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Guerra Alfa 5

O Anjo de Milo
Marcy Jacks

Milo não se lembra de uma vida normal fora da fazenda. A


fazenda de sangue de vampiros. Sabia que nada lá estava certo, que
havia algo lá fora melhor para ele, mas nunca teve a chance de escapar,
ou conhecer uma vida melhor. Seus sentimentos por Orin, o lobo
dominante que chegou do nada, que olhou para Milo com tanto calor, o
fez querer viver de novo.
Quando Orin leva Milo para fora da fazenda de vampiros, sabe
que não pode esperar algo com o outro homem. Um beijo é o suficiente
para deixar Milo saber que é diferente.
E então Orin o abandonou.
Desolado, Milo nunca pensou que o veria novamente, então,
quando Orin volta, quebrado e à beira da morte, ele fará o que precisa
ser feito para devolver o favor ao seu companheiro e obter suas
respostas. Orin o salvou, Milo agora precisa salvar Orin.
Capítulo 1

O fogo estava perto o suficiente da pele de Orin que o queimou.


Isso machucou. Mas se forçou a ficar parado, forçou a criatura em seus
braços a se aproximar das chamas, mesmo que isso também o estivesse
machucando.
Valia a pena.
— Deixe-me ir! Deixe-me ir! Criatura! Criatura imunda!
O vampiro amaldiçoou, arranhando e cuspindo enquanto Orin se
aproximava da maior parte do fogo. Onde tinha despejado a maior parte
da gasolina.
Cheirava como se uma casinha tivesse explodido nas
proximidades. Sangue de vampiro sempre cheirava a merda, mas não se
importava com isso também ou com o fato de que estava coberto dessa
coisa.
Isso era por Milo. Por seu companheiro. Quando Orin morresse,
iria se redimir e Milo estaria livre.
Orin se empurrou para o fogo com sua presa. O vampiro gritou
quando segurou seu rosto nas brasas, as chamas lambendo suas mãos e
o rosto do vampiro, queimando seus cabelos.
O vampiro gritou. Orin gritou com ele. Isso machucava! Queria
deixá-lo ir e recuar. Nunca soube que tinha esse tipo de força de vontade
para continuar, mas estava lá, e não ousou parar.
Não até o vampiro deixar de se mover. Mesmo assim, Orin não
se deixaria puxar para trás, não até ter certeza de que o outro homem
não estava fingindo.
Então recuou, sua adrenalina descendo e a dor queimando com
isso.
Orin caiu de volta na neve. Pressionou o rosto em uma poça
limpa e sem sangue. Agora seu rosto estava frio, mas suas costas
pareciam estar em chamas.
Talvez estivessem. Orin rolou de costas. Tudo estava claro,
apesar do fato de que era noite.
Só queria que a idiota, Rainha Zoella, estivesse aqui. Poderia tê-
la matado também.
Não, claro que não. Ela tinha partido em algum momento
naquela manhã, como se soubesse que Orin voltaria.
Como se soubesse que iria traí-la quando as pessoas da fazenda
acordassem e soubessem que Milo escapara.
Milo fora a única razão pela qual Orin ficara. A única razão para
trair sua matilha, seu irmão.
Embora todo o seu corpo ardesse com o calor, o lobo de Orin
ofegava com a língua pendendo.
Deus, se sentia bem em matar vampiros novamente. Melhor
ainda abrir o celeiro e soltar todos os humanos e ômegas mantidos
prisioneiros ali.
Fazendas de sangue eram repugnantes. Orin estava nojento.
Estava coberto de sangue de vampiro e...
E tentou matar o companheiro de seu melhor amigo.
Orin olhou para as estrelas. Seu batimento cardíaco pareceu
diminuir. Não sabia se era porque estava relaxando ou estava morrendo.
As estrelas eram lindas. Esperava que Milo estivesse olhando
para elas hoje à noite. Um beijo não foi suficiente, não o suficiente para
satisfazer, mas pelo menos estava livre. Milo não era mais um
alimentador da rainha, e os outros ômegas e humanos estavam no
mundo. Iriam até a estrada, pedir ajuda, e os humanos esqueceriam o
que havia acontecido com eles.
Humanos eram engraçados assim. Um vampiro poderia assobiar
em seus rostos, alegando ser um vampiro, mostrar os dentes e tudo, e o
humano voltaria a brincar com seus smartphones, pensando que um
gótico estava apenas sendo fofo.
Milo não iria esquecer. Lembraria disso pelo resto de sua vida.
Ele era tão fofo. Orin conheceu o homem sob estrelas como
esta. Na primeira noite, descobriu a propriedade, se escondeu, ficou
espreitando, procurando o lugar certo para atacar.
Em algumas mechas, o cabelo de Milo parecia mais vermelho do
que realmente era. Na verdade, era ruivo, mas naquela noite, parecia
em chamas.
Como agora mesmo.
O fogo se aproximava, ameaçando consumi-lo, e estava tão
cansado que mal conseguia se importar.
Cabelo cor de fogo, fogo, quente e as estrelas. Esta era uma
boa maneira de morrer. Poderia estar sendo egoísta, mas Orin realmente
esperava que Milo não o esquecesse. Tinha trabalhado tão duro para
garantir que o ômega não o notasse muito, mas não podia resistir a dar
um beijo no homem menor antes de abandoná-lo na porta de seu gêmeo
e, em seguida, sair de lá antes que pudesse mudar de ideia.
Quase podia ouvir seu irmão agora, chamando por ele. Gritando
por ele. Orin só queria ir dormir.

Milo segurou seu coração. A dor que sentia ali... doía. Não
apenas uma dor leve, mas era poderosa. Sentiu a onda de calor em todo
o corpo, no rosto e no peito.
Afastou-se da janela. Tinha levantado porque não conseguia
dormir.
Toda vez que tentava dormir, sonhava com Orin. Sonhava com
Orin tocando-o, mãos quentes por toda a pele de Milo, seus lábios
acariciando cada centímetro dele antes de tomar seu pênis na mão e...
Nada. O sonho nunca terminava, e Milo sempre acordava com o
pau duro e sentindo como se não houvesse nada que pudesse fazer
sobre isso. Tocar-se nunca ajudava, nunca ficava satisfeito, e só o
deixava doendo pela única pessoa que não estava aqui para ele...
Foi por isso que estava olhando para as estrelas depois de sair
da cama. Agora seu coração queimava de dor, como se um fogo tivesse
surgido dentro dele. A queimação era... era muito. E não gostou.
Talvez tivesse comido algo ruim. As pessoas nesta casa
pareciam determinadas a alimentar Milo até ele ficar gordo, afinal de
contas.
Milo não se sentiu à vontade para sair do quarto a esta hora.
Recebera tantas coisas boas desde que Orion o trouxera até aqui. Irmão
gêmeo de Orin.
Orion não tinha sido legal no começo, mas foi muito mais gentil
do que qualquer outro com Milo ao longo de sua vida, e o companheiro
de Orion, Nate, foi ainda melhor.
Milo não gostava de ficar esperando. Nate não gostava de
ninguém em sua cozinha, mas estavam lentamente chegando a um
acordo naquilo.
Milo saiu do quarto, caminhando pelo corredor em direção à
cozinha para tomar um pouco de água.
Tierney, outro alfa que morava nessa casa, havia se desculpado
pelo tamanho de seu quarto e por não haver banheiro anexo.
Milo mal notara isso. Na verdade tinha ficado chocado com o
tamanho do seu quarto em geral. Era adequado para a realeza, tanto
quanto estava preocupado, e tinha sido meio chocante que não tivesse
que dividir seu quarto com pelo menos seis outras pessoas também.
Não estava acostumado a tanto espaço e, embora parecesse um
luxo a princípio, percebeu rapidamente que não sabia o que fazer com
tudo isso.
Houve um tempo em que teria babado um pouco com o
pensamento de manter uma cama só para ele. Uma cama com lençóis
limpos que não tivessem insetos que o morderiam durante a noite.
Agora que tinha, tudo em que conseguia pensar era como
estava vazio. Quanto desejava que houvesse outra pessoa naquela cama
com ele.
Nunca quis que alguém compartilhasse sua cama antes. As
outras pessoas com as quais dividia a cama sempre haviam cheirado
mal. A maioria peidava durante o sono, e não aguentava quando se
tocavam durante a noite, esperando que ninguém os ouvisse.
Isso era diferente. Não queria apenas compartilhar a cama e
não fazer mais nada. Queria que Orin o beijasse novamente. Queria ver
até onde o alfa estava disposto a ir. Queria perguntar por que o salvou. E
por que o deixou para trás?
Milo quase preferiria estar de volta à fazenda de sangue do que
lidar com a dor de perder o outro homem.
Pegou um copo no armário de cima. Outro escorregou da
prateleira quando pegou o copo. Quebrou-se ruidosamente no chão de
ladrilhos.
Milo congelou. Todos os ossos do corpo ficaram tensos e não
ousou respirar.
Merda! Oh Deus, ele quebrou alguma coisa. Na casa das
pessoas que o acolheram e que foram gentis com ele, destruiu alguma
coisa.
Abaixou o copo. Procurou freneticamente no escuro por um
pano. Por sorte havia um pendurado no forno. Foi por ele, estremecendo
quando pisou em um pequeno fragmento.
Mancando o resto do caminho, Milo puxou o pano do forno.
Abaixou, puxando o pedaço de vidro do pé. Havia muito sangue.
Teve que forçar seu coração a parar de bater tão alto.
Não havia vampiros nesta casa. Orin não estava aqui para
protegê-lo, mas o libertou. Derramar um pouco de sangue não ia levar
uma horda de vampiros famintos para ele, ansioso para se alimentar
dele ou espancá-lo por desperdiçar seu sangue.
Parker havia dito ontem. Esse é o seu sangue. E poderia decidir
quanto disso era ou não desperdiçado. Ninguém mais poderia dizer isso.
Isso estava certo. Era o sangue dele, e não deveria ter medo do
que aconteceria, caso se cortasse.
Ainda temia o que aconteceria se não limpasse a sujeira do
copo.
Milo não precisava da luz acesa para ver tão bem. Estava
acostumado ao escuro, mas se forçou a limpar o vidro um pouco mais
devagar para não se cortar novamente.
Poderia desperdiçar todo o sangue que queria, mas isso não
significava que seria agradável.
Não sabia ler ou escrever muito bem, mas ainda podia fazer
isso. Havia um marcador na geladeira com anotações de compras que
precisavam ser compradas. Foi até ele e escreveu que acidentalmente
quebrou um copo e que sentia muito.
Esperava que isso fosse o suficiente. Não queria que ninguém
ficasse bravo com ele. Não queria que ninguém o expulsasse deste lugar.
Segurando o copo de água nas duas mãos para não deixá-lo
cair, saiu lentamente da cozinha. Teria que enfaixar o pé com alguma
coisa quando chegasse ao seu quarto. Havia muito papel higiênico nos
banheiros do corredor. Talvez pudesse ir lá antes...
As orelhas de raposa de Milo saíram. Sacudiram no barulho
repentino que ouviu.
De pneus triturando, abafados porque vinham de fora, mas
ainda estavam lá, e estavam se aproximando, ficando mais altos.
Dave dissera que esta casa estava longe da estrada principal.
Isso dava muita privacidade, o que significava que, se Milo ouvia sons de
carros, era porque vinham para cá e não apenas passavam pela estrada.
Regressou ao vestíbulo. Foi até a janela, puxando as cortinas
para o lado.
As luzes estavam acesas do lado de fora, iluminando os lobos
que entravam na entrada da garagem, atentos ao que estava vindo para
eles. Hugh e Ronan estavam vigiando hoje à noite, e os pelos se
ergueram.
Os faróis do veículo cegaram brevemente Milo. Desviou o olhar,
piscando bruscamente antes de voltar sua atenção para a entrada da
garagem. Hugh e Ronan se transformaram de novo em suas formas
humanas, correndo para o SUV.
Milo abriu a porta, saindo para o frio, seus pés mal sentindo o
concreto frio enquanto Orion, o irmão de Orin e Glendon saltavam para
fora do veículo.
Eles estavam aqui. Estavam de volta. Tinha se passado apenas
alguns dias e estavam de volta.
Tudo ficou mais lento. Ninguém pareceu notar Milo parado ali
enquanto Hugh e Ronan se aproximavam de Orion. Reuniram-se em
torno do banco de trás, a porta se abrindo.
Milo conteve a respiração. Orin? Era Orin?
Ou o corpo de Orin?
Puxaram um homem. Milo viu a mão primeiro e depois o resto
dele. Era Orin. Seu cheiro estava mascarado pelo fedor podre de sangue
de vampiro, mas era definitivamente ele.
O alívio que ameaçava consumi-lo foi contido apenas pelo quão
flácido o corpo de Orin estava, e embora Milo soubesse que não
significava nada para o alfa, sabia que ele não era nada nesta casa,
correu para Orion e Orin, empurrando seu caminho através dos alfas,
desesperado para ver mais de perto.
Desesperado até para tocar o outro homem.
— Ei, o que o... — Ronan parou. — Milo, Cristo, você não
deveria estar aqui.
Milo o ignorou porque precisava estar aqui. Seu corpo se
recusava a partir sem pelo menos ver Orin.
Como se Orin fosse morrer se Milo não mantivesse o homem à
vista.
Estava coberto de sangue e algo escuro, preto. Fuligem.
Cheirava a fogo. Seu cabelo estava queimado até o couro cabeludo, e o
dano feito fez seu rosto parecer inchado e quase irreconhecível.
A garganta de Milo fechou, um som fraco escapou dele. Queria
gritar. Queria agarrar Orin, segurar sua mão e dizer-lhe que tudo ia dar
certo.
Mesmo que Milo fosse aquele que estava prestes a desmoronar.
— Não agora. — Orion empurrou Milo para o lado. Ele e Glendon
seguraram os ombros e as pernas de Orin entre eles. Ronan levou o
meio enquanto Hugh abria rapidamente a porta.
Eles se mexeram como uma equipe sincronizada. Era
exatamente assim que as coisas deveriam ter sido. Glendon gritava as
ordens para o resto da casa acordar, e Milo ficou ali parado no frio,
observando-os partir.
Os alfas da casa acreditavam que havia uma chance de que Milo
pudesse ser o companheiro de Orin. Mas não achava. Estava um pouco
danificado para ser o companheiro de alguém. Isso pareceu provar. Se
fosse o companheiro de Orin, então não teria ido para ele assim. Não
teria entrado no caminho, impedindo Orin de obter os cuidados que
precisava desesperadamente.
Olhou para as estrelas. Estava uma noite tão clara. Sabia que as
estrelas escutariam e ajudariam em seu desejo.
Nenhum dos desejos de Milo se tornou realidade até que Orin
apareceu em sua vida, então sentiu que só fazia sentido fazer outro
desejo no que concernia ao alfa.
Desejou que Orin se recuperasse. Ele salvou a vida de Milo,
levou-o a esse lugar incrível. As pessoas daqui achavam que Orin era
ruim, mas Milo não.
Milo estava apaixonado por ele. Só queria que continuasse vivo.

Capítulo 2

Orin sentiu o cheiro de sangue. Não sangue de vampiro, e nem


mesmo dele.
O sangue de Milo. Cheirou isto. Era fraco, mas o lobo em sua
mente agarrou aquele cheiro e rosnou.
Orin estendeu a mão, passando os dedos pela pele grossa que
se arrepiaram.
— Calma garoto.
Nunca tinha visto seu lobo assim. Nunca tinha visto seu lobo
fora de um reflexo em um espelho ou um lago, e ainda assim isso não
parecia estranho para ele.
O sangue de Milo estava no ar. O ômega estava ferido. Essa era
a única coisa remotamente importante naquele momento. Tudo o mais
poderia queimar no inferno.
Queimar.
Orin sentiu isso. O calor. O fogo. Olhou para trás, para a
carnificina que foi deixada para trás pelo fogo que havia armado.
Vampiros gemiam no chão, a pele derretendo, as mãos
estendendo para algo desconhecido. Provável alívio da dor que estavam
sofrendo.
Orin os ignorou. Não se importava com eles, e conseguiram o
que mereciam no que lhe dizia respeito. Seu único problema era que a
rainha cadela deles não estava na carnificina.
— Eu te avisei.
Orin se afastou da voz em seu ouvido. O calor, o toque dos
lábios contra a concha de sua orelha, repugnando-o e chocando-o.
Olhando para trás, seu coração parou.
— Zoella.
Zoella fodendo com Quinzel. Rainha dos vampiros. Ela ficou ali,
entre o fogo, a pele de um lobo ao redor dos ombros nus.
Vestia um vestido de noite chamativo, como se tivesse se
preparado para andar no tapete vermelho.
Em suas garras, a seus pés, estava Milo.
O homem choramingou, seus olhos eram de uma cor branca
leitosa que deixava Orin enojado de ver. Ele estava vivo, embora
estremecesse como se estivesse com frio. Na verdade, começou a nevar
ao redor da rainha.
— Eu queria a criança.
Orin não conseguia manter os olhos nela. Não conseguia manter
os olhos em Milo também. Continuou olhando da rainha para seu
companheiro e de volta.
A rainha rosnou para ele, seus lábios vermelhos puxando para
trás, um forte contraste contra o branco de suas presas.
— Eu disse que queria a criança!
Só então Orin percebeu o jeito que suas unhas pintadas
enterravam na garganta de Milo. Algumas delas surgiram do outro lado
do pescoço, e foi um pequeno milagre que não tenha cortado uma
artéria.
A menos que já tivesse e a presença de suas unhas na garganta
de Milo fosse a coisa que o impedia de sangrar até a morte.
— Eu falhei. Você pode me punir.
As garras bem cuidadas de Zoella se aprofundaram na garganta
de Milo. Milo ofegou e estremeceu.
Orin não podia nem ter certeza de como estava ciente da
situação de Milo, mas estava claramente com dor.
— Estou punindo você.
Ela se abaixou com a outra mão, acariciando as orelhas de
raposa que saíram da cabeça de Milo.
Parecia quase gentil, mas o coração de Orin disparou, um pânico
correndo por ele.
— Não, quero dizer eu. Pode me machucar. Pode me cortar.
— Vou te cortar.
Sua unha deslizou pela garganta de Milo, como um cortador
deslizando pela manteiga. Sua pele partiu, o vermelho aparecendo, e
engasgou quando os olhos leitosos olharam para ele.
Orin gritou.
Atacou, correndo com seu lobo, embora estivesse lento. Agitou
os braços, mas outras mãos se estenderam para ele, aqueles vampiros
queimados pela metade agarrando-o com força em seus apertos de
ferro. Puxaram-no para baixo, segurando-o longe de seu companheiro.
— Não! Solte!
Algo estava errado. Não tinha força, e não conseguia chegar a
Milo. Estava tão perto. Estava bem ali. Orin podia ver seus olhos.
Estavam limpos desta vez, verdes e vivos, mas a visão de sua garganta
sangrando se recusava a sair.
Orin chegou para ele. Arrancando-o das garras da rainha e
segurando-o com força.

Milo não se mexeu. Deixou Orin segurá-lo. O homem gritou e


lutou, e mais uma vez, Milo descobriu que não poderia ficar para trás.
Correu para o quarto onde Orion lutava para conter a raiva de
seu irmão. Fergus rosnou e segurou o homem enquanto tentava se
manter de pé, como se Orin estivesse tentando arrancar sua pele só
para sair de seus braços.
— Orin.
Milo não teve a chance de dizer mais nada antes de Orin dar
uma olhada nele e depois agarrá-lo. Segurou Milo tão firmemente como
se fosse o bálsamo que Orin precisava para ficar calmo.
Fergus bufou para respirar.
— Jesus Cristo, o que diabos foi isso?
Milo olhou para os dois homens. Ambos o encararam com
expressões misturadas entre choque, horror e raiva.
— Desculpe, — disse Milo, sentindo-se intimidado pelo que fez,
mas não havia como voltar atrás agora.
Não parecia que Orin deixaria Milo, caso quisesse ficar longe
dele.
Orion sacudiu a cabeça.
— Isso foi perigoso. Poderia te estrangular.
Milo abaixou a cabeça, embora não achasse que Orin faria isso
com ele.
Ameaçou-o no passado, atacou-o e até mesmo ignorou-o.
Houve apenas três vezes quando mostrou bondade a Milo.
No dia em que salvou Milo de ser espancado quando derrubou a
bandeja de café, no dia em que o levou para fora da fazenda de sangue
de vampiros e, no mesmo dia, que o beijou na boca.
Milo não achava que estivesse em perigo. Na verdade, se sentia
perfeitamente em casa nos braços de Orin.
— Acho... acho que ele só precisava se acalmar.
Fergus tirou a roupa, zombando.
— Não importa o que precisa. Mesmo assim, ele é forte o
suficiente para torcer seu pescoço. Não deveria ter feito isso.
Milo sabia disso e também não se importava.
— Você estava cortando sua pele segurando-o assim! Estava
machucando-o mais do que ele poderia ter me machucado!
— Acha isso porque não sabe a verdade, — disse Orion. —
Confie em nós, se ele acordar e descobrir que acidentalmente machucou
você porque nós o deixamos chegar perto dele quando estava tendo um
ataque, teria preferido não se curar.
Agora Milo se sentiu estúpido. Fazia apenas algumas horas
desde que Orin foi levado para casa, e ainda não tinha despertado para o
fato de que ele era um prisioneiro em sua própria casa.
Glendon ordenou que fosse amarrado na cama até que
acordasse e pudesse responder as perguntas.
Milo não achava que ele precisava ser amarrado ou ter guardas
ou algo assim. Queria que Orin fosse perdoado. Queria Orin seguro.
Os braços de Orin se soltaram ao redor dos ombros de Milo,
como se estivessem caindo em algo que se assemelhasse a um sono
mais tranquilo.
Milo hesitou, mas depois se afastou quando percebeu que Orin
estava respirando de maneira uniforme e profunda.
Estava em paz novamente.
Fergus xingou, praticamente empurrando Milo para fora
enquanto se movia para reter as amarras que Orin havia quebrado
tentando fugir.
— E se ele tiver outro pesadelo? — Milo perguntou, qualquer
coisa para não pensar em como era horrível ver esse homem forte em
tal estado.
— Nós estaremos aqui para ajudar quando isso acontecer, —
Orion respondeu, embora olhasse para Milo com algo parecido com pena
em seus olhos. — Se você quiser, pode ficar por perto e ajudar. O seu
cheiro no quarto pode ajudar.
— O cheiro do seu maldito pé foi provavelmente o que
desencadeou, — rosnou Fergus.
Orion estalou para ele.
— Você vai calar a boca? Esse é o companheiro do meu irmão.
— Perdoe-me enquanto digo que não me importo, — Fergus
zombou. — Seu irmão ainda é um traidor até que Glendon diga o
contrário. Ele tentou matar Jake, e agora esse cara está aqui
atrapalhando toda vez que fazemos alguma coisa para ajudar Orin a se
recuperar.
— Bem, que merda você quer ajudar Orin ou não? — Orion
estreitou os olhos. Ficaram vermelhos enquanto falava. — Ele é apenas
um maldito traidor, certo?
— Basicamente, — disse Fergus, encolhendo os ombros. — Mas
ainda é um traidor que quero ajudar. Ainda gosto de Orin, e quero que
ele seja mais inocente do que culpado, mas ainda tem merda a
responder, e não podemos ajudar a se recuperar até que essa criança
aqui pare de pensar com seu pau e pare de ficar no caminho.
— Não sou uma criança, — disse Milo. Esfregando o braço, não
gostando de suas palavras, se ferindo com elas.
Talvez estivesse pensando com seu pau, mas ao mesmo
tempo...
Fergus estava certo. Milo não podia ignorar isso. Essas palavras
eram verdadeiras e ele estava atrapalhando a recuperação de Orin.
A saúde física de Orin era mais importante do que o que Milo
sentia. Era egoísmo da parte dele assumir algo diferente.
— Vou ficar fora do caminho, eu prometo, mas... por favor,
posso pelo menos fazer alguma coisa? Posso trazer-lhes os seus almoços
e bebidas, se isso ajudar a vigiá-lo. Posso fazer a comida de Orin.
— Qualquer coisa para chupar através de um canudo, até que
acorde, ele provavelmente não vai estar comendo muito.
— Isso é bom. Posso moer algo. Ele precisa de proteína de
qualquer maneira, certo?
Os alfas sempre precisavam de muitas calorias. Milo não sabia
muito sobre o mundo fora dos vampiros, mas sabia disso.
Fergus parecia um pouco mais interessado nesse método de
ajuda. Orion parecia incerto.
E era Orion quem Milo mais queria impressionar como irmão de
Orin.
— Tudo bem, o que seja, — disse Orion. — Só estou
concordando com isso porque você é o companheiro do meu irmão.
Quero ser gentil com você, juro que sim, mas ficar sempre se
intrometendo, não ajuda.
Milo assentiu, prometendo a si mesmo que não faria mais nada
em qualquer lugar, embora não tivesse certeza se era uma promessa que
poderia cumprir.
— Tudo bem. Vou pegar alguma coisa agora. Um lanche, —disse
rapidamente, percebendo que todos tomaram café da manhã há pouco
mais de uma hora.
Ele se dirigiu para a porta.
— Volto já!
A voz fraca e sussurrada da cama o deteve com tanta força
quanto qualquer comando gritado.
— Não se atreva a ir a qualquer lugar.
Milo olhou para trás e seu peito apertou dolorosamente ao ver
os olhos abertos de Orin. A maneira como olhou para Milo...
Era como o calor líquido em sua barriga.
Definitivamente não podia sair agora.

Capítulo 3

Ele estava aqui. Estava de pé bem aqui, neste quarto.


Orin teve um breve momento de confusão antes de perceber
onde estava e onde Milo estava.
Estava de volta em casa. Sua antiga casa. Seu irmão estava ao
lado dele e Fergus do outro lado. Os dois homens olharam para Orin
como se a visão dele acordado fosse um pequeno milagre, mesmo com
habilidades de cura alfa.
Orin não os culpou por pensar assim. Sentia-se uma merda, e
um rápido olhar para as mãos mostrou exatamente por que se sentia
assim.
A queimadura não foi... muito ruim. Ainda podia ver sua própria
carne sob os danos em lugares que não estavam enfaixados, mas o dano
estava lá.
Não se importava. Milo estava aqui.
Orin olhou para o irmão. Desejou que pudesse dizer ao outro
homem o quão grato estava em palavras, mas essas palavras não
existiam.
— Muito obrigado. Eu sabia que você cuidaria dele.
Orion respirou fundo. Cruzou os braços e olhou para Orin. Orin
pensou que seu irmão diria alguma coisa, mas se virou e saiu do quarto.
Fergus observou-o partir e Milo teve que sair do seu caminho
quando a longa trança desapareceu na esquina.
— Ele vai dizer a Glendon que você está acordado. — Fergus
olhou de volta para Orin. — Você ainda está na merda sobre o que
tentou fazer. Não sei o que vai acontecer.
Isso era justo o suficiente.
— Como está Jake?
Fergus desviou o olhar. Orin não costumava ver o homem
parado parecer desconfortável, mas agora era definitivamente um desses
momentos.
— Não acho que é para eu dizer. Espere que Glendon volte com
você sobre isso.
— Mas pensei que Jake estava bem, — disse Milo.
Orin ficou grato pela informação. Precisava saber que Jake e a
criança que carregava estavam bem. Mal conseguira pregar o olho com
os vampiros, mas tinha sido agravado pelo fato de que tinha que se
preocupar com o bem-estar de Milo e se tinha causado danos ao filhote
por nascer de Jake e Glendon.
Fergus olhou para Milo por não ter percebido que não deveria
ter dito isso. Orin se obrigou a sentar.
— Não é culpa dele. Ele não entende.
— Sim, nós percebemos, — disse Fergus, ainda rosnando um
pouco sobre isso.
E o lobo protetor levantou-se dentro de Orin novamente.
Fergus levantou uma sobrancelha para ele.
— Pensa seriamente que vai deixar seu lobo sair e me desafiar?
Está coberto de ataduras e amarrado.
— Posso quebrá-las se eu precisar.
Ele também.
Fergus bufou, balançando a cabeça.
— Certo, fale comigo como se eu fosse o único com um histórico
de atacar os companheiros de outras pessoas.
Orin se encolheu. Ai Sim, Fergus o pegou.
— Milo é inocente. Ele nem sempre entende coisas assim.
Orin olhou para Milo.
Deus, seu coração doía por vê-lo. Honestamente nunca pensou
que veria o outro homem novamente. Tinha se preparado para não vê-lo
novamente.
Pensou que morreria quando finalmente derrotou a fazenda de
vampiros, e aqui estava, vivo, embora parte dele desejasse que não
estivesse vivo. Queria afundar na cama e nunca mais ser visto por
ninguém.
— Como você tem estado, Milo?
Milo se animou um pouco com isso. Seu sorriso pareceu forçado,
a princípio, mas depois aqueceu.
— Muito bem. Obrigado por me ajudar a chegar aqui.
Orin assentiu.
— Não se preocupe com isso.
Milo devia saber agora o que Orin fizera. Sem dúvida, pensava
que Orin era uma figura misteriosa antes, o homem que veio em seu
auxílio bem quando foi necessário, o homem que o salvou, que o beijou.
Agora devia saber a verdade. Alguém nesta casa teria contado a
ele.
Orin tentou matar um ômega grávido. O companheiro de um de
seus melhores amigos. Jake era um ex-humano, e tinha sido um shifter
por um período tão curto de tempo, ele não era um shifter completo
ainda. Isso não aconteceria até que a criança viesse.
E então Orin o atacou, tentou estrangulá-lo até a morte.
Se Jake não fosse um pensador rápido e digno de ser acasalado
com o alfa, poderia não ter conseguido escapar de Orin.
Vergonha brotou dentro dele. Desviou o olhar de Milo. Não
queria que o homem o visse assim.
Fergus percebeu isso imediatamente.
— O que? Não pode olhar seu companheiro nos olhos depois do
que fez?
— Fergus, por favor...
— Não, besteira, você nos deixou! Quase matou Jake. Nem
mesmo apenas Jake, seu filhote não nascido! Quer que acreditemos que
fez tudo isso por ele? Aquele ômega parado ali?
— Sim.
Podia ser honesto sobre isso.
Fergus bufou.
— Foda-se com isso. Você tem um companheiro, queria
protegê-lo, tudo bem, mas isso significa que sabia o que faria com
Glendon se tivesse conseguido matar Jake. Sabia que o deixaria louco.
— Estava tentando proteger Jake! — Orin não conseguiu mais
segurar. — Tem alguma ideia do que aquela vadia queria fazer com ele?
O que queria fazer com a criança? Ela sabia! Sabia o instante em que
Jake ficou grávido! Ela queria o filhote!
As presas de Fergus saíram. Quase bateu no rosto de Orin
enquanto o acusava.
— E você ia dar a ela!
— Não! Não ia! Estava tentando pará-lo!
Fergus não seria movido do seu pensamento. Orin não sabia se
devia ou não se sentir frustrado por isso ou em paz desde que,
realmente, o que esperava?
— Essa não era sua decisão a tomar. Sinceramente, fico feliz
que esteja de volta e tudo mais, mas se o seu companheiro chutá-lo
para o meio-fio, não derramarei nenhuma lágrima por você.
— E se Glendon me quiser morto?
Milo ofegou.
Orin teve que ignorá-lo.
Fergus sacudiu a cabeça.
— Ninguém aqui quer você morto. Nós não vamos deixá-lo fazer
isso.
— Não é uma decisão sua.
Orin olhou para cima e seu coração afundou quando seu alfa
entrou no quarto, alto, imponente, olhos ardendo com o tipo de raiva
que Orin só podia sonhar.
Nunca teve medo de seu alfa, até este momento.

****
Milo foi expulso do quarto depois disso. Não queria ir, mas não
tinha forças para lutar para ficar, seu direito de ficar, se fosse verdade
que todos nessa casa acreditavam que ele era o companheiro de Orin.
Sentou em um banco perto da porta de Orin. Jake estava lá
também, sentado ao lado dele enquanto Parker se apoiava contra a
parede.
A certa altura, Parker tentou ensinar Milo a jogar um jogo de
cartas de aparência estranha. Milo estava grato pelo homem querer ser
gentil com ele, mas era impossível pensar em outra coisa enquanto o
alfa gritava tão alto para Orin.
A certa altura, Milo ouviu o som de carne batendo contra carne,
e sabia que Glendon estava atingindo Orin.
Jake agarrou a mão dele em um ponto.
Milo não tinha certeza se queria que o ômega segurasse sua
mão. E se Jake quisesse que Glendon acertasse seu companheiro? E se
estivesse ajudando a manter Glendon com raiva?
Mas então percebeu que poderia não ser uma coisa muito gentil
de se pensar, considerando que Jake foi quem quase morreu na mão de
Orin.
— Não se preocupe. Falarei com Glendon.
Milo olhou para o outro homem. Jake sorriu suavemente para
ele, mas foi claramente forçado. Era compreensivelmente difícil sorrir
para qualquer um com um calor verdadeiro quando podiam ouvir tal
violência no outro cômodo.
— Orin realmente tentou matar você?
Jake assentiu.
— Sim, não acho que posso estar perto dele, mas quero saber
por que fez isso. Desde que você veio, tenho uma boa ideia. Não quero
que Glendon o mate ou o machuque muito. Glendon sabe disso.
Uma onda de alívio e constrangimento atingiu Milo com força.
Alívio para o fato de que Jake estava dizendo que Orin não ficaria
gravemente ferido e envergonhado por ter pensado o pior desse homem.
— Eu me pergunto se eles estão quase terminando, — disse
Parker. Só estava aqui porque, aparentemente, ele e Jake eram irmãos,
apesar de não serem nada parecidos. Seu cabelo era de um tom mais
escuro de vermelho do que o de Milo, e também precisava estar perto de
Fergus, porque ainda estava no meio de aceitar seu lobo interior.
Milo tinha nascido uma raposa, então não sabia muito sobre
esse processo.
Olhou para a porta, estremecendo ao ouvir o som de outro
golpe violento.
— Espero que sim.
Como se o universo estivesse respondendo ao seu maior desejo,
a porta se abriu. Glendon saiu assim que Milo se levantou. A forma como
o alfa limpou o sangue dos dedos não augurava nada de bom para o que
aconteceu lá dentro.
Milo correu para o alfa enquanto Jake se aproximava dele.
— Ele está... muito ferido?
Tentou não olhar para as juntas de Glendon, mas foi difícil.
Glendon rosnou, afastando-se de Milo. O alfa foi gentil quando
Milo chegou em casa, pouco antes de Glendon sair para rastrear Orin,
mas parecia que não estava com vontade de ter sua paciência testada.
— Ele está bem. Ainda acordado. — A expressão de Glendon
suavizou quando Jake veio para ficar na frente dele. — Você está bem?
Jake assentiu.
— O que você vai fazer com ele?
— Banimento. Não vou ter um homem que tentou te machucar
nesta casa.
A maneira imediata como Glendon disse isso, como se não
houvesse dúvida em sua mente o que queria fazer, fez a respiração ficar
presa na garganta de Milo.
— Banimento?
Glendon olhou para ele.
— Você é seu companheiro. Você não é um prisioneiro nesta
casa. Se quer ficar com ele agora e ir com ele quando estiver bem o
suficiente para ir embora, pode ir.
Jake não pareceu satisfeito com essa resposta.
— Glendon...
— Não. Não vou ser influenciado por isso. Orin tem um
companheiro agora, assim seja. Pode ter tentado ficar perto de você
quando fez o que fez, mas não vou perdoar isso tão facilmente. Você é a
única razão pela qual ele está vivo. Nem mesmo Orion poderia me fazer
poupar sua vida, mas por um companheiro...
Glendon parou, como se não tivesse certeza de que queria
terminar isso.
— Vá com ele ou fique aqui. De qualquer forma, ninguém vai te
impedir se quiser gastar seu tempo naquele quarto.
Milo assentiu, incapaz de encontrar os olhos do alfa.
— Quando terá que ir? Você disse que quando ele estivesse bom
o suficiente, mas não... não tenho uma referência para isso.
Nunca esteve perto de lobos alfas antes de Orin. Só tinha
ouvido falar deles.
Glendon cruzou os braços.
— A véspera de Ano Novo, a manhã da véspera de Ano Novo,
será a hora final. Não o quero aqui quando estou comemorando com
Jake. Já é ruim o suficiente que esteja aqui para o nascimento do nosso
filho e que tenha que estar aqui para o Natal.
Glendon tocou o ombro de Milo e Milo sentiu-se obrigado a olhar
o alfa nos olhos.
— Você não precisa ir com ele. O acasalamento pode ser
quebrado, se necessário. Nem reivindicaram um ao outro ainda.
Milo tinha muito o que pensar nesse caso.
Tinha ouvido falar sobre o que acontecia com os ômegas que
não tinham alfas para cuidar deles. Também tinha ouvido falar de alfas
que tentaram fazer isso sozinhos sem um bando, e então havia o fato de
que Orin tinha feito um inimigo, os vampiros.
Tudo o que Milo sabia sobre o seu próprio povo era inteiramente
baseado em rumores.
E ainda assim sabia o que queria fazer naquele momento.
— Vou cuidar de Orin, e vou ficar com ele quando isso acabar.
Capítulo 4

Milo voltou para o quarto quando conseguiu. Estava quase com


medo de olhar para Orin, para ver o que Glendon tinha feito com ele.
Considerando os ruídos que ouviu, Orin não parecia tão ruim.
Bem, não muito pior do que seus antigos ferimentos.
A coisa que mais machucou foi quando Orin deu uma olhada
nele e imediatamente desviou o olhar.
Como se não pudesse olhar Milo nos olhos.
Milo respirou fundo. Isso ia mudar e logo.
— Fergus, vamos lá, — disse Glendon.
Fergus levantou uma sobrancelha, olhando para Orin e depois
para Milo e Glendon.
— O que? Onde estamos indo?
— Estamos deixando esses dois sozinhos para se familiarizar.
Os olhos de Orin se abriram com essas palavras. Olhou para
Glendon como se não pudesse acreditar no que acabara de sair da boca
do homem.
Milo mal podia acreditar, mas estava determinado a fazer isso.
Fergus também não parecia acreditar.
— Sério?
Glendon rosnou para ele.
— Não, idiota, estou brincando. Tire sua bunda aqui. Voltarei e
lidarei com ele quando estiver pronto. —
Fergus hesitou apenas mais um momento. Olhou para Milo,
como se perguntasse o que tinha feito para que isso acontecesse, e
então começou a se mexer.
Milo suspirou quando a porta se fechou atrás dele. Estava feliz
por eles terem ido embora. Ficou feliz em estar sozinho com Orin.
— Você não deveria estar aqui.
Mesmo que Orin não o quisesse aqui.
Milo se aproximou da cama. Olhou para Orin. O homem que
todos pensavam ser o companheiro de Milo.
Orin certamente se comportava como um.
— Vou cuidar de você a partir de agora.
Os olhos de Orin arregalaram novamente. Parecia ter dificuldade
em esconder suas feições. Milo nunca tinha visto o homem tão
atordoado antes.
— O que? Não. Você não estará fazendo isso.
Milo sorriu.
— É quase bom ver alguma emoção sua. Sempre foi tão frio e
distante.
— Fiz isso para te proteger.
— Acredito em você.
Milo não via motivo para que esse homem mentisse sobre isso.
— É verdade que sou seu companheiro?
Orin apertou os lábios e imediatamente olhou para longe dele.
O coração de Milo se apertou dolorosamente, mas reconheceu
isso pelo que era.
Foi por isso que subiu na cama de Orin.
— O que você está fazendo?
— Deitando ao seu lado.
Milo se esticou. Teve o cuidado de manter seu peso fora do
corpo de Orin. A maior parte. Não pôde resistir a enrolar o braço ao
redor da cintura do alfa.
Ele era solidamente construído. Mesmo agora, quando estava
vulnerável e fraco, se sentia mais poderoso do que nunca.
Levou alguns momentos antes que Orin pudesse relaxar, antes
que Milo sentisse o corpo de Orin se acomodar.
— Você não deveria estar aqui.
— Você já disse isso. — Milo arriscou segurar o homem um
pouco mais apertado. — Nunca vou sair do seu lado novamente.
— Fui o único que deixou o seu.
— E não vai fazer isso de novo.
Orin riu para ele.
— Acho que você consegue tomar essa decisão, não é?
Milo abriu a boca para falar, mas depois não soube o que dizer.
Orin estava certo. Se realmente não queria ter Milo por perto,
então não havia nada que pudesse fazer para impedir o homem de bani-
lo para sempre.
Milo se levantou. Olhou para Orin.
— Você está dolorido?
— Não muito, — disse ele. — Quão ruim pareço?
Milo tocou o rosto de Orin. Limpou uma mancha de sangue
debaixo do nariz com o polegar.
— Ainda parece com você mesmo. Estou feliz que Glendon não
tenha te machucado.
Culpa cintilou nos olhos de Orin.
— Ele estava dentro de seus direitos de fazer o pior.
Milo não tinha certeza se queria pensar sobre isso.
— Não, olhe para mim.
Milo fez. Olhou Orin nos olhos.
— Eu tentei matar seu companheiro. Ele poderia ter me matado
e teria ido embora com sua consciência limpa.
Milo sacudiu a cabeça.
— Não. Não acredito nisso.
— Você não acredita que tentei matar alguém inocente?
— Não, acredito nisso. Jake me contou o que aconteceu. O
mesmo aconteceu com Fergus, Parker e Dave. Todos, realmente.
Orin rosnou baixo em sua garganta.
— Ótimo.
— Não importa. Não para mim. — Milo olhou Orin nos olhos
novamente. Precisava do outro homem para ver como era sincero. —
Ainda vejo você. Ainda vejo o homem que arriscou tudo para me salvar.
Você me beijou. Então me deixou ir.
Quando Milo falou, lentamente, gentilmente, inclinou-se,
pressionando a boca nos lábios de Orin.
Mesmo que a boca de Orin estivesse rachada e com gosto de
sangue, ainda era o melhor beijo possível que poderia ter esperado.
O fogo acendeu em suas veias e tudo fluiu diretamente para o
sul. Quando puxou a boca de volta dos lábios de Orin, já estava com um
pouco de falta de ar.
— Pensei nisso desde que me beijou pela primeira vez.
Orin gemeu. Puxou contra as cordas que o seguravam, mas não
havia folga suficiente para alcançar Milo.
Milo gostava que pelo menos quisesse tocá-lo.
Olhou para as mãos de Orin.
— Devo libertar você?
A narina de Orin se dilatou e o aroma de seu almíscar já estava
no ar, cercando Milo como um cobertor reconfortante.
— Você não deveria. Se fizer... não sabe o que quero fazer com
você.
Isso chocou Milo.
— Você acha que sou virgem?
Orin arregalou os olhos novamente, mas não parecia que isso
aconteceu porque estava surpreso.
Parecia pronto para se transformar em sua forma de lobo e ir
em uma agitação, e embora Milo não estivesse em cima dele, de onde
sentou, podia sentir cada músculo no corpo de Orin se amontoando. O
poder do corpo abaixo dele se tornando algo quase assustador.
— Os vampiros estupraram você?
Milo piscou, chocado com o nível de raiva que sentiu do outro
homem.
Mas por outro lado, poderia ser egoísmo, mas estava satisfeito
por Orin se importar tanto.
— Não, eles não fizeram. Os ômegas e os humanos naquela
fazenda se consolavam de tempos em tempos. Todos nós fomos
esmagados em quartos pequenos.
O corpo abaixo dele relaxou. Era quase como se o peito de Orin
estivesse vazio por três centímetros quando Milo disse isso.
— Isso é bom, então. Não vou mentir. Gostaria de ter sido o
primeiro a tocar em você, mas estou feliz por não ter acontecido desse
jeito.
Milo assentiu.
— Bem, não foi muito para ser feliz, considerando que toda vez
que estava sendo fodido por alguém, era para esquecer onde estava.
Orin engoliu em seco.
— Mas aprendi a consolar alguém com o meu corpo.
Milo abaixou. Deslizou a mão ao longo das bandagens no peito
de Orin, abaixo de sua cintura e sobre seu pênis.
Bem, não diretamente sobre isso. Orin tinha sido despido.
Estava deitado em cima dos cobertores da cama e, além das ataduras
que cobriam grande parte de seu corpo maravilhoso, a única roupa que
vestia era uma boxer preto solta.
Isso foi bom porque Milo ainda seria capaz de encontrar
facilmente o pênis do alfa. Enrijeceu quase imediatamente em sua mão.
Orin ofegou.
O mesmo aconteceu com Milo. A onda de calor e excitação que
atingiu estava além de qualquer coisa que já sentiu antes em sua vida.
Mesmo com aqueles outros ômegas e humanos, nada havia
acendido um fogo dentro dele intensamente. Milo não se tocou ainda, e
Orin não tinha a chance de tocá-lo também, apesar de que Milo já se
sentia como se fosse estourar.
— O que você está fazendo? — Os olhos de Orin se fecharam.
Pressionou a parte de trás de sua cabeça em seus travesseiros, seus
quadris empurrando para frente no toque, procurando mais da mão de
Milo.
Milo se inclinou, ainda movendo a mão enquanto pressionava os
lábios nos mamilos de Orin.
Abocanhou entre os lábios. Milo usou uma sugestão de seus
dentes, gemendo enquanto Orin continuava a responder.
Uma coisa era se mexer no escuro, desesperado por um breve
momento de alívio com os outros em uma situação semelhante a ele.
Isso era algo completamente diferente.
Nunca se sentira mais poderoso em sua vida.
Era o único a fazer isso para Orin. Era o único a fazer esse alfa
se sentir bem. Se continuasse a fazer bem o suficiente, talvez pudesse
fazer com que Orin não quisesse mandá-lo embora.
Não que Milo fosse, é claro. Orin estava preso com ele agora.
E Orin ainda estava ofegando, ainda empurrando seus quadris,
tentando desesperadamente encontrar a mão de Milo.
Quando Milo deslizou a mão por baixo da cintura do boxer, as
tiras que seguravam Orin estenderam-se enquanto se afastava quase
inteiramente da cama.
— Deus...
O pênis de Milo latejava como se estivesse acariciando seu
próprio pênis naquele momento, em vez de Orin. A sensação quente e
pesada do eixo pulsando em sua mão foi direto para a cabeça de Milo.
Afastou a boca do mamilo de Orin, dando-se um golpe leve
apenas para aliviar a dor.
— Acho que vou gozar no segundo que fizer qualquer coisa para
mim.
Os olhos vermelhos de Orin pareciam ainda mais brilhantes. Milo
poderia estar olhando para seu lobo naquele momento.
O que significava que Orin estava definitivamente no estado de
espírito certo para Milo fazer sua próxima pergunta.
— Quer que te desamarre?
Olhou para os pulsos de Orin, embora apenas desviasse o olhar
dos olhos do homem.
Orin respirou fundo e saiu pesadamente, o peito subindo e
descendo rapidamente.
Como se estivesse lutando para segurar algo de volta.
— Se me desamarrar, não vou conseguir me controlar.
Milo molhou os lábios.
— Não quero que pare. — Montou o homem, olhando-o. — Eu...
você me fez pensar sobre isso desde que me beijou. Quero que faça o
que quiser comigo.
Orin gemeu de novo e Milo ouviu um estalo.
Não teria que desamarrar Orin. Orin se desamarrou, estendeu a
mão para Milo, agarrou-o pela cintura com força suficiente para
machucá-lo, virou-o e se acomodou em cima do corpo de Milo antes de
atacar sua boca com um beijo ardente.
Milo engasgou, chocado com a reação repentina. Orin parecia
ter tal controle que essa falta era impressionante.
Orin empurrou seu pênis quase descontroladamente contra a
virilha de Milo. Gemeu calorosamente no ouvido de Milo, como se não
estivesse ferido.
Ou como se estivesse tirando força de possuir Milo como um
animal no cio.
Milo se sentiu um pouco como um animal no cio.
Empurrou-se no beijo, saboreando a bela sensação deste alfa
em cima dele, e naquele momento, esperou desesperadamente que os
outros alfas nesta casa estivessem certos. Realmente esperava que Orin
fosse seu companheiro. Queria tanto, mais do que queria sua liberdade
quando era prisioneiro daquela fazenda de sangue.
O pensamento de não ser verdade machucava tanto que não
tinha palavras para descrevê-lo.
Só tinha as palavras para o que queria que Orin fizesse a ele
quando o homem maior se afastou do beijo.
— Foda-me. Agora mesmo. Não espere.
Orin rosnou para ele. Mal parecia humano ao responder.
— Você pediu por isso.

Capítulo 5

Mesmo com o jeito que Orin agia, com a forma como seu lobo
parecia ter controle dominante sobre o corpo humano, a última coisa que
Milo esperava era ser virado tão de repente e ter sua roupa literalmente
arrancada de seu corpo.
Assobiou com isso, e um toque de preocupação passou pela
luxúria que o aqueceu de dentro para fora.
Essas não eram as roupas dele. Esperava que Parker não se
importasse que tivessem sido arruinadas.
Seu medo sobre o que os outros na casa fariam quando
descobrissem que Milo havia permitido que sua propriedade fosse
destruída se dissolveu em seu cérebro no momento em que sentiu a
língua de Orin tocando seu traseiro.
Agarrou os lençóis com força suficiente para que suas garras
rasgassem o material.
Ah bem. Então iria estragar algumas coisas. Não havia muito
que pudesse fazer sobre isso, e também poderia se preocupar com isso
quando as consequências o atingissem mais tarde.
Muito mais tarde.
Isso era bom. Bom o suficiente para que não se importasse se
estivesse dando problemas para as pessoas nesta casa. Não se
importava se estavam deixando-o ficar aqui pela bondade de seus
corações. Queria muito mais, então estava disposto a lidar com o
problema mais tarde.
Quando ele e os outros ômegas se esgueiravam procurando
conforto uns nos outros, sempre tinha sido feito discretamente,
silenciosamente, por medo de que seriam pegos e punidos, e ninguém
se preocupou em olhar nos olhos no dia seguinte, por medo de
descobrirem o que eles fizeram.
O primeiro amor de Milo o ignorava toda vez que faziam sexo.
Tinha pensado que tinha entendido. Era um mecanismo de defesa, e não
queria entrar em apuros também.
Quão terrível tinha sido descobrir que não havia nenhum amor
envolvido toda vez que se entregou àquele homem no escuro, mas não o
culpava.
Não culpava ninguém.
Foi por isso que foi tão bom ter Orin beijando-o lá? Ter o homem
empurrando sua língua com tanta força contra o seu ânus que realmente
empurrou para dentro?
Não tenha esperanças.
Se fizesse isso, então acabaria de coração partido.
Orin afastou a boca do ânus de Milo e concentrou sua atenção
nas bolas e pênis de Milo. Beijou e sugou em sua boca uma bola de cada
vez enquanto sua mão bombeava o pênis de Milo, e Milo fodia contra a
boca e a mão como se sua vida dependesse disso, gemendo como se
ninguém no mundo pudesse ouvi-lo.
Não era ele quem deveria dar conforto a Orin? Isso parecia um
pouco com o contrário, mas talvez fosse o lado alfa de Orin. Talvez só
quisesse comandar e fazer o que quisesse com Milo.
Estava mais do que feliz com isso.
— Foda-se, você é lindo, — Orin disse, sua língua lambendo o
ânus de Milo mais uma vez. — Tão lindo. Não posso acreditar que...
Orin se isolou do que estava prestes a dizer.
Milo não teve a chance de perguntar sobre isso quando o alfa de
repente o agarrou pelos quadris e o puxou de volta.
Engasgou quando foi forçado a ficar de joelhos e depois
empurrou a cabeceira da cama.
— Agarre-se a isso, — Orin disse, agarrando Milo pelas mãos e
forçando-o a segurar firme na cabeceira da cama.
Era realmente apenas uma estrutura de aço, mas Milo teve o
vislumbre do que Orin queria fazer com ele. Estremeceu.
— Sim, por favor, sim.
Orin alcançou a mesa de cabeceira. Alguns de seus
medicamentos estavam lá, assim como um pote de creme.
Milo estremeceu de novo, sabendo o que Orin planejava fazer
quando abriu a tampa e farejou o conteúdo branco.
Era para ajudar com a queimadura. Orin provavelmente não
cicatrizava, e em algumas semanas, se não mais cedo, estaria
totalmente curado. De qualquer forma, era importante para ter algo a
mais para a pele.
Orin aparentemente também decidiu que era bom o suficiente
para usar no ânus de Milo.
Milo engasgou quando sentiu um dos dedos de Orin tocando seu
ânus. Afastou do frio e então recostou-se contra ele com um suspiro
profundo e satisfeito, o prazer já o atingindo quando aqueles dedos
circularam no anel do músculo.
— Isso é bom, — ele gemeu. Milo baixou o rosto contra as
mãos, o membro latejando enquanto respirava ofegante.
— Quer meu pau dentro de você?
Milo assentiu.
— Não vou voltar depois disso. Você é meu depois disso.
Compreende?
Milo assentiu novamente.
Orin rosnou. Pegou um punhado de cabelo de Milo e puxou-o
com força até as costas de Milo pressionarem firmemente contra o peito
de Orin.
— Não, diga que você entendeu. Não sou uma pessoa legal.
O que? Isso não fazia sentido. Milo piscou para o outro homem,
tentando entender sua confusão e resolver as coisas que sabia sobre
Orin, com as coisas que estava dizendo sobre si mesmo.
— Sim você é.
Todo o corpo de Orin pareceu congelar. Não respirou por quatro
segundos inteiros. Milo sabia porque não respirava também, não quando
essa dor entrava nos olhos de Orin.
Orin empurrou Milo de volta à posição antes que pudesse
perguntar qual era o problema, e então aqueles dedos empurraram
dentro dele com força.
Se fosse virgem, essa parte poderia ter sido desagradável. Era
como se Orin estivesse lutando com seus demônios interiores, como se
quisesse machucar Milo apenas o suficiente para assustá-lo, para provar
a ele que Orin não era digno de ser um companheiro, mas não conseguia
cruzar a linha.
O resultado foi o domínio, do tipo que contornava as
extremidades da dor, mas não chegava lá, o que deixou Milo animado
para saber quem era o chefe nessa cama e quem seria o fodido por um
homem tão poderoso.
E gemeu como uma cadela no cio, empurrando sua bunda de
volta naqueles dedos, implorando por mais, implorando para Orin colocar
seu pênis dentro de seu corpo.
Para fazê-lo dele.
O alongamento não durou muito antes de parecer que Orin não
conseguia mais se segurar.
Puxou os dedos para longe, ofegante, ainda rosnando um
pouco, e então enfiou a cabeça de seu pênis na entrada do ânus de Milo
e empurrou para dentro com força.
Como se ainda quisesse assustá-lo com o quão duro estava
sendo.
Milo não se assustaria. O pobre Orin não percebeu que quanto
mais tentava dominar, mais Milo gostava.
— É isso, — gemeu, cerrando os olhos fechados quando foi
violado, esticado e cheio até o punho. Sentiu as bolas de Orin tocarem a
parte de trás de sua bunda, e a raposa selvagem dentro dele correu ao
redor, cheia de energia, querendo participar.
Milo queria rir da criatura.
Hei, não. Desculpa. Isso era para o prazer dele e só dele. Milo
não sentiu vontade de compartilhar o que lhe pertencia.
Orin o fodeu. Ele inclinou os quadris lentamente para os
primeiros três golpes e depois cedeu aos seus demônios internos e bateu
seu pênis para frente, como se estivesse esperando por isso por tanto
tempo quanto Milo.
Como se quisesse isso desde o dia em que se conheceram,
assim como Milo.
— Oh Deus, isso é o que quero, — Milo gemeu, empurrando sua
bunda de volta contra o pênis de Orin, encontrando-o na metade do
caminho a cada vez, seu ritmo fora, mas estava tudo bem. Era parte do
apelo e usou a outra mão para acariciar seus próprios mamilos, um de
cada vez, enquanto Orin o atacava, dava-lhe tudo o que poderia precisar
e muito mais.
Foi como voltar para casa. Esta era a sua casa. Este era o seu
alfa.
Este era seu companheiro.
E Orin o fodeu como se estivesse fazendo isso pela primeira e
única vez em sua vida. Isso parecia os movimentos de um homem que
achava que nunca mais veria Milo.
Milo sabia porque tinha sido fodido assim antes, nas ocasiões
em que os outros ômegas sabiam que seriam levados para uma festa de
sangue de vampiros.
Todo mundo sabia que a maioria dos ômegas estava sangrando
nessas coisas, e Milo sempre quis dar uma boa despedida.
O problema era que se tornou bom em reconhecer esse tipo de
adeus.
Certo. Orin tinha outra coisa vindo se essa fosse a mentalidade
que iria dar a si mesmo.
Se tentasse se banir antes que Glendon pudesse fazer isso por
ele, então Milo o seguiria. Orin não iria assustar Milo na cama, e não
fugiria dele fora da cama.
Milo se levantou contra o peito de Orin. Ainda tinha que segurar
a estrutura da cama, apenas para manter o equilíbrio, mesmo de
joelhos, mas queria colocar o rosto mais perto da boca de Orin.
Mais especificamente, queria colocar o pescoço mais perto da
boca de Orin.
Olhando para o lado, e mesmo através da névoa de luxúria, Milo
podia ver o branco das presas de Orin.
— Morda-me.
Orin cerrou os dentes, aquele olhar de dor vindo pelo rosto mais
uma vez. Gemeu.
Como se Milo aceitasse isso como sua resposta.
Estendeu a mão, colocando-a na parte de trás da cabeça de
Orin, não se importando com o quão áspero estava sendo com um
homem ferido desde que Orin estava mostrando que poderia claramente
ser um pouco áspero de qualquer maneira.
Tentou puxar a cabeça de Orin para baixo, para pegar sua boca
para trancar o lado da garganta de Milo, exatamente onde queria que
fosse.
Claro que o homem resistiu. Claro que sim, e é claro que não
havia nada que Milo pudesse fazer para forçar a situação.
Ainda era um ômega e Orin era um alfa. Milo não podia forçar o
homem a fazer algo que não quisesse fazer.
Não fisicamente, mas ainda havia outra pequena arma à
disposição de Milo.
— Por favor, preciso disso, — implorou, forçando os olhos a
aguar, apenas o suficiente para puxar as cordas do coração de Orin.
E Orin, o bastardo, gemeu e apertou os olhos no ombro de Milo,
escondendo-se da arma secreta que tentara soltar sobre ele.
Ótimo. Milo tinha certeza de que tal tática funcionaria, mesmo
em vampiros que tinham escravos de sangue favoritos.
Talvez não. Só porque Orin não ficaria comovido por lágrimas
não significa que não iriam acasalar.
O fato de que Orin não queria mordê-lo poderia dizer algo sobre
isso, no entanto.
Orin desencadeou uma arma secreta. Mudou o ângulo de seus
quadris, tocando o ponto de prazer de Milo dentro dele, e todo o controle
que Milo pensou ter desapareceu imediatamente.
Jogou a cabeça de volta no ombro de Orin, sua boca abrindo
enquanto gemia longo e alto. Não conseguia contê-lo. O prazer não seria
negado, e não havia nada que pudesse fazer para se preparar para o seu
ataque.
Um fluxo de seu próprio sêmen bateu na barriga e peito, seu
pênis contraindo com o choque de prazer que tomou conta dele e não o
soltaria de seu aperto.
Milo se abaixou quase como uma reflexão tardia e acariciou seu
pênis, prolongando seu prazer e fodendo em sua mão enquanto
desesperadamente empurrava sua bunda de volta contra o pênis de
Orin.
Tão bom. Isso era tão incrivelmente maravilhoso. Ninguém
jamais... como Orin...
Milo realmente estava apaixonado. Seu companheiro não só o
resgatou das garras de uma fazenda de vampiros, mas sabia como fazer
Milo gemer seu nome várias vezes, mesmo quando o orgasmo começou
a diminuir.
Orin continuou fodendo-o, seu ritmo se tornando ainda mais
rápido do que antes, se isso fosse de alguma forma possível.
Claro que era porque Orin estava fazendo isso, e Milo
praticamente saltou no colo do homem. Ficou surpreso que o pau de
Orin simplesmente não escorregou para fora de seu corpo com a força
que fodia com ele.
Arrepios de prazer o atingiram com força. Milo gemeu,
mordendo o lábio inferior enquanto era ordenhado pela última gota de
prazer que tinha.
Ou então pensou. Orin pressionou a boca no pescoço de Milo,
gemendo, seu corpo retumbando quando Milo sentiu a súbita onda de
calor que o encheu de dentro para fora.
E então Milo gozou novamente. Não tinha ideia de como isso era
possível. Não deveria ter sido possível! Mas estava lá. Ainda tinha o
suficiente para ter um segundo orgasmo completamente.
Milo gemeu e gritou novamente. Empurrou de volta contra o
pênis de Orin, praticamente fodendo-se com o homem enquanto estava
desesperado para chegar a esse fim, para deixar seu corpo finalmente
descer do alto maravilhoso que acabara de ser dado.
Mas a combinação de ter Orin gozando dentro dele e mordendo-
o foi interrompida quando Milo percebeu que Orin não o havia mordido.
Ele pressionou a boca na garganta de Milo, sim, pressionou, e a
sensação de ser tomada pelo homem que Milo tinha certeza que era seu
companheiro certamente o atingiu com força também, mas Orin não o
tinha mordido.
Então, Milo só gozou uma segunda vez porque achou que tinha
sido mordido? Isso era sua mente pregando peças nele? Não entendeu.
E o deixou um pouco triste.
— Orin?
Deus, era essa a voz dele? Milo parecia tão pequeno, tão frágil.
Assim como soou no dia em que Orin o contrabandeara da
fazenda de vampiros, e Milo não era uma pessoa forte em primeiro lugar.
Sentiu a mesma sensação de desconforto sobre ele, a sensação
horrível de que algo muito errado estava acontecendo aqui, que as
coisas não eram como pensava que fossem.
— Você deveria sair daqui.
Milo piscou.
— Eu o quê?
Orin se soltou do corpo de Milo. Milo se virou, olhando para o
homem.
Orin o encarou bem nos olhos. Não desviou o olhar, e não havia
nada em sua expressão para sugerir que estava lutando com o que
estava dizendo.
— Fodi você. Isso é o que queria. Nós não somos companheiros.
Você deveria ir.
Milo piscou. Pensou por um segundo e balançou a cabeça.
— Eu...
— Quero você fora do meu quarto.
O tom duro e cortante em sua voz roubou a última gota de
confiança com que Milo tinha entrado nessa situação.
Isso machucou. Seu coração doía fisicamente.
— Mas pensei... não, não posso deixar você aqui assim. Sou seu
agora. Você mesmo disse isso.
— Menti. Queria te foder, então disse o que você queria ouvir. —
Orin zombou dele. — Você realmente acha que eu gostaria de estar
acasalado com um ômega que foi tocado por um vampiro?
Esse comentário doeu muito mais do que Milo pensava que
doeria.
— Não, eles nunca me tocaram. Não assim.
— Não me importo, e você sabia o que eu quis dizer. Tiveram
seus dentes em você. É o bastante. Ainda posso sentir o cheiro de
sangue de vampiro em você. Cheira a merda. Quase me fez vomitar
quando você tentou colocar meus dentes em você também.
Provavelmente tem gosto deles.
Milo ficou tenso. Ainda ficou, mesmo quando sua raposa interior
choramingou, como se tivesse sido chutada na barriga.
— É porque não sou virgem para você?
— Não. — Orin não parou de olhar. — Não seja um idiota. Eu
disse que estava bem, embora não seja muito melhor, sabendo que
esteve se prostituindo entre buscar café e deixar os sanguessugas
sugarem você.
Agora Milo se sentia como se estivesse prestes a chorar. Seus
olhos ardiam e seu coração doía.
Esfregou o rosto, virando-se antes que Orin pudesse realmente
dar uma boa olhada nele.
Ele saiu da cama, pegou suas roupas, então lembrou que
estavam rasgadas quando as segurou.
— As minhas roupas...
— Eu não me importo. Coloque-as e saia. Ou saia nu. Apenas
fique longe de mim.
O coração de Milo fez outro movimento de torção que o levou a
respirar ofegante.
Foi capaz de colocar a camisa, apesar de ter ficado mais
parecido com uma jaqueta do jeito que foi rasgada no meio.
Se cobriu com as calças, as amarrou na cintura como uma saia.
Provavelmente parecia ridículo, mas estava envergonhado. Não
queria mais estar aqui.
Foi até a porta, parando e olhando para Orin.
Orin ainda estava na cama. Olhava para suas mãos, e talvez
fosse por causa da imagem triste que fazia, coberto de bandagens como
estava, que Milo foi capaz de ver o que ele tinha feito.
— Voltarei para você em breve. Vou lhe trazer algo para comer.
Orin ficou tenso. Não olhou diretamente para Milo, embora
rosnasse e olhasse para ele pelo canto do olho.
— Não se incomode. Não quero você perto de mim.
Mais uma vez, o coração de Milo torceu, mas se ia ter algo
parecido com uma vida normal, tinha que lutar por isso.
— Acho que você está mentindo para mim.
Desta vez, Orin olhou para ele bem no rosto, zombando como
se Milo o repugnasse.
— Não estou.
Milo continuou.
— Acho que está me afastando porque não quer que eu sofra
como seu companheiro. Você me beijou e me empurrou para que
pudesse voltar para a fazenda e libertar meus amigos. Não queria me
morder porque pensou que estaria me deixando sem um companheiro, e
não quer me morder agora porque acho que não quer que eu seja
forçado a deixar esta casa agradável e confortável quando você deixar o
bando.
— Dê o fora daqui.
Milo esfregou os olhos novamente, falando através de suas
lágrimas e garganta fechada porque, mesmo que pudesse ver através do
que Orin estava fazendo, isso não significava que suas palavras não o
machucavam da pior maneira possível.
— Essa é a única razão pela qual eu te perdoo pelo que disse,
mas preciso estar... acho que preciso ficar sozinho um pouco, e você
também. Voltarei, prometo. Não vou deixar você me afastar porque eu
te amo.
Os olhos de Orin brilharam para a vida. Ele se empurrou para
fora da cama, e a pele começou a entrar pelas dobras de suas ataduras
quando seu alfa interno saiu.
— Não! Você é doido? Não me conhece!
Milo já havia se virado e saído do quarto, antes mesmo de Orin
gritar para ele sair.
O homem tentou segui-lo até o corredor, ainda gritando, mas
seus ferimentos impediram que chegasse longe.
Ainda assim, Milo olhou para trás para se certificar de que Orin
não tivesse caído.
Não, ele se segurou na parede, ainda olhando para Milo do outro
lado do corredor.
Mesmo com a distância entre eles, Milo tinha certeza de que viu
o que pareciam lágrimas nos olhos do alfa.
Certa vez, quando Milo ainda era pequeno, quando estava
chorando nos braços da mãe designada da fazenda, ela disse a ele que
às vezes um bom choro era tudo que era necessário para deixar as
tristezas do mundo irem embora.
Ela estava tentando prepará-lo para o fato de que ele seria um
alimentador de vampiros por um longo tempo, e quando tinha sido
sangrada para a alimentação, Milo chorou então, também, porque ela
estava certa, e estava também agora.
Depois que se sentisse melhor pelas coisas cruéis que Orin
havia dito a ele, estaria pronto para voltar, para cumprir sua promessa
de não deixar o alfa empurrá-lo para longe.
E depois que Orin derramou lágrimas, talvez estivesse pronto
para pedir desculpas por sua escolha de palavras.
Capítulo 6

Parker se encolheu ao ouvir o grito vindo do andar de baixo.


Primeiro tudo que podia ouvir eram os sons de foda, que era
tudo o que parecia ouvir nesta casa, e então não havia nada além do
barulho de gritos e mais gritos.
Estava sentado no tapete, meditando. Fergus estava sentado
com as pernas cruzadas a menos de meio metro de distância, com os
olhos fechados, como se estivesse em perfeita paz com o universo.
— Devemos talvez, você sabe, fazer algo sobre tudo isso?
Fergus suspirou, sem abrir os olhos.
— O que você quer que façamos?
— Eu não sei, — disse Parker, sentindo-se um pouco idiota. —
Talvez se envolver? Verificar se o novo cara está bem? E se Orin ficar
violento?
— Ele não vai.
Parker olhou para o homem, tendo algum prazer nisso desde
que sabia que Fergus não podia vê-lo, e, portanto, não poderia ter
problemas por isso.
— Como você saberia disso?
— Conheço Orin.
— Uh-huh, — disse Parker, nem um pouco divertido com a
resposta. — E conhecia quando Orin estava se preparando para
estrangular meu irmão até a morte? Meu irmão grávido?
Ele nunca iria se acostumar a dizer algo assim, mas se
lembrasse a Fergus que Jake estava grávido quando Orin tentou matá-lo,
acrescentasse algum peso à acusação, então estava mais do que
disposto a usar isso como munição.
Fergus suspirou.
— Não que eu espere que você entenda, mas isso foi diferente.
Agora cale a boca. Estou perdendo meu foco.
— Como foi diferente? — Parker não estava disposto a deixar
isso para lá. — Ele colocou as mãos em volta da garganta de Jake e
tentou matá-lo.
— Fez isso para manter seu companheiro no andar de baixo, de
ser torturado por vampiros. Se matasse Jake e o feto, pensou que
estaria poupando Jake de um destino pior do que se fizesse o que os
vampiros pediram e levasse Jake para eles.
— Uh-huh, ótimo, tão misericordioso, e está gritando com o
companheiro que estava tentando proteger agora.
— A gritaria parou. Você, por outro lado, precisa calar a boca e
parar de ficar tão obcecado com isso. Jake perdoou Orin, e ele
provavelmente não vai ficar em casa por muito tempo de qualquer
maneira.
Como se Parker se importasse, e não estava com vontade de
meditar de qualquer maneira.
Parecia que nunca iria atrair seu lobo interior para fora. A coisa
estúpida parecia querer sair apenas pela força.
Fergus disse de novo e de novo que, se Parker pudesse ganhar
algum controle, não teria que se preocupar com o animal forçando sua
saída.
Se forçava a saída, ficaria selvagem. Parker nunca teria controle
e seria essencialmente um shifter selvagem.
Poderia se machucar ou a outras pessoas.
Naquele momento, no entanto, Parker não sentiu necessidade
real de aprender alguma coisa. Pegou sua calça jeans.
— Nate aprendeu a controlar seu lobo interior depois de se
tornar feroz. Então, o que importa se meu lobo sair sozinho uma ou duas
vezes?
Fergus abriu os olhos, revelando que estavam vermelhos.
Parker devia estar incomodando-o mais do que pensava.
— Primeiro de tudo, não seja um idiota. Em segundo lugar, Nate
teve sorte com isso, e em terceiro lugar, você sendo feroz, mesmo que
temporariamente, ainda pode levar a um risco de se machucar ou a
outros. Então está com raiva de Orin pelo que quase fez com Jake? Quão
idiota se sentiria se acidentalmente deixasse seu lobo selvagem atacar
Jake ou o filhote dele?
Calor correu para o rosto e as orelhas de Parker. Desviou o
olhar, do olhar acusador de Fergus.
— Esse é um bom ponto, eu acho.
— Sim, é, e o quinto motivo pelo qual precisa calar a boca é
porque Nate só conseguiu o controle depois que acasalou com o homem
que ele considerava ser seu alfa.
Parker olhou para Fergus bruscamente. O homem sorriu
provocativamente para ele.
— Se quer encontrar o caminho mais rápido, sempre pode me
deixar foder você. Seu lobo responderá bem a isso.
Parker engoliu o nó duro de repente em sua garganta. Desviou
o olhar quando o calor subiu por seu pescoço e se acomodou em suas
bochechas.
— Uh, não obrigado.
Fergus bufou.
— Não pareça tão assustado. Age como se realmente pensasse
que eu faria isso.
— Você continua ameaçando fazer isso.
— Não é uma ameaça, idiota. Estou te provocando.
Parker piscou e olhou para o outro homem, chocado.
— Provocando? Está tentando fazer amizade comigo?
O olhar que Fergus deu a ele não poderia ter sido mais sujo se
tivesse tentado.
— Você é meu ômega. É benéfico se pelo menos pudermos nos
dar bem. Pode até ajudá-lo a finalmente controlar o seu lobo estúpido.
— Oh.
Parker ficou chocado com isso. Passou tanto tempo provocando
Fergus que nunca lhe ocorreu que o homem poderia aceita-lo bem como
ele poderia aceita-lo.
Estava sempre tão confuso sobre a dinâmica dos lobisomens.
Isso o fez desejar que pudesse voltar aos dias em que trabalhava em seu
Twitch e Jake trabalhava no café. Tudo tinha sido tão simples então.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Você vai perguntar mesmo se eu disser não, então atire.
Parker olhou para o homem, mesmo depois que Fergus fechou
os olhos e tentou voltar à meditação.
— Tudo bem, você realmente quer fazer sexo comigo?
Os olhos de Fergus se abriram.
Parker sentiu a mesma pontada de constrangimento e até de
vergonha, mas não conseguiu se deixar intimidar. Precisava de
respostas. As verdadeiras. Não meio respostas ou pedaços de
informação para que as unisse.
— Não que esteja oferecendo ou algo assim, mas você
claramente não gosta de mim, então por que quer fazer sexo comigo?
A pergunta que Parker não fez foi. Por que queria deixar Fergus
transar com ele?
Fergus suspirou.
— É instinto. Eu te mordi, te mudei. Você está sob minha
proteção.
— Mas isso não responde a nada.
Fergus olhou para ele, embora o olhar não tivesse o calor
habitual.
— O instinto não precisa fazer sentido. Na verdade, pensei que
isso teria desaparecido meses atrás.
— Você pensou?
A ideia de que Parker estava sofrendo com essa estranha
luxúria, e até mesmo a curiosidade, por meses depois da data final,
deveria tê-lo chocado e surpreendido.
Fergus assentiu.
— Outros lobos falaram em sentir luxúria pelos homens e
mulheres que eles mudaram. Você e eu estamos juntos. Sempre serei
seu alfa, mas nem sempre queremos um ao outro. Ignorando o desejo
de acasalar, deve finalmente, fazê-lo ir embora. A única coisa em que
consigo pensar é que ainda queremos um ao outro porque você ainda
não aprendeu a invocar seu lobo.
Parker abaixou a cabeça, um pouco embaraçado com isso.
Houve algumas vezes em que o lobo quase forçara sua saída, e Fergus
fora forçado a segurar firmemente Parker em seu peito, para confortá-lo,
para empurrar o lobo para trás, para que Parker pudesse manter o
controle.
Se o lobo forçava a saída sem o consentimento de Parker, seria
um lobo feroz. Parker poderia nunca ser capaz de controlá-lo, e ficaria
para sempre à mercê de Fergus.
— Estou tentando, — murmurou.
Fergus zombou, fazendo um barulho curto, como se não
acreditasse inteiramente nele.
— Sim, bem, quanto mais cedo acabar com isso, mais cedo nós
podemos parar de nos abraçar todas as noites.
Se Parker tivesse arrepios, teriam feito seus pelos levantarem
alto.
— Eu não te abraço!
— Sim você faz. Me trata como um travesseiro de corpo, e
então me pergunto se realmente quer que eu te tire da sua miséria e te
foda.
O calor voltou às bochechas de Parker.
Certo. Definitivamente não gostava de ouvir falar desse jeito.
Não era legal.
— Se eu faço, então é no meu sono. Não quero fazer isso.
Compartilhar um quarto fazia parte do treinamento de Parker.
Porque precisava ficar tão perto de Fergus durante a maior parte
do dia para manter seu lobo interno intimidado e fraco o suficiente para
ficar para baixo, isso significava dividir um quarto com Fergus.
Eles até dormiam na mesma cama.
O que fez acordar de manhã com um pau duro bastante
desajeitado. Ou, pior, quando Parker acordou de manhã para a
percepção de que teve um sonho molhado na noite anterior.
Um sonho molhado onde Fergus era a maldita estrela.
Enquanto isso, Fergus nem gostava dele.
Além disso, Parker era hetero, então por que diabos estava
triste se Fergus gostava ou não dele? Se alguma coisa, isso era uma boa
notícia.
— Então, se eu conseguir controlar meu lobo, podemos parar de
dividir um quarto?
Fergus assentiu.
— E posso tentar ter minha vida de volta?
— Tanto quanto pode ter como um ômega shifter. Ainda
precisará fazer parte deste bando, mas sim. Estará livre para ir aonde
quiser, iniciar seu canal estúpido do Twitch de novo e ganhar dinheiro
sentado na sua bunda e jogando videogames.
— Oh, tudo bem, foda-se você. Sei que você gostou quando
estávamos jogando Magic the Gathering.
Não muito tempo atrás, Fergus prometera a Parker que, se
conseguisse impressioná-lo no ginásio com suas aulas de autodefesa,
Fergus deixaria Parker ensiná-lo a jogar.
Parker estava desesperado para conseguir as cartas iniciais, e
fez tudo o que podia para ter certeza de que Fergus ficaria
impressionado.
O rosto de Fergus ficou neutro. Parecia que estava tentando
rosnar para Parker, mas o canto de sua boca se contorceu, e Parker se
apegou a isso, apontando o dedo diretamente para o rosto de Fergus.
— Há! Vejo? Eu te falei! Sabia que gostaria disso.
— Seja como for, cale a boca.
— Não, não, não. — Parker estava gostando muito disso. —
Gostou quando estávamos jogando Magic. Admita.
— Não era um jogo muito chato.
— Uh-huh. — Parker nunca se sentira tão orgulhoso em toda a
sua vida. Cruzou os braços, olhando para Fergus como se finalmente
tivesse descoberto o outro homem. — Você sabe o que? Vai baixar o
Hearthstone no seu iPad.
— Hearthstone? — Fergus levantou uma sobrancelha.
— É outro jogo de cartas, mas online.
— O que quer dizer com outro jogo de cartas? — Fergus
perguntou.
Parker assentiu.
— Certo, vamos fazer isso totalmente. Você e eu. Podemos
jogar um contra o outro e tudo mais, e pode ter seu próprio baralho sem
se preocupar com seus sentimentos machistas estúpidos sendo
danificados por carregar um baralho de cartas.
— Está realmente empurrando sua sorte com isso.
— Nós sempre poderíamos jogar Yu-Gi-Oh. Esse é outro
divertido.
— Yu... — Fergus tentou dizer. — Nem vou tentar repetir a
palavra que acabou de dizer. Tudo bem, vamos baixar no iPad se isso o
fizer calar a boca.
Parker sorriu.
— Significa que posso voltar ao computador? Preciso fazer isso
se você e eu vamos jogar juntos.
Fergus rosnou para ele e depois revirou os olhos.
— Bem. Claro, pode ter seu laptop estúpido de volta.
Parker atirou as mãos para o ar.
— Tudo bem!
— Só não empurre muito a sua sorte e apenas para este jogo.
Envolve uma câmera?
Parker sacudiu a cabeça.
— Não. Ninguém pode me ver ou ouvir quando estamos
jogando. Mesmo com você. É realmente meio perfeito.
— Melhor que seja, — Fergus zombou. — Apenas feche os olhos
e tente se concentrar já.
— Certo, certo, — disse Parker, ajustando-se e deixando seus
olhos se fecharem, mas na verdade, estava muito feliz e animado para
se concentrar em muito de qualquer coisa.
— Sabe, você não é realmente tão idiota.
Fergus estalou.
— Muito obrigado por isso.
— Não, sério. Você gosta de fingir que é um idiota e tudo mais,
mas acho que é realmente um cara legal.
Fergus sorriu para ele, um sorriso de verdade, e foi muito mais
assustador do que qualquer outra coisa que o homem pudesse ter
atirado nele.
— Cuidado, menino hetero, caso contrário, acho que você está
se apaixonando por mim.
Parker rosnou, apertando as mãos nos joelhos cruzados e
ignorando o seu pau.
— Isso nunca acontecerá. Nunca deixarei um cara fazer sexo
comigo.
Mal reprimiu o arrepio com o pensamento, não que estava
planejando contar a Fergus sobre sua história de fundo agora que
estavam ficando todos amiguinhos.
Felizmente, Fergus não pareceu notar a mudança no
comportamento de Parker, e voltou para suas provocações.
— Uh-huh, tente não se aconchegar tanto hoje à noite, bebê.
Está um pouco quente para isso.

Capítulo 7

Orin bateu de leve na porta de Milo.


Foi no dia seguinte. Ele tinha sido muito covarde para ir atrás do
homem e fazer as pazes depois de assustar seu companheiro.
E mesmo que quisesse, seu corpo estava fraco demais para
fazer algo sobre isso.
Felizmente, mais daquele creme de pele calmante em suas
queimaduras e uma boa noite de sono tinha feito bem para sua cura, e
não estava usando tantas bandagens hoje.
Se arrumou o melhor que pôde em seu banheiro, e agora estava
em frente à porta de Milo, com o figurativo chapéu na mão, pronto para
implorar por misericórdia.
Bateu de novo.
— Milo, sei que você está aí. Por favor fale comigo.
Deus, isso machucava muito. Podia sentir o cheiro do outro
homem dentro, e Milo não estava respondendo a ele.
Orin pressionou a testa contra a porta.
Houve um tempo em que Orin teria matado para ter a liberdade
de conversar livremente com seu companheiro, para ir até a porta e
pedir para entrar. Queria tanto que doía nunca conseguir.
Doeu ter que ignorar seu companheiro, fingindo não se
importar, sabendo que Zoella observava cada movimento seu.
Ela sabia que tinha algo que Orin queria. Simplesmente não
sabia especificamente quem.
Não que isso importasse. Ela teria abatido todos os seus
alimentadores de sangue se isso significasse machucar Orin.
— Milo, não tenho muito tempo. Ninguém sabe ainda que estou
fora do meu quarto. Só queria te dizer o quanto sinto muito.
Orin ouviu o barulho de passos atrás da porta. Milo se
aproximou. Chegou tão perto que foi como se estivesse encostado no
outro lado da porta, e Orin suspirou com a proximidade dele.
O doce aroma de Milo estava bem ali. Seu pau endureceu, mas
não ficou completamente duro.
Era difícil para o seu corpo fazer isso mesmo com um calor de
acasalamento tomando o controle, com o modo como Milo estava
zangado com ele.
— Eu não... não quis dizer isso. — Orin afastou a testa da porta.
Olhou para ela, desejando poder ver através dela.
— Sou um idiota. Não sei o que estou fazendo. Tudo que queria
era te proteger. Nunca pensei que te veria novamente depois que te
deixar com o meu irmão, e agora nós dois estamos aqui, e vou ser
banido no mínimo. Não posso te proteger sozinho. Você precisa de um
bando.
Através da porta, Orin podia ouvir os sons do coração de Milo
batendo. O coração de Orin também bateu forte. Isso estava
machucando-o quase tanto quanto estava machucando seu
companheiro.
Nenhum deles parecia gostar disso.
— Sei que você se importa. Sei que você pode até estar
apaixonado por mim, mas não quero amarrá-lo a alguém que não pode
te proteger. Tentei matar alguém inocente, Milo. Não posso enfiar isso na
sua cabeça o suficiente. Tentei estrangular Jake no banheiro no andar de
baixo. Esse é o tipo de pessoa que sou. Você estaria se envolvendo com
isso.
Orin respirou fundo, ignorando a dor no peito.
— Não quero que você acorde um dia e pergunte a si mesmo o
que diabos fez. Não quero que perceba que cometeu um erro comigo,
que não deveria estar com alguém que faria algo assim.
Não queria que seu companheiro o temesse.
Orin recuou da porta. Podia sentir o calor de Milo irradiando
através dele, e estava ficando muito difícil para ficar lá absorvendo o
calor de Milo, seu perfume e seu amor.
Foi muito doloroso.
— Eu amo você, Milo. Tentei matar alguém por você, mas isso
não é uma desculpa. Estava disposto a morrer para tirar você de lá.
Estava disposto a arriscar a vida daqueles outros ômegas e humanos
para te tirar daqui. Tive sorte que eles sobreviveram e eu consegui
libertá-los, me sinto como o cara legal, mas fiz algumas coisas ruins.
Não quero que você carregue o peso dessas coisas.
Não era justo e não estava certo.
— Estou saindo do bando. Não tenho certeza para onde vou,
mas farei todo o possível para tentar melhorar. Quero ser digno de você.
Não espere por mim. Se surgir outro alfa que seja digno de você e que o
queira, então aceite-o.
Orin respirou fundo.
— Mas, se por alguma razão ainda estiver... disponível quando
eu voltar, procurarei você. Verei se você não mudou de ideia. Talvez
então, depois que viveu um pouco com alguma liberdade real, possa ter
algo comigo. E posso ter algo com você.
Orin apertou a mão na porta, precisando sentir o calor de Milo
irradiando mais uma vez antes de se virar e se afastar.
Quando a porta se abriu atrás dele, Orin quase se encolheu,
mas não parou de andar.
Não até Milo gritar para ele.
— Orin, pare.
Foi o som rachado da voz de Milo que obrigou Orin a obedecê-
lo. Como não faria, quando seu companheiro soou como se estivesse
com tanta dor?
Orin se virou e olhou para Milo. O homem parecia tão pequeno
onde estava, como se estivesse se preparando para desmoronar a
qualquer momento.
E os olhos estavam vermelhos. Não porque seu lobo interior
estava com raiva. A maioria dos ômegas não conseguia nem fazer seus
olhos fazerem isso.
Não, estavam vermelhos, como se Milo estivesse chorando.
E o coração de Orin apenas se despedaçou.
Toda a força de vontade foi perdida. Orin correu para seu
companheiro. Milo engasgou e foi até ele, estendendo a mão,
envolvendo os braços em volta do pescoço, colocando as mãos no cabelo
queimado e apertando-o com força quando suas bocas se juntaram.
Orin sentiu o estremecimento de Milo a princípio, mas isso não
os impediu de beijar profundamente. Suas línguas deslizaram juntas
enquanto se abraçavam apertados.
Oh Deus. Milo estava perfeito nos braços de Orin. Nunca quis
deixar este homem ir. Nunca quis se separar dele. Como no mundo
poderia ter pensado que algo assim funcionaria quando estava
claramente tão atraído pelo ômega que doía fisicamente mais do que as
queimaduras em seu corpo para se separar dele?
— Não vá, — gritou Milo entre beijos. — Mas se tiver que ir, por
favor, não me deixe para trás!
Orin gemeu. Beijou seu companheiro novamente.
Todas as coisas que confessou na porta de Milo... Deus o salve,
mas faria tudo de novo. Faria aquelas coisas horríveis e repugnantes
novamente se isso significasse manter Milo feliz e seguro.
Mas não era apenas um filho da mãe malvado. Também era
egoísta e porque, apesar de estar disposto a fazer aquelas coisas
horríveis de novo e de novo por Milo, a única coisa que não conseguia
fazer era se afastar dele.
— Não tenho nada para lhe dar. — Orin teve que avisá-lo disso.
— Esta casa não é minha. O dinheiro aqui não é meu. Teria sorte de
conseguir um apartamento para você na cidade.
Também teria que ser um estúdio. Ficariam apertados, e seria
um inferno para seus animais internos.
Raposas precisavam de espaço para brincar, terra para vaguear.
Se Milo não tivesse pelo menos isso, então que tipo de provedor faria
Orin?
— Não me importo! — Milo disse, enxugando os olhos. — Não
me importo. Por favor, me leve com você. Eu te seguirei se for preciso.
Mais uma vez, o coração de Orin doeu. Não aguentava ouvir seu
companheiro com tanta dor.
E é claro que estava com dor. Por que Orin esperava o
contrário? Este era seu companheiro, e uma separação como essa
geralmente trazia dor para ambas as partes.
Cristo, e Orin ainda não colocara sua marca de mordida em Milo.
Isso era ruim.
— Quando vocês estão indo?
Orin girou a cabeça ao redor. Teria recuado um passo se já não
estivesse segurando Milo em seus braços.
— Orion.
Seu irmão estava no final do corredor, totalmente vestido, com
os olhos injetados em sangue, no sentido de que provavelmente passara
a noite toda acordado, em vez de ir dormir. Suas botas pareciam sujas o
suficiente para sugerir que estivera fora a noite toda, e sua trança
normalmente imaculada tinha vários fios fora do lugar.
Orion cruzou os braços, esticando a jaqueta de couro.
— Quando você vai embora?
Orin olhou para longe do irmão. Não achava que iria parar de se
sentir envergonhado com essa coisa toda.
— Hoje, provavelmente. Antes que Glendon saiba que saí do
meu quarto.
— Uh-huh, e quanto dinheiro você tem?
Orin pensou sobre o que estava em sua conta bancária.
— Tenho guardado o suficiente para dar a Milo um teto sobre
sua cabeça e comida em seu estômago.
— Mas nada mais?
Orin rosnou para o homem.
Nunca sentiu a necessidade de economizar muito dinheiro, não
quando vivia nessa casa enorme durante a maior parte de sua vida.
Glendon pagava bem seus alfas, mas Orin nunca foi simples com seus
gastos estúpidos.
Tinha cerca de dez mil dólares economizados. Não era o
suficiente para obter ao seu companheiro uma casa ou qualquer terra.
Seria o suficiente para conseguir o apartamento de que precisavam, e a
pequena cidade onde Glendon tinha achado Jake provavelmente não
tinha aluguéis altos.
Orion sabia como ele era com o dinheiro. Teria que conseguir
um emprego. Cristo, poderia ter que entregar pizzas até que pudesse
descobrir alguma coisa.
— Posso ir caçar minha própria comida, — disse Milo. — E sei
limpar pratos e lavar a roupa na banheira. Poderia limpar as casas de
outras pessoas por dinheiro. Isso é trabalho, certo?
Orin estremeceu com isso. Não queria que seu companheiro
tivesse que lavar a roupa na banheira, e não queria que Milo tivesse que
encontrar trabalho para eles.
Orin queria fazer isso. Queria ser o único a fazer Milo se sentir
tão livre quanto pudesse.
— Bebê, você não precisa fazer isso. Vou descobrir alguma
coisa.
Orion sacudiu a cabeça.
— Você é uma droga, sabe disso?
Orin suspirou.
— Eu sei.
Orion cerrou os dentes. Parecia sinceramente irritado com Orin.
— Você fodidamente manteve isso escondido do bando, tentou
matar Jake, assustou-me, e apenas...
O que quer que Orion estivesse prestes a dizer, se interrompeu.
— Vamos lá, vou te dar uma carona até o banco.
— O banco? — Orin levantou uma sobrancelha.
— Tenho cerca de vinte e cinco mil dólares guardados. Tenho
certeza de que será o suficiente para conseguir um lugar apropriado na
cidade, em algum lugar com segurança suficiente para que não precise
se preocupar muito com os malditos grunhidos de vampiros. Vou com
você, podemos olhar para algumas pequenas casas e ir para a cidade
para instalar algumas câmeras e outras medidas de segurança.
Orin piscou.
— Eu... você não pode fazer isso.
— Por que não?
Orin não podia acreditar que estivesse tendo essa discussão.
— E se Glendon descobrir?
— E se faz? — Quanto mais Orion falava, mais insultado soava.
— Glendon é meu alfa e meu amigo. Não é meu maldito carcereiro. Ele
não consegue me dizer como gastar meu dinheiro. Você estava certo de
qualquer maneira. Ele vai banir você desta casa, mas não da terra
imediata. Quero você por perto quando ele mudar de ideia e te convidar
de volta.
Milo fungou, ainda enxugando os olhos.
— O alfa faria isso?
— Talvez, daqui a alguns anos, mas até então, você é meu
irmão. Não vou ter vocês dois vivendo na miséria. Precisa de uma casa.
Precisa de terra para correr. Nós vamos fazer funcionar. O que tenho
deve ser mais do que suficiente para uma casa na cidade.
Teria que ser uma casa modesta para dizer o mínimo, mas Orion
estava certo. Os valores da propriedade não eram exatamente altos por
aqui.
E sua garganta fechou quando uma onda de gratidão o atingiu.
— Obrigado, Orion.
Orion acenou para ele, como se seus agradecimentos não
fossem nada.
— Sim, sim, cale a boca sobre isso. Estou fazendo isso porque
não quero que seu companheiro sofra também. Isso não é só para você.
Orin assentiu. Estava disposto a aceitar isso por uma resposta.
— Tudo bem então, arrume sua merda, Orin. Nós não vamos
sair antes que o resto da casa acorde, mas nós iremos. Quero sair daqui
a uma hora, na melhor das hipóteses.
Orin assentiu novamente. Olhou para seu companheiro.
— Você tem certeza disso?
O sorriso de Milo, mesmo com os olhos marejados, ainda era
lindo.
— Sim. Quero estar com você. Não quero estar aqui se não
estiver comigo.
Orin esperava que seu companheiro nunca vivesse para se
arrepender dessas palavras, mas no momento, parecia que isso ia
realmente acontecer.
Beijou seu companheiro novamente e então segurou sua mão
enquanto iam para o quarto de Orin, seu antigo quarto, não o lugar onde
estava se recuperando de suas queimaduras, para arrumar suas roupas
e quaisquer pertences que pudesse encaixar em suas malas ou vender
mais tarde por mais dinheiro.
Iria fazer isso funcionar. Iria levar seu companheiro com ele e
finalmente teriam a vida juntos que ambos mereciam.
Orin ainda trabalharia para melhorar a si mesmo, tornando-se
digno de ter Milo em primeiro lugar.
Só ia fazer isso com Milo ao seu lado.

Capítulo 8

Parker esticou as mãos acima da cabeça, sua coluna fazendo um


pop satisfatório, e suspirou quando começou a andar ao lado de Fergus
novamente.
— Isso foi nojento.
— Não, não foi, — disse ele, olhando para o carrinho de coisas.
— Cara que foi um bom dia. Obrigado por me trazer.
Fergus resmungou.
— Não se preocupe com isso. Embora Costco dificilmente seja
um dia empolgante.
— Será graças a isso.
Enfiou a mão no carrinho e tirou os livros que tinha pegado da
seção de livros.
A arte da magia, o ajuntamento. Cada livro vinha com suas
próprias cartas especializadas, e tinham algumas caixas de pacotes de
presentes. Cada caixa tinha vários reforços dentro, algumas cartas raras,
alguns dados, e Parker não podia esperar para jogar com eles.
— Acho que você ficou viciado neste jogo.
Fergus resmungou algo baixinho enquanto empurrava o carrinho
pela neve em direção ao SUV. Era quase meio-dia, e não estava nevando
quando chegaram à loja. Isso tinha sido duas horas atrás, para ser justo.
Parker supôs que não podia culpar a mãe natureza por decidir
não esperá-lo, mas o fato de que Fergus trouxera Parker para a vida
selvagem, assim, era algo a ser celebrado.
Fergus não costumava levar Parker a qualquer lugar por medo
de que seu lobo interior aparecesse e causasse uma cena.
Na verdade, essa foi a terceira vez em alguns meses que Parker
saiu da casa. Suspeitava que fosse porque amanhã era Natal, e Fergus
queria dar um pequeno presente a Parker.
As caixas mágicas pareciam ser um bom bônus.
— Obrigado por isso, com toda a honestidade embora.
Fergus fez uma pausa quando abriu o porta mal do SUV.
Quando o outro homem olhou para ele, Parker teve que desviar
o olhar.
— Só quero dizer, foi muito legal, por me trazer aqui e pegar
essas coisas para mim. Sei que você não queria.
Seu coração estúpido não diminuiria a velocidade.
Era apenas a mordida. A dinâmica alfa e ômega que estava
fazendo isso com ele. Nada mais. Poderia ignorar isso.
— Não se preocupe com isso, — disse Fergus, pegando mais
sacolas de compras para o jantar de amanhã e colocando-as no veículo.
— Acho que você trabalhou duro o suficiente para ganhar alguma coisa
de qualquer maneira.
Parker engoliu em seco e se moveu para ajudar Fergus a
guardar o resto das compras.
Havia pelo menos dez perus inteiros aqui, junto com numerosos
sacos de batatas, várias latas de milho, batata-doce e tantas caixas de
recheio que eram ridículas.
Todo o estacionamento estava lotado. Fergus levara Parker
cedo, só para que pudessem chegar aqui, e com o tráfego a caminho,
mais a hora que levaram para encontrar uma vaga de estacionamento,
bem, já fazia algum tempo. Chegar em casa seria legal.
Parker fez uma pausa.
— Qual é o problema?
Ele olhou para Fergus e rapidamente desviou o olhar
novamente. Parker limpou a garganta.
— Nada.
Pensava na mansão dos lobisomens como sua casa. Isso era
estranho, e ainda assim não era.
Fergus carregou o último pacote dos legumes antes de fechar a
porta traseira. Parker ainda segurava as sacolas com as cartas de Magic
dentro.
— Me sinto mal por não ter conseguido nada para você. Para o
Natal, quero dizer.
Andou com Fergus quando o homem colocou o carrinho longe.
— Não preciso de presentes. Só quero paz de espírito.
— Oh. — Parker pensou sobre isso. — Isso é algo cultural?
Como se não fizesse aniversários ou Natal, nada disso?
Fergus sorriu. Estava começando a se tornar cada vez menos
raro.
— Não, lobisomens fazem essas coisas. Vivi o suficiente para
não ter o mesmo apelo para mim. Preferiria passar um tempo entre
amigos e família em um bom jantar, tomar uma cerveja e depois ir para
a cama.
— Oh, acho que faz sentido. — Voltaram para o veículo. — Posso
perguntar quantos anos você tem?
O sorriso de Fergus se alargou.
— Velho.
Parker não conseguiu mais segurar.
— Quantos anos?
— Mais de duzentos.
— O que?
Mesmo que os outros humanos ao seu redor não pudessem
pegar os detalhes da conversa, quanto mais entender o que eles
estavam dizendo, mesmo estando de pé ao lado deles, ainda ouviram o
desabafo de Parker.
Parker saltou rapidamente para o banco do passageiro,
ignorando-os. Não conseguia parar de olhar para Fergus.
— Você está falando sério? Está mentindo, certo? Tem que estar
mentindo.
Fergus ligou o motor e sorriu de um jeito que poderia ter sido
uma mentira ou apenas um prazer em ter jogado Parker como ele.
Parker recostou-se no banco e não conseguiu parar de encarar o
outro homem.
— De jeito nenhum.
Fergus riu. Saiu do estacionamento e, enquanto Parker
normalmente teria adorado assistir os três carros atrás deles lutarem
pelo lugar que Fergus acabara de criar, não conseguia parar de encarar
Fergus.
Parker estava de repente olhando para o homem sob uma nova
luz.
Tinha sido uma coisa ele ser um shifter, um lobisomem, mas
agora era algo completamente diferente saber que era realmente velho.
Como em, idade suficiente para ser considerado um tesouro
nacional ou um pedaço de história viva. Talvez um monumento do
tempo.
— Bem, ainda gostaria de ter conseguido alguma coisa para
você, — disse Parker por fim.
Talvez fosse o fato de que ele e Fergus estavam jogando esse
jogo ultimamente, se dando bem melhor do que... bem, apenas melhor,
ou poderia ter sido o ar festivo por todo lado, mas sentiu a necessidade
de consertar as coisas terríveis que tinha começado entre eles.
Queria um novo começo.
— Você nunca precisa me comprar nada. Sou seu alfa. Eu cuido
de você.
— Sim, mas às vezes as pessoas gostam de receber presentes
de seus amigos e, de acordo com você, eu ainda sou jovem o suficiente
para gostar de fazer isso, certo?
Eles saíram do estacionamento, e mais e mais Parker ficou com
a sensação de querer voltar. Para escolher algo para Fergus.
Poderia fazer algo em casa? Um enfeite de natal? Talvez se
levasse o café da manhã na cama...
Parker sacudiu o pensamento da cabeça. Que diabos? Desde
quando pensava assim?
— Qual é o problema agora?
Parker ficou tenso.
— Nada.
Felizmente, Fergus deixou passar.
Exceto que não era nada. Algo estava acontecendo com Parker,
e culpou inteiramente o fato de que Fergus era seu alfa e ele era o
ômega de Fergus.
Fergus mordera Parker, mudou-o. Parker entendeu. Se não
tivesse feito isso, ele teria morrido depois daquele ataque de vampiro.
Agora isso o deixou com sentimentos que não queria ou não
sabia o que fazer. Ele era hetero e, no entanto, recentemente Parker
começou a brincar com a ideia de que talvez, possivelmente, pudesse
ser bissexual.
Todos na casa disseram que sua luxúria era apenas um produto
da dinâmica alfa e ômega e que provavelmente desapareceria quando
Parker aprendesse a invocar seu lobo interior, em vez de a coisa idiota
constantemente tentar sair sem a permissão de Parker.
Mas deveria ter sido capaz de fazer isso agora. Fazia meses, e
até mesmo Glendon disse que não era normal que um novo ômega
levasse tanto tempo para aprender controle.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Certo.
— Por que você me salvou?
Fergus franziu a testa. Rapidamente desviou os olhos da estrada
para olhar para Parker antes de voltar a olhar para onde tinha que
prestar atenção.
— O que você quer dizer?
Parker olhou para o seu colo. Tinha certeza que Fergus sabia
exatamente o que ele estava fazendo e estava apenas sendo obtuso
sobre isso.
— Quando aquele vampiro me mordeu. Você poderia ter me
deixado sangrar. Não me conhecia. Não sabia meu relacionamento com
Jake. Por que me salvar?
As mãos de Fergus se apertaram ao redor do volante. Não
respondeu.
Parker também não achava que conseguiria uma resposta,
então decidiu deixar passar.
Eles tinham feito a sua saída na estrada, indo para casa ao
longo da estrada menor, quando Fergus finalmente limpou a garganta.
— Olha, Parker...
Algo entrou na estrada. Parker apontou e gritou.
— Fergus!
Fergus pisou no freio.
Parker não sabia como isso aconteceu, mas jurou que tudo
parecia em câmera lenta. Sentiu o modo como o veículo desviou na
estrada escorregadia enquanto Fergus pisava no freio e depois chegou à
lenta e horripilante percepção de que a coisa que vinha em sua direção
não era, na verdade, um animal. Era um vampiro. O céu cinzento devia
ter possibilitado que a coisa saísse durante o dia e, ao se aproximarem,
Parker pôde ver os olhos vermelhos, a pele branca e careca e as fileiras
e fileiras de dentes afiados da criatura. Sorriu, ficando perfeitamente
imóvel um pouco antes de o SUV bater nele, e então estavam girando na
estrada.
Parker segurou enquanto o mundo acelerava em torno dele.
Olhou para Fergus, e o alfa olhou para ele, terror em seus olhos que
Parker nunca tinha visto antes.
E sem qualquer outro contexto, Parker sabia que o terror era
por ele. Fergus estava com medo do que isso significava para Parker
quando entraram na vala, o mundo parou rapidamente ao redor deles, e
então foram imediatamente cercados por pelo menos uma dúzia de
outros vampiros.
— Merda. — Fergus não tentou o motor. Estavam em um ângulo
que não havia nenhuma maneira que poderiam ter recuado, e agora
Parker podia ver mais vampiros em torno deles, parecendo que um
grupo de piranha tinha acabado de encontrar carne fresca.
O coração de Parker disparou. Não conseguia pensar e, por um
breve segundo, seus pulmões se arregalaram e mal conseguia respirar.
Fergus gritou alguma coisa para ele. Através do zumbido em
seus ouvidos e do quão longe parecia, Parker não conseguia entender
muito.
Fergus agarrou-o pelo ombro, sacudindo-o, chamando sua
atenção. Parker olhou para ele, piscando e, por um segundo, Fergus
pareceu calmo. Continuou falando com Parker, olhando-o diretamente
nos olhos. Parecia estar falando devagar até, mas Parker não conseguia
entender.
O vidro quebrou atrás de Parker, e quando foi agarrado e
arrancado do veículo, viu o rosto de Fergus quando se separaram, viu o
vermelho em seus olhos quando alcançou Parker tarde demais, e a raiva
antes do alfa se transformar e ir para o ataque.

Capítulo 9

Estavam fora por apenas algumas horas, verificando pequenas


casas e até mesmo os apartamentos, apenas no caso.
Orin queria uma casa confortável para seu companheiro, mas
em primeiro lugar, precisava ter um teto garantido sobre a cabeça de
Milo para esta noite. No mínimo, um lugar que vinha com geladeira,
onde poderia colocar tanta comida quanto necessário para seu
companheiro.
Orin e Orion viajaram com Milo a reboque, telefonando,
tentando descobrir quem lhes daria um quarto para ficar esta noite, pelo
preço certo. De preferência um barato. Houve alguns lugares, mas Orin
encontrou algo errado em cada lugar que olhavam.
Milo parecia feliz o suficiente, o que era bom. Sorria para todas
as casas, mas uma casa tinha um pequeno quintal e estava muito longe
da floresta para o gosto de Orin, embora Milo gostasse do tamanho do
interior.
A outra casa tinha tubulações ruins e precisava de um novo
forno. Orin queria uma casa para seu companheiro, mas não iria arriscar
seu ar sendo envenenado e Milo morrendo por causa disso. Milo amara a
cozinha daquela casa e falara em fazer jantares para Orin.
A terceira casa literalmente tinha um buraco no telhado, e
quando Milo anunciou alegremente que ainda podia estar confortável lá,
Orin sabia que não devia confiar em sua opinião.
Milo veio de um lugar bastante ruim. Como um ex-escravo de
sangue, é claro que pensaria que cada casa era um palácio apesar de
suas falhas.
Depois disso, Orin começou a procurar por apartamentos.
— O lugar com o forno quebrado pode ficar bom, — disse Orion.
— Basicamente, tinha tudo o que você queria.
— E um belo jardim também, — disse Milo. Estava no banco de
trás, apoiando-se na frente e segurando a mão de Orin.
Essa era a única razão pela qual Orin foi capaz de se manter
controlado, porque seu companheiro estava aqui e estava seguro. Ainda
assim, ele procurou por um apartamento.
— Não acho que é muita exigência querer um lugar que não
tenha ar venenoso, — disse ele.
Orion suspirou.
— Orin, sei que você quer o que é melhor para o Milo. Mas eu
odeio dizer isso. Você tem sorte de ter alguma escolha.
Orin assentiu.
— Porque Glendon poderia ter me matado pelo que fiz, eu sei.
— Orin olhou para Milo, que ficou tenso com essas palavras. — Não se
preocupe, bebê, ele não vai fazer isso.
Milo engoliu em seco e assentiu.
Merda. Orin tinha que ser cuidadoso com o que dizia em torno
de seu companheiro. Foi um duro lembrete de que nem tudo estava bem
e que Milo ainda poderia ser afetado por qualquer decisão de Glendon
quando se tratava de sua punição.
— Só estou dizendo que talvez não tenhamos as melhores
escolhas de imediato, — disse Orion. — Se isso torna as coisas melhores,
podemos encomendar um novo forno e colocar você e Milo em um motel
por alguns dias até que o novo chegue. Essa casa tem um grande quintal
e tem à vista da floreta para que você possa ir correr sempre que quiser.
Milo, você deve estar morrendo para deixar sua raposa sair, certo?
— Estou bem, — disse Milo com aquela pequena voz que
significava que realmente estava ansioso para mudar para sua forma de
raposa.
Maldição.
— Está bem, está bem. Acho que você está certo. Um motel
seria mais barato do que ficar em um apartamento de qualquer maneira.
E ele não tinha dinheiro suficiente para brincar com isso, não
poderia arriscar ser estúpido com isso. Não se fosse comprar
imediatamente uma casa nos próximos dias. E talvez conseguir um novo
forno se Milo insistisse em sua escolha favorita.
Orion sorriu e Orin sentiu o alívio de seu irmão.
— Tudo bem, então vai funcionar assim. Podemos chamar esse
cara de volta, dizemos que fizemos nossa escolha, e você ainda está
perto o suficiente para que eu possa visitá-lo.
— Glendon pode não gostar disso.
— Vai superar isso. Um dia, — Orion disse, sua voz um pouco
mais esperançosa do que Orin estava acostumada. — Jake tem tentado.
Mesmo que seja vários anos antes de você poder voltar e viver conosco,
tenho certeza de que não demorará muito para que Glendon precise
chamar você para ajudar em uma missão em algum lugar.
Orin não tinha tanta certeza disso. Não tinha o senso de
esperança de Orion. Tinha visto muita merda para se sentir esperançoso
sobre qualquer coisa.
Ainda assim, era bom saber que, mesmo que tivesse fodido
tudo, pelo menos ainda tinha seu irmão. Orion entendia. Ele não tinha
que aprovar, mas entendia, e ainda estavam juntos.
— Obrigado.
Orion sorriu brevemente. Orin não pôde deixar de sorrir de
volta.
— Então, nós temos um novo lugar para viver agora?
O som ansioso na voz de Milo era contagiante, e Orin sorriu
mais intensamente.
— Acho que sim, bebê. — Pegou o telefone. — Eu só vou...
Orion bateu com força no freio. Foi brusco. Orin sentiu seu
corpo empurrando contra o cinto de segurança, e Milo não usava um.
Esticou o braço para fora, mal pegando seu companheiro e,
mesmo com toda a sua força, mal conseguiu segurá-lo para evitar que
voasse através do vidro enquanto o veículo parava.
Quando isso aconteceu, o coração de Orin bateu duro. Olhou
para seu companheiro, que agora estava praticamente em seu colo.
— Você está bem?
Milo assentiu.
— Você está bem? — Orin perguntou novamente, sacudindo-o
um pouco.
— Eu... estou, — Milo parecia tonto, estremeceu e agarrou seu
ombro, onde Orin o agarrou.
— Aí, isso doeu.
Orin suspirou. Ele preferia que seu companheiro estivesse
levemente ferido do que vê-lo sangrando e na calçada.
Ele se virou para o irmão.
— Que merda, Órion!
— Vampiros.
Orin conseguiu se controlar com aquela palavra. Olhou para
cima e ao redor, esperando ver... alguma coisa. Qualquer coisa. Talvez
filas de cabeças brancas e calvas. Como uma fileira de cotonetes com
presas, em pé, esperando para saltar.
Não viu nada, mas cheirou tudo.
O fedor de esgoto do sangue de vampiro e a escuridão dele ao
longo da neve.
— Eles estão aqui? — Milo perguntou. Olhou em volta, tremendo
enquanto se agarrava firmemente a Orin. — Onde eles estão?
— Vamos dar uma olhada, bebê.
Matou-o para fazer isso, mas Orin teve que empurrar seu
companheiro para que pudesse sair do veículo.
Milo ficou no banco da frente agora desde que foi onde tinha
desembarcado.
— Mantenha as janelas fechadas e tranque as portas.
Não que isso faria algum bem se houvesse mais vampiros aqui
prontos para saltar sobre eles. Os filhos da mãe. O que estavam fazendo
aqui? Era no meio do dia.
A garganta de Milo bloqueou. Pegou a jaqueta de Orin, segurou
firme e puxou-a para perto. Sua boca tocou a de Orin, e era a melhor
sensação do mundo ter aqueles lábios nos dele.
— Volte em segurança, — implorou Milo.
Seus bigodes de raposa haviam saído, assim como suas orelhas.
Elas se contorceram ao longo do lado de sua cabeça, pontas pretas
tremendo.
Deve ter sido a adrenalina e o medo. Isso às vezes podia trazer
o animal interno do ômega.
— Eu vou. — Orin poderia prometer-lhe isso agora. Voltaria para
seu companheiro, depois de tudo que passou, só para morrer agora. —
Voltarei. Não abra essa porta para ninguém. Não importa o que veja ou
ouça, e se algo se aproximar, não for eu ou Orion, abaixe-se e fique
escondido, entendeu?
Milo assentiu e, por via das dúvidas, Orin deu ao homem seu
telefone. Era melhor se pudesse chamar alguém do bando para pedir
ajuda.
Orin deixou o SUV, satisfeito quando ouviu a porta trancando
atrás dele. Seguiu seu irmão, observando as marcas de derrapagem ao
longo da estrada. O cheiro fétido de sangue de vampiro quase o fez
engasgar quanto mais perto chegava.
Vampiros cheiravam mal já quando seu sangue estava dentro
deles, pelo menos os grunhidos, mas quando o sangue deles estava
espalhado por todo o chão, a neve, e tão perto?
Quase vomitou.
Orion levou o braço ao nariz.
— Definitivamente houve uma briga. Cristo.
— É um dos nossos? — Orin acenou para o SUV preto na vala,
embora praticamente soubesse a resposta já.
Era a mesma marca e modelo do veículo em que Milo estava
sentado agora.
— Acho que sim, — Orion disse, indo para a vala, se
aproximando. Gemeu quando chegou até a porta, e Orion temeu que
dissesse que havia um corpo dentro.
— Posso sentir o cheiro de Fergus e Parker.
— Mortos?
Por favor não. Não deixe que seja o caso. Não deixe que eles
morram.
A porta do lado do motorista já estava aberta. Orion
simplesmente teve que forçar o resto do caminho e se abaixar antes de
sair.
— Nenhum corpo. A janela do passageiro está quebrada.
Alívio e medo surgiram dentro dele. Orin não tinha certeza de
qual destino era pior. Morte ou ser levado pelo inimigo assim.
— Fergus provavelmente matou esses vampiros aqui, — disse
observando os restos perto do SUV.
Seu sangue estava em todo lugar. Pareciam ter explodido.
Fergus estava claramente chateado.
Fazia sentido se um deles tivesse ido atrás de seu ômega. Orin
não estava por perto há um tempo, e tinha certeza que Fergus não
gostava de Parker, mas o homem teria se sentido responsável como seu
alfa.
Orin sabia tudo sobre estar disposto a fazer qualquer coisa para
ver a segurança do seu ômega. Milo era um ômega e era o companheiro
de Orin. Orin não precisava ser o único a mudar Milo para se sentir tão
protetor.
Orin estudou a trilha de sangue. Podia ver pegadas de pata.
Algumas estavam com sangue, outras nem tanto.
Levavam para as árvores através do longo trecho de campo, e
para piorar a situação, começou a nevar.
— Droga, — Orion retrucou. Puxou o celular do bolso. Orin não
precisava saber a quem estava ligando. Orin também teria chamado
Glendon.
Orin ouviu uma breve quantidade de gritos. Glendon teria
querido saber para onde diabos Orion e Orin tinham ido, mas isso parou
rapidamente quando Orion interrompeu.
— Nós temos um problema. Fergus e Parker estão
desaparecidos.
Orion explicou a situação com o SUV, o sangue e as pistas.
Orin olhou para o céu, desejando que Deus simplesmente desse
a ele um maldito intervalo. Parasse de nevar. Por favor, pare a neve. O
cheiro seria abafado e os rastros desapareceriam.
Caiu mais forte.
Orion puxou o telefone da orelha. Orin olhou para ele.
— Acho que estávamos perto da estrada para casa de qualquer
maneira, — disse ele.
— Sim, — Orion murmurou. — Ainda posso te levar para o
motel antes de voltar.
Orin olhou para o SUV. Podia ver Milo observando-os pela
janela.
Orin balançou a cabeça.
— Não. É melhor se o Milo estiver de volta na casa. É mais
seguro para ele. Glendon pode fazer o que quiser comigo, mas estou
ajudando com isso.
Provavelmente nunca teria a chance de compensar o que fizera
com Jake, mas se pudesse salvar seu amigo, trazer Fergus e Parker para
casa, isso poderia ser um pequeno passo na direção certa.
Orion assentiu, não discutindo com ele.
— Tudo bem, vamos sair daqui.

Capítulo 10

Milo não disse nada no caminho de volta para a grande mansão.


Não era sua casa, então não pensava nisso, e sabia que Orin também
não era desejado.
Onde quer que Orin não fosse desejado, não seria mais casa
para Milo. Mesmo assim, sentiu o alívio de seu companheiro quando
pararam.
— Tudo bem, bebê, vou para lá e falar com Glendon. Ele vai
ficar chateado comigo, mas você estará seguro aqui. Tudo bem? Isso
pode durar apenas alguns dias e depois sairemos daqui.
Milo sorriu para o homem. Estendeu a mão, tocando a bochecha
de Orin. Os olhos de Orin se arregalaram, mas não se afastou.
— Não tem que falar comigo como uma criança. Entendo por
que está fazendo isso.
Orin levantou a mão, cobrindo brevemente Milo antes de levar
os nós dos dedos aos lábios, beijando-os.
— Tudo bem, pombinhos, — disse Orion, saindo do veículo. —
Vamos acabar com isso. Temos um resgate para planejar antes que os
policiais se envolvam.
Milo respirou fundo, e quando saiu do carro, Glendon e vários
outros alfas apareceram imediatamente na porta para cumprimentá-los.
Glendon não parecia nem um pouco feliz.
— Você saiu.
— Claro que sim. Você ia me banir de qualquer maneira.
Dave assobiou. Ele e os outros recuaram e as coisas ficaram em
silêncio.
Glendon bufou como se isso não tivesse consequências.
— Você deveria esperar que eu fizesse o banimento real
primeiro, não sair antes de ter o pedido oficial.
Glendon olhou para Milo e apertou os lábios, como se o alfa
estivesse lutando para dizer mais a Orin.
Milo percebeu que Glendon provavelmente estava relaxando em
Orin simplesmente porque Milo estava por perto.
— Vamos. Nós podemos falar sobre isso mais tarde. Diga-me o
que viu.
Orin assentiu.
— Claro que sim. — Olhou de volta para Milo. — Vá e almoce
com os outros.
— Você não vai ficar fora por muito tempo, certo? — Milo
desejou que fosse mais forte, mas precisava saber que Orin ficaria bem
antes de se sentir como se pudesse ir a qualquer lugar. Caso contrário,
não se sentiria bem.
Não se sentiria seguro.
Orin sorriu para ele.
— Nós vamos estar sob o mesmo teto. Você vai ficar bem. Vá
em frente agora.
Milo abaixou a cabeça. Imaginou que tinha que fazer o que lhe
foi dito. Não porque Orin estava mandando, ele não estava, mas porque
queria que isso fosse tão fácil para o alfa quanto pudesse fazê-lo.
Orin já havia feito muito por Milo. Queria retribuir o favor de
qualquer maneira que pudesse. Se isso significasse silenciosamente ir
embora enquanto Orin se metia em problemas com seu alfa, então faria
isso.
Orin colocou a mão no ombro de Milo.
— Você vai ficar bem. Está seguro nesta casa.
Milo assentiu.
— Eu sei. Você nunca me colocaria em qualquer lugar que não
fosse.
Mesmo quando Orin fingia estar trabalhando para a rainha,
escondendo seus sentimentos até de Milo, esse era o caso. Orin sempre
o protegeu. Era como um anjo da guarda que apareceu do nada, e Milo
confiava nele.
Orin soltou o ombro de Milo antes de sair com o irmão. Milo não
gostou do jeito que Glendon olhou para seu companheiro enquanto iam.
Parecia tão... cruel.
Mas o que ele sabia? Não foi quem Orin tentou estrangular.
Glendon, Orin e Orion não conseguiram voltar para casa antes
que Nate e Trey saíssem. Jake não estava com eles, o que fazia sentido.
Provavelmente, Glendon não teria desejado seu companheiro em
nenhum lugar perto de Orin depois do que tinha acontecido, e quando
ambos os homens chegaram até ele, Milo podia sentir sua amizade.
— Quer entrar? — Perguntou Nate. — Tem café.
Milo assentiu.
— Só se eu puder servir a todos.
Entrou na casa atrás de Nate, Trey ao seu lado, e Milo pensou
que Nate estava andando devagar demais quando o homem parou de
repente e olhou para trás na direção em que Orion, Glendon e Orin
tinham ido embora.
Ronan notou-os porque é claro que sim. Ele era o companheiro
de Trey.
— O que foi?
Nate molhou os lábios.
— Acho que quero espioná-los.
Os olhos de Ronan se arregalaram. Trey pegou a mão de Nate.
— Não podemos fazer isso!
Trey parecia mais nervoso com certas coisas do que com Milo, o
que o fez pensar que o homem tinha uma história própria como um
alimentador de vampiros.
— Sim, você não pode, — disse Ronan, estreitando os olhos um
pouco. — Nem pense nisso, Nate.
— É meu companheiro indo para lá também. — Nate cruzou os
braços. — O que isso importa?
— Não.
Ronan soou firme.
Milo suspirou. Por mais que quisesse saber cada detalhe do que
estaria acontecendo quando Orin e Orion conversassem com Glendon,
não queria colocar todo mundo nisso.
— Estou bem. Vou apenas esperar por Orin para sair e me dizer
o que Glendon decidiu.
Nate olhou para ele. O homem tinha o hábito de parecer
exatamente neutro e como se estivesse julgando você ao mesmo tempo.
Milo não tinha certeza de como ele fazia isso.
— Tem certeza disso?
Milo assentiu. Poderia matá-lo ter que esperar, mas faria isso.
— Sim, mas para ser honesto, acho que preciso deixar minha
raposa sair. Foi meio assustador quando o carro foi encontrado.
Desculpe, posso ter que dispensar o café depois de tudo. — Milo olhou
para Ronan. — Você pode sair comigo?
Queria ter certeza de que havia alguém lá para vigiá-lo, que
nenhum outro vampiro viria se esgueirando para cima dele porque, após
o susto de cheirar sangue de vampiro, de saber que estavam tão perto,
se não deixasse sua raposa sair, ele ia implodir.
Ronan assentiu.
— Sim claro. Trey, você quer vir com a gente? Pode ser bom
para o bebê.
— Estou bem aqui.
— Você passou muito tempo dentro de casa.
— Sim, mas não sou um shifter real, e acho que o bebê vai ficar
bem se eu ficar o mais longe possível dos sugadores de sangue. Trey
deu um tapinha na barriga quase lisa, e ficou claro que Ronan não iria
conseguir o que queria.
Ele assentiu.
— Justo. Nate, você vem?
— Não preciso de uma corrida, — disse Nate.
Ronan olhou para ele.
Nate revirou os olhos.
— Não vou espiar Glendon! Tudo bem? Jesus. Ainda é melhor
que eu corra com o Orion de qualquer maneira. Meu lobo é mais
confortável ao seu redor do que qualquer outra pessoa.
— Tudo bem, — respondeu Ronan. — Não me deixe voltar e
pegar você espionando. Caso contrário, não me importo quem é seu
companheiro. Vou colocar você no meu joelho.
— Sim, certo, — disse Nate, claramente não impressionado com
a ameaça.
Milo piscou para toda a troca. Não sabia dizer se as pessoas
daqui estavam sendo hostis umas com as outras ou se era apenas a
maneira delas de mostrar seu amor.
Parecia um jeito estranho de demonstrar amor, mas o que ele
sabia?
Ronan levou-o para fora e Milo não conseguiu mudar sua forma
de raposa rápido o suficiente. Correu em círculos na neve no vasto
quintal, fazendo rastros, mas isso foi apenas porque seu animal parecia
quase selvagem. Certo. O susto causara um pouco mais de dano do que
Milo havia pensado, e desistiu do controle total da raposa, deixando que
fizesse o que fosse necessário para que pudesse esquecer o pavor.
Ronan se transformou em sua forma de lobo, um enorme animal
enorme que era aproximadamente do mesmo tamanho que Orin. Milo só
tinha visto o lobo de Orin uma vez antes, mas mesmo sabendo que Orin
não o estava observando, ficou consolado ao vê-lo.
Seu mero lembrete de Orin foi o suficiente para fazer Milo feliz,
mesmo enquanto corria em círculos como um idiota antes de finalmente
correr para as árvores.
Talvez precisasse correr por um tempo antes de poder se
acalmar.

Glendon não ia matá-lo. Orin poderia dizer que o homem queria,


mas isso não ia acontecer.
Orion soltou um suspiro pesado e tudo o que Orin pôde sentir
foi um estranho sentimento de dormência.
— Você pode lutar comigo. Vou deixar você ganhar.
Glendon levantou uma sobrancelha para ele.
Orin continuou.
— Pode quebrar meu braço se quiser. Não vou brigar com você.
Glendon não iria matá-lo, e tomou a decisão de que até que
Fergus fosse encontrado, ele estaria adiando o banimento, apenas para
manter todos próximos e ter toda a mão de obra que precisava para a
segurança do bando.
A honra ferida de Orin não podia permitir isso. Precisava de
algo. Precisava sentir dor. Precisava de seu amigo para derrubá-lo se isso
ajudasse. O pouco que Glendon fez quando Orin foi ferido na cama não
foi suficiente. Foi tão bom quanto nada.
E não receber punição adequada parecia um castigo pior do que
qualquer outra coisa.
Todos estavam de pé na sala. Glendon encostou-se à mesa, de
braços cruzados, e os olhos dele se derreteram em vermelho.
— Se eu quisesse lutar com você, então acredite em mim, você
não estaria me deixando vencer.
Merda.
— Tudo bem, então faça. Me dê algo diferente disso... esse
nada.
— Orin. — A voz de Orion soou dolorida. — Apenas aceite e
termine com isso. Isto está bom.
— Não está bom. — Orin olhou Glendon bem nos olhos. —
Preciso que me castigue. Não posso aceitar isso.
— Já machuquei seu rosto.
E agora estava quase perfeitamente curado.
— Não foi o suficiente. Mereço pior que isso. Algo que vai durar.
Algo que vai doer mais do que isso. Preciso lembrar do que fiz.
— Não, você está procurando se absolver do que fez. Entendo,
mas qualquer que seja a culpa com a qual vive é seu próprio maldito
problema daqui em diante.
Orin se encolheu.
— Por favor, Glendon. Faça alguma coisa. Qualquer coisa.
— Qualquer coisa?
Orin assentiu.
O sorriso de Glendon era quase sinistro.
— Tudo bem. Que tal, pelo seu castigo, o que mais te
machucará, descerei, encontrarei seu companheiro, colocarei minhas
mãos ao redor de sua garganta e sufocarei até que pare de se mover?
Orin congelou.
Orion olhou entre os dois.
— Jesus, Glendon.
— Não, estou falando sério, — respondeu Glendon. Andou até
Orin. — Olho por olho. Você quer um castigo adequado? É isso.
Orin tremia honestamente. Balançou sua cabeça.
— Não, você não pode fazer isso.
Glendon levantou uma sobrancelha.
— Oh? Você disse qualquer coisa. Algo que vai te machucar
muito, algo que te absolverá completamente. Não estou nem falando em
matar Milo. Nunca faria isso. Estou falando sobre descer e, sem qualquer
contexto, qualquer aviso para ele, calmamente agarrá-lo pela garganta,
prendendo-o no chão e sufocando-o até que sua visão turve e pare de se
mover e chutar.
Orin ficou horrorizado. Também sabia o que era isso. Sabia o
que Glendon estava se referindo quando rosnou essas últimas palavras
através de seus dentes.
Milo ficaria aterrorizado. Queria que Orin o salvasse. Ele ficaria
confuso e magoado durante e depois do ocorrido. Milo chutaria e lutaria
para tirar Glendon de cima dele, mas não seria capaz de fazê-lo, mesmo
quando o medo da morte se instalasse, e Orin ficaria furioso.
Ele queria matar Glendon por isso.
Orin fizera isso com Glendon. Fez isso com Jake.
Orin baixou o olhar, envergonhado.
— Não, alfa. Isso não.
Glendon bufou.
— Isso foi o que eu pensei. Viva com sua maldita culpa como
um homem. Tem sorte de Jake ser tão indulgente. Não tome isso como
um ramo de oliveira. Ainda estou furioso com você, e enquanto estiver
nesta casa, deve ficar longe de Jake. Não deve jantar conosco, e você
não deve ficar sozinho com ninguém nesta casa. Se andar por aí, então
vai ter Orion com você. Ou Dave ou Tierney, qualquer um. Milo não
conta. Compreende?
Orin assentiu.
— Sim, alfa.
— Bom. — Glendon não conseguia parar de zombar dele. Virou
as costas e caminhou em direção a sua garrafa de conhaque. Se serviu
de um copo bastante grande. — Agora saia da minha frente. Quando
encontrarmos Fergus e Parker, você estará fora no mesmo dia, a menos
que eu diga o contrário, entendeu?
Orin assentiu novamente. Isso foi uma dispensa. Então saiu.
Orion seguiu-o. O homem colocou a mão no ombro de Orin
enquanto caminhavam pelo corredor.
— Você está bem?
Orin assentiu e sacudiu a cabeça.
— Eu acho que sim. — Ele parou de andar e suspirou.
Então ficou chocado quando Orion o abraçou.
— Você ainda é meu irmão. — Orion recuou. Seus olhos
encontrando os seus. — Sempre será meu irmão. Compreende?
Orin assentiu, alívio empurrando através dele.
— Mesmo depois...
— Sim, mesmo depois. Sempre.
Orin pensou em perguntar a Orion o que ele diria se Orin tivesse
atacado Nate, mas era uma pergunta injusta a fazer, que Orion não seria
capaz de responder quando tentava dar seu apoio.
Não, Orin tinha poucos amigos nesta casa. Poderia muito bem
pegar o que pudesse e ser grato por isso.
— Obrigado.
— E você é mais que bem-vindo para jantar comigo.
Orin balançou a cabeça.
— Não se martirize. Glendon pode não gostar se você me
escolher acima da matilha.
Orion encolheu os ombros.
— Glendon vai lidar bem com isso. Ainda sou fiel ao bando.
Além disso, quis dizer que você tem que me convidar para jantar em sua
nova casa quando se mudar. Milo estava certo. Havia uma cozinha bem
bonita lá dentro.
Orin riu.
— Estou interessado em ver o que ele pode cozinhar.
Iria comer qualquer coisa que seu companheiro fizesse.
Falando nisso.
— Preciso ver Milo. Agora mesmo.
Olhou para o irmão, procurando perdão por ter que deixá-lo tão
cedo, mas a expressão no rosto de Orion era mais do que compreensiva.
— Certo, vá falar com seu companheiro e volte. Depois que
Glendon terminar sua bebida e se acalmar, teremos que fazer alguns
planos.
Capítulo 11

Orin encontrou seu companheiro com Ronan. O outro alfa


estava em sua forma de lobo, vigiando a pequena raposa quando Milo
rolou na neve.
Orin sorriu com a inocência disso.
Foi por isso que fez o que fez. Essa era a razão pela qual ele
vivia. Orin viveria com o que fizera pelo resto de sua vida, mas, desde
que Milo estivesse vivo, saudável e capaz de exibir seus instintos mais
básicos, valeria a pena.
Orin nunca diria isso a Glendon, no entanto.
Ronan deu uma olhada para ele. Orin assentiu. Nenhuma
palavra foi necessária para dispensar o outro lobo.
Ele se afastou e Orin se transformou em sua forma de lobo.
Queria aproveitar o dia com Milo também. Queria estar com ele até que
tivessem que voltar para o mundo real.
Milo girou rapidamente nas patas antes que Orin pudesse
alcançá-lo. Orin bufou. Claramente assustou seu companheiro.
Milo só tinha visto Orin em sua forma de lobo uma vez antes.
Estavam de volta à fazenda, e a rainha estava procurando Orin para
decidir se poderia ou não ser útil para ela.
Ele queria rasgar sua garganta tanto, mas ficou parado
enquanto ela checava suas orelhas, sua pele e seus genitais, como se ele
fosse um animal de verdade.
Milo deu um passo cauteloso. Suas orelhas de ponta preta
cintilaram e seus bigodes se contorceram antes que trotasse para frente
com mais confiança.
Orin sentou-se na neve, esperando que seu companheiro se
aproximasse com a língua pendurada.
Era estranho o quanto Milo era menor comparado a Orin. Em
sua forma de lobo, era muito maior que o lobo comum. Milo era do
tamanho de qualquer raposa padrão. As diferenças trouxeram o instinto
de Orin para proteger ainda mais, mesmo quando Milo dançou ao redor
dele, latindo, tentando fazer com que Orin o perseguisse, jogasse.
E Orin fez exatamente isso.
Ele rosnou e se lançou. Milo saiu do caminho e a perseguição
prosseguiu.
Orin voou para seu companheiro, mas Milo foi incrivelmente
rápido. Vento em seu rosto, ele não desistiu.
E foi de longe o mais divertido que Orin teve em meses. Talvez
até a vida toda dele.
Às vezes, Milo conseguia se afastar fazendo curvas fechadas e
esquivando-se em volta das árvores, mas, em outras ocasiões, Orin
decidiu deixar seu companheiro escapar de suas mãos, se ao menos
pudesse manter o jogo por mais tempo.
Mas não tinham muito tempo antes de serem chamados de
volta, então Orin acabou decidindo que era melhor pegar seu
companheiro.
Pulou, pousando na pequena raposa, prendendo-a. Milo gritou,
mas Orin percebeu que não estava ferido quando se inclinou e passou a
língua no rosto da raposa.
Quando mudou de volta para sua forma humana, o mesmo
aconteceu com Milo, que freneticamente limpou o rosto.
— Aí credo.
— Eca? — Orin riu. — O que você quer dizer, ew? Eu estava
beijando você.
— Muito cuspe.
Orin riu de novo e estendeu a mão para o rosto de Milo,
inclinando-se para dentro.
— Que tal esse tipo de beijo então?
Pressionou a boca para Milo. Os olhos de seu companheiro
imediatamente se fecharam, isso parecia um bom sinal, e foi por isso
que aprofundou.
Era como se não estivessem sentados na neve. O calor que seus
corpos geraram durante a corrida fez a neve ao redor deles derreter,
quando Orin puxou Milo em seus braços.
— Preciso de você, agora mesmo.
Milo assentiu.
— Nós podemos voltar se você precisar.
Milo sacudiu a cabeça.
— Você disse agora.
— Sim, mas... — As próximas palavras de Orin foram cortadas
quando mordeu um gemido duro. Seu companheiro abriu a calça e
enfiou a mão dentro
O frio de seus dedos imediatamente se derreteu em algo
escaldante quando sua mão fez contato com o pênis de Orin.
Milo acariciou com precisão de especialista. O corpo de Orin se
moveu por vontade própria, empurrando a mão de Milo.
— Quero você aqui mesmo, agora mesmo. Não estou com frio, e
sei que você também não está.
Os olhos de Milo pareciam com os da raposa, e Orin não pôde
deixar de pensar na natureza maliciosa das raposas.
A verdadeira personalidade de Milo seria essa o tempo todo? Ele
só estava apenas permitindo que Orin o visse porque estava livre para
fazer isso?
Se assim fosse, melhor ainda para Orin. Tinha certeza de que
iria gostar deste lado de Milo, especialmente quando os dedos de
brincaram com a parte de baixo de seu pau.
Orin mordeu o lábio inferior, desesperado por conter a luxúria
que ameaçava dominá-lo.
— Você gosta disso?
Orin assentiu.
— Maldição, sim. Oh bebê.
As mãos de Orin tremeram enquanto lutava para soltar a calça
de Milo.
Só precisaria abaixá-la ao redor dos joelhos do homem. O resto
de suas roupas poderia ficar. Era verdade que os shifters podiam lidar
com o frio tanto quanto os humanos, mas Orin ainda estava preocupado,
porque Milo era um ômega, poderia sentir o frio muito mais cedo do que
Orin.
Por isso, mesmo quando seu pau estava literalmente nas mãos
de Milo, não conseguiu se despir completamente nu.
— Inversão de posição.
Milo piscou para ele, os olhos arregalados de luxúria.
— O quê?
Bom sinal até agora. Orin sorriu.
— Confie em mim. Vire-se e sente-se no meu colo.
Milo pareceu entender naquele momento, e sorriu ao fazer o
que lhe foi dito, ajudando Orin a abrir a calça ao longo do caminho.
Orin cuspiu na mão.
— Sinto muito, bebê, queria ter algo comigo.
Milo sacudiu a cabeça.
— Não importa. Faça.
Deus, ele sempre queria, mas até mesmo Orin não conseguia se
obrigar a foder ao seu companheira, não importava o quão excitado
estivesse, não importando o quanto Milo pudesse implorar.
Espalhou sua saliva pelo ânus de Milo, sentindo-o estremecer,
ouvindo o gemido pesado que veio em seguida.
Não seria o suficiente. Mesmo enquanto o pênis de Orin pulsava,
tão fácil de empurrar dentro daquele calor apertado, ele se segurou.
Orin pegou seu pênis na mão e deslizou a cabeça contra o ânus
de Milo. Milo jogou a cabeça para trás e tentou empurrar o pau de Orin,
mas não o deixou.
Agarrou com força o quadril de Milo e o manteve afastado.
— Ainda não, bebê.
— Eu quero, — Milo choramingou. Inclinou o corpo para frente e
para trás, e realmente poderia estar dançando no colo de Orin.
Isso foi fodidamente maravilhoso.
— Eu sei. Quero que você faça isso. — Orin pressionou a boca
no ombro de Milo. Não tinha certeza de quão bem Milo podia sentir
através de sua jaqueta, mas Orin precisava beijar alguma parte dele. —
Você é tão lindo assim. Deveria se ver. Seus quadris parecem incríveis
quando faz isso.
Milo arqueou os quadris de novo, provocando a si mesmo e Orin
enquanto deslizava seu pênis de novo e de novo contra a cabeça do pau
de Orin.
Orin teve que cerrar os dentes. A mancha de seu próprio pré-
sêmen estava começando a parecer escorregadia em torno da cabeça de
seu pau.
— Sim. — Orin estendeu a mão. Deslizou a mão por baixo da
jaqueta e da camisa de Milo. Milo saltou ao toque de seus dedos frios,
mas depois gemeu e deixou a cabeça cair no ombro de Orin enquanto
beliscava seus mamilos.
— Sente... tão bem.
Orin teria começado a ronronar se fosse um shifter gato.
— Esse é o ponto.
Milo cerrou os olhos com força.
— Eu... quero mais. Por favor, dentro de mim. Preciso disso.
Milo raspou e gemeu, como se estivesse tendo tanta dificuldade
em articular seus pensamentos, mas Orin não ia para.
Queria que isso durasse. Queria que Milo se sentisse como se
fosse implodir se Orin não lhe desse o que precisava.
Orin estava começando a se sentir assim agora. Deslizar seu
pênis contra o ânus de Milo, provocá-lo, engolindo-o com seu pré-
sêmen, também estava tendo o efeito colateral de se provocar também.
Orin rosnou. Começou a empurrar seu pau contra o ânus de
Milo, empurrando para frente e para trás, esticando o anel de músculo
ao redor de sua coroa, mas nunca realmente empurrando.
E Milo trabalhou muito para tentar fazer com que Orin entrasse
nele.
— Agora, por favor agora.
— Ainda não, — disse Orin entre os dentes. Ele queria. Queria
tanto. — Você não está pronto.
Milo sacudiu a cabeça.
— N-não. Não mais. Pare de me provocar. Não aguento.
Orin rosnou. Iria continuar assim, fazer com que Milo estivesse
perfeitamente pronto, que cada centímetro dele estivesse coberto, mas
não podia.
Não quando Milo soou como se estivesse com dor da espera.
Orin puxou a jaqueta de Milo para o lado na garganta. Seus
dentes saltaram para fora, e assim que empurrou bem fundo, o ânus de
Milo apertando em torno de seu eixo, Orin pressionou suas presas na
garganta, mordendo-o.
Milo não apenas gemeu do prazer e da dor da mordida. Jogou a
cabeça para trás e gritou para o céu enquanto arqueava.
Orin teve que segurá-lo no lugar para evitar que caísse do seu
pau.
Milo fodeu com força contra o pênis de Orin. Saltou de joelhos.
Um fluxo quente de sêmen disparou dele. Orin sentiu isso em sua mão
antes que tivesse a presença de espírito para pegar Milo pelo pênis e
apontá-lo para longe dos dois, bombeando-o para a última gota quando
Milo se derramava sobre a neve.
E Orin não tirou os dentes da garganta de Milo. Segurou firme,
saboreando o sangue de seu companheiro, chupando-o, bebendo para
que Milo fosse para sempre parte dele.
O sangue de seu companheiro estava dentro dele, assim como o
pênis de Orin estava dentro de seu companheiro, e era perfeito.
Mesmo quando Milo parou de gozar, quando seu corpo relaxou,
seu pênis ficou duro na mão de Orin, e então seu ânus não estava tão
apertado ao redor do pau de Orin.
Orin gemeu. Teve que se forçar a puxar os dentes do pescoço
de Milo antes que pudesse morder com mais força quando seu orgasmo
o atingiu.
Era um orgasmo gentil em comparação com o que acabara de
dar a Milo, mas Orin também sabia que estavam longe de terminar aqui.
Ainda estava duro também, e seu corpo ainda pulsava por mais,
desesperado para pegar o que lhe pertencia, para fazer com que, mesmo
quando não estivessem juntos, Milo sempre sentisse Orin dentro dele.
Orin se moveu. Bombeou seu punho ao redor do pênis de Milo,
enquanto empurrava no homem. O corpo de Milo permaneceu flexível e
fácil de se mover.
— Eu te amo, — Orin gemeu, preguiçosamente em seu
companheiro.
Milo gritou, como se estivesse se afogando em suas emoções.
— Eu também te amo.
— Vale a pena, — Orin rosnou. — Tudo isso. Vale a pena. Faria.
Novamente. Por você.
Iria para o inferno por seu companheiro. Queimaria por uma
eternidade se isso significasse manter Milo seguro e feliz.
Milo balançou a cabeça, porém, estendendo a mão para a
cabeça de Orin. Puxou-o para perto, virando o rosto, seus lábios se
unindo enquanto Orin o fodia.
Doce. Tão doce e absolutamente perfeito.
Mesmo quando Milo recuou, seus olhos ainda continham aquele
esplendor de luxúria, e Orin pode ver o quanto seu companheiro o
amava de volta.
Milo parecia querer dizer alguma coisa, mas depois se conteve.
Seus olhos nadaram, e então os fechou apertados mais uma vez,
enquanto seu prazer passava por ele.
— Ah, meu Deus. Bem desse jeito. Continue assim... apenas
assim.
Orin fez como lhe foi dito. Por que mudar sua velocidade ou seu
ângulo quando os comentários que e estava recebendo eram tão bons?
Se a receita era brilhante, não mude.
Orin desejou que pudesse estar pele a pele com seu
companheiro, que não estava deslizando as mãos sobre a jaqueta e
camisa de Milo, mas mesmo isso, mesmo esse amor doce e lento, era
lindo, e Orin não mudaria isso.
Milo se abaixou e, enquanto se movia em cima de Orin, segurou
seu pênis. A mão de Orin ainda estava em volta da base. Milo apenas
agarrou a mão de Orin, apertando ainda mais seu aperto, e então
começou a gemer e se mover para valer quando fodeu na mão de Orin e
contra seu pênis.
Orin podia sentir o orgasmo que se aproximava. Não precisava
ser um leitor de mentes para saber que estava indo gozar.
E isso o excitou. A ideia de que seu companheiro estava prestes
a gozar novamente fez as bolas de Orin apertarem, fez sua boca se
encher de água e seu lobo uivar.
— É isso aí, bebê. Goze para mim. Quero vê-lo. Quero sentir o
cheiro.
— M-mais duro.
Orin obedeceu.
Podia ser o alfa nessa relação, mas era um servo de todos os
caprichos de seu ômega na cama, no que dizia respeito a ele.
Milo gozou novamente. Foi mais longo, mais extenso com os
fluxos de sêmen branco perolado disparados na neve. Orin gozou logo
atrás dele enquanto o corpo de seu companheiro cerrava firmemente em
torno de seu pênis.
Ele gemeu. O desejo de morder Milo novamente estava lá, mas
se conteve apenas para não causar algum dano real no pescoço de Milo.
Orin ainda o segurava apertado quando gozou dentro dele,
bombeando seus quadris, ordenhando-o por tudo que tinha.
Até mesmo o lobo entrou nele, seus rosnados e instintos
protetores traduzindo em palavras em sua cabeça.
Te amo. Te amo muito. Meu. Nunca deixe ninguém te machucar.
Sempre.
Então Milo suspirou e os dois pareciam descer do alto que
tinham subido.
Orin percebeu que sua calça estava completamente encharcada
no final de onde estava sentado, e, sim, agora que a adrenalina se foi,
estava ficando um pouco frio.
— Está com frio?
Milo sacudiu a cabeça.
— Não, você deve estar, no entanto.
Milo olhou para baixo. Estava sentado no colo de Orin, então
não tinha o mesmo problema que Orin tinha.
Orin riu.
— Valeu a pena.
Passou os braços pelo peito de Milo e ficou satisfeito quando
Milo ergueu as mãos para segurá-las, como se tentasse abraçá-lo de
volta.
— Você está em muitos problemas com Glendon?
Orin suspirou. Supôs que teria que tirar isso do caminho.
— Mais ou menos. Ele não é tão indulgente, e depois da nossa
conversa, posso entender o porquê.
Milo ficou em silêncio por um tempo, tempo suficiente para que
Orin percebesse que deveria continuar.
— Você sabe o que eu fiz.
Milo assentiu, embora não fosse uma pergunta.
— E está bem com isso?
Milo olhou para ele.
— Estou sempre bem com você. Conheço você. Você é como o
meu anjo da guarda. Isso não significa que tem que ser um anjo para
todos os outros.
Orin piscou para isso.
— Maneira interessante de colocá-lo. Considerando que ainda
estou dentro de você, diria que não sou angelical.
Milo deu uma risadinha.
— Bem, contanto que saiba que eu te amo. Tudo o resto vai
ficar bem, certo?
— Nós vamos ter que ficar aqui um pouco. Posso preparar a
casa com o dinheiro que Orion nos ofereceu, mas Glendon me quer aqui
para ajuda extra. Não devo ficar sozinho na casa. Um dos outros rapazes
sempre terá que me assistir, e não poderei acompanhá-los nos jantares.
— Então vou comer com você no nosso quarto.
Orin balançou a cabeça, mas Milo não tinha.
— Eu quero.
— Você precisa fazer amigos no bando. Não tenho um bando e,
se os outros ômegas gostarem de você, será uma conexão.
— Não preciso de uma conexão, — disse Milo. — Sei que isso
ajuda. Ômegas são mais sociais, mas, para ser sincero, meu tempo
naquela fazenda de sangue fez com que não achasse que precisaria
tanto disso. Desde que eu tenha você, e seu irmão e Nate parece bom o
suficiente. Orion não estarei abandonando você.
E Orin ainda não achava que merecesse mesmo aquela pequena
gentileza.
— Só quero que esteja preparado, — disse Orin. — Vai ser
difícil, e não quero que fique do lado ruim de ninguém, mas por favor,
não leve para o lado pessoal quando isso acontecer.
Porque estava fadado a acontecer de alguém. Mesmo Orin não
achava que seria capaz de parar algo assim.
— Orin?
Orin olhou para seu companheiro.
Milo sorriu para ele.
— Lidei com muito pior do que um pouco de frieza durante toda
a minha vida. Está tentando me preparar para uma vida difícil, mas essa
vida difícil que está oferecendo é um paraíso comparado ao que eu tinha
antes. Vou ficar bem. Contanto que esteja comigo.
Orin não estava chorando. Apenas tinha algo preso em seus
olhos.
Ele cheirou, assentindo, e então beijou seu companheiro que
absolutamente não merecia, mas era muito egoísta para negar.
Milo estava certo. Enquanto tivessem um ao outro, todo o resto
se encaixaria.

FIM

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