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Guerra Alfa 4

Não mais um estranho


Marcy Jacks

Nate Smith é um ômega selvagem. Um passado atormentado


mudou o curso de sua vida para sempre, tornando-o menos que
humano, quase sem controle e com medo de ser tocado. Se ele não
tivesse sido tomado pela matilha Greywolf, definitivamente estaria morto
agora. Sua luxúria pelo lobo alfa Orion o coroe. Depois de sofrer um
trauma, Nate ficou com medo de ser penetrado e os alfas querem
dominar por sua própria natureza.
Orion sempre se sentiu protetor com Nate, embora o antigo
humano tivesse o hábito de querer ficar sozinho. É difícil para um alfa
quando seu companheiro recusa seu toque e não consegue controlar seu
lobo. Orion sabe que ele pode curar o lobo selvagem de Nate se o
deixasse entrar.
Mas se Orion o forcar para conseguir isso, irá levar seu
companheiro para longe dele, e se não fizer nada, poderá perder Nate
para seus instintos selvagens.
Capítulo Um

— Você acha que tem algo de errado comigo?


Nate Smith virou a página de seu livro, apesar de não ter lido
muito.
— Não.
Parker não parecia convencido.
— Eu quase mudei! Pensei que estava tudo bem, e quase
aconteceu! Novamente!
Nate balançou a cabeça. Levou a caneca de café à boca e tomou
um gole antes de responder.
— Você está se preocupando por nada.
— Não é nada! — Parker bateu as mãos sobre a mesa e depois
recuou para a cadeira, como se estivesse preocupado que alguém o
tivesse visto fazer isso.
Cor subiu para suas bochechas. Nate quase sentiu pena dele.
Quase.
— Isso me assustou. Pensei que estava bem.
Talvez agora Nate se sentisse com um pouco de pena por ele,
mas mesmo isso não durou muito.
— Não é uma questão de força. Você não vai conseguir lutar
contra isso pela força de vontade.
Deus sabia que Nate tentara.
— Eu sei, — Parker choramingou. — Mas ainda.
Nate olhou para o homem. Parker desviou o olhar para ele,
aquele rubor envergonhado ainda estava em suas bochechas.
— Desculpa.
Nate balançou a cabeça.
— Não se preocupe com isso. — Escondeu sua carranca por trás
da caneca de café.
Sabia que Parker não estava tentando insultar. No fundo, podia
ver isso. A única razão pela qual Parker chegou até ele foi porque Nate
estava estudando para se tornar um enfermeiro.
Antes de sua vida ter sido abalada por aqueles malditos lobos...
Nate pigarreou, banindo esses pensamentos de sua cabeça.
— O ponto é que Fergus estava lá com você. Seu alfa pode
impedi-lo de mudar se você se sentir chegando perto da borda
novamente.
— Eu sei, mas só... não achei que precisaria dele assim.
Nate levantou uma sobrancelha para o outro homem.
— Você realmente o odeia tanto que se deixaria transformar em
um lobo selvagem para evitá-lo?
Fergus dera a Parker a mordida que o mudara, mas isso fora
para salvar a vida de Parker.
Um vampiro o tinha mordido. Se Fergus não tivesse dado a
mordida, Parker estaria morto ou seria um vampiro. Ambos eram
praticamente a mesma coisa, tanto quanto Nate estava preocupado.
— Não o odeio, — Parker murmurou. A cor em suas bochechas
ficou mais profunda.
Agora Nate estava realmente começando a sentir pena dele.
— Você só não quer estar na luxúria com ele?
Parker de repente olhou para ele como se Nate tivesse urinado
em seu cereal.
— Não estou na luxúria com ele!
— Entendo que você é hetero, mas teve sua mordida e ele é seu
alfa. Isso é natural.
Parker se levantou abruptamente. Quase derrubou a caneca de
café.
— Eu disse que não estou na luxúria com ele!
Nate deu de ombros, tomando outro gole de sua caneca.
— Não me importo se você diz que está ou não. Apenas não
minta para si mesmo sobre isso.
Parker olhou para ele. Nate ainda não conseguia se importar.
— Foda-se você. Eu pensei... pensei...
Nate olhou duro para o homem.
— Você pensou que porque sou um animal selvagem que
entendo o seu chilique estúpido? Afaste-se de mim, seu idiota.
Parker piscou para ele, como se não esperasse que Nate
dissesse isso, muito menos para dizer isso com uma cara tão séria. Nate
não se importava. Não tinha que lidar com a besteira estúpida de Parker.
Parker ainda tinha a chance de ser normal. Nate não. A última coisa que
queria ouvir era o quanto o homem estava lutando com sua luxúria
estúpida quando Nate estava vivendo com sua dor e sua luxúria, desde
que veio morar com o Bando Greywolf.
Parker abriu e fechou a boca algumas vezes antes que o ruivo
aparentemente decidisse que não valia a pena. Ele saiu em disparada.
Nate não conseguia nem mesmo invocar a energia para se
importar.
Costumava se importar com coisas assim. Costumava se
importar com os sentimentos das pessoas e fazer amigos. Agora era
uma merda miserável. Especialmente quando pessoas como Parker se
aproximaram dele e reclamaram sobre como poderia se transformar e
como era horrível ter um alfa constantemente cuidando dele.
Nate teria dado qualquer coisa para ter uma experiência como
Parker. Parker tinha sorte.
— Você não acha que foi um pouco duro com ele?
Nate teve um arrepio ao som daquela voz. Apertou os lábios,
olhando para a caneca de café.
— Ele é um bebê grande.
Nate não precisava se virar para olhar. Praticamente podia ver o
sorriso no rosto de Orion.
— Não seja malvado. Ele é novo em tudo isso.
— Pode superar isso.
Orion veio sentar-se do outro lado da mesa. O ar ao redor dele
estava calmo, mas a maneira como olhou para Nate teve seu sangue
aquecendo e indo diretamente para o sul.
Não queria pensar em seu pênis estúpido enquanto Orion estava
na frente dele.
— Você quer me dizer por que está de mau humor? Teve um
bom mês até agora. Apenas uma transformação.
Nate desviou o olhar daquele belo rosto.
Ele não era apenas bonito. Era bonito em estilo fantasia. O
cabelo comprido estava trançado atrás dele, a franja solta. Tinha uma
mandíbula quadrada com uma sugestão de barba aparecendo. Sempre
estava assim. Nate jurou que a barba do homem vinha em dois minutos
depois que ele se barbeava.
E Nate gostava totalmente do visual. Nunca tinha gostado de
piercings, até que viu o que parecia ser um anel labial em Orion.
Brilhava, e toda vez que Nate olhava para ele, o lembrava do momento
que o lambeu, beijando Orion na boca, os dois ficando quentes e
pesados, roupas saindo...
Até que ele entrou em pânico e fugiu.
As coisas praticamente não se moviam entre eles desde então.
Odiava isso.
— É só o décimo nono, muito tempo ainda para o meu lobo
estúpido aparecer. Pode até ser um presente de Natal.
Orion sorriu para ele suavemente.
— Se você acabar mudando no Natal, vou me certificar de adiar
tudo. Não vai sentir falta disso.
Nate só queria que Orion não fosse tão complacente. Queria ser
infeliz, e Orion parecia determinado a não deixá-lo fazer isso.
— Não se incomode. Não quero estragar os feriados de todos,
porque não posso me controlar.
— Você sempre pode gastá-lo comigo.
Nate congelou. Olhou diretamente para Orion, e o homem não
parecia estar brincando. Olhou de volta para Nate com um sorriso no
rosto que sugeria o quão sério era.
— Mesmo?
Nate pigarreou. Deus. Por que teve que soar assim? Como um
adolescente, cuja a paixão do colegial acabara de convidá-lo para o baile
de formatura.
— Certo. Posso alugar uma cabana em algum lugar perto de um
lago. Nós podemos ficar sozinhos. Ou poderia levá-lo para a cidade.
— A cidade é uma má ideia.
— Talvez, mas em pequenas doses pode ser bom, e vou estar lá
com você de qualquer maneira para manter seu lobo sob controle.
Nate honestamente pensou sobre isso. Mesmo que estar
sozinho com Orion fosse provavelmente a pior ideia do mundo, o
pensamento de estar sozinho com ele era ao mesmo tempo atraente e
aterrorizante.
O pensamento de ir para a cidade com sua... condição era ainda
pior.
Mesmo com Orion, o estresse de ter tantas pessoas ao seu
redor podia acabar sendo demais. Poderia mudar no meio de uma rua
movimentada. Como diabos Orion pensou que ele poderia lidar com isso,
não tinha ideia.
— Não acho que a cidade seja uma boa ideia.
Apesar do quanto queria ir. Para se sentir normal.
Foi o suficiente de um teste de estresse nas poucas vezes em
que foi para o Costco.
— Tudo bem, então vou pegar a cabana. Podemos passar o
Natal juntos.
O coração de Nate bateu forte. Tinha certeza que Orion estava
tentando se aproximar dele. Tentando aliviá-lo na ideia de ser acasalado
com ele.
Talvez até tentando seduzi-lo.
Que, novamente, o excitava e o assustava.
Um conceito tão fodido. Nate estava com medo de ser seduzido,
e ainda assim ficou desapontado sempre que Orion recuava. Sempre que
pegava as dicas de Nate e decidia que agora não era a hora.
Foi por isso que Nate ficou confuso como todo o inferno quando
concordou.
— Parece bom. Gostaria disso.
O menor indício de surpresa surgiu no rosto de Orion. Como se
ele honestamente não tivesse acreditado nisso.
Essa expressão chocada não durou muito antes de desaparecer,
e algo brilhou nos olhos de Orion, algo aquecido, algo que, mais uma
vez, fez o corpo de Nate reagir.
O fez querer pular nos braços de Orion ou pular no chuveiro
para cuidar do problema sozinho.
Merda.
— Fico feliz em ouvir isso.
— Não significa que quero transar com você, — disse Nate
rapidamente, embora fosse uma mentira completa. Qualquer coisa para
manter alguma aparência de independência. — Apenas... devagar,
passos de bebê. Talvez.
— Soa bem para mim.
Orion teve que soar como se estivesse ronronando quando disse
isso? Nate achava que não, mas talvez estivesse errado porque o som de
seu ronronar estava certo de fazer alguma coisa para ele.
O calor em sua barriga não ia embora, e o animal selvagem
dentro de sua cabeça estava quase em paz.
Orion levantou-se do seu lugar.
— Vou deixa-lo com o seu livro. Parecia que não queria que
ninguém te interrompesse de qualquer maneira.
Nate assentiu, embora tivesse esquecido completamente que
estava lendo em primeiro lugar.
Orion fez algo que quase fez os fogos de artifício no corpo de
Nate serem disparados. Veio e apertou os lábios no topo da sua cabeça.
Era assim que os pais beijavam seus filhos, os mais inocentes
beijos do mundo, mas foi o toque do homem que fez o pau de Nate
reagir.
Ele fechou o livro e se afastou do assento.
— Tenho que ir.
— Coisa certa. Vou deixa-lo saber do plano quando tiver tudo
acertado.
Nate não se incomodou em olhar para o alfa. Saiu correndo e foi
direto para as escadas. Para o seu quarto. Ele se moveu rápido. Não
queria que ninguém o visse. Pior, não queria que ninguém o sentisse.
Deus sabia que Orion definitivamente o cheirou antes que
pudesse sair dali.
Correu para o seu quarto e fechou a porta atrás dele.
Não conseguia recuperar o fôlego. Normalmente isso significava
uma coisa, que uma mudança estava prestes a acontecer e seu lobo ia
sair, mas o fato de Orion não ter pensado em perguntar como ele estava
ou segui-lo pelas escadas significava que o alfa não estava preocupado.
Porque sabia que o problema de Nate era algo completamente
diferente.
Nate foi para o banho. Jogou o livro na cama antes de entrar no
banheiro. Não mantinha muito em seu banheiro ou seu quarto. Apenas
no caso de uma mudança, era melhor não ter muitas coisas quebráveis
ao seu redor. As portas de vidro do box tinham sido retiradas há muito
tempo, substituídas por cortinas. Seu espelho tinha um longo arranhão
no centro em um ângulo, mas não estava quebrado, então não havia
necessidade de substituí-lo.
Nate mal deu uma olhada de si mesmo pelo canto do olho antes
de se jogar no chuveiro e ligar o jato, entrando antes de deixar a água
se ajustar.
O fluxo imediato de frio foi bem-vindo antes que o calor
finalmente atingisse. Suspirou, pressionando as mãos e a testa contra o
azulejo.
Enquanto isso, seu pau idiota latejava. Apontou para ele
acusadoramente.
Qual é o problema, você é um idiota? Faça alguma coisa!
Sim, esse era o seu pênis gritando para ele se mexer e tocá-lo
já. Nate não queria. Não queria se masturbar enquanto pensava em
Orion.
De novo não. Sempre acontecia.
Mas não podia ignorar isso para sempre. Estava começando a
doer.
Nate se abaixou. Empurrando em sua mão, bombeando
lentamente, tentando extrair o prazer.
Imaginou como aquela vez em que Orion tinha a boca ao redor
do pênis de Nate.
Quando eles chegaram tão perto de foder e acabar logo com
isso.
Antes de Nate entrar em pânico e sair.
Ele gemeu. Não pensou no mal. Apenas o bem. Apenas as
coisas que o excitavam. Tudo parecia voltar ao quão incrível foi ver os
olhos de Orion olhando para ele enquanto estava de joelhos para Nate.
Um alfa de joelhos para alguém como Nate, um ômega, pior, um
ômega que não tinha controle. E o seu pau na boca dele.
Nate queria Orion dentro dele. Mesmo agora, sentia esse vazio e
queria ser preenchido, ser levado, ser fodido.
Iria se contentar com a fantasia. Mesmo agora. Não conseguia
pensar muito nessas coisas. O lembrete de por que não podia deixar
Orion fazer isso com ele era muito doloroso.
Nate gozou com um gemido suave, seu prazer esguichando na
parede, seu pênis saltando em suas mãos, e ainda não estava satisfeito.
Porque não foi o suficiente.
Nem sabia como era a coisa real, e ainda assim queria. Tão mal.
— Foda-se. — Nate deixou sua cabeça bater dolorosamente na
parede.
Queria Orion para tomá-lo, e apenas concordou em ficar sozinho
com o homem em uma cabana perto de um lago.
Podia apenas imaginar a natureza cafona disso. Talvez eles
ficassem presos pela neve, presos sozinhos, o aquecedor poderia parar
de funcionar e precisariam aconchegar-se juntos para o calor.
Possivelmente nus.
Tinha começado a ler romances em seu Kindle para aliviar a
solidão. Agora podia ver porque isso era uma má ideia.
Nate, que estava aterrorizado com a ideia de ser penetrado por
causa de como tinha sido transformado, concordou com o que era
basicamente um refúgio romântico com o único homem que poderia
fazer seu interior tremer e o animal feroz dentro dele se acalmar.
Ele era tão idiota.
Capítulo Dois

Foi um acordo. Provavelmente, fez apenas para provar algo para


si mesmo, mas Orion iria pegar o que pudesse conseguir.
De vez em quando perguntava a Nate coisas assim, tentava se
aproximar, passar pela barreira que seu companheiro tinha colocado, e
sempre encontrava uma parede dura.
Uma parede rachada. Uma parede que poderia ser quebrada
poderia ser quebrada com a menor força possível.
E a força era no que um alfa era bom. Só que Orion não queria
usar nenhum tipo de força. Não queria coagir, enganar ou forçar. Inferno,
nem seria pressão, pois sabia que Nate acabaria por deixá-lo.
Mas qualquer tipo de força, por menor que fosse, destruiria
Nate. Depois da maneira como tinha sido transformado, e seu medo do
toque, Orion sabia que estava lidando com um relacionamento que
explodiria como uma bolha de sabão se não lidasse com o máximo de
cuidado.
Por isso estava tão feliz que Nate concordara com o pequeno
plano de fuga.
Coagir, enganar e forçar não eram coisas que Orion queria fazer.
Mas seduzir era algo que não tinha problemas. Já sabia que
Nate poderia ser seduzido, então era apenas uma questão de ter o
homem sozinho, suas defesas baixas, e mostrar ao seu companheiro que
se ele simplesmente cedesse, Orion não apenas não o machucaria, mas
também poderia ajudar a trazer seu lobo selvagem sob controle.
Talvez até domar a coisa.
— Você está de bom humor, — disse Glendon quando Orion
entrou em seu escritório.
O companheiro de Glendon estava ao lado dele, um jovem
chamado Jake. Parecia pronto para explodir com a criança crescendo
dentro dele, e não parecia feliz com isso.
Jake estava reclamando sobre dores e dores de carregar um
filho do lobo alfa. Muitas vezes foi pego resmungando sobre como as
mulheres aguentam essa merda, mas seu humor nunca pareceu afetar
mais ninguém.
— Estou de bom humor. Jake. — Orion acenou para ele.
Jake acenou fracamente de volta. Parecia um pouco verde,
como se estivesse se sentindo doente esta manhã.
Qual é a ocasião?
— Consegui fazer Nate concordar em passar o Natal comigo.
Vou tirá-lo de casa.
Ambas as sobrancelhas de Glendon se levantaram.
Jake finalmente falou.
— Você irá?
Orion assentiu.
— Só queria que soubesse. Será no Natal, e estaremos por
perto, caso Jake dê à luz.
— Certo. — Glendon assentiu, e o tom em sua voz deixou Orion
saber que estava prestes a ouvir algo que não gostaria. — Você não
poderia ter me perguntado antes de dar esperanças a Nate assim?
Se Orion estivesse em sua forma de lobo, seus pelos
começariam a subir.
— Você não quer que eu o leve.
Não foi uma pergunta. Sabia disso logo de cara.
— Não é sobre se quero ou não. É com o que ele pode lidar, e
Jake está se aproximando de dar à luz.
— Isso não é até começo de janeiro.
Glendon sacudiu a cabeça. Cruzou os braços maciços sobre o
peito igualmente maciço. Ele era grande, mesmo pelos padrões alfa.
Orion não se importou, e não ficou impressionado.
— Não importa. Jake ainda pode dar à luz mais cedo do que
isso, e ter um enfermeiro treinado ao redor será útil.
— Uh-huh, é por isso que disse que ficaremos por perto. Não
vou tirá-lo do estado.
Glendon estreitou os olhos.
— A resposta é não.
— Glendon, — Jake disse suavemente.
Orion não estava prestes a deixar o homem menor o cortar.
— Você não pode tomar essa decisão. Nate não é um prisioneiro
nesta casa.
— Nunca disse que ele era. — As narinas de Glendon
queimaram. — Mas o cuidado de Jake vem em primeiro lugar,
especialmente agora, e não quero que você discuta comigo sobre isso.
Glendon estava definitivamente sendo sensível demais. Só
poderia estar se segurando de saltar sobre a mesa e agarrar Orion pela
garganta porque Jake estava na sala.
Orion não permitiria que seu alfa o pegasse de qualquer
maneira. Respeitava Glendon e sempre seguia seus comandos, mas com
isso, tudo dentro dele dizia que precisava colocar o pé no chão.
— Então o que você está dizendo?
— Estou dizendo que Nate nem sempre tem controle sobre si
mesmo, e você levando-o para longe da matilha que o protege é uma
má ideia, especialmente quando Jake está chegando perto de dar à luz.
— Isso não faz sentido. Você não confia em Nate para segurar
seu lobo, mas vai confiar nele em torno de seu companheiro e filhote por
nascer?
Tão perto. Orion estava tão perto de dizer a Glendon para ser
foder. Respeitava seu alfa, respeitava as decisões que Glendon tomava,
mas anos de trabalho bem juntos estavam prestes a ser jogados pela
janela porque Glendon não lhe daria uma coisa.
— Eu me sinto bem, — disse Jake. — Não me importo se eles
forem.
— Aí. Você vê? — Orion atacou a abertura e segurou firme. —
Seu próprio companheiro acha que você está sendo um idiota.
— Nunca disse isso, — Jake murmurou.
— Não.
Orion absorveu essa palavra. Olhou para seu alfa, para o
homem que considerava ser mais do que um alfa, mas um amigo.
Mas por Nate, por essa chance, estava disposto a fazer isso.
— Não vim aqui em busca da sua permissão. Estava deixando-o
saber onde eu estaria quando saísse com meu companheiro. Você não
vai foder isso por mim.
Os olhos de Glendon se fundiram em um tom brilhante de
vermelho sangue. Colocou as palmas das mãos na mesa e levantou-se
lentamente.
— Ok, isso é o suficiente. — Jake agarrou seu companheiro
pelos ombros, embora Glendon não parasse de dar a Orion seu olhar
demoníaco.
Orion não se importou. Mandou outro de volta para o homem.
— Glendon, você está sendo um idiota. Desta vez quero dizer
isso. — Jake olhou de volta para Orion. — Acho que ele está apenas
sendo teimoso. Vocês alfas são loucos às vezes quando colocam uma
coisa na cabeça.
Orion reconheceu o que Jake estava fazendo. Culpando os dois
sem culpar nenhum deles e dando a Orion e Glendon a chance de recuar
sem perder a cabeça.
Esperto. Orion só estava disposto a aceitar se Glendon também
o fizesse.
— Sim, acho que faz sentido. — Olhou para Glendon, esperando
pelo que o homem poderia dizer em resposta.
Os lábios ralos de Glendon não eram um bom sinal.
— Podemos conversar sobre isso depois.
Não fariam nenhuma conversa. Orion ia tirar o telefone no
instante em que saísse da sala e começaria a fazer a reserva.
Queria estar com Nate até amanhã, o mais tardar.
— Soa bem. — Orion olhou para Jake. — Até a próxima.
Jake inclinou a cabeça um pouco. Talvez ele soubesse o que
Orion estava planejando, talvez não soubesse, mas Orion saiu do
escritório, ainda fumegando.
Foi para o ginásio no andar de baixo. Se não batesse em nada
em breve, iria perder sua mente maldita.
Foi para a academia e nem se deu ao trabalho de trocar de
roupa antes de ir direto para o saco de pancadas.
Ronan já estava lá embaixo e, estranhamente, Fergus e Parker
também estavam.
Fergus parecia estar tentando intimidar Parker a aprender
algumas técnicas de autodefesa. Algo que Parker tinha reclamado em
voz alta que não queria fazer.
Orion não se importava. Ele os ignorou e jogou os punhos no
saco de pancadas.
Certo, aparentemente ia fazer essas reservas depois que ele
tirasse isso do seu sistema, porque, agora, precisava esmagar e tirar
toda a areia deste maldito saco de pancadas.
— Orion? Você está bem?
Orion ignorou Ronan. O homem recuou. Provavelmente pensou
que este soco que estava fazendo tinha algo a ver com seu irmão.
Talvez tenha sido em parte isso. Orion muitas vezes precisava
vir aqui e deixar escapar um pouco de vapor, mas na maior parte, Orion
fingiu que o saco de pancadas era o rosto estúpido de Glendon.
O idiota. O idiota fodido. Quem diabos achava que era para dizer
a Orion que não podia levar seu companheiro com ele para o mundo?
Orion estava tentando há anos obter esse tipo de permissão de Nate.
Agora que tinha, Glendon tinha que estragar tudo.
Não. Orion não se importou qual era o seu raciocínio. Jake
estava bem, e não precisava de Nate por perto para verificar sua
temperatura e monitorar sua dieta todos os dias. Nate também precisava
de um tempo livre, e quanto mais cedo Orion acasalasse com seu
companheiro, mais cedo Nate seria capaz de controlar seu lobo interior e
ser algo mais próximo do normal.
Estúpido Glendon. Aquele idiota fodido!
Orion rugiu, batendo o punho com força suficiente no saco de
areia para dividir o material segurando a areia dentro. Não colocou o
punho através, mas estava perto.
Maldição. Orion se afastou, observando o conteúdo se espalhar
lentamente.
— Cristo, Orion, você está bem? — Fergus perguntou, sendo seu
eu obtuso habitual.
— Estou bem.
Fergus olhou para Parker.
— Pegue uma fita adesiva. Precisamos consertar isso antes que
se abra ainda mais.
— Certo, — Parker disse rapidamente, olhando para Orion como
se pensasse que Orion ia saltar sobre ele e todos os outros ao redor dele
se não conseguisse se mexer rápido.
Orion rosnou para ele.
Fergus cruzou os braços para isso.
— O que está na sua bunda?
Orion rosnou para Fergus.
— Nada.
— Uh-huh, então por que está fazendo rosnando para o meu
ômega?
— Você não dá a mínima para ele de qualquer maneira, então
não vá agir como se fosse seu companheiro ou algo assim.
Os olhos de Fergus ficaram vermelhos. Da mesma forma que os
olhos de Glendon fizeram bem quando Orion o desafiou.
Orion bufou, afastando-se do homem.
— Tanto faz. Foda-se você.
— Ei. — Fergus parecia como se estivesse prestes a atacar.
Ronan o parou, colocando uma mão no ombro dele e puxando-o
de volta.
— Deixe-o em paz.
Como se Orion precisasse de ajuda. Não fazia. Quase queria
lutar, e Fergus era o suficiente para fazer qualquer batalha valer a pena.
Merda. Orion pegou algumas toalhas de papel no caminho,
enxugando o suor que se formara em sua testa. Jogou-as para longe
com um grunhido e puxou seu telefone. Ainda estava irritado. Ainda
queria rasgar algo em pedaços, e se fosse para Nate com aquele ar ao
redor dele, seu companheiro provavelmente cancelaria a coisa toda.
Nate estava nervoso. Ele temia outros shifters. Temia a si
mesmo e temia qualquer tipo de intimidade depois de ter sido
transformado.
Orion não podia estragar tudo.
Já era ruim o suficiente ter percebido o cheiro de luxúria de
Nate quando o homem saiu correndo da sala de jantar.
Não. A resposta era prosseguir devagar e gentilmente com isso.
Orion encontrou algumas opções de um serviço de aluguel, e
escolheu um que estava a cerca de quarenta minutos com o tráfego
adequado. Mesmo na neve, se uma emergência acontecesse com a
gravidez de Jake, Orion devia ser capaz de trazer Nate de volta a Jake
rapidamente.
Ele rosnou só de pensar nisso.
Não entendia as coisas às vezes. Nate não era nem um
enfermeiro completo. Ele estava na escola de enfermagem quando foi
levado e transformado contra a sua vontade. Claro, tinha estado longe
em seus estudos, mas não era justo para tê-lo com a responsabilidade
de um homem ômega grávido. Essa merda não era exatamente ensinada
na escola.
E com o trabalho que tinha com seu lobo interior às vezes, não
era justo dar a ele o estresse desse tipo de responsabilidade. O que
Glendon poderia estar pensando, Orion não sabia ou se importava.
Subiu as escadas depois de transferir o dinheiro para o aluguel.
Pagou para garantir que o lugar estaria pronto até amanhã, abastecido
com comida suficiente para alimentar pelo menos doze homens e lençóis
recém-lavados. Lavado com sabonetes sem perfume. Orion inventou
uma desculpa sobre alergia.
Shifters que tinham problemas para controlar seus lobos podiam
ser sensíveis a muitos aromas. Era outra razão pela qual Nate tinha
dificuldade em sair para o mundo real. Todos usavam perfume de algum
tipo.
O dono lhe mandou um e-mail rapidamente, o que era bom, e
ficou mais do que feliz em aceitar o dobro da taxa de pedidos.
Orion sentiu alguns dos seus nervos se acomodar depois disso,
e enquanto guardava o telefone, conseguiu relaxar um pouco.
Isso ia ser melhor do que esperava. Orion parou ao lado da
porta de Nate. Levantou a mão para bater, mas se conteve.
Cada shifter tinha um lado selvagem interno. Às vezes o animal
e o homem eram um com o outro, a mesma mente e querendo as
mesmas coisas. Outras vezes, era uma tarefa para segurar os instintos
que queriam sair.
Mesmo para Órion, um alfa que tinha excelente controle de seu
lobo, o cheiro forte almíscar vindo da porta de Nate quase o derrubou.
Nate estava se tocando lá dentro. Muito. Orion podia cheirar sua
pele e seus orgasmos, e não era preciso ser um gênio para descobrir em
quem Nate estava pensando quando fez isso.
Orion engoliu em seco. O animal estúpido dentro de sua cabeça
arranhou a parte de trás de seus olhos, desesperado para sair. Suas
garras estavam saindo agora, e estava bem ali no limite de seu raciocínio
simplesmente abrir a porta, entrar e ajudar seu companheiro com a
coisa que sabia que Nate precisava.
Nate iria querê-lo. Ele diria não. Diria a Orion para sair, mas
Orion sabia perfeitamente bem que se acomodasse em cima de Nate, o
beijasse, acariciasse a espessura de seu pênis e chupasse seus mamilos,
poderia fazer o homem ronronar como um gatinho para ele.
Orion pressionou a testa na madeira da porta.
Tão mal. Queria tanto isso. Ainda podia lembrar o que Nate
provara da última vez que Orion o beijara. A única vez que Orion havia
caído sobre ele.
A salinidade de seu pré-sêmen era algo que, até hoje, Orion
pensava.
Ansiava por mais disso.
Tinha sido um pouco agressivo então. Nate disse a ele que não
estava interessado, mas também era companheiro de Orion. Sabia que
em algum nível, o homem havia mentido.
Mas não queria tomá-lo. Queria mostrar a Nate como era bom
se submeter, e foi por isso que Orion tentou se submeter a ele.
Seu lobo interior não gostou, mas Orion teve que admitir que
ele gostou do gosto do pênis de Nate em sua boca. Gostava de acariciar
aquele corpo magro com as mãos e sentir todos os arrepios, quando
Nate engasgou e gemeu, empurrando mais fundo na boca de Orion,
agarrando seu cabelo...
Logo antes de Nate entrar em pânico e mandar Orion sair de
seu quarto. Nem esperou que Orion lhe desse o orgasmo que ambos
sabiam que estava tão perto.
Orion nunca quis que seu companheiro gritasse com ele daquele
jeito novamente.
Então não abriu a porta. Não insistiu. Já estava conseguindo o
que queria, e a única coisa que precisava fazer era esperar pelo dia
seguinte.
Só tinha que esperar, e poderia mostrar a Nate como seria
melhor não mais negar seu lobo.

Capítulo Três

Nate não acreditava que estivesse fazendo isso. Iria passar


algum tempo com Orion.
Orion havia batido em sua porta bem cedo naquela manhã. Nate
ficou chocado com isso, e nem tinha embalado nada.
Não que tivesse muito para empacotar ou até mesmo uma bolsa
para colocar qualquer coisa.
Orion abriu a mochila e disse-lhe para jogar uma muda de roupa
lá dentro. Nate mal conseguiu pegar um de seus livros antes de ser
praticamente arrastado para a porta e descer para o SUV de Orion.
Pensou a noite toda em recusar a coisa toda, mas mal teve a
chance de piscar para acordar antes que estivessem se afastando da
mansão.
Então essa opção foi embora, não importava o que quisesse
fazer.
Orion parecia que estava de bom humor, pelo menos. Nate tinha
certeza de que nunca tinha visto o homem tão alegre antes em sua vida.
Bem, exceto pelo dia em que eles se conheceram. Orion sempre
chamara Nate de seu companheiro, e seu humor feliz não diminuiu até
que começou a perceber que Nate não queria um companheiro. Que não
queria ser forçado a amar alguém ou estar na luxúria com ele.
Então, por que isso não iria embora?
Nate engoliu em seco. O tráfego não era ruim, mas ainda tinha
um pouco. Não gostou de estar na estrada. Não gostava de estar em
nenhum tipo de veículo.
Era muito parecido com estar preso, como se estivesse prestes
a causar um acidente se ele se transformasse na estrada.
— O tempo está bom.
Sempre que alguém estava entediado e não tinha
absolutamente mais nada para dizer, se submetiam ao clima. Isso era o
que a mãe de Nate costumava dizer a ele. Nas poucas vezes ela estava
sóbria.
Orion sorriu para ele.
— Está. Nós estaremos lá em mais dez minutos. Você está bem?
Nate sorriu. Estava com os joelhos brancos, mas não achava
que o lobo estava prestes a sair.
— Estou bem.
— Seu coração está batendo.
Isso era por causa do lobo, e porque Orion estava sentado ao
lado dele.
— Estou bem, — disse novamente, esperando que Orion o
deixasse em paz.
Felizmente, fez.
Nate se sentiu mal por isso. Não queria que o outro homem
tivesse que ter cuidado com o que dizia ao seu redor. Não queria ser um
fardo para ninguém.
— Você já ouviu falar do seu irmão ultimamente?
Era uma coisa delicada de se perguntar, mas Nate esperava
que... qualquer que fosse o relacionamento deles, isso permitia que
fizesse perguntas pessoais.
As mãos de Órion se apertaram ao redor do volante.
— Não. Glendon continua a ter esperanças sobre isso também.
— Acho que isso faz sentido. — Nate olhou para Orion, o quão
apertado seu pescoço parecia estar, e não podia deixar de sentir pena
dele.
Orion tinha um irmão gêmeo. O bando inteiro se tratava como
irmãos, mesmo que Orin e Orion estivessem relacionados. Às vezes,
Nate até os ouvia chamando um ao outro de irmão.
Sabia que era diferente para Orion. Seu irmão foi embora.
Deixou o bando depois que saiu, ele tinha alguma lealdade estranha aos
vampiros, e Glendon tinha grelhado Orion por um tempo, como se
pensasse que Orion poderia saber que isso aconteceria.
Nate supôs que não podia culpar o homem. Orin tentou matar
Jake. Glendon estava procurando por qualquer conexão que pudesse
encontrar, qualquer dica de onde Orin poderia ter ido.
Então Orion teve que aturar muitas perguntas para as quais não
tinha respostas.
Agora Nate se sentia um idiota por falar sobre isso.
Mas continuava querendo falar. Quanto mais falava, menos tinha
que pensar sobre os carros na frente dele, atrás dele, no lado dele, e
finalmente prendê-lo se tivesse uma transformação em suas mãos.
— O que você está querendo fazer quando chegarmos lá? Quero
dizer, estaremos inteiramente sozinhos?
— Na maioria das vezes. Não se preocupe. Se você mudar,
haverá bastante privacidade, mas as casas vizinhas estarão mais perto
de nós do que, digamos, as casas mais próximas de nossa casa.
Os vizinhos mais próximos da mansão estavam a mais de oito
quilômetros de distância. Glendon era dono de muitas terras.
— Você será capaz de caçar?
— Vou caçar e vou levar você comigo.
Nate ficou tenso.
Orion continuou sorrindo.
— Não esse tipo de caça. A menos que você queira que seja.
Orion rapidamente tirou os olhos da estrada, enviando um
sorriso para Nate.
Nate balançou a cabeça, embora não pudesse deixar de sorrir
de volta para o homem.
— Se você e eu acabarmos fazendo sexo, não acho que quero
que seja do lado de fora no frio.
Merda. Apenas insinuou que estava pensando em fazer sexo
com Orion?
Mude o assunto. Mude o assunto.
— Você tem certeza de que tudo ficaria bem? Pode não ser
capaz de controlar onde eu corro. Eu poderia acabar correndo de volta
para a mansão.
Era onde todos os aromas familiares estavam. Era onde Nate se
sentiu mais confortável.
— Posso manter você sob controle, e o exercício pode ser bom
para o seu lobo. Isso vai deixar um pouco dessa energia sair.
Nate não tinha certeza disso, mas confiava em Orion.
Embora Orion não tivesse sido quem transformara Nate, como
Fergus havia transformado Parker, Nate sentiu um instinto de proteção
em relação ao outro homem. Orion tinha algum senso de controle sobre
seu lobo. Não era muito, mas Nate raramente teve um episódio quando
o homem estava por perto.
E quando fez, eles não duraram tanto tempo porque Orion foi o
único a derrubá-lo daquela sensação de pânico que o atingiu.
Havia diferentes tipos de alfas. Alguns administravam suas
próprias matilhas, como Glendon, outros eram chamados de alfa por sua
natureza e tamanho de luta, e alguns eram os alfas de ômegas
individuais. Ômegas que eles transformavam.
Por causa disso, Fergus era o alfa de Parker, e era o trabalho de
Fergus garantir que o lobo interior de Parker não se tornasse selvagem.
Apesar de ter demorado para ele ter sua primeira verdadeira
transformação.
O alfa de Nate... tinha sido um filho da puta do mal. Não tinha
certeza de onde ele estava ou o que estava fazendo, mas era o alfa de
Nate no nome apenas porque era para Orion que sentia sua lealdade.
Sempre Orion. Ninguém mais.
Eles saíram da rodovia, dirigindo-se por uma estrada de duas
pistas, quase sem edifícios de ambos os lados. Estavam entrando na
área agrícola, e logo Orion fez outra virada. A estrada aqui não tinha sido
pavimentada de concreto, mas parecia que tinha sido lixado.
— Quase lá, — disse Orion, e Nate praticamente podia sentir sua
ansiedade sangrando por ele.
Estava começando a se sentir ansioso para ver esse lugar
também.
Fizeram outra virada. As árvores estavam tão perto da estrada
que alguns galhos arranharam no topo do veículo.
Valeu a pena. Eventualmente, as árvores se separaram,
espalhando-se e revelando a própria cabana.
Nate não tinha certeza do que esperava. Sabia que vivia com
um grupo de homens que tinham mais dinheiro do que às vezes podia
imaginar, mas ficou agradavelmente surpreso ao ver que não era uma
enorme mansão fingindo ser uma cabana.
Era pequena. Havia uma varanda e Nate presumiu que o grande
trecho de neve descendo a colina sem árvores era o lago congelado.
A neve rangia sob os pneus antes de Orion estacionar e
estacionar.
— O que você acha?
Se Nate fosse pintor, teria querido pintar a paisagem. Tão
bonito. O sol brilhava em todos os lugares certos, e bolas grossas de
neve se agarravam às bordas do telhado.
— É lindo.
— Perfeito. Vi algumas fotos do interior ontem, mas vamos dar
uma olhada. Mandei eles abastecerem o lugar com comida suficiente
para nos durar o inverno inteiro, se quisermos.
Claro que ele tinha. Nate lutou contra o desejo de sacudir a
cabeça. Mal suprimiu um sorriso. Seguiu Orion para o interior da cabana.
Uma nota foi deixada para eles na caixa de correio. A chave estava na
verdade dentro.
Isso era confiança.
Nate ainda estava ansioso para entrar e não porque estava frio.
Estava sinceramente animado com o que poderia encontrar.
O interior era um espaço amplo, o teto alto e um sótão.
Assumiu que era onde o quarto estava porque aqui era onde o sofá, a TV
e a cozinha estavam. Até havia uma árvore de Natal e tudo mais. Era
lindo. Nate sempre gostou do Natal.
Orion foi direto para a geladeira. Nate fechou a porta atrás
deles, olhando para o sótão.
Duvidava que houvesse mais de uma cama lá em cima.
Olhou para as costas de Orion quando o homem abriu a
geladeira, verificando o conteúdo.
Nate não tinha certeza se queria perguntar. Deveria perguntar
quando já sabia a resposta?
Orion fez uma pausa, endireitou-se, depois olhou de novo para
Nate.
— Posso ouvir seu coração acelerando novamente.
Nate engoliu em seco.
— Estou um pouco animado com tudo isso.
E nervoso. E aterrorizado. E muitas outras coisas que nem
sequer tinha a capacidade de nomear todos corretamente.
Orion olhou-o de cima a baixo antes de fechar a porta da
geladeira. Caminhou até Nate, colocando o braço em volta do ombro, e
então se dirigiu para a porta novamente.
— Deixe-me mostrar-lhe o material de pesca. Você gosta de
pesca no gelo?
— Não faço desde criança.
— Bem, vamos nos divertir aprendendo. Pode relaxar um pouco,
Nate. Prometo que não vou pular em cima de você. Vou dormir no sofá.
Você pode ter a cama no andar de cima.
— Não estava pensando sobre isso, — mentiu Nate.
E é claro, Orion sabia que ele estava mentindo se o sorrisinho
em seu rosto fosse alguma coisa.
A porta dos fundos estava à vista. Ela se abriu para um espaço
aberto. Uma área de armazenamento, mas não era aquecida porque
estava quase tão frio quanto estava lá fora.
— Não vou mentir para você, Nate. Espero que desta vez com
você vá a algum lugar, mas não vou fazer nada que você não queira que
eu faça.
Nate abaixou a cabeça.
— Eu sei que você não faria.
— Logicamente, sabe que eu não faria isso, mas posso sentir o
seu cheiro. Está com medo de mim.
Nate apertou os lábios.
— Você não é o alfa que me transformou.
Agora Nate foi quem sentiu a mudança no corpo de Orion.
— Não, eu não sou. E nunca farei a você o que ele fez. — Orion
fez uma pausa. — Mas você é meu companheiro. E nunca vou deixar de
querer você.
— Um acasalamento não precisa ser permanente. Sei que pode
acabar com isso.
— Não estou quebrando isso.
— Quero dizer, no caso de você não querer ficar preso comigo.
Eles se dirigiram para as prateleiras na parede oposta. Havia
caixas de equipamento ali. Orion pegou um, mas olhou para Nate com os
olhos bem abertos.
— Não estou preso a você.
Nate não gostou de ser mimado. Ou que mentissem.
— Não posso controlar meu lobo, e não gosto de ser tocado.
Você diz ser meu companheiro, mas em todos os anos que nos
conhecemos, quase nunca deixo você fazer nada. Isso é estar preso com
alguém. Você está preso comigo.
E ele não gostou.
A coisa toda de acasalamento era idiotice. Orion não foi o quem
o mordeu, não foi quem o estuprou, e ainda assim algo tinha clicado
quando ele e Nate se conheceram após a morte do verdadeiro alfa de
Nate.
Seu lobo chamou a este homem, mas foi Nate quem se conteve.
Que se manteve e Orion de ter boa vida.
Só queria que Orion se afastasse dele, mas o fato de o homem
alegar que estavam acasalados fez Nate acreditar que realmente não
podia.
Estava tentando afastá-lo por anos. Ninguém poderia manter
uma mentira por tanto tempo.
Nate não era burro, no entanto. Sabia que Orion tinha sido
forçado a obter alívio de outras fontes ao longo dos anos. Ele era um alfa
saudável, e não estavam exatamente juntos, mas era Nate que Orion
queria foder. E se fosse honesto, queria que Orion o fizesse. Queria o
homem dentro dele. Queria sentir como era ter o pênis de Orion em sua
boca e aquelas mãos poderosas por todo o corpo.
Foram suas próprias idiotices que o detiveram. Seu medo de
sexo com alguém depois do que aquele alfa havia feito.
O alfa de Nate não apenas o transformou contra sua vontade.
Tinha fodido. Dolorosamente e com frequência.
Nate jurou para si mesmo que nunca se deixaria estar nessa
posição novamente, e ainda nos últimos dois anos, lutou contra a
necessidade de simplesmente rolar e deixar Orion fazer o que queria.
Deveria receber uma medalha por isso. Deve ter sido o único
cara gay na história do tempo a recusar sexo com um cara lindo por
tanto tempo.
Inferno, Orion merecia uma medalha por não ir embora
completamente.
Orion parecia estar prestes a dizer alguma coisa, mas depois
parou quando seu telefone começou a tocar.
Nate não pensou muito sobre isso, mas Orion rosnou baixo em
sua garganta, como se esperasse que seu telefone estivesse desligado e
estava irritado com isso.
Enfiou a mão no bolso da jaqueta e puxou o telefone, embora
olhasse rapidamente para Nate antes de responder.
— Uh, acho que preciso atender isso sozinho.
Esquisito. Não era como se fosse um segredo quem estava
ligando. Alguém da matilha, certo?
Ainda assim, Orion trouxe Nate todo o caminho até aqui em um
belo refúgio. Não queria incomodá-lo, então assentiu e saiu da área de
armazenamento.
Mas havia uma parte dele que se recusava a ir a qualquer lugar
depois disso. Não tinha certeza do que era. Ele não era do tipo que
estava propenso a bisbilhotar, mas precisava ouvir o que Orion estava
dizendo.
E se estivesse falando com seu irmão?
Isso podia ser ruim para todos.
Para seu choque, não, estava certo na primeira vez.
— O que você quer, Glendon?
Orion não soou como se estivesse cumprimentando um superior
ou até mesmo um amigo. Parecia irritado.
E Nate podia ouvir Glendon gritando com ele pela porta.
Capítulo Quatro

Nate decidiu ir para fora. Ele não queria ouvir muito mais depois
disso.
Certo. Isso fazia sentido agora. Por que Orion queria sair da
casa o mais rápido possível, praticamente antes que o resto da casa
estivesse acordado.
Nate se arrastou pela neve, dando uma olhada no terreno
circundante. Tentou apreciar a bela paisagem ao seu redor, mas não
pôde evitar a sensação amarga que estava crescendo em sua garganta.
Glendon e os outros acordaram e descobriram que Nate não
estava lá para cozinhar o maldito café da manhã, e agora estavam
chateados.
Nate chutou um pouco da neve.
Ok, não, respire. Não havia como ser tão simples assim. Se
pensasse sobre isso, Nate sabia qual era o verdadeiro problema.
Glendon queria a opinião profissional de Nate sobre como Jake
estava se desenvolvendo, e estava querendo-o cada vez mais perto com
o passar do tempo. Mais perto do que ele estava confortável, embora
Jake tivesse insistido que confiava em Nate para não mudar e entrar em
uma fúria selvagem ao redor dele. Até mesmo Glendon disse que
confiava nele.
Sua confiança era grande e tudo, mas em última análise inútil
para defender Jake se ele perdesse o controle e mudasse.
Jake estava bem, e Nate não queria estar constantemente
checando sua saúde de qualquer maneira. No máximo, era ruim para a
saúde de Jake tê-lo tão perto dele em primeiro lugar.
Só queria se divertir pela primeira vez.
Respirou o ar fresco e frio ao redor dele, deixando-o sair em
uma nuvem de vapor. As árvores ao redor dele, neve acumulada na
casca, eram honestamente lindas. E não era como se não pudesse
desfrutar de paisagens como essa na mansão, mas era diferente aqui
porque Orion o trouxe aqui.
Orion queria estar com ele, estava fazendo um esforço. Queria
ajudá-lo a superar seus problemas.
Ele nunca iria superá-los se tivesse Glendon pairando sobre o
ombro o tempo todo, vigiando quando aparecia ou saia.
Nate entendeu, e até queria, até certo ponto, mas talvez não o
tivesse ajudado de verdade.
Se ele estava com tanto medo de ir a espaços públicos, então
não era a resposta para continuar indo até eles, em vez de evitá-los?
Mesmo agora, tudo isso o deixava tão perturbado que podia
sentir as agitações internas de seu lobo.
Concentrou-se em sua respiração, empurrando-a de volta.
Pensou em tudo que o fazia se acalmar. Livros. Silêncio. Orion.
Orion sempre ajudava a empurrar o lobo de volta
Ouviu a porta se abrir atrás dele. Não precisou olhar para trás
para ver Orion caminhando até ele. Ele usou isso, e o lobo se acalmou
respeitando o alfa.
— Desculpe.
Nate balançou a cabeça.
— Não tem. Temos que voltar?
— Ele quer que a gente faça isso, mas acho que ele sabe que
não vou. Não a menos que você queira ir.
O coração de Nate parou nisso.
— Não quero ir. Quero ficar aqui com você. — Ele olhou para o
outro homem. — Quero que você faça sexo comigo também.
Os olhos de Orion se arregalaram tanto que Nate pôde ver os
brancos ao redor deles. Era meio engraçado, e apesar de todas as
habilidades shifter terem sido abafadas por sua falta de controle, até
podia ouvir o som do coração de Orion naquele momento.
— Você tem certeza?
Agora o coração de Nate estava batendo disparado. Não
conseguia parar de pensar em quanto o sexo doía, o quanto não
gostava, mas outras pessoas pareciam se divertir, e conhecia os
sentimentos de Orion por ele.
— Sei porque você me trouxe aqui.
— Não foi só por isso.
— Não, mas foi principalmente para isso, e está tudo bem. —
Nate abaixou a cabeça. Mal conseguia olhar para Orion, mas estendeu a
mão para o homem, pegando-a, apertando-a com força, como se Orion
desaparecesse se soltasse. — Estou cansado de ficar preso a isso, e se
Glendon tentar arruiná-lo, quero que você faça isso enquanto estamos
sozinhos. Não quero que os outros escutem.
Orion apertou a mão de volta.
— Justo.
Nate tinha que tirar tudo isso. Sentiu como se tivesse que
deixar Orion saber para o que estava se preparando.
— Se eu quiser ficar sozinho logo depois, tudo bem, certo?
Orion assentiu.
— Certo.
— E... você promete que não vai doer?
Isso também parecia importante.
Então ficou chocado quando Orion olhou para ele. Nate podia
ver pelo canto do olho. Ele se encolheu sob aquele olhar.
— Desculpe, eu não quero fazer tantas exigências ou qualquer
coisa, mas eu só...
— Nate.
Nate lentamente olhou para o outro homem. O sorriso suave no
rosto de Orion era algo que absolutamente não esperava.
— É disso que você tem tanto medo? De doer?
— Dói, — Nate murmurou. — Quando não está certo, eu sei,
mas ainda assim...
— Sim, pode doer, — disse Orion, e ele não parava de sorrir. —
Mas o que faz você pensar que tem que ser o único a levá-lo?
Nate ficou tenso. Olhou para Orion tão rápido que quase se deu
uma chicotada, e o alfa não parava de sorrir para ele quando levou a
mão para a parte de trás da cabeça de Nate, depois se inclinou e beijou-
o na boca.

****
Foi como a primeira vez que Orion o beijou. Nate se derreteu
contra ele, e por um breve momento, foi capaz de esquecer tudo sobre
seus problemas. Ele gostou. O calor da boca de Orion, a suavidade
escorregadia de sua língua enquanto empurrava dentro da boca de Nate.
Deixou-o querendo mais, deixou seu corpo superaquecendo
mesmo do lado de fora no frio.
Então, quando Orion trouxe Nate para dentro, seguiu atrás dele,
dificilmente separando seus lábios nem por um momento.
As mãos de Orion estavam sobre ele. Eles se acomodaram em
seus ombros primeiro, empurrando o casaco quando voltaram para a
cabana, e então se acomodaram em sua cintura enquanto subiam as
escadas até o sótão.
Havia apenas uma cama aqui em cima. Ele já sabia disso, mas
vendo isso tornou real.
Nate sentiu um momento de breve pânico quando percebeu que
seu cinto estava sendo desfeito, mas o afastou.
Estava seguro. Isso não era ruim. Estava cansado desse drama
que o rodeava, e ia fazer isso. Nem mesmo para dar a Orion a coisa que
estava esperando pacientemente por anos, mas também para a sua
saúde mental.
Espere, talvez ele devesse estar fazendo o mesmo. Nate
alcançou a cintura de Orion, hesitou, e então começou a soltar o cinto.
Orion soltou um gemido pesado, como se Nate já tivesse
tomado seu pênis na mão.
— Vale a pena esperar.
Nate congelou um pouco com isso. Olhou-o, e jurou que quase
podia ver o lobo nos olhos do homem antes de Orion se inclinar e beijá-
lo novamente.
Orion se moveu rapidamente, no entanto. O beijo foi rápido
antes de cair de joelhos, empurrando as calças de Nate em torno de
seus tornozelos.
Nate quase caiu para trás, mas, felizmente, a grade estava atrás
dele. Ele segurou firme, e suas garras saíram quando sentiu o primeiro
toque da língua de Orion em torno de seu pênis.
— Oh Deus.
Ele quase gozou. Graças a Deus tinha se masturbado ontem, ou
então poderia ter se envergonhado completamente.
— Senti sua falta. Senti falta disso, — Orion gemeu, e colocou a
cabeça do pênis de Nate em sua boca antes que parecesse abandonar a
coisa toda.
Beijou e chupou as bolas de Nate, como se adorasse cada
centímetro que pudesse conseguir.
Nate não sabia o que fazer sobre isso. Tinha visto pessoas
fazerem isso no pornô que assistiu online, e embora não fosse nada além
do estilo baunilha, nunca em um milhão de anos pensou que Orion, alto,
forte, poderoso, alfa, estaria disposto a fazer isso para Nate.
Era maravilhoso. Era tão bom que quando Orion recuou, deveria
ter sido considerado uma forma de tortura.
— Você me diz no segundo que quiser que eu faça outra coisa.
Até para parar. Entendeu?
Nate assentiu rapidamente, embora prometeu a si mesmo que
não ia dizer nada para fazer isso parar.
Tinha a sensação de que se parasse com isso agora, nunca
poderia ter outra chance. Poderia quebrar essa coisa frágil ao ponto em
que nunca poderia ser consertada.
E queria isso. Queria mais do que estava com medo, o que
significava que tinha que fazer algo.
— C-continue fazendo isso.
Orion sorriu para ele, uma expressão perversa que parecia
quase predatória.
Um predador já havia olhado para ele daquele jeito, mas era
diferente porque era Orion. Ele não era malvado. Estava apenas com
tesão.
E então voltou a beijar e chupar o pênis de Nate. Ele jurava que
seu pau pulava toda vez que o homem sacudia a língua contra a fenda.
E o lobo feroz em sua cabeça... estava realmente contente. Não
estava lutando em pânico para escapar, o que significava que Nate
realmente poderia gostar disso.
— Coloque suas mãos no meu cabelo. Segure firme.
— R-realmente? — Nate não tinha certeza se ele entendia a
necessidade que Orion tinha para isso, mas o homem assentiu, e Nate
não queria negá-lo.
Fez o que lhe foi dito, e honestamente estava começando a
sentir como se estivesse de volta com Orion na primeira vez que
estavam juntos. Estavam no quarto de Nate e quase deixou o homem ir
todo o caminho com ele. Tinham estado nesse ponto antes de Nate
sentir seu lado feroz se elevando.
Como se o lobo estivesse se preparando para se defender contra
um atacante.
Não. Orion não era um agressor, e talvez o lobo estivesse ciente
disso agora porque estava em silêncio, enquanto, naquela época, queria
fugir tanto quanto Nate.
Então Orion profundamente o agitou, e Nate jurou que quase
fez o alfa prematuramente careca quando agarrou firmemente ao seu
cabelo. No mínimo, bagunçou a trança de Orion. O cara teria que refazer,
mas não se importava.
Jesus, tinha certeza que apenas sentiu a ponta do seu pau
tocando a parte de trás da garganta de Orion.
Orion se afastou devagar. Como se saboreando o sabor dele.
— Eu amo seu pau. Você é grande.
Calor correu para o rosto de Nate.
— Uh, obrigado?
Orion riu e voltou ao que estava fazendo.
Nate não pôde deixar de ver seu pau desaparecer dentro da
boca do alfa. Novamente. E de novo. E de novo.
Teve que fazer seus exercícios de respiração apenas para
segurar o prazer aumentando sob seu estômago. Suas bolas apertando,
e Deus, quase teve um ataque de espasmos quando Orion segurou seus
testículos e gentilmente os enrolou em suas mãos enquanto balançava a
boca para frente e para trás.
Era de longe a coisa mais incrível e mais erótica que já havia
experimentado em sua vida.
Sexo era assustador, claro, por que diabos nunca quisera que
Orion fizesse isso? Isso era fodidamente mágico.
Maldição, iria gozar. Empurrou freneticamente os ombros de
Orion, parando-o.
— Espere, Orion, pare.
O homem recuou rapidamente, com os olhos em alerta
enquanto limpava a boca com as costas da mão.
Nate bufou para respirar.
— Eu... quero fazer isso com você.
Mais calor. Ele iria explodir em chamas se não se acalmasse.
A expressão de Orion ficou aliviada. Ele ficou de pé.
— Onde você me quer?
Nate pensou que eles confiariam principalmente na linguagem
corporal, mas, novamente, Orion estava tentando ser excessivamente
cuidadoso com ele.
— Na cama. Sente-se na cama.
Nate tirou sua calça jeans, que ainda estava enrolada em torno
de seus tornozelos. Sentiu-se estranho por andar sem calça, com a
bunda e pau expostos e tudo, mas Orion não pareceu se importar
quando libertou seu pênis e sentou-se, mãos estendidas atrás dele,
esperando que Nate fizesse o que quisesse.
Orion havia dito que Nate era grande, mas não era nada
comparado a Orion.
Como diabos isso deveria caber dentro dele?
Ok, se preocuparia com isso mais tarde. Agora só tinha que se
concentrar em fazer o máximo possível em caber na sua boca. Esse era
um bom lugar fácil para começar.
Nate se acomodou no chão entre os joelhos de Orion. O ar ao
redor deles parecia mais quente, mais denso do que antes, e quando
Orion colocou a mão no cabelo de Nate, foi reconfortante. Ele gostou
disso.
— Tive sonhos com você assim.
Nate engoliu a confissão.
— Bem, espero não decepcionar.
— Você nunca poderia.
Nate não tinha tanta certeza, mas tinha que admitir, o jeito que
Orion falava com ele e sobre ele, como se amasse tanto Nate que a
decepção era impossível...
Quase fez seu coração explodir.
O pênis de Orion era grosso e levemente curvado. Não era feio.
Não era como o pau pertencente ao seu primeiro alfa. Nate olhou para
ele e achou que a cabeça era um bom lugar para começar. A gota de
pré-sêmen chamou-o e o lambeu.
Não o enojou do jeito que temia, e o gemido de Orion o fez se
sentir... poderoso.
Era ele quem estava fazendo isso com Orion. E queria fazer de
novo.
Nate deslizou a língua da base do pênis até a parte de baixo da
cabeça. Orion pareceu relaxar contra as mãos dele. Olhou para Nate com
os olhos semicerrados.
E Nate gostou disso. A próxima coisa que testou foi colocar a
cabeça na boca, apertando os lábios em torno.
Provavelmente parecia estúpido, mas os sons que Orion deixou
sair fizeram tudo valer a pena.
— Bebê, é isso.
As mãos de Orion ainda massageavam suavemente o cabelo
dele, as unhas arranhando agradavelmente.
E foi agradável. O sabor era salgado, mas mais uma vez, não
estava agitado do jeito que sempre temia. Ainda estava aqui. Ainda
podia respirar. Nada de ruim estava acontecendo.
Afundou um pouco mais. Queria fazer o que Orion tinha feito
com ele e fazer seu pênis tocar a parte de trás de sua garganta.
Infelizmente, Nate não tinha a habilidade que Orion tinha, e
teve que recuar rapidamente. Caso contrário, a respiração teria sido um
problema.
Orion ainda gemeu como se estivesse recebendo o melhor
boquete de sua vida.
— Continue fazendo isso.
— Não posso ir tão fundo.
— Isso está bom. Confie em mim, você está ótimo.
Nate acreditou nele. Como não podia quando Orion soava
assim? E mais uma vez se sentiu poderoso, mesmo no controle. Então
voltou a isso.
Nate colocou os lábios de volta na cabeça. Deslizou pelo pênis,
querendo mais desse sabor, querendo provar cada centímetro dele, e
querendo tirar os gemidos do homem.
Orion mexeu seus quadris na cama, inclinando-os para frente e
para trás um pouco, como se estivesse lutando contra a vontade de
apenas enfiar na boca de Nate.
Nate também gostava disso. Nunca em sua vida teria pensado
que se sentiria poderoso com o pênis de outro homem em sua boca, mas
fez. Sentiu-se no controle do prazer de Orion. Sentiu como se este
homem poderoso estivesse em suas mãos, e se não estivesse fazendo
algo para ele que era tão quente quanto quando Orion estava caindo
sobre ele.
Agora ele entendia por que as pessoas faziam isso. Entendeu, e
se sentiu estúpido por negar a si mesmo por tanto tempo.
— Bebê, apenas assim, — Orion gemeu. Jogou a cabeça para
trás. Nate olhou para cima e notou o jeito que Orion apertou os olhos
com força.
Como se estivesse lutando para manter seu prazer à distância.
Nate queria ver até onde poderia levar isso. Queria saber o quão
talentoso realmente era nessa área e o quanto poderia fazer Orion se
desfazer antes que o homem se perdesse completamente.
Nate apertou os lábios e afundou suas bochechas. Não segurou
essa posição por muito tempo. Sua mandíbula começou a doer.
Deus, desejou que ele fosse melhor nisso. Era repugnantemente
patético quão pouca experiência tinha em sua idade.
Mas ia consertar isso agora.
Agora que estava tentando, era mais fácil para ele testar seus
limites de novo e de novo, afundando no pênis de Orion, vendo quanto
tempo poderia ficar assim antes que tivesse que recuar.
Tinha que admitir que não poderia manter essa posição por
muito tempo, mas logo, muito em breve, seria capaz de fazê-lo.
Orion estava rindo dele? Isso foi como soou.
— Eu deveria ter trazido você aqui há muito tempo.
Nate olhou para o homem, e não tinha certeza do que era, mas
era como se sua visão estivesse obscurecida.
Nate não viu Orion como o homem. Viu como seu companheiro,
e tudo dentro dele gritou para terminar o que eles tinham começado há
muito tempo.
Nate subiu no colo de Orion, ajeitou seus paus para se tocarem.
Era uma sensação tão suave, mas ardente, uma que Nate nunca
sentiu nada perto em toda a sua vida, e beijou Orion quando gozou duro
por toda a camisa e estômago do homem.
Orion não pareceu se importar. Na verdade, foi como se a
represa tivesse explodido, e foi aí que a diversão realmente começou.

Capítulo Cinco

A repentina onda de calor que Orion sentiu através de suas


roupas, e o cheiro de prazer no ar, denso e inebriante, trouxe à tona seu
lado selvagem interior.
Orion queria segurá-lo. Poderia ser gentil, mas sabia que seu
lobo só tomaria o que queria, o que precisava, depois de tanto tempo de
ser negado.
Ele não tinha controle. Orion pegou Nate pelos quadris estreitos
e girou-o, jogando-o na cama antes que Orion se acomodasse entre as
coxas de Nate.
Ele empurrou contra o homem, seus pênis deslizando juntos
como se fossem cumprimentados.
Perfeito. Sentia-se maravilhosamente bem, e Nate permaneceu
duro, apesar do impulso que Orion podia sentir entre seus corpos.
Ele agarrou os joelhos de Nate, pronto para levantá-los, pronto
para deixar seu companheiro pronto para o que precisava ser feito, mas
então se lembrou do que disse para Nate do lado de fora.
Merda. Prometeu ao homem que não precisava ir para ele.
O lobo dentro da cabeça de Orion rosnou, mas foi capaz de
empurrá-lo de volta o suficiente para ignorar o aviso.
Nenhum alfa gostava de ser fodido, mas se isso fosse mostrar a
Nate como o sexo poderia ser, então faria isso.
— A-você está bem? — Nate perguntou, bufando e ofegante.
Orion estendeu a mão, agarrando a ereção de Nate e
bombeando o membro de seu pênis. Ele era um ômega jovem e
saudável. Poderia ficar duro de novo em pouco tempo.
— Eu quase esqueci.
A cor nas bochechas de Nate virou um tom brilhante de
vermelho. Mal parecia ter qualquer controle sobre si mesmo agora que
teve um orgasmo.
— Vou mostrar a você como isso é feito.
Orion teve que sair da cama. Só estava chateado com isso
porque significava afastar-se do corpo disposto de seu companheiro. Não
queria dar a Nate nenhuma chance de pensar muito sobre isso. Sempre
que pensava em alguma coisa, costumava entrar em pânico.
Seu lobo interior estava calmo, por enquanto, mas Orion não
queria correr o risco.
Desceu as escadas do sótão. Tinha largado a mochila no chão
ao lado da porta e, embora tenha encomendado um lugar cheio de
comida, não estava disposto a pedir que fosse estocado de lubrificante.
Trouxe seus próprios brinquedos.
Pegou a garrafa da sacola e correu de volta para o sótão. Nate
estava sentado na cama, parecendo um pouco confuso e preocupado
quando viu a garrafa na mão de Orion.
— Não se preocupe. Isto é para mim.
— Você?
Orion sorriu de lado, subindo na cama enquanto abria a tampa.
— Você achou que eu estava mentindo?
Como era possível que Nate continuasse olhando tão confuso
estava além de Orion, mas era fofo.
— Eu... bem, não. Na verdade não.
Estava totalmente mentindo.
Orion sacudiu a cabeça.
— Não culpo você. Alfas normalmente não são passivos.
— Então por que você faria?
Orion olhou seu companheiro nos olhos.
— Porque estou apaixonado por você e quero mostrar-lhe que
isso pode ser bom. Liderar pelo exemplo e tudo mais, certo?
Nate apertou os lábios. Se mais sangue corresse para o rosto
dele, teria uma hemorragia nasal.
— Eu... isso faz sentido.
O constrangimento no rosto de Nate desapareceu quando Orion
tomou seu pênis na mão, acariciando-o, tornando-o escorregadio.
O homem caiu de costas na cama. Ele levantou as mãos e
agarrou seu próprio cabelo, e merda, era o homem mais lindo que Orion
já vira.
Orion levantou a camisa de Nate até as axilas, expondo seus
mamilos. Ele se inclinou, beijando-os, sugando-os, aproveitando cada
gemido, cada arrepio que vinha do corpo de Nate.
Distraindo-o enquanto chegava para trás e alisava seu ânus.
Orion tinha literalmente apenas se tocado uma vez em sua vida.
Tinha sido jovem o suficiente para ainda se descobrir sexualmente, e não
gostou muito. Não que era ruim, não apenas sua preferência. Queria
estar no controle. Queria ser o único a foder, em vez de deitar e ser
fodido. Sabia como isso era feito, mas não mentiria para si mesmo. Só
estava fazendo isso porque era Nate. Nunca faria isso por mais ninguém.
Nate fazia valer a pena.
No entanto, queria cumprir ambos os seus instintos. Nate era
um ômega, e sua necessidade de estar constantemente no controle de si
mesmo e de se submeter a Orion estava em guerra. Então Orion iria
mantê-lo nesta posição, sendo inferior, mas ele não iria ser inferior.
Orion ficaria no topo, e esperançosamente isso seria o suficiente
para seus lobos trabalharem adequadamente.
Nate bufou para respirar, como se estivesse pronto para o
orgasmo pela segunda vez. Seus lindos olhos verdes nublaram enquanto
seu peito arfava sob os lábios de Orion.
Certo. Estava pronto.
Orion se sentou sobre ele. Os olhos de Nate se arregalaram
quando Orion chegou de volta, posicionando seu pênis exatamente onde
precisava ir.
— V-você não tem, oh!
Orion cerrou os dentes enquanto afundava no homem. Fazia
muito tempo desde que fez isso. Sua memória de tanto tempo atrás não
era nada comparado a como se sentia agora.
Se tivesse tido tempo, teria praticado, mas isso não importava,
porque a maneira como Nate cerrou os olhos, acertou Orion bem no
peito.
Ele era lindo. Orion afundou polegada por polegada até que
estava totalmente sentado, seu companheiro gemendo embaixo dele.
Era assim que faria isso. Mostraria ao seu companheiro o prazer
de ter sexo, e logo seria o contrário. Nate deixaria Orion levá-lo.
Orion se moveu. A dor aguda que sentiu não era algo que
esperava. Foi forçado a desacelerar, mas não parou. Não se atreveu a
parar porque os pequenos sons que Nate fazia eram tão lindos.
— Você deveria se ver agora mesmo, — disse Orion. Ele
acariciou seu pênis, mantendo-se duro enquanto movia seus quadris. —
Você é lindo demais e você é meu. Não posso esperar até que eu esteja
dentro de você.
Nate conseguiu abrir os olhos, embora agora estivesse
segurando os quadris de Orion com tanta força que poderia realmente
deixar uma contusão.
Isso foi impressionante, considerando o quão difícil era ferir um
alfa.
O fato de que Nate não estava falando com ele estava deixando
Orion nervoso, no entanto.
— Você gosta disso?
Nate assentiu.
— Você fala muito. Durante o sexo, — ele suspirou.
Orion parou abruptamente, olhando para seu companheiro,
chocado que o homem fizesse tal observação.
Então sorriu e se inclinou. Ele beijou Nate na boca. Quente e
pesado, suas respirações se uniram enquanto Orion se movia.
Podia sentir seu próprio prazer aumentando, mas era lento e
constante comparado ao que sentia acontecendo embaixo dele.
Não teria um orgasmo antes de Nate, e estava bem com isso.
Só queria sentir Nate. Queria dar ao seu companheiro mais do que tudo,
e esse era todo o prazer que ele precisava.
Nate tentou avisá-lo, como se Orion quisesse ou precisasse de
um aviso. Ele não fazia. Nate gemeu, as mãos segurando Orion mais
apertado, suas garras saindo e afundando na carne de seus quadris. A
dor era boa. Orion rangeu os dentes. Ele se moveu mais rápido,
empurrando com mais força e não parou até sentir a onda de calor
dentro dele.
Um sentimento tão estranho. Esqueceu completamente como
isso seria.
Mas foi bom, porque era seu companheiro.
Nate tinha sido capaz de ficar ereto tempo suficiente para ter
orgasmos múltiplos, mas agora estava acabado. Seu pênis suavizou
dentro de Orion, e Orion se levantou de Nate, sentando-se ao lado de
seu amante.
O primeiro instinto de Orion foi alcançá-lo, agarrar Nate e
aproximá-lo, acariciá-lo, abraçá-lo, beijá-lo e dizer-lhe como aquilo era
bonito. Não se importava que não tivesse um orgasmo. Estava feliz que
Nate o tinha deixado fazer isso e, sinceramente, estava orgulhoso de ter
sido capaz de compartilhar esse tipo de vulnerabilidade com seu
companheiro.
Se isso não mostrasse o amor de um alfa, então não sabia o
que faria.
Ao mesmo tempo, se lembrava claramente do medo do toque de
Nate, de sua necessidade de ser deixado em paz e de seu pequeno e
quase assustador apelo para que, se quisesse ficar sozinho após o
término do sexo, Orion entendesse.
Orion não achava que ele iria querer ficar sozinho depois disso,
mas com Nate, nunca poderia ter certeza.
— Você está bem?
Nate olhou para ele. Seus olhos verdes nublados. O peito de
Orion foi preso.
— Isso... isso foi incrível. — Nate sorriu para ele. Esfregou os
olhos com as costas da mão. — Merda, desculpe.
— Não, não se desculpe, — Orion disse rapidamente, e desta
vez ele procurou seu companheiro, satisfeito quando Nate se permitiu
ser puxado para os braços de Orion, até que estava muito perto do peito
de Orion.
— Você nunca se arrependa. Isso foi incrível. Você é incrível.
— Você não...
— Não importa. — Orion não tinha palavras para o quanto isso
não importava. Estava mais do que empolgado por ter dado este passo
em primeiro lugar.
Nate, no entanto, tinha uma ideia diferente em mente, e parecia
que ia colocar sua famosa teimosia no pênis de Orion.
— É importante para mim. — Ele se soltou dos braços, mas
depois deslizou pelo corpo de Orion.
Orion balançou a cabeça, sorrindo mesmo quando se ergueu nos
cotovelos.
— Nate, eu prometo. Estou bem.
Mas Nate tinha esse olhar em seu rosto que não ia deixar isso
passar. Orion tinha que admitir que não podia culpá-lo, e de bom grado
abriu as pernas quando Nate afastou suas coxas.
— Eu quero. Antes que esse sentimento vá embora.
Orion não sabia especificamente do que Nate estava falando.
Bravura, talvez? Ou o sentimento de normalidade enquanto ambos
estavam despidos e zumbindo?
De qualquer forma, Orion parou de lutar quando Nate colocou o
pênis de volta em sua boca.
Orion gemeu. Seu pau imediatamente pulou na boca de Nate,
como se isso fosse exatamente o que estava esperando. Orion deixou a
cabeça cair para trás, o prazer breve e gentil que tinha recebido
enquanto Nate estava dentro dele, voltando à vida como uma fênix
crescente.
— Ah, Deus. — Ele suspirou, e então estremeceu quando sentiu
a ponta da língua de Nate brincando com a parte de baixo de sua
cabeça.
Nate era um aprendiz rápido, e parecia gostar de explorar o
corpo de Orion, testando o que gostava, porque então sua mão agarrou
a parte do eixo que não conseguia fazer sua boca alcançar, e Orion não
teve a chance de avisar Nate quando ia gozar.
Apenas aconteceu.
Nate empurrou quando Orion se derramou em sua boca, mas o
homem se recuperou rapidamente, e nenhum dente entrou em ação, o
que foi uma coisa boa.
Orion caiu de volta na cama, toda a sua força foi drenada dele,
e quando Nate veio se deitar, aconchegando-se ao lado dele, Orion
passou o braço ao redor e o segurou perto.
— Isso foi ótimo.
Orion não tinha certeza de qual deles tinha dito isso, mas não
importava.
Era verdade, e nunca se sentiu mais esperançoso por seu futuro
do que fez naquele momento.

Capítulo Seis

Milo ficou vigiando a casa. Olhou para o homem que o trouxera


aqui. O homem assustador que rosnou para ele, muito, que fazia
ameaças a quase todo mundo.
O homem que matou aqueles vampiros.
— Eles estarão lá.
Milo engoliu em seco.
— Você tem que ir?
Ele não tinha certeza do que era, talvez o fato de que este
homem tinha dado sapatos para Milo usar e uma jaqueta para se
aquecer neste tempo frio, quando os vampiros o teriam correndo
descalço em sua camiseta, se quisessem, mas ele não queria deixar o
lado desse homem.
Milo tinha certeza de que o homem era um alfa. Definitivamente
não era um vampiro, e era muito rápido, forte demais para ser humano.
Queria ele. Ninguém jamais fora tão gentil com ele e, no
entanto, agora parecia que estava prestes a ser abandonado.
— Não faça perguntas. Não há muito tempo.
— Quem são eles?
— Eles não vão te machucar. Isso é tudo que precisa saber.
— Você vai me dizer o seu nome?
O homem enfiou a mão no bolso. Pegou o celular.
— É melhor que você não saiba disso. Descobrirá logo de
qualquer maneira.
Estendeu o telefone. Milo ficou chocado quando percebeu que
estava segurando o telefone para Milo para levar.
Recuou um passo.
O alfa revirou os olhos, em seguida, estendeu a mão e agarrou
a mão de Milo, puxando-o para frente e forçando o telefone na palma da
mão.
— Eu não posso.
— Sim você pode. Vai pegar isso, e vai entrar lá.
— Eu não os conheço. Eles vão me punir.
— Eles não vão. Cale a boca sobre isso já.
Os olhos do alfa ficaram vermelhos, e os dentes aumentaram
afiados brevemente antes que ele parecesse controlar-se e deixar tudo
de lado.
Agarrou a ponte do nariz, como se procurasse paciência.
— Eles não vão te machucar. Basta entrar lá e dar-lhes esse
telefone. Diga a eles que foi como eu os encontrei. Agora que não tenho
mais, não posso rastreá-los. Diga-lhes que os vampiros não podem
rastreá-los também. Não dei essa informação.
Milo não entendia nada disso, mas seu coração doía. Isso
parecia que ele estava prestes a se separar desse homem. Não queria se
separar.
Quando acordou naquela manhã e foi contrabandeado da
fazenda, forçado a entrar no porta-malas do carro do alfa e em roupas
que eram muito grandes, não sabia o que estava reservado para ele,
mas apesar de como assustador era tudo, ainda se sentia feliz por estar
com o alfa.
Agora estava sendo deixado aqui com a promessa de que as
pessoas dentro da casa não o machucariam, mas não sabia mais em que
acreditar.
— Vou ver você de novo?
O alfa parecia... um pouco triste. Foi só por um segundo antes
de desaparecer, mas Milo tinha certeza de que tinha visto.
— Provavelmente não. Eu estou...
Milo esperou, sem saber o que estava prestes a ouvir, mas o
alfa não terminou. Agarrou Milo pelas orelhas. Seu aperto era doloroso,
mas Milo se esqueceu dessa dor quando o alfa se inclinou e... o beijou.
Os olhos de Milo arregalaram. Seu corpo ficou tenso. O alfa se
afastou antes que Milo pudesse relaxar, antes que pudesse participar.
O alfa sorriu ironicamente.
— Provavelmente não deveria ter feito isso, mas tanto faz. O
próximo alfa que você encontrar, certifique-se de que ele te trate bem.
Milo sacudiu a cabeça. Não tinha interesse em nenhum outro
alfa.
Quem mais queria se virou e foi embora antes que pudesse
dizer isso a ele.

****
O traseiro de Orion doía um pouco enquanto preparava um bom
café da manhã para ele e seu companheiro. Sorria o tempo todo mesmo
com a dor. Não se importava. Ele até gostou.
Era um bom lembrete, e o fato de que o rádio tocava, dando o
tom enquanto Nate misturava a massa de panqueca, tornava tudo muito
melhor.
Slow Hands, tocava agora. Era um bom alívio de toda essa
música de Natal, e Orion não podia deixar de gostar disso como uma
nova música tema para ele e seu companheiro.
Ele e Nate continuavam dando olhares um para o outro, e Nate
tinha o mais fofo rubor no rosto.
Orion trabalhou uma panela com o bacon e ovos, e Nate
derramou a massa na outra panela. Ele era muito bom nisso. Fazia
panquecas perfeitas, e elas não entortaram quando as virou.
Perfeitamente douradas de cada lado. Não havia crostas
queimadas.
— Você é bom nisso.
Mãos lentas, de fato. Orion não podia esperar para ter as mãos
de volta em seu corpo.
— Tenho feito todo o café da manhã por tempo suficiente, agora
que sou bom nisso.
Orion estremeceu.
— Olha, se você não quiser mais fazer nada disso...
— Eu nunca disse isso.
Orion olhou para seu companheiro. Nate sorriu timidamente
antes de desviar o olhar.
— Sei que pensa que é injusto que eu faça um monte de
tarefas, mas não me importo. Mesmo reclamando o tempo todo,
realmente estou bem com isso. Sei que estou apenas ganhando meu
sustento.
— Você faz parte do bando. Não precisa ganhar nada.
— Mas preciso, — insistiu Nate. — E gosto. Eu... não me
entenda mal, às vezes fico frustrado, mas pelo menos é algo para mim.
Não preciso ficar preocupado enquanto estou cozinhando, limpando ou
fazendo qualquer outra coisa, na verdade. Confie em mim, não me
importo. Sei que não sou seu pequeno escravo.
Orion quase teve um pequeno ataque de pânico com essas
palavras, e se preocupou que seu companheiro pudesse ter ouvido
quando estivera discutindo com Glendon sobre o lugar de Nate no
bando.
O sorriso no rosto sugeriu que não era o caso.
Então Orion deu um suspiro aliviado.
Bom. Essa foi boa. Orion não queria que Nate pensasse que ele
era algum tipo de prisioneiro em sua própria matilha. Queria que
acreditasse que era parte do bando.
— Bem, de qualquer forma, não posso fazer nenhuma
promessa, mas farei o meu melhor para fazer um pouco da comida.
— Pode não ser a melhor ideia com a maneira como está
queimando esses ovos.
Nate riu enquanto Orion lutava para colocá-los no prato.
Estavam apenas levemente queimados, ainda bons para comer,
no que lhe dizia respeito.
Embora Nate estivesse agora dando a ele um olhar que sugeria
quanto problema teriam se Orion realmente quisesse cozinhar para a
casa.
— Posso fazer melhor do que isso, — ele insistiu. — Você é meu
companheiro. Eu deveria cozinhar para você às vezes.
— Ok, mas até você ficar melhor, continuo a fazer a comida.
Nate estava gostando muito disso, mas Orion tinha que admitir
que gostava desse lado de seu companheiro que estava tudo bem com
uma leve provocação.
Orion abriu a boca para manter o jogo, mas depois parou
quando ouviu uma batida na porta.
Ficou tenso. O mesmo aconteceu com Nate. Ambos se viraram
para a porta.
A expressão de Nate era de desapontamento.
— Glendon veio nos buscar?
Esse também foi o primeiro pensamento de Orion, mas... não.
— Não é o cheiro dele.
Orion caminhou lentamente até a porta. Olhou de volta para
Nate. Não disse nada, mas não precisava naquele momento. Só
precisava olhar para seu companheiro para que entendesse.
Nate desligou o fogão e afastou-se das janelas. Realmente
pegou uma frigideira, como se fosse precisar de defesa.
Não que uma frigideira pudesse ajudá-lo contra um ataque de
vampiro.
Exceto que ninguém deveria saber onde ele estava. Nem
mesmo Glendon.
Outra batida soou na porta. Uma leve batida, na verdade.
Alguém que queria invadir e roubar seu companheiro antes de
matá-lo não iria bater, mas Orion não estava disposto a arriscar.
Agachou ao lado da janela, puxando a cortina para trás, mas
apenas pouco.
O jovem do outro lado da porta não pareceu notar quando Orion
fez isso. Ficou no lugar, abraçando-se, como se estivesse com frio.
Não era de admirar. Ele usava sapatos e uma jaqueta, mas
estava de short.
As suspeitas de Orion ainda estavam em alta, mas estava
disposto a abrir a porta agora pelo menos.
O jovem lá fora pulou quando Orion apareceu lá, e seus olhos se
arregalaram ao vê-lo.
— Sim?
Orion estava com raiva. Estava com raiva que seu tempo com
Nate tinha sido interrompido, irritado que alguém estivesse em sua porta
quando pagou por privacidade, e com raiva que, pela aparência desse
cara, teria que cortar seu tempo de férias curta.
— Eu... eu... — O jovem recuou. Ele era pequeno. Ainda mais
pequeno que Nate e mais magro.
Na verdade, estava pálido doentio.
Pálido o suficiente para ser...
O pensamento invadiu o cérebro de Orion e se enraizou lá.
Recusou-se a deixá-lo e agiu por instinto em seguida.
Agarrou o homem pelo pescoço e o puxou para dentro, batendo
a porta atrás dele.
O cara era tão magro e frágil que, embora Orion mal o tivesse
tocado, caiu de joelhos.
O jovem se virou, andando de caranguejo para longe dele, como
se Orion fosse algo assustador.
— Orion, quem é esse?
— Não sei. Fique aí, bebê.
— O que? — O garoto não poderia ter mais de vinte anos, e
parecia estar prestes a chorar.
Orion se abaixou, agarrou-o novamente e puxou-o para cima.
Puxou a jaqueta de lado, ignorando o pequeno som de pânico que o
homem soltou.
Ele tinha o cheiro de um ômega em cima dele. Um shifter então.
Orion não tinha certeza de que tipo, mas estava magro e pálido, e as
cicatrizes de mordida no pescoço provavam o que ele era.
Um lanche para vampiros. Esse cara passou muito tempo em
uma fazenda de vampiros.
— Quem é Você? De onde você veio?
Orion se inclinou e deu ao homem outra fungada.
O cheiro que se revelou quase o destruiu.
Orin. Seu irmão. Cheirou seu irmão por todo esse homem.
E agora não estava apenas zangado e desconfiado. Estava
furioso.
Orion agarrou o homem pelo colarinho da jaqueta, sacudindo-o
um pouco.
— Onde ele está?
— Orion!
O ômega agarrou os pulsos de Orion, mas é claro que não tinha
forças para empurrá-lo.
Orion o sacudiu novamente.
— Diga-me onde ele está! O que fizeram com ele?
— Eu não sei! Não sei do que você está falando!
Lágrimas escorriam pelas bochechas do ômega. Orion não seria
influenciado. Tinha visto petiscos de vampiros dispostos a chorar por
seus mestres antes, antes de esfaquear as pessoas que tentavam salvá-
las.
Literalmente.
Nem todo mundo queria ser salvo.
— Orion, você está machucando-o, — disse Nate.
Orion não se importou.
— Fique para trás, bebê. — Voltou sua atenção para o ômega. —
Você vai me dizer onde meu irmão está, ou vou quebrar seu pescoço.
O ômega balbuciou balançando a cabeça.
— E-ele disse que você não iria me punir. Sinto muito. Ele disse
para bater na sua porta!
O ômega estava chorando agora. Era uma bagunça de terror,
como se estivesse olhando para a coisa que acabaria com sua vida.
Orion não gostou disso.
Isso ainda podia ser um truque. Ainda podia ser um espião
enviado para baixar sua guarda, mas não podia continuar.
Colocou o ômega no chão.
Orion nem percebeu que tinha levantado o homem.
Nate foi até ele antes que Orion pudesse dizer para parar.
Mas o ômega também não aceitou o conforto de Nate. Gritou e
se afastou, empurrando-se na árvore de Natal, quase rastejando por
baixo e derrubando-a.
Alcançou rapidamente em seu bolso. Orion rapidamente pisou
na frente de seu companheiro, protegendo Nate, mas o que o ômega
pegou não era o que pensava ser.
Era um telefone.
Colocou no chão e empurrou para Orion.
— Ele me disse para pegar isso! Eu não queria isso. Juro!
Orion franziu a testa. Ele se ajoelhou, pegando o telefone.
Clicou no botão, ativando a tela e reconheceu o papel de parede
do irmão.
Dois lobos uivando para a lua. Nada excessivamente especial. A
imagem podia ser encontrada no Google, mas Orin disse que gostou,
porque o fez pensar em lobos-irmãos.
— O homem que te deu isso, — começou Orion. — Onde ele
está?
O ômega apontou.
— Estava do lado de fora. Mas partiu. Ele me trouxe aqui. Eu
não sei porque.
Orion sabia que não deveria deixar seu companheiro para trás.
Deveria ficar para proteger Nate, mas Orion voou pela porta, correndo
para o frio descalço, perseguindo o cheiro de seu irmão.
Capítulo Sete

Nate ficou atordoado com a rapidez com que Orion saiu da


cabana, mas se isso tivesse sido Orin, dificilmente poderia culpar o
homem.
A porta quase saiu de suas dobradiças, e Nate teve que fechá-la
para manter o frio fora.
Voltou sua atenção para o ômega encolhido sob a árvore de
Natal.
Nate chegou perto. O ômega estremeceu, como se esperasse
uma surra chegando para ele.
Se estava muito tempo em uma fazenda de vampiros, então
fazia sentido que temesse uma coisa dessas.
Nate sabia que sua experiência com o seu primeiro alfa não era
o mesmo que este ômega tinha passado, mas conhecia o sentimento, e
esperava que fosse capaz de ajudar este homem com o que estava
sofrendo.
Estendeu a mão. O ômega olhou-o com desconfiança.
— Sou Nate, e aquele cara que agarrou você é o meu
companheiro, Orion. Me desculpe por isso.
Os olhos do ômega mudaram. Parecia que ninguém havia se
desculpado com ele em toda a sua vida.
— Você pode sair daí. Está seguro agora.
O ômega balançou a cabeça.
— Eu... eu não posso.
— Certamente que pode. Orin trouxe você aqui, certo?
— Nunca soube o nome dele. Ele... parecia exatamente como
seu companheiro.
Nate assentiu.
— É porque são irmãos.
Foi por isso que Orin trouxe esse homem aqui? Mas como Orin
os encontrou? Pelo que sabia, Orion alugou esta cabana porque queria
ficar sozinho. Não disse a ninguém onde estava, embora ainda estivesse
relativamente perto da mansão.
— Oh. — Essa informação parecia animar o ômega um pouco,
mas ainda não se apresentou.
Nate conhecia esse sentimento. A sensação de ser um animal
aterrorizado, de não confiar em ninguém, nem mesmo nas pessoas que
queriam ajudá-lo mais.
— Qual é o seu nome?
Os olhos do ômega ficaram baixos. Tinha um hematoma logo
abaixo da linha do cabelo louro-avermelhado, junto com pequenos
arranhões no rosto. Como se alguém o tivesse batido em uma parede de
tijolos.
— Milo.
Nate sorriu para ele.
— Prazer em conhecê-lo, Milo. Está com fome?
Milo se animou com isso.
Sim, Nate conhecia esse sentimento. Depois de estar com fome
por tempo suficiente, a comida era suficiente para fazer um ômega
assustado sair.
Desse modo que Glendon e seu bando o tinham atraído para
fora da floresta.
— Vamos. Tenho panquecas cozinhando.

Orion perseguiu o cheiro. Tão perto. Estava tão perto. Seu


irmão estava aqui e finalmente poderia vê-lo! Finalmente, perguntar-lhe
tudo o que queria por todo esse tempo!
— Orin!
Orion não sentiu o frio. Só podia sentir o quão perto estava
ficando de seu irmão gêmeo. Em um ponto encontrou pegadas e seu
coração saltou.
— Orin!
De longe, Orion ouviu o som de um motor sendo ligado.
Não, não!
— Orin! Volte!
Ouviu o guincho dos pneus e, quando saiu das árvores, viu o
carro a distância, acelerando pela estrada. Nunca seria capaz de pegá-lo
a partir daqui, mas mesmo longe na estrada, Orion pode ver o rosto de
seu irmão.
Orin olhou diretamente para ele e depois desviou o olhar
quando o carro desapareceu na estrada e virou a esquina.
Os joelhos de Orion tremeram. Mal se mantinha de pé.
Bem aqui. Orin estava bem aqui e sentira tanta falta dele.
Seu gêmeo estava tão perto que poderia tê-lo levado para casa.
Poderia ter obtido algumas respostas dele.
Agora não havia nada. Nada para conseguir entender.
Coração batendo disparado, Orion rosnou, arranhou seu peito,
desesperado para aliviar a dor, e então uivou um longo e triste som no
ar.
Não foi o suficiente. Claro que não era o suficiente para se sentir
melhor. Ainda estava sem seu irmão. Ainda não tinha respostas.
Orion bufou para respirar, desesperado para se recompor, para
pensar.
Então percebeu.
Não. Não era que não tivesse respostas. Houve uma resposta.
Orin havia deixado um ômega. Orin o localizou de alguma forma e
entregou esse ômega depois de meses separados.
Isso significava alguma coisa. Este ômega significava algo.
E foda, Orion deixou o homem sozinho com seu companheiro.
Rapidamente, começou a correr de volta para a cabana.
Mesmo com a sua resistência rápida, a neve não o deixava ir
rápido suficiente, mas ainda conseguiu voltar rapidamente, entrando
pela porta, sem saber o que iria encontrar.
Certamente não esperava ver seu companheiro servindo café da
manhã para o ômega no balcão.
Os dois homens olharam em sua direção quando entrou pela
porta. Parou de repente, observando a cena.
Nate devia ter colocado aquele cobertor em volta dos ombros do
homem em algum momento.
O ômega parecia preocupado. Tremeu um pouco, como se
debatesse se devia ou não correr antes de olhar para o lado de Nate.
Nate ignorou o ômega. Ele se aproximou de Orion com cuidado.
— Você o pegou?
Orion pegou Nate, puxando-o para perto. Nate ficou tenso.
Orion sabia que Nate não gostava de ser tocado, mas precisava abraçar
seu companheiro agora.
— Não. Não o peguei.
Nate estendeu a mão, seus braços se aproximando dos ombros
de Orion. Nate era pequeno, mas seu toque era o bálsamo que Orion
necessitava desesperadamente naquele momento.
— Sinto muito.
Não tinha nada para se desculpar. Era Orion. Sua culpa por não
ser rápido o suficiente, sua culpa por não conseguir que seu irmão
voltasse, por não reconhecer o cheiro de Orin quando estava bem
debaixo do nariz.
Afastou-se de Nate, verificando o homem.
Ele parecia bem, mas Orion não estava disposto a arriscar.
— Você está bem? Você está... — Ele tentou não olhar para o
ômega em sua cabana, mas é claro que falhou. — Você está machucado?
Nate balançou a cabeça. Pegou a mão de Orion em uma rara
demonstração de afeto, levando-o ao balcão.
— Não. Estava apenas dando algo para Milo comer.
Milo?
O ômega abaixou a cabeça, como se achasse que poderia
parecer menor se o fizesse.
Ou desaparecer completamente.
Certo. Orion tinha que obter alguma informação dele.
Nate se sentou em frente ao ômega.
— Está tudo bem. Você pode continuar comendo.
Milo não comeu, no entanto. Olhou para o prato e depois para
Orion.
Certo. Seu ômega interno reconhecia o alfa na sala, e sabia que
não cabia a Nate se ele comia ou não.
— Apresse-se e coma antes que fique frio, — disse Orion. Não
queria ser duro, mas não tinha tempo para enganar esse homem
também. — Enquanto está fazendo isso, vai responder a todas as
perguntas que tenho, entendeu?
Milo assentiu, pegando discretamente uma fatia de bacon do
prato e colocando-o na boca.
— Vou tentar. Não sei muitas coisas.
— Pode começar com o modo como você chegou ao meu irmão.
Por que ele te trouxe aqui?
Milo sacudiu a cabeça. Ainda parecia ter problemas em olhar
para Orion.
— Não sei. Acordei esta manhã e ele me arrastou para fora da
cama. Não sabia que estávamos vindo para cá. Ele me deu esses
sapatos para usar.
Orion olhou para baixo e para o lado. Os sapatos pareciam um
pouco grandes no ômega, como se alguém os tivesse escolhido para usar
sem que Milo estivesse por perto para experimentá-los.
— Há quanto tempo você mora em uma fazenda de vampiros?
Milo olhou para ele e depois para longe.
— Desde que me lembro.
Até Orion teve que estremecer com isso.
Ele e Nate se entreolharam, como se não soubessem o que
fazer com isso.
Orion pigarreou, obrigando-se a ser um pouco mais gentil com o
homem. Se Orin o trouxe aqui, isso teria que significar alguma coisa.
— Há quanto tempo você conhece meu irmão?
— Um tempo. Quase um ano, mas nunca realmente o conheci —
disse Milo rapidamente. — Eu sempre só... o via perto. Nunca me disse
seu nome. Nunca disse que tinha família.
Por quê? Para qual finalidade?
— Uma vez ele me ajudou a limpar, — disse Milo. — Apenas dei
um pouco de sangue. Eu estava tonto e deveria trazer o café. Perdi o
equilíbrio e a bandeja caiu. Ele estava lá. Pensei que ele ia me bater, mas
me ajudou a limpar. Ele fez mais café para mim e me mandou embora.
Ele era legal.
Recordou aquela história como se fosse uma lembrança
afetuosa. Orion não entendia.
— Orin já fez alguma coisa com você? — Perguntou Nate. —
Além de te trazer aqui, quero dizer.
Milo olhou para Nate, como se estivesse chocado.
— Bem, ele me beijou. Uma vez. Do lado de fora, antes que me
dissesse para bater na porta.
Isso chamou a atenção de Orion rapidamente.
— Ele beijou você?
Milo assentiu. Suas bochechas realmente coraram.
— Sim, mas foi... foi legal. Não foi como os outros beijos que
tive antes. Não senti como se ele estivesse tomando algo de mim.
Parecia que... como se estivesse tentando me dar alguma coisa.
Milo olhou para Orion.
— Você disse que o nome dele é Orin?
Orion assentiu.
— Sim.
Milo apertou os lábios, como se tentasse reprimir um sorriso.
— Esse é um bom nome.
Orion e Nate se olharam novamente, e Orion tinha uma boa
ideia do que isso significava.
— Termine seu café da manhã, Milo. Preciso ter uma conversa
com meu companheiro.
Milo se animou um pouco, como se chocado que ambos os seus
anfitriões o deixassem em paz, mas não disse nada quando Orion e Nate
rapidamente o deixaram na ilha do balcão.
Não havia outro lugar onde pudessem ir para a privacidade, a
não ser do lado de fora, então era para onde foram.
Nate colocou a jaqueta e os sapatos, rapidamente seguindo
Orion para fora. A porta mal havia se fechado atrás deles antes que Nate
estivesse falando.
— Esse é o companheiro do seu irmão, certo? Quer dizer, não
estou imaginando isso?
Orion sacudiu a cabeça.
— Também senti isso. Acho que você está certo. Orin queria
trazê-lo aqui por um motivo. Queria libertá-lo.
— Mas por que sair? E como eles poderiam ter se conhecido?
Orion se esforçou para encaixar essas peças também.
— Não sei. Estou tentando pensar sobre isso. Talvez tenha sido
em uma das nossas missões. Quando ele atacou Jake, Orin estava
claramente trabalhando com os vampiros por um tempo. Esta pode ser a
razão pela qual fez isso. Ele poderia ter pegado o cheiro de seu
companheiro em uma das fazendas que estava rastreando e achou que
precisava trabalhar com eles para chegar perto o suficiente de Milo.
— Mas Orin ainda tentou matar Jake.
Isso era verdade. Não havia como contornar esse fato. Jake
disse que Orin parecia triste quando tentou estrangulá-lo, como se o que
estava fazendo fosse a melhor opção.
Jake fez parecer que as ordens de Orin tinham sido trazer Jake
vivo para os vampiros, e pensou que matar Jake teria sido a coisa mais
misericordiosa a se fazer.
Os vampiros sabiam que Milo era o companheiro de Orin? Eles o
tinham contra ele?
Orion cerrou os punhos. Tantos pensamentos, tantas
possibilidades passavam por sua cabeça, e não importava o que fizesse,
não conseguia fazer com que nenhum deles ficasse parado o tempo
suficiente para analisá-los.
Orin não tinha encontrado fazendas de vampiros nos meses que
antecederam o ataque a Jake, mas definitivamente mentiu sobre isso
para cobrir o que estava fazendo.
Agora Orion finalmente sabia por que, mas seu irmão ainda
estava desaparecido. Ainda tinha voltado para os vampiros.
Para qual finalidade?
Orion olhou para seu companheiro e uma onda de tristeza se
elevou dentro dele.
— Bebê, sinto muito em fazer isso com você, mas temos que
voltar para casa. Nós não podemos estar aqui. Se Orin encontrou este
lugar, então os vampiros também podem. E preciso levar Milo para
Glendon.
Essa fuga deveria ser para a cura de Nate. Era para ser para os
dois e agora Orion estava encurtando o tempo.
Nate se aproximou dele, e quando iniciou o beijo, Orion foi o
que ficou aturdido.
Nate se afastou rapidamente antes que suas bocas pudessem
realmente ter a chance de se aquecer, mas tudo estava bem. A barriga
de Orion aqueceu bastante.
— Entendo, e não importa que seja pouco depois do meio-dia.
Este já foi o melhor dia da minha vida. Não quero que seja o pior dia de
vocês. Vamos para casa.
Oh Deus. Orion fodidamente amava seu companheiro.
Nate valera a pena a espera.
Capítulo Oito

Nate tinha ficado um pouco desapontado que a hora que ele e


Orion iriam ficar juntos teve que ser interrompida, mas não havia como
ignorar o que havia acontecido.
Tiveram que voltar e, dessa vez, Nate queria ser forte. Não
queria que Orion se preocupasse com o seu bem-estar emocional.
O joelho de Orion tocou o seu o caminho todo, ocasionalmente
olhando pelo espelho retrovisor, como se quisesse certificar-se de que
Milo ainda estava lá.
O pobre ômega parecia estar prestes a ter um ataque de pânico.
Nate tinha embrulhado mais comida para levar com eles, então
o ômega poderia ter algo para comer, mesmo que a viagem fosse
relativamente curta, e tivesse tentado falar com o homem, mas Milo
parecia estar apenas se mantendo.
Quando voltaram, as coisas não estavam muito melhores.
Orion buzinou antes de estacionar, anunciando para o bando
inteiro que havia retornado. Ele saiu do veículo e estava persuadindo
Milo a sair quando Glendon apareceu, seus olhos queimando num
vermelho infernal.
Até mesmo Nate queria evitá-lo.
Santa merda
— Onde estamos? — Milo perguntou suavemente.
— Você está seguro, não se preocupe, — disse Nate. — Eles só
precisam gritar um com o outro por um tempo.
Ele não gostou muito, vendo Glendon gritar no rosto de Orion
ou Orion gritando de volta ao seu alfa.
Nate podia ver as veias do pescoço se preparando para estourar.
Foi estranho. Ficou sinceramente impressionado quando os dois não se
golpearam enquanto gritavam um com o outro.
Ambos mereciam medalhas por isso.
— Quem é esse cara? — Parker perguntou, porque, claro, o
resto do bando havia chegado para ver o que estava acontecendo.
Fergus resmungou, puxando Parker para trás enquanto se
aproximava para inspecionar o recém-chegado.
— Fique para trás, idiota.
— O quê? — Parker zombou. — Ele dificilmente parece perigoso.
Hugh, irmão de Glendon, não parecia estar de acordo sobre
isso.
— Isso dificilmente importa. As aparências enganam.
Ronan também se aproximou. Olharam para Milo e depois para
Nate, como se esperassem que um deles explicasse enquanto Tierney e
Dave lutavam para estabelecer a paz entre Glendon e Orion.
Milo se encolheu sob o escrutínio. Nate percebeu que teria que
fazer as explicações aqui.
— Todo mundo, esse é o Milo. Ele veio de uma fazenda de
sangue de vampiros e achamos que ele é o companheiro de Orin.
Todos os olhos se arregalaram. Os alfas que o cercavam
olhavam de Nate para Milo e depois para Orion e vice-versa.
Até mesmo Jake e os outros ômegas, que estavam ao lado da
porta, onde era seguro, ao contrário de Parker, ouviram a apresentação
de Nate pelos gritos.
Nate suspirou.
— Podemos conversar sobre isso dentro? Está frio aqui fora.

Eles foram para dentro da casa, eventualmente. Glendon e


Orion levaram dez minutos inteiros até que pararam de gritar um com o
outro por tempo suficiente para Glendon ouvir o que Orion estava
dizendo, e Orion ainda estava sendo teimoso sobre levar Nate.
Nate sentiu um pouco do seu eu habitual chegando à superfície.
Não queria Glendon e Orion brigando sobre isso, então foi fazer café,
alguns sanduíches enquanto o alfa falava e fazia seus planos.
Uma oferta de paz silenciosa. Só queria que seu companheiro e
seu alfa fechassem a boca o suficiente para que Nate não ficasse com
dor de cabeça.
— Você ainda não deveria tê-lo levado — grunhiu Glendon,
embora tivesse a decência de parecer embaraçado quando Nate colocou
uma caneca de café na frente dele. — Não é nada pessoal, Nate.
Nate assentiu.
— Eu sei.
Ele também não estava com vontade de discutir.
— Nate não é seu maldito escravo, e se não o tivesse levado,
quem sabe quanto tempo teria sido antes de eu poder ver Orin
novamente? — Orin estava claramente à espera de sua chance de deixar
Milo conosco.
Glendon olhou de volta para Orion do outro lado da mesa.
— Pare de dizer isso. Ninguém nesta casa pensa que Nate é
nosso escravo.
— Alguém quer creme ou açúcar? — Nate perguntou.
Sabia que era um momento ruim para uma pergunta como
essa, considerando o que Orion e Glendon estavam falando, mas não
conseguia se controlar.
Todos os alfas ao redor da mesa se encolheram ou se mexeram
desconfortavelmente em seus assentos.
Nate não ia mentir. Parecia bom tê-los assim.
Glendon pigarreou.
— Nate é uma parte respeitada deste bando. Nós o mantemos
perto para ajudar com suas transformações, e ele sabe como cuidar de
Jake se algo der errado. Você acha seriamente que eu respeitaria um
escravo assim? Nate, você não acha que acreditamos nisso, não é?
Nate tinha que ter alguma piedade do homem.
— Não, não se preocupe. Orion está apenas sendo protetor, mas
desde que você respeita muito minha opinião, estava sendo um babaca
por não querer que eu deixasse a mansão.
Glendon pareceu sufocar um pouco em sua próxima respiração.
Jake levou a caneca do café para a boca para esconder o sorriso.
Nate continuou enquanto ainda tinha impulso.
— O irmão de Orion voltou. Sei o que ele fez com Jake não
estava certo, mas há algo mais acontecendo aqui.
— Nunca vou perdoar Orin pelo que tentou fazer com Jake.
Nate assentiu.
— Não esperaria que o fizesse, então vai matar Milo para se
vingar de Orin? Ou podemos falar sobre o que vamos fazer?
Santa merda, Nate não podia acreditar em algumas das coisas
que estavam saindo de sua boca.
Claro, era conhecido por ficar irritado com os outros alfas da
casa, e com Parker, e às vezes com Trey ou Jake, mas nunca com
Glendon.
Glendon era uma das razões pelas quais Nate estava vivo, e
aqui estava falando com o homem como se ele fosse...
Como se estivesse sendo um idiota com o companheiro de Nate.
Ele fez sexo uma vez e, de repente, teve um aumento de
confiança. Quem sabia que isso seria possível?
Glendon suspirou, balançando a cabeça. Seu pescoço ainda
estava apertado e seus punhos ainda estavam cerrados. Parecia querer
dar um soco na mesa.
Milo estava incrivelmente quieto. Sentou-se entre Fergus e
Tierney. Nate provavelmente não deveria ter feito essa pergunta sobre
matá-lo porque agora o pobre homem estava tremendo positivamente.
— Tudo bem, vamos conversar então, — disse Glendon,
estreitando os olhos para Orion. — O que você sugere?
Orion olhou para Milo.
— Nós o mantermos aqui. Orin queria que Milo estivesse a salvo
e escolheu este bando.
— Ele também escolheu deixar este bando, — disse Glendon.
— Eu sei, — Orion parecia ter dificuldade em pensar no que
fazer com as mãos. — Mas algo está acontecendo. Ele estava claramente
mentindo para nós por meses por não ter encontrado nenhuma fazenda
de vampiros. Em algum momento encontrou uma, e achou conveniente
começar a trabalhar com eles. Um companheiro é a única razão pela
qual posso ver qualquer lobisomem que se preze fazendo algo assim. Ele
queria se aproximar para poder proteger seu companheiro. Queria
proteger Milo e esperar a chance de tirá-lo dali. Por tudo que sabíamos,
os vampiros sabiam o que Milo era para Orin e estavam segurando isso
contra ele o tempo todo.
O som da voz de Orion, e o jeito que seu rosto ficou vermelho,
disse a Nate tudo o que precisava saber sobre o quanto esse fato o
incomodava.
Nate não o culpava. Isso o incomodava também, se fosse ser
perfeitamente honesto consigo mesmo.
Tentou não olhar para Milo. O pobre coitado ainda parecia não
acreditar onde estava.
Como se esperasse que alguém quebrasse seu pescoço a
qualquer momento.
— Milo, você sabia que era o companheiro de Orin?
Milo saltou quando Glendon se dirigiu a ele, e então pareceu tão
completamente confuso que Nate queria pular na frente dele e protegê-
lo de mais perguntas.
Isso não ajudaria. Não importava o quanto Milo poderia estar
machucado, o quanto estava confuso, ou o quão inocente era. Esses
tipos de perguntas dolorosas eram exatamente aquelas que precisava
responder se fosse se curar e ajudar Orin.
Nate podia ver isso agora. Ele e Milo não eram tão diferentes, e
proteger Milo das duras realidades não o ajudaria.
Isso o destruiria.
— Eu não sei. Nunca tive um companheiro antes. Não sei como
é a sensação.
A voz de Glendon se suavizou. Tão bravo quanto estava com
Orion, parecia ter mais facilidade em conseguir o controle de si mesmo
do que Orion quando ainda estavam na cabana.
— A ideia por trás de ter um companheiro é que você só terá
um. O sentimento vem quando tem isso.
Nate tentou ser um pouco mais útil. Afinal, estava acasalado
com Orion, e a ignorar por mais tempo.
— Ter um companheiro significa que você gosta de estar perto
dessa pessoa. Significa que se sente seguro perto dessa pessoa e não
quer ficar longe dele.
Nate podia ver Orion olhando para ele pelo canto do olho.
Ignorou isso.
— Sente-se assim sempre que Orin está perto de você?
Nate sabia que se sentia assim sempre que Orion estava ao seu
redor.
Milo corou. Abaixou a cabeça e assentiu suavemente.
— Sim. Gosto quando ele está por perto. Ele... ele me manteve
seguro antes. Ele me ajudou.
— De que maneira? — Nate perguntou suavemente. — Você
pode nos dizer novamente sobre quando deixou cair a bandeja de café?
Milo repetiu essa história para Glendon e os outros alfas que não
a ouviram. Adicionou mais a isso, sobre o quanto estava ansioso para
ver Orin, o quão triste tinha sido sempre que o alfa tinha rosnado para
ele e mantido a distância.
Mas Milo sempre foi atraído por ele, sempre queria se
aproximar, apenas por esse sentimento de segurança.
Então falou sobre ter sido beijado por Orin antes de Orin deixá-
lo do lado de fora da cabana onde Orion e Nate estavam tentando ficar
juntos.
— Ele me disse que... não me lembro de suas palavras exatas,
eu estava atordoado, mas disse que a próxima pessoa com quem eu
estaria deveria me tratar bem.
Orion ficou tenso com isso. O mesmo aconteceu com Nate. A
mesa inteira teve uma reação a essas palavras.
— Por que ele diria isso se eu sou seu companheiro?
Nate não se lembrava de Milo revelar aquela parte da história
quando falaram dentro da cabana.
Olhou para Orion, que esfregou o rosto, um olhar de exaustão
vindo sobre ele.
— Ele disse isso porque planeja morrer em breve.
Orion hesitou, como se absorvesse suas próprias palavras, antes
de fechar os punhos sobre a mesa.
Cada caneca de café saltou, algumas se espalharam e ele se
levantou, xingando em voz alta antes de sair da sala de jantar.
Como se esse fosse o sinal que todos esperavam, cada alfa e o
ômega se levantaram.
Glendon seguiu rapidamente atrás de Orion, o que chocou Nate.
Abandonou sua caneca de café e foi com eles.
Não sabia o que o alfa estava prestes a dizer, e não se
importava. Orion era seu companheiro, e era trabalho de Nate consolar e
defender seu companheiro, no caso de Glendon falar imprudentemente.
Queria ser o único ali para ele.
Graças a Deus, não tinha nada com que se preocupar.
Nate viu a coisa toda quando Glendon estendeu a mão e
agarrou Orion pelo ombro.
Orion se virou e apertou o alfa. Glendon lhe deu um soco de
volta. Havia sangue em ambos os rostos, mas quando o rosto de Orion
abaixou, Glendon o puxou para frente em um abraço, os braços em volta
dos ombros um do outro.
— Nós vamos consertar isso, — disse Glendon. — Nós vamos
pegá-lo de volta.
Nate suspirou. Manteve distância, deixando o alfa confortar
Orion.
Talvez houvesse momentos em que um companheiro não era o
que era necessário para o conforto. Talvez às vezes um alfa precisasse
dar outro soco no rosto de um alfa antes que se abraçassem.
Nate não tinha certeza. Ele não era um alfa, mas sabia que era
hora de recuar e esperar por Orion vir até ele, quando estivesse pronto.
Orion esperou que Nate estivesse pronto para vir a ele por todos
esses anos, então era hora de Nate devolver o favor.

****
Orion encontrou seu companheiro na cozinha. Parker
conversava com ele enquanto a dupla esvaziava a lava-louças e colocava
uma nova carga.
Nate estava claramente irritado com a tagarelice de Parker. Pelo
menos não estava falando sobre videogames, ou Magic the Gathering,
mas agora estava falando sobre como era estranho e incrível ter Milo em
casa.
Era quase divertido o suficiente para Orion esquecer tudo o que
estava errado há tanto tempo.
Ele se aproximou de seu companheiro, envolvendo os braços em
torno de Nate por trás.
Nate ficou tenso, mas depois derreteu quando Orion pressionou
seus lábios na garganta dele.
Dois dias atrás, Orion nunca teria feito isso. Não só não teria
feito isso, mas teria rido se alguém lhe dissesse que lhe seria permitido.
— Parker, você quer nos fazer um favor e terminar isso para
Nate? Preciso falar com ele sozinho.
Parker piscou e assentiu. Corou, como se estivesse
envergonhado por ter sido pego fofocando sobre algo que preocupava o
irmão de Orion, mas Orion não se importava.
— Uh, claro. Sim, eu posso fazer isso, falo com você depois,
Nate.
Nate assentiu, embora parecesse cansado quando Orion o
afastou do outro homem.
Nate se acomodou sob o braço de Orion, suspirando.
— Obrigado por isso.
— Não sei porque não gosta de Parker. Ele não é tão ruim assim.
— Não, mas tudo o que faz é conversar. Posso entender por que
Fergus quer estrangulá-lo às vezes.
Orion assentiu, levando seu companheiro para o seu quarto.
— Glendon está conversando com Milo agora. Estamos tentando
identificar onde fica a fazenda de sangue.
Nate assentiu.
— Você acha que vai encontrar a tempo?
Deus, Orion esperava que sim.
— Talvez, mas de acordo com Milo, Orin o colocou no porta-
malas daquele carro antes de sair com ele. Acho que era a única maneira
que ele poderia contrabandeá-lo para fora da terra. Ele disse que não
estava no carro por muito tempo. Não mais do que meia hora antes que
fosse solto perto da nossa cabana. Isso nos dá um raio para trabalhar.
Nate assentiu e se animou ao perceber em que ala da casa
estavam, mas não disse nada.
Ainda não.
Orion queria esperar antes que ele tornasse óbvio o que estava
fazendo. O que precisava.
— Sinto muito, bebê, queria passar o Natal com você e ter esse
tempo só para você e eu, mas não posso agora. Preciso ir atrás dele.
Preciso te deixar sozinho aqui.
E Nate também estava se saindo muito bem. Fizeram um
progresso tão grande e ainda havia uma chance de fazer muito mais.
— É por isso que está me levando para o seu quarto?
Orion apertou os lábios antes de abrir a porta.
— Mais ou menos.
Nate hesitou brevemente, mas entrou.
— Não vou pedir para você fazer nada que não queira fazer, mas
Cristo, depois de hoje... preciso de você. Mesmo que só possa me deixar
te tocar, ou te abraçar, eu preciso de você.
Valia a pena mencionar novamente, então foi por isso que fez.
Mais uma vez, o lobo em sua cabeça rosnou em Orion. Dizia
para ele apenas pegar o que lhes pertencia.
Nate era o companheiro deles. Já tinham transado, e se Orion o
levasse, Nate iria gostar, então por que se conter?
Fez isso de qualquer maneira. Por mais que precisasse do
conforto de seu companheiro, não estava prestes a destruir o que
construíram naquela manhã sendo muito rude.
Então ficou satisfeito, e aliviado, quando Nate assentiu e veio
em seus braços, empurrando-se para os dedos dos pés e pressionando
os lábios na boca de Orion brevemente antes de se afastar.
— Isso está bom para mim. Você... você pode fazer o que
quiser.
Orion piscou, deixou o cérebro processar essas palavras e
suspirou.
— Graças a Deus.
Colocando as mãos atrás da cabeça de Nate, Orion se inclinou,
beijando o homem novamente, mais forte desta vez.
Capítulo Nove

Além de um toque na cabeça, Nate não sentiu nada da


ansiedade ou do medo que normalmente vinham apenas com o
pensamento de ser beijado e tocado assim por qualquer um.
Seu coração ainda latejava, mas não porque estava se
preparando para fugir. Sentiu-se um pouco sem fôlego, mas isso poderia
ser explicado pelo beijo em si.
Em suma, a forma como o corpo dele reagiu, o modo como se
empurrou contra o corpo de Orion, abrindo a boca e dando boas-vindas à
língua que deslizou para dentro, lambendo-o profundamente...
Tudo poderia ser explicado pelo quão bom foi. Quanto queria
isso.
Um dia sozinho com Orion tinha feito isso com ele. Nem mesmo
um dia, uma manhã, um foda no sótão de uma cabana alugada, e de
repente Nate sentiu como se tivesse brotado asas e aprendido a voar.
Se sentia livre, o que era uma sensação estranha porque nunca
tinha percebido antes como se tivesse sido algemado.
Seu pênis inchou. Orion puxou Nate em seus braços e, por
instinto, Nate enrolou as pernas ao redor da cintura do homem, seu pau
dado o atrito que precisava de seu jeans, bem como a pélvis de Orion.
Na verdade, não, isso foi... Nate podia sentir o pau de Orion
respondendo também. Santa merda, isso causou um arrepio no corpo de
Nate e tornou real o que havia concordado em fazer antes de sentir o
corpo dele cair na cama de Orion.
Ele ia fazer sexo. O tipo real de sexo. Nate ia deixar Orion fodê-
lo, e era exatamente o que queria, o que precisava.
Nate abriu o cinto de Orion e o jeans enquanto o homem
levantava a camisa sobre a cabeça.
— Voltarei para você em breve, — ele prometeu. — Depois que
conseguir Orin, voltarei para você. Não terá que lidar com isso por muito
tempo.
Nate assentiu, sabendo do que Orion estava falando.
Orion não queria deixar Nate sozinho com seu lobo feroz por
muito tempo. Não queria que Nate tivesse que lidar com isso por conta
própria.
Nate não achava que teria muito problema com isso. Ainda
sentia, mesmo agora, quando estava praticamente ronronando de prazer
quando Orion removeu suas roupas e o deixou nu. Ainda podia sentir o
temperamento do gatilho na criatura, ainda podia sentir sua raiva.
Mas foi diferente. Como se aquela raiva estivesse sendo abafada
através de um travesseiro. Podia até ser capaz de contê-lo enquanto
Orion estivesse fora.
— Deveria ter deixado você fazer isso há muito tempo.
Orion olhou para ele. As minúsculas cicatrizes que cruzavam o
peito e os ombros estavam mais claras contra o rubor de cor que parecia
consumir seu peito. Ele sorriu para Nate, suas mãos tocando o pescoço e
o ombro descobertos de Nate.
— Sim, você deveria.
Não foi uma reprimenda, e Nate fechou os olhos quando suas
bocas se encontraram novamente e Orion se empurrou para cima dele.
Nate passou os braços em volta dos ombros de Orion,
espalhando seus joelhos e segurando o homem perto enquanto Orion
empurrava seu pênis contra o dele.
Nate fechou os olhos, jogando a cabeça para trás e absorvendo
o prazer.
Estava com medo disso? Mesmo? Isto?
Isso era maravilhoso demais.
E queria mais. Queria muito mais.
Nate lembrou que provavelmente deveria estar fazendo mais do
que apenas ficar deitado ali e pegando o que estava sendo dado. Queria
que a espera de Orion fizesse valer a pena, e foi por isso que começou a
empurrar seus quadris para trás contra Orion. Seus paus deslizando
juntos de maneira desleixada. Houve o mais breve traço de pré-sêmen
que fez seus movimentos um pouco escorregadios. Tudo bem. Isso
tornou ainda melhor.
— Deus eu te amo. Assim. Fodido. Muito. — Orion falou entre
gemidos. Nate estava aprendendo rapidamente que gostava de falar
quando estava fazendo sexo.
E parecia que queria que Nate falasse um pouco, também, se
isso realmente iria o divertir.
Orion se apoiou em suas mãos, seus quadris ainda se movendo.
Olhou para Nate com aquele fogo vigoroso em seus olhos que fez Nate
se perguntar como diabos teve tanta sorte.
— Diga-me que você quer.
Nate assentiu.
— Quero isso.
Orion bufou para respirar.
— Diga. Diga que quer meu pau dentro de você.
Nate cerrou os dentes. Não teria que lutar consigo mesmo muito
duro para fazer isso. Era embaraçoso, mas se era disso que Orion
gostava, estava mais do que disposto a dar a ele.
— Quero seu pau dentro de mim. Quero isso muito. Por favor.
Os anos que passou se escondendo de seus instintos, se
escondendo de Orion, perdeu tanto tempo, e agora que ele e o outro
homem estavam aqui, nessa posição, o tempo perdido doía. Chegou a
Nate de tal forma que queria fazer qualquer coisa e tudo em seu poder
para compensar isso.
— Quero que me foda até que eu esqueça tudo sobre o tempo
que perdi. Até você fazer isso ir embora.
— Sem pressão. — Orion riu, mechas de seu cabelo escuro
começando a ficar na testa enquanto continuava a bombear seus
quadris.
Nate rosnou para ele, mas não porque estava tentando ser
ameaçador. Foi mais um gemido desesperado.
— Estou falando sério.
Precisava que o outro homem entendesse.
Orion pareceu perceber naquele momento que algo estava
definitivamente errado. Fez uma pausa, mas então o movimento de seus
quadris continuaram.
— Eu vou. Vou fazer com que todos esses anos nunca tenham
acontecido. Eles não importam. Você é a única coisa que importa para
mim.
Nate tremeu. Ele se abaixou, suas mãos segurando firmemente
as bochechas de Orion. Enfiou os dedos, ouvindo o leve gemido que
Orion soltou.
Queria machucar o homem. Nate estava cheio do instinto
repentino e estranho de colocar sua marca nele.
Era assim que Orion se sentia? Por todos esses anos? Com Nate
tão perto e tão longe? Ele queria colocar sua marca nele?
— Quero que você me morda.
Os olhos de Orion brilharam para um tom brilhante de
vermelho.
— Eu quero morder você.
Ômegas não precisavam morder seus alfas para um
acasalamento, mas Nate não se importava. Era simbólico, tanto quanto
estava preocupado.
Orion assentiu.
— Você pode fazer isso. Você pode fazer o que quiser, bebê.
Nate poderia ter levado isso um pouco demais para o coração.
Ele gemeu e o lobo surgiu. Não porque quisesse continuar o
ataque, mas deve ter ouvido a permissão dada para morder e agir por
impulso.
Isso estava bem com Nate.
Seus dentes de lobo saíram de suas gengivas tão rápido que
sentiu gosto de sangue. Nate se inclinou, apertando os dentes com força
do lado da garganta de Orion, e quebrou a pele.
Desta vez havia mais sangue em sua boca. Espirrou para
dentro, cobrindo seus lábios e língua, e ele gemeu.
Orion também.
Então Orion riu e bateu na cabeça de Nate.
— Não tão duro, bebê. Você não quer realmente me machucar,
não é?
Merda.
Nate se afastou, chocado consigo mesmo por ver a mordida que
deixou para trás.
Parecia confuso, meio assustador com todo o vermelho em um
lugar tão sensível. Orion não estava jorrando sangue, mas ainda assim...
— Eu sinto muito, eu... merda...
Orion o calou com um beijo. Os olhos de Nate se arregalaram e
congelou, mas isso não durou muito enquanto se derretia no toque da
boca de seu companheiro.
Estendeu a mão, com cuidado para não tocar na mordida. Ele
colocou as mãos no cabelo de Orion.
— Sinto muito, — disse novamente quando Orion recuou, mas
Orion continuou olhando para ele com aqueles olhos semicerrados, como
se fosse o gato que roubou o creme.
Ou o lobo que roubou a galinha.
— Não se desculpe. Eu gostei.
Ele estendeu a mão, os dedos mal tocando a ferida que Nate
havia deixado antes estremecer.
— Desculpe. — Nate não conseguia parar de se sentir culpado.
Então se sentiu um pouco nervoso.
— Você quer me morder agora?
Era assim que a marca da mordida se pareceria? Não tinha
certeza de quanto iria gostar se esse fosse o caso, mas estava mais do
que disposto a deixar Orion fazer o que precisava ser feito.
Nate queria essa mordida. Queria essa conexão, e ia conseguir,
mesmo que isso o matasse.
Esperava que não o matasse, mas o ponto ainda era o mesmo.
Orion riu para ele.
— Vou te morder em um minuto. Agora quero te preparar para
outra coisa.
Quando se afastou de Nate, levou seu calor corporal com ele,
junto com a sensação de abrigo que Orion tinha dado quando estava em
cima dele daquele jeito.
Nate quase cobriu seu pau com as mãos quando ficou exposto
novamente, mas Orion não foi muito longe. Na verdade, não saiu da
cama antes de se acomodar em cima dele com um pote na mão.
O calor surgiu no peito de Nate. Subiu em seu pescoço e rosto e
queimou em seus ouvidos.
Orion riu.
— Você deveria se ver agora mesmo.
Nate assentiu. Certo. Sabia o que era isso, e sabia o que iria
acontecer.
— Como... uh, como você me quer?
Orion honestamente pareceu pensar nisso por um momento.
Pegou os travesseiros.
— Levante seus quadris.
Mais uma vez, Nate ficou impressionado com a sensação de
constrangimento e vulnerabilidade, mas fez o que lhe foi dito.
Quase desejou que Orion simplesmente voltasse para cima dele
e empurrasse seu pênis contra ele. Pelo menos quando estava fazendo
isso, Nate estava tão perdido em seu prazer que não havia tempo para
se sentir envergonhado com o que Orion estava fazendo com ele.
Orion acomodou os dois travesseiros sob os quadris de Nate, o
que ajudou a manter sua bunda um pouco mais alta.
Pegou as coxas de Nate e levantou-as um pouco antes de se
acomodar contra o traseiro.
Nate podia sentir a cabeça do pau de Orion pressionando contra
sua bunda.
Era estranho, para dizer o mínimo, mas, ao mesmo tempo,
também era excitante. Nate estremeceu.
— Você diz a palavra, a qualquer momento que quiser, e nós não
fazemos mais nada, — disse Orion, sua voz profunda, quase um rugido
estrondoso.
— Mas tem que dizer. Se não me disser para parar, não vamos,
entendeu? Não sem essa palavra, porque estarei tão longe que qualquer
sugestão ou sinal de que você não queira mais vai voar sobre minha
cabeça.
Nate assentiu.
— Justo.
— Diga-me que entendeu.
Mais conversa na cama, mas era menos sobre sexo e mais
sobre as regras.
— Eu digo pare e paramos. Não digo pare e não vamos parar.
Ele não culpou Orion por precisar da palavra realmente falada.
Primeiro de tudo, não era um leitor de mente, mas os alfas geralmente
estavam em sintonia com o que seus ômegas precisavam.
Considerando quanto tempo esperou por isso, fazia sentido que
fosse um pouco mais obtuso para esse tipo de linguagem corporal.
Orion abriu a tampa com os dedos. Derramou um pouco do gel
liso em sua mão, molhando os dedos.
Cada segundo que passava era um segundo mais perto disso, a
essa coisa que Nate estava esperando sem saber que estava esperando
por isso.
Orion parecia finalmente entender que isso era algo que queria
porque, quando pressionou os dedos contra o ânus de Nate, não parou,
e não olhou Nate nos olhos para verificar mais uma vez se isso estava
bem com ele. Apenas empurrou dois dedos grossos para dentro.
Nate se apertou com força. O choque da penetração quase o
derrubou.
Não tinha certeza do que esperava que fosse. Sabia que iria
doer, mas não achava que seria a dor terrível e horrível que sentiu de
seu primeiro alfa.
Não, isso foi outra coisa. Essa dor era... administrável. Foi mais
como uma sensação de queimação.
— Relaxe bebê. Tente relaxar.
Nate engoliu em seco, assentindo. Orion estava certo. Nate
enrijecendo seu corpo assim não estava fazendo nenhum favor a ele.
Mas não conseguia se forçar a parar.
Ele se concentrou em sua respiração. Dentro e fora. Este era
Orion com quem estava aqui, e não tinha nada a temer deste homem.
Tudo estava bem, e não tinha que estar em tanta tortura e angústia.
Nate queria isso. Queria seu companheiro. Queria ser normal.
Não teve que forçar a sensação, mas acabou chegando a ele.
Seu corpo logo relaxou. Os músculos tensos em seus ombros, costas,
braços, pernas e bunda suavizaram-se.
Isso permitiu a Orion maior liberdade para se mover. O homem
suspirou, como se aliviado, e apertou os dedos ainda mais fundo do que
antes.
Não que tenha os empurrado profundamente. Foi que mexeu os
dedos ao redor, puxou-os para trás, adicionou mais lubrificante e, em
seguida, empurrou-os para dentro novamente.
Logo não houve dor alguma. Havia prazer, um pouco de
vergonha por ter seu ânus tocado, mas isso era quase mundano.
Pela décima milésima vez, Nate não acreditava que estivesse
com medo disso. Era estranho, mas fosse o que fosse, iria com esse
sentimento porque era realmente muito bom.
Nate curvou os quadris para cima e para frente, puxando os
dedos mais fundo dentro de seu ânus, testando seus limites e
apreciando o olhar no rosto de Orion quando o homem encontrou seus
olhos.
— Isso é bom, — disse Nate.
Orion gostava quando falava, afinal, Nate achava que deveria
dar ao homem algumas críticas positivas.
Não foi positivo o suficiente, aparentemente.
— Apenas bom?
Nate piscou. Ele não entendeu, mas Orion fez algo com os
dedos. Tesourou e depois os curvou. Procurava por algo, e Nate
imaginou que Orion estava procurando por sua próstata, mas não achava
que iria encontrá-lo quando de repente as luzes explodiram atrás de
seus olhos.
Não apenas atrás de seus olhos, sob sua barriga e em suas
bolas. Nate sentiu aquele apertado aperto acontecer por todo o corpo
mais uma vez, e não havia nada que pudesse fazer para pará-lo quando
a onda de prazer explodiu dele.
Calor jorrou em sua barriga quando gozou. Resistiu e se
contorceu, seu corpo tremendo fora de seu controle no que era de longe
o melhor orgasmo que já teve em sua vida. Ainda melhor do que quando
Orion deixou Nate fodê-lo.
Orion teve que realmente pressionar a mão no peito de Nate,
impedindo-o de sair da cama.
— Isso é o que eu preciso.

Capítulo Dez

Orion não conseguia parar de encarar seu companheiro quando


Nate gozou. Não tinha certeza se Nate tinha se incomodado em brincar
com ele assim, mas com certeza gemia e resistia como se não tivesse,
como se fosse a primeira vez em sua vida que teve um orgasmo por ter
sua próstata tocada.
Orion tinha certeza de que não deveria ter sido o caso. Nate
tinha se masturbado antes. Orion sabia que isso era verdade, mas isso...
— Deus, queria que você pudesse se ver agora mesmo. — Nate
não parecia prestar atenção em nada que Orion dizia enquanto piscava e
lutava para se recompor depois disso.
— Você aperta tão apertado em volta dos meus dedos. Cheira
como casa. Sabe o que faz comigo?
Nate olhou para Orion com aqueles olhos vidrados, como se
estivesse tentando olhá-lo através de uma névoa espessa.
Orion não podia mais ajudar. Ele se inclinou e apertou a boca
para Nate, beijando-o brevemente na boca, engolindo a boca de seu
companheiro com o mais breve toque de sua língua antes de puxar sua
boca para longe.
Beijou o peito de Nate, e porque queria provar o homem ainda
mais, lambeu o sêmen quente em seu peito e barriga.
— Não, — Nate gemeu.
Orion olhou para seu companheiro, apavorado que lhe dissesse
para sair de cima dele, que Nate pegaria suas roupas e sairia daqui.
— Você está me dizendo para parar?
A garganta de Nate trabalhou enquanto engolia.
— Estou dizendo para não lamber isso. É nojento.
Isso era o que ele pensava?
Pelo menos Orion podia respirar agora. Deus, pensou que estava
prestes a ter um pequeno ataque cardíaco.
— Nada pode ser nojento sobre você, — disse ele, e para
provar isso, lambeu outro ponto de sêmen no estômago magro de Nate.
— Mas... isso é... isso é estranho.
Orion riu, deixando suas mãos ásperas acariciarem a pele lisa
de Nate. Suas coxas e quadris eram perfeitas. Orion nunca tinha visto
nada melhor em alguém em toda a sua vida.
— Foi estranho quando você engoliu meu sêmen? Você me
chupou esta manhã. Ou esqueceu?
Nate poderia ter corado. Orion não podia ter certeza porque ele
já estava todo vermelho.
— Isso foi diferente. Eu estava... você sabe.
— Eu amo como você é inocente. Pode dizer. — Orion pegou o
pau de Nate na mão. Ainda estava meio duro.
Iria ficar totalmente duro em apenas um minuto.
O peito de Nate soltou quando Orion o acariciou. O olhar em seu
rosto era exatamente o tipo de olhar que queria ver.
Luxúria.
— Vamos lá, pode dizer isso. Você me engoliu quando me
chupou.
— Eu... eu engoli... — Nate pressionou os lábios. — Não posso
dizer isso.
Orion sorriu.
— Isso é bom. Você ainda ganha um A+ pelo esforço.
O corpo de Nate se contraiu um pouco quando ele riu. Orion
estava feliz que ainda podia fazer seu companheiro rir.
Fazer Nate rir sempre fazia parte de sua missão.
Orion pegou o lubrificante novamente.
— Não posso mais esperar, bebê.
Nate assentiu.
— Quero você. Quero sentir como é.
Orion derramou mais lubrificante em sua mão. Acariciou seu
pau até que ficou brilhante e escorregadio.
Ele teve que respirar profundamente, caso contrário, poderia ter
gozado com o quão tenso estava.
Orion sempre foi confiante na cama com todos os seus amantes.
A última vez que se preocupou com seu desempenho foi a primeira vez
que ele brochou com alguém. Isso foi há tanto tempo que mal conseguia
lembrar como era essa pessoa.
Orion sentiu um pouco dessa ansiedade de desempenho agora.
Finalmente, finalmente estaria dentro de seu companheiro. Iria
fazer a alegação que precisava antes de sair correndo e encontrar seu
irmão idiota.
Queria dar a Nate algo bom para pensar de novo. Não queria
que ele se lembrasse desta noite como algo doloroso ou desajeitado.
Não. Não seria nenhum dos dois. Sabia o que fazer, e ia acertar
isso.
Pressionou a cabeça lisa contra o ânus esticado de Nate. O
homem apertou de novo, seu instinto de se proteger contra a invasão
pendente.
Foi por isso que Orion esperou. Esperou que esse sentimento
diminuísse. Esperou o corpo de seu companheiro relaxar.
— Posso fazer isso, — disse Nate.
Orion sacudiu a cabeça.
— Ainda não.
Ele foi paciente por tanto tempo. Poderia esperar mais alguns
minutos enquanto Nate se preparava.
Nate queria estar pronto, mas se esforçar e mentir sobre se
poderia ou não lidar com isso agora iria arruinar o momento para ambos.
Orion deslizou a cabeça do seu pau contra o ânus de Nate.
Queria provocar o homem um pouco, queria fazê-lo se sentir bem
massageando seu ânus.
Pareceu funcionar.
Nate soltou um pequeno gemido. Mordeu o lábio inferior, e não
havia nenhuma maneira no inferno que percebesse o quão bom parecia
enquanto fazia isso.
— Você é tão lindo.
Orion continuou fazendo isso. Foi bom ter as bochechas de Nate
pressionadas contra seu pênis. Estar dentro dele seria melhor, mas não
se importava com a provocação enquanto preparava seu companheiro.
— Quero você, — implorou Nate. — Por favor.
Palavras que Orion havia sonhado. Suas bolas ficaram
dolorosamente apertadas e foda-se. Orion não era o super-homem. Não
podia mais segurar, e precisava disso.
Agarrou a coxa de Nate, levantando uma das pernas sobre o
ombro de Orion.
— Eu te amo, amor.
Orion não tinha certeza se estava dizendo isso porque era
verdade ou porque queria que Nate tivesse algo para segurar enquanto a
dor do pênis de Orion o quebrava.
Os olhos de Nate arregalaram, e então ele os cerrou novamente,
pressionando os lábios juntos quando a dor o atingiu.
Claro que iria machucá-lo. A última vez que tinha sido fodido
tinha sido pela força, e isso tinha sido há muito tempo, poderia muito
bem ser virgem agora, considerando o quão apertado seu corpo era.
Foi por isso que Orion não entrou, embora provavelmente fosse
assim para Nate.
Orion foi lento. Primeiro a cabeça do seu pau estalou através do
anel do músculo. Nate soltou um grito agudo, como se o pior estivesse
atrás dele, mas seu corpo ficou tenso enquanto Orion deslizava
centímetro após centímetro dentro dele.
Levou longos minutos antes que fosse profundo, o corpo de
Nate se apertando ao redor dele, como se tentasse desesperadamente
impedi-lo de se mover.
Todo o tempo, Orion esperou por aquela palavra. Isso nunca
veio.
Ele não se mexeu. Não se atreveu a se mover e, eventualmente,
Nate respirou.
— Oh foda-se.
Ele engasgou então olhou para Orion.
— Seus olhos estão vermelhos.
Orion assentiu. Não duvidava disso. Seu lobo interior estava
enlouquecendo. Na verdade, quando se preocupou em prestar atenção
em como ele estava, viu o pelo crescer ao longo de seus braços. Suas
garras também estavam saindo.
Orion estendeu a mão, tocou sua boca e, sim, suas presas
estavam fora e tudo.
— Foda-se, — engasgou, sua voz quase soando humana. Ele
tentou rir.
— Me dê um segundo. Vou colocar tudo isso a distância.
— Não.
Nate agarrou os braços de Orion, pelos e tudo.
— Continue assim.
As orelhas de Orion se agitaram. Ótimo, suas orelhas de lobo
estavam fora e tudo, mas isso não importava quando olhou para Nate.
— Você tem certeza?
Não sabia muitos detalhes. Nate compartilhou algumas coisas
ao longo dos anos, mas não muitas.
Pelo que Orion entendeu, o primeiro alfa de Nate o havia levado
assim. Meio lobo, meio homem. Orion não tinha certeza de qual seria o
propósito disso, a menos que não tivesse sido deliberado, mas tinha sido
uma das razões pelas quais Nate teve problemas em se misturar com os
alfas nesta casa quando foi trazido aqui pela primeira vez.
Ele não gostava de shifters. Nem gostara de Orion.
Nate engoliu em seco, e aquela expressão envergonhada voltou
para ele quando abaixou a cabeça um pouco. Parecia que estava
tentando afundar no colchão para desaparecer, se Orion já não estivesse
dentro dele.
— Eu... quero que você faça assim. Não quero ter medo de você
quando estiver assim. Quero dizer... merda, isso é um assassino de
humor, não é?
O sorriso de Nate parecia frágil, como se estivesse pronto para
quebrar a qualquer momento.
Orion inclinou os quadris um pouco, deixando o homem menor
sentir por si mesmo como ele definitivamente não estava matando o
clima.
— Definitivamente não. — Empurrou novamente, rangendo os
dentes através do prazer. — Confie em mim, você não pode matar o
clima, mesmo se tentar.
Nate sorriu para ele.
— Nem mesmo se eu dissesse essa palavra mágica?
— Espertinho.
Quanto mais e mais Orion se movia, mais convencido estava de
que Nate não pronunciaria essa palavra.
Manteve seus movimentos lentos. Tudo dentro dele gritava para
foder seu companheiro duro e rápido. Para fazer a besta uivar por
misericórdia.
Não fez isso. Manteve a velocidade, permitindo que o corpo de
Nate continuasse se ajustando.
Nate gemeu baixinho, apertando as mãos nos lençóis. Isso foi
fofo. Parecia estar tentando conter seu prazer.
Ou, melhor ainda, que não sabia o que fazer com o prazer que
recebia.
— Is-isso parece... muito bom.
Orion sorriu.
— Esse seria o ponto, bebê.
Nate rosnou para ele.
Orion amava esse som. Estremeceu, suas mãos deslizando para
cima e para baixo na perna e na coxa de Nate.
— Quero tocar em você todo. Quero você todo o tempo do
mundo. — Orion gemeu. Seus movimentos estavam acelerando, mas
não conseguia se conter. Estava naquele subespaço de prazer onde o
lado do instinto assumiu.
Todas as noções anteriores de ter calma com Nate, sobre dar ao
homem uma chance de se ajustar, estavam sendo jogadas pela janela.
E, felizmente, Nate não pareceu se importar. Em um ponto,
levou a mão à boca, como se tentasse conter os barulhinhos doces que
fazia.
Não, não está acontecendo. Orion precisava ouvir cada sílaba.
Puxou a mão de Nate, adorando o olhar semicerrado de seus olhos, o
quão nublados estavam, e como seus lábios se separaram quando ele e
Orion se encararam.
Nate estendeu a mão para ele, e Orion quase dobrou seu
companheiro ao meio quando foi encontrá-lo, beijando-o, engolindo seus
gemidos quando Nate deixou tudo ir e empurrou de volta contra Orion,
impotente, seu corpo precisando de prazer.
Orion também fez isso. Rosnou como se o animal estivesse no
controle total. Nate agarrou o pelo que crescia em ambos os lados do
rosto de Orion como uma barba desgrenhada, e quando Orion entrou em
seu companheiro, algo surgiu em sua mente.
Algo saindo e uivando para o mundo inteiro ouvir.
Seu companheiro estava aceitando-o. Agora era a hora. Tinha
que terminar. Fazer a reclamação!
Os dentes do lobo de Orion já estavam fora. Só tinha que se
mover para o pescoço de Nate e...
Nate gritou quando Orion fez a mordida. Mesmo que
impulsionado pelo instinto, e ainda fodendo-o para ordenhar cada gota
de seu prazer, Orion ainda tinha controle suficiente para evitar morder
muito profundamente.
O corpo de Nate se apertou ao redor de Orion, e seu pênis se
agarrou tão docemente antes que Orion sentisse a corrida do orgasmo
de Nate entre eles.
Orion se abaixou, os dentes ainda no pescoço de Nate, e pegou
o pênis de seu companheiro na mão, acariciando o homem enquanto
empunhava sua mão.
Com a outra mão, Orion teve que segurar Nate o mais imóvel
possível.
Não queria que Nate se agitasse muito quando os dentes de
Orion estavam em sua garganta.
Isso poderia acabar mal.
Por sorte, o orgasmo de Nate terminou rapidamente. Seu corpo
relaxou sob o de Orion e, enquanto Nate respirava, Orion soltou os
dentes da carne.
Olhou para o homem, o cheiro de almíscar pesado no ar.
Nate piscou de volta para ele, como se estivesse se perguntando
o que no mundo acabara de acontecer.
Felizmente, através do suor e da cor, o cheiro do sexo, Nate
sorriu para ele.
Orion sorriu de volta, ainda dentro dele, e o beijou, segurando-
o.
Nate segurou Orion de volta como se nunca quisesse deixá-lo ir.
Pela primeira vez desde que se conheceram, Orion se sentiu
bem e verdadeiramente em paz.

Capítulo Onze

— Odeio te deixar tão cedo assim.


Nate sorriu, agindo corajoso e forte, embora realmente, não
estava gostando muito disso também. — Vá e pegue seu irmão. Então
volte para mim. — Uma onda de bravura o atingiu, e apesar de seu
corpo aquecer com a ideia de dizer isso, Nate disse isso de qualquer
maneira. — Quero uma repetição do que você fez no andar de cima.
Os olhos de Orion brilharam vermelhos. Não estava mais
parecendo algo entre um lobo e um homem. Era muito homem em sua
jaqueta de couro, jeans e botas. Ele e Glendon estavam indo para
rastrear Orin. Iam tentar trazê-lo de volta.
Orion precisava de seu irmão, e não importava quanto
progresso ele e Orion tinham feito, Nate não pensaria em vir entre seu
companheiro e irmão.
— Serei o mais rápido que puder.
— Não. — Nate levantou a mão, bloqueando a boca de Orion
enquanto se inclinava para outro beijo. O homem recuou, uma expressão
levemente ferida no rosto por Nate tê-lo negado.
Nate passou os dedos pelo cabelo de Orion. Estava solto. Ainda
não tinha colocado de volta em sua trança ou até mesmo um rabo de
cavalo depois de Nate ter estragado tudo na cama.
— Não?
— Não volte rápido. Volte com seu irmão. Leve o tempo que
precisar. Ainda estarei aqui esperando por você.
O alívio nos olhos de Orion era óbvio.
Nate nunca seria forte fisicamente, mas poderia ser forte
emocionalmente. Poderia lidar com estar longe de Orion se fosse
importante para o outro homem.
— Tudo bem, e se você sentir o seu lobo saindo, você deixa um
dos caras saber, entendeu?
Nate assentiu e, embora tivesse esperanças depois de Orion
reivindicá-lo, sabia que ainda poderia ter um episódio.
Seu lobo estava dormindo pacificamente dentro de sua cabeça
agora. Pela primeira vez desde que Nate mudara, não sentia raiva
profunda, não precisava atacar, se defender.
Era como se o animal tivesse se enrolado para tirar uma soneca
e depois inesperadamente expusesse sua barriga.
Ainda assim, Nate não ia forçar sua sorte.
— Vou ficar bem. Prometo.
Orion soltou um suspiro e se inclinou para um beijo. Desta vez,
Nate deixou.
Quando se afastou e se dirigiu para o SUV, Jake se afastou de
Glendon. Também estava dizendo adeus ao seu companheiro.
Nate sentiu um pouco de pena de Jake. Sabia que Glendon não
queria deixá-lo apenas no caso de Jake dar à luz cedo, mas não poderia
ser evitado.
Glendon era o líder do bando e Orin precisava ser levado à
justiça. Tinha que responder por seus crimes. Todos acreditavam que
Milo era seu companheiro, mas isso não poderia ser confirmado sem Orin
aqui.
Milo também assistiu ao processo, ainda parecendo nervoso e
pequeno.
Nate não foi tão gentil com Parker. Talvez pudesse começar de
novo com Milo.
Glendon buzinou quando ligou o SUV. Acenou para Jake, e Orion
acenou para Nate quando o veículo girou na neve e desceu a estrada.
Nate ficou lá, observando seu companheiro ir. Não abaixou a
mão até o SUV estar fora de vista.
— Devemos ir para dentro, — disse Tierney. — Vai estar frio
hoje à noite.
— Será que Orin vai ficar bem? — Milo perguntou suavemente.
Ele já tinha sido informado do que Orin tentou fazer com Jake,
mas ninguém sabia exatamente o que Glendon faria com Orin quando os
dois homens se encontrassem.
— Tenho certeza de que ele vai ficar bem, — disse Nate. — Meu
companheiro é irmão de Orin. Não deixará que nada de ruim aconteça.
Orion era o melhor. Cuidava das pessoas que amava.
Ótimo. E já sentia falta dele. Seria difícil esperar que voltasse.
Nate foi para Milo. O homem parecia menos nervoso quando ele
aparecia. Achou isso uma coisa boa.
— Quer algo para beber? Posso fazer um chocolate quente para
você.
Todo mundo gostava de chocolate quente.
— Posso fazer isso para você, — disse Milo rapidamente.
Nate balançou a cabeça, mas não pôde deixar de sorrir quando
ele e os outros entraram.
— Vou ter que te ensinar como é ser um convidado. Nesta casa,
eu te sirvo. Essas são as regras.
Além disso, Nate não queria que ninguém mexesse na sua
cozinha.

Parker observou Nate se aproximando de Milo, o cara novo, e


ele não pôde deixar de sentir uma onda de ciúmes.
Fergus cutucou seu ombro.
— Qual o problema com você?
Parker enviou ao seu alfa um olhar afiado.
— Passei todo esse tempo tentando fazer amizade com Nate.
Pensei que era apenas o tipo de cara que gostava de estar sozinho, e ele
já é o melhor amigo de Milo. Tipo assim, sério?
— Sim, aparentemente, — disse Fergus, zombando de seu
discurso.
— Foda-se.
— Eu vou, se você quiser.
Parker ficou tenso. Fergus sorriu para ele, o canto da boca
subindo, mostrando o branco de suas presas.
O coração de Parker acelerou.
— Uh, não obrigado.
Isso vinha acontecendo ultimamente. Jake disse que era porque
Fergus tinha sido o único a morder Parker, que havia mudado Parker e
agora Parker precisava de Fergus para impedir que seu novo lobo interior
ficasse selvagem e feroz.
Isso significava que precisavam passar tempo juntos. Às vezes,
Parker precisava dormir na cama de Fergus.
Fergus queria fazer sexo com Parker. Já havia beijado Parker,
mas Parker...
Ele era hetero. Gostava de seios e vagina. Sempre gostou.
Exceto que a estúpida dinâmica alfa-ômega que tinham estava
fazendo alguma coisa para a cabeça de Parker. Algo que não podia
controlar.
Algo que não gostou.
Fergus riu como um maníaco. Deu um tapa nas costas de
Parker. Doeu e o mandou alguns passos para frente, mas conseguiu ficar
de pé.
— Eu só estou brincando com você. Não se preocupe. Não vou
desflorar você.
— Sim, bem... — Parker parou brevemente. — Ok, espere um
minuto, o que faz você pensar que, se eu deixasse você fazer qualquer
coisa, eu seria o único a ser fodido?
O sorriso de Fergus parecia quase mal.
— Confie em mim, seria o único fodido. Também gostaria muito.
— Eu não faria isso! — Parker sentiu seus pelos internos se
erguerem.
Seu lobo estúpido começou a babar dentro de sua cabeça. Como
se o pensamento fosse atraente.
Se Parker pudesse, teria enrolado um jornal e golpeado o
animal idiota.
Fergus encolheu os ombros, como se não tivesse importância.
— Não importa de qualquer maneira porque você e eu temos
mais lições para aprender.
Parker gemeu. Seguiu atrás do homem, sabendo que estavam
indo para o ginásio.
— Mas estou cansado! Nós passamos por exercícios a semana
toda!
— E você ainda não consegue se livrar de uma chave de braço.
— Provavelmente poderia. Você é enorme. Não é uma luta justa.
Eles foram para as escadas, descendo-as.
— Nenhuma luta será justa. Se espera que uma batalha de vida
ou morte seja justa, então não posso salvá-lo. E pare de reclamar. Você
é um homem adulto.
— Não estou reclamando, — Parker murmurou.
Odiava a academia. Tanto quanto estava preocupado, era
apenas uma desculpa para Fergus bater nele tanto quanto gostava.
Parker não achava que estava aprendendo nada e sempre deixava o
ginásio cansado e faminto.
— Vá entrar em suas roupas. Estarei esperando aqui.
— Você não precisa usar roupas de ginástica?
Fergus usava basicamente a mesma coisa que Parker. Jeans e
uma camiseta. A única diferença era que vestia sua jaqueta de couro e
botas, e sua camiseta era preta e esticada sobre as montanhas de
músculos em seu peito.
E Parker não pensaria em seu peito ou músculos.
— Não. Você é o único que sempre se esforça. Nenhum ponto
para eu mudar de roupa.
Parker olhou para Fergus.
— Você é tão babaca.
O canto da boca de Fergus parou, como se estivesse se
preparando para pegar seu trunfo.
— Uh-huh, um babaca faria isso?
Ele puxou o lado da jaqueta e tirou algo. Uma grande coisa.
Parker achara que a maioria era seus músculos ou talvez seus
punhais.
Não. Quando Parker percebeu o que era, correu para o homem
e agarrou a caixa.
Fergus não o deixaria pegar.
— Olhe com os olhos, não com as mãos.
— Você não comprou um deck de baralho de Magic The
Gathering.
— Eu fiz. Tenha em mente que não me importo com este jogo
estúpido ou qualquer uma das merdas que você faz. Perguntei ao cara
atrás do balcão. Isto é para principiantes...
— Eu não me importo! É para mim?
Ele olhou para Fergus. Tinha que ser. Este não poderia ser outro
truque cruel. Fergus rosnou para ele, arrancando a caixa das mãos de
Parker e colocando-a de volta em sua jaqueta, fora de vista.
— Para você e para mim. Também peguei esses pacotes. —
Abriu o outro lado da jaqueta, revelando pelo menos dez pacotes
completos de cartas do jogo. Alguns eram para tipos diferentes de mana
e seria difícil jogar com outra pessoa, mas Parker também não se
importava com isso. Poderia encontrar uma maneira de fazer o trabalho
com o que Fergus tinha fornecido.
— Impressione-me hoje e vou deixar você me ensinar como
jogar este jogo estúpido.
Parker não conseguiu jogar nenhum de seus jogos por mais
tempo. A última vez que tentou voltar ao seu canal do Twitch para fazer
qualquer invasão em Destiny, foi ferrado por seu lobo querendo sair.
Então foi proibido de seu computador por um tempo.
Não jogava Magic há muito tempo, mas ainda conhecia as
regras, exceto que seu deck havia sido deixado para trás quando ele e
Jake se mudaram para cá. Parker não via isso há meses, e a ideia de
jogar, com qualquer um, até mesmo Fergus, era muito atraente.
— Vou te impressionar. Vou rasgar você em pedaços para chegar
naquele baralho.
Fergus sorriu para ele.
— Bom. Já era hora de eu ver esse lado do seu lobo. Agora vá
se vestir antes que eu mude de ideia.
Parker não poderia ter voado para seu armário e o banheiro
mais rápido.
Talvez Fergus não fosse um babaca completo, afinal.

FIM

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