados: nível do mar: ρar(0 m) = 1,25 kg/m3, 1 atm = 1,013 × 105 Pa,
ρar(8,848 m) = 0,475 kg/m3, ρEverest = 33,7 kPa. Considere que o γ do ar é 1,4.
Solução: A velocidade do som pode ser obtida aplicando-se diretamente a
Equação 6.26
Para o nível do mar, teremos
Portanto
Tabela 6.2
*
nm: nanômetro, 10−9 m
**
THz: tera-hertz, 1012 Hz
■ ■ ■ EXEMPLO 6.2
Calcule o comprimento de onda e tente identificar a cor correspondente às
frequências de ondas eletromagnéticas: 450 THz, 500 THz, 600 THz e 670
THz.
Solução: Aplicando a Equação 6.43 a ondas eletromagnéticas com as
frequências dadas, teremos:
Por outro lado, sabemos que a amplitude local da onda é uma função
da posição e do tempo
em que o símbolo ± considera os dois sinais possíveis para o deslocamento
em um meio contínuo e infinito. Considerando que a posição somada ao
deslocamento possa ser representada por um único argumento, temos
O que resulta em
O que resulta em
Como
Lembrando que
Chegamos finalmente a
Figura 6.6 A ação de uma força externa senoidal injeta ondas na corda semi-infinita. A
cada período completo (1T, 2T, 3T, ...) corresponde um acréscimo de E à energia total da
corda.
Como
E chegamos a
e
Observamos que as Equações 6.94 e 6.95 indicam que o trabalho
realizado ao longo de um comprimento de onda corresponde ao dobro do
valor da energia cinética e da energia potencial em um comprimento de
onda. A potência, ou seja, a taxa de energia entregue às ondas por unidade
de tempo por comprimento de onda, vale
■ ■ ■ EXEMPLO 6.3
Dada a onda
■ ■ ■ EXEMPLO 6.4
Dada a onda
O período vale
O que nos permite calcular o número de onda
e a velocidade de fase
Figura 6.7 Um ponto fixo num meio no qual se propaga uma onda. Observamos em
instantes distintos, t1, t2 e t3, que o ponto move-se transversalmente segundo um oscilador
harmônico, mas não sai de sua posição. A onda, por outro lado, move-se ao longo do meio.
Figura 6.8 Ondas na superfície de um lago propagando-se em grupo.
■ ■ ■ EXEMPLO 6.5
Dado um meio no qual a velocidade de fase relaciona-se com o
comprimento de onda por
Como
então
Fazendo a derivada da frequência com relação ao número de onda,
Ou seja,
Figura 6.10 Típico quadro de diálogo de um filme mudo do início do século XX.
Figura 6.11 Pequeno trecho de um filme em película de 35 mm. Da direta para a esquerda,
vemos a perfuração, usada para a tração do filme, e em seguida a trilha sonora. Neste
caso, trata-se de uma trilha em estéreo, com duas bandas.
6.6 EXERCÍCIOS
1) Verifique se
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Capítulo 7
7.1 INTRODUÇÃO
7.2 REFLEXÃO E TRANSMISSÃO
7.3 O TANQUE DE ONDAS
7.4 REFRAÇÃO
7.5 DIFRAÇÃO
7.6 MODULAÇÃO
7.7 DEPENDÊNCIAS DO REFERENCIAL: O EFEITO DOPPLER
7.8 TÓPICO ESPECIAL: A VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DE UMA GALÁXIA
7.9 EXERCÍCIOS
7.1 INTRODUÇÃO
Quando imaginamos uma onda na natureza, pensamos nas ondas na
superfície da água, nos sons que ouvimos, e até mesmo em um terremoto.
Perceba, caro leitor, que essas são ondas contínuas, em conformidade com
as discussões do último capítulo. Esses fenômenos são muito diferentes das
associações de osciladores discretos que dominaram nossas análises no
início desta obra. As ondas contínuas são muito mais do que simples
fenômenos oscilantes, e podem ser encontradas em todas as escalas da
natureza. Suas aplicações servem para descrever desde as partículas
subatômicas até a estrutura do universo.
Neste capítulo apresentaremos as principais propriedades das ondas do
ponto de vista de seu comportamento como entidades físicas. Esse conjunto
de propriedades é o que faz a nossa “imagem mental” de uma onda: sua
capacidade de refletir na borda do meio, os aspectos ligados à refração e à
polarização, difração etc. Essas propriedades são devidas a variações das
características do meio, como bordas, obstáculos e mudanças de densidade.
Cada efeito tem suas consequências que, como veremos, são muito
interessantes e têm reflexos em nossa própria vida.
Essas e muitas outras formas podem ser usadas para a função pulso.
Observe que nos dois casos apresentados, as propriedades desejadas são
respeitadas. Nos casos em a velocidade v é positiva, o pulso move-se para a
direita no eixo das abscissas, caracterizando um movimento longitudinal.
As partículas do meio executam um movimento transversal com a
passagem do pulso, alcançando a amplitude máxima (b para a Equação 7.4
e A para a Equação 7.5) e depois voltando a zero.
A velocidade transversal das partículas é dada por
A Figura 7.2 apresenta os gráficos das Equações 7.4 e 7.7. Observe que
a velocidade aumenta positivamente, elevando o ponto, e depois passa a um
valor negativo, trazendo o ponto de volta à sua posição original.
Evidentemente, devido ao termo (x – vt), o perfil de velocidade desloca-se
no espaço junto com o pulso.
Figura 7.2 Amplitude (linha contínua) e velocidade transversal de um ponto em um pulso.
Nestes cálculos foi usado b = 1, v = 1 e t = 1.
e
Comparando as segundas derivadas no tempo e no espaço, podemos
finalmente escrever
Note-se que se trata do mesmo pulso com uma escala (v2 – v1)/(v2 + v1).
Assim, devido à inversão de sinais nos argumentos, concluímos que a
fração refletida tem a amplitude negativa. Isso significa que a
descontinuidade, a junção, se comporta como uma borda fixa para a
reflexão.
Para aplicar o mesmo procedimento para a fração transmitida, temos
que fazer uma mudança de variáveis nos argumentos. Na junção, temos a
relação
■ ■ EXEMPLO 7.1
Uma onda é transmitida por um fio tensionado por uma força de 50 N. O fio
apresenta uma abrupta variação de densidade em um dado ponto, indo de 60
g/m para 12 g/m. Sabendo-se que a amplitude da onda incidente é de 1,8
cm, determine a amplitude das ondas refletida e transmitida.
Solução: Lembrando que a velocidade de uma onda em uma corda esticada
é dada por
Figura 7.9 À esquerda: ondas planas refletindo-se sobre duas superfícies. À direita: visão
esquemática das ondas incidentes e refletidas.
Figura 7.10 À esquerda: ondas planas ao se encontrarem com uma descontinuidade do
meio. À direita: visão esquemática das ondas incidentes, transmitidas e refletidas.
7.4 REFRAÇÃO
Como vimos anteriormente, quando as ondas passam de um meio para
outro, sofrem uma mudança de sua velocidade de propagação. Este
fenômeno, para ondas com mais de uma dimensão, recebe o nome de
refração. A Figura 7.11 apresenta o efeito da refração em um copo com
água.
A refração é modelada como um fenômeno que ocorre na superfície de
separação entre os dois meios. Seu formalismo está descrito na lei de Snell,
e relaciona os ângulos formados pelas linhas de propagação das ondas
incidente e transmitida (ou refratada):
Figura 7.12 Esquema para a aplicação da lei de Snell. O feixe de luz passa do meio 1 para
o meio 2, e observamos uma mudança do ângulo de incidência devido à variação da
velocidade de propagação.
Tabela 7.1
Náilon 1,530
■ ■ EXEMPLO 7.2
Um raio de luz incide sobre a superfície da água a 45º, vindo do ar.
Determine o ângulo do raio refratado.
Solução: A partir da Equação 7.31, temos:
7.5 DIFRAÇÃO
A palavra “difração” foi usada pela primeira vez em 1665, em observações
feitas pelo cientista italiano Francesco Maria Grimaldi ao fazer
experimentos sobre vários fenômenos que ocorrem quando uma onda
encontra um obstáculo. Em física clássica, o fenômeno de difração é
descrito como a aparente “dobra” de ondas em torno de pequenos
obstáculos e também por ondas passando por pequenas aberturas.
A técnica utilizada para o estudo da difração é a interferência, na qual
consideramos o efeito da sobreposição de ondas, uma “interferindo” na
outra. Observa-se o fenômeno da difração com todas as ondas, não
importando sua natureza (ondas sonoras, ondas na superfície da água, ondas
eletromagnéticas, ondas de rádio etc.).
Estudaremos os casos de ondas se propagando através de uma fresta,
duas frestas e N frestas, e as consequências decorrentes.
Figura 7.15 Uma onda plana ao encontrar um anteparo com uma fresta. As ondas
propagadas para o outro lado são circulares.
Figura 7.16 Uma onda plana ao encontrar um anteparo com duas frestas. As ondas
propagadas para o outro lado formam padrões de interferência.
pois ambas são derivadas da mesma onda plana incidente do outro lado da
fresta. Considerando a aproximação r1 ≈ r2 >> d, podemos afirmar que as
amplitudes são bem próximas: A0 = A1 ≈ A2. Assim,
ou
Lembrando que
Figura 7.17 Elementos para a dedução do padrão de interferência para duas frestas.
Figura 7.18 Hipérboles das linhas nodais da interferência de duas fendas em um dado
instante. As linhas cheias correspondem aos máximos e as linhas tracejadas
correspondem aos mínimos.
Figura 7.19 Padrão de Moiré representando uma aproximação da inteferência de duas
fendas para duas configurações de frestas.
■ ■ EXEMPLO 7.3
Uma onda plana de comprimento de onda 0,5 cm atinge um anteparo que
tem duas frestas estreitas com 1,2 cm de distância. Determine a quantidade
e os ângulos das linhas de máximo da interferência que será produzida.
Solução: Partindo da Equação 7.46, podemos calcular para cada n um valor
de sen θ. Dessa forma, construímos a tabela das direções das linhas de
máximo:
Tabela 7.2
n sen θ θ
–3 –1,25 —
–2 –0,833333 –56,4o
–1 –0,416667 –24,6o
0 0 0o
1 0,416667 24,6o
2 0,833333 56,4o
3 1,25 —
Para n < –2 e n > 2 não há linhas de máximo, pois, nestes casos, nλ/d
não pertence à imagem da função seno. Assim, temos cinco linhas de
máximo: a −56,4o, –24,6o, 0o, 24,6o e 56,4o.
■
ou
■ ■ EXEMPLO 7.4
Uma onda plana de comprimento de onda 0,5 cm e amplitude 3 mm atinge
um anteparo que tem 10 frestas distanciadas de 0,8 cm. Determine a
amplitude máxima que será observada em um ponto a 50 cm diretamente
em frente às frestas e a 3º e 30º da linha perpendicular ao anteparo.
E a diferença de fase,
Figura 7.22 Elementos para a dedução do padrão de interferência para 1 fresta.
■ ■ EXEMPLO 7.5
Uma fenda com abertura de 5 mm recebe uma onda plana de comprimento
de onda 1 mm. Determine as direções nas quais devem ser observados os
dois primeiros zeros do padrão de interferência.
Solução: Sabemos que os zeros ocorrem quando α = π e α = 2π. Assim,
podemos escrever para o primeiro zero:
ou
7.6 MODULAÇÃO
Chama-se de modulação a uma operação entre duas ondas na qual se
transforma uma das características de uma onda segundo alguma
característica da outra onda. As técnicas de modulação são amplamente
utilizadas em telecomunicação, principalmente em rádio, televisão e
comunicações digitais. A área da engenharia que trata com estas técnicas é
conhecida como “processamento de sinais”.
Esse assunto ultrapassa os limites desta obra, por seu tratar
tecnológico, por isso apresentaremos superficialmente a modulação em
amplitude e a modulação em frequência. Existem outras técnicas de
modulação usadas em telecomunicações e sintetizadores eletrônicos
baseadas em fase e ângulo.
Figura 7.25 Modulação em amplitude: acima a onda portadora, no meio o sinal e embaixo
o resultado da modulação.
Figura 7.26 Modulação em frequência: acima a onda portadora, no meio o sinal e embaixo
o resultado da modulação.
■ ■ EXEMPLO 7.6
Uma fonte de ondas sonoras de 150 Hz se move a 60 km/h. Determine a
frequência ouvida em um ponto diretamente em frente à fonte e em outro
ponto diretamente atrás da fonte. Faça um esboço da variação da frequência
em função da posição angular do observador com relação à fonte.
Considere a velocidade do som igual a 340 m/s.
Solução: A velocidade da fonte, 60 km/h, equivale a 16,7 m/s. Na posição
diretamente em frente à fonte temos θ = 0º:
O que resulta em
O que resulta em
O caso em que u > v, ou seja, a fonte é mais rápida do que as ondas por ela
geradas, é ilustrado na Figura 7.30. Esse efeito é muito fácil de obter em um
tanque de ondas, pois neste dispositivo suas ondas têm velocidades baixas
(da ordem de alguns milímetros por segundo). Como a fonte está se
movendo mais rápido do que as ondas que são geradas, observamos uma
frente de onda avançando. Um observador parado verá a fonte de ondas
passar e somente depois disso é que as ondas o alcançarão. Exemplo: um
remador nas olimpíadas avança rapidamente sobre as águas calmas,
gerando atrás de si uma esteira em forma de “V”, de uma forma muito
semelhante à imagem apresentada na Figura 7.30.
Figura 7.30 Padrão gerado por uma fonte cuja velocidade intrínseca é superior à
velocidade das ondas.
Tabela 7.3
MiG-21 Mach 2
SR-71 Mach 3
meteoritos Mach 12 a 25
■ ■ EXEMPLO 7.7
Um avião supersônico está voando perto do solo a 2160 km/h. Determine o
ângulo que a onda de choque supersônica faz com a direção de movimento
da aeronave. Qual é a velocidade em Mach? Considere a velocidade do som
como 340 m/s.
Solução: Primeiro calculamos a velocidade do avião em m/s:
Agora, podemos aplicar diretamente a equação
7.9 EXERCÍCIOS
1) Obtenha a expressão da velocidade transversal para o pulso definido pela
Equação 7.5.
2) Um fio tensionado por uma força de 14 N apresenta uma abrupta
variação de densidade em um dado ponto, variando de 54 g/m para 32 g/m.
Uma onda é transmitida neste fio e sua amplitude da incidente é de 4 mm.
Determine a amplitude das ondas refletida e transmitida pela variação do
meio.
3) Dois fios, um de densidade 100 g/m e outro de densidade 30 g/m, foram
presos um ao outro e sobre esta combinação observou-se a propagação de
uma onda. Sabendo-se que a amplitude das ondas refletida e transmitida é
de 0,35 mm e 1,55 mm, respectivamente, obtenha a amplitude da onda
incidente.
4) Dois fios de densidades diferentes foram presos um ao outro e sobre esta
combinação observou-se a propagação de uma onda. Qual deve ser a
relação entre as densidades dos fios para que a relação entre as velocidades
das ondas refletida e transmitida seja 1/5.
5) Um raio de luz incide sobre uma superfície de vidro comum a 40º, vindo
do ar. Determine o ângulo do raio refratado (use a Tabela 7.1).
6) Deseja-se identificar um líquido transparente. Para tanto, monta-se uma
experiência na qual a luz de um laser pointer incide sobre a superfície do
líquido a 30º com sua normal. Observa-se que o ângulo do laser no interior
do líquido faz um ângulo do raio de 21,58º. Quais são as possíveis
naturezas do líquido desconhecido? (Use a Tabela 7.1).
7) Um raio de luz é usado para medir o percentual de açúcar em uma
solução aquosa, medindo-se seu índice de refração. Para tanto, faz-se incidir
sobre a superfície da solução um raio de luz a 60º, vindo do ar. O ângulo do
raio refratado é de 38,22º. Aproximando a variação do índice de refração
das soluções de açúcar para uma função linear, determine o percentual de
açúcar presente neste caso (use a Tabela 7.1).
8) Seja um raio de luz que incide sobre a superfície que separa dois meios,
vindo originalmente do meio mais denso. Define-se o “ângulo crítico” de
um meio como o ângulo de incidência que resulta em um ângulo de
refração igual a 90º. Calcule o ângulo crítico para a água, o gelo e vidro a
29 % de chumbo.
9) Em um aquário, uma lâmina de vidro comum separa a água do ar.
Calcule o ângulo com que um raio de luz é visto fora do aquário quando seu
ângulo incidente sobre o vidro é de 10º, 20º e 30º.
10) Um prisma feito de vidro com 55 % de chumbo tem a forma de um
triângulo equilátero (semelhante ao apresentado na Figura 7.14). Um raio
de luz monocromática atravessa o prisma e seu ângulo incidente é de 60º.
Qual é o ângulo de saída do raio emergente?
11) Uma onda plana de comprimento de onda 2,2 cm atinge um anteparo
que tem duas frestas estreitas distanciadas de 0,8 cm. Determine a
quantidade e os ângulos das linhas de máximo da interferência que será
produzida.
12) Ao atingir um anteparo com duas frestas estreitas a 5,5 cm uma da
outra, uma onda plana gera um padrão de interferência cujas linhas de
máximo têm ângulos de 0º, 21,32º, 46,66º e seus correspondentes valores
negativos. Qual é o comprimento de onda da onda incidente?
13) Um anteparo com duas frestas estreitas é atingido por uma onda plana
cujo comprimento de onda é 3 cm. O padrão de interferência gerado tem
linhas de máximo com ângulos de –36º, 0º e 36º. Qual é a separação das
frestas?
14) Em um experimento, foram feitas com extrema precisão duas frestas em
um anteparo. A distância entre as frestas é de 0,005 mm. O par de frestas
foi iluminado por feixe de luz monocromática, e o resultado foi uma
imagem cujos máximos correspondentes a ângulos positivos estão
apresentados na Tabela 7.4. Qual é a cor da luz utilizada (use a Tabela 6.2).
Tabela 7.4
n θ (graus)
0 0,00
1 6,66
2 13,41
3 20,37
4 27,65
5 35,45
6 44,11
7 54,29
8 68,13
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Capítulo 8
8.1 INTRODUÇÃO
8.2 ANÁLISE DE FOURIER
8.3 A TRANSFORMADA DE FOURIER
8.4 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
8.5 CONVOLUÇÃO
8.6 A TRANSFORMADA DISCRETA DE FOURIER
8.7 TÓPICO ESPECIAL: FFT
8.8 EXERCÍCIOS
8.1 INTRODUÇÃO
A transformada de Fourier, e sua irmã a série de Fourier, tem-se mostrado como
uma das ferramentas matemáticas mais bem sucedidas da história do gênio
humano. Seu uso tem aplicações em todas as áreas do conhecimento em que os
fenômenos ondulatórios estão presentes, como acústica, óptica, engenharia
elétrica e civil, análises de vibração, processamento de sinais, processamento de
imagem, mecânica quântica, e muitas mais.
O conceito por trás dessa ferramenta tem suas origens no século XVIII. O
matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier1 publicou em 1822 um
trabalho intitulado Teoria Analítica do Calor, no qual apresentava um
interessante teorema, que é conhecido até hoje pelo seu nome. Fourier propôs
que, dada uma função periódica que seja razoavelmente contínua, esta pode ser
expressa como a série de somas de senos e cossenos (cujo conjunto constitui a
série de Fourier), cada um dos quais com uma amplitude e fase, que são
conhecidos como os coeficientes de Fourier. O uso e aplicação deste teorema é
o que chamamos de Análise de Fourier e síntese de Fourier. Uma breve
aplicação desta técnica foi apresenta no Capítulo 5 (especificamente no
Exemplo 5.6), no qual uma onda retangular foi decomposta em uma soma de
senos (ou cossenos), adequadamente balanceados por suas amplitudes.
Figura 8.1 Primeira página do capítulo “Teoria do Movimento do Calor no Interior de Corpos
Sólidos” de Joseph Fourier, de sua obra Teoria Analítica do Calor. Nesse trabalho foi
apresentado o conceito do que veio a ser conhecido como transformadas de Fourier.
8.2 ANÁLISE DE FOURIER
Conforme as deduções do Capítulo 5, qualquer função periódica f(θ), que
obedeça
pode ser descrita em termos de uma soma infinita de senos e cossenos, ou seja
em que
Para que possamos ter uma visão generalizada da série de Fourier, devemos
introduzir um formalismo complexo. Partindo da relação de Euler:
em que
■ ■ EXEMPLO 8.1
Obter a série de Fourier da função dente de serra de período 2π, conforme
apresentada na Figura 8.2.
Solução: Dentro dos limites do período da função, esta pode ser representada
por
Portanto, a função pode ser representada pela soma descrita pela Equação 8.16:
O resultado pode ser apreciado na Figura 8.3 que apresenta a soma das
primeiras 22 componentes da função.
Figura 8.3 Resultado da soma das 22 primeiras componentes da onda dente de serra
apresentada na Figura 8.1.
A função f(t) deve ser definida em todo o intervalo [– ∞, +∞], mas podendo
ser composta por trechos de subfunções.
Podemos passar às propriedades da transformada de Fourier. Dadas duas
funções no domínio do tempo, f(t) e g(t), suas transformadas de Fourier,
respectivamente F(ω) e G(ω), e dois números a e b, temos:
a) Linearidade:
d) Derivada:
■ ■ EXEMPLO 8.2
Obter a transformada de Fourier da função pulso retangular de amplitude A e
duração T, conforme apresentada na Figura 8.5.
Solução: Esta função pode ser descrita por
cuja solução é
Chegamos finalmente a
■ ■ EXEMPLO 8.3
Obter a transformada de Fourier da função gaussiana
Solução: Aplicando a definição da transformada de Fourier a esta equação,
temos
Portanto
e sua inversa,
Tabela 8.1
■
■ ■ EXEMPLO 8.4
Considere a equação diferencial ordinária (ou EDO)
e obtenha uma solução para f(x) com o uso de transformadas de Fourier.
Solução: Aplicando a propriedade da linearidade, a transformada de Fourier
desta equação pode ser escrita como
Isolando F(ω),
E chegamos a
8.5 CONVOLUÇÃO
A operação convolução toma como parâmetros duas funções f e g, resultando
em uma nova função que, além de ter certas propriedades das funções originais,
nos dá a área de sobreposição entre f e g. Essa operação é similar a uma
correlação cruzada, e suas aplicações práticas podem ser encontradas em
subáreas como processamento de sinal e imagem, probabilidade, estatística,
visão computacional, engenharia elétrica, equações diferenciais, e muitas
outras.
Formalmente, dadas duas funções no domínio do tempo, f(t) e g(t), a sua
convolução é definida como
Introduzindo
Ou seja,
Que é conhecido como o “teorema da convolução”. Esta é uma ferramenta
muito poderosa, pois nos permite obter a convolução de duas funções através da
antitransformada do produto das suas transformadas de Fourier.
■ ■ EXEMPLO 8.5
Dadas duas funções gaussianas no domínio do tempo
que nos dá
Portanto
Figura 8.8 Discretização temporal: função original (acima) e sua forma discretizada no tempo
(embaixo).
Figura 8.9 Discretização espacial em duas dimensões: imagem discretizada no espaço
(esquerda) e a imagem original (direita).
Uma vez que o domínio do tempo foi discretizado, o mesmo pode ser feito
com respeito ao domínio da frequência. Para tanto, consideramos um índice de
discretização no domínio da frequência, n. Assim, definimos
e sua inversa
Nessas expressões, f representa o conjunto de N valores da função original
no domínio do tempo (ou do espaço), fk representa o valor correspondente ao
instante (ou posição) k, F representa o conjunto de N valores da transformada
resultante no domínio da frequência e Fn representa o valor associado à
amplitude da harmônica n. Não é coincidência que o número de pontos no
domínio do tempo seja igual ao número de pontos no domínio da frequência;
isso apenas reflete em um domínio a precisão dos dados originais no outro
domínio.
Os valores de f devem ser números complexos. Como, na prática,
geralmente são obtidos números reais (pois correspondem a medidas de
amplitude), é comum considerar a parte imaginária como existente, mas nula.
Os coeficientes multiplicativos obtidos como resultado de saída também são
complexos. Considera-se que as frequências das funções resultantes sejam
múltiplos inteiros da frequência fundamental, cujo período coincide com o
comprimento do intervalo de amostragem de f, e este será também o período
fundamental de F. Todas as propriedades da transformada de Fourier contínua
são válidas para a TDF, incluindo-se a convolução.
Aplicando-se a identidade de Euler (veja Equação 8.10), podemos
transformar a Equação 8.93 em
■ ■ EXEMPLO 8.6
Considere a onda quadrada discretizada em 8 pontos descrita na Tabela 8.2 e
apresentada na Figura 8.10 e obtenha sua TDF usando diretamente a sua
definição.
Tabela 8.2
k x
0 1
1 1
2 1
3 1
4 0
5 0
6 0
7 0
Figura 8.10 Onda Quadrada discretizada com 8 pontos do Exemplo 8.6.
Tabela 8.3
n
0 1 2 3 4 5 6 7
k 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3 0 – – – – – – –
3π/4 3π/2 9π/4 3π 15π/4 9π/2 21π/4
4 0 –π –2π –3π – –5π –6π –7π
4π
5 0 – – – – – – –
5π/4 5π/2 15π/4 5π 25π/4 15π/2 35π/4
6 0 – –3π – – – –9π –
3π/2 9π/2 6π 15π/2 21π/2
7 0 – – – – – – –
7π/4 7π/2 21π/4 7π 35π/4 21π/2 49π/4
Tabela 8.4
cossenos
n
0 1 2 3 4 5 6 7
k 0 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 0 – 0
1
2 1 0 –1 0 1 0 – 0
1
3 1 0 – 0
1
4 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0
7 0 0 0 0 0 0 0 0
Tabela 8.5
senos
n
0 1 2 3 4 5 6 7
k 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 0 –1 0 1
2 0 –1 0 1 0 –1 0 1
3 0 1 0 –
1
4 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0
7 0 0 0 0 0 0 0 0
Tabela 8.6
n Fn
0 4
2 0
3
4 0
6 0
Lembrando que
Tabela 8.7
Sequência decimal 0 1 2 3 4 5 6 7
original
binário 000 001 010 011 100 101 110 111
Sequência binário 000 100 010 110 001 101 011 111
final
decimal 0 4 2 6 1 5 3 7
Figura 8.11 Reordenção de um conjunto ordenado de oito valores durante a primeira parte de
um algoritmo de FFT.
Figura 8.12 Reordenção de um conjunto ordenado de quatro valores durante a primeira parte
de um algoritmo de FFT.
Figura 8.13 Sequência de multiplicações e mudanças de sinal para os estudos de sinal e
cálculo dos fatores multiplicativos em uma sequência de oito valores.
8.8 EXERCÍCIOS
1) Encontre a série de Fourier da função
Tabela 8.8
k x
0 0,5
1 0,5
2 0,5
3 0,5
4 −0,5
5 −0,5
6 −0,5
7 −0,5
Tabela 8.9
k x
0 0,1
1 0,2
2 0,3
3 0,4
4 0,4
5 0,3
6 0,2
7 0,1
Tabela 8.10
k x
0 0
1 0,012346
2 0,049383
3 0,111111
4 0,197531
5 0,308642
6 0,444444
7 0,604938
8 0,790123
9 1
Tabela 8.11
k x
0 1,0
1 0,8
2 0,6
3 0,4
4 0,2
5 0,0
6 0,0
7 0,0
8 0,0
9 0,0
____________
1
Jean Baptiste Joseph Fourier foi um importante matemático francês, mas
também exerceu atividades como historiador, físico e administrador. Seu
primeiro emprego foi como professor de matemática quando tinha 16 anos, na
escola militar de Auxerre. Com 27 anos, foi admitido no corpo docente da École
Normale Supérieure e mais tarde na famosa Polytechnique de Paris. Napoleão o
nomeou como governador do Baixo Egito em 1798. Fourier foi membro da
Academia de Ciências da França, assumindo o papel de Secretário em 1816.
2
James W. Cooley & John W. Tukey (1965): “An algorithm for the machine
calculation of complex Fourier series”, Math. Comput. 19, 297–301.
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APÊNDICE A
1.2
f = 20/ π Hz = 6,37 Hz
T = π/20 s = 0,157 s
ω = 40 rad/s
φ = 5 rad
A = 12
=6
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9
1.10
1.11
1.12
1.13
Figura A.1.13 Resposta do Exercício 1.13.
1.14
Os sinais devem ter a mesma frequência e uma diferença de fase de π/2.
2.2
2.3
2.4
2.5
2.6
2.7
2.8
2.9
2.10
2.11
2.12
2.13
2.14
2.15
2.16
2.17
2.18
2.19
2.20
2.21
2.22
2.23
2.24
2.25
2.26
2.27
Tabela A.2.27
20 0,0987
30 0,0439
50 0,0158
3.3
k = 202,5 N/m
b = 2,0 kg/s
3.4
3.5
3.6
ω0 = 6,633 rad/s
Tabela A.3.6
2 4 subcrítico
4 8 subcrítico
8 16 supercrítico
3.8
f = 0,178 Hz
Q = 11,18
3.9
γ = 1,84 Hz
b = 0,37 kg/s
3.10
m = 84,4 kg
b = 0,758 kg/s
3.11
a) ω0 = 2,0 rad/s
γ = 0,4 Hz
b) A = 0,758475 m
δ = 0,0707 Hz
3.12
A = 0,61 m, portanto, o sistema não suportará a ação da força.
3.13
3.14
3.15
A = 3 cm.
3.16
a)
b) 1 mm.
3.17
3.18
3.19
ω0 = 26,97 rad/s
γ = 6,4 Hz
ω = 26,78 rad/s
Q = 4,21
3.20
a) ω0 = 2,89 rad/s
γ = 3,333 Hz
b)
3.21
R = 754 Ω
C = 2,11×10–6 F
3.22
Equação diferencial do circuito RLC paralelo alimentado por uma corrente
i(t) em função da corrente no indutor, iL:
Tabela A.3.22
3.23
Equação diferencial do amortecedor a gás sujeito a uma força oscilante
vertical:
Tabela A.3.23
4.3
Equações do movimento:
4.4
Equações do movimento:
Figura A.4.4 Resposta do Exercício 4.4.
4.5
Equações do movimento:
Figura A.4.5 Resposta do Exercício 4.5.
4.6
4.7
4.8
4.9
4.10
4.11
4.12
Tabela A.4.12
4.13
Tabela A.4.13
4.14
Tabela A.4.14
4.15
Respostas: as velocidades angulares são 3,47, 6,71, 9,49, 11,62 e 12,96
rad/s e as frequências são 0,553, 1,067, 1,509, 1,849 e 2,062 Hz.
4.16
Respostas: as velocidades angulares são 3,909, 7,435, 10,233 e 12,030 rad/s
e as frequências são 0,622, 1,183, 1,629 e 1,915 Hz.
4.17
5.3
5.4
Tabela A.5.4
Ré 293,7 Hz 88,4 N
Mi 329,6 Hz 111,3 N
Fá 349,2 Hz 125,0 N
Lá 440,0 Hz 198,4 N
5.5
A razão entre frequências fundamentais de cordas idênticas, sob a mesma
tensão, mas de comprimentos diferentes, é dada por:
Resposta:
Tabela A.5.5
Mi 329,6 Hz 0,00 cm
Fá 349,2 Hz 4,77 cm
Fá # 370 Hz 9,28 cm
Lá 440 Hz 21,33 cm
Lá # 466,2 Hz 24,91 cm
Si 493,9 Hz 28,28 cm
Tabela A.5.15
Dó 261,6 Hz 32,5 cm
Mi 329,6 Hz 25,8 cm
Si 493,9 Hz 17,2 cm
5.16
Considerando o modo fundamental, temos
Igualando as frequências:
5.17
A expressão da série de Fourier para a onda triangular é
Tabela A.5.17
5.18
A expressão da série de Fourier para a onda dente de serra é
Tabela A.5.18
5.19
A expressão da série de Fourier para a onda pulsante é
Tabela A.5.19
η Bη
1 0,247911416
2 0,228341536
3 0,197784837
4 0,15908708
5 0,115775344
6 0,071668869
7 0,030465726
8 –0,004645267
9 –0,031301918
10 –0,048179543
5.20
Tabela A.5.20
ηx
1 2 3
5.21
Tabela A.5.21
ηx
1 2 3 4 5
5.22
Tabela A.5.22
ηx
1 2 3
5.23
Resposta: 2,93 rad/s = 0,467 Hz
5.24
Resposta: 480 rad/s = 76,5 Hz
A.6 Respostas dos exercícios do Capítulo 6
6.1
Calculam-se as derivadas com relação a x:
Observa-se que
Período:
Número de onda:
Período:
Velocidade da onda: v = C
Comprimento de onda:
Número de onda:
6.7
6.8
6.9
Para 0,01 s a diferença de fase é de 0,9 rad.
Para 0,03 s a diferença de fase é de 2,7 rad.
6.10
6.11
Taxa de energia fornecida: 30π/20 W.
Velocidade de propagação: 30/π m/s.
6.12
6.13
a) Amplitude: 0,4
b) Frequência: 16 Hz
c) Velocidade de propagação: 5π m/s
6.14
6.15
Velocidade do som em São Paulo: 337,5 m/s.
Velocidade do som em Paris: 339,5 m/s.
6.16
K = 1066 J
U = 1066 J
E = 2132 J
6.17
K = 100 J
U = 100 J
E = 200 J
6.18
6.19
Resposta: ~λ/ ∆λ.
6.20
Figura A.6.20 Resposta do Exercício 6.20.
6.21
Para desenvolver um modelo do movimento do fluxo de tráfego baseado em
ondas de densidade partiremos do formalismo utilizado para estudar
oscilações longitudinais. Assim, consideramos certo número de carros (as
partículas) acoplados através de molas. De forma a simplificar a análise,
consideraremos todos os carros idênticos. Uma representação deste arranjo
é apresentada na Figura A.6.21.
7.2
Onda refletida: 0,52 mm.
Onda transmitida: 4,52 mm.
7.3
Onda incidente: 1,2 mm.
7.4
ρ1/ρ2 = 2,78.
7.5
Ângulo do raio refratado: 25,02º.
7.6
Possíveis líquidos: acetona, álcool etílico ou vodca.
7.7
Percentual de açúcar presente: 39,09 %.
7.8
Água: 48,63º.
Gelo: 49,83º.
Vidro a 29 % de chumbo: 39,61º.
7.9
Para 10º: 13,38º.
Para 20º: 27,12º.
Para 30º: 41,79º.
7.10
Ângulo de saída do raio emergente: 60o.
7.11
Resposta: 7 linhas, a –70,54º, –38,95º, –18,32º, 0º, 18,32º, 38,95º e 70,54º.
7.12
Comprimento de onda da onda incidente: 2 cm.
7.13
Separação das frestas: 5,1 cm.
7.14
Cor da luz utilizada: amarelo.
7.15
Respostas: 53,5 mm, 15,4 mm e 6,1 mm.
7.16
17,46º e 36,87º.
7.17
Abertura da fresta: 6 cm.
7.18
Comprimento de onda incidente: 1,5 cm.
7.19
Comprimento de onda da luz incidente: 700 nm.
7.20
Respostas: 296,37 Hz e 260,01 Hz.
7.21
Respostas: 478 Hz e 285 Hz.
7.22
Velocidade de aproximação: 55 km/h.
Velocidades de afastamento: 80 km/h.
Frequências originais: 900 Hz e 1600 Hz.
7.23
Velocidade da Enterprise D: 5,85×106 m/s.
Frequência de recepção: 92,26 MHz.
7.24
Ângulo da onda de choque supersônica: 56,44º.
7.25
Ângulo da onda de choque supersônica: 19,47º.
Velocidade do avião: 3216 km/h.
8.2
8.3
8.4
Tabela A.8.4
n Fn
0 0
1 1 – i 2,41421
2 0
3 1 – i 0,414213
4 0
5 1 + i 0,414214
6 0
7 1 + i 2,41421
8.5
Tabela A.8.5
n Fn
0 2
1 –0,582843 – i 0,241421
2 0
3 –0,0171573 – i 0,0414214
4 0
5 –0,0171573 + i 0,0414212
6 0
7 –0,582843 + i 0,241421
8.6
Tabela A.8.6
N Fn
0 1
1 0,809017 + i 0,587785
2 0,309017 + i 0,951057
3 –0,309018 + i 0,951056
4 –0,809017 + i 0,587785
5 –1
6 –0,809016 – i 0,587786
7 –0,309018 – i 0,951056
8 0,309018 – i 0,951056
9 0,809016 – i 0,587787
8.7
Tabela A.8.7
n Fn
0 3
1 1,54721 – i 1,53884
2 0,5 – i 0,688191
3 0,652786 – i 0,363271
4 0,5 – i 0,16246
5 0,6
6 0,5 + i 0,16246
7 0,652786 + i 0,363271
8 0,5 + i 0,688191
9 1,54721 + i 1,53884
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APÊNDICE B
k K(k)
0,000 1,5708
0,050 1,57178
0,100 1,57475
0,150 1,57975
0,200 1,58687
0,250 1,59624
0,300 1,60805
0,350 1,62253
0,400 1,64
0,450 1,66089
0,500 1,68575
0,550 1,71535
0,600 1,75075
0,650 1,79345
0,700 1,84569
0,750 1,91099
0,800 1,9953
0,850 2,10994
0,900 2,28055
0,950 2,59001
0,951 2,59929
0,952 2,60877
0,953 2,61847
0,954 2,62838
0,955 2,63853
0,956 2,64892
0,957 2,65957
0,958 2,67047
0,959 2,68166
0,960 2,69314
0,961 2,70493
0,962 2,71704
0,963 2,72949
0,964 2,7423
0,965 2,75549
0,966 2,76909
0,967 2,7831
0,968 2,79758
0,969 2,81253
0,970 2,828
0,971 2,84401
0,972 2,86061
0,973 2,87784
0,974 2,89575
0,975 2,9144
0,976 2,93383
0,977 2,95412
0,978 2,97535
0,979 2,9976
0,980 3,02098
0,981 3,0456
0,982 3,07159
0,983 3,09911
0,984 3,12836
0,985 3,15954
0,986 3,19294
0,987 3,22888
0,988 3,26777
0,989 3,31012
0,990 3,3566
0,991 3,40808
0,992 3,46575
0,993 3,53126
0,994 3,60704
0,995 3,69687
0,996 3,80707
0,997 3,94947
0,998 4,15067
0,999 4,49559
1,000 ∞
Figura B.2 Fonte em C++ do programa que calcula a integral elíptica completa do primeiro
tipo.
B.4 MOMENTO DE INÉRCIA
Dado um corpo em rotação, este pode ser subdividido em um infinito
número de subcorpos de tamanho infinitesimal. Cada um desses corpos
contribuirá para o momento de inércia do corpo inicial, de tal maneira que
Tabela B.2
B.5 O MÉTODO DE RUNGE-KUTTA
Quando se trabalha com leis físicas como as apresentadas neste livro, é
comum encontrar expressões que resultam em equações diferenciais. As
equações diferenciais nasceram junto com o cálculo, no século XVII,
quando as formulações de Newton e Leibnitz conduziram ao formalismo da
diferenciação e da integração. Pode-se afirmar, sem perda de generalidade,
que os problemas que envolvem equações diferenciais ordinárias (ou EDO
´s) sempre podem ser reduzidos ao estudo de sistemas de equações
diferenciais de primeira ordem. Por exemplo, a equação de segunda ordem
obtida no Capítulo 3,
Figura B.4 Gráfico da corrente em função do tempo para um circuito que segue a
expressão B.24. A tensão vai de 0 a 5V no instante t = 0. Os valores dos componentes são:
R = 1000 Ω, L = 1000 H, C = 2 mF. Foram considerados passos no tempo de ∆t = 0,1 s.
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APÊNDICE C
da deca 101 10
Tempo segundo s s
Tabela C.5 Primeiras raízes das funções de Bessel J0(x), J1(x), Y0(x) e Y1(x)
J0 J1 Y0 Y1
Computation”. Proceedings of ARITH-19, IEEE Computer Society Press, 2009, pp. 104-113.
Tabela C.6 Módulo de Young para vários materiais
Cânhamo 35
Carvalho 11
Madrepérola 70
Ossos humanos 14
Pinho 9
Alumínio 69
Berílio 287
Bronze 96 a 120
Cobre 117
Magnésio metálico 45
Molibdênio 329
Ósmio 550
Ouro 79
Prata 83
Titânio 110,3
Diamante 1220
Safira 435
Grafeno 1000
MDF 4
Nylon 2a4
Poliestireno 3 a 3,5
Teflon 0,5
Vidro 50 a 90
Alumínio Al 2,70
Bário Ba 3,59
Berílio Be 1,85
Bismuto Bi 8,90
Cádmio Cd 8,65
Cálcio Ca 1,53
Césio Cs 1,87
Chumbo Pb 11,34
Cobalto Co 8,80
Cobre Cu 8,93
Crômio Cr 7,19
Estanho Sn 7,29
Ferro Fe 7,87
Gálio Ga 5,91
Lítio Li 0,53
Magnésio Mg 1,74
Manganês Mn 7,47
Mercúrio Hg 13,55
Níquel Ni 8,91
Ouro Au 19,28
Paládio Pa 12,00
Platina Pt 21,45
Prata Ag 10,49
Titânio Ti 4,55
Tungstênio W 19,30
Urânio U 18,95
Zinco Zn 7,14
Valores obtidos de “Chemistry, Molecules, Matter and Change”, Atkins e Jones, 3a ed.
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BIBLIOGRAFIA
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