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N.° 167 — 21-7-1994 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 3995 MINISTERIO DA JUSTIGA Decreto-Lei n.° 196/94 de 21 de Julho © pessoal da Policia Judicidria tem-se regido até ao presente pelo Estatuto Disciplinar dos Funciondrios Agentes da Administragao Central, Regional e Local, constante do Decreto-Lei n.° 24/84, de 16 de Janeiro. © artigo 181.° do actual diploma orgénico da Poli- cia Judicidria, o Decreto-Lei n° 295-A/90, de 21 de Setembro, aponta, no entanto, no sentido da previsao de um regime especial. Todavia, nem a actual Lei Or- ginica da Policia Judicidria nem a experiéncia colhida durante os muitos anos em que aos seus funciondrios tem sido aplicado o estatuto disciplinar dos funciond- rios e agentes do Estado determinam ou sequer acon- selham um radical afastamento da lei geral. Por isso, este regime geral tera de funcionar como lei subsididria, aplicdvel em tudo 0 que nao conflitue com as especialidades do regulamento agora proposto. Neste regulamento houve, por outro lado, 0 cuidado de limitar o afastamento da lei geral ao que reconhe- cidamente seja exigido pelo estatuto funcional do pes- soal da Policia Judiciéria, © presente diploma aplica-se a todos os funcioné. rios ¢ agentes que prestem fungdes na Policia Judicié- ria, S6 0s magistrados judiciais € do Ministério Publico ficam fora deste principio de aplicagdo integradora, por se entender que deverd, quanto a eles, prevalecer 0 es- tatuto disciplinar que Ihes préprio, incluindo 0 exer- cicio da competéncia disciplinar pelos conselhos supe- Fiores criados no ambito das magistraturas. Do acervo de deveres gerais e especiais a que os membros da Policia Judicidria esto adstritos emerge, com especial forca, 0 cumprimento pontual ¢ integral das determinagdes emanadas dos superiores hierérqui- cos em matéria de servigo, 0 que se justifica pela ne- cessidade de favorecer 0 bom funcionamento da cadeia hierérquica de comando e a consequente eficdcia de ac- 40 da Policia na luta contra a criminalidade. A parti- cular responsabilidade que para os funciondrios advém da violagdo do dever de obediéncia se, por um lado, postula penas mais severas que as que resultariam da aplicagao do regime geral, por outro, leva a excluir a responsabilidade disciplinar do funciondrio que actue no cumprimento de ordem ou instrugdo, salvo se en- volver a pratica de crime. ‘A solucdo retida aproxima-se neste ponto da que jé hoje consagra o Regulamento Disciplinar da Policia de Seguranca Publica, aprovado pela Lei n.° 7/90, de 20 de Fevereiro, ‘Além da consisténcia organizativa ¢ da eficécia ope- racional, factores que so decisivos para o éxito das acgdes dirigidas contra a criminalidade violenta € or- ganizada, o presente diploma pretende garantir outros valores igualmente importantes, como sejam a con- fianca da comunidade na instituigo e nos seus mem- bros, a salvaguarda do seu prestigio funcional no meio social em que prestam servigo, a sua adstricéo a deve- res processuais estritos em relagdo aos suspeitos, aos arguidos, aos ofendidos ¢ a outras pessoas a que a ac- 80 da policia se dirige, a proteccdo e 0 auxilio que 05 cidadaos legitimamente aguardam receber dos fun- ciondrios da Policia Judiciéria. Reflectem esse tipo de preocupacdes, nomeadamente, a possibilidade de, em casos mais graves ¢ para pre- servar 0 prestigio inerente a func&o no meio em que © funcionério presta servigo, ser decretada a transfe- réncia como sangdo acess6ria, bem como a previsio de penas de inactividade ou de aposentacéo compulsiva € demisso para sancionar a prética de actos desumanos, discriminat6rios e vexatorios, a omissao de auxilio, 0 exercicio de actividades incompativeis com a funao ou © consumo de drogas durante o servigo ou com habi- tualidade, No dominio substantive, merecem ainda referéncia fas normas que estabelecem o regime punitivo aplicdvel 0s funcionarios na situagdo de disponibilidade ¢ as que aperfeigoam e completam o regime de extingao do pro- cedimento disciplinar ou das penas por efeito da pres- crigdo e, em sede processual, as que provéem sobre 0 funcionamento do Gabinete Técnico Disciplinar ¢ as que desconcentram a competéncia punitiva pelos varios escaldes da hierarquia da Policia Judicidria, em fun- s@o da gravosidade da sano aplicada. Foram ouvidos o Conselho Superior de Policia ¢ as associagdes sindicais dos funcionérios da Policia Judi cidria. ‘Assim: No uso da autorizagao legislativa concedida pelo ar- tigo 1.° da Lei n.° 1/94, de 19 de Fevereiro, € nos ter- mos das alineas a) e b) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituigéo, 0 Governo decreta o seguinte: Artigo 1.° E aprovado 0 Regulamento Disciplinar da Policia Judicidria, publicado em anexo ao presente di- ploma ¢ que dele faz parte integrante. Art. 2.° O artigo 53.° do Decreto-Lei n.° 295-A/90, de 21 de Setembro, passa a ter a seguinte redaccdo: Artigo 53.° tea 1 — Ao Gabinete Técnico Disciplinar compete: 4) Proceder a estudos sobre o funcionamento dos servigos designadamente nas dreas téc- nicas, administrativas e contabilistico-finan- ceira; b) Proceder a instrugéo dos processos de in- quérito, disciplinares e de averiguagdes de- correntes do exercicio do poder disciplinay ¢) Proceder & inspecgo do desempenho pro- fissional dos funciondrios. 2 — Nos processos distribuidos ao Gabinete Téc- nico Disciplinar compete chefia daquele Gabi- nete: 4) Dirigir a organizagao e funcionamento do mesmo Gabinete; b) A distribuiggo dos processos remetidos a0 Gabinete; ©) O acompanhamento e orientagdo dos pro- cessos distribuidos a cada um dos instru- tores; @) A nomeagao dos secretérios. 3 — O Gabinete Técnico Disciplinar € dirigido por um magistrado judicial ou do Ministério Pu- blico, em comissio de servigo, sendo-the aplicavel © disposto no artigo 98.° do presente diploma. 3996 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N° 167 — 21-1 Art. 3.° Os processos relativos a factos praticados antes da entrada em vigor do Regulamento regem-se pelas seguintes regras: @) As normas relativas & qualificagdo das infrac- Ges € as penas € medidas disciplinares cons- tantes do Regulamento anexo so aplicaveis na medida em que forem mais favordveis a0 ar- guido; ) As restantes normas so de aplicagéo imediata. Art. 4.° © Regulamento entra em vigor 60 dias aps a data da publicasao do presente diploma. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 19 de Maio de 1994. — Anibal Anténio Cavaco Silva — Eduardo de Almeida Catroga — Alvaro José Brilhante Laborinho Liicio. Promulgado em 1 de Julho de 1994. Publique-se. © Presidente da Repiiblica, MARIO SOARES. Referendado em 5 de Julho de 1994, Rogulamonto Disipinar da Policia Juciciéia CAPITULO I Disposigses gerais Antigo 1.° Ambito de splicacto | — 0 presente Regulamento aplica-se a todo o pessoal em eier- cicio de fungdes na Policia Judictiria, independentemente da natu- reza do respectivo vinculo. 2—~O Regulamento € igualmente aplicdvel ao pessoal de investi- ‘gngdo criminal que, ao abrigo do disposto no artigo 86.” do Decreto- Lei n.* 295-A/90, de 21 de Setembro, se encontre em regime de e- Quisigio, destacamento ou comissto de servigo em outro servigo da ‘Adminisiracdo Publica ou em empresa publica. 3— Exceptuam-se do disposto no n,*'1 os magistrados judiciais «do Ministerio Pablo em comissdo de servico na Policia Judicié- ria, os quais ficam abrangidos pelo estatuto diseiplinar que thes € réprio. Astigo 2° Reglme subsididrio Em tudo quanto no seja previsto no presente diploma no &m- bito da defingdo e da efecuvagdo de responsabilidade disiplinar dos funcionirios ¢ agentes da Policia Judiciria € aplicave, como direito subsidirio, 0 Estatuto Disciplinar dos Funciondrios e Agentes da Ad- ministragdo Central, Regional e Local, constante do. Decreto-Lei in" 24788, de 16 de Janeiro, Antigo 3.° Swlelgfo so poder dsciptinar 1 — 0 pessoal da Policia Judicdria fea sujeto ao poder dscipi- nar desde'a data do inicio de fungdes, independentemente da data 4a respectiva posse ou aceitagto. "2A mudanga de situagdo ou a exoneracto no impedem a pu- algto po infactdo disciplinar a que ej apicvel presente Reg Artigo 4.° ‘Conceito de infracgio disciptinar ‘Considera-se infracydo discplinar a vilagdo, ainda que meramente cculposa, dos deveres erais ou expeciais decorrentes da funcdo exer- ‘ida. CAPITULO IL Deveres gersis e especiais Antigo 5.° Deveres gerais 1 —0 pessoal da Policia Judicivia exerce as suas fungBes com imparcialidade, isengdo e objetividade, com observincia das dispo- es legais vigentes e cumprindo pontual e integralmente as deter ‘minapBes que, em matéria de servico, the sejam hierarquicamente transmitdas, 2 — Consideram-se, nomeadamente, deveres gerais 2) © dever de isencio; >) 0 dever de zelo; ©) O dever de obeditnci 4) O dever de lealdade; '@) © dever de siglo; DO dever de correegto; 2) O dever de assiduidade; 1) O dever de pontualidade. ‘Antigo Deveres especiais Consideram-se deveres especiais os que, correspondendo is atri- bbuigSes préprias da Policia Judiciaria, constam do respectivo diploma, orghnico. CAPITULO IIT Da responsabilidade discipli igo Agentes de lntracsto Consideram-se agentes de infracgio disciplinar os autores imedia- tos, 0s que induzirem & sua pratica © os que a encobrirem, bem como (os tuperiores hierdrquicos que, podendo, nio a impediram. Artigo 8.° Efeltos de promincia 1 —0 despacho de prontincia, ou equivalente, com trlnsito em julgado em procesto penal por infracgdo a que, absiractamente, cor- Tesponda pena de pristo superior « és anos determina a suspensio de fungdes e do vencimento de exerccio, bem como da totaidade dos subsidios e suplementos que dependam do efectivo exercicio de fungbes, até decisto final absolutéria, ainda que no transitada, ot até 20 irdnsito em julgado da decisio final condenatéria.. 2— Nas vinte e quatro horas subsequentes ao trnsito em julgado do despacho de prontincia ou equivalente, a secretaria do «ribunal ‘espectivo entregard 20 Ministério Pubico certiddo do aludido des- acho, para remessa & Directoria-Geral da Policia Judicaria, 3. — A perda do vencimento de exercicio, bem como da totaidade dos subsidies e suplementos que dependam do efecivo exercicio das 18es, seréreparada em caso de absolvigfo ou de amnistiaconce- aida anes da condenasi, sem prejuzo do eventual procedimento iscipinar. Antigo 9.° ‘Avtonomia dx responsabilidade disciplinar 1 — A responsabilidade discipinar ¢ auténoma relativamente & res- ponsabilidade penal 2 — Sempre que se repute conveniente correcta ponderasto dos factos, 0 processo disciplinar pode ser suspenso até ao transit decisio proferida em processo penal no qual esses mesmos sejam objecto de apreciac. Antigo 10.° Infracgto dlsciptinar que posse integra iicite penal Sempre que 0s factos em apreciagdo em processo disciplinar pos- sam integrar qualquer tipo legal de crime sero os mesmos comuni- cados a0 Ministrio PUblico. N.° 167 — 2-7-1994 DIARIO DA REPUBLICA —1 SERIE-A 3997 Artigo 11° Exclusio da responsabilidade disciplinar 1 —E excluida a responsabilidade disciplinar do funcionério ou ‘agente que actue no cummprimento de ordem ou instruedo emanada dde superior hierérquico em matéria de servo. 2— Cessa o dever de obediacia sempre que 0 cumprimento de fordem ou instrusdo implique a prética de crime CAPITULO IV Penas disciplinares e seus efeitos ‘Artigo 12.° Penas discipts 1 — Pelas infracgbes disciplinares que cometerem sio aplicdveis aos funcionéries abrangidos pelo presente Regulamento as seguinies penas: 4) Repreensio escrita: >) Malta; ©) Suspensio; 4) Inattvidade; f) Aposentagio compulsiva; DP Demissio. 2— Ao pessoal dirigente ¢ de chefia pode ainda ser aplicada a pena de cessacdo da comissio de servo. 3— As penas sto sempre registadas no processo individual do fun- cionirio, salvo 0 disposto no n.° 3 do artigo 20." Antigo 13° Efeitos das pen 1 — As penas disciplinares produzem os efeitos declarados no pre- sente diploma e na legislacao subsididria a que se refere o artigo 2.° 2— A pena de inactividade implica, para além dos efeitos decla- rados nos a." 23 do artigo 13." do Decreto-Lei n.* 24/84, de 16 Ge Janeiro, a imposibfidade de promogao durante dois anos, con tados do termo do cumprimento da pena. 3— A pena de aposentacio compulsiva implica para o funcion- ro ou agente a aposentagao nos tetmos e nas condigdes estabeleci- das no Estatuto da Aposentasdo. “4 — A pena de demissio imporia a perda de todos 0s direitos do funcionério, salvo quanto a aposentagdo nos termos e condigbes es- tubelecidos no respectivo Estatuto, mas no impossbilita 0 Tuncio- nirio de ser nomeado ou contratado para lugar diferente que possa Ser exercido sem que o seu titular reuna as particulares condigoes de dignidade e de confianga que o cargo de que foi demitido exiga 5 — A pena de cessapdo da comissio de servigo implica 0 regresso do dirigente ov da chefia a0 lugar a que tenha dieito e a impossibi lidade de nova nomeagio para qualquer cargo dirigente ov de che- fia pelo periodo de trés anos, contados da data da notificasdo da ecisto. (6 — As penas de suspensto ou de inactividade determinam ainda a cessagdo da requisiao, destacamento ou comissdo de servigo, re- lativamente ao restante pessoal que exerca fungbes em tal regime na Policia Judicicia, Artigo 14.* Efetos acessérios 1 — 0s funcionérios punidos com penas de suspensdo ov inact vidade perdem 0 direto, durante 0 periodo de duragdo da pena, 20 Uso dos elementos de identificagdo a que alude 0 artigo 10.° da Let Organica da Policia Judiidria, os quais S80 recolhidos no acto de otificacto. 2 — No mesmo acto € recolhida a arma que se encontre distri- bald ao fuciondiio paige, sao se razies esis aim no aon- 3 — Quando seja de aplicar alguma das penas ceferidas no a.° 1 ¢ exista, em rardo da gravidade ou da natureza da infraccdo, perda do presiigio correspondente & fungdo exercida e exigivel a0 funcio- rnério para que posta manter-se no meio em que exerce fungSes, po ert ser determinada a sua transferencia, pelo periodo minimo de 1Uds anos, ouvido 0 responsdvel maximo do departamento onde se encontra colocado ¢ mediante despacho do director-geral da Policia Sudicaria Antigo 15.° Funcionirios na disponibiidade on aposentacio 1 — Para os funciondrios na situasdo de disponibilidade ow apo- sentapio, as penas de suspensdo ou inactvidade'sdo substituidas pela perda da remunerag#o ou pensio por igual periodo, © a de mula ‘fo pode exceder 0 quantitative correspondente a 20 dias de remu- ‘eragdo ou pensio, 2A pena de aposentacdo compulsiva determina, para 0 fun- ciondrio ni situagao de disponibilidade, a aposentaglo nos termos fe nat condigSes estabelecidos no Estatuto da Aposentagao. CAPITULO V Medida e graduasio das penas Antigo 16.° Critérios gerais 1 — Na aplicagdo da pena deve atender-se & natureza ¢ & gravi dade dos factos, observando-se, com as devidas adaptacSes, 0 dis- pposto tos artigos 22." a 27.° do Decreto-Lei n." 24/84, de 16 de Janeiro, bem como a categoria do funciondrio ou agente, sua per- Sonalidade, ao grau da culpa, aos danos e prejuizos causados, a per- turbagdo produzida no normal funcionamento dos servigos e, em ge- ral, a todas as circunstancias em que a infracedo tiver sido cometida ‘que miltem contra ou a favor do arguido, 2 — As penas de inactividade ou de aposentacdo compulsva e de- missdo s4o aplicivels as infracgbes a seguir indicadas, conforme, pon- dleradas todas a5 circunstancias atendives,inviabilizem ow nio ama fnutengio da relapdo funcional: 4) Pritica de actos desumanos, degradantes, discriminatérios € vveat6rios relativamente a pessoas sob proteccio ou cust +6) Uso de poderes de autoridade ndo conferidos por lel ou 0 abuso dos poderes increntes as TungSes exerchdat, ‘© Insubotdinagto relativamente as autoridades ow chefias, as- sim como outras formas graves de desobediéne 4) Conduta constitutiva de crime doloso que poses stentar contra, © prestigio © dignidade da functo; 4 Omissdo de auxlio, quando devido; J) Abandono do servigo ou actuacao intencional visando frus- ttar 0 dnito de acgdo de prevengdo ou de investigagio crit nal ou de detengio de suspetos; 48) Violacao do segredo profissional e omissto do sigilo devido ‘elativamente a08 assuntos conhecidos em razdo do cargo ou 4a fungdo, sempre que dat resulte prejuizo para 0 desenvol- vimento do trabalho policial ou para qualquer pessoa; ‘hy Exercicio de actividades piblicas Ou privadas incompativeis com_o exerccio da funcdo; 2) Partiipacdo em accdes concertadas visarido a alteracio do funcionamento de servicos essencias: D Consumo de drogas, estupefacientes ou substincias psicot- picas, bem como a embriagués, durante o servigo ou com ha bitualidade ‘Antigo 17.° CCireunsthnclas atenuantes 1 — Sto, nomeadamente, circunsténcias atenuantes da responsa- bilidade discipinar 4) A prestacto de servigos relevantes & sociedade; ) 0 bom comportamento anterior; ©) A confissto espontanea da infracrHo, 1) A provocasio; @) A feparagdo voluntiria do dano; P) O acatamento bem intencionado de ordem hierarquicamente transmitida, nos casos em que ndo fosse devida obedieneia, 2 — Dever ainda considerar-se atenuantes as demais crcunstin- cis susceptveis de diminulrem substancialmente a culpa do infractor. Antigo 18.° (Clrounstinclas agravantes 1 — Consideram-se cicunstancias agravantes da responsabilidade dlisciplinar 2) © mau comportamento anterior; >) Ser-a infracgdo cometida durante acZo ou servigo polical 1) Ser a infracedo cometida na presenca de public; 3998 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 4) O conluio com outros: 2) A premeditagao: DA teincidéncia; 1) A acumulacto de infracsbes; 2~ A premeditagio consiste no designio formado vinte ¢ quatro hhoras antes, pelo menos, da pritica da infraccto. 3 — Verfica-se a reincidencia sempre que a infracsio seja come- tida antes de decorrido um ano sobre o dia em que tiver findado ‘© cumprimento da pena imposta por virtude de infracs#o anterior. 4 — Verifica-se a acumulagdo de infracg8es quando 0 funcioné- rio comete na mesma ocasido duas ou mais infracpBes ou quando ‘comete nova infracsio antes de a anterior ter sido punida. ‘Antigo 19.° Unidade e acumulacio de infracsBes Por cada infraegdo ou peas infracgBes que sejam apreciadas num ‘6 processo ndo pode aplicar-s a0 mesmo funciondrio mais de Uma pena disciplinar. ‘Antigo 20.° Suspensio das penas 1 — Tendo-se em consideragllo as circunstAncias da infracso, 0 ‘rau de culpabilidade e © comportamento anterior do arguido, pode Ser suspensa a execusdo das penas dscplinares previstas nas alineas 2) 2d) do n.° 1 do artigo 12.” do presente Regulamento, 2—A suspensdo tem um limite temporal minimo de um ano e miximo de tr8s anos, contados a partir da data de notificacto da ecisdo defiitiva, "3 — Atentos 0s elementos referidos no .° 1, 0 registo da pena de repreensao escrita poderd ser suspenso pelo periodo de um ano. 4 — A suspensio da execugdo da pena caduca se, no periodo da suspensfo, o fncionrio pratcar iniracedo discipinar per que ve ‘aha a set’ condena CAPITULO VI Extingo da responsabilidade disciplinar ‘Artigo 21.° Causns de extingto ‘A responsabilidade disciplinar extingue-se por: 4) Prescriclo do procedimento disciplinar; ») Prescriglo da pena: ©) Cumprimento da pena; 2 Morte do infractor; (0) Amnista. Artigo 22.° Presergdo do procedimento dlsciptin © direto de instaurar procedimento disciplinar prescreve de- corridos ts anos sobre @ data dos facios integrantes da infraccdo. 2 — Dis, igualmente, a prescrigdo quando, sendo a falta conhe- cida pelo érg4o com compettncia disciplinar, o processo ndo tiver sido instaurado no prazo de trés meses. 3 — No caso de o facto em que se consubstancia a infracsto dis ciplinar integrar um tipo legal de erime, 0 procedimento disiplinar Drescreve nos termos ¢ prazos estabeleidos na lei penal, se superio- Fes a0 prazo teferido no. n.° L Antigo 23.° Interrapgio da prescrigho 1 — 0 prazo prescricional considera-se interrompido pela prética de acto intrutérto com incidéncia na marcha do processo e pela no- Wificagao da acusaso a0 arguido. 2— Para efeitos de interrupedo da prescrigdo a notificasdo da acusagdo considera-se efeciuada decorridos 10 dias sobre o envio de carta registada com aviso de recepedo, contendo cépia da acusacto, para a residénca oficial do arguido, independentemente de a mesmi Ser ou nio pessoalmente rece 3 — Depois de cada interrupgdo comera a correr novo prazo pres- cricional, sendo que, sem prejuizo do dsposto no n.* 3 do ar- tigo 22.°, a prescrgdo terd sempre lugar quando, desde o seu inicio eressalvado’0 tempo de suspensio, tiverem decorrido 10 anos, Artigo 24.* Prescigfo das penss ‘As penas disciplinares enunciadas no n.* 1 do artigo 12.° presere- vem nos prazos seguintes, contados da data em que & decisto se tor- now irrecorrive: 4) Seis meses, para a pena prevista na alinea 4); 2) Tees anos, para as pens previstas nas alineas b) a d): €) Cinco anos, para as penas previstas nas alineas e) Amtigo 25.* ‘Cumprimento da pens | — As decisées que apliquem penas disciplinares devem ser noti- ficadas pessoalmente ao funcionério punido e publicadas em ordem e servigo, comegando a produzir efeitos no dia imediato ao da pu: Diicagdo. — A aplicacto das penas referidas nas alineas ),¢) ¢) do a.° 1 do artigo 12.° €, obrigatoriamente, objecto de publicagdo na ordem de servigo da Directoria-Geral, podendo as retantes ser publicadas ha ordem de servigo do departamento onde o funciondrio esteja Co- Tocado. 3 — No caso de impossibilidade confirmada de notificasto pes- soal, a decisdo punitiva € publicada, por extracto, no Didrio da Re- puibiica, 2" série, comerando a produzir efeitos decorridos 18 dias pds essa publicacio. Artigo 26.° Morte do infractor ‘A morte do infractor extingue a responsabilidade disciplinar, sem prejuizo dos efeltos jd produsidos e dos que decorrem da existencia a. para efeitos de pensio de sobrevivencia, nos temos da let ger ‘Artigo 27." Amnistia. ‘A amnistia faz cessar a execusdo da pena, se ainda estiver a de- correr, mas nlo anula os efeitos J produzidos, CAPITULO VII Da competéncia disciplinar Antigo 28.* Compettncias — A competéncia dsciplinar para julgamento de infracgSes ¢ im- do de penas pertence as seguintes entidades 6 Sinspetares ave shim ingest, para a pena de ce 1 Inspectore-coordenadores ou ispecores que chim inspes- oes, para a pena ce mulla; «) Direworgeraradjunto, para'a pena de suspensio; 2 Director gerl, para 2’pena de inactvigader © O Minto Sut, ara a pena de apovenaso com- Pulsiva e demisto. 2— A competéncia disciplinar dos superioreshierdrquicos abrange sempre a dos respectivos subordinados. 3— Por despacho do director-geral poderd ser delegada compe ‘ncia dsciplinar nos diectores do Departamento Central de Registo de Informagdes ¢ Prevencio Criminal, do Gabinete Nacional d terpol e do Laboratorio de Policia Clentfica e nos directores de de- atiamento, pare a spliced das sangdes de tepeensto eit © de 4— Relaivamente aos funcionarios de investigasdo criminal a que se refere 0 n.° 2 do artigo J.°, a competéncia disciplinar ¢ exercida pelo director geral da Policia Judicléria ou pelo Minisro da Jusiga, ‘os casos em que este detém competéncia exclusiva, podendo ser ou: vido 0 dirigente maximo do servigo em que aqueles se encontrem a desempenhar fungdes Artigo 29.° Parecer do Conselho Superior de Plicle 1 — Quando haja lugar a aplicacto de penas de demissto ou apo- sentagae compulsiva observar-se-t 0 disposto na alinea d) do ar- tigo 25.° do Decreto-Lei n.° 298.090, de 21 de Setembro, DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 3999 2—0 parecer ¢ solicitado 20 Conselho Superior de Policia apés 9 Felatério-que encerra a instrugdo e antes da remessa do processo 2 entidade a quem cabe a aplicagdo da. pena, 3° parecer sera dado pelo Conselho no prazo de 30 dias, po- endo ser sugeridas diligéncias complementares de prova, CAPITULO VIII Processo disciplinar Antigo 30. No respeitante ao processo discptinar sdo aplicéveis, com as, de- vidas adaptacdes, a6 disposicdes contidas nos artigos 38.° 2.92.° do Extatuto Diseiplinar dos Funcionarios e Agentes da Administracdo Publica: Renal e Lac, protado pelo Deceit n+ 2/88, de MINISTERIO DOS NEGOCIOS ESTRANGEIROS Decreto n.° 20/94 de 21 de Julho ‘Nos termos da alinea c) do n.° 1 do artigo 200.° da Constituigao, 0 Governo decreta 0 seguinte: Artigo Unico. E aprovado 0 Acordo entre a Repii- blica Portuguesa e a Repiiblica Checa sobre a Promo- 40 ¢ Protecgdo de Investimentos, assinado em Praga, em 12 de Novembro de 1993, cujas versées auténticas nas linguas portuguesa, checa e inglesa seguem em ‘anexo ao presente decreto. Visto ¢ aprovado em Conselho de Ministros de 28 de Abril de 1994. — Anibal Anténio Cavaco Silva — José Manuel Durao Barroso — Fernando Manuel Bar- bosa Faria de Oliveira. Assinado em 1 de Junho de 1994. Publique-se. © Presidente da Repiiblica, MARIO SOARES. Referendado em 3 de Junho de 1994. © Primeiro-Ministro, Anibal Anténio Cavaco Silva. ACORDO ENTRE A REPOBLICA PORTUGUESA E A REPUBLICA ‘CHECA SOBRE A PROMOGAO E A PROTECCAO DE INVESTI. MENTOS. © Governo da Repiiblica Portuguesa ¢ 0 Governo da Repiiblica Checa, adiante designadas Partes Con- tratantes: Animados do desejo de desenvolver a cooperaco ‘econémica entre as Partes Contratantes; Tendo em vista a criagéo das condigées favordveis, para a realizagao de investimentos pelos investi dores de uma Parte Contratante no territério da outra Parte Contratante; Conscientes de que a promogdo e a protecgao ra- ciproca desses investimentos nos termos do pre- sente Acordo estimulardo as iniciativas comer- ciais neste dominio; acordam o seguinte: Artigo 1.° Detinigdes Para efeitos do presente Acordo, entende-se que: 1 — 0 termo «investimentos» compreende toda a es- pécie de bens ou direitos, relacionados com activida- des econdmicas exercidas por um investidor de uma das Partes Contratantes no territério da outra Parte Con- tratante, de acordo com as leis ¢ regulamentos desta liltima, incluindo, em particular, mas nao exclusiva- mente: 4@) Direitos de propriedade sobre bens méveis ou iméveis, bem como quaisquer direitos reais ou similares, incluindo hipotecas e penhores; 1b) Acgées, quotas, obrigagdes ou outros tipos de interesses em sociedades, bem como quaisquer ‘outros tipos de participagao; ©) Direitos de crédito relativos a numerério ou a quaisquer outras prestagdes com valor econd- mico, associados ao investimento; 4) Direitos de propriedade intelectual, incluindo direitos de autor, direitos de propriedade indus- trial, tais como marcas, patentes, desenhos in- dustriais, processos técnicos, know-how, segre- dos de ‘comércio, denominagdes comerciais, firma e nome de estabelecimento e clientela, as- sociados a0 investiment: e) Direitos conferidos por lei, contratos ou quais- quer licengas, incluindo concessdes para pros- ecco, pesquisa ¢ exploragdo de recursos na- turais. Qualquer alteragdo na forma como os bens ¢ direi- tos foram investidos ndo afectard o seu cardcter como investimento. 2—O termo «investidor» designara qualquer pes- soa singular ou colectiva de uma das Partes Contra- tantes que invista no territério da outra Parte Contra- tante: 4) Pessoa singular significaré qualquer pessoa fi- sica que tenha a nacionalidade de qualquer uma das Partes Contratantes, de acordo com a res- pectiva leis 5) Pessoa colectiva significar qualquer entidade dotada de personalidade juridica incorporada ‘ou constitulda de acordo com a lei de uma das Partes Contratantes ¢ que tenha sede no terri- torio dessa Parte Contratante. 3—0 termo «rendimentos» designard as quantias geradas por um investimento e, em particular, mas ndo exclusivamente, incluird lucros, juros, mais-valias, ac- 8es, dividendos, royalties ou 'remuneragdes. 4—0 termo uliquidagdo do investimento» signifi- card que 0 investimento terminou, de acordo com as disposigdes legais vigentes no tertitério da Parte Con- tratante em que o investimento em causa tenha sido efectuado Artigo 2.° Promosto € protecgio dos investimentos 1 — Cada Parte Contratante promover4 ¢ criara con- digdes favordveis a realizacdo no seu territério de in- vestimentos efectuados por investidores de outra Parte Contratante, admitindo tais investimentos de acordo com as suas leis e regulamentos. 2 — Aos investimentos feitos pelos investidores de cada Parte Contratante sera concedido um tratamento justo € equitativo e beneficiarao de inteira proteccaio seguranga no territério da outra Parte Contratante.

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