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Seguro, Sadio e Acasalado

Howl4Alfas 02

Fel Fern

Para evitar que seu animal fique louco, o quebrado Alfa shifter
urso Van administra a linha de emergência de resgate Howl4Alfas e o
abrigo com seus dois melhores amigos. Van tem zero interesse no amor,
e o trabalho é tudo o que importa. A salvação surge inesperadamente
sob a forma do amigo de infância Travis. Travis está buscando abrigo,
mas Van nutre sentimentos não resolvidos pelo outro homem. Travis não
está seguro ao seu redor, especialmente quando o urso de Van está fora
de controle.

O Ômega lobo Travis escapou recentemente de um


relacionamento abusivo. Ele está ansioso para dar início a um novo
começo e qual melhor lugar do que o abrigo administrado por sua antiga
paixão Van? Travis não está à procura de uma aventura. Ele sabia desde
que era um filhote que Van era seu único, mas o teimoso Alfa shifter
urso pensava de outra maneira. Forças externas podem interferir em seu
relacionamento, mas nem Van nem Travis podem resistir à chamada de
acasalamento.
Prólogo

11 anos atrás.

Ao ouvir passos pesados batendo nas tábuas do seu quarto


Travis Daniels se enrolou em uma pequena bola. Ele desejou poder se
tornar invisível exatamente agora. Seu lobo se enrolou dentro dele,
aterrorizado. Com o coração martelando de medo, suas costas bateram
na parede do armário à medida que o som se aproximava. Pavor revirou
suas entranhas. A qualquer momento seu pai iria encontrá-lo. Um soluço
escapou da garganta, mas ele cerrou ainda mais os lábios.

Qualquer som denunciaria sua localização ao velho. Seu pai


gostava de beber. A última vez que isso aconteceu, seu pai estava
bêbado e sentiu a falta de Travis. Isso também era uma façanha. Era
necessária uma quantidade substancial de álcool para embotar os
sentidos de um lobisomem.

Embora Zack Daniels pudesse ser classificado como um lobo


medíocre na matilha, isso ainda era melhor do que ser um lobo Ômega.
Travis fechou os olhos e contou silenciosamente em sua cabeça. Se
ficasse quieto o bastante seu pai iria esquecê-lo completamente e
encontrar outro saco de pancadas.

— Onde você está seu merdinha?

Sem sorte.

Travis não ousou responder. Enfiando a mão no bolso de sua


calça jeans, tirou uma foto esfarrapada. Uma família feliz sorriu para ele.
Uma completa, com pai, mãe e seu irmão mais velho, Terrence. Naquela
época o mundo fazia sentido. Então as coisas viraram o inferno. Sua mãe
faleceu. Terrence se alistou e o exército trouxe seu corpo de volta em um
saco, deixando Travis à mercê de seu pai bêbado.

Zack não costumava beber tanto. Duas mortes não ajudaram.


Seu pai nunca mais foi o mesmo homem. Entretanto, Travis não tinha
nenhuma pena, não mais. Ele enfiou a foto de volta no mesmo lugar. Ele
carregava aquela fotografia como um talismã, esperando que sua vida
desse uma reviravolta algum dia.

— Posso sentir seu cheiro.

Travis choramingou e sua mão voltou para a boca. Silêncio,


antes de seu pai escancarar a porta. Luz inundou o pequeno espaço.
Uma enorme mão apareceu em sua linha de visão. Antes que ele
pudesse reagir, seu pai agarrou a frente de sua camisa e o puxou. A
força o enviou esparramado pelo chão do quarto. O osso quebrou
quando seu nariz bateu na madeira. Dor atingiu seu crânio.

Ele gemeu.

— Cale-se. Leve sua surra como um homem! — Gritou seu pai.

O velho olhou para ele com raiva, as pupilas brilhando douradas


de fúria. O lobo estava na superfície e, desta vez, Travis viu assassinato
em seus olhos. Seu pai iria matá-lo, com certeza, e ninguém iria entrar,
nem Terrence ou mesmo a matilha. Inferno, o maldito bando acreditava
que seu pai estava apenas o endurecendo, porque Ômegas que
quisessem sobreviver no mundo real precisavam de alguma espinha
dorsal.

Sua cabeça girou, mas a autopreservação bateu forte nele. Seu


pai o chutou mirando as costelas, mas Travis rolou no último segundo.
Seu pai escorregou o amaldiçoando. Travis se levantou e correu pela
porta.
Como um dos raros Ômegas na matilha, foram contadas para
ele inúmeras histórias de terror sobre Ômegas sem protetores. Ele tinha
sido advertido de que todos os predadores lá fora se aproveitariam dele.
Os filhotes shifter nascidos naturalmente eram raros, e somente os
Ômegas podiam dar à luz. De acordo com a matilha, Travis não
sobreviveria lá fora no mundo real sem proteção.

Dane-se isso. Travis correria o risco. Melhor ver por si mesmo


como o mundo real era horrível do que ficar aqui. Mais cedo ou mais
tarde seu pai conseguiria matá-lo. Travis, certo como o inferno, não
ficaria aqui.

— Volte! — Seu pai rugiu.

Travis desceu as escadas. Segundos depois, um uivo alto e


arrepiante emergiu do seu quarto.

— Merda. — Ele sussurrou.

Apesar da barriga de cerveja, e do bafo de bebida, o velho ainda


era robusto e perverso na forma de lobo. Seu físico de quinze anos de
idade não teria chance. Travis chamou seu lobo, implorando para que a
fera saísse. Ele teria melhores chances correndo em quatro patas em vez
de dois pés. Bem, seu pai ainda seria mais rápido e mais forte, mas
estar em forma de lobo poderia lhe render uns dois segundos preciosos.

Sua mente girava enquanto corria escada abaixo. Seu velho


acabaria por alcançá-lo. Travis precisava de ajuda, mas ir para os outros
membros da matilha era inútil. Ele tentou essa rota antes e os
espancamentos só pioraram. O bando acreditava que o homem da casa
estava encarregado de disciplinar seu filhote.

Um nome brilhava em sua mente.

Van. O melhor amigo de seu irmão, e sua antiga paixão.

Entretanto, Van não fazia parte da matilha e não era um lobo, e


sim um urso pardo. Se Travis fosse até Van ele comprometeria o status
de solitário do cara na cidade. Van mal era tolerado pela matilha como
era, mas Travis não tinha escolha. Somente Van tentava conversar com
ele depois que seu irmão morreu, mas seu pai e o bando o afastaram.
Com toda a sua força Van podia ser um Alfa em potencial, mas ainda era
um urso solitário.

Van morava nos arredores da cidade. Travis nunca viu a si


mesmo como forte. Como um Ômega ele era menor, mais fraco, e não
tinha resistência para corridas de longa distância, mas tinha que tentar.
Se pudesse fugir de seu pai, Van o ajudaria.

Ele chamou seu lobo de novo, mas o animal se recusou a sair.

— Maldito seja. — Ele sussurrou.

Ele destrancou a porta da frente. O ar fresco da noite chicoteou


seu rosto. Os rosnados de seu pai ficaram mais altos indicando que o
velho estava perto. Ele tinha um pé para fora da porta quando sentiu
dentes em seu tornozelo, rasgando o brim e arranhando a pele.

Travis tropeçou para frente, mas continuou se movendo,


rastejando para fora. Se seu pai conseguisse arrastá-lo de volta não
haveria saída.

— Fique parado! — Gritou seu pai enquanto conseguia se


libertar.

Travis sabia que lutar era inútil, que ele devia aceitar a sua
surra. Viver outro dia, mas ele não queria. Se ele não mudasse as
coisas, acabaria morto algum dia. Ele rastejou para frente, esticando a
mão para fora apenas para piscar quando uma mão enorme envolveu
seu pulso arrastando-o.

De volta aos seus pés, ele trombou em um peito amplo e


quente.

— Você está bem agora. — Disse uma voz masculina profunda.

Van.

O shifter urso pardo acariciou sua cabeça. Toda a respiração


deixou seu corpo por um momento enquanto afundava nos braços de
Van, aliviado.

— Fique fora disso, urso maldito! — Gritou seu pai, mas o velho
não ordenou Van cegamente. Talvez seu pai soubesse que ele não era
um predador do qual poderia facilmente vencer.

Van colocou Travis atrás dele. Travis se viu segurando a camisa


de Van em seus punhos.

— Por que não volta para dentro, Zack? Travis fica comigo esta
noite.
— Onde? — Seu pai zombou. — Naquele abrigo imundo de
shifters?

Isso foi um golpe baixo na opinião de Travis. Ele sabia que Van
era uma criança adotada e se alistou no exército quando atingiu a idade
legal. Atualmente Van ajudava o abrigo de shifters na cidade, conforme
ouviu. Aquele abrigo significava muito para ele.

— Isso não é da sua conta.

— Ele é meu filho. Travis não pertence a você. Eu conheço o seu


tipo, você só quer Travis porque ele é um Ômega. — Seu pai reclamou.

Travis teve que ficar na ponta dos pés para ver seu pai puto da
vida com Van. O velho apertou as mãos ao lado do corpo, seu rosto se
contorcendo de raiva. Isso não terminaria bem, ele sabia. E estava
prestes a dizer algo para intervir. Como se adivinhasse seu pensamento,
Van estendeu a mão para dar um aperto em seu pulso esquerdo.

Travis fechou a boca quando Van começou a alisar seu pulso, o


movimento calmante.

— Não vou me repetir, Zack. Vá dormir, e quando estiver sóbrio


trarei Travis de volta. —Van parecia razoável, bondoso e completamente
sem medo do seu pai.

Travis admirava Van por isso. Ele sempre pareceu forte,


invencível, como um herói, exceto que também se tornou humano
depois que seu irmão morreu. Quando todos os que foram ao funeral
partiram, e eles foram deixados sozinhos naquela igreja, aquela foi a
primeira, e provavelmente a única vez, que viu Van chorar.

Seu pai bufou, aparentemente indiferente e não convencido.

— Você ousa me ameaçar, urso? Tenho a matilha a meu favor.


Uma vez que eles descobrirem que algum estranho shifter urso
depravado levou meu filho, eles vão caçar você.

Travis prendeu a respiração. A ameaça de morte convenceria


qualquer um a não ficar por perto, mas Van se manteve firme.

— A menos que você tenha bolas para lutar comigo em um


mano a mano agora, eu vou arriscar. — Van respondeu uniformemente.

Seu pai soltou uma série de maldições. Van não se moveu nem
um pouco. Pareceu uma eternidade, mas seu pai voltou para casa e
bateu a porta fechada. Van se virou para encará-lo.

— Porque fez isso? Você tem um desejo de morte? Você sabe


que ele vai se queixar para a matilha. — Travis sussurrou.

Secretamente, porém, Travis estava contente por Van ter


cumprido suas promessas. Enfrentar seu pai exigia coragem, e Van
possuía muito disso. Além do mais, foi legal ver o velho se encolher com
a mudança. Seu pai só enfrentava os fracos, mas quando se tratava de
uma luta real enfrentando um adversário forte, seu pai encontrava
desculpas e fazia ameaças.

— Está feito, e eu não me arrependo da minha decisão. Vamos.


— Quando ele ficou olhando para a casa, Van pegou sua mão e deu um
puxão.
Ele piscou, olhando a enorme mão de Van fechada sobre a sua,
menor. Travis se sentiu novamente como uma criança, escondido atrás
da sombra do irmão. Exceto que ele não via Van como seu irmão. Mesmo
seu lobo via o shifter urso como algo mais que um amigo, o que não
deveria estar certo porque shifters não namoravam entre diferentes
espécies. Era um tabu, de acordo com as leis da matilha, especialmente
para um Ômega.

Se de alguma forma Van o engravidasse eles não saberiam se o


bebê carregava um urso ou um lobo dentro dele ou dela. Como seria ser
acasalado com um companheiro forte, protetor, e ainda atencioso como
Van? Sua experiência limitada com potenciais companheiros tinha sido
com os lobos dominantes arrogantes da matilha que o viam apenas
como uma ferramenta conveniente. Inferno, seu pai praticamente
pensava nele como moeda de troca. Uma vez, até sugeriu ao Alfa da
matilha a ideia de apresentar Travis como uma oferta de paz para um
bando vizinho.

Como um pai poderia dar seu próprio filho a um bando de


estranhos estava além da sua compreensão. Somente seu irmão e Van
puseram fim a essa ideia horrível. Se ele pertencesse a Van nunca teria
que se preocupar com coisas assim. Travis poderia deixar de viver com
medo. Acasalar com Van seria...

Merda.

O que ele estava pensando?

Ele corou, mas Van não pareceu notar seu dilema. Ele continuou
conduzindo-o para o lado da estrada onde sua velha Harley estava
estacionada. Seu irmão sempre avisou a Travis para ficar longe da moto
de Van, pois eram perigosas. Mas seu irmão estava morto. Egoísmo seu
pensar dessa forma, mas seu irmão o havia deixado com um pai louco.
Só lhe restava Van e ele era a única salvação de Travis.

— Já andou em uma dessas? — Van perguntou, andando até a


parte de trás da moto. O homem abriu o maleiro e lhe jogou um
capacete sobressalente.

— Não, mas eu gostaria.

Van sorriu.

— Não se preocupe, eu sou um motorista cuidadoso. Você já


jantou? Francamente, você parece magro.

Naquele inapropriado momento seu estômago grunhiu. Ele


corou mais forte.

— Vamos jantar primeiro. — Disse Van, montando a moto.

Travis se sentou cuidadosamente atrás dele.

— Braços em volta da minha cintura. — Van ordenou.

Travis envolveu seus braços magros em torno de seu corpo


musculoso.

— Deus, parece que você cresceu ainda mais?

A risada de Van aqueceu suas entranhas. Com ele, parecia que


tudo ia ficar bem. Dane-se seu pai abusivo e sua matilha indiferente. Por
enquanto, Travis queria viver neste momento perfeito.

Van se afastou até que seu pelo escavou contra a parede da


entrada da caverna. Suas ações só pareciam encorajar os lobos. Cada
um parecia o mesmo para ele, olhos dourados com focinhos espumando,
selvagens e prontos para despedaçá-lo. Difícil lembrar que esses lobos
também eram homens, exceto que ele não podia sentir nada além da
intenção assassina vindo deles.

Van não era uma presa fraca ou fácil. Seu urso estava irritado,
pronto para mandar todos esses filhos da puta para o inferno. Ele se
levantou em suas patas traseiras e soltou um rugido de desafio. Não se
arrependia de ter ajudado Travis, era o mínimo que podia fazer por
Terrence.

Lembrou-se de Travis enrolado no sofá de seu apartamento


alugado, em uma bola minúscula, fazendo-se tão pequeno quanto
possível. Travis era como uma criança aterrorizada com quando o
próximo golpe viria. Van trabalhava no abrigo. Ele conhecia os sinais de
quando um garoto estava sendo abusado. Inferno, tanto quanto Travis
tentou cobrir suas contusões Van as viu, entretanto.

Van sabia que estava sendo observado, então deixou uma nota
para seus bons amigos Lex e Jackson para cuidar de Travis se alguma
coisa acontecesse com ele. Ele saiu correndo pelos bosques perto da
cidade, sabendo muito bem que os lobos o seguiriam. Zack Daniels
cumpriu bem sua ameaça, assim como Travis o alertou.

Os lobos ecoaram seu uivo de batalha. Seis contra um. Van


contou. Não importa o quão forte ele era, o quanto sua experiência no
exército o ajudou a se tornar mais resistente, enfrentar meia dúzia de
lobos e sair desta luta vivo exigiria um milagre extraordinário.

Um dos lobos saltou para ele. Van o afastou como uma mosca,
então outro atacou, e depois outro. Não era uma luta justa, mas,
novamente, o que Van esperava? Ele rosnou, bateu com suas garras e
usou seus dentes. Não importa quão bom lutador ele era, um único
jovem Alfa shifter urso não conseguiria resistir por muito tempo contra
uma matilha treinada.

Os lobos eram como vespas. Às vezes funcionavam como uma


mente unida de uma colmeia.

Se Van morresse hoje, não se arrependeria de nada. Garras


afiadas rasparam suas costas. Ele girou para ver um par de olhos
dourados na caverna, e o contorno de um grande e gracioso predador
jaguar preto. Lex. Aqueles olhos continham uma mensagem para ele,
uma que Van podia ler. Ele conhecia Lex muito bem, e ele era o tipo de
shifter que não entrava em uma luta sem um plano, ao contrário dele e
de Jackson. Lex esperou pela oportunidade de atacar de novo.

Correr. Viver para lutar outro dia.

Lex se lançou em Van, mas foi apenas para afastar um lobo que
estava mirando sua coluna. Seu amigo pousou no chão e sibilou para o
lobo. Os lobos pararam de atacá-los ao acaso agora e observavam,
esperando seu próximo movimento. Van começou a ver além de sua
raiva inicial. Que bem ele faria aos outros shifters perdidos, como Travis,
se estivesse morto?

Van rugiu de novo. Os lobos ficaram tensos. Ele aproveitou a


oportunidade para correr para a caverna. Uma rede de túneis
subterrâneos levava a uma possível fuga, ele sabia. Terrence, Lex,
Jackson e ele costumavam brincar aqui quando eram mais jovens. Lex e
ele correram por suas vidas. A caverna era escura, cheia de formações
rochosas torcidas que, de outra forma, poderiam matar um humano
inocente, mas não eles.

Atrás deles, ouviu um gemido. Um dos lobos foi ferido. Eles


precisariam pisar cuidadosamente agora. Ocorreu a Van que talvez
nunca pudesse ver Travis novamente, não depois que a matilha dele
quase o matou e o perseguiu para fora da cidade.

Seu coração cantou com tristeza, mas por baixo havia


esperança.

Por que você trabalha naquele abrigo? O pagamento é


provavelmente uma merda. Quando Travis fez essa pergunta Van teve
uma resposta pronta. Ele e seus amigos compartilhavam um sonho.
Nenhum deles queria se aliar com qualquer grupo de animais na cidade
por uma razão. Eles estavam enjoados da hierarquia das matilhas e da
política shifter. Algum dia, de alguma forma, eles criariam algo, um
abrigo para ajudar os shifters perdidos.

Bem, isso ainda era uma visão. Nada concreto até agora. Van
sempre planejou deixar sua cidade natal de qualquer maneira, mas algo
o segurava. Jackson garantiu que se certificaria de que Travis não fosse
prejudicado novamente. Ainda assim, Van queria ver Travis novamente.
Seu urso se tornou estranho ao pensar em colocar alguma distância
entre Travis e ele.

Seu urso sussurrou a perigosa resposta um segundo depois,


enquanto Lex e ele corriam mais rápido pelas cavernas.

Companheiro. Meu. Isso nunca poderia acontecer. Travis era o


irmãozinho de Terrence. Além disso, Travis merecia alguém melhor,
certamente não um fracasso de urso que mal podia protegê-lo.
Capítulo Um

Presente.

Van acordou assustado, ainda lembrando-se do estridente


animal uivando e rosnando em sua cabeça. Ele esfregou o rosto,
perguntando-se por que aquele velho pesadelo o tinha visitado
novamente.

Deus.

Fazia séculos que ele não pensava mais em Travis. Oh, ele e o
lobo Ômega mantiveram contato depois que os outros lobisomens da
matilha de Travis o tinham levado para fora da cidade. Eles escreveram
cartas e enviaram cartões de Natal ocasionais, mas isso foi tudo.
Eventualmente, o contato se tornou escasso nos últimos anos.

Travis estava bem, de acordo com o último e-mail que haviam


trocado. Depois de completar dezoito anos, Travis também deixou a
cidade e sua antiga matilha para ir a algum colégio no oeste. Se ele
lembrava corretamente, Travis acabou de fazer vinte e um no mês
passado. Van enviou a Travis uma saudação de feliz aniversário, além de
cartas, mas nenhuma resposta de Travis desde então.

Por que esse pequeno detalhe não o incomodou até agora?

Não era como se Travis lhe devesse algo. Ambos eram adultos
agora e levavam vidas separadas.

Sua pele de repente ficou quente, o urso dentro dele queria sair.
Van apertou os dentes enquanto sentia seu animal empurrando-o,
incitando-o a mudar de forma. Insinuações de pelo marrom cobriram
seus braços.

— Não agora, — ele sibilou e virou a cabeça para o calendário


pendurado em sua porta, percebendo qual era a causa do tormento do
seu urso.

A data de hoje. Ele empurrou o edredom, levantou-se de forma


instável e tropeçou até a janela. Van estava no alto. Sete andares para
ser exato, e seu urso não gostava disso, nem as paredes do apartamento
que os mantinham dentro. O urso precisava estar na natureza, cercado
por quilômetros de árvores. O urso queria caçar.

— Acalme-se. — O pelo desapareceu.

Van conseguiu chegar ao banheiro. Empurrando a cabeça sob o


chuveiro, ele ligou a torneira. Água gelada atingiu sua cabeça. Isso
ajudou um pouco. Em algum lugar em seu quarto seu telefone começou
a tocar, mas ele ignorou. Provavelmente era seu assistente Marco da
Howl4Alfas, o atendente da linha de emergência do abrigo de Van.

Ele não disse ao persistente shifter lince que ele não iria hoje?
Jackson e Lex entenderiam. Não importava qual o problema que
Howl4Alfas tivesse, Van saía de cena por um dia todos os anos para
chorar por seu ex-companheiro Doug.
Se Travis estivesse aqui agora, ele teria gostado de dizer que ele
e seus amigos realizaram seus sonhos. Eles fundaram Howl4Alfas com
recursos insuficientes. Cada mês desde a sua fundação, eles mal podiam
manter Howl4Alfas nos trilhos, mas de alguma forma conseguiram.
Como resultado, o abrigo e a linha de emergência de resgate ajudaram
um monte de vagabundos e shifters perdidos.

Recentemente, houve uma enxurrada de outras espécies


paranormais, também, bem como seres humanos. Eles mantinham suas
portas abertas para qualquer um. Esse era o lema. Eles obtiveram uma
reputação muito boa, a maioria dos shifters sem outro lugar para ir
vinham direto para Riverside para procurar santuário sob um abrigo
administrado por três Alfas.

Cada conquista vinha com um preço. A estrada que ele, Jackson


e Lex caminharam tinha sido tortuosa, cheia de obstáculos. Somados a
isso, os três achavam que tinham encontrado uma medida de felicidade
pessoal. Encontraram companheiros. Primeiro, Jackson, Lex e,
finalmente ele, só depois de uma carta de Travis mencionando que ele
tinha encontrado alguém especial.

Doug tinha sido um voluntário no abrigo, um ser humano com


câncer terminal. Apesar da relutância de Doug em concordar em ser seu
companheiro, Van não se importou. Ele era jovem, apaixonado e
imprudente. Van sabia que os shifters se acasalavam para a vida, uma
vez que seus companheiros morressem, não havia volta.

Naquela época, ele não se importou. Ele simplesmente queria


dar a Doug os melhores dias de sua vida. Não ocorreu a Van o quanto o
animal nele sofreria. Seus amigos tinham sido os mesmos. Eles
pensaram que nada de ruim iria acontecer com eles, mas no final, todos
eles perderam seus companheiros de uma maneira ou de outra.

Lex, bem Lex matou suas emoções para seguir em frente, para
continuar dirigindo o abrigo, embora Van soubesse que a solução não
funcionaria em longo prazo.

Van era como Jackson. Seu animal estava a ponto de tornar-se


selvagem um dia desses. Uma vez que um shifter perdia o controle de
seus animais, eles permaneciam em sua forma animal ou se tornavam
selvagens, atacando qualquer pessoa próxima a eles.

Jackson, no entanto, conseguiu encontrar um novo companheiro


há dois meses, um homem capaz de prender Jackson de volta à
realidade. Lex parecia normal por fora, mas quem sabia o que estava
acontecendo dentro? Van acabou de tomar banho e vestiu jeans e uma
camisa. Ele voltou a verificar o telefone. Ligações e mensagens perdidas
de Marco.

Ele desligou o telefone, pegou as chaves da moto e desceu as


escadas. Van normalmente estacionava sua moto próxima ao meio-fio.
Ele montou e ligou o motor, ansioso para sair de lá e perder-se em seu
animal. Na floresta, Van não precisaria se preocupar com interferências.

É verdade que havia uma matilha de lobos na cidade que era o


grupo de animais dominante, mas Jackson fez um acordo com o Alfa
Zero. Basicamente, tudo que tiveram que fazer era manter seus narizes
fora da política shifter e a matilha não os incomodariam.

A maioria dos Alfas não tolerariam solitários como eles,


especialmente se Van, Jackson, e Lex eram Alfas em seu próprio direito,
capazes de comandar uma matilha se quisessem. Aquilo era a última
coisa em sua mente. Tudo o que eles queriam era manter Howl4Alfas
funcionando.

Van sabia que nunca iriam admitir um ao outro, mas eles se


agarravam a Howl4Alfas mais do que o necessário. Eles trabalhavam em
duplas, e às vezes triplicavam horas, porque precisavam de Howl4Alfas
para centrá-los, ancorá-los. Com o negócio, eles tinham um propósito
para viver.

A distração impediu Van de pensar em Doug e em Travis.

Travis.

Por que ele estava pensando tanto sobre Travis ultimamente?

Por fim, lembrou-se, Travis fugiu de sua cidade natal, finalmente


rompeu com a matilha de seu pai para fugir com seu amante. Van não
precisava ouvir sobre a vida amorosa de Travis, mas estava orgulhoso
dele por ter finalmente a coragem de deixar aquela porção venenosa
para trás.

Já chega. Hoje era para lembrar de Doug.

Van dirigiu sua moto para longe do centro da cidade e para as


estradas menores, o que levava à floresta. Encontrou um lugar para
esconder sua moto, uma dupla de arbustos altos junto à estrada. Uma
vez que sua moto estava camuflada, ele se despiu, guardou todos os
seus pertences em forma de bola, e deixou-os na moto.

Ele suspirou enquanto afundava descalço no solo. Seu urso


surgiu dentro dele novamente.

— Calma porra. Estamos aqui.

Oh, o que Marco e os outros funcionários e voluntários do abrigo


pensariam dele se soubessem que ele falava consigo mesmo todo o
tempo? Bem, tecnicamente ele se comunicava com seu urso, mas a
maioria dos shifters não precisava acalmar seu animal todo o tempo.
Com um rugido, Van alcançou seu urso. Pelo o cobria. Ossos rangiam,
órgãos se moviam e brotavam garras e dentes.

A maioria das pessoas não achava que os ursos poderiam correr


rápido, mas eles corriam tão rápido quanto um cavalo, subindo,
descendo, ou o que fosse. Uma vez que Van estava em quatro patas, ele
correu para a floresta. Ele correu através das árvores como um borrão.
Nos bosques de Riverside sentia-se como se estivesse em casa e ele
conhecia os bosques com a palma de sua mão.

Van fez um círculo, desfrutando da brisa em seu rosto. No


momento em que abrandou, o sol da tarde caiu sobre ele. Ele acabou
pelo lado do rio, pescou algum salmão, comeu, e depois rolou na água
por um tempo para esfriar sua pele antes de voltar para sua moto.

De volta a forma humana, ele se vestiu. Seu urso estava


saciado da corrida, por enquanto, de qualquer maneira. Van dirigiu até
os arredores da cidade. Havia mais uma parada que ele precisava fazer.
Ele desligou o motor uma vez que chegou ao bairro onde a mãe de Doug
ainda vivia. Martha estava sentada no balanço da varanda da frente,
livro na mão, bandeja com dois copos de chá com gelo e biscoitos ao
lado dela, como se esperasse sua companhia.

Van desmontou e caminhou até a varanda. Martha baixou o livro


e olhou-o de cima a baixo.

— Você parece com o inferno, Van — disse ela.

Ele afundou na cadeira ao lado do balanço e tomou um gole de


seu chá gelado batizado com licor. Mais licor do que chá desta vez, mas
ele precisava. Shifters não ficavam bêbados facilmente, mais ele decidiu
verificar o abrigo mais tarde. Van não precisava, mas talvez os textos e
as chamadas que ele ignorou de Marco significassem algo. Quebrar seu
padrão habitual de voltar para casa e sentir pena de si mesmo também
era uma coisa boa.

Nem ele nem Martha falaram. Eles fizeram isso também, no ano
passado e no ano anterior. Ritual. Depois de terminar a bebida e os
biscoitos, Van disse: — Vou ver Doug agora.

— A porta está destrancada — ela disse ainda absorvida em seu


livro.

Levantando-se, ele adentrou a casa. Era a mesma que ele


lembrava. Doug tinha sido próximo de sua mãe, e mesmo quando
estavam namorando, eles frequentemente visitavam Martha para um
lanche aos domingos. Foi para a sala de estar que ele se dirigiu. Sobre o
piano maltratado, a urna contendo as cinzas de Doug permanecia no
mesmo lugar.

Van sentou-se no banquinho do piano, levantou a capa e tocou


algumas das notas simples que Doug lhe ensinou. Ele sempre foi um
cara desajeitado quando se tratava de coisas delicadas como tocar
instrumentos musicais. Van era um protetor. Ele poderia derrubar
qualquer adversário, lidar com qualquer ameaça para o abrigo, mas isso?
Doug tinha sido persistente embora.

Ele se afastou de suas memórias quando percebeu que Martha


estava lá na sala, observando-o.

— Você deve seguir em frente, você sabe. Meu Dougie não iria
querer que você vivesse o resto de sua vida na miséria — ela comentou.

Van ficou surpreso. Normalmente, eles falavam sobre tudo o


que não estava relacionado com Doug, ou sua vida pessoal. Ela
costumava perguntar sobre o abrigo. Por sua vez, ele perguntava como
ela estava passando sozinha. Conversa fiada. Isso era novo.

— Estou bem, — ele respondeu, levantando-se do banquinho.


Ele já tinha tomado muito do seu tempo. Martha não precisava fazer
isso, mas sempre dizia que não se importava.

— Não, todo mundo pode ver que você não está — disse ela. —
Todo ano você vem visitar, você parece estar sempre pior.

— As coisas estão cheias no Howl4Alfas. Mais pessoas entrando,


— disse ele.

Martha levantou uma sobrancelha.

— Então é isso? Sabe, conheço dois lindos jovens da igreja. Se


quiser, posso apresentá-los.

Van soltou um latido de riso, que a pegou desprevenida. Deus.


O que ele estava fazendo assustando essa pobre mulher?

— Eu sinto muito. Nenhum deles é Doug.

Doug não se importava se ele era um shifter. Normalmente, Van


não consideraria namorar um ser humano, porque a maioria dos
humanos estava aterrorizada com os shifters predatórios. A maioria dos
shifters fracos, também. Era por isso que as vítimas que entravam no
abrigo a princípio tinham medo de Van. Mais cedo, Jackson e ele
decidiram contratar shifters não predatórios como conselheiros. Eles não
eram ameaçadores.

— Entendo. — Ela não pressionou.

— Vou sair agora. Posso voltar no próximo ano? — ele


perguntou.

— Claro. Ah, espera. Fiz alguns biscoitos extras. — Ela correu


para a cozinha e voltou com um Tupperware cheio de biscoitos com
cheiro bom.

— Eu vou devolver isto — disse ele, mas ela balançou a cabeça.

Ele ficou surpreso que ela pegou sua mão.


— Cuide-se, Van. Estou orando por você. Talvez no próximo ano,
você traga alguém junto quando visitar Doug?

Van olhou para ela como se perdesse a cabeça.

— Olha, eu sou grata que Doug encontrou você quando ele


estava vivo, mas você merece um bom homem, uma segunda chance.

Com essas palavras, Van saiu, com os biscoitos na mão. Ele


enfiou o Tupperware na parte traseira de sua moto e dirigiu direto para o
abrigo.

Capítulo Dois

O abrigo não era longe. Ele chegou em vinte minutos. No


caminho, mastigou um dos biscoitos de Martha. Ele ainda tinha um sabor
ótimo.

— Van, o que você está fazendo aqui? — Era Jackson, que


parecia estar saindo. O lobisomem observou seus biscoitos, pegou um e
mastigou.

— Agradável. Martha faz os melhores, hein? Você está aqui para


pegar alguma coisa?

— Não. Marco me enviou muitas mensagens esta manhã. Eu


queria ver se algo estava acontecendo. Problemas? — Van perguntou.

Jackson sacudiu a cabeça.


— Nada na nossa frente. Não parece importante. Por que não
descansa um pouco e volta amanhã? Temos essa reunião de orçamento
afinal de contas.

Ele gemeu com a menção de uma reunião de orçamento. Elas


sempre lhe davam dor de cabeça.

— Sim, mas se Marco ainda estiver aqui, eu poderia muito bem


perguntar.

— Combina com você. Te vejo amanhã. Há Matt. — Jackson


disse, dando tapinhas no ombro dele.

Van se virou para ver o companheiro Ômega de Jackson


acenando para os dois. Matt só tinha olhos para Jackson embora os dois
homens se beijassem apaixonadamente. Sentindo vergonha de ser pego
olhando fixamente, ele desviou o olhar. O ciúme o atingiu, uma emoção
feia que ele poderia viver sem.

— Eu invejo esses dois. — Uma voz familiar disse.

Van virou a cabeça para notar Lex. O shifter Jaguar possuía a


maldita habilidade de se aproximar dele sem aviso prévio.

— Jesus Cristo, cara. Não lhe disse para parar de fazer isso? —
Van perguntou.

Lex ignorou sua pergunta.

— Você acha que nossa vez virá?

Van considerou a pergunta de Lex pensativamente.


— Eu não sei. — Ele admitiu. — Parece raro. Quais são as
chances de que outro shifter vai achar um urso e um jaguar quebrado
atraente?

Lex soltou um bufo.

— Fale por você mesmo. Estou perfeitamente bem.

Van não pressionou, não estava com vontade de chegar a


golpes físicos com um de seus melhores amigos.

— Você está saindo, também?

— Estou levando dois voluntários para ajudar um shifter


desamparado cujo carro quebrou em Dog Town.

Dog Town era o apelido que a maioria dos habitantes da cidade


dava para a cidade vizinha ao lado de Riverside. Ao contrário da sua
própria cidade, a cidade de Dog Town era um território perigoso
governado por dois grupos de animais que lutavam constantemente pelo
domínio. Van estalou os nós dos dedos. Se houvesse uma possibilidade
de uma briga, ele estava dentro.

— Precisa de algum apoio? — Ele perguntou.

Lex o estudou por alguns segundos.

— Não posso arriscar. No mesmo dia do ano passado, você


quase matou alguém.

Van bufou.
— Aquele idiota estava batendo no seu companheiro Ômega até
a morte.

— Você perdeu o controle, e pelo que meu Jaguar pode sentir,


seu Urso está volátil agora.

Van grunhiu.

— Ponto provado. — Lex respondeu, não recuando.

Foda-se, mas Van odiava quando Lex falava com a mesma voz
calma e firme. A maioria das vítimas se sentia segura com ele primeiro,
depois Jackson e então ele. Poucos sabiam que Lex poderia ser o mais
perigoso dos três. As mudanças são governadas pela emoção. E elimina-
la, traz a mesma sensação de cortar seu próprio membro ou parte vital.

— Bem. — Van se afastou antes de fazer algo que lamentasse.


Ele encontrou uma das suas antigas voluntárias, Vicky. Parando-a, ele
perguntou. — Marco ainda está por perto?

— Não, mas ele disse para lhe dizer que você tem um
convidado. Marco lhe disse para esperar nas cadeiras fora do seu
escritório. — Ela disse.

— Desde quando? — Ele perguntou, se lembrando do


telefonema desta manhã.

— Marco não disse. Desculpe, eu não sei mais nada. — Vicky


disse.

— Está bem. — Ele acenou para ela e foi para seu escritório.
Não era muito. O abrigo era um armazém reconvertido. O segundo andar
era um espaço menor, único, mas eles conseguiram colocar paredes para
criar escritórios individuais. Afinal, nunca era uma boa ideia colocar três
Alfas tão perto um do outro.

Bem, quem quer que fosse seu convidado, ele ou ela


provavelmente não estaria lá agora. Van consultou o relógio. Eram quase
sete da noite agora, exceto que ele viu uma única figura esbelta sentada
encurvada em uma das cadeiras de plástico do lado de fora do escritório.
Havia uma mochila maltratada ao lado do seu convidado, mas ele não
achava que a mochila continha nada de prejudicial, caso contrário seu
urso levantaria alarmes silenciosos.

Seu urso estava instantaneamente em alerta, mas não sentia


uma ameaça imediata. Em vez disso, seu animal sentiu um aroma
delicioso e tentador do passado. A figura ficou ereta, como se finalmente
percebesse sua chegada.

— Van? — Uma voz suave sussurrou, soando esperançosa e com


medo ao mesmo tempo.

Travis.
Travis se perguntou pela centésima vez, o que ele estava
fazendo aqui. E se Van não o reconhecesse? Ele parecia uma bagunça,
mas não queria ir embora. Foi por isso que ele ficou preso, mesmo se o
cara que se chamava de assistente de Van, Marco, lhe deu um olhar que
dizia que não era bem vindo aqui. Ele se mexeu em sua cadeira, se
perguntando se o atraente assistente era de alguma forma importante
para Van.

Não. Não importava, porque Travis não era nada para Van,
apenas o irmão mais novo de um amigo. Mas Terrence estava morto há
anos e fazia algum tempo desde que Travis pensou em Terrence. A
última mensagem enviada a Van permaneceu sem resposta. Isso
significava que Van não se importava mais com ele, certo?

Então por que ele fez um passeio todo o caminho até a pequena
cidade de Riverside com a esperança de que Van o visse?

Travis não tinha nenhum plano concreto, mas a última carta


manuscrita que Van lhe enviou tinha um endereço de retorno na parte
de trás. Abrigo Howl4Alfas. Não lhe surpreendeu quando Marco o
informou que Van era um dos coproprietários.

— Deus. Eu deveria ir embora. Ele não virá hoje. — Ele


sussurrou. Os outros dois escritórios, que ele presumiu pertencer a
Jackson e Lex, estavam vazios desde a manhã, também. Quando ele
perguntou a um funcionário que passava, ele disse que na maior parte
do tempo, os Alfas estavam fora, ajudando em um resgate ou abordando
um problema. Eles raramente passavam um tempo no escritório, a
menos que fosse temporada de impostos.

Travis fez sua mente para sair. Seria fácil. Pegar sua bolsa, que
continha todos os seus bens patéticos, e encontrar um lugar para passar
a noite. Era ridículo, dado que ele estava em um maldito abrigo. O
membro da equipe com quem ele falou, ao contrário de Marco, foi gentil
e lhe disse para ir para a cozinha se ele estivesse com fome, ou
encontrar alguém chamado Vicky para uma cama extra.

Em vez disso, Travis permaneceu colado em sua cadeira, apenas


ir ao banheiro interrompeu a esperança de ver Van.

Ele era um perdedor. Se sentia como um, também. Marco não


precisava dizer nada, porque ele podia ver o julgamento nos olhos de
Marco. Suspirando, estava prestes a descer as escadas, encontrar um
banco de parque vazio e voltar no dia seguinte, porque não queria ver o
olhar presunçoso de Marco. Travis tinha algum orgulho afinal de contas,
exceto que o ar de repente ficou vários graus mais quente.

Era difícil respirar. O lobo Ômega nele o advertiu de um


predador por perto, exceto que seu lobo não se afastou como costumava
fazer quando Travis estava ao redor de Owen, ou qualquer outro macho
dominante que o via como um mero objeto de reprodução.

Sob as luzes fracas, a figura permaneceu sombreada, mas


enorme e alta. O homem apareceu em sua linha de visão. A respiração
de Travis ficou presa. Era Van, seu lobo reconheceu o Alfa urso pardo,
mas ao mesmo tempo, este Van trazia a sensação de um estranho
completamente diferente do Van das suas memórias. Por exemplo, este
Van era sólida, cheia de músculos. Dicas de cicatrizes velhas espiavam
através da sua camisa fina, e em seus braços maciços expostos.

Esse homem era um titã. Um olhar e qualquer um com algum


senso saberia que Van não era fácil de superar. Olhos castanhos
chocolate escuro chamejava com reconhecimento. O cabelo de Van
estava mais curto, quase militar, o que lhe dava uma aparência mais
severa e áspera. Van não era bonito, ele era a definição de Travis de um
homem de verdade, que não se importava de sujar as mãos, que poderia
quebrar ossos em dois.

Exceto que Van era diferente. Este abrigo era o trabalho da vida
de Van e dos seus amigos. Por trás dessa parede de músculo e poder,
batia um coração forte e surpreendente. Por que ele estava suando? Van
conseguiu realizar tanto, mas e Travis?

Travis fugiu de casa, era ingênuo o suficiente para acreditar que


Owen era seu príncipe, seu companheiro. No final, escapou de Owen,
também. Tudo que ele parecia capaz de fazer era fugir.

Travis não tinha o direito de estar aqui, de entrar na vida de Van


tão de repente e sem aviso. Van parecia que tinha tudo de bom para ele.
Ele deveria inventar uma desculpa e partir, a não ser que ele não podia
se ajudar.

— Van. — Sua voz soou pequena e fraca aos seus ouvidos.

Ele se levantou com cautela. Van não tinha falado, mas se


aproximou dele com os cuidadosos passos de um predador começando
uma caçada, observando sua presa. Oh Deus, mas ele queria ser a presa
de Van, ficar à sua mercê. Seus genes Ômega estavam falando, porque
estava perto da lua cheia, e época de acasalamento, mas Van era
especial. Van sempre teve um lugar especial em seu coração.

— Travis, é você realmente? — Mesmo a voz de Van tinha


mudado. Era mais profunda, mais áspera, afiada com emoções escuras
que ele não podia nomear.

— Sim? — Merda. Ele respondeu uma pergunta com outra


pergunta? O que havia de errado com ele? — Humm.

Ele precisava se defender. Dizer algo engraçado para neutralizar


a situação.

— Não sei por que estou aqui.

Graças a Deus, Van falou novamente.

— Marco disse que chegou aqui esta manhã. Você esteve


sentado aqui esperando por mim o dia todo?

— Não. Quer dizer, eu andei por aí e coisas assim. Não é como


se eu estivesse esperando por você o dia todo. — Travis era muito bom
em se esconder. Mentiras e artifícios eram armas para um Ômega,
porque o que mais eles tinham? Eles mal podiam ficar de pé contra um
shifter medíocre normal. Eles eram fisicamente mais fracos e até mesmo
seus lobos eram menores.

— Mentiroso. Você sempre foi ruim em mentir.


Travis se encolheu, mas o movimento fez Van ficar furioso,
porque os rosnados de Van vibraram através das tábuas do assoalho. O
som estava cheio de poder.

— Por que você veio aqui, Travis? Especialmente hoje? — A


pergunta de Van o pegou desprevenido. Parecia uma acusação.

— Não tenho que aceitar isso. Estou indo embora. Eu não


deveria ter vindo aqui em primeiro lugar. — Ele murmurou exceto que
seu lobo não gostou disso.

Salve-me. Salve-nos, seu lobo queria que Travis contasse, mas


isso cheirava a desespero. Travis era um filhote doente. Ele correu de
Owen, porque ele não queria sofrer outra época de acasalamento sendo
tratado como um cão. Correu para Van, esperando que Van o ajudasse a
chegar ao orgasmo. Que tipo de cara fazia isso, correr para um estranho
para ajudá-lo a atravessar a época de acasalamento?

Um perdedor. Um desperdício de espaço.

Owen tinha razão ao lhe chamar daquelas palavras. Travis


certamente se sentia assim.

Ele passou por Van, que bloqueou o caminho para as escadas,


usando seu corpo.

— Saia do caminho. Por favor. — Ele acrescentou essa última


palavra, porque ele sabia que estava falando com um Alfa. Alfas não
gostavam dos pequenos Ômegas.

— Não. Não até você me dizer por que está aqui.


— A última carta que você enviou tinha um endereço… — Travis
falhou inseguro de como continuar.

— Você foi o que parou de escrever para mim. Agora você está
aqui, pedindo ajuda?

— Não estou pedindo nada a você. Espera. Do que você está


falando? Você nunca me respondeu.

Capítulo Três

Espere. Van estava mentindo para ele? Porque Travis sempre se


certificou de colocar a caixa postal que ele alugou especialmente para as
cartas de Van. Ele também enviou e-mails para Van, mas Van nunca
respondeu a nenhuma das suas perguntas ou mensagens.

— Pare de brincar comigo. Quem está mentindo agora? Enviei-


lhe cartas, você não respondeu. Fim da história.

Ele começou a abrir caminho. Erro massivo porque Van agarrou


seu braço. Eletricidade subiu pelo seu braço, e passou por ele como um
choque. Aturdido, ele encarou aqueles intensos olhos castanhos, que
começaram a se tornar ouro. Isso não era uma boa notícia. Significava
que o urso de Van estava espreitando para fora, e a última coisa que
Travis queria era irritar o urso de Van.

— Não. Pare. Explique. — Van disse.


— O que, você está me dando ordens agora? Você? — Ele
perguntou.

Jesus. Ele devia morder a língua e dizer a Van o que ele


realmente queria, não se esconder atrás de sarcasmo e humor. Travis
não estava lidando com Owen, ou com os amigos do Owen, mas sim
com Van. Van o salvou anos atrás, lhe deu a coragem de sobreviver,
continuar lutando, vivendo. Van era... ele pertencia à Van.

Isso o sacudiu. De onde veio esse pensamento?

— Pare de provocar uma briga comigo.

— Eu não estou. Você começou isso. Você ficou irritado


primeiro. — Ele acusou.

Van o olhou de cima a baixo. Ele corou com o escrutínio. Devia


se acostumar com os machos dominantes que o olhavam agora, mas o
olhar de Van não era sexual, embora Travis desejasse que fosse. Van
estabilizou os ombros, que Travis percebeu que estavam tremendo.

— Quando foi a última vez que você comeu? — Van perguntou,


preocupação em sua voz.

— O que há com sua mudança de personalidade? — Ele exigiu.

— Eu reagi mal às cartas. Normalmente não sou assim, hoje é


um dia ruim para mim. Visitei Doug hoje. — A voz de Van se tornou
suave com a menção de Doug.

Seu olhar arrastou-se cautelosamente para algo que ele notou.


Logo abaixo da manga da camisa de Van, ele viu uma marca de
acasalamento. Uma marca de companheiro? Parecia que alguém o
golpeou no estômago. Ele tropeçou um pouco, de repente tonto, mas os
braços de Van estavam de repente em torno de sua cintura, o firmando.

Oh Deus. Van cheirava a pinho, das madeiras combinadas com


um cheiro almiscarado particular que era todo macho, todo Van.

— Doug? — Ele pressionou.

— Meu ex-companheiro.

— Ex? — Travis se perguntou por que ele não era capaz de


formar frases inteiras. Claro que Van tinha um companheiro. Um grande
cara como Van não ficaria sozinho por muito tempo. O que ele estava
pensando? Ele tinha vindo aqui para Riverside, pedir a Van para mantê-
lo durante a lua cheia, então tentaria um romance com o shifter urso
para mantê-lo?

— Doug era humano, tinha câncer terminal. — Van explicou, as


palavras inesperadamente atadas com dor escondida.

Travis podia sentir isso, o urso de Van estava com dor. Ele não
gostava de ver isso. Ele não sabia o que o possuiu para envolver seus
braços em torno do enorme corpo de Van para dar um abraço no shifter.
Van congelou, com todos os músculos tensos como pedra. Algo mais
estava endurecendo, também. O pênis de Travis se contraiu no jeans,
mas não era como se Van não estivesse afetado. Estava aterrorizado em
olhar para baixo, e levantar o assunto.
— Obrigado, esse abraço foi bom. — Van disse. — Mas é melhor
eu manter a distância antes de fazer algo que me arrependa. Depois que
Doug morreu, não estou no controle total do meu urso.

Van o deixou ir. Travis deu um passo para trás, apesar de odiar
ser separado do abraço quente de Van.

— Vamos começar de novo. Eu sinto muito. Estou cansado e


com fome.

— Então, você está com fome. — Havia diversão óbvia na voz


de Van.

— Hum. Sim.

—Vamos. Vamos alimentar você primeiro, então vamos falar


sobre o porquê você está aqui.

Aturdido, Travis não se moveu nem um centímetro.

— Espere, você não está me colocando para fora?

Van franziu as sobrancelhas, como se a ideia nunca tivesse


passado pela mente do shifter urso.

— Porque eu faria isso?

— Eu fui rude com você e eu interrompi sua vida sem aviso.

— Houve um mal-entendido que precisamos esclarecer, além


disso, você é bem-vindo aqui a qualquer momento. — Van ofereceu uma
mão, que Travis hesitantemente segurou. Percebendo como a mão de
Van parecia enorme em comparação com a dele, estava quente embora,
apesar dos calos.

— Espere, minha mochila. — Ele disse. Van a ergueu facilmente


e colocou uma alça sobre o ombro.

— Eu posso levar. — Travis disse.

— Travis, é um pequeno gesto. Deixe-me.

— Tudo bem.

— Por aqui.

— Você tem trabalhado muito com as mãos? — Travis


perguntou. Eles começaram a descer as escadas, mas Van não soltou
sua mão até chegarem ao primeiro andar.

— Eu trabalhei com construção, com conserto de automóveis,


entre outras coisas, antes de estabelecermos a Howl4Alfas. — Van
explicou.

Algumas pessoas, tanto funcionários, quanto voluntários e


aqueles que se abrigavam cumprimentaram Van pelo nome. Alguns lhe
dirigiram olhares curiosos enquanto o cumprimentavam. Humm. Talvez
Marco fosse uma espécie de anomalia, porque até agora, ele se sentia
bem-vindo. Ninguém questionou sua aparência ao lado de Van.

Entraram no que parecia uma lanchonete. Estava perto da hora


do jantar, portanto, tinha uma grande quantidade de pessoas.

— Vamos nos juntar à fila. — Van sugeriu, o conduzindo à fila de


pessoas carregando bandejas. Van pegou uma e a ofereceu, ele aceitou.
O cheiro de comida atingiu seu nariz. Seu estômago soltou um estrondo,
ganhando uma risada de Van. Ele olhou furiosamente, mas Van não
perdeu o sorriso.

— Algo cheira bem. — Foi tudo o que ele murmurou.

O jovem à sua frente se virou e assentiu.

— Hoje é terça-feira de peru. Ainda bem que veio cedo. Caso


contrário, a fila estaria cheia.

— Isso não é cheio? — Ele perguntou surpreso.

O jovem riu. — A fila vai todo o caminho até a entrada.

— Sério? — Ele perguntou à Van. — Você pode alimentar a


todos?

Van coçou a cabeça.

— Foi difícil conseguir que as mercearias locais e os


supermercados próximos doassem alimentos, mas até agora
conseguimos.

Van parecia bem-humorado, mas por baixo estava preocupado.


Não era difícil adivinhar que dirigir um abrigo não era a coisa mais fácil
do mundo.

— E você? Você não vai pegar nada? — Ele perguntou.

— Vou pegar um sanduíche, cacei mais cedo. — Van disse.


— Eu vejo. — A fila se movia constantemente. Um prato cheio
com uma generosa porção de peru, purê de batatas e biscoitos estava
em sua bandeja dentro de dez minutos. Van pegou um sanduíche de
peru, e eles de alguma forma encontraram uma mesa vazia perto da
entrada da cafeteria.

O jovem com quem Travis falou antes estava certo. A fila tinha
dobrado, com pessoas ansiosas prontas para pegar sua comida. Ele
notou que nem todos eram shifters. Alguns cheiravam a outras espécies
paranormais, outros eram seres humanos.

— Então qualquer um é realmente bem recebido com os braços


abertos aqui? — Ele perguntou. — Pode receber todos eles? Quero dizer,
você tem camas suficientes?

— Nem todos ficam. Alguns vêm para jantar, mas voltam para
seus respectivos lares. Eles preferem seus próprios espaços. — Van
disse, então acenou com a cabeça para sua comida. — Coma primeiro,
perguntas mais tarde.

— Ah. Certo.

Ele deu uma garfada de purê de batatas e um pedaço de peru.


A comida derretia em sua boca. Ele choramingou, porque ele não
conseguia lembrar da última vez que provou algo tão delicioso. A maioria
de suas refeições eram macarrão instantâneo ou junk food1.

Notando que Van tinha parado de comer o sanduíche, ele

1 Junk food: Alimentos de baixo valor nutricional, normalmente produzidos sob a forma de lanches embalados que
necessitam de pouca ou nenhuma preparação.
perguntou.

— O quê?

— Nada. É um prazer vê-lo comer. Eu deveria alimentá-lo com


mais frequência. Talvez uma refeição adequada em um restaurante.

Travis congelou. Van poderia estar convidando ele para um


encontro?

— Quero dizer. — Van se apressou, como se ele percebesse a


implicação de suas palavras, também. — É um velho amigo. Por que
você não me deixa te levar para jantar algum dia?

A palavra “amigo” soou dolorosamente em sua cabeça, porque


seu lobo ansiava em ser muito mais do que o amigo de Van.

— Certo. Parece ótimo. — Ele respondeu.

Van sorriu, terminando o sanduíche. O clima ficou sóbrio quando


terminaram de comer.

— Então me fale sobre as cartas de novo.


Capítulo Quatro

Travis disse a Van sobre as cartas. Com o estômago cheio, ele


era capaz de falar fácil e claramente. Van era um bom ouvinte, nunca
interrompendo sua narrativa.

— Então eu acho que quando você não respondeu à minha


última mensagem, você estava ocupado.

Van franziu as sobrancelhas.

— Estranho. Pensei que fosse você quem deixou as


comunicações.

— Qual foi a última carta que você recebeu de mim? — Travis


tinha que perguntar.

— Que você deixou a cidade com um cara chamado Owen, você


mencionou que estava prestes a acasalar. — Van parou, e Travis
estremeceu ligeiramente enquanto o olhar de Van parecia capaz de
queimá-lo de dentro para fora.

Travis moveu-se desconfortavelmente em seu assento,


consciente de seu pau novamente, ficando mais difícil de manter o olhar.
Deus! Algo estava seriamente errado com ele, especialmente se Van só o
via como um amigo. As palavras de Van foram claras, mas as próximas
palavras foram enfeitadas com uma suspeita satisfação.
— Eu não vejo uma marca de acasalamento — Van declarou.

Travis esfregou o lado de seu pescoço por instinto, o ponto


vulnerável no qual um macho dominante colocaria sua reivindicação em
seu companheiro submisso. Ele nunca poderia dizer a Van que ele
sempre sonhara em colocar essa marca permanente nele, e roubar seu
coração.

— Uh... bem... sim. — Travis tentou parecer casual, a fim de


evitar se aprofundar no assunto, apesar de seu sono estar
constantemente atormentado por pesadelos de Owen se erguendo sobre
ele, os punhos levantados, os olhos cheios de raiva cruel.

— Não funcionou? — Van perguntou em uma voz calma, cheia


de raiva. — Esse filho da puta te machucou?

Travis esfregou as palmas das mãos suadas no jeans. Por que


Van estava tão zangado? Além disso, Owen era seu erro, só dele.
Naquela época, ele tinha sido iludido, fodidamente ingênuo. Ele pensou
que Owen era seu príncipe em armadura brilhante, mas logo descobriu
que o mundo real só continha babacas. Exceto Van.

— Você não sabe de nada, — ele sussurrou, percebendo que


Van esperava uma resposta.

Ele negaria seu erro até o fim. Van não precisava saber o quão
mal Owen o fodera, como ele mal podia viver de um dia para o outro.
Travis era um lobo perdido. Ele também não tinha casa para voltar. Se
ele voltasse para a cidade de Owen, ele e seus amigos tornariam sua
vida um inferno vivo novamente.

Mais provavelmente, Owen já encontrou um brinquedo novo de


mastigação para brincar e esqueceu-se dele. Travis também não podia
voltar para sua cidade natal. Com seu pai morto, a matilha só queria
usá-lo como moeda de barganha novamente, exceto que agora Travis
tinha pouco a oferecer. Ele não era mais um prêmio, não mais um
virgem. Era irônico que seu velho, fosse a única coisa que impedisse a
matilha de se aproveitar dele.

Em todos os lugares em que olhava, Travis era indesejado. Uma


ferramenta, menos aqui. Van tratou-o como igual, falou com ele como
um amigo. Aqui estava Travis, querendo muito mais.

Van gentilmente tocou sua mão. Chocado, Travis observou as


mãos enormes e calosas acariciarem seus dedos, o toque tão suave
como um pincel de pena. Como poderia um sujeito tão grande possuir
tanta gentileza?

— Não? Travis, eu lido com um abrigo. Eu posso reconhecer


uma vítima de abuso de imediato por sua linguagem corporal e gestos. O
jeito que você se mantém…

Essas palavras provocaram algo nele. Talvez fossem os meses


de mudança de lugar para fugir de Owen. Talvez estivesse vendo Van
novamente, tudo acontecendo muito rápido e muito além de sua
capacidade de compreensão. Por que o surpreendente Van se
incomodaria com um Ômega usado como ele? Talvez Van só o visse
como nada mais do que alguém que precisava de ajuda antes de seguir
em frente.

— Pare com isso, — ele falou alto, com raiva. — Não quero sua
piedade. Eu não vim aqui para ser mimado. Eu nunca quis que você me
visse como uma espécie de vítima patética. Não sou um dos seus casos.

Em sua pressa de se levantar, Travis derrubou a cadeira. As


pessoas olhavam para ele. Ele percebeu como soava, reagindo como
algum pirralho birrento, para um cara inacreditável que era nada menos
que simpático para ele.

Simpático. Travis bufou. Ele não queria isso, mas o que ele
queria?

— Travis. — Van começou, mas Travis podia sentir os olhares


das outras pessoas na cafeteria julgando-o, odiando-o.

— Esqueça isso. — Travis agarrou sua mochila que estava aos


pés de Van e saiu correndo da lanchonete.

— Travis! — Van chamou novamente, mas ele saiu em uma


arrancada.

Tudo o que Travis queria fazer era correr o mais rápido possível,
encontrar um lugar para se esconder e desejar que ele pudesse
desaparecer da face da terra. Por que motivo ele nasceu de qualquer
maneira? Talvez desta vez, o mundo finalmente se esquecesse dele.

****
Van não sabia como ele conseguiu foder uma conversa com
Travis tão facilmente. Praguejando sob sua respiração ofegante, ele
continuou correndo atrás de Travis. Ele tinha uma vantagem pelo menos.
Van conhecia esta cidade como a palma de sua mão, ao contrário de um
recém-chegado como Travis.

Pena? Porra. Van queria caçar Owen e arrancar suas entranhas,


e fazer o filho da puta gritar e implorar por misericórdia, mas ele não
teria piedade. O que Travis pensaria se soubesse que Van estava com
pensamentos inapropriados sobre o irmãozinho de Terrence?

Não, ele deixou de pensar em Travis em termos de irmão há


muito tempo. Travis veio procurá-lo para pedir ajuda, mas Van estava
agindo como um predador, rodeando o lobo de Travis, ansioso para fazê-
lo seu Ômega.

Deus. Quando ele viu Travis, lembrou-se do doloroso passado,


quando ele por achar que Travis era intocável, e merecia o melhor,
decidiu manter-se longe, para o bem dele. Olha o que ficar longe tinha
feito com ambos?

Travis não lamentava seu tempo com Doug, mas talvez sua
visita a Martha tivesse sido um sinal para ele seguir em frente.

Ele saiu do abrigo e viu o corpo magro de Travis no


estacionamento. Van começou sua perseguição. Seu urso queria tomar à
dianteira. Em forma animal, ele poderia correr mais rápido, mas o
instinto do urso para marcar o Ômega substituiria sua lógica humana.
Então Van correu em duas pernas. Ele não ultrapassou Travis, embora
pudesse facilmente fazê-lo.

Às vezes, uma corrida poderia clarear a cabeça. Travis acabou


no parque perto do abrigo, onde desabou no banco mais próximo,
respirando com dificuldade. Ele largou a mochila ao lado, sem sequer
perceber que Van já o tinha alcançado, ficando bem na frente de dele,
que recuou.

— Jesus Cristo, não se supõe que os ursos sejam ruidosos? Eu


nem te ouvi.

Van não poderia mudar as suas palavras. Ele entendeu que


machucou Travis por falar de seus problemas pessoais, era cedo demais
para essa conversa. Oh, Van queria contar a história mais cedo ou mais
tarde, mas ele daria Travis algum espaço primeiro. Uma vez que Travis
estivesse pronto, ele iria dizer-lhe.

— Eu menti. Eu pedi a você para sair, não como um amigo, mas


porque eu estou interessado em você. — Van foi para a honestidade
desta vez. Dependendo da reação de Travis, ele poderia voltar atrás, se
Travis quisesse apenas ser amigo...

— Eu também.

Quando ele se deu conta do significado destas palavras o seu


urso levantou-se, desejando rosnar em triunfo. Ele manteve a voz firme.

— Travis, você veio até mim por uma razão. Por quê?
O rosto inteiro de Travis ficou enrubescido. Van seguiu a linha
de visão de Travis até o céu noturno. Levou vários segundos para
descobrir que Travis não estava olhando para as estrelas, mas para a
lua.

— Oh. — Foi tudo o que ele foi capaz de dizer. Seria lua cheia
logo, a época mais miserável do mês para ele, passou este período
frustrante ultimamente na floresta em forma de urso.

— Sim. — Travis respirou fundo. — Muito estúpido de minha


parte, certo?

— Não. — Van não conseguia dizer a Travis que estava tão perto
de beijá-lo, que seu urso queria marcá-lo e manter ele para sempre. —
Vamos enfrentar uma coisa de cada vez. Por que não te levo para casa?
Um banho quente, uma cama quente. Amanhã, vamos resolver as
coisas.

— Casa. — Travis parecia confuso. — Você quer dizer o abrigo.

Van sacudiu a cabeça.

— Eu decidi. É melhor você ficar comigo. Eu moro em um


estúdio, mas não me importo de ficar no sofá.

— Por quê? Então você pode manter os olhos em mim?

— Travis, eu entendo que a confiança leva tempo para construir.


Eu não vou tirar proveito de você. Está a salvo comigo.

— Essa é a parte assustadora — Travis sussurrou as palavras,


mas Van ouviu. Elas o intrigaram, mas ele descobriria isso mais tarde.
Travis continuou: — Quero recompensá-lo, mas não tenho dinheiro.

— Você veio aqui, não apenas para me ver de novo, mas para
um novo começo? — perguntou gentilmente, escolhendo sentar-se ao
lado de Travis. Porra. Péssima ideia. Seus ombros roçaram nele, e tocou
sua pele, enviando uma onda de eletricidade através de seu corpo para
seu pau.

Abaixe urso!

— É possível um novo começo para alguém como eu? —


Perguntou Travis, soando esperançoso.

— Alguém como você? — Van perguntou confuso.

Travis olhou para baixo. — Um perdedor.

Com raiva de que Travis se visse assim, segurou firme seu


braço. Oh, Van queria fazer mais para proporcionar conforto a Travis. Ele
podia puxá-lo em seus braços e acariciar seu pequeno lobo Ômega.

Agarrá-lo com paixão.

Não.

Ainda não, pelo menos.

— Todo mundo comete erros. Todo mundo, — disse ele.

— Você não.

Van teve que rir. — Você não me conhece. Eu derramei sangue


para manter o sonho de meus amigos e os meus vivos. Não sou santo.
Inferno, eu mal consigo me controlar ao seu redor.

Isso parecia atrair o interesse de Travis.

— Mesmo? Ou você está inventando isso, para me impedir de


sair?

Travis sempre tinha uma resposta na ponta da língua? Seu urso


respondeu ao desafio. Travis precisava saber quem conduzia a dança
aqui, então Van segurou o queixo de Travis, fazendo-o olhar para ele. O
medo brilhou nos olhos de Travis, mas o desafio ainda estava lá. Ele
tocou o lábio inferior de Travis, e ficou surpreso quando ele sugou seu
dedo. Um gemido saiu antes que ele pudesse controlar. Travis arregalou
os olhos, mas ele podia sentir o cheiro do Ômega e sua excitação no ar.
Van foi para a matança.
Capítulo Cinco

Travis sonhara com esse momento. Van finalmente o beijou


exceto que o homem não beijou. Van devorou sua boca, como se a fome
o tivesse levado. O que mais poderia Travis fazer, além de responder?
Com Van, tudo era calor, aspereza e desejo feroz. Van finalmente
colocou as mãos sobre ele, deslizando-as pela camisa de Travis para
tocar e acariciar.

Se Van não mantivesse sua boca cativa, Travis teria ronronado


como um gato. Ele estava autoconsciente de seu corpo magro no início,
que Van finalmente o achasse repulsivo. Owen sempre reclamava que
precisava emagrecer, que estava engordando. Van não parecia se
importar. Quando Van enfiou a língua entre seus lábios, Travis se abriu e
sugou a língua de Van. Seu pênis pulsou contra seu jeans, precisando de
alívio.

Como se Van soubesse o que estava pensando, Van enfiou a


mão na sua virilha e desabotoou o jeans. Travis afastou os lábios, e Van
o soltou, levantando uma sobrancelha.

— Estamos em público, — ele conseguiu dizer.

Deus sabia que ele não queria parar, que queria levar isto mais
longe apenas para ver o quão longe eles poderiam ir.
Havia um brilho nos olhos de Van, dizendo a Travis que o
guarda-costas também tinha um lado malicioso, o que só aumentava o
interesse de seu lobo.

Travis não tinha outras queixas depois disso. Além disso, um


olhar e Van estava certo. O parque estava vazio naquela hora da noite e
seu lobo não sentia mais ninguém. Além disso, um pouco de
exibicionismo o deixava estranhamente excitado. Qualquer um poderia
andar até eles a qualquer momento. Seu pulso acelerou. Ele esperou o
próximo movimento de Van.

Van pegou sua boca novamente. Suas línguas e dentes se


chocaram. Van se afastou e um gemido saiu dele. Van deslizou a mão
por cima de sua cueca e puxou seu pau. O ar frio beijou seu pênis, mas
apenas por um segundo. Van pegou o pré-sêmen sobre seu pau,
levando-o para seus lábios e Travis lambeu-o, incrivelmente excitado.
Van começou a bombear seu pênis, movimentos ganhando velocidade,
deixando Travis sem fôlego por alguns segundos.

— Porra, mas eu sonhei com esse momento, — disse Van contra


seu ouvido, fazendo-o tremer.

— O que?

— Vendo você estar desfeito, tudo graças a mim.

— Eu... — Como Travis poderia juntar duas palavras coerentes


depois desta admissão? Ele gemeu, ofegante quando Van deu um aperto
em suas bolas. — Eu também.
— Diga-me. — Outro comando. — Sente-se um pouco.

Travis obedeceu, corando com mais força quando Van puxou seu
jeans mais afastado agora. Descobriu logo o motivo pelo qual Van lhe
ordenou que fizesse isso, de modo que Van pudesse arrastar uma unha
atrás de suas bolas, o espaço entre suas bolas e finalmente alcançar seu
ânus. Ele se contorceu quando Van rodeou sua entrada.

— Não aqui.

— Você gosta disso. Admita. — Van provocou seu ânus franzido,


mas nunca empurrou.

O desconforto e a luxúria de Travis montaram. Ômegas eram


autolubrificantes e sua entrada já estava lisa e pronta.

— Sim.

— Conte-me sobre suas fantasias, — Van disse, empurrando um


dedo nele.

Ele ofegou quando Van acrescentou outro. O pau de Travis


estava tão duro, ele poderia ter gozado exatamente naquele momento.
Ele se conteve, porque não queria que o jogo terminasse. Além disso, ele
queria mostrar a Van que ele não era apenas um filhote indisciplinado
que não tinha controle.

Sem vergonha, Travis balançou para frente e para trás nos


dedos estimulantes de Van.

— Eu preciso, — ele sussurrou.


— Eu só quero fazer você gozar, para ajudá-lo a extravasar um
pouco. Eu não posso foder você.

— Por quê? — Travis exigiu.

— Porque isso faria de mim um idiota. Isso seria tirar proveito.

— E se eu estiver disposto? — Ele perguntou.

— Foda-se. — Van parou, mas Travis podia ver Van considerar


isto.

O que ele estava fazendo? Travis sabia que o urso de Van estava
tão perto de assumir o controle, e tudo o que ele estava fazendo era
encorajá-lo, mas estava tão perto da época de acasalamento. Além
disso, ele estava sozinho. Coração doendo pelo único homem que ele
sempre quis. Naquela época, ele era apenas um garoto, mas agora,
Travis era um adulto. Os adultos sabiam o que queriam.

Seu lobo cantou e desejou que o urso de Van o reivindicasse.

— Devemos voltar, — disse Van abruptamente, prestes a


abotoar seu jeans novamente, mas Travis o deteve.

— Você não quer ter o seu caminho comigo? Eu quero isso. Toda
a minha vida, sonhei com um homem forte e protetor capaz de me
domesticar. É você. Você é tudo o que eu sempre quis. — A honestidade
pareceu fazer o truque e fazer Van mudar de ideia, porque seus olhos
mudaram de cor.

Van e seu urso olharam para eles, e ao contrário do homem,


Travis tinha a sensação de que o urso não se comprometia. Bom, porque
ele queria tudo.

— Venha aqui, — disse Van, com a voz cheia de luxúria. O


homem estava de repente longe do banco, e estava atrás de uma das
espessas árvores atrás do banco.

Podem os ursos mover-se tão rápido? Van aparentemente podia.


Um inexplicável puxão magnético o fez levantar-se e ir até Van. Uma vez
que ele estava ao alcance, Van agarrou sua cintura e girou-o. Aconteceu
em um espaço de um segundo. De repente, sua frente roçou contra uma
árvore. Ele choramingou com desejo.

De repente, sentia-se sujo, desejado e necessitado.

Isso não era uma foda aleatória, porém, não algum arranjo
temporário. Ambos sabiam disso. Van apertou-se contra as costas de
Travis. Travis sentiu cada plano duro de músculo, mas mais
notavelmente, a ereção de Van esticando contra sua calça jeans.

— Você tem certeza que quer saber como eu sou, quando estou
com disposição para foder? — Van perguntou. Até a voz de Van se
transformou em sombras mais profundas, mais como um grunhido.

Ele tremeu, tanto com medo como com excitação. As emoções


combinadas eram potentes, letais.

— Você não sabe querido? Eu fui feito para você.

Van puxou suas calças até o tornozelo, expondo seu traseiro e


pau. A textura da madeira beijou seu pau, quando a calça jeans de Van
acariciou sua bunda nua.

— Você sabe o que acontece com os pequenos Ômegas? — Van


perguntou. — Especialmente um Ômega particular que pertence a mim
por direito?

Pertencer a Van.

Oh Deus. Van certamente sabia fazer excelentes preliminares, a


menos que as palavras fossem verdadeiras. Apenas pensar em estar sob
o controle completo de Van fez sua pele queimar febril, e seu coração
cantar com saudade.

A verdade feia era, mesmo quando Travis estava com outros


homens, seus pensamentos sempre se desviavam para Van. Depois de
partir com Owen, sua bússola interna apontou para uma direção, para
Van. Talvez o destino os tenha separado, só para se reunirem novamente
depois de vários anos por uma razão.

Bem, ele descobriria a resposta mais tarde. Agora, ele queria


ser fodido bem e duro.

— Não. Diga-me. Melhor ainda, mostre-me.

Travis ouviu o som de Van desabotoando o cinto. Ele abriu as


pernas sem precisar do comando de Van, apenas para sentir a ponta
úmida de Van contra sua entrada. Ele gemeu e empurrou sua bunda
para Van em oferta.

— Eu vou explodir sua cabeça, Ômega. — Van segurou suas


mãos sobre a cintura de Travis e empurrou dentro. Travis respirou fundo
enquanto Van o encheu até o final, até que as bolas de Van roçaram seu
traseiro. Ele soltou um pequeno suspiro. Van fez uma pausa. —
Machuquei você?

— Não. Você é tão grosso.

— Cumprimentos como esse não vão lhe render pontos querido.


— Van mordiscou seu pescoço, fazendo-o estremecer. O impulso de
implorar a Van por sua marca de companheiro surgiu, mas isso o
tornaria um necessitado. E se isso apagasse Van?

Van perguntou: — Pronto para eu me mover?

Capítulo Seis

— Sim, — disse Travis sem hesitar.

Van começou a se mover, os golpes furiosos e rápidos. Cada vez


que seus corpos se conectavam, a pressão nele continuava a crescer.
Suas unhas se transformaram em garras e ele arranhou a árvore,
gemendo em cada impulso. Cada vez que Van o penetrava, pequenas
explosões saíam de dentro dele. Seu lobo estava completamente
satisfeito, feliz por finalmente ter seu companheiro fazendo amor com
eles.

Espera. Companheiro?

Travis não queria se agarrar muito à esperança. Deu-se a um


homem completamente uma vez, a Owen, que não o merecia em tudo e
não queria ser ferido outra vez. Qualquer um na posição de Van seria
oprimido, então ele manteve essa palavra para si mesmo por agora, e
regalou-se no calor que irradiava de seu corpo e se espalhava para o
resto dele, incluindo seu pau. Ele se encontrava com Van em cada
empurrão.

Van pegou velocidade, movendo-se mais rápido, mais fundo,


rompendo seus lugares mais íntimos. Van reduziu Travis a súplicas.

— Tão bom, — ele sussurrou.

— E você é tão fodidamente apertado, perfeito em torno do meu


pau.

— Você sempre fala sujo durante o sexo? — Ele perguntou.

— Você gosta disso.

— Eu gosto de tudo que você faz.

Van riu. — Se você ainda é capaz de falar, isso significa que eu


não estou fazendo meu trabalho muito bem. Hora de chutar um pouco as
coisas.
Isso era possível?

Aconteceu que sim, porque a próxima estocada de Van fez com


que ele ofegasse por ar, com as costas arqueadas. Van roçou de novo
contra sua próstata, martelando e apontando para aquele ponto
repetidamente, levando-o para a borda.

— Van, por favor. Eu estou prestes a explodir.

— Quero ouvir você gozar para mim, Travis. Agora.

O comando de Van era absoluto. O mundo estreitou seu alcance


para Van e seus corpos unidos. A pressão construída nele finalmente se
abriu. Gritando, o próximo impulso de Van fez sua mente subir. Ele
cedeu, aliviado enquanto esvaziava suas bolas.

Seu shifter urso pistoneou dentro e fora dele várias vezes, antes
de encher seu traseiro de calor. Van beliscou ao lado do pescoço dele,
mordiscou. O tempo parou, mas Van não quebrou a pele, apenas deixou
uma contusão lá para que todos vissem.

Isso o agradou imensamente. Embora não fosse a mordida, era


uma marca no entanto. Todos saberiam que Van o reivindicou hoje à
noite. Ninguém poderia tirar isso dele. Ele suspirou, e quase caiu contra
a árvore, mas Van o virou gentilmente, para que ele pudesse cair contra
ele.

Van magicamente produziu um lenço no bolso traseiro de sua


calça jeans e os limpou.

— Como você é antiquado? — Ele disse, com os membros


pesados. Suas pálpebras caíram. Agora, ele podia adormecer nos braços
quentes e protetores de Van. Esquecer o mundo e seus problemas.

Van sorriu e beijou-o gentilmente na boca.

— Mais.

— Você está exausto. É hora de eu levá-lo de volta para casa.


Colocar você para dormir.

Ele bufou.

— Eu não sou um animal de estimação.

— Não, você é meu lobo perdido. — Van parecia intenso naquele


momento, sério, como se o shifter urso estivesse pensando
profundamente.

— Espero que você não se arrependa disso, — disse ele,


sentindo as mãos de Van, puxando seus jeans, abotoando-o.

— Nunca. — Essa única palavra soou como uma promessa nos


lábios de Van. — Vamos. Se você não puder andar, eu o carregarei.

— Eu não sou uma criança.

— Você já provou isso, — Van disse secamente, mas por baixo


disso estava o humor.

Travis não tinha retorno a isso, então deixou Van levá-lo. Ele
tinha uma raia teimosa e ainda tinha algum orgulho. Ele seria condenado
se ele deixasse Van carregá-lo. A caminhada o levou até o
estacionamento do abrigo.

— Pensei que quisesse me levar para sua casa? — exclamou ele,


aterrorizado com a noção de dormir em um quarto com estranhos,
especialmente depois de compartilhar um momento tão íntimo com Van.

— Nós estamos. Minha carona está ali, — Van explicou.

Travis apertou os olhos e viu uma Harley familiar.

— De jeito nenhum, é o mesmo que você tinha antes?

— Infelizmente não. Depois que o bando de seu pai me


expulsou, um dos lobos me rastreou e me disse que se eu mostrasse
meu rosto lá, eu estava morto e eles iriam te machucar. — Van soltou
uma gargalhada. — Eles ameaçaram acabar com Lex e Jackson,
também.

Isso despertou Travis um pouco. Ele sabia que o bando deveria


ter chutado Van fora da cidade, mas para fazer ameaças assim? Não
admirava que Van não pudesse voltar para a cidade. Travis pensou que
Van queria salvar sua própria pele em vez de retornar. Ele se sentia um
pouco culpado agora.

— Está bem. Está tudo no passado — Van explicou como se


soubesse o que Travis estava pensando.

— Não está bem. Pensei na época que você não queria me ver
novamente.

Van apertou suas mãos, que ele percebeu que estavam


tremendo muito.

— Travis, eu pensei em você todos os dias enquanto estávamos


separados, até o momento em que eu conheci Doug. Eu olhava para as
suas cartas. Era tudo para mim, minha única ligação com você.

Ele engoliu em seco. As lágrimas brotaram em seus olhos e ele


facilmente as afastou.

— Vem cá querido. Chega de lágrimas. — Van beijou suas


pálpebras.

Querido?

Era bom, ser chamado por um termo carinhoso. Van usou a


bainha de sua camisa para limpar seu rosto.

— Tem sido uma noite longa. Tenho certeza de que amanhã


você vai se sentir melhor, — disse Van. O shifter urso caminhou até a
parte de trás da moto e voltou com um capacete. Van ajudou a apertar
as correias. — Não durma durante a viagem, certo? Minha casa não está
longe.

Como poderia Travis dormir, sabendo que tipo de inferno Van


passou? Van montou na moto e ele subiu atrás. Ele colocou seus braços
na cintura de Van, e pressionou sua cabeça contra os poderosos
músculos das costas de Van.

Van cheirava bem. Seguro. Maravilhoso. Dele, mesmo que fosse


só por uma noite.
Quando chegaram à sua casa, Van quase podia sentir Travis
prestes a dormir. Ele foi surpreendido. Travis deve ter tido um longo dia.
De suas perguntas gentis, ele descobriu que Travis esteve em um ônibus
por quatro horas, e demorou mais uma hora para encontrar o abrigo.
Travis esperou o dia todo, apenas para vislumbrá-lo. Seu peito se
contraiu com emoções sem nome.

Algum tipo de protetor ele era. Ele alimentou Travis, e então o


seguiu para o parque local para algum sexo. Risque isso, de sua mente e
vida alterada pelo sexo. Depois disso, não havia volta. Até seu urso
estava saciado, presunçoso. Talvez devesse sentir-se culpado, mas não
achava que lamentasse suas ações, e parecia que nem Travis. Ele
desligou o motor.

— Nós já chegamos? — Travis murmurou atrás dele.

— Sim. — Van desmontou e ajudou Travis.

Ele levou-os para dentro do prédio e para seu estúdio no quarto


andar. O espaço era minúsculo, projetado para uma pessoa, que era
exatamente o que ele queria depois que Doug morreu. Van não trouxe
ninguém aqui, nem seus amigos. Este era o seu espaço privado, seu
covil, embora seu urso não parecesse se importar com Travis estando lá.

Van pediu a Travis que se sentasse na beira da cama. — Eu vou


pegar uma toalha extra no caso de você querer um banho quente, e
algumas roupas limpas, embora elas fiquem um pouco grandes em você.

— Um pouco? — Travis riu, então de repente agarrou a manga


de sua camisa, preocupado.

— O que é isso?

— Esqueci minha mochila no parque. Tenho que voltar lá. —


Travis começou a levantar, mas Van colocou uma mão no peito de Travis.
Ele podia ouvir os batimentos elevados do coração de Travis. Van tinha
estado em torno de muita gente no abrigo para saber que suas posses
eram importantes. A matilha de Travis podia reter tudo o que ele
possuía, e as lembranças especiais que esses objetos lhe dessem.

— Eu vou pegar para você. Por que você não relaxa? Toma um
banho. Há muita comida na geladeira se você ainda está com fome.
Deite-se.

Travis tirou a camisa e mordeu o lábio, considerando.

— Você tem certeza?

Ele assentiu.

— Você deve estar exausto. Não se preocupe, eu trarei sua


mochila de volta.

Travis soltou uma risada dura.

— Não há nada de valor nela, apenas lixo.

— Mas isso significa o mundo para você, certo? — Van terminou


em compreensão.

Travis piscou.

— Como você sabia?

— Um palpite, a forma como você se recusou a soltá-la e


quando me ofereci para carregá-la, você estava relutante.

Perplexo, Travis assentiu.

— OK.

— Bom filhote. — Incapaz de ajudá-lo, ele bagunçou os cabelos


de Travis. Ele costumava fazer isso, quando Travis era mais jovem e ele
vinha para sua casa para sair com Terrence. Travis empurraria sua mão
de lado, o olharia intensamente e diria para Van tratá-lo como um
adulto. Desta vez, porém, Travis se inclinou em seu toque e suspirou.

Deus. Que adorável. Tudo o que Van queria fazer era manter
Travis e nunca largar, mas Travis queria isso?

Van se contentou em beijar Travis nos lábios suavemente.

— Volto logo. Seja bom.


Travis bufou desta vez.

— Apresse-se, ou então eu vou acabar com toda a sua comida.

Van riu.

— Eu não me importo. Você poderia colocar um pouco de carne


nesses ossos.

Capítulo Sete

Van logo encontrou a mochila de Travis no mesmo banco do


parque. A primeira vista, parecia intocada. Van se sentou e debateu se
deveria abri-la. Os ursos eram curiosos por natureza, porém, e seu urso
considerava Travis seu. A culpa o atingiu, mas mesmo assim Van abriu a
mochila.

A primeira coisa que ele pegou foi uma moldura rachada com
uma foto de família que ele conhecia muito bem. O conjunto completo:
pai, mãe, irmão mais velho e irmão mais novo. O rosto de Zack tinha
sido riscado, o que era compreensível. Ele colocou de volta dentro e a
próxima coisa que encontrou foi um bloco de desenho. Van sabia que
Travis gostava de desenhar. Ele virou a página, e ficou surpreso com os
esboços a carvão e a lápis.

— Travis, você é bom — ele murmurou.

Eram desenhos de pessoas aleatórias. Perguntou-se se eles


eram pessoas que Travis encontrou durante suas viagens. Ele se
demorou em um esboço, que mostrava um urso, com o fundo de um rio
e um bosque. Ele se perguntou se poderia ser ele. Balançou a cabeça.
Vanity às vezes conseguia o melhor das pessoas. Cuidadosamente,
enfiou o bloco de desenho de volta. Já tinha causado muito dano naquela
noite, então ele fechou a mochila, ouvindo algo cair.

Van inclinou-se para ver o telefone de Travis. Estava vibrando,


com o nome Owen piscando na tela. Ele apertou a mandíbula, de
repente alimentado com a raiva. Van sabia que devia se meter, que
Travis não o apreciaria bisbilhotando, mas ele pegou o telefone e
atendeu.

— Finalmente você atendeu seu estúpido pedaço de merda. Se


você voltar e prometer ser um bom chupador de pau e buraco para mim
e meus amigos, eu vou perdoá-lo. — A voz de Owen soou oleosa,
repulsiva.

Um rosnado saiu dos lábios de Van. Conhecia idiotas como


Owen. Inferno, ele ouviu muitas histórias de horror de shifters submissos
que vinham para o abrigo, contando como os machos dominantes em
suas vidas os tratavam.

— Quem é? — Perguntou Owen.

Van sabia exatamente o que dizer.

— Travis está fora dos limites para você agora, idiota. Ele é
meu. Se você chegar perto dele de novo, ou mesmo ligar, eu vou caçá-
lo, então vou arrancar seu pau e bolas e fazer você comê-los.

— Quem diabos você pensa que é?

— Travis é minha propriedade. Se você quer problemas, então


vou ter a oportunidade de derramar sangue. Vencer os idiotas aquece o
meu sangue muito rápido.

Owen desligou rapidamente. Van verificou o número e decidiu


dar a Lex para rastrear. Não faria mal, saber onde estava Owen. Talvez
um dia, Van pudesse dar ao desgraçado bastardo uma visita e retribuir a
Owen a mesma miséria que tinha mostrado a seu companheiro.

Seu companheiro?

Manter tais pensamentos eram letais, para ambos. Por um lado,


seu urso era difícil de administrar, e depois do que Travis tinha suportado
nas mãos de Owen, talvez não estivesse interessado em formar qualquer
tipo de relacionamento, ou ele?

Travis parecia ansioso no parque, mas ele não queria entender


mal a situação. Talvez tenha sido um tempo para ambos, talvez eles
fossem atraídos um pelo outro por necessidade e desespero. Van não
queria pensar assim.

Além disso, o pedido de Travis não saía de sua cabeça. Travis


precisava de um parceiro para estabilizá-lo durante a lua cheia, mas não
percebeu que Van poderia representar a maior ameaça. E se o seu urso
ficasse fora de controle? Sua cabeça doía de tanto pensar.

Ele deveria se concentrar em uma coisa de cada vez. Ajudar ao


Travis a se reerguer.

Van montou sua moto com a mochila de Travis e voltou para o


apartamento. Abriu a porta apenas para ouvir os roncos de Travis
preenchendo o espaço. Ele colocou a mochila na mesa de jantar e olhou
para a cama. Vendo Travis usando uma de suas camisas de algodão
favoritas, desencadeou uma onda de possessividade.

Olhe para isso. O cheiro de Travis estava em toda a roupa, nos


lençóis. Porra. Seu urso queria se juntar a Travis, então seus aromas
surgiriam. Ele teria seu perfume e também a marca de mordida no
pescoço, todos saberiam a quem ele pertencia.

Ele apertou os punhos. Tentando evitar se juntar a Travis na


cama, esta noite ele já quebrou muitas regras. Van nunca dormiu com
nenhum dos shifters que ele ajudou, nem com nenhum dos membros da
equipe. Isso tornava as coisas menos complicadas. Foi um longo tempo
mantendo estas regras. Marco já havia deixado algumas dicas sobre se
interessar por ele, mas nunca fez nada a respeito. Marco com certeza
era muito atraente, confiante, mas não deixava seu urso irritado e
excitado, como Travis fazia.

— Van? Há quanto tempo você está aí? — Perguntou Travis, com


voz sonolenta.

— Volte a dormir. — Van precisava de um banho muito frio.


Rapidamente. — Estou indo tomar banho.

— Depois você vai vir pra cama comigo? — Travis perguntou


com um sorriso preguiçoso em seus lábios, que só deixou seu pênis mais
duro.

Travis com os cabelos arrepiados e o corpo delineado pelos


lençóis pareciam tão tentadores.

— Isso é uma má ideia. Não consigo me controlar quando estou


perto de você.

— Eu considero isso uma coisa boa.

— Travis, você precisa descansar.

Travis fez beicinho. — Bem.

Van esperou, pelo que, não sabia. Certamente não outro


convite. O ronco encheu o quarto novamente. Ele arrastou sua bunda
triste para o chuveiro. Sozinho no cubículo deixou com que a água
gelada apagasse a memória de Travis gemendo e lhe oferecendo a
bunda. Van enrolou os dedos em torno de seu eixo e repetiu aquele
momento requintado em sua cabeça. Ele poderia ir mais longe, imaginar
ele e Travis em outros cenários sujos, em outras posições, e implorando
por seu pau.

Van nunca alegou ser um bom homem. Ele usou seu trabalho
para acalmar seu urso irritado. Olha o que aconteceu. Travis veio
procurá-lo para que o ajudasse, e como ele retribuiu? Van fechou os
olhos, ainda acariciando seu pau. A fantasia continuou brincando em sua
cabeça até atingir o clímax. Com um grunhido, ele esvaziou suas bolas
nos azulejos, ainda sentindo-se longe de estar saciado.
Teve a sensação de que não seria capaz de dormir bem essa
noite também.

— Tem certeza de que posso estar aqui? — Perguntou Travis,


olhando nervosamente ao redor do escritório de Van.

Escritório era uma palavra agradável, o espaço era minúsculo,


contendo uma mesa empilhada com pastas e papelada. Até mesmo as
prateleiras estavam bagunçadas, desorganizadas. Este lugar precisava
que se tirasse o pó e de uma boa organização.

— Sim, me dê um segundo. Eu nunca tive a chance de te


mostrar o lugar ontem. Eu só preciso encontrar esse relatório de merda.
— Van murmurou, revirando os papéis em sua mesa. Travis escondeu
uma risadinha. A visão de um feroz shifter urso confinado neste pequeno
espaço sem janelas, e cada vez mais frustrado, parecia tão maldito
bonito.

— Você está rindo de mim, Ômega?

Travis afundou na cadeira de plástico batendo na frente da


mesa. — Você parece adorável.

— Você está gostando da minha miséria? — Perguntou Van, o


encarando, mas o olhar parecia divertido.

A porta se abriu e a cabeça loura com gel de Marco apareceu.


Marco tinha uma xícara de café em uma das mãos.

— Van, ei. Comprei o seu de costume e... — Marco fez uma


pausa, olhando fixamente para Travis como se ele fosse uma espécie de
sujeira que Marco encontrou em seu sapato. — Você ainda está aqui.

— Marco, venha conhecer Travis. Ele é um amigo íntimo — disse


Van.

— Pensei que Jackson e Lex fossem seus amigos próximos —


disse Marco.

Travis notou Marco passar por ele com cuidado para colocar o
café na mesa de Van.

— Vocês já se conheceram? Travis, este é Marco, meu


assistente. Bem, tecnicamente, ele ajuda Lex e Jackson, também. Nós
estamos seriamente com falta de pessoal. Marco, este é Travis. Nós nos
reencontramos depois de um longo tempo.

— Prazer em conhecê-lo novamente, — disse Travis, oferecendo


uma mão. Enquanto o esbelto e bonito lince o espreitava. Seu lobo
percebeu que o animal de Marco, estava irritado, mas não demonstrava.
Talvez eles tenham começado com o pé esquerdo, ou Marco teve um dia
ruim ontem.
— Da mesma forma, — disse Marco sem tocar sua mão.

Está bem então.

— Cara, você já tem esses relatórios? — Disse outra voz


familiar. Jackson, no entanto, não se incomodou em bater. Jackson
permaneceu na entrada, ergueu as sobrancelhas, então o lobisomem
sorriu, aproximando-se de Travis. — Santa merda, se não é o pequeno
Travis?

Antes que ele pudesse piscar, Jackson o tinha de pé e estava


batendo em suas costas.

— Me dê um abraço! — Exclamou Jackson.

— Eu… — ele não terminou quando Jackson o puxou para um


abraço esmagador. Atrás de sua mesa, Van rosnou por algum motivo. —
É bom ver você também, — disse.

Jackson o deixou ir. Era difícil respirar, com quatro shifters


apertados num espaço minúsculo, mas era bom ver Jackson. Os amigos
de Terrence sempre o faziam sentir-se bem-vindo. Van os visitava com
mais frequência, mas gostava de Jackson e Lex.

— Cara, você está crescido, não é, e… — Jackson fez uma


pausa, olhando para algo. A mordida em seu pescoço. Sentindo-se
consciente, puxou a gola para cima.

— Está aqui para ver Van?

— Algo assim, — murmurou.


— Não veio me ver? — Brincou Jackson.

— Oh, foda-se, lobo. Você tem um companheiro, — disse Van.


— Coincidentemente, Matt está atrás de você.

— Vou voltar ao trabalho, — murmurou Marco, desculpando-se e


deixando o escritório. O shifter lince deu a Travis outro olhar hostil antes
de sair.

— Querido, ei — Matt disse, cumprimentando Jackson com um


beijo. — Lex me disse para vir buscar você e Van para a reunião.

Van e Jackson gemeram.

— Oh, certo. Matt, você pode mostrar a Travis o lugar? — Van


perguntou.

— Travis é um velho amigo do passado, — explicou Jackson.

Todos eles saíram do escritório. Travis percebeu que Matt era


um lobo Ômega como ele, a julgar pelo seu cheiro. Ômegas emitiam um
perfume diferente, o que os faziam sobressair. Ao contrário da atitude
estranha de Marco, o sorriso de Matt era genuíno. Havia curiosidade
também.

— Ficarei feliz em fazer isso, — disse Matt.

— Você tem certeza? Quer dizer, eu posso cuidar de mim


mesmo, — disse ele.

Van caminhou até ele, puxou-o para um abraço repentino. Não


tinha consciência do que estava fazendo? Ele corou com a exibição
aberta de domínio e afeto, mas Van não parecia envergonhado. Todos
estavam olhando para eles.

— Matt adora levar os recém-chegados para um tour. Além


disso, você não mencionou que queria encontrar um emprego? — Van
perguntou.

— Aqui? Você não vai se importar? — Ele perguntou, esperando


que ele não soasse muito ansioso para estar perto de Van. Além disso,
respeitava o trabalho que Van e seus amigos faziam.

— Claro, por que não?

— Estamos interrompendo alguma coisa? — Perguntou Jackson.


Quando Travis virou a cabeça, ele viu o olhar de conhecimento nos olhos
de Jackson.

Limpou a garganta e desajeitadamente se afastou de Van, que


franziu o cenho, como se sentisse a mudança em suas emoções. Maldito
urso superprotetor, mas parte de Travis gostava da atenção.

— Hum, boa sorte com a sua reunião, — ele disse.

— Vejo você mais tarde. — Van o beijou na boca, bem na frente


de Jackson e Matt, praticamente dizendo aos outros dois que eles
estavam... o quê?

Coração disparado, ele observou os dois Alfas partirem. O que


estava acontecendo com ele?
Capítulo Oito

— Então, é praticamente isso. — Explicou Matt.

O outro Ômega falava apaixonadamente e animadamente ao


tempo todo. Eles acabaram na cafeteria novamente, onde Matt sugeriu
que eles tomassem café. Com os cafés na mão, eles encontraram uma
mesa livre junto à janela.

— Então, você é um velho amigo de Van e Jackson? —


Perguntou Matt, sem se preocupar em ocultar seu interesse. Travis se
sentiu gostando muito de Matt, que era aberto e amigável, o tipo de cara
que fazia amigos com facilidade.

— Meu irmão mais velho Terrence era. Eu era uma espécie de


irmãozinho que eles herdaram. Todos nós crescemos na mesma cidade.

O sorriso de Matt vacilou e Travis percebeu que havia sombras


lá também.

— Ouvi de Jackson que foram expulsos de sua cidade natal, mas


que para ele estava tudo bem, porque ele nunca concordou com as leis
implementadas pelo grupo animal dominante de lá.

— A matilha do meu pai. — Ele disse de acordo. Ele tomou um


gole de seu café e olhou para o copo dele. Ele não sabia o que era sobre
Matt, mas ele se abriu e disse a Matt, um estranho, a completa verdade.
— Eu não sabia que Van e os outros foram expulsos. Meu pai me
alimentou com mentiras, me disse que Van nunca quis me ver
novamente.

Ele ficou surpreso que Matt alcançou a mesa e esticou sua mão.

— Está tudo bem. Não se sinta culpado por coisas que você não
podia controlar. Nasci e fui criado em uma matilha opressiva, também.
Meus pais me entregaram a um bastardo abusivo, mas Jackson me
salvou. — Matt olhou distante em seus olhos, mas sorriu quando
mencionou o nome de Jackson. Finalmente, Matt olhou para cima. — O
passado não importa mais, mas sim o presente e o futuro. Posso te
contar uma coisa?

— Sim?

— Nunca vi Van sorrir assim antes ou mostrar tanta ternura. É


legal.

Matt soltou um suspiro, como se estivesse considerando suas


próximas palavras.

— Jackson estava com medo de que Van fosse perder o controle


de seu urso em breve. Você sabe certo? Que os três, Jackson, Van e Lex,
perderam seus companheiros no passado? Jackson disse que antes de
entrar em sua vida, ele precisava desse abrigo para mantê-lo são.

Essas palavras o chocaram até o cerne. Van falou sobre Doug, e


ele achou que era incrivelmente forte que Van sobreviveu à morte de seu
companheiro, porque poucos shifters conseguiram. Companheiros eram
para a vida e quando um morria o outro geralmente seguia.
— Isso é verdade para Van e Lex? — Ele perguntou, aterrorizado
por Van de repente. Não era de admirar que Van parecesse estar lutando
contra algum tipo de batalha interna ontem à noite, e Travis
praticamente empurrou Van para fazer sexo. Apesar disso, o urso de Van
parecia mais calmo depois.

Matt não respondeu imediatamente.

— Matt, por favor. Eu preciso saber.

— Você se importa muito com Van, não é? Eu apenas poderia


contar pelo olhar agora.

— Eu sei, mas... — Travis mordeu o lábio. — Eu não sou digno


de um companheiro como Van. Eu sou uma mercadoria usada.

Matt apertou sua mão, parecendo irritado, e ele tinha a


sensação de que Matt raramente ficava irritado. — Nunca diga isso sobre
você. Van não olha para você dessa maneira, nem eu. Você é forte por
chegar até aqui, Travis. Você arriscou tudo para vir para Van, não foi?

— Foi por desespero. — E esperança, Travis não se atreveu a


adicionar.

— O destino trouxe você aqui porque Van precisa de você tanto


quanto você precisa dele. Faça dar certo.

Atordoado, ele olhou para Matt.

— Você sempre foi insistente?

Matt cruzou os braços. — Somente quando se trata dos idiotas.


— Você realmente acha que posso contribuir aqui? —Perguntou
ele. — Eu não quero decepcionar Van.

— Você não vai. Como você saberá se você não tentar? — Matt
perguntou. — Nós sempre precisamos de um par de mãos extras por
aqui.

— Tudo bem, — disse ele, decisão tomada. — Eu quero fazer


isso, quero tentar.

Matt sorriu.

— Impressionante. Estou prestes a ajudar a cozinha a começar


a preparar o almoço. Quer ajudar?

— Não sou bom cozinheiro, mas posso cortar vegetais?

Matt assentiu. — Excelente. Você será meu assistente então.

Ele não podia evitar isso. O sorriso de Matt era contagioso. —


Parece bom para mim.
Geralmente, Van ficava estressado depois de cada reunião de
orçamento. A situação era sempre a mesma. Como eles poderiam
manter o abrigo funcionando nos próximos meses? Desta vez, depois de
Lex ter crucificado alguns números com seu contador, os números eram
promissores. Não fantásticos, mas o suficiente para sustentar o abrigo
Howl4Alfas e a linha de resgate.

Ele foi o último a sair da sala de reuniões, apenas para se


deparar com Marco.

— Alguma coisa? — Perguntou.

Ele ouviu falar de Lex que havia alguns novos shifters na cidade,
solitários dominantes que poderiam causar problemas.

— Não, mas eu quero te perguntar uma coisa. — disse Marco.

— Bem, o que é? Estou com pressa. — Bem, não era verdade.


Ele precisava fazer suas rodadas usuais, mas se as operações
funcionassem sem problemas, ele planejava passar o resto do dia com
Travis. Talvez ele pudesse convencer Travis a jantar com ele e então
discutiriam o que estava acontecendo entre eles.

— Meu encontro desta noite cancelou a ida ao concerto de Metal


Joe. Você está interessado? — Perguntou Marco.

Van piscou. Essa era uma de suas bandas favoritas.

— Não sabia que você estava interessado em Metal Joe.


— Não, mas meu encontro era. Ele cancelou.

— Desculpe, estou ocupado esta noite.

— Planos com Travis? — Era sua imaginação, ou isso era uma


pontada afiada na voz de Marco? — O que é esse Ômega para você?

— Travis é especial para mim.

Sua resposta pareceu dominar Marco.

— Especial, como? — Perguntou Marco.

— Marco, alguma ajuda aqui. — chamou Vicky.

Agradeça a Deus por isso, porque Van não sabia a própria


resposta. Van desculpou-se e foi à procura de Travis. Ele pegou o cheiro
familiar do Ômega perto das cozinhas. Curiosamente. Van passou pela
porta da cozinha apenas para ouvir Travis rindo de algo que Matt dizia.
Ele sabia que os dois Ômegas iriam atingi-lo. Como Matt, Travis tinha um
avental de cozinha e estava cortando algumas cenouras. Como se
estivesse conectado por alguma atração, Travis fez uma pausa, depois
olhou diretamente para ele. Travis deu um sorriso que instantaneamente
aqueceu seu coração, enchendo-o com uma estranha ternura.

— Van, vá embora. Você está nos interrompendo. — Matt


reclamou.

— Você está dizendo a esse urso para ir embora? — Ele


perguntou, divertido.

Matt bateu os pés.


— Vou contar a Jackson.

Ele riu. — Vocês dois parecem estar se divertindo.

— Ciúmes? — Perguntou Travis.

— Não. Porque eu terei você para mim depois. — Foi bom ver
Travis com as mãos ocupadas. Travis parecia estar deprimido quando ele
disse a Van que ele não tinha muitas experiências de trabalho. Owen,
aparentemente, não queria que Travis trabalhasse, mas o mantinha
praticamente preso em algum apartamento sombrio. Travis só precisava
de um impulso de confiança, porque Van sabia que seu Ômega tinha
força escondida nele.

— Realmente? — Travis explodiu, então corou. — Tem certeza


disso?

— Eu estarei no meu escritório olhando para alguns relatórios,


mas isso é tudo. Vamos almoçar depois disso?

— Ok.

Ele assentiu. — Vou sair do seu pé.

Ele e Travis estavam com um bom começo, não estavam? Seu


urso concordou. Van verificou o telefone e olhou para o calendário.
Talvez no momento em que chegasse a época de acasalamento, Travis e
ele pudessem ser muito mais do que amantes.

— Companheiro. — seu urso sussurrou. Desta vez, Van não


estava mais cauteloso com aquela palavra. Parecia uma promessa, um
novo começo.

Capítulo Nove

— Então, qual é o itinerário para hoje? — Perguntou Travis


naquela manhã na cozinha de Van.

— Uma viagem para o escritório da linha de emergência, ele fica


no centro da cidade. Você tem certeza que quer vir? — Ele perguntou.

— Sim. — Travis queria passar cada momento com Van, e ele


estava curioso sobre o pequeno escritório alugado na cidade onde a
equipe da linha de emergência trabalhava. Às vezes se esquecia de que
o Howl4Alfas não era apenas um abrigo.

O calendário preso na porta da geladeira de Van fez com que ele


olhasse de novo. O lobo nele ficou inquieto, esperando, ansioso. Esta
noite seria a primeira lua cheia. Será que ele estava morando com Van
há uma semana? Hoje ele ficou um pouco nervoso embora. Ele acordou
com uma ereção. Agradeceu a Deus que Van estivesse em sua corrida de
manhã cedo.

A época de acasalamento chegou. As coisas mudariam entre


Van e ele? Estiveram ocupados no abrigo ultimamente. Van foi muitas
vezes chamado para ajudar em um resgate. Pelo menos, ele fez amizade
com Matt e, basicamente, ofereceu sua ajuda com qualquer coisa. Ele
não se importava com o trabalho. Travis pensou que conhecer novas
pessoas o deixaria nervoso. Ele não era sociável por natureza, mas ele
gostava de conversar com os recém-chegados e brincar com a equipe.

Uma família. Isso foi o que ele ganhou na semana passada. Dias
eram para o abrigo, as noites eram passadas com Van, mas ele estava
se tornando necessitado ultimamente. Seu lobo precisava de um
companheiro forte para saciar sua fome.

— Menino. — A voz de Van o puxou para o presente.

Travis corou, percebendo que a mão de Van estava em sua


virilha.

Van piscou.

— Tão quente para mim já, mesmo depois que tivemos sexo no
chuveiro?

— Humm.

Van riu, beliscando sua orelha.

— Está bem. Eu entendo. Você pode sentir meu urso? Ele está
com fome de você, também, mas temos trabalho a fazer. Hoje à noite,
porém, você é todo meu.

Ele tremeu antecipadamente com aquelas palavras. — Estou


ansioso para isso.

— Não se preocupe querido. Posso ir a noite toda.

Travis deslocou-se no assento da cozinha, querendo que Van o


dobrasse sobre o balcão agora. Deus. Ele precisava controlar sua libido.
Como ele conseguiria passar o dia inteiro? Com Owen, ele temia a época
de acasalamento, mas com Van? Era exatamente o oposto. Ele desejou
poder fazer o tempo avançar rapidamente.

Eles terminaram o café da manhã no térreo. Na parte de trás da


moto de Van, a brisa levantou seu cabelo, e se sentiu bem em seu rosto.
Eles passaram por ruas e lojas agora familiares. Em uma semana, sem
perceber até agora, Travis começou a se apaixonar pela encantadora
cidade de Riverside e seus ocupantes, juntamente com o abrigo. No
início, as pessoas o associaram como amigo de Van, mas à medida que
os dias passavam, cumprimentavam-no pelo nome.

Ele não queria deixar este lugar. Travis estava cansado de


mudar de um lugar para o outro, sem saber aonde ir. Depois de deixar
Owen, ele não tinha um plano sólido. Ele continuou fugindo, mesmo
depois de perceber que Owen era muito preguiçoso para realmente ir à
caça de um Ômega errante.

Travis poderia imaginar fincar raízes na cidade de Riverside.

Havia uma matilha de lobos dominante na cidade. No início, ele


pensou que seria um problema. Ele encontrou alguns deles, mas Van
deve ter avisado que eles ficassem longe, porque ninguém se aproximou
dele. Quando ele perguntou a Matt, Matt deu de ombros e explicou que
Van e os outros tinham um acordo com Zero, Alfa da matilha Riverside.

Van dirigiu a moto para o sul da cidade, para uma rua de


prédios de apartamentos convertidos em escritórios. Van desligou o
motor e ambos saíram.

— Este lugar foi onde começamos. Nós estabelecemos a linha


de emergência primeiro, antes do abrigo, — Van explicou, levando-o
para dentro de um dos edifícios.

— É um bom começo, — disse ele. Ele podia imaginar o quão


difícil deve ter sido levantar fundos para um abrigo. Eles subiram as
escadas para o segundo andar, na frente de uma porta onde se lia
Howl4Alfas Linha de Emergência.

— E você mencionou que Lex está normalmente no comando da


linha de emergência? — Ele perguntou. Durante a semana, ele tinha se
encontrado ocasionalmente com Jackson e Lex, era inevitável, mas
enquanto Jackson era todo sorriso, Lex era o oposto.

— Sim, ele provavelmente está aqui. — Van empurrou e abriu a


porta.

Travis se deparou com duas fileiras de cubículos de escritório e


pessoas constantemente ao telefone, que tocava constantemente.

— Nós não oferecemos apenas um serviço de resgate. Muitas


pessoas com problemas ligam, aqueles com ansiedades, medos,
tendências suicidas. Às vezes, todas essas pessoas querem é alguém
para ouvir seus problemas, — disse Van, levando-o para além dos
estreitos cubículos para o escritório no final.

Três enormes shifters dominantes descansavam nos sofás ao


lado do escritório de Lex. Travis se aproximou de Van por instinto, mas
não sentiu nenhuma agressão dos três homens.

— Pessoal, — disse Van. — Lex está ai?

— Sim, falando ao telefone. Quem é o fofo com você? —


Perguntou o maior dos homens, cheio de tatuagens.

— Este é Travis, ele está comigo. Travis, esse é Mason, Deacon


e Graham. — Van introduziu.

Sentindo-se tolo, ele murmurou: — Olá.

Ele lembrou de Van mencionando que Howl4Alfas tinha shifters


dominantes que não estavam afiliados a qualquer matilha para lidar com
problemas na cidade que as autoridades não se incomodariam.

— Ah, acho que já o vi no abrigo, — disse Deacon.

— Travis vai ficar por aí um pouco, — disse Van com bom


humor. Essas palavras fizeram seu pulso correr. Isso significava que Van
não se importava com ele ficar?

Com uma mão na nuca de Travis, Van o empurrou para dentro


do escritório de Lex. Lex desligou o telefone. Van e ele se acomodaram
nos assentos em frente a mesa. — Problemas?

Parecia que Lex tinha uma dor de cabeça. — Você sabe como é
quando está na época de lua cheia.

O shifter jaguar finalmente o notou. — O que Travis está


fazendo aqui?
— Temos planos, — foi a resposta de Van. Van franziu o cenho.
— Por que você não se dá bem com Travis?

— Por quê? — Lex bateu as unhas na mesa e suas garras


deslizaram para fora, arranhando madeira. Travis estremeceu, e o
movimento só parecia aborrecer o urso de Van. Van e Lex podiam ser
melhores amigos, mas não havia como esquecer que ambos eram
machos dominantes.

— Você esqueceu Van? Ele é a razão pela qual todos nós


tivemos que sair da cidade. Eles teriam nos assassinado e naquela
época, nós éramos apenas crianças. Agora ele vem rastejando para fora
da madeira, e você e Jackson estão em cima dele?

Travis encolheu-se na cadeira. Lex não tinha o direito de julga-


lo, mas essas palavras tinham alguma verdade. Ainda ontem, ele ouviu
Marco tagarelar com outros funcionários do abrigo sobre suas origens,
que Travis não era uma boa notícia.

Van rosnou, o som vibrando pelas finas paredes do escritório de


Lex. Duas cabeças viraram em direção a janela da frente do escritório do
chefe. Até mesmo Deacon, Graham e Mason ficaram tensos, como se
soubessem que algo ruim estava prestes a acontecer.

— Não fale sobre ele dessa maneira. — Van praticamente


rosnou as palavras.

— Por quê? O que Travis é para você? — Lex perguntou


cuidadosamente. — Porque se você não notou você está demasiado
distraído para dar uma merda.

— Que merda? — Van perguntou.

— Jackson disse para te deixar em paz, mas foda-se, Van. É lua


cheia. Shifters correm desenfreados e há visitantes na cidade. Zero está
pressionando Jackson também. Você sabia que Zero ofereceu a Jackson
uma posição em sua matilha?

Van parecia que tinha tomado vários golpes.

— O que? Por que vocês dois não disseram nada?

— Esse Ômega é a razão. Jackson é um idiota. Ele acha que


Travis é seu companheiro, mas Travis não é como Matt. Eu conheço seu
tipo. Uma vez que Travis obtém o que ele quer, ele vai embora e nunca
mais será visto de novo.

Van estava de pé e Travis engoliu em seco, vendo o pelo


aparecendo nos braços de Van. Van estava prestes a mudar neste
pequeno escritório, e isso seria uma má ideia. As palavras de Lex eram
dolorosas, mas Travis começou a se ver com outros olhos agora. Era
verdade que ele fez certas coisas de que não se orgulhava quando foi
para Riverside, mas foi tudo em nome da sobrevivência.

Mesmo assim, as palavras de Lex o perseguiriam até mais


tarde.

— Peça desculpa a Travis, Lex. Faça isso agora, — disse Van


numa voz perigosa.
Travis tinha visto por si mesmo o que Van era capaz de fazer. De
volta ao abrigo, um shifter dominante insistente queria arrastar seu
Ômega para casa. Dizer que Van e o shifter trocaram golpes era injusto,
porque não foi uma briga. Van deixou o homem inconsciente em
segundos. A última coisa que Travis queria era que Van brigasse com um
de seus melhores amigos.

— Eu nunca farei isso com Van, — ele finalmente encontrou


coragem para falar. Lex sempre o intimidava por alguma razão, mesmo
quando era criança.

— Bem. Sinto muito, mas não vou retirar minhas palavras, —


disse Lex.

Van parou, sentou-se de novo, rangendo os dentes, como se


estivesse esquecendo a exibição de violência anterior.

— Da próxima vez, não guarde informações de mim.

— Você quer ajudar? — Lex começou quando o telefone tocou


novamente. Lex levantou e franziu o cenho. Quem quer que fosse na
outra extremidade, tinha dado más notícias. Depois de alguns minutos,
Lex desligou o telefone, olhar pensativo em Van.

— Zero está pedindo nossa ajuda em um assunto da matilha.


Não posso discutir isso na frente de Travis. Vou encontrar-me com
Jackson na casa da matilha Riverside. Você vem com a gente?

Van parecia dividido entre dizer sim e ficar com Travis. Travis
pegou os dedos de Van.
— Está tudo bem. Vou ficar bem sozinho. Vejo você mais tarde?
— Perguntou esperançoso. Van assentiu.

— Vamos, — disse Van a Lex.

Ele deu a Travis um beijo na bochecha antes de sair do


escritório.

Travis mentiu. Ele não se sentia bem em tudo. As palavras de


Lex continuavam se repetindo em sua cabeça. Ele estava usando Van?
Ele não pensava assim, e ainda assim, ele não podia parar de rebobinar
os acontecimentos do passado. Ele era culpado de fazer más escolhas.
Ele se agarrou a Owen, apesar de ter dúvidas sobre Owen, porque queria
uma saída de sua cidade natal.

Ao fazê-lo, ele mentiu para si mesmo sobre ser feliz. Ele até
mentiu para Van em suas cartas. Depois de Owen, ele dominou a arte de
fugir, mudando-se de uma cidade para a outra. Ele queria fazer de
Riverside sua última parada, para seguir esse curso com Van. Durante as
noites, quando dormia no casulo dos braços quentes de Van, ele sonhava
em ter coisas que nunca ousara querer antes - Van e sua própria casa,
filhos, uma nova vida inteira. Novos começos.

Lex nunca disse isso em voz alta, mas Travis tinha um


sentimento de que Lex não o aprovava, mas também pensava que Van
merecia alguém melhor. Isso era verdade, mas Travis também era
egoísta. Ele queria Van para si mesmo, porque ele não se apaixonou por
Van em sete dias. Travis tinha sido apaixonado por Van desde que ele
tinha idade suficiente para entender o que a palavra significava.
De volta ao abrigo, ele participou de algumas das sessões de
aconselhamento. Ele aprendeu que, em vez de se colocar em termos
negativos, deveria ter pensamentos positivos e transformá-los em boas
ações. Esta noite, ele faria coisas especiais para Van. Van tinha feito
tanto por ele, e chegou a hora de retribuir.

Capítulo Dez

— Você está errado sobre Travis, você sabe, — Van sussurrou


para Lex.

Reconhecidamente, este não era o melhor lugar para começar


esta discução, mas sentiu que Lex precisava saber que tinha cometido
um erro colossal. Travis não iria a lugar algum em breve, e Lex deveria
se acostumar com Travis.

— Eu estou? Você está tão certo disso? — Lex finalmente


perguntou. O shifter jaguar não tinha falado com ele desde que
encontrou Jackson, Zero, e os lobos do Alfa.

— Porque conheço Travis. Ele tem um bom coração. Ele se


encaixa no abrigo, também, admitiu que gosta de trabalhar lá. Qualquer
um pode vê-lo, mesmo Matt e Jackson.

— Matt e Jackson são tolos. Eles pensam que desde que seu
relacionamento acabou tão perfeito, vai ser o mesmo para você e para
mim. — Pela primeira vez em muito tempo, Van ouviu uma verdadeira
amargura no tom de Lex. — E você conheceu Travis quando era criança.
Ele é um estranho agora.

— Não. Ele começou dessa maneira, mas uma semana é o


suficiente para saber o que eu preciso. Travis cometeu erros, todos nós,
mas ele está pronto para seguir em frente.

— E você acha que se encaixa em algum lugar neste cenário?

Van fervia. Ele não poderia responder a isso, ainda não. Parte
dele ainda acreditava que Travis merecia alguém melhor, mas seu urso
queria fazer Travis permanentemente deles até o final do dia. Ele estava
despedaçado, mas quando a lua cheia se levantasse, ele tinha a
sensação que sua decisão estaria tomada.

— Vocês dois estão brigando quando deveríamos ajudar Zero na


vigilância? — Perguntou Jackson, aparecendo na linha mais próxima de
arbustos. — Maldito seja, caras.

— Se houver intrusos no território de Zero, vamos cheirá-los


primeiro, — resmungou Lex.

Van teve que concordar com isso. Ele não concordava muito
com alguns dos métodos implacáveis de Zero, mas a matilha de Zero e
Howl4Alfas eram aliados. Jackson conseguiu esse acordo quando Zero
ajudou Jackson a manter Matt, e impedir que sua velha matilha o
tomasse de volta.

— Isso é temporário, até que Zero consiga treinar seus novos


recrutas. Ele sabe que estamos ocupados, — Jackson disse, então olhou
para os dois. — O que há com vocês dois?

— Nada, — Lex disse imediatamente.

— Lex tem um problema com Travis. — Lex olhou para ele, mas
os três nunca mantiveram qualquer informação um do outro. Eles eram
quase irmãos, mais do que melhores amigos e parceiros de negócios.

— Por quê? Travis é um bom garoto, — Jackson respondeu,


coçando a cabeça.

— Obrigado — disse Van, levantando as mãos.

— Vocês dois confiam muito facilmente, especialmente em


pessoas do passado, — lamentou Lex.

Van estava prestes a discutir quando Jackson estendeu a mão.

— Ouviu isso? — perguntou Jackson.

Van concentrou sua audição antes de pegar o grito estridente de


uma hiena.

— Vou avisar Zero, vocês dois verifiquem. — Jackson decidiu.

— Quem fez de você o líder de merda? — Lex perguntou.

Jackson riu. — Vocês dois precisam desabafar. Vão confrontar


esses estranhos, mas lembrem-se, não derramem sangue a menos que
eles façam.

Van rolou os olhos. Lex mostrou o dedo médio para Jackson


quando Jackson virou as costas para eles.
— Eu sei o que vocês estão fazendo, idiotas, — resmungou
Jackson.

Lex e Van sorriram um para o outro. Não importa o que


acontecesse, eles sempre tinham um ao outro às suas costas.

— Van?

— O que?

— Eu só quero que você seja feliz.

Isso descongelou seu coração um pouco.

— Eu sei, mas Travis nunca vai me machucar.

Lex deu a ele um sorriso sombrio.

— Eu vou te segurar a essa promessa.

Travis olhou nervosamente para o relógio da cozinha.

Meia noite. Van devia estar de volta agora.

Em algum lugar próximo, um uivo soou unido por outro. Ele


estremeceu involuntariamente, aterrorizado que seu lobo Ômega
quisesse atender a chamada. Época de acasalamento era o pior para
Ômegas. Todos os shifters eram atraídos para a atração da lua de uma
forma ou de outra. Recém-mudados tinham problemas para se controlar.

Sua pele coçava. Seu lobo queria alguma ação, mas logo
percebeu não seria com alguém senão o mais quente urso do inferno.
Travis debatia se tomava um banho, exceto que o spray de água gelada
não lhe faria nenhum favor. Ele se masturbou com o pensamento em
Van, mas ele sabia que cuidar de suas próprias necessidades não iria
satisfazê-lo, não mais. Travis levantou-se de sua posição no sofá. Ele
poderia sair, procurar Van, mas um Ômega não acasalado nas ruas
sozinho era como um farol para atenção desnecessária.

Assim que estava prestes a pegar um dos suéteres de Van, a


porta da frente se abriu e revelou Van.

— Onde diabos você esteve? — Ele perguntou. O resto de suas


palavras morreu em sua garganta. Van estava coberto de sangue. Travis
correu para ele, preocupado e prestes a tocar seu rosto, mas Van
agarrou seu pulso com um rosnado, que levantou todos os cabelos de
sua mão.

— Travis. Não.

— Não? Você está sangrando. — Van era inacreditável. O shifter


urso não podia ver como ele estava preocupado?

— Não é meu sangue.

— Oh.
Van apertou seu pulso, passou a mão pela cintura de Travis e os
aproximou. Apesar da sujeira, sangue, e quem sabia o que mais, o
choque de seus corpos deixou sua excitação pior.

— Você cheira tão bem, — murmurou Van, enquanto farejava o


pescoço de Travis. — Meu.

Travis estremeceu, regalando-se com o puro som dessa palavra.


Por um momento, esta noite, ele podia fingir que era de fato de Van.
Esqueça o amanhã. Esta noite, ele queria Van. Necessitava dele.

— Você me quer, — disse Van, com o olhar dourado de desejo.

— Eu quero. Eu quis você por um longo tempo. Você não me


quer?

Van agarrou a mão de Travis e colocou-a sobre sua ereção.

— Isso responde sua pergunta?

— Inferno. Sim.

Van agarrou a parte de trás de sua cabeça e começou a morder


e chupar seu lábio inferior. O que mais poderia Travis fazer senão
responder com paixão igual? Suas línguas e dentes se chocaram. Abriu a
boca mais larga, deixando a língua de Van entrar e sugando-a com força.
Ele procurou pelas roupas de Van. Van afastou-se abruptamente.

— Por favor, não me diga que mudou de ideia. — Suas palavras


foram quase um apelo. — Porque, Van, meu lobo e eu estamos ficando
loucos aqui. Se você não me foder agora...
O aviso brilhou nos olhos de Van. — Não se atreva a terminar
essa frase.

Oh, foi um desafio?

— Eu vou encontrar alguma ação em outro lugar. Já não sou


uma criança. Sou um adulto.

— Um adulto que claramente não sabe o que é o melhor.

— Oh sim.

— Você é meu. — Van grunhiu as palavras tão alto, o chão e as


paredes pareciam vibrar.

— Faça-me seu então.

Van empurrou-o para trás, puxando-o para outro beijo


insensível, que praticamente derretia suas entranhas. Eles entraram em
choque no pequeno banheiro. Van o deixou pendurado na porta. Ele
gemeu com água na boca quando Van tirou sua camisa esfarrapada e
sangrenta, seguida por suas calças de brim e boxer. Seus olhos se
arregalaram. Tanto músculo sólido. Espetacular espécime masculino e
todo seu.

Van abriu a água do chuveiro, lavando o sangue e a sujeira. Ele


estava congelado no lugar, incapaz de fazer qualquer além de olhar
fixamente, porque Van era um sonho molhado que ganhava vida. Havia
tantos lugares que ele queria tocar e explorar.

— Lobinho, se você for bom, eu poderia até mesmo deixar você


me acariciar, — disse Van com um sorriso afetado.

— Acariciar um urso feroz parece perigoso.

— Aterrorizado que eu vá te morder?

— Não. Eu quero que você me morda.

Van gemeu. — Venha se juntar a mim.

Travis estava fora de suas roupas em segundos. Ele se juntou a


Van, o estreito espaço assegurando que não houvesse espaço para
manobras, muito menos respirar. Van agarrou seus ombros, inverteu
suas posições, de modo que suas costas bateram nos azulejos do
chuveiro. Jogando a vergonha pela janela, esfregou-se furiosamente
contra Van, esperando criar uma faísca. O calor deslocou-se de sua
barriga, e foi direto para seu pênis. Van apertou seu pênis contra sua
barriga, mostrando a Travis o quão duro estava para ele.

Ele choramingou enquanto Van envolvia os dedos em seu eixo e


tocava o pré-sêmen. — Um lobinho tão necessitado.

— Eu só tenho excitação por você.

— Mesmo? Você não disse que conseguiria alguma ação em


outro lugar? — Uma provocação, mas o urso arrogante sabia que Travis
o queria.

— Eu menti. Tudo que eu posso pensar é em você, se você


estivesse ferido em algum lugar ou morto.

Van ficou sóbrio. — Zero, o Alfa da matilha de lobos local só


precisava de alguma ajuda com alguns estranhos que queriam se divertir
um pouco durante a época de acasalamento. Um bando de hienas não é
nada para mim. Lamento ter te preocupado.

Essas palavras o surpreenderam, porque os homens dominantes


nunca se desculpavam com seus companheiros submissos.

— Eu aceito suas desculpas. — Ele ficou de joelhos. Van


levantou uma sobrancelha. — Eu quero. Por favor.

— Vá em frente, lobinho. — Van enfiou os dedos nos cabelos de


Travis, puxando-o para que o pênis de Van pressionasse seus lábios. —
Mostre-me que bom chupador de pênis você pode ser para mim.

— Com prazer. — Ele abriu a boca e girou a língua em torno da


cabeça do pênis de Van.

O sabor almiscarado e salgado de Van o encheu. Seu lobo


estava longe de estar saciado. No final da noite, ele queria se sentir
dolorido, tomado pelo homem que ele realmente amava do fundo do seu
coração desde que ele tinha quinze anos. É verdade que uma paixão não
equivalia ao amor, mas esta noite poderia mudar o equilíbrio das coisas.
Estava claro que Van o queria, mas esse sentimento duraria além desta
noite?

Bem, Travis pensaria nisso outra hora. Danem-se as


consequências e todas as regras.

Esta noite, era tudo sobre perder-se um no outro.


Capítulo Onze

Van não podia acreditar na sua sorte. Como passaram do ponto


A para o B em questão de minutos? Num momento Travis parecia pronto
para explodir sobre ele e no próximo, estavam no chuveiro, com o
Ômega de joelhos, com seu pênis na garganta. Sua resistência morreu
no momento em que sentiu o cheiro da necessidade de Travis,
misturando-se com a dele. A semana passada os empurrou para esse
único momento que deveria acontecer.

Seu urso sabia o que queria. Travis não tinha nenhuma chance,
exceto que o Ômega estava pronto para isso, também.

Aumentou seu aperto no cabelo de Travis. Foda-se, essa era a


visão perfeita para acordar a cada dia. De onde veio esse pensamento?
Travis balançava a cabeça para cima e para baixo, parecendo saborear o
sabor do sêmen de Van. Sabendo que não duraria muito, Van deu um
puxão gentil no cabelo de Travis, dando uma pausa ao Ômega.

— Eu assumo agora, — disse ele. Travis ficou imóvel enquanto


ele entrava e saía da sua doce boca. Maldição, ele teria fantasias desses
lábios tentadores, envoltos em torno de seu pênis que ficava mais e mais
espesso, perto de estourar.

— Estou chegando perto.


Travis sugou mais e a pressão dentro dele quebrou. Segurou a
nuca de Travis, enquanto ele engolia ansiosamente cada gota de sêmen.
Era demais para engolir e escorreu um pouco pelos lados da sua boca,
mas ele lambeu.

— Eu fiz bem? — Perguntou Travis, buscando sua aprovação.

— Melhor do que bem, querido. Perfeito.

Van não queria forçar Travis, mas quis dizer isso. Estava claro
que Travis seria um acessório permanente em sua vida, mas apenas se
parasse de enxotá-lo e impedisse que suas inseguranças ficassem no
caminho de sua felicidade. Teve essa percepção enquanto lutava contra
aquelas hienas.

Era um bom lutador, melhor do que bom talvez, mas todos


cometiam erros. A morte não tinha favoritismos. Se morresse lutando
contra outra pessoa tão perto de casa, sem ter estado com Travis,
morreria com arrependimentos. Ajudou Travis a se levantar.

— Você parece diferente, — observou Travis.

— Eu me sinto diferente, estúpido.

— Estúpido como?

— Por manter distância. Você merece melhor, mas também sou


egoísta.

— Eu pensei que fosse ganancioso por querer você, que você


queria outro companheiro, mais perfeito.
— Quem define perfeição? Sou um urso quebrado, Travis, mas
se você me aceitar, serei seu para sempre. Não vou pedir novamente.

— Nunca pensei que você não tivesse nada para dar.

Com essas palavras, Van selou os lábios de Travis com os dele.


Sentiu pequenas explosões dentro dele. Seu pênis começou a se animar
de novo. Travis arregalou as sobrancelhas, mas ele deveria saber que os
Alfas poderiam durar muito tempo, poderiam se excitar em questão de
minutos, especialmente em torno de um bocado delicioso.

Van dirigiu as mãos para cima e para baixo do corpo de Travis,


ganancioso e ansioso para conhecer todos os seus lugares secretos.
Travis fez o mesmo, como se tivessem ficado famintos pelo toque um do
outro. O lobo fez uma pausa, provavelmente percebendo seu pênis. O
pequeno Ômega excitado esfregou os dois juntos, fazendo maravilhas
por sua ereção.

— Foda-me, Van. Eu preciso de você dentro de mim.

Praguejando, Van virou Travis de frente para a parede, e


encarou suas costas e sua bunda deliciosa. Ele passou a mão pela coluna
de Travis, amando a maneira como ele estremecia com o seu toque.
Podia sentir o cheiro de sua excitação e sabia que o Ômega gozaria em
breve.

— Não goze até que eu diga, — ele ordenou.

— Ok. — Travis respirou com dificuldade. — Vou tentar.

Era bom o suficiente para Van. Usando o pé, cutucou os pés de


Travis para abri-los. O Ômega alargou sua posição.

— Deus, amo aos lobos com iniciativa.

— Você fala como se estivesse com muitos lobos.

Van riu.

— Foi só você e Doug.

Não se sentia mais culpado. Doug quereria que ele seguisse em


frente, e quando estava com Travis, não mais pensava em Doug. Ele era
o raio de luz que precisava em sua vida, exatamente quando tudo estava
prestes a escurecer e seu urso estava prestes a se tornar selvagem.
Travis o centrou. Van devia-lhe muito.

Van deslizou um dedo dentro de Travis, encontrando o Ômega


lubrificado.

— Eu adoro isso. Auto-lubrificação de Ômega. É ótimo.

Travis apenas soltou um gemido quando ele acrescentou um


segundo dedo e começou a prepará-lo para seu acesso. Não podia
esperar para se enterrar em Travis, para reivindicá-lo como dele e de
ninguém mais.

— Por favor.

Ouvir essa palavra nos lábios do Ômega fez com que ele
acelerasse o processo, mas tinha que ter cuidado. Van sabia que não era
exatamente pequeno. Machucar Travis era a última coisa em sua mente.
Deixando-o pronto, colocou a cabeça de seu pênis na entrada franzida do
lobinho. Travando um braço em volta do seu peito, puxou o seu peito
esquerdo. Travis gemeu.

— Você está pronto? — Ele perguntou.

— Deus sim. Coloque esse pau grosso em mim.

Ele riu.

— Pequeno Ômega grosseiro.

— Urso mandão.

— Oh, isso é fofo. Eu gosto disso. — Van empurrou lento e


firme, sentindo Travis se apertar em torno de seu eixo. — Inspire e
expire querido.

Travis relaxou e, uma vez que Van passou pelo espesso anel de
músculos, foi mais fácil. Finalmente, estava com suas bolas enterradas
no fundo de Travis.

— Isso queima, — murmurou Travis. — Mas de uma forma boa.

— Eu vou fazer você voar em breve. — Ele beliscou o pescoço


de Travis, e deu um aperto no seu peito, antes de mover a mão para o
seu pau. — Eu quero que você goze para mim agora, enquanto estou
envolvido em você.

Na segunda vez, eles se uniriam. Van deu um aperto às bolas de


Travis. O Ômega soltou um gemido agudo e gozou contra os azulejos,
respirando com dificuldade.
— Bom filhote. — Ele beijou Travis na bochecha e começou a se
mover. Seus esforços foram lentos, até encontrar um ritmo que
funcionou para os dois. Até então, Travis estava começando a ficar duro
novamente. Fodeu o Ômega mais rápido, indo mais fundo a cada vez.

Travis gemeu e choramingou, arranhando os azulejos,


implorando por mais.

Van mudou de ângulo e deve ter atingido a próstata de Travis,


porque suas costas arquearam e ele ofegou. Colocou os dentes no
pescoço do Ômega, com força suficiente para machucar, mas não para
tirar sangue. Isso satisfaria um pouco seu urso, porque sabia que ele
queria que reivindicasse Travis para sempre.

Ah, isso ainda fazia parte do grande plano, mas a última coisa
que queria era acordar no dia seguinte com Travis entrando em pânico,
lamentando sua decisão.

Apontou para o local especial de Travis novamente, saboreando


o som dos seus doces gemidos.

— Você está perto? — Perguntou ele.

— Deus sim.

— Bom. Eu também. Goze junto comigo, — ele ordenou.


Trabalhou o pau de Travis novamente, deslizando sua mão para cima e
para baixo rapidamente.

Travis gemeu e, como que obedecendo sua ordem, disparou sua


carga novamente. O clímax do seu companheiro desencadeou o dele. A
pressão dentro dele quebrou e soltou um grunhido triunfante, disparando
sua carga dentro do traseiro de Travis que caiu contra ele, porém sua
força facilmente manteve ambos em pé. Enterrou a cabeça no lado do
pescoço do lobo, querendo mordê-lo desesperadamente.

Travis passou os dedos em seus cabelos.

— Faça isso querido. Por favor.

— Eu não quero que você acorde gritando amanhã. — Deus


sabia que ele estava em estado zen com o sexo, o sexo mais incrível de
sua vida.

— Eu, gritando? Hah. Só acontecerá porque você estará me


amando duro e áspero, da maneira que eu quero.

Deus. As coisas sujas que este Ômega dizia deixavam-no ligado.


Ele desembainhou seus caninos e o atingiu. Travis gritou abaixo dele,
mas não lutou. O banheiro desapareceu de sua linha de visão, até que
apenas os dois existiam. O urso emergiu e se moveu, procurando algo. O
lobo de Travis aproximou-se deles e os uniu. Ele puxou seus caninos,
ofegante, perguntando-se o que diabos acabara de fazer.

Nenhuma parte dele queria mudar nada, pois no fundo sabia


que desde que ajudou Travis a escapar de seu pai abusivo ele era o
único. Naquela época, negou a verdade, porque não queria trair
Terrence, e o Ômega estava longe de estar pronto. A voz de Travis
lembrando-lhe que era um adulto ressoava nele.

De certa forma, Travis estava lhe dizendo que estava pronto. Ele
também. Travis então o mordeu de volta, deixando sua marca no bíceps
esquerdo de Van. Veneraria essa marca para sempre.

— Como você está se sentindo? — Perguntou, uma vez que


ambos estavam recuperados.

— Isso pica um pouco, mas dói menos do que eu imaginava. —


Travis soltou uma risada instável. — E eu sei o que você está pensando.
Não comece a se sentir culpado, ok? Não estrague o momento.

Travis virou em seus braços, deixando-o ver como o Ômega


realmente se sentia através de sua expressão determinada.

— Você não me chamou de meu? — Travis estava sorrindo e a


visão fez seu coração disparar.

Ele queria ver mais os sorrisos de Travis.

— Eu acho — Travis fez uma pausa, pensando e prosseguiu, —


depois que saí de Owen, eu estava perdido, mas sem perceber isso,
estava fazendo o meu caminho para você, porque o que o meu lobo e
coração desejavam era você.

Van sorriu. Seu bebê realmente tinha jeito com as palavras.

— Estou tão fodidamente feliz por você.

Eles acabaram o banho. Van desinfetou a mordida no pescoço


de Travis. Uma vez vestidos, caíram na cama. Van puxou
automaticamente Travis para ele como uma rede de segurança. Travis
sentiu-se quente e maravilhoso contra ele, como se pertencesse ali
perfeitamente.

— Será que amanhã será diferente? — Perguntou Travis.

Van detectou uma nota de medo na voz de seu companheiro.

— É claro que sim, mas o futuro aponta para melhores coisas


para nós dois.

— Eu espero que você esteja certo.

— Sei que será assim.

Capítulo Doze

Travis acordou com o cheiro de algo delicioso. Ele cheirou


novamente, apenas para se certificar. Panquecas. Abriu os olhos e
esfregou-os. O apartamento era pequeno o suficiente, e podia ver Van,
sem camisa, vestindo jeans e um avental em frente ao fogão. Um sorriso
se espalhou pelo rosto.

— Que saborosa visão para acordar, — ele declarou.

Van olhou diretamente para ele, sorrindo. Podia ver sua mordida
no bíceps de Van, confirmando que a noite passada não fora apenas um
maravilhoso sonho. Sua mão voou para seu próprio pescoço para
verificar. Sim. A marca de Van pulsou sob seu toque. Esta era a sua nova
realidade.
— Eu esperava que as panquecas estivessem prontas antes de
você acordar, — admitiu Van.

— Doce urso. E se eu ficar aqui e esperar?

Pensou nisso.

— OK. Espere como um bom cachorrinho.

Esperar acabou por ser um inferno. Após as panquecas, o cheiro


de bacon bateu no seu nariz. Seu estômago resmungou. Travis estava
tentado a levantar-se da cama e ajudar Van, mas ele insistiu para que
permanecesse na cama. Depois do que pareceu como um século, Van
voltou para a cama, sem avental, com dois pratos na mão. Um prato
tinha um revestimento espesso de mel ao invés de xarope. Os ursos
sempre gostavam de mel. Travis teve ideias sobre isso. Sugestões sujas.

Van entregou-lhe as panquecas com o xarope que aceitou


graciosamente.

— Obrigado, oh amável urso.

Van riu e roubou um pedaço de bacon do prato.

— Ei! Você tem seu próprio bacon.

Van pegou outro. Ele bufou e roubou um bacon do prato de Van,


e puxou-o para a boca, apenas para fazer uma careta com a explosão de
doçura.

— Deus, isso é nojento.


Van fingiu parecer ficar magoado.

— Não insulte o amor.

Ele não conseguiu evitar, riu. Van o seguiu. Uma vez que o riso
morreu, um brilho familiar apareceu nos olhos de Van.

— Ah não. Eu conheço esse olhar — disse ele.

— Que olhar?

— O tipo que diz que você quer me comer em seguida. — Não


que não quisesse o mesmo. Estava um pouco dolorido, mas seu pau
engrossou debaixo do lençol. — Você não vai chegar atrasado para a sua
reunião com os patrocinadores do abrigo?

Van bufou.

— Eu posso ter quinze minutos de atraso.

— Quinze? Tão confiante?

— Isso é um desafio?

Travis hesitou.

— Talvez?

— Você está feito, lobinho.

******
— Travis, você está indo para o abrigo?

Travis olhou para ver Lex inclinado no seu cubículo. Engoliu em


seco. O shifter jaguar ainda o deixava nervoso, mas Lex era seu chefe.
De todos os trabalhos que experimentou, achou que gostava mais de
trabalhar na linha de emergência de resgate Howl4Alfas. Era bom ajudar
outras pessoas a falar de seus problemas e, além disso, acabou por ser
um bom ouvinte. Apesar da reação inicial de Lex por ele, este não
deixava suas questões pessoais interferir no trabalho. Isso ajudava
Travis a fazer o melhor para evitá-lo a todo custo.

— Sim, acabei de mudar meu turno, — disse Travis.

O shifter jaguar estava intimidante, simplesmente de pé,


observando-o. Percebendo que Lex estava olhando a marca de Van em
seu pescoço, ele corou, mas não pretendia encobri-la. Estava orgulhoso
de ser de Van e Lex tinha que lidar com isso.

Para sua surpresa, Lex não fez um comentário negativo.

— Finalmente, — disse Lex.

— Finalmente? Eu pensei que você não queria que estivéssemos


juntos?

Lex passou a mão no cabelo loiro escuro dele.

— Eu te devo desculpas. Trabalhando aqui, eu vi os dois


extremos do cenário. Você deve saber, não são apenas os shifters
submissos que ligam.
Travis assentiu. Algumas ligações surpreendentemente vinham
de machos dominantes e dominados, manipulados e usados por seus
colegas submissos. Era difícil acreditar que um shifter dominante
pudesse ser abusado, mas alguns shifters eram astutos, e nem todos
tinham sorte, como Van e ele.

— Você provou que eu estava errado. Está claro para todos que
você é fiel a Van e, mais importante, você o ama.

Seu rubor se tornou mais profundo.

— Eu realmente o amo.

Lex deu um sorriso um pouco triste. Ocorreu a Travis que,


dentre os três, apenas Lex não tinha um companheiro o que deveria ser
um pouco solitário.

— Não foi por isso que eu vim aqui. Isto é para você.

Lex deslizou um envelope em sua mesa.

— O que é isso? — Travis abriu e sugou uma respiração. Um


cheque, o seu primeiro. —Meu Deus. Mesmo?

— Claro. Você é um empregado aqui, não é? Mantenha o bom


trabalho. — Lex se afastou desajeitadamente.

— Lex, espere. — Ele pegou o braço do shifter jaguar sem


pensar. Lex grunhiu. Yikes. Talvez Lex não gostasse de ser tocado por
estranhos. — Desculpe. Eu queria dar um presente a Van usando meu
primeiro cheque. O que você acha que ele vai gostar?
— Você quer usar seu primeiro cheque com ele? — Perguntou
Lex com surpresa.

— Quero dizer, eu devo muito a ele e ele fez tanto. É apenas


uma pequena lembrança, mas estou indeciso. Ele continua insistindo que
não quer nada.

— Não precisa ser uma coisa material. Vá planejar uma noite


romântica ou algo assim.

— Lex! — Exclamou. — Você é um gênio.

Lex revirou os olhos.

— Por favor, não me diga que vocês dois ficarão tão enjoados
como Jackson e Matt.

Travis riu.

— Esses dois são outra categoria inteiramente. Ah, certo, você


não está no encontro com os patrocinadores?

Lex grunhiu.

— Nós compartilhamos a responsabilidade. Além disso, Van é


melhor com as pessoas do que Jackson ou eu.

— Entendo. Estou indo para lá agora, você precisa que eu diga


qualquer coisa para Van?

— Ah, pode ser. Aguarde um segundo. — Lex desapareceu e


reapareceu mais tarde com um envelope A4. — Passe isso para ele.
— Ok. — Travis agarrou o envelope e saiu do escritório. Os
pensamentos da sua surpresa para Van pesavam em sua mente. Talvez
pudesse preparar o jantar para ele. Conhecia os seus pratos favoritos e
batatas assadas e mingau não eram tão difíceis de fazer. Com a ajuda de
Matt, poderia até preparar uma sobremesa decente. Van gostaria de algo
com mel.

Travis pegou o ônibus para o abrigo. Seus pensamentos errantes


quase o fizeram perder sua parada, se não fosse por Vicky batendo nos
seus ombros.

— Obrigado, eu não percebi que você também estava no ônibus,


— disse ele. Ambos desceram e começaram a caminhar até o abrigo.

— Você parecia preocupado, então não quis incomodá-lo.

— Tomando o turno da noite? — Ele perguntou.

— Sim.

— Você não faz geralmente turnos matutinos?

— Sim, mas, — Vicky hesitou, depois continuou: — Eu tenho


evitado Marco.

Ele franziu a testa.

— Marco, por quê?

— Ele está diferente ultimamente, grita com todos. Os chefes


estão muito ocupados para perceber, mas a equipe não gosta mais de
trabalhar com ele. Além disso, sendo um shifter lince, ele está na
categoria predatória e está assustando os recém-chegados.

— Você quer que eu diga isso para Van?

Vicky parecia envergonhada.

— É demais pedir isso.

— Eu não acho. — É verdade que ele não gostava de Marco, e


talvez nunca viesse a gostar, mas se ele estava causando problemas,
Van e os outros tinham que saber. —Eu vou fazer isso sutilmente.

— Ok. Ótimo. — Vicky sorriu. Entraram pelas portas do abrigo.


Alguns dos funcionários do abrigo os reconheceram e cumprimentaram.
— Você está aqui para ver Van?

— Sim, estou indo para o escritório dele para deixar isto — disse
ele, segurando o envelope.

Despediram-se e ele se dirigiu para as escadas que levavam ao


segundo andar. Apenas a luz do escritório de Van estava ligada.

Sorrindo, ele notou que a porta estava entreaberta. Aproximou-


se com a intenção de surpreender seu companheiro. Parando, notou uma
figura loira delgada no computador. Não era Van. Seu lobo acordou nele,
suspeitando da situação. Era Marco. O que ele ainda estava fazendo aqui
se trabalhava no turno da manhã? Eram seis e meia agora, o que
significava que o segundo turno havia começado há meia hora.

Travis manteve os passos silenciosos, sabia um pouco sobre ser


invisível. Aperfeiçoou a arte quando queria evitar a atenção de Owen.
Travis quase chegou à mesa e parou, chocado ao ver o que estava na
tela do computador.

Seria bom se Marco estivesse checando seus próprios e-mails,


mas esse e-mail era de Van. Esperou um pouco mais, evitando o desejo
de pedir respostas. Marco escreveu o nome de Travis na barra de busca
e seu coração ficou frio quando um par de mensagens particulares que
Van e ele enviaram um ao outro ao longo dos anos surgiram.

O conhecimento o atingiu como um balde de água fria.

— Você é a razão pela qual Van não recebeu minha última


mensagem! — Exclamou. — Você esteve bisbilhotando no correio de Van
e eliminou-as.
Capítulo Treze

Marco se virou, parecendo alarmado, mas relaxado quando o


viu

— Bem, bem, se não é o bastardo que arruinou minha vida.

— Sua vida? Você quase despedaçou a de Van e a minha. —


Travis respirava com dificuldade. Tinha sido um mistério tanto para ele
quanto para Van porque a comunicação tinha sido interrompida. Travis
escreveu-o como o servidor de e-mail com problemas, ou talvez ele foi
para a pasta de spam e ele acidentalmente tinha excluído. Nunca em sua
imaginação mais louca ele tinha pensando que alguém estaria
interferindo com seu relacionamento.

Marco parecia entediado e desligou a tela do PC. O shifter lince


nem se incomodou em defender-se ou negar a acusação.

— Você saiu do nada, algum idiota que Van cuidou quando era
mais novo, certo? Então você vem aqui, trazendo problemas para todos.
Se você não recebeu a mensagem, ninguém o quer aqui.

Parecia que alguém tinha dado um soco no seu estômago,


sabendo que aquele babaca presunçoso tinha lido todos os seus e-mails,
porque essas palavras saíam do coração e da alma de Travis. Aqueles e-
mails eram somente para os olhos de Van, e ele sabia que os do Van
eram o mesmo.
— Oh sim? Tarde demais para isso. — Travis puxou o colarinho
de sua camisa, expondo a marca da mordida.

Marco pôs-se de pé, os olhos ficando amarelos.

— Que merda você fez?

— O que estamos destinados a fazer. Van e eu somos


companheiros, Marco entenda isso. — Travis não estava no clima mais
indulgencia. Isso era o que os conselheiros do abrigo sempre sugeriam.
Perdoe seus inimigos. Mais importante ainda, perdoe a si mesmo.

Um idiota como Marco não merecia perdão.

— Por que Van? — Perguntou ele. — Van confia em você. Por


que traí-lo?

Marco rodeou a mesa, como um predador à espreita. Bem,


Travis poderia enfrentar um lince manipulador.

— Trair Van? Me preocupo com seus melhores interesses.


Quando ele encontrou aquele humano estúpido, eu disse a ele para não
fazer, que seria suicídio acasalar a um humano que estava nos estágios
finais do câncer. Ele ouviu? Não. Quando Doug morreu, pensei em
oferecer meu apoio, entrar e dar conforto quando ele precisava de
alguém. Então você veio, — Marco respondeu com nojo. — Você não tem
ideia de quanto tempo trabalhei para chegar até aqui, só para ser
frustrado por algum bem usado, Ômega vagabundo sem moral. Eu vi
você transar com Van. É embaraçoso.

Travis soltou um suspiro.


— Você é nojento. Você aproveitou da bondade de Van,
invadindo sua privacidade e olhando através de seus e-mails? Van nunca
se apaixonaria por um cara como você.

Travis sabia um pouco sobre a história de Marco e Vicky. Depois


que o ex de Marco o largou, Marco foi até o abrigo, sem dinheiro e
apenas com as roupas do corpo. Desde então, Marco tinha trabalhado lá.

— Não faça nada de alto e poderoso, Travis. Ouvi dizer que você
era um brinquedo de merda de lobo dominante antes de você vir aqui,
que você abria as pernas para ele e seus amigos.

Chocado, Travis começou,

— C-como você...

— Fácil. Arrombei o escritório do conselheiro, — Marco disse


como se fosse um assunto pequeno.

— Você não entende nada. Fiz o que pude para sobreviver. Você
não tem ideia do que é lutar pela sua vida todos os dias. Van e
Howl4Alfas me deram uma segunda chance.

Marco bufou.

— Você espera que acredite que a máscara é genuína? Por favor.


Suas habilidades de atuação não me enganam.

— Você está vindo comigo. — Travis tomou uma decisão.


Trabalhar em Howl4Alfas ensinou-lhe a ser uma pessoa melhor, não
afundar ao nível de Marco. Negociar insultos não iria levá-los a qualquer
lugar. Era hora de fazer a coisa certa. — Vamos falar com Van sobre o
correio. Se você for honesto, ele pode perdoá-lo e você ainda pode
trabalhar no abrigo.

Marco riu em sua cara.

— Morda-me, lobo. Você vai morrer antes que isso aconteça.

Sem aviso, Marco mudou, a mudança rasgou suas roupas.


Sabendo que ele não teria uma chance contra um ágil lince adulto em
forma humana. Ele estava meio transformado quando Marco o atacou, as
garras estendidas. Aquelas longas garras afiadas cavaram em suas
costelas. Travis sibilou com a dor, mas segurou seu lobo. A pele o cobria
completamente. Uma vez totalmente em forma de lobo, eles saíram do
escritório, um emaranhado de força mortal.

Graças a Deus que Travis concordou em aprender algumas


lições de autodefesa no abrigo, porque caso contrário, ele estaria morto.
Esquivou alguns dos golpes e mordidas de Marco, mas nem todos. Uma
atingiu suas costas e, de repente, ambos desceram as escadas rolando.
A dor em suas costelas piorou. Eles pousaram no primeiro andar, com
Marco grunhindo em cima dele.

— O que está acontecendo? — Perguntou um dos espectadores.

Travis espiava rostos assustados, preocupados.

— É Marco e Travis? Ninguém interfere, ou vocês vão se


machucar. Achem um shifter dominante para acabar com a luta! —
Gritou Vicky. Graças a Deus, Vicky estava lá para tomar conta. — Limpe
o espaço, todos. Vão para um espaço seguro.

Travis usou essa oportunidade para tirar Marco de cima dele.


Nenhuma surpresa o shifter do lince aterrou em seus dois pés. Travis
estava coberto de cortes. Respirando com dificuldade, tropeçou, mas
conseguiu se levantar nas quatro patas. Marco o rodeou.

Ele vagamente ouviu as vozes, de Vicky e a outra equipe


dizendo para parar e discutir isso de uma maneira mais civilizada. Travis
sabia que recuar não era uma opção. Viu o olhar assassino de Marco.
Marco não estava usado a razão.

— Van está a caminho, — alguém disse a Vicky.

Isso fez Marco saltar para ele e Travis apenas esquivou dos
dentes contra sua garganta. Ele estava se movendo muito devagar, por
quê? As feridas em seu corpo começaram a agir. Travis sabia que não
duraria tanto tempo.

Sua visão começou a ficar embaralhada, e isso não era bom


sinal. Marco sibilou para ele. O bastardo presunçoso sabia que Travis
estava ficado torto. E Marco correu para ele e pulou. Travis estava se
movendo muito devagar. Um forte rugido encheu o corredor, quase
fazendo o chão vibrar. Marco hesitou, caiu no chão com graça. Travis
arriscou virar a cabeça para ver um grande urso cinzento correndo em
sua direção com toda a velocidade. Ele não sabia que os ursos podiam
correr tão rápido.

Van
O nome de seu companheiro parecia uma canção de salvação.
Em pânico, Marco voltou para sua garganta, mas uma enorme pata
golpeou Marco para trás, jogando-o contra a parede como um brinquedo.
Van se ergueu em acima dele, rosnando para Marco.

Ele pressionou seu nariz contra Van, inalando o perfume familiar


de seu companheiro. Van ficou furioso, mas sabia muito bem como Van
estava perto de perder o controle. Se Van matasse Marco por acaso, Van
nunca se perdoaria.

Pior ainda, a equipe do abrigo e as testemunhas não confiariam


mais nele. Ele beliscou a pele de Van. Os olhos dourados de Van se
suavizaram ligeiramente e, para sua surpresa, Van voltou a ser humano
e se ajoelhou ao lado dele. Travis descansou a cabeça contra a coxa de
Van, gostando dos dedos de Van acariciando seus pelos.

Van virou-se para Marco, que olhou para eles. Se o lince


pudesse olhar para eles com adagas nos olhos, então Marco ficaria bem.
Tudo acabou.

— Uma advertência, Marco. Se você machucar meu


companheiro de novo, vou te matar, — disse Van friamente, e Travis
sabia que ele queria dizer cada palavra. Marco também devia ter visto a
verdade nos olhos de Van, porque Marco baixou a cabeça e
choramingou.

— Van, vamos chamar as autoridades locais? — Perguntou um


dos membros da equipe.
— Eu não acho que precisamos fazer isso. Marco e eu teremos
uma conversa. — Van se virou para ele e soltou um suspiro,
provavelmente notando seus ferimentos. Travis esfregou a cabeça ao
longo da perna de Van, na esperança de tirar um pouco de raiva do urso
irritado de Van.

— Van! — gritou alguém, alarmado. Travis ergueu a cabeça só


para ver Marco vir nas costas de Van com toda a força. O lince deveria
ter pensado que se ele não poderia ter Van, ninguém mais poderia.

— Você não vai atacar! — Vicky gritou. — Você causou bastante


dano, Marco.

Travis a avistou segurando uma espingarda. Vicky disparou,


atirando em Marco bem na parte de trás. O shifter do lince caiu nos pés
deles, esparramou-se, então Marco fechou os olhos.

— Ele não está morto — disse Van depois de verificar o corpo. —


Apenas inconsciente. É uma bala paralisante que usamos para colocar os
shifter raivosos inconscientes temporariamente.

Sentindo que estavam finalmente fora da zona de perigo,


transformou-se em humano novamente, para sentir Van puxá-lo para um
abraço apertado. Van enterrou o rosto em seu pescoço.

— Porra, querido. Eu pensei que você fosse um caso perdido


naquela época.

— Você chegou bem a tempo. Van, Marco me atacou porque


descobri que ele estava examinando seus e-mails.
— O quê? — Van xingou, e parecia pensativo. — Às vezes me
esqueço de fazer login na minha conta de e-mail, e ele tem acesso ao
meu escritório.

— Van, más notícias. Alguém ligou para a polícia local —


murmurou Vicky.

— O que aconteceu aqui? — Jackson perguntou, parecendo que


ele tinha acabado de chegar na cena com Matt. Jackson olhou para o
corpo inconsciente de Marco e bufou.

Alguém deu roupas para eles vestirem e explicar a situação.

— Eu nunca gostei do Marco, — comentou Jackson.

— E os policiais? — perguntou Travis, preocupado. Ele agarrou a


mão de Van. — Eles não vão prender você, certo?

— Travis, não se preocupe — disse Matt com voz gentil. —


Howl4Alfas tem um bom relacionamento com as autoridades locais. Além
disso, há muitas testemunhas que podem apoiar a história de Van. Além
disso, as feridas em seu corpo são provas suficientes.

— Isso é verdade. — Van puxou-o para perto e deu um beijo


nele. Travis se sentiu um pouco melhor depois disso. — Não se preocupe
com nada, querido. Tudo vai ficar bem. Depois de explicar a situação
para a polícia, vamos voltar para casa, humm? Como isso soa?

Travis sorriu. Casa. Sua casa. — Gostaria disso.


******

— Bem, a situação parece muito clara para mim, — disse o


oficial Kerry.

Todos estavam sentados na lanchonete do abrigo, enquanto


Kerry fazia várias perguntas. No entanto, não parecia uma investigação
para Travis. Parecia que Kerry era bom amigo de Van e Jackson. Alguém
tinha chamado Lex, também, e ele viu o shifter jaguar caminhando,
suavizando as coisas enquanto Jackson e Van falavam com a polícia.

— O que vai acontecer a seguir? — Ele não podia deixar de


perguntar.

Ao lado dele, Van estendeu sua mão para baixo da mesa e


apertou-a. O calor o encheu. Momentos atrás, o urso de Van estava
prestes a ir num alvoroço, mas Travis não podia sentir nenhuma
agressão do urso de Van, apenas calma. Encheu-o de orgulho ao ver seu
companheiro assim, inteiro e feliz.

— Vocês vêm comigo para a estação para preencher um


relatório? Depois disso, as coisas estão resolvidas, — Kerry disse,
fechando seu bloco de notas.

— Bem, vou deixar as coisas com vocês, — Jackson disse,


deixando-os.

— Podemos fazer isso amanhã? — Van perguntou, olhando para


ele.
Era doce da parte de Van pensar que ele precisava de algum
descanso, mas ele balançou a cabeça. — Não, quero terminar logo com
isso, então não precisamos nos preocupar com isso amanhã.

— Bom plano, — disse Van com um sorriso.

— Eu vou dar a vocês uma carona, — Kerry ofereceu.

Epílogo

Duas semanas depois

— Em fim, a última vez que tive notícia do Marco, ele estava


em um ônibus para a cidade depois que você tirou as acusações de
assalto, — disse Vicky ao telefone. — Por que você fez isso de qualquer
maneira? Ele certamente poderia ter ficado um tempo na prisão.

Travis também se perguntava sobre isso algumas vezes, mas


depois que Van e ele visitaram Marco na cadeia há três dias, eles
tomaram a decisão juntos. Marco parecia menos intenso, uma concha de
seu antigo eu e evitava olhar para eles. Finalmente, entretanto, antes de
partir, Marco murmurou: — Sinto muito, nunca quis ferir ninguém.

Travis só esperava que Marco fosse capaz de construir uma nova


vida em outro lugar. Van deixou claro, porém, que se Marco voltasse a
farejar em torno da cidade, não seria tão misericordioso.

— Todo mundo merece uma segunda chance, Vicky. Até ele.

— Acho que você está certo. Você tem um grande coração,


Travis. Enfim, isso é tudo que eu queria dizer. Sei que você está no seu
dia de folga. Alguma coincidência de que Van esteja ai também?

— Tchau, Vicky, — ele disse, rindo.

Ele terminou a ligação e olhou para o relógio de parede na sala


de estar. Quase uma da tarde, o que significava que Van poderia estar
em casa a qualquer momento. Ele quase esqueceu que ele não tinha
desligado o forno ainda. Indo para a cozinha, ele olhou para a porta do
forno, aliviado ao ver que o assado de macarrão ainda não estava
queimado. Colocando as luvas, ele o tirou. Parecia perfeito. Travis
agarrou um garfo, preocupado por ter cozinhado demais a carne.

— Sim, perfeito, querido!

Fez uma pequena bomba de punho.

— O que é perfeito?

Ele saltou, virando-se para ver Van na frente dele, apoiando seu
corpo contra o balcão. — Jesus, Van. Você sabe que não gosto quando
você se move tão silenciosamente assim.
— Gosto de fazer surpresa para você. — Van agarrou a parte de
trás de sua cabeça e deu-lhe um beijo que derreteu suas entranhas e
engrossou seu pênis. Quando Van se afastou, ele estava ofegante.
Queria mais, mas podia esperar. Van notou o assado e seu estômago
rosnou. — O que é tudo isso?

— Bem, era suposto ser uma surpresa, — ele resmungou.

Van puxou a alça de seu avental. Bem, tecnicamente era o


avental de Van. Uma vez que Travis viu o avental estúpido com o enorme
urso de desenho animado na frente com as palavras "O Urso Cozinheiro"
estampado nele, soube que tinha que comprar imediatamente. Van
usava-o para ele especialmente aos domingos, quando Van cozinhava, e
levava o café da manhã na cama. A pedido de Travis, Van não usava
nenhuma camisa por baixo, garantindo que ele acordasse com o homem
doce todos os domingos.

— O que você está pensando? — Van perguntou, deslizando um


dedo para baixo de seu peito para dar um aperto em seu pau através do
jeans.

Ele gemeu, mas conseguiu responder. — Você com certeza.


Quem mais?

— Você não pensa em outra coisa, — Van comentou.

— Não posso evitar. Você tem esse efeito em mim.

Van riu. — Alguns dias não posso acreditar que sou tão sortudo.
Vamos comer. Eu estou com fome.
— Tem certeza de que você não está com fome de mim? —
Travis provocou.

— Estou com fome de comida e sobremesa, — disse Van, se


movendo para levar o assado para a mesa.

— Sou a sobremesa, certo? Interpretei isso errado? — Ele


perguntou, tirando o avental para se juntar a seu companheiro a mesa.

— Você ganhou um A, querido. — Van tomou seu lugar habitual


a mesa. Travis se lembrou que tinha esquecido da cerveja de Van. Ele
pegou a garrafa da geladeira antes de se sentar.

— Você ficou a amanhã toda fazendo isso? — Van perguntou,


prestes a pegar a faca para cortar o assado, mas Travis afastou sua mão
distraidamente.

— Não, deixe-me. — Depois de servir aos dois, eles começaram


a comer. Era ótimo alimentar Van, porque ele comia tudo, embora Travis
soubesse que ele não era um cozinheiro tão bom. Van sempre o fazia
sentir apreciado, querido. Era uma das coisas que ele amava sobre Van.

— Como foi seu dia? — Ele perguntou.

— Quase sem intercorrências, na verdade. Jackson queria que


passasse alguns números para a reunião de orçamento amanhã. — Van
fez uma careta, o que o fez rir.

Apesar de Van se queixar, Travis sabia que Van levava seu


trabalho a sério. — Bem, coma, ok?
Além disso, ele tinha um motivo. Ele queria que Van ficasse
cheio de energia para suas atividades extracurriculares, não que Van
tivesse algum problema naquele departamento.

Van parou no meio de sua primeira refeição, mastigando sua


carne enquanto olhava para Travis com desconfiança. — Ok. Você está
sendo muito doce para mim. O que foi?

— Nada, só queria fazer algo bom para você. Não posso? —


Perguntou Travis, numa voz indiferente.

— Claro que você pode querido. Estou tão malditamente feliz


agora, posso morrer e ir para o céu.

Ok, Van não estava apenas falando sobre a comida, mas o


momento. Travis se sentia assim também, que cada dia com seu
companheiro era como um presente, um que ele tinha amado. Olhando
para trás, para o seu antigo eu, ele se sentiu perdido e assustado.
Agora, ele se sentia como uma pessoa inteiramente diferente.

Quando olhava para o espelho, Travis gostava do que via. Este


novo eu, estava confiante, tinha um propósito na vida, e estava feliz,
estupidamente apaixonado. Antes, Travis era desconfiado da felicidade,
aterrorizado. Isso não era maneira de viver, entretanto. Van ensinou-lhe
a viver um dia de cada vez e utilizá-la ao máximo, e ele estava fazendo
exatamente isso.

— Isso não é um pouco dramático, urso? — Ele perguntou.

— Talvez, mas quero dizer a mesma coisa. — Van esperou por


uns segundos e quando eles terminaram, Van disse: — Agora, a minha
sobremesa.

Ele mordeu o lábio. — Ok, uma confissão. Eu estava indo para


fazer aquele bolo de mel maravilhoso que Matt me ensinou ontem, mas
acabou por ser um desastre. Tenho outra alternativa embora.

Ele levantou-se da cadeira e pegou a garrafa de mel que


comprou naquela manhã. Van o ajudou a colocar os pratos e talheres na
pia.

— Oh. — Van olhou com um olhar perverso em seu rosto. —


Lobinho, não tinha percebido que você podia ser tão criativo.

— Uh, colocar mel no sorvete é criativo? — Ele perguntou.

Van deixou escapar um sorriso sexy. — Querido tenho uma ideia


melhor. Vou lamber esse mel por todo seu corpo.

O pulso de Travis acelerou e ele engoliu em seco. Ele tinha que


admitir, ele estava muito excitado agora que Van sabia disso. Van
agarrou seu braço e puxou-o para a cama. Nenhuma surpresa eles
tatearem as roupas um do outro e ficaram nus em segundos.

Van tirou o mel de suas mãos, e deu um empurrão suave em


seu peito para a cama. Ele pousou de costas, olhando para seu
companheiro impressionante.

— Porra, mas você parece tão bom para comer, — Van disse,
abrindo a garrafa para derramar o líquido dourado em seus mamilos. Ele
gemeu, pela textura ligeiramente fria e pegajosa. — Não se mexa.
Ele permaneceu imóvel quando Van deixou uma trilha
entrecruzada pelo comprimento de seu corpo e em seu pênis e bolas. Por
fim, Van colocou um pouco em seus lábios. Travis estava tentado a
lamber, mas Van lançou-lhe um olhar de advertência. Van colocou a
garrafa de lado e rolou em cima dele, seus braços musculosos em cada
lado da cabeça de Travis, com cuidado para não esmagá-lo ou manchar
seu trabalho.

— Quanto tempo você vai me fazer esperar? — Travis


perguntou.

Van o calou esmagando seus lábios. Travis experimentou o


gosto familiar de Van combinado com mel. Sua língua e lábios se
enroscaram, mas uma vez que Van lambeu tudo, Van aprofundou o
beijo. Travis teve dificuldade em ficar quieto, mas podia sentir o mel
escorrendo por sua pele. Eles fariam uma bagunça, mas ele não se
importava nem um pouco.

Van afastou-se, lambeu os lábios, as pupilas já brilhando como


âmbar, a luxúria estava evidente. O urso estava beijando abaixo na
garganta de Travis, seguindo a trilha do mel. Travis gemeu quando Van
desceu, finalmente alcançando seu pau e bolas. Nestes Van tomou seu
tempo. O irritante shifter urso tomou suas bolas em suas mãos e sugou
cada uma com deliberada lentidão, fazendo-o choramingar.

— Van — ele disse com voz rouca. Ele sabia que gozaria em
breve, mas ele tinha que ser paciente. Van recompensava a paciência.

— Silêncio, deite-se enquanto eu desfruto de você. — Van abriu


a boca e lambeu uma gota de sêmen em seu lábio. O urso lambia e
mordia seu pau, dando atenção especial a sua fenda. Ele agarrou os
lençóis, precisando de algo para segurar, enquanto o êxtase de Van
rolava sobre seu corpo em ondas incontroláveis. Van abriu a boca e
pegou seu pau, a visão de seu poderoso companheiro mantendo seu
pênis cativo em sua boca, era demais.

— Querido, por favor, — disse ele.

Van balançou a cabeça para cima e para baixo, mas parou no


momento em que ele estava a ponto de explodir.

Ele sibilou. Van riu, acariciando sua barriga. — Bom filhote.

— Estou prestes a gozar.

— Ainda não. Em suas mãos e joelhos.

Uma vez que Van o ajudou a ficar na posição, ele empurrou sua
bunda para Van em oferta. Van deu um puxão em seu pau, fazendo-o
choramingar. Finalmente, Van colocou um dedo dentro dele. Como de
costume, ele estava lubrificado e pronto para seu companheiro.

— Estou pronto. Ponha esse grande pau em mim. Por favor.

Isso encorajou Van. Ele sentiu o pré-sêmen de Van em seu ânus


franzido um segundo depois, e soltou um suspiro quando Van empurrou
em uma estocada, roubando sua respiração por alguns segundos. Van o
esticou bem, mas a dor era do tipo deliciosa que prometia um prazer
indescritível mais tarde.
Van apertou mais os quadris de Travis. Ele recuperou a
respiração, e mais súplicas saíram dele. — Querido, monte-me duro e
rápido. Diga-me a quem pertenço.

— Eu, — disse Van simplesmente. — Eu te amo.

— Eu também.

Van começou a se mover, cada empurrão ficando mais rápido


enquanto seus corpos colidiam. Ele encontrava Van em cada impulso, um
pau pulsando entre suas pernas procurando alívio, mas ele se segurou.
Van pegou velocidade, e a próxima vez que Van entrou nele, atingiu sua
próstata. Choramingando, ele apertou os lençóis, arqueando as costas.

— Oh querido. Exatamente aí. Isso é tão bom.

— Eu sei, gosto de ouvir você gritar. — Van beijou a marca de


acasalamento em seu pescoço e apontou para o lugar repetidamente. O
quarto girou. Van entrou nele com uma força implacável. — Goze para
mim, querido.

Com essa ordem, Travis gozou a pressão nele diminuindo,


enquanto sua mente flutuava em uma névoa de felicidade. Ele esvaziou
suas bolas, enquanto Van entrava nele várias vezes antes de encher seu
traseiro com sêmen. Mais tarde, eles desabaram na cama, com Van
deitado ao seu lado. Van arrancou dois lenços umedecidos do lado da
cama. Sempre tinha sido assim, para fácil acesso. Van limpou os dois,
murmurando aquelas três palavras de novo contra sua orelha.

Ele suspirou em completo contentamento. — Tenho outra


surpresa para você querido.

Travis virou-se, então enfrentou Van. Van o puxou para um


abraço. Travis quase amava abraçar depois do sexo, tanto quanto o
próprio sexo. Quase.

— Ainda há mais? — Van perguntou. — Eu preciso encontrar


uma maneira de superar essa surpresa.

— Isso não é uma competição.

— Eu sei, mas quero ver esse olhar de surpresa em seu rosto,


também.

— Espero ansiosamente por isso então, — ele disse.

— Então, que outros presentes não abertos eu tenho? — Van


piscou para ele. — Outra rodada de sexo, talvez?

— Isso pode ser arranjado, embora isso seja um pouco


diferente. — Ele pegou as mãos de Van nas suas. Van ficou sóbrio, o
olhar travesso se transformou em sério. — Van, eu fui ao médico com
Matt no outro dia.

Van pareceu confuso por um segundo, mas eventualmente


compreendeu a implicação das palavras de Travis. Van sugou uma
respiração, um olhar de descrença em seu rosto. Havia algo mais lá,
também, Travis percebeu. Esperança. Ele sabia que Van queria ter filhos,
mas não era possível com Doug.

— Travis, de verdade? — Van sussurrou.


Era bom ver seu forte e poderoso companheiro parecer confuso
pelo menos uma vez.

— Sim. O médico shifter confirmou. Estou grávido, querido.

Van jogou seus braços em volta dele e o abraçou ferozmente,


firmemente. — Porra, querido. Esse é um sonho que se torna realidade
para mim.

— Para mim também. É muito cedo para dizer se é uma menina


ou menino, urso ou lobo, — ele se apressou, murmurando
excitadamente.

Van fechou os lábios sobre os dele, e Travis fechou os olhos,


inclinou-se para ele e apreciou o delicado beijo de Van.

Van o soltou. — Eu sei que você está cansado de ouvir.

— Não. Nunca. Diga de novo, por favor?

Van sorriu e disse suas três palavras favoritas.

FIM

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