Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fundamentos Do Trabalho
Fundamentos Do Trabalho
TRIPALIUM
luistecnologost@gmail.com : luiscastanha7@hotmail.com
Palavras do professor autor
Esta apostila foi elabora com carinho para que você possa entender de forma clara o conteúdo
da matéria que vamos estudar “ Fundamentos do Trabalho”. Aqui veremos a perspectiva
ontológica do trabalho, sua evolução e organização, estudaremos a revolução industrial, a
relação homem trabalho e suas competências.
“Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do
conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Eclesiastes 7:12
Paulo Freire.
1 O QUE É TRABALHO
Nessa aula vamos ver primeiro uma perspectiva ontológica do trabalho, conhecer o profundo
sentido da palavra para entender para que no principio ele servia, ver como se organizou
desde a economia extrativista até a manufatureira abrindo cancha para a revolução industrial.
Ontológico
trabalho
substantivo masculino
6. qualquer obra realizada (manual, artística, intelectual etc.); empreendimento, realização. "a
ponte era um belo t. de engenharia"
10. esforço incomum; luta, lida, faina. "foi um t. convencê-lo a voltar para casa"
11. aquilo que é ou se tornou uma obrigação ou responsabilidade de alguém; dever, encargo.
"seu t. é zelar pelos alunos“
12. ação progressiva e contínua exercida por elemento natural, e o efeito dessa ação. "o t. da
erosão fluvial"
6
13. resultado útil do funcionamento de um aparelho, um maquinismo, um sistema etc. "o t.
muscular"
14. fenômeno orgânico que se opera no interior dos tecidos. "o t. de cicatrização de um corte"
16. atividade humana que se caracteriza como fator essencial da produção de bens e serviços.
18. grandeza definida como o produto da magnitude de uma força e a distância percorrida
pelo ponto de aplicação da força na direção desta [Sua unidade de medida no Sistema
Internacional é o joule].
19. religioso em cultos afro-brasileiros, esp. umbanda e quimbanda, ação ou prática ritual
realizada para atingir objetivos de proteção, de desenvolvimento espiritual, ou maléficos.
Em quase todas as línguas da cultura europeia, trabalhar tem mais de uma significação. O
grego tem uma palavra para fabricação (κατασκευή) e outra para esforço (προσπάθεια),
oposto a ócio (ελεύθερος χρόνος); por outro lado, também apresenta pena (φτερό), que é
próxima da fadiga (κούραση).
O latim distingue entre teborere, a ação de labor, e operare, o verbo que corresponde a opus,
obra. Em francês, é possível reconhecer pelo menos a diferença entre travailler e ouvrer ou
oeuvrer, sobrando ainda o conteúdo de tâche, tarefa. Assim também lavorare e operare em
italiano; e trabajar e obrar em espanhol.
Em português, apesar de haver labor e trabalho, é possível achar na mesma palavra trabalho
ambas as significações: a de realizar uma obra que te expresse, que dê reconhecimento social
e permaneça além da tua. vida; e a de esforço rotineiro e repetitivo, sem liberdade, de
resultado consumível e incômodo inevitável de aplicação das forças e faculdades humanas
para alcançar determinado fim; atividade coordenada de caráter físico ou intelectual,
7
necessária a qualquer tarefa, serviço ou empreendimento; exercício dessa atividade como
ocupação permanente, ofício, profissão.
Mas trabalho tem outros significados mais particulares, como o de esforço aplicado à
produção de utilidades ou obras de arte, mesmo dissertação ou discurso. Pode significar o
conjunto das discussões e deliberações de uma sociedade ou assembleia convocada para
tratar de interesse público, coletivo ou particular: "Os trabalhos da assembleia do sindicato
tiveram como resultado a greve“.
Pode significar o serviço de uma repartição burocrática, e ainda os deveres escolares dos
alunos a serem verificados pelos professores. Como pode indicar o processo do nascimento da
criança: “A mulher entrou em trabalho de parto".
Além de atividade e exercício, trabalho também significa dificuldade e incômodo: "aqui vieram
passar trabalho"; "a última enchente deu muito trabalho". Pois junto a todas as suas
significações ativas, trabalho em português, e no plural, quer dizer preocupações, desgostos e
aflições.
Isto se compreende melhor ao descobrir que a palavra trabalho se origina do latim Tripalium
embora outras hipóteses a associem a trabaculum. Tripalium era um instrumento feito de três
paus aguçados, algumas vezes ainda munidos de pontas de ferro, no qual os agricultores
bateriam o trigo, as espigas de milho, o linho para rasgá-los.
A maioria dos dicionários, contudo, registra tripalium apenas como instrumento de tortura, o
que teria sido originalmente ou se tornado depois. Atripalium vem do latim vulgar tripaliare,
que significa Justamente torturar, Ainda que originalmente o tripalium fosse usado no
trabalho do aqricultor, no trato do cereal, é do uso deste instrumento como meio de tortura
que a palavra trabalho significou por muito tempo e ainda conota algo como padecimento e
cativeiro.
“No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela fostes formado; porque
tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3.19).
8
O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.
(Gênesis 3:23)
“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o
guardar” (Gênesis 2.15).
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente.
(Gênesis 2:16)
E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te
ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela
todos os dias da tua vida.
No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado;
porquanto és pó e em pó te tornarás. Gênesis 3:17-19
No dicionário filosófico você poderá encontrar que o homem trabalha quando põe em
atividade suas forças espirituais ou corporais, tendo em mira um fim sério que deve ser
realizado ou alcançado. Assim, mesmo que não se produza nada imediatamente visível com o
esforço do estudo, o trabalho de ordem intelectual corresponde àquela definição tanto quanto
o trabalho corporal, embora seja este que leve a um resultado exteriormente perceptível.
Todo trabalho supõe tendência para um fim e esforço. Para alguns trabalhos, este esforço será
preponderantemente físico; para outros, preponderantemente intelectual. Contudo, parece
míope e interesseira esta classificação que divide trabalho intelectual e trabalho corporal. A
maioria dos esforços intelectuais se faz acompanhar de esforço corporal; uso minhas mãos e
os músculos do braço enquanto datilografo estas páginas, que vou pensando. E o pedreiro usa
sua inteligência ao empilhar com equilíbrio os tijolos sobre o cimento ainda não solidificado.
O trabalho do homem aparece cada vez mais nítido quanto mais clara for a intenção e a
direção do seu esforço. Trabalho neste sentido possui o significado ativo de um esforço
afirmado e desejado, para a realização de objetivos; onde até mesmo o objetivo realizado, a
obra, passa a ser chamado trabalho. Trabalho é o esforço e também o seu resultado:
Para muitos, o que distingue o trabalho humano do trabalho dos outros animais é que neste
há consciência intencionalidade enquanto os animais trabalham por extinto, sem programa s
sem consciência. Há pouco se dizia que a utilização de instrumentos era característica
exclusiva do trabalho do homem; hoje, sabemos que, embora de modo muito rudimentar,
também outros antropoides se podem valer, por exemplo, de um galho de árvore para fazer
cair um fruto.
9
Algo que definitivamente distingue o trabalho humano do esforço dos animais, embora para
todos a primeira motivação possa ser a sobrevivência, é que no trabalho do homem ha
liberdade: posso parar de fazer o que estou fazendo, embora seja um servo, embora não me
seja reconhecido o direito de greve, e embora eu venha a sofrer por causa deste meu gesto.
Max Scheler, filósofo alemão do início do século X que se preocupou com este assunto,
distinguia três sentidos da palavra trabalho: o de uma atividade humana, às vezes também
animal ou mecânica ("esta máquina trabalha bem"; "este burro faz um bom trabalho"); o de
produto coisificado de uma atividade ("este quadro é um belo trabalho"; "este livro é um
trabalho bem acabado"); e o de uma tarefa ou fim apenas imaginado ("resta-nos muito
trabalho para fazer uma democracia no Brasil").
Mas a nossa linguagem diária não faz muitas distinções. Nem sempre diferenciamos o trabalho
como atividade especificamente humana dos processos condicionados fisiologicamente e de
fluxos mecânicos de movimento. Na linguagem científica, sim, aparecem as diferenças.
Conforme as diferentes disciplinas das ciências naturais e sociais onde a palavra é utilizada,
trabalho às vezes se distancia daqueles significados fundamentais do termo, que nos parecem
transparentes em nossa linguagem comum.
Em física, por exemplo, trabalho é o nome do produto entre força e deslocamento que um
corpo em movimento realiza no tempo. Já a fisiologia diz que um músculo realiza trabalho,
embora não se possa, supor aí nenhum objetivo consciente do músculo mesmo. Em sociologia,
quando se fala em trabalho, quase sempre se está no contexto da divisão do trabalho social,
esquecendo-se o esforço feito no isolamento, com gratuidade, ou sem produto imediatamente
aparente, como no caso do trabalho da mulher doméstica, dentro de sua casa.
A significação que hoje é dada ao trabalho se refere à passagem moderna da cultura agrária
para a industrial. Entre um e outro desses momentos surgiram as distinções clássicas descritas
com palavras diversas, como ocupar-se, produzir, fazer, agir, praticar. Talvez possamos formar
uma ideia mais clara do que é trabalho se antes passarmos pela história da experiência que lhe
corresponde.
10
1.1 HIPÓTESE DE COMO TERIA SURGIDO O TRABALHO
Em uma tribo de índios ainda sem contato com a maneira de vida e cultura dos brancos
ocidentais.
Eles têm os seus próprios símbolos culturais, são ligados por laços de sangue e sentimentos,
motivados por lendas, mitos, crenças e conhecimentos comuns. Mas provêm à sua
subsistência por um esforço coletivo que obedece a determinada ordem.
Colhem os frutos das árvores; pescam os peixes dos rios; caçam animais da floresta. Pescam e
caçam o que der e vier segundo sua tradição consomem a caça e a pesca conseguidas. O que
sobrar será jogado de volta no rio ou será consumido pelo fogo, que deixa de quando em
quando uma clareira aberta no meio da mata.
Na tribo não há excedente - nem, portanto, o problema da acumulação de riquezas nas mãos
de alguns. Ao que tudo indica, no entanto, nas comunidades isoladas o trabalho serve apenas
indiretamente a subsistência. É regido por um sistema de deveres religiosos e familiares.
Como estágio consecutivo ao das economias, isoladas, temos o tempo em que os homens
inventaram ou descobriram a agricultura.
A forma de agricultura pode ter sido descoberta ao acaso. Quando um incêndio na floresta
que destrói a vegetação e expulsa a caça, as pessoas talvez tenham observado que as
sementes cresciam nas cinzas. Assim tornou-se sistema regular limpar uma certa área de
florestas através da queimada. Há também a suposição de que tenham sido as mulheres
quem tenha forçado o desenvolvimento inicial da agricultura, colaborando para a superação
do nomadismo dos povos caçadores.
Por isso seria comum encontrar-se em povos primitivos uma tal divisão do trabalho.
11
As mulheres plantando, os homens caçando, embora pesquisas antropológicas mostrem que
tal divisão não ocorre em todas as culturas. Desenvolvendo a agricultura, a engenhosidade
humana já perturba o equilíbrio da natureza.
Descobrindo no plantio uma nova fonte de alimento para si e seus filhos, os homens se
multiplicam. A expansão numérica leva a conquistar novas áreas de floresta para o cultivo.
Como é necessário muito tempo para restaurar a plena capacidade de cultivo de uma faixa de
floresta, a selva vai sendo destruída e transformada em mato rasteiro ou terra de pastagens.
Junto com o trabalho do plantio devem ter surgido ao mesmo tempo a noção de propriedade
e o produto excedente, ou seja o produto não imediatamente consumido.
Se eu trabalho esta terra com as minhas mãos, minha aplicação e a força de meus músculos
têm a sensação de que me pertence o grão dela colhido, resultado daquele meu empenho e
dispêndio de força.
Do que planto, como e alimento meus filhos. E se me sobra alguma coisa leva-a para trocar
com o vizinho.
Minha sobra de milho por sua sobra de trigo ou leite de cabra. Mas se o vizinho domina um
território mais vasto, e as suas sobras superam as de toda a vizinhança, as nossas trocas se
tornam desiguais e geram um novo excedente.
Na antiguidade e Idade Média europeia, e ainda a períodos bem mais recentes da história da
América Latina. Conforme tempo e lugar, o país e a época, as terras podem ser trabalhadas
por escravos, servos ou camponeses; e o excedente pode ser recebido por fidalgos
independentes ou por funcionários de uma monarquia ou de uma potência imperialista.
Mas as linhas principais das relações econômicas eram semelhantes, o excedente era
consumido em parte para manter um aparato militar, e outra parte para sustentar o padrão de
vida da classe ociosa.
12
1.2 O TRABALHO ARTESANAL
Do trabalho sobre a terra e sua organização vai incentivar o desenvolvimento do trabalho
artesanal; ao mesmo tempo, se intensifica o comércio, uma vez que há excedentes tanto na
agricultura como na criação de animais.
O comércio e as manufaturas proporcionam uma fonte de riqueza que não depende mais
diretamente da propriedade da terra, embora dependa indiretamente do gasto do excedente
agrícola.
É assim que em centros disseminados pelo mundo não só na Europa, mas da China ao Peru
desenvolveu-se uma burguesia: uma comunidade de habitantes de cidades que auferia uma
renda das atividades comerciais e desfrutava de um grau de independência maior ou menor
dos poderes feudais ou dos senhores de terra e da corte dos reis. Os mais bem-sucedidos
entre tais comerciantes empregavam trabalhadores, artesãos, carregadores, marinheiros,
artistas, criados domésticos, e aos poucos se estabelece uma hierarquia baseada no dinheiro e
um mercado onde os produtos agrícolas podem ser vendidos por dinheiro.
A filosofia da época, chamada de iluminista por se guiar pela luz da Razão, censurava
sobretudo a forte religiosidade medieval.
1- Clero
2- Nobresa
3- Verdadeiros trabalhadores
13
A sociedade feudal era hierarquizada e estamental. Hierarquizada, pois era muito difícil para
uma pessoa passar de uma posição social para outra. Estamental, pois cada pessoa assumia
um papel muito bem definido na sociedade, geralmente de acordo com o grupo em que
nasceu.
Este modelo de organização social durante o feudalismo recebeu total defesa da Igreja. Esta
defendia a ideia de que Deus definia a condição em que a pessoa veio ao mundo, cabendo a
esta se manter naquele nível social sem questionar.
A posição e o status social de uma pessoa eram determinados pelo nascimento e pela posse
de propriedades, principalmente terras.
Havia uma grande disparidade de renda entre a camada dos mais ricos (senhores feudais e
nobres) e os mais pobres (servos camponeses). Portanto, a sociedade feudal era marcada por
forte desigualdade social.
1.3.1 Clero
Esta ordem social era composta pelos integrantes da Igreja Católica (padres, bispos, monges,
abades e papa). Cabia ao clero, na sociedade feudal, cuidar da vida espiritual de toda
sociedade. Embora a função desta ordem fosse rezar, exercia influência política, moral e
psicológica na sociedade.
Por volta de 1780, o mundo ainda era essencialmente rural, os portos continuavam sendo a
principal saída para o mundo, que era pequeno em se tratando de possibilidades de
deslocamentos e gigante em territórios desconhecidos.
Na produção artesanal, todas as etapas de produção são realizadas na maioria das vezes por
uma única pessoa. O artesão até poderia ter auxiliares, mas ele conhecia todas as etapas para
a confecção do produto, era dono das ferramentas e tinha acesso ás matérias primas
14
necessárias, ou seja, ele detinha os meios necessários e o conhecimento em relação a todas as
etapas de produção.
Além disso, antes das transformações introduzidas pela Revolução Industrial, era o artesão
quem decidia quantas horas trabalharia por dia, isto é, era ele quem controlava o tempo e a
intensidade do trabalho.
Manufatura de algodão
15
2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial representou a lenta e inevitável evolução do capitalismo que, em última
instância, substituiu a força motriz humana pelas máquinas, com profundas consequências
econômicas, políticas, sociais e culturais.
Mas, não podemos esquecer que a produção manual que antecede à Revolução Industrial
conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:
A história britânica contou com uma série de experiências que culminaram com o incentivo ao
desenvolvimento da economia burguesa e um conjunto de inovações tecnológicas que
colocaram a Inglaterra à frente do processo hoje conhecido como Revolução Industrial.
Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII. Antes da
liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam cartelizadas pelo rígido
sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos competidores e inovação
tecnológica eram muito limitados. Com a liberalização da indústria e do comércio ocorreu um
enorme progresso tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto espaço de
tempo.
16
O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução Inglesa, que
forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para expandir os investimentos e
ampliar os lucros.
A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um desses
acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência da monarquia absoluta
portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos
no mercado português.
A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir matérias-primas
e máquinas e contratar empregados.
Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode se constatar que a
taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5% ao ano; já na China, onde
praticamente não existia progresso econômico, a taxa de juros era de cerca de 30% ao ano.
17
Os trabalhadores passaram por um processo de especialização de sua mão de obra, assim só
tinham responsabilidade e domínio sob uma única parte do processo industrial.
Dessa maneira, o trabalhador não tinha mais ciência do valor da riqueza por ele produzida. Ele
passou a receber um salário pelo qual era pago para exercer uma determinada função que,
nem sempre, correspondia ao valor daquilo que ele era capaz de produzir. Esse tipo de
mudança também só foi possível porque a própria formação de uma classe burguesa – munida
de um grande acúmulo de capitais – começou a controlar os meios de produção da economia.
É esta segunda revolução industrial que está por trás de todo desenvolvimento técnico,
científico e de trabalho que ocorre nos anos da Primeira e, principalmente, da Segunda Guerra
Mundial.
A Segunda Revolução Industrial tem suas bases nos ramos metalúrgico e químico. Neste
período, o aço torna-se um material tão básico que é nele que a siderurgia ganha sua grande
expressão. A indústria automobilística assume grande importância nesse período. O
trabalhador típico desse período é o metalúrgico. O sistema de técnica e de trabalho desse
período é o fordista, termo que se refere ao empresário Ford, criador, na sua indústria de
18
automóveis em Detroit, Estados Unidos, do sistema que se tornou o paradigma de regulação
técnica e do trabalho conhecido em todo o mundo industrial.
A forma mais característica de automação é a linha de montagem, criada por Ford (1920), com
a qual introduz na indústria a produção padronizada, em série e em massa.
Com o fordismo, surge um trabalhador desqualificado, que desenvolve uma função mecânica,
extenuante e para a qual não precisa pensar. Pensar é a função de um especialista, o
engenheiro, que planeja para o conjunto dos trabalhadores dentro do sistema da fábrica.
O Fordismo caracterizou-se pela introdução do novo processo de fabricação, criado por Ford e
conhecido como “linha de montagem“.
Por volta de 1908, a incipiente indústria automobilística enfrentava dois grandes problemas: o
da mão-de-obra especializada e o do alto custo da produção, que era quase artesanal. Henry
Ford introduziu, então, um sistema revolucionário, baseado na correia transportadora e na
linha de montagem, no qual cada trabalhador executa apenas uma operação altamente
padronizada.
O Fordismo, baseado na extrema divisão do trabalho, permitiu resolver os dois problemas que
impediam o crescimento da indústria automobilística. De fato, especialização numa única
operação resolveu o problema da mão-de-obra e o sistema de linha de montagem,
possibilitando a fabricação de um automóvel Ford modelo T em uma hora e trinta e três
minutos, resolveu também o segundo problema: o do custo.
O processo Ford teve, porém, outras implicações: era viável somente para a grande produção
em série e implicava a criação de grandes unidades industriais o que, por sua vez, implicava
grandes concentrações financeiras.
Era praticamente impossível encontrar um particular que pudesse financiar, por si só, tal tipo
de indústria. Em consequência, desenvolveram-se as Sociedades Anônimas. Paralelamente à
19
criação de grandes unidades industriais, teve lugar a formação de grandes bancos de
investimento e de poderosas companhias de seguro. Essas instituições, puramente financeiras,
devido às suas disponibilidades de capitais, passaram a ter um papel cada vez mais marcante
na sociedade industrial chegando, finalmente, ao seu controle total.
É criação do taylorismo (Taylor, 1900) essa série de segmentações que quebra e dissocia o
trabalho em aspectos até então organicamente integrados, a partir da separação entre o
trabalho intelectual e o trabalho manual (operários).
O trabalho desenvolvido por Taylor tinha características bastante inovadora para seu tempo
que envolvia capacitação e incentivo para o trabalhador.
- Especialização do trabalhador;
- Análise dos processos produtivos dentro de uma empresa como objetivo de otimização do
trabalho;
20
- Uso apenas de métodos de trabalho que já foram testados e planejados para eliminar o
improviso.
Alemanha – biotecnologia.
A Terceira Revolução exige profissionais criativos e qualificados e eles passam a ser mais
importantes que as matérias-primas ou as fontes de energia.
Surgem os tecnopolos
Tecnopolo é um centro tecnologia que reúne, num mesmo lugar, diversas atividades de
pesquisa e desenvolvimento, em áreas de alta tecnologia como institutos e centro de pesquisa,
empresas e universidades.
As novas indústrias localizam-se em áreas próximas a este centros. O Vale do Silício nos EUA.
21
Os novos produtos tornam-se obsoletos mais cedo.
A microtecnologia;
A computação;
A robótica;
Os software;
A engenharia genética.
O processo de robotização é maior nos EUA e Japão, atingindo 95% no trabalho de solda no
setor automobilístico.
O Fim do Emprego
O desaparecimento do emprego;
O desemprego estrutural;
O processo de terceirização;
Aumento da informalidade;
22
Os sindicatos estão em posição defensiva.
A Globalização
Nessa época, surgiram, então, as primeiras leis de proteção ao trabalho na Inglaterra, França,
Alemanha e Itália.
Na Inglaterra, em 1802, criou-se a lei de amparo aos operários dispondo sobre o trabalho de
aprendizes paroquianos nos moinhos. Essa lei limitava a 12 horas de trabalho diário a carga
horária desses menores.
Em 1819, foi criada outra lei, proibindo o trabalho de menores de 9 anos e limitando a 12
horas a jornada de menores até 16. Em 1833, o Parlamento Inglês votou nova lei, reduzindo
para 8 horas o limite de jornada dos menores de 13 anos e para 12 horas aos menores de 18 e
proibindo o trabalho noturno de menores. Em 1847, passou a vigorar uma lei que estabelecia a
duração diária do trabalho de 10 horas, destinando-se à proteção das mulheres e dos
menores.
Em 1908, foi estabelecida a jornada diária de 8 horas; em 1910, foi criada a folga de meio dia
por semana os comerciários, e , em 1912, o Código de Leis Trabalhistas, ampliado sempre por
estatutos especiais e portarias administrativas.
Dessa forma, pode-se dizer que a Inglaterra foi o berço da ideia do repouso semanal e da
limitação da jornada diária de trabalho, daí advindo a “semana inglesa”.
23
A OIT foi como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Fundou-
se sobre a convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar
baseada na justiça social.
O Brasil nesta época era colônia de Portugal e sofria os efeitos do Pacto Colonial imposto pela
coroa portuguesa. Neste contexto, não era permitida abertura de indústrias no Brasil, cabendo
aos colonos comprar os produtos manufaturados de Portugal.
Foram os ricos cafeicultores de São Paulo, com capital de sobra originário das exportações de
café, que começaram a investir no setor industrial.
Foi com o final da República das Oligarquias que a indústria apresentou um grande avanço no
Brasil. O governo de Getúlio Vargas, que teve inicia em 1930, incentivou o desenvolvimento do
setor industrial nacional no país.
Foi a partir da década de 1930 que o Brasil começou a mudar seu modelo econômico de
agrário-exportador para industrial.
A Era Vargas foi marcada pela ditadura e pela organização dos direitos trabalhistas, muitos
deles em vigor até hoje. Alguns foram ampliados, mas pouca gente sabe disso.
Getúlio fez uma comissão para estudar a legislação trabalhista e compilar aquelas regras num
único texto de lei.
- jornada diária de 8 h;
Em 1943, editou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), um conjunto de normas criadas
desde os anos 30 para proteger o trabalhador.
É na CLT que a Segurança do Trabalho existe juridicamente, ou seja, nessa consolidação existe
um capitulo todo voltado para a medicina e segurança do trabalho.
24
Em cumprimento ao disposto no artigo 7° da CF – constituição federal que determina a
melhoria social dos trabalhadores, no inciso XX desse artigo sugeriu a criação de normas de
saúde e segurança.
Nesse sentido a Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos,
decretada pelo congresso nacional a lei 6514 de 22/12/77 sancionada pela presidência, altera
o capitule V titulo II da CLT relativo a segurança e medicina do trabalho. Dos artigos 154 a 201
é todo voltado para esse fim.
Em 1978 o Ministério do Estado do Trabalho no uso das suas atribuições legais lança a portaria
3214 aprovando as Normas Regulamentadoras – NR`s do Capituli V, Titulo II da CLT.
Essa portaria colocou em vigor naquele momento 28 NR`s, hoje temos em vigor 36 e uma em
processo de legalização. São elas:
NR – 1 – Disposições Gerais
NR – 2 – Inspeção Prévia
NR – 3 – Embargo e Interdição
NR – 7 – Exames Médicos
NR – 8 – Edificações
NR – 9 – Riscos Ambientais
NR – 12 – Máquinas e Equipamentos
NR – 14 – Fornos
NR – 17 – Ergonomia
NR – 19 – Explosivos
25
NR – 20 – Combustíveis Líquidos e Inflamáveis
NR – 25 – Resíduos Industriais
NR – 26 – Sinalização de Segurança
NR – 27 – Registro de Profissionais
NR – 28 – Fiscalização e Penalidades
26
(Discurso de Charles Chaplin no final do filme “O grande ditador”)
A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, instrumento
de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos fugídos. Assim, em sua
própria terminologia o trabalho carrega uma carga de esforço e desprazer, o que é
extremamente compreensível em sociedades em que predominavam o trabalho forçado em
que atividades produtivas eram desprezadas e executadas tão somente por escravos como na
Grécia e Roma antigas, cabendo aos homens livres a execução de atividades intelectuais
ligadas às ciências e às artes
Pode-se afirmar que o trabalho é o ato que o homem executa visando transformar
conscientemente a natureza, ou para citar Marx (1983, p. 149), é uma ação em que o homem
media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. A origem do trabalho encontra-se
na necessidade de a humanidade satisfazer suas necessidades básicas, evoluindo para outros
tipos de necessidades, mesmo supérfluas. Assim, trabalhar é produzir riqueza, o que é
necessário em todos os modos de produção, seja no comunal primitivo, no escravista, no
feudal, no capitalista, e mesmo nas experiências socialistas.
O que muda é a forma de produzir, a tecnologia utilizada, e a relação entre o sujeito que
produziu e o que se apropria do que foi produzido, que varia de acordo com a forma de
organização da sociedade.
Uma sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o homem evoluiu de
sua condição animal até sua condição atual devido ao seu trabalho.
Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a natureza devido ao
trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis da natureza, através do
trabalho ele busca dominar a natureza, transforma-a em proveito próprio. Passa de ser
dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho.
Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser proprietário de meios de
produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de trabalhar, sendo por isso que o
trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capital. Ao contrário de sociedades
pré-capitalistas como o feudalismo e a escravidão, no capitalismo o trabalhador entrega
sua capacidade de trabalhar por um tempo determinado através de um contrato de trabalho.
27
ocorresse fora do trabalho, enquanto na sociedade capitalista a socialização dos indivíduos
ocorre exatamente nas relações de trabalho.
Para esta mudança, a revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um peso determinante,
com a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade são
obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca de empregos
assalariados junto às nascentes indústrias.
O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado, passam a ser
vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como vagabundos os que não se
submetem a trabalhar para o capital, mesmo que o próprio capital não tenha interesse em
absorver todo o trabalho posto à sua disposição. Assim, os capitalistas sempre encontram um
grupo de trabalhadores à margem do processo produtivo, mas sempre ávidos por incorporar-
se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de “exército industrial de reserva”.
Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin de 1936, o diretor mostra
com maestria os efeitos que o desenvolvimento capitalista e seu processo de industrialização
trouxeram à classe trabalhadora. Como diz o texto de introdução do filme, “’Tempos
modernos’ é uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca da
felicidade”
A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de perseguições por parte da
CIA, juntamente com a acusação de simpatias comunistas. Além disso, havia recusado
naturalizar-se norte-americano argumentando ser um “cidadão do mundo” o que agrava ainda
mais sua situação. Chaplin passa a constar na “lista negra” de Hollywood durante a
perseguição macarthista, o que torna sua situação de trabalho nos EUA insustentável (seus
filmes eram proibidos), levando-o a abandonar definitivamente os EUA em 1952.
No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de perseguição, miséria e
desemprego pergunta: “para que tudo isso?” ele responde: “levante a cabeça, nunca
abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o enfrentamento contra o capital, é
retirar-se da cidade, indo em direção ao campo.
É de Karl Marx a asserção de que todo novo estado da divisão do trabalho determina as
relações dos indivíduos entre si com referência a material, instrumento e produto do trabalho.
Foi assim com a propriedade tribal, depois com a comunal e com a feudal, ou estamental.
É de Karl Marx a asserção de que todo novo estado da divisão do trabalho determina as
relações dos indivíduos entre si com referência a material, instrumento e produto do trabalho.
Foi assim com a propriedade tribal, depois com a comunal e com a feudal, ou estamental.
28
Portanto, um modo de produção ou estágio industrial é marcado por um modo de cooperação
ou estágio social sendo ele mesmo uma força produtiva.
Essa é uma relação hierárquica. Os operários estão submetidos à lógica que o capital impôs ao
processo de trabalho. Quem atua para submetê-los são os trabalhadores técnico-científicos,
que se constituem em agentes do capital.
29
O próprio Marx já havia sugerido que o desenvolvimento geral da ciência e do progresso
tecnológico, a utilização do conhecimento científico-tecnológico na produção capitalista -
torna-se o motor da criação da riqueza efetiva. E esta é cada vez menos dependente do tempo
de trabalho.
Esse conhecimento científico, que resulta da apropriação capitalista do saber social geral,
mostra-se como tendência da produção e reprodução capitalista, em sua fase avançada. Isso
acentua cada vez mais a separação entre a execução do trabalho e a reflexão acerca do que se
faz, acentuando o estranhamento (a alienação) do sujeito em relação ao que ele faz.
30
A produção da mais-valia é a lei económica fundamental do capitalismo.
Esta lei mostra, em nome do que e como decorre a produção capitalista e exprime a essência
da exploração capitalista.
Antes das lutas pela redução do dia de trabalho e da introdução da técnica na indústria, o
capitalista aumentava os seus lucros através do aumento da jornada de trabalho – mais-valia
absoluta.
Com o auxilio das máquinas, os capitalistas agravam as condições de trabalho dos operários e
procuram quebrar a resistência que este opõem a um exploração cada vez mais intensiva.
A teoria da mais-valia, formulada por Marx, revelou o segredo da exploração capitalista. Esta
teoria ensina a classe operária e todos os trabalhadores dos países capitalistas a verem as
verdadeiras causas das suas privações e dos seus males.
31
Mostra que a opressão da classe operária e de todos os trabalhadores não resulta do acaso, do
arbítrio dos capitalistas particulares, mas de todo o sistema do capitalismo, da própria
natureza das relações de produção capitalistas.
O mérito de Marx consiste em ter descoberto a lei económica objetiva, na base da qual se
efetua a exploração do proletariado e são criadas as premissas da derrota revolucionária do
capitalismo.
Na base da teoria da mais-valia, Marx revelou a causa das contradições antagónicas entre o
proletariado e a burguesia, mostrou a inevitabilidade da luta de classes na sociedade burguesa,
cujo crescimento conduz objetivamente à derrota revolucionária do capitalismo.
Valor – forma objetiva do trabalho social despendido para produzir uma mercadoria. Expresso
em dinheiro o valor é o preço da força de trabalho.
O salário do operário não constitui o valor ou preço do seu trabalho. Se o capitalista pagasse
ao operário o «valor do trabalho», deixaria de existir mais-valia.
O trabalho não tem valor, não é mercadoria. O trabalho é o criador do valor das mercadorias,
mas o trabalho não é mercadoria, nem tem valor.
O salário não é o que parece ser, isto é, o valor ou o preço do trabalho, mas somente uma
forma disfarçada do valor ou do preço da força de trabalho.
O salário é apenas o pagamento de uma parte do dia de trabalho. O salário disfarça as relações
da exploração capitalista.
O preço do trabalho – dividindo o valor diário médio da força de trabalho pelo número de
horas da jornada média de trabalho, acha-se o preço do trabalho. O valor monetário de certa
quantidade de trabalho.
O salario por dia, por semana, etc. pode permanecer o mesmo embora o preço do trabalho
caia continuamente.
32
O aumento da intensidade do trabalho também significa, em essência, a queda do preço da
hora de trabalho, uma vez que com maior dispêndio de energia, o que de facto equivale ao
prolongamento do dia de trabalho, o pagamento permanece o mesmo que antes.
Salário por peça: Forma na qual a grandeza do salário do operário depende da quantidade de
artigos elaborados, peças fabricadas, ou operações realizadas na unidade de tempo
estabelecida.
A taxa de pagamento por peça é fixada, pelo capitalista, de tal maneira que o salário de uma
hora ( um dia ou 1 semana) do operário não seja mais elevada que o salário por tempo.
Esta forma cria no operário a ilusão de que vende ao capitalista, não a sua força de trabalho,
mas o seu trabalho e recebe o completo pagamento do trabalho, de acordo com a quantidade
de produtos produzidos.
Salário real: É o salário expresso em meios de subsistência do operário. Indica quantos e quais
os artigos de consumo e serviços o operário consegue comprar com o seu salário em dinheiro.
O salário nominal não reflete a dinâmica do nível de vida dos trabalhadores. Este aspecto é
refletido no salário real, quer dizer, a soma dos preços das mercadorias e serviços que o
operário pode adquirir com o seu salário nominal.
Foi e é por necessidades sociais que os humanos começaram a trocar mercadoria (M).
Surge também a possibilidade de sobressaltos na circulação, que ocorrem quando por algum
motivo as pessoas deixam de colocar dinheiro em circulação, são as ditas crises. Entretanto, no
capitalismo, o dinheiro deixou de ser um meio para trocas entre mercadorias de valor
equivalente, passando elas a ser o meio para a obtenção de mais-dinheiro (D), sendo agora
este a ser o fim.
O Lucro decorre da Mais-Valia (m). Sendo que esta provém da diferença entre o valor
produzido por um trabalhador e o salário que lhe é pago. Por outras palavras, é o tempo de
trabalho não remunerado. Logo, o lucro vem diretamente ou indiretamente do trabalho
33
humano, do trabalhador. Daí, ainda podemos calcular a taxa de exploração (m’), por exemplo,
se o valor produzido por um trabalhador durante um ano é de 40000$ e a mais-valia de
20000$, então:
3.3 RESUMO
Podemos afirmar que na sociedade capitalista o trabalhador é detentor de sua força de
trabalho, que é vendida ao capitalista, dono dos meios de produção, em troca de uma
remuneração que é suficiente para garantir a sobrevivência do mesmo e sua consequente
reprodução, garantindo desta forma a multiplicação do contingente de trabalhadores. É
importante ressaltar que no sistema capitalista existe uma exploração funcional do
trabalhador, que garante a composição do lucro do capitalista, qual seja a mais-valia.
1. Como vimos nos capítulos iniciais, alguns padrões de resposta estão submetidos ao
controle externo de estímulos. As reações biológicas aos estímulos como as mudanças
nas reações cardiovasculares e gastrointestinais e o comportamento emocional podem
34
ser colocados sob controle de eventos ambientais por meio da associação imediata
com experiências ou a partir de respostas emocionais de outros.
3. Bandura (1979) concede especial atenção a esse terceiro, que seria o mais influente
mecanismo regulador, atuante através da mediação central. Nesse nível
cognitivamente superior, os estímulos são codificados e organizados.
Segundo Bandura (1979), nesse esquema conceitual, o homem não é nem um sistema
conduzido internamente, tampouco um reagente passivo e automático à estimulação
35
externa. Ao contrário, o funcionamento psicológico envolve uma interação recíproca
entre o comportamento e o seu ambiente controlador. O tipo de comportamento
apresentado pela pessoa determina boa parte de suas contingências ambientais que,
por sua vez, influenciam o seu comportamento.
Essa seria uma das funções dos sistemas sociais que são compartilhados gerando
benefícios a si mesmos, como a mudança de valores e objetivos coletivos no
36
estabelecimento de prioridades e metas mais humanas. Outra grande contribuição de
Bandura (1979) diz respeito à modificação do comportamento emocional, em que se
utilizam modelos no processo de aprendizagem social.
A atenção do observador aos modelos se dirige muito mais a esses efeitos negativos,
ao corpo queimado, à perna amputada na execução de uma tarefa do que o suposto
comportamento preventivo. O risco existe, ele é real, inerente à tarefa e pode ser útil
enquanto reforço negativo ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs),
mas o medo e, sobretudo, o comportamento de medo deve ser contornado.
Ele inibe a ação positiva frente aos colegas, quanto à tarefa e à autoridade. Segundo
Bandura (1979), a extinção vicária desse comportamento emocional de medo é obtida
por meio da observação de eventos modelados onde as respostas de aproximação de
um modelo com relação a objetos temidos não produzam efeitos desfavoráveis ou
possam levar a conseqüências positivas.
37
lançar mão desse tipo de ferramenta para treinar novos funcionários na rotina de
trabalho, orientando seus comportamentos no sentido de promover atitudes
proativas, criativas e outras que sejam adequadas às suas funções e ao bem-estar
pessoal e coletivo da organização.
38
um problema que Bandura (1979) chamou de “mediação central”, responsável por
atribuir valores, significado a tudo o que fizemos e que observamos os outros fazerem.
Como vimos, os valores são uma das bases do comportamento. Valores representam
convicções fundamentais que determinam um modo específico de conduta do
indivíduo, naquilo que se acredita ser correto e importante.
a) Valores terminais – são os valores finais desejáveis e referem-se às metas que uma
pessoa gostaria de atingir em sua existência.
Seguindo outra teoria, a de Schwartz (2005), que não exclui a de Rockeach, mas a
complementa, insere-se a classificação dos valores de acordo com o tipo de meta motivacional
que eles expressam. Ele parte do pressuposto de que os valores são universais, porque
derivam de requisitos básicos à existência humana, onde todos têm de responder aos
seguintes requisitos: necessidades como organismos biológicos, requisitos de ação social
coordenada e da necessidade de sobrevivência e bem-estar dos grupos e, dessa forma, são
categorizados em dez tipos de acordo com os valores motivacionais, sendo:
39
a) Poder – prestígio e status social, controle ou dominação sobre pessoas e recursos.
Além das trocas internas, há uma pressão externa do macrossistema que influencia os valores,
as prioridades, modulando essas trocas internas nos grupos de trabalho: é o mundo
globalizado exigindo cada vez mais capacitação e mudanças cada vez mais rápidas para melhor
adaptação a este mundo.
A estrutura organizacional vai filtrar essas influências e tirar proveito delas, produzindo os
grupos formais em uma estrutura hierárquica que favoreça a produtividade.
Entretanto, existe uma tendência atual de que as empresas construam essas estruturas
organizacionais com o poder distribuído mais na horizontal, o chamado “empowerment”, ou
empoderamento, aumentando o controle dos empregados sobre a produção e também sobre
as relações humanas. Isso tem ocorrido a partir do avanço em pesquisas da psicologia que
comprovaram o aumento da eficiência e produtividade no trabalho, quando os empregados
têm maior autoestima, investidos que estão de poder e controle. O objetivo desse
empoderamentoé simples:
40
Para tanto, é necessário que se invista nessas pessoas que têm cada vez maior
responsabilidade, o que acaba gerando grandes desafios aos gestores.
Nesse contexto, esses gestores desenvolveram uma ferramenta para mapear o ambiente
interno, com o intuito de fazer um levantamento dos problemas e melhorar o ambiente de
trabalho. O estudo do clima organizacional realiza esse levantamento, indicando alternativas
viáveis a partir de como o agora chamado colaborador percebe a organização com sua cultura,
seus valores, como interpreta tudo isso, e reage a esta interpretação.
Retomando o nosso exemplo inicial, aquele que “não quer aprender” é um indício de
problema, um terminal, um sintoma que deflagra uma das forças que compõem esse clima.
Nesse caso, a motivação, a força motriz que deixa de mover o indivíduo para a aprendizagem,
não estaria de acordo com o esperado pela organização, encontra-se em outra área de
satisfação que não vem sendo contemplada pela empresa.
Como já vimos, o ser humano é movido por necessidades e desejos que são diferentes entres
as pessoas. Porém, essas motivações obedecem a uma hierarquia que é anterior às metas
estabelecidas e que devem ser satisfeitas plenamente para o indivíduo atingir as suas metas
motivacionais que irão impulsioná-lo à excelência de seu trabalho, ao aprendizado. Maslow
(1970) organizou a hierarquia de necessidades a partir de uma pirâmide, da seguinte forma:
41
No terceiro nível, a necessidade de participação social, de trocas afetivas, de envolvimento
com o coletivo, protagonizados pelos grupos que se formam nas organizações. Com essa
aceitação e reconhecimento do grupo, chegar-se-ia ao quarto nível, que é o da necessidade de
estima, apreciação e valorização de si. Somente no quinto nível, ocorre o conhecimento das
suas potencialidades, das capacidades de ser e de se tornar o melhor possível. O que acontece
é que muitas empresas não estabelecem essas necessidades de realização como metas
motivacionais, ou as metas motivacionais da empresa não encontram eco em seus indivíduos,
muitas vezes porque seus valores estão em conflito.
No mundo de hoje, essa demanda tem aumentado, exigindo, além da qualificação, arranjos
estratégicos, por isso, a organização produz equipes de trabalho.
• Interno – da soma de esforços que isoladamente não seriam suficientes para a realização de
uma tarefa, o que ocorre quase naturalmente em sociedade e que na organização exige
investimento para que sejam formadas as equipes.
Podemos definir que o trabalho em equipe não se diferencia do trabalho em grupo por sua
natureza que também é coletiva, mas que a formação de equipes se dá por necessidades
estratégicas, para melhorar a eficiência do trabalho, além da satisfação dos trabalhadores.
Toda equipe é um grupo, mas nem todo grupo forma uma equipe.
Para entender melhor essa diferenciação colocamos algumas definições clássicas num
gradiente em que se vai acentuando as diferenças, chegando a um ideal de trabalho de
equipe:
a) Pessoas que trabalham na realização de uma mesma tarefa – é a situação em que o colega
de trabalho está ao lado, cada um na sua, sem objetivos comuns. As diferenças podem resultar
em rivalidades, com o risco até de sabotagens entre eles.
42
c) Pessoas com objetivos comuns e engajadas em seu alcance coletivamente – aqui, além de se
perceberem na mesma situação, há a percepção de que devem trabalhar juntos, de onde
advém a vontade de somar esforços num mesmo sentido para compartilhar do sucesso depois.
Há trocas e um plano de trabalho coletivo, mas as ações ainda não estão coordenadas.
Um zagueiro pode ser deslocado para a lateral, ou mesmo ir para a área do adversário num
lance de ataque e nada impede que ele faça um gol. O projeto contemplaria esse tipo de
variação com um plano de trabalho bastante flexível, sendo essa flexibilidade a grande virtude
desta equipe, de acordo com a estratégia da organização.
Num caso oposto, seguindo o exemplo de uma orquestra, há uma grande rigidez em relação às
funções, sem que isso represente um insucesso
Cada músico com seu instrumento e todos muito atentos às ordens do maestro.
Nesse caso, há uma dependência maior do coordenador da equipe, pois é ele quem vai, a cada
instante, conduzir a entrada de cada componente na sinfonia, enquanto no time de futebol, o
comandante dá certa autonomia prévia aos jogadores.
Não basta que a organização proveja condições ideais para que as pessoas envolvidas com o
trabalho produzam os resultados que delas se esperam.
É preciso que se desenvolvam nessas pessoas as necessidades de mudança quando ela se faz
necessária. A transformação de um grupo em equipe deve observar o engajamento das
pessoas que o compõem para se chegar a uma equipe. Como requisitos para esse
engajamento, podem-se indicar os seguintes fatores:
43
• O grupo precisa vislumbrar as vantagens do trabalho em equipe como complementaridade,
sinergismo de ações.
• O grupo necessita clareza na definição dos objetivos e resultados a serem alcançados grupal
e individualmente, assumindo junto os riscos.
• O grupo não pode prescindir da construção coletiva do plano de trabalho, dos deveres e
compromissos de cada um para se alcançar os objetivos.
• O grupo necessita de desafios, tanto individuais quanto em nível grupal, e de que as tarefas
sejam instigantes.
• O grupo deve ter disposição em valorizar as diferenças e trabalhar com elas, o que deve ser
tomado como lição, não apenas no próprio grupo, mas na vida em sociedade.
O termo abstencionismo designa a não participação em decisões que são tomadas por voto ou
sufrágio. Como fenômeno político, as opiniões a respeito do abstencionismo divergem
bastante. Para uns pode ser um sintoma de apatia política e para outros mais uma maneira de
manifestar a opinião.
Absenteísmo é uma palavra com origem no latim, onde absens significa "estar fora, afastado
ou ausente". O absenteísmo consiste no ato de se abster de alguma atividade ou função.
O termo abstencionismo designa a não participação em decisões que são tomadas por voto ou
sufrágio. Como fenômeno político, as opiniões a respeito do abstencionismo divergem
bastante. Para uns pode ser um sintoma de apatia política e para outros mais uma maneira de
manifestar a opinião.
O psicanalista Sigmund Freud baseou boa parte de seu pensamento num princípio válido para
todo o ser humano: a busca pelo prazer na fuga do desprazer. O homem, diante de uma
situação penosa ou de uma idéia de culpa, ver-se-ia em apuros, tentaria afastar os
pensamentos ruins de si e se refugiaria nos devaneios, nas fantasias, nos sonhos, e também
nos sintomas.
O trabalho para este mesmo homem dificilmente representa um ganho de prazer. É cada vez
maior o desgaste no enfrentamento de uma rotina de trabalho.
44
As exigências do mercado de trabalho estão muitas vezes além das capacidades humanas
normais e o sofrimento consta como um dos temas mais frequentes nos congressos de
psicologia do trabalho e de saúde mental. Na tentativa de evitar o desprazer do trabalho,
inconscientemente, o trabalhador adoece, somatizando a conflituosa relação com o seu
trabalho no corpo.
Nas pesquisas sobre as causas de faltas no trabalho, os motivos psicológicos representam uma
grande parcela, ainda que não se encontrem manifestos diretamente nos índices, mas estão
latentes, recobertos por problemas de saúde física, questões familiares, etc. Estudos indicam
que, mesmo que haja razões obscuras causando as ausências, existem formas de prevenir o
absenteísmo, e as organizações vêm investindo maciçamente nisso.
Para fins de cálculo, o índice de absenteísmo refere-se ao controle das ausências nos
momentos em que os trabalhadores se encontram em seu tempo programado de jornada de
trabalho.
O conceito pode ainda ser mais bem compreendido pelo somatório dos períodos em que os
empregados de determinada organização ausentam-se do trabalho (incluindo atrasos) dentro
de sua jornada normal.
f) Problemas de transporte.
Para fins de uma melhor compreensão, essas causas podem ser divididas entre fatores
pessoais, organizacionais e sociais. Entretanto, a organização procura contornar todas essas
causas a partir do estabelecimento de uma política de prevenção ao absenteísmo que engloba
os seguintes critérios e ações:
45
a) Medidas processuais, administrativas ou disciplinares, visando minar o comportamento de
ausência (precarização do emprego, perda de vencimento e/ou de prêmios de assiduidade,
complemento de subsídio de doença pago ou não pela empresa, exames de alta, feita pelo
médico do trabalho).
Os fatores higiênicos são necessários, mas não o suficiente para motivar os membros da
organização, o que deve ser levado em conta quando se elabora uma estratégia de combate à
redução do absenteísmo. A melhoria dos fatores higiênicos servirá para remover empecilhos à
formação de atitudes positivas, mas não leva necessariamente a atitudes positivas em relação
ao trabalho, o que pode ser conseguido quando os reais fatores motivacionais são
considerados pela gestão.
46
Vincular o trabalho ao prazer nem sempre é possível. Como vimos, há de se atentar para a
deterioração dos fatores higiênicos que tornam inviável qualquer satisfação mínima em
relação ao trabalho, redundando em absenteísmo nas formas mais variadas possíveis. A
exposição ao perigo sem poder contar com os equipamentos de proteção é um destes fatores
higiênicos. Entretanto, o esforço laboral pode ser transformado em força de motivação
quando a atividade comportar certa sublimação, ou seja, permitir a liberdade criativa.
Assim, aquilo que se afigura como desprazer, converte-se em ganho, em motivação, desde que
a organização crie condições para que isso aconteça. O prazer, assim, não se resumirá à fuga
do desprazer, mas em ampliação da capacidade criativa através do mecanismo de sublimação,
que é análogo à produção dos sonhos, mas que pode se realizar na atividade laboral. Então,
quando o trabalho passa a ser realizador, no amplo sentido da palavra, reduzem-se os motivos
ocultos por trás de grande parte das causas do absenteísmo.
Cada vez mais cresce a importância de se investir nas pessoas, que são a verdadeira força
motriz de uma empresa e, com isso, as relações interpessoais passaram a ser um dos focos de
estudos e análises.
Os testes para avaliar as capacidades mentais continuam a ser utilizados, mas sem mais
usufruir do status de determinar o sucesso ou insucesso de alguém em determinada função
onde as capacidades emocionais importam bem mais nas complexas relações que marcam as
dinâmicas do trabalho.
Nesse sentido, Goleman (1995) desenvolveu o conceito de inteligência emocional para dar
conta dessas habilidades que realmente importam no mercado de trabalho, na escola e na
vida.
A inteligência emocional envolve processos como motivar a si mesmo e persistir mesmo diante
das frustrações; controlar impulsos, canalizar emoções para situações apropriadas; praticar
gratificação prorrogada; motivar outras pessoas, auxiliando-as a explorar seus melhores
talentos e conseguir engajamento delas para objetivos de interesses comuns.
47
A inteligência interpessoal é a habilidade de lidar com outras pessoas, capacidade de entender
o que motiva essas pessoas, como elas trabalham, como trabalhar em cooperação com elas.
Em face de questões de segurança no trabalho, o desafio é reconhecer os comportamentos
potencialmente perigosos de outros e saber como contorná-los, mobilizando neles também a
importância dessa percepção. Pessoas que apresentam esse tipo de inteligência em nível
elevado são hábeis em:
Por exemplo, usar o medo em benefício próprio, em prol de manter-se alerta diante de
situações de risco, ao invés de deixar que o medo paralise até mesmo o raciocínio.
2. Autocontrole – capacidade de gerir as próprias emoções, seu estado de espírito e seu bom
humor.
Outra diferença para o conceito clássico de inteligência, é que a inteligência emocional não
permanece a mesma após o período de maturação, como se presume a inteligência lógico-
matemática dos testes de QI. Ao invés de estática, ela se modifica, sendo passível de
desenvolvimento através de programas específicos. Um programa para desenvolver a
inteligência emocional deve cumprir as seguintes etapas:
48
• Relacionar as principais competências comportamentais dessa pessoa em relação ao seu
contexto (pessoal e profissional).
Depois de tomar conhecimento dos pontos fortes e limitações, o trabalhador deve ser
orientado a desenvolver as competências comportamentais que mais estão prejudicando seu
crescimento pessoal e profissional. As habilidades como empatia, espírito de liderança, poder
de persuasão, motivação, flexibilidade, comunicação e relacionamento interpessoal são
algumas que devem fazer parte do programa de desenvolvimento de inteligência emocional.
Uma planilha com as competências que precisam ser desenvolvidas ajuda a realizar o controle.
Até há pouco tempo, poucos cientistas acreditavam que se pudesse empreender seriamente o
estudo da mente humana, e o assunto constituía, em grande medida, uma área reservada aos
filósofos.
Nos últimos anos, porém, várias linhas de investigação - que partiram da filosofia
(especialmente da filosofia da mente, da filosofia da matemática e da filosofia da ciência), da
psicologia (especialmente através da psicologia cognitiva), da neurociência, da linguística, da
ciência da computação e da inteligência artificial (em particular do ramo de redes neurais) -
convergiram, dando origem a este novo campo altamente interdisciplinar.
Para entender melhor o conceito que estamos estudando vamos vê o significado da palavra
cognição.
Cognição
substantivo feminino
49
2. p.ext. percepção, conhecimento.
Um tema recorrente nesse campo é a modularidade da mente, a idéia de que a mente não é
um todo sem emendas, mas é, ao contrário, uma coleção de componentes mais ou menos
especializados, entre os quais há fortes conexões.
Alan Turing na década de 30 deu uma importante contribuição para a tentativa do homem de
reproduzir a atividade da cognição humana.
Turing inventou uma máquina, vamos tentar descrever seu principio básico.
Uma longa fita de papel com símbolos e marcas a intervalos regulares, formando pequenos
quadrados com uma espécie de marcador ou um ponto fixo em relação ao qual pudéssemos
mover a fita de papel para a esquerda ou para a direita.
Tinha também um dispositivo que permitia reconhecer se num determinado quadrado havia
um símbolo ou não, imprimir e apagar símbolos que aparecem na fita e ainda move-la para a
esquerda ou para a direita.
50
Além de mover a fita em determinadas direções, o símbolo em maiúscula pode significar que o
marcador deve imprimir ou apagar um símbolo num certo quadrado.
Que tipo de instruções teremos de dar à máquina para que ela efetue a operação 2+3, isto é,
para que ela venha a representar o número 5? Para isto temos de fazer com que ela obedeça
às seguintes instruções:
a) Apague o sinal +.
d) Apague o símbolo I.
A máquina de Turing
51
O que Turing inovou com a invenção de sua máquina foi a descoberta de uma espécie de
princípio geral para a construção de computadores.
Este princípio geral tem como ponto de partida a noção matemática de procedimento efetivo.
As instruções que damos para a máquina têm de ser executadas passo a passo, formando uma
sucessão. Cada vez que uma instrução é executada, a máquina passa de um estado para outro.
A mudança de estado para outro corresponde a uma mudança de configuração.
Para se mudar de uma configuração para outra existem certas instruções (como na máquina
de Turing, mova a fita para a direita, apague um símbolo etc.) que estabelecem exatamente
aquilo que deve ser feito.
Quando existe esse tipo de receita que diz exatamente o que deve ser feito para se passar de
um estado para outro num processo, temos um procedimento efetivo, ou seja, um conjunto
finito de instruções não-ambíguas que nos dizem o que fazer, passo a passo, e que nos
garantem a obtenção de um resultado final.
Turing através da invenção de sua máquina mostrou que toda e qualquer tarefa que possa ser
representada na forma de um procedimento efetivo pode ser mecanizada, ou seja, pode ser
realizada por um computador.
Máquinas de calcular constituem um grande e primeiro passo para mecanizar parte de nossas
atividades mentais.
Claro que máquinas de calcular já existiam antes da invenção de Turing. Mas o que torna a
invenção de Turing realmente interessante é a possibilidade de mecanizar tarefas executadas
pela nossa mente, desde que elas possam ser representadas por símbolos e na forma de
procedimentos efetivos.
Uma das diferenças do computador seria que em vez de termos uma fita onde os quadrados
teriam apenas dois símbolos básicos, 0 e 1. Representar números e instruções na fita desse
tipo de máquina se torna muito mais complicado: é preciso usar uma série de artifícios quando
se dispõe de apenas dois símbolos. Mas certamente há aqui uma vantagem: se os símbolos a
serem utilizados são apenas 0 e 1, podemos traçar uma correspondência entre estes e um
circuito elétrico, com uma série de interruptores do tipo daqueles que usamos para apagar ou
acender a luz de uma sala.
Nesses interruptores só há dois estados possíveis: quando eles estão ligados, passa a corrente,
acende-se a lâmpada. Quando estão desligados a situação é inversa: não passa corrente, a
lâmpada fica apagada. Tudo se passa como se pudéssemos imaginar que estes estados de cada
interruptor correspondessem aos símbolos que estão nos quadrados da nossa fita de papel: 0
quando não passa corrente, e 1 quando a corrente passa.
Ora, é exatamente este o princípio que nos permite chegar a algo como uma representação
elétrica do pensamento.
Mas o que dissemos até agora serve apenas para mostrar como uma pequena parte de nossas
atividades mentais – as relacionadas com operações aritméticas ou matemáticas – pode ser
52
mecanizada. Mas e quanto ao resto de nossos pensamentos? Nem todas as nossas atividades
mentais são dirigidas para realizar operações com números, e é precisamente a possibilidade
de se mecanizar este outro tipo de atividades que constitui a grande novidade introduzida
pelos computadores modernos que nada mais são que complexas máquinas de Turing que
operam com os símbolos 0 e 1.
E como podemos representar outros tipos de pensamentos além de números usando apenas
os símbolos 0 e 1? Para isto os pesquisadores da IA e aqueles que começaram a construir
computadores mais sofisticados precisaram, inicialmente, usar um artifício.
O ponto de partida de tudo é a idéia de que nossos pensamentos são expressos em linguagem
– não apenas linguagem falada, mas em linguagem escrita.
Ora, a linguagem escrita nada mais é do que um sistema de símbolos construído a partir de
elementos básicos que compõem nosso alfabeto. O que precisamos então é arranjar um meio
de representar todas as letras do alfabeto em termos de 0 e 1.
Sabemos que a totalidade das letras do alfabeto que usamos, mais os outros caracteres
normalmente empregados por nós, tais como números, vírgulas, pontos, espaço entre
palavras, sinais de adição, multiplicação, etc. totalizam 256 caracteres.
Usamos muito mais caracteres para expressar informação do que as letras do alfabeto. Com
estes caracteres podemos expressar praticamente todo e qualquer pensamento, contar a
história da Revolução Francesa, a história da filosofia, realizar operações matemáticas e até
escrever um livro sobre IA (Inteligência artificial).
inteligência
substantivo feminino
O estudo da inteligência artificial teve origem há mais de dois mil anos. A busca por métodos
ou dispositivos capazes de simular o raciocínio humano vem sendo o objetivo dessa área desde
muito tempo. Teve início com os filósofos procurando entender como são realizados os
processos de visão, lembranças, aprendizagem e raciocínio, várias tentativas para mecanizar a
inteligência foram efetuadas. Desde suas origens na década de 50, a área da Inteligência
Artificial, ou IA vem se desenvolvendo em vários ramos da ciência e várias linhas de pesquisa
com o objetivo de fornecer ao computador a habilidades para efetuar funções que apenas o
cérebro humano é capaz de solucionar.
53
O homem tem a capacidade única de raciocínio e durante milhares de anos, ele procurou
entender como o pensamos: isto é, como um mero punhado de matéria pôde compreender,
perceber, prever e manipular um mundo muito maior e muito mais complexo que ele próprio.
O campo da inteligência artificial vai ainda mais além: ele tenta não apenas compreender, mas
também construir entidades inteligentes.
1642, o matemático francês Bleise Pascal desenvolveu o que pode ser chamado da primeira
calculadora mecânica da história, a máquina de Pascal.
Babbage, afirmou que sua máquina era capaz de calcular funções de diversas naturezas
(trigonometria, logaritmos), de forma muito simples. Este projeto possuía o nome de Máquina
de Diferenças. (1822).
54
De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as
lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm
no lgaur crteo ‰ O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea
‰ Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
Deep Blue: sistema desenvolvido pela IBM para jogar xadrez, que venceu um campeão
humano.
Kasparov é inteligente?
Hipócrates (século V a. C), considerado o pai da medicina, foi o primeiro a falar de “localização
cerebral”: “Algumas pessoas dizem que o coração é o órgão com o qual pensamos, e que ele
sente dor e ansiedade. Porém não é bem assim: os homens precisam saber que é do cérebro e
somente do cérebro que se originam nossos prazeres, alegrias, risos e lagrimas. Por meio dele,
fazemos quase tudo: pensamos, vemos, ouvimos e distinguimos o belo do feio, o bem do mal,
o agradável do desagradável (...). O cérebro é o intérprete da consciência.”
Só utilizamos essa qualificação quando o sujeito em questão tenta realizar uma tarefa, não
sendo possível, portanto, determinarmos de antemão se ele é um indivíduo competente ou
não.
O problema é quando pensamos que ninguém domina uma atividade antes de tentar realizá-
la, ou seja, ninguém é competente sem aprender a ser competente. Isso em si coloca
constrangimentos nas noções mais antigas sobre os estudos das competências.
Com.pe.tên.ci.a
Nome feminino
2.capacidade que uma pessoa tem para avaliar (algo ou alguém); idoneidade.
55
3.área de atividade; atribuição, alçada.
5.DIREITO conjunto de regras que estabelecem qual o tri-bunal que deve julgar uma causa.
2) refere-se a um saber fazer que depende de variáveis comuns à situação de executar uma
tarefa, que vão além do indivíduo, envolvendo as condições promovidas para que a tarefa seja
executada.
O uso atual tem sido apresentada como tendência moderna para a gestão de pessoal e de
políticas educacionais, pois seria um substituto de um tipo de formação capaz de gerar apenas
uma qualificação potencial.
a) Aptidão – talento que nasce com a pessoa, mas que pode ser aprimorado.
Na década de 80, quando a pesquisa de campo sobre as competências começava a dar seus
primeiros passos, alguns dados recolhidos dessas pesquisas indicavam alguns traços
característicos que possibilitavam aquele desempenho superior. Estes traços característicos,
ou elementos do conceito de competência formam a sigla CHA:
Com essas informações em mãos, as empresas investiram muito na qualificação de sua mão de
obra, atrelando competências às funções e às tarefas rotineiras dos cargos existentes nas
organizações.
56
Uma virada conceitual ocorreu na França, nos anos 90, quando se percebeu uma intensa
mudança no mundo do trabalho, resumida em três mudanças principais que justificam a
emergência do modelo de competência para a gestão das organizações, exigindo que elas
fossem muito além do investimento em qualificação:
• O advento do incidente – aquilo que ocorre de forma imprevista, não programada, vindo a
perturbar o desenrolar normal do sistema de produção, ultrapassando a capacidade rotineira
de assegurar sua autorregulação;
O trabalho não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo, mas se torna
o prolongamento direto da competência que o indivíduo mobiliza em face de uma situação
profissional cada vez mais mutável e complexa. Esta complexidade de situações torna o
imprevisto cada vez mais cotidiano e rotineiro. As novas condições de realização do trabalho
estariam requerendo, portanto, um trabalhador que possa manter-se produtivo mesmo em
condições de trabalho que se alteram com grande frequência (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 186).
O que deve ser ressaltado é que essas competências são sempre contextualizadas, visíveis,
sentidas e utilizadas na prática. Vistas e sentidas nas ações de saber agir responsável e
reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades
que vão agregar valor social para o indivíduo na ampliação dos conhecimentos, habilidades e
atitudes e valor econômico para a organização.
Combinação de uma série de competências que uma empresa pode lançar mão para criar,
produzir e distribuir produtos e serviços no mercado. Nesse sentido, a competência coletiva
seria a capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços,
57
associando conhecimento a um sistemático processo de aprendizagem que envolve
descobrimento/inovação e capacitação de recursos humanos.
• Competências técnicas – conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser realizado.
• Competências de serviço – aliar à competência técnica a pergunta: qual será o impacto que
esse produto ou serviço terá sobre o consumidor final?
• Competências sociais – saber ser, incluindo atitudes que sustentam os comportamentos das
pessoas; o autor identifica três domínios dessas competências: autonomia, responsabilização e
comunicação.
58
1. Percepção – precisa ser treinada para uma visão acurada da situação interpessoal,
envolvendo processos de autopercepção, autoconscientização e autoaceitação para que a
percepção sobre os outros se dê de forma mais realística. Uma das ferramentas utilizadas
exaustivamente no desenvolvimento deste componente é o feedback.
c) Obter insumos e/ou informações necessárias para a produção dos produtos e serviços.
Como essas competências são atribuições mais específicas a grupos, embora se possa
relacioná-las com a empresa toda, elas estão ligadas a responsabilidades funcionais. É
justamente por meio desta dimensão funcional, intermediária da noção de competência na
organização, que se concretiza o desdobramento das capacidades exigidas ao nível
organizacional, para as áreas da empresa.
59
carreira era algo que motivava as pessoas para o seu crescimento pessoal. Por mais que esta
identificação com um ideal de carreira ainda povoe o imaginário de muitos jovens
vestibulandos, a certeza de sua colocação no mercado de trabalho com a conclusão de um
curso de graduação vem diminuindo nos últimos anos.
Isso não se deve apenas à concorrência para o ingresso no mercado de trabalho que aumentou
as exigências, mas às mudanças no perfil do profissional capaz de fazer frente às demandas de
trabalho. A competência profissional faz o elo entre a qualificação a partir da aquisição de
conhecimentos e do aprendizado teórico com as habilidades e atitudes comuns ao exercício
prático da profissão. A competência profissional diz respeito ao que as empresas buscam e
precisam de seus funcionários, são competências voltadas para o atendimento das
necessidades organizacionais, em geral de caráter urgente e imediato.
Mas ainda é preciso atenção em relação a outro fator: o atendimento das necessidades
empresariais por parte do profissional não garante estabilidade empregatícia. A empresa é que
julga se alguém é competente ou não, ao seu exclusivo critério e arbítrio, sendo impossível a
ela – em virtude das turbulências econômicas – oferecer qualquer garantia de estabilidade no
emprego.
60
• Contribuir para uma diferenciação da empresa com seus concorrentes e ser difícil de ser
copiada.
A partir dessa fragmentação em dois conceitos diferentes, diversos autores criaram conceitos
e tipos de competências organizacionais.
Dessa maneira, pode-se dizer que a organização possui diversas competências organizacionais
localizadas em diversas áreas.
A própria empresa deve ser vista como um portfólio de competências que estão abertas a
avaliações externas que a levam à liderança do seu setor. O conceito de competência traz
como novidade, tal como ela vem sendo tratada no debate contemporâneo na sociologia do
trabalho, três aspectos:
61
3. A sua associação a capacidades humanas amplas antes desvalorizadas e desestimuladas nos
ambientes produtivos.
FIM
62