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Lucas 15.

24-32
No capítulo anterior nos mostra Jesus entrando na casa de um dos
principais dos Fariseus em um sábado para uma festa, o que era costume
na época. Vemos o quanto os fariseus eram hipócritas e preconceituosos,
que mesmo sabendo das respostas que Jesus lhes perguntavam, eles
ficavam em silêncio para não serem pegos nos próprios erros. Jesus cura
o homem hidrópico, continua com outras parábolas como a dos
primeiros assentos e dos convidados, da grande ceia e da providência.
Que fora direcionado aos outros convidados da festa. Quando chegam
os publicanos e pecadores para o ouvir. E vendo Jesus a murmuração
dos fariseus e escribas começa a contar sobre as parábolas sobre o amor
de Deus aos pecadores.
Os publicanos eram judeus cobradores de impostos que
estavam a serviço do Império Romano. Os publicanos
eram vistos pelo povo como traidores que extorquiam os
próprios irmãos.
Já os pecadores eram as pessoas moralmente
marginalizadas e de má reputação na sociedade. Essas
pessoas não possuíam um padrão de vida aprovado
pelos religiosos da época, e, por isso, elas eram
excluídas por eles.
Jesus contrariava aquela religiosidade hipócrita.
Jesus não apenas tinha contato com aquelas
pessoas, mas também comia com elas; e mais
além, Ele as buscava.
Esse tipo de comportamento escandalizou os
fariseus e os doutores da Lei. Eles ficaram
indignados, e frequentemente questionam Jesus
acerca disto. O capítulo 15 do Evangelho de
Lucas foi uma dessas ocasiões.
A Parábola do Filho Pródigo fala de três personagens: o pai; o
filho mais novo; e o filho mais velho. Apesar de Jesus não ter
nomeado especialmente cada um dos personagens na ocasião
em que foi contada essa parábola, esses três personagens
claramente tinham significados específicos: o pai representa
Deus; o filho mais novo representava os publicanos e
pecadores; e o filho mais velho os escribas e fariseus.
Porém, como toda a Palavra de Deus, o ensino presente na
Parábola do Filho Pródigo rompe as barreiras do tempo. Ela é
tão atual para nós hoje quanto foi há dois mil anos.
Da mesma forma como aquelas pessoas puderam ver a si mesmos
enquanto Jesus contava a Parábola do Filho Pródigo, hoje nós também
podemos nos identificar como se estivéssemos na frente de um
espelho enquanto lemos essas palavras de Jesus.
Quando olhamos para o filho mais novo talvez possamos dizer: esse
sou eu. Ou, quando olhamos para o filho mais velho, talvez também
possamos dizer: acho que estou me comportando como ele.
É importante dizer que Jesus direcionou a Parábola do Filho
Pródigo aos escribas e fariseus. É comum vermos essa
parábola sendo usada apenas com ênfase no filho mais novo, e
geralmente aplicada àqueles que deixaram a casa do Pai.
Porém Jesus enfatiza muito mais o filho primogênito do que o
mais novo, fazendo com que a própria parábola aponte
especialmente para os religiosos.
O versículo 24 possui um significado muito importante que infelizmente
muitas pessoas não percebem. Note os contrastes: morto, vivo; perdido ,
achado. A explicação dessas palavras é a seguinte: no sentido prático, o
filho estava morto pois havia recebido toda sua parte da herança. Ele não
fazia mais parte da família. Ele também estava perdido, pois havia sido
destruído em suas loucuras, e desperdiçado tudo o que lhe poderia sustentar
durante a vida.
Porém há algo mais profundo. A palavra “morto” reflete o grau mais avançado de miséria e de decomposição. Morto não toma ação, não decide, não tem
razão sobre si. Aquele filho estava morto e perdido, ou seja, ele estava no mais profundo estado de desgraça. Porém há uma boa notícia, uma notícia que
explica a reação do pai. O apóstolo Paulo escrevendo aos Efésios, ensina que “Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Efésios
2:1). No mesmo Evangelho de Lucas, o próprio Jesus declara: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10).
Entre os versículos 25 e 28 somos apresentados ao outro filho, o filho mais velho. Esse era o filho pródigo primogênito.
Ele nunca se afastou do pai, mas também nunca esteve próximo; ele sempre teve todo o amor que precisava, mas sempre
esbanjou o amor e a presença do pai.
Se o filho mais novo se perdeu saindo de casa, o filho mais
velho se perdeu dentro de casa. Que coisa terrível, perdido
dentro de casa.
Vemos um filho mais velho preocupado com o que já havia
feito para o pai, do que propriamente preocupado com o
“renascimento” do seu irmão. Seu irmão mais novo estava de
volta, e ele claramente pensando que o pai não tinha o mesmo
amor por ele. Com um sentimento de egoísmo.
A resposta do pai nos versículos 31 e 32 estabelece um
tremendo contraste. O pai se dirige a ele dizendo “meu filho”.
No original grego a expressão utilizada aqui significa algo
como “meu menino”, transmitindo um sentido mais afetuoso.
O pai também usa a expressão “esse seu irmão”, ou seja, o pai
o coloca como membro da família, além de demonstrar que
havia considerado como justo o filho mais novo.
Podemos aprender muitas coisas com esse ensino do Senhor .

• Parábola do Filho Pródigo nos ensina que o Pai busca, traz de volta e se alegra
na conversão do pecador operada pelo Espírito.

• Parábola do Filho Pródigo nos convida a refletir sobre qual tem sido a nossa
posição para com os perdidos.

• Parábola do Filho Pródigo nos leva a fazer as seguintes perguntas: Como


estamos nos comportando? Será que somos como o filho mais novo ou como o
filho mais velho?
A Parábola do Filho Pródigo nos traz um grande alerta. É
impossível não falarmos sobre o que ocorre com os dois filhos.
A parábola termina com o filho mais novo dentro de casa,
participando da festa que o pai promoveu. Por outro lado, a
parábola também termina sem mostrar o filho mais velho
retornando à casa do pai para se alegrar com seu irmão que
voltou. Não temos nenhuma autorização para irmos além do
que o texto bíblico diz.
Especificamente na Parábola do Filho Pródigo não sabemos o que ocorreu com o filho mais velho, porém
sabemos que esse filho era uma figura dos escribas e fariseus, os mesmos que acabaram crucificando Jesus
(Atos 7:52). Como o filho mais velho, esses religiosos tentavam se auto-justificar. Eles se achavam bons de
mais, tão bons a ponto de praticamente entenderem que alguém como eles nunca poderia ser privado do
paraíso.
Hoje, muitas pessoas se comportam como o filho mais velho.
Elas não faltam aos cultos, são obedientes, oram, jejuam e
fazem tudo o que podem. Porém nada é verdadeiro, tudo é por
interesse. Essas pessoas acham que suas boas obras serão
capazes de salvá-las. Essas pessoas cantam os nossos hinos,
usam a nossa Bíblia, dizem ser um dos nossos, e até chamam
nosso Deus de Pai.
Mas elas são estranhas dentro de casa. Haverá um dia em que fatalmente ouvirão: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniquidade” (Mateus 7:23). Os filhos mais velhos não entendem nada sobre a graça de Deus. Eles não compreendem que tudo é pelo mérito de Cristo, e
que não há nada em nós mesmos que possa nos credenciar à salvação. Se Deus se alegra na presença de seus anjos por um pecador arrependido, se hoje
temos morada na casa do Pai, e se não estamos mais mortos e perdidos em nossos pecados e delitos, isso tudo é pela obra redentora de Cristo na cruz.

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