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LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO

DELPHI

ORIENTADA A OBJETO

Por Érica Barcelos

Fevereiro, 2012
UNIDADE I

INTRODUÇÃO

A forma como os programas de computadores são desenvolvidos está diretamente


associado ao nível de exigência dos usuários e ao nível de avanço tecnológico. A história nos
mostra que, durante as primeiras gerações de computadores, a forma utilizada para gerar
instruções, baseava-se em códigos binários onde os algoritmos desenvolvidos buscavam
apenas aumentar a velocidade com que operações aritméticas eram executadas.
Conforme o avanço das tecnologias e o advento do micro chip uma nova era iniciava,
o computador ganhou novas atribuições e passou a ser mais do que uma super máquina para
cálculos. Empresas como a IBM e Microsoft surgiram no mercado e deram início a uma
geração revolucionária de interação homem máquina, a linguagem antes conhecida como
linguagem de baixo nível já não atendia as necessidades da sociedade ávida por novas
tecnologias.
Com a popularidade do Sistema Operacional Windows e suas facilidades, o
computador passou a fazer parte dos lares e deixou de ser uma ferramenta de trabalho para um
utensílio multiuso. As empresas de desenvolvimento de software começavam a questionar as
linguagens estruturadas e suas reais vantagens, além disso, as redes locais ganhavam cada vez
mais adeptos, ou seja, crescia a necessidade de sistemas trabalhando em multicamadas. Isso
significava que as linguagens de programação deveriam permitir mais facilidades na
manutenção dos programas e suas rotinas.
A programação POO (Programação Orientada a Objeto) surgiu da necessidade de
criação de softwares mais complexos e precisos. Porém, essa programação deveria
proporcionar mais facilidades para correção e manutenção dos programas além de
reaproveitamento de códigos. Isso fez com que várias empresas despertassem para essa
tendência e novas linguagens sugiram no mercado como: C++, Pascal orientado a objeto, Java
dentre outras.
Iniciaremos nossos estudos de POO com uma ferramenta RAD (Desenvolvimento
rápido de aplicativos) chamada DELPHI e através dela o leitor irá aplicar os conceitos de
classes, objetos, atributos e métodos tão difundidos nesse tipo de programação. Graças a sua
suíte o estudante perceberá como é fácil e prático o desenvolvimento de aplicativos científicos
e comerciais com alto desempenho e de fácil utilização.

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CAPÍTULO 1

1. O QUE É DELPHI

O Delphi é uma ferramenta de desenvolvimento de aplicativos baseada na linguagem


Object Pascal. Desenvolvido pela empresa Borland Software Corporation em 1995 para ser
instalado, inicialmente, em sistemas da Microsoft (Windows 3.11 e posteriormente
Windows95). Ele foi criado seguindo o conceito RAD e seu ambiente de desenvolvimento é
IDE (Integrated Development Environment – Ambiente de Desenvolvimento Integrado).
Nesse ambiente a forma de construção, da interface dos programas, segue o padrão de janelas
com todas as facilidades que elas possuem. Assim durante todo o desenvolvimento o
programador visualiza o formato de sua aplicação, podendo arrastar e soltar componentes que
irão compor sua interface.
Como dito anteriormente o Delphi utiliza Object Pasçal, uma linguagem híbrida que
manteve o melhor da programação estruturada associada às facilidades das interfaces. As
características mais marcantes dessa linguagem são: Tratamento de exceção e programação
multithreaded. 1 Com esse mix de vantagens a programação, para ambiente desktop, ganhou
muitos adeptos e várias empresas migraram gradativamente para sistemas desenvolvidos
nessa plataforma.
Programadores viram nesse ambiente revolucionário a possibilidade de administrar
com mais facilidade e segurança o que antes era penoso e cansativo. Com Object Pascal o
desenvolvimento de um programa utiliza o conceito de classes e objetos, tornado-se uma
poderosa ferramenta de programação.
Várias versões foram lançadas ao longo de décadas, as versões mais famosas foram:
• Delphi 4: Com Interface Gráfica melhorada, barra de ferramentas e janelas de
encaixe, IDE com recursos diferenciados.
• Delphi 5: Foram integrados componentes para ambiente multicamada e
internet.
• Delphi 7: Com a suíte Intraweb, surgia a possibilidade de desenvolver
aplicações web para rodar num servidor Apache com muito mais facilidade.
• Delphi 2009: Suporte a PNG e suporte para interface do Vista, aplicações para
web com outras tecnologias como PHP, .NET, etc.

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No ambiente multithread, cada processo pode responder a várias solicitações concorrentemente ou mesmo
simultaneamente, se houver mais de um processador.

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2. CONHECENDO O AMBIENTE DE TRABALHO

Nossos estudos terão como base o Delphi 7, contudo demonstrações das diferenças
com as versões anteriores serão citadas. Tornando esse aprendizado uma fonte de consulta
permanente para as mais variadas versões, desenvolvidas.
Quando você abre um projeto no Delphi ele exibe inicialmente duas divisões. A
primeira divisão é composta por um conjunto de códigos (UNIT- códigos dos formulários)
associado a um formulário e a segunda é um projeto que engloba todos os formulários.
Importante saber que para cada formulário existe pelo menos uma UNIT, mas nem toda UNIT
está associada a um formulário (UNIT com procedimentos, funções etc). Esses recursos
juntos formam dois componentes conhecidos como designer e writer, a figura 01 mostra os
dois ambientes além das barras de componentes que apreenderemos neste capítulo.

Figura 01: Janela do Delphi 7

Fonte Autora

A janela principal é o próprio Delphi, se a fecharmos estaremos fechando todo o


Delphi. Esta janela é composta basicamente pelo menu e mais duas áreas distintas, o
SpeedBar e a Component Palette - Paleta de Componentes.

Figura 02: Janela Principal

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2.1. SPEEDBAR

É a barra de acesso rápido, localizada por padrão no canto inferior esquerdo da janela
principal.

Figura 03: SpeedBar

Os recursos encontrados, da esquerda para direita, são:

• Newitems: Abre uma caixa de diálogo que permite selecionar o tipo de objeto a ser
criado como novo aplicativo, formulário, DLL, relatórios, entre outros. Equivale ao
menu File | New | Other.
• Open: Abre Unit, Form, Projeto ou Package. Equivale ao menu File | Open.
• Save: Salva a Unit/Form atual. Equivale ao menu File | Save.
• Save All: Salva todas as Units/Forms abertos que sofreram alteração. Equivale ao
menu File | Save All ou as teclas Shift+Ctrl+S.
• Open Project: Abre um arquivo de projeto (.dpr – Delphi Project). Equivale ao menu
File | Open Project ou as teclas Ctrl+F11.
• Add file to Project: Acrescenta um arquivo já existente ao projeto atual. Equivale ao
menu Project | Add to Project ou as teclas Shift+F11.
• Remove file to Project: Remove arquivos existentes no projeto.
• Help Contents: Executa a ajuda do Delphi.
• View Unit: Permite escolher uma Unit do projeto para ser exibida. Equivale ao menu
View | Units ou as teclas Ctrl+F12.
• View Form: Permite escolher um Form do projeto para ser exibido. Equivale ao menu
View | Forms ou as teclas Shift+F12.
• Toggle Form/Unit. Permite alternar entre um formulário e seu respectivo código
fonte. Equivale ao menu View | Toggle Form/Unit ou a tecla de função F11.
• New Form: Adiciona um novo formulário ao projeto. Equivale ao menu File | New
Form.
• Run: Executa a aplicação, compilando-a se necessário. Equivale ao menu Run | Run
ou a tecla de função F9.
• Pause. Suspende a execução do programa. Equivale ao menu Run | Pause Program.

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• Trace Into. Executa o programa passo a passo, linha a linha, dentro da rotina que for
invocado e dentro de todas as rotinas que forem acessadas posteriormente. Equivale ao
menu Run | Trace Into ou a tecla de função F7.
• Step Over: Semelhante ao Trace Into, porém a execução passo a passo ocorrerá
somente dentro da rotina em que for invocado. Equivalente ao menu Run | Step Over
ou a tecla de função F8.

2.2. PALETA DE COMPONENTES (Component Palette)

Essa paleta armazena um conjunto de componentes que ao ser inserido em um form,


executa determinada tarefa. Ela possui um conjunto de guias, nas quais os componentes são
agrupados por funcionalidade.
O Delphi permite que componentes de terceiros sejam acrescentados por isso,
dependendo dos componentes instalados, essa barra pode variar de usuário para usuário.
Faremos um estudo detalhado sobre essa paleta devido à importância de seus recursos,
começaremos pela guia Standard cujos componentes estão presentes na grande maioria das
janelas de aplicativos desktop.

Essa guia possui recursos amplamente difundidos graças ao sistema Windows,


pois nela encontramos botões, botões de rádio, caixa de lista, caixa Box, barras
de rolagem, recursos para edição de texto entre outros.

Podemos considerar essa guia complementar da Standard. Nela encontramos


recursos que ampliam os componentes para exibição de textos, imagens,
botões etc, além de recursos para edição de tabelas.

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Componentes que facilitam o uso de aplicativos desktop como zoom, controle
deslizantes, barras de progresso, barras de status, ícones, barras de ferramentas
etc.

Essa paleta possui componentes avançados do sistema operacional como


conexão OLE, DDE, multimídia e temporização.

Através dessa paleta o programador encontrará recursos para conexão com


banco de dados e controles de exibição de dados.

Nessa paleta os componentes estão ligados ao banco de dados, mas os recursos


são semelhantes aos encontrados nas paletas Standard e Additional.

Componentes de conexão com bancos de dados SQL introduzida a partir do


Delphi 6 e no Kylix (Delphi para Linux). Entre os principais recursos desta
nova arquitetura estão dispensar o uso do BDE (Borland Database Engine).

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Componentes que permitem a criação de middleware de alto desempenho
capazes de trabalhar com Web services, possibilitando fácil conexão de
qualquer serviço ou aplicação de cliente com os principais bancos de dados,
como Oracle, MS-SQL Server, Informix, IBM, DB2, Sybase e InterBase,
através de Serviços Web padrão da indústria e XML, DCOM ou CORBA. (No
Delphi 5 esta guia era chamada de Midas).

Componentes de acesso a dados utilizando a BDE (até o Delphi 5 faziam parte


da guia Data Access). A BDE é a engine que acompanha o Delphi desde sua
primeira versão. Muito completa, permite acessar desde bases de dados
desktop, como Paradox, dBase ou Access, até bases de dados SGDB, como
Interbase, DB/2, Oracle, Informix, SyBase ou MS-SQL Server, todos em
modo nativo. Permite ainda o acesso a outros bancos de dados através de
ODBC.

Componentes de acesso a dados da interface dbGo (introduzida no Delphi 5


como o nome de ADO Express) através da tecnologia ADO (ActiveX Data
Objects), da Microsoft. Tanto a ADO como o OLE DB (drivers de acesso)
estão incluídos no MDAC (Microsoft Data Access Components) e permitem
acesso a uma série de bancos de dados e à ODBC. Sua principal vantagem é
estar incorporada as versões mais recentes do Windows (2000/XP e Vista) não
sendo necessário nenhuma instalação de engine de acesso. Também é
escalável, permitindo acesso desde bases de dados desktop até aplicações
multicamadas. A desvantagem é que não é portável para outras plataformas,
caso queira portar seu sistema para Linux, terá que trocar todos os
componentes de acesso a dados.
Interbase:

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Componentes para acesso nativo ao Interbase, através de sua API, constituindo o
método de acesso mais rápido e eficiente para este banco de dados. Por não ser
uma interface genérica permite utilizar todos os recursos 12 que o Interbase
disponibiliza. A desvantagem, no entanto é que ao utilizá-los perde-se a
possibilidade de alterar o banco de dados sem mudar o programa, visto que os
mesmos se destinam apenas ao Interbase.

Componentes que formam a BizSnap, uma plataforma RAD para


desenvolvimento de Web services, que simplifica a integração B2B criando
conexões e Web services baseados em XML/SOAP .

Os componentes existentes nas guias Internet Express e Internet se


complementam, aqui encontramos recursos para Browsers, manipulação de
páginas e arquivos XML

Outras guias são encontradas na paleta de componentes e serão mais detalhadas ao


longo do nosso curso, lembrando que os recursos irão variar conforme novos componentes
forem acrescentados ao Delphi.

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2.3. FORMULÁRIO, UNIT E JANELAS DE ENCAIXE

O Delphi interpreta que um novo documento trata-se de um projeto, portanto, se


observarmos a barra de título estará escrito “Project1”. Esse projeto poderá conter um ou mais
formulários (Janelas) ou não conter formulário algum (Console de aplicação).
Começaremos a partir de agora a compreender o funcionamento dos formulários em
Delphi assim como os recursos nele aplicados.
Todo formulário possui um arquivo de programa-fonte correspondente, chamado Unit,
que pode ser visualizado no editor de código (Code Editor). A janela do editor de código pode
ser acessada clicando-se no botão Toggle Form/Unit da SpeedBar caso o Formulário esteja
selecionado; você também pode clicar na borda que aparece logo abaixo do formulário, ou
ainda pressionando-se a tecla F12 que permite alternar entre o editor de código e o formulário.

Figura 04: Formulário com UNIT correspondente

Fonte Autora

Conforme o formulário recebe componentes a Unit instantaneamente é alterada. Esse


recurso foi denominado pela Borland de Two-Way-Tool (ferramenta de duas vias).
À esquerda do editor de código esta o Code Explorer, uma ferramenta que permite
visualizar a acessar no código fonte as units, classes, variáveis, constantes e objetos
(componentes) que fazem parte do Form.

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Figura 05: Janela Unit com Explorer

Code Explorer

Fonte Autora

Diagrama permite documentar o


relacionamento entre os
componentes, além de modificar
algumas características destas
relações. Inicialmente ela está vazia e
para incluir os componentes, você
deve arrastá-los do Object TreeView
e soltá-los sobre o diagrama.

O Object TreeView Foi introduzido a partir do Delphi 6, essa janela permiti a


visualização dos relacionamentos existentes entre os componentes.

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Outro recurso muito explorado e extremamente importante é o Object Inspector. Essa
janela de encaixe permite a manipulação das propriedades dos componentes, por exemplo,
podemos incluir um botão e através do Object Inspector modificar o tamanho, a cor, posição
no formulário, rótulo etc.
O conjunto de recursos exibidos na janela do Object Inspector varia conforme os
componentes, portanto, as opções serão constantemente alteradas. Algumas propriedades
possuem um editor de propriedade, nestes casos é fornecido um botão com reticências,
clicando-se neste botão a tela de edição da propriedade deve ser exibida.
Além da modificação das propriedades, os componentes sofrem a ação de eventos. Um
evento ocorre quando o programa está sendo executado e o usuário pressiona o botão do
mouse ou uma tecla, por exemplo, você pode querer que ao pressionar a tecla F2 surja uma
caixa de diálogo.

Abaixo a figura 06 ilustra as opções de propriedades e eventos existentes em Object


Inspector.

Figura 06: Object Inspector

Fonte Autora

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BIBLIOGRAFIA DO CAPÍTULO

GOMES, Gilene Borges. Delphi 7. Disponível em


http://www.ebah.com.br/search?q=apostila+de+delphi+7, acesso em 02/02/2012.

LEÃO, MARCELO. Borland Delphi 7 curso completo. Editora Axcel Books, 1ª Edição,
2003.

PREIRA, PAULO ROBERTO ALVES. Desenvolvendo aplicações orientadas a objetos


com Borland Delphi. Web Publicação de 2002. Disponível em
http://www2.fateb.br/ftp/apostilas/Delphi/OO-Delphi.pdf. Acesso em 10/02/2012.

SANTOS, SERGIO OLIVEIRA.Pascal com abordagem em OOP. Rio de Janeiro, Editora


Rio, 2003.

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