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É segunda-feira e a sua lista de tarefas para a semana já está bem robusta, com

algumas coisas mais complexas que vão exigir um trabalho considerável

Por Ana Carolina Prado


access_time11 maio 2015, 17h34 - Atualizado em 26 abr 2017, 15h41

É segunda-feira e a sua lista de tarefas para a semana já está bem robusta,


com algumas coisas mais complexas que vão exigir um trabalho considerável.
Mas calma aê, né? Você ainda está se recuperando da melancolia de domingo
e tem vários dias pela frente para resolver tudo. O seu eu do futuro vai
certamente lidar com tudo muito melhor. Chega a noite de quinta-feira e você
não fez nem um terço do que precisava fazer. Mas poxa, você trabalhou a
semana inteira (enquanto não estava no Facebook), está cansado e merece
um pouquinho de diversão também. Não tem problema ver uns episodiozinhos
de uma série no Netflix e deixar o seu eu do futuro fazer o trabalho depois – ele
vai produzir bem mais estando relaxado.

Se você é do time dos procrastinadores, esse tipo de pensamento deve ter


morada certa na sua cabeça. E é justamente esse, meu caro, o porquê de você
não conseguir sair dessa vida. “As pessoas assumem que devem dar conta
do presente e que seu eu do futuro pode lidar com o que está por vir. Esta
regra aparentemente plausível pode desviar as pessoas, em parte porque
alguns eventos futuros exigem ação atual”, explica Daphna Oyserman,
professora de Psicologia e pesquisadora da Universidade do Sul da Califórnia
(University of Southern California, ou USC).
Segundo ela, para que o futuro possa motivar a ação atual, ele deve parecer
iminente. E isso pode acontecer com um truque simples: se pensarmos no
futuro como o agora, alterando as métricas que usamos para medir o tempo.
Em uma série de experimentos, Oyserman e o co-autor Neil Lewis Jr., da
Universidade de Michigan, descobriram que os participantes viam o futuro
como sendo muito mais próximo quando calculavam suas metas e prazos em
unidades de dias em vez de meses ou anos – e, assim, sentiam-se mais
motivados para realizar seus objetivos.
No primeiro teste, 162 participantes foram convidados a imaginar a preparação
para eventos futuros, como um casamento ou uma apresentação do trabalho, e
em seguida foram perguntados sobre quando o tal evento iria ocorrer. Mas
eles foram aleatoriamente designados para pensar em termos de dias, meses
ou anos. Resultado: aqueles que contavam o tempo usando dias informaram
que o evento iria ocorrer, em média, 29,6 dias mais cedo do que aqueles que
pensavam no evento como estando a meses de distância. Uma segunda série
de estudos explorou se essa noção de tempo afeta planos para começar a
poupança de longo prazo. Mais de 1.100 voluntários foram perguntados sobre
quando iriam começar a poupar dinheiro para a faculdade ou aposentadoria, e
descobriu-se que planejavam começar a poupar quatro vezes mais cedo
aqueles que pensavam no evento em termos de dias em vez de anos. E não
era só sobre o dinheiro: eles se sentiam mais ligados ao seu eu futuro e
estavam mais dispostos a deixar de lado os gastos com recompensas
atuais.
O fato é que, como apontam os pesquisadores – e nós bem sabemos
–, tempo, recursos e atenção são limitados.  Sendo assim, nós os alocamos
para os eventos que são urgentes – aqueles que devem acontecer em questão
de dias (ou horas, se você for procrastinador nível hard) e deixamos de lado
aqueles que acontecerão meses ou anos mais tarde. Isso é natural; o problema
é que estamos sempre sendo pressionados por necessidades urgentes e é
muito difícil conseguir parar para se dedicar a planos que estão mais lá para a
frente – e, quando eles chegam, já estamos super atrasados. Pensar no
futuro usando métricas mais, digamos, sensíveis (meses em vez de anos,
dias em vez de meses e horas em vez de dias, por exemplo), provou ser
de grande ajuda para torná-lo um foco de atenção já. E isso é importante
não só porque cria a impressão de urgência maior, mas porque, como diz o
estudo, “dá a sensação de que o futuro e o presente estão conectados e,
portanto, são harmônicos em vez de conflitantes”. Bora tentar?
O estudo foi publicado na revista Psychological Science.
“Ok! Vamo dar uma estudadinha!”
“Merrd””

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