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ROTEIRO

Aula 9: Conservação,
Interpretação, Integração
e Representação
CURSO DE DIREITO CIVIL

CAPÍTULO 03

AULA N. 09

O princípio da conservação dos atos jurídicos reza que, sempre que possível,
o ato inválido deverá ser preservado.
Na conversão substancial, um ato jurídico portador de defeito grave
(vulgarmente dito nulo) poderá ser aproveitado, desde que possa ser
convertido em outro ato válido.
Na confirmação, também chamada de ratificação, sanação ou convalidação, o
ato jurídico portador de defeito leve (comumente dito anulável) é confirmado
pelas partes, seja de modo expresso, pela correção do defeito, seja de modo
tácito, quando a parte a quem interessaria sua invalidação deixa, por exemplo,
passar o prazo decadencial para exercer seu direito de anulá-lo.
Na redução, o ato parcialmente inválido poderá ser aproveitado quanto à parte
válida, desde que seja possível extirpar o defeito, sem macular o ato como um
todo.

Interpretar um ato jurídico é fazer dele uma leitura mais adequada, de modo a
encontrar a melhor solução para o caso concreto que se estiver analisando.
A questão da vontade pode ser também importante. Não porque o ato jurídico
seja fenômeno volitivo, mas porque é a vontade que serve de meio condutor
às necessidades ou aos desejos. Existem, nesse sentido, duas teorias
provenientes do Direito Alemão: a Willenstheorie, ou teoria da vontade, que
procura investigar a vontade real, independentemente da maneira como tenha
sido declarada, e a Erklärungstheorie, ou teoria da declaração, que preconiza
ser a declaração, ou seja, a exteriorização da vontade o mais importante.
A interpretação dos atos jurídicos, diga-se enfaticamente, está sempre
vinculada à principiologia que informa cada uma de suas modalidades.
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O Código Civil é pobre em normas de hermenêutica.
Por fim, cabe acrescentar que a hermenêutica deverá ter como base os
princípios e valores consagrados na Constituição Federal, alicerce de nosso
ordenamento jurídico.
Segundo a clássica visão da hermenêutica tradicional, interpretar diz respeito
ao conteúdo da declaração de vontade, enquanto integrar refere-se aos
respectivos efeitos.
Sempre que alguém atuar em nome de outrem, haverá representação, mesmo
que não tenha havido outorga de poderes de representar.
Na representação, além de agir em nome de outrem, o representante deve
possuir alguma margem de discricionariedade, sob pena de a representação
desfigurar-se para mero serviço de núncio ou mensageiro.
Ademais de um mínimo de discricionariedade, na representação há de estar
claro o fato de que o representante esteja agindo em nome do representado.
É o que se chama contemplatio domini.
A outorga de poderes de representar tem a ver com a eventual validade e
eficácia da representação, não com sua existência. Para que exista
representação, basta a contemplatio domini, isto é, basta que esteja claro que
se esteja agindo em nome de outrem. É óbvio que, sem a outorga de poderes,
a representação pode não vincular o representado, sendo para ele res inter alios
acta, consequentemente ineficaz. Por outro lado, pode ser o caso de haver
vinculação do representado, mesmo sem a outorga de poderes.
Espécie de representação voluntária é o mandato, muito embora sejam coisas
distintas, uma vez que é possível mandato sem representação e representação
sem mandato. O mandato, quando nele haja representação, é o contrato que
regula as relações entre o mandante (representado) e o mandatário
(representante). O poder de representação nasce não do mandato, mas da
procuração, instrumento do mandato.
Normalmente, mandato e procuração se reúnem num único documento, daí
serem erroneamente tratados como se fossem um só negócio. Pode haver,
claramente, mandato sem procuração, ou seja, mandato sem outorga de
poderes, sem representação. O mandatário age em seu próprio nome, no

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interesse do mandante, como se vê no art. 663. Configura-se, aí, verdadeira


interposição.
Pode haver, por outro lado, representação sem mandato, quando o
representante agir em nome do representado, embora sem ter com ele
celebrado qualquer contrato de mandato. Em princípio, como vimos, a
representação sem mandato não obriga o representado, a não ser em casos
especiais.
Segundo o art. 120 do Código Civil, os requisitos e os efeitos da representação
legal são os estabelecidos nas normas respectivas, enquanto os da
representação contratual estão previstos na Parte Especial do Código, muito
especialmente, nos arts. 653 a 692, referentes ao contrato de mandato.
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QUESTÕES
DE APOIO

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CAPÍTULO 03

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1.! Em que consiste o princípio da conservação dos atos jurídicos?


2.! O que é conversão substancial?
3.! O que é confirmação?
4.! O que é redução?
5.! O que significa interpretar um ato jurídico?
6.! Como se resolve a questão da vontade na interpretação dos atos
jurídicos?
7.! Qual a importância da principiologia na interpretação dos atos jurídicos?
8.! Cite as principais normas de interpretação contidas no Código Civil e
no Código do Consumidor.
9.! Qual a importância da Constituição na hermenêutica dos atos jurídicos?
10.!Qual a diferença entre interpretação e integração?
11.!Quando haverá representação?
12.!É necessária a outorga de poderes para que haja representação?
13.!O que caracteriza a representação?
14.!Qual a diferença entre representação e serviço de núncio?
15.!O que é contemplatio domini?
16.!O que é interposição?
17.!Qual o efeito da representação sem outorga de poderes?
18.!Quais as espécies de representação?
19.!O que é mandato?

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QUESTÕES
DE APOIO

20.!Pode haver mandato sem representação?


21.!De onde surge a representação voluntária?
22.!Pode haver representação sem mandato?
23.!Quais os efeitos dos atos do representante?
24.!O que é atuação intra vires e ultra vires?

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