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EsPCEx

2024

AULA 04
História Moderna III

Prof. Alê Lopes


Prof. Alê Lopes

Sumário
Apresentação 3

1. Introdução 4

2. Inglaterra: Revoluções do século XVII 7


2.1 - Dinastia dos Tudor 7
2.2 – Dinastia Stuart 10
2.3 – Revolução Puritana 13
2.3.1 – O breve período republicano na Inglaterra 14
2.4 – Revolução Gloriosa 14

3. Iluminismo 18
3.1 – Liberalismo Político 21
3.1.1 – Despotismo Esclarecido 29
3.2 – Liberalismo Econômico 31

4. Independência dos EUA 35

5. Lista de questões EsPCEx 44

6. Lista de questões da profe. Alê Lopes 53

7. Lista de questões para Aprofundamento 58

8. Gabarito das questões EsPCEx 61

9. Lista de questões EsPCEx - comentadas 61

10. Lista de questões da profe. Alê Lopes - comentadas 95

11. Lista de questões para Aprofundamento - comentadas 112

Considerações Finais 120

AULA 04 – História Moderna III 2


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Apresentação
Olá queridos alunos e alunas, futuros cadetes

Estou feliz por você continuar comigo. Por isso, seja bem-vindo e bem-vinda a mais uma aula para
a qual você deve dedicar grande atenção. É sempre um grande prazer compartilhar com você nosso
trabalho e ser parte de sua caminhada até a sua aprovação. É bom saber que você está dominando cada
dia mais nossa disciplina!

Nesta aula voltamos ao bloco da História Geral (HG), com a terceira e última aula de História
Moderna. Falaremos sobre o fim do século XVII e boa parte do século XVIII – um momento cheio de
transformações nos campos do pensamento, da política, da economia.

Essas mudanças no campo das ideias, e do mundo prático também, ficaram registradas na histórica
como o movimento do Iluminismo. Esse é um assunto que cai muito nas provas da EsPCEx. A partir
dessas transformações ocorreram as revoluções francesa e industrial, além de uma série de
processos de independência política na América. Nessa aula veremos a Independência dos Estados
Unidos da América – outro assunto corriqueiro no exame intelectual da EsPCEx. As Independências
das Américas Espanhola e Portuguesa veremos nas aulas seguintes.

Além disso, perceba que a aula de hoje é a base explicativa para todos os processos que
estudaremos daqui em diante, dessa forma, além de ela ter uma cobrança regular na prova, ela é pré-
requisito para uma árvore de assuntos com muita recorrência sobre as transformações do século XIX.

Por isso, esteja muito atento e atenta, Coruja Preciso que você reflita e articule conhecimentos
enquanto estuda. Preciso de você safo, ligado e muito ativo!!! Atenção máxima à periodização. Linha do
tempo na cabeça. Esquece o mundo e se joga na aula!

Fé na missão!

Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Vamos começar? Já sabe: pega seu
café e sua ampulheta. Bora papirar!!

XVII XVIII

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1. Introdução
Se há uma palavra para sintetizar o mundo dos séculos XVII e XVIII essa é TRANSFORMAÇÃO. Ao longo
desse período, uma série de acontecimentos e experiências econômicas e políticas contestaram as bases
do mundo de então: o Antigo Regime, que existiu entre os séculos XVI ao XVIII!
Como veremos, os acontecimentos vividos na Inglaterra tiveram grandes desdobramentos no campo
das ideias, da política e da economia no século seguinte. Ao longo desse tempo, convergiram ideias e
processos que forjaram AS BASES para a criação de um “NOVO MUNDO”, qual seja: O CAPITALISMO!
Esse novo mundo, cujo nome veio bem depois das próprias ideias e experiências que lhe deram forma,
desenvolveu-se e consolidou-se ao longo de todo o século XIX, mas teve suas sementes germinadas no final
do século XVII e no século XVIII.
E não tenha dúvida: essas sementes foram de rupturas, muito mais que continuidades. Ou seja, esse
novo mundo será estruturalmente diferente daquele que o precedeu.

Relembre algumas características do Antigo Regime

Articula comigo:
Em geral, a estrutura de uma sociedade é composta por elementos que a sustentam, sem os quais ela
desmoronaria. Assim, nas Ciências Humanas, especialmente historiadores e cientistas sociais, afirma-se
que são 4 os elementos estruturantes de uma sociedade.

Se liga na estrutura do Antigo Regime:

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Assim, podemos dizer que o mundo do Antigo Regime era estruturado por (1) uma economia
mercantilista , (2) por uma política absolutista, (3) por uma sociedade organizada em estamentos ou
ordens, (4) dominada pela nobreza e sem liberdade religiosa. A ideologia ajuda a reforçar os demais
elementos.
Nas últimas aulas, falamos sobre como esse mundo do Antigo Regime substituiu o feudalismo e sob
quais condições ele se desenvolveu e conquistou o mundo. Vimos a formação das monarquias absolutistas,
a estruturação e o desenvolvimento do mercantilismo – inclusive sua dimensão colonial – e as lutas
religiosas entre católicos e protestantes.
Contudo, o próprio desenvolvimento do mercantilismo, e desse poder absoluto dos reis, acabou por
gerar entraves à continuidade de uma economia que, com o passar do tempo, demandou outros
instrumentos diferentes daqueles usados até então para expandir o comércio mundial. Veja a seguir o
desenrolar desse processo:
Economia
O protecionismo e a opressão colonial - com a intensificação de pactos coloniais não promoviam mais
os ganhos que se esperava. Tornou-se urgente reinventar a economia, racionalizar o planejamento para
atender às demandas crescentes. A experiência inglesa que vocês estudarão nesta aula é um ótimo
exemplo sobre esse assunto.
Como havia um contexto de estímulo às invenções para potencializar a produção, a realidade
demandava investigações e pesquisas para novas técnicas e tecnologias. É nesse cenário que diversas
experiências científicas foram realizadas. Quero destacar, na área da física, o exemplo da termodinâmica.
Política
Do ponto de vista da política, no Antigo regime, o sangue e o desejo de Deus como as únicas formas de
legitimar o poder absoluto de um governante – a teoria do direito divino do rei e a hereditariedade –
também não respondiam mais à estrutura social e aos interesses políticos dos diversos grupos que se
formavam entre os séculos XV e XVIII. A burguesia, por exemplo, enriqueceu-se muito, era muito ativa
intelectualmente, mas não tinha representação política, ou seja, naquela velha lógica da legitimação divina
e dos privilégios, ela nunca chegaria a compor o governo de um país.

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Por isso, o bolo do poder precisava ser fatiado, pois a cereja já não era suficiente para saciar a fome de
acumulação de uma rica e empreendedora burguesia. As lutas entre o parlamento e o rei na Inglaterra
foram expressões dessas tensões entre distintos grupos. Veremos isso nesta aula!

Além disso, no cruzamento entre política e economia havia uma disfunção enorme entre
riqueza/trabalho/representação política. De um lado, estava a nobreza que mandava em tudo e era
cheia de privilégios e benefícios, sendo o principal deles a isenção fiscal. Por outro lado, estavam a
burguesia e os trabalhadores e, mesmo os burgueses sendo os responsáveis por financiar o Estado e
os privilégios dos nobres, não tinham poder político correspondente ao seu trabalho, investimento e
riqueza. Ou seja, política e economia andavam divorciados e promoviam imensas desigualdades. As
revoluções serão os choques de todas as contradições acumuladas em séculos!

Religião
Quanto à religião e às ideias, as intolerâncias cometidas em nome de Deus, bem como a associação
entre poder e religião, já haviam promovido muita violência – muito mais do que os cristãos poderiam
suportar com sua fé. Era preciso dar espaço para que as pessoas vivessem suas crenças sem serem mortas
por isso. Contudo, era importante também que a política e a ciência deixassem de responder aos ditames
do papa ou do pastor. No contexto da busca por liberdades, a religiosa será importantíssima.

Cuidado agora: Essa urgência de mudanças será ostensivamente combatida por amplos setores da
Nobreza e da Igreja, afinal, o mundo estruturado tal como estava no Antigo Regime era o que
legitimava e garantia que a nobreza e a Igreja Católica continuassem dominando as demais classes
sociais, a economia, o pensamento, as crenças e tudo o mais que o rei imaginasse poder dominar.
Essa classe social, associada à Igreja Católica, lutou até suas últimas forças contra as mudanças que
se avizinhavam no século XVIII e mesmo depois, durante todo o longo século XIX. Por isso, tornou-se
conservadora!
Diante dessa primeira reflexão na qual apontei os limites do Antigo Regime, agora passaremos a estudar
as sementes para um novo mundo.
Na primeira parte abordo as experiências ocorridas na Inglaterra do século XVII e os reflexos disso na
América do Norte.
Na Segunda parte adentraremos o universo do século XVIII, muito mais tenso que o período anterior,
e veremos o surgimento do Movimento Iluminista.

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2. Inglaterra: Revoluções do século XVII


O caminho do absolutismo na Inglaterra foi aberto logo após a Guerra das Duas Rosas
(1455-1485), conflito entre as duas mais poderosas famílias da nobreza, os York e os
Lacaster, em disputa pelo trono inglês. Com o fim do conflito, subiu ao trono Henrique
VII (1485-1509), pertencente à família Tudo e ligado por laços de familiares tanto aos
York quanto aos Lancaster
( AZEVEDO; SERIACOPI, 2006, p. 163)
Neste capítulo, vamos estudar os desdobramentos do que já vimos sobre a consolidação da monarquia
inglesa. Expliquei, na aula de Moderna I, que os Tudor se consolidaram no poder com Henrique VIII, cujo
reinado se estendeu de 1509 a 1547 (século XVI). Agora vamos relembrar alguns pontos e ver a sequencias
disso até chegar nas chamadas Revoluções Inglesas do século XVII.

2.1 - Dinastia dos Tudor

Lembro de que um feito importante de Henrique VIII foi o Ato de Supremacia, o qual criou
a Igreja Anglicana na Inglaterra e tornou o rei chefe religioso. Lembre-se de que a nobreza
inglesa combatia a influência católica do papado (Roma) nas questões internas da Grã-
Bretanha.

Neste momento de nossos estudos, vamos aos detalhes da história inglesa, pois os acontecimentos do
século XVII são determinantes para, posteriormente, consolidar a Inglaterra como potência econômica no
início do século XVIII e, em seguida, torná-la o berço da Revolução Industrial.
Isso porque, durante os processos entre o final do século XVI e todo século XVII a Inglaterra acumulou uma
riqueza imperiosa. Parte disso, explica-se pela colonização e, também, pelas revoluções inglesas. Também
podemos associar o crescimento inglês aos acordos feitos com Portugal que asseguraram a riqueza do ouro
brasileiro aos cofres ingleses.

Bem, agora FOCO porque vou te encher de dados articulados e datas. Vai fazendo seus posts its
e construindo sua linha do tempo. Não dá moleza, hein!

Após a morte de Henrique VIII, a configuração político-religiosa do território da Ilha da Grã-Bretanha


era a seguinte:
• Inglaterra: predomínio do anglicanismo, reis anglicanos
• Escócia: predomínio do calvinismo, embora com momentos de reis católicos (Rainha Mary
Stuart, 1542)

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Na Inglaterra, quem governou a monarquia entre


Escócia 1558 e 1603 foi a Rainha Elizabeth I (filha de
Henrique VIII), que teve iniciativas importantes
para o fortalecimento econômica da Inglaterra:
Fortalecimento da política mercantilista
Construção da uma forte frota para a
marinha inglesa
Exploração da América
Invasão de colônias espanholas
Inglaterra
Carta de Corso (estímulo à pirataria em alto
mar sob os navios de outras monarquias)
Em vista dessas ações, a Rainha Elizabeth I foi
responsável por consolidar o absolutismo na
Inglaterra.
Com efeito, as ações mercantilistas da Rainha Elizabeth I refletiam a aproximação da Coroa com a
burguesia nascente. Esta camada da sociedade era fundamental para financiar as monarquias absolutistas.
Veja que isso foi importante, inclusive, para garantir o controle do monarca sobre os demais nobres que,
vira e mexe, queriam o trono e essas “coisas” que vemos em filme (brigas pelo trono).
Com o intuito de estreitar mais ainda os laços com os burgueses, Elizabeth I, em 1563, aprovou a Lei
dos 39 Artigos. Essa lei, de caráter religioso, permitiu a liberdade para o puritanismo, que, na prática, era a
versão inglesa do calvinismo. Os puritanos rejeitavam a Igreja Romana (católica) e a Anglicana, pois
concebiam que o anglicanismo ainda possuía todos os vícios criticados pelo calvinismo.
Vale lembrar que, em geral, os burgueses se identificavam mais com as religiões protestantes - na Inglaterra
e na Escócia eram conhecidos como puritanos-, pois a prática do comércio de mercadorias era mais
condizente com a doutrina protestante.

Em certo sentido, essa articulação feita por Elizabeth evitou que a burguesia inglesa fosse
perseguida por sua fé e, consequentemente, expulsa ou tivesse que abandonar a Ilha da Grã-
Bretanha. Assim, a Rainha se fortalecia, a burguesia inglesa se fortalecia e a Inglaterra ia se
tornando uma das maiores potências mercantis da época. Anota isso aí, porque é muito
importante!

Em 1584, por sua vez, a monarquia inglesa inicia a exploração comercial das terras nas
Américas, como vimos na aula de Colonização da América. Ao mesmo tempo em que a
Coroa não reconhece o Tratado de Tordesilhas (de inspiração católica, assinado pelo papa),
ela ampliou o comércio marítimo e fundou a Colônia de Virginia, na parte sul da América
do Norte. Com isso, instalou-se as plantations de algodão. Foi um movimento em duplo
sentido:
#reposicionar a Inglaterra na disputa internacional do comércio marítimo;
#ampliar a matéria-prima “algodão” para abastecer o mercado de tecidos ingleses.
O algodão era um produto importante para as manufaturas de tecidos na Inglaterra. Com o aumento
da procura, foi preciso buscar mais matéria prima.

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Além disso, a agressividade da política externa da Coroa inglesa fez com que a Incrível Armada de Felipe
II, do Reino da Espanha, travasse uma batalha contra os ingleses no canal da Mancha. Ocorreu que os
espanhóis foram derrotados!!!! Maia um ponto para a Inglaterra.
Repare, então, que, com as somas de vitórias, o poder absolutista inglês se fortaleceu. Isso provocou
consequências para a política interna do país, em particular, para relação entre a Monarquia e o
Parlamento. É o que veremos logo mais...
Com a Rainha Elizabeth I, então, a monarquia se fortaleceu e começou a se sobrepor ao parlamento
inglês, mas sempre com muita habilidade política para garantir que o Parlamento endossasse suas
decisões.

Lembre-se de que, desde 1215 (assinatura da Magna Carta) a organização do poder na


Inglaterra estava baseada na Monarquia Parlamentar, os nobres sempre tiveram muito poder
e contrabalanceavam as tentativas de arbitrariedades dos reis. Mas durante o Governo dos
Tudor, os monarcas conseguiram dominar e controlar o parlamento!

Em 1603, Elizabeth I morre e não deixa herdeiros. Desse momento, até 1714, tudo o que ocorreu
foi decisivo. Christofer Hill, historiador inglês, equipara esse período da história inglesa à importância da
Revolução Francesa. Então, se liga!
Antes de avançarmos, uma dica de filme:

No mesmo período da Rainha


Elizabeth I, na Escócia quem
governou foi a católica Rainha Mary
Stuart, entre 1542 e 1567. Como
você não pode ficar bitolado só nos
estudos tire um tempinho para assistir ao filme “Duas Rainhas”, lançado em
2018, e dirigido por Josie Rourke. O filme é mais focado na história da Rainha
Mary Stuart, mas mostra claramente a relação, ora tensa, ora harmônica,
entre ela e a Rainha Elizabeth I. Sem contar que Jaime I, filho de Mary Stuart
será o indicado de Elizabeth I para assumir a sucessão do trono da Inglaterra.

Como adiantei com a dica do filme, após a Rainha Elizabeth I, Jaime I, à época rei da Escócia, assumiu
o trono e, com isso, unificou a monarquia na Grã-Bretanha (Escócia + Inglaterra + Gales). A partir dessa
sucessão, os Tudor deixam de governar a Inglaterra e os Stuart ascendem enquanto dinastia mais
importante em solo britânico.

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Para coibir a ação de seus opositores, Elizabeth I criou uma rede de espionagem e
decidiu só convocar o Parlamento em casos excepcionais. Também priorizou o
mercantilismo, modernizou a frota marítima, incentivou a criação de companhias de
comércio, promoveu a fundação da colônia de Virgínia, na América do Norte, e não
teve escrúpulos em adotar a pirataria como forma de acumular riquezas.
(AZEVEDO e SERIACOPI, 2006, p. 163)

2.2 – Dinastia Stuart


A dinastia Stuart, primeiro com Jaime I (1603-1625), depois com Carlos I (1625-1648), depois com
Carlos II (1660) e, depois com Jaime II, aprofundou o controle sobre o Parlamento britânico. Mas não foi
algo fruto de diálogos, concessões e acordos. Ao contrário, tentaram impor sua opinião e suas ideias
utilizando sempre o argumento do direito divino da legitimidade sanguínea. Isso é uma das causas
principais das Revoluções Inglesas.
Na verdade, desde a rainha Mary, os Stuart acreditavam fortemente nesse argumento e, de certa
forma, secundarizavam a necessária articulação política para amenizar conflitos entre o parlamento e a
monarquia. Para eles, sangue e religião estavam acima de tudo. Como consequência dessa postura,
apareceram os conflitos entre poderes – na verdade um conflito entre setores da nobreza e da burguesia
contra os reis - e, dessa forma, as revoluções inglesas.

E como foram esses conflitos, Profe?

Com Jaime I, de linhagem católica, adotou-se como modelo de monarquia o absolutismo francês,
ou seja, o poder mais centralizado. Jaime I, na contramão da tradição inglesa (de o Parlamento controlar o
rei), impôs à política inglesa a tese do “direito divino dos reis”.
A interpretação que Jaime I deu a essa tese foi da impossibilidade de o poder do monarca ser
questionado uma vez que teria sido Deus quem o colocou no trono. Portanto, o Parlamento seria algo
menor que ele – representante de Deus na Terra.
Além disso, diferentemente da política articulada de Elizabeth I – com a nobreza e ao mesmo tempo
com a burguesia – Jaime I passou a priorizar a nobreza de origem feudal, pois ela seria a mais apropriada
para um tipo de corte aristocrática, tal como na França. Com efeito, cresceram os privilégios e isenções de
impostos para os nobres. Os burgueses e os nobres aburguesados ficaram “jogados de lado”.

Ai ai ai , Profe, isso parece que não vai “dar bom” com os burgueses !!!

Você tem razão, até a nobreza mais aburguesada passou a entrar em atrito com o rei. Esse grupo
social havia se especializado, por razões comerciais, em criação de ovelhas para a extração de lã, matéria-
prima das manufaturas têxteis. Dependiam, portanto, das trocas comerciais via transporte marítimo e das
transações da burguesia comercial.

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Nesse contexto, no início do século XVII, essa nobreza aburguesada encontrou um aliado: a
burguesia mercantil e aquela burguesia que via na produção têxtil um ótimo setor para investir
pesado.

Boa parte desses burgueses eram puritanos e, politicamente, estavam organizados na


Câmara dos Comuns (uma das Câmara do Parlamento, a outra era a Câmara dos Lordes).
Dessa forma, além do conflito político e econômico, um outro de caráter religioso também indicava uma
convulsão à frente. Se liga!!!
Em vista das iniciativas arbitrárias de Jaime I, o Parlamento inglês, sobretudo a Câmara dos Comuns,
começou a adotar medias contrárias ao rei e aos interesses da Câmara do Lordes. Jaime I, então, como
represália, passou a perseguir os puritanos, o que significava, também, perseguir a burguesia. Já sacou
como a dinastia dos Stuart estava fazendo inimigos?

Assim, em 1620, parte dos puritanos fugiu para a América e fundou um novo tipo de colônia,
mais autônoma em relação à Metrópole Inglaterra. Era a continuação da formação das 13
colônias – ou, o que você conhece por Estados Unidos da América! Vimos esse assunto na
Aula de Colonização da América!

Com a morte de Jaime I, o filho dele, Carlos I, tornou-se rei em 1625.


Agora, atenção: Carlos I aprofundou a relação conflitiva com o Parlamento. Ele, de fato, quis copiar
o modelo francês de monarquia (Corte de Luís XIII, na França) e suprimiu o poder parlamentar. Isso porque,
na França, o Parlamento foi fechado pela monarquia.
Seguindo o modelo francês, Carlos I passou a tomar iniciativas sem o consentimento do Parlamento,
tais como:
→ criação de impostos sobre a burguesia mercantil;
→ gastos com guerras inúteis;
→ prisões sem processos e julgamentos, inclusive contra nobres;
→ penas de morte contra seus inimigos políticos.

Essa postura foi de encontro ao que, em 1215, fora estabelecido na Magna Carta, isto é, nenhum
imposto seria criado sem o aval do parlamento e nenhuma pessoa (pelo menos da nobreza) seria presa,
sem a aprovação do Parlamento. Um dos impostos criados por Carlos I foi um que sobrecarregou
financeiramente o comércio marítimo, logo, atingiu em cheio a burguesia!

Hum, hum!!! Aí, querido e querida, só podia dar........ impeachment, você pensou impeachment!!!
Mas não, ainda não existia esse tipo de mecanismo de controle de um poder sobre o outro. Até
porque, reis não sofrem impeachment. A história demonstra que reis perderam, literalmente, a
cabeça (pelo menos nos séculos XVII e XVIII). É o que veremos!! Acompanha aí...

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Diante dessa tensão, em 1628, a Câmara dos Comuns elaborou uma Petição de Direitos exigindo
que o rei cumprisse seu papel e respeitasse a Magna Carta de 1215. Pronto, foi a brecha que Carlos I
precisava para fechar o Parlamento. Ele convocou o exército inglês e, então, realizou seu sonho de
consumo: atuar como um “Luís” (os reis na França eram luíses, lembra-se?). Na verdade, não foi sonho, foi
um golpe político mesmo.
Entre 1628 e 1640 o Parlamento inglês ficou fechado. Na Inglaterra, até hoje, nas escolas se estuda
esse período com a denominação de “O Grande Recesso”, uma alusão ao recesso parlamentar.
Em suma, grave o seguinte,

Inspiração no
modelo francês
de monarquia Aplicação da
Crescente
tensão com a "teoria do poder
burguesia divino dos reis"
(Câmara dos
Comuns)

Golpe de Carlos I
Fechamento do
Parlamento inglês
entre 1628 e 1640

Nesse contexto, nem todos os nobres aburguesados, burgueses e protestantes em geral, aceitaram
as arbitrariedades de Carlos I. Em 1640, a nobreza calvinista da Escócia se levanta contra a Coroa absolutista
e reivindica a autonomia.
Carlos I se viu diante de uma guerra civil em seus domínios e, para disputar a guerra, necessitou de
recursos financeiros. Porém, o rei não tinha mais legitimidade e condições para arrecadar receitas
(impostos) da população.

Nossa que cena!! E o que ele fez, profe?

Carlo I, então, após 12 anos de “Grande Recesso”, convocou o Parlamento na tentativa de obter
recursos para a guerra e o apoio da burguesia. Em contrapartida, veio o troco: o Parlamento recusou tudo
o que Carlos I solicitou. Com isso, o exército inglês sofreu uma derrota na Escócia, não conseguiu conter a
revolta e complicou a vida de Carlos I.
Mais uma vez, Carlos I se volta contra o Parlamento e, acusando os representantes ali reunidos de
traição, determina um novo fechamento da Câmara dos Comuns e da Câmara dos Lordes. Porém, na
Câmara dos Comuns, os burgueses, a nobreza aburguesada e todo mundo que já estava cansado da
monarquia absolutista de Carlos I se rebelaram.

Inicia-se uma guerra civil entre 1642 e 1648, conflito que ficou conhecido, não por acaso,
como Revolução Puritana, liderada por Oliver Cromwell.

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2.3 – Revolução Puritana


Durante a Revolução Puritana, o embate físico assim ficou caracterizado:

Cabeças Redondas
Cavaleiros
(exéricito da
(partidários da
burguesia puritana e
nobreza feudal e
dos nobres
apoiadores do Rei)
aburguesados)

Os Cabeças Redondas - em certo sentido, também um exército do Parlamento-, liderados por Oliver
Cromwell, venceram essa guerra. Cromwell era um membro de destaque na Câmara dos Comuns. Nesta
frente parlamentarista, também havia o grupo dos Diggers e o dos Levellers.

Diggers: defendiam o Levellers: exigiam o fim


fim da propriedade dos privilégios feudais e
privada. direitos iguais

O fim da guerra civil, em 1648, terminou com a decapitação de Carlos I, a instauração de uma
república e o fim da monarquia na Inglaterra. Fim da monarquia???

Sim, mas durante um pequeno espaço de tempo, pois, logo adiante, a força da tradição, nos termos
do professor Arno J. Mayer1, impôs a restauração da monarquia. A república durou de 1649 a 1658.
Agora, repare no seguinte: a decapitação de Carlos I é simbólica, pois é o primeiro rei executado na onda
que começará a se abrir na Europa entre os séculos XVII e XVIII. Uma execução feita por
um Parlamento (viu só? Impeachment passava longe dos debates). Foi um recado no
sentido de que o poder teria que ser descentralizado e a tese segundo a qual o “poder
dos reis seria divino” era infundada. Na verdade, ficou comprovado que o poder dos reis
emanava do povo. Por sinal, esses acontecimentos influenciaram as teorias iluministas,
como a do pensador John Locke. Locke sustentou a tese do “direito à revolta” contra os
governantes. Boa parte dos estudos políticos de Locke foi baseado na observação das
revoluções inglesas.

1
MAYER, Arno J. A força da tradição- a persistência do antigo regime. São Paulo: Ed. Companhia das
Letras, 1987.

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2.3.1 – O breve período republicano na Inglaterra


O período republicano na Inglaterra teve à frente a liderança de Oliver Cromwell. Um dos feitos de
Cromwell pró negócios da burguesia foram os Atos de Navegação, em 1651.
Com essa medida, o transporte comercial no mar do norte (atlântico norte) passou a ser monopólio
da Inglaterra, de modo que as mercadorias só podiam ser transportadas por navios ingleses.
Consequentemente, houve o fortalecimento da marinha britânica.
Interessante que a política
favorável aos negócios marítimos dos
ingleses acabou atingindo a Holanda.
Desse choque, surgiu um novo
confronto externo da Inglaterra: entre
1652 a 1654, guerra contra a Holanda.
Os ingleses saíram vitoriosos.
No meio desse conflito, em
1653, o Parlamento foi fechado
novamente. Quem o fez foi Cromwell,
o qual alegou medida de segurança por
estarem em guerra contra Holanda.
A guerra terminou, mas o
Parlamento não foi reaberto. Parece
ironia, mas o líder da revolução
puritana, que lutou contra um rei que fechou o parlamento por duas vezes, agora ele mesmo fechava o
parlamento. Ai, ai, esse gosto pelo poder.......
Cromwell faleceu em 1658, fato que levou a uma disputa pelo poder na Grã-Bretanha entre
restauracionista da monarquia e partidários da Revolução Puritana.
Como saída para se evitar um novo banho de sangue, um acordão no Parlamento garantiu a
recondução da monarquia ao poder. Em 1660, Carlos II, filho de Carlos I (o rei decapitado), membro da
dinastia dos Stuart, assume o trono.

Será que os Stuart segurariam a onda agora, profe? Ou vão tentar ficar brincando de fechar
parlamento de novo?

2.4 – Revolução Gloriosa


Ao assumir o trono, o rei Stuart Carlos II passou a adotar posturas de centralização do poder e de
restituição dos poderes absolutos. Parece que estava no sangue dessa família ficar brigando com o
Parlamento!! Inclusive com um governo baseado no absolutismo católico, contrário, portanto, a doutrinas
religiosas divergentes. Afinal, na França prevalecia a máxima da intolerância religiosa: “Um Rei, Um Povo,
Uma Fé”. Seguindo a tradição Stuart, Carlos II achava que podia copiar os franceses.
Nesse contexto, surgiram vários grupos políticos no parlamento inglês. Algo como organizações do
tipo partidárias (mas que não se chamavam partidos) ou grupos de interesses. A divisão do Parlamento
britânico ficou constituída da seguinte forma, observe o esquema:

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1- Os Whigs 2 - Os Tories
formado por formando pela
membros da nobreza
burguesia conservadora
liberal e por (aristocrática) e
puritanos. por uma nobreza
Contrários ao anglicana (olha,
absolutismo eles têm perucas
católico brancas)

Após Carlos II (morto em 1685), seu sucessor, Jaime II, tentou restaurar de vez o absolutismo na
Inglaterra: prendeu opositores e oprimiu os anglicanos. Governou por pouco tempo, de 1685 a 1689. Ele
acabou enfrentando oposição tanto dos Whigs, quanto dos Tories. Veja que o cenário é de um conflito
entre O Parlamento e o Rei!!
Observe a Imagem acima: a fim de conter Jaime II, entre 1688 e 1689, Whigs e Tories se unem
contra o rei e protagonizam a Revolução Gloriosa. Todavia, não foi uma revolução com guerras e conflitos
armados. Foi mais uma reorganização do poder político e a confirmação do poder do Parlamento britânico.
Jaime II foi deposto e, em seu lugar, o Parlamento colocou um rei protestante, Guilherme de
Orange. Este era casado com uma das filhas de Jaime II, a Maria Stuart. Em 1689, Guilherme de Orange foi
obrigado a assinar a Declaração de Direitos, mais conhecida como Bill of Rights.
O novo rei, ao assinar o termo, assumiu o compromisso de que ele, nem qualquer membro de sua
família (os sucessores), repetiria os erros da monarquia absolutista. Esses eventos, por sua vez, inauguram
a construção da MONARQUIA CONSTITUCIONAL INGLESA.
Esses eram os termos da Declaração de direitos:

→ Liberdade religiosa;
→ Novas impostos, somente com aprovação do Parlamento;
→ Liberdade de imprensa;
→ Exército controlado pelo Parlamento;
→ Poder judiciário autônomo;
→ Voto censitário no Parlamento;
→ O rei passou a ter poder de veto sobre a Câmara dos Comuns.
Então, veja:
✓ os ingleses acabavam de “arrumar a casa”, isto é, resolveram seus conflitos internos e
prepararam o arranjo político-institucional para o crescimento econômico (1714 em diante);
✓ os ingleses já haviam derrotado as duas armadas marítimas mais fortes até então, a da
Espanha e a da Holanda; os ingleses já estavam com um pé na América;
✓ os ingleses estavam arrecadando riquezas de muitas fontes (comércio de tecidos,
exclusividade de transporte marítimo, exploração das colônias, transferência do ouro de
Portugal (do Brasil, na verdade), após os acordos comerciais de exclusividade), ampliação
do mercado interno de manufaturas em solo inglês já na iminência para o ganho de escala
de produção via “maquinofaturas”.

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De maneira bem sintética, tudo isso expressou um grande processo revolucionário que terminou com
a consolidação interna da Monarquia Constitucional Inglesa e do fortalecimento da burguesia.

(EsPCEx/2007/ 4000000528)
Na Inglaterra, durante o Século XVII, ocorreu a Revolução Gloriosa (1688-1689), que
a) optou pela restauração da dinastia Stuart.
b) implantou o regime republicano na Inglaterra.
c) foi um golpe do Parlamento contra Jaime II, colocando no poder Guilherme de Orange.
d) restaurou o poder do catolicismo na Inglaterra.
e) implantou um regime ditatorial, denominado protetorado.
Comentários
A Revolução Gloriosa foi responsável pela fundação do primeiro governo propriamente burguês e
liberal da Europa. Isso porque pôs um fim definitivo ao absolutismo britânico. Assim, o rei inglês
passava ter seus poderes consideravelmente limitados, governando mais de forma simbólica do que
efetiva. O monarca não poderia mais fazer praticamente nada sem prévia anuência e acordo do
Parlamento. Vale ressaltar que a Revolução Gloriosa foi um desdobramento direto da Revolução
Inglesa (1642-1648), da República Puritana (1648-1658) e da restauração da monarquia, em 1660. O
século XVII foi um período turbulento na Inglaterra, marcado pelo embate entre o absolutismo e
liberalismo, assim como por conflitos religiosos entre católicos e protestantes. Com isso em mente,
vejamos o que é correto afirmar sobre a Revolução Gloriosa:
a) Incorreta. A restauração da dinastia Stuart ocorreu em 1660, o que pôs fim à disputa de poder em
andamento desde a morte de Oliver Cromwell e o declínio da República Puritana, em 1658. Ou seja,
é anterior à Revolução Gloriosa.
b) Incorreta. O regime republicano na Inglaterra foi implantado com a vitória da Revolução Inglesa,
em 1648.
c) Correta! Diferente da Revolução Inglesa, a Revolução Gloriosa não foi uma guerra civil sangrenta,
mas sim uma articulação engenhosa entre os parlamentares britânicos insatisfeitos com as tentativas
dos reis Stuarts, Carlos II e Jaime II, em restituir o absolutismo. O episódio foi chamado de “glorioso”
exatamente por não ter sido necessário um novo banho de sangue para resolver a questão. Jaime II
foi deposto e em seu lugar foi coroado seu genro, Guilherme de Orange. O novo rei teve que assinar
a Bill of Rights, um documento que formalizava a submissão do monarca ao Parlamento.
d) Incorreta. Na Inglaterra, o catolicismo nunca foi restaurado da forma como era antes de 1534,
quando o rei Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e fundou sua própria Igreja, denominada de
Anglicana. Inclusive, os católicos não podiam assumir cargos públicos, assim como qualquer
protestante que não fosse anglicano, até o século XIX. De qualquer forma, até hoje o anglicanismo é
a religião oficial da Inglaterra e o rei ou rainha em exercício é o chefe da Igreja.
e) Incorreta. Protetorado era uma regime administrativo de territórios coloniais, não dizendo respeito
ao governo da metrópole.
Gabarito: C

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(Adaptada)
As chamadas “revoluções inglesas”, transcorridas entre 1640 e 1688, tiveram como resultados
imediatos
a) a proclamação dos Direitos do Homem e do Cidadão e o fim dos monopólios comerciais.
b) o surgimento da monarquia absoluta e as guerras contra a França napoleônica.
c) o reconhecimento do catolicismo como religião oficial e o fortalecimento da ingerência papal nas
questões locais.
d) o fim do anglicanismo e o início das demarcações das terras comuns.
e) o fortalecimento do Parlamento e o aumento, no governo, da influência dos grupos ligados às
atividades comerciais.
Comentário
Questão no alvo. Ou você sabe ou roda. As Revoluções Inglesas ocorridas a partir de 1640
estabeleceram a Monarquia Parlamentarista na Inglaterra, fortalecendo o poder do Parlamento em
detrimento do poder Real. Tais revoluções foram burguesas e, logo, influenciadas pela burguesia
mercantil e pela nobreza aburguesada. Itens errados:
Fala da Declaração de Direitos do Homem, documento fruto da Revolução Francesa.
A assertiva aponta sentido oposto ao verificado na história.
O catolicismo deixou de ser a religião oficial na Inglaterra desde a reforma Anglicana com Henrique
VIII, no século XVI.
Também o sentido oposto. Houve liberdade religiosa e aprofundamento dos cercamentos, ou seja,
concentração fundiária.
Gabarito: E
Cercamentos
Conforme Jobson de A. Arruada e Nelson Piletti, os cercamentos eram uma prática que
“consistia em ocupar e cercar as terras coletivas, devolutas ou sobre as quais havia uma
posse precária, transformando-as em propriedades privadas. Um de seus efeitos foi a
expulsão dos pequenos camponeses e a formação de grandes propriedades, muitas delas
dedicadas à criação de ovelhas para a produção de lã, matérias-prima das manufaturas de
tecidos” (2007, p. 269). Esta questão dos cercamentos é importante para entender o a
Revolução Industrial, então, guarde esta informação. OK? Vamos em frente!!

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3. Iluminismo
Na Europa do século XVIII tornou-se cada vez mais comum entre cientistas,
escritores e filósofos buscar respostas racionais para os vários aspectos da
sociedade e do Universo. Esses pensadores queria saber, por exemplo, por
que os corpos se movem, qual a composição da água, qual a melhor forma
de governo, por que existem desigualdades sociais e umitas outras coisas.
(AZEVEDO e SERIACOPI, 2006, p. 235)

Nessa parte da aula, o assunto é teórico. Falaremos de como os pensadores do século XVIII
desenvolveram suas ideias iluministas. E é dessa forma que cairá na sua prova. Por isso, faça ficha de
resumos com o pensamento de cada autor que colocarei aqui. Vamos em frente!

Como vimos, no final do século XVII e início do século XVIII, o Antigo Regime acumulou muitas
contradições do ponto de vista político, econômico e social. Quero ressaltar um ponto: as tensões
envolvendo a burguesia, a nobreza e os monarcas, tal como acabamos de estudar no caso da Inglaterra.
Nesse contexto, a burguesia (nas suas diversas frações/divisões – baixa, média ou alta burguesia)
foi acumulando críticas sociais, teóricas, filosóficas, econômicas e políticas, canalizando-as para uma
postura de contestação aberta ao Antigo Regime e ao Estado Absolutista. Assim, ia construindo um
instrumental teórico profundamente crítico que inspirou vários movimentos revolucionários no final do
século XVIII.
Esses instrumentais teóricos expandiram-se e constituíram um Movimento Intelectual que se
iniciou na Inglaterra, no final século XVII – especialmente no contexto das revoluções puritana e gloriosa –
e se expandiu para o resto da Europa e América ao longo do século XIX. Era o Movimento Iluminista! Veja
alguns pontos importantes sobre o Iluminismo:

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Antes de vermos os principais autores que contribuíram para o desenvolvimento do Iluminismo, ou


Esclarecimento, podemos conjugar alguns elementos centrais para pensar o Iluminismo como um Projeto
de Civilização.
Realmente era isso que alguns iluministas propunham: a transformação dos homens e da sociedade
por meio da ação racional do indivíduo. Immanuel Kant – nascido na Prússia em 1724, morreu em 1808)
advogava a tese de que o homem poderia atingir a maioridade intelectual por meio da razão. Isso lhe
permitiria viver e conduzir sua própria vida sem a intervenção de outra pessoa ou instituição.
Dizia ele: “Ousa Saber! Tenha coragem de usar sua própria mente!” Para tanto a única coisa
necessária era a liberdade! Veja o que ele diz:
Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo
que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões. Ouço,
agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocinai! O oficial diz: não raciocinai, mas exercitai-vos! O
financista: não raciocinai, mas pagai! O sacerdote proclama: não raciocinai, mas crede! (Um único senhor no
mundo diz: raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre que quiserdes, mas obedecei!). Eis aqui - por toda a
parte - a limitação da liberdade. Que limitação, porém, impede o esclarecimento? Qual não o impede, e até
mesmo favorece? Respondo: o uso público da razão deve ser sempre livre e apenas ele pode realizar [A485] o
Esclarecimento entre os homens.2 (grifos nossos)

É verdade que, desde o Renascimento, a razão e a valorização do indivíduo estiveram no centro do


desenvolvimento do pensamento filosófico.

Leia o que a professora Cristina Costa leciona sobre o assunto:

A ilustração, movimento filosófico que sucedeu o Renascimento, baseava-se na firme convicção da razão como
fonte de conhecimento, na crítica a toda adesão obscurantista e a toda crença sem fundamentos racionais,
assim como a incessante busca pela realização humana.”3

Contudo, com o Iluminismo, formulou-se uma proposta para que o mundo se transformasse, algo
como uma revolução civilizatória. Por isso, usa-se a figura simbólica da iluminação ou da luz. Assim, os
iluministas pretendiam iluminar o mundo. Nesse sentido, muitos historiadores convencionaram apelidar o
século XVIII de “Século das Luzes”.

2
KANT, Emmanuel. Resposta à Questão: O que é Esclarecimento? Cognitio, São Paulo, v. 13, n. 1,
p. 145-154, jan./jun. 2012, pp. 146-147.
3
COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São, Pauli: Editora
Moderna, 2005, p. 44.

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“Mas planejar e projetar o futuro exigia a concepção de um tempo e de um espaço


determinados, confirmando o nascente conceito de estado-nacional – um território
soberano sobre o qual a burguesia reinava, imprimindo uma política que privilegiava o
desenvolvimento econômico e as necessidades do mercado. A nação deveria se orientar
por uma política que favorecesse a prosperidade e a acumulação de riqueza e que tivesse
no indivíduo sua mola-mestra. Um indivíduo liberto das marras do passado – da religião da
fé, da culpa e do pecado, das oficinas de ofício, dos soberanos e sacerdotes -, mas pelo de
desejos e expectativas de realização pessoal e de liberdade para agir, movimentar-se, gerir negócios
e lucrar.
Novos valores guiando a vida social para sua modernização, mais pesquisas e exploração de novos
campos do saber, avanços técnicos, melhorias nas condições de vida, tudo isso somado produziu um
clima muito otimista em relação ao futuro do homem, o que levou a esse surto de ideias, conhecido
pelo nome e “ilustração”. Um movimento que propunha uma atitude curiosa e livre que se estendia
tanto à elaboração teórica como à sistemática observação empírica. Que acreditava ser o
conhecimento a fonte do saber, de realização e de satisfação para a humanidade. Que acreditava na
evolução incessante do ser humano em direção a etapas cada vez mais avançadas de sua existência
como espécie.”4

Portanto, como parte do


Indivíduo Projeto Iluminista, há um
tripé que sustentou a
elaboração teórica mais
específica em cada área do
conhecimento, vejamos:
Essa é a base para uma das teorias mais
importantes do século XIX até os nossos dias
atuais: o LIBERALISMO! E, meus caros, o
liberalismo é uma teoria bastante complexa
Liberdade Razão que não se resume ao aspecto econômico. Ela
teve, e tem, impacto no pensamento
econômico, político, na área do direito, na
concepção de república, democracia e cidadania.
Como veremos ao longo dessa aula e das próximas, as teorias da ilustração tiveram a força de
orientar a ação política e econômica dos atores sociais do século XVIII e XIX e, assim, estabelecer as bases
do que viria a ser o Estado Capitalista na sua forma constitucional e democrática.
Vale reforçar algo que mais vemos nas primeiras lições sobre o iluminismo quando aprendemos
sobre o assunto no Ensino Médio. O que profe? A importância da sistematização do conhecimento na
“Enciclopédia”, a qual foi coordenada por D'Alembert e Diderot, "Enciclopédia", elaborada entre 1751 e
1780.

4
COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Editora
Moderna, 2005, pp. 46-47.

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• Jean le Rond d'Alembert (1717-1783) foi um filósofo, matemático e físico francês que
participou na edição da Enciclopédia, a primeira enciclopédia publicada na Europa;
• Denis Diderot (1713-1784) também foi um filósofo e escritor francês. Notável durante o
iluminismo, é conhecido por ter sido o cofundador, editor chefe e contribuidor da
Enciclopédia, junto com Jean le Rond d'Alember

A Enciclopédia do Iluminismo quis substituir fé pelo conhecimento, pois, se o conhecimento devia


passar a ser a nova máxima, então era necessário sistematizar e tornar acessível todo o saber gerado pela
Ciência.
Agora, veremos quais autores contribuíram para a formação do pensamento político e econômico
liberal.

3.1 – Liberalismo Político


Para começar, anote duas ideias fundamentais:

1- O liberalismo político, como o próprio nome diz, é uma teoria política. Os primeiros pensadores
iluministas ficaram conhecidos como contratualistas, porque enxergavam que a sociedade era
fruto de um contrato social no qual o povo era o soberano.

2- Foram as ideias liberais que influenciaram processos políticos revolucionários, como a


Independência dos Estados Unidos da América e a Revolução Francesa, além de dar aos
burgueses a noção econômica de “livre-mercado”.

Tendo por base a ideia de que a sociedade é regida por leis naturais, um tanto quanto semelhantes
àquelas que regem a natureza e a relação entre as espécies, os filósofos rejeitavam toda forma de controle
político, quer seja de um rei, de um líder, de um grupo, de um chefe religioso. Qualquer intervenção
impossibilitaria o homem de agir por si mesmo expressando a sua capacidade racional. Lembra de que a
liberdade é condição para racionalidade?
Veja o que diz John Locke (1632-1704) – um filósofo inglês, que viveu a
experiência das revoluções inglesas do final do século XVII:

“A liberdade natural do homem consiste em estar livre de qualquer ser superior na Terra (...),
tendo somente a lei da natureza como regra (...) 5

John Locke
Nesse sentido, podemos afirmar que havia uma clara oposição à ideia
de legitimidade do poder divino do soberano, bem como à ideia de submissão
do povo em relação ao monarca. No conflito entre Parlamento e Rei – que você já estudou nessa aula –
vimos que um dos motivos que contribuíram para a derrota do rei foi sua “mania” de criar tributos sobre
as propriedades sem que fosse autorizado pelo parlamento e, inclusive, fechar o parlamento. Está vendo,
a intervenção do rei não se limitava apenas na vida das pessoas, mas também na sua propriedade.

5
LOCKE, John. O segundo tratado sobre o governo. Petrópolis: Editora Vozes. 1999.

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Contudo, a propriedade é compreendida como elemento decorrente da liberdade e da


racionalidade. Embora ninguém nasça sendo dono de uma fazenda (salvo se for herança), nasce-se livre,
ou seja, dono de si mesmo. E é esta liberdade que pode levá-lo a ter posses para além do próprio corpo.
Mais uma vez, leia um trecho de Locke:

“Se o homem no estado de natureza é tão livre, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua
propriedade e submetido ao poder político de outrem sem seu consentimento(...)” (grifos nossos)

Caríssimos, observem o grifo do trecho acima. Perceba que o iluminista não nega a necessidade de
um poder político acima dos indivíduos. O que não pode ocorrer, para Locke, é que este poder se
estabeleça sem o consentimento do indivíduo ou da comunidade (na prática sem o voto do cidadão)

Assim, a formulação a que Locke chega é a de que a legitimidade do poder vem justamente daquele
que outrora foi oprimido: o povo!! São as pessoas que devem consentir que um entre eles governe ou que
um colegiado legítimo faça leis. Então, tatua na mente: o poder emana dos indivíduos que o concede a um
governante.

Concluindo a ideia: o sistema de legitimidade passa do rei para os indivíduos!

Isso não lhe parece óbvio? Afinal,


PERDE LEGITIMIDADE

quem colocou o governo brasileiro no


GANHA LEGITIMIDADE

INDIVÍDUO poder? O povo!!! Foi o povo que


concedeu por meio do voto seu
REI consentimento para que uma pessoa
pudesse governar. Imagina uma
pessoa chegando ao poder dizendo
que está lá e temos que obedecê-la
simplesmente porque Deus quis.
Quem aceitaria isso hoje em dia?
Na sociedade ocidental,
majoritariamente, o sistema eleitoral e a regra da maioria (maioria dos votos) são a chave para atribuir
legitimidade a um governo!

Mas, Profe, se o homem é tão livre e tão racional, o que o faria consentir um pedaço do seu poder a
outras pessoas, seus representantes? Não deveria o homem exercer seu poder diretamente sem
nenhuma intervenção?

Bem, querido e querida, essa foi uma discussão grande entre os iluministas: por exemplo, a
democracia deve ser direta ou representativa?
Locke dizia que embora o homem seja livre por natureza, a fruição da liberdade é incerta e está
permanentemente suscetível de obstacularização por terceiros, por isso, para evitar inconveniências que
surgem na convivência entre muitos homens, ele se reúne em sociedade.

AULA 04 – História Moderna III 22


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Portanto, para garantir a proteção e a conservação de si mesmos, de sua liberdade,


de sua vida e de sua propriedade ele se associa a outros indivíduos, por meio de um
contrato, no qual estabelecem racionalmente limites para as suas ações. Veja como
Locke define sociedade civil:
“Sociedade é uma associação para a conservação da vida, da liberdade e dos bens que chamo de
propriedade.”

Nesse estado, os homens gozariam dos chamados direitos naturais: vida, liberdade,
igualdade e propriedade privada e para conservá-los estabelecem um contrato. Dessa forma a sociedade tem
uma base contratualista!!

Assim, a formação da sociedade tem uma base: um contrato social! É este contrato a “cartilha” que
rege a vida das pessoas, das instituições e das famílias. O governante deve, ao governar, agir dentro das
regras desse contrato e sempre observar e garantir os interesses comuns da sociedade.
Por isso que, para Locke, os homens não devem governar diretamente, é preciso a figura do
representante de todos os homens. Essa concepção é importante porque justifique a representatividade
tanto via Parlamento, quanto via soberano (rei).

Mas, Profe, e caso o governante extrapole o contrato, ou atue apenas para garantir o seu próprio
interesse?

Pois é, alunos, aí, nesse caso, o povo pode derrubar o governante. Trata-se do que o Locke chamou
de “direito à rebelião”. Direito esse que, como vimos no capítulo sobre Revoluções Inglesas, foi utilizado
pelo Parlamento Inglês mais de uma vez para colocar limites ao poder do Rei.

Cuidado aqui: quando o pensador inglês falava em rebelião ele não estava falando de pixar
o banco, quebrar o orelhão, jogar uma bomba no parlamento ou fazer uma guerra civil.
Rebelião, para Locke, é o ato de não aceitar o despotismo de um governante, nem de um
parlamento.

Leia o que o próprio Locke diz: (...) os homens jamais estarão ao abrigo da tirania
se não tiverem os meios de escapar antes que ela os tenha dominado completamente. Por isso, não somente
tem o direito de sair dela, mas de impedi-la. (p. 218)

Agora veja, a vida e a liberdade são entendidas como naturais e pertencentes a todos os seres humanos, por
isso, configuram-se como direitos naturais, os quais não podem ser separados ou retirados das pessoas,
também são chamados de direitos inalienáveis (inseparáveis do homem).

AULA 04 – História Moderna III 23


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Conforme a filosofia iluminista


se desenvolveu, ela acabou por
influenciar as subáreas das Ciências
Humanas. Uma delas foi a das ciências
jurídicas e a partir dessa noção de
direitos naturais estabeleceu-se a ideia
de direitos civis e políticos. Segundo
essa concepção teórica, as pessoas
tinham, e têm, direito ao exercício dos
seus direitos civis e políticos.

Assim, os iluministas desenvolveram uma


compreensão diferente sobre a relação
entre governantes e governados.
Segundo a teoria, os indivíduos passam
de uma condição de submissos ao poder
do governante para outra de detentores
originários do poder.
Ou seja, de súditos as pessoas passam a
ser reconhecidas como cidadãs. Note que
isso é radicalmente diferente da “teoria
do direito divino dos reis”.
Essas formulações de Locke
receberam a concordância de vários
filósofos da época, por isso, podemos
generalizá-las e dizer que são características dos aspectos do liberalismo político. Contudo, algumas delas,
sobretudo as sobre a função da sociedade e a natureza da propriedade privada foram contestadas pelo
filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
Como um dos mais ferrenhos críticos de sua época, Rousseau quis entender a desigualdade real
entre os homens. Para compreendê-la foi estudar as organizações sociais na história e chegou à conclusão
de que a propriedade não era um direito natural, assim como o eram a liberdade e a igualdade. Ao
contrário, a propriedade seria a provocadora de toda a desigualdade e injustiça na Terra. Basta pensar na
expulsão dos camponeses quando começaram os cercamentos na Inglaterra e a extinção das propriedades
comunais.
Além disso, o filósofo suíço (ele não era francês) – que circulou por toda a Europa e pelos principais
centros de difusão do pensamento crítico - não acreditava que a sociedade era algo positivo, embora
necessária. Ele dizia: o homem nasce livre, mas a sociedade o corrompe.
Alguns estudiosos do iluminismo disseram que ele foi o mais crítico entre os pensadores da época
e seu pensamento deu base para as ideias contestatórias ao próprio liberalismo e ao capitalismo que se
desenvolveram ao longo do século XIX.

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Rousseau “O primeiro que, AO CERCAR UM TERRENO,


teve a audácia de dizer ISTO É MEU e
encontrou gente bastante simples para
acreditar nele foi o verdadeiro fundador da
sociedade civil.”

“Quantos crimes, guerras e assassinatos […] teria


poupado ao gênero humano aquele que, arrancando
as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritado a
seus semelhantes:
‘Não escutem esse impostor! Estarão perdidos se
esquecerem que os frutos são de todos e a terra é
de ninguém”.

Mas, o próprio Rousseau admitia que, naquela etapa de desenvolvimento da sociedade, talvez não
fosse mais possível viver como antes, no estado de natureza igualitário. Logo, o contrato social era uma
necessidade. Além disso, ele considerava que o povo deveria exercer a democracia direta, governar sem
representes.
Podemos, então, sistematizar:
De um lado, havia iluministas defensores da representatividade, como Locke. Veja o que ele dizia
sobre Poder Legislativo: “Se o legislativo ou qualquer parte dele compõe-se de representantes
escolhidos pelo povo para esse período, os quais voltam depois para o estado ordinário de súditos
e só podendo tomar parte no legislativo mediante nova escolha, este poder de escolher também
será exercido pelo povo.” 6

Do outro, pensadores – como Rousseau- defensores do exercício direto da política pelos cidadãos
(democracia participativa).

Assim, querida e querido aluno, independentemente do debate teórico entre esses dois iluministas,
podemos dizer que o contrato social era justamente o que limitaria o poder e a liberdade dos
homens, mas lhe garantiria, ao mesmo tempo, alguma segurança e estabilidade para planejar a busca
pela sua felicidade. O ponto comum entre Locke e Rousseau é o pacto social por meio de um
contrato.

6
LOCKE, J. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultual, 1973, p. 101.

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Mas, Profe, o que seria esse contrato, como as pessoas fariam isso?

Bem, o contrato social é a teoria das regras básicas de convivência. Ele é um pressuposto aceito
pela consciência social geral da sociedade civil e deve ser aceita por quem quiser fazer parte dela.

O contrato é a CONSTITUIÇÃO de um Estado. Aquela Carta Magna que determina


quais direitos e deveres dos cidadãos. Isso foi um grande passo no sentido de
enfraquecer o poder absolutista de alguns monarcas que eram ou pretendiam ser
absolutos e estar acima, inclusive, da sua corte, conselho ou parlamento – como
vimos no caso inglês. Houve grandes conflitos para que essas teorias tomassem
forma concreta. Exemplo: Revolução Francesa e Independência dos EUA.

Por influência dessas ideias, surgira, as formas de governo da Monarquia Constitucional e da


República (parlamentarista ou presidencialista). Ao longo da história, veremos que a Monarquia
Constitucional apareceu como um “meio termo” entre o velho poder da nobreza e o novo poder da
burguesia. Conforme o liberalismo avançou no mundo, em algumas situações, a república foi escolhida
como forma mais acabada de poder soberano do povo.

São exemplos históricos importantes para não esquecer:

→ Inglaterra: Monarquia Constitucional


→ Estados Unidos da América: República
→ França: Primeiro Monarquia Constitucional e depois República

Agora, veja, estava claro para os iluministas que o poder absolutista não deveria estar concentrado
nas mãos de uma única pessoa, seja qual fosse a justificativa. Assim, o poder deveria estar dividido em
esferas. A partir do que estudamos até agora, sabemos que há o rei e o parlamento e que ao longo dos
séculos XVII, XVIII e XIX surgiram a Monarquia Constitucional e a República.
Portanto, podemos falar que o parlamento é a esfera do poder legislativo e a esfera do poder
executivo fica a cargo da Monarquia ou do chefe da República (Primeiro Ministro ou, futuramente, o
Presidente). Sacou?

Mas qual era a função de cada uma delas, Profe Alê?

1- Parlamento: função legislativa, ou seja, fazer leis que regulam a sociedade.


2- Monarquia Constitucional ou República: executar as leis elaboradas pelo parlamento. Hoje em
dia, em alguns países a depender do que determina a constituição, o poder executivo pode
propor algumas leis. Só para vocês ficarem informados, no Brasil, o governo federal propõe as
leis orçamentárias, ou seja, quanto vai gastar com o que, entre outras possibilidades de iniciar
o processo legislativo. Aí os projetos de lei vão para o Congresso e os deputados e senadores
podem modificá-los, aprová-los ou rejeitá-los.
Mas, queridos e queridas, está faltando um poder, qual mesmo? O judiciário!!!!!

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Agora quero que vocês relembrem a experiência das revoluções inglesas. Lembra de que entre as
determinações do Bill of Rights o rei ficava impedido de mandar matar alguém sem o consentimento do
Parlamento?
Pois bem, geralmente, o poder de julgar era do rei. Na idade Média era do Tribunal da Santa
Inquisição, e até mesmo do senhor feudal. Logo, em muitos momentos ao longo da idade média e da
moderna, quem exercia a justiça e o papel de juiz eram pessoas que detinham outros poderes.
O desenvolvimento do sistema judiciário é fruto do próprio desenvolvimento do liberalismo. Os
iluministas retomam o direito clássico romano (veremos isso durante o Governo de Napoleão Bonaparte).
Consolida-se a ideia de que o acusador não pode ser o julgador, de que aquele que faz a lei e a executa não
poderá julgá-la. Com isso, nascerá o contemporâneo sistema de justiça que passará a exercer o poder
judiciário.

Vamos treinar!
O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não
deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de
base a todos os outros.
(...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam
homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão
um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira,
de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.”
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)
No trecho apresentado, o autor
a) argumenta que um corpo político existe quando os homens encontram-se associados em estado
de igualdade política.
b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais.
c) defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos políticos.
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se
submeterem a um único senhor.
Comentários
Rousseau foi um dos mais destacados iluministas, tendo publicado diversas obras, sendo que Do
Contrato Social é a mais analisada e difundida. Discute a organização do poder como expressão da
vontade da sociedade, criticando o modelo absolutista de sua época e defendendo a organização
social para a formação do governo, que deve representar o povo. A expressão “direito sagrado” que
aparece no texto não deve ser tomada como base religiosa do autor, mas como a ideia de um direito
básico. Uma das marcas de Rousseau, na verdade, do pensamento iluminista é a combinação entre
liberdade e igualdade no exercício da política. Nesse sentido, a letra A é nosso gabarito.
Repare que a alterativa B desvirtua o próprio argumento do autor, pois ele afirma que a ordem social
é um direito sagrado que serve de base para os demais.
Sobre a questão da escravidão, para Rousseau ela é nula e ilegítima, simplesmente por ser um
absurdo. Rousseau entende que as palavras escravidão e direito são contraditórias entre si. Contudo,
no trecho do enunciado da questão, a reflexão do pensador não abordar a temática da escravidão na
América.
Gabarito: A

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O pensador que sistematizou essas ideias foi o Barão de


Montesquieu (1689-1755). Sim, era um nobre pensador! A obra-prima de
Montesquieu é o livro O espírito das Leis, que tem quase 800 páginas.
Muitos dizem que ele é, de certa forma, não apenas um filósofo
preocupado com as ideias e os tipos ideais, mas com a política de fato. Algo
que hoje em dia chamaríamos de “real politycs”.
Assim, sua preocupação se estendeu para além da fundação da
sociedade civil, ou da origem do homem – como debateram Hobbes, Locke
e Rousseau. Montesquieu preocupava -se com o modo como a sociedade
1Montesquieu e a atividade política são organizadas todos os dias e, portanto, como as
leis repõem novos contextos. Por isso mesmo ele deu mais concretude à teoria da separação entre os
poderes.
Além disso, também contribuiu para os ensinamentos sobre o que são os regimes políticos.

Ele estudou e escreveu sobre 3 tipos de governos aos quais poder-se-ia atribuir um princípio específico para cada:

→ Despóticos: TEMOR = só sobrevive pela paixão dos governados que impõe medo aos que
não são apaixonados;
→ Monárquicos: HONRA = motor que move a monarquia;
→ Republicanos: VIRTUDE = amor à pátria e à igualdade.

Poder
executivo

Harmônicos e
Independêntes
entre si

Poder Poder
judiciário Legilativo

Falta-nos falar de um tema importante quando tratamos de iluminismo: a tolerância religiosa e


laicidade do Estado.

Evidentemente, depois de tratarmos sobre liberdade e igualdade, podemos pensar que a liberdade
religiosa é uma consequência da livre razão dos homens. É exatamente assim que os iluministas
encaram a noção da crença: como algo do foro íntimo.

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Portanto, política e religião não se misturam. Até porque, quando misturados, principalmente após
inúmeras experiências em que reis viraram chefes religiosos, o poder absoluto se potencializa. Nesse
sentido, o iluminismo foi decisivo para a compreensão não apenas do direito individual ao exercício das
crenças, como da laicidade do Estado. Na verdade, para que haja a liberdade individual de crença é
necessário que o Estado seja religiosamente neutro, ou seja, laico.
Vejamos a arquitetura do argumento:

Ponto 1: se as pessoas são dotadas de razão para fazer suas escolhas individuais, significa que cada um
pode acreditar em quais doutrinas lhe sejam mais adequadas. Nesse sentido, haveria a existência de
centenas, milhares delas. Certo, entendido?!
Ponto 2: ao Estado cabe a segurança e garantia dos interesses comuns à sociedade. Logo, como o Estado
vai impor uma religião única? Isso quebraria o ponto 1, da liberdade individual. Então é preciso uma técnica
política. Qual seria a técnica política para garantir a segurança de todos no momento de exercer seu livre
direito de crer? A resposta para essa pergunta é a fórmula da laicidade do Estado. Sacaram?

O autor que mais contribuiu para o tema da tolerância religiosa foi Voltaire
(1694-1778), filósofo e dramaturgo. Ele entendia que a razão era um guia
infalível para chegar a Deus e, assim, defendia a crença em um ser supremo
e universal que fez a todos igualmente. Portanto, como forma de governo
ele defendia um governo esclarecido – iluminista. Para ele não importava se
era monarquista, republicano, burguês ou nobre, desde que fosse
esclarecido.
Esse argumento de Voltaire se explica porque ele era um grande crítico dos
Voltaire costumes, vaidades, inveja e mesquinhes da sociedade da época. Em nome
de Deus e do poder, tudo isso? Era o que se perguntava o dramaturgo cujas
críticas lhe renderam duas prisões na Bastilha – prisão política francesa. Além disso, para este pensador a
tolerância é racional.

3.1.1 – Despotismo Esclarecido


Podemos associar o pensamento de Voltaire ao desenvolvimento do Despotismo Esclarecido.

Articula comigo: O desenvolvimento das ideias iluministas gerou uma pressão sobre os monarcas
absolutistas. Alguns deles acabaram promovendo reformas políticas, administrativas e culturais
inspiradas em alguns princípios iluministas. Portanto, despotismo esclarecido é a expressão utilizada
para designar uma forma de governar que prevaleceu na Europa do século XVIII e, de certa maneira,
deu um fôlego ao Antigo regime.

São representantes de governos que empreenderam medidas “esclarecidas” os déspotas,


conforme sistematização de Boulos Jr. (2011):
- Frederico II, da Prússia, “aboliu as torturas aplicadas aos presos em seu país [...] incentivou as
letras, as artes e as ciências [...] e dirigiu pessoalmente a reforma de Berlim, capital da Prússia na
época”.

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- O Marquês de Pombal, “principal ministro do rei D. José I [...] valendo-se de seu enorme poder,
decretou a emancipação dos indígenas na América portuguesa, a abolição da escravidão africana e
a fundação da Imprensa Régia, em Portugal”

- José II, da Áustria, adotou a tolerância religiosa, mas manteve intocados o militarismo e a servidão.

- Catarina II, da Rússia, “mandou construir escolas, fundou hospitais, dirigiu a reforma da capital
(São Petersburgo) e combateu a corrupção nos meios civis e religiosos”.

Um dos primeiros passos dos déspotas esclarecidos seria a tolerância religiosa, ou seja, o fim do
dogma “um rei, um povo, uma fé” – esta que tantas guerras e perseguições religiosas produziu na
Europa e nas suas colônias.

(EsPCEx/2007/4000000393)
O clima criado pelos iluministas tornou-se tão forte e difundido, que vários governantes procuraram
colocar em pauta suas ideias. Sem abandonar o poder absoluto, procuraram governar conforme a
razão e os interesses do povo. Aliança essa de princípios filosóficos e poder monárquico deu origem
ao regime de governo, típico do século XVIII, conhecido como
a) fisiocratismo.
b) tiranismo absolutista.
c) positivismo.
d) absolutismo teocrático.
e) despotismo esclarecido.
Comentários
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu por volta do século XVII, mas ganhou mais
força e se disseminou pela Europa e suas colônias, no século XVIII. Os iluministas divergiam em vários
temas, ideias, abordagens e posicionamentos políticos. No entanto, concordavam com alguns
princípios básicos que guiavam suas discussões, tais como a primazia da razão, o individualismo e a
defesa de o progresso humano seria alcançado por meio do esclarecimento. Ideologias como o
liberalismo político e o liberalismo econômico também surgiam como desdobramento das ideias
iluministas. Um dos principais alvos da crítica dos iluministas, sobretudo daqueles de orientação
liberal, era o absolutismo. Também a Igreja Católica era bastante criticada pelos iluministas, que
advogavam a favor da laicização do Estado e da educação. Entretanto, como o enunciado ressaltou,
no século XVIII, alguns monarcas absolutistas tiveram “jogo de cintura” suficiente para se apropriar
de algumas ideias iluministas para melhorar o próprio governo, sem abrir mão do poder absoluto. A
racionalização do Estado e o resgate do direito romano são exemplos dessa estratégia. Sabendo disso,
vejamos qual o nome desse regime de governo caracterizado pela mistura de elementos absolutistas
e iluministas:
a) Incorreta. O fisiocratismo era uma teoria econômica formulada por iluministas franceses, na qual
inclusive Adam Smith se inspirou para formular o liberalismo econômico. Já na primeira metade do
século XVIII, os fisiocratas franceses já questionavam os princípios do mercantilismo. Eles criticavam

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os monopólios e a interferência estatal na economia, pregando mais liberdade econômica. Além


disso, argumentavam que a base da riqueza não eram os metais preciosos, mas sim a terra.
b) Incorreta. O conceito clássico de tirania é um governo autoritário e violento que se ampara no
apoio popular. No caso, um “tiranismo absolutista” seria algo próximo do que Thomas Hobbes,
filósofo inglês, propunha para a Inglaterra. Para esse pensador, o absolutismo era a única forma de
manter a ordem e a paz. Contudo, esse poder absoluto do monarca não era concedido por Deus, mas
sim pelos próprios súditos. Era um pacto social. No entanto, não envolvia necessariamente a
incorporação de ideias iluministas.
c) Incorreta. O positivismo é uma filosofia elaborada no século XIX, portanto, é posterior ao período
aqui tratado.
d) Incorreta. O absolutismo teocrático seria aquele mais semelhante ao absolutismo francês,
português ou espanhol, os quais extraíam grande parte da legitimidade do poder real a partir de seu
vínculo com a Igreja Católica. Então, perceba que é o tipo de governo mais execrável para os
iluministas. Na França, acreditava-se no direito divino dos reis, segundo o qual o monarca fora
excluído por Deus para governar, estando acima de todas as leis dos homens. Enquanto isso, na
Espanha e em Portugal, a fundação de suas monarquias esteve vinculada à Guerra de Reconquista
contra os muçulmanos. Em virtude disso, essas coroas extraíam sua legitimidade de seu caráter
missionário, isto é, de seu papel como promotores da conversão de outros povos ao cristianismo. Isso
se agravou com o início da colonização da América. Dessa forma, muito cedo, o papado concedeu às
Coroas ibéricas o direito do Padroado e do beneplácito régio, que as permitia interferir em assuntos
religiosos em seus territórios, podendo até nomear e cassar membros do alto clero e mesmo vetar
bulas papais que discordassem.
e) Correta! O nome do conceito é praticamente autoexplicativo. Nesse regime, o monarca não
abandonava seu caráter absolutista, ou seja, mantinha-se como um déspota. Porém, ele se
apropriava de ideias e conceitos iluministas interessantes para seu governo. Como o iluminismo
também era chamado na época de Ilustração ou Esclarecimento, esses reis ficaram conhecido como
déspotas esclarecidos. Exemplos desta postura foram d. José I, de Portugal; Frederico II da Prússia;
José II, da Áustria; e Catarina II, da Rússia.
Gabarito: E

3.2 – Liberalismo Econômico


Queridos e queridas, as discussões sobre economia são imensas e complexas. Mas quero que vocês
prestem atenção em uma coisa: assim como falamos de alguns teóricos iluministas que foram os
precursores do liberalismo político, em relação à economia adotaremos o mesmo foco, uma vez que nosso
objetivo é entender o movimento iluminista e suas principais sínteses teóricas e históricas.
Por que estou explicando isso? Porque, algumas vezes, alguns alunos perguntam: mas, professora
você não vai falar da escola austríaca de economia – Von Mises ou Hayek? E eu respondo: Não, porque eles
não foram precursores iluministas. São de outro tempo histórico e estão mais relacionados com o
neoliberalismo de meados do século XX.
No século XVIII, uma das primeiras formulações, no campo da economia, contra as práticas
mercantilistas foram propostas pelos fisiocratas, com relevo para Quesnay (1694-1774) e Gournay.
Fisiocracia quer dizer “o governo da natureza”. Calma, não se trata do rei Sol ou da chuva .
Quesnay usava dois argumentos:

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A terra é a principal riqueza econômica


Tal como a natureza, a economia tem leis naturais.

A partir desses dois pressupostos, então, ele vai defender que o estado não intervenha na economia
de modo a garantir o livre curso da natureza. Quesnay recorre ao termo cunhado por Gournay: “Laissez
faire, laissez passer, le monde va de luimême” - Deixai fazer, deixai passar, o mundo vai por si mesmo.
Os fisiocratas advogaram uma tese que acabou por ser mais explorada no campo da economia e
assim se convencionou chamar a proposta desses autores de “capitalismo agrário”, pois para eles a origem
da riqueza estava na terra. No entanto, eles não faziam uma cisão epistemológica entre economia e política.
Nesse sentido, ao negar o papel de intervenção do estado na economia, mas sem acabar com essa
instituição política, formularam outras funções ao aparelho estatal – o que os aproximava dos teóricos do
liberalismo político que já estudamos.

Veja algumas funções do estado propostas pelos fisiocratas:


Proteger a sociedade contra a violência da invasão estrangeira;
Proteger a sociedade da injustiça e da opressão interna;
Fazer obras de interesse comum;
Garantir liberdades e interesses particulares.

Contudo, os debates em torno do problema das práticas econômicas do mercantilismo se


aprofundaram. Assim, quando tratamos do desenvolvimento iluminista no campo da economia, falamos
em Adam Smith (1723-1790) e sua principal obra: A riqueza das Nações7 .Smith é considerado o pai
fundador do liberalismo econômico.
Como um estudioso do tempo ilustrado, criticava abertamente
o mercantilismo, demonstrando que o intervencionismo do Estado na
economia era uma forma de entrave à ordem econômica. Esse é o
ponto fundamental da sua argumentação. Para ele a ordem da
economia é parte de uma lei natural: a da oferta e da demanda.

Disso decorre sua máxima: o mercado se autorregula.

Adam Smith
Mas, como um pensador ilustrado, ele considerava que uma ordem econômica harmônica poderia
garantir a justiça social e a possibilidade de os homens buscarem sua felicidade.

Dessa forma, a harmonia econômica seria atingida se fossem asseguradas 3 condições:

7
O nome completo da obra é: Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações
(1776).

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→ Livre concorrência
→ Divisão do trabalho
→ Livre comércio

Há algo relevante na análise de Adam Smith que foi fundamental para entender a origem da riqueza:
sua análise sobre o papel do trabalho. Para o pai da economia liberal, o trabalho é o elemento produtor da
riqueza, e não a terra como afirmavam os economistas fisiocratas.
Veja, quando Smith fala em trabalho ele está falando em relações sociais. Para ele trabalho é uma
mercadoria específica: marcada e definida por relações sociais. Ele estudou a história da humanidade para
chegar a essa conclusão.
Como parte de suas conclusões, ele estabeleceu etapas de desenvolvimento econômico e civilizatório
das sociedades a partir da análise do modo como as pessoas trabalhavam e produziam riqueza. Anote essas
fases:

4.Sociedade do
comércio
3.Sociedade internacional.
agrícola. Para ele, essa é a
Interessante que aqui etapa “suprema da
2.Sociedade do ele começa a evolução humana”.
pastoreio demonstrar a
1.Sociedade importância da
complexidade das
coletora e relações econômicas.
caçadora

Nesse sentido, não podemos fazer uma leitura economicista de Adam Smith, porque, tal como os
demais filósofos, ele pensava em um projeto de nova sociedade. Contudo, é óbvio que sua perspectiva é
da forma de se criar riquezas, portanto, o campo da economia. Diferentemente de Montesquieu para quem
o foco da análise era na política e no direito.

O singular em Adam Smith é que ele estabelece a primazia da economia sobre os demais setores da
vida em sociedade. Veja o que ele mesmo diz:
Senhores e comerciantes levaram a cabo, assim, uma revolução de maior importância para a
felicidade pública, sem que nenhum deles houvesse proposto. Eis aqui como o progresso econômico
engendra transformações sociais mais transcendentes que as que alcançam os homens quando se
sublevam contra os poderes estabelecidos. (grifos nossos)

Observe, pelos grifos acima, que Adam Smith dizia que as transformações econômicas poderiam
gerar mais impacto no desenvolvimento econômico que as questões políticas. Como método para se atingir
essa afirmação ele está comparando o desenvolvimento da Inglaterra em período de paz e de conflitos
políticos. É quase como se ele afirmasse que a Inglaterra cresceu mais desenvolvendo o comércio mundial
do que quando acabou com o poder absoluto do rei.

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Mas, Profe, ele não está separando política e economia?

Não se trata de separação, mas de relação. Nunca Adam Smith desprezou a política. O que ele
procurou entender foram as relações de causa e efeito na sociedade e quais são os elementos
estruturantes da sociedade.
Naquela ocasião, o desenvolvimento do pensamento iluminista caminhava para buscar um núcleo
essencial estruturante que dele decorressem as demais relações. Assim, para o autor inglês, as leis naturais
de mercado estruturam as sociedades complexas: a oferta e a demanda regulam naturalmente as atitudes
e a evolução do ser humano.
(EsPCEx 2020)
Assim como os fenômenos físicos – diziam os iluministas –, as relações entre os indivíduos são regidas
pelas leis da natureza. Os pensadores iluministas podem ser divididos em dois grupos: os filósofos e
os economistas. Respectivamente, são representantes desses dois grupos:
a) Voltaire e Adam Smith.
b) Diderot e Montesquieu.
c) Piaget e François Quesnay.
d) Vincent de Gournay e Voltaire.
e) François Quesnay e Sartre.
Comentários
O movimento Iluminista do século XVIII, conhecido como Ilustração, possuía as dimensões Política,
Econômica e Filosófica. Na Política, havia os pensadores críticos do Absolutismo, tais como, Locke,
Montesquieu e Rousseau. Na esfera da Economia, Adam Smith criticou mercantilismo e defendeu a
liberdade de mercado, isto é, a não interferência estatal na economia. No mesmo sentido, Quesnay
e Gournay. Já no campo da Filosofia, pensadores como Kant e Voltaire defendiam o uso da razão
como o caminho para a liberdade e da autonomia do indivíduo. Nesses termos, a alternativa A atende
ao enunciado da questão.
Agora, Sartre (Jean-Paul Sartre), na alternativa E, é um autor do século XX e Piaget (Jean Piaget)
também.
Gabarito: A
(Adaptada)
Os elementos geradores de riqueza para a Fisiocracia e para o Liberalismo eram, respectivamente:
a) terra e trabalho
b) agricultura e capital
c) indústria e comércio
d) metal precioso e tecnologia
Comentários
Questão do tipo no alvo, necessita de conhecimento mais aprofundado, com o que vimos acima para
você não errar e, por exemplo, marcar a alternativa B. Como vimos, para os fisiocratas a centralidade
estava na terra, já para o liberalismo econômico de Smith o trabalho é central.

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Gabarito: A
(Adaptada)
"Um comerciante está acostumado a empregar o seu dinheiro principalmente em projetos lucrativos,
ao passo que um simples cavalheiro rural costuma empregar o seu em despesas. Um frequentemente
vê seu dinheiro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro; o outro, quando se separa do dinheiro,
raramente espera vê-lo de novo. Esses hábitos diferentes afetam naturalmente os seus
temperamentos e disposições em toda espécie de atividade. O comerciante é, em geral, um
empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido em seus empreendimentos..."
(Adam Smith, A RIQUEZA DAS NAÇÕES, Livro III, capítulo 4)
Neste pequeno trecho, Adam Smith
a) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades e modos de vida distintos.
b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em face da estagnação medieval.
c) defende a lucratividade do comércio contra os baixos rendimentos do campo.
d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lucros e dos cavalheiros com a ostentação de
riquezas.
e) expõe as causas da estagnação da agricultura no final do século XVIII.
Comentário
Olha que interessante! Adam Smith, coerente com sua concepção da economia como elemento
central do desenvolvimento de todos os outros setores da vida, desenvolve uma relação com a
subjetividade das pessoas, a formação da cultura e modo de vida. O comerciante pensa em atuar para
gerar lucro, ou seja, dinheiro que faz dinheiro. O cavaleiro rural é só uma pessoa que por ter muito
dinheiro de herança não sabe fazer o dinheiro, ele apenas gasta. Não investe.
Gabarito: A

4. Independência dos EUA


Caríssimos Cadetes, agora veremos como as ideias liberais impactaram as ações e as
experiências humanas. Começaremos por estudar o processo de Independência dos EUA. Mas anote
o seguinte: tudo o que aconteceu depois da criação do liberalismo foi, em maior ou menor grau,
influenciado por ele. Guarde isso e mate várias questões! Vamos em frente!

Após passarmos pela história inglesa e pelos pensadores que fundamentaram as ideias de liberdade
política e econômica na modernidade, podemos compreender melhor o processo de independência das
colônias inglesas que deu origem aos Estados Unidos da América.

Façamos uma rápida capitulação da nossa aula sobre colonização inglesa na América. Atente-se porque vou
agregar alguns elementos que estão relacionada com os conflitos entre a Inglaterra e as 13 Colônias:

A Inglaterra tentou estabelecer uma colônia na América do Norte no século XVI que
não deu certo por força da resistência dos povos originários. Depois, durante o Governo da
Rainha Elisabeth I (1533-1603), por meio de uma companhia comercial britânica, iniciou-se a
colonização das terras que seriam denominada de Colônia de Virgínia. A fundação, de fato,

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da Colônia de Virgínia ocorreu em 1607, seno que o nome Virgínia foi uma homenagem à Rainha Elisabeth
I, considerada “a virgem”. Nas décadas seguintes, os britânicos fundaram várias outras colônias. Algumas
dessas iniciaram-se por meio da ocupação de protestantes puritanos que fugiam da perseguição dos reis
Stuart.
Nesse processo, estudamos que se formaram dois tipos de colônias: aquelas “oficiais” tinham um
caráter de exploração mercantilista e as fundadas por iniciativa particular, formaram colônias com
pequenas propriedades e produção interna. As primeiras estavam localizadas mais ao Sul, enquanto a
segunda ao centro-norte.
Nesse cenário, durante mais ou menos um século, as autoridades coloniais conviveram com as
assembleias de colonos que conseguiam desenvolver uma economia própria com alguma expressão da
região.
Contudo, a partir de meados do século XVIII, essa situação começou a mudar e a Inglaterra iniciou
um movimento de intensificação da exploração colonial buscando, com isso, aumentar os rendimentos
extraídos das atividades comerciais realizadas no território das “13 Colônias Britânicas”.
Foram duas as principais medidas:

→ Criar impostos
→ Monopolizar o comércio da colônia com a metrópole, na prática implantar o “exclusivo
metropolitano” (lembra dessa prática usada por portugueses e espanhóis na América Latina?)

Mas, Profe, em pleno século XVIII, a essa altura do campeonato, os caras vão tentar impor pacto
colonial? Não estão um pouco atrasados nisso aí?

Pois é, queridos, a questão é que em meados do século XVIII, Inglaterra, França e Espanha
disputavam as áreas coloniais da América do Norte. MUITA atenção nos próximos parágrafos!!!
Exatamente entre 1756 e 1763, ocorreu a chamada Guerra dos Sete Anos, entre França e Inglaterra
pelas áreas coloniais localizadas onde hoje se encontra parte do Canadá. A Inglaterra ganhou. Esse conflito
foi ótimo para os colonos das 13 colônias porque receberam treinamento militar e abasteceram seus
exércitos, mas péssimo para a metrópole inglesa já que ela saiu extremamente endividada - e com uma
população de colonos armada.

Mas, Profe, por que a Inglaterra se empenhou em uma guerra por áreas coloniais a essa altura da
história?

Porque ela passava pelo processo de Revolução Industrial. Assim, era preciso garantir o controle de
uma área que fornecesse matéria-prima para essa recente indústria, bem como mercado consumidor para
seus produtos, uma vez que a produção era em larga escala.

Então, foi por isso que a Inglaterra entrou em Guerra com a França. Vitoriosa
militarmente, mas com um Estado endividado, a intensificação da exploração
colonial seria, para a Inglaterra, uma forma de “matar dois coelhos em uma
cajadada só”. Sacou?

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Dessa forma, podemos sistematizar os motivos que levaram a Inglaterra a tentar ampliar seu controle sobre as 13 colônias e
intensificar o sistema de exploração em 2 grupos:

→ Para cobrir os gastos públicos da Guerra dos 7 anos


→ Para garantir fornecimento de matéria-prima e mercado consumidos para o processo de
Revolução Industrial

Vamos destacar 3 leis, entre dezenas delas, que a Inglaterra impôs às Colônias:

1764 1765 1773

• Lei do Açúcar • Lei do Selo • Lei do Chá

1764 – Lei do Açúcar:

Aumento das taxas de importação sobre o açúcar produzido nas Antilhas.


Isso afetava os pequenos produtores das colônias do norte, pois eles compravam açúcar para
produzir rum e vendiam peles, gado, madeira e peixe.
Com encarecimento do açúcar, os custos aumentavam muito.
Lembra do comércio triangular que vimos acima? Esse importante comércio de abastecimento e
lucro sofreu grande impacto.

1765 – Lei do Selo:

Criava-se um selo de circulação para todo tipo de documento e publicação que circulasse nas
colônias, desde contratos até livros, revistas e jornais. Até baralho deveria ser selado. Isso gerou uma
grande desobediência civil e ninguém cumpriu a lei. A resistência foi tanta que a lei foi revogada 1
ano depois. Contudo, a insatisfação com a Coroa cresceu.
Depois disso, muitas outras leis criando impostos de todo tipo foram determinadas aos colonos.
Essa situação levou ao desenvolvimento de um sentimento de revolta e, aos poucos, sob a influência
das ideias iluministas, foi se constituindo um desejo de independência.
Na Inglaterra, mesmo antes do iluminismo, Samuel Adams foi um importante difusor de uma
ideia que se tornou tradicional na cultura política inglesa: “nenhuma taxação sem representação.”
Dessa forma, as ideias do movimento iluminista iam impregnando o sentimento de revolta dos
colonos e os abastecendo de justificativas para exercer seu “direito à rebelião”.

1773 – Lei do Chá:

O chá era um produto muito consumido pelos colonos. Um produto de consumo diário, como é
o café para os brasileiros, hoje em dia. Contudo, os colonos da Inglaterra não consumiam, mas
importavam especialmente da Índia. Portanto, era um produto que chegava em abundância nas 13
colônias.
Dessa forma, a Inglaterra, ao intervir no comércio da sua colônia, estatizou o controle do
comércio do chá, delegando o monopólio a uma companhia de comércio, a Companhia Inglesa das
Índias.

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Ou seja, com isso, o preço do produto subiu demais, o imposto aumentou e o consumo ficou
inviável.
Como a desobediência civil não seria possível nesse caso, os colonos armaram um atentado a
um carregamento de chá da Companhia Inglesa das Índias: vestiram-se de índios e jogaram no mar
um carregamento inteiro de chá. Um enorme prejuízo foi gerado. Você deve conhecer esse ato de
rebeldia como a Festa do Chá de Boston. O chá não era de Boston, mas o navio que carregava o chá
estava no Porto de Boston, que, por sinal, era o mais importante Porto do comércio Atlântico das 13
colônias.
O rei inglês, ao saber de tal rebeldia e, claro, do tamanho do prejuízo, em 1774, decretou um
conjunto de leis que ficou conhecido como “Leis Intoleráveis”.

1774 – Leis Intoleráveis

Essas leis determinavam o seguinte:


-Fechamento do Porto de Boston
-Ocupação militar da região. Massachusetts, por exemplo, foi colocada sob governo militar.
-Pagamento do prejuízo e da indenização
-Restrição das liberdades civis e econômicas dos colonos

Também vale registrar a Lei do Aquartelamento, que previa a obrigatoriedade do fornecimento


de mantimentos aos soldados ingleses presentes em solo americano por parte dos colonos.
Importante mencionar que, em meio a essa “avalanche de impostos” e o aumento da tensão entre
Coroa e colonos, em 1770, ocorreu o Massacre de Boston. Tratou-se de um incidente ocorrido no dia 5 de
março de 1770, em Boston, Massachusetts, quando soldados do Exército Britânico dispararam sobre um
grupo de civis, matando cinco homens e ferindo outros seis.
Nesse momento – pós Massacre de Boston e pós Leis Intoleráveis - a figura do rei como um tirano
foi massificada.
Se até então, as colônias não tinham uma unidade – nem política e nem econômica – agora,
começavam a ver a necessidade de encontrar uma saída unitária. As ideias de “direito à rebelião” e
independência foram ficando maiores. Porém, havia alguns líderes mais conservadores que acreditavam
em uma saída pela exigência de autonomia da colônia e representação política no Parlamento Inglês.
Essas ideias foram debatidas no 1º. Congresso da Filadélfia, em setembro de 1774 (também
conhecido como Primeiro Congresso Continental). Dessa reunião, elaboraram um documento de protesto
e um pedido de audiência com o rei. A resposta do rei foi: eu nunca os receberei!!! E deu ordens para uma
ocupação e ação militar contra os colonos.

Assim começou uma longa guerra pela Independência das 13 Colônias que ocorreu entre abril de
1775 e outubro de 1781.

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Nesse período, a ideia de Independência ganhou a maioria da população, que se lançou em uma
luta pela criação do seu país. Então, em maio de 1775, foi organizado o 2º Congresso da Filadélfia. Nele se
conclamou que a população pegasse em armas e defendesse o território contra os ingleses.
Aqui, George Washington foi nomeado comandante geral das tropas
coloniais (lembrar que ele também foi o primeiro presidente dos EUA)
Um ano depois de instalado o 2º Congresso da Filadélfia, que na prática
servia como órgão central da guerra, em 4 de julho de 1776, em meio à guerra,
proclamou-se a Independência dos Estados Unidos da América, designação da
nova nação!

Leia Declaração dos Estados Unidos abaixo, busque nela encontrar palavras, expressões e deias
que permitam a você estabelecer relação entre o evento que deu origem a esse documento e os ideais do
Movimento Iluminista:

DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário a um povo dissolver os laços políticos
que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito
as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno para com as opiniões dos homens exige que
se declarem as causas que os levam a essa separação.
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais,
dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da
felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus
justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne
destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o
em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-
lhe a segurança e a felicidade
[...]
Nós, por conseguinte, representantes dos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, reunidos em CONGRESSO GERAL,
apelando para o Juiz Supremo do mundo pela retidão das nossas intenções, em nome e por autoridade do
bom povo destas colónias, publicamos e declaramos solenemente: que estas colónias unidas são e de direito
têm de ser ESTADOS LIVRES E INDEPENDENTES; que estão desobrigados de qualquer vassalagem para com
a Coroa Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e deve ficar totalmente
dissolvido; e que, como ESTADOS LIVRES E INDEPENDENTES, têm inteiro poder para declarar a guerra,
concluir a paz, contrair alianças, estabelecer comércio e praticar todos os atos e ações a que têm direito os
estados independentes. E em apoio desta declaração, plenos de firme confiança na proteção da Divina
Providência, empenhamos mutuamente nossas vidas, nossas fortunas e nossa sagrada honra.

Interessante notar que a Declaração trouxe a ideia de isonomia jurídica jusnaturalista de John Locke, isto
é, direitos de liberdade, igualdade e propriedade privada.

Evidentemente, a Inglaterra não aceitou essa declaração de Independência e a guerra prolongou-


se. Até 1778, as tropas estadunidenses lutaram praticamente sozinhas em inúmeras batalhas bastante
complicadas, afinal, o exército britânico era muito bem equipado e treinado.

AULA 04 – História Moderna III 39


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Contudo, a partir de 1778, o Exército Continental Americano recebeu ajuda financeira e militar da
França e da Espanha. O próprio Luís XVI incentivou voluntários franceses a combater nos Estados Unidos.
As armadas espanhola e francesa, com mais de 40 navios e 6 mil homens, mudaram a trajetória da guerra.
Embora a França tenha retirado seu apoio no final da guerra, devido às crises internas daquele país,
a vitória dos Estados Unidos se deu em 19 de outubro de 1781, quando o último exército inglês foi
derrotado por George Washington.

É importante ressaltar que mesmo com a derrota militar da Inglaterra, ela só assinou o Tratado
de Reconhecimento da Independência dos Estados Unidos da América em 1783. A assinatura do
tratado se deu no Palácio de Versalhes na França!

A partir desse momento, iniciou-se a organização do Governo dos Estados Unidos. Isso significava
definir o tipo de Estado, a forma e o sistema de governo. Tudo isso deveria estar escrito no contrato de
fundação do país, qual é mesmo, Cadetes? A Constituição!!!

Assim, em 17 de Setembro de 1787, foi Promulgada a Constituição dos Estados Unidos. Sob a
influência de pensadores como John Locke, Rousseau, Montesquieu, entre outros iluministas, definiu-se:

Tripartição dos poderes em:


Poder executivo: Presidente
Poder legislativo: Senado e Câmara dos Deputados
Poder judiciário: Suprema Corte

Tipo de Estado: Federado


Forma de Governo: República
Sistema de Governo: Presidencialismo

Além de promulgar a constituição, ocorreu a eleição do 1º Presidente dos Estados Unidos da


América: George Washington. Aqui ficou estabelecido que o Presidente da república é o chefe máximo das
Forças Armadas do país, pois o poder militar está submetido ao poder civil.

Por fim, resta-nos saber sobre os direitos de cidadania, lembra-se? Os direitos civis e
políticos!! A liberdade e a igualdade jurídica estavam asseguradas a todos?

Em 1783, a Constituição ficou mais focada na garantia do sistema político, já os


direitos civis foram incorporados ao texto constitucional por meio da Primeira Emenda,
apenas em 1791. Alguns conhecem essa emenda como a Carta de Direitos dos EUA (outra Bill of Rights).

AULA 04 – História Moderna III 40


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Deste modo estavam garantidos os direitos de:

→ Liberdade de expressão
→ Liberdade de imprensa
→ Liberdade religiosa
→ De reunião e manifestação pacífica
→ Representação contra o Governo

Embora a Declaração da Independência dos EUA, bem como a Constituição


afirmem a igualdade jurídica, na prática, nem todos foram beneficiados com os direitos
assegurados na Constituição. Por exemplo, continuou existindo escravidão negra em
vários estados e os indígenas sofreram um processo de perseguição e genocídio, afinal,
nem negros e nem índios tiveram sua existência como seres humanos reconhecida.

Portanto, quem exercia plenamente os direitos de cidadania eram os homens brancos, pertencentes
à aristocracia rural, proprietários de escravos e de terras, os pequenos proprietários da pequena
indústria – e do sexo masculino, já que mulheres mesmo ricas e mesmo brancas não tinham direitos
de liberdade e igualdade jurídicas, uma vez que eram consideradas frágeis e incapazes de atividades
públicas. As mulheres estadunidenses lutaram muito pelo direito ao sufrágio (movimento sufragista),
mas só conquistaram o direito ao voto 140 anos após a Independência.
Vale aprofundar que só em 1870, o direito de votar foi estendido aos negros com a vigência da 15ª
Emenda à Constituição dos Estados Unidos. Essa emenda veio a garantir que “o direito de voto dos
cidadãos dos Estados Unidos não poderia ser negado ou cerceado pelos Estados Unidos, nem por
qualquer estado da federação, seja por motivo de raça, cor ou de prévio estado de servidão”. Depois,
o direito de voto às mulheres, 1920, foi estabelecido com a vigência da 19ª Emenda à Constituição,
ao dispor que “o direito de voto dos cidadãos dos Estados Unidos não será negado ou cerceado em
nenhum Estado em razão do sexo”. Veja, então, que não dá para tratar de uma vez todas as questões
do voto nos EUA.

Por fim, é importante frisar que uma das consequências da Independência Americana foi o estímulo
a outras processos de independência na América Espanhola, como veremos nas aulas seguintes. Assim,
podemos afirmar que o Antigo regime parece entrar em franca decadência!

Para finalizar, pega o Bizu da Cronologia da Independência dos EUA:

AULA 04 – História Moderna III 41


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1767- Parlamento aprova as Leis


1773- O Parlamento
1764- Parlamento inglês Townshend: ampliar receitas
inglês aprovou a Lei do
aprova a Lei do Açúcar: por meio da cobrança de novos
Chá: eliminação dos
ampliar recolhimento de impostos sobre produtos
intermediários coloniais.
impostos dos habitantes importados pelas 13 colônias:
Novos protestos dos
das treze colônias papel, vidro, tinta e chá. Boicote
colonos.
dos colos a esses produtos.

1776- O Congresso 1775- Patriotas


Continental vota pela enfrentam os ingleses em 1774- Primeiro Congresso
Independência das 13 Lexington e Concord. 2º Continental, na Filadélfia,
colônias Congresso Continental.

1783- Assinado o Tratado


1778- Tratados com a 1781-Rendição militar
de Paz que reconhece
França reconhecem a inglesa marca a vitória
diplomaticamente a
Independência dos americana na luta pela
vitória americana na
Estados Unidos. Independência
guerra.

(EsPCEx 2016)
Em 1781, o general inglês Cornwallis rendeu-se aos revoltosos norte-americanos, na batalha de
Yorktown, dando início às negociações que levaram a Inglaterra a reconhecer os Estados Unidos da
América como nação livre. Na formação desse novo estado pode-se destacar
a) um poder central forte e nenhuma autonomia política e administrativa aos estados membros.
b) a adoção do sistema parlamentarista.
c) a participação política dos indígenas e negros.
d) um poder central muito fraco e estados membros com muita autonomia política e administrativa.
e) a formação de um estado com base em ideias oriundas do Iluminismo.
Comentários
A – falso, pois a 13 Colônias ingleses estavam lutando por mais autonomia de cada uma delas. Então,
não poderia ser “poder central forte”.
B – Errado, pois as discussões estavam em torno do Presidencialismo. Vamos recordar:
Após a guerra de independência, em 17 de Setembro de 1787, foi Promulgada a Constituição dos
Estados Unidos. Sob a influência de pensadores como John Locke, Rousseau, Montesquieu, entre
outros iluministas, definiu-se:
Tipo de Estado: Federado
Sistema de Governo: República

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Forma de Governo: Presidencialismo


Além de promulgada a Constituição, ocorreu a eleição do 1º Presidente dos Estados Unidos da
América: George Washington (principal Comandante das batalhas pela independência). Aqui ficou
estabelecido que o Presidente da república é o chefe máximo das Forças Armadas do país, pois o
poder militar está submetido ao poder civil.
C – falso. Apesar da luta pela liberdade contra a Inglaterra, não houve liberdades garantidas aos índios
e aos negros, a escravidão foi mantida.
D – De fato, cada uma das ex-colônia (das 13 Colônias), adquiriram mais autonomia, contudo, isso
não significou o estabelecimento de um poder central fraco.
E – Bingo, é o gabarito. Temos visto a influência das ideias iluministas nos distintos movimentos por
liberdades contra os autoritarismos das Monarquias Absolutistas. Dessa forma, é muito difícil que, no
período, um movimento de emancipação não tenha sido influenciado por essas ideais. Percebe? Veja,
o iluminismo esteve presente até na cabeça dos homens que se insurgiram contra a Coroa portuguesa
das Minas Gerais.
Gabarito: E

Bem, queridas e queridos alunos, fico por aqui. Essa foi nossa primeira aula
sobre a transição entre o Antigo regime e a formação do Mundo Capitalista. Ainda há
muitas transformações a serem estudadas. Na próxima aula de História Geral veremos
Revolução Industrial e Francesa. Nossa, quantas revoluções nos nossos caderninhos,
hein!
Você DEVE seguir até a última questão. Aproveita TODOS os comentários, pois
foram desenvolvidos em cada detalhe para fazer você mentalizar, aprender a responder
uma questão, não escorregar nos caprichos do examinador. Gabaritar história não é só saber o conteúdo
é ser safo para adotar as melhores formas de responder cada questão!
Fé na missão!!! Vamos juntos!!
Até a próxima aula! Bons estudos,
Um beijo e um abraço apertado e um suspiro apertado de amor sem fim,
Alê

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5. Lista de questões EsPCEx


(EsPCEx 2020)
Embora estivessem subordinadas às leis inglesas, as Treze Colônias norte-americanas gozavam de certa
autonomia no que dizia respeito aos assuntos internos. No século XVIII, as relações entre as Colônias e
Londres se deterioraram pouco a pouco. Os conflitos se acirraram em 1773, levando o Parlamento britânico
a aprovar medidas restritivas em relação à Assembleia de Massachusetts, nas Treze Colônias, que foram
denominadas como:
a) Atos de Navegação de Cromwell.
b) Pacto do Mayflower
c) Leis Intoleráveis
d) Primeiro Congresso Continental.
e) Leis Townshend

(EsPCEx 2018)
A partir de 1764, o governo inglês adotou medidas que aumentaram a arrecadação fiscal e restringiram a
autonomia das 13 colônias norte-americanas. Nas alternativas abaixo, assinale a medida que provocou o
protesto dos representantes das 13 colônias que realizaram o Primeiro Congresso da Filadélfia
a) Leis Intoleráveis
b) Lei do Chá
c) Lei dos Alojamentos
d) Lei do Selo
e) Lei do Açúcar

(EsPECx 2017)
As ideias iluministas começaram a circular no Brasil na segunda metade do século XVIII. Elas refletiram-se
em vários campos da atividade e do conhecimento humano. Assinale, dentre as alternativas abaixo, aquela
que apresenta um filósofo deste período, cujo pensamento incentivou, de forma relevante, a Inconfidência
Mineira.
a) Jean-Jacques Rousseau
b) Adam Smith
c) François Quesnay
d) Vicent de Gournay
e) Nicolau Maquiavel

(EsPCEx 2016)
O movimento intelectual conhecido como Iluminismo ocorreu no século XVIII.
I. O pensamento político e econômico dos iluministas correspondia aos anseios da burguesia e ambos se
opunham ao Positivismo.
II. O período ficou conhecido como o Século das Luzes.
III. O Iluminismo combateu o absolutismo monárquico, o mercantilismo e o poder da Igreja.
IV. O Iluminismo encontrou forte resistência entre os adeptos do liberalismo.
Estão corretas
a) as afirmativas I, II, III, IV.
b) apenas as afirmativas I e II.
c) apenas as afirmativas III e IV.
d) apenas as afirmativas I e IV.
e) apenas as afirmativas II e III.

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(EsPCEx 2015)
Leia as afirmações abaixo.
I. Permitiu o acesso à cidadania a todos os norte-americanos.
II. Abalou o prestígio do rei na Inglaterra e provou que era possível fazer valer a soberania popular.
III. Trouxe prejuízos aos povos indígenas, pois suas terras, localizadas em sua maior parte a oeste do
Mississipi, passaram a ser atacadas pelos proprietários de terra e comerciantes de peles de origem
europeia.
IV. Propiciou a abolição da escravidão nos Estados Unidos.
São repercussões imediatas da independência norte-americana
a) as afirmações I, II, III e IV.
b) apenas as afirmações I e II.
c) apenas as afirmações II e III.
d) apenas as afirmações II e IV.
e) apenas as afirmações III e IV.

(EsPCEx 2014)
O século XVIII registrou profundas transformações na maneira de governar de diversos dirigentes:
- Frederico II, da Prússia, “aboliu as torturas aplicadas aos presos em seu país [...] incentivou as letras, as
artes e as ciências [...] e dirigiu pessoalmente a reforma de Berlim, capital da Prússia na época”.
(BOULOS JR, 2011)
- O Marquês de Pombal, “principal ministro do rei D. José I [...] valendo-se de seu enorme poder, decretou
a emancipação dos indígenas na América portuguesa, a abolição da escravidão africana e a fundação da
Imprensa Régia, em Portugal”
(BOULOS JR, 2011).
- José II, da Áustria, adotou a tolerância religiosa, mas manteve intocados o militarismo e a servidão.
(BOULOS JR, 2011)
- Catarina II, da Rússia, “mandou construir escolas, fundou hospitais, dirigiu a reforma da capital (São
Petersburgo) e combateu a corrupção nos meios civis e religiosos”.
(BOULOS JR, 2011)
Sobre os dirigentes acima mencionados e seus governos, pode-se afirmar que
a) todos foram provavelmente inspirados por ideias iluministas, e o tipo de governo adotado por eles foi
chamado pelos historiadores do Século XIX de despotismo esclarecido.
b) somente Frederico II e Catarina II foram inspirados por ideias iluministas, e o tipo de governo adotado
por eles foi chamado de socialismo.
c) todos foram provavelmente inspirados pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau, e o tipo de governo adotado
por eles foi chamado de democracia.
d) Frederico II e o Marquês de Pombal militarizaram seus países e adotaram governos comunistas.
e) fundamentaram-se em correntes filosóficas diferentes, mas todos adotaram governos liberais.

(EsPCEx 2011)
A independência dos Estados Unidos da América foi o primeiro grande indicador histórico da ruína do
Antigo Regime. Durante esse processo de independência,
a) a criação da Lei do Selo foi uma consequência do esforço inglês em fortalecer o pacto colonial e levou os
colonos americanos a efetuar um boicote comercial à Inglaterra.
b) a “marcha para o oeste” despertou os sentimentos expansionistas e nacionalistas dos colonos
americanos, incentivando os movimentos de independência.
c) o Primeiro e o Segundo Congresso Continental da Filadélfia resultaram na suspensão dos tributos
impostos por Townshend, exceto o que se referia ao comércio do chá.

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d) os colonos americanos receberam apoio militar da Holanda e da Espanha nas lutas pela emancipação.
e) Thomas Jefferson exerceu um papel importante, tendo sido nomeado comandante das tropas
americanas na guerra e se tornado o primeiro presidente americano.

(EsPCEx/2007/ 4000000517)
Na Europa, o despotismo esclarecido surgiu no século XVIII, tendo como representantes mais destacados:
Frederico II da Prússia; Catarina II da Rússia; José II da Áustria; Sebastião José de Carvalho, marquês de
Pombal, ministro de Portugal; e Pedro Pablo Abarca y Boela, conde de Aranda, ministro da Espanha.
Tais governantes,
a) sem abandonar o poder absoluto, procuraram governar conforme a razão e os interesses do povo.
b) tiveram atitudes diversas, entretanto todos governaram com o auxílio de um parlamento.
c) seguindo ideias iluministas e democráticas, abandonaram a ideia de poder absoluto do governante.
d) aumentaram a participação popular no governo, no entanto ignoraram as ideias iluministas ligadas ao
desenvolvimento e à tecnologia.
e) ampliaram os direitos individuais e políticos dos cidadãos, no entanto não tiveram preocupação com o
desenvolvimento agrícola e industrial.
(EsPCEx/2006/4000000384)
Durante o governo de Cromwell, a Inglaterra foi adquirindo os contornos de potência mundial que a
caracterizariam nos séculos seguintes. Decretaram-se leis que protegiam os mercadores ingleses e
priorizavam o desenvolvimento da indústria naval. Esses decretos conhecidos como:
a) Leis do Teste.
b) Atos de Exclusão.
c) Éditos de Nantes.
d) Atos de Navegação.
e) Atos de Supremacia.

(EsPCEx/2006/4000000390)
Em fins do século XVII, na Inglaterra, teve início um movimento intelectual que ficou conhecido como
Iluminismo ou Ilustração. Esse movimento alcançou sua maior expressão na França, durante o século XVIII.
Dentre os principais conceitos preconizados pelos iluministas, podemos destacar
a) uma proposta de ampliação do poder real, tendo como princípio o direito divino dos reis.
b) uma proposta de fortalecimento dos mecanismos de controle social e eliminação da autonomia dos
poderes locais.
c) uma crítica ao Estado absolutista, propondo a limitação do poder real.
d) uma proposta de poder ilimitado do governante, fruto do consentimento espontâneo dos súditos.
e) a crítica à liberdade de pensamento e à participação política dos cidadãos.

(EsPCEx/2005/4000000207)
“... conclamou todos os americanos a pegarem em armas contra a Inglaterra e aprovou, em 04 de julho de
1776, a declaração de Independência, cujo principal autor foi Thomas Jefferson.”
(BOULOS JR, Alfredo. História Geral: Moderna e Contemporânea. SP, FTD, 1997.)
O texto acima refere-se ao
a) Segundo Congresso Continental
b) Primeiro Tratado de Utrecht.
c) Encontro de Nova Amsterdã
d) Massacre de Boston
e) Tratado de San Quentin.

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(EsPCEx/2005/4000000213)
“É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha poder tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é
preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder.”
(Montesquieu, “O Espírito das Leis”, 1748).
As ideias contidas no texto estão relacionadas ao pensamento
a) renascentista clássico.
b) do Direito Divino dos Reis.
c) filosófico do Absolutismo.
d) político do Iluminismo.
e) fisiocrata do Mercantilismo.

(EsPCEx/2004/4000039626)

A Revolução Gloriosa de 1688, na Inglaterra, assinala o (a)


a) predomínio do poder real sobre as conquistas da burguesia agrária.
b) proibição do poder da nobreza sobre o Terceiro Estado.
c) vitória da política de conciliação entre as classes, proposta por Cromwel.
d) proibição ao rei de lançar impostos sem a permissão do parlamento.
e) restabelecimento da liberdade religiosa para os católicos.

(EsPCEx/2004/4000039627)
Como condição para o advento do capitalismo industrial na Inglaterra no século XVIII, a Revolução Inglesa
do século XVII é importante porque
a) estabeleceu o princípio de que o “rei reina, mas não governa” com a criação da dinastia dos Lancasters,
sob a direção do Lorde Fairfax.
b) consolidou uma poderosa classe de pequenos proprietários rurais, os "Yeomen", ao realizar uma reforma
agrária radical.
c) eliminou as últimas barreiras feudais e fez triunfar o capitalismo agrário.
d) derrubou o absolutismo Tudor, sendo a revolução liderada pelos "landlordes" (os nobres do campo).
e) possibilitou o triunfo do Parlamento, cujos membros, em sua maioria, eram radicais religiosos como os
“Levellers” (Niveladores), os "Ranters" (Blasfemadores) e os "Diggers" (Cavadores).

(EsPCEx/2004/4000039628)
O século XVIII, também conhecido como o "Século das Luzes", marcou o florescimento do Iluminismo, em
sua oposição ao misticismo e ao absolutismo monárquico, entre outros aspectos, sendo que esse
movimento foi caracterizado pelas idéias de vários pensadores europeus. Assim, podemos afirmar que
a) Adam Smith ajudou a propagar o ideário bulionista, através de sua frase "laissez faire, laissez passer".
b) Voltaire criticava o absolutismo, a Igreja e o clero, bem como menosprezava a população mais pobre.
c) Rousseau, como os demais iluministas, era um defensor incondicional do racionalismo e da propriedade
privada.
d) Montesquieu, de origem humilde, escreveu "O Espírito das Leis", onde consagrou a divisão quadripartite
dos poderes.
e) a Enciclopédia, editada por Descartes e Pascal, foi um importante veículo divulgador dos conceitos
filosóficos e científicos da época.
(EsPCEx/2003/4000039574)
“Em 1685, com a morte de Carlos II, subiu ao trono seu irmão Jaime II. Católico fervoroso, o novo rei
procurou restaurar o absolutismo e o catolicismo, punindo os revoltosos, aos quais negava o direito de

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habeas-corpus. Esse direito era uma conquista estabelecida pela Carta Magna. Por ele, ninguém poderia
ser preso sem culpa formada.
O Parlamento já não era o mesmo dos tempos de Cromwell. Mesmo assim, não podia tolerar essas medidas.
Por isso, em repúdio ao rei, convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e mulher de Guilherme de Orange,
governador das Províncias Unidas, para ocupar o trono (...). Jaime II refugiou-se na França e um novo
Parlamento proclamou Guilherme e Maria rei e rainha da Inglaterra. Triunfava assim a Revolução Gloriosa.”
(ARRUDA, José Jobson & PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil. São Paulo:
Ática, 2002.)
Nos anos de 1688 e 1689, ocorreu, na Inglaterra, a chamada “Revolução Gloriosa”. Foi por meio dela que
Guilherme de Orange ascendeu ao trono inglês com o nome de Guilherme III, tendo, porém, que se
submeter à Declaração dos Direitos (Bill of Rights), que
a) restringia a liberdade de imprensa, a liberdade individual e a liberdade de propriedade.
b) obrigava o rei a submeter-se à vontade do Parlamento, limitando, portanto, o poder monárquico.
c) definia o catolicismo como religião oficial da Inglaterra, restringindo a liberdade de culto.
d) estabelecia o ministério vitalício de base aristocrática, sem a participação da classe burguesa.
e) substituía a monarquia constitucional pelo absolutismo, fortalecendo o Poder Executivo.
(EsPCEx/2003/4000039577)
Durante o período conhecido como Iluminismo, intelectuais dirigiram duras críticas à política de
monopólios e privilégios mercantilistas, ao poder absoluto dos reis e ao conhecimento baseado na fé.
Abaixo estão listadas proposições básicas de alguns desses pensadores.
I – “Penso, logo existo” (René Descartes).
II – “O Tribunal da Inquisição é, como se sabe, uma invenção ‘maravilhosa’, pois torna o papa e os monges
mais poderosos e torna hipócrita uma nação inteira” (Voltaire).
III – “Se o governo eleito pela maioria não a estiver representando, o povo não só pode, como deve
substituí-lo” (Rousseau).
IV – “...deixai fazer, deixai passar, que o mundo caminha por si mesmo...” (Gournay).
Características das doutrinas político-econômicas vigentes à época que estão associadas às proposições I,
II, III e IV são, respectivamente,
a) racionalismo, metalismo, antiabsolutismo, anticlericalismo.
b) etnocentrismo, antimercantilismo, protecionismo, antiabsolutismo.
c) absolutismo, anticolonialismo, protecionismo, racionalismo.
d) antiabsolutismo, anticlericalismo, antimercantilismo, teocentrismo.
e) racionalismo, anticlericalismo, antiabsolutismo, antimercantilismo.

(EsPCEx/2002/4000039519)
Na segunda metade do século XVIII, basicamente, alguns dos grandes países da Europa eram governados
pelos seguintes reis: Carlos III (Espanha), Catarina II (Rússia), Frederico II(Prússia), José I (Portugal) e José II
(Áustria). Existe um ponto em comum entre eles. Assinale a frase que melhor expressa esse ponto.
a) “O Estado sou Eu”.
b) “Não há Rei sem Bispo”.
c) “Tudo pelo povo, sem o povo”.
d) “O Rei reina, o Parlamento governa”.
e) “Deixa fazer, deixa passar, o mundo gira por si mesmo”.

(EsPCEx/2002/4000039526)
Leia o texto a seguir:

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“O confronto direto entre Inglaterra e França, denominado Guerra dos Sete Anos, começou em 1756 na
América, em virtude da disputa pela posse do vale do Ohio. A França aliou-se à Espanha e à Áustria; a
Inglaterra contou com o apoio da Prússia. Os ingleses saíram vitoriosos do conflito, (...).
Entretanto, apesar da vitória, a Inglaterra entrou em uma fase de dificuldades econômicas, devido ao
esgotamento do tesouro pelos gastos militares na guerra. Para reequilibrar seu orçamento, a monarquia
inglesa lançou mão de pesados impostos sobre as colônias americanas, que haviam se aproveitado da
guerra para aumentar seu comércio com os franceses no Canadá e nas Antilhas.”
FONTE: PAZZINATO, Alceu L. & SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. São Paulo:
Ática, 2002. Pág. 116.
O texto acima refere-se a um fato político, a decisão inglesa de “lançar mão de pesados impostos sobre as
Colônias Americanas”. Tal fato gerou graves consequências para a economia das Treze Colônias, causando
principalmente a supressão da liberdade de comércio. Analisando tal contexto, é correto afirmar que a(s)
Lei(s)
a) do açúcar era uma taxação sobre toda a importação de açúcar que não fosse originária das Antilhas
Francesas.
b) do Chá concedia o monopólio do comércio do chá indiano à Companhia das Índias Ocidentais.
c) Intoleráveis previam, entre outros aspectos, a manutenção e aquartelamento de tropas britânicas pelos
colonos.
d) do Selo previa a obrigatoriedade do uso de selos, exclusivamente, em documentos considerados legais.
e) ou Atos Townshend taxavam a importação de artigos como navios, manufaturas e produtos agrícolas.

(EsPCEx/2002/4000039528)
O trecho da música abaixo foi escrito pelo grupo escocês Big Country, em 1988, para comemorar o terceiro
centenário da vitória escocesa na batalha de Killiecrankie contra os ingleses.
Killiecrankie
“Você teve
guerra e paz em Killiecrankie;
Você viu
bravos escoceses em Killiecrankie;
Você pode viver
atualmente livre em Killiecrankie.”
(Stuart Adamson)
O contexto da letra da música e o período da batalha de Killiecrankie referem-se ao (à)
a) conflito em que a Grande Armada Espanhola apoiou as revoltas católicas na Escócia e na Irlanda.
b) alinhamento dos escoceses com o parlamento inglês contra o absolutismo do rei inglês Jaime II, durante
a Revolução Puritana.
c) fortalecimento da monarquia parlamentarista inglesa, sob a liderança de Guilherme de Orange.
d) enfraquecimento da República de Cromwell e o início da Comunidade Britânica.
e) reafirmação católica no centro e no norte da Grã-Bretanha em detrimento da Igreja Anglicana.

(EsPCEx/2001/4000039479)
Entre os anos de 1812 e 1814, durante o governo do presidente James Madison, os EUA se envolveram
na chamada Segunda Guerra de Independência contra a Inglaterra. Dentre os principais fatores que
deram origem a este conflito podemos destacar
A) sentimento de vingança, o resgate do moral do Exército Britânico frente aos súditos ingleses, além da
tentativa de anexação do Novo México.
B)a disputa de territórios como o Oregon e a Flórida, além da impossibilidade de realizar o livre comércio
no Atlântico.
C) apresamento de navios norte-americanos, bem como o recrutamento de seus tripulantes pelos ingleses.

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D) os ataques indígenas insuflados pelos súditos ingleses do Canadá contra os americanos e a invasão do
território da Virgínia pelos britânicos.
E) a pretensão de colonos norte-americanos sobre as terras do Canadá e a compra do Alasca pelos EUA à
Rússia, criando um impasse estratégico.

(EsPCEx/2001/4000039482)
Em uma das questões desta prova, está sendo citado o nome de um conjunto de rock inglês, o “New
Model Army” (Novo Modelo de Exército). O surgimento do “New Model Army”(o Exército, não o
conjunto de rock) teve importância fundamental na composição das forças terrestres modernas,
estendendo sua influência até os dias de hoje. E ele está relacionado a um dos conflitos ocorridos na
Inglaterra. Falamos da
a) Revolução Gloriosa.
b) Guerra Civil.
c) Invencível Armada.
d) Guerra das Duas Rosas.
e) Guerra da Restauração.

(EsPCEx/1999/4000039217)
O Iluminismo foi um movimento cultural, ocorrido entre os séculos XVII e XVIII, que deixou
profundas marcas na formação da visão do mundo do homem contemporâneo. Sobre esse
tema é correto afirmar que
A) Rousseau criou a Teoria dos Três Poderes, dividindo-os em Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo que
o Legislativo deveria estar acima dos demais, para evitar o Absolutismo.
B) os iluministas defendiam a república e abominavam a monarquia, vista como origem do poder absolutista
do antigo regime. Seus pensadores pertenciam à burguesia.
C) o Iluminismo pôde servir de suporte teórico para as revoluções liberais, porque valorizou o empirismo
em detrimento da razão. Movidos pela experiência seria mais fácil derrubar o Antigo Regime.
D) os iluministas preocuparam-se em conhecer a “mecânica das coisas”, as leis que regem os fenômenos
do mundo, dando ênfase ao empirismo e ao indutivismo.
E) a teoria econômica dos iluministas foi a fisiocracia que representava a burguesia e defendia a atividade
industrial financiada pelo Estado.

(EsPCEx/1999/4000039219)
As tropas britânicas cantavam a famosa marcha “The World Turned Upside Down” (O Mundo de Cabeça
para Baixo) enquanto enfrentavam os soldados patriotas das Treze Colônias da América do Norte. Os
soldados da Metrópole não conseguiam entender porque os colonos norte-americanos estavam revoltados
contra a administração da Coroa Britânica. Entretanto, muitos historiadores consideram que o movimento
dos colonos norte-americanos, configurado na Declaração de Independência de 1776, não era apenas uma
luta de emancipação colonial e sim uma verdadeira Revolução Americana. A noção de Revolução Americana
pode ser melhor visualizada na alternativa que afirma serem os colonos norte-americanos defensores
A) de uma monarquia parlamentarista, mas bastante diferente da estrutura imperial e expansionista dos
ingleses.
B) dos princípios liberais, tanto política como economicamente, que nortearam a montagem de uma
república.
C) da política econômica mercantilista, que priorizava o aumento do comércio e da produção
maquinofatureira.
D) de uma estrutura latifundiária, agrária, escravista e monocultura, ligada aos interesses dos exportadores.
E) da cultura religiosa luterana, expressa no desejo de expansão para o Oeste conhecida como “Destino
Manifesto”.

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(EsPCEx/1998/4000039113)
Durante a Revolução Inglesa de 1640-49 surgiram vários grupos radicais, alguns deles eram não
somente contra o absolutismo monárquico, mas também contra os ideais burgueses que orientavam,
predominantemente, o movimento revolucionário. Um dos líderes destes grupos, Gerrard
Winstanley, apesar de defender os ideais dos despossuídos, também tinha muitas ideias em comum
com o pensamento burguês. Leia os textos abaixo, de um de seus escritos, e marque a alternativa
que representa melhor a essência destes trechos, levando em consideração aquilo que eles têm em
comum com o pensamento dos movimentos liberais de 1830 e 1848.

"Todos falam de liberdade, mas muito poucos atuam pela liberdade, e os que o fazem são oprimidos pelos
que só falam e professam a liberdade apenas nas palavras. (...) Porque é demasiado evidente que se nos
permitirem falar despedaçaremos todas as velhas leis e provaremos que os que as mantêm são hipócritas
e traidores do povo inglês. (...) Quando estes corpos de argila estiverem na sepultura, e os nossos filhos
no lugar certo, isso mostrará que nos nossos dias nos batemos pela verdade, a paz e a liberdade."
(citado de HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa, Presença, 1985. Pp. 94 e 110).

a) A igualdade social deve ser precedida de um radical nivelamento econômico.


b) A tolerância religiosa e política tinha base no extremado pacifismo professado por todos os liberais.
c) Todos deveriam ter direitos jurídicos e socioeconômicos iguais, mas os direitos políticos continuariam
restritos.
d) Para derrubar o absolutismo monárquico é sempre necessária a união de todos os grupos sociais,
políticos e religiosos do país.
e) O processo de representação política e de aplicação da lei deve ser universal.

(EsPCEx/1998/4000039138)
“Consideramos como uma das verdades evidentes por si mesmas que todos os homens são
criados iguais;(...) que os governos foram estabelecidos precisamente para manter esses direitos, e
que seu legítimo poder deriva do consentimento de seus governados; que cada vez que uma
forma de governo se manifesta inimiga desses princípios, o povo tem o direito de mudá-la ou suprimi-
la e estabelecer um novo governo, (...)”
(Declaração de Independência dos Estados Unidos - 1776)
A afirmação de que o “legítimo poder deriva do consentimento de seus governados” relaciona-se
a) às ideias iluministas defendidas por John Locke em sua obra “Segundo Tratado do Governo Civil”.
b) à aplicação das Leis Intoleráveis, desde que com o consentimento dos colonos americanos.
c) ao direito dos colonos americanos interferirem na escolha dos monarcas ingleses.
d) à ideia de que todo governante deveria submeter seus projetos políticos a um plebiscito antes de
executá-lo.
e) à defesa do sistema absolutista defendido por Rousseau e Montesquieu.
(EsPCEx/1997/4000038981)
No século XVIII, os economistas franceses QUESNAY e GOURNAY criaram a escola fisiocrata, que
combatia as práticas mercantilistas e defendia a economia baseada no “governo da natureza”
(fisiocracia), na qual a agricultura era o principal produtor de riquezas.
Influenciado pelas ideias fisiocratas, o escocês ADAM SMITH (1723 - 1790) elaborou a obra - A
Riqueza das Nações, na qual assentou as bases do liberalismo econômico como ciência autônoma ,
com leis e princípios próprios, em que defendia, entre outras, a ideia que:
A) o Estado deveria interferir diretamente na economia para alcançar seus objetivos.
b) o trabalho é a fonte da riqueza, baseando-se o valor na lei da oferta e da procura.

AULA 04 – História Moderna III 51


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c) a industrialização deveria ser incentivada através da concessão de monopólios.


d) o trabalho é o bem maior do ser humano e todo o homem tem direito a ele, devendo ocorrer a
intervenção estatal quando isto não estiver acontecendo.
e) deveria haver total liberação da ordem econômica, idéia que ficou bem definida, na obra em questão,
pela célebre frase - “Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même.” (Deixe fazer, deixe passar, o
mundo caminha por si mesmo).

(EsPCEx/1997/4000038987)
Baseados no Iluminismo, soberanos da Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal, conhecidos
também como déspotas esclarecidos, procuraram adequar a economia de seus países:
a) a uma política de caráter liberal, com grande participação popular.
b) ao capitalismo financeiro, com a efetiva participação das colônias.
c) à modernização, mediante grande desenvolvimento comercial e alto índice de urbanização.
d) a uma política autoritária, com efetiva participação das massas.
e) às ideias da Ilustração, oriundas da burguesia, concretizando-as com a efetiva participação desses
governantes.
(EsPCEx/1997/4000038990)
Senhora absoluta dos mares, a Inglaterra, finda a Guerra dos Sete Anos (1756 - 1763) contra a
França, achava-se em situação privilegiada para explorar o lucrativo comércio colonial. No entanto,
foi justamente o desejo dos ingleses de consolidar seu controle sobre os vastos territórios
coloniais, apertando os laços da exploração mercantilista, que precipitou a Revolução Americana.
Dos fatos que contribuíram para tal Revolução, pode-se destacar a/o(s):
A) Leis Intoleráveis - que interditavam o porto da Califórnia, até o ressarcimento dos prejuízos causados pela
destruição do carregamento de chá, naquele porto.
B) Lei do Açúcar (Sugar Act) - que taxava a importação do açúcar proveniente das Antilhas Britânicas, visando
aumentar a receita real e controlar o fluxo de açúcar na colônia.
C) Lei do Chá (Tea Act) - que obrigava a exportação de chá diretamente para a Inglaterra, impedindo o
comércio com os outros países.
D) Lei do Selo (Stamp Act) - que obrigava o uso de selos em qualquer documento legal, visando a aumentar
a receita real.
E) Ato de Quebec - que visava impedir as colônias de Massachusetts, Connecticut, Virgínia e Pensilvânia de
incorporar as terras ao leste do território.

(EsPCEx/1996/4000038795)
A despeito de o monopólio ter existido nas colônias inglesas desde o início da colonização, as relações de
dependência deterioraram-se com o passar dos anos, chegando as colônias a gozar de relativa
liberdade comercial. Desse modo, quando, no século XVIII, o Parlamento Inglês tentou reativar as
práticas mercantilistas promulgando a Lei do Açúcar (1764) e a Lei do Selo (1765), entre outras, os
colonos reagiram. A razão alegada pelos colonos para se oporem a essas leis foi o
a) direito natural dos indivíduos à vida, à propriedade e à busca da felicidade.
b) princípio inalienável de os súditos ingleses recusarem-se a obedecer a leis injustas.
c) prejuízo financeiro resultante do impedimento do comércio com as Antilhas.
d) fato de não estarem representados na Assembleia que votou os impostos.
e) fato de elas servirem como pagamento para as tropas inglesas que lutaram contra a França na Guerra
dos Trinta Anos.

(EsPCEx/1996/4000038796)
Os países que auxiliaram a independência dos Estados Unidos da América foram:

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a) Holanda e México.
b) França e Portugal.
c) Espanha e França.
d) México e Canadá.
e) Itália e Holanda.

6. Lista de questões da profe. Alê Lopes


(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)
“O absolutismo inglês teve início com o rei Henrique VII (1457-1509), fundador da dinastia dos Tudor. Ele
assumiu o trono ao final da Guerra das Duas Rosas (1455-1485)” (COTRIM, 2012, p. 339).
Sobre a Guerra das Duas Rosas é correto afirmar que:
a) foi um disputa entre Igreja Católica e monarquia inglesa em torno da possibilidade de separação
matrimonial.
b) duas famílias da nobreza disputaram o poder político, os Lancaster e os York.
c) o resultado da guerra terminou com um acordo glorioso ao estabelecer uma monarquia constitucional.
d) foi um embate direito entre Inglaterra e Espanha pelo controle das rotas comerciais marítimas.
e) foi uma disputa entre Inglaterra e França em torno da hegemonia das rotas comerciais da região de
Flandres.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Não satisfeito com o poder “de fato” que os Tudor haviam obtido, os Stuart quiseram exercer também um
absolutismo “de direito”, isto é, reconhecido juridicamente, como o existente na França. Isso ia contra os
interesses dos membros do Parlamento inglês, pois era essa instituição que, de acordo com a Magna Carta
de 1215, detinha o poder “de direito”. (COTRIM, 2012, p. 340)
Diante dessa tensão identificada no texto, é correto afirmar que o desdobramento final do conflito, no final
do século XVII, resultou
a) no fim da monarquia parlamentarista e no estabelecimento do absolutismo pleno.
b) no início da República Inglesa, baseada na liberdade e na propriedade privada.
c) na Revolução Anglicana, responsável por decapitar os monarcas que desrespeitaram o poder
parlamentar.
d) na limitação dos poderes da monarquia pelo respeito jurídico às liberdades individuais e pela força do
parlamento.
e) no início da guerra civil, a qual somente se resolveu no final do século seguinte com a força da revolução
industrial.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


A divisão social dos homens baseada em uma hierarquia de estratos determinados pelo nascimento
correspondia a qual elemento estrutural da sociedade do Antigo Regime criticado pelas ideias iluministas:
a) sociedade estamental, na qual havia baixa mobilidade social.
b) sociedade de classes, na qual a burguesia explorava as demais.
c) horizontalidade social, combinada com a miséria em larga escala.
d) mentalidade mercantil, que impedia as possibilidades comerciais dos profissionais autônomos.
e) sociedade escravagista, a qual negava a liberdade e a cidadania e um terço dos habitantes das principais
nações europeias.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Para o pensador e economista Adam Smith (1723-1790):

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a) a terra é o principal fator de produção da riqueza.


b) o Estado é essencial para regular a ordem do mercado.
c) o trabalho é o elemento produtor da riqueza.
d) o mercado é resultado de um contrato social entre os homens de negócio.
e) o mercantilismo seria o modelo ideal de livre concorrência.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Assim como os fenômenos físicos – diziam os iluministas -, as relações entre os indivíduos são regidas pelas
leis da natureza. Nesse sentido, um desses pensadores afirmou: “A liberdade natural do homem consiste
em estar livre de qualquer ser superior na Terra (...) Se o homem no estado de natureza é tão livre, iguais e
independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem
sem seu consentimento”. Esta frase é de autoria de
a) John Locke.
b) Karl Marx.
c) Denis Diderot.
d) Marc Bloch.
e) Voltaire.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


No contexto o pensamento iluminista, a crítica à propriedade privada como fundamento da desigualdade
social e a necessidade de separação do poder em três partes (Executivo, Legislativo e Judiciário) são,
respectivamente dos pensadores:
a) Adam Smith e Voltaiere.
b) Karl Marx e Montesquieu.
c) Jean-Jacques Rousseau e Voltaire.
d) Karl Marx e Jean-Jacques Rousseau.
e) Jean-Jacques Rousseau e Montesquieu.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


No século XVIII, nos territórios das 13 Colônias britânicas, pode-se dizer que o aumento dos impostos e do
controle sobre a produção colonial a partir da Coroa foram decorrência direta
a) da derrota dos ingleses na Guerra dos Sete Anos, contra os franceses.
b) da vitória dos ingleses na Guerra dos Sete Anos, contra os franceses.
c) dos gastos em Guerras no mar Mediterrâneo contra espanhóis.
d) da guerra civil interna na Inglaterra, chamada de Revolução Puritana, que consumiu quase a totalidade
dos recursos da nobreza.
e) da expansão para o Oeste, medida expansionista adotada para evitar as constantes invasões dos
franceses via terras canadenses.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


São acontecimentos que estiveram no contexto da ocupação inglesa na América do Norte:
a) os cercamentos nos campos ingleses, que provocaram o deslocamento de uma massa de camponeses
sem terra e sem trabalho para processos migratórios.
b) a parceria comercial entre ingleses, franceses e espanhóis, concretizada na função de sociedades
comerciais, as Companhias, com cotas proporcionais de cada reinado.
c) o incentivo dos reis católicos para que os protestantes fundassem colônias e catequisassem os indígenas.
d) a corrida pelo ouro, em particular, nas terras do Sul das 13 Colônias.
e) a autonomia financeira e administrativa concedida pela Coroa inglesa aos ingleses que assumissem os
riscos de empreender nas novas terras.

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(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Relacione as colunas e, em seguida, marque a alternativa correta no que diz respeito ao domínio colonial inglês na América do
Norte:
A – Lei do Açúcar
B – Lei do Selo
C – Lei do Chá
D – Lei Intoleráveis
I – de 1773, concedia o monopólio de venda do produto em questão à Companhia Inglesa das Índias Orientais, sendo que o
objetivo do governo inglês era combater o contrabando do produto.
II – de 1764, proibia a importação de rum pelos colonos e cobrava taxas sobre a importação do melaço que não tivesse origem
nas Antilhas britânicas.
III – de 1765, cobrava uma taxa sobre diferentes documentos comerciais, jornais, livros, etc.
IV – de 1774, um conjunto de medidas repressivas que autorizava fechamento de estabelecimentos e autorizava o governo
colonial a julgar e punir severamente os colonos.
a) A-III; B-II; C-I; D-IV.
b) A-IV; B-I; C-III; D-II.
c) A- IV; B-III; C-II; D-I
d) A-II; B- III;C-I; D-IV.
e) A-I; B-II; C-III; D-IV.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa tiveram como palco a Inglaterra de 1640 a 1688. Sobre as
Revoluções Inglesas do século XVII, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Nesse processo ocorreu o fortalecimento do Parlamento por meio da Carta de Direitos, que limitava o
poder do soberano.
b) Apesar de ter prevalecido a liberdade de culto, a religião oficial do Estado continuou sendo o
Anglicanismo.
c) Ambas as revoluções propunham a centralização do poder nas mãos do monarca em detrimento do
parlamento.
d) O Parlamento representava os interesses de uma elite relacionada com o comércio a qual conseguiu
inúmeras liberdades.
e) O sistema parlamentar inglês é um modelo de representatividade que influenciou na organização de
constituições em diversos países do Ocidente.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Entre os eventos que merecem destaque na consolidação do absolutismo inglês estão o as ações de
Henrique VIII, que rompeu com o papa e fundou a Igreja Anglicana, mantida sob sua tutela. Com a morte
de Henrique VIII e a ascensão de Elizabeth I, o absolutismo inglês conheceu seu período de maturidade.
Desse momento em diante, Monarquia e Parlamento passariam a entrar em conflito.
Neste cenário,
a) a economia inglesa, diante da instabilidade política, teve um desenvolvimento irregular no século XIX,
atrasando sua industrialização frente a outros países.
b) a monarquia absolutista inglesa, reconhecendo suas limitações, tomou a iniciativa na criação do BiII of
Rights, evitando novas guerras civis no país.
c) as medidas absolutistas insuflaram questionamentos na sociedade inglesa, favorecendo mudanças e
rupturas na estrutura política do país.
d) as características absolutistas da monarquia inglesa a afastavam do modelo constitucional que, desde o
final da Idade Média, predominava na Europa.
e) o parlamentarismo apareceu como modelo escolhido pela monarquia para colocar fim aos confrontos
do século XVII.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)

AULA 04 – História Moderna III 55


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O fim maior e principal para os homens unirem-se em sociedades políticas e submeterem-se a um governo
é a conservação de suas propriedades, ou seja, de suas vidas, liberdades e bens.
Adaptado de LOCKE, John. 'Dois Tratados sobre o Governo'. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p.495.
A autoproteção constitui a única finalidade pela qual se garante à humanidade, individual ou coletivamente,
interferir na liberdade de ação de qualquer um. O único propósito de se exercer legitimamente o poder
sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é evitar danos aos demais.
Adaptado de MILL, J.Stuart. 'A Liberdade'. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.17.
Os trechos anteriores referem-se aos fundamentos do pensamento liberal. Sobre esse tema, assinale a
alternativa que apresenta a explicação INCORRETA.
a) Em defesa da razão e da liberdade, vários pensadores europeus inspiraram uma série de transformações
sociais, econômicas e políticas, principalmente a partir do século XVIII, cujas consequências estão presentes
até hoje na sociedade contemporânea.
b) As bases filosóficas e políticas da sociedade civil e do Estado liberal moderno formaram-se,
primeiramente, na Inglaterra no século XVII, tendo como um de seus principais idealizadores John Locke.
c) A defesa da liberdade e da propriedade como direitos legítimos do indivíduo foi importante na formação
do ideário liberal, comum a dois importantes movimentos político-sociais europeus nos séculos XVII e XVIII:
a Revolução Gloriosa na Inglaterra e a Revolução Francesa.
d) Os princípios do liberalismo, defendidos por Locke e Stuart Mill, excluem os direitos do indivíduo na
sociedade ao justificarem a adoção de punições em função de ameaças à liberdade e a propriedade.
e) O conceito de liberdade de Stuart Mill autoriza uma ação coercitiva do Estado em caso de a liberdade do
outro ser afetada por excessos daqueles que abusam da sua própria liberdade.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Em virtude dos problemas políticos internos à Inglaterra, a colonização inglesa começou tardiamente.
Dentre os fatores que impulsionaram a ocupação da América do Norte, podemos mencionar:
a) o controle total da colonização pelo Estado, que criou, para isso, as Companhias de Londres e Plymouth.
b) o desenvolvimento de grandes propriedades de produtos tropicais, tabaco e arroz, no norte, e de
pequenas propriedades dirigidas pelos "encomenderos", no sul.
c) a administração colonial a cargo dos vice-reis, que tinham na escravidão por contrato a principal fonte
de trabalho.
d) certo grau de liberdade que gozavam as colônias dentro do monopólio mercantilista, liberdade essa que
começou a sofrer restrições com os Atos de Navegação.
e) o estabelecimento de colônias no Caribe, além das Treze Colônias, e a ocupação de posições importantes
no Oriente.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo
que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões.
Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocinai! O oficial diz: não raciocinai, mas exercitai-
vos! O financista: não raciocinai, mas pagai! O sacerdote proclama: não raciocinai, mas crede! (Um único
senhor no mundo diz: raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre que quiserdes, mas obedecei!). Eis aqui -
por toda a parte - a limitação da liberdade. Que limitação, porém, impede o esclarecimento? Qual não o
impede, e até mesmo favorece? Respondo: o uso público da razão deve ser sempre livre e apenas ele pode
realizar o Esclarecimento entre os homens.
(KANT, Emmanuel. Resposta à Questão: O que é Esclarecimento? Cognitio, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 145-
154, jan./jun. 2012, pp. 146-147. )
Kant é um intelectual que fez parte de um movimento histórico-filosófico cujo conteúdo influenciou
importantes acontecimentos no mundo contemporâneo. Assim, é correto afirmar que:
a) Kant fez parte do movimento iluminista que influenciou a Revolução dos Cravos.

AULA 04 – História Moderna III 56


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b) Kant contribuiu para o empirismo e influenciou as Revoluções Inglesas.


c) Kant foi um renascentista que contribuiu decisivamente para combater os dogmas eclesiásticos.
d) Kant fez parte do movimento iluminista que influenciou o movimento político que deu origem à
Independência dos EUA.
e) Kant foi um renascentista que contribuiu na formação dos Estados Modernos.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Em 1651, por ocasião de uma visita da frota inglesa ao porto de Cadiz, Espanha, o almirante Blake provocou
a irritação de Felipe IV, quando este último soube que aquele declarara, em praça pública, que “graças ao
exemplo dado por Londres, todos os reinos iriam aniquilar a tirania e tornar-se repúblicas. A Inglaterra já o
tinha feito; a França seguia o mesmo caminho; e considerando-se que a natural indolência dos espanhóis
tornava mais lento o seu movimento, dava a eles dez anos, antes a que no país explodisse a revolução”.
O discurso do almirante Blake
A) foi confirmado pelos fatos históricos posteriores, pois a Espanha deixou de ser uma monarquia
absolutista em meio aos processos das revoluções burguesas.
B) fez referência à Revolução Puritana, a qual foi liderada por Oliver Cromwell e instaurou a forma de
governo republicano.
C) é um elogio direto à Revolução Gloriosa, que foi responsável por acabar com a monarquia na Inglaterra.
d) incomodou Felipe IV porque os ingleses pretendiam propagar o anglicanismo em solo católico.
E) lembrou do êxito inglês sobre os franceses durante a guerra dos 100 anos.
(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)
A respeito do movimento que ficou conhecido na história como iluminismo, marque a alternativa errada:
a) Considerada pelos iluministas como a ferramenta necessária para o desenvolvimento das ciências, a
razão deveria ser dissociada à fé cristã.
b) Os pensadores iluministas também se dedicaram às ciências econômicas.
c) Os iluministas consideravam a razão como a luz capaz de iluminar o pensamento humano e de
impulsionar as atividades humanas.
d) Os iluministas defendiam o absolutismo monárquico como a forma ideal de governo, e a revelação divina
como instrumento da ciência.
e) O Iluminismo, movimento intelectual do século XVIII, caracterizou-se pelas críticas ao absolutismo
monárquico, pela defesa da razão e da liberdade dos indivíduos.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Em 17 de Setembro de 1787, foi Promulgada a Constituição dos Estados Unidos. Sob a influência de
pensadores como John Locke, Rousseau, Montesquieu, entre outros iluministas, definiu-se:
a) um Estado Federado, protestante e sem liberdade religiosa.
b) um governo Republicano com direito de reunião e de manifestação pacíficas.
c) um governo Federado com liberdade de imprensa.
d) a forma de governo Presidencialista sem a divisão de poderes.
e) um governo Republicano sem possibilidade do direito de oposição ao governo.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Leia atentamente os itens abaixo.
I - o grande motivo da ida de ingleses para a América do Norte foi a busca por metais preciosos.
II - a Coroa inglesa foi a grande articuladora da colonização na América do Norte e iniciou as atividades
coloniais pela região de Plymouth, onde fundaram a primeira colônia.
IIII – as perseguições aos puritanos provocaram o deslocamento de um contingente de colonos para a
América.

AULA 04 – História Moderna III 57


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IV – o processo de cercamento nos campos ingleses contribui para expulsar camponeses de suas terras e,
com isso, estimular o fluxo migratório para a América.
V- na América, a primeira das 13 colônias fundadas pelos ingleses foi a da Virgínia.
Assinale a única alternativa em que todos os itens listam características corretas da Colonização Europeia
na América.
a) I, II e III
b) I, III e V
c) II, IV e V
d) III, IV e V
e) I, III e IV

7. Lista de questões para Aprofundamento


(UNITAU 2015)
O Iluminismo, ou Ilustração, foi, enfim, um sistema de ideias do século XVIII que se difundiu por toda a
Europa, sendo elaborado por filósofos, escritores, artistas, e que se caracterizou pela defesa da autonomia
da razão contra os argumentos da tradição e da autoridade. Para os pensadores iluministas, a razão deve
penetrar todos os domínios do saber e da atividade dos homens, a fim de destruir os preconceitos, o
obscurantismo e a ignorância. Assim definido, o Iluminismo é um movimento de ideias essencialmente
libertário, cujo objetivo principal consiste em libertar os homens de qualquer espécie de servidão, seja ela
religiosa, moral ou política.
NASCIMENTO, Milton Meira do; NASCIMENTO, Maria das Graças S. Iluminismo: a revelação das luzes. São
Paulo: Ática, 2001. p. 8.
Com base nas informações apresentadas, indique a alternativa CORRETA.
a) A razão era vista, no Iluminismo, como a fonte para a superação de preconceitos e o caminho para a
emancipação do pensamento religioso, moral e político.
b) O Iluminismo pode ser considerado uma revolução econômica e política, por libertar os homens de
qualquer espécie de servidão e acabar com a escravidão.
c) O século XVIII vive um grande processo, pois as luzes que chegam à Europa, buscando a libertação dos
homens, são estendidas a todo o mundo conhecido na época.
d) O Iluminismo é um movimento de ideias essencialmente libertário, que tem, portanto, seus maiores
expoentes em artistas e romancistas.
e) A Ilustração foi a revolução de ideias que se difundiu por toda a Europa e por suas colônias na América e
na África, causando as independências do século XIX.

(UNITAU 2015)
A tradição religiosa e a autoridade política serão assim os dois alvos fundamentais dos seus [de Voltaire]
ataques. [...] Ataca a superstição, a crença nos milagres e o antropomorfismo na representação de Deus,
mas não nega em absoluto sua existência. Ao contrário, reconhece-a como necessária, como princípio
explicativo último de todo o universo. Voltaire contesta, evidentemente, a autoridade absoluta dos papas
e prega a tolerância religiosa. [...] Sua política é uma política concreta e cotidiana, tendo lutado por reformas
administrativas e civis: proibição das prisões arbitrárias, supressão do processo judicial secreto, unidade da
legislação, melhor recebimento de impostos e garantia da liberdade de pensamento e expressão.
FORTES, Luís Roberto Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 2004. pp.42-43.
Sobre as ideias do iluminista Voltaire, é CORRETO afirmar:
a) Voltaire, como filósofo do Iluminismo, criticava a Igreja e propunha reformas. Acreditava na necessidade
do reconhecimento da força de Deus e da reorganização política.

AULA 04 – História Moderna III 58


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b) Voltaire, um renomado iluminista, era contra o poder da Igreja, negando a existência de Deus. Com
relação à política, pregava reformas administrativas e civis.
c) A tradição religiosa e a autoridade política eram criticadas por Voltaire; a primeira, por ser monoteísta, e
a segunda, por suas prisões arbitrárias, por seus processos judiciais secretos e pela supressão da liberdade
de pensamento e expressão.
d) Voltaire, como crítico do sistema vigente, atacava a Igreja por suas crenças em milagres e no
antropomorfismo, e era contra a liberdade de pensamento e expressão.
e) A tradição religiosa e a autoridade política eram alvos constantes de Voltaire, por isso ele pregava a
tolerância religiosa e contestava a autoridade absoluta dos papas, defendendo reformas administrativas e
civis que davam mais poder às autoridades políticas.

(IFRS 2019)
A adoção dos ideais iluministas não ocorreu de forma homogênea na Europa do século XVIII.
Considerando esse contexto, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Inspirados nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, o Estados nacionais europeus não
ofereceram resistência às reivindicações de emancipação e independência em seus domínios coloniais.
b) As origens do pensamento igualitário podem ser identificadas na Inglaterra revolucionária do século XVII
(Revolução Gloriosa, 1688) que impôs limites ao poder absoluto do rei ao fortalecer o parlamentarismo.
c) O “Século das Luzes” (século XVIII) teve na França o seu grande palco e tinha entre seus valores
fundamentais a razão e a liberdade de pensamento. Neste sentido, representou uma profunda crítica às
bases do Estado absolutista e a exaltação do ideário burguês.
d) A incorporação parcial dos ideais iluministas por soberanos e governantes europeus ficou conhecida
como despotismo esclarecido. Um destes déspotas foi o Secretário de Estado do rei D. José I (1750-1777),
Sebastião José de Carvalho e Mello (o marquês de Pombal). Pombal foi responsável pela implementação de
uma série de reformas que visavam resolver os problemas econômicos para a administração do Reino de
Portugal e seus domínios, enquanto internamente combateu com vigor “os ideais franceses” no que diz
respeito ao campo político.
e) A obra coletiva L’Enciclipédie (França, 1751-1772), dirigida pelos filósofos Denis Diderot e Jean
D’Alembert, foi um elemento de divulgação dos ideais iluministas que tiveram sua concretização no sucesso
da Revolução Francesa (1789).

(IFRS 2018)
Entre as principais contribuições para a teoria liberal clássica, encontra-se
a) a defesa do interesse social acima do individual na obra O Capital, de Karl Marx.
b) o modelo de governo desenvolvido por Nicolau Maquiavel.
c) o conceito de Estado Absoluto presente no pensamento de Thomas Hobbes.
d) a defesa da propriedade privada e da cidadania conforme visto em John Locke na obra Segundo Tratado
sobre o Governo.
e) a noção de organização social desenvolvida por Aristóteles em seu livro A Política.

(FUVEST 2019)
É difícil acreditar que a Revolução Francesa teria sido muito diferente, mesmo que a Revolução Americana
nunca tivesse acontecido. É fácil mostrar que os americanos não tentaram uma semelhante ruptura
substancial com o passado, como fizeram os franceses. No entanto, (...) as duas revoluções foram muito
parecidas.
Robert R. Palmer, The Age of The Democratic Revolution: The Challenge, Princeton, Princeton University
Presse, vol. I, 1959, p.267.
Com base no texto e em seus conhecimentos acerca da Revolução Francesa e do revolucionário processo
de independência dos Estados Unidos, assinale a afirmação correta.

AULA 04 – História Moderna III 59


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a) A revolução norte-americana repercutiu pouco nos movimentos liberais da Europa e, mesmo na França
da época da Ilustração, seu impacto foi mais de ordem econômica do que política.
b) O processo de independência dos Estados Unidos foi marcado pela ausência de divisões internas entre
os colonos e pela exclusão das camadas populares da sociedade no processo político.
c) O processo de independência dos Estados Unidos foi consumado pela redação de uma Constituição, cuja
elaboração ficou a cargo de notáveis, que representavam os interesses das classes proprietárias.
d) A guerra da independência norte-americana caracterizou-se pela ausência de radicalismo político e
social, o que se deveu à menor penetração dos ideais Ilustrados nos últimos anos do período colonial.
e) A revolução norte-americana repercutiu não só na Ilustração europeia e na Revolução Francesa, como
demonstrou de modo teórico e prático a viabilidade de um grande Estado republicano e democrático.

(UNCISAL 2018)
Em sentido econômico, é a doutrina segundo a qual o Estado não deve exercer nem funções industriais,
nem funções comerciais e não deve intervir (ou deve intervir o mínimo possível) nas relações econômicas.
A qual doutrina o enunciado se refere?
(A) Socialismo.
(B) Estatismo.
(C) Liberalismo.
(D) Comunitarismo.
(E) Parlamentarismo.
(UNCISAL 2018)
"No ideal kantiano, uma sociedade é tanto mais perfeita quanto mais ampla for aquela liberdade que
consiste na ausência de impedimento e de constrangimento. [...] A sociedade ideal de Rousseau é a do
contrato social". BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. 2. Ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997, p. 71.
O pensamento político moderno é marcado pelos dois ideais de sociedade livre, expressos nas afirmações
apresentadas. No que concerne à ideia de contrato social, como a liberdade pode ser descrita?
(A) Cada um é livre na medida em que obedece à lei que ele mesmo se deu, através da formação de uma
vontade geral.
(B) Cada um é livre na medida em que está garantida a cada um a liberdade de fazer tudo aquilo que é
compatível com a igual liberdade de todos os outros.
(C) Como a condição de não estar sujeito à vontade arbitrária de outras pessoas, podendo assim dispor de
si mesmo, de suas ações e de suas posses.
(D) Como o poder de agir ou de não agir, segundo a determinação da própria vontade.
(E) Como a faculdade de agir apenas conforme as razões que o próprio sujeito aprova, consistindo, portanto,
na máxima independência da vontade.

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8. Gabarito das questões EsPCEx


1. C 31. C
2. A 32. B
3. A 33. D
4. E 34. A
5. C 35. C
6. A 36. A
7. A 37. E
8. A 38. B
9. D 39. A
10. C 40. D
11. A 41. C
12. D 42. C
13. D 43. E
14. C 44. D
15. B 45. D
16. B 46. B
17. E 47. D
18. C 48. B
19. C 49. D
20. C 50. A
21. C 51. A
22. B 52. A
23. D 53. D
24. B 54. E
25. E 55. C
26. A 56. A
27. B
28. E
29. D
30. D

9. Lista de questões EsPCEx - comentadas


(EsPCEx 2020)
Embora estivessem subordinadas às leis inglesas, as Treze Colônias norte-americanas gozavam de certa
autonomia no que dizia respeito aos assuntos internos. No século XVIII, as relações entre as Colônias e
Londres se deterioraram pouco a pouco. Os conflitos se acirraram em 1773, levando o Parlamento britânico
a aprovar medidas restritivas em relação à Assembleia de Massachusetts, nas Treze Colônias, que foram
denominadas como:
a) Atos de Navegação de Cromwell.
b) Pacto do Mayflower
c) Leis Intoleráveis
d) Primeiro Congresso Continental.
e) Leis Townshend

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Comentários
Esta questão faz referência à ampliação do controle das 13 colônias pela Inglaterra, principalmente, a partir
da intensificação do sistema de exploração. Por duas razões:
Para cobrir os gastos públicos da Guerra dos 7 anos (Inglaterra x França).
Para garantir fornecimento de matéria-prima e mercado consumidos para o processo de Revolução
Industrial.
Nesse contexto, três principais leis levaram a imposições aos colonos:

1764 1765 1773


•Lei do Açúcar •Lei do Selo •Lei do Chá

Essas medidas também ficaram conhecidas como lei proibitivas, isto é, leis que tinham o objetivo de
oficializar o controle britânico sobre o que era produzido nas colônias norte-americanas.
Porém, o fato específico cobrado pela questão está relacionado com os desdobramentos da Lei do Chá, de
1773. A partir dessa imposição da Coroa, o preço do produto subiu demais, o imposto aumentou e o
consumo ficou inviável. Os colonos armaram um atentado a um carregamento de chá da Companhia Inglesa
das Índias: vestiram-se de índios e jogaram no mar um carregamento inteiro de chá. Um enorme prejuízo
foi gerado. Você deve conhecer esse ato de rebeldia como a Festa do Chá de Boston. O chá não era de
Boston, mas o navio que carregava o chá estava no Porto de Boston, que, por sinal, era o mais importante
Porto do comércio Atlântico das 13 colônias.
O rei inglês, ao saber de tal rebeldia e, claro, do tamanho do prejuízo, em 1774, decretou um conjunto de
leis que ficou conhecido como “Leis Intoleráveis”.
1774 – Leis Intoleráveis
Essas leis determinavam o seguinte:
-Fechamento do Porto de Boston.
-Ocupação militar da região. Massachusetts, por exemplo, foi colocada sob governo militar.
-Pagamento do prejuízo e da indenização.
-Restrição das liberdades civis e econômicas dos colonos.
Diante disso, nosso GABARITO é a alternativa C. E as demais Alê?
A – Errado, olha só:

Monopólio do
transporte marítimo-
• Atos de comercial

Navegação •Fortalecimento
da marinha
mercante da
Inglaterra
1651

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Esses Atos feitos durante o período republicano na Inglaterra e tiveram à frente a liderança de Oliver
Cromwell. Os Atos de Navegação foram pró negócios da burguesia.
B - Pacto de Mayflower: declaração de fidelidade ao rei de Inglaterra e compromisso de todos os colonos
de Plymounth obedecerem às leis justas e igualitárias que fossem aprovadas pela maioria. Esse Pacto é
considerado como inspirador dos princípios constitucionais dos EUA.
D- Errado, pois o Primeiro Congresso Continental ou 1º Congresso da Filadélfia, de setembro de 1774, foi
um protesto e um pedido de audiência com o rei inglês.
E- Leis Townshend: Parlamento Inglês aprovou leis destinadas a ampliar a receita através da cobrança de
uma série de novos impostos sobre produtos importados nas treze colônias: papel, vidro, tinta e chá. A
reação dos colonos a estas leis incluiu a decisão de boicotar estes produtos.
Gabarito: C

(EsPCEx 2018)
A partir de 1764, o governo inglês adotou medidas que aumentaram a arrecadação fiscal e restringiram a
autonomia das 13 colônias norte-americanas. Nas alternativas abaixo, assinale a medida que provocou o
protesto dos representantes das 13 colônias que realizaram o Primeiro Congresso da Filadélfia
a) Leis Intoleráveis
b) Lei do Chá
c) Lei dos Alojamentos
d) Lei do Selo
e) Lei do Açúcar
Comentários
Veja, a Coroa inglesa impôs medidas autoritárias e que suprimiam a liberdade política e comercial dos
colonos. Em contrapartida, houve reações. O contra-ataque inglês foram mais medidas restritivas e
imposições. Note, então, que estamos diante de um fenômeno de “ação e reação”, muito comum nas
relações humanas e estopim de confrontos. Na questão acima, vimos que as Leis Intoleráveis foram uma
ação da Monarquia contra as insubordinações dos “rebeldes” das colônias. A maneira mais fácil de
guardamos esse fato é tomando como parâmetro o Primeiro Congresso da Filadélfia, pois ele ocorreu logo
após as Leis Intoleráveis, em 1774. E outra, futuro cadete, trata-se de uma progressão de medidas inglesas
(as leis), sendo que a última, mais forte (Leis Intoleráveis) resultou em uma reação mais enérgica dos
colonos. Estamos ou não estamos diante de uma ciência da guerra, do conflito?
As demais alternativas abordam leis que contribuíram para a escalada e aumento da tensão entre as partes.
Com isso, registre que a prova gosta de cobrar sobre Leis Intoleráveis, logo, já faça um post it sobre isso e
cole em local bem visível.
Gabarito: A

(EsPECx 2017)
As ideias iluministas começaram a circular no Brasil na segunda metade do século XVIII. Elas refletiram-se
em vários campos da atividade e do conhecimento humano. Assinale, dentre as alternativas abaixo, aquela
que apresenta um filósofo deste período, cujo pensamento incentivou, de forma relevante, a Inconfidência
Mineira.
a) Jean-Jacques Rousseau
b) Adam Smith
c) François Quesnay
d) Vicent de Gournay

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e) Nicolau Maquiavel
Comentários
Apesar de não ser nossa aula sobre Inconfidência Mineira, pois é assunto da próxima (Brasil II), vale
reforçarmos que as ideias iluministas influenciaram o movimento mineiro. Lembre-se de que os iluministas
propunham: a transformação dos homens e da sociedade por meio da ação racional do indivíduo. Nesse
sentido, qual dos pensadores foi ponto teórico das ideias iluministas? Bem, é possível ir por eliminação,
pois só um dos filósofos acima faz parte da filosofia política do iluminismo: Rousseau. Para ele a
propriedade não era um direito natural, assim como o eram a liberdade e a igualdade. Ao contrário, a
propriedade seria a provocadora de toda a desigualdade e injustiça na Terra. Basta pensar na expulsão dos
camponeses quando começaram os cercamentos na Inglaterra e a extinção das propriedades comunais.
Essa compreensão sobre a desigualdade em torno da propriedade estará no cerne dos inconfidentes
mineiros, pois eles não achavam justos que a Coroa portuguesa detivesse a propriedade de quase toda a
riqueza gerada nas Minas Gerais. OK? Além disso, o filósofo suíço (ele não era francês) – que circulou por
toda a Europa e pelos principais centros de difusão do pensamento crítico - não acreditava que a sociedade
era algo positivo, embora necessária. Ele dizia: o homem nasce livre, mas a sociedade o corrompe.
Por sua vez, Smith, Quesnay e Gournay também são considerados parte do movimento iluminista, mas em
torno do pensamento econômico. Principalmente Adam Smith. Esses autores desenvolveram teorias no
campo da Fisiocracia, a política econômica do Iluminismo.
Por fim, Maquiavel foi um teórico do Absolutismo, não do Iluminismo.
Gabarito: A

(EsPCEx 2016)
O movimento intelectual conhecido como Iluminismo ocorreu no século XVIII.
I. O pensamento político e econômico dos iluministas correspondia aos anseios da burguesia e ambos se
opunham ao Positivismo.
II. O período ficou conhecido como o Século das Luzes.
III. O Iluminismo combateu o absolutismo monárquico, o mercantilismo e o poder da Igreja.
IV. O Iluminismo encontrou forte resistência entre os adeptos do liberalismo.
Estão corretas
a) as afirmativas I, II, III, IV.
b) apenas as afirmativas I e II.
c) apenas as afirmativas III e IV.
d) apenas as afirmativas I e IV.
e) apenas as afirmativas II e III.
Comentários
A questão remete ao movimento Iluminista que ocorreu no século XVIII na Europa e serviu de base teórica
para a “Era das Revoluções Burguesas”. As assertivas I e IV estão incorretas.
I - o Iluminismo não se opôs ao positivismo, pois este surgiu no século XIX, ou seja, é anacrónica (fora do
tempo) a afirmação. Já o trecho “pensamento político e econômico dos iluministas correspondia aos
anseios da burguesia” está certo.
IV- Iluminismo e Liberalismo surgiram no mesmo contexto histórico, século XVIII, de modo que um reforçou
o outro, pois ambos defenderam ideias e valores de liberdade e baseadas na razão.
Os itens II e III estão certos.
Gabarito: E

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(EsPCEx 2015)
Leia as afirmações abaixo.
I. Permitiu o acesso à cidadania a todos os norte-americanos.
II. Abalou o prestígio do rei na Inglaterra e provou que era possível fazer valer a soberania popular.
III. Trouxe prejuízos aos povos indígenas, pois suas terras, localizadas em sua maior parte a oeste do
Mississipi, passaram a ser atacadas pelos proprietários de terra e comerciantes de peles de origem
europeia.
IV. Propiciou a abolição da escravidão nos Estados Unidos.
São repercussões imediatas da independência norte-americana
a) as afirmações I, II, III e IV.
b) apenas as afirmações I e II.
c) apenas as afirmações II e III.
d) apenas as afirmações II e IV.
e) apenas as afirmações III e IV.
Comentários
I – falso, pois índios e negros não tiveram a cidadania garantida. A escravização dos negros, por exemplo,
foi mantida a após a independência. Em 1787 foi elaborada a única Constituição dos EUA. Esta Magna Carta
não permitiu a cidadania a todos considerando que mulheres, escravos e índios foram excluídos.Com isso,
já podemos descartar as alternativas A e B.
II – Perfeito, pois a legitimidade do poder absoluto e soberano da Monarquia foi questionada. E mais, os
revoltosos se mostraram vitoriosos. Já podemos descartar a alternativa E.
Estamos quase lá.
III - Os nativos, naquele contexto pós-independência, perderam suas terras para os proprietários (brancos)
de terras.
IV – Errado, pois a abolição da escravatura só aconteceu no final da guerra de secessão, o em 1865.
Gabarito: C

(EsPCEx 2014)
O século XVIII registrou profundas transformações na maneira de governar de diversos dirigentes:
- Frederico II, da Prússia, “aboliu as torturas aplicadas aos presos em seu país [...] incentivou as letras, as
artes e as ciências [...] e dirigiu pessoalmente a reforma de Berlim, capital da Prússia na época”.
(BOULOS JR, 2011)
- O Marquês de Pombal, “principal ministro do rei D. José I [...] valendo-se de seu enorme poder, decretou
a emancipação dos indígenas na América portuguesa, a abolição da escravidão africana e a fundação da
Imprensa Régia, em Portugal”
(BOULOS JR, 2011).
- José II, da Áustria, adotou a tolerância religiosa, mas manteve intocados o militarismo e a servidão.
(BOULOS JR, 2011)
- Catarina II, da Rússia, “mandou construir escolas, fundou hospitais, dirigiu a reforma da capital (São
Petersburgo) e combateu a corrupção nos meios civis e religiosos”.
(BOULOS JR, 2011)
Sobre os dirigentes acima mencionados e seus governos, pode-se afirmar que
a) todos foram provavelmente inspirados por ideias iluministas, e o tipo de governo adotado por eles foi
chamado pelos historiadores do Século XIX de despotismo esclarecido.

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b) somente Frederico II e Catarina II foram inspirados por ideias iluministas, e o tipo de governo adotado
por eles foi chamado de socialismo.
c) todos foram provavelmente inspirados pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau, e o tipo de governo adotado
por eles foi chamado de democracia.
d) Frederico II e o Marquês de Pombal militarizaram seus países e adotaram governos comunistas.
e) fundamentaram-se em correntes filosóficas diferentes, mas todos adotaram governos liberais.
Comentários
Veja que todas as passagens fazem referências a medidas que diminuíram o “peso do Estado” sobre a
sociedade. E que peso? A mão de ferro do autoritarismo contra as liberdades políticas e civis (a liberdade
religiosa é uma liberdade, o fim das torturas, também). Trata-se, então, do Despotismo Esclarecido, uma
tentativa dos reis absolutistas de conciliar os ideais iluministas e as atitudes absolutistas, com vistas a não
perder seus tronos diante do Iluminismo. As monarquias esclarecidas passaram a fazer reformas. Sobre
esse tema, caso consiga achar um tempo na sua hora de lazer e descanso, não deixe de aprender se
divertindo. Pega a dica:

Século XVIII. Caroline Mathilde (Alicia Vikander) é uma jovem


britânica que se torna rainha da Dinamarca após se casar com o
insano rei Christian VII (Mikkel Boe Folsgaard). Em viagem pela
Europa, a saúde mental do monarca piora a cada dia e um
acompanhamento médico torna-se necessário. O alemão Johann
Struensee (Mads Mikkelsen) é escolhido e rapidamente conquista a
confiança do rei, tornando-se seu confidente e principal conselheiro.
Promovido a médico da corte, Struensee também se aproxima cada
vez mais de Caroline. Aproveitando-se da fragilidade de Christian, os
dois assumem o poder do país e iniciam uma surpreendente reforma
de inspiração iluminista.

Gabarito: A

(EsPCEx 2011)
A independência dos Estados Unidos da América foi o primeiro grande indicador histórico da ruína do
Antigo Regime. Durante esse processo de independência,
a) a criação da Lei do Selo foi uma consequência do esforço inglês em fortalecer o pacto colonial e levou os
colonos americanos a efetuar um boicote comercial à Inglaterra.
b) a “marcha para o oeste” despertou os sentimentos expansionistas e nacionalistas dos colonos
americanos, incentivando os movimentos de independência.
c) o Primeiro e o Segundo Congresso Continental da Filadélfia resultaram na suspensão dos tributos
impostos por Townshend, exceto o que se referia ao comércio do chá.
d) os colonos americanos receberam apoio militar da Holanda e da Espanha nas lutas pela emancipação.
e) Thomas Jefferson exerceu um papel importante, tendo sido nomeado comandante das tropas
americanas na guerra e se tornado o primeiro presidente americano.
Comentários
A- Correta. Ao longo do século XVIII os colonos ingleses – principalmente nas colônias do norte –
conseguiram afrouxar o pacto colonial e a principal representação dessa situação foi o desenvolvimento do
“comércio triangular”. A tentativa inglesa de retomar o controle absoluto sobre as colônias ocorreu após a
Guerra dos Sete Anos (1756-63) com leis restritivas, como a Lei do Açúcar, Lei do Selo e Lei do Chá, que

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levaram os colonos a um processo de organização e contestação do domínio metropolitano, amparados


ainda nos ideais iluministas.
B- Errado, pois a Marcha para o Oeste foi um movimento característico do século XIX nos EUA. Então, de
cara, o movimento ocorreu após a independência. Essa marcha representou a expansão territorial dos EUA.
Os americanos ocuparam as planícies da região central do território e a alcançaram a costa oeste, banhada
pelo Oceano Pacífico. Em geral, as novas terras ou foram compradas, ou foram conquistadas por guerras
ou foram resultados de acordos diplomáticos. Por exemplo, terras compradas: Luisiana, comprada dos
franceses em 1803; Flórida, comprada dos espanhóis em 1819; Alasca, comprado dos russos em 1867. Já
as regiões do Texas e da Califórnia foram resultado de Guerras México-EUA. Além disso, muitas terras
foram tomadas dos índios. Na década de 1830, por exemplo, os governos estaduais passaram a criar leis
que forçavam a remoção dos indígenas. Em uma dessas remoções, ocorreu o episódio Trilha das Lágrimas,
situação em que milhares de indígenas foram obrigados a marchar 1500 quilômetros para estabelecerem-
se em um novo local definido pelo governo. Estima-se que de 10 mil a 15 mil indígenas tenham morrido
durante essa marcha.
C – falso. O Primeiro Congresso não estabeleceu nada, pois o movimento pró-independência estava em
curso. Já a partir do 2º Congresso as relações com a Inglaterra foram rompidas e suas leis, incluindo-se da
do Chá, deixaram de prevalecer.
D – falso. Os norte-americanos receberam apoio dos franceses, OLHO, esse apoio irá custar muito caro à
Monarquia francesa. Sabe por quê? Bem, isso vou explicar na nossa Aula 05 sobre Revolução Francesa. Mas
vai pensando... Os espanhois também apoiaram militarmente os colonos norte-americanos.
E – Olha que alternativa bem específica. Quem foi nomeado Comandante chefe das forças aramadas foi
George Washington.
Gabarito: A

(EsPCEx/2007/ 4000000517)
Na Europa, o despotismo esclarecido surgiu no século XVIII, tendo como representantes mais destacados:
Frederico II da Prússia; Catarina II da Rússia; José II da Áustria; Sebastião José de Carvalho, marquês de
Pombal, ministro de Portugal; e Pedro Pablo Abarca y Boela, conde de Aranda, ministro da Espanha.
Tais governantes,
a) sem abandonar o poder absoluto, procuraram governar conforme a razão e os interesses do povo.
b) tiveram atitudes diversas, entretanto todos governaram com o auxílio de um parlamento.
c) seguindo ideias iluministas e democráticas, abandonaram a ideia de poder absoluto do governante.
d) aumentaram a participação popular no governo, no entanto ignoraram as ideias iluministas ligadas ao
desenvolvimento e à tecnologia.
e) ampliaram os direitos individuais e políticos dos cidadãos, no entanto não tiveram preocupação com o
desenvolvimento agrícola e industrial.
Comentários
O despotismo esclarecido era uma forma de governo de se difundiu na Europa ao longo do século XVIII.
Tratava-se de uma postura de alguns monarcas absolutistas e/ou seus ministros adotarem medidas de
inspiração iluminista para aperfeiçoarem seus governos. Algumas dessas medidas são a racionalização do
Estado, a separação entre Estado e Igreja, a laicização da educação, entre outras. Com isso em mente,
vejamos:
a) Correta! De fato, os chamados “déspotas esclarecidos” não abandonavam o poder absoluto, por isso
mesmo continuavam déspotas. Entretanto, adotavam medidas racionais para aperfeiçoar o funcionamento
do Estado e a condução da economia. Em alguns casos atendiam demandas populares, especialmente da

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burguesia que, apesar de ter segmentos bem ricos, não era considerada parte da nobreza e na maioria dos
países não tinha direitos políticos.
b) Incorreta. Nenhuma dessas monarquias governava com um parlamento.
c) Incorreta. Nenhum desses governantes abandonou o poder absoluto em momento algum.
d) Incorreta. Esses governantes não aumentaram a participação popular no governo. Por outro lado, foram
justamente as ideias iluministas ligadas ao desenvolvimento e à tecnologia que mais interessavam aos
déspotas esclarecidos.
e) Incorreta. Não houve ampliação de direitos individuais e políticos dos cidadãos, mas houve, sim,
preocupação com o desenvolvimento agrícola e industrial. Todos esses governantes governaram no século
XVIII, momento de acirramento da competição entre as nações colonizadoras e do início da Revolução
Industrial. Logo, essas eram as principais preocupações de qualquer governante do período.
Gabarito: A

(EsPCEx/2006/4000000384)
Durante o governo de Cromwell, a Inglaterra foi adquirindo os contornos de potência mundial que a
caracterizariam nos séculos seguintes. Decretaram-se leis que protegiam os mercadores ingleses e
priorizavam o desenvolvimento da indústria naval. Esses decretos conhecidos como:
a) Leis do Teste.
b) Atos de Exclusão.
c) Éditos de Nantes.
d) Atos de Navegação.
e) Atos de Supremacia.
Comentários
Oliver Cromwell (1599-1658) governou a Inglaterra durante a República Puritana (1648-1658), governo
instalado com a vitória da Revolução Inglesa (ou Revolução Puritana), em 1648. A revolução uniu a várias
classes sociais, desde segmentos da nobreza e da burguesia até trabalhadores urbanos e camponeses.
Naquele período, grande parte desses segmentos eram protestantes, sendo que os calvinistas, chamados
de puritanos pelos ingleses, tinha maior influência na sociedade. Por anos, a monarquia britânica, que era
anglicana, soube conviver e negociar tanto com nobres quanto com burgueses, assim como tanto com
católicos quanto com protestantes. Todavia, quando a Dinastia Stuart assumiu a Coroa em 1603, as coisas
mudaram. Os Stuart eram católicos e desejavam fortalecer o absolutismo inglês. Eles se aproximaram da
Igreja Católica e usaram da perseguição religiosa para prejudicar seus adversários políticos. Essa dinastia
também descontentou os mais pobres, uma vez que deu continuidade aos cercamentos e à concentração
de terras. Com isso, em 1642, o Parlamento e o Exército de Novo Tipo, que reuniam o conjunto dos
revolucionários, deram início a uma guerra civil que terminou com a decapitação do rei Carlos I, em 1649.
Na república instala, o Parlamento dividiria o poder com o Exército de Novo Tipo. No entanto, divergências
começaram a se manifestar entre os revolucionários vitoriosos. No Parlamento se destacou a liderança de
Oliver Cromwell, que acabou concentrando muito poder em sua figura, reproduzindo muitas das práticas
dos Stuart contra seus adversários políticos. Ele perseguiu as minorias religiosas que contestavam o
cristianismo puritano, assim como as vertentes mais radicais do Exército de Novo Tipo, que pregavam uma
reforma agrária, tais como os levellers e os diggers. A república teve seu fim com a morte de Cromwell, em
1658, e o início de um conflito violento pelo poder na Inglaterra. Assim, em 1660, o Parlamento optou por
restaurar a monarquia, trazendo de volta a dinastia Stuart e coroando o rei Carlos II. Agora, vejamos que
decretos de Cromwell estiveram ligados à economia e à indústria naval:

AULA 04 – História Moderna III 68


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a) Incorreta. As Leis do Teste, também conhecidas como Atos de Prova, foram um conjunto de leis inglesas
criadas ao longo do século XVII, que instauravam a revogação de vários direitos cívicos, civis ou de família
para os católicos e demais vertentes não anglicanas do cristianismo. A primeiras dessas leis foi criada pelo
rei Jaime I, o primeiro rei Stuart. Entretanto, somente no governo de Carlos II, após a restauração da
monarquia e o fim da República Puritana, é que se fez obrigatório receber a comunhão para poder ter
acesso a um cargo público.
b) Incorreta. Na verdade, o Ato de Exclusão, ou Lei da Exclusão, foi um projeto de lei criado em 1679, mas
não aprovado, que visava impedir a sucessão de Carlos II por seu irmão, Jaime (futuro Jaime II) por este ter
se recusado a fazer o Ato de Prova, escancarando ser católico.
c) Incorreta. O Édito de Nantes foi um documento escrito e assinado pelo rei da França, Henrique IV, em
1598. O documento concedia aos huguenotes (calvinistas franceses) tolerância religiosa.
d) Correta! Oliver Cromwell havia construído sua carreira política na Câmara dos Comuns, a parte do
Parlamento britânico na qual se concentrava a burguesia, a classe à qual pertencia e com a qual
compartilhava interesses. No século XVII, a expansão mercantil da economia europeia já estava a todo
vapor e a Inglaterra estava em desvantagem devido a toda confusão causada pela revolução. Portugal,
Espanha, Holanda e França já tinham colônias e entrepostos em vários pontos do globo, garantindo o
fornecimento de matéria-prima e mão de obra para suas manufaturas. Visto isto, um dos feitos de
Cromwell pró negócios da burguesia foram os Atos de Navegação, em 1651. Com essa medida, o transporte
comercial no mar do norte (atlântico norte) passou a ser monopólio da Inglaterra, de modo que as
mercadorias só podiam ser transportadas por navios ingleses. Consequentemente, houve o fortalecimento
da marinha britânica. Interessante que a política favorável aos negócios marítimos dos ingleses acabou
atingindo a Holanda. Desse choque, surgiu um novo confronto externo da Inglaterra: entre 1652 a 1654,
guerra contra a Holanda. Os ingleses saíram vitoriosos.
e) Incorreta. Os Atos de Supremacia foram dois decretos aprovados pelo Parlamento britânico, em 1534.
Eles declaravam o rei Henrique VIII, e seus sucessores, como chefe supremo da Igreja Anglicana, criada pelo
monarca naquele mesmo ano. Esse foi o marco inicial da Reforma Protestante na Inglaterra.
Gabarito: D

(EsPCEx/2006/4000000390)
Em fins do século XVII, na Inglaterra, teve início um movimento intelectual que ficou conhecido como
Iluminismo ou Ilustração. Esse movimento alcançou sua maior expressão na França, durante o século XVIII.
Dentre os principais conceitos preconizados pelos iluministas, podemos destacar
a) uma proposta de ampliação do poder real, tendo como princípio o direito divino dos reis.
b) uma proposta de fortalecimento dos mecanismos de controle social e eliminação da autonomia dos
poderes locais.
c) uma crítica ao Estado absolutista, propondo a limitação do poder real.
d) uma proposta de poder ilimitado do governante, fruto do consentimento espontâneo dos súditos.
e) a crítica à liberdade de pensamento e à participação política dos cidadãos.
Comentários
Como o enunciado já ressaltou, o Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu por volta do século
XVII, mas ganhou mais força e se disseminou pela Europa e suas colônias, no século XVIII. Os iluministas
divergiam em vários temas, ideias, abordagens e posicionamentos políticos. No entanto, concordavam com
alguns princípios básicos que guiavam suas discussões, tais como a primazia da razão, o individualismo e a
defesa de que o progresso humano seria alcançado por meio do esclarecimento. Ideologias como o

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liberalismo político e o liberalismo econômico também surgiam como desdobramento das ideias
iluministas. Com isso em mente, vejamos quais conceitos iluministas podemos destacar:
a) Incorreta. Um dos principais alvos da crítica dos iluministas, sobretudo daqueles de orientação liberal,
era o absolutismo. Portanto, eles eram contra a ampliação do poder real, ainda mais contra o direito divino
dos reis, uma vez que muitos deles defendiam a separação entre Estado e Igreja. Vale ressaltar que para
os iluministas o poder de um governante não emana de Deus, mas sim do próprio povo.
b) Incorreta. Os iluministas pregavam em prol das liberdades individuais. Logo, eram favoráveis à
flexibilização dos mecanismos de controle social. Por outro lado, em geral, os iluministas defendiam a
divisão dos poderes de forma equilibrada entre as várias instituições e instâncias do Estado, de modo que
não aceitariam a eliminação da autonomia dos poderes locais frente a uma administração central.
Poderiam discordar no quanto de autonomia esses poderes locais podiam ter, mas eliminá-la
completamente era inaceitável, pois só favoreceria a concentração de poder, tal como em um governo
absolutista.
c) Correta! Como já destaquei nas alternativas anteriores, o absolutismo era um dos principais alvos das
críticas dos iluministas. Mesmo aqueles que não achavam necessário acabar com a monarquia, advogavam
a favor da divisão dos poderes e na manutenção de uma monarquia constitucional, na qual o rei deveria
sempre responder ao Parlamento.
d) Incorreta. Essa era a premissa da teoria de Thomas Hobbes, filósofo inglês de orientação absolutista.
e) Incorreta. Os iluministas eram defensores da liberdade de pensamento, uma vez que acreditavam que o
progresso da humanidade só viria com o esclarecimento da população. Todavia, nem todos concordavam
com a ampliação da participação política de todos os cidadãos. Em geral, o consenso iluminista advogava
em favor da extensão dos direitos políticos aos “cidadãos-proprietários”, isto é, àqueles que atendessem a
determinados critérios censitários para votar e acessar cargos públicos. Também era quase unânime que
um alto nível de escolaridade seria indispensável para participação política.
Gabarito: C

(EsPCEx/2005/4000000207)

“... conclamou todos os americanos a pegarem em armas contra a Inglaterra e aprovou, em 04 de julho de
1776, a declaração de Independência, cujo principal autor foi Thomas Jefferson.”
(BOULOS JR, Alfredo. História Geral: Moderna e Contemporânea. SP, FTD, 1997.)
O texto acima refere-se ao
a) Segundo Congresso Continental
b) Primeiro Tratado de Utrecht.
c) Encontro de Nova Amsterdã
d) Massacre de Boston
e) Tratado de San Quentin.
Comentários
Essa é uma questão relativamente fácil. Basta você se atentar à cronologia do fato, isto é, às datas e
contexto ao qual os acontecimentos citados estão vinculados. Sendo assim, repare que o texto aborda a
Independência dos Estados Unidos da América. Ou, melhor dizendo, o processo de independência. Esta, de
fato, foi declarada em 04 de julho de 1776, mas a guerra já ocorria pelo menos desde abril de 1775. E as
tensões e conflitos que serviram de motivação para adesão do conjunto das colônias a independência
estavam rolando pelo menos desde meados do século XVIII. Influenciados pela difusão das ideias liberais e

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insatisfeitos com o reforço do pacto colonial imposto pela Inglaterra, os colonos norte-americanos foram
se convencendo de que o único caminho era a separação da metrópole. Com isso em mente, vejamos à
qual evento específico o texto faz referência:
a) Correta! Conforme, as ideias de “direito à rebelião” e independência foram ficando maiores, as colônias
reconheciam a necessidade de encontrar uma saída unitária. Porém, havia alguns líderes mais
conservadores que acreditavam em uma saída pela exigência de autonomia da colônia e representação
política no Parlamento Inglês. Para debater todas essas questões, representantes das 13 colônias britânicas
na América do Norte se reuniram em duas ocasiões. A primeira se deu no 1º Congresso da Filadélfia (ou
Primeiro Congresso Continental), em setembro de 1774. Dessa reunião, elaboraram um documento de
protesto e um pedido de audiência com o rei. Porém, o monarca inglês se recusou a recebe-los,
despachando ordens para uma ocupação e ação militar contra os colonos. Em seguida, em abril de 1775,
uma parte das colônias já deu início à luta armada contra os agentes metropolitanos. Nesse período, a ideia
de Independência ganhou a maioria da população, que se lançou em uma luta pela criação do seu país.
Então, em maio de 1775, foi organizado o 2º Congresso da Filadélfia (ou Segundo Congresso Continental).
Nele se conclamou que a população pegasse em armas e defendesse o território contra os ingleses. Aqui,
George Washington foi nomeado comandante geral das tropas coloniais. Um ano depois de instalado o
novo Congresso, que na prática servia como órgão central da guerra, em 4 de julho de 1776, em meio à
guerra, proclamou-se a Independência dos Estados Unidos da América.
b) Incorreta. O Primeiro Tratado de Utrecht foi assinado em 1713. Ele foi o resultado de negociações entre
a Inglaterra e a França para pôr fim a guerra de sucessão do trono espanhol, ocorrida entre 1702-1714.
c) Incorreta. Nova Amsterdã era o nome da colônia holandesa que existiu no território da atual cidade de
Nova York, entre 1609 e 1664, quando foi conquistada pelos britânicos. Portanto, note que qualquer
evento relacionado à essa colônia holandesa ocorreu no século XVII, cerca de cem anos antes do processo
de independência dos EUA.
d) Incorreta. O Massacre de Boston ocorreu em 1770 e realmente está vinculado ao processo de
independência dos EUA. Naquele ano, a tensão entre a metrópole britânica e os colonos norte-americana
ficava cada vez mais tensa, devido ao amplo descontentamento com os novos impostos. Por isso, com o
objetivo de impor a ordem, a Coroa enviou soldados à Boston, em Massachusetts. Então, em 5 de março
de 1770, os soldados britânicos dispararam tiros contra uma multidão. Cinco homens foram mortos e
outros seis saíram feridos. De qualquer forma, este não é o episódio específico ao qual o texto faz
referência, uma vez que não foi nessa ocasião em que a independência foi devidamente proclamada.
e) Incorreta. Na verdade, não existiu um tratado com esse nome, mas sim uma batalha: a Batalha de San
Quentin (ou Saint-Quentin). O episódio se tratou de um confronto entre os exércitos alemão e francês,
entre 29 e 30 de agosto de 1914, durante os eventos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Gabarito: A

(EsPCEx/2005/4000000213)
“É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha poder tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é
preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder.”
(Montesquieu, “O Espírito das Leis”, 1748).
As ideias contidas no texto estão relacionadas ao pensamento
a) renascentista clássico.
b) do Direito Divino dos Reis.
c) filosófico do Absolutismo.
d) político do Iluminismo.

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e) fisiocrata do Mercantilismo.
Comentários
Aqui temos uma questão conceitual, pois o candidato deve ler o trecho destacado e relaciona-lo, a partir
das ideias expressadas, com a corrente de pensamento à qual pertence. É de grande ajuda se fosse se
atentar à data de publicação do texto do qual o trecho foi extraído. No caso, trata-se da obra O Espírito das
Leis, do filósofo francês Barão de Montesquieu, publicado em 1748. Sabendo disso, vejamos:
a) Incorreta. O renascimento cultural foi um movimento cultural e intelectual que se disseminou pela
Europa entre os séculos XVI e XVII, aproximadamente. Portanto, note que é muito anterior ao período no
qual a obra de Montesquieu foi publicada.
b) Incorreta. A teoria do direito divino dos reis é uma concepção do pensamento absolutista. Segundo ela,
os monarcas podiam reinar por vontade de Deus, e não por decisão dos súditos ou das assembleias.
Também se pregava que o rei deveria ser o chefe da Igreja, em seus territórios. Cronologicamente, de fato,
tal concepção circulava no período de publicação das ideias de Montesquieu. Um dos maiores defensores
do direito divino dos reis foi Jacques Bossuet (1627-1704) e muitos outros continuaram defendendo essa
teoria após sua morte. Contudo, note como essa teoria busca legitimar um poder ilimitado ao monarca, o
que contradiz o que é defendido pelo texto de Montesquieu, que está preocupado em coibir o abuso de
poder.
c) Incorreta. Como já comecei a explicar na alternativa anterior, não só a teoria do direito divino dos reis,
mas todo o pensamento filosófico vinculado ao absolutismo busca legitimar a concentração de poder pelo
monarca. Lembre-se da máxima dos absolutistas: “um só povo, um só Deus, um só rei”. Enquanto alguns,
como o Bossuet, tentavam justificar isso por meio de argumentos religiosos, outros, como o filósofo
britânico Thomas Hobbes, procurou argumentar que o poder absoluto de um rei provinha da concessão
desse poder pelos próprios súditos. Algo como um “contrato social”, no qual os governados se permitem
serem governados de forma absoluta por um governante. De qualquer forma, essas ideias eram
combatidas por pensadores como Montesquieu.
d) Correta! O Iluminismo foi um movimento cultural e intelectual que se espalhou pela Europa e suas
colônias entre os séculos XVII e XVIII. Apesar da diversidade de temas, abordagens, ideias e
posicionamentos políticos, em geral os iluministas pregavam a primazia da razão, o individualismo, a
laicização do Estado e da educação, bem como entendiam que esclarecer a população era a forma mais
eficaz para atingir o progresso da humanidade. Foi na esteira do Iluminismo que surgiu também o
Liberalismo, tanto político como econômico. De forma geral, essas ideologias pregavam as liberdade
individuais, como a liberdade econômica e de expressão, a ampliação dos direitos políticos e civis, a
igualdade jurídica, a soberania popular e a soberania nacional. Evidentemente, entre as principais
preocupações dos iluministas, especialmente dos liberais, estava limitar o poder absoluto dos reis, se
possível extingui-lo definitivamente. Alguns achavam ser o suficiente simplesmente dividir o poder entre
as instituições, mantendo uma monarquia constitucional. Era o caso de Montesquieu, que propôs a divisão
dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Sem discordar dessa divisão, os mais radicais
defendiam o fim das monarquias e instauração de repúblicas em seus lugares. Todavia, mesmo entre estes
últimos haviam discordâncias: alguns preferiram democracias representativas, enquanto outros pregavam
democracias participativas.
e) Incorreta. Essa alternativa é uma contradição em si mesma, pois os fisiocratas foram um grupo de
economistas franceses que criticavam o Mercantilismo. Este se tratava o sistema econômico que vigorou
na Europa e em suas colônias durante o Antigo Regime. Esse sistema privilegiava o metalismo, a
intervenção estatal, a balança comercial favorável e o exclusivo comercial metropolitano. Por seu turno,
por volta da primeira metade do século XVIII, os fisiocratas franceses começaram a criticar esses princípios

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mercantilistas, principalmente os monopólios e a intervenção estatal na economia. Eles defendiam maior


liberdade econômica, além de afirmar que a fonte primordial da riqueza não eram os metais preciosos,
mas sim a terra.
Gabarito: D

(EsPCEx/2004/4000039626)

A Revolução Gloriosa de 1688, na Inglaterra, assinala o (a)


a) predomínio do poder real sobre as conquistas da burguesia agrária.
b) proibição do poder da nobreza sobre o Terceiro Estado.
c) vitória da política de conciliação entre as classes, proposta por Cromwel.
d) proibição ao rei de lançar impostos sem a permissão do parlamento.
e) restabelecimento da liberdade religiosa para os católicos.
Comentários
A Revolução Gloriosa (1688-1689) foi um golpe de Estado articulado pelo Parlamento para depor o rei Jaime
II, da dinastia Stuart. Esse monarca era absolutista e católico, o que desagradava a maior parte dos
parlamentares e da população em geral, de maioria liberal e protestante. Inclusive, durante o reinado de
seu pai, Carlos I, o país mergulhou em uma guerra civil e o rei terminou decapitado, exatamente porque
tentou aplicar medidas absolutistas e se aproximar da Igreja Católica. Esse episódio foi a Revolução Inglesa,
ou Revolução Puritana (1640-1649). Com sua vitória, foi instalada a República Puritana, que durou até 1658,
quando seu principal líder faleceu, Oliver Cromwell. Então, em 1660, a monarquia e a dinastia Stuart foram
restauradas. Todavia, conforme os reis Stuart voltaram a repetir a mesma estratégia de governo, o
Parlamento prontamente se mobilizou. Com o crescimento da tensão, Jaime fugiu para a França, o que foi
considerado uma abdicação ao trono pelos parlamentares. Então, a Coroa foi oferecia à Maria e Guilherme
de Orange, filha e genro de Jaime II, porém, ambos protestantes. Os novos reis tiveram que concordar em
assinar a Bill of Rights, o que consolidou a Revolução Gloriosa, assim chamada por ter evitado que o país
mergulhasse em outra guerra civil sangrenta. Vejamos o que esse evento assinala:
a) Incorreta. O poder real foi consideravelmente diminuído em todos os aspectos.
b) Incorreta. Na política britânica da Idade Moderna não havia uma divisão do parlamento em três estados
como na França. Nesta, na realidade, existia uma Assembleia dos Três Estados, que só se reunia quando
convocada pelo monarca. Nela, cada Estado representava um setor da sociedade francesa: Primeiro
Estado, a Nobreza; Segundo Estado, o Clero; Terceiro Estado, a plebe, inclusive a burguesia. Na Inglaterra,
o Parlamento era dividido em duas casas: a Câmara dos Comuns; e a Câmara dos Lordes. Para participar da
primeira, era necessário ser proprietário e ter uma renda mínima. Para participar da segunda, era preciso
ser nobre, o que era definido pelo nascimento.
c) Incorreta. Cromwell morreu em 1658, trinta anos antes da Revolução Gloriosa.
d) Correta! O documento assinado pelos novos reis, a Bill of Rights, limitava consideravelmente os poderes
do monarca, que não podia fazer mais quase nada sem consultar o Parlamento, inclusive lançar impostos.
Assim, o absolutismo britânico chegou ao fim.
e) Incorreta. Os católicos não tinham liberdade religiosa na Inglaterra até o século XIX. Eles só podiam
realizar seus cultos de forma privada e tinha seus direitos reduzidos: a propriedade e herança de terra eram
limitadas; tinham que pagar impostos adicionais; não podiam enviar os filhos para o exterior para ter uma
educação católica; não podiam votar; e não podiam assumir cargos públicos. O clero católico também era
reduzido, não podia haver bispados nos territórios britânicos, os padres eram passíveis de prisão.

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Gabarito: D

(EsPCEx/2004/4000039627)
Como condição para o advento do capitalismo industrial na Inglaterra no século XVIII, a Revolução Inglesa
do século XVII é importante porque
a) estabeleceu o princípio de que o “rei reina, mas não governa” com a criação da dinastia dos Lancasters,
sob a direção do Lorde Fairfax.
b) consolidou uma poderosa classe de pequenos proprietários rurais, os "Yeomen", ao realizar uma reforma
agrária radical.
c) eliminou as últimas barreiras feudais e fez triunfar o capitalismo agrário.
d) derrubou o absolutismo Tudor, sendo a revolução liderada pelos "landlordes" (os nobres do campo).
e) possibilitou o triunfo do Parlamento, cujos membros, em sua maioria, eram radicais religiosos como os
“Levellers” (Niveladores), os "Ranters" (Blasfemadores) e os "Diggers" (Cavadores).
Comentários
A Revolução Inglesa, também chamada de Revolução Puritana, ocorreu entre 1640 e 1649. Tratou-se de
uma guerra civil gerada pela insatisfação do Parlamento e de boa parte da população inglesa contra o rei
Carlos I, que tinha tendências absolutistas e se aproximava de setores católicos. O Parlamento reunia
grande parte da nobreza e da burguesia puritana (calvinista) e anglicana, com tendências mais liberais.
Além disso, os revolucionários criaram o Exército de Novo Tipo, formado por diversos segmentos da
sociedade britânica desde a nobreza e a burguesia até os trabalhadores urbanos e camponeses. Esse
exército se destacou por adotar o mérito como principal critério de ascensão na hierarquia militar. Com a
vitória revolucionária, em 1649, foi instaurada a República Puritana, na qual o Parlamento e seu principal
líder, Oliver Cromwell, se tornaram proeminentes no poder. Cromwell assumiu uma postura semelhante
aos reis absolutistas, perseguindo adversários políticos e dissidências religiosas. Porém, com sua morte, em
1658, a república ruiu e, em 1660, a monarquia e a dinastia Stuart foram restauradas. A ameaça absolutista
e da restauração católica voltou a assombrar a Inglaterra protestante, porém, a revolução contribuiu para
a difusão das ideias liberais e de uma mentalidade burguesa. Tanto é que entre 1688 e 1689, o Parlamento
orquestrou a Revoluções Gloriosa que depôs o rei Jaime II. Com isso, o fim do absolutismo britânico foi
consolidado e nascia o primeiro governo tipicamente burguês da Europa. Com isso em mente, vejamos por
que a Revolução Inglesa foi importante para o advento do capitalismo industrial no século seguinte:
a) Incorreta. Na verdade, podemos remeter à origem desse princípio, na Inglaterra, à assinatura da Magna
Carta, em 1215. Esse documento instituiu os reis britânicos deveriam sempre consultar o Conselho Real
(futuro Parlamento) para aprovar impostos e taxas. Entretanto, o princípio do “rei reina, mas não governa”
só foi de fato estabelecido na política britânica com a Revolução Gloriosa (1688-1689), quando Jaime II foi
deposto e o Parlamento obrigou o novo rei, Guilherme de Orange, a assinar a Bill of Rights. Este documento
reduzia consideravelmente os poderes reis, indo bem além de só obriga-lo a consultar os parlamentares na
criação de tributos. Vale destacar que Lorde Fairfax, de fato, lutou na Revolução Gloriosa contra as forças
de Carlos I. No entanto, a Dinastia Lancaster só governou a Inglaterra entre 1399 e 1471, ou seja, sua
menção na alternativa é completamente aleatória.
b) Incorreta. A Revolução Inglesa não executou uma reforma agrária radical. Alguns de seus adeptos
desejavam isso, como os levellers e os diggers, segmentos mais populares. No entanto, o governo
republicano que assumiu após a guerra civil estava mais alinhados aos interesses da gentry, uma classe
social que misturava grandes proprietários de terras e a nobreza agrária. Por sua vez, os yeomen era uma
classe intermediária de pequenos proprietários de terras, que geralmente trabalhavam na própria terra.
Eles estavam entre a gentry e os camponeses. Mas os yeoman também podiam ser um guarda, um vigia ou
um oficial subordinado.

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c) Correta! A Revolução Gloriosa adequou o governo britânico ao liberalismo político, que mais interessava
à burguesia e à gentry. Com isso, essas classes desfrutaram de maior garantia para o direito à propriedade
privada. Isso favoreceu a concentração de terras, que facilitou o enriquecimento desses setores e a
possibilidade para eles investirem seus lucros em inovações tecnológicas para a aumentar a própria
produção. Assim, foi desencadeada a Revolução Industrial.
d) Incorreta. O último monarca Tudor foi Elizabeth I, que faleceu em 1603. Quem a sucedeu foi Jaime I,
primeiro rei da Dinastia Stuart. Por sua vez, a Revolução Inglesa foi responsável por derrubar o rei Carlos I,
segundo rei Stuart. Contudo, isso não representou o fim do absolutismo na Inglaterra, o que só seria
alcançado com a Revolução Gloriosa.
e) Incorreta. Como destaquei, os segmentos citados pela alternativa não tinham tanto espaço no
Parlamento, dominado pela gentry (nobreza + burguesia) puritana.
Gabarito: C

(EsPCEx/2004/4000039628)
O século XVIII, também conhecido como o "Século das Luzes", marcou o florescimento do Iluminismo, em
sua oposição ao misticismo e ao absolutismo monárquico, entre outros aspectos, sendo que esse
movimento foi caracterizado pelas idéias de vários pensadores europeus. Assim, podemos afirmar que
a) Adam Smith ajudou a propagar o ideário bulionista, através de sua frase "laissez faire, laissez passer".
b) Voltaire criticava o absolutismo, a Igreja e o clero, bem como menosprezava a população mais pobre.
c) Rousseau, como os demais iluministas, era um defensor incondicional do racionalismo e da propriedade
privada.
d) Montesquieu, de origem humilde, escreveu "O Espírito das Leis", onde consagrou a divisão quadripartite
dos poderes.
e) a Enciclopédia, editada por Descartes e Pascal, foi um importante veículo divulgador dos conceitos
filosóficos e científicos da época.
Comentários
O Iluminismo foi um movimento cultural e intelectual que difundiu pela Europa e suas colônias entre os
séculos XVII e XVIII. Havia uma variedade de ideias, abordagens e posicionamentos políticos entre os
iluministas, mas em geral eles valorizavam a razão sobre a fé, o individualismo, a separação entre Estado e
Igreja, a laicização da educação e o fim do absolutismo, entre outras coisas. Então, vejamos o que podemos
afirmar:
a) Incorreta. Adam Smith foi um economista escocês, considerado o fundador do liberalismo econômico.
Porém, a frase destacada não é de sua autoria, mas sim dos fisiocratas franceses, nos quais realmente ele
se inspirou, mas tinha diferenças. Ambos defendiam as liberdades econômicas, a não interferência estatal
na economia e o fim dos monopólios. Porém, os fisiocratas acreditavam que a fonte de riqueza era a terra,
enquanto Smith argumentava que era o trabalho. De qualquer forma, ambos discordavam do bulionismo
(ou metalismo), princípio do mercantilismo que afirmava que a fonte de riqueza eram os metais preciosos.
b) Correta! Voltaire não fazia grandes distinções entre governos monárquicos ou republicanos. Inclusive,
até acreditava na monarquia constitucional. Porém, defendia que o mais importante era o governo garantir
as liberdades individuais, tanto na economia quanto na política e no pensamento. Por isso, os principais
alvos de sua crítica eram o absolutismo e a Igreja Católica, que juntos e através de mecanismo como a
Inquisição, restringiam a liberdade de expressão e de pensamento. Contudo, Voltaire menospreza a
população mais pobre, por sua falta de esclarecimento, religiosidade e superstições.
c) Incorreta. Rousseau era um dos iluministas mais radicais, justamente por ser um dos poucos que criticava
a propriedade privada como fonte da desigualdade.

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d) Incorreta. Montesquieu não era de origem humilde. Vale ressaltar que seu nome era Charles-Louis de
Secondat. Montesquieu era o nome da região da qual ele era BARÃO. Ele realmente escreveu a obra “O
Espírito das Leis”, na qual argumenta que o poder deveria ser dividido em TRÊS, não em quatro, partes
independentes umas das outras para que não houvesse absolutismo.
e) Incorreta. Sem dúvidas, a Enciclopédia, ou Dicionário Arrazoado das Ciências, Artes e Ofícios, publicado
em 1751, foi um importante veículo divulgador dos conceitos filosóficos e científicos da época. Porém, a
obra foi editada por Jean le Rond d’Alembert e Denis Diderot.
Gabarito: B

(EsPCEx/2003/4000039574)
“Em 1685, com a morte de Carlos II, subiu ao trono seu irmão Jaime II. Católico fervoroso, o novo rei
procurou restaurar o absolutismo e o catolicismo, punindo os revoltosos, aos quais negava o direito de
habeas-corpus. Esse direito era uma conquista estabelecida pela Carta Magna. Por ele, ninguém poderia
ser preso sem culpa formada.
O Parlamento já não era o mesmo dos tempos de Cromwell. Mesmo assim, não podia tolerar essas medidas.
Por isso, em repúdio ao rei, convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e mulher de Guilherme de Orange,
governador das Províncias Unidas, para ocupar o trono (...). Jaime II refugiou-se na França e um novo
Parlamento proclamou Guilherme e Maria rei e rainha da Inglaterra. Triunfava assim a Revolução Gloriosa.”
(ARRUDA, José Jobson & PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil. São Paulo:
Ática, 2002.)
Nos anos de 1688 e 1689, ocorreu, na Inglaterra, a chamada “Revolução Gloriosa”. Foi por meio dela que
Guilherme de Orange ascendeu ao trono inglês com o nome de Guilherme III, tendo, porém, que se
submeter à Declaração dos Direitos (Bill of Rights), que
a) restringia a liberdade de imprensa, a liberdade individual e a liberdade de propriedade.
b) obrigava o rei a submeter-se à vontade do Parlamento, limitando, portanto, o poder monárquico.
c) definia o catolicismo como religião oficial da Inglaterra, restringindo a liberdade de culto.
d) estabelecia o ministério vitalício de base aristocrática, sem a participação da classe burguesa.
e) substituía a monarquia constitucional pelo absolutismo, fortalecendo o Poder Executivo.
Comentários
Os eventos narrados pelo texto dizem respeito ao processo que pôs fim ao absolutismo na Inglaterra e fez
nascer o primeiro governo tipicamente burguês da Europa moderna, uma monarquia constitucional e
parlamentarista. A luta contra o absolutismo havia atingido seu ponto mais dramático durante a Revolução
Inglesa (1640-1649), que vitoriosa, depôs e executou o rei Carlos I Stuart. Então, foi instituída a República
Puritana, que durou até 1658. Sua principal liderança, Oliver Cromwell, acabou concentrando tantos
poderes quanto um rei absolutista, o que tornou o novo regime dependente de sua figura pessoal. Quando
ele morreu, em 1658, a república ruiu e para evitar uma nova revolução o Parlamento optou por restaurar
a monarquia e a dinastia Stuart, coroando Carlos II em 1660. A situação ficou relativamente estável até
1685, quando o rei morreu e seu irmão, Jaime II, assumiu o trono. O novo soberano era bem da linha de
seu pai e avô, ou seja, absolutista e católico. A esperança do Parlamento era sua filha única, Maria, que era
protestante. O resto da história, o texto já contou: os parlamentares articularam um golpe que resultou na
deposição de Jaime II e coroação de sua filha e genro. Entretanto, para garantir que nenhum monarca
tivesse “recaídas” absolutistas, o Parlamento obrigou os novos soberanos a assinar a Bill of Rights. Com
todas essas considerações em mente, vejamos o que esse documento determinava:
a) Incorreta. O documento favorecia tais direitos ao extinguir o absolutismo.
b) Correta! O documento instituiu o parlamentarismo, isto é, um regime no qual o Parlamento governa
mais que o rei. Este teve seus poderes consideravelmente reduzidos, tornando-se apenas Chefe de Estado,

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enquanto o 1º ministro, eleito pelos parlamentares, assumiu a maior parte das funções do chefe do Poder
Executivo.
c) Incorreta. A religião oficial permaneceu sendo a Igreja Anglicana. Por outro lado, os católicos tinham
liberdade de culto, mas não podiam assumir cargos públicos.
d) Incorreta. Não havia um ministério vitalício. O ministério era eleito pelo Parlamento.
e) Incorreta. Na verdade, o documento fazia o oposto disso. Substituiu o absolutismo por uma monarquia
constitucional, fortalecendo o Poder Legislativo (o Parlamento).
Gabarito: B

(EsPCEx/2003/4000039577)
Durante o período conhecido como Iluminismo, intelectuais dirigiram duras críticas à política de
monopólios e privilégios mercantilistas, ao poder absoluto dos reis e ao conhecimento baseado na fé.
Abaixo estão listadas proposições básicas de alguns desses pensadores.
I – “Penso, logo existo” (René Descartes).
II – “O Tribunal da Inquisição é, como se sabe, uma invenção ‘maravilhosa’, pois torna o papa e os monges
mais poderosos e torna hipócrita uma nação inteira” (Voltaire).
III – “Se o governo eleito pela maioria não a estiver representando, o povo não só pode, como deve
substituí-lo” (Rousseau).
IV – “...deixai fazer, deixai passar, que o mundo caminha por si mesmo...” (Gournay).
Características das doutrinas político-econômicas vigentes à época que estão associadas às proposições I,
II, III e IV são, respectivamente,
a) racionalismo, metalismo, antiabsolutismo, anticlericalismo.
b) etnocentrismo, antimercantilismo, protecionismo, antiabsolutismo.
c) absolutismo, anticolonialismo, protecionismo, racionalismo.
d) antiabsolutismo, anticlericalismo, antimercantilismo, teocentrismo.
e) racionalismo, anticlericalismo, antiabsolutismo, antimercantilismo.
Comentários
O Iluminismo foi um movimento cultural e intelectual que se difundiu pela Europa e suas colônias entre os
séculos XVII e XVIII. Havia uma diversidade de pensadores com diferentes ideias, abordagens e
posicionamentos políticos. Entretanto, no geral, eles concordavam no que foi destacado pelo enunciado:
na crítica às estruturas do Antigo Regime. Nesse sentido, o enunciado requisita que façamos a conexão
entre as frases apresentadas e à qual aspecto do iluminismo elas representam mais diretamente. Então,
vamos analisar frase por frase para identificar isso:
I – Nessa frase, o filósofo francês Descartes (1598-1650) coloca em evidência a faculdade do pensamento,
isto é, da razão como elemento fundamental da existência humana; mais que isso, da existência individual.
Como vimos em aula, os iluministas priorizavam a razão sobre a fé na construção do conhecimento. Por
isso, defendiam a laicização da educação. Para esses pensadores, somente com o uso da razão seria
possível desvendar os reais segredos da natureza e do universo, identificando leis universais e absolutas.
Por outro lado, eles também acreditavam que a razão era uma faculdade individual que só era plenamente
exercida quando o individuo desfrutava de liberdade. Portanto, a frase de Descartes se enquadra no
racionalismo iluminista.
II - Voltaire (1694-1778) se destacou na defesa das liberdades individuais e na crítica à Igreja.
Evidentemente, um dos principais alvos de sua crítica foi o Tribunal da Inquisição. Embora o tribunal tenha
sido reaberto para combater as Reformas Protestantes, no século XVI, ao longo do Antigo Regime as
monarquias católicas se apropriaram deles para perseguir seus adversários políticos ao mesmo tempo que

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permitia à Igreja manter o monopólio sobre o pensamento. Todavia, é importante ressaltar que iluministas
como Voltaire não necessariamente abandonavam o cristianismo, ou sequer o catolicismo, mas criticavam
especificamente o clero. Por isso, a frase dele se adequa ao anticlericalismo.
III – Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um dos filósofos iluministas de pensamento político mais
radicais. Enquanto muitos iluministas achavam o suficiente transformar as monarquias em constitucionais,
reforçando o poder do Parlamento e ordenando a nação juridicamente, outros pensadores advogavam a
favor da república. Entretanto, mesmo entre os republicanos havia discordâncias sobre o governo mais
adequado. Aqueles como Immanuel Kant (1724-1804) defendiam a democracia representativa, na qual os
cidadãos elegem seus representantes para atuar no governo. Aqueles como Rousseau iam mais longe,
pregando a democracia participava, na qual todos os cidadãos participavam diretamente do governo. De
qualquer forma, a frase aqui destacada agraria a maioria dos iluministas pelo poder atribuído ao povo. Em
outras palavras, dá ênfase à soberania popular. Por essa razão, a frase de Rousseau ressalta o
antiabsolutismo do movimento iluminista.
IV – Vincent de Gournay (1712-1759) foi um economista fisiocrata. A fisiocracia era uma teoria econômica
que defendia a liberdade econômica, o fim dos monopólios e a não interferência do Estado na economia.
A economia devia ser entendida como a natureza, logo, deveria ser deixada fluir sozinha, sem interferências
desnecessárias. Além disso, para os fisiocratas, a terra era a principal fonte de riqueza, não os metais
preciosos. Então, repare que essa teoria contraria alguns dos fundamentos do mercantilismo. Por isso,
trata-se de uma frase de antimercantilista.
Portanto, a alternativa correta é a letra “e”.
Gabarito: E

(EsPCEx/2002/4000039519)
Na segunda metade do século XVIII, basicamente, alguns dos grandes países da Europa eram governados
pelos seguintes reis: Carlos III (Espanha), Catarina II (Rússia), Frederico II(Prússia), José I (Portugal) e José II
(Áustria). Existe um ponto em comum entre eles. Assinale a frase que melhor expressa esse ponto.
a) “O Estado sou Eu”.
b) “Não há Rei sem Bispo”.
c) “Tudo pelo povo, sem o povo”.
d) “O Rei reina, o Parlamento governa”.
e) “Deixa fazer, deixa passar, o mundo gira por si mesmo”.
Comentários
Os reis e rainha citados pelo enunciado tinham em comum a prática do despotismo esclarecido, um regime
de governo que adotava medidas inspiradas no iluminismo, mas sem abandonar o absolutismo
monárquico. Em geral, essa atitude era motivada pelo desejo em investir no desenvolvimento comercial e
aperfeiçoar o funcionamento do Estado. Entre as medidas mais recorrentes entre os déspotas esclarecidos
estavam a racionalização do Estado, o resgate do direito romano, a separação entre Igreja e Estado e a
laicização da educação. Com isso em mente, vejamos qual frase melhor caracteriza o regime de governo
adotado por esses monarcas:
a) Incorreta. “O Estado sou Eu” é uma frase dita pela primeira vez rei Luís XIV da França, o “Rei Sol”. Seu
governo foi um dos mais absolutistas da Europa moderna, passando bem longe das reformas propostas
pelos iluministas.
b) Incorreta. Essa frase se distancia das práticas do despotismo esclarecido, uma vez que esses governos
buscavam diminuir a participação da Igreja no Estado. Mesmo quando não se chegava ao ponto de efetivar
a separação entre Igreja e Estado, buscava-se submeter o clero à jurisdição da monarquia nacional.

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c) Correta! Esse era o grande lema dos déspotas esclarecidos. Veja bem, o “povo” que se fala aqui não é o
que a gente entende como “povão”, isto é, os mais pobres, os trabalhadores, mas sim a burguesia. Lembre-
se que os burgueses não eram considerados nobres. Mesmo sendo ricos, eles continuavam sendo plebeus,
súditos comuns, sem direitos políticos e restrições a seus direitos civis e jurídicos. Por isso, eles também
eram entendidos como “povo”, em um sentido mais amplo. E como um dos principais objetivos dos
déspotas esclarecidos era impulsionar o desenvolvimento comercial de seus países, o apoio da burguesia
era indispensável. Não esqueça também que as ideias iluministas faziam mais sucesso entre os burgueses.
Então, esses monarcas tentaram se aproximar dos indivíduos e famílias mais ricas e influentes desse
segmento, distribuindo títulos nobiliárquicos, concedendo cargos no governo e monopólios comerciais no
reino e das colônias. Todavia, a grande parte da burguesia e o povo em geral continuaram sem direitos
políticos. Por isso, “Tudo pelo povo, sem o povo”.
d) Incorreta. Essa frase representa o resultado da Revolução Gloriosa (1688-89) na Inglaterra. Esse episódio
se tratou de uma articulação parlamentar que executou um golpe de Estado que destituiu o rei Jaime II,
coroando em seu lugar Guilherme de Orange. No entanto, o novo monarca teve que assinar a Bill of Rights,
um documento que instituiu o parlamentarismo no Reino Unido. Nesse sistema, o 1º ministro, eleito pelo
Parlamento, assumia a maioria das funções do Poder Executivo, enquanto o rei mantinha apenas o cargo
de Chefe de Estado, com funções mais limitadas.
e) Incorreta. Esse era o lema dos fisiocratas franceses, que defendiam a ampliação das liberdades
econômicas e o fim das intervenções estatais na economia. Para eles, a economia devia caminhar por si
mesma, por sua semelhança com a natureza que é autossustentável. Assim, a economia se autorregulava,
sem a necessidade de os governos tomarem medidas para regulamentá-la, o que só atrapalharia.
Gabarito: C

(EsPCEx/2002/4000039526)
Leia o texto a seguir:
“O confronto direto entre Inglaterra e França, denominado Guerra dos Sete Anos, começou em 1756 na
América, em virtude da disputa pela posse do vale do Ohio. A França aliou-se à Espanha e à Áustria; a
Inglaterra contou com o apoio da Prússia. Os ingleses saíram vitoriosos do conflito, (...).
Entretanto, apesar da vitória, a Inglaterra entrou em uma fase de dificuldades econômicas, devido ao
esgotamento do tesouro pelos gastos militares na guerra. Para reequilibrar seu orçamento, a monarquia
inglesa lançou mão de pesados impostos sobre as colônias americanas, que haviam se aproveitado da
guerra para aumentar seu comércio com os franceses no Canadá e nas Antilhas.”
FONTE: PAZZINATO, Alceu L. & SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. São Paulo:
Ática, 2002. Pág. 116.
O texto acima refere-se a um fato político, a decisão inglesa de “lançar mão de pesados impostos sobre as
Colônias Americanas”. Tal fato gerou graves consequências para a economia das Treze Colônias, causando
principalmente a supressão da liberdade de comércio. Analisando tal contexto, é correto afirmar que a(s)
Lei(s)
a) do açúcar era uma taxação sobre toda a importação de açúcar que não fosse originária das Antilhas
Francesas.
b) do Chá concedia o monopólio do comércio do chá indiano à Companhia das Índias Ocidentais.
c) Intoleráveis previam, entre outros aspectos, a manutenção e aquartelamento de tropas britânicas pelos
colonos.
d) do Selo previa a obrigatoriedade do uso de selos, exclusivamente, em documentos considerados legais.
e) ou Atos Townshend taxavam a importação de artigos como navios, manufaturas e produtos agrícolas.
Comentários

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Até o século XVIII, as Treze Colônias inglesas na América do Norte podiam ser divididas basicamente em
dois grupos: as do sul, onde a influência da metrópole era maior e predominava a economia de plantation
monocultura, escravista e exportadora; e as do norte, nas quais havia mais autonomia em relação a
metrópole e prevalecia as pequenas e médias propriedades ao lado de uma economia manufatureira
voltada para o mercado interno. De qualquer forma, o conjunto desses colonos vivia com autonomia
suficiente para realizar eles mesmo o comércio triangular com outras colônias britânicas na América e na
África. Todavia, como o enunciado destacou, com a Guerra dos Sete Anos, a Coroa britânica ficou
profundamente endividada e como solução quis aumentar a carga tributária sobre suas colônias, não só
para aumentar a renda real, mas também para controlar melhor o comércio praticado entre elas. Essas
medidas foram bastante criticadas pelos colonos norte-americanos. Não se esqueça também que no século
XVIII as ideias iluministas e liberais se difundiam rapidamente pelo mundo, inclusive na América e os
colonos norte-americanos as conheciam muito bem. Sabendo desse contexto, vejamos o que é correto
afirmar sobre as leis coloniais criadas pela Inglaterra no período:
a) Incorreta. Na verdade, a Lei do Açúcar aumentava a taxação sobre a importação de açúcar vindo das
Antilhas britânicas. Isso afetava os pequenos produtores das colônias do norte, pois eles compravam açúcar
para produzir rum, enquanto vendiam peles, gado, madeira e peixe. Com encarecimento do açúcar, os
custos aumentavam muito. Lembra do comércio triangular que vimos em aula? Esse importante comércio
de abastecimento e lucro sofreu grande impacto.
b) Incorreta. De fato, com a Lei do Chá (1773) a Inglaterra estatizou o comércio de chá indiano para as Treze
Colônias e concedeu seu monopólio a uma companhia de comércio. Porém, não foi a Companhia das Índias
Ocidentais, que era holandesa, mas sim à Companhia Inglesa das Índias, também conhecida como
Companhia Britânica das Índias Orientais, ou Honorável Companhia das Índias Orientais. A reação a essa
medida foi a Festa do Chá de Boston, uma revolta na qual os colonos norte-americanos jogaram ao mar a
carga dos navios da companhia inglesa ancorados do Porto de Boston.
c) Correta! As chamadas Leis Intoleráveis foram criadas em 1774. Elas determinavam uma série de medidas,
entre elas: o fechamento do Porto de Boston, a ocupação militar de Massachussetts, a obrigação do
pagamento de uma indenização pelos danos causados pela Festa do Chá e várias restrições às liberdades
civis e econômica dos colonos. Entre essas leis, vale destacar a Lei do Aquartelamento, que obrigava os
colonos a fornecer mantimentos aos soldados ingleses presentes em solo norte-americano.
d) Incorreta. A Lei do Selo (1765) criou um selo que devia ser colado junto de qualquer tipo de documento
e publicação que circulasse nas colônias, não apenas aqueles considerados legais. Ou seja, o selo era
obrigatório em contratos, livros, revistas, cartas, jornais, etc. Até mesmo baralho tinha que ser selado. Isso
gerou uma grande desobediência civil e ninguém cumpriu a lei. Um ano depois a medida foi revogada.
e) Incorreta. Na realidade, as Leis ou Atos Townshend ampliavam a cobrança de impostos sobre vários
produtos importados pelas Treze Colônias, tais como papel, vidro, tinta e chá. A reação dos colonos foi o
boicote a esses produtos.
Gabarito: C

(EsPCEx/2002/4000039528)
O trecho da música abaixo foi escrito pelo grupo escocês Big Country, em 1988, para comemorar o terceiro
centenário da vitória escocesa na batalha de Killiecrankie contra os ingleses.
Killiecrankie
“Você teve
guerra e paz em Killiecrankie;
Você viu

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bravos escoceses em Killiecrankie;


Você pode viver
atualmente livre em Killiecrankie.”
(Stuart Adamson)
O contexto da letra da música e o período da batalha de Killiecrankie referem-se ao (à)
a) conflito em que a Grande Armada Espanhola apoiou as revoltas católicas na Escócia e na Irlanda.
b) alinhamento dos escoceses com o parlamento inglês contra o absolutismo do rei inglês Jaime II, durante
a Revolução Puritana.
c) fortalecimento da monarquia parlamentarista inglesa, sob a liderança de Guilherme de Orange.
d) enfraquecimento da República de Cromwell e o início da Comunidade Britânica.
e) reafirmação católica no centro e no norte da Grã-Bretanha em detrimento da Igreja Anglicana.
Comentários
Em primeiro lugar, repare que o enunciado informa que a música fez parte de uma comemoração do 300º
aniversário da Batalha de Killiecrankie. Então, este episódio supostamente ocorreu em 1688, mas na
verdade foi em julho de 1689. Em segundo, repare que se tratou de um confronto travado entre escoceses
e ingleses. Opa, lembra o que ocorreu nesse mesmo ano no Reino Unido? A Revolução Gloriosa! Esta foi
um golpe parlamentar articulado contra o rei Jaime II da dinastia Stuart, que acabou sendo deposto. Jaime
era escocês e católico, além de ter uma tendência absolutista. Entretanto, com medo da eclosão de uma
nova Revolução Inglesa (1640-1649), as pessoas buscavam uma saída pela política institucional. Também
havia a esperança que logo o trono seria herdado pela filha do rei, Maria, e seu marido, Guilherme de
Orange, que eram ambos protestantes. O que surpreendeu a todos foi que em 1688 Jaime teve um filho
homem, o que despertou o temor de que a Inglaterra, um país de maioria protestante, fosse governada
por uma longa dinastia católica. Com a escalada das tensões, Jaime II fugiu para a França e o trono foi
formalmente oferecido para sua filha e genro. Contudo, ele retornou ao Reino Unido, gerando algumas
revoltas e batalhas localizadas, entre as quais a Batalha de Killicrankie, na Escócia. Lá as pessoas estavam
divididas entre partidários de Jaime (jacobitas) e de Guilherme (williamitas). Os jacobitas venceram, mas
sofreram duras baixas e a vitória não alterou significativamente o quadro de estratégia mais amplo. De
qualquer forma, os levantes pró-Jaime foram contidos tanto na Irlanda quanto na Escócia, onde ele reunia
mais adeptos. A Revolução Gloriosa foi consolidada em dezembro de 1689, quando o Parlamento fez com
que o novo rei assinasse a Bill of Rights que colocava um fim definitivo ao absolutismo inglês, instituindo
uma monarquia constitucional e parlamentarista. Então, vejamos ao que se refere a letra da música e a
batalha destacadas?
a) Incorreta. Na verdade, a Grande Armada Espanhola, também conhecida como Invencível Armada, foi
uma esquadra organizada pelo rei espanhol, Filipe II, para invadir a Inglaterra. Entretanto, isso ocorreu em
1588, antes de sequer o primeiro rei da dinastia Stuart ser coroado, o que se deu somente em 1603. Além
disso, a intenção da Coroa espanhola não era apoiar revoltas católicas na Escócia e na Irlanda, mas sim
neutralizar a influência britânica sobre a política das regiões dos Países Baixos pertencentes à Espanha.
b) Incorreta. A Revolução Puritana, ou Revolução Inglesa, ocorreu entre 1640 e 1649. Como destaquei no
comentário, esse evento está relacionado com a Revolução Gloriosa, mas ocorreu décadas antes. Além
disso, na época o rei era Carlos I, pai de Jaime II, e, em geral, os escoceses o apoiavam, pois a Dinastia Stuart
era escocesa e católica, enquanto os ingleses aderiram mais massivamente à revolução, por serem
protestantes em maior número.
c) Correta! Uma vez que a Batalha de Killicrankie não fez uma diferença significativa para dar vantagem aos
jacobitas, os williamitas permaneciam fortalecidos. Guilherme de Orange era o grande favorito do
Parlamento britânico, por ser protestante e porque precisava da Inglaterra para virar o jogo na disputa
contra a França, como expliquei antes. Assim, os parlamentares conseguiram pressioná-lo a aceitar o

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parlamentarismo, o que diminuiu consideravelmente seus poderes como governante. A maior parte das
funções do Poder Executivo passava a ficar a cargo do 1º Ministro, eleito pelos parlamentares.
d) Incorreta. A República de Cromwell, ou República Puritana durou de 1649 até 1658. Trata-se do governo
instituído após a deposição e execução de Carlos I, ou seja, da vitória da Revolução Inglesa. Entretanto, a
estabilidade do novo regime passou a depender muito da figura pessoal de seu principal líder, Oliver
Cromwell. Com sua morte, em 1658, a república ruiu e dois anos depois a dinastia Stuart foi restaurada
para que outro banho de sangue não se iniciasse. Então, perceba que assim como a alternativa “b”, esse
evento está relacionado à Revolução Gloriosa, mas ocorreu décadas antes. Por seu turno, Comunidade
Britânica é uma associação intergovernamental fundada em 1926 e que reúne os países de língua inglesa
que já foram colônias do Reino Unido no passado. Portanto, além de ser muito posterior aos eventos da
Batalha de Killicrankie e da Revolução Gloriosa, não tem relação alguma com elas.
e) Incorreta. No centro da Grã-Bretanha a influência protestante era bem maior.
Gabarito: C

(EsPCEx/2001/4000039479)
Entre os anos de 1812 e 1814, durante o governo do presidente James Madison, os EUA se envolveram
na chamada Segunda Guerra de Independência contra a Inglaterra. Dentre os principais fatores que
deram origem a este conflito podemos destacar
A) sentimento de vingança, o resgate do moral do Exército Britânico frente aos súditos ingleses, além da
tentativa de anexação do Novo México.
B)a disputa de territórios como o Oregon e a Flórida, além da impossibilidade de realizar o livre comércio
no Atlântico.
C) apresamento de navios norte-americanos, bem como o recrutamento de seus tripulantes pelos ingleses.
D) os ataques indígenas insuflados pelos súditos ingleses do Canadá contra os americanos e a invasão do
território da Virgínia pelos britânicos.
E) a pretensão de colonos norte-americanos sobre as terras do Canadá e a compra do Alasca pelos EUA à
Rússia, criando um impasse estratégico.
Comentários
A Segunda Guerra de Independência, ou a Guerra Anglo-Americana se deu entre 1812 e 1814. A Inglaterra
havia reconhecido oficialmente a independência dos EUA em 1783. Entretanto, continuou fazendo
negócios com os exportadores do sul da nova nação. Vale dizer que, nesse novo contexto, os norte-
americanos estavam politicamente divididos entre duas facções: os federalistas, mais alinhados aos
ingleses; e os republicanos, admiradores da França revolucionária. Assim, podemos dizer que o principal
fator que contribuiu para o clima de animosidade foram as tentativas dos britânicos em sabotar a
aproximação entre os norte-americanos e a França. Vejamos quais ações específicas que desencadearam
o conflito:
a) Incorreta. De fato, havia um sentimento de revanchismo por parte dos britânicos que desejam restaurar
a dependência econômica e política de seus ex-colonos para com eles. Entretanto, naquele momento o
Novo México ainda não fazia parte dos EUA, mas sim do México. Somente em 1845 que esse território foi
cedido aos norte-americanos, com a assinatura do Tratado de Guadalupe-Hidalgo.
b) Incorreta. Realmente, o Oregon era território britânico e participou da Guerra Anglo-Americana. Porém,
somente em 1846, os EUA anexaram essas terras, por meio de acordo diplomático com a Inglaterra, que
aceito cedê-lo como forma de compensação histórica por várias razões. Por sua vez, a Flórida era território
espanhol até 1819, quando os EUA a compraram da Coroa espanhola.

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c) Correta! Os britânicos tentaram de várias maneiras impedir os acordos entre franceses e norte-
americanos republicanos, diversas vezes fazendo uso da força. Especialmente, o apresamento de navios
estadunidenses e o recrutamento força de norte-americanos eram ações que desafiam a soberania
nacional e prejudicavam a indústria estadunidense.
d) Incorreta. Realmente, os indígenas que habitavam as regiões fronteiriças entre Canadá, EUA e o oeste
norte-americano foram insuflados a atacar comunidades estadunidenses pelos colonos britânicos no
território canadense, até então ainda uma colônia da Inglaterra. Porém, não foi o território da Virgínia que
os ingleses invadiram durante a guerra, mas sim Washington D. C., a capital dos Estados Unidos. Os
invasores avançaram até Baltimore (no sentido oposto à Virgínia), onde foram barrados.
e) Incorreta. É verdade que havia uma pretensão norte-americana pelos territórios canadenses. Contudo,
os EUA só compraram o Alasca da Rússia em 1867, muito tempo depois do fim da guerra com a Inglaterra.
Gabarito: C

(EsPCEx/2001/4000039482)
Em uma das questões desta prova, está sendo citado o nome de um conjunto de rock inglês, o “New
Model Army” (Novo Modelo de Exército). O surgimento do “New Model Army”(o Exército, não o
conjunto de rock) teve importância fundamental na composição das forças terrestres modernas,
estendendo sua influência até os dias de hoje. E ele está relacionado a um dos conflitos ocorridos na
Inglaterra. Falamos da
a) Revolução Gloriosa.
b) Guerra Civil.
c) Invencível Armada.
d) Guerra das Duas Rosas.
e) Guerra da Restauração.
Comentários
O New Model Army foi um exército criado pelos revolucionários ingleses para combater o rei Carlos I e seus
aliados, que buscavam consolidar o absolutismo monárquico. Além disso, as perseguições contra minorias
religiosas e a intensificação dos cercamentos fez com que muitas classes sociais mais baixas também
aderissem ao movimento. Assim, o New Model Army se caracterizou por ser um exército que reunia
batalhões de praticamente todas as classes sociais britânicas, desde a nobreza e a burguesia até os
trabalhadores urbanos e camponeses, sendo cada batalhão era comandando por uma liderança
pertencente à classe que representava. Esse foi talvez o primeiro exército europeu que adotou o mérito
como principal critério para ascensão na hierarquia militar, refletindo os valores e princípios do liberalismo
então em formação na Inglaterra. Esse movimento foi responsável pela eclosão da Revolução Inglesa,
também chamada de Revolução Puritana, por conta da maior presença dos puritanos (calvinistas ingleses).
O conflito durou entre 1640 e 1649, quando o rei Carlos I foi decapitado e foi instalada uma república.
Entretanto, o conflito entre revolucionários e realistas britânicos também é conhecimento por um terceiro
nome, vejamos qual é:
a) Incorreta. A Revolução Gloriosa também se deu na Inglaterra, mas entre 1688 e 1689. Inclusive, esse
episódio foi um desdobramento da Revolução Inglesa, mas é algo posterior e diferente. Após a instauração
da República Puritana, em 1649, o novo regime durou até 1658, quando sua principal liderança, Oliver
Cromwell, faleceu. Então, teve início uma violenta disputa pelo poder entre as facções políticas
remanescentes. Para apaziguar a situação, o Parlamento decidiu restaurar a monarquia e a dinastia Stuart,
em 1660. Entretanto, os novos reis Stuart, Carlos II e Jaime II, continuaram tentando impor medidas
absolutistas, o que gerou uma articulação entre os próprios parlamentares que resultou em um golpe. Este

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golpe foi a chamada Revolução Gloriosa, que depôs Jaime II, coroou Guilherme de Orange e instituiu o
parlamentarismo na Inglaterra. O episódio foi chamado de “glorioso”, pois não foi necessário
derramamento de sangue como na Revolução Inglesa.
b) Correta! A Revolução Inglesa, ou Revolução Puritana, também é chamada de Guerra Civil Inglesa, uma
vez que o conflito dividiu o país entre revolucionários e realistas em uma sucessão de batalhas sangrentas.
c) Incorreta. A Invencível Armada foi um o nome irônico dado pelos ingleses a uma frota naval reunida pelo
rei Filipe II de Espanha em 1588 para invadir a Inglaterra. Os britânicos conseguiram impedir os planos da
Coroa espanhola, derrotando e expulsando a esquadra espanhola do Canal da Mancha.
d) Incorreta. A Guerra das Duas Rosas também se deu na Inglaterra, porém foi entre 1455 e 1487, cerca de
um século e meio antes dos eventos abordados pelo enunciado. Essa guerra foi um conflito entre as duas
maiores casas nobres da Inglaterra que disputavam o trono britânico, os York e os Lancaster.
e) Incorreta. A Guerra da Restauração ocorreu praticamente no mesmo período que a Revolução Inglesa,
mas foi um pouco mais longa. Tratava-se de um conjunto de confrontos entre Portugal e o Reino de Castela,
entre 1640 e 1668.
Gabarito: B

(EsPCEx/1999/4000039217)
O Iluminismo foi um movimento cultural, ocorrido entre os séculos XVII e XVIII, que deixou
profundas marcas na formação da visão do mundo do homem contemporâneo. Sobre esse
tema é correto afirmar que
A) Rousseau criou a Teoria dos Três Poderes, dividindo-os em Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo que
o Legislativo deveria estar acima dos demais, para evitar o Absolutismo.
B) os iluministas defendiam a república e abominavam a monarquia, vista como origem do poder absolutista
do antigo regime. Seus pensadores pertenciam à burguesia.
C) o Iluminismo pôde servir de suporte teórico para as revoluções liberais, porque valorizou o empirismo
em detrimento da razão. Movidos pela experiência seria mais fácil derrubar o Antigo Regime.
D) os iluministas preocuparam-se em conhecer a “mecânica das coisas”, as leis que regem os fenômenos
do mundo, dando ênfase ao empirismo e ao indutivismo.
E) a teoria econômica dos iluministas foi a fisiocracia que representava a burguesia e defendia a atividade
industrial financiada pelo Estado.
Comentários
Como o enunciado já ressaltou, o Iluminismo foi um movimento cultural que surgiu por volta do século
XVII, mas ganhou mais força e se disseminou pela Europa e suas colônias, no século XVIII. Os iluministas
divergiam em vários temas, ideias, abordagens e posicionamentos políticos. No entanto, concordavam com
alguns princípios básicos que guiavam suas discussões, tais como a primazia da razão, o individualismo e a
defesa de que o progresso humano seria alcançado por meio do esclarecimento. Ideologias como o
liberalismo político e o liberalismo econômico também surgiam como desdobramento das ideias
iluministas. Com isso em mente, vejamos o que é correto afirmar:
a) Incorreta. Na verdade, quem criou essa teoria foi o Barão de Montesquieu (1689-1755).
b) Incorreta. Não havia um consenso entre os iluministas a respeito da melhor forma de governo,
apesar de todos serem contrários ao absolutismo. Alguns acreditavam que as monarquias poderiam ser
justas desde que fossem constitucionais e tivessem divisão dos três poderes, como defendia Montesquieu.
Outros advogavam a favor do republicanismo e da democracia representativa, como Immanuel Kant (1724-
1804). Ainda, havia aqueles mais radicais, como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) que pregavam a

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democracia participativa. Também havia alguns que não fazia grandes distinções entre monarquias e
repúblicas, desde que os governantes garantissem as liberdades individuais, como Voltaire (1694-1778).
Por outro lado, de fato, o iluminismo se disseminou mais entre a burguesia, mas havia muitos iluministas
de origem nobre e até alguns trabalhadores urbanos.
c) Incorreta. Na realidade, Iluminismo conciliava empirismo e razão. A razão era valorizada como o
critério máximo do pensamento iluminista, enquanto empirismo era o método que exercitava a razão a
partir da experiência.
d) Correta! Como expliquei acima, os iluministas defendiam a valorização da razão e seu exercício por
meio do empirismo. Eles estavam determinados em aplicar e desenvolver os conhecimentos científicos e
para isso abdicavam de tudo que crenças e teorias preconcebidas diziam sobre o funcionamento do mundo.
Eles acreditavam que era necessário começar do zero, da experimentação, para então se compreender e
formular as leis universais que regem da natureza e o mundo.
e) Incorreta. Realmente, a fisiocracia foi uma das teorias econômicas que os iluministas formularam.
Contudo, os fisiocratas eram contrários a qualquer intervenção do Estado na economia. Além disso, eles
acreditavam que a fonte da riqueza era a terra, o que valorizava mais a agricultura do que a atividade
industrial.
Gabarito: D

(EsPCEx/1999/4000039219)
As tropas britânicas cantavam a famosa marcha “The World Turned Upside Down” (O Mundo de Cabeça
para Baixo) enquanto enfrentavam os soldados patriotas das Treze Colônias da América do Norte. Os
soldados da Metrópole não conseguiam entender porque os colonos norte-americanos estavam revoltados
contra a administração da Coroa Britânica. Entretanto, muitos historiadores consideram que o movimento
dos colonos norte-americanos, configurado na Declaração de Independência de 1776, não era apenas uma
luta de emancipação colonial e sim uma verdadeira Revolução Americana. A noção de Revolução Americana
pode ser melhor visualizada na alternativa que afirma serem os colonos norte-americanos defensores
A) de uma monarquia parlamentarista, mas bastante diferente da estrutura imperial e expansionista dos
ingleses.
B) dos princípios liberais, tanto política como economicamente, que nortearam a montagem de uma
república.
C) da política econômica mercantilista, que priorizava o aumento do comércio e da produção
maquinofatureira.
D) de uma estrutura latifundiária, agrária, escravista e monocultura, ligada aos interesses dos exportadores.
E) da cultura religiosa luterana, expressa no desejo de expansão para o Oeste conhecida como “Destino
Manifesto”.
Comentários
Essa questão é um pouco complexa, pois nos pede para comparar processos separados por cerca de um
século: as Revoluções Inglesas (1640-1649 e 1688-89) e a Revolução Americana (1775-1783). É importante
lembrar que desde o processo revolucionário no século XVII, a Inglaterra não era mais uma monarquia
absolutista. No entanto, ao longo do século XVIII, a Coroa britânica reforçou o pacto colonial nas Treze
Colônias. Ou seja, na prática, era como se o absolutismo tivesse acabado na metrópole, mas continuava
valendo nas colônias. Essa situação impedia que os soldados britânicos, mesmo com sua memória das
revoluções inglesas passadas, compreendessem a insatisfação dos colonos norte-americanos, mesmo que
estes últimos estivessem reivindicando coisas muito semelhantes aos ancestrais dos primeiros. Sabendo
disso, vejamos o que defendiam os colonos norte-americanos de modo a dar um aspecto revolucionário
para seu movimento de independência:

AULA 04 – História Moderna III 85


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a) Incorreta. Os colonos norte-americanos defendiam a instalação de uma república após a independência


da metrópole.
b) Correta! Apesar da distância temporal, realmente há um link entre os dois eventos: o liberalismo.
Lembre-se que o liberalismo político foi formulado primeiro na Inglaterra, durante o século XVII,
justamente como um desdobramento dos movimentos revolucionários que assolavam o país naquela
época. Essa filosofia defendia o direito a autodeterminação dos povos, a soberania popular, a tolerância
religiosa e política, o princípio da vontade da maioria e a propriedade privada. Por seu turno, por volta de
meados do século XVIII, o filósofo escocês Adam Smith formulou o liberalismo econômico, que pregava a
liberdade econômica e ausência de interferência estatal na economia. Assim, essas ideias se difundiram
pelo mundo europeu e suas colônias, inclusive na América do Norte, inspirando revoluções e movimentos
de independência na medida em que questionavam a ordem do Antigo Regime.
c) Incorreta. O mercantilismo era o principal alvo das críticas do liberalismo econômico, pois se baseada na
intervenção estatal na economia, concessão de monopólios e no metalismo.
d) Incorreta. Isso era mais defendido pelos colonos do sul das Treze Colônias, enquanto aqueles mais ao
norte mantinham uma manufatureira, além de pequenas e médias propriedades agrárias, ambas voltadas
para o mercado interno.
e) Incorreta. Realmente, havia uma grande influência do luteranismo entre os colonos norte-americanos.
Porém, o calvinismo era ainda mais forte e era desta vertente que provinha a noção do “Destino Manifesto”
que inspirou a expansão para o Oeste, que inclusive só ocorreu ao longo do século XIX, quando os EUA já
eram independentes.
Gabarito: B

(EsPCEx/1998/4000039113)
Durante a Revolução Inglesa de 1640-49 surgiram vários grupos radicais, alguns deles eram não
somente contra o absolutismo monárquico, mas também contra os ideais burgueses que orientavam,
predominantemente, o movimento revolucionário. Um dos líderes destes grupos, Gerrard
Winstanley, apesar de defender os ideais dos despossuídos, também tinha muitas ideias em comum
com o pensamento burguês. Leia os textos abaixo, de um de seus escritos, e marque a alternativa
que representa melhor a essência destes trechos, levando em consideração aquilo que eles têm em
comum com o pensamento dos movimentos liberais de 1830 e 1848.

"Todos falam de liberdade, mas muito poucos atuam pela liberdade, e os que o fazem são oprimidos pelos
que só falam e professam a liberdade apenas nas palavras. (...) Porque é demasiado evidente que se nos
permitirem falar despedaçaremos todas as velhas leis e provaremos que os que as mantêm são hipócritas
e traidores do povo inglês. (...) Quando estes corpos de argila estiverem na sepultura, e os nossos filhos
no lugar certo, isso mostrará que nos nossos dias nos batemos pela verdade, a paz e a liberdade."
(citado de HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa, Presença, 1985. Pp. 94 e 110).

a) A igualdade social deve ser precedida de um radical nivelamento econômico.


b) A tolerância religiosa e política tinha base no extremado pacifismo professado por todos os liberais.
c) Todos deveriam ter direitos jurídicos e socioeconômicos iguais, mas os direitos políticos continuariam
restritos.
d) Para derrubar o absolutismo monárquico é sempre necessária a união de todos os grupos sociais,
políticos e religiosos do país.
e) O processo de representação política e de aplicação da lei deve ser universal.
Comentários

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Essa questão é um pouco complexa, pois nos pede para comparar processos separados por mais de dois
séculos: a Revolução Inglesa (1640-1649) e as revoluções liberais de 1830 e 1848. Apesar da distância
temporal, realmente há um link entre os dois eventos: o liberalismo. Lembre-se que o liberalismo político
foi formulado primeiro na Inglaterra, durante o século XVII, justamente como um desdobramento dos
movimentos revolucionários que assolavam o país naquela época. Por seu turno, por volta de meados do
século XVIII, o filósofo escocês Adam Smith formulou o liberalismo econômico. Devemos entender essas
duas vertentes do liberalismo como dois lados da mesma moeda. De fato, um inspirou o outro no decorrer
dos anos. Assim, no século XIX, as ideias liberais já estavam bem difundidas por toda Europa, além de suas
colônias em outros continentes, inspirando uma onda de revoluções e independências. Tendo essas
observações em mente, vejamos qual alternativa melhor representa a essência do texto de Winstanley, do
século XVII, e o que ele tem em comum com as revoluções liberais de 1830 e 1848:
a) Incorreta. Nem o liberalismo político, nem o liberalismo econômico defendem a necessidade de um
radical nivelamento econômico para atingir a igualdade social. Na verdade, essas teorias advogam em favor
na liberdade econômica, das liberdade individuais, da valorização do mérito individual e do fim do
absolutismo como forma de garantir igualdade de oportunidades.
b) Incorreta. O liberalismo não é necessariamente pacifista. Em muitas ocasiões, os liberais reconhecem a
necessidade de pegar em armas e recorrer à violência, como em caso de ruptura da soberania popular, da
soberania nacional ou de perseguições religiosas e políticas. Entretanto, os liberais realmente costumam
preferir as vias legais antes de tudo.
c) Incorreta. Os liberais não defendiam igualdade econômica ou social, apenas igualdade jurídica, com
exceção dos movimentos de 1848, nos quais a participação popular e de socialistas e anarquistas foi mais
marcante. Estes segmentos costumavam exigir medidas mais radicais, apontando as contradições do
liberalismo e demandando a ampliação dos direitos civis, sociais, jurídicos e políticos, além de um maior
nivelamento econômico.
d) Incorreta. Em muitas ocasiões a queda do absolutismo monárquico não necessitou da união de todos os
grupos sociais de um país. A própria Revolução Inglesa não deu conta dessa tarefa, uma vez que Oliver
Cromwell acabou concentrando tanto poderes quanto um rei absolutista, durante a República Puritana
(1649-1658). Ainda, com sua morte, a monarquia britânica foi restaurada e os reis Stuart voltaram a tomar
medidas absolutistas. Somente com a Revolução Gloriosa (1688-89), uma articulação parlamentar que
contou a participação apenas dos representantes das elites inglesas, que o fim do absolutismo britânico foi
consolidado. No caso das revoluções liberais de 1830 e 1848, a adesão aos movimentos revolucionários
variou bastante de região para a região. Todavia, o grande destaque vai para a participação da burguesia,
que foi a classe que mais teve seus interesses garantidos com a queda do absolutismo. Por outro lado, nos
movimentos de 1848, socialistas, anarquistas e trabalhadores em geral tiveram maior participação.
e) Correta! O principal ponto em comum entre a Revolução Inglesa e as revoluções liberais de 1830 e 1848,
de fato, era a defesa da igualdade jurídica, o que anulava os privilégios da nobreza, do clero e da própria
realeza, que se considerava acima das leis. Além disso, o ordenamento jurídico das nações permitiria um
aperfeiçoamento da ação do Estado e a aplicação de outras reformas que fossem necessárias para uma
democracia liberal. Igualmente, a representação política era essencial para atender o princípio da soberania
popular. Lembre-se que na teoria liberal o poder de um governante era legitimado pelo contrato social no
qual os cidadãos lhe concediam tal prerrogativa. Portanto, nem todo mundo precisava participar
diretamente das decisões, mas todos deveriam estar devidamente representados pelos políticos eleitos
para governar e legislar. Inclusive, os liberais contribuíram para difundir uma ideia tradicional da cultura
política inglesa, por exemplo, que serve para ilustrar o que quero dizer: “nenhuma taxação sem

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representação”. Em outras palavras, o governo não podia criar impostos e taxas para regiões e cidadãos
que não estavam devidamente representadas nas instituições do Estado.
Gabarito: E

(EsPCEx/1998/4000039138)
“Consideramos como uma das verdades evidentes por si mesmas que todos os homens são
criados iguais;(...) que os governos foram estabelecidos precisamente para manter esses direitos, e
que seu legítimo poder deriva do consentimento de seus governados; que cada vez que uma
forma de governo se manifesta inimiga desses princípios, o povo tem o direito de mudá-la ou suprimi-
la e estabelecer um novo governo, (...)”
(Declaração de Independência dos Estados Unidos - 1776)
A afirmação de que o “legítimo poder deriva do consentimento de seus governados” relaciona-se
a) às ideias iluministas defendidas por John Locke em sua obra “Segundo Tratado do Governo Civil”.
b) à aplicação das Leis Intoleráveis, desde que com o consentimento dos colonos americanos.
c) ao direito dos colonos americanos interferirem na escolha dos monarcas ingleses.
d) à ideia de que todo governante deveria submeter seus projetos políticos a um plebiscito antes de
executá-lo.
e) à defesa do sistema absolutista defendido por Rousseau e Montesquieu.
Comentários
O movimento de independência dos Estados Unidos da América foi motivado pela insatisfação dos colonos
norte-americanos com as medidas da Inglaterra que reforçavam o pacto colonial, tais como a criação de
novos impostos, o aumento de taxações já existentes e a intensificação da repressão militar que sucedeu
a Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Em certo momento dos conflitos, houve uma tentativa por parte dos
colonos de resolver as coisas negociando que eles passassem a ter representação política no Parlamento
britânico. Porém, o rei não aceitou, o que uniu ainda mais as Treze Colônias em prol da emancipação. Então,
repare alguns elementos importantes que geraram a revolta dos colonos: impostos, restrição de liberdades
individuais, negação de representação política, imposição de leis consideradas injustas, etc. Com isso em
mente, vejamos ao que se relaciona a afirmação destacada pelo enunciado:
a) Correta! John Locke, filósofo inglês, um dos pioneiros do iluminismo, é considerado o fundador do
liberalismo político. Locke foi um grande defensor da liberdade religiosa e do princípio da tolerância, da
organização política pelo consentimento, da propriedade privada e do princípio da vontade da maioria.
Podemos dizer que Locke era um contratualista, pois acreditava que a vida em sociedade era possível
apenas pela existência de um contrato social que visava a garantia dos direitos naturais de cada indivíduo.
Portanto, não era possível, muito menos legítimo, um soberano governar sem o consentimento dos
governados.
b) Incorreta. As Leis Intoleráveis eram completamente rejeitadas pelos colonos norte-americanos.
c) Incorreta. A monarquia inglesa era vitalícia e hereditária, logo o rei não era escolhido. Os colonos
simplesmente queriam direito à representação política no Parlamento britânico.
d) Incorreta. Era evidente para os colonos e os liberais em geral que era impossível um governante
submeter todo e qualquer ato seu a avaliação dos súditos ou cidadãos. No caso da Revolução Americana,
os colonos queriam eleger seus próprios legisladores, que em tese defenderiam seus interesses nos
debates parlamentares e na criação de novas leis.
e) Incorreta. Rousseau e Montesquieu era dois filósofos franceses e alguns dos principais pensadores
iluministas do século XVIII. Eles eram contrários ao absolutismo. Montesquieu não era tão radical, achando
aceitável a existência das monarquias desde que fossem constitucionais, dividindo o poder em três

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(Executivo, Legislativo e Judiriário). Já Rousseau era mais ousado. Além de professar o republicanismo,
advogava em favor da democracia participativa. Ou seja, para ele, não bastava eleger representantes que
governariam a favor dos interesses do povo. O próprio povo, cada indivíduo que o compunham, deveriam
ter o direito de participar direta e ativamente da política e da tomada de decisões. De qualquer forma, os
colonos norte-americanos também eram contrários ao absolutismo, uma vez que tinham uma orientação
mais liberal e republicana.
Gabarito: A

(EsPCEx/1997/4000038981)
No século XVIII, os economistas franceses QUESNAY e GOURNAY criaram a escola fisiocrata, que
combatia as práticas mercantilistas e defendia a economia baseada no “governo da natureza”
(fisiocracia), na qual a agricultura era o principal produtor de riquezas.
Influenciado pelas ideias fisiocratas, o escocês ADAM SMITH (1723 - 1790) elaborou a obra - A
Riqueza das Nações, na qual assentou as bases do liberalismo econômico como ciência autônoma ,
com leis e princípios próprios, em que defendia, entre outras, a ideia que:
A) o Estado deveria interferir diretamente na economia para alcançar seus objetivos.
b) o trabalho é a fonte da riqueza, baseando-se o valor na lei da oferta e da procura.
c) a industrialização deveria ser incentivada através da concessão de monopólios.
d) o trabalho é o bem maior do ser humano e todo o homem tem direito a ele, devendo ocorrer a
intervenção estatal quando isto não estiver acontecendo.
e) deveria haver total liberação da ordem econômica, idéia que ficou bem definida, na obra em questão,
pela célebre frase - “Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même.” (Deixe fazer, deixe passar, o
mundo caminha por si mesmo).
Comentários
Essa é uma questão conceitual, uma vez que temos que identificar que ideia corresponde ao
pensamento econômico de Adam Smith, considerado o fundador do liberalismo econômico. Para
facilitar, observe que o enunciado dá a dica de que Smith se inspirou nos fisiocratas franceses, que por
sua vez criticavam o mercantilismo. Este último é o nome dado ao sistema econômico que vigorou
durante o Antigo Regime (mais ou menos entre os séculos XIV e XVIII). Nesse sistema, a base da riqueza
era os metais preciosos (metalismo) e o principal objetivo era manter uma balança comercial sempre
favorável, com mais exportações do que importações. Para isso, as monarquias europeias faziam uso de
intervenções estatais e concessão de monopólios. Por seu turno, os fisiocratas franceses discordavam
de tudo isso. Eles defendiam que a fonte da riqueza era na verdade a terra, uma vez que a maioria dos
produtos comercializados tinha origem na agricultura e na pecuária. E mesmo no caso da extração de
metais, estes eram encontrados onde? Isso mesmo, na terra. Os fisiocratas também argumentavam que
o Estado não devia intervir na economia, que esta deveria seguir seu próprio rumo. Aqui já fica evidente
a inspiração que Smith encontrou nos fisiocratas para a formulação do liberalismo econômico, não é?
Para o economista escocês, o mercado se autorregulava e a interferência do Estado só prejudicava esse
processo, causando distorções e anomalias. Smith também criticava contundentemente os monopólios.
Agora que relembramos algumas coisas básicas sobre o tema da questão, vejamos qual ideia faz parte
da teoria do liberalismo econômico de Adam Smith:
a) Incorreta. Como disse antes, tanto os fisiocratas quanto Smith entendiam a intervenção estatal como
algo danoso para o funcionamento natural da economia.
b) Correta! Apesar das várias semelhanças, uma das diferenças entre o pensamento de Smith e aquele
dos fisiocratas franceses é que o primeiro discordava que a fonte da riqueza era a terra. Para o pensador
escocês a fonte primordial da riqueza era o trabalho, uma vez que sem trabalho, não há produção,
mesmo que haja terra rica em recursos. Já a lei da oferta e da procura podia ser aplicada a tudo que é

AULA 04 – História Moderna III 89


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comercializado, inclusive a força de trabalho. Quando mais oferta de determinado produto ou trabalho,
mais barato ele é. Por sua vez, quanto mais procura por determinado produto ou trabalho, maior seu
valor, e ainda maior caso a oferta também seja baixa.
c) Incorreta. Como disse antes, tanto os fisiocratas quanto Smith entendiam os monopólios como algo
danoso para o funcionamento natural da economia.
d) Incorreta. Como vimos, a intervenção estatal era muito criticada por Smith.
e) Incorreta. Apesar de Smith também pregar a liberdade econômica, essa frase é de autoria dos
fisiocratas franceses. Além disso, é importante destacar que Smith reconhecida a necessidade de o
Estado assumir determinadas funções, como a segurança e a educação, enquanto o restante das
atividades econômicas deveria ser mantido pela iniciativa privada. Também argumentava que era de
extrema importância o Estado agir para coibir a formação de monopólios.
Gabarito: B

(EsPCEx/1997/4000038987)
Baseados no Iluminismo, soberanos da Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal, conhecidos
também como déspotas esclarecidos, procuraram adequar a economia de seus países:
a) a uma política de caráter liberal, com grande participação popular.
b) ao capitalismo financeiro, com a efetiva participação das colônias.
c) à modernização, mediante grande desenvolvimento comercial e alto índice de urbanização.
d) a uma política autoritária, com efetiva participação das massas.
e) às ideias da Ilustração, oriundas da burguesia, concretizando-as com a efetiva participação desses
governantes.
Comentários
O despotismo esclarecido era uma forma de governo que se difundiu na Europa ao longo do século XVIII.
Tratava-se de uma postura de alguns monarcas absolutistas e/ou seus ministros adotarem medidas de
inspiração iluminista para aperfeiçoarem seus governos. Algumas dessas medidas são a racionalização
do Estado, a separação entre Estado e Igreja, a laicização da educação, entre outras. Com isso em mente,
vejamos:
a) Incorreta. Nenhum dos soberanos aumentou a participação popular. Além disso, eles mantiveram
uma economia predominantemente mercantilista em seus países, o que se opunha ao liberalismo
econômico.
b) Incorreta. De fato, não só esses países, mas como grande parte da Europa vinha se adequando a
práticas do capitalismo financeiro desde pelo menos o século XIV, quando foi fundada a primeira Bolsa
de Valores do mundo, em Bruges, na Bélgica. Entre os países citados pelo enunciado, alguns estavam
mais adequados às operações financeiras do que outros. Portugal e Áustria, por exemplo, fundaram suas
primeiras Bolsas de Valores naquele século, em 1769 e 1771, respectivamente. Porém, a Espanha só
fundaria a sua em 1831. De qualquer forma, todas essas monarquias já eram bem familiarizadas com as
operações financeiras próprias dos sistemas bancários. Por outro lado, nem todas as monarquias citadas
tinham colônias, apenas Portugal e Espanha. E nenhuma destas promoveu a efetiva participação de suas
colônias, mantendo-as sempre submissas às metrópoles. Inclusive, no século XVIII, as Coroas portuguesa
e espanhola tentavam reforçar seus pactos coloniais, aumentando impostos e reprimindo revoltas
coloniais.
c) Incorreta. Realmente, todas as monarquias europeias buscavam um grande desenvolvimento
comercial. Essa era a grande meta da economia mercantilista. No entanto, poucas alcançavam um alto
índice de urbanização. A Rússia, por exemplo, manteve-se como um país predominantemente agrário

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até o século XX. Enquanto isso, as demais nações citadas tinham mais áreas urbanizadas, graças à sua
proximidade com o mar e importância das atividades portuárias e mercantis.
d) Incorreta. Sem dúvidas, as nações citadas aplicavam uma política autoritária, uma vez que
continuavam sendo déspotas, mesmo que esclarecidos. Contudo, não havia efetiva participação das
massas nessa política.
e) Correta! Ilustração era outro nome dado ao Iluminismo, durante o século XVIII. De qualquer forma,
realmente, o que motivou a aproximação desses monarcas absolutistas com as ideias iluministas foi a
aliança com a burguesia. Os burgueses era uma classe formada sobretudo por banqueiros, comerciantes
e proprietários sem origem nobre. Essa classe vinha se expandindo desde o renascimento comercial e
urbano vivenciado no fim da Idade Média. No século XVIII, há havia burgueses tão ricos e influentes
quanto qualquer nobre feudal, o que fazia deles aliados interessantes para qualquer monarca que
desejava alcançar um grande desenvolvimento comercial para seu país. Ainda mais para aqueles
envolvidos na empresa colonial, como Portugal e Espanha. Assim, sem abrir mão das prerrogativas do
poder absoluto, esses soberanos concederam títulos, cargos e monopólios a alguns dos burgueses mais
ricos e aceitando seus conselhos para o aperfeiçoamento da economia e da administração do Estado.
Gabarito: E

(EsPCEx/1997/4000038990)
Senhora absoluta dos mares, a Inglaterra, finda a Guerra dos Sete Anos (1756 - 1763) contra a
França, achava-se em situação privilegiada para explorar o lucrativo comércio colonial. No entanto,
foi justamente o desejo dos ingleses de consolidar seu controle sobre os vastos territórios
coloniais, apertando os laços da exploração mercantilista, que precipitou a Revolução Americana.
Dos fatos que contribuíram para tal Revolução, pode-se destacar a/o(s):
A) Leis Intoleráveis - que interditavam o porto da Califórnia, até o ressarcimento dos prejuízos causados pela
destruição do carregamento de chá, naquele porto.
B) Lei do Açúcar (Sugar Act) - que taxava a importação do açúcar proveniente das Antilhas Britânicas, visando
aumentar a receita real e controlar o fluxo de açúcar na colônia.
C) Lei do Chá (Tea Act) - que obrigava a exportação de chá diretamente para a Inglaterra, impedindo o
comércio com os outros países.
D) Lei do Selo (Stamp Act) - que obrigava o uso de selos em qualquer documento legal, visando a aumentar
a receita real.
E) Ato de Quebec - que visava impedir as colônias de Massachusetts, Connecticut, Virgínia e Pensilvânia de
incorporar as terras ao leste do território.
Comentários
Exatamente entre 1756 e 1763, ocorreu a chamada Guerra dos Sete Anos, entre França e Inglaterra
pelas áreas coloniais localizadas onde hoje se encontra parte do Canadá. A Inglaterra ganhou. Esse
conflito foi ótimo para os colonos das 13 colônias porque receberam treinamento militar e abasteceram
seus exércitos, mas péssimo para a metrópole já que ela saiu extremamente endividada e com uma
população de colonos armada. Para complicar, em meio ao processo de Revolução Industrial, os ingleses
precisavam garantir o controle de uma área que fornecesse matéria-prima para essa recente indústria,
bem como mercado consumidor para seus produtos, uma vez que a produção era em larga escala. Por
conta desse cenário, valia a pena garantir a expansão dos territórios coloniais. Vitoriosa militarmente,
mas com um Estado endividado, a intensificação da exploração colonial seria, para a Inglaterra, uma
forma de “matar dois coelhos em uma cajadada só”. A metrópole criou novos impostos, impôs uma
regulamentação mais rígida para o comércio entre as colônias e reforçou o efetivo militar na região. Isso
gerou uma grande tensão que motivou a eclosão do processo de independência dos Estados Unidos.
Em 1776, em meio à guerra entre os colonos e a metrópole, a independência foi oficialmente

AULA 04 – História Moderna III 91


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proclamada. Com isso em mente, vejamos qual dos fatos litados realmente contribuiu para a Revolução
Americana:
a) Incorreta. A Califórnia não fazia parte das Treze Colônias britânica. Pertencia ao território do Vice-
Reino da Nova Espanha à época da Revolução Americana. A região foi integrada ao território norte-
americano com a vitória dos EUA contra o México, na Guerra Mexicano-Americana, entre 1846 e 1848,
quando ambos os países já eram independentes. Por seu turno, as chamadas Leis Intoleráveis foram
criadas em 1774. Elas determinavam o fechamento do Porto de Boston, a ocupação militar de
Massachusetts, o pagamento de indenização pelos prejuízos causados pela Festa do Chá de Boston e
maiores restrições das liberdades civis e econômicas dos colonos.
b) Correta! De fato, a Lei do Açúcar aumentou as taxas de importação sobre o açúcar produzido nas
Antilhas. Isso afetava os pequenos produtores das colônias do norte, pois eles compravam açúcar para
produzir rum, enquanto vendiam peles, gado, madeira e peixe. Com encarecimento do açúcar, os custos
aumentavam muito. Lembra do comércio triangular que vimos em aula? Esse importante comércio de
abastecimento e lucro sofreu grande impacto. Todavia, temos um problema, pois o gabarito oficial dessa
questão é a letra “d” que, veremos, está mesmo correta. Portanto, você poderia entrar com recurso
para reconsideração ou anulação da questão.
c) Incorreta. As Treze Colônias na América do Norte não exportavam chá para a Inglaterra. Na verdade,
elas importavam o chá da Índia, e em grande quantidade. Por isso, visando o aumento da receita real, a
Inglaterra estatizou o comércio de chá nas colônias e concedeu seu monopólio à Companhia das Índias
Inglesa. Isso proporcionou o aumento considerável no custo da importação.
d) Correta! Em 1765, criou-se um selo de circulação para todo tipo de documento e publicação que
circulasse nas colônias, desde contratos até livros, revistas e jornais. Até baralho deveria ser selado. Isso
gerou uma grande desobediência civil e ninguém cumpriu a lei. A resistência foi tanta que a lei foi
revogada 1 ano depois. Contudo, a insatisfação com a Coroa cresceu. Então, reforço, a questão tem duas
alternativas corretas, o que permite aos candidatos entrarem com recurso para sua reconsideração ou
anulação.
e) Correta! Opa, mais uma correta, ein. Renderia um belo recurso. O Ato de Quebec, aprovado em 1774
pelo Parlamento britânico, foi uma série de procedimentos de governança para a Província de Quebec.
O território dessa província passou a corresponder a grande parte do sul de Ontário, Illinois, Indiana,
Michigan, Ohio, Winsconsin e partes de Minnesota. Entre outras coisas, o ato removeu a referência à fé
protestante do juramento de fidelidade, garantiu a livre prática católica, restabeleceu o uso do direito
civil francês no direito privado quando de acordo com o direito comum inglês, concedeu liberdade
ilimitada de testamento e restaurou o direito da Igreja Católica de impor dízimos. Pois bem, a reação
dos colonos ao ato foi variada, mas realmente ele teve efeitos abrangentes, tanto em Quebec quanto
nas Treze Colônias. Para os colonos canadenses, parte considerável das elites fundiárias e dos
eclesiásticos ficaram satisfeitos. No entanto, os imigrantes de língua inglesa se opuseram a uma
variedade de suas disposições. Nas Treze Colônias, o ato foi considerado como mais uma punição para
Festa do Chá (1773) e outros protestos. Dessa forma, o Ato de Quebec foi entendido como um novo
modelo de administração nas colônias, que as privaria do exercício de suas assembleias autoeleitas.
Além disso, como grande parte desses colonos havia lutado contra franceses e canadenses na Guerra
dos Sete Anos, não ficaram felizes quando parte de seu território, Ohio, foi cedida à província de Quebec.
Também viam como uma afronta a tolerância religiosa dada ao catolicismo, religião de seus antigos
inimigos. Enfim, perceba como os eventos das alternativas “b”, “d” e “e” contribuíram para o
crescimento da insatisfação das Treze Colônias, proporcionando a eclosão da Revolução Americana em
1775.
Gabarito: D (cabe recurso)

AULA 04 – História Moderna III 92


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(EsPCEx/1996/4000038795)
A despeito de o monopólio ter existido nas colônias inglesas desde o início da colonização, as relações de
dependência deterioraram-se com o passar dos anos, chegando as colônias a gozar de relativa
liberdade comercial. Desse modo, quando, no século XVIII, o Parlamento Inglês tentou reativar as
práticas mercantilistas promulgando a Lei do Açúcar (1764) e a Lei do Selo (1765), entre outras, os
colonos reagiram. A razão alegada pelos colonos para se oporem a essas leis foi o
a) direito natural dos indivíduos à vida, à propriedade e à busca da felicidade.
b) princípio inalienável de os súditos ingleses recusarem-se a obedecer a leis injustas.
c) prejuízo financeiro resultante do impedimento do comércio com as Antilhas.
d) fato de não estarem representados na Assembleia que votou os impostos.
e) fato de elas servirem como pagamento para as tropas inglesas que lutaram contra a França na Guerra
dos Trinta Anos.
Comentários
Diferente de outras nações europeias, a Inglaterra demorou mais para dar início a seu projeto de
colonização da América. Os primeiros esforços ocorreram no governo de Elizabeth I, no final do século
XVI, quando foi fundada a colônia da Virginia, porém sem sucesso. A colonização foi retomada durante
o reinado de Jaime I, no início do século XVII. Foi possível estabelecer algumas colônias no sul da América
do Norte, onde predominou a plantation escravista voltada para exportação, com administração dos
monopólios das companhias de comércio metropolitanas. Todavia, durante o século XVII, alguns fatores
contribuíram para a migração para a colônia aumentasse, assim como o controle metropolitano sobre
os territórios coloniais se enfraquecessem. Entre esses fatores estavam os cercamentos, as revoluções
inglesas e os conflitos religiosos. Dessa forma, no norte da América do Norte foram fundadas colônias
por grupos de refugiados, que desfrutavam de maior autonomia em relação ao governo metropolitano.
Não demorou muito para os colonos do norte conseguirem atuar do comércio entre as colônias
britânicas e até desenvolver manufaturas. Contudo, no século XVIII a situação mudou. Com a
estabilização da situação política e econômica após a Revolução Gloriosa (1688-89), a metrópole
britânica voltou seus esforços para o fortalecimento de sua marinha e a expansão de seu império
colonial. Na América, os ingleses disputavam territórios com espanhóis, holandeses e franceses, o que
demandava uma atenção maior às colônias. Por outro lado, a participação inglesa na guerra de sucessão
espanhola (1702-1714) e na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) acabou deixando o Estado britânico
endividado. A solução também foi reforçar o controle sobre as colônias. Assim, impostos foram criados
e maior força militar foi deslocada para a América, não sem a resistência dos colonos norte-americanos.
Vale ressaltar, que o século XVIII foi o período de difusão das ideais iluministas e liberais, que
influenciaram até mesmo os colonos em toda a América. As leis mencionadas pelo enunciado estavam
no centro desse processo e serviram de motivação para a formação do movimento que mais tarde
proclamaria a independência dos EUA, em 1776. Então, vejamos a razão alegada pelos colonos para se
oporem a essas leis:
a) Incorreta. Essas leis não feriam nenhum desses princípios especificamente.
b) Incorreta. Esse era um princípio da doutrina calvinista e, de fato, influenciou as motivações dos
colonos contra essas leis. No entanto, não foi a razão principal de sua oposição, que estava mais atrelada
ao ideário iluminista e liberal. Lembre-se também que, apesar dos puritanos (calvinistas ingleses) serem
maioria entre os colonos britânicos, havia católicos e uma infinidade de outras vertentes protestantes
que não necessariamente concordavam com a doutrina calvinista, logo seus princípios não seriam
suficientes para comover o conjunto dos colonos, apenas alguns segmentos.
c) Incorreta. O comércio com as Antilhas não foi proibido, apenas foi mais taxado pela Lei do Açúcar.

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d) Correta! No século XVIII, a própria Inglaterra era uma monarquia constitucional, portanto, guiada por
princípios iluministas e liberais. Por isso, os colonos se concentravam em apontar a grande contradição
da metrópole em legislar sobre a colônia sem permitir que os colonos tomassem parte da decisão de
alguma forma, no caso, devidamente representados no Parlamento britânico. Lembre-se que o conceito
de contrato social e de soberania popular era muito caro aos iluministas e aos liberais.
e) Incorreta. A Guerra dos Trinta Anos ocorreu entre 1618 e 1648, cerca de cem anos antes do contexto
que deu início ao processo de independência dos EUA.
Gabarito: D

(EsPCEx/1996/4000038796)
Os países que auxiliaram a independência dos Estados Unidos da América foram:
a) Holanda e México.
b) França e Portugal.
c) Espanha e França.
d) México e Canadá.
e) Itália e Holanda.
Comentários
A independência dos Estados Unidos da América foi proclamada em 1776, em meio a uma guerra entre
os colonos norte-americanos e a Inglaterra que durou até 1783. Os EUA foram a primeira colônia a
conquistar sua emancipação e em poucos anos seria seguida pelas colônias espanholas, portuguesa e
francesas. Vários fatores contribuíram para essa onda de independências, como a difusão das ideias
iluministas e liberais. Entretanto, um fator fundamental foi a própria competividade entre as nações
colonizadoras. No final do século XVIII, como vários países europeus tinham colônias que sustentavam
suas economias mercantis, não havia muito mais para onde crescer seus domínios. E para complicar,
muitas colônias já apresentavam sinais de esgotamento, como as colônias mineradoras no Peru, no
México e em Minas Gerais. Também o solo das colônias de plantation mais antigas, como o Nordeste
brasileiro ou o sul dos Estados Unidos já se mostravam cansados, reforçando a necessidade de expandir
a fronteira agrícola. Diante das várias dificuldades que a manutenção da colonização impunha, a maioria
das metrópoles optou por aumentar impostos e reforçar a segurança militar de seus territórios coloniais,
o que desagradou grande parte dos colonos de vários lugares da América, servindo como a centelha que
criou o incêndio das independências. E aí que entra o tema específico da questão: algumas metrópoles
viram oportunidade em prejudicar suas rivais auxiliando as colônias delas a conquistar a própria
independência. Foi o caso da guerra entre os colonos norte-americanos e a Inglaterra. Vejamos quais
países deram apoio para que a metrópole britânica perdesse sua colônia mais valiosa:
a) Incorreta. De fato, a Holanda era uma das rivais da Inglaterra, porém, nessa altura do campeonato,
não tinha recursos para colaborar com os colonos norte-americanos. Com derrota para os ingleses na
disputa pelo monopólio do comértio marítimo no Mar do Norte, os holandeses dificilmente conseguiam
fazer frente à marinha britânica. Por sua vez, o México ainda não era um país quando a guerra de
independência dos Estados Unidos eclodiu. Na época, o México era a sede do Vice-Reino de Nova
Espanha, colônia espanhola.
b) Incorreta. Portugal era aliado da Inglaterra durante o século XVIII, portanto não arriscaria sua aliança
com a maior potência mundial da época colaborando com os colonos norte-americanos. Além disso, o
Império português passava por uma crise econômica na segunda metade do século XVIII, gerada pelo
esgotamento das minas de ouro em Minas Gerais e o aumento da concorrência internacional na
exportação de açúcar. Seria bem difícil para a metrópole portuguesa comprometer parte de seus

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rendimentos financiando a independência de colônias que nem eram suas. Sobre a França, explicarei
com mais detalhes na alternativa seguinte.
c) Correta! Espanha e França tinham, respectivamente, territórios coloniais ao sul e ao norte das Treze
Colônias britânicas que formaram os EUA. As fronteiras entre esses territórios eram alvo de intensa
disputa entre as metrópoles europeias, além da própria navegação no Atlântico norte. Vale mencionar
aqui a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), entre França e Inglaterra pelas terras no Canadá, que teve
repercussão direta no processo de independência dos EUA. Apesar de ter saído vitoriosa, a Inglaterra se
viu prejudicada pelos gastos com o conflito e o fato de ter tido que armar seus colonos para que eles
lutassem na guerra. Então, aumentou os impostos para sanar as dívidas e reforçou a segurança na
América do Norte, o que serviu como grande motivação para o início das tensões que geraram o
processo de independência norte-americano. Por seu turno, Espanha e Inglaterra tinha uma disputa
histórica pelo monopólio da navegação mercantil no norte do Oceano Atlântico. Além disso, na Europa,
a Inglaterra se opôs à França e à Espanha em diferentes conflitos nos séculos anteriores, como a Guerra
dos Cem Anos (1337-1453) e a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), o que alimentava certo revanchismo
entre as três monarquias. Então, quando as Treze Colônias declararam guerra à Inglaterra, espanhóis e
franceses decidiram ajudar. Então, quando as Treze Colônias declararam guerra à Inglaterra, espanhóis
e franceses decidiram ajudá-las visando o prejuízo de sua maior rival em comum: a Inglaterra.
d) Incorreta. Ambos não eram países quando os norte-americanos iniciaram sua guerra de
independência.
e) Incorreta. Já expliquei sobre a Holanda. Por sua vez, a Itália não colonizava nenhum território fora da
Europa no período aqui abordado. Inclusive, nem sequer existia um país “Itália”. Na época, a Península
Itálica era formada por uma variedade de reinos, cidades-Estados e repúblicas autonomos entre si.
Gabarito: C

10. Lista de questões da profe. Alê Lopes - comentadas


(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)
“O absolutismo inglês teve início com o rei Henrique VII (1457-1509), fundador da dinastia dos Tudor. Ele
assumiu o trono ao final da Guerra das Duas Rosas (1455-1485)” (COTRIM, 2012, p. 339).
Sobre a Guerra das Duas Rosas é correto afirmar que:
a) foi um disputa entre Igreja Católica e monarquia inglesa em torno da possibilidade de separação
matrimonial.
b) duas famílias da nobreza disputaram o poder político, os Lancaster e os York.
c) o resultado da guerra terminou com um acordo glorioso ao estabelecer uma monarquia constitucional.
d) foi um embate direito entre Inglaterra e Espanha pelo controle das rotas comerciais marítimas.
e) foi uma disputa entre Inglaterra e França em torno da hegemonia das rotas comerciais da região de
Flandres.
Comentários
Em primeiro lugar, note que o tema da questão é a Guerra Das duas Rosas, ocorrida entre 1455 e 1485, no
século XV. Com o trecho de autoria do professor Cotrim, o enunciado sugere que esse conflito foi parte
fundamental do processo de centralização política na Inglaterra. De fato, em consequência da Guerra dos
Cem Anos (1337-1453), contra a França, e da Guerra das Duas Rosas, logo em seguida, a nobreza britânica
ficou enfraquecida. Isso porque não havia um exército unificado e cada nobre cedeu parte de suas tropas
e investiu seus próprios recursos no esforço de guerra. Assim, a família Tudor viu a oportunidade para se

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destacar e concentrar mais poder. Sabendo desse contexto, vejamos o que é correto afirmar sobre o
conflito que é tema da questão:
a) Incorreta. Essa disputa se deu no século XVI, mais especificamente durante o reinado de Henrique VIII,
filho de Henrique VII. O monarca queria se divorciar de sua esposa para casar com outra mulher, o que o
papado se recusou a oficializar. Além disso, havia outras rixas entre Coroa inglesa e Igreja relacionadas a
isenções fiscais, privilégios de foro e propriedade de terras. O polêmico divórcio do rei foi a “cereja do bolo”
e em 1534, a Inglaterra rompeu com a Igreja Católica, fundando a Igreja Anglicana. Esta não era em quase
nada diferente da igreja romana, mas na nova o monarca inglês era a autoridade máxima.
b) Correta! Esse conflito, que envolveu toda a nobreza inglesa, foi a disputa pelo trono entre as famílias
York e Lancaster uma vez que, após a Guerra dos Cem Anos, não mais existia uma autoridade real vitoriosa
capaz de unir a nobreza inglesa. Havia um vazio de poder após a derrota para a França. O desfecho dessa
Guerra entre as duas famílias ocorreu com a ascensão dos Tudor ao poder, por meio da figura de Henrique
VII.
c) Incorreta. Esse foi o desfecho das revoluções inglesas durante o século XVII, muito posterior ao conflito
aqui abordado. Com a coroação do rei católico Jaime I e o início da Dinastia Stuart, em 1603, o absolutismo
se aprofundou na Inglaterra. Isso gerou um grande descontentamento na nobreza puritana e de grande
parte da sociedade britânica, de maioria protestante. No reinado do sucessor Carlos I a tensão ficou ainda
pior com a eclosão de uma guerra civil em 1640. Nove anos depois, o monarca foi derrotado pelo exército
do parlamento e executado. Instaurou-se uma república, que logo se tornou tão ou mais absolutista quanto
os Stuart, com a concentração de poder na figura de Oliver Cromwell. Somente após dois anos de sua morte
que se deu em 1658, é que a nobreza, por meio do Parlamento, restaurou a monarquia britânica e a dinastia
Stuart, com a condição de que o rei não tentasse aplicar o absolutismo. Contudo, durante o reinado de
Jaime II, entre 1685 e 1688, novamente a ambição do monarca gerou o descontentamento da nobreza que,
temendo uma nova guerra civil, apressou-se em fazer um acordo glorioso para estabelecer uma monarquia
constitucional. Jaime II foi destituído e seu genro protestante, Guilherme de Orange, foi coroado em 1689.
Ele foi obrigado a assinar o Bill of Rights, que limitava os poderes do rei em favor do parlamento. O
acontecimento ficou conhecido como Revolução Gloriosa, pois não houve derramamento de sangue.
d) Incorreta. Os embates entre ingleses e espanhóis pelo controle das rotas marítimas no Atlântico Norte
foram começaram somente durante o reinado de Elizabeth I, entre 1553 e 1603. Ela procurou fortalecer a
marinha britânica e foi a idealizadora do uso de corsários. Ao invés de investir na colonização extensiva em
terras americanas, a rainha preferiu saquear os navios espanhóis, ora justificando que eles haviam entrado
na jurisdição marítima dos ingleses sem permissão, ora contratando piratas (corsários). No século XVII, os
esforços para colonizar a América do Norte e fortalecer a marinha aumentam. Jaime I fez concessões à
Companhias de Comércio, alguns grupos protestantes fundaram novas colônias para fugir da perseguição
religiosa e Cromwell aprovou os Atos de Navegação. Isso aumentou a tensão com a Espanha, que acabou
saindo enfraquecida. No raiar do século XVIII a Inglaterra seria a nova potência marítima mais poderosa do
mundo.
e) Incorreta. Esse foi o conflito conhecido como Guerra dos Cem Anos, entre 1337 e 1453. Na verdade, esta
guerra teve dois grandes motivos: 1) a questão dinástica, envolvendo a sucessão do trono francês, quando
o rei Filipe IV morreu sem deixar herdeiros e a família real inglesa reivindicou o trono argumentando ter
parentesco com o falecido monarca; 2) disputa pelo domínio da região de Flandres, fundamental para a
exportação de lã inglesa, onde havia próspera manufatura têxtil. A vitória coube a França que conseguiu
expulsar os ingleses e seus aliados da maior parte do continente. A principal consequência da guerra foi a
centralização do poder na França, a partir do enfraquecimento dos nobres feudais. Os ingleses, derrotados,

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entraram em uma guerra civil, com a disputa entre duas dinastias pelo controle do país, a já referida Guerra
das Duas Rosas.
Gabarito: B

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Não satisfeito com o poder “de fato” que os Tudor haviam obtido, os Stuart quiseram exercer também um
absolutismo “de direito”, isto é, reconhecido juridicamente, como o existente na França. Isso ia contra os
interesses dos membros do Parlamento inglês, pois era essa instituição que, de acordo com a Magna Carta
de 1215, detinha o poder “de direito”. (COTRIM, 2012, p. 340)
Diante dessa tensão identificada no texto, é correto afirmar que o desdobramento final do conflito, no final
do século XVII, resultou
a) no fim da monarquia parlamentarista e no estabelecimento do absolutismo pleno.
b) no início da República Inglesa, baseada na liberdade e na propriedade privada.
c) na Revolução Anglicana, responsável por decapitar os monarcas que desrespeitaram o poder
parlamentar.
d) na limitação dos poderes da monarquia pelo respeito jurídico às liberdades individuais e pela força do
parlamento.
e) no início da guerra civil, a qual somente se resolveu no final do século seguinte com a força da revolução
industrial.
Comentários
Atenção! O tema da questão é o absolutismo inglês e as revoluções inglesas, no século XVII. Com a morte
da rainha Elizabeth I sem deixar herdeiros, em 1603, seu primo escocês e católico, Jaime Stuart, foi coroado
rei. Como o texto do enunciado destacou, ele tentou aprofundar a centralização do poder na Inglaterra.
Em outras palavras, aplicar o absolutismo monárquico. Esse rei também aumentou a perseguição religiosa
tanto aos puritanos quanto à outras vertentes do protestantismo inglês. No entanto, é durante o reinado
de seu filho, Carlos I, que a tensão entre a Coroa e o Parlamento (nobreza) chega ao ápice. Entre 1640 e
1649 eclodiu uma guerra civil violenta que resultou na destituição do rei, sua execução e a instalação de
uma república puritana governada pelo Parlamento. Todavia, uma das lideranças tinha ambições maiores.
O nobre protestante Oliver Cromwell fechou o Parlamento e concentrou o poder em suas mãos, bem aos
moldes absolutistas. Seu governo durou até 1658, quando faleceu. Diante da inabilidade política de seu
filho, o Parlamento conseguiu destitui-lo e restaurar a monarquia e a dinastia Stuart, mas procurando
limitar o poder o rei. Durante o reinado de Carlos II foi possível manter certo equilíbrio, mas seu irmão e
sucessor Jaime II tentou novamente aplicar o absolutismo. Entre 1688 e 1689, os parlamentares
rapidamente fizeram um amplo acordo entre a nobreza para detê-lo sem que uma nova guerra civil
sangrenta ocorresse novamente. É o resultado desse acordo que interessa ao enunciado da questão.
Vejamos as alternativas:
a) Incorreta. O objetivo do Parlamento era instituir uma monarquia constitucional, ou parlamentarista,
pondo fim a qualquer intento absolutista de futuros monarcas.
b) Incorreta. Na verdade, a República Inglesa, ou República Puritana, também chamada de Commonwealth,
foi instaurada no meio de todo esse processo revolucionário. Com a derrota e execução de Carlos I, em
1649, a república foi implantada e seria governada pelo Parlamento e seu exército. No entanto, como eu
já disse, Oliver Cromwell deu um golpe e fechou o legislativo.
c) Incorreta. A Igreja Anglicana não foi fundada por meio de uma revolução. Foi fruto do rompimento da
monarquia inglesa com a Igreja Católica, em 1534, ou seja, bem antes do período aqui abordado.

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d) Correta! Com o acordo feito entre 1688 e 1689, Jaime II foi destituído e seu genro protestante,
Guilherme de Orange, foi coroado em 1689. Ele foi obrigado a assinar o Bill of Rights, que limitava os
poderes do rei em favor do parlamento. O acontecimento ficou conhecido como Revolução Gloriosa, pois
não houve derramamento de sangue. Assim, a monarquia constitucional se consolidava na Inglaterra e o
absolutismo inglês era definitivamente derrotado.
e) Incorreta. A guerra civil acabou em 1659, com a derrota de Carlos I. Por sua vez, a Revolução Industrial
só foi possível com a estabilização política proporcionada pela a Revolução Gloriosa.
Gabarito: D

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A divisão social dos homens baseada em uma hierarquia de estratos determinados pelo nascimento
correspondia a qual elemento estrutural da sociedade do Antigo Regime criticado pelas ideias iluministas:
a) sociedade estamental, na qual havia baixa mobilidade social.
b) sociedade de classes, na qual a burguesia explorava as demais.
c) horizontalidade social, combinada com a miséria em larga escala.
d) mentalidade mercantil, que impedia as possibilidades comerciais dos profissionais autônomos.
e) sociedade escravagista, a qual negava a liberdade e a cidadania e um terço dos habitantes das principais
nações europeias.
Comentários
O tema da questão é o Antigo Regime, nome dado à organização política e social das monarquias europeias
durante a Idade Moderna. Basicamente, consistia em sociedades organizadas em monarquias centralizadas
(absolutistas), sociedade praticamente sem mobilidade social (classe social definida pelo nascimento) e
economia mercantilista. Por seu turno, o iluminismo foi um movimento intelectual e cultura que se
disseminou pela Europa entre os séculos XVII e XVIII. De certa forma, representava um desdobramento do
renascimento, valorizando a razão, o individualismo, a liberdade religiosa e de expressão, o liberalismo
político e econômico. Os iluministas muitas vezes eram críticos do Antigo Regime. O enunciado direciona a
questão para a crítica iluminista à hierarquia social baseada no nascimento. Como eu mencionei, essa
hierarquia não tinha mobilidade social, pois as pessoas eram consideradas nobres, se nascessem em
famílias nobres; caso contrário seriam servas. Sabendo disso, vejamos:
a) Correta! Chamamos o Antigo Regime de sociedade estamental, porque a sociedade era dividida em
estamentos ou ordens, definidas pelo nascimento.
b) Incorreta. A sociedade classes sucedeu o Antigo Regime. Na verdade, podemos ver sua formação ainda
durante o fim da Idade Média e ao longo de toda a Idade Moderna. Com o renascimento urbano e
comercial, a expansão econômica e a industrialização novas classes sociais foram surgindo, como a própria
burguesia composta por comerciantes, banqueiros e industriais. Conforme as zonas urbanas viravam
parques industriais surgia também o proletariado, isto é, os trabalhadores assalariados, uma relação de
trabalho diferente da servidão feudal até então praticada. A mobilidade social continuou baixa, porém em
teoria desde que você conseguisse enriquecer e, assim, comprovar seus méritos não deveria ter maiores
obstáculos para fazer parte das classes dominantes. O critério de nascimento foi um dos últimos pilares do
Antigo Regime a ser derrubado para eliminar o estigma do nascimento plebeu de vários burgueses
enriquecidos. Conforme as revoluções liberais varreram a Europa no final do século XVIII e ao longo do XIX,
a sociedade de classes se consolidou. Agora, a divisão mais elementar entre as classes sociais se dava entre
proprietários (burgueses) e não-proprietários (trabalhadores).
c) Incorreta. Horizontalidade social não era uma característica do Antigo Regime. Pelo contrário, as
sociedades europeias da Idade Moderna eram extremamente desiguais, com baixa mobilidade social e com

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uma hierarquia baseada no nascimento. Por isso mesmo era criticada pelos iluministas. Contudo, não se
confunda, nem todos os iluministas queriam sociedades horizontais e o fim das desigualdades sociais. O
que muitos concordavam era que o mérito e as virtudes individuais podiam levar a pessoa a ascender
socialmente e os governos não deviam interferir nisso.
d) Incorreta. Não confunda mercantil com mercantilista. Mercantil são todas as atividades relacionadas ao
comércio e às trocas de serviços e mercadorias. Mercantilismo é o conjunto de teorias e práticas
econômicas caracterizado pelo metalismo, pela balança comercial favorável e pelo exclusivo comercial
metropolitano e por forte intervenção estatal. Mentalidade mercantil, muitos iluministas também tinham,
mas vários deles criticavam as políticas econômicas mercantilistas das monarquias absolutistas.
e) Incorreta. O Antigo Regime europeu mantinha a escravidão quase que exclusivamente nas colônias em
outros continentes. Nas metrópoles, a escravidão era minoritária, praticamente inexistente em muitas das
vezes. Portanto, não podemos considerar as sociedades europeias como escravagistas.
Gabarito: A

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Para o pensador e economista Adam Smith (1723-1790):
a) a terra é o principal fator de produção da riqueza.
b) o Estado é essencial para regular a ordem do mercado.
c) o trabalho é o elemento produtor da riqueza.
d) o mercado é resultado de um contrato social entre os homens de negócio.
e) o mercantilismo seria o modelo ideal de livre concorrência.
Comentários
O tema da questão é o pensamento do inglês Adam Smith, que viveu entre 1723 e 1790, ou seja, durante
o século XVIII. Neste momento, a Europa vivenciava uma efervecência intelectual e cultural: o movimento
iluminista. Os pensadores iluministas eram críticos de vários aspectos do Antigo Regime, como a sociedade
estamental, a economia mercantilista, do absolutismo e da interferência da Igreja no Estado e na educação.
O liberalismo político e econômico são expoentes desse movimento. Do ponto de vista econômico, Smith
foi responsável por aprofundar as críticas ao mercantilismo. Sabendo disso, vejamos as alternativas:
a) Incorreta. Na verdade, esse era um pressuposto dos fisiocratas, economistas iluministas que
prescederam Adam Smith. Eles já criticavam a intervenção do Estado na economia, como Smith, mas este
discordava quanto ao principal fator gerador de riqueza. Para ele, o trabalho e não terra era o que gerava
a verdadeira riqueza.
b) Incorreta. O pensador inglês defendia que a ordem econômica é parte de uma lei natural: a da oferta e
da demanda, portanto, o mercado se autorregularia. Smith acreditava que uma ordem econômica
harmônica poderia garantir a justiça social e a possibilidade de os homens buscarem sua felicidade. Para
isso, era necessário assegurar três condições: a livre concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio.
c) Correta! É como eu disse na justificativa da letra “a”. Para Smith, o trabalho era o que gerava a riqueza
da sociedade.
d) Incorreta. O mercado é a materialização das trocas econômicas entre os homens.
e) Incorreta. Mercantilismo é o conjunto de teorias e práticas econômicas caracterizado pelo metalismo,
pela balança comercial favorável e pelo exclusivo comercial metropolitano e por forte intervenção estatal.
Portanto, em uma economia mercantilista não havia muita liberdade econômica, pois o Estado agia para
criar monopólios e protege-los, evitando que houve concorrência.

AULA 04 – História Moderna III 99


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Gabarito: C

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Assim como os fenômenos físicos – diziam os iluministas -, as relações entre os indivíduos são regidas pelas
leis da natureza. Nesse sentido, um desses pensadores afirmou: “A liberdade natural do homem consiste
em estar livre de qualquer ser superior na Terra (...) Se o homem no estado de natureza é tão livre, iguais e
independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem
sem seu consentimento”. Esta frase é de autoria de
a) John Locke.
b) Karl Marx.
c) Denis Diderot.
d) Marc Bloch.
e) Voltaire.
Comentários
Repare que o tema da questão o pensamento iluminista, que se disseminou pela Europa durante os séculos
XVII e XVIII. O trecho citado pelo enunciado discursa sobre um dos preceitos do liberalismo político. A teoria
liberal surgiu em meio a efervescência iluminista. Como dois lados da mesma moeda, podemos distinguir
o liberalismo político e o liberalismo econômico. O primeiro tem como precursor o filósofo inglês John
Locke, crítico do absolutismo. Ele era um defensor da liberdade religiosa, do princípio de tolerância, da
organização política pelo consentimento, da propriedade privada e do princípio da vontade da maioria.
Assim, podemos ver que o trecho corresponde muito com suas ideias e ele é citado por uma das
alternativas, que no caso é a correta. Então, ficamos assim:
a) Correta!
b) Incorreta. Karl Marx viveu entre 1818 e 1883, portanto depois do iluminismo. Além disso, ele era um
crítico do liberalismo político e econômico. Na verdade, Marx foi um dos elaboradores do socialismo
científico e idealizador do comunismo.
c) Denis Diderot (1713-1784) realmente foi um pensador iluminista, mas não se destacou na filosofia
política do liberalismo, mas sim na literatura e na publicação da Enciclopédia, um grande dicionário que
pretendeu abarcar todo o conhecimento até então reunido pelo homem europeu até aquela época.
d) Incorreta. Marc Bloch foi um historiador francês que viveu entre 1883 e 1944, ou seja, muito tempo
depois do iluminismo e das primeiras elaborações sobre o liberalismo político.
e) Incorreta. Voltaire (1694-1778) também foi um pensador iluminista e expoente do liberalismo. Contudo,
o trecho não é de sua autoria, mas sim de Locke como já apontei.
Gabarito: A

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No contexto o pensamento iluminista, a crítica à propriedade privada como fundamento da desigualdade
social e a necessidade de separação do poder em três partes (Executivo, Legislativo e Judiciário) são,
respectivamente dos pensadores:
a) Adam Smith e Voltaiere.
b) Karl Marx e Montesquieu.
c) Jean-Jacques Rousseau e Voltaire.
d) Karl Marx e Jean-Jacques Rousseau.
e) Jean-Jacques Rousseau e Montesquieu.
Comentários

AULA 04 – História Moderna III 100


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O Iluminismo também é conhecido como Esclarecimento ou Ilustração e foi um movimento intelectual


ocorrido entre os séculos XVII e XVIII, mas que teve influência da política, economia e sociedade
ocidental nos séculos seguintes. O Iluminismo também está intimamente ligado ao liberalismo, filosofia
política e econômica formulada no mesmo contexto. Os iluministas e liberais defendiam três princípios
básicos para o progresso da humanidade: a razão, o indivíduo e a liberdade. No entanto, havia diferentes
propostas de sociedade para a realização efetiva desse ideal. Alguns defendiam a propriedade privada,
outros a criticavam; uns defendiam monarquias constitucionais, enquanto outros queriam repúblicas.
As discussões eram férteis. Sabendo disso, vejamos à quais pensadores correspondem as ideias
destacadas pelo enunciado:
a) Incorreta. Adam Smith (1723-1790) é considerado o pai do liberalismo econômico e como tal defendia
o direito de propriedade privada. Para ele, a economia se autorregularia e eventualmente a
desigualdade encontraria um equilíbrio. Voltaire (1694-1778), por sua vez, não se importava tanto se o
governo seria uma monarquia, uma república ou qualquer outra coisa. Para ele, um governo seria bom
desde que se guiasse pela razão e pela ciência, além de respeitar e proteger as liberdades individuais.
b) Incorreta. Karl Marx (1818-1883) realmente defendia a propriedade privada era a origem das
desigualdades sociais e precisava ser abolida. Contudo, ele é posterior ao iluminismo. Por seu turno,
está correto que a divisão dos três poderes foi elaborada por Montesquieu (1689-1755), um filósofo
francês iluminista.
c) Incorreta. Está correto que Rousseau (1712-1778) criticava a propriedade privada. Todavia, como
vimos, não era Voltaire, mas sim Montesquieu que elaborou o argumento da divisão dos três poderes.
d) Incorreta, pelas razões que já apontei acima.
e) Correta! Agora sim! Rousseau era o iluminista mais crítico à propriedade privada, enquanto
Montesquieu formulou a teoria da divisão dos três poderes.
Gabarito: E

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No século XVIII, nos territórios das 13 Colônias britânicas, pode-se dizer que o aumento dos impostos e do
controle sobre a produção colonial a partir da Coroa foram decorrência direta
a) da derrota dos ingleses na Guerra dos Sete Anos, contra os franceses.
b) da vitória dos ingleses na Guerra dos Sete Anos, contra os franceses.
c) dos gastos em Guerras no mar Mediterrâneo contra espanhóis.
d) da guerra civil interna na Inglaterra, chamada de Revolução Puritana, que consumiu quase a totalidade
dos recursos da nobreza.
e) da expansão para o Oeste, medida expansionista adotada para evitar as constantes invasões dos
franceses via terras canadenses.
Comentários
O tema da questão é o processo de independência dos Estados Unidos da América. Originalmente, este
país era composto por 13 colônias inglesas na costa leste da América do Norte. Todavia a Coroa britânica
exercia pouco controle e influência sobre boa parte dessas colônias, sobretudo as do norte, fundadas por
grupos protestantes que fugiram das perseguições religiosas durante o reinado de Jaime I. No entanto, o
fim das revoluções inglesas no século XVII, a Inglaterra obteve a estabilidade política e econômica
necessária para dedicar mais atenção às suas posses ultramarinas. Durante o século XVIII as medidas de
controle e tributação da produção e comércio das colônias aumentaram. Os colonos se rebelaram e
decidiram declarar a independência em reação à esse comportamento da metrópole, em 1776. A guerra
de independência durou até 1783, quando os EUA se emanciparam definitivamente. Entretanto, alguns
acontecimentos nos anos imediatamente anteriores ao início da Revolução Americana motivaram a Coroa

AULA 04 – História Moderna III 101


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britânica a aumentar impostos e reforçar o controle sobre a produção colonial de forma brutal. É sobre isto
que o enunciado nos indaga. Então, vejamos:
a) Incorreta. Exatamente entre 1756 e 1763, ocorreu a chamada Guerra dos Sete Anos, entre França e
Inglaterra pelas áreas coloniais localizadas onde hoje se encontra parte do Canadá. A Inglaterra ganhou,
porém saiu extremamente endividada.
b) Correta! Como disse acima, realmente foram os ingleses que ganharam. No entanto, a Coroa saiu
profundamente endividada da guerra. Para compensar e equilibrar as finanças, foi decidido aumentar os
impostos e o controle sobre a produção colonial. Além disso, durante o conflito, os ingleses tiveram que
fornecer armas e treinamento militar aos colonos para ajudarem nas batalhas. Ou seja, com colonos
descontentes e armados só podia dar no que deu!
c) Incorreta. As batalhas marítimas com os espanhóis se davam no Atlântico Norte, pelo controle da
circulação de mercadorias nessa região. No entanto, os ingleses superaram os espanhóis ainda no fim do
século XVII, quando passaram a ter a maior e mais forte marinha do mundo.
d) Incorreta. Na verdade, com o fim das revoluções inglesas do século XVII, a Inglaterra encontrou a
estabilidade política e econômica para investir na revolução industrial e expandir sua economia. De fato,
isso abriu possibilidade para que se prestasse mais atenção em suas colônias. Contudo, como já dissemos,
é apenas em decorrência dos resultados da Guerra dos Sete Anos que a situação financeira da Coroa
britânica motivou o recrudescimento do pacto colonial entre a Inglaterra e as 13 Colônias.
e) Incorreta. A expansão para o oeste da América do Norte só teve início após a independência dos Estados
Unidos e foi incentivada pelo próprio governo norte-americano, não pela Inglaterra.
Gabarito: B

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


São acontecimentos que estiveram no contexto da ocupação inglesa na América do Norte:
a) os cercamentos nos campos ingleses, que provocaram o deslocamento de uma massa de camponeses
sem terra e sem trabalho para processos migratórios.
b) a parceria comercial entre ingleses, franceses e espanhóis, concretizada na função de sociedades
comerciais, as Companhias, com cotas proporcionais de cada reinado.
c) o incentivo dos reis católicos para que os protestantes fundassem colônias e catequisassem os indígenas.
d) a corrida pelo ouro, em particular, nas terras do Sul das 13 Colônias.
e) a autonomia financeira e administrativa concedida pela Coroa inglesa aos ingleses que assumissem os
riscos de empreender nas novas terras.
Comentários
Veja bem, o tema da questão é a colonização inglesa da América do Norte. A Inglaterra deu início a seu
projeto colonizar mais tardiamente em relação à Espanha e Portugal. Somente em 1584, a monarquia
britânica iniciou a exploração comercial das terras nas Américas. Ao mesmo tempo que a Coroa não
reconhecia o Tratado de Tordesilhas, ampliou o comércio marítimo e fundou a Colônia da Virginia, na parte
sul da América do Norte. Nela foi instalada o sistema de plantations de algodão. A rainha concedeu o
monopólio e a administração dessa colônia para uma companhia de comércio privada. No entanto, essa
primeira experiência não deu muito certo, devido a resistência indígena na região. Com isso, a Coroa
preferiu investir maiores esforços em batalhas marítimas contra os espanhóis pelo controle da circulação
de mercadorias no Atlântico Norte, inclusive fazendo uso de corsários para tanto. Em 1606, o rei Jaime I
faz novas concessões às Companhias de Comércio de Londres e Plymouth para explorar o tráfego em
direção ao novo continente e organizar sua colonização. Por outro lado, a partir de 1620, novas levas de
colonos migraram de forma independente para a região mais ao norte da colônia inglesa na América. Esses

AULA 04 – História Moderna III 102


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novos colonos eram protestantes de várias vertentes e fugiam das perseguições religiosas promovidas por
Jaime I, rei católico. Assim, formaram-se as 13 Colônias. Aquelas que tinham maior influência da Coroa, no
sul, eram voltadas para produção agrária voltada para exportação. Aquelas que eram mais autônomas em
relação ao governo inglês, desenvolveram a produção agrícola voltada para o mercado interno, versaram-
se no comércio e na manufatura. Agora que você está por dentro do contexto da ocupação inglesa da
América do Norte, vejamos qual alternativa aponta corretamente acontecimentos relacionados a esse
processo histórico:
a) Correta! Os cercamentos eram uma prática muito corriqueira na Inglaterra que se intensificou a partir
do reinado de Henrique VIII, entre 1509 e 1547. Essa prática consistia em levantar cercas em terras
originalmente consideradas comunais, isto é, de uso comum. Muitos camponeses não só faziam uso como
dependiam dessas terras para se sustentar. Nobres e proprietários de terras em geral faziam isso para
aumentar suas propriedades e consequentemente aumentar sua produção, especialmente de lã para
alimentar a manufatura têxtil inglesa. Acontece que a dinastia dos Tudor, a qual pertencia Henrique VIII e
Elizabeth I, destacou-se por usar terras como moeda de troca em suas negociações com a nobreza e
burguesia em troca de apoio político. Assim, as terras comunais eram alvos fáceis. Com o rompimento com
a Igreja Católica, em 1534, as terras administradas pelo clero, muitas das quais também comunais, foram
cercadas e se tornaram propriedades privadas. Essa prática continuou cada vez mais frequente ao longo
dos séculos XVII e XVIII, com o avanço da Revolução Industrial. A massa de camponeses despossuídos que
isso gerou só tinha duas opções: migrar para as cidades para trabalhar nas indústrias em condições
precárias e por salários baixíssimos ou tentar a sorte emigrando para a América.
b) Incorreta. Tal parceria nunca existiu entre essas nações. Na verdade, elas competiam entre si pela
colonização dos territórios americanos.
c) Incorreta. Os Stuart, dinastia dos reis católicos na Inglaterra, não incentivaram os protestantes a fundar
colônias na América. Na verdade, estes últimos o fizeram pois estavam sendo perseguidos pelos primeiros
por razões religiosas. Assim, como disse antes, eles emigraram para a América do Norte, mas preferiram
fundar colônias fora do território de maior controle da Coroa britânica.
d) Incorreta. Não houve uma corrida pelo ouro nas Treze Colônias inglesas, pois não havia grandes jazidas
do metal na costa leste da América do Norte. A atividade mineradora só se desenvolveu após a
independência dos Estados Unidos, com a marcha para o Oeste. Contudo, ficou restrita às regiões
mexicanas que acabaram sendo anexadas ao território estadunidense.
e) Incorreta. A Coroa inglesa não concedia autonomia financeira e administrativa às suas colônias. Na
verdade, as colônias mais ao norte, fundadas por exilados protestantes, eram mais autônomas justamente
porque foram fundadas por exilados e longe da região onde a Coroa exercia maior influência. Tanto é que,
uma vez que a conjuntura política e econômica se estabilizou na Inglaterra, gradativamente o governo
inglês foi dedicando maior atenção e controle sobre suas colônias. Isso se intensificou após a Guerra dos
Sete Anos, que deixou a Coroa britânica endividada criando a necessidade de aumentar impostos e o
controle sobre a produção colonial.
Gabarito: A

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Relacione as colunas e, em seguida, marque a alternativa correta no que diz respeito ao domínio colonial
inglês na América do Norte:
A – Lei do Açúcar
B – Lei do Selo
C – Lei do Chá

AULA 04 – História Moderna III 103


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D – Lei Intoleráveis
I – de 1773, concedia o monopólio de venda do produto em questão à Companhia Inglesa das Índias
Orientais, sendo que o objetivo do governo inglês era combater o contrabando do produto.
II – de 1764, proibia a importação de rum pelos colonos e cobrava taxas sobre a importação do melaço que
não tivesse origem nas Antilhas britânicas.
III – de 1765, cobrava uma taxa sobre diferentes documentos comerciais, jornais, livros, etc.
IV – de 1774, um conjunto de medidas repressivas que autorizava fechamento de estabelecimentos e
autorizava o governo colonial a julgar e punir severamente os colonos.
a) A-III; B-II; C-I; D-IV.
b) A-IV; B-I; C-III; D-II.
c) A- IV; B-III; C-II; D-I
d) A-II; B- III;C-I; D-IV.
e) A-I; B-II; C-III; D-IV.
Comentários

Em primeiro lugar, note que o enunciado nos direciona para o tema do domínio colonial inglês na
América do Norte, mas quando conferimos as afirmações propostas podemos reparar que elas dizem
respeito à acontecimentos relativos ao processo que criou as circunstâncias favoráveis para a
independência dos Estados Unidos da América. Preste atenção nas datas: todas são posteriores à Guerra
dos Sete Anos (1756-1763). Este conflito opôs Inglaterra e França em uma luta pelo domínio de
territórios coloniais que hoje correspondem ao Canadá. Os ingleses saíram vitoriosos, mas o governo
britânico contraiu dividas imensas para financiar a guerra. Além disso, teve que armar e treinar os
colonos norte-americanos para ajudarem nas batalhas. Em razão do déficit financeiro, a Coroa decidiu
aumentar impostos e o controle sobre a produção e o comércio coloniais. Em outras palavras, reforçou
o pacto colonial. Algumas das medidas aplicadas para isso são as leis listadas pelo enunciado e que
devemos associar a sua correta descrição. Descontentes com o autoritarismo da metrópole, os colonos
começaram a se rebelar e, em 1776, teve início a guerra de independência que só acabaria em 1783,
com a vitória norte-americana. Com isso em mente, vamos ver qual a associação correta entre as duas
colunas:

A – Lei do Açúcar - II – de 1764, proibia a importação de rum pelos colonos e cobrava taxas sobre a
importação do melaço que não tivesse origem nas Antilhas britânicas.

B – Lei do Selo - III – de 1765, cobrava uma taxa sobre diferentes documentos comerciais, jornais, livros,
etc.

C – Lei do Chá - I – de 1773, concedia o monopólio de venda do produto em questão à Companhia


Inglesa das Índias Orientais, sendo que o objetivo do governo inglês era combater o contrabando do
produto.

D – Lei Intoleráveis - IV – de 1774, um conjunto de medidas repressivas que autorizava fechamento de


estabelecimentos e autorizava o governo colonial a julgar e punir severamente os colonos.

Portanto, a alternativa correta é a letra “d”.


Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa tiveram como palco a Inglaterra de 1640 a 1688. Sobre as
Revoluções Inglesas do século XVII, assinale a alternativa INCORRETA.

AULA 04 – História Moderna III 104


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a) Nesse processo ocorreu o fortalecimento do Parlamento por meio da Carta de Direitos, que limitava o
poder do soberano.
b) Apesar de ter prevalecido a liberdade de culto, a religião oficial do Estado continuou sendo o
Anglicanismo.
c) Ambas as revoluções propunham a centralização do poder nas mãos do monarca em detrimento do
parlamento.
d) O Parlamento representava os interesses de uma elite relacionada com o comércio a qual conseguiu
inúmeras liberdades.
e) O sistema parlamentar inglês é um modelo de representatividade que influenciou na organização de
constituições em diversos países do Ocidente.
Comentários
Como é um assunto de baixa incidência nas provas, essa questão é boa para fixarmos os principais
elementos do assunto.
Repare que o comando da questão cobra a alternativa incorreta.
A alternativa errada é a letra C, pois as assim chamadas revoluções inglesas expressaram uma grande
tensão entre a tentativa de a monarquia se impor sobre o Parlamento e os opositores à monarquia. Em
muitos momentos da história inglesa, o Parlamento foi fechado pelos monarcas, principalmente durante a
dinastia dos Stuart. Dessa forma, os movimentos revolucionários foram para evitar a centralização nas
mãos do monarca.
Gabarito: C

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Entre os eventos que merecem destaque na consolidação do absolutismo inglês estão o as ações de
Henrique VIII, que rompeu com o papa e fundou a Igreja Anglicana, mantida sob sua tutela. Com a morte
de Henrique VIII e a ascensão de Elizabeth I, o absolutismo inglês conheceu seu período de maturidade.
Desse momento em diante, Monarquia e Parlamento passariam a entrar em conflito.
Neste cenário,
a) a economia inglesa, diante da instabilidade política, teve um desenvolvimento irregular no século XIX,
atrasando sua industrialização frente a outros países.
b) a monarquia absolutista inglesa, reconhecendo suas limitações, tomou a iniciativa na criação do BiII of
Rights, evitando novas guerras civis no país.
c) as medidas absolutistas insuflaram questionamentos na sociedade inglesa, favorecendo mudanças e
rupturas na estrutura política do país.
d) as características absolutistas da monarquia inglesa a afastavam do modelo constitucional que, desde o
final da Idade Média, predominava na Europa.
e) o parlamentarismo apareceu como modelo escolhido pela monarquia para colocar fim aos confrontos
do século XVII.
Comentários
A alternativa A está errada, pois é exatamente o contrário. Vimos na aula que o Estado Monarquista
Constitucional se consolidou na Inglaterra e, após eles organizarem a “casa”, principalmente após a
Revolução Gloriosa, o processo de industrialização foi impulsionado.
Sobre a letra B, errada, a iniciativa das leis para impor limites foram do Parlamento, o qual combatia os
abusos da monarquia. Nesse sentido, já entrando na letra C, as medidas de natureza absolutista ao longo
da primeira metade do século XVII (regências Jaime I e Carlos I) desagradavam uma parte importante da
sociedade no Reino Unido, incluindo a burguesia, parte da Gentry, setores médios e trabalhadores de uma
forma geral. Em meio ao desgaste da Realeza, o Parlamento opta por “tomar as dores” da crescente

AULA 04 – História Moderna III 105


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oposição, desembocando na Guerra Civil entre 1642 e 1648 que, ao final, destronou e executou Carlos I
dando início a um processo de mudanças político-institucionais no Reino Unido. Por isso, a C está certa.
A casa dos Stuart se espelhou no modelo de monarquia francesa. Dessa forma, não dá para afirmar que a
Monarquia inglesa se afastou do modelo predominante na Europa.
Por fim, a E está errada porque o parlamentarismo não era uma defesa da monarquia. Em diversas ocasiões,
o parlamento foi fechado por determinação da Coroa.
Gabarito: C

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


O fim maior e principal para os homens unirem-se em sociedades políticas e submeterem-se a um governo
é a conservação de suas propriedades, ou seja, de suas vidas, liberdades e bens.
Adaptado de LOCKE, John. 'Dois Tratados sobre o Governo'. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p.495.
A autoproteção constitui a única finalidade pela qual se garante à humanidade, individual ou coletivamente,
interferir na liberdade de ação de qualquer um. O único propósito de se exercer legitimamente o poder
sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é evitar danos aos demais.
Adaptado de MILL, J.Stuart. 'A Liberdade'. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.17.
Os trechos anteriores referem-se aos fundamentos do pensamento liberal. Sobre esse tema, assinale a
alternativa que apresenta a explicação INCORRETA.
a) Em defesa da razão e da liberdade, vários pensadores europeus inspiraram uma série de transformações
sociais, econômicas e políticas, principalmente a partir do século XVIII, cujas consequências estão presentes
até hoje na sociedade contemporânea.
b) As bases filosóficas e políticas da sociedade civil e do Estado liberal moderno formaram-se,
primeiramente, na Inglaterra no século XVII, tendo como um de seus principais idealizadores John Locke.
c) A defesa da liberdade e da propriedade como direitos legítimos do indivíduo foi importante na formação
do ideário liberal, comum a dois importantes movimentos político-sociais europeus nos séculos XVII e XVIII:
a Revolução Gloriosa na Inglaterra e a Revolução Francesa.
d) Os princípios do liberalismo, defendidos por Locke e Stuart Mill, excluem os direitos do indivíduo na
sociedade ao justificarem a adoção de punições em função de ameaças à liberdade e a propriedade.
e) O conceito de liberdade de Stuart Mill autoriza uma ação coercitiva do Estado em caso de a liberdade do
outro ser afetada por excessos daqueles que abusam da sua própria liberdade.
Comentários
Atenção, pois o enunciado cobrou a alternativa errada. A alternativa A está certa porque faz uma
referência às ideias iluministas, com destaque para as produções intelectuais do século XVIII. Além disso,
até os dias atuais são debatidas as ideias de liberdade, por exemplo, levantadas naquele período. Quando
governos tentam impor medidas tirânicas, por oposição, resgatam-se os debates clássicos do liberalismo.
Além disso, a burguesia nascente era contrária aos privilégios dos títulos de nobreza, os quais asseguravam
propriedade aos nobres sem que trabalhassem. No mesmo sentido, a alternativa B está correta, pois
remete ao pioneirismo inglês na idealização da noção de liberdade que balizou o pensamento iluminista.
A alternativa, C, também correta, remete à centralidade da combinação dos direitos inalienáveis liberdade
e propriedade privada. Lembro de que para Rousseau a propriedade privada seria a fonte da desigualdade,
dessa forma, ela vai mais além na crítica do que Locke e Stuart Mill. De toda forma, são elementos que
estão na base do liberalismo.
A letra D está errada e contradiz o seguinte trecho de Stuart Mill: “O único propósito de se exercer
legitimamente o poder sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é evitar
danos aos demais”. Em outras palavras, a liberdade de um indivíduo termina no momento em que ela

AULA 04 – História Moderna III 106


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começa a ferir direitos de outros. Caso isso ocorra, o Estado (as leis) são legitimas para punir o violador dos
fundamentos da liberdade.
A afirma E está correta pois reflete a última frase: “O único propósito de se exercer legitimamente o poder
sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é evitar danos aos demais”.
Gabarito: E

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Em virtude dos problemas políticos internos à Inglaterra, a colonização inglesa começou tardiamente.
Dentre os fatores que impulsionaram a ocupação da América do Norte, podemos mencionar:
a) o controle total da colonização pelo Estado, que criou, para isso, as Companhias de Londres e Plymouth.
b) o desenvolvimento de grandes propriedades de produtos tropicais, tabaco e arroz, no norte, e de
pequenas propriedades dirigidas pelos "encomenderos", no sul.
c) a administração colonial a cargo dos vice-reis, que tinham na escravidão por contrato a principal fonte
de trabalho.
d) certo grau de liberdade que gozavam as colônias dentro do monopólio mercantilista, liberdade essa que
começou a sofrer restrições com os Atos de Navegação.
e) o estabelecimento de colônias no Caribe, além das Treze Colônias, e a ocupação de posições importantes
no Oriente.
Comentário
Em 1584, a monarquia inglesa inicia a exploração comercial das terras nas Américas. A Coroa não
reconheceu o Tratado de Tordesilhas e, assim, ampliou o comércio marítimo e fundou a Colônia de Virginia,
na parte sul da América do Norte. Com isso, instalou-se as plantations de algodão.
Em 1620, parte dos puritanos fugiu para a América e fundou um novo tipo de colônia, mais autônoma em
relação à Metrópole Inglaterra. Era a continuação da formação das 13 colônias – ou, o que você conhece
por Estados Unidos da América!
Então, na época da chegada dos ingleses puritanos à América, já havia a colônia de exploração da Virginia.
Como nesta colônia imperava uma lógica semelhante a um “pacto colonial”, isto é, a influência direta da
Coroa inglesa nas terras conquistadas, os puritanos se instalaram em uma região onde pudessem ser mais
“livres” do rei. Dessa forma, os puritanos fundaram no nordeste dos Estados Unidos (ainda não eram os
Estados Unidos, hein?) a colônia de Plymounth.
Nesse sentido, podemos dizer de dois motivos que impulsionaram a colonização inglesa.
No primeiro caso, de 1584, reposicionar a Inglaterra na disputa internacional e ampliar a matéria-prima
“algodão” para abastecer o mercado de tecidos ingleses.
No segundo caso, tratava-se de ocupar uma região com maior liberdade religiosa devido a perseguição e
restrição que puritanos sofriam na Inglaterra.
Gabarito, item D.
Erro nas demais: Plymouth foi a cidade fundada pelos protestantes em 1620; item B trocou as
caracterizações da região norte e sul; o modelo de administração colonial descrito é o português e nunca
foi utilizado pela Inglaterra na América; as Ilhas do Caribe eram ocupadas pela Espanha.
Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo
que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões.

AULA 04 – História Moderna III 107


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Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocinai! O oficial diz: não raciocinai, mas exercitai-
vos! O financista: não raciocinai, mas pagai! O sacerdote proclama: não raciocinai, mas crede! (Um único
senhor no mundo diz: raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre que quiserdes, mas obedecei!). Eis aqui -
por toda a parte - a limitação da liberdade. Que limitação, porém, impede o esclarecimento? Qual não o
impede, e até mesmo favorece? Respondo: o uso público da razão deve ser sempre livre e apenas ele pode
realizar o Esclarecimento entre os homens.
(KANT, Emmanuel. Resposta à Questão: O que é Esclarecimento? Cognitio, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 145-
154, jan./jun. 2012, pp. 146-147. )
Kant é um intelectual que fez parte de um movimento histórico-filosófico cujo conteúdo influenciou
importantes acontecimentos no mundo contemporâneo. Assim, é correto afirmar que:
a) Kant fez parte do movimento iluminista que influenciou a Revolução dos Cravos.
b) Kant contribuiu para o empirismo e influenciou as Revoluções Inglesas.
c) Kant foi um renascentista que contribuiu decisivamente para combater os dogmas eclesiásticos.
d) Kant fez parte do movimento iluminista que influenciou o movimento político que deu origem à
Independência dos EUA.
e) Kant foi um renascentista que contribuiu na formação dos Estados Modernos.
Comentários
Queridos, eu não coloquei Kant nessa aula, coloquei? Não!!! E porque eu fiz uma questão sobre ele, então?
Para que vocês fiquem safos se aparecer na sua prova um pensador que você não ouviu falar. Veja que a
interpretação do texto e o comando da questão nos remete ao movimento iluminista. O título do artigo do
pensador é “O que é esclarecimento”. Esclarecimento, luzes, ilustrado são termos utilizados para designar
o Movimento Iluminista. Portanto, mesmo que você nunca tivesse ouvido falar nesse autor, você
conseguiria CONTEXTUALIZAR A QUESTÃO no momento histórico do desenvolvimento do iluminismo.
Agora veja que a segunda parte da questão associou a ideia à experiência histórica, ou seja, você precisava
associar o iluminismo a um processo histórico. Nesse caso, sabemos que esse movimento intelectual está
associado à Independência dos EUA, dos países da América Latina e da Revolução Francesa.
Associando tudo isso, você chegaria a resposta cujo gabarito é? “Kant fez parte do movimento iluminista
que influenciou o movimento político que deu origem à Independência dos EUA. Letra D.
Vejamos os erros das demais alternativas:
a-A Revolução dos Cravos ocorreu apenas no século XX, em 1974.
b-As Revoluções inglesas, como vimos, contribuíram para impulsionar o pensamento iluminista e não o
contrário.
c-Kant não foi renascentista. E os dogmas eclesiásticos foram questionados por Kant
d-Gabarito!
e-Kant não foi renascentista muito menos influenciou a formação dos Estados Nacionais que eram
absolutistas. Kant questionou o Antigo regime.
Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Em 1651, por ocasião de uma visita da frota inglesa ao porto de Cadiz, Espanha, o almirante Blake provocou
a irritação de Felipe IV, quando este último soube que aquele declarara, em praça pública, que “graças ao
exemplo dado por Londres, todos os reinos iriam aniquilar a tirania e tornar-se repúblicas. A Inglaterra já o
tinha feito; a França seguia o mesmo caminho; e considerando-se que a natural indolência dos espanhóis
tornava mais lento o seu movimento, dava a eles dez anos, antes a que no país explodisse a revolução”.

AULA 04 – História Moderna III 108


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O discurso do almirante Blake


A) foi confirmado pelos fatos históricos posteriores, pois a Espanha deixou de ser uma monarquia
absolutista em meio aos processos das revoluções burguesas.
B) fez referência à Revolução Puritana, a qual foi liderada por Oliver Cromwell e instaurou a forma de
governo republicano.
C) é um elogio direto à Revolução Gloriosa, que foi responsável por acabar com a monarquia na Inglaterra.
d) incomodou Felipe IV porque os ingleses pretendiam propagar o anglicanismo em solo católico.
E) lembrou do êxito inglês sobre os franceses durante a guerra dos 100 anos.
Comentários
O primeiro ponto a observar é o contexto histórico: 1651, na Inglaterra. Isso nos remete às Revoluções
Inglesas do Século XVII. Por isso, você precisava analisar cada alternativa buscando esse contexto. O
movimento histórico tratado pelo discurso é do avanço das ideias liberais que contestavam o Antigo regime
e, portanto, o poder absoluto e despótico dos reis.
Tendo isso em mente, passemos à análise de cada alternativa:
a-A Espanha não deixa de ser uma Monarquia Absolutista. O que houve, no século XIX, foi a invasão
napoleônica naquele país e a deposição forçada do rei pelas tropas francesas.
b-Gabarito da questão. Pelo contexto e conteúdo do discurso, podemos inferir que se trata da Revolução
Puritana, a qual foi liderada por Oliver Cromwell e instaurou a forma de governo republicano.
c-A Revolução Gloriosa não acabou om a Monarquia, mas fortaleceu o regime político de Monarquia
Parlamentarista.
d-Não houve tentativa de disseminação do anglicanismo para além da Grã-Bretanha.
e-Ao final de toda a Guerra dos Cem Anos, os franceses saíram vencedores e não os ingleses.
Gabarito: B

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A respeito do movimento que ficou conhecido na história como iluminismo, marque a alternativa errada:
a) Considerada pelos iluministas como a ferramenta necessária para o desenvolvimento das ciências, a
razão deveria ser dissociada à fé cristã.
b) Os pensadores iluministas também se dedicaram às ciências econômicas.
c) Os iluministas consideravam a razão como a luz capaz de iluminar o pensamento humano e de
impulsionar as atividades humanas.
d) Os iluministas defendiam o absolutismo monárquico como a forma ideal de governo, e a revelação divina
como instrumento da ciência.
e) O Iluminismo, movimento intelectual do século XVIII, caracterizou-se pelas críticas ao absolutismo
monárquico, pela defesa da razão e da liberdade dos indivíduos.
Comentários
O Iluminismo foi um movimento de caráter intelectual que surgiu na França no final do século XVII e se
espalhou pela Europa e América até o século XIX. Esse movimento criticava diversos aspectos do Antigo
Regime e pregava maior liberdade econômica e política. O Iluminismo foi responsável por promover
mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
A seguir, listo os principais pontos de crítica iluminista:
• Absolutismo monárquico e suas estruturas
• Tradicionalismo da religião e da política
• Intervenção do Estado e da Igreja na vida econômica e na própria vida do indivíduo

AULA 04 – História Moderna III 109


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Dessa maneira, o movimento defendia a liberdade econômica, política e individual, o antropocentrismo


o uso da razão e o desenvolvimento da ciência.
Entre os pensadores dessa corrente, destacam-se John Locke, Montesquieu, Voltaire, Diderot,
D’Alembert, Rousseau e Adam Smith.
Por fim, vou deixar um esqueminha para você poder revisar.

Com isso, a alternativa d) é a única errada.


Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Em 17 de Setembro de 1787, foi Promulgada a Constituição dos Estados Unidos. Sob a influência de
pensadores como John Locke, Rousseau, Montesquieu, entre outros iluministas, definiu-se:
a) um Estado Federado, protestante e sem liberdade religiosa.
b) um governo Republicano com direito de reunião e de manifestação pacíficas.
c) um governo Federado com liberdade de imprensa.
d) a forma de governo Presidencialista sem a divisão de poderes.
e) um governo Republicano sem possibilidade do direito de oposição ao governo.
Comentários
a) falso, pois o Estado passou a assegurar a liberdade religiosa, Estado laico.
b) é o gabarito.
c) falso, pois não é governo Federado mas é o Estado que é Federado.
d) errado, pois forma de governo ou é República ou é Monarquia. Já Presidencialismo é sistema de
governo. Além disso, houve a divisão de poderes proposta por Montesquieu: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
e) falso, pois foi assegurado do direito de representação contra o governo. Além disso, própria liberdade
de imprensa já assegura possibilidade de crítica.
Gabarito: B

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Leia atentamente os itens abaixo.

AULA 04 – História Moderna III 110


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I - o grande motivo da ida de ingleses para a América do Norte foi a busca por metais preciosos.
II - a Coroa inglesa foi a grande articuladora da colonização na América do Norte e iniciou as atividades
coloniais pela região de Plymouth, onde fundaram a primeira colônia.
IIII – as perseguições aos puritanos provocaram o deslocamento de um contingente de colonos para a
América.
IV – o processo de cercamento nos campos ingleses contribui para expulsar camponeses de suas terras e,
com isso, estimular o fluxo migratório para a América.
V- na América, a primeira das 13 colônias fundadas pelos ingleses foi a da Virgínia.
Assinale a única alternativa em que todos os itens listam características corretas da Colonização Europeia
na América.
a) I, II e III
b) I, III e V
c) II, IV e V
d) III, IV e V
e) I, III e IV
Comentários

I – falsa a afirmação, pois o objetivo inicial eram terras para o plantio de algodão e a expansão das atividades
comerciais. Um típico sistema mercantilista de exploração colonial. Veja alguns produtos que foram
produzidos:

❖ Tabaco, muito consumido na Europa;

❖ Corante índigo (anil) para abastecer a nascente manufatura têxtil;

❖ Algodão, também para abastecer a produção de tecidos;

❖ Arroz.

II – falsa a afirmação. De fato, após a vitória sobre a Invencível Armada, esquadra do rei espanhol Felipe II,
comerciantes ingleses, em conjunto com a Coroa, passaram a formar companhias de comércio marítimo,
como a Companhia das Índias Orientais. Os negócios foram ampliados na América. Além disso, a primeira
colônia é a da Virginia.

III – correta a afirmação. Henrique VIII, por meio do Ato de Supremacia, criou a Igreja Anglicana na
Inglaterra e tornou o rei chefe religioso. Com isso, houve a perseguição religiosa aos puritanos, os
calvinistas ingleses, levo-os a se deslocarem para a América. Em 1620, parte dos puritanos fugiu para a
América e fundou um novo tipo de colônia, mais autônoma em relação à Metrópole Inglaterra. Era a
continuação da formação das 13 colônias – ou, o que você conhece por Estados Unidos da América! Na
época da chegada dos ingleses puritanos à América, já havia a colônia de Virginia. Como nesta colônia
imperava uma lógica semelhante a um “pacto colonial”, isto é, a influência direta da Coroa inglesa nas
terras conquistadas, os puritanos se instalaram em uma região onde pudessem ser mais “livres” do rei.
Dessa forma, os puritanos fundaram no nordeste dos Estados Unidos (ainda não eram os Estados Unidos,
hein?) a colônia de Plymounth. O objetivo era criar espaços de vivência onde podiam exercer livremente
seus preceitos religiosos. A primeira expedição de puritanos para a América do Norte ocorreu em 1620,
quando o navio Mayflower atracou onde hoje se localiza o estado de Massachusetts. Nessa região, os
puritanos criaram o primeiro núcleo de colonização, conhecido como Plymouth.

IV – correto, pois os cercamentos provocaram diversas consequências para a sociedade inglesa, como a
migração de camponeses para zonas urbanas, a mão de obra que seria o futuro proletariado da Inglaterra.

AULA 04 – História Moderna III 111


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Porém, antes da industrialização, sem empregos, as pessoas que estavam na cidade sem perspectivas, viam
na América uma oportunidade e, diante disso, para lá rumavam.

V - correta a afirmação. Em 1607, foi fundada a colônia de Virgínia a partir do patrocínio de uma companhia
de comércio, e autorizado pela Coroa Britânica. O modelo de produção na Virginia foi o conhecido Sistema
de Plantation: monocultura produzida em grandes propriedades, com mão de obra escrava e voltada para
a exportação.

Gabarito: D

11. Lista de questões para Aprofundamento - comentadas


(UNITAU 2015)
O Iluminismo, ou Ilustração, foi, enfim, um sistema de ideias do século XVIII que se difundiu por toda a
Europa, sendo elaborado por filósofos, escritores, artistas, e que se caracterizou pela defesa da autonomia
da razão contra os argumentos da tradição e da autoridade. Para os pensadores iluministas, a razão deve
penetrar todos os domínios do saber e da atividade dos homens, a fim de destruir os preconceitos, o
obscurantismo e a ignorância. Assim definido, o Iluminismo é um movimento de ideias essencialmente
libertário, cujo objetivo principal consiste em libertar os homens de qualquer espécie de servidão, seja ela
religiosa, moral ou política.
NASCIMENTO, Milton Meira do; NASCIMENTO, Maria das Graças S. Iluminismo: a revelação das luzes. São
Paulo: Ática, 2001. p. 8.
Com base nas informações apresentadas, indique a alternativa CORRETA.
a) A razão era vista, no Iluminismo, como a fonte para a superação de preconceitos e o caminho para a
emancipação do pensamento religioso, moral e político.
b) O Iluminismo pode ser considerado uma revolução econômica e política, por libertar os homens de
qualquer espécie de servidão e acabar com a escravidão.
c) O século XVIII vive um grande processo, pois as luzes que chegam à Europa, buscando a libertação dos
homens, são estendidas a todo o mundo conhecido na época.
d) O Iluminismo é um movimento de ideias essencialmente libertário, que tem, portanto, seus maiores
expoentes em artistas e romancistas.
e) A Ilustração foi a revolução de ideias que se difundiu por toda a Europa e por suas colônias na América e
na África, causando as independências do século XIX.
Comentários
O texto introduz muito bem o que foi o Iluminismo. Complementando, esse movimento também é
conhecido como Esclarecimento ou Ilustração e foi um movimento intelectual ocorrido entre os séculos
XVII e XVIII, mas que teve influência da política, economia e sociedade ocidental nos séculos seguintes. O
Iluminismo também está intimamente ligado ao liberalismo, filosofia política e econômica formulada no
mesmo contexto. Os iluministas e liberais defendiam três princípios básicos para o progresso da
humanidade: a razão, o indivíduo e a liberdade. Trata-se de um projeto de sociedade que valorizava a
capacidade transformadora do indivíduo por meio do uso da razão, atributo que só podia ser plenamente
usado quando se gozava de liberdade. Contudo, os iluministas e liberais eram contratualistas, isto é,
acreditavam que para evitar maiores danos aos direitos naturais dos homens, era necessário se unir em
sociedade por meio de contrato que limitaria a liberdade, mas também o poder dos governantes. Sabendo
disso, vejamos:

AULA 04 – História Moderna III 112


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a) Correta! A razão era o maior atributo do indivíduo para os iluministas. Através de seu uso e
aperfeiçoamento, as pessoas poderiam caminhar para o progresso da humanidade.
b) Incorreta. Ironicamente, os iluministas e os liberais dos séculos XVII e XVIII não eram
necessariamente contrários à escravidão ou à servidão. Havia casos em que estas eram justificáveis.
O iluminismo gerou mudanças políticas e econômicas no sentido de criticar as medidas
mercantilistas de interferência do Estado na economia e os regimes absolutistas que
desrespeitavam os direitos naturais dos indivíduos. Nesse sentido, a noção de propriedade era
fundamental para eles e era o critério utilizado para pautar a liberdade e a cidadania.
c) Incorreta. As ideias iluministas realmente acabaram influenciado muitos territórios para além da
Europa, sobretudo as colônias das nações europeias em outros continentes. Contudo, os
pensadores iluministas europeus não formulavam as suas teorias considerando que elas fossem
aplicadas fora da Europa, justamente porque a relação colonial envolvia também a questão da
propriedade. Muitos europeus, incluindo iluministas, tinham negócios e propriedades nas colônias,
portanto romper o pacto colonial podia repercutir em prejuízo para eles.
d) Incorreta. Os maiores expoentes iluministas estão entre os filósofos.
e) Incorreta. As ideias iluministas não atingiram tanto a África como a América. Vale lembrar que o
número de colônias europeias no continente africana era bem menor em relação à América. Na
África, até o final do século XIX, os europeus detinham algumas poucas cidades e feitorias na costa.
Por outro lado, os territórios americanos foram fortemente afetados pelas ideias iluministas
contribuindo para diversos movimentos de independência pelo continente desde o final do século
XVIII e ao longo do XIX.
Gabarito: A

(UNITAU 2015)
A tradição religiosa e a autoridade política serão assim os dois alvos fundamentais dos seus [de Voltaire]
ataques. [...] Ataca a superstição, a crença nos milagres e o antropomorfismo na representação de Deus,
mas não nega em absoluto sua existência. Ao contrário, reconhece-a como necessária, como princípio
explicativo último de todo o universo. Voltaire contesta, evidentemente, a autoridade absoluta dos papas
e prega a tolerância religiosa. [...] Sua política é uma política concreta e cotidiana, tendo lutado por reformas
administrativas e civis: proibição das prisões arbitrárias, supressão do processo judicial secreto, unidade da
legislação, melhor recebimento de impostos e garantia da liberdade de pensamento e expressão.
FORTES, Luís Roberto Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 2004. pp.42-43.
Sobre as ideias do iluminista Voltaire, é CORRETO afirmar:
a) Voltaire, como filósofo do Iluminismo, criticava a Igreja e propunha reformas. Acreditava na necessidade
do reconhecimento da força de Deus e da reorganização política.
b) Voltaire, um renomado iluminista, era contra o poder da Igreja, negando a existência de Deus. Com
relação à política, pregava reformas administrativas e civis.
c) A tradição religiosa e a autoridade política eram criticadas por Voltaire; a primeira, por ser monoteísta, e
a segunda, por suas prisões arbitrárias, por seus processos judiciais secretos e pela supressão da liberdade
de pensamento e expressão.
d) Voltaire, como crítico do sistema vigente, atacava a Igreja por suas crenças em milagres e no
antropomorfismo, e era contra a liberdade de pensamento e expressão.
e) A tradição religiosa e a autoridade política eram alvos constantes de Voltaire, por isso ele pregava a
tolerância religiosa e contestava a autoridade absoluta dos papas, defendendo reformas administrativas e
civis que davam mais poder às autoridades políticas.
Comentários

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Como vimos na aula, o iluminismo foi um movimento intelectual que teve início no século XVII e cujo auge
se desenrolou ao longo do XVIII. Esse movimento não era monolítico, ou seja, não tinha um único
posicionamento político, nem mesmo intelectual. Contudo, todo iluminista concordava em pelo menos na
primazia de três princípios: o racionalismo, a liberdade e o individualismo. Para essa geração de pensadores
europeus, o indivíduo detinha a maior força transformadora, não a coletividade. Essa força, assim como o
progresso individual e da humanidade, podia ser alcançada por meio do uso da razão que libertaria as
pessoas de qualquer opressão, misticismo ou retrocesso civilizatório. A razão era considerada libertadora,
mas também necessitava de algum nível liberdade para ser plenamente exercitada. A ausência de liberdade
não impedia completamente o uso da razão, mas quanto mais livre o indivíduo, melhor desempenho
racional teria.
Nesse sentido, os iluministas eram extremamente críticos dos governos autoritários e da
intolerância religiosa. O clero era um dos principais alvos da maioria dos ilustrados, apesar de isso não
significar que eles tenham aderido ao ateísmo. Lembre-se que nessa altura da história, já havia ocorrido as
Reformas Protestantes que desenvolveram novas vertentes do cristianismo que também eram críticas à
autoridade eclesiástica. Além disso, entre os iluministas, mesmo os católicos podiam expressar
descontentamento com a autoridade religiosa do clero.
Por outro lado, mesmo a maioria deles serem críticos do absolutismo e dos governos despóticos,
também não quer dizer que todos os iluministas fossem contra a monarquia ou outras formas de governo
centralizado. Muitos deles eram contratualistas. Em outras palavras, acreditavam que a sociedade era
firmada por meio de um contrato social, um acordo, feito entre governados e governantes para que as
disputas entre os homens não acabem destruindo os direitos naturais de todos. Nesse pacto, os indivíduos
concedem ao governo o direito de governar acima deles, no que eles abrem mão de parte de sua liberdade,
para que a mesma não seja completamente comprometida. Portanto, temos exemplos de iluministas que
eram republicanos, outros que preferiam as monarquias constitucionais, aqueles que defendiam
democracias participativas e, ainda, quem argumentava que o poder devia ser divido em diferentes
instituições.
Voltaire (1694-1778) é um bom exemplo das possibilidades dessas variáveis, sem contrariar aqueles
três princípios básicos do iluminismo. Ele foi o autor que mais contribuiu para o tema da tolerância religiosa,
entendendo que a razão era um guia infalível para chegar a Deus e, assim, defendia a crença em um ser
supremo e universal que fez a todos igualmente. Por outro lado, como forma de governo ele defendia um
governo esclarecido – iluminista. Para Voltaire não importava se era monarquista, republicano, burguês ou
nobre, desde que fosse esclarecido, ou seja, valorizasse o uso da razão, respeitando os direitos naturais dos
indivíduos.
Das elaborações desse pensador nasceu a noção de Governo de Despotismo Esclarecido. Neste, o
primeiro passo seria a tolerância religiosa, ou seja, o fim do dogma “um rei, um povo, uma fé” – esta que
tantas guerras e perseguições religiosas produziu na Europa e nas suas colônias. Alguns monarcas adotaram
ideias iluministas como parte da estratégia de aperfeiçoar a administração de seus governos,
racionalizando o Estado e separando este da Igreja. Eles costumavam manter como ministros, conselheiros
ou mesmo amigos próximos, pensadores iluministas. O próprio Voltaire trabalhou para o Rei da Prússia,
Frederico II (1712-1781). Agora que você já está por dentro do iluminismo e das ideias de Voltaire, vejamos:
a) Correta! Está de acordo com o comentário. Apenas para complementar, vale dizer que Voltaire era um
grande crítico dos costumes, vaidades, inveja e mesquinharias da sociedade da época. Inclusive, ele chegou
a ser preso duas vezes na Bastilha, prisão política francesa. Destaco ainda esse trecho do texto do Luís
Roberto Salinas Forte, do enunciado: “Sua política é uma política concreta e cotidiana, tendo lutado por
reformas administrativas e civis: proibição das prisões arbitrárias, supressão do processo judicial secreto,
unidade da legislação, melhor recebimento de impostos e garantia da liberdade de pensamento e
expressão”.

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b) Incorreta. Como vimos, ele não negava a existência de Deus.


c) Incorreta. Voltaire não criticava o monoteísmo, mas assim a autoridade papal e eclesiástica.
d) Incorreta. Ele não era contra a liberdade de pensamento e expressão, pelo contrário, foi um de seus
mais ávidos defensores.
e) Incorreta. Voltaire não defendiam reformas que dariam mais poder às autoridades políticas, mas sim
mudanças que protegeriam ainda mais as liberdades individuais.
Gabarito: A

(IFRS 2019)
A adoção dos ideais iluministas não ocorreu de forma homogênea na Europa do século XVIII.
Considerando esse contexto, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Inspirados nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, o Estados nacionais europeus não
ofereceram resistência às reivindicações de emancipação e independência em seus domínios coloniais.
b) As origens do pensamento igualitário podem ser identificadas na Inglaterra revolucionária do século XVII
(Revolução Gloriosa, 1688) que impôs limites ao poder absoluto do rei ao fortalecer o parlamentarismo.
c) O “Século das Luzes” (século XVIII) teve na França o seu grande palco e tinha entre seus valores
fundamentais a razão e a liberdade de pensamento. Neste sentido, representou uma profunda crítica às
bases do Estado absolutista e a exaltação do ideário burguês.
d) A incorporação parcial dos ideais iluministas por soberanos e governantes europeus ficou conhecida
como despotismo esclarecido. Um destes déspotas foi o Secretário de Estado do rei D. José I (1750-1777),
Sebastião José de Carvalho e Mello (o marquês de Pombal). Pombal foi responsável pela implementação de
uma série de reformas que visavam resolver os problemas econômicos para a administração do Reino de
Portugal e seus domínios, enquanto internamente combateu com vigor “os ideais franceses” no que diz
respeito ao campo político.
e) A obra coletiva L’Enciclipédie (França, 1751-1772), dirigida pelos filósofos Denis Diderot e Jean
D’Alembert, foi um elemento de divulgação dos ideais iluministas que tiveram sua concretização no sucesso
da Revolução Francesa (1789).
Comentários
O Iluminismo, também conhecido como Ilustração ou Esclarecimento, foi um movimento intelectual dos
séculos XVII e XVIII. Esse movimento não era monolítico, ou seja, não tinha um único posicionamento
político, nem mesmo intelectual. Contudo, todo iluminista concordavam em pelo menos na primazia de
três princípios: o racionalismo, a liberdade e o individualismo. Para essa geração de pensadores europeus,
o indivíduo detinha a maior força transformadora, não a coletividade. Essa força, assim como o progresso
individual e da humanidade, podia ser alcançada por meio do uso da razão que libertaria as pessoas de
qualquer opressão, misticismo ou retrocesso civilizatório. A razão era considerada libertadora, mas
também necessitava de algum nível liberdade para ser plenamente exercitada. A ausência de liberdade não
impedia completamente o uso da razão, mas quanto mais livre o indivíduo, melhor desempenho racional
teria.
Nesse sentido, os iluministas eram extremamente críticos dos governos autoritários e da
intolerância religiosa. O clero era um dos principais alvos da maioria dos ilustrados, apesar de isso não
significar que eles tenham aderido ao ateísmo. Lembre-se que nessa altura da história, já havia ocorrido as
Reformas Protestantes que desenvolveram novas vertentes do cristianismo que também eram críticas à
autoridade eclesiástica. Além disso, entre os iluministas, mesmo os católicos podiam expressar
descontentamento com a autoridade religiosa do clero.
Por outro lado, mesmo a maioria deles serem críticos do absolutismo e dos governos despóticos,
também não quer dizer que todos os iluministas fossem contra a monarquia ou outras formas de governo

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centralizado. Muitos deles eram contratualistas. Em outras palavras, acreditavam que a sociedade era
firmada por meio de um contrato social, um acordo, feito entre governados e governantes para que as
disputas entre os homens não acabem destruindo os direitos naturais de todos. Nesse pacto, os indivíduos
concedem ao governo o direito de governar acima deles, no que eles abrem mão de parte de sua liberdade,
para que a mesma não seja completamente comprometida. Portanto, temos exemplos de iluministas que
eram republicanos, outros que preferiam as monarquias constitucionais, aqueles que defendiam
democracias participativas e, ainda, quem argumentava que o poder devia ser divido em diferentes
instituições.
Portanto, vemos que os próprios iluministas eram diversos e, por isso mesmo, suas diferentes
propostas tiveram variadas reações nas distintas regiões da Europa. O movimento teve início entre
intelectuais franceses em um momento que a França era regida por uma monarquia absolutista. Logo, os
iluministas tinham que lidar frequentemente com a perseguição política e a censura. Contudo, no final do
século XVIII, as ideias iluministas já teriam “fermentado” tanto na sociedade que influenciaram os
desdobramentos que resultaram na Revolução Francesa, de 1789. Por outro lado, na Inglaterra, o
iluminismo ao lado das reformas protestantes teve um grande impacto político e social, influenciando
diretamente os rumos da Revolução Inglesa, que derrubou um monarca absolutista e implantou uma
república. Mais tarde, devido aos rumos ditatoriais da principal liderança republicana, Oliver Cromwell, o
parlamento inglês efetuou a Revolução Gloriosa, desta vez restaurando a monarquia, mas impondo limites
ao seu poder formando uma das primeiras monarquias constitucionais no continente. Ainda, houveram os
déspotas esclarecidos, monarcas absolutistas que se apropriaram de ideias iluministas para racionalizar
seus governos e separar Estado e Igreja, entre outras medidas. Exemplos disso são Portugal, Prússia,
Espanha, etc. Com isso em mente e lembrando que você deve assinalar a alternativa incorreta, vejamos:
Incorreta! Além da Europa, as ideias iluministas acabaram repercutindo também nos territórios coloniais
na América. À começar pelos Estados Unidos e pelo Haiti, em fins do XVIII, o século XIX viveria uma onda
de revoluções e movimentos de independência nos países americanos, dando à luz a uma série de
repúblicas e ao Império do Brasil, uma monarquia constitucional com elementos absolutistas (Veremos
mais sobre o caso brasileiro nas Aulas 12 e 13). Entretanto, os Estados nacionais europeus, muitos dos
quais eram as metrópoles dessas colônias, não aceitaram pacificamente suas independências. Em primeiro
lugar porque a maioria deles não compartilhava dos valores da liberdade, igualdade e fraternidade, ideias
levantados pela Revolução Francesa. Mesmo os países que tinham aderido parcialmente à algumas ideias
iluministas não defendiam plenamente todos esses valores. A Inglaterra mesmo, uma monarquia
constitucional nascida em parte graças às elaborações iluministas, lutou tenazmente contra a
independência dos Estados Unidos. Até mesmo nos países onde o projeto iluminista se mostrou mais
radical, como o da França durante a revolução de 1789, a libertação das colônias não era um consenso. A
independência chegou a ser reconhecida por um dos governos revolucionários, mas revogada pelos
seguintes. Além disso, após o gole de Napoleão que o tornou Imperador, a França tentou ativamente
recolonizar o Haiti e reescravizar a população liberta.
b) Correta!
c) Correta!
d) Correta!
e) Correta!
Gabarito: A

(IFRS 2018)
Entre as principais contribuições para a teoria liberal clássica, encontra-se
a) a defesa do interesse social acima do individual na obra O Capital, de Karl Marx.

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b) o modelo de governo desenvolvido por Nicolau Maquiavel.


c) o conceito de Estado Absoluto presente no pensamento de Thomas Hobbes.
d) a defesa da propriedade privada e da cidadania conforme visto em John Locke na obra Segundo Tratado
sobre o Governo.
e) a noção de organização social desenvolvida por Aristóteles em seu livro A Política.
Comentários
A teoria liberal surgiu em meio a efervescência iluminista do século XVII e XVIII. Como dois lados da mesma
moeda, podemos distinguir o liberalismo político e o liberalismo econômico. O primeiro tem como
precursor o filósofo inglês John Locke, crítico do absolutismo. Ele era um defensor da liberdade religiosa,
do princípio de tolerância, da organização política pelo consentimento, da propriedade privada e do
princípio da vontade da maioria. O segundo tem como principal pensador o também inglês Adam Smith.
Ele desenvolveu a economia política enquanto ciência, defendendo que a economia era regida por leis
naturais passíveis de serem observadas. Smith argumentava que o Estado não deveria interferir nos
assuntos econômicos, de modo que a livre concorrência pudesse prevalecer. Nesse aspecto, ele se colocava
um crítico ferrenho do mercantilismo. Ele também defendia o poder transformados do indivíduo e a
propriedade privada. Com isso, vejamos:
a) Incorreta. Como acabamos ver, o liberalismo prega o individualismo, ou seja, o inverso da teoria marxista
que se desenvolveu justamente como uma crítica da teoria liberal e do capitalismo em geral.
b) Incorreta. Maquiavel foi um dos teóricos do absolutismo e viveu antes dos primeiros pensadores liberais.
c) Incorreta. Hobbes também foi um dos teóricos do absolutismo e, sendo contemporâneo de Locke, se
colocava numa posição antagônica ao mesmo no pensamento político.
d) Correta! Está de acordo com o comentário.
e) Incorreta. Aristóteles viveu muito tempo antes das ideias liberais serem concebidas, sendo um autor
grego da Antiguidade.
Gabarito: D

(FUVEST 2019)
É difícil acreditar que a Revolução Francesa teria sido muito diferente, mesmo que a Revolução Americana
nunca tivesse acontecido. É fácil mostrar que os americanos não tentaram uma semelhante ruptura
substancial com o passado, como fizeram os franceses. No entanto, (...) as duas revoluções foram muito
parecidas.
Robert R. Palmer, The Age of The Democratic Revolution: The Challenge, Princeton, Princeton University
Presse, vol. I, 1959, p.267.
Com base no texto e em seus conhecimentos acerca da Revolução Francesa e do revolucionário processo
de independência dos Estados Unidos, assinale a afirmação correta.
a) A revolução norte-americana repercutiu pouco nos movimentos liberais da Europa e, mesmo na França
da época da Ilustração, seu impacto foi mais de ordem econômica do que política.
b) O processo de independência dos Estados Unidos foi marcado pela ausência de divisões internas entre
os colonos e pela exclusão das camadas populares da sociedade no processo político.
c) O processo de independência dos Estados Unidos foi consumado pela redação de uma Constituição, cuja
elaboração ficou a cargo de notáveis, que representavam os interesses das classes proprietárias.
d) A guerra da independência norte-americana caracterizou-se pela ausência de radicalismo político e
social, o que se deveu à menor penetração dos ideais Ilustrados nos últimos anos do período colonial.
e) A revolução norte-americana repercutiu não só na Ilustração europeia e na Revolução Francesa, como
demonstrou de modo teórico e prático a viabilidade de um grande Estado republicano e democrático.
Comentário

AULA 04 – História Moderna III 117


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Essa é uma questão comparativa. Ambas as revoluções – americana e francesa – sofreram influência do
pensamento iluminista e como a americana foi anterior, ela acabou por fortalecer o contexto favorável aos
processos revolucionários. Como falamos em aula, foi uma “era de revoluções”. É por isso que elas são
parecidas, afinal, estão NO MESMO CONTEXTO de crise do Antigo Regime!
Perceba que o autor do texto trazido pela FUVEST diz: “É difícil acreditar que a Revolução Francesa teria
sido muito diferente, mesmo que a Revolução Americana nunca tivesse acontecido.”. Ou seja, querido aluno
e aluna, o próprio autor diz que provavelmente a Revolução Francesa teria acontecido mesmo que os EUA
não tivessem se tornado independente, afinal, embora fosse um exemplo prático da teoria iluminista, os
fatores da revolução francesa foram muitos.
Contudo, os vestibulares costumam fazer essa comparação e pelo fato de a Independência dos EUA ter
sido o primeiro movimento revolucionário a acontecer no século XVIII, acabou demonstrando na prática
como formar um Estado Republicano. Por isso, também, inferem que o processo nos EUA influenciou a
revolução na França. Entendeu?
Assim, você deve ficar com as duas formas de interpretar a relação entre esses dois processos. Esse tema
pode ser explorado de maneira profunda em uma segunda fase, por isso, atenção, Corujert!!
Dito isso, vamos a análise das alternativas:
a- A revolução norte-americana repercutiu MUITO na Rev. Francesa, e não pouco como sugere a
questão.
b- Item erradíssimo, pois a Independência dos EUA tem caráter popular, ou seja, houve ampla
participação da sociedade, inclusive das classes populares. Foi uma guerra a qual não seria vitoriosa
sem que o povo aderisse ao seu exército.
c- Esse item tem 3 erros:

O processo de independência dos EUA não foi consumado com a Constituição. Podemos dizer que
seguiu a seguinte sequência:

1776: 2o. Congresso da


1774: 1o. Congresso da 1775-1781: Guerra de
Filadélfia e Declaração
Filadélfia Independência
de Independência

1783: Tratado de
1787: Organização
reconhecimento da
interna do país -
Independência dos
Promulgação da
EUA, assinado pela
Constituição dos EUA
Inglaterra

Além disso, a constituição não foi feita por um grupo de notáveis, mas por 55 delegados
representando 12 dos 13 Estados e não simplesmente a classe de proprietários.
d- O item D é fácil excluir porque sugere que houve pouca influência dos ideais iluministas, quando,
na verdade, foi grande.
e- Item correto!! Como falamos acima, a revolução dos EUA influenciou os processos na França, até
mesmo porque após a Declaração da Independência de 1776, Benjamim Franklin foi à França buscar

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apoio. Portanto houve uma correlação ideológica, política e militar. Fique com essa!!! 😉
Gabarito: E

(UNCISAL 2018)
Em sentido econômico, é a doutrina segundo a qual o Estado não deve exercer nem funções industriais,
nem funções comerciais e não deve intervir (ou deve intervir o mínimo possível) nas relações econômicas.
A qual doutrina o enunciado se refere?
(A) Socialismo.
(B) Estatismo.
(C) Liberalismo.
(D) Comunitarismo.
(E) Parlamentarismo.
Comentários:
Essa questão é objetiva. A doutrina conhecida por defender a não interferência do Estado, ou a mínima
possível, na ordem econômica, industrial, comercial é a do Liberalismo Econômico criada no século XVIII,
pelos iluministas, tendo como seus principais expoentes pensadores como Adam Smith, John Locke, Jean-
Baptiste Say, Thomas Malthus, David Ricardo, Voltaire e Montesquieu.
Gabarito: C

(UNCISAL 2018)
"No ideal kantiano, uma sociedade é tanto mais perfeita quanto mais ampla for aquela liberdade que
consiste na ausência de impedimento e de constrangimento. [...] A sociedade ideal de Rousseau é a do
contrato social". BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. 2. Ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997, p. 71.
O pensamento político moderno é marcado pelos dois ideais de sociedade livre, expressos nas afirmações
apresentadas. No que concerne à ideia de contrato social, como a liberdade pode ser descrita?
(A) Cada um é livre na medida em que obedece à lei que ele mesmo se deu, através da formação de uma
vontade geral.
(B) Cada um é livre na medida em que está garantida a cada um a liberdade de fazer tudo aquilo que é
compatível com a igual liberdade de todos os outros.
(C) Como a condição de não estar sujeito à vontade arbitrária de outras pessoas, podendo assim dispor de
si mesmo, de suas ações e de suas posses.
(D) Como o poder de agir ou de não agir, segundo a determinação da própria vontade.
(E) Como a faculdade de agir apenas conforme as razões que o próprio sujeito aprova, consistindo, portanto,
na máxima independência da vontade.
Comentários:
Essa é uma ideia criada dentro do Liberalismo político, fruto do Movimento Iluminista do século XVIII, pelo
inglês John Locke. Ele dizia que embora o homem seja livre por natureza, a fruição da liberdade é incerta e
está permanentemente suscetível de obstacularização por terceiros, por isso, para evitar inconveniências
que surgem na convivência entre muitos homens, ele se reúne em sociedade. Portanto, para garantir a
proteção e a conservação de si mesmos, de sua liberdade, de sua vida e de sua propriedade ele se associa
a outros indivíduos, por meio de um contrato, no qual estabelecem racionalmente limites para as suas
ações. Para Locke a sociedade civil é definida como “uma associação para a conservação da vida, da
liberdade e dos bens que chamo de propriedade.”
Nesse estado, os homens gozariam dos chamados direitos naturais: vida, liberdade, igualdade e
propriedade privada e para conservá-los estabelecem um contrato social. Este é uma “cartilha” que rege a
vida das pessoas, das instituições e das famílias. O governante deve, ao governar, agir dentro das regras

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desse contrato e sempre observar e garantir os interesses comuns da sociedade. Por isso que, para Locke,
os homens não devem governar diretamente, é preciso a figura do representante de todos os homens.
Essa concepção é importante porque justifique a representatividade tanto via Parlamento, quanto via
soberano (rei).
Assim, assinalemos a afirmativa que está de acordo com os preceitos do contrato social:
a) Correto. Essa vontade geral, é transposta por meio das leis, e regulamentada pelo que Locke chama de
sociedade civil.
b) Incorreto. A liberdade é garantida a partir do momento que as pessoas seguem as regras estabelecidas
no contrato estabelecido pela sociedade em que ela vive.
c) Incorreto. As suas ações e suas posses não estão sujeitas as vontades arbitrárias desde que você siga a
cartilha das regras estabelecidas no contrato social entre os homens.
d) Incorreto. A ação das pessoas não é determinada pela própria vontade, e sim de uma vontade comum,
no qual compartilham os homens que vivem em sociedade.
e) Incorreto. Não há uma independência da vontade do homem, pois ele vive em uma sociedade civil
organizada.
Gabarito: A

Considerações Finais
Queridos, tem uma música que gosto muito e tem um verso que repito sempre: Ninguém pode
atrasar quem NASCEU para vencer!!! Compartilho com vocês, pois tenho certeza de que nesse momento
vocês estão dando seu melhor!
E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de adquirir mais
conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza infinita. Ninguém tira de
você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2

Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas com
afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!! Contem comigo,
meus querida e querido alunos.

Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas com esmero. E não se esqueça de que
não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo,
certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê Lopes

AULA 04 – História Moderna III 120

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