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Apostila 1
Apostila 1
2024
AULA 09
HB: do Império à República.
Segundo Reinado; Crise da Monarquia e Proclamação da República
Sumário
Apresentação 3
Introdução 4
4. Crise do Império 26
4.1 - O Movimento Abolicionista e o problema da mão de obra 30
4.2 - O Movimento Republicano 34
Apresentação
Olá queridos alunos e alunas, futuros cadetes
Sejam bem-vindos e bem-vindas a mais uma aula. É sempre um grande prazer compartilhar com
vocês nosso trabalho e participar dessa batalha dura e constante na luta pela conquista da sua vaga.
Esta é a última aula sobre o período imperial brasileiro. Quero lhes dizer que esse assunto cai com
recorrência, sobretudo, quanto aos assuntos trabalho, imigração, política e Guerra do Paraguai.
Não me canso de afirmar, para você toda questão de história é imperdível! Você precisa estar
preparado para TUDO! Não esquece: “o segrego do sucesso é a constância no objetivo”. Vamos seguir
juntos!
Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah, não tem
pergunta boba, Ok? Vamos começar? Já sabe: pega seu café e a meta é 12/12.
1840 1889
1870
Introdução
Nesta aula estudaremos o período do Segundo Reinado (1840-1889). Esse longo período costuma
ser estudado em três eixos:
•Busca pela
1850-1870 •A crise do Segundo
estabilidade Reinado:
política •Modernização e desagregação da
Expansão forma de Governo
econômica
1840-1850 1870-1889
O Segundo Reinado sucedeu o conturbado Período Regencial marcado por disputas de poder entre
os grupos políticos e, sobretudo, por crises e revoltas provinciais. Além disso, o cenário econômico não era
nada favorável. Dessa forma, a saída encontrada pelos liberais, apoiada por alguns conservadores, foi
antecipar a maioridade de Dom Pedro II e alçá-lo ao trono.
A campanha da maioridade ganhou as ruas do Rio de Janeiro com as chamadas “quadrinhas”,
versinhos que se colocavam favoráveis ou críticos à coroação antecipada do jovem D. Pedro II. Vale a pena
repetir uma delas aqui:
Quero lembra-los de que o Século XIX – ou o longo século XIX, como denominou o historiador Eric
Hobsbawm1 em sua trilogia sobre o século XIX – é o cenário da derrocada internacional do Velho Mundo,
chamado de Antigo Regime, dominado pelas Monarquias Absolutistas e justificadas pela teoria do direito
divino do Rei, pelo modelo econômico agrário-mercantil e pela inexistência da ideia de soberania popular.
Sobre os escombros desse Velho Mundo se edificou outro: o Novo Mundo Capitalista estruturado
sobre o ideário iluminista da liberdade, da igualdade e da fraternidade e, sobretudo, pela noção de livre-
comércio.
Assim, os acontecimentos e fenômenos desse longo período contribuíram para a formatação do
mundo contemporâneo. A linguagem novecentista parece a de um arquiteto que edifica o Novo Mundo.
Contudo, nada se constrói do nada, por isso essa edificação se deu sobre os escombros do Velho Mundo
que não se sustentava mais frente às mudanças resultantes dos novos elementos surgidos ao longo do
século XIX.
É por isso que, segundo historiadores, um dos fatores que favoreceu a crise da Monarquia e o
Advento da República em 1889 foram as transformações em curso na esfera internacional com o avanço
de ideais republicanos e economias industrializadas.
Evidentemente há fatores internos fundamentais que explicam como se deu o desenrolar desse
momento no Brasil.
Vamos à História, meus caros!
1
A trilogia é composta dos seguintes livros: A Era das Revoluções (1789-1848); A Era do Capital (1848-1975), A
Era dos Impérios (1875-1914). Todos da Editora Paz e Terra.
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Como vimos, o período regencial é marcado por uma disputa entre regressistas e progressistas. Mas,
a parir de 1840, esses partidos se reorganizam em dois importantes grupos políticos no Brasil:
O Partido Liberal, conhecido como “luzia”: os liberais eram em sua maioria profissionais
liberais e proprietários de terras voltados para o abastecimento interno do Império, tendo o
partido maior força em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Para muitos estudiosos sobre o Império, os dois partidos possuíam mais elementos em comum do
que diferenças de fato, afinal ambos eram compostos pela elite proprietária do período, defensora da
unidade do país, do regime monárquico e da escravidão. Devido a essa posição, ficaria eternizada a seguinte
frase do político Holanda Cavalcanti acerca dos partidos:
•centralização política e
Partido administrativa:
*defesa da
Conservador •Unitarismo
monarquia (menor autonomia para as
"saquarema" províncias)
*defesa da
unidade do
Império
•descentraliação política e
*manutenção
Partido administrativa:
da escravidão Liberal •federalismo
(maior autonomia para as
"luzia" províncias)
Uma boa definição sobre os programas políticos de cada um dos grupos, pode ser encontrada no
texto de João Manuel Pereira da Silva, eleito onze vezes deputado durante o Segundo Reinado:
Pretendiam os liberais que se decretassem mais amplas franquezas políticas às províncias a fim de
descentralizar-se a ação governativa geral, exigiam ainda restringir a ação da polícia e confiar-se ao
povo a eleição dos magistrados, a fim de que o país se administrasse pelos agentes de sua vontade e
escolha.
Replicavam os conservadores que era indispensável a centralização política para se manter a
integridade do Império; que o Poder Judiciário carecia de ser independente e inamovível para cumprir
deveres e amparar os direitos dos cidadãos, e firmar a esfera da resistência legal que se facultava.
Estes princípios mais ou menos bem desempenhados, segundo as ocorrências e segundo também os
temperamentos dos homens políticos, separaram os dois partidos militantes.
SILVA, Joao Manuel Pereira. Memórias do meu tempo. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial,
2003. pp. 106-107.
Assim, anote aí, querido e querida, grande parte do Período do Segundo Reinado é
caracterizado pelas disputas entre esses dois grupos políticos.
Em geral, esses conflitos ficaram evidentes durante as eleições parlamentares. Foi o que
ocorreu em 1840 durante a primeira eleição para Câmara dos Deputados, a qual ficou
conhecida como “Eleição do Cacete” – devido ao uso de ampla violência e fraude eleitoral.
Pega essa “história da carochinha” para você entender a confusão da época:
Liberais ficam
Dom Pedro se Conservadores tranquilos porque
pressionam para que acham que vão voltar
decide: ANULA AS D. Pedro anule o pois conseguiram a
ELEIÇÕES resultado eleitoral maioria dos votos na
eleição
OS
OS LIBERAIS SE REVOLTA LIBERAL
CONSERVADORES
REVOLTAM DE 1842!
COMEMORAM
Dom Pedro II, por sua vez, aproveitou-se dessas divergências para conseguir continuar acima dos
grupos e buscar a estabilidade. Para tanto, em 1847 instituiu o parlamentarismo. Na prática ficou criado o
cargo de Presidente do Conselho de Ministros (uma espécie de chefe de governo – primeiro
ministro), que a partir daquele momento seria incumbido da tarefa de montar o Gabinete
Ministerial.
A questão, no Brasil, era: quem vai nomear esse Primeiro Ministro, chefe do gabinete
Ministerial?
Em tese, quem deveria escolher o Presidente do Conselho de Ministro era o partido que obtivesse a
maioria dos votos para o Parlamento – como é característico no funcionamento do sistema parlamentarista.
Mas, como existia o Poder Moderador do Imperador, acabou que era ele, o próprio Imperador, quem
escolhia o Presidente do Conselho. Por isso,
chamamos esse parlamentarismo de
“Parlamentarismo às avessas”. Com esse poder
ora o Imperador nomeava um 1º Ministro
Conservador, ora um liberal. Os dados
demonstram que houve um predomínio dos
conservadores no poder – eles teriam passado
10 anos a mais governando do que os liberais.
Além disso, para ampliar a estabilidade, D. Pedro II buscou aproximar os dois grupos em uma coalizão
de governo. Conhecemos isso por “política da conciliação”. Na prática isso foi a forma de governar,
sobretudo, entre 1853 e 1861. Apesar dessa conciliação, percebemos que as demandas liberais – como a
ampliação da autonomia das províncias, extinção do Poder Moderador, fim da vitaliciedade do Senado –
nunca foram seriamente consideradas.
Veja o esquema abaixo, que ilustra essas políticas ao longo do reinado de D. Pedro II:
2
Fonte: LIMA, Hernan. História da Caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Ed, 1963, p. 227.
3
Atlas Histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/o-imperio-em-crise/mapas/esquema-institucional-
populacao-adulta-sem-direito-de-voto-em-1872-e. Acesso em 15-10-2019.
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Ainda como um último acontecimento desses conflitos entre liberais e conservadores, devemos
lembrar da chamada Revolta Praieira (1848-1850).
Algumas informações são importantes para entendermos essa Revolta. Primeiro, ela recebeu forte
influência dos acontecimentos na Europa – os movimentos liberais e nacionalistas da chamada Primavera
dos Povos, de 1848. Segundo:
❖ A economia ainda dependia muito do açúcar, apesar de sua decadência devido aos baixos
preços e a concorrência internacional. A maioria dos engenhos ficavam nas mãos de uma
parcela da aristocracia rural que estava lá há muito tempo. Eram as famílias tradicionais. Por
exemplo, a família dos Cavalcanti detinha 1/3 dos engenhos.
❖ O comércio era segunda fonte mais importante da economia. Estava nas mãos dos
portugueses.
❖ Conclusão: pouquíssimas famílias tradicionais da oligarquia rural e grandes comerciantes
portugueses dominavam o cenário político!
Além desse cenário de poder político concentrado nas mãos da elite econômica, socialmente havia
péssimas condições de vida para setores muito amplos da sociedade: profissionais liberais, artesãos,
pequenos comerciantes, militares e até padres.
Então, em 1842, uma parte do Partido Liberal resolveu romper com as velhas práticas de “dividir” o
poder na distribuição de cargos da província. Nesse grupo existiam ricos proprietários de terras não-
tradicionais, além de outros grupos sociais. Juntos formaram o Partido da Praia. Uma de suas lideranças
mantinha um jornal situado na Rua da Praia, o que fez com que eles se tornassem conhecidos como
praieiros.
O estopim foi quando o Gabinete Conservador do Império resolveu destituir um presidente de
província do Partido Liberal que não tinha relações com as velhas oligarquias pernambucanas.
Liderados pelo militar Pedro Ivo Veloso da Silveira, em 1848 os praieiros pegam em armas para a
reconquista de Pernambuco, dando início a um movimento que também defendia:
o sufrágio universal
a liberdade de imprensa
a extinção do Poder Moderador
o federalismo
o direito ao trabalho
a nacionalização do comércio
a reforma do Judiciário.
OBS: perceba que o problema da escravidão não estava listado entre as exigências e
propostas dos praieiros.
A Revolta persistiu até o ano de 1850, quando foi derrotada por tropas centrais e provinciais. Com
essa derrota, termina um conjunto de revoltas que acompanharam e sucederam o processo de
independência, o 1º Reinado e a Regência.
De certa forma, a derrota dessa revolta demonstra que foi vitoriosa a proposta da construção de um
Estado Centralizado e de preservação da integridade territorial.
Financiados por D. Pedro II - ele próprio era membro ativo das reuniões do IHGB-, esta constelação de
escritores dedicou-se a um projeto de identidade para o país pautado no romantismo literário,
produzindo obras que exaltavam um passado indígena fantasioso, muito inspirado no mito do bom
selvagem do filósofo Jacques Rousseau.
Os romances Iracema, Ubirajara e O Guarani de José de Alencar, assim como o poema I-Juca Pirama
de Gonçalves Dias são exemplares do indianismo presente na literatura romântica da época, todos
retratando os nativos como modelos de pureza e heroísmo a serem seguidos pelas elites e também pela
classe média urbana da Corte, grande apreciadora dessas obras. Assim como os colonizadores, os indígenas
são considerados nobres em seus atos, de maneira que passam a representar a própria realeza brasileira.
Inspirados por estes autores, os artistas vinculados à Academia Imperial de Belas Artes produziram
obras visuais que retratavam os indígenas de maneira romantizada em cenários exuberantes de natureza
tropical; além de se dedicarem a produzir imagens do próprio Imperador para que fossem difundidas por
todo o território brasileiro.
Iracema, de José Maria de Medeiros. 1881.
Fonte: Museu Nacional de Belas Artes.
4
Um século de estradas de ferro arquiteturas das ferrovias no brasil entre 1852 e 1957. Tese de doutorado.
Universidade de Brasília, 2013, p. 09. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/texto_especializado_anna_finger_tese_doutorado_com_capa.pdf.
Acesso em 14-10-2019.
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Mais distante dos portos do Rio de Janeiro e de Santos (SP), os “barões do café” do Oeste Paulista
julgaram necessário o aperfeiçoamento do transporte para evitar o aumento do preço de seu produto.
Com empréstimos de bancos
estrangeiros, principalmente ingleses,
foram instaladas ferrovias no país a
partir de 1852. A primeira delas,
contando com 14 km de extensão, foi
criada por Irineu Evangelista de Souza,
posteriormente conhecido pelos títulos
de Barão e Visconde de Mauá.
Juntamente a outros poucos
empreendedores do Segundo Reinado,
o empresário apostou na modernização
da economia ao investir em áreas
diversas, incluindo o comércio,
indústria, companhias de navegação e
bancos.
Em pouco mais de 30 anos o Império passaria a contar com 10 mil quilômetros de ferrovias, o que
também beneficiava outras atividades econômicas, como a agropecuária e a mineração. Dessa forma, o
Brasil viveu um surto industrial entre as décadas de 1840 e 1870, que alguns historiadores denominaram
como Era Mauá.
O cenário urbano muda. Cidades ganham destaque ao longo dessas ferrovias: Jundiaí, Campinas,
Araraquara, Ribeirão Preto, e São José do rio Preto.
Os lucros auferidos com a “empresa” cafeeira” possibilitaram a recuperação econômica e do Brasil e
foram a base de sustentação de investimento em outras áreas.
5
Figura 4 – A expansão cafeeira em São Paulo. Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São
Paulo: Ática, 2008. p. 43.
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Além disso, a criação de um novo produto econômico com enorme repercussão na economia acabou
por gerar impactos na política:
Formação de um novo grupo: a aristocracia cafeeira.
Formação de um novo centro político-econômico: São Paulo.
6
6
Atlas Histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/expansao-economica/mapas/cafe-e-estradas-de-ferro.
Acesso em 15-10-2019.
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A continuidade do comércio ilegal de cativos fez a Inglaterra pressionar o Império brasileiro através
de apreensões de navios nos anos seguintes, gerando uma reação antibritânica de populares, da imprensa
e de boa parte da classe política no Rio de Janeiro, o que acabou por beneficiar a continuidade do tráfico.
Embora boa parte dos políticos reconhecesse a escravidão como uma prática “infame”, questionava a
ameaça à soberania nacional pela pressão dos ingleses e o impacto econômico que o fim do tráfico geraria
para o país.
Em 1844, com o esgotamento da validade dos acordos comerciais que favoreciam a entrada de
produtos estrangeiros no país, com baixas tarifas alfandegárias, o então ministro da Fazenda, Manuel Alves
Branco, aprovou um reajuste visando o aumento da arrecadação do Estado brasileiro e o favorecimento da
indústria nacional. Essa medida ficou conhecida como “Tarifa Alves Branco”,
Essa situação gerou reações do governo inglês que, em represália, aprovou a Lei Aberdeen em 1845.
Por meio dela se legalizou a captura de navios negreiros no Atlântico pela Marinha britânica. Naquele
momento, Cuba e Brasil eram os únicos países do Ocidente que sustentavam o tráfico, o que aumentava a
pressão internacional para o banimento da prática.
Depois de tanta pressão e conflitos, em 1850, é aprovada a Lei Eusébio de Queiróz, que proibia o
tráfico negreiro no Brasil. Assim, o Império busca combater de maneira efetiva o comércio transatlântico de
escravizados para o Brasil, sendo criado um tribunal especial na Marinha brasileira para julgar os traficantes
e reenviar os africanos encontrados em portos e navios de volta para seu continente de origem. No entanto,
aqueles que fossem flagrados comprando cativos contrabandeados – ou seja, os fazendeiros – seriam
encaminhados para a justiça comum, o que lhes dava maiores chances de serem anistiados.
A lei Eusébio de Queiróz também não buscou reverter o status daqueles que foram ilegalmente
escravizados desde 1831, ou seja, garantia à classe senhorial o direito à propriedade adquirida até então.
O combate à entrada de navios negreiros a partir da Lei de 1850 influenciou na diminuição da oferta
de mão de obra escrava no país, e consequentemente, seu encarecimento. As zonas cafeeiras passaram a
adquirir escravizados de outras regiões do país. Portanto, a proibição do tráfico e o encarecimento do
comércio aumentaram o comércio interno de pessoas escravizadas.
Consequências da lei E.Q.
Crescimento do comério
interno de pessoas
escravizadas
1850: Lei
Eusébio de Liberação de capitais para
1845: Bill Queiróz outras atividades
Aberdeen
1844:
Tarifa Alves
Branco Estímulo à imigração europeia
para constituir um mercado de
trabalho livre
1836-1840 240.600
1841-1845 120.000
1846-1850 257.500
1851-1855 6.100
A pintura foi feita pouco depois de declaradas a abolição da escravidão e da instituição da República no
país. No caminho para um suposto progresso, o Brasil adotava a Europa branca como referência. Sua
população, no entanto, pouco se assemelhava à europeia.
O negro representava, aos olhos de boa parte da
intelectualidade, o passado e o atraso. Surgiram no século
19 as chamadas teorias científicas do branqueamento,
propondo como solução para o problema misturar a
população negra com a branca, incluindo os imigrantes
europeus, geração por geração, até mudar o perfil "racial"
do país, de negro a branco. O quadro “A Redenção de
Caim”, reverenciado e premiado em sua época, é
considerado uma representação visual dessa tese.
Literalmente no caso do médico e diretor do Museu
Nacional, João Batista de
Lacerda (1846-1915). No Congresso Universal das Raças,
realizado em Londres, em 1911, a pintura ilustrou um
artigo de sua autoria sobre branqueamento. Ele assim
descreveu a imagem: “O negro passando a branco, na
terceira geração, por efeito do cruzamento de raças”.7
SOUZA, Ricardo Luiz de. Identidade nacional e modernidade brasileira: o diálogo entre Sílvio Romero,
Euclides da Cunha, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. p. 59.
7
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/14/A-tela-%E2%80%98A-
Reden%C3%A7%C3%A3o-de-Cam%E2%80%99.-E-a-tese-do-branqueamento-no-Brasil
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Amparada por estas ideias de hierarquia entre raças, políticos e pensadores do Império passaram a
apoiar a entrada de imigrantes europeus a fim de branquear a população, o que contribuiria para que
fossem atingidos os mesmos padrões de civilidade que os do “Velho Mundo” europeu. Essencialmente,
ocorreram dois modelos de estímulo à imigração: parceria e subvencionada.
Em 1847, o senador Nicolau Vergueiro (1778-1859) introduziu o sistema de parcerias para estimular
a vinda de europeus, modelo no qual todos os custos das viagens e instalação para o país eram financiados
pelos cafeicultores.
Em troca, os recém-chegados deveriam trabalhar nas lavouras de café até ressarcirem seus
“parceiros”, com juros de 6% ao ano. Também se exigia que estes estrangeiros adquirissem produtos dos
armazéns das fazendas de café, que em geral possuíam preços mais elevados que o dos centros urbanos. A
fazenda Ibicaba em Limeira (SP), de propriedade do senador Vergueiro, foi a primeira a ser abastecida com
imigrantes trazidos por meio de parcerias com sua empresa, a “Vergueiro & Cia”.
Estas condições mencionadas contribuíam para que as dívidas dos estrangeiros com os fazendeiros
só aumentassem, o que os colocava em situação análoga à escravidão. Os maus tratos impostos aos
imigrantes geraram revoltas e fugas de imigrantes em várias fazendas de São Paulo, para onde boa parte
destas famílias eram encaminhadas. O suíço Thomas Davatz (1815-1888), um destes emigrados, registraria
em seu livro de memórias publicado em 1858:
Os colonos sujeitos a esse sistema de parceria não passam de pobres coitados miseravelmente
espoliados, de perfeitos escravos, nem mais nem menos. Os próprios filhos de certo fazendeiro não
hesitaram em apoiar essa convicção, dizendo que "os colonos eram os escravos brancos (de seu pai), e
os pretos seus escravos negros". E outro fazendeiro enunciou a mesma crença, quando declarou
abertamente aos seus colonos: "Comprei-os ao Sr. Vergueiro. Os senhores me pertencem".
DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1951. p. 123.
A partir o final da década de 1870 a imigração passa a ser subvencionada, ou seja, os governos
imperial e provinciais se encarregaram de financiar a viagem dos imigrantes para o país. Como exemplo,
podemos lembrar que, em São Paulo, em 1871, o governo aprovou o custeio integral das passagens dos
imigrantes, 8 dias de hospedagem em São Paulo e o transporte até as fazendas do interior do Estado. No
que se refere ao Governo Imperial, em 1888 e 1889 (antes da proclamação da República) assinou 7
contratos com países estrangeiros que garantiam a vinda de 775 mil estrangeiros. Para isso foram divulgadas
propagandas na Europa que ofereciam salários àqueles que aceitassem se estabelecer no “Novo Mundo”.
1871-1880 11.000
1881-1885 27.000
1887-1889 32.000
Na prática, isso significou uma intervenção direta do estado sobre o mercado de trabalho. Alguns
especialistas apontam que essa situação, combinada com as teses do embranquecimento, dificultou a
absorção da mão de obra brasileira negra e mestiça libertas.
A entrada destes novos imigrantes e o eminente fim da escravidão levam o governo a aprovar a Lei de
Terras em 18 de setembro de 1850, 14 dias após a Lei Eusébio de Queirós.
Tratava-se de uma tentativa de regularização da propriedade fundiária no Brasil, instituindo limites
entre terras públicas e privadas ao estabelecer que as terras devolutas, ou seja, desocupadas, pertenciam
ao Estado, e não poderiam ser adquiridas de nenhuma outra forma senão por meio de compra.
Dessa maneira, todas as posses adquiridas após a independência (1822), assim como as sesmarias
concedidas ainda na época da colônia deveriam ser cadastradas nos Registros Paroquiais de Terras para
então serem demarcadas.
O projeto original previa cobrança de impostos sobre as terras registradas, mas os fazendeiros
conseguiram derrubar este item da lei enquanto ela era debatida. Na prática, as posses nunca foram
regularizadas pelos grandes proprietários, de maneira que estes continuaram a expandir suas propriedades
ilegalmente. Suas exigências parecem ter se aplicado somente aos pequenos agricultores nascidos no Brasil
e imigrantes, que tiveram seu acesso à terra restringido.
Para finalizar esse capítulo, observe os dados que mostram a relação entre pessoas livres,
escravizados e imigrantes até a década de 1870. Não esqueça de que o número de imigrantes só cresceu
porque a política de valorização do café e de estímulo à imigração vigeu, sobretudo, durante a 1ª República
brasileira.
Bill Aberdeen
com a Inglaterra:
buscar maior
autonomia
Questão Christie
A Questão Christie, nome como ficaram conhecidos estes incidentes envolvendo o embaixador
inglês, geraram grande comoção popular, alimentada por um discurso nacionalista, e a intervenção direta
do Imperador para defender a defesa nacional. A quantia de 3.200 libras foi paga à Inglaterra, mas o governo
rompe relações diplomáticas com o país após julgar insuficientes as explicações dadas para as atrapalhadas
ações do embaixador.
Diante do impasse entre os dois países, o imperador Leopoldo I da Bélgica foi solicitado para mediar
o conflito, e acaba por dar ganho de causa ao Brasil, em junho de 1863. Dois anos depois, a rainha Vitória
enviaria um pedido formal de desculpas a D. Pedro II, sendo restabelecidas relações diplomáticas entre os
dois países.
Estudo para Questão Christie, de Victor Meirelles, 1864. Fonte: Museu Nacional de Belas Artes.
Para que você não fique perdido, saiba que o Rio da Prata é um rio de integração
comercial formado pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Desde o período colonial,
essa região e esses rios foram alvo de disputas entre as potências ibéricas por servir de
escoadouro para a prata que vinha do Potosí e se dirigia à Europa. Durante o 2º
Reinado, o controle sobre a foz do rio da Prata foi essencial para os interesses
brasileiros de manter a livre-navegação - o que favorecia o escoamento de sua
produção e maior integração entre Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Anteriormente, entre 1825 e 1828 o Brasil já havia se envolvido em uma guerra com as Províncias
Unidas do Rio da Prata, tendo em vista o domínio da Cisplatina. No final do conflito a província tornou-se
um Estado independente de ambos, o Uruguai. Vimos esse assunto na aula sobre 1o Reinado. Contudo, a
independência do Uruguai não representou o fim dos conflitos e disputas pela região, já que ela é
estratégica naquela porção territorial.
Pecuaristas
Blanco - Oribe
queria a
Recebe apoio
anexação com a
da Argentina
Argentina
Uruguai
Comerciantes
Colorado -
Rivera
queriam livre Recebe apoio
comércio do Brasil
1- Na década de 1830 é eleito como segundo presidente do Uruguai Manuel Oribe, membro do
Partido Blanco e apoiado pelo então presidente da Argentina, Juan Manuel Rosas.
Oribe foi eleito em 1835 e deposto em 1838, com isso, inicia-se uma Guerra entre Colorados e Blancos
- Guerra Grande (1838-1851). O Brasil se mantém neutro no conflito até 1851; mas o apoio de Buenos
Aires a Oribe passa a ser visto como uma ameaça para os interesses comerciais de estancieiros gaúchos
que possuíam propriedades em território uruguaio e desejavam manter o livre-comércio na região.
Dessa maneira, em maio de 1851 o Brasil se alia aos colorados do Uruguai e a duas províncias argentinas
que não aceitavam o domínio de Buenos Aires, derrotando as tropas de Manuel Oribe e os blancos no
ano seguinte.
2- Em 1863, o Uruguai novamente é palco de disputas envolvendo países externos:
➢ o colorado Venâncio Flores, apoiado por uma inédita aliança entre a Argentina e o Brasil,
derrubam os blancos do poder.
➢ Contudo, os blancos tinham um novo aliado: o ditador do Paraguai, Francisco Solano López.
Agora fica esperto: a partir desse momento percebemos que os arcos de alianças
mudam. E se inicia a Guerra do Paraguai. Solano López passava a uma postura agressiva
que ameaçava a hegemonia do Brasil na região. Assim, em retaliação à interferência do
Brasil no Uruguai, Solano Lopez captura o barco à vapor brasileiro Marquês de Olinda,
que na ocasião levava o Presidente da província do Mato Grosso. Diante disso, o Brasil
rompe relações diplomáticas com o Paraguai.
Solano López, que há tanto temia a hegemonia da Argentina e do Brasil na região do Prata, havia
cometido um erro de cálculo, afinal os dois países uniram força contra o Paraguai. A essa dupla se somava
o Partido dos Colorados, do Uruguai, sob comando de Flores.
✓ A Argentina, por sua vez, também teve baixas significativas em sua população, mas a guerra
contribuiu para unificar o seu território, até então ameaçado por províncias contrárias à
hegemonia de Buenos Aires.
✓ Quanto ao Brasil, pelo menos 50 mil de seus soldados foram mortos, sem calcular aqueles
que sucumbiram às doenças que também proliferavam os campos de batalha. E embora o
país tenha conquistado suas pretensões territoriais e se firmado como maior potência da
região, os custos da guerra somaram 11 vezes o orçamento anual disponível. Apesar disso,
houve um estímulo à indústria e certa modernização tecnológica. Além disso, o Exército
agora se encontrava repleto de negros libertos que haviam sido alforriados para lutarem no
conflito, o que acaba por despertar a sensibilidade da instituição para a questão escravista
nos anos seguintes.
Consequências da
Guerra do Paraguai
Estímulo à Estímulo às
Fortalecimento do
modernização (ind. reformas sociais e
Exército
textil e de armamas) políticas
Nesse sentido, essa situação toda impulsionou uma série de discussões sobre a necessidade de
mudanças no Brasil, sobretudo, no campo político e social. No último ano da Guerra do Paraguai, em 1870,
surgiu o Partido Republicano Paulista. Isso não foi coincidência.
A partir da década de 1870 falamos em um momento de crise do Império.
De certa forma, são os acontecimentos dos anos de 1870 e 1880 que definem a queda da
Monarquia e a Proclamação da República.
4. Crise do Império
A crise do regime monárquico é, de certa forma, resultado das transformações que ocorreram a
partir da segunda metade do século XIX. Muitas demandas novas foram surgindo e, em geral, aquele
regime aristocrático e escravocrata não dava mais conta de organizar a sociedade.
Como já vimos nesta aula, desde a segunda metade do século XIX, ocorreu o florescimento da
produção cafeeira, a qual impulsionava importantes mudanças internas, como a expansão da malha
ferroviária e, com ela, a urbanização e o crescimento das cidades. A verdade é que o café gerou uma
diversificação das atividades econômicas – como no sistema produtivo, nos transportes, no sistema
bancário e financeiro (como a Bolsa do Café, em Santos-SP).
Em meados do século XIX, houve mudanças na forma de produzir e de distribuir riqueza no Brasil.
Até então, a predominância tradicional de acúmulo de riqueza estava na propriedade de escravos e de
terras (independentemente se produtivas ou não). A partir de 1870 ocorre uma mudança importante nessa
composição. O grande capital é acumulado por força dos ativos de produção e de circulação do café.
“Esse processo de transformação na composição dos ativos mais importantes [café e trabalho
assalariado] revela a ascensão de formas de riqueza mais modernas na medida em que se torna mais
diversificada e complexa a economia cafeeira”8.
Nesse cenário, a estratificação social se torna mais complexa, pois surge o trabalhador livre da
cidade, a classe média, o comerciante, o banqueiro, entre outros. O cafeicultor se moderniza e vai buscar
nas atividades bancárias, financeiras, e até industriais, a possibilidade de expansão dos seus negócios, como
explica a economista Zélia Maria Cardoso de Mello9. Assim, é possível afirmar que a mudança na estrutura
econômica gerou uma alteração na estrutura social brasileira. Entenderam?
Esses novos atores, nesse novo cenário, surgidos dessa diversificação econômica, estavam mais
abertos a incorporar as ideias liberais que chegavam pela força da experiência histórica do contexto
mundial (EUA, Inglaterra e França).
Com efeito, foram esses personagens, especialmente os cafeicultores, que iniciaram a pressão
sobre o Governo Monárquico de Dom Pedro II no sentido de exigir reformas e transformações políticas e
administrativas para adaptar o Estado brasileiro aos novos tempos de dinamismo no mercado internacional
e na demanda interna.
Quanto mais o tempo passava, mais a exigência por mudanças se ampliava. Como resposta, a
Monarquia de Dom Pedro II apresentou alternativas via reformas para tentar conter ideias republicanas,
as quais, na prática, chocavam-se com o governo monárquico. Um pouco antes de 1889, o Ministro do
Império, Visconde de Ouro Preto, apresentou um programa de reformas que incluía:
8
Classes dominantes e hegemonia na República Velha. Ed. da Unicamp, 1994.
9
Metamorfoses da riqueza. São Paulo 1845-1895. Ed. Hucitec/Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, 1985.
AULA 09 – HB: do Império à República 27
Prof. Alê Lopes
Em 1881 o governo brasileiro aprovou uma reforma eleitoral introduzindo duas mudanças que
restringiram ainda mais os direitos políticos no país:
a substituição da eleição em dois turnos pelo voto direito, o que eliminava a distinção existente até
então entre votantes (escolhiam os eleitores) e eleitores (escolhiam os deputados);
a proibição do voto do analfabeto. Vale a pena relembrar como eram as eleições antes da aprovação
da reforma:
1° turno: 2º turno:
Votantes Eleitores
Em 1872, 1.097.698 indivíduos eram votantes, o que equivalia a 10,8% da população brasileira,
considerando também os escravizados. Já em 1886, portanto, após a reforma eleitoral, o número de
eleitores é de apenas 117.022, o equivalente a 0,8% da população brasileira. Ou seja, no Brasil, havia
mais analfabetos do que pobres.
Porém, as pequenas reformas não foram capazes de salvar a Monarquia de Dom Pedro II. Nem de
longe essas medidas respondiam aos anseios por mudança.
A cobrança por mudanças foi impulsionada, de maneira determinante, por dois importantes
movimentos que já se desenvolviam desde a primeira metade do século XIX no Brasil:
os movimentos Abolicionistas.
o Movimento Republicano.
É na década de 1880 que eles ganham força e encontram as melhores oportunidades para se
fortalecerem em meio ao complexo cenário político, social e econômico de ruína do Império.
fonte de riqueza dos senhores de terras naquela época. Mas a Inglaterra não desistiu até que, em 1845, o
Parlamento inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen.
Com medo do impacto dessa medida, nos primeiros anos que se seguiram à Bill Aberdeen, o
comércio negreiro foi intensificado.
Nesse processo, é importante lembrar que os ingleses possuíam inúmeros negócios no Brasil,
especialmente ligados ao transporte e à exportação. Por isso, detinham grande capacidade de exigir
mudanças nas relações de trabalho internas. Foi por meio desse “lobby” que, em 1850, D. Pedro II assinou
a Lei Eusébio de Queiróz. Como vimos, a partir desse momento, iniciava-se, no Brasil, a transição do
trabalho escravo para outras formas de trabalho. O gráfico abaixo demonstra a diminuição gradual da
escravidão.
700.000
2.500.000
1.510.000
Do ponto de vista econômico, essa transição na forma de empregar a mão de obra teve impactos
positivos uma vez que os capitais investidos nesse tipo de negócio foram transferidos para outras
atividades, contribuindo para a diversificação da economia, em especial, para o comércio e os serviços e,
em menor escala, para o pequeno empreendimento industrial. Assim: mais homens livres em uma
economia mais diversificada. Contudo, os grupos ligados à Monarquia resistiram às pressões internas e
externas que exigiam o fim da escravidão.
Para responder e enfrentar essa resistência, em contrapartida, fortaleceu-se o Movimento
Abolicionista. Nesse sentido, podemos falar em um “processo abolicionista”, já que a libertação total dos
escravos viria apenas em 1888, com a Lei Áurea.
O quadro abaixo mostra as leis abolicionista que marcaram esse período:
1888: Lei
Áurea
1885: Lei do
Sexagenário
1871:Lei do
ventre Livre
1850: Lei
Eusebio de
Queirós
Argumentos para o
fim da escravidão
Econômico Humanitário
Leia abaixo um trecho de artigo publicado pelo Professor de História da UFRJ, Manolo Florentino:
Quando se trata de avaliar os motivos da pressão inglesa pelo fim do tráfico atlântico de
escravos, paira nos bancos escolares do ensino médio o estigma do “Ocidentalismo” – crença
que reduz a civilização ocidental a uma massa de parasitas sem alma, decadentes,
ambiciosos, desenraizados, descrentes e insensíveis. Não podem ser levadas a sério teses
que vinculam a ação britânica a imaginárias crises econômicas do cativeiro no Caribe na
passagem do século XVIII para o seguinte. O tráfico seguia lucrativo e não passava pela
cabeça de nenhum líder inglês sério que a demanda americana por bens britânicos pudesse
aumentar com o fim da escravidão. Mas tudo isso continua a ser ensinado aos nossos filhos
e netos. O abolicionismo britânico tinha natureza cultural e política. Na vanguarda do
movimento estavam ativistas que não abriam mão da crença na unidade do gênero humano,
com destaque para os quakers, que rejeitavam o uso da violência com o mesmo empenho
No Brasil, portanto, o Movimento Abolicionista reuniu pessoas dos mais diversos grupos sociais,
com interesses distintos, como a compositora Chiquinha Gonzaga, o jornalista e advogado Luís Gama
(libertou mais de 500 escravos), o engenheiro André Rebouças, o intelectual Joaquim Nabuco, o advogado
Ruy Barbosa, o escritor Castro Alves – conhecido como o poeta “dos escravos e da Liberdade”-, o jornalista
José do Patrocínio, o jurista Tobias Barreto, a aristocrata cearense Maria Tomásia Figueira Lima, a primeira
escritora abolicionista Maria Firmina dos Reis, entre tantos outros10.
Em razão dessa variedade de segmentos sociais, mesmo influenciados pelos ideais liberais e pelo
abolicionismo inglês, veremos que existiram diferentes projetos para colocar fim à escravidão. Vejamos:
I- Solução geral e totalmente libertadora, defendida pelos setores médios e pelos profissionais liberais
da sociedade brasileira. Pautada exclusivamente em razões humanitárias, defendia-se a abolição total
por meio de uma Lei Nacional e sem prever indenização monetária aos proprietários
II - Solução Federalista, defendida pelos cafeicultores republicanos. Previa-se que a solução para o fim
da escravidão caberia ao Governo de cada Província (Estado) com a devida indenização aos proprietários
de escravos.
III - Solução pela reforma agrária, defendia pelo engenheiro André Rebouças o qual pretendia dar terras
aos negros libertos.
Baseado na lei que colocou fim definitivo ao uso da mão de obra escrava, podemos afirmar que
foi uma articulação entre as duas primeiras propostas, já que a Lei Áurea foi de caráter Nacional – portanto,
válida para todas as Províncias – deixou uma porta aberta para as indenizações aos antigos proprietários.
Quanto a proposta de Rebouças, sequer foi discutida.
Além disso, no contexto que estudamos, o Movimento Abolicionista, ao criticar o uso de trabalho
escravo da população negra e parda, acabava por estender a oposição ao regime político Monárquico, pois,
2018.
AULA 09 – HB: do Império à República 33
Prof. Alê Lopes
também direcionava críticas à arcaica forma política centralizadora – modelo este avesso à participação
política de outros setores da sociedade.
Por tudo isso, o abolicionismo fortaleceu (reforçou) outro movimento crítico ao Império, qual seja:
o Republicanismo.
Foi a experiência histórica do encontro das trajetórias desses dois movimentos, os quais
contribuíram decisivamente para a ruína do Império Monárquico.
Ademais, a proximidade das datas, 1888 e 1889, é uma forte evidência de que os dois
fatos fazem parte do mesmo processo histórico.
Então, passemos a análise do Movimento Republicano para verificar se a afirmação acima está
correta. Força, vamos lá!
Apesar de a Lei Áurea ter sido assinada pela Princesa Isabel, a abolição no Brasil estava longe
de ser uma benevolência da Monarquia. Na verdade, foi resultado de diversos fatores, entre
eles, o crescimento do Movimento Abolicionista, como acima destacado. Entre as formas de
resistência, estavam grandes embates parlamentares, manifestações artísticas, até revoltas
e fugas massivas de escravos, que a polícia e o Exército não conseguiam reprimir. Em 1884,
quatro anos antes da abolição geral no Brasil, os Estados do Ceará e do Amazonas acabaram
com a escravidão, fato que fortaleceu o movimento. Fique atento sobre a questão da
escravidão. Ela está na Aula 03 do nosso curso. Fique tranquilo 😊
Para tanto, preste atenção na explicação sobre a adesão dos diferentes grupos aos
republicanismo, particularmente, dos cafeicultores paulistas e dos militares do Exército.
Adiante!
É importante lembrar que, diferentemente dos dias atuais, não existiam os partidos nacionais. As
agremiações partidárias eram regionalizadas. Assim, surgiu o Partido Republicano Fluminense, o Partido
Republicano Paulista, o Partido Republicano Mineiro, entre outros. Esses são os mais importantes e nos
indicam que o republicanismo estava diretamente relacionado com as transformações econômicas e
sociais impulsionadas pela produção cafeeira e pelas ideias liberais.
É verdade que as ideias republicanas já circulavam no Brasil desde o final do século XVIII nos
movimentos de emancipação brasileira – como a Inconfidência Mineira, A Conjuração Baiana, a Farroupilha
e a Revolução Praieira. Contudo, o Movimento Republicano da década de 1870 diferencia-se por
DICA: #Na leitura, grife as palavras e expressões que fazem referência ao ideário liberal, assim
encontrará características do republicanismo brasileiro.11
11
Para ler o Manifesto republicano inteiro, você pode acessar o link:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3817523/mod_resource/content/2/manifesto%20republicano%201870.
pdf
AULA 09 – HB: do Império à República 35
Prof. Alê Lopes
Assim, em São Paulo, uma parte dos cafeicultores – especialmente os produtores do interior do estado
– tinham uma perspectiva que chamamos de conservadora em relação ao ideário liberal. Por exemplo,
não adotavam a tese do abolicionismo ligado aos direitos civis – tal como preconizava os liberais
ingleses. Por isso, defendiam a indenização no caso de eventual abolição da escravatura e substituição
da mão de obra negra pela imigrante branca europeia. Não concordavam com os métodos retórico e
discursivo dos republicanos cariocas – que defendiam uma república mais igualitária no que se refere
aos direitos civis e políticos (modelo Francês).
Apesar das diferenças com a essência do republicanismo e com o liberalismo, os cafeicultores paulistas
estavam certos de que a modernização brasileira só seria alcançada por meio do fim da Monarquia e da
abolição da escravidão. Porém, como veremos na próxima aula sobre História do Brasil, esse grupo
tentará conquistar grande influência no governo, tornando-se o próprio Estado. Mas esse já é assunto
para aula de República Velha (1889-1930).
Por agora, quero que você guarde que o PRP foi formado por setores do liberalismo radical e dos
conservadores os quais formaram um programa moderado.
Tome nota dessa análise, pois será muito útil para você entender as disputas da primeira República e a
formação da República do café com leite (1894-1930), que estudaremos nas próximas aulas sobre Brasil.
defendida pelos brasileiros que o precederam. Assim, percebemos que o trecho do enunciado busca
a continuidade do velho Brasil em meio a pitadas de mudanças. Ao propor a volta ao passado sem
ódio, na verdade, procura responder ao argumento dos republicanos radicais que defendiam a
abolição por razões humanistas.
Gabarito: A
Apesar da inovação política representada pelos novos partidos, segundo a professora Wilma Peres
Costa, “não havia um vigoroso movimento de opinião pública favorável à mudança do regime político”.
Assim, foi a adesão do Exército ao ideário republicano, que popularizou a ideia e ampliou o escopo de
apoio social ao projeto.
Antes da Guerra do Paraguai (1864-1870), o Exército era uma instituição fragmentada,
desorganizada, com baixo investimento e sem prestígio entre a classe política aristocrática. Historicamente,
a monarquia esteve ligada à Marinha. Quanto à manutenção da ordem interna, esta estava a cargo da
Guarda Nacional – comandada pelos coronéis donos de terra e composta, majoritariamente, por filhos da
elite política aristocrática. Contudo, com o comando de Duque de Caxias e a vitória do Brasil sobre o
Paraguai, o Exército passou a outro patamar no contexto de crise do Império e, assim, alcançou um papel
político relevante.
o O processo de recrutamento das classes médias e mesmo das classes populares se
intensificou durante a Guerra do Paraguai por meio de duas estratégias do governo de Dom
Pedro II:
➢ criação do Programa Voluntários da Pátria, com vantagens de soldo e gratificação para pessoas
entre 18 e 50 anos;
➢ e o decreto que trocava o alistamento voluntário de escravos por liberdade ao final da guerra.
Assim, como vimos, a Guerra do Paraguai teve como principal consequência o fortalecimento e a
institucionalização do Exército.
A partir desse momento, a incorporação a essa instituição passou a ser uma oportunidade
profissional – e, portanto, social – concreta para os filhos recrutadas das classes sociais mais baixas.
Além disso, e não menos importante, querido aluno e querida aluna, o recrutamento de escravos e
sua posterior libertação acentuava a disparidade entre as ideias liberais que se espalhavam e a forma
aristocrática e patrimonialista como o Estado brasileiro estava organizado. Muitos historiadores afirmam
que a Guerra do Paraguai foi, em certa medida, um fortalecimento das demandas abolicionistas nas fileiras
da corporação.
O professor Jaime Rodrigues ensina:
“Assim, foi apenas na década de 1860 e principalmente depois da Guerra do Paraguai que surgiram
fortemente debates em torno do fim da escravidão. Até então, a abolição sequer era um assunto
levado a sério nas principais instâncias políticas do país.”12
O infame comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africanos para o Brasil. Rodrigues, Jaime. Ed.
12
Da Unicamp, 2000.;
AULA 09 – HB: do Império à República 38
Prof. Alê Lopes
Mas essas mudanças não se deram apenas por força da vitoriosa, contraditória e sofrida campanha
na região do rio da Prata. Desde 1850, houve um investimento, ainda que tímido, na organização da
corporação. Os critérios de acesso e ascensão na carreira baseavam-se centralmente na meritocracia e na
instrução. Por isso, foram organizadas escolas militares – com destaque para a Escola Militar da Praia
Vermelha, no Rio de Janeiro. Com isso, minimizavam-se o controle político no processo de incorporação e
a ascensão aos principais cargos de comando da Instituição. Por outro lado, formava-se uma nova elite
intelectual: o bacharel militar.
Veja o que diz a professora Wilma P. Costa:
“É um clima mais propício à especulação filosófica do que à instrução militar, formando verdadeiros
‘bacharéis fardados’, uma oficialidade irrequieta, aberta às novas ideias, com escassa ou nenhuma
identificação com setores agrário-escravistas dominante. A oficialidade militar, assim formada,
tendia a desenvolver duras críticas às elites políticas, que lhe pareciam retrógradas, parasitárias,
despidas de verdadeiro patriotismo, apegadas a interesses privatistas”13
E foi na Escola Militar da Praia Vermelha que o carismático professor Benjamin Constant,
juntamente a diversos outros professores, desenvolveu o conhecimento sobre o positivismo de August
Comte e a aproximação dos setores militares às ideias republicanas. Isso acabou por estimular uma
concepção distinta sobre o regime político que deveria substituir a corrompida Monarquia: a República
Positivista.
A disseminação do Movimento Republicano nos regimentos do Exército levou o Governo de D.
Pedro II a fazer ameaças de remoção de alguns militares de suas bases. Isso abriu um conflito entre o
exército e o governo Dom Pedro II conhecido como “Questão Militar”.
O positivismo tinha como princípio estabelecer a ordem que só poderia vir com o
conhecimento científico. Para seu criador, August Comte – filósofo francês – somente por
meio da ordem estabelecida é que uma nação poderia desenvolver-se cientificamente e, com
isso, alcançar o progresso. A inscrição “Ordem e Progresso” na bandeira do Brasil é, de alguma
maneira, a representação dessa concepção e nos mostra a influência que os militares do
Exército tiveram na Proclamação da república.
13
Os militares e a primeira Constituição da República, 1987, pp. 27.
AULA 09 – HB: do Império à República 39
Prof. Alê Lopes
Eu quero que você entenda uma coisa, anote aí: um processo histórico é explicado pela combinação de
fatores estruturais, conjunturais e contingenciais. Fatores estruturais são elementos que foram se
formando com o passar do tempo. No caso que estamos estudando, são as transformações mundiais
refletidas localmente, a disseminação das ideias abolicionistas e republicanas, a formação dos partidos,
o fortalecimento do exército e sua adesão ao republicanismo. Podemos montar um filme, certo?
Os fatores conjunturais são os dados imediatos da cena, é uma foto. Evidentemente a história da foto
permite fazer um filme. Mas, às vezes, há elementos novos, que chegaram a pouco, mas que fazem
diferença na interação entre os elementos mais estruturais. A conjuntura, em muitas situações,
determina desfechos, aceleram processos ou bloqueiam soluções. No caso da Proclamação da
República, vamos estudar a chamada “série de questões” (militar e religiosa) que provocou desavenças
pontuais entre personagens importantes do Império, desequilíbrio das instituições e incapacidade de
concluir acordos - embora Dom Pedro II tenha tentado, ainda que tardiamente.
Para finalizar, os fatores contingenciais são a “queda do avião”. Como assim, Alê? É, gente, a queda do
avião é um elemento surpresa: que não fazia parte do filme e que ninguém o esperava para a foto. Mas
quando ele acontece pode mudar completamente a trajetória de um processo histórico. No nosso caso
específico, não temos fatores contingenciais para aprender. Ufa!!
críticas públicas na imprensa. Assim, o Ministro da Guerra (que era civil) mandou prender outros,
provocando mais protestos. Foi uma reação em cadeia que gerou inúmeras prisões de oficiais do exército.
Repare, então, que houve uma crescente no racha entre, de um lado, os militares, do outro, as
autoridades civis. Lembre-se de que o Imperador também representava a ala civil do Governo.
Há um elemento conjuntural importante para lembrarmos: essa situação de represálias aos
militares repercutiu na guarnição comandada pelo todo poderoso Marechal Deodoro da Fonseca, do Rio
Grande do Sul. E este não aceitou prender seus subordinados pelos motivos alegados. Por isso, foi afastado
do seu cargo.
A ampliação do confronto para toda a corporação foi alimentada por artigos no jornal A Federação,
em que o Império era acusado de ofender a honra do Exército. Os alunos da Escola Militar do Rio Grande
do Sul fizeram uma homenagem a Sena Madureira, autorizada por Deodoro da Fonseca, e seus colegas da
Escola Militar da Praia Vermelha organizaram outra no Rio, indicando o marechal Deodoro como
representante da tropa em confronto com o governo, já que ele comandava a unidade mais importante do
Exército Perceba que a Monarquia fechou o cerco contra si mesma? Essa perseguição desarrazoada
empurrou os militares, mesmo aqueles que não concordavam com o fim da monarquia, para o lado dos
Republicanos no seu projeto de derrubar definitivamente o regime político.
É verdade que a Monarquia recuou e suspendeu as punições. Mas já era tarde demais! Nesse
momento os oficiais do exército iniciavam a formação de uma aliança para pôr fim à Monarquia e proclamar
a república.
Agora vamos à série “questão religiosa”. Assim como com os militares, com os católicos a história
também está relacionada à perseguição de alguns membros da Igreja. Mas antes de começar o causo,
quero lembrar você da relação existente entre Estado e Igreja no Brasil.
Desde 1824, com a outorga (imposição) da 1ª. Constituição brasileira por Dom Pedro I, se estabeleceu
oficialmente o padroado e o beneplácito. Você se lembra o que são essas coisas?
Padroado foi a oficialização do catolicismo como religião do Império brasileiro. Além disso,
os padres e bispos eram considerados funcionários do Estado. Disso decorre o
Beneplácito, pois uma vez que bispos e padres são funcionários do estado estão sob o
controle do Governante e não do Papa (autoridade máxima da Igreja Católica). Pelo
beneplácito o Papa nomeava o Bispo, mas este só seria efetivado no cargo se o Imperador
concordasse.
Assim, durante todas essas décadas houve harmonia de interesses entre Igreja e Estado.
Contudo, desde 1864, a Igreja Católica proibiu qualquer relação entre a Igreja e a Maçonaria, por
motivos próprios do contexto europeu. Isso era um problema, dentro das relações políticas no Brasil, pois
as elites intelectuais, políticas e econômicas era, majoritariamente, maçons.
Aconteceu que em 1872, a fim de colocar em prática a bula papal de 1864, os Bispos de Olinda e
de Belém do Pará ordenaram que as Dioceses expulsassem seus membros pertencentes à maçonaria.
Como castigo para o descumprimento da ordem, as irmandades das Dioceses deveriam ser fechadas.
Diante do conflito, e revestindo-se dos direitos de Padroado, Dom Pedro ordenou a prisão e
condenou os Bispos de Olinda de Belém a trabalhos forçados. Esse conflito só se encerrou com a
intervenção de Duque de Caxias, o pacificador, que propôs ao Imperador anistiar (perdoar) os Bispos.
Contudo, mais uma vez, era tarde demais para a Monarquia. Essa intervenção desarrazoada,
especialmente pela condenação de trabalhos forçados à Bispos, justificou e intensificou a ideia da laicidade
do Estado como forma de proteger a liberdade da instituição religiosa. Embora os membros da Igreja
católica não fossem liberais, conjunturalmente, era importante livrarem-se dos desmandos do Monarca.
Sacou? Logo, a Igreja católica do Brasil também se somou à oposição à Monarquia de D. Pedro II.
Isso nos mostra que o processo de advento da República que estudamos nesta aula é marcado
pela ausência da participação popular nas ruas para derrubar a Monarquia.
A queda da Monarquia não era uma demanda social, ao contrário, diversos setores impactados
pelas medidas abolicionistas viam o Império como benevolente e sensível ao negro. Afinal, quem assinou
a Lei Aurea foi a Princesa Isabel. Por isso mesmo, surgiu no Rio de Janeiro a quase desconhecida Guarda
Negra. Formada logo após a abolição dos escravos, era conhecida na época como a Guarda da Redentora,
em homenagem à Princesa Isabel. Segundo pesquisa recente de Ricardo Passos, pesquisador do Museu do
Negro do RJ,
“A promulgação da Lei Áurea acirrou a briga entre monarquistas e republicanos, forçando os
capoeiras da cidade a tomarem uma posição. Eles preferiram os velhos parceiros da Corte aos
opositores de Dom Pedro II, ainda distantes do poder e conhecidos pelo modo cruel como tratavam
os negros nas fazendas cafeeiras de São Paulo.”
Assim, podemos perceber que as disputas em torno das soluções para a crise que abatia o País não
eram consensuais se levarmos em consideração outros setores da sociedade para além dos militares,
cafeicultores, e republicanos das classes médias liberais.
Também não eram consensuais as concepções republicanas dos diferentes grupos que se reuniam
em torno da demanda da derrubada da Monarquia. Pelo que já estudamos, sabemos que existiam pelo
menos 3 modelos de república em jogo: a positivista, a liberal-conservadora e a liberal-social. Havia,
inclusive, alguns que achavam que a morte de Dom Pedro II fosse suficiente para derrubar a Monarquia.
Contudo, essas divergências não foram obstáculo para o momento da Proclamação.
Nos últimos dias que antecederam o 15 de Novembro, já existia um plano pronto para a deposição
do Rei e do seu Ministério, bem como de governos provinciais fiéis ao Governo. Mas anote essa análise,
pois essas diferenças serão motivo de conflitos e disputas no processo de implementação da República.
Enfim, nessa altura da conjuntura, apenas três elementos davam a última sustentação ao Governo de Dom
Pedro:
✓ O prestígio pessoal do Monarca junto a uma parte da classe política e mesmo à população;
✓ A dedicação por parte de alguns chefes militares da marinha e do exército mais antigos;
✓ As divergências entre os diferentes grupos acerca dos seus projetos para República.
Porém, essas variáveis políticas eram absolutamente insuficientes frente à articulação política dos
diferentes setores que se lançaram para concluir a ruptura do regime monárquico.
Bem, queridas e queridos alunos chegamos ao final das nossas aulas sobre o Período Imperial do
Brasil. Agora é estudar o longo processo de construção da República brasileira.
É isso, fico por aqui. Você segue até a última questão. Aproveite TODAS as QUESTÕES, pois fizemos
observando cada detalhe para fazer você mentalizar, aprender a responder à questão sem escorregar nas
artimanhas do examinador. Espero por você no Fórum de Dúvidas, se elas aparecerem!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado de amor sem fim!
Alê 😊
(EsPCEx/2020/4000003478)
Em 1844, no Brasil, foi criada uma nova tarifa alfandegária sobre produtos importados, que, variando entre
30% e 60%, favoreceu a criação de indústrias, bancos, ferrovias, mineradoras etc. Ela ficou conhecida pelo
nome de seu criador, que era, então, o Ministro da Fazenda:
a) Rui Barbosa.
b) Alves Branco.
c) Barão de Mauá.
d) Eusébio de Queirós.
e) Barão de Tefé.
(EsPCEx/2007/4000000527)
A participação do Exército Brasileiro, com respaldo em seu prestígio, foi fundamental para a queda do
Império e, consequentemente, para a proclamação da República. O fato que mais contribuiu para o
aumento do prestígio militar, no final do Século XIX, foi a
a) Guerra da Tríplice Aliança.
b) Questão escravocrata.
c) Intervenção contra Aguirre.
d) Questão Christie.
e) Intervenção contra Rosas e Oribe.
(EsPCEx/2007/4000000524)
Durante o Segundo Reinado no Brasil, surgiu em Pernambuco, no ano de 1848, um movimento popular que
uniu “pessoas de várias tendências, sobretudo progressistas, inconformadas com o quadro político-social
de sua província.” (BARBEIRO; CANTELE; SCHNEEBERGER, 2005, p. 347).
Tal movimento é conhecido como a
a) Revolta dos Mascates.
b) Cabanagem.
c) Sabinada.
d) Revolução Praieira.
e) Balaiada.
(EsPCEx/2006/4000000400)
O fim do Império Brasileiro foi marcado por contestações ao regime como, por exemplo, a campanha
abolicionista e a campanha republicana. Paralelamente, ocorreram duas outras causas da queda da
monarquia: a relação Padroado-Maçonaria e as ideias criadas pelo francês Auguste Comte, corrente
filosófica chamada de Positivismo. Esses dois conjuntos geraram, respectivamente, a:
a) crise de sucessão do terceiro imperador e a censura dos livros de filosofia.
b) perseguição às sociedades secretas e o Problema Servil.
c) Corrente Nacionalista e a rejeição do Conde D'Eu como novo monarca.
d) Questão Religiosa e a Questão Militar.
e) crise do Beneplácito e a queda do Gabinete Liberal.
(EsPCEx/2005/4000000216)
“Quem viver em Pernambuco.
Há de estar enganado.
Que há de ser Cavalcanti
Ou há de ser cavalgado.
Quem for para Pernambuco.
Leve contas pra rezar.
Pernambuco é purgatório
Onde a gente vai penar.”
(Quadrinhas populares da época)
No Brasil, durante o período imperial, ocorreu um movimento revolucionário culturalmente influenciado
pelas ideias socialistas das revoluções europeias de 1848.Trata-se da
a) Revolução Pernambucana, que buscava a instauração da república.
b) Revolução Praieira, que contava com ampla participação da população mais humilde.
c) Cabanagem, que lutava contra as desigualdades sociais da região.
d) Guerra de Canudos, ocorrida no interior do sertão nordestino.
e) Confederação do Equador, que propunha a separação do Nordeste.
(EsPCEx/2004/ 4000039632)
Durante o século XIX, ocorreram as duas maiores guerras do continente americano: a Guerra de Secessão
dos EUA e a Guerra do Paraguai. Esses conflitos possuem alguns pontos em comum, dos quais pode ser
destacado o fato de ambos terem
a) ocorrido na mesma década e utilizarem armamentos e métodos de combate similares.
b) envolvido os mesmos países e os vencedores serem países escravistas.
c) sido guerras civis e os perdedores serem os governos centrais.
d) guerras do expansionismo britânico contra os EUA e os países do Prata.
e) sido tentativas de recolonização da Espanha na América Latina e contra os EUA.
(EsPCEx/2002/4000039531)
O processo de centralização monárquica que ocorre no Brasil, após 1840, acentuou-se por meio da
a) promulgação do Ato Adicional à Constituição de 1824, que suprimia o Conselho de Estado, conservava o
Poder Moderador e a vitaliciedade do Senado e criava Assembleias nas Províncias.
b) criação da Guarda Nacional, constituída de milícias compostas por fazendeiros e seus subordinados, cujo
objetivo era manter a ordem e reprimir a anarquia, substituindo o Exército Imperial.
c) promulgação do Código de Processo Penal que, além de reforçar e ampliar o poder do juiz de paz,
aumentava a influência dos políticos locais.
d) aprovação da Lei Interpretativa do Ato Adicional e da reforma do Código do Processo Criminal, que
diminuía os poderes das Assembleias Provinciais e colocava a polícia judiciária sob o controle do Executivo
Central.
e) dissolução da Regência Trina Permanente e a eleição do padre Diogo Antônio Feijó para a Regência Una,
que propunha o fortalecimento do Executivo como forma de acabar com a anarquia nas províncias.
c) III, IV e V.
d) II, III e IV.
e) I e V.
A histórica disputa pelo controle geopolítico da Bacia do Prata colocou em guerra, no período de 1864 a
1870, Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
O conflito envolveu distintos interesses, entre os quais:
I. As questões de livre navegação nos rios Paraguai e Paraná, caminhos naturais de acesso ao estuário do
Prata.
II. A constituição de uma confederação nos moldes bolivarianos, capaz de unir diferentes etnias indígenas
daqueles países.
III. A política expansionista do Paraguai, efetivada, na época, pela conquista de áreas do Mato Grosso.
IV. A presença britânica na região, que defendeu as suas iniciativas socioeconômicas opondo-se aos
interesses da Argentina.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
(UDESC 2018)
Em um recenseamento realizado em 1872 como parte das políticas do Segundo Reinado, 58% dos
residentes no país (que responderam ao recenseamento) declaravam-se pardos ou pretos e 38% se diziam
brancos. Apesar da superioridade numérica, existe muito desconhecimento no que diz respeito às
condições de vida das populações africanas e afrodescendentes que residiam no Brasil, durante o Período
Imperial.
A respeito destas condições e a partir de seus conhecimentos, analise as proposições.
I. Antes da abolição da escravatura, não havia nenhuma possibilidade de conquista da liberdade por parte
dos escravizados e das escravizadas.
II. Africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas formavam uma unidade política extraoficial e
lutavam todos pelas mesmas causas, na medida em que possuíam os mesmo costumes, religiões e idiomas.
III. A “Revolta dos Malês”, ocorrida no século XIX, é um exemplo contundente da diversidade existente entre
africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) Somente a afirmativa III é verdadeira.
(UDESC 2017)
“A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas
individuais ocorrem em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou prometidos, por senhores
ou prepostos mais violentos. Mas outras arbitrariedades, além da chibata, precisam ser computadas.
Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos pela venda de pais, esposas e filhos. (...)
No Brasil, a condenação [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século, quando o país
independente, fortemente penetrado por ideias e práticas liberais, se integra ao mercado internacional
capitalista. (...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante muito tempo como sinónimo de
evadir-se, como aparece no romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência, não se
dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se voltam para dentro, isto é, para o interior da própria
sociedade escravista, onde encontram, finalmente, a dimensão política de luta pela transformação do
sistema. “O não quero dos cativos”, nesse momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema,
conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”.
REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71.
Analise as proposições em relação à escravidão e à abolição no Brasil.
I. O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir a escravidão, mantendo-a por
praticamente todo o período imperial.
II. Milhões de pessoas foram trazidas de diferentes regiões africanas para o Brasil e escravizadas ao longo
de mais de três séculos. Contudo, a mão de obra escrava, no Brasil, não foi exclusivamente africana.
III. A lei Eusébio de Queiróz, em 1850, cessou a compra e a venda de escravos no Brasil, e a pressão inglesa
foi significativa para a promulgação desta lei.
IV. O fim da escravidão, no Brasil, se deu com a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, não
tendo os escravos participado do processo de abolição.
V. Após a abolição, o estado brasileiro não ofereceu condições adequadas para que os ex-escravos se
integrassem no mercado de trabalho assalariado, tendo a imigração europeia sido justificada, inclusive por
teorias raciais.
(UDESC 2016)
A Lei do Ventre Livre foi uma lei abolicionista, promulgada, no Brasil, em 28 de setembro de 1871.
Sobre a Lei do Ventre Livre, assinale a alternativa correta.
a) Foi promulgada pelo Imperador Pedro II e concedia liberdade a todas as crianças e às respectivas mães
que viviam sob a escravidão no território brasileiro.
b) Essa lei encontrou forte resistência entre os senhores, visto que não previa indenização pelo fim da
escravidão das crianças nascidas a partir da publicação da lei.
c) Instituía a liberdade de todas as crianças nascidas a partir da publicação da lei, mas deixava a possibilidade
dessas crianças permanecerem sob “os cuidados” do antigo proprietário até a idade de 21 anos.
d) Como a lei libertava a criança, mas não libertava os pais, assim que nasciam essas crianças eram retiradas
do convívio com os pais escravizados e eram destinadas a um abrigo mantido pelo Estado.
e) De acordo com a lei, os senhores tinham a opção de manter as crianças libertas junto aos pais
escravizados até a maioridade, mas os senhores não podiam usufruir da mão de obra delas.
(FUVEST 2017)
No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países latino-americanos, as décadas de 1870 e 1880
foram um período de reforma e de compromisso com as mudanças. De maneira geral, podemos dizer que
tal movimento foi uma reação às novas realidades econômicas e sociais resultantes do desenvolvimento
capitalista não só como fenômeno mundial, mas também em suas manifestações especificamente
brasileiras.
Emília Viotti da Costa, “Brasil: a era da reforma, 1870-1889”. In: Leslie Bethell, História da América Latina,
v. 5. São Paulo: Edusp, 2002. Adaptado.
A respeito das mudanças ocorridas na última década do Império do Brasil, cabe destacar a reforma
a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos eletivos do Império, ao mesmo tempo em que
proibiu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a participação eleitoral dos setores populares.
b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como política oficial para as relações entre o Estado
brasileiro e o poder papal, o que permitiu ao Império ganhar suporte internacional.
c) fiscal, com a incorporação integral das demandas federativas do movimento republicano por meio da
revisão dos critérios de tributação provincial e municipal.
d) burocrática, que rompeu as relações de patronato empregadas para a composição da administração
imperial, com a adoção de um sistema unificado de concursos para preenchimento de cargos públicos.
e) militar, que abriu espaço para que o alto-comando do Exército, vitorioso na Guerra do Paraguai,
assumisse um maior protagonismo na gestão dos negócios internos do Império.
(FUVEST 2012)
Examine a seguinte tabela:
Ano Nº de escravos que entraram no Brasil
1845 19.453
1845 50.325
1847 56.172
1848 60.000
Dados extraídos de Emília Viotti da Costa. Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 1998.
A tabela apresenta dados que podem ser explicados
a) pela lei de 1831, que reduziu os impostos sobre os escravos importados da África para o Brasil.
b) pelo descontentamento dos grandes proprietários de terras em meio ao auge da campanha abolicionista
no Brasil.
c) pela renovação, em 1844, do Tratado de 1826 com a Inglaterra, que abriu nova rota de tráfico de escravos
entre Brasil e Moçambique.
d) pelo aumento da demanda por escravos no Brasil, em função da expansão cafeeira, a despeito da
promulgação da Lei Aberdeen, em 1845.
e) pela aplicação da Lei Eusébio de Queirós, que ampliou a entrada de escravos no Brasil e tributou o tráfico
interno.
(FUVEST 2009)
A imigração de italianos (desde o final do século XIX) e a de japoneses (desde o início do século XX), no
Brasil, estão associadas a:
a) uma política nacional de atração de mão de obra para a lavoura e às transformações sociais provocadas
pelo capitalismo na Itália e no Japão.
b) interesses geopolíticos do governo brasileiro e às crises industrial e política pelas quais passavam a Itália
e o Japão.
c) uma demanda de mão de obra para a indústria e às pressões políticas dos fazendeiros do sudeste do
país.
d) uma política nacional de fomento demográfico e a um acordo com a Itália e o Japão para exportação de
matérias-primas.
e) acordos internacionais que proibiram o tráfico de escravos e à política interna de embranquecimento da
população brasileira.
(UNIVESP 2018)
Leia o texto a seguir.
Ao redor de 1900, várias modificações e atualizações importantes ocorrem ao longo da ferrovia da São
Paulo Railway. As máquinas de tração do equipamento rodante são substituídas por equipamento moderno,
há um novo traçado da linha entre a serra e Santos, uma nova Estação da Luz. A Estação da Luz se torna
uma estação monumental, imponente e solene.
(Martins, José de Souza. A ferrovia e a modernidade em São Paulo: a gestação do ser dividido. Revista
USP, São Paulo, n.63, p. 6-15, setembro/novembro 2004)
A importância histórica da Estação da Luz pode ser relacionada
a) ao deslocamento dos cafezais para o Vale do Paraíba e à utilização da mão de obra negra escravizada.
b) à industrialização na região do ABC paulista e ao início do desenvolvimento rodoviário de São Paulo.
c) à expansão da cafeicultura para o Oeste paulista e à presença do capital inglês na economia brasileira.
d) à desativação das estradas utilizadas por tropeiros e ao crescimento da exportação de algodão e tabaco.
(UNIVESP 2018)
(UNITAU 2016)
Em 1850, a questão da propriedade das terras no Brasil Imperial foi retomada, devido ao rearranjo das
forças políticas em torno do imperador e à riqueza gerada pela economia cafeeira no vale do Paraíba. Após
debates acalorados no Senado, devido à resistência dos proprietários rurais, a Lei de Terras foi aprovada. É
possível afirmar que essa Lei
a) frustrou os grandes proprietários de terras, que não apoiaram a decisão de entregar um lote de terras a
qualquer família ou indivíduo acima de 21 anos.
b) frustrou a população livre, que pretendia ocupar os territórios ainda despovoados do norte do país.
c) atendeu aos interesses da maioria da população, que buscava legitimar a posse das antigas cartas de
sesmarias.
d) acompanhou os interesses dos proprietários de terras, que criaram mecanismos para manter as
estruturas agrárias altamente concentradas.
e) acompanhou os interesses dos proprietários de terras, que aprovaram a venda de terras para incentivar
a migração de europeus.
(UNITAU 2016)
“A lei abolicionista de 1871 e a de 1885, que concedia liberdade aos escravos com mais de sessenta anos,
deixaram os senhores de escravos bastante apreensivos quanto às garantias oferecidas pela coroa à
manutenção de seu "patrimônio". Sua indignação foi bem expressa pelo barão de Santa-Pia, personagem
do Memorial de Aires, de Machado de Assis, que, ante os rumores da abolição, concedeu alforria aos seus
escravos, por não admitir que o governo interviesse em seus bens... Com isso, raciocinava o barão, os
escravos agradecidos talvez continuassem a trabalhar em suas propriedades após a emancipação”.
VENTURA, Roberto. MOTA, Carlos G. (org.) Viagem Incompleta. 1500-2000. A experiência brasileira. São
Paulo: SENAC, 2000, p. 340.
A abolição da escravidão foi um dos fatores que contribuiu para a proclamação da República. Em relação a
isso, é CORRETO afirmar:
a) Desde a Lei do fim do tráfico atlântico de escravos, de 1850, predominava a percepção da escravidão
como um entrave à formação do país e do povo brasileiro.
b) A elevação dos preços dos escravos, com a proibição do tráfico, inviabilizou a mão de obra escrava e
gerou a crença predominante nos malefícios econômicos do cativeiro.
c) A guerra do Paraguai, que contou com a presença de ex-escravos, trouxe a impopularidade do sistema
escravista junto aos senhores de escravos.
d) A emancipação sem indenização aos proprietários de escravos rompeu o equilíbrio mantido pela coroa
entre os partidários e os adversários daquela medida.
e) Desde a década de 1870, os cafeicultores do oeste paulista investiram na imigração europeia como modo
de modernizar a cafeicultura, e apoiaram o fim da escravidão.
(UEA – 2011)
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil. Estima-se que
entravam no país, no período imediatamente anterior à Lei, 50 mil escravos por ano. A proibição desse
comércio
(A) provocou desentendimentos e conflitos do governo brasileiro com o Parlamento inglês, porque trouxe
prejuízos monetários às companhias inglesas de comércio de escravos.
(B) precipitou a queda da monarquia brasileira, que perdeu o apoio político e o auxílio econômico dos
senhores de escravos do Norte e do Sul do país.
(C) liberou e disponibilizou capitais que foram aplicados em atividades industriais e de transportes, de que
é exemplo a Companhia de Navegação a Vapor do rio Amazonas.
(D) determinou o crescimento de cidades no país, porque favoreceu a libertação voluntária dos escravos
por seus senhores, que foram atingidos pela falta de mão de obra.
(E) dividiu geograficamente o país em duas regiões distintas, uma que explorava o trabalho escravo e outra
que estimulava o emprego do trabalho assalariado.
(UEA – 2011)
Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua essência e em sua
prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados americanos. (Manifesto Republicano.
Jornal A República, 03.12.1870.)
Segundo o trecho do Manifesto Republicano, o Brasil adotava, em 1870, uma forma de governo que poderia
ser um fator de
(A) expansão do caudilhismo nas repúblicas americanas.
(B) fortalecimento da solidariedade continental.
(C) desestabilização política no continente.
(URCA 2018)
A fim de regulamentar a propriedade da terra de acordo com as novas necessidades econômicas e os novos
conceitos de terra e de trabalho, diversas leis importantes foram decretadas em diferentes países durante
o século XIX. No Brasil, a lei para este fim ficou conhecida como a Lei de Terras de 1850, sobre a qual
podemos corretamente afirmar:
A) Proibia a aquisição de terras que não fosse exclusivamente pela posse ou doação feita pela Coroa.
B) Determinava que todos aqueles que tinham adquirido a terra, nos anos precedentes à Lei, por ocupação
ou doação, perderiam a terra, ainda que tivessem como legalizá-las mediante o pagamento de taxas
cartoriais.
C) Limitou o tamanho das terras adquiridas pela ocupação que não poderia ser maior do que a maior porção
de terra doada no distrito em que se localizava.
D) Os produtos das vendas das terras públicas e das taxas de registro das propriedades seriam utilizados
para importar mão de obra escrava.
E) Se antes da lei, somente poderiam adquirir terras aqueles que tivessem condições de explorá-las
lucrativamente, com a lei, somente poderiam adquirir aqueles que prestassem serviços à Coroa Imperial.
Comentários:
A trata do fim do período imperial no Brasil. Conforme estudamos, 3 são as principais causas da crise e fim
da monarquia brasileira:
Questão Militar: os militares passaram a ter uma maior visibilidade no cenário político nacional desde o fim
da Guerra do Paraguai em 1870. De uma simples e mal organizada instituição, o Exército passou a atrair os
olhos de vários jovens provenientes de classes sociais menos abastadas. Apesar da vitória em terras
estrangeiras, não havia uma valorização do exército brasileiro (tanto no sentido econômico quanto social).
Assim, muitos militares passaram a assumir posições contrarias à manutenção do regime monárquico
brasileiro.
- Questão Religiosa: atrito entre a Igreja e o Imperador em razão da Bula Papal Sylabus, que era contra a
participação de maçons na Igreja católica (sendo que o próprio Imperador era maçom)
- Questão Abolicionista: O movimento abolicionista cresceu de maneira notável a partir da década de 1870,
e nesse período uma série de associações abolicionistas surgiu em diferentes partes do país. A ação desses
grupos era diversa, e o crescimento do debate abolicionista alcançou a política, apesar da grande
resistência monárquica contra a abolição.
Com isso, sabemos que a alternativa correta é letra c).
Gabarito: C
(EsPCEx/2020/4000003478)
Em 1844, no Brasil, foi criada uma nova tarifa alfandegária sobre produtos importados, que, variando entre
30% e 60%, favoreceu a criação de indústrias, bancos, ferrovias, mineradoras etc. Ela ficou conhecida pelo
nome de seu criador, que era, então, o Ministro da Fazenda:
a) Rui Barbosa.
b) Alves Branco.
c) Barão de Mauá.
d) Eusébio de Queirós.
e) Barão de Tefé.
Comentários
Aqui temos uma questão factual. Em outras palavras, é uma questão objetiva sobre um fato concreto: o
nome do Ministro da Fazenda do Império do Brasil, em 1844, que criou a referida tarifa alfandegária.
Vejamos:
a) Incorreta. Rui Barbosa foi Ministro da Fazenda somente a partir de 1889, durante o primeiro governo da
República, presidido por Deodoro da Fonseca.
b) Correta! Manuel Alvos Branco foi Ministro da Fazenda de D. Pedro II, em 1844, criando a tarifa Alves
Branco para promover a industrialização nacional por meio da substituição de importações. Eles
pretendiam encarecer o preço final dos importados, para incentivar os capitalistas brasileiros a investir na
indústria nacional.
c) Incorreta. O Barão de Mauá foi um importante cafeicultor e empresário brasileiro que teve muita
influência na economia e na política durante o Segundo Reinado. No entanto, ele nunca foi ministro.
d) Incorreta. Na verdade, Eusébio de Queiroz, idealizador da segunda lei antitráfico de 1850, foi ministro
da Justiça, entre 1848 e 1852.
e) Incorreta. O Barão de Tefé foi um diplomata brasileiro, mas só se tornou embaixador (Ministro
Plenipotenciário) no primeiro governo republicano.
Gabarito: B
III. Cerco impiedoso sobre as maiores cidades rebeladas, provocando a morte de milhares de civis, minando
a moral do inimigo e levando os insurretos à rendição.
IV. Incorporação ao Exército Brasileiro de comandantes farroupilhas com os mesmos postos que ocupavam
nas tropas rebeldes.
V. Reconhecimento, pelo governo imperial, da liberdade dos escravos que lutaram na revolução como
soldados.
Na ocasião, Caxias propôs
a) todas as medidas acima listadas.
b) apenas as medidas I, II e III.
c) apenas as medidas I, III e IV.
d) apenas as medidas II, III e V.
e) apenas as medidas II, IV e V.
Comentários:
A questão tem como tema o fim da Revolução Farroupilha. A seguir, relembro o trecho da aula que
estudamos esse movimento:
• “A Farroupilha, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, entre 1835 e 1845.
Diferentemente das revoltas anteriores, aqui a participação popular foi bem reduzida. Na verdade,
o movimento foi liderado por uma oligarquia formada por pecuaristas. Essa elite questionava a
centralização do poder no Rio de Janeiro e as imposições da Coroa quanto ao comércio de charque.
Os assim chamados estancieiros queriam condições mais favoráveis para o comércio de gado e para
o fortalecimento do charque no mercado brasileiro. Dessa forma, a insurreição começou com a
deposição do presidente da província do Rio Grande do Sul, que fora nomeado pelo governo
regencial. [...] Importante frisar que o caráter elitista do movimento fez com que a repressão fosse
mais amena. A Coroa não foi para cima desses revoltosos com a mesma mão pesada com que
reprimiu as revoltas regenciais mais populares. Por isso, o movimento durou anos e o desfecho foi
por meio de uma saída negociada, um acordo ao estilo de um armistício (uma trégua). Nas cláusulas
do armistício, celebrado em 1845, o governo do Rio de Janeiro concordou em sobretaxar o charque
importado em 25%, como forma de estimular o charque gaúcho, e os farrapos foram anistiados.”
Assim, sabemos que I e III estão incorretas. Além de sobretaxar o charque, o governo concordou
em incorporar líderes da Revolução ao Exército imperial e em libertar os escravos envolvidos nos
conflitos.
Tendo isso em mente, sabemos que II, IV e V estão corretas. Portanto, alternativa e),
Gabarito: E
b) II, III e V.
c) II e III.
d) I, IV e V.
e) I e III.
Comentários:
Em razão do interesse econômico de diversos países na região Platina (inclusive o próprio Brasil), ocorreram
alguns conflitos por lá com envolvimento brasileiro. O discurso do governo brasileiro possuía um tom liberal
para a época, de liberdade de navegação, considerando o Rio da Prata como “águas internacionais”. Isso
nos ajuda a saber os objetivos do Brasil. Vejamos as afirmações:
I. Correta. Como vimos, o governo brasileiro defendia o Rio da Prata como águas internacionais e, portanto,
o direito de navegação nessa região.
II. Incorreta. A Guerra do Paraguai acabou justamente quando Solano Lopez morreu.
III. Incorreta. Aqui seria preciso considerar que o Uruguai já era um país independente, por isso, não há que
se falar em MANTER o Uruguai como Província. E para saber isso tinha que se atentar ao enunciado, ele
citou 3 conflitos pós Guerra da Cisplatina (não foi citado a Guerra da Cisplatina, por isso, não poderia levar
isso em consideração), ou seja, Uruguai já era independente.
IV. Correta. Por acreditas na livre navegação, o Brasil quis impedir o velho sonho argentino de anexar o
Uruguai e estabelecer controle sobre o rio.
V. Incorreta. Esse era um objetivo do Paraguai.
Assim, temos I e IV como corretas. Portanto, alternativa a).
Gabarito: A
Questão Militar: os militares passaram a ter uma maior visibilidade no cenário político nacional desde o fim
da Guerra do Paraguai em 1870. De uma simples e mal organizada instituição, o Exército passou a atrair os
olhos de vários jovens provenientes de classes sociais menos abastadas. Apesar da vitória em terras
estrangeiras, não havia uma valorização do exército brasileiro (tanto no sentido econômico quanto social).
Assim, muitos militares passaram a assumir posições contrarias à manutenção do regime monárquico
brasileiro.
Questão Religiosa: atrito entre a Igreja e o Imperador em razão da Bula Papal Sylabus, que era contra a
participação de maçons na Igreja católica (sendo que o próprio Imperador era maçom).
Questão Abolicionista: O movimento abolicionista cresceu de maneira notável a partir da década de 1870,
e nesse período uma série de associações abolicionistas surgiu em diferentes partes do país. A ação desses
grupos era diversa, e o crescimento do debate abolicionista alcançou a política, apesar da grande
resistência monárquica contra a abolição.
Com isso, vamos para as proposições:
I. Correta. O Padroado era um regime que vigorava no Brasil Imperial. Ele consiste na concessão, pelo
Papado, aos reis, para administrar, nos seus respectivos territórios, a instituição eclesiástica, promovendo
e sustentando as obras religiosas. Estabeleceu-se assim um solene compromisso entre o Estado, na pessoa
do rei, e a Santa Sé, tendo em vista a propagação da fé cristã e a consolidação da Igreja. Esse compromisso
foi abalado com a bula que citamos no comentário.
II. Incorreta. A Igreja foi quem ordenou os maçons a ficarem longe dela.
III. Incorreta. A Lei do Sexagenário estabeleceu a liberdade dos escravos com mais de 60 anos. No entanto,
em razão da baixa expectativa de vida dos escravizados, ela não teve grande impacto na sociedade
brasileira.
IV. Incorreta. Em 13 de Maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que pôs um ponto final na
escravatura no Brasil.
V. Correta, conforme comentamos anteriormente.
Gabarito: E
estrangeiros no país, considerada como uma tarifa protecionista. Nesse sentido, permitiria maior
desenvolvimento das manufaturas brasileiras. Portanto, sabemos que a alternativa correta é letra c).
Gabarito: C
(EsPCEx/2007/4000000527)
A participação do Exército Brasileiro, com respaldo em seu prestígio, foi fundamental para a queda do
Império e, consequentemente, para a proclamação da República. O fato que mais contribuiu para o
aumento do prestígio militar, no final do Século XIX, foi a
a) Guerra da Tríplice Aliança.
b) Questão escravocrata.
c) Intervenção contra Aguirre.
d) Questão Christie.
e) Intervenção contra Rosas e Oribe.
Comentários
Antes de tudo, note que tema da questão é a participação do Exército Brasileiro no golpe que derrubou a
monarquia e proclamou a República em 1889. Nesse sentido, o comando da questão demanda que
apontemos um fato que contribuiu para o aumento do prestígio militar, o qual favoreceria o sucesso desse
grupo na queda do Império. É bom lembrar que os militares brasileiros vinham sofrendo grande influência
do positivismo, pelo menos desde 1850, com a fundação das escolas militares. Essa ideologia pregava que
a história da humanidade caminhava sempre rumo ao progresso. Porém, essa evolução só seria alcançada
por meio da aplicação do método científico em todas as esferas da sociedade. Nessa lógica, a monarquia
era entendida como um sistema arcaico, enquanto a república era a próxima etapa na escala do progresso
brasileiro. Até aí, nem todo positivista era necessariamente um republicano. No entanto, conforme o
prestígio militar aumentava, o Exército demandava mais direitos políticos e sociais para si, entrando em
conflito com políticos do Império e com o próprio imperador diversas vezes. Essa tensão cada vez mais
aproximava os militares, especialmente os positivistas, do movimento republicano. Então, um fato ocorreu
que contribuiu tanto para o aumento do prestígio militar quanto para sua maior aproximação com o
republicanismo. Vejamos qual foi:
a) Correta! A Guerra da Tríplice Aliança, também conhecida como Guerra do Paraguai, ocorreu entre 1864
e 1870. Nela, a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) combateram o Paraguai. Durante e após o
conflito, o Exército Brasileiro ganhou grande importância simbólica na nação. Além disso, os militares
brasileiros lutaram lado a lado com soldados de países republicanos (Argentina e Uruguai).
b) Incorreta. Não havia um consenso entre os militares a respeito da questão escravocrata.
c) Incorreta. A intervenção contra Aguirre, também chamada de Guerra do Uruguai, foi um conflito armado
entre Aguirre, liderança do Partido Blanco uruguaio, e uma aliança formada entre o Brasil e o Partido
Colorado uruguaio. O conflito durou entre 1864 e 1865. Apesar de ter sido um dos fatores que contribuíram
para a eclosão da Guerra do Paraguai, esta foi mais importante para o prestígio do Exército Brasileiro.
d) Incorreta.
Gabarito: A
(EsPCEx/2007/4000000524)
Durante o Segundo Reinado no Brasil, surgiu em Pernambuco, no ano de 1848, um movimento popular que
uniu “pessoas de várias tendências, sobretudo progressistas, inconformadas com o quadro político-social
de sua província.” (BARBEIRO; CANTELE; SCHNEEBERGER, 2005, p. 347).
Tal movimento é conhecido como a
AULA 09 – HB: do Império à República 68
Prof. Alê Lopes
(EsPCEx/2006/4000000400)
O fim do Império Brasileiro foi marcado por contestações ao regime como, por exemplo, a campanha
abolicionista e a campanha republicana. Paralelamente, ocorreram duas outras causas da queda da
monarquia: a relação Padroado-Maçonaria e as ideias criadas pelo francês Auguste Comte, corrente
filosófica chamada de Positivismo. Esses dois conjuntos geraram, respectivamente, a:
a) crise de sucessão do terceiro imperador e a censura dos livros de filosofia.
b) perseguição às sociedades secretas e o Problema Servil.
c) Corrente Nacionalista e a rejeição do Conde D'Eu como novo monarca.
d) Questão Religiosa e a Questão Militar.
e) crise do Beneplácito e a queda do Gabinete Liberal
Comentários
A crise do Segundo Reinado, no Brasil, foi impulsionada após a Guerra do Paraguai (1864-1870). Apesar da
vitória brasileira, a monarquia saiu profundamente endividada. Além disso, o exército ganhou mais
importância simbólica no imaginário social e os militares passaram a exigir mais direitos sociais e políticos.
Eles também haviam lutado lado a lado com soldados de países republicanos (Argentina e Uruguai) durante
a guerra, o que os aproximou do republicanismo. Ainda, a participação de escravizados, libertos e negros
nos batalhões de guerra gerou uma comoção social em relação a esses grupos, que continuavam sendo
explorados e discriminados mesmo após tamanha prova de patriotismo. As consequências da guerra se
somaram a outros processos históricos que já vinham ocorrendo antes dela no Brasil, como os citados pelo
próprio enunciado: a campanha abolicionista, a campanha republicana, as tensões entre o Padroado e a
maçonaria e a influência crescente do positivismo. Entretanto, o enunciado requisita que relacionemos
apenas estes dois últimos processos a dois acontecimentos da época. Mas antes, lembre-se que o Padroado
era o direito do Imperador de sancionar e/ou vetar novos dogmas da Igreja no Brasil e de nomear/caçar
bispos e cardeais. Era uma instituição que permitia ao Imperador ser a maior autoridade religiosa em
território brasileiro. Por seu turno, a maçonaria era um conjunto de sociedades secretas cujo objetivo era
a prosperidade econômica de seus membros por meio do auxílio mútuo. A tensão entre as duas coisas se
dava porque a maçonaria tinham vários adeptos no Brasil, inclusive o Imperador, mas era algo proibido
pela Igreja Católica no século XIX. Por seu turno, o positivismo tinha como princípio estabelecer a ordem
que só poderia vir com o conhecimento científico. Para seu criador, August Comte – filósofo francês –
somente por meio da ordem estabelecida é que uma nação poderia desenvolver-se cientificamente e, com
isso, alcançar o progresso. Sabendo dessas considerações, vejamos o que a relação Padroado-Maçonaria e
as difusão do positivismo geraram, respectivamente:
a) Incorreta. Não houve crise de sucessão de um terceiro imperador, pois a monarquia foi extinta em 1889,
antes da morte de D. Pedro II. Também não houve censura dos livros de filosofia.
b) Incorreta. Realmente, a relação Padroado-Maçonaria gerou a perseguição das sociedades secretas,
principais suspeitas de maçonaria. No entanto, o positivismo não gerou o “problema servil”, como era
chamada a escravidão por jornalistas e políticos no período imperial.
c) Incorreta. A relação Padroado-Maçonaria não gerou nenhum grupo político ou social denominado
Corrente Nacionalista. O Conde D’Eu, marido da Princesa D. Isabel, não chegou a ser rejeitado como novo
monarca, pois nunca houve a necessidade de uma sucessão de D. Pedro II, que ainda estava vivo quando a
monarquia foi extinta em 1889.
d) Correta! A Questão Religiosa ocorreu em 1872, quando, a fim de colocar em prática a bula papal de
1864, os Bispos de Olinda e de Belém do Pará ordenaram que as Dioceses expulsassem seus membros
pertencentes à maçonaria. Como castigo para o descumprimento da ordem, as irmandades das Dioceses
deveriam ser fechadas. Diante do conflito, e revestindo-se dos direitos de Padroado, Dom Pedro ordenou
a prisão e condenou os Bispos de Olinda de Belém a trabalhos forçados. Esse conflito só se encerrou com
a intervenção de Duque de Caxias, o pacificador, que propôs ao Imperador anistiar (perdoar) os Bispos. Por
sua vez, a Questão Militar se tratou de uma série de rixas entre militares e poder imperial, motivadas pelas
reivindicações dos primeiros por mais direitos e a recusa em atendê-los por parte do segundo. Além disso,
a difusão do republicanismo entre os setores militares, após a Guerra do Paraguai, também acirrou as
tensões entre eles e o poder imperial.
e) Incorreta. O Beneplácito era um direito do Imperador derivado do Padroado. Era o que lhe permitia
anular ou validar as indicações do Papado para os bispos brasileiros. De certa forma, isso estava envolvido
na Questão Religiosa. Todavia, a difusão do positivismo não teve influência direta na queda do Gabinete
Liberal, em 1885, uma vez que essa filosofia influenciava tanto setores liberais quanto conservadores e
republicanos.
Gabarito: D
(EsPCEx/2005/4000000216)
“Quem viver em Pernambuco.
Há de estar enganado.
Que há de ser Cavalcanti
Ou há de ser cavalgado.
Quem for para Pernambuco.
Leve contas pra rezar.
Pernambuco é purgatório
Onde a gente vai penar.”
(Quadrinhas populares da época)
No Brasil, durante o período imperial, ocorreu um movimento revolucionário culturalmente influenciado
pelas ideias socialistas das revoluções europeias de 1848.Trata-se da
a) Revolução Pernambucana, que buscava a instauração da república.
b) Revolução Praieira, que contava com ampla participação da população mais humilde.
c) Cabanagem, que lutava contra as desigualdades sociais da região.
d) Guerra de Canudos, ocorrida no interior do sertão nordestino.
e) Confederação do Equador, que propunha a separação do Nordeste.
Comentários
Aqui temos uma questão contextual. O enunciado indica alguns elementos importantes, como tempo e
espaço: 1848, primeira década do Segundo Reinado (1840-1889), em Pernambuco. Nesse período, a
província pernambucana já não era mais tão rica e próspera quanto fora na época colonial. A principal
atividade econômica ainda era a produção açucareira. Porém, os engenhos pernambucanos já não eram
páreos para a competição oferecida pelos açúcares caribenho e asiático. Além disso, o Nordeste sofria com
secas cada vez mais intensas, o que comprometia boa parte da produção agrícola. Isso tinha reflexos na
sociedade. Conforme a situação econômica piorou, a concentração de terras e de renda aumentou,
enquanto a miséria se proliferou entre os mais humildes. Por outro lado, nem mesmo entre as elites
regionais as coisas iam bem, pois o declínio econômico acirrava as rivalidades entre os proprietários de
diferentes orientações políticas. No caso de Pernambuco, os conservadores detinham o monopólio do
Estado provincial e os liberais tentavam tomá-lo para si. Então, liberais e uma grande parcela dos setores
populares se uniram em uma grande revolta. O movimento também teve inspiração na Primavera dos
Povos, de 1848, que varria a Europa fazendo eclodir revoltas e revoluções, com grande apelo socialista.
Sabendo disso, vejamos qual foi o movimento revolucionário deflagrado pelos pernambucanos naquele
ano:
a) Incorreta. A Revolução Pernambucana ocorreu em 1817, antes da independência do Brasil.
b) Correta! A Revolução Praieira teve como principais reivindicações o voto universal masculino, a
nacionalização do comércio, a liberdade de imprensa e a adoção do sistema federativo.
c) Incorreta. A Cabanagem ocorreu no Pará, em 1835, durante o Período Regencial (1831-1840).
d) Incorreta. A Guerra de Canudos ocorreu na Bahia, entre 1896 e 1897.
e) Incorreta. A Confederação do Equador realmente ocorreu em Pernambuco, mas em 1824.
Gabarito: B
(EsPCEx/2004/ 4000039632)
Durante o século XIX, ocorreram as duas maiores guerras do continente americano: a Guerra de Secessão
dos EUA e a Guerra do Paraguai. Esses conflitos possuem alguns pontos em comum, dos quais pode ser
destacado o fato de ambos terem
a) ocorrido na mesma década e utilizarem armamentos e métodos de combate similares.
b) envolvido os mesmos países e os vencedores serem países escravistas.
c) sido guerras civis e os perdedores serem os governos centrais.
d) guerras do expansionismo britânico contra os EUA e os países do Prata.
e) sido tentativas de recolonização da Espanha na América Latina e contra os EUA.
Comentários
Aqui temos uma questão de comparação entre dois fatos históricos. No caso, compara-se da Guerra de
Secessão, nos Estados Unidos da América, e a Guerra do Paraguai, na América do Sul. A primeira foi uma
guerra civil, isto é, um conflito interno entre os Estados do Norte e os Estados do Sul dos EUA, entre 1861
e 1865. A principal motivação foram as discordâncias acerca da escravidão e do melhor modelo
socioeconômico a ser desenvolvido no país. Por sua vez, a Guerra do Paraguai foi um conflito entre o
Paraguai, de um lado, e, de outro, a Tríplice Aliança, composta por Argentina, Uruguai e Brasil, ocorrido
entre 1864 e 1870. A guerra foi motivada pelas disputas pelo controle da Bacia do Rio da Prata e as
intenções do presidente paraguaio de expandir seus territórios. Então, o enunciado requere que você
indique a alternativa que aponta um ponto em comum entre as duas guerras. Vejamos:
a) Correta! Ambas os conflitos ocorreram na década de 1860. Além disso, nos dois casos houve a utilização
de trincheiras e metralhadoras durantes as batalhas, para citar dois métodos de combate similares.
b) Incorreta. A Guerra de Secessão foi um conflito interno, portanto, envolveu apenas os EUA, que não
participou da Guerra do Paraguai. Além disso, na guerra civil norte-americana quem venceu foi o lado
abolicionista, o Norte. Na Guerra do Paraguai, quem venceu foi a Tríplice Aliança, que era forma por país
escravista (Brasil) e duas nações que já haviam abolido o cativeiro (Argentina, em 1853, e Uruguai, em
1842).
c) Incorreta. Apenas a Guerra de Secessão foi uma guerra civil e, nela, quem venceu foi o governo central,
que era comandado por um representante dos estados do Norte.
d) Incorreta. Nenhuma das guerras envolveu o expansionismo britânico.
e) Incorreta. Nenhum dos dois conflitos consistiu nisso.
Gabarito: A
(EsPCEx/2002/4000039531)
O processo de centralização monárquica que ocorre no Brasil, após 1840, acentuou-se por meio da
a) promulgação do Ato Adicional à Constituição de 1824, que suprimia o Conselho de Estado, conservava o
Poder Moderador e a vitaliciedade do Senado e criava Assembleias nas Províncias.
b) criação da Guarda Nacional, constituída de milícias compostas por fazendeiros e seus subordinados, cujo
objetivo era manter a ordem e reprimir a anarquia, substituindo o Exército Imperial.
c) promulgação do Código de Processo Penal que, além de reforçar e ampliar o poder do juiz de paz,
aumentava a influência dos políticos locais.
d) aprovação da Lei Interpretativa do Ato Adicional e da reforma do Código do Processo Criminal, que
diminuía os poderes das Assembleias Provinciais e colocava a polícia judiciária sob o controle do Executivo
Central.
e) dissolução da Regência Trina Permanente e a eleição do padre Diogo Antônio Feijó para a Regência Una,
que propunha o fortalecimento do Executivo como forma de acabar com a anarquia nas províncias.
AULA 09 – HB: do Império à República 72
Prof. Alê Lopes
Comentários
Em 1840, ocorreu o golpe da Maioridade, que coroou o jovem D. Pedro II como Imperador do Brasil, dando
início ao Segundo Reinado. No entanto, antes do rei menino ser coroado, o regente em exercício, Araújo
Lima, era um conservador e já vinha operando algumas medidas que contribuíam para a centralização do
poder no governo central. Após a coroação, D. Pedro II e seus aliados buscaram reforçar essa tendência,
visando alcançar a estabilidade política do império. Sabendo disso, vejamos quais medidas contribuíram
para a centralização monárquica naquele ano de 1840:
a) Incorreta. Não existiu um ato assim. As assembleias provinciais só foram criadas em 1834, no período
regencial (1831-1840). O Conselho de Estado, assim como o Poder Moderador, só foi suprimido neste
período, que não teve imperador, apenas regentes.
b) Incorreta. A Guarda Nacional foi criada em 1831, antes do ano especificado pelo enunciado.
c) Incorreta. O Código de Processo Criminal foi promulgado em 1832, antes do ano especificado pelo
enunciado. Além disso, sua promulgação contribuía para a descentralização do poder.
d) Correta! O Ato Adicional de 1834, assim como o Código de Processo Criminal em 1832, contribuiu para
a descentralização do poder, ampliando a autonomia das províncias. Nesse sentido, beneficiou as facções
liberais da política imperial. No entanto, a última regência (1837-1840) foi exercida por Araújo Lima, um
conservador. Como eu disse antes, ele buscou reverter muitas das medidas liberais aprovadas pelos
regentes anteriores. A Lei Interpretativa do Ato Adicional era uma delas, uma das últimas, aplicada em
1840, pouco antes do rei menino ser coroado. Com isso, ficou estabelecido que às Assembleias Provinciais
competia apenas a gerência da polícia e das economias municipais, sem incluir a política judiciária, que
passava ao comando direto do Poder Executivo central. Ainda, a nova lei suprimia a prerrogativa dos
presidentes e assembleias provinciais de nomear e cassar determinados funcionários públicos. Por seu
turno, a Reforma do Código de Criminal, de 1841, destituía as províncias do controle sobre a organização
do judiciário, esvaziando as funções criminais e jurídicas do juiz de paz, enquanto os chefes de polícia
(nomeados pelo imperador) ficavam no topo da autoridade policial em toda a província.
e) Incorreta. Feijó foi regente único entre 1835 e 1837, ou seja, antes do ano especificado pelo enunciado.
Durante a regência trina ele tinha sido Ministro da Justiça e idealizou as medidas que descentralizaram o
poder a favor das províncias. Durante seu tempo como regente único, ele teve que lidar com várias revoltas
provinciais, que exigiam mais autonomia para as províncias e, algumas, até queriam a independência de
suas regiões. Feijó reprimiu violentamente tais movimentos, mas não alterou a legislação a favor da
centralização. Terminou isolado politicamente, o que facilitou a ascensão do conservador Araújo Lima.
Gabarito: D
sensato e dotado de grande inteligência e educação exemplar. No mesmo sentido, para criar um sentimento
de nação entre seus súditos, o Imperador apostou nos trabalhos de duas instituições criadas durante o
período regencial. São elas:
a) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Banco do Brasil.
b) o Banco do Brasil e o Jornal do Brasil Popular.
c) o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e a Academia Imperial de Belas Artes.
d) o Jornal do Brasil e a Academia Imperial de Belas Artes.
e) o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e o IBGE.
Comentários
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) nasceu, em 1838, e é um marco no processo de
construção autônoma da identidade do Brasil, após a independência de Portugal. Contou com o patronato
do imperador d. Pedro II, a quem foi dado o título de Protetor, o qual incentivou e financiou pesquisas, fez
doações valiosas, cedeu sala no Paço Imperial para sede do Instituto, em seus passos iniciais, e presidiu
mais de 500 sessões. Dá um bizu:
articulou uma saída política para garantir estabilidade do Segundo Reinado. O nome dessa estratégia do
Imperador ficou conhecida como
a) política da salvação.
b) política do café com leite.
c) política do encilhamento.
d) política da conciliação.
e) pacto social.
Comentários
Para conter a disputa entre liberais e conservadores, D. Pedro II abriu espaço para que figuras das duas alas
passassem a compor seu governo. Dessa forma, ele tentou atender aos interesses dos dois grupos a ponto
de não se comprometer com nenhum dos lados. Nesse sentido, ele criou o Ministério da Conciliação,
concretizando, assim, a “política da conciliação”. Gabarito letra d).
a) errada a afirmação, pois a “salvação” foi aplicada pelo Presidente Hermes da Fonseca (1910-1914). A
“política da salvação” consistia em intervenções nos estados, sob o comando de militares. O objetivo era
tirar o poder das mãos dos grandes fazendeiros que comandavam as oligarquias, dando-os a civis ou outros
fazendeiros alinhados ao Presidente. Com essa ação o governo ficaria centralizado.
b) errado, pois essa foi a alternância de poder entre mineiros e paulistas durante a República Velha (1889-
1930).
c) falso, pois esta foi a política econômica adotada no governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca.
e) falso, pois a ideia de “pacto social” é características dos Estados de Bem Estar Social, ao longo do século
XX.
Gabarito: D
pessoas e dos domicílios. Para a apuração dos dados, o IBGE importou um computador de grande porte, o
UNIVAC 1105.
d) Todas as informações estão corretas, exceto o momento de apresentação dos resultados do Censo de
1920. Os resultados foram apresentados na Exposição Universal comemorativa do aniversário da
Independência do Brasil, em 1922.
e) dois erros: o Censo não passou a ser quinquenal e a primeira vez que se utilizaram instrumentos
eletrônicos para a coleta de dados nas entrevistas nas casas foi em 2000, porém, ainda com o recurso do
papel. Somente em 2010 é que, de fato, o questionário em papel foi substituído inteiramente pelo modelo
eletrônico. Entrou em cena o computador de mão utilizados pelos recenseadores. Neste mesmo ano, a
presença do IBGE no Twitter inaugurou a participação do Instituto nas redes sociais.
Gabarito: B
c) política do encilhamento.
d) política da conciliação.
e) pacto social.
Comentários
Para conter a disputa entre liberais e conservadores, D. Pedro II abriu espaço para que figuras das duas
alas passassem a compor seu governo. Dessa forma, ele tentou atender aos interesses dos dois grupos
a ponto de não se comprometer com nenhum dos lados. Nesse sentido, ele criou o Ministério da
Conciliação, concretizando, assim, a “política da conciliação”. Gabarito letra d).
a) errada a afirmação, pois a “salvação” foi aplicada pelo Presidente Hermes da Fonseca (1910-1914). A
“política da salvação” consistia em intervenções nos estados, sob o comando de militares. O objetivo era
tirar o poder das mãos dos grandes fazendeiros que comandavam as oligarquias, dando-os a civis ou
outros fazendeiros alinhados ao Presidente. Com essa ação o governo ficaria centralizado.
b) errado, pois essa foi a alternância de poder entre mineiros e paulistas durante a República Velha
(1889-1930).
c) falso, pois esta foi a política econômica adotada no governo provisório do marechal Deodoro da
Fonseca.
e) falso, pois a ideia de “pacto social” é características dos Estados de Bem Estar Social, ao longo do
século XX.
Gabarito: D
No ano seguinte Oribe é deposto pelo Partido Colorado, o que dá início a uma guerra civil entre as duas
forças, chamada de Guerra Grande (1838-1851). O Brasil se mantém neutro no conflito até 1851; mas
o apoio de Buenos Aires a Oribe passa a ser visto como uma ameaça para os interesses comerciais de
estancieiros gaúchos que possuíam propriedades em território uruguaio e desejavam manter o livre-
comércio na região. Dessa maneira, em maio de 1851 o Brasil se alia aos colorados do Uruguai e a duas
províncias argentinas que não aceitavam o domínio de Buenos Aires, derrotando as tropas de Manuel
Oribe e os blancos no ano seguinte.
2- Em 1863, o Uruguai novamente é palco de disputas envolvendo países externos:
➢ o colorado Venâncio Flores, apoiado por uma inédita aliança entre a Argentina e o Brasil,
derrubam os blancos do poder.
➢ Contudo, os blancos tinham um novo aliado: o ditador do Paraguai, Francisco Solano López.
Pouco tempo depois López invade o sul da província de Mato Grosso, declarando guerra ao
Império em 13 de dezembro de 1864. Ao ter negada a passagem de suas tropas em território
argentino, também declara guerra a este país em março de 1865, invadindo a província de
Corrientes.
Solano López, que há tanto temia a hegemonia da Argentina e do Brasil na região do Prata,
havia cometido um erro de cálculo, afinal os dois países uniram força contra o Paraguai. A essa
dupla se somava o Partido dos Colorados, do Uruguai, sob comando de Flores.
Em 1º de maio de 1865, os três assinaram o Tratado da Tríplice Aliança, no qual constam os objetivos
da guerra:
❖ a deposição de Solano López;
❖ a livre-navegação no Rio da Prata;
❖ a anexação de territórios do Paraguai em litígio com a Argentina e o Brasil por estes dois países.
O exército do Paraguai era maior que o do Brasil. Apesar de dispor de uma população significativamente
superior à paraguaia, o Império Brasileiro não contava com um Exército de mesma proporção. Esse foi um
dos motivos pelos quais a Guerra do Paraguai se estendeu por mais de cinco anos.
A Guerra do Paraguai (1865-1870) o maior conflito bélico da história da sulamericana. Ela terminou com
a derrota do Paraguai e a morte de Solano López, que lutou, com todo o país, até o fim.”
Agora vamos às alternativas:
a) errado, pois o Paraguai contava com um vasto exército, impondo diversas derrotas às tropas da aliança.
b) falso, pois, anteriormente, outros conflitos armados ocorreram, com a Guerra da Cisplatina (1825-1828).
c) falso, pois a região do Mato Grosso foi a primeira a ser invadida.
d) errado. Atenção, pois essa tese não é mais aceita pelos estudos e pesquisas sobre o tema, pois ela
desconsiderada elementos importantes da realidade regional da disputa fronteiriça entre os países
envolvidos no conflito. Assim, tente “pegar” o sentido da Guerra do Paraguai a partir da própria rivalidade
existente entre os países vizinhos. OK?
e) é o nosso gabarito. De acordo com o historiador, André Toral14, a população brasileira em 1850, 14 anos
antes da guerra, era de aproximadamente dez milhões de pessoas, das quais uma quarta parte era
constituída de escravos. Criou-se em janeiro de 1865, além disso, os Corpos de Voluntários da Pátria para
canalizar o movimento patriótico que, num primeiro momento, levou muitas pessoas a se alistarem para
14
TORAL, André Amaral de. A participação dos negros escravos na guerra do Paraguai. Estud. av. [online]. 1995,
vol.9, n.24 [cited 2021-01-07], pp.287-296.
AULA 09 – HB: do Império à República 79
Prof. Alê Lopes
lutar contra a invasão paraguaia. Ainda em 1865 iniciou-se o recrutamento forçado para formação
dos Corpos de Voluntários da Pátria; e o termo voluntários tornou-se uma piada. A compra de
substitutos, ou seja, a compra de escravos para lutarem em nome de seus proprietários, tornou-se prática
corrente. Além disso, o Império prometia alforria para os que se apresentassem para a guerra.
Gabarito: E
V – errado, pois o movimento sindical passa a influir na política nacional no início do século XX.
Gabarito: B
Em 1845, Caxias é efetivado no posto de Marechal de Campo e seu título nobiliárquico é elevado à Conde.
Em 1847, é nomeado Senador do Brasil.
Em 1851 e 1852 comanda o Brasil na Guerra contra Oribe e Rosas. Primeira vez que faz uma missão em
outro território. Adentra o Uruguai. É promovido ao posto de Tenente-General e recebe a elevação ao título
Marquês de Caxias.
Em 1857 assume como Ministro da Guerra e, em 1962 é graduado como General do Exército Brasileiro. Em
1963, volta para o Senado.
Estoura a Guerra do Paraguai. Em 1866, Caxias é nomeado Comandante-Chefe das Forças do Império em
operações contra o Paraguai, nesse momento é efetivado como Marechal do Exército.
Sua participação na Guerra do Paraguai foi fundamental, inclusive com a tomada da Capital do Paraguai,
Assunção, em 1º. de Janeiro de 1869. E é por sua participação na Guerra do Paraguai que ele, finalmente,
recebe o título de DUQUE.
Agora, sim, nosso conhecido Duque de Caxias.
Depois disso ainda foi, mais uma vez, nomeado Ministro da Guerra , em 1875 em meio à crise do Império.
A vida de Duque de Caxias ainda revela alguns elementos históricos que você precisa saber: perceberam
que sempre que ele ganhava uma promoção militar também ganhava um título de nobreza? Barão, Conde
e Duque não são funções militares. No Brasil não havia nobreza, então, os dois imperadores distribuíam
títulos nobiliárquicos com o objetivo de formar uma “nobreza da terra”. Então, o militares e o exército eram
bem diferentes do que se tornaram, depois, com a Proclamação da República. Durante o Império foi um
exército aristocrático.
Outro ponto a ser observado:
Durante o Império, Luis Alves de Lima e Silva era nomeado Presidente da Província e, na sequência,
Comandante em operação. Isso demonstra como o Imperador intervinha na política local por meio da força
militar. Por isso a Monarquia Brasileira é caracterizada como centralizadora – grande crítica dos liberais.
Bem pessoal, depois de tudo isso, podemos avaliar cada alternativa:
a) Gabarito!! Caxias foi por causa da tomada da cidade de Caxias e Duque por causa do comando vitorioso
na Guerra do Paraguai.
b) Errado, na Farroupilha ganhou o título de Conde.
c) Errado. O título de Duque veio com a Guerra do Paraguai e não contra Oribe e Rosas. Nesse conflito
ganhou o título de Marquês.
d) Errado. Caxias tem a ver com Balaiada e não com a Revolução Liberal.
e) Errado. A Guerra da Cisplatina rendeu à Caxias a nomeação como Major.
Gabarito: A
b) a Lei do Ventre Livre, de 1871, declarou livre todas as mulheres negras grávidas e seus respectivos filhos
e aquelas que, porventura, viessem a engravidar.
c) a principal foco de pressão para a abolição da escravidão no Brasil foi por vias legais, não por menos,
figuras como o advogado Luiz Gama ganharam destaque e notoriedade social no século XIX.
d) a Lei do Sexagenários, de 1885., declarava livre os escravos com mais de 65 anos de idade, uma medida
de baixo alcance, já que a expectativa de vida média entre a população negra era abaixo dos 65 anos.
e) a escravidão só terminou de fato quando, em 1888, no dia 13 de maio, D. Pedro II assinou a Lei Aurea.
Comentários
a) errado, pois a Inglaterra passou a pressionar o Império brasileiro desde o início do século com o objetivo
de acabar com o tráfico negreiro e com a escravidão. Isso porque, com o desenvolvimento do capitalismo
industrial, a Inglaterra queria aumentar o mercado consumidor em escala mundial. Assim, era muito mais
interessante para os negócios ingleses que todas as pessoas que tivessem algum tipo de atividade
considerada “trabalho” fossem remuneradas, recebessem salários. Dessa forma, com dinheiro, as
mercadorias industrializadas passariam a ser compradas. Além disso, ao combater o tráfico em si, a
Inglaterra queria bloquear o destino de volutuosos recurso para um tipo de atividade que não condizia com
a lógica do capitalismo contemporâneo.
b) falso, pois esta lei declarou livre todos os nascidos de mãe escrava a partir da data da promulgação da
lei.
c) errado, pois, embora pouco divulgado na memória nacional, os escravizados protagonizaram grandes
rebeliões contra a condição de escravidão. A formação dos quilombos eram os principais focos de
resistência, pois, essas comunidades recebiam escravizados que fugiam e buscavam a liberdade em novas
terras. Além disso, temos que pensar em combinações no processo abolicionista no Brasil, ou seja, houve
protestos, houve resistência quilombola, no Rio de Janeiro havia mobilizações das mais diversas formas e,
por meio da via jurídico-legal, também forma utilizados mecanismos em favor da campanha abolicionista.
Por isso, falamos em movimento abolicionista. Com efeito, Luiz Gama (1830-1882), ex-escravo, alforriado
aos 17 anos, foi um intelectual autodidata que defendeu a libertação de muitos escravos. Ele começou a
estudar direito de forma autônoma (autodidata), mas só foi reconhecido como advogado 133 anos depois
de sua morte, em solenidade de na OAB. E como ele libertava escravos? Escrevendo petições direcionadas
ao Poder Judiciário da época e demonstrando com base na lei que tal ou qual escravo já deveria estar
alforriado, ou que determinado escravo já havia comprado sua liberdade, que a lei X valia para tais e tais
casos, etc. Levantamentos historiográficos indicam que Luiz Gama libertou cerca de 500 escravizados. Em
função de seu protagonismo, é considerado uma das grandes personalidades da história brasileira, a ponto
de seu velório ter se tornado em um grande ato em favor da abolição. Uma multidão compareceu no dia
de sua morte.
d) é o nosso gabarito, sem reparos na afirmação. Apenas ressalto que houve um processo gradual de leis
sendo feitas até chegarmos em 1888.
e) atenção, o erro está na mão da caneta que assinou a Lei Áurea. Não foi D. Pedro II, mas sim Princesa
Isabel.
Gabarito: D
A histórica disputa pelo controle geopolítico da Bacia do Prata colocou em guerra, no período de 1864 a
1870, Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
O conflito envolveu distintos interesses, entre os quais:
I. As questões de livre navegação nos rios Paraguai e Paraná, caminhos naturais de acesso ao estuário do
Prata.
II. A constituição de uma confederação nos moldes bolivarianos, capaz de unir diferentes etnias indígenas
daqueles países.
III. A política expansionista do Paraguai, efetivada, na época, pela conquista de áreas do Mato Grosso.
IV. A presença britânica na região, que defendeu as suas iniciativas socioeconômicas opondo-se aos
interesses da Argentina.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Comentários
O tema da questão é a Guerra do Paraguai (1864-1870), que se deu entre Brasil, Argentina e Uruguai, de
um lado, e, de outro, Paraguai, a respeito do controle sobre a navegação na Bacia do Rio da Prata. Lembre-
se que que o Rio da Prata é um rio de integração comercial formado pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai,
importantes desde o período colonial, pois foram alvo de disputas entre as potências ibéricas por servir de
escoadouro para a prata que vinha de Potosí e se dirigia à Europa. Na segunda metade do século XIX, com
todas as nações pelas quais esses rios passavam já independentes, sua importância foi atualizada e
continuou sendo central para os interesses políticos e econômicos na região. Os desdobramentos e o
resultado da guerra afetaram todas as nações envolvidas, inclusive o Brasil, que saiu vitorioso. a monarquia
brasileira pagou um alto preço por isso. O Exército foi fortalecido durante os anos de guerra e, por isso
mesmo, teve um grande papel na construção de uma identidade nacional brasileira. A Guerra do Paraguai
estimulou o sentimento de integração do país, mas expunha as mazelas, como a questão escravocrata, que
excluía parte da população que atuou na batalha contra Solano López. Além disso, os militares brasileiros
lutaram ao lado de argentinos e uruguaios, países republicanos. Dessa forma, a relação entre a abolição e
república era cada vez mais estimulada na imaginação política dos sujeitos históricos. Não à toa, foram os
militares que lideraram a Proclamação da República, muitos anos depois. Com base nisso e nos seus
conhecimentos sobre o referido conflito, vejamos:
I. Verdadeira! Como disse antes, a importância da Bacia do Rio da Prata data desde tempos
coloniais. Todavia, durante o Segundo Reinado (1840-1889), o controle sobre a bacia foi
essencial para os interesses brasileiros de manter a livre-navegação - o que favorecia o
escoamento de sua produção e maior integração entre Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Contudo, outras nações sul-americanas, como Argentina, Uruguai e Paraguai, também tinham
interesse em controlar a navegação fluvial e a circulação de mercadorias nessa região.
II. Falsa. O panamericanismo não estava entre as motivações políticas de nenhuma das nações
envolvidas na Guerra do Paraguai.
III. Verdadeira! Solano López, presidente do Paraguai, antes da guerra, vinha propondo uma aliança
entre os Estados menores da região do Prata. Também se buscava o apoio de algumas
províncias argentinas que queriam ter maior autonomia em relação a Buenos Aires. Desta
forma, a aliança tentava criar um espaço na geopolítica sul-americana, de independência em
relação ao Brasil e Argentina. López ambicionava um papel de liderança para seu país na região
e a garantia da liberdade de navegação pelos rios até o oceano Atlântico, por onde escoavam
seus produtos para o mercado internacional. Nas vésperas da guerra, havia uma grande crise
política no Uruguai entre os partidos blanco e colorado, na qual o governo brasileiro apoiava os
últimos, inclusive interferindo nas disputas. Indignado com a intervenção brasileira na política
uruguaia, o presidente paraguaio rompeu relações com o Brasil. Este ato levou a um aumento
das tensões na região, mas o Império brasileiro deu pouca importância à declaração. Assim, em
1864, o governo paraguaio capturou um navio de guerra brasileiro que navegava pela bacia
Platina e invadiu o Mato Grosso, alegando a ausência de fronteiras definidas. Era o estopim para
o Brasil decretar guerra ao Paraguai.
IV. Falsa. Realmente, os britânicos também tinham interesse em atuar na região, por meio da
presença de empresas privadas de capital inglês nos variados ramos do comércio e da
infraestrutura. Contudo, os ingleses tentavam contar com a conivência de todas as nações, por
meio da diplomacia e de tratados comerciais e não tiveram tanta influência nas motivações da
que levaram ao estopim da Guerra do Paraguai.
Portanto, a alternativa correta é a letra “b”.
Gabarito: B
(UDESC 2018)
Em um recenseamento realizado em 1872 como parte das políticas do Segundo Reinado, 58% dos
residentes no país (que responderam ao recenseamento) declaravam-se pardos ou pretos e 38% se diziam
brancos. Apesar da superioridade numérica, existe muito desconhecimento no que diz respeito às
condições de vida das populações africanas e afrodescendentes que residiam no Brasil, durante o Período
Imperial.
A respeito destas condições e a partir de seus conhecimentos, analise as proposições.
I. Antes da abolição da escravatura, não havia nenhuma possibilidade de conquista da liberdade por parte
dos escravizados e das escravizadas.
II. Africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas formavam uma unidade política extraoficial e
lutavam todos pelas mesmas causas, na medida em que possuíam os mesmo costumes, religiões e idiomas.
III. A “Revolta dos Malês”, ocorrida no século XIX, é um exemplo contundente da diversidade existente entre
africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) Somente a afirmativa III é verdadeira.
Comentários
I – falso. Antes de 1888, momento da Lei Áurea, havia possibilidade de libertação por meio da compra da
alforria; também havia a Lei do Ventre Livre e a Lei do Sexagenário, as quais permitiam a libertação de
escravos.
II – falso. Os africanos trazidos para o Brasil a força provinham de diferentes regiões. Cada qual com seus
costumes, religião e dialeto (linguagem). O fato de pertencerem a diversas etnias dificultava a unidade
entre os negros africanos. Um exemplo dessa divisão foi a Revolta do Malês, razão pela qual o item III está
certo.
III – A Revolta do Malês ocorreu na Bahia, em janeiro de 1835. Na cidade de Salvador, cerca de metade de
população era composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas e procedências
africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs. Foram eles que protagonizaram a
rebelião, conhecida como dos "malê", pois este termo designava os negros muçulmanos. A revolta foi uma
resposta ao sistema escravista, os escravizados não aceitavam mais a condição de trabalho forçado,
discriminação, humilhação, açoites, torturas e morte. Veja como os negros escravos andavam nas ruas de
Salvador:
A revolta foi descoberta porque uma negra de etnia diferente revelou os planos às autoridades.
Gabarito: E
(UDESC 2017)
“A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas
individuais ocorrem em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou prometidos, por senhores
ou prepostos mais violentos. Mas outras arbitrariedades, além da chibata, precisam ser computadas.
Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos pela venda de pais, esposas e filhos. (...)
No Brasil, a condenação [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século, quando o país
independente, fortemente penetrado por ideias e práticas liberais, se integra ao mercado internacional
capitalista. (...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante muito tempo como sinónimo de
evadir-se, como aparece no romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência, não se
dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se voltam para dentro, isto é, para o interior da própria
sociedade escravista, onde encontram, finalmente, a dimensão política de luta pela transformação do
sistema. “O não quero dos cativos”, nesse momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema,
conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”.
REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71.
Analise as proposições em relação à escravidão e à abolição no Brasil.
I. O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir a escravidão, mantendo-a por
praticamente todo o período imperial.
II. Milhões de pessoas foram trazidas de diferentes regiões africanas para o Brasil e escravizadas ao longo
de mais de três séculos. Contudo, a mão de obra escrava, no Brasil, não foi exclusivamente africana.
III. A lei Eusébio de Queiróz, em 1850, cessou a compra e a venda de escravos no Brasil, e a pressão inglesa
foi significativa para a promulgação desta lei.
IV. O fim da escravidão, no Brasil, se deu com a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, não
tendo os escravos participado do processo de abolição.
V. Após a abolição, o estado brasileiro não ofereceu condições adequadas para que os ex-escravos se
integrassem no mercado de trabalho assalariado, tendo a imigração europeia sido justificada, inclusive por
teorias raciais.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
Comentários
Os itens III e IV estão errados.
III – De fato, a pressão inglesa contribuiu para o estabelecimento da Lei Eusébio de Queiróz, mas há um
erro na afirmação. A lei proibia o tráfico intercontinental de escravos, agora, o comércio dentro do
Império brasileiro ainda era permitido.
IV – A afirmação entra em contradição com o texto do enunciado. Repare que o trecho começa
lembrando que as “fugas” eram uma forma de resistência. Além delas, outras formas de resistência dos
próprios escravos contribuíram para pressionar pelo fim da escravidão. Basta lembrarmos das revoltas.
Por fim, faço uma observação sobre a alternativa II. Além da mão de obra africana, os índios também
foram escravizados, principalmente no Brasil colônia.
Gabarito: B
(UDESC 2016)
A Lei do Ventre Livre foi uma lei abolicionista, promulgada, no Brasil, em 28 de setembro de 1871.
Sobre a Lei do Ventre Livre, assinale a alternativa correta.
a) Foi promulgada pelo Imperador Pedro II e concedia liberdade a todas as crianças e às respectivas mães
que viviam sob a escravidão no território brasileiro.
b) Essa lei encontrou forte resistência entre os senhores, visto que não previa indenização pelo fim da
escravidão das crianças nascidas a partir da publicação da lei.
c) Instituía a liberdade de todas as crianças nascidas a partir da publicação da lei, mas deixava a possibilidade
dessas crianças permanecerem sob “os cuidados” do antigo proprietário até a idade de 21 anos.
d) Como a lei libertava a criança, mas não libertava os pais, assim que nasciam essas crianças eram retiradas
do convívio com os pais escravizados e eram destinadas a um abrigo mantido pelo Estado.
e) De acordo com a lei, os senhores tinham a opção de manter as crianças libertas junto aos pais
escravizados até a maioridade, mas os senhores não podiam usufruir da mão de obra delas.
Comentários
A - Dois erros na afirmação: a Lei do Ventre Livre, ou Lei Rio Branco, foi sancionada pela Princesa Isabel em
28 de setembro de 1871; a lei não previa a libertação das mães das crianças.
Para responder as demais alternativas, vamos lembrar alguns artigos da lei:
Art. 1º Os filhos da mulher escrava que nascerem no Império, desde a data desta lei,
serão considerados livre.
Parágrafo 1º Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores
de suas mães, os quais terão a obrigação de criá-los até a idade de 8 anos completos.
Parágrafo 2º Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá a opção
ou de receber do Estado a indenização de 600 mil-réis ou de utilizar-se dos serviços do
menor até a idade de 21 anos completos.
B – afirmação falsa, pois, conforme a lei estava prevista a indenização dos proprietários de escravos.
C – é o gabarito.
D – as crianças não eram retiradas dos pais.
E – errada, pois a exploração do trabalho podia ser feita até a idade dos 21 anos, tal como constava na lei.
Gabarito: C
(FUVEST 2017)
No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países latino-americanos, as décadas de 1870 e 1880
foram um período de reforma e de compromisso com as mudanças. De maneira geral, podemos dizer que
tal movimento foi uma reação às novas realidades econômicas e sociais resultantes do desenvolvimento
capitalista não só como fenômeno mundial, mas também em suas manifestações especificamente
brasileiras.
Emília Viotti da Costa, “Brasil: a era da reforma, 1870-1889”. In: Leslie Bethell, História da América Latina,
v. 5. São Paulo: Edusp, 2002. Adaptado.
A respeito das mudanças ocorridas na última década do Império do Brasil, cabe destacar a reforma
a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos eletivos do Império, ao mesmo tempo em que
proibiu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a participação eleitoral dos setores populares.
b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como política oficial para as relações entre o Estado
brasileiro e o poder papal, o que permitiu ao Império ganhar suporte internacional.
c) fiscal, com a incorporação integral das demandas federativas do movimento republicano por meio da
revisão dos critérios de tributação provincial e municipal.
d) burocrática, que rompeu as relações de patronato empregadas para a composição da administração
imperial, com a adoção de um sistema unificado de concursos para preenchimento de cargos públicos.
e) militar, que abriu espaço para que o alto-comando do Exército, vitorioso na Guerra do Paraguai,
assumisse um maior protagonismo na gestão dos negócios internos do Império.
Comentários
Esta questão é considerada difícil pois ela aborda assunto super específico. Nenhuma das alternativas,
em uma primeira leitura, parece com uma reforma que poderia ser proposta por uma monarquia
constitucional, não é mesmo? Mas, se você colocar isso no exato contexto da crise do Império, vai acabar
chegando à conclusão de que as reformas propostas pelo Governo tinham a intenção de atender as
reivindicações dos grupos de oposição. Contudo, essas reformas foram muito tímidas e não atingiam a
estrutura centralizadora do poder do Imperador D. Pedro II. Assim, os itens B, C, D, E estão errados pois
representam as demandas que poderiam mudar justamente esta estrutura. Veja:
B – na verdade, essa referência ao ultramontanismo não faz parte do contexto do Império brasileiro,
pois essa doutrina se refere à política católica que busca em Roma a sua principal referência. Naquele
contexto, fim do século XIX, o Brasil já estava caminhado para um princípio republicano, qual seja, o
Estado laico. Isso ocorrerá em 1891 com a nova Constituição. Assim, não era prudente D. Pedro II tentar
um regresso a uma forma de relacionamento entre Estado e Igreja mais característica dos séculos
anteriores. Sacou?
C – desconfie quando as alternativas fazem afirmações absolutas, como essa ideia de “incorporação
integral”. Errada a afirmação, principalmente, porque isso significaria fortalecer a descentralização do
poder e, no contexto do Império, o poder era centralizado.
D – aqui vale a mesma observação anterior, pois não houve uma ruptura (100%) com o patronato.
Ademais, o sistema de concurso e a reforma burocrática são medidas próprias do Brasil republicano. A
partir de 1930 o Estado brasileiro iniciará mudanças no sentido da racionalização da máquina pública.
Porém, nem aqui é possível falar em rompimento com o patrimonialismo. Por sinal, as práticas
patrimoniais persistem até os dias atuais. É só você pensar nos agente públicos (políticos, militares,
burocratas) que abusam dos recursos da máquina pública em benefício próprio e dos seus pares.
O item A está certo porque foi uma das reformas propostas. A partir dela não existiria mais o voto
censitário (por renda), embora previsse a imposição do critério da alfabetização. Com isso, até mesmo
homens ricos deixaram de ter o direito ao voto, pois no Brasil a população era majoritariamente
analfabeta – inclusive, os abastados. Essa reforma foi feita em 1881. No sistema por critério de renda
os eleitores paroquiais elegiam os eleitores de província e estes elegiam os deputados.
No sistema estabelecido a partir de 1881, os eleitores paroquiais e os analfabetos foram excluídos, o
que levou a uma diminuição do número de eleitores no Império.
E – não houve essa reforma militar, na verdade, o setor militar passou a fortalecer a oposição à
monarquia até que, em 1889, instaurou-se a república e chegou ao fim a monarquia constitucional.
Gabarito: A
(FUVEST 2012)
Examine a seguinte tabela:
Ano Nº de escravos que entraram no Brasil
1845 19.453
1845 50.325
1847 56.172
1848 60.000
Dados extraídos de Emília Viotti da Costa. Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 1998.
A tabela apresenta dados que podem ser explicados
a) pela lei de 1831, que reduziu os impostos sobre os escravos importados da África para o Brasil.
b) pelo descontentamento dos grandes proprietários de terras em meio ao auge da campanha abolicionista
no Brasil.
c) pela renovação, em 1844, do Tratado de 1826 com a Inglaterra, que abriu nova rota de tráfico de escravos
entre Brasil e Moçambique.
d) pelo aumento da demanda por escravos no Brasil, em função da expansão cafeeira, a despeito da
promulgação da Lei Aberdeen, em 1845.
e) pela aplicação da Lei Eusébio de Queirós, que ampliou a entrada de escravos no Brasil e tributou o tráfico
interno.
Comentários
Apesar das medidas proibitivas ao tráfego negreiro, tomadas a partir da primeira metade do século XIX,
a tabela indica um aumento do número de escravos que entraram no Brasil. Por que isso?
A - A Lei de 1831, estabelecida na Regência de Feijó, foi um compromisso do Brasil com a Inglaterra
para extinguir o tráfico negreiro, mas não houve efeito prático. Assim, não há relação de causalidade
com os dados da tabela.
B - A campanha abolicionista teve importância no país após a Guerra do Paraguai, nos anos 1870 e 1880.
No período compreendido na tabela, mesmo que houvesse uma campanha abolicionista forte, a relação
de causalidade fica estabelecida.
C – Lembre-se de que a Inglaterra pressionava pelo fim do tráfico de escravos. No ano de 1844 o Brasil
editou a Tarifa Alves Branco, uma medida protecionista que levou a retaliações por parte da Inglaterra.
Uma dessas retaliações foi a promulgação, no ano seguinte, da Lei Aberdeen, que autorizava a marinha
inglesa a aprisionar navios que fizessem o tráfico internacional. Ou seja, não há que se falar em
renovação de acordo com os ingleses.
D – De fato, o tráfico de escravos foi ampliado em função da necessidade de mão de obra para a lavoura
cafeeira, em expansão no oeste paulista. Veja o mapa abaixo, repare como a tendência de expansão da
economia cafeeira faz sentido com os dados da tabela do enunciado:
A expansão cafeeira em São Paulo. Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo:
Ática, 2008. p. 43.
E – errado, pois a Lei Eusébio de Queiros, de 1850, proibiu o tráfico negreiro no país.
Gabarito: D
(FUVEST 2009)
A imigração de italianos (desde o final do século XIX) e a de japoneses (desde o início do século XX), no
Brasil, estão associadas a:
a) uma política nacional de atração de mão de obra para a lavoura e às transformações sociais provocadas
pelo capitalismo na Itália e no Japão.
b) interesses geopolíticos do governo brasileiro e às crises industrial e política pelas quais passavam a Itália
e o Japão.
c) uma demanda de mão de obra para a indústria e às pressões políticas dos fazendeiros do sudeste do
país.
d) uma política nacional de fomento demográfico e a um acordo com a Itália e o Japão para exportação de
matérias-primas.
e) acordos internacionais que proibiram o tráfico de escravos e à política interna de embranquecimento da
população brasileira.
Comentários
A proibição do tráfico de escravos fez com que os cafeicultores passassem a buscar alternativa para
atrair mão de obra para a lavoura. Dessa forma, já podemos eliminar a alternativa C, pois ela afirma que
a chegada de imigrantes estaria relacionada à indústria.
A Itália e o Japão passavam por transformações: o processo de unificação da Itália, na segunda metade
do século XIX, foi acompanhado da expulsão de muitos camponeses de suas terras, o que fazia com que
muitos buscassem alternativas no novo mundo; com relação ao Japão, as imigrações começaram no
início do século XX, também em razão da carência de trabalhadores rurais em cafezais. Além disso, o
Japão fechou acordos para facilitar o processo de imigração, pois a falta de empregos e condição de vida
péssimas enfrentada pelos japoneses fizeram com que milhares de japoneses trocassem a Ásia pelo
“mundo novo”. Em 1885, Brasil e Japão assinaram o Tratado da Amizade, que estabelecia trocas
comerciais entre os países e já previa processos de imigração. Parte desse desemprego no Japão foi
reflexo do modelo industrial adotado pelo Império japonês (Meiji, de 1868 a 1945). Parte do problema
de emprego também se explicava pela concentração de terras férteis nas mãos das elites. Assim, em
1908, 781 pessoas embarcaram no Kasato Maru, primeiro navio oficial a trazer imigrantes japoneses ao
Brasil.
B – é um exagero afirmar que o Brasil possuía interesses geopolíticos junto à Itália e ao Japão na virada
do século XIX para o XX.
D – não existiu um acordo de exportação de matérias primas para Itália e Japão no período considerado.
E – essa alternativa deixou muita gente com dúvidas, pois os dois elementos abordados (tratados
internacionais e política de embranquecimento) estão indiretamente relacionados ao estimula à
imigração. Vamos por partes nesta alternativa:
1o trecho - "acordos internacionais que proibiram o tráfico de escravos" a afirmação está errada porque
a proibição do tráfico da da primeira metade do século XIX, sendo que, no Brasil, uma primeira lei é de
1831 e, depois, em 1850 tivemos a lei Eusébio de Queirós, decretando a abolição do tráfico negreiro no
Brasil. Repare que o enunciado nos localiza no final do século XIX e início do XIX. Assim, só por essa
afirmação falsa, poderíamos eliminar a alternativa.
Sobre o 2o trecho, sobre a política interna de embranquecimento da população: comparando as teses
de embranquecimento com a necessidade de mão de obra para a lavoura, esta última demanda era
mais forte que a primeira, pois era uma exigência imediata a mão de obra dos imigrantes, tanto é que,
os japoneses (população não teorizada dentro da teoria racialista do embranquecimento, pois essa
teoria estava baseada no padrão de gente branca europeia) também foram estimulados à imigrarem
para o Brasil. Dessa forma, nota-se que questões do mundo do trabalho estavam relativamente acima
da necessidade prática da teoria eugênica. Agora, é certo que essa teoria causou impactos e dialogou
com as demandas por mão de obra.
Gabarito: A
(UNIVESP 2018)
Leia o texto a seguir.
Ao redor de 1900, várias modificações e atualizações importantes ocorrem ao longo da ferrovia da São
Paulo Railway. As máquinas de tração do equipamento rodante são substituídas por equipamento moderno,
há um novo traçado da linha entre a serra e Santos, uma nova Estação da Luz. A Estação da Luz se torna
uma estação monumental, imponente e solene.
(Martins, José de Souza. A ferrovia e a modernidade em São Paulo: a gestação do ser dividido. Revista
USP, São Paulo, n.63, p. 6-15, setembro/novembro 2004)
A importância histórica da Estação da Luz pode ser relacionada
a) ao deslocamento dos cafezais para o Vale do Paraíba e à utilização da mão de obra negra escravizada.
b) à industrialização na região do ABC paulista e ao início do desenvolvimento rodoviário de São Paulo.
c) à expansão da cafeicultura para o Oeste paulista e à presença do capital inglês na economia brasileira.
d) à desativação das estradas utilizadas por tropeiros e ao crescimento da exportação de algodão e tabaco.
e) à decadência da oligarquia paulista do Oeste Velho e à ascensão da burguesia industrial de origem
imigrante.
Comentários
O tema da questão é a implantação e expansão do sistema rodoviário no Brasil, mais especificamente em
São Paulo. Essa é uma questão que poderia estar tanto entre os exercícios da Aula 15 como da Aula 18,
pois abarca tanto período imperial quanto o republicano. Todavia, apesar de fazer referência a construção
da Estação da Luz em 1900, já na República, o início do sistema ferroviário no Brasil está ligado a processos
de transformação econômica que tiveram início no período imperial. A primeira ferrovia que ligou o porto
de Santos ao interior paulista, passando pela capital, foi concluída em 1867, por exemplo. Com isso em
mente, vejamos ao que podemos associar à importância histórica da Estação da Luz:
a) Incorreta. De fato, a malha ferroviária está ligada à expansão da cafeicultora, mas já existia cafezais no
Vale do Paraíba fluminense desde a primeira metade do século XIX. Na verdade, durante o Segundo
AULA 09 – HB: do Império à República 93
Prof. Alê Lopes
Reinado, devido ao esgotamento do solo daquela região, a cafeicultura foi se deslocando para a porção
paulista do mesmo vale, para o Oeste Paulista e para o sul de Minas Gerais.
b) Incorreta. Esses processos se deram no século XX, mais especificamente entre a Era Vargas (1930-1945)
e a Ditadura Militar (1964-1985), momento que a industrialização se intensificou no ABC paulista. Quanto
ao sistema rodoviário, sua implantação mais sistemática começou durante o governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961).
c) Correta! Como mencionei na justificativa da letra “a”, a cafeicultura se expandiu em outras partes do
Sudeste brasileiro na segunda metade do século XIX. Isso se deu devido ao aumento da demanda por esse
produto no mercado internacional e a disponibilidade de terras férteis nas regiões citadas. Rapidamente,
os cafeicultores vivenciaram uma prosperidade econômica enorme e se tornaram a base da economia
nacional. Para diminuir seus custos e acelerar o transporte das mercadorias, esses fazendeiros também
investiram na instalação do sistema ferroviário. Com empréstimos de bancos estrangeiros, principalmente
ingleses, foram instaladas ferrovias no país a partir de 1852. A primeira delas, contando com 14 km de
extensão, foi criada por Irineu Evangelista de Souza, posteriormente conhecido pelos títulos de Barão e
Visconde de Mauá. Juntamente a outros poucos empreendedores do Segundo Reinado, o empresário
apostou na modernização da economia ao investir em áreas diversas, incluindo o comércio, indústria,
companhias de navegação e bancos. Em pouco mais de 30 anos o Império passaria a contar com 10 mil
quilômetros de ferrovias, o que também beneficiava outras atividades econômicas, como a agropecuária e
a mineração. Dessa forma, o Brasil viveu um surto industrial entre as décadas de 1840 e 1870, que alguns
historiadores denominaram como Era Mauá. A cafeicultura continuou sendo a base da economia nacional
durante a Primeira República, portanto, em 1900, continuava sendo interessante aumentar e melhorar o
sistema ferroviário no centro das atividades ligadas à exportação de seu principal produto.
d) Incorreta. Realmente, está ligada à desativação de estradas e caminhos usados pelos tropeiros, contudo,
como vimos, não foi resultado do crescimento da exportação de algodão e tabaco, mas sim de café.
e) Incorreta. Na verdade, nesses últimos anos do século XIX e durante a implantação da malha ferroviária,
todo o Oeste Paulista estava inserido na ascensão da economia cafeeira. A burguesia industrial, por sua
vez, era minoritária e a maioria era também cafeicultora, pois a elite agrária era a única com capitais
suficientes para investir na industrialização. Os burgueses de origem estrangeira realmente existiam, mas
igualmente seus ramos de atividade estavam quase sempre ligados à algum desdobramento da economia
cafeeira.
Gabarito: C
(UNIVESP 2018)
b) Incorreta. A crise social é o pano de fundo, o contexto ao qual a charge e sua crítica fazem referência,
contudo não consiste no objeto-alvo dessa crítica.
c) Correta! Oras, as elites políticas do império naquele momento se dividiam entre conservadores e liberais.
No entanto, como apontei antes, havia uma percepção na opinião pública de que não havia grandes
distinções entre os dois partidos, que muitas vezes agiam apenas em prol de sua própria perpetuação no
poder. Chamado de partidos monarquistas pelos republicanos, liberais e conservadores eram criticados
por seu compromisso com a manutenção da escravidão no país, afinal muitos deles continuavam tendo
centenas de escravizados.
d) Incorreta. Na realidade, é bem provável que o autor da charge fosse de orientação republicana, pois,
como disse antes, era comum pessoas dessa orientação política criticar os liberais por sua hipocrisia em
compactuar com setores escravistas.
e) Incorreta. Note que na imagem, tanto o negro quanto os indígenas representados não são retratados
como radicais, mas sim como vítimas da opressão do suposto chefe do Partido Liberal no topo da hierarquia
social ali ilustrada.
Gabarito: C
(UNITAU 2016)
Em 1850, a questão da propriedade das terras no Brasil Imperial foi retomada, devido ao rearranjo das
forças políticas em torno do imperador e à riqueza gerada pela economia cafeeira no vale do Paraíba. Após
debates acalorados no Senado, devido à resistência dos proprietários rurais, a Lei de Terras foi aprovada. É
possível afirmar que essa Lei
a) frustrou os grandes proprietários de terras, que não apoiaram a decisão de entregar um lote de terras a
qualquer família ou indivíduo acima de 21 anos.
b) frustrou a população livre, que pretendia ocupar os territórios ainda despovoados do norte do país.
c) atendeu aos interesses da maioria da população, que buscava legitimar a posse das antigas cartas de
sesmarias.
d) acompanhou os interesses dos proprietários de terras, que criaram mecanismos para manter as
estruturas agrárias altamente concentradas.
e) acompanhou os interesses dos proprietários de terras, que aprovaram a venda de terras para incentivar
a migração de europeus.
Comentários
Vamos lá, há quatro elementos no enunciado aos quais você deve se atentar para interpretar a questão: 1)
o ano de 1850; 2) o rearranjo das forças políticas em torno do imperador; 3) riqueza gerada pela economia
cafeeira no vale do Paraíba; 4) resistência dos proprietários rurais. Veja, em meados do século XIX, o
Segundo Reinado, liderado por D. Pedro II, estava buscando se estabilizar, procurando construir consenso
entre os Poderes Legislativo, o Executivo e Moderador. O imperador resolveu o impasse
momentaneamente com a instituição do parlamentarismo, em 1847, e a criação do cargo de presidente
do Conselho de Ministros. Este seria responsável por nomear os demais de ministros e liderar o gabinete
ministerial. Contudo, o presidente continuaria sendo escolhido pelo imperador. Por outro lado, o eixo
econômico do país estava mudando; a economia cafeeira se tornava cada vez mais importante, liderando
nas exportações. As grandes plantations de café se espalhavam cada vez mais pelo Sudeste, principalmente
na província de São Paulo. Nessa primeira década do Segundo Reinado também houve esforços para
incentivar a industrialização e a modernização da economia, como a Tarifa Alves Branco, de 1844, que
aumentou as taxas alfandegárias sobre os produtos importados para favorecer a indústria nacional. Vale
dizer, que os cafeicultores eram os principais investidores da industrialização brasileira, na política
econômica imperial, devido à prosperidade crescente da exportação de café. Todavia, os cafeicultores
pretendiam continuar utilizando a mão de obra escrava em um contexto no qual a escravidão era cada vez
mais criticada e combatida nacional e internacionalmente. Em 1850, poucos meses antes da Lei de Terras,
foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz, que proibia o tráfico internacional de escravizados. A partir de então,
os projetos que visavam incentivar e até financiar a imigração para substituir o braço escravizado eram
cada vez mais debatidos e executados por particulares e pelo governo. Mesmo assim, havia uma grande
resistência das elites econômicas em abrir mão da escravidão sem uma contrapartida, seja na forma de
uma indenização paga pelo Estado ou pelo próprio liberto, ou na prestação de serviços por este último por
um tempo determinado que pague o valor da mesma indenização. Essa continuou sendo uma das principais
fontes de tensão durante o reinado de Pedro II. Tanto é que, quando a princesa regente assinou a Lei Áurea
que libertava todos os cativos sem indenização ou obrigação alguma para com os ex-senhores, a monarquia
perdeu o apoio a grande maioria dos cafeicultores que passaram a conspirar pela república. Considerando
esse contexto e a centralidade da elite cafeeira para a política econômica do Segundo Reinado, vejamos o
que podemos afirmar sobre a Lei de Terras.
a) Incorreta. A lei não obrigava nenhum grande proprietário de terras a entregar um lote de terras a
qualquer família ou indivíduo acima de 21 anos. Na verdade, ela determinava que a partir então a única
forma reconhecida de obter terras era por meio de operações de compra e venda, ou herança. O Estado
não doaria mais terras a ninguém, como era feito antes com a distribuição de sesmarias em momentos e
lugares estratégicos para a ocupação do território. Além disso, para comprovar a propriedade sobre a terra
e o tamanho da mesma, as pessoas passavam a ter que apresentar os documentos cartoriais que
atestassem a compra ou a herança dela ou uma documentação produzida durante os procedimentos
burocráticos para pagar impostos sobre a terra. Isto favoreceu os interesses dos grandes proprietários, pois
eles eram a elite econômica do país. Logo, tinham mais poder aquisitivo, meios e oportunidade para não
só adquirir a terra como para comprovar sua propriedade sobre ela. Além disso, como mencionei no
comentário, esse contexto era marcado pelo fim do tráfico e pela intensificação das discussões sobre a
imigração. Por isso, os grandes proprietários estavam preocupados que libertos e trabalhadores imigrantes
tivessem fácil acesso a terras, de modo que não teriam necessidade de trabalhar para terceiros para
conseguir seu sustento. Nesse sentido, a Lei de Terras dava maior garantia a essa elite econômica para
manter o controle sobre o acesso à terra, dispondo de mão de obra e seguridade para aumentar seu leque
de investimentos.
b) Incorreta. A “população livre” é uma expressão muito ampla. Lembre-se que livre eram todos aqueles
que não eram escravos e a partir de meados do século XIX a quantidade destes últimos começa a diminuir
graças às leis abolicionistas que se sucederam. Portanto, ao falar em “população livre” estariam incluídos
tanto os grandes proprietários, que foram beneficiados pela lei, quanto a massa de trabalhadores e
pequenos comerciantes de baixa renda, os quais realmente tiveram seus interesses frustrados pela nova
legislação. Ademais, é importante lembrar que naquela época não apenas no norte do país havia terras
despovoadas. Mesmo em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco, todos lugares de
povoamento antigo e que já foram polos econômicos do país, havia zonas ainda parcamente povoadas ou
habitadas por comunidades indígenas independentes. Por isso mesmo, os grandes proprietários temiam
que os libertos e imigrantes tivesse facilidade em seu apoderar de porções de terras e comprovar sua
propriedade sobre elas. Assim, teriam como plantar alimentos e/ou criar animais para seu sustento ao invés
de buscar emprego nos engenhos.
c) Incorreta. Como destaquei ao longo do comentário e das alternativas anteriores, a Lei de Terras acabou
beneficiando apenas os grandes proprietários, a elite econômica, ou seja, a minoria da população.
d) Correta! Esse foi o resultado das disposições acerca da definição da propriedade privada na Lei de Terras.
Atrelar a definição de propriedade privada a um correspondente monetário (dinheiro) e à certificação do
pagamento de impostos garantiu a manutenção de mecanismos de concentração fundiária.
(UNITAU 2016)
“A lei abolicionista de 1871 e a de 1885, que concedia liberdade aos escravos com mais de sessenta anos,
deixaram os senhores de escravos bastante apreensivos quanto às garantias oferecidas pela coroa à
manutenção de seu "patrimônio". Sua indignação foi bem expressa pelo barão de Santa-Pia, personagem
do Memorial de Aires, de Machado de Assis, que, ante os rumores da abolição, concedeu alforria aos seus
escravos, por não admitir que o governo interviesse em seus bens... Com isso, raciocinava o barão, os
escravos agradecidos talvez continuassem a trabalhar em suas propriedades após a emancipação”.
VENTURA, Roberto. MOTA, Carlos G. (org.) Viagem Incompleta. 1500-2000. A experiência brasileira. São
Paulo: SENAC, 2000, p. 340.
A abolição da escravidão foi um dos fatores que contribuiu para a proclamação da República. Em relação a
isso, é CORRETO afirmar:
a) Desde a Lei do fim do tráfico atlântico de escravos, de 1850, predominava a percepção da escravidão
como um entrave à formação do país e do povo brasileiro.
b) A elevação dos preços dos escravos, com a proibição do tráfico, inviabilizou a mão de obra escrava e
gerou a crença predominante nos malefícios econômicos do cativeiro.
c) A guerra do Paraguai, que contou com a presença de ex-escravos, trouxe a impopularidade do sistema
escravista junto aos senhores de escravos.
d) A emancipação sem indenização aos proprietários de escravos rompeu o equilíbrio mantido pela coroa
entre os partidários e os adversários daquela medida.
e) Desde a década de 1870, os cafeicultores do oeste paulista investiram na imigração europeia como modo
de modernizar a cafeicultura, e apoiaram o fim da escravidão.
Comentários
O tema aqui é a relação entre o processo de abolição da escravidão e a proclamação da República, no
Brasil. O texto destacado pelo enunciado enfoca algumas tensões envolvendo o longo processo de abolição
de escravidão. Veja, sempre houve resistência e luta contra escravidão por parte dos escravizados. Além
disso, ao longo do século XIX até mesmo alguns setores das elites e das camadas médias propunham
projetos próprios para o fim do cativeiro no país, de modo a preservar seus interesses. Porém, sempre
houve aqueles que era terminantemente contra abolição, ainda mais contra uma abolição sem indenização
aos senhores ou qualquer garantia que os libertos seriam mantidos sob controle e trabalhando no novo
regime de trabalho livre. Por essas razões, mesmo com toda a pressão de escravizados, libertos,
abolicionistas brasileiros e estrangeiros, o que se deu foi a discussão e aprovação de uma série de lentas
que gradualmente iam minando a continuidade da escravidão, de modo que os senhores de escravos
tivessem tempo e oportunidade para se adaptar aos novos rumos da economia. Uma das formas de
adaptação que eles encontraram foi uma que já era usada desde o início da colonização e da própria
escravidão no Brasil: a alforria. Note, a alforria (ou manumissão) é a concessão voluntária da liberdade ao
escravizado pelo senhor. Todavia, era muito comum que a alforria viesse acompanhada de algumas
condições que podiam ser o pagamento de certa quantia pela liberdade ou a prestação de serviços por um
determinado tempo. Além disso, os cativos que geralmente conseguiam essa “benção” do senhor eram
aqueles que empreenderam esforços por anos para ganhar sua confiança e simpatia. Dessa forma,
podemos considerar que a alforria era uma forma conservadora de emancipação, uma vez que quase
sempre representação a manutenção ou atualização dos vínculos de dependência entre senhor e cativo
mesmo após o fim do cativeiro. Com isso, por exemplo, muitos senhores conseguiam que seus escravizados
AULA 09 – HB: do Império à República 98
Prof. Alê Lopes
continuassem trabalhando para eles mesmo depois de libertos, em troca de um salário modesto ou mesmo
por residência e alimentação.
Dá pra entender, então, como figuras semelhantes ao personagem de Machado de Assis decidiram
alforriar seus cativos em meio a uma série de medidas que tornavam cada vez mais próximo o fim da
escravidão. Tá, mas e onde entra a proclamação da república? Lembre-se, caro aluno e cara aluna, que a
política econômica do Segundo Reinado estava centrada na cafeicultura e sua exportação, centradas na
região Sudeste. Essa atividade era a mais rentável do Império brasileiro. Além disso, eram os cafeicultores
os principais investidores da industrialização que Pedro II tentava incentivar no país. Eram eles também os
principais utilizadores de mão de obra escravizada, possuindo a grande maioria os cativos na segunda
metade do século XIX. Não é de se surpreender, portanto, que eram eles também os mais resistência ao
fim da escravidão ou à projetos abolicionistas que não previssem indenizações ou nenhuma contrapartida
para a classe senhorial. Já dá pra entender onde eu quero chegar, né? Então, lembrando o tema da questão,
a relação entre o processo de abolição e a proclamação da República, vamos às alternativas:
a) Incorreta. Na verdade, essa visão só passou a realmente predominar na opinião pública nas décadas de
1870 e 1880. Até então, a mentalidade senhorial e escravocrata ainda era muito forte e resistente na
sociedade brasileira. Lembre-se que a escravidão era utilizada em todas as atividades econômicas e havia
também uma infinidade de pequenos proprietários de cativos que dependiam deles para seu sustento. De
fato, o fim do tráfico internacional em 1850 contribuiu para que a propriedade de escravizados fosse cada
vez mais cara e restrita aos mais ricos. Porém, essa virada só ocorreu definitivamente com o aumento dos
tributos sobre o tráfico interprovincial de escravizados, a Lei do Ventre Livre em 1871 e o aumento
significativo de crimes e fugas de escravizados para obter meios para obter a liberdade nos anos 1870 e
1880. Assim, o medo de violentas e sanguinárias revoltas escravas, o sentimento humanitário e, para
alguns, o interesse econômico motivaram a popularização da percepção da escravidão como um entrave à
formação do país e do povo brasileiro.
b) Incorreta. O fim do tráfico internacional de cativos realmente elevou os preços dos mesmos no mercado
interno. Contudo, isso não inviabilizou a escravidão, apenas restringiu as pessoas que podiam adquirir
escravizados. A Lei do Ventre Livre, vinte e um anos depois, representou um abalo mais consistente à
continuação da economia escravista, pois libertava todos os filhos de escravizadas nascidos a partir daquele
ano. Ou seja, não era mais possível “produzir” escravos; nem pela importação, nem pela reprodução
natural.
c) Incorreta. Na verdade, a guerra nutriu a impopularidade da escravidão entre os militares, pois muitos
cativos e libertos foram enviados para combaterem ao seu lado. Isto sim, seria um ponto de relação entre
a abolição e a proclamação da República, haja vista que o Exército saiu fortalecido simbólica e politicamente
da Guerra do Paraguai, pois se tornou importante na própria concepção da identidade nacional. Com o
aumento dos conflitos de interesse entre militares e políticos do Império relacionado à participação dos
primeiros na política institucional, cada vez mais os militares associavam a monarquia a continuidade da
cruel instituição que era o cativeiro e engrossaram as fileiras do movimento republicano. Não à toa, foram
oficiais militares que lideraram o golpe que proclamou a República.
d) Correta! Como tentei enfatizar no comentário, os cafeicultores eram tanto a base da política econômica
do Segundo Reinado como eram os mais resistentes à abolição sem indenizações ou contrapartidas. A
monarquia, por sua vez, tentava se manter no poder procurando agradar tanto escravocratas quanto
abolicionistas, que na década de 1880 estava entre todas as classes da sociedade imperial. Naquele
momento, o país também vivia uma intensificação das revoltas e fugas dos próprios cativos. Era cada vez
mais frequente episódios em que grupos números de escravizados abandonassem coletivamente os
trabalhos e migrassem para outras regiões. No processo, alguns deles até cometiam assassinatos de
senhores e feitores. O medo de que experiências violentas como a do Haiti ou dos EUA se repetissem no
Brasil era amplamente compartilhado. Por isso, a monarquia calculou que decretando a abolição ampla e
irrestrita, ganharia o apoio popular e as elites escravistas hesitariam em se opor à massa. No entanto, as
elites passaram a conspirar para derrubar a família imperial e fortalecer a propaganda republicana, que já
encontrava amplo respaldo na opinião pública desde a década de 1870. Não tardou e em 15 de novembro
de 1889 foi proclamada a república por um grupo de militares e cafeicultores paulistas.
e) Incorreta. É verdade que os cafeicultores investiram na imigração desde a década de 1870. Alguns deles
até antes. Porém, não eram todos. Muito menos havia consenso entre eles, e mesmo entre os que
incentivavam a imigração, de que a escravidão deveria acabar, seja com ou sem indenização.
Gabarito: D
(UEA – 2011)
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil. Estima-se que
entravam no país, no período imediatamente anterior à Lei, 50 mil escravos por ano. A proibição desse
comércio
(A) provocou desentendimentos e conflitos do governo brasileiro com o Parlamento inglês, porque trouxe
prejuízos monetários às companhias inglesas de comércio de escravos.
(B) precipitou a queda da monarquia brasileira, que perdeu o apoio político e o auxílio econômico dos
senhores de escravos do Norte e do Sul do país.
(C) liberou e disponibilizou capitais que foram aplicados em atividades industriais e de transportes, de que
é exemplo a Companhia de Navegação a Vapor do rio Amazonas.
(D) determinou o crescimento de cidades no país, porque favoreceu a libertação voluntária dos escravos
por seus senhores, que foram atingidos pela falta de mão de obra.
(E) dividiu geograficamente o país em duas regiões distintas, uma que explorava o trabalho escravo e outra
que estimulava o emprego do trabalho assalariado.
Comentários:
A Lei Eusébio de Queirós (1850) está inserida em um contexto de abolição da escravatura em
diversos países do mundo. Isso porque, durante o século XIX, o mundo passou para uma segunda fase
da Revolução Industrial, em que os países indústrias necessitavam de novos mercados consumidores
para comercializarem seus produtos. Dentre eles a Inglaterra, principal economia do mundo e maior
parceira comercial do Reino de Portugal, até aquele momento. A coroa inglesa, mediante a esse
contexto global então pressionou a portuguesa a abolir o tráfico em suas colônias, porém de nada
adiantou. Os escravos africanos continuaram chegando às terras americanas. Até mesmo alguns acordos
firmados entre os dois países antes e depois da declaração de independência foram o suficiente para
que essa atividade comercial parasse. Muito se deve pela forma que se regia a economia no Brasil
(baseada em produção agrária com mão de obra escrava, indígena ou negra).
Todavia, em 1850, após diversas represálias do governo britânico, mesmo com a resistência dos
políticos brasileiros, o governo do Imperador D. Pedro III determinou a proibição do tráfico negreiro no
Brasil. Assim, a partir desse momento, o Império buscou combater de maneira efetiva o comércio
transatlântico de escravizados para o território brasileiro, sendo criado um tribunal especial na Marinha
para julgar os traficantes e reenviar os africanos encontrados em portos e navios de volta para a África.
Contudo, aqueles que fossem flagrados comprando cativos contrabandeados – ou seja, os fazendeiros
– seriam encaminhados para a justiça comum, o que lhes dava maiores chances de serem anistiados.
Essa lei também não reverteu o status daqueles que foram ilegalmente escravizados desde 1831,
ano que ficou conhecido pela lei Feijó, que o governo brasileiro promulgou com o intuito de acabar com
o comércio dessa atividade, porém que não teve o menor rigor de ser cumprida pelos donos de terra
(apelidada como “lei para inglês ver”). Ou seja, garantia à classe senhorial o direito à propriedade
adquirida até o momento. Ademais, o combate à entrada de navios negreiros a partir da Lei de 1850
(UEA – 2011)
Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua essência e em sua
prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados americanos. (Manifesto Republicano.
Jornal A República, 03.12.1870.)
Segundo o trecho do Manifesto Republicano, o Brasil adotava, em 1870, uma forma de governo que poderia
ser um fator de
(A) expansão do caudilhismo nas repúblicas americanas.
(B) fortalecimento da solidariedade continental.
(C) desestabilização política no continente.
(D) democratização política dos países fronteiriços.
(E) aproximação dos povos da América com as monarquias europeias.
Comentários:
Essa é uma questão sobre a Crise do Período Imperial. A partir de 1860, diversos processos
influenciaram para que algumas áreas da sociedade brasileira, de uma forma geral, se tornassem
contrária à Monarquia. Dentre as principais transformações sociais desse momento estava o surgimento
do sistema produtivo, bancário e financeiro. Elas foram impulsionadas principalmente como reflexo do
florescimento da produção cafeeira. Com o desenvolvimento da economia do café, isso possibilitou a
expansão das malhas ferroviária, e com ela, a urbanização e o crescimento das cidades. Outro fator que
contribuiu para que as mudanças sociais acelerassem no Brasil, foi à proibição do tráfico de escravos, e
o gradativo aumento no movimento abolicionista e republicano.
Visto esses pontos, em uma perspectiva internacional, a expansão dos ideais liberais ao longo da
segunda metade do século XIX, em países como Estados Unidos, Inglaterra e França teve efeito também
AULA 09 – HB: do Império à República 101
Prof. Alê Lopes
Religiosa (1872-1875) e da Questão Christie (1862-1865), que opôs a monarquia à Igreja Católica e à
Inglaterra, respetivamente.
b) Correta! O movimento abolicionista era amplo e diverso, contando com a participação dos setores mais
variados da sociedade. Conforme a resistência dos próprios escravizados contra a escravidão se radicalizou,
nesse período, o abolicionismo se popularizou. Entretanto, cada setor da sociedade ou grupo político aderia
ao abolicionismo por motivações e projetos próprios. Alguns, temiam que uma guerra civil ou revolução
escrava sanguinária eclodisse; outros acreditavam que a escravidão era um sistema que atravancava a
economia do país e o trabalho assalariado era mais lucrativo para os próprios patrões; outros ainda que
defendiam que o cativeiro devia ser extinto, mas gradualmente para não causar uma crise ainda maior e
prejudicar a elite econômica; enfim, havia também aqueles que afirmavam que a abolição era apena os
primeiro passo para o progresso da nação e o fim das injustiças sociais e o seguinte seria o advento da
república. Quando o abolicionismo se ampliou e a propaganda ficou mais radical, nos anos 1880, sobretudo
nos lugares com maior tradição republicana, como São Paulo, a monarquia era frequentemente associada
à manutenção da escravidão. Por outro lado, ao tentar virar o jogo em 1888, com a Lei Áurea, a Princesa
Regente acabou perdendo o apoio de boa parte das oligarquias rurais que ditavam os rumos da economia
do país. Por outro lado, a relação da monarquia brasileira com essas oligarquias e com as elites econômicas
de cada região sempre fora tensa, desde seu nascimento com a independência em 1822. Lembra do tanto
de revoltas regionais que vimos nas Aulas 12, 13 e 15? Pois é, em várias ocasiões algumas regiões do Brasil
tiveram atritos com o governo imperial, por discordar de certas políticas econômicas, fiscais e institucionais,
ou seja, pautas relacionadas a maior autonomia econômica e política. Veja, em geral, o governo imperial
beneficiava muito mais um seleto grupo de poderosos e ricos fazendeiros e empresários de regiões do país
mais interessantes para si. Quem ficava de fora, ficassem sem verbas estatais para projetos locais,
frequentemente eram mais taxados e tinham pouco espaço para reclamações ou questionamentos nas vias
institucionais. O próprio resultado do processo de abolição, em 1888 é um exemplo dessa dinâmica. Ao
longo do Segundo Reinado, a monarquia se projetara com o apoio da elite cafeeira e escravocrata em
ascensão e, ao assinar a Lei Áurea para cooptar o apoio popular, perdeu a aliança dos cafeicultores e todos
os escravocratas remanescentes nas oligarquias mais poderosas. O que a família imperial não esperava que
o apoio popular não estava tão garantido quanto havia imaginado. O republicanismo era forte em
diferentes partes importantes do país e agora contava com o apoio dos ex-senhores enfurecidos com a
abolição sem indenização à eles.
c) Incorreta. Como mencionei acima, a relação entre a monarquia e as diferentes elites regionais variava.
Aquelas que se sentiam preteridas na divisão do poder e dos privilégios comumente aderia a movimentos
revoltosos, não raro de caráter republicano. Lembre-se das várias revoltas em Pernambuco, Bahia, Rio
Grande do Sul ao longo do século XIX, apenas para citar algumas. Nas décadas de 1870 e 1880, o
republicanismo estava ainda mais popular. Crescia principalmente em São Paulo onde se misturava com o
abolicionismo.
d) Incorreta. Na verdade, esses avanços não tiveram resultados duradouros. O Segundo Reinado viveu
apenas um curto período de relativa estabilidade entre os anos 1850 e meados da década de 1860. A
expansão do café possibilitou operar a modernização da economia, por meio de reformas fiscais,
empréstimos com bancos ingleses e a substituição de importações. No entanto, uma série de crises
diplomáticas com a Igreja Católica, Inglaterra e outros países sul-americanos, a monarquia sofreu um
grande desgaste político, além de se endividar profundamente. Não se esqueça que as revoltas escravas e
o abolicionismo cresciam enquanto isso. Como já disse, em alguns lugares essas pautas se misturavam com
o republicanismo, o que contribuiu para o maior questionamento sobre a permanência da monarquia no
poder.
e) Incorreta. Na realidade, os cafeicultores dependiam da mão de obra escravizada, assim como a
monarquia dependiam deles para manter a estabilidade do governo. Por isso mesmo quando a Princesa
Regente assinou a Lei Áurea, a família imperial perdeu o apoio dos cafeicultores, que aderiram ao
republicanismo em massa. Não à toa, pouco mais de um ano depois, em 15 de novembro de 1889, muitos
deles apoiaram o golpe dos militares que proclamou a república.
Gabarito: B
(URCA 2018)
A fim de regulamentar a propriedade da terra de acordo com as novas necessidades econômicas e os novos
conceitos de terra e de trabalho, diversas leis importantes foram decretadas em diferentes países durante
o século XIX. No Brasil, a lei para este fim ficou conhecida como a Lei de Terras de 1850, sobre a qual
podemos corretamente afirmar:
A) Proibia a aquisição de terras que não fosse exclusivamente pela posse ou doação feita pela Coroa.
B) Determinava que todos aqueles que tinham adquirido a terra, nos anos precedentes à Lei, por ocupação
ou doação, perderiam a terra, ainda que tivessem como legalizá-las mediante o pagamento de taxas
cartoriais.
C) Limitou o tamanho das terras adquiridas pela ocupação que não poderia ser maior do que a maior porção
de terra doada no distrito em que se localizava.
D) Os produtos das vendas das terras públicas e das taxas de registro das propriedades seriam utilizados
para importar mão de obra escrava.
E) Se antes da lei, somente poderiam adquirir terras aqueles que tivessem condições de explorá-las
lucrativamente, com a lei, somente poderiam adquirir aqueles que prestassem serviços à Coroa Imperial.
Comentários:
A Lei de Terras no Brasil, foi estabelecida em um contexto de expansão de imigrações europeias
para o território sul-americano. Em meio aos seus processos de unificação, na Alemanha e Itália muitos
camponeses foram expulsos de suas terras. Visto isso, encontraram na América do Sul ambiente propicio
para morarem. Porém, até esse período, não havia uma clara divisão das terras públicas e privadas no país.
Por isso, o Estado brasileiro viu a necessidade de regulamentar e limitar as terras, devido a vinda de
inúmeras famílias europeias para o país.
Então, sobre essa lei, olhemos a afirmação que explica seu funcionamento:
a) Incorreta. A concessão de terras desocupadas no Brasil estava sob a posse do Estado e só poderiam ser
adquiridas por meio da compra.
b) Incorreta. Todas as posses adquiridas após a independência (1822), assim como as sesmarias concedidas
ainda na época da colônia deveriam ser cadastradas nos Registros Paroquiais de Terras para então serem
demarcadas.
c) Correta. Essa foi uma forma de estabelecer um limite entre as terras públicas e privadas no Brasil.
d) Incorreta. A partir da Lei de Terras de 1850, o Brasil não podia mais importar escravos de fora do país.
e) Incorreta. Antes, as terras eram doadas pela Coroa. Não podia explorara-las sem o consentimento do
Estado Imperial.
Gabarito: C
Considerações Finais
Queridos, tem uma música que gosto muito e tem um verso que repito sempre: Ninguém pode
atrasar quem NASCEU para vencer!!! Compartilho com vocês, pois tenho certeza de que nesse momento
vocês estão dando seu melhor!
E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de adquirir mais
conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza infinita. Ninguém tira de
você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2
Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas com
afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!! Contem comigo,
meus querida e querido alunos.
Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas com esmero. E não se esqueça de que
não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo,
certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê Lopes