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História da ginástica

A palavra ginástica possui origem no termo grego gymnászein, que quer dizer “treinar”. No sentido
literal, o significado é “exercitar-se nu”, que era a forma como os gregos realizavam os exercícios físicos.

Na Antiguidade, as práticas corporais estavam presentes em diferentes civilizações e contextos. No


Egito, a ginástica acrobática era realizada em rituais religiosos e festivos. Havia pessoas que se
expressavam artisticamente em público por meio de movimentos acrobáticos.

Já na Índia, a ginástica possui forte relação com a prática de yoga. Nessa atividade, além das vivências
corporais que podem ser estáticas ou dinâmicas há também o aspecto filosófico, que envolve ideais e
atividades de meditação.

Povos que habitavam a Itália antes dos romanos, os etruscos também praticavam movimentos
ginásticos, sendo indicada partir de figuras etruscas em bronze, datadas do século IX a. C., a expressão
artística por meio do corpo.

A ginástica estava relacionada ao caráter educativo do corpo no período clássico na Grécia (séculos V a
XV), tanto para a formação moral quanto para a preparação militar. O exercício físico era praticado com
a intenção de consolidar o desenvolvimento do corpo e a qualificação do pensamento, possibilitando o
desenvolvimento integral do cidadão. Utilizava-se tanto a prática física quanto artística para essa
finalidade. As mulheres que eram excluídas das práticas políticas e sociais não participavam dessas
vivências corporais.

No Império Romano, as atividades de ginástica eram percebidas no processo de formação de guerreiros


e como uma prática lúdica presente nas atividades circenses.

Na Idade Moderna, surgiram as escolas europeias de ginástica e seus métodos, desenvolvidos como
bases fundamentais para compreender a prática:

método inglês (Inglaterra);

método alemão (Alemanha, Áustria e Suíça);


método sueco (Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Estônia-Letônia);

método francês (França)

Essas escolas difundiam, por meio da ginástica, os princípios disciplinador, higienista, eugenista e
nacionalista quanto à preparação de soldados e trabalhadores.

Esses métodos foram influentes até 1939. Após essa data, universalizou-se o conceito de ginástica. Com
isso, os termos “ginástica” e “Educação Física” foram separados, que por muito tempo recebiam o
mesmo sentido.

HISTÓRIA DA GINÁSTICA
A ginastica faz parte da vida humana desde a era milenar, nos períodos chamados Paleolíticos e
neolíticos, a ginastica muito influenciava esses povos, pelo fato de ser uma atividade física, voltada para
a sobrevivência, expressada principalmente na necessidade vital de atacar e defender-se.

Mais tarde, na antiguidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos apareceram em


diversas formas de luta, também presente em jogos, em preparação militar dos povos (soldados), e
ainda pouco expressada em rituais religiosos. Dessa forma, os exercícios físicos rudimentares eram
transmitidos através de gerações, e fazia parte de rituais jogos e festas, que primeiramente esteve
presente a esses povos e mais tarde foi se alastrando em diversas civilizações antigas.

Contudo, pode-se dizer que foi na Grécia que a ginástica ganhou grande destaque, se tornando
um elemento fundamental para a educação física dos gregos. De fato, os mesmos a conceberam como
uma forma de busca por corpos e mentes sãos que eram expressas em obras de arte e em práticas
humanas, dando à modalidade um papel fundamental na busca do equilíbrio entre aptidões físicas e
intelectuais. Além disso, a valorização grega do ideal de beleza humana favoreceu ainda mais a evolução
da ginástica, uma vez que sua prática era vista como uma forma de cultuar o corpo, ou seja era uma
prática que salientava beleza através dos movimentos corporais.

Vale lembrar que foi na Grécia Antiga que surgiu as primeiras escolas destinadas a preparação de atletas
para exibições de ginásticas em publico realizadas em ginásios.

No entanto, em Esparta, a ginastica surgiu como um proposito militar, onde treinava as crianças
desde os sete (7) anos para o combate. Por conseguinte, essa pratica fez com que os jogos e festividades
diminuíssem na Grécia inteira. Porém, em Atenas, só a partir do quatorze (14) anos os rapazes eram
treinados para a guerra, mas não eram todos, alguns se exercitavam em locais fechados, e sob o
conselho de sábios, no qual os auxiliavam.

Contudo em Roma, esse conceito era voltado para exercícios destinados a preparação militar, como em
Atenas. Entretanto, os Romanos viam o culto físico como algo satânico, e por esse motivo era aplicada
nas termas, e por esse fato e em nome de Deus e da moral, decretavam o fim dos jogos olímpicos.
Porém parte do povo manteve o culto ao corpo e a educação física como praticas secretas.

Na Idade Media, a ginastica perdeu sua importância devido a rejeição da beleza humana e ao físico, e
depois ressurgiu só na fase renascentista, influenciada pela redescoberta dos valores gregos,
aparecendo assim, nessa fase nos teatros de rua, que motivavam os espectadores a praticarem em
grupos atividades físicas. Por volta do século XVIII, recuperou-se e desenvolveu-se a ginastica
separando-as em duas linhas: voltada a expressão corporal e ao exercícios militares, ambas separadas.

Sendo assim, a partir do renascimento, inúmeros educadores, de diferentes regiões, voltaram-se para a
pratica esportiva, com o objetivo de desempenhas métodos especializados e escolas de educação física.
Dessa forma, a ginastica se especializou cada vez mais, de acordo com as finalidades de quem pratica
determinada atividade.
Enquanto modalidade esportiva, a ginastica não parava de se desenvolver. Por isso, a história é
constantemente confundida com a de sua primeira ramificação, a artística, o que não fere suas
individualidades. No entanto, fora das escolas e do ginásio, a ginastica conquistou espaço por
desempenhar função na sociedade industrial, apresentando-se capaz de corrigir os vícios de postura.

A ginastica, como se pode perceber, mostra-se vinculada com a medicina, e isso lhe rendeu status entre
os adeptos e estudiosos, adquirindo então uma nova ramificação em sua história evolutiva.

Atualmente, a ginastica é vista como pratica esportiva moderna, deixando de lado a preparação militar.

Ginástica é um conceito muito amplo, que engloba modalidades competitivas e não


competitivas. Envolve a prática de uma série de movimentos de força, flexibilidade e
coordenação motora, entre outras qualidades físicas, para fins de aperfeiçoamento
físico e mental. A grande variedade de atividades físicas que se encaixam na definição
torna quase impossível listar todos os tipos de ginástica existentes.
Ginástica laboral
A Escola Alemã

De caráter extremamente nacionalista, a ginástica surge na Alemanha com o objetivo de preparar os


corpos para a defesa da pátria, uma vez que esse país ainda não havia conquistado sua unidade
territorial e vivia sob a constante ameaça de guerras. “Era preciso, portanto, criar um forte espírito
nacionalista para atingir a unidade, a qual seria conseguida com homens e mulheres fortes, robustos e
saudáveis” (SOARES, 2002, p.53). Para tanto, seus idealizadores apoiaram-se nas ciências biológicas,
para desenvolver seus métodos.

Em 1760, inspirado nas doutrinas pedagógicas de Jean Jacques Rousseau (1712-1778) e John Locke
(1632-1704), Johann Bernard Basedow (1723-1790) iniciou um processo de estruturação, denominado
Método Alemão, que posteriormente atingiu o ápice com os trabalhos de Johann Christoph Friedrich
Guts-Muths (1759-1839), Adolph Spiess (1810-18540 e Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852). Guts-Muths
foi considerado o Pai da Ginástica Pedagógica. Para ele, deveria ser organizada pelo Estado e ministrada
todos os dias e para todos. Spiess preocupou-se com a inserção da ginástica nas escolas e procurou
colocá-la no mesmo plano das demais disciplinas escolares. Jahn, principal responsável pela
disseminação do método entre a população, trouxe ao seu sistema o caráter militarista e extremamente
patriótico, chegando a criar termos próprios, como por exemplo a palavra “Turnen” que significa
ginástica (RAMOS, 1982).
Os exercícios tinham objetivos que transcendiam a forma física. “O turnen também tinha um exercício
moral: alcançar autoconfiança, autodisciplina, independência, lealdade, e obediência. Essas eram as
metas a serem atingidas por meio de atividades completas e informais” (PUBLIO, 2005, p. 17).

Os exercícios ginásticos, coordenados paulatinamente, foram grupados em dezessete famílias:


marchar, correr, saltar, tomar impulso (no cavalete e no cavalo), equilibrar, exercícios de barra,
exercícios de paralela, trepar, arremessar, puxar, empurrar, levantar, transportar, esticar, lutar braço a
braço, saltar arco e pular corda. [...] Além dos exercícios citados, quando as atividades podiam ser
realizadas ao ar livre, a natação, a marcha, a equitação, a esgrima, a luta e os exercícios bélicos eram
previstos nos programas. A corrida, o arremesso e o salto realizados sob variadas formas constituíam,
com suas práticas, verdadeira escola de atletismo (RAMOS, 1982, p. 188).

Também derivado da Escola Alemã temos o Método Natural Austríaco. Em 1926, após o
desmembramento do império provocado pela Primeira Grande Guerra (1914-1918), iniciou-se uma
grande reforma com o intuito de regenerar física e moralmente a juventude por meio dos exercícios
físicos (MARINHO, S/D). Desenvolvido em um país formado por vários povos, com diversas línguas,
costumes e hábitos, tal método de ginástica sofreu bastante influência dos métodos já existentes,
gerando correntes de pensamentos que se diferenciavam em movimentos ginásticos independentes.

Buscando ser uma oposição ao Método Alemão, dominado por exercícios violentos em aparelhos, o
sistema austríaco foi uma variação original de ideias interessantes, mais das ciências médicas do que
pedagógicas. Sua maior qualidade consistia no fato de buscar ser interessante para as crianças e
incentivar a juventude a manter uma postura correta, despertando uma consciência higiênica e o desejo
de cuidar do corpo para alcançar a saúde. Entretanto, errou pela ausência de condições de execução e
pela falta de controle de intensidade, esquecendo a influência educativa e formativa dos exercícios
físicos. Seus principais idealizadores foram Margarete Streicher e Karl Gaulhofer. Margarete esforçou-se
para levar às escolas uma ginástica “natural”, com aplicação de higiene (MARINHO, S/D).

Considerando as formas de exercícios naturais, Gaulhofer aconselha o seguinte: 1) – respirar, andar,


sentar, levantar, rodar, saltar; 2.º) – correr, trepar, carregar, jogar, suspender-se; equilibrar-se, e outros
atos do trabalho humano; 3º) – movimentos executados em atitudes dos trabalhos ou nas da vida
habitual, seja de pé, ajoelhado, acocorado, ou sentado; 4º) – provas para vencer obstáculos ou
resistências, 5º) – exteriorização dos conhecimentos adquiridos: artísticos ou acrobáticos; 6º) –
exercícios fundamentais de aplicação: balançar-se, levantar-se, carregar, atirar, empurrar, trepar, lutar;
7º) – jogos e esportes, passeios, auto-defesa, natação e outros exercícios em grupo (MARINHO, S/D, p.
407)
Vemos que ambos os métodos surgiram a partir de necessidades militares. Formar indivíduos aptos a
defender a pátria era imperativo para essas sociedades, para isso, além de fortalecer seus corpos era
necessário despertar o espírito nacionalista, atribuindo um aspecto moral aos exercícios físicos.

Ou seja, a Escola Alemã se baseou nas ciências biológicas para transformar a ginástica em um meio de
educação em massa capaz de atender às necessidades do Estado. Característica também encontrada nas
demais escolas, mas o que as diferencia são seus distintos anseios.

A Escola Alemã resultou na modalidade competitiva atual Ginástica Artística (PUBLIO, 2005) e “foi a
base para a estruturação da “Ginástica Moderna”, que é a atual Ginástica Rítmica” (FIORIN, 2002, p.27).

A Escola Sueca

Idealizada por Pehr Henrick Ling (1776–1839), a ginástica sueca surgiu com a finalidade de extirpar os
vícios da sociedade, em especial o alcoolismo. Com a missão de regenerar a população, possuía um
caráter não acentuadamente militar, mas sim “pedagógico” e “social”. Deveria gerar indivíduos fortes
que pudessem ser úteis à pátria, como soldados ou trabalhadores civis (SOARES, 2004).

Ling acreditava que seu método assegurava a saúde, por ser essencialmente respiratório, e a beleza,
por seus efeitos corretivos e ortopédicos. Por isso, o destinou a todos, independente de sexo, idade ou
condições materiais e sociais, dividindo-o em quatros partes: Ginástica Pedagógica ou Educativa – para
todas as pessoas, tinha como objetivo assegurar a saúde, evitar a instalação de doenças, vícios e
defeitos posturais e desenvolver normalmente o indivíduo; Ginástica Militar- com as mesmas
características da pedagógica, acrescentando os exercícios de preparação para a guerra; Ginástica
Médica e Ortopédica – também baseada na pedagógica, objetivava eliminar vícios e defeitos posturais,
sendo específica para cada caso; Ginástica Estética – mais uma vez apoiada na pedagógica buscou o
desenvolvimento harmonioso do organismo, utilizando-se da dança e de movimentos suaves para
proporcionar beleza e graça ao corpo (MARINHO, S/D).

Levando em consideração os princípios estabelecidos dentro das ciências biológicas, Ling criou
exercícios livres sem aparelhos, de execução fácil e estética, além de saltos no cavalo, cambalhotas,
jogos ginásticos, patinação e esgrima. Tudo associado a cantos alegres e disciplina militar (RAMOS, 1982)
1º- Exercícios de ordem

2º - Exercícios de pernas ou movimentos preparatórios formando uma pequena série; [...]

3º - Extensão da coluna vertebral;

4º - Suspensões simples e fáceis;

5º- Equilíbrio;

6º - Passo ginástico ou marcha;

7º- Movimentos dos músculos dorsais;

8º - Movimentos músculos abdominais;

9º - Movimentos laterais de tronco;

10º - Movimentos de pernas;

11º - Suspensões mais intensas que as do nº 4;

12º - Marchas ou movimentos de pernas, executados mais rapidamente que os outros para preparar
saltos;

13º - Saltos;
14º - Movimentos de pernas;

15º - Movimentos respiratórios (MARINHO, S/D, p. 188).

“A extensão do movimento não ficou na Suécia, estendeu-se com entusiasmo por todo o mundo,
principalmente aos demais países nórdicos – Dinamarca, Noruega e Finlândia” (RAMOS, 1982, p. 211).
Na Dinamarca, o Método Sueco, foi chamado de Ginástica Racional por ser fundamentado e consciente
de seu objetivo. Entretanto, foi considerado inapto para as necessidades e interesses da juventude
dinamarquesa por ser composto por posições rígidas (MARINHO, S/D). “Não é necessário modificar o
fundamento nem o objetivo da Ginástica básica, mas é o emprego dos meios que deve ser levado a um
terreno mais firme” (BUKH, 1939 apud MARINHO, S/D, p.198).

Surge então a Ginástica Básica Dinamarquesa, idealizada por Niels Bukh. “O Professor Niels Illeris, ao
fazer uma diferença entre a Ginástica Sueca e a Ginástica Dinamarquesa, diz que a primeira é uma
Ginástica de posições e a segunda uma Ginástica de Movimento” (MARINHO, S/D, p. 201).

Assim como Ling, Bukh preocupou-se muito com a postura. Os exercícios deveriam ser diferentes para
homens e mulheres e voltados para a correção de defeitos posturais oriundos do trabalho.

Marinho (S/D, p. 206-08) traz alguns exercícios propostos por Bukh:

extensão lateral das pernas em posição acocorada nas pontas dos pés, com as mãos apoiadas no solo;
separação e extensão das pernas em posição acocorada nas pontas dos pés, apoiando as mãos no solo;
flexão unilateral lenta e profunda dos joelhos, em posição vertical com as pernas abertas e em
colaboração com um companheiro; torsão do tronco com movimento unilateral de braço para fora em
posição vertical com o tronco inclinado para a frente, as pernas abertas e os braços flexionados
horizontalmente à altura dos ombros.

Também inspirada na Ginástica Sueca de Ling, temos a Calistenia. Para Silva (S/D), a Calistenia não é um
sistema próprio de ginástica, mas sim uma série de exercícios ginásticos localizados, com fins corretivos,
fisiológicos e pedagógicos, que pode integrar perfeitamente qualquer sistema ginástico. Por estar em
constante evolução teria grande vantagem sobre os sistemas clássicos.
A Calistenia trouxe características nunca antes abordadas. Examinando os dois sistemas mais
difundidos, o sueco e o alemão, educadores suecos chegaram à conclusão de que ambos eram pobres
no que se tratava de elementos psicológicos. Por isso, inseriram a música na prática da ginástica, por
considerarem que ela incentivava o movimento, evitando a monotonia e contribuindo para a educação
dos sistemas psicomotor e neuromuscular (SILVA, S/D).

Ainda preocupados com os aspectos psicológicos, buscavam a variação dos exercícios. “O professor
deve estar municiado de uma quantidade bastante grande de exercícios a fim de não repeti-los com
muita frequência. A variação é um elemento importante, pois além do lado psicológico, influi, também
fisiologicamente” (SILVA, S/D, p. 27).

Objetivando melhorar a forma física da população, foi introduzida nas escolas americanas em 1860
por Dio Lewis (MARINHO, S/D). “[...] era dedicado ao homem gordo, ao homem fraco ou enfermiço, aos
jovens e às mulheres de todas as idades – as classes que mais necessitavam de treinamento físico. [...]
Não havia ninguém, nem nenhum sistema que tivesse contemplado estes [...]” (MARINHO, S/D, p. 265).
Por fim, deveria ser uma ginástica simples, fundamentada na ciência e cativante (MARINHO, S/D).

Os exercícios calistênicos foram divididos em oito grupos: “de braços e pernas;

para a região póstero-superior do tronco (parte superior da espádua); para a região póstero-inferios
do tronco (parte inferior da espádua); para a região lateral do tronco (laterais); de equilíbrio;gerais de
ombros e espáduas (Wood) ou gerais de espáduas e ombros (Skartrom); Saltos e corridas (Skarstrom) ou
sufocantes (Wood)” (MARINHO, S/D, p. 268).

Ao analisarmos o Método Sueco e a Calistenia, percebemos que tal escola voltou-se para a saúde,
física e mental, da população, possuindo muito mais o caráter médico e pedagógico do que militar.

Esse viés médico trouxe conceitos para as Ginásticas Fisioterápicas de SOUZA (1997), além do fato de
seu grande evento em homenagem ao seu idealizador Per H. Ling servir de inspiração para a
Gymnaestrada, principal manifestação da Ginástica Geral (FIORIN, 2002).
A Escola Francesa

A Ginástica na França baseou-se nas idéias dos alemães Jahn e Guts Muths e, apresentava além do
caráter moral e patriótico, uma preocupação com o desenvolvimento social. Objetivava formar o
homem “completo e universal”, sem desvincular-se do utilitarismo, tão abordado pela ginástica
científica, buscando o desenvolvimento da força física, da destreza, agilidade e resistência (SOARES,
2004).

Para Ramos (1982), esse movimento teve como principais representantes o Método Francês
desenvolvido por D. Francisco de Amoros e Ondeaño (1770-1848), George Demeny (1850-1917) e o
Método Natural pensado por Hébert (1875- 1957).

Inspirado em Pestalozzi, Amoros negou veementemente toda e qualquer forma de empiria, seus
exercícios eram completamente explicados por enunciados científicos, comprovando a relação existente
entre a sua ginástica, a saúde da população e a tão desejada utilidade dos gestos (SOARES, 2002).
“Admitia no sistema três tipos de ginástica: civil, militar e médica. Condenava o funambulismo, que no
dizer de Amorós, começa onde a utilidade do exercício cessa” (RAMOS, 1982, p.219).

Demeny, discordando do método sueco de Ling, propôs exercícios ginásticos completos,


arredondados e contínuos (RAMOS, 1982). Voltou-se para a saúde da mulher, combatendo “hábitos
elegantes”, tais como cintas, salto alto, porta-seios; condenava os meios de sustentação artificiais
(SOARES, 2004).

“O método (Francês) para alcançar os seus objetivos preconiza sete formas de trabalho: jogos,
flexionamentos, exercícios educativos, exercícios mímicos, aplicações, desportos individuais e coletivos”
(RAMOS, 1982, p. 222). Marinho (S/D) descreve a abordagem de exercícios de marcha, corrida, salto,
lançamentos, lutas, esgrima, utilização de pesos e halteres, ginástica de aparelhos, remo, ciclismo,
natação e salvamento e desportos coletivos.

O Método Francês, oriundo da Escola Francesa, foi adotado em todos os estabelecimentos de ensino
brasileiros em 1929 (SOARES, 2002), e trouxe as propostas pedagógicas que embasaram a Educação
Física escolar brasileira no período republicano (RESENDE, SOARES e MOURA, 2009).
A Escola Francesa inclui ainda a obra de Georges Hébert. O chamado Método Natural de Hébert repudia
todas as formas de exercícios analíticos, artificiais ou formais, conhecidos sob a denominação de
ginástica. Pretendia “utilizar os gestos de nossa espécie para adquirir o desenvolvimento físico completo
[...], além de atender às dificuldades inerentes à vida moderna, particularmente à falta de tempo e à
falta de espaço” (MARINHO, S/D, p. 122).

Encontram- se nesse programa características naturistas: resistência corporal ao frio, endurecimento,


utilização do meio natural como terreno de exercício, exercícios utilitários, nudez controlada. Todo o
trabalho toma por base a utilidade das ações e representa um retorno à natureza adaptado à vida
urbana moderna e concernente às atividades práticas da vida em sociedade (Hébert, 1941a apud
SOARES, 2003, p. 26).

Privilegiava a natureza e a qualidade do trabalho em detrimento da qualidade de execução. Classificou


os exercícios em 10 grupos fundamentais de acordo com as funções úteis da vida cotidiana. Sendo eles:
a marcha, a corrida, o salto, o movimento quadrúpede, a escalada, o equilíbrio, o arremesso, o levantar,
a defesa e a natação. Os treinos deveriam ser ao ar livre para submeter o corpo às diferentes
temperaturas, tinha a corrida como elemento base e cada um deveria trabalhar no seu ritmo e
capacidade (MARINHO, S/D).

O que Hébert deseja é aumentar as resistências orgânicas, realçar as aptidões para a execução de
exercícios naturais e utilitários (os seus 10 grupos) e, sobretudo, desenvolver a energia, a qualidade de
ação, a virilidade, para então subordinar esse conjunto de qualidades físicas bem treinadas a uma moral
altruísta, física, inclusive (SOARES, 2003, p. 28).

Notamos que os métodos, apesar de específicos ao seu público, se relacionam e se influenciam.

Desse ponto de vista, os “métodos de ginástica” até agora por nós discutidos assemelham-se.
Diferenciam-se apenas na forma, umas mais analíticas, outras mais sintéticas. Todavia, o conteúdo
anatomofisiológico ditado pela “ciência”, constitui o núcleo central das distintas propostas, além do que,
é claro, a moral da classe, o culto ao esforço (individual), a disciplina, obediência... ordem, adaptação,
formação de hábitos [...] (SOARES, 2004, p 67).
E além de atender aos objetivos do Estado no século XIX, serviram de suporte para a estruturação da
Ginástica atual.

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