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‘Stuart Hau A IDENTIDADE CULTURAL NA POS-MODERNIDADE Tradugéo: Tomaz Tadeu da Silva Guacira Lopes Louro 118 edigéo © Jaco totalonp ae. le 17127190), ive (Cinligo Penal art. Lhe 8; Le 6.895 (Com busea (ei 9.61098, L Dinctos reserva DP&A EDITORA as Joaquim Siva 98,2 andar 20261-110~ Rio de lnci Tei (21)2292, Direitos Antorais, SUMARIO 1. aDenmiDADE em QuEstho, 07 goes de identidade, © card da mudanco na modemnidade tard © que exfé em jogo na questao dos identidades? 2. NASCIMENTO & MORTE bo’ suIEITO MODERN, 23 Descentrando o sujet. 3, AS CULTURAS NACIONAIS CONO COMUNIDADES IMAGINADAS, 47 Norrendo @ nagée: uma comunidade imaginada. Desconstvit ‘cultura nacional": ideniidade e difere 4. Giosauzacho, 67 Compressdo espaco-te Em diego 00 pés-m 5. © ctosal, 0 LOCAL © RETORNO DA ETNIA, 77 The Rest in the West. A dialética dos identidades. 6. FUNDAMENTALISMO, DIASPORA E HiBRIDISMO 91 socRAricas, 99 1 A IDENTIDADE EM QUESTAO questio da identidade esté sendo extensamente discutida na teoria social. Emesséncia, oargumento éo seguinte: as velhi identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estio em deelinio, Jadese fragmentando fazendo surgir novasiden oindividuo moderno, até qui visto como um sujeito unificado, A assim chamada “crise de identidade” é vista como parte de um ps mais amplo de mudanga, que esta desloc estruturas e processos centrais das sociedades modernas ¢ abalando os quadros de referéncia individuos uma ancoragem estavel O propésito deste livro Sexplorar algumas da questo sobre a identidade cultural na avaliar se existe uma “erise modernidade tardia deidentidade”, em que consiste essa crise eem que diregao ela esta indo. O livro se volta para ‘questies como: Que pretendemos dizer oom “erise deiden Jade"? Que acontecimentosrecentes nas rise? Que formas cla toma? Quais sio suas conseqiiéncias sociedades modern precipitaram, potenciais? A primeira parte do livro (caps. 1-2) 7 lida com mudangas nos conceitos de identi desujeito. Asegunda parte caps. 3-6)d esse argumento com relagio a identidades cculturais— agp dentidades es aspectos de noss ‘quesurgem dens nncimento” a culturas sis, li sticas,religiosas e,acima detudo, nacionais, Estelivro éescritoa partir de uma posigio simpitica identidades madernasesti afirmago de que as ndo “descent isto 6 deslocadas ou fragmentadas. Seu propésito €0 de explorar et a afirmagao, ver o que ela npliea, qualifieé-la ediseutir quais podem ser suas proviveis conseqliéncias, Ao desenvolver o nocio de “deseentragio”, em sua forma mais simpli ada, desconsidera, Conseqiientemente, as formulagies deste livro sio provisériase opiniio dentro da comu hertas A contestagiio, A le socioldgien esti ia profundamente dividida quanto a esses suntos. As tendéncias sio demasiadamente recentese ambignas. O pr estamoslidando, ccomplexo, muito po ser definitivamente posto prova. Como ocorre ‘com muitos outros feniimenos soci oferccerafirmagiesconclusivaso fej ros sobre as alegagiies e proposigies teérieas sto sendo apresentadas. Deve-se ter isso tedo livro, Para aqueles/as teéricos/as que aereditam queasidentidades modernas esto entrando em colapso, o argumento se desenvalve da seguinte forma. Um tipo diferente de mudanga estratural esté transformando as sociedades moder final do século XX. Isso esta fra nentando as paisagensculturais de clase tnia, ragae nacionalidade, que, no passado, tinham fornecido sélidas localiza individuos sociais. Estas transformagies esto também mudando nossas identidades pessoas, abalando aidéia que temos de nds préprios como sujeitos integrados, sda deum “sentido de si” estavel & chi deslocamento ou descentragio do sujeit. ‘duplo deslocamento —descentr tanto de seu Tugar no mundo social e cul quanto de ~constitui identidade” para o critico cultural Kobena Mereer, “a identidade ‘uma questi quando esti em \lividuo, Como observa 0 crise, quando algo que se supie como fixo, tee estivel édeslocado pela experiéneia ida eda incerteza” (Mercer, 1990, p. 43). Eases procestos conjunto, representam um processo de transformaciio tio fundamentale abrangente que nudanga, tomados en 9 somos compelidos a perguntar se nio éa prépria modeidladequeestésendotransformada, Eatelivro acrescenta umanova dimensio esse mento: a afirmacio de que naquilo que édescrito,algamas ‘eves, como nosso mundo pis-moderno, iis somos também “pss relativamentea qualquer concepeio ‘essencialsta ou fixade identi desde algo qu ‘oTluminismo, se supie def fcleoou prope ‘esséncia denosso sere funddamentar nossa ex fhumanos, Afim de explorar essa io, devo examinar primeiramente as igGes deidentidade cocaréterda mudanga na morleridade tara, ‘como sujeit firm de ‘Trés concepsées de identidade Para os propésitos desta exposigao, dlistinguirei té concepedes muito diferentes de identidade, a saber, as concepgies de identidade der )sujeitodoTuminismo, b) sujeito sociolégico e ©) sujeto pis-moder Osujeitodo Huminismoestavabaseadonuma concepio da pessoa humana como um individuo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades deraziio, de conseiéncia ede agio. enjo“e Jeo interior i cinergia pela primeira ver quando osuyjeitonascia 10 cecomlesedesenvolvia, ainda que permanceendo ‘essencialmente o mesmo— continuo on “iden adde-aolongo dae essencial doen er ladede uma pessoa, Direi mais sobre sto em seguida, mas pode-se ver que essa era uma eoncepeio muito “individua ddo sujeito e de sua identidade (na verdade, a identidade dele: jé queosujeitodo Tuminismoera tusualiente descrito como masculino). A nogio de sujeito sociolégico refletia a crescente complexidade do mundo modernoe a cconscigneia de que este nficleo inte to dos ifioera antinomoeauto-suiiente, maseraformado ce €simbolos ~ a cultura dos mundos que ele habitava, G.H. Mead, C.H. Cooley eosi simblicos so as natras pessoas importantes para emeiavam parao sujeitoos valores, sentidos ruras-chavena sociologia que Claboraram esta concepgio “interativa” da identidadee doeu. De acordo co sa visio, que setornotaconcepeio sociolyica clissica da questi, aidentidade €formada na “interagio” entreoeuc ainda tem um niicleo ou a sociedade. O sujei or que formadoemodlificado num didlogo continuo comos idades que cessesmundos oferecem, Aidentidade, nessa concepeiio sociolégica preenche oespagoentreo “interior” eo “exterior entre o mundo pessoal eo mundo piblico. Ofato u de que projetamos a “nés préprios” nessas identidades culturais, ao mesmo tempo que internalizamos seus significadose valores, tornando- os*partedends", contribu para alinhar nossos sentimentos sub etivos com os hagaresabjetivos que ‘ceupaznos nomundo sociale cultural. Aidentidade, entio, costura ox, paras foramédica Eat sujeitos quanto os mundos culturais que eles ®"Josnjeito Aestrutur habitam, tornando ambos reeiprocamente mais unificadose presiveis. Arguments-se,entrtanto,quesdoexatamente raestio“mudando”. O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada eesti essasenigas que el, estse tornando fragmentado; composto no de uma nica, identidades, al itérias ou nso resolvidas. Con sponde ‘que compunham as paisagens sociais “a fora’ eqqueasseguravam nossa conformidade subjetiva ccomas “novessidacles” objetivas da cultura, esto entrando em colapso, como resultado de mudangase cinstitucionais, O préprio processo de i projetamos e ago, através do qual nos nossas identidades eulturais, ele tornou-se mais provisério, vari problematico, Esse processo produzosujeito pis moderno, conceptualizado como nio tendo u ntidade nte, Aidentidade fixa, essencial ou perm 2 formas formada continuame representados ouinterpelados nos plas quaissom sistemas culturais quenos rodeiam (Hall, 1987). definida historieamente, enso biologicamente. O cto assume identidades diferentesem diferentes rentos,identidadles que nfo sio unificadas. redor de um “eu” eoerente, Dentro de nés hi identdadlescontrai wdocmdiferentes diregies,detal modo que nossasidentificagies endo continuiamentedesloeaclas, Se sentimos ue adadesdeonascimento temosumaidentidade unifi joecontrsimos uma onda atamorteéapenas po estéria sobre nés mesmos ou uma confortadora nnarrativa doen” (veja Hall, 1990) A identidade plenamente nificada, completa, segura ecoerente 6 uma fantasia, Aoinvés disso, 4 mes idaem queos sistemas de inificacao erepresentagio culturalse ultiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possiveis, com cada uma das quais poderiamos nos identifiear - ao menos temporariamente concepgies de suje m alguma medida, simplificagées. No desenvolvimento do Deve-se ter em mente que las tornarao mais comple aifcads ‘obstante,elas se prestam como pontos de apoio para desenvolver o argumento 13 © caréter da mudanga na modernidade tardia Um o ntidadee tro aspecto desta questdo da frelacionado aocaréter damudanca nnamodernidade vdiasem particular, ao processo demudanga conhecide como “glo eséncia,oargumento é queamudanga idade tardi mum carter muito ico. Como Marx disse sobrea modernidade

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