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Comentários Da Tese
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destas relações.
Para Baquero (2012), o termo empoderamento começa a ser mais utilizado, pelo
crescente do termo se deu a partir da segunda metade do século XX, sobretudo a partir
conceito de self made man, onde, a partir de então, cada sujeito, isoladamente, se faz
pelo seu próprio esforço pessoal. Nesta noção deturpada do empoderamento individual,
o sujeito não trabalha para perceber suas relações, mas para evita-las, para aumentar
apenas sua autoafirmação enquanto sujeito isolado de outros. Roso e Romanini (2014)
sujeitos a partir de suas relações com os outros, este processo pode ser passível de
individual. A autora se utiliza do termo light empowerment para afirmar que, por conta
Para Elias (1994) nenhuma pessoa está fora do campo social, e é justamente por
participar deste constante processo relacional, em rede com outras pessoas, que nos
níveis fundamentais de relação uns com os outros. “Não existe um grau zero da
na sociedade como que vindo de fora, como um ser não afetado pela rede” (p. 31).
Nenhum dos dois existe sem o outro. Antes de mais nada, na verdade, eles
como uma sociedade de indivíduos [...]. e essa existência não finalista dos
está vinculada a outra, mesmo que desconhecida, por laços invisíveis e de dependência
tornaram outros dependentes dela. Ela vive, e viveu desde pequena, numa rede de
dependências que não lhe é possível modificar ou romper” (Elias, 1994, p. 22).
porque outras pessoas também cumprem outras ações e funções dentro da rede, assim
como a ação de uma pessoa isolada resulta na produção da ação de outras pessoas.
“Cada pessoa singular está realmente presa; está presa por viver em permanente
dependência funcional de outras; ela é um elo nas cadeias que ligam outras pessoas,
assim como todas as demais [...] são elos nas cadeias que a prendem” (Elias, 1994, p.
23).
social”, não importa qual seja ou sua configuração cultural. Neste processo, cada ser
humano é constituído através de sua criação por outros seres humanos que já existiam.
alcance de sua vida não são os reflexos de sua natureza animal, mas a
interdependência que temos uns com os outros sujeita o indivíduo. Desta forma, o que
antitéticas.
tempo, dizer ‘nós’. Até mesmo a ideia ‘eu sou’, e mais ainda a ideia ‘eu penso’,
A criança que nasce, até então com funções mentais ainda indiferenciadas,
interdependência com outros seres humanos. “Isolada dessas relações, ela evolui, na
1994, p. 27).
com outros seres humanos, o que emerge como “alma” do indivíduo adulto não
é estranho à sociedade e associal “em si mesmo”, mas algo que, já em sua
própria base, constitui função da unidade relacional [...] (Elias, 1994, p. 39).
Termos muito comuns para a atualidade, como “mente”, “razão”, “eu”, e até sua
aparente oposição com “alma”, “sentimento” e “outro”, não são dados por natureza. O
naturalmente herdado, como o crescimento físico e dos órgãos, mas por conta da
com as pessoas não significa entende-la como algo passivo. O que se molda no
ideias que não existiam antes ou leva adiante ideias que já estavam presentes.
Mas a direção e a ordem seguidas por essa formação e transformação das ideias
entendidos como opostos ou separados, nas nossas sociedades, são duas funções
recíprocas, que se produzem nas interações e que não existem isoladamente. A relação
sofre dos outros semelhantes e do que ele influencia na produção dos outros, da
“dependência que os outros têm dele e a sua dependência dos outros; são expressões de