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Doutrinas De Salvação

Volume I
Joseph Fielding Smith

© 2014 Joseph Fielding Smith.


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PREFÁCIO
CAPÍTULO 1: CARÁTER, ATRIBUTOS E PERFEIÇÕES DE DEUS
CAPÍTULO 2: O FILHO DE DEUS O FILHO UNIGÊNITO
CAPÍTULO 3: O ESPÍRITO SANTO, A LUZ DE CRISTO E O
SEGUNDO CONSOLADOR
CAPÍTULO 4: NOSSOS PRIMEIRO E SEGUNDO ESTADOS
CAPÍTULO 5: A TERRA: SUA CRIAÇÃO E DESTINO
CAPÍTULO 6: MIGUEL, NOSSO PRÍNCIPE
CAPÍTULO 7: A QUEDA DE ADÃO
CAPÍTULO 8: A EXPIAÇÃO DE CRISTO
CAPÍTULO 9: EVOLUÇÃO
CAPÍTULO 10: CONVÊNIOS ETERNOS
CAPÍTULO 11: A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS
CAPÍTULO 12: JOSEPH SMITH: O PROFETA DA RESTAURAÇÃO
CAPÍTULO 13: A DIVINA LEI DAS TESTEMUNHAS
CAPÍTULO 14: A IGREJA E REINO
CAPÍTULO 15: ORIGEM E DESTINO DA IGREJA
"REORGANIZADA"
CAPÍTULO 16: A LEI DA REVELAÇÃO
CAPÍTULO 17: AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO QUE SALVA
CAPÍTULO 18: ENSINO DO EVANGELHO
PREFÁCIO
Joseph Fielding Smith foi um destacado erudito do Evangelho e
um dos maiores mestres doutrinários desta geração. Raros são os
homens na atual dispensação que lhe chegam aos pés em
conhecimento do Evangelho ou o ultrapassam em discernimento
espiritual. Possuía a fé e o conhecimento de seu pai, o Presidente
Joseph F. Smith, e de seu avô, o Patriarca Hyrum Smith.
Portanto, foi inevitável que seus sermões e escritos formassem a
base de substancial contribuição para a literatura da Igreja. Este
primeiro de três volumes encontrará, sem dúvida, pronta aceitação
entre os estudiosos do Evangelho de toda parte.
O presente material foi extraído dos sermões e artigos do
Presidente Smith, publicados nos vários periódicos da Igreja, e
também de milhares e milhares de cartas pessoais por ele escritas
em resposta a questões levantadas por pesquisadores que não
conseguiam encontrar a informação desejada em nenhuma obra já
existente.
Acrescente-se que nele encontramos inúmeras respostas para
as mais frequentes questões a respeito do Evangelho, porém
raramente respondidas com a decisiva autoridade dos oráculos de
Deus. Quando o Presidente Smith fala, não o faz como os escribas.
Convém que o estudioso leia as referências escriturísticas das
notas de rodapé e se dedique ao estudo com espírito de fé e busca
piedosa da verdade final.
A muitos externo profundo apreço por sua ajuda e incentivo,
sobretudo ao próprio Presidente Joseph Fielding Smith pelo seu
discernimento escriturístico, seus ensinamentos precisos e poder de
expressão; ao Élder Oscar W. McConkie, meu pai, pelos muitos
conselhos e proveitosas sugestões; ao Élder Milton R. Hunter, do
Primeiro Conselho dos Setentas, por contribuição semelhante; a
Joseph Fielding Smith Jr. por ter sugerido a composição tipográfica
e por outras sugestões de valor: a Velma Harvey e Shirley Stone
Storrs, por datilografarem a montanha de manuscritos dos quais
foram escolhidas as preciosidades aqui publicadas; e a Harold
Lundstrom, pela esmerada e cuidadosa leitura das provas.
— Bruce R. McConkie
Cidade do Lago Salgado, Utah.
10 de novembro de 1954.
CAPÍTULO 1
CARÁTER, ATRIBUTOS E
PERFEIÇÕES DE DEUS
A DEIDADE
O SUPREMO CONSELHO. “Cremos em Deus, o Pai Eterno, e
em seu filho, Jesus Cristo e no Espírito Santo.”1
Aceitamos esses três personagens como o supremo conselho
governante nos céus. O Pai e o Filho possuem tabernáculos de
carne e ossos; o Espírito Santo é um personagem de
Espírito.2 Adoramos o Pai em nome do Filho, o qual é o Mediador
entre Deus e o homem, e o único nome dado pelo qual o homem
pode ser salvo.3 Aceitamos Jesus como Filho Unigênito do Pai na
carne, embora todos sejamos geração espiritual dele, e portanto,
seus filhos.4
PATERNIDADE DE DEUS. As Escrituras nos ensinam que Deus
é literalmente nosso Pai Eterno, e não apenas em sentido figurado.
As palavras ditas pelo Redentor a Maria perto do sepulcro do qual
havia ressurgido, derrotando a morte, são de grande sublimidade e
repletas de glorioso sentido: “Não me detenhas, porque ainda não
subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu
subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.”5Nessas
palavras, a real Paternidade de Deus é acentuada por seu Filho
Unigênito, que declara ser nosso irmão e que temos o mesmo Pai
Eterno.6
O CONHECIMENTO MODERNO DE DEUS
CONCEITOS APÓSTATAS DE DEUS. Em 1820, ano em que foi
recebida a Primeira Visão, a doutrina universal tanto no mundo
protestante como no católico, com relação à Deidade, era em
essência esta:
“Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e
perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo,
membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível,
onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto,
fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua
própria vontade, que é reta e imutável.”7
JOSEPH SMITH RESTAUROU O CONHECIMENTO DE DEUS.
A visão de Joseph Smith deixou claro que o Pai e o Filho são
personagens distintos e possuem corpos tão tangíveis quanto o
corpo humano. Foi-lhe revelado ainda que o Espírito Santo é um
personagem de Espírito, distinto e separado das personalidades do
Pai e do Filho.
AS ESCRITURAS MOSTRAM A PERSONALIDADE DE DEUS.
Essa verdade tão importante abalou o mundo; entretanto, quando
consideramos as claras expressões dos escritos sagrados, é
sumamente incrível e maravilhoso que o homem pudesse ter-se
afastado tanto. Disse o Salvador: “… o Pai é maior do que eu”8 e,
após a ressurreição, convidou seus discípulos a que o tocassem e
vissem como era, pois, dizia ele: “… um espírito não tem carne nem
ossos, como vedes que eu tenho”.9 Os apóstolos compreendiam
perfeitamente as entidades distintas do Pai, Filho e Espírito Santo,
aos quais se referiam seguidamente em suas epístolas; e Paulo
informou aos coríntios do fato de que quando todas as coisas
estiverem sujeitas ao Pai, “Então também o mesmo Filho se
sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus
seja tudo em todos.”10
Joseph Smith contemplou o Pai e o Filho: por isso, podia
testificar com conhecimento pessoal de que as Escrituras são
verídicas, quando dizem: “E criou Deus o homem à sua imagem; à
imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.”11 Isto devia ser
tomado literalmente, e não em sentido místico ou figurado.12
ADQUIRIR CONHECIMENTO ACERCA DE DEUS. Eu sei,
assim como estes meus irmãos, que Deus vive; que Jesus Cristo é
o Filho Unigênito de Deus na carne e o Redentor do mundo. Porém,
não aprendi tudo o que há para se saber sobre ele e nosso Pai;
tampouco vós; pois que nesta vida mortal nos é impossível
compreender plenamente a missão de nosso Senhor e Redentor,
conhecer exatamente quem e o que ele é, e a extensão da grande
obra que realizou. Mas, se formos dignos de entrar na presença de
Deus, o Pai, e Jesus Cristo, seu Filho, e ali sermos coroados com
exaltação, será necessário que os conheçamos perfeitamente.
Contudo, até entrarmos na presença deles e recebermos essa
grande bênção, não conheceremos plenamente o único Deus
verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem ele enviou.13
TODO HOMEM JUSTO PODE VER A DEUS. O Senhor
estabeleceu todas as coisas em sua devida ordem e deu-nos um
sistema perfeito, impossível de ser melhorado. Se fizéssemos o que
o Senhor tem revelado, da forma como o revelou, então todas as
coisas seriam perfeitas; pois a organização é perfeita; sua teoria e
plano são isentos de falhas. Caso seguíssemos todas as ordens que
nos foram dadas no Sacerdócio e de outras formas e se
puséssemos em prática as grandes doutrinas que nos têm sido
desvendadas nas revelações das sagradas Escrituras, seria questão
apenas de muito pouco tempo, até que este grande povo atingisse
absolutamente a mesma condição do povo da cidade de Enoque.
Seríamos capazes de andar com Deus, capazes de contemplar sua
face, porque então a fé abundaria a tal ponto no coração do povo,
que seria impossível ao Senhor deixar de mostrar-se a nós e ele se
revelaria como o fez em tempos passados.14
O EVANGELHO E SACERDÓCIO SÃO NECESSÁRIOS PARA
VER A DEUS. Não podemos atar as mãos do Senhor. O Pai e o
Filho apareceram ao Profeta Joseph Smith, antes de a Igreja ser
organizada e o Sacerdócio restaurado na terra. Sob tais condições,
o Senhor podia aparecer a alguém que buscava a luz, como no caso
de Joseph Smith.
Agora que a Igreja está organizada e o poder do Sacerdócio
encontra-se aqui, ninguém poderá ver a face de Deus, mesmo o
Pai, sem as bênçãos do Evangelho e a autoridade do Sacerdócio.15
ANDAR COM DEUS. A afirmação de que antigamente os
homens “andavam com Deus”, nós logicamente aceitamos como
figura de retórica. Significa que se encontravam em perfeita
harmonia e, ao mesmo tempo, recebendo constante diretriz e
revelação do Senhor, e não que tivessem o privilégio de andar com
ele pelas ruas, por exemplo, como Jesus caminhou com os dois
discípulos após sua ressurreição.16
TEMER AO SENHOR. O Senhor é misericordioso e bom, e não
exige daqueles que o servem que tenham medo e tremam diante
dele. Seu coração não se deleita com o “temor” dos iníquos por
causa de seus pecados. A maior parte das passagens que nos
mandam “temer o Senhor”, nada têm a ver com medo.
A expressão “temor” não tem apenas o sentido que lhe
emprestamos tão frequentemente. Seu significado escriturístico é
“ter respeito reverente”. Na obra Concordance of the Bible, de
Young, encontramos vários sentidos da palavra “temor”, tal como
“terror”, do termo hebraico “emah”; “medo, apreensão”, do hebraico
“pachdah”; “reverência”, do hebraico “yare”. Assim, vemos que a
palavra “temor”, conforme é usada por nós, tinha diversas
gradações de sentido no hebraico, idioma que usava termos
diferentes para designar tais nuances de significado.
AMAR AO SENHOR. Quando o Senhor requer que o “temamos”
e guardemos seus mandamentos, ele quer dizer que devemos
prestar-lhe a homenagem e reverência devidas a nosso Pai Eterno e
a seu Filho, Jesus Cristo. Temer ao Senhor é amá-lo. É neste
sentido que a palavra é usada. O Senhor não nos pede que
tenhamos medo dele, mas que nos acheguemos a ele, e o maior de
todos os mandamentos é que o amemos.17
EM QUE SENTIDO DEUS PROGRIDE
DEUS POSSUI TODO O PODER E SABEDORIA. Meu avô,
Hyrum Smith, falando numa conferência da Igreja, em abril de 1844,
disse entre outras coisas: “Quero pôr fim a todas as falsas
influências. Se eu pensasse que seria salvo, e qualquer um na
congregação estaria perdido, não ficaria feliz. Foi para esse fim que
Jesus realizou a ressurreição. Nosso Salvador tem competência
para salvar todos da morte e do inferno [i. é. pelo arrependimento].
Posso prová-lo pelas revelações. Eu não serviria a um Deus que
não tivesse toda a sabedoria e todo o poder.”
Cremos nós que Deus tem toda a “sabedoria”? Se assim for,
então nisto ele é absoluto. Se houver algo que ele desconheça,
então não é absoluto em “sabedoria”, e pensar uma coisa dessas é
absurdo. Ele possui todo o “poder”? Se assim for, então não lhe falta
nada. Se for carente em “sabedoria” e “poder”, então não é
supremo, e deve existir algo maior que ele, e isto é absurdo.
JOSEPH SMITH PREGA A ONIPOTÊNCIA DE DEUS. Nas
“Dissertações sobre a Fé”, que faziam parte das primeiras edições
de Doutrina & Convênios, encontramos esta declaração do Profeta
Joseph Smith:
“Existem dois personagens [i. é., de carne e ossos] que
constituem o grande, inigualável e supremo poder governante sobre
todas as coisas, o qual criou e fez todas as coisas que foram criadas
e feitas, sejam visíveis ou invisíveis, sejam no céu, sobre a terra ou
na terra, debaixo da terra, ou por toda a imensidade do espaço. São
eles o Pai e o Filho — sendo o Pai um personagem de
espírito,18 glória e poder, possuidor de toda perfeição e plenitude: o
Filho, que estava no seio do Pai, um personagem de tabernáculo,
feito ou moldado como o homem, ou sendo na forma e semelhança
do homem; ou antes, o homem foi formado segundo sua
semelhança e imagem; ele é também a expressa imagem e
semelhança do personagem do Pai, possuindo toda a plenitude
deste, ou a mesma plenitude com o Pai.”19
“Deus é o único supremo ser governante e independente, no
qual habita toda plenitude e perfeição; que é onipotente, onipresente
e onisciente; sem começo de dias ou fim de vida; e nele habitam
todos os dons e todos os princípios bons.”20
“Não tivesse conhecimento de todas as coisas, Deus seria
incapaz de salvar qualquer de suas criaturas; pois é em virtude do
conhecimento de todas as coisas que ele possui, do princípio ao fim,
que é capaz de dar a suas criaturas o entendimento que as torna
participantes da vida eterna; e não fosse pela ideia na mente dos
homens de que Deus tem todo o conhecimento, ser-lhes-ia
impossível exercer nele fé.”21
PROGRESSO PELO AUMENTO DE SUAS CRIAÇÕES. O Livro
de Moisés nos informa que a grande obra do Pai é criar mundos e
povoá-los, e “não têm fim as minhas obras, nem tampouco as
minhas palavras”, diz ele. “Porque eis que esta é minha obra e
minha glória: proporcionar a imortalidade e a vida eterna ao
homem”22, e nisto está o seu progresso.
Comentando sobre isso, dizia o Profeta Joseph Smith: “O que
fez Jesus? Ora, eu faço as coisas que vi meu Pai fazer, quando os
mundos surgiram. Meu Pai construiu seu reino com temor e tremor,
e tenho que fazer o mesmo [isto é, Cristo tem que fazer o mesmo];
e quando eu conseguir o meu reino, apresentá-lo-ei a meu Pai, a fim
de que ele possa obter reino sobre reino, e isto o exaltará em glória.
Ele então tomará uma exaltação maior, e eu [Cristo]ocuparei o seu
lugar, tornando-me assim também exaltado. De modo que Jesus
segue as pegadas de seu Pai, e herda o que Deus fez antes, e
assim Deus é glorificado e exaltado na salvação e exaltação de
todos os seus filhos.”23
Não vedes que é desta maneira que nosso Pai Eterno progride?
Não buscando conhecimento que lhe falte, pois tal pensamento não
resiste à luz das Escrituras. Não é pela ignorância e aprendendo
verdades ocultas que ele progride, pois, se há verdades que ele
desconhece, então essas coisas são maiores que ele, e isto não
pode ser. Por que não aprendemos sabedoria e cremos no que o
Senhor tem revelado?
EM QUE SENTIDO DEUS NÃO PROGRIDE
FALSAS NOÇÕES SOBRE O PROGRESSO DE DEUS. Parece-
me muito estranho que membros da Igreja concordem com a
doutrina: “Deus cresce em conhecimento no decorrer do tempo.” Ou
que possam crer (conforme diz um artigo publicado recentemente):
“Se fosse possível atingir a perfeição absoluta, eventualmente
chegaria um tempo em que aqueles que escolheram o bom
caminho, alcançariam o máximo; e o máximo, sendo alcançado,
cessaria o progresso. Isto é impossível, pois como já foi
especificado, na natureza nada permanece imóvel. Quando o
progresso abdica ao trono, o sucessor é o retrocesso degradante.”
Mas, como alguém pode saber? Onde o Senhor alguma vez nos
revelou que lhe falta conhecimento? Que continua aprendendo
novas verdades, descobrindo novas leis que lhe são
desconhecidas? Considero esse tipo de doutrina muito perigoso.
Não sei onde o Senhor jamais revelou tal coisa. Não consta de
nenhuma revelação que já li. A opinião humana, sem ajuda das
revelações do Senhor, não faz com que seja assim.
A PERFEIÇÃO DE DEUS NÃO É “RELATIVA”. Creio que Deus
conhece todas as coisas e que seu entendimento é perfeito, não
“relativo”. Jamais vi ou ouvi qualquer fato revelado em contrário.
Creio que nosso Pai Celestial e seu Filho Jesus Cristo são perfeitos.
Não apresento escusa alguma para a simplicidade de minha fé.
Quem ousa dizer que há limitação de qualidade na “virtude” de
nosso Pai e seu Filho? A veracidade deles seria apenas “relativa”?
Poderiam eles ser mais verídicos? Mais nobres? Mais virtuosos ou
amantes? Quão tolas são essas perguntas e quanto mais tola ainda
seria nossa resposta, se disséssemos: “Sim, o Senhor é limitado em
sua veracidade, nobreza, virtude.” Bem, se ele é absoluto nessas
qualidades, está no caminho do retrocesso quanto a elas? Segundo
o argumento, teria que ser forçosamente assim, quando o absoluto
é alcançado. Então por que haveríamos de dizer que seu
conhecimento é limitado e que sobejam leis e verdades ocultas que
ele ainda não descobriu? Quem fez essas leis e de onde provêm?
AS ESCRITURAS PROVAM A ONIPOTÊNCIA DE DEUS. Creio
literalmente no que está escrito nestas Escrituras:
“Oh! Quão grande é a santidade de nosso Deus! Pois que ele
conhece todas as coisas e não há nada que não conheça.”24
“Assim diz o Senhor vosso Deus, mesmo Jesus Cristo, o Grande
Eu Sou, Alfa e Ômega, o princípio e o fim, aquele que olhou por
sobre a vasta extensão da eternidade, e sobre todas as hostes
seráficas dos céus, antes que o mundo fosse feito;
“Aquele que conhece todas as coisas, pois todas as coisas estão
presentes diante de meus olhos.”25
‘E agora, na verdade vos digo, que no princípio eu estava com o
Pai, e eu sou o Primogênito;…
“O Espírito da verdade é de Deus. Eu sou o Espírito da verdade,
e João prestou testemunho de mim, dizendo: Ele recebeu a
plenitude da verdade, sim mesmo de toda a verdade.”26
“Não temos, pois, razão para nos regozijar? Sim, eu vos digo
que, desde o começo do mundo, nunca existiu alguém que tivesse
tão grandes razões para se regozijar como nós; e minha alegria
transborda, a ponto de vangloriar-me em meu Deus; porque ele tem
todo o poder, sabedoria e inteligência; compreende tudo e é um ser
misericordioso, até a salvação, para com aqueles que se
arrependem e acreditam em seu nome.”27 “Louvai ao Senhor,
porque é bom cantar louvores ao nosso Deus: isto é agradável;
decoroso é o louvor…”
“Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu
entendimento é infinito.”28
“Ele compreende todas as coisas, todas as coisas estão diante
dele, e todas as coisas estão em seu derredor; ele está acima de
todas as coisas, e em todas as coisas, através de todas as coisas, e
em derredor de todas as coisas; e todas as coisas são dele, e por
meio dele, mesmo Deus, para todo o sempre.”
O versículo seguinte (42) é exatamente significativo, revelando-
nos algo a respeito das leis:
“E novamente, na verdade vos digo que a todas as coisas deu
uma lei, pela qual se movem em seu tempo e em suas estações.”29
DEUS PROGRIDE EM VIRTUDE DO CONHECIMENTO. Não é
devido a sua ignorância de lei e verdade que o Senhor é capaz de
progredir, mas por causa do seu conhecimento e sabedoria. O
Senhor aplica constantemente seu conhecimento em sua obra. E
sua grande obra é proporcionar a imortalidade e a vida eterna ao
homem. Ele progride criando mundos e povoando-os, construindo e
estendendo, e não porque não entenda a plenitude da verdade.30
DEUS SE DESTRUIRÁ A SI MESMO? Não consigo imaginar
Deus, em sua perfeição, tendo que gastar tempo descobrindo leis e
verdades que não conheça. Tal pensamento é para mim destrutivo,
não progressivo. Houvesse uma verdade ainda não descoberta por
Deus, quando iria descobri-la e, à semelhança do químico que
mistura certos elementos e se destrói na explosão, quando o Todo-
Poderoso descobrirá alguma verdade ou lei oculta que despedaçará
tudo? Não haverá perigo que algum outro personagem descubra
alguma verdade maior do que nosso Pai conhece? Se tal fosse o
caso, o que seria de Deus?
EM QUE SENTIDO DEUS É ETERNO
DEUS É UM HOMEM EXALTADO. Algumas pessoas se
perturbam com as declarações do Profeta Joseph Smith,
encontradas no sermão King Follett, proferido em Nauvoo, em 1844.
O ponto que parece tão misterioso é a afirmação de que nosso Pai
nos céus passou um dia pela vida e morte, sendo agora um homem
exaltado. Este é um dos mistérios, e para certas pessoas parece
contrariar outras declarações nas Escrituras. Obviamente, há muitas
coisas que não compreenderemos, enquanto estamos nesta vida
mortal, e não seremos capazes de penetrar em todas as
dificuldades que estão diante de nós. Nosso entendimento é limitado
e julgamos as coisas de acordo com o que conhecemos e que nos
são familiares. Não entenderemos as coisas da eternidade, até
atingirmos a meta da vida eterna, quando todas as coisas se
tornarão claras.
Lemos nas Escrituras que Deus é “infinito e eterno, de
eternidade em eternidade, o mesmo Deus imutável”31; que ele é “o
mesmo ontem, hoje e sempre”32; que é “imutável de eternidade em
eternidade”33. Como isto se coaduna com o ensinamento do Profeta:
“O próprio Deus já foi como somos agora — ele é um homem
exaltado… que ele já foi um homem como nós; sim, que o próprio
Deus, o Pai de todos nós, habitou sobre uma terra, tal como o
próprio Jesus Cristo o fez”?34
CRISTO NASCEU, PROVINDO, ENTRETANTO, DA
ETERNIDADE. Suponho que agora todos entendemos o fato de que
Jesus Cristo foi Jeová que guiou Israel nos dias de Abraão e
Moisés, na verdade desde os dias de Adão. Também aquele Jeová,
ou Jesus Cristo, que, como personagem de Espírito, apareceu ao
irmão de Jarede, e que nasceu neste mundo como infante e nele
cresceu até atingir a maturidade, e, portanto, nem sempre teve um
corpo tangível. Contudo, Jesus afirma ser “o primeiro e o último”35, e
que é “o princípio e o fim, aquele que olhou por sobre a vasta
extensão da eternidade, e sobre todas as hostes seráficas dos céus,
antes que o mundo fosse feito”.36
Diz o Profeta: “Se Jesus Cristo é o Filho de Deus, e João, o
Revelador, descobriu que Deus, o Pai de Jesus Cristo, tinha um Pai,
bem podemos supor que ele também teve um Pai.” A seguir, indaga:
“Onde existiu um filho sem um pai? E onde já existiu um pai que não
foi primeiramente um filho?”37 E salienta que nosso Salvador
declarou que faria as coisas que vira o Pai fazer, isto é, dar a vida e
tornar a tomá-la.38
Agora, pergunto, não aprendemos que, como filhos de Deus,
podemos tornar-nos iguais a ele?39 Não é um pensamento glorioso?
Entretanto, temos que passar pela mortalidade e receber a
ressurreição, prosseguindo depois para a perfeição, exatamente
como nosso Pai fez antes de nós. O Profeta ensinou que nosso Pai
tinha um Pai, e assim por diante. Não é uma ideia razoável,
especialmente se nos lembrarmos das promessas de que podemos
tornar-nos como ele é?
COMO DEUS É DE ETERNIDADE EM ETERNIDADE.
Entretanto, o que parece tão intrigante é a afirmação de que Deus é
“o mesmo ontem, hoje e eternamente”; que é “de toda eternidade a
toda eternidade”. Bem, não é isto verdade e acaso entra em conflito
com a ideia de que ele passou pelos mesmos estados que nos são
destinados? De eternidade em eternidade quer dizer da existência
espiritual, passando pelo estado probatório em que estamos, e
depois voltar para a existência eterna que se seguirá. Certamente
que isto é eternidade, pois, quando formos ressuscitados, nunca
mais havemos de morrer. Todos nós existimos na primeira
eternidade. Penso poder afirmar de mim mesmo e de outros, todos
nós viemos da eternidade; e iremos para a eternidade sem fim, se
recebermos a exaltação. A parte inteligente do homem jamais foi
criada, mas sempre existiu. Isto se aplica a cada um de nós, assim
como a Deus; contudo, somos filhos espirituais de Deus e estamos
destinados a existir para sempre. Aqueles que se tornam iguais a
Deus, também serão de eternidade em eternidade.40
REVERÊNCIA A DEUS
PROFANAR O NOME DA DEIDADE. Devemos ter o máximo,
sagrado e solene respeito pelo nome da Deidade.41 Poucas coisas
são mais penosas ou chocam tanto os sentimentos de uma pessoa
sensível do que ouvir uma criatura rude, ignorante ou sórdida usar
levianamente o nome de Deus. Certos indivíduos tornaram-se tão
profanos, que aparentemente são incapazes de falar duas ou três
sentenças sem a ênfase — como supõem — de uma imprecação
vulgar ou blasfema. Há também indivíduos que parecem pensar,
pelo menos é essa a impressão que causam, que usar linguagem
blasfema é prova de masculinidade e os eleva acima do homem
comum.
PROFANIDADE É SORDIDEZ. Pode-se conhecer uma pessoa
tanto por sua linguagem como pelos companheiros com quem anda.
As pessoas que praguejam ou blasfemam pertencem à mesma
classe dos que acham, ou deixam tal impressão, de que ter um
cigarro, charuto ou cachimbo na boca lhes empresta dignidade e
masculinidade — deveríamos dizer também feminilidade? — ao
caráter. Qualquer forma de sordidez é degradante e destrutiva para
a alma, devendo ser evitada por todo membro da Igreja como se
fora veneno mortal.
BLASFÊMIA NA CONVERSA COMUM. Muitas vezes, boas
histórias são estragadas, simplesmente pelo fato de os autores não
entenderem o emprego apropriado dos nomes sagrados. Quando se
colocam expressões blasfemas na boca de personagens sob outros
aspectos respeitáveis, em lugar de realçar a história, elas
prejudicam seu valor e interesse. Como é estranho certas pessoas
pensarem, e boas pessoas também, que usar expressões que
envolvam o nome do Senhor acrescenta interesse, graça ou força
às suas histórias! Quantas vezes isto acontece em filmes, mesmo
em espetáculos que sob outros aspectos são recomendáveis.
Mas todas as expressões assim no teatro e o uso de fumo e
álcool são prejudiciais à moral e espiritualidade dos espectadores,
especialmente no caso de pessoas jovens, cujo caráter ainda se
encontra em formação. É vergonhoso que tais expressões sejam
encontradas tão frequentemente, mesmo nas publicações ditas de
nível elevado que entram nos lares dos santos dos últimos dias.
Mais do que qualquer outro povo na terra, os santos dos últimos
dias devem ter o máximo respeito e reverência pelas coisas
sagradas. O povo do mundo não foi instruído como nós nesse
sentido, não obstante existir no mundo muita gente honesta, devota
e refinada. Nós, porém, temos a orientação do Santo Espírito e as
revelações do Senhor, que nos têm ensinado solenemente, em
nossos dias, nosso dever em relação a essas coisas.
CERTOS HINOS PROFANAM A DEIDADE. Até mesmo em
alguns dos hinos sagrados de uso universal entra o emprego
frequente e familiar do nome do Senhor, desqualificando-os no que
nos concerne. Uns poucos hinos desse tipo, apresentando
pensamentos nobres, inspiradores, insinuaram-se nas práticas
musicais dos santos dos últimos dias.
EMPREGO APROPRIADO DO NOME DO SENHOR. Há
ocasiões, é óbvio, em que o emprego do nome da Deidade é
perfeitamente justificado. O Senhor deu-nos desses exemplos na
bênção do sacramento e ordenança do batismo. O mesmo se aplica
ao conferimento do Sacerdócio, pois, conforme fomos instruídos,
todas as coisas devem ser feitas em nome do Filho; todas as
nossas orações devem ser dirigidas ao Pai e encerradas em nome
do Filho.
USO IMPRÓPRIO DO NOME DO SENHOR NAS ORAÇÕES.
Mesmo nas orações, todavia, frequentemente ouvimos expressões
impróprias que ferem a sensibilidade de ouvidos refinados.
Correndo o risco de crítica, gostaria de chamar a atenção para
algumas expressões que seria melhor evitar. Às vezes, ouvimos
uma prece profundamente sincera e fervorosa, feita com espírito de
pura humildade e inocência, ser concluída com a expressão: “pelo
amor de Cristo. Amém.” Jamais consigo ouvir essa expressão sem
que me traga à lembrança as palavras semelhantes usadas pelos
blasfemadores nas ruas. É lógico que na oração não se pretendeu
usar uma expressão imprópria, e tal coisa jamais entrou na mente
de quem a ofereceu.
A ORAÇÃO É PARA O NOSSO BENEFÍCIO. Repetindo, nós
não oramos ou realizamos exercícios religiosos pelo bem dele, mas
para o nosso próprio bem. Nosso Salvador fez tudo o que é
essencial para a nossa salvação, ensinando-nos que, se o servimos
com toda nossa alma, durante a vida inteira, ainda assim somos
servos inúteis e teremos feito unicamente o que é de nosso dever.
Paulo diz que fomos comprados por bom preço, e não nos
pertencemos.42 Nosso Redentor tem todo o direito de dar-nos
ordens, e tudo o que fizermos é para nosso próprio bem. Ele pode
passar sem nós, mas nós não podemos arranjar-nos sem ele. É-nos
dito que somos servos inúteis43, e somos mesmo, se pensarmos em
querer retribuir ao Senhor o que ele fez por nós, pois isto é
impossível; e não há número de atos ou uma vida cheia de serviço
dedicado que consiga colocar o Salvador em débito conosco.
ORAR EM NOME DE CRISTO. É muito melhor que, em nossa
adoração e quando chegamos ao fim de nossas orações,
terminemos o que estamos fazendo, conforme nos foi ordenado,
com a simples e humilde declaração de que o fazemos “em nome”
de Jesus Cristo, nosso Senhor!44
CRISTO, NOSSO IRMÃO MAIS VELHO. Outra expressão que
se está introduzindo entre nós, particularmente por parte de
oradores e autores de temas evangélicos, é referir-se ao nosso
Senhor como o Cristo. É lógico que não há nem pode haver outro.
Entretanto, fomos informados de que seu nome é Jesus Cristo, e
que ele é o Unigênito do Pai na carne, mas o Primogênito no
espírito. Ele é nosso Irmão Mais Velho e foi distinguido pelo Pai com
a plenitude de autoridade e poder como um membro da sublime
Presidência, formada pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo. Foi
comissionado, antes da formação do mundo, para vir a esta terra e
aqui oferecer-se em sacrifício, derramando seu sangue pelos
pecados da humanidade, sob condição de que se arrependessem, e
pela transgressão de nossos primeiros pais que nos trouxe o estado
decaído, mortal.
QUANDO USAR O TÍTULO: “O CRISTO”. O cognome Cristo é
um título comparável ao de Messias e significa O Ungido, referindo-
se ao ofício do nosso Salvador. Caso um orador esteja falando da
natureza e chamado de nosso Senhor no ofício que ocupa, então o
artigo definido antes do nome é perfeitamente cabível. Entretanto,
quando falamos do Redentor em outro sentido, não ligado ao seu
título oficial, convém não usarmos o artigo, mas o nome completo de
nosso Senhor, ou, melhor ainda, a fim de evitar repetição
demasiada, dizer nosso Redentor ou Salvador ou o Senhor.
A grande lição que devemos aprender é usar os títulos da
Deidade com parcimônia, sem familiaridade ou falta de reverência
em todas as nossas pregações, escritos e conversas.45
O PAI COMEU, DE FATO, COM ABRAÃO?
O SENHOR APARECEU A ABRAÃO. Não estamos justificados
em ensinar que nosso Pai Celestial, em companhia de outros
personagens celestes, desceu empoeirado e cansado, e comeu com
Abraão. Não é isto que se ensina no capítulo dezoito de Gênesis. O
primeiro versículo desse capítulo deveria dizer: “E o Senhor
apareceu-lhe nos carvalhais de Manre.” É um pensamento
completo. A segunda parte do parágrafo não tem nada a ver com a
aparição do Senhor a Abraão; ali deveria haver outro parágrafo ou
sentença dizendo: “Estando sentado à porta da tenda quando tinha
aquecido o dia, ele levantou os seus olhos, e olhou e eis três varões
estavam em pé junto a ele.” Esses três homens eram mortais.
Tinham um corpo, sendo capazes de comer, banhar-se e sentar-se
para descansar da fadiga. Nenhum desses três era senhor.
ABRAÃO ACOLHEU SEUS IRMÃOS. Eu explico: Na tradução
para o inglês (Como para o português igualmente. N. T.), era natural
usar o tratamento “Meu Senhor”, como no versículo três, ao dirigir-
se a uma pessoa distinta, pois era esse o costume para
homenagear personalidades de destaque; porém, haveis de notar
que nesse versículo, a palavra Senhor está escrita só com a
primeira letra maiúscula e as outras cinco minúsculas, indicando não
se referir a o Senhor. Já nos versículos 1, 14, 17-20, encontrá-la-eis
escrita toda com maiúsculas, querendo dizer O SENHOR. De
acordo com a revisão dessa Escritura feita pelo Profeta, o versículo
três deve dizer: “Meus irmãos, se agora tenho achado graça aos
vossos olhos, rogo-vos que não passeis de vosso servo.”46
TERIA JACÓ LUTADO COM UM ANJO?
O MENSAGEIRO ABENÇOA JACÓ. Quem lutou com Jacó no
Monte Peniel? As Escrituras dizem que foi um homem. Os
intérpretes da Bíblia afirmam ter sido um anjo. É bem mais provável
que tenha sido um mensageiro enviado a Jacó para abençoá-lo.
Pensar-se que lutou com um anjo e segurou-o para que não se
fosse, está fora de questão. O termo anjo, quando usado nas
Escrituras, refere-se às vezes a mensageiros portadores de alguma
instrução importante. Mais adiante, no mesmo capítulo, quando
Jacó diz ter visto o Senhor, isto não tem relação alguma com sua
luta.47
Anotação
a
1. 1. Regra de Fé.

2. D & C 130:22.

3. D & C 18:23.

4. Origin of the “Reorganized” Church, p. 82; Atos 17:28-29.

5. João 20:17. Na versão inglesa do Rei Tiago diz: “Não me toques…” N. do T.

6. Church News, 12 de junho de 1949, p. 21.

7. Confissão de Fé Presbiteriana, cap. 2.

8. João 14:28.

9. Lucas 24:39.

10. I Cor. 15:28.

11. Gên. 1:27.

12. Era, vol. 23, pp. 496-497.

13. Conference Report, outubro 1925, p. 112; João 17:3.

14. Conference Report, abril 1921, p. 40; Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 11; Éter 3:17-20; 4:7.

15. D & C 84:22.

16. Gên. 5:22-24; 6:9; Miquéias 6:8.

17. D & C 45:39: 76:5; Atos 10:34-35; Salmos 111:10; 112:1: Prov. 1:7; Ecles. 12:13.

18. O Pai e o Filho são personagens de espírito e de tabernáculo. Estas expressões, conforme foram
empregadas aqui, são sinônimos e intercambiáveis. Ambos os personagens possuem corpos
ressurretos. Um corpo ressurreto de carne e ossos é um corpo espiritual na terminologia escriturística.
Assim diz Paulo: “Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há
também corpo espiritual. Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma
vivente; o último Adão em espírito vivificante.” (I Cor. 15:44-45) Assim diz igualmente o Senhor: “Pois
apesar de morrerem, também ressurgirão outra vez, corpos espirituais.” (D & C88:27) B. R. N.

19. Lectures on Faith, lec. 5, § 2.

20. Ibid, lec. 2, § 2.

21. Ibid, lec. 4, § 11.

22. Moisés 1:38-39.

23. Smith, op. cit., p. 339.

24. 2 Néfi 9:20.

25. D & C 38:1-2; 88:7-13.

26. D & C 93:21, 26.

27. Alma 26:35.

28. Salmos 147:1, 5.

29. D & C 88:41-42.

30. D & C 84:38; 93:16-17; Mateus 28:18; Morô. 7:22.

31. D & C 20:17.

32. Mórmon 9:9.

33. Morôni 8:18.

34. Smith, op. cit., pp. 336, 337.

35. D & C 110:4.

36. D & C 38:1; Miquéias 5:2.

37. Smith, op. cit., pp. 364-65.

38. Smith, op. cit., 337.

39. I João 3:1-3.

40. Corresp. Pessoal.

41. D & C 63:60-64; Êxodo 20:7; Lev. 22:32; Deut. 5:11.

42. I Cor. 6:20, 7:23.

43. Mosias 2:20-25; Lucas 17:5-10.


44. D & C 18:18, 40; 20:29; 24:5; 42:3; 46:31; 50:29; 93:19; João 14:13-14; 15:16; 16:23-26.

45. Era, vol. 44, pp. 525, 572, 573, 575.

46. Gên. 18:1-20; Versão inspirada, Gên. 18:1-19.

47. Corresp. Pessoal; Gên. 32:24-30.


CAPÍTULO 1
CARÁTER, ATRIBUTOS E
PERFEIÇÕES DE DEUS
A DEIDADE
O SUPREMO CONSELHO. “Cremos em Deus, o Pai Eterno, e
em seu filho, Jesus Cristo e no Espírito Santo.”1
Aceitamos esses três personagens como o supremo conselho
governante nos céus. O Pai e o Filho possuem tabernáculos de
carne e ossos; o Espírito Santo é um personagem de
Espírito.2 Adoramos o Pai em nome do Filho, o qual é o Mediador
entre Deus e o homem, e o único nome dado pelo qual o homem
pode ser salvo.3 Aceitamos Jesus como Filho Unigênito do Pai na
carne, embora todos sejamos geração espiritual dele, e portanto,
seus filhos.4
PATERNIDADE DE DEUS. As Escrituras nos ensinam que Deus
é literalmente nosso Pai Eterno, e não apenas em sentido figurado.
As palavras ditas pelo Redentor a Maria perto do sepulcro do qual
havia ressurgido, derrotando a morte, são de grande sublimidade e
repletas de glorioso sentido: “Não me detenhas, porque ainda não
subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu
subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.”5Nessas
palavras, a real Paternidade de Deus é acentuada por seu Filho
Unigênito, que declara ser nosso irmão e que temos o mesmo Pai
Eterno.6
O CONHECIMENTO MODERNO DE DEUS
CONCEITOS APÓSTATAS DE DEUS. Em 1820, ano em que foi
recebida a Primeira Visão, a doutrina universal tanto no mundo
protestante como no católico, com relação à Deidade, era em
essência esta:
“Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e
perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo,
membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível,
onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto,
fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua
própria vontade, que é reta e imutável.”7
JOSEPH SMITH RESTAUROU O CONHECIMENTO DE DEUS.
A visão de Joseph Smith deixou claro que o Pai e o Filho são
personagens distintos e possuem corpos tão tangíveis quanto o
corpo humano. Foi-lhe revelado ainda que o Espírito Santo é um
personagem de Espírito, distinto e separado das personalidades do
Pai e do Filho.
AS ESCRITURAS MOSTRAM A PERSONALIDADE DE DEUS.
Essa verdade tão importante abalou o mundo; entretanto, quando
consideramos as claras expressões dos escritos sagrados, é
sumamente incrível e maravilhoso que o homem pudesse ter-se
afastado tanto. Disse o Salvador: “… o Pai é maior do que eu”8 e,
após a ressurreição, convidou seus discípulos a que o tocassem e
vissem como era, pois, dizia ele: “… um espírito não tem carne nem
ossos, como vedes que eu tenho”.9 Os apóstolos compreendiam
perfeitamente as entidades distintas do Pai, Filho e Espírito Santo,
aos quais se referiam seguidamente em suas epístolas; e Paulo
informou aos coríntios do fato de que quando todas as coisas
estiverem sujeitas ao Pai, “Então também o mesmo Filho se
sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus
seja tudo em todos.”10
Joseph Smith contemplou o Pai e o Filho: por isso, podia
testificar com conhecimento pessoal de que as Escrituras são
verídicas, quando dizem: “E criou Deus o homem à sua imagem; à
imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.”11 Isto devia ser
tomado literalmente, e não em sentido místico ou figurado.12
ADQUIRIR CONHECIMENTO ACERCA DE DEUS. Eu sei,
assim como estes meus irmãos, que Deus vive; que Jesus Cristo é
o Filho Unigênito de Deus na carne e o Redentor do mundo. Porém,
não aprendi tudo o que há para se saber sobre ele e nosso Pai;
tampouco vós; pois que nesta vida mortal nos é impossível
compreender plenamente a missão de nosso Senhor e Redentor,
conhecer exatamente quem e o que ele é, e a extensão da grande
obra que realizou. Mas, se formos dignos de entrar na presença de
Deus, o Pai, e Jesus Cristo, seu Filho, e ali sermos coroados com
exaltação, será necessário que os conheçamos perfeitamente.
Contudo, até entrarmos na presença deles e recebermos essa
grande bênção, não conheceremos plenamente o único Deus
verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem ele enviou.13
TODO HOMEM JUSTO PODE VER A DEUS. O Senhor
estabeleceu todas as coisas em sua devida ordem e deu-nos um
sistema perfeito, impossível de ser melhorado. Se fizéssemos o que
o Senhor tem revelado, da forma como o revelou, então todas as
coisas seriam perfeitas; pois a organização é perfeita; sua teoria e
plano são isentos de falhas. Caso seguíssemos todas as ordens que
nos foram dadas no Sacerdócio e de outras formas e se
puséssemos em prática as grandes doutrinas que nos têm sido
desvendadas nas revelações das sagradas Escrituras, seria questão
apenas de muito pouco tempo, até que este grande povo atingisse
absolutamente a mesma condição do povo da cidade de Enoque.
Seríamos capazes de andar com Deus, capazes de contemplar sua
face, porque então a fé abundaria a tal ponto no coração do povo,
que seria impossível ao Senhor deixar de mostrar-se a nós e ele se
revelaria como o fez em tempos passados.14
O EVANGELHO E SACERDÓCIO SÃO NECESSÁRIOS PARA
VER A DEUS. Não podemos atar as mãos do Senhor. O Pai e o
Filho apareceram ao Profeta Joseph Smith, antes de a Igreja ser
organizada e o Sacerdócio restaurado na terra. Sob tais condições,
o Senhor podia aparecer a alguém que buscava a luz, como no caso
de Joseph Smith.
Agora que a Igreja está organizada e o poder do Sacerdócio
encontra-se aqui, ninguém poderá ver a face de Deus, mesmo o
Pai, sem as bênçãos do Evangelho e a autoridade do Sacerdócio.15
ANDAR COM DEUS. A afirmação de que antigamente os
homens “andavam com Deus”, nós logicamente aceitamos como
figura de retórica. Significa que se encontravam em perfeita
harmonia e, ao mesmo tempo, recebendo constante diretriz e
revelação do Senhor, e não que tivessem o privilégio de andar com
ele pelas ruas, por exemplo, como Jesus caminhou com os dois
discípulos após sua ressurreição.16
TEMER AO SENHOR. O Senhor é misericordioso e bom, e não
exige daqueles que o servem que tenham medo e tremam diante
dele. Seu coração não se deleita com o “temor” dos iníquos por
causa de seus pecados. A maior parte das passagens que nos
mandam “temer o Senhor”, nada têm a ver com medo.
A expressão “temor” não tem apenas o sentido que lhe
emprestamos tão frequentemente. Seu significado escriturístico é
“ter respeito reverente”. Na obra Concordance of the Bible, de
Young, encontramos vários sentidos da palavra “temor”, tal como
“terror”, do termo hebraico “emah”; “medo, apreensão”, do hebraico
“pachdah”; “reverência”, do hebraico “yare”. Assim, vemos que a
palavra “temor”, conforme é usada por nós, tinha diversas
gradações de sentido no hebraico, idioma que usava termos
diferentes para designar tais nuances de significado.
AMAR AO SENHOR. Quando o Senhor requer que o “temamos”
e guardemos seus mandamentos, ele quer dizer que devemos
prestar-lhe a homenagem e reverência devidas a nosso Pai Eterno e
a seu Filho, Jesus Cristo. Temer ao Senhor é amá-lo. É neste
sentido que a palavra é usada. O Senhor não nos pede que
tenhamos medo dele, mas que nos acheguemos a ele, e o maior de
todos os mandamentos é que o amemos.17
EM QUE SENTIDO DEUS PROGRIDE
DEUS POSSUI TODO O PODER E SABEDORIA. Meu avô,
Hyrum Smith, falando numa conferência da Igreja, em abril de 1844,
disse entre outras coisas: “Quero pôr fim a todas as falsas
influências. Se eu pensasse que seria salvo, e qualquer um na
congregação estaria perdido, não ficaria feliz. Foi para esse fim que
Jesus realizou a ressurreição. Nosso Salvador tem competência
para salvar todos da morte e do inferno [i. é. pelo arrependimento].
Posso prová-lo pelas revelações. Eu não serviria a um Deus que
não tivesse toda a sabedoria e todo o poder.”
Cremos nós que Deus tem toda a “sabedoria”? Se assim for,
então nisto ele é absoluto. Se houver algo que ele desconheça,
então não é absoluto em “sabedoria”, e pensar uma coisa dessas é
absurdo. Ele possui todo o “poder”? Se assim for, então não lhe falta
nada. Se for carente em “sabedoria” e “poder”, então não é
supremo, e deve existir algo maior que ele, e isto é absurdo.
JOSEPH SMITH PREGA A ONIPOTÊNCIA DE DEUS. Nas
“Dissertações sobre a Fé”, que faziam parte das primeiras edições
de Doutrina & Convênios, encontramos esta declaração do Profeta
Joseph Smith:
“Existem dois personagens [i. é., de carne e ossos] que
constituem o grande, inigualável e supremo poder governante sobre
todas as coisas, o qual criou e fez todas as coisas que foram criadas
e feitas, sejam visíveis ou invisíveis, sejam no céu, sobre a terra ou
na terra, debaixo da terra, ou por toda a imensidade do espaço. São
eles o Pai e o Filho — sendo o Pai um personagem de
espírito,18 glória e poder, possuidor de toda perfeição e plenitude: o
Filho, que estava no seio do Pai, um personagem de tabernáculo,
feito ou moldado como o homem, ou sendo na forma e semelhança
do homem; ou antes, o homem foi formado segundo sua
semelhança e imagem; ele é também a expressa imagem e
semelhança do personagem do Pai, possuindo toda a plenitude
deste, ou a mesma plenitude com o Pai.”19
“Deus é o único supremo ser governante e independente, no
qual habita toda plenitude e perfeição; que é onipotente, onipresente
e onisciente; sem começo de dias ou fim de vida; e nele habitam
todos os dons e todos os princípios bons.”20
“Não tivesse conhecimento de todas as coisas, Deus seria
incapaz de salvar qualquer de suas criaturas; pois é em virtude do
conhecimento de todas as coisas que ele possui, do princípio ao fim,
que é capaz de dar a suas criaturas o entendimento que as torna
participantes da vida eterna; e não fosse pela ideia na mente dos
homens de que Deus tem todo o conhecimento, ser-lhes-ia
impossível exercer nele fé.”21
PROGRESSO PELO AUMENTO DE SUAS CRIAÇÕES. O Livro
de Moisés nos informa que a grande obra do Pai é criar mundos e
povoá-los, e “não têm fim as minhas obras, nem tampouco as
minhas palavras”, diz ele. “Porque eis que esta é minha obra e
minha glória: proporcionar a imortalidade e a vida eterna ao
homem”22, e nisto está o seu progresso.
Comentando sobre isso, dizia o Profeta Joseph Smith: “O que
fez Jesus? Ora, eu faço as coisas que vi meu Pai fazer, quando os
mundos surgiram. Meu Pai construiu seu reino com temor e tremor,
e tenho que fazer o mesmo [isto é, Cristo tem que fazer o mesmo];
e quando eu conseguir o meu reino, apresentá-lo-ei a meu Pai, a fim
de que ele possa obter reino sobre reino, e isto o exaltará em glória.
Ele então tomará uma exaltação maior, e eu [Cristo]ocuparei o seu
lugar, tornando-me assim também exaltado. De modo que Jesus
segue as pegadas de seu Pai, e herda o que Deus fez antes, e
assim Deus é glorificado e exaltado na salvação e exaltação de
todos os seus filhos.”23
Não vedes que é desta maneira que nosso Pai Eterno progride?
Não buscando conhecimento que lhe falte, pois tal pensamento não
resiste à luz das Escrituras. Não é pela ignorância e aprendendo
verdades ocultas que ele progride, pois, se há verdades que ele
desconhece, então essas coisas são maiores que ele, e isto não
pode ser. Por que não aprendemos sabedoria e cremos no que o
Senhor tem revelado?
EM QUE SENTIDO DEUS NÃO PROGRIDE
FALSAS NOÇÕES SOBRE O PROGRESSO DE DEUS. Parece-
me muito estranho que membros da Igreja concordem com a
doutrina: “Deus cresce em conhecimento no decorrer do tempo.” Ou
que possam crer (conforme diz um artigo publicado recentemente):
“Se fosse possível atingir a perfeição absoluta, eventualmente
chegaria um tempo em que aqueles que escolheram o bom
caminho, alcançariam o máximo; e o máximo, sendo alcançado,
cessaria o progresso. Isto é impossível, pois como já foi
especificado, na natureza nada permanece imóvel. Quando o
progresso abdica ao trono, o sucessor é o retrocesso degradante.”
Mas, como alguém pode saber? Onde o Senhor alguma vez nos
revelou que lhe falta conhecimento? Que continua aprendendo
novas verdades, descobrindo novas leis que lhe são
desconhecidas? Considero esse tipo de doutrina muito perigoso.
Não sei onde o Senhor jamais revelou tal coisa. Não consta de
nenhuma revelação que já li. A opinião humana, sem ajuda das
revelações do Senhor, não faz com que seja assim.
A PERFEIÇÃO DE DEUS NÃO É “RELATIVA”. Creio que Deus
conhece todas as coisas e que seu entendimento é perfeito, não
“relativo”. Jamais vi ou ouvi qualquer fato revelado em contrário.
Creio que nosso Pai Celestial e seu Filho Jesus Cristo são perfeitos.
Não apresento escusa alguma para a simplicidade de minha fé.
Quem ousa dizer que há limitação de qualidade na “virtude” de
nosso Pai e seu Filho? A veracidade deles seria apenas “relativa”?
Poderiam eles ser mais verídicos? Mais nobres? Mais virtuosos ou
amantes? Quão tolas são essas perguntas e quanto mais tola ainda
seria nossa resposta, se disséssemos: “Sim, o Senhor é limitado em
sua veracidade, nobreza, virtude.” Bem, se ele é absoluto nessas
qualidades, está no caminho do retrocesso quanto a elas? Segundo
o argumento, teria que ser forçosamente assim, quando o absoluto
é alcançado. Então por que haveríamos de dizer que seu
conhecimento é limitado e que sobejam leis e verdades ocultas que
ele ainda não descobriu? Quem fez essas leis e de onde provêm?
AS ESCRITURAS PROVAM A ONIPOTÊNCIA DE DEUS. Creio
literalmente no que está escrito nestas Escrituras:
“Oh! Quão grande é a santidade de nosso Deus! Pois que ele
conhece todas as coisas e não há nada que não conheça.”24
“Assim diz o Senhor vosso Deus, mesmo Jesus Cristo, o Grande
Eu Sou, Alfa e Ômega, o princípio e o fim, aquele que olhou por
sobre a vasta extensão da eternidade, e sobre todas as hostes
seráficas dos céus, antes que o mundo fosse feito;
“Aquele que conhece todas as coisas, pois todas as coisas estão
presentes diante de meus olhos.”25
‘E agora, na verdade vos digo, que no princípio eu estava com o
Pai, e eu sou o Primogênito;…
“O Espírito da verdade é de Deus. Eu sou o Espírito da verdade,
e João prestou testemunho de mim, dizendo: Ele recebeu a
plenitude da verdade, sim mesmo de toda a verdade.”26
“Não temos, pois, razão para nos regozijar? Sim, eu vos digo
que, desde o começo do mundo, nunca existiu alguém que tivesse
tão grandes razões para se regozijar como nós; e minha alegria
transborda, a ponto de vangloriar-me em meu Deus; porque ele tem
todo o poder, sabedoria e inteligência; compreende tudo e é um ser
misericordioso, até a salvação, para com aqueles que se
arrependem e acreditam em seu nome.”27 “Louvai ao Senhor,
porque é bom cantar louvores ao nosso Deus: isto é agradável;
decoroso é o louvor…”
“Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu
entendimento é infinito.”28
“Ele compreende todas as coisas, todas as coisas estão diante
dele, e todas as coisas estão em seu derredor; ele está acima de
todas as coisas, e em todas as coisas, através de todas as coisas, e
em derredor de todas as coisas; e todas as coisas são dele, e por
meio dele, mesmo Deus, para todo o sempre.”
O versículo seguinte (42) é exatamente significativo, revelando-
nos algo a respeito das leis:
“E novamente, na verdade vos digo que a todas as coisas deu
uma lei, pela qual se movem em seu tempo e em suas estações.”29
DEUS PROGRIDE EM VIRTUDE DO CONHECIMENTO. Não é
devido a sua ignorância de lei e verdade que o Senhor é capaz de
progredir, mas por causa do seu conhecimento e sabedoria. O
Senhor aplica constantemente seu conhecimento em sua obra. E
sua grande obra é proporcionar a imortalidade e a vida eterna ao
homem. Ele progride criando mundos e povoando-os, construindo e
estendendo, e não porque não entenda a plenitude da verdade.30
DEUS SE DESTRUIRÁ A SI MESMO? Não consigo imaginar
Deus, em sua perfeição, tendo que gastar tempo descobrindo leis e
verdades que não conheça. Tal pensamento é para mim destrutivo,
não progressivo. Houvesse uma verdade ainda não descoberta por
Deus, quando iria descobri-la e, à semelhança do químico que
mistura certos elementos e se destrói na explosão, quando o Todo-
Poderoso descobrirá alguma verdade ou lei oculta que despedaçará
tudo? Não haverá perigo que algum outro personagem descubra
alguma verdade maior do que nosso Pai conhece? Se tal fosse o
caso, o que seria de Deus?
EM QUE SENTIDO DEUS É ETERNO
DEUS É UM HOMEM EXALTADO. Algumas pessoas se
perturbam com as declarações do Profeta Joseph Smith,
encontradas no sermão King Follett, proferido em Nauvoo, em 1844.
O ponto que parece tão misterioso é a afirmação de que nosso Pai
nos céus passou um dia pela vida e morte, sendo agora um homem
exaltado. Este é um dos mistérios, e para certas pessoas parece
contrariar outras declarações nas Escrituras. Obviamente, há muitas
coisas que não compreenderemos, enquanto estamos nesta vida
mortal, e não seremos capazes de penetrar em todas as
dificuldades que estão diante de nós. Nosso entendimento é limitado
e julgamos as coisas de acordo com o que conhecemos e que nos
são familiares. Não entenderemos as coisas da eternidade, até
atingirmos a meta da vida eterna, quando todas as coisas se
tornarão claras.
Lemos nas Escrituras que Deus é “infinito e eterno, de
eternidade em eternidade, o mesmo Deus imutável”31; que ele é “o
mesmo ontem, hoje e sempre”32; que é “imutável de eternidade em
eternidade”33. Como isto se coaduna com o ensinamento do Profeta:
“O próprio Deus já foi como somos agora — ele é um homem
exaltado… que ele já foi um homem como nós; sim, que o próprio
Deus, o Pai de todos nós, habitou sobre uma terra, tal como o
próprio Jesus Cristo o fez”?34
CRISTO NASCEU, PROVINDO, ENTRETANTO, DA
ETERNIDADE. Suponho que agora todos entendemos o fato de que
Jesus Cristo foi Jeová que guiou Israel nos dias de Abraão e
Moisés, na verdade desde os dias de Adão. Também aquele Jeová,
ou Jesus Cristo, que, como personagem de Espírito, apareceu ao
irmão de Jarede, e que nasceu neste mundo como infante e nele
cresceu até atingir a maturidade, e, portanto, nem sempre teve um
corpo tangível. Contudo, Jesus afirma ser “o primeiro e o último”35, e
que é “o princípio e o fim, aquele que olhou por sobre a vasta
extensão da eternidade, e sobre todas as hostes seráficas dos céus,
antes que o mundo fosse feito”.36
Diz o Profeta: “Se Jesus Cristo é o Filho de Deus, e João, o
Revelador, descobriu que Deus, o Pai de Jesus Cristo, tinha um Pai,
bem podemos supor que ele também teve um Pai.” A seguir, indaga:
“Onde existiu um filho sem um pai? E onde já existiu um pai que não
foi primeiramente um filho?”37 E salienta que nosso Salvador
declarou que faria as coisas que vira o Pai fazer, isto é, dar a vida e
tornar a tomá-la.38
Agora, pergunto, não aprendemos que, como filhos de Deus,
podemos tornar-nos iguais a ele?39 Não é um pensamento glorioso?
Entretanto, temos que passar pela mortalidade e receber a
ressurreição, prosseguindo depois para a perfeição, exatamente
como nosso Pai fez antes de nós. O Profeta ensinou que nosso Pai
tinha um Pai, e assim por diante. Não é uma ideia razoável,
especialmente se nos lembrarmos das promessas de que podemos
tornar-nos como ele é?
COMO DEUS É DE ETERNIDADE EM ETERNIDADE.
Entretanto, o que parece tão intrigante é a afirmação de que Deus é
“o mesmo ontem, hoje e eternamente”; que é “de toda eternidade a
toda eternidade”. Bem, não é isto verdade e acaso entra em conflito
com a ideia de que ele passou pelos mesmos estados que nos são
destinados? De eternidade em eternidade quer dizer da existência
espiritual, passando pelo estado probatório em que estamos, e
depois voltar para a existência eterna que se seguirá. Certamente
que isto é eternidade, pois, quando formos ressuscitados, nunca
mais havemos de morrer. Todos nós existimos na primeira
eternidade. Penso poder afirmar de mim mesmo e de outros, todos
nós viemos da eternidade; e iremos para a eternidade sem fim, se
recebermos a exaltação. A parte inteligente do homem jamais foi
criada, mas sempre existiu. Isto se aplica a cada um de nós, assim
como a Deus; contudo, somos filhos espirituais de Deus e estamos
destinados a existir para sempre. Aqueles que se tornam iguais a
Deus, também serão de eternidade em eternidade.40
REVERÊNCIA A DEUS
PROFANAR O NOME DA DEIDADE. Devemos ter o máximo,
sagrado e solene respeito pelo nome da Deidade.41 Poucas coisas
são mais penosas ou chocam tanto os sentimentos de uma pessoa
sensível do que ouvir uma criatura rude, ignorante ou sórdida usar
levianamente o nome de Deus. Certos indivíduos tornaram-se tão
profanos, que aparentemente são incapazes de falar duas ou três
sentenças sem a ênfase — como supõem — de uma imprecação
vulgar ou blasfema. Há também indivíduos que parecem pensar,
pelo menos é essa a impressão que causam, que usar linguagem
blasfema é prova de masculinidade e os eleva acima do homem
comum.
PROFANIDADE É SORDIDEZ. Pode-se conhecer uma pessoa
tanto por sua linguagem como pelos companheiros com quem anda.
As pessoas que praguejam ou blasfemam pertencem à mesma
classe dos que acham, ou deixam tal impressão, de que ter um
cigarro, charuto ou cachimbo na boca lhes empresta dignidade e
masculinidade — deveríamos dizer também feminilidade? — ao
caráter. Qualquer forma de sordidez é degradante e destrutiva para
a alma, devendo ser evitada por todo membro da Igreja como se
fora veneno mortal.
BLASFÊMIA NA CONVERSA COMUM. Muitas vezes, boas
histórias são estragadas, simplesmente pelo fato de os autores não
entenderem o emprego apropriado dos nomes sagrados. Quando se
colocam expressões blasfemas na boca de personagens sob outros
aspectos respeitáveis, em lugar de realçar a história, elas
prejudicam seu valor e interesse. Como é estranho certas pessoas
pensarem, e boas pessoas também, que usar expressões que
envolvam o nome do Senhor acrescenta interesse, graça ou força
às suas histórias! Quantas vezes isto acontece em filmes, mesmo
em espetáculos que sob outros aspectos são recomendáveis.
Mas todas as expressões assim no teatro e o uso de fumo e
álcool são prejudiciais à moral e espiritualidade dos espectadores,
especialmente no caso de pessoas jovens, cujo caráter ainda se
encontra em formação. É vergonhoso que tais expressões sejam
encontradas tão frequentemente, mesmo nas publicações ditas de
nível elevado que entram nos lares dos santos dos últimos dias.
Mais do que qualquer outro povo na terra, os santos dos últimos
dias devem ter o máximo respeito e reverência pelas coisas
sagradas. O povo do mundo não foi instruído como nós nesse
sentido, não obstante existir no mundo muita gente honesta, devota
e refinada. Nós, porém, temos a orientação do Santo Espírito e as
revelações do Senhor, que nos têm ensinado solenemente, em
nossos dias, nosso dever em relação a essas coisas.
CERTOS HINOS PROFANAM A DEIDADE. Até mesmo em
alguns dos hinos sagrados de uso universal entra o emprego
frequente e familiar do nome do Senhor, desqualificando-os no que
nos concerne. Uns poucos hinos desse tipo, apresentando
pensamentos nobres, inspiradores, insinuaram-se nas práticas
musicais dos santos dos últimos dias.
EMPREGO APROPRIADO DO NOME DO SENHOR. Há
ocasiões, é óbvio, em que o emprego do nome da Deidade é
perfeitamente justificado. O Senhor deu-nos desses exemplos na
bênção do sacramento e ordenança do batismo. O mesmo se aplica
ao conferimento do Sacerdócio, pois, conforme fomos instruídos,
todas as coisas devem ser feitas em nome do Filho; todas as
nossas orações devem ser dirigidas ao Pai e encerradas em nome
do Filho.
USO IMPRÓPRIO DO NOME DO SENHOR NAS ORAÇÕES.
Mesmo nas orações, todavia, frequentemente ouvimos expressões
impróprias que ferem a sensibilidade de ouvidos refinados.
Correndo o risco de crítica, gostaria de chamar a atenção para
algumas expressões que seria melhor evitar. Às vezes, ouvimos
uma prece profundamente sincera e fervorosa, feita com espírito de
pura humildade e inocência, ser concluída com a expressão: “pelo
amor de Cristo. Amém.” Jamais consigo ouvir essa expressão sem
que me traga à lembrança as palavras semelhantes usadas pelos
blasfemadores nas ruas. É lógico que na oração não se pretendeu
usar uma expressão imprópria, e tal coisa jamais entrou na mente
de quem a ofereceu.
A ORAÇÃO É PARA O NOSSO BENEFÍCIO. Repetindo, nós
não oramos ou realizamos exercícios religiosos pelo bem dele, mas
para o nosso próprio bem. Nosso Salvador fez tudo o que é
essencial para a nossa salvação, ensinando-nos que, se o servimos
com toda nossa alma, durante a vida inteira, ainda assim somos
servos inúteis e teremos feito unicamente o que é de nosso dever.
Paulo diz que fomos comprados por bom preço, e não nos
pertencemos.42 Nosso Redentor tem todo o direito de dar-nos
ordens, e tudo o que fizermos é para nosso próprio bem. Ele pode
passar sem nós, mas nós não podemos arranjar-nos sem ele. É-nos
dito que somos servos inúteis43, e somos mesmo, se pensarmos em
querer retribuir ao Senhor o que ele fez por nós, pois isto é
impossível; e não há número de atos ou uma vida cheia de serviço
dedicado que consiga colocar o Salvador em débito conosco.
ORAR EM NOME DE CRISTO. É muito melhor que, em nossa
adoração e quando chegamos ao fim de nossas orações,
terminemos o que estamos fazendo, conforme nos foi ordenado,
com a simples e humilde declaração de que o fazemos “em nome”
de Jesus Cristo, nosso Senhor!44
CRISTO, NOSSO IRMÃO MAIS VELHO. Outra expressão que
se está introduzindo entre nós, particularmente por parte de
oradores e autores de temas evangélicos, é referir-se ao nosso
Senhor como o Cristo. É lógico que não há nem pode haver outro.
Entretanto, fomos informados de que seu nome é Jesus Cristo, e
que ele é o Unigênito do Pai na carne, mas o Primogênito no
espírito. Ele é nosso Irmão Mais Velho e foi distinguido pelo Pai com
a plenitude de autoridade e poder como um membro da sublime
Presidência, formada pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo. Foi
comissionado, antes da formação do mundo, para vir a esta terra e
aqui oferecer-se em sacrifício, derramando seu sangue pelos
pecados da humanidade, sob condição de que se arrependessem, e
pela transgressão de nossos primeiros pais que nos trouxe o estado
decaído, mortal.
QUANDO USAR O TÍTULO: “O CRISTO”. O cognome Cristo é
um título comparável ao de Messias e significa O Ungido, referindo-
se ao ofício do nosso Salvador. Caso um orador esteja falando da
natureza e chamado de nosso Senhor no ofício que ocupa, então o
artigo definido antes do nome é perfeitamente cabível. Entretanto,
quando falamos do Redentor em outro sentido, não ligado ao seu
título oficial, convém não usarmos o artigo, mas o nome completo de
nosso Senhor, ou, melhor ainda, a fim de evitar repetição
demasiada, dizer nosso Redentor ou Salvador ou o Senhor.
A grande lição que devemos aprender é usar os títulos da
Deidade com parcimônia, sem familiaridade ou falta de reverência
em todas as nossas pregações, escritos e conversas.45
O PAI COMEU, DE FATO, COM ABRAÃO?
O SENHOR APARECEU A ABRAÃO. Não estamos justificados
em ensinar que nosso Pai Celestial, em companhia de outros
personagens celestes, desceu empoeirado e cansado, e comeu com
Abraão. Não é isto que se ensina no capítulo dezoito de Gênesis. O
primeiro versículo desse capítulo deveria dizer: “E o Senhor
apareceu-lhe nos carvalhais de Manre.” É um pensamento
completo. A segunda parte do parágrafo não tem nada a ver com a
aparição do Senhor a Abraão; ali deveria haver outro parágrafo ou
sentença dizendo: “Estando sentado à porta da tenda quando tinha
aquecido o dia, ele levantou os seus olhos, e olhou e eis três varões
estavam em pé junto a ele.” Esses três homens eram mortais.
Tinham um corpo, sendo capazes de comer, banhar-se e sentar-se
para descansar da fadiga. Nenhum desses três era senhor.
ABRAÃO ACOLHEU SEUS IRMÃOS. Eu explico: Na tradução
para o inglês (Como para o português igualmente. N. T.), era natural
usar o tratamento “Meu Senhor”, como no versículo três, ao dirigir-
se a uma pessoa distinta, pois era esse o costume para
homenagear personalidades de destaque; porém, haveis de notar
que nesse versículo, a palavra Senhor está escrita só com a
primeira letra maiúscula e as outras cinco minúsculas, indicando não
se referir a o Senhor. Já nos versículos 1, 14, 17-20, encontrá-la-eis
escrita toda com maiúsculas, querendo dizer O SENHOR. De
acordo com a revisão dessa Escritura feita pelo Profeta, o versículo
três deve dizer: “Meus irmãos, se agora tenho achado graça aos
vossos olhos, rogo-vos que não passeis de vosso servo.”46
TERIA JACÓ LUTADO COM UM ANJO?
O MENSAGEIRO ABENÇOA JACÓ. Quem lutou com Jacó no
Monte Peniel? As Escrituras dizem que foi um homem. Os
intérpretes da Bíblia afirmam ter sido um anjo. É bem mais provável
que tenha sido um mensageiro enviado a Jacó para abençoá-lo.
Pensar-se que lutou com um anjo e segurou-o para que não se
fosse, está fora de questão. O termo anjo, quando usado nas
Escrituras, refere-se às vezes a mensageiros portadores de alguma
instrução importante. Mais adiante, no mesmo capítulo, quando
Jacó diz ter visto o Senhor, isto não tem relação alguma com sua
luta.47
Anotação
a
1. 1. Regra de Fé.

2. D & C 130:22.

3. D & C 18:23.

4. Origin of the “Reorganized” Church, p. 82; Atos 17:28-29.

5. João 20:17. Na versão inglesa do Rei Tiago diz: “Não me toques…” N. do T.

6. Church News, 12 de junho de 1949, p. 21.

7. Confissão de Fé Presbiteriana, cap. 2.

8. João 14:28.

9. Lucas 24:39.

10. I Cor. 15:28.

11. Gên. 1:27.

12. Era, vol. 23, pp. 496-497.

13. Conference Report, outubro 1925, p. 112; João 17:3.

14. Conference Report, abril 1921, p. 40; Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 11; Éter 3:17-20; 4:7.

15. D & C 84:22.

16. Gên. 5:22-24; 6:9; Miquéias 6:8.

17. D & C 45:39: 76:5; Atos 10:34-35; Salmos 111:10; 112:1: Prov. 1:7; Ecles. 12:13.

18. O Pai e o Filho são personagens de espírito e de tabernáculo. Estas expressões, conforme foram
empregadas aqui, são sinônimos e intercambiáveis. Ambos os personagens possuem corpos
ressurretos. Um corpo ressurreto de carne e ossos é um corpo espiritual na terminologia escriturística.
Assim diz Paulo: “Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há
também corpo espiritual. Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma
vivente; o último Adão em espírito vivificante.” (I Cor. 15:44-45) Assim diz igualmente o Senhor: “Pois
apesar de morrerem, também ressurgirão outra vez, corpos espirituais.” (D & C88:27) B. R. N.

19. Lectures on Faith, lec. 5, § 2.

20. Ibid, lec. 2, § 2.

21. Ibid, lec. 4, § 11.

22. Moisés 1:38-39.

23. Smith, op. cit., p. 339.

24. 2 Néfi 9:20.

25. D & C 38:1-2; 88:7-13.

26. D & C 93:21, 26.

27. Alma 26:35.

28. Salmos 147:1, 5.

29. D & C 88:41-42.

30. D & C 84:38; 93:16-17; Mateus 28:18; Morô. 7:22.

31. D & C 20:17.

32. Mórmon 9:9.

33. Morôni 8:18.

34. Smith, op. cit., pp. 336, 337.

35. D & C 110:4.

36. D & C 38:1; Miquéias 5:2.

37. Smith, op. cit., pp. 364-65.

38. Smith, op. cit., 337.

39. I João 3:1-3.

40. Correspo. Pessoal.

41. D & C 63:60-64; Êxodo 20:7; Lev. 22:32; Deut. 5:11.

42. I Cor. 6:20, 7:23.

43. Mosias 2:20-25; Lucas 17:5-10.


44. D & C 18:18, 40; 20:29; 24:5; 42:3; 46:31; 50:29; 93:19; João 14:13-14; 15:16; 16:23-26.

45. Era, vol. 44, pp. 525, 572, 573, 575.

46. Gên. 18:1-20; Versão inspirada, Gên. 18:1-19.

47. Corresp. Pessoal; Gên. 32:24-30.


CAPÍTULO 2
O FILHO DE DEUS O FILHO
UNIGÊNITO
O PRIMOGÊNITO. Nosso Pai nos céus é o Pai de Jesus Cristo,
tanto no espírito como na carne. Nosso Salvador é o Primogênito no
espírito1, o Unigênito na carne.2
CRISTO NÃO FOI GERADO PELO ESPÍRITO SANTO. Creio
firmemente que Jesus Cristo é o Filho Unigênito de Deus na carne.
Ele ensinou esta doutrina a seus discípulos.3 Não lhes ensinou ser o
Filho do Espírito Santo, mas o Filho do Pai. Certamente, todas as
coisas são feitas pelo poder do Espírito Santo. Foi através desse
poder que Jesus veio a este mundo, não como o Filho do Espírito
Santo, mas como o Filho de Deus. Jesus é maior que o Santo
Espírito, o qual lhe está sujeito,4 mas seu Pai é maior do que
ele!5 Ele mesmo o disse. Cristo foi gerado por Deus. Ele não nasceu
sem ajuda do homem, e esse Homem era Deus!
CRISTO Não REENCARNOU. Cristo nasceu como infante em
Belém. Foi lá que recebeu seu corpo, o único corpo físico, ou corpo
de carne e ossos que já teve ou jamais terá. Segundo o Profeta
Joseph Smith, a doutrina da reencarnação é doutrina do
demônio!6Naturalmente, o demônio ensinará ao povo qualquer
doutrina que contradiga a verdade. As grandes obras realizadas
pelo Redentor antes de nascer, inclusive a criação de mundos por
ordem de seu Pai, foram por ele executadas em sua existência
espiritual.7
FALSAS DOUTRINAS DA IGREJA REORGANIZADA A
RESPEITO DO NASCIMENTO DE CRISTO. Os membros da Igreja
Reorganizada afirmam que Brigham Young se transviou e apostatou
por haver declarado que Jesus Cristo não foi gerado pelo Espírito
Santo. Proclamam que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo,
afirmando que assim ensinam as Escrituras. Mas erram por não
entenderem as Escrituras. Dizem que o Livro de Mórmon afirma que
Jesus foi gerado pelo Espírito Santo. Eu desafio tal afirmação.
O Livro de Mórmon não ensina isso! Tampouco a Bíblia. É verdade
que há uma passagem que assim fala, porém é preciso considerá-la
à luz de outras passagens com que entra em conflito.
CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO
SANTO. Diz o Livro de Mórmon: “E eis que nascerá de Maria, em
Jerusalém, que é a terra de nossos antepassados. Ela será virgem,
um vaso precioso e escolhido, e o Espírito Santo a cobrirá com sua
sombra e ela conceberá pelo poder dele e gerará um filho, sim o
próprio Filho de Deus.”8
Com o que Lucas concorda: “E disse Maria ao anjo: Como se
fará isto, visto que não conheço varão? E, respondendo o anjo,
disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo,
que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.”9
Em Mateus diz “do Espírito Santo”10, o que evidentemente
significa “poder do Espírito Santo”, para concordar com o Livro de
Mórmon e com Lucas.
CRISTO NÃO É FILHO DO ESPÍRITO SANTO. Se os membros
da Igreja Reorganizada estiverem certos, então Jesus não é o Filho
Unigênito do Pai, mas Filho do Espírito Santo. Isto é impossível,
pois contraria as Escrituras. O Profeta ensinou que o Pai, o Filho e o
Espírito Santo são três personagens distintos, e que Jesus é o Filho
Unigênito do Pai. No Livro de Gênesis (Versão Inspirada), Jesus é
chamado de Unigênito do Pai, nada menos de doze vezes, e
no Livro de Mórmon pelo menos cinco vezes, além de grande
número de vezes em Doutrina & Convênios; e nessas Escrituras, é
mencionado como Filho de Deus inúmeras vezes.
Bem, se ele é o Unigênito do Pai na carne, tem que ser Filho do
Pai e não do Espírito Santo. Todavia para serem consistentes, os
membros da Igreja Reorganizada têm que afirmar que Jesus é o
Filho do Espírito Santo e não o Filho de Deus, o Pai. A alternativa
deles — se é que podemos chamá-la assim — tem que ser, pois, a
posição do Sr. William H. Kelley, “presidente” dos seus “apóstolos”,
que forneceu uma declaração escrita em resposta à pergunta a ele
submetida pelo autor, em 10 de setembro de 1903: “Os senhores
dizem que Jesus Cristo, o filho de Deus, foi gerado pelo Espírito
Santo. Ele é o Filho do Espírito Santo?
O Sr. Kelley assinou sua resposta como segue: “Eu não
sei. Wm. H. Kelley.”
Refleti nisto apenas um momento. Eis aqui um homem que
professa ser o chefe das testemunhas especiais de Cristo,
declarando que não sabe se Jesus é o Filho de Deus, o Pai, ou
Filho do Espírito Santo. O Salvador declarou tão abertamente ser o
Filho do Pai, seu Unigênito, e como tal foi reconhecido pelo Pai por
todas as Escrituras. “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti
só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”11
PREDIÇÃO DO ADVENTO E MISSÃO DE CRISTO
A PROFECIA DE SILÓ. Ao abençoar seu filho Judá, Jacó
declarou que o cetro não se arredaria de Judá até a vinda de
Siló.12 Quem é Siló? É Cristo. E Judá reteve o cetro em Israel ou
Judá até os dias de Cristo.
José, o que foi vendido no Egito, predisse a libertação de Israel
daquela terra por meio de Moisés. Nessa profecia, ele diz que Cristo
é Siló: “O Senhor Deus levantará… a ti, por quem meu pai Jacó foi
chamado Israel, um profeta (não o Messias que é chamado Siló); e
esse profeta há de libertar meu povo do Egito nos dias de tua
servidão.”13
A profecia de Siló tem relação com a autoridade, a qual no
decorrer do tempo, seria conferida aos descendentes, ou tribo de
Judá, quando Israel estivesse estabelecida na terra de sua herança.
Essa autoridade seria a de reinar ou o exercício de autoridade na
elaboração e aplicação da lei.
CUMPRIMENTO DA PROFECIA DE SILÓ. Esta profecia foi
cumprida, pois após Judá ter assumido o poder em Israel, quando
Davi foi elevado ao trono, aquela tribo conservou a autoridade até o
tempo da vinda de Cristo. Mesmo depois da divisão do reino em
dois, Judá e Israel, os reis de Judá continuaram ocupando o trono
até a época do cativeiro, seiscentos anos antes de Cristo.
Judá continuou tendo legisladores para os judeus, mesmo
durante o cativeiro e após o retorno para a Palestina, setenta anos
mais tarde. Na Babilônia, Daniel e outros possuíam poder e dirigiam
o povo como profetas. Quando voltaram sob o comando de
Zorobabel (descendente legal de Davi e que desempenhava as
funções de governador de Jerusalém), e enquanto Esdras e outros
reconstruíam o templo e a cidade, continuaram sendo dirigidos por
legisladores. Eventualmente, instituiu-se o sinédrio, que continuou
exercendo suas funções até depois da morte de Cristo, quando na
época da destruição de Jerusalém e a dispersão dos judeus, aquela
autoridade deixou de existir na terra; e os judeus não mais tiveram
nenhum legislador a quem recorrer. É verdade que houve épocas
em que tais legisladores eram iníquos e agiam errado; não obstante,
a profecia se cumpriu.14
A SERPENTE DE BRONZE, UMA SEMELHANÇA DE CRISTO.
No capítulo três de João, encontramos o relato da conversa do
Senhor com Nicodemos, na qual o Senhor diz: “E, como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do
Homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna.”15Recordais como, quando no
deserto encontraram as serpentes, o Senhor mandou que Moisés
colocasse uma serpente de bronze no alto de uma vara, e todo
aquele que olhasse para ela seria curado, pois muitos morriam ao
serem mordidos? Isso foi feito em semelhança da crucificação de
nosso Senhor, de modo que todos os que nele cressem, não
perecessem.16
SACRIFÍCIO DE ANIMAIS, UMA SEMELHANÇA DE CRISTO. O
Senhor instituiu a páscoa, quando os israelitas saíram do
Egito.17 Deviam tomar um cordeiro sem mácula, matá-lo sem
quebrar-lhe nenhum de seus ossos, assá-lo e comê-lo com ervas
amargas e pão ázimo. Essa festa deveriam celebrar anualmente até
a vinda de Cristo. Isto era também uma semelhança do sacrifício de
Jesus Cristo. Pensando um pouco, vereis que foi na época da
páscoa que Nosso Senhor foi preso e crucificado em cumprimento
das promessas de que ele viria para tornar-se nosso Redentor.18
Todas essas coisas apontam para sua vinda e seu ministério. Na
verdade, o sacrifício remonta aos dias de Adão. Os animais
sacrificados deviam ser perfeitos, imaculados, pois eram imolados
em semelhança ao sacrifício de Jesus Cristo, prenunciando sua
vinda. O Livro de Gênesis não nos ensina muita coisa sobre a
finalidade do sacrifício, porque as coisas simples referentes a ele
foram omitidas.19
Assim que saiu da arca, Noé, como primeira coisa, tomou um
animal limpo e ofereceu-o em sacrifício, embora os animais fossem
escassos. No Livro de Moisés, na Pérola de Grande
Valor, encontramos uma explicação clara de por que era praticado o
sacrifício de animais.20Era porque prenunciavam o sacrifício de
Jesus Cristo, e todo animal devia ser imaculado e incontaminado.
Ao ser crucificado, Cristo foi posto na cruz entre dois ladrões. Estes
tiveram os ossos partidos, mas os do Salvador permaneceram
intatos.
ISAÍAS PREDIZ A VIDA DE CRISTO. Quero ler-vos o capítulo
cinquenta e três de Isaías. Bem, os comentaristas bíblicos hão de
dizer-vos que ele não tem nada a ver com a vida de Jesus Cristo.
Para eles, a história refere-se aos padecimentos de Israel. Eu vos
afirmo que é uma história, uma sinopse da vida de nosso Redentor,
revelada a Isaías setecentos anos antes de o Senhor nascer. Se
tiverdes o devido discernimento, haveis de descobri-lo. Vou fazer
alguns comentários, à medida que o ler.
EXTERIORMENTE NÃO SE DISTINGUIA DE OUTRO HOMEM.
“Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o
braço do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante ele, e
como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e,
olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o
desejássemos.”
Qual o sentido disto? Não cresceu Cristo como tenro rebento?
Nada havia nele para chamar a atenção do povo. Na aparência, era
igual aos outros homens; e assim foi expresso aqui pelo profeta que
ele não tinha parecer nem formosura, isto é, não tão distinto, tão
diferente de outra gente que o povo pudesse reconhecê-lo como
Filho de Deus. Aparentava ser um homem mortal.
CRISTO, UM HOMEM DE DORES. “Era desprezado, e o mais
indigno entre os homens, homem de dores, e experimentado nos
trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele
tomou sobre si nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre
si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.”
Não foi Cristo um homem de dores? Não foi desprezado pelos
homens? Não era experimentado nos trabalhos? E os homens não
escondiam (figuradamente) o rosto dele? Não sofreu pouco caso?
Sem dúvida, ele conhecia nossas enfermidades e tomou sobre si
nossas dores; entretanto, era considerado aflito e abandonado por
Deus. Não era o que o povo dizia? Quão verdadeiras são todas
essas coisas!
PREDIÇÃO DE SEUS SOFRIMENTOS. “Mas ele foi ferido pelas
nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados.”
Bem, isto é obviamente linguagem poética. E por que não
haveria de ser? Mas, não descreve o verdadeiro quadro? Acaso não
foi ferido por nossas transgressões e machucado (moído) por
nossas iniquidades? Não foi açoitado por nós, e se crermos nele,
não somos curados por suas pisaduras?
“Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo seu caminho: mas o Senhor fez cair sobre si a
iniquidade de nós todos.”
O Evangelho não nos ensina que ele tomou sobre si o fardo de
nossos pecados e que nós andávamos desgarrados como ovelhas?
“Ele foi oprimido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro
foi levado ao matadouro, e, como a ovelha muda perante os seus
tosquiadores, ele não abriu a sua boca.”
Isto não é verdade quanto a Cristo? Não o ledes nos
Evangelhos?
“Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da
sua vida21? porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela
transgressão do meu povo foi ele atingido.”
Foi por nossas transgressões que morreu. E quem é contado
como sua geração? Aqueles que o aceitam e guardam seus
mandamentos.
“E puseram sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua
morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua
boca.”
Não foi ele sepultado entre os ímpios, e o sepulcro em que foi
colocado não pertencia a um rico? Certamente não havia engano na
sua boca, pois era perfeito.
ELE VERÁ SUA POSTERIDADE. “Todavia ao Senhor agradou o
moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por
expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará seus dias;
e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.”
O Pai “amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna.”22
“O trabalho da sua alma ele verá, e ficará satisfeito; com o seu
conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as
iniquidades deles levará sobre si. Pelo que lhe darei a parte de
muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto
derramou a sua alma na morte, e foi contado com os
transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos
transgressores intercede.”23
A POSTERIDADE DE CRISTO. Não é claro como a luz do sol,
pelo menos para os que têm a inspiração do Espírito do Senhor? No
capítulo quinze de Mosias Abinádi comenta e explica esse capítulo
de Isaías. Declara que a posteridade de Cristo são aqueles que nele
crêem.24 Cristo foi contado entre os transgressores e tomou sobre si
os pecados de muitos; porém intercedeu pelos transgressores, e
através do arrependimento deles, dá-lhes a vida eterna.
Em relação a sua posteridade, quero citar as palavras do Rei
Benjamim, no capítulo cinco de Mosias: “E agora, por causa do
convênio que fizestes, sereis chamados progênie de Cristo, filhos e
filhas dele, pois eis que, neste dia, ele vos gerou espiritualmente;
pois dizeis que vossos corações se transformaram pela fé em seu
nome; portanto, nascestes dele e vos tornastes seus filhos e suas
filhas.”25
Estes e todos os que fizeram tais convênios são a “semente” de
Cristo.26
NOSSO ADVOGADO E MEDIADOR
O PAI ESTAVA PRESENTE NO ÉDEN. Quando Adão vivia no
Jardim do Éden, estava na presença do Pai e era por ele instruído.
Aprendeu a linguagem dele. Naquele jardim, tinha tanta
familiaridade com nosso Pai Eterno, como nós com os nossos pais
na vida mortal. A primeira parte de Gênesis que trata da criação e
de Adão no Jardim do Éden é quando o Pai estava presente com
ele.27
Depois de haver comido do fruto proibido, Adão e Eva foram
expulsos do jardim e igualmente afastados da presença do Pai.
Adão foi banido por causa de sua transgressão, ficando
espiritualmente morto — isto é, excluído da presença de Deus.28
CRISTO FICA ENTRE O HOMEM E O PAI. Então entrou em
cena Jesus Cristo como Mediador entre o homem e Deus, e o
Advogado do homem junto ao Pai. Ele defende a nossa causa.
Como nosso Mediador, através de seu ministério, trabalha para nos
reconciliar, a fim de entrarmos em acordo com Deus, seu Pai.29
Advogado é alguém que defende ou pleiteia em favor de outro.
Mediador é aquele que reconcilia ou consegue que as partes entrem
em acordo.
Isto é parte de sua grande missão. Ele se coloca entre o Pai e o
homem. Durante sua estada na terra, ele orava frequentemente por
seus discípulos, rogando ao Pai em favor deles30, e continua
rogando desde aí, ficando entre nós e Deus, nosso Pai.
JEOVÁ FAZ TODA REVELAÇÃO. Desde a Queda, toda
revelação tem sido feita através de Jesus Cristo, que é o Jeová do
Velho Testamento. Em todas as Escrituras em que Deus é
mencionado e apareceu, foi Jeová quem falou com Abraão, com
Noé, Enoque, Moisés e todos os profetas. Ele é o Deus de Israel, o
Santo de Israel; aquele que livrou Israel da escravidão no Egito, e
que deu e cumpriu a Lei Mosaica.31 A partir da queda, o Pai nunca
tratou direta e pessoalmente com o homem, e nunca se mostrou,
exceto para apresentar e prestar testemunho do Filho. Por isso,
a Versão Inspirada registra que “nenhum homem viu Deus em
tempo algum, exceto [quando] prestou testemunho do Filho.”32
Êxodo 6:3, na versão do Rei Tiago, está mal traduzido, pois diz
assim: “E eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó, como o Deus
Todo-Poderoso; mas, pelo meu nome JEOVÁ, não lhes fui
conhecido.”33 Bem, sabemos que Jeová é Cristo, e aqui se declara
que não foi o Salvador que apareceu a esses profetas antigos.
Entretanto, na revisão das Escrituras feita pelo Profeta Joseph
Smith, essa passagem diz assim: “E eu apareci a Abraão, a Isaque
e a Jacó. Eu sou o Senhor Deus Todo-Poderoso; o Senhor JEOVÁ.
E não era meu nome a eles conhecido?”34
CRISTO PODE FALAR COMO O PAI. Ao dar revelações, nosso
Salvador às vezes fala por si mesmo; outras vezes pelo Pai e em
nome do Pai, como se fosse o Pai; no entanto é Jesus Cristo, nosso
Redentor, quem dá mensagem. Assim, vemos em Doutrina &
Convênios29:1, ele apresentar-se como “Jesus Cristo, vosso
Redentor”, mas na parte final da revelação, fala pelo Pai e em nome
deste, como se fora o próprio Pai35, embora continue sendo Jesus
quem fala, pois o Pai outorgou-lhe seu nome para esse propósito.
A PRIMEIRA VISÃO E REVELAÇÃO. Na Primeira Visão de
Joseph Smith, temos uma maravilhosa ilustração de como a
revelação vem através de Jesus Cristo. O Pai e o Filho apareceram
a ele, mas não foi o Pai quem respondeu à sua pergunta! O Pai
apresentou Joseph a seu Filho, e foi este quem respondeu à
importante pergunta e deu a instrução.36
Se Joseph Smith houvesse voltado do bosque, declarando que o
Pai e o Filho lhe haviam aparecido, e que o Pai lhe falara e
respondera a sua pergunta enquanto o Filho se mantinha em
silêncio, então poderíamos ter considerado a história uma fraude.
Joseph Smith era moço e inexperiente demais para saber disso
naquele tempo, mas não cometeu nenhum engano, e sua história
estava em perfeita concordância com a verdade divina, com a lei
divina de que Cristo é o Mediador entre Deus e o homem.
CRISTO, O PAI E O FILHO
PAI POR CAUSA DA EXPIAÇÃO. Nossas Escrituras ensinam
que Jesus Cristo é tanto o Pai como o Filho.37 A simples verdade é
que ele é o Filho de Deus por nascimento, tanto no espírito como na
carne. É o Pai por causa da obra que realizou.
A diferença entre nosso Salvador e o resto de nós é que tivemos
pais mortais e, portanto, estamos sujeitos à morte. Nosso Salvador
não teve Pai mortal e, portanto, a morte lhe era sujeita. Ele tinha
poder para entregar sua vida e depois retomá-la, mas nós não
temos poder para entregar nossa vida e depois retomá-la.38 É
através da expiação de Jesus Cristo que recebemos a vida eterna,
por intermédio da ressurreição dos mortos, e obediência aos
princípios do Evangelho.
No sentido em que o termo é usado nas Escrituras, o Salvador
se torna nosso Pai por oferecer-nos a vida, vida eterna, através da
expiação que fez por nós. Na maravilhosa instrução dada pelo Rei
Benjamim, encontramos isto: “E agora, por causa do convênio que
fizestes, sereis chamados progênie de Cristo, filhos e filhas
dele; pois eis que neste dia ele vos gerou espiritualmente; pois
dizeis que vossos corações se transformaram pela fé em seu nome;
portanto, nascestes dele e vos tornastes seus filhos e filhas.”39
Assim nos tornamos filhos de Jesus Cristo através de nossos
convênios de obediência a ele. Em virtude de sua divina autoridade
e sacrifício na cruz, tornamo-nos filhos espiritualmente gerados por
ele, e ele é nosso Pai.
PAI POR DIVINA INVESTIDURA DE AUTORIDADE. Cristo
também é nosso Pai, porque seu Pai lhe deu de sua plenitude; isto
é, ele recebeu a plenitude da glória do Pai. Isto é ensinado
em Doutrina & Convênios 93:1-5, 16-17, e igualmente por Abinádi,
no capítulo quinze de Mosias. A afirmativa de Abinádi de que ele é o
“Pai, porque foi concebido pelo poder de Deus”, concorda com as
palavras do próprio Senhor, na seção noventa e três, de que ele é o
Pai por haver recebido da plenitude deste. Cristo diz que é o Filho,
porque esteve no mundo e fez da carne seu tabernáculo, e habitou
entre os filhos dos homens. Abinádi expressa a mesma verdade,
dizendo que ele é o Filho por causa da carne.
O Pai honrou a Cristo, cedendo-lhe seu nome, para que assim
pudesse ministrar por e através desse nome como se fora o Pai; e
assim, no que tange ao poder e autoridade, suas palavras e atos se
tornam e são os do Pai.
PAI NO SENTIDO DE CRIADOR. Nosso Senhor é também
chamado de Pai no sentido de ser o Pai ou Criador dos céus, da
terra e de todas as coisas.40
SOMENTE CRISTO TINHA O PODER DE IMORTALIDADE
AQUELES QUE ACREDITAM QUE A ALMA DORME41, NEGAM
A IMORTALIDADE. Talvez a mais importante passagem dos que
professam essa teoria, baseada em sua asserção de que o corpo é
a alma do homem (privada de vida, exceto por um “breve período
médio de sete décadas”), seja a referência de Paulo a nosso
Salvador como o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores; aquele que
tem, ele só, a imortalidade e habita na luz
inacessível…”42 Fundamentando-se nesta passagem, eles alegam
ser ela prova conclusiva de que o homem de forma alguma possui o
dom da imortalidade, e deixa de existir quando morre.
OS SANTOS RESSUSCITADOS COM CRISTO. É estranho que
se apeguem a essa passagem com tamanha tenacidade,
interpretando-a no sentido de que o Salvador é o único a quem foi
concedida a ressurreição da morte, e por conseguinte o único que
“tem imortalidade”, e ignorem o fato registrado por Mateus de que
“abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam
foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da
ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a
muitos”.43 Se eles também participaram da ressurreição, conforme
nos assegura uma testemunha ocular, acaso não receberam
igualmente a bênção de imortalidade e vida eterna como o Filho de
Deus? No Livro de Mórmon, consta que os mortos fiéis deste
continente também se levantaram da morte após a ressurreição de
Cristo.44
CRISTO TINHA PODER SOBRE A MORTE. Sendo isto verdade,
o que então Paulo quis dizer ao afirmar a Timóteo, de acordo com a
Bíblia, que o Filho de Deus “tem, ele só, a imortalidade”?
Simplesmente isto: Que dentre todos os que habitaram na terra,
o Filho de Deus se destaca como o único que possuía vida em si e
poder inerente sobre a morte. Cristo nunca foi sujeito à morte,
mesmo na cruz; a morte sempre esteve sujeita a ele. “… como o Pai
tem a vida em si mesmo,” disse o Salvador, “assim deu também ao
Filho ter vida em si mesmo”.45 E novamente diz ele: “Por isto o Pai
me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém
ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a
dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu
Pai.”46
Pode homem algum dizer o mesmo? Existirá alguém mais que
poderia afirmar legitimamente possuir vida em si mesmo, podendo
assim sacrificar seu corpo e voltar a tomá-lo? Todos nós somos
sujeitos à morte carnal; nenhum de nós tem poder sobre a morte. O
Salvador, entretanto, sendo o Filho Unigênito de Deus na carne, foi
dotado de vida em si mesmo desde seu nascimento, mesmo como
seu Pai tinha vida em si mesmo — o que é imortalidade.47
A LUZ E ESPERANÇA DE IMORTALIDADE. Com esse
entendimento, podemos interpretar corretamente a mencionada
passagem de Timóteo. Além do mais, essa passagem controvertida
não nos chegou na Bíblia com a mesma clareza com que foi escrita
por Paulo. Depois de corrigida pelo Profeta na Versão Inspirada, ela
diz ser Cristo “o Rei dos reis, e Senhor dos senhores, ao qual sejam
honra e poder sempiterno; a quem nenhum homem viu nem pode
ver, a quem homem algum pode achegar-se, somente aquele em
quem habitam a luz e a esperança de imortalidade.”48
CRISTO OBROU SUA PRÓPRIA SALVAÇÃO
CRISTO COMEÇOU A VIDA MORTAL COMO OUTROS
HOMENS. Nosso Salvador era um Deus antes de nascer neste
mundo, e quando veio para cá, trouxe consigo essa condição divina.
Ao nascer neste mundo, continuou sendo o mesmo Deus que era
antes. Mas, no que concerne a esta vida, aparentemente teve que
começar como todas as outras crianças, ganhando conhecimento
linha sobre linha. Lucas diz que “crescia Jesus em sabedoria, e em
estatura, e em graça para com Deus e os homens”.49 João registra
“que a princípio ele não recebeu da plenitude”, mas teve que
progredir “de graça em graça até receber a plenitude 50. Paulo
escreveu: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por aquilo
que padeceu.”51
COMO ELE GANHOU LUZ E VERDADE. Evidentemente, antes
de atingir doze anos de idade — pois então ele assombrou os
doutores e eruditos no templo — já havia aprendido muita coisa a
respeito dos negócios de seu Pai.52 Esse conhecimento lhe poderia
ter vindo por revelação, pela visitação de anjos ou outra maneira
qualquer. Mas o conhecimento concernente a esta vida, teve que
adquirir linha sobre linha e preceito sobre preceito. De tempos em
tempos, ele, sem dúvida, tinha comunicação com o Pai Celestial.
A Versão Inspirada da Bíblia, nos diz: “Jesus cresceu com seus
irmãos, e tornou-se forte, e servindo ao Senhor, à espera do tempo
de seu ministério. E ele servia seu pai e não falava com os outros
homens, nem podia ser ensinado, pois não precisava que nenhum
homem o ensinasse. E depois de muitos anos, aproximou-se a hora
do seu ministério.”53
COMO FEZ O QUE TINHA VISTO O PAI FAZER. A declaração
de nosso Senhor de que não podia fazer nada que não tivesse visto
o Pai fazer,54 significa simplesmente que o que o Pai fez lhe fora
revelado. Jesus indubitavelmente veio ao mundo sujeito à mesma
condição requerida de cada um de nós — esquecera tudo e tinha
que crescer de graça em graça. Seu esquecimento, ou retirada de
seu conhecimento passado, foi um requisito para ele como o é para
cada um de nós, a fim de poder cumprir a presente existência
temporal.
CRISTO OBTEVE A PLENITUDE APÓS A RESSURREIÇÃO. O
Salvador não tinha a plenitude a princípio; mas, após ter recebido
seu corpo e a ressurreição, foi-lhe dado todo o poder, tanto nos céus
como na terra.55 Embora sendo um Deus, mesmo o Filho de Deus,
com poder e autoridade para criar esta e outras terras, ainda assim
carecia de algumas coisas que recebeu somente depois da
ressurreição. Em outras palavras, ele não recebeu a plenitude até
possuir um corpo ressurreto, e o mesmo se aplica aos que se
tornam filhos de Deus pela fidelidade. Nossos corpos são essenciais
para a plenitude e a continuação das sementes para todo o
sempre.56
ENSINAR QUE CRISTO FOI MAIS QUE UM HOMEM
EVENTUAL PESAR DOS FALSOS MESTRES. Se é grande o
valor das almas, e nossa alegria nos céus será imensa com aqueles
que conseguimos trazer para o caminho estreito e apertado, quais
não serão nossos sentimentos, se, por causa de algum ensinamento
nosso, uma alma for barrada do reino celestial? Se aquilo que
ensinamos e praticamos destruir a fé num indivíduo, de modo que
ele não aceite a verdade, e este fato nos for dado a conhecer
quando estivermos diante do tribunal, então, pergunto eu, quão
grande não será nosso pesar? Quão grande não será nossa
merecida condenação, se, através de nossa influência e nossos
ensinamentos, um dos filhos de nosso Pai for impedido de obter a
eterna exaltação?
SEVERA PUNIÇÃO PARA OS FALSOS MESTRES. Digo-vos
que os homens que se levantam e afirmam que Jesus não é o
Cristo, que ele foi um grande mestre, mas não o Filho de Deus, o
Unigênito do Pai, e assim levam muitos a negar o poder da
ressurreição e a divindade de Cristo, estão assumindo uma
responsabilidade extremamente terrível, que deveria fazê-los temer
e tremer. Eu não suportaria saber que ensinei uma inverdade capaz
de levar pessoas à destruição. E quando esses homens
compreenderem o que fizeram e que não apenas sua própria alma
deixou de ser salva, mas que foram instrumento de destruição da
alma de outros homens, desviando-os da verdade e retidão, digo-
vos que será duro para eles e terão punição muito severa na
eternidade.57
HISTORICIDADE DE JESUS
INIMIGOS DE CRISTO ADMITEM TER ELE VIVIDO. Muitos dos
que negam a divindade de Jesus Cristo, estão convencidos de sua
autenticidade histórica. Um dos mais persistentes e decididos
adversários de Jesus Cristo nos tempos modernos admite que a
evidência é indiscutível, e que Jesus Cristo viveu e pregou ao povo
da Judéia. Declara mais, que Paulo, principal autor das epístolas e
defensor de Jesus Cristo, foi uma pessoa real que teve contato com
os cristãos durante a primeira década após a morte de Cristo.
“Paulo… costuma falar de Cefas e outros que foram de fato
companheiros de Jesus. Para duvidar disto, teríamos que negar a
autenticidade de todas as epístolas… Uniu-se ao grupo dos cristãos
e com eles conviveu em Jerusalém menos de dez anos após a
execução de Jesus. Nenhum judeu parece ter-lhe dito que Jesus foi
um simples mito. Tal ideia parece não ter ocorrido a ninguém em
toda a amarga disputa entre judeus e cristãos. Pondo inteiramente
de lado os Evangelhos, ignorando tudo o que os escritores latinos
supostamente disseram no século dois, resta-nos um grande e
toscamente organizado corpo de cristãos na época em que ainda
viviam homens que se lembravam de acontecimentos da quarta
década do século.
“Concluo ser mais racional acreditar na historicidade de Jesus.
Não existe na história nenhum paralelo do súbito surgimento de um
mito e sua transformação em personagem humano numa só
geração… Dos primeiros momentos em que temos notícia de
cristãos na História, a essência de sua crença é que Jesus era uma
encarnação, na Judéia, do grande Deus do universo… Assim,
parece-me bem mais razoável, bem mais científico, bem mais
consoante com os fatos da história religiosa que conhecemos,
concluir que Jesus foi um homem paulatinamente transformado em
Deus.”58
O LIVRO DE MÓRMON PROVA QUE CRISTO VIVEU. Temos
“mui firme, a palavra dos profetas,” como diria Pedro, “à qual bem
fazeis em estar atentos”59, pela qual podemos saber que Jesus
Cristo viveu e é de fato o Filho Unigênito de Deus.
O Livro de Mórmon, embora sendo um registro antigo, veio à luz
dentro do período de conhecimento desta geração. Todos sabemos
como foi revelado e traduzido, e que o Senhor levantou
testemunhas, “quantas… (achou) necessárias” que testificaram a
veracidade “do livro e das coisas que contém”. Além disso, o Livro
de Mórmon foi preservado, conforme está registrado, para surgir nos
últimos dias, a fim de prestar testemunho da autenticidade do
registro dos judeus (a Bíblia), e “convencer ao judeu e ao gentio de
que JESUS É O CRISTO, O DEUS ETERNO, manifestando-se a
todas as nações.”60 O Livro de Mórmon dá testemunho da
personalidade e realidade de Jesus Cristo, tanto por profecias
proferidas centenas de anos antes de seu nascimento, como
registrando sua aparição pessoal entre o antigo povo do continente
americano. Nesse sagrado volume, temos registradas suas palavras
e o depoimento de testemunhas que o viram e a quem ele ministrou
depois de sua ressurreição.
CRISTO VISTO POR PROFETAS MODERNOS. Todavia, nós
não dependemos dos escritos e testemunhos de homens que
viveram e escreveram em outros tempos. Embora aceitemos sua
declarações, temos o depoimento de testemunhas de nossa própria
época. Joseph Smith, Oliver Cowdery, Sidney Rigdon e outros
testificaram ao mundo — conforme lhes fora ordenado — que viram
Jesus Cristo, conversaram com ele, receberam sua ministração e
por ele foram instruídos. Estes fatos estão registrados conforme
foram escritos na época, e o testemunho tem sido propagado em
todo o mundo e está à vista de todos por mais de cem anos.
Joseph Smith e Oliver Cowdery estiveram na presença do
Senhor Jesus Cristo no Templo de Kirtland, no dia 3 de abril de
1836, e ouviram sua voz.61 Joseph Smith e Sidney Rigdon estiveram
em sua presença a 16 de fevereiro de 1832, prestando testemunho
conforme segue: “E agora, depois dos muitos testemunhos que se
prestaram dele, este é o testemunho, último de todos, que nós
damos dele: que ele vive! Pois vimo-lo, mesmo à direita de Deus; e
ouvimos a voz testificando que ele é o Unigênito do Pai — Que por
ele, por meio dele, e dele, são e foram os mundos criados, e os
seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus”62
OS JUSTOS AINDA PODEM VER A CRISTO. Esse testemunho
tem sido propagado em todo o mundo. Existem milhares que sabem
ser ele verídico, pois sua alma também recebeu o mesmo
testemunho. Há milhares que creem na promessa do Senhor de
“que toda alma que renunciar aos pecados e vier a mim, e clamar ao
meu nome, e obedecer à minha voz, e guardar os meus
mandamentos, verá a minha face e saberá que eu sou”.63 E esta
promessa é para todos os homens, de toda parte, para que todos
possam saber, se quiserem.64
APARIÇÃO DO SENHOR AO IRMÃO DE JARED
A ALGUNS CRISTO SE REVELOU PARCIALMENTE. Para mim,
Éter 3:15 sempre significou que o Salvador se postou diante do
Irmão de Jarede aberta e claramente, mostrando-lhe todo o corpo e
explicando que era um espírito. Em sua aparição a Adão e Enoque,
disse que não se manifestaria com tanta familiaridade. Suas
aparições a profetas mais antigos não haviam acontecido com tal
plenitude.
Os relatos escriturísticos de falar face a face e de andar com
Deus não devem ser interpretados no sentido de que o Salvador
ficou diante daqueles profetas, revelando-lhes sua pessoa por
inteiro. É possível que o tenha feito mais tarde, no caso de Abraão e
Moisés, porém não o fez com toda plenitude nos dias
antediluvianos. Para o irmão de Jarede, ele removeu o véu
completamente. Nunca antes se mostrara ao homem da maneira e
forma como a esse profeta.65
Anotação
1. D & C 93:21; Col. 1:15; Rom. 8:29.

2. D & C 20:21; 29:42, 46; 49:5.

3. João 3:18.

4. João 15:26; 16:7.

5. João 14:28.

6. Joseph Fielding Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 102.

7. Corresp. Pessoal; Éter 3:6-16; Moisés 1:31-33; João 1:1-14; Hebr. 1:1-4.

8. Alma 7:10.

9. Lucas 1:34-35.

10. Mateus 1:18.

11. Origin of the “Reorganized” Church, pp. 91-93; João 17:3.


12. Gên. 49:10.

13. Corresp. Pessoal; Versão inspirada, Gên. 50:24.

14. Church News, 23 de setembro de 1933, pp. 3, 8.

15. João 3:14-15.

16. Números 21:6-9; Alma 33:19-20; Helamã 8:13-15.

17. Êxodo 12:3-51.

18. Mateus 26:17-75; 27:1-50; Marcos 14:12-72; 15:1-38; Lucas 22:7-71; 23:1-46; I Cor. 5:7.

19. I Néfi 13:24-26.

20. Moisés 5:5-8.

21. A versão inglesa do Rei Tiago diz: “… e quem contará a sua geração?” N. do T.

22. João 3:16.

23. Isaías 53:1-12.

24. Mosias 14:1-12; 15:1-20.

25. Mosias 5:7.

26. Church News, 23 de julho de 1952, pp. 5, 14.

27. Gên. 1, 2, 3; Moisés 2, 3, 4.

28. D & C 29:41-42.

29. D & C 29:5: 45:3-4: 62:1: 76:69: 107:18-19: 2 Néfi 2:9-10: Morôni 7:27-28; Rom. 8:34; Gál. 3:19-20; 1 Tim.
2:5-6; Hebr. 7:25; I João 2:1.

30. Lucas 22:31-32; João 17:11-26.

31. 1 Néfi 19:10; 3 Néfi 11:10, 14; 15:2-9.

32. Versão inspirada, João 1:19.

33. A versão em português é praticamente igual à do Rei Tiago: “E eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó,
como o Deus Todo-poderoso: mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido.” N.
do T.

34. Versão Inspirada, Êxodo 6:3.

35. D & C 29:42, 46.

36. Joseph Smith 2:17-20.


37. “The Father and the Son: A Doctrinal Exposition by the First Presidency and the Twelve” (“O Pai e o Filho:
Exposição Doutrinária da Primeira Presidência e dos Doze”. N. do T.), citada em Joseph Fielding
Smith, Man: His Origin and Destiny, pp. 117-129.

38. João 10:11-18.

39. Mosias 5:7; 15:10-13; D & C 39:1-3; 45:7-8.

40. Corresp. Pessoal; Mosias 15:4; Alma 11:38-39; Éter 4:7.

41. Aqueles que acreditam que a alma dorme, são grupos que dizem que isto acontece na morte, e que a
alma não acorda até a ressurreição do corpo.

42. 1 Tim. 6:15-16.

43. Mat. 27:52-53.

44. 3 Néfi 23:9-10.

45. João 5:26.

46. João 10:17-18.

47. Era, vol. 19, pp. 198-199

48. Versão Inspirada, 1 Tim. 6:15-16.

49. Lucas 2:52.

50. D & C 93:6-16.

51. Heb. 5:8.

52. Lucas 2:42-50.

53. Versão Inspirada, Mat. 3:24-26.

54. João 5:19-20.

55. D & C 93:16-17; Mat. 28:18.

56. Corresp. Pessoal.

57. Conference Report, abril 1923, pp. 138-39; 2 Néfi 28:15.

58. Joseph McCabe, The Story of Religious Controversy, p. 228.

59. 2 Pedro 1:19.

60. Livro de Mórmon, página de rosto.

61. D & C 110:1-10.


62. D & C 76:22-24.

63. D & C 93:1.

64. Era. vol. 33, pp. 725-26.

65. Corresp. Pessoal.


CAPÍTULO 3
O ESPÍRITO SANTO, A LUZ DE
CRISTO E O SEGUNDO
CONSOLADOR
O ESPÍRITO SANTO
UM PERSONAGEM DE ESPÍRITO. O Espírito Santo é o terceiro
membro da Deidade (Trindade). É um Espirito, na forma de um
homem. O Pai e o Filho são personagens de tabernáculo; eles têm
corpos de carne e ossos. O Espírito Santo é um personagem de
Espírito, possuindo apenas um corpo espiritual.1 Sua missão é
prestar testemunho do Pai e do Filho e de toda verdade.2
Como personagem de Espírito, o Espírito Santo tem tamanho e
dimensão. Ele não ocupa a imensidade do espaço, e não pode estar
pessoalmente ao mesmo tempo em toda parte. É chamado também
de Santo Espírito, Espírito de Deus, Espírito do Senhor, Espírito da
Verdade e de Consolador.3
O ESPÍRITO SANTO COMO REVELADOR. Ele tem por missão
ensinar-nos toda a verdade. Participa das coisas do Pai e do Filho,
revelando-as àqueles que servem fielmente o Senhor. Foi através
dos ensinamentos do Consolador, ou Espírito Santo, que os ensinos
de Jesus eram relembrados pelos apóstolos.4 A profecia vem
através dos ensinamentos do Santo Espírito.5
O DOM DO ESPÍRITO SANTO VEM PELA IMPOSIÇÃO DAS
MÃOS. Nos tempos da primitiva Igreja de Cristo, foi feita a
promessa de que todos os que se arrependessem, fossem
batizados para a remissão dos pecados e se mantivessem fiéis,
receberiam o dom do Espírito Santo pela imposição das mãos. A
mesma promessa é feita a todos os que aceitarem o Evangelho
nesta dispensação, pois diz o Senhor: “E a quem tiver fé,
confirmareis na minha igreja, pela imposição das mãos, e eu lhes
concederei o dom do Espírito Santo.”6
É dever dos élderes da Igreja “confirmar os que são batizados
na igreja, pela imposição das mãos para o batismo do fogo e do
Espírito Santo, de acordo com as Escrituras.”7
EVITAR ESPECULAÇÕES SOBRE O DESTINO DO ESPÍRITO.
O Espírito Santo não é um personagem com corpo de carne e
ossos, diferindo neste aspecto do Pai e do Filho. O Espírito Santo
não é mulher, conforme alguns declaram, e portanto não é mãe de
Jesus Cristo.
É perda de tempo especular com referência à sua jurisdição.
Sabemos o que nos tem sido revelado, e que o Espírito Santo, às
vezes chamado de Santo Espírito e Consolador, é o terceiro
membro da Trindade e que, estando em perfeita harmonia com o
Pai e o Filho, revela ao homem as verdades do Evangelho de Jesus
Cristo pelo espírito de revelação e profecia. Nosso grande encargo é
viver de modo a podermos ser guiados constantemente na luz e
verdade por esse Consolador, para não sermos ludibriados pelos
muitos falsos espíritos existentes no mundo.8
Jamais me preocupei se algum dia o Espírito Santo terá ou não
um corpo, porque, isto de nenhuma forma é essencial para minha
salvação. Ele é um membro da Trindade, possui grande autoridade
e poder, tendo uma maravilhosa missão que precisa ser cumprida
por um espírito. Isto me satisfez, sem querer aprofundar-me em
mistérios que não encerram qualquer benefício particular.9
O DOM DO ESPÍRITO SANTO
CONFERIMENTO DO ESPÍRITO SANTO. O Espírito Santo é
concedido permanentemente só àqueles que chegaram ao
conhecimento da verdade por escutarem o Espírito de Cristo, foram
batizados e confirmados membros da Igreja. Isto nos leva à
diferença entre o Espírito Santo e o dom do Espírito Santo, que
causa confusão na mente de alguns de nós.
Quando somos chamados a confirmar alguém como membro da
Igreja, é errado dizer: “Recebe o dom do Espírito Santo”.
Deveríamos dizer: “Recebe o Espírito Santo”. Isto abrange tudo, e
eles recebem o dom.
DEFINIÇÃO DO DOM DO ESPÍRITO SANTO. O que é o dom do
Espírito Santo? Nada mais nem menos que o direito à companhia
do Espírito Santo. Conforme diz o Presidente Joseph F. Smith: “Ele
não tem que habitar constantemente com alguém.” Este homem
aqui, outro ali, e mais outro na Inglaterra são confirmados membros
da Igreja. Surge a questão: “Como pode o Espírito Santo estar com
todos eles simultaneamente?” Ele não tem que estar, pois tamanho
é o poder do Espírito Santo, que pode manifestar-se em todos os
lugares ao mesmo tempo.
O Presidente Joseph F. Smith colocou-o assim: “O Espírito
Santo, como personagem de Espírito, não pode ser mais onipotente
do que o Pai ou o Filho; mas, por meio da sua inteligência,
conhecimento, poder e influência, sobre e através das leis da
natureza, é e pode estar onipresente em todas as obras de
Deus.”10 Assim, quando há necessidade de nos falar, ele é capaz de
fazê-lo através de outro Espírito, isto é, através da Luz de Cristo.
Disse Joseph Smith: “Há certas palavras-chave e sinais que
pertencem ao Sacerdócio, as quais devem ser observadas a fim de
se obter a bênção. O sinal que Pedro deu foi o de arrepender-se e
batizar-se para a remissão dos pecados, com a promessa do dom
do Espírito Santo; e esse dom não se recebe de nenhuma outra
maneira.”
O ESPÍRITO SANTO RECONDUZ O HOMEM À PRESENÇA DE
DEUS. Não podeis obter o Espírito Santo orando por ele, pagando
vossos dízimos, guardando a Palavra de Sabedoria — nem mesmo
sendo batizados na água para a remissão dos pecados. É preciso
que completeis o batismo com a imposição das mãos para o dom do
Espírito Santo. O Profeta disse certa vez que não confirmar um
homem e conferir-lhe o dom do Espírito Santo pela imposição das
mãos, seria o mesmo que batizar um saco de areia. É impossível
obtê-lo de outra maneira. O homem que é confirmado, recebe, além
desse Espírito de Cristo, a companhia do terceiro membro da
Deidade. Portanto, está novamente na presença de Deus, através
do dom do Espírito Santo.
COMPARAÇÃO ENTRE O ESPÍRITO SANTO E O DOM DO
ESPÍRITO SANTO. O Profeta continua: “Existe uma diferença entre
o Espírito Santo e o dom do Espírito Santo. Cornélio recebeu o
Espírito Santo antes de batizar-se, que para ele foi o poder
convincente de Deus sobre a veracidade do Evangelho; mas não
podia receber o dom do Espírito Santo senão depois de batizado.
Não tivesse ele tomado sobre si esse sinal ou ordenança, o Espírito
Santo que o convencera da verdade de Deus ter-se-ia apartado
dele. Até que obedecesse a essas ordenanças e recebesse este
dom pela imposição das mãos, de acordo com a ordem de Deus,
não poderia curar os enfermos, nem ordenar a um espírito maligno
que saísse de um homem, porque os espíritos poderiam dizer-lhe
como aos sete filhos de Sceva: ‘Conheço a Jesus, e bem sei quem
é Paulo; mas vós quem sois?’ (Atos 19:15). Não importa se
permanecemos muito ou pouco tempo sobre a terra, depois de ter
conhecido esses princípios e de haver obedecido a eles até o fim.
Eu sei que todos os homens se condenarão, se não entrarem pela
porta que o Senhor abriu, e essa é a única maneira que a palavra de
Deus indicou.”11
O ESPÍRITO SANTO PODE TESTIFICAR A UM NÃO-MEMBRO
DA IGREJA. Muitas vezes se pergunta: “Como é que dizeis que um
homem não pode receber o dom do Espírito Santo, a não ser pela
imposição das mãos, se Cornélio o recebeu antes de ser batizado,
antes de procurar Pedro a fim de saber o que devia fazer para
salvar-se?” O Espírito Santo se manifestará a todo indivíduo que
buscar a verdade, exatamente como fez com Cornélio. Diz Morôni:
“E, quando receberdes estas coisas, eu vos exorto a perguntardes a
Deus, o Pai Eterno, em nome de Cristo, se estas coisas não são
verdadeiras; e, se perguntardes com um coração sincero e com real
intenção, tendo fé em Cristo, ele vos manifestará sua verdade disso
pelo poder do Espírito Santo.”12
Todo homem pode receber uma manifestação do Espírito Santo,
mesmo estando fora da Igreja, desde que esteja procurando
sinceramente a luz e verdade. O Espírito Santo virá e dar-lhe-á o
testemunho que busca, e depois se afasta; e o homem não terá
direito a outra ou constantes visitas e manifestações dele. Poderá
ter a orientação permanente daquele outro Espírito, o Espírito de
Cristo. Qualquer homem pode receber tal manifestação do Espírito
Santo, quando estiver buscando a verdade, porém não o poder de
recorrer ao Espírito Santo, sempre que sentir necessidade de ajuda,
como um homem que é membro da Igreja.13
O DOM DO ESPÍRITO SANTO É SOMENTE PARA MEMBROS
DA IGREJA. Após o batismo e confirmação podemos tornar-nos
companheiros do Espírito Santo, o qual nos ensinará os caminhos
do Senhor, vivificará nossa compreensão e ajudar-nos-á a entender
a verdade. O povo do mundo não recebe o dom do Espírito Santo.
Joseph Smith não possuía o dom do Espírito Santo quando teve
a Primeira Visão, porém foi envolvido pelo Espírito Santo; do
contrário não poderia contemplar o Pai e o Filho.14
NOSSO DIREITO À ORIENTAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO.
Temos direito à orientação do Espírito Santo, porém não podemos
tê-la, se voluntariamente nos recusarmos a considerar as
revelações dadas para ajudar-nos a entender e para nos guiar, na
luz e verdade do Evangelho Eterno. Não podemos esperar receber
essa orientação, recusando-nos a considerar essas grandes
revelações que tanto significam para nós, temporal e
espiritualmente.
Agora, se nos encontramos nessa condição de descrença ou
relutância de buscar a luz e o conhecimento que o Senhor colocou
ao nosso alcance, então seremos passíveis ou estaremos em perigo
de sermos ludibriados pelos espíritos malignos, pelas doutrinas dos
demônios e ensinamentos dos homens. E quando essas falsas
influências nos são apresentadas, não teremos o discernimento
para distingui-las e saber que não são do Senhor. E assim,
podemos tornar-nos presas dos ímpios, dos maldosos, dos velhacos
e das artimanhas dos homens.15
O ESPÍRITO SANTO — TESTEMUNHA INFALÍVEL DA VERDADE
AQUELES GUIADOS PELO ESPÍRITO SANTO NÃO SE
DEIXAM ENGANAR. Se formos humildes, diligentes no serviço do
Senhor; se procurarmos servi-lo com os olhos fitos na glória do Pai
celeste (lembrando-nos de que ele pediu que o sirvamos de todo o
coração, e com toda nossa alma, todo nosso entendimento e todas
as nossas forças), não havemos de nos perder. Não seremos
seduzidos por espíritos do mal, nem por espíritos dos homens, mas
seremos guiados e dirigidos pelo Espírito de Deus.
Todo membro da Igreja recebeu a imposição das mãos para o
dom do Espírito Santo, e tem o direito de receber as revelações
oportunas e necessárias para sua orientação individual; não para a
Igreja, mas para si próprio. Tem o direito, através de sua obediência
e humildade, de receber luz e verdade conforme serão reveladas
pelo Espírito da Verdade; e aquele que der ouvidos a este Espírito e
buscar o dom do Espírito em humildade e fé, não será enganado.
Agora, existem algumas pessoas entre nosso povo que estão
sendo enganadas. Por que? Porque lhes falta conhecimento, porque
carecem de entendimento, e porque não estão em sintonia com o
Santo Espírito, o qual têm o direito de receber através de sua
fidelidade e obediência.16
O TESTEMUNHO VEM DO ESPÍRITO SANTO. Cristo é a
segunda pessoa na Deidade. Mas ele próprio declarou que as
manifestações que podemos receber do Espírito de Cristo, ou da
visitação de um anjo, um ser ressurreto tangível, não nos deixaria a
impressão e não nos convenceria, colocando dentro de nós aquele
algo do qual não podemos escapar, como recebemos através da
manifestação do Espírito Santo.17 As visitações pessoais podem
desvanecer-se com o passar do tempo; a orientação do Espírito
Santo, porém, é renovada e reiterada dia a dia, ano após ano, se
vivermos de maneira a merecê-la.
Um homem pode receber manifestações do Santo Espírito e
depois pecar; então o Espírito se afasta. Ele fica entregue a si
mesmo e esquecerá, em grande parte, as coisas que aprendera
antes. Mas quando o homem conheceu o poder de Deus, participa
dele e depois se afasta, desafiando conscientemente a verdade, não
há perdão para ele.18
Tenho em mente certos missionários que ouvi testificar, quando
voltaram para casa, e também alguns que tenho visto levantar-se no
campo missionário e falar pelo poder do Espírito, prestando
testemunho da verdade; não obstante, anos mais tarde perderam
esse testemunho; ele se apartou deles.
Lembro-me agora de um eminente professor que cumpriu uma
boa missão e tinha em si o Espírito do Senhor. Hoje não mais é
membro da Igreja. Sua compreensão anuviou-se. Seus testemunhos
se obscureceram. Não sei se algum dia poderá escapar deles, pois,
se os recebeu com a clareza e o poder com que somos capazes de
recebê-los, não será capaz de esquecê-los. Um homem não se
torna um filho da perdição por negar a verdade e abandonar a
Igreja, a menos que tenha tido luz suficiente para tornar-se um filho
da perdição.19
O SANTO ESPÍRITO DA PROMESSA
ORDENANÇAS SELADAS PELO ESPÍRITO. O Santo Espírito
da Promessa é o Espírito Santo, o qual apõe o selo de aprovação a
toda ordenança: batismo, confirmação, ordenação, casamento. A
promessa é que as bênçãos serão recebidas através da fidelidade.
Se a pessoa viola um convênio, seja o do batismo, ordenação,
casamento ou outro qualquer, o Espírito retira o selo da aprovação,
e as bênçãos deixam de ser recebidas.
Toda ordenança é selada com uma promessa de recompensa,
baseada na fidelidade. O Santo Espírito retira o selo de aprovação,
quando os convênios são quebrados.20
TODOS OS PROFETAS SÃO GUIADOS PELO ESPÍRITO SANTO
O ESPÍRITO SANTO DURANTE O MINISTÉRIO DE CRISTÓ.
Enquanto Cristo exercia aqui seu ministério, seus discípulos não
tinham a companhia constante do Espírito Santo. Ele lhes disse que
não poderiam ter esse Espírito enquanto estivesse com eles, mas,
quando se fosse, mandaria o Consolador para guiá-los.21 Ele era um
componente da Deidade, e enquanto esteve na presença deles, não
tiveram a companhia do Espírito Santo.
É verdade que, ocasionalmente, recebiam o Espírito Santo,
enquanto Cristo ainda estava com eles; porém, estavam na mesma
situação de Cornélio. Recebiam manifestações especiais do poder
do Espírito Santo, mas não gozavam do dom em si, isto é, não
tinham direito à companhia constante desse membro da
Deidade.22 O Espírito Santo falou a Pedro na própria presença do
Salvador, mas o dom ou poder de tê-lo constantemente consigo,
enquanto ele (Jesus) estivesse lá, era desnecessário, disse-lhes
claramente o Salvador.23
O ESPÍRITO SANTO NUMA ETERNIDADE FUTURA. Isto não
significa que, quando estivermos na presença de Deus após a
ressurreição ou no milênio, não teremos o dom do Espírito Santo,
embora Cristo esteja lá. Quando as coisas atingirem esse estado
perfeito e, especialmente depois da ressurreição, penso que
estaremos na presença de todos os três — Pai, Filho e Espírito
Santo.
OS PROFETAS ANTIGOS TINHAM O ESPÍRITO SANTO. Existe
outro ponto muitas vezes aventado, pelo fato de o Salvador afirmar
que o Espírito Santo não poderia vir, enquanto ele aqui estivesse.
Muita gente diz que os antigos jamais tiveram o Espírito Santo, que
este não poderia vir, enquanto Cristo não houvesse vindo, morrido e
se levantado na ressurreição. No Velho Testamento, não
encontrareis os termos Espírito Santo, como nós o conhecemos,
mas sim o termo Espírito de Deus.24
O fato é que todos os profetas tiveram o Espírito Santo. Eram
guiados e dirigidos por ele. E sem esse poder, não teriam sido
profetas. Pedro diz que “a profecia nunca foi produzida por vontade
de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo”.25 O Livro de Moisés, que é o registro
original e perfeito de parte de Gênesis, fala do Espírito Santo;26 o
mesmo fazem os profetas nefitas, inclusive os que viveram nos
tempos antes de Cristo.27
O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO
BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO. Quando os
fariseus maldosamente afirmaram que Jesus expulsava demônios
pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios, Jesus lhes disse:
“Portanto eu vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos
homens que me recebem e se arrependem; mas a blasfêmia contra
o Espírito Santo não será perdoada aos homens. E se qualquer
disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á
perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe
será perdoado, nem neste mundo nem no mundo futuro.”28
O ESPÍRITO SANTO NOS GUIARÁ EM TODA VERDADE. A
missão do Espírito Santo é guiar todos aqueles com direito ao dom,
que é conferido pela imposição das mãos, em toda verdade e
retidão. O Salvador disse aos apóstolos que o Consolador habitaria
neles e testificaria do Pai e do Filho; guiá-los-ia em toda a verdade e
lhes mostraria as coisas futuras.29Em revelações dadas à Igreja
nestes dias, são feitas as mesmas promessas e declara-se que a
missão do Espírito Santo é exatamente a mesma que em
dispensações passadas.30 Portanto, a pessoa que andar na luz,
conforme esta luz é revelada pelo terceiro membro da Deidade,
saberá com um discernimento positivo e inabalável, que Jesus é o
Cristo e o Redentor do mundo, e compreenderá claramente o plano
de salvação.
ESPÍRITO FALA A ESPÍRITO. Falando ao espírito do homem, o
Espírito de Deus tem o poder de comunicar a verdade com muito
mais eficácia e entendimento do que ela poderá ser comunicada por
contato pessoal até mesmo com seres celestiais. Através do Espírito
Santo, a verdade é incutida nas próprias fibras e nervos do corpo,
de maneira a não ser esquecida. Os ensinos do Espírito são tão
positivos e poderosos, que, quando um homem recebe esse
conhecimento e participa desse poder de Deus, o qual só poderá vir
depois de receber os convênios e obrigações pertencentes ao novo
e eterno convênio, e depois se afasta desse conhecimento e desses
convênios, ele peca conscientemente.
FILHOS DE PERDIÇÃO. É por esta razão que disse o Senhor:
“Assim diz o Senhor, concernente a todos aqueles que conhecem o
meu poder, e que dele participaram, e através do poder do diabo se
deixaram vencer, negaram a verdade e desafiaram o meu poder —
Estes são os filhos de perdição, de quem digo que melhor lhes fora
se nunca tivessem nascido; pois são vasos de cólera, condenados a
padecer a ira de Deus, com o diabo na eternidade e seus anjos.
Concernente aos quais eu disse que não há perdão neste mundo
nem no vindouro. Tendo negado o Santo Espírito, depois de o haver
recebido, e negado o Filho Unigênito do Pai, crucificando-o em si
mesmos e envergonhando-o abertamente.”31
Em concordância com isto, diz o autor de Hebreus: “Porque é
impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o
dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e
provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e
recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois
assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o
expõem ao vitupério.”32
UM PECADO PARA MORTE. Disse Pedro: “… melhor lhes fora
não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o,
desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado”33, e João o
chamou de pecado para morte.34 É um pecado mortal, pois traz um
banimento espiritual — a segunda morte — pelo qual aos atingidos
é negada a presença de Deus, sendo destinados a habitarem com o
demônio e seus anjos por toda a eternidade.
Todos os que participam deste, o maior dos pecados, vendem-se
a Lúcifer, assim como fez Caim… Aprendem a odiar a verdade com
um ódio eterno, e amar a iniquidade. Chegam a um estado em que
não querem e nem podem arrepender-se. Seu coração se enche de
vontade assassina, e se pudessem, crucificariam novamente o
Senhor, o que virtualmente fazem ao combater sua obra e procurar
destruí-la e a seus profetas.
EXPOR CRISTO AO VITUPÉRIO. Para um homem poder atingir
tamanha amargura d’alma, ele tem que primeiro conhecer e
entender a verdade com uma clareza de visão que não admite
dúvida. A mudança de sentimentos não sobrevém
repentinamente, mas é decorrência de alguma forma de
transgressão que continua emboscada na alma impenitente, até que
o Espírito Santo se afasta, e então esse homem fica na treva
espiritual. O pecado gera pecado; a treva vai aumentando, até
transformar o amor em ódio, e o amor de Deus é sobrepujado pelo
desejo iniquo de destruir tudo o que é justo e verdadeiro. Dessa
maneira, Cristo é exposto ao vitupério, e exaltada a blasfêmia.
Que felicidade que na misericórdia de Deus haverá
comparativamente poucos que sofrerão essa terrível miséria e treva
eterna.35
A LUZ DE CRISTO
A ONIPRESENÇA DO SANTO ESPÍRITO. O Espírito Santo não
deve ser confundido com o Espírito que enche a imensidade do
espaço e está presente em toda parte. Este outro Espírito é
impessoal, não tem tamanho nem dimensão; procede da presença
do Pai e do Filho e está em todas as coisas.36
O ESPÍRITO DE JESUS CRISTO. O Espírito Santo, segundo
nos ensina a revelação moderna, é o terceiro membro da Deidade e
um personagem de Espírito. Os termos Espírito de Deus, Espírito do
Senhor, Espírito da Verdade, Santo Espírito, Consolador, são todos
empregados como sinônimos; todos eles têm relação com o Espírito
Santo. Os mesmos termos são largamente empregados com
relação ao Espírito de Jesus Cristo, também chamado de Luz da
Verdade, Luz de Cristo, Espírito de Deus e Espírito do Senhor; ainda
assim, são conceitos separados e distintos. Por não termos isto
atuando em nossa mente, existe tanta confusão. O Senhor revelou a
Joseph Smith o seguinte:
“Pois a palavra do Senhor é a verdade, e tudo o que é verdade,
é luz, e tudo o que é luz, é espírito, mesmo o Espírito de Jesus
Cristo. E o Espírito dá luz a todo o homem que vem ao mundo; e o
Espírito alumia a todo o homem no mundo que atende à sua voz. E
todo aquele que atende à voz do Espírito, vem a Deus, sim, o Pai. E
o Pai ensina-o quanto ao convênio que ele renovou e confirmou
sobre vós, o qual é confirmado sobre vós para vosso bem, e não
somente para o vosso bem, mas para o do mundo inteiro.
“E o mundo todo se acha em pecado, e geme sob trevas e sob a
escravidão do pecado. E por isto podereis saber que estão sob a
escravidão do pecado, porque eles não vêm a mim. Pois quem não
vem a mim está sob a escravidão do pecado. E quem não recebe a
minha voz, não a conhece e não é meu.”37
Morôni diz-nos a mesma coisa: “Porque eis que o Espírito de
Cristo é concedido a todos os homens, para que eles possam
conhecer o que é bom e o que é mau; portanto, eu vos estou
ensinando o modo de julgar; porque tudo o que incita à prática do
bem e persuade a crer em Cristo é enviado pelo poder e dom de
Cristo; por conseguinte, podeis perfeitamente saber que é de
Deus.”38
TODO HOMEM RECEBE A LUZ DE CRISTO. Esta doutrina não
a encontramos tão claramente definida em o Novo
Testamento como em Doutrina & Convênios e no Livro de
Mórmon. Porém, descobrimos isto: O Senhor não deixa os homens
(quando nascem neste mundo) desamparados, andando às cegas
em busca da luz e verdade; mas todo homem vem ao mundo com o
direito de receber a diretriz, a instrução, o conselho do Espírito de
Cristo, ou Luz da Verdade, às vezes chamado de Espírito do Senhor
em nossos escritos.
A LUZ DE CRISTO AGE COMO NOSSA CONSCIÊNCIA. Se o
homem que jamais ouviu falar do Evangelho der ouvido aos
ensinamentos e manifestações do Espírito de Cristo, ou Luz da
Verdade, que recebe, muitas vezes referidos como a consciência —
todo homem possui uma consciência e sabe mais ou menos quando
age mal, e ele será guiado pelo Espírito se atentar para seus
sussurros — eventualmente ele o conduzirá para a plenitude do
Evangelho. Isto é, ele é guiado pela Luz, e quando o Evangelho
chega, estará pronto para aceitá-lo. É isto que o Senhor nos diz na
seção oitenta e quatro de Doutrina & Convênios.
O Espírito da Verdade ou Luz de Cristo tem também outras
funções. Eis o que nos diz a revelação: “… (esta) glória é a da igreja
do Primogênito, mesmo de Deus, o mais santo de todos, por meio
de Jesus Cristo, seu Filho — Aquele que subiu ao alto como
também desceu embaixo de todas as coisas, no sentido que
compreendia todas as coisas, para que pudesse ser em tudo e
através de tudo, a luz da verdade; a qual verdade brilha. Essa é a
luz de Cristo. Como ele está também no sol, e é a luz do sol, e é o
poder pelo qual o sol foi feito. Como também ele está na lua, e é a
luz da lua, e o poder pelo qual ela foi feita; como também a luz das
estrelas, e o poder pelo qual foram feitas; e também a terra, e o seu
poder, sim, a terra sobre a qual estais. E a luz que brilha, e que vos
alumia, provém daquele que ilumina os vossos olhos, e é a mesma
luz que vivifica a vossa compreensão; luz essa que provém da
presença de Deus para encher a imensidade do espaço.”
LUZ DE CRISTO É O PODER DE DEUS. Essa Luz de Cristo
não é um personagem, não possui corpo. Não sei o que é no que
concerne à sua substância; porém, ela preenche a imensidão do
espaço e emana de Deus. É a luz pela qual os mundos são
controlados, pela qual eles são feitos. É a luz do sol e de todos os
outros corpos. É a luz que dá vida à vegetação, desperta o
entendimento dos homens e exerce as várias funções descritas
nestes versículos.
É “a luz que está em tudo, e dá vida a tudo, que é a lei pela qual
todas as coisas são governadas, sim o poder de Deus que se
assenta sobre o seu trono, e está no seio da eternidade, e no meio
de todas as coisas.”39
Esta é nossa explicação a respeito do Espírito de Cristo, ou Luz
da Verdade, que todo homem recebe e pelo qual é guiado. A menos
que o homem tenha as bênçãos provenientes desse Espírito, sua
mente não seria avivada; não cresceria nenhuma vegetação; os
mundos não permaneceriam em suas órbitas: porque é através
desse Espírito da Verdade, dessa Luz da Verdade, de acordo com
esta revelação, que tudo isso se faz.40
OS PESQUISADORES SÃO GUIADOS PELA LUZ DE CRISTO.
“A todo homem que vem ao mundo”, o Senhor concede a orientação
da Luz da Verdade, ou Espírito de Jesus Cristo; e se der ouvidos a
esse Espírito, ele será guiado para a verdade, reconhecendo e
aceitando-a, quando a ouvir. Temo-lo visto acontecer milhares de
vezes, quando homens foram levados a pesquisar e tiveram o
desejo de pesquisar, a despeito dos preconceitos e tradições que
aprenderam no mundo.
Se recusarem a vir a ele, então ele os chama de iníquos e estão
sob o domínio do pecado. Parece-me que, quando uma pessoa
declara estar satisfeita com sua religião e por isso não se preocupa
em pesquisar, é uma evidência de que ela não deu atenção à Luz
da Verdade que lhe foi dada; do contrário, não estaria satisfeita com
a falsa religião que segue, e estaria buscando a verdade.
O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE TODA A CARNE. A
inspiração prometida a toda carne pelo Senhor, através da profecia
de Joel, não é a promessa do Espírito Santo, mas a promessa da
orientação da Luz de Cristo, ou Espírito da Verdade, o qual é dado a
todo homem que vem ao mundo.41 É através desse Espírito que
aqueles que não são membros da Igreja recebem inspiração. Esse
Espírito tem sido derramado e é o agente ativo pelo qual se fizeram
as grandes descobertas nestes tempos modernos. É este o Espírito
que o Senhor declara que retirará do mundo42, e que, conforme
disse a Noé, “não contenderá sempre com o homem”, e não o
Espírito Santo o qual nunca possuíram.43 É o Espírito que guiou
Colombo em suas descobertas.44
É o Espírito destinado a guiar os homens, do qual o Senhor fala
nas revelações.45Quando menciona o Espírito Santo como guia
deles, e que este dom será dado aos gentios, isto implica
necessariamente que eles foram purificados e batizados, a fim de
poderem receber tais bênçãos.46
O VERDADEIRO ANJO GUARDIÃO. Muitas vezes ouvimos falar
de nossos anjos guardiães, e muitos patriarcas têm mencionado tal
proteção. Sem dúvida, há ocasiões em que somos dirigidos e
protegidos do mal por algum poder invisível. Não obstante, o
verdadeiro anjo guardião dado a cada homem que vem ao mundo é
a Luz da Verdade ou Espírito de Cristo.
O Espírito Santo é concedido aos membros fiéis para guardá-los
e dirigi-los: através de sua fidelidade, eles têm o privilégio dessa
diretriz e proteção.
Não existe nenhum anjo nos acompanhando como um
estenógrafo tomando notas e fazendo registro de nossa vida. O
Senhor tem uma forma mais perfeita de registrar os atos de nossa
vida.47
O ESPÍRITO SANTO OPERA ATRAVÉS DA LUZ DE CRISTO. A
pessoa do Espírito Santo pode operar através do Espírito de Cristo
que impregna tudo, ou então opera por contatos pessoais. O
Espírito Santo pode agir por meio de outra influência ou força. Isto
talvez seja uma ilustração grosseira, ainda assim penso que serve
ao nosso propósito. Neste edifício, temos uma moça sentada na
mesa telefônica. Alguém neste andar quer entrar em contato com
outra pessoa no segundo andar; uma terceira pessoa em outra parte
do prédio quer falar com alguém em outro edifício; e assim por
diante. Todos conseguem conexão com as pessoas com quem
querem falar. De maneira semelhante, o Espírito Santo poderia falar
a alguém aqui, outro ali, mais outro longe daqui, em outro ponto do
país ou mesmo no estrangeiro, e cada um recebe a mensagem que
lhe é destinada. Isto não é difícil de entender, quando pensamos na
telegrafia, pela qual são enviadas várias mensagens simultâneas
pelo mesmo fio. As estações de rádio irradiam mensagens em
diversos comprimentos de onda por toda a terra.48
O SEGUNDO CONSOLADOR
DOIS CONSOLADORES. Joseph Smith fala de dois
Consoladores: o primeiro é o Espírito Santo, o segundo, o próprio
Filho de Deus. Ele baseia seu discurso no capítulo quatorze de
João.49 Os versículos dezesseis, dezessete e vinte e seis referem-
se decididamente ao Espírito Santo, falando do Espírito da Verdade
que “habita convosco e estará em vós”. Os versículos dezoito, vinte
e um e vinte e três referem-se claramente ao próprio Senhor e sua
manifestação ao homem.
O SEGUNDO CONSOLADOR NÃO É O SANTO ESPÍRITO DA
PROMESSA. O Santo Espírito da Promessa não é o Segundo
Consolador; é o Espírito Santo que coloca seu selo de aprovação
em toda ordenança feita em retidão50; e quando convênios são
quebrados, ele remove o selo.
NEGAÇÃO DO SEGUNDO CONSOLADOR. Não há perdão
para quem nega o Primeiro Consolador. Mas, se o homem merece a
honra de ter a presença do Filho, terá também o conhecimento do
Primeiro Consolador, e caso se afastasse, seu pecado seria
imperdoável. O homem não poderia negar o Segundo Consolador
mais que o primeiro.
Se um homem obtém conhecimento suficiente para ter a
companhia do Filho de Deus, é bem provável que seu chamado e
eleição sejam confirmados.51
Anotação
1. D & C 130:22-23.

2. 2 Néfi 31-18; Morô. 10-5.

3. Corresp. Pessoal.

4. João 14:26.

5. 2 Pedro 1:21.

6. D & C 33:15.

7. D & C 20:41.

8. Era, vol. 37, p. 866.

9. Corresp. Pessoal.

10. Pres. Joseph F. Smith, A Doutrina do Evangelho, p. 56.

11. Joseph Fielding Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pp. 194-95.

12. Morôni 10:4.

13. Church News, 27 de abril de 1935, p. 7.

14. Corresp. Pessoal; João 14:16-17, 26; 15:26.

15. Conference Report, outubro 1952, pp. 59-60.

16. Ibid., abril 1940, p. 96; D & C 46:7-8.

17. Lucas 16:27-31; D & C 5:7-10.

18. D & C 76:30-49; 132:27; Mateus 12:31-32; Hebr. 6:4-8.

19. Church News. 27 de abril de 1935, p. 7.

20. D & C 76:52-53; 132:7.

21. João 16:7, 13.

22. Atos 10:34-38.

23. Mat. 16:13-17; João 7:39; Lucas 24:49; Atos 2:1-13.

24. Gên. 41:38: Êx. 31:3; 35:31: Núm. 24:2: 1 Sam. 10:10: 11:6: 19:20, 23; 2 Crôn. 15:1: Eze. 11:24.
25. 2 Pedro 1:21.

26. Moisés 1:24; 5:58; 6:52, 65-66; 8:24.

27. Corresp. Pessoal; 1 Néfi 10:17-19; 2 Néfi 31:13-21.

28. Versão Inspirada, Mat. 12:26-27.

29. João 14:16-17. 26: 15:26: 16:13-15.

30. D & C 8:1-3; 14:8; 18:18; 33:15.

31. D & C 76:31-35.

32. Hebr. 6:4-6.

33. 2 Pedro 2:20-21.

34. 1 João 5:16.

35. Millennial Star, vol 97, pp. 722-723.

36. Corresp. Pessoal.

37. D & C 84:45-52.

38. Morôni 7:16, 18.

39. D & C 88:4-13, 41.

40. Church News, 20 de abril de 1935, p. 6.

41. Joel 2:28-29; Joseph Smith 2:41.

42. D & C 63:32.

43. Moisés 8:17; Gên. 6:3; D & C 1:33.

44. 1 Néfi 13:10-11.

45. D & C 11:12; 20:37.

46. Atos 10:44-48; 3 Néfi 15:23.

47. Corresp. Pessoal.

48. Church News, 27 de abril de 1935, p. 7.

49. Smith, op. cit., 149-151.

50. D & C 132:7.

51. Corresp. Pessoal; 2 Pedro 1:1-21; D & C 131:5; 132:49.


CAPÍTULO 4
NOSSOS PRIMEIRO E SEGUNDO
ESTADOS
A PREEXISTÊNCIA DO HOMEM
OS SANTOS TÊM CONHECIMENTO DA VIDA ESPIRITUAL. Os
santos dos últimos dias são o único povo no mundo, pelo que sei,
que possui uma doutrina clara e definida a respeito dessas
perguntas: De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde
vamos? Creio que somos o único povo no mundo que acredita na
preexistência da família humana. Muitos acreditam na preexistência
de Jesus Cristo1, porém não creem que nós, individualmente,
tenhamos vivido antes de virmos para esta vida.2
Uma das coisas estranhas para mim é o fato de que tanta gente
creia na existência de um espírito no homem e que, quando ele
morrer, esse espírito continue vivendo como ser imortal, mas que
não existia até o homem nascer nesta vida mortal.3
NÓS VIVEMOS COMO SERES ESPIRITUAIS. Nós já vivemos
em espírito na presença de Deus antes de virmos para cá.
Desejamos ser semelhantes a ele, vimo-lo, estivemos em sua
presença. Não há uma só alma que não viu tanto o Pai como o
Filho, e no mundo espiritual, estávamos na presença deles4; todavia,
tornou-se necessário ganharmos experiência impossível de obter-se
naquele mundo de espíritos, e assim nos foi concedido o privilégio
de virmos para esta terra.5
NÓS VIMOS DEUS. Quando vivíamos na presença de nosso
Pai, não éramos semelhantes a ele; éramos apenas espíritos. Não
possuíamos corpo de carne e ossos, mas ele sim. Ele era um
personagem glorioso com corpo de carne e ossos, seu espírito e
corpo inseparavelmente ligados, e este resplandecia mais que a luz
do sol. Contemplamo-lo em sua majestade; e quando se nos
apresentou o plano de salvação, fomos informados de que, se
passássemos por esta existência mortal e fôssemos leais e fiéis a
todos os mandamentos que nosso Pai nos daria — guardando,
assim, o segundo estado como guardáramos o primeiro —, nós
teríamos também eventualmente o privilégio de voltar a sua
presença com corpos de carne e ossos resplandecentes igualmente
como a luz do sol, a fim de compartilharmos toda a plenitude do seu
reino.6
CONSELHOS REALIZADOS NA PREEXISTÊNCIA. Na
preexistência, vivíamos na presença de Deus, nosso Pai. Chegando
o tempo de sermos promovidos na escala de nossa existência e
passarmos por esta provação terrena, realizaram-se conselhos, e os
filhos espirituais foram instruídos em circunstâncias referentes às
condições da vida mortal, e sobre a razão de tal existência. Na vida
anterior, éramos espíritos. A fim de podermos progredir e
eventualmente atingirmos a meta da perfeição, foi-nos dado
conhecer que receberíamos um tabernáculo de carne e ossos e
teríamos que passar pela mortalidade, onde seríamos testados e
provados, para ver se, pela experiência, nos prepararíamos para a
exaltação. Foi-nos dado entender, na presença de nosso glorioso
Pai, que possuía um corpo tangível de carne e ossos
resplandecente como o sol que, na qualidade de espíritos,
estávamos num estado muito inferior ao dele.
OS ESPÍRITOS FORAM INSTRUÍDOS A RESPEITO DA
MORTALIDADE. Fomos instruídos de que, pela fidelidade na vida
mortal que nos era prometida, nós também obteríamos, depois de
passarmos por provas e tribulações, um corpo glorioso, exatamente
como o de nosso Pai. Fomos devidamente informados que nesta
vida mortal teríamos de andar pela fé. Antes, andávamos pela visão,
mas agora viria um período de provação, a fim de verificar se, pela
fé, seríamos fiéis a todo convênio e mandamento que nosso Pai
requeresse de nossas mãos. Fomos informados que muitos
fracassariam. Os que se rebelassem contra a luz a eles revelada
seriam privados da exaltação. Não poderiam voltar para habitar na
presença de Deus, mas teriam que tomar um lugar em alguma outra
esfera, onde seriam abençoados de acordo com as suas obras, e
igualmente limitados em seus privilégios7.
O PLANO DE SALVAÇÃO APRESENTADO NA
PREEXISTÊNCIA. Houve um conselho nos céus, quando o Senhor
convocou seus filhos espirituais e apresentou-lhes um plano pelo
qual deveriam vir para esta terra, participar da vida mortal e ter um
corpo físico; passar pela provação da mortalidade e depois ir para
uma exaltação maior, por intermédio da ressurreição que seria
efetuada através da expiação de seu Filho Unigênito, Jesus
Cristo.8 A ideia de passar pela mortalidade e participar de todas as
vicissitudes da vida terrena, na qual ganhariam experiência através
de sofrimento, dor, tristeza, tentação e aflição, bem como dos
prazeres da vida nesta existência terrena, e depois, se fossem fiéis,
passar pela ressurreição para a vida eterna no reino de Deus, para
serem semelhantes a ele9, encheu-os de espírito de regozijo, e eles
“rejubilavam.”10 Não havia nenhuma outra maneira de conseguirem
a experiência e o conhecimento obtidos nesta vida mortal, e o
recebimento de um corpo físico era essencial para sua exaltação.
ARBÍTRIO E PROGRESSO NA PREEXISTÊNCIA. Mesmo no
mundo espiritual, Deus deu a seus filhos o livre arbítrio, pelo qual os
espíritos, individualmente, tinham o privilégio, exatamente como os
homens aqui, de escolher o bem e rejeitar o mal, ou então participar
do mal, sofrendo as consequências de seus pecados. Por causa
disso, mesmo lá alguns eram mais fiéis que outros na guarda dos
mandamentos do Senhor. Alguns tinham mais inteligência que
outros, conforme acontece aqui, sendo honrados de acordo…
ALGUNS ESPÍRITOS ERAM MAIORES QUE OUTROS. Os
espíritos dos homens tinham seu livre arbítrio: alguns eram maiores
que outros, e dentre estes, o Pai chamou e preordenou seus
profetas e governantes. Jeremias e Abraão foram dois
deles.11 … Os espíritos de homens não eram iguais. Podem tê-lo
sido no princípio12, e sabemos que todos eram no começo
inocentes13; mas o direito do livre arbítrio que lhes foi concedido
permitiu que uns ultrapassassem outros, e assim, através das eras
da existência imortal, se tornassem mais inteligentes, mais fiéis, pois
tinham liberdade de agir por si, de raciocinar sozinhos, de aceitar a
verdade ou rebelar-se contra ela.14
FILHOS DE ISRAEL CONHECIDOS DE ANTEMÃO. O Senhor
declarou, através de Moisés:
“Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de
muitas gerações: … Quando o Altíssimo distribuía as heranças às
nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, pôs os
termos dos povos, conforme ao número dos filhos de Israel.15
Passagem semelhante a esta ocorre em Atos, onde Paulo
declara aos atenienses que o Senhor “de um só fez toda a geração
dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando
os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação”.16
Estas passagens indicam claramente que o número dos filhos de
Israel era conhecido, e estavam fixados os limites de sua habitação
nos dias da antiguidade, quando o Senhor distribuiu as heranças
das nações. Daí, concluímos que deve ter havido uma divisão dos
espíritos humanos no mundo espiritual, e que os escolhidos para
serem filhos de Israel, foram separados e preparados para uma
herança especial.
POR QUE NÃO HÁ MEMÓRIA DO PRIMEIRO ESTADO. Esta
existência mortal é uma evidência conclusiva de que todos os que a
recebem, guardaram seu primeiro estado. Em nossa existência
passada, ou espiritual, andamos “pela visão”. Estávamos na
presença do Pai e do Filho, sendo por eles instruídos sob sua
influência pessoal. Nesta vida mortal, ou segundo estado, o Senhor
determinou que andemos pela fé e não “pela visão”, a fim de, com o
grande dom do livre arbítrio, sermos provados para ver se faríamos
todas as coisas que o Senhor nosso Deus nos mandou.17 Por isso,
ele nos tirou todo conhecimento de nossa existência espiritual e nos
fez começar de novo em forma de criancinhas indefesas, para
crescermos e aprendermos dia a dia. Em consequência disso, não
recebemos nenhum conhecimento e sabedoria anteriores no
nascimento, e, segundo está escrito do Filho de Deus, que no
princípio fez todas as coisas, nós, no começo, não recebemos a
plenitude, mas obtivemos graça por graça.18
A VIDA NA PREEXISTÊNCIA AFETA A MORTALIDADE. Não
obstante o fato de nos ter sido tirada a lembrança das coisas
passadas, a qualidade da nossa vida no mundo espiritual tem muito
a ver com nossa disposição, anseios e mentalidade aqui na vida
mortal. O espírito influencia em muito o corpo, exatamente como o
corpo com seus desejos e anseios tem influência sobre o espírito. O
Senhor fez com que assim fosse. Por isso, aos que foram nobres
naquele mundo anterior, o Senhor preordenou como seus profetas e
governantes aqui, pois os conhecia antes de nascerem e sabia que,
pela ação do espírito sobre o corpo, provavelmente haviam de servi-
lo aqui. Não obstante o meio-ambiente e muitas outras causas
exercerem grande influência no progresso e destino do homem, não
devemos perder de vista o fato de que as características do espírito,
desenvolvidas por nós durante muitos séculos de uma existência
anterior, desempenham um papel muito importante em nosso
progresso durante a vida mortal.19
POR QUE OS HOMENS NASCEM EM RAÇAS DIFERENTES.
Somos os filhos de Deus. Ele é o nosso Pai e nos ama. Ele ama a
todos os homens, sejam eles brancos ou pretos.
Independentemente da cor da pele, independentemente das
condições em que nasceram e se criaram, o Senhor olha para todos
os seus filhos com misericórdia e fará por eles o melhor que puder…
Existe uma razão para um homem nascer preto e com outras
desvantagens, enquanto outro nasce branco com grandes
vantagens. A razão é que antes de virmos para cá vivemos em outro
estado, onde fomos mais ou menos obedientes às leis lá
recebidas. Os que lá foram fiéis em todas as coisas receberam
bênçãos maiores aqui, e os que não o foram, receberam menos.20
O HOMEM NÃO FOI PREORDENADO PARA O MAL. Toda alma
que chega ao mundo veio com a promessa de que, pela obediência,
receberia as bênçãos da salvação.21Ninguém foi preordenado ou
destinado a pecar ou cumprir uma missão maléfica. Pessoa alguma
jamais foi predestinada à salvação ou condenação. Toda pessoa
possui o livre arbítrio. O Senhor prometeu a Caim que, se agisse
bem, ele seria aceito.22 Judas tinha seu arbítrio e agiu segundo ele;
não sofreu nenhuma pressão que o levasse a trair o Senhor, mas foi
guiado por Lúcifer.23 Se alguns homens fossem destinados a pecar
e trair seus irmãos, então a justiça não poderia exigir que fossem
punidos pelo pecado ou traição de que são culpados.24
O SENHOR CRIOU MUITAS TERRAS. O Senhor jamais criou
alguma coisa para nada, nem do nada. Tudo tem seu lugar e foi
criado para um propósito. O homem não foi criado para ser
destruído. Essa obra vem prosseguindo para sempre. Nunca houve
uma época em que não existisse uma terra; jamais houve época em
que não houvesse gente nela, pois esta é a obra do Senhor; os céus
são inumeráveis, e assim são as terras que passaram para seu
estado de exaltação e glória. À medida que passam, outras ocupam
seu lugar. Este mundo não é o único.25
MUITAS TERRAS HABITADAS POR IRMÃOS NOSSOS. Não
somos o único povo criado pelo Senhor. Temos irmãos e irmãs em
outras terras. Eles são semelhantes a nós, porque, também, são
filhos de Deus e foram criados a sua imagem, pois são igualmente
geração dele.26 Sua grande obra é criar terras e povoá-las com seus
filhos, que são chamados a passar pela provação mortal idêntica à
que vivemos agora, sofrendo dor, pesar e os males da carne,
entrando em contato direto com o pecado, com a tentação; e
possuindo o direito inerente, dado por Deus, de rejeitar o mal e
aceitar o bem, ou de rejeitar o bem e receber o mal, se quiserem,
sabendo logicamente que serão julgados ante o tribunal de Deus
por suas obras, e de acordo com elas serão recompensados. Todo
homem possui o arbítrio de escolher o bem ou o mal, para ser
recompensado ou degradado, e naturalmente cada um terá seu
quinhão.27
A PREEXISTÊNCIA DE TODAS AS CRIATURAS
TODA A VIDA FOI CRIADA NO ESPÍRITO. Toda criatura teve
uma existência espiritual. Os espíritos de homens, feras e toda vida
animal existiram antes de se lançarem os fundamentos da terra, e
são almas viventes.28 E assim como a morte sobreveio a todos,
através da queda, todos serão ressuscitados através da missão de
Jesus Cristo.29
OS ANIMAIS CRIADOS PARA O HOMEM. Quero dar-vos uma
pequena explanação sobre a relação do homem com os animais na
terra, conforme nos foi dada pelo Senhor por revelação — não como
é ensinada pelo homem no mundo — mas o genuíno
relacionamento existente entre homem e animal. O homem é a
maior de todas as criações de Deus. É a sua geração. Todos nós
somos filhos seus. Foi-nos dado saber, através do Profeta Joseph
Smith e Sidney Rigdon, que o viram em visão, que os habitantes
desta terra e de outros mundos são filhos e filhas gerados para
Deus.30 Isto deve pôr um fim — no que concerne aos santos dos
últimos dias — a todos os disparates predominantes no mundo com
respeito à origem do homem.
O homem, digo eu, como progênie de Deus, é a maior de todas
suas criações. É maior que a lua, o sol e estrelas, que são obras
das mãos de Deus e feitas para o benefício do homem. Ao homem
cabe governar, estar acima de todos os outros domínios, poderes,
criações e seres que o Senhor, nosso Deus, criou.31
OS ANIMAIS TÊM ALMA. No mundo religioso em que a verdade
do Evangelho é mal entendida, creio que em geral prevalece a ideia
de que o homem é o único ser na terra possuidor do que se chama
alma ou espírito. Sabemos que não é o caso, pois o Senhor disse
que não só o homem tem espírito, sendo assim alma vivente, mas
os animais do campo, as aves do céu e os peixes do mar possuem
igualmente espírito, e, portanto, são almas viventes. Contudo,
isto não os torna parentes dos filhos de Deus. São criações de
nosso Pai e não progênie dele; esta é a grande diferença entre
homem e animal.
Seria muito estranho um mundo sem animais. Se, após a
ressurreição dos mortos, descobríssemos que o homem era a única
criatura vivente imortal, sem dúvida o consideraríamos um mundo
muito estranho. Ainda assim, prevalece a ideia de que o homem tem
espírito, os animais não. Certas pessoas pensam que este é o ponto
principal que distingue o homem de todos os demais seres.
A FORMA DO ESPÍRITO DOS ANIMAIS. O peixe, a ave, os
animais do campo viviam antes de serem colocados naturalmente
nesta terra, da mesma forma como as plantas que estão sobre a
face da terra. O espírito que possui o corpo dos animais é
semelhante a este. Em outras palavras, o corpo dos animais é
conforme o espírito que os possui, e que existiu antes de serem
postos na terra; “aquilo que é ser espiritual na semelhança do que é
temporal; e aquilo que é temporal na semelhança do que é
espiritual; o espírito do homem na semelhança de sua pessoa, como
também o espírito do animal e toda outra criatura que Deus tem
criado”.32
A GUERRA NOS CÉUS
EXPULSÃO DOS ESPÍRITOS REBELDES. Quando foi
apresentado o plano de salvação e Jesus escolhido para ser o
Redentor do mundo, alguns se rebelaram. Não queriam aceitá-lo
como o “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”.33 …
Nessa grande rebelião nos céus, Lúcifer, ou Satanás, um filho da
alva, e um terço das hostes celestes, foram expulsos para a terra,
porque Lúcifer pretendia destruir o livre arbítrio do homem, e um
terço dos espíritos tomaram seu partido. Ele cobiçava o trono de
Deus, e naquele grande conselho, apresentou seu atrevido plano,
declarando que salvaria a todos, que nem uma só alma se perderia,
desde que Deus lhe desse a glória e a honra.34 Quando seu plano
foi rejeitado em troca de outro melhor, ele se rebelou dizendo,
segundo Isaías expõe o caso: “Eu subirei ao céu, acima das estrelas
de Deus exaltarei o meu trono… serei semelhante ao Altíssimo.”35
O LIVRE ARBÍTRIO NA PREEXISTÊNCIA. Se não houvesse
livre arbítrio, não poderia ter havido nenhuma rebelião nos céus;
mas, o que seria o homem sem esse seu livre arbítrio? Não seria
nada mais que um artifício mecânico. Não seria capaz de agir por si,
tendo que ser dirigido em todas as coisas e, portanto, incapaz de
receber recompensa por sua conduta meritória. Seria um autômato;
não sentiria felicidade nem aflição, “nem sensibilidade ou
insensibilidade”36, e isto não mereceria ser chamado de existência.
Sob tais condições, não poderia haver nenhum propósito em nossa
criação.
AOS DEMÔNIOS É NEGADO CORPO MORTAL. A punição de
Satanás e um terço das hostes do céu que o seguiram foi negar-
lhes o privilégio de nascerem neste mundo e receberem um corpo
mortal. Eles não guardaram seu primeiro estado, perdendo a
oportunidade de progresso eterno. O Senhor os expulsou para a
terra, onde se tornaram os tentadores da humanidade — o demônio
e seus anjos. “E é necessário,” diz o Senhor, “que o diabo tente os
filhos dos homens, ou estes não poderiam ser seus próprios
árbitros; pois, se nunca tivessem o amargo, não poderiam conhecer
o doce.”37
OS DEMÔNIOS ROUBAM CORPOS. Às vezes, esses espíritos
decaídos se apossam do corpo de homens e mulheres, dominando
o espírito que tem direito de posse. Eles sabem o que perderam e
estão dispostos, quando têm oportunidade, a possuir um corpo de
animais inferiores, tamanha a ânsia de se revestirem de carne,
mesmo que seja temporariamente. Certa vez, uma legião desses
espíritos malignos, quando foram expulsos pelo Senhor, pediram
permissão para entrar nos corpos de uma vara de porcos.38 De
Maria Madalena, o Senhor expulsou sete demônios.39 Tais espíritos
malignos reconhecem o Senhor pelo conhecimento e experiência
obtidos nos céus antes de serem banidos devido a sua rebeldia.
Chamaram-no pelo nome, quando ele os perturbou em sua moradia
roubada, dizendo: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus… pois sabiam
que ele era o Cristo.”40
NÃO HOUVE NEUTROS NO CÉU. Na guerra nos céus, não
houve nenhum neutro. Todos tomaram partido, fosse com Cristo ou
com Satanás.41 Todo homem teve seu arbítrio lá, e aqui os homens
são recompensados de acordo com suas ações lá, exatamente
como receberão recompensas no mundo vindouro pelos feitos
quando na carne. A raça negra, evidentemente, está recebendo o
galardão que merece.
TODOS OS ESPÍRITOS ERAM INOCENTES A PRINCÍPIO.
Disse o Senhor: “Todo espírito do homem no princípio era inocente;
e tendo-o Deus redimido da queda, o homem se tornou outra vez,
em seu estado de infância, inocente diante de Deus.”42
Isto se refere aos espíritos humanos quando foram criados, ou
nascidos no espírito, não quando habitavam no mundo espiritual,
pois um terço deles se rebelou e não era inocente. Quando uma
criança vem a este mundo, ela é inocente no tocante a esta vida
mortal; as crianças, porém, logo perdem sua inocência, à medida
que crescem e entram em contato com o mundo.43
A MORTALIDADE
DOIS PROPÓSITOS DA VIDA TERRENA. Viemos a este mundo
para morrer. Isto ficou entendido antes de virmos para cá. Faz parte
do plano, tudo discutido e projetado muito antes de o homem ser
posto na terra. Quando foi mandado a este mundo, Adão sabia que
iria violar uma lei, transgredir uma lei, a fim de produzir esta
condição mortal em que nos encontramos hoje. A vida tem dois
propósitos — primeiro ganhar experiência que não poderia ser
obtida de outra maneira qualquer, e segundo, obter este
tabernáculo de carne e ossos. Ambos são vitais para a existência do
homem.
No mundo espiritual, víamos nosso Pai; habitávamos em sua
presença. Ele nos conta numa das revelações que nós o vimos e
que, se formos fiéis, teremos o privilégio de vê-lo novamente;
porém, observamos uma enorme diferença entre ele e nós. Nós
éramos espíritos; ele, um espírito revestido com um corpo glorioso
— um corpo imortal. Tornara-se uma alma, segundo a definição
dada por ele próprio, isto é, alma é a unificação do espírito e
corpo.44Notamos a diferença e, naturalmente, quisemos tornar-nos
iguais a ele.
Fomos informados de que nos seria preparada a terra para onde
teríamos o privilégio de ir e permanecer por algum tempo, a fim de
obtermos um corpo, um corpo tangível de carne e osso; porém,
obtendo esse corpo, teríamos que passar por todas as vicissitudes
da mortalidade. Teríamos que entrar em contato com dor, pesar,
sofrimento, pecado, bem como com os prazeres encontrados na
vida mortal.45 O plano nos foi apresentado por inteiro e nos
rejubilamos, porque seríamos presenteados com essa oportunidade,
essa grande oportunidade de receber um tabernáculo.
MORTALIDADE — UM ESTADO DE CORRUPÇÃO. O
tabernáculo que devíamos receber seria um tabernáculo de
corrupção. Não me entendais mal no emprego deste termo, pois
com ele, quero dizer corpos alternáveis, sujeitos a mudanças, como
vemos mudança na mortalidade. Nosso corpo está mudando
constantemente, excretando o imprestável e ingerindo novas
substâncias para substituir aquelas. E por isso é chamado nas
Escrituras de corpo corruptível.
A despeito disso, alegramo-nos com a oportunidade de receber
um corpo desse tipo, por algum tempo, sabendo que,
eventualmente, passaríamos pela morte e depois pela ressurreição,
e então tomaríamos aquele corpo incorruptível. Nessa ressurreição,
espírito e corpo voltariam a se unir inseparavelmente, para nunca
mais morrer, nunca mais sofrer corrupção no sentido em que
estamos usando o termo, mas para existir eternamente.46 É de
admirar que tenham os filhos de Deus rejubilado?
UM CORPO GLORIOSO PARA OS FIÉIS. E nosso Pai nos
ensinou que, se fôssemos fiéis na guarda dos mandamentos que
nos seriam dados, nos tornaríamos iguais a ele, possuindo um
corpo glorioso resplandecente como o sol, assim como o corpo dele
resplandece, e seríamos chamados seus filhos e filhas e revestidos
com a plenitude de todas as bênçãos do seu reino.47
Assim, estávamos prontos e dispostos a fazer essa jornada,
saindo da presença de Deus no mundo espiritual para o mundo
mortal, para aqui sofrer tudo o que pertence a esta vida, seus
prazeres e suas tristezas, e para morrer: e a morte é tão essencial
quanto o nascimento, Quem gostaria de viver para sempre neste
mundo, nesta condição mortal, com toda a dor e sofrimento e
angústia d’alma que ela traz? Nenhum de nós haveria de querê-lo,
especialmente se entendermos que é apenas uma provação
temporária e que, morrendo, chegaremos à gloriosa condição de
vida eterna. Nós não desejaríamos permanecer aqui. E assim temos
diante de nós o plano de salvação.48
PROPÓSITO DAS RIQUEZAS DO MUNDO. Estamos aqui por
um grande propósito; e este propósito não é viver cem anos, ou
menos, semear nossos campos, colher nossas safras, apanhar
frutas, viver em casas e nos cercarmos com as necessidades da
vida mortal. Não é esse o propósito da vida. Tais coisas são
necessárias para nossa existência aqui, e é por isso que devemos
ser trabalhadores. Porém, quantos homens gastam seu tempo
pensando que tudo o que há na vida é acumular as coisas deste
mundo, viver com conforto, rodear-se de todo o luxo, privilégios e
prazeres que a vida mortal pode proporcionar, sem nunca pensar
em coisa alguma além?
Ora, todas essas coisas são apenas bênçãos temporais.
Comemos para viver. Usamos roupas para nos aquecer e abrigar.
Vivemos em casas para nosso conforto e conveniência, porém
devemos encarar todas essas bênçãos como coisas temporárias,
úteis enquanto passamos por esta vida. E isto é tudo o que podem
fazer por nós. Não podemos levar nenhuma delas conosco, quando
partirmos. Ouro, prata, pedras preciosas, chamadas de riquezas,
não têm utilidade alguma para o homem, além de permitir-lhe cuidar
de si mesmo e satisfazer suas necessidades aqui.49
IMPORTÂNCIA DESTA PROVAÇÃO MORTAL. Esta provação
mortal devia ser um período breve, um curto espaço de tempo,
ligando a eternidade passada com a eternidade futura. Contudo,
seria um período de extrema importância. Daria aos que a
recebessem a bênção eterna devida, o maior dom de Deus,
qualificando-os para a divindade como filhos de nosso Pai Eterno
ou, caso se rebelassem, recusando-se a cumprir as leis e
ordenanças destinadas à sua salvação, privá-los-ia do grande dom
e seriam designados, após a ressurreição, para alguma esfera
inferior, de acordo com suas obras. Esta vida é o mais vital período
de nossa existência eterna. É repleta de terríveis responsabilidades
e perigos. Aqui temos de enfrentar inúmeras tentações. Lúcifer, ex-
filho da alva, agora Satanás, o impostor, está aqui com suas hostes
revoltadas para nos tentar e levar para o mau caminho.
Temos que passar por dor e sofrimento, estando em constante
necessidade de proteção contra o pecado e erro. Esta nos é
fornecida pelo Espírito de Deus, desde que lhe demos ouvidos.
Tudo isto nos foi dado saber na preexistência; ainda assim,
aceitamos o risco alegremente.50
A ESTREITEZA DO CAMINHO. A mortalidade é o campo de
prova para a exaltação, a fim de descobrir quais dos filhos de Deus
são dignos de tornarem-se, eles próprios, Deuses; e o Senhor nos
informou que “poucos há que o encontram”.51 O caminho é estreito e
apertado, porém a grande dificuldade com muitos de nós é
acharmos que é largo e sem restrições. Quando somos informados
de que há mandamentos rigorosos e convênios severos que
precisam ser obedecidos nesta vida, nós nos rebelamos e
começamos imediatamente a discutir a justiça de Deus e sua
grande misericórdia, perdendo, assim, nosso correto senso de visão
e entendimento.52
O LIVRE ARBÍTRIO EM AMBOS OS ESTADOS
O ARBÍTRIO É ESSENCIAL PARA A SALVAÇÃO. O Senhor
concedeu arbítrio ao homem. Este é um princípio divino — é
inerente, nasce conosco. Nós o possuímos, porque o Senhor no-lo
deu no mundo espiritual. É o único princípio que pode proporcionar
a exaltação. É o único princípio pelo qual as recompensas podem
ser dadas com justiça. O plano de Satanás, no princípio, era
compelir. Afirmou que salvaria todos os homens, sem perder uma só
alma. Ele o faria, desde que o Pai lhe desse honra e glória.53 Mas,
quem deseja salvar-se mediante compulsão, sem ter dentro de si o
poder de optar e agir de acordo com os ditames da consciência? De
que vos valeria a salvação, se fôsseis compelidos?54 E por isso nos
foi dado o grande dom do arbítrio. Por meio dele, podemos chegar
às alturas, entrar no reino de Deus para sentarmo-nos no trono e
sermos exaltados como filhos de Deus; porém, temos que ser
obedientes.
ARBÍTRIO PARA PREGAR O EVANGELHO. Estou disposto a
defender qualquer homem no direito que possui por seu arbítrio. Se
quer adorar um gato ou cachorro; o sol ou a lua; um crocodilo ou
touro — e o homem tem feito tudo isto — é um direito seu. Mas
também tenho o privilégio e direito de tentar ensiná-lo a agir melhor
e aceitar um culto melhor. Eu o defenderei e seus direitos, e ao
mesmo tempo tentarei ensiná-lo, a fim de que possa ver com mais
clareza e andar na luz da verdade.55
USO INDEVIDO DO ARBÍTRIO. Nós, santos dos últimos dias,
sustentamos que todo homem tem direito à sua opinião religiosa, e
deve ter o privilégio de poder adorar segundo os ditames de sua
consciência, deixando-o adorar como, onde ou o que quiser. E nós o
protegeremos nesse seu direito. Porém, opomo-nos ao costume de
certos homens que percorrem os núcleos de nosso povo, insultando
as autoridades da Igreja, distorcendo nossas doutrinas e difamando
os mortos, com o propósito de destruir a fé e confiança dos santos
dos últimos dias. 56
Anotação
1. João 1:1-5, 14; 3:13, 31; 6:32-38, 50-51, 62; 16:28; 17:5.

2. D & C 93:21-23.

3. Church News, 31 de maio de 1947, p. 1.

4. D & C 88:47-50; Abraão 3:22-28.

5. Rel. Soc. Mag., vol. 28, p. 4.

6. Church News, 3 de maio de 1947, pp. 1, 8.

7. Church News, 12-6-1949, pág. 21.

8. Moisés 4:1-3; Abraão 3:22-28.

9. 1 João 3:1-3.

10. Jó 38:1-7; Isaías 49:1-5.

11. Jer. 1:5; Abraão 3:23.

12. Alma 13:5-7.

13. D & C 93:38.

14. Era, vol. 19, pp. 318-319.

15. Deut. 32:7-8.

16. Atos 17:26; a versão inglesa King James diz: “de um só sangue fez…” N. do T.

17. Abraão 3:25.

18. D & C 93:12; Lucas 2:52.

19. Era, vol. 19, pp. 315-316, 425-426.

20. Gen. & Hist. Mag., vol. 17, p. 154.

a
21. 3. Regra de Fé; 2 Néfi 26:33; 3 Néfi 27:20; Marcos 16:15.

22. Moisés 5:22-23; Gên. 4:6-7.

23. Lucas 22:3.

24. Corresp. Pessoal.


25. Moisés 1:29-35; 7:29; D & C 76:22-25; Heb. 1:1-2.

26. Moisés 7:29-31, 36.

27. Rel. Soc. Mag., vol. 7, pp. 7-9.

28. Moisés 3:5-9.

29. Church News, 15 de fevereiro de 1941, pp. 1, 7; D & C 29:22-25.

30. D & C 76:24.

31. Salmos 8:1-9.

32. Gen. Y Hist. Mag., vol. 17, pp. 152-154; D & C 77:2.

33. Apoc. 13:8.

34. D & C 29:36-39; 76:25-29; Apoc. 12:7-10; Moisés 4:1-4; Abraão 3:27-28; Lucas 10:18; Judas 6; 2 Pedro
2:4; 2 Néfi 2:17-18; 9:8-9.

35. Isa. 14:12-20.

36. 2 Néfi 2:11-16.

37. D & C 29:39.

38. Mat. 8:31.

39. Lucas 8:2.

40. Era, vol. 19, pp. 319, 321, 425; Lucas 4:41; Marcos 1:24; Atos 19:15.

41. Mat. 12:30; Marcos 9:40; Lucas 9:50; 11:23.

42. D & C 93:38.

43. Corresp. Pessoal.

44. D & C 88:15.

45. Alma 12:24; 34:32-35; 42:4, 13; D & C 29:42-43.

46. 1 Cor. 15:42-54; Alma 11:45; 12:18.

47. 1 João 3:1-3: D & C 93:20: 3 Néfi 28:10.

48. Gen. & Hist. Mag., vol. 29, pp. 10-11.

49. Ibid., vol. 17, p. 154; D & C 6:7; 117:4-8; Apoc. 3:17-18.

50. Church News, 12 de junho de 1949, p. 21.


51. D & C 132:20-25.

52. Corresp. Pessoal.

53. Moisés 4:1-4; Abraão 3:26-28; D & C 29:36-40.

54. 2 Néfi 2:10-17, 26-30.

55. Conf. Report, 3 de outubro de 1936, pp. 60-61.

56. Origin of the “Reorganized” Church, p. 5.


CAPÍTULO 5
A TERRA: SUA CRIAÇÃO E DESTINO
MUITAS TERRAS E SUA SALVAÇÃO
TERRAS CRIADAS PARA O HOMEM. O Senhor declarou a
Moisés que sua grande obra e glória é “proporcionar a imortalidade
e a vida eterna ao homem”. Para este fim, terras foram e estão
sendo edificadas; e o propósito do Senhor é proporcionar
imortalidade e vida eterna a seus filhos não só nesta terra, mas nas
incontáveis terras espalhadas pelo universo. São inumeráveis para
o homem, porém nosso Pai as conhece todas e as tem contadas.
Disse o Senhor: “E assim como deixará de existir uma terra com
seus céus, assim também aparecerão outras; e não têm fim as
minhas obras, nem tampouco as minhas palavras.”1
COMO AS TERRAS DEIXAM DE EXISTIR. Esse “passamento”
não significa que as terras envelhecem e morrem, tornando-se
corpos frios, sem vida, vagando pelo espaço, para, talvez, se
desintegrarem e dissolverem e serem recriadas de alguma forma
desconhecida por uma força natural operando sobre a energia no
universo. Temos todo motivo para crer que tal “passamento” de uma
terra significa simplesmente que ela seguirá, ou já seguiu, o mesmo
curso definido destinado à nossa terra; isto o Senhor deixou
perfeitamente claro. Esta terra é um corpo vivo. Ela é fiel à lei que
lhe foi dada. Foi criada para tornar-se um corpo celestial e morada
para seres celestiais.2
Outras terras, sem dúvida, estão sendo preparadas como
habitação para os seres terrestriais e telestiais, pois tem que haver
lugares próprios para os que deixam de obter a glória celestial, os
que recebem imortalidade, porém não vida eterna. Ademais, visto
que o Senhor nunca criou nada para ser destruído3, toda terra,
tenha sido criada para glória celestial, ou para a terrestre ou teleste,
terá que passar pela condição de morte e ressurreição, exatamente
como será exigido de nossa terra. O “passamento”, portanto, quer
dizer que, depois de haverem terminado seu “estado probatório” na
mortalidade, elas morrerão e ressurgirão novamente para receber a
“glória” a que foram destinadas, tornando-se as moradas eternas do
homem.4
VIDA, MORTE E RESSURREIÇÃO DA TERRA. Numa das
revelações a Joseph Smith, o Senhor disse à Igreja e a todos os que
estejam dispostos a recebê-lo: “E outra vez, em verdade, em
verdade vos digo que, quando terminarem os mil anos e os homens
novamente começarem a negar a seu Deus, então pouparei a terra,
mas só por pouco tempo.” O Senhor está-se referindo à sua
segunda vinda, do reino milenial que será seguido por um breve
período de iniquidade, e depois será o fim.
A revelação prossegue: “E virá o fim, e serão consumidos e
passarão os céus e a terra, e haverá um novo céu e uma nova
terra.” Isto não significa que esta terra desaparecerá e seu lugar
será ocupado por outra, e que seu céu passará e terá outro em seu
lugar; mas, sim, que a terra e seus céus, depois de passarem pela
morte, serão renovados em imortalidade.
Esta terra vive e tem que morrer, mas, desde que guarde a lei,
será restaurada através da ressurreição, pela qual se tornará
celestializada e a morada de seres celestiais. O verso seguinte
dessa revelação explica-o assim: “Pois todas as velhas coisas
passarão, e todas as coisas se tornarão novas, o próprio céu e a
terra, e a sua plenitude, tanto homens como feras, as aves do céu e
os peixes do mar; E nem um fio de cabelo, nem um argueiro, se
perderá, pois são a obra das minhas mãos.”5
EXPIAÇÃO PELA TERRA E TODA [FORMA DE] VIDA. Assim,
vemos que o Senhor tenciona salvar não apenas a terra e os céus,
não só o homem que habita sobre a terra, mas todas as coisas por
ele criadas. Os animais, os peixes do mar, as aves do céu, bem
como o homem, deverão ser recriados, ou renovados, através da
ressurreição, pois são igualmente almas viventes.6 A terra, sendo
corpo vivente, terá que morrer e ser ressuscitada, pois ela também
foi redimida pelo sangue de Jesus Cristo.7
O PROJETO DE CRIAÇÃO DO SENHOR
CRISTO CRIOU MUITOS MUNDOS. Sob a direção de seu
Pai, Jesus Cristo criou esta terra. Sem dúvida, teve a ajuda de
outros, mas foi Jesus Cristo, nosso Redentor, quem, sob a
orientação do Pai, desceu e organizou a matéria e fez este planeta,
a fim de que pudesse ser habitado pelos filhos de Deus.8
Jesus Cristo é a luz e a vida dos homens; ele era um Criador
antes de este mundo ser feito. Porém, neste momento, não estamos
tão interessados nas obras que então realizou, nem tampouco nos
preocupam agora esses outros mundos e seus habitantes.
Sabemos que os habitantes desses mundos criados por Jesus
Cristo são filhos gerados para Deus, e isto nos bastará, até que
todas as coisas sejam reveladas. A vida não se originou aqui. O
homem não veio a existir primeiramente aqui. Somos informados
por nosso Pai nos céus que o homem é eterno; que ele sempre
existiu, e que toda a vida nesta terra veio de outra parte. Talvez não
sejamos capazes de compreender tudo isso agora, mas chegará o
tempo, na providência do Senhor, em que todas estas coisas se
farão conhecidas e teremos a plenitude do conhecimento.9
ADÃO E OUTROS COLABORARAM NA CRIAÇÃO. É verdade
que Adão ajudou a formar esta terra, trabalhando com nosso
Salvador Jesus Cristo. Tenho uma forte impressão ou convicção de
que havia outros que também ajudaram. Quem sabe Noé e Enoque;
e por que não Joseph Smith, e os designados para governantes
antes de a terra ser formada? Sabemos que Jesus, nosso Salvador,
era um Espírito, quando foi executada essa grande obra. Ele
realizou todas essas imensas obras, antes de viver na carne.10
OS CRIADORES PLANEJAM A CRIAÇÃO. O relato da criação
no Livro de Abraão é “O Projeto de Criação do Senhor”. Com isto,
quero dizer que Abraão fornece um relato do planejamento desta
terra a seus habitantes nos céus, antes de se executar a obra. Não
estou dizendo que esse planejamento considerou a criação do sol
ou outros corpos celestes, mas antes a colocação da terra no lugar
que devia ocupar em relação a esses orbes.11
CRIAÇÃO FÍSICA DE TODAS AS COISAS
RELATO DA CRIAÇÃO FÍSICA. Embora sendo verdade que
todas as coisas foram criadas espiritualmente, ou como espíritos,
antes de serem-no naturalmente sobre a face da terra, essa criação,
somos informados, deu-se nos céus. Isto se aplica aos animais de
toda espécie e também à vida vegetal, antes de existir carne sobre a
terra ou na água ou no ar.12 O relato da criação da terra, conforme
consta em Gênesis e no Livro de Moisés, e conforme foi dado no
templo, é a criação física da terra, e dos animais e plantas.13 Penso
que o do templo, dado por revelação, é o mais claro de todos. Essas
criações físicas foram feitas com elementos naturais.
NENHUM RELATO REVELADO DA CRIAÇÃO ESPIRITUAL.
Não há nenhum relato da criação do homem ou outras formas de
vida, quando foram feitos espiritualmente. Existe apenas a simples
declaração de que foram assim criados, antes de serem-no
fisicamente. As declarações em Moisés 3:5 e Gênesis 2:5
são interpolações inseridas no relato da criação física, explicando
que todas as coisas foram primeiramente criadas em forma de
espírito no céu, antes de serem colocadas nesta terra.
Fomos criados em eras incontáveis, antes de sermos colocados
na terra. Por Abraão 3:22-28, descobrimos que o plano de salvação
foi apresentado aos espíritos, ou “inteligências”, antes de a terra ser
formada. Sendo isto verdade, então o homem, os animais e plantas
não foram criados em espírito na época da criação da terra, mas
muito antes.
CRIAÇÃO ESPIRITUAL OU FÍSICA, E CRIAÇÃO EM
ESPÍRITO. A criação descrita em Gênesis não foi uma criação em
espírito mas, em certo sentido, uma criação espiritual. Isto,
logicamente, exige uma explicação. O relato em Gênesis, capítulos
um e dois, descreve a criação da terra física. A descrição da
colocação de toda vida sobre a terra desde o princípio até a queda
de Adão, é, em certo sentido, um relato da criação espiritual de tudo
isso, embora fosse também uma criação física. Quando o Senhor
falou que ia criar Adão, não se referia à criação do espírito dele, pois
isto aconteceu muito, muito tempo antes, quando se encontrava no
mundo dos espíritos e era conhecido como Miguel.14
O corpo de Adão foi criado do pó da terra, porém, na época, ela
era uma terra espiritual. Adão tinha um corpo espiritual até sobrevir-
lhe a mortalidade por causa da violação da lei sob a qual vivia;
porém, ele também tinha um corpo físico de carne e ossos.
A NATUREZA DE UM CORPO ESPIRITUAL. Agora, o que é
um corpo espiritual? É um corpo vivificado pelo espírito e não por
sangue. Nosso Pai nos céus e nosso Salvador e todos os que
passaram pela ressurreição, possuem um corpo físico de carne e
ossos, porém seus corpos são vivificados pelo espírito e não pelo
sangue, daí serem eles corpos espirituais e não corpos corruptíveis.
O corpo imortal é vivificado pelo espírito, mas o corpo mortal é
vivificado por sangue. O Senhor disse a Noé que o sangue é a vida
do corpo nesta esfera mortal.15 A revelação moderna diz o seguinte:
“Pois apesar de morrerem, também ressurgirão outra vez,
corpos espirituais. Aqueles que forem do espírito celestial,
receberão o mesmo corpo que fora mortal: assim, recebereis os
vossos corpos, e a vossa glória será aquela pela qual os vossos
corpos são vivificados.”16
Com isto, temos a confirmação do Senhor de que um corpo
espiritual é o corpo que deixou de ser corruptível. Bem, quando se
encontrava no Jardim do Éden, Adão não estava sujeito à morte.
Em seu corpo não havia sangue, e ele poderia haver permanecido
lá para todo o sempre. O mesmo se aplica a todas as outras
criações.17 Esta afirmação talvez não agrade muito aos
evolucionistas, mas é a verdade.
ADÃO: PRIMEIRO HOMEM E PRIMEIRA CARNE. Após a
queda, provocada pela transgressão da lei sob a qual Adão vivia, o
fruto proibido teve o poder de produzir sangue e modificar sua
natureza, fazendo a mortalidade ocupar o lugar da imortalidade: e
todas as coisas, participando da modificação, tornaram-se mortais.
Agora, repito, o relato de Gênesis, capítulos um e dois, descreve a
criação física da terra e de tudo o que sobre ela há, porém esta
criação não estava sujeita à lei mortal até depois da queda. Foi,
portanto, uma criação espiritual, e assim se conservou até depois da
queda, quando se tornou temporal, ou mortal.18
Não havia nenhuma coisa vivente sobre a terra, até que esta
estivesse preparada para os seres viventes. A Pérola de Grande
Valor não afirma que o homem foi a primeira coisa vivente na terra,
mas, sim, que foi a primeira carne e também o primeiro
homem. Tornou-se, quando caiu, a primeira carne mortal. Por carne
deve-se entender mortalidade, e Adão foi o primeiro mortal sobre a
terra; os animais e outras formas de vida, porém, foram colocados
na terra primeiro, e ele não se encontrava na terra até tudo estar
preparado para ele. Visto que Adão foi o primeiro homem na terra,
isto põe fim à falsa noção da existência de pré-adamitas.19
A IDADE DA TERRA
O ELEMENTO “TEMPO” NA CRIAÇÃO. Esta terra foi criada no
tempo do Senhor, que é o tempo celestial. Por revelação, nós
conhecemos a natureza exata desse tempo, e precisamente
quantos dias de tempo celestial foram precisos para criar esta terra.
Além disso, sabemos aproximadamente há quanto tempo a terra
existe e por quanto tempo ela resistirá, de acordo com nosso atual
sistema de contagem. O Senhor revelou a Abraão: “E o Senhor
disse a mim pelo Ruim e Tuim, que Colo era segundo a maneira do
Senhor, de acordo com suas épocas e estações em suas
revoluções; que uma revolução era um dia para o Senhor, segundo
sua maneira de calcular, sendo mil anos de acordo com o tempo
assinalado para o lugar onde estás. Este é o cálculo do tempo do
Senhor, de acordo com o cálculo de Colo…
“E assim haverá o cálculo do tempo de um planeta sobre o
outro, até aproximar-te de Colo, que é segundo o cálculo do tempo
do Senhor; e Colo está colocado próximo ao trono de Deus, para
governar todos os planetas que pertencem à mesma ordem que
aquele sobre o qual estás.”20
NA CRIAÇÃO USOU-SE O TEMPO CELESTIAL. Também: “Fig.
1 — Colo, que significa a primeira criação, mais próxima do
celestial, ou a residência de Deus. O primeiro em governo, o último
pertencente ao cálculo de tempo. O cálculo, de acordo com o tempo
celestial, significa um dia ao côvado. Um dia em Colo é igual a mil
anos, de acordo com o cálculo desta terra, a que os egípcios dão o
nome de Jah-oh-eh.”21
Quando esta terra foi criada, não o foi de acordo com nosso
tempo atual, mas segundo o tempo de Colo, pois o Senhor diz que
ela foi criada em tempo celestial que é o tempo de Colo. Depois, ele
revelou a Abraão que Adão estava sujeito ao tempo de Colo antes
de sua transgressão. “Agora eu, Abraão, vi que era segundo o
tempo do Senhor, que era segundo o tempo de Colo; porque até
então os Deuses não tinham assinalado a Adão seu cálculo.”22
IDADE DA TERRA DESDE ADÃO. Temos evidências seguras
de que Adão foi expulso do Jardim do Éden há cerca de seis mil
anos atrás, ou quem sabe um pouco menos. Valendo-nos da
cronologia bíblica e da que o Senhor nos dá no Livro de
Mórmon e Doutrina & Convênios, temos possibilidade de fazer esse
cálculo com bastante exatidão.
Em Apocalipse, capítulos de cinco a dez, encontramos a história
do desatamento dos sete selos pelo Cordeiro, cada selo
representando mil anos da existência temporal desta terra. Em
Doutrina & Convênios, seção 88:92-116, temos a confirmação disso
com mais detalhes sobre o desatamento dos selos: Na seção 77:6-
15, encontramos mais informações a respeito da abertura desses
selos, com o seguinte detalhe significativo:
Vers. 6: “P. O que devemos entender pelo livro que João viu, e
que estava selado nas costas com sete selos?
“R. Devemos entender que ele contém à vontade, os mistérios
revelados, e as obras de Deus: as coisas ocultas da sua
administração, concernentes a esta terra durante os sete mil anos
da sua duração ou sua existência temporal.”
EXISTÊNCIA TEMPORAL DA TERRA. Eis uma declaração
definida, dada por revelação, de que esta terra passará por sete mil
anos de existência temporal. Temporal, por todas as interpretações,
significa passageiro, temporário ou mortal. Portanto, isto se refere à
terra em seu estado decaído, pois ela foi amaldiçoada quando Adão,
que recebera domínio sobre ela, transgrediu a lei. Antes dessa
época, esta terra não era mortal, exatamente como Adão. Isto
aprendemos por outras Escrituras; por exemplo vide 2 Néfi 2:22.
No versículo 12 da seção 77, o Profeta, por inspiração do
Senhor, contrapõe dias de mil anos aos anos de nosso sistema de
contagem de tempo, nestas palavras:
“Devemos entender que assim como Deus em seis dias fez o
mundo, e no sétimo dia terminou sua obra, e o santificou, e do pó da
terra fez o homem, assim também quando houver selado todas as
coisas para o fim de todas as coisas, no princípio do sétimo milênio,
santificará o Senhor Deus a terra, e completará todas as coisas, e
redimirá todas as coisas, exceto aquelas as quais ele não pôs sob o
seu poder: e o toque das trombetas dos sete anjos é a preparação e
consumação do seu trabalho, no princípio do sétimo milênio —a
preparação do caminho, antes de sua vinda.”
A CRIAÇÃO NÃO LEVOU MILHÕES DE ANOS. Aqui temos o
Profeta comparando os dias da criação a sete períodos de mil anos
cada, correspondendo a dias, segundo o tempo do Senhor, em
concordância com os ensinamentos de Abraão e outras Escrituras.
De acordo com isto, a existência temporal da terra deve perdurar
por uma semana apenas, ou sete dias de mil anos cada. Além do
mais, uma vez que a terra foi formada de acordo com o tempo
celestial, que são os dias do Senhor, os quais ele definiu claramente
a Abraão, é quase impossível justificarmos nossa tentativa de
harmonizar os dias da criação com os extensos períodos de milhões
de anos dos cálculos dos chamados cientistas.
Tanto pela Bíblia como pelo livro de Doutrina &
Convênios, sabemos que o dilúvio aconteceu mil e seiscentos anos
após a expulsão de Adão do Jardim do Éden. Sabemos que Abraão
era vivo nos dias de Sem, filho de Noé, se não nos dias do próprio
Noé. A história secular corrobora a história de Israel e Abraão.
Portanto, o homem que pretenda fazer essa época retroceder
dezenas de milhares e muito menos, centenas de milhares de anos,
é intencionalmente cego.
SIGNIFICADO DO MERIDIANO DOS TEMPOS. Além disso, o
Salvador veio no meridiano dos tempos. Sua dispensação é
chamada de a dispensação do meridiano dos tempos. Isto quer
dizer que está situada mais ou menos a meio caminho do princípio
dos “tempos” ao fim dos “tempos”. Qualquer um que quiser, poderá
verificar por si mesmo que nosso Senhor veio aproximadamente
quatro mil anos depois da queda. O milênio deverá vir cerca de dois
mil anos depois da sua vinda. Então se seguirá o milênio de mil
anos, após o qual virá “um pouco de tempo”, cuja duração não foi
revelada, mas que poderá trazer o fim dos “tempos”, por volta de
oito mil anos a contar do princípio.
Vemos que o Senhor não determinou a esta terra seu tempo
presente até após a queda. Antes desta, ela estava sujeita ao tempo
de Colo, o qual é tempo eterno. Terminada a existência temporal da
terra, ela voltará ao tempo celestial, e “não mais haverá
tempo”23.Isto não quer dizer que os habitantes da terra, que então
serão seres celestiais, não contarão o tempo, mas de maneira
diferente — de acordo com o tempo de Colo que, diz o Senhor, é o
tempo dele.
Se os homens preferem acreditar nos profundos enganos
pregados pelos evolucionistas em lugar de no que o Senhor tem
revelado, não podemos impedi-los; mas, sem dúvida, isto demonstra
neles uma falta de fé, o que não representa um mérito.
A TERRA TELESTE
OS QUATROS ESTÁGIOS DA EXISTÊNCIA DA TERRA. Esta
terra está passando por quatro grandes etapas ou estágios: 1.
A criação e condição antes da queda. 2. A condição teleste reinante
desde a queda de Adão. 3. A condição terrestre que prevalecerá
quando o Senhor vier e se iniciar a era milenial. 4. O estado celestial
ou final da terra, quando ela tiver alcançado sua exaltação. Há ainda
aquilo que o Senhor chamou de “um pouco de tempo”, depois do
milênio, quando Satanás será solto e se travará a última grande
batalha.24
ESTADO TELESTE — RESULTADO DA QUEDA DE ADÃO.
Quando foi criada a terra, o Senhor a julgou boa. Tudo na sua face
foi criado sem as sementes da morte e poderia ter perdurado para
sempre. Isto é ensinado em 2 Néfi 2:22, entre outros lugares. A
morte não havia invadido o mundo, e Adão era imortal no sentido de
não estar sujeito a morrer. Entretanto, ele não havia passado pela
ressurreição e, por conseguinte, estava em condição de poder cair,
a fim de que seu corpo se tornasse sujeito à morte ou mortalidade.
Isto aconteceu, e tal condição passou para a terra e todas as
criaturas que nela viviam.
Desde o tempo em que Adão foi expulso do Jardim do Éden até
agora, esta terra e seus habitantes, homens, feras, aves, peixes e
toda criatura, têm estado sujeitos à morte. A própria terra tem que
morrer e receber sua ressurreição. A condição atual, que
denominamos de condição teleste, continuará até a vinda de Cristo.
Somos informados de que esta existência temporal há de durar seis
mil anos.25
O ESTADO TELESTE LOGO TERMINARÁ. Estão chegando ao
fim os dias da atual condição da terra com suas cenas de
iniquidade, crime, ganância, em que Satanás domina. Antes de se
passarem muitos dias, Satanás será amarrado, para que não tenha
lugar nos corações dos filhos dos homens. Cristo virá tomar posse
da terra, visto que ela lhe pertence e ele é seu regente legal. Foi-nos
prometido que ele reinará sobre a terra durante mil anos; mas,
quando este tempo chegar, somente os justos, os tementes a Deus,
os humildes, os mansos a herdarão.
O MUNDO TELESTE É GOVERNADO POR SATANÁS. Depois
de sua queda, esta terra tem que passar por três estágios distintos,
num dos quais nos encontramos agora. Nessa condição mortal,
vigente desde os dias de Adão até agora, a iniquidade vem
prevalecendo na terra. Satanás tem dominado, usurpando a
autoridade e encontrado favor aos olhos dos homens. Com seu
poder, astúcia e malícia, conseguiu levar grande parte da
humanidade para o seu lado.
Mas esta condição, conforme tenho dito, está chegando a seu
fim. Está próximo o dia em que a própria terra será transformada,
em que a justiça predominará e cessará a maldade sobre sua face.
Então, por mil anos, a terra descansará; e esse será o segundo
estágio na história deste planeta, desde que o homem foi nele
colocado.26
O FIM DO MUNDO NÃO É O FIM DA TERRA. O mundo não é a
terra. Fim do mundo não significa que a terra e tudo o que nela
existe será destruído.
Os discípulos foram a Cristo pouco antes de sua crucificação,
em busca de maior esclarecimento sobre certas declarações suas a
respeito da destruição de Jerusalém e o fim do mundo. A tradução
que chegou até nós não nos oferece muita clareza; porém, pela
versão inspirada que nos foi dada nos tempos modernos através de
Joseph Smith, o Profeta, são esclarecidas aos santos dos últimos
dias certas questões não muito claras para o mundo, e vou ler um
dos dois parágrafos da revisão do capítulo vinte e quatro de Mateus.
“E Jesus deixou-os e subiu ao Monte das Oliveiras. E quando se
sentou no Monte das Oliveiras, seus discípulos vieram
particularmente a ele, dizendo: Dize-nos quando serão estas coisas
que disseste concernentes à destruição do templo e dos judeus; e
qual é o sinal da tua vinda e do fim do mundo, ou a destruição dos
iníquos, que é o fim do mundo?
“E Jesus respondeu e disse-lhes:… E novamente, este
Evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, para
testemunho a todas as nações, e então virá o fim, ou a destruição
dos iníquos.”27
O Senhor não estava falando do fim da terra. Os discípulos não
perguntaram a respeito do fim da terra; perguntaram a respeito da
segunda vinda de Cristo, a qual traria o fim da iniquidade, ou o fim
do mundo conforme é agora constituído, e o Senhor deu-lhes a
resposta.28
A TERRA TERRESTRE
A TERRA SERÁ RENOVADA. Quando o Salvador vier, a terra
será transformada para uma condição terrestre, tornando-se uma
adequada moradia para seres terrestres; e esta condição durará até
quase o fim do milênio, quando então a terra há de morrer e ser
novamente levantada, numa ressurreição para receber sua glória
como corpo celestial, a qual é seu estado final.
Estamos vivendo no grande dia da restauração. O Senhor
declarou que todas as coisas hão de ser restauradas para seu
estado primitivo. Nossa 10.a Regra de Fé diz: “Cremos … que Cristo
reinará pessoalmente sobre a terra; e que a mesma será renovada e
receberá a sua glória paradisíaca.” Muitos têm a ideia de que isto se
refere à terra celestializada, porém não é o caso. Refere-se à terra
restaurada conforme será, quando Cristo vier e reinar. Isto é
ensinado em Isaías 65:17-25 e em Doutrina & Convênios, seção
101-23-31.
A RESTAURAÇÃO DA TERRA. Joseph Smith fez este inspirado
sumário do que acontecerá nos últimos dias: “Haverá fome,
pestilência e terremoto em diversos lugares: e os profetas
declararam que os vales se exaltariam: que as montanhas seriam
abatidas; que haveria um grande terremoto, no qual o sol se tornaria
negro como um saco de cilício, e a lua como sangue; sim, o Deus
Eterno declarou que a grande profundeza se voltará para os países
do norte e que as terras de Sião e de Jerusalém serão ligadas,
como eram antes de serem divididas nos dias de Pelegue. Não
admira que o entendimento principie ao soar dos últimos dias!29
Aqui o Profeta nos diz que a divisão da terra se deu nos dias de
Pelegue.30 Quando Cristo chegar, ela será restaurada como era
antes da divisão.
A TERRA SERÁ RESTAURADA À SUA GLÓRIA PARA-
DISÍACA. Bem, noutros tempos, esta terra possuía uma glória
paradisíaca; depois sobreveio a queda, trazendo consigo uma
mudança, e tal mudança continua na terra há cerca de seis mil
anos.
O que se deve entender por restauração da terra? Esta terra
será renovada e retornará à condição em que se encontrava, antes
de ser amaldiçoada através da queda de Adão. Quando Adão saiu
do Jardim do Éden, a terra tornou-se um mundo teleste, ordem à
qual ainda hoje pertence. Não quero dizer uma glória teleste
conforme a que será encontrada nos mundos telestes após sua
ressurreição, mas uma condição teleste existente desde os dias de
Adão até agora e que continuará até a vinda de Cristo.
OS INÍQUOS SERÃO QUEIMADOS COMO PALHA. Quando
Cristo vier, esta terra será transformada, assim como tudo o que há
sobre sua face. Então se tornará um mundo terrestre, assim
permanecendo por mil anos; e todos os que viverem a lei teleste,
serão eliminados. Serão consumidos como palha. A terra será
purificada de sua iniquidade e passará para a ordem terrestre. Isto
exigirá uma modificação nos próprios elementos da terra e também
de seus habitantes; não obstante, eles continuarão sendo mortais.
Os que pertencerem à ordem terrestre, habitarão a terra durante
esse período.31
ÉPOCA DA PRIMEIRA RESSURREIÇÃO. O Senhor diz-nos que
nesse dia, as nações pagãs serão redimidas e os que não
conheceram nenhuma lei, tomarão parte na ressurreição que
conhecemos como sendo a primeira. “Na sua vinda” aparentemente
significa que, depois de ele ter estabelecido seu governo e ordem
santa, ressurgirão os que tiverem guardado a lei terrestre. Aqueles
que guardaram a lei celestial se levantarão para encontrá-lo nas
nuvens, antes da ressurreição dos habitantes terrestres.32
OS NÃO-MEMBROS DA IGREJA DURANTE O MILÊNIO.
Alguns membros da Igreja têm a ideia errônea de que, no milênio,
serão varridas da terra todas as pessoas, com exceção dos
membros justos da Igreja. Não é assim. Haverá milhões de pessoas,
católicos, protestantes, agnósticos, muçulmanos; gente de todas as
classes e todos os credos terá permissão de continuar
permanecendo na face da terra, porém serão os que tenham levado
uma vida limpa, aqueles que se mantiveram livres da iniquidade e
corrupção. Todos os que pertencerem, por virtude de sua vida justa,
à ordem terrestre, bem como os que guardaram a lei celestial,
permanecerão sobre a face da terra durante o milênio.33
Eventualmente, todavia, a terra se encherá do conhecimento do
Senhor como as águas cobrem o mar. Mas será preciso haver
pregação do Evangelho, após ter começado o milênio, até que todos
os homens estejam convertidos ou se forem. No decurso dos mil
anos, todos os homens ou entrarão para a Igreja, ou reino de Deus,
ou morrerão e se irão. Nesse dia não haverá morte até que os
homens envelheçam. As crianças não morrerão, mas hão de viver
até a idade da árvore. Isaías diz que esta é de cem anos. Quando
chegar a hora de morrer, os homens serão transformados num
piscar de olhos, e não haverá nenhuma sepultura.34
A TERRA APÓS O MILÊNIO. Após o milênio, a terra voltara
para a ordem telestial? Não, mas o povo da terra, muitos deles,
serão como os nefitas que viveram duzentos anos depois da vinda
de Cristo. Eles se rebelarão conscientemente contra o Senhor, e
então virá a grande e derradeira batalha, e o demônio e seus
exércitos serão derrotados; então a terra morrerá e receberá sua
ressurreição, tornando-se um corpo celestial. A ressurreição dos
iníquos terá lugar como um dos últimos acontecimentos antes de a
terra morrer.35
A TERRA CELESTIAL
“A BATALHA DO GRANDE DEUS.” Passados os mil anos,
Satanás será novamente solto e voltará a enganar as nações.
Porque os homens ainda são mortais, Satanás se empenhará em
enganá-los. Os homens novamente negarão o Senhor, mas fá-lo-ão
agindo de olhos abertos e por amarem as trevas em lugar da luz,
e assim se tornam filhos da perdição. Satanás reunirá suas hostes,
tanto os que estão na terra como os mortos iníquos que serão
eventualmente levantados na ressurreição. Miguel, o príncipe,
reunirá suas forças, e se travará a grande última batalha. Satanás e
seus exércitos serão derrotados. Então virá o fim. Satanás e
aqueles que o seguem serão lançados nas trevas exteriores.
O DESTINO CELESTIAL DA TERRA. A terra será novamente
purificada. Ela, certa vez, foi batizada em água. Quando Cristo vier,
será batizada com fogo e com o poder do Espírito Santo. No fim do
mundo, a terra morrerá; será dissolvida, passará, e então será
renovada, ou levantada com uma ressurreição. Ela receberá sua
ressurreição para tornar-se um corpo celestial, para que os da
ordem celestial possam possuí-la para todo o sempre. Então ela
passará a brilhar como o sol e tomará seu lugar entre os mundos
que são redimidos. Quando esse tempo chegar, os habitantes da
esfera terrestre também serão arrebatados e levados para outra
esfera, condizente com sua condição. Então se cumprirão as
palavras do Salvador de que os mansos hão de herdar a terra.36
QUANDO OS MANSOS HERDARÃO A TERRA. O Senhor fez a
Abraão a promessa de que ele teria a Palestina, ou a terra de
Canaã, como possessão perpétua.37Todavia, conforme disse
Estêvão por ocasião de seu martírio, Abraão não recebeu nem
sequer o espaço de um pé como posse, enquanto viveu.38
Então, o que o Senhor quis dizer, fazendo tal promessa a
Abraão, dando-lhe para sempre aquela porção da terra como
possessão perpétua a ele e sua posteridade, à sua parte justa?
Simplesmente isto — que eventualmente chegará o tempo, após a
ressurreição dos mortos, em que Abraão e seus filhos que
guardaram fielmente os mandamentos do Senhor, possuirão aquela
terra e também se espalharão tão longe quanto necessário para que
recebam uma herança.
O Senhor deu esta terra na qual habitamos, a América, como
possessão perpétua a José, filho de Jacó. Sua posteridade, quando
isenta de pecado, e quando ressurgir na ressurreição, há de herdar
esta parte da terra. Este país será deles para sempre.39
O Senhor deu estas terras também a outros em época anterior;
os jareditas e os justos dentre eles igualmente a possuirão para
sempre.40
A TERRA HÁ DE SER UM SOL CELESTIAL. É minha opinião
que os grandes astros que vemos, incluindo nosso sol, são mundos
celestiais; ao menos mundos que passaram para sua exaltação ou
outro estado final ressurreto. Isto naturalmente entra em conflito
com os ensinamentos dos cientistas, os quais afirmam que o sol
está perdendo sua energia e esfriando pouco a pouco, e
eventualmente será um mundo morto. Não creio que o Senhor tenha
algo assim em seu plano. Somos informados que o Senhor vive em
“labaredas eternas”. O Presidente Brigham Young disse que esta
terra, quando for celestializada, brilhará como o sol, e por que não?
“Se o povo pudesse entender plenamente essa questão,” disse
ele, “perceberia que é perfeitamente razoável e tem sido a lei de
todos os mundos. E este mundo, presentemente tão envolvido em
trevas e tão pouco estimado pelos infiéis, conforme observou o
Irmão Clements, será como o sol, quando for celestializado e
preparado para habitação dos santos, e levado de volta à presença
do Pai e do Filho. Então não mais será um corpo opaco como agora,
mas será como as estrelas do firmamento, cheio de luz e glória; e
será um corpo de luz. João o comparou, em seu estado
celestializado, a um mar de vidro. 41
Orson Pratt nos deixou o seguinte: “Quem, ao ver a
terra como ascende na escala do universo, não deseja manter
passo com ela? Para que, quando for classificada em sua
revolução, em meio aos estonteantes orbes da abóbada azul dos
céus, resplandecendo em todo o esplendor de sua glória
celestial, possa achar-se proporcionalmente avançado na escala de
excelência intelectual e moral? Quem, senão o mais depravado, não
deseja ser julgado digno de associar-se com aquelas ordens
superiores de seres que foram redimidos, exaltados e glorificados
juntamente com os mundos que habitam há eras antes de serem
lançados os fundamentos da nossa terra? Ó homem, lembra-te do
futuro destino e glória da terra, e assegura tua herança eterna sobre
ela, para que, quando for gloriosa, sejas igualmente glorioso.”42
Anotação
1. Moisés 1:27-40.

2. D & C 88:17-26; Isaías 51:6-7; Salmos 102:25-26.

3. Ecle. 3:14-15; D & C 132:13-14.

4. Corresp. Pessoal.

5. D & C 29:22-25.

6. Conf. Report, outubro de 1928, pp. 99-100.

7. Corresp. Pessoal.

8. Millennial Star, vol. 93, p. 241; D & C 38:1-3; João 1:1-5; 1 Cor. 8:6; Col. 1:16; Efésios 3:9.

9. Conf. Report., outubro de 1925, p. 113; Moisés 1:32-33; D & C 76:24; 93:10; Heb. 1:2.

10. Abraão 3:24.

11. Abraão 4:1-31; 5:1-21.

12. Moisés 3:5, 9; Gên. 2:5, 9.

13. Moisés 1, 2, 3; Gên. 1, 2.

14. Moisés 2:26-28; Gên. 1:26-28.

15. Gên. 9:4; Lev. 17:11, 14.


16. D & C 88:27-28; 1 Cor. 15:44-54.

17. 2 Néfi 2:22.

18. D & C 77:6.

19. Joseph Fielding Smith, Man: His Origin and Destiny, cap. 15, 16, 17.

20. Abraão 3:4, 9.

21. Livro de Abraão, explicação do fac-símile n.° 2, fig. 1.

22. Abraão 5:13.

23. D & C 88:110-111.

24. D & C 29:22-23; 43:30-31; 88:101-115; Apoc. 20:3-9.

25. Corresp. Pessoal.

26. Millennial Star, vol. 93, pp. 241-242.

27. Joseph Smith 1:4-5, 31.

28. Church News, 3 de novembro de 1934, p. 4.

29. Evening and Morning Star, Fev. de 1835; D & C 49:23; 109:74; 133:17-25,44; Isaías 40:4; 54:10; Eze.
38:20; Apoc. 16:15-20.

30. Gên. 10:25.

31. D & C 63:20-21; 101:23-31; Malaquias 3:2-3; 4:1-6; Joseph Smith 2:36-40; 3 Néfi 20:23.

32. Corresp. Pessoal; D & C 45:54-55; 88:96-99.

33. Church News, 3 de novembro de 1934, p. 8.

34. D & C 101:23-31; Isaías 65:17-25.

35. D & C 88:25-26, 100-116.

36. Corresp. Pessoal; D & C 29:22-30; 88:14-33, 95-116; Apoc. 4:6; 15:1-4; 20:1-15; 21:1-27; 22:1-5.

37. Gên. 17:1-8.

38. Atos 7:5.

39. Gên. 49:22-26.

40. Millennial Star, vol. 93, pp. 243-244; Éter 1:41-43.

41. Journal of Discourses, vol. 7, p. 163.


42. Corresp. Pessoal; Millennial Star, vol. 12, p. 72.
CAPÍTULO 6
MIGUEL, NOSSO PRÍNCIPE
A CRIAÇÃO DE ADÃO
A CONDIÇÃO DE ADÃO NA PREEXISTÊNCIA. O primeiro
homem colocado sobre a terra era um ser perfeito, um filho de
Deus. Foi Miguel, o Arcanjo, que alcançara grande distinção e poder
antes já de vir para esta terra; e que ajudou a formar esta terra
enquanto era ainda um espírito, exatamente como nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo era espírito antes de nascer em Belém.1
Depois de ser colocado na terra, Miguel ficou conhecido como
Adão. Recebeu seu tabernáculo de carne do pó desta terra. Ele
pertence a ela, porém foi uma da maiores inteligências, sendo
enviado para cá para ficar à testa de sua posteridade, para governá-
la pelas eras da eternidade. Nós lhe somos muito mais devedores
do que pensamos. Através dele, conseguimos estes tabernáculos
de carne e ossos, um tabernáculo para nosso espírito. Nossos
espíritos são os filhos e filhas gerados por Deus; assim é Adão, mas
ele foi mandado aqui com o propósito de povoar esta terra com
corpos de carne e ossos.2
ADÃO CRIADO DO PÓ DESTA TERRA. O Livro de
Mórmon, a Bíblia, Doutrina & Convênios e a Pérola de Grande
Valor, todos eles declaram que o corpo de Adão foi formado do pó
da terra3, isto é, do pó deste chão, desta terra. Além disso, o Senhor
disse a Adão que, se provasse do fruto da árvore do conhecimento
do bem e do mal, ele certamente morreria. “Pelo suor do teu rosto
comerás o pão até que tornes à terra — pois certamente morrerás
— porque dela [i. é, da terra] foste tirado; pois eras pó e em pó te
tornarás.”4 Agora, como poderia ele tornar ao pó desta terra, se seu
corpo não fosse dela tirado?5
ADÃO CRIADO EM IMORTALIDADE. Quando veio ao mundo,
Adão não era sujeito à morte. Ele era imortal. Poderia ter vivido para
sempre. Tivesse ele ficado no Jardim do Éden e não transgredido a
lei que lhe fora dada, ele e Eva ainda estariam lá.6
Agora a imortalidade de Adão, quando se encontrava no Jardim
do Éden, era diferente da imortalidade que eventualmente virá a
toda criatura; pois após a ressurreição dos mortos, espírito e corpo
se ligam inseparavelmente, para que o homem possa receber a
plenitude da alegria, desde que tenha guardado os mandamentos
de Deus. No estado de imortalidade ressurreta, espírito e corpo
tornam-se inseparavelmente ligados, soldados, para nunca mais
serem separados.
ADÃO NÃO RESSUSCITOU NO ÉDEN. Ouvimos uma porção
de gente falar sobre Adão haver passado pela mortalidade e
ressurreição em outra terra, para então vir viver aqui e morrer
novamente. Bem, isto contradiz a palavra do Senhor, pois um ser
ressurreto não morre, quer esse ser ressuscitado entre no reino
celestial, no reino terrestre ou no reino teleste, ou quer se torne um
filho da perdição e seja lançado no inferno, porque espírito e corpo
são inseparavelmente ligados na ressurreição. Adão não havia
passado pela ressurreição, quando estava no Jardim do Éden e,
não tendo passado pela ressurreição, espírito e corpo podiam ser
separados pela violação da lei. E o Senhor providenciou a lei para
que isso pudesse acontecer, porque o estado mortal em que nos
encontramos é absolutamente necessário para nossa exaltação.7
ADÃO: PRIMEIRO HOMEM E PRIMEIRA CARNE
ADÃO VIVIFICADO PELO ESPÍRITO, NÃO POR SANGUE. O
homem tornou-se espírito vivente revestido de um corpo físico de
carne e ossos: porém o corpo não era vivificado por sangue, mas
pelo espírito, pois que antes da queda, não havia sangue algum no
corpo de Adão. Ele não era então “carne” como a conhecemos
agora, isto é, no sentido de mortalidade. Nesse estado, Adão
poderia ter permanecido no Jardim do Éden para sempre, e todas
as coisas que foram criadas teriam permanecido eternamente nas
mesmas condições.8
SIGNIFIGADO DE “PRIMEIRA CARNE”. Mas Adão foi
a primeira carne na terra e também o primeiro homem.9 Por carne
entende-se mortalidade. Nas Escrituras, existem numerosas
passagens em que carne e mortalidade são usadas como
sinônimos.10 Adão foi colocado na terra depois de estarem aqui
todas as outras criaturas. Veio quando ela estava preparada para
ele.11 O Senhor diz que ele se tornou a primeira “carne”, ou mortal,
por causa de sua queda. Ele foi, é claro, o primeiro homem na terra,
contrariando os ensinamentos de nossos evolucionistas. Seu nome
significa “muitos”, com referência ao número imenso de sua
posteridade como pai humano da humanidade.
ADÃO TROUXE MORTALIDADE A TODAS AS COISAS. Após a
queda de Adão, o Senhor declarou que lançava uma “maldição”
sobre a terra, e esta condição mortal pronunciou-se sobre ela e tudo
o que nela havia. Disse o Presidente Brigham Young, falando a
respeito: “É realmente verdade, não tivesse o pecado entrado no
mundo, e a oposição sido introduzida, não haveria entrado a
morte. Desde aquele tempo até essa morte, vem aumentando a
oposição, o egoísmo, malícia, ira, orgulho, escuridão e iniquidade de
toda sorte, que podem ser inventadas pelos filhos dos homens, ao
se multiplicarem e espalharem pela terra.”12
E novamente: “Como Adão e Eva pecaram? Eles se colocaram
em oposição direta a Deus e seu governo? Não, mas transgrediram
um mandamento do Senhor, trazendo o pecado ao mundo através
dessa transgressão… Então veio a maldição sobre o fruto, os
vegetais e sobre nossa mãe-terra; e caiu sobre as coisas
rastejantes, sobre o grão do campo, o peixe do mar e sobre todas
as coisas pertencentes a esta terra, através da transgressão do
homem.”13
O “PRIMEIRO DE TODOS OS HOMENS”. Muitas revelações
atestam a verdade de que Adão foi o primeiro homem.14 Corrigindo
a genealogia de Cristo, segundo Lucas, o Profeta inclui esta
declaração: “Adão que foi formado por Deus e o primeiro homem
sobre a terra.”15
A Primeira Presidência declarou a doutrina da Igreja nestas
palavras: “Alguns sustentam que Adão não foi o primeiro homem
sobre esta terra, e que o homem primitivo se originou de gêneros
inferiores da criação animal. Isto, entretanto, são teorias humanas. A
palavra do Senhor declara que Adão foi o primeiro de todos os
homens”, e nos encontramos no dever de considerá-lo o pai original
da raça.”16
Joseph Smith deixou-nos esta declaração: “Começando com
Adão que foi o primeiro homem, a quem Daniel, em seu livro, chama
de o ‘Ancião de Dias’ ou, em outras palavras, o primeiro e maior de
todos, o grande progenitor, do qual se disse em outros lugares que é
Miguel, porque foi o primeiro e o pai de todos, não só quanto à
progênie, mas também o primeiro a possuir as bênçãos
espirituais. A ele se revelou o plano das ordenanças para a salvação
de sua posteridade até o fim.”17
ADÃO: INTELIGENTE E CIVILIZADO
ADÃO NÃO FOI PRODUTO FINAL DA EVOLUÇÃO. Adão foi
aqui colocado não como um selvagem inculto, semicivilizado, mas
como homem perfeitamente desenvolvido, dono de excepcional
inteligência, pois ajudou a criar a terra. Na preexistência, fora
escolhido para ser o primeiro homem sobre a terra, e o pai da raça
humana, e ele presidirá para sempre sobre sua posteridade.
Agora, o Senhor não escolheu um ser que mal terminara de
evoluir de formas inferiores de vida para tornar-se um príncipe, um
arcanjo, para presidir para sempre a raça humana! Como Miguel,
Adão foi uma das maiores inteligências do mundo espiritual, estando
logo abaixo de Jesus Cristo. Quando veio para a terra o Senhor lhe
deu uma perfeita forma de governo.18
ADÃO FALAVA LINGUAGEM CELESTIAL. O primeiro homem
posto nesta terra era um ser inteligente, criado à imagem de Deus,
possuidor de sabedoria e conhecimento, capaz de comunicar seus
pensamentos numa linguagem, tanto oralmente como por escrito,
muito superior a qualquer coisa existente na terra hoje em dia. Isto
talvez soe excessivo e dogmático demais aos que sustentam o outro
ponto de vista, porém não vai nada além de suas declarações em
contrário. Além disso, não digo isto de mim mesmo, mas repito
apenas o que o Senhor diz; e certamente o Criador, melhor que
ninguém mais, deve sabê-lo!
ADÃO FOI ENSINADO POR DEUS. O primeiro homem foi
instruído pelo melhor mestre que já existiu, pois foi ensinado por
Deus e falava a linguagem do Altíssimo, na qual os anjos
conversavam. Essa linguagem, ele a ensinou a seus filhos. É certo
que teve que descobrir, usando suas faculdades, muitos dos
grandes segredos da natureza: porém, o Senhor não o deixou
desamparado, mas o instruiu, e era inspirado pelo Espírito do
Senhor.19
O EVANGELHO FOI REVELADO A ADÃO. Depois de Adão ser
expulso do Jardim do Éden, o Senhor deu-lhe mandamentos,
revelou-lhe o plano de salvação, e ele ensinou seus filhos e
estabeleceu um governo. Este era um governo perfeito, pois Adão
escutou os conselhos do Todo-Poderoso, seu Pai e nosso Pai. Adão
ensinou aos filhos princípios de verdade divina e esforçou-se em
fundamentá-los no conhecimento e compreensão das coisas do
reino de Deus.20
ADÃO CONHECIA OS DEZ MANDAMENTOS. Certas pessoas
acham que os Dez Mandamentos foram dados, pela primeira vez, a
Moisés, quando este dirigia os filhos de Israel e formulou seu código
de leis. Não é o caso. Esses grandes mandamentos existem desde
o princípio, e eram conhecidos nas comunidades justas dos dias de
Adão. Eles são, na verdade, partes fundamentais do Evangelho de
Jesus Cristo, e o Evangelho em sua plenitude foi dado
primeiramente a Adão.21
A TEORIA DE ADÃO-DEUS
ORIGEM DA TEORIA DE ADÃO-DEUS. O Presidente Brigham
Young é citado — sendo mais que provável que o sermão tenha
sido transcrito erroneamente — como tendo dito: “Agora ouvi, ó
habitantes da terra, judeus e gentios, santos e pecadores! Quando
nosso pai Adão chegou ao Jardim do Éden, veio com um corpo
celestial e trouxe consigo uma de suas esposas, Eva. Ele ajudou a
fazer e organizar este mundo. Ele é Miguel, o Arcanjo, o Ancião de
Dias, do qual têm falado e escrito homens santos — Ele é nosso pai
e nosso Deus, o único Deus com quem temos algo a ver.”22
RELACIONAMENTO ENTRE ELOIM, JEOVÁ E MIGUEL. Se os
inimigos da Igreja que citam isto quisessem ser honestos, não
poderiam deixar de ver que o Presidente Brigham Young declara
explicitamente que Adão é Miguel, o Arcanjo, o Ancião de Dias,
indicando com isso, claramente, que Adão não é Eloim, ou o Deus
que adoramos, que é o Pai de Jesus Cristo.
Ainda mais, veriam que o Presidente Young declara que
Adão ajudou a fazer a terra. Se ajudou, então estava subordinado a
alguém superior a ele. Em outro parágrafo do mesmo discurso, dizia
o Presidente Young: “É certo que a terra foi organizada por três
personagens distintos, a saber, Eloim, Jeová e Miguel.” Aqui ele
coloca Adão, ou Miguel, em terceiro lugar da lista, e portanto, como
o menos importante dos três mencionados; e isto o Presidente
Young entendia perfeitamente. Cremos que Adão, conhecido como
Miguel, tinha autoridade nos céus antes de o mundo ser
formado. Habitava na presença do Pai e do Filho, e estava sujeito à
direção deles, conforme indicam claramente as Escrituras.23
NATUREZA DO CORPO CELESTIAL DE ADÃO. Quando o
Presidente Young diz que Adão veio para cá com um corpo celestial,
fala a verdade. Ensinamos que Adão ou Miguel possuía autoridade
nos céus. Habitava na presença do Pai e do Filho, portanto veio de
um mundo celestial. Assim sendo, não tinha um corpo celestial?
Penso que o mesmo se pode afirmar de todos nós, se aceitarmos os
ensinamentos do Senhor — pois todos viemos da presença de
Deus, tendo, portanto, corpos celestiais, ainda que fossem corpos
espirituais, como o de Adão.
Novamente, dizia o Presidente Young em seu discurso: “Então o
Senhor, por seu poder e sabedoria, organizou o tabernáculo mortal
do homem. Nós fomos feitos primeiro espiritualmente (i. é, no céu) e
depois temporalmente (i. é, nesta terra)” Pois bem, que homem foi
organizado primeiro pelo Senhor? Naturalmente foi Adão, e assim
ensinou o Presidente Young nesse mesmo discurso. Existem
Deuses acima de Adão, mesmo o Pai e o Filho.
TODOS OS HOMENS EXALTADOS TORNAM-SE DEUSES.
Acreditar que Adão seja um deus não é estranho a qualquer pessoa
que acredite na Bíblia. Ao ser acusado de blasfemo por alegar ser o
Filho de Deus, Jesus respondeu aos judeus: “Não está escrito na
vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses
aqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não
pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou e enviou ao
mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?”24
Diz Paulo, escrevendo aos membros da Igreja em Roma:
“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são
filhos de Deus.”25 E aos gálatas, disse ele: “e, porque sois filhos,
Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que
clama: Aba, Pai.”26
Joseph Smith ensinou a pluralidade de deuses, e que o homem,
obedecendo aos mandamentos de Deus e guardando toda a lei,
eventualmente alcançará o poder e exaltação pelos quais também
se tornará um deus.27
COMO ADÃO É NOSSO DEUS. A expressão de que Adão é o
único Deus com quem temos algo a ver, tem causado muita
discussão e suscita, naturalmente, a pergunta: “Não temos a ver
nada com Jesus Cristo e seu Pai? Certamente que temos; somos
ensinados a orar ao Pai em nome de Jesus Cristo, o Filho, e tudo o
que fazemos deve ser feito em nome do Filho. Para deixar claro o
que o Presidente Young tinha em mente, usarei esta ilustração:
O exército é composto de grande número de soldados rasos e
oficiais de diversas patentes. O soldado está, logicamente, sob as
ordens do capitão, o capitão subordinado ao coronel, que recebe
ordens de seus oficiais superiores. Em outras palavras, a única
pessoa com quem o soldado tem a ver é seu capitão. Esta
ilustração talvez pareça um tanto grosseira, mas acho que transmite
a ideia.
O Presidente Brigham Young estava perfeitamente familiarizado
com a doutrina da Igreja. Estudou Doutrina & Convênios, e muitas
vezes citava as passagens específicas concernentes ao
relacionamento de Adão com Jesus Cristo. Sabia perfeitamente que
Adão era subordinado e obediente a Jesus Cristo. Sabia
perfeitamente que Adão fora colocado à testa da família humana por
mandamento do Pai, e esta doutrina ele ensinou durante os longos
anos de seu ministério. Quando disse que Adão era o único deus
com quem temos a ver, evidentemente se referia a esta passagem
dada por revelação através de Joseph Smith:
“A fim de que recebais a coroa para vós preparada, e vos torneis
governadores de muitos reinos, diz o Senhor Deus, o Santo de Sião
[i. é, Jesus Cristo], o qual estabeleceu os alicerces do Adam-ondi-
Ahman; o qual designou Miguel [Adão] para vosso príncipe, e
afirmou os seus pés, assentou-o no alto, e deu-lhe as chaves da
salvação sob o conselho e a direção do Santo, o qual nem tem
princípio de dias nem fim de vida.”28
ADÃO POSSUI AS CHAVES DA SALVAÇÃO SOB CRISTO.
Esta doutrina também foi ensinada por Joseph Smith que dizia: “O
Sacerdócio foi dado primeiramente a Adão… Recebeu-o no início,
antes de ser formado o mundo… Foi-lhe dado domínio sobre todo
ser vivente. Ele é Miguel, o Arcanjo, de quem se fala nas
Escrituras… O Sacerdócio é um princípio eterno, e existiu com Deus
desde a eternidade, e existirá pelas eternidades, sem princípio de
dias ou fim de anos. As chaves têm que ser trazidas dos céus,
sempre que o Evangelho é enviado; e quando se revela dos céus,
se faz mediante a autoridade de Adão… Cristo é o Grande Sumo
Sacerdote; Adão é o seguinte.”29
Se as chaves da salvação foram confiadas às mãos de
Adão, sob a diretriz de Jesus Cristo, então tem algo de errado em o
Presidente Brigham Young declarar que Adão é a pessoa com quem
temos a ver? E além disso, aqui está o reconhecimento
da superioridade de Jesus Cristo. Sendo isto verdade, então a
família humana está diretamente subordinada a Adão, e este ao
Redentor do mundo.
Novamente, para ilustrar este ponto: Na Igreja, temos um oficial
presidente a quem chamamos de bispo. Ele tem plena autoridade
na ala que preside. Esse bispo é sujeito à direção do presidente da
estaca, e este, por sua vez, à presidência da Igreja. O único, no
mesmo sentido, com quem os membros têm a ver, é o bispo, mas
nem por isto ele é de forma alguma o oficial superior.
CONDIÇÃO DE ADÃO REVELADA A JOSEPH SMITH. Em
outra revelação, mencionada pelo Presidente Young, muitas vezes,
encontramos o seguinte: “Portanto, na verdade vos digo que todas
as coisas me são espirituais, e em tempo nenhum vos dei uma lei
que fosse temporal; nem a homem algum, nem aos filhos dos
homens; nem a Adão, vosso pai, a quem criei.”30
A doutrina ensinada pela Igreja quanto a Adão está claramente
definida nesta revelação: “Três anos antes de sua morte, Adão
chamou ao vale de Adam-ondi-Ahman, a Sete, É-nos, Cainã,
Maalalel, Jarede, Enoque e Matusalém que eram todos sumos
sacerdotes, e ao restante da sua posteridade que era fiel, e aí lhes
deu a sua última bênção.
“E o Senhor lhes apareceu, e eles se ergueram e abençoaram a
Adão, e chamaram-no Miguel, o príncipe, o arcanjo. E o Senhor
administrou conforto a Adão, e disse-lhe: Eu te separei para seres a
cabeça: uma multidão de nações procederá de ti, e tu és príncipe
delas para sempre. E Adão se ergueu no meio da congregação; e,
embora curvado pela velhice, sendo cheio do Espírito Santo,
predisse tudo o que haveria de acontecer à sua posteridade até a
última geração.”31
BRIGHAM YOUNG CONHECIA A CONDIÇÃO DE ADÃO. Por
estas passagens, o Presidente Brigham Young tinha toda razão de
dizer que estamos sujeitos a Adão; que ele governa sua
posteridade e nos dá mandamentos, exatamente como ele
recebe mandamentos de Jesus Cristo, pelo qual é dirigido em seu
ministério e continuará sendo até o último dia dos tempos. E isto
não subtrai nada do poder, grandeza e glória de Deus, o Pai, e seu
Filho Jesus Cristo.
Os homens que se apegam a essas palavras do discurso do
Presidente Brigham Young, deveriam sabê-lo tão bem quanto
sabem outras coisas — pois dela tomaram conhecimento centenas
de vezes — que Brigham Young jamais confundiu Adão com Jesus
Cristo ou o Pai a quem adorava.
Existe uma obra publicada contendo as palavras do Presidente
Brigham Young, na qual sua doutrina a respeito do Pai e do Filho, e
do relacionamento de Adão com eles está claramente exposta em
numerosas páginas. Mas quando os homens querem maliciar e
deturpar as coisas, isto de nada vale.
Isto é de um dos discursos de Brigham Young: “Todos nós
somos filhos de Adão e Eva, e eles são prole daquele que habita
nos céus, a Inteligência Suprema que habita em alguma parte da
qual não temos nenhum conhecimento. “Agora, se ele cresse no
que certas pessoas lhe atribuem, então não poderia dizer uma coisa
como esta!
Diz ele ainda: “O maior desejo no peito de nosso Pai Adão, ou
do de seus filhos fiéis que são coadjutores de Deus, nosso Pai nos
Céus, é o de salvar os habitantes da terra.”32 Isto certamente não se
parece com as interpretações, erroneamente a ele creditadas, de
seus pontos de vista em relação ao Pai e ao Filho, e a Adão a quem
Deus criou!
O PRESIDENTE YOUNG ENSINA A PATERNIDADE DE
CRISTO. Outra declaração ambígua do Presidente Brigham Young
— também provavelmente não registrada exatamente como a fez --
é separada de seu contexto e usada pelos inimigos da verdade para
fazer parecer que ele acreditava em algo completamente diferente
da soma de todos os seus demais ensinamentos. É esta:
“Quando a Virgem Maria concebeu o menino Jesus, o Pai o
havia gerado à sua própria semelhança. Ele não foi gerado pelo
Espírito Santo. E quem é o Pai? Ele é o primeiro da família humana;
e quando ele [Cristo] assumiu um tabernáculo, este foi gerado
por seu Pai nos céus, da mesma forma como os tabernáculos de
Caim, Abel e o resto dos filhos e filhas de Adão e Eva…
Jesus, nosso irmão maior, foi gerado na carne pelo mesmo
personagem que estava no Jardim do Éden, e que é nosso Pai nos
Céus…
“Agora, daqui por diante, lembrai-vos sempre de que Jesus
Cristo não foi gerado pelo Espírito Santo.”33
A declaração do Presidente Brigham Young, de que o Pai é
o primeiro da família humana, é facilmente explicável. Porém, o dito
de que ele foi o mesmo personagem encontrado no Jardim do Éden,
tem sido mal interpretado por causa das implicações que nossos
inimigos lhe atribuem com referência a Adão. Infelizmente, o
Presidente Brigham Young não está aqui para poder esclarecer
perfeitamente sua opinião a esse respeito. Nestas circunstâncias,
somos obrigados a recorrer a outros pronunciamentos seus, a fim
de determinar exatamente o que na realidade pensava quanto a
Deus, Adão e Jesus Cristo.
DEUS: O PRIMEIRO DA FAMÍLIA HUMANA. Permiti-me
comentar primeiro a declaração de que Deus é o “primeiro da família
humana”. Esta mesma doutrina foi ensinada por Joseph Smith. É
uma doutrina fundamental da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias. De acordo com os ensinamentos de Joseph Smith, em
sua gloriosa visão ele contemplou o Pai e o Filho, e ensinou que
ambos tinham um corpo de carne e ossos. Ele o diz com estas
palavras:
“O Pai possui um corpo de carne e ossos tão tangível como o do
homem; o Filho também; mas o Espírito Santo não possui um corpo
de carne e ossos, mas é um personagem de Espírito. Se assim não
fora, o Espírito Santo não poderia habitar em nós.”34
Ensinou, da mesma forma, que Deus é, literalmente, nosso Pai;
que os homens são da mesma raça — a raça chamada de
humanos; e que Deus, o Progenitor, ou Criador, é o Pai da raça
humana.” À imagem de seu próprio corpo, macho e fêmea, os criou,
e os abençoou, e chamou seu nome Adão, no dia em que foram
criados e se tornaram almas viventes na terra sobre o escabelo de
Deus.”35
Que Deus, o Grande Eloim, é o Primeiro, ou Criador da família
humana, é doutrina comum para os santos dos últimos dias.
O PAI ESTAVA COM ADÃO NO ÉDEN. Quanto à declaração do
Presidente Brigham Young, de que o Pai de Jesus Cristo é o mesmo
personagem que esteve no Jardim do Éden, deve ficar
perfeitamente claro que ele não se referia a Adão, mas a Deus, o
Pai, o qual criou Adão, pois ele esteve no Jardim do Éden; e, de
acordo com a doutrina mórmon, Adão estava constantemente em
sua presença, andando com ele, falando com ele e o Pai ensinou-
lhe sua língua. Não foi senão depois da queda, que o Pai
abandonou Adão, não mais o visitando no Jardim do Éden.
Certamente devemos conceder ao Presidente Brigham Young
um crédito de pelo menos uma inteligência comum, e dizendo isso,
estou sendo moderado. Se quisesse transmitir a ideia de que o
personagem que estava no Jardim do Éden, “e que é nosso Pai nos
céus”, era Adão, isto estaria em conflito com tudo o mais que ele
ensinou com respeito a Deus, o Pai, e posso afiançar que o
Presidente Young não estava sendo inconsistente ao ensinar essa
doutrina. A própria declaração em pauta, “pelo mesmo personagem
que estava no Jardim do Éden, e que é nosso Pai nos
céus”, contradiz a ideia de que ele se referia a Adão.
ENSINAMENTOS DE BRIGHAM YOUNG A RESPEITO DE
ADÃO. Agora gostaria de apresentar uma ou duas expressões de
Brigham Young em outros discursos seus — logicamente os críticos
jamais pensam em referir-se a eles:
“Como sucedeu que a verdade teológica está tão largamente
disseminada? É porque Deus era, em certa época, conhecido entre
os filhos dos homens na terra, exatamente como nós conhecemos
um ao outro. Adão estava tão familiarizado com seu Pai, que o pôs
nesta terra, como nós estamos familiarizados com nossos pais
terrenos. O Pai vinha visitar seu filho Adão frequentemente, falando
e andando com ele; e os filhos de Adão conheciam-no mais ou
menos. As coisas pertinentes a Deus e aos céus eram tão familiares
entre a humanidade nos primeiros tempos de sua existência na
terra, como as montanhas o são aos montanheses.”36
“Como Adão e Eva pecaram? Eles se colocaram em oposição
direta a Deus e seu governo? Não, mas transgrediram um
mandamento do Senhor, trazendo o pecado ao mundo através
dessa transgressão.”37
“A família humana é formada segundo a imagem de nosso Pai e
Deus. Depois de ser organizada a terra, o Senhor nela colocou seus
filhos, dando-lhes domínio dela e dizendo-lhes que era seu lar…
Então aparece Satanás e consegue vencê-los através da fraqueza
que existia nos filhos do Pai, quando foram mandados para a
terra, e surgiu o pecado, e assim estamos sujeitos a pecar.”
Nosso Senhor Jesus Cristo -- o Salvador, o qual redimiu o
mundo e todas as coisas a ele pertencentes, é o Unigênito do Pai
com relação à carne. Ele é nosso Irmão Maior e o Herdeiro da
família, e como tal o adoramos. Ele provou a morte em prol de todo
o homem e pagou a dívida contraída pelos nossos primeiros pais
[isto é, Adão e Eva].”38
“Os santos dos últimos dias creem em Jesus Cristo, o Filho
Unigênito do Pai, o qual veio no meridiano dos tempos, cumpriu sua
tarefa, sofreu o castigo e pagou a dívida do pecado original do
homem, oferecendo-se a si mesmo; [creem] que ele ressuscitou da
morte e subiu a seu Pai; e assim como Jesus desceu abaixo de
todas as coisas, ele subirá acima de todas as coisas.”39
Por estas declarações, fica perfeitamente claro que o Presidente
Brigham Young não acreditava e não ensinou que Jesus Cristo foi
gerado por Adão. Ensinou que Adão morreu e que Jesus Cristo o
redimiu. Ensinou que Adão desobedeceu ao mandamento do Pai,
ou Deus, e foi expulso do Jardim do Éden. Disse que Adão estava
familiarizado com o Pai no Jardim do Éden. Todos os membros da
Igreja creem nisto, e também que o Pai esteve no Jardim do Éden
até Adão ser expulso por sua transgressão.
ADÃO NÃO FOI O PAI DE CRISTO. A declaração: “E quando
ele assumiu um tabernáculo, este foi gerado por seu Pai nos céus,
da mesma maneira como os tabernáculos de Caim, Abel e o resto
dos filhos e filhas de Adão e Eva”, refere-se ao corpo de Jesus
Cristo.
Adão morreu por provar do fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal, conforme o prevenira o Pai.40 O espírito e corpo de
Adão foram separados, e não foi ressuscitado até depois da
ressurreição de Jesus Cristo.41 Adão, quando era espírito sem
corpo, não podia gerar um corpo de carne e ossos; portanto, não
poderia ser o Pai de Jesus Cristo na carne.
Novamente, Adão dependia tanto quanto nós de Jesus Cristo
para a ressurreição, a qual proveio do fato de Jesus ter vida em si
mesmo, assim como o Pai.42 Por isso, ele tinha que ter um Pai que
possuísse um corpo de carne e ossos imortal, não um pai que era
espírito com um corpo na sepultura, que se houvesse transformado
em pó.
ADORAMOS ELOIM: NÃO ADÃO. Nós adoramos Eloim, o Pai
de Jesus Cristo. Não adoramos Adão nem oramos a ele. Todos nós
somos filhos dele através da carne, mas Eloim, o Deus que
adoramos, é o Pai de nosso espírito; e Jesus Cristo, seu Filho
Primogênito na criação espiritual e Filho Unigênito na carne, é o
nosso Irmão Maior.
O ANCIÃO DE DIAS. Daniel fala de Adão como o Ancião de
Dias. Nesta dispensação, o Ancião de Dias se assentará no vale de
Adam-ondi-Ahman; e será feito o julgamento; Cristo virá; e o reino
será entregue a Cristo; e ele será apoiado em seu chamado como o
Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.43
Anotação
1. Abraão 3:22-25; 5:4-8; Moisés 3:7; Apoc. 12:7-9.

2. Rel. Soc. Mag., vol. 39, pp. 4-5.

3. Alma 42:2; Gên. 2:7; D & C 77:12; Moisés 3:7.

4. Moisés 4:25; Gên. 3:19.

5. Corresp. Pessoal.

6. 2 Néfi 2:22; Moisés 6:58-59.

7. Church News, 15 de abril de 1939, pp. 3, 6: Alma 11:45; 12:18; D & C 63:49: 88:16, 116: 93:33-34.

8. 2 Néfi 2:22: Gên. 9:2-6: Lev. 17:10-14.

9. Moisés 3:7.

10. D & C 1:19; 67:11; 76:73-74; 84:21; João 8:15; Rom. 8:12-13; Jer. 17:5.

11. Gên. 1:11-30; Moisés 2:11-30.

12. Journal of Discourses, vol. 1, p. 235.

13. Journal of Discourses, vol. 10, p. 312.

14. D & C 84:16; Moisés 1:34; 3:7; 6:45; Abraão 1:3; I Néfi 5:11.

15. Versão Inspirada, Lucas 3:45.

16. Era, vol. 13, p. 75; Joseph Fielding Smith, Man: His Origin and Destiny, pp. 348-355.
17. Joseph Fielding Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 163.

18. Corresp. Pessoal.

19. Era, vol. 22, p. 466: Moisés 2:26-27: 5:58: 6:5-6, 46.

20. Rel. Soc. Mag., vol. 39, pp. 4-5: Moisés 5:2-15, 57-59; 6:51-68; 7:1.

21. Era, vol. 44, p. 525.

22. Journal of Discourses, vol. 1, p. 50.

23. Moisés 2:26-30; 3:4-25; 4:5-31; 5:1-12.

24. João 10:34-36.

25. Rom. 8:14.

26. Gál. 4:6.

27. D & C 132:17, 19-25, 29-32, 37, 49.

28. D & C 78:15-16.

29. Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pp. 153-54.

30. D & C 29:34.

31. D & C 107:53-56.


a
32. Discourses of Brigham Young, 2. ed., p. 94.

33. Journal of Discourses, vol. 1, pp. 50-51.

34. D & C 130:22.

35. Moisés 6:9.


a
36. Discourses of Brigham Young, 2. ed., p. 159.

37. Ibid., p. 157.

38. Discourses of Brigham Young, p. 40.

39. Ibid., p. 39.

40. Moisés 3:16-17; 4:9, 17; 6:10-12.

41. Atos 26:23; 1 Cor. 15:20-23; Col. 1:18; Apoc. 1:5.

42. João 10:14-18.

43. Corresp. Pessoal; Dan. 7:9-14; D & C 116; Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 153.
CAPÍTULO 7
A QUEDA DE ADÃO
CONDIÇÃO DE ADÃO ANTES DA QUEDA
BÊNÇÃOS DA MORTALIDADE ERAM DESCONHECIDAS NO
ÉDEN. Encontramos Adão no Jardim do Éden com a promessa de
que poderá viver ali, ficar ali, deleitar-se no que lhe é possível sob
as condições, enquanto quiser, enquanto não fizer algo que lhe foi
proibido, isto é, provar do fruto da árvore do conhecimento do bem e
do mal. Foi informado de que, no dia em que comesse daquele
fruto, haveria de morrer.1
Vemos, pois, que a condição de Adão antes da queda era:
1. Ele não estava sujeito à morte.2
2. Estava na presença de Deus.3 Ele o via exatamente como vós
vedes vossos pais; estava em sua presença e aprendeu a sua
linguagem. Bem, se algum de vós é professor de nossas escolas de
línguas e tem a ideia de que a linguagem surgiu como dizem esses
teóricos, digo-vos que Adão falava uma linguagem perfeita, pois lhe
foi ensinada a língua de Deus. Esta foi a primeira língua sobre a
terra. Chega quanto às tais teorias.
3. Ele não tinha posteridade.
4. Não tinha conhecimento do bem e do mal.4 Ele tinha
conhecimento, é lógico. Sabia falar. Sabia conversar. Havia muitas
coisas que podia aprender e foram-lhe ensinadas; mas, sob as
condições em que então vivia, era-lhe impossível visualizar ou
entender o poder do bem e do mal. Ele não sabia o que era a dor.
Não conhecia a tristeza: e mais uma porção de outras coisas que
nos acontecem nesta vida Adão não conhecia no Jardim do Éden,
não podia entender e não teria conhecido, se ali ficasse. Essa era
sua condição antes da queda.5
ANTES DA QUEDA NÃO HAVIA MORTE NA TERRA. O Senhor
considerou a terra boa quando estava terminada. Tudo que havia na
face dela foi considerado bom. Antes da queda de Adão, não havia
morte na terra. Pouco me importa o que dizem os cientistas sobre
dinossauros e outras criaturas sobre a terra milhões de anos atrás,
que viviam e morriam, combatiam e lutavam pela existência.
Quando a terra foi criada e declarada boa, reinava paz entre todas
as criaturas sobre a sua face. Não havia contenda e maldade, nem
tampouco qualquer corrupção…
Toda vida no mar, no ar, na terra era isenta de morte. Os animais
não morriam. As coisas não mudavam como as vemos mudando
nesta existência mortal, pois a mortalidade não chegara. Hoje
vivemos num mundo mutável, por estarmos vivendo sob condições
totalmente diversas das existentes no princípio e antes da queda do
homem.
O LIVRO DE MÓRMON ENSINA A VERDADE SOBRE A
QUEDA. Nós, santos dos últimos dias, aceitamos o Livro de
Mórmon como sendo a palavra de Deus. Temos certeza de que o
Senhor pôs o selo de aprovação sobre ele, quando de sua tradução
e falou com sua própria voz às testemunhas, ordenando-lhes que
dele testificassem em todo o mundo. A palavra do Senhor me
significa mais do que outra coisa qualquer. Eu a coloco acima dos
ensinamentos dos homens. A verdade é o que prevalecerá. Toda a
teoria, filosofia e sabedoria dos sábios que não estiverem em
concordância com a verdade revelada de Deus perecerá. Elas têm
que mudar e passar, e estão mudando e passando constantemente;
mas, quando o Senhor fala, isto é verdade eterna na qual se pode
confiar.
O Evangelho nos ensina que, se Adão e Eva não tivessem
provado do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, eles
teriam permanecido no Jardim do Éden na mesma condição
existente antes da queda. Nesse caso, não teriam tido semente.
“Adão caiu, para que os homens existissem”, conforme foi decretado
nos céus antes de o mundo existir. Leí nos deu uma visão bastante
clara e compreensível da obra de Adão e da expiação de Jesus
Cristo; e o Livro de Mórmon é muito explícito ao ensinar essas
doutrinas fundamentais. Com respeito à condição pré-mortal de
Adão e da terra inteira, disse Leí:
“Vede, portanto, que, se Adão não houvesse transgredido, não
teria caído e teria permanecido no Jardim do Éden. E todas as
coisas que foram criadas deveriam ter permanecido no mesmo
estado em que estavam depois de terem sido criadas; e assim
deviam permanecer para sempre, sem ter fim.”6
Não é uma declaração suficientemente clara? Em quem ireis
acreditar, no Senhor ou nos homens?
ADÃO FOI PREORDENADO PARA CAIR. O Senhor não
pretendia que a terra ficasse naquela condição. Leí diz mais: “Mas
eis que todas as coisas foram feitas pela sabedoria daquele que
tudo conhece.” Esta terra foi preparada para o progresso dos filhos
de Deus. Viemos da preexistência, a fim de recebermos um
tabernáculo de carne e ossos e passar pela mortalidade. Foi
decretado nos céus que os homens deveriam morrer depois de
virem para esta provação e aprenderem as dores e tribulações da
mortalidade, bem como suas alegrias e felicidade. Nas Escrituras,
Jesus Cristo é descrito como o Cordeiro que foi morto desde a
fundação do mundo.7 Pedro diz que nós não fomos redimidos com
coisas corruptíveis como prata e ouro, mas com o precioso sangue
de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, “o qual,
na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da criação
do mundo, mas manifestado nestas últimos tempos por amor de
vós.”8 Assim, o plano de salvação era perfeitamente entendido no
mundo espiritual, e foi-nos ensinado o propósito da vida mortal que
Adão havia de introduzir na terra.
ADÃO TINHA PODER PARA TRAZER A MORTE AO MUNDO.
Por revelação, estamos plenamente informados de que Adão não
estava sujeito à morte ao ser colocado no Jardim do Éden, nem
havia morte alguma sobre a terra. O Senhor não achou por bem
contar-nos exatamente como Adão veio ao mundo, pois não
estamos preparados para receber essa verdade. Ele não veio como
um ser ressurreto para morrer novamente, pois sabemos de modo
categórico que aqueles que passam pela ressurreição recebem
imortalidade e não podem mais morrer.
Até que o Senhor nos revele mais a respeito, basta sabermos
que Adão não estava sujeito à morte, mas tinha o poder, pela
transgressão da lei, de tornar-se sujeito a ela e fazer com que a
mesma maldição recaísse sobre a terra e toda a vida que nela
existe. Por isso, esta terra, antes considerada boa, foi amaldiçoada
depois da queda. Ela está passando por sua provação mortal, da
mesma forma como toda a vida que nela há, e eventualmente
receberá a ressurreição e um lugar de exaltação que lhe está
reservado nos céus.
VERDADES AINDA NÃO REVELADAS A RESPEITO DA
QUEDA. Tempo virá em que seremos informados de tudo sobre
Adão e a forma de criação, pois o Senhor prometeu que, quando ele
vier, dará a conhecer todas estas coisas. Eis suas palavras:
“Sim, na verdade vos digo que, no dia em que o Senhor vier, ele
revelará todas as coisas — Coisas passadas e coisas ocultas,
desconhecidas dos homens, coisas da terra, pelas quais foi feita,
seu propósito e fim — Coisas preciosíssimas, coisas do alto, e
coisas de baixo, coisas de dentro da terra, sobre a terra, e dos
céus.”9
De minha parte, estou disposto a esperar até que chegue esse
tempo, para aprender a verdade dessas coisas. Esta informação foi
dada aos santos certa vez numa dispensação anterior, mas o
Senhor disse que não poderíamos tê-la nos dias de iniquidade.
Quando os gentios “se arrependerem de suas iniquidades e se
tornarem limpos perante o Senhor”, então ela voltará a ser
revelada.10
CONDIÇÃO DE ADÃO APÓS A QUEDA
BÊNÇÃOS DA MORTALIDADE VIERAM COM A QUEDA. A
condição de Adão depois da queda:
1. Foi banido da presença de Deus e teve parte na morte
espiritual. Bem, isto foi uma terrível calamidade. Pelo menos,
conforme lemos no capítulo nove de segundo Néfi, esse banimento
da presença de Deus teria sido uma coisa sumamente terrível, se
não houvesse nenhum remédio.11
2. Teve igualmente parte na morte temporal ou física, e isto
também teria sido terrível calamidade, se não pudesse ser
remediado.12
3. Ganhou conhecimento e experiência — conhecimento do bem
e do mal.
4. Obteve o grande dom de ter posteridade.13
ADÃO TROUXE A MORTE ESPIRITUAL E TEMPORAL. Por
causa de sua transgressão, foi pronunciada sobre Adão a morte
espiritual -- banimento da presença do Senhor bem como a morte
temporal. A morte espiritual deu-se no momento da queda e
banimento; e na mesma hora, foram lançadas igualmente as
sementes da morte temporal; isto é, Adão e Eva sofreram uma
transformação física, tornando-se mortais, ficando assim sujeitos
aos males da carne que resultaram no seu declínio para a idade
avançada, e finalmente, na separação do espírito do corpo.
Antes de ocorrer essa morte temporal, o Senhor, por sua própria
voz e visitação e ministração de anjos, ensinou a Adão os princípios
do Evangelho, administrou-lhe as ordenanças salvadoras através
das quais reconquistou o favor do Senhor e retornou à sua
presença. Além disso, através da expiação, não só Adão, mas toda
sua posteridade, foi redimida dos efeitos temporais da queda, e se
levantará na ressurreição para receber imortalidade.14
A TRANSGRESSÃO DE ADÃO TROUXE A MORTE. Que a
morte veio pela transgressão de Adão nos é ensinado pelas
Escrituras. Por exemplo, o Senhor revelou: “Por causa da
transgressão vem a queda, que traz a morte; e como haveis nascido
no mundo pela água, sangue e espírito que fiz, e assim haveis
tornado do pó alma vivente, mesmo assim tereis de nascer de
novo.”15
Não consigo imaginar que o Senhor haja criado a morte em
qualquer criatura, planta, animal, ou mesmo na terra sobre a qual
habitamos, na época de sua formação. A morte veio pela violação
de uma lei e passou para todas as coisas por sentença do
Onipotente através da transgressão de Adão, por ser o senhor a
quem foi dado domínio sobre todas estas coisas.
A MORTE DE TODAS AS COISAS VIVAS VEIO PELA QUEDA.
Disse o Presidente Brigham Young: “Alguns talvez lamentem que
nossos primeiros pais tenham pecado. Isto é tolice. Se
estivéssemos lá e eles não pecassem, nós pecaríamos. Não quero
culpar Adão ou Eva. Por que? Porque era preciso que o pecado
entrasse no mundo: homem algum conseguiria jamais entender o
princípio da exaltação sem o oposto; ninguém jamais conseguiria
obter a exaltação sem ter conhecido o contrário. Como Adão e Eva
pecaram? Eles se opuseram diretamente a Deus e seu governo?
Não. Mas transgrediram um mandamento do Senhor, e por meio
dessa transgressão, o pecado veio ao mundo. O Senhor sabia que
eles o fariam e havia decidido que deveriam fazê-lo. Então caiu a
maldição sobre os frutos, sobre os vegetais e sobre nossa mãe-
terra; caiu sobre os répteis, sobre os grãos do campo, os peixes do
mar e sobre todas as coisas pertencentes a esta terra, pela
transgressão do homem.”16
O Élder Parley P. Pratt e o Presidente John Taylor deixaram-nos
este ensinamento: “Primeiro, dando ouvidos à tentação, o homem
perdeu seu lugar perante Deus; e esta queda afetou a criação
inteira, bem como o homem, causando a ocorrência de várias
mudanças; ele foi banido da presença de seu Criador, e um véu foi
posto entre eles; ele foi expulso do Jardim do Éden a fim de lavrar a
terra, a qual foi então amaldiçoada por causa do homem, devendo
começar a produzir espinhos e cardos; com o suor de seu rosto
deveria ele ganhar seu pão e dele comer em aflição todos os dias
de sua vida, para, finalmente, retornar ao pó.”17
A QUEDA DE ADÃO — UMA BÊNÇÃO
SEM QUEDA, NÃO HAVERIA IMORTALIDADE OU VIDA
ETERNA. Quando Adão foi expulso do Jardim do Éden, o Senhor
lhe impôs uma sentença. Algumas pessoas têm considerado essa
sentença como coisa horrível. Pois não foi: foi uma bênção. Nem sei
se poderá em verdade ser considerada sequer como uma punição
disfarçada.18
A fim de que a humanidade obtenha salvação e seja exaltada, é
necessário que os homens adquiram um corpo neste mundo e
passem pelas experiências e aprendizado que se encontram
somente na mortalidade. O Senhor disse que sua grande obra e
glória é “proporcionar a imortalidade e a vida eterna ao
homem”.19 Sem mortalidade, não haveria como realizar essa grande
bênção. Por isso, mundos são criados e povoados com os filhos de
Deus, garantindo-lhes o privilégio de passarem pela existência
mortal com a posse do grande dom do livre arbítrio. Por meio desse
dom, eles escolhem o bem ou o mal, recebendo, assim, uma
recompensa merecida nas eternidades vindouras. Nós estamos aqui
na vida mortal por causa da transgressão de Adão…
A queda do homem veio como uma bênção disfarçada; foi o
meio de promover os propósitos do Senhor no progresso do
homem, em lugar de ser um impedimento para ele.20
“TRANSGRESSÃO” E NÃO “PECADO” DE ADÃO. Nunca tacho
de pecado a parte que Eva teve na queda, tampouco acuso Adão de
haver pecado. Alguém poderá dizer: “Bem, mas eles não quebraram
um mandamento? Sim. Porém, vejamos a natureza desse
mandamento e os resultados decorrentes.
Em nenhum outro mandamento que o Senhor já deu ao homem,
ele disse: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não
comerás. Não obstante, poderás escolher segundo tua vontade.21
É verdade que o Senhor avisou Adão e Eva de que, provando do
fruto, estariam transgredindo uma lei, e foi o que aconteceu. Mas
transgredir uma lei nem sempre é pecado. Procurarei ilustrar este
ponto. Em seu laboratório, o químico toma de diversos elementos e
os combina, e como resultado, produz algo muito diferente.
Ele modificou a lei. Como por exemplo: duas partes de hidrogênio e
uma parte de oxigênio submetidas a uma corrente elétrica,
combinam-se e formam água. Tanto o hidrogênio como oxigênio são
inflamáveis, mas a água apaga o fogo. Isto talvez provoque
objeções por parte de críticos, alegando que isto não é transgredir
uma lei. Bem, a transgressão de Adão foi de caráter semelhante,
isto é, sua transgressão estava de acordo com a lei.
A transgressão de Adão não implicou em pecado sexual como
alguns falsamente supõem e ensinam. Adão e Eva foram casados
pelo Senhor, enquanto eram ainda seres imortais no Jardim do
Éden, antes de existir a morte no mundo.
ADÃO E EVA ALEGRARAM-SE COM A QUEDA. Antes de
provar do fruto, Adão poderia viver para sempre; portanto, sua
condição era de imortal. Comendo do fruto, tornou-se sujeito à
morte, e, portanto, passou a ser mortal. Isto foi uma transgressão da
lei, mas não um pecado no sentido estrito, pois era algo que Adão e
Eva tinham que fazer!
Tenho certeza de que nem Adão nem Eva o consideraram
pecado, quando souberam das consequências, e isto é
demonstrado em suas palavras depois de o saberem.
Disse Adão: “Bendito seja o nome de Deus, que por causa de
minha transgressão, meus olhos foram abertos e terei alegria nesta
vida, e em carne verei outra vez a Deus.”
Disse Eva: “Se não fosse pela nossa transgressão, jamais
teríamos tido semente, jamais teríamos conhecido o bem e o mal,
nem a alegria de nossa redenção, nem a vida eterna que Deus
concede a todos os obedientes.”22
Não é admissível que encaremos como pecado algo resultando
em tantos benefícios, no sentido em que entendemos o pecado.23
A MORTE CUMPRE O MISERICORDIOSO PLANO DE DEUS.
Temos participado dos benefícios e das coisas não consideradas
benefícios — se é que existem — provenientes da queda de Adão,
queda que ocasionou todas as vicissitudes da mortalidade. Ela
trouxe a dor. Trouxe a morte; porém, não devemos perder de vista o
fato de que também trouxe bênçãos, conforme mencionam as
Escrituras. Ela trouxe a bênção do conhecimento, do entendimento
e da vida mortal.
Agora, houvéssemos nós ficado naquela condição, sem
nenhuma esperança de redenção da queda, esta teria sido a mais
terrível calamidade. Gostaria de ler-vos algumas das palavras que
Jacó ensinou ao povo, conforme estão registradas no capítulo nove
de segundo Néfi:
“Porque assim como a morte passou sobre todos os homens,
para que seja cumprido o plano misericordioso do grande Criador”
— faço agora uma pausa depois de ler isto. Essa é uma expressão
muito peculiar. Não é costumeiro entre os homens encarar a
transgressão de Adão, a qual trouxe a morte, sob este ponto de
vista — que veio, a fim de cumprir “o plano misericordioso do grande
Criador”.
MORRER É TÃO IMPORTANTE QUANTO NASCER. Em outras
palavras, a morte é tão importante para o bem-estar do homem
como o nascimento. Não existe bênção que supere a bênção de
nascer. A um terço das hostes celestes foi negado esse privilégio,
porque se rebelaram, e por isso não têm um corpo de carne e
ossos, este grande dom de Deus.
Mas quem gostaria de viver para sempre neste mundo terreno,
repleto de dor, decadência, sofrimento e tribulação, ficar velho e
enfermo, e ser obrigado ainda assim a permanecer com todas as
vicissitudes da mortalidade? Se nos fosse feita essa proposição,
penso que todos chegaríamos à conclusão de que não gostaríamos
de tê-la. Nós a rejeitaríamos, Não haveríamos de querer uma vida
dessa natureza. A vida neste mundo é curta por necessidade, e não
obstante, permite cumprir todo o requerido; a morte, porém, é
exatamente tão importante no plano de salvação como o
nascimento. Nós temos que morrer — isto é essencial — e a morte
vem ao mundo “para que seja cumprido o plano misericordioso do
grande Criador”.24
“SEM ADÃO NÃO HAVERIA QUEDA; SEM QUEDA NÃO HAVERIA EXPIAÇÃO”
NOSSA DOUTRINA A RESPEITO DE ADÃO É
VERDADEIRA? Adão realmente trouxe a morte ao mundo?
Estaremos nós laborando em equívoco? Estaremos errados? Será
verdade que a morte existia aqui milhões de anos antes de Adão vir
para este mundo? Se assim for, quero saber quem a trouxe. Quem
foi o transgressor? E quem expiou pelos seres que morreram antes
da queda de Adão?25
Adão não pode ser responsabilizado pela morte antes de chegar
aqui. Pois bem, é ou não é verdade que Adão trouxe morte ao
mundo? Essas Escrituras são verdadeiras? Esses irmãos estão
certos? — e eu citei três dos presidentes da Igreja incluindo o
próprio Profeta. Eles estão certos ou devemos descartar seus
ensinamentos e os ensinamentos das Escrituras, porque as
filosofias dos homens hoje em dia apregoam uma doutrina
contrária?
OS EVOLUCIONISTAS NEGAM A QUEDA. E para onde vos
conduz essa doutrina? Eu vo-lo direi. John Fisk foi considerado um
grande homem. Ouçamos o que ele fala: “A teologia tem muito a
dizer sobre o pecado original. Esse pecado original não é nada mais
nem menos que a herança do irracional que todo homem carrega
consigo.”26 É isto o que tem a dizer um grande editor e historiador.
Eis o que disse o Dr. E. W. McBride numa conferência religiosa
— na Conferência de Oxford de Eclesiásticos Modernos — e ele é
um ministro: “Se a humanidade evoluiu lentamente de antepassados
primatas, então o que é chamado de pecado nada mais é que as
tendências que o homem herdou de seus ancestrais: nunca houve
um estado de inocência primeva, e todas as nações do mundo se
desenvolveram a partir do homem primitivo, por processos naturais
como os que deram origem aos judeus.”27
Tenho-vos ensinado aqui por essas revelações, que a queda de
Adão trouxe ao mundo o pecado, e que antes de ele trazê-lo, não
havia pecado algum. Bem, isto é o que a outra doutrina prega.
Eis o que disse o Dr. H. D. A. Major na mesma conferência: “A
ciência tem-nos mostrado que o que chamamos popularmente de
‘pecado original’… consiste na herança do homem de seus
antepassados irracionais.”28
OS EVOLUCIONISTAS NEGAM A EXPIAÇÃO. Aqui está o
que Sir Oliver Lodge tem a dizer: Bem, são homens eminentes que
estou citando: “O fato é que o homem superior de hoje não se
preocupa absolutamente com seus pecados, muito menos com sua
punição. A missão dele, se presta para alguma coisa, é manter-se
ativo, ocupado; e à medida que age mal ou insensatamente, ele
espera sofrer. Poderá inconscientemente implorar lenitivo, com o
pretexto de boas intenções; mas nunca, seja consciente ou
inconscientemente, alguém, senão um sujeito boçal, pedirá que a
punição recaia sobre outra pessoa, nem se regozijará se lhe
disserem que de fato já recaiu.”29
Em outras palavras, por acreditar na redenção que veio ao
homem através de Jesus Cristo, que ele é o Redentor do mundo,
que deu a vida para que os homens vivessem e fossem redimidos
da transgressão original, eu sou um sujeito boçal, segundo o
ensinamento de Sir Oliver Lodge. Pois bem, que me classifiquem
entre os boçais, pois sabem os céus que não quero descer ao nível
a que chegou este homem que ridiculariza a expiação de Jesus
Cristo.
Eis aqui mais outra de um pretenso ministro cristão — Durant
Drake. Diz ele: “Que tipo de justiça é essa que pode ser satisfeita
com a punição de um homem inocente e o livre perdão de miríades
de homens culpados? A teoria parece um remanescente do antigo
conceito de que é preciso aplacar os Deuses; porém, ao lado dos
deuses pagãos, contentáveis com humildes oferendas de carne e
fruto, o Deus cristão, exigindo o sofrimento e morte de seu próprio
Filho, parece um monstro de crueldade.”30
OS EVOLUCIONISTAS RIDICULARIZAM DEUS E A RELIGIÃO.
Agora, meus bons irmãos, essa abominável doutrina tão
predominante no mundo de hoje, que é ensinada em todas as
faculdades de nosso país, e que se alastrou sobre a face da terra
qual destrutivo vagalhão do mal, atacando os próprios fundamentos
de vossa fé — é a doutrina tão difundida que ridiculariza o Filho de
Deus, faz pouco de seu Pai como um monstro cruel (eu ia dizer
desumano, mas não consigo) por permitir que seu Filho sofresse por
vós e por mim.
Se homens preeminentes que estabelecem as diretrizes
educacionais, que controlam o pensamento do mundo, estão
ensinando doutrinas tão terríveis, espiritualmente destrutivas como
estas que vos li, é de admirar que o mundo esteja ridicularizando os
profetas e fazendo troça das Sagradas Escrituras? E estes são
apenas uns poucos. Milhares de livros com pensamentos
semelhantes têm sido publicados.
A CRENÇA EM ADÃO E CRISTO ANDA DE MÃOS DADAS.
Contrastando com isso, vou citar um outro grande homem. Ele foi
extraordinário. Estava enganado em muitas coisas, é óbvio, mas fez
o melhor que pôde nas circunstâncias, e acho que o Espírito do
Senhor o guiou em muitas coisas. John Wesley disse: “A queda do
homem é o próprio fundamento da religião revelada. Se for retirada,
é subvertido o sistema cristão; tampouco merecerá designação tão
honrosa como a de fábula astuciosamente engendrada.”31
Depois acrescenta: “Todos os que negam isto — chamai-o de
pecado original ou outro título qualquer — não passam ainda de
pagãos no ponto fundamental que diferencia paganismo do
cristianismo.”32 Pois bem, isto soa melhor, não é?
E existe outra verdade declarada por mais um grande pensador,
Robert Blatchford. Diz ele: “Mas — sem Adão não haveria a Queda;
sem a Queda, não haveria a Expiação; sem Expiação, não haveria o
Salvador. Como podemos crer na queda, aceitando a evolução?
Quando o homem caiu — foi antes de deixar de ser macaco, ou
depois? Foi quando era um homem arborícola, ou mais tarde? Foi
na Idade da Pedra ou na Idade do Bronze, ou na Idade do Ferro?…
E, se nunca houve uma queda, porque haveria de existir qualquer
expiação?33
Estas são questões pertinentes propostas pelo Sr. Blatchford.
“Sem Adão, não haveria a Queda; sem a Queda não haveria a
Expiação.” Isto é tão exato como nós estarmos aqui. Se sempre
existiu morte aqui, então ela não foi trazida por Adão, e ele não
poderia ter sido punido por isso. Se Adão não caiu, Cristo não
existiu, porque a expiação de Jesus Cristo está baseada na queda
de Adão. E assim enfrentamos esses problemas.
A SALVAÇÃO SE BASEIA NA QUEDA E EXPIAÇÃO. Se houver
alguém aqui que acredita que sempre existiu morte, e que o pecado
sempre esteve aqui, ele terá dificuldade em explicar Adão e a
queda, ou a expiação. Por esses escritos, podeis ver em que terrível
estado caem esses homens, não crendo na queda e na introdução
do pecado no mundo.
Se eu colocar a mão num fogão quente, é lógico que me
queimarei — isto é natural, isto não seria um pecado: e é dessa
maneira que eles encaram todas as coisas. O homem não pode
pecar, segundo essa doutrina. Sabeis de algo mais condenável que
isto? E é a isto que nos leva.
Se aqui sempre houve morte, então não poderia ter havido
expiação; e não havendo expiação, não existe salvação. Ora, não
há nada mais claro. Se as coisas não aconteceram conforme disse
o Senhor, nessas revelações, então continuamos numa condição
irremediável, e quando morrermos não mais existiremos, porque, se
tudo isso é verdade, não há nenhuma existência após esta vida —
ela é o fim. Quero dizer-vos que neste mundo há forças trabalhando
para destruir Jesus Cristo e sua missão.34
Anotação
1. Moisés 3:8-9, 16-17; Abraão 5:8-13; Gên. 2:8-9, 15-17.

2. 2 Néfi 2:22.

3. 2 Néfi 9:6; Alma 42:7-23; Helamã 14:16-17; Moisés 5:10.

4. 2 Néfi 2:23; Moisés 5:11.

5. Church News, 15 de abril de 1939, p. 6.

6. 2 Néfi 2:19-26.

7. Apoc. 13:8.

8. 1 Pedro 1:20; a versão inglesa King James diz: “o qual, na verdade, em outro tempo foi preordenado …” N.
do T.

9. D & C 101:32-34.

10. Gen. & Hist. Mag., vol. 21, pp. 148-150: Éter 4:6-7.

11. Néfi 2:5: 9:8-9; Mosias 16:1-15; Alma 42:6-11.

12. 2 Néfi 9:6-8; Mosias 16:4-11; Alma 12:26; Helamã 14:16-17; Mórmon 9:13.

13. Church News, 15 de abril de 1939, p. 6; 2 Néfi 2:23; Moisés 5:10-11.

14. Era, vol. 21, p. 192; D & C 29:41-43.

15. Moisés 6:59; 2 Néfi 9:6.


a
16. Discourses of Brigham Young, 2. ed., pp. 157-158.

17. Corresp. Pessoal: John Taylor. The Government of God, pp. 106-115, citando Parley P. Pratt, The Voice of
Warning.

18. Conference Report, 6 de abril de 1945, p. 48.

19. Moisés 1:39.

20. Church News, 15 de fevereiro de 1941, p. 1.

21. Moisés 3:17.

22. Moisés 5:10-11.

23. Corresp. Pessoal.

24. Church News, 22 de abril de 1939, p. 3; 2 Néfi 9:6.

25. Moaias 3:11; 4:7.

26. John Fisk, The Destiny of Man, p. 103.

27. The Modern Churchman, setembro de 1924, p. 232.

28. Ibid., p. 206.

29. Man and the Universe, p. 204.

30. Problems of Religion, p. 176.

31. The Works of John Wesley, vol. 1, p. 176.

32. Ibid., vol. 5, p. 195.

33. God and My Neighbor, p. 159.

34. Church News, 15 de abril de 1939, p. 8.


CAPÍTULO 8
A EXPIAÇÃO DE CRISTO
A EXPIAÇÃO BASEOU-SE NA QUEDA
PREORDENAÇÃO DA QUEDA E EXPIAÇÃO. O plano de
salvação, ou código de leis conhecido como Evangelho de Jesus
Cristo, foi adotado nos céus antes de se lançarem os fundamentos
do mundo. Lá foi designado que Adão, nosso pai, devia vir para esta
terra e ser o cabeça de toda a família humana. Era parte do grande
plano que ele deveria provar do fruto proibido e cair, introduzindo
assim no mundo sofrimento e morte, mesmo para o bem final de
seus filhos.
Ele tem sido criticado duramente por muitos por causa de sua
queda, mas os santos dos últimos dias, por meio da revelação
moderna, aprenderam que isto foi necessário, a fim de que o
homem tivesse seu arbítrio e, através das várias vicissitudes por
que tem de passar, obtivesse conhecimento tanto do bem como do
mal, sem o que lhe seria impossível ganhar a exaltação reservada
para ele.
A transgressão de Adão também foi necessária para o Filho
Unigênito do Pai vir, a fim de que redimisse o mundo da queda. Isto
também era parte do plano escolhido antes de a terra ser criada,
pois Jesus é chamado de o Cordeiro que foi morto desde a
fundação do mundo. Ele veio e nos redimiu da queda — mesmo
todos os habitantes da terra. Ele nos redimiu não só da
transgressão de Adão, mas igualmente de nossos próprios pecados,
sob condição de obedecermos às leis e ordenanças do Evangelho.1
A NATUREZA DUAL DA QUEDA. A transgressão de Adão
trouxe estas duas mortes: espiritual e temporal — ser o homem
banido da presença de Deus e também tornar-se mortal e sujeito a
todos os males da carne. A fim de que pudesse voltar à condição
anterior, tinha que haver uma reparação da lei violada. A justiça o
exigia.
A queda trouxe morte. Não é uma condição desejável. Nós não
queremos ser banidos da presença de Deus. Não queremos ficar
eternamente sujeitos à condição mortal. Não queremos morrer e ver
nosso corpo tornar-se pó, e o espírito que possui legalmente esse
corpo ser entregue aos domínios de Satanás e tornar-se sujeito a
ele.
A JUSTIÇA EXIGE EXPIAÇÃO PELA QUEDA. Mas esta era a
condição; e, não houvesse Cristo vindo como sacrifício expiatório,
conforme reclama a lei da justiça, a fim de reparar ou expiar ou
nos redimir da condição em que se encontrava o próprio Adão e na
qual nos encontramos, então viria a morte mortal; o corpo voltaria ao
pó de onde veio; o espírito iria para os domínios de Satanás ficando
sujeito a ele para sempre. A justiça exigia que se reparasse a lei
violada. A justiça exigia que, pela entrega da vida, Adão e sua
posteridade seriam levados de volta à presença de Deus.2
Para reparar a lei violada e nos redimir do poder que a morte
tinha sobre nós devido à queda, tornava-se necessário que
fôssemos redimidos por um sacrifício infinito de sangue derramado.
Jesus Cristo veio ao mundo para esse fim, pois, na preexistência,
havia-se apresentado voluntariamente para vir e morrer, a fim de
que vivêssemos.3
CRISTO SATISFEZ OS RECLAMOS DA JUSTIÇA. Jamais se
cometeu neste mundo um pecado que não fosse ou não tivesse que
ser reparado. Se eu pecar, tem que haver uma reparação ou
penalidade requerida para pagar a dívida. Se vós pecais, é a
mesma coisa. Nunca foi cometido nenhum pecado, pequeno ou
grande, que não houvesse sido expiado ou que não tenha de ser
expiado…
A justiça exigia certo preço que Adão não podia pagar, por isso
entra a misericórdia. Diz o Filho de Deus: “Eu descerei e pagarei o
preço. Eu serei o Redentor e redimirei os homens da transgressão
de Adão. Tomarei sobre mim os pecados do mundo, e redimirei ou
salvarei toda alma que se arrepender de seus próprios pecados.
Esta é a única condição. O Salvador não salva ninguém de seus
pecados individuais, a menos que se arrependa. Assim, o efeito da
transgressão de Adão foi lançar-nos no abismo com ele. Então
surge o Salvador, não sujeito àquele abismo, e baixa a escada. Ele
desce ao abismo e nos possibilita usar a escada para escapar.4
A EXPIAÇÃO NOS REDIME DA QUEDA
NATUREZA DUAL DA EXPIAÇÃO. A expiação de Jesus Cristo é
de natureza dual. Por causa dela, todos os homens são redimidos
da morte mortal e da sepultura, e se levantarão na ressurreição para
a imortalidade da alma. Então novamente, pela obediência às leis e
ordenanças do Evangelho, o homem receberá remissão dos
pecados individuais, através do sangue de Cristo, e herdará
exaltação no reino de Deus, a qual é vida eterna.
A EXPIAÇÃO TRAZ RESSURREIÇÃO PARA TODOS. A
ressurreição dos mortos tem que ser necessariamente tão
generalizada, quanto foi a maldição que trouxe a morte ao mundo.
Paulo diz: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim
também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua
ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua
vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, o
Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade
e força. Porque convém que reine, até que haja posto a todos os
inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser
aniquilado é a morte.”5
Por isto, aprendemos que a expiação se estende e abraça toda
criatura vivente na ressurreição. Enquanto uma só alma permanecer
irredenta da morte mortal e da sepultura, a morte não foi aniquilada:
portanto, toda alma será trazida à luz e receberá a ressurreição. A
morte será aniquilada, e a imortalidade sairá vitoriosa.6
CRISTO PAGOU O RESGATE. Nós estávamos cativos por
causa da transgressão de Adão. Ele, e sua posteridade depois dele,
tornaram-se sujeitos à morte. A morte tinha poder sobre nós, e se
isto tivesse continuado, o inferno teria domínio sobre nós. O que fez
Cristo? Ele nos resgatou. Restaurou-nos. Recuperou-nos por meio
de sua expiação, pelo derramamento de seu sangue. Ele pagou o
preço, conforme diz Paulo.7 Salvou-nos do cativeiro e da servidão. É
isto o que significa ser redimido. Ele nos libertou da morte. Pagou o
preço exigido pela morte: e nós, através de sua redenção, fomos
recuperados pelo pagamento do seu sangue derramado.
CRISTO LEVOU CATIVO O CATIVEIRO.8 Isto é o Evangelho de
Jesus Cristo. Isto é o que se ensina em nossas Escrituras; e para
mim foi uma grande surpresa encontrar este tipo de doutrina
falsamente pregada por alguns, de que Cristo não podia resgatar-
nos, não nos podia redimir, porque implicava o pagamento de
alguma coisa que ninguém poderia receber; portanto, alguém saiu
ludibriado.
Ninguém foi ludibriado. A morte foi paga. O inferno foi roubado,
mas ele não tinha nenhum direito ou reivindicação, somente aquilo
que assumiu. A morte tinha o direito, e a morte foi forçada a desistir
dele, porque Cristo, o Filho de Deus, o qual nunca esteve sujeito à
morte, que teve sempre poder sobre a morte, veio e aniquilou a
morte por meio do derramamento de seu sangue. Assim, estamos
redimidos.
POUCOS CONSEGUEM “SER UM” COM DEUS. Muitas vezes
ouvimos o termo expiação ser definido como reconciliação total com
Deus. Esta é apenas uma parte muito pequena da expiação. O fato
é que a grande maioria da humanidade jamais chega a “ser um”
com Deus, embora recebendo a expiação. “… porque estreita é a
porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a
encontrem.”9 Nem todos nos tornaremos “um” com Deus, no sentido
de retornarmos e recebermos a plenitude de vida que é prometida
aos que guardam os mandamentos de Deus e se tornam filhos e
filhas de Deus.10
A HUMANIDADE COMPRADA POR UM PREÇO. Lamento dizer
que tenho ouvido alguns membros da Igreja dizerem que Cristo
não nos comprou com seu sangue. Um deles declarou: “Esse
pensamento de que o povo do mundo tinha uma dívida, e Jesus a
pagou por todos, violenta a justiça, porque o sofrimento do justo em
pagar a dívida do injusto é contrário à lei da vida.” Outro diz: “Que
Jesus foi um resgate de um mundo cativo: Neste caso, Jesus
deveria ter sido pago a alguém que mantinha o mundo cativo; mas,
pela própria natureza de sua missão ou redenção, ele não podia
ficar cativo, e Deus deve ter ludibriado o captor.”
Ora, pensamentos como esses podem fazer honra a um infiel,
mas não a um membro da Igreja. Os que falam coisas assim devem
arrepender-se. Deveriam ler as Escrituras e especialmente o Livro
de Mórmon. Jesus de fato veio ao mundo para resgatá-lo. Nós
fomos comprados da morte e do inferno através de sua expiação.
Morte e inferno foram pagos — plenamente pagos — e Cristo era o
único que podia resgatar essa dívida. O que Paulo quis dizer, ao
afirmar que fomos “comprados por um bom preço”?11 O que Jesus
entende, quando se intitula nosso “Redentor”?12 Se não fomos
comprados, se não fomos resgatados por Jesus Cristo, então ainda
continuamos em nossos pecados e sujeitos à morte e ao inferno.
Tais homens, ignorantes quanto ao plano de salvação, deveriam ler
as Escrituras intensivamente.13
A EXPIAÇÃO — UM SACRIFÍCIO VICÁRIO. Todo o plano de
redenção está fundamentado no sacrifício vicário; um Ser sem
pecado representando toda a família humana, a qual se achava
inteira sob a maldição. É muito natural e justo que aquele que
comete a falta deva pagar a penalidade — expiar seu erro. Por isso,
quando Adão foi o transgressor da lei, a justiça exigiu que ele,
ninguém mais, respondesse pelo pecado e pagasse a penalidade
com sua vida.
Porém, ao violar a lei, o próprio Adão ficou sujeito à maldição, e
estando sob maldição, não podia expiar ou reparar o que havia feito.
Tampouco podiam seus filhos, pois também estavam sob a
maldição; para expiar esse pecado original, era preciso alguém que
não estivesse sujeito à maldição. Além disso, visto que todos nós
estávamos sob a maldição, éramos igualmente impotentes para
expiar nossos pecados individuais.
Portanto, tornou-se necessário que o Pai enviasse seu Filho
Unigênito, que era isento de pecado, a fim de expiar por nossos
pecados, bem como pela transgressão de Adão, o que era
reclamado pela justiça. Consequentemente ele se ofereceu a si
próprio em sacrifício pelos pecados, e através de sua morte na cruz,
tomou sobre si tanto a transgressão de Adão como nossos pecados
individuais, redimindo-nos, assim, da queda e de nossas faltas, sob
a condição de que nos arrependêssemos.
A EXPIAÇÃO NOS RESGATA DO ABISMO. Vejamos uma
ilustração: Um homem, andando pela estrada, acontece cair num
abismo tão profundo e escuro, que não consegue subir e libertar-se.
Como poderá salvar-se dessa situação angustiosa? Não por
qualquer esforço de sua parte, pois não havia no abismo meio
algum de sair. Então pede socorro, e alguma alma caridosa, ouvindo
seus gritos, corre em seu auxílio e, baixando uma escada, dá-lhe
meios para voltar novamente à superfície da terra.
Foi exatamente nessas condições que Adão colocou a si mesmo
e sua posteridade ao provar do fruto proibido. Estando todos no
fundo do abismo, ninguém poderia subir e socorrer os demais. O
abismo era o banimento da presença do Senhor, e a morte
temporal, a dissolução do corpo. Estando todos sujeitos à morte,
ninguém podia fornecer os meios de escape.
Por isso, em sua infinita misericórdia, o Pai, ouvindo os gritos de
seus filhos, enviou seu Filho Unigênito, que não estava sujeito à
morte nem ao pecado para fornecer os meios de escape. Isto ele fez
através de sua infinita expiação e do Evangelho eterno.
CRISTO TINHA VIDA EM SI MESMO
A EXPIAÇÃO FOI UM ATO VOLUNTÁRIO. O
Salvador voluntariamente deu sua vida e a retomou para satisfazer
os reclamos da justiça, a qual exigia essa expiação infinita. Seu Pai
aceitou essa oferta, em lugar do sangue de todos os que se
encontravam sob a maldição, e consequentemente eram indefesos.
Disse o Salvador: “… dou a minha vida pelas ovelhas… Por isto o
Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-
la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho
poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento
recebi de meu Pai.”14
POR QUE CRISTO PÔDE EXPIAR. Por aí vemos que ele tinha
vida em si mesmo, atributo recebido do Pai por ser seu Filho
Unigênito na carne. E foi este princípio que lhe deu poder para
expiar pelos pecados do mundo, tanto pela transgressão de Adão
como por nossos pecados individuais, dos quais não poderíamos
libertar-nos sozinhos. Por isso, Cristo morreu em nosso lugar,
porque punir-nos não resolveria a situação — continuaríamos
sujeitos à maldição, mesmo que nosso sangue fosse derramado;
através da morte dele, recebemos a vida e a temos “com
abundância.15
POR QUE CRISTO PODIA DECIDIR VIVER OU MORRER. Todo
homem nascido neste mundo herdou de Adão a morte, exceto
Jesus Cristo. Ele sempre foi senhor da morte. Tinha o poder de
morrer, o qual herdou de sua mãe, pois ela era mortal. Ele tinha
sangue nas veias, e o sangue é a vida do corpo mortal. Quando seu
coração pulsava, fazia o sangue circular por seu corpo, exatamente
como circula pelo nosso, mas nele havia algo mais muito diferente
de nós. Ele não tinha um pai mortal. José não era seu Pai. O Pai do
corpo dele é o Pai de nosso espírito. E ele deu a Jesus Cristo, seu
Filho, vida em si mesmo. A morte não tinha poder sobre ele…
COMO CRISTO GANHOU AS CHAVES DA RESSURREIÇÃO.
Ora, nós não temos poder para dar nossa vida e tornar a tomá-la.
Mas Jesus tinha poder para dar sua vida, e tinha poder para retomá-
la; e quando foi morto na cruz, ele se rendeu àqueles judeus
iníquos. Ao ser pregado na cruz, submeteu-se mansamente, mas,
tendo poder dentro de si, poderia ter resistido. Ele veio ao mundo
para morrer, a fim de que pudéssemos viver, e sua expiação pelos
pecados e pela morte é a força pela qual somos levantados para a
imortalidade e vida eterna.
Desse modo, Jesus Cristo fez por nós, através de sua expiação
infinita, o que não poderíamos fazer por nós mesmos. No terceiro
dia após a crucificação, ele retomou seu corpo e ganhou as chaves
da ressurreição, e com isto tem poder de abrir as sepulturas para
todos os homens; isto, porém, ele não poderia fazer, sem antes
passar pessoalmente pela morte e conquistá-la.
Ora, não é difícil de se entender como Jesus Cristo, sendo o
Filho de Deus, tinha esse poder em si mesmo, pois ele herdou a
vida de seu Pai que é eterno e imortal. Talvez não sejamos capazes
de compreender plenamente como lhe foi requerido fazer o trabalho
por nós vicariamente pelo derramamento de seu sangue, mas este
foi o caso, e nós lhe devemos tudo, pois ele nos resgatou pelo
derramamento de seu sangue.16
O PREÇO QUE CRISTO PAGOU POR NÓS
CRISTO SOFREU POR TODOS OS QUE SE ARREPENDEM.
Ele veio a este mundo e tomou sobre si nossos pecados individuais,
sob a condição de nos arrependermos. Cristo não redimirá homem
algum de seus pecados individuais, se este não se arrepender e não
aceitá-lo. Todos aqueles que se recusam a aceitá-lo como o
Redentor e se recusam a abandonar seus pecados, terão de pagar
o preço de seus próprios pecados.
“Pois eis que Eu, Deus, sofri estas coisas por todos, para que,
arrependendo-se, não precisassem sofrer. Mas, se não se
arrependessem, deveriam sofrer assim como Eu sofri; Sofrimento
que me fez, mesmo sendo Deus, o mais grandioso de todos, tremer
de dor e sangrar por todos os poros, sofrer tanto corporal como
espiritualmente — desejar não ter de beber a amarga taça e recuar
— Todavia, glória ao Pai, eu tomei da taça e terminei as
preparações que fizera para os filhos dos homens.”17
SOFRIMENTO INFINITO NA EXPIAÇÃO. Eis o que ele fez: De
alguma forma que não consigo entender e vós não podeis entender,
ele carregou o fardo do peso combinado dos pecados do mundo. Já
é bastante duro eu carregar minhas próprias transgressões, e
bastante duro vós carregardes as vossas. Nenhum de nós é
perfeito. Todos temos feito coisas que não deveríamos, e quando
fazemos coisas que não deveríamos fazer, não nos sentimos muito
bem; ficamos perturbados. Tenho visto homens no fel da amargura,
nos tormentos e angústia de sua alma, por causa de seus pecados.
Vi-os chorando amargamente por causa de suas transgressões —
pecados de um único indivíduo. Podeis compreender os sofrimento
de Jesus Cristo, ao suportar o peso combinado dos pecados, não
meramente por manifestação física, mas de alguma forma ou
condição espiritual e mental?
O SOFRIMENTO MAIOR FOI NO GETSÊMANI. Falamos da
paixão de Jesus Cristo. Muita gente pensa que seu maior sofrimento
foi quando estava na cruz, e lhe transpassaram as mãos e os pés
com cravos. Seu sofrimento maior deu-se antes de ser posto sobre
a cruz. Foi no Horto do Getsêmani que o sangue lhe brotou pelos
poros do corpo: “Sofrimento que me fez, mesmo sendo Deus, o
mais grandioso de todos, tremer de dor e sangrar por todos os
poros, sofrer tanto corporal como espiritualmente — desejar não ter
de beber a amarga taça e recuar.”
Isto não foi quando estava na cruz; foi no horto. Foi ali que
sangrou por todos os poros de seu corpo.18
Bem, eu não consigo compreender tal dor. Tenho sofrido dor, vós
sofrestes dor, e por vezes ela tem sido bastante forte; mas não
consigo compreender uma dor que seja mais angústia mental do
que física, que faça o sangue brotar do corpo como o suor. Foi uma
coisa terrível, uma coisa espantosa; por isso podemos entender por
que ele chegou a clamar ao Pai:
“Se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja
como eu quero, mas como tu queres.”19
OS JUSTOS ESCAPAM AO SOFRIMENTO ATRAVÉS DA
EXPIAÇÃO. Um homem mortal não teria conseguido suportar — isto
é, um homem igual a nós. Não importa quão grande sua fortaleza,
quão grande seu poder, jamais nasceu neste mundo um homem
capaz de resistir ao peso do fardo suportado pelo Filho de Deus,
quando ele arcou com os meus e os vossos pecados, tornando
possível escaparmos deles. Ele carregou esse fardo por nós, desde
que apenas o aceitemos como nosso Redentor e guardemos seus
mandamentos. Alguns de nós achamos tão difícil, tão terrivelmente
difícil fazer as pequenas coisas que nos são pedidas, e no entanto,
ele se dispôs a carregar todo esse tremendo fardo e peso de
pecado — não o próprio, pois que não tinha pecado. Ele o fez para
nos salvar. Pagou o preço, a penalidade de nossos pecados.
Por isso digo que jamais se cometeu um pecado que não fosse
expiado. Cristo pagou a dívida de meus pecados sob uma condição,
e esta é que eu creia nele e guarde seus mandamentos. Ele fez isso
por vós e todas as demais pessoas do mundo; mas nunca pagou
qualquer dívida na cruz, ou antes de estar na cruz, pelos pecados
de qualquer um de nós, se formos rebeldes. Se formos rebeldes,
teremos que pagar o preço nós mesmos.20
A EXPIAÇÃO E NOSSA INGRATIDÃO
CRISTO PAGOU UM PREÇO INFINITO POR NÓS. É impossível
a fracos mortais, e todos somos fracos, compreender plenamente a
extensão do sofrimento do Filho de Deus. Não conseguimos
imaginar o preço que ele teve que pagar … Entretanto, está ao
nosso alcance saber e entender que a cruciante agonia de seu
sacrifício nos trouxe as maiores bênçãos que poderiam ser
concedidas. Além disso, somos capazes de compreender que esse
sofrimento extremo — que estava muito acima do poder do homem
mortal cumprir ou suportar — foi assumido por causa do grande
amor que o Pai e o Filho tinham pela humanidade.
A INGRATIDÃO DA DESOBEDIÊNCIA. Somos extremamente
ingratos para com nosso Pai e seu Amado Filho, quando nos
recusamos a guardar os mandamentos em toda humildade com
“corações quebrantados e espíritos contritos”. A violação de
qualquer mandamento divino é um ato de suma ingratidão,
considerando tudo o que nos foi feito, por meio da expiação de
nosso Salvador.21
Nunca seremos capazes de saldar a dívida. O agradecimento de
nosso coração deveria chegar a transbordar em amor e obediência
por sua grande e compassiva misericórdia. Jamais deveríamos
desapontá-lo pelo que ele nos fez. Ele nos comprou por bom preço,
o preço de seu imenso sofrimento e sangue derramado em sacrifício
na cruz.22
Bem, ele nos pediu que guardássemos seus mandamentos. Ele
diz que não são pesados e existem tantos de nós que não estamos
dispostos a fazê-lo. Estou falando agora do povo da terra em geral.
Não estamos dispostos a fazê-lo. Isto é sem dúvida ingratidão. Nós
somos ingratos.
Todo membro da Igreja que viola o dia do Sábado, que não é
honesto ao pagar seu dízimo, que não guarda a Palavra de
Sabedoria, que viola conscientemente qualquer dos outros
mandamentos dados pelo Senhor, é ingrato para com o Filho de
Deus, e sendo ingrato para com o Filho de Deus, é ingrato para com
o Pai que o enviou.
INGRATIDÃO PARA COM CRISTO. Se nosso Salvador fez tanto
por nós, como por tudo neste mundo ousamos não querer acatar
seus mandamentos que não são pesados, que não nos causam
sofrimento algum, desde que apenas os guardemos? E contudo, as
pessoas quebram a Palavra de Sabedoria; recusam-se a cumprir
seus deveres como oficiais e membros na Igreja; muitas deixam de
comparecer às reuniões que o Senhor lhes pede que prestigiem.
Elas seguem seus próprios desejos, se estão em conflito com os
mandamentos do Senhor.
Se entendêssemos nossa posição e amássemos o Senhor,
nosso Deus, de todo o coração, toda a alma e de todo o
pensamento … guardaríamos seus mandamentos. Quando assim
não fazemos, eu vos digo, meus irmãos e irmãs, demonstramos
ingratidão para com Jesus Cristo.23
O crime da ingratidão é um dos mais frequentes e poderia
afirmar, ao mesmo tempo, um dos maiores que afligem a
humanidade. Quanto mais o Senhor nos abençoa, tanto menos o
amamos. É assim que os homens mostram sua gratidão ao Senhor
por suas misericórdias e bênçãos para com eles!24
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO PELO SANGUE25
PODER PURIFICADOR DO SANGUE DE CRISTO. Os santos
dos últimos dias creem na eficácia do sangue de Cristo. Creem que
conseguem a remissão dos pecados pela obediência às leis e
ordenanças do Evangelho; mas isto seria impossível, se Cristo não
houvesse morrido por eles.26 Se acreditásseis em expiação pelo
sangue, poderia perguntar-vos por que o sangue de Cristo foi
derramado e em lugar de quem? Pedir-vos-ia que explicásseis as
palavras de Paulo: “Sem derramamento de sangue, não há
remissão.”27
Estais cientes de que existem certos pecados que o homem
pode cometer para os quais o sangue expiador de Cristo de nada
vale? Não sabeis, também, que essa doutrina é ensinada no Livro
de Mórmon? E não é isto mais uma razão para descartar-vos do
livro, bem como do nome? Não será seguro para nós confiarmos
nas Escrituras para a solução de problemas desse tipo?28
A LEGÍTIMA DOUTRINA DA EXPIAÇÃO PELO SANGUE.
Apenas uma ou duas palavras sobre a circunstância da expiação
pelo sangue. O que é esta doutrina? Sem adulterações, se me
permitis, pondo de parte as perniciosas insinuações e acusações
mentirosas feitas com tanta frequência é simplesmente isto: Através
da expiação de Cristo, toda a humanidade poderá ser salva pela
obediência às leis e ordenanças do Evangelho. A salvação é
dupla: Geral — aquela usufruída por todos os homens,
independentemente de sua fé em Cristo (nesta vida) —
e individual — à qual o homem faz jus por seus próprios atos
durante a vida e pela obediência às leis e ordenanças do
Evangelho.
Mas o homem pode cometer certos pecados nefandos — de
acordo com sua luz e conhecimento — que o colocarão fora do
alcance do sangue expiador de Cristo. Então, se quiser ser salvo,
terá que sacrificar sua própria vida para expiar — na medida de seu
poder — aquele pecado, pois em certas circunstâncias, somente o
sangue de Cristo não bastará.
OS ASSASSINOS E A EXPIAÇÃO: Acreditais nesta doutrina?
Se não, digo-vos que não acreditais na verdadeira doutrina da
expiação de Cristo! Esta é a doutrina de Cristo, nosso Redentor, o
qual morreu por nós. Esta é a doutrina de Joseph Smith, e eu a
aceito.
Em lugar de quem morreu Cristo? Desejaria que os membros de
vossa igreja tivessem imparcialidade suficiente para discutir os
méritos desta questão.
Volto a recomendar-vos uma leitura cuidadosa das citações em
minha carta aberta. Encontrá-las-eis conforme segue: Livro de
Mórmon — 2 Néfi 9:35; Alma 1: 13-14 e 42:19.Bíblia — Versão
Inspirada, Gênesis 9:12-13; Lucas 11:50; Hebreus 9:22 e 10:26-29;
1 João 3:15 e 5:16. Doutrina & Convênios 42:18-19, 79; 87:7;
101:80.
A estas acrescento: “Todo aquele que matar alguma pessoa,
o assassino será morto pela boca de testemunhas; mas uma só
testemunha não testemunhará contra pessoa alguma para causar-
lhe a morte. Além disso, não tomareis expiação pela vida do
homicida, que é culpado de morte; mas ele certamente será
morto… Assim não profanareis a terra em que estais: porque o
sangue profana a terra; e a terra não poderá ser limpa do sangue
nela derramado, senão com o sangue daquele que o derramou.”29
HOMENS DE ANTIGAMENTE MORTOS EM EXPIAÇÃO DE
PECADOS. Quereis alguns exemplos de homens justamente mortos
para expiarem seus pecados. Que dizer da morte de Nehor?30 E de
Zemnariah e seus adeptos?31 E quanto a Er e Onã, mortos pelo
Senhor?32 e Nadabe e Abiú?33 E a morte de Acã?34
Não foram eles mortos justamente para expiarem seus
pecados? E foram estes a classe de casos a que o Presidente
Young se referiu em seu discurso que citais incorretamente. Ele no-
lo diz no mesmo discurso, na parte que deixais de citar. Ei-la:
“Agora tomemos os iníquos e eu posso indicar-vos onde o
Senhor teve que matar toda alma dos israelitas que saíram do Egito,
exceto Caleb e Josué. Ele os matou pela mão de seus inimigos,
com pragas e pela espada. Por que? Porque os amava e prometera
a Abraão que os salvaria.”35
EXPIAÇÃO E PECADOS PARA MORTE. Joseph Smith ensina
que existem certos pecados tão nefandos que o homem pode
cometer, que colocarão o transgressor além do poder de expiação
de Cristo. Se forem cometidas tais ofensas, aí o sangue de Cristo
não o limpará de seus pecados, mesmo que se arrependa. Por isso,
sua única esperança é ter o próprio sangue em expiação, na medida
do possível, em favor próprio. Isto é doutrina escriturística e
ensinada em todas as obras-padrão da Igreja. Desde o princípio, foi
estabelecida a doutrina de que “Quem derramar o sangue do
homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque o
homem não deverá derramar sangue de homem. Dou-vos por
mandamento que todo irmão do homem deverá preservar a vida do
homem, pois segundo minha própria imagem eu fiz o homem.”36
Esta era a lei entre os nefitas: “Ai do homicida que mata
deliberadamente pois que morrerá.”37
João diz: “Se alguém vir pecar seu irmão pecado que não é para
morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para
morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore.”38
PRÁTICA UNIVERSAL DA EXPIAÇÃO PELO SANGUE. Toda
nação, desde que começou o mundo, tem praticado a expiação pelo
sangue, pelo menos em parte, visto essa doutrina estar baseada
nas Escrituras. E, por certos crimes, os homens têm sido obrigados
a expiar seus pecados na medida do possível, visto terem-se
colocado além do poder redentor do sangue de Cristo.
Mas que a Igreja pratica “expiação pelo sangue” em apóstatas
ou outros quaisquer, o que é pregado por ministros da igreja
“Reorganizada”, é uma falsidade infame pela qual os acusadores
terão de responder.39
A LEI DA PENA CAPITAL. De conformidade e em harmonia com
essa doutrina escriturística, a qual tem sido a lei justa desde os dias
de Adão até hoje, os fundadores de Utah incorporaram às leis do
Território cláusulas para aplicação da pena capital, para aqueles que
derramassem deliberadamente o sangue de seus semelhantes. Esta
lei, que agora é lei do Estado, concedia ao condenado o direito de
escolher se queria morrer por enforcamento ou fuzilado, tendo
assim o sangue derramado de acordo com a lei de Deus; e assim,
expiar, na medida de seu poder de expiação, a morte de sua vítima.
Quase que sem exceção, os condenados escolhem a última forma
de morrer.
Isto acontece pela autoridade da lei do país, não da Igreja. Essa
lei foi incluída nos estatutos por empenho dos legisladores
mórmons, e concede ao acusado o direito de julgamento por um júri.
É nisso que os inimigos da Igreja, que preferem acreditar numa
mentira, baseiam maliciosa e falsamente a vil acusação que tendes
prazer em repetir. Quando homens acusam a Igreja de praticar a
“expiação pelo sangue” nos que negam a fé ou, quanto a isso, em
qualquer criatura vivente, estão sabendo que prestam falso
testemunho, e serão condenados diante do tribunal de Deus.40
A IGREJA JAMAIS PRATICOU EXPIAÇÃO PELO SANGUE.
Vosso relatório diz: “Esta doutrina foi introduzida por Brigham
Young” e que significava a “morte para todo aquele que deixava a
Igreja… que o apóstata, cuja garganta era cortada de orelha a
orelha… salvava sua alma.” Vós é quem melhor deveis saber por
que fazeis tal declaração; porém, não vos dais conta de que não
passa de repetição dos disparates de inimigos da Igreja, sem a
mínima parcela de verdade?
Não sabeis que nem um único indivíduo jamais “expiou com
sangue”, conforme vos apraz chamá-lo, por apostasia ou qualquer
outra causa? Não percebeis, ao repetirdes essa falsa acusação de
que foi feita pelos mais implacáveis inimigos da Igreja, antes da
morte do Profeta Joseph Smith? Sabeis de alguém cujo sangue já
foi derramado por ordem da Igreja, ou membros dela, para “salvar
sua alma”? Não sabeis que estáveis exacerbando o povo contra os
élderes mórmons, e que justamente tais acusações maliciosas e
falsas insinuações fizeram mártires pela Igreja, cujo sangue não
cessa “de subir aos ouvidos do Senhor de Sabaoth”?41
Jamais na história deste povo pode ser apontada uma época em
que a Igreja alguma vez tentou julgar ou executar um apóstata
conforme dizeis. Hoje em dia há vivendo em Utah homens que
abandonaram a Igreja nos primórdios da existência de nosso
Estado, que se acham tão seguros, e estão exatamente tão seguros
e livres de molestação por parte de seus antigos companheiros,
como vós ou outro homem qualquer poderia estar.42
ALCANCE INFINITO DA EXPIAÇÃO
A NATUREZA DA EXPIAÇÃO. No Compendium, publicado pela
primeira vez logo nos primeiros tempos, encontramos isto: “A
palavra expiação significa libertação através da oferta de um resgate
como penalidade de uma lei violada. O sentido está expresso em Jó
33:24: ‘Livra-o, que não desça à cova; já achei resgate.’ Conforme
efetuada por Jesus Cristo, significa a libertação, através de sua
morte, e ressurreição, da terra e de tudo o que nela há, do poder
que a morte conseguiu sobre eles pela transgressão de Adão.”
E na página seguinte, isto: “Essas passagens evidenciam que
a redenção da morte, através do sofrimento de Cristo, é para todos
os homens, tanto os justos como os iníquos; para esta terra e todas
as coisas sobre ela criadas.”43
EXPIAÇÃO PELA TERRA E TODA FORMA DE VIDA. Creio em
Jesus Cristo como o Filho de Deus e o Filho Unigênito do Pai na
carne; que ele veio ao mundo como o Redentor, como o Salvador; e
através de sua morte, através de seu ministério, do derramamento
de seu sangue, ele efetuou a redenção da morte para todos os
homens, para todas as criaturas — não só para o homem, mas
para toda coisa vivente e mesmo para esta própria terra, na qual
estamos, pois somos informados por revelações que ela também
receberá a ressurreição e surgirá para ser coroada como um corpo
celestial, e para ser a habitação eterna de seres celestiais.44
Anotação
1. Salvation Universal, pp. 3-4; Apoc. 13:8; Heb. 5:8-11; Mat. 7:21; 2 Néfi 2:22-27.

2. Church News, 2 de março de 1935, p. 7; D & C 29:40-45; 2 Néfi 9:6-9.

3. Church News, 12 de junho de 1949, p. 21; Moisés 4:1-2; Abraão 3:27.

4. Church News, 22 de abril de 1939, p. 5: 2 Néfi 2:6-29: 9:6-27: Alma 42:2-30.

5. 1 Cor. 15:22-26.

6. Era, vol. 19, p. 427; Atos 24:15; João 5:28-29.

7. 1 Cor. 6:20; 7:23; 15:54-55; Gal. 3:13; 4:5; Efésios 1:7.

8. Salmos 68:18.

9. Mat. 7:14.

10. Church News, 9 de março de 1935, p. 6.

11. 1 Cor. 6:20; 7:23.

12. Isaías 41:14; D & C 8:1; Apoc. 5:9-10.

13. Gen. & Hist. Mag., vol. 21, p. 155.

14. João 10:10-18.

15. Salvation Universal, pp. 10-12; Alma 34:7-16.

16. Gen. & Hist. Mag., vol. 17, pp. 146-148; João 5:21-24; 10:10-18.

17. D & C 19:16-19.


18. Mat. 26:36-46; Marcos 14:32-42; Lucas 22:39-44; Mosias 3:7.

19. Mateus 26:39.

20. Church News, 22 de abril de 1939, pp. 5, 7.

21. Rel. Soc. Mag., vol. 30, pp. 591-592.

22. Church News, 12 de junho de 1949, p. 21.

23. Conference Report, 5 de outubro de 1947, pp. 147-149.

24. Millennial Star, vol. 94, p. 385; D & C 59:5-6; Mat. 22:36-40.

25. Esta matéria sobre “Expiação pelo Sangue” foi publicada primeiramente uns cinquenta anos atrás, para
refutar acusações falsas, malévolas e injuriosas de pretensos élderes da igreja “Reorganizada”,
inclusive de certo R. C. Evans, segundo conselheiro na presidência dessa seita. Ainda hoje estão sendo
feitas falsas acusações semelhantes por algumas pessoas, que preferem andar nas trevas e combater a
verdade com mentiras. B. R. M.

26. 1 Néfi 12:10; 2 Néfi 9:7; Mosias 3:11, 15; Alma 21:9; Marcos 14:22-25; D & C 29:1, 17; 45:4; 74:7; 76:39-
41.

27. Heb. 9:22.

28. 2 Néfi 9:35; Alma 1:13-14; 42:19; Versão Inspirada, Gên. 9:12-13; Lucas 11:50; Heb. 9:22; 10:26-29; 1
João 3:15; 5:16; D & C 42:18-19, 79; 87:7; 101:80.

29. Versão Inspirada, Números 35:30-31, 33.

30. Alma 1:15.

31. 3 Néfi 4:27-28.

32. Gên. 38:7, 10.

33. Lev. 10:2.

34. Josué 7:24-25.

35. Blood Atonement and the Origin of Plural Marriage, pp. 14, 47-48: Journal of Discourses, vol. 4, p. 220.

36. Versão Inspirada, Gên. 9:12-13.

37. 2 Néfi 9:35.

38. 1 João 5:16.

39. Origin of the “Reorganized” Church, pp. 95-96.

40. Blood Atonement and the Origin of Plural Marriage, pp. 15-16.
41. D & C 87:7.

42. Op. cit., pp. 13-14.

43. Corresp. Pessoal; Compendium, pp. 8-9.

44. Conference Report, 6 de outubro de 1934, pp. 64-65; D & C 29:23-25; 88:25-26.
CAPÍTULO 9
EVOLUÇÃO
ORIGEM DA VIDA1
TEORIA DA GERAÇÃO ESPONTÂNEA. A teoria que prevalece
atualmente a respeito da origem do homem é que toda vida se
desenvolveu de uma origem comum, espontaneamente; que
homem, peixe, ave e fera, e até mesmo a vegetação sobre a terra,
provieram todos do mesmo germe original, o qual se formou por si
mesmo no mar há milhões de anos atrás, no vago e remoto
passado…
Essa teoria presume como fato que a vida, milhões de anos
atrás, se originou espontaneamente. Esta é a base da teoria da
evolução. Surge, pois, a questão natural — se foi possível a geração
espontânea, continua ela possível? Se não, por que não?
VIDA TRANSPLANTADA DE OUTRAS TERRAS. Digo-vos, a
vida não começou nesta terra espontaneamente. Sua origem não foi
aqui. A vida existia muito antes de nosso sistema solar vir a ser. O
fato é que nunca houve tempo em que o homem — feito à imagem
de Deus, macho e fêmea — não existisse. O Senhor revelou a
Joseph Smith a verdade de que o homem, no princípio, também
estava com Deus.2…
O Senhor nos informou a respeito de suas criações, e de como
ele tem feito muitas terras, pois jamais houve um princípio, jamais
houve tempo em que o homem não existisse em alguma parte do
universo e, quando chegou o tempo de esta terra ser povoada, o
Senhor, nosso Deus, nela transplantou de alguma outra terra a vida
encontrada aqui. O homem, ele o criou à sua própria imagem.
Tivéssemos nós o privilégio de sair daqui e visitar algumas de suas
outras criações, outros mundos no espaço, descobriríamos que são
povoados com seres parecidos conosco, pois eles, também, são
geração de Deus, e da mesma raça da qual nós viemos. Talvez
estivessem mais exaltados, mas, não obstante, seriam à imagem de
Deus, e assim somos nós. Adão não foi um “homem das cavernas”,
mas possivelmente o homem que mais de perto se assemelhava à
perfeição em forma e características do nosso Pai e Criador.3
A TEORIA DA EVOLUÇÃO É FALSA. A ideia de que tudo
começou com um microrganismo, da espuma da superfície do mar,
e desenvolveu-se gradualmente até que todas as formas de vida, as
feras do campo, as aves do céu, os peixes do mar e as plantas da
superfície da terra se originaram todos dessa única fonte, é absoluta
falsidade. Não há verdade nisso, pois Deus nos deu a sua palavra
pela qual podemos saber, e todos os que são guiados pelo Espírito
de Deus podem entender através deste Santo Espírito, a verdade
dessas coisas.4…
Quão tolo, quão tacanho, quão desprezível é para homens, que
professam ser inteligentes e possuir conhecimento e sabedoria
científicos, declarar que toda a vida existente na terra é espontânea,
confessar que nada sabem a respeito de qualquer forma de
existência em nenhum outro mundo e, ainda mais, declarar que a
vida daqui se originou toda da mesma simples fonte.
DEUS — A ÚNICA FONTE DE VIDA. É verdade que toda vida
provém da mesma fonte, mas esta não é a espuma do mar, uma
medusa ou um girino. Deus, nosso Pai, é o criador da vida, e ele
colocou nesta terra variadas formas de vida, e também em outros
mundos. Ele continuará sua obra nesta terra e em outros planetas,
ou mundos, que tomarão o lugar desta terra, quando ela tiver sido
exaltada e alcançado sua glória celestial. Ele continuará a realizar
seus propósitos, povoando mundos e proporcionando imortalidade e
vida eterna a seus filhos.
Bem, considero isto um pensamento nobre. Penso que é algo
que iluminará a mente dos homens e os alentará. Fortalecerá a
nossa fé e nos dará ânimo para continuarmos agindo bem, porque
nos dá esperança de coisas melhores, mesmo a imortalidade e vida
eterna como filhos e filhas de Deus. A falsa teoria, porém, que
prevalece tão amplamente no mundo, é degradante e não enobrece,
nem eleva.5
EVOLUÇÃO E RELIGIÃO NÃO SE HARMONIZAM
ADÃO NÃO EVOLUIU DE FORMAS DE VIDA MAIS
PRIMITIVAS. Pensais, porventura, que Adão, o grande e importante
príncipe, o arcanjo perante a presença de Deus, era meio
macaco? Em outras palavras, que mal acabara de evoluir
paulatinamente do reino animal, de alguma forma animal, de modo a
que o Senhor nele pudesse colocar um espírito e chamá-lo de
homem? Pensais isso? Há gente que acredita assim. É por isto que
vos faço esta pergunta.
Penso que, naturalmente, essas pessoas defensoras do ponto
de vista de que o homem evoluiu, no decorrer de bilhões de anos,
da espuma do mar, não acreditam em Adão. Honestamente, nem
sei como poderiam, e provar-vos-ei que elas não acreditam. Alguns
há que tentam fazê-lo, mas são inconsistentes — absolutamente
inconsistentes, pois tal doutrina é tão incompatível, tão
absolutamente destoante das revelações do Senhor, que é
simplesmente impossível crer-se em ambas.6
IMPOSSÍVEL CRER SIMULTANEAMENTE NO EVANGELHO E
NA EVOLUÇÃO. Afirmo com toda ênfase, não podeis crer nessa
teoria da origem do homem e ao mesmo tempo aceitar o plano de
salvação, conforme é apresentado pelo Senhor, nosso Deus. Tereis
que escolher um e rejeitar o outro, pois são diretamente conflitantes
e separados por um tão grande abismo, que não pode ser
transposto, por mais que se tente.
Se acreditais na doutrina da evolução, tendes que aceitar a tese
de que o homem evoluiu, através de incontáveis eras, da mais
primitiva forma de vida, passando por vários estágios da vida
animal, até, finalmente, atingir a forma humana. O primeiro homem,
conhecido de acordo com tal hipótese como o “homem das
cavernas”, era uma criatura absolutamente ignorante e destituída de
qualquer sinal de inteligência superior à das feras do campo.
A TEORIA DA EVOLUÇÃO NEGA A CRISTO. Adão, e com isto
quero dizer o primeiro homem, não era capaz de pecar. Não podia
transgredir, e com isto trazer ao mundo a morte; pois, segundo essa
teoria, sempre houve morte no mundo. Se, portanto, não houve
queda, não havia necessidade de expiação, seguindo-se que a
vinda do Filho de Deus como o Salvador do mundo é uma
contradição, uma coisa impossível. Estais preparados para crer
numa coisa dessas? Acreditais que o primeiro homem foi um
selvagem? Carente do dom da inteligência? Continuamente na
estrada do progresso? Isto é o que ensinam tais teóricos…
TODOS PODEM CONHECER A ORIGEM DA VIDA NA TERRA.
De onde veio o homem? Qual é o seu destino? Causa-me
estranheza os homens irem tão longe, seguindo uma quimera até
caírem no atoleiro e rejeitarem a verdade à sua porta. Como
resposta a essas questões, por que não aceitar a declaração do
Único que sabe? Esse conhecimento está ao alcance de todos. A
história é simples, mas sua grandiosidade mostra-se tão acima da
doutrina evolucionista, quanto os céus estão acima dos abismos do
inferno.
DILEMA DOS EVOLUCIONISTAS TEÍSTAS. É verdade que a
escola dos evolucionistas está dividida em duas grandes classes,
nos ramos teísta e ateísta. Mas, o evolucionista teísta é um religioso
frouxo e descrente, desculpando-se constantemente pelos milagres
das Escrituras e que não crê na missão divina de Jesus Cristo.
Volto a declarar, nenhum homem pode aceitar consistentemente
a doutrina evolucionista e crer do mesmo modo na divina missão de
nosso Redentor. Os dois conceitos são absolutamente conflitantes.
Não é possível harmonizá-los e servir aos dois senhores.
SE A EVOLUÇÃO É VERDADEIRA, A IGREJA É FALSA. Se a
vida começou na terra segundo advogam Darwin, Huxley,
Haeckel7 (que foi apanhado cometendo fraude abertamente), e
outros dessa escola, seja por acaso ou por alguma mão engenhosa,
então as doutrinas da Igreja são falsas. Então não existiu nenhum
Jardim do Éden, nenhum Adão e Eva, e tampouco uma queda. Se
não houve queda; se a morte não veio ao mundo segundo declaram
as Escrituras — e para ser consistente, se sois um evolucionista,
deveis adotar este ponto de vista — então não havia necessidade
alguma de redenção, e Jesus Cristo não é o Filho de Deus e não
morreu pela transgressão de Adão nem pelos pecados do mundo.
Então não existiu nenhuma ressurreição da
morte! Consistentemente, logicamente, não existe outra opção e
nenhuma outra alternativa. Pois bem, meus irmãos, estais
preparados para aceitar esse ponto de vista?8
OS EVOLUCIONISTAS REJEITAM A PATERNIDADE DE DEUS.
O mundo moderno está cumprindo as Escrituras que dizem que, nos
últimos dias, os homens estariam sempre aprendendo, sem nunca
chegarem ao conhecimento da verdade.9 Hoje em dia, o mundo
renega a grande verdade concernente à Paternidade de Deus
e voltou-se para fábulas. Adotou e está promulgando em livros e
escolas a doutrina degradante de que o homem não é progênie de
Deus, mas uma evolução natural através de eras incontáveis das
formas mais inferiores da vida física, até seu presente estado e
inteligência.
Tal doutrina é um insulto ao nosso Pai em cuja imagem fomos
criados, e no entanto grandes multidões parecem gloriar-se nesse
ensinamento. Paulo viu nossos dias, e por visão profética, declarou
que nesta dispensação prevaleceriam tais condições e que, por
isso, o Senhor “lhes enviará a operação do erro, para que creiam a
mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a
verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.”10
A VIDA: SUA CRIAÇÃO E QUEDA. Toda a vida nesta terra veio
de uma vida anterior. O homem nunca foi capaz de criar vida, não
obstante suas numerosas tentativas nesse sentido.
Toda vida, tendo sido criada por nosso Pai Eterno, tem que ser
eterna como ele é eterno.
Se toda vida é eterna, então deve ter sofrido uma queda.
Se toda vida caiu por causa da queda de Adão, então toda vida
tem direito a uma ressurreição, através da expiação de Jesus Cristo.
Se a vida foi produzida, ou pode ser produzida,
espontaneamente sem o poder de Deus, mas em estado natural,
então tal vida não teria direito a uma redenção, ou restauração,
desde que nunca tivera nada a que pudesse ser restaurada.11
A INTELIGÊNCIA DOS ANTIGOS
INTELIGÊNCIA DOS HOMENS DE OUTRAS ERAS. É
largamente aceito que as pessoas de hoje são mais inteligentes do
que as que viveram em épocas passadas. Não posso aceitar tal
ponto de vista, porque, com meu conhecimento da restauração do
Evangelho e dos negócios de nosso Pai Eterno com seus filhos
desde o princípio, eu sei que ele não escolheria e mandaria a este
mundo no princípio inteligências inferiores para ficarem à testa de
sua obra.
INTELIGÊNCIA DESENVOLVIDA NA PREEXISTÊNCIA. Somos
informados de que, nos conselhos realizados nos céus, quando
foram feitos testes, os espíritos humanos que então viviam em
estado pré-mortal na presença do Pai e do Filho, foram escolhidos
para viverem na terra nas diversas épocas da história do mundo, a
fim de ocuparem determinadas posições de responsabilidade em
virtude da inteligência superior manifestada no mundo espiritual.
Satisfaz-me o pensamento de que, entre tais espíritos, não havia
nenhum maior, exceto o próprio Salvador do mundo, do que o
chamado para ser o cabeça da família humana.12
CERTO CONHECIMENTO RESERVADO PARA A
DISPENSAÇÃO FINAL. Assim, pois, não é devido à maior
inteligência, mas por causa, sem dúvida, de maior acúmulo de
conhecimento aliado à inspiração proveniente do Senhor, à medida
que a concede aos homens, que recebemos os benefícios dessas
bênçãos dos últimos dias. Chegou o tempo para o Pai reunir em
uma todas as coisas em Cristo, tanto as coisas que estão nos céus
como as que estão na terra, para que seja consumada a plenitude
da sua obra. É por este motivo que estamos vendo e gozando as
grandes vantagens de nossa época. Os profetas de antigamente,
tenho certeza, falavam desses maravilhosos eventos que se dariam
na dispensação da plenitude dos tempos.13
AS INVENÇÕES MODERNAS RESERVADAS PARA OS
ÚLTIMOS DIAS. Abraão, sentado em sua tenda, não podia ler as
notícias do mundo publicadas na imprensa e recebê-las diariamente
entregues na porta; não podia apertar um botão e ligar a luz elétrica,
mas isto quer dizer que era menos inteligente do que os homens
que habitam na terra atualmente?
A verdade é que essas coisas não foram tencionadas para a
época de Abraão e elas não seriam conhecidas e utilizadas hoje em
dia, se o Senhor não as tivesse revelado ao homem, não houvesse
inspirado homens a fazerem as descobertas que foram feitas, pelas
quais podemos receber as notícias transmitidas pelo telégrafo e pela
telegrafia sem fio, e impressas pela maquinaria movida a
eletricidade.
Podemos sentar-nos confortavelmente em nossa casa e ligar a
luz, apertando um botão; podemos ler a imprensa diária e saber o
que vai pelo mundo hoje; mas isto prova que hoje somos mais
inteligentes ou que temos maior entendimento do que Abraão,
Moisés, Elias ou qualquer dos profetas daqueles tempos primitivos,
pertinentes às coisas mais essenciais para a salvação da
humanidade? De forma alguma!
PROFETAS ANTIGOS VIRAM NOSSA CIVILIZAÇÃO. Li nas
Escrituras, se as entendo corretamente, que a muitos dos profetas
de antigamente foi dada a visão de cenas da história dos filhos dos
homens até o final dos tempos, e o Senhor lhes revelou as
condições que prevaleceriam na terra nesta geração.
Eles viram, se entendo o assunto corretamente, nossos
automóveis, nossos trens ferroviários; viram, é muito provável, as
comunicações sobre a face da terra funcionando tão
maravilhosamente por transmissão sem fio, ou por meio de fios
pelos quais são transmitidas as notícias. Viram, creio eu, os aviões
voando pelos céus, porque encontramos nas profecias dessas
Escrituras antigas muitos indícios de que tais coisas foram
reveladas a esses antigos profetas.14
INVENÇÕES NEGADAS AOS HOMENS ANTIGAMENTE. Mas
essas maravilhosas descobertas e conveniências não se
destinavam à época deles. Não podiam sentar-se num automóvel e
viajar de cidade a cidade, ou andar confortavelmente num trem de
ferrovia, tampouco podiam andar numa moderna carruagem puxada
por cavalos; viajavam de um lugar para outro montados num
jumento, ou caminhando ao lado de seu animal de carga, vencendo
diariamente uns poucos quilômetros a que chamavam jornada
diária.
Não obstante, os profetas viram os últimos dias em que se
arvoraria um estandarte, a fim de que os que se reuniriam em Sião
viessem apressadamente; eles não se cansariam nem teriam
necessidade de dormir, não se lhes desatando o cinto de seus
lombos, nem a correia dos sapatos.
INVENTORES SÃO INSPIRADOS POR DEUS. Mas essas
vantagens não eram para os tempos deles, e os costumes e
condições que prevalecem agora foram-nos reservados, não porque
somos melhores ou mais merecedores que os santos de outros
tempos, nem por termos mais capacidade, mas porque estamos
vivendo na dispensação da plenitude dos tempos, quando o Senhor
está congregando todas as coisas em uma e preparando a terra
para o grande reino milenial; e, agora é necessário que todas essas
descobertas, essas maravilhosas invenções e conveniências sejam
dadas a conhecer aos filhos dos homens.
Os que fazem tais descobertas são inspirados por Deus ou
jamais as fariam. O Senhor deu inspiração a Édison, Franklin,
Morse, Whitney15 e a todos os inventores e descobridores; e através
dessa inspiração, eles obtiveram o conhecimento necessário e
foram capazes de manufaturar e inventar o que conseguiram para o
benefício do mundo. Sem o auxílio do Senhor, teriam sido tão
impotentes como os povos de outras épocas.
ABRAÃO: O MAIOR ASTRÔNOMO DE TODOS OS TEMPOS.
Abraão sabia muito mais em sua época a respeito dos planetas e
grandes astros fixos da imensidão do espaço, do que o maior
astrônomo de hoje. Como conseguiu tal conhecimento? Não por
meio de um telescópio; nem por um espectroscópio, mas abrindo-
se-lhe a visão pelo Espírito de Deus. Ele foi ensinado pelo Próprio
Senhor, o qual lhe revelou todas essas coisas e explicou os grandes
corpos celestes e seu funcionamento, também a terra, de uma
forma que jamais foi e nem pode ser alcançada pelo cientista com
ajuda de todos os seus instrumentos e inspirado pelo aprendizado
mundano — não vos esqueçais disto!16
Esses antigos videntes e santos eram exatamente tão
inteligentes quanto nós. Tinham a mesma medida de inspiração.
Tinham o Espírito do Senhor para guiá-los e por ele eram dirigidos.
Eles davam ouvidos às coisas ensinadas por Deus e entendiam a
verdade e sabiam imensamente mais aquilo que é essencial, num
minuto, do que alguns desses pretensos cientistas, que declaram
que a vida é espontânea e começou na terra, sabem em um ano.17
A INVOLUÇÃO E NÃO EVOLUÇÃO DA CIVILIZAÇÃO
A VERDADEIRA DOUTRINA DA EVOLUÇÃO. Não foi senão
quando o homem rejeitou a diretriz divina que o Senhor estava
sempre disposto a dar-lhe, que começou o retrocesso. O “homem
das cavernas” e o selvagem são produtos da transgressão e do
pecado; pois, no princípio o homem era inteligente, e dirigido pela
luz e verdade, mesmo pelo Salvador, Jesus Cristo, que é o
Mediador entre Deus e o homem. O destino do homem é tornar-se,
passando por estágios de progresso, semelhante a seu Pai; e após
a ressurreição da morte, lhe será acrescido, conforme dizem as
Escrituras, até receber todas as coisas que o “Pai possui”, e será
contado como filho e co-herdeiro com Jesus Cristo, que é as
primícias dos que dormem e o Salvador do mundo.18
EVOLUÇÃO — UMA DOUTRINA DO DEMÔNIO. Esta é,
portanto, a verdadeira evolução na qual creem os santos dos
últimos dias. Existe algo de inspirador, nobilitante e grandioso nesta
visão das coisas; mas a outra visão — que é a doutrina do demônio,
que deseja que todos os homens sejam miseráveis como ele
próprio, pois lhe foi negado um corpo e o privilégio de progredir
nesta terra — é degradante e não encerra nenhum pensamento
elevado ou enobrecedor.19
OS HOMENS TORNARAM-SE SELVAGENS PELA
REGRESSÃO. Não foi senão depois que o homem se rebelou e
rejeitou a palavra de Deus, que ele caiu em degeneração
mental e perdeu o poder de comunicar-se em linguagem escrita. No
princípio, o homem era inteligente e entendia muitas verdades
fundamentais; porém, quando se recusou a receber orientação
divina, o Espírito do Senhor se afastou, então ele ficou sozinho
e tornou-se um selvagem, pois a luz que tinha em si transformou-se
em trevas.
Tubal Caim era “mestre de todo artífice que trabalha em bronze
e ferro” muito antes do dilúvio.20 Não obstante, ainda em meados do
século XIX, quando Speke, Grant, Livingstone21 e outros exploraram
os sertões africanos, encontraram os descendentes de Caim
vivendo em estado selvagem, nas profundezas da “idade da pedra .
Colombo, em 1492, encontrou a “idade da pedra” florescendo em
toda sua glória aqui na América. Igualmente os pioneiros de Utah,
em 1847, descobriram condições semelhantes nos vales destas
montanhas.
IDADE DA PEDRA PODE SEGUIR ALTA CIVILIZAÇÃO.
Deveríamos, por isso, inferir que o pobre, ignorante, selvagem
africano e o igualmente inculto índio da América se desenvolveram
mais lentamente que os povos da Europa e Ásia? Se assim
fizermos, nossa conclusão será precipitada, sem uma investigação
de todos os fatos a serem considerados. A “idade da pedra”, a
“idade do bronze”, a “idade do ferro” e a idade da cultura e
refinamento correm paralelas numa mesma época, mas a idade do
conhecimento e inspiração precedeu a todas…
O fato de haver existido uma “idade da pedra , uma “idade do
bronze” ou qualquer outra idade ou grau de desenvolvimento na
civilização do mundo, não prova que houve um constante e
paulatino progresso de conhecimento e habilidade desde o princípio,
seja qual for a época. Na história, há evidência abundante para
provar cabalmente que, mesmo onde prevaleceu uma condição
esclarecida e os homens se recusaram a continuar na luz, surgiram
influências degeneradoras; as idades do bronze, cobre ou pedra
podem perfeitamente seguir a idade de progresso e
desenvolvimento, como precedê-la.22
ASCENSÃO E QUEDA DE CIVILIZAÇÕES. Nações têm
ascendido a grande poder e domínio, apenas para logo entrarem em
decadência e serem suplantadas por outras nações. Assim tem sido
desde o princípio. Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma —
todos tiveram seus dias de grandeza, cultura e poder, mas sua
glória se foi para sempre. Sob certos aspectos, muito da sua cultura
e conhecimento das artes e ciências também pereceu com elas, e
não pode ser reproduzido nesta época de maravilhoso progresso.
Tudo isto nos faz lembrar as palavras de Byron23, tão habilmente
expressas:
A Moral de toda história humana,
É mera repetição do passado.
Primeiro Liberdade, Glória depois — quando isto falha,
Riqueza, vício, depravação — finalmente barbarismo.
E a História, com todos seus vastos volumes,
Se resume, afinal, numa só folha.
DECADÊNCIA DA CIVILIZAÇÃO JAREDITA. Aqui mesmo na
América, há milhares de anos, floresceu uma civilização igual,
senão superior às encontradas no Egito ou Ásia naquele tempo.
Esse povo antigo desenvolveu as artes e era notável e
particularmente avançado na agricultura…
Não obstante, esse povo se afastou do Senhor, abandonando os
convênios que havia feito com ele. Surgiram contendas, seguidas de
sangrentos conflitos, até estarem completamente destruídos. Em
certas regiões dos Estados Unidos e outras partes deste continente,
restam algumas evidências mudas de sua passada glória. No
Michigan, foram encontradas ruínas de antigas minas de cobre.
Em outras localidades, existem igualmente indícios de extração
de minérios da terra, e grandes montes feitos pela mão humana
ainda permanecem. Não teriam sido feitos por esse povo antigo?24
DECADÊNCIA DA CIVILIZAÇÃO NEFITA. Seiscentos anos
antes do nascimento de Cristo, uma outra civilização suplantou a
previamente mencionada, que foi destruída mais ou menos nessa
época. Esta civilização floresceu por uns mil anos, multiplicando-se
o povo e se espalhando sobre a face de todo o continente. Eram
muito cultos, e quando davam ouvidos à voz de seus profetas e
guardavam os mandamentos do Senhor, prosperavam e, à
semelhança da nação que os precedera, tornaram-se peritos na
tecelagem de toda sorte de linho fino e outros tecidos. Cultivavam o
solo e mineraram a terra, contando também com “hábeis artífices
que trabalhavam e refinavam toda espécie de metais. Assim,
tornaram-se ricos”.25
Todavia, assim como seus predecessores, acabaram
esquecendo-se do Senhor; seu Espírito afastou-se, e a maior parte
do povo foi destruída. Sua civilização pereceu. Os
remanescentes tornaram-se ferozes e sanguinários. Em sua
decadência, perderam seus conhecimentos de agricultura e de
como trabalhar com metais, e se tornaram tribos mais ou menos
nômades. Seus descendentes, os índios americanos, erravam pelo
país em toda sua feroz selvageria, quando os Pais Peregrinos26 nele
se estabeleceram para ficar.27
Anotação
1. O Presidente Joseph Fielding Smith publicou três bem documentados tratados sobre as pretensões e
heresias da Igreja “Reorganizada”; Origin of the “Reorganized” Church; Blood Atonement an the Origin
of Plural Marriage; e The “Reorganized” Church vs. Salvation for the Dead.

2. D & C 93:21-36.

3. Era, vol. 23, pp. 378-379, 391-393; Moisés 1:27-40.

4. 1 Cor. 2:11-16.

5. Conference Report, outubro de 1917, pp. 69-71.

6. Church News, 15 de abril de 1939, p. 6.

7. Darwin, Charles Robert (1809-1880) — Naturalista britânico, criador da teoria da evolução das espécies.

Huxley, Thomas Henry (1825-1895) —Biólogo britânico, adepto


do darwinismo.
Haeckel, Ernst Heinrich (1834-1919) — Biólogo e filósofo
naturalista alemão.
8. Era. vol. 23, pp. 386-387, 389, 390.

9. 2 Tim, 3:7.

10. Church News, 12 de junho de 1949, p. 21; 2 Tess. 2:11-12.

11. Corresp. Pessoal.

12. Abraão 3:21-26; 5:7; Moisés 3:5; 6:51; Éter 3:6-16; 1 Néfi 11:18, 29; 14:27; 2 Néfi 3:6-11, 14-18; Jer. 1:5;
Apoc. 12:7-9.
13. Conference Report, outubro de 1926, p. 118; Efésios 1:9-10.

14. Isaías 5:26-30; Naum 2:2-5; Apoc. 9:6-10.

15. Edison, Thomas Alva (1847-1931) — Inventor norte americano (telégrafo, fonógrafo, fotografia, iluminação
elétrica).

Franklin, Benjamin (1706-1790) — Estadista, escritor e cientista


norte-americano.
Morse, Samuel Finley Breese (1791-1872) — Artista e inventor
norte-americano, criador do sistema de transmissão telegráfica por
pontos e traços.
Whitbey, Eli (1765-1825) — Inventor norte-americano do
descaroçador do algodão.
16. Abraão 1:31; 3:1-28; Livro de Abraão, explicação da figura 2, pp. 39-40.

17. Conference Report, outubro de 1917, pp. 71-73.

18. D & C 76:54-60; 84:33-41; 93:20-22.

19. Era, vol. 23, p. 393.

20. Moisés 5:46; Gênesis 4:22.

21. Speke, John Hanning (1827-1864) — Explorador inglês da África.

Grant, James Augustus (1827-1892) — Explorador escocês.


Livingstone, David (1813-1873) — Missionário médico escocês,
explorador da África Central.
22. Era, vol. 22, p. 468, 473.

23. Byron, George Gordon (1788-1824) — Poeta inglês.

24. Éter 1:41-43; 10:20-28; 15:1-34.

25. Helamã 6:9-13.

26. Puritanos ingleses que fundaram a colônia de Plymouth. Nova Inglaterra, em 1620.

27. Era, vol. 22, p. 468, 470-72.


CAPÍTULO 10
CONVÊNIOS ETERNOS
NATUREZA DOS CONVÊNIOS DO EVANGELHO
DEUS OFERECE UM CONVÊNIO DE SALVAÇÃO. O convênio
do Evangelho é a promessa de Deus ao homem de conceder-lhe,
através da obediência e aceitação das ordenanças e princípios do
Evangelho, a glória e exaltação da vida eterna. É o Pai nos Céus
quem estipula os termos do convênio. O homem não tem nenhuma
voz ativa no assunto, nem o direito de alterar ou anular qualquer
condição do convênio. Seu dever é aceitá-lo nos termos em que lhe
é apresentado pelo Onipotente, em toda fé e obediência, sem
reclamações ou desejo de alterar ou anular, por causa de fraqueza
pessoal, o que o Pai oferece para a salvação do homem.1
BATISMO — UM CONVÊNIO ETERNO. Toda ordenança e
requisitos dados ao homem com o propósito de proporcionar-lhe sua
salvação e exaltação são um convênio. O batismo para a remissão
dos pecados é um convênio. Ao ser revelada nesta dispensação, o
Senhor chamou esta ordenança de “convênio novo e eterno, o
mesmo que existiu desde o princípio”.2
Este convênio foi dado no princípio, perdendo-se pela apostasia
dos homens; por isso, quando foi novamente revelado, tornou-se
para o homem um novo convênio, embora existisse desde o
princípio, e é eterno, porque seus efeitos sobre o indivíduo
perduram infinitamente. Além disso, sempre que houver
necessidade de arrependimento, o batismo é o método, ou lei, dada
pelo Senhor, pela qual virá a remissão dos pecados e, assim, esta
lei é eterna.
EXEMPLOS DE MUITOS CONVÊNIOS ETERNOS. Santificar o
dia do Sábado é um convênio entre o homem e o Senhor, pois ele
disse:“… guardareis o sábado, porque santo é para vós: aquele que
o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer
alguma obra, aquela alma será extirpada do meio do seu
povo.”3 Todos os Dez Mandamentos são convênios eternos.4 A lei do
dízimo é uma forma de convênio eterno, o convênio de renda para a
Igreja, embora algum dia nos há de ser dada uma forma superior
dessa mesma lei, conhecida como lei de consagração.5
O casamento é um convênio eterno, mas não como alguns
acreditam, o novo e eterno convênio.6 Para a Igreja, a lei do
casamento é nova, assim como o convênio do batismo, porque não
é o casamento do mundo, mas para o tempo e toda eternidade.
Contudo, esta lei eterna do casamento é a mesma que existiu no
princípio.
PROFETAS PREDIZEM CONVÊNIOS DOS ÚLTIMOS DIAS. O
Senhor prometeu a Israel que estabeleceria muitos convênios com
eles nos últimos dias. Deles falaram Isaías, Jeremias, Ezequiel e
outros profetas. Isaías disse: “E virão muitos povos e dirão: Vinde,
subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que
nos ensine o que concerne aos seus caminhos, e andemos nas
suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra
do Senhor.”7
Jeremias, falando dos convênios que haviam sido e ainda
seriam dados a Israel, falou: “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em
que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de
Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia em
que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto
eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu os haver desposado,
diz o Senhor. Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel
depois daqueles dias, diz o Senhor; Porei a minha lei no seu interior,
e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o
meu povo.”8
E isto, partindo de Ezequiel: “E farei com eles um concerto de
paz; e será um concerto perpétuo; e os estabelecerei, e os
multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para
sempre.”9 Estas predições se cumpriram parcialmente em nossos
dias.
O SENHOR ESTIPULA OS TERMOS DE SEUS CONVÊNIOS.
Quando se faz um convênio entre dois homens ou partes, é
costume cada uma das partes exercer voz ativa na formulação do
contrato e suas várias estipulações. Isto não acontece num
convênio vindo do Senhor. Ao homem cabe aceitar todos os
requisitos de um convênio assim sagrado, estabelecido para seu
benefício eterno.
O homem não tem direito de modificar, em nenhum sentido, ou
rejeitar no mínimo grau, qualquer parte de um convênio oferecido
pelo Senhor para seu benefício e salvação. Ter o homem a
presunção de modificar qualquer ordenança oferecida pelo Senhor é
absurdo, e isto deveria ser considerado uma séria restrição a sua
inteligência. Entretanto, tal tem acontecido em muitos casos, e
existe quem ouse dizer que o Senhor permite ao homem modificar e
até mesmo desfigurar as leis do Onipotente, a fim de satisfazer à
conveniência e fraquezas da humanidade.
AS LEIS DE DEUS SÃO INALTERÁVEIS. Elas são tão fixas e
imutáveis como qualquer das leis da natureza. Na verdade, as leis
da natureza são as leis de Deus, e as leis que governam o reino
celestial são semelhantes em sua duração e imutabilidade às leis
naturais do universo.
CONVÊNIOS RETIRADOS DEVIDO À INDIGNIDADE. Contudo,
às vezes se tornou necessário• ao Senhor retirar da humanidade
alguns de seus convênios, substituindo-os por uma lei menor. Foi o
caso nos dias de Moisés, quando o Senhor retirou as ordenanças
maiores e o Sacerdócio de Melquisedeque, por causa da rebeldia ou
incapacidade dos israelitas de guardarem as leis do Senhor. Em
lugar dessas leis, ele lhes deu a lei carnal, a fim de lhes ser como
um aio para conduzi-los a Cristo.10
Além disso, houve épocas em que se tornou necessário retirar
os convênios, e deixar o homem andando às cegas na escuridão
espiritual, sem a diretriz do Santo Espírito, e sem a graça salvadora
das ordenanças e convênios do Evangelho. Tal foi a situação em
Israel antes da vinda de João Batista e Jesus Cristo. A longa, negra
época de apostasia, precedendo a Idade Média e continuando até a
restauração do Evangelho através de Joseph Smith foi outro
tenebroso período desse tipo.11
NENHUM CONVÊNIO OU MANDAMENTO DESNECESSÁRIO.
Nós deveríamos compreender plena e sinceramente, que nenhum
requisito, solicitação ou mandamento feito ao homem pelo Pai ou
pelo Filho é dado exceto para o propósito de fazer o homem
avançar no caminho da perfeição eterna. Nunca, em tempo algum, o
Senhor deu ao homem um mandamento que não fosse destinado a
exaltá-lo e aproximá-lo mais da companhia eterna com o Pai e o
Filho. Muitos de nós recebemos os mandamentos do Senhor com
espírito de indiferença ou com a atitude mental de que foram dados
com o único propósito de nos privarem de algum conforto ou prazer,
sem que sua observância traga qualquer proveito real.
Cada convênio, contrato, laço, obrigação e mandamento que
temos recebido por revelação, vindos do Todo-Poderoso, visam um
só propósito — a exaltação e perfeição do indivíduo que o aceitar
com plena fé e obediência. Aquele que “recebe [um] mandamento
com coração duvidoso, e indolentemente o observa, é condenado”,
diz o Senhor.12 Infelizmente, existe um grande número que recebe
convênios dessa maneira.13
O NOVO E ETERNO CONVÊNIO
O EVANGELHO É O CONVÊNIO ETERNO. O que é o novo e
eterno convênio? Sinto dizer que alguns membros da Igreja estão
equivocados e mal informados com respeito ao que é realmente o
novo e eterno convênio. O novo e eterno convênio é a soma total de
todos os convênios e obrigações do Evangelho, e quero prová-lo.
Na seção 66 de Doutrina & Convênios, versículo 2, eu leio:
“Na verdade eu te digo, bem-aventurado és tu por teres
recebido o meu eterno convênio, a plenitude do meu Evangelho,
enviado aos filhos dos homens, para que tenham vida e se tornem
participantes das glórias que estão para ser reveladas nos últimos
dias, como foi escrito pelos profetas e apóstolos nos tempos
antigos.”14
Na seção 132 de Doutrina & Convênios, é declarada mais
claramente a definição do novo e eterno convênio. Agora, antes de
ler, digo-lhes que o casamento não é o novo e eterno convênio. Se
houver alguém aqui que nutra essa ideia, quero dizer-lhe
diretamente. O batismo não é o novo e eterno convênio. Ordenação
ao Sacerdócio não é o novo e eterno convênio. Na seção 22
de Doutrina & Convênios, o Senhor diz que o batismo é “um
convênio novo e eterno, o mesmo que existiu desde o princípio”. O
casamento no templo do Senhor para o tempo e a eternidade é “um”
convênio novo e eterno.
CONDENADOS OS HOMENS POR REJEITAREM
CONVÊNIOS. Mas quando passamos a pensar que um dos
convênios do Evangelho de Jesus Cristo é “o” novo e eterno
convênio, é que nos enganamos, e vou provar-vos isto agora. Vede
quão clara e precisamente fala o Senhor. Começarei lendo os
versículos 4 e 5, da seção 132:
“Pois eis que eu te revelo um novo e eterno convênio; e se não
obedeceres a ele, então serás condenado pois a ninguém é
permitido rejeitar este convênio e entrar na minha glória.
“Pois todos os que receberem uma bênção de minhas mãos
obedecerão à lei e às condições que, desde antes da fundação do
mundo, foram instituídas para o recebimento daquelas bênçãos.”
Isto se aplica a qualquer convênio. Não é meramente este um a
que o Senhor se refere aqui que nos trará condenação, se o
violarmos ou nos recusarmos a recebê-lo. O mesmo se dá com todo
convênio pertencente ao Evangelho. Tomai, por exemplo, o
convênio do batismo. Se não tiverdes este convênio, sereis
condenados. Se não tiverdes o convênio do arrependimento, sereis
condenados. Se não assumirdes o convênio da fé sereis
condenados. E assim é com todo convênio do Evangelho.
O Senhor diz na seção 84 de Doutrina & Convênios que
devemos viver de acordo com toda a palavra que sai da boca de
Deus — não de acordo com esta palavra ou aquela palavra,
rejeitando as demais.15 Temos que aceitar todos os convênios que
ele nos dá, se quisermos ser exaltados. Assim, o Senhor está
falando aqui da introdução do que ele chama de “um novo e eterno
convênio”. Agora, notai o que ele diz em D&C 132, versículo 6:
“E, no que diz respeito ao novo e eterno convênio, foi instituído
para a plenitude de minha glória; e aquele que recebe de sua
plenitude, guardará a lei, ou será condenado, diz o Senhor.”
CONDIÇÕES DO CONVÊNIO ETERNO. O Senhor é muito
preciso aqui. Nos primeiros versículos, ele usa o artigo “um”, e no
versículo 6, “o”. “Um” convênio significa um entre muitos, não é?
Mas o convênio distingue determinado convênio, e é isto
exatamente o que o Senhor fez nesta revelação. Depois de chamar
atenção para o novo e eterno convênio, ele dá a definição que eu
vos lerei agora (versículo 7):
“E na verdade eu te digo, estas são as condições desta lei (i.é. o
novo e eterno convênio):Todos os convênios, contratos, laços,
obrigações, votos, promessas, realizações, conexões, associações
ou expectativas que não forem feitos e selados pelo Santo Espírito
da promessa, e por meio daquele que é ungido, tanto para esta vida
como para toda a eternidade, e isso também da maneira a mais
sagrada, por revelação e mandamento, por intermédio do meu
ungido, o qual, na terra para reter este poder designei (e eu escolhi
o meu servo Joseph para reter este poder nos últimos dias, e nunca
há senão uma na terra, num mesmo tempo, a quem este poder e as
chaves deste Sacerdócio são conferidos), não terão eficácia, virtude
ou vigor algum na ressurreição dos mortos; nem depois dela, pois
todos os contratos que não forem realizados com esse propósito,
têm fim quando os homens morrem.”
O CONVÊNIO DO EVANGELHO ABRANGE TODOS OS
CONVÊNIOS. Eis uma clara e detalhada definição do novo e eterno
convênio. Ele é tudo — a plenitude do Evangelho. Assim, o
casamento devidamente celebrado, o batismo, a ordenação ao
Sacerdócio, e tudo mais — todo contrato, toda obrigação, toda
realização pertencente ao Evangelho de Jesus Cristo, que é selado
pelo Santo Espírito da promessa de acordo com sua lei aqui dada é
parte do novo e eterno convênio.16
Os convênios, contratos, obrigações, votos, associações ou
expectativas de origem humana têm que ter um fim, pois não são
eternos. No final, todas as coisas que não são de Deus passarão, e
somente o que ele tem estabelecido e decretado permanecerá. Por
isso, todos os que buscam um lugar no reino de Deus acham-se sob
a obrigação e mandamento de permanecer no novo e eterno
convênio, que é a plenitude do Evangelho com todos os seus ritos,
convênios, dons e obrigações, ou “serão condenados, diz o
Senhor”.17
O CONVÊNIO DO EVANGELHO
O EVANGELHO NUNCA MUDA. Esta obra é baseada em
princípios fundamentais que não mudam. Não devem, não podem
mudar, porque são eternos. Eu creio no progresso; todos nós
cremos no progresso; e o Senhor não nos restringiu sob nenhum
aspecto, mas não podemos substituir o que o Senhor nos deu, ou o
plano que ele adotou e nos revelou, pelo qual podemos ser salvos,
por ideias de homens.
Por exemplo, não há nenhum outro nome senão o de Jesus
Cristo, pelo qual devamos ser salvos. Os homens podem formular
planos, adotar teorias, introduzir obras estranhas, e juntar e ensinar
muitas doutrinas peculiares; mas este ensinamento é fundamental e
dele não podemos fugir — que todas as coisas estão concentradas
no Senhor Jesus Cristo, o qual é o Redentor do mundo.
DOUTRINAS DE CRISTO SÃO SEMPRE AS MESMAS. Por
isso, aceitamo-lo como o Unigênito do Pai na carne, o único homem
que habitou na carne tendo um Pai imortal. Temos que aceitar e de
fato aceitamos a grande verdade de que, por direito de nascença e
pelas condições que cercaram sua vinda à terra, ele se tornou o
Redentor dos homens, e por haver derramado seu sangue temos
novamente o privilégio de voltar à presença de nosso Pai, desde
que nos arrependamos e aceitemos o grande plano de redenção.
Precisamos crer na ressurreição dos mortos,
incondicionalmente, que toda alma nascida sobre a face desta terra
ressurgirá na ressurreição, seja dos justos ou dos injustos, pois a
ressurreição será universal, e isto, também, através da grande
expiação feita pelo Salvador do mundo.18
O EVANGELHO FOI ENSINADO DESDE O PRINCÍPIO. Esses
princípios foram ensinados a Adão depois de haver sido expulso do
Jardim do Éden, o qual se arrependeu e foi batizado na água para a
remissão de seus pecados, e recebeu o Espírito Santo.19…
Desde o começo, os princípios do Evangelho foram ensinados
entre os filhos de Adão. Alguns creram e os aceitaram; muitos
outros os rejeitaram, fazendo a cólera de Deus cair sobre suas
cabeças, pois sua ira estava acesa contra eles por causa de sua
rebeldia. No decorrer do tempo, quando os habitantes da terra
estavam suficientemente corrompidos, ele [Deus] fez cair o dilúvio
sobre eles, varrendo-os da terra. Noé, que foi um pregador da
justiça, continuou a pregar esses princípios salvadores. O
Evangelho foi também ensinado a Abraão e sempre esteve entre os
homens, quando estes estavam preparados para recebê-lo.20
A PLENITUDE DO EVANGELHO. Plenitude do Evangelho quer
dizer todas as ordenanças e princípios pertencentes à exaltação no
reino celestial…
Embora aos santos de dispensações anteriores fossem
concedidos todo privilégio e poder pelos quais pudessem, através
de sua fidelidade, obter exaltação mesmo até a plenitude,
permanece o fato de que o Senhor reservou muitos privilégios,
autoridades, poderes e muito conhecimento para a dispensação da
plenitude dos tempos, na qual serão eventualmente congregadas e
aperfeiçoadas todas as coisas na consumação dos propósitos do
Senhor para com a terra e seus habitantes.21
DISPENSAÇÕES EVANGÉLICAS
NATUREZA DE UMA DISPENSAÇÃO. Dispensação do
Evangelho é definida como a concessão a oficiais divinamente
escolhidos, comissionados por Deus, de poder e autoridade para
pregar a palavra de Deus e administrar suas ordenanças.
Entretanto, uma dispensação frequentemente continha poder
adicional e incluía uma comissão ou advertência especial para o
povo, e celebração de um especial e determinado convênio com o
homem, e o conferimento de poderes especiais a profetas
escolhidos além dos que outros profetas tivessem recebido.
LISTA PARCIAL DE DISPENSAÇÕES. A primeira dispensação
foi dada a Adão, que recebeu a promessa de que ele e sua
posteridade seriam redimidos da morte pela expiação do
Messias.22 A Enoque foi concedida uma dispensação, e devido à
sua fidelidade, ele e seu povo foram transladados.23 Noé recebeu
uma dispensação de advertência, quando o mundo inteiro havia
caído em apostasia, sendo-lhe ordenado construir uma arca na qual
ele e sua família foram salvos do dilúvio, enquanto o resto do mundo
pereceu.24 A Abraão foi dada uma dispensação, e com ele o Senhor
celebrou um convênio especial de que, através dele e de sua
posteridade, todas as nações da terra seriam abençoadas. Além
disso, foi-lhe prometido que todos aqueles que recebessem o
Evangelho, seriam contados entre sua
posteridade.25Moisés recebeu uma dispensação de juntar e guiar
Israel do Egito para a terra prometida.26 A João Batista foi dada a
dispensação de preparação antes da vinda de nosso Redentor,27 e
Jesus Cristo concedeu uma dispensação do Evangelho a
seus discípulos na restauração de sua plenitude e o
comissionamento de pregarem o Evangelho ao mundo inteiro.28
O EVANGELHO PERDIDO PELA APOSTASIA. Houve tempos
em que o Evangelho foi tirado dos homens por causa de suas
transgressões. Este foi o caso nos dias de Noé. Israel voltou-se
contra o Senhor e foi deixada nas trevas durante muitas gerações
antes do advento de Jesus Cristo, e quando ele veio entre os
homens, restaurou a plenitude do Evangelho. Enviou seus
discípulos a proclamarem sua mensagem a todo o mundo; porém,
antes de se passarem muitos séculos, o povo caiu novamente em
erro e perdeu a autoridade de agir em nome do Senhor. Isto tornou
necessário que os céus se abrissem, e se introduzisse nova
dispensação para ser preparada a segunda vinda de nosso Senhor
nas nuvens do alto, a fim de reinar sobre a terra em glória durante
mil anos. Este evento está próximo, mesmo às nossas portas.29
O NÚMERO DE DISPENSAÇÕES. Não sei quantas
dispensações houve. Alguns irmãos, baseando-se num artigo
escrito pelo Élder David W. Patten* nos primórdios da Igreja, têm
declarado que existiram sete; mas estas não incluem
os jareditas, a nação nefita, nem as “tribos perdidas de Israel” que o
Senhor visitou no meridiano dos tempos após sua aparição aos
nefitas; e certamente, o Senhor deu igualmente dispensações
a Leí e Néfi, que viveram na época da vinda do Salvador.30
CRISTO RESTAUROU O EVANGELHO EM SUA ÉPOCA.
Quando veio, Cristo encontrou Israel — os remanescentes que
restaram de Judá — em apostasia e iniquidade. Mal restava um
homem com fé e compreensão suficientes para adorar o verdadeiro
Deus vivo. Nosso Senhor esforçou-se para levar ao arrependimento
a iníqua nação dos judeus. Ofereceu-lhes a plenitude do seu
Evangelho — o mesmo Evangelho que fora declarado a Adão,
Enoque, Noé e Abraão — os princípios maiores que haviam sido
tirados com Moisés, o qual deixou a Israel a lei como um aio para
conduzi-los a Cristo.
Havia poucos entre os judeus que ouviram o Salvador quando
ele veio. Suas grandiosas obras, suas palavras faladas com
autoridade, seus milagres, tudo o que ele fez caiu em olhos cegos,
ouvidos surdos e corações sem entendimento. O Senhor
estabeleceu novamente sua Igreja, e o Evangelho foi pregado ao
contrito, ao oprimido, e ao pobre. Ele deu sua autoridade a humildes
pescadores da Galileia e, após sua ressurreição, os enviou ao
mundo inteiro com a mensagem de salvação para toda a criatura.31
O EVANGELHO NO MERIDIANO DOS TEMPOS. Dispensação
do meridiano dos tempos é o nome dado à dispensação do
ministério de Cristo e seus apóstolos. É chamada assim, porque o
Senhor veio ao mundo no meridiano da sua história
mortal. Sabemos, por revelação, que se passaram cerca de quatro
mil anos entre a queda de Adão e o nascimento de Cristo, e que
serão aproximadamente três mil anos, mais “um pouco de tempo”
desde o seu nascimento até o fim da terra mortal. Estamos agora
vivendo nos fins do sexto milênio, ou o período conhecido como os
“últimos dias”, ou o tempo imediatamente anterior ao segundo
advento de Jesus Cristo.32
Quando o Evangelho foi restaurado por nosso Senhor nos dias
de seu ministério, era de sua vontade que ele, naturalmente,
permanecesse entre os homens como um meio de salvação eterna.
Entretanto, Jesus sabia que não seria assim, e que tempo viria em
que trevas tomariam o lugar da luz do Evangelho e que o
Sacerdócio seria tirado dos homens, e a Igreja impelida para o
deserto.33 Não obstante, os discípulos foram mandados ao mundo
inteiro para proclamar o plano de salvação e dar à humanidade o
privilégio de adorar a Deus em espírito e em verdade, desde que
estivessem dispostos a receber a verdade.
UMA DISPENSAÇÃO RESERVADA PARA OS ÚLTIMOS DIAS.
Antes de sua ascensão, o Senhor explicou aos apóstolos que a
restauração de todas as coisas não se daria em seus dias ou
tempo, que não lhes cabia “saber os tempos ou as estações que o
Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”. Pedro e Paulo deixaram
absolutamente claro em seus ensinamentos, que haveria de vir
outra dispensação do Evangelho para suceder aquela em que
viviam, e essa dispensação final seria dada pouco antes da segunda
vinda do Filho de Deus, a fim de preparar a humanidade e a terra
para a restauração de todas as coisas referidas por todos os santos
profetas.34
O CONVÊNIO DE ABRAÃO
FILHOS DO CONVÊNIO. Devido à fidelidade de Abraão, o
Senhor prometeu torná-lo — através de sua posteridade — uma
grande nação e uma bênção para todas as nações até o final dos
tempos. Disse o Senhor:” e eu os abençoarei através de teu nome;
pois quantos receberem este Evangelho, serão chamados segundo
teu nome, e serão contados entre tua semente, e se levantarão e te
abençoarão, como seu pai.”35
Os descendentes de Abraão, isto é, as tribos de Israel,
tornaram-se o povo eleito do Senhor, de acordo com a promessa. O
Senhor os honrou, nutriu, vigiou com cioso cuidado, até que se
tornassem uma grande nação na terra que havia dado a seus pais.
Não obstante esse solícito cuidado e as instruções e admoestações
que o povo recebia de tempos em tempos, através de seus profetas,
eles não compreenderam a bondade do Senhor e dele se
afastaram. Por causa de sua rebeldia, foram expulsos de sua terra e
eventualmente espalhados entre as nações. Seu Sacerdócio
perdeu-se, e foram deixados em treva espiritual.36
CONVÊNIO DE ABRAÃO CONTINUOU COM ISRAEL. Os
convênios feitos com Abraão persistiram, sendo ampliados — não
modificados — com o correr dos tempos, e nos dias de Moisés o
Senhor deu muitos mandamentos baseados nos convênios originais
com a casa de Israel. Lendo o cap. 26 de Levítico e o cap. 28 de
Deuteronômio — existem ainda muitos outros capítulos
na Bíblia, mas estes dois particularmente — encontrareis
registradas muitas coisas à guisa de convênio, promessa e
admoestação que o Senhor deu a Israel. Disse-lhes o que
aconteceria, se guardassem seus mandamentos. Expôs-lhes as
consequências da violação dos mandamentos. Tudo isso foi
claramente estabelecido nessas Escrituras, antes de os israelitas
entrarem na terra prometida.
ISRAEL FOI DISPERSADA POR REJEITAR CONVÊNIOS. Com
o passar do tempo, eles violaram esses convênios. Deram as costas
às admoestações, mandamentos e instruções que o Senhor lhes
dera através do Profeta Moisés, e eventualmente, por causa dessa
rebeldia, foram atingidos pelas maldições, e dispersos entre as
nações da terra. As dez tribos foram levadas para o cativeiro, e mais
tarde, dirigiram-se para o norte, para onde ninguém sabe: mas
muitos dos filhos de Israel foram dispersados entre as nações.
Israel, conforme sabeis, estava dividida em duas nações antes
de se completar a dispersão — a nação de Israel composta de dez
tribos, e a nação de Judá, de duas tribos, no tempo de Roboão, filho
e herdeiro de Salomão. Eventualmente, repito, as dez tribos, por
causa de sua rebeldia e extrema iniquidade, foram levadas cativas.
RENOVAÇÃO DE ANTIGOS CONVÊNIOS. Os judeus
continuaram a possuir a Palestina até depois da época de Cristo.
Então, devido a sua maldade e ao fato de se terem insurgido contra
o Filho de Deus, eles também foram dispersos entre as nações da
terra, tornando-se objeto de escárnio e opróbrio, e assim deverão
continuar, diz o Senhor, até que se cumpra o tempo dos gentios.
Agora os judeus estão sendo novamente reunidos, porque o tempo
dos gentios está chegando ao fim.
O Senhor, através de seus profetas, antes da completa
dispersão de Israel, falou de nossos dias. Falou dos convênios e de
como, nestes últimos tempos, os renovaria com Israel depois de ter
sido congregada.37
Anotação
1. Church News, 6 de maio de 1939, p. 3.

2. D & C 22:1-4.

3. Êxodo 31:13-17

4. Êxodo 20:1-17: D & C 42:18-28.

5. D & C 119; Malaquias 3:8-12.

6. D & C 132:4.

7. Isaías 2:2-3.

8. Jeremias 31:31-34.

9. Ezequiel 37:26.

10. D & C 84:25-28; Gálatas 3:7-8, 16-19, 24.

11. Church News, 4 de fevereiro de 1933, p. 2.

12. D & C 58:29.

13. Church News, 6 de maio de 1939, p. 3.

14. D & C 1:22; 39:11; 45:9; 49:9; 76:101; 88:131, 133; 98:14; 101:39.

15. D & C 84:44.

16. Church News, 6 de maio de 1939, p. 5.

17. Church News, 4 de fevereiro de 1933, p. 2; D & C 132:8-14.

18. Conference Report, abril de 1921, pp. 39-40.

19. Moisés 6:51-68.

20. Salvation Universal, pp. 6-7; Moisés 5:10-59; 20:21-28.

21. Era, vol. 30, pp. 736-738; Atos 1:6; Efésios 1:9-10; Romanos 11:25-27; D & C 124:41; 128:18.

22. Moisés 5:10-15, 56-59; 6:51-68.

23. Moisés 6:26-68; 7:1-69.

24. Moisés 8:13, 16-20, 23-27.

25. Abraão 2:6-11; Gálatas 3:7-8, 16-19, 23-29.

26. Moisés 1:1-41; D & C 84:19-25; Hebreus 4:2; 11:24-26: 1 Cor. 10:1-4.
27. João 1:19-37; Lucas 7:24-30: D & C 84:26-28.

28. João 15:16; Mateus 16:18-19; 17:1-5; 18:18; Marcos 16:14-17; D & C 27:12-13; 128-20.

29. Church News, 5 de dezembro de 1931, p. 6.

30. Corresp. Pessoal; Eter 1:41-43; 3:6-16; 1 Néfi 2:2-4; Helamã 10:3-17; 11:19-23; 3 Néfi 7:15-19; 9:15-22;
11:7-40; 16:1-4.

31. Millennial Star, vol. 90, p. 307; Marcos 16:14-15.

32. D & C 77:12-13; 88:108-116.

33. Apoc. 12:1-6.

34. Church News, 12 de dezembro de 1931, p. 7; Atos 1:6-7: Efésios 1:9-10: Apoc. 14:6-7.

35. Abraão 2:6-11: Gênesis 17:1-14; 22:15-18: Atos 3:25; 7:1-8; 3 Néfi 20:25-28.

36. Millennial Star, vol. 90, pp. 306-307.

37. Church News, 6 de maio de 1939, p. 3; Jeremias 31:31-34; 32:36-42; Ezequiel 37:24-28; Deuteronômio
4:29-31.
CAPÍTULO 11
A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS
COISAS1
UMA OBRA MARAVILHOSA E UM ASSOMBRO
O MOTIVO DA RESTAURAÇÃO. O convênio eterno havia sido
quebrado; a compreensão correta dos princípios do Evangelho
desaparecera devido à apostasia; havia deixado de existir entre os
homens o direito de oficiar nas ordenanças do Evangelho. Assim,
tornou-se necessário que tudo isso fosse restaurado, e que
aumentasse a fé entre o povo através de uma abertura dos céus e a
restauração do Evangelho.2
COMO SE DÁ A RESTAURAÇÃO. Para efetuar essa
restauração, os céus têm que se abrir. Mensageiros da presença de
Deus têm que, necessariamente, vir à terra. De que outra maneira
se revelariam as coisas dos céus? É preciso escolher homens na
terra e conferir-lhes o Sacerdócio, a fim de poderem dirigir os
negócios do Senhor na terra. Este é, na economia do Todo-
Poderoso, sempre o plano.
Como em dispensações anteriores, é preciso enviar
testemunhas investidas de autoridade divina, para advertir o povo e
pregar o Evangelho do arrependimento, a fim de que os homens
possam entrar em harmonia com a palavra revelada de Deus. Foi
por este motivo que o Senhor declarou: “E este Evangelho do reino
será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes”,
antes que venha o fim da injustiça.3
O QUE DEVE SER RESTAURADO. Nessa restauração é
necessário que seja restaurada em sua singeleza e autenticidade a
Igreja de Jesus Cristo. Todas as chaves e poderes do Sacerdócio
possuídos pelos profetas de dispensações passadas têm que ser
conferidos aos representantes eleitos de Deus na terra. Desta
maneira, toda a autoridade e todas as chaves do Sacerdócio do
passado fluem para a mais gloriosa e grandiosa das dispensações,
como claras correntes desaguando num possante rio. O convênio
eterno dado em outros tempos aos antigos e que, diz Isaías, foi
quebrado, tem que ser restaurado.4
Os convênios prometidos pelo Senhor a Israel — e dos quais os
gentios podem participar através da fé e do arrependimento —
devem ser conferidos. “E não ensinará alguém mais a seu próximo
nem alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o mais pequeno deles até o maior, diz
o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me
lembrarei de seus pecados.”5
O MILÊNIO E A RESTAURAÇÃO. Quando esse tempo chegar,
“a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas
cobrem o mar”. A iniquidade será destruída, pois Jeová “julgará com
justiça os pobres, e repreenderá com equidade os mansos da terra;
e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus
lábios matará o ímpio.”6
Nesse dia, não haverá nenhum “cristianismo dividido”. Todos os
que não se arrependerem e receberem o Evangelho, logo serão
removidos, e os que permanecerem, aprenderão a adorar o
verdadeiro Deus vivo em espírito e em verdade. A Igreja de Jesus
Cristo governará a terra inteira, pois Cristo será o Rei e
Libertador. Haverá paz tanto entre os homens como entre os
animais. Satanás será atado, e seu domínio, o qual vem retendo
pela usurpação e fraude desde o começo da existência temporal da
terra, chegará ao fim. Há de reinar o Rei legítimo, e seus santos
possuirão o reino de acordo com a visão de Daniel.7
Jerusalém se tornará uma cidade justa, quando Israel estiver
coligada e redimida. Sião também será lavada de toda iniquidade, e
nesse dia em que Cristo reinar, cumprir-se-á a palavra de Isaías,
“porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”.8
RESTAURAÇÃO DA TERRA. Isaías predisse, como parte dessa
grande restauração, o surgimento de “céus novos e nova terra; e
não haverá lembrança de coisas passadas, nem mais se
recordarão”.9 Esses novos céus e terra são apenas parte da grande
restauração proclamada na décima regra de nossa fé:
“Cremos na coligação literal de Israel e na restauração das Dez
Tribos; que Sião será construída neste continente (o americano);
que Cristo reinará pessoalmente sobre a terra; e que a mesma será
renovada e receberá a sua glória paradisíaca.”
A superfície da terra voltará a juntar-se como era antes de ser
dividida, e a terra de Jerusalém e a de Sião regressarão aos seus
próprios lugares, e a terra será como nos dias de sua glória
paradisíaca. As montanhas serão abatidas e não se acharão os
vales, e a grande profundeza será novamente impelida para o norte,
e as ilhas do mar se tornarão uma só terra.10
A RESTAURAÇÃO NECESSITA DE UM PROFETA. Visto que os
profetas predisseram que nos últimos dias o Senhor coligaria Israel
e lhe revelaria mais uma vez os seus convênios, o bom senso
reclama que tais convênios e as chaves para essa restauração
devem ser dados a algum mensageiro escolhido. Joseph Smith é
esse mensageiro. Ele devia vir na época em que o povo se
aproximaria do Senhor só com a boca, honrando-o com seus lábios,
enquanto seu coração estaria muito afastado dele, e seu temor para
com ele consistiria em mandamentos de homens. Haveria de ser
nesse dia, disse o Senhor, que “continuarei a fazer uma obra
maravilhosa no meio deste povo; uma obra maravilhosa e um
assombro, porque a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o
entendimento de seus prudentes se esconderá.”11
A RESTAURAÇÃO: LINHA SOBRE LINHA. Um belo fio de
consistência percorre todo o esquema da restauração do
Evangelho. Joseph Smith e Oliver Cowdery não podiam prever o fim
desde o princípio, mas o Senhor era o Arquiteto e fê-los saber
pouco a pouco, à medida que conhecimento e organização se
faziam necessários, até ser restaurada a perfeita estrutura da Igreja.
O fato de que cada parte, ao ser revelada, encaixava
perfeitamente no que havia vindo antes, mostra a inspiração. Não
houve necessidade alguma de eliminar, modificar ou ajustar
qualquer parte para que se enquadrasse; cada nova revelação
sobre doutrina e Sacerdócio, se encaixava perfeitamente em seu
lugar para completar a estrutura, conforme havia sido planejada pelo
Construtor Mestre. A organização da Igreja em todas as suas partes
e funções é considerada, mesmo pelos inimigos, tão próxima à
perfeição quanto consegue ser qualquer organização na terra.12
ELAÍAS, ELIAS E A RESTAURAÇÃO
ELIAS: UM ELO ENTRE DISPENSAÇÕES. Parece muito
apropriado que o último dos antigos profetas conclua suas predições
com uma promessa para as gerações futuras, e nesta promessa fale
de um tempo vindouro em que haveria uma ligação das
dispensações passadas com as dos últimos tempos.
As palavras proféticas de Malaquias têm sido um mistério
intransponível para grande parte dos comentaristas. Isto se aplica
particularmente à declaração dele sobre a vinda de Elias. A razão
dessa dificuldade deve-se principalmente à incapacidade dos
comentaristas bíblicos de compreenderem que é tanto possível
como razoável que antigos profetas, os quais viveram perto de mil
anos antes de Cristo, sejam enviados nestes dias com tamanho
poder como o descrito por Malaquias e possuído por Elias.13
JOÃO BATISTA: UM ELAÍAS. Tem sido uma interpretação
popular dizer-se que essa profecia foi cumprida com a vinda de
João Batista como um Elaías, com poder para converter o coração
dos pais aos filhos, e o dos filhos aos pais. Um dos motivos de tal
interpretação é a incapacidade desses eruditos de entenderem
corretamente as palavras do anjo a Zacarias, em relação a João, e
que dizem:
“E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias [Elaías], para
converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência
dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem
disposto.”14
É certo que João veio no espírito e poder de Elaías, mas não
para cumprir a promessa feita por Malaquias que, conforme se
depreende pelo contexto, é algo destinado a ocorrer nos últimos
dias, pouco antes do grande e terrível dia do Senhor, por ocasião do
segundo advento de Cristo na terra.
Tampouco deve parecer desarrazoado para quem tem fé nas
Escrituras, acreditar que um profeta antigo possa ser enviado à terra
nos últimos tempos. Os autores dos Evangelhos narram o caso
vívido da aparição de Moisés e Elias a Pedro, Tiago e João, quando
estavam com Cristo no Monte da Transfiguração.15 Ora, se Moisés e
Elias podiam aparecer a esses discípulos centenas de anos depois
de terem vivido na terra, por que não acreditar que possam ser
enviados novamente com uma mensagem de salvação e com
autoridade, aos homens na terra em nossos dias?
ELAÍAS PARA RESTAURAR TODAS AS COISAS. Quando o
Salvador e os discípulos desciam do Monte da Transfiguração, o
Senhor ordenou-lhes que não falassem a ninguém sobre aquela
manifestação, até que ele ressurgisse dentre os mortos. Entretanto,
como se mostrassem ansiosos por saberem alguma coisa sobre a
vinda de Elaías, e respondendo a suas perguntas, o Senhor lhes
disse: “Em verdade Elaías virá primeiro e restaurará todas as
coisas. Mas digo-vos que Elaías já veio, e não o conheceram, mas
fizeram-lhe tudo o que quiseram.”16 Então os discípulos souberam
que o Mestre se referia a João.
O Salvador deixou perfeitamente claro que João Batista veio
como um Elaías, ou seja, para preparar-lhe o caminho, mas também
esclareceu que em alguma época futura, viria ainda um outro Elaías
com o poder para restaurar todas as coisas. João não restaurou
todas as coisas durante seu breve ministério, por mais importante
que tenha sido. Sua tarefa era a de preparar o ministério de Jesus
Cristo, e neste sentido, ele foi um Elaías.
Elaías é mais que um nome próprio; é igualmente um
título. Elaías é alguém que precede um maior do que ele próprio,
preparando o caminho para aquele que o seguirá. Foi neste
chamado que serviu João, e não como restaurador de todas as
coisas. Torna-se evidente que a restauração de todas as coisas não
era o propósito a ser cumprido durante o meridiano dos tempos,
enquanto Cristo ministrava. Essa grande obra estava reservada
para os últimos dias. Consideremos este ponto por um momento.
A RESTAURAÇÃO DEVERIA DAR-SE APÓS A ÉPOCA DO
NOVO TESTAMENTO. Pouco antes da ascensão de nosso Senhor,
os discípulos apresentaram-lhe esta questão: “Senhor, restaurarás
tu neste tempo o reino a Israel?”, ao que respondeu: “Não vos
pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu
pelo seu próprio poder.”17
Esta resposta tem um único sentido, isto é, que a restauração
não era destinada à época deles’ Mais tarde, esses discípulos
compreenderam claramente esta verdade. Foi pouco depois dessa
ocorrência, quando Pedro admoestava alguns judeus que
contribuíram para a morte do Senhor. Instou-os a que se
arrependessem e se convertessem, para que seus pecados
pudessem ser apagados “e venham assim os tempos do refrigério
pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes
vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até os tempos
da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os
seus santos profetas, desde o princípio.”18
Também Paulo, escrevendo aos santos efésios, disse que na
dispensação da plenitude dos tempos o Pai congregaria em Cristo
todas as coisas, “tanto as que estão nos céus como as que estão na
terra”.19
A RESTAURAÇÃO DEVE PRECEDER A SEGUNDA VINDA. Os
discípulos sabiam que a restauração não viria até aproximar-se a
época da segunda vinda de Jesus Cristo, e devia ser nesse dia que
Elias traria seu Sacerdócio de volta à terra e restituiria aos homens
o poder de selar na terra e nos céus, a fim de que a humanidade
tivesse meios de escapar da destruição que aguardava os iníquos
naquele grande e terrível dia do Senhor. Este grande e terrível dia
do Senhor não pode ser outro que o da vinda de Jesus Cristo para
estabelecer com poder o seu reino na terra, e limpá-la de toda
iniquidade. Não será um dia de terror e temor para os justos, mas
um dia de temor e terror para os ímpios. Isto aprendemos pelas
palavras de nosso próprio Salvador.20
RESTAURAÇÃO DAS CHAVES DE TODAS AS
DISPENSAÇÕES. Na restauração da autoridade, era necessário
que viesse primeiro João Batista — o mensageiro que em outros
tempos foi mandado preparar o caminho.21 A seguir, tinham que vir
Pedro, Tiago e João, que retinham as chaves do Sacerdócio Maior,
a fim de conferirem seu poder, para que a Igreja pudesse ser
organizada na terra. Pedro, Tiago e João, os três apóstolos
chefes, os quais constituíam a presidência da Igreja em sua
época, eram os personagens lógicos para trazerem essa
autoridade.22
Mas ainda outros teriam que vir. Após a vinda dos apóstolos,
não conhecemos exatamente a ordem observada. É natural
concluirmos que as autoridades reveladas e restauradas
começaram com Adão, “o qual foi o primeiro homem”,23 Depois
viriam Enoque, Noé e assim por diante, seguindo a linha de
autoridade até a dispensação do meridiano dos tempos.24
O ELAÍAS DOS DIAS DE ABRAÃO. Não fomos informados da
identidade do homem intitulado Elaías, que viveu nos dias de
Abraão. Alguns pensam tratar-se de Melquisedeque. Porém,
sabemos que esse homem Elaías retinha as chaves da dispensação
em que viveu Abraão. Ele, também, veio e restaurou a sua
autoridade, que é a restauração do Evangelho com todos os seus
convênios, conforme foram dados nos dias de Abraão.25
O ELAÍAS DA RESTAURAÇÃO. O Elaías que devia restaurar
todas as coisas é um personagem múltiplo. Em outras palavras, a
restauração não foi realizada por um único personagem, mas
muitos, e ao falar em Elaías que viria restaurar todas as coisas, o
Senhor estava usando o título no sentido plural, tendo em mente
todos os profetas que vieram restaurar a plenitude do
Evangelho. Isto incluiria João Batista, Pedro, Tiago, João e todo
profeta antigo que restaurou chaves a partir dos dias de Adão.26
ALCANCE MUNDIAL DA RESTAURAÇÃO
OS REFORMADORES PREPARARAM O CAMINHO PARA A
RESTAURAÇÃO. Ao fazer os preparativos para essa restauração, o
Senhor levantou homens nobres, tal como Lutero, Calvino, Knox27 e
outros que chamamos de reformadores, dando-lhes poder para
quebrar os grilhões que prendiam o povo e lhes negavam o direito
sagrado de adorar a Deus de acordo com os ditames da própria
consciência. O Todo-Poderoso deu livre arbítrio ao homem, ou seja,
o poder de agir por si mesmo na escolha entre o bem e o mal, antes
de ser estabelecido o fundamento da terra; mas, desde quando, no
princípio, foi expulso dos céus, o dragão vem-se esforçando para
privar o homem deste grande dom de Deus.
Nos dias da maior treva espiritual, quando o mal campeava, o
Senhor levantou homens honrados que se rebelaram contra a tirania
do dragão e seus emissários que dominavam na terra e mantinham
em abjeta servidão as consciências dos homens.28
Os santos dos últimos dias prestam homenagem a esses
grandes e destemidos reformadores que romperam os grilhões que
constrangiam o mundo religioso. Eles tinham o Senhor como seu
Protetor nessa missão cheia de muitos perigos. Naqueles dias,
entretanto, não havia chegado o tempo para a restauração da
plenitude do Evangelho. A obra dos reformadores foi de grande
importância, mas era um trabalho preparatório e de forma alguma
eles hão de perder sua merecida recompensa.
Não foi até o final da primeira quarta parte do século XIX que
chegou a hora para a restauração da luz e verdade em sua primitiva
plenitude. O mundo estava então suficientemente preparado, tanto
pelo estabelecimento da liberdade política como religiosa, para que
a Igreja de Jesus Cristo e o santo Sacerdócio pudessem ser
restituídos seguramente à terra.29
PROFECIA DE JOEL SOBRE OS ÚLTIMOS DIAS. O segundo
capítulo de Joel, a partir do versículo vinte e sete, diz assim:
“E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o
Senhor vosso Deus, e ninguém mais: e o meu povo não será
envergonhado para sempre. E há de ser que depois, derramarei o
meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos
terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles
dias derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na
terra, sangue e fogo, e colunas de fumo. O sol se converterá em
trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia
do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo: porque no monte de Sião e em Jerusalém
haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes,
que o Senhor chamar.”30
Obviamente, entendemos que haverá duas sedes: Sião e
Jerusalém. E destas duas cidades, sairá a palavra do Senhor, e
seus mandamentos, não só para os que são membros da Igreja,
mas para as nações da terra, quando seu reino estiver plenamente
estabelecido.31
O SENHOR DERRAMARÁ O SEU ESPÍRITO SOBRE TODA
CARNE. Ainda não chegou o tempo em que o sol escurecerá e a lua
se converterá em sangue; contudo, o Senhor já começou a
derramar o seu Espírito sobre toda a carne, e estamos vendo
mesmo agora seus filhos e filhas profetizando, os velhos tendo
sonhos, e os moços, visões.
Bem, meus irmãos, não vou restringir essa profecia aos
membros da Igreja. O Senhor disse que derramaria o seu Espírito
sobre toda a carne: Isto não significa que o Espírito Santo seria
enviado a toda a carne, e que todos seriam participantes das
bênçãos a que têm direito os que foram batizados e investidos, e se
tornam membros da Igreja:32 mas que o Senhor derramaria suas
bênçãos e o seu Espírito sobre todas as pessoas e as usaria para
realizar seus propósitos.33
A RENASCENÇA PREPAROU O CAMINHO PARA A
RESTAURAÇÃO. Penso que é lícito remontarmos aos dias do
ressurgir do conhecimento — à Renascença, como é chamada — e
da reforma nos séculos XV e XVI, para encontrarmos o início do
cumprimento dessa promessa. O Senhor tinha que começar a
preparar naqueles dias o caminho para introduzir a dispensação da
plenitude dos tempos, porque nos séculos XIV e XV, o mundo
cristão se encontrava em treva total: um pálio negro cobria a terra
como igual, creio, nunca havia visto antes, e a corrupção da
chamada Igreja Cristã atingia as raias do inacreditável.
Durante os séculos XV e XVI, porém, o Renascimento rompeu
essas trevas e preparou o terreno para a reforma, que conseguiu
lançar uma cabeça de ponte no século XVI. Esse foi realmente o
alvorecer de nossa época atual. Partiu-se o jugo do grande poder
que dominava as nações, não só física mas também
espiritualmente; e os raios de luz começaram a insinuar-se, abrindo
caminho para a liberdade civil e religiosa.
AS INVENÇÕES PREPARARAM O CAMINHO PARA A
RESTAURAÇÃO. Se tomardes tempo para refletir, vereis que na
questão de descoberta e invenção, as coisas se deram de maneira
lógica, passo a passo, à medida que o povo estava preparado para
recebê-las; e cada passo servia para estabelecer a verdade do
Evangelho eterno sobre a terra. Assim, quando o povo se pôs a
estudar e aprender, conforme fizeram naquele tempo, e o
conhecimento começou a espraiar-se, surgiu a prensa tipográfica,
facilitando a publicação de livros e outros materiais e a distribuição
entre o povo, de modo que toda pessoa podia aprender a ler e
escrever.
Antes daquela época, o homem capaz de ler e que era educado,
pertencia a uma classe privilegiada, geralmente ao clero; e quando
acusado de alguma ofensa, se ele sabia ler e escrever e mostrava
ter algum estudo, podia exigir um julgamento pelo tribunal
eclesiástico, em lugar de pela corte civil, e isto era bastante
vantajoso, porque aquela exigia mais testemunhas para julgar um
caso do que esta.
NA IDADE MÉDIA, PREVALECIA A IGNORÂNCIA. Um homem
instruído podia ingressar no ministério, e as pessoas comuns eram
mantidas na ignorância, particularmente no que dizia respeito às
Escrituras. Prevalecia a ideia de que as Escrituras não eram para o
povo em geral. Um dos grandes líderes do pensamento religioso
daquela época disse que lamentava a invenção da tipografia,
porque, por meio dela, as Escrituras, a joia da Igreja, dizia ele,
ficavam ao alcance das pessoas leigas; e deplorava isso por ser
uma profanação de coisas sagradas. Era este o pensamento da
época.
E assim podemos seguir essas coisas passo a passo, e vemos
que as descobertas e invenções deram-se; logicamente quando
mais necessárias. Antes da época de Colombo, o povo acreditava
que além das margens do Atlântico, se estendia um mar de
escuridão atrás do qual havia dragões; e se alguém se aventurasse
a navegar mais longe, seria devorado por esses terríveis monstros.
AS INVENÇÕES VÊM PELO ESPÍRITO DO SENHOR. Daqueles
tempos até hoje, nunca se deu um só passo no tocante à
descoberta ou invenção em que o Espírito do Senhor (isto é, o
espírito mencionado por Joel, a Luz de Cristo, não o Espírito Santo!)
não houvesse sido a força propulsora, pousada sobre o indivíduo,
levando-o a fazer a descoberta ou invenção. O mundo não entende
isso, mas é perfeitamente claro para mim; como também nem
sempre o Senhor se utilizou daqueles que tinham fé, nem o faz hoje
em dia. Ele usa os intelectos flexíveis e que se deixam dirigir para
certos rumos, a fim de realizar a sua obra, acreditem nele ou não.
A América precisava ser descoberta, pois seria nessa terra que
devia ser restaurado o Evangelho. Tinha de haver a destruição do
poder despótico; o feudalismo tinha que ter um fim, e os homens
tinham que ser libertados. Era necessário que se organizassem
parlamentos, que o povo tivesse uma Constituição e voz ativa
quanto ao que deveria ou não ser feito em termos de governo.
A CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS E A
RESTAURAÇÃO. Tudo isto tinha que ser antes do estabelecimento
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na terra.
Essas coisas ocorreram na Europa antes da descoberta da América.
Após seu descobrimento, a liberdade nessas terras tomou um
ímpeto que o velho mundo não lhe poderia dar; e o país foi redimido
pelo sangue derramado (o Senhor é quem o diz), e a liberdade
proclamada na Constituição dos Estados Unidos, de modo que
todos os povos da terra pudessem encontrar refúgio na América, a
Terra da Promissão.34 Isto feito, chegara a hora de trazer à luz e
estabelecer o Evangelho de Jesus Cristo sobre a terra.
INVENÇÕES RESERVADAS PARA A ERA DA RESTAURAÇÃO.
Desde essa época, têm-se feito muitas descobertas. Na verdade, a
partir do estabelecimento do Evangelho, essas descobertas e
invenções aumentaram grandemente, e temos visto talvez mais no
último quarto de século, digamos assim, do que se viram durante
todos os anos desde os dias da Renascença e da Reforma até a
visita do Anjo Morôni ao Profeta Joseph Smith.
Entre outras coisas, foi descoberta e inventada — e agora não
me estou limitando a este lado da restauração do Evangelho, mas
às coisas que levam a ela — maquinaria para poupar o trabalho
braçal ou manual, como de tecelagem, malharia, costura, serviços
agrícolas e todo tipo de trabalho. A descoberta da força motriz do
vapor deu-se antes da época, mas reparai como se desenvolveu
desde aí; vede como todas essas coisas se desenvolveram. Cada
uma das descobertas vindas a público antes da aparição de Morôni,
ou digamos, antes do estabelecimento da Igreja em 1830, a partir
daí foi desenvolvida e aperfeiçoada maravilhosamente milhares de
vezes.
INVENÇÕES AJUDAM A CUMPRIR PROFECIA DE JOEL. Bem,
referi-me a essas coisas como sendo o cumprimento da predição
pelo Profeta Joel e que, segundo Morôni disse ao Profeta Joseph
Smith, deviam cumprir-se nesta dispensação da plenitude dos
tempos.35Apenas as abordei aqui e ali, pois o tempo não me permite
entrar em maiores detalhes. Olhai para estas lâmpadas elétricas.
Podemos estar sentados aqui vendo-nos uns aos outros, e posso ler
para nós com auxílio dessas luzes, geradas pela eletricidade.
Sabíamos disso há muito tempo, mas não faz tanto tempo assim
que estamos usando um globo elétrico, e vede como ele tem sido
aperfeiçoado.
Depois, como já dissemos, a eletricidade é usada ainda como
força motriz, para propelir maquinaria, propelir nossos carros pelas
ruas e de uma cidade para outra! É usada para erguer grandes
pesos; potentes ímãs são produzidos pela força elétrica, que servem
para levantar grandes peças de metal e movê-las de lugar; o
homem aprendeu a utilizar de várias maneiras esta grande força, da
qual sabe tão pouco.
INVENTORES USADOS PELO SENHOR. Agora, acaso pensais
que as descobertas e invenções feitas por Marconi, Edison, Bell,
Stephenson36 e tantos outros inventores e descobridores,
aconteceram simplesmente porque esses homens se sentaram e se
concentraram no assunto, e o descobriram pelo raciocínio ou
acidentalmente? Absolutamente não. O Espírito do Senhor, a Luz de
Cristo estava atrás disso, impelindo-os a fazer o que fizeram; e por
quê? Porque era chegado o tempo, estava maduro. Nós estamos
preparados para essas descobertas e invenções, e todas elas têm
algo a ver com a restauração do Evangelho e a preparação para o
tempo ainda futuro, mas que não demorará, quando Cristo há de
reinar na terra, e será estabelecida a paz durante mil anos. Este é o
propósito de tudo.
Bem, um homem como Edison poderia dizer: “Eu não creio num
ser supremo.” Não sei se seria o caso; alguns desses homens não o
fazem. Contudo, o Senhor, em sua grande misericórdia, releva isso
e utiliza tal homem por estar capacitado para determinado trabalho,
e ele pode inspirá-lo, por meio do seu Espírito, a fazer essa grande
obra. Por isso, ele prossegue e o faz, tudo para o estabelecimento
do reino de Deus.
OS SANTOS TÊM A MENSAGEM DA SALVAÇÃO. Às vezes,
devido à nossa maneira limitada de ver as coisas, achamos que por
sermos o povo do Senhor, ele se utiliza unicamente de nós. Porque
temos o propósito de ir e pregar o Evangelho e conduzir os
honestos de Sião com cânticos de alegria eterna, podemos ter a
ideia de que “nós somos o povo”, como diria Jó, “e conosco morrerá
a sabedoria”.37 Mas o Senhor está usando também outras forças,
outros povos, outros poderes.
A nós cabe executar a grande obra de salvação para os vivos e
pelos mortos, e aqueles outros povos estão preparando em outros
sentidos o caminho para o qual não podemos ser chamados, porque
nosso tempo deve ser dedicado a outra coisa.
O SENHOR USA PESSOAS DO MUNDO PARA SEUS
PROPÓSITOS. Não espero que essas grandes descobertas
provenham particularmente dentre os santos dos últimos dias,
porque o Senhor nos reservou outro trabalho, e por isso ele usa
pessoas de fora que disponham de tempo para fazerem grandes
descobertas científicas. Ele poderá estar usando igualmente alguns
de nós para tal coisa, mas faz isso e parece-me muito razoável que
derrame seu Espírito sobre essas pessoas de fora.
Conforme sabeis, Pedro pensava que o Evangelho era somente
para os judeus. O Senhor teve bastante trabalho para convencê-lo
de que Cornélio era digno do batismo e salvação.38Não nos
tornemos tão tacanhos a ponto de pensar que, por termos o
Evangelho e a salvação estar conosco, o Senhor esteja limitando o
cumprimento dessas Escrituras tão somente aos santos dos últimos
dias, e que, ao derramar o seu Espírito, ele o faz somente sobre
nossos filhos e filhas, sobre nossos servos e servas, e sobre nossos
velhos e nossos jovens. Não devemos pensar que o Senhor se vale
somente dos de sua Igreja e seu reino. Ele usa todos os que acha
conveniente usar, mesmo aqueles que o rejeitam, para realizar seus
propósitos. Esses homens podem dizer: “Eu não creio”, e “Eu
realizei isto “, reclamando a honra para si mesmos, mas a honra
pertence a Deus.39
INVENÇÕES POR PESSOAS DE FORA DA IGREJA. A voz é
ouvida e reconhecida talvez a milhares de quilômetros, e as
palavras calam na mente daqueles que escutam quase que como se
estivessem sentados diante do orador, como vós estais. Penso que
isto é extremamente maravilhoso; e no entanto, esta grande
descoberta não veio por revelação a um membro da Igreja; não foi
enviada através de um portador do Sacerdócio; mas veio por
alguém que não é da Igreja, porém foi inspirado pelo Senhor para
proporcionar essa grande bênção ao mundo. O mesmo se dá com
muitas outras coisas; o automóvel e o avião como meios de
transportes; o gravador e todas as outras grandes descobertas
feitas através de pesquisa científica; elas vieram, em sua grande
maioria, de fora da Igreja.
AS INVENÇÕES MODERNAS SÃO PARTE DA PLENITUDE
DOS TEMPOS. Todavia, sustento que, não tivesse havido a
restauração do Evangelho e a organização da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias, não existiria o rádio, não haveria
aviões, não teriam sido feitas as maravilhosas descobertas na
medicina, química, eletricidade, nem as muitas outras coisas com as
quais o mundo se vem beneficiando.
Em tais condições, essas bênçãos ficariam retidas, pois elas
pertencem à dispensação da plenitude dos tempos, da qual a
restauração do Evangelho e a organização da Igreja constituem o
ponto central, que irradia para o mundo o Espírito do Senhor. A
inspiração do Senhor tem-se projetado e apossado da mente dos
homens, embora estes não o saibam e eles são dirigidos pelo
Senhor. Desta maneira, ele os põe a seu serviço, para que seus
propósitos, sua justiça, no devido tempo, sejam supremos na terra.
Agora, gostaria de dizer brevemente que não creio, por um só
momento, que essas descobertas se fizeram por acaso, ou que são
produto da inteligência superior dos homens de hoje em
comparação com os que viveram em eras passadas. Elas vieram e
estão vindo, porque o tempo está maduro, porque é da vontade do
Senhor, e porque ele tem derramado seu Espírito sobre toda a
carne.40
Anotação
1. Para um estudo mais aprofundado do assunto, vide: “The Restoratíon of All Things”, obra de trezentos e
vinte páginas, de autoria do Presidente Joseph Fielding Smith.

2. Conference Report, outubro de 1944, p. 141.

3. Mateus 24:14.

4. Isaías 24:5; D & C 1:15-16.

5. Jeremias 31:34.

6. Isaías 11:4, 9.

7. Isaías 65:17-25; D & C 101:23-31; Daniel 7:14, 22, 27.

8. Isaías 2:3.

9. Isaías 65:17.

10. Church News, 19 de agosto de 1933. p. 4; D & C 133:22-25.

11. Era, vol. 55, p. 82; Isaías 29:14.

12. Church News, 9 de setembro de 1933, p. 4.

13. Malaquias 4:5-6.

14. Lucas 1:17; Em português, a Bíblia não faz distinção entre Elaías e Elias, chamando-os
indiscriminadamente de Elias. N. do T.

15. Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-10; Lucas 9:28-36.

16. Mateus 17:11-12.

17. Atos 1:6-7.

18. Atos 3:19-21.

19. Efésios 1:9-10.


20. Church News, 29 de abril de 1933, p. 4; D & C 2:1-3; 133:50-53.

21. D & C 13.

22. D & C 27:12-13; 81:1-2.

23. D & C 84:16.

24. D & C 128:20-21.

25. Church News, 16 de setembro de 1933, p. 4.

26. Corresp. Pessoal; D & C 27:6-7; 77:9, 14; 110:11-16.

27. Lutero, Martinho (1483-1546) — Monge germânico, fundador do protestantismo.

Calvino, João; nome verdadeiro: Jean Chauvin (1509-1564) —


Teólogo e reformador religioso francês, radicado na Suíça.
Knox, John (1505-1572) — Protestante, reformador, autor e líder
político escocês.
28. Apoc. 12:1-17; 1 Néfi 13:1-34; 14:1-26.

29. Church News, 2 de setembro de 1933, p. 4; 3 Néfi 21:4.

30. Joel 2:27-31.

31. Isaias 2:3.

32. João 14:17.

33. D & C 88:6-13.

34. D & C 98:4-9; 101:76-80; 109:54.

35. Joseph Smith 2:41.

36. Marconi Marquês Guglielmo (1874-1937) — Físico italiano, considerado inventor da telegrafia sem fio.

Bell, Alexander Graham (1847-1922) — Inventor norte-


americano, nascido na Escócia, patenteou o primeiro telefone
(1876).
Stephenson, George (1781-1848) — Inventor britânico; construiu
a primeira locomotiva a vapor prática e a primeira ferrovia.
37. Jó 12:2.

38. Atos 10:1-48.

39. Gen. & Hist. Magazine, vol. 14, pp. 5-14.


40. Conference Report, outubro de 1926, p. 117.
CAPÍTULO 11
A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS
COISAS1
UMA OBRA MARAVILHOSA E UM ASSOMBRO
O MOTIVO DA RESTAURAÇÃO. O convênio eterno havia sido
quebrado; a compreensão correta dos princípios do Evangelho
desaparecera devido à apostasia; havia deixado de existir entre os
homens o direito de oficiar nas ordenanças do Evangelho. Assim,
tornou-se necessário que tudo isso fosse restaurado, e que
aumentasse a fé entre o povo através de uma abertura dos céus e a
restauração do Evangelho.2
COMO SE DÁ A RESTAURAÇÃO. Para efetuar essa
restauração, os céus têm que se abrir. Mensageiros da presença de
Deus têm que, necessariamente, vir à terra. De que outra maneira
se revelariam as coisas dos céus? É preciso escolher homens na
terra e conferir-lhes o Sacerdócio, a fim de poderem dirigir os
negócios do Senhor na terra. Este é, na economia do Todo-
Poderoso, sempre o plano.
Como em dispensações anteriores, é preciso enviar
testemunhas investidas de autoridade divina, para advertir o povo e
pregar o Evangelho do arrependimento, a fim de que os homens
possam entrar em harmonia com a palavra revelada de Deus. Foi
por este motivo que o Senhor declarou: “E este Evangelho do reino
será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes”,
antes que venha o fim da injustiça.3
O QUE DEVE SER RESTAURADO. Nessa restauração é
necessário que seja restaurada em sua singeleza e autenticidade a
Igreja de Jesus Cristo. Todas as chaves e poderes do Sacerdócio
possuídos pelos profetas de dispensações passadas têm que ser
conferidos aos representantes eleitos de Deus na terra. Desta
maneira, toda a autoridade e todas as chaves do Sacerdócio do
passado fluem para a mais gloriosa e grandiosa das dispensações,
como claras correntes desaguando num possante rio. O convênio
eterno dado em outros tempos aos antigos e que, diz Isaías, foi
quebrado, tem que ser restaurado.4
Os convênios prometidos pelo Senhor a Israel — e dos quais os
gentios podem participar através da fé e do arrependimento —
devem ser conferidos. “E não ensinará alguém mais a seu próximo
nem alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o mais pequeno deles até o maior, diz
o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me
lembrarei de seus pecados.”5
O MILÊNIO E A RESTAURAÇÃO. Quando esse tempo chegar,
“a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas
cobrem o mar”. A iniquidade será destruída, pois Jeová “julgará com
justiça os pobres, e repreenderá com equidade os mansos da terra;
e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus
lábios matará o ímpio.”6
Nesse dia, não haverá nenhum “cristianismo dividido”. Todos os
que não se arrependerem e receberem o Evangelho, logo serão
removidos, e os que permanecerem, aprenderão a adorar o
verdadeiro Deus vivo em espírito e em verdade. A Igreja de Jesus
Cristo governará a terra inteira, pois Cristo será o Rei e
Libertador. Haverá paz tanto entre os homens como entre os
animais. Satanás será atado, e seu domínio, o qual vem retendo
pela usurpação e fraude desde o começo da existência temporal da
terra, chegará ao fim. Há de reinar o Rei legítimo, e seus santos
possuirão o reino de acordo com a visão de Daniel.7
Jerusalém se tornará uma cidade justa, quando Israel estiver
coligada e redimida. Sião também será lavada de toda iniquidade, e
nesse dia em que Cristo reinar, cumprir-se-á a palavra de Isaías,
“porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”.8
RESTAURAÇÃO DA TERRA. Isaías predisse, como parte dessa
grande restauração, o surgimento de “céus novos e nova terra; e
não haverá lembrança de coisas passadas, nem mais se
recordarão”.9 Esses novos céus e terra são apenas parte da grande
restauração proclamada na décima regra de nossa fé:
“Cremos na coligação literal de Israel e na restauração das Dez
Tribos; que Sião será construída neste continente (o americano);
que Cristo reinará pessoalmente sobre a terra; e que a mesma será
renovada e receberá a sua glória paradisíaca.”
A superfície da terra voltará a juntar-se como era antes de ser
dividida, e a terra de Jerusalém e a de Sião regressarão aos seus
próprios lugares, e a terra será como nos dias de sua glória
paradisíaca. As montanhas serão abatidas e não se acharão os
vales, e a grande profundeza será novamente impelida para o norte,
e as ilhas do mar se tornarão uma só terra.10
A RESTAURAÇÃO NECESSITA DE UM PROFETA. Visto que os
profetas predisseram que nos últimos dias o Senhor coligaria Israel
e lhe revelaria mais uma vez os seus convênios, o bom senso
reclama que tais convênios e as chaves para essa restauração
devem ser dados a algum mensageiro escolhido. Joseph Smith é
esse mensageiro. Ele devia vir na época em que o povo se
aproximaria do Senhor só com a boca, honrando-o com seus lábios,
enquanto seu coração estaria muito afastado dele, e seu temor para
com ele consistiria em mandamentos de homens. Haveria de ser
nesse dia, disse o Senhor, que “continuarei a fazer uma obra
maravilhosa no meio deste povo; uma obra maravilhosa e um
assombro, porque a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o
entendimento de seus prudentes se esconderá.”11
A RESTAURAÇÃO: LINHA SOBRE LINHA. Um belo fio de
consistência percorre todo o esquema da restauração do
Evangelho. Joseph Smith e Oliver Cowdery não podiam prever o fim
desde o princípio, mas o Senhor era o Arquiteto e fê-los saber
pouco a pouco, à medida que conhecimento e organização se
faziam necessários, até ser restaurada a perfeita estrutura da Igreja.
O fato de que cada parte, ao ser revelada, encaixava
perfeitamente no que havia vindo antes, mostra a inspiração. Não
houve necessidade alguma de eliminar, modificar ou ajustar
qualquer parte para que se enquadrasse; cada nova revelação
sobre doutrina e Sacerdócio, se encaixava perfeitamente em seu
lugar para completar a estrutura, conforme havia sido planejada pelo
Construtor Mestre. A organização da Igreja em todas as suas partes
e funções é considerada, mesmo pelos inimigos, tão próxima à
perfeição quanto consegue ser qualquer organização na terra.12
ELAÍAS, ELIAS E A RESTAURAÇÃO
ELIAS: UM ELO ENTRE DISPENSAÇÕES. Parece muito
apropriado que o último dos antigos profetas conclua suas predições
com uma promessa para as gerações futuras, e nesta promessa fale
de um tempo vindouro em que haveria uma ligação das
dispensações passadas com as dos últimos tempos.
As palavras proféticas de Malaquias têm sido um mistério
intransponível para grande parte dos comentaristas. Isto se aplica
particularmente à declaração dele sobre a vinda de Elias. A razão
dessa dificuldade deve-se principalmente à incapacidade dos
comentaristas bíblicos de compreenderem que é tanto possível
como razoável que antigos profetas, os quais viveram perto de mil
anos antes de Cristo, sejam enviados nestes dias com tamanho
poder como o descrito por Malaquias e possuído por Elias.13
JOÃO BATISTA: UM ELAÍAS. Tem sido uma interpretação
popular dizer-se que essa profecia foi cumprida com a vinda de
João Batista como um Elaías, com poder para converter o coração
dos pais aos filhos, e o dos filhos aos pais. Um dos motivos de tal
interpretação é a incapacidade desses eruditos de entenderem
corretamente as palavras do anjo a Zacarias, em relação a João, e
que dizem:
“E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias [Elaías], para
converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência
dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem
disposto.”14
É certo que João veio no espírito e poder de Elaías, mas não
para cumprir a promessa feita por Malaquias que, conforme se
depreende pelo contexto, é algo destinado a ocorrer nos últimos
dias, pouco antes do grande e terrível dia do Senhor, por ocasião do
segundo advento de Cristo na terra.
Tampouco deve parecer desarrazoado para quem tem fé nas
Escrituras, acreditar que um profeta antigo possa ser enviado à terra
nos últimos tempos. Os autores dos Evangelhos narram o caso
vívido da aparição de Moisés e Elias a Pedro, Tiago e João, quando
estavam com Cristo no Monte da Transfiguração.15 Ora, se Moisés e
Elias podiam aparecer a esses discípulos centenas de anos depois
de terem vivido na terra, por que não acreditar que possam ser
enviados novamente com uma mensagem de salvação e com
autoridade, aos homens na terra em nossos dias?
ELAÍAS PARA RESTAURAR TODAS AS COISAS. Quando o
Salvador e os discípulos desciam do Monte da Transfiguração, o
Senhor ordenou-lhes que não falassem a ninguém sobre aquela
manifestação, até que ele ressurgisse dentre os mortos. Entretanto,
como se mostrassem ansiosos por saberem alguma coisa sobre a
vinda de Elaías, e respondendo a suas perguntas, o Senhor lhes
disse: “Em verdade Elaías virá primeiro e restaurará todas as
coisas. Mas digo-vos que Elaías já veio, e não o conheceram, mas
fizeram-lhe tudo o que quiseram.”16 Então os discípulos souberam
que o Mestre se referia a João.
O Salvador deixou perfeitamente claro que João Batista veio
como um Elaías, ou seja, para preparar-lhe o caminho, mas também
esclareceu que em alguma época futura, viria ainda um outro Elaías
com o poder para restaurar todas as coisas. João não restaurou
todas as coisas durante seu breve ministério, por mais importante
que tenha sido. Sua tarefa era a de preparar o ministério de Jesus
Cristo, e neste sentido, ele foi um Elaías.
Elaías é mais que um nome próprio; é igualmente um
título. Elaías é alguém que precede um maior do que ele próprio,
preparando o caminho para aquele que o seguirá. Foi neste
chamado que serviu João, e não como restaurador de todas as
coisas. Torna-se evidente que a restauração de todas as coisas não
era o propósito a ser cumprido durante o meridiano dos tempos,
enquanto Cristo ministrava. Essa grande obra estava reservada
para os últimos dias. Consideremos este ponto por um momento.
A RESTAURAÇÃO DEVERIA DAR-SE APÓS A ÉPOCA DO
NOVO TESTAMENTO. Pouco antes da ascensão de nosso Senhor,
os discípulos apresentaram-lhe esta questão: “Senhor, restaurarás
tu neste tempo o reino a Israel?”, ao que respondeu: “Não vos
pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu
pelo seu próprio poder.”17
Esta resposta tem um único sentido, isto é, que a restauração
não era destinada à época deles’ Mais tarde, esses discípulos
compreenderam claramente esta verdade. Foi pouco depois dessa
ocorrência, quando Pedro admoestava alguns judeus que
contribuíram para a morte do Senhor. Instou-os a que se
arrependessem e se convertessem, para que seus pecados
pudessem ser apagados “e venham assim os tempos do refrigério
pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes
vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até os tempos
da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os
seus santos profetas, desde o princípio.”18
Também Paulo, escrevendo aos santos efésios, disse que na
dispensação da plenitude dos tempos o Pai congregaria em Cristo
todas as coisas, “tanto as que estão nos céus como as que estão na
terra”.19
A RESTAURAÇÃO DEVE PRECEDER A SEGUNDA VINDA. Os
discípulos sabiam que a restauração não viria até aproximar-se a
época da segunda vinda de Jesus Cristo, e devia ser nesse dia que
Elias traria seu Sacerdócio de volta à terra e restituiria aos homens
o poder de selar na terra e nos céus, a fim de que a humanidade
tivesse meios de escapar da destruição que aguardava os iníquos
naquele grande e terrível dia do Senhor. Este grande e terrível dia
do Senhor não pode ser outro que o da vinda de Jesus Cristo para
estabelecer com poder o seu reino na terra, e limpá-la de toda
iniquidade. Não será um dia de terror e temor para os justos, mas
um dia de temor e terror para os ímpios. Isto aprendemos pelas
palavras de nosso próprio Salvador.20
RESTAURAÇÃO DAS CHAVES DE TODAS AS
DISPENSAÇÕES. Na restauração da autoridade, era necessário
que viesse primeiro João Batista — o mensageiro que em outros
tempos foi mandado preparar o caminho.21 A seguir, tinham que vir
Pedro, Tiago e João, que retinham as chaves do Sacerdócio Maior,
a fim de conferirem seu poder, para que a Igreja pudesse ser
organizada na terra. Pedro, Tiago e João, os três apóstolos
chefes, os quais constituíam a presidência da Igreja em sua
época, eram os personagens lógicos para trazerem essa
autoridade.22
Mas ainda outros teriam que vir. Após a vinda dos apóstolos,
não conhecemos exatamente a ordem observada. É natural
concluirmos que as autoridades reveladas e restauradas
começaram com Adão, “o qual foi o primeiro homem”,23 Depois
viriam Enoque, Noé e assim por diante, seguindo a linha de
autoridade até a dispensação do meridiano dos tempos.24
O ELAÍAS DOS DIAS DE ABRAÃO. Não fomos informados da
identidade do homem intitulado Elaías, que viveu nos dias de
Abraão. Alguns pensam tratar-se de Melquisedeque. Porém,
sabemos que esse homem Elaías retinha as chaves da dispensação
em que viveu Abraão. Ele, também, veio e restaurou a sua
autoridade, que é a restauração do Evangelho com todos os seus
convênios, conforme foram dados nos dias de Abraão.25
O ELAÍAS DA RESTAURAÇÃO. O Elaías que devia restaurar
todas as coisas é um personagem múltiplo. Em outras palavras, a
restauração não foi realizada por um único personagem, mas
muitos, e ao falar em Elaías que viria restaurar todas as coisas, o
Senhor estava usando o título no sentido plural, tendo em mente
todos os profetas que vieram restaurar a plenitude do
Evangelho. Isto incluiria João Batista, Pedro, Tiago, João e todo
profeta antigo que restaurou chaves a partir dos dias de Adão.26
ALCANCE MUNDIAL DA RESTAURAÇÃO
OS REFORMADORES PREPARARAM O CAMINHO PARA A
RESTAURAÇÃO. Ao fazer os preparativos para essa restauração, o
Senhor levantou homens nobres, tal como Lutero, Calvino, Knox27 e
outros que chamamos de reformadores, dando-lhes poder para
quebrar os grilhões que prendiam o povo e lhes negavam o direito
sagrado de adorar a Deus de acordo com os ditames da própria
consciência. O Todo-Poderoso deu livre arbítrio ao homem, ou seja,
o poder de agir por si mesmo na escolha entre o bem e o mal, antes
de ser estabelecido o fundamento da terra; mas, desde quando, no
princípio, foi expulso dos céus, o dragão vem-se esforçando para
privar o homem deste grande dom de Deus.
Nos dias da maior treva espiritual, quando o mal campeava, o
Senhor levantou homens honrados que se rebelaram contra a tirania
do dragão e seus emissários que dominavam na terra e mantinham
em abjeta servidão as consciências dos homens.28
Os santos dos últimos dias prestam homenagem a esses
grandes e destemidos reformadores que romperam os grilhões que
constrangiam o mundo religioso. Eles tinham o Senhor como seu
Protetor nessa missão cheia de muitos perigos. Naqueles dias,
entretanto, não havia chegado o tempo para a restauração da
plenitude do Evangelho. A obra dos reformadores foi de grande
importância, mas era um trabalho preparatório e de forma alguma
eles hão de perder sua merecida recompensa.
Não foi até o final da primeira quarta parte do século XIX que
chegou a hora para a restauração da luz e verdade em sua primitiva
plenitude. O mundo estava então suficientemente preparado, tanto
pelo estabelecimento da liberdade política como religiosa, para que
a Igreja de Jesus Cristo e o santo Sacerdócio pudessem ser
restituídos seguramente à terra.29
PROFECIA DE JOEL SOBRE OS ÚLTIMOS DIAS. O segundo
capítulo de Joel, a partir do versículo vinte e sete, diz assim:
“E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o
Senhor vosso Deus, e ninguém mais: e o meu povo não será
envergonhado para sempre. E há de ser que depois, derramarei o
meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos
terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles
dias derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na
terra, sangue e fogo, e colunas de fumo. O sol se converterá em
trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia
do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo: porque no monte de Sião e em Jerusalém
haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes,
que o Senhor chamar.”30
Obviamente, entendemos que haverá duas sedes: Sião e
Jerusalém. E destas duas cidades, sairá a palavra do Senhor, e
seus mandamentos, não só para os que são membros da Igreja,
mas para as nações da terra, quando seu reino estiver plenamente
estabelecido.31
O SENHOR DERRAMARÁ O SEU ESPÍRITO SOBRE TODA
CARNE. Ainda não chegou o tempo em que o sol escurecerá e a lua
se converterá em sangue; contudo, o Senhor já começou a
derramar o seu Espírito sobre toda a carne, e estamos vendo
mesmo agora seus filhos e filhas profetizando, os velhos tendo
sonhos, e os moços, visões.
Bem, meus irmãos, não vou restringir essa profecia aos
membros da Igreja. O Senhor disse que derramaria o seu Espírito
sobre toda a carne: Isto não significa que o Espírito Santo seria
enviado a toda a carne, e que todos seriam participantes das
bênçãos a que têm direito os que foram batizados e investidos, e se
tornam membros da Igreja:32 mas que o Senhor derramaria suas
bênçãos e o seu Espírito sobre todas as pessoas e as usaria para
realizar seus propósitos.33
A RENASCENÇA PREPAROU O CAMINHO PARA A
RESTAURAÇÃO. Penso que é lícito remontarmos aos dias do
ressurgir do conhecimento — à Renascença, como é chamada — e
da reforma nos séculos XV e XVI, para encontrarmos o início do
cumprimento dessa promessa. O Senhor tinha que começar a
preparar naqueles dias o caminho para introduzir a dispensação da
plenitude dos tempos, porque nos séculos XIV e XV, o mundo
cristão se encontrava em treva total: um pálio negro cobria a terra
como igual, creio, nunca havia visto antes, e a corrupção da
chamada Igreja Cristã atingia as raias do inacreditável.
Durante os séculos XV e XVI, porém, o Renascimento rompeu
essas trevas e preparou o terreno para a reforma, que conseguiu
lançar uma cabeça de ponte no século XVI. Esse foi realmente o
alvorecer de nossa época atual. Partiu-se o jugo do grande poder
que dominava as nações, não só física mas também
espiritualmente; e os raios de luz começaram a insinuar-se, abrindo
caminho para a liberdade civil e religiosa.
AS INVENÇÕES PREPARARAM O CAMINHO PARA A
RESTAURAÇÃO. Se tomardes tempo para refletir, vereis que na
questão de descoberta e invenção, as coisas se deram de maneira
lógica, passo a passo, à medida que o povo estava preparado para
recebê-las; e cada passo servia para estabelecer a verdade do
Evangelho eterno sobre a terra. Assim, quando o povo se pôs a
estudar e aprender, conforme fizeram naquele tempo, e o
conhecimento começou a espraiar-se, surgiu a prensa tipográfica,
facilitando a publicação de livros e outros materiais e a distribuição
entre o povo, de modo que toda pessoa podia aprender a ler e
escrever.
Antes daquela época, o homem capaz de ler e que era educado,
pertencia a uma classe privilegiada, geralmente ao clero; e quando
acusado de alguma ofensa, se ele sabia ler e escrever e mostrava
ter algum estudo, podia exigir um julgamento pelo tribunal
eclesiástico, em lugar de pela corte civil, e isto era bastante
vantajoso, porque aquela exigia mais testemunhas para julgar um
caso do que esta.
NA IDADE MÉDIA, PREVALECIA A IGNORÂNCIA. Um homem
instruído podia ingressar no ministério, e as pessoas comuns eram
mantidas na ignorância, particularmente no que dizia respeito às
Escrituras. Prevalecia a ideia de que as Escrituras não eram para o
povo em geral. Um dos grandes líderes do pensamento religioso
daquela época disse que lamentava a invenção da tipografia,
porque, por meio dela, as Escrituras, a joia da Igreja, dizia ele,
ficavam ao alcance das pessoas leigas; e deplorava isso por ser
uma profanação de coisas sagradas. Era este o pensamento da
época.
E assim podemos seguir essas coisas passo a passo, e vemos
que as descobertas e invenções deram-se; logicamente quando
mais necessárias. Antes da época de Colombo, o povo acreditava
que além das margens do Atlântico, se estendia um mar de
escuridão atrás do qual havia dragões; e se alguém se aventurasse
a navegar mais longe, seria devorado por esses terríveis monstros.
AS INVENÇÕES VÊM PELO ESPÍRITO DO SENHOR. Daqueles
tempos até hoje, nunca se deu um só passo no tocante à
descoberta ou invenção em que o Espírito do Senhor (isto é, o
espírito mencionado por Joel, a Luz de Cristo, não o Espírito Santo!)
não houvesse sido a força propulsora, pousada sobre o indivíduo,
levando-o a fazer a descoberta ou invenção. O mundo não entende
isso, mas é perfeitamente claro para mim; como também nem
sempre o Senhor se utilizou daqueles que tinham fé, nem o faz hoje
em dia. Ele usa os intelectos flexíveis e que se deixam dirigir para
certos rumos, a fim de realizar a sua obra, acreditem nele ou não.
A América precisava ser descoberta, pois seria nessa terra que
devia ser restaurado o Evangelho. Tinha de haver a destruição do
poder despótico; o feudalismo tinha que ter um fim, e os homens
tinham que ser libertados. Era necessário que se organizassem
parlamentos, que o povo tivesse uma Constituição e voz ativa
quanto ao que deveria ou não ser feito em termos de governo.
A CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS E A
RESTAURAÇÃO. Tudo isto tinha que ser antes do estabelecimento
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na terra.
Essas coisas ocorreram na Europa antes da descoberta da América.
Após seu descobrimento, a liberdade nessas terras tomou um
ímpeto que o velho mundo não lhe poderia dar; e o país foi redimido
pelo sangue derramado (o Senhor é quem o diz), e a liberdade
proclamada na Constituição dos Estados Unidos, de modo que
todos os povos da terra pudessem encontrar refúgio na América, a
Terra da Promissão.34 Isto feito, chegara a hora de trazer à luz e
estabelecer o Evangelho de Jesus Cristo sobre a terra.
INVENÇÕES RESERVADAS PARA A ERA DA RESTAURAÇÃO.
Desde essa época, têm-se feito muitas descobertas. Na verdade, a
partir do estabelecimento do Evangelho, essas descobertas e
invenções aumentaram grandemente, e temos visto talvez mais no
último quarto de século, digamos assim, do que se viram durante
todos os anos desde os dias da Renascença e da Reforma até a
visita do Anjo Morôni ao Profeta Joseph Smith.
Entre outras coisas, foi descoberta e inventada — e agora não
me estou limitando a este lado da restauração do Evangelho, mas
às coisas que levam a ela — maquinaria para poupar o trabalho
braçal ou manual, como de tecelagem, malharia, costura, serviços
agrícolas e todo tipo de trabalho. A descoberta da força motriz do
vapor deu-se antes da época, mas reparai como se desenvolveu
desde aí; vede como todas essas coisas se desenvolveram. Cada
uma das descobertas vindas a público antes da aparição de Morôni,
ou digamos, antes do estabelecimento da Igreja em 1830, a partir
daí foi desenvolvida e aperfeiçoada maravilhosamente milhares de
vezes.
INVENÇÕES AJUDAM A CUMPRIR PROFECIA DE JOEL. Bem,
referi-me a essas coisas como sendo o cumprimento da predição
pelo Profeta Joel e que, segundo Morôni disse ao Profeta Joseph
Smith, deviam cumprir-se nesta dispensação da plenitude dos
tempos.35Apenas as abordei aqui e ali, pois o tempo não me permite
entrar em maiores detalhes. Olhai para estas lâmpadas elétricas.
Podemos estar sentados aqui vendo-nos uns aos outros, e posso ler
para nós com auxílio dessas luzes, geradas pela eletricidade.
Sabíamos disso há muito tempo, mas não faz tanto tempo assim
que estamos usando um globo elétrico, e vede como ele tem sido
aperfeiçoado.
Depois, como já dissemos, a eletricidade é usada ainda como
força motriz, para propelir maquinaria, propelir nossos carros pelas
ruas e de uma cidade para outra! É usada para erguer grandes
pesos; potentes ímãs são produzidos pela força elétrica, que servem
para levantar grandes peças de metal e movê-las de lugar; o
homem aprendeu a utilizar de várias maneiras esta grande força, da
qual sabe tão pouco.
INVENTORES USADOS PELO SENHOR. Agora, acaso pensais
que as descobertas e invenções feitas por Marconi, Edison, Bell,
Stephenson36 e tantos outros inventores e descobridores,
aconteceram simplesmente porque esses homens se sentaram e se
concentraram no assunto, e o descobriram pelo raciocínio ou
acidentalmente? Absolutamente não. O Espírito do Senhor, a Luz de
Cristo estava atrás disso, impelindo-os a fazer o que fizeram; e por
quê? Porque era chegado o tempo, estava maduro. Nós estamos
preparados para essas descobertas e invenções, e todas elas têm
algo a ver com a restauração do Evangelho e a preparação para o
tempo ainda futuro, mas que não demorará, quando Cristo há de
reinar na terra, e será estabelecida a paz durante mil anos. Este é o
propósito de tudo.
Bem, um homem como Edison poderia dizer: “Eu não creio num
ser supremo.” Não sei se seria o caso; alguns desses homens não o
fazem. Contudo, o Senhor, em sua grande misericórdia, releva isso
e utiliza tal homem por estar capacitado para determinado trabalho,
e ele pode inspirá-lo, por meio do seu Espírito, a fazer essa grande
obra. Por isso, ele prossegue e o faz, tudo para o estabelecimento
do reino de Deus.
OS SANTOS TÊM A MENSAGEM DA SALVAÇÃO. Às vezes,
devido à nossa maneira limitada de ver as coisas, achamos que por
sermos o povo do Senhor, ele se utiliza unicamente de nós. Porque
temos o propósito de ir e pregar o Evangelho e conduzir os
honestos de Sião com cânticos de alegria eterna, podemos ter a
ideia de que “nós somos o povo”, como diria Jó, “e conosco morrerá
a sabedoria”.37 Mas o Senhor está usando também outras forças,
outros povos, outros poderes.
A nós cabe executar a grande obra de salvação para os vivos e
pelos mortos, e aqueles outros povos estão preparando em outros
sentidos o caminho para o qual não podemos ser chamados, porque
nosso tempo deve ser dedicado a outra coisa.
O SENHOR USA PESSOAS DO MUNDO PARA SEUS
PROPÓSITOS. Não espero que essas grandes descobertas
provenham particularmente dentre os santos dos últimos dias,
porque o Senhor nos reservou outro trabalho, e por isso ele usa
pessoas de fora que disponham de tempo para fazerem grandes
descobertas científicas. Ele poderá estar usando igualmente alguns
de nós para tal coisa, mas faz isso e parece-me muito razoável que
derrame seu Espírito sobre essas pessoas de fora.
Conforme sabeis, Pedro pensava que o Evangelho era somente
para os judeus. O Senhor teve bastante trabalho para convencê-lo
de que Cornélio era digno do batismo e salvação.38Não nos
tornemos tão tacanhos a ponto de pensar que, por termos o
Evangelho e a salvação estar conosco, o Senhor esteja limitando o
cumprimento dessas Escrituras tão somente aos santos dos últimos
dias, e que, ao derramar o seu Espírito, ele o faz somente sobre
nossos filhos e filhas, sobre nossos servos e servas, e sobre nossos
velhos e nossos jovens. Não devemos pensar que o Senhor se vale
somente dos de sua Igreja e seu reino. Ele usa todos os que acha
conveniente usar, mesmo aqueles que o rejeitam, para realizar seus
propósitos. Esses homens podem dizer: “Eu não creio”, e “Eu
realizei isto “, reclamando a honra para si mesmos, mas a honra
pertence a Deus.39
INVENÇÕES POR PESSOAS DE FORA DA IGREJA. A voz é
ouvida e reconhecida talvez a milhares de quilômetros, e as
palavras calam na mente daqueles que escutam quase que como se
estivessem sentados diante do orador, como vós estais. Penso que
isto é extremamente maravilhoso; e no entanto, esta grande
descoberta não veio por revelação a um membro da Igreja; não foi
enviada através de um portador do Sacerdócio; mas veio por
alguém que não é da Igreja, porém foi inspirado pelo Senhor para
proporcionar essa grande bênção ao mundo. O mesmo se dá com
muitas outras coisas; o automóvel e o avião como meios de
transportes; o gravador e todas as outras grandes descobertas
feitas através de pesquisa científica; elas vieram, em sua grande
maioria, de fora da Igreja.
AS INVENÇÕES MODERNAS SÃO PARTE DA PLENITUDE
DOS TEMPOS. Todavia, sustento que, não tivesse havido a
restauração do Evangelho e a organização da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias, não existiria o rádio, não haveria
aviões, não teriam sido feitas as maravilhosas descobertas na
medicina, química, eletricidade, nem as muitas outras coisas com as
quais o mundo se vem beneficiando.
Em tais condições, essas bênçãos ficariam retidas, pois elas
pertencem à dispensação da plenitude dos tempos, da qual a
restauração do Evangelho e a organização da Igreja constituem o
ponto central, que irradia para o mundo o Espírito do Senhor. A
inspiração do Senhor tem-se projetado e apossado da mente dos
homens, embora estes não o saibam e eles são dirigidos pelo
Senhor. Desta maneira, ele os põe a seu serviço, para que seus
propósitos, sua justiça, no devido tempo, sejam supremos na terra.
Agora, gostaria de dizer brevemente que não creio, por um só
momento, que essas descobertas se fizeram por acaso, ou que são
produto da inteligência superior dos homens de hoje em
comparação com os que viveram em eras passadas. Elas vieram e
estão vindo, porque o tempo está maduro, porque é da vontade do
Senhor, e porque ele tem derramado seu Espírito sobre toda a
carne.40
Anotação
1. Para um estudo mais aprofundado do assunto, vide: “The Restoratíon of All Things”, obra de trezentos e
vinte páginas, de autoria do Presidente Joseph Fielding Smith.

2. Conference Report, outubro de 1944, p. 141.

3. Mateus 24:14.

4. Isaías 24:5; D & C 1:15-16.

5. Jeremias 31:34.

6. Isaías 11:4, 9.

7. Isaías 65:17-25; D & C 101:23-31; Daniel 7:14, 22, 27.

8. Isaías 2:3.

9. Isaías 65:17.

10. Church News, 19 de agosto de 1933. p. 4; D & C 133:22-25.

11. Era, vol. 55, p. 82; Isaías 29:14.

12. Church News, 9 de setembro de 1933, p. 4.

13. Malaquias 4:5-6.

14. Lucas 1:17; Em português, a Bíblia não faz distinção entre Elaías e Elias, chamando-os
indiscriminadamente de Elias. N. do T.

15. Mateus 17:1-8; Marcos 9:2-10; Lucas 9:28-36.

16. Mateus 17:11-12.

17. Atos 1:6-7.

18. Atos 3:19-21.

19. Efésios 1:9-10.


20. Church News, 29 de abril de 1933, p. 4; D & C 2:1-3; 133:50-53.

21. D & C 13.

22. D & C 27:12-13; 81:1-2.

23. D & C 84:16.

24. D & C 128:20-21.

25. Church News, 16 de setembro de 1933, p. 4.

26. Corresp. Pessoal; D & C 27:6-7; 77:9, 14; 110:11-16.

27. Lutero, Martinho (1483-1546) — Monge germânico, fundador do protestantismo.

Calvino, João; nome verdadeiro: Jean Chauvin (1509-1564) —


Teólogo e reformador religioso francês, radicado na Suíça.
Knox, John (1505-1572) — Protestante, reformador, autor e líder
político escocês.
28. Apoc. 12:1-17; 1 Néfi 13:1-34; 14:1-26.

29. Church News, 2 de setembro de 1933, p. 4; 3 Néfi 21:4.

30. Joel 2:27-31.

31. Isaias 2:3.

32. João 14:17.

33. D & C 88:6-13.

34. D & C 98:4-9; 101:76-80; 109:54.

35. Joseph Smith 2:41.

36. Marconi Marquês Guglielmo (1874-1937) — Físico italiano, considerado inventor da telegrafia sem fio.

Bell, Alexander Graham (1847-1922) — Inventor norte-


americano, nascido na Escócia, patenteou o primeiro telefone
(1876).
Stephenson, George (1781-1848) — Inventor britânico; construiu
a primeira locomotiva a vapor prática e a primeira ferrovia.
37. Jó 12:2.

38. Atos 10:1-48.

39. Gen. & Hist. Magazine, vol. 14, pp. 5-14.


40. Conference Report, outubro de 1926, p. 117.
CAPÍTULO 12
JOSEPH SMITH: O PROFETA DA
RESTAURAÇÃO
NATUREZA DO CHAMADO PROFÉTICO
PROFETAS ESCOLHIDOS NA PREEXISTÊNCIA. Num passado
remoto, antes de se lançarem os fundamentos desta terra, foi
realizado um grande conselho nos céus. Nesse conselho foram
aperfeiçoados os planos e formada uma organização para o
governo desta terra durante sua provação mortal. Nosso Pai Eterno,
sabedor do fim desde o princípio, escolheu dentre os espíritos
aqueles que deveriam ser seus governantes e profetas, para ajudá-
lo a realizar seus propósitos eternos nesta terra, em relação ao
destino final dos homens.1…
JOSEPH SMITH FOI PREORDENADO. Nesse grande conselho,
Miguel foi escolhido para tornar-se o progenitor da família humana e
introduzir a mortalidade no mundo. Jesus Cristo foi escolhido para
vir no meridiano dos tempos, a fim de redimir o homem de seu
estado mortal e facultar-lhe a redenção do pecado individual, sob
condição de arrependimento e fidelidade ao plano eterno. Abraão foi
designado a tornar-se o “pai dos fiéis”, e o fundador da casa de
Israel. Moisés foi escolhido para tirar Israel do cativeiro egípcio, e
Joseph Smith para encabeçar a maior de todas as dispensações, a
da plenitude dos tempos.2…
Joseph Smith foi escolhido para ficar à testa da obra do Senhor
nos últimos dias, e seu trabalho lhe foi designado através da
presciência de nosso Pai Eterno nas eternidades, antes de ele
nascer. Ele veio na qualidade de Elaías, a fim de preparar o
caminho para a vinda de nosso Senhor. A nenhum profeta, desde os
dias de Adão, salvo, logicamente nosso Redentor, foi confiada
missão maior.3
O QUE É UM PROFETA? Profeta é alguém que ensina as
palavras de vida eterna pela voz da inspiração e oficia nas
ordenanças salvadoras do Evangelho. Predizer é apenas uma das
qualificações de um profeta.
Quando estava na Ilha de Patmos, João recebeu a visita de um
mensageiro, e ele caiu de joelhos e estava prestes a adorá-lo. O
mensageiro, porém, lhe disse: “Olha, não faças tal: sou teu
conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus: adora
a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.”4
Em outras palavras, toda pessoa que é batizada e confirmada,
deveria ter o espírito de inspiração, e saber que Jesus Cristo é o
Filho de Deus. Toda pessoa deveria viver em harmonia com a
verdade revelada: e assim fazendo, e recebendo o testemunho
através do Santo Espírito de que Jesus vive e é o Filho de Deus, ela
se torna um profeta ou profetisa, tendo direito à diretriz e inspiração
do Espírito Santo, o qual é o espírito de profecia.5
TODOS OS SANTOS DEVERIAM SER PROFETAS. Todo
homem capaz de dizer conscientemente que o Senhor Jesus Cristo
é o Redentor do mundo e o Filho Unigênito de Deus, é um
profeta. Todo homem portador do Sacerdócio e que magnifica seu
chamado é um profeta e tem direito a receber a inspiração do Santo
Espírito no que lhe concerne — mas não de receber revelação para
a Igreja. Há somente um designado para esse ofício.6
Um presidente de estaca tem direito à revelação em sua estaca
e para dirigi-1a; o bispo, em sua ala; e igualmente um missionário
em seu campo de missão. Todo outro membro da Igreja chamado
para um ofício possui o direito à inspiração e orientação do Espírito
do Senhor no que lhe é dado fazer. Sendo assim inspirado, ele é um
profeta.7
Não só Joseph Smith era para ser um profeta, tampouco apenas
seus conselheiros e o Conselho dos Doze eram para ser profetas,
mas cada pessoa disposta a aceitar a verdade, disposta a humilhar-
se e entrar para a Igreja poderia falar em nome de Deus, o Senhor,
mesmo o Salvador do mundo.8…
O QUE É ESCRITURA? Quando um dos irmãos se posta diante
de uma congregação hoje em dia, e a inspiração do Senhor está
sobre ele, ele fala aquilo que o Senhor quer que fale. E é tão
Escritura como tudo quanto encontrais escrito em qualquer destes
registros, no entanto, nós os chamamos de obras-padrão da Igreja.
Nós dependemos, naturalmente, da orientação dos irmãos que têm
direito à inspiração.
Na Igreja, há um só homem de cada vez com o direito de dar
revelação para a Igreja, e este é o seu presidente. Isto, porém, não
impede qualquer outro membro desta Igreja de falar a palavra do
Senhor, conforme é salientado aqui nesta revelação, seção
sessenta e oito; mas a revelação a ser dada como estas revelações
neste livro, para a Igreja, virá através do oficial presidente da Igreja;
todavia, a palavra do Senhor, quando falada por outros servos nas
conferências gerais e de estaca, ou seja onde for que falem àquilo
que o Senhor lhes tiver colocado na boca, é a palavra do Senhor
exatamente como os escritos e as palavras de outros profetas em
outras dispensações.9
Agora, o motivo de haver profetas nestes nossos dias é para
podermos ser guiados em toda verdade, para que possamos
achegar-nos a Deus, a fim de que conheçamos seus caminhos e
andemos em retidão nas suas veredas.10
PRONUNCIAMENTOS PROFÉTICOS AJUSTAM-SE ÀS
REVELAÇÕES. Quando um profeta é profeta? Sempre que ele falar
sob a inspiração e influência do Espírito Santo. Os homens
frequentemente falam e externam suas próprias opiniões. O Senhor
não privou os homens de suas opiniões individuais. Homens bons,
homens de fé, possuem pontos de vista divergentes em muitas
coisas. Não existe mal algum nisto, desde que esses pontos de vista
não tenham a ver com os princípios fundamentais. Alguns
pertencem a este partido político, outros, àquele. Alguns creem em
determinada filosofia política, e alguns se lhe opõem
veementemente, e no entanto, são homens fiéis com testemunho do
Evangelho.
Quando os profetas escrevem e falam sobre princípios do
Evangelho, devem estar sendo guiados pelo Espírito. Assim sendo,
tudo o que então disserem estará em harmonia com a palavra
revelada. Se estiverem em harmonia, saberemos que eles não
falaram com soberba.11Caso um homem fale ou escreva, e o que ele
diz estiver em conflito com os padrões aceitos, com as revelações
dadas pelo Senhor, então podemos rejeitar o que disse, não importa
quem ele seja. Paulo declara que, às vezes, externava opinião
própria em seus escritos.12
PROFETAS FALSAMENTE TIDOS COMO MAIORES E
MENORES. Esta divisão, geralmente classificando Isaías, Jeremias,
Ezequiel e Daniel como profetas maiores e os outros, cujos registros
vieram até nós, como profetas menores, não tem qualquer base nos
fatos. Não passa de segregação feita pelo homem, não tendo em si
nenhuma inspiração ou aprovação alguma revelada ou vinda do
Senhor.
Sinceramente, o homem não tem nenhuma autoridade para
classificar certos profetas como grandes e outros como inferiores,
pois a nenhum homem não inspirado foi dado qualquer
mandamento ou autoridade para fazer tal classificação. Segundo os
conceitos dessa divisão, João Batista não passaria de um profeta
muito insignificante. Ele nos deixou pouca coisa de natureza
profética, e essa divisão foi determinada pela natureza dos
pronunciamentos proféticos. No entanto, temos a palavra do Senhor,
declarando-nos definitivamente que não houve profeta maior que
João.13
Pelo mesmo conceito, Elias seria classificado como profeta
muito insignificante, porque não dispomos senão de predições locais
vindas dele: não obstante, foi um dos maiores entre os profetas
devido a sua autoridade, autoridade pela qual foi enviado nesta
dispensação, a fim de restaurar a plenitude da autoridade — as
chaves do poder selador.
Seria muito insensato alguém dizer que o Presidente Heber J.
Grant, por exemplo, foi um profeta menor, pois ele retinha as chaves
e poderes e presidia com toda a autoridade que tem sido revelada e
conferida ao homem na terra. Tal pensamento, certamente, seria
fruto de uma interpretação acanhada e incompreensão da natureza
do chamado profético.14
A MISSÃO DIVINA DE JOSEPH SMITH
A IGREJA RESISTE OU CAI COM JOSEPH SMITH. O
mormonismo, como é chamado, tem que resistir ou cair com a
história de Joseph Smith. Ele foi um profeta de Deus, divinamente
chamado, devidamente designado e comissionado, ou então uma
das maiores fraudes que o mundo já viu. Não existe meio-termo.15
Se Joseph Smith foi um impostor que tentou deliberadamente
induzir o povo em erro, ele deve ser desmascarado, refutadas suas
asseverações e provada a falsidade de suas doutrinas, pois é
impossível fazer com que as doutrinas de um impostor concordem
em todos os pormenores com a verdade divina. Se suas afirmativas
e declarações fossem baseadas na fraude e impostura, apareceriam
muitos erros e contradições, fáceis de averiguar. As doutrinas de
falsos mestres não resistem à prova, quando confrontadas com os
padrões de medida comprovados, as Escrituras.16
TODOS OS ATAQUES À OBRA DE JOSEPH SMITH
FRACASSAM. Não existe possibilidade de ele haver-se enganado,
e nesta questão, estamos prontos para fazer pé firme. Sustento que
Joseph Smith foi tudo o que afirmou ser. Seus pronunciamentos são
por demais positivos, e as alegações grandes demais para admitir
engano da parte dele. Nenhum impostor poderia ter realizado tão
grande e maravilhosa obra. Fosse um impostor, teria sido
descoberto e desmascarado, e o plano teria falhado e dado em
nada.
Não existe nada imperfeito no plano de salvação, conforme foi
dado a conhecer ao mundo por intermédio de Joseph Smith. Cada
parte se ajusta perfeitamente e forma um todo completo. Desde o
princípio até o presente ele tem sofrido ataques, e no entanto todos
fracassaram. O mundo tem sido incapaz de apontar coisa alguma
que fosse inconsistente ou discrepante nas revelações a Joseph
Smith com o que fora revelado antes, ou predito pelos profetas e
pelo próprio Senhor.17
O HOMEM NÃO CONSEGUE CRIAR UMA RELIGIÃO
PERFEITA. Homem algum, em e por si mesmo, sem o auxílio do
Espírito de Deus e a diretriz da revelação, consegue fundar uma
religião ou promulgar um conjunto de doutrinas que concorde em
todos os seus pormenores com a verdade revelada. Se não
dispuser da inspiração do Senhor e da orientação de mensageiros
da presença dele, não compreenderá a verdade, e por conseguinte,
essa verdade que ensina estará irremediavelmente mesclada de
erros. Este é o caso comprovado de muitos pretensos fundadores
de credos religiosos. Seus ensinamentos não podem ser
enquadrados com as revelações de Jesus Cristo e seus profetas.
NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM ACEITAÇÃO DE JOSEPH SMITH. Se
Joseph Smith foi realmente um profeta, e se disse a verdade ao
afirmar que esteve na presença de anjos enviados pelo Senhor, e
obteve as chaves da autoridade e o mandamento de novamente
organizar a Igreja de Jesus Cristo na terra, então este conhecimento
é de vital importância para o mundo inteiro. Nenhum homem pode
rejeitar esse testemunho sem incorrer nas mais terríveis
consequências, pois não poderá entrar no reino de Deus. Portanto,
é dever de todo homem investigar, para que possa avaliar a questão
cuidadosamente e conhecer a verdade.
Tivesse Joseph Smith sido um impostor, a obra que ele
estabeleceu estaria destruída há muitos anos. O fato é que não teria
sobrevivido a ele. Após sua morte, se lhe houvesse sido possível
reter seus adeptos até então, eles teriam desertado, e a fraude
ficaria exposta aos olhos do mundo inteiro, provocando sua
destruição.
Alguém poderia dizer: “Se o que diz é verdade, não o é
igualmente com respeito a qualquer outra seita religiosa baseada
em erro?” Com o tempo, sim. Todos os credos e doutrinas de origem
humana hão de perecer, quando vier a plenitude da verdade,
quando Cristo reinar em poder sobre a terra, e quando aqueles que
suportarem o dia de sua vinda se tiverem convertido à única Igreja
verdadeira.
NENHUMA FRAUDE ENCONTRADA NA OBRA DE JOSEPH
SMITH. Tivesse a obra sido baseada na fraude, esta teria sido
desmascarada há muitos anos, em alguma das muitas publicações
e ataques que lhe foram desfechados.
Há mais de cem anos, o Evangelho revelado vem resistindo à
prova do criticismo, ataques e amarga oposição. Creio poder dizer
que nunca antes na história registrada, encontramos uma verdade
que haja passado por crisol tão duro e tão posta à prova como foi a
verdade conhecida no mundo como mormonismo.
Todos os ataques falharam, fossem desfechados contra a
pessoa de Joseph Smith ou contra o Livro de Mórmon, o qual ele
traduziu pelo poder de Deus de antigos registros, ou contra as
revelações recebidas por ele pessoalmente do Senhor. Não foi
apontado nenhum erro em sua doutrina. A organização criada por
ele, através da bênção e orientação do Senhor, se harmoniza com a
Igreja de Jesus Cristo de outros tempos.
Através dele, foram e continuam sendo cumpridas as predições
dos profetas antigos. Ele selou com o próprio sangue o seu
testemunho, sabendo que ia morrer por proclamar as verdades
eternas dos céus. Seu testemunho pesa agora sobre o mundo. Não
pode ser ignorado em segurança. A obediência a ele tem trazido
alegria a milhares, e ainda se provará uma ajuda na salvação de
outros milhares que o receberem de todo o coração.18
O MENSAGEIRO DA RESTAURAÇÃO
OBRA DE JOSEPH SMITH COMPARADA COM A DOS
REFORMADORES. O fato tão conclusivamente provado de que
houve uma apostasia, mostra a necessidade de uma restauração do
Evangelho. É extraordinário que Martinho Lutero, John Knox, João
Calvino, os irmãos Wesley19 e demais reformadores que tentaram
corrigir os males da Igreja Católica, não hajam pensado nesta
grande verdade. Coube a Joseph Smith realizar essa maravilhosa
descoberta.
Igualmente estranho é que os reformadores não descobrissem a
necessidade de restaurar a Igreja Primitiva com sua divina
autoridade, mas se arrogassem a autoridade de organizar suas
próprias igrejas e sociedades. Ficou reservado a Joseph Smith
ensinar ao mundo a necessidade dessas coisas.20
RESTAURAÇÃO POR MINISTRAÇÃO ANGÉLICA. O Evangelho
devia ser restaurado como fora nos tempos primitivos, antes da
vinda do Senhor. Creiam ou não na missão de Joseph Smith, todos
hão de admitir que houve pelo menos um desvio dos ensinamentos
e organização existente na época do ministério do Salvador e dos
apóstolos. Isto tem que ser e é reconhecido. Em parte alguma do
mundo encontrareis aquela organização, nem achareis aquelas
doutrinas, exceto conforme foram dadas por intermédio de Joseph
Smith.
Esse Evangelho antigo devia ser declarado, escreve João, o
Revelador, no capítulo quatorze, versículo seis do Apocalipse, por
um anjo que voaria pelo meio do céu tendo o Evangelho Eterno para
proclamar aos que habitam na terra, e a toda nação, tribo, língua e
povo, conclamando-os ao arrependimento, porque chegada era a
hora do juízo. Ninguém, a não ser Joseph Smith, jamais afirmou que
um anjo voou, e lhe apareceu trazendo essa mensagem, e que fora
comissionado para transmiti-la a todo o mundo.
SOMENTE JOSEPH SMITH CUMPRE PROMESSAS ANTIGAS.
Joseph Smith declarou que ele e Oliver Cowdery, seu companheiro,
receberam as chaves da coligação de Israel. Ninguém além dele
jamais alegou ter recebido tal revelação. Se Joseph Smith não as
recebeu, então essa autoridade terá que ser outorgada a outra
pessoa antes da vinda do Senhor; pois tem de haver a coligação de
Israel e isto necessariamente pela autoridade conferida a
alguém. Israel está-se coligando, o que indica que Joseph Smith
deve ter recebido essas chaves.
Malaquias disse que o Senhor mandaria o Profeta Elias, antes
que viesse o grande e terrível dia do Senhor. O Profeta Joseph
Smith disse que ele e Oliver Cowdery receberam de Elias as chaves
daquele poder. Se não receberam e contaram uma falsidade, então
Elias terá de vir antes do grande dia do Senhor, para que a terra não
seja ferida com uma maldição. Mas Elias veio, e a terra será
poupada dessa maldição.
Ninguém mais, salvo Joseph Smith, asseverou que essas
chaves haviam sido reveladas. Nenhum outro jamais soube nem
mesmo o sentido dessa passagem das Escrituras. O coração dos
filhos se voltou a seus pais, conforme dizia a predição de Malaquias,
após a vinda de Elias. Isto mostra que Elias já veio, e tem que ter
sido a Joseph Smith.21
O SENHOR SERIA PRECEDIDO POR UM MENSAGEIRO.
Malaquias fala que o Senhor enviaria seu mensageiro para
preparar-lhe o caminho. Embora isto tenha algo a ver com a vinda
de João Batista, esta é uma das profecias escriturísticas de duplo
cumprimento, pois se refere igualmente à vinda do Profeta Joseph
Smith, porque o mensageiro que haveria de vir e preparar o
caminho diante dele (o Senhor), deveria vir em nossos
dias. Demorar-me-ei apenas alguns momentos nisto, porque é
importante, e vou mostrar-vos quando esse mensageiro devia vir e
transmitir sua mensagem.
“Eis que eu envio o meu anjo que preparará o caminho diante de
mim: e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais,
o anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o Senhor
dos Exércitos.”
Compareci a um serviço na Igreja Batista, e o pregador escolheu
esta passagem como texto, dizendo como se cumprira com a vinda
de João. Este realmente veio como mensageiro. Veio preparar o
caminho do Senhor, mas existem algumas coisas escritas ali
que não se pode aplicar ao primeiro ministério de Cristo na terra.
O MENSAGEIRO QUE PRECEDERIA A SEGUNDA VINDA.
“Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando
ele aparecer? porque ele será como o fogo do ourives e como o
sabão dos lavandeiros. E assentar-se-á, afinando e purificando a
prata; e purificará os filhos de Levi, e os afinará como ouro e como
prata: então ao Senhor trarão ofertas em justiça. E a oferta de Judá
e de Jerusalém será suave ao Senhor, como nos dias antigos, e
como nos primeiros anos.”22
Isto acaso se cumpriu em João e nos dias do ministério de Cristo
na terra? O sacrifício de Levi foi agradável ao Senhor? A oferta de
Judá agradou ao Senhor? Levi e Judá insurgiram-se em rebelião
contra Cristo e bradaram: “O seu sangue caia sobre nós e sobre
nossos filhos.”23A seguir, o mataram. Ele não se assentou então
como um refinador e purificador, no sentido pretendido. Não
purificou Levi e Judá e tornou as coisas agradáveis como nos
primeiros anos, segundo diz ali.
Tal indica que isto devia referir-se, e realmente se refere à
dispensação da plenitude dos tempos, quando Cristo voltasse — e
penso que ele já veio e cumpriu isso, pelo menos em grande parte,
pois Cristo veio “de repente… ao seu templo” no dia 3 de abril de
1836, ministrou a Joseph Smith e Oliver Cowdery, e a seguir enviou
outros mensageiros, a fim de lhes conferir as chaves do Sacerdócio
das várias dispensações. Quanto à oferta de Judá e de Levi, isto
resta cumprir, pois ainda deverá tornar-se “suave ao Senhor”. É uma
revelação que está para vir.24
JOÃO BATISTA E JOSEPH SMITH — AMBOS MENSAGEIROS.
Na dispensação anterior, o Senhor enviou um mensageiro, a fim de
preparar-lhe o caminho: nesta dispensação, era tão necessário
quanto naquela que fosse enviado um mensageiro, a fim de
preparar o caminho para a vinda do Senhor e o estabelecimento do
reino de paz. Se Joseph Smith não foi tal pessoa, então devemos
procurar outra…
O Senhor declarou, através de um de seus profetas, que antes
de sua segunda vinda, seria enviado um mensageiro, a fim de
preparar o caminho e endireitar as veredas. Podeis aplicar isto a
João, pois é verdade. João, o mensageiro que veio preparar o
caminho do Senhor na dispensação passada, veio igualmente nesta
dispensação como um mensageiro a Joseph Smith; assim isto se
aplica, se quiserdes aplicá-lo assim, a João, que veio como
mensageiro preparar o caminho para o Senhor.
Eu, porém, vou mais além e sustento que Joseph Smith foi o
mensageiro que o Senhor enviou para preparar seu caminho. Ele
veio, e sob a orientação de mensageiros celestiais lançou o alicerce
do reino de Deus e desta maravilhosa e assombrosa obra, a fim de
que o mundo pudesse estar preparado para a vinda do Senhor.25
DETALHES COMPROVADORES DA VERACIDADE DA MISSÃO DO PROFETA
RESTAURAÇÃO DO SACERDÓCIO AARÔNICO. Tenho
respondido à pergunta sobre por que o Pai apresentou o Filho, e por
que foi o Filho quem falou a Joseph Smith — porque, desde o dia
em que Adão foi expulso do Jardim do Éden, todas as revelações
vieram por meio de Jesus Cristo.26
Por que João conferiu o Sacerdócio a Joseph Smith e Oliver
Cowdery nas margens do Rio Susquehanna? Porque não existia na
terra autoridade para conferi-lo. Eis o motivo.
Agora, suponhamos que Joseph Smith houvesse encontrado
outro homem, Oliver Cowdery, disposto a entrar em conluio para
enganar, e eles tivessem imaginado — sem nenhuma inspiração —
que seria maravilhoso dizer que o homem não pode agir em nome
de Deus sem sua autoridade, a fim de poderem apresentar-se ao
mundo, anunciando a restauração do Sacerdócio.
Se fossem impostores, acaso diriam: “Fomos ao bosque e
oramos; então apareceu João Batista, colocou suas mãos sobre
nossa cabeça e depois mandou que batizássemos um ao outro”?
Teriam dito isto, se fossem impostores? Simplesmente não consigo
acreditar que assim o fizessem.27
O QUE OS ANJOS FARÃO POR NÓS. Eu vos direi o que teria
acontecido, se eles, de algum modo descobrissem que precisavam
de autoridade dos céus, o que jamais ocorreu a nenhum outro
mestre religioso de todos os tempos, — quando os outros
simplesmente se arrogavam tal autoridade. Eles teriam voltado,
dizendo: “Fomos orar e apareceu-nos um mensageiro” — poderiam
tê-lo chamado de João ou outro nome qualquer — “Ele colocou suas
mãos sobre nossa cabeça, conferiu-nos autoridade e nos batizou.”
Provavelmente, teriam voltado e dito: “Um anjo apareceu-nos e
disse ser João Batista, e depois nos batizou.”
Se fosse este o caso, nós agora saberíamos que Joseph Smith
foi um impostor, porque João não os batizaria. Por que? Porque
seria contrário à ordem dos céus. É contrário à lei de Deus que os
céus se abram e venham mensageiros, a fim de fazer qualquer
coisa pelo homem, que este pode fazer por si mesmo.
A única razão de Jesus Cristo tornar-se o Redentor do mundo e
vir à terra expiar as transgressões do homem é não podermos
redimir-nos sozinhos. Era preciso uma expiação infinita,
conforme diz o Livro de Mórmon.28 Ele veio fazer o que ninguém
mais era capaz.
Não conseguireis apontar qualquer passagem nas Escrituras em
que um mensageiro tenha descido dos céus e conferido ao homem
algo que este poderia fazer por si mesmo; mas anjos vieram dizer
aos homens o que fazer e mandaram-nos fazê-lo. Assim, pois, se
houvessem voltado, dizendo que haviam sido batizados por João,
seria fatal para sua história.
INSTRUÇÕES DE JOÃO BATISTA PARA JOSEPH E OLIVER.
Eles voltaram e disseram: “Depois de batizarmos um ao outro, o
anjo mandou: ‘Joseph, coloca tuas mãos sobre Oliver e reconfirma a
ordenação que eu te dei, e tu, Oliver, coloca tuas mãos sobre a
cabeça de Joseph Smith e reconfirma a ordenação que eu te dei’” —
ou seja, a restauração do Sacerdócio, que é um termo melhor. E
eles assim fizeram. Por que? Por causa do que vos estou dizendo.
Seria fora de propósito ordenar homens e depois batizá-los. Hoje
em dia, jamais pensamos em fazer isto. Não conferimos o
Sacerdócio Aarônico a um homem, para depois batizá-lo ou mandá-
lo ser batizado. Por que? Porque temos a organização da Igreja. Por
isso o anjo fez o que era essencial — a única coisa essencial no que
lhe dizia respeito então — e depois mandou que batizassem um ao
outro, e a seguir fez com que se impusessem mutuamente as mãos
e re-selassem devidamente aquelas bênçãos. É um pequeno
detalhe, mas suponhamos que Joseph Smith não pensasse nisso.
Teria sido fatal — fatal para sua missão.
JOSEPH SMITH DESIGNADO A TRADUZIR O LIVRO DE
MÓRMON. Depois, quando apareceu a Joseph Smith, Morôni
contou-lhe que, no Monte Cumôra, havia certos anais de um antigo
povo destas terras, os quais iria entregar-lhe. Fez Joseph Smith
encontrar-se com ele quatro vezes, por quatro anos seguidos em
determinada época de setembro, e ali o instruiu. Aquilo foi uma
escola para Joseph Smith. Então passou o registro às mãos de
Joseph Smith, juntamente com o Urim e Tumim, e ordenou-lhe que
o traduzisse.
Por que ele próprio não o traduziu? Morôni sabia ler aqueles
escritos. Ele próprio escrevera alguns deles. A linguagem lhe era
familiar. Quão fácil não teria sido para ele dizer a Joseph Smith:”
Aqui está o registro. Fui eu quem o selou. Escrevi dois destes livros.
Meu pai escreveu outros. Entendo perfeitamente a linguagem;
assim, vou passá-los para a tua língua antes de entregar-vos.”
Parece-me que seria isto que diria uma fraude. Fosse um
impostor, Joseph Smith teria dito: “O anjo me revelou este registro,
mas como eu não conseguia lê-lo, o anjo, que conhecia a
linguagem, interpretou-o e o ditou para mim.”
Mas, se tivesse falado assim, seria fatal. Em vez disso, ele
disse: “O anjo pôs em minhas mãos o Urim e Tumim e disse: ‘Estes
intérpretes possibilitar-te-ão traduzir este registro. Assim, vai e
traduze.’” Foi isto, em suma, o que ele disse. Ele foi ridicularizado
por isso, e os grandes da terra, os cientistas, afirmam ser uma
impossibilidade, mas é a coisa consistente.
JOSEPH SMITH SEGUIU O PADRÃO ESCRITURÍSTICO.
Agora, gostaria de chamar vossa atenção para alguns exemplos que
temos nas Escrituras, como o caso de Pedro e Cornélio. Este era
um homem devoto. Buscou o Senhor e apareceu-lhe um anjo, mas
este não falou: “Cornélio, o Evangelho foi restaurado e visto como
és homem devoto e crente, eu vou batizá-lo.” Ele não disse isso,
mas instruiu Cornélio aonde devia ir.
Então um mensageiro apareceu a Pedro, ensinou e orientou-o,
de modo que, quando Cornélio viesse, ele estivesse a par do motivo
e não lhe recusasse as ordenanças. O anjo fez unicamente o que
era essencial — e isso é tudo.29
Quando o Salvador apareceu a Paulo, fazendo-o parar sua louca
perseguição aos santos, o que foi que ele fez? Mandou que fosse à
cidade e procurasse um homem chamado Ananias, o qual lhe diria o
que fazer. Depois, mandou avisar Ananias onde achar Paulo, que
estivera perseguindo os santos. O Salvador disse que tinha uma
missão para Paulo e mandou que Ananias fosse encontrá-lo em tal
e tal lugar, e colocasse suas mãos sobre ele.
É assim que o Senhor trabalha. Joseph Smith agiu em perfeita
concordância durante toda sua missão. Nunca falhou — cada
pequeno detalhe se ajusta harmoniosa e perfeitamente com o plano
instituído pelo Senhor, e nunca falhou uma única vez.30
PORMENORES DA VISITAÇÃO DE MORÔNI PROVAM QUE
JOSEPH FOI PROFETA. Quando Morôni apareceu a Joseph Smith
na noite de 21 de setembro de 1823, disse que estava próximo o
tempo para o cumprimento de muitas das profecias referentes aos
últimos tempos. Este anjo citou ao moço Joseph Smith parte do
terceiro e todo o quarto capítulo de Malaquias, com algumas
variações do texto bíblico que encontramos na versão do Rei Tiago.
Citou igualmente o capítulo onze de Isaías, dizendo que estava
para cumprir-se; também os versículos vinte e dois e vinte e três do
terceiro capítulo de Atos, e o segundo capítulo de Joel, do versículo
vinte e oito até o fim, os quais, disse ele, estavam prestes a ser
cumpridos. Disse ainda que logo viria o tempo da plenitude dos
gentios, citando muitas outras Escrituras concernentes à
dispensação da plenitude dos tempos.31
A circunstância significativa nessas declarações vindas de
Joseph Smith é a franqueza com que as deu ao mundo,
apresentando capítulos e versículos em sua devida ordem, com a
declaração de que estava próximo o tempo de seu cumprimento.
Como ousaria fazer tal declaração, se tudo não passasse de
imaginação sua, ou uma falsidade apresentada para enganar?
Devia saber que, se essa informação não tivesse sido dada por um
anjo, sem dúvida se provaria falsa, pois não se realizaria o
prometido cumprimento das predições.
Joseph Smith, que então não passava de um menino, não tinha
o conhecimento dos tempos para fazer tais predições de si mesmo.
Na verdade, nem mesmo os homens eruditos do mundo naquela
época poderiam fazer tais predições, pois também não dispunham
do poder de discernimento e não sabiam ler os sinais dos tempos. O
fato de que algumas das palavras de Morôni a Joseph Smith se
cumpriram, e que outras se estão cumprindo, empresta crédito ao
fato de que esse moço falou a verdade, conforme a recebeu de um
mensageiro enviado da presença do Senhor.32
SENTIMENTOS PESSOAIS A RESPEITO DE JOSEPH SMITH
ORAÇÃO PELOS FILHOS DO PROFETA. Toda a minha vida,
tenho orado com a esperança de que o Senhor tocaria o coração
dos filhos do Profeta Joseph Smith e os trouxesse ao
arrependimento. Ainda oro que ele o faça. Nenhum homem
estenderia mais ligeiro a mão fraternal do que eu faria para recebê-
los no rebanho da verdade. Mas não posso aprovar suas ações em
oposição a esta grande obra que o Senhor estabeleceu, através do
Profeta Joseph Smith.
Embora lamente o fato de que se mantenham à parte e
contrários à plenitude do Evangelho que esse profeta restaurou, eu
oro e espero que logo virá o tempo em que, pelo menos alguns
deles, reconheçam o desacerto de seus caminhos e venham
humildemente buscar o favor de Deus e a condição de membro na
Igreja. Os que não se arrependerem, mas persistirem na oposição à
verdade, que sejam confundidos; que se balde aquilo a que se
propõem; que fracassem todas as suas obras, e fiquem expostos
perante o mundo em todo o desacerto de seus caminhos.
Que o Senhor abençoe a família do Profeta Joseph Smith e os
traga ao arrependimento. Que abençoe os descendentes de Hyrum
Smith, a fim de que eles também possam andar na luz do
Evangelho eterno. Que jamais vacilem nem se desviem do caminho
seguido por seu pai, e que honrem e sustentem seu bom nome. E
assim oro por todos os que recebem o Evangelho, pois somos todos
irmãos e irmãs. Que o Senhor guie e abençoe a todos os que amam
a verdade.33
TESTEMUNHO A RESPEITO DE JOSEPH SMITH. Joseph
Smith, o humilde rapaz do campo, foi treinado e instruído como,
talvez, nenhum outro profeta jamais foi ensinado e treinado, por
instrutores divinos enviados do trono e presença de nosso Pai
Eterno.34
Tenho um perfeito conhecimento da missão divina do Profeta
Joseph Smith. Não resta dúvida em minha mente de que o Senhor o
levantou, deu-lhe revelação, mandamento, desvendou-lhe os céus,
e o chamou para ficar à testa desta gloriosa dispensação. Estou
perfeitamente satisfeito em minha mente de que, em sua juventude,
quando saiu para orar, ele contemplou a presença real, esteve na
presença real de Deus, o Pai, e seu Filho, Jesus Cristo: não há
dúvida em minha mente: sei que isto é verdade. Sei que, mais tarde,
recebeu visitações de Morôni, o Sacerdócio Aarônico sob as mãos
de João Batista, o Sacerdócio de Melquisedeque sob as mãos de
Pedro, Tiago e João, e que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias foi organizada no dia 6 de abril de 1830 por
mandamento divino.
TODOS PODEM OBTER TESTEMUNHO CONCERNENTE A
JOSEPH SMITH. Estas coisas sei. O Senhor mas revelou, e esse
conhecimento possuo desde o dia em que me batizei. Sei que este
povo está sendo guiado pelo poder do Todo-Poderoso, que temos o
convênio de guardar seus mandamentos, andar na luz e verdade. É
minha firme convicção de que todo membro desta Igreja deveria ser
capaz de prestar testemunho e declarar com palavras sóbrias que
estas coisas são verídicas, que o Livro de Mórmon é verdadeiro,
que o destino desta obra dos últimos dias é verdadeiro, e que, de
acordo com as revelações, tem e há de cumprir-se.35
E toda alma sobre a face da terra que desejar sabê-lo, tem o
privilégio de saber por si mesma; pois toda alma que se humilhar e
se dirigir ao Senhor com um espírito contrito, em profunda
humildade e fé, tão certo quanto vive receberá esse conhecimento.36
Anotação
1. Abraão 3:22-28; Jer. 1:5; Tito 1:1-2.

2. Versão Inspirada, Gênesis 50:26-37.

3. Era, vol. 44, pp. 716-717.

4. Apoc. 19:10.

5. Relief Society Magazine, vol. 28, pp. 3-4; 1 Cor. 12:28; 14:1-6, 24, 31-39.

6. D & C 43:3-6.

7. Elijah, the Prophet and His Mission, pp. 3-5.

8. D & C 1:20.

9. D & C 11:25; 50:23-27; 68:2-6; Prov. 29:18; Amós 3:7.

10. Relief Society Mag., vol. 28, pp. 6-7.

11. Deut. 18:22.


12. D & C 1:38; 74:5; 1 Cor. 7:14.

13. Lucas 7:28; Mat. 3:2; 10-12.

14. Corresp. Pessoal.

15. Church News, 1.° de abril de 1939, p. 1.

16. Millennial Star, vol. 96, pp. 33-34.

17. Conference Report, abril de 1920, p. 106.

18. Millennial Star, vol. 96, pp. 34-35.

19. Wesley, Charles (1707-1788) — Pregador metodista e compositor de hinos; irmão de John.

Wesley, John (1703-1791) — Teólogo e evangelista inglês,


fundador do metodismo.
20. Era, vol. 23, p. 499.

21. Conference Report, abril de 1920, pp. 105-108.

22. Malaquias 3:1-4.

23. Mateus 27:25.

24. D & C 110:1-16.

25. Conference Report, abril de 1920, pp. 105-108.

26. Subtítulo: “A Primeira Visão e Revelação”, cap. 2.

27. D & C 13: Joseph Smith 2:68-72.

28. 2 Néfi 9:7.

29. Atos 10:1-48.

30. Church News, 1.° de abril de 1939, pp. 7-8; Atos 9:1-18; 22:6-16.

31. Joseph Smith 2:36-41.

32. Church News, 5 de setembro de 1931, p. 2.

33. Conference Report, Abril de 1930, p. 94.

34. Era, vol. 44, p. 763.

35. Conference Report, abril de 1951, p. 58.

36. Conference Report, outubro de 1949, p. 89.


CAPÍTULO 13
A DIVINA LEI DAS TESTEMUNHAS
NATUREZA E HISTÓRIA DA LEI DAS TESTEMUNHAS
TESTEMUNHAS ENVIADAS EM TODAS AS DISPENSAÇÕES.
Existe uma lei claramente declarada nas Escrituras, que governa o
testemunho e a indicação de testemunhas. Essa lei sempre foi
seguida pelo Senhor, ao conceder novas revelações ao povo.1
Esta lei tem sido fixa e definitiva em todas as eras. Tivéssemos
registros perfeitos de todas as épocas, veríamos que, sempre que o
Senhor estabeleceu uma dispensação, houve mais de uma
testemunha para dele testificar. Escrevendo aos coríntios, Paulo
dizia: “Por boca de duas ou três testemunhas, será confirmada toda
a palavra.”2
Examinando a Bíblia, vereis que o Senhor deu a lei a Israel, e
está registrada em Deuteronômio: “Por boca de duas testemunhas,
ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer: por boca
de uma só testemunha não morrerá.”3
Logicamente, essa referência ao julgamento de um indivíduo é
baseada na lei geral que devia ser aplicada não apenas estando
uma vida em jogo, mas em qualquer empreendimento importante.
Em um de seus discursos, nosso Senhor dizia: “Ora, se teu irmão
pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir,
ganhaste a teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou
dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a
palavra seja confirmada.”4
OUTRAS TESTEMUNHAS AJUDARAM NOÉ. É pensamento
generalizado que o Senhor chamou Noé, quando estava decidido a
purificar a terra pelo dilúvio, enviando-o a pregar sozinho aos
habitantes iníquos. Afirma-se às vezes, sem base real, que Noé
pregou cento e vinte anos; e nada é dito da pregação de outras
testemunhas.
Permiti que chame vossa atenção para o fato de que Noé não se
achava só ao prestar testemunho. Na Pérola de Grande Valor, está
registrado: “E aconteceu que Matusalém, o filho de Enoque, não foi
levado, a fim de que se cumprissem os convênios que o Senhor
havia feito com Enoque; porque ele em verdade fez convênio com
Enoque de que Noé seria fruto de seus lombos. E aconteceu
que Matusalém profetizou que de seus lombos nasceriam todos os
reinos da terra (através de Noé), e ele se glorificou a si mesmo.”5
Ora, Matusalém, avô de Noé, era homem justo e um profeta.
Sabia, pelo espírito de revelação, que o dilúvio viria nos dias de
Noé. Além disso, ele viveu até o ano do dilúvio, quando morreu. Não
achais que este homem justo também declarava arrependimento ao
mundo perverso, avisando-os do dilúvio que estava para
vir? Outrossim, Lameque, pai de Noé, também era homem justo e
viveu até cinco anos antes do dilúvio. É razoável supor que ele,
também, pregava ao povo, como faziam seu pai e filho.
OUTRAS TESTEMUNHAS NOS DIAS DE ABRAÃO E DE
MOISÉS. Não sabemos muita coisa a respeito da dispensação de
Abraão. Nós nos referimos a ela como dispensação de Abraão;
porém, e quanto a Elaías, que retinha as chaves dessa
dispensação? Melquisedeque viveu nos dias de Abraão, foi quem o
abençoou e, sem dúvida, entendia o convênio que o Senhor fizera
com Abraão.6…
Quando Moisés foi chamado a liderar Israel, isto foi outro grande
e importante evento. Moisés foi obrigado a fugir das cortes do Egito.
Foi para junto dos midianitas, onde se tornou pastor, apascentando
os rebanhos de Jetro, chamado nas Escrituras às vezes de Reuel. O
Senhor apareceu a Moisés na sarça ardente, enquanto assim se
ocupava, chamando-o para uma missão. O Senhor, porém, não o
deixou testificar sozinho ao Faraó do Egito. O que ele fez? Mandou
Aarão, irmão de Moisés, para assisti-lo.
Moisés disse ao Senhor: “Eu não sou homem eloquente nem de
ontem, nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu
servo; porque sou pesado de boca, e pesado de língua.”7 Por isso, o
Senhor designou Aarão para ser seu porta-voz. Por que Aarão
esperou quarenta anos antes de procurar Moisés, e depois aparece
justamente na hora oportuna? Porque foi enviado pelo Senhor, não
só para ser porta-voz, como para prestar testemunho com Moisés
de que o Senhor havia falado.8
O Salvador levou Pedro, Tiago e João consigo ao monte por
época da transfiguração.9Por que não levou apenas Pedro? Porque
queria mais de uma testemunha. Se dispuséssemos do registro
perfeito, estou certo de que veríamos, em todas as eras, que
sempre que Senhor introduzia uma dispensação, ele nunca deixou
um homem testificar sozinho.
JOSEPH SMITH OBEDECE À LEI DAS TESTEMUNHAS.
Joseph Smith estava só, quando se dirigiu ao bosque para orar e ali
contemplou o Pai e o Filho. Estava só, quando Morôni lhe apareceu
na casa do pai, e estava sozinho ao encontrar-se com o anjo no
Monte Cumôra anualmente por quatro anos. Isto estava certo,
porque não havia necessidade da presença de outras testemunhas
nessas ocasiões, exatamente como Moisés não precisou que duas
pessoas testemunhassem o poder do Senhor na sarça ardente.
Mas suponhamos que isto continuasse assim durante toda a
missão de Joseph Smith e ele declarasse ao mundo: “Recebi as
placas do Livro de Mórmon e as traduzi pelo dom e poder de Deus,
porém eu estava só. Escrevi a tradução, enquanto estava sozinho.
João Batista veio a mim e me conferiu o Sacerdócio Aarônico, mas
eu estava só: não havia nenhuma outra testemunha. Também fui
visitado por Pedro, Tiago e João que me conferiram o Sacerdócio de
Melquisedeque, mas eu estava sozinho.”
Suponhamos que sempre quando lhe foram conferidas chaves
de autoridade, ele declarasse que se tratou de uma visitação
pessoal, e que fora da vontade do Senhor que estivesse só? Então
poderíamos, com toda propriedade, rejeitar o testemunho de Joseph
Smith, pois não seria verdadeiro.
CRISTO OBEDECE À LEI DAS TESTEMUNHAS. Agora permiti-
me citar novamente as Escrituras: “Eu não posso de mim mesmo
fazer coisa alguma: como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo,
porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me
enviou. Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é
verdadeiro. Há outro que testifica de mim, e sei que o testemunho
que ele dá de mim é verdadeiro. Vós mandastes a João, e ele deu
testemunho da verdade.”10
Não compreendamos mal. Quando Cristo disse: “Há outro que
testifica de mim”, ele não se referia principalmente a João, embora
este tenha prestado tal testemunho. Falava de outra testemunha, e
o que diz é verdade: “Se estou sozinho e ninguém testifica de mim,
podeis rejeitar meu testemunho, porque não seria verdadeiro.” Foi o
Pai quem ele tinha em mente, quando disse que havia outra
testemunha.
CRISTO ACUSADO DE VIOLAR A LEI DAS TESTEMUNHAS.
Vejamos agora o capítulo oito de João, onde temos uma declaração
do Senhor quando estava sendo pressionado pelos iníquos fariseus.
Posso imaginar o Salvador rodeado por esse grupo de homens
ímpios, tentando ensinar-lhes a verdade e levá-los ao
arrependimento; e eles, ali de pé, ridicularizando e caluniando-o. Eis
aqui a conversação, segundo no-las dá João:
“Falou-lhes pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do
mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da
vida. Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu testificas de ti mesmo: o teu
testemunho não é verdadeiro.”
É claro e evidente que eles conheciam a lei, e é como se
dissessem: “Estás sozinho; ninguém testifica de ti. Tu dizes ser a luz
do mundo, mas a lei requer que haja outra testemunha, se o que
dizes é verdade.” Que era isto que tinham em mente, depreende-se
do que segue:
“Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim
mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei donde vim, e
para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde
vou. Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo. E, se na
verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas
eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o
testemunho de dois homens é verdadeiro.”
O PAI PRESTA TESTEMUNHO DE CRISTO. “Eu sou o que
testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me
enviou. Disseram-lhe pois: Onde está teu pai? Jesus respondeu:
Não me conheceis a mim, nem a meu Pai: se vós me conhecêsseis
a mim, também conheceríeis a meu Pai.”11
Permiti-me perguntar-vos: Sendo Jesus Cristo o Filho Unigênito
do Pai, e tendo sido enviado ao mundo para cumprir a maior missão
que jamais foi realizada — sendo ele o Filho de Deus — quem mais
poderia testificar dele, logicamente, senão seu Pai?
Acaso Jesus não preencheu os requisitos desta lei divina? Ele
reconheceu a lei e disse: “Na vossa lei, está também escrito que o
testemunho de dois homens é verdadeiro.” A seguir, declarou que
era um Homem prestando testemunho em cumprimento da lei, e seu
Pai era o quê? — O outro Homem testificando em cumprimento da
lei.
COMO CRISTO TESTIFICOU DE SI MESMO. Examinemos a
evidência por um momento. Como Cristo se tornou testemunha de si
próprio? Por suas palavras;12 pregando o Evangelho, porquanto os
ensinava como tendo autoridade e não como os escribas; pela
grande obra que fazia: restituindo a visão ao cego, curando mãos
ressequidas, levantando os mortos e abençoando e ministrando ao
povo de muitas outras maneiras. Desse modo, suas palavras e sua
obra falavam por ele.
A VOZ DO PAI TESTIFICA DO FILHO. Quem, digo eu, poderia
testificar dele, senão seu Pai? Encontramos nas Escrituras
quaisquer referências em que o Pai presta testemunho dele?
Tomemos, por exemplo, o batismo de Jesus, quando o Espírito
Santo desceu sobre ele, e o Pai falou dos céus.13 Não foi isto um
testemunho?
Noutra ocasião, quando Jesus orava ao Pai diante de um grupo
de pessoas, o Pai respondeu à sua oração, falando-lhe dos céus:
“Já o [nome de Jesus] tenho glorificado, e outra vez o
glorificarei.”14 Alguns dos ali presentes disseram que trovejara,
outros que um anjo lhe falou, mas foi seu Pai.
Quando da transfiguração no monte, o Salvador estava ali com
Pedro, Tiago e João, e também Moisés e Elias, e novamente se
ouviu a voz do Pai, dizendo: “Este é o meu amado Filho, em que me
comprazo: escutai-o”15
SISTEMA DO SENHOR DE EMPREGO DE TESTEMUNHAS.
Existem outras passagens nas Escrituras, mas estas hão de
bastar.16 Naturalmente, o Pai não estava testificando a todos os
judeus. Essa não é sua maneira de agir. Como sabeis, se quisesse,
o Senhor poderia pregar este Evangelho ao mundo, declarando-o
dos céus. Poderia mandar os anjos tocarem as trombetas e
proclamarem a mensagem de salvação nos ouvidos de todo mundo.
Não seria este um modo muito mais fácil de apresentar a
mensagem da verdade ao mundo, do que enviar mensageiros
revestidos de autoridade, para com muito custo e esforço, tentarem
ensinar a todos?
Mas os caminhos do Senhor não são os caminhos do
homem. Ele trabalha através de suas testemunhas, e usa uns
poucos, não a maioria, no estabelecimento de sua obra em cada
época. Desde o princípio, o Senhor jamais se revelou ao mundo
incrédulo, mas tem mandado mensageiros seus pregarem o
Evangelho ao mundo.
Quão fácil não lhe teria sido enviar um anjo para pregar o
arrependimento em Nínive, em lugar de mandar Jonas, que relutava
em levar a mensagem. E que mau pedaço Jonas passou! Foi um
grande peso para ele, e hesitou, mas finalmente, levou sua
mensagem. O Senhor não poderia tê-lo feito de maneira muito mais
fácil?
Lemos a respeito do aparecimento do Livro de Mórmon nestes
últimos dias. O Senhor nos falou alguma coisa a respeito de seus
planos através de Néfi, conforme segue: “E não haverá mais
ninguém que o veja [isto é, o registro nefita] senão uns poucos, de
acordo com a vontade de Deus, para dar testemunho de suas
palavras aos filhos dos homens, porque o Senhor Deus disse que as
palavras dos fiéis seriam como se fossem de mortos. Portanto, o
Senhor Deus tornará conhecidas as palavras do livro e, pela boca
de tantas testemunhas quantas achar necessário, estabelecerá a
sua palavra; e ai do que rejeitar a palavra de Deus!”17
NENHUMA MINISTRAÇÃO PESSOAL DE CRISTO AO
DESCRENTE. É dessa maneira que o Senhor sempre trabalhou.
Quando se levantou dentre os mortos, quão fácil não teria sido para
o Salvador ir a Pilatos e dizer: “Eis-me aqui. Vós me condenastes à
morte. Eu disse que ressuscitaria no terceiro dia. Aqui estou.”
Pilatos, porém, não o viu após a ressurreição.
Quão fácil não lhe teria sido procurar os membros do Sinédrio,
mostrar-se àqueles líderes dos judeus que o acusaram e foram
responsáveis por sua morte, e dizer: “Eis-me aqui. Vós mandastes
selar o sepulcro, mas eu vos disse que ressuscitaria no terceiro dia;
agora haveis de crer.” Mas ele não apareceu a nenhum deles.
Apareceu a Pedro, aos apóstolos, a Maria junto ao sepulcro, e a
muitos outros, porém jamais aos que o haviam perseguido e feito
morrer. Os romanos não o viram; os judeus incrédulos não o viram;
e mandou suas testemunhas escolhidas saírem para todo o mundo
a proclamar a mensagem da sua ressurreição gloriosa. É verdade
que apareceu a Paulo, uma exceção, mas a razão disto é aparente
nas Escrituras.
Depois de curarem o homem paralítico pelo poder de Deus,
Pedro e João, os dois apóstolos, foram chamados à presença dos
líderes dos judeus, ordenando-se lhes que cessassem de pregar a
respeito de Jesus como o Filho de Deus; Pedro, porém, respondeu
que não poderiam nem iriam fazê-lo, pois que eram suas
testemunhas. “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes
a vós do que a Deus?”, disse Pedro. “Porque não podemos deixar
de falar do que temos visto e ouvido.”18
Assim, vemos que é esta a maneira de trabalhar do Senhor,
através de suas testemunhas escolhidas.
JOSEPH SMITH E A LEI DAS TESTEMUNHAS
AS CHAVES E O SACERDÓCIO SEMPRE DADOS A DUAS
TESTEMUNHAS. O que aconteceu toda vez que os céus se abriram
e chaves precisavam ser restauradas? Temos duas testemunhas.
Joseph Smith não estava só. Ele estava sozinho durante a primeira
visão, sozinho quando Morôni lhe trouxe a mensagem, sozinho ao
receber as placas; mas depois disso, não ficou mais sozinho. O
Senhor chamou outras testemunhas. Em sua história, Vovó Smith
(Lucy Mack Smith, mãe do Profeta Joseph Smith. N. do T.) conta
que o Profeta chegou em casa, chorando de alegria, depois que as
testemunhas viram as placas com a autorização de um anjo de
Deus, porque, dizia ele: “O peso foi levantado, não mais estou só.”
Toda vez que chaves foram restauradas, dois homens as
receberam. Por que? Porque era preciso, de acordo com a divina lei
das testemunhas, que Joseph Smith tivesse um companheiro para
possuir essas chaves; do contrário, não aconteceria. Assim, pois,
conforme declara Oliver Cowdery, quando João Batista apareceu,
ele e Joseph Smith receberam das suas mãos o Sacerdócio
Aarônico; e quando vieram Pedro, Tiago e João, ele estava junto de
Joseph Smith.
Foram Oliver Cowdery e Joseph Smith os que receberam as
chaves no Templo de Kirtland, no dia 3 de abril de 1836, quando
apareceram Cristo, Moisés, Elaías, e Elias. E toda vez que foram
conferidas chaves de uma dispensação, foi a Joseph Smith e Oliver
Cowdery — não a Joseph Smith sozinho. Por que? Simplesmente
por causa do que disse o Salvador: “Se eu testifico de mim mesmo,
o meu testemunho não é verdadeiro.”19
Se Joseph Smith houvesse dito: “Eu testifico, e testifico sozinho”,
seu testemunho não seria verdadeiro. Para que o testemunho fosse
válido, tinha que haver dois.
OLIVER COWDERY OCUPAVA A POSIÇÃO DE PRESIDENTE
ADJUNTO DA IGREJA. Agora, permiti-me chamar vossa atenção
para isto. No templo de Kirtland, em 1836. quando Joseph Smith e
Oliver Cowdery estavam por trás do púlpito e receberam chaves de
mensageiros celestiais, havia uma Primeira Presidência da Igreja, e
o Profeta tinha conselheiros, Sidney Rigdon e Frederick G. Williams.
Mas Sidney Rigdon e Frederick Williams não foram para trás do véu,
ou cortina, quando esta foi fechada; eles não foram mandados
ajoelhar-se atrás do púlpito, mas Joseph e Oliver Cowdery. Por que?
Porque aquele era o lugar de Oliver Cowdery.
Agora, quero chamar vossa atenção para algo não conhecido,
lamento dizer, de um modo geral. Oliver Cowdery foi chamado para
ser o quê? O “segundo élder” da Igreja, o “segundo presidente” da
Igreja. Nós o deixamos de fora em nossa lista de presidentes da
Igreja, não o incluímos: entretanto, ele foi um presidente adjunto. No
início a posição de Oliver Cowdery foi a de “segundo élder” da
Igreja, possuindo as chaves conjuntamente com o Profeta Joseph
Smith. Ele precedia em autoridade os conselheiros na Primeira
Presidência, vindo logo após o Profeta Joseph Smith. A 5 de
dezembro de 1834, por ordem do Senhor, Joseph Smith ordenou
Oliver Cowdery como presidente adjunto do Sumo Sacerdócio, para
reter as chaves de presidência conjuntamente com o Profeta no
ministério. Vou ler-vos esse registro.
NATUREZA DO OFÍCIO DE PRESIDENTE ADJUNTO DA
IGREJA. “O ofício de presidente adjunto é assistir a presidência
sobre toda a Igreja, e oficiar na ausência do presidente, de acordo
com seu posto e designação, a saber: Presidente Cowdery,
primeiro; Presidente Rigdon, segundo; e Presidente Williams,
terceiro, conforme foram respectivamente chamados. O ofício deste
Sacerdócio é igualmente agir como porta-voz, tomando Aarão como
exemplo. A virtude do Sacerdócio acima é reter as chaves do reino
dos céus ou da Igreja militante.” Isto é copiado da história da Igreja.
Assim, Oliver Cowdery, através dessa posição como o “segundo
presidente”, precedia, naturalmente, os conselheiros na Presidência.
Por que não haveria? Ele possuía a mesma autoridade, recebeu as
mesmas chaves com o Profeta Joseph Smith toda vez que os céus
se abriram, era presidente adjunto da Igreja e a segunda
testemunha da dispensação da plenitude dos tempos, que é a maior
de todas as dispensações, pois era necessário que houvesse dois
presidentes, duas testemunhas à testa desta dispensação.20
O PROFETA ORDENA OLIVER COWDERY COMO
PRESIDENTE ADJUNTO. EM concordância com essa lei, o Senhor
chamou Oliver Cowdery como segunda testemunha, para ficar à
testa desta dispensação, assistindo o Profeta na retenção das
chaves. Os registros nos informam que sempre que o Profeta
recebeu autoridade e as chaves do Sacerdócio dos céus, Oliver
Cowdery compartilhava o conferimento desses poderes com o
Profeta. Houvesse permanecido fiel e sobrevivido ao Profeta nessas
condições, Oliver Cowdery tê-lo-ia sucedido como presidente da
Igreja, por virtude do seu divino chamado.
Esta bênção foi confirmada sobre a cabeça de Oliver Cowdery
pelo Profeta, a 5 de dezembro de 1834, nos seguintes termos:
“Coloquei minhas mãos sobre o Irmão Oliver Cowdery, e o ordenei
presidente adjunto, dizendo estas palavras: ‘Em nome de Jesus
Cristo, o qual foi crucificado pelos pecados do mundo, coloco
minhas mãos sobre ti e te ordeno presidente adjunto do Sumo e
Santo Sacerdócio na Igreja dos Santos dos Últimos Dias.’”21
OUTRAS TESTEMUNHAS COMPARTILHARAM O FARDO
COM O PROFETA. No caso de Joseph Smith, suas asserções são
maiores que as de outros mestres religiosos da época presente.
Declarou que esteve na presença de Jesus Cristo e dos santos
anjos que o instruíram e lhe deram autoridade para organizar a
Igreja. Tal autoridade foi conferida não só a ele, mas também a
outros. Além de Joseph Smith, Oliver Cowdery, David Whitmer,
Martin Harris, Sidney Rigdon e outros testificaram que
contemplaram a presença de anjos e foram por eles instruídos.
Mensageiros celestiais ensinaram-lhes as doutrinas da
restauração. Nestas coisas, Joseph Smith não estava só.
IMPOSSIBILIDADE DE CONLUIO ENTRE MUITAS
TESTEMUNHAS. Tivesse havido conluio entre esses homens para
enganar e organizar uma igreja baseada em fraude, eles jamais se
manteriam de acordo, e um ou mais deles teriam desmascarado os
outros e revelado o conluio secreto. Isto certamente teria sido o
caso com Oliver Cowdery, Martin Harris e David Whitmer que todos
se apartaram de Joseph Smith, enquanto ainda era vivo.
Eles manifestaram por algum tempo certo espírito de oposição,
senão de amargura contra ele. Não obstante, todos os três
mantiveram-se fiéis ao seu testemunho até o dia da morte. David
Whitmer nunca voltou para a Igreja, mas sempre sustentou seu
testemunho de que esteve na presença de um anjo. Após a morte
de Joseph Smith, Oliver Cowdery e Martin Harris voltaram ambos
para a Igreja em sua hora mais negra, e morreram na fé. Tudo isto é
evidência de que não houve nenhuma fraude, que desde o princípio
esses homens falaram a verdade.22
OS CÉTICOS DE TODOS OS TEMPOS REJEITAM AS
TESTEMUNHAS DO SENHOR. Vemos, assim, que os métodos
seguidos por Joseph Smith — e isto por revelação — para trazer à
luz o Livro de Mórmon e organizar a Igreja, estão em perfeita
harmonia com o trabalho do Senhor em todas as demais gerações.
Podemos facilmente imaginar algum importante escriba, doutor
da lei ou fariseu dizendo a Pedro e aos apóstolos, quando estes se
declararam testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo: “Se o que
dizeis é verdade, por que então Jesus não se mostrou a nós e ao
mundo? Que coisa maravilhosa não seria para convencerdes aos
outros quanto à vossa história, se pudésseis pelo menos mostrá-lo
ao povo, para que pudessem saber que ele se levantou dentre os
mortos!”
De fato, quando o Salvador estava na cruz, os escribas e
principais dos sacerdotes lhe gritaram desdenhosamente: “Salvou
os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; livre-o
agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.”23
Eles sabiam que salvara outros. Haviam testemunhado que ele
levantava os mortos, curava os enfermos e era benfeitor dos aflitos;
mas buscavam um grande sinal, e quão certas são as palavras do
Senhor: “Uma geração má e adúltera pede um sinal.”24
CONDENADOS POR REJEITAREM TESTEMUNHAS DO
SENHOR. Após sua ressurreição, nosso Salvador não apareceu aos
judeus incrédulos, a Herodes ou Pilatos; não compareceu em triunfo
perante o Sinédrio para convencê-los de que ressuscitara. Mostrou-
se somente a seus discípulos e depois os enviou ao mundo inteiro
para, como testemunhas, proclamarem a toda nação que ele de fato
era a Ressurreição e a Vida.
Disse aos apóstolos: “Mas recebereis a virtude do Espírito
Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
terra.”25 E disse novamente, ao aparecer-lhes em seu corpo
glorificado: “Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo
padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos;… E destas
coisas sois vós testemunhas.”26
Não parece que, quando Pedro e os outros discípulos saíram
como testemunhas, conforme lhes fora ordenado, tendo o
conhecimento perfeito de que Jesus Cristo ressuscitou dentre os
mortos e é verdadeiramente o Filho de Deus, que o povo que ouviu
o testemunho deles e o rejeitou, estava sob condenação? Além
disso, não bastava esses discípulos testificarem esta verdade ao
mundo, para deixar sem escusa os homens que não queriam crer,
sem haver uma manifestação direta do Senhor, ou aparição pessoal
dele a cada indivíduo sobre a face da terra?
NOSSA RESPONSABILIDADE DE ACEITAR TESTEMUNHAS
MODERNAS. O rumo tomado por Joseph Smith está em perfeita
concordância com o rumo adotado pelo Salvador. Na realidade, é o
único caminho consistente a tomar. Espera-se de nós que, nesta
vida, andemos pela fé e não pela vista; ainda assim, o Senhor nos
manda testemunhas que viram e ouviram, e que podem falar com
conhecimento direto para nos encorajar a buscar e encontrar a
verdade, conforme diz Paulo:” Para que buscassem ao Senhor, se
porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe
de cada um de nós.”27
É o dever de todos os homens acatar a mensagem das
testemunhas divinamente designadas do Senhor, e pôr suas
palavras à prova obedecendo à vontade de Deus, o que será o meio
de nos convencermos da verdade, através da orientação do Espírito
do Senhor.
No entanto, quantos aceitaram a história contada por Pedro,
Tiago e João, enquanto viveram e testificaram? Quantos têm aceito
o testemunho de Joseph Smith, Oliver Cowdery, David Whitmer,
Martin Harris e outras testemunhas que testificaram nesta geração?
O mundo hoje, à semelhança do mundo na época do ministério
do Senhor, se não atendem a Moisés e aos profetas que têm diante
de si, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos
ressuscite.”28
JOSEPH E HYRUM: CO-TESTEMUNHAS
JOSEPH E HYRUM RETINHAM CHAVES DA
DISPENSAÇÃO. Meu avô, o Patriarca Hyrum Smith, foi chamado a
possuir as chaves desta dispensação, juntamente com o Profeta
Joseph, seu irmão mais moço. O Senhor disse que, pela boca de
duas testemunhas, todas as coisas seriam confirmadas…. Joseph
Smith não poderia ter ficado só, para que sua obra não fracassasse,
exatamente como a obra do Salvador exigiu a confirmação de outra
testemunha, e quem poderia testificar de Cristo, senão o Pai? Por
isso, o Senhor chamou outro homem para ficar ao lado de Joseph
Smith e, como testemunha, possuir as chaves da salvação nesta
dispensação.
O Profeta Joseph estava só, quando da primeira visão.
Encontrava-se só, quando o Anjo Morôni o visitou pela primeira vez,
revelando-lhe o Livro de Mórmon, porém, sempre que eram
conferidas chaves, quando o Senhor queria revelar luz e informação
em que o Sacerdócio tivesse parte, Joseph Smith e mais outra
testemunha recebiam as bênçãos.
AS CHAVES FORAM DADAS PRIMEIRO A JOSEPH E OLIVER.
O primeiro designado a possuir juntamente com Joseph Smith as
chaves desta dispensação foi Oliver Cowdery. Foi Oliver Cowdery
quem, com Joseph Smith, recebeu o Sacerdócio de Aarão pelas
mãos de João Batista. Foi Oliver Cowdery quem, com Joseph Smith,
recebeu a autoridade do Sacerdócio de Melquisedeque de Pedro,
Tiago e João. Foi Oliver Cowdery quem estava ajoelhado com o
Profeta Joseph, no Templo de Kirtland, em 1836, quando vieram
Moisés, Elaías e Elias com as chaves das respectivas
dispensações.
Estou convicto de que, tivéssemos nós o registro completo,
veríamos que Oliver Cowdery acompanhava Joseph Smith, o
Profeta, quando foram reveladas e restauradas as chaves de todas
as outras dispensações. Dessa maneira, Oliver Cowdery foi
designado e ordenado a estar ao lado do Profeta Joseph Smith,
como companheiro e testemunha, possuindo toda autoridade e
todas as chaves da mais gloriosa das dispensações — a
dispensação da plenitude dos tempos.
OLIVER COWDERY CAIU DE SUA ALTA POSIÇÃO.
Infelizmente — ao menos para ele — Oliver Cowdery, que fora
chamado para essa posição maravilhosa e de grande
responsabilidade, intimamente associado a Joseph Smith na posse
de toda autoridade e presidência nesta dispensação — num espírito
de rebeldia e cegueira, se desviou. Perdeu sua condição de membro
da Igreja, foi-lhe tirado o poder do Sacerdócio, e por algum tempo
esteve excomungado da Igreja. Eventualmente, teve a ventura de
superar esse espírito de cegueira, mas nunca mais teve o privilégio
de receber as chaves do poder e autoridade que outrora lhe haviam
sido concedidas.
HYRUM SMITH RECEBE AS BÊNÇÃOS DE OLIVER
COWDERY. A fim de que pudesse prosseguir e completar este
testemunho das testemunhas, o Senhor escolheu outro para ocupar
a posição de Oliver Cowdery, que foi o Patriarca Hyrum Smith.
Hyrum foi chamado e ordenado ao Sacerdócio e posição
anteriormente ocupados por Oliver Cowdery, através de Joseph
Smith, por revelação. Hyrum Smith recebeu uma porção dupla
— não só foi chamado a tornar-se o Patriarca da Igreja, por direito
de herança, mas ao mesmo tempo o Senhor disse a ele:
“E, deste momento em diante, designo-o profeta, vidente e
revelador à minha igreja, como o meu servo Joseph; Para que
proceda em concerto com o meu servo Joseph; e que receba
conselho do meu servo Joseph, o qual lhe mostrará as chaves pelas
quais poderá pedir e receber, e ser coroado com a mesma bênção,
glória, honra, Sacerdócio e dons do Sacerdócio, que antes foram
colocados sobre a cabeça daquele que era o meu servo Oliver
Cowdery; Que o meu servo Hyrum testifique quanto às coisas que
eu lhe mostrar, para que o seu nome seja lembrado em honra, de
geração em geração, para todo o sempre.”29
JOSEPH E HYRUM — CO-PRESIDENTES DA IGREJA. De
acordo com esse chamado e mandamento, o Profeta Joseph Smith
conferiu a Hyrum Smith todas as chaves, autoridade e dons do
Sacerdócio que ele, o Profeta, possuía e que haviam sido antes
conferidos a Oliver Cowdery. O Senhor também revelou a Hyrum
Smith todas as coisas necessárias para dele fazer uma testemunha,
completa e no mais alto grau, juntamente com seu irmão Joseph,
como profeta, vidente, revelador e presidente da Igreja, e para
permanecer durante todo o tempo e toda eternidade à testa desta
dispensação com seu irmão Joseph, uma testemunha de Jesus
Cristo.
Assim, vemos, Hyrum Smith tornou-se um presidente da Igreja,
juntamente com Joseph Smith, lugar este que Oliver Cowdery
poderia ter conservado, se não houvesse vacilado e caído de sua
elevada posição. Tenho a firme opinião de que, houvesse Oliver
Cowdery permanecido fiel a seus convênios e obrigações como
testemunha com Joseph Smith, e conservado sua autoridade e
lugar, ele, e não Hyrum Smith teria ido com Joseph Smith como
prisioneiro e para o martírio em Carthage.
O selamento do testemunho pelo derramamento de sangue não
teria sido completo com a morte do Profeta Joseph Smith apenas;
exigia a morte de Hyrum Smith, que possuía conjuntamente as
chaves desta dispensação. Era indispensável que estes mártires
selassem seu testemunho com o seu sangue, para “que eles fossem
honrados, e os iníquos condenados”.30
TRIBUTO DO PROFETA A SEU IRMÃO HYRUM. Agora, se me
permitis apenas mais um ou dois momentos — há muitas coisas
mais que eu gostaria de dizer, porém o tempo o proíbe — gostaria
de ler-vos a opinião do Profeta, expressa ao irmão Hyrum, que era
quase seis anos mais velho. Eis o que diz o Profeta:
“Irmão Hyrum, que coração fiel é o teu! Oh, que o Eterno Jeová
coroe tua cabeça com bênçãos eternas, como recompensa pelo
cuidado que tens por minha alma! Oh, quantos pesares nós
compartilhamos; e novamente nos encontramos aguilhoados pela
implacável mão opressora. Hyrum, teu nome há de ser escrito no
livro da Lei do Senhor, para que o vejam os que vêm depois de ti e
possam seguir o exemplo de tuas obras.”
Noutra ocasião, disse o Profeta: “Eu poderia orar em meu
coração que todos os meus irmãos fossem semelhantes ao meu
querido irmão Hyrum, que possui a mansidão de um cordeiro, a
integridade de um Jó e, em suma, a brandura e humildade de
Cristo; e quero-o com aquele amor que é mais forte que a morte,
pois jamais tive oportunidade de repreendê-lo, nem ele a mim, o que
ele afirmou quando me deixou hoje.”31
ORDEM DE SUCESSÃO NA PRESIDÊNCIA. Oliver Cowdery se
desviou, perdendo o seu lugar, e deixando de ser o segundo
presidente, embora sempre pudesse testificar e o fez. Ele deixou, no
que concerne ao Sacerdócio, de ser o “segundo élder”, o “segundo
presidente” na Igreja. E assim passou o tempo. Frederick G.
Williams se afastou, e Hyrum Smith foi chamado a ocupar o lugar de
segundo conselheiro.
E assim continuou — Joseph Smith, presidente; Sidney Rigdon e
Hyrum Smith, conselheiros — até o dia 19 de janeiro de 1841. Neste
dia, o Senhor ordenou a Joseph Smith que ordenasse Hyrum Smith,
conferindo-lhe todas as chaves, autoridade e privilégios concedidos
a Oliver Cowdery, e fazendo dele o “segundo presidente” da Igreja.
Hyrum Smith, assim como Oliver Cowdery, na mente de muitos não
ocupa seu devido lugar como “segundo presidente” da Igreja — mas
era esse o seu lugar.
Após a morte de Joseph Smith, quando discutiam sobre a
sucessão, disse o Presidente Brigham Young: “Joseph Smith
ordenou um sucessor? Quem foi? Hyrum Smith. Mas Hyrum morreu
como mártir antes do Profeta.” Bem, ele não o ordenara exatamente
como seu sucessor; mas, tivesse Hyrum Smith atendido ao Profeta
e levado a família para Cincinnati, teria havido um presidente da
Igreja, e não seria Brigham Young. Brigham Young era o presidente
do Conselho dos Doze, e Hyrum Smith teria sido presidente da
Igreja, por virtude de sua ordenação, ocupando o lugar antes
pertencente a Oliver Cowdery.
Isto é tão claro e simples quanto possível, conforme consta de
nossas Escrituras e na história da Igreja. A partir de 1841, Joseph
Smith e Hyrum Smith assinavam documentos como presidentes da
Igreja. Para muitos membros da Igreja, Hyrum Smith era apenas o
patriarca. Hyrum recebeu uma porção dupla. Recebeu o ofício de
patriarca que pertencera a seu pai e lhe veio por direito de herança,
e recebeu também as chaves para ser o “segundo presidente”,
precedendo os conselheiros como fizera Oliver Cowdery. Assim, ele
teria permanecido como presidente da Igreja, se não houvesse
morrido como mártir.
INDISPENSÁVEL A MORTE DE DOIS TESTADORES. Mas
existe ainda outro ponto. Ele tinha de morrer. Por que? Porque
lemos nas Escrituras que um testamento não tem força sem a morte
do testador — isto é, no seu caso em particular e no caso de
Cristo.32 Era exatamente tão necessário que Hyrum Smith desse
sua vida como um mártir por essa causa como testemunha de Deus,
como foi no caso de Joseph Smith; por isto, o Senhor permitiu que
ambos fossem assim apanhados e ambos selassem seu
testemunho com o próprio sangue. Os dois possuíam
conjuntamente as chaves da dispensação da plenitude dos tempos
e assim será através de todas as eras da eternidade. Depois,
naturalmente, o Conselho dos Doze ocupou seu lugar, e Brigham
Young tornou-se, por direito, o presidente da Igreja.
Tivesse Oliver Cowdery permanecido firme, tivesse sido fiel ao
seu testemunho e chamado como o “segundo élder” e presidente
adjunto da Igreja, estou tão convencido como me sinto aqui, de que
Oliver Cowdery teria ido a Carthage com Joseph Smith e dado sua
vida em lugar de Hyrum Smith. Este teria sido o seu direito. Talvez
soe um pouco estranho falar-se de martírio como um direito, mas
era de fato um direito. Ele foi perdido por Oliver Cowdery, passando
para Hyrum Smith. De acordo com a lei das testemunhas — e esta é
uma lei divina — tinha que ser assim.33
HOJE NÃO HÁ NECESSIDADE DE PRESIDENTE ADJUNTO.
Às vezes, surge a pergunta: Se Oliver Cowdery foi ordenado para
possuir as chaves juntamente com o Profeta, e após perdê-las por
transgressão, esta autoridade foi conferida a Hyrum Smith, então
por que não seguimos hoje a mesma ordem das coisas na Igreja,
tendo um presidente adjunto, além de dois conselheiros na Primeira
Presidência?
A resposta é muito simples. Porque a condição peculiar que
exige duas testemunhas para estabelecer a obra, deixa de existir,
depois que a obra está estabelecida. Joseph e Hyrum Smith ficaram
à testa desta dispensação, possuindo as chaves conjuntamente,
como as duas testemunhas necessárias para cumprir a lei,
conforme é determinado por nosso Senhor em sua resposta aos
judeus. Uma vez que o Evangelho nunca mais será restaurado,
essa condição jamais ocorrerá. Todos nós voltamos a vista para as
duas testemunhas especiais, chamadas a testificar em pleno acordo
com a lei divina.34
TESTEMUNHAS DO LIVRO DE MÓRMON
AS TRÊS TESTEMUNHAS CONSERVAM-SE FIÉIS AO
TESTEMUNHO. O que as três testemunhas viram foi na presença
de um anjo; e ouviram a voz de Deus lhes falando. Todas as três
deixaram a Igreja. Se lerdes a história da Igreja, vereis que Oliver
Cowdery e David Whitmer foram acusados e levados perante o
Profeta e os conselhos da Igreja, sendo excomungados.35
Achais, seja por um só momento, que, se Joseph Smith e essas
testemunhas tivessem entrado em conluio para enganar e iludir,
Joseph Smith poderia permitir-se uma desavença com elas, fosse
qual fosse o motivo? Pensais mesmo que teria ousado permitir que
o sumo conselho da Igreja excomungasse esses homens e os
expulsasse, se o testemunho não fosse verdadeiro?
Isto está absolutamente fora de questão, porque nessas
condições Oliver Cowdery, David Whitmer e Martin Harris
imediatamente teriam vindo a público, dizendo: “Simplesmente
entramos em conluio para enganar. Não é verdade. Nós não vimos
um anjo. O que Joseph Smith afirma não é verdade.” Mas, eles não
disseram isto. Durante todos os dias de sua vida, mantiveram-se
fiéis ao seu testemunho, embora se sentissem amargurados com o
Profeta, pessoalmente. Todos os três sobrepujaram esse rancor
antes de morrer, mas houve tempo em que nutriam sentimentos
muito, muito rancorosos contra ele.
TESTEMUNHO DE DAVID WHITMER. Tenho aqui o testemunho
prestado por David Whitmer. Copiei-o do original manuscrito,
assinado por seu próprio nome, como o temos no Escritório do
Historiador. Obtivemo-lo por compra do neto de David Whitmer, não
faz muito tempo. Ele disse que achava que devíamos tê-lo aqui.
Está guardado nos arquivos da Igreja, tendo anexas as
assinaturas dos homens que vou nomear — não-membros da Igreja,
todos descrentes na missão de Joseph Smith. Este depoimento foi
feito em 1881, porque um certo indivíduo dizia que David Whitmer
lhe havia afirmado não ser verdadeiro o seu testemunho. David
Whitmer chama a atenção para o fato de que tal homem mentia.
“A todas as nações, tribos, línguas e povos a quem o presente
possa chegar —
“Havendo certo John Murphy, de Polo (Condado de Caldwell),
Missouri, declarado que, numa conversa com ele mantida no verão
passado, eu neguei meu testemunho como uma das três
testemunhas do Livro de Mórmon —
“Com a finalidade, portanto, de que ele possa entender-me
agora, se não me entendeu então, e para que o mundo saiba a
verdade, desejo agora, encontrando-me como se fosse no ocaso da
vida e no temor de Deus, fazer esta declaração de uma vez por
todas:
“Que nunca, em tempo algum eu neguei o testemunho, ou
qualquer parte dele, que há tanto tempo vem sendo publicado com
aquele livro, como uma das suas três testemunhas.
“Aqueles que melhor me conhecem saberão que sempre fui fiel
a esse testemunho.”
ENDOSSO DA REPUTAÇÃO DE DAVID WHITMER COMO
CIDADÃO. Não tenho tempo para o ler por inteiro. Copiei-o de modo
a poder dizer que o fiz, do documento original de próprio punho de
David Whitmer, assinado por ele e com estes nomes anexos:
A.W. Doniphan, (Alexander Doniphan — também um homem
idoso. Certa vez foi advogado do Profeta.)
George W. Dunn, juiz do Quinto Circuito Judicial.
T.D. Woodson, presidente do Ray County Savings Bank.
Jacob O. Child, editor do Conservator (no qual o presente foi
também publicado).
H.C. Garner, caixa do Ray County Savings Bank.
W.A. Holman tesoureiro municipal.
J.S. Hughes, banqueiro, Richmond, Missouri.
James Hughes, banqueiro, Missouri.
D.P. Whitmer, advogado, (Neto de David Whitmer).
James W. Black, advogado.
L.C. Cantwell, agente do correio, Richmond, Missouri.
Geo. I. Wassen, prefeito.
Jas. A. Davis, coletor fiscal,
C. J. Hughes, juiz do Tribunal de Sucessões do Condado de
Ray.
Geo. W. Trigg, funcionário municipal.
W. W. Mosby, médico.
Thos. McGinnis, ex-xerife do Condado de Ray.
W. R. Holman, comerciante de móveis.
J. P. Queensbury, comerciante.
Lewis Slaughter, tabelião de registro de imóveis.
George W. Buchanan, membro do Congresso.
A. K. Rayburn.
Assim, pois, alguns dos cidadãos destacados da cidade de
Richmond, Condado de Ray, Missouri, assinaram aquele
documento, que foi publicado no jornal local em 1881.
Quando escreveu isso, David Whitmer era um homem sério, em
seu perfeito juízo. Depois disso, viveu ainda um par de anos, e esse
é o testemunho dele quando estava fora da Igreja. O que fazer com
ele?
O EDITOR APROVA TESTEMUNHO DE DAVID WHITMER. E
esses homens testemunham quanto a sua integridade. Vou ler o que
disse o editor: “Noutro local, publicamos uma carta de David
Whitmer Sênior, um velho e conhecido cidadão de Ray, bem como
um endosso de sua reputação como homem, assinado por alguns
dos mais destacados cidadãos desta comunidade, em resposta a
certas difamações infundadas assacadas contra ele.
“Não resta nenhuma dúvida de que o Sr. Whitmer, que foi uma
das Três Testemunhas da autenticidade das placas de ouro, das
quais, assegura ele, Joe Smith traduziu o Livro de Mórmon (do qual
possui agora um fac-símile com os registros originais) — está
firmemente convicto de sua origem divina e, embora não faça
nenhum empenho em impor seu ponto de vista ou crença,
simplesmente deseja que o mundo saiba que, no que lhe diz
respeito, não há nenhuma “mudança nem sombra de variação”.
Tendo residido aqui por mais de meio século, não é sem orgulho
que se refere ao seu passado, com a consciência de que não fez
nada que deslustrasse seu caráter como cidadão e crente no Filho
de Maria para justificar tal ataque a ele, fosse qual fosse sua origem,
e agora, com os lírios de setenta e cinco invernos coroando-o qual
auréola, e sua peregrinação na terra quase terminada, ele reitera
sua antiga declaração, deixando que o futuro solucione o problema
do qual foi apenas uma testemunha passageira de seu
cumprimento.”
Eis o que disseram de David Whitmer, e pergunto-vos: O que
fareis com isso? Não achais que deveria ter algum peso?
TESTEMUNHO DE MARTIN HARRIS. Agora, permiti-me dizer
alguma coisa sobre Martin Harris. Ele foi excomungado pelo sumo-
conselho em Kirtland como dissidente, em dezembro de 1837.
Embora continuasse fiel a seu testemunho do Livro de Mórmon, por
muitos anos esteve indisposto com a Igreja. Porém, algum tempo
depois de os santos virem para Utah, alguns de nossos bons irmãos
foram à sua procura, encontraram-no, conseguiram renovar seu
interesse e trouxeram-no de volta à Igreja. Ele veio para cá, foi
novamente batizado e aqui viveu por alguns anos, testificando de
seu testemunho nos vários povoados. Faleceu aqui e foi sepultado
no Vale Cache, Utah.
TESTEMUNHO DE OLIVER COWDERY. Agora chegamos a
Oliver Cowdery. Que me dizeis de Oliver Cowdery, o mais
importante dos três, que tantas vezes estava com Joseph Smith,
quando da aparição de anjos e da restauração das chaves? Que
dizer dele? Ele abandonou a Igreja, mostrando extremo rancor, mas
nunca negou o testemunho. Algumas pessoas disseram que sim,
mas ele não negou. Sempre foi fiel a esse testemunho. Eu tenho o
testemunho de seu próprio punho, e copiei-o do manuscrito dele
para poder dizer que o fiz. É tirado de uma carta de Oliver Cowdery,
dirigida ao seu cunhado, e vos lerei o que ele diz. Quando a
escreveu, estava fora da Igreja.
“Tenho acalentado a esperança, e é uma das mais almejadas,
de poder deixar uma tal reputação, que aqueles que venham a crer
em meu testemunho, depois que eu for chamado daqui, possam
fazê-lo não só por amor à verdade, mas sem envergonhar-se do
caráter particular do homem que prestou esse testemunho. Tenho
sido sensível nesta questão, eu admito, mas devo ser assim: você
também seria, nas circunstâncias, se tivesse estado na presença de
João com nosso falecido Irmão Joseph, para receber o Sacerdócio
Menor, e na presença de Pedro, para receber o (Sacerdócio) Maior,
e olhasse através dos tempos, e testemunhasse os efeitos que
estes dois têm de produzir — você sentiria o que jamais sentiu, se
homens maldosos conspirassem para diminuir os efeitos do seu
testemunho aos homens, depois que se fosse para o tão desejado
descanso.”
RETORNO DE OLIVER COWDERY PARA A IGREJA. Temos
ainda outros testemunhos de Oliver Cowdery. Temos seu
testemunho de quando voltou para a Igreja, em Kanesville. Oliver
Cowdery voltou para a Igreja, e quero chamar vossa atenção para
as condições e circunstâncias sob as quais veio.
Quando o Profeta Joseph Smith estava em Nauvoo, e isto pouco
antes do seu martírio, disse ao seu secretário: “Gostaria de que
escrevesse a Oliver Cowdery, perguntando-lhe se já não sofreu
bastante.” Evidentemente, tal carta foi escrita, pois no próprio dia do
martírio, chegou uma carta de Oliver Cowdery. Sempre tenho
lamentado não conhecer o conteúdo dessa carta; ela perdeu-se
naqueles tempos perigosos, e não há nenhum registro dela. Mas
creio que era a resposta de Oliver Cowdery àquela comunicação, e
procurando voltar para a Igreja.
Pois bem, depois que os santos foram expulsos de Nauvoo e
estavam lá fora nas planícies e tudo parecia negro, (Sidney Rigdon
disse que iam para a destruição e não havia esperança para eles, e
os jornais afirmavam que não conseguiriam sobreviver!), foi nessas
condições que Oliver Cowdery encontrou o caminho para Kanesville
e pediu que lhe permitissem voltar para a Igreja. Se tivesse sido um
impostor, pensais que teria feito isso? Se pensais assim, tenho pena
de vós. Ele voltou e implorou humildemente um lugar na Igreja. Ele
foi aceito e estava-se preparando para levar uma missão para a
Grã-Bretanha, quando adoeceu e morreu. Faleceu na casa de David
Whitmer, prestando testemunho da verdade.
PENALIDADE POR REJEITAR O TESTEMUNHO DE
TESTEMUNHAS. Diz o Senhor: “Ai do que rejeitar a palavra de
Deus”36 — quando nos vem através de duas, três ou oito
testemunhas. E esse testemunho se levantará contra o mundo no
último dia, e todo homem vivente que ouviu o testemunho de Oliver
Cowdery, David Whitmer, Martin Harris e Joseph Smith, e se
recusou a receber esta mensagem, terá que dar o motivo por que a
rejeitou perante o tribunal de Deus, pois esse testemunho foi
prestado solenemente, e eles eram testemunhas de Deus para todo
o mundo.37
Anotação
1. Era, vol. 30, p. 950.

2. 2 Cor. 13:1.

3. Deut. 17:6; 19:15.

4. Mateus 18:15-16.

5. Moisés 8:2-3.

6. D & C 84:14; 110:12; Versão Inspirada, Gênesis 14:37.

7. Êxodo 4:10.

8. Êxodo, caps. 3 e 4.

9. Mateus 17:1-13.

10. João 5:30-33.


11. João 8:12-19.

12. João 10:7-36.

13. Mateus 3:13-17; Marcos 1:9-11; Lucas 3:21-22.

14. João 12:28.

15. Mateus 17:5.

16. 3 Néfi 11:7; Joseph Smith 2:17.

17. 2 Néfi 27:13-14.

18. Atos 4:19-20.

19. João 5:31.

20. Church News, 8 de abril de 1939, pp. 1-4, 6, 8.

21. Era, vol. 45, p. 737; D. H. C., vol. 2, p. 176.

22. Millennial Star, vol. 96, pp. 34-35.

23. Mateus 27:42-43.

24. Mateus 12:39.

25. Atos 1:8.

26. Lucas 24:46, 48.

27. Atos 17:27.

28. Era, vol. 30, pp. 953-954: Lucas 16:31; D & C 5:5-10.

29. D & C 124:94-96.

30. D & C 136:39.

31. Conference Report, abril de 1930, pp. 91-94.

32. Hebreus 9:15-17; D & C 135:5.

33. Church News, 8 de abril de 1939, p. 8.

34. Corresp. Pessoal.

35. “É bem conhecido que Oliver Cowdery e David Whitmer deixaram a Igreja, mas geralmente se supõe que
Martin Harris nunca foi excomungado. O Journal History, periódico da Igreja de 1.° de Janeiro de 1938,
entretanto, fala de sua excomunhão pelo Sumo Conselho de Kirtland, em Dezembro de 1837. Foi
rebatizado em 17 de Setembro de 1870, em Salt Lake City, por Edward Stevenson e confirmado no
mesmo dia por Orson Pratt; Journal History, 17 de Setembro de 1870.”

36. 2 Néfi 27:14; D & C 84:94.

37. Church News, 8 de abril de 1939, pp. 1, 4, 6.


CAPÍTULO 14
A IGREJA E REINO
O REINO DE DEUS NA TERRA
DOIS REINOS: O ECLESIÁSTICO E O POLÍTICO. O reino de
Deus é a Igreja.1
Depois de Cristo vir, todos os povos da terra lhe serão sujeitos;
porém, haverá multidões sobre a face da terra que não serão
membros da Igreja; no entanto, todos terão de prestar obediência às
leis do reino de Deus, pois ele terá domínio sobre toda a face da
terra. Essa gente estará sujeita ao governo político, ainda que não
sejam membros do reino eclesiástico que é a Igreja.
Esse governo que abrange todos os povos da terra, sejam ou
não da Igreja, é também às vezes chamado de reino de
Deus, porque estarão sujeitos ao reino de Deus que Cristo
estabelecerá; ainda assim, eles têm seu arbítrio, e milhares não
serão membros da Igreja, até que sejam convertidos; mas, ao
mesmo tempo, estarão sujeitos ao governo teocrático.
O REINO DURANTE O MILÊNIO. Quando o nosso Salvador vier
para governar no Milênio, todos os governos ficarão sujeitos ao seu
domínio, e isto tem sido chamado de o reino de Deus, o que de fato
é; mas este é o reino político o qual abrangerá todos os povos,
sejam eles ou não da Igreja.2 Naturalmente, quando toda tribo,
língua e povo estiver sujeito à lei de Jesus Cristo, isso será no dito
reino político.3 Devemos ter em mente esses dois conceitos. Porém,
o reino de Deus é a Igreja de Jesus Cristo, e é aquele que
permanecerá para todo o sempre. Quando orou: “Venha o teu
reino”, o Salvador referia-se ao reino celeste, que há de vir quando
se iniciar o reino milenial.4
Quando Cristo chegar, o reino político será entregue à Igreja.5 O
Senhor dará um fim a todas as nações: isto quer dizer tanto esta
nação como qualquer outra.6 O reino de Deus é a Igreja, mas,
durante o milênio, as multidões sobre a face da terra que não
pertencem à Igreja, terão de ser governadas, e muitos de seus
oficiais que serão eleitos, poderão não ser membros da Igreja.7
O REINO CONSTITUÍDO NA TERRA
A IGREJA ORGANIZADA NESTA DISPENSAÇÃO. A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada na terça-
feira, 6 de abril de 1830, na casa de Peter Whitmer, em Fayette,
Condado de Seneca, Nova York, com seis membros.8 Estes seis
membros, que haviam sido batizados antes da organização da
Igreja, foram todos novamente batizados no dia de sua organização.
São eles: Joseph Smith Jr., Oliver Cowdery, Hyrum Smith, Peter
Whitmer Jr., Samuel H. Smith e David Whitmer. Com exceção de
David Whitmer, todos eles morreram na Igreja.
Nessa ocasião, Joseph Smith Jr. e Oliver Cowdery foram
apoiados como primeiro e segundo élder da Igreja, respectivamente.
Nesse dia, o Profeta recebeu uma revelação, na qual era ordenado
à Igreja recém-organizada, que mantivesse um registro em que
Joseph Smith Jr. devia ser chamado de vidente, tradutor, profeta e
apóstolo de Jesus Cristo, e um élder da Igreja.9
PRIMEIRAS CONFERÊNCIAS DA IGREJA. A 9 de junho de
1830, foi realizada a primeira conferência da Igreja em Fayette,
Nova York, sendo apresentados os seguintes oficiais:
Joseph Smith Jr., Oliver Cowdery, David Whitmer, Peter Whitmer
e Ziba Peterson, todos portadores do ofício de élder na Igreja.
Nessa mesma conferência, Samuel H. Smith foi ordenado élder:
Joseph Smith Sr. e Hyrum Smith foram ordenados sacerdotes.
Martin Harris foi igualmente ordenado sacerdote, e Hiram Page e
Christian Whitmer, mestres. Ao término da conferência, havia na
Igreja sete élderes ordenados — incluindo Joseph Smith e Oliver
Cowdery — três sacerdotes e dois mestres. O número total de
membros da Igreja era de vinte e sete.
Oliver Cowdery foi designado a manter o registro da Igreja e atas
da conferência, até a próxima conferência marcada para setembro.
A segunda conferência da Igreja realizou-se no dia 26 de
setembro de 1830. Nessa data, a Igreja contava com os seguintes
oficiais: oito élderes (Thomas B. Marsh havia sido ordenado
élder); quatro sacerdotes (Newel Knight havia sido ordenado
sacerdote); e dois mestres. Oito portadores do Sacerdócio de
Melquisedeque e seis do Aarônico — quatorze ao todo, pelo que
nos consta, que haviam sido ordenados ao Sacerdócio.
David Whitmer foi designado a manter o registro da Igreja e atas
da Conferência até a Conferência seguinte. Ao final da Conferência
a congregação era de sessenta e duas pessoas.
A terceira Conferência foi realizada em Fayette, Nova York, a 2
de janeiro de 1831, porém não foram conservadas as atas.
ORDENAÇÃO DOS PRIMEIROS SUMOS SACERDOTES. Na
quarta conferência, realizada em Kirtland, em junho de 1831, foram
ordenados os primeiros sumos sacerdotes desta dispensação.
Foram vinte e três ao todo, entre eles o Profeta Joseph Smith,
ordenado sumo sacerdote pelas mãos de Lyman Wight, o qual havia
sido ordenado primeiro a este ofício pelo Profeta. Devido a sua
ausência, Oliver Cowdery não foi ordenado sumo sacerdote nessa
conferência, mas no dia 28 de agosto seguinte o foi por Sidney
Rigdon.
Nessa conferência, também Edward Partridge foi ordenado
sumo sacerdote; ele já havia sido chamado para o bispado, e nessa
data escolheu como conselheiros — ou assistentes como eram
então chamados — John Corrill e Isaac Morley. Este foi o primeiro
bispado na Igreja.
A partir desse momento, a Igreja cresceu rapidamente em poder
e força, a despeito das muitas provações, apostasias e dificuldades
que foi forçada a enfrentar.
ORGANIZAÇÃO DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA. A 18 de março
de 1833, era organizada a Primeira Presidência da Igreja, tendo
como presidente Joseph Smith, e Sidney Rigdon e Frederick G.
Williams como conselheiros. Antes disso, o Profeta fora apoiado e
ordenado presidente do Sumo Sacerdócio numa conferência
realizada em Amherst, Ohio, a 25 de janeiro de 1832.
Joseph Smith Sênior foi chamado e ordenado pelo seu filho
Joseph, como patriarca presidente, a 18 de dezembro de 1833.
Nesta ordenação, foi chamado igualmente como presidente do
Sumo Sacerdócio. Oliver Cowdery foi igualmente associado à
Primeira Presidência.
Os primeiros apóstolos e setentas desta dispensação foram
ordenados em Kirtland, Ohio, em fevereiro de 1835, após o retorno
do Acampamento de Sião, sendo escolhidos dentre os membros
desta tropa. Os apóstolos foram escolhidos por revelação e
ordenados pelas testemunhas do Livro de Mórmon, a 14 de
fevereiro de 1835, e a ordenação dos primeiros setentas deu-se
quatorze dias mais tarde. A partir daí, foram ordenados dois quóruns
de setentas.
ABERTURA DAS PRIMEIRAS MISSÕES ESTRANGEIRAS. A
primeira missão estrangeira foi a britânica, aberta em Lancashire,
Inglaterra, pelos élderes Heber C. Kimball, Orson Hyde, Willard
Richards, Joseph Fielding, John Goodson, Isaac Russel e John
Snider, em 1837. De lá, o trabalho espalhou-se para a Irlanda,
Escócia, o País de Gales e diversas regiões da Inglaterra;
igualmente para a Austrália, América do Sul e Índia Oriental.
Em 1842, Joseph Ball foi designado para a América do Sul. Dez
anos depois, Parley P. Pratt e Rufus Allen visitaram o Chile, porém
com pouco sucesso.
O Evangelho foi levado à Jamaica em 1842, por Henry Sagers.
Nesse mesmo ano, Orson Hyde foi para Jerusalém, lá dedicando a
Palestina para o retorno dos judeus. Durante essa sua missão, ele
fez algum trabalho na Alemanha.
Em 1843, Addison Pratt, Noah Rogers, Benjamin F. Grouard e
Knowlton F. Hanks foram designados para visitar as ilhas do
Pacífico. O Élder Hanks faleceu no dia 3 de novembro do mesmo
ano, tendo sido sepultado no mar. Os outros trabalharam com
bastante êxito nas Ilhas Society.
O Élder William Howell foi o primeiro missionário a trabalhar na
França. Foi da Inglaterra para lá em 1848, tendo organizado um
ramo. Em 1850, foram pregar nesse país o Élder John Taylor e
outros.
ABERTAS MISSÕES EM MUITOS PAÍSES. Nesse mesmo ano
(1850), Erastus Snow e Peter O. Hansen chegavam à Dinamarca,
John E. Forsgren na Suécia, Lorenzo Snow e Joseph Toronto, na
Itália, e mais tarde, no mesmo ano, Thomas H. B. Stenhouse abria
as portas na Suíça, e o Élder George Q. Cannon e outros nas ilhas
do Havaí.
O Élder Joseph Richards foi o primeiro a ter sucesso, pregando
o Evangelho na Índia, onde organizou um ramo, a 22 de junho de
1851. William Donaldson, do Exército Britânico, foi o primeiro élder a
visitar esse país, mas seu trabalho não teve sucesso aparente.
Em 1852, missionários foram chamados para a Índia, China,
Sião, Cabo da Boa Esperança (África), Prússia, Gibraltar, Índias
Ocidentais e Noruega. Para a Nova Zelândia, foram élderes em
1854, e para o México em 1877.
Desde aí, o Evangelho tem sido pregado em quase toda a
Europa, partes da Ásia, América do Sul, ilhas do Pacífico, onde
vivem muitos descendentes da raça nefita; e no Japão, país
dedicado pelo Presidente Heber J. Grant, no dia 1.° de setembro de
1901.
Em 1903, o Presidente Francis M. Lyman dedicava igualmente a
Finlândia e Rússia para a pregação do Evangelho e a coligação do
sangue de Israel.
Desde 6 de junho de 1840, data em que partia de Liverpool a
primeira companhia de santos, até o final do ano de 1908, mais de
cem mil embarcaram para Sião. Dos numerosos navios que
transportaram esta hoste imensa, nenhum se perdeu, e embora
alguns santos houvessem morrido em viagem e outros se
acidentassem, o resultado é sumamente maravilhoso.10
OS SANTOS — UM POVO PECULIAR
DE QUE FORMA OS SANTOS SÃO PECULIARES. Os santos
são um povo peculiar. E isto tanto em seus hábitos como em sua
crença religiosa. Se são fiéis à sua fé, não podem deixar de ser
diferentes de outras pessoas. Sua religião exige isso deles. A
mesma coisa poderia ser dita de qualquer outro povo que se
esforçasse por servir o Senhor de acordo com seus ensinamentos.
Os santos de antigamente eram peculiares. Pedro os chamava
assim por terem sido chamados “das trevas para a sua (de Cristo)
maravilhosa luz”. Os santos dos últimos dias creem ser também
uma “geração eleita, o sacerdócio real” e os autênticos sucessores
dos santos antigos. Este chamado os torna peculiares.11
Uma das maiores peculiaridades dos santos dos últimos está no
fato de se intitularem santos. Eles têm sido criticados e muitas vezes
condenados por pessoas bem intencionadas, porém mal
informadas, pelo fato de assumirem a denominação de santos. Aos
olhos de muitos, isto denota certo espírito de arrogância e indevida
adoção de um título que deveria ser somente dado a pessoas de
excepcional benevolência e virtude cristã, e isto depois de estarem
mortas há muitos anos. Entre muita gente, prevalece a falsa ideia de
que a pessoa merecedora desse título tem que ser devidamente
escolhida pela autoridade eclesiástica apropriada, e canonizada.
POR QUE OS MEMBROS DA IGREJA SE INTITULAM
SANTOS. Os santos dos últimos dias devem ser tudo o que seu
nome implica. Deveriam viver sem pecados; sua vida deveria estar
em estrita concordância com os princípios do Evangelho. Deveriam
viver “de toda a palavra que sai da boca de Deus”.12 Assim lhes é
ordenado.
Todavia, ao aceitar o título de santos, eles não estão sendo
arrogantes, pretensiosos ou justos aos próprios olhos. Não foram
eles que escolheram tal nome. mas foi-lhes dado por mandamento
divino. É o Senhor quem diz: “Pois assim será a minha igreja
chamada nos últimos dias, mesmo A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias.” Para que os membros sintam
devidamente o significado deste título, segue esta admoestação:
“Na verdade, digo a vós todos: Erguei-vos e brilhai, para que a
vossa luz seja um estandarte para as nações.”13
Aceitando esse título, os santos dos últimos dias seguem
apenas o costume adotado pelo povo de Deus em todas as eras
passadas da terra. Os membros da Igreja no tempo de Pedro eram
chamados de santos. “E aconteceu que, passando Pedro por toda a
parte, veio também aos santos que habitavam em Lida.”14 Paulo
escreveu: “A todos os que estais em Roma, amados de Deus,
chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor
Jesus Cristo.”15 Está claro, pois, que os membros da Igreja hoje
estão seguindo o costume dos tempos antigos, porque são
chamados nestes últimos dias, por mandamento, para serem
“santos” e membros da Igreja de Jesus Cristo.16
OS SANTOS SÃO O MELHOR POVO. A despeito de nossas
fraquezas, nós somos o melhor povo do mundo. Não digo isto
gabando-me, pois creio que é uma verdade categórica a todos os
que estejam dispostos a observar pessoalmente. Somos
moralmente limpos, iguais em todos os sentidos, e em muitos
aspectos superiores a quaisquer outros povos. A razão é termos
recebido a verdade, o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Para nós,
não é letra morta, algo para talvez ser seguido no dia do Sábado e
esquecido nos outros seis dias da semana; nossa religião é uma
religião de todo dia. Espera-se de nós que vivamos de acordo com
os princípios da verdade todos os dias de nossa vida, pois tais
princípios são tão válidos no meio da semana, quanto no dia do
Sábado.17
PRIVILÉGIOS E DEVERES DOS SANTOS
PRIVILÉGIO DE VIVER QUANDO O EVANGELHO ESTÁ NA
TERRA. Meu desejo é ver outros participarem da luz da verdade,
conforme foi revelada. Todos nós podemos regozijar-nos pelo fato
de termos nascido nesta dispensação em que nos é dada a
oportunidade de conhecer e entender a verdade. Muitas vezes,
tenho agradecido ao Senhor por não ter sido mandado para a terra
durante as eras de obscurantismo, ou quando não existia entre os
homens o Evangelho. Se não tivéssemos nada mais, o grande
privilégio de viver agora, quando foi revelada a plenitude da
verdade, é uma bênção tão maravilhosa, quanto poderíamos
desejar.
Uma das coisas mais estranhas que conheço é o fato de que
haja pessoas vivendo à sombra do Evangelho sem tirar nenhum
proveito dele. Elas fecham os olhos e os ouvidos, recusando-se a
ver e ouvir; e até mesmo entre os membros da Igreja encontramos
muitos que não querem viver na luz, segundo suas próprias
convicções.18
CONDENAÇÃO PARA OS SANTOS INDOLENTES. O homem
que recebeu a verdade e ainda assim não quer nela andar, merece
condenação maior. O membro desta Igreja que se entregar ao uso
do fumo, que violar a Palavra de Sabedoria, que se recusar a pagar
o dízimo, a guardar o dia do Sábado, ou de qualquer outra forma
não der ouvidos à palavra do Senhor, não é fiel à Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias…
Aqui mesmo, nas estacas de Sião, à sombra dos templos,
encontramos pessoas contadas como sendo da Igreja e que não
querem guardar os mandamentos do Senhor. Algumas delas
fizeram convênio em lugares sagrados, e no entanto não dão valor à
verdade; não dão valor aos ensinamentos dos servos do Senhor, e
não querem andar no conhecimento que possuem, muito menos de
toda a palavra que sai da boca de Deus. Estes receberão a
condenação maior.19
NOSSO PROPÓSITO: EDIFICAR O REINO. Todo indivíduo
irradia alguma influência. Nossa influência deve ser para o bem,
para edificação do reino de Deus. Não deveríamos ter nenhum outro
propósito, senão o de realizar essa grande obra e vê-la estabelecida
na terra como o Senhor gostaria que fosse.
Nos primórdios da Igreja, os irmãos foram ao Profeta Joseph
Smith, perguntando-lhe o que o Senhor queria que fizessem. A
resposta dada a eles foi que deviam erguer e estabelecer a causa
de Sião. Esta é a nossa obra — estabelecer Sião, edificar o reino de
Deus, pregar o Evangelho a toda criatura no mundo, para que, onde
seja possível lhes apresentarmos a verdade, não seja esquecida
uma única alma.20
MANTER IMACULADO O NOME DA IGREJA. Devemo-nos
manter limpos, nossa mente pura, nossa alma imaculada,
incontaminada pelos pecados do mundo — como Igreja e como
indivíduos. É o dever de cada um de nós, individualmente,
conservar impoluto o bom nome desta Igreja.
Ora, temos sido acusados de muitas, muitas coisas. Não existe
um só crime que não haja sido imputado aos membros da Igreja. O
Senhor disse que assim seria, que homens ímpios falariam mal da
verdade. Nós deveríamos regozijar-nos quando assim fazem, não
pelo fato de sermos acusados pelos que prestam falso testemunho,
mas pelo fato de estarmos inocentes de todas essas coisas. Nisto
nós nos devíamos regozijar.21
Mas, como Igreja, como comunidade, é nosso dever conservar o
bom nome da Igreja acima de qualquer reprovação; e é dever de
todo membro individual desta Igreja manter-se limpo, pois cada um
de nós carrega consigo o bom nome da Igreja. Sempre que fizermos
algo contrário à justiça, se levarmos uma vida impura, não
guardarmos os mandamentos que o Senhor nos deu, a Igreja inteira
sofre, não apenas o indivíduo culpado que peca; devíamos pensar
nisto. Se um homem peca e seu pecado se torna público, o mundo
culpa a Igreja inteira. Eles não fariam o mesmo com qualquer outra
organização debaixo do sol.22
O REINO: SUA ORGANIZAÇÃO E SEUS DONS
CRISTO ORGANIZOU PESSOALMENTE A IGREJA. Durante
seu ministério mortal, Cristo organizou pessoalmente a Igreja. Não
passa de estupidez sectária afirmar que o Salvador não organizou a
Igreja. Ele chamou atenção para o fato de que o reino dos céus
estava próximo. Falava frequentemente do reino dos céus, e este é
a Igreja.23
Além disso, encontrareis o conselho dado a um irmão que não
pode reconciliar-se com outro irmão, mandando que ele informasse
a Igreja.24 Como poderia ele informar a Igreja, se não existia
Igreja? E Pedro declara, no dia de Pentecostes, que todos os
dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de
salvar — assim, deve ter existido uma Igreja, e não temos evidência
alguma de que os apóstolos a organizaram. Na verdade, os
apóstolos estavam aguardando a investidura que veio no dia de
Pentecostes, antes de iniciarem seu ministério.25
ORGANIZAÇÃO E DONS — PARTE DA VERDADEIRA IGREJA.
A Igreja de Jesus Cristo, conforme foi estabelecida nos dias dos
apóstolos, era dirigida por apóstolos, profetas, evangelistas, sumos
sacerdotes, setentas e outros oficiais não encontrados nas igrejas
do mundo hoje em dia. Ensina-se, de um modo geral, que apóstolos
e profetas, com a necessidade de revelação e Escrituras adicionais,
deixaram de ser necessários após o primeiro século; que tais oficiais
com revelação dos céus, foram dados à Igreja com o propósito de
estabelecê-la e depois retirados, ficando o homem dependendo das
coisas que estavam escritas.
Os apóstolos, entretanto, ensinavam que a Igreja deveria
continuar conforme fora estabelecida no primeiro século, com os
mesmos oficiais indefinidamente, ou durante todo o tempo. Paulo
informa aos santos efésios que o Senhor havia dado à Igreja
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores, para “o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo”, e que eles deveriam permanecer na
Igreja “até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da
estatura completa de Cristo.”26
Ainda mais, ensinou aos santos coríntios que esses oficiais e os
dons do Evangelho eram sempre necessários, e que Deus pôs na
Igreja “primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em
terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros,
governos, variedades de línguas”. Disse também que todos estes
oficiais e dons eram essenciais para o corpo de Cristo, que uma
parte não podia dizer à outra: “Não tenho necessidade de ti.”27
RESTAURAÇÃO DA IGREJA E DO REINO. O Senhor ensinou a
Joseph Smith e seus companheiros que foi devido à apostasia que
foram tirados esses oficiais com a respectiva autoridade; e quando a
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi restaurada,
foi por mandamento divino que se ordenaram novamente apóstolos,
sumos sacerdotes, setentas e élderes, e enviados com autoridade
para proclamar a mensagem da salvação às nações da terra.28
Onde procurar e encontrar as palavras de vida eterna? Não nos
podemos voltar para a direita nem para a esquerda, pois ali reinam
as trevas espirituais. Bem, aqui se encontram as palavras da vida
eterna, conforme são dadas por revelação e inspiração ao povo de
Sião, e nós sabemos, como Pedro sabia, que Jesus é o Cristo, o
Filho do Deus vivo. Esta é a nossa mensagem para o mundo.29
O REINO HÁ DE PERDURAR PARA SEMPRE
A MAIORIA DOS SANTOS PERMANECERÁ FIEL. Pelos
ensinamentos que tenho recebido do Espírito do Senhor, e das
inspirações que me vieram pelas revelações do Senhor através de
seus servos, tenho certeza em meu coração de que a maioria deste
povo sempre permanecerá fiel…
Todas as coisas concernentes à salvação do homem foram
restauradas nesta dispensação preparatória para a vinda de Cristo e
para o estabelecimento do seu reino, com absoluta autoridade sobre
toda a terra. Quando chegar o tempo e Cristo reinar, tudo o que
existe agora contrário a esse reino e em conflito com ele, deverá
chegar ao fim.
Quanto mais cedo as pessoas engajadas em obras não
aprovadas pelo Senhor vierem a entender a verdade, e as largarem
e aprenderem a servir o Senhor, tanto melhor para elas. É muito
melhor conhecer a verdade e abandonar o erro do que permanecer
nos sistemas do mundo não aprovados pelo Senhor e que, portanto,
no devido tempo, terão que deixar de existir. Esse dia está próximo,
e por causa disso o Senhor enviou seus servos ao mundo para que
proclamem o Evangelho e preguem o arrependimento, a fim de que
escapem todos os que quiserem ouvir. Está ao alcance de todos os
que estiverem dispostos a abandonar o pecado, conhecer a verdade
e a obra estabelecida do Senhor…
A IGREJA JAMAIS SERÁ VENCIDA. Ele nos deu o reino. Fez-
nos a promessa de que o inimigo do reino não
prevalecerá.30 Podemos ter dificuldades. Já tivemos dificuldades.
Podemos encontrar oposições, mas essa oposição fracassará em
seu empenho de destruir a obra de Deus…
O Evangelho foi restaurado, e o reino dado a seus santos de
acordo com a profecia de Daniel31 E não mais será retirado,
destruído ou entregue a outro povo; e a seu próprio modo e no
devido tempo, ele derrubará todos os outros sistemas, para que o
seu reino possa prevalecer e ele possa vir e reinar como Senhor dos
senhores e Rei dos reis sobre a face de toda a terra…
O Senhor tem chamado a atenção para o fato de que ele vai
destruir os sistemas, organizações e combinações que são falsos. E
como ele irá fazê-lo? Dando a verdade a seus membros, se
quiserem recebê-la; oferecendo-lhes o privilégio de saírem dessas
organizações para receber a verdade e ter oportunidade de vir ao
seu reino, pois a mão dele está estendida, pronta para lhes dar as
boas-vindas. Se não quiserem vir; não quiserem receber a sua
mensagem; então, logicamente, terão que cair com seus sistemas.
A verdade prevalecerá; a verdade continuará, quando tudo mais for
removido e está destinada a cobrir a face da terra.
ANJOS ESTÃO AGORA CEIFANDO A TERRA. Em uma dessas
Escrituras, o Senhor disse que os anjos estão à espera para ceifar a
terra.32 Ouvi o Presidente Wilford Woodruff afirmar neste mesmo
local em que me encontro agora, numa conferência da Igreja, que
esses anjos foram enviados para cumprir sua missão de ceifar a
terra, amarrar o joio em feixes para ser queimado e ajuntar os
santos de Deus. Ouvi-o fazer essa declaração em diversas
ocasiões. Além disso, dizia ele, a partir daquele tempo — e isto foi
por volta de 1894 — iriam aumentar e continuar até a vinda de
Cristo, os terremotos, pestes, guerras, fome, pragas e outros
distúrbios, tanto entre os homens como entre os elementos. Numa
revelação conhecida entre nós como a “profecia sobre a guerra”, o
Senhor declarou haver decretado a derrocada das nações, “até que
a consumação decretada ponha fim completo a todas as
nações”.33 Nesse dia, quando isto acontecer, a nação estabelecida
pelo Senhor há de reinar suprema, e todos os outros poderes,
reinos, organizações e sociedades desaparecerão, pois que assim
está decretado.34
OS SANTOS TERÃO SEMPRE UM PROFETA PARA GUIÁLOS.
Embora nos tenham sido tirados o Profeta que está à testa da
dispensação da plenitude dos tempos, e o Patriarca que estava ao
lado dele, o Senhor não nos deixou desamparados. Desde a
restauração do Evangelho, nunca houve tempo em que não
tivéssemos um profeta, alguém para nos guiar, dirigir-nos, ensinar
os mandamentos de Deus, a fim de que pudéssemos andar no
caminho estreito e apertado. Não estamos sem líderes; e jamais
chegará o tempo em que o Senhor não encontre alguém em quem
deposite confiança, e que esteja qualificado para representá-lo entre
o povo. Este é o meu testemunho e regozijo-me nesta verdade.
Não sinto que, porque o Profeta e o Patriarca foram levados,
porque o Presidente Young foi levado, ou o Presidente Taylor e
outros líderes foram levados, chegou o tempo em que não temos
um líder inspirado para nos ensinar a verdade. Jamais chegará o
tempo em que não seremos capazes de confiar e exercer fé nos
ensinamentos e instrução dos que nos guiam. Estou convencido
disso, pois sei que as promessas do Senhor são infalíveis. Sei que
estas coisas são verdadeiras; o Senhor não abandonou o seu
povo, e estará com ele mesmo até o fim. Por isso nos convém,
como santos dos últimos dias, depositar nossa confiança nas
autoridades presidentes da Igreja, no Sacerdócio de Deus e aceitar
seus ensinamentos.
SEGUINDO AS AUTORIDADES DA IGREJA, OS SANTOS
ESTARÃO SEGUROS. Homem algum jamais se transviou, seguindo
o conselho das autoridades da Igreja. Homem algum que seguiu os
ensinamentos ou acatou o conselho ou recomendação daquele que
atua como o representante do Senhor, jamais se perdeu; mas
homens que se recusaram a aceitar conselho têm-se desviado e
seguido caminhos proibidos, e em certos casos chegaram mesmo a
negar a fé. Outros que se transviaram, porque deixaram de entender
e acatar os conselhos que lhes foram dados para seu beneficio
eterno, humilharam-se e voltaram para a Igreja, reconhecendo seu
erro…
Temos que colocar nossa fé naqueles a quem o Senhor chamou,
se quisermos ter lugar diante do Senhor; e, se tivermos o Espírito
apropriado, nenhum de nós desejará ser desarraigado dentre o
povo. Mas, esta é a punição que cairá sobre aqueles que não são
fiéis e não querem acatar ou dar atenção ao conselho dos que são
chamados, designados e inspirados pelo Senhor para nos ensinar e
dirigir em todas as coisas.35
A JUVENTUDE DE SIÃO MANTER-SE-Á FIEL À IGREJA.
Ocasionalmente surge alguém que acha ser seu dever informar ao
mundo que os membros antigos da Igreja continuam fiéis às
doutrinas ensinadas pelo Profeta Joseph Smith e pelo Presidente
Brigham Young, mas que a geração nova se está afastando dessas
coisas, que os filhos desses pais estão abandonando os
ensinamentos de seus maiores, conforme dizem. Estou aqui para
testificar que isto não é verdade. Naturalmente pode haver, e há
entre nós os que não são fiéis, que se afastam das pegadas de seus
pais. Sempre tem sido assim. Podemos esperar que em certos
casos isso continue.
Mas, no que diz respeito aos santos dos últimos dias, a maioria
deles não se afastará da fé possuída por seus pais. Não está
destinado que isto aconteça, pois, quando o Evangelho foi
restaurado, o Senhor declarou, através de seus servos que vieram
dos céus trazendo a mensagem da salvação, que o Evangelho era
restaurado pela última vez, e que deveria crescer e aumentar, e o
conhecimento crescer e espalhar-se até encher a terra inteira. Este
é o destino daquilo que o mundo chama de mormonismo. Assim,
pois, estão enganados em suas conclusões, quando esperam que
os filhos se afastem dos ensinamentos de seus pais.36
A IGREJA HÁ DE PROGREDIR SEMPRE. Estamos
progredindo, estamos avançando em conhecimento, em sabedoria e
em poder. É assim que deve ser e sempre será na Igreja e no reino
de nosso Pai; porque tem que haver progresso, tem que haver
avanço. O conhecimento será derramado sobre este povo, e de
tempos em tempos, o Senhor nos dará a conhecer, através de
revelação e do Espírito de inspiração, muitas coisas para o nosso
bem, quando estivermos preparados e prontos para recebê-las. Falo
da Igreja em geral.
Porém, não obstante todo nosso progresso, aumento de fé e
diligência, ainda resta muito espaço para melhorias. Há muitos entre
nós que não estão vivendo à altura de seus deveres, aceitando seus
chamados e magnificando-os como deveriam. Há muitos entre nós
que são deficientes e deixam, em vários sentidos, de guardar os
mandamentos do Senhor tanto quanto são capazes.37
SIÃO PROSPERARÁ. O Senhor abençoará Sião. Derramará o
seu Espírito sobre o povo. Fá-lo-á prosperar, caso se lembrem dele,
se guardarem seus mandamentos, se cumprirem os convênios que
fizeram diante dele e não os violarem, se se conservarem à parte do
mundo e não participarem de seus pecados.
Não quero dizer com isso que não devemos associar-nos jamais
com as pessoas que não sejam da nossa fé, pois existe muita gente
boa que não abraçou o Evangelho. Não é requerido de nós que as
evitemos, pois nossa missão na terra é junto delas, para convertê-
las à verdade, se pudermos. Mas, não precisamos participar dos
pecados do mundo. Não precisamos seguir as modas insensatas do
mundo. Não precisamos corromper-nos, porque muitos no mundo
são corruptos.
Temos recebido coisas melhores. Estamos andando na
compreensão e entendimento do Evangelho do Senhor Jesus
Cristo, e temos direito à inspiração que nos avisará do perigo e
guiará na senda do dever, e nos dá poder para resistir e vencer o
mal. Temos o direito de recorrer ao Senhor em oração e fé, pedindo
ajuda, orientação e assistência do seu Santo Espírito, e recebê-las-
emos.
UNIDADE NO REINO. E oro para que possamos ser fiéis aos
nossos convênios, fiéis um para com o outro; que expulsemos de
nosso coração tudo que é mau; que não falemos mal uns dos
outros, ou sejamos dados ao revide, contenda ou disputas, pois o
espírito da iniquidade destrói a fé e tende a dividir e separar, em vez
de unir e fortalecer o povo. Temos que ser unidos como um só —
nossos propósitos são os mesmos, nossas metas são as mesmas.
Estamos labutando em busca da vida eterna e do progresso
eterno. Não existem divergências entre os mestres de Israel a
respeito dos princípios do Evangelho. A respeito dessas coisas,
estamos unidos. Não há nenhuma divisão entre as autoridades, e
não é preciso haver divisão entre o povo, mas união, paz, amor
fraternal, bondade e camaradagem de um para com o outro. Estas
são bênçãos a que temos direito, se vivermos de acordo com o
Evangelho; e o Senhor derramará outras e maiores bênçãos,
mesmo todas as que formos capazes de conter.38
PROFECIAS — SIÃO TRIUNFARÁ. Sinto-me grandemente
impressionado, esta manhã, com as muitas evidências que
proclamam ser este, de fato, o lugar — o lugar de Sião; que aqui se
encontra o povo do Senhor com o qual ele fez convênio, e que com
ele fez convênio de servi-lo e guardar seus mandamentos; que Sião
há de crescer e prosperar, até que sua fama encha a terra, e sua
glória e majestade cubram a sua face.39
Anotação
1. D & C 27:4; 29:5; 35:27; 38:9, 15; 41:6; 50:35; 62:9; 64:4; 65:1-6; 72:1; 81:2; 84:34, 76, 86; 88:70, 74; 90:2-
3, 6; 94:3; 136; 41; Daniel 2:44; Joseph Fielding Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pp. 265-
270.

2. D & C 38:22.

3. Daniel 7:14.

4. Mateus 6:10; D & C 65:5-6.

5. Daniel 7:27.

6. D & C 87:6; Apoc. 11:15.

7. Corresp. Pessoal.

8. D & C 20.

9. D & C 21.

10. Era, vol. 12, pp. 554-558; D & C 1:2, 4, 11, 34-35; 18:28; 39:15; 42:58; 43:20-28; 68:8; 84:62, 75-76; 90:8-
11; 133:7-25, 63-74.

11. Church News, 2 de maio de 1931, p. 2; 1 Pedro 2:9.

12. Mateus 4:4; Deuteronômio 8:3.

13. D & C 115:4-5.

14. Atos 9:32.

15. Romanos 1:7.

16. Church News, 9 de maio de 1931, p. 2.

17. Conference Report, outubro de 1913, p. 71.

18. Corresp. Pessoal.

19. Conference Report, outubro de 1926, pp. 119-120; D & C 41:1; 82:2-4.
20. Conference Report, abril de 1951, pp. 152-153; D & C 6:6; 11:6; 12:6; 14:6.

21. Mateus 5:10-12; D & C 121:11-25.

22. Conference Report, abril de 1944, pp. 51-52.

23. Marcos 1:15; Mateus 13:47-50.

24. Mateus 18:17.

25. Corresp. Pessoal; Lucas 24:49; Atos 2:46-47.

26. Efésios 4:11-14.

27. 1 Cor. 12:21, 28.

28. Church News, 29 de agosto de 1931, p. 2.

29. Conference Report, abril de 1916, p. 70; Mateus 16:13-16.

30. D & C 38:9, 22.

31. Daniel 2:44; D & C 65:2.

32. D & C 1:35; 38:12.

33. D & C 87:6.

34. Conference Report, abril de 1927, pp. 108-110.

35. Conference Report, outubro de 1912, pp. 123-124.

36. Conference Report, abril de 1925, pp. 74-75.

37. Conference Report, abril de 1914, p. 90.

38. Conference Report, outubro de 1913, pp. 73-74.

39. Conference Report, abril de 1916, p. 69.


CAPÍTULO 15
ORIGEM E DESTINO DA IGREJA
“REORGANIZADA”
ORIGEM DOS PRIMEIROS CULTOS APÓSTATAS
FALSAS PRETENSÕES DA IGREJA “REORGANIZADA”. Os
ministros da Igreja “Reorganizada”1, ou da “Nova Organização”,
conforme era chamada primeiro, declaram que, com a morte do
Profeta Joseph e Patriarca Hyrum Smith, a Igreja se viu
profundamente dividida, seus membros se espalharam aos quatro
ventos, e que com sua morte, ela foi rejeitada.
Alegam ainda que a “Reorganização” se compõe dos fiéis que
“não dobraram os joelhos diante de Baal”, mas permaneceram leais
à “fé original” conforme revelada e praticada pelo Profeta Joseph
Smith.
Nas palavras do seu presidente: “Os indivíduos que guardaram
este convênio [o novo e eterno convênio] foram aceitos por ele [o
Senhor] e não foram rejeitados, nem a posição deles diante de Deus
colocada em risco, por outros terem-se afastado da fé. Fosse qual
fosse o ofício do Sacerdócio ocupado, sob as ordenações
ordenadas pelo chamado de Deus e voto da igreja, permaneceria
válido. Eles podiam, como élderes, sacerdotes etc., cumprir os
deveres de advertir, ensinar e convidar todos a virem a Cristo, e por
mandamento de Deus podiam edificar a igreja de qualquer ramo
isolado que, como eles próprios, não dobraram os joelhos a Baal, ou
se afastado da fé conforme encontrada nas obras-padrão da
organização por época da morte de Joseph e Hyrum Smith.”
Nesta citação dos escritos do presidente da “Reorganização”,
está claramente implícito que todos os que seguiram o Presidente
Brigham Young e os Doze Apóstolos perderam seu Sacerdócio e
posição diante do Senhor, e que os fundadores da “Nova
Organização” e seus adeptos foram os únicos que permaneceram
fiéis e leais à verdade.
APÓSTATAS TENTAM DIVIDIR A IGREJA. A evidência, nesse
aspecto, está contra eles. A verdade é que foram os fundadores da
Igreja “Reorganizada” que seguiram toda ilusão, dobraram os
joelhos a Baal e se afastaram da fé, enquanto os Doze e os santos,
por outro lado, seguiram um curso constante e foram firmes em
todas as provações e dificuldades, mesmo até o fim.
Não é verdade que a Igreja foi destruída, espalhada e rejeitada
depois do martírio, e que a “Reorganização” é uma parte da “igreja
original”. A organização deles surgiu somente uns dezesseis anos
após a morte do Profeta e do Patriarca, sendo produto do
movimento comandado por James J. Strang.2
Após o assassínio do Profeta e Patriarca, houve de fato um
movimento para dividir a Igreja, mas seu alcance não foi tão extenso
como geralmente se supõe. As figuras principais do mesmo foram
Sidney Rigdon, James J. Strang e William Smith, cada um dos quais
aspirava à liderança da Igreja.
FALSAS PRETENSÕES DE RIGDON, STRANG E WILLIAM
SMITH. O Sr. Rigdon baseava sua pretensão à presidência no fato
de ter sido o primeiro conselheiro do Profeta Joseph Smith, e
consequentemente deveria ser, por direito, o “guardião” da Igreja.
Sua pretensão estava em conflito com a posição da Igreja e os
ensinamentos do Profeta. Ele expôs seu caso à conferência da
Igreja, a 8 de agosto de 1844, sendo sua pretensão rejeitada pelos
santos quase unanimemente. Na mesma conferência os Doze
Apóstolos foram apoiados como o quórum presidente da Igreja.
A pretensão do Sr. Strang à presidência fundamentava-se em
sua declaração de que o Profeta o designara seu sucessor, por
carta, poucos dias antes de seu martírio. William Smith reclamava o
direito de presidência em virtude de ser o irmão do Profeta.
CARÁTER INSTÁVEL DOS FUNDADORES DA
“REORGANIZADA”. Cada um desses homens reuniu em torno de
si uns poucos seguidores, principalmente indivíduos do tipo
inconstante, desnorteados, que nunca se sentem satisfeitos por
muito tempo em qualquer lugar e circunstâncias; mas nenhum deles
conseguiu muitos adeptos. Suas organizações subsistiram apenas
por uns poucos anos, e depois desapareceram; os fragmentos delas
tornaram-se então o núcleo da “Reorganização”.
O movimento que resultou na criação da Igreja “Reorganizada” é
de data mais recente, devendo-se aos esforços de principalmente
dois homens, a saber, Jason W. Briggs e Zenas H. Gurley.
O Sr. Briggs nasceu a 25 de junho de 1821, em Pompey,
Condado de Oneida, Nova York. Filiou-se à Igreja em 6 de junho de
1841, e os membros da “Reorganização” afirmam que ele foi
ordenado élder em 1842. De 1842 a 1854, seu domicílio foi em
Beloit, Wisconsin.
Após a morte do Profeta, o Sr. Briggs apoiou os Doze Apóstolos
e a Igreja, sendo-lhes aparentemente fiel até o êxodo, em 1846.
Nessa época, ele perdeu o ânimo, afastou-se da Igreja na hora mais
negra e buscou o favor do mundo. Algum tempo depois, juntou-se
ao movimento comandado por James J. Strang. Na organização de
Strang, ele fez trabalho missionário, recebeu honras e organizou um
ramo.
Em 1850, ele abandonou o Sr. Strang e juntou-se a William
Smith. Na organização deste, ele foi “ordenado” um “apóstolo”. Não
demorou a cansar-se de William Smith e, em 1851, reuniu-se a
Zenas H. Gurley, que na época era adepto de James J. Strang.
Estes dois organizaram então uma igreja própria que,
posteriormente, passou a ser conhecida como Igreja
“Reorganizada”. Em 1886 Jason W. Briggs retirou-se da
organização que ajudara a fundar, declarando que não era a Igreja
de Cristo.
SITUAÇÃO DE ZENAS H. GURLEY ANTES DE SUA
APOSTASIA. Zenas H. Gurley era tão instável quanto o Sr. Briggs.
Nasceu em Bridgewater, Nova York, a 29 de maio de 1801; filiou-se
à Igreja em abril de 1838 e mudou-se para Far West, de onde teve
que sair com os santos durante a expulsão de 1838/39. A seguir,
fixou-se em Nauvoo, onde em 1844 foi ordenado setenta, sob a
direção do Presidente Joseph Young3, e no dia 6 de abril de 1845,
era ordenado presidente sênior do vigésimo primeiro quórum dos
setentas.
Ele apoiou os Doze, seguiu seus ensinamentos e permaneceu
leal à Igreja até fevereiro de 1846 (o mês do êxodo), quando
também deixou a Igreja, juntando-se pouco depois a James J.
Strang. O Sr. Gurley e esposa receberam suas investiduras no
Templo de Nauvoo, no dia 6 de janeiro de 1846, evento do qual o
registro dos setentas declara sob a data de 10 de janeiro de 1846:
“O Presidente Zenas H. Gurley levantou-se e disse que os
presidentes do quórum (21.°) haviam recebido sua investidura.
Observou que foi extraordinário pela excepcional efusão do Santo
Espírito.” (p. 29)
Falando novamente das autoridades da Igreja, disse ele: “Ele
lembrou convincentemente as declarações dos Primeiros
Presidentes dos Setentas, que devemos viver de tal maneira a não
podermos ser acusados de nada. Poucos anos atrás, os homens de
alta posição na Igreja eram tão pequenos quanto nós. Obtiveram
sua exaltação pela paciente submissão ao certo e cuidando da
própria vida.” (p. 29)
No dia 25 de janeiro de 1846, dizia ele: “Os santos que
passaram pelas provações da Igreja estavam geralmente arraigados
e fundamentados no amor e possuem um testemunho no próprio
coração, ou não teriam permanecido.” (p. 33)
BRIGGS E GURLEY ABANDONARAM A IGREJA NO DIA DE
PROVAÇÃO. Poucos dias depois disso, Zenas H. Gurley
abandonou a Igreja por ser incapaz de enfrentar as provações e
sofrimentos que os santos foram forçados a suportar. O povo
mórmon estava indo para uma terra estranha, as perspectivas eram
sombrias e alguns membros se acovardaram e não conseguiram
perseverar até o fim. Jason W. Briggs e Zenas H. Gurley foram
dois dentre esse número que voltaram atrás e buscaram refúgio na
organização apóstata de James J. Strang.
De fato, era preciso homens e mulheres de coração forte e uma
fé firmemente arraigada, para desistir de todos os confortos terrenos
e empreender uma jornada daquelas. Os santos enfrentaram a
morte iminente; estavam mal agasalhados, não tinham abrigo além
de suas tendas rotas que não os resguardariam da chuva, e quase
sem mantimentos; não obstante, com exceção de uns poucos que
preferiram as “panelas de carne do Egito”, eles seguiram seu
caminho paciente e decididamente até conquistarem a vitória.
A opinião do mundo, na época, era de que o êxodo significava o
fim do mormonismo, e que os santos dos últimos dias estavam a
caminho da destruição; pois que, sem os meios necessários para
sustento da vida, e isolados como estavam do resto da civilização,
eles certamente teriam que perecer no árido e distante Oeste. Isto,
sem dúvida, teria sido o caso, não fossem eles guiados pela mão
protetora de Jeová. Não é de admirar que, sob tais condições tão
penosas, fraquejasse o coração dos fracos na fé.
BRIGGS E GURLEY SE UNEM PARA FORMAR A IGREJA
“REORGANIZADA”. Em 1849, o Sr. Gurley cumpriu uma missão
para o Sr. Strang, conseguindo certo número de conversos. Em
1850, ele organizava o “ramo de Yellowstone” para a seita strangita.
Em 1852, rejeitou as pretensões do Sr. Strang e uniu-se ao Sr.
Jason W. Briggs. Os dois então juntaram seus ramos strangitas, os
de Yellowstone e Beloit respectivamente, e fundaram novo
movimento religioso, conhecido atualmente como a Igreja
“Reorganizada”.
Em 1853, os líderes desse movimento chamaram certo número
de homens ao ministério, “ordenaram” sete “apóstolos” e iniciaram
um programa de proselitismo. Por vários anos, tentaram conseguir
que o “jovem Joseph”, o filho do Profeta Joseph Smith, que nunca
se associara com os santos desde o êxodo de Nauvoo, se juntasse
a eles e se tornasse seu presidente. Nisto fracassaram, mas foram
diligentes e, afinal, devido a seus contínuos esforços e persuasão
da mãe, ele aceitou a posição: em 1860, foi “ordenado” presidente
da igreja deles por William Marks, Zenas H. Gurley e William W.
Blair. Desde aí, ele e seus sucessores vêm ocupando tal posição.
O Sr. Gurley permaneceu nesse movimento até a morte, mas
sua família, juntamente com Jason W. Briggs se retirou
voluntariamente em 1886.
SOMENTE UMAS POUCAS CENTENAS DE SANTOS SE
UNIRAM À “REORGANIZAÇÃO”. Em 1852, quando Jason W.
Briggs e Zenas H. Gurley combinaram suas forças, o número de
membros strangitas era de cerca de cem almas, a maioria dos quais
conversos feitos para o Sr. Strang. Em 1860, quando o “jovem
Joseph” assumiu a liderança, a congregação contava trezentas
almas, a maioria das quais eram conversos que nunca haviam
pertencido à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Dos membros da Igreja associados em 1844-46, a
“Reorganização” recebeu não mais e provavelmente menos que mil
conversos, fato que comprova que em 1844-46, a apostasia não foi
tão grande como se propalava. Essa afirmativa se baseia no
depoimento de membros originais da “Reorganização”, ao
testemunharem perante a Corte de Apelação dos Estados Unidos
para o Distrito Ocidental do Missouri em 1894, no processo pela
posse da propriedade do templo que estava nas mãos da “Igreja de
Cristo” ou “hedrickitas”.4
Perante aquele tribunal o Sr. William W. Blair, que foi durante
longos anos membro da presidência da “Reorganização” e um de
seus mais antigos membros, testificou que “1000 era provavelmente
uma estimativa alta demais para os membros da Igreja original que
se uniram à Igreja “Reorganizada”. Podia “dizer que
aproximadamente” mil se haviam filiado à “Igreja ‘Reorganizada’,
mas possivelmente tal estimativa era muito alta.” (Registro pp. 180,
181).
WILLIAM MARKS, UM APÓSTATA, ORDENOU O “JOVEM
JOSEPH”. William Marks foi também um dos que logo no princípio
se juntaram à “Reorganização”. Por época do martírio, ele era
presidente da Estaca Nauvoo, mas foi desassociado por
transgressão na conferência de outubro de 1844, e finalmente
excomungado.
Posteriormente, ele uniu-se à organização dirigida por James J.
Strang, na qual se tornou um “bispo”, foi membro do “sumo
conselho” e mais tarde membro da “primeira presidência”. Após a
morte de James J. Strang, juntou-se à organização de Charles B.
Thompson, outro apóstata.
Este é o mesmo William Marks que “ordenou” Joseph Smith, de
Lamoni, Iowa, presidente da “Reorganização”. Nessa ordenação, ele
foi assistido por Zenas H. Gurley e William W. Blair. O Sr. Blair
nunca pertenceu à Igreja.
NATUREZA ESPÚRIA DA IGREJA “REORGANIZADA”. É quase
desnecessário acrescentar que esses homens não possuíam
nenhuma autoridade divina, não podendo conferir o Sacerdócio e
oficiar nas ordenanças do Evangelho e, por conseguinte, as
pretensões da Igreja “Reorganizada” são fraudulentas. Julgada por
sua história, doutrinas e caráter instável de seus fundadores,
comprova-se ser uma contrafação e nada mais.
Considerando as condições sob as quais a “Reorganização” veio
a existir, e o fato de que, no princípio, os cem membros originais
vieram da seita strangita, e que durante a existência dessa
organização desde sua fundação até 1894, não mais que mil
membros da “Igreja original” (i. é, da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias como era em 1844) a ela se uniram, não se
nos pode censurar se afirmarmos que aquela não é a sucessora,
uma facção ou parte da “Igreja original” fundada por Joseph Smith, o
Profeta, por mandamento de Deus, a 6 de abril de 1830.
E, depois de acompanhar a história de seus fundadores e
mostrar sua instabilidade e maneira pela qual seguiram falsos
líderes, recebendo “ordenações” e honrarias de suas mãos,
podemos declarar com toda ênfase que não foram eles os fiéis que
não “dobraram os joelhos diante de Baal” e guardaram o “convênio
eterno”.5
SUCESSÃO NA PRESIDÊNCIA.
OS DOZE VÊM LOGO EM SEGUIDA À PRESIDÊNCIA. No ano
de 1835, quando foram escolhidos os Doze Apóstolos e definidos os
seus deveres, o Senhor declarou que eram iguais à Presidência
como quorum.6 Isto é, em caso de dissolução ou destruição da
Primeira Presidência da Igreja, os Doze deveriam sucedê-la
e continuar atuando como tal até a época e lugar que o Senhor
revelasse a reorganização da Primeira Presidência. E sempre que a
Primeira Presidência fosse dissolvida, recairia sobre o quórum dos
apóstolos colocar em ordem e dirigir os negócios da Igreja…
Quando a Primeira Presidência é dissolvida os Doze Apóstolos
se tornam o quórum presidente da Igreja até que a presidência seja
novamente organizada, e durante esse tempo, são virtualmente a
presidência da Igreja — o quórum presidente.
EM QUE SENTIDO OS DOZE SÃO IGUAIS À PRESIDÊNCIA.
Se por algum motivo —que provavelmente não surgirá — ambos os
quóruns fossem destruídos, então recairia sobre os setentas colocar
a Igreja em ordem, e eles se tornariam o quórum presidente. Esta é
a lei revelada por Deus — a única lei e ordem do Sacerdócio por ele
revelada para guiar a Igreja quanto à sucessão. Podeis
examinar Doutrina & Convênios do princípio ao fim e não
encontrareis outra lei de sucessão.7
Penso que é preciso admitir que os apóstolos não podem ser
iguais à Primeira Presidência em autoridade, quando esta se
encontra plena e devidamente organizada. Não pode haver duas
cabeças — ou três cabeças — de igual autoridade ao mesmo
tempo, pois isto levaria à confusão. Por conseguinte, os apóstolos
são iguais, conforme ficou dito, no sentido de que têm poder para
assumir o controle dos negócios da Igreja, quando a Primeira
Presidência é dissolvida por morte do presidente.8
SUCESSÃO É REGIDA PELA LEI DO COMUM ACORDO. Em
diversas revelações dadas à Igreja nos primeiros tempos, é tornada
obrigatória a lei do comum acordo. Na revelação de 6 de abril de
1830, data da organização da Igreja, diz o Senhor: “Os élderes
deverão receber de outros élderes as suas licenças, pelo voto do
ramo da Igreja a que pertencerem, ou das conferências… Nenhuma
pessoa deverá ser ordenada a nenhum cargo nesta igreja, onde
houver um ramo dela organizado segundo regulamento, sem o voto
da igreja.”9 Na seção 26, versículo 2: “E todas as coisas serão feitas
de comum acordo na igreja, por meio de muita oração e fé, pois
todas as coisas recebereis pela fé.”
Os santos aceitaram, pelo voto, os Doze Apóstolos como o
quórum presidente da Igreja, naquela conferência especial de 8 de
agosto, e novamente na conferência regular em outubro. Este fato
resolveu a questão da sucessão de acordo com as
revelações. Essas autoridades e seus sucessores têm sido
apoiados em cada conferência da Igreja, duas vezes por ano, e nas
conferências trimestrais das diversas estacas quatro vezes por ano,
desde aquele dia até hoje.
SUCESSÃO DETERMINADA EM NAUVOO PELO VOTO DOS
SANTOS. A questão da sucessão portanto, foi resolvida em
Nauvoo, quando os santos reunidos votaram, apoiando os apóstolos
como o quórum presidente da Igreja. A tentativa de qualquer partido
ou partidos no sentido de estabelecer a Igreja, diante de qualquer
outra congregação, e de ordenar oficiais em conflito com a ação da
Igreja nas datas mencionadas, seria um ato ilegal; exatamente como
se na municipalidade, estado ou nação, depois de a maioria dos
cidadãos ter eleito oficiais para servi-los (e isto quase que por voto
unânime), uns poucos candidatos derrotados e descontentes, e
seus simpatizantes, marcassem e realizassem outra eleição por
conta própria, declarando depois que os oficiais regular e
devidamente eleitos foram rejeitados e desautorizados a
servir. Numa nação, uma coisa assim não poderia ser mais tola ou
absurda, do que foram as tentativas de apóstatas de estabelecer
uma nova organização da Igreja, a partir de um punhado de
desapontados “caça-cargos” e seus simpatizantes. Num caso,
haveria exatamente a mesma autoridade como no outro, e nada
mais.10
TODOS, EXCETO UNS POUCOS MEMBROS, SEGUIRAM
BRIGHAM YOUNG. Na época do martírio, a Igreja contava em
Nauvoo, sua sede, e redondezas, com não mais de vinte mil
almas. Esta informação é baseada nas fontes mais fidedignas
possível. E embora estas não fossem toda a congregação da Igreja
nos Estados Unidos, representavam a grande maioria dos santos …
Pois bem, no êxodo de Nauvoo, esses santos — a grande
maioria da Igreja — continuaram fiéis e leais, seguindo os Doze
Apóstolos.
Em sua obra History of Illinois, o governador Thomas Ford
afirma que, em 1846, havia dezesseis mil membros da Igreja com os
Doze nas planícies de Iowa, enquanto os mil que permaneceram,
um pequeno resto, eram os que não conseguiram vender suas
propriedades ou que, não tendo nenhuma propriedade para vender,
eram incapazes de ir embora. (History of the “Reorganized”
Church, 3:164). E esses restantes seguiram tão logo lhes foi
possível.
Pelo relatório do recenseamento de 1850 — três anos após a
colonização do Vale do Lago Salgado — vemos que a população de
Utah era de 11.380 almas, todas mórmons. No mesmo ano, a
população do Condado de Pottawattamie, Iowa, era de 7.828,
totalmente mórmon, os santos dos últimos dias de Kanesville.
Assim, vemos que 19.208 dos membros da Igreja que seguiram
o Presidente Brigham Young no êxodo de Nauvoo estavam
residindo nesses dois lugares. E isto não é tudo, pois havia outros
núcleos de santos em Garden Grove, Mount Pisgah e St. Louis,
Missouri, e outros locais em que se formaram colônias temporárias
para os santos, durante aquele êxodo. Mais tarde, estes também
foram para Utah.
Por aí podemos ver que praticamente toda a congregação da
Igreja existente em 1844, seguiu comprovadamente o Presidente
Brigham Young e os Doze.
A IGREJA NUNCA ESTEVE AMEAÇADA DE DISSOLUÇÃO. Os
dados estatísticos a seguir mostrarão que a Igreja não esteve
ameaçada de dissolução — não tenho à mão o crescimento da
congregação da Igreja durante aquele período nos Estados Unidos,
mas o incremento na Grã Bretanha foi como segue: No ano de
1844, a população da Igreja nas Ilhas Britânicas era de 7.797. Seis
anos após o martírio — em dezembro de 1850 — essa congregação
havia aumentado para 30.747. Isto não parece sinal de dissolução
ou deserção!
Não pretendo insinuar que não houve nenhuma deserção,
nenhuma apostasia na época do martírio e êxodo de Nauvoo,
pois muitos abandonaram a causa, mas comparados com o número
de membros da Igreja, foram apenas uns poucos. Quem foram
eles? Foram os santos fiéis que abandonaram a Igreja naquela
época? Os que arriscaram a vida — que foram atingidos com o
Profeta e o Patriarca, que abandonaram a Igreja? Não! Nós não
encontramos santos fiéis, os que tinham o Evangelho arraigado no
coração, desertando.11
BRIGHAM YOUNG ORDENADO PRESIDENTE POR JOSEPH
SMITH. Por quem o Presidente Young foi ordenado à presidência da
Igreja? Parece que os emissários da Igreja “Reorganizada”
encontraram nessa pergunta uma excelente fonte de controvérsia
sofística, e a fazem triunfantes aonde quer que vão.
A resposta certa é: Ele foi ordenado pelo Profeta Joseph a esse
chamado, quando o Profeta, induzido pelo Santo Espírito, conferiu
aos Doze Apóstolos o poder e autoridade que ele próprio
recebera…
O Profeta Joseph desejava ardentemente que seu irmão Hyrum
vivesse para sucedê-lo na presidência da Igreja. Em 1841, por
ordem do Senhor, ele o ordenou a esta elevada posição.12…
Pouco antes do martírio, o Profeta, sabendo perfeitamente o
destino que ali os aguardava, tentou com todas suas forças
persuadir Hyrum a não acompanhá-lo a Carthage. Houvesse Hyrum
ficado para trás e assim permanecido na mortalidade, ele ter-se-ia
tornado presidente da Igreja em virtude de sua posição e da
ordenação recebida em 1841. O irmão dele pensou que assim
seria,13 mas devido à sua fidelidade e amor fraterno, Hyrum caiu
como mártir antes do Profeta Joseph.
O PROFETA CONFERIU AS CHAVES A TODOS OS DOZE.
Agora, prestai atenção! O Senhor, que sabia que Hyrum receberia a
coroa de mártir em Carthage, no inverno de 1843-44, ordenou ao
Profeta que conferisse sobre as cabeças dos Doze Apóstolos toda
chave, poder e princípio que o Senhor selara sobre a sua cabeça. O
Profeta declarou que não sabia por que, mas o Senhor ordenara-lhe
dotar os Doze dessas chaves e Sacerdócio, e depois de tê-lo feito,
ele regozijou-se muito dizendo em essência: “Agora, se me
matarem, tendes todas as chaves e todas as ordenanças e podeis
conferi-las a outros, e os poderes de Satanás não serão capazes de
derrubar o reino tão depressa quanto sereis capazes de edificá-lo;
sobre vossos ombros pesará a responsabilidade de guiar este
povo.”14
Desta maneira, o Profeta ordenou os Doze Apóstolos, cujo corpo
constitui o segundo quórum da Igreja, igual em autoridade com a
Primeira Presidência15, com as chaves do reino. Brigham Young era
o presidente dos Doze, e a ele passou o dever de presidir.
A NOVA PRESIDÊNCIA JÁ POSSUIA AS CHAVES DO REINO.
Por conseguinte, após a morte de Joseph e Hyrum Smith, os Doze
assumiram a autoridade de seu ofício, o dever de presidir a Igreja.
Posteriormente, quando através de revelação foi reorganizado o
quórum da Primeira Presidência com três presidentes — Brigham
Young e os conselheiros Heber C. Kimball e Willard Richards — eles
alegaram, com justiça, que, desde que foram ordenados pelas mãos
de Joseph Smith, e dele receberam todas as chaves e poderes do
Sacerdócio possuídos pelo Profeta, teria sido supérfluo serem
ordenados novamente. No entanto, foram designados e apoiados
nessa capacidade pelo voto unânime dos santos, o que era
essencial para colocar em vigor essa ordenação na Igreja.
Existe abundante testemunho para provar que o Profeta assim
ordenou os Doze.16
Repetimos que Brigham Young recebeu todas as chaves,
poderes, autoridade e Sacerdócio possuídos por Joseph Smith, que
o capacitaram a presidir sobre o Sumo Sacerdócio, do próprio
Profeta Joseph Smith, em Nauvoo no inverno de 1843-44.
COMO FOI RESOLVIDA A QUESTÃO DA SUCESSÃO. Esta
importante questão foi resolvida há muito tempo pela comunidade
inteira dos santos, que aceitaram a liderança dos Doze após o
desaparecimento do Profeta e do Patriarca, e apoiaram o Presidente
Young em seu ofício. Foi resolvida pela aprovação, por parte do
Todo-Poderoso, da obra maravilhosa que ele realizou e que não
poderia ser feita sem o auxílio e orientação divinos.
Atribuir os grandes feitos realizados por Brigham Young pelo
poder do Espírito divino que estava sobre ele, ao espírito
engendrador de sucessão, rebelião, apostasia e falsidade, é beirar
perigosamente a blasfêmia. O que não passa de uma repetição dos
pecados dos adversários de nosso Senhor que, embora cientes de
que “ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for
com ele,”17 entretanto proclamavam ao povo:” Tem espírito
imundo”18 O que é isto senão atacar o discípulo com uma arma
dirigida em vão contra o Mestre?
Imediatamente após o martírio, existia certa escusa para
diferenças de opinião quanto à sucessão, porque o povo não estava
plenamente informado, mas agora não há nenhuma escusa. Usando
uma ilustração familiar: Na época de uma eleição, espera-se que os
cidadãos divirjam de opinião quanto aos candidatos para os cargos
eletivos; espera-se que trabalhem por aqueles cujos princípios e
pontos de vista apoiam.
Mas quando a questão é resolvida pela votação, a lealdade
exige que todos aceitem o veredito e colaborem para os interesses
comuns da comunidade. Tendo a congregação dos santos dos
últimos dias aceito, por orientação do Santo Espírito, a liderança dos
Doze, não havia mais nenhuma razão válida para buscar a liderança
de outros pastores.
BRIGHAM YOUNG CONHECIDO POR SEUS FRUTOS. O
problema com certos irmão nossos da Igreja “Reorganizada” é que
consideram os membros da Igreja como um rebanho de ovelhas
que, como outra propriedade qualquer, pode ser herdado. Isto
contraria frontalmente os princípios fundamentais do Evangelho. A
Igreja pertence a Cristo. Os líderes e oficiais são os servos do
Senhor e o povo do Senhor. Segue-se que o Senhor levanta quem
quer que bem lhe aprouver para executar os serviços necessários
de tempo em tempo.
Brigham Young estava equipado sob todos os aspectos para o
trabalho peculiar necessário durante seu tempo. Quem poderia ter
feito o que ele fez? Sidney Rigdon? Lyman Wight? James J. Strang?
Os fundadores da chamada Igreja “Reorganizada”? Que o leitor
reflita sobre os fatos registrados pela História e depois, decida por si
só, lembrando-se de que toda árvore se conhece por seus frutos.19
EVITAR O TERMO “JOSEPHITAS”. As autoridades da Igreja
vêm tentando há anos conseguir que nosso povo, particularmente
os autores, parem de chamar os membros da Igreja “Reorganizada”
pelo título de “Josephitas”. Os membros dessa organização espúria
gostam de ser chamados de “Josephitas” e de nos chamar de
“Brighamitas”, fazendo distinção entre o Profeta Joseph Smith e
Brigham Young, a fim de acentuar sua falsa pretensão de serem
eles os seguidores de Joseph Smith, e nós não.20
OS FRUTOS DA IGREJA “REORGANIZADA”
MISSÃO DA IGREJA “REORGANIZADA”: INJURIAR OS
SANTOS. Durante o verão de 1906 e continuando até o verão de
1907, alguns ministros da Igreja “Reorganizada” que faziam trabalho
missionário na Cidade do Lago Salgado e Ogden, foram
grandemente encorajados por um ou dois apóstatas e a imprensa
anti-mórmon local. Seu método de proselitismo era o usual, uma
tirada de injúrias e falsas acusações assacadas contra as
autoridades da Igreja.
Incentivados pelo apoio anti-mórmon, tornaram-se
extremamente vingativos em suas referências ao Presidente
Brigham Young e autoridades presentes da Igreja. Seus sermões
eram tão rancorosos e malévolos — o que tem caracterizado a
maior parte do trabalho deles desde o início em Utah — que
provocaram considerável protesto da parte de muitos cidadãos
respeitáveis. Até mesmo não-mórmons declararam que em
nenhuma outra comunidade seriam tolerados ataques tão odiosos.
MÉTODOS DE PROSELITISMO DA IGREJA
“REORGANIZADA”. Houve épocas em que parecia que esses
missionários tentavam provocar o povo mórmon a praticar algum ato
de violência, para poderem dele valer-se e publicar ao mundo,
através da imprensa anti-mórmon, que foram atacados pela
multidão, e assim tirar proveito para sua causa. Felizmente não
foram molestados, para a honra do povo tão constantemente
ofendido.
Uma dessas reuniões foi presenciada por eminente cavalheiro
do Leste que estava mais ou menos familiarizado com Utah e seu
povo. Poucos dias depois, em conversa com este autor, disse que
jamais em sua vida tinha testemunhado coisa igual. “Se aquele
sujeito” — referindo-se a um dos membros da Igreja “Reorganizada”
que desde aí foi promovido na sua igreja — “viesse a nossa cidade
e injuriasse os ministros da nossa igreja, chamando-os de
assassinos, ladrões e mentirosos como fez com Brigham Young e
vossos lideres, nós o expulsaríamos de nossas ruas a pontapés.”21
FALSAS REVELAÇÕES DA IGREJA “REORGANIZADA”.
Atrever-se a falar em nome do Senhor é um negócio sério, e ai do
homem que fala em nome do Senhor, sem que lhe haja sido
ordenado. É bem melhor nunca receber uma revelação, do seguir
aqueles que recebem “revelações” que o Senhor não deu. Basta ler
as “revelações” dadas pelo presidente da Igreja “Reorganizada” a
seus membros, para a gente convencer-se de seu caráter
espúrio. São vacilantes, pueris, e é preciso muito pouco do espírito
de discernimento para saber qual a sua origem. Entretanto, se são
aceitáveis aos da Igreja “Reorganizada”, isto é assunto deles. Nós
estamos satisfeitos.22
DESTINO DA IGREJA “REORGANIZADA”. Sem a orientação
divina e o constante cuidado vigilante de Jeová sobre o destino dos
pioneiros mórmons, tendo à sua frente Brigham Young, hoje em dia
o Oeste não passaria de sertão estéril. Sob a liderança de Brigham
Young, o povo mórmon prosperou, e ele os deixou em melhor
condição temporal e física, e espiritualmente mais unidos e mais
firmemente arraigados na fé do que jamais estiveram antes.
Onde, entre as chamadas “facções”, podeis apontar uma que
tenha realizado a centésima parte dos feitos dos seguidores de
Brigham Young? Todas, menos uma, praticamente desapareceram
— foram para sua destruição. E aquela que permanece há de
dissolver-se e desaparecer tão certo como brilha o sol. Não se pode
combater a obra de Deus e prosperar.23
A IGREJA “REORGANIZADA” X SALVAÇÃO PARA OS MORTOS
OS “REORGANIZADOS” ALEGAM QUE A IGREJA FOI
REJEITADA COM SEUS MORTOS. A chamada Igreja
“Reorganizada”, tão rancorosa em seu antagonismo para com a
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, vem
pretendendo, desde o princípio, estar ensinando e praticando as
doutrinas do Evangelho, conforme foram reveladas pelo Senhor,
através do Profeta Joseph Smith. Seus oficiais declaram que estão
seguindo as pegadas do Vidente martirizado, atendo-se
rigorosamente a seus ensinamentos, e em todas as coisas
observando os mandamentos de Deus, dados através de sua
instrumentalidade, sem variação, alteração ou perda de poder em
tudo o que concerne à salvação da família humana nesta
dispensação da plenitude dos tempos.
Sua fundação baseia-se na absurda e nebulosa alegação de que
a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, estabelecida
a 6 de abril de 1830 através dos labores de Joseph Smith, o Profeta,
e pela vontade de Deus, foi “rejeitada com seus mortos pela
transgressão de seus membros”, e que a Igreja “Reorganizada” é
uma “nova organização”24 levantada por Deus para suceder a Igreja
original — “rejeitada” conforme nos querem fazer crer.
NÃO EXISTE IGREJA VERDADEIRA SEM SALVAÇÃO PARA
OS MORTOS. Não é meu propósito discutir agora a ridícula questão
da “rejeição da Igreja”, mas sim examinar o que pensa a Igreja
“Reorganizada” com respeito à salvação para os mortos; e mostrar
sua discordância com os ensinamentos da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias concernente aos mortos, conforme
esses ensinamentos foram revelados através do Profeta moderno.
É lógico que, se o Senhor rejeitasse sua Igreja com seus mortos,
devido à transgressão ou outra causa qualquer, ele não levantaria
uma igreja substituta para levar sua obra avante na terra, deixando
ainda assim os mortos — que de forma alguma poderiam ser
responsabilizados pela rejeição — em suspenso; e não iria negar-
lhes o privilégio de receberem vicariamente as ordenanças do
Evangelho, de acordo com o plano revelado de Deus, conforme foi
ordenado antes de serem lançados os fundamentos do mundo,
como um meio de salvação para os que morrem sem conhecimento
do Evangelho. Esta verdade não necessita de nenhum argumento
para qualquer mente sensata.
Não obstante, a Igreja “Reorganizada” declara que o Senhor fez
exatamente isso! À luz das revelações dadas ao Profeta Joseph,
bem como daquelas nas Escrituras antigas que tratam do assunto
da salvação para os mortos, tal declaração é fatal para a
organização deles; ela a marca como fraudulenta, e seus oficiais
como impostores. Uma igreja sem salvação para os mortos,
segundo a vontade de Deus revelada ao Profeta Joseph Smith, não
pode ser a Igreja de Cristo…
A IGREJA “REORGANIZADA” REJEITA SALVAÇÃO PARA OS
MORTOS. Consideraremos agora a atitude da “Reorganização”
quanto a este grande e eterno princípio da redenção dos mortos.
No início, os fundadores da Igreja “Reorganizada” pareciam
favorecê-lo, e declaravam que esse princípio seria praticado quando
a “Reorganização” estivesse estabelecida, pois assim como a
“rejeição da igreja produzia efeito sobre os mortos”, diziam eles,
“bem como sobre os vivos, assim também faria a reorganização”.25
Mas, quando a “Reorganização” aconteceu, a prometida
mudança com referência aos mortos não foi cumprida, e desde ai
até hoje — mais de cem anos — nunca foram praticados ou
empreendidos o batismo pelos mortos, a construção de templos e
os trabalhos do templo. Na verdade, tomaram rumo
oposto, rejeitando peremptoriamente a doutrina do batismo pelos
mortos, e agora afirmam que não é obrigatório para eles.
DECLARAÇÕES DA IGREJA “REORGANIZADA” SOBRE
SALVAÇÃO DOS MORTOS. Numa resolução adotada pela dita
igreja, a 9 de abril de 1886, consta esta espantosa declaração:
“Quanto à alegada ‘construção de templos e suas investiduras
cerimoniais’, que não sabemos de nenhum templo, exceto como
edifícios onde adorar a Deus, e de nenhum investidura, exceto o do
Santo Espírito, do tipo experimentado pelos santos primitivos no dia
de Pentecostes.
“O referido ‘batismo pelos mortos’ pertence às questões locais,
sobre as quais a comunidade declarou por resolução:
“‘Que os mandamentos de caráter local, dados à primeira
organização da igreja, são obrigatórios para a
“Reorganização” somente à medida que forem reiterados ou citados
como obrigatórios por mandamento a esta igreja.’ E esse princípio
não foi reiterado nem citado como mandamento.”26
Em fevereiro de 1904, o presidente dessa “organização”
declarou que o batismo pelos mortos era um “rito permitido” e que
foi tirado da igreja; “e se, subsequentemente devesse ser
empregado,” disse ele, “e usufruído pelo mesmo povo, terá que ser
novamente restaurado por revelação e mandamento, não podendo
ser supostamente mantido por consentimento tácito. Não sabemos
de nenhuma revelação ou mandamento, promulgado com
autoridade, renovando o privilégio.”27
O “JOVEM JOSEPH” ADMITE NÃO POSSUIR AS CHAVES DE
ELIAS. Sua declaração é uma categórica admissão de que não
retém as chaves desta obra e que elas só podem ser recebidas por
revelação. O fato de ele não possuir as chaves é verdade. Ele
admite não tê-las recebido do pai,28 e William Marks, William W.
Blair e Zenas H. Gurley que o “ordenaram” a seu ofício de
presidente da Igreja “Reorganizada”, jamais as possuíram. Elas só
poderiam ser obtidas do Profeta Joseph Smith, e os Doze, conforme
ficou provado, receberam-nas dele em 1844.
Em verdade o “Jovem Joseph” poderia ter ido mais além e
declarado que, se o privilégio foi retirado, as chaves do Sacerdócio
possuídas por Elias teriam que ser novamente restauradas antes de
ele ser praticado de novo com autoridade e poder.
Sua declaração é uma admissão irrestrita de que o trabalho de
Elias foi feito em vão. Ele desafia a afirmação do profeta de que “é
chegado o tempo exato”. Reconhece que, a despeito de todos os
esforços da “Reorganização” na tentativa de salvar almas, a terra
inteira está em perigo de ser “ferida com uma maldição” e
“totalmente devastada” na vinda do grande e terrível dia do Senhor,
o qual “está perto, mesmo às portas”.29
A IGREJA “REORGANIZADA” DEBATE-SE EM DESCRENÇA E
IGNORÂNCIA. Se essa declaração do presidente da Igreja
“Reorganizada” corresponde à verdade, então os membros de sua
igreja estão em perigo a toda hora; trevas cobrem a face da terra;
não há salvação para os filhos dos homens: a palavra do Senhor
falhou, e destruição aguarda a terra e seus habitantes.
Ao declarar que o batismo pelos mortos era um “rito
permissivo”, ele mostra uma obstinada falta de entendimento,
concernente ao grande e eterno plano de salvação revelado através
de seu pai, o Profeta. Afirmando que o batismo foi um mandamento
local para os santos em Nauvoo, não obrigatório para os membros
da “Reorganização”, os membros da sua igreja reconhecem
que não estão sendo guiados por Jeová: que se estão debatendo no
atoleiro da descrença e ignorância. Não levam a sério um dos “mais
gloriosos assuntos pertencentes ao Evangelho eterno”.
Sim, as autoridades da Igreja “Reorganizada” declararam por
uma resolução de conferência, que o batismo pelos mortos não é
obrigatório para eles, porque foi um “mandamento local” e “nunca foi
reiterado nem citado como mandamento”!
A julgar pelos padrões de fé e doutrina da Igreja “Reorganizada”,
tal assertiva suportará a luz da investigação? Batismo, um
mandamento local, não obrigatório para os santos!…
VERDADES REVELADAS SOBRE SALVAÇÃO DOS MORTOS.
Pelas revelações e ensinamentos do Profeta, aprendemos estes
importantes fatos a respeito da salvação dos mortos:
1. A salvação em favor dos mortos é a ligação ou selamento do
coração dos pais e filhos, o elo de união.30
2. É o mais glorioso assunto pertencente ao Evangelho eterno.31
3. É a maior responsabilidade que Deus nos deu neste mundo
— buscar nossos mortos.32
4. É obrigatório para o homem.33
5. Sem ela, a terra inteira e seus habitantes seriam feridos com
uma maldição.34
6. É uma doutrina eterna, preparada antes da fundação do
mundo.35
7. É o tema central das Escrituras.36
8. Se a negligenciarmos, poremos em risco a nossa própria
salvação.37
9. Através dela, tornamo-nos salvadores no Monte Sião, e
podemos salvar multidões de parentes nossos.38
10. Nós, sem os nossos mortos, e nossos mortos sem nós, não
podemos obter a salvação perfeita.39
11. Não podemos encarar essa doutrina com descuido, no que
diz respeito à nossa salvação.40
12. O tempo concedido aos santos para redimir seus mortos, e
juntar e selar seus parentes vivos antes de a terra ser ferida com
uma maldição, “não é muito longo”.41
O TERRÍVEL DESTINO DA IGREJA “REORGANIZADA” POR
REJEITAR A SALVAÇÃO PARA OS MORTOS. Bem, meus amigos
da Igreja “Reorganizada”, em face disto, como ousais pretender
circunscrever, limitar e profanar esta doutrina da salvação para os
mortos? Por que chamais este eterno e tão glorioso princípio de “rito
permissivo”, “mandamento local”, e declarais perante Deus que não
é obrigatório quanto a vós?
Deus declarou ter sido ordenado antes de serem lançados os
fundamentos do mundo, para a salvação dos que morreram sem
conhecimento do Evangelho — um princípio eterno, o tema central
das Escrituras, obrigatório para o homem. Estais em harmonia com
a palavra de Deus? Vossos líderes foram inspirados a declarar, em
face do mandamento de Jeová, que esse princípio eterno era um
“mandamento local”, não dado a eles como mandamento? Válido
apenas para os santos em Nauvoo?
Não temeis e tremeis pela vossa própria salvação, ao
negligenciardes a salvação de vossos mortos? Se os judeus que
viveram nos dias de Cristo terão de responder por “todo o sangue
justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o
justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias”, porquanto
negligenciaram a salvação dos seus mortos bem como sua própria
salvação, dizei-me, por favor, qual há de ser a vossa punição?
42
Lembrai-vos de que não podeis ser aperfeiçoados sem os vossos
mortos.
Confrontados com essa evidência, é sumamente ridículo de
vossa parte declarar que vossos líderes são inspirados e que a
vossa é a Igreja de Cristo!
SALVAÇÃO PARA OS MORTOS — UM PRINCÍPIO ETERNO.
Que a salvação para os mortos é uma doutrina bíblica praticada
pelos santos antigos, nós aprendemos pelos escritos de Pedro43,
Paulo44 e João, o Revelador45. Isaías profetizou a respeito,46 e nosso
Redentor o ensinou aos judeus,47 não como um “mandamento local”
mas como verdade e princípio eternos da maior importância para
toda a família humana. E por este motivo, “também Cristo
padeceu… pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a
Deus; mortificado… na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual
também foi e pregou (não em vão) aos espíritos em prisão.”48
UM PRESIDENTE SEM CHAVES É UM IMPOSTOR. As chaves
do Sacerdócio pertencem ao oficial presidente da Igreja e
ele tem que tê-las, a fim de que as ordenanças da salvação
perfeita possam ser administradas aos santos e em favor dos
mortos. As chaves do Sacerdócio podiam ser
recebidas somente daquele que as tinha, o Profeta Joseph Smith, o
qual as recebeu dos céus.
Qualquer homem que proclama ser presidente do Sumo
Sacerdócio sem estas chaves, é um impostor. Foi-nos dada uma
chave pela qual podemos descobrir o impostor, pois temos a palavra
do Senhor que: “O grande e magno segredo de tudo isto, e
o summum bonum do assunto todo que está diante de nós, consiste
na obtenção dos poderes do Santo Sacerdócio. Àquele a quem são
dadas estas chaves não terá dificuldades em obter o conhecimento
dos fatos relativos à salvação dos filhos dos homens, tanto mortos
como vivos.”49
O PRESIDENTE DA IGREJA “REORGANIZADA” NÃO TEM AS
CHAVES. Essa declaração do Senhor, através do Profeta Joseph
Smith, é muito explícita. Poderíamos perguntar: O presidente da
Igreja “Reorganizada” obteve esse Sacerdócio? Não, ele não
obteve! Então não é de surpreender que ele não consiga obter
“conhecimento dos fatos relativos à salvação dos filhos dos homens,
tanto mortos como vivos”.
Se houvesse obtido as chaves, seria possível guiar ele seu povo
por mais de quarenta e cinco anos sem o conhecimento do poder
que o Senhor declara, através do Profeta, não ser difícil de obter
para aquele que tem as chaves e os poderes do santo Sacerdócio, e
o qual é “o poder selador e ligador, e, num dos sentidos da palavra
as chaves do reino, que consistem nas chaves do conhecimento”?50
Tivesse ele essas chaves, seria possível que este grande e
glorioso princípio tivesse sido negligenciado por tão longo tempo,
quando seu pai, o Profeta, declarou não haver neste dia “muito
tempo para salvar e redimir” os mortos, e juntar os parentes vivos,
para que também possam ser salvos, antes de cair sobre o mundo a
consumação decretada?
Seria possível, se tivesse essas chaves, declarar ele que esta
doutrina era um “mandamento local”, um “rito permissivo”, não
obrigatório para os santos? Certamente que não!
PLENITUDE DO SACERDÓCIO — SOMENTE NOS TEMPLOS.
Em 1842, o Senhor declarava que estava prestes a restaurar na
terra muitas coisas pertencentes ao Sacerdócio51, e que a plenitude
do Sacerdócio poderia ser restaurada somente nos templos.52 Acaso
a palavra do Senhor falhou? O Senhor cometeu algum engano? Se
o ponto de vista sustentado pela Igreja “Reorganizada” é legítimo,
então ele cometeu. Mas os santos dos últimos dias sabem que não.
Da nossa parte, aceitaremos a palavra do Senhor.
Desde que a Igreja “Reorganizada” não constrói templos e nada
sabe de “nenhum templo, exceto como edifícios onde adorar a
Deus, e de nenhuma investidura exceto o do Santo Espírito, do tipo
experimentado pelos santos primitivos no dia de Pentecostes”, é de
se esperar que o presidente deles ignorasse a “plenitude do
Sacerdócio” e, portanto, experimentasse grande “dificuldade em
obter conhecimento”.
REVELAÇÃO DAS CERIMÔNIAS DA INVESTIDURA. Se os
élderes da dita igreja tivessem lido a seção cento e sete de Doutrina
& Convênios deles, teriam descoberto que a doutrina das
“investiduras cerimoniais” se encontra ali claramente explicada:
“Portanto, na verdade vos digo que as vossas unções e vossos
lavamentos, e vossos batismos pelos mortos, e vossas assembleias
solenes, e memoriais pelos vossos sacrifícios feitos pelos filhos de
Levi, e os vossos oráculos nos lugares mais santos, onde recebeis
conversações, e vossos estatutos e julgamentos, para os princípios
das revelações e da fundação de Sião, e para a glória, honra
e investidura de todas as suas municipalidades são prescritos pela
ordenança da minha casa santa, a qual sempre mando que o meu
povo construa em meu santo nome.
“E na verdade vos digo que seja esta casa (Templo de Nauvoo)
construída em meu nome, para que nela eu possa revelar ao meu
povo as minhas ordenanças;
“Pois à minha igreja me digno revelar coisas que têm sido
conservadas ocultas desde antes da fundação do mundo, coisas
que dizem respeito à dispensação da plenitude dos tempos.
“E mostrarei ao meu servo Joseph todas as coisas relativas a
esta casa, e ao seu Sacerdócio…”53
ARREPENDEI-VOS, Ó VÓS, MEMBROS DA IGREJA
“REORGANIZADA”. Pois bem, se todas as passagens precedentes
são verdadeiras — e elas têm que ser, se Joseph Smith foi um
profeta de Deus, o que foi — então essas coisas pertencentes ao
Sacerdócio lhe foram reveladas: e a salvação dos mortos é
exatamente tão obrigatória para nós e exatamente tão importante
como a salvação dos vivos. Uma depende da outra, e são
obrigatórias para todos os filhos dos homens. A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias não pode ensinar uma sem a
outra, pois são inseparáveis. Uma casa dividida contra si mesma
não subsistirá.
Arrependei-vos, portanto, e recebei o Evangelho; salvai-vos a
vós mesmos com vossos mortos, tornando-vos salvadores no Monte
Sião, antes que caia sobre a terra a consumação decretada; e,
dando atenção a estas coisas, não sereis “feridos com uma
maldição”, nem “totalmente devastados”, quando vier o terrível dia
do Senhor.54
Anotação
1. O Presidente Joseph Fielding Smith publicou três bem documentados tratados sobre as pretensões e
heresias da Igreja “Reorganizada”: Origin of the “Reorganized “Church; Blood Atonement and the Origin
of Plural Marriage; e The “Reorganized “Church vs. Salvation for the Dead.

2. Strang, James J. — Apóstata que alegava ter sido designado seu sucessor pelo Profeta Joseph Smith.

3. A “Reorganized” Church History afirma que Z. H. Gurley foi ordenado um setenta em Far West, no ano de
1838. Isto é um engano; eles não possuem nenhum registro original de tal ordenação. Os registros
originais dos setentas existentes no Escritório do Historiador, na Cidade do Lago Salgado, dão sua
ordenação conforme mencionada aqui. J. F. S.

4. Igreja fundada por Granville Hedrick, após a morte de Joseph Smith. N. do T.

5. Blood Atonement and the Origin of Plural Marriage, pp. 89-94.

6. D & C 107:21-24; 112:14-34; Joseph Fielding Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 185.

7. D & C 107:25-32.

8. Origin of the “Reorganized” Church, pp. 52-54.

9. D & C 20:63, 65; 28:13; 38:34; 41:9; 51:12; 72:7; 104:64, 71-72, 76; 124:144.

10. Op. cit., p. 12.

11. Op. cit., pp. 9-10, 12-14.

12. D & C 124:94-95.

13. Times and Seasons, vol. 5, p. 683.

14. Ibid., vol. 5, p. 651.

15. D & C 107:21-24.

16. Times and Seasons, vol. 5, pp. 651, 644, 698; Millennial Star, vol. 10, p. 115.

17. João 3:2.

18. Marcos 3:30.

19. Origin of the “Reorganized” Church, pp. 114-117; Mat. 7:15-20.

20. Corresp. Pessoal.

21. Op. cit., p. 3.


22. Op. cit., p. 108.

23. Blood Atonement and the Origin of Plural Marriage, pp. 51-52.

24. Em diversos artigos de Zena H. Gurley, um dos fundadores da Igreja “Reorganizada”, publicados no
Saints Herald, vol. 1, ele se refere a ela como “uma nova organização da igreja”. Isto concorda com a
declaração do presidente dessa igreja, no Saints Herald, de 17 de fevereiro de 1904, em que diz: “A
Igreja, usando o termo para significar a Igreja rejeitada, não foi recebida de novo.” J. F. S.

25. History of the “Reorganized” Church, vol. 3, p. 245.

26. Folheto de resoluções da conferência da Igreja “Reorganizada”, p. 82.

27. Editorial no Saints Herald, 17 de fevereiro de 1904.

28. Em seu depoimento perante a Corte Itinerante, em Kansas City, no litígio pela posse da propriedade do
templo, disse ele: “Não, senhor, eu não declarei que fui ordenado por meu pai como seu sucessor; de
acordo com meu entendimento da palavra ordenar, eu não fui.” Plaintiff’s Abstract, p. 79, paragr. 126. J.
F. S.

29. D & C 110:13-16.

30. D & C 128:18; edição da Igreja “Reorganizada” 110:18.

31. D & C 128:17; edição da Igreja “Reorganizada” 110:17.

32. Times and Seasons, vol. 6, p. 616.

33. Ibid.

34. Mal. 4:6; D & C 128:18; edição da Igreja “Reorganizada”, 110:18.

35. D & C 128:5, 8, 18; edição da Igreja “Reorganizada”, 110:5, 8, 18.

36. Times and Seasons, vol. 2, p. 578; “Reorganized” Church History, vol. 2, p. 546.

37. Ibid.

38. Ibid., pp. 577, 545.

39. D & C 128:18; edição da Igreja “Reorganizada” 110:18.

40. D & C 128:15; edição da Igreja “Reorganizada” 110:15.

41. History of Joseph Smith, 20 de janeiro de 1844.

42. Mateus 23:35; Times and Seasons, vol. 3, pp. 760-61.

43. 1 Pedro 3:18-20.

44. 1 Cor. 15:29.


45. Apocalipse 22:12.

46. Isaías 42:6-7; 61:1-2.

47. João 5:28-29.

48. 1 Pedro 3:18-19.

49. D & C 128:11; edição da Igreja “Reorganizada” 110:11.

50. D & C 128:14; edição da Igreja “Reorganizada”, 110:14.

51. D & C 127:8; edição da Igreja “Reorganizada”, 109:5.

52. D & C 124:28; edição da Igreja “Reorganizada”, 107:10.

53. D & C 124:39-42; edição da Igreja “Reorganizada”, 107:12-13.

54. A Igreja “Reorganizada” vs Salvação para os Mortos pp. 3-5, 9-12, 18-23.
CAPÍTULO 16
A LEI DA REVELAÇÃO
NATUREZA ETERNA DA REVELAÇÃO
REVELAÇÃO IRROMPE NUM MUNDO APÓSTATA. Cremos
que nosso Pai Eterno está tão pronto a falar com os que o buscam
hoje em dia, quanto nos tempos antigos.
Cremos que a Bíblia não contém todas as revelações dadas por
manifestações divinas; mas que apenas contém relatos
fragmentários dos negócios do Senhor com seus servos, os profetas
antigos.
Cremos que, durante seu ministério na terra, nosso Salvador,
Jesus Cristo, estabeleceu a sua Igreja sobre princípios eternos,
fundamentais para a salvação da humanidade.
Cremos que, após a morte dos apóstolos antigos, esses
princípios eternos foram corrompidos e se mesclaram com filosofia
pagã.
Cremos que as ordenanças essenciais do Evangelho foram
alteradas e modificadas pela vontade do homem e não por instrução
divina, de modo que chegou o tempo em que, conforme dissera
Isaías, o povo se aproximava do Senhor com a sua boca, honrando-
o com seus lábios, mas o seu coração se afastava para longe dele.1
A igreja se corrompeu e modificou-se a tal ponto, que tornou
necessário que os céus se abrissem, viessem mensageiros
celestiais e se restaurasse a primitiva fé e autoridade divina.2
A REVELAÇÃO COMEÇOU NOVAMENTE COM JOSEPH
SMITH. Passada a época dos apóstolos, o homem recusou-se a dar
atenção ao Espírito do Senhor; por isso, o Espírito afastou-se, e o
homem foi deixado sem orientação divina. Assim, surgiu a estranha
crença de que o Senhor não mais comungava com o homem, tendo-
lhe dado na palavra escrita tudo o que era necessário para sua
orientação. Esta era a crença universal, quando Joseph Smith
anunciou sua visão. Quando jovem, havia aprendido que não havia
aparecimento de anjos, não havia revelação nem necessidade de
Escrituras adicionais.
O Senhor, porém, deu a Joseph Smith uma revelação da
plenitude do Evangelho, “provando ao mundo que as santas
Escrituras são verdadeiras, e que Deus inspira os homens e os
chama ao seu santo serviço, nesta época e geração, tanto quanto
em gerações de tempos antigos; mostrando, assim, que ele é o
mesmo Deus ontem, hoje e para sempre.”3
PROFETAS PREDIZEM REVELAÇÕES MODERNAS. Por que
considerar estranho que o Senhor fale ao homem nestes dias, seja
por sua própria voz ou pela voz de anjos? Estaria menos
interessado no homem hoje em dia? Ou terá o homem avançado
tanto, que não mais precise de ajuda divina?
Disse um dos profetas antigos: “Não havendo profecia, o povo
se corrompe,”4 e outro falou: “Certamente o Senhor Jeová não fará
cousa alguma sem [antes] ter revelado o seu segredo aos seus
servos, os profetas.”5 Outro ainda disse, referindo-se aos últimos
dias: “Os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão
visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias
derramarei o meu Espírito.”6
Igualmente positivo é o pronunciamento de um antigo profeta
nefita: “Deixaram os anjos de aparecer aos filhos dos homens?
Deles retirou o Senhor o poder do Espírito Santo? Ou fará ele isso
enquanto durar o tempo, enquanto subsistir a terra e houver no
mundo um homem para ser salvo? Eis que vos digo que não, pois é
pela fé que os milagres são realizados; e é pela fé que os anjos
aparecem e exercem seu ministério em favor dos homens; portanto,
ai dos filhos dos homens, se estas coisas tiverem cessado, pois que
isso terá acontecido em virtude de sua descrença, e tudo será vão!”7
Sim, é muito estranho que os santos dos últimos dias se
encontrem visivelmente sozinhos na crença de que o Pai pode
revelar e de fato revela a si próprio e a sua verdade ao homem,
conforme os antigos profetas proclamaram que ele faria nestes
últimos dias.8
REVELAÇÃO NECESSÁRIA PARA CUMPRIR CONVÊNIOS DO
SENHOR. Considerando o que está escrito na Bíblia, é muito
estranho que chegasse a se enraizar na mente do povo a ideia de
que o cânone das Escrituras está completo; que o Senhor não tem
mais nenhum conselho para dar ao homem, não importa quão
grande a necessidade de maior orientação divina; e que o homem
deva depender unicamente da palavra falada aos antigos profetas
bíblicos para seu consolo.
Esses profetas não entendiam assim. Falaram de convênios a
serem feitos entre Deus e o homem nos últimos dias. Como isto
seria possível sem que os céus se abrissem? E se os céus assim se
abrissem, não seria isto uma revelação, sim, mesmo Escritura?
Proclamando a palavra do Senhor a Israel nos últimos dias, disse
Ezequiel:
“E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual
habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os
filhos de seus filhos, para sempre… E farei com eles um concerto de
paz; e será um concerto perpétuo; e os estabelecerei, e os
multiplicarei; e porei o meu santuário no meio deles para sempre. E
o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles
serão o meu povo.”9
O CONVÊNIO ETERNO REVELADO ATRAVÉS DE JOSEPH
SMITH. Jeremias também presta o mesmo testemunho,
acrescentando que o povo não mais ensinará “a seu próximo, nem
alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos
me conhecerão, desde o mais pequeno deles até o maior, diz o
Senhor: porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me
lembrarei dos seus pecados.”10
Por causa desta antiga promessa, não deveria estranhar que
surgisse um profeta proclamando a introdução de um novo e eterno
convênio. Nesse dia, o Senhor disse a Joseph Smith: “Portanto, eu,
o Senhor, conhecendo a calamidade que haveria de vir sobre os
habitantes da terra, chamei meu servo Joseph Smith, lhe falei dos
céus e dei-lhe mandamentos; … Para que o meu eterno convênio
seja estabelecido; para que a plenitude do meu Evangelho seja
proclamada pelos fracos e humildes aos confins do mundo, e diante
de reis e governadores. Eis que eu sou Deus, e o disse.”11
O RECEBIMENTO DE NOVAS REVELAÇÕES É RAZOÁVEL.
Se o homem permitir que a razão o guie no caminho do bom senso,
ele será forçado a concluir que não existe justificativa para a crença
de que todas as Escrituras estejam encerradas dentro da capa
da Bíblia Sagrada. Tal doutrina cerra a boca do Onipotente,
negando-lhe o poder de falar. Tampouco se pode afirmar
consistentemente que não há mais necessidade de revelações. É
igualmente inconsistente dizer-se que o Senhor não se interessou
por outros povos, além do palestino, o bastante para lhes falar e
guiá-los com sua palavra.
Alma, o profeta nefita que viveu antes dos dias de Cristo,
proferiu esta verdade: “Porque, eis que o Senhor concede a todas
as nações que lhes seja ensinada a cada uma em sua própria
língua, a sua palavra, sim, tudo o que ele em sabedoria acha que
devem aprender; vemos, portanto, que o Senhor aconselha em
sabedoria, segundo o que é justo e verdadeiro.”12
DUAS NAÇÕES TESTEMUNHAS DE CRISTO. Néfi, um profeta
mais antigo, registrou por mandamento: “Não sabeis que há mais
que uma nação? Não sabeis que eu, o Senhor vosso Deus, criei
todos os homens e que não me esqueço dos que habitam as ilhas
do mar; e que governo nas alturas dos céus e embaixo na terra,
e levo minha palavra aos filhos dos homens, sim, a todas as nações
da terra?
“Por que murmurais por ter que receber mais palavras minhas?
Não sabeis que o depoimento de duas nações é o testemunho de
que eu sou Deus, de que me recordo tanto de uma como de outra
nação? Portanto, digo as mesmas palavras tanto a uma como a
outra. E, quando as duas nações se juntarem, o testemunho delas
se juntará também.”13
Isto foi falado, por profecia, aos gentios dos dias atuais. Deve-se
recordar igualmente que a lei dada a Israel era que “o testemunho
de dois homens é verdadeiro”14, desde que fossem testemunhas
honradas. Aqui o Senhor aplica a lei a nações. E por que não
deveria ser assim?
Se a palavra do Senhor deve ser estabelecida por duas
testemunhas escolhidas, então podemos muito bem procurar duas
nações eleitas para servirem de testemunhas de Cristo. Uma
dessas nações era a de Israel na Palestina, a outra a de Israel na
América. Judá falando do Velho Mundo, e José do Novo Mundo.
Hoje, estas duas testemunhas de Deus e sua verdade se
juntaram.15
AS ESCRITURAS MODERNAS ESCLARECEM A BÍBLIA. Não
existe um único princípio concernente à salvação dos homens que
esteja tão claramente formulado na Bíblia, conforme esta chegou
até nós, que não faça os homens tropeçar — nenhuma só coisa.
Não há um único princípio tão claramente declarado que eles
concordem entre si e não achem suas interpretações conflitantes.
Quereis saber a respeito da ressurreição dos mortos? Quem
será salvo no reino celestial de Deus? Então lede vosso Livro de
Mórmon. Lede vosso Doutrina & Convênios. A seção setenta e seis,
de Doutrina & Convênios, conhecida como a Visão, é a mais clara, a
mais concisa declaração a respeito da salvação que conheço, e
duvido que o Senhor jamais haja dado a qualquer povo, em
qualquer tempo, sobre a face da terra, uma coisa mais clara que
essa revelação.
As pessoas do mundo sabem para onde vão, quando morrerem?
Não. Elas cantam sobre uma bela ilha em algum lugar. Elas não
sabem. Poderão descobri-lo na Bíblia? Sim, podemos encontrá-lo.
Poderão encontrá-lo, se tiverem a inspiração certa. Porém, com o
auxílio extra obtido nos registros que o Senhor nos deu, nós não
tropeçamos sobre isso.
Nós não tropeçamos na questão do batismo e de que deve ser
feito e por quem. Temos um claro e perfeito entendimento da
natureza de Deus. Bem, eu posso encontrar isso na Bíblia; e assim
podeis vós. Eles também podem, se procurassem no espírito de fé;
mas tropeçam; no entanto, não estão dispostos a aceitar as
revelações do Senhor dadas no dia e dispensação em que vivem, e
que lhes mostrariam claramente todos esses princípios de verdade
eterna. Quão grandemente somos abençoados!16
VER COISAS PASSADAS. Na Ciência, é fato comum e
conhecido que a luz dos astros leva milhares de anos para atingir a
terra, e que nós os vemos como foram há milhares de anos e não
como são agora. Isto sendo verdade, se conseguíssemos chegar ao
ponto certo, poderíamos ver as coisas como foram elas em qualquer
época passada.17
A REVELAÇÃO NA IGREJA, HOJE
REVELAÇÃO DESDE OS DIAS DE JOSEPH SMITH. Os
presidentes da Igreja desde o Profeta Joseph até agora, têm
recebido revelações do Senhor para a orientação do seu
povo. Embora nem todas estas revelações estejam incluídas
em Doutrina & Convênios, nem por isto deixam de ser menos
legítimas. Nem todas as revelações dadas a Joseph, o Vidente,
foram incluídas em Doutrina & Convênios na época dele; desde a
sua morte, nós acrescentamos muitas de suas revelações a esta
obra.
E existem outras que não foram incluídas. Algumas destas
destinavam-se à Igreja e não ao mundo, e por isso são dadas
apenas aos santos. Porém, desde a morte de Joseph Smith, foram
dadas numerosas revelações à Igreja. Algumas foram publicadas,
outras não. Tenho tido o privilégio de ler e manusear algumas delas
que ainda estão em manuscrito, não tendo sido dadas ao mundo por
um sábio propósito do Senhor. Mas estão arquivadas e serão
preservadas.18
A IGREJA É GUIADA POR REVELAÇÃO HOJE. A Igreja é
guiada por revelação hoje em dia. Nem todas as revelações dadas
ao Profeta estão em Doutrina & Convênios: mas tudo o que nele
está é essencial para nossa salvação. Não é preciso que
acrescentemos outras revelações em que não é revelada nova
doutrina, mas que são meramente conselho e diretriz, a esta obra
das Escrituras.
Todos os presidentes da Igreja têm recebido revelação; algumas
das recebidas por Brigham Young19, John Taylor20, Wilford
Woodruff21 e Joseph F. Smith foram publicadas. Em Doutrina do
Evangelho, encontrareis uma delas.22
Não nos devemos alarmar, pois, se tivermos o espírito de
discernimento, saberemos que o Espírito do Senhor está guiando as
autoridades da Igreja.
A revelação do Senhor é válida para nós, quer a recebamos ou
não; se a rejeitarmos, seremos punidos.23
O Senhor não nos deixou vagueando a esmo; ele não nos
deixou sozinhos no mundo a tatear nas trevas; a Igreja que ele
fundou é guiada pelo espírito de revelação, e a inspiração do
Senhor paira sobre os que se encontram a sua testa. Eles não estão
fazendo esse trabalho em seu próprio nome; não procuram
estabelecer a si próprios, mas executar o plano que o Senhor tem
revelado e dar a conhecer aos filhos dos homens o grande desejo
de nosso Pai, para que todos os homens possam ser salvos através
da obediência ao Evangelho, e receber um lugar e posição em seu
reino.24
REVELAÇÃO DADA NA CONFERÊNCIA GERAL. Pessoas
imprudentes e descuidadas comentam às vezes que o espírito de
revelação não está guiando os santos dos últimos dias hoje como
em tempos passados. Tal pensamento dificilmente ocorreu aos
membros que lotaram o Tabernáculo durante os três dias de
conferência. A todos os que possuem o espírito de discernimento e
são iluminados pelo Santo Espírito, era patente que o Senhor estava
derramando seu Espírito e dando aos membros da Igreja
mandamentos e orientação, muito oportunos e necessários nestes
dias de crescente desobediência e iniquidade que impregna o
mundo.25
REVELAÇÃO DADA AOS IRMÃOS. O Senhor abençoa este
povo através da inspiração advinda aos seus servos, ao dirigirem,
ensinarem e exporem as Escrituras. Frequentemente é declarado
pelos inimigos do povo e, de tempos em tempos, ouvimo-lo nas ruas
desta cidade, que não há revelação alguma na Igreja. Eu vos digo
que há revelação na Igreja.
O Senhor abençoa não só os homens que se encontram à testa
e possuem as chaves do reino, mas também abençoa com o
espírito de inspiração a todo indivíduo fiel. Ele concede a seu povo
revelação para sua própria diretriz, e por essa razão, obedecem a
seus mandamentos e o servem. Esta é uma bênção prometida e
dentro do seu poder de receber.
Nós somos abençoados com revelação; a Igreja é edificada
sobre este fundamento. Todas as revelações dadas não precisam
ser escritas. Os irmãos podem receber inspiração quanto ao que
deverá ser feito, ou não ser feito, segundo o Senhor os dirigir. Não
precisa ser impresso num livro. Temos revelações que foram dadas,
as quais foram escritas; algumas delas foram publicadas, outras
não.26
MAIOR NECESSIDADE DE REVELAÇÕES NOS PRIMEIROS
TEMPOS DA IGREJA. Nos dias do Profeta Joseph Smith o Senhor
deu à Igreja revelações a respeito de cada princípio essencial para
um entendimento apropriado de princípios do Evangelho e o
governo da Igreja. Como os membros acabavam de sair do mundo e
haviam sido ensinados em todos os seus conceitos e tradições
religiosas, tinham que ser orientados em todas as coisas. O
recebimento de revelações para sua orientação foi diminuindo com
o passar dos anos, de modo que, nos últimos quatro anos de vida
do Profeta, não foi preciso revelar o Senhor informação alguma a
respeito de princípios fundamentais.
Entretanto, ele disse que os santos seriam “coroados com
bênçãos do alto, sim, com mandamentos, não poucos, e
com revelações no seu próprio tempo — os que são fiéis e
diligentes diante de mim”.27 Esta promessa e a palavra do Senhor
para a Igreja na seção 104:58, foi e está sendo constantemente
cumprida. Não é necessário ao Senhor requerer que todas as suas
revelações para a Igreja sejam publicadas em livro e dadas ao povo.
Ele fala aos seus servos e revela a sua vontade, e então eles
transmitem sua instrução ao povo.28
REVELAÇÕES LIMITADAS À CAPACIDADE DO HOMEM DE
RECEBÊ-LAS. A revelação nos é prometida através de nossa
fidelidade; assim, também, o conhecimento concernente aos
mistérios e governo da Igreja. O Senhor retém muito do que
revelaria se os membros da Igreja estivessem preparados para
recebê-lo. Quando eles não querem viver de acordo com as
revelações que ele tem dado, como podem ter direito de receber
mais? O povo da Igreja não está vivendo em pleno acordo com os
mandamentos que o Senhor já lhes deu:
Nós nos encontramos, portanto, em situação bastante
semelhante à dos nefitas, quando Néfi falou de revelação: “E agora
eu, Néfi, não posso dizer mais; o Espírito encerra a minha fala, e eu
lamento por causa da incredulidade, malvadez, ignorância e
obstinação dos homens; pois que não procuram o saber, nem
entendem o grande entendimento, quando lhes é dado claramente,
sim, tão simples quanto possível.”29
Outras razões por que o Senhor não dá ao povo mais
revelações são enumeradas por Mórmon e Morôni no Livro de
Mórmon.30
Temos pouco motivo para reclamar mais revelação, quando nos
recusamos a dar ouvidos ao que o Senhor tem revelado para nossa
salvação. Entretanto, as autoridades são dirigidas por revelação, e
isto é aparente a todos os que possuem espírito de discernimento.
O Senhor não abandonou seu povo, embora eles nem sempre
tenham posto sua confiança nele.31
FALSOS ESPÍRITOS E FALSAS REVELAÇÕES
O PRESIDENTE: ÚNICA FONTE DE REVELAÇÃO PARA A
IGREJA. Sempre existe apenas um que retém as chaves e o direito
de receber revelação para a Igreja, e este homem é o
seu presidente. E quando a Primeira Presidência é dissolvida pela
morte do presidente, então, de acordo com a revelação, os Doze
Apóstolos se tornam o quórum presidente da Igreja: e aí, se o
Senhor tiver alguma revelação a dar ao seu povo, ela virá através
do devido canal — o presidente dos Doze.
Se tivermos isto em mente, será para nós uma chave, como o
Senhor tencionou que fosse, pela qual poderemos avaliar e pesar as
pretensas revelações dos homens. Quando virmos este homem ou
aquele, ou talvez aquela mulher ou criança dando revelações como
foi o caso na Igreja “Reorganizada”, quando Jason W. Briggs, Zenas
H. Gurley, Henry H. Dean e a filha de Zenas H. Gurley receberam
“revelações” orientando a organização do culto deles, saberemos,
com certeza, que essas coisas não são de Deus.
O Senhor jamais há de ignorar o oficial e o quórum presidente
da Igreja, pois ele respeita a autoridade exatamente como requer de
nós que a respeitemos. E isto sempre nos será uma chave, se
tivermos em mente que, toda vez que ele tem uma revelação ou
mandamento para dar ao seu povo, ele o fará através do oficial
presidente da Igreja. Isto é ensinado claramente nas revelações.32
PROVA DE VERACIDADE DAS REVELAÇÕES. Se o Senhor
tem uma revelação ou um mandamento para dar ao seu povo, este
virá do cabeça, e quando alguém mais surge entre o povo,
professando ter revelações e dando mandamentos, podemos testar
a questão muito facilmente. Não precisamos entrar em nenhum
detalhe ou proceder a um exame prolongado das pretensões. Não
há necessidade alguma de qualquer investigação, porque o Senhor
nos deu a chave como uma lei para a Igreja, pela qual devemos ser
governados.33
CHAVE PARA RECONHECER REVELAÇÕES VERDADEIRAS.
Nós temos uma chave dada por revelação pela qual podemos
reconhecer os falsos espíritos, pela qual podemos reconhecer a
falsa revelação. Existe apenas um único homem nesta Igreja, num
dado tempo, que tem o direito de receber revelação para a Igreja. O
Senhor disse que a casa dele é uma casa de ordem, não uma casa
de confusão, e por isso há um designado para falar. Um só tem o
direito de receber a palavra do Senhor e dá-la à Igreja.
Todos nós temos o direito de receber revelação para nossa
própria diretriz. O presidente da estaca tem direito à revelação para
guiar sua estaca. Mas nenhum homem tem direito de receber
revelação para esta Igreja, exceto aquele a quem o Senhor chamou.
Se ele recebe uma revelação, esta será declarada sem dúvida,
desde que seja destinada à Igreja, de uma forma que todos
possamos saber a fonte da qual veio. E quando encontramos
pessoas difundindo secretamente pela Igreja pretensas revelações,
ou visões, ou manifestações, que não promanaram das autoridades
da Igreja, nem foram por elas aprovadas, podemos anotar que tais
coisas não são de Deus.
Não precisamos escrever para perguntar a respeito dessas
coisas. Não precisamos questioná-las por um momento, pois o
Senhor não vai dar uma revelação a nenhum sumo sacerdote,
nenhum élder ou setenta para esta Igreja. Ela virá através daquele
designado para isso. E, se o Senhor não vai escolher os que
ocupam posição nos quóruns do Sacerdócio, podeis ficar
certamente assegurados de que não escolherá alguém que nem
sequer possui o Sacerdócio. Assim, nossa mente pode ficar
sossegada em relação a questões desse tipo…
FALSOS ESPÍRITOS ILUDEM OS INFIÉIS. Se seguirmos o
espírito de luz, o espírito da verdade, o espírito descrito nas
revelações do Senhor; se buscarmos a orientação do Espírito Santo
através do espírito de oração e humildade, o Senhor há de
aumentar nossa luz e nosso entendimento, de modo que teremos o
espírito de discernimento, entenderemos a verdade,
reconheceremos a falsidade quando a virmos, e não seremos
enganados.
Quem é que é iludido nesta Igreja? Não o homem que tem sido
fiel no desempenho do dever; não o homem que se familiarizou com
a palavra do Senhor; não o homem que tem praticado os
mandamentos dados nessas revelações; mas o homem que não
conhece a verdade, o homem que se encontra em treva espiritual, o
homem que não compreende e entende os princípios do Evangelho.
Um homem assim será enganado, e quando esses falsos espíritos
surgem entre nós, ele poderá não entender ou não ser capaz de
distinguir entre a luz e as trevas.
OS FIÉIS NÃO SÃO ILUDIDOS POR FALSAS REVELAÇÕES.
Mas, se andarmos na luz das revelações do Senhor, se dermos
ouvidos às palavras que nos são dadas pelos que se assentam nos
conselhos da Igreja, autorizados a darem instruções, nós não nos
extraviaremos…
“E o que entesourar minha palavra, não será
enganado.”34 Portanto, prossigamos com vigor nas obras desta
Igreja, e no estudo e entendimento dos princípios do Evangelho,
estes princípios de luz; e à medida que os estudarmos, o Senhor
nos revelará mais luz, até recebermos a plenitude, no devido tempo,
no dia perfeito; e não teremos necessidade de estar sujeitos à
dúvida e buscar conselho, quando confrontados com assuntos
desse tipo, porque o próprio Espírito do Senhor nos ensinará.
Está chegando o dia, assim diz Jeremias, quando não mais será
necessário um homem ensinar seu próximo, dizendo: “Conhecei ao
Senhor”35, porque todos o conhecerão, desde o maior até o menor.
E este virá quando nós, com todo intento do coração, estivermos
dispostos a servir o Senhor e guardar seus mandamentos, e dermos
ouvido aos conselhos vindos dos que nos presidem.36
OS SANTOS TÊM DIREITO AO ESPÍRITO DE
DISCERNIMENTO. Não existe motivo no mundo que impeça
qualquer membro da Igreja de possuir um perfeito entendimento dos
princípios do Evangelho, da ordem da Igreja, e do governo da Igreja,
de modo que ninguém precisa deixar-se levar por todo o vento de
doutrina ou noção que prevalece entre os filhos dos homens, que
possa vir ao seu conhecimento.
Se estivermos firmemente alicerçados na fé e edificados sobre a
rocha, conheceremos a verdade, a verdade que nos libertará. Existe
um espírito mentiroso solto na terra…
Se entendeis as regras e os convênios da Igreja, se lerdes as
Escrituras e vos familiarizardes com as coisas que estão registradas
nas revelações do Senhor, não vos será necessário fazer quaisquer
perguntas com respeito à autenticidade ou então sobre qualquer
pretensa revelação, visão ou manifestação que procede das trevas,
maquinada em algum canto, sub-repticiamente apresentada e não
comunicada através dos devidos canais da Igreja.
AS REVELAÇÕES VERDADEIRAS SERÃO PUBLICADAS
PELA IGREJA. Permiti-me acrescentar que, quando uma revelação
vem para a diretriz deste povo, podeis estar seguros de que não
será apresentada de alguma forma misteriosa, contrária à ordem da
Igreja. Ela será divulgada de tal maneira, que o povo entenderá que
vem daqueles que possuem autoridade, pois será enviada aos
presidentes de estaca e aos bispos das alas, com as assinaturas
das autoridades presidentes, publicada em algum dos periódicos ou
revistas regulares sob controle e direção da Igreja, ou então
apresentada perante uma assembleia como esta numa conferência
geral. Ela não surgirá em alguma parte distante da Igreja e não
estará nas mãos de algum indivíduo obscuro sem autoridade, sendo
circulada assim entre os santos dos últimos dias. Agora, lembrai-vos
disto.37
MANIFESTAÇÕES PARA O INDIVÍDUO, NÃO PARA A IGREJA.
De tempos em tempos, tem havido indivíduos que foram convidados
para ir às alas, a reuniões sacramentais, classes do Sacerdócio,
organizações da Escola Dominical e de Melhoramentos Mútuos, e,
às vezes, têm sido realizadas reuniões domiciliares, para benefício
especial deles, para que pudessem relatar notáveis visões ou
revelações que tais indivíduos pretensamente receberam. Tudo isso
é errado…
Agora, o Senhor dará revelações a esta Igreja; e ele, de tempos
em tempos, dará mandamentos a esta Igreja, conforme for
necessário; mas sempre de acordo com a sua própria lei; e não
temos necessidade de sair correndo a convidar indivíduos sem
nenhuma autoridade, para que nos relatem pretensas visões ou
revelações ou mandamentos para a orientação deste povo.
Na Igreja, tudo é feito em ordem. Tudo concernente ao reino de
Deus é em ordem, porque é obediente à lei…
Se entre os santos dos últimos dias surgir um homem
professando ter recebido uma visão ou revelação, ou um sonho
extraordinário, e o Senhor lhe tiver concedido tal coisa, ele deve
guardá-lo para si. É totalmente contrário à ordem, nesta Igreja,
alguém o convidar para relatá-lo à mesma num serviço sacramental,
porque o Senhor dará suas revelações de maneira apropriada
àquele designado para receber e dispensar a palavra de Deus aos
membros da Igreja…
OS SANTOS NÃO SEGUIRÃO REVELAÇÕES FALSAS. Ora,
essas histórias de revelação que estão circulando por aí, não têm
consequência alguma, exceto pelo rumor e conversas tolas por
parte de pessoas sem nenhuma autoridade. O fato da questão é
simplesmente este: Homem algum pode entrar no descanso de
Deus, até que tenha absorvido a verdade, de tal modo que será
capaz de examinar minuciosamente e esclarecer todo erro, toda
falsidade, todo equívoco e falsa exposição, e saber que é erro e não
a verdade.
Quando conheceis a verdade, quando entrais no descanso de
Deus, não andareis à caça de revelações de toda e qualquer pessoa
no mundo. Não seguireis as excentricidades quiméricas de homens
e mulheres que apresentam disparates e suas próprias ideias.
Quando conheceis a verdade, vós vos sujeitareis e ela vos libertará.
É unicamente a verdade que vos libertará dos erros dos homens, e
das falsidades e deturpações do maligno, que está à espreita para
iludir e desviar o povo de Deus dos caminhos da retidão e
verdade.38
Anotação
1. Isaías 29:13.

2. Correspondência Pessoal.

3. D & C 20:11-12.

4. Prov. 29: 18.

5. Amós 3:7.

6. Joel 2:28-29.

7. Morôni 7:36-37.

8. Church News, 30 de maio de 1931, p. 2.

9. Ezequiel 37:25-27.

10. Jeremias 31:34.

11. Church News, 13 de junho de 1931, p. 2; D & C 1:17, 22-24.

12. Alma 29:8.


13. 2 Néfi 29:7-8.

14. João 8:17.

15. Church News, 20 de junho de 1931, p. 2.

16. Conference Report, setembro de 1950, pp. 11-12.

17. Corresp. Pessoal.

18. Origin of the “Reorganized” Church, p. 107.

19. D & C 136.

20. B. H. Roberts, Seventy’s Course in Theology, First Year Book, pp. 15, 16.

21. G. Homer Durham, Discourses of Wilford Woodruff, pp. 213-218.

22. Joseph F. Smith, Doutrina do Evangelho, pp. 432-436; (Também no Curso para os Quóruns do Sacerdócio
de Melquisedeque 1971-72, A doutrina do Evangelho, vol. 2, cap. 37, “Visão da Redenção dos Mortos”,
segundo subtítulo.)

23. Corresp. Pessoal.

24. Conference Report, abril de 1921, p. 39.

25. Era, vol. 40, p. 700.

26. Conference Report, outubro de 1910, pp. 40-41.

27. D & C 59:4.

28. D & C 68:3-5.

29. 2 Néfi 32:7.

30. 3 Néfi 26:6-12; Éter 4:4-12.

31. Corresp. Pessoal.

32. Origin of the “Reorganized” Church, pp. 76-77; D & C 43:1-10.

33. Conference Report, outubro de 1948, p. 98.

34. Joseph Smith 1:37.

35. Jeremias 31:34.

36. Conference Report, abril de 1931, pp. 70-72; D & C 50:1-3, 21-24.

37. Conference Report, outubro de 1918, pp. 54-57.

38. Conference Report, abril de 1938; pp. 64-67; D & C 46:7-9.


CAPÍTULO 17
AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO QUE
SALVA
NATUREZA DO CONHECIMENTO SALVADOR
NENHUMA SALVAÇÃO EM IGNORÂNCIA DO EVANGELHO.
Jamais houve um tempo na história do mundo, suponho eu, em que
os homens possuíram tanto conhecimento. O conhecimento, sem
dúvida, aumentou, mas ao mesmo tempo é verdadeira a doutrina
ensinada por Paulo nestas palavras proféticas: Que aprendem
sempre, mas aparentemente nunca podem chegar ao conhecimento
da verdade.1
Estamos informados de que se tem dito que nosso atual sistema
educacional desagregou o homem. Ele fez mais que isso. Fez dele
um bruto e deu-lhe um antepassado bruto, em vez de colocá-lo na
plataforma como um filho de Deus, a geração de Deus, lugar a que
pertence por direito…
Dizia o Profeta que o homem não pode ser salvo em ignorância;
mas ignorância do quê? Ele disse que o homem não pode ser salvo
em ignorância dos princípios salvadores do Evangelho de Jesus
Cristo.2 Não muitos dos grandes e poderosos, daqueles que moldam
e controlam os pensamentos do povo de hoje, irão encontrar
salvação no reino de Deus. Por que? Porque não encontraram o
caminho, não estão andando na luz da verdade. Eles podem ter
conhecimento, mas falta-lhes inteligência.
Inteligência é a luz da verdade, e somos informados de
que aquele que possui inteligência, ou a luz da verdade, renunciará
ao ser perverso.3 O homem que tem inteligência adorará a Deus e
se arrependerá de seus pecados; procurará saber a vontade de
Deus e a seguirá…
Bem, eu entendo que o conhecimento é muito importante,
mas os homens possuem um grande lastro de conhecimento que
não os salvará no reino de Deus. O que eles precisam aprender são
as coisas fundamentais do Evangelho de Jesus Cristo. Precisam
aprender a ter fé em Deus. Precisam aprender a obedecer-lhe.
Precisam aprender seus mandamentos, suas ordenanças, e guardá-
las; e a menos que o façam, toda a sua erudição e todo o seu
conhecimento de pouco lhes valerá…
OS SERES EXALTADOS CONHECERÃO EVENTUALMENTE
TODAS AS COISAS. Agora afirmo audaciosamente, todo
conhecimento que o homem pode obter neste mundo ou além dele,
independentemente do Espírito de Deus, da inspiração do Todo-
Poderoso, não o levará à plenitude.4…
Assim, com toda nossa jactância, com todo nosso entendimento,
com todo o conhecimento que possuímos — e permiti-me dizer que
esse grande conhecimento que tem sido derramado sobre os
homens e tudo o que é verdade, veio de Deus — mas com tudo
isso, jamais adquiriremos a plenitude do conhecimento, se não nos
humilharmos, nos colocarmos em harmonia com a verdade do
Evangelho e buscarmos a luz que vem pelo Espírito da verdade,
que é Jesus Cristo.
Reconheço que eventualmente terá de acontecer, no caso dos
que ganham a exaltação e se tornam filhos de Deus, que eles terão
que alcançar, nas eternidades, o tempo em que conhecerão todas
as coisas. Eles têm que conhecer matemática; têm que conhecer
todos os princípios da Ciência; têm que estar preparados em todas
as coisas — pela aprendizagem, pelo estudo, pela fé — para
compreenderem esses princípios de verdade eterna, mesmo como
nosso Pai nos céus os compreende; e, a menos que os homens se
coloquem em harmonia com ele e o seu Espírito, e busquem a luz
que vem através deste Espírito, jamais atingirão a meta de perfeição
nessas coisas. Entretanto, é o conhecimento dos princípios do
Evangelho que salvará os homens no reino de Deus.5
A VERDADE DO EVANGELHO MAIOR QUE A VERDADE
CIENTÍFICA. O Irmão Joseph F. Merril6 nunca perdeu de vista o
reino de Deus. Nada do que recebeu em sua instrução secular
jamais o influenciou contra os ensinamentos fundamentais do
Evangelho de Jesus Cristo. Ele aprendeu a avaliar a verdade. Sabia
que nem toda verdade era da mesma importância — que certas
coisas eram muito mais fundamentais que outras. Não importa quão
grande seja uma verdade, ou quão importante ela seja para o
benefício da família humana, nada do que se possa obter pela
instrução secular poderá tomar o lugar do conhecimento do reino de
Deus.
O fato de que Jesus Cristo é o Filho Unigênito e o Redentor do
mundo vale mais do que tudo o que o Irmão Merrill aprendeu em
relação à eletricidade ou às ciências físicas, por mais importante
que possa ser; e ele compreendeu isto.
Saber como são construídos os átomos é uma coisa
maravilhosa, e quantos elementos existem; mas este conhecimento
não levará o homem ao reino de Deus, embora possa ser e seja
importante.
Aprender a controlar a eletricidade e pô-la a serviço do homem,
fornecendo-lhe luz, força e calor, e ser útil em outros sentidos é
importante; porém, jamais será tão importante neste mundo, como
saber que o homem precisa arrepender-se e ser batizado para a
remissão de seus pecados.
O TESTEMUNHO É MAIS IMPORTANTE DO QUE INSTRUÇÃO
MUNDANA. O Irmão Merrill aprendeu essas verdades, e para ele, o
reino de Deus e o caminho para a vida eterna eram muito mais
importantes do que todo o saber, todo o treinamento que recebeu
nas grandes universidades do país.
Sua energia maravilhava-me. Aparentemente nunca ficava
cansado; ele amava a verdade. Ele amava a verdade da Ciência,
mas amava mais as verdades do Evangelho de Jesus Cristo.
De pé diante dos irmãos, ele prestava testemunho de que Deus
vive, que Jesus Cristo é o Redentor do mundo, o Filho Unigênito de
Deus. Contou-nos como obteve este testemunho. Ele sabia que
Joseph Smith foi e é um profeta de Deus. Sabia que o Evangelho de
Jesus Cristo foi restaurado; e em todos os anos de treinamento nas
ciências físicas e energia elétrica, nunca perdeu de vista o reino dos
céus, e sempre foi ativo em algum cargo na Igreja.
Não é qualquer homem que consegue fazer cursos nas grandes
universidades deste país e ainda assim manter-se fiel e leal aos
ensinamentos fundamentais do Evangelho de Jesus Cristo. Muitos
caem ao pé do caminho. Permitem que as filosofias do homem
pervertam seu bom senso. Deixam de orar. Começam a esquecer-
se do Senhor, e antes que o percebam, perderam contato com as
coisas de natureza espiritual. Nenhum homem nesta Igreja pode
dar-se ao luxo de seguir um rumo que o prive da orientação do
Santo Espírito.7
OBTER LUZ E VERDADE DO ESPÍRITO
COMO OBTER UM TESTEMUNHO. Não existe razão no mundo
para que uma alma não saiba onde encontrar a verdade. Basta que
ela se humilhe e busque, com espírito de humildade e fé, dirigindo-
se ao Senhor exatamente como o Profeta Joseph Smith foi ao
Senhor para encontrar a verdade, e a encontrará. Não há dúvida
quanto a isto. Não há nenhuma razão no mundo — se os homens
apenas dessem ouvidos aos sussurros do Espírito do Senhor, e
buscassem como ele deseja que busquem, o conhecimento e
compreensão do Evangelho de Jesus Cristo — para que eles não a
encontrem; nenhuma razão, exceto a dureza de seus corações e
seu amor ao mundo. “Batei, e abrir-se-vos-á.”8
OS INFIÉIS SÃO FACILMENTE ENGANADOS. Quanto mais
achegados a Deus estivermos, quanto mais nos empenhamos em
guardar seus mandamentos, e quanto mais procuramos conhecer a
sua vontade, conforme revelada, menor será a probabilidade de
sermos levados em roda por todo vento de doutrina, pelos falsos
espíritos que com astúcia enganam, e pelos espíritos dos homens.
Seremos protegidos e teremos o poder de entender, de separar a
verdade da mentira; andaremos na luz e não seremos ludibriados.
Agora, o homem que é vagaroso, o homem que é infiel, o
homem que não está disposto a guardar os mandamentos do
Senhor em todas as coisas, expõe-se a ser iludido, porque o
Espírito do Senhor não está com ele para guiá-lo e dirigi-lo, e
mostrar-lhe o caminho da verdade e justiça; e então, surgindo algum
erro, ele o absorve, porque não pode entender e reconhecer a
diferença entre verdade e mentira.9
A OBEDIÊNCIA ABRE A PORTA PARA O CONHECIMENTO DO
EVANGELHO. Tem-se perguntado que evidência eu tenho de que
existe vida após a morte. Certo educador bastante eminente
declarou há pouco que nós não temos nenhuma evidência de uma
vida depois da morte, pois que ninguém jamais voltou. Eu contesto
tal afirmativa e a declaro inverídica.
A melhor evidência que temos ou podemos receber da vida
eterna, da ressurreição ou restauração do espírito e corpo após a
morte, é aquela que nos advém da obediência ao Evangelho e do
testemunho do Espírito do Senhor. Não existe evidência maior que
esta.
O Salvador disse: “A minha doutrina não é minha, mas daquele
que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma
doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim
mesmo.”10
Esta é a chave que destrava a porta do conhecimento de nossa
existência eterna. Se os homens seguirem essa instrução,
conhecerão a verdade e reconhecerão que Jesus Cristo é de fato o
Filho de Deus e o Redentor do mundo; que ele ressurgiu dentre os
mortos no terceiro dia e, após sua ressurreição, apareceu aos seus
discípulos. Não só isto, mas que as sepulturas se abriram, como
dizem as Escrituras, “e muitos corpos de santos que dormiam foram
ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele,
entraram na cidade santa e apareceram a muitos.”11
CHAVE PARA ENTENDER AS ESCRITURAS. Cristo deu-nos
igualmente este conselho: “O espírito é o que vivifica, a carne para
nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.”12
E disse novamente: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue
não andará em trevas, mas terá a luz da vida.”13
E este é o tema central destas Escrituras. Este é o testemunho
dos discípulos do Senhor. Escrevendo aos santos, João declara em
sua primeira epístola:
“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus
mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus
mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas
qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele
verdadeiramente aperfeiçoado: nisto conhecemos que estamos
nele.”14
Bem, estas passagens das Escrituras, afirmo, formam
a chave pela qual se desvendam os mistérios da vida eterna. Não
há necessidade de homem algum estar nas trevas ou declarar que
não tem evidência da vida após a morte, e que ninguém jamais
retornou.
Em vez de ser pronunciamento de alguém sábio e erudito, tal
afirmação é um atestado de ignorância. Todos nós podemos
conhecer a verdade; não estamos desamparados. O Senhor tornou
possível a cada homem conhecer a verdade pela observância
destas leis e através da orientação do Santo Espírito — o qual é
enviado com o propósito de nos ensinar quando cumprimos a lei, a
fim de que conheçamos a verdade que nos torna livres. Assim, este
é o melhor meio de se aprender a veracidade da imortalidade e da
ressurreição dos mortos.15
MISTÉRIOS DE DEUS CONHECIDOS UNICAMENTE
ATRAVÉS DO ESPÍRITO. No Evangelho existem coisas tais como
os mistérios. Mistério é, logicamente, uma verdade não
compreendida. Todos os princípios do Evangelho e toda verdade
concernente à salvação dos homens são simples, quando
compreendidos. Entretanto, até ser entendida, uma simples verdade
pode ser um grande mistério.
As verdades do Evangelho apelam mais ao espírito, isto é, são
discernidas espiritualmente. Um homem pode saber que uma coisa
é verdadeira pelo ensinamento do Espírito, porém pode não ser
capaz de explicá-la a outros. Isto talvez não concorde com o
moderno ensinamento mundano, não obstante é verdade. As
revelações pelo Espírito do Senhor muitas vezes não podem ser
explicadas.
“E não há língua que possa falar, nem homem que possa
escrever, nem podem os corações dos homens conceber tão
grandes e maravilhosas coisas como as que vimos e ouvimos Jesus
dizer: e ninguém pode calcular a extraordinária alegria que encheu
nossas almas na ocasião em que o vimos orar por nós ao Pai.”16
MISTÉRIOS OCULTOS CONHECIDOS DOS FIÉIS. O homem
mais educado do mundo pode não ser capaz de compreender as
simples verdades do Evangelho por sua alma não estar em sintonia;
ele não foi iluminado pelo Espírito do Senhor. Ele, por conseguinte,
deixa de ver e sentir a significância desses princípios. Estes não
podem ser vistos, exceto pelo toque do Espírito Santo. Por este
motivo, Alma explicou a Zeezrom como se pode conhecer a luz do
Evangelho, dizendo:
“É dado a muitos conhecer os mistérios de Deus; é-lhes, porém,
absolutamente proibido divulgá-los, a não ser a parte de sua palavra
que ele concede aos filhos dos homens, de acordo com a
obediência e atenção que lhe dispensam.
“Portanto, aquele que endurecer seu coração, receberá uma
parte menor de sua palavra; e o que não endurecer seu coração,
receberá uma maior parte de sua palavra, até que lhe seja
concedido conhecer todos os mistérios de Deus.
“E aos que endurecerem seus corações será dada a menor
parte da palavra, até que nada saibam a respeito de seus mistérios;
e serão então escravizados pelo diabo e levados por sua vontade à
destruição. E é isto o que significam as correntes do inferno.”17
O Senhor prometeu aos santos que, sob certas condições, lhes
revelaria os mistérios de seu reino, conforme lemos em Doutrina &
Convênios, seção 76:1-10. Essas verdades não podem ser
entendidas senão pela obediência à lei do Evangelho, na qual se
baseia a obtenção desse conhecimento. Foi por essa mesma razão
que o Senhor disse a Nicodemos: “Aquele que não nascer de
novo, não pode ver o reino de Deus.”18
O ESPÍRITO CONDUZ À PLENITUDE DA VERDADE. Para
entender as coisas espirituais, o homem tem que ter discernimento
espiritual, isto é, ser guiado pelo Espírito Santo. Por esta razão é
que somos confirmados e recebemos o dom do Espírito Santo.
O Senhor espera que usemos nossas faculdades, e deu-nos a
razão como uma régua métrica para medirmos a verdade sob certas
condições. Na busca da verdade do Evangelho, tem que haver, em
primeiro lugar, o ensinamento do Espírito — Espírito falando a
espírito — e isto advém somente pela obediência à lei do
Evangelho.
O homem que não quer “fazer a vontade dele” pode procurar
eternamente, porém em vão; pois não poderá encontrá-la. Não é
encontrada na psicologia, na biologia ou sociologia, não importa
que outra verdade possa nelas ser encontrada. Quando damos
atenção ao Espírito que guia em toda a verdade, veremos que a
verdade revelada é racional e consistente com todas as outras
verdades.
Somente pela ajuda do Espírito Santo e através da obediência
aos princípios do Evangelho, poderá o homem eventualmente obter
o conhecimento de toda a verdade. Em outras palavras, aqueles
que não colocam sua vida de acordo, em todos os pormenores, com
a Vida Divina; que não ajustarem sua vida a toda lei divina através
de fé, arrependimento e obediência, jamais ficarão em posição de
compreenderem a verdade em sua plenitude. Por
conseguinte, somente no reino celestial será obtida a plenitude da
verdade.19
Todos os que não puserem sua vida “em acordo” com o Pai e o
Filho, não podem compreender as coisas de Deus. Elas lhes são
loucura.20 Por esta razão é que tantos homens letrados no mundo
falham em compreender o Evangelho, e ensinam teorias e filosofias
contrárias à verdade revelada que não conseguem entender. Nós
estamos naquele dia em que as pessoas “aprendem sempre e
nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.”21
A VERDADE: NOVA E ETERNA. Se amamos a verdade, jamais
nos cansaremos de ouvi-la. Não importa quantas vezes ouçamos a
verdade; se a amarmos, ela é sempre nova.22
A verdade permanece para sempre. Ela é sempre nova. Torna-
se mais brilhante com o uso. Quanto maior nosso contato com ela,
mais a amamos, o que não é o caso com a falsidade.23
Toda instituição de ensino, não importa onde for ou qual seja,
deveria ensinar a verdade eterna; qualquer coisa ensinada em
desacordo com a verdade tem que eventualmente perecer. Além
disso, aquilo que aprendemos em todas as experiências da vida,
deveria visar a eternidade como meta final…
O homem que é guiado pelo Santo Espírito e guarda os
mandamentos de Deus, que estiver em Deus, terá sempre o mais
claro entendimento e o melhor juízo, porque é dirigido pelo Espírito
de verdade. E o homem que confia em si mesmo ou no
conhecimento de outros homens, não terá visão tão clara, quanto
aquele que se atém à verdade e é dirigido pelo Santo Espírito.
PLENITUDE DA VERDADE SOMENTE ATRAVÉS DA IGREJA.
O homem não pode receber a plenitude da verdade, a não ser no
reino de Deus; em outras palavras, na Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias. Homem algum — não importa quão
grande sua educação, não importa quão instruído nas coisas do
mundo, não importa o que fará nas eternidades vindouras — jamais
alcançará a meta de perfeição na verdade ou a plenitude de luz e
entendimento, fora do reino de Deus. E quando digo reino de Deus,
refiro-me ao reino celestial.
Permiti-me ler este versículo: “E nenhum homem receberá a
plenitude, a não ser que guarde seus mandamentos. Aquele que
guarda os seus mandamentos recebe verdade e luz, até que seja
glorificado em verdade e conheça todas as coisas.”24 E esta é a
promessa feita a nós como membros da Igreja, se andarmos na luz
do Espírito de verdade, ou o Consolador, e na plenitude do
Evangelho de Jesus Cristo, guardando os mandamentos de Deus.
Vós não podeis encontrar a plenitude em nenhum outro lugar.
Os homens podem investigar; podem estudar, podem, naturalmente,
aprender uma porção de coisas; podem acumular um grande acervo
de informações; porém, jamais serão capazes de alcançar a
plenitude e a inteligência de que fala esta revelação, a menos que
sejam guiados pelo Espírito da verdade, o Espírito Santo, e
guardem os mandamentos de Deus.
NA RESSURREIÇÃO, APRENDEREMOS MAIS VERDADE. O
homem que busca a Deus e é guiado pelo Espírito da verdade, ou o
Consolador, e persevera em Deus, crescerá em conhecimento, em
luz, em verdade, até que eventualmente há de chegar-lhe o dia
perfeito de luz e verdade.
Agora, nós não conseguiremos tudo isto nesta vida. Ao homem é
impossível atingir essa meta nos poucos anos de existência mortal.
Mas o que aprendemos aqui, aquilo que é eterno, que é inspirado
pelo Espírito da verdade, continuará conosco no além-túmulo, e
então continuaremos a receber, se ainda perseverarmos em Deus,
luz e verdade, até chegarmos eventualmente àquele dia perfeito.25
LUGAR DA RAZÃO NA BUSCA DA VERDADE. A razão é muito
boa quando usada inteligentemente. Não existe um princípio do
Evangelho que não interesse à razão do homem, pois todo princípio
do Evangelho de Jesus Cristo é racional, claro e facilmente
compreensível com o auxílio do Espírito da verdade. Porém, o
homem não pode determinar, com a força de seu próprio raciocínio,
sem ajuda do Espírito de Deus, o poder e graça salvadora dos
princípios do Evangelho e esperar descobrir a Deus. Ele não pode
fazê-lo!26
Embora os princípios do Evangelho sejam racionais e possamos
empregar a razão para discuti-los todos, e embora toda verdade
esteja em perfeito acordo com toda outra verdade — seja ela
ensinada na filosofia, biologia, sociologia ou qualquer outro ramo da
Ciência — ainda assim é preciso entender que temos que andar
pela fé bem como pela vista na descoberta da verdade. Isto é válido
em qualquer campo de pesquisa. Não existe estudo científico em
que os nele engajados não andem pela fé. Além disso, em toda
nossa consideração dos princípios do Evangelho e da salvação dos
homens, não devemos perder de vista o fato de que as coisas de
Deus só são conhecidas com ajuda do Espírito de Deus, e não
podem ser discernidas pelo espírito do homem.27
Pode-se aprender mais e chegar mais perto da verdade dando
ouvidos ao testemunho dos servos do Senhor e atendendo aos
ensinamentos do Espírito do Senhor, do que seria possível
seguindo-se os mandamentos e ensinamentos de homens que
receberam seu entendimento e seu saber no espírito e na sabedoria
do homem.28
PROVAR OS ESPÍRITOS. Nós devemos provar os espíritos.
Devemos prová-los, a fim de saber de que fonte eles vêm.
Como vamos provar os espíritos e compreender quais estão
certos e quais errados, a menos que nós próprios estejamos
andando na luz? A não ser que estejamos estudando e ponderando
os princípios do Evangelho, poderemos ser enganados. Se não
tivermos em nossos corações o espírito de oração, de fé, de
humildade, e não tivermos sido obedientes ao nosso Pai Eterno,
como então iremos distinguir tais espíritos e descobrir o que vem de
Deus e o que vem do homem ou de alguma fonte maléfica?…
Não há necessidade alguma de os homens fecharem os olhos e
acharem que não existe nenhuma luz, apenas no que podem
depender da própria razão, pois o Senhor sempre se mostrou
disposto a guiar, dirigir e mostrar o caminho. Ele tem enviado
mensageiros de sua presença. Tem mandado revelações. Ordenou
que sua palavra fosse escrita e publicada, para que todo mundo
pudesse conhecê-la.29
EXAMINAR AS ESCRITURAS
O CONHECIMENTO DO EVANGELHO PRECEDE A
OBEDIÊNCIA. Não há nada neste mundo de tanta importância para
nós como obediência ao Evangelho de Jesus Cristo. Examinemos
estas Escrituras. Saibamos o que o Senhor tem revelado.
Coloquemos nossa vida em harmonia com a sua verdade. Então
não seremos ludibriados, mas teremos força para resistir ao mal e à
tentação. Nossa mente será vivificada e seremos capazes de
compreender a verdade e separá-la do erro. O homem que não
consegue separar a verdade do erro é alguém que não se
conservou em harmonia com o Espírito de Deus.30
Uma das exigências que nos é feita como membros da Igreja, é
familiarizar-nos com aquilo que o Senhor tem revelado, para que
não sejamos levados ao erro, pois o Senhor disse que existem
muitos espíritos à solta na terra. Alguns destes são espíritos de
homens. Alguns são espíritos de demônios; mas ele nos deu o seu
Espírito, se quisermos recebê-lo, e este Espírito guia e dirige em
toda a justiça. Como iremos andar na verdade, se não a
conhecermos?31
ESTUDAR TUDO O QUE TEM SIDO REVELADO. Nós
declaramos: “Cremos em tudo o que Deus tem revelado, em tudo o
que ele revela agora, e cremos que ele ainda revelará muitas
grandes e importantes coisas pertencentes ao Reino de
Deus.”32 Sendo isto verdade, torna-se necessário que entendamos
tudo o que ele tem revelado e o que está revelando agora; do
contrário, não estaremos a par de sua obra e não podemos
conhecer a sua vontade a nosso respeito, por não a
compreendermos.
Não há nenhuma desculpa válida por parte de qualquer membro
da Igreja para demonstração de ignorância dos princípios
fundamentais do Evangelho, conforme são agora revelados e
publicados para o benefício do mundo, pois nossa atenção tem sido
chamada poderosamente para eles e fomos ordenados a nos
familiarizar com eles pelo estudo e também pela fé. Eles são
acessíveis e estão ao alcance de todos.
A fim de se realizar a exaltação dos santos, é sumamente
desejável que todos os membros da Igreja se familiarizem,
inteligentemente, com tudo o que o Senhor tem revelado através de
seus servos, os profetas. Assim fazendo, podemos travar
conhecimento com sua vontade e entender a razão de cada
mandamento que ele deu, e aprender a sermos obedientes às leis e
ordenanças preparadas para nossa salvação.
IMPOSSÍVEL SER SALVO EM IGNORÂNCIA. O Senhor
abomina a ignorância indesculpável concernente aos princípios
vivificantes do Evangelho que, de tempos em tempos, desde o
princípio, tem proclamado a um povo perverso, através de seus
profetas escolhidos, para que todos os que se arrependessem e
recebessem a verdade, pudessem ser instruídos em todas as coisas
essenciais à sua educação nas coisas celestiais.
O Senhor se deleita grandemente com seus filhos, quando estes
devotam seu tempo e energias ao estudo e reflexão, com o desejo
de obter um perfeito conhecimento desses grandes princípios e
mandamentos, porque, sem os conhecer e obedecer, não podemos
ser salvos.
A todos os que receberem a luz da verdade e, através de sua
pesquisa e obediência se empenham em familiarizar-se com o
Evangelho, foi prometido que receberão linha sobre linha, preceito
por preceito, um pouco aqui, um pouco ali, até que a plenitude da
verdade seja a sua porção; mesmo os mistérios ocultos do reino se
lhes darão a conhecer: “Porque, aquele que pede, recebe: e, o que
busca, encontra: e, ao que bate, se abre.”33 Todos esses são
herdeiros da salvação, e serão coroados com honra, glória,
imortalidade e vida eterna, como filhos e filhas de Deus, com uma
exaltação em seu reino celestial.
POR QUE PAULO EXORTAVA OS SANTOS A ESTUDAREM AS
ESCRITURAS. “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso
ensino, foi escrito para que, pela paciência e consolação das
Escrituras, tenhamos esperanças.”34 Assim escreveu o Apóstolo
Paulo em sua epístola aos santos de Roma com referência aos
escritos inspirados dos antigos profetas.
E novamente, escreveu a Timóteo: “Toda a Escritura
divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça.”35
Por estas razões, ele recomendava que os santos de sua época
estudassem os escritos proféticos dos servos do Senhor, para que
pudessem aumentar seu conhecimento das sagradas Escrituras e
crescer em graça perante o Senhor, no entendimento das doutrinas
da Igreja, e com isto recebessem conforto na esperança de
salvação eterna…
DIFICULDADES DE ESTUDO NA IGREJA PRIMITIVA. Na
época em que Paulo escreveu a Timóteo e aos santos romanos,
não havia como obter cópias da Bíblia, pois os livros que compõem
nossas Escrituras Sagradas ainda não haviam sido compilados.
Tampouco eram eles encontrados nos arquivos de todas as igrejas.
Afortunados, na verdade, os membros de qualquer ramo da Igreja,
naquele tempo, que possuíssem uma coleção completa dos livros
de Moisés, os escritos dos profetas antigos e uma parte muito
limitada das epístolas dos apóstolos. Os quatro Evangelhos ainda
não haviam sido escritos, e os santos dependiam quase
exclusivamente do testemunho de testemunhas vivas quanto aos
ensinamentos do Filho de Deus.
Os livros que possuíam eram escritos a mão sobre pergaminho,
em forma de rolo. Estes eram geralmente guardados e considerados
como coisa muito sagrada pelos eruditos escribas ou sacerdotes,
que confinavam tais escritos com cioso cuidado dentro dos recintos
sagrados das sinagogas, onde não estavam expostos aos olhares
do povo comum ou sujeitos aos seus toques profanos.
ESTUDIOSOS DO EVANGELHO ENTRE OS SANTOS
PRIMITIVOS. Naqueles tempos, era desconhecida a arte de
imprimir, e a escrita dos livros sagrados exigia muita paciência,
tempo e destreza, a fim de reproduzi-los até mesmo para uso nas
sinagogas ou locais de reunião do povo. Por isso, o estudo das
Escrituras — aquelas que tinham a felicidade de possuir — pelo
povo em geral, naquele tempo, era de fato um grande privilégio.
A arte de ler e escrever não era então universal, mas limitada
quase exclusivamente à classe dos escribas que copiavam os
escritos sagrados, também considerados intérpretes da palavra
sagrada, e aos sacerdotes e mestres que eram treinados como
instrutores do povo.
Todavia, apesar de suas limitadas oportunidades, os santos
eram mandados pelos apóstolos antigos, e mesmo pelo próprio
Senhor, nosso Redentor, a se familiarizarem com os escritos de
todos os profetas; e, apesar da grande desvantagem sob a qual
labutavam, muitos dos santos primitivos tornaram-se
extraordinariamente peritos no conhecimento do Evangelho do
Senhor e zelosos defensores da palavra escrita.36
COMO ENTESOURAR A PALAVRA DO SENHOR. Seria muito
bom se seguíssemos o conselho que o Senhor nos deu e que é: “E
o que entesourar minha palavra, não será enganado.”37 Entesourar
sua palavra é muito mais do que lê-la apenas. Para entesourá-la, é
preciso não apenas ler e estudá-la, mas procurar com humildade e
obediência cumprir os mandamentos dados, e ganhar a inspiração
que o Santo Espírito concederá.38
NÃO SE ENVOLVER COM OS “MISTÉRIOS”. Devemos manter
os pés no chão e não nos deixar arrebatar para a esfera do
misterioso, do especulativo, das coisas que o Senhor ainda não
esclareceu. Existem tantos assuntos importantes concernentes aos
nossos deveres e salvação que estão clara e positivamente
revelados; é com esses que devemos empregar nosso tempo e os
quais deveríamos estudar com seriedade.
A discussão de mistérios e doutrinas só parcialmente reveladas,
pode aguardar a vinda do Senhor, pois então “ele revelará todas as
coisas —Coisas passadas e coisas ocultas, desconhecidas dos
homens, coisas da terra, pelas quais foi feita, seu propósito e fim.”39
Os princípios fundamentais do Evangelho — tudo o que tem a
ver com a salvação do homem — são muito claros e podem ser
entendidos pelos de mediana inteligência. Gastar tempo discutindo
questões inúteis que não têm significado algum para nossa
salvação, e nenhuma relação com os mandamentos e obrigações
requeridos de nós pelo plano de salvação, é simples passatempo
inútil.
Se estamos certos ou errados no campo dos mistérios, não fará
diferença alguma no que diz respeito aos nossos atos individuais, e
tampouco nos há de exaltar ou condenar, desde que não
transformemos nosso parecer em fetiche ou saiamos por uma
tangente, destruindo a nós mesmos.
AS RESPOSTAS DO EVANGELHO NÃO SATISFARÃO A
TODOS. Reconheço ser impossível satisfazer todas as almas a
respeito de muitas questões. O Salvador não conseguiu satisfazer a
todos os que ouviram seus ensinamentos. Para muitos, ele era
inconsistente; era amigo de publicanos e pecadores; acusavam-no
de beberrão e de curar os doentes pelo espírito de Belzebu; certos
hábitos seus, como, por exemplo, o não cumprimento do lavamento
cerimonial judaico antes da refeição, eram condenados.
Se buscarmos em humildade, com “um coração quebrantado e
espírito contrito,”40 a orientação do Espírito do Senhor, não
encontraremos muitas dificuldades intransponíveis, as aparentes
discrepâncias se desvanecerão, e seremos capazes de ver a
sabedoria do Todo-Poderoso em tudo o que ele tem revelado.41
Anotação
1. 2 Timóteo 3:7.

2. Joseph Fielding Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pp. 288, 293, 316, 322. 324.

3. D & C 93:36-37.

4. D & C 93:26-27.

5. Millennial Star, vol. 102, pp. 514-516.

6. Merrill, Joseph F. — (1868-1952), ordenado apóstolo em 1931.

7. Church News, 13 de fevereiro de 1952, pp. 3-4. Comentários feitos por ocasião do funeral do Élder Joseph
F. Merrill, do Conselho dos Doze.

8. Conference Report, abril de 1951, p. 59; Mateus 7:7-11; Tiago 1:5.

9. Conference Report, abril de 1940, pp. 98-99; D & C 50:2-35.

10. João 7:16-17.

11. Mateus 27:52-53.

12. João 6:63.

13. João 8:12.

14. 1 João 2:3-5.

15. Church News, 3 de junho de 1933, p. 5; João 14:26; 15:26-27; 16:13-14.

16. 3 Néfi 17:17.

17. Alma 12:9-11.

18. João 3:3.

19. D & C 50:23-28; 93:26-28.

20. 1 Cor. 1:17-31; 2:1-16.

21. Corresp. Pessoal; 2 Tim. 3:7.

22. Church News, 31 de maio de 1947, p. 1.

23. Conference Report, outubro de 1924, p. 99.


24. D & C 93:27-28.

25. Church News, 30 de março de 1940, pp. 1, 4-5; D & C 50:23-28.

26. Conference Report, abril de 1916, p. 71.

27. Corresp. Pessoal; 1 Cor. 2:1-16.

28. Conference Report, outubro de 1917, p. 69.

29. Conference Report, outubro de 1931, p. 15; 1 João 4:1; 1 Tim. 4:1.

30. Church News, 6 de maio de 1939, p. 8; João 5:39; D & C 1:37.

31. Conference Report, outubro de 1934, p. 65.


a
32. 9. Regra de Fé.

33. Mateus 7:8; D & C 76:1-10; 98:11-15; 121:26-32; 128:21; Isaías 28:9-13.

34. Romanos 15:4.

35. 2 Tim. 3:16.

36. Young Women’s Journal, pp. 591-592.

37. Joseph Smith 1:37.

38. Era, vol. 45, p. 780.

39. D & C 101:32-33.

40. D & C 59:8.

41. Corresp. Pessoal.


CAPÍTULO 18
ENSINO DO EVANGELHO
ERGUER A VOZ DA ADVERTÊNCIA
NOSSAS DUAS GRANDES RESPONSABILIDADES. A Igreja
tem duas grandes responsabilidades, isto é, os membros da Igreja
têm essas responsabilidades… É nosso dever individual pregar o
Evangelho por preceito e pelo exemplo entre nossos semelhantes.
Na seção 88, de Doutrina & Convênios, somos informados de que
mesmo os que são prevenidos, estão sob a obrigatoriedade de
receber a mensagem e também prevenir seus semelhantes.1
As pessoas que estão vivendo têm o direito de ouvir a
mensagem, por isso essa responsabilidade de ensinar o mundo é
tão importante. Não podemos fugir dessa obrigação. O Senhor
declarou que a vinda está próxima e que ele abreviaria seu trabalho
em retidão. É dever nosso, portanto, fazer tudo o que pudermos, e o
Senhor trará em nosso auxílio outras forças além dos nossos
missionários, para que sua obra possa progredir e suas palavras
sejam cumpridas.2
Falo dessa responsabilidade nesta hora, por temer que possa
haver alguns que pensem que o trabalho que estão fazendo é a
grande obra desta dispensação. As pessoas engajadas no trabalho
da Sociedade de Socorro, Escola Dominical e da AMM acham que
têm grandes responsabilidades, e têm mesmo, mas o trabalho delas
não eclipsa o grande dever de pregar o Evangelho ao mundo.
A outra grande responsabilidade que cabe a cada um de nós
individualmente é buscarmos nossos mortos.3
PREGAR A UM MUNDO INÍQUO. Bem, há muitas obrigações
que devemos ao Senhor. Existe a obrigação de pregar o Evangelho
a uma geração malvada e perversa, e estas são palavras do
Senhor, por isso não me acuseis de chamar o mundo de
malvado.4 Ele o é. Posso testificá-lo pelo que tenho visto, e
asseguro-vos que vi apenas uma pequena parte da iniquidade.
Mas o mundo de hoje é imundo, bêbedo, saturado e fedendo a
tabaco. O mundo está cheio de imoralidade. É um mundo decaído.
Tem sido um mundo decaído desde que Adão foi expulso do Jardim
do Éden; ainda assim, estamos nele, e o Senhor deu-nos a missão
de assisti-lo, de sermos seus agentes neste mundo, de regenerá-lo,
à medida que for possível ocasionar essa regeneração. Ela nunca,
será conseguida inteiramente, até onde nos diz respeito. Com nossa
pregação, não conseguiremos salvar grande número de almas.5
O Senhor deu aos homens o arbítrio. Eles podem agir por si
próprios, podem escolher, fazer o bem, ou podem escolher fazer o
mal.6 O Senhor disse que os homens amam mais as trevas do que a
luz, porque as suas obras são más.7 Mas nossa missão é, digo, até
o limite de nosso poder, regenerar, levar ao arrependimento tantos
filhos de nosso Pai nos céus quantos nos for possível. Esta é uma
de nossas obrigações; é uma das obrigações que o Senhor impôs à
Igreja, e mais particularmente aos quóruns do Sacerdócio da Igreja;
ainda assim, esta obrigação pertence a cada alma.
É o dever de cada membro desta Igreja pregar o Evangelho por
preceito e pelo exemplo.8
NOSSA MENSAGEM PARA O MUNDO. Nós somos
testemunhas da verdade. Todo homem portador do Sacerdócio
nesta Igreja tem a missão de pregar a Jesus Cristo, e este
crucificado. Esta é a nossa mensagem para o mundo; e a
mensagem é extremamente necessária, em face das falsas
doutrinas ensinadas pelo poder de homens. Quando os homens se
desviam do Senhor e procuram encontrar a verdade eterna sem sua
ajuda, nossa missão de chamá-los ao arrependimento e à fé na
redenção proporcionada através da expiação do Filho de Deus, cujo
sangue foi derramado pelos pecados do mundo, torna-se ainda mais
urgente…
Nossa mensagem para o mundo e nossa missão é pregar esta
verdade e estabelecer fé no coração do povo, e esforçarmo-nos a
fazê-lo crer em Jesus Cristo como seu Redentor e como Filho de
Deus.9
Hoje em dia, os homens amam mais as trevas do que a luz,
exatamente como o faziam nos dias do Redentor. Eles estão cegos
para com a verdade e retidão; eles não as veem. Nossa missão é
proclamá-las.10
PREVENIR OS INÍQUOS. Todos nós sabemos que o mundo
está em desgraça por causa da iniquidade. Pessoas em todas as
terras rejeitam o Evangelho, e os julgamentos do Senhor têm-se
derramado sobre elas. Esses julgamentos continuam e hão de
continuar, se o povo não se arrepender. O Senhor disse que ele virá
pôr as coisas em ordem, quando estiver cheio o cálice da
iniquidade. Os missionários da Igreja têm sido enviados
para advertir o povo e reunir dentre as nações e dentre os de nossa
própria terra todos os que estão dispostos a se arrepender e receber
o Evangelho. São mandados também prevenir os outros, para que
possam escapar das calamidades e dos julgamentos que estão
fadados a continuar, se o povo não receber o Evangelho.11
Quando vemos o mal espreitando, quando vemos perigos
ameaçando o povo, especialmente os santos dos últimos dias, é
nossa obrigação erguer a voz da advertência e não apenas em
benefício dos santos dos últimos dias, mas prevenir todo o povo,
pois nossa missão é de âmbito mundial, e devemos advertir todos
os homens e dar-lhes a oportunidade de se arrepender, de servir ao
Senhor e guardar seus mandamentos, se quiserem. Se não
quiserem, ainda assim salvamos nossas almas. Estamos limpos do
sangue desta geração. Este é o nosso dever.12
DEVERES DAS SENTINELAS NAS TORRES. Nós somos
sentinelas nas torres de Sião. O Senhor depositou em nossas mãos
grandes e maravilhosas responsabilidades. Homem algum, em
qualquer parte de toda a terra, independentemente de seu
chamado, tem responsabilidade igual àquela que recebemos, pois
nos foi conferido o Sacerdócio de Deus. Nós somos possessores de
autoridade divina e fomos designados como seus servos e
sentinelas nas torres de Sião.
Nosso dever é ensinar, guiar e dirigir os membros da Igreja no
caminho da retidão. Nosso dever é dar exemplo ao mundo, para
que, vendo nossas boas obras, eles glorifiquem nosso Pai que está
nos céus, e tenham fé e confiança em nós. É nosso dever prevenir
todos os homens e procurar ensinar-lhes a verdade, de modo
que aqueles que não quiserem atender fiquem sem desculpas.13
DAR OUVIDOS ÀS ADVERTÊNCIAS DAS AUTORIDADES DA
IGREJA. É dever das autoridades da Igreja falar por inspiração e
revelação. Se a congregação, ou parte dela, deixar de dar ouvidos à
advertência ou aceitar o conselho, a instrução que esses homens
com autoridade dão — particularmente aquele que possui as chaves
de autoridade — ainda assim esses homens têm por dever dar essa
instrução, mesmo que sintam que ela não será seguida. Então a
responsabilidade fica sobre os ombros daqueles que a ouviram, e
caso se recusem a recebê-la, o pecado cairá sobre suas próprias
cabeças, e terão que responder por ele.
O Senhor disse: “Seja [dito] pela minha própria voz, ou pela de
meus servos, não importa.”14 Li isto no prefácio do maravilhoso livro
do qual nos falou o Presidente Rudger Clawson:15
“E o braço do Senhor se manifestará; e se aproxima o dia em
que aqueles que não ouvirem a voz do Senhor, nem a de seus
servos, nem atenderem às palavras dos profetas e apóstolos, serão
desarraigados de entre o povo.”16
Aqueles membros da Igreja que criticam e dizem que prestamos
atenção demais a isto ou aquilo, e assim confessam seus pecados,
deveriam atender e arrepender-se, pois caso se recusarem a aceitar
os conselhos que são dados, então a responsabilidade dessa
desobediência é deles, e terão que responder por ela.17
PREPARAR-SE PARA DEFENDER A VERDADE. Temos que
estar preparados para defender a verdade e, como homens
portadores do santo Sacerdócio, que foi restaurado pela abertura
dos céus e a imposição de mãos, por santos mensageiros enviados
da presença do Senhor, estar preparados para proteger os membros
da Igreja contra os astuciosos estratagemas que estão sendo
empregados em oposição ao Evangelho para afastar nossos
membros insuficientemente informados e carentes do inabalável
testemunho que a fidelidade e obediência asseguram a toda alma.
Uma guerra quieta, insidiosa, com certo temor por causa da
expansão da verdade, está sendo movida contra a restauração da
verdade divina.18
ENSINO NA IGREJA
QUALIFICAÇÕES DOS PROFESSORES DA IGREJA. A
questão do ensino é de suma importância. Não podemos estimar
seu valor quando bem executado; tampouco conhecemos a
extensão do mal que pode resultar, quando é mal feito. Seja nas
escolas, nos seminários, organizações auxiliares ou quóruns do
Sacerdócio da Igreja, a maior qualificação requerida de um
professor é que tenha fé nos princípios do Evangelho; que creia nos
princípios da verdade revelada conforme têm vindo através de
profetas inspirados em nossos dias, bem como nos tempos antigos;
e que exerça seu privilégio de ser professor no espírito de oração e
fé.
Estou de pleno acordo com o mandamento conforme está
escrito nesta revelação.19 A menos que um homem tenha
conhecimento da verdade, tenha fé na palavra do Senhor e seu
poder, e seja guiado pelo Espírito do Senhor, ele não deverá
ensinar. É-nos ordenado que atendamos “diligentemente às
palavras de vida eterna”, porque devemos viver “de toda a palavra
que sai da boca de Deus. Pois a palavra do Senhor é a verdade, e
tudo o que é verdade, é luz, e tudo que é luz, é Espírito, mesmo o
Espírito de Jesus Cristo.”20
PARA OS PROFESSORES, MAIS VALE A Fé DO QUE
INSTRUÇÃO. Neste época de maravilhosos privilégios e
oportunidades educacionais para a obtenção de conhecimento, no
conceito do mundo, podemos achar que a coisa principal requerida
de um professor é ele ter uma educação liberal. É muito importante
que os homens que arcam com a responsabilidade de ensinar
sejam instruídos; que tenham conhecimento em sentido geral;
porém, não importa qual possa ser a instrução ou escolaridade de
um homem — quantos diplomas ele possua — se ele não tiver fé no
Evangelho de Jesus Cristo e não recebeu do Espírito do Senhor
nenhum testemunho da verdade divina que tem sido revelada, ele
não está qualificado para ensinar em organização alguma dentro da
Igreja.
Temo que aqueles que servem como bispos ou presidentes de
estaca e outras posições de liderança, às vezes descuidem desse
fato, e ao escolherem professores para as classes, como instrutor
de professores ou seja lá onde for, pensem nas qualificações
acadêmicas da pessoa como seriam consideradas no mundo,
esquecendo-se das qualificações espirituais e doutrinárias que são
as essenciais.
Não se deve chamar um professor principalmente por causa de
sua instrução ou méritos acadêmicos, sem levar em consideração
sua humildade, sua fé e sua integridade para com a causa da
verdade, a qual se espera ele represente. Este treinamento não se
obtém pelo estudo de ciências, artes ou literatura, mas através da
oração, fé e dos influxos do Espírito do Senhor. Nunca é demais
frisar que o homem ou mulher sem fé no Evangelho, conforme foi
revelado nos dias em que vivemos, não deve ensinar. O Senhor deu
grande ênfase a isto.
VALOR DAS ALMAS JÁ DA IGREJA. É muito importante a
época em que vivemos, a nossa mensagem e autoridade no mundo
são as coisas mais importantes do mundo. A alma dos membros da
Igreja é tão importante na vista do Senhor, como a alma das
pessoas no mundo, às quais nossos missionários levam o plano de
salvação. Na verdade, se devesse haver uma escolha, uma alma já
na Igreja — uma que se encontre no convênio —é apenas um
pouco mais querida ao Pai, se possível, do que uma que esteja lá
fora. Naturalmente, o Senhor não faz acepção de pessoas, e todas
as almas são preciosas aos olhos dele, mas ele, sem dúvida, ama
mais aquelas que obedecem a sua voz e estão dispostas a andar na
sua verdade do que as que deixam de fazê-lo.
Deveríamos dedicar nosso tempo e dar diligente atenção ao
treinamento dos membros da Igreja. Professores cheios do Espírito
do Senhor e comprovadamente fiéis devem ser chamados para
essa posição; aqueles que não foram assim provados e aprovados
não deveriam ser chamados para instruir os membros.
O que alcançaremos, se despendermos nosso tempo e meios
pregando no mundo, a fim de converter pessoas ao Evangelho, se
nas estacas e alas colocamos diante de nossa juventude instrutores
que destroem no coração dos jovens a fé na divina mensagem
confiada aos nossos cuidados?21
DESVIAR ALMAS DA VERDADE — UM PECADO MEDONHO.
Os instrutores de nossas escolas, institutos, seminários, classes do
Sacerdócio e auxiliares devem ter o máximo cuidado em resguardar
a verdade revelada dos céus! Devemo-nos precaver
cuidadosamente para não ensinar o que é falso, e assim desviar
almas para caminhos que conduzem à morte e para longe da
exaltação no reino de Deus. “E o Espírito ser-vos-á dado pela
oração da fé; e, se não receberdes o Espírito, não devereis
ensinar.”22 Não existe maior crime no mundo inteiro do que ensinar
doutrinas falsas e desencaminhar os incautos, afastando-os das
verdades eternas do Evangelho.23
Todos nós seremos julgados de acordo com nossas obras, toda
alma. Tenho pensado frequentemente em meu lugar e
responsabilidade nesta Igreja. Que coisa terrível não seria sair a
ensinar, a guiar homens para conduzi-los para algo que não é
verdadeiro. Creio que o maior crime em todo este mundo é afastar
homens e mulheres, os filhos de Deus, dos princípios
verdadeiros. No mundo de hoje vemos filosofias de vários tipos,
tendentes a destruir a fé, fé em Deus, fé nos princípios do
Evangelho. Que coisa terrível!
O Senhor diz que, se trabalharmos todos os nossos dias e
salvarmos apenas uma alma, nossa alegria com ela será imensa:
por outro lado, quão grande não será nosso pesar e condenação,
se, por causa de nossos atos, tivermos desviado uma alma da sua
verdade.24
Aquele que cega uma alma, aquele que espalha falsidades,
aquele que destrói através de seus ensinamentos a verdade divina,
verdade que levaria o homem ao reino de Deus e à sua plenitude,
quão grande não será sua condenação e sua punição na
eternidade. Pois a destruição de uma alma é a destruição da maior
coisa que jamais foi criada.25
Os SANTOS ESTÃO SEDENTOS DE CONHECIMENTO DO
EVANGELHO. Minha experiência ensinou-me que o povo da Igreja
tem fome de temas evangélicos. Penso que eles têm sido
“saturados” com filosofia e conceitos éticos, e clamam pelas coisas
fundamentais do Evangelho de Jesus Cristo.26
Por toda a extensão do país tem-se ouvido o clamor de que as
igrejas estão vazias; os púlpitos estão sendo abandonados; casas
de culto estão à venda ou sendo transformadas para outros fins.
Ministros que professam ser cristãos postam-se diante de suas
congregações e confessam, sem pejo, não terem fé na missão
divina de Jesus Cristo. Aceitam-no meramente como grande mestre
moral e ético, mas não como o Filho Unigênito de Deus.
QUANDO A VERDADE NÃO É ENSINADA, VEM A
APOSTASIA. A educação moderna afirma que nunca houve coisa
como a queda do homem, mas que neste mundo mortal as coisas
sempre andaram como hoje. Dizem que morte e mutação sempre
foram condições naturais nesta terra e que no universo inteiro
prevalecem as mesmas leis. Declaram que o homem ascendeu ao
elevado lugar que agora ocupa no decorrer de incontáveis eras de
desenvolvimento que gradualmente o foram distinguindo de formas
de vida inferiores.
Tal doutrina descarta obrigatoriamente a história de Adão e do
Jardim do Éden, que é tida como mito, por nós herdado de um
remoto tempo de tola ignorância e superstição. Ainda mais, ensina-
se que, como sempre houve morte aqui e uma condição natural
prevalece em todo o espaço, não poderia haver possivelmente uma
redenção da transgressão de Adão, por conseguinte não havendo
necessidade de um Salvador para um mundo caído.
Sob tais circunstâncias, é de admirar que as igrejas estejam
desertas; que mais da metade da população dos Estados Unidos se
tenha tornado indiferente, se não antagônica à religião? O mesmo
acontece igualmente em outros países.
Não é possível adotarmos a atitude que destrói a fé em Deus e
lança dúvida sobre sua obra, e depois receber a orientação benéfica
do seu Espírito. Da frequência aos locais de culto o povo transferiu
sua devoção aos locais de diversão, e todos os homens sabem que
muito do que se obtém nesses lugares é sumamente prejudicial se
não moralmente ofensivo.27
ENSINO DE NOSSOS FILHOS
OS PAIS DEVEM ENSINAR OS FILHOS. Se deixarem de
ensinar seus filhos por preceito e pelo exemplo, os pais serão
responsáveis pelas ações dos filhos.
Se os pais fizeram todo o possível para ensinar seus filhos
corretamente por preceito e pelo exemplo, e os filhos se
desencaminharem, os pais não serão responsabilizados e o pecado
recairá sobre os filhos.28
O Pai jamais abdicou de seu direito aos filhos nascidos neste
mundo. Eles ainda são seus filhos. Ele os colocou aos cuidados de
pais mortais com a admoestação de que fossem criados em luz e
verdade.29 A responsabilidade primordial, e isto fundamentalmente,
de ensinar seus filhos em luz e verdade cabe aos pais.
A IGREJA DEVE ENSINAR AS CRIANÇAS. Esse mandamento
não impede ou nega à Igreja o privilégio de colaborar na instrução
das crianças. É por esta razão que temos na Igreja as organizações
auxiliares dadas por inspiração e mandamento do Senhor. Entre
essas organizações para o ensino das crianças destaca-se a Escola
Dominical que tem realizado, no passado, um trabalho maravilhoso
instruindo os membros da Igreja. Os pais devem valer-se dos
serviços dessa grande organização para a instrução dos filhos.
Nessa instrução das crianças na Igreja existem dois pontos
vitais: Primeiro, assegurar que nas lições não seja incluído nada
além das doutrinas fundamentais e estabelecidas; segundo, que
somente pessoas do Espírito do Senhor e que possuem um
testemunho da verdade sejam chamadas para lecionar nas
classes.30
Nossa grande organização da AMM adotou como lema: “A
Glória de Deus É Inteligência”, e às vezes tenho lamentado que
pararam ali. Vimos ensinando ao povo de toda parte que a glória de
Deus é inteligência, interrompendo a citação no meio de uma
sentença e assim causando, quem sabe, certa confusão. Mas o
Senhor continua dizendo: “… ou em outras palavras, luz e verdade”.
Assim, se criarmos nossos filhos em luz e verdade, eles não serão
tão perturbados pelo ser perverso, porque a luz e verdade a ele
renunciam, e ele não tem lugar com luz e verdade.31
ENSINAR POR PRECEITO E EXEMPLO NO LAR. No lar deve
haver oração, fé, amor e obediência a Deus. Os pais têm por dever
ensinar a seus filhos os princípios salvadores do Evangelho de
Jesus Cristo, para que saibam por que precisam ser batizados e se
incuta em seus corações o desejo de continuarem a guardar os
mandamentos de Deus depois do batismo, a fim de que possam
retornar a sua presença.
Vós, meus bons irmãos, quereis bem a vossas famílias, vossos
filhos? Quereis ser selados a vossos pais que vos
antecederam? Quereis que esta unidade familiar seja perfeita
quando e se vos for permitido entrar no reino celestial de
Deus? Neste caso tereis que começar a ensinar vossos filhos na
mais tenra infância. Deveis ensinar por preceito bem como pelo
exemplo. Deveis ajoelhar-vos com vossos filhos em oração. Deveis
ensinar-lhes em toda humildade a missão de nosso Salvador, Jesus
Cristo. Tendes que mostrar-lhes o caminho, e o pai que mostrar o
caminho ao filho não lhe dirá:
— Filho, vá à Escola Dominical ou à reunião sacramental ou do
Sacerdócio, — mas sim: — Filho, venha comigo.
Ele o ensinará pelo exemplo.
AS DOUTRINAS DEVEM SER ENSINADAS NO LAR. A oração
familiar será no lar. Pela manhã, quando a família se levanta para as
fainas do dia, o pai reunirá sua família e, ajoelhados em oração,
dará graças ao Senhor por suas bênçãos. À noite ele os reunirá
novamente para orarem ajoelhados na unidade familiar. E todas
estas coisas serão ensinadas no lar porque nós o queremos intacto.
Não queremos vê-lo destruído quando passarmos para o outro
lado…
Estais ensinando essas verdades a vossos filhos, meus irmãos?
Estais instruindo-os de maneira tal que quando casarem, desejarão
ir à casa do Senhor? Estais ensinando-os de maneira que desejarão
receber a grande investidura que o Senhor lhes tem reservado?
Incutistes-lhes o fato de que podem ser selados como marido e
mulher e terem conferidos sobre si todos os dons e bênçãos
pertencentes ao reino celestial, tornando-se assim os filhos e filhas
de Deus; e incutistes-lhes a grande verdade que se não forem
casados para o tempo e eternidade, eles se levantarão na
ressurreição dos mortos separados e isolados, para serem servos
dos que pertencem à família de Deus? Tendes feito isto? Estais
fazendo isto?32
PREPARAR O CAMINHO DOS MESTRES FAMILIARES. Há
muita coisa que podemos fazer individualmente como membros da
Igreja sem a necessidade de sermos ensinados por nossos
instrutores. O Senhor espera isto de nós. Não deve ser preciso que
os mestres venham à minha casa para ensinar-me a lei do dízimo.
Não deve ser necessário que venham a mim e minha família para
ensinar-nos a Palavra de Sabedoria. Não deve ser necessário que
nos procurem para nos ensinar a necessidade de orarmos ou de
jejuarmos, ou qualquer outro desses simples e fundamentais
princípios do Evangelho.
Deveríamos saber o suficiente pelo que nos tem sido ensinado
constantemente e pelo conhecimento obtido por nosso
entendimento natural das Escrituras ao sermos guiados pelo
Espírito do Senhor, para fazermos essas coisas sem sermos
ensinados ou mandados, assim como seguimos os mandamentos
gerais conforme estão escritos nas Escrituras.
Embora seja necessário, naturalmente, que os mestres visitem
os lares do povo para verem que não haja iniquidade na Igreja, nem
calúnias, maledicências, nem inveja, nem disputas e que todos os
membros cumpram seu dever,33 todavia, digo eu, deveríamos viver
de tal maneira que quando eles nos visitam para nos ensinar,
possamos dizer-lhes em sã consciência que estamos fazendo todos
esses labores e aceitando esses princípios com os olhos fitos na
glória de Deus. Sinto ser este o nosso dever como membros da
Igreja.
DEVEMO-NOS INSTRUIR SOZINHOS. Não deveria ser preciso
que fôssemos continuamente ensinados e admoestados nessas
simples verdades do Evangelho de Jesus Cristo. Nós nos
deveríamos preparar pelo estudo e pela fé, pela observância da lei
do Evangelho, frequentando as reuniões e magnificando nossos
chamados em geral, para saber o que o Senhor espera de nós sem
necessidade de que alguém no-lo diga.
O Senhor prometeu que virá o dia em que todo homem será seu
próprio mestre, isto é, saberá o que fazer por viver em retidão.34 Ele
estará tão cheio do Espírito do Senhor que será guiado e dirigido a
fazer o certo sem necessidade que alguém vá a sua casa para pô-la
em ordem. Agora é uma boa hora para começarmos.
Que todo homem ponha sua casa em ordem e veja que a sua
família sejam ensinados os princípios do Evangelho de Jesus Cristo;
que eles se abstenham de tomar bebidas fortes, de usar chá, de
usar café, tabaco e outros estimulantes e narcóticos que tendem a
destruir e abater, em vez de fortalecer o organismo. Que ensinem a
fé em Deus em suas casas — pois todos sabemos que é preciso
que se ensine a fé entre o povo.35
TESTAR A VERACIDADE DE TODOS OS ENSINAMENTOS
FALHA DA EDUCAÇÃO MODERNA. A educação moderna é em
grande parte conhecimento sem a correspondente inteligência, ou
luz e verdade. Está fadado a ser assim, e muito do conhecimento
estará mesclado com erros quando é eliminada a fé em Deus e em
suas revelações, e o único guia são as frias e muitas vezes estéreis
conclusões da mente e da razão. Tal saber leva à morte espiritual,
não à vida espiritual.36
Lamento profundamente que cursos nas escolas públicas, nas
faculdades e locais de estudo em todo o país estejam em conflito
com as verdades fundamentais da fé cristã; e, quanto a mim, desejo
externar meus sentimentos e declarar que considero um ultraje às
liberdades do povo, quando nos é negado o privilégio de ensinar
princípios de verdade eterna no campo da religião; quando nos é
negado o privilégio de orar ao Pai Celestial nas escolas ou de
referirmo-nos ao Ente Supremo por medo de ofender alguém; e ao
mesmo tempo se permite aos instrutores, nas escolas, advogar o
que eles próprios professam e declaram estar em conflito com os
princípios fundamentais da fé na qual cremos, e que milhares de
outros aceitam, em todos os Estados Unidos e outras nações do
mundo, como verdade divina.37
MODERNA FICÇÃO CIENTÍFICA. O mundo está repleto de
filosofia. Certo eminente e culto autor chamou tais teorias de “ficção
científica”. Penso que ele está certo. Temos as teorias da evolução,
da crítica superior, as ideias que prevalecem nas escolas em todo o
mundo que são perigosas, que atacam os fundamentos do
Evangelho de Jesus Cristo, tentando destruir a fé na maioria dos
alunos que frequentam as escolas. Estamos preocupados com isso
até certo ponto, mesmo aqui em Utah, e as faculdades por toda
parte dos Estados Unidos estão cheias delas, e os professores as
ensinam; eles acreditam nelas, pelo menos professam acreditar; e
parece-me que o único propósito disso é minar e destruir o
Evangelho de Jesus Cristo.
Quero dizer aos santos dos últimos dias que temos por dever
colocar nossa fé na palavra revelada de Deus, aceitar o que veio por
inspiração, por revelação aos seus servos, os profetas, tanto antigos
como modernos. E sempre que encontrardes alguma doutrina,
alguma ideia, alguma expressão, seja de que fonte for, que esteja
em conflito com o que o Senhor tem revelado e se encontra nas
Santas Escrituras, podeis estar seguros de que é falso; e deveis pô-
lo de lado e permanecer firmes na verdade em oração e fé,
confiando no Espírito do Senhor para obter conhecimento e
sabedoria concernentes a esses princípios de verdade.
O CONHECIMENTO ESPIRITUAL SUPERA TODOS OS
OUTROS. Se andardes na luz e receberdes as doutrinas de nosso
Redentor, ele vos concederá um testemunho da verdade através da
inspiração proveniente do Espírito do Senhor. Não é preciso que
andeis em trevas nem em dúvidas; podeis ter uma clara e distinta
compreensão e entendimento da verdade, a qual vos libertará. É
nosso dever buscar o Senhor, obedecer às suas leis, guardar seus
mandamentos, deixar de lado a irresponsabilidade, tolice e as falsas
teorias, noções e filosofias do mundo, e aceitar com todo o coração
e humildade estes solenes princípios divinos que nos
proporcionarão vida eterna no reino celestial.38
Não existe conhecimento, nem saber capaz de compensar o
indivíduo pela perda de sua fé nos céus e nos princípios salvadores
do Evangelho de Jesus Cristo. Uma educação que afasta o homem
dessas verdades fundamentais não pode compensá-lo, pela grande
perda de coisas espirituais.39
A IGREJA JULGADA POR DOUTRINAS APROVADAS. A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não é responsável
pelos pronunciamentos ou feitos de qualquer indivíduo em conflito
com o que foi recebido como padrão, pelo qual a Igreja deve ser
governada. Nós seremos julgados por nossas doutrinas autorizadas
e atos, e não pelas fantasias ou noções de homens. Mas, desde o
início, os ministros da Igreja “Reorganizada” não nos querem
permitir que fiquemos nesta plataforma, e insistem que ocupemos a
plataforma que eles nos prepararam.
A Bíblia, o Livro de Mórmon, Doutrina & Convênios e a Pérola de
Grande Valor, incluindo as Regras de Fé, foram recebidos como
obras-padrão da Igreja por voto da mesma, reunida em conferência
geral. Esta é a nossa plataforma. A Igreja não é responsável’ pelos
comentários feitos por élder algum ou pelos numerosos livros que
têm sido escritos. Os autores das palavras ou dos livros têm que ser
responsáveis pelo que disseram.
TODOS OS ENSINAMENTOS TÊM QUE CONDIZER COM AS
REVELAÇÕES. Disto não se deve depreender que tudo o que foi
escrito fora das obras-padrão da Igreja é repelido e rejeitado, pois
são coisas proveitosas como auxílios no governo da Igreja e para
promover fé nos membros. O ponto em questão é que, se nesses
livros são encontrados erros, “eles são erros de homens”, e a Igreja
não deve ser responsabilizada por eles como organização, mas por
aquilo que é recebido de tempos em tempos pelo voto da Igreja
conforme vem através do presidente do Sumo Sacerdócio. Quando
o Senhor revela seu pensamento e vontade, “seja pela minha
própria voz ou pela de meus servos, não importa,” ela deve ser
recebida; porém, não somos julgados por ditos ou feitos não
autorizados.40
Se eu dissesse algo contrário ao que está escrito e foi aprovado
pela Igreja como todo, ninguém estaria obrigado a aceitá-lo. Tudo o
que eu digo e tudo o que outra pessoa qualquer disser, tem que
concordar com o que o Senhor tem revelado, do contrário deve ser
rejeitado.41
CHAVE PARA JULGAR A VERACIDADE DE TODOS OS
ENSINAMENTOS. Se os membros da Igreja depositassem mais
confiança na palavra do Senhor, e menos confiança nas teorias dos
homens, eles estariam bem melhor. Dar-vos-ei uma chave para
vossa orientação. Qualquer doutrina, que venha em nome da
religião, ciência, filosofia ou seja lá o que for, que esteja em conflito
com as revelações do Senhor, que foram aceitas pela Igreja como
provenientes do Senhor, fracassará.
Pode parecer absolutamente plausível; poderá servos
apresentada de modo incontestável: pode parecer comprovada por
evidência incontroversa; basta que deis tempo ao tempo. O tempo
nivelará todas as coisas.
Vereis que toda doutrina, teoria e princípio, não importa quão
grande possa parecer, não importa quão universal seja sua
aceitação; se não estiver de acordo com a palavra do Senhor,
perecerá.
Tampouco é preciso que forcemos a palavra do Senhor para
fazê-la concordar com tais teorias e ensinamentos. A palavra do
Senhor não deixará de ser cumprida.
Reconheço que todos nós somos fracos e, às vezes, podemos
dar uma interpretação errônea à palavra escrita, mas são tão claras
as revelações a respeito de Adão, da queda, da expiação, da
ressurreição, da redenção da terra quando será novamente
proclamada “boa”, e tantas outras coisas proscritas pela educação
moderna, que não há necessidade de nos deixarmos
desencaminhar. As teorias dos homens mudam dia a dia. Muito do
que se ensina hoje, amanhã será descartado, mas a palavra do
Senhor permanecerá para sempre.42
[Fim do Primeiro Volume]
Anotação
1. D & C 88:81.

2. D & C 84:97-98; 109:59.

3. Gen. & Hist. Magazine, vol. 22, pp. 109-110.

4. D & C 33:2; 36:6; 88:75; 121:23.

5. Mateus 7:13-14; 1 Néfi 14:12.

6. D & C 29:39; Moisés 6:33; 2 Néfi 2:27.

7. João 3:19.

8. Conference Report, abril de 1944, pp. 50-51.

9. Conference Report, abril de 1924, pp. 42-43.

10. Millennial Star, vol. 96, p. 353; João 3:19.

11. Corresp. Pessoal; D & C 1:1-16; 43:15-28; 84:61-98; 88:77-91.

12. Conference Report, outubro de 1933, p. 61; Ezequiel 3:17-21.

13. Conference Report, outubro de 1929, p. 60.

14. D & C 1:38.

15. Clawson, Rudger — (1857-1943) ordenado apóstolo em 1898, chegou a ser presidente do Quórum dos
Doze.

16. D & C 1:14.

17. Conference Report, outubro de 1937, p. 114.

18. Prefácio, vol. 2, The Divine Church, de James L. Barker.

19. D & C 42:13-14; 50:13-22.

20. D & C 84:43-45.

21. Conference Report, abril de 1928, pp. 64-66.

22. D & C 42:14.

23. Church News, 12 de junho de 1949, pp. 21-22.

24. Conference Report, abril de 1951, p. 153; D & C 18:10-16; 2 Néfi 28:15.

25. Church News, 30 de março de 1940, p. 4.


26. Church News, 1.° de abril de 1939, p. 1.

27. Era, vol. 40, p. 310.

28. Corresp. Pessoal; D & C 68:25-28.

29. D & C 93:40-50.

30. Instructor, vol. 84, pp. 206-207.

31. Rel. Soc. Magazine, vol. 18, pp. 683-684; D & C 93:36-39.

32. Conference Report, outubro de 1948, pp. 153-54.

33. D & C 20:46-59.

34. Jeremias 31:31-34.

35. Conference Report, abril de 1914, pp. 91-92.

36. Young Women’s Journal, vol. 36, p. 339.

37. Conference Report, outubro de 1921, p. 185.

38. Conference Report, abril de 1917, pp. 64-65.

39. Church News, 19 de junho de 1937, p. 4.

40. Origin of the “Reorganized Church”, p. 81; D & C 1:38.

41. Conference Report, outubro de 1943, p. 97.

42. Gen. & Hist. Magazine, vol. 21, p. 155.

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