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Perdas auditivas secundárias a doenças

virais e bacterianas

Disciplina: Distúrbios da Audição


Docente: Margarita Wieselberg
Sumário

1. SÍNDROME DA SÍFILIS CONGÊNITA/ ADQUIRIDA ………………………… 02


2. CITOMEGALOVÍRUS ………………………………………….………………… 05
3. SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA/ ADQUIRIDA …………..…………. 07
4. SINDROME DO ZIKA VIRUS …………………………………………………… 10
5. MENINGITE BACTERIANA/VIRAL ……………………………………………. 13
6. SINDROME DA IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA/ HIV/AIDS HERPES
ZOSTER OTICUS ………………………………………………………………… 17
7. CAXUMBA/PAROTIDITE SARAMPO ………………………………………….. 23
8. TOXOPLASMOSE ………………………………………………………………. 26

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Capítulo 01 -SÍfilis congênita e adquirida

Discentes responsáveis: Larissa Macedo, Raiany Almeida, Tawany França, Vitória Beraldo

A Sífilis é uma doença infecto contagiosa que pode ser adquirida ou congênita.
Adquirida por meio da contaminação pela bactéria Treponema pallidum. Essa bactéria,
quando em contato com a pele, atinge o sistema linfático e, por meio do fluxo sanguíneo, irá
chegar em outros órgãos. Como mecanismo de defesa, o corpo sofre erosão e ulceração nos
pontos em que a bactéria atingiu.
Importante ressaltar que a Sífilis é uma doença sexualmente transmissível (IST) ou
pode ser adquirida por meio do contato com objetos contaminados (sífilis adquirida). Já a
sífilis congênita se dá quando a gestante adquire a sífilis e não consegue tatar até 30 dias
antes do bebê nascer. Esse tipo de contaminação se chama “transmissão vertical” ou
“contaminação por via placentária”.
Em relação a sífilis adquirida, ela pode ocorrer por de sexo (oral, vaginal ou anal) sem
preservativos, uso indiscriminado de drogas e diversidade de parceiros sexuais, além disso, é
importante ter a atenção redobrada para realização de procedimentos estéticos de
micropigmentação labial, de sobrancelhas, preenchimento labial, botox e microagulhamento,
além de se se atender à esterilização de alicates e outros utensílios na manicure e pedicure.
As agulhas também possuem alto potencial de contaminação. Por isso, os usuários de
drogas estão sempre mais vulneráveis a adquirir doenças infectos contagiosas, uma vez que
há compartilhamento de seringas e agulhas durante o uso, podendo, também, haver contato
com o sangue contaminado.
Outro ponto importante de ser observado, apesar de raro, é a contaminação por meio
da transfusão sanguínea. Porém, por conta do controle de qualidade das bolsas de sangue,
essa forma de contágio é a que expõe menor risco. Desse modo, considerando as várias
formas de contaminação, considera-se fundamental que a população mantenha seus exames
de IST em dia, para evitar a disseminação de doenças infectocontagiosas.
Para saber se está contaminado com a Sífilis, há o teste rápido que é fornecido desde a
atenção primária à terciária e seu resultado sai em até 30min. Caso o resultado venha como
“reagente”, o tratamento para sífilis adquirida se dá por meio de aplicações de Penicilina
Benzatina em doses diferenciadas. A aplicação é feita nas nádegas podendo ser dividida ou
intercalada entre a nádega direita e/ou esquerda, conforme a fase da infecção. Já em relação a
Sífilis durante a gestação, segundo dados do Ministério da Saúde, o tratamento adequado é
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realizado com a medicação recomendada (Penicilina Benzatina), havendo declínio dos títulos
ao longo do seguimento, o que é observado por meio de testes não treponêmicos. Ademais, a
cura da doença deve ser atingida até 30 dias antes do parto, para assim ser evitada a infecção
do feto.
Em relação a cura, ela pode ser alcançada quando os exames VDRL e de líquor são
considerados normais entre 6 e 12 meses após o início do tratamento. O exame sendo refeito
e testando positivo à bactéria Treponema pallidum, é preciso seguir o protocolo de tratamento
e refazer as aplicações de Penicilina de acordo com a classificação da bactéria. Lembrando
que, para a sífilis primária basta tomar apenas uma dose, em alguns casos duas doses e para a
sífilis secundária e terciária podem ser necessárias até três doses.
Ao nascer com sífilis congênita, o bebê pode apresentar diversas manifestações como
cegueira, alterações ósseas, deficiência mental, pré-termo e/ou PIG, icterícia, anemia, déficit
auditivo e óbito ao nascer ou até pouco tempo depois. Ademais, em relação ao quadro clínico
audiológico, a pessoa que apresenta sífilis congênita possuirá uma perda auditiva
sensorioneural, sendo que haverá manifestações diferentes de acordo com a idade de
surgimento da surdez. Assim sendo, se a pessoa manifestar a perda auditiva antes dos 10 anos
de idade, ela terá uma perda profunda, bilateral, início súbito. Por outro lado, se manifestar
quando adulto, a perda geralmente é flutuante, assimétrica, súbita ou gradual. Importante
ressaltar também que todos os bebês que tiverem como fator de risco a sífilis, devem ser
avaliados semestralmente até os 2 anos de idade.
Dessa forma, é possível concluir que a Sífilis Congênita e Adquirida é uma doença
infectocontagiosa de fácil contaminação e que pode trazer grandes prejuízos para a vida da
pessoa contaminada e do bebê que venha a nascer com sífilis congênita. Por outro lado, é
uma doença que possui diagnóstico e tratamento geralmente rápidos e de fácil acesso.

Referências:

1. Avelleira JCR, Bottino G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais Brasileiros


de Dermatologia. 2006 Mar;81(2):111–26.

2. Ribeiro GE, Silva DPC da, Montovani JC, Martins RHG. Impacto da exposição à
sífilis materna no sistema auditivo de recém-nascidos. Audiology - Communication
Research, vol. 26, 2021, 10.1590/2317-6431-2021-2496.

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3. Sífilis congênita e sífilis na gestação. Revista de Saúde Pública. 2008
Aug;42(4):768–72.

4. Avelleira JCR, Bottino G. Sífilis: Diagnóstico, tratamento e controle. An Bras


Dermatol. 2006;81(2):111-26.

5. Sífilis: entenda o que é, qual a prevenção e o tratamento disponível no SUS [Internet].


Ministério da Saúde. 2022 [cited 2022 Nov 29].

6. De Moraes Gonçalves G, Perez R, Castilho Davatz G. Impacto da sífilis congênita no


sistema auditivo. Revista Feridas [Internet]. 2022 Feb 15 [cited 2022 May
1];(52):1886–93.

7. Artigos | CSP - Cadernos de Saúde Pública [Internet]. cadernos.ensp.fiocruz.br. 2022


[cited 2022 Oct 28].

8. Marinha. Sífilis e Deficiência Auditiva [Internet]. Saúde Naval. 2018 [cited 2022 Nov
15]. Available from: https://www.marinha.mil.br/saudenaval/sifilis-e-surdez

9. Sardinha V. Sífilis [Internet]. Mundo Educação


https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/sifilis.htm

10. Boletim Epidemiológico de Sífilis - Número Especial | Out. 2022 — Português


(Brasil) [Internet]. www.gov.br. 2022 [cited 2022 Oct 26]. Available from:
https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiolo
gicos/especiais/2022/boletim-epidemiologico-de-sifilis-numero-especial-out-2022/vie
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Capítulo 02 - Citomegalovírus

Discentes responsáveis: Beatriz Botelho, Caroline Oliveira, Josiele Yokoyama, Julia


Mariano, Maria Fernanda

O citomegalovírus (CMV) pertence à família do Herpesvírus, a mesma da catapora,


herpes simples e herpes-zóster. Sua transmissão se espalha de pessoa para pessoa, através dos
fluídos corporais como:

§ Do contato direto com saliva ou urina, especialmente de bebês e crianças pequenas;

§ Através do contato sexual;

§ Do leite materno aos bebês, durante a amamentação;

§ Através de transplante de órgãos, medula óssea, células-tronco ou transfusões de sangue;

§ No nascimento a mãe infectada pode passar o vírus para seu bebê antes ou durante o
nascimento.

O diagnóstico é realizado através:

§ Sorologia, onde se pesquisa a existência dos anticorpos contra a CMV, porém os anticorpos
IgM se apresentam apenas na fase aguda da infecção, porém, a IgG persiste durante toda
a vida;

§ PCR é usado em pacientes com alto risco de infecções graves. O PCR detecta a presença
do gene do vírus, sendo utilizado também para monitorar a evolução do tratamento;

§ Antigenemia, detecta especificamente as proteínas do vírus.

Sintomas

Em sua maioria, pessoas saudáveis infectadas em CMV não apresentam sintomas.


Assim como os demais da família Herpesvirus, o CMV possui uma infecção que
permanece adormecida dentro das células, ou seja, latente. Se a pessoa está saudável, a
CMV permanece principalmente adormecida.

Em sua minoria os sintomas são febre, dores musculares, fadiga, dor de garganta e
aumento dos gânglios, e em alguns casos pode ocorrer a mononucleose e hepatite.

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Indivíduos com o sistema imunológico baixo, como pessoas com HIV ou em processo
de tratamento do câncer com a quimioterapia, podem ter olhos, pulmões, fígado, esôfago,
estômago e intestinos afetados.

Os bebês congênitos podem ter problemas de fígado, baço, danos cerebrais, pulmões
e prejuízos no desenvolvimento. A longo prazo a perda auditiva é o problema mais comum
causado pela CMV, sendo detectada ao nascer ou desenvolver durante a infância.

Tratamento

Pessoas saudáveis infectadas, precisam de tratamento, apenas medicamentos para


alívio dos sintomas, como analgésicos e antitérmicos. As medicações são utilizadas para
pessoas com sistema imunológico comprometido e em bebês congênitos, podendo ser
administrados antivirais como valganciclovir, ganciclovir, cidofovir, foscarnete. Estes
medicamentos não irão curar a infecção, e sim atrasar o progresso da doença. O controle da
doença será efetuado pelas células de defesa. Uma vez infectado, o corpo retém o vírus
permanentemente.

Referências:
1. IBCC A. Por que o citomegalovírus é uma ameaça para o paciente que será ou foi
submetido ao TMO? [Internet]. São Camilo Oncologia. Site disponível em:
https://ibcc.org.br/por-que-o-citomegalovirus-e-uma-ameaca-para-o-paciente-que-sera-ou-foi
-submetido-ao-tmo/

2. Varella DD. Citomegalovírus (CMV) [Internet]. Drauzio Varella. 2011. Site disponível em:
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/citomegalovirus-cmv/

‌3. Livro: Bess FH, Humes L. Audiology. 2008.

4‌ . Lamounier, P., Garcia, JL, Cascudo, NCM, Freitas, LB, Bernardes, MND, Junior, JCRC,
Ramos, HVL, & Costa, CC (2021). Perda auditiva associada a manifestações neurológicas do
citomegalovírus congênito: relato de caso/ Perda auditiva associada a manifestações
neurológicas do citomegalovírus congênito: relato de caso. Brazilian Journal of Development
, 7 (3), 26306–26313. https://doi.org/10.34117/bjdv7n3-366

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Capítulo 03 - Síndrome da Rubéola Congênita/Adquirida

Discentes responsáveis: Bruna Dias de Oliveira Ribeiro; Gabriela Santos Ferreira Ponte;
Giovanna Juliani Sofiatti; Manuela Gonçalves Moutinho; Marcella Moriggi Vellutini Padilha;
Valentina Sophia Santos Vieira.

A rubéola adquirida é uma doença infecto-contagiosa causada pelo vírus Rubella, do


gênero Rubivirus. A principal via de transmissão ocorre através do contato, geralmente pela
emissão de gotículas das secreções respiratórias, daqueles que estão contaminados para
aqueles que não. Também é possível que seja por meio de objetos recém-contaminados por
secreções de nariz, boca, sangue, urina, ainda que seja pouco frequente. Após a
contaminação, os primeiros sinais aparentes são manchas vermelhas, as quais aparecem na
face e atrás da orelha e acabam espalhando-se por todo o corpo.
No entanto, quando nos referimos à Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), como o
próprio nome já diz, é congênita, isto é, o bebê já nasce com esta doença. Isto acontece uma
vez que a mulher a qual está grávida acaba sendo contaminada pelo vírus da rubéola, o qual
tem a capacidade de atravessar a placenta, resultando assim na contaminação do feto, sendo
os recém nascidos a população acometida. Deve-se levar em conta o trimestre da gestação em
que a mãe é contaminada, visto que o acometimento fetal terá impactos distintos a depender
da época.
Conforme a literatura, a habilidade da SRC de inibir o crescimento e a maturação
celular afetam diretamente o feto. Desta maneira, ocorre uma redução da taxa de
desenvolvimento e divisão celular, ocasionando assim, a alteração de crescimento e
desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, tais como: o aborto, a morte fetal ou até
mesmo malformações anatômicas, sendo os olhos, o aparelho auditivo e o coração os órgãos
mais comprometidos.
No que tange a fisiologia da SRC, temos que ela pode acometer de diversas formas as
estruturas do organismo, desta forma, os órgãos mais comumente comprometidos são:
coração, olhos e aparelho auditivo. Essa síndrome tem a capacidade de inibir o crescimento e
a maturação celular do feto, consequentemente alterando o desenvolvimento de todos os
sistemas do organismo. Portanto, com o acometimento da cóclea no período latente do
desenvolvimento, a sequela mais observada do aparelho auditivo é a perda auditiva
neurossensorial. Ademais, pode-se dizer que o vírus também apresenta neurotipismo,
justificando os achados neurológicos.

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Vale ressaltar que a Síndrome da Rubéola Congênita é a doença infecciosa de maior
importância dentre as causas de surdez no Brasil, tendo uma prevalência de 1:10.000
nascidos. A criança, a qual apresenta perda auditiva, tem como característica frequente ser do
tipo sensórioneural profunda bilateral.
O tratamento da SRC está diretamente relacionado às más formações congênitas, de
acordo com as deficiências de cada paciente. No entanto, a detecção precoce da doença é de
extrema importância, uma vez que ajuda os profissionais a trilharem melhores tratamentos
clínicos, na reabilitação e se necessário, cirúrgico. Ademais, é importante destacar que o
único meio de nos protegermos desta doença é por meio da vacinação da tríplice viral, a qual
está prevista que por volta dos seis meses de idade ocorra a dose de bloqueio e aos 12 e 15
meses, a primeira e segunda dose, respectivamente. Portanto, é imprescindível que todos se
vacinem, em especial mulheres em idade fértil, a fim de combater esta doença.

Referências Bibliográficas:

1. DIAS, A. L. P. de A.; MITRE, E. I. A imunização contra a rubéola no primeiro


trimestre de gestação pode levar à perda auditiva? Scielo, Rev CEFAC, v. 11, p. 1 – 6,
2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-18462008005000008. Acesso
em: 24/10/2022.
2. FIOCRUZ. Rubéola: sintomas, transmissão e prevenção. 23 de fevereiro de 2022.
Site. Disponível em: http://www.rbac.org.br/wp-content/uploads/2019/10/
RBAC-vol-51-2-2019-ref-715.pdf. Acesso em: 28/10/2022.
3. FREITAS, M. R et al. A perda auditiva na síndrome da rubéola congênita. 1997. Site.
Disponível em: http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=1940. Acesso
em: 28/10/2022
4. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Síndrome da Rubéola Congênita. 30/12/2021. Site.
Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/
sindrome-da-rubeola-congenita. Acesso em: 25/10/2022.
5. SECRETÁRIA DA SAÚDE/GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Rubéola e
síndrome da rubéola congênita. Site. Disponível em:
https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/ Rubeola-e-sindrome-da-rubeola-congenita.
Acesso em: 30/10/2022.
6. SUL, G. do estado de Mato Grosso do. Síndrome da Rubéola Congênita. Site.
Disponível em:
8
https://pontapora.ms.gov.br/v2/portal-cievs/sindrome-da-rubeola-congenita/. Acesso
em: 25/10/2022.
7. SWENSSON, R. C. Estudo retrospectivo das causas de surdez em crianças de 0 a 12
anos atendidas em instituição especializada. 2009. 73 p. Dissertação (fonoaudiologia)
— PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP.
Disponível em:
https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/12239/1/Rubem%20Cruz%20Swensson.pd
f. Acesso em: 30/10/2022.
8. TSUJI, P. D. R. K. A Gestação e a Deficiência Auditiva. Site. Disponível em:
http://portalotorrinolaringologia.com.br/OUVIDO-a-gesta%C3%A7%C3%A3o-e-a-de
fici%C3%AAncia-auditiva.php#:~:text=A%20Rub%C3%A9ola%20Cong%C3%AAn
ita%20% C3%A9%20a,de%20anomalias%20para%20o%20feto%20.
9. ZAMBONATO et al. Síndrome da rubéola congênita relacionada ao período
gestacional de aquisiçäo da doença: características audiológicas. LILACS, junho
2002. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-324519.
Acesso em: 30/10/2022.

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Capítulo 04 - Síndrome do Zika Vírus

Discentes responsáveis: Camila Bueno; Giovana Freitas; Marina Nogueira; Najat Abbas;
Pâmela Santos

O Zika é um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. Tem essa
denominação por ter sido identificado na floresta Zika, em Uganda, na África.
Os principais sintomas são mal-estar, cefaléia, febre baixa, dores leves nas
articulações, manchas vermelhas na pele, coceira, vertigem, sensação de desequilíbrio e
queixas auditivas, como zumbido, plenitude auricular e perda auditiva. E, crianças expostas
ao vírus durante o período gestacional necessitam de acompanhamento audiológico regular
durante o seu desenvolvimento, pois pode afetar a audição do bebê, causando uma perda
auditiva.
Existem quatro principais formas de transmissão do Zika Vírus: Transmissão pela
picada do mosquito Aedes Aegypti; Transmissão sexual; Transmissão de mãe para o feto
durante a gravidez; Transmissão por transfusão de sangue. No caso de o feto ser infectado
durante a gestação, este pode desenvolver lesões cerebrais, como a microcefalia.
Todos os sexos e faixas etárias são igualmente suscetíveis ao vírus Zika; porém
mulheres grávidas e pessoas acima de 60 anos têm maiores riscos de desenvolver
complicações da doença. Os riscos podem aumentar quando a pessoa tem alguma
comorbidade.
No entanto, não existem medicamentos ou vacinas específicas para o vírus Zika, mas
é recomendado tratar os sintomas com: repouso, beber líquidos para evitar a desidratação e
tomar medicamentos para reduzir a febre e a dor. Portanto, o controle do vetor é o principal
método para a prevenção e controle de doenças transmitidas por mosquitos.

Sabe-se que inúmeras infecções virais podem causar perda de audição. A perda
auditiva induzida por vírus pode ser congênita ou adquirida, unilateral ou bilateral. Dessa
forma, certas infecções virais podem danificar diretamente estruturas do ouvido interno,
outras podem induzir respostas inflamatórias que, em seguida, causará hipoacusia.
Muitos estudos enfocam o impacto do ZIKV em neonatos mostrando que a infecção
congênita pelo vírus pode afetar a audição, devendo ser levado em conta como um fator de
risco para perda auditiva em programas de triagem auditiva. Assim, bebês com evidência de
infecção congênita pelo ZIKV devem receber um acompanhamento regular, pela hipótese do
aparecimento tardio e ou progressivo da perda auditiva.
Pacientes com sorologia reagente para Zika Vírus (IgG) apresentam a possibilidade de
terem alterações auditivas pós infecção pelo ZIKV, porém cada um com sua particularidade,
com a possibilidade de envolvimento neuronal, associado ou não ao componente periférico.
Achados audiológicos variam desde limiares auditivos normais até perda auditiva do tipo
sensorioneural de grau profundo, unilateral ou bilateral, as manifestações podem ser de
caráter flutuante e centrais. Na logoaudiometria o LRF encontra-se dentro dos limiares
esperados, pode-se observar pobre desempenho no IRF com resultados incompatíveis com a
audiometria tonal. Demonstram integridade de orelha média pela timpanometria mostrando

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curva do tipo A. Reflexos estapedianos ausentes ou aumentados. Testes como EOA e PEATE
podem indicar resultados alterados ou dentro da normalidade.
Diante de todas as informações citadas e analisadas, sugere-se que o ZIKV pode
alterar vias auditivas neurais, e assim, causar prejuízo na comunicação em pacientes adultos.
Mediante a rápida propagação do ZIKV no país, sugere-se que pacientes pós-infecção
ZIKV façam um acompanhamento de monitorização da saúde auditiva, pois, mesmo que
esses pacientes não relatam alterações de acuidade auditiva, pode-se supor que haja possíveis
alterações no sistema auditivo central.
Além da microcefalia e dos comprometimentos audiológicos, a infecção pelo ZIKAV
pode apresentar risco superior para o desenvolvimento de complicações neurológicas, como
encefalites, mielite, Síndrome de Guillain Barré, paralisia facial e outras doenças
neurológicas. Nesta perspectiva, os riscos do ZIKV nas células neurais, estão presentes tanto
na fase embrionária, quanto na infantil e na adulta, tendo assim o potencial para destruir
neurônios em qualquer fase da vida.

O artigo “achados auditivos associados à infecção pelo Zika vírus: uma revisão
integrativa” publicado no ano de 2019 no Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, relata o
estudo das possíveis associações entre a infecção pelo Zika vírus e perda auditiva que foram
observadas durante a epidemia da doença nas Américas. Tem como objetivo descrever as
alterações auditivas, a patogênese e as recomendações de seguimento em indivíduos com
infecção por Zika vírus pré-natal ou adquirida no ano de 2018 e 2019.
Considerando os indicativos do neurotropismo do ZIKA VÍRUS e sua associação com
malformações em fetos afetados, pode-se sugerir que esse vírus é capaz de afetar as vias
neurais auditivas ou causar malformações nos órgãos auditivos, levar ao comprometimento
do seu desenvolvimento e, consequentemente, maior risco de comprometimento auditivo
morfológico ou funcional, especialmente em infecções pré-natais. A perda auditiva, tanto
congênita quanto adquirida, representa um fator importante que reduz a qualidade de vida dos
indivíduos afetados. Alterações nas vias auditivas relacionadas à infecção por ZIKV têm sido
descritas em relatos de casos ou em pequenas séries de casos de crianças portadoras da
síndrome congênita e em adultos com infecção adquirida, mas pouco se sabe sobre o espectro
dessas alterações ou sua patogênese e prognóstico.
Como método, foi utilizado uma pesquisa bibliográfica realizada de março/2018 a
abril/2019 nas principais bases de dados disponíveis. A seleção dos artigos, extração de
dados e avaliação de qualidade foram realizadas por dois revisores independentes, um
otorrinolaringologista e um pediatra com formação em epidemiologia. Estudos com avaliação
auditiva de pacientes com infecção por Zika vírus congênita ou adquirida; e/ou hipóteses ou
evidências sobre a fisiopatologia do comprometimento auditivo associado ao Zika
vírus; e/ou recomendações sobre triagem e seguimento de pacientes com comprometimento
auditivo pelo Zika vírus foram incluídos na pesquisa.
Nos resultados, um total de 27 artigos foram selecionados. Perdas auditivas
neurossensorial e transitória foram relatadas em seis adultos com infecção pelo Zika vírus
adquirida. 515 das 624 crianças com avaliação auditiva haviam realizado apenas testes de
triagem com teste de emissões otoacústicas e/ou teste de potencial evocado auditivo de tronco
encefálico automático com estímulo clique. Estudos em crianças expostas no período
pré-natal foram muito heterogêneos e grandes variações na frequência de emissões
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otoacústicas e potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático alterados
ocorreram ao longo dos estudos; alterações nas emissões otoacústicas variaram de 0% a 75%,
enquanto as alterações no potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático
variaram de 0% a 29,2%. Não foi possível descartar comprometimento neurossensorial,
retrococlear ou de origem central.
Conclui-se que os dados disponíveis ainda são insuficientes para compreender todo o
espectro do envolvimento dos órgãos auditivos pelo Zika vírus, a patogênese desse
envolvimento ou até mesmo para confirmar a associação causal entre o envolvimento
auditivo e a infecção pelo vírus. As recomendações de triagem e seguimento ainda
apresentam pontos de controvérsia.

Referências Bibliográficas:

1. Cheloni VAB, ManciniP, Gonçalves DU. Doenças infecciosas e perda auditiva.


Rev Med Minas Gerais. 2010;20(1):102-106.

2. Mariana C L, Lilian FM, Tamires AS, Ferreira MD, Cristiane MS, Luciana C. A.
Vanessa VDL. et al. Hearing Loss in Infants with Microcephaly and Evidence
of Congenital Zika Virus Infection — Brazil, November 2015–May 2016.
MMWR Rep. 2016; 65(34): 917-919.

3. Linares AE. Emissões otoacústicas. In: Bevilacqua M (org.) Tratado de


Audiologia. SãoPaulo: Santos, 2011, p.137.

4. Parra VM, Matas CG, Neves IF. Estudo de caso: neuropatia auditiva. Rev
Bras Otorrinolaringol.2003;69(2):283-288.

5. HoodLJ. Auditory Neuropathy/Dys-Synchrony Disorder: Diagnosis and


Management. Otolaryngol Clin North Am. 2015;48(6):1027-40.

6. KagaK. Auditory nerve disease and auditory neuropathy spectrum disorders.


Auris Nasus Larynx. 2016;43(1):10-20.

7. Barbosa MH, Magalhães-Barbosa MC, Robaina JR, Prata-Barbosa A, Lima


MA, Cunha AJ. Auditory findings associated with Zika virus infection: an
integrative review. Braz J Otorhinolaryngol. 2019; 85:642-63.

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Capítulo 05 – Meningite Bacteriana/Viral

Discentes responsáveis: Gabriel Felipe dos Santos, Giovanna Albertoni Caricati,


Letícia dos Santos Pereira, Lucas Jonathan Lee e Maria Eduarda Ferreira Garcia

Meningite é uma doença caracterizada por um processo inflamatório das meninges,


membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal, atingem principalmente a
aracnoide, a pia-máter e o líquido cefalorraquidiano (LCR). Este processo inflamatório é
resultante de uma infecção causada por diversos agentes etiológicos, dentre eles vírus,
fungos, parasitas e bactérias, este último sendo a forma mais agressiva de infecção.

A meningite é um problema de saúde pública mundial, com incidência anual de 4-6


casos/100 mil adultos. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a taxa de incidência é 1,4
caso/100 mil habitantes/ano, e letalidade de 22,2%. Os principais agentes bacterianos são:
Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e
Haemophilus influenzae. Mas também são agentes causadores de meningite o
Mycobacterium tuberculosis, Streptococcus sp. – especialmente os do grupo B -,
Streptococcus agalactie, Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus, Pseudomonas
aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp. Entre os causadores das meningites
virais têm-se os Enterovírus (Poliovírus, Echovírus e Coxsackie-virus), Adenovírus, Vírus
herpes simples tipo 1 e 2 – HSV, HIV 1; estes são os principais responsáveis por surtos e
epidemias, sendo as bactérias responsáveis por 80% dos casos. Desde o início da vacinação
no Brasil em 1990, o número de casos de meningites por meningococo caiu drasticamente,
mas permanece sendo o principal responsável por epidemias no país e possui vários
sorogrupos, sendo o sorogrupo C o mais prevalente. A meningite meningocócica possui alta
morbidade e letalidade. Entretanto, a meningite viral é mais frequente que a bacteriana, sendo
caracterizada geralmente por quadros benignos e autolimitados, com baixa letalidade e menor
risco de sequelas.

No que diz respeito a fisiologia dessa doença, pode-se dizer que os componentes
presentes nas bactérias e vírus são importantes agentes causadores da inflamação meníngea,
pois quando estes agem no organismo, são liberadas várias citocinas pró-inflamatórias dentro
do espaço subaracnóideo. Essas citocinas aumentam o fluxo de leucócitos (glóbulos brancos)
para dentro desse espaço, colocando a defesa do organismo em alerta; logo, também
contribuem para o aumento da pressão intracraniana e causam alterações no fluxo sanguíneo
cerebral. Além disso, a meningite tem caráter predominantemente oportunista, ou seja,
manifesta-se principalmente em indivíduos com estado imunológico comprometido
(indivíduos com AIDS ou outras condições de imunossupressão).

Os sintomas de meningite podem aparecer entre 2 e 10 dias após o contato com o


agente infeccioso, sendo os principais: febre alta e repentina; dor de cabeça forte e
persistente; náuseas e vômitos; dor e dificuldade para mover o pescoço; tontura e dificuldade
de concentração; confusão mental; dificuldade para encostar o queixo no peito; sensibilidade
à luz e aos ruídos; sonolência e cansaço; falta de apetite e de sede.

13
Em relação a forma de transmissão, o modo mais comum de contágio da meningite
bacteriana é através do contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. Ao
contrário da crença popular, a meningite não é transmitida com tanta facilidade como a gripe,
e um contato prolongado é necessário para o contágio. Familiares, colegas de turma,
namorados e pessoas que residem no mesmo dormitório são aqueles com maior risco. A
meningite é transmitida pela saliva, porém, compartilhar copos e talheres parece não ser um
fator de risco grande. É preciso que esse comportamento se repita com frequência para haver
um risco elevado. Já a troca de beijos, principalmente aqueles que envolvem língua e são
prolongados, é uma via perigosa de transmissão. Contatos ocasionais, como apenas um
comprimento, uma rápida conversa, ou dividir o mesmo ambiente por pouco tempo oferece
pouco risco. Mesmo que durante uma aula você sente ao lado de alguém infectado, se esta
exposição for menor do que seis horas, o risco de contágio é baixo.

Até o advento dos antibióticos no início do século passado, a meningite era uma
doença com mortalidade próxima dos 100%. Ainda hoje, com todos os avanços, pelo menos
15-20% das meningites bacterianas evoluem para óbito. Trata-se, portanto, de uma doença
muito séria. A meningite bacteriana é uma emergência médica e o tratamento com
antibióticos intravenosos deve ser iniciado o mais rápido possível, de preferência logo após a
realização da punção lombar. A demora de apenas algumas horas pode ter influência no
prognóstico. Se há suspeita de meningite, o paciente deve ser encaminhado imediatamente
para um setor de emergência. Na meningite viral, antibióticos não são necessários e muitas
vezes o paciente nem sequer precisa ser internado. O tratamento é apenas com sintomáticos.
O quadro só é preocupante em recém-nascidos. Porém, a distinção com a meningite
bacteriana não é possível de ser feita apenas pelo quadro clínico, sendo a avaliação médica
indispensável e urgente. O diagnóstico diferencial costuma ser feito através dos resultados da
aspiração do líquor pela punção lombar.

As principais formas de se prevenir da meningite, seja essa bacteriana ou viral, são:


vacinar-se; evitar contato próximo com pessoas doentes; lavar as mãos após a exposição em
lugares públicos; evitar fumar.

Quanto aos comprometimentos audiológicos, pode-se dizer que a perda auditiva é


uma das consequências mais importantes da meningite, principalmente na população infantil,
afetando 9% das crianças e sendo a principal causa de dano auditivo grave adquirido na
infância. O prejuízo auditivo pode acontecer por diferentes mecanismos, sendo eles a lesão
direta da cóclea pela bactéria e/ou suas toxinas, a reação do próprio organismo e/ou a ação
dos medicamentos utilizados para combater a doença. Geralmente a perda começa poucos
dias após o início da infecção e pode ser caracterizada como neurossensorial, bilateral, de
grau profundo e linear.

A meningite é uma doença que pode ser fatal, principalmente a meningite bacteriana
(tipo C) é a que apresenta a maior taxa de mortalidade. Aqueles que sobrevivem à doença,
podem apresentar sequelas como convulsões, ataxia, retardo mental e até mesmo perda
auditiva. O artigo científico escolhido para complementar essa pesquisa, foi baseado em um
estudo de achados audiológicos em indivíduos pós meningite. O grupo mais afetado pela
meningite é o de crianças, sendo a infecção bacteriana o principal causador de perda auditiva
14
na infância. No estudo foram analisados o audiograma de 59 pacientes de ambos os sexos e
idade variando de 3 a 15 anos. Foram realizadas avaliações audiológicas nos indivíduos
selecionados, com o objetivo de obter as características da perda auditiva pós-meningite, e
como resultado, foram predominantes perda auditiva do tipo neurossensorial, de grau
profundo, configuração linear com comprometimento bilateral. A perda auditiva pode
decorrer de alguns fatores, sendo eles: invasão direta das bactérias na cóclea e no labirinto; de
uma lesão do oitavo par do nervo-craniano por toxinas; pelo bloqueio de pequenos vasos e a
ação ototóxica de antibióticos. Os pesquisadores concluíram que se a infecção bacteriana da
meningite não atingisse a orelha interna, provavelmente não haveria lesão em outras partes do
sistema auditivo, ou seja, a orelha externa e orelha média não seriam afetados pela doença.

Os artigos informativos sobre a meningite são constantemente veiculados por grandes


meios de comunicação, uma das publicações mais recentes sobre a doença é o do jornal O
Globo, que relata que o número de casos de meningite em 2022 já supera os de 2021, o
aumento ocorreu tanto em diagnósticos, como também no de mortes. Houve um crescimento
significativo da meningite do tipo C, se trata de uma meningite bacteriana que pode ser fatal
se não tratada corretamente, além de poder gerar inúmeras sequelas, entre elas, a perda
auditiva. A doença pode ser prevenida pela vacina meningocócica C (conjugada) que é
disponibilizada no SUS, porém, os estados têm alertado a baixa cobertura do imunizante
como um fator para o avanço do problema. Segundo a Secretária Estadual de Saúde (SES) no
ano de 2022 os casos da doença cresceram nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, já
na Bahia e Espírito Santo os números chegam dobrar com relação ao ano de 2021. Este ano, o
Programa Nacional de Imunizações apurou que o Brasil vacinou apenas 46,5% do
público-alvo da meningite C. Essa taxa está abaixo dos 95% preconizados pelo Ministério da
Saúde desde 2013. De 2017 até os dias atuais a cobertura vacinal reduziu cada vez mais.

Referências Bibliográficas:

https://www.sanarmed.com/resumo-de-meningite-epidemiologia-etiologia-fisiopatologia-tran
smissao-diagnostico-tratamento-e-quimioprofilaxia (Acesso em 30/10/22).

https://saude.rs.gov.br/meningite#:~:text=A%20meningite%20%C3%A9%20caracterizada%
20por,meningite%2C%20como%20fungos%20e%20parasitos (Acesso em 30/10/22).

10 sintomas de meningite (e como confirmar o diagnóstico) - Tua Saúde (tuasaude.com)


(Acesso em 31/10/22).

Meningite: sintomas, transmissão e tratamento | MD.Saúde (mdsaude.com) (Acesso em


31/10/22).

https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2022/10/meningite-em-outubro-numeros-da
-doenca-ja-superam-os-de-2021.ghtml (Acesso em 02/11/22).

https://www.scielo.br/j/rsp/a/BRFqmzkhQNKXgg9hBNkkjBn/?lang=pt#:~:text=Problemas%
20condutivos%20e%20mistos%20em,profunda%20(66%2C95%25) (Acesso em 31/10/22).

15
https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/depois-de-uma-meningite-bacteriana-na
o-se-esqueca-dechecar-a-audicao-revista-medica-ed-1-2010 (Acesso em 31/10/22).

https://www.scielosp.org/article/rsp/1997.v31n4/398-401/pt/#:~:text=Os%20resultados%20in
dicaram%206%2C2,Perda%20auditiva%20bilateral%2C%20etiologia. (Acesso em
30/10/22).

16
Capítulo 06 - Imunodeficiências Adquiridas

Discentes responsáveis: Luana Atanes, Camila Ribeiro Franco, Letícia Nascimento, Luiza
Xavier e Joyce Ribeiro

Imunodeficiência é um grupo de doenças, caracterizadas por um ou mais defeitos do sistema


imunológico. Como consequência destas alterações, o indivíduo se torna mais propenso a
apresentar grande número de infecções. Existem dois grupos de alterações imunológicas:
imunodeficiências primárias ou congênitas e imunodeficiências secundárias ou adquiridas,
sendo essas mais frequentes.

O primeiro grupo é constituído por defeitos hereditários, provenientes dos pais e resultam em
um aumento da suscetibilidade às infecções e que são frequentemente manifestadas na
primeira ou na segunda infância, mas algumas vezes são detectadas clinicamente só na vida
adulta. O segundo grupo é constituído por defeitos não hereditários, mas secundários a outras
condições, como, por exemplo, desnutrição e infecção pelo HIV (vírus causador da AIDS),
doenças auto-imunes ou parasitárias.

O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o vírus que ataca o sistema imunológico e deixa
o organismo sem defesa contra outras infecções, provocando a imunodeficiência humana. O
principal alvo do vírus HIV é o linfócito T-CD4+, que é um dos tipos de célula de defesa
produzida pela glândula timo. Essa célula é responsável por organizar e comandar a resposta
do sistema imunológico, pois consegue memorizar os tipos de micro-organismos que já
infectaram o corpo e, assim, pode reconhecê-los e destruí-los. Quando infecta uma pessoa, o
vírus HIV se liga a um componente da membrana que reveste o linfócito T-CD4+ e o invade
para se multiplicar. Ele altera o DNA do linfócito para que crie cópias do vírus. Depois que se
multiplica, rompe e destrói o linfócito se ligando a outros para continuar sua multiplicação.
Conforme a infecção pelo HIV avança, o sistema imunológico vai enfraquecendo até não
conseguir mais combater outros agentes infecciosos.

Na medida em que se multiplica e destrói os linfócitos T-CD4+, o vírus HIV vai


incapacitando o sistema imunológico da pessoa, permitindo que ela desenvolva outras
doenças, que são chamadas de oportunistas. Quando isso acontece é que a pessoa desenvolve
a aids. Ou seja, a diferença entre HIV e aids, é que HIV é o vírus que pode provocar a aids
(síndrome da deficiência imunológica adquirida) Mas, isso leva um tempo para acontecer
desde o momento em que alguém é infectado pelo HIV – e pode variar bastante. Quando a
pessoa é contaminada, passa a ser soropositiva. Porém, muitos soropositivos podem viver
anos com o vírus sem desenvolver a doença e ter sinais e sintomas de aids.

Um fato que é de pouco conhecimento da população em geral são os sintomas otológicos que
podem resultar da combinação dos efeitos da infecção do HIV com as infecções oportunistas
e/ou dos possíveis efeitos ototóxicos de certos medicamentos, inclusive à terapia
antirretroviral. Os primeiros relatos descritivos na literatura apontaram que a infecção
causada pelo HIV pode afetar diretamente a função auditiva devido a natureza neurotrópica
do vírus, que geralmente se manifesta neurologicamente, segundo investigadores, a afecção
17
(alteração patológica) do oitavo nervo craniano seria oriunda de neuropatia inflamatória ou
acometimento central dos núcleos auditivos, podendo levar a perda auditiva neurossensorial
súbita em pacientes com HIV/AIDS e alterações do equilíbrio, mas, como mencionado,
alguns autores atribuem às infecções oportunistas as causas indiretas destas manifestações,
onde o sistema imunológico comprometido abre portas para outras infecções que podem
gerar perda auditiva, ou até a ototoxicidade medicamentosa, onde os efeitos são simétricos e
graduais, o uso prolongado de azitromicina, droga utilizada para tratamento por pacientes
infectados pelo HIV tem sido associado a essas manifestações otoneurológicas.

Os estudos sugerem que os indivíduos com HIV/AIDS apresentam alterações sugestivas de


comprometimento da via auditiva periférica, sendo mais comumente do tipo neurossensorial
mas também podendo ocorrer casos de perda de tipo condutiva se causada por certos tipos de
infecções oportunistas, podendo ser uma perda tanto uni quanto bilateral. Essa perda
auditiva acomete principalmente as frequências mais altas, podendo evoluir para uma perda
progressiva envolvendo as frequências baixas.

Outra imunodeficiência adquirida é a herpes zoster oticus, uma infecção que resulta de uma
reativação do vírus varicella-zoster, o vírus que causa a catapora. Após um episódio de
catapora, esse vírus permanece dormente nas raízes dos nervos e pode ser reativado, viajando
das fibras nervosas para a pele, causando feridas dolorosas. A causa mais frequente da
reativação é desconhecida, mas às vezes ela ocorre quando o sistema imunológico está
enfraquecido, por exemplo, por câncer, AIDS ou certos fármacos. O herpes zoster oticus
ocorre quando o vírus do herpes zoster é reativado no 7.º (facial) e 8.º nervos cranianos. O 7.º
nervo craniano controla alguns músculos da face. O 8.º nervo craniano controla a audição e o
equilíbrio. Essa infecção causa lesões no pavilhão auricular e pode evoluir para um quadro de
paralisia facial periférica, quando isso ocorre é dado o nome de Síndrome de Ramsay Hunt.

A neurite periférica múltipla (quando os nervos periféricos não conseguem transmitir as


informações da forma correta), resultante do processo infeccioso da herpes zoster oticus,
pode ou não gerar complicações otológicas, de caráter secundário, incluindo a surdez súbita,
vertigem rotatória associada a manifestações neurovegetativas, tumefação do pavilhão
auditivo, otalgia, zumbido, plenitude auricular e queimação. As manifestações da infecção
podem expandir-se, vindo a afetar também o meato acústico interno e nervos trigêmeo (V),
vago (X) e glossofaríngeo (IX), em função da proximidade anatômica de tais estruturas.

A respeito da avaliação audiológica, achados da literatura mostraram que à inspeção visual do


meato acústico externo foram observadas membranas timpânicas íntegras e normais,
evidenciando apenas a presença de vesículas de líquido no pavilhão e conduto auditivos. À
audiometria tonal liminar observaram-se graus de perda auditiva que variaram de severo a
profundo, embora também tenham sido relatados casos em que os graus da perda auditiva
apresentaram-se de leve a moderado. O grau mais leve da perda auditiva foi sugestivo de
comprometimento parcial do córtex auditivo ou da função auditiva da via extrageniculada.
Alguns estudos relataram recuperação da perda auditiva, de forma espontânea e satisfatória
nos casos em que houve lesão coclear e grau de perda moderado, desde que associadas a
tratamento antiviral em longo prazo. Mais raramente, observou-se elevação progressiva dos
limiares para tom puro nos indivíduos acometidos.
18
Referências Bibliográficas:

1. Araújo, Eliene da Silva et al. Hearing loss and acquired immune deficiency syndrome:
systematic review. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia [online]. 2012, v.
24, n. 2 [Acessado 14 Novembro 2022] , pp. 188-192. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S2179-64912012000200017>. Epub 20 Jul 2012. ISSN
2179-6491. https://doi.org/10.1590/S2179-64912012000200017.
2. Castro RF, Costa LEM, Neiva FC, Suzuki FA. Sudden bilateral sensorineural hearing
loss in a patient immunocompromised by the human immunodeficiency virus. Rev
Soc Bras Med Trop. 2018 Sep-Oct;51(5):705-708. doi:
10.1590/0037-8682-0112-2018. PMID: 30304283.
3. Matas, Carla Gentile et al. Avaliação auditiva na Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia [online]. 2010, v. 15, n.
2 [Acessado 14 Novembro 2022] , pp. 174-178. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S1516-80342010000200005>. Epub 21 Jul 2010. ISSN
1982-0232. https://doi.org/10.1590/S1516-80342010000200005.
4. Schuster, Larissa Cristina and Buss, CeresHerpes and its hearing implications: a
literature review. Revista CEFAC [online]. 2009, v. 11, n. 4 [Accessed 14 November
2022] , pp. 695-700. Available from:
<https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000800019>. Epub 21 Jan 2010. ISSN
1982-0216. https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000800019.

19
Capítulo 07 - Caxumba/Sarampo

Discentes responsáveis: Carmen Carvalho; Raquel Braga; Patricia Santiago; Thainá


Sampaio; Luisa Souza.

A caxumba ou parotidite infecciosa (causada pelo vírus RNA da família


Paramyxoviridae, gênero Paramyxovirus), é uma infecção viral aguda e contagiosa. Pode
atingir qualquer tecido glandular e nervoso do corpo humano, mas é mais comum afetar as
glândulas parótidas, que produzem a saliva, ou as submandibulares e sublinguais, próximas
ao ouvido. A caxumba, também conhecida como Papeira, é uma doença de distribuição
universal, de alta morbidade e baixa letalidade, aparecendo sob a forma endêmica ou surtos.
Normalmente, a caxumba tem evolução benigna, mas em alguns raros casos pode apresentar
complicações resultando em internações e até mesmo em morte.
A confirmação laboratorial da caxumba vem no resultado desse exame de sangue, que
apresenta anticorpos contra o paramixovírus, responsável por causar a doença.
O principal e mais comum sintoma da caxumba é o aumento das glândulas salivares
(podendo ser dos dois lados ou apenas um deles), acompanhado de febre. Cerca de 30% das
infecções podem não apresentar aumento aparente dessas glândulas, a parotidite. Os sintomas
comuns são: dor de cabeça, fadiga, fraqueza, perda de apetite e dor ao mastigar e engolir.
A caxumba é transmitida por via aérea, por meio da disseminação de gotículas, ou por
contato direto com saliva de pessoas infectadas. Já a transmissão indireta é menos frequente,
mas pode ocorrer pelo contato com objetos e/ou utensílios contaminados com secreção do
nariz e/ou boca. Tem resolução espontânea, com redução do volume glandular em até 14 dias
após o início dos sintomas.
O período de incubação é, geralmente, de duas semanas, variando de 12 a 25 dias, já o
período de transmissibilidade da doença varia entre 6 e 7 dias antes das manifestações
clínicas, até 9 dias após o surgimento dos sintomas. O vírus da caxumba pode ser encontrado
na urina até 14 dias após o início da doença.
A população mais acometida pela caxumba são as crianças. Normalmente ocorre em
crianças não vacinadas contra caxumba, rubéola e sarampo (vacina da tríplice viral).
Contraído uma vez a caxumba, o corpo desenvolve uma resposta imunológica que não
permite que ela volte, portanto adultos que não tiveram a doença na infância e/ou não se
vacinaram podem contrair a doença, porém a incidência é rara: 90% dos ataques do vírus
acontecem em crianças até os 15 anos de idade. Vale destacar também que o inverno e
primavera são as estações de maior incidência da doença.
Quanto aos tratamentos, não há remédio específicos para tratar a doença, são
recomendados analgésicos e antitérmicos. A vacinação, nesse caso a vacina da tríplice viral,
é a principal medida preventiva para a caxumba e está disponível no Calendário Nacional de
Vacinação.
Outras medidas gerais de prevenção são: evitar tocar a mucosa dos olhos, nariz e
boca; desinfectar os objetos contaminados como secreções do nariz, da boca e da garganta do
enfermo e se uma pessoa for afetada, deve ser afastada das suas atividades por um período de
10 dias. A vacinação de bloqueio é recomendada para quem manteve contato direto com
pessoas doentes. O serviço é gratuito para o cidadão.
20
O vírus da caxumba pode trazer comprometimentos audiológicos, atacando
principalmente a orelha interna. A perda auditiva secundária a esta doença geralmente se
desenvolve em crianças já no final do quadro de parotidite, mas pode ocorrer também na
ausência de parotidite, em casos subclínicos. É estimado que 5 entre 10.000 pacientes com
caxumba desenvolvam perda auditiva.
Verificou-se que em 80% dos casos de perda auditiva o início se dá de maneira rápida
(súbita) e unilateral. Observa-se PA do tipo sensorioneural e de grau profundo (​​80 a 95 dB -
OMS 2020), principalmente nas altas frequências. Apresenta timpanograma tipo A em ambas
orelhas e reflexo acústico ipsilateral presente na orelha com limiares normais e ipsilateral
ausente na orelha com PA. Reflexos contralaterais ausente em ambas as orelhas. O LRF será
compatível com a média tritonal. Zumbido e plenitude auricular geralmente estão presentes
na orelha acometida.
Na parotidite epidêmica, o comprometimento do nervo coclear é verificado em 20%
dos casos agudos.
Em casos graves a caxumba pode evoluir com comprometimento do sistema nervoso
central (meningite e encefalite) e, raramente, levar à morte. Dificilmente pode trazer
comprometimentos como inflamação do coração (miocardite) e inflamação do pâncreas
(pancreatite). Após a puberdade pode causar inflamação e inchaço doloroso dos testículos
(orquite) nos homens ou dos ovários (ooforite) nas mulheres e levar à esterilidade.

Artigos científicos e informativos:


Destacamos a seguir alguns artigos relevantes sobre caxumba a fim de evidenciar
achados que ajudam na compreensão dos efeitos nocivos do sarampo para a saúde de modo
geral, principalmente para a audição. Em todos os artigos, pesquisadores fizeram referência à
vacinação como medida imprescindível para prevenção da caxumba e do sarampo, que são
doenças que podem ser evitadas.

A seguir disponibilizamos informações sobre a caxumba por meio dos sites da Fiocruz e G1
que trazem informações importantes sobre a doença, com uma linguagem de fácil
compreensão para aqueles que desejam fazer uma busca rápida sobre o tema.

21
https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/caxumba-sintomas-transmissao-e-prevencao

https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2022/09/21/apos-cinco-casos-confirmados-de-caxumba-aplicaca
o-da-vacina-triplice-viral-e-intensificada-em-formiga.ghtml

22
Capítulo 07 - Caxumba/Sarampo

Sarampo é uma doença infecciosa grave, causada pelo vírus do sarampo, um vírus
RNA que pertence ao gênero Morbillivirus da família Paramyxoviridae, que pode deixar
sequelas por toda a vida ou ser fatal.
A viremia causada pela infecção provoca uma vasculite generalizada, responsável
pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas, como febre, mal estar intenso, tosse,
coriza e conjuntivite. Em torno de 3 a 5 dias, podem aparecer outros sinais e sintomas, como
manchas vermelhas (exantema) no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham
pelo corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e
pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade.
A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções nasofaríngeas,
expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar.
O vírus pode ser transmitido de quatro a seis dias antes, até quatro dias após o
aparecimento do exantema, sendo o período de maior transmissibilidade dois antes e dois dias
depois após o início do exantema.
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), com
dados atualizados em 07/07/2022, crianças menores de um ano de idade apresentam o maior
número de casos confirmados de Sarampo. Ainda nessa faixa etária, a maior ocorrência se
deu no sexo masculino (54,2%).
Quando verificada a incidência por faixas etárias definidas nas estratégias de
vacinação, a maior incidência é observada no grupo etário de menores de 5 anos e em geral,
na distribuição por sexo, o maior número de casos foi registrado entre pessoas do sexo
masculino.
Não existe tratamento específico para o Sarampo. Os medicamentos são utilizados
para reduzir o desconforto e os sintomas.
A vacinação é a única maneira de prevenir o Sarampo e o SUS disponibiliza a vacina
para a população no seguinte esquema: primeira dose em crianças de 12 meses. Segunda dose
aos 15 meses de idade e a última dose por toda vida.
O comprometimento do labirinto pelo vírus do Sarampo, o paramixovírus, geralmente
ocorre com o início súbito de perda auditiva neurossensorial bilateral. Pode ocorrer perda
auditiva unilateral em algumas crianças, mas é incomum. Em um estudo abrangente, 45% das
crianças apresentaram perda auditiva neurossensorial profunda bilateral e 55%, apenas perda
auditiva leve a moderada.
O audiograma típico evidencia perda auditiva neurossensorial bilateral que pode ser
assimétrica e principalmente em altas frequências. A perda auditiva geralmente é irreversível,
e em sua fase aguda, pode estar acompanhada de vertigem e zumbido. Mais de 70% dos
pacientes vão apresentar respostas ausentes ou diminuídas aos testes calóricos nas duas
orelhas.
Existe, também, a possibilidade da otosclerose ser, de algum modo, ligada ao vírus do
sarampo. A otosclerose seria uma doença com predisposição genética e o vírus do sarampo
poderia ser o fator desencadeante. Esta é uma discussão ativa no momento, alguns
pesquisadores acreditam que esta ligação existe efetivamente, mas nada está definitivamente
comprovado.

23
O sarampo pode trazer outros comprometimentos como pneumonia e encefalite. Pode
gerar sequelas como redução da capacidade mental, cegueira e retardo no crescimento. O
paramixovírus pode matar tanto adultos quanto crianças, e é uma das principais causas de
morbimortalidade entre crianças menores de cinco anos.

Artigos científicos e informativos:


Destacamos a seguir alguns artigos relevantes sobre o sarampo que nos ajudam no
entendimento da doença e na ação negativa para a audição.

Sites como a Fiocruz e BBC trazem de maneira geral, informações precisas sobre o
sarampo , com uma linguagem de fácil compreensão para todos que desejarem fazer uma
busca rápida sobre a doença.

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61114798

24
https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/sarampo-sintomas-transmissao-e-prevencao-167

Referências

Khalifa AFM, Khalifa AFM. Pathological and clinical profile of hearing loss among Sudanese
children attending the Khartoum Teaching Hospital. J Family Med Prim Care. 2020 Jun
30;9(6):2720-2723. doi: 10.4103/jfmpc.jfmpc_348_20. PMID: 32984114
PMCID: PMC7491811.

PASSOS, Fabio Manoel dos. Et Al. Surdez súbita secundária a caxumba: relato de caso.
Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 05, Vol. 02, pp.
05-11. Maio de 2019. ISSN: 2448-0959

Medeiros Portella S, Goudinho L da S, Ferreira ATS, Mendes MCB, Vale MRM dos S,
Oliveira AF de, Leite EA, Silva Junior E dos S, Silva MJ da, Fausto IR de S, Pinto SCC da S,
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novembro de 2022];10(10):e16101018656.
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/18656

Morales, Teolinda Mendonza de; Garcia, Myrian Adriana Pérez; Ramos, Sonia Regina.
V Manual Otorrinolaringologia Pediatra: Surdez Viral na Infância. 5ª edição. Buenos Aires.
Publicado em 2006 pela Lis Gráfica e Editora Ltda.

Otorrinolaringologia, A.B. (2017). Tratado de Otorrinolaringologia. 3a edição.

Tsubota M, Shojaku H, Ishimaru H, Fujisaka M, Watanabe Y. Mumps virus may damage the
vestibular nerve as well as the inner ear. Acta Otolaryngol. 2008 Jun;128(6):644-7. doi:
10.1080/00016480701646305. PMID: 18568498.

25
Capítulo 08 - Toxoplasmose

Discentes responsáveis: Beatriz Botelho, Caroline Oliveira, Josiele Yokoyama, Julia


Mariano, Maria Fernanda

A toxoplasmose é uma doença causada por um organismo (toxoplasma gondii) sendo


seus principais sintomas: Cariorretinite, hidrocefalia, calcificações intracranianas e perda
auditiva, A três formas de ela ser transmitida sendo elas:

· Contágio indireto: por meio de ingestão de carne com o agente transmissor como a
bovina e suína onde a o parasita, (Via Oral);

· Contágio direto: inalação do agente transmissor no solo, alimentos, fezes e contato


com gatos, pombos e roedores, transfusão de sangue e transplante de pacientes
contaminados;

· Toxoplasmose congênita: Ocorre quando a gestante tem ou teve a doença, podendo


transmiti-la ao feto atravessando a barreira placentária e atingindo o feto, (Congênita);

Sintomas

Os sintomas normalmente são leves, similares à gripe, dengue e podem incluir dores
musculares e alterações nos gânglios linfáticos. Já pessoas com baixa imunidade podem
apresentar sintomas mais graves, incluindo febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de
coordenação e convulsões.

Em gestantes infectadas durante a gestação podem ter abortamento ou nascimento de


criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas os recém-nascidos
infectados (Toxoplasmose Congênita), cerca de 85% dos casos não apresentam sinais clínicos
evidentes ao nascimento. No entanto, essas crianças podem indicar alterações como restrição
do crescimento intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas. Sequelas
tardias são mais frequentes na toxoplasmose congênita não tratada. Há casos relatados de
surgimento de sequelas da doença, não diagnosticadas previamente, ocorrendo apenas na
adolescência ou na idade adulta.

Os recém-nascidos que apresentam manifestações clínicas podem ter sinais no período


neonatal ou nos primeiros meses de vida. Esses casos costumam ter, com mais frequência,
sequelas graves, como acometimento visual em graus variados, retardo mental,

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anormalidades motoras e surdez. As sequelas são ainda mais frequentes e mais graves nos
RN que já apresentam sinais ao nascer, com acometimento visual em graus variados, retardo
mental, crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez.

Tratamento

A toxoplasmose normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa imunidade,


desta forma não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento para combater os
sintomas com medicamentos como Daraprim e Espiramicina. Pacientes com
imunidade comprometida ou que já tenham desenvolvido complicações da doença (cegueira,
diminuição auditiva) são encaminhados para acompanhamento médico especializado.

O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma integral e


gratuita, pelo Sistema Único de Saúde. Em caso de toxoplasmose na gravidez, é importante o
acompanhamento no pré-natal.

Referências

1‌ . Toxoplasmose [Internet]. Ministério da Saúde. Site disponível em:


https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/toxoplasmose

2. Alves B / O / O-M. Toxoplasmose | Biblioteca Virtual em Saúde MS [Internet]. Site


disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/toxoplasmose-2/

‌3. Leite Filho CA, Lagreca LCC, Jesus NO de, Corvaro CP, Ferrarini MAG, Monteiro AIMP,
et al. Alterações auditivas em crianças expostas à toxoplasmose durante a gestação. Revista
CEFAC [Internet]. 2017 Jun [cited 2021 Jun 22];19(3):330–9. Site disponível em:
https://www.scielo.br/j/rcefac/a/ZJb4Z57H9HPF9wsCM4KJVxg/?lang=pt&format=pdf

‌4. Livro: Bess FH, Humes L. Audiology. 2008.

5. Toxoplasmose [Internet]. Secretaria da Saúde. Site disponível em:


https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Toxoplasmose

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