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Organização e

Legislação da
Educação

A LDB e o Plano Nacional de Educação


Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
MARIA PAULA ALMEIDA
KAREN FERNANDA BORTOLOTI
AUTORIA
Maria Paula Almeida
Olá! Sou formada em Administração de Empresas e Pedagogia,
mestre em Gestão da Educação, com uma experiência técnico-profissional
na área de gestão de mais de 10 anos. Sou apaixonada pelo que faço e
adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando
em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Karen Fernanda Bortoloti


Olá! . Sou bacharel, licenciada e mestre em História, doutora em
educação escolar e pós-doutora em educação, com mais de 15 anos de
experiência na educação básica e no ensino superior. Pretendo trazer um
pouco dessa experiência, teórica e prática, para nossa reflexão a respeito
da Organização e Legislação d a Educação.

Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Lei, Diretrizes, Bases e a Estrutura de Ensino.................................. 12
A Educação e a Constituição Federal Brasileira........................................................ 12

Princípios e Fins da Educação Nacional ............................................ 19


Princípios e Fins da Educação Brasileira........................................................................ 19

Aspectos do Sistema Escolar Brasileiro ............................................26


O Sistema Escolar Brasileiro....................................................................................................26

Estrutura do Sistema Escolar Brasileiro...........................................................................27

Conselhos de Educação no Brasil....................................................................29

Diretrizes Curriculares Nacionais .................................................................... 30

Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil.........33

O Plano Nacional de Educação..............................................................36


O Plano Nacional............................................................................................................................. 36

Metas..................................................................................................................................... 38
Organização e Legislação da Educação 9

01
UNIDADE
10 Organização e Legislação da Educação

INTRODUÇÃO
A área de Organização e Legislação da Educação norteia o sistema
educacional brasileiro, por meio de Leis, Diretrizes e Estatutos, visamos
garantir o direito de educação para todos.
Nessa disciplina iremos aprender que a história da educação é
composta pela luta de desigualdade social e econômica que reflete na
educação brasileira.
O Brasil deve desenvolver práticas pedagógicas, por meio de
políticas democráticas, que reconheçam as diferenças geográficas
e econômicas de cada região, que visem garantir uma educação de
qualidade e significativa ao educando.
Enquanto educadores, temos um papel crucial, pois reconhecendo
nossa estrutura educacional e onde se pretende chegar, podemos efetivar
na prática o que já está garantido na Lei Federal da Constituição de 1988 e
reafirmado pela LDB nº 9394/1995, a educação como um direito de todos.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste
universo!
Organização e Legislação da Educação 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo(a) à Unidade 1 – A LDB e o Plano Nacional
de Educação, o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das
seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Entender os significados dos termos “lei”, “diretrizes” e “bases”,


bem como a Estrutura de ensino.

2. Discernir sobre os princípios e os fins da Educação nacional –


artigos 2º e 3º da Lei nº. 9.394/1996.

3. Avaliar os aspectos do sistema escolar brasileiro e a administração


da Organização e Legislação da Educação.

4. Compreender o Plano Nacional de Educação, seus objetivos e


metas.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
12 Organização e Legislação da Educação

Lei, Diretrizes, Bases e a Estrutura de


Ensino
OBJETIVO:

A Constituição Federal de 1988 assegura a educação


brasileira como um direito social garantido por Lei a todos.
Ao longo deste capítulo iremos discorrer sobre os aspectos
deste direito e sua importância, apresentando as estruturas
e competências da organização da educação em nosso
país. Dúvidas? Não se preocupe. Recorra ao fórum de
dúvidas e discussões para socializar o seu conhecimento
e esclarecer todas as suas dúvidas. Nós estaremos à sua
disposição em caso de dificuldades!.

A Educação e a Constituição Federal


Brasileira
A Constituição Federal de 1988 foi elaborada com participação
democrática e popular, contando com a participação de vários sujeitos da
sociedade, sendo eles políticos e movimentos sociais.
Figura 1 - Constituição Federal

Fonte: Conselho Nacional de Justiça.


Organização e Legislação da Educação 13

Essa ampla participação promoveu a garantia de diversos direitos


sociais, entre eles, a educação. No artigo 205 da Constituição Federal
encontramos:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 163).

A lei aborda a educação como um direto de todos, que deve ser


suprido pelo Estado e pela família, sendo que a sociedade também tem o
papel de incentivar o cumprimento deste dever, colaborando para que os
jovens estejam nas escolas.

REFLITA:

Segundo a Constituição, a educação é um dever do Estado


de da Família do educando. Dessa forma, os pais que
deixarem de matricular seus filhos com idade escolar ou
não garantirem sua frequência na escola serão punidos de
acordo com a Lei.

A Constituição Federal de 1988 aborda a educação como um direito


social e, ao longo do seu texto, cita outros aspectos, como a gratuidade e
a qualidade do ensino.

Conforme a Constituição Federal, apenas ofertar vagas nas escolas


não adianta; a Lei ressalta que, além de vagas, esses serviços devem ser
gratuitos, de qualidade, e atender a todos.

O aluno deve ter condições de acesso e permanência na escola.


Além disso, o contexto social em que o aluno está inserido deve ser
levado em consideração para que as práticas pedagógicas o estimulem a
permanecer na escola.

Esse é um aspecto que merece atenção, pois encontramos na


constituição a garantia de acesso à escola a todos, a oferta de acesso
se dá a partir da existência de vagas, mas fazer com que esse aluno
permaneça no ambiente escolar necessita muito mais do que uma Lei.
14 Organização e Legislação da Educação

Nesse momento, cabe refletir como nossas escolas estão


preparadas para serem um ambiente onde o aluno se sinta à vontade
para frequentar.

Muitas vezes, encontramos alunos frequentando as escolas, mas


não se sentindo parte daquele ambiente ou, ainda, deparando-se com
ausência de recursos.

Isso se dá porque as escolas, por vezes, desconsideram a sociedade


em seu entorno. Cada escola tem sua identidade composta pelos alunos
que a frequentam; sendo assim, cabe à comunidade escolar reconhecer
essas particularidades e desenvolver estratégias que condizem com
aquela realidade.

Nesse aspecto, abrir a escola para que a comunidade escolar possa


fazer parte da proposta pedagógica e das decisões da escola, tende a
contribuir para tornar o processo de ensino e aprendizagem significativo
para aquele grupo.

As políticas públicas oferecidas pelos órgãos competentes também


devem ser desenvolvidas para contribuir com a retenção desse aluno
no ambiente escolar, considerando, entre outros, a oferta de transporte
público, oferta de ensino em turnos contrários, além de material e
organização curricular adequado às condições do estudante.

Em busca de enfrentar esses desafios, visando diminuir a evasão


escolar e aumentar o controle da permanência dos alunos na escola,
quando o aluno começa a ter faltas excessivas a escola comunica aos
pais, e caso o problema persista, o conselho tutelar é acionado para tomar
as medidas cabíveis por Lei.

ACESSE:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o artigo das


Políticas de acesso e permanência na escola ao direito à
educação básica de qualidade social: avanço possível. Para
acessá-lo, clique aqui.
Organização e Legislação da Educação 15

Concluímos que, no Brasil, o acesso à escola é uma grande


conquista, visto que na história de nossa educação o acesso ao ensino era
privilégio de uma pequena parcela da população, mas observamos que
a conclusão da Educação Básica até o ensino superior apresenta muitas
dificuldades.

A oferta do ensino é realizada em instituições públicas e privadas,


e independentemente da sua estrutura, estas devem obedecer aos
princípios previstos na legislação.

Dessa forma, compreendemos que as instituições privadas devem


seguir os mesmos preceitos da Lei que as instituições públicas.

A Constituição Federal de 1988 indica que a criança, jovem e


adolescente têm direito, entre outros, à vida, à alimentação, à educação e
ao lazer, conforme observamos no artigo 227.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão (BRASIL, 1988, p. 132).

Em 1990, foi instituído o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),


após a participação brasileira na Convenção sobre os Direitos Humanos da
Criança, realizada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1989. O
ECA trata dos direitos e deveres das crianças e adolescentes, reafirmando
alguns já mencionados no artigo 227 da Constituição.

O ECA, no seu artigo 53, ratifica que a educação é um direito da


criança e do adolescente:
Artigo 53 – A criança e o adolescente têm direito à
educação, visando ao pleno desenvolvimento da
sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-lhes:

I – Igualdade de condições para o acesso e permanência


na escola
16 Organização e Legislação da Educação

II – Direito de ser respeitado por seus educadores;

III – Direito de contestar critérios avaliativos, podendo


recorrer às instâncias escolares superiores;

IV – Direito de Organização e participação em entidades


estudantis;

V – Acesso à escola pública e gratuita próxima a sua


residência (BRASIL, 1990, on-line).
Figura 2 - Crianças na escola

Fonte: Pixabay.

O ECA é importante, pois assegura o direito das crianças e


adolescentes presentes na Constituição. Dessa forma, busca-se garantir
que esses direitos sejam respeitados.

O Estatuto da Criança e do Adolescente classifica um sujeito de até


12 anos incompletos como criança e entre 12 e 18 anos incompletos, como
adolescente.

Essa classificação permite que sejam aplicadas ações cabíveis


em caso de descumprimento da Lei pela criança ou adolescente, e
são adotadas medidas compatíveis com a classificação do sujeito, pois
Organização e Legislação da Educação 17

o estatuto assegura não apenas direitos, mas deveres, que devem ser
exercidos por qualquer sujeito, seja ele jovem, adulto ou criança.

O artigo 112 do ECA menciona as medidas socioeducativas que


devem ser aplicadas às crianças e jovens entre 12 e 18 anos. Essas medidas
serão analisadas pela justiça, que irá, mediante o delito do infrator, aplicar
as providências cabíveis. São elas:

Advertência – Artigo 115 do ECA: é uma repreensão judicial que visa


sensibilizar e esclarecer o adolescente sobre as consequências de uma
reincidência infracional.

Obrigação de reparar o dano – Artigo 116 do ECA: o ressarcimento


por parte do jovem ao dano ou prejuízo econômico causado à vítima.

Prestação de serviços à comunidade –Artigo 117 do Eca: realização


de tarefas gratuitas à comunidade no período de seis meses e oito horas
semanais.

Liberdade assistida – Artigo 118 do ECA: acompanhamento, auxílio e


orientação do jovem em conflito com a Lei por equipes multidisciplinares
no período mínimo de seis meses.

Semiliberdade – Artigo 120 do ECA: restrição de liberdade do jovem,


o mesmo poderá permanecer com a família aos finais de semana.

Internação – Artigo 121 e 125 do ECA: a internação pode ser em


caráter provisório ou definitivo.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o Estatuto da


Criança e do Adolescente (ECA), edição comemorativa aos
30 anos – Anotado e interpretado, disponível aqui.
18 Organização e Legislação da Educação

Analisando a Constituição, ficam claros os desafios que ela


apresenta, fazendo-se necessária a criação de estatutos, diretrizes e bases
para desenvolver um plano nacional com a união de diversos órgãos da
sociedade, a fim de promover um diagnóstico da realidade educacional e
estratégias que ampliem o acesso, a permanência e a construção de um
processo de ensino e aprendizado significativo ao educando.

RESUMINDO:

Neste capítulo, verificamos aqui os conceitos de lei,


diretrizes e bases e entendemos como é estruturado o
sistema de ensino brasileiro. Discutimos a questão da
permanência das crianças e jovens na escola e como está
prevista na legislação vigente. Também conhecemos o
Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
Organização e Legislação da Educação 19

Princípios e Fins da Educação Nacional

OBJETIVO:

Neste capítulo, iremos refletir sobre os 2º e 3º artigos da


Lei nº 9.394/1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, e analisar quem são os responsáveis pela
educação e quais os princípios que a norteiam.

Vamos refletir juntos?.

Princípios e Fins da Educação Brasileira


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, (LDB) Lei nº
9394, foi promulgada, ou seja, aprovada, em 20 de dezembro de 1996, no
governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002). É uma
Lei que regulamenta o sistema educacional público ou privado do Brasil
em todos os níveis, da Educação Básica ao ensino superior.

A LDB nº 9394/1996 estabelece deveres dos Estados, os princípios


da educação e as responsabilidades entre os municípios, Estados e
o Distrito Federal, reafirmando o direito a educação garantido pela
Constituição Federal e abordado no Estatuto da Criança e Adolescente.

ACESSE:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse 20 anos da


LDB: como a lei mudou a Educação, disponível aqui.

A partir da LDB nº 9394/1996 a escolarização passou a ter um espaço


importante no debate sobre a educação brasileira, tornando o ensino
básico pauta na política nacional e desencadeando algumas políticas
públicas, como os parâmetros curriculares nacionais (PCN), referenciais
curriculares nacionais (RCN), Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
política de financiamento da Educação Básica (FUNDEB), Sistema de
20 Organização e Legislação da Educação

avaliação da Educação Básica (SAEB), Sistema Nacional de Avaliação da


Educação Superior (SINAES), Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE)

ACESSE:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse a LDB


atualizada, disponível aqui.

A Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/1996 estrutura a Educação


Básica por etapas e modalidades de ensino, são elas:

ETAPAS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO BÁSICA:

Educação Infantil
•• Crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
•• Frequência não obrigatória até os 3 (três) anos dividida em:
•• Creches – 0 (zero) a 3 (três) anos.
•• Pré-escola – 4 (quatro) a 5 (cinco) anos.
•• Principal função: formação integral do aluno.
Figura 3 - Educação Infantil

Fonte: Wimedia Commons.


Organização e Legislação da Educação 21

Ensino Fundamental

•• Crianças a partir dos 6 anos completos até março do ano vigente.

•• Duração: 9 anos.

•• Principal função: oferecer conteúdo mínimo para a criança se


desenvolver.

Ensino Médio:

•• Duração mínima: 3 anos, podendo chegar a 5, no caso da Educação


Profissional de Nível Médio.

•• Principal função: oferecer qualificação para ensinos posteriores.


Figura 4 - Adolescentes na escola

Modalidades de ensino da Educação Básica:

•• Educação regular.

•• Educação de Pessoas com Necessidades Especiais.

•• Educação de jovens e adultos.

•• Educação escolar indígena.


22 Organização e Legislação da Educação

•• Educação profissional e tecnológica.

•• Educação a distância.

•• Educação do campo.
Figura 5 - Estudantes indígenas

Fonte: Ministério da Educação.

A Lei nº 9394/1994 representa uma evolução pelo fato de incluir


as crianças de zero a cinco anos no processo educativo, algo que antes
não acontecia por acreditar-se que essas crianças deveriam ser assistidas
pela área de assistência social. Dessa forma, a preocupação passa a ser
voltada para formação integral da criança.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira reforça, em seu


artigo 2º, os aspectos mencionados no Constituição Federal de 1988 e no
Estatuto da Criança e Adolescente (ECA):
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, on-line).

O artigo ressalta o dever da família e do Estado em relação à


educação. Dessa forma, entendemos que a família, junto com o Estado,
são os principais responsáveis pelo processo educacional. O papel da
escola, para tanto, é complementar à ação da família.
Organização e Legislação da Educação 23

REFLITA:

Atualmente, percebemos que muitos pais e responsáveis


estão transferindo para os educadores a sua responsabilidade
em relação à educação dos filhos; no entanto, a Lei é clara
quando ressalta que essa responsabilidade deve ser uma
parceria de todos em prol do bem-estar da criança.

Observamos também que a educação deve favorecer a liberdade


do educando, desenvolver seu lado crítico e proporcionar uma formação
adequada, para que, além da inserção no mercado de trabalho, o aluno
possa ser agente de transformação na sociedade.

Dessa forma, entendemos que uma educação de qualidade não


deve ser focada apenas em conteúdo, mas em práticas que promovam o
senso crítico e a reflexão frente aos problemas sociais para que o indivíduo
possa realizar mudanças no seu meio social.

O artigo 3º da LDB evidencia os princípios garantidos à educação:


Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V -  coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino;
VI -  gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII -  gestão democrática do ensino público, na forma
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais (BRASIL, 1996, on-line).
24 Organização e Legislação da Educação

De acordo com a LDB, todos devem ter condições de acesso e


permanência na escola, independentemente da classe social.
Figura 6 - Educação de qualidade

Fonte: UOL Educação (2021).

É importante ressaltar que a LDB também trata de condições de


acesso. Quando a escola oferece condições de acesso, ela está levando
em consideração as diferenças dos educandos.

Ainda, a escola só terá condições de garantir o ensino de qualidade


para todos se levar em consideração as condições iniciais do educando,
contribuindo para que as diferenças sejam respeitadas, para que todos
alcancem os mesmos objetivos.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o artigo


Direito à Educação: direito à igualdade, direito à diferença,
disponível aqui.

A educação tem o dever de desenvolver cidadãos críticos que


respeitem a liberdade e a tolerância, capazes de refletir e contribuir com a
sociedade em que estão inseridos.

Atualmente, presenciamos intolerância cultural, social e religiosa.


O recurso mais eficaz para combater essa prática é a educação. Assim, a
escola deve promover práticas pedagógicas que valorizem as experiências
extraescolares, despertando interesse dos alunos.
Organização e Legislação da Educação 25

De acordo com o educador brasileiro Paulo Freire, não podemos


considerar o aluno uma tábula rasa, vazia e sem conteúdo. Nós, enquanto
educadores, devemos criar práticas pedagógicas que levem em
consideração as experiências trazidas pelos alunos ao contexto escolar.
Dessa forma, tornamos a educação mais significativa e prazerosa.

A gestão da escola deve ser realizada de forma democrática, com a


participação de toda a comunidade escolar.

A Lei nº 9394/1996 ressalta a importância da valorização dos


professores, para que isso possa refletir em uma educação de qualidade.

Em nossos estudos, observamos a importância da LDB para


a educação brasileira, pois as práticas pedagógicas passaram a ser
estruturadas com o objetivo de promover uma educação de qualidade.

A igualdade de acesso à educação foi uma grande conquista. Antes,


o ensino era ofertado apenas para uma pequena parcela da população; a
classe minoritária não tinha acesso à escola.

Atualmente, todos têm acesso à escola e a LDB veio para assegurar


as condições de ensino e a formação integral do aluno.

ACESSE:

Para saber mais sobre o assunto, assista à entrevista da


professora Cleuza Repulho, disponível aqui.

RESUMINDO:

Neste capítulo, você conheceu os princípios e os fins da


Educação Nacional, ou seja, os artigos 2º e 3º da Lei nº
9.394/1996, que institui o Plano Nacional de Educação.
26 Organização e Legislação da Educação

Aspectos do Sistema Escolar Brasileiro

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos entender o sistema escolar brasileiro,


sua composição e funcionamento, a fim de debater o
assunto no âmbito acadêmico.
Convido você a realizar esse estudo e refletir sobre os
caminhos que a educação brasileira ainda precisa trilhar
para oferecer um serviço de qualidade e significativo para
o educando.
Bons estudos!

O Sistema Escolar Brasileiro


A história do sistema educacional brasileiro foi marcada por seu
caráter excludente, que favorecia uma pequena parte da população,
permitindo o acesso à educação apenas à elite.

A implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira


garantiu mudanças e reorientação do sistema educativo, possibilitando
o acesso de todos a uma educação de qualidade. Para tanto, houve a
reestruturação do sistema escolar, a fim de permitir que a escola fosse,
de fato, acessível a todos.

O Brasil é constituído por desigualdades econômicas e sociais


e quando se pretende reestruturar a educação, deve-se levar em
consideração essa complexidade, para que se possa atingir uma educação
universal e democrática. A compreensão do sistema educacional brasileiro
exige que não se perca de vista a totalidade social da qual o sistema
educativo faz parte (SALVIANI, 1987).

Para Saviani (1987), a educação deve estar voltada para além dos
livros, tendo como foco a sociedade que esse educando está inserido.

O sistema educacional brasileiro apresenta falhas na qualidade do


que está sendo ministrado, percebemos que muitas das propostas para a
educação não são o que efetivamente ocorre no interior da escola.
Organização e Legislação da Educação 27

As propostas para a educação devem ser planejadas para atender


o interesse da sociedade, de forma que sejam possíveis os seus
cumprimentos, para que realmente atinja seus objetivos.

Percebemos que o nosso sistema educacional apresentou


mudanças, mas ainda precisa evoluir, proporcionando o desenvolvimento
de estudantes críticos e que possam contribuir com a sociedade que
fazem parte, promovendo o desenvolvimento emocional, cultural e social.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o texto


Desafios da Construção de um Sistema Nacional Articulado
de Educação, do professor Demerval Saviani, disponível
aqui.

Estrutura do Sistema Escolar Brasileiro


O sistema brasileiro de ensino é dividido de acordo com dois níveis
conforme o art. 21 da LDB:

•• Educação Básica: composta pela Educação Infantil, Ensino


Fundamental e Médio.

•• Ensino Superior: composto pelos cursos de graduação, programas


de mestrado e doutorado, cursos de especializações e pós-
graduação.

Segundo a constituição de 1988 e a LDB nº 9394/96, a educação


brasileira é composta por sistemas de ensino que serão organizados de
modo colaborativo entre a União, os Estados e o Distrito Federal. No Brasil,
encontramos problemas na articulação entre esses órgãos em relação à
organização do sistema, refletindo em problemas na educação.

Sabemos que cada órgão é responsável por uma área do ensino,


no entanto, a responsabilidade deve ser pensada no bem - estar do
educando, e não apenas no que tange à responsabilidade do órgão,
28 Organização e Legislação da Educação

devendo esses órgãos estabelecerem parcerias para que de fato esse


aluno seja atendido na sua necessidade.

O sistema Federal é composto pelo Ministério da Educação (MEC)


e Conselho Nacional de Educação (CNE), e possuiu atribuições. São
algumas delas:

1. Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais


do Sistema Federal.

2. Elaborar o plano nacional de educação, em colaboração com os


Estados e Municípios.

3. Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar


no Ensino Fundamental, médio e superior, em colaboração com
os sistemas de ensino, definindo prioridades e a melhoria da
qualidade.

4. Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,


respectivamente, os cursos das instituições de educação superior.

O sistema estadual é constituído pela Secretaria de Educação (SEE),


Conselho Estadual de Educação (CEE), Delegacia Regional de Educação
(DRE) ou Subsecretaria de Educação. São algumas responsabilidades:

1. Organizar, manter e desenvolver os órgãos do seu sistema de


ensino.

2. Assegurar o Ensino Fundamental e oferecer o Ensino Médio com


prioridade.

3. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.

O sistema municipal é formado pela Secretaria Municipal de


Educação (SME) e o Conselho Municipal de Educação (CME). São algumas
de suas atribuições:

1. Oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e com


prioridade, o Ensino Fundamental, e atuar atendendo a outras áreas
apenas quando tiver sanado suas necessidades na totalidade.

2. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal.


Organização e Legislação da Educação 29

Para Salviani (2010), o Brasil não possui um sistema de educação e


sim, uma estrutura educacional, pois, para possuir um sistema, teria que
desenvolver um profundo conhecimento da realidade e das dificuldades
de cada região do país e devido as diferenças de cada região brasileira e
termos econômicos e culturais, isso se torna difícil.

Além disso, deve ter conhecimento da realidade das estruturas e


dos recursos disponíveis, bem como do capital humano acessível para
implementar políticas públicas que visem equalizar as diversas regiões
diante das suas diferenças.

A educação brasileira deve partilhar todo o conhecimento teórico


sobre a educação, não apenas diretrizes ou currículos, mas conhecimentos
que possam ser compartilhados com diferentes regiões, indiferente das
distâncias físicas ou econômicas.

Salviani (2010) acredita que até hoje, o Brasil construiu uma estrutura
educacional marcada por Leis e programas como a Constituição Federal
e a LDB, mas ainda não foi desenvolvida uma unidade educacional que
buscasse a garantia de direito de oportunidade e não apenas de igualdade.

O direto de oportunidade será efetivado quando se desenvolver


um sistema educacional que busque reconhecer as diferenças de
cada educando e, diante dessa diferença, promova uma educação de
qualidade para todos.

Conselhos de Educação no Brasil


Os conselhos de educação no Brasil exercem a função de
organização e planejamento e são divididos de acordo com a dependência
política-administrativa:

Conselho Nacional de Educação (CNE)

Foi criado em 24 de dezembro de 1995 por meio da Lei nº 9.131. É


composto pela Câmara de Educação Básica e a Câmara de Educação
Superior e integrada por 24 membros, sendo 12 indicados por associações
científicas e profissionais e os outros nomeados pelo presidente da
República.
30 Organização e Legislação da Educação

O CNE atua auxiliando o Ministério da Educação, sendo uma forma


de participação da sociedade nos processos decisórios da educação
brasileira.

Conselho Estadual de Educação

O Conselho Estadual de Educação atua no sistema de ensino


estadual, e dentre as suas atribuições está a de manter o intercâmbio com
o Conselho Nacional de Educação e com os demais conselhos estaduais
e municipais, tendo como objetivo atingir os resultados planejados.

Conselho Municipal de Educação

O Conselho Municipal de Educação é composto por representantes


das instituições educacionais, da sociedade e da câmara de vereadores
dos municípios. Essa composição visa a participação de diversos
segmentos da sociedade nos processos de políticas públicas relacionadas
à educação.

A principal finalidade do Conselho Municipal é a criação dos


planos municipais de educação, bem como a fiscalização, avaliação e o
acompanhamento da execução desses planos.

Diretrizes Curriculares Nacionais


As Diretrizes curriculares nacionais (DCNs) são normas discutidas
e fixadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e orientam o
planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino da
educação básica. Segundo a definição do CNE:
Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de
definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos
e procedimentos na Educação Básica, expressas pela
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de
Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos
sistemas de ensino, na organização, na articulação,
no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas
pedagógicas. (BRASIL, 1998, on-line)
Organização e Legislação da Educação 31

ACESSE:

Caso queira entender mais a respeito desse assunto,


acesse o artigo A era das diretrizes: a disputa pelo projeto
de educação dos mais pobres, disponível aqui.

A origem das DCNs está na Lei nº 9384/1996, quando trata ser a


finalidade da União estabelecer diretrizes que irão nortear os currículos
da Educação Básica.
Art. 8º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os
respectivos sistemas de ensino.

IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes
para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino
Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum.
(BRASIL, 1996, on-line)

A criação dessas diretrizes se faz importante, visto a necessidade da


criação de políticas educacionais que garantam o direito de todo brasileiro
ter acesso à formação humana e cidadã dentro do ambiente escolar,
conforme a Lei nº 9394/1996. Observemos os objetivos das Diretrizes:
I – Sistematizar os princípios e diretrizes gerais da
Educação Básica contidos na Constituição, na LDB e
demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações
que contribuam para assegurar a formação básica comum
nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao
currículo e à escola;

II – Estimular a reflexão crítica e propositiva que deve


subsidiar a formulação, execução e avaliação do projeto
político-pedagógico da escola de Educação Básica;
III – orientar os cursos de formação inicial e continuada
de profissionais – docentes, técnicos, funcionários
– da Educação Básica, os sistemas educativos dos
diferentes entes federados e as escolas que os integram,
indistintamente da rede a que pertençam (BRASIL, 2001,
on-line).
32 Organização e Legislação da Educação

Com isso, compreendemos que as DCNs são Leis que regulamentam


a Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/1996. Nas diretrizes constam os
objetivos e metas para a educação, permitindo que cada instituição de
ensino tenha sua autonomia, incentivando a criação de currículos de
acordo com as competências elencada nas diretrizes.

As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação Básica


estabelecem bases para a educação infantil, Ensino Fundamental e
médio, nas quais os sistemas federais, estaduais e municipais irão se
orientar para promover um currículo integralizado.

Segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE), as Diretrizes


Curriculares Nacionais buscam ser uma referência curricular para que
todo cidadão possa gozar de conhecimentos cientificamente elaborados
e historicamente construídos. Para isso, as DCNs estabelecem princípios
norteadores para a escola desenvolver suas ações pedagógicas. São eles:

1 - Princípios éticos: autonomia, responsabilidade e respeito.

2 - Princípios políticos: direito e cidadania.

3 - Estético: criatividade, sensibilidade e variadas formas artísticas.

A educação brasileira é composta por modalidades e cada


modalidade tem sua diretriz estabelecida. Após, as Diretrizes Curriculares,
foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais e os Referenciais
Curriculares Nacionais. Esses documentos abordam o currículo indicado
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais.

As Diretrizes Curriculares para Educação Infantil constam na


Resolução nº5 de 17 de dezembro de 2009. Esse documento apresenta a
orientação pedagógica para Educação Infantil.

A organização curricular brasileira visa garantir a Constituição


Federal, promovendo educação de qualidade para todos.
Organização e Legislação da Educação 33

Referenciais Curriculares Nacionais para


Educação Infantil
Em 1998, visando atender as questões da Lei nº 9394/1996, foram
criados os referenciais curriculares nacionais (RCNEI), com o objetivo de
apontar metas de qualidade e ressaltar o desenvolvimento integral da
criança, reconhecendo os direitos e deveres dos alunos dessa faixa etária.

O RCNEI foi desenvolvido por meio da mobilização social que


participou do amplo debate nacional, visando sedimentar os direitos da
Constituição Federal 88, superando o caráter assistencialista das crianças.

O referencial curricular nacional tem o objetivo de ser um guia de


orientações pedagógicas aos profissionais de Educação Infantil. Esse
documento é constituído por três volumes.

O volume 1, denominado Introdução, apresenta uma reflexão


sobre creches e pré-escolas, trazendo uma concepção sobre criança,
educação, instituição e educador.

ACESSE:

Para conhecer mais sobre o assunto, acesse o Referencial


Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 1, disponível
aqui.

O volume 2 denominado Formação Pessoal e Social trabalha a


autonomia e construção de identidade da criança.

ACESSE:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o Referencial


Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 2, disponível
aqui.
34 Organização e Legislação da Educação

O volume 3 Conhecimento do Mundo esse documento aborda a


importância das experiências e o conhecimento que a criança tem do
mundo, aborda a construção de linguagens e suas relações.

ACESSE:

Caso queira se saber mais, acesse o Referencial Curricular


Nacional para Educação Infantil Vol 3, disponível aqui.

Parâmetros curriculares nacionais

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) referem-se às séries


iniciais do Ensino Fundamental e visam auxiliar o trabalho pedagógico,
de modo que as crianças desenvolvam os conhecimentos formais que
necessitam para se tornarem cidadãos plenos.

ACESSE:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse os Parâmetros


Curriculares Nacionais, disponíveis aqui.

A aprovação dos parâmetros curriculares nacionais (PCNs) foi


realizada pelo MEC com o objetivo de desenvolver metas de qualidade e
objetivos que visem a formação de cidadãos participativos na sociedade
e que reconhecem seus direitos e deveres.

Em 2017, surge a Base Nacional Comum Curriculares (BNCC). Esse


documento visa, de modo geral, definir o que deve ser ensinado para
cada estudante em cada ano de estudo da Educação Infantil até o Ensino
Médio.

A partir da implementação da Base Nacional Curricular, o Brasil


passa a ter uma referência curricular nacional obrigatória, na qual as
escolas deverão se apoiar para desenvolver seus currículos.
Organização e Legislação da Educação 35

Segundo o documento, os currículos devem ser elaborados


respeitando a diversidade, as particularidades e o contexto em que a
escola está inserida.

A criação dos BNCC visa contribuir para diminuir da desigualdade


de oportunidades entre os estudantes brasileiros, em que cada instituição
deverá seguir uma base comum de ensino e incluir uma base diversificada,
de acordo com as especificidades de cada localidade em que a escola
está inserida.

RESUMINDO:

Neste capítulo, você conheceu os aspectos do sistema


escolar brasileiro e entendeu como se dá a administração
da Organização e Legislação da Educação.
36 Organização e Legislação da Educação

O Plano Nacional de Educação

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos refletir sobre o Plano Nacional de


Educação (PNE), documento previsto na LBD e que traça
as metas para todos os âmbitos da educação nacional,
inclusive a formação e remuneração docente.
Como já pudemos estudar anteriormente, ao longo
das últimas décadas o Brasil definiu Leis e Estatutos
que garantem hoje o direito dos cidadãos em relação à
educação.
Contudo, ainda se observa que, na prática, não se
conseguiu estabelecer o que diz a Lei. Dessa forma, foram
desenvolvidas 20 metas para a educação que visam uma
educação de qualidade para todos.
Convido vocês a estudarem essas metas e os seus objetivos,
para que, como educadores, possamos contribuir para a
efetivação do direito à educação..

O Plano Nacional
Em 25 de Junho de 2014, a então presidenta Dilma Rousseff
sancionou a Lei nº 13.005/2014 que aprova o novo Plano Nacional de
Educação, com vigência até 25 de junho de 2024 e visa a cumprir o
disposto no artigo 214 da Constituição Brasileira.
Art. 214. A Lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação,
de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
nacional de educação em regime de colaboração e definir
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
para assegurar a manutenção e desenvolvimento do
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades
por meio de ações integradas dos poderes públicos das
diferentes esferas federativas que conduzam a:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
Organização e Legislação da Educação 37

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País;


VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
públicos em educação como proporção do produto
interno bruto (BRASIL, 1988, p. 125-126).

O Plano Nacional de Educação (PNE) surge respaldado pela Lei de


Diretrizes e Bases como um instrumento para a evolução da educação
brasileira, sendo assim, se faz importante seu estudo para compreender a
complexidade do que se pretende alcançar.

O PNE, no seu artigo 2º apresenta dez diretrizes que irão orientar a


educação brasileira. São elas:
Art. 2o  São diretrizes do PNE:

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - superação das desigualdades educacionais, com


ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de
todas as formas de discriminação;

IV - melhoria da qualidade da educação;

V - formação para o trabalho e para a cidadania, com


ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta
a sociedade;

VI - promoção do princípio da gestão democrática da


educação pública;

VII - promoção humanística, científica, cultural e


tecnológica do País;

VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos


públicos em educação como proporção do Produto Interno
Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades
de expansão, com padrão de qualidade e equidade;

IX - valorização dos (as) profissionais da educação;

X - promoção dos princípios do respeito aos direitos


humanos, à diversidade e à sustentabilidade
socioambiental (BRASIL, 2014, on-line).
38 Organização e Legislação da Educação

ACESSE:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse a entrevista


de Antonio Paiva Neto sobre o Plano Nacional de Educação,
disponível aqui.

Podemos observar analisando a Constituição Federal no artigo


214 que cinco desses objetivos já estavam sendo contemplados na
Constituição. São eles:

I – Erradicação do analfabetismo.

II – Universalização do atendimento educacional.

IV – Melhoria da qualidade da educação.

VII – Promoção humanística e tecnológica do país.

VIII – Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos


em educação como proporção do Produto Interno Bruto – PIB.

Observamos por meio desse comparativo que esses assuntos


continuam impactando a qualidade da educação brasileira. Encontramos
também nas diretrizes como valorização profissional a gestão democrática,
a promoção humanística e o respeito aos direitos humanos, que foram
incluídas após inúmeros debates e reflexões com diversos segmentos da
sociedade, visando oferecer um ensino de qualidade e que desenvolva a
formação integral do estudante.

Metas
O Plano Nacional de Educação possui metas a serem cumpridas
em 10 anos e metas intermediárias para serem cumpridas em 5 ou 6 anos,
contados a partir da aprovação da Lei.

Os cumprimentos dessas metas serão realizados a cada dois


anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP), junto com o Congresso Nacional e o Fórum Nacional de
Educação e irão analisar e publicar os resultados das metas.
Organização e Legislação da Educação 39

O Plano Nacional de Educação possui 20 metas que abrangem


todos os níveis de formação, desde a Educação Infantil até o ensino
superior.

Encontramos metas voltadas para a garantia do direito à educação


de qualidade, ampliação de acesso e a universalização do ensino.

Meta 1: universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população


de quatro e cinco anos e ampliar a oferta educacional de forma a atender
em creches no mínimo cinquenta por cento da população de até três anos,
e, até o último ano de vigência desta Lei, universalizar o atendimento da
demanda manifesta por creche.

Meta 2: universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda


população de 6 a 14 anos, até quatro anos após a vigência desta Lei e
garantir que pelo menos oitenta e cinco por cento dos alunos concluam
essa etapa na idade recomendada, até o quinto ano de vigência deste
PNE, elevando esse percentual a noventa e cinco por cento até o último
ano.

Meta 3: universalizar, até o quinto ano de vigência desta Lei, o


atendimento escolar para toda a população de quinze a dezessete anos
e elevar a taxa líquida de matrículas dessa faixa etária no Ensino Médio,
alcançando-se setenta e cinco por cento no quinto ano de vigência desta
Lei e noventa por cento no último ano de vigência desta Lei.

Meta 5: no prazo de quatro anos de vigência deste PNE, assegurar


a alfabetização de todas as crianças até o final do segundo ano do Ensino
Fundamental.

Meta 6: oferecer educação em tempo integral para trinta por cento,


no quinto ano deste PNE, e para metade, no último ano de sua vigência,
dos alunos das escolas públicas de Educação Básica.

Meta 7: fomentar a qualidade de ensino em todos os níveis, etapas


e modalidades do ensino assegurando a melhoria do fluxo escolar e a
aprendizagem dos estudantes.

Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com quinze


anos ou mais para noventa e três vírgula cinco por cento até o quinto
40 Organização e Legislação da Educação

ano de vigência deste PNE e, até o último ano, erradicar o analfabetismo


absoluto e reduzir em sessenta por cento a taxa de analfabetismo
funcional, ofertando vagas de educação de jovens e adultos para
cinquenta por cento da demanda ativa no quinto ano e cem por cento até
o último ano deste PNE.

Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de


jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos
finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de


nível médio, assegurando que a rede pública corresponda, no quinto ano
de vigência desta Lei, a sessenta por cento das matrículas e, no último
ano de vigência desta Lei, a oitenta por cento do total de matrículas.

Oferecer ampliação de atendimento para as crianças de 0 a 5 anos


é um desafio para o município, visto que necessitará de investimentos na
estrutura educacional e formação de profissionais da educação.

Assegurar o acesso aos estudantes de 6 a 17 anos também será um


desafio, visto que necessitará desenvolver projetos políticos pedagógicos,
que visem acabar com a evasão escolar, tornando o processo de ensino e
aprendizado significante para os alunos.

O PNE aborda o direito universalização do ensino aos sujeitos com


deficiências e residentes em regiões rurais diversas do país, por meio das
metas a seguir:

Meta 4: universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o


atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular
de ensino, realizando censo específico.

Meta 8: elevar a escolaridade média da população maior de 15 anos


de idade, de modo a alcançar o mínimo de 10 anos de estudo até o quinto
ano de vigência desta Lei e 12 anos de estudo até o último ano de vigência
desta Lei para as populações do campo, da região de menor escolaridade
no país e dos vinte e cinco por cento mais pobres, bem como igualar a
Organização e Legislação da Educação 41

escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da


desigualdade educacional.

Essas metas também apresentam dificuldades, pois oferecer


uma efetiva educação inclusiva necessita de investimentos estruturais,
tecnológicos e humanos para atender esses alunos.

Existem metas voltadas para valorização dos profissionais da


educação, essa valorização é crucial para que as outras metas sejam
alcançadas. São elas:

Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de um ano de vigência
deste PNE, política nacional de formação e valorização dos profissionais
da educação, assegurado que, no quinto ano de vigência deste plano,
oitenta e cinco por cento e, no décimo ano, todos os professores da
Educação Básica possuam formação específica de nível superior, obtida
em curso de licenciatura presencial na área de conhecimento em que
atuam.

Meta 16: formar em nível de pós-graduação trinta e cinco por


cento, até o quinto ano, e cinquenta por cento dos professores da
Educação Básica, até o último ano de vigência deste PNE e garantir a
todos a formação continuada em sua área de atuação, considerando as
necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.

Meta 18: assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos


de carreira para os profissionais da Educação Básica pública em todos
os sistemas de ensino, tendo como referência o piso salarial nacional
profissional, definido em Lei Federal, nos termos do art. 206, VIII da
Constituição Federal.

A valorização dos docentes se torna uma estratégia importante,


visto que a falta de preparo compromete a qualidade de educação, sendo
assim, necessita de políticas que visem planos de carreiras, educação
continuada e reconhecimento profissional para que as escolas possam
oferecer uma educação de qualidade.
42 Organização e Legislação da Educação

As próximas metas se referem ao ensino superior que será


responsável pela formação dos futuros profissionais da educação
e também diversos outros profissionais, que irão gerar renda e
desenvolvimento social e econômico para o país.

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para


sessenta por cento e a taxa líquida para quarenta por cento da população
de dezoito a vinte e quatro anos, assegurando a qualidade da oferta e a
participação pública nas matrículas de pelo menos quarenta por cento no
quinto ano de vigência desta Lei e sessenta por cento no último ano de
vigência desta Lei.

Meta 13: elevar a qualidade da educação superior pela ampliação


da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior
para, no mínimo, 85%, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do
total, quarenta e cinco por cento, doutores.

Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-


graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de cinquenta
e cinco mil mestres e vinte mil doutores até o quinto ano de vigência desta
Lei e setenta mil mestres e trinta mil doutores até o último ano.

Meta 17: valorizar os profissionais do magistério das redes públicas


da Educação Básica, a fim de equiparar a oitenta por cento, ao final do
quinto ano, e a igualar, no último ano de vigência deste PNE, o rendimento
médio destes profissionais ao rendimento médio dos demais profissionais
com escolaridade equivalente.

Meta 19: garantir, mediante Lei específica aprovada no âmbito dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada
de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e
desempenho e à participação da comunidade escolar.

Meta 20: ampliar o investimento público direto em educação


pública de forma a atingir, no mínimo, dez por cento do Produto Interno
Bruto no primeiro ano de vigência desta Lei, mantendo-se esse patamar
ao longo da década, sendo que 80% dos investimentos públicos em
educação devem ser revertidos para a Educação Básica e 20% para o
ensino superior.
Organização e Legislação da Educação 43

ACESSE:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o Observatório


das Metas do Plano Nacional de Educação, disponível aqui.

Os assuntos referentes ao ensino superior, que em geral são


responsabilidades dos governos Federais e Estaduais, mas devido sua
importância social e econômica, se faz importante à discussão com
todos os níveis sejam eles Federais, Estaduais e Municipais, fazendo – se
necessários investimentos em programas destinados a essa finalidade.

Após a análise das metas e objetivos, percebemos que o Brasil


ainda tem um longo caminho a percorrer em relação à educação, as metas
são audaciosas, mas imprescindíveis para que a educação brasileira se
torne um aprendizado significante, contribuindo em mudanças sociais,
emocionais e econômicas que a nossa sociedade necessita.

RESUMINDO:

Neste capítulo, você foi apresentado ao Plano Nacional


de Educação (PNE) e pode compreender seus objetivos e
metas para a educação brasileira.
44 Organização e Legislação da Educação

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal,
1988.

BRASIL. Lei nº 8.069/ 1990. Estatuto da criança e do adolescente.


Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996.

BRASIL. Lei nº 9.394/1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Brasília: Ministério da


Educação, 2014.

SAVIANI, D. Educação brasileira: estrutura e sistemas. 10 ed.


Campinas: Autores Associados, 2008.

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