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Curso FIC em Agente de Sustentabilidade e Inovação

Módulo 4 – Semana 15 - Pág. 1

MÓDULO 4/4 – SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL, FERRAMENTAS DE GESTÃO E INOVAÇÃO


AULA 1/4 - SEMANA 15
15. Sustentabilidade Empresarial (ESG)
15.1. ESG
15.2. Ambiental
15.3. Social
15.4. Governança

Olá! Na semana passada percebemos a importância das políticas ambientais como incentivo às
ações sustentáveis de pessoas, governo e do setor privado. As empresas possuem grande potencial
de transformação da sociedade, visto que, se incluíssemos o setor privado entre os 200 maiores PIBs
mundiais, 157 (78,5%) seriam empresas e a receita das 10 maiores empresas do mundo atualmente,
equivale aos 180 menores países (PACTO GLOBAL, 2022), tornando-se simplório portanto,
implementarmos agendas socioambientais sem o apoio deste setor.

Nesta semana 15 (S15) vamos iniciar nosso 4º módulo – Sustentabilidade Empresarial,


Ferramentas de Gestão e Inovação, dissecando o acrônimo ESG que na prática, pode ser traduzido
como a própria Sustentabilidade Empresarial. Bons Estudos!

15.1. ESG
ESG, leia-se “í – ésse – dí”, é o acrônimo para três palavras em inglês: Environment (Meio
Ambiente), Social (Social) e Governance (Governança). No Brasil o termo também pode ser
referenciado por ASG (Ambiental, Social e Governança) e basicamente traduz um perfil desejado
de sustentabilidade para as empresas, isto é, aquelas empresas que implementam ESG, não
buscam o lucro acima de tudo, estando preocupadas também com o desenvolvimento social e
ambiental e usufruindo de seus benefícios para o negócio, a sociedade e o planeta.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=JPdwEmghBUg&feature=emb_logo
O que é ESG?

É fato que até hoje, muitos gestores ou empreendedores, não conseguem enxergar nexo entre
negócios e sustentabilidade, mas a valorização dos temas ambientais, sociais e de governança nas
empresas é uma realidade já há algum tempo e aumentou com a pandemia do COVID-19, onde
empresas, cidadãos e governo encontraram-se em estado de vulnerabilidade e incerteza com
relação ao futuro, sofrendo os impactos de eventos globais.

Segundo Carvalho (2020) a questão da pandemia remete à invasão dos seres humanos dos
ecossistemas e a destruição de habitats naturais, somado ao rápido movimento de pessoas no
planeta, facilitando a transmissão do vírus.

O termo ESG foi citado a primeira vez em 2005 no relatório who cares wins, publicado por 20
instituições financeiras de 9 países e encabeçado pela ON, que reunia recomendações e diretrizes
para incluir questões ambientais, sociais e de governança na gestão de ativos, e a previsão de que
até 2025, 57% dos ativos de fundos de investimento na Europa seguirão ESG.

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O primeiro índice global que continha práticas ESG foi o Índice dow jones de sustentabilidade em
1999. Em 2019 as ações foram consolidadas sob o acrônimo com a publicação PRI - Principles for
Reponsible Investment (Princípios para o Investimento Responsável) pela ONU. Segundo Ban Ki-
moon, os princípios complementam o Pacto Global da ONU, conteúdo da nossa Semana 4 (S4),
que exige que as companhias introduzam em suas estratégias e operações um conjunto de
princípios universais nas áreas de direitos humanos e trabalhistas, meio-ambiente e combate à
corrupção.

No Brasil, o indicador de sustentabilidade empresarial é o Indice de Sustentabilidade Empresarial


(ISE B3). Ele apresenta o desempenho médio das cotações dos ativos de empresas e seu
comprometimento com a sustentabilidade empresarial. Ele apoia os investidores na tomada de
decisão de investimento e induz as empresas a adotarem as melhores práticas de
sustentabilidade, já que as práticas ESG, contribuem para a perenidade dos negócios. Visite o site,
cadastre-se e consulte o ranking: https://iseb3.com.br/. Temos ainda o ICO2 (Índice Carbono
Eficiente) e o IGC-T (Índice de Governança Corporativa Trade). Não é possível investir em um
índice ESG, apenas utilizá-lo como ferramenta de análise para investimentos.

https://www.unpri.org/download?ac=10969
Princípios para o Investimento Responsável
Segundo Alan Joper, CEO da Unilever, não existe mais diferença entre as estratégias de negócio
e de sustentabilidade da empresa pois elas são integradas (UNILEVER, 2020). Líderes como Tim
Cook (Apple), Jeff Bezos (Amazon) e Michael Dell (Dell) entre outros, assinaram um manifesto em
agosto de 2019 propondo a valorização do propósito antes do lucro (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2020).

A visão pluralista e participativa da ESG é que vem direcionando mais ações no mundo e
Investimentos que levem em consideração critérios de sustentabilidade e não apenas índices
financeiros. Com critérios ESG é possível avaliar se a empresa adota práticas visando o seu
crescimento sustentável e um mundo melhor ou apenas busca a lucratividade. Tanto
consumidores quando investidores consideram o valor da sustentabilidade antes de comprar.

https://trends.google.com.br/trends/explore?date=today%205-y&geo=BR&q=ESG
Pesquisa do termo ESG no Google Trends
No Brasil, além da pandemia, outros fatores aceleraram o avanço da aplicação dos critérios ESG,
como por exemplo, podemos citar a emergência climática e a pressão por modelos neutros de
carbono; novas regulamentações como a lei de crimes ambientais e a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, com seus incentivos fiscais para contratações em direção a um modelo
sustentável; a mudança geracional, na qual integrantes da geração Millenials ou Y começaram a
propor e cobrar novos posicionamentos e comportamentos sociais e ambientais; e a agenda 2030,
na qual as nações se comprometeram com os 17 ODS para serem alcançados até 2030, citando o
setor privado em vários capítulos, como primordial para o alcance das metas.

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Segundo Martins (2021), ESG é importante para sobreviver no mercado de atuação, aumentar a
confiança do investidor, adquirir novos clientes, bem como fidelizá-los, fortalecer a imagem
positiva da empresa, reduzir custos e desperdícios, otimizar a receita e o lucro, assegurar a
transparência e ampliar a retenção e satisfação dos colaboradores.

Segundo Voltolini (2021) estamos em uma curva com tendência de alta linear de ESG, alimentada
em grande medida por uma combinação de quatro fatores:

 A pressão da geração millenials ou Y (nascidos entre 1981 e 1995) que estão hoje com
idade entre 25 e 40 anos e compõem cerca de 2,43 bilhões de pessoas). É a turma que quer
trabalhar, investir e comprar de empresas mais sustentáveis dando preferência a
instituições íntegras, éticas, respeitosas, inovadoras e transparentes;

Após a geração Y, temos a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), geração dos
autodidatas, ainda mais ativista e preocupada com a sustentabilidade o que significa mais
algumas décadas de pressão para os negócios sustentáveis. Após a geração Z, temos a
geração Alpha (nascidos a partir de 2010) que contam hoje com uma grande quantidade
de conteúdos sobre a temática, desde o ensino fundamental, coisa que a geração X
(nascidos entre 1965 e 1981) nem sequer sonhava (RIBEIRO, 2020).
 A derrubada da última trincheira de resistência representada pelos investidores;
 A consciência entre os agentes de mercado (que sempre colocou o dinheiro acima de tudo)
de que vivemos um estado de “emergência climática”; e
 A ascensão ao poder de uma liderança rodando com software dos valores deste século 21
(para não dizer a aposentadoria da turma dos velhos líderes com mindset do século 20).

Ser sustentável pode ser considerado o “novo normal” competitivo pois pressupõe menos ameaça
ao investimento, menor risco e empréstimos com juros menores para empresas sustentáveis.
Voltolini (2021) indica que ESG virou sinônimo de investimento bom inteligente e responsável
fundamentada no surgimento de novas lógicas, originadas em uma ética mais contemporânea e
do tenso embate entre o modelo do século 20 em processo claro de extinção, focado na noção do
lucro rápido e a qualquer custo e outro em movimento de expansão, condizente com os valores
do século 21 e baseado na ideia do lucro em promoção sem prejuízo de pessoas e do meio
ambiente (VOLTOLINI, 2021).

E as pequenas empresas? ESG também é para elas? Os pequenos negócios precisam de


competitividade para seu crescimento. A sustentabilidade de que tratamos aqui, corresponde ao
sustento, desenvolvimento e crescimento do negócio, não somente à questão socioambiental.

https://www.youtube.com/watch?v=kMEd7mmBRYc
ESG nos pequenos negócios. Esse assunto é da sua conta!

O Sebrae (2020) indica a existência de 19.228.025 empresas no Brasil, 85% destas micro e
pequenas empresas. A sustentabilidade é primordial para o sucesso de pequenos
empreendedores e suas boas práticas estão ao alcance de qualquer negócio, com qualquer porte,
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segmento ou condição financeira, buscando fidelizar clientes e surgindo como alternativas de


terceirização para prestação de serviços à grandes empresas, que já possuem critérios ESG
enraizados em suas políticas de contratação de fornecedores. Quando a oportunidade surgir, as
pequenas empresas devem estar preparadas e uma grande vantagem competitiva é implementar
ESG antes de seus concorrentes.

Se você quer empreender, precisa entender o que a sociedade espera de uma empresa do século
XXI e qual o perfil de seus clientes, não importa o seu tamanho. Estamos diante de outra geração
de clientes, tecnológicos, globalizados, compartilhados e perceptores dos impactos ambientais,
sociais e de governança (VOLTOLINI, 2021).

Existem ações gerais e ações centradas no negócio ou no serviço prestado. As ações gerais são
aquelas que podem ser implementadas em qualquer empresa. Como toda empresa utiliza
recursos naturais (energia, água, papel, etc...), gera resíduos, possui colaboradores, clientes e
fornecedores, algumas ações podem ser implementadas em todas, com por exemplo o
gerenciamento de energia, resíduos, valorização do capital intelectual e a determinação do perfil
dos fornecedores. As ações centradas no negócio devem levar em consideração o insumo
principal ou o impacto ambiental que é mais gerado pelo produto ou serviço prestado. Um
restaurante por exemplo, pode realizar algum tipo de ação relacionada aos resíduos de alimentos.
Uma transportadora pode diminuir a emissão de gases do efeito estufa nos veículos de sua frota,
escolhendo veículos híbridos. Um banco, que seja grande financiador de automóveis (emissão de
GEE) de uma cidade, pode criar um programa de mobilidade urbana com bicicletas ou
empréstimos com juros reduzidos para Kits de Gás Natural Veicular (GNV). Uma empresa de
refrigerante, cujo insumo principal é a água, pode levar água potável para comunidades carentes
do seu entorno, que estejam por exemplo questionando o uso de fontes naturais próximas.

15.2. Environmental (Meio Ambiente)


A letra “E” de Environmental, refere-se às questões relacionadas ao meio ambiente, como por
exemplo, gestão de resíduos, poluição, água, energia, materiais, biodiversidade e uso do solo e
mudanças climáticas. Todas as medidas para redução dos impactos ambientais, aquecimento
global, poluição em suas mais diferentes expressões, incentivos À reciclagem, compostagem,
reaproveitamento de resíduos, eficiência energética entre outras, fazem parte do “E”.

Aqui vão algumas ações que implementam o E (Environment):


 Utilizar energias limpas, renováveis e de baixo impacto como a solar e a eólica; preferir a
iluminação natural e reutilizar a água;
 Desenvolver embalagens recicláveis para seus produtos;
 Disseminar a agenda 2030 com informes, palestras e reuniões;
 Separar e destinar adequadamente os resíduos, compondo parcerias;
 Implementar a economia circular e a logística reversa;
 Reduzir o uso de papel e preferir a GED, criando rotinas de TI Verde (S8);
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 Utilizar materiais reciclados ou com rotulagem ambiental, tanto na rotina da empresa


quanto na fabricação dos produtos ou prestação de serviços;
 Incentivar a conscientização da sua equipe de colaboradores, fornecedores e da
comunidade ao entorno;
 Investir em projetos ambientais como reflorestamento e horta comunitária; e
 Adotar a ecoeficiência na aquisição de equipamentos e buscar a inovação sustentável em
seus processos.

14.3. Social (Social)


A letra “S” determina a forma como a empresa se relaciona com as pessoas, isto é, seus
colaboradores, a comunidade, clientes e os fornecedores. Existe qualidade no ambiente de
trabalho? É possível melhorá-la? Alguns benefícios para os funcionários certamente irão melhorar
a produtividade e o engajamento nas atividades da empresa. A contratação de fornecedores locais
favorece o desenvolvimento econômico da região onde a empresa está instalada e ainda evita
grandes deslocamentos com a possibilidade de queima de combustíveis fósseis e geração de GEE.

Como sua empresa trata os clientes? Já foram implementadas rotinas que garantam aos clientes
a proteção de seus dados (LGPD)? O pós venda é tão atencioso, agradável e eficiente, quanto a
equipe de vendas? A promoção da diversidade e a inclusão também estão ao alcance de qualquer
empresa e neste contexto, o setor de Recursos Humanos (RH) e a alta administração têm
importância primordial. Quanto mais as equipes forem compostas por visões, idades, vivências,
raças, formações, gêneros e etnias diferentes, mais igualdade, criatividade e inovação para o
alcance dos desafios.

Aqui vão algumas ações que implementam o S (Social):


 Cumprir as leis, manter as garantias trabalhistas e defender o compromisso com os
direitos humanos;
 Promover a qualidade do ambiente de trabalho;
 Implementar dinâmicas de integração entre os funcionários;
 Promover a inclusão e a Equidade de gênero, idade e étnico-racial;
 Disponibilizar um atendimento personalizado aos clientes de pré quanto de pós venda;
 Promover a segurança dos colaboradores;
 Privilegiar os clientes parceiros e a comunidade com diálogo aberto, antecipando possíveis
demandas da comunidade;
 Promover projetos sociais com a comunidade local;
 Promover um ambiente agradável para mulheres e homens, relacionado a carreira,
igualdade de vencimentos, maternidade e paternidade; e
 Promover eventos esportivos, sociais e culturais.

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14.4. Governance (Governança)


A letra G vem de Governança e alinha-se com tripé do lucro do Tripple Bottom Line (S1) e da
prosperidade no eixo da agenda 2030 (S4). São aqueles fatores que influenciam a tomada de
decisão, desde a formatação das políticas internas até a distribuição de direitos e
responsabilidades entre os stakeholders da organização.

Geralmente as organizações dão mais importância aos “E” e ao “S”, deixando o “G” de lado, mas
entender os riscos e as oportunidades de governança para a tomada de decisões é fundamental,
pois as más práticas de governança coorporativa promovem grandes escândalos. Podemos citar
como exemplo o escândalo de testes da Volkswagen, “Dieselgate” em 2015 e o uso indevido de
dados do Facebook em 2018. Aplicar a ética e a transparência nos processos de decisão, visando
minimizar os impactos negativos e potencializar os resultados positivos.

Implementar regras para conduta ética (S11), um conselho diversificado e independente, um


comitê de auditoria, transparência, prestação de contas no relacionamento com o governo e os
colaboradores e uma política de transparência de líderes, inibe práticas como assédio moral e
corrupção. Empresas com critérios ESG de governança correm menos riscos de enfrentar
problemas jurídicos, trabalhistas, fraudes e sofrer retorno de seus impactos no meio ambiente.
Espera-se uma redução de desvios, de suborno e de corrupção dentro das empresas.

Aqui vão algumas ações que implementam o G (Governance):

 Disponibilizar uma caixa de sugestões para denúncias anônimas;


 Fornecer feedback para todas as questões (ouvidoria) e implementar a gestão
participativa;
 Manter uma hierarquia bem definida com cargos e funções descritas;
 Manter um conselho administrativo diversificado e independente, incluindo membros que
não sejam colaboradores da empresa;
 Adotar a diversidade no conselho de ética;
 Contratar fornecedores íntegros, éticos e que tenham valores direcionados ao ESG;
 Respeitar os acionistas minoritários;
 Adotar uma política explícita de anticorrupção; ser transparente, tornando publicas as
ações mais relevantes; e
 Treinar as equipes, criando uma cultura empresarial focada na sustentabilidade.

RESUMO DA SEMANA
Utopia, modismo ou um simples “voo de galinha”? Com certeza não! A curva expoente nos
apresenta que a acrônimo ESG tende a avançar e determinar o nível de sucesso e catapultar o
crescimento de uma empresa. É uma demanda de mercado. Se você faz parte dos céticos, olhe para
os lados e analise se não está preso a questões ultrapassadas, pois os seus clientes e stakeholders
podem ser de outra geração. O meio ambiente agradece e o seu bolso merece! O capitalismo
responsável não será passageiro e para auxiliá-lo, as instituições podem contar com diversas
Ferramentas de Gestão, assunto que veremos na próxima aula. Bons Estudos!
6/6

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