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O Anjo de Milo
Marcy Jacks
Milo segurou seu coração. A dor que sentia ali... doía. Não
apenas uma dor leve, mas era poderosa. Sentiu a onda de calor em todo
o corpo, no rosto e no peito.
Afastou-se da janela. Tinha levantado porque não conseguia
dormir.
Toda vez que tentava dormir, sonhava com Orin. Sonhava com
Orin tocando-o, mãos quentes por toda a pele de Milo, seus lábios
acariciando cada centímetro dele antes de tomar seu pênis na mão e...
Nada. O sonho nunca terminava, e Milo sempre acordava com o
pau duro e sentindo como se não houvesse nada que pudesse fazer
sobre isso. Tocar-se nunca ajudava, nunca ficava satisfeito, e só o
deixava doendo pela única pessoa que não estava aqui para ele...
Foi por isso que estava olhando para as estrelas depois de sair
da cama. Agora seu coração queimava de dor, como se um fogo tivesse
surgido dentro dele. A queimação era... era muito. E não gostou.
Talvez tivesse comido algo ruim. As pessoas nesta casa
pareciam determinadas a alimentar Milo até ele ficar gordo, afinal de
contas.
Milo não se sentiu à vontade para sair do quarto a esta hora.
Recebera tantas coisas boas desde que Orion o trouxera até aqui. Irmão
gêmeo de Orin.
Orion não tinha sido legal no começo, mas foi muito mais gentil
do que qualquer outro com Milo ao longo de sua vida, e o companheiro
de Orion, Nate, foi ainda melhor.
Milo não gostava de ficar esperando. Nate não gostava de
ninguém em sua cozinha, mas estavam lentamente chegando a um
acordo naquilo.
Milo saiu do quarto, caminhando pelo corredor em direção à
cozinha para tomar um pouco de água.
Tierney, outro alfa que morava nessa casa, havia se desculpado
pelo tamanho de seu quarto e por não haver banheiro anexo.
Milo mal notara isso. Na verdade tinha ficado chocado com o
tamanho do seu quarto em geral. Era adequado para a realeza, tanto
quanto estava preocupado, e tinha sido meio chocante que não tivesse
que dividir seu quarto com pelo menos seis outras pessoas também.
Não estava acostumado a tanto espaço e, embora parecesse um
luxo a princípio, percebeu rapidamente que não sabia o que fazer com
tudo isso.
Houve um tempo em que teria babado um pouco com o
pensamento de manter uma cama só para ele. Uma cama com lençóis
limpos que não tivessem insetos que o morderiam durante a noite.
Agora que tinha, tudo em que conseguia pensar era como
estava vazio. Quanto desejava que houvesse outra pessoa naquela cama
com ele.
Nunca quis que alguém compartilhasse sua cama antes. As
outras pessoas com as quais dividia a cama sempre haviam cheirado
mal. A maioria peidava durante o sono, e não aguentava quando se
tocavam durante a noite, esperando que ninguém os ouvisse.
Isso era diferente. Não queria apenas compartilhar a cama e
não fazer mais nada. Queria que Orin o beijasse novamente. Queria ver
até onde o alfa estava disposto a ir. Queria perguntar por que o salvou. E
por que o deixou para trás?
Milo quase preferiria estar de volta à fazenda de sangue do que
lidar com a dor de perder o outro homem.
Pegou um copo no armário de cima. Outro escorregou da
prateleira quando pegou o copo. Quebrou-se ruidosamente no chão de
ladrilhos.
Milo congelou. Todos os ossos do corpo ficaram tensos e não
ousou respirar.
Merda! Oh Deus, ele quebrou alguma coisa. Na casa das
pessoas que o acolheram e que foram gentis com ele, destruiu alguma
coisa.
Abaixou o copo. Procurou freneticamente no escuro por um
pano. Por sorte havia um pendurado no forno. Foi por ele, estremecendo
quando pisou em um pequeno fragmento.
Mancando o resto do caminho, Milo puxou o pano do forno.
Abaixou, puxando o pedaço de vidro do pé. Havia muito sangue.
Teve que forçar seu coração a parar de bater tão alto.
Não havia vampiros nesta casa. Orin não estava aqui para
protegê-lo, mas o libertou. Derramar um pouco de sangue não ia levar
uma horda de vampiros famintos para ele, ansioso para se alimentar
dele ou espancá-lo por desperdiçar seu sangue.
Parker havia dito ontem. Esse é o seu sangue. E poderia decidir
quanto disso era ou não desperdiçado. Ninguém mais poderia dizer isso.
Isso estava certo. Era o sangue dele, e não deveria ter medo do
que aconteceria, caso se cortasse.
Ainda temia o que aconteceria se não limpasse a sujeira do
copo.
Milo não precisava da luz acesa para ver tão bem. Estava
acostumado ao escuro, mas se forçou a limpar o vidro um pouco mais
devagar para não se cortar novamente.
Poderia desperdiçar todo o sangue que queria, mas isso não
significava que seria agradável.
Não sabia ler ou escrever muito bem, mas ainda podia fazer
isso. Havia um marcador na geladeira com anotações de compras que
precisavam ser compradas. Foi até ele e escreveu que acidentalmente
quebrou um copo e que sentia muito.
Esperava que isso fosse o suficiente. Não queria que ninguém
ficasse bravo com ele. Não queria que ninguém o expulsasse deste lugar.
Segurando o copo de água nas duas mãos para não deixá-lo
cair, saiu lentamente da cozinha. Teria que enfaixar o pé com alguma
coisa quando chegasse ao seu quarto. Havia muito papel higiênico nos
banheiros do corredor. Talvez pudesse ir lá antes...
As orelhas de raposa de Milo saíram. Sacudiram no barulho
repentino que ouviu.
De pneus triturando, abafados porque vinham de fora, mas
ainda estavam lá, e estavam se aproximando, ficando mais altos.
Dave dissera que esta casa estava longe da estrada principal.
Isso dava muita privacidade, o que significava que, se Milo ouvia sons de
carros, era porque vinham para cá e não apenas passavam pela estrada.
Regressou ao vestíbulo. Foi até a janela, puxando as cortinas
para o lado.
As luzes estavam acesas do lado de fora, iluminando os lobos
que entravam na entrada da garagem, atentos ao que estava vindo para
eles. Hugh e Ronan estavam vigiando hoje à noite, e os pelos se
ergueram.
Os faróis do veículo cegaram brevemente Milo. Desviou o olhar,
piscando bruscamente antes de voltar sua atenção para a entrada da
garagem. Hugh e Ronan se transformaram de novo em suas formas
humanas, correndo para o SUV.
Milo abriu a porta, saindo para o frio, seus pés mal sentindo o
concreto frio enquanto Orion, o irmão de Orin e Glendon saltavam para
fora do veículo.
Eles estavam aqui. Estavam de volta. Tinha se passado apenas
alguns dias e estavam de volta.
Tudo ficou mais lento. Ninguém pareceu notar Milo parado ali
enquanto Hugh e Ronan se aproximavam de Orion. Reuniram-se em
torno do banco de trás, a porta se abrindo.
Milo conteve a respiração. Orin? Era Orin?
Ou o corpo de Orin?
Puxaram um homem. Milo viu a mão primeiro e depois o resto
dele. Era Orin. Seu cheiro estava mascarado pelo fedor podre de sangue
de vampiro, mas era definitivamente ele.
O alívio que ameaçava consumi-lo foi contido apenas pelo quão
flácido o corpo de Orin estava, e embora Milo soubesse que não
significava nada para o alfa, sabia que ele não era nada nesta casa,
correu para Orion e Orin, empurrando seu caminho através dos alfas,
desesperado para ver mais de perto.
Desesperado até para tocar o outro homem.
— Ei, o que o... — Ronan parou. — Milo, Cristo, você não
deveria estar aqui.
Milo o ignorou porque precisava estar aqui. Seu corpo se
recusava a partir sem pelo menos ver Orin.
Como se Orin fosse morrer se Milo não mantivesse o homem à
vista.
Estava coberto de sangue e algo escuro, preto. Fuligem.
Cheirava a fogo. Seu cabelo estava queimado até o couro cabeludo, e o
dano feito fez seu rosto parecer inchado e quase irreconhecível.
A garganta de Milo fechou, um som fraco escapou dele. Queria
gritar. Queria agarrar Orin, segurar sua mão e dizer-lhe que tudo ia dar
certo.
Mesmo que Milo fosse aquele que estava prestes a desmoronar.
— Não agora. — Orion empurrou Milo para o lado. Ele e Glendon
seguraram os ombros e as pernas de Orin entre eles. Ronan levou o
meio enquanto Hugh abria rapidamente a porta.
Eles se mexeram como uma equipe sincronizada. Era
exatamente assim que as coisas deveriam ter sido. Glendon gritava as
ordens para o resto da casa acordar, e Milo ficou ali parado no frio,
observando-os partir.
Os alfas da casa acreditavam que havia uma chance de que Milo
pudesse ser o companheiro de Orin. Mas não achava. Estava um pouco
danificado para ser o companheiro de alguém. Isso pareceu provar. Se
fosse o companheiro de Orin, então não teria ido para ele assim. Não
teria entrado no caminho, impedindo Orin de obter os cuidados que
precisava desesperadamente.
Olhou para as estrelas. Estava uma noite tão clara. Sabia que as
estrelas escutariam e ajudariam em seu desejo.
Nenhum dos desejos de Milo se tornou realidade até que Orin
apareceu em sua vida, então sentiu que só fazia sentido fazer outro
desejo no que concernia ao alfa.
Desejou que Orin se recuperasse. Ele salvou a vida de Milo,
levou-o a esse lugar incrível. As pessoas daqui achavam que Orin era
ruim, mas Milo não.
Milo estava apaixonado por ele. Só queria que continuasse vivo.
Capítulo 2
Capítulo 3
****
Milo foi expulso do quarto depois disso. Não queria ir, mas não
tinha forças para lutar para ficar, seu direito de ficar, se fosse verdade
que todos nessa casa acreditavam que ele era o companheiro de Orin.
Sentou em um banco perto da porta de Orin. Jake estava lá
também, sentado ao lado dele enquanto Parker se apoiava contra a
parede.
A certa altura, Parker tentou ensinar Milo a jogar um jogo de
cartas de aparência estranha. Milo estava grato pelo homem querer ser
gentil com ele, mas era impossível pensar em outra coisa enquanto o
alfa gritava tão alto para Orin.
A certa altura, Milo ouviu o som de carne batendo contra carne,
e sabia que Glendon estava atingindo Orin.
Jake agarrou a mão dele em um ponto.
Milo não tinha certeza se queria que o ômega segurasse sua
mão. E se Jake quisesse que Glendon acertasse seu companheiro? E se
estivesse ajudando a manter Glendon com raiva?
Mas então percebeu que poderia não ser uma coisa muito gentil
de se pensar, considerando que Jake foi quem quase morreu na mão de
Orin.
— Não se preocupe. Falarei com Glendon.
Milo olhou para o outro homem. Jake sorriu suavemente para
ele, mas foi claramente forçado. Era compreensivelmente difícil sorrir
para qualquer um com um calor verdadeiro quando podiam ouvir tal
violência no outro cômodo.
— Orin realmente tentou matar você?
Jake assentiu.
— Sim, não acho que posso estar perto dele, mas quero saber
por que fez isso. Desde que você veio, tenho uma boa ideia. Não quero
que Glendon o mate ou o machuque muito. Glendon sabe disso.
Uma onda de alívio e constrangimento atingiu Milo com força.
Alívio para o fato de que Jake estava dizendo que Orin não ficaria
gravemente ferido e envergonhado por ter pensado o pior desse homem.
— Eu me pergunto se eles estão quase terminando, — disse
Parker. Só estava aqui porque, aparentemente, ele e Jake eram irmãos,
apesar de não serem nada parecidos. Seu cabelo era de um tom mais
escuro de vermelho do que o de Milo, e também precisava estar perto de
Fergus, porque ainda estava no meio de aceitar seu lobo interior.
Milo tinha nascido uma raposa, então não sabia muito sobre
esse processo.
Olhou para a porta, estremecendo ao ouvir o som de outro
golpe violento.
— Espero que sim.
Como se o universo estivesse respondendo ao seu maior desejo,
a porta se abriu. Glendon saiu assim que Milo se levantou. A forma como
o alfa limpou o sangue dos dedos não augurava nada de bom para o que
aconteceu lá dentro.
Milo correu para o alfa enquanto Jake se aproximava dele.
— Ele está... muito ferido?
Tentou não olhar para as juntas de Glendon, mas foi difícil.
Glendon rosnou, afastando-se de Milo. O alfa foi gentil quando
Milo chegou em casa, pouco antes de Glendon sair para rastrear Orin,
mas parecia que não estava com vontade de ter sua paciência testada.
— Ele está bem. Ainda acordado. — A expressão de Glendon
suavizou quando Jake veio para ficar na frente dele. — Você está bem?
Jake assentiu.
— O que você vai fazer com ele?
— Banimento. Não vou ter um homem que tentou te machucar
nesta casa.
A maneira imediata como Glendon disse isso, como se não
houvesse dúvida em sua mente o que queria fazer, fez a respiração ficar
presa na garganta de Milo.
— Banimento?
Glendon olhou para ele.
— Você é seu companheiro. Você não é um prisioneiro nesta
casa. Se quer ficar com ele agora e ir com ele quando estiver bem o
suficiente para ir embora, pode ir.
Jake não pareceu satisfeito com essa resposta.
— Glendon...
— Não. Não vou ser influenciado por isso. Orin tem um
companheiro agora, assim seja. Pode ter tentado ficar perto de você
quando fez o que fez, mas não vou perdoar isso tão facilmente. Você é a
única razão pela qual ele está vivo. Nem mesmo Orion poderia me fazer
poupar sua vida, mas por um companheiro...
Glendon parou, como se não tivesse certeza de que queria
terminar isso.
— Vá com ele ou fique aqui. De qualquer forma, ninguém vai te
impedir se quiser gastar seu tempo naquele quarto.
Milo assentiu, incapaz de encontrar os olhos do alfa.
— Quando terá que ir? Você disse que quando ele estivesse bom
o suficiente, mas não... não tenho uma referência para isso.
Nunca esteve perto de lobos alfas antes de Orin. Só tinha
ouvido falar deles.
Glendon cruzou os braços.
— A véspera de Ano Novo, a manhã da véspera de Ano Novo,
será a hora final. Não o quero aqui quando estou comemorando com
Jake. Já é ruim o suficiente que esteja aqui para o nascimento do nosso
filho e que tenha que estar aqui para o Natal.
Glendon tocou o ombro de Milo e Milo sentiu-se obrigado a olhar
o alfa nos olhos.
— Você não precisa ir com ele. O acasalamento pode ser
quebrado, se necessário. Nem reivindicaram um ao outro ainda.
Milo tinha muito o que pensar nesse caso.
Tinha ouvido falar sobre o que acontecia com os ômegas que
não tinham alfas para cuidar deles. Também tinha ouvido falar de alfas
que tentaram fazer isso sozinhos sem um bando, e então havia o fato de
que Orin tinha feito um inimigo, os vampiros.
Tudo o que Milo sabia sobre o seu próprio povo era inteiramente
baseado em rumores.
E ainda assim sabia o que queria fazer naquele momento.
— Vou cuidar de Orin, e vou ficar com ele quando isso acabar.
Capítulo 4
Capítulo 5
Mesmo com o jeito que Orin agia, com a forma como seu lobo
parecia ter controle dominante sobre o corpo humano, a última coisa que
Milo esperava era ser virado tão de repente e ter sua roupa literalmente
arrancada de seu corpo.
Assobiou com isso, e um toque de preocupação passou pela
luxúria que o aqueceu de dentro para fora.
Essas não eram as roupas dele. Esperava que Parker não se
importasse que tivessem sido arruinadas.
Seu medo sobre o que os outros na casa fariam quando
descobrissem que Milo havia permitido que sua propriedade fosse
destruída se dissolveu em seu cérebro no momento em que sentiu a
língua de Orin tocando seu traseiro.
Agarrou os lençóis com força suficiente para que suas garras
rasgassem o material.
Ah bem. Então iria estragar algumas coisas. Não havia muito
que pudesse fazer sobre isso, e também poderia se preocupar com isso
quando as consequências o atingissem mais tarde.
Muito mais tarde.
Isso era bom. Bom o suficiente para que não se importasse se
estivesse dando problemas para as pessoas nesta casa. Não se
importava se estavam deixando-o ficar aqui pela bondade de seus
corações. Queria muito mais, então estava disposto a lidar com o
problema mais tarde.
Quando ele e os outros ômegas se esgueiravam procurando
conforto uns nos outros, sempre tinha sido feito discretamente,
silenciosamente, por medo de que seriam pegos e punidos, e ninguém
se preocupou em olhar nos olhos no dia seguinte, por medo de
descobrirem o que eles fizeram.
O primeiro amor de Milo o ignorava toda vez que faziam sexo.
Tinha pensado que tinha entendido. Era um mecanismo de defesa, e não
queria entrar em apuros também.
Quão terrível tinha sido descobrir que não havia nenhum amor
envolvido toda vez que se entregou àquele homem no escuro, mas não o
culpava.
Não culpava ninguém.
Foi por isso que foi tão bom ter Orin beijando-o lá? Ter o homem
empurrando sua língua com tanta força contra o seu ânus que realmente
empurrou para dentro?
Não tenha esperanças.
Se fizesse isso, então acabaria de coração partido.
Orin afastou a boca do ânus de Milo e concentrou sua atenção
nas bolas e pênis de Milo. Beijou e sugou em sua boca uma bola de cada
vez enquanto sua mão bombeava o pênis de Milo, e Milo fodia contra a
boca e a mão como se sua vida dependesse disso, gemendo como se
ninguém no mundo pudesse ouvi-lo.
Não era ele quem deveria dar conforto a Orin? Isso parecia um
pouco com o contrário, mas talvez fosse o lado alfa de Orin. Talvez só
quisesse comandar e fazer o que quisesse com Milo.
Estava mais do que feliz com isso.
— Foda-se, você é lindo, — Orin disse, sua língua lambendo o
ânus de Milo mais uma vez. — Tão lindo. Não posso acreditar que...
Orin se isolou do que estava prestes a dizer.
Milo não teve a chance de perguntar sobre isso quando o alfa de
repente o agarrou pelos quadris e o puxou de volta.
Engasgou quando foi forçado a ficar de joelhos e depois
empurrou a cabeceira da cama.
— Agarre-se a isso, — Orin disse, agarrando Milo pelas mãos e
forçando-o a segurar firme na cabeceira da cama.
Era realmente apenas uma estrutura de aço, mas Milo teve o
vislumbre do que Orin queria fazer com ele. Estremeceu.
— Sim, por favor, sim.
Orin alcançou a mesa de cabeceira. Alguns de seus
medicamentos estavam lá, assim como um pote de creme.
Milo estremeceu de novo, sabendo o que Orin planejava fazer
quando abriu a tampa e farejou o conteúdo branco.
Era para ajudar com a queimadura. Orin provavelmente não
cicatrizava, e em algumas semanas, se não mais cedo, estaria
totalmente curado. De qualquer forma, era importante para ter algo a
mais para a pele.
Orin aparentemente também decidiu que era bom o suficiente
para usar no ânus de Milo.
Milo engasgou quando sentiu um dos dedos de Orin tocando seu
ânus. Afastou do frio e então recostou-se contra ele com um suspiro
profundo e satisfeito, o prazer já o atingindo quando aqueles dedos
circularam no anel do músculo.
— Isso é bom, — ele gemeu. Milo baixou o rosto contra as
mãos, o membro latejando enquanto respirava ofegante.
— Quer meu pau dentro de você?
Milo assentiu.
— Não vou voltar depois disso. Você é meu depois disso.
Compreende?
Milo assentiu novamente.
Orin rosnou. Pegou um punhado de cabelo de Milo e puxou-o
com força até as costas de Milo pressionarem firmemente contra o peito
de Orin.
— Não, diga que você entendeu. Não sou uma pessoa legal.
O que? Isso não fazia sentido. Milo piscou para o outro homem,
tentando entender sua confusão e resolver as coisas que sabia sobre
Orin, com as coisas que estava dizendo sobre si mesmo.
— Sim você é.
Todo o corpo de Orin pareceu congelar. Não respirou por quatro
segundos inteiros. Milo sabia porque não respirava também, não quando
essa dor entrava nos olhos de Orin.
Orin empurrou Milo de volta à posição antes que pudesse
perguntar qual era o problema, e então aqueles dedos empurraram
dentro dele com força.
Se fosse virgem, essa parte poderia ter sido desagradável. Era
como se Orin estivesse lutando com seus demônios interiores, como se
quisesse machucar Milo apenas o suficiente para assustá-lo, para provar
a ele que Orin não era digno de ser um companheiro, mas não conseguia
cruzar a linha.
O resultado foi o domínio, do tipo que contornava as
extremidades da dor, mas não chegava lá, o que deixou Milo animado
para saber quem era o chefe nessa cama e quem seria o fodido por um
homem tão poderoso.
E gemeu como uma cadela no cio, empurrando sua bunda de
volta naqueles dedos, implorando por mais, implorando para Orin colocar
seu pênis dentro de seu corpo.
Para fazê-lo dele.
O alongamento não durou muito antes de parecer que Orin não
conseguia mais se segurar.
Puxou os dedos para longe, ofegante, ainda rosnando um
pouco, e então enfiou a cabeça de seu pênis na entrada do ânus de Milo
e empurrou para dentro com força.
Como se ainda quisesse assustá-lo com o quão duro estava
sendo.
Milo não se assustaria. O pobre Orin não percebeu que quanto
mais tentava dominar, mais Milo gostava.
— É isso, — gemeu, cerrando os olhos fechados quando foi
violado, esticado e cheio até o punho. Sentiu as bolas de Orin tocarem a
parte de trás de sua bunda, e a raposa selvagem dentro dele correu ao
redor, cheia de energia, querendo participar.
Milo queria rir da criatura.
Hei, não. Desculpa. Isso era para o prazer dele e só dele. Milo
não sentiu vontade de compartilhar o que lhe pertencia.
Orin o fodeu. Ele inclinou os quadris lentamente para os
primeiros três golpes e depois cedeu aos seus demônios internos e bateu
seu pênis para frente, como se estivesse esperando por isso por tanto
tempo quanto Milo.
Como se quisesse isso desde o dia em que se conheceram,
assim como Milo.
— Oh Deus, isso é o que quero, — Milo gemeu, empurrando sua
bunda de volta contra o pênis de Orin, encontrando-o na metade do
caminho a cada vez, seu ritmo fora, mas estava tudo bem. Era parte do
apelo e usou a outra mão para acariciar seus próprios mamilos, um de
cada vez, enquanto Orin o atacava, dava-lhe tudo o que poderia precisar
e muito mais.
Foi como voltar para casa. Esta era a sua casa. Este era o seu
alfa.
Este era seu companheiro.
E Orin o fodeu como se estivesse fazendo isso pela primeira e
única vez em sua vida. Isso parecia os movimentos de um homem que
achava que nunca mais veria Milo.
Milo sabia porque tinha sido fodido assim antes, nas ocasiões
em que os outros ômegas sabiam que seriam levados para uma festa de
sangue de vampiros.
Todo mundo sabia que a maioria dos ômegas estava sangrando
nessas coisas, e Milo sempre quis dar uma boa despedida.
O problema era que se tornou bom em reconhecer esse tipo de
adeus.
Certo. Orin tinha outra coisa vindo se essa fosse a mentalidade
que iria dar a si mesmo.
Se tentasse se banir antes que Glendon pudesse fazer isso por
ele, então Milo o seguiria. Orin não iria assustar Milo na cama, e não
fugiria dele fora da cama.
Milo se levantou contra o peito de Orin. Ainda tinha que segurar
a estrutura da cama, apenas para manter o equilíbrio, mesmo de
joelhos, mas queria colocar o rosto mais perto da boca de Orin.
Mais especificamente, queria colocar o pescoço mais perto da
boca de Orin.
Olhando para o lado, e mesmo através da névoa de luxúria, Milo
podia ver o branco das presas de Orin.
— Morda-me.
Orin cerrou os dentes, aquele olhar de dor vindo pelo rosto mais
uma vez. Gemeu.
Como se Milo aceitasse isso como sua resposta.
Estendeu a mão, colocando-a na parte de trás da cabeça de
Orin, não se importando com o quão áspero estava sendo com um
homem ferido desde que Orin estava mostrando que poderia claramente
ser um pouco áspero de qualquer maneira.
Tentou puxar a cabeça de Orin para baixo, para pegar sua boca
para trancar o lado da garganta de Milo, exatamente onde queria que
fosse.
Claro que o homem resistiu. Claro que sim, e é claro que não
havia nada que Milo pudesse fazer para forçar a situação.
Ainda era um ômega e Orin era um alfa. Milo não podia forçar o
homem a fazer algo que não quisesse fazer.
Não fisicamente, mas ainda havia outra pequena arma à
disposição de Milo.
— Por favor, preciso disso, — implorou, forçando os olhos a
aguar, apenas o suficiente para puxar as cordas do coração de Orin.
E Orin, o bastardo, gemeu e apertou os olhos no ombro de Milo,
escondendo-se da arma secreta que tentara soltar sobre ele.
Ótimo. Milo tinha certeza de que tal tática funcionaria, mesmo
em vampiros que tinham escravos de sangue favoritos.
Talvez não. Só porque Orin não ficaria comovido por lágrimas
não significa que não iriam acasalar.
O fato de que Orin não queria mordê-lo poderia dizer algo sobre
isso, no entanto.
Orin desencadeou uma arma secreta. Mudou o ângulo de seus
quadris, tocando o ponto de prazer de Milo dentro dele, e todo o controle
que Milo pensou ter desapareceu imediatamente.
Jogou a cabeça de volta no ombro de Orin, sua boca abrindo
enquanto gemia longo e alto. Não conseguia contê-lo. O prazer não seria
negado, e não havia nada que pudesse fazer para se preparar para o seu
ataque.
Um fluxo de seu próprio sêmen bateu na barriga e peito, seu
pênis contraindo com o choque de prazer que tomou conta dele e não o
soltaria de seu aperto.
Milo se abaixou quase como uma reflexão tardia e acariciou seu
pênis, prolongando seu prazer e fodendo em sua mão enquanto
desesperadamente empurrava sua bunda de volta contra o pênis de
Orin.
Tão bom. Isso era tão incrivelmente maravilhoso. Ninguém
jamais... como Orin...
Milo realmente estava apaixonado. Seu companheiro não só o
resgatou das garras de uma fazenda de vampiros, mas sabia como fazer
Milo gemer seu nome várias vezes, mesmo quando o orgasmo começou
a diminuir.
Orin continuou fodendo-o, seu ritmo se tornando ainda mais
rápido do que antes, se isso fosse de alguma forma possível.
Claro que era porque Orin estava fazendo isso, e Milo
praticamente saltou no colo do homem. Ficou surpreso que o pau de
Orin simplesmente não escorregou para fora de seu corpo com a força
que fodia com ele.
Arrepios de prazer o atingiram com força. Milo gemeu,
mordendo o lábio inferior enquanto era ordenhado pela última gota de
prazer que tinha.
Ou então pensou. Orin pressionou a boca no pescoço de Milo,
gemendo, seu corpo retumbando quando Milo sentiu a súbita onda de
calor que o encheu de dentro para fora.
E então Milo gozou novamente. Não tinha ideia de como isso era
possível. Não deveria ter sido possível! Mas estava lá. Ainda tinha o
suficiente para ter um segundo orgasmo completamente.
Milo gemeu e gritou novamente. Empurrou de volta contra o
pênis de Orin, praticamente fodendo-se com o homem enquanto estava
desesperado para chegar a esse fim, para deixar seu corpo finalmente
descer do alto maravilhoso que acabara de ser dado.
Mas a combinação de ter Orin gozando dentro dele e mordendo-
o foi interrompida quando Milo percebeu que Orin não o havia mordido.
Ele pressionou a boca na garganta de Milo, sim, pressionou, e a
sensação de ser tomada pelo homem que Milo tinha certeza que era seu
companheiro certamente o atingiu com força também, mas Orin não o
tinha mordido.
Então, Milo só gozou uma segunda vez porque achou que tinha
sido mordido? Isso era sua mente pregando peças nele? Não entendeu.
E o deixou um pouco triste.
— Orin?
Deus, era essa a voz dele? Milo parecia tão pequeno, tão frágil.
Assim como soou no dia em que Orin o contrabandeara da
fazenda de vampiros, e Milo não era uma pessoa forte em primeiro lugar.
Sentiu a mesma sensação de desconforto sobre ele, a sensação
horrível de que algo muito errado estava acontecendo aqui, que as
coisas não eram como pensava que fossem.
— Você deveria sair daqui.
Milo piscou.
— Eu o quê?
Orin se soltou do corpo de Milo. Milo se virou, olhando para o
homem.
Orin o encarou bem nos olhos. Não desviou o olhar, e não havia
nada em sua expressão para sugerir que estava lutando com o que
estava dizendo.
— Fodi você. Isso é o que queria. Nós não somos companheiros.
Você deveria ir.
Milo piscou. Pensou por um segundo e balançou a cabeça.
— Eu...
— Quero você fora do meu quarto.
O tom duro e cortante em sua voz roubou a última gota de
confiança com que Milo tinha entrado nessa situação.
Isso machucou. Seu coração doía fisicamente.
— Mas pensei... não, não posso deixar você aqui assim. Sou seu
agora. Você mesmo disse isso.
— Menti. Queria te foder, então disse o que você queria ouvir. —
Orin zombou dele. — Você realmente acha que eu gostaria de estar
acasalado com um ômega que foi tocado por um vampiro?
Esse comentário doeu muito mais do que Milo pensava que
doeria.
— Não, eles nunca me tocaram. Não assim.
— Não me importo, e você sabia o que eu quis dizer. Tiveram
seus dentes em você. É o bastante. Ainda posso sentir o cheiro de
sangue de vampiro em você. Cheira a merda. Quase me fez vomitar
quando você tentou colocar meus dentes em você também.
Provavelmente tem gosto deles.
Milo ficou tenso. Ainda ficou, mesmo quando sua raposa interior
choramingou, como se tivesse sido chutada na barriga.
— É porque não sou virgem para você?
— Não. — Orin não parou de olhar. — Não seja um idiota. Eu
disse que estava bem, embora não seja muito melhor, sabendo que
esteve se prostituindo entre buscar café e deixar os sanguessugas
sugarem você.
Agora Milo se sentia como se estivesse prestes a chorar. Seus
olhos ardiam e seu coração doía.
Esfregou o rosto, virando-se antes que Orin pudesse realmente
dar uma boa olhada nele.
Ele saiu da cama, pegou suas roupas, então lembrou que
estavam rasgadas quando as segurou.
— As minhas roupas...
— Eu não me importo. Coloque-as e saia. Ou saia nu. Apenas
fique longe de mim.
O coração de Milo fez outro movimento de torção que o levou a
respirar ofegante.
Foi capaz de colocar a camisa, apesar de ter ficado mais
parecido com uma jaqueta do jeito que foi rasgada no meio.
Se cobriu com as calças, as amarrou na cintura como uma saia.
Provavelmente parecia ridículo, mas estava envergonhado. Não
queria mais estar aqui.
Foi até a porta, parando e olhando para Orin.
Orin ainda estava na cama. Olhava para suas mãos, e talvez
fosse por causa da imagem triste que fazia, coberto de bandagens como
estava, que Milo foi capaz de ver o que ele tinha feito.
— Voltarei para você em breve. Vou lhe trazer algo para comer.
Orin ficou tenso. Não olhou diretamente para Milo, embora
rosnasse e olhasse para ele pelo canto do olho.
— Não se incomode. Não quero você perto de mim.
Mais uma vez, o coração de Milo torceu, mas se ia ter algo
parecido com uma vida normal, tinha que lutar por isso.
— Acho que você está mentindo para mim.
Desta vez, Orin olhou para ele bem no rosto, zombando como
se Milo o repugnasse.
— Não estou.
Milo continuou.
— Acho que está me afastando porque não quer que eu sofra
como seu companheiro. Você me beijou e me empurrou para que
pudesse voltar para a fazenda e libertar meus amigos. Não queria me
morder porque pensou que estaria me deixando sem um companheiro, e
não quer me morder agora porque acho que não quer que eu seja
forçado a deixar esta casa agradável e confortável quando você deixar o
bando.
— Dê o fora daqui.
Milo esfregou os olhos novamente, falando através de suas
lágrimas e garganta fechada porque, mesmo que pudesse ver através do
que Orin estava fazendo, isso não significava que suas palavras não o
machucavam da pior maneira possível.
— Essa é a única razão pela qual eu te perdoo pelo que disse,
mas preciso estar... acho que preciso ficar sozinho um pouco, e você
também. Voltarei, prometo. Não vou deixar você me afastar porque eu
te amo.
Os olhos de Orin brilharam para a vida. Ele se empurrou para
fora da cama, e a pele começou a entrar pelas dobras de suas ataduras
quando seu alfa interno saiu.
— Não! Você é doido? Não me conhece!
Milo já havia se virado e saído do quarto, antes mesmo de Orin
gritar para ele sair.
O homem tentou segui-lo até o corredor, ainda gritando, mas
seus ferimentos impediram que chegasse longe.
Ainda assim, Milo olhou para trás para se certificar de que Orin
não tivesse caído.
Não, ele se segurou na parede, ainda olhando para Milo do outro
lado do corredor.
Mesmo com a distância entre eles, Milo tinha certeza de que viu
o que pareciam lágrimas nos olhos do alfa.
Certa vez, quando Milo ainda era pequeno, quando estava
chorando nos braços da mãe designada da fazenda, ela disse a ele que
às vezes um bom choro era tudo que era necessário para deixar as
tristezas do mundo irem embora.
Ela estava tentando prepará-lo para o fato de que ele seria um
alimentador de vampiros por um longo tempo, e quando tinha sido
sangrada para a alimentação, Milo chorou então, também, porque ela
estava certa, e estava também agora.
Depois que se sentisse melhor pelas coisas cruéis que Orin
havia dito a ele, estaria pronto para voltar, para cumprir sua promessa
de não deixar o alfa empurrá-lo para longe.
E depois que Orin derramou lágrimas, talvez estivesse pronto
para pedir desculpas por sua escolha de palavras.
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
FIM