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Carregando o Herdeiro do Alfa

Guerra Alfa 01
Marcy Jackys

Jake Kelly não esperava que o homem mais lindo do mundo


entrasse na cafeteria onde trabalhava. Mas quais eram as chances de ele
ser gay, ou interessado em um atendente de bar magro e estressado que
não era claramente o tipo daquele homem? Então fica chocado quando
Glendon se apresenta e o convida para um encontro.
Jake nunca esteve tão feliz, até que seu chefe impõe um turno
extra para ele, forçando-o a cancelar o encontro, e uma criatura acaba
atacando-o enquanto tirava o lixo. Poderiam as coisas ficarem piores
esta noite?
Quando toda a esperança parecia perdida, um enorme lobo vem
em seu socorro e se transforma em Glendon. Ele é um lobo alfa e está
em uma guerra de mil anos entre os vampiros e lobisomens.
Agora que Glendon encontrou seu companheiro, os vampiros
não vão parar por nada para conseguir o que querem dele, incluindo
matar Jake, e vir atrás do filhote que Glendon tem toda a intenção de
colocar dentro dele.
Capítulo 1

— Café preto grande para... Glendon.


Demorou um segundo para Jake ler o nome certo. Não estava
escrito de forma irreconhecível, e tinha certeza de que havia
pronunciado corretamente, mas na pequena cidade dos Estados Unidos,
não parecia muito tradicional. Nunca tinha visto um nome como esse
antes, e não tinha certeza do que deveria esperar quando o homem alto,
moreno e incrivelmente sexy se adiantou para pegar a bebida.
Maldição, tinha tirado a sorte grande, pois olhou para aqueles
olhos prateados e pensou que tinha ido para o céu.
Olhos prateados? Isso era estranho? Talvez fossem lentes de
contato. As pessoas naturalmente não tinham olhos dessa cor, não é?
O homem sorriu para ele.
— Meu café?
Jake piscou.
— Oh, sim, certo. — Limpou a garganta, empurrando o copo
para frente. — Me desculpe por isso.
Glendon pegou sua bebida. Tinha que ser vários centímetros
mais alto do que Jake, e olha que ele não se considerava baixo. O
homem sorriu para ele. Como se pensasse que Jake fosse fofo.
Oh por favor, sim.
— Qual é o seu nome?
Jake engoliu em seco. Havia uma fila na caixa registradora, e
uma série de pedidos de bebidas que tinha que atender.
E, no entanto, tudo isso desapareceu na beira do nada quando
foi feita uma pergunta simples.
Então saiu da névoa e apontou rapidamente para o crachá.
— Jake. — Teve que limpar a garganta novamente quando
soltou um estranho som de coaxar. — Meu nome é Jake.
— Agradável. Jake o que?
Ele estava realmente perguntando?
— Jake Kelly.
Glendon assentiu.
— Que horas sai do trabalho, Jake Kelly?
Sua voz inteira era suave como manteiga derretida. Jake queria
que esse homem sussurrasse todos os tipos de coisas doces e sujas em
seu ouvido até o final dos tempos.
Se não acabasse com isso, acabaria com alguns problemas. A
última coisa que precisava era esconder uma ereção no trabalho porque
seu pênis idiota queria reagir a um homem bonito dando-lhe atenção.
Mas homens bonitos nunca lhe davam atenção. Bem, às vezes
faziam, mas no final esses caras se tornavam criaturas.
Esse cara... parecia normal o suficiente. Se normal significava
que poderia estar posando na capa do GQ, Men's Health, ou qualquer
outra revista que não podia pensar naquele momento.
Glendon se inclinou, perguntando novamente.
— Que horas sai?
Essa pergunta soou tão sexual, talvez por isso deixou escapar a
primeira coisa que veio à mente.
— Quando você quiser.
Glendon sorriu para ele.
— Bom menino.
Ele enfiou a mão no bolso, pegou uma caneta Sharpie, em
seguida, pegou Jake pela mão e começou a escrever.
— Esse é o meu número.
Oh Deus. Estava obtendo o número desse cara! Ele não emitiu
vibrações que acionasse o gaydar de Jake. Nunca teria pensado que este
homem estava em homem, e muito menos que queria dar a Jake seu
número. Ele teve tanta sorte!
— Também gostaria de obter seu número.
Ele estendeu a mão, como se soubesse que Jake lhe daria o que
queria.
Isso era pura confiança. Jake não culpava o homem por já saber
onde isso estava indo.
Então lembrou que seu celular não recebia mais chamadas.
Porque estava quatro meses atrasado em seus pagamentos.
Jake engoliu em seco e pegou a mão de Glendon.
— Para ser honesto, estou obtendo um novo número, e não sei
qual será hoje à noite ou em alguns dias. Por que não lhe dou meu
endereço?
Maldição, tão idiota. Era tão estúpido e esse cara super gostoso
iria ver através de tudo.
— Parece bom.
Mesmo? Jake quase questionou, mas então seu chefe gritou
com ele.
— Kelly! Você está trabalhando nesses lattes?
Merda.
— Uh, sim. Só um segundo! Estou ajudando a esse cliente.
Anotou apressadamente o endereço na mão de Glendon,
esperando que sua caligrafia não estivesse muito horrível e não ficasse
borrada na pele.
— Vou estar livre hoje à noite. Saio daqui três horas.
Glendon sorriu para ele, olhando para a mão, antes daqueles
olhos prateados fumegantes voltarem sua atenção de volta para ele.
Os olhos realmente arderam? Ou era algo que leu em um
romance e agora achava que todos os olhos faziam isso?
O que importava quando estava sendo olhado como se fosse
uma refeição?
— Vejo você esta noite então.
O interior de Jake fez um pequeno tremor. Não podia acreditar
que era real. Honestamente não podia acreditar que isso estava
acontecendo com ele, mas tudo bem. Mesmo quando Glendon saiu com
o café, Jake sentiu-se naquele transe feliz.
Esta noite seria uma excelente noite. Não podia esperar para
contar a Parker.
Glendon, do Clã Grey Wolf, saiu da cafeteria. Alguma coisa
pretensiosa fluía na pequena cidade que ele estava encarregado de
proteger. Achava que era meio que um roubo na Starbucks, mas queria
dar uma olhada. Um cheiro que vinha de lá o incomodava já algum
tempo e agora sabia o que era.
Fergus e Hugh esperaram por ele em suas motos. Jaquetas de
couro e óculos de sol, tatuagens visíveis fazia fácil para os moradores
evitarem o contato visual com eles. Quanto a qualquer outra pessoa
corajosa, ou estúpida, o suficiente para querer se aproximar, o cheiro de
lobos alfas cuidava disso, quer soubessem ou não. Mesmo os seres
humanos podiam ser afetados pelo cheiro de criaturas poderosas.
— Então? — Fergus perguntou, meio desdenhoso. — Você
conseguiu sua bebida sem gordura, sem espuma, sem lactose, quase
como café num copo reciclável?
— Cala a boca, — disse Glendon, embora tenha sorrido ao dizer
isso, passando uma perna por cima da moto. O café estava quente o
suficiente para queimar algumas de suas papilas gustativas, mas isso
não o impediu de tomar quase a metade do copo ali mesmo antes de
despejar o resto em sua garrafa térmica.
Seu agente de cura cuidou de qualquer queimadura na boca.
— Você parece feliz, — disse Hugh. — Viu uma linda garota?
— Conheci um garoto fofo. Um cara. Meu companheiro.
Levaria algum tempo para se acostumar. Sempre pensou que
qualquer companheiro que encontrasse seria do sexo feminino. Tornaria
mais fácil para uma mulher carregar seus herdeiros, mas não importava.
O corpo de um homem também funcionava. Seria mais difícil, mas
Glendon estaria lá para cuidar de Jake através da gravidez.
Tanto Hugh quanto Fergus ficaram olhando para ele. Glendon
poderia dizer que estavam piscando sem saber o que dizer.
— Sério? — Fergus perguntou. — Lá?
Glendon colocou os óculos de sol e jogou o copo de papel vazio
no lixo.
— Sim.
Não podia deixar de se sentir feliz com isso.
Alguns humanos passaram por ele e seus dois melhores homens
enquanto falava abertamente em ter um companheiro. Não importava.
Eles ouviriam apenas conversas sexuais um pouco rudes.
Sempre que os seres humanos estavam perto de vampiros,
lobisomens, ou até mesmo um bruxo ocasional, nunca ouviam os
detalhes. Glendon poderia estar no centro do palco em Nova York
cantando sobre seus poderes de lobo, e ninguém ouviria as palavras que
dizia. Provavelmente ouviriam uma música de amor.
A menos que quisesse que eles ouvissem o que estava dizendo,
e quando reivindicasse Jake, seu companheiro ouviria o que ele estava
dizendo, e Jake também saberia disso.
— Bem, parabéns, irmão! — Disse Hugh, dando um tapa no
ombro de Glendon. — Quando irei encontrá-lo?
— Possivelmente esta noite. Mais provável amanhã. Vou vê-lo
hoje à noite, mas nós estaremos muito ocupados para apresentações.
— Ele vai precisar de proteção, — disse Fergus.
Fergus sempre era o único a estourar qualquer bolha de
diversão que vinha junto. Não que Glendon geralmente se deixe levar.
Isso tendia a cair em seu irmão mais novo, Hugh, mas sempre que ele
se deixava ir, Fergus estava sempre lá para trazê-lo de volta.
Que era bom. Glendon repetiu isso para si mesmo de novo e de
novo em sua mente enquanto pensava em todas as maneiras que Jake
poderia estar em perigo.
Agora que Glendon havia parado naquela cafeteria, os vampiros
pegariam seu cheiro. Iriam farejar o que ele estava fazendo lá.
Vampiros, parasitas que eram, gostavam de segui-lo por aí. Eles
pareciam pensar que era uma boa ideia seguir todos os seus
movimentos.
Às vezes, Glendon não se importava. Também lhe permitia
manter um olhar atento em seus inimigos. Isso lhe permitia capturar
alguns dos sugadores de sangue de vez em quando, quando sabia
exatamente onde estavam planejando aparecer.
Agora, no entanto, isso era algo de que não precisava.
— Maldição. Escrevi meu número na mão dele.
— Oh, merda, — disse Hugh. — Você também escreveu seu
nome na mão dele?
— Não importa, — respondeu Fergus. — O cheiro de Glendon
está naquele humano agora. Os vampiros conhecerão seu alvo.
Glendon sacudiu a cabeça.
— Não. Tudo bem. Jake disse que sai do trabalho antes do sol se
pôr. Ele vai para casa. Vou segui-lo até lá e ir até ele antes que os
vampiros possam atacar. Vou levá-lo para casa comigo.
— E se ele não quiser ir para casa com você? — Perguntou
Hugh. — Os humanos hoje em dia nem sempre ficam tão
impressionados com a riqueza. Ele pode achar estranho que você queira
levá-lo para casa em vez de jantar e assistir a um filme.
Glendon assentiu.
— Estou esperando que os hormônios de acasalamento cuidem
disso para mim. Se ele está muito interessado em ser tomado, então
poderá não perceber para onde estamos indo.
Não que Glendon já tivesse tido um companheiro antes, só se
destina ter um em sua vida, mas ouviu as histórias de lobos mais velhos
do que ele.
Um humano recém-acasalado poderia foder e ser fodido tão
duro quanto qualquer shifter. O calor de acasalamento cuidaria dos dois.
Mesmo agora, o pênis de Glendon o incomodava por atenção.
Fergus assentiu.
— Qual é o endereço dele?
Glendon mostrou a ele. Fergus assentiu.
— Vou vasculhar o lugar. Ver o que encontro. Você se prepara
para a sua noite de amor.
— Tudo bem.
Fergus sorriu para ele antes de ligar a moto e sair correndo. O
bastardo realmente virou o dedo do meio para ele. Glendon sacudiu a
cabeça.
Que idiota, mas era o melhor amigo de Glendon.
— Você quer que eu junte o resto dos caras? — Perguntou
Hugh.
Glendon pensou sobre isso.
— Basta que eles saibam o que está acontecendo. Ronan e
Tierney podem manter vigilância à distância enquanto pego Jake. Dave e
Orin podem seguir seus planos durante a noite. Se Nate puder lidar sem
estar com Orion, Orion também poderá fazer uma verificação no
território.
Hugh assentiu.
— Certo. Vou ligar para você quando o plano estiver
configurado.
Assentiu, depois observou seu irmão ligar a moto e sair em
disparada pela estrada oposta de onde Fergus se dirigiu.
Glendon ficou onde estava. Se iria proteger seu companheiro,
então precisava esperar aqui até que Jake terminasse seu turno.
Ele só tinha que ficar fora de vista. Havia a magia de ocultação
que a sua espécie tinha para se manter discreto, mas a invisibilidade
completa não era uma delas.
Pelo menos tinha tomado seu café para ajudá-lo até a noite
chegar. Sua virilha estava doendo só de pensar nisso. Não podia esperar.
Na verdade, desde que ia estar fodendo um homem pela
primeira vez, Glendon tinha tempo para verificar no telefone e descobrir
a melhor maneira de fazê-lo.
Ele era o alfa de sua matilha, líder de seus homens, e isso
significava estar sempre preparado, afinal de contas.

Capítulo 2

Jake tinha acabado de colocar o casaco, e bater seu ponto para


sair, quando seu gerente rapidamente o puxou de volta.
— Jake, ei, amigo, você estará fazendo alguma coisa hoje à
noite?
— Uh, bem, na verdade sim.
— Perfeito! Acha que poderia pegar o turno da Jessica? Ela
acabou de ligar dizendo estar doente.
Jake piscou. Era como se o seu patrão não o ouvisse dizendo
que estava ocupado e não seria capaz de pegar o próximo turno.
— Quero dizer, você não poderia fazer isso? — Você é o gerente.
Jake queria dizer isso, mas se segurou porque sabia que só ficaria em
apuros por dizer isso em voz alta.
— Eu sei, poderia, mas não posso. — Seu chefe assobiou como
se literalmente doesse por ter que fazer tal pedido. Jake entendia. —
Você tem que entender, tenho que ir buscar minhas meninas na escola.
Elas ficarão esperando, se eu não for buscá-las, a mãe estará
trabalhando até mais tarde hoje à noite.
— Você não pode pegá-las, deixá-las em casa e voltar? — Jake
estava desesperado. Nunca tinha a chance de sair e se divertir. Nem
sabia qual seria a versão de hoje à noite de diversão, mas queria, quase
mais do que quis algo em toda a sua vida. Era o suficiente para fazê-lo
querer correr pela porta agora.
Seu gerente olhou para ele como se Jake tivesse acabado de
sugerir que jogasse as meninas no liquidificador e apertasse o botão
liga / desliga.
— Elas têm apenas cinco anos de idade. Não posso
simplesmente deixá-las em casa e voltar ao trabalho. Qual o problema
com você? É só desta vez.
— Oh, eu não sabia que elas eram tão jovens.
E isso não o impediu de querer egoisticamente deixar seu
gerente para resolver este problema de qualquer maneira.
Mas precisava deste trabalho. Ele não era como Parker. Não era
capaz de simplesmente parar e fazer suas próprias coisas. Precisava de
uma renda estável e precisava pagar sua parte do aluguel e fazer com
que seu celular funcionasse novamente.
Ele e Parker não estavam morrendo de fome, mas não estavam
onde queriam estar também.
— Eu… tudo bem. Vou ter que fazer uma ligação primeiro.
Deveria estar saindo em um encontro hoje.
— Perfeito!
Seu gerente bateu no ombro dele, brilhante e animado
novamente, como se Jake não estivesse emanando milhares de anos de
depressão no ar.
— Vou buscar as meninas então. Eu te devo uma, Jack!
— É Jake.
Tinha certeza de que seu gerente não o ouviu, pois já estava
correndo pela porta, deixando Jake parado ali, imaginando como diabos
um dia tão bom poderia dar tão errado.
Normalmente, um dia de merda acontecia antes ou no meio de
um turno. Não no final do mesmo.
Bem, supunha que isso agora tecnicamente soava como o meio
de seu turno. Não havia muito que poderia fazer sobre isso.
Tirou o casaco e colocou de volta em seu armário.
Jake honestamente queria estrangular alguma coisa. Estava
muito triste. Queria envolver seus dedos ao redor do pescoço de uma
criatura de olhos brilhantes e sufocar sua vida, mas sabia que não seria
capaz de juntar a energia para conseguir fazer isso.
Maldição, e se Glendon pensasse que Jake estava dispensando-
o? E se ele conhecesse outra pessoa esta noite que abalasse seu mundo?
Fosse muito mais divertido? Alguém que decidisse que gostava mais do
que Jake em primeiro lugar?
Eles só se encontraram por alguns segundos, então não era
como se Jake tivesse uma grande expectativa de lealdade.
Foi até o telefone do escritório, decidindo ligar rapidamente para
o número, apenas para explicar por que não estaria em casa.
Ninguém atendeu, então Jake deixou a mensagem e realmente
esperava que Glendon entendesse. Não queria que o homem batesse na
porta da frente apenas para Parker responder e explicar por que ele não
estava em casa.
Na verdade, Jake também ligou para Parker. Se assim fosse,
Parker poderia dar uma explicação adequada para Glendon se ele fosse
para sua casa.
Claro, Parker também não atendeu. Provavelmente ainda estava
em seu jogo Twitch.
Às vezes Jake desejava ter coragem de simplesmente parar de
trabalhar e tentar ganhar dinheiro jogando videogames online. Isso
soaria incrível, e mais de uma vez Parker havia lhe oferecido a chance de
participar da diversão. Às vezes, Jake fazia isso, mas nunca seria capaz
de jogar por horas suficientes em dias suficientes para construir
seguidores.
Seus olhos começavam a doer depois de um tempo olhando
aquela TV.
Parker conseguia cerca de mil e quinhentos por mês.
Nada mal, mas também não estavam fazendo fortunas, também
com o salário de Jake.
Tanto faz. Agora que sua noite de encontro estava oficialmente
arruinada, Jake decidiu que poderia forçar um sorriso no rosto e sair
para fazer bebidas excessivamente caras para os clientes.

****
Glendon ouviu a mensagem em seu telefone com uma leve
surpresa. Observou do outro lado da rua quando o homem que assumiu
ser o gerente de Jake partir com pânico em seu olhar.
Jake havia dito que o homem precisava pegar as filhas
pequenas na escola, ou creche, ou qualquer outra coisa, então talvez
isso fizesse sentido.
Mas Glendon tinha visto muitas pessoas com esse tipo de medo
em seus olhos para saber que não era isso.
Procurou o número de Fergus em seu celular e ligou para o
homem, só por precaução.
O sol ainda estava alto, mas poderia haver um problema com
vampiros esta noite.

Jake estava morto de cansaço quando o último cliente saiu da


cafeteria.
Para uma cidade tão pequena, não teria pensado que haveria
tantas pessoas com laptops que não tinham nada melhor para fazer o
dia todo do que digitar por tanto tempo.
Que diabos eles digitavam tanto? Não conseguia descobrir.
— Você está bem? — Greg perguntou, parecendo tão morto de
cansaço quanto Jake se sentia.
Jake assentiu, mas estava basicamente mentindo.
— Sim. Vou pegar o esfregão. Você contabiliza o caixa.
Se tivesse que olhar para os números hoje à noite antes de
dormir, teria uma convulsão.
Felizmente, Greg não parecia ter o mesmo problema quando
parou de limpar as mesas e foi buscar o dinheiro do caixa.
Jake foi para os fundos. Pegou o balde do esfregão e enfiou-o
debaixo da torneira na pia gigante. Encheu-o com sabão, ligou a água e,
enquanto esperava o balde encher, decidiu tirar o lixo. E claro, já que
estavam com poucos funcionários esta noite e Jake estava tão cansado
de fazer um turno duplo, tinha esquecido de levar o lixo para fora, então
o saco não estava apenas pesado, mas se abriu e todo o lixo se espalhou
no fundo.
— Merda.
Jake resmungou. Voltou para a pia, desligou a torneira e pegou
mais sacos de lixo do armário embaixo da pia. Pegou alguns sacos,
segurou a lata de lixo e o arrastou para fora.
Era um dia quente, então estava claro, mesmo depois que o sol
se pôs, o lixo fedia ao alto céu. Um gambá poderia ter se espalhado por
toda a área, e teria cheirado melhor do que isso.
Alguém veio aqui e vomitou sua merda quando ninguém estava
olhando?
Tanto faz. Quanto mais cedo terminasse com isso, mais cedo
poderia voltar para dentro, ajeitar o resto, ir para casa e rastejar para a
cama, gemendo sobre o encontro quente que perdeu.
Jake quase vomitou quando colocou o saco por cima da lata de
lixo. Quando virou a lata, tentando esvaziar a lixeira no novo saco, supôs
que não deveria ter ficado chocado quando, é claro, o novo saco também
estourou, porque havia vidro quebrado no fundo.
De onde diabos veio isso, e por que não notou pela primeira
vez?
Agora tinha todo esse lixo para limpar da calçada atrás da
cafeteria.
Tinha que limpá-lo? Estava escuro e no final da noite. Poderia se
cortar. Deus, ele só queria ir para casa, e agora estava preso aqui na
parte de trás da cafeteria, tentando descobrir se era uma ofensa passível
de castigo por não limpar o lixo do chão.
Talvez não iria entrar em apuros por isso. Apenas escreveria
uma nota explicando aos funcionários da manhã que precisavam tomar
cuidado com os guaxinins ou algo assim.
Jake se virou, se preparando para voltar para dentro quando
ouviu o que soou quase como um ruído de rosnado.
Rosnado.
Animais rosnavam. Havia animais grandes por aqui. Jake
congelou, virando a cabeça lentamente, tentando manter o corpo o mais
imóvel possível.
Viu um par de olhos brilhantes à distância, fora do alcance da
luz amarela da cafeteria. Não havia muitos lugares de estacionamento
aqui, então não estava tão longe do final do estacionamento, e da linha
das árvores.
Às vezes os ursos desciam das colinas. Outras vezes havia
alces, mas alces não rosnavam para pessoas assim.
O que era isso? Por que não podia se mexer? Era como se
estivesse preso no lugar. Seus pés se recusavam a mover.
Uma cabeça de lobo apareceu das sombras. Um enorme corpo
de lobo seguiu logo atrás.
E Jake ainda não conseguia se mexer.
O lobo rosnou para ele novamente. Seus pelos se ergueram nas
costas, os lábios se afastando para revelar dentes longos.
Uma lufada de ar o acertou atrás das costas. Pensou que era
apenas o vento. Não havia percebido que havia uma parede atrás dele
quando finalmente tentou se afastar, para voltar para a cafeteria antes
de ser comido vivo.
Quase saltou três pés no ar quando sentiu aquela massa sólida
atrás dele. Jake se virou, olhou para cima e quase caiu ao ver uma
criatura careca pálida com olhos vermelhos brilhantes.
Quando sorriu para ele, sua boca parecia como algo saído de
um filme de terror.
Jake quase mijou na calça.
O lobo atacou. A criatura atrás dele agarrou-o por sua garganta,
fileiras de dentes descendo com força e pegando-o na garganta.
Gritou, tentou. O sangue na garganta, enchendo seus pulmões,
obstruindo o som. Não conseguia gritar. Jake não conseguia respirar
também.
Ele ia morrer. O lobo bateu nele, derrubando a criatura de seu
corpo, mas parecia quase como se um pedaço de seu pescoço tivesse
sido arrancado com aqueles dentes horríveis.
Jake caiu no chão. Calor se espalhou por seu pescoço e em suas
roupas. Levantou a mão e sentiu um calor pegajoso lá.
Iria sangrar até a morte. Santa merda. Um monstro o atacou e
ele estava sangrando. Já se sentia tão fraco.
Estava... merda, era jovem demais para morrer. Ele não queria
morrer. Queria ir para casa. Queria ver Parker novamente, queria se
levantar e voltar ao seu trabalho de merda. Queria ter seu próprio
negócio e se apaixonar.
Queria ir naquele encontro com Glendon.
Talvez fosse o fato de que estava tão grogue que não tinha ideia
do que estava acontecendo ao seu redor, a perda de sangue estava
fazendo-o ver coisas, porque a próxima coisa que viu, foi o rosto de
Glendon aparecendo através da neblina.
O homem estava acima dele, como um anjo vindo para levar
Jake longe de seus problemas e preocupações.
Parecia um anjo, mas não estava agindo como um. Ele não
deveria agir calmo e gentil? A maneira como puxou as roupas de Jake,
como se em pânico, sugeriu que Glendon era do mundo real, muito vivo,
e estava aqui com Jake.
Jake queria chorar. Queria estender a mão e tocar o homem,
para lhe dizer o quanto estava arrependido por não ter ido no encontro.
Não conseguia explicar por que se sentia tão desolado naquele
momento. Não conhecia Glendon, mas a dor estava lá, por algo que
deveria ter tido, mas nunca iria, agora que iria morrer.
Jake definitivamente estava alucinando a próxima parte.
Enquanto a escuridão se fechava ao redor dele, pensou ter visto um
conjunto de dentes saindo da boca de Glendon. Seus olhos prateados
brilhando, parecendo quase como aquele lobo...
Não soube o que aconteceu depois. Pensou ter visto Glendon
morder em seu pulso, mas isso não poderia estar certo.
Claro, ele morreria no minuto seguinte de qualquer maneira,
então não era como se qualquer coisa importasse.
Pelo menos não estava sozinho.
Capítulo 3

Parker esfregou os olhos. Estava muito cansado. Oito horas em


uma transmissão ao vivo, que foi a mais longa que já fez, mas depois
que recebeu uma doação de cem dólares, isso lhe deu um enorme
impulso de adrenalina para continuar.
Se tivesse que olhar para Destiny mais uma vez, não importava
o quanto amava esse jogo, poderia simplesmente desmaiar.
Foi direto para a geladeira. Poderia escolher entre outro
refrigerante ou um suco de maçã.
Era tarde, e provavelmente não deveria estar bebendo
refrigerante agora, mas foda-se, ainda estava muito feliz com essa
doação.
Alguns dias não recebia doações. Em outros dias, alguns dólares
chegavam, e depois havia as contribuições que o fazia continuar. Dez ou
vinte dólares. Até mesmo as pessoas que o perseguiam apenas para
colocar suas piadas de merda e lê-las ao vivo, ele não se importava.
Apreciava o dinheiro.
Ninguém jamais lhe dera cem dólares antes. Isso fez hoje o
melhor dia que já teve em uma transmissão ao vivo.
Com mais alguns inscritos adicionados à sua lista, estava se
sentindo muito bem.
Parker verificou seu telefone enquanto caminhava pela casa. O
lugar estava caindo aos pedaços, mas ainda era um lugar confortável
para viver, e esperava que não estivesse tão bagunçado, considerando
que Jake era quem fazia a maior parte da limpeza.
Jake deixou uma mensagem para ele também. Algumas horas
atrás. Merda.
Checou a mensagem e depois assobiou. Será que não tinha
ouvido alguém bater à sua porta? Seu fone de ouvido estava ligado,
então era possível que o encontro de Jake tivesse aparecido.
Quando Jake não chegou em casa, Parker supôs que ele
estivesse trabalhando em turno duplo. Não teria pensado que Jake
estava esperando por alguém.
Esperava que Jake não ficasse bravo quando chegasse em casa.
Foi para seu quarto, enviando uma mensagem rápida de volta
para seu amigo, deixando-o saber que sentia muito não ter lido a
mensagem antes, e estava deixando a porta destrancada para ele
quando voltasse.
Parker tirou a camisa e a calça. Provavelmente deveria tomar
banho, mas estava cansado demais para se preocupar.
Parker apagou as luzes, subiu na cama e, em seguida,
imediatamente saltou de novo em um horrorizado e aterrorizante terror
quando avistou olhos vermelhos encarando-o no escuro de dentro do
armário.
Clicou o interruptor de luz, esperando que os olhos
desaparecessem, ou provasse ser uma reflexão sobre outra coisa.
Inalou bruscamente, quando os olhos não desapareceram e um
corpo apareceu com eles.
Ele estava curvado, vestido de preto, mas seu rosto estava
branco como a neve. Como se tivesse pulverizado talco depois de raspar
a cabeça.
— Santa merda.
Parker engoliu em seco. Seu cérebro não deixava de pensar em
todos os tipos de pensamentos e motivos pelos quais não podia
realmente ver o que estava vendo.
Talvez fosse uma fantasia? Não, estava claramente vivo e
olhando para ele. Talvez tenha sido Jake jogando um truque nele? Ou
uma pessoa maluca que entrou em sua casa quando ele se distraia em
seu jogo e agora estava... encarando-o.
Não deveria ter ido ver aquele filme de terror. Não conseguia
pensar em nenhum motivo para que isso pudesse estar acontecendo.
A figura em seu armário se contraiu. Parker pulou. A figura
sorriu, os lábios se afastando e revelando fileiras e mais fileiras de
dentes afiados e estreitos.
Foda-se isso. Parker correu. O guincho que ouviu atrás dele
quando a coisa o perseguiu o avisou imediatamente que era a coisa certa
para fazer.
Não olhou para trás, mas suas meias no chão de madeira
dificultavam que corresse, e quando foi agarrado por trás e puxado de
volta para os braços daquela criatura, não teve vergonha de admitir que
gritou, como um recém-nascido sendo arrancado do útero.
Apenas muito mais patético.
O vidro da janela mais distante da sala de estar se espatifou. A
criatura afundou suas garras na barriga de Parker, e um homem com
garras e olhos prateados atacou a coisa atrás dele, fazendo Parker cair
no chão.

****
Alguém gentilmente deu um tapa no rosto de Jake. Não o
machucou, mas ainda doeu. Ele não gostou.
Não parecia importar, porque não importava quantas vezes
tentasse virar o rosto, aquela mão não parava de vir atrás dele.
— Vamos lá, bebê, me mostre esses lindos olhos cor de âmbar.
— O quê? — Jake estava grogue. Mal conseguia se concentrar
em nada. Mas conseguiu abrir os olhos.
Sentiu como se tivesse os fechado por muito tempo.
O rosto que sorriu de volta para ele, aquele rosto bonito que
achava que nunca mais veria...
Apenas pensou na palavra homem? Talvez estivesse um pouco
mais aliviado por estar debaixo do corpo de Glendon do que pensava?
Talvez tenha sido tudo um sonho ruim?
— O que aconteceu?
Muitas perguntas.
Glendon, na verdade, suspirou, como se estivesse sinceramente
aliviado pela pergunta.
— Vou te dizer isso depois. Como está se sentindo?
Pensou por um momento, e então achou que era melhor não
contar a Glendon como se sentia.
Dizer que se sentia insuportavelmente quente e
desconfortavelmente excitado podia não ser a coisa certa a dizer a esse
homem agora.
Alguns caras gostariam de ouvir esse tipo de coisa, mas outros
não. Jake não queria assustar Glendon, afinal de contas.
— Estou bem.
Glendon levantou uma sobrancelha escura, como se não
acreditasse em uma palavra disso. Mesmo? Por que não?
— Você tem certeza? Nada está te incomodando? Você não
precisa de algo?
Era como se ele estivesse alcançando a mente de Jake e
retirando todas as coisas que realmente queria dizer a ele. Como se
soubesse de fato como se sentia naquele momento e queria resolver seu
problema para ele.
Não era bom. Isso definitivamente não era bom.
Jake piscou. Glendon estava se aproximando de seu rosto, mas
estava tudo bem. Não se importava. Quase parecia que o homem estava
prestes a beijá-lo.
Então ele piscou, saindo brevemente daquela névoa de luxúria
para perceber que não estava em um lugar familiar.
— Onde estou?
— Meu quarto, — disse Glendon. — Você se lembra de alguma
coisa?
Deus, por que sua voz tinha que ser tão suave e profunda,
mesmo quando estava fazendo perguntas banais?
Eram banais? Ou era apenas outro efeito colateral de seu pau
pulsando como se estivesse prestes a explodir se não conseguisse o que
precisava?
A mão de Glendon deslizou para a parte de trás do pescoço de
Jake.
O pescoço dele. Quase esqueceu. Algo o mordeu no lado do
pescoço. Ele estava sangrando.
Mas onde Glendon o tocou... claramente não havia ferida.
Nenhuma bandagem que precisava se preocupar.
— Eu... acho que tive um sonho ruim.
— Ficará melhor a partir daqui, — prometeu Glendon, e então
beijou Jake na boca.
Isso foi tudo o que levou Jake a esquecer o resto de suas
perguntas. Como se algum interruptor interno tivesse sido virado e seu
corpo assumisse seu cérebro.
Instinto, carnal e carente, nada mais importava.
Jake enrolou os braços ao redor do pescoço de Glendon e puxou
o homem ainda mais perto. Beijou-o de volta, precisando de muito mais.
Precisando da língua do homem dentro de sua boca, e quando
conseguiu, gemeu, o corpo arqueando em direção ao mais poderoso
acima dele.
Glendon o encontrou. Deus, ele era grande e forte. Seu corpo
era sólido e, através de suas roupas, não sentia como se houvesse um
ponto fraco nele. Ao contrário de Jake, que estava ficando um pouco
fraco ultimamente. Não teve a chance de fazer uma corrida por um longo
tempo.
Glendon não pareceu se importar. Beijou Jake como se fosse tão
sexy e desejável quanto Glendon, o que estava mais do que bem para
ele.
Se isso fosse um sonho, poderia ficar nele para sempre.
Glendon empurrou-o de volta para baixo. Tirou as cobertas do
corpo de Jake com facilidade, com uma das mãos.
Jake pulou, e só então percebeu que estava vestindo apenas a
cueca preta que colocara antes do trabalho.
Antes do trabalho. Trabalho que foi horas e horas atrás.
Deus, provavelmente estava fedendo a suor e sujeira. Não tinha
certeza do quão bom essa combinação era, mas Glendon o cheirou como
se fosse de longe a melhor coisa que já tinha cheirado em toda a sua
vida.
— Eu quero você. Vou foder você. Preciso de você — ele rosnou.
Quase parecia que aqueles olhos prateados brilhavam com essas
palavras.
Como se algo animal estivesse lutando para sair dele.
Isso era tão sexy. Não tinha palavras para descrevê-lo.
— Eu quero ser fodido. Quero que você me foda.
Jake nunca teria dito algo assim para mais ninguém em toda a
sua vida. Não importava o quão carente estivesse. Simplesmente não
tinha força ou confiança para sair e dizer isso. Não que houvesse muitas
pessoas antes de Glendon, mas algo estava acontecendo aqui.
Deveria ficar assustado com o quão fora de controle se sentia.
Deveria ficar aterrorizado que queria alguém tão mal quanto queria
Glendon.
Não o aterrorizou. O completou.
— Por favor. Preciso de você. Preciso... quero seu pênis dentro
de mim.
Um ruído de rosnado soou em algum lugar do quarto, em algum
lugar próximo. Um barulho que quase o assustou porque lhe recordou
algo que aconteceu em seu sonho.
Então não se importou porque Glendon o beijou novamente e
afugentou esses medos.
O homem esfregou seu pênis em Jake. Mesmo através de suas
roupas, foi maravilhoso. O atrito era exatamente o que precisava.
Jake jogou a cabeça para trás. Gemeu. Foi tão bom, mas ao
mesmo tempo não foi suficiente.
— Mais, — implorou. — Deus, não me faça esperar. Eu... eu
esperei tanto por isso.
Isso deveria ter sido uma coisa estúpida para dizer. Claro que
não tinha esperado por isso. Acabara de conhecer o homem.
Mas pareceu que esperou a vida inteira por isso.
Aqueles olhos brilhantes voltaram. Tinham sido assustadores no
lobo, mas eram lindos em Glendon. Jake passou as mãos pelo cabelo
comprido do homem, admirando a cor.
— Farei o meu melhor por você, mas não posso dar nenhuma
garantia.
— O que?
Jake não entendeu, mas então Glendon de repente, e sem
aviso, se afastou dele. Pegou Jake pelos quadris e forçou seu corpo ao
redor, posicionando-o até que estivesse em suas mãos e joelhos. Jake
não se queixou, especialmente quando sentiu sua roupa íntima sendo
puxada para baixo.
Essa parte sempre o envergonhava. Havia algo tão vulnerável e
revelador sobre isso, mas agora... talvez estivesse muito alto em sua
luxúria e precisasse ser levado para que não notasse.
Tudo o que sentiu foi impaciência e necessidade. E algo muito
mais profundo que isso. Algo dirigido para Glendon. Algo carinhoso.
Estranho.
— Li um pouco sobre isso. Farei o meu melhor para você. É tudo
que posso fazer.
— Basta fazer alguma coisa, — disse Jake. Estava perdendo a
paciência rapidamente e estava começando a não se importar com se
sentia, desde que fosse feito. Seu pau doía por um toque e era
enlouquecedor o quanto queria as mãos de Glendon sobre ele.
Não deveria ser normal. Deveria pelo menos, se importar se isso
seria bom, certo? Em que universo Jake estava vivendo que de repente
não se importava se a foda era boa ou não? Esse era o ponto, não era?
O que veio depois se sentiu bem. Os dedos de Jake apertaram
nos lençóis. Agarrou duro e gritou como se já estivesse gozando com o
toque de uma língua contra o seu ânus.
Isso foi... oh Deus! Era honestamente a sensação mais incrível
que já teve em sua vida.
Ninguém jamais fez isso com ele. Já tinha tido alguns
namorados antes, mas todos ficaram desanimados com a ideia de
colocar a língua lá.
Não que Jake os culpasse, ele sempre foi um pouco tímido sobre
isso. Maldição! Do jeito que Glendon falava, soava quase como se fosse
novo nesse tipo de coisa.
E a primeira coisa que fez foi começar a sondar no ânus de
Jake?
Não apenas seu ânus. O homem parecia determinado a brincar
com o vinco. Chegou ao redor e sua mão encontrou o pau latejante de
Jake. Pensou que Glendon iria acariciá-lo, mas não aconteceu assim.
Glendon segurou a base do pau de Jake. Apertado o suficiente para
mantê-lo longe do orgasmo, ao mesmo tempo impedindo-o de ser muito
desconfortável.
Como se isso fosse possível, considerando que estava impedindo
Jake de gozar.
E a língua simplesmente não parou.
— Deus! — Jake gemeu. Empurrou os quadris para trás,
indiferente a como deveria parecer, como necessitado ou desesperado.
Certo. Era difícil ficar envergonhado quando estava à beira do
melhor orgasmo de sua vida.
— Você gosta disso? — Glendon perguntou, como se não
soubesse a resposta.
Jake assentiu. Não conseguia controlar as cordas vocais.
— Quero... quero o seu, Deus, seu pau, dentro de mim.
— Você não gosta da minha língua? — A voz de Glendon era
profunda, provocante. Ele sabia o que estava fazendo e estava gostando.
Talvez isso fosse bom para outra hora, mas agora, se Jake não
gozasse, iria derrubar o telhado.
— Gosto disso. Prometo que gosto disso. Eu só... eu só
preciso... — Não conseguia pronunciar as palavras entre seus gemidos
de prazer. Jake fodeu devagar naquela língua, tremendo e suando
quando empurrou mais fundo dentro dele.
Tentou empurrar a mão de Glendon, mas o homem parecia
determinado a segurá-lo de tal maneira que não conseguia tirar
nenhuma fricção disso.
A falta de estímulo ao seu pau estava começando a doer, mas
mesmo essa dor foi ofuscada pelo prazer que Glendon dava a ele. Havia
algo de pecaminoso no doce deslizamento daquela língua contra o seu
vinco interno e ânus.
Se as pessoas soubessem como era, provavelmente fariam o
tempo todo.
— Por favor, por favor, por favor, — implorou Jake. — Preciso de
você.
Rezou para que Glendon soubesse o que estava fazendo lá,
porque isso estava começando a ir além do simples prazer. Estava
entrando em algo que não podia conter. Algo poderoso e assustador.
Jake queria que continuasse, mas queria que acabasse antes
que seu pau explodisse.
Glendon pareceu entender a dica. Graças a Deus. O homem de
má vontade se afastou.
Jake gemeu quando a mão do homem não estava mais ao redor
de seu pênis. Pensou que gozaria imediatamente, agora que nada estava
lá para detê-lo, mas chocantemente, não o fez.
Era como se alguma força invisível ainda estivesse lá, impedindo
Jake de conseguir a coisa que queria desesperadamente.
Jake ia morrer. Pensou com certeza que ia acontecer e ele ia
desmaiar e morrer por falta de gozar.
— Tive que pegar algumas coisas para isso, — disse Glendon.
Por que tinha que soar tão sexy mesmo quando explicava que
não sabia o que estava fazendo?
Jake olhou para trás. Viu pelo menos três garrafas de
lubrificante lá. Seus olhos arregalaram e, através da névoa de prazer,
conseguiu sorrir para o homem.
— Você foi um escoteiro, não é?
Glendon sorriu de volta para ele.
— Algo parecido.
— Sempre preparado. Posso ver como isso é útil.
Especialmente agora.
— Acho que exagerei, mas estou feliz por ter feito. Vou usar
este.
Ele trouxe a garrafa mais perto do rosto de Jake para que
pudesse ler o que estava no rótulo.
Jake não demorou muito tempo, no entanto, antes de Glendon
puxar a garrafa e começar a rasgar o envoltório de vedação no topo da
tampa.
Algo sobre ficar quente ao toque. Pensou ter visto um pouco de
ação efervescente lá, mas não podia ter certeza, e já que estava
fervendo o suficiente, não achava que importava demais também.
Só queria fazer isso.
Os olhos prateados se moveram entre Jake e a garrafa quando
finalmente a abriu. Então, entre Jake e sua mão, derramou o lubrificante
na palma da mão e alisou os dedos.
Não havia jeito que esse cara fosse virgem. O que significava
apenas uma outra coisa...
— Primeira vez com um cara?
Geralmente não era uma coisa inteligente para deixar escapar,
especialmente se estava com alguém que que por acaso estivesse no
armário. Jake tinha ouvido falar de caras sendo espancados na cama, ou
na manhã seguinte, quando acordavam ao lado de alguém que não
estava pronto para admitir para si mesmos o que realmente eram.
Felizmente para os ossos frágeis de Jake, Glendon, o grande
homem musculoso, não voou em uma raiva de negação. Apenas sorriu.
— Na verdade sim.
Mesmo com sua luxúria, Jake ficou um pouco impressionado
com a honestidade. E meio que tocado. Seu coração aqueceu com o
pensamento de que seria o primeiro de Glendon. Estranhamente,
também trouxe uma sensação de proteção dentro dele.
Como se pudesse proteger um homem tão alto e forte de
qualquer coisa, mas estava lá.
— Bem, espero não decepcionar.
— Você não vai, — Glendon prometeu, e seus dedos lisos
circularam o ânus de Jake, provocando-o, fazendo-o assobiar e apertar-
se com o ímpeto de prazer.
— Só espero que eu não desaponte você.
Como se fosse possível. Jake não teve a chance de dizer. Não
quando jogou a cabeça para trás e gritou com a doce sensação de ser
violado.
Eram apenas dedos. Não era o pênis, mas ainda era Glendon, e
era tão bom que quase gozou da pressa.
Teve a sensação de que demoraria um tempo antes de
terminarem aqui.

Capítulo 4

Fergus voltou para a mansão, estacionou sua moto na garagem


e pegou sua nova carga. Manteve o homem em seu colo na frente, o que
não foi a melhor ideia, porque depois da mordida, bem, fazer esse cara
sentar em seu pau não foi o mais inteligente dos movimentos.
Só tinha que ficar longe dele. Poderia deixar a cura assumir, e
quando ambos terminassem de passar por esse... calor... então estaria
acabado. Isso seria feito e não haveria mais nada para ele se preocupar.
Exceto pelo fato de que esse homem poderia se transformar em
lobo. Isso era ligeiramente preocupante.
Passou por Ronan e Orion no corredor. Eles poderiam ter dito
algo, e ele poderia ter latido algo de volta, mas não podia ter certeza do
que era quando levou o loirinho para o seu quarto, chutou a porta atrás
de si, e então desajeitadamente trancou a porta enquanto ainda
segurava o cara em seus braços.
Então olhou ao redor.
Merda. Trazê-lo ao seu quarto era provavelmente um
movimento estúpido.
Tanto faz. Precisava de um lugar para colocá-lo e não iria
despejá-lo em um quarto de hóspedes enquanto se curava.
Jogou o homem na cama e correu para o banheiro.
Fergus tirou todas as roupas e pulou no chuveiro. Certificou de
que a água estivesse na temperatura certa quando ficou debaixo do jato.
Um fodido vampiro entrou na casa. Sugando, chupando sangue,
pedaço de merda o vampiro.
Fergus estremeceu e não tinha nada a ver com a água fria.
Tinha certeza que tinha um pouco de sangue de vampiro nele. Bruto.
Pior. Teve que transformar esse maldito humano em seu ômega.
O vampiro estúpido o mordeu antes que pudesse alcançá-lo. Ele teria
sangrado e morrido se Fergus não tivesse dado ao humano sua mordida
e seu sangue.
Ok, não era grande coisa. Não importava. Mordidas não
significam necessariamente nada. Fergus lembrou-se disso enquanto
esfregava as mãos pelos cabelos.
Transformar um humano em seu ômega não significava que
teria que transar com ele ou acasalar. O desejo estava lá, mas não seria
o primeiro alfa a morder alguém e não reivindicá-lo, e não seria o último.
Era assim que funcionava. Ficaria preso ao humano por um tempo, mas
Fergus não precisava transar com ele.
Estaria bem.
No final do banho, começou a sentir como se isso fosse verdade.
Se sentiu melhor.
Saiu, secou-se e certificou-se de enrolar a toalha em volta de si
quando voltou para o quarto.
Não estava pronto para o cheiro do homem em sua cama.
Acertou-o como um martelo na parte de trás da cabeça, lembrando-o da
intensidade.
O doce aroma que lhe chamava...
Fergus se inclinou sobre ele. Inalou profundamente.
Seu pênis pulsou e as bolas apertaram.
Afastou-se.
Ok, então poderia precisar de outro banho. Na pior das
hipóteses, precisava de roupas limpas para vestir, porque aqueles com o
sangue de vampiro neles, ele iria queimar.
Sangue de vampiro sempre tinha um péssimo cheiro fedorento
como diarreia.
Provavelmente por estar morto.
Pelo menos o humano estava se curando. Fergus tinha tido
tempo para olhar para o ferimento de mordida, tanto o que dera, como
do vampiro.
Estava curando bem, e graças a Deus não foi um vampiro
soldado de alta patente que o mordeu, ou uma rainha. Apenas um
grunhido. Não havia risco de virar com um deles.
Fergus saiu do quarto. Precisava tomar alguma bebida forte.
Talvez tivesse que se masturbar. E deixar Glendon saber que ele meio
que falhou em sua missão de vigiar aquela casa.
Ele se perguntou como estavam as coisas com o novo
companheiro do homem.
Glendon ia morrer. Nunca teria pensado que era possível viver
em um mundo onde um homem, que não parecia capaz de vencer
Glendon em nada, parecia ter o melhor desejo sexual.
A cama bateu forte contra a parede do seu quarto. As
dobradiças rangeram e gritaram por misericórdia, e as unhas de Jake
cravaram em suas costas dolorosamente, mas tudo isso só aumentou o
prazer, enquanto o homem mantinha suas coxas apertadas ao redor de
sua cintura.
Como se Jake agora tivesse o controle adequado, e não tinha
intenção de deixá-lo ir.
— Mais duro, — Jake implorou, embora mais e mais daqueles
doces pequenos choramingos começaram a sair soando como comandos.
Que estava mais do que bem para Glendon. Ele daria ao seu
companheiro tudo o que queria, fodendo com ele enquanto Jake
apertava seu ânus em torno do pênis. O homem empurrou de volta
contra as estocadas como se estivesse tentando fazer Glendon gozar ao
seu prazer, tanto quanto Glendon tentou fazer Jake gozar ao seu.
Dois orgasmos, e eles não estavam terminados um com o outro
ainda.
Glendon ajustou seu ângulo, fodendo mais forte em seu
companheiro, sua carne batendo juntos, criando um ruído lascivo que
rachou no ar ao redor deles.
O corpo de Jake apertou e afrouxou em torno de seu pau,
gemeu impotente, sua espinha arqueando, sua cabeça pressionando de
volta os lençóis e sua boca abrindo.
Era exatamente o que Glendon queria ver. A garganta exposta.
Pressionou a boca para ela, depois os dentes. Raspou suas presas
através da carne deliciosa enquanto pressionava seu pênis para frente
naquele calor apertado de novo e de novo.
Os dedos de Jake encontraram o cabelo de Glendon, apertando-
o dolorosamente. E isso também era bom.
Tudo estava bom. Seu lobo estava em paz assim. Pelo que tinha
que ser a primeira vez em todos os seus duzentos e vinte e cinco anos,
Glendon nunca se sentiu melhor.
Sentiu as mudanças internas no corpo de Jake quando entrou
no homem. Jake não sentiria isso. Só sentiria seu prazer, seu corpo
mudando, acomodando o que Glendon estava fazendo com ele.
Desejou que tivessem mais tempo. Queria que ele e Jake
pudessem curtir a companhia um do outro antes de trazerem seus
filhotes para o mundo, mas isso não ia acontecer. A natureza não lhes
dava tempo para esse tipo de coisa.
— Mais duro. — Jake gemeu, ainda se contorcendo sob o corpo
de Glendon, ainda empurrando de volta contra ele, impotente, enquanto
tomava tudo que lhe dava.
Glendon não achava que poderia ir mais duro. Se tentasse,
poderia acidentalmente machucar o homem. Jake ainda era um humano,
apesar de Glendon tê-lo transformado em seu ômega.
Não. Se usasse mais de sua força e fodesse o homem mais
forte, pode quebrá-lo ao meio. Nunca iria correr um risco assim.
Em vez disso, continuou no mesmo ritmo. Jake gemeu e
reclamou embaixo dele, querendo mais, não tendo ideia do que estava
realmente pedindo, e Glendon foi forçado a recusá-lo.
— P-por favor, eu preciso disso.
— Não, você não precisa, — Glendon rosnou, lutando contra
tudo o que tinha dentro dele para não dar ao homem o que implorava.
Não. Ele não podia fazer isso. Não faria isso!
Glendon rosnou, forçando de volta o animal interno que queria
desesperadamente sair. Empurrou de volta. Não deixaria isso acontecer.
Ele se recusava!
Mas estava perto. Tão perto que doía. Suas bolas estavam
dolorosamente apertadas e mal conseguia se controlar. Suas unhas
coçavam enquanto suas garras se esforçavam para sair. Queria morder o
homem novamente, para provar seu sangue e se certificar de que estava
limpo antes que voltasse para dentro de sua bunda apertada novamente.
Foi melhor do que pensava que seria. Por que Glendon se
preocupou que seu companheiro não gostaria disso? Estava quase
paranoico com o pensamento de que Jake não gostaria de nada que
fizesse com ele, mas era quase natural, e não iria acabar com isso
deixando seu lobo sair.
Deus, Jake ficou mais duro quando gemeu como se estivesse
em prazer e dor. Glendon recostou-se apenas o suficiente para que
pudesse olhar para baixo, observando enquanto seu pênis desaparecia
dentro e fora do corpo de Jake. O eixo brilhante com lubrificante.
Ele só fez isso apenas para ter certeza de que não havia dor,
mas agora que seus olhos estavam focados naquele ponto, não
conseguia desviar o olhar.
Isso era... incrivelmente sexy. Assistir seu pau empurrar para
dentro e para fora daquele jeito o hipnotizou. Enviou uma onda de
energia e luxúria através de seu corpo que não conseguiu segurar. O
prazer que havia sido construído finalmente alcançou o seu auge e
irrompeu. Não conseguiu contê-lo e, a essa altura, não queria tentar.
Pela quarta vez, Glendon golpeou seu companheiro com uma
onda de prazer. Fodeu mais em Jake, embora tivesse prometido a si
mesmo que não faria, mas teve que fazer. Tinha que ordenar cada gota
de seu prazer e dar ao seu companheiro tudo o que ambos claramente
queriam.
Sentiu a onda de calor pulsando entre seus corpos, e ficou mais
intenso quando Jake agarrou Glendon pelas orelhas e o arrastou para
baixo, esmagando suas bocas juntas em um beijo duro antes que a
intensidade compartilhada em seus corpos de repente as deixasse sem
aviso, como se toda aquela energia reprimida e luxúria nunca tivessem
existido em primeiro lugar.
O corpo de Jake derreteu completamente por baixo de Glendon,
e mal conseguiu evitar cair em seu companheiro com a pressa de
exaustão que o atingiu.
Oh, então seu corpo finalmente iria lhe dar um descanso agora,
não é? Seu pênis permanecia sensível, mas pelo menos estava se
esvaziando, pronto para uma chance de se recuperar.
— Isso foi bom. Isso foi lindo.
Glendon sorriu com o pensamento. Porque era verdade. Nunca
teve uma transa melhor em toda a sua vida, e esta seria a primeira vez.
Ele e seu companheiro iriam ter muito mais vezes assim no futuro.
Merda. Deixou hematomas em seu companheiro ao agarrá-lo
com tanta força, mas Jake não parecia incomodado com isso quando
estava acontecendo.
Ele se afastou para poder olhar nos olhos de Jake, e ficou mudo
ao ver aqueles lindos olhos fechados, sua boca ligeiramente entreaberta
e um ronco suave saindo de sua garganta.
— Você realmente caiu no sono em cima de mim?
Jake não respondeu. Apenas respirou, ainda roncando.
Era meio insultuoso. Glendon foi insultado. Seu companheiro
realmente adormeceu com o pênis de Glendon ainda dentro dele. Não
havia como isso deveria ter acontecido. Jake deveria estar bem acordado
e zumbindo. Se não fosse por mais, então pela enorme impossibilidade
do prazer que ele acabou de receber.
Sério? Ele adormeceu?
Esperava que pelo menos tivesse conseguido ficar acordado
para a parte do orgasmo. Caso contrário, isso teria sido uma verdadeira
dor no traseiro.
Glendon suspirou. Supôs que não deveria segurar muito o seu
novo companheiro. Ele estava bem exausto.
Saiu do corpo do seu companheiro, com cuidado, apenas no
caso que o perturbasse.
Não. Jake parecia estar desligado.
Era ao mesmo tempo frustrante e meio fofo.
Não que nunca tivesse feito anal antes com uma mulher, mas
não era sua coisa cotidiana. E não sabia como podia ser diferente com
um homem. Ficou feliz em saber que pelo menos poderia trazer tanto
prazer a um companheiro homem quanto fosse uma mulher.
Acomodou-se ao lado de Jake. Puxou o homem menor para
mais perto.
Seu corpo parecia diferente do que Glendon estava acostumado.
Estava mais acostumado a quadris mais macios, seios que se
encaixavam perfeitamente em sua mão e algumas curvas.
Gostava mais do tipo de mulher em forma de pera. Gostava de
uma bunda agradável que pudesse apalpar, e de seios de tamanhos bons
sem muito exagero.
Jake não se sentia assim. Era um pouco mais magro.
Definitivamente não tinha seios, e sua bunda...
Bem, Glendon tinha que admitir depois de transar, que achava a
bunda do homem boa demais.
Pressionou o rosto no pescoço e ombro de Jake, inalando o
cheiro de açúcar, suor, café e dele mesmo. Agora podia sentir o cheiro de
seu companheiro, e essa era uma das melhores coisas que poderia
imaginar.
Inalou novamente, e Deus, era tão doce.
Glendon não queria cochilar, mas o sexo claramente o drenou
muito mais do que pretendia, e o corpo de seu companheiro, não
importava o quão magro fosse, ainda era quente e convidativo.
Jake poderia ficar zangado pela manhã quando viesse e
percebesse o que aconteceu com ele, o ataque, e o fato de que suas
entranhas estavam mudando, mudando, para acomodar algo que nunca
estaria lá em um homem humano normal, teria que contar a ele. Não
era justo manter uma coisa dessas dele.
Só esperava que seu companheiro... aceitasse as coisas bem
quando acordasse.

Capítulo 5

Quando Jake abriu os olhos, tinha a pior dor de cabeça que já


teve em sua vida, e era pior ainda do que as ressacas das poucas festas
que já tinha estado. E por festas, queria dizer beber sozinho com Parker
porque ambos eram perdedores.
Ele gemeu, agarrando sua cabeça enquanto se levantava, então
entrou em pânico quando não reconheceu a cama em que estava.
Bonitos lençóis amassados. Algo que parecia ter sido lavado
recentemente, embora tivesse certeza de que também havia sinais de...
Santa merda. Não tinha sido um sonho, tinha? Ele fez sexo
ontem à noite. Com Glendon.
Glendon, o super gostoso.
A onda de felicidade foi imediatamente esmagada pelo resto do
seu sonho voltando para ele. O sonho em que não foi para casa ontem à
noite, onde foi atacado por um monstro, um enorme lobo e...
Seu estômago torceu inesperadamente. Ele ia vomitar.
Jake se lançou para fora da maior cama em que já esteve, em
toda a sua vida, e não importava que estivesse nu enquanto corria pelo
quarto até o banheiro.
Graças a Deus a porta estava parcialmente aberta para que
pudesse reconhecê-la imediatamente e chegar ao banheiro antes de
jogar tudo o que estava em seu estômago.
O que significava quase nada.
Jake se inclinou contra a porcelana fria por pouco tempo. Pelo
menos o banheiro estava limpo também. Quem fazia a arrumação por
aqui era uma aberração ainda maior do que ele, o que significava que
estava livre para descansar no vaso sanitário por um tempo.
Quando acabou, Jake lavou o vaso sanitário e limpou a boca na
pia.
Procurou por pasta de dente e encontrou rapidamente, o que foi
um alívio, já que não estava com vontade de passar outras coisas.
Escovar os dentes com o dedo não tinha sido tão bom, mas pelo menos
não se sentia como se tivesse acabado com algo completamente
desagradável.
Não foi até procurar suas roupas que percebeu que poderia ter
um problema ainda maior em suas mãos.
Onde estavam suas roupas?
Jake olhou ao redor no chão, procurando por elas, mas não
conseguiu encontrá-las em lugar nenhum.
Merda. O que iria fazer? Aquele cara pegou suas roupas?
Talvez para lavá-las? Este lugar estava realmente limpo, e se
Glendon realmente tinha um problema com a limpeza, então, essa
poderia ser a razão.
Parker geralmente zombava de Jake de como queria que tudo
fosse limpo, mas ele tinha um problema em pegar a roupa de outra
pessoa sem a permissão dela. Mesmo que fosse para lavá-las.
Seria estranho se ele pegasse as roupas de Glendon? Seria
justo, e que diabos deveria usar? Não queria ficar preso neste quarto
debaixo das cobertas. E se Glendon voltasse e achasse estranho que
Jake tivesse ficado deitado debaixo das cobertas o tempo todo?
Não achava que tivesse muita escolha.
Jake olhou nas gavetas primeiro, ignorando as primeiras, pois,
estereotipadas, eram aquelas com roupas íntimas, meias e gravatas.
Isso era tão embaraçoso. Odiava bisbilhotar as coisas de outra
pessoa.
Foder mais que algumas vezes, por mais incríveis que fossem,
não significava que pudesse fazer isso.
Escolheu as primeiras coisas que viu que pareciam vagamente
apropriadas, mas apenas porque não queria mais bisbilhotar.
Uma camiseta preta enorme sem logotipo ou qualquer marca
nela, o que fazia sentido. Glendon não parecia o tipo de cara que
mostraria de que time esportivo gostava, quais marcas ou videogames.
Caso existissem.
A calça pegou um jeans.
Quase foi para o moletom, mas mesmo com a cintura elástica,
duvidava que ficassem em seus quadris. Pelo menos com o jeans poderia
pegar emprestado um cinto.
Olhando para si mesmo no espelho quando terminou, quase
parecia um garotinho vestindo as roupas de seu irmão mais velho.
Se tivesse um irmão mais velho.
Isso não parecia exatamente impressionante, mas como não
havia exatamente nada que pudesse fazer, Jake decidiu apenas aceitar e
sair.
Queria saber onde estava, o que aconteceu na noite passada e,
mais importante, se havia sido drogado em algum momento.
A imagem de um monstro com todos aqueles dentes fez com
que fosse difícil acreditar em qualquer coisa que tivesse visto
ultimamente, era real.
Mesmo que tenha parecido incrivelmente real.
Jake estremeceu e abriu a porta do quarto.
O corredor do lado de fora parecia o tipo de hall que estaria em
um palácio, ou talvez um hotel caro.
Era longo e largo. Os tetos eram altos e, de vez em quando,
havia mesinhas com vasos de flores frescas, ou algum tipo de obra de
arte, ou mesmo um espelho, ao longo das paredes.
Quase não podia acreditar no que estava vendo.
Jake saiu do quarto, meio preocupado de não conseguir
encontrar o caminho de volta sozinho.
Por sorte, podia ouvir o som de vozes. O hall parecia longo e
espaçoso, mas aparentemente não tinha um fim.
Também podia cheirar comida. Carne cozida em algum lugar,
bacon. O estômago de Jake resmungou. Seguiu seu olfato e audição,
rezando para que pudesse tomar um bom café da manhã, antes de ser
expulso.
Seu estômago concordou com esse pensamento, mesmo que
seu coração desse uma estranha pontada ao pensamento de ser forçado
a sair daqui tão cedo.
Quanto mais perto Jake chegava da conversa, mais parecia que
isso não estava acontecendo.
— Então, o que vai fazer com ele? — Perguntou uma voz
desconhecida.
— Ele vai ficar aqui conosco, — disse Glendon.
Ele estava lá embaixo! O coração de Jake soltou um pequeno
salto feliz ao som de sua voz.
Pelo menos Glendon super gostoso não tinha sido um sonho.
Mas então Jake percebeu o que ele estava dizendo, e suas
palavras não eram normais. Para dizer o mínimo.
— Ele agora faz parte deste bando. Vai carregar meus herdeiros,
é devido a ele toda a proteção que o título implica.
— Nós nunca tivemos um ômega nesta casa antes, — alguém
disse, alguém com uma voz animada. — Agora há dois.
— Três, — alguém estalou brevemente, como se ofendido.
— Certo, três, — disse a voz animada, soando quase
apologética.
Uma voz resmungando o seguiu.
— Não foi minha culpa.
— Eu sei, Fergus, — disse Glendon. — Tenho certeza que ele vai
entender. Deverá ser mais fácil para ele, quando souber que Jake está
aqui de qualquer maneira.
Jake avançou mais perto das escadas. Não se fez conhecido,
tentou manter seus movimentos o mais baixo possível. Não queria que
ninguém o ouvisse porque, honestamente, o que eles estavam dizendo
soava tão estranho.
Ômegas? O que era um ômega? A maneira como eles
conversavam soava como se estivessem seguindo uma hierarquia
estranha, algo que, talvez, meio que, significava que Glendon estava no
comando?
Merda. Jake apenas tropeçou no meio de algum culto?
Desceu as escadas. As vozes vinham logo à frente. Ele se
ajoelhou e viu logo abaixo do batente da porta o que talvez fosse uma
sala de jantar? Ou, não, isso poderia ser uma cozinha. Era de onde os
cheiros bons vinham.
Jake ouviu o ruído de pratos e sons de líquidos sendo
derramados. Mal tinha a visão do suco de laranja sendo despejado em
copos. Estavam arrumando uma mesa?
— De qualquer forma, quando ele acordar, haverá muito a
explicar, — disse Glendon, suspirando, como se não estivesse ansioso
para isso. — Quando você acha que Parker vai acordar?
Jake pulou um pouco. Parker? Ele estava aqui?
Oh foda-se
— Difícil dizer, porque eu não estou prestes a transar com ele,
— rosnou Fergus.
— Ele é o seu ômega agora, — disse Glendon. — Você poderia
transformá-lo em seu companheiro.
— Não.
Glendon pareceu se afastar.
— Só estou dizendo que não teria sido uma coisa tão ruim.
— Não o conheço e ele não me conhece. Não vou forçar um
acasalamento com alguém assim.
— Não seria forçado. Ele iria querer você.
— Não me importo. Ele não é meu tipo de qualquer maneira. Vai
ser ruim o suficiente se eu encontrar um companheiro natural. Não
quero estar amarrado a alguém mais fraco, e não vou fazer isso comigo.
— Tudo bem, tudo bem, mas está meio amarrado de qualquer
maneira. Ele vai ter... problemas para se ajustar. Pode até começar a
mudar por causa disso. Ele será leal a você de qualquer maneira.
— Vou cuidar disso, — rosnou Fergus.
Jake se empurrou de volta pelas escadas.
Parker estava aqui. Parecia quase como se ele fosse um
prisioneiro.
Tina que encontrá-lo. Tinha que encontrá-lo e eles tinham que
dar o fora daqui.
Ok, soou um pouco como se o cara não tivesse estuprado
Parker, o que era uma coisa boa, mas o fato de que isso estava sendo
discutido... não, Jake estava indo embora e estava levando seu irmão
com ele.
Onde ele estava? Esse era o problema. Parker estaria nesse
andar? Havia tantas portas e algumas delas estavam trancadas.
Os poucos que Jake conseguiu abrir estavam vazios e tão limpos
que pareciam abandonados, que podiam ser quartos de hóspedes. Não
sabia por que. Os cultos geralmente tinham muitas pessoas para jantar?
Não se atreveu a voltar para o quarto de Glendon. Por tudo o
que sabia, foi apenas por acidente que a porta foi deixada destrancada,
permitindo-lhe sair de lá em primeiro lugar.
O problema com isso, no entanto, era que não deixava nada
para ele se esconder quando Glendon apareceu no topo da escada no
final do corredor, e gritou para Jake, fazendo-o parar.
Ah Merda.
Glendon não se apressou para ele como um caminhão por uma
estrada estreita e escura. Caminhou devagar, como se soubesse que um
movimento errado seria o suficiente para assustar Jake, fazendo-o
correr.
— Você acordou.
Jake engoliu em seco.
— Sim.
Glendon suspirou. Enfiou os polegares nos bolsos. Não estava
mais usando a jaqueta de couro, mas ainda parecia alto, escuro e
bronzeado. Jake tinha visto de olhar em sua cômoda que ele usava
muito preto. Isso o fazia parecer quase sinistro, mesmo que estivesse
apenas usando outra camiseta que mal podia conter os músculos de seu
bíceps e peito.
— Quanto você ouviu por acaso?
Jake mal conseguia se obrigar a olhar para o homem. Era muito
embaraçoso. Nem sabia o porquê. Não era como se tivesse feito algo
errado. Mesmo que tivesse sido pego espionando. Mas isso não era
exatamente culpa dele. Especialmente quando ouviu o que ouviu.
— Eu... eu não...
Glendon esfregou o rosto.
— Isso significa que você ouviu muito. Pode vir comigo? Nós
fizemos o café da manhã e não vai estar envenenado ou qualquer coisa.
Eu prometo.
Ele realmente sorriu um pouco. Era meio contagiante, embora
não devesse ter sido. Jake sorriu de volta para ele, mas não podia
esquecer Parker.
— Onde está meu irmão?
Glendon levantou uma sobrancelha para ele.
— Ele é teu irmão?
— Sim.
Normalmente, era onde ele ouvia o comentário de que não eram
parecidos. Normalmente irmãos tinham a mesma cor de cabelo,
estrutura de rosto. Além do fato de que ele e Parker eram pequenos,
Jake diria que eles não eram muito parecidos. E Parker era muito mais
confiante e mais bonito, cabelos ruivos, sardas e tudo mais.
Glendon suspirou novamente, como se tudo isso estivesse
ficando muito complicado até para ele.
— Tudo bem, ele vai acordar em breve, e vai precisar de
algumas coisas explicadas a ele também. Por favor, desça comigo as
escadas?
Jake não sabia se deveria. Glendon estendeu a mão. Não foi
ameaçador, no mínimo. Era uma mão que parecia poder esmagar o
crânio de Jake, se quisesse.
E apesar de tudo isso, Jake ainda estava tentado a pegar a mão
que lhe foi oferecida.
Então fez.
Capítulo 6

— Então, você está dizendo que fui mordido por um vampiro?


Jake olhou para Glendon como se achasse que estava
absolutamente louco, e naquele momento, honestamente não podia
dizer que o culpava.
Eles estavam na mesa. Glendon conseguiu fazê-lo comer um
pouco de bacon e ovos, mesmo que estivesse acontecendo uma hora da
tarde quando Jake acordou, e agora ele estava olhando para todos ao
redor da mesa como se achasse que iam pular fora de seus assentos e
gritar que tudo tinha sido apenas uma grande piada.
Não. Não era uma piada.
Glendon se inclinou para frente. Estava sentado ao lado de Jake
porque não suportava ficar muito longe de seu companheiro por muito
tempo.
Mesmo agora, a necessidade de fazer sexo com ele novamente
já estava começando a piorar.
— Sei que isso é difícil de acreditar. Nós não dizemos aos
humanos esse tipo de coisa com frequência.
— Humanos?
Glendon assentiu.
— Sim. Pareço humano, sou humano e falo inglês e francês,
mas tecnicamente falando, não sou humano. Nem Fergus, Hugh, Orin,
Tierney, Ronan, Dave ou Orion.
Todos acenaram desajeitadamente. Certo. Jake era o cara novo
aqui. Orin mal olhou para ele. Parecia mais interessado em sua comida.
— E aquele cara?
Jake assentiu para Nate, que havia voltado a mexer nas panelas
de comida.
Nate não olhou para ele. Apenas o ignorou.
— Nate é um ômega, como você e Parker agora. Nenhum de
nós aqui o fez, mas ele mora conosco, nos ajuda.
— Sou basicamente um escravo, — reclamou Nate, sentando-se
na cadeira, esfaqueando uma salsicha e levando à boca. — Limpo a casa
para eles, já que todos são péssimos em limpeza.
— Cala a boca, idiota, — Fergus murmurou. — Você dificilmente
é um escravo.
Nate deu de ombros.
— Tanto faz.
Definitivamente não era a hora de estar passando por isso
agora. Glendon queria voltar ao assunto em questão.
— Não sei se você vai se transformar em um lobo ou não. Nate
pode, às vezes, e nós temos que tomar cuidado porque ele nem sempre
pode controlá-lo, o que significa que não é um escravo, nós estamos
protegendo-o, — Glendon rosnou.
Nate o ignorou. Pequeno idiota.
— Para ser honesto, não acho que você vai mudar. Ômegas que
carregam filhotes raramente fazem.
Jake mal parecia se forçar a olhar para Glendon.
— Carregar filhotes.
Glendon assentiu.
— Sim. Eu posso ter engravidado você na noite passada. Se não
fiz, então provavelmente acontecerá numa das próximas vezes que te
foder. Geralmente é assim que um acasalamento natural funciona.
Jake assentiu.
— Tudo bem. Você notou que não tenho uma vagina, certo?
Ele finalmente olhou para Glendon, e, caramba, seu
companheiro estava definitivamente olhando para ele como se fosse
certificado como louco.
— Não importa se você tem uma vagina ou não, — disse Nate,
empurrando seus ovos mexidos antes de colocá-los em suas panquecas,
despejando uma quantidade enorme de xarope sobre a coisa toda, e
depois quebrando tudo com seu garfo.
Como podia comer algo assim?
— Isso meio que importa muito, — disse Jake.
Nate balançou a cabeça.
— Nunca acreditei em toda essa merda também. Você irá. Vou
mudar na sua frente e atacar você e um desses caras terá que me
segurar, ou um deles vai mudar na sua frente. Você pode ter que ver isso
algumas vezes antes de acreditar que não está sendo drogado. Foi assim
para mim.
— Nate, — disse Glendon, sua voz era um aviso baixo.
Orion olhou para Glendon com isso. Como se não gostasse que
Glendon teve que avisar o homem menor.
Muito ruim para ele. Não era culpa de Glendon que Orion não
pudesse mantê-lo na linha. Não teria Nate assustando Jake.
Nate deu de ombros novamente. Parecia estar em um humor
extra de vadio hoje. Glendon não conseguia descobrir o porquê.
— De qualquer forma, podemos passar melhor por humanos.
Nós seguimos suas leis na maior parte, temos números de previdência
social e contas bancárias. Nós fazemos todas essas coisas, mas para os
vampiros, é mais difícil para eles passarem por humanos. Aquela coisa
que você viu ontem à noite é um exemplo do porquê.
Jake estremeceu. Glendon sabia que seu companheiro estava
pensando nisso. Ainda odiava pensar em seu companheiro em uma
posição tão vulnerável.
— Isso era apenas um grunhido. Os soldados podem interagir
um pouco melhor, mas a luz do sol os afeta basicamente o mesmo que
esperaria de um filme. Suas rainhas não são incomodadas com a luz, e
elas podem ser a maior dor no traseiro, além dos familiares.
— Certo, — disse Jake. — O que é um familiar?
Houve um arrepio coletivo. Órion respondeu.
— Basicamente, um monte de humanos covardes esperando ser
transformados em vampiros. Não é muito divertido quando temos que
matá-los.
Orin lhe deu uma cotovelada nas costelas, mas ainda não olhava
para ninguém.
Jake piscou. Ele não entendia. Deveria haver algum tipo de
grande coisa sobre ele saber o que era um familiar? Talvez eles
estivessem desconfortáveis em deixá-lo saber que tinham que matar
seres humanos. Isso fazia sentido. Jake supôs que ele ficaria
desconfortável em matar alguém, e isso parecia ser o principal disso,
certo?
A mesa ficou em silêncio. Glendon esperou por seu companheiro
para absorver tudo isso. Jake pegou seu suco de laranja e bebeu o copo
inteiro antes de segurar o copo com força. Como se ele não quisesse
soltar.
— Entendo que tudo isso é difícil de acreditar.
Jake sacudiu a cabeça.
— Essa é a coisa fodida. — Olhou para Glendon. — Eu...
acredito nisso. Acredito em você, mas é apenas... irreal. Aquela coisa
ontem à noite... pensei que tinha sonhado.
— Vampiros não são sempre as piores coisas lá fora, — disse
Nate.
Glendon estava perdendo rapidamente sua paciência.
— Nate, mais uma palavra e vou te jogar no porão na próxima
lua cheia.
— Glendon, — disse Orion.
Glendon não ia ouvir seus apelos.
Nate olhou para ele, mas manteve a boca fechada.
A única razão pela qual Glendon não estava contando tudo era
que Jake era novo demais para esta vida. Já tinha muito para se
acostumar. Glendon não queria colocar seu companheiro em nada que o
fizesse entrar em pânico.
Ele tinha muito a aprender. Muito para se acostumar.
— Você pode me mostrar? — Jake perguntou de repente. —
Você pode se transformar em um lobo agora? Era você ontem à noite
também, certo?
Glendon assentiu e ficou sinceramente aliviado.
Levantou-se. Não precisava tirar a roupa. Mudavam com elas.
A mudança foi rápida. Foi mais um rápido derretimento de suas
roupas e pele, com a pele tomando seu lugar enquanto seus ossos
mudavam e se realinhavam.
Quando era jovem, costumava parecer estranho. Quase
doloroso mesmo. Agora não era nada. Como se tivesse se acostumado a
estalar os dedos. Os barulhos e pressões, que existiam, não o
incomodavam nem um pouco.
Jake recuou, saindo de sua cadeira quando Glendon se tornou
um lobo na frente dele. Tudo bem. Esperava pelo menos uma grande
reação dele. Isso ainda era novo para ele, então é claro que Jake não
saberia o que esperar.
— Santa merda. — Jake engasgou. Seu corpo tremia da mesma
maneira que suas palavras. Olhou para Glendon como se não houvesse
mais nada na cozinha. Como se estivesse com medo dele.
Jake olhou para os outros.
— Vocês todos podem fazer isso também?
Houve um aceno coletivo, exceto de Nate, que ainda não tinha
esse tipo de controle.
Jake se virou para olhar para Glendon. Glendon sentou-se. Se
queria que seu companheiro fosse até ele, então teria que parecer um
pouco inocente, não é?
Ele simplesmente mostrou a língua e abriu um sorriso ofegante.
Mesmo para seu companheiro, ele não pareceria tão amigável e inocente
na frente dos homens que deveria lutar e matar vampiros.
Felizmente, pareceu ser o suficiente. O medo nos olhos de Jake
logo foi substituído por um olhar de curiosidade, e então pareceu
impressionado.
Ainda assim, Glendon esperou pacientemente. O primeiro passo
de Jake mostrou que estava certo em esperar. Foi o melhor, e quando
Jake se adiantou novamente, sua mão estendida para o lobo, como se
quisesse tocar seu focinho, Glendon o encontrou no resto do caminho.
Jake inalou um suspiro quando o nariz do lobo tocou sua mão, e
então Glendon se encarregou de empurrar a cabeça sob aqueles dedos,
forçando seu companheiro a acariciá-lo como um cachorro.
Era melhor que não ouvisse qualquer provocação sobre isso de
Fergus ou Hugh quando terminassem com isso. Era para o bem de seu
companheiro e não ia deixar ninguém dizer a ele que não era certo para
consolar Jake assim.
Jake sorriu.
— Jesus Cristo. Isso é uma loucura.
Glendon ouviu a batida do coração de Jake. Bombeava quente,
forte e fortemente com adrenalina, e o que esperava que fosse alegria.
Isso parecia extremamente importante na missão de manter seu
companheiro feliz e seguro.
Glendon mudou de volta para sua forma humana, a posição em
que estava deixou-o de joelhos diante de seu companheiro. Pegou Jake
pela mão antes que ele pudesse fugir, e pressionou seus lábios nas
juntas de Jake.
— Não é tudo sobre coisas ruins e segredos em meu bando.
Algumas delas são divertidas.
Jake engoliu em seco.
— Há?
Glendon sorriu.
— Sim. Há a caçada, por um lado.
— A caçada? O que é isso? Tipo, vocês saem e caçam sua
própria carne?
— Recebemos nossa carne da Costco, — reclamou Fergus. —
Gostaria que pudéssemos fazer esse tipo de caça com mais frequência.
— Sim, aquele ali fica com a maioria da carne fresca, — Tierney
disse, mostrando seu polegar para Nate, que rosnou algo sobre não ser
culpa dele não ter controle.
Realmente não era. Sempre que mudava, estava fora da casa, e
algumas vezes estava sozinho. Pobre rapaz tinha acordado algumas
vezes demais para uma barriga dolorida e um cervo morto ou alces nas
proximidades. Às vezes, Glendon e os outros conseguiam acalmá-lo.
Orion era o melhor nisso, mas nem sempre estava disponível.
Glendon sorriu.
— É um tipo especial de caça. Você vai gostar. Apenas você e
eu. Explicarei depois.
Jake sorriu. Seu coração ainda estava batendo, mas não parecia
haver uma nota de pânico nele.
— Tudo bem. Isso parece... muito bom.
Seus olhos de repente arregalaram.
— Tenho que ir trabalhar hoje à noite!
Glendon imediatamente soube que haveria problema com isso.
Olhou de volta para seus homens, todos tinham expressões dolorosas
semelhantes em seus rostos.
— Seria melhor se você saísse do seu trabalho.
— O que? — Jake tirou a mão de Glendon. — Está maluco? Não
posso simplesmente desistir do meu trabalho. Preciso do meu trabalho!
Glendon ficou de pé.
— Eu sei, bebê, acredito em você, mas agora não é o melhor
momento para você estar... fora de casa.
— Por quê? A coisa do vampiro?
— Essa é uma razão, — disse Glendon, assentindo. Precisava
que seu companheiro entendesse isso.
— Quando o seu turno começa?
— Uh, que horas são?
Orin respondeu, arrotando alto.
— Quase duas.
— Meu turno começa em uma hora!
Não havia como Glendon conseguisse convencer Jake a deixar o
emprego hoje, quanto mais em uma hora, quando parecia estar em
pânico.
Isso deixou apenas uma outra opção.
— Você pode ligar dizendo que está doente? Só por hoje então.
Quando é o seu próximo turno depois disso?
— Depois de amanhã. Mas se eu ligar dizendo que estou doente,
vão pensar que eu estava indo para um final de semana inteiro ou algo
assim.
O que estaria bem, desde que, Glendon tivesse tempo suficiente
para convencer seu companheiro que trabalhar não era a melhor ideia
para sua segurança, ou a segurança do filhote. Glendon saberia se
estava lá pelo cheiro de Jake amanhã de qualquer maneira.
— Vou fazer um acordo, tudo bem? Seja qual for o dinheiro que
fará trabalhando hoje, vou pagar por isso. Fale o valor e pronto.
— Não posso pedir para você fazer isso.
— Você não está me pedindo para fazer isso. Estou oferecendo
para você. Porque amo você.
Talvez fosse um pouco cedo demais para estar dizendo algo
assim para Jake, porque sua boca imediatamente se fechou com a
revelação.
Era tarde demais para voltar, e não havia nenhuma maneira no
inferno que Glendon fizesse isso.
— Quero que você esteja seguro. Você está certo. Parte disso é
a coisa do vampiro, preciso ter certeza de que eles não vão farejar você.
Tudo bem?
Jake olhou para ele, e Glendon sabia que eles iriam entrar na
parte de seu relacionamento novo e frágil, onde começaram a discutir os
perigos.
As ameaças muito reais que viriam para Jake.
— Tudo bem. Acho que eles merecem isso de qualquer forma,
desde que, Jessica ligou dizendo que estava doente ontem.
Graças a Deus. Pelo menos agora sabia que ele tinha algum
tempo. Beijou seu amante na boca.
— Obrigado. Alguém tem seu celular consigo?
Foi uma pergunta estúpida, porque é claro que todos tinham
seus telefones com eles, e todos colocaram seus telefones na mesa no
momento em que Glendon perguntou.
Estendeu a mão para um deles, entregando-o para Jake para
que pudesse fazer a ligação.
Jake fez. Ainda parecia relutante, mas fez.
Glendon estava tão feliz. Sabia que estava praticamente suando
seu alívio e que todos os seus homens podiam saboreá-lo no ar, mas isso
não importava para ele.
Pelo menos agora poderia manter Jake aqui. Jake não ficaria tão
desconfortável quando começasse a sentir a necessidade de ser fodido
novamente. Havia isso, mas também daria a Glendon o tempo que
precisava para descobrir como diabos os vampiros tinham encontrado
Jake apenas algumas horas depois dele ter escrito seu nome e número
na palma da mão do homem.
Capítulo 7

Parker acordou em um quarto que definitivamente não pertencia


a ele, com uma dor de cabeça assassina e um tesão assassino.
Disse assassino porque queria matar alguma coisa quando
acidentalmente rolou da maneira errada.
Amaldiçoou e voou para fora da cama, agarrando seu pênis
como se de alguma forma a dor fosse desaparecer.
Sim, claro que não, mas isso fez com que ele esquecesse tudo
sobre o fato de que estava em um quarto estranho, sem a menor ideia
de onde estava por alguns minutos.
Quando olhou para cima e lembrou que não estava onde deveria
estar, sua mente foi imediatamente para o Massacre da Serra Elétrica.
Claro, ele tinha certeza que Massacre da Serra Elétrica não tinha
um quarto tão legal, mas algo definitivamente o atacou na noite
passada, e não estava mais em sua casa.
Merda, onde diabos estava? E por que cheirava tão mal?
Parker olhou para as roupas dele. Havia algumas gotas de
marrom escuro aqui e ali. Pensou que era sangue, mas quando foi
cheirar imediatamente virou o nariz para longe e quase teve que correr e
vomitar no banheiro.
Jesus! Ele foi carregado aqui através de um esgoto ou o quê?
O primeiro pensamento de Parker foi que deveria trocar de
roupa, e teria, se estivesse em casa e tivesse algumas roupas limpas
para escolher.
Por enquanto, tinha que lidar com isso.
Parker foi até a porta. Esperava que estivesse trancada, então
ficou surpreso quando conseguiu abri-la.
O que o surpreendeu ainda mais foi o homem que estava do
outro lado. O homem grande com uma cicatriz no lado do olho.
Um homem que acabara de pegar a maçaneta, como se
estivesse prestes a entrar.
Merda.
Parker bateu a porta na cara dele. Claro que não fez nada,
porque o homem apenas forçou a porta a abrir novamente antes que ele
pudesse virar a fechadura.
O cara entrou no quarto, ocupando tanto espaço, e obrigando
Parker a recuar.
— Espere, espere, ok, hum, o que quer que você pense que eu
fiz, não fiz, e não sei como cheguei em sua casa e realmente sinto
muito, então vou estar partindo agora.
O homem agarrou Parker pelo colarinho de trás, arrastando-o
pela porta com tanta força, que seus pés quase não tocaram o chão.
— Ei! Solte-me! Pare com isso! Eu disse que não queria estar
aqui!
— Cale-se. O café da manhã está pronto. — O nariz do homem
enrugou. — E você fede.
— Não brinca! — Ele cheirava como se alguém tivesse
assassinado um banheiro. — Vou para casa e tomo banho e você nunca
mais terá que me ver novamente.
— Não é uma opção. — Chegaram na escada. Parker não
parava de gritar ou reclamar o caminho todo.
— Vou chamar a merda dos policiais. Juro por Deus que vou.
— Com que telefone?
Incomodava-o o quanto esse cara parecia não ser afetado por
absolutamente nada.
Quando chegaram ao pé da escada, estranhamente, Jake
apareceu lá.
— Parker!
— Jake?
O grandalhão soltou Parker de repente e sem avisar. Seus pés
não estavam prontos para isso, então é claro que ele caiu de joelhos.
Jake foi até ele e colocou as duas mãos nos ombros de Parker.
— Você está bem?
Parker deu um pulo rapidamente, ignorando a dor no joelho.
— Definitivamente ok! Aquele idiota tentou o seu melhor. —
Então ele ficou sério. — Cristo, quando eles te levaram? Como chegamos
aqui?
Sua mente passou por todos os tipos de cenários de sequestro.
Parker sempre achava que seria uma mulher que teria que se preocupar
com esse tipo de coisa. O fato de que ele era um cara, e que não tinha
sido forte o suficiente para fazer aquele cara grande e cheio de cicatrizes
pensar duas vezes antes de agarrá-lo daquele jeito, era honestamente
estranho para ele.
Claro, não era o homem mais forte do mundo, nem mesmo na
sua antiga turma do ensino médio, mas deveria ter sido capaz de fazer
alguma coisa, certo?
— Tudo bem, mais ou menos. Vamos lá, tem comida aqui.
Jake pareceu cheirar-lhe naquele momento, e ele riu.
— Você cagou na calça?
— Não! — Parker afastou-se de Jake, de repente não querendo
mais estar perto de seu irmão.
— Sangue de vampiro tem esse tipo de cheiro, — resmungou o
homem com a cicatriz no olho. Ele se sentou e pegou o que parecia ser
um copo de suco de laranja. Estavam em uma sala de jantar. Uma
maravilhosa sala de jantar.
— Agora vou ter que jogar fora meus lençóis também.
— Você quer dizer que eu vou ter que jogá-los fora, — disse
outro homem, olhando para ele. — Eu faço toda a limpeza!
Parker não tinha ideia do que estava acontecendo, mas então
seu cérebro registrou a parte mais importante daquela pequena
conversa.
— Ele acabou de dizer vampiros?
Parker olhou para Jake. Jake parecia quase desconfortável.
— Uh, venha e sente-se. Há algumas coisas que você precisa
saber.
— Desde que eu não tenha que sentar ao lado daquele idiota, —
Parker rosnou, olhando para o homem com a cicatriz no olho.
O homem olhou para ele.
Outro homem alto, largo e com aparência de jogador de futebol
deu um passo à frente, balançando a cabeça com simpatia.
— Infelizmente, você passará muito tempo com Fergus. Ele
agora é seu alfa.
Parker piscou.
— Meu o quê?
Jake gemeu.
— Você quer ovos?
Parker não sabia se poderia lidar com a comida naquele
momento. Poderia acidentalmente vomitar tudo, mas não era como se
tivesse muita escolha quando Jake apressadamente foi para o que
parecia ser uma linha de fogões elétricos e montou uma refeição digna
de um restaurante de hotel para ele.
Olhou para o prato, depois para Jake, depois para o cara que
acabara de lhe dizer que era seu alfa.
Eles tinham que estar brincando com ele.

Jake não sabia quando, se alguma vez, Parker ficaria bem.


Tentou explicar tudo da melhor maneira possível, mas não tinha
feito um bom trabalho quando deixou Parker sozinho com todas aquelas
pessoas lá embaixo.
Então ouviu Parker pirando sobre alguma coisa.
Não importava que Glendon estava falando meio doce com ele e
tirando-o de suas roupas emprestadas, Jake tinha que descer as escadas
para ver o que estava acontecendo.
Quando encontrou Parker encurralado em um canto, um grupo
de grandes lobos se aproximando dele, quase gritou por seu irmão.
Glendon o parou, sua voz suave no ouvido de Jake quando o
puxou de volta.
— Esta é a única maneira para ele aprender.
Parecia cruel. Jake nem era o tipo de cara que se importava
tanto com os sentimentos das pessoas. Pelo menos, não achava que
fosse, mas deixar o homem que era seu melhor amigo e irmão sozinho
para lidar com... o que quer que eles estivessem prestes a fazer com ele,
não se sentia bem para ele.
— Você tem certeza?
Glendon assentiu.
— Venha. Ele vai ficar bem. Fergus cuidará bem dele.
— Sim, sobre isso. — Jake não lutou contra Glendon quando o
homem o afastou, mas não podia evitar olhar para trás, precisando ver o
que estava acontecendo por si mesmo. — Tem certeza de que é uma boa
ideia? Fergus não parece gostar mais da ideia do que Parker.
E Parker fizera muitas perguntas na mesa do café da manhã. O
suficiente para deixar claro que achava que Jake havia colocado algo
para fazê-lo alucinar tudo o que disse que tinha visto.
Agora Parker estava vendo tudo por si mesmo.
— Fergus não tem muita escolha.
— Por que não?
Glendon esfregou o queixo enquanto subiam as escadas.
— Não é tão simples quanto todos gostaríamos que fosse. Seu
irmão foi mordido por um vampiro grunhido, o mesmo que você. Foi
assim que Fergus me explicou. Então ele teve que dar ao seu irmão um
pouco do sangue dele em troca. Fergus é responsável por ele.
— Oh. É apenas uma regra então?
— É lei. — Glendon olhou para ele. Seus olhos eram gentis, mas
Jake ainda não podia deixar de pensar que estava sendo repreendido por
não saber disso.
Glendon suspirou. Parecia estar fazendo muito disso. Jake
desejou que não fosse a razão pela qual o homem parecia tão frustrado
e confuso.
— É lei, é tradição e é instinto. Isso remonta às nossas histórias
mais antigas de lobos. Como os primeiros bandos foram formados. O alfa
que cria o ômega, deve levar esse ômega sob sua asa. Antigamente,
significava um acasalamento também.
Jake piscou.
— Como você e eu?
Glendon assentiu, o canto de sua boca se curvando em um
sorriso suave. — Algo parecido. Você e eu somos um acasalamento
natural, no entanto. A natureza escolheu para estarmos juntos. Se
Fergus tivesse feito amor com seu irmão, teria sido outro tipo de
acasalamento. Ainda assim tão poderoso, mas teria sido o elemento de
escolha para ele.
— Então, se você não tivesse me conhecido, você teria sido
capaz de escolher outra pessoa?
Ele assentiu.
— Exatamente.
Eles voltaram para o quarto de Glendon. Era estranho estar
voltando para cá, como se já fosse normal.
Jake não se sentia normal. Sentia como um convidado na casa
de outra pessoa, e não gostou disso. Não gostou que muitas de suas
próprias escolhas tivessem sido tiradas dele.
Pelo menos Parker ia ter essa escolha.
— É bom que Fergus não tenha tentado se acasalar com ele.
Parker é hetero.
Glendon piscou para ele.
— Ele é?
Jake assentiu.
— Sim. Tipo, totalmente em garotas. Vi o arquivo de
pornografia no computador dele.
Glendon levantou uma sobrancelha para ele.
— Por que você viu isso?
Jake sorriu.
— Quando éramos mais jovens, ele foi a primeira pessoa para
quem saí. Ele disse que já sabia. Com isso, ele quis dizer que tinha ido
espionar meu computador, viu uma pasta marcada como dever de casa
entediante, sabia o que era e queria ver se eu estava em algum tipo de
coisa estranha e peluda. Acho que queria me provocar. Não esperava ver
um monte de homens com homens.
— É mesmo? — Glendon voltou a sorrir agora, como se a
história já o estivesse divertindo.
Divertia Jake só de pensar nisso.
— Acho que o horrorizei depois disso. Eu estava tão
envergonhado que ele tivesse visto, era pior do que ele descobrir que eu
era gay, que, pensando melhor agora, acho que foi a melhor maneira de
fazer isso. De qualquer forma, no final ele me mostrou o que estava em
sua pasta para me fazer sentir melhor.
— Ah, eu vejo. Isso não soa como você saindo para ele, mas
sendo forçado a sair.
Jake não achava isso.
— Não, não realmente. Ainda sinto que sai para ele. Sua pasta
era engraçada, típico de menino de quinze anos. Tudo se chamava
Grandes Seios ou Super Vagabundas Gozando. — Jake riu.
Só de pensar nisso estava acalmando-o.
— Sim, eu não acho que ele teria ficado feliz se tivesse
acordado com Fergus tentando fazer amor com ele.
O alfa chamado Fergus, o malvado com a cicatriz no rosto, não
parecia poder fazer amor com ninguém. Ele parecia tão... bravo.
Glendon suspirou.
— Deveria te dizer isso agora antes que você descubra mais
tarde, mas a sexualidade do seu irmão não importa no caso de um
acasalamento.
Jake piscou.
— O que? Como... como assim? Você está dizendo que Fergus o
teria forçado?
— Não! Absolutamente não. — Glendon sacudiu a cabeça.
Jake estava sinceramente feliz pela reação. Um homem
dificilmente poderia fingir estar tão enojado com algo assim. Ele parecia
sinceramente indignado que o pensamento teria passado pela cabeça de
Jake.
— Não é o que eu quis dizer, — Glendon rosnou. Cruzou os
braços, olhando para a parede oposta, enquanto parecia se recusar a
querer olhar Jake no rosto.
Era um rubor nas bochechas dele? Um homem como Glendon
realmente corava? Jake não teria pensado que isso fosse possível.
— Me desculpe, tudo bem, — disse, tentando não parecer tão
divertido com isso. — Mas, o que você quis dizer então?
Glendon suspirou.
— É difícil explicar, mas você é meu companheiro e eu tentarei.
— Glendon o olhou nos olhos. Aqueles olhos prateados sempre puxavam
Jake, e o faziam sentir como se estivesse nadando. — Há muito a ver
com o instinto e a necessidade, mais do que apenas desejo quando se
fala de um acasalamento. Até mesmo um acasalamento escolhido é
assim. Seu irmão pode ser tão hetero como um governante, mas se ele
for dominado pelo calor do acasalamento para quem quer que tenha
acasalado com ele, seja homem ou mulher, ele os desejará. Fergus até o
queria. Eu te disse que um acasalamento geralmente está envolvido em
dar seu sangue. Fergus sentiu essa necessidade e negou. Ele poderia ter
cedido e acasalado com Parker, e Parker teria implorado por mais.
Jake não achava que gostava do som daquilo muito mais do que
um acasalamento forçado. Parecia o mesmo de qualquer maneira.
— Então, não importa o que, não teria havido uma escolha?
Para qualquer um deles?
— Algo assim. — Glendon parecia hesitante em admitir tal coisa.
Jake não o culpava.
— E você não teve escolha para acasalar comigo?
— Eu fiz. Quero você como meu companheiro.
Glendon segurou Jake pelos ombros, mas agora que estava
descendo pelo buraco do coelho, ele não conseguia se impedir de
afundar profundamente.
— Você disse que o nosso era natural. O que isso significa? Eu
também tive escolha? Estou apenas atraído por você por causa do
acasalamento?
A dor nos olhos de Glendon era real. Jake não teria pensado que
poderia machucar um homem como Glendon. Ele parecia... acima desse
tipo de coisa. Foi muito intenso.
Glendon soltou os ombros de Jake.
— Você é meu companheiro e eu sou o seu. Você vai carregar
meus filhotes, se já não estiver carregando eles agora. Nossos destinos
foram selados de qualquer maneira.
Jake definitivamente não gostou do som disso. Parecia tão
absolutamente sem coração. Seu coração realmente ficou apreensivo em
seu peito. Olhou para baixo, longe do rosto de Glendon. O homem mais
alto estendeu a mão para ele, tocou seu queixo, fazendo Jake olhar nos
olhos mais uma vez.
— Não precisa ficar triste.
Mas Jake se sentiu triste com isso. Não achava que estava
sendo agredido aqui. Não se sentia como se Glendon estivesse forçando-
o a fazer qualquer coisa que ele não quisesse fazer. Jake queria muito
fazer tudo o que Glendon tinha feito a ele na noite passada.
Mas pensou que tinha sido por causa de alguma conexão que
tiveram. Algo mais alto que isso. Pior, Glendon disse que não importava
a sexualidade de alguém.
Então... Glendon era realmente hetero? Ele não queria escolher
um homem? Provavelmente teria preferido ter uma mulher em vez de
um idiota atendente de bar.
Os hormônios de Glendon se tornaram ativos porque Jake
cheirava bem. Parecia forçado. Como se ele fosse o único a fazer
Glendon a fazer algo que não queria fazer.
Jake nem se incomodou em perguntar se era o tipo de Glendon.
Qualquer um que olhasse para eles saberia.
Não achava que Glendon era um leitor de mentes, além de ser
um lobo, mas seria bastante óbvio para qualquer um com um par de
olhos que Jake não estava recebendo bem essa notícia.
As próximas ações de Glendon tornaram igualmente óbvio que
ele estava tentando confortar Jake, e talvez a ele mesmo.
Suas bocas se encontraram. Foi um beijo doce, casto a princípio
antes de Glendon pressionar sua língua para frente, lambendo o vinco
dos lábios de Jake.
Isso foi bom. Mesmo com o coração partido e confuso, seu
corpo ainda estava interessado no que estava acontecendo. Era a prova
de que o coração e o corpo seriam para sempre duas entidades
separadas quando se tratava desse tipo de coisa.
O calor pulsando de seu corpo, e a sensação crepitante em sua
boca quando Glendon o lambeu profundamente enquanto sua mão
deslizava ao redor da cintura de Jake e o puxava para mais perto ainda,
foi o suficiente para fazer Jake querer se soltar.
Decidiu se deixar ir. Só porque estava triste e um pouco
deprimido por saber como essa coisa de acasalamento funcionava, não
significava que não poderia esquecê-la.
Não era a metade da razão pela qual o sexo existia? Esquecer?
Ter alguns momentos de felicidade fingindo que todos os problemas do
mundo não existiam?
Jake enrolou seus braços ao redor do pescoço de Glendon,
segurando firmemente, seu pênis subindo sob a calça emprestada que
usava, e esse sentimento só se intensificou quando Glendon o levou para
a cama.
Capítulo 8

Estava bem. Era tão bom ter um corpo quente em cima dele e
mãos fortes acariciando sua cintura e coxas antes de puxar a calça,
expondo-o para Glendon. Jake suspirou quando seu pênis desapareceu
na boca de Glendon.
O homem engoliu sua ereção, até que o nariz do homem tocou
seus pelos pubianos.
Jake cerrou os olhos, empurrou os quadris para dentro daquela
boca doce enquanto suspirava.
— Tão bom. — Seus dedos encontraram o cabelo de Glendon.
Era como se eles fossem constantemente atraídos para aquele local.
Sempre parecia estar pegando o cabelo de Glendon, agarrando-o,
puxando-o.
Era bom ter algo para se segurar, especialmente quando
Glendon era capaz de dar-lhe um prazer tão doce como este.
O homem gemia em torno de sua boca, as vibrações do som
correndo pelo pau de Jake antes do homem esvaziar suas bochechas e
chupar forte o suficiente, que era quase como se ele estivesse tentando
puxar um orgasmo de Jake naquele mesmo segundo.
E adorou. Deus. Amava tanto. Amava o jeito que esse homem
poderia fazê-lo esquecer.
Glendon poderia deixar Jake tão triste quanto queria, desde que
a resposta fosse sempre foder Jake, assim como estava fazendo agora.
— M-mais. — Queria ser fodido. — Dê-me mais. — Precisava ser
fodido. Queria o pênis de Glendon dentro dele, em sua boca e em sua
pele, mas não conseguia dizer isso. Agora não. Talvez nunca depois do
que descobriu.
Glendon afastou a boca do pênis de Jake. O homem gemeu
antes de sua boca encontrar os testículos. Puxou-os em sua boca um de
cada vez, e Jake pensou que ia gozar.
Ou talvez voar para fora da cama. De qualquer forma, estava
perdendo o controle.
— Você quer meu pau dentro de você?
Jake olhou para o homem.
Glendon olhou de volta para ele, como se não estivesse
provocando. Como se realmente quisesse saber.
Jake não podia estar zangado com ele por isso. Não quando
aqueles olhos prateados pareciam tão gentis. Como se só quisesse
agradar Jake. Como se não quisesse machucá-lo.
— Quero.
Ele disse isso. Agora não precisava dizer nada por um bom
tempo. Só tinha que se deitar e deixar isso acontecer, deixar o pau
incrível de Glendon ajudá-lo a esquecer como isso era louco.
Glendon assentiu.
— Bom. — Foi para debaixo da cama, voltando com a garrafa de
lubrificante.
É aí que ele colocava isso? Jake não tinha certeza do porquê,
mas esperava que o homem o escondesse em uma gaveta em algum
lugar. Talvez onde guardasse todos os seus brinquedos para as mulheres
que provavelmente teve neste quarto antes que Jake fosse sequer um
pensamento dentro de sua cabeça.
Os pensamentos deprimentes de Jake o deixaram rapidamente
quando sentiu o toque escorregadio do dedo de Glendon provocando seu
vinco, em seguida, empurrando contra seu ânus.
O homem trabalhava com um tipo de experiência que Jake não
achava que deveria ter sido capaz de fazer, especialmente porque essa
seria apenas a segunda vez juntos.
Ele empurrou para dentro, mexeu o dedo e acariciou a próstata
de Jake como se estivesse fazendo isso há anos, como se Glendon já
soubesse tudo sobre ele que faria o corpo inteiro de Jake ganhar vida.
Suspirou contra o prazer. Jake se abaixou, agarrando seu pênis
porque latejava contra sua barriga, e se não se tocasse, então iria
explodir.
— Você gosta disso. — Não era uma pergunta.
Jake assentiu de qualquer maneira. Gostava disso.
— Diga-me que você quer.
Jake apertou os dentes juntos. Olhou para o homem.
— Você sabe que faço.
Glendon sorriu para ele, como se estivessem apenas tomando
uma xícara de café e conversando juntos, em vez de na cama, Glendon
seminu e Jake todo nu, com o dedo do homem na sua bunda.
— Ainda quero ouvir você dizer isso. Não tenho certeza disso.
Isso era uma mentira total. Mesmo que Jake não soubesse nada
sobre esse homem, ele não exalava a vibração que era inseguro, ou não
tinha confiança em nada.
Seja o que for. Se o homem sabia que garanhão era, então Jake
não viu razão para negá-lo. Poderia muito bem dar ao homem o que
queria se isso trouxesse Jake muito mais perto de seu jogo final.
— Quero seu pau dentro de mim. Quero esquecer... sobre o
quão estranho tudo isso é.
Gemeu a última parte, suas palavras quebrando como se nunca
tivesse o controle que queria em primeiro lugar.
Odiava que não parecesse controlado, mas o que diabos deveria
fazer sobre isso quando Glendon empurrou outro dedo dentro dele,
tesourando-os, fazendo Jake queimar de dentro para fora enquanto era
esticado, preparado?
— Tem certeza de que nunca fez isso antes... com outro
homem?
— Nunca disse que não fiz.
— Oh! — Jake gemeu e exclamou sua surpresa. — Eu pensei...
Glendon se inclinou, beijando-o na boca, fechando-o antes que
pudesse gaguejar outra coisa, arruinando o momento.
— Você pensou certo. Você é o primeiro homem com quem
estou fazendo isso.
Seus narizes tocaram e seus rostos estavam tão perto que Jake
podia sentir o cheiro da loção pós-barba do homem, e sentir o menor
arranhão da barba na bochecha de Glendon.
— Então, o que foi tudo isso sobre dizer que nunca tinha feito
isso antes?
— Não disse isso. Estava apenas corrigindo você.
Ele parecia muito convencido quando se afastou.
— Fico feliz em saber que você não sabe a diferença.
Jake desejou que fosse mais perspicaz. Desejou que tivesse
coragem para dizer a Glendon ir para o inferno. Mas não faria isso.
Parker sempre foi corajoso. Principalmente porque era o único a
perseguir qualquer um que por acaso olhasse para Jake e zombasse de
sua sexualidade pelas costas.
Jake nunca teve essa faísca.
Glendon riu dele, e não podia dizer se isso fazia isso melhor ou
pior.
— Você não gosta de ser provocado, não é?
— Alguém gosta? — Jake cerrou os dentes, seus olhos
arregalando quando sentiu o deslizar daqueles dedos contra sua próstata
mais uma vez.
— Algumas pessoas fazem, e eu gosto de te provocar. — A voz
de Glendon baixou um tom, fazendo-o soar muito mais como um deus
do sexo. — Amo ver suas bochechas brilhando enquanto você fica
nervoso. Adoro ouvir seus batimentos cardíacos enquanto o tenho contra
uma parede, e adoro ver você tentando se manter junto. Amo saber que
você mal pode fazer isso porque sou eu que você está tentando lutar
contra.
— Jesus, — Jake disse, gemendo novamente quando outra onda
de prazer o atingiu no fundo.
Ele se acariciou agora porque precisava gozar. Jake precisava
gozar. Pré-sêmen se formou na cabeça de seu pênis e usou-o como seu
próprio lubrificante para o resto de seu eixo.
— Não, não, — disse Glendon, inclinando-se, o calor de sua
boca deixando manchas queimando no peito e no estômago de Jake. —
Você não pode fazer isso agora.
— Tenho que... fazer... o que eu quiser... — Ofegou, embora
soubesse que Glendon estava certo. Ele não estava no controle, e estava
definitivamente trabalhando tanto para gozar porque não era capaz de
parar o prazer de tomar o controle.
Quando aqueles dedos pesados deixaram seu ânus, Jake ficou
sentindo frio, vazio.
Mesmo entorpecido.
— Pare de se tocar.
O comando agudo de fato funcionou. Mesmo que não devesse
ter funcionado, deveria ter mantido a mão para poder gozar... algo sobre
a voz de Glendon dominou-o. Não podia continuar. O orgasmo estava ao
alcance, mas a necessidade de obedecer ao seu companheiro era muito
poderoso.
Jake estremeceu sob esse olhar. Glendon sorriu para ele como
se fosse uma presa.
— É isso aí. Bom menino.
Jake apertou os lábios, lutando contra a vontade de empurrar
seu pênis contra a perna do homem. Qualquer coisa para conseguir o
prazer que precisava.
Glendon não parecia disposto a deixá-lo gozar, no entanto. Suas
mãos deslizavam pela pele de Jake, deixando um rastro de arrepios em
seu caminho.
Tão bom. Foi tão incrivelmente bom que não tinha palavras para
isso.
— O que você está fazendo?
— Fazendo amor com você.
Jake estremeceu. Nunca conseguia se controlar quando Glendon
insistia em falar assim.
— Mas...
— Shhh.
Glendon se inclinou novamente. Sua boca tocou um dos
mamilos de Jake. Trouxe isto em sua boca, chupando, mordendo,
fazendo Jake contorcer-se de prazer antes de se afastar.
— Você gosta disso?
Jake assentiu. Sentiu-se excessivamente quente e frio ao
mesmo tempo, depois percebeu que era em parte por causa do fino
brilho de suor que começara a surgir em sua testa. Foi isso que o fez
sentir frio. Glendon estava realmente fazendo-o suar com a necessidade
de ser fodido, ser dominado.
Glendon continuou sorrindo para ele, como se estivesse
satisfeito com a maneira como tudo isso estava acontecendo. Levou a
boca de volta contra o mamilo de Jake. Chupou novamente, seus dedos
brincando com o outro.
Então sua mão foi para baixo. Seus dedos mal roçaram o
comprimento do pênis pulsante de Jake. Jurou que inchou um pouco
mais, como se tentasse empurrar em sua mão, ser acariciado por ele,
quando Glendon fez isso.
Mas não. A mão de Glendon se moveu para baixo e para baixo.
Seus dedos deslizaram contra as bolas de Jake antes de segurá-las.
Jake inalou bruscamente. O prazer, e até a dor, de ser tocado
daquele jeito.
Havia sempre algo intensamente íntimo sobre ter a mão de
alguém em suas partes privadas. Não apenas pelo bom desempenho e
pela forma como ele não os oferecia a ninguém, mas também havia um
aspecto de confiança que Jake nunca havia percebido até agora.
Talvez fosse por causa da maneira como Glendon brincava com
ele, mas o fato de que sua mão poderosa era tão gentil quando rolou as
bolas de Jake, como se preocupado que o machucaria se fosse muito
áspero, demonstrou algo mais profundo sobre isso.
Então Jake sabia o que era. Glendon definitivamente balançou
seu mundo quando o fodeu na noite passada, mas admitiu que nunca
teve relações sexuais com um homem antes de Jake. Ele estava
explorando o corpo de Jake, imaginando o que gostava, provavelmente
até o que ele gostava.
Isso deixou Jake ainda mais impressionado com o fato de
Glendon tê-lo chupado na noite passada. Não teria colocado isso nas dez
melhores coisas que um cara novo em sexo gay pensaria em fazer com
outro cara.
Glendon não era apenas forte e poderoso, era corajoso. Quando
Jake teve sua primeira vez, estava com tanto medo de explodir que ele,
bem, tinha estragado tudo. Literalmente. Duas vezes antes de qualquer
coisa real acontecer.
Glendon era um deus sexual total. Era meio injusto quando
realmente pensava sobre isso.
— Vou gozar, — Jake disse asperamente.
Como se esse fosse o sinal que Glendon estivera esperando por
todo esse tempo, de repente retirou as mãos e a boca.
Foi tão repentino que Jake foi quase totalmente arrancado de
sua névoa de prazer.
Ficou aliviado quando Glendon voltou ao trabalho. Observou
quando o homem maior alcançou a garrafa de lubrificante novamente.
Abriu a tampa com o polegar, a direção de seu olhar trocando entre Jake
e sua mão enquanto derramava o lubrificante em sua palma.
Jake, enquanto isso, quase gozou, apesar de ainda não ter sido
tocado, enquanto Glendon acariciava seu pênis, deixando-o liso e
brilhante com o lubrificante.
Era tão grande. E mesmo que eles já tivessem feito sexo uma
vez antes, havia um pedaço dele que ainda estava nervoso sobre fazer
isso de novo, sobre ser esticado e preenchido com algo tão grande que
poderia quebrá-lo.
— Estive pensando sobre isso desde a noite passada. Desde que
acordei, — Glendon disse, enganchando seus braços sob os joelhos de
Jake, puxando-o para mais perto, até que sua bunda estava bem
ajustada no colo de Glendon. — Eu só quero você o tempo todo.
Isso foi... lisonjeiro. O peito de Jake aqueceu, e mesmo sabendo
que Glendon só se sentia assim em grande parte por causa do
acasalamento, ainda havia algo de bom em saber que o outro homem se
sentia assim.
Era o suficiente para fazer Jake esquecer por que eles estavam
lá em primeiro lugar. Estendeu a mão, agarrando Glendon pela bainha de
sua camiseta preta.
— Você vai tirar isso?
— Mais tarde.
Jake estremeceu quando sentiu a cabeça do pau deslizar contra
seu ânus.
— Certo, depois.
Ele parecia totalmente sexy vestindo essa camiseta de qualquer
maneira. Sua cintura nua, Jake em seu colo, e aquela camiseta esticada
em seu peito e braços musculosos antes de estar prestes a empurrar
para dentro. Era um espetáculo para ser visto e Jake queria lembrar-se
disso pelo resto de sua vida.
Então Glendon empurrou dentro dele. O empurrão foi repentino,
desconfortável no começo, mas então foi tão bom que Jake não sentiu
nada além do prazer de ser esticado e levado.
Isso era o que estava esperando. Este era o sentimento exato
que queria tanto. Queria, mesmo sem saber o quanto queria, e agora
que entendeu, iria perder a cabeça com o prazer.
— Ah Deus!
— É isso. — Glendon gemeu, seus olhos prateados brilhando.
Não, não brilhando. Eles estavam reluzindo e era lindo. Seus quadris
começaram a se mover. Mal deu a Jake a chance de se ajustar. — Isso é
o que eu queria.
Jake assentiu. Apertou suas coxas ao redor da cintura de
Glendon, seus punhos cerrados nos lençóis enquanto o prazer superava
qualquer desconforto que poderia ter sentido alguns segundos atrás.
Esquecer. Podia esquecer tudo sobre a dor de não ser realmente
desejado, de ser forçado a Glendon, quando o homem estava dentro
dele e trabalhando com tal perícia.
— Diga-me como se sente, — disse Glendon.
Claramente gostava de falar quando estava na cama. Jake não.
Ficava sempre muito envergonhado para dizer qualquer coisa, mas
novamente, sentiu a necessidade de dar a Glendon o que ele quisesse,
contanto que este prazer não o deixasse.
— S-se sente bem. Melhor que bom. Parece... — Ele disse a
próxima parte antes que pudesse realmente pensar em como soava. —
Como se você estivesse me possuindo. Como se eu fosse... seu.
Ele não achava que era possível que aqueles olhos prateados
brilhassem mais do que já estavam. Pareciam como a lua cheia em uma
noite perfeita de verão. Quase podia ver o homem na lua.
Ou talvez estivesse vendo um homem na lua. Provavelmente o
seu próprio reflexo.
Glendon rosnou. Parecia um pouco demais como naquela noite
quando ele era um lobo. Jake estremeceu, preocupado com o que aquele
som poderia significar, mas mesmo esse pensamento foi empurrado para
longe quando Glendon se inclinou para baixo, beijando-o, como se ele
realmente quisesse dizer alguma coisa para ele.
Como se ele fosse especial. Importante.
Sim, Jake poderia se acostumar com isso.
Pensou que seria capaz de adiar seu orgasmo por pelo menos
um pouco. Deveria ter sido capaz de adiar isso. Ele teve sexo incrível na
noite passada, seu corpo deveria ter sido capaz de contê-lo por pelo
menos um pouco, mas não. Isso não aconteceu. Jake sentiu a crescente
onda prestes a cair sobre ele e não havia nada que pudesse fazer para
pará-lo. Não queria parar. Queria que o levasse.
— Não lute contra isso.
Jake sacudiu a cabeça. Queria dizer que não estava lutando
contra isso, mas até isso provou ser demais para soltar.
— Goze para mim. Quero o seu gozo em mim, — Glendon
rosnou, diminuindo o ritmo de seus impulsos, mas toda vez que
empurrava para frente, ainda tinha um movimento duro que suas partes
baterem juntos. As vibrações levaram Jake à loucura.
— Quero sentir o cheiro de seu sêmen na sua pele, na minha.
Quero sentir o aperto do seu ânus ao redor do meu pau quando fizer
isso.
— Santa merda. — Jake engasgou, e embora estivesse com
vergonha de falar, ou ouvir alguém falando, aparentemente, durante o
sexo, isso o levou ao limite.
Ele gozou. Foi a próxima batida forte que fez isso. Não
conseguiu se conter, e cada músculo, cada nervo em seu corpo parecia
se contrair, forçando-o a apertar o corpo de Glendon, apertar em torno
do pênis do homem, exatamente como foi ordenado que ele fizesse.
Foi bom. Tão bom. Amou. Queria mais, mas quando seu corpo
liberou o ímpeto de prazer que se acumulava dentro de si, percebeu que
não haveria mais, apenas os tremores secundários quando Glendon
ordenhava seu orgasmo por tudo que valia a pena.
Glendon rosnou, seu rosto quase não humano, e então não era.
Seu rosto era de lobo, embora o resto de seu corpo ainda fosse de
homem. Ele uivou, o poder de seus impulsos fazendo o orgasmo de Jake
durar muito mais tempo, fazendo-o pensar que nunca poderia terminar
antes que finalmente, felizmente, terminou.
Mal notou quando Glendon gozou dentro dele.
Ele deitou-se, ofegante, sentindo-se inútil e fraco quando
Glendon se retirou, depois desmoronou no peito de Jake.
O homem estava quente. Jake olhou para o teto, mas foi uma
das primeiras coisas que notou sobre o corpo de Glendon.
Estava quente demais. Febril. Estava desconfortavelmente
quente, mas no momento, Jake achou que poderia lidar com isso.
Principalmente porque estava gostando do jeito que seus membros
suados se uniam, o modo como pareciam estar se aliviando enquanto
capturavam a respiração.
Jake gostou especialmente que pudesse ouvir o som do coração
de Glendon batendo. Batendo, mais parecido com o dele. Isso fez com
que sentisse como se realmente pudesse provocar uma reação em
Glendon, da mesma forma que provocava nele.
Gostou disso. Mesmo que Glendon não fosse hetero, e poderia
nunca ter olhado duas vezes para ele se o acasalamento não tivesse
interferido, pelo menos Jake poderia fazê-lo se sentir bem.
Enquanto as longas orelhas de lobo se contraíam, fazendo
cócegas no rosto de Jake, pensou nisso.
Jake levantou a mão, tocando a orelha. Era mais suave do que
pensava que seria. Glendon retumbou, como se aprovasse a sensação,
de ser tocado daquele jeito.
Então Jake continuou fazendo isso.
— Você não vai se transformar em lobo quando ainda estiver
dentro de mim, vai?
O peito de Glendon retumbou, como se o pensamento o
estivesse fazendo rir.
Jake sorriu também. Sentiu vontade de rir porque Jake fez. Foi
tão bom. Gostou disso. Eles quase se sentiam como se pudessem ser
companheiros de verdade, mesmo que o fato de serem companheiros
tivesse sido forçado sobre eles.
A suavidade dos ouvidos de Glendon o deixou, substituída de
repente pelo cabelo natural e pelo rosto do homem enquanto se
empurrava até os cotovelos e olhava para o rosto de Jake.
O desconforto de Jake voltou completamente.
— O que?
Era uma coisa ser encarado de perto quando estavam no meio
do sexo, mas parecia algo completamente diferente ser olhado assim
quando não estavam no calor do momento.
Glendon seria capaz de ver cada pequena falha que ele tinha. O
fato de que sua pele não era tão boa, que seu nariz era levemente torto,
ou talvez que seus olhos estivessem um pouco juntos demais.
Jake não queria que ele visse essas falhas. Já era ruim o
bastante ele ser um homem quando Glendon queria uma mulher. Estaria
desejando que tivesse uma mulher embaixo dele agora?
Glendon suspirou. Tocou o rosto de Jake, e o que quer que
estivesse prestes a dizer foi interrompido pela batida forte em sua porta.
Ambos congelaram, então Glendon rosnou.
— O que?
Parecia Fergus e, por uma fração de segundo, Jake ficou
preocupado com o que o homem ia dizer de Parker, quando disse algo
completamente diferente.
— Temos a rainha no telefone para você, senhor.

Capítulo 9

Glendon voou do corpo de Jake e saiu do quarto, tão rápido que


quase fez sua cabeça girar.
Com certeza não ficou confortável quando o homem puxou seu
pênis tão rápido. Jake olhou para a porta quando ele a abriu e voou para
fora. Especialmente não gostou quando pareceu que Fergus olhou para
ele antes que pudesse puxar as cobertas sobre seu corpo.
Ótimo. Agora estava preso aqui. Não tinha roupas aqui, além
das que poderia pegar de Glendon.
O homem nem sequer vestiu as calças. Isso era normal? Devia
ser porque com certeza não voltou para vestir a calça.
Jake rosnou, rolou e então assobiou.
Definitivamente iria ficar um pouco sensível por um tempo.
Bem, desde que ele estava preso aqui, poderia muito bem
tomar um banho. Pelo jeito que Glendon descreveu seu relacionamento,
provavelmente era bem-vindo a isso, certo?
Independentemente disso, Jake queria sentir o cheiro de açúcar,
suor e agora sexo, fora dele. Não demorou a mexer em todos os
produtos que viu no banheiro de Glendon, e havia muitos.
O homem claramente tinha interesse em sua higiene pessoal.
Jake se vestiu com as roupas que usou antes do sexo, e não
tinha certeza de como se sentia sobre isso, antes de sair do quarto.
Não precisava ficar lá, certo? Não. Ele era de Glendon... o que
quer que fosse. Não um prisioneiro. Então isso significava que podia
andar sem ninguém incomodá-lo sobre isso.
Queria encontrar Parker de qualquer maneira. Talvez ainda
estivesse lá embaixo? Jake não ouviu o homem gritando de nenhuma
das portas fechadas.
Ainda tinha alguns problemas sobre como isso iria funcionar,
estar acasalado com um lobo de verdade, e sabendo que existiam
vampiros. Ainda esperava acordar, mas como ainda estava preso nesse
sonho, poderia procurar seu irmão.
A casa parecia vazia. Exceto por Nate. Jake encontrou-o na
cozinha, colocando os pratos na lava-louças.
— Oi.
Nate olhou para cima.
— Oh, oi, — disse ele.
Não foi hostil, mas também não foi acolhedor. O homem soou
como se quisesse ficar sozinho.
— Estava... uh, me perguntando para onde Glendon foi?
— Para o escritório dele.
Jake coçou a nuca com a resposta concisa.
— Certo, faz sentido, porque ele tinha uma ligação para atender
certo?
— Com a rainha vampira, sim.
Era assim com todos, ou apenas Jake?
Jake engoliu, e achou que poderia tirar essa próxima pergunta
do caminho.
— Você não é realmente um escravo, não é?
Nate olhou para ele. Seus olhos estavam escuros, sua boca uma
linha firme.
— Quero dizer, quando disse que era, porque eu só quero ter
certeza de que você está bem. Você sabe?
Quanto mais o homem olhava para ele, mais Jake gostaria de
nunca ter dito nada para começar. Não deveria ter dito nada para
começar. Quão estúpido poderia ser para fazer uma pergunta dessas?
— Não sou um escravo, — disse Nate, voltando sua atenção
para a máquina de lavar louça. — Só tenho que fazer toda a limpeza por
aqui.
— Oh, bem, então você trabalha para eles.
— Não sou pago por isso, se é isso que você está perguntando.
Ele não estava perguntando, e não ser pago pelo seu trabalho
parecia meio que... ruim, para dizer o mínimo.
— Desculpe.
— Não se desculpe. Você não fez nada.
Jake não entendia isso. Nate não parecia exatamente feliz, mas
não teve que olhar para o homem por muito tempo para ver que ele
claramente não tinha correntes em qualquer lugar. Estava sozinho aqui,
e ainda assim não estava correndo, tentando fugir.
— Você realmente não pode controlar a sua, uh, mudança?
Nate olhou para ele, novamente, e desta vez Jake poderia dizer
que o homem queria que o deixasse. Jake estava irritando-o.
— Desculpe, não deveria ter perguntado.
— Não, você não deveria, — disse Nate. — Não tem outra
pessoa nesta casa para conversar? E aquele garoto ruivo de boca
grande?
Garoto? Isso foi estranho. Jake tinha vinte e dois anos e Parker
tinha vinte e três. Nate não parecia mais velho do que eles. Chamá-los
de garotos parecia um pouco insultuoso.
— Não sei onde ele está, — disse Jake, tentando o seu melhor
para ignorar a crescente raiva dentro dele. Queria manter a paz aqui. Ele
era novo e Nate claramente vivia aqui mais do que Jake. — Você sabe
onde ele foi?
Nate deu de ombros.
— Pode estar na sala de jogos.
Como se Jake soubesse onde isso estava.
— Ou ainda poderia estar com Fergus. Vá pelo corredor em
frente daqui. Encontrará a biblioteca, onde Glendon e o grupo gostam de
receber todas as suas ligações secretas. Ele pode estar do lado de fora,
esperando que Fergus termine.
— Eles não precisam estar sempre perto um do outro, certo? —
Jake definitivamente não viu Parker quando Fergus o viu nu na cama. —
Quero dizer, essa coisa toda de alfa é apenas um conjunto de regras,
certo?
Nate olhou para ele. Jake recuou um passo.
Certo. Esgotou o número de perguntas que podia fazer. Jake
rapidamente agradeceu ao outro homem e se virou para sair. Sentiu o
calor do olhar de Nate na parte de trás de sua cabeça enquanto se
afastava. Nate definitivamente não gostava dele.
Jake desejou saber o que fazer sobre isso. Não aguentava
quando alguém o odiava e não sabia por quê.
Não queria se preocupar com isso agora. Não quando Parker
estava nesta casa em algum lugar, provavelmente ainda se recuperando
da revelação que recebeu.
Tinha que encontrá-lo, porque Jake também ainda estava se
recuperando dessa nova revelação. Não queria passar por tudo isso
sozinho. Queria seu melhor amigo com ele. Queria saber o que Parker
pensava de tudo isso, e queria ter certeza de que o homem ainda estava
são.
Jake foi pelo corredor oposto. Não entendia por que Parker
ainda estaria perto de Fergus se não precisasse estar. Parker não era o
tipo de pessoa que gostava de fazer qualquer coisa se não quisesse
fazer.
Jake achava que essa era uma das razões pelas quais ele era
capaz de administrar seu próprio negócio e jogar videogames por
dinheiro online, sem enlouquecer com a falta de um salário fixo. O
homem odiava trabalhar e preferia trabalhar para si mesmo.
Esse tipo de vida provavelmente deixaria Jake louco.
Então, não entendia por que Parker iria querer ficar perto de
Fergus até que viu o homem.
Jake virou a esquina e parou quando viu Parker, encostado na
parede.
Não, não encostado na parede. Estava pressionando o ouvido
em uma porta, ouvindo.
Jake sacudiu a cabeça. É claro que seu irmão estaria espionando
a conversa acontecendo lá dentro. Essa era provavelmente a biblioteca.
Jake se aproximou dele. Deu uma palmada no ombro de Parker
e teve que admitir que era incrivelmente divertido o modo como Parker
saltou noventa centímetros no ar. Foi um pequeno milagre quando o
homem também não gritou.
Parker apenas virou-se. Seus olhos brilhavam, largos e em
alerta.
Pareceu relaxar quando percebeu quem estava atrás dele.
Parker o abraçou. Jake ficou feliz em abraçar o homem de volta.
— O que você faz...
— Shhh! — Parker sussurrou. Olhou para a porta. O mesmo
aconteceu com Jake.
Certo. Parker queria ficar em silêncio.
— Não acho que deveríamos estar fazendo isso.
Parker revirou os olhos. Sempre disse que Jake era muito idiota
quando eram crianças.
Bem, tanto faz. Jake não achava que espionar as pessoas que
as hospedavam era uma ótima ideia.
Parker, no entanto, não parecia ter o mesmo problema. Colocou
a orelha de volta na porta, sinalizando para Jake fazer o mesmo.
Jake sacudiu a cabeça.
— Não acho que devemos.
Parker gesticulou para que fizesse isso de novo, desta vez com
um pouco mais de raiva. Jake mordeu o interior de sua bochecha, e
então relutantemente fez como lhe foi dito.
Não tinha certeza de quanto da conversa tinha perdido, mas
Glendon não parecia estar falando ao telefone. Ele, e todos os outros
naquela sala, pareciam conversar.
— Tem certeza que ela disse isso? — Isso soou como Fergus. —
Não parece com ela. É uma armadilha.
O grunhido de resposta de Glendon mostrou o quanto
concordava com esse sentimento.
— Ela disse que quer paz. Quer se encontrar.
— Para nos matar, — disse Hugh. — Vamos lá, me diga que você
não está acreditando essa merda. Ela mandou grunhidos atrás do seu
companheiro!
— Eu sei.
— E do ruivo, — acrescentou Fergus.
Jake olhou para Parker. Parker mal parecia impressionado por
ser chamado de ruivo. Como se Fergus não soubesse o nome dele.
O que ele fez.
— Concordo com todos vocês. Isso é uma armadilha de algum
tipo, mas preciso investigar.
Ronan respondeu em seguida.
— Acho que ela só nos quer fora de suas costas para que possa
manter todos os seus pequenos familiares humanos.
Familiares O que eram eles?
O silêncio veio em seguida. Quando Glendon respondeu, ele
parecia resignado.
— Essa é a resposta provável, mas se a deixarmos manter essas
pessoas for a resposta para a paz entre a matilha e sua colmeia, que
escolha temos?
Jake piscou. Não sabia muito sobre o que os vampiros eram ou
por que Glendon e sua matilha estavam constantemente lutando com
eles, mas isso soava horrível como se uma batalha tivesse sido perdida.
Glendon estava disposto a deixar um monstro manter reféns
humanos para que ele não tivesse que lutar? A decepção azeda correu
por ele com o pensamento. Jake esperava melhor de seu companheiro.
Nem sabia por que pensará isso. Não era como se ele e Glendon se
conhecessem.
Fergus, no entanto, parecia mais do que chateado. Algo bateu.
Jake pensou que fosse o punho dele contra uma parede ou uma mesa.
— Isso é uma merda!
— Fergus.
— Não! Você não fará isso! — Jake e Parker puxaram os ouvidos
para longe da porta quando ela saltou de seus ouvidos.
Ele deve ter socado a porta. Esse tipo de dor.
— Estamos lutando essa guerra há mais de cem anos! Aquela
vadia levou as pessoas de nós! E você só vai deixá-la andar por cima de
nós agora? É isso?
— Claro que não!
— Então o que diabos está acontecendo?
— Estou com Fergus sobre isso, — disse Orin. — Você deve ter
cuidado em confiar nela.
Havia uma escuridão em sua voz que Jake não podia descobrir.
Claro, isso era provavelmente porque não conhecia as pessoas por aqui
muito bem.
Fergus se apegou a isso e continuou gritando.
Glendon estava gritando agora, gritando com raiva, do tipo que
Jake e Parker não ousavam colocar a cabeça em qualquer lugar perto da
porta porque não precisavam mais ouvir o que estava acontecendo lá.
— O que está acontecendo é que tenho um companheiro agora
e vou ter um filho a caminho, seu idiota! Não posso ter uma luta perto
de Jake!
Parker franziu a testa.
— Você vai adotar um bebê?
Jake ficou tenso. Merda. Como ele deveria explicar isso para
Parker? Não achava que acreditava plenamente em si mesmo e, no
entanto, agora...
A porta se abriu. Glendon estava lá, olhando para Jake e Parker
como se não estivesse surpreso ao vê-los.
Jake sentiu um pequeno músculo ao longo do canto do seu olho
contorcer.
— Uh, oi?
Glendon suspirou, balançando a cabeça.
Fergus chegou perto dele e os olhos do homem brilharam ao ver
Parker.
— Eu lhe disse para não nos espiar!
— Eu não estava! — Parker mentiu, e talvez Fergus também o
tenha sentido, porque quando estendeu a mão para pegar Parker, Parker
correu para o corredor.
Fergus correu atrás dele.
Jake assistiu, meio que impressionado quando Parker conseguiu
ficar fora de alcance. Ele olhou para Glendon.
— Fergus não vai machucá-lo, certo?
Glendon sacudiu a cabeça.
— Não, não muito, de qualquer maneira.
— Não muito?
Glendon olhou para Jake, como se estivesse arrependido de ter
essa conversa.
— Venha aqui, isso envolve você também, de qualquer maneira.
Jake hesitou e entrou na biblioteca.
Iria aprender mais sobre o mundo dos lobisomens, quer
gostasse ou não, aparentemente.
Capítulo 10

— Você tem certeza?


— É o quinto, sabe? — Jake fez o teste de gravidez. Parker fez
uma cara de nojo e recuou.
— Não estou tocando isso! Você mijou nisso!
— Sim, sem brincadeira. Isso é o que deve fazer com um teste
de gravidez!
Parker esfregou os olhos, afastando-se dele, andando de um
lado para o outro.
— Isso é uma loucura. Como pode estar grávido? Pensei que era
uma piada estúpida que estava fazendo. Agora está me dizendo que
realmente... de onde isso vai sair?
Parker fez um gesto vago para a barriga de Jake. Ainda estava
plana, mas depois de ver tudo o que tinha visto, tendo tudo explicado
para ele, e fazendo sete testes de gravidez, porque ele só tinha feito
cinco com Parker e não ia contar ao homem sobre os outros dois, teve
que desistir.
Estava grávido com o bebê de um lobo alfa.
Sua vida estava oficialmente fodida.
— Não sei de onde é suposto vir. Nunca pensei em perguntar a
Glendon sobre isso, mas acho que tem que sair eventualmente, certo?
— Talvez você tenha que abrir.
— Não quero pensar sobre isso.
— Ou você poderia cuspir como um ovo. Como em Dragon Ball,
certo?
— Por favor, pare de falar. — Jake olhou para o homem que
considerava um irmão. — Você está fazendo meu estômago revirar.
Parker parecia um pouco divertido para o gosto de Jake naquele
momento. Ele realmente começou a rir.
— Desculpe, mas se pensar sobre isso, é meio engraçado.
— Como isso é engraçado?
Parker deu de ombros.
— Não sei. Você é um cara grávido. Quer dizer, a menos que
seja um cavalo-marinho ou algum tipo de sapo mutante, essa deve ser a
primeira vez na história da humanidade que aconteceu algo assim,
certo?
— Bem, a menos que outro shifter fizesse isso com outro
homem. Pelo que sabemos, isso está acontecendo há séculos.
O pensamento veio a ele, mas Jake não teve nenhum conforto
nisso. Teve que deixar seu emprego, sua vida tinha sido revirada e agora
seria pai.
Nem sabia se queria filhos, e agora seria o único que os
carregaria. Era muito para absorver, em tão pouco tempo.
Sentou-se na cama. A cama que compartilhava com Glendon.
Parker ficou em pé um pouco antes de se juntar a ele. Colocou a mão
nos ombros de Jake.
— Você está bem?
— Sim, eu acho, — disse Jake. — Simplesmente não sei como
me sentir sobre tudo isso. Você e eu estamos vivendo em uma mansão
real agora, e todo mundo é shifter ou algum tipo, eles são todos
guerreiros, provavelmente mataram pessoas antes.
— Com certeza Fergus fez.
— O quê? — Jake olhou para Parker. — Ele lhe contou isso?
Parker encolheu os ombros e depois estreitou os olhos para
nada em particular.
— Você pode simplesmente dizer que sim. Ele vive dizendo, que
sou um idiota maldoso, e quer ficar longe de mim. Com certeza esse
cara tem uma história trágica, certo.
— Que diabos você está falando? Quer dizer, acha que ele faria.
Todos nesta casa têm centenas de anos. Devem ter feito algumas coisas.
— Exatamente, e eu estaria disposto a apostar minhas
economias de vida que ele definitivamente matou algumas pessoas.
— Sua economia de vida não é muito.
— Uh huh. — Parker recostou-se em suas mãos. — E isso só vai
diminuir se não ter meu computador de volta em breve. Não estou online
há dias. Estou honestamente tendo sintomas de abstinência.
Jake nunca entendeu muito sobre a carreira escolhida por
Parker, mas sabia que era importante para ele.
— É realmente tão ruim se não transmitir ao vivo por tanto
tempo?
— Com certeza, e porque não tenho dito às pessoas o que tenho
feito. Não lhes dei um aviso. Eu deveria fazer o Leviathon Raid e postar
isso duas semanas atrás.
Parecia difícil acreditar que eles estivessem aqui por tanto
tempo. Glendon mandou alguns de seus homens de volta para a casa
onde Parker e Jake estavam morando para pegar suas coisas, e ele e
Parker haviam se mudado oficialmente para cá.
Exceto que Parker não tinha permissão para acessar seu
computador ou seu equipamento. Glendon não queria arriscar que algo
particular o fizesse aparecer na frente de centenas de pessoas na
Internet.
Provavelmente uma visão de um vampiro, ou um lobo gigante
passando.
Jake entendeu a necessidade de sigilo, mas ainda assim...
— Vou falar com Glendon quando voltar hoje à noite. Tenho
certeza que ele está apenas esperando até ter certeza sobre você.
— Não posso ir a qualquer lugar de qualquer maneira, então
não sei o que ele está esperando. Basicamente estou preso aqui.
— Certo, você tem certeza de que não quer falar sobre o que
aconteceu? Quero dizer, se o seu corpo está mudando...
— Até onde estamos indo com esse assunto, — disse Parker
rapidamente, levantando-se da cama. — Nunca precisei da conversa
sobre puberdade quando era criança, e não preciso agora do meu irmão
mais novo.
— Sou cinco meses mais jovem do que você.
— Jovem o suficiente para eu não precisar da conversa. Já é
ruim o suficiente Fergus me observar como um falcão sempre que ele
está por perto.
Parker foi até a cômoda. Pegou o relógio de Glendon e
examinou-o.
Jake decidiu não se intrometer. Não queria incomodar muito
Parker, não quando o homem já estava passando por tanto.
Se não fosse por Jake, aqueles vampiros provavelmente não
teriam se incomodado em encontrar a casa deles. Parker acabara na
jogada por que queriam pegar Jake.
Agora Parker estava aqui. Fergus era seu alfa, e Parker estava
mudando de formas estranhas que não queria falar com Jake.
Ele se transformou em lobo? Ou estava apenas com vontade de
comer carne crua e com ódio por gatos?
De acordo com Nate, poderia ser qualquer um dos sintomas
diferentes, e Nate não parecia feliz em contar.
Jake suspirou. Não sabia o que mais deveria dizer, mas de
repente Parker desviou sua atenção do relógio. Ele abaixou e olhou para
a janela.
— Seu namorado está vindo para casa.
— Ele está? O que?
Jake se levantou da cama e foi até a janela. Deu uma olhada lá
fora.
— Ninguém está lá.
— Dê um minuto.
Jake o fez, e ficou surpreso quando duas motos e outro SUV
apareceram pela longa entrada.
Jake olhou de volta para Parker. Supôs que ele poderia
mencionar que a super audição não era normal para os humanos, mas
apontar isso poderia apenas irritá-lo, lembrando-o de sua mordida.
— Esse foi um bom palpite.
— Sim, — disse Parker. — Devemos descer e cumprimentá-los.
Jake queria ver Glendon. Ficou preocupado quando o homem
saiu esta manhã, mas estava feliz agora que seu companheiro estava em
casa.
— Você não precisa descer se não quiser. Sei que você prefere
evitar Fergus.
— Não, eu vou com você, — disse Parker, como se não fosse
nada.
Mas esta não era a primeira vez que Parker se ofereceu para ir
com ele para cumprimentar os lobos quando voltaram.
Jake teve a sensação de que tinha algo a ver com Fergus, já que
era agora o alfa de Parker. Jake simplesmente não queria dizer nada
assim porque não queria mencionar algo doloroso para seu amigo.
O que Jake achava que estava lidando, sabia que Parker estava
lidando com o mesmo.
Jake desceu as escadas. Não tinha vergonha de admitir que
estava praticamente correndo para cumprimentar seu companheiro.
Quanto mais tempo ele estava nesta casa, mais fácil era para
pensar em Glendon como seu companheiro, e não apenas alguém que
estava vendo. Gostava de Glendon. Quanto mais Jake sabia dele, mais
gostava.
Praticamente correu escada abaixo apenas para que pudesse
chegar à porta assim que o SUV estacionou.
Glendon sorriu para Jake de sua moto, empurrando o suporte
antes de se levantar.
A barriga de Jake deu uma reviravolta engraçada.
Parecia pensar que era tão sexual quanto o inferno quando
Glendon estava em sua moto, levantando-se de sua moto ou de pé ao
lado de sua moto. A jaqueta de couro, os óculos escuros e o jeans só
aumentavam a aparência.
Desde que Jake apontou que a maioria das roupas de Glendon
eram pretas, Glendon passou a usar jeans e camisetas brancas. Ainda
claro. Não havia nada de decorativo nelas, mas tudo o que precisava
fazer era usar o cabelo com gel e então o visual de James Dean estaria
completo.
— Eu, uh, como foi? — Quase disse a Glendon que sentia sua
falta, mas segurou de volta. Jake não estava pronto para dar muito de si
mesmo. Ainda.
Mas era tão difícil quando o homem estava ali, e seus dentes
brancos pareciam perfeitos quando sorriu para Jake.
— Assim como pode ser esperado com os vampiros.
— A rainha lhe deu algum problema?
Glendon subiu os três degraus de pedra, então estava perto de
Jake, tomando suas mãos.
Estavam quentes, e agora Jake sentiu um arrepio nas mãos e
nos braços, antes de se espalhar para o resto do corpo.
— Está tudo bem.
Jake engoliu em seco. Não conseguia parar de olhar para os
lábios de Glendon quando falava assim.
Algo o atingiu, e Jake sabia o que era agora.
Segundo Glendon, ele ainda sentiria períodos de intensa
necessidade sexual. Isso continuaria acontecendo por causa de seu
recente acasalamento, mas também seria um leve efeito colateral para o
bebê crescendo dentro dele.
O calor no corpo de Jake atingiu sua barriga quando Glendon
tocou seu estômago.
— Como está meu pequeno garoto?
— Tudo bem, — Jake guinchou, limpou a garganta e repetiu. —
Tudo bem, estamos bem.
Jake olhou para o lado, notando enquanto Parker estava de pé,
braços cruzados na frente de Fergus.
O alfa alto olhava de volta para ele. Nenhum dos dois parecia
feliz em ver o outro, e, no entanto, Parker sempre fazia isso, sempre
descia para dar as boas-vindas ao homem de volta.
Um lembrete de que eles estavam basicamente sendo forçados
juntos.
Pelo menos não era um acasalamento. Jake tinha conseguido
ficar um pouco menos triste com a maneira como as coisas tinham
corrido para ele e Glendon. Só porque Glendon tinha sido forçado a
acasalar com alguém que não queria, não significava que tudo tinha que
ser ruim.
Eles se davam melhor do que Parker e Fergus faziam, no
mínimo.
— Então, acha que vai ter que ir a mais alguma reunião com a
rainha vampira?
— Só mais uma com certeza, — disse Glendon, — e então tudo
ficará bem.
— Explique novamente por que os vampiros não podem vir
aqui? — Parker disse, afastando-se de Fergus, como se tivesse pegado o
que precisava do homem e não mais exigisse seus serviços. — Algum
tipo de campo de força, certo?
Glendon suspirou.
— Não, isso não foi o que eu disse. É o cheiro. Eles sabem que
existem alfas poderosos aqui. Zoella não ousaria mandar seus grunhidos
aqui porque eles a desobedeceriam aqui. Praticamente seriam forçados a
isso.
— Por causa do campo de força, — disse Parker. — Certo.
Glendon sacudiu a cabeça. Fergus surgiu por trás de Parker e
bateu na cabeça dele, o que quase o fez perder o equilíbrio.
— Ow!
— Pare com isso, — rosnou Fergus. — É desrespeitoso.
— Você acabou de me bater!
Os olhos de Fergus brilharam.
— Você quer que eu faça de novo?
Parker realmente rosnou de volta para ele. Rosnou como um
animal, antes de repente sorrir, limpando a coisa toda como se não fosse
nada.
— Tanto faz. Você teria que me pegar antes para poder fazer
isso de novo.
— Acha que eu não posso? — Fergus se adiantou.
Parker recuou.
— Continue trabalhando duro para superar as pessoas menores
que você. Tudo que precisa é ser um batedor de esposa e a aparência
está completa.
— Pelo menos sabe que você é a esposa nessa situação.
O sorriso derreteu da boca de Parker.
Até mesmo Jake teve que admitir, ele caminhou direto para isso.
— Uh, Glendon, você acha que eu e você podemos conversar
agora? Sozinhos?
Poderia pedir ao seu companheiro que devolvesse o computador
a Parker. Pelo menos quando havia um controlador em suas mãos,
Parker estava mais propenso a manter a boca fechada, e Jake não queria
que ele dissesse mais alguma coisa que provocasse a ira de Fergus.
Glendon assentiu.
— Claro, e Fergus, não abuse muito dele. Ele é da família agora.
— Talvez, — Fergus disse, e desta vez cruzou os braços, olhando
para Parker como se houvesse algo errado com ele. — Não acho que o
mordi profundamente o suficiente. Um ômega não deveria agir dessa
maneira para o alfa dele.
— Ajo assim com todos, — disse Parker. — É como eu mostro
meu amor.
Fergus abriu a boca e depois fechou novamente.
Como se ele não pudesse decidir se era uma coisa boa ou ruim
que Parker mostrasse qualquer tipo de amor para ele, não importava o
quão irritante pudesse ser.
— Apenas certifique-se de não o machucar se vai colocá-lo no
lugar dele.
— Espere, o que? — Jake perguntou. Isso não era o que ele
queria também.
Fergus sorriu.
— Posso pegar uma lista telefônica. Essa é uma boa maneira de
evitar contusões, não é?
— Idiota, — Parker murmurou.
— Ok, tudo bem. — Jake teve o suficiente. — Parker, tente não
irritar todo mundo, por favor? Estou tentando mantê-lo vivo aqui?
— Bem, como devo me divertir por aqui quando não posso ter
meu computador de volta?
Jake não podia acreditar.
— Você está me dizendo que tem contrariado Fergus por
diversão?
Os olhos de Parker se arregalaram. Olhou para Fergus, que de
repente parecia pronto para explodir.
Os outros alfas, que Jake havia esquecido, sorriram e recuaram.
Parker saiu correndo. Fergus perseguiu-o, agitando os punhos e
gritando todo o caminho.
— Não acho que você deveria ter dito nada, — disse Glendon
suavemente, sua mão pousando no ombro de Jake.
Jake assentiu.
— Certo. Não sou tão bom em guardar segredos.
Principalmente porque sempre que tentava, acabava abrindo
sua boca grande e estúpida em algum momento.
— Segredos, — disse Glendon, como se estivesse testando a
palavra em sua língua.
Ele olhou para Jake.
Jake franziu a testa ao olhar em seus olhos. Não entendeu, e
tinha certeza que não queria, mas o jeito que Glendon olhava para ele...
— Há algo que eu deveria dizer a você, na verdade.
O coração de Jake apertou.
— Outra coisa que preciso saber? — Mal podia esperar por isso.
— O que, meu bebê vai me comer para sair fora de mim e me matar?
— O que? Não! — Glendon pareceu horrorizado no início, e
então olhou para Jake como se fosse o louco em tudo isso. — É isso que
realmente acha que vai acontecer?
— Não sei, eu acho, — disse Jake. — Não sei nada sobre
ninguém aqui. Ou qualquer coisa. Vampiros e lobisomens são inimigos
mortais e ninguém parece entender o porquê, mas você vai tomar um
chá com sua rainha malvada. Fergus quer bater a merda fora de Parker,
mas você quer ter certeza de que não é muito, o que quer que isso
signifique. Não sei nada sobre a maneira como tudo funciona por aqui.
E odiava isso.
Glendon suspirou.
Jake olhou para os outros alfas por perto, e se sentiu mal, como
se estivesse sendo ingrato pela hospitalidade que recebera desde que o
trouxe para casa.
— Sinto muito. Eu não estou tentando parecer ingrato ou
qualquer coisa, mas é muito... novo.
— Não se preocupe com isso, — disse Hugh, sorrindo.
Por que Parker não poderia ser companheiro dele? Suas
personalidades estavam mais próximas do que Parker e Fergus jamais
estariam.
Hugh olhou para o irmão.
— Uh, vou arrumar tudo para esta noite?
Glendon assentiu.
— Vou cuidar disso.
Glendon colocou a mão no ombro de Jake, virando-se não
voltando para a casa, mas parecia estar levando Jake para os fundos.
— O que está acontecendo? Você tem que sair de novo esta
noite?
Glendon assentiu.
— Sim, e... sinto muito, bebê. Eu ia mentir para você sobre o
porquê.
Ele ia? O coração de Jake começou a bater.
— Você não tem secretamente outros companheiros, não é?
— O que?
— Quero dizer, outras pessoas que você mordeu e engravidou?
Porque, se é para onde está indo, vou ligar para a cafeteria e pedir meu
emprego de volta e ir para casa.
Jake pensou que ele tinha sido bastante compreensivo sobre
tudo até este ponto. Lobisomens, gravidez masculina, vampiros tentando
matá-lo e ao seu irmão, mas descobrir que Glendon tinha um harém
inteiro esperando por ele em outra mansão, então Jake iria colocar o pé
no chão e terminar as coisas agora.
Mesmo que sentisse seu coração lentamente se acabando por
pensar nisso.
Porque não levou duas semanas para saber o que aconteceu
com ele. Soube no primeiro dia que acordou que estava apaixonado por
Glendon.
Por estar apaixonado por ele, Jake não correu pelas colinas na
primeira vez que viu Glendon se transformar em sua forma de lobo.
— Bem, — Glendon começou, coçando a parte de trás de sua
cabeça. — Não sei o que é pior. Que você pensa tão pouco de mim, ou
que o que estou prestes a dizer é possivelmente pior.
O estômago de Jake afundou.
— Ótimo.
Glendon levou-o ao banco. Ele havia sido colocado no meio do
gramado. A grama era perfeitamente verde e macia, e Jake tinha certeza
de que podia ver um coelho na beira da linha da propriedade,
mastigando algumas folhas.
Então pensou em algo.
— E não tente me fazer sentir culpado por pensar que você
pode estar me traindo. Não é como se eu soubesse alguma coisa de você
ou o que é ser um lobo ainda significa. Estamos juntos há duas semanas
e mal te conheço.
E isso parecia machucá-lo mais. Jake odiava que tinha muito
pouco para trabalhar quando se tratava desse homem que poderia
esmagar seu coração com um pequeno aperto de mão.
— É justo. — Glendon sentou próximo a ele. O calor do seu
corpo era reconfortante. Jake percebeu que esta poderia ter sido a
primeira vez que sentaram assim desde que Jake chegou. As únicas
outras vezes em que conseguia apreciar a força do homem e o corpo era
quando estavam na cama.
A céu aberto, roupas, era algo completamente diferente. Jake
apoiou a cabeça no ombro de Glendon.
Glendon manteve as mãos cerradas em punhos nos joelhos.
— Não tenho falado em paz com a rainha. Nós estamos indo
para a guerra.

Capítulo 11

Jake precisava estar... longe de Glendon. Só por um tempinho.


Ouvir que o homem estava mantendo em segredo uma guerra
por todo esse tempo, que estava correndo por aí, esgueirando-se,
fazendo planos, tudo sem dizer nada, o enfureceu e o assustou.
Glendon não chamou Jake quando ele se afastou do homem.
Ficou onde estava, sentado no banco do gramado.
Ele queria ficar sozinho. Não, talvez não sozinho. Queria
encontrar Parker. Será que Parker conseguiria conversar com ele agora?
Parecia estar meio que fugindo de Fergus.
Merda.
Jake esfregou as palmas das mãos contra os olhos.
Uma guerra. Uma maldita guerra.
As guerras deveriam ser contra os países. Não deveriam estar
entre vampiros e lobisomens.
Glendon disse que escondeu de Jake, porque ele ainda era tão
novo para tudo isso. Não queria que se estressasse, especialmente com
o bebê a caminho.
O estômago de Jake revirou. Agarrou sua barriga. Sentiu
vontade de vomitar agora.
Talvez fizesse. Jake se inclinou para o lado da casa, respirou
fundo, forçando-se a não ficar doente.
Por favor, não fique doente.
Se ia vomitar, não queria fazer isso aqui. Se ele vomitasse bem
aqui, Glendon iria ouvir, ver, provavelmente sentir o cheiro, e iria querer
ir até Jake e ter certeza de que ele estava bem.
Jake estava começando a gostar da natureza protetora do
homem. Agora não queria nada disso.
Glendon estava pronto para esconder algo tão importante
quanto uma guerra, morte e destruição, de Jake.
Que merda Jake deveria fazer com informações como essa?
Voltou para a frente da casa. Desejou ter uma audição excelente
como Parker aparentemente tinha. Dessa forma, poderia descobrir onde
o homem estava. Até agora, não viu nenhum sinal dele.
Parker estaria se escondendo de Fergus, ou estava dentro sendo
gritado, talvez até atingido por ele.
Isso era outra coisa, quando diabos Jake ficou bem com seu
melhor amigo e irmão sendo abusado por um cara assim? Fergus era seu
alfa, e daí? O que isso significava? O que isso significava?
— Qual é o seu problema?
Jake deu um salto para trás. Nate tinha se esgueirado sobre ele.
Jake nem percebeu que o homem estava parado ali.
— Jesus Cristo!
Os olhos de Nate se arregalaram, então zombou.
— Tudo bem, Deus, estava só perguntando.
Ele virou. Jake estendeu a mão, agarrando-o pelo ombro.
— Não, espere, eu sinto muito mesmo. Não quis dizer isso. Eu
só...
Nate continuou a olhar para ele com olhos que eram menos do
que simpáticos, mas Jake simplesmente não podia deixar isso passar.
— Desculpe. Estou apenas estressado.
— Por causa da próxima guerra com vampiros?
Todos na casa sabiam disso, exceto ele? A próxima coisa que
descobriria era que Parker também sabia disso.
— Sim algo assim.
Ele olhou para baixo, percebendo que Nate estava segurando
algumas ferramentas de jardinagem. Luvas e um balde cheio de
minúsculas pás e ancinhos.
— Você vai trabalhar nas flores?
— Arrancar ervas-daninhas.
— Você quer ajuda? — Jake não tinha conseguido se aproximar
de Nate. Queria que isso mudasse.
Parker sempre o acusava de ser covarde, e nada social, mas o
que Parker sabia quando sua ideia de socialização vinha de olhar para
uma câmera e conversar com pessoas que não podia ver?
Nate suspirou e revirou os olhos.
— Certo. Venha comigo.
Ele não parecia muito entusiasmado com isso, mas pelo menos
não era um insulto ou uma dispensa.
Jake o seguiu.
Os canteiros de flores se alinhavam na calçada e ficavam em
frente à própria casa, sob o pátio e ao longo da lateral da garagem.
Nate o levou lá.
— Você deveria dar um tempo ao seu companheiro por esconder
isso de você. Ele estava apenas protegendo-o.
— Ao mentir para mim sobre algo importante. Entendo.
— Uh huh, aqui, coloque isso. — Nate jogou-lhe um par de
luvas. — Não tenho vindo aqui há algum tempo e essas ervas daninhas
tendem a ter espinhos.
Sem brincadeiras. Jake olhou, e isso era praticamente tudo o
que podia ver. As ervas daninhas tinham basicamente ultrapassado as
flores até o ponto onde agora as tulipas eram as estranhas.
— Só queria que tudo isso não fosse tão estranho.
Nate se ajoelhou, colocando as luvas e pegando uma dessas
pequenas pás.
— Bem, supere, porque ficará mais estranho. Você vai dar à luz
a um herdeiro alfa, talvez até dois deles. Gêmeos tendem a ser comum
para shifters.
O mal-estar voltou.
— Mesmo?
— Você não notou que Orin e Orion são parecidos? Ou que seus
nomes estão próximos?
Só pensou que fossem irmãos normais, assim como Hugh e
Glendon eram. Mas os gêmeos nem sempre precisavam se parecer
exatamente, ele supunha.
— Certo, eu deveria ter visto isso, — ele disse. — Uh, obrigado
por me deixar fazer isso com você.
— É uma tarefa, — disse Nate. — Não é um exercício divertido.
Jake abaixou a cabeça para isso. Sabia agora que Nate não era
o cara mais amigável do mundo. Ele se perguntou por quê.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Você pode, se começar a arrancar as ervas daninhas.
— Justo. — Jake pegou uma, e como não sabia o que fazer,
apenas começou a segurar os lados, pegando as raízes antes de puxar.
— Quem é seu alfa? Os caras disseram que ninguém aqui te fez.
Ninguém parece estar no controle de você.
— Como com Parker.
O jeito que Nate olhou para ele deixou Jake saber que havia
tocado um ponto dolorido.
— Desculpe. Não deveria ter perguntado.
Nate continuou a olhar para ele por vários longos segundos
antes de voltar a puxar as ervas daninhas e limpar o espaço.
— Meu alfa morreu. Isso é tudo que precisa saber. Orion tenta
compensar, mas... é difícil para ele. Ele não me mudou.
— Oh, eu sinto muito mesmo.
Estava na ponta da língua de Jake para perguntar como isso
aconteceu, mas parou antes que pudesse deixar esse isso sair.
Certo. Lobisomens que estavam em uma luta até a morte com
vampiros não deixavam muitas opções de como algo assim poderia
acontecer.
Um vampiro provavelmente fez isso.
Pelo menos Glendon e sua matilha estavam cuidando de Nate.
Isso significava quem quer fosse seu alfa teria sido deste bando? Ou,
não, Jake tinha certeza de que ouvira de alguém que o alfa de Nate era
de um bando de fora. Estava certo de que ouvira isso antes de alguém.
Alguém seria capaz de cuidar de Jake se algo acontecesse com
Glendon? E quanto a Parker? E se algo acontecesse com Fergus? Parker
estava mudando e precisava de alguém para cuidar dele da mesma
forma que este bando cuidou de Nate.
Jake ficou impressionado com a sensação de ser ... egoísta.
— Este bando cuida das pessoas, não é?
— Quando for preciso, — disse Nate, recusando-se a olhá-lo. —
Não se preocupe com o seu filhote. Se alguma coisa acontecer com
Glendon, Hugh se certificará de que você e o bebê sejam cuidados. Se
alguma coisa acontecer com Hugh, Fergus fará isso.
— O que acontece se o bando inteiro for eliminado?
— Então estamos todos fodidos.
O coração de Jake doeu.
— Isso não vai acontecer, no entanto. Certo?
— Ainda não aconteceu, — disse Nate.
Por que ele tinha que soar como se não importasse de uma
forma ou de outra? Ele queria morrer?
De repente, Jake sentiu a necessidade de estar o mais longe
possível de Nate. Ele era muito deprimente, muito indiferente.
Jake não queria sair imediatamente, então puxou as ervas
daninhas por mais dez minutos antes de inventar alguma desculpa sobre
precisar ir. Mentiu e disse que estava se sentindo mal e saiu correndo
dali.
Não tinha certeza se Nate percebeu que ele havia saído.
Jake respirou fundo quando voltou para a casa com ar
condicionado.
Isso era quase demais. Quando Jake iria aprender que Nate
queria ficar sozinho?
Indo no banheiro do térreo, lavou as mãos, jogou água fria no
rosto e depois se olhou no espelho.
Mesmo que falar com Nate tenha sido... um exercício, ainda
tinha ajudado em algo.
Glendon era um bom homem. Sua matilha era composta de
pessoas boas. Cuidavam um do outro. Cuidaram de Nate, e Fergus,
apesar de estar irritado com isso, e meio que era malvado, iria cuidar de
Parker.
Jake não deveria ter perguntado. Quando pensou sobre isso,
suas perguntas foram meio cruéis. Certamente não teria gostado se Nate
tivesse começado a investigar por que ele e Parker não eram parecidos
com os irmãos.
Jake ainda tinha que dizer a Glendon que Parker não era seu
irmão verdadeiro. Eram irmãos adotivos.
Fosties1, como Parker gostava de chamar, mas isso era apenas
porque ele era um idiota.

Parecia muito pessoal, mas, ao mesmo tempo, se Nate não ia


compartilhar nada, e iria guardar seus segredos, então era realmente
justo ele fizesse o mesmo quando se tratava do que ele mantinha de
Glendon?
Jake não disse que o amava. Glendon dizia isso a ele o tempo
todo.
Sentindo-se culpado, Jake se decidiu. Estava indo para lá e
falaria com Glendon. Iria pedir desculpas, dizer ao homem que tudo
estava bem e que o apoiava. Ele estava prestes a fazer algo perigoso
pela segurança de Jake, seu bebê e do bando como um todo. Não
precisava do estresse de se perguntar se Jake estaria ou não a bordo
com sua decisão.
Certo. Jake ia fazer isso, abriu a porta do banheiro e...
Parou em seu caminho quando uma mão o agarrou pela
garganta, empurrando-o de volta para dentro.

1
Um tipo de jogo de irmãos da Warcraft.
A porta se fechou atrás dele. Tinha certeza que ouviu a
fechadura, e Jake ficou olhando para os olhos frios e mortos de Orin.

Capítulo 12

A princípio, Jake achou que fosse outra coisa de lobo. Talvez


apenas mais uma forma grosseira de comunicação. Glendon havia dito
que os lobos shifter iam para o pescoço, mesmo em seus amigos.
Isso não parecia uma comunicação amigável. Parecia doloroso e
assustador.
Ainda assim, Jake tentou sorrir. Suas vias aéreas não foram
cortadas, então ainda podia falar.
— Orin, isso realmente dói.
— Eu sei, — disse Orin, e desta vez apertou com força suficiente
para cortar o ar. — Sinto muito, mas é melhor assim.
Jake agarrou o pulso de Orin. Ele foi puxado para fora de seus
pés, deixando-o chutando como se estivesse pendurado com um laço em
volta do pescoço.
Não conseguia respirar! Socorro! Alguém ajude! Ele não
conseguia respirar!
— Eles vão te manter. Eles não vão deixar você morrer até
depois do nascimento do bebê. — Os olhos de Orin se encheram de
lágrimas. Parecia que estava sendo ferido por isso. Jake queria assegurar
ao homem que era muito o contrário.
Precisava respirar. Estendeu a mão para o rosto do homem,
querendo socar, agarrar seus olhos, qualquer coisa para fazê-lo soltar,
mas os longos braços do homem o mantinham fora do alcance, e Jake
estava começando a perder a consciência. Paredes negras começaram a
se formar nas bordas de sua visão.
— Desça-me. Apenas me desça. É isso aí.
Jake foi empurrado para o chão de azulejos. Orin o montou.
Estava chorando agora. Jake desejou que não o fizesse. Seu rosto estava
quente e ia morrer assim, quando tinha tanto a dizer a Glendon.
Ele só precisava gritar. Apenas uma vez. Todos nesta casa
tinham uma audição tão incrível que poderiam vir para ele. Eles
poderiam salvá-lo.
Se ao menos pudessem ouvi-lo...
As bordas negras quase se fecharam ao redor de sua visão.
Todo o corpo de Jake formigou, mas então viu alguma coisa. Na pouca
visão que ainda, viu a escova do vaso sanitário.
Alcançou isto. Parecia tão distante, mas conseguiu envolver os
dedos em torno do cabo e puxá-lo para si mesmo.
Empurrou no rosto de Orin, queria acertar o homem nos olhos,
mas talvez o desgosto de ter seu rosto tocado com uma escova de vaso
sanitário fosse demais.
Orin voou para trás, seu rosto torcido, o pescoço de Jake livre, e
não conseguia tossir em busca do oxigênio rápido o suficiente.
Sua garganta doía, ainda parecia que estava fechada enquanto
sugava o ar precioso.
Então Orin recuperou a compostura, estendeu a mão para ele e
Jake gritou.
— Glendon, me ajude!
Não foi alto o suficiente! Não havia maneira de que a respiração
ofegante fosse alta o suficiente!
Mas Orin congelou, como se nada mais fosse necessário para
ser pego em flagrante.
Ele e Jake olharam um para o outro, e Orin deve ter ouvido algo
que Jake não fez porque virou e correu na outra direção. Fora da porta
do banheiro, longe de Jake, tinha certeza que ouviu as botas do homem
pisando na casa.
Ouviu muitas botas antes de Glendon, e algumas outras pessoas
apareceram na porta.
Glendon olhou para Jake com os olhos arregalados. Parecia ter
recebido a pior notícia de sua vida inteira, ambas as mãos segurando o
batente da porta, como se para se segurar enquanto olhava para Jake.
E Jake não conseguia se conter. Explodiu em lágrimas. Chorando
quando ficou olhando para Glendon.
Agora que estava seguro, o fato de ter chegado tão perto da
morte em um período de dois minutos o deixou um pouco emotivo.
Ou poderia ter sido o bebê.
Glendon foi até ele, embrulhando Jake em seus braços, o que
era uma coisa boa, porque Jake precisava de alguém forte para
desmoronar.
— Bebê, o que há de errado? — Glendon perguntou. — Você
está tremendo, quem...— Glendon se afastou, e seus lindos olhos
prateados se transformaram em um tom brilhante de vermelho sangue
ao ver sua garganta.
Jake nem queria saber como era.
— Quem fez isso com você?
Jake não conseguiu dizer a palavra, mas quando o som de
pneus guinchando chegou até ele, todos olharam para o barulho.
— Estou indo nisso — disse Tierney.
— Bem atrás de você, — Fergus respondeu, e ambos foram
atrás do barulho.
Parker apareceu em seguida, abrindo caminho pelos alfas
restantes. Olhou para Jake, e embora seus olhos não brilhassem, a raiva
em seu rosto estava definitivamente lá, e era definitivamente real.
— Jake, o que aconteceu?
Levou algumas tentativas antes que pudesse pronunciar as
palavras. Sua garganta doía muito mais do que parecia, ou talvez só
agora estivesse percebendo a dor, já que sua adrenalina estava caindo.
— O-Orin! Ele tentou... ele tentou...
Glendon pareceu preencher o resto. Jake nunca em sua vida
pensou que ficaria tão apavorado com as presas do homem saindo.
Parecia monstruoso com aqueles dentes e olhos brilhantes.
Jake não se importou. Nunca se sentiu mais seguro, mesmo
quando Glendon começou a latir suas ordens.
— Obtenha Tierney e Fergus ao telefone! Diga-lhes para trazer
esse pedaço de merda! Mas eu o quero vivo! Entendeu? Vivo!
Orion pareceu momentaneamente paralisado. Ficou ali, com o
rosto pálido, mas acabou se livrando disso.
— Sim, alfa.
— Vou com você, — disse Ronan, e foi naquele momento que
Jake se lembrou que Orion e Orin eram irmãos. Orion também estava
envolvido? Foi por isso que Ronan estava indo com ele? Para se certificar
de que não tentasse avisar seu irmão?
Hugh entrou no banheiro. Ele se abaixou um pouco, com as
mãos nos joelhos.
— Jake, Orin disse alguma coisa para você? Tem certeza de que
foi ele?
— Claro que ele tem certeza! — Glendon estalou. — O bastardo
correu! Quero aquele pedaço de merda na minha frente agora!
Hugh se endireitou.
— Mas por que ele faria isso?
Parker fez uma careta para o homem.
— Quem se importa, por que? Ele tentou matar meu irmão!
Você está seriamente defendendo-o?
— Tudo o que estou dizendo é que não sabemos por quê. Não
que seja defensável — acrescentou ele rapidamente.
Jake fungou. Sua garganta ainda estava quente e inchada. Podia
sentir os dedos de Orin ainda ali. Podia ver o rosto do homem.
— Disse... disse que eles me matariam. Eles me manteriam vivo
e levariam o bebê.
— Eles? — Parker perguntou, olhando para Hugh e Glendon com
desconfiança.
Agora Hugh olhava para ele.
— Não nós, seu idiota.
— Não eles, — Jake concordou. — Glendon não iria... ele não
iria...
— Não, bebê, nunca, — disse Glendon, parecendo imensamente
aliviado que Jake sabia que seu companheiro estava do seu lado, e ainda
chocado que tal coisa pudesse ter acontecido.
— Deus, você ainda está tremendo.
Jake achou que Glendon estava tremendo também. Estava tão
feliz que o homem veio em seu socorro.
A única esperança de Jake era que Glendon viesse. Todo o seu
plano de sobrevivência estava centrado nisso. Sabia de quem Orin
estava falando, não tinha sido Glendon, nem mesmo o resto do bando.
— Então quem faria isso? — Parker perguntou.
Glendon ficou em silêncio. O mesmo aconteceu com Hugh.
Como se não tivessem certeza de dizer isso. Deixou Jake saber
quem estava por trás.
— Os vampiros, — disse Jake. Um momento de clareza atingiu-o
naquele momento. — Orin é um familiar.

Quando Orin não tinha sido encontrado, Glendon começou a


destruir a maior parte da sala de estar, jogando seu punho através de
uma tela de televisão tão grande que teria custado a Jake dois anos de
seu salário para comprar.
Se sentiu mal por toda a destruição, mas Glendon mal parecia
notar. Acomodou-se em silêncio durante o resto da noite. Não falou nada
com ninguém, nem com Jake, até mais tarde naquela noite. Era meia-
noite e Jake estava na cama.
Glendon ainda não tinha despido suas roupas. Apenas sentou-se
na beira da cama, de costas para Jake.
— Eu deveria ter estado lá, — ele rosnou.
— O quê? — A garganta de Jake ainda estava dolorida. O lado
positivo era que tinha muitos pacotes de gelo. Um mini frigorífico tinha
sido levado ao seu quarto com bebidas frias, e estava essencialmente
vivendo de sorvete a partir de agora.
Era a única coisa que podia engolir sem doer.
Glendon ainda não olhava para ele.
— Eu deveria ter sido capaz de te proteger. Ele nunca deveria
chegar perto o suficiente para fazer uma coisa dessas.
Jake não entendeu imediatamente. Glendon parecia quase...
envergonhado de si mesmo.
Mas isso não podia estar certo. Que razão tinha para sentir
vergonha?
— Glendon?
Jake deixou seu pote de sorvete de lado. Cruzou para o outro
lado da cama, colocando a mão no ombro de seu companheiro.
Glendon se recostou em suas mãos, olhou para Jake, mas não
havia um sorriso em seus olhos ou sua boca.
— Você deve estar desapontado comigo.
— O quê? — A mão de Jake caiu do ombro de Glendon. — Por
que eu deveria...
— Não me venha com essa, — Glendon rosnou. Ele saiu da
cama. Começou a andar, e Jake ficou preocupado que ele começasse a
quebrar as coisas novamente. — Eu não estava lá. Deveria estar lá.
Jake se ajoelhou.
— Você está com raiva que não estava no banheiro comigo?
Como deveria saber que algo assim aconteceria?
— Eu deveria ter farejado um traidor há muito tempo. —
Glendon ainda se recusava a olhar para ele. Seus dentes estavam
ficando compridos e afiados novamente. Parecia como se quisesse se
transformar em sua forma de lobo ali mesmo. — Não posso confiar em
meus próprios homens.
Jake não tinha nada a dizer sobre isso imediatamente. Queria
ser capaz de confiar nas pessoas da matilha de Glendon, mas depois de
chegar tão perto da morte, não sabia como seria capaz de fazer isso.
Hugh e Fergus, ele estava bem com. Orion... Jake se sentiu mal
por suspeitar dele só porque era irmão de Orin, mas não queria arriscar
a própria vida só porque poderia estar fazendo Orion se sentir um pouco
mal.
— Não acho que todo mundo na matilha é ruim. Nem acho que
algum deles seja ruim. Talvez... talvez Orin não seja ruim também.
— Ele tentou matar você. — Glendon olhou para ele, mas ficou
claro quando seus olhos pousaram na garganta de Jake, porque se virou
novamente. — Eu vou matá-lo.
Jake engoliu em seco. Esfregou o braço. Não tinha certeza de
quanto Glendon estaria disposto a ouvir em seu estado atual, mas tinha
que tentar alguma coisa, certo?
— Quando Orin tentou... quando colocou as mãos em volta da
minha garganta, ele estava dizendo algo sobre outras pessoas querendo
levar o bebê. Acho que... se ele é um familiar, ele deve ter uma razão
para isso. Era como se pensasse que estava me protegendo de um
destino pior que a morte.
— Ele deveria ter vindo até mim se estivesse em apuros, e já
não dou a mínima se estiver. Ele pode lidar com isso sozinho. Espero que
esses vampiros idiotas o rasguem em pedaços. Espero que Zoella o
destrua.
Glendon estava claramente prestes a não ter piedade de Orin, e
talvez isso estivesse bem. Jake não tinha certeza de quão fácil fazer isso
para o outro homem. Ao mesmo tempo, não queria Glendon atacando a
si mesmo por causa de uma situação que estava inteiramente fora de
seu controle.
— Glendon, eu não te culpo pelo que aconteceu. Eu fui capaz de
tirá-lo e chamei por você. Você veio por mim. Isso é tudo que me
importa.
Glendon sacudiu a cabeça.
— Não é o suficiente. Um alfa protege seu companheiro. Ele
impede que essas situações aconteçam em primeiro lugar. Você não
deveria ter precisado se defender. Eu deveria estar lá desde o começo.
Quanto mais ele falava, mais Jake se sentia sendo
sobrecarregado.
— Por favor, não faça isso.
Glendon parou de repente. Olhou para Jake, como se só agora o
visse pela primeira vez.
— Fazer o que?
— Você está agindo como se precisasse estar perto de mim a
cada minuto de cada dia. Entendo, esta casa deve ser segura para nós,
mas aconteceu, e acabou. Tudo bem que você não estava lá para tirá-lo
de mim porque eu ainda estou vivo.
— Eu deveria ter...
— Não, — disse Jake de repente. Ele balançou sua cabeça. Não
queria deixar Glendon seguir essa linha de pensamento. Estava
terminado, mesmo fingindo que era uma opção para discutir isso. —
Acabou. Você não chegou a ser o grande alfa mau, mas será da próxima
vez. Você veio por mim, é tudo que me importa. Estou bem, o bebê está
bem. — Tinha certeza de que estava tudo bem. — Você e eu ainda
estamos nos conhecendo. Não quero que se distancie de mim agora, e
não quero que me trate como uma espécie de prisioneiro.
Os olhos de Glendon se arregalaram.
— Não iria mantê-lo como um prisioneiro.
— Você tem certeza? — Jake perguntou. — Do jeito que
continua falando, é como se quisesse que alguém me seguisse pelas
vinte e quatro horas por dia. Até Parker consegue mais liberdade de
Fergus do que isso, e ele deveria ser o ômega do homem.
Glendon se encolheu.
— Estaria fazendo isso por você.
Jake apertou os lábios juntos. Então estendeu a mão para
Glendon tomar. Ficou feliz quando o homem fez. Jake não queria ficar
longe dele. Não queria que Glendon se sentisse assim também. Parecia
demais.
Muita pressão. Demais... tudo.
— Sei que você me ama e quer me proteger, — disse Jake. —
Acredite em mim, ninguém aprecia mais do que eu agora, mas precisa
deixar isso para lá. Pegue o cara mau e ensine-lhe uma lição da próxima
vez.
— Eu deveria ter estado lá para te salvar.
Jake beijou as juntas de Glendon.
— É por isso que te amo. O fato de você querer me salvar é o
suficiente.
Jake olhou nos olhos de Glendon, notando o choque que estava
lá. Então sorriu.
— Você sabe o que eu estava pensando quando ele me colocou
no chão?
Glendon se encolheu.
— Tenho certeza de que estava pensando em muitas coisas.
— Eu estava, — admitiu Jake. — Você estava em quase todos
eles.
Jake não podia ter certeza, mas sentiu o calor do corpo de
Glendon subir.
Isso o fez se sentir muito bem. Jake gostava de saber que
poderia provocar uma reação como aquela em um homem tão poderoso.
— Estava pensando em você e isso me fez continuar. Isso me
fez não desistir. Fiquei acordado o mais que pude porque queria vê-lo de
novo e, quando descobri minha chance de tirar Orin de cima de mim,
peguei-a.
Agora o coração de Jake estava batendo.
— Eu te amo e você estava lá comigo. Você era a única razão
pela qual fui capaz de continuar lutando, e quando chamei por você,
estava lá. Você me protegeu.
O pomo de Adão de Glendon balançou em um engolir pesado.
Jake não tinha certeza do que exatamente isso significava, mas quando
Glendon sorriu para ele, tinha certeza de que era seguro dizer que
provavelmente era uma coisa boa.
— Você me ama.
Jake assentiu e seus olhos estúpidos começaram a lacrimejar.
Eles queimaram e borraram. Não podia evitar.
— Eu faço.
Glendon respirou fundo.
— Você está feliz?
Glendon assentiu.
— Estou, mas... ainda prometo proteger você da próxima vez.
Não haverá uma próxima vez. Serei um bom alfa para você.
Ele já era um alfa bom, mas Jake sabia que se dissesse isso,
não faria diferença. Glendon era um cara muito macho, e enquanto Jake
gostava do jeito que batia os punhos contra o peito de uma maneira
protetora, desejava que o homem não carregasse tanta culpa.
— Tenho uma pergunta rápida para você.
— O que é? — Glendon perguntou, parecendo muito como se
estivesse prestes a dar a Jake a lua se pedisse por isso.
— Quando você diz que me ama, não é por causa do
acasalamento certo? Quero dizer, você não está sendo forçado a dizer
isso porque algum instinto está te obrigando?
Não poderia ter sido mais transparente do que estava agora
sobre todas as coisas que estavam corroendo-o, mas não podia evitar.
Precisava perguntar isso antes que Jake decidisse que tudo ficaria bem.
Glendon piscou e sorriu. Segurou a bochecha de Jake.
— Você é o único que eu sonharia em amar, e isso não tem nada
a ver com o acasalamento. Isso é tudo você. Por que pergunta?
Jake suspirou. Não tinha certeza se Glendon sabia e estava
apenas tentando poupá-lo do constrangimento, mas de qualquer forma,
estava feliz em saber que seu companheiro o amava. Não tinha nenhum
motivo para não confiar no que Glendon disse, afinal.
— Não há razão, apenas me beije.
Glendon fez.

FIM

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