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A CONSTRUÇÃO DO MEIO AMBIENTE CULTURAL:

REFLEXÕES E PRÁTICAS NO BRASIL

Erika M. Robrahn-González

RESUMO

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a conformação do Meio Ambiente Cultural
(em sua definição jurídica estabelecida pelo Ministério Público Federal do Brasil, 4ª. Câmara
Técnica) através da abordagem da Gestão de Território. Neste cenário, o conjunto de
manifestações físicas e culturais de uma paisagem reflete a somatória de ativos intangíveis (os
conhecimentos e práticas tradicionais das comunidades que ali vivem e viveram) e seus
resultados tangíveis (incluindo desde sítios arqueológicos milenares, formas de manejo
ambiental, edificações históricas, entre tantos outros). Este cenário é analisado como um
processo sócio natural de longa duração, resultando em múltiplos níveis de identidade cultural
hoje apresentada pela população brasileira. Todavia, o desenvolvimento de Programas de
Pesquisa dentro da abordagem do Meio Ambiente Cultural e da Gestão de Território constitui
ainda um desafio metodológico, especialmente na aplicação destes conceitos junto às
comunidades envolvidas e na obtenção de resultados capazes de alavancar ações sustentáveis do
ponto de vista não apenas social e cultural, mas, também, econômico e político. À luz deste
desafio, o presente artigo apresenta diretrizes estratégicas que vêm sendo aplicadas em
Programas de Pesquisa no Brasil, voltadas à prática de uma Ciência Aplicada e tendo como
meta final de seus esforços a inclusão social e o fortalecimento de identidade cultural.

PALAVRAS CHAVE: Ambiente, Cultura, Gestão de Território, Brasil.

1. PERSPECTIVAS ATUAIS E DESAFIOS NA GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL


BRASILEIRO

Um processo mais amplo e sistemático de conscientização histórica e cultural no Brasil é


recente, estando atrelado à legislação e aos movimentos ambientais surgidos na década de 1980 com a
instituição da Política Nacional do Meio Ambiente. Esta política regulamentou as obrigações e os
cuidados ambientais necessários à implantação do grande número de obras desenvolvimentistas
ocorridas no país, em seu acelerado processo de crescimento.
O licenciamento ambiental de obras inclui a realização de ações de envolvimento da
comunidade, como audiências públicas para debate aberto dos projetos, seus impactos ambientais,
medidas de controle e análise de riscos. A participação da sociedade nestes processos desencadeou
diversos movimentos voltados à gestão do meio ambiente e ao futuro de seus recursos naturais. Na
esteira da luta ambientalista é que surge, então, o questionamento destas sociedades no que se refere ao
direito sobre elas mesmas, ou seja, seu patrimônio histórico e cultural.
Vale lembrar que, no caso brasileiro, onde a sociedade nacional foi formada em grande
parte através de uma ruptura entre as ocupações indígenas e o elemento europeu, mais tarde
acrescido pela cultura africana, é frequente a comunidade atual não reconhecer vínculos com o
contexto arqueológico e/ou histórico. Isso se agrava pelo fato de que a própria construção da
História do Brasil tenha sido tradicionalmente feita a partir de sua classe intelectual dominante,
resultando em um baixo ou nulo reconhecimento da população em geral como sendo esta a “sua
história”. O próprio currículo escolar não inclui uma efetiva história das minorias, apesar de sua
participação fundamental na formação e desenvolvimento da sociedade nacional.
Por outro lado, temos hoje no Brasil cerca de 250 etnias indígenas, distribuídas em quase 400
terras demarcadas pelo governo onde habitam a maioria de sua atual população. O país traz ainda
centenas de quilombos, territórios também demarcados pelo governo e onde vivem descendentes de
povos africanos. Além deles, o país traz um grande número de comunidades tradicionais, também
protegidas pela legislação e compreendendo grupos que apresentam condições e estilos de vida locais,
adaptados a ambientes específicos e com dinâmicas próprias de seu manejo.
Como resultado deste contexto criou-se uma nova área de atuação das pesquisas em
Patrimônio Cultural, onde os estudos revelam tanto aspectos ligados ao passado arqueológico do país,
como também os aspectos históricos e culturais das comunidades atuais. O resultado das pesquisas
passa, assim, a ser analisado por um conjunto maior de participantes, pois é utilizado, entre outros,
como veículo de engajamento civil.
Desta maneira, não há como pensar na pesquisa sem uma perspectiva transdisciplinar no
tratamento do Patrimônio Cultural, em seu latu sensu, integrando os diferentes elementos que
podem ser sintetizados nesta rubrica conforme definições da UNESCO, abrangendo os campos do
Patrimônio Arqueológico, Patrimônio Histórico, Patrimônio Edificado, Patrimônio Material,
Patrimônio Imaterial e Patrimônio Paisagístico.
Em resposta, as pesquisas no Brasil têm adotado o princípio do trabalho compartilhado
com os grupos culturais, contribuindo para o fortalecimento de suas identidades culturais. A
comunidade constitui, portanto, parceira e parte integrante dos projetos de pesquisa que têm,
como um dos objetivos principais, a construção de uma história crítica, produzida
conjuntamente com as partes interessadas, buscando a valorização e promoção de sua
diversidade cultural.
Também neste item segue-se a recomendação dos princípios norteadores das convenções da
UNESCO a respeito do patrimônio e do envolvimento dos povos na tutela e na preservação de seus
próprios bens culturais, no estabelecimento de uma sociedade culturalmente plural. Na prática, isto
demanda pesquisadores voltados a integrar o relacionamento entre a pesquisa, a gestão de bens
culturais e os grupos sociais envolvidos, visando contribuir para o fortalecimento de vínculos
existentes entre a sociedade, o passado e o presente, ampliando o interesse sobre o patrimônio e
criando, paralelamente, a sustentação necessária às atividades de preservação. Assim, além das
práticas inerentes à pesquisa científica, o papel social do pesquisador leva-o a realizar ações que
envolvem a compreensão do presente, visto como história contínua, e do futuro.
Para que isso seja real e eficaz, o patrimônio deve ser visto e incorporado como elemento
componente das sociedades e não para além delas, com funções reconhecidas, como vetor de seu
desenvolvimento e do bem estar coletivo. Assim, é indispensável a integração das comunidades
presentes na região, a fim de que o trabalho incorpore a maneira como cada grupo social se
relaciona com o patrimônio e o que cada grupo observa e reconhece como tal.
Neste enfoque, especialmente a Arqueologia contribui na busca da sociedade em
descobrir a relação com o seu passado envolvendo inúmeras dimensões, as quais, muitas vezes,
refletem tensões e dinâmicas sociais mais amplas. Elas dizem respeito aos procedimentos de
identificação, incorporação, negação, preservação, destruição, promoção, recuperação ou
esquecimento dos marcos históricos e culturais presentes na região, que dependem das
populações locais, amparadas por iniciativas públicas e privadas, para se manterem vivos.
Exatamente pelo fato de que culturas diversas se relacionam de modo diferenciado com
a memória, com os critérios que estabelecem seus itinerários para a constituição das narrativas
históricas (a exemplo dos povos indígenas), tem-se de direcionar esforços para que o
reconhecimento do patrimônio atenda aos regimes particulares e culturalmente definidos de
preservação, memória e historicidade.
Assim, no Brasil, a atuação no campo do Patrimônio Cultural tem como principal
diretriz o desenvolvimento de uma Ciência Aplicada, que alia a realização de pesquisas
científicas com o envolvimento simétrico das comunidades locais, levando a um tratamento
integrado dos resultados científicos com os saberes tradicionais e estabelecendo uma relação de
complementaridade entre Ciência e Tradição. Desta foram, a abordagem necessita ser pluralista
em essência, já que o passado abrange uma diversidade e complexidade de mensagens
possíveis, incluindo a científica.
Finalmente, e conforme já salientado anteriormente, a formação da atual sociedade
brasileira se deu, em grande parte do país, nos últimos 200 anos fazendo com que, em muitos
casos, as pesquisas lidem com um passado recente. Neste contexto se inserem profundos
processos de destruição e ruptura, como é o caso da história indígena e de outros grupos
minoritários, envolvendo o desaparecimento de universos materiais e grandes remodelações de
territórios de ocupação como resultado da colonização, urbanização e industrialização. Estes
eventos levaram a mudanças nas identidades de diversas comunidades tradicionais, impactando
a transmissão de sua herança cultural. Assim, programas de pesquisa por vezes tratam de
eventos dramáticos que ainda ocupam papel especial na história viva de comunidades atuais,
exigindo o desenvolvimento de linhas programáticas e procedimentos de pesquisa capazes de
alavancar ações sustentáveis do ponto de vista não apenas social e cultural, mas, também,
econômico e político.

2. MEIO AMBIENTE CULTURAL E GESTÃO DE TERRITORIO

Este cenário tem sido abordado pelo Ministério Público brasileiro (e, em especial, pela
sua 4ª. Câmara Técnica) dentro do conceito de Meio Ambiente Cultural, integrado ao conceito
do Meio Ambiente Natural. O Meio Ambiente Cultural constitui a soma do ambiente físico em
sua constituição geológica, geomorfológica, vegetacional, hidrológica e faunística às paisagens
culturalmente construídas pelos diferentes grupos culturais que se desenvolveram na região, ao
longo do tempo, através de um processo de longa duração. Esta somatória de fatores dá
significado e bases para uma estruturação socioeconômica e ritual ao ambiente físico. Deste
ponto de vista, cultura e ambiente são indissociáveis e integram processos sócio naturais
formados pelo conjunto de manifestações físicas e culturais de uma paisagem. Refletem,
portanto, a somatória de ativos intangíveis (os conhecimentos e práticas tradicionais das
comunidades que ali vivem e viveram) e seus resultados tangíveis (incluindo desde sítios
arqueológicos milenares, formas de manejo ambiental, edificações históricas, entre tantos
outros).
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 já previa a proteção do meio ambiente
cultural nacional, delegando ao Poder Público atividades como registros, desapropriações,
vigilância e tombamentos. O último termo refere-se a uma medida administrativa que pode ser
realizada pelo IPHAN (Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), de competência federal ou
por órgãos dos municípios. Ainda de acordo com a Constituição do Brasil, todo o conjunto de
obras e bens de valores culturais dentro do meio ambiente faz parte da competência comum, ou
seja, pertence a todos os habitantes legais da federação. Assim, a partir da Constituição Federal
de 1988 o meio ambiente passou a ser tido como um bem tutelado juridicamente.
Na abordagem e tratamento do Meio Ambiente Cultural, a perspectiva da Gestão de
Território tem-se mostrado adequada e eficaz, uma vez que abrange as combinações possíveis
entre a ação do homem com a natureza e sua modificação, incluindo aquelas de patrimônio
documental ou arquivístico; patrimônio cultural imaterial (formas de expressão, modos de criar,
fazer e viver) e sítios arqueológicos e entorno de bens culturais (seguindo em aderência com a
definição de Patrimônio Cultural pelo MPF, 4a. Câmara Técnica).
A Gestão de Território é uma metodologia que propõe o envolvimento de todos nas
transformações do território. Analisa o território de maneira integrada, organizando suas
características e ações de forma convergente. Essa proposta considera que todos, sejam
sociedades do presente como do passado, tem contribuições e olhares diferenciados sobre o
tema, proporcionando uma visão mais ampla dos dilemas diante das mudanças.
Valorizar as culturas locais é um dos fundamentos desse método, porque as
comunidades somam aos debates elementos que escapam das análises técnicas e especializadas.
Assim, a Gestão de Território se baseia na construção de uma rede social empreendedora
formada pela sociedade civil organizada, por lideranças comunitárias, proprietários de terra,
governos locais estaduais e empresas. Busca conceber o conhecimento e valorizar outros
saberes que pareciam alheios ao universo científico.
Para tanto, deve-se investigar a paisagem atual em sua constante transformação. É
fundamental refletir sobre a construção humana da paisagem até o presente momento, e
perceber como as culturas participaram e participam deste processo. É como transformar o
ambiente em material histórico, a ser desvendado.
Um desses mecanismos de ampliar as formas de participação da comunidade são as
plataformas na internet que convergem os registros de várias ações e a possibilidade de
fomentar fóruns de debate. Esse tipo de instrumento deve ser entendido como uma oportunidade
de registro das informações coletadas, mas, sobretudo, é a oportunidade de que sejamos co-
criadores desses conteúdos produzidos. Se nosso foco é estimular a participação humana, para
além das técnicas, as plataformas e equipamentos virtuais centralizam as diversas demandas dos
setores envolvidos.

3. DA TEORIA À PRÁTICA: DESIGN ORGANIZACIONAL E ESTRATÉGICO

O desenvolvimento de Programas de Pesquisa dentro da abordagem do Meio Ambiente


Cultural e da Gestão de Território constitui ainda um desafio metodológico, especialmente na
aplicação destes conceitos junto às comunidades envolvidas. À luz deste desafio, foram por nós
desenvolvidas diretrizes estratégicas que vêm sendo aplicadas em diversos Programas de
Pesquisa que realizamos no Brasil, voltadas à prática de uma Ciência Aplicada e tendo como
meta final de seus esforços a inclusão social e o fortalecimento de identidade cultural. Estas
diretrizes estratégicas são ilustradas no design organizacional fornecido pela ilustração abaixo:

Este design organizacional sintetiza a estruturação de um Programa de Pesquisa na

• Linhas programáticas científicas;


intersecção de quatro grandes Matrizes de Fatores Críticos de Sucesso, a saber:

• Matrizes de Decisão, aplicadas nas ações previstas para o Programa;


• Índices de Qualidade, que avaliam o grau de metas cumprido pelo Programa com base
no atendimento às recomendações e práticas de instituições nacionais e internacionais;
• Aspectos de integração com outras práticas e aspectos Socioambientais e Legislações
específicas.
A partir de cada uma das grandes matrizes são traçadas linhas de correspondência na
forma de ações de pesquisa estratégica, estabelecendo ligações precisas de uma matriz de fator
crítico de sucesso a outra e tecendo, assim, uma malha de atividades onde os cruzamentos das
linhas constituem os chamados Pontos Focais (localizados na parte central da estrutura).
Assim os Pontos Focais, que constituem o núcleo da grade, correspondem aos
problemas científicos de investigação de cada Programa, ou ainda, a itens específicos
estratégicos que devem receber atenção em seu desenvolvimento.
Para o desenvolvimento de Programas de Pesquisa assim estruturados, é necessária a
criação de um grupo interdisciplinar de trabalho, reunindo não apenas profissionais das diversas
áreas de conhecimento envolvidas mas, igualmente, atores sociais e representantes das
diferentes comunidades relacionadas (comunidade local, comunidade institucional, comunidade
científica nacional e internacional).
As ações deste grupo são direcionadas para os objetivos específicos definidos pelos
Pontos Focais criados para cada Programa de Pesquisa, garantindo, assim, a evolução constante
do Project Design em um plano de renovação sintonizado com os Índices de Qualidade.
Para as Macro Ações deste Programa, as Grandes Matrizes de Fatores Críticos de
Sucesso encontram-se dispostas da seguinte forma:

Linha Programática
Abrange a conceituação teórico-metodológica no tratamento científico aos patrimônios
envolvidos (patrimônio arqueológico, histórico, cultural e paisagístico) apoiado nas seguintes

• Ecologia Histórica/ Arqueologia das Paisagens Culturais;


vertentes:

• Arqueologia Colaborativa/ Arqueologia das Comunidades;


• Consiliência.

Matrizes de Decisão ou Decision Making


Compreende um conjunto de diretrizes que auxiliam as tomadas de decisão, orientando
as atividades necessárias à gestão do projeto rumo à aplicabilidade, funcionalidade e ao

• Planejamento estratégico;
aprimoramento constante. Este campo é formado pela sinergia das seguintes variáveis:

• Contexto do ambiente histórico e cultural;


• Condições e logística;
• Normas específicas que regem as áreas envolvidas;
• Investigação sobre privilégios de renovação constante.

Integração com Programas Socioambientais


O estudo e tratamento do Patrimônio Cultural de uma determinada região apresentam
uma série de sinergias com aspectos socioambientais, incluindo ações de planejamento e
desenvolvimento econômico. Este conjunto de fatores traz elementos que permitem
contextualizar os patrimônios estudados e ampliar sua compreensão, na medida em que são
integrados a quadros ecológico-sociais mais amplos e visam, como meta final, sua inserção em
Planos de Gestão do Patrimônio Histórico, Cultural e Arqueológico que busquem o

• Legislação Aplicável;
desenvolvimento sustentável. São aqui, assim, considerados os seguintes elementos:

• Programa de Sócioeconomia;
• Programa de Meio Físico;
• Programa de Meio Biótico;
• Planos de Gestão e Sustentabilidade.
Índices de Qualidade
Para avaliação do grau de metas cumpridas pelo Programa, os Índices de Qualidade se baseiam
no atendimento às recomendações e práticas da UNESCO, IFC (International Finance
Corporation), IAIA (International Association for Impact Assesment) e Ministério da
Cultura/IPHAN. E, ainda, nos diversos documentos e cartas internacionais dos quais o Brasil é
signatário. Na implementação destas práticas é utilizado o Programa de Gestão Adaptive
Management (desenvolvido por preservacionistas da Universidade de Berkeley, California/EUA
e que tem como meta a gestão de projetos científicos) e a ferramenta Quality Companion. Para

• Envolvimento da comunidade;
que este atendimento são contemplados os seguintes itens:

• Modos de vida;
• Aplicação e resultados;
• Gestão do conhecimento;
• Índices de Resiliência.

Pontos Focais (Milestones)


Os Pontos Focais se localizam na parte central do Grid, compreendendo justamente os
temas científicos de investigação a serem tratados pelo Programa. Cada Ponto Focal apresenta
relações com as demais abas do Grid (Linha Programática, Matrizes de Decisão, Integração com
Fatores Socioambientais, Índices de Qualidade), uma vez que o desenvolvimento das pesquisas
de cada Ponto Focal é dado a partir dos elementos e pontos de relação estabelecidos por cada
aba. São definidos caso a caso, Projeto a Projeto, de acordo com suas características e
demandas. É importante salientar que a definição e ajuste dos Pontos Focais do Programa
compreendem processos dinâmicos a serem constantemente ampliados ao longo de sua
execução, integrando novos desafios científicas, sociais e culturais, bem como novas
tecnologias e métodos de trabalho.

Master Plan e Plano de Gestão do Patrimônio Cultural


Com o objetivo de contribuir na gestão, presente e futura, do Patrimônio Cultural abrangido
pelos Programas, são também paralelamente elaborados dois instrumentos, o Master Plan e o PGPC
(Pano de Gestão do Patrimônio Cultural). São utilizados modelos estabelecidos pela UNESCO e IFC
(International Finance Corporation/ World Bank Group), que visam integrar os resultados das
pesquisas com as políticas públicas e as iniciativas científicas e socioculturais vigentes e/ou em
planejamento. Estes instrumentos incorporam, ainda, subsídios para implementação de Planos de Ação
através de prognósticos de cenários para curto, médio e longo prazo com base no conceito de
Resiliência Cultural, conforme detalhado mais adiante.

Sustentabilidade
As práticas e ferramentas desenvolvidas que visam apoiar ações sustentáveis são
apresentadas mais adiante (Item 5. Ferramentas de Interação).

4. DIRETRIZES CIENTÍFICAS

A conceituação teórica das pesquisas está apoiada no tratamento de Paisagens Culturais,


voltada para a análise dos processos e formas de apropriação do espaço ao longo do tempo. O
entendimento dispensado ao que passaremos a chamar de “patrimônio paisagístico” necessita
recuperar alguns elementos da conceituação de Cultura e de Patrimônio, pois é a luz da
confluência entre estes dois conceitos que se esclarece e sustenta a definição de “paisagem”.
Emprega-se, aqui, a conceituação ampla de cultura como “forma de fazer”, expressão
múltipla do estar no mundo, ocupar, transformar, valorar, significar, construída cotidianamente
pelas pessoas e em eterna mutação. Como “patrimônio”, dentro da trajetória de construção e
transformação do conceito, adotou-se aquilo que é herdado, que é transmitido através do tempo
e valorado por cada geração, ainda que essa valoração seja absolutamente dinâmica.
Com isso temos outra dimensão da questão, a da paisagem. Paisagem é, a priori, um
conceito que advém da dimensão cultural da existência. Alguns teóricos tendem a classificá-la
como “espaços-marca” ou “espaços-matriz”, buscando encontrar nela características
consolidadas, modelares, de espaços “intocados” – portanto “naturais” – e outros espaços
“apropriados” – portanto “culturais”. Todavia, é a integração entre “natural” e “cultural” que,
precisamente, estabelece a abordagem adotada neste projeto, superando em uma visão unificada
essa dicotomia que, de uma perspectiva humanística, resulta tão frágil e insustentável.
O ato de olhar é, por si, tanto natural (por conta de suas características biológicas,
fisiológicas etc.) quanto cultural, dada a diversidade sensorial permitida pela imensa
variabilidade cognitiva promovida pelas culturas. Em suma: nem todos os seres humanos,
vivendo num mesmo tempo, em lugares e culturas distintas, ou mesmo ao longo do tempo,
veem da mesma forma, atentam para as mesmas coisas, percebem as mesmas nuances ou, até
mesmo, as mesmas formas e cores.
Determinar, então, uma paisagem como “matriz”, por ser supostamente mais “natural”,
e outra como “marca”, por ser mais “cultural”, ocultaria o fato de que, novamente, a paisagem
como elemento inerente às culturas carrega “valorações” de múltiplas ordens, materiais,
simbólicas etc., e é, justamente, a presença desses valores no conjunto de itens que compõe uma
cultura, o que torna alguma coisa um “patrimônio”. Natureza e cultura, assim, não podem ser
compreendidas nem tratadas como dimensões independentes, mas como interdependentes e
indissociáveis.
A “paisagem” enquanto “forma”, ou “objeto”, tem ainda uma segunda esfera de
complicações, pelo fato de, embora seja formada e conformada pelo (e no) meio físico, só é
apreensível através do filtro cognitivo do qual tratamos acima. Uma fotografia, um quadro, um
vídeo de uma paisagem não o é em si, mas somente uma “representação” da mesma, pois, como
“ambiente”, carrega todas as dimensões sensoriais que as representações captam apenas de
forma lacunar e fragmentada. A paisagem é formada pela morfologia do espaço, pelas
características topográficas, hidrográficas etc., mas, também, pelos sons, texturas, fenômenos
óticos. Além disso, as paisagens recebem valorações, significações simbólicas na estruturação
das relações sociais, econômicas e políticas, incorporam mentalidades, mitologias. As paisagens
são “bens” de valor inestimável aos povos que nelas vivem por estarem na base de suas vidas,
tocando sempre nas dimensões materiais e simbólicas delas. Portanto, não há paisagem sem um
observador.
Nessa perspectiva, os estudos buscam contar com o envolvimento da comunidade
diretamente relacionada à área de pesquisa, sobretudo no reconhecimento e identificação dos
vários elementos constituintes da paisagem, nos quais se incluem componentes do patrimônio
cultural imaterial. Para os períodos de tempo mais antigos (estudados pela Arqueologia), as
paisagens culturais são inferidas a partir da análise dos remanescentes físicos e locacionais dos
vestígios identificados (incluindo os ecofatos), bem como pelo seu padrão de distribuição no
espaço.
Em seu desenvolvimento conceitual, a ideia de paisagem passa a constituir matéria de
análise e interesse das mais diversas áreas do conhecimento como a geografia, antropologia,
arquitetura e turismo, dentre outras. Isso acaba por lhe conferir diversas interpretações e graus
de importância, tanto em seus aspectos naturais como culturais. No caso da Arqueologia,
situada na confluência das disciplinas humanas e naturais e, por isso mesmo, dotada de uma
vocação intrínseca para a interdisciplinaridade, apoia a convergência de todas estas
perspectivas.
Considerando que a paisagem não é estática e está sujeita a constantes processos de
transformação, sobretudo pela ação do homem, ela pode ser considerada como fonte de
conhecimento histórico. Nesse caso muitas vezes apresenta diferentes assinaturas antrópicas que
constituem, em conjunto ou separadamente, o objeto de estudo da denominada Arqueologia da
Paisagem. Desta maneira, a abordagem ecossistêmica encontra relação com a perspectiva
integrada, pois, ao invés do estudo individualizado de cada componente do sistema, procura
entender seus componentes de interação.
Em resumo, as pesquisas objetivam propiciar uma melhor compreensão sobre a
formação e evolução histórica de uma dada região, enfocando as alterações na paisagem em
função da ocupação do local e do conjunto de relações sociais, econômicas e culturais que
delinearam e nortearam as características de apropriação de seu espaço.
Neste enfoque, a participação das comunidades constitui item primordial, especialmente
no reconhecimento de seu patrimônio, considerando as singularidades das experiências históricas
de cada cultura e de cada grupo social. Desta maneira, busca-se compreender o patrimônio cultural
como algo vivo e integrado às sociedades, elemento fundamental na manutenção da coesão
social e da preservação das culturas.
Os tempos contemporâneos exigem novos posicionamentos das Ciências Sociais em
relação aos seus objetos de estudo. Estas mudanças levaram a ampliar seus horizontes de
atuação, dando maior robustez e consistência ao papel social do pesquisador e, também, gerando
novas interfaces de trabalho, ou determinando novas configurações àquelas já existentes.
Hoje, não há como realizar Programas de Pesquisa sem uma perspectiva transdisciplinar
no tratamento do Patrimônio Cultural, em seu latu sensu. Na prática, isto demanda
pesquisadores voltados a integrar o relacionamento entre a pesquisa, a gestão de bens culturais e
os grupos sociais envolvidos, visando contribuir para o fortalecimento de vínculos existentes
entre a sociedade, seu passado e presente, ampliando o interesse sobre o patrimônio e criando,
paralelamente, a sustentação necessária às atividades de preservação. Assim, além da prática da
pesquisa científica, o papel social do cientista social leva-o a realizar ações que envolvem a
compreensão do presente, visto como história contínua (e não uma história do “outro”), e do
futuro.
Dessa forma, e de acordo com o que define a UNESCO (Convenção do Patrimônio
Mundial, 1972), o patrimônio cultural envolve a análise dos processos de formação e
transformação de uma comunidade a partir de uma perspectiva dinâmica. Neste enfoque é
fundamental conhecer os atores do processo cultural, seja no papel de produtores, de
consumidores ou de gestores, visando ampliar sua valorização e proteção.
Somente através de um tratamento que abranja o conjunto dos diferentes aspectos
relacionados ao que, em síntese, é aqui definido como “Patrimônio Cultural” (integrando o Patrimônio
Arqueológico, Histórico, Cultural Material e Imaterial e Patrimônio Paisagístico) é que se poderá dar
conta da diversidade e complexidade do desenvolvimento pré-histórico e histórico regional.
Finalmente, e não menos importante, deve-se abordar brevemente o conceito de resiliência,
fundamental para análise e tratamento de processos de meio ambiente cultural de longa duração. A
noção de resiliência vem sendo bastante debatida na atualidade, pois, embora se trate em
princípio de uma premissa teórica filosófica e cientificamente postulada, traz uma série de
consequências no que se refere às práticas políticas e aos modelos de gerenciamento ambiental.
Esse conceito deriva de intensas reflexões desenvolvidas no campo das ciências ambientais e
naturais e suas interações, entre as quais se destacam a física e a ecologia, mas, sem dúvida, sua
aplicação resvala para uma enorme gama de disciplinas situadas na interface daquelas, inclusive
as ciências humanas.
Resiliência originalmente se refere à propriedade que tem alguns materiais de acumular
energia quando exigidos ou submetidos à pressão, sem que ocorra ruptura. Um exemplo clássico
é uma mola (por exemplo, a suspensão de um automóvel), que se deforma quando pressionada
acumulando a energia recebida, para depois voltar ao normal, ao seu estado de equilíbrio.
Resiliência para a física é, portanto, a capacidade de um material voltar ao seu estado
normal depois de ter sofrido tensão. Este termo também tem aplicação em economia e ecologia,
onde se refere à capacidade de recuperação de um ambiente frente a um impacto como, por
exemplo, uma queimada.
Assim, o conceito de resiliência exibe grande correlação com a capacidade de um
sistema permanecer enquanto tal, ou seja, sobreviver. Sua importância deriva do esforço da
ciência (principalmente, nos campos da física, da biologia e das ciências humanas) em
compreender a grande estabilidade e longevidade (ou persistência) de alguns sistemas, enquanto
outros caminham muito mais rapidamente para o colapso ou ruptura.
A necessária evolução de uma atitude predatória em relação ao ambiente e a diversidade
sociocultural, para uma postura que busque capitalizar essa mesma diversidade, passa
necessariamente pelo reconhecimento e valoração desses bens como patrimônio (ambiental e
cultural) da humanidade. Implica, também, na busca de meios que possibilitem sua manutenção
de maneira integrada e sustentável, ou seja, dentro de uma perspectiva sócio ecológica em que
cultura e ambiente são vistos como um, o mesmo, sistema integrado.

5. FERRAMENTAS DE INTERAÇÃO

Conforme detalhado ao longo do texto, na compreensão e estudo do patrimônio cutlural


e de suas especificidades, a comunidade deve ser vista como agente histórico fundamental na
construção da Paisagem Cultural. Para tanto, a conceituação do Programa se baseia nos
pressupostos da Arqueologia Colaborativa, que parte de alguns princípios basilares no pensamento


contemporâneo do tratamento das questões patrimoniais culturais:
Democratizar as práticas para o reconhecimento e identificação do patrimônio
cultural, observando as diversas possibilidades de visão e interpretação a respeito deste.
 Ampliar as possibilidades morfológicas que norteiam o reconhecimento do
patrimônio, respeitando as singularidades das experiências históricas de cada cultura e de cada


grupo social.
Desenvolver práticas de identificação, proteção, recuperação e fomento dos
patrimônios que sejam compartilhadas entre os grupos científicos e as comunidades, atuando


de modo coordenado e solidário.
Compreender o patrimônio cultural como algo vivo e integrado às sociedades,
como elementos fundamentais na manutenção da coesão social e da preservação das


culturas.
Adotar o princípio de que somente com o envolvimento da sociedade, sobretudo
das comunidades locais (inclusive atuando como parceiros e observadores dos demais
atores sociais), é possível uma política patrimonial que seja durável e sustentável.
Para o atingimento destes objetivos, os Programas de Pesquisa que vimos
desenvolvendo compreendem a realização de diversas atividades presenciais com as
comunidades locais, incluindo Oficinas Culturais, Circuitos Culturais, Museus de Território,
Ateliers de Cultura, a implantação de Centros de Inclusão Cultural, programas de capacitação
em gestão cultural, entre outros, para atendimento permanente dos interessados.
Adicionalmente são empregados canais de comunicação direta com todos os
envolvidos, as chamadas “mídias sociais”, as quais promovem, além da interação com as
pesquisas, a democratização da informação e a criação de redes colaborativas que envolvem
cientistas, a comunidade local e interessados em geral. Foram assim criadas e se encontram em
pleno desenvolvimento as seguintes ferramentas (vide www.arqueologiapublica.com):
Arqueo Parque
Museu Virtual
Ensino à Distância
Blog das Comunidades
Fale Conosco
Cartilhas Patrimoniais
Divulgação Científica, incluindo ferramenta de E-Science
Estas ferramentas vêm sendo adotadas com sucesso nos mais variados projetos de
pesquisa no Brasil, ao longo dos anos. Para consulta em contexto similar (Porto de Santos/SP)
sugerimos navegar pelo endereço eletrônico http://documentoculturalsantos.ning.com, a partir
do qual se tem acesso também às plataformas de Museu Virtual, cartilha patrimonial eletrônica,
publicação científica em formato E-Book e outros. Da mesma forma pode-se acessar o endereço
http://documentoculturaljirau.ning.com, referente a pesquisas e resultados obtidos com um
Programa de Pesquisa na região amazônica do médio vale do rio Madeira, estado de Rondônia.
Já para um Programa desenvolvido junto a comunidades indígenas da região do Xingu,
e que teve como um de seus resultados o reconhecimento, pelo governo federal brasileiro, de
duas áreas sagradas onde foi aplicada a figura do tombamento, vide o endereço eletrônico
http://oficinaxingu.ning.com.
Por estes canais é mantido o diálogo contínuo com todos os parceiros, de um modo
transparente e democrático. Para consolidar essa rede de trabalho (consulta, comunicação,
cooperação) criou-se este conjunto de ferramentas para internet que visa dialogar nas mais
diversas formas de linguagem, com os mais diversos públicos e responder aos seus anseios e
expectativas. Com isso, o tratamento proposto para o relacionamento entre os parceiros busca
continuamente se manter alinhado com as tendências globais no que tange à comunicação,
à participação da comunidade, à proteção e gestão do patrimônio, à sustentabilidade e ao
desenvolvimento humano como meta final dos esforços.

6. SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento ocorrido


no Rio de Janeiro, em 1992, “desenvolvimento sustentável” se tornou palavra-chave de um
discurso político internacional voltado à qualidade de vida, conservação dos recursos naturais e
responsabilidade para gerações futuras. Apesar das discussões terem sido inicialmente voltadas
às ciências naturais e análises de crescimento populacional, relaciona-se a uma discussão
baseada na definição social, histórica e cultural do problema: a viabilidade de serem mantidas
relações socialmente definidas entre a natureza e a comunidade durante longos períodos de
tempo. Desta forma, o discurso sobre sustentabilidade é basicamente público e estreitamente
vinculado a problemas como justiça social e regulamentação política.
Sustentabilidade ou não sustentabilidade corresponde a uma qualidade de condições e
processos dentro de um continuum de condições e processos possíveis. Neste sentido, também
aqui não se pode considerar a sustentabilidade ambiental e a sustentabilidade social de forma
isolada. Ao contrário, o foco deve recair na interação entre elas, buscando a viabilidade de suas
relações durante longos períodos de tempo. Por outro lado, considerando a rápida transformação
por que as sociedades passam atualmente, a sustentabilidade necessita ser concebida dentro de
uma perspectiva dinâmica.
Na contínua evolução científica e social deste abrangente tema, destaca-se ainda a
recente inclusão de nossas iniciativas em dois centros internacionais de pesquisa aplicada: a
Comissão “Archaeological Heritage Policies and Management Structures on a Global Level”,
junto à UISPP (Union Internationale des Sciences Pre et Proto Historiques)
(www.xviuispp.ning.com) e a Rede Internacional de Valoração Econômica de Patrimônio
Cultural, que analisa o crescimento econômico sustentável das ações, como melhoria de
emprego e inclusão social (http://www.jcyl.es).
Todas estas iniciativas são tratadas dentro de uma perspectiva holística e
transdisciplinar (Conciliência), de forma a integrar os conhecimentos a partir do conjunto de
disciplinas envolvidas (arqueologia, arquitetura, história, ecologia, geografia, educação,
marketing cultural, entre outras). O resultado final é a prática de uma Ciência Aplicada em
constante evolução.

7.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esta análise, é possível sintetizar que o principal risco que o patrimônio cultural
está exposto em países colonizados e com alto índice de desenvolvimento, como o Brasil, é a
falta de integração e envolvimento dos diversos stakeholders participantes incluindo a
comunidade local, a comunidade institucional e a comunidade científica.
O tratamento do patrimônio cultural necessita estar, portanto, aderente às tendências que
moldarão o futuro, quando a sociedade ganhará maior peso na participação, análise e
contribuição em pesquisas científicas, identificando prioridades, acompanhando as boas práticas
de tratamento e definindo formas de apropriação de seus resultados. Voltamos, assim, a um
conceito mencionado no início desta apresentação, e sintetizado em duas palavras: Ciência
Aplicada.
Devem ser identificadas, portanto, situações e oportunidades para aumentar a
comunicação com as partes interessadas, buscando o envolvimento das comunidades locais sob
cujo patrimônio arqueológico, histórico e cultural se compartilha uma responsabilidade social,
econômica ou legal.
Em síntese, o entendimento do design apresentado pela paisagem cultural, formado por
diferentes assinaturas antrópicas deixadas pelas comunidades ao longo do tempo e resultando
em um conjunto único, indissociável e em perpétua evolução, necessita de uma abordagem
integrada e transdisciplinar, aderente aos pressupostos da Conciliência, que constitui a
capacidade de atuar transversalmente entre as disciplinas e as comunidades envolvidas,
resultando na “Ciência da Vida”. Assim, o estudo do patrimônio arqueológico, histórico,
cultural e paisagístico busca, em essência, os pontos de interação entre as disciplinas, a
complementaridade entre ciência e tradição, o reconhecimento da Ecologia dos Saberes. Desta
forma busca-se contribuir com o fortalecimento dos aspectos culturais das comunidades como
ferramenta ao seu desenvolvimento social, cultural, econômico e político.

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