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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS


6º SEMESTRE DO BACHARELADO EM TEOLOGIA
DISCIPLINA: Comunicação e Oratória
PROFESSOR: Alexander Pessanha
PRIMEIRA ATIVIDADE: Sermão em Lucas 15

Título: O RESGATADOR
Texto Bíblico: Lucas 15.11-32

Introdução: quando lemos essa parábola, percebemos que ela não esta isolada. Existem duas
parábolas anteriores, no capítulo 15 de Lucas, que retratam acontecimentos que envolvem objetos
perdidos, e narram situações semelhantes a parábola do Filho Perdido, como assim é nomeada.
Entretanto, para entendermos a fundo esse ensino de Jesus, precisamos entender qual era o público
para quem Jesus estava falando, e qual era a intenção do ensino de Cristo nesse enredo. Em primeiro
lugar, percebemos que existem dois tipos de pessoa entorno de Jesus. Alguns dos chamados pecadores,
que envolviam cobradores de impostos, publicanos, talvez algumas prostitutas, e esses se achegam a
Jesus para ouvir seus ensinos. Um outro grupo era o de fariseus, escribas e mestres da Lei. Esses
murmuravam que o dito Messias se misturava com “aquele povinho”. Você vai notar isso nos
primeiros versos do capítulo 15. Então Jesus conta três parábolas, e a terceira ela é muito especial,
daria para ser uma peça de teatro.
Como 1º ato, vemos um filho mais novo que pede ao pai sua herança antecipada. Para a cultura da
época, é como se o filho estivesse dizendo: “pai, para mim o senhor morreu, e agora a única coisa que
eu quero é parte daquilo que me cabe”. A segunda cena desse primeiro ato é esse filho mais novo
sendo displicente, gastando tudo que tinha. É interessante ver que a palavra pródigo, usada por muitas
pessoas “esbanjador empoderado”, “que gasta até o fim”. Veremos essa palavra mais a frente sendo
aplicada em outro sentido, mas continuando… a terceira cena desse 1º ato é o filho mais novo jogado
aos porcos, sem ter o que comer, e numa faísca de juízo que ainda lhe restava, decide levantar, ensaiar
um discurso e pedir para ser empregado de seu pai. Mas aí, acontece a cena 4, onde o Pai não espera o
filho chegar, ele vai até o encontro, não deixa nem o menino falar seu discurso tão bem ensaiado, já
beija, manda fazer uma festa, põe o anel, as sandálias, e comemora porque antes, o seu filho estava
morto, mas agora ele tem vida na casa do Pai. Bem, até aqui, veríamos uma história bem legal, com
um final bem clichê, mas Jesus é um autor fantástico e no 2º ato, lembra do irmão mais velho? Pois
é… ele fica enfurecido porque aquele irmão tinha sido aceito novamente, e agora ainda tinha uma festa
toda feita para ele. Ele ficou tão enfurecido com aquilo que manda chamar o pai para fora da festa,
olha que papelão! Da uma bronca no pai, justificando todas as suas boas obras e como ele tinha se
mantido fiel. Entretanto, esse mesmo pai de amor que abraça o filho mais novo, também traz uma
palavra de amor ao filho mais velho, apesar da falta de respeito e avareza na sua fala. E sim, a história
termina sem um fim certo. O que ela quer dizer? Bem, a partir dessa construção narrativa de Jesus, eu
consigo perceber alguns pontos que podem ser muito práticos nas nossas vidas, principalmente
daqueles que já são crentes no Senhor Jesus.

Tópico 1: JESUS DESNUDA O ORGULHO RELIGIOSO:


Por quantas vezes vemos os fariseus e doutores da Lei sendo altivos e orgulhosos nas Escrituras?
Quantas vezes percebemos que há um preconceito com os gentios e pecadores? Afinal, eles não eram o
povo escolhido, eles não eram a nação santa de Israel. E se houvesse um arrependimento ou
conversão? O julgo da Lei era sobre eles, e todo o cumprimento da mesma era exigido.
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E o que tem haver essas parábolas, em especial a terceira, com o farisaísmo tão predominante na
época? Percebam que Jesus começa contado a parábola da ovelha perdida e da dracma perdida fazendo
uma pergunta: “qual de vocês, que se perder algo de valor, como uma ovelha ou como um dracma, não
ia se alegrar quando encontrasse?”. Jesus começa instigando os homens da época com coisas que eram
valiosas para eles. Vamos contextualizar? Qual de vocês, que se perdesse o “iphone x14 pró-max”, e
achasse, não ia se alegrar quando encontrasse. E o que Cristo faz na parábola: mostra a alegria que o
Senhor tem no arrependimento e salvação dos pecadores, que se achegam a Ele, encontrando amor,
graça e salvação. Qual é a grande questão: por que vocês, fariseus e mestres da Lei não se alegram
porque mais pessoas estão sendo alcançadas pelo amor e salvação do Pai? O filho mais velho é o
religioso, que cumpriu e guardou os mandamentos do pai, e fazendo tudo conforme o pai queria, ele
sempre esteve junto do pai. Mas quando um filho, que antes estava morto, perdido, é achado, ele não
se alegra. Pelo contrário, ele joga na cara do pai que é certinho, que sempre fez tudo, que sempre
esteve ali.
Será que hoje em dia, muitas vezes, a religiosidade não tem impedido pessoas de se aproximarem de
Cristo, porque se não são como nós, se não tem a mesma cosmovisão que eu, e se não é no “meu
padrão”, não pertence ao grupo, a nata, ao clube. Onde Cristo ensinou isso? O mais interessante é que
Jesus instiga: “engraçado, se fosse algo de valor seu você se alegra, mas como é um irmão perdido,
você da de ombros né?!” A grande questão é que essas parábolas não são voltadas somente para as
pessoas perdidas do lado de fora da casa do Pai, que necessitam de arrependimento para desfrutar do
banquete de amor do Senhor, mas para os que estão dentro da casa do Pai perdidos porque não
entenderam a dinâmica do amor e da graça de Deus.
Jesus esta mostrando, para os religiosos da época e de hoje em dia, que o pai nunca desprezou
ninguém. O Pai nunca negou o banquete do amor e da graça para um filho arrependido. Por que então
que um homem qualquer menosprezaria um coração arrependido, ou colocaria limites na salvação de
alguém?
“O Senhor cuida do humilde, mas se mantém longe do orgulhoso” Sl 138.6
O interessante que o que ocorre com o irmão mais velho e o pai revelam ainda mais coisas.

Tópico 2: JESUS AMPLIA O CONCEITO DE PECADO E PERDIÇÃO:


Se formos analisar superficialmente a parábola do filho perdido, vamos entender o seguinte: o filho
perdido é aquele que se perde, ou seja, aquele que sai da casa do pai e vai para no mundão e gasta tudo
que tem e o que não tem. Entretanto, será que somente esse filho estava perdido? Quando vamos ver o
diálogo do filho mais velho com o pai, no final do capítulo 15, percebemos muita coisa sendo jogada
no ventilador, e uma falta de respeito gigante desse filho. A realidade da época está muito distante da
nossa, mas imagine um filho, tirar o pai da festa que ele esta dando, trazer para fora, e falar um monte
de coisa na cara dele, com raiva e indignação, capaz até de ter gente envolta. Percebemos que no
coração do filho mais velho há uma insatisfação muito grande, e você vai saber o porque:
2.1.O filho mais novo sendo restituído, agora ele teria sua “parte” de volta. Naquela época, o
primogénito ficava com o dobro dos outros. Vamos imaginar que esse ficou com 2/3 dos bens, e o
mais novo com 1/3. Agora, a parte dele seria dividida porque o mais novo voltou, ou seja, a avareza
estava dominando o seu coração;
2.2. Percebemos que há uma moralidade que norteia a vida do filho mais velho, onde por
cumprir esse padrão, ele se acha no direito de colocar o pai dentro de uma caixinha, e começar a se
sobrepor sobre a autoridade do pai;
2.3. Percebemos que toda a moralidade e comportamento “correto” do filho mais velho não é
motivado pelo amor ao pai, ou porque deseja contribuir com toda a família, mas por um sentimento
egoísta, desejoso a ser e conquista.
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Ouvi uma história interessante que dizia que certa vez, um homem simples, num reino não muito
distante, colheu uma cenoura incrível, gigantesca. Ele levou ao rei rapidamente e presenteou o
soberano com aquela cenoura, que jamais haveria igual. Esse rei então o presenteou com uma linda
terra, vasta e abundante. Um cortês do rei, ouvindo a conversa pensou: “se ele ganhou terras por causa
de uma cenoura, imagina se eu der um presente melhor?” Então, deu ao rei um dos seus muitos
cavalos, mas o rei percebeu a intencionalidade do seu coração e só agradeceu o presente. O nobre
insatisfeito foi contestar vossa Majesta e recebeu a seguinte resposta: deixe-me explicar, aquele
agricultor me deu a cenoura em consideração a mim, você me deu um cavalo em consideração a ti.

Sabe como isso se aplica na vida religiosa? Aqueles fariseus faziam por eles ou por Deus? Fazemos
hoje por eles ou por Deus?

Talvez exista uma inveja do que nos pertence, como se o céu fosse exclusivo para alguns, a moralidade
e os padrões que estabelecemos são o que nos levam para o céu, ou fazemos porque queremos a
salvação, ou achamos que fazendo, teremos o direito de nos sobrepor sobre os outros. Até quando
vamos viver a religião, para sermos mais do que somos realmente? Cristo vai mostrar que muitos que
se mantém dentro da casa do Pai estão perdidos em si, perdidos nas suas próprias conclusões e seus
próprios achismos. Olha para o irmão mais velho: ele cometeu algum erro na conduta moral? Não!
Mas ele pecou, sabe o por que?
Porque pecado não é simplesmente uma transgressão de normas, mas é colocar-se no lugar de Deus
como Salvador, Senhor e Juiz.
E os dois filhos pecam, porque ambos tentam se livrar da autoridade do Pai sobre a vida deles.
Precisamos entender que o céu não será a casa da mãe joana, e que a vida cristã não é libertina, mas é
liberta de toda condição de julgo e peso. Jesus liberta do julgo e do peso, quem somos nós para
jogarmos fardo em cima de outras pessoas meus irmãos?
A nossa grande alegria, é que em meio a essas revelações do irmão mais velho, temos uma questão que
é, literalmente, a salvação para ambos os filhos.

Tópico 3: JESUS AMPLIA O BANQUETE DO PERDÃO:


Até aquele momento, tínhamos a seguinte narrativa. Há um povo, desde os tempos antigos, separado e
escolhido por Deus para viverem os beneplácitos de sua glória. Houve a libertação do Egito, a terra
prometida, a construção de uma nação, de um reino, mas sua queda e suas inúmeras circunstâncias
pecaminosas que os afastaram de Deus. Então, o que esta no contexto de Jesus? Um povo humilhado
pelo Império Romano, que vive o julgo da Lei, imposto por seus líderes religiosos, que não
experimenta o livre acesso a Deus, nem mesmo a expansão da pregação a outros povos. E o que Jesus
esta dizendo:

3.1. O perdão de Deus é pródigo (não há limites). Para os imorais, para os fofoqueiros, para as
prostitutas, para os cobradores de impostos, para os assassinos, para os mentirosos, para os vascaínos
também! O perdão de Deus não haveria limites, pois a graça superabunda qualquer condição. Por isso
vemos o convite do pai para celebrar a vida abundante do filho.
3.2. O perdão também se estenderia para os religiosos que desejassem participar do banquete.
Percebem que não há um empecilho na participação do filho mais velho, ele não entra porque não
quer, e na verdade, percebe-se que a fala do pai já deixa a entender que tudo que ele tem é do filho,
incluindo aquela celebração, e que ele deveria estar lá, junto com seu irmão;
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Antes, o preço da remissão dos pecados de alguém era pago através de um sacrifício e necessitava ter a
manutenção periódica. A expiação dos pecados do povo custava ao sacerdote. E Jesus agora esta
dizendo que seria acessível a todos o perdão. Mas como se o irmão mais velho estava preocupado com
os prejuízos que o irmão mais novo ia causar com sua reintegração? Se olharmos para as três
parábolas, na primeira e na segunda alguém sai atrás das percas (ovelha e dracma), e agora, na terceira,
ninguém saiu. Quem deveria ter saído? O irmão mais velho deveria ter ido até o pai e dito: “Pai, eu sei
que meu irmão foi inconsequente e agora eu preciso ir atrás dele”, mas não é isso que acontece, porque
o povo não estava disposto a pagar o preço da recepção dos perdidos, e nem tinham a capacidade de
trazê-los de volta. Então, quem faria a reconciliação de ambas as partes?
Jesus é o irmão mais velho que topa pagar o preço pela remissão dos nossos pecados. Essa parábola
introduz para todos os gentios o seguinte: “vocês não vão receber a salvação pelos religiosos, porque
eles também precisam de salvação. Eu serei o irmão que pagará o preço pelos seus pecados”. Não sai
de graça a reintegração do mais novo, e Jesus aceita pagar o preço por esse perdão concedido.
Mas a pergunta que fica é: vamos ficar para fora do banquete? Vamos ser os turrões, que não pagaram
preço algum, e ainda queremos ser os senhores do Evangelho?

E é por isso que finalizo com a seguinte questão.

Conclusão:
Percebe a dimensão do perdão de Deus. Agora lembra daquela palavra: pródigo, significando
“esbanjador empoderado”, “que gasta até o fim”. Pois então, é esse Deus Pródigo que essa noite nos
diz que seu perdão não tem limites, que seu amor não tem limites, que esbanja e superabunda graça,
que gastou até o fim da sua vida na terra pela propiciação dos pecados. Esse Deus que nos quer libertar
da religiosidade, e nos levar para a liberdade de vida ao seu lado.

Seremos pródigos em nosso censo de perdão as ofensas dos outros? Reconheceremos a trave que
esta dentro dos nossos olhos e vamos parar de apontar para a farpa alheia? Ou não
permitiremos que Deus trabalhe em nossas vidas e continuaremos a ficar de fora do banquete do
perdão?

Oração.

SERMÃO PREGADO PELO ALUNO DIA 18/11/2022


LINK: https://www.youtube.com/watch?v=c1Wpxw9eQb0 (minuto 38:26)

Você já entrou no grupo de Whats da turma de Comunicação e Oratória:


( X ) Sim, já entrei.
(___) Não, mas já vou entrar já!

Eis o link de nosso grupo no Whats:

=.======================================================================.=
Prezado(a)s amigos e amigas,

a) Nossa primeira atividade, que deve ser preenchida no espaço acima, é a elaboração de um sermão
fundamentado no Capítulo 15 do Evangelho de Lucas, em que Jesus narra três parábolas (a parábola
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da Dracma Perdida, a parábola da Ovelha Perdida e a parábola do Filho Pródigo). O sermão pode ser
feito considerando as três parábolas ou apenas uma delas. Vocês podem escolher o tipo de sermão
que irão desenvolver (temático, textual ou expositivo).

b) O Sermão deve ser elaborado com todo o capricho possível, como se vocês fossem pregar em um
ambiente eclesiástico, em um período entre 30 a 40 minutos. Não se preocupe com a informalidade
desta atividade. Avaliaremos seus esforços, mas não iremos cobrar ainda a estrutura técnica do
sermão.
c) O Sermão deve ter um tema, uma introdução, pelo menos três tópicos com explicação do que será
trabalhado em cada um dos tópicos e com uma conclusão. Deve ter no mínimo uma página, mas
pode ser bem mais.
d) Os três primeiros envios valem até 2,0 (dois pontos) e o último envio vale até 4,0 (quatro pontos).

Qualquer dúvida, estou à disposição nos canais que deixei no Mural de Avisos:
E-mail: alexander.pessanha@icloud.com
Whats: (22) 997561025

Alexander Pessanha
Professor de Comunicação e Oratória

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