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NOVO TESTAMENTO I

EVANGELHOS SINÓTICOS:

 A expressão sinótico quer dizer “visão de conjunto” “ver a mesma coisa”. O


primeiro a usar este termo foi J.J. Griesbach (teólogo alemão), no ano 1776 com sua
Sinopse. Ele uniu os três evangelhos e colocou em três colunas para identificar suas
semelhanças e diferenças.
 Estamos diante de uma nova literatura, diferente das biografias helenistas que
visavam relatar os heróis gregos. Os evangelhos não foram escritos com objetivo de
recordar Jesus ou até mesmo focar em seus milagres, tanto que João escolheu
apenas 07 sinais. O objetivo, segundo os críticos, os autores dos evangelhos foi
suscitar a fé e fortalecê-la. As palavras de Jesus bem como seus atos foram escritos
de forma simples a fim de serem lidas nas assembleias primitivas para consolidar a
fé dos cristãos.
 O conteúdo e a disposição do material dos sinóticos estão intimamente
relacionados. Mateus e Lucas tem material mais rico que Marcos. Exemplo: O
nascimento de Jesus, a tentação, discurso, ministério especialmente na Galiléia,
crucificação, morte e ressurreição de Jesus. Ambos eventos seguem uma mesma
linha diferente do evangelho joanino, embora leiamos em João a crucificação, morte
e ressurreição também
 Semelhança em até questões mínimas no estilo e linguagem dos
discursos. Exemplo: Marcos 11.27; Mt. 21.23-27; Lc. 20.1-8; Marcos 1.40; Mt 8.1-4;
Lc. 5.12-16.
 Ao mesmo tempo em que temos semelhanças há um problema sério. Há
vários momentos que os três são contrários. Exemplo: As narrativas da infância –
Para Mateus é contada a partir do ponto de vista de José; Para Lucas, é do ponto de
vista de Maria. Genealogias diferentes.

- No século XVIII é que houve o início para estudar e debater sobre essas situações
encontradas nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.

- Agostinho, embora não pertença ao Século XVIII, foi o primeiro a encarar


seriamente os problemas encontrados nestes evangelhos. Agostinho, como muitos
criam, em sua época, os evangelhos foram escritos conforme a disposição canônica.
Primeiro teria sido Mateus; Marcos seria um resumo de Mateus, e depois, Lucas.

Hipóteses para solucionar o Problema Sinótico:


1. Evangelho Primitivo

Michaelis acreditou ser possível explicar os pontos de concordância entre os


sinóticos através do uso comum de “vários evangelhos apócrifos”. Lessing mudou a
visão e achou que, na verdade, ao invés do uso de evangelhos apócrifos, havia um
“evangelho” antigo, escrito em aramaico de origem apostólica, chamado “evangelho
dos nazarenos”. J. E. Eichhorn foi o primeiro a sustentar que cada evangelista usou
o evangelho primitivo de maneira própria. Mais à frente, defendeu a ideia que deste
evangelho primitivo surgiu nove outros evangelhos escritos diferentes.

2. Fragmento

H.E.G. Paulus afirmou que Mateus e Lucas elaboraram o seu a partir de


fragmentos, resumos de cada dia da atividade de Jesus. O teólogo Schleiermacher
acreditou nessa possibilidade, fazendo valer a ideia de que os apóstolos anotavam
as coisas que iriam acontecendo com eles e Jesus.

3. Tradição Oral

Sabemos que os judeus usaram no Antigo Testamento o método da tradição


oral, e durante um tempo, alguns nomes, como: Herder, Gieseler, suspeitaram que
houvesse um evangelho transmitido em aramaico de forma oral. Essa possibilidade
é defendida porque foi justamente esse material que deve ter fundamentado a forma
redacional que temos hoje.

4. Utilização

A sequência Marcos-Mateus e Marcos-Lucas, ou seja, a prioridade de Marcos


sobre Mateus e Lucas, defendida no Século XVIII é a mais usual hoje. O que isso
quer dizer? Mateus e Lucas utilizaram o evangelho de Marcos. O filólogo C.
Lachmann observou que Mateus e Lucas estão de acordo entre si na sequência do
material, somente quando seguem a sequência de Marcos. Disso concluiu que
Marcos reproduz a tradição mais próxima do original.

5. Fonte Q
Essa ideia surgiu no séc. XVIII, na qual uma fonte (Quelle) alimentou Marcos a
escrever o seu evangelho. Mas, no século XX, Streeter, afirmou que além de Marcos
ter usado a Fonte “Q”, os demais evangelistas, Mateus e Lucas, usaram
respectivamente a sua própria fonte, chamadas então, de “M” e “L”. Essa teori a
consegue responder por grande parte do material exclusivo em cada um dos
evangelhos. Mateus possui 333 versículos e Lucas 564.

QUADRO DE PARALELISMO ENTRE OS EVANGELHOS

Assunto Mt. Mc. Lc. Jo.


Pregação de João Batista 3.1 e 2 1.1-8 3.1-20 1.19-28
Batismo de Jesus 3.13-17 1.9-11 3.21 e 22
Tentação 4.1-11 1.12 e 13 4.1-13
Início do ministério na Galiléia 4.12-17 1.14 e 15 4.14 e 15
Rejeição em Nazaré 13.53-58 6.1-6 4.16-30
A cura da sogra de Pedro 8.14-17 1.29-34 4.28-41
Purificação de um leproso 8.1-4 1.40-45 5.12-16
Cura do paralítico 9.1-8 2.1-12 5.17-26
O chamado de Levi 9.9-13 2.13-17 5.27-32
O jejum 9.14-17 2.18-22 5.33-39
A colheita de grãos 12.1-8 2.23-28 6.1-5
A cura do homem da mão 12.9-14 3.1-6 6.6-11
A escolha dos doze 10.1-4 3.13-19 6.12-16
Parábola do semeador 13.1-23 4.1-20 8.4-15
Família de Jesus 12.46-50 3.31-35 8.19-21
Jesus acalma tempestade 8.23-27 4.35-41 8.22-25
Cura do homem possesso 8.28-34 5.1-20 8.26-39
A filha de Jairo/fluxo 9.18-26 5.21-43 8.40-56
O envio dos doze 10.5-15 6.7-13 9.1-6
João Batista é decapitado 14.1-12 6.14-29 9.7-9
Cinco mil pessoas alimentadas 14.13-21 6.30-44 9.10-17 6.1-14
Jesus morte e ressurreição 16.13-19 8.27-29 9.18-20
Transfiguração 17.1-8 9.2-8 9.28-36
A expulsão de um espírito 17.14-18 9.14-27 9.37-43
Segunda fala da morte 17.22-23 9.30-32 9.43-45
Quem é o maior? 18.1-5 9.33-37 9.46-48
Jesus e Belzebu 12.22.30 3.20-37 11.14-23
Exigência de um sinal 12.38-42 8.11-12 11.29-32
Parábola grão de mostarda 13.31-32 4.30-32 13.18-19
A bênção das crianças 19.13-15 10.13-16 18.15-17
O jovem rico 19.16-30 10.17-31 18.18-30
Terceira fala morte 20.17-19 10.32-34 18.31-34
Bartimeu 20.29-34 10.46-52 18.35-42
Entrada em Jerusalém 21.1-11 11.1-11 19.28-40 12.12-19
Com que autoridade 21.23-27 11.27-33 20.1-8
Os lavradores maus 21.33-46 12.1-12 20.9-19
Dai a César 22.15-22 12.13-17 20.20-26
A Ressurreição 22.23-33 12.18-27 20.27-40
O Filho de Davi 22.41-46 12.35-37 20.41-44
Sermão Escatológico 24.1-36 13.1-32 21.5-33
Complô da Páscoa 26.1-5,14-16 14.1,2,10,11 22.1-6
Preparação Páscoa 26.17-20 14.12-17 22.7-14
Predição da traição 26.21-25 14.18-21 22.21-23 13.21-30
A ceia do Senhor 26.26-30 14.22-26 22.14-20
Traição de Pedro 26.31-35 14.27-31 22.31-34 13.36-38
Getsêmani 26.36-46 14.32-42 22.39-46
A prisão de Jesus 26.47-56 14.43-50 22.47-53 18.3-12
O Sinédrio 26.57-75 14.53-72 22.54-71 18.13-27
Jesus e Pilatos 27.1,2,11-14 15.1-5 23.1-5 18-28-38
Jesus sentenciado 27.15-26 15.6-15 23.17-25 18.39,19.16
Crucificação, morte 27.32-61 15.21-47 23.26-56 19.27-42
Ressurreição 28.1-8 16.1-8 24.1-12 20.1-10

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