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“A vida é como um piquenique em uma tarde de domingo — ela não dura muito tempo.


olhar o sol, sentir o perfume das flores ou respirar o ar puro já é uma alegria. Mas se tudo o
que fazemos é ficar discutindo onde pôr a toalha, quem vai sentar em que canto, quem vai
ficar com o peito ou a coxa do frango…, que desperdício! Mais cedo ou mais tarde o tempo
fecha, a tarde cai e o piquenique acaba. E tudo o que fizemos foi ficar discutindo e
implicando uns com os outros. Pense em tudo que se perdeu.

Você pode estar se perguntando: se tudo é impermanente, se nada dura, como pode alguém
viver feliz? É verdade que não podemos, de fato, agarrar ou nos segurar às coisas, mas
podemos usar esse conhecimento para olhar a vida de modo diferente, como uma
oportunidade muito breve e rara. Se trouxermos à nossa vida a maturidade de saber que
tudo é impermanente, vamos ver que nossas experiências serão mais ricas, nossos
relacionamentos mais sinceros, e teremos maior apreciação por tudo aquilo que já
desfrutamos.

Também seremos mais pacientes. Vamos compreender que, por pior que as coisas possam
parecer no momento, as circunstâncias infelizes não podem durar. Teremos a sensação de
que seremos capazes de suportá-las até que passem. E com maior paciência seremos mais
delicados com as pessoas a nossa volta. Não é tão difícil manifestar um gesto amoroso
quando nos damos conta de que talvez nunca mais estaremos com a nossa tia-avó. Por que
não deixá-la feliz? Por que não dispor de tempo para ouvir todas aquelas histórias antigas?

Chegar à compreensão da impermanência e ao desejo autêntico de fazer os outros felizes


nesta breve oportunidade que temos juntos, constitui o começo da verdadeira prática
espiritual. É esse tipo de sinceridade que efetivamente catalisa a transformação em nossa
mente e em nosso ser.
Não precisamos raspar a cabeça nem usar vestes especiais. Não precisamos sair de casa nem
dormir em uma cama de pedras. A prática espiritual não requer condições austeras —
apenas um bom coração e a maturidade de compreender a impermanência. Isso nos fará
progredir.”
Chagdud Tulku Rinpoche

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