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CIÊNCIA

Três das DSTs mais comuns estão ficando intratáveis, diz


OMS
Sífilis, clamídia e gonorreia, juntas, contagiam 200 milhões de pessoas
por ano
Por Helô D'Angelo, da Super
access_time2 set 2016, 20h43 - Atualizado em 29 maio 2017, 09h47

Você usa camisinha? Porque a coisa está ficando séria: segundo a Organização
Mundial da Saúde, sífilis, clamídia e gonorreia – doenças bacterianas – estão ficando
resistentes aos antibióticos mais usados contra elas. E infectam cada vez mais
pessoas.
As infecções são três das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais
frequentes: juntas, elas contagiam 200 milhões de pessoas por ano – todo ano, são
131 milhões infectadas pela clamídia, 78 milhões pela gonorreia e 5,6 milhões pela
sífilis.
Com tanta gente ficando doente, os antibióticos estavam sendo administrados sem
cuidado nenhum – e muitas vezes, por tempo demais ou em doses
desnecessariamente altas.

Esse uso exagerado de antibióticos é justamente o que tem feito as bactérias se


tornarem mais resistentes. O caso da gonorreia é o pior: a OMS afirma que já existem
cepas da bacteria N. gonorrhoeae, causadora da doença, que não respondem a
nenhum dos medicamentos que existem.

O cenário para sífilis e clamídia não é tão extremo, mas seus agentes causadores já
se mostram bem mais resistentes à medicamentos também, o que preocupa a
organização.

Por isso, na terça (30), a OMS aconselhou uma mudança nos tratamentos padrão para
essas doenças. Para começar, a organização recomenda o uso do antibiótico certo
para cada caso, em doses mais controladas do que se tem usado até agora – cada
serviço de saúde em cada país deve ficar responsável por definir o medicamento.

Outra recomendação, mais específica, é não usar a quinolona, um tipo de antibiótico


comum nos casos de infecções bacterianas como a sífilis, a gonorreia e a clamídia.
Para fechar, a OMS pediu que os governos prestem atenção no aumento da
resistência dessas bactérias, ano a ano.

Tudo isso deve aumentar os custos de tratamento, já que os antibióticos específicos


são, geralmente, os mais novos – e mais caros. Fora que estudar os tipos de cepa que
cada pessoa infectada tem antes de receitar um medicamento também vai dar um
baita trabalho.

Transmissão e sintomas

A sífilis é transmitida por meio do contato com feridas de pessoas infectadas – elas
podem aparecer nos genitais, no ânus, na boca ou em outras partes do corpo.

A doença também pode ser transmitida de mãe para filho turante a gestação ou no
parto (por ano, a transmissão desse tipo provoca cerca de 143 mil mortes fetais e
nascimento de natimortos, além de 62 mil mortes neonatais, segundo a OMS).

Quem tem sífilis pode desenvolver essas feridas em um estágio inicial, mas elas
saram logo e se tornam erupções com pus.

Aí, esses sintomas desaparecem, até que um tempo depois (às vezes até anos), a
doença volta à atividade e causa danos ao cérebro, aos olhos e ao coração.

Já a clamídia, a mais comum das DSTs causadas por bactérias, causa um ardor forte
ao urinar ou corrimentos genitais – embora a maioria das pessoas não apresente
sintomas. A gonorreia pode provocar, além de dores nos genitais, infecções e muita
dor no reto e na garganta.

As três doenças, caso não sejam diagnosticadas e tratadas a tempo, podem causar
problemas graves a longo prazo – mesmo que não apresentem sintomas por um
tempo. As mulheres, por exemplo, podem desenvolver gravidez ectópica (fora do
útero), inflamações na região pélvica e abortos espontâneos. Nos dois sexos, a sífilis,
a gonorreia e a clamídia podem causar infertilidade, além de aumentarem o risco da
pessoa ser infectada pelo HIV. Então, peguem as camisinhas!

Texto publicado originalmente em superinteressante

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